Lá Dentro da Mata
Um pequeno curumim chamado Poti e o seu xerimbabo, um macaquinho chamado Airy, cansados de tanto brincar, dormiram na canoa foram parar numa cidade. Lá conhecerem o pequeno robô Jururu e iniciaram uma aventura de descobertas pela floresta.
Um pequeno curumim chamado Poti e o seu xerimbabo, um macaquinho chamado Airy, cansados de tanto brincar, dormiram na canoa foram parar numa cidade. Lá conhecerem o pequeno robô Jururu e iniciaram uma aventura de descobertas pela floresta.
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Pablo Maurutto
Ilustrações: Félix Reiners
Pablo Maurutto
Lá Dentro da Mata - 1 a Edição revisada e atualizada
©Humanidades Editora e Projetos Ltda.
Direção Executiva: Jorge Freire
Gestão Comercial: Thamile Accioly
Gestão de Educação: Maribel Barreto
Edição de Arte: Diego Sauaia
LIVRO
Concepção e Projeto: Pablo Maurutto Texto: Pablo Maurutto Ilustrações, editoração e projeto gráfico: Félix Reiners Diagramação: Raquel Bastos, Raquel Bernabó e
Diego Sauaia Revisão: Maria Augusta Finotti e Marta Cardoso de Andrade Revisão Final: Mariana Carvalho Barahona
MÚSICAS
Composições: Pablo Maurutto Adaptações (A árvore da montanha): Pablo Maurutto Direção e Arranjos: Pablo Maurutto, Marcelo Sêco e Beto Barreto Produção: Pablo
Maurutto Violões: Pablo Maurutto Baixo: Marcelo Sêco Bandolins e Guitarra Baiana: Beto Barreto Percussão: Giba Conceição Efeitos: Giba Conceição e Pablo Maurutto
Trombone: Fred Dantas Piano: Danilo Santana Clarinete: Nivaldo Sanfona: Jelber Pífanos: Corisco Coros de crianças: Pedrinho, Íris, Clara, Luisa, Bia, Artur, João, Maria
Clara e Ludi Palmas (Tamanduá): Giba Conceição, Pablo Maurutto e Robson de Almeida Violão (Tamanduá): Roberto Mendes Violões e Baixo (Lá dentro da mata): Munir
(Iyexá) Percussão de boca e trompete de boca (Jururu): Adelmo Casé
INTÉRPRETES
O rio levando a canoa: Instrumental
Jururu: Adelmo Casé
O mico-leão-dourado: Mariene de Castro
Tamanduá: Roberto Mendes e Pablo Maurutto
A onça: Dani Nascimento
O bicho-preguiça: Mariela Santiago
Jacaré: Gerônimo
Capivara: Rebeca Matta
Papagaio Louro: Durval Lélis e Riachão
A árvore da montanha: Corisco
Quem cuida da mata: Vince de Mira
Lá dentro da mata: Iyexá e Pablo Maurutto
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Maurutto, Pablo Argolo
Lá dentro da mata I Pablo Maurutto . -Salvador,
BA : Humanidades Editora e Projetos, 2013.
ISBN 978-85-62832-27-7
Literatura infantojuvenil I. Título.
13-00268 CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático:
1. Literatura infantil 028.5
2. Literatura infantojuvenil 028.5
Sumário
06 Poti e Airy dormem na Canoa
10 Jururu
11 Voltando para a mata
12 Lá dentro da mata
13 O mico-leão-dourado
15 Tamanduá
17 A onça
18 O bicho-preguiça
21 Jacaré
23 Capivara
25 Papagaio Louro
27 A árvore da montanha
28 A floresta das lendas
29 Quem cuida da mata
30 De volta para casa
31 Lá dentro da mata
32 Algumas palavras
AGRADECIMENTOS
Agradeço muito, mas muito mesmo, a Paulinha, a Pedrinho, aos meus
pais, a Tata, a Gui, a Ravi, a minha família de Taubaté, a Rosa, a Lucas, a
Dui, a minha família da QdA (que criançada boa!), a Toyberto, a André
Pinho, a Zé Vieira, a Carla Guerreiro, a Cristiano Andrade, a Jorge Freire e
a toda turma da Humanidades, a Mariana Siqueira, a Fernanda Pimenta,
a Dora, a Wilsinho, a Bau Carvalho, a Paulinho Oliveira, a Burr, a Gabriela
Argolo, a Marcelo Sêco, a Robertinho Barreto, a Munir Hossn, a Claudine
e a todas as crianças e artistas que participaram do CD.
Dedicado a Pedro Caloi Maurutto e a todas as crianças do Brasil.
Poti e Airy dormem na canoa
Depois de um dia inteiro brincando e pescando, Poti, o alegre curumim, e o macaco
Airy, seu xerimbabo*, adormeceram na canoa. Já cansado e distraído, Poti nem percebeu que
havia se esquecido de amarrar o pequeno barco.
A canoa não resistiu à suave correnteza e foi descendo o rio. “Xuê, xuê...”, o barulhinho da
água embalava ainda mais o tranquilo sono dos dois amigos. Mas, quando aquele som
deu lugar a um monte de barulhos estranhos, eles acordaram assustados e sem saber onde
estavam.
*( Xerimbabo é como os índios chamam seus bichos de estimação)
6
Poti remou até a margem e sentiu um cheiro diferente no rio: um cheiro muito ruim.
– Onde estamos, Airy? Que cheiro é esse?
– Dormimos e o rio nos levou para longe! Aqui, o igarapé está muito sujo!
Não tem peixes nem plantas. Está feio e maltratado!
Vendo tanta coisa em volta, eles ficaram espantados, especialmente com o tamanho
daquela aldeia.
– Airy, que aldeia enorme!
– São prédios, curumim, são prédios! Certamente, esta aqui é a cidade.
Meus primos, de vez em quando, vêm traquinar por aqui e sempre voltam cheios de novidades.
7
Poti estava tão impressionado que, ao desembarcar, não percebeu que estava bem
no meio de uma rua. Aliás, nem mesmo sabia o que era rua. E eis que um carro muito feroz,
buzinando e roncando o motor, quase o atropelou!
– Bi, biiiii!!! Sai da frente!!!
Os dois amigos tomaram um baita susto e correram até um lugar que lhes pareceu seguro.
8
Era um grande ferro-velho.
– Puxa, quanta coisa esquisita tem aqui!
– Be...Bop...
– Quem disse isso? – quis saber Poti.
– Olha lá, Poti, é um bicho bem estranho!
Os dois ficaram curiosos. O bicho, ou fosse lá o que fosse, tinha cara de vidro e corpo de metal.
– Não sou um bicho, sou um robô. Um pequeno robô abandonado por não servir mais para nada!
– Mas, é tão bonito! Com esta cabeça tão colorida... Como não serve para nada? Todos os seres
na natureza servem para alguma coisa! - defendeu Airy.
– Mas, eu não sou um ser da natureza! Fui criado por um homem, um cientista. Meu nome é HDX-297!
Poti fez cara feia – Que nome esquisito! Melhor dar um nome novo pra você! Vamos chamá-lo de
Jururu, porque o encontramos muito triste!
–Jururu! Gostei!
9
Jururu
Não tem por que ficar chateado
Um robô tão legal como tu
Se toda semana um robô fica ultrapassado
Não tem por que ficar jururu
Se tudo que o homem inventa
Carro, computador, avião
Ele ama hoje, amanhã não aguenta
Não tem mesmo que dar atenção (é maluco!)
Pior mesmo é pra nós da floresta
Que, ultrapassada, fica na mão
Se o homem, hoje, acha que já não presta
Floresta não tem nova versão
– Pois bem, meu amigo Jururu, precisamos voltar para a mata.
Subiremos o rio para reencontrar a tribo. Quer vir com a gente?
– Claro! Adoro viajar e estou muito curioso para saber como é lá dentro da mata!!!
10
E, assim, os três amigos seguiram um longo caminho para a floresta.
Voltando para a mata
Poti, Airy e Jururu foram subindo o rio até que perceberam que a água já estava limpa.
Eles pararam a canoa e, na sombra de uma caramboleira, pescaram e comeram peixes e algumas carambolas.
Mesmo assim, Jururu ainda parecia desanimado:
– Os peixes, as frutas, até os insetos, todos os seres da natureza servem para alguma coisa! E eu?!!!
Para que serve um robô abandonado? Tenho apenas esse olho de vidro que copia o mundo!
– Copia o mundo? Como assim?
– É, somente copia. Vejam só...
Jururu filmou Poti e Airy e depois mostrou as imagens na sua tela. Eles ficaram impressionados!
– Olha! Somos nós! Jururu tem um espelho atrasado na cabeça!
– Isso é um vídeo! Guardo tudo o que vejo aqui, na minha memória, e depois passo nessa tela!
– Jururu, tive uma ideia! - disse Poti - Você vai guardar a mata na sua cachola e depois vai mostrar
para os homens que sujaram o rio!
– É! Assim, eles poderão ver como a minha casa é muito mais bonita que a deles! – completou Airy.
Agora Jururu parecia mesmo feliz! A ideia era boa e ele percebeu que poderia voltar a ser muito útil para
os homens e para a natureza!
11
Lá dentro da mata
Foi uma longa caminhada até que os três amigos finalmente chegassem à mata onde
moravam Poti e Airy. Muitas e muitas árvores e um pequeno córrego cristalino foram
a primeira visão de Jururu.
– Como é lindo! Como é lindo!
– Vamos, Jururu, vamos conhecer todas as belezas da floresta!
De repente, como uma bela pintura, um raio de sol surgiu por entre as folhas
das árvores. Jururu gritou espantado:
– Vi um raio de sol pulando de um galho para o outro!
– São os meus primos, os micos-leões-dourados! - disse Airy, caindo na risada!
12
O mico-leão-dourado
O mico-leão-dourado
Que bicho bonito é esse
Brincando no meio do mato
Tem a cor do sol nascente
Meio leão, meio macaco
Na selva, ele está contente
Barulho no meio do mato
Se esconde, pode ser gente
Se esconde no meio do mato
– Esconderam-se! Como são assustados esses seus primos!
– É que eles precisam se proteger! Já são poucos os que
sobraram depois que os homens andaram caçando-os e destruindo
as árvores onde moram.
– Coitados!
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No chão, uma fila de pequeninas formigas chamou a atenção de
Jururu. Curioso, ele seguiu a trilha e, para a sua surpresa, encontrou um
tamanduá com o focinho enfiado no formigueiro.
– Veja, Jururu! É um tamanduá-bandeira!
– Ele come formigas!!! - exclamou o pequeno robô!
14
Tamanduá
Tamanduá tá
Procurando Formiga
Tá?
Tá com dor na barriga
Tá
Com uma fome danada
Tamanduá tá
Com a cabeça comprida
Tá?
E a língua bem fina
Tá
Pra comer formigada
Tá tamanduá, tá?
Tá
Tamanduá
Tá?
Tá amando
Tamanduá
Tá?
Cauda bem bonita
Tá
Pra lá e pra cá
Tá
Balançando
Taman...duá...
Taman...duá...
15
Depois de uma boa caminhada,
os três amiguinhos já estavam com
sede e foram até uma fonte de água
muito límpida e deliciosa, que surgia
entre as pedras, no alto do igarapé.
Mas, mal eles acabaram de se
refrescar, começou uma confusão
na mata! E um bando de bichos
passou correndo e gritando:
– Olha a onça! Olha a onça!
E os três amigos esconderam-se
rapidamente!
16
A onça
A onça saiu da mata
A onça quer beber água
E ela vai na fonte
Vai na fonte
E toda a bicharada
Esperta foge dela
Ela é amarela
Amarela
Quem será que de pirraça
Algum bicho bem danado
Fez pintas na onça
manchou de jenipapo?*
Olha a onça
Olha a onça
Olha a onça
Olha a onça
Ufa, escapamos da onça!!! –
suspirou Poti aliviado.
*(Jenipapo, em tupi-guarani, significa
“fruta que serve para pintar”.)
17
Já estava caindo a tarde e os três amigos estavam
cansados. Resolveram deitar e dormir um pouco. Mas,
Jururu viu tantas coisas naquele dia e estava tão agitado
que mal conseguia dormir.
– Jururu, tenho uma boa ideia para ajudá-lo a pegar no
sono! Vou lhe apresentar o bicho mais tranquilo da floresta.
– Um bicho que vai me dar sono? Como assim?
– Venha até aqui. Venha ver logo esse molenga! –
disse Airy.
E, então, num galho na beira do rio, Jururu pode
admirar um preguiçoso bicho-preguiça!
O bicho-preguiça
O bicho-preguiça
Tem muita preguiça
Vive de mansinho
Bem devagarzinho
Xuê... bicho-preguiça
Vai subir na árvore
Vai agarradinho
Leva uma semana
Sobe só um pouquinho
Xuê... bicho-preguiça
Vem bicho-preguiça
Bicho tão mansinho
Grudado no galho
Gosta de carinho
Xuê... bicho-preguiça
– Uááá...Já estou mesmo bem mais
tranquilo! Obrigado bicho-preguiça! Aí,
tão paradinho, acabou me dando um sono
danado!
Assim, os três dormiram e descansaram.
Mas, de manhã bem cedo, a turma já estava
de pé, pronta para encontrar outras
maravilhas da floresta.
18
19
No fundo de um lindo vale, eles andaram pela margem de uma
lagoa, toda rodeada de grandes e frondosas árvores. Sem tirar os olhos
(e sua câmera, é claro!) da beleza das águas, Jururu percebeu que, ali por
perto, alguém nadava fazendo um alvoroço.
– Olha lá, é um jacaré!
– E parece estar fazendo uma festa! Deve ter novidade na lagoa!
Airy viu um ninho feito de sapé, onde a Dona Jacaroa* havia
colocado muitos ovinhos, e gritou muito animado:
– Olha lá, o Seu Jacaré vai ser papai!
* A Dona Jacaroa da nossa história teve esse lindo nome dado pela sua doce vó Jacarilza!
Mas, as companheiras dos jacarés são simplesmente chamadas de jacarés fêmeas.
20
Jacaré
Jacaré tá na lagoa
Jacaré tá numa boa
É que Dona Jacaroa
Tem notícia boa
Lá na beira da lagoa
Jacaroa fez seu ninho
Tudo com muito carinho
Pra nascer jacarezinho
Nasce jacaré
tanto jacaré
Vê quanto jacarezinho
Tem no monte de sapé
Nasce jacaré
tanto jacaré
Tem tanto jacarezinho
Nesse ninho de sapé
21
Poti já sentia a barriga roncar. Estava com fome e resolveu pescar.
– Vamos por ali, conheço um lugar na lagoa que tem um montão de peixes.
– Ei, esperem! A lagoa está cheia de ratos! E são ratos gigantes!
– Jururu, não são ratos! São capivaras! São muito boazinhas e comem
apenas cana e capim!
Enquanto Poti explicava, Airy ria, divertindo-se com as confusões do robô.
– São tão elegantes! - exclamou Jururu!
22
Capivara
Capivara tá no rio
Atravessa todo o rio
Depois se seca ao sol
Pelos cor de terra
Assovia pra chamar
Toda a família a nadar
Capivara
Nada, nada
Brinca na água
Vai se banhar
Come a relva boa
Mora na lagoa
23
Jururu estava gravando tudo em sua memória de robô.
Estava mesmo muito orgulhoso da sua missão.
– Já gravei tanta coisa bonita!
– Coisa bonita! - repetiu alguém de cima da árvore.
– Quem está aí?
– Está aí?
– Quem está me imitando? Quem é o brincalhão?
– O brincalhão?
– Calma, Jururu, é um papagaio. – disse Poti – Ele repete
tudo o que a gente diz! Olhe ele ali no galho. Está vendo?
– Que beleza! Não apenas estou vendo, como estou
filmando!
24
Papagaio Louro
Papagaio Louro
Do bico afiado
Papagaio Louro repete tudo
O que eu falo
Se eu digo bola
(bola)
Se eu digo carro
(carro)
Papagaio Louro repete tudo
que eu falo
Tudo que se fala
Tudo o que se diz
Esse papagaio danado mete o nariz
Papagaio Louro
Do bico afiado
Papagaio Louro
repete tudo que eu falo
Se eu digo oca
(oca)
Se eu digo jarro
(jarro)
Papagaio Louro repete tudo que eu falo
Ele é esperto
Mas tome cuidado
Que esse papagaio tem bico muito afiado
Papagaio Louro
Do bico afiado
Papagaio Louro repete tudo que eu falo
Em toda conversa
Presta atenção
Aprende o que não presta
E anda a falar palavrão
– Palavrão, papagaio!?
(Inconstitucionalissimamente!)
– Ah...– exclamou aliviado
Poti.
– Pensei que esse danado
ia desatar a falar palavrão!
– Esse aí até que é muito
educado. Rá rá rá ! – Airy riu do
alto da árvore.
25
– Quanta coisa tem na mata! É um
ecossistema muito interessante mesmo!
– Eco...o quê? - perguntou Poti.
– Ecossistema, é como chamamos toda
esta beleza junta, uma coisa dependendo da
outra, cada uma com o seu papel.
– Como assim?
– Vejam, por exemplo, aquela árvore lá em
cima daquela montanha. Reparem quanta coisa
vive em volta dela...
26
A árvore da montanha
(Folclore – versão adaptada)
A árvore da montanha, aiê ia oi!
Nessa árvore tinha uma folha
A folha da árvore da...
Nessa folha tinha formiga
A formiga na folha
A folha na árvore da...
Nessas formigas tinha um tamanduá
O tamanduá na formiga
A formiga na folha
A folha na árvore da...
No tamanduá tinha um carrapato
O carrapato do tamanduá
O tamanduá na formiga
A formiga na folha
A folha na árvore da...
No carrapato tinha um passarinho
O passarinho no carrapato
O carrapato do tamanduá
O tamanduá na formiga
A formiga na folha
A folha na árvore da...
O passarinho tinha um ninho
O ninho do passarinho
O passarinho no carrapato
O carrapato do tamanduá
O tamanduá na formiga
A formiga na folha
A folha na árvore da...
O ninho tava no galho
O galho da
Árvore da montanha...
– Ah, entendi! E eu também faço
parte do ecossistema! - disse Airy, cheio
de orgulho.
27
A floresta das lendas
Mesmo com tantas novidades já guardadas na memória, Jururu teve uma grande surpresa naquela
parte da floresta na qual eles haviam acabado de entrar. Tudo era muito colorido e diferente.
– Que lugar é este, Poti?
– Esta é a floresta das lendas! Aqui estão os bichos e crianças que vivem na nossa imaginação!
– Que linda! E olhem ali, um menino de uma perna só!
– É o Saci!
– E aquele ali tem os pés para trás e o cabelo de fogo!
– Esse é o Curupira. Os dois são crianças mágicas que protegem a mata.
– Oi, turma - disse o Saci - O que fazem aqui na floresta das lendas?
– Nós estamos filmando as belezas da mata para mostrar ao homem como é bonita a natureza!
– Ih... você pode nos filmar o quanto quiser, mas, para nos enxergar, somente sendo criança ou um
adulto ainda cheio de imaginação, o que é muito raro hoje em dia! - disse o Curupira.
– O importante é que as nossas crianças possam ver toda esta beleza!
– Ah, isso é verdade! Então vai lá, meu amigo...
– O nome dele é Jururu, Saci!
– Vai lá, Jururu, ensina a criançada
a cuidar da mata!
28
Quem cuida da mata
Quem cuida da mata é o Saci
O Curupira
É o índio Kiriri
Quem cuida da mata é o Saci
O Curupira
É o índio Karajá
Quem cuida da mata
É a criança do Brasil!
Quem cuida da mata é o Saci
O Curupira
É o índio Pataxó
Quem cuida da mata é o Saci
O Curupira
É o índio Caiapó
Quem cuida da mata
É a criança do Brasil!
Quem cuida da mata é o Saci
O Curupira
É o índio Guarani
Quem cuida da mata é o Saci
O Curupira
É o índio Kaiowá
Quem cuida da mata
É a criança do Brasil!
Índio Xucuru, Yanomami, Xavante, Tremembé,
Potiguara, Pankararu, Kaingang
Quem cuida da mata
É a criança do Brasil!
29
De volta para casa
A viagem já estava chegando ao fim e, depois de subir um morro bem alto,
os três amigos tiveram uma surpresa.
– Olha lá, Poti, veja, Airy, é a cidade!
– E ali, vejam, é a minha tribo! Puxa, era tão perto e a gente nem percebeu!
– Acho que é hora de voltar, meus amigos, vou cumprir a minha missão!
– Ora, vejam só, o Jururu é um bravo herói! - gritou Airy de cima da árvore.
– Venha sempre nos visitar, Jururu! A mata é a sua casa!
– Tchau, meus amigos! Até a próxima!
Assim, os três abraçaram-se numa alegre despedida e foram contar para
todos as suas aventuras, cada um do seu jeito, cada um para o seu povo, unidos
pela vontade de colorir o mundo todo com bichos, rios e árvores!
30
Lá dentro da mata
Vejam só que turma legal
Poti, Airy e Jururu
Foram lá dentro da mata
De canoa, a pé, coisa e tal
Subiram todo o rio
E andaram pra caramba
E descansar não foi nada mal
E sentados à sombra
Comendo carambola,
Tiveram uma ideia genial
Eis que o robô Jururu
Foi guardando tudo que viu
Tanta coisa da floresta
Das matas do nosso Brasil
A ideia era boa
Poti achou legal
Mostrar pras crianças da cidade
Lá dentro da mata
Se a alma é de criança
Encanta gente de qualquer idade
E viu flores tão bonitas
Viu até plantas sagradas
Índio tomar chá pra curar
Viu pica-pau e macuco
Preguiça e capivara
E até tomou um banho de rio
E Airy falou:
Meu amigo robô,
Cuidado pra não enferrujar
Conheceu o saci
E até o curupira
Só vendo as histórias que ouviu
E comeu fruta do pé
Até pescou e se sentiu
Tão bem que em toda mata se ouviu:
MARAVILHA!!!
Jururu viu, Jururu viu, Jururu viu
Lá dentro da mata
31
Algumas palavras:
Muitas das palavras que usamos em nosso dia a dia vêm do tupi-guarani,
língua de muitos dos índios que viviam no Brasil. Na nossa história, vejam
quantas palavras vieram dessa língua:
Poti: camarão
Airy: um tipo de palmeira
Curumim: menino
Xerimbabo: bicho de estimação dos curumins
Canoa: barco esculpido no tronco de uma árvore
Igarapé: rio por onde a canoa passa
Jururu: triste
Tamanduá: caçador
Jenipapo: fruta que serve para pintar
Oca: casa
Xuê: devagar
Capivara: comedor de capim
Capim: mato fino
Jacaré: aquele que olha torto ou encurvado
Sapé: o que ilumina (os índios chamavam um tipo de graminha de sapé
porque as usavam para fazer tochas)
Saci-pererê: o nome do Saci veio de uma mistura de línguas e culturas.
Mas, a sua primeira forma era Yaci Yaterê dada pelos índios a um
curumim bem pequenino que aprontava pelas matas.
Curupira: É um personagem que saiu das histórias tupis.
Um curumim peludo de pés para trás que protegia os bichos dos caçadores.
32
1. O RIO LEVANDO A CANOA: Instrumental
BRPGB0700003
2. JURURU: Adelmo Casé
BRPGB0700004
3. O MICO-LEÃO-DOURADO: Mariene de Castro
BRPGB0700005
4. TAMANDUÁ: Roberto Mendes e Pablo Maurutto
BRPGB0700006
5. A ONÇA: Dani Nascimento
BRPGB0700007
6. O BICHO-PREGUIÇA: Mariela Santiago
BRPGB0700008
7. JACARÉ: Gerônimo
BRPGB0700009
8. CAPIVARA: Rebeca Matta
BRPGB0700010
9. PAPAGAIO LOURO:
Durval Lélis e Riachão
BRPGB0700011
10. A ÁRVORE DA MONTANHA: Corisco
BRPGB0700012
11. QUEM CUIDA DA MATA: Vince de Mira
BRPGB0700013
12. LÁ DENTRO DA MATA: Iyexá e Pablo Maurutto
BRPGB0700001
Lá Dentro da Mata
©Humanidades Editora e Projetos Ltda.
Diretor executivo: Jorge Freire; Relações Institucionais: André Gondim; Gestão de Educação: Maribel Barreto; Edição de Conteúdo: Mariana Carvalho Barahona;
Edição de Arte: Diego Sauaia; Concepção e Projeto: Pablo Maurutto; Texto: Pablo Maurutto; Projeto gráfico, Ilustrações e Finalização: Félix Reiners, Diagramação:
Félix Reiners, Diego Sauaia
MÚSICAS
Composições: Pablo Maurutto; Adaptações (A árvore da montanha): Pablo Maurutto; Direção e Arranjos: Pablo Maurutto, Marcelo Sêco e Beto Barreto;
Produção: Pablo Maurutto; Violões: Pablo Maurutto; Baixo: Marcelo Sêco; Bandolins e Guitarra baiana: Beto Barreto; Percussão: Giba Conceição; Efeitos:
Giba Conceição e Pablo Maurutto; Trombone: Fred Dantas; Piano: Danilo Santana; Clarinete: Nivaldo; Sanfona: Jelber; Pífanos: Corisco; Coros de crianças:
Pedrinho, Íris, Clara, Luisa, Bia, Artur, João, Maria Clara e Ludi; Palmas (Tamanduá): Giba Conceição, Pablo Maurutto e Robson de Almeida; Violão (Tamanduá):
Roberto Mendes; Violões e Baixo (Lá dentro da mata): Munir (Iyexá); Percussão de boca e trompete de boca (Jururu): Adelmo Casé