Coleções - O Mundo de Angela

Bem cedinho e o telefone
serviu como despertador.
Do outro lado tua voz...
Do meu lado o devaneio
de um sonhador.
Cheguei primeiro à mesa
do café, buscava olhares
inexistentes,
Sentia o perfume da presença
que se aproximava.
E teu sorriso me lembrava
a canção que dizia,
Apenas um sorriso seria capaz
de iluminar tudo ao redor.
O perfume que sentira
durante a noite toda
Enquanto tentava
dormir em vão,
Porque tu me roubavas a razão.
Explicar o inexplicável?
Marcar o invisível?
Quebrar a ordem do irreal?
Partir é real?
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ADEUS
Esquecer-se
de retornar, apaga-se,
Assim como este instante
que no próximo já se nega,
Enquanto passam as horas,
que compõem os dias,
Que engordam
semanas e séculos,
Meses que se repetem
arquivando milênios,
E o irreal permanece,
até que se esvanece?
Perde-se?
Esgota-se, sangra
e morre.
Qual a medida do tempo?
Um breve momento?
A eternidade que não pode
ser prisioneira,
Da terra, da água
e do vento,
Do fogo que tenta
queimá-la na fogueira.
Ilustração: Ananda Laura
No aeroporto
o nome rabiscado
em meu passaporte,
Letras gravadas sobre
minha identidade.
Aromas, sorrisos,
cantos de bocas,
olhos atenuados,
Ouvidos despertos
tentando acertar
a próxima parada,
Para onde vou?
E por que agora vou
se a ti encontrei?
Tanto demorou,
a chegar, a tocar, a ser
sem nada mais querer,
Nem ter, nem ficar,
mas partir e levar,
O outro, a lembrança,
o sutil, a gentileza,
O breve instante do céu,
Do adeus...