No Caminho das Águas
Nessa aventura, Jururu volta à floresta para visitar os dois amigos Poti e Airy e, juntos, descem o rio. Da nascente até a foz, das águas limpas e vivas da floresta até a triste poluição da cidade. As músicas e poesias desta história contam as descobertas e aventuras no caminho das águas.
Nessa aventura, Jururu volta à floresta para visitar os dois amigos Poti e Airy e, juntos, descem o rio. Da nascente até a foz, das águas limpas e vivas da floresta até a triste poluição da cidade.
As músicas e poesias desta história contam as descobertas e aventuras no caminho das águas.
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Pablo Maurutto
Pablo Maurutto
colecão
Ilustrações: Félix Reiners
Pablo Maurutto
Lá Dentro da Mata - No Caminho das Águas
1 a Edição - Reimpressão 2019
©Humanidades Editora e Projetos Ltda.
Direção Executiva: Jorge Freire
Diretora Comercial: Thamile Accioly
Edição de Arte: Diego Sauaia
Concepção, Projeto e Texto: Pablo Maurutto
Ilustrações, Editoração e Projeto Gráfico: Félix Reiners
Diagramação: Félix Reiners, Diego Sauaia
MÚSICAS
Composições: Pablo Maurutto, exceto a letra de “O Pingo”, de Jorge Freire, e as incidentais: “Como Pode o Peixe Vivo”, de domínio público, na música “Uma Canção para
o Pescador” e “Grupo Krahó”, de Marlui Miranda, na música “Canto da Yara” Direção e Arranjos: André T e Pablo Maurutto Produção Executiva: Pablo Maurutto Violões:
Pablo Maurutto (História antes da História, Navegando pelo Rio, Quanto Peixe! e O Pingo); Munir Hossn (Ciranda Nascente, Canto da Yara, Uma Canção para o Pescador
e Toda Água); e Cristiano Andrade (Todo Mundo Precisa do Rio) Baixos: Pablo Maurutto; Natalino Neto (Todo Mundo Precisa do Rio) Bandolins: Luiz Caldas (História
antes da História) e Aroldo Macedo (O Pingo) Percussões: Kabo Duca, com participação de Wander Pio em “Todo Mundo Precisa do Rio” Flautas Transversais: Elisa
Goritzki (Navegando pelo Rio) Pífanos e Flautins: Corisco Jofilly (Quanto Peixe!) Clarinetes: Ivan Sacerdote Sanfonas: Cicinho de Assis (Ciranda Nascente, Navegando
pelo Rio, Canto da Yara e Toda Água); Saulo Gama (Quanto Peixe!); e Zé Moura (Todo Mundo Precisa do Rio) Cavaquinho: Fernando Cavaco (Todo Mundo Precisa do Rio)
Bateria: Mathieu Gramoli (Todo Mundo Precisa do Rio) Saxofone: Damien Fleau (Todo Mundo Precisa do Rio) Coro de Crianças: Maria Aquino, Pedro Maurutto, Lara
Aquino, Luisa Motta, Sofia Didier, Felipe Silva, Igor Brito, Vivi Norberto, Bernardo Fonseca Voz de Criança: Ravi Maurutto (História antes da História) Gravação/ Mixagem/
Masterização: André T.
INTÉRPRETES
História Antes da História: Luiz Caldas A participação especial do artista
Ciranda Nascente: Carlinhos Brown
Carlinhos Brown foi gentilmente
Navegando pelo Rio: Gerônimo
licenciada pela Candyall Music
Canto da Yara: Aiace Félix
Todo Mundo Precisa do Rio: Orquestra do Fubá
Quanto Peixe!: Corisco Joffily
Uma Canção para o Pescador: Pablo Maurutto e Roberto Mendes
Toda Água: Jurema Paes
O Pingo: Pablo Maurutto
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Maurutto, Pablo
No caminho das águas / Pablo Maurutto;
ilustrações Félix Reiners. -- Salvador, BA :
Humanidades Editora e Projetos, 2014.
ISBN 978-85-62832-61-1
1. Literatura infantojuvenil I. Reiners, Félix.
II. Título.
14-12566
CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático:
1. Literatura infantil 028.5
2. Literatura infantojuvenil 028.5
Sumário
06 História antes da história
12 Ciranda nascente
14 Navegando pelo rio
17 Canto da Yara
18 Todo mundo precisa do rio
20 Quanto peixe!
22 Uma canção para o pescador
25 Toda água
27 O pingo
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente a Ana Paula Caloi e a minha família; ao
maestro André T; aos meus amigos da QdA e da Mandinga; a André
Pinho; a toda a turma da URBE Planejamento; a minha banda-família
(Paulo Aquino, Ives e o pequeno Igor); a Fredie Didier e Talita Romeu;
a Carolzinha Zanetti, a Silvia Noronha; a Toyberto; a Cristiano Andrade
e à Orquestra Fubá; a Munir Hossn; a Jorge Freire, Mariana Barahona,
Felix Reiners e toda a equipe da Humanidades.
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a Pedro, meu filho, meus sobrinhos Ravi, João,
Bela, Maria e Lara, e a meu querido afilhado Antonio.
Opa! Vai começar! Mas, antes da nova aventura
que vou contar, tudo aconteceu mais ou menos assim...
HISTÓRIA ANTES DA HISTÓRIA
Aqui nesta cidade, bem aqui nesta cidade
Mora um alegre robozinho
Mas sua alegria é novidade
Antes era triste e sozinho
Certo dia foi abandonado
Porque não servia mais pra nada
Até que recebeu um novo nome (Jururu)
E começou sua nova jornada
Quem aprendeu vai ensinar
Dois novos amigos da floresta (Poti e Airy)
Um dia chegaram na cidade
Logo lhes fizeram uma festa
Começaram grande amizade
Jururu foi como o chamaram
A partir daquele grande dia
Com uma ideia o presentearam
Dando-lhe enorme alegria
Quem aprendeu vai ensinar
A ideia era uma grande missão
De filmar as belezas da mata,
Guardando no seu corpo de lata
O verde da nossa nação
E mostrar pra todas as crianças
Que ainda têm viva a esperança
De levar o Lá Dentro da Mata
Para dentro do seu coração
De guardar o Lá Dentro da Mata
Lá dentro do seu coração
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E já fazia um tempinho
Que Poti e Airy
Não voltavam pra cidade
E o robô, mesmo feliz,
Já sentia um pouquinho...
Ou mesmo um poucão de saudade
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Na primeira vez em que esteve
na floresta, Jururu foi guiado por Poti,
o pequeno índio, e Airy, o alegre
macaquinho. Ele pôde conhecer
muitos bichos e plantas que existiam
por lá, e já havia ensinado tudo para
as crianças da cidade. Mas, havia
outra aventura que ele gostaria de fazer:
queria muito aprender sobre o grande
rio que vinha lá da floresta. Foi então
que Jururu resolveu voltar para a mata
para encontrar seus amigos.
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Antes de partir, mandou uma
mensagem por um mico-estrela que
andava pela cidade traquinando,
mas já estava voltando à floresta. O
ligeiro macaquinho chegaria muito
antes e deixaria Poti e Airy preparados
para receber o seu amigo robô. A
mensagem dizia:
Meus amigos, bateu uma saudade...
De vocês e de toda a mata
Mas também curiosidade
De conhecer esse velho rio
que corta a minha cidade.
Estou indo. Até logo.
Jururu começou a viagem e, mais uma
vez, foi se aventurar lá dentro da mata.
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Quando chegou, foi muito bem recebido na tribo. Poti e Airy,
avisados pelo mico, já o esperavam radiantes.
Jururu encontrou os amigos e logo pôde explicar melhor
a sua ideia para a nova aventura. Poti e Airy adoraram o plano.
Dessa vez, o robô poderia conhecer e filmar as belezas das águas
da floresta para mostrar à criançada que mora na cidade. E, assim,
resolveram descer o rio, da nascente até a foz.
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E lá foram eles até a nascente do rio, uma fonte
que Jururu já havia conhecido na sua primeira viagem.
Lá, a água brotava da terra, límpida e fresca.
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CIRANDA NASCENTE
Como é doce esta fonte
De água tão cristalina
Vai descendo a montanha
Numa linha de água fina
Brotando de dentro da terra
Nasce bem pequenino
E vai crescendo na serra
Até banhar o menino
Que se banha e bebe a água
Limpa e clara que é do rio
Onde pesca, brinca e nada
E cuida do seu plantio
O rio é meu amigo
Amigo bem verdadeiro
Dos bichos, plantas e flores
Amigo do mundo inteiro
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– Nascente? Foz? Tenho muito o que aprender! –
disse o pequeno robô, ainda sem nada entender.
Depois de visitar a nascente, Poti, Airy e Jururu
seguiram o caminho das águas morro abaixo, que descia
até se juntar com outros córregos de outras montanhas,
que, juntos, iam formando um rio de bom tamanho para
passar uma canoa.
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NAVEGANDO PELO RIO
Aqui onde passa a canoa
Acaba a viagem a pé
Navegamos numa boa
Por esse igarapé
Jururu, bem desajeitado
Quase vira a embarcação
Mas Poti teve cuidado
Airy teve atenção, ô lerê
Ô iaiá, ô lerê
É tão bom navegar
Olha o rio, venha ver
Depois de tudo ajeitado
Começaram a remar
Flutuaram pelo rio
Jururu sempre a filmar
Ribeiro, riacho, arroio
Igarapé, afluente
Era tanta novidade
Jururu todo contente, ô lerê
Ô iaiá, ô lerê
É tão bom navegar
Olha o rio, venha ver
Guardando toda a passagem
Por árvores tão frondosas
Que se espalham pelas margens
Com cores maravilhosas
O verde que é de folhagem
Amarelo dos belos frutos
O branco de lindas flores
Que colorida paisagem!
Ah… e este grande céu azul!
Filma tudo, Jururu!
Ô iaiá, ô lerê
É tão bom navegar
Olha o rio, venha ver
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Airy gritou, todo animado, quando a canoa, que flutuava tranquila, começou a andar bem mais depressa:
– Agora é que fica bom!
Bem veloz na corredeira
Até descer a cachoeira
Já posso ouvir o seu som
Jururu ficou assustado. Dava mesmo pra ouvir um estrondoso barulho de água caindo bem forte.
Mas Poti conhecia o rio como a palma da sua mão. Sabia que dali em diante não dava mais pra seguir pelo
leito. Tiveram que descer o morro pela margem, carregando a pesada canoa. E, apesar do trabalhão que
deu, Jururu pôde ver uma das mais lindas paisagens da floresta. Uma bela cachoeira, alta e imponente,
mostrava a enorme força das águas. Era o salto do rio, lá do alto da montanha, para as pedras lá de baixo.
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E, lá embaixo, colocaram a canoa novamente na água. Da beira de um ribeirão, já podiam
seguir a viagem.
Porém, ao olhar a floresta nas margens do rio, Jururu percebeu árvores de cores
surpreendentes e reconheceu aquele lugar tão colorido e diferente. Estavam na Floresta das
Lendas, onde viviam os seres encantados. Se o rio levava tanta vida e cor pra dentro da mata,
era de se imaginar que atravessasse aquele pedaço mágico de floresta.
Foi então, naquela margem tão colorida, que Jururu viu uma linda garota com cauda de
peixe, sentada numa pedra e cercada por lindas flores.
– Olá, minha encantadora amiga Yara, protetora dos rios! – disse Poti – Este que te olha
com cara de bobo é Jururu, nosso amigo robô. Está aqui para aprender sobre as belezas do rio e
ensinar para as crianças da cidade.
– Olá, Jururu. Olá, querido Airy e meu pequeno Poti. Por tão boa causa, terei prazer em
ajudá-los. Com o meu canto, as águas serão serenas para levá-los nessa jornada.
Assim, a Yara cantou um canto mágico, enquanto a canoa flutuava nas águas suaves do rio.
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CANTO DA YARA
Xuê Xuê é o som dessas águas
Xuê Xuá que vai me levar
Xuê Xuê me leva tranquilo
Xuê Xuá pra todo lugar
Será que as águas que andam depressa?
Ou será que o mundo está devagar?
Navegando em sonhos, seguindo no rio
Ao som que carrega quem quer navegar
Xuá é o som dessas águas
Xuê é o mundo a girar
Xuá é o som que me leva
Xuê, mundo bem devagar
Anauê Yara, Ram amanajé ubá
De ke ke ke korirare he
Djarambutum korirare he
Ham!
Depois do seu canto, a sereia mergulhou
e voltou para as águas.
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Cortando por toda a floresta, o rio era parte dela. Jururu pôde ver cada lugar por onde
já havia passado e reencontrar muitos dos bichos que havia conhecido na mata.
TODO MUNDO PRECISA DO RIO
A onça saiu da mata
Voltou pra beira do rio
De novo vai beber água
Ou seguir o assobio
O som que é da capivara
Que está nadando no rio
Sapo pulou na beirada, oh maninha
Deve ser porque tem frio
Todo bicho que chega
Precisa do rio pra viver
Pra nadar, pra pescar
Pra sair do lugar, pra comer
Todo sonho que a mata
Acolhe de todo lugar
Vai viajar no rio, se encantar pelo rio
Navegar
Mico-leão vai pulando
De um galho pra outra margem
Bicho-preguiça no tronco
Comendo a verde folhagem
Tamanduá se banhando
Pra se livrar do calor
Cuidado com o Jacaré!
O papagaio avisou
Todo bicho que chega
precisa do rio pra viver
Pra nadar, pra pescar
Pra sair do lugar, pra comer
Todo sonho que a mata
Acolhe de todo lugar
Vai viajar no rio, se encantar pelo rio
Navegar
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De repente, um barulho na canoa. Um peixe bateu na madeira do barco e Jururu pôde vê-lo
saltando. Ficou radiante!
– Olha um peixe! – gritou, ainda sem perceber que estavam no meio de um monte deles.
– Um peixe? – Perguntou Airy, dando risada – Olha melhor, Jururu. Veja só quantos tem por aqui!
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QUANTO PEIXE!
Um peixe, eu vi um peixe
Só um peixe?
Outro peixe, mais um peixe
Quanto peixe! Minha nossa!
É um cardume!
Que boa ideia!
Ele reúne
Um peixe com outro peixe,
São dois peixes?
Mais um peixe, tanto peixe, são mil peixes,
Minha nossa! É um cardume!
Que boa ideia!
Ele reúne
O peixe, o pai do peixe, irmão do peixe
Primo peixe, vô do peixe, amigo peixe
Minha nossa! É um cardume!
Que boa ideia!
Ele reúne
Ai meu Deus, perdi a conta
Vou começar tudo de novo!
Rá rá rá...
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Airy se divertia com a animação do robô,
que mesmo com sua cabeça de computador,
mal conseguia contar aquela quantidade
enorme de peixes no rio.
Depois de um bom tempo navegando, passaram perto de um vilarejo e, em outra canoa, maior
que a de Poti, um pescador que cantava uma bonita canção parou, cumprimentou os três amigos e se
apresentou. Seu nome era Raimundo. Vivia no vilarejo e andava preocupado com a falta de peixes por ali.
Achava que tinha algo errado em como a sua gente estava tratando as águas do rio.
Poti percebeu que ali não podia mesmo ter muitos peixes. A falta das árvores nas margens, nas muitas
fazendas que existiam por perto, fazia o leito se encher de terra e ficar muito raso. E havia muita sujeira
também. O esgoto e o lixo das casas eram jogados diretamente no rio.
Era mesmo uma maneira muito errada de tratar o rio. E, daquele jeito, ele não poderia ser tão generoso
com as pessoas que ali viviam.
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UMA CANÇÃO PARA O PESCADOR
Aqui posso reparar
Que o homem muda a paisagem
O rio, plantação, cidade
Tudo fora do lugar, aqui posso reparar
O verde esmaecendo
Sem cores nas suas margens
O rio vai enfraquecendo
Aqui posso reparar, tudo fora do lugar
Podia ser diferente
É só ser inteligente
E arrumar melhor o mundo
Que a gente pode cuidar
Aí, pescador Raimundo
Pode seguir o seu rumo
E na companhia do rio
Feliz, poderá cantar
Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria?
Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria?
Como poderei viver?
Como poderei viver?
Sem a sua, sem a sua,
Sem a sua companhia
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Despediram-se do pescador Raimundo e seguiram rio abaixo. Cada vez
mais poluído, dava pra ver que se aproximava da cidade.
Quando chegaram lá, viram um rio quase morto. Nenhum peixe se
aventurava a nadar naquelas águas. A poluição deixou o rio sujo, abatido e
triste. E os três amigos também.
Airy, tão chateado, com seu jeito debochado, gritou para toda a cidade:
– Que sujeira! Que tristeza!
Como podem fazer isso
Com a beleza desse rio?
Em meio a tanta modernice
Isso que fazem com as águas
É uma tremenda burrice!
Enquanto olhavam os prédios que subiam nas margens, a canoa foi
andando lentamente (na cidade, o rio corria bem devagar) até chegar na foz,
onde o rio derramava suas águas sujas no mar. Os amigos pararam a canoa e
andaram até a praia. Olhando aquele enorme oceano e a linda paisagem que
se estendia até o horizonte, ficaram em silêncio, ouvindo as ondas do mar.
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De repente, começou a chover. E a água
que a chuva trazia, que um dia correu naquele
mesmo rio, estava limpa de novo, caindo do céu
em gotas. E os amigos perceberam que eram
gotas de esperança. Se a água se renova, os
homens também podem se renovar. E a cidade
também. E o mundo todo pode começar uma
nova história de amor pelas águas, que são tão
importantes para a vida de todo o planeta.
Jururu tinha entendido tudo mais uma vez.
Sabia o que tinha que fazer. Depois de abraçar
os seus grandes amigos, Poti e Airy, que iam
voltar para a floresta, correu pra contar e ensinar
a todas as crianças como é bonito e importante
o rio que corta a cidade.
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TODA ÁGUA
Toda água que cai do céu
Vai molhar a aba do seu chapéu
depois vai pro mar
Toda água que cai no chão
Faz nascer flor e pé de feijão
Depois vai pro mar
Toda água que brota na fonte
Um dia vai parar no horizonte
Que a gente avista bem distante
Quando olha pro mar
Toda água que a chuva traz
Que caiu da nuvem lá do céu
Mesmo que sempre molhe o seu chapéu
Sempre vai voltar
Toda água que mata a sede
Que mata a nossa fome, traz o peixe
Cai do céu para o chão e corre os montes
Pra chegar no mar
E no mar, quando chega no horizonte
Não deixa de cumprir o seu papel
Beija o sol e se lembra lá da fonte
E volta pro céu
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26
O PINGO
Pinga pingo
Pinga água
Pinga gota
Pinga mágoa
Pinga força
Pinga, é hora
Pinga a vida
E o pingo estoura
Forma poça
Cria o lago
Vai pro rio, vai pro mar
Chega o sol e a água sobe
Com o vento para o ar
Corre o mundo
Corre o tempo
Corre a vida, chega o frio
E olha o pingo aqui de novo
Mergulhando no vazio
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Algumas palavras
Muitas das palavras que usamos em nosso dia a dia vêm do tupi-guarani, língua
de muitos dos índios que viviam ou ainda vivem no Brasil. Vejam quantas dessas
palavras apareceram nesta viagem pelas águas da floresta:
Jururu: triste
Poti: camarão
Airy: um tipo de palmeira
Canoa: embarcação esculpida no tronco de uma árvore
Igarapé: rio por onde passa a canoa
Capivara: comedor de capim
Jacaré: aquele que olha torto
Jurema: árvore sagrada para alguns povos indígenas
Yara: mãe d’água ou deusa das águas que mora no fundo do rio
Xuê: devagar
Anauê: Salve!
Amanajé: mensageiro
Ubá: mesmo que canoa
De ke ke ke korirare he, Djarambutum korirare he. Ham:
canto dos índios Krahó que significa “A garça vem voando e, quando desce
para pegar um peixe na lagoa, um jacaré abre a boca pra comê-la, mas a
garça escapa e faz: Ham! “
Anauê Yara. Ram amanajé ubá:
Salve Mãe D’água. Leve a canoa mensageira.
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Além do CD, você também
pode ouvir as músicas do livro
no seu smartphone, tablet
ou computador através das
platarformas. Para acessá-las
é simples:
1. Instale em seu
smartphone ou tablet um
aplicativo que faz leitura de
QR Code
2. Com o aplicativo
instalado, coloque seu
livro em um lugar bem
iluminado e faça a leitura
de um dos códigos
abaixo;
3. Prontinho! Agora é só
cantar junto!
Spotify
iTunes
SoundCloud
Deezer
1. HISTÓRIA ANTES DA HISTÓRIA: Luiz Caldas
BRPBG1400001
2. CIRANDA NASCENTE: Carlinhos Brown
BRPBG1400002
3. NAVEGANDO PELO RIO: Gerônimo
BRPBG1400003
4. CANTO DA YARA: Aiace Félix
BRPBG1400004
5. TODO MUNDO PRECISA DO RIO:
Orquestra do Fubá
BRPBG1400005
6. QUANTO PEIXE!: Corisco Joffily
BRPBG1400006
7. UMA CANÇÃO PARA O PESCADOR: Pablo Maurutto e Roberto Mendes
BRPBG1400007
8. TODA ÁGUA:
Jurema Paes
BRPBG1400008
9. O PINGO:
Pablo Maurutto
BRPBG1400009
Lá Dentro da Mata - No Caminho das Águas
©Humanidades Editora e Projetos Ltda.
Diretor executivo: Jorge Freire; Relações Institucionais: André Gondim; Gestão de Educação: Maribel Barreto; Edição de Conteúdo: Mariana Carvalho Barahona;
Edição de arte: Diego Sauaia; Concepção e Projeto: Pablo Maurutto; Texto: Pablo Maurutto; Projeto gráfico, Ilustrações e Finalização: Félix Reiners; Diagramação:
Félix Reiners, Diego Sauaia
MÚSICAS
Composições: Pablo Maurutto, exceto a letra de “O Pingo”, de Jorge Freire, e as incidentais: “Como Pode o Peixe Vivo”, de domínio público, na música “Uma Canção para o
Pescador” e “Grupo Krahó”, de Marlui Miranda, na música “Canto da Yara” Direção e Arranjos: André T e Pablo Maurutto Produção Executiva: Pablo Maurutto Violões: Pablo
Maurutto (História antes da História, Navegando pelo Rio, Quanto Peixe! e O Pingo); Munir Hossn (Ciranda Nascente, Canto da Yara, Uma Canção para o Pescador e Toda Água);
e Cristiano Andrade (Todo Mundo Precisa do Rio) Baixos: Pablo Maurutto; Natalino Neto (Todo Mundo Precisa do Rio) Bandolins: Luiz Caldas (História antes da História) e Aroldo
Macedo (O Pingo) Percussões: Kabo Duca, com participação de Wander Pio em “Todo Mundo Precisa do Rio” Flautas Transversais: Elisa Goritzki (Navegando pelo Rio) Pífanos
e Flautins: Corisco Jofilly (Quanto Peixe!) Clarinetes: Ivan Sacerdote Sanfonas: Cicinho de Assis (Ciranda Nascente, Navegando pelo Rio, Canto da Yara e Toda Água); Saulo Gama
(Quanto Peixe!); e Zé Moura (Todo Mundo Precisa do Rio) Cavaquinho: Fernando Cavaco (Todo Mundo Precisa do Rio) Bateria: Mathieu Gramoli (Todo Mundo Precisa do Rio)
Saxofone: Damien Fleau (Todo Mundo Precisa do Rio) Coro de Crianças: Maria Aquino, Pedro Maurutto, Lara Aquino, Luisa Motta, Sofia Didier, Felipe Silva, Igor Brito, Vivi Norberto,
Bernardo Fonseca Voz de Criança: Ravi Maurutto (História antes da História) Gravação/ Mixagem/ Masterização: André T.