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Revista Sampa - edição 33 - dezembro 2020

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Conhecido no mundo do samba como Tornado,

José Jorge Teles Santos chegou à cidade de São

Paulo juntamente aos seus pais com apenas 3

anos de idade. De origem soteropolitana, o então

menino se mudou para a casa de seus tios, localizada

na Vila Guarani, distrito do bairro do Jabaquara,

zona sul da cidade.

Os tios com quem morava desfilavam pela tradicional

escola de samba Vai-Vai, entretanto, Tornado

era muito novo para poder participar também.

Foi então que, aos 9 anos de idade, passou a

frequentar jogos de várzea da vila onde vivia, e

começou a tocar na bateria dos times, iniciando

assim, sua trajetória no mundo do samba.

Tornado iniciou tocando repinique e se apaixonou

pelo instrumento. Seus tios, que já eram do

mundo do Carnaval, passaram a levá-lo mais ao

samba, e seu primeiro desfile como ritmista foi

pela extinta agremiação Paulistano da Glória. Para

ele, esse foi um momento mágico e uma emoção

ímpar. Tornado permaneceu na escola por 2 anos,

e depois, através de seu primo, Inácio, que trabalha

até hoje com carros de som no Anhembi,

chegou no Vai-Vai.

Elogiado durante o teste por Mestre Tadeu, Tornado

desfilou como ritmista da Saracura durante 22

anos, onde recebeu o título de “Repinique de

Ouro”. Durante esse tempo, participou por dois

anos na bateria da escola de samba Barroca Zona

Sul, com o falecido Mestre Binha.

O início como mestre de bateria

Após sair do Vai-Vai, Tornado passou a desfilar

pela X-9 Paulistana, onde foi Diretor de Bateria do

Mestre Adamastor, e no terceiro ano de escola, se

tornou mestre de bateria, com o Mestre Augusto.

Tornado conta que sua primeira experiência como

mestre de bateria foi algo surpreendente, pois,

até então, só havia desfilado como ritmista, e

mesmo sendo Diretor de Bateria por um ano, a

responsabilidade foi diferente.

Tornado e a “Ritmo que Incendeia”

Mestre Tornado chegou na Dragões da Real

trazendo um novo conceito para a bateria “Ritmo

que Incendeia”. Para ele, a bateria precisa ter sua

identidade, em que ao ouví-la de longe, se reconheça

qual escola está chegando. Em seu primeiro

ano, chamou alguns de seus amigos ritmistas e

juntou com os que já havia na agremiação, trazendo

assim, a nota máxima no quesito bateria.

Após iniciar de fato os trabalhos na Dragões da

Real, Tornado montou a escolinha de bateria, e

conta que, hoje em dia, 95% dos ritmistas foram

criados na escola, reafirmando a importância de

se ter uma identidade. O mestre analisa que o

desempenho da “Ritmo que Incendeia”, durante

estes 7 anos de agremiação, teve uma crescente.

Para o mestre, o desfile “campeão do povo” da

Dragões da Real em 2017, com o enredo “Dragões

Canta Asa Branca”, foi o mais marcante de sua

carreira. A escola conquistou o segundo lugar,

após perder um décimo no quesito samba-enredo.

Importância do negro para o Carnaval

A edição de dezembro da Revista Sampa trouxe

diversas personalidades negras no mundo do

samba por conta do Dia da Consciência Negra,

celebrado no dia 20 de novembro. Tornado relata

sobre o racismo que, ao invés de diminuir, tem

aumentado, e afirma que o Carnaval, hoje em dia,

é universal, ou seja, para todos. Segundo ele, a

importância do negro dentro do Carnaval deve ser

levada, pois, no início, foi quem trouxe sua cultura.

Por fim, o mestre pede consciência ao povo.

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Tornado permaneceu na X-9 durante 7 anos, e

recebeu um convite para comandar a bateria da

Sociedade Rosas de Ouro. Foi no seu primeiro

Carnaval pela escola, em 2010, que foi campeão

pela primeira vez como mestre. Para ele, esse ano

foi seu maior desafio, pois a agremiação vinha de

uma fila de vários anos sem título, e a felicidade

foi imensa por ter recebido nota máxima pelo

desenvolvimento da bateria durante o desfile.

Em 2013, saiu da Rosas de Ouro e recebeu um

convite para desfilar pela Imperador do Ipiranga.

Tornado realizou o carnaval 2014 pela agremiação,

e no mesmo ano, foi para a escola de samba

Dragões da Real.

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