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A cozinheira de mão aprumada para o tempero sabe como preparar o marisco fresco colhido na foz do Rio Merepe. A
mulher de idade incerta lava bem as conchas numa peneira na própria correnteza funda do rio para retirar a areia dos
crustáceos. Depois, põe os mariscos na panela de água fervente com um punhado de sal e duas gotinhas de vinagre, num
fogão a lenha improvisado na parte de trás da construção rústica. Das conchas que se abrem, os mariscos são retirados. As
conchas fechadas são devolvidas ao rio junto com os resíduos dos mariscos aproveitados. Francisca os coloca na travessa
funda e rega com limão-galego e azeite português e espalha um punhado de coentro picado por cima. As meninas formam
um círculo ao redor da travessa sobre um lençol de cambraia estendido na areia fina e branca da praia, à sombra na beira
das águas plácidas do rio mar de Camboa, no Pontal de Muro Alto. Elas comem os mariscos em colheradas. Acompanha a
refeição dos deuses, o suco de caju espremido pelas mãos da babá, coado na peneira até virar um sumo grosso e travoso.