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SÃO PAULO, 27/06/2020 / / EDIÇÃO
JORNAL DO
DIA
PERDAS E GANHOS
Desde que foram criados, personagens ganharam diferentes versões.
JD
26/06/2020
conflitos não é saudável para as crianças, pois
elas passariam a desconhecer o mundo como ele
é. Ele acredita que os livros são uma
Há quem defenda, no entanto, a leitura dos textos
oportunidade de os pequenos conhecerem e
originais às crianças. É o caso de Camila Werner,
enfrentarem seus monstros interiores, no que
que entre 2015 e 2018 foi responsável pelo selo
chama de escoamento literário. “Eu nunca vi
Globinho, que edita os textos integrais de Lobato.
pessoas falando que leram Lobato e se tornaram
“A literatura não está para fazer lição de moral,
racistas ou antiecologistas. Se você tem vontade
ela está para refletir o mundo e a gente pensar
de matar uma onça e a matou no livro, a fantasia
sobre ele”, diz ela. Para isso, seriam necessários
cumpriu a sua função”, diz Brenman. Ele
mediadores que expliquem o contexto histórico
ressalva, no entanto, que algumas adaptações não
em que foram escritos. “Em um país com tantos
são um problema, desde que a alma da obra
problemas na educação, será que os pais e
esteja contemplada. “O complicado é ir limpando
professores vão saber conversar sobre isso?”, diz
e não sobrar nada. O politicamente correto às
ela. No livro “A condenação de Emília: o
vezes se equivale a regimes ditatoriais, que
politicamente correto na literatura infantil”, fruto
apagam a história.”
de uma tese de doutorado na USP, o professor e
Se, de um lado, o domínio público permite às
escritor Ilan Brenman defende que esconder
editoras publicar sem custos autorais as obras de
Lobato, de outro pode criar uma armadilha. O
governo não compra livros nessas condições e
assim as empresas perdem um relevante mercado.
As adaptações surgem então como uma forma de
vender, já que, com novos autores, surgem novos
livros. No ano passado, porém, nem o Lobato
adaptado — que não havia sido lançado —, nem
o original — que estava para cair em domínio
público —, puderam ser inscritos no Plano
Nacional do Livro Didático 2019 e 2020, cujos
editais selecionam os livros das escolas públicas.
“Quem ganha com o domínio público de Lobato
é a sociedade brasileira”, diz Pedro Bandeira. Os
textos originais estão disponíveis gratuitamente
em sua integridade para que o público possa
conhecer a literatura da época e fazer os seus
próprios juízos de valor.
VACINA
Nova vacina contra a meningiteestá
disponível no SUS.
Algumas adaptações.
URSULA NEVES
26/06/2020
O Ministério da Saúde atualizou o seu calendário de imunizações
incluindo a vacina ACWY (conjugada), que protege contra quatro
sorotipos de meningite bacteriana: A, C, W e Y, e que passa a ser
aplicada em adolescentes de 11 e 12 anos.
Todas as Unidades Básicas (UBS) do Sistema Único de Saúde (SUS) já
contam com doses únicas da vacina. Além disso, também é oferecida à
população a vacina contra o sorotipo C, indicada para bebês: aos 3 e 5
meses e com reforço aos 12 meses.
A meta é imunizar, no mínimo, 80% dos adolescentes brasileiros nesta
faixa etária, o que corresponde a 5.621.137 jovens.
ENTRE LIKES
“Reconhecemos que somos privilegiados”, dizem Galãs Feios.
JD
26/06/2020
No começo, a ideia era tirar sarro de padrões
(principalmente os de beleza). Aos poucos, a
política começou a dominar o canal dos Galãs
Feios, Helder Maldonado e Marco Bezzi.
Jornalistas, acabaram usando a linguagem que
aprenderam na faculdade e nas redações, mas
com mais humor, de forma solta. Agora, com
quase 350 mil seguidores no You Tube, já têm
uma cara definida.
Para Bezzi, o sucesso do canal está justamente
no fato de os dois só usarem informações
checadas em épocas de fake news, mas dar o
toque de humor para comentar as notícias,
fugindo do que "todo mundo está noticiando”.
Com um lado claro, que defende bandeiras
identitárias mais alinhadas à esquerda (contra
racismo, contra machismo, contra homofobia),
os dois dizem que cativaram um público
engajado. "Reconhecemos que somos
privilegiados, mas tem coisas que nos
incomodam muito como o racismo." Por isso,
já convidaram negros como o pagodeiro
Salgadinho para o programa porque ele tem
"lugar de fala.”
Na foto Helder Maldonato e Marcos Bezzi.
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