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Estou convicto de que os líderes da equipa,
porque a equipa não tem um só, têm que
pensar totalmente ao contrário daquele que
é o ambiente da altura. Se tem que alimentar
ainda mais a confiança ou se estão demasiado
confiantes é hora de colocarmos tudo nos
níveis certos. Um líder, nestes momentos
de decisão tem que estar frio, para saber
qual o caminho que se deve tomar para
motivar e mobilizar os outros.
O Luisão foi capitão de equipa em quase
todas as supertaças que jogou, exceção
feita à de 2005. Ganhou quase todas
as que disputou nessa condição. Sente
que teve um papel ainda mais
preponderante devido a esse aspeto?
Pode ter contribuído, mas o capitão é mais
um jogador com uma braçadeira a representar
os outros, mas que tenta dar o seu pequeno
contributo. Não sei se foi uma contribuição
assim tão preponderante, acho que foi mais
uma coincidência de as ter conquistado,
até porque se não fosse capitão teria que
dar o meu contributo na mesma. Nesse caso
não o faria como um capitão na ficha de jogo,
mas como um líder da equipa.
Então qual a importância que
um capitão de equipa tem nestes jogos?
Costumo defender que um capitão de equipa
é um guardião de valores. O capitão está
muito na linha ténue que é a confiança ou
desconfiança. É uma voz no grupo muito forte,
tem que ter responsabilidade de ter uma vida
regrada, com muitas responsabilidades.
É também a referência do grupo de trabalho
e do treinador, por isso é que ele tem que
defender valores, porque caso contrário
pode ser mal interpretado por alguns jogadores
ou pela equipa técnica. Ele é, sem dúvida,
um guardião de valores. É nos momentos
decisivos que isso vem mais à flor da pele
de um capitão de equipa. Ele tem que olhar
para a equipa e sentir que o clube todo está
mobilizado para uma conquista e para superar
as dificuldades que vão aparecer.
No dia da Supertaça vai procurar dar
alguma palavra especial ao jogador
que entrar com a braçadeira?
Confesso que já estou a sentir a adrenalina
do jogo. Temos jogos ainda pela frente, mas já
estou a viver a adrenalina da Supertaça dentro
de mim, porque se trata de uma final e é disso que
gostamos. A minha função aqui é clara: trabalho
com toda a equipa técnica e com o plantel, não
faço nenhum tipo de trabalho específico com
os capitães. Vou procurar falar com todos. Tenho
a responsabilidade de passar a mensagem do que
é o Benfica, a importância que é quando este clube
chega a uma final, porque acima de tudo eles têm
a obrigação de deixar a camisola do Benfica num
patamar superior ao que a encontraram e uma
das maneiras de fazer isso é ganhando os jogos e
os títulos. Eles evoluem na carreira mas cumprem
com essa obrigação de deixar o Benfica melhor
do que quando entraram no clube.
O Luisão está a colaborar numa posição
mais próxima da equipa. Vai procurar
passar alguma da sua experiência,
nomeadamente a nível psicológico,
para os atuais jogadores antes do jogo?
Tenho que passar. A preparação da partida
é feita nos treinos, com a parte tática e técnica,
que fazemos muito bem através do trabalho
do mister. Depois também temos esse
momento de conversa, essa influência
da minha função, em que falo com os
jogadores, mas mais perto do encontro, há um
determinado momento em que temos que dar
espaço para o jogador se concentrar e fazer
o seu próprio trabalho mental. Construímos
esses alicerces antes, porque depois sabemos
que vamos ser bem representados por eles.
Esta Supertaça é diferente das outras
sobretudo por dois motivos: a ausência
de público e o facto de ser disputada numa
altura diferente da temporada.
Isso pode ter impacto no jogo?
Pode, sobretudo naquilo que é o sentimento
e a beleza do futebol. É um jogo envolvido
em alguma tristeza, também por aquilo que
o mundo está a passar, os casos de infeção,
as mortes, as depressões das pessoas, o facto
de não se poder sair de casa, a preocupação…
O futebol é tão importante numa sociedade
que, mesmo que haja problemas durante a
semana, no trabalho, na vida, na saúde, etc.,
quando se disputa um jogo importante, uma
final como esta, o facto de poder ir ao estádio,
viver aquelas emoções de perto, acaba por
fazer esquecer, durante um período, todos
aqueles problemas. A influência pode vir
sobretudo ao nível do público, aquela grandeza
em questão de sentimentos para as pessoas.
Dentro de campo, os jogadores estão de tal
forma concentrados que cada um vai fazer o
seu melhor. A mim, pensando no jogo, o que
me deixa mais triste é mesmo não poder levar
alegria para as pessoas e ver o estádio cheio,
com os adeptos numa rivalidade saudável,
com uns a comemorar e outros mais tristes.
Para terminar… quem vai ganhar o jogo?
Nós, o Benfica, mas vai ser um jogo muito
difícil! Duas equipas que estão a crescer no
campeonato, que estão em todas as frentes,
com pessoas capacitadas no comando, o mister
Jorge Jesus e o mister Sérgio Conceição, dois
treinadores que se conhecem, que têm pontos
fortes e outros menos fortes. Duas equipas
grandes, rivais. Espero que haja respeito,
com bom futebol e que o Benfica saia vencedor.
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