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QUANDO O NATAL
E O FUTEBOL
PARARAM A GUERRA
Aconteceu a 24 de dezembro de 1914, em
plena véspera de Natal. Nas trincheiras que
se estendiam do Mar do Norte até à Suíça,
na região de Ypres, perto da fronteira entre
França e Bélgica, soldados ingleses e alemães
suspenderam os combates armados para
abraçarem uma trégua.
A história, contada pela imprensa britânica
local e nacional, e alguma alemã, baseia-se em
cartas escritas na época pelos soldados das
duas frentes, que estavam em combate desde
julho de 1914. Descrevem uma noite fria com
queda incessante de neve e um momento em
que, nas posições britânicas, se escuta um
cântico tradicional de Natal.
Eram os alemães a entoar de forma
harmoniosa “Noite Feliz” [“Stille nacht,
heillige nacht”], clássico composto no século
XIX pelo austríaco Franz Xaver Gruber, e
traduzido para um sem número de idiomas.
Nessa noite gélida, soldados ingleses tinham
iluminado com velas as linhas inimigas, a
apenas 60 metros de distância, e os alemães
tinham decorado as suas trincheiras com
lanternas de papel. Ao escutarem cânticos
do lado alemão, os britânicos trautearam
também canções de Natal. Até que um oficial
alemão saiu do esconderijo para propor um
cessar-fogo: “Sou tenente, cavalheiros. Estou
fora do nosso fosso e vou caminhar na vossa
direção. A minha vida está nas vossas mãos.
Algum oficial vosso virá ao meu encontro?”.
Conversa entabulada entre oficiais das duas
fações. Termos da trégua definidos, apesar e
de os altos comandos dos países beligerantes
terem ignorado um pedido de cessar fogo
natalício ao Papa Bento XV.
Ingleses e alemães aceitaram enterrar
primeiro os mortos, que jaziam congelados
em “terra de ninguém”, e trocar presentes
depois – desde tabaco a garrafas de uísque,
passando por cerveja, chocolate, cintos,
diários e comida. No fim, a mais ousada
e inesperada decisão em tempo de guerra:
um jogo de futebol.
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