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Conhecido no mundo do samba como Tornado,
José Jorge Teles Santos chegou à cidade de São
Paulo juntamente aos seus pais com apenas 3
anos de idade. De origem soteropolitana, o então
menino se mudou para a casa de seus tios, localizada
na Vila Guarani, distrito do bairro do Jabaquara,
zona sul da cidade.
Os tios com quem morava desfilavam pela tradicional
escola de samba Vai-Vai, entretanto, Tornado
era muito novo para poder participar também.
Foi então que, aos 9 anos de idade, passou a
frequentar jogos de várzea da vila onde vivia, e
começou a tocar na bateria dos times, iniciando
assim, sua trajetória no mundo do samba.
Tornado iniciou tocando repinique e se apaixonou
pelo instrumento. Seus tios, que já eram do
mundo do Carnaval, passaram a levá-lo mais ao
samba, e seu primeiro desfile como ritmista foi
pela extinta agremiação Paulistano da Glória. Para
ele, esse foi um momento mágico e uma emoção
ímpar. Tornado permaneceu na escola por 2 anos,
e depois, através de seu primo, Inácio, que trabalha
até hoje com carros de som no Anhembi,
chegou no Vai-Vai.
Elogiado durante o teste por Mestre Tadeu, Tornado
desfilou como ritmista da Saracura durante 22
anos, onde recebeu o título de “Repinique de
Ouro”. Durante esse tempo, participou por dois
anos na bateria da escola de samba Barroca Zona
Sul, com o falecido Mestre Binha.
O início como mestre de bateria
Após sair do Vai-Vai, Tornado passou a desfilar
pela X-9 Paulistana, onde foi Diretor de Bateria do
Mestre Adamastor, e no terceiro ano de escola, se
tornou mestre de bateria, com o Mestre Augusto.
Tornado conta que sua primeira experiência como
mestre de bateria foi algo surpreendente, pois,
até então, só havia desfilado como ritmista, e
mesmo sendo Diretor de Bateria por um ano, a
responsabilidade foi diferente.
Tornado e a “Ritmo que Incendeia”
Mestre Tornado chegou na Dragões da Real
trazendo um novo conceito para a bateria “Ritmo
que Incendeia”. Para ele, a bateria precisa ter sua
identidade, em que ao ouví-la de longe, se reconheça
qual escola está chegando. Em seu primeiro
ano, chamou alguns de seus amigos ritmistas e
juntou com os que já havia na agremiação, trazendo
assim, a nota máxima no quesito bateria.
Após iniciar de fato os trabalhos na Dragões da
Real, Tornado montou a escolinha de bateria, e
conta que, hoje em dia, 95% dos ritmistas foram
criados na escola, reafirmando a importância de
se ter uma identidade. O mestre analisa que o
desempenho da “Ritmo que Incendeia”, durante
estes 7 anos de agremiação, teve uma crescente.
Para o mestre, o desfile “campeão do povo” da
Dragões da Real em 2017, com o enredo “Dragões
Canta Asa Branca”, foi o mais marcante de sua
carreira. A escola conquistou o segundo lugar,
após perder um décimo no quesito samba-enredo.
Importância do negro para o Carnaval
A edição de dezembro da Revista Sampa trouxe
diversas personalidades negras no mundo do
samba por conta do Dia da Consciência Negra,
celebrado no dia 20 de novembro. Tornado relata
sobre o racismo que, ao invés de diminuir, tem
aumentado, e afirma que o Carnaval, hoje em dia,
é universal, ou seja, para todos. Segundo ele, a
importância do negro dentro do Carnaval deve ser
levada, pois, no início, foi quem trouxe sua cultura.
Por fim, o mestre pede consciência ao povo.
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Tornado permaneceu na X-9 durante 7 anos, e
recebeu um convite para comandar a bateria da
Sociedade Rosas de Ouro. Foi no seu primeiro
Carnaval pela escola, em 2010, que foi campeão
pela primeira vez como mestre. Para ele, esse ano
foi seu maior desafio, pois a agremiação vinha de
uma fila de vários anos sem título, e a felicidade
foi imensa por ter recebido nota máxima pelo
desenvolvimento da bateria durante o desfile.
Em 2013, saiu da Rosas de Ouro e recebeu um
convite para desfilar pela Imperador do Ipiranga.
Tornado realizou o carnaval 2014 pela agremiação,
e no mesmo ano, foi para a escola de samba
Dragões da Real.
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