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[Quarta-feira, 26 de agosto de 2020] Tive um sonho dois dias atrás que me fez pensar em muitas
coisas. Era um sonho de busca por respostas sobre a vida. Havia aquela cena perto do oceano que não sai
da minha mente.
Primeira parte.
O sonho se passa numa antiga casa. Estava me sentindo completamente perdido. Como se eu
estivesse em busca de algo... de alguém. Eu estava em busca de um jovem. Era um jovem parecido comigo.
Eu sabia que ele era importante para mim. Ele havia desaparecido. Disseram-me que ele havia caído de
um precipício em um mar de águas escuras e agitadas. Eu o procurava em todos os lugares naquela casa.
Eu desço até um porão. Era um espaço aberto que havia debaixo da varanda da casa. Era um espaço
preenchido por terra. Disseram-me que eu deveria procurar ali. Não conseguia ficar de pé naquele lugar,
por conseguinte tive que rastejar pelo chão de terra. Enterradas e espalhadas no chão, várias partes pálidas
(torso, braços, mãos) de estuários em gesso constituíam-se como obstáculos. Eu percebera que não me
rastejava entre estátuas e, sim, corpos. Sentira horror por estar ali. Saio desse lugar e vejo que estava
completamente sujo.
Eu, então, desço um cerro onde a grama era cinza e seca. Saio correndo por essa colina ainda em
busca do jovem rapaz. Acreditavam que esse rapaz era um ser das águas, e ele havia pulado no mar para
se salvar de pessoas que o perseguiam. O vento forte toca-me a face. O céu estava completamente nublado.
O mar estava agitado. Eu paro na extremidade desse despenhadeiro. Havia uma árvore alta, cinza e seca,
quase preta, com alguns galhos. Eu estava ali a contemplar aquela água turva do mar. Estava em um transe.
Algo me chamava para dentro das águas. Eu sentia que eu iria encontra-lo lá.
De repente, minha mãe aparece nesse despenhadeiro. Estava um tanto aflita. Então, ela se apoia
naquela árvore, porque o despenhadeiro era bem inclinado, e então grita para mim: “Saia daí! É muito
perigoso para você. Venha! Saia daí!”. Ela estendia sua mão enquanto chamava por mim. Eu virei o rosto
em sua direção. Eu tinha o olhar vazio e contemplativo. Demoro a sair do transe no qual me encontrava.
Resolvo subir o despenhadeiro.
Ao passo que chego ao alto novamente, vejo que haviam capturado o jovem rapaz. Ele estava
morto. Ele estava preso a um tronco de madeira... exposto. Ao ver aquela cena, ficara bastante desolado.
Segunda parte.
Eu me encontrava assentado em uma escadaria de um prédio, defronte a uma avenida. Estava sem
camisa e me sentia desolado. Estava muito magro... pálido. Talvez pela morte do jovem rapaz. Decido
adentrar o prédio. Encontrava-me em um cômodo onde havia um espelho. Eu vejo meu reflexo nesse
espelho e percebo que algo incomodava a garganta. Ao abrir a boca percebo que havia algas/plantas
crescendo de dentro do corpo para fora. Em horror, começo a puxar a planta. Eu ia puxando e puxando,
sem acreditar que aquilo estava saindo de dentro de mim. Ela saia, mas também já havia criado raízes.
Quanto mais eu puxava, mais ferido ficava. Finalmente, eu a extraio por completo. Após me livrar por
completo daquela alga, vejo meu reflexo no espelho e um pensamento chega: eu era o jovem rapaz do
mundo das águas!
Por vezes sentimos que temos de fazer algo.
E temos de fazer algo ou controlá-la.
Mas depois, há outra forma de olhar para ela.
A vida é como uma onda que apanhamos.
A vida está pronta a acontecer e a desdobrar-se.
E nós somos apenas um navio.
Somos como um anel ou algo assim e isso acontece através de nós.
A vida acontece através de nós.
Nós não fazemos a vida, não escolhemos a vida.
A vida nos faz.
***
[Quinta-feira, 03 de setembro de 2020] Tenho tentando não pensar sobre esse sentimento de estar
só. Porém tenho sentido essa necessidade, por enquanto.
Deitado no escuro
Esperando pacientemente
Pilando como um diamante
Colocando-me para dormir
Cisne negro, eu me tornei
Eu não quero conhecer ninguém
Traga-me um estranho
Na véspera da renascença
O pêndulo acima do meu corpo balança
Saiba que eu sou um ser vivo que respira
Vejo lentamente a cor em meus olhos
De volta à vida, de volta à vida
Esperando com fome
Um pássaro sobre o mar
Sob a marinha
O desejo vem para mim
Espere, agora é diferente
Os poderes que vêm lentamente
Toque minha pele, ela é delicada
Eu posso sentir a mudança