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Jornal Atitude Cultural Março 2022 Cultura Informação Esportes
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A montagem, concebida em 2013 para
comemoração dos 25 anos da Cia dos Atores,
volta aos palcos do Festival de Curitiba
O premiado espetáculo “Conselho de Classe”, da Cia. dos Atores,
volta aos palcos do Festival de Curitiba com duas apresentações: nos
dias 29 e 30 de março, ambas às 21h, no Teatro da Reitoria. A
montagem, concebida em 2013 para comemoração dos 25 anos da
Cia. e que retorna a Curitiba com elenco original, trilhou trajetória
nacional que ultrapassa 200 apresentações e 50 mil espectadores.
Destaque nas premiações de teatro em 2014, a peça recebeu os
prêmios Shell (cenário), Cesgranrio (espetáculo, texto, direção e
cenário) e APTR (texto, direção e ator), entre outros.
Conselho de Classe traz o texto de Jô Bilac dirigido por Bel Garcia
(in memorian) e Susana Ribeiro e, no elenco, Cesar Augusto, Marcelo
Olinto, Leonardo Netto, Paulo Verlings e Thierry Tremouroux.
A história ocorre em uma escola pública do centro carioca,
problematizando questões macro e micropolíticas da educação. No
texto, há a abordagem realista do ambiente escolar, a fim de gerar um
diálogo a respeito da educação no Brasil e da sua atual situação no
mundo.
Em cena, uma reunião de professores é desestabilizada pela
chegada de um novo diretor. Esse encontro faz eclodir dilemas éticos
e pessoais em meio a decisões que se confundem nas relações de
poder da instituição escolar. É o ambiente escolar fervilhando.
Problemas no processo ensinoaprendizagem, no processo avaliativo
das instituições escolares, na avaliação do rendimento do aluno, nos
conteúdos, na metodologia de ensino e na filosofia de educação,
fundemse com as dificuldades políticas existentes entre grupos
“rivais” liderados pelas pessoas que almejam os cargos mais altos da
escola.
Desafios da educação
Susana Ribeiro, uma das diretoras da peça, explica que Conselho de
Classe surgiu do desejo da companhia de produzir um espetáculo
realista, com tempo cronológico e pessoas do cotidiano. Segundo ela,
o ensino brasileiro está em colapso por falta de valorização dos
professores.
Desde 2013, quando a peça estreou, Susana acredita que a
educação tenha piorado no país. “Sabíamos que não era fácil mudar
a realidade em 2013, mas não imaginávamos que estaríamos tão mal
e que se desvalorizaria tanto o professor. A educação nunca foi
prioridade no país e continua não sendo. Não só não é uma
prioridade como para alguns é uma ameaça. Não termos direito a
uma educação mínima é surreal”.
Na opinião da diretora, a importância da peça é continuar discutindo
o assunto do ponto de vista de quem faz a educação. E, de acordo
com ela, o espetáculo costuma ter a aprovação de espectadores
ligados ao tema. “O maior elogio que recebemos é quando os
professores dizem que se sentem representados em cena.
Infelizmente, pois o que a peça retrata é triste. O ensino público no
Brasil vive situação de calamidade. O corpo docente está adoecido
por conta das condições precárias de trabalho. É um tema duro, difícil
de contar”.
Susana Ribeiro afirma que a peça mostra a necessidade de a escola
ser construída com envolvimento da comunidade. “A peça é um
desejo de que possamos construir uma educação com mais escuta. A
escola não é feita só de professores. Precisa de engajamento da
comunidade, pois é uma referência, um lugar de encontro, de
pensamento e de troca de conhecimento”.
Aliás, é dessa premissa – envolvimento da comunidade – que surge
o nome da peça. Conselho de Classe é um colegiado que deveria
abranger professores, funcionários, pais e até representante dos
alunos – embora essa formatação nem sempre se apresente. “Esse é
o verdadeiro conselho e é isso é o que deveria acontecer, uma vez
que abrange todos os lados e pontos de vista sobre esse espaço de
conhecimento”.
Ainda que a peça denuncie o abandono político da educação,
também levanta pontos sobre o que pode ser feito por quem faz parte
do sistema educacional. “A escola não está bem há muito tempo, por
isso precisa olhar para ela mesma, se revisar, discutir e ter lugar para
isso ser feito de forma inteligente e comprometida”. E o despertar das
reflexões durante o espetáculo acontece, de acordo com a diretora,
sem defender lados. “Tentamos distribuir as razões e entender que
um professor de Educação Física pode ter um ponto de vista
diferente de um professor de Artes ou Biologia. Isso é rico e cria
dinâmica forte. Acaba, muitas vezes, que a plateia concorda com
todos, mesmo que os personagens discordem entre si”.
Tema instigante, daqueles para ficar debatendo horas após o
espetáculo e que é apresentado de maneira dinâmica e com humor
uma das passagens que costuma arrancar risos da plateia é quando
uma reunião de professores é realizada na quadra de esportes, pois
o ventilador da sala está quebrado.