Historiar 2021 ed. janeiro, fevereiro e março

ANO XXIII EDIÇÃO JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO
AQUI TEM
CONTADORES DE HISTÓRIAS ON-LINE
O PROJETO CONTINUA
A TODO VAPOR
LIVE FÓRUM DE HUMANIZAÇÃO
HUMANIZAR:
NOVOS TEMPOS, NOVOS DESAFIOS
PROJETO VIVA PERSONAS
O QUE A GENTE FAZ,CONTA!
VARAL LITERÁRIO
QUE TAL CONHECER UM POUCO MAIS SOBRE
LITERATURA INDÍGENA?
SÃO PAULO|SP
PORTO ALEGRE|RS UBATUBA|SP
BAIXADA SANTISTA|SP RECIFE|PE SALVADOR|BA
BRASÍLIA | DF RIO DE JANEIRO|RJ COLUNAS

Foto: Jefferson Coppola
Estado de primavera
“Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.”
Carlos Drummond de Andrade
Valdir Cimino
Fundador da Associação
Viva e Deixe Viver
Olá, leitor.
Como temos precisado de boas notícias, não é mesmo?
Permita-me compartilhar algumas com você:
A pandemia não nos impediu de chegar onde precisávamos e
de fazer o que produzimos com maestria: compartilhar alegria
e afeto. Na verdade, todo mundo sabe que as histórias mais emocionantes estão cheias
de reviravoltas e, como seres criativos que somos, estaremos sempre preparados para
elas. Os contadores de história têm esse super poder, ainda maior do que de outras
pessoas, e isso não só porque acreditamos nos finais felizes, mas, também, porque
somos treinados a tornar o caminho esperançoso e belo.
A esperança e, também, a renovação dos últimos meses aconteceu por conta dos
impulsos tecnológicos e a multiplicação de nossas atividades em formatos digitais e
online. Mais do que uma simples adaptação, essa transição revelou que nossa voz, que
já chegava longe, pode alcançar o infinito. Palestras, histórias, reuniões e a palavra do
momento, engajamento, nos fizeram superar com constante audácia os obstáculos do
isolamento. Somos todos, com luz e força, como a flor no poema do Drummond citado
acima, cuja estrofe completa é:
“...Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu...”
Como a flor, independente das tempestades, continuamos exalando bons fluidos
e espalhando o pólen que leva nossa alegria. Como contadores, prosseguiremos
semeando boas palavras, boas notícias e boas ações, com a sincera esperança de que
todos possam ter um estado de primavera dentro de si.
No Historiar deste trimestre mostramos um pouco de nosso trabalho em prol dessa
semeadura. Boa leitura!
VALDIR CIMINO

QUEM FAZ O HISTORIAR
DIRETORIA
Fundador
Valdir Cimino
Diretora Executiva
Luciana Bernardo
Diretor Executivo
Rogério Sautner
AFILIADAS DA
ASSOCIAÇÃO VIVA
Baixada Santista|SP
Alexandre Camilo
Brasília|DF
Leda Dal Magro de Meneses
Litoral Norte|SP
Violeta Dib Cimino
Marília|SP
Luiza Guerreiro
Porto Alegre|RS
Idione Rosa
Recife|PE
Ana Inês
Rio de Janeiro|RJ
Regina Porto
Salvador|BA
Claudia Guimarães
Jornalista responsável
Lucia Faria
MTB 16.218
Colunistas
Margareth Nardi e Monik Lelis
EXPEDIENTE
Edição e revisão de textos
Suzana Mara de Carvalho Vernalha
Assistentes
Isabela Gimenez e Luan Deters
PATROCINADORES
Design e Diagramação
Colors Publicidade
www.uol.com.br
www.pfizer.com.br cremer.net.br volvocars.com.br
safran-group.com
santamassa.com.br

QUARENTENA COM A VIVA
05
ÍNDICE
SÃO PAULO|SP
BAIXADA SANTISTA|SP
07
11
BRASÍLIA|DF
12
PORTO ALEGRE|RS
15
RECIFE|PE
16
RIO DE JANEIRO|RJ
SALVADOR|BA
19
UBATUBA|SP
24
21
COLUNAS
25

VIVA PERSONAS
O Projeto Viva Personas continua a receber a colaboração de personalidades que escolhem e contam
em vídeo uma história, contribuindo para promover o hábito de leitura entre crianças e adultos.
Neste primeiro trimestre, o Projeto Viva Personas recebeu contribuições da Viva Bahia. Os convidados
foram: a pedagoga e psicanalista Roberta Gomes Medeiros que optou pelo livro Sofia, a ursinha
vitoriosa, de Cristina Klein; e o cantor, músico, compositor e instrumentista Celo Costa que fez uma
adaptação do livro Kafka e a Boneca viajante, de Jordi Sierra I Fabra e deu o nome de Carteiro de
brinquedos.
A Associação Viva e Deixe Viver agradece a Roberta Medeiros e Celo Costa pela gentileza em gravar as
histórias. Acesse: https://www.vivaedeixeviver.org.br/viva-personas e conheça todos os 64 artistas
que já participaram.
05

VIVA ON
O Projeto Viva On continua a todo vapor. Voluntários da sede e das afiliadas têm levado virtualmente
histórias aos pacientes mirins dos hospitais parceiros e à população de todo o Brasil. A plataforma digital
utilizada é o Google Meet. Viva On acontece de 2ª feira a sábado em dois horários: das 10 às 12 horas e
das 15 às 17 horas. Divulguem!
Os contadores se sentem motivados quando crianças acessam a sala, mas também apreciam quando
adultos entram para compartilhar informações, aprender ou ensinar.
A alegria é tanta que inspirou a contadora Iraci Gonçalves Ciritelle, que atua no Hospital Cândido
Fontoura da cidade de São Paulo, a criar um poema em homenagem à menina Maria que no texto
representa todas as crianças participantes:
“Quando eu imaginaria,
através de uma telinha,
ver o mundo em profusão
Ela se chama Maria
e é linda na mesma
proporção
Da estética à inteligência,
do carisma à educação.
Inesperadamente, aos nossos olhos surgiu
E ao interagir conosco novo horizonte se abriu.
Maria, filha de professora, mora longe de nós, em
Piranhas, Goiás
E tão próxima estava de nosso maior ideal,
Ter na sala que é tela
Aquela morena bela
De sorriso encantador.
Maria entrou e tudo modificou.
Ela nos trouxe a energia que incentiva o contador!
Que flor linda que é Maria e como foi bom
perceber
Que com apenas 9 anos ela sabe enternecer.
Contou uma linda história, com ritmo e entusiasmo.
Dando ênfase à narrativa, incentiva a naturalidade!
Como sou grata, Maria, por clicar no computador
Buscando na ferramenta a sala do contador!
Você transformou nossa tarde e mais do que isto,
inspirou o nosso trabalho
Nos deu fôlego e esperança.
Vimos em você a criança que nosso país precisa
ter.
Repleta de atividades, tem sonho e felicidade e
sabe tão bem viver.
Ah... bendita Maria, como foi bom te conhecer!”
A seguir, algumas histórias narradas neste trimestre por contadores de todas as afiliadas do Brasil:
Pimenta no cocoruto, de Ana Maria Machado; As Meninas, de Cecilia Meirelles; A verdadeira história
dos três porquinhos, de Jon Schieszka; Era uma vez uma fruta amarela, de Leia Cassol. Sete cordéis
para sete cantigas, de Cristiano Gouveia; A grande caça aos ursos, de Claire Freedman e Alison
Edgson; Eu não tenho medo, de Dan Crisp e Lee Wildish; A sabedoria do Califa, de Ilan Brenman; Bom
dia, todas as cores, de Ruth Rocha; Contos para garotos que sonham em mudar o mundo, de G.L.
Marvel; e mais dezenas de outras histórias para encantar os adultos e as crianças que deram o prazer
da presença nas salas online.
06

FÓRUM DE HUMANIZAÇÃO “HUMANIZAR: NOVOS TEMPOS, NOVOS DESAFIOS”
As lives organizadas e transmitidas pela Associação Viva, canal do Youtube, referentes ao Fórum de
Humanização começaram em novembro de 2020 e continuaram neste primeiro trimestre, uma por mês.
A realização das três lives teve a parceria de: Transforme-se Digital, LF Assessoria, Escola de Enfermagem
da USP e Associação Paulista de Medicina. E o apoio de Ana Paula, Rafaela Duarte e Luana Anjos da sede
da Associação Viva. Foram elas:
26 de janeiro – Sensibilização de estudantes de medicina
Valdir Cimino recebeu o Dr. Jorge
Carlos Machado Curi, cirurgião geral,
intensivista, nutrólogo e diretor de
Responsabilidade Social da Associação
Paulista de Medicina para juntos
debaterem opções de caminhos para
sensibilizar os estudantes de medicina
quanto à humanização.
Durante a live, apontaram os avanços
da ciência e da medicina e como
a relevância da humanização dos
profissionais da saúde cresceu nesse
momento de pandemia. Dr. Curi e
Valdir ainda reforçaram as formas
de prevenção contra a Covid-19 e os
autocuidados.
Palavras do Dr. Curi: “Acredito que de
70% a 80% dos problemas se resolvem
com uma boa conversa com o paciente
e um exame físico. A questão da
humanização é fundamental em todas
as etapas do tratamento dos pacientes.
A tecnologia promoveu a aumento das
chances de sobrevida.”
Durante a transmissão, houve 214
visualizações, porém o vídeo continua
disponibilizado no Youtube para quem
tem interesse no tema.
07

23 de fevereiro – Humanização: da introdução teórica
à prática
Esta edição contou com a presença da Profª Drª Regina
Szyliy, diretora da Escola de Enfermagem da USP e editora
científica da Revista da Escola de Enfermagem da USP; e de
Amanda Haddad, graduanda pela Escola de Enfermagem
da USP e voluntária contadora de histórias da Viva e Deixe
Viver. Rogério Sautner, diretor executivo da Viva, atuou
como mediador. As convidadas discorreram sobre teoria e
prática na humanização e apontaram as novas abordagens
em relação ao voluntariado e na formação de profissionais
da saúde perante o cenário mundial atual.
Estiveram conectadas 251 pessoas e o vídeo continua
disponibilizado no Youtube para quem tem interesse
nesse tema.
25 de março - Políticas Públicas
A 3ª live do ano e a 5ª do Fórum de Humanização abordou
as políticas públicas que favorecem quem cuida e quem
é cuidado, e os indicadores que transformam vidas. O
convidado de Valdir Cimino foi Wellington Nogueira,
fundador da ONG Doutores da Alegria. Nogueira e Cimino
compartilharam suas trajetórias no voluntariado e no
trabalho pela humanização da saúde, acolhendo e levando
afeto às pessoas.
Nogueira definiu a Humanização como “a tecnologia
humana: olhar, presença, encontro e conexão com outro
ser humano, indispensável para nossa saúde geral em
tempos turbulentos!”
Na ocasião, foram impactadas 163 pessoas e o vídeo
continua disponibilizado no Youtube.
08

RODA DE CONVERSA: VIVA BRASIL
Em março, ocorreram reuniões online para apresentação das mudanças operacionais e humanas em
tempos de pandemia na Viva, e implantação do Viva Eduque - espaço de conhecimento, educação,
ciência, cultura, voluntariado e saúde. Outros assuntos abordados: produção de conteúdos e pesquisas
e revisão da NR32 – Normas Reguladoras do Trabalho Voluntário na Saúde.
Utilizou-se a plataforma Zoom para reunir 40 participantes entre representantes de Hospitais e equipe
da Viva, Diretores e Coordenadoras. As lives ocorreram nos dias 16, 17 e 18 de março.
Pela Viva estiveram presentes: Valdir Cimino, Luciana Bernardo - Diretora Executiva, Rogério Sautner -
Diretor Executivo, Fatine Chamon - Voluntária Viva, Andréa Coltelli - Desenvolvimento Humano, Claudia
Guimarães – Coordenadora Viva Bahia, Loide Bonina - voluntária da Viva Bahia, Leda Del Magro -
Coordenadora da Viva Brasília e Idione Rosa - Coordenadora da Viva Porto Alegre.
A roda de conversa foi bem recebida por todos os participantes que ressaltaram a importância do
voluntário e a falta que estes fazem aos pacientes neste momento tão difícil de pandemia.
09

VALORES HUMANOS NA EDUCAÇÃO
A plataforma Zoom deu espaço, em 19 de março, ao encontro online entre Valdir Cimino e a escritora
e terapeuta holística Mary Prietro, que abordou o tema: “Elevando Valores Humanos na Educação:
organização, progresso e amor”.
Uma pauta sensível e relevante que incentivou melhores posturas, pois tratou da educação moral,
da importância dos valores na formação dos indivíduos e da compreensão de virtudes como mola
propulsora coletiva a ser acionada nestes trágicos tempos de pandemia.
Este evento recebeu 18 espectadores, contou com a parceria da LF Assessoria e o apoio de Ana Paula e
Luana Anjos da sede da Associação Viva.
Valdir Cimino, Mary Prieto e os participantes
10

ENCONTROS COM VOLUNTÁRIOS
Em março, o coordenador da Associação Viva na Baixada Santista Alexandre Camilo promoveu dois
encontros virtuais com as voluntárias que atuam na região, utilizando a plataforma Google Meet. Os
objetivos dos dois encontros foram, especialmente, a troca de boas experiências e o aperfeiçoamento
das contadoras:
Dia 4 – Histórias de superação
As participantes Helen Quintela, Kamila Nascimento, Meire Martins, Soraya de Souza, Thamires Rodrigues
e Valéria Castro tiveram a oportunidade de vivenciar uma dinâmica idealizada por Alexandre Camilo que
propôs a apresentação de uma história verídica de superação. O objetivo foi dividir boas histórias para
acender um “ponto de luz” em meio a tantos desafios vivenciados no dia a dia. A dinâmica conduziu
todas a uma reflexão sobre o cenário atual da pandemia e produziu um clima de esperança.
Dia 25 – Estrutura em balão
Para este encontro, Alexandre propôs criar uma história a partir do método desenvolvido por ele e
denominado Estrutura em Balão, que estrutura a narrativa com frases especificas considerando quatro
etapas: início, desenvolvimento, clímax e fim. Após o compartilhamento de duas imagens, as voluntárias
Kamila Nascimento, Márcia Ribeiro, Meire Martins, Thamires Rodrigues e Valéria Castro praticaram o
método, apresentando a história. O encontro permitiu que as voluntárias aprendessem novas técnicas
para tornar a contação de história mais envolvente e dinâmica, e ainda puderam esclarecer dúvidas e
sugerir, a fim de colaborar com o crescimento como contadores de história.
11

ENCONTROS DA COMISSÃO DIRETIVA
Os coordenadores da Viva Brasília não deixam de se reunir, embora virtualmente. Utilizam para isso a
plataforma Google Meet. Nos dois primeiros meses de 2021 os encontros ocorreram em duas etapas:
7 de janeiro
A comissão diretiva se reuniu para traçar o planejamento das atividades ao longo do ano. Os assuntos
tratados foram: treinamento de novos voluntários, divulgação do curso em mídias digitais, comunicação
com os novatos de 2020 a fim de promover contato frequente e incentivar a participação nas salas
online.
Dividiu-se entre os presentes uma lista de entidades para captação de recursos. Participaram da reunião:
Gilberto Alves, Leda Dal, Leila Salgado, Marlúcia Santos, Priscilla C. Branco e Renata Oliveira.
9 de fevereiro
Nessa data, compartilhou-se as informações sobre as diretrizes fornecidas pela Viva São Paulo na reunião
de 29 de janeiro, como: preparação de vídeo para divulgar o Viva Eduque e o curso EAD, e organização
de uma roda de conversa com os cursistas inscritos no treinamento de 2021.
12

Viva On
A equipe de Brasília tem tido uma participação assídua no projeto Viva On. Há coordenadores de salas
em três dias semanais:
• Ivete Valente e Margarete Neres comandam a sala de segunda feira à tarde.
• Maria Marques Baptista coordenam a sala da quinta-feira, pela manhã, em parceria com contadores de
histórias sediados em São Paulo.
• Gilberto Alves e Leila Salgado comandam a sala da quinta-feira, à tarde, juntamente com outros
voluntários sediados em Porto Alegre.
O amor pela contação de histórias é tão grande que, além da coordenação das salas online relacionadas
acima, os voluntários de Brasília participam de outras salas durante a semana. Uma ótima oportunidade
para trocar experiências, histórias, brincadeiras, bate-papos e muitas risadas.
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RODAS DE CONVERSA
Os inscritos no curso EAD de formação de novos contadores de histórias foram convidados a participar
de dois encontros virtuais em março através do Google Meet, quando receberam informações e
orientações.
1º de março
Os cursistas Ângela Maria, Cleide Almeida Gomes do Nascimento e Simone Soares estiveram com os
coordenadores Gilberto Alves, Leda Dal, Leila Salgado, Marlúcia Santos, Priscilla C. Branco e Renata
Oliveira e foram informados sobre a Associação Viva e as etapas do curso, além de serem orientados
sobre a plataforma virtual. Boa oportunidade para tirar dúvidas e trocar ideias.
Os coordenadores aproveitaram o encontro para criarem um grupo no WhatsApp como canal de
comunicação constante entre todos.
6 de março
A sala virtual recebeu 22 pessoas entre novatos e veteranos: Gilberto Alves, Leda Dal, Leila Salgado,
Marlúcia Santos, Priscilla C. Branco e Renata Oliveira; e mais Ana Clara, Andrea Klugge, Claudete Cristino,
Cristina Freitas, Edson Cavalcante, Fátima Tavares, Florismar Gasparotto, Gercini Lino, Ivete Valente,
Margarete Neres, Maria da Penha Reis, Maria Marques, Nelcy, Silvana Siqueira, Simone Lino e Suzana
Preado.
Na ocasião, falou-se sobre as diretrizes da Associação Viva para 2021 e o Fórum de Humanização no
mês de abril. Os cursistas foram chamados a participar das salas do Viva On como forma de treinamento
e troca de informações.
Os coordenadores aproveitaram o ensejo para relacionar os contadores de histórias para as Domingueiras
do ano e solicitar os vídeos para a semana do contador de histórias.
Houve ainda contação de histórias: Cristina Freitas contou Abrapracabra, de Fernando Vilela; e Renata
Oliveira escolheu A Menina e o Pássaro Encantado, de Rubem Alves e ilustração de Bianca.
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HORA DO CONTADOR
As atividades dos voluntários de Porto
Alegre começaram em 1º de março,
quando os contadores se reuniram para
conversar e compartilhar expectativas e
vivências. Participaram 58 contadores
saudosos e cheios de esperança para o
retorno das contações.
MÁSCARAS DE PROTEÇÃO
Também em março, a assistente social do Hospital
Santo Antonio de Porto Alegre recebeu das mãos
da voluntária Melissa Sarava várias máscaras com
a marca da Associação Viva e Deixe Viver.
DOMINGUEIRA
A primeira Domingueira do ano, que reuniu as afiliadas, contou com
a participação de Porto Alegre por meio da contadora Ana Paula
Bortolotti que escolheu para contar a história Era uma vez um gato
xadrez, de Bia Villela.
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REUNIÃO DE PLANEJAMENTO
A primeira reunião de planejamento em Recife ocorreu em 2
de fevereiro e utilizou a plataforma Google Meet. Participaram
a coordenadora Ana Inês, que atua no Hospital Maria Lucinda,
e as cabeças de chave e representantes das instituições
parceiras: Avany Arruda (IMIP), Bel Gomes e Vilany Bezerra
(AACD), Vanessa Brissantt (HUOC), Socorro Fernandes e Cleise
Pereira (Hospital Helena Moura).
Além da troca de ideias sobre o planejamento das atividades
do ano, as participantes foram informadas sobre a nova versão
do curso EAD, incentivadas a participar do projeto Viva On e
ficaram a par dos desafios que este novo exercício está impondo a todos da Associação. O algo a mais
da reunião foi a oportunidade de renovar o compromisso e estreitar o relacionamento da equipe.
1ª DOMINGUEIRA DO ANO
Em 28 de março aconteceu a primeira Domingueira do ano através do
canal Youtube da Associação Viva. Como nas anteriores, os objetivos
foram: estimular a cultura e o hábito da leitura, envolvendo o público
em um universo que mistura fantasia e realidade, e proporcionar a
aproximação da população à cultura de contação de histórias.
A voluntária Maristela Gomes representou a Viva Recife. Ela atua no
hospital do IMIP e escolheu para contar a história Cadê Miguel? de
Carol Bradley, com Ilustrações de Leonardo R. Malavazzi. A narrativa
Voluntária Maristela Gomes versa sobre uma questão que tem inquietado pais e educadores nos
dias atuais: como aproveitar os benefícios das novas tecnologias sem se desconectar da realidade. O
livro não tem a pretensão de dar respostas prontas e a escritora e jornalista pernambucana Carol Bradley
optou por debater essa problemática sobre o ponto de vista das crianças.
ANIVERSÁRIOS
Datas significativas para a Viva Recife foram comemoradas neste 1º trimestre: 4 de fevereiro completou
oito anos de parceria com o Hospital Pediátrico Helena Moura. Em 9 de março celebrou-se os oito
anos de parceria com o Hospital Universitário Oswaldo Cruz-HUOC. E no dia 19 de março, o Hospital
Maria Lucinda e a Viva completaram 10 anos de união. Uma outra data digna de destaque foi o 484º
aniversário da cidade de Recife, ocorrido em 12 de março.
Para marcar essas datas, houve postagens nas redes sociais, incluindo a divulgação do vídeo de Juliana
Vasconcelos, Assistente Social do Hospital Maria Lucinda, cujo conteúdo enfatiza o importante trabalho
que os voluntários, contadores de histórias desenvolvem naquela instituição. A equipe ficou bastante
feliz pelo reconhecimento e muito saudosa por causa do distanciamento social, necessário nesse
momento COVID-19.
16

Para celebrar os 484 anos do Recife, a postagem contou com o frevo paródia do Hino do Galo da
Madrugada, composto especialmente para a Associação Viva por Nena Queiroga, rainha do carnaval do
Recife. Essa marchinha encontra-se no site e no canal da Viva no Youtube.
A Associação Viva está presente há 17 anos no Recife, incentivando a leitura, a cultura e o brincar para
inúmeras crianças e adolescentes..
CARNAVAL SEM FOLIA
Neste ano, o carnaval foi sem aglomeração, solitário, com máscara de proteção, distanciamento social
e higienização das mãos e a equipe da Viva Recife não pôde fazer o tradicional frevinho nos hospitais.
Porém, para marcar a data muito festejada em Recife e Olinda, a voluntária Vanessa Brisantt, que atua no
HUOC-Hospital Universitário Oswaldo Cruz desde 2013, se inspirou no livro Frevolina, de Jeane Siqueira
e André Neves (ilustrador) e gravou um vídeo com essa história.
Marília Vilar, que além de voluntária no Hospital Maria Lucinda desde 2015, é uma linda passista, gravou
outro vídeo com sua apresentação ao som do sugestivo frevo Lágrimas de Folião, de Levino Ferreira, e
saudou frevando divinamente o carnaval.
Estes dois vídeos, de Vanessa e Marília foram postados e muito curtidos no Facebook e no Instagram,
no sábado de carnaval, dia 13 de fevereiro.
Viva o frevo! Viva o carnaval cultural!
Voluntária Vanessa Brisantt
Performance da voluntária Marília Vilar
17

CONCLUSÃO DO CURSO DOS CONTADORES DE HISTÓRIAS 2020
Os 16 candidatos que concluíram os dez módulos teóricos do curso EAD para treinamento de novos
voluntários aguardam ansiosos a realização dos encontros e das vivências práticas para se tornarem
voluntários da Viva Recife.
A coordenadora Ana Inês esteve presente durante todo o período de realização do treinamento,
oferecendo suporte e orientações, com o apoio de Andrea Coltelli que atua no Desenvolvimento Humano
na sede da Viva, em São Paulo.
A Viva parabeniza os formandos e deseja sucesso:
Amanda de Paula Pegado
Amanda Lima Peixoto Bem de
Alencar
Clarissa Gomes de Lima Campos
Elizabete Cristina da Silva Pereira
Emanoella Santos
Erivan José da Cruz Fernandes
Gislene Freitas de Lima Gomes
Gustavo de Almeida Castro
Hamilton Darci Marcondes
Mariana Dantas Gueiros
Mirelly da Silva Barros
Nicácia Araújo Guedes
Priscilla Parísio Barbosa
Raíssa Gomes Souto de Oliveira
Rozana Ferreira Nascimento
Sandra Maria de Abreu Luna
Thássia de Andrade Gomes
NOVOS VOLUNTÁRIOS
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VALDIR CIMINO PARTICIPA DE LIVE
O grupo de narradores de histórias “É Nós Convida” chamou o fundador da Associação Viva Valdir
Cimino para seu encontro mensal e virtual ocorrido em 25 de janeiro, por meio do canal do Youtube de
Cecilia Göpfert. Os integrantes desse grupo contam histórias, declamam poesias e cantam.
Além do escritor, contador de histórias e professor Valdir Cimino, estiveram presentes nessa live:
• Valéria Coutinho Pereira, contadora de histórias e criadora do grupo Histórias de Quinta. Valéria já
atuou no Hospital Copa D’Or, por meio do Instituto Rio de Histórias;
• Simone Santos, contadora de histórias, escritora, professora e coach. Simone foi contadora de histórias
no Hospital Getulinho, em Niterói;
• Francisco Gregório, ator, contador de histórias, palestrante e oficineiro no Instituto Rio de História/
Viva RJ;
• Cecília Gopfert, escritora, especialista em contos de fadas, palestrante e oficineira no Instituto Rio
de História/Viva RJ. Cecília já foi supervisora e contadora de histórias no Hospital Miguel Couto e no
Hospital da Lagoa, também pelo Instituto Rio de História/Viva RJ;
• José Matos, arquiteto, supervisor e contador de histórias do Hospital Salgado Filho;
• Regina Porto, escritora, bordadeira e fundadora do Instituto Rio de Histórias que representa a Associação
Viva no RJ.
No dia da transmissão, participaram 235 pessoas, número que cresceu significativamente nas semanas
subsequentes já que a live ficou disponível no canal do Youtube de Cecilia Göpfert.
Ao final, sorteou-se quatro livros doados por Valdir Cimino. Os ganhadores foram: Soraya Farenge,
voluntária do Hospital Salgado Filho; Luiza Wey, que atua no Hospital da Lagoa; Sonia Ferrara, voluntária
no Hospital Miguel Couto; e Paulo Cid, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
TRANSMISSÃO AO VIVO É NÓS
19

RODA DE CONVERSA
Os supervisores do Instituto Rio de História/
Viva RJ foram convidados a participar da
roda de conversa coordenada por Regina
Porto e Valdir Cimino, ocorrida em no dia
19 de janeiro, através da plataforma Zoom.
Estiveram presentes 18 supervisores e o
conteúdo da conversa foi sobre atividades
online, baseado em pesquisa feita no Rio de
Janeiro com 199 participantes do Instituto
Rio de Histórias.
Essa apresentação pôde ser assistida nos
dias posteriores e alcançou mais de 40
pessoas.
SARAU DE HISTÓRIAS
Em 6 de fevereiro ocorreu o primeiro encontro
de contadores de histórias do Rio de Janeiro de
2021. Participaram 83 voluntários, representantes
de todos os 21 hospitais parceiros do Instituto Rio
de Histórias/VivaRJ, bem como Regina Porto, Ana
Duek e supervisores. A apresentação foi gravada
e disponibilizada para todos os 173 voluntários
do Rio de Janeiro.
20

SOFIA, A URSINHA VITORIOSA
No dia 6 de janeiro disponibilizou-se para o Projeto Viva Personas a gravação
da história Sofia, a ursinha vitoriosa, de Cristina Klein, contada pela pedagoga
e psicanalista Roberta Gomes Medeiros, além de idealizadora do projeto
Vivenciando a Leitura e o Lúdico. O contato com Roberta foi feito por Claudia
Guimarães.
CARTEIRO DE BRINQUEDOS
Na semana seguinte, dia 14, mais uma estreia no Projeto Viva Personas: a
história cantada e adaptada por Celo Costa, “Carteiro de brinquedos”, cantor,
músico, compositor e instrumentista que vive na Bahia e que Claudia Guimarães
conheceu no final de 2020.
REUNIÕES VIRTUAIS DE TRABALHO
Em janeiro ocorreram duas reuniões com os coordenadores do projeto Viva na Bahia, nos dias 15 e 29.
Já em 3 de fevereiro, Claudia, Loide e Edvaldo definiram o planejamento estratégico com os voluntários
de Salvador.
No dia 11 de fevereiro ocorreu o primeiro encontro com os voluntários para debater os seguintes
assuntos: Plano de Trabalho 2021, pesquisa Perfil do Voluntário, Projetos Viva ON e Uma História Viva,
além de definirem as inscrições para o Curso de Formação, em EAD.
PROJETO UMA HISTÓRIA VIVA, LANÇAMENTO
A equipe da Viva Bahia inovou com a concretização do projeto Uma História Viva, no qual são convidadas
pessoas de Salvador para contar a própria história em vídeo e mostrar o talento e o trabalho que
realizam. Cada mês terá um tema. Como contrapartida, todos os depoimentos serão divulgados nas
redes sociais da Viva Bahia.
21

O primeiro tema escolhido pelo projeto foi carnaval e ocorreu em
26 de fevereiro. O convidado foi o artista plástico Alberto Pita que
há 40 anos desenvolve trabalho de pesquisas e criações artísticas,
apreciados nos blocos afro, afoxés e de índios em Salvador, além de
exposições em Frankfurt, Angola, EUA, França e Londres. A assessora
de Alberto, Lilibeth, intermediou o contato e o artista gentilmente
contou a história dos tecidos desenvolvidos por ele que embelezam
as vestimentas dos blocos de carnaval.
Agradecimento ao apoio de Rafaela e Ana Paula, que trabalharam na
criação do card de divulgação. O vídeo está disponível nas páginas do
Facebook e Instagram da Viva Bahia. Confira!
DESAFIO LANÇADO, DESAFIO CUMPRIDO
A equipe de coordenadores da Viva Bahia lançou, no início de março, um desafio aos contadores de
histórias da equipe para que gravassem um vídeo de até um minuto para ser divulgado nas redes
sociais. A aceitação foi boa e oito vídeos puderam ser postados.
GRUPO NO WHATSAPP
Além do grupo constituído no WhatsApp com todos os contadores da Viva Bahia, no dia 3 de março
criou-se um novo, formado por voluntários veteranos com o objetivo de definir os títulos de livros
para as Domingueiras. Na primeira reunião, decidiu-se priorizar escritores baianos considerando os
temas sugeridos pela sede. A história para a primeira Domingueira do ano será de um livro que ainda
será lançado e que fala deste momento de pandemia, dos sentimentos e de superação. A narrativa é
contada por Yalle, um menino de 9 anos. Uma voluntária do grupo fará a apresentação dessa história
na Domingueira do dia 28.
ENCONTRO DE CABEÇAS DE CHAVE
No dia 11 de março ocorreu a primeira reunião com os Cabeças de Chave dos hospitais parceiros. Os
temas abordados: trabalho conjunto, parcerias, participação no Projeto Viva On, mediação de leitura e
escolhas dos livros para as Domingueiras do ano.
22

PROJETO UMA HISTÓRIA VIVA, 2ª EDIÇÃO
Um mês após o lançamento do projeto Uma História Viva, foi
postado o segundo vídeo do projeto, dessa feita com Gerson
Guimarães, um compositor já gravado por grandes nomes da
música brasileira, professor de História com experiência de mais
de trinta anos e autor do premiado musical O Circo de Só Ler,
considerado o melhor espetáculo infantojuvenil de 2014, pela
premiação Braskem de Teatro. Como professor, criou o projeto
História Cantada, uma aula-show que utiliza recursos do teatro
e da música como ferramentas do aprendizado. Gerson criou o
musical infantil A Banda da Limpeza, com canções voltadas para
temas sobre educação ambiental, relação com a produção de lixo
e outras questões ecológicas.
Com tanta experiência e talento, o resultado final do vídeo ficou
incrível e está disponibilizado nas páginas do Facebook e do Instagram da Viva Bahia. Confira!
DOMINGUEIRA
No dia 28 de março, ocorreu a 1ª Domingueira Virtual de Histórias
de 2021 com a participação da voluntária Carla Chastinet da
equipe da Bahia que contou a história O diário de uma quarentena:
narrativa de uma criança na pandemia. A criança em questão,
que é também a autora do livro, chama-se Yalle Tárique, um
menino de 9 anos que se inspirou nos momentos de estresse em
que ele e sua família passaram quando seu tio foi contaminado
pelo coronavírus e chegou a ficar internado em uma Unidade de
Terapia Intensiva.
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UBATUBA|SP
RENOVAÇÃO DE PARCERIA
Violeta Dib Cimino e Valdir Cimino estiveram em março na Secretaria de Educação e Saúde de Ubatuba
a fim de renovar as ações que a Associação Viva promove na rede pública da cidade. A dupla participou
de uma reunião com 40 coordenadores da rede de educação, relataram as ações e divulgaram o curso
de formação de contadores de histórias. O sucesso da iniciativa resultou em mais um ano de curso para
as duas áreas
AQUI TEM CONTADORES DE HISTÓRIAS ON-LINE
Olá, sou a Vivian, a voluntária virtual da Viva.
Estamos juntos com você durante a quarentena!
Veja como:
PLANTÃO DE HISTÓRIAS
AO VIVO
VIVA PERSONAS
QUARENTENA
COM A VIVA
SEGUNDA A SÁBADO
10h às 12h e 15h às 17h
Aponte a câmera do seu celular
para o QR code ou acesse
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#HISTÓRIASDEBOMDIA
#HISTÓRIASDEBOANOITE
Livros digitais, Vídeos de histórias e o Jogo Eu Conto! na versão ON-LINE
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VARAL LITERÁRIO POR MARGA
Que tal conhecer um pouco mais sobre literatura indígena?
Na nossa literatura, as histórias sobre índios eram contadas pelos brancos, ou seja, com a visão do
outro, daquele que chegou aqui e dominou a terra. As primeiras obras que falavam sobre índios são
do século XIX, com José de Alencar e sua visão romantizada da época. A partir daí, vem ao nosso
conhecimento várias histórias sobre os índios, suas lendas, seus costumes, porém sempre vistos pela
ótica do homem branco. Só na segunda metade do século XX é que começaram a aparecer escritores
indígenas. Atualmente, vários deles se destacam como: Daniel Munduruku, Kaká Werá Jecupé, Eliana
Potiguara, Ailton Krenak, entre outros. Desse grupo, selecionamos Daniel Munduruku, pelo seu trabalho
dentro da literatura infantil quer como escritor, quer como contador de histórias. Espero que apreciem
a leitura.
DANIEL MUNDURUKU
Daniel Munduruku nasceu em Belém (PA) em 1964 e pertence a etnia indígena Munduruku. Passou sua
infância entre a cidade e a aldeia onde nasceu seu pai. Estudou e se tornou professor. É graduado em
Filosofia, História e Psicologia e tem mestrado em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo.
Também é diretor-presidente do Instituto UK’a- Casa dos Saberes Ancestrais.
Como escritor, se destaca na área de literatura infantil, com relatos indígenas engraçados ou que falam
de amor e até histórias assustadoras. Atualmente, Daniel Munduruku é membro da Academia de Letras
Tolerância de Lorena e recebeu a comenda do mérito cultural por duas vezes, além de vários prêmios no
Brasil e no exterior. Entre eles, Daniel ganhou o prêmio Jabuti da Academia Brasileira de Letra, o prêmio
Érico Vanucci Mendes (CNPq) e o prêmio Tolerância (UNESCO).
Preparei um mix das entrevistas de Daniel para que vocês possam conhecer melhor seu trabalho e suas
ideias.
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Quem é Daniel Munduruku?
DM: Pertenço a um povo ancestral chamado Munduruku que carrega consigo a honra e a dignidade
de ser brasileiro. Tenho orgulho de ser um brasileiro, pois nosso país carrega em seu DNA uma
interculturalidade de fazer inveja a todos os demais países deste nosso planeta.
É comum, no entanto, as pessoas olharem para mim e, devido à minha aparência, me verem um “índio”.
Elas seguem a imagem que foi introjetada na mente delas. Pois lhes digo: eu sou Munduruku. Não sou
“índio”. Não sou um apelido, uma negação. Sou uma afirmação, sou parte de um povo que tem uma
história linda para contar.
Naturalmente, quando eu era criança, não tinha acesso à tecnologia, apenas aos divertimentos que a
nossa própria comunidade possuía. Cresci correndo no meio do mato, subindo em árvore, nadando
nos rios, andando de canoa, ouvindo histórias que iam desde a criação do mundo a partir da ética do
nosso povo, até as histórias de assustar que os avós, os velhos, os amigos e os irmãos contavam. Entre
os indígenas o grande livro é a própria natureza, a sociedade e a maneira como essas sociedades se
organizaram para viver a vida.
Como você se tornou um escritor?
DM: Nunca pensei muito nesse processo de escrever histórias. Às vezes, chegam à minha cabeça e me
dá vontade de escrever sobre um tema. Há tempo eu só escrevia narrativas com a temática indígena.
Hoje, eu dei um salto porque tem coisas que eu preciso dizer para as pessoas e não preciso usar só o
argumento indígena. No livro O Menino e o Pardal falo do crescimento que acontece com qualquer
criança de qualquer lugar do planeta.
Como você aborda os temas da cultura indígena em seus livros?
DM: Nos meus livros procuro mostrar os costumes indígenas para as crianças entenderem que os
indígenas são povos mágicos e que essa mágica existe. O ocidente é tão racional que não permite que
as crianças desenvolvam sua mágica interna. Vem aquela coisa chapadinha da explicação do currupira
e do saci.
Nos meus livros quero que a criança vivencie essa mágica, quando eu digo a elas que a gente sabe fazer
chover, conversa com os espíritos da floresta, que a gente chama de avô o rio, considera os pássaros
como nossos primos e que, quando os pássaros voam, trazem notícias de outros lugares. Na minha
conversa com eles vou procurando colocá-los no contexto da cultura indígena.
Como você se tornou um contador de Histórias?
DM: Foi dando aulas que me descobri contador de histórias. Eu saia contando histórias nas escolas,
nas praças e nas casas de amigos. Tempos depois, isso fez com que eu começasse a escrever minhas
próprias histórias, sempre com o olhar voltado para as crianças e os jovens. Daí em diante, escrevi mais
de quarenta livros e quero escrever muito mais ainda.
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O que é literatura indígena?
DM: Literatura indígena é na realidade só uma palavra. Quando pensamos em escrever ou criar algo
que pudesse ajudar às crianças brasileiras a conhecer melhor os povos indígenas, nem sabíamos que
essa ação se chamava literatura. Isto foi aos pouquinhos sendo aprendido até que num determinado
momento virou literatura e é indígena porque é escrita por autores indígenas, por pessoas que tem
experiência da sociedade e comunidades indígenas, e essa experiência vem sendo passada e repassada
através desta plataforma que é a escrita.
Para nós literatura indígena não é apenas a arte da escrita. Nós entendemos a literatura como parte da
cultura indígena. Como a cultura indígena não faz separação entre manifestações culturais, a literatura
passou a ser parte integrante dos saberes indígenas como a dança, o canto e o grafismo. No meu ponto
de vista, procuro fazer um livro que ajude a diminuir os preconceitos e a exclusão social. Eu tenho a
função de dar aos meus leitores (especialmente, às crianças) uma visão diferenciada dos povos indígenas.
Dentro da temática indígena tem alguns temas mais comuns?
DM: Temos alguns temas mais comuns, sim, como a mitologia. Há muitos autores indígenas que se
inspiram nos nossos mitos tradicionais. Eu e outros autores recontamos mitos de outros povos indígenas.
Por exemplo, eu pego uma história do povo Yanomami que eu li e reconto. Eu não crio em cima de uma
história. Eu não faço ficção. Eu conto a história sob o meu ponto de vista.
O escritor indígena enxerga o branco com alguma superficialidade, assim como o branco enxerga
o indígena?
DM: Com certeza. Na minha vivência com os indígenas e, de maneira geral, com os escritores indígenas,
acho que eles ainda carregam consigo uma visão também estereotipada do homem branco. E isso, às
vezes, transparece nas obras. É claro que isso está relacionado ao contato mal feito, mal realizado entre
as duas sociedades.
Quem foi o primeiro escritor indígena que publicou um livro? Você tem ideia de quantos autores
indígenas? Quantas obras?
DM: Livros escritos por indígenas começaram a surgir a partir do final da década de 60. Eram publicações
feitas mais como material didático para as comunidades indígenas. Hoje temos uma boa produção com
vários autores indígenas. Essa produção foi estimulada e reforçada pelos projetos do governo, com a
compra de livros, que surgiu a partir de 2008 com a lei que obriga as escolas a trabalharem as temáticas
indígena, africana e afro-brasileira nas salas de aula. Isso fez com que houvesse uma demanda maior
pela temática indígena. As editoras viram um nicho mercadológico e isso estimulou o aparecimento de
novos autores indígenas.
Em relação a crítica, as obras de autores indígenas são bem-vistas ou tem certa condescendência?
DM: Tem gente que diz que literatura indígena não existe. Sou questionado por alguns colegas quando
eu digo que a literatura que eu faço é indígena e não apenas literatura.
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Estes dizem que o que eu escrevo tem qualidade de literatura e não de indígena. Sou’ indígena e,
portanto, um escritor indígena e o fato de reforçar isso é importante nesse momento. Pode ser que
daqui a um tempo a gente acabe conquistando um outro espaço para a nossa literatura e outros autores
indígenas possam vencer esse embate.
Uma mensagem final
DM: Para finalizar gostaria de recorrer à memória do meu avô Apolinário. Ele era um velho muito sábio
que cumpriu sua tarefa ancestral de nos oferecer sentidos. Quando se sentava para contar histórias,
sempre nos lembrava que “se o momento atual não fosse bom não se chamava presente”. Quando
pressentia que eu estava triste, frustrado e decepcionado com meus caminhos na cidade, me levava até
o rio que corria pela aldeia e dizia: “Temos que ser como o rio, meu neto. O rio tem uma voz dentro dele
que o lembra que ele não pode nunca desistir quando encontra um obstáculo à sua frente. Se o fizer
jamais irá cumprir seu destino de encontrar-se com o mar. Rio que desiste apodrece e nele não será mais
possível encontrar vida, alegria. Rio podre é aquele que desistiu de seguir adiante. Nós temos que ser
como o rio, meu neto. Não podemos desistir jamais”. Cada ser humano tem que buscar sua liberdade.
Algumas obras de Daniel Munduruku:
Histórias de índios: Ilustrações de Laurabeatriz. 1996, Cia das Letrinhas.
Esse livro traz um conto da cultura Munduruku O menino que não sabia sonhar, que fala de Kaxi,
um garoto como outro qualquer, exceto pelo fato de ter sido escolhido pelo pajé como seu sucessor.
Para ser iniciado nos segredos da pajelança, o pajé lhe ensina que é preciso sonhar, pois nos sonhos
residem os grandes mistérios da vida. A edição inclui desenhos de crianças indígenas e fotos de aldeias
Munduruku.
As serpentes que roubam a noite e outros mitos. 2001, Peirópolis.
A obra é uma coletânea de seis histórias contadas pelos velhos Munduruku para suas crianças. Essas
histórias remetem a temas ou situações voltadas para as origens da cultura e da história dos Munduruku,
contadas como memória do povo aos jovens para despertar o amor pela sua própria história e cultura.
Além dos contos, a edição é complementada por dois textos informativos: sobre a história do povo
Munduruku no Brasil, seus hábitos, tradições e costumes; e outro em que o autor busca desmistificar a
imagem do índio como um ser quase beatificado, puro e bom.
Contos indígenas brasileiros. 2004, Global.
Os oitos contos selecionados pelo autor, a partir de um critério linguístico, têm a intenção de retratar,
através de seus mitos a caminhada de alguns de nossos povos indígenas do norte ao sul do país. A
leitura dá às crianças uma rica visão de nossa herança cultural.
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Karu Tarú, o pequeno pagé, com Marilda Castanha. 2013, Edelbra.
Desde pequeno, Karú Tarú já sabia que teria um destino especial. Estava sendo preparado para ser um
pajé, o grande líder de sua tribo. Mas essa importante missão o intrigava. Por que havia sido escolhido?
Por que ele era considerado especial, se todos nasciam com o mesmo dom?
O segredo da chuva. 2003, Ática.
Para salvar seu povo da seca, o garoto Lua sai em busca do Espírito da Chuva.
Catando piolhos, contando histórias, com Maté. 2006, Escarlate.
Esse livro traz oito histórias de mitos, lendas dos espíritos da floresta, lições de vida e narrativas de
memórias de brincadeiras;
Outras obras:
O homem que roubava horas. 2007, Brinque Book
O Banquete dos Deuses. 2000. Global
Crônicas de São Paulo. 2004, Callis
Foi vovó que disse. 2015, Edelbra
Pesquisas que fiz para escrever este artigo:
Revista Eletrônica Coletiva nº 1, 13 de junho de 2018
Educação e diferenças
Tempo, tempo, tempo - Daniel Munduruku
Vídeos:
Daniel Munduruku/ Entrevista/ Super Libris (Mix TV SESC)
https://youtu.be/HQSWmDuWEKE
Daniel Munduruku/ Callis Editora/Literatura Infantil
https://youtu.be/EdGxYVXXFE
Entrevista para Revista nova Escola
https://youtu.be/4kLFgqMXe6s
DICA: para quem quiser mais informações, Daniel Munduruku tem canais no Facebook e no Instagram.
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PALAVRA DO CONTADOR POR MONIK LELIS
A partir deste trimestre, selecionarei alguns depoimentos de contadores que participam do projeto Viva
On, divulgando histórias para crianças e adultos de todo o Brasil.
Contador de histórias André Cazotti
Compartilhando histórias e experiências
Meu nome é André Cazotti e sou contador da Viva na cidade de São
Paulo e coordenador do Viva On no período da tarde, às sextasfeiras.
É gostoso dividir as experiências com outros contadores de
histórias fantásticas, os quais não teríamos contato se estivéssemos
no ambiente hospitalar. Pessoas de outras cidades, com outros
sotaques, outros estilos para contar histórias e com dicas de livros.
Há troca de experiências, de confidências... Tudo muito bom! Por
isso, a cada sexta-feira, quando eu encerro a sala, tenho certeza que
fica implantado no coração de todos que participaram um gostinho
de “quero mais” e de que a próxima contação será igual ou ainda
melhor.
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