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Revista Sampa - edição 33 - dezembro 2020

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Edição nº 33

Dezembro / 2020

Carnaval:

expressão da ancestralidade


Editorial

Jéssica Souza

Editora Executiva

“O Negro é amor, Negro é capaz,o Negro é

lindo, evoluindo sempre mais “

Como entoou a Nenê de Vila Matilde em 1997, o

negro é amor e tudo mais o que ele desejar.

Sempre guiados pelas forças dos nossos ancestrais

desde os tempos que os negros escravizados

chegaram ao Brasil, nós estamos criando formas

de manter a nossa cultura em pé. O racismo, a

exclusão social e outras opressões não foram

capazes de apagar o que está impresso em nossas

almas. O samba e o carnaval são algumas das

maneiras mais genuínas de expressar a nossa

essência e cultura.

Nesta edição, vamos falar sobre a negritude no

carnaval de São Paulo. Em 2021, oito escolas que

estão entre os grupos especial, acesso 1 e 2 do

carnaval paulistano vão apresentar enredos que

celebram as nossas origens vindas da África. A

avenida estará repleta de tradições, histórias,

divindades e festas do povo negro.

Também vamos conhecer o futuro do carnaval,

crianças e adolescentes que estão trilhando um

caminho no samba preservando os fundamentos

deste braço importante da cultura brasileira.

As mulheres também terão voz. A rainha de bateria

da escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi,

Cintia Mello, capa deste número e Jéssica Bueno,

rainha do carnaval de São Paulo e atual rainha de

bateria da escola de samba Unidos de Padre

Miguel no Rio de Janeiro, mostram a força e importância

da representatividade que elas têm para

meninas e mulheres negras, dentro e fora do

mundo do samba.

E por fim, vamos fazer uma viagem no tempo e

revisitar as raízes da folia paulistana por meio da

história da Tiririca - mistura do samba com a capoeira

- e pela de trajetória de Alberto Alves da Silva,

Seo Nenê, um dos cardeais do samba da cidade de

São Paulo.

Não só no carnaval, mas que a presença do povo

negro seja frequente e cada vez maior em todos os

lugares. Muito além de ocupar espaços já estabelecidos,

que possamos criar nossos espaços onde a

ancestralidade e a negritude sejam protagonistas.

Nós resistiremos!

Caros amigos(as) leitores(as)

Nós estamos no encerramento de mais um

ciclo, 2020 está se findando.

Luto, tristeza, dor de muitas perdas irreparáveis,

Cada um com seu momento individual,

nesse coletivo, onde a pandemia está

deixando rastro mundial,

Juntos somos mais fortes e descobriremos

um novo caminho a seguir.

Essa crise social, racial, econômica e

preconceitos, violando todos os direitos

civis e morais, a qual muitos vivendo no

abandono

Nossa cultura popular, o carnaval, em

tempos de coronavírus deixando, ainda

mais, vulnerável nossa comunidade nesses

tempos.

A família do samba, solidária como sempre,

abrindo suas quadras para o acolhimento

dos necessitados e realizando muitas ações

sociais.

Enfim somos fortes, esperança é o que não

nos falta.

O Natal está chegando, tenhamos fé redobrada,

esperança inabalada .

Desejamos que o senhor Jesus possa abençoar

a cada lar, livrando-os das moléstias de

todo mal.

Agradecemos a todos, pela parceria em nos

acompanhar nas nossas redes sociais, revista

e rádio Sampa.

Um Natal feliz com saúde, alegria junto aos

entes queridos.

Que o próximo ano, seja de prosperidade e

realizações.

São os votos da família grupo Sampa.

Boa leitura !!!

Eduardo de Paula

Presidente

Palavra do Presidente

Boa Leitura!

AXÉ



Expediente

Presidente

Editor Fotográfico

Editora Executiva

Editora Mídias Sociais

Editor Site

Operacional

Coordenadora

Reportagens

Fotos:

Marketing

Relações Públicas

Departamento Social

Departamento Jurídico

Conselho Administrativo

Diagramação

Capa

Foto

Texto

Eduardo de Paula MTB 13898 SP

Ismael Toledo

Jéssica Souza MTB 0086330 SP

Rita Lutfi

Lucas Torres

Tadeu Paulista

Vany Franco

MTB 028394 SP

Erick Eduardo Jéssica Souza Kathelin Malafaia

Rita Lutfi Victoria Vianna

Elson Santos João Belli Dayse Pacífico

Domenica Franhani

Flávia Azevedo (RJ)

Denis Sena

Miriam Barros

Dr. Luiz Carlos Ribeiro da Silva

Ismael Toledo

Thiago de Paula Cassius de Paula Jefferson de Paula

Natacha Dandara

Eduarda Leão

Cíntia Mello

João Belli

Jéssica Souza

Agradecimentos :

Figurino - Igor moon (@igor_fernandes8) Zuri moda afro (@zuhrimodaafro)

Local - sítio Veloso Carvalho

Maquiagem - André Lima (@andre_makeup)

Produção - Ana Cristina (@cris.carvalho)

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Produção

ÉBANO

Instituto Cultural

Grupo

SAMPA



Sumário

Cíntia Mello: Ancestralidade e

Representatividade na avenida

08

Capa

Enredos Afro 2021 16

Enredos Afro 2021

Conheça as crianças

do Samba

19

Sampinha

Mestre Tornado

A história da Tiririca

Jéssica Bueno

CCSP está com exposições

até março de 2021

A expressão da negritude

pelas lente da câmera

21

24

25

28

29

Você na Sampa

Histórias no Carnaval

Garota do Mês

Dicas Culturais

Olhares da Sampa

Denize Rosário

Nenê da Vila Matilde,

Cacique e Baluarte do

Samba Paulistano

Conheça quem faz a Sampa

33

35

40

Musa Plus Size

Memórias do Carnaval

Bambas da Sampa



Capa

CINTIA MELLO: ANCESTRALIDADE

E REPRESENTATIDADE NA AVENIDA

Aos 32 anos, a rainha de bateria da Acadêmicos do Tucuruvi é referência para meninas

negras dentro e fora da folia

Texto: Jéssica Souza

Fotos: João Belli

Criada no carnaval, Cintia Mello não sabe dizer

quando o samba não fez parte da sua vida. Passou a

sua infância e início da adolescência entre um

ensaio e outro da escola de Samba Flor de Vila Dalila

, oriunda da Zona Leste de São Paulo. Apesar de

estar habituada com o mundo das escolas de

samba, a pequena Cintia mergulhou de cabeça no

ziriguidum bumbum pela influência de sua irmã

mais velha, Paula , que ocupou o cargo de princesa

da agremiação Leandro de Itaquera. " Eu não acreditava

em mim. Eu sempre achei tudo muito

impossível pelo fato de morar na Zona Leste em

uma casa humilde com muita gente,afinal, eu

sou a mais nova de 7 filhas. Mesmo assim eu

amava ir no samba e admirar aquelas mulheres

lindas como a Nany - 10 anos como rainha de

bateria da da Mocidade Alegre- e diversas

outras. Porém, eu tinha certeza que não chegaria

no patamar daquelas musas ou até mesmo

pisar em uma escola de samba para ser uma

referência.”

A dança como o fio condutor até o

carnaval

Aos 13 anos, a futura rainha se afastou do samba e

tomou novos rumos. Apaixonada pela dança, se

formou em Jazz e passou a dançar outros ritmos.

Mas a vida a levou para o lugar que sempre foi seu.

Ao participar do concurso da Banda do Candinho

por dois anos seguidos, Cintia foi rainha do bloco

por duas vezes consecutivas e após as coroações ela

nunca mais tirou o samba no pé.

A passagem pelo tradicional bloco carnavalesco

tradicional do bairro da Bela Vista encorajou a sambista

a alçar novos voos, por isso ela decidiu participar

do concurso de rainha da escola de samba

Vai-Vai aos 19 anos. Mesmo não tendo conquistado

o cargo, Cintia participou ativamente da escola,

ocupando funções de passista, musa e destaque da

agremiação do Bixiga. Também representou a

entidade no concurso Musa do Carnaval promovido

pelo programa Caldeirão do Hulk da TV Globo em

2009.

De Princesa a Rainha

Após o período na escola de samba Vai-Vai, Cintia

passou a ser componente da escola Império de Casa

Verde e pela agremiação ela concorreu ao posto

mais cobiçado, o de rainha de carnaval do carnaval

de São Paulo.

“ O samba significa tudo. Ele me abriu muitas

portas , se fosse por ele eu não teria conseguido

metade do que eu consegui porque eu viajei os

quatro cantos do mundo: Coreia, Roménia,

Angola, Argentina. Tudo que eu consegui na vida

foi por meio do samba, construir a casa da

minha mãe,meu marido, a minha filha. Tudo eu

devo ao samba!”

O processo de competir no concurso para fazer

parte da corte do carnaval foi longo, porém, recompensador.

Nos ensaios de quadra, Cintia dava tudo

de si para manter o samba na ponta do pé e a

forma, ela também fez aulas de samba com a Walkira

Ribeiro. ”Eu tive muita ajuda! Agradeço a todas

as pessoas que me auxiliaram, inclusive todos os

ateliês que me ajudaram na época e até hoje

ajudam outras meninas da comunidade a realizar

seus sonhos. O concurso da corte do carnaval

de São Paulo tem uma grande importância para

nós. Ele precisa se restabelecer.”

Cintia conquistou a posição de primeira princesa da

folia paulistana em 2012. Após a coroação, permaneceu

o período de dois anos na escola Império de

Casa de Verde. No ano seguinte, ela voltou a competir

no concurso da Musa do Caldeirão, onde

conquistou o primeiro lugar.

Em 2015, ela voltou a concorrer no concurso para

eleger a corte do carnaval de São Paulo. Na ocasião

ela foi eleita segunda princesa da corte, mas abriu

mão do posto por não concordar com o resultado.

09



Com o fim do período de 4 anos na agremiação

do tigre, um novo ciclo para Cintia Mello. Agora

na escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi, a

futura rainha começa a sua trajetória na entidade

como musa bateria do Zaca.

Permaneceu 4 anos no posto e em setembro de

2018 foi coroada rainha de bateria da Acadêmicos

do Tucuruvi. Em dois anos de reinado, Cintia

desfilou com a agremiação no grupo especial, e

este ano no grupo de acesso.

"Eu sabia que a Tucuruvi ia voltar porque o

lugar dela é entre as escolas do grupo especial.

O fato de eu ter decido e retornado

com a escola foi muito importante para

mim.”

Além de entregar muito samba no pé, Cintia

também leva belos modelitos que ela mesma

produz para avenida.” Eu sou modelista profissional,

eu sempre gostei de modificar as

coisas e quando eu entrei para o carnaval

eu percebi que na questão financeira seria

difícil para mim. Então comecei a trabalhar

em ateliês como por exemplo no barracão

da escola Vai-Vai e o Antara Gold para me

profissionalizar, eu aprendi muito e comecei

a fazer as minhas roupas porque a mão

de obra de fantasias e roupas de ensaios

técnicos são caras, mas é justo, afinal é um

trabalho manual tem vestidos que chegam

a ter 100 mil pedrinhas que são colocadas a

mão uma por uma, fora as penas entre

outras coisas, então quando você pega o

material e você mesmo faz cai para menos

da metade do valor. E foi assim que eu

acabei aprendendo e praticamente todos

os anos que eu desfilei a frente da bateria

foi eu quem fez a minha fantasia eu

também já vesti meninas para o carnaval.

Parece que quando as coisas saem da sua

mão nada dá errado.”

Ancestralidade e Representatividade

Estar a frente de uma bateria foi a realização de

um sonho para Cintia, mas além do glamour da

coroa existe a responsabilidade de ser um “símbolo”

de uma bateria, o cargo de rainha para ela

significa representatividade para meninas e

mulheres negras.

10



“Muito maior do que a minha realização

pessoal é a questão da representatividade.

Ela é o meu combustível para estar à frente

da bateria. Quando eu recebo o carinho e

as mensagens das meninas falando que me

viram sambar ou dar uma entrevista e que

se inspiraram em mim, eu fico extremamente

feliz porque eu sinto que ainda existem

muitas barreiras no carnaval para a

mulher preta. O meu desejo é que não

tenham apenas rainhas de bateria negras,

mas também presidentes, mestras de

bateria, diretoras de carnaval, carnavalescas

entre outras funções existem no

mundo do samba.”

Cintia conta que em sua infância e adolescência,

época de sucesso das paquitas da Xuxa,

não haviam mulheres negras na tv em quem

pudesse se espelhar e ter esperança de algum

dia estar naquele lugar. Somente quando

passou a conhecer personalidades negras

nacionais e internacionais como Adriana

Bombom e Beyoncé passou a acreditar que era

possível chegar naquela posição e ir além.

Mas do que ser espelho para outras mulheres

negras, permanecer no samba em um local de

destaque é um sinal de resistência e preservação

das raízes do carnaval. Para a rainha, o

carnaval é ancestralidade.

“O negro é a ancestralidade, é raiz, é a

valorização do carnaval. Ele é uma das

lutas de resistencia do negro. É o momento

de gritar sobre as desigualdades, sobre os

preconceitos e sobre todas as injustiças

que sofremos no dia a dia. É uma oportunidade

de protesto. Esse é o nosso papel.

Com o passar do tempo, perdemos o nosso

espaço dentro do mundo do samba, por

isso precisamos nos colocar, nos aperfeiçoar

e nos colocarmos no lugar de administrador.

Acabamos deixando uma lacuna

para que outras pessoas tomassem o

nosso lugar. Precisamos nos impor!’

“ Uma menina que

era desacreditada e

hoje em dia é uma

mulher vitoriosa e

muito feliz.”



A rainha fora do carnaval

Cintia Mello é uma pessoa realizada em todas as

etapas da sua vida. Fora das quadras e da pista do

Anhembi, ela desenvolve trabalhos como integrante

do balé do programa do Ratinho da emissora

SBT, faz participações nos quadros” Show dos

Famosos” e “Ding Dong” no Domingão do Faustão,atração

dominical da TV Globo e também atua

como modelo.

Em sua vida pessoal, a rainha está vivendo a sua

primeira gravidez. Há seis meses, ela está à espera

de Ana Laura.” Eu aguardei muito tempo para

realizar esse sonho. Aproveitei muito, fiz o que

eu desejava fazer e agora estou vivendo este

momento muito feliz. “ Por conta da gestação,

Cintia está afastada dos trabalhos da TV mas segue

reinando à frente da bateria da Acadêmicos do

Tucuruvi. Ela está aproveitando o tempo livre para

curtir mais a família e assistir séries, algo que já

costumava fazer nos seus períodos de descanso.

Carnaval 2021

“Eu gostaria muito que tivesse carnaval mesmo

que fosse em um formato menor. Até porque

nós precisamos pensar nos profissionais que

estão envolvidos no carnaval. Quantos empregos

são gerados,quanto dinheiro volta para os

cofres públicos. O meu desejo é que tenha, mas

meu desejo maior é que a vacina saia logo

porque não adianta ter carnaval se não tiver

saúde. Vamos pensar primeiro na saúde, em

ficar bem e se preservar e depois pensar no

carnaval. Precisa haver uma dosagem, precisamos

pensar na pandemia, em todas as pessoas

que partiram, é importante lembrar que muitas

pessoas do samba partiram também. Não pode

haver a falta de consideração. Não dá para colocar

todas as escolas nas avenidas, lotar as arquibancadas

sendo que existem várias pessoas que

estão nos respiradores dentro das UTIS, lotando

os hospitais. Por causa disso o pessoal do carnaval

vai precisar ter um pouco mais de paciência,

assim como o mundo inteiro. Eu quero que

tenha carnaval , mas se não tiver em 2022 estaremos

de volta! “

“ não adianta ter

carnaval se não

tiver saúde ”



Atualidades

ESCOLAS DO GRUPO ESPECIAL, ACESSO 1 E 2

TEM TEMAS AFRO EM SEUS ENREDOS PARA

O CARNAVAL 2021

Oito agremiações vão levar para avenida as várias faces do povo negro brasileiro.

Conheça um pouco de cada um dos enredos:

Grupos Especiais

Texto: Jéssica Souza

Foto: Divulgação

VAI- VAI - Sankofa

A escola da Bela Vista vai cantar “Sankofa”. A palavra um pássaro

mítico e sagrado africano que voa para frente, mas tem a cabeça

voltada para trás e carrega no seu bico um ovo. A figura significa

‘Nunca é tarde para voltar atrás e buscar o que ficou perdido’ , a

chance de retornar às nossas raízes, para poder realizar nosso

potencial para avançar. Segundo a sinopse do enredo disponibilizada

pela agremiação a missão da Vai-Vai na avenida é reunir os

pedaços de memórias de homens e mulheres tiveram o elo de

suas vidas rompido pelo episódio da escravidão. A Saracura da

Bela Vista pretende ’ restabelecer esta conexão, unindo seus

descendentes-herdeiros com as civilizações ancestrais.

Colorado do Brás -

“Carolina — A Cinderela Negra do Canindé”

Carolina Maria de Jesus foi uma autora com um talento

inigualável. Negra, catadora de papel e favelada, a escritora

fez a sua primeira publicação em 1960 com o livro, Quarto

de Despejo - Diário de uma Favelada que foi vendido em 40

países e traduzida para 16 idiomas. Nos anos seguintes ela

lançou mais 3 obras. Ao longo de sua trajetória Carolina de

Jesus teve três filhos e nunca se casou. A autora faleceu

aos 67 anos e após a sua morte foram publicadas outras

seis obras a partir de manuscritos deixados por ela.

Mocidade Alegre - Quelémentina, Cadê Você?

Clementina de Jesus será o tema da Morada do samba. Umas da

matriarcas do samba, a artista foi uma das responsáveis pela

popularização do ritmo de matrizes africanas no Brasil.Clementina

gravou cinco álbuns, que trazem a essência da ancestralidade

ela também participou do disco “O canto dos escravos” (1982),

com Tia Doca e Geraldo Filme. As músicas eram acompanhados

somente por atabaques, agogôs, ganzás e outros instrumentos

de percussão. A sambista completaria 120 anos em 2021.

Acadêmicos do Tatuapé - “Preto Velho

canta a saga do café num canto de fé”

Pela ótica do Preto Velho, a Tatuapé narra a história do

café. Com inúmeras ligações, o grão de origem africana

vai de encontro com a entidade da região afro-brasileira

Umbanda.“Nasci e morri na Fazenda, no interior de Minas

Gerais. Lá, o café era ouro que meu patrão transformava

em anel, as custas do trabalho do meu povo, um trabalho

muito cruel. Em troca de tanto esforço, nada recebia,

apenas vestia uns trapos no corpo e só pão embolorado

comia. E assim, vi muito suor e sangue dos meus irmãos no

cafezal. Mãos calejadas da enxada e suja de terra, que

sempre exigia mais de nossos corpos suados, de nossos

corpos cansados”

Morro da Casa Verde - “Sob a proteção de Oxalá, festa no

terreiro de bambas para caçador, curandeiro e padroeiro”

A verde e rosa terá o tema “Sob a proteção de Oxalá, festa no

terreiro de bambas para caçador, curandeiro e padroeiro”.O

enredo abordará uma grande celebração sob a proteção de

Oxalá. A proposta da verde e rosa é fazer uma grande festa no

Anhembi conduzido pelos orixás Oxóssi, Obaluaê e São Jorge.

16 17



Acesso 1

CONHEÇA AS CRIANÇAS DO

CARNAVAL PAULISTANO

Texto: Rita Lutfi

Colaboração: ASASP

Sampinha

Barroca Zona Sul - “A evolução está na sua fé…

Saravá Seu Zé!”.

Pelo segundo ano consecutivo,a escola Barroca Zona Sul

traz o tema afro para avenida. Para o próximo carnaval a

escola fala da “A evolução está na sua fé… Saravá Seu Zé!”.

Kauan Henrique Amaral Aguia

Idade: 17 anos..................................................................................

Escolaridade: Cursando o 2º ano do Ensino

Médio...........................................................

Quando eu crescer, eu quero ser..: Advogado

Mundo do samba: “Estou no carnaval desde pequeno.

Minha mãe era rainha de bateria da Colorado do

Brás, quando estava grávida de mim. Hoje também

participo sou componente da Colorado também

como Cauê passista juvenil da escola.”

No carnaval eu sou..: Passista de Ouro Juvenil da

ASASP

Minhas inspirações no samba são..:.Wel black - seu

professor de dança e Jorge Amarelo, coordenador da

ala de passista da escola de samba Paraíso do Tuiuti

(Rio de Janeiro)................................................................

Mocidade Unida da Mooca -

“Aruanda, o Eterno Retorno””

O enredo contará a história desde a Ilha de Luanda e seus

homens-concha e todos os seus encantos. As infantarias

espirituais (os pretos velhos e outros espíritos evoluídos),

até o “Eterno Retorno” que se refere a Aruanda como sonho

e realidade a ser buscada pelos negros escravizados, desejavam

voltar para sua terra natal, Luanda ainda em vida.

Meu desejo para o carnaval é..: “Desejo que todas

as crianças sejam mais valorizadas e que não haja

cobranças no carnaval.”

Foto: Arquivo Pessoal

Kelli de Paula...............................................

Idade: 17 anos..........................................................................

Escolaridade: Cursando o 2º ano do Ensino

Médio...........................................................

Acesso 2

Amizade Zona Leste - “Sou quilombola,

sou história de riqueza Dandara é a realeza”

A escola vai levar para avenida a história de Dandara dos

Palmares. Uma das lideranças femininas negras que lutou

contra o sistema escravocrata do século XVII. Esposa de

Zumbi dos Palmares para conquistar a libertação dos

negros escravizados no Brasil.Dandara foi morta, com

outros quilombolas, em 06 de fevereiro de 1694, após a

destruição da Cerca Real dos Macacos, que fazia parte do

Quilombo de Palmares.

Quando eu crescer, eu quero ser..: Seguir a carreira

da dança

Mundo do samba: “Comecei a frequentar a Dragões

com a mãe e depois passei a fazer a parte da alas das

crianças. Atualmente estou na ala de passistas da

escola.”

No carnaval eu sou..: Primeira Princesa Juvenil do

carnaval de São Paulo

Minhas inspirações no samba são..:.Mayara

Santos, Bellinha Delfim, Camila Silva e Roberta

Kelly......................................................

Meu desejo para o carnaval é..: “Eu espero que

quando voltar o carnaval todos nós tenhamos aprendido

e mudado muita coisa, que não era certo da

forma que pensávamos. Acredito que a solidariedade

que o mundo do samba está promovendo e

outras coisa para que estão acontecendo para

ajudar nesse momento tão difícil , devem continuar

pós-pandemia.”

Foto: Arquivo Pessoal

18 19



Luciano Placidio...........................................

Idade: 18 anos..................................................................................

Escolaridade: curso técnico em Serviços Jurídicos

.............................................

Quando eu crescer, eu quero ser..: Psicólogo

Mundo do samba: “Entrei no mundo do samba por

meio da minha família. Minha avó foi uma das primeiras

baianas do Rosas de Ouro, a qual sempre achou

importante a família unida junto com ela na escola de

samba.”

No carnaval eu sou..: Passista de Prata juvenil da

ASASP

Minhas inspirações no samba são..:. Evelyn Bastos

(rainha de bateria da escola de samba Mangueira),

Matheus Olivério, (mestre sala da escola Mangueira,

Mayara Santos, coach de samba).

Meu desejo para o carnaval é..: “Eu desejo que o

carnaval de São Paulo seja mais reconhecido, aberto e

abraçado pelo público, seja reconhecido como uma

cultura”

Foto: Arquivo Pessoal

Maria Eduarda Gomes Conceição............

Idade: 14 anos..........................................................................

Escolaridade: Cursando o 9º ano do ensino fundamental

II ..........................................................................

Quando eu crescer, eu quero ser..: Professora de

educação física

Mundo do samba: “ Entrei no carnaval com 3 anos

pela Unidos de Vila Maria”

No carnaval eu sou..: Segunda Princesa da corte

infantil da ASASP..............................................................

Minhas inspirações no samba são..:.Valeska Reis e

Camila Silva.......................................................................

Meu desejo para o carnaval é..: “ Eu desejo que no

carnaval as pessoas tenham mais harmonia, mais

compaixão e sejam mais família, e esqueçam a rivalidade.”

DE RITMISTA A MESTRE DE BATERIA:

A TRAJETÓRIA DO MESTRE TORNADO

Texto: Victoria Vianna

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

20

17



Conhecido no mundo do samba como Tornado,

José Jorge Teles Santos chegou à cidade de São

Paulo juntamente aos seus pais com apenas 3

anos de idade. De origem soteropolitana, o então

menino se mudou para a casa de seus tios, localizada

na Vila Guarani, distrito do bairro do Jabaquara,

zona sul da cidade.

Os tios com quem morava desfilavam pela tradicional

escola de samba Vai-Vai, entretanto, Tornado

era muito novo para poder participar também.

Foi então que, aos 9 anos de idade, passou a

frequentar jogos de várzea da vila onde vivia, e

começou a tocar na bateria dos times, iniciando

assim, sua trajetória no mundo do samba.

Tornado iniciou tocando repinique e se apaixonou

pelo instrumento. Seus tios, que já eram do

mundo do Carnaval, passaram a levá-lo mais ao

samba, e seu primeiro desfile como ritmista foi

pela extinta agremiação Paulistano da Glória. Para

ele, esse foi um momento mágico e uma emoção

ímpar. Tornado permaneceu na escola por 2 anos,

e depois, através de seu primo, Inácio, que trabalha

até hoje com carros de som no Anhembi,

chegou no Vai-Vai.

Elogiado durante o teste por Mestre Tadeu, Tornado

desfilou como ritmista da Saracura durante 22

anos, onde recebeu o título de “Repinique de

Ouro”. Durante esse tempo, participou por dois

anos na bateria da escola de samba Barroca Zona

Sul, com o falecido Mestre Binha.

O início como mestre de bateria

Após sair do Vai-Vai, Tornado passou a desfilar

pela X-9 Paulistana, onde foi Diretor de Bateria do

Mestre Adamastor, e no terceiro ano de escola, se

tornou mestre de bateria, com o Mestre Augusto.

Tornado conta que sua primeira experiência como

mestre de bateria foi algo surpreendente, pois,

até então, só havia desfilado como ritmista, e

mesmo sendo Diretor de Bateria por um ano, a

responsabilidade foi diferente.

Tornado e a “Ritmo que Incendeia”

Mestre Tornado chegou na Dragões da Real

trazendo um novo conceito para a bateria “Ritmo

que Incendeia”. Para ele, a bateria precisa ter sua

identidade, em que ao ouví-la de longe, se reconheça

qual escola está chegando. Em seu primeiro

ano, chamou alguns de seus amigos ritmistas e

juntou com os que já havia na agremiação, trazendo

assim, a nota máxima no quesito bateria.

Após iniciar de fato os trabalhos na Dragões da

Real, Tornado montou a escolinha de bateria, e

conta que, hoje em dia, 95% dos ritmistas foram

criados na escola, reafirmando a importância de

se ter uma identidade. O mestre analisa que o

desempenho da “Ritmo que Incendeia”, durante

estes 7 anos de agremiação, teve uma crescente.

Para o mestre, o desfile “campeão do povo” da

Dragões da Real em 2017, com o enredo “Dragões

Canta Asa Branca”, foi o mais marcante de sua

carreira. A escola conquistou o segundo lugar,

após perder um décimo no quesito samba-enredo.

Importância do negro para o Carnaval

A edição de dezembro da Revista Sampa trouxe

diversas personalidades negras no mundo do

samba por conta do Dia da Consciência Negra,

celebrado no dia 20 de novembro. Tornado relata

sobre o racismo que, ao invés de diminuir, tem

aumentado, e afirma que o Carnaval, hoje em dia,

é universal, ou seja, para todos. Segundo ele, a

importância do negro dentro do Carnaval deve ser

levada, pois, no início, foi quem trouxe sua cultura.

Por fim, o mestre pede consciência ao povo.

22

Tornado permaneceu na X-9 durante 7 anos, e

recebeu um convite para comandar a bateria da

Sociedade Rosas de Ouro. Foi no seu primeiro

Carnaval pela escola, em 2010, que foi campeão

pela primeira vez como mestre. Para ele, esse ano

foi seu maior desafio, pois a agremiação vinha de

uma fila de vários anos sem título, e a felicidade

foi imensa por ter recebido nota máxima pelo

desenvolvimento da bateria durante o desfile.

Em 2013, saiu da Rosas de Ouro e recebeu um

convite para desfilar pela Imperador do Ipiranga.

Tornado realizou o carnaval 2014 pela agremiação,

e no mesmo ano, foi para a escola de samba

Dragões da Real.

19



Histórias no Carnaval

“Abre a roda, minha gente, o batuque

é diferente” - A história da Tiririca

Nascida na cidade de São Paulo,

no começo do século XX, a Tiririca

é a mistura do samba com a capoeira.

As rodas aconteciam em

pontos da região central como

Praça da Sé, a esquina do Vale do

Anhangabaú com a Avenida São

João - que, antigamente, era

conhecida como Prainha, e reunia

trabalhadores que queriam se

divertir em seus momentos de

folga.

Com batucadas em caixas de

engraxate para fazer marcação, e

latinhas de graxa para representar

tamborim, a Tiririca tem características

parecidas com a capoeira,

porém era mais jogada. Disputada

entre duas pessoas ao som

de sambas paulistanos, era um

jogo de pernada, em que os participantes

entravam no meio da

roda e faziam movimentos semelhantes

à capoeira, como brincadeira

de rasteiras, enquanto sambavam.

O batuque de engraxates também

foi uma atividade importante para

a história do samba paulistano.

Porém, tanto o batuque como a

Tiririca eram vistos como algo

marginalizado por muitos e

segundo o artigo “O ‘batuque dos

engraxates’ e o jogo da ‘tiririca’:

duas culturas de rua paulistanas”

(2013), do autor André Augusto de

Oliveira Santos, as duas práticas

sofreram repressões policiais

desde o seu surgimento até o

auge na década de 40 e seguinte,

quando foram minguando, tendo

ambas desaparecido nas ruas da

cidade no começo da década de

60.

Texto: Victoria Vianna

Antônio Messias de Campos, mais

conhecido como Toniquinho batuqueiro,

era cantor, compositor e

instrumentista da cidade de Piracicaba,

e fez história no samba

paulista. Toniquinho era um dos

principais representantes dentro

da Tiririca, e, ainda segundo o

artigo de André, para compor as

canções que marcaram a prática,

o sambista afirma que os batuqueiros

costumavam basear-se

em cantigas aprendidas no interior

de São Paulo com os pais e

avós que participaram de rodas

de “batuque-de-umbigada”, “samba-de-bumbo”

e “jongo”.

Os sambistas Geraldo Filme, Toniquinho

Batuqueiro e Zeca da

Casa-Verde, criaram a canção “

Tiririca (Tumba Moleque Tumba)”,

que pertence ao LP “Plínio Marcos

em Prosa e Samba - Nas Quebradas

do Mundaréu”.

É tumba! moleque, Tumba!

É Tumba! p'ra derrubar

Tiririca, faca de ponta

Capoeira vai te pegar

Dona Rita do tabuleiro

Quem derrubou meu companheiro?

Dona Rita do tabuleiro

Quem derrubou meu companheiro?

Abra a roda minha gente

O batuque é diferente

Abra a roda minha gente

A TRAJETÓRIA DE UMA RAINHA:

A HISTÓRIA DE JÉSSICA BUENO

Garota do Mês

Texto: Victoria Vianna

Foto: Arquivo Pessoal

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Com apenas 21 anos de idade, Jéssica

Bueno da Silva se tornou Rainha do

Carnaval em 2019. Um ano depois, em

2020, foi convidada a ser musa da agremiação

Unidos de Padre Miguel, no Rio

de Janeiro. Sua história com o Carnaval,

porém, se inicia há alguns anos, através

do reconhecimento de seu pai, que

foi mestre de bateria de escolas de

samba na cidade de Santo André. Além

das homenagens que seu pai recebia

em todas as agremiações em que

visitava, ele também era quem lhe contava

histórias sobre o Carnaval, florescendo

assim, seu interesse e amor pela

área.

Jéssica então deu o pontapé inicial em

sua carreira na escola de samba Seci,

de Santo André, a qual seu pai foi um

dos fundadores, e por 3 anos, desfilou

como musa de bateria. Posteriormente,

Jéssica passou pelo Ocara Clube,

também em Santo André, ainda como

musa de bateria. Para encerrar sua

história no Carnaval da cidade, teve sua

primeira experiência como rainha de

bateria pela agremiação Mocidade

Fantástica de Vila Alice.

Durante um ensaio da escola de samba

Imperador do Ipiranga, Jéssica recebeu

o convite para ser passista da agremiação.

"Confesso que chorei horrores,

pois sempre foi um sonho desfilar em

São Paulo", afirma. Porém, o sonho

que estava prestes a se realizar, teve de

ser adiado, pois sua fantasia não

chegou a tempo de desfilar pela escola.

No ano seguinte, Jéssica conseguiu

desfilar e, no mesmo período, foi

rainha de bateria da Dragões da Vila,

que pertence a União de Escolas de

Samba Paulistana (UESP). Jéssica

também venceu o concurso proposto

pela Amizade Zona Leste, que atualmente

desfila pelo Grupo de Acesso 2,

como princesa de bateria.

No ano de 2017, durante a festa de

lançamento de enredo da Imperador

do Ipiranga, a diretoria da escola realizou

uma surpresa anunciando Jéssica

como princesa de bateria, e em 2018,

encerrou sua passagem na agremiação,

localizada na Vila Carioca, como

rainha de bateria da "Batucada da

Imperador".

No ano seguinte, Jéssica recebeu o convite

para ser musa da escola de samba

Camisa Verde e Branco.

O reinado em 2019

A eleição da Corte Carnaval de São Paulo

acontece todos os anos, e escolhe quem

será o Rei Momo, as Princesas e a Rainha

que reinarão o Carnaval paulistano durante

um ano. Em 2019, seis candidatas concorreram

ao posto para Rainha do Carnaval

de São Paulo, entre elas, estava Jéssica,

representando o Camisa Verde e Branco.

A então concorrente, enquanto trabalhava

externamente, precisou fazer aula de

samba e participar de ensaios da escola

em que já era musa, e também do próprio

concurso. A preparação para o concurso,

segundo Jéssica, teve muita dedicação e

correria. Felizmente, conseguiu realizar

seu maior sonho e se tornou Rainha do

Carnaval de São Paulo 2019.

Carnaval e novos projetos em 2020

Em 2020, Jéssica continuou como musa da

escola de samba Camisa Verde e Branco, e

foi convidada a ser musa da agremiação

da Série A do Carnaval carioca, Unidos de

Padre Miguel. "Foi outro sonho realizado",

afirma.

No mês de junho, Jéssica estreou como

apresentadora do "Papo de Rainha", exibido

pela TVila. O programa tem como objetivo

realizar um bate papo entre musas,

rainhas, passistas e destaque do Carnaval

paulistano. A musa explica que não imaginava

a proporção que o projeto tomou

hoje em dia, e agradece às pessoas que os

apoiam e às participantes que passaram

pelo programa ao longo desses meses.

Representatividade

No último dia 20 de novembro foi celebrado

o Dia da Consciência Negra e Jéssica

explica um pouco sobre a representatividade

do negro para o Carnaval. Para ela,

que cresceu e foi criada vendo grande

personalidades negras, com voz e atitude

no Carnaval, é inaceitável não exaltar o

povo negro. A Rainha do Carnaval 2019

também afirma: "Em tempos 'modernos',

onde tantos direitos foram conquistados,

ainda vemos muita 'hipocrisia', acho

essencial tamanha visibilidade e poder

para o povo preto é algo fundamental na

minha opinião!". E finaliza com uma frase

que leva para a vida: "Mais pretos no

Carnaval, na vida e no mundo!".

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Dicas Culturais

O CENTRO CULTURAL DE SÃO PAULO ESTÁ

COM EXPOSIÇÕES ATÉ MARÇO DE 2021

As exposições terão obras expostas ao ar livre para evitar aglomerações

Texto: Rita Lutfi

Foto: Divulgação

O Centro Cultural de São Paulo foi inaugurado

no dia 13 de maio de 1982, com o

objetivo de trazer atividades culturais e

artísticas.

O local comporta, em seu interior, cinco

bibliotecas, que trazem um vasto acervo

de gibis, artes plásticas, fotografias, arquitetura,

além de áudio-livros e livros em

braile, para que os deficientes auditivos e

visuais tenham acessibilidade.

Para encerrar a temporada 2020 e iniciar

2021 , o CCSP está com duas exposições

até março do próximo ano:

A Exposição Abre-Caminhos reúne seis

artistas, as quais terão as obras expostas

não só no Centro Cultural, mas também

em seu entorno. Dessa maneira, desejam

impedir aglomerações e levar cultura aos

interessados.

A 30ª Mostra do Programa de Exposições

CCSP acontece desde 1990. A Mostra

2020 traz as individuais simultâneas de 4

artistas convidados (as) e de 14 selecionados

(as) através de Edital Público.

As exposições terminarão em 28 de março

de 2021.

Local: Centro Cultural de São Paulo -

CCSP

Endereço:Rua Vergueiro, 1000

Horário:Terça a domingo, das 10h às 18h

Entrada gratuita

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Sabedoria que nunca acaba...

uma poesia antiga

Marysol Santos -

Modelo Internacional

Dancer Fitness

Foto: Dayse Pacífico

Foto: Ismael Toledo

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A MUSA QUE QUEBROU TODOS OS

PADRÕES DE BELEZA

Mãe, avó, e inspiração para mulheres Plus Size dentro do Carnaval

Texto: Kathelin Malafaia

Fotos: Arquivo Pessoalc

Musa Plus Size

Há cerca de 3 anos, uma moça

procurava perfis que se encaixasse

com o que ela estava à

procura, ela buscava mulheres

Plus Size para ser a musa da

escola de samba Império Lapeano,

cuja sua sede está localizada

no bairro da Vila Leopoldina em

São Paulo. Foi por meio das

redes sociais que Denize Rosário

foi encontrada e especialmente

convidada a participar de um

concurso onde a vencedora se

tornaria a grande musa na categoria

Plus Size.

Rosário, sempre muito feliz,

radiante e simpática com o público

simplesmente abraçou a ideia

e aceitou o convite. O processo

não fora nada fácil, muitas concorrentes

desistiram no meio do

caminho, as ideias borbulham

para que o time pudesse, finalmente

ser completado, até que

Denize, indicou simplesmente a

sua própria irmã, essa que se

tornou uma de suas concorrentes

e que integrou o time.

Anderson descendente de escravos,

conta história sobre seu povo, Seu

ponto de trabalho é em frente a

igreja Santa Rita de Cássia em

Paraty, que foi construída em 1722

por negros.

Foto: João Belli

Denize Rosário, mulher forte,

mãe e avó, foi a ganhadora que

ficou em primeiro lugar, tornando-se

assim a ganhadora do concurso

Musa Plus Size de 2018, e

por incrível que pareça a sua

irmã se tornou Musa Simpatia no

mesmo ano. ‘’A melhor experiência

da minha vida foi desfilar

no carnaval como Plus Size

para a escola Império Lapeano’’,

esse acontecimento fez com

que a musa se entregasse de

corpo e alma para o samba e

neste momento as portas se

abriram para que mais pessoas

pudessem conhecer a sua história

e entender que pessoas

gordas podem e devem participar

de tantos projetos lindos.

‘’Pude perceber que mulheres

gordas podem dançar, sambar,

desfilar, ir e vir e fazer o que

bem entender desde que sejamos

felizes.’’, comenta.

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Com o seu sucesso, Denize fora convidada

para duas escolas entre elas ‘’Acadêmicos

do Tatuapé’’ e ‘’Camisa Verde e

Branco’’, em ambas foi muito acolhida e

respeitada, mas onde seu coração bateu

mais forte ela permaneceu até os dias

atuais, na Camisa Verde e Branco, essa

localizada na Barra funda, bairro conhecido

da cidade de São Paulo. A escola de

samba têm uma ala exclusivamente

dedicada à Plus Size, composta por 38

mulheres incríveis e Denize se orgulha a

todo instante por fazer parte dessa ala,

‘’Eu tenho uma conexão muito forte, e

um amor inexplicável, eu amo fazer

parte dessa ala onde sou passista Plus

Size’’, a musa acredita que se encontrou

e superou suas expectativas ao ser tão

elogiada por tanta gente, e principalmente

mulheres GG que se inspiram em

sua história de vida, ela ainda acrescenta

‘’Encaro com muito carinho e

alegria, isso faz parte do reconhecimento

de toda nossa luta de empoderamento

de mulher gorda no carnaval.’’.

Sobre preconceito

Sabemos que o preconceito ainda

perdura nos tempos atuais, infelizmente,

mas a musa nos contou se existe um

preconceito ainda maior por ela ser

uma mulher negra e Plus Size ‘’São duas

coisas que na minha concepção é difícil

para a sociedade aceitar: Ser uma

mulher, negra e gorda. Já é difícil uma

mulher negra ser bem vista, imagina ser

Plus Size.’’ Em algumas situações a

passistas diz ter percebido olhares

‘’assustados’’ e ‘’duvidosos’’ sobre se

realmente uma mulher gorda poderia

ter um remelexo para dançar na avenida.

A Musa ainda afirma: ''Com certeza

o preconceito existe, não na mesma

proporção como antigamente,

porque hoje estamos conquistando

espaço, lutando com todas as nossas

forças para sermos incluídas na

sociedade.’’. Em algumas situações a

passista diz ter percebido olhares

‘’assustados’’ e ‘’duvidosos’’ sobre se

realmente uma mulher gorda poderia

ter um remelexo para dançar na avenida.

Nos últimos meses Denize foi convidada

a abrir uma ala para mulheres Plus Size

na escola de samba ‘’Oba Oba de Barueri’’,

e o convite foi mais que aceito, ela

segue radiante com o novo projeto.

Além disso, a nossa Musa, linda e inspiradora

deixou um recado ‘’Mulheres,

precisamos aceitar que somos

simplesmente lindas, empoderadas

e gostosas.’’

ALBERTO ALVES DA SILVA: NENÊ DA VILA

MATILDE, CACIQUE E BALUARTE DO

SAMBA PAULISTANO

Todos os anos, ressaltamos a

importância da vida negra

com mês da consciência negra

e através desta oportunidade,

venho contar um pouco da

história de Alberto Alves da

Silva patrono do samba paulistano

e do carnaval brasileiro,

Seu Nenê da Vila Matilde.

Nascido em Santos Dummont,

Minas Gerais, veio para São

Paulo quando criança e a

família se alojou no bairro de

Itaquera e mais tarde mudastes

para Vila Esperança.

Ele perdeu a mãe, Maria da

Glória em 1935 e passou a

viver somente com o pai, Seu

Albertino Alves da Silva e os

seus outros 6 irmãos e segundo

ele, tinha muita influência

do samba do pai, que contava

suas histórias do samba na

cidade do Rio de Janeiro.

Quando era criança, ele e seus

pais tocavam e dançavam

cateretê em sua casa. A catira,

popularmente falando, consiste

em uma dança folclórica

marcada pela batida das

mãos e dos pés na cadência

da musica, normalmente é

acompanhada da musica de

viola caipira. Ele também

participou do carnaval do

clube 5 de Julho, ali na Vila

Esperança.

Texto: Erick Eduardo

Memórias

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Sua inspiração para tocar o

pandeiro veio de Jáu, dos bailes

carnavalescos. A partir de uma

latinha de goiabada com uma

tampinha de cerveja, aprendeu

a tocar e ganhou o gosto pelo

instrumento fazendo todas

malabarismos e até enfim nos

anos 40 ele já era conhecido

como Nenê do Pandeiro.

A influência para a criação da

Vila veio de uma noite de apresentações

no qual seu Nenê

conhecera Paulo Benjamin de

Oliveira, tradicionalmente

Paulo da Portela, que mostrou

o que era uma bateria e que daí

as cores da escola seriam azul e

branco e a Portela seria a

madrinha oficial da escola mais

tarde.

O largo do Casaco de Couro,futuramente

Largo do Peixe, era

um lugar onde seu Nenê e os

amigos se reuniam para fazerem

as pernadas, capoeiras e

rodas de sambas e então delas

veio-se a formação da Nenê de

Vila Matilde em 01/01/1949.

Antes de se chamar Nenê da

Vila Matilde, havia uma discussão

sobre qual seria o nome da

escola e a partir da palavra de

um dos integrantes da União

das Escolas de Samba, Popó,

sugeriu o nome da escola e

então assim, Seu Nenê achou

intrigante e por fim ficou este o

nome da agremiação.

Seu Nenê é uma das figuras

que constituíram e ajudaram a

formar parte do carnaval que

temos hoje. A Vila Matilde é

uma das pioneiras no carnaval

de São Paulo juntamente com a

Lavapés, que na época de sua

fundação, estava em seu

apogeu.

A história de Seu Nenê na diretriz

da escola foi brilhante e de

suma importância. Numa

primeira fase, a escola estava

se adaptando aos moldes

carnavalescos e depois ganhando

força. O primeiro carnaval

veio em 1956, quando os desfiles

ainda eram lá na região do

Parque do Ibirapuera, com

Casa Grande e Senzala e depois

vieram os 2 tricampeonatos

(1958/59/60 e 1968/69/70)

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Memórias

Na fase da década de 70-80, a

escola já tinha mais pulso

firme, o carnaval da cidade já

tinha se institucionalizado e

se tornado oficial, juntamente

com a Nenê outros nomes

surgiram e se tornaram uma

das favoritas do público, o

Trio de Ferro,Nenê, Camisa e

Vai-Vai (Que até 70 eram

cordões) e assim solidificou

sua história no carnaval paulistano.

Em 1985 a escola de

Seu Nenê foi a única a realizar

um fato inédito no carnaval

de que era desfilar na

Marquês de Sapucaí porque

estavam comemorando 50

anos do carnaval Rio de Janeiro.

Ele se manteve na presidência

da escola até 1994,

passando a escola para o

Betinho, seu filho mais velho.

No ano de 2002, Seu Nenê

recebeu a honorífica Ordem

do Mérito da Cultura pelo

ex-presidente Fernando Henrique

Cardoso.

Uma escola oriunda da zona

leste, formada de uma roda

de samba de amigos, é hoje

um dos mais tradicionais

nomes do carnaval paulistano,

mesmo não estando em

sua melhor fase, a história

que Seu Alberto Alves da Silva

construiu é um fato que

mudou a vida de muita gente

e a forma de se fazer carnaval

nessa cidade.

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OS BAMBAS DA SAMPA

Domenica Franhani

Erick Eduardo

Tadeu Paulista

Vany Franco

Ismael Toledo

João Belli

Kathelin Malafaia

Victoria Vianna

Lucas Torres

Rita Lutfi

Miriam Barros

Elson Santos



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