Narcisismo Pedagógico
Autor: Cristiano Muniz Editor: Rede Pedagógica
Autor: Cristiano Muniz
Editor: Rede Pedagógica
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Desafios da formação do professor
de matemática na atualidade
Cristiano Muniz
És tu esta flor?
• Quem é ela?
• Quem sou eu?
• Quem sou diante do outro?
• Que professor sou eu?
• Quem meu aluno tem como referência para definir
suas produções?
• O que deve ser uma aula que dê valor às capacidades
criativas do meu aluno?
Narcissus ou narciso
• É um gênero botânico pertencente à família Amaryllidaceae.
• As cores de suas flores geralmente variam entre o amarelo
e o branco.
• A sua origem é o Mediterrâneo e partes da Ásia central e da
China continental mas são cultivares ornamentais difundidos
em muitas outras partes do mundo, como nos Estados Unidos,
no Canadá e na Argentina.
• O seu nome tem origem no personagem mitológico NARCISO.
• Floresce no princípio da primavera e é frequentemente
encontrada em solo úmido perto de uma lagoa.
• É autosuficiente.
• A flor tem normalmente seis pétalas brancas com um funil central
amarelo contendo o estamina e o estigma.
• O caule inclina-se antes da flor, pendendo de forma que
a flor esteja virada para baixo em vez de para cima.
“O narcisismo pedagógico e
o respeito aos conhecimentos prévios dos alunos”.
Narciso
Caravaggio
1594-1596
Na mitologia greco-romana,
Narciso ou o Autoadmirador
Era um herói do território de Téspias, Beócia, famoso pela sua beleza e
orgulho. Várias versões do seu mito sobreviveram: uma delas é a de
que era filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia do seu
nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa
desde que jamais contemplasse a própria figura.
Pausânias localiza a fonte de Narciso na "cama de juncos" em Donacon,
no território dos Téspios. Pausânias acha incrível que alguém não
conseguisse distinguir um reflexo de uma pessoa verdadeira, e cita uma
variante menos conhecida da história, na qual Narciso tinha uma irmã
gêmea. Ambos se vestiam da mesma forma, usavam o mesmo tipo de
roupas e caçavam juntos. Narciso apaixonou-se por ela. Quando ela
morreu, Narciso consumiu-se de desgosto por ela, e fingiu que o reflexo
que via na água era a sua irmã. Onde o seu corpo se encontrava, apenas
restou uma flor: O NARCISO.
Narcisismo pedagógico, é possível que esteja ocorrendo?
• Quando e como há o narcisismo no contexto da
aprendizagem-ensino?
• Como a centralidade no processo avaliativo formal contribui
para a reprodução de lógicas, valores e verdades?
• Quais as consequências, para o desenvolvimento humano, da
existência do narcisismo pedagógico no processo de
aprendizagem?
“Inicia-se desde a Educação Infantil e na família, e porta
importantes consequências para a construção da autoimagem e
autoestima do ser epistêmico”
Autonomia X Sucesso Escolar (Kamii)
Sucesso na
aprendizagem escolar
Autonomia na
aprendizagem
Teoria das Situações Didáticas de Guy Brousseau
Situação de Ensino
contrato didático
Situação Didática –
quando o aluno se vê
produzindo para o professor
para satisfazê-lo, segundo o
contrato didático.
Situação A-Didática –
quando o sujeito se vê “livre”
das regras de produção de
conhecimento, e considera
importante e válida sua forma de
pensamento e produção.
1. O que é aprender? (Gérard Vergnaud, TCC)
2. O que é ensinar? (Gérard Vergnaud, TCC)
1. Gerar novos esquemas para dar conta de novas situações.
2. PROVOCAÇÃO: gerar ação de produção conceitual e procedimental.
Permitir a construção de novos ESQUEMAS
(que estão associados a um processo de conceitualização)
A TCC propõe a noção de esquema em duas dimensões
Definição 1
O esquema é uma organização invariante da atividade para
uma classe de situações dadas.
Definição 2
Ele é formado necessariamente de quatro componentes:
Um objetivo, subobjetivos e antecipações.
Regras de ação, tomada de informações e controle.
Invariantes operacionais: conceitos em ato e teoremas em ato.
Possibilidade de inferências em situação.
Subtração pelo processo da compensação de Vivi
Tem R$ 500,00
Som R$ 469,00
Troco ?
499,00
- 468,00
31,00
Subtração pelo processo da compensação de Vivi
Ao invés de decompor os 500 como 4 centenas,
9 dezenas e 10 unidades, como era de se esperar
pela professora, Vivi utiliza-se do conceito em ato
de que “retirando o mesmo valor no minuendo e
do subtraendo, a diferença permanece inalterada”.
Assim, a diferença entre 500 e 469 é a mesma que
499 e 468, sendo que, no segundo caso, não há
necessidade de apelar para nenhum malabarismo
de decomposição do número.
Tem R$ 500,00
Som R$ 469,00
Troco ?
499,00
- 468,00
31,00
Luan: se é pra multiplicar...pra que complicar?
12 alunos de 22
2 1
321
x 12
3852
Luan: se é pra multiplicar...pra que complicar?
“Doze vezes 1, é 12, fica 2 e vai 1.
Doze vezes 2, 24, mais 1, vinte e cinco.
Fica 5, vão 2. Doze vezes 3, trinta e
seis, mais 2, trinta e oito. Então fica
três mil, oitocentos e cinquenta e
dois”.
12 alunos de 22
2 1
321
x 12
3852
Fabrício revela explicitamente seu esquema: o uso de setas
31 pães
15 vendidos
Sobram?
31
-15
16
D U
3 0
1 0
2 0
D U
2 0
4
1 6
D U
1
5
4
Fabrício revela explicitamente seu esquema: o uso de setas
A produção de Fabrício no segundo ano de
escolaridade supreende-nos não apenas pela
complexa articulação entre procedimentos
parciais. Ao não compreender sua produção,
em especial, porque aparece o registro de
1-5 = 4, Fabrício põe-se a explicar, colocando
as setas que indicam temporalmente as
etapas do procedimento.
31 pães
15 vendidos
Sobram?
31
-15
16
D U
3 0
1 0
2 0
D U
2 0
4
1 6
D U
1
5
4
Os professores tinham dificuldade de comunicação com Maria,
uma vez que é deficiente auditiva e o professor não tem linguagem Libras
24 : 3 = 8
Onde aparecia junto a seguinte estrutura:
9-1
9-1
3-1
7+1=8
Ora, analisando vários protocolos de Maria:
24 = 10+10+4, onde buscando grupos de 3
10 = 9 + 1 = 3X3 +1
10 = 9 + 1 = 3X3 +1
4 = 3+1 = 1X3 +1
7 grupos de 3, mas restando 3,
mais 1 grupo de 3.
TOTAL= 8 grupos de três e resta zero.
Sequência Didática proposta por Brousseau:
como evitar o narcisismo pedagógico
A criatividade pode surgir em diferentes contextos na produção do
conhecimento:
• Na interpretação da situação, quando o aluno atribui novos
significados não pensados pelo professor que a concebeu.
• Ao desenvolver procedimentos, articulando conceitos e teoremas.
• Ao registrar seu procedimento, apelando para formas de
representação que, por vezes, torna difícil para o professor a leitura de
seu real pensamento desenvolvido na situação.
• No poder de argumentação, validando seu procedimento e
confrontando-o com as produções dos colegas.
A necessidade de mudança na organização do trabalho pedagógico
(RESENDE, 2006) tais como:
Um ensino mais calcado na resolução de situações-problema de
significado aos alunos.
A necessária liberdade de o aluno agir cognitivamente,
experimentando e propondo soluções, sendo ele próprio agente da
validação de suas opções.
Os alunos se sentirem inseridos, preferencialmente, em situações
a-didáticas.
A valorização dos registros dos procedimentos como apoio ao processo
de pensamento, antes mesmo da necessidade de comunicação da
solução ao grupo.
Um ambiente de socialização, troca, confronto e validação dos
diferentes procedimentos utilizados para resolver a situação.
A necessidade de mudança na organização do trabalho pedagógico
(RESENDE, 2006) tais como:
A valorização do discurso oral, da argumentação entre os alunos sobre
suas formas de pensar e fazer matemática ao resolverem as situações.
Reflexão sobre a transferência de esquemas válidos em outras
situações para a nova proposta.
A necessidade de o professor compreender os procedimentos de cada
aluno, daí identificando os esquemas subjacentes, apoiando neles o
planejamento de intervenção e mediação pedagógica; e
A necessária institucionalização de processos utilizados pelos alunos,
quando dá valor social às produções, reconhecendo-as como
produções matemáticas, e articulando-as ao conhecimento
historicamente institucionalizado.
Sampa
Caetano Veloso
(...)
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes.
E foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e quem vende outro sonho feliz de cidade
aprende depressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso.
“Ser Educador Matemático, em especial, ser
alfabetizador matemático, é fazer despertar
em cada criança sob nossa responsabilidade
educativa o ser matemático que existe
potencialmente em cada um”.
Obrigado!
www.redepedagogica.com.br