13.03.2021 Views

LIVRO FOTOGRAFIA

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

[Segunda-feira, 26 de dezembro de 2016] A escrita e Virginia Woolf (1882-1941).

Eu sempre acreditei que a arte e a escrita existiam para nos salvar. Continuo, inclusive,

acreditando na possibilidade de que isso aconteça – afinal, os relatos são muitos. Com Virginia não foi

assim: ela se apegou tanto na esperança de que a palavra a salvaria que se recusava a ver as evidências de

que o extremo oposto estava acontecendo. E aconteceu, durante toda sua trajetória de vida, até um momento

final e decisivo: ao perceber que embora houvesse tanto esforço de sua parte para se elucidar por meio da

escrita, ela nunca chegaria à catarse que precisava. Então, esse foi seu fim: a palavra tirou sua vida.

[28 de dezembro de 2016] O ano está para terminar. Encontro-me silencioso. Estranho.

Eu senti as videiras se moverem dentro

Eu senti meu coração sangrar novamente

Não por um estranho, não por um amigo

E com suas palavras me puxou para dentro

Fora da estrada, saudando para sobreviver

Preso por algo que nunca me quis vivo

Tirei o brilho direto dos meus olhos

Eu o vi se mover do teto para o chão

Foi você ou eu adorei?

Um hipnotismo impossível de ignorar

Quanto mais eu tomava, mais me levava

Fora da estrada, saudando para sobreviver

Preso por algo que nunca me quis vivo

Tirei o brilho direto dos meus olhos

Segurei as rédeas

Deixar ir ou ser arrastado em seu nome

E as nuvens se separaram

E eu olhei para você, ateei fogo, incendiei fogo

E andei pelas ruas por quilômetros

Uma cara de perneira no exílio

Porque eu estava na estrada, saudando a minha sobrevivência

Preso por algo que nunca me quis vivo

Tirei o brilho direto dos meus olhos

Flores desveladas para quando eu estiver pronto para me render

Em rendição

Ether (Éter), 2016

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!