Meus 8 Sentidos
Este livro rompe a barreira tradicional e, de maneira leve, lúdica e divertida, o leitor é convidado a passear na natureza e a conhecer seus 8 sentidos. Recomendados para crianças a partir de 2 anos de idade, os livros da Coleção Lobo Down (Quem tem Medo do Lobo Down e Meus 8 Sentidos) são indicados para quem quer conhecer um pouco mais sobre deficiências.
Este livro rompe a barreira tradicional e, de maneira leve, lúdica e divertida, o leitor é convidado a passear na natureza e a conhecer seus 8 sentidos. Recomendados para crianças a partir de 2 anos de idade, os livros da Coleção Lobo Down (Quem tem Medo do Lobo Down e Meus 8 Sentidos) são indicados para quem quer conhecer um pouco mais sobre deficiências.
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O MINISTÉRIO DA CULTURA APRESENTA<br />
DANIELA BRUSCO<br />
RENATA NERY<br />
LETÍCIA LOSSO
Apresentação<br />
BERENICE PIANA DE PIANA<br />
Autora<br />
DANIELA TARTARI BRUSCO<br />
Ilustração<br />
LETÍCIA LOSSO<br />
Revisão<br />
LUCIANA M. CRESTANI<br />
Edicão<br />
O BIXO PRODUÇÃO CULTURAL<br />
(BICHINHO)<br />
Diagramação<br />
ANDRÉ LACERDA<br />
Copyright © OBixo Produção Cultural<br />
1ª Edição, OBixo Produção Cultural, Sananduva, 2024<br />
Todos os direitos desta edição reservados, em todo o<br />
território nacional, para:<br />
O Bixo Produção Cultural<br />
Rua Tiradentes, 607, Lot. Marquezin,<br />
Sananduva/RS, CEP 99840-000.<br />
Contato<br />
Bichinho Editora<br />
Bichinho_editora<br />
054 984229989<br />
www.editorabichinho.com.br<br />
contato@editorabichinho.com.br<br />
Gestão Técnica<br />
VINI CASSOL<br />
Revisão Pedagógica<br />
FRANCIELI FAZOLO<br />
Revisão Terapêutica<br />
RENATA NERY<br />
Direção Musical<br />
JANAÍNA FELLINI<br />
Audiodescrição<br />
MIL PALAVRAS<br />
Janela de Libras<br />
INTERPRES<br />
Marketing Digital<br />
EURO AGÊNCIA<br />
Página Internet<br />
MICHEL BEAL (BEAL MÍDIA)<br />
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)<br />
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)<br />
Brusco, Daniela<br />
<strong>Meus</strong> 8 sentidos / Daniela Brusco, Renata Nery ;<br />
ilustração Letícia Losso. -- 1. ed. -- Sananduva,RS :<br />
Obixo Produção Cultural : Bichinho Editora,<br />
2024. -- (Coleção lobo down)<br />
ISBN 978-65-89310-22-8<br />
1. Deficiência - Educação 2. Inclusão -<br />
Literaturainfantojuvenil 3. <strong>Sentidos</strong> e sensações -<br />
Literatura infantojuvenil I. Nery, Renata. II. Losso, Letícia.<br />
III. Título. IV. Série.<br />
24-193852 CDD-028.5<br />
Índices para catálogo sistemático:<br />
1. Literatura infantil 028.5<br />
2. Literatura infantojuvenil 028.5<br />
Tábata Alves da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9253
DANIELA BRUSCO<br />
RENATA NERY<br />
LETÍCIA LOSSO<br />
SanandUVa, 2024
Em princípio, eu gostaria de mencionar que “<strong>Meus</strong> 8 <strong>Sentidos</strong>” é muito mais do<br />
que um livro de história infantil. É um livro que rompe paradigmas, firmandose<br />
como uma obra pioneira que fala, de forma absolutamente encantadora,<br />
sobre as questões sensoriais dos nossos filhos, tanto com autismo, síndrome de<br />
Down, transtorno opositor, ou outras deficiências.<br />
O assunto é abordado de forma lúdica e agradável, de modo que qualquer<br />
criança em contato com livro provavelmente crescerá lembrando de que lhe<br />
foi contada uma história infantil sobre autismo, síndrome de Down, ou outra<br />
deficiência. De maneira leve e divertida, o livro ajuda a construir memórias<br />
sobre diferenças e não sobre defeitos. E isso acontece não somente pela<br />
história, mas pela forma como ele foi ilustrado: em forma de quebra-cabeças,<br />
que também remete a mais uma brincadeira, algo agradável, um passatempo...<br />
O que nos vem à mente quando pensamos em um quebra-cabeças?<br />
Imaginamos um momento de descontração, de relaxamento, de prazer no que<br />
se está fazendo. Então, essas sensações se misturam à leitura, fazendo com<br />
que a brincadeira e o aprendizado aconteçam juntos, de maneira gostosa e<br />
com alegria.<br />
Além disso, os leitores já crescerão rompendo a barreira dos 5 sentidos, pois o<br />
conteúdo da obra amplia horizontes, mostrando ao mundo que temos outros<br />
sentidos aos quais não foi atribuída a devida atenção até agora.<br />
Este livro me faz pensar muito em EMPATIA... Nesta leitura, podemos fazer<br />
5
com que a criança/leitor se coloque no lugar do outro, entendendo que o que<br />
é perfeitamente suportável para uns é insuportável para outros. Isso revela<br />
as diferenças que existem entre nós, mostrando também que elas podem ser<br />
compreendidas, aceitas e contornadas, no intuito de evitarmos que crianças,<br />
jovens e adultos com deficiências sofram mais do que o inevitável.<br />
Eu não esperava receber este material quando fui convidada para escrever<br />
este prefácio. Estou encantada com a leitura e só posso dizer que pessoas<br />
com autismo, de todas as idades, pessoas com síndrome de Down, ou outra<br />
deficiência poderão ver a si mesmas nas páginas do livro, retratadas de forma<br />
humana, de forma agradável, amorosa, porque assim também é a concepção<br />
desta obra: repleta de amor, com toda certeza!<br />
Como mãe de um filho autista, fico pensando em como meu filho se sentiria<br />
ao ver este material, resultado de um olhar humanizado às deficiências e, ao<br />
mesmo tempo, com a magia dos livros infantis, com a magia das brincadeiras<br />
de infância.<br />
Por fim, gostaria de acrescentar que esta obra é mais que um<br />
livro, é quase um manual, com que podemos todos aprender<br />
um pouco mais sobre os nossos próprios sentidos, colocados<br />
aqui de uma maneira tão bonita, tão sensível, tão simples!<br />
Lindo, maravilhoso!<br />
Berenice Piana de Piana<br />
Abril de 2024.<br />
6
Ao escrever este livro, sinto uma imensa realização porque através dele posso<br />
estar levando mais conhecimento aos leitores, de todas as idades, sobre si<br />
mesmos, seu corpo, suas emoções e seus sentidos.<br />
Tive a dimensão da importância desse conhecimento aos 36 anos de idade,<br />
em uma consulta médica com um dos maiores especialistas em Trissomia do<br />
Cromossomo 21 do país, o Dr. Zan Mustachi. Aquela era a primeira consulta<br />
que eu e meu marido Vitor estávamos presenciando junto com o Davi, nosso<br />
primeiro filho, que tinha então cerca de 6 meses de idade.<br />
Na ocasião, o Dr. Zan nos explicou sobre a trissomia e forneceu uma enorme<br />
quantidade de informações que havíamos de levar conosco durante toda a<br />
vida ao lado do Davi. Entre elas, as que mais me impressionaram foram as<br />
associadas aos sentidos: ele poderia se machucar e não sentir dor; colocar<br />
a mão em cima de uma superfície quente e não sentir sua pele queimar; ter<br />
dificuldade em saber o momento de parar de comer; não conseguir detectar<br />
as necessidades fisiológicas de seu organismo, como a vontade de ir ao<br />
banheiro; e não perceber se faz frio ou calor no ambiente em que está.<br />
Eu tenho ainda a lembrança clara do dia que em que, cerca de dois anos<br />
7
depois dessa consulta, fui apanhá-lo na escola de<br />
educação infantil e o encontrei com o rosto todo esfolado,<br />
cheio de ferimentos, mas sentado, tranquilo e sereno,<br />
brincando no chão. Ao questionar as professoras sobre o<br />
que tinha acontecido e por que não haviam me chamado<br />
imediatamente, elas me responderam que ao andar, ainda<br />
titubeando, ele havia caído com o rosto no chão de britas, mas<br />
sequer havia chorado e, então, elas acharam que não tinha sido grave.<br />
Naquele momento eu entendia, com a dor do meu coração, o que era a<br />
desregulação do sistema tátil, mais especificamente da nocicepção, de<br />
que o Dr. Zan havia nos falado na consulta. As deficiências acometem,<br />
principalmente, o que as pessoas sem deficiência têm de mais simples e<br />
natural: o processamento sensorial.<br />
Assim como para mim, para aquelas professoras e para milhares de pais<br />
que recebem os diagnósticos de deficiência dos filhos, o desconhecimento<br />
sobre as deficiências e o medo do desconhecido são os maiores problemas e<br />
os principais desencadeadores de preconceitos. Então, é sobre isso que este<br />
livro quer chamar a atenção. Através de um olhar com mais conhecimento,<br />
as deficiências podem ser melhor compreendidas e a regulação/modulação<br />
dos sentidos pode trazer mais qualidade de vida a crianças e adultos que<br />
apresentam problemas dessa natureza.<br />
Este livro não tem a intenção de exaurir o tema, nem de encerrá-lo. Pretende<br />
8
somente trazer aos leitores – adultos ou crianças – um olhar mais apurado<br />
sobre o próprio corpo, propiciando um pouco mais de conhecimento sobre<br />
os nossos sentidos, que não se encerram nos 5 tradicionais: tato, olfato,<br />
paladar, visão e audição. Além desses, há outros 3 importantes sentidos<br />
não tradicionalmente trazidos para o conhecimento popular: o vestibular,<br />
a propriocepção e a interocepção. Por isso o livro tem como título “<strong>Meus</strong> 8<br />
<strong>Sentidos</strong>”.<br />
Um conhecimento mais profundo do nosso funcionamento sensorial foi<br />
fundamental para eu entender meu próprio filho e um pouco mais sobre<br />
mim mesma. Espero, humilde e verdadeiramente, que a obra possa ajudar os<br />
leitores.<br />
Ao final, o livro discorre sobre os sistemas sensoriais, apresentando alguns<br />
conceitos, funções e importância dos sentidos, bem como possíveis desajustes<br />
e reflexos no organismo. Também traz sugestões de atividades para trabalhar<br />
com modulação sensorial e indicação de leituras para aprofundar o tema.<br />
Quem escreve sobre a temática é Renata Nery, terapeuta infantojuvenil e mãe<br />
do Rafael, um garotinho de 9 anos que tem Transtorno do Espectro Autista<br />
(TEA).<br />
Aos interessados, fica o convite para um estudo mais aprofundado sobre o<br />
tema. Aos leitores, o convite para uma jornada lúdica de autoconhecimento e,<br />
principalmente, para uma leitura divertida capaz de propiciar um olhar mais<br />
empático às nossas crianças, jovens e adultos com deficiências.<br />
9
ATENÇÃO<br />
O conteúdo deste livro não deve ser tomado como critério<br />
para a determinação de um diagnóstico, ou para rotulagem<br />
de crianças com transtorno de processamento sensorial.<br />
Ele se configura tão somente como um instrumento para<br />
que pais e educadores entendam aspectos associados ao<br />
sistema sensorial.<br />
10
11
ERA UM DIA ENSOLARADO<br />
E TODOS ESTAVAM MUITO ANIMADOS<br />
COM O PASSEIO QUE O PESSOAL DA ESCOLA HAVIA MARCADO.<br />
UM ACAMPAMENTO NA NATUREZA,<br />
COM ÁRVORES, CACHOEIRAS,<br />
MUITAS BRINCADEIRAS...<br />
AH! IRIA SER UMA BELEZA!<br />
12
13
NO LUGAR MARCADO,<br />
TODOS CHEGARAM EMPOLGADOS.<br />
14
COM MOCHILAS NAS COSTAS E BEM PREPARADOS,<br />
NA TRILHA DO PARQUE O PASSEIO FOI INICIADO.<br />
15
AUDIÇÃO<br />
ASSIM QUE À MATA CHEGARAM,<br />
OS SONS COMEÇARAM A MUDAR:<br />
ERAM PÁSSAROS DIVERSOS A CANTAR,<br />
FOLHAS AGITADAS COM O VENTO A BALANÇAR<br />
E, AO LONGE, UM SOM DE ÁGUA A SE MOVIMENTAR.<br />
PARECIA QUE A UMA CACHOEIRA A TRILHA IRIA LEVAR.<br />
16
AO SEU REDOR, QUE SONS<br />
VOCÊ ESTÁ OUVINDO ENQUANTO<br />
LÊ ESTE LIVRO?<br />
VOCÊ CONSEGUE IDENTIFICAR DE<br />
ONDE ESTÃO VINDO OS SONS?<br />
QUE TIPOS DE SONS VOCÊ<br />
NÃO GOSTA?<br />
17
OLFATO<br />
OUTRA COISA QUE LOGO PUDERAM PERCEBER<br />
ERAM OS CHEIROS QUE DA MATA EMANAVAM<br />
NA MEDIDA EM QUE NELA ENTRAVAM:<br />
CHEIRO DE FOLHAS, TERRA, FLORES!<br />
VÁRIOS PERFUMES OS RODEAVAM CONFORME SE MOVIMENTAVAM.<br />
18
QUE CHEIRO VOCÊ SENTE<br />
ENQUANTO LÊ ESTE LIVRO?<br />
QUAIS SÃO OS SEUS<br />
CHEIROS FAVORITOS?<br />
DE QUAIS CHEIROS<br />
VOCÊ NÃO GOSTA?<br />
19
TATO<br />
LOGO TAMBÉM O CHÃO LHES CHAMOU ATENÇÃO:<br />
HAVIA FOLHAS SECAS, PEDRAS, TERRA E MATO...<br />
APROVEITARAM PARA OS TÊNIS DESCALÇAR<br />
E VÁRIAS SENSAÇÕES PUDERAM EXPERIMENTAR<br />
AO NO CHÃO COM OS PÉS DESCALÇOS PISAR.<br />
20
AHHH! QUE DELÍCIA!<br />
MAS ERA PRECISO ATENÇÃO, PARA NO PÉ NÃO LEVAR UM CUTUCÃO!<br />
E VOCÊ, GOSTA DE<br />
ANDAR DESCALÇO?<br />
QUE TAL TIRAR OS SAPATOS<br />
PARA CONTINUAR A LER ESTE LIVRO?<br />
VOCÊ COSTUMA ANDAR<br />
NA PONTINHA DOS PÉS?<br />
21
VISÃO<br />
DE REPENTE, A UMA CLAREIRA CHEGARAM.<br />
ERA UMA PAISAGEM LINDA DE SE ADMIRAR!<br />
DE PERTO, UM RIO COM ÁGUAS LIMPAS A CORRER.<br />
AO LONGE, MONTANHAS E ÁRVORES ERA SÓ O QUE PODIAM VER.<br />
NO CÉU, O SOL A BRILHAR E PÁSSAROS A VOAR.<br />
NO CHÃO, INSETOS A PASSEAR.<br />
22
O QUE VOCÊ ENXERGA<br />
AO SEU REDOR ENQUANTO<br />
ESTÁ LENDO ESTE LIVRO?<br />
VOCÊ ESTÁ COM<br />
A LUZ ACESA?<br />
23
24
VOCÊ PREFERE LUZ<br />
FRACA OU FORTE?<br />
VOCÊ GOSTA DE USAR CHAPÉU,<br />
OU ÓCULOS ESCUROS?<br />
25
PALADAR<br />
PARA TODA AQUELA BELEZA APROVEITAR, UMA PAUSA<br />
RESOLVERAM FAZER: A HORA JÁ IA LONGE E ERA PRECISO COMER!<br />
DAS MOCHILAS OS LANCHES SACARAM E O PIQUENIQUE<br />
ORGANIZARAM. VÁRIOS SABORES EXPERIMENTARAM,<br />
TEXTURAS E GULOSEIMAS COMPARTILHARAM.<br />
26
NA HORA DAS REFEIÇÕES, O QUE<br />
VOCÊ MAIS GOSTA DE COMER?<br />
VOCÊ PREFERE COMIDAS<br />
QUENTES OU FRIAS?<br />
VOCÊ GOSTA DE EXPERIMENTAR<br />
COMIDAS NOVAS?<br />
27
28
INTEROCEPÇÃO<br />
DEPOIS DE COMER, A BARRIGA CHEIA PUDERAM PERCEBER.<br />
ALÉM DE SACIAR A FOME, HAVIA MAIS UMA COISA PARA FAZER:<br />
AO BANHEIRO, TODOS FORAM A CORRER!<br />
MAS COMO NÃO TINHA BANHEIRO,<br />
CADA UM PROCUROU UM CANTINHO PARA SE ESCONDER<br />
E AS NECESSIDADES RESOLVER!<br />
COMO VOCÊ SABE<br />
QUANDO ESTÁ COM FOME?<br />
VOCÊ PERCEBE QUANDO ESTÁ<br />
NA HORA DE PARAR DE COMER?<br />
COMO VOCÊ SABE QUANDO<br />
PRECISA IR AO BANHEIRO?<br />
29
PROPRIOCEPÇÃO<br />
PIQUENIQUE TERMINADO, ERA HORA DE RECOMEÇAR.<br />
O RIO FORAM ATRAVESSAR PARA VER ONDE A TRILHA,<br />
NA OUTRA MARGEM, IRIA OS LEVAR.<br />
30
ALGUNS PREFERIRAM A PONTE, OUTROS O TRONCO,<br />
MAS A MAIORIA PREFERIU AS PEDRAS PULAR.<br />
QUAL FOSSE O CAMINHO, ERA PRECISO CONCENTRAÇÃO<br />
PARA NÃO CAIR COM UM ESCORREGÃO.<br />
VOCÊ CONSEGUE<br />
ANDAR EM LINHA RETA?<br />
CONSEGUE SE EQUILIBRAR PARADO<br />
COM OS DOIS PÉS JUNTOS?<br />
VOCÊ ESBARRA COM FREQUÊNCIA<br />
NOS OBJETOS E NAS PESSOAS?<br />
VOCÊ GOSTA DE PULAR?<br />
31
EQUILÍBRIO / SISTEMA VESTIBULAR<br />
SEGUINDO A TRILHA NA MARGEM DO RIO,<br />
UMA LINDA CACHOEIRA ENCONTRARAM.<br />
AS ROUPAS TIRARAM E NAS ÁGUAS SE BANHARAM.<br />
ERA UMA DELÍCIA NAS PEDRAS SUBIR E DESCER,<br />
SENTIR A ÁGUA DA CACHOEIRA PELO CORPO ESCORRER,<br />
PULAR, SALTAR, MERGULHAR.<br />
32
VOCÊ TEM MEDO DE ALTURA?<br />
VOCÊ GOSTA DE BRINCADEIRAS<br />
COM AVENTURAS?<br />
VOCÊ FICA TONTO QUANDO<br />
BRINCA DE GIRAR?<br />
33
TERMOCEPÇÃO / SISTEMA TÁTIL<br />
DEPOIS DE TANTA AVENTURA,<br />
ERA HORA DE O ACAMPAMENTO MONTAR.<br />
O SOL ESTAVA BAIXANDO E UM FRIOZINHO CHEGANDO...<br />
HORA DE SE PREPARAR,<br />
O DIA JÁ ESTAVA ACABANDO.<br />
34
COMO VOCÊ SABE<br />
QUE ESTÁ COM CALOR?<br />
COMO VOCÊ SABE<br />
QUE ESTÁ COM FRIO?<br />
VOCÊ CONSEGUE ABRIR E FECHAR<br />
BOTÕES SOZINHO? CONSEGUE FECHAR<br />
O ZÍPER DA SUA ROUPA?<br />
35
NOCICEPÇÃO / SISTEMA TÁTIL<br />
SEM LUZ E NO MEIO DO MATO,<br />
UMA FOGUEIRA PRECISARAM ACENDER.<br />
QUE COISA MAIS LINDA DE SE VER:<br />
O FOGO A ARDER E A NOITE ILUMINAR,<br />
O CÉU BEM ESCURO E AS ESTRELAS A BRILHAR.<br />
MAS, CUIDADO! É PERIGOSO COM FOGO BRINCAR,<br />
ELE PODE NOS QUEIMAR!<br />
36
VOCÊ PERCEBE O CALOR<br />
QUE VEM DO FOGO?<br />
VOCÊ FICA MUITO INCOMODADO<br />
COM ETIQUETAS DAS ROUPAS?<br />
VOCÊ FICA INCOMODADO<br />
QUANDO MACHUCA A PELE COM<br />
ARRANHÕES OU FERIDAS?<br />
37
ENTÃO, HISTÓRIAS COMEÇARAM A CONTAR<br />
E AS AVENTURAS DO DIA PUDERAM RELEMBRAR.<br />
POR FIM, FIZERAM UMA ORAÇÃO PARA AGRADECER<br />
A OPORTUNIDADE DE SENTIR O MUNDO<br />
E RODEADOS DE TANTA BELEZA E AMIGOS PODER VIVER!<br />
FIM<br />
38
39
40
O que são as sensações? Feche os olhos! Você consegue imaginar o mundo<br />
sem os seus sentidos e sem as suas sensações? O que seria de nós sem<br />
os cheiros, as cores, as formas, as texturas, os sons e toda uma gama de<br />
sensações que compõem nosso cotidiano? O nosso mundo é sensorial. Por<br />
meio dos receptores que estão em todo o nosso corpo, interpretamos os<br />
estímulos e respondemos a eles.<br />
Mas você sabe de que maneira os estímulos nos afetam? Considerando que<br />
cada indivíduo possui um sistema de processamento sensorial próprio e<br />
único, os sentidos nos acalmam, nos colocam em alerta, nos induzem à ação<br />
ou à inércia. Alguns deles exigem respostas rápidas e outros precisam ser<br />
esquecidos para que possamos seguir nossas vidas adiante. Somos movidos<br />
pelo que sentimos, sejam sensações de prazer ou de dor.<br />
E quanto ao “processamento sensorial”, você já ouvir falar sobre ele? Você<br />
sabe o que isso significa? O processamento sensorial é o mecanismo do corpo<br />
humano que possibilita processar os estímulos do ambiente externo e do<br />
próprio corpo de maneira funcional e adaptativa.<br />
41
Um processamento sensorial eficaz é necessário para quase todas as<br />
atividades que as pessoas realizam. Sua eficácia significa que o indivíduo<br />
recebe, processa e responde ao estímulo adequadamente. Devemos ser<br />
capazes de integrar as informações que recebemos de todos os nossos<br />
sentidos para entender o nosso entorno - e a nós mesmos - com sucesso.<br />
A interação social, o desenvolvimento das atividades motoras, a atenção e<br />
até mesmo a concentração dependem da nossa capacidade de processar<br />
adequadamente os nossos sentidos.<br />
Uma pessoa com disfunção do sistema sensorial<br />
tem dificuldade de processar informações<br />
advindas das entradas sensoriais de seu corpo<br />
- olhos (visão), ouvidos (som), pele (toque, dor,<br />
temperatura), nariz (cheiro), boca (gosto), músculos<br />
e articulações do corpo (consciência corporal)<br />
e ouvido interno (equilíbrio e posição do corpo no<br />
espaço) - e de responder adequadamente aos<br />
estímulos captados.<br />
O que ocorre com a grande maioria dos<br />
indivíduos com deficiência – Transtorno do<br />
Espectro Autista, Trissomia do Cromossomo<br />
21, entre outros - é justamente isto:<br />
apresentam disfunções de ordem sensorial.<br />
42
Nas páginas que seguem, à luz dos estudos de Angela J. Hanscom, Richard<br />
Louv e Anna Jean Ayres, buscamos apresentar algumas informações, em<br />
linguagem simplificada, sobre o sistema sensorial.<br />
As informações não encerram em si o tema, cujo estudo pode ser aprofundado<br />
em vasto material acadêmico e científico já disponível para interessados.<br />
Por isso, ao final, seguem sugestões de literatura para os que desejam uma<br />
abordagem mais profunda sobre o tema. É preciso lembrar, porém, que<br />
cada indivíduo é único e as informações e sugestões de atividades trazidas<br />
neste livro não dispensam, de forma alguma, uma análise profissional para a<br />
formulação de qualquer diagnóstico.<br />
Vamos, então, iniciar nossa jornada sobre os sentidos?<br />
Iniciamos a trilha falando sobre o sistema sensorial, que tem a função de captar<br />
estímulos, tanto do ambiente externo quanto do próprio corpo, e converter<br />
esses estímulos em impulsos elétricos que são encaminhados para o sistema<br />
nervoso central. Essas informações são interpretadas e, como resposta,<br />
transformadas em sensações, após o processamento dos estímulos recebidos.<br />
Traremos, a seguir, explicações introdutórias sobre os sistemas proximais e<br />
distais, sobre modulação, discriminação e integração sensoriais, para, enfim,<br />
falarmos a respeito de cada um dos sentidos, explanando sua função no<br />
organismo e possíveis impactos associados à sua disfunção. Também trazemos<br />
sugestões de atividades para trabalhar o desenvolvimento dos sentidos.<br />
43
SISTEMAS PROXIMAIS<br />
São sistemas que processam informações<br />
vindas do próprio corpo. São eles: vestibular,<br />
proprioceptivo e tátil.<br />
SISTEMAS DISTAIS<br />
São os sistemas que nos informam o que está vindo<br />
de fora do corpo, do ambiente externo, e nos dão consciência do mundo. São<br />
eles: visão, audição, gustação, olfação.<br />
MODULAÇÃO SENSORIAL<br />
Modulação sensorial é a habilidade do sistema nervoso central de ajustar<br />
a intensidade e a duração de um determinado estímulo ou de múltiplas<br />
sensações. Isto é, quando recebemos um estímulo tátil, como um toque, por<br />
exemplo, nosso cérebro precisa registrar e perceber essa sensação que chega<br />
pelos receptores da pele e enviá-la às partes superiores do cérebro.<br />
A modulação é uma função crítica, pois funciona como um “filtro”, um “volume”,<br />
que regula essa informação deixando-a “entrar” (excitação celular) ou não,<br />
inibindo as sensações que não são relevantes naquele momento. A modulação<br />
sensorial coordena os processos de excitação e inibição celular, mantendo-nos<br />
44
atentos aos estímulos relevantes e reduzindo a intensidade dos irrelevantes.<br />
DISCRIMINAÇÃO SENSORIAL<br />
Discriminação é a habilidade de interpretar as características temporais e<br />
espaciais dos diferentes estímulos sensoriais. É a habilidade que nos permite,<br />
por exemplo, localizar uma moeda dentro da bolsa, abotoar a blusa e girar o<br />
lápis rapidamente para usar a borracha na extremidade oposta, sem uso da<br />
visão.<br />
A boa discriminação das sensações de movimento pelo sistema vestibular<br />
nos informa se somos nós ou o ambiente que está em movimento, o que é<br />
essencial para a manutenção do equilíbrio e para a estabilidade do campo<br />
visual. A discriminação tátil nas mãos e nos dedos está relacionada à<br />
destreza e à habilidade com que usamos as mãos para manusear objetos<br />
e para escrever, por exemplo. Sem boa discriminação visual, a criança tem<br />
dificuldade para identificar letras parecidas, como d, b, p, por exemplo.<br />
INTEGRAÇÃO SENSORIAL<br />
A Teoria da Integração Sensorial,<br />
desenvolvida por Anna Ayres, busca<br />
explicar a relação entre o cérebro e o<br />
comportamento, procurando entender<br />
45
por que os indivíduos respondem de determinada forma aos estímulos<br />
sensoriais que recebem. O foco dos estudos é ajudar a regular, modular,<br />
coordenar e/ou organizar as sensações de forma adequada.<br />
A Disfunção de Integração Sensorial (DIS) acarreta uma “desordem” nas<br />
informações que nosso cérebro recebe, fazendo com que elas não sejam<br />
processadas de forma adequada. Quando um indivíduo apresenta disfunção<br />
no processamento sensorial, manifesta dificuldades em perceber, interpretar,<br />
regular e responder a estímulos sensoriais (de qualquer um dos sentidos) na<br />
execução de atividades da vida diária, como cuidados pessoais, alimentação,<br />
interação social, aprendizagem e brincadeiras.<br />
Alguns dos comportamentos observados em indivíduos com disfunções<br />
sensoriais são:<br />
• agitação e hiperatividade;<br />
• déficit no controle postural;<br />
• dificuldade de focar a atenção;<br />
• dificuldades de coordenação motora grossa e fina no manejo de objetos;<br />
• dificuldades para dormir;<br />
• não gosta de ficar de barriga para baixo;<br />
• pouca exploração de objetos e ambientes;<br />
• ansiedade.<br />
Há ainda a questão da hiperresponsividade e da hiporresponsividade dos<br />
sentidos aos estímulos. Na hiperresponsividade (hiperresposta), as informações<br />
são interpretadas pelo cérebro de forma exagerada e os estímulos são<br />
46
mais intensos. Nesses casos, normalmente a luz é percebida como mais clara/<br />
brilhante, o som como mais alto, o odor como mais forte, a sensação tátil como<br />
mais dolorosa. O cérebro de uma criança com hiperresponsividade recebe esses<br />
impulsos como uma ameaça, por isso a criança pode ter reações de luta, fuga ou<br />
congelamento.<br />
A hiporresponsividade (hiporresposta) acontece quando estímulos importantes<br />
não são percebidos e, por isso, não geram a reação esperada. A essa<br />
condição estão associados dois diferentes perfis. O primeiro é o dos sujeitos<br />
que desenvolvem uma busca constante por estímulos, sendo chamados de<br />
buscadores. A criança buscadora precisa de muito esforço para sentir o estímulo,<br />
então é comum que ela seja mais agitada, faça muita bagunça, tenha pouca<br />
resposta à dor e cheire tudo o que encontra. O segundo perfil associado à<br />
hiporresponsividade apresenta um comportamento mais apático, ausente ou<br />
lento devido à falta de reação aos estímulos.<br />
47
Por fim, é importante mencionar que a questão da disfunção sensorial não tem<br />
relação com distúrbios dos sentidos, como a surdez e a cegueira, por exemplo,<br />
que podem ser condições genéticas ou desencadeadas pelo acometimento de<br />
doenças.<br />
A seguir, discorremos sobre cada um dos sistemas sensoriais, separadamente.<br />
SISTEMAS SENSORIAIS<br />
• Sistema Tátil<br />
• Sistema Vestibular<br />
• Sistema Proprioceptivo<br />
• Sistema Interoceptivo<br />
• Sistema Auditivo<br />
• Sistema Gustativo<br />
• Sistema Visual<br />
• Sistema Olfativo<br />
1. SISTEMA TÁTIL<br />
Neste sistema, os sentidos são detectados por meio<br />
de receptores na pele. As informações desse sistema<br />
permitem que a criança sinta quando está sendo<br />
tocada e a qualidade desse toque. Também permitem<br />
que uma criança determine o que está tocando<br />
sem o uso de sua visão. A dificuldade na percepção<br />
tátil pode ter um impacto significativo no bem-estar<br />
emocional de uma criança. O processamento tátil<br />
é muito importante para desenvolver a<br />
consciência corporal, as habilidades de<br />
48
uso das mãos e o planejamento motor.<br />
Aspectos afetados pelo sistema tátil:<br />
• reações emocionais ao estar próximo aos outros;<br />
• atenção focada;<br />
• nível de atividade;<br />
• irritabilidade;<br />
• habilidades motoras orais;<br />
• habilidades manuais;<br />
• planejamento motor.<br />
Os papéis ocupacionais (que são as funções que o indivíduo desempenha no<br />
dia a dia, auxiliando na construção de identidades e relações sociais) podem<br />
ser interrompidos pela inadequação no processamento de estímulos táteis:<br />
Ex.1: dificuldade no desempenho de atividades diárias pode estar relacionada<br />
à integração inadequada de estímulos dos receptores táteis responsáveis por<br />
discriminação (a criança precisa tocar inúmeras vezes, para aprender sobre<br />
texturas e formas);<br />
Ex.2: desempenho pobre na escola pode ser resultado da dificuldade em<br />
manipular ferramentas de escrita e recorte;<br />
Ex.3: interações pobres com os colegas podem ser resultado de modulação<br />
inadequada da sensação tátil.<br />
49
A dor também está associada ao sistema tátil. Ela é resultado da ação de<br />
terminações nervosas (nociceptores) que desencadeiam a percepção da dor<br />
em resposta a um estímulo de potencial nocivo, de dano. A isso chamamos<br />
nocicepção.<br />
A nocicepção é um termo neurofisiológico que se refere aos mecanismos<br />
neurológicos através dos quais se detecta um estímulo lesivo. Dor e nocicepção<br />
não são termos sinônimos, já que a dor é um estado subjetivo. Assim, uma vez<br />
ativadas as vias nociceptivas que originarão a dor, outros fatores, tais como os<br />
sistemas endógenos de analgesia, o contexto no qual se produz a nocicepção e<br />
o estado afetivo prévio do indivíduo influem poderosamente na forma de sentir<br />
a dor. Portanto, a nocicepção é o mecanismo de percepção e condução do<br />
estímulo lesivo, enquanto a dor é a interpretação do estímulo.<br />
Além disso, o sistema tátil é responsável pela percepção da temperatura do<br />
ambiente. Isso ocorre devido a receptores sensoriais (termoceptores) que<br />
captam estímulos de natureza térmica, detectando variações térmicas muito<br />
pequenas. Os dois tipos são: os receptores de frio e os receptores de calor. Pela<br />
termocepção reconhecemos a sensação de calor e de frio em função do modo<br />
como os receptores térmicos respondem.<br />
2. SISTEMA VESTIBULAR<br />
Responsável por detectar o movimento através de receptores sensoriais no<br />
ouvido interno. Este sentido diz ao indivíduo quando ele está se movendo,<br />
a direção e a velocidade desse movimento. As atividades e informações<br />
vestibulares ajudam as crianças a desenvolver a postura, o equilíbrio e a<br />
50
coordenação. Esse sentido nos dá segurança gravitacional, a sensação de que<br />
podemos manter uma posição sem cair.<br />
Quando movemos nossa cabeça, o fluido em nosso ouvido interno se move e<br />
muda, fornecendo informações sobre a posição de nosso corpo no espaço. A<br />
dificuldade com o processamento vestibular pode desencadear na criança a<br />
necessidade de se mover constantemente para se sentir satisfeita, ou o medo<br />
do movimento, porque isso a deixa insegura ou desequilibrada. Também pode<br />
resultar em dificuldade de coordenação e planejamento de tarefas motoras.<br />
Aspectos afetados pelo sistema vestibular:<br />
• controle postural;<br />
• tônus muscular extensor;<br />
• segurança gravitacional;<br />
• coordenação motora bilateral;<br />
• sequências de ações projetadas;<br />
• controle motor ocular;<br />
• nível de excitação/alerta.<br />
O processamento inadequado de informações vestibulares pode<br />
afetar o desempenho e a participação da criança<br />
no meio social:<br />
51
Ex.1: a criança pode ter dificuldades para permanecer sentada na cadeira.<br />
Pode se escorar no outro e cair com frequência ao se mover pelo espaço;<br />
Ex.2: a participação em parquinhos, festas e esportes pode ser afetada tanto<br />
pelo pobre equilíbrio e controle postural, quando pelo medo de movimento.<br />
3. SISTEMA PROPRIOCEPTIVO<br />
A propriocepção intacta permite que uma criança determine a posição de<br />
seu corpo no espaço e regule a direção e a quantidade de força a ser usada<br />
ao se mover. Este sistema detecta estímulos através de receptores sensoriais<br />
nas articulações e músculos. O sentido proprioceptivo é estimulado quando<br />
a criança sente pressão ou movimenta os membros para empurrar, puxar,<br />
levantar ou se pendurar.<br />
Ao se envolver em atividades que oferecem estímulo proprioceptivo, uma<br />
criança pode mostrar atenção aprimorada e um nível de excitação mais<br />
regulado. Isso é benéfico para aprender, brincar, socializar e concluir tarefas<br />
diárias.<br />
Aspectos afetados pelo sistema proprioceptivo:<br />
• tônus muscular geral;<br />
• estabilidade articular proximal/cocontração;<br />
• controle postural;<br />
• planejamento motor;<br />
• uso manual.<br />
52
O processamento proprioceptivo inadequado pode limitar o desempenho e<br />
participação da criança no ambiente social:<br />
Ex.1: dificuldade para calibrar força enquanto manuseia objetos;<br />
Ex.2: dificuldade para jogos de construção;<br />
Ex.3: não apresentar planejamento motor de antecipação adequado para<br />
participar em brincadeiras com bola e esportes em grupo.<br />
4. SISTEMA INTEROCEPTIVO<br />
A interocepção é o sentido interno do corpo. Nos órgãos, nos músculos e<br />
na pele, temos receptores que fornecem diferentes tipos de informações a<br />
serem integradas pelo cérebro para um desempenho ocupacional<br />
adequado (por exemplo ao brincar, ao vestir-se, ao socializar<br />
com seus pares). Os receptores sensoriais estão localizados<br />
nos músculos, órgãos, ossos, articulações etc. e enviam<br />
sinais neurais para a ínsula localizada nas profundezas<br />
do cérebro.<br />
A interocepção permite sentir nossos órgãos internos e<br />
nos fornece informações sobre o estado interno do nosso<br />
corpo, ou seja, informa a temperatura corporal, a frequência<br />
cardíaca e respiratória, se temos dor, coceira, fome, sede,<br />
sensação de sono ou vontade de ir ao banheiro. Também a<br />
53
interocepção é responsável pela identificação de diferentes estados emocionais,<br />
de tal forma que nos permite saber se estamos calmos ou nervosos, se<br />
sentimos vergonha, estamos tristes, se temos medo... A interocepção conecta<br />
nossa emoção com o nosso corpo. O reconhecimento das sensações internas é<br />
essencial para atender às nossas necessidades básicas.<br />
Crianças com distúrbio de processamento sensorial apresentam dificuldades<br />
para processar informações recebidas pelos estímulos sensoriais. Isso significa<br />
que eles podem não ser capazes de detectar fome, sede, fadiga, emoções e até<br />
mesmo dor.<br />
Disfunções no processamento sensorial relacionadas ao sistema interoceptivo<br />
podem causar desafios significativos para as crianças, por exemplo:<br />
• reações intensas à fome ou necessidade de usar o banheiro. Eles podem<br />
até descrever a fome como sendo dolorosa;<br />
• falta de foco e atenção (porque estão preocupados com estímulos internos);<br />
• ansiedade extrema frente a pequenos dilemas;<br />
• sensação de náuseas;<br />
• uso frequente de banheiro, sem explicação médica ou clínica;<br />
• tolerância extremamente alta à dor;<br />
• desfralde tardio;<br />
• não sentem quando precisam ir ao banheiro;<br />
• não identificam sensação de fome;<br />
• não sabem quando estão satisfeitos após as refeições, ou comem demais,<br />
sem parar;<br />
• não reagem ao frio ou ao calor.<br />
54
Além das emoções e da autorregulação, outras funções executivas também<br />
podem ser afetadas, como:<br />
• autoconsciência;<br />
• capacidade de resolução de problemas;<br />
• tomada de perspectiva;<br />
• compreensão de regras sociais;<br />
• flexibilidade de pensamento;<br />
• intuição.<br />
5. SISTEMA AUDITIVO<br />
Esse sentido permite captar os sons que ouvimos,<br />
processá-los e criar uma resposta correta a eles.<br />
Determina se um som é alto e perigoso, ou silencioso<br />
e calmo. Os receptores sensoriais desse sentido estão<br />
localizados em uma região da orelha denominada de cóclea.<br />
Ele determina se um som é alto e perigoso ou silencioso e<br />
calmo. Esse sentido é importante para habilidades de<br />
escuta, comunicação e habilidades sociais.<br />
Problemas com o sistema auditivo podem<br />
resultar em informações incompreendidas<br />
ou produção de enunciados incompletos,<br />
com palavras faltantes. Também pode<br />
fazer com que a criança se sinta oprimida<br />
ou assustada por certos sons. Quando esses<br />
55
sons ocorrem, a criança costuma cobrir os ouvidos ou abaixar a cabeça. Outras<br />
crianças podem não ouvir os sons ao seu redor, o que pode desencadear o<br />
hábito de emitir sons, cantarolar ou cantar.<br />
A disfunção do sistema auditivo pode desencadear hipersensibilidade ou<br />
hipossensibilidade aos sons.<br />
Crianças hipersensíveis (evitam sensações):<br />
• choram, gritam ou ficam irritados com barulhos inesperados;<br />
• tapam os ouvidos ou se escondem em eventos sociais;<br />
• evitam barulhos de descargas de vasos sanitários e água corrente;<br />
• ficam incomodados com sons agudos como apito, violino ou giz de quadro;<br />
• ficam angustiados com sons metálicos como talheres batendo ou xilofone;<br />
• não gostam de sons altos.<br />
Crianças hipossensíveis (buscam sensações):<br />
• falam alto;<br />
• colocam instrumentos musicais perto dos ouvidos;<br />
• fazem sons altos em ambientes calmos;<br />
• gostam de barulhos como ventiladores, ar condicionado, água corrente;<br />
• preferem música ou barulhos altos.<br />
6. SISTEMA GUSTATIVO<br />
Permite que o indivíduo discrimine entre sabores e gostos de alimentos,<br />
como doce, azedo, salgado, amargo. O gosto é recebido através das papilas<br />
56
gustativas e células receptoras na língua. A dificuldade no processamento<br />
gustativo pode fazer com que a criança seja muito exigente, seletiva com<br />
os alimentos, ou anseie por informações orais, demonstrando, portanto,<br />
comportamentos desafiadores durante a hora da refeição.<br />
As atividades gustativas e as informações ajudam as crianças a adquirir<br />
hábitos alimentares e de bebida, bem como a categorizar ou identificar os<br />
alimentos com base em seu respectivo sabor, textura, temperatura.<br />
Crianças hipersensíveis (evitam sensações):<br />
• evitam certas texturas de comidas;<br />
• dificuldade para experimentar novas comidas;<br />
• dificuldade para usar canudo;<br />
• ânsia de vômito, frequentemente baba e engasga;<br />
• problemas com mastigação/deglutição;<br />
• evitam comidas moles.<br />
Crianças hipossensíveis (buscam sensações):<br />
• têm preferência por certas comidas;<br />
• preferência por comidas quentes e<br />
picantes;<br />
• mordem frequentemente;<br />
• roem unha;<br />
• colocam objetos na boca, mordem a mobília, lápis e<br />
brinquedos.<br />
57
7. SISTEMA VISUAL<br />
O sistema visual permite ver e detectar objetos. Os olhos captam as<br />
informações e o cérebro as interpreta. O sistema visual trabalha em estreita<br />
colaboração com os outros sentidos para nos ajudar a navegar e localizar<br />
objetos com segurança em nossos ambientes. Atividades visuais ajudam as<br />
crianças a desenvolver a percepção visual. Distúrbios no processamento visual<br />
podem afetar significativamente o desempenho escolar de uma criança.<br />
Crianças hipersensíveis (evitam sensações):<br />
• evitam luz solar e brilhos;<br />
• dores de cabeça, tonturas e enjoos quando usam a visão;<br />
• medo de objetos em movimento;<br />
• não gostam de contato ocular direto;<br />
• dificuldade de diferenciar tons/contrastes;<br />
• dificuldade para determinar distância;<br />
• esfregam os olhos;<br />
• tampam os olhos, olham de esguio.<br />
Crianças hipossensíveis (buscam sensações):<br />
• olham fixamente para luzes/sol;<br />
• olham fixamente para objetos em<br />
movimento;<br />
• seguram objetos próximos de si para olhar;<br />
• não percebem a presença de novas pessoas ou<br />
objetos no ambiente;<br />
58
• se perdem na leitura;<br />
• procuram estímulos visuais como ventiladores, peões, cercas, texturas.<br />
8. SISTEMA OLFATIVO<br />
O olfato nos ajuda a diferenciar entre milhares de odores diferentes e<br />
determinar se eles são perigosos, desagradáveis, agradáveis, fortes ou fracos.<br />
Receptores sensoriais em nosso nariz captam informações sobre os odores ao<br />
nosso redor e enviam as informações para nosso cérebro. O olfato intervém<br />
na percepção dos sabores dos alimentos que experimentamos. Também está<br />
ligado às nossas memórias e pode afetar nosso humor. O sentido do olfato é<br />
muito importante para a ligação de um bebê com seu cuidador. Esse sentido<br />
também é protetor contra toxinas e outras substâncias que eliminam odores.<br />
A dificuldade em processar informações olfativas pode desencadear nas<br />
crianças um anseio por cheiros e a não identificação de cheiros seguros ou<br />
perigosos. Outras podem engasgar ou vomitar com odores que a maioria das<br />
pessoas não percebe ou que considera desagradáveis. Crianças com aversão a<br />
cheiros podem ter problemas na hora das refeições.<br />
Crianças hipersensíveis (evitam sensações):<br />
• evitam alguns tipos de cheiro;<br />
• ficam agoniados/agitados com alguns tipos de cheiros;<br />
• engasgam com certos cheiros/comidas;<br />
• falam para as outras pessoas que elas estão cheirando mal;<br />
• comidas não são atraentes para eles;<br />
59
• evitam alguns alimentos devido ao cheiro;<br />
• evitam locais públicos;<br />
• não gostam de ser abraçadas ou ficar perto de outras pessoas.<br />
Crianças hipossensíveis (buscam sensações):<br />
• gostam de cheiros fortes;<br />
• cheiram objetos que parecem estranhos para os outros;<br />
• preferem comidas com cheiro forte;<br />
• frequentemente cheiram pessoas;<br />
• dificuldade de identificar cheiros;<br />
• não identificam cheiros perigosos;<br />
ESTRATÉGIAS QUE PODEM AJUDAR<br />
NA MODULAÇÃO SENSORIAL<br />
Como já foi mencionado, as informações trazidas nesta obra<br />
são introdutórias, sendo que literatura é vasta e a área<br />
da terapia ocupacional é um campo de pesquisa em<br />
pleno desenvolvimento. A leitura deste livro<br />
também não dispensa análises clínicas e<br />
acompanhamento de profissionais<br />
habilitados para intervenções e<br />
práticas terapêuticas.<br />
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Embora baseadas em estudos e em evidências, as informações são<br />
simplificadas, a fim de auxiliar pais e educadores que estejam encarregados<br />
da guarda e da educação de crianças ou de adultos com deficiências. Com<br />
esse intuito, sugerimos, a seguir, estratégias que podem ser utilizadas para<br />
minimizar dificuldades sensoriais.<br />
SISTEMA PROPRIOCEPTIVO<br />
Empurrar/carregar/puxar objetos pesados, fazer flexões de parede, puxar<br />
cadeiras, subir em equipamentos de playground, comer comida crocante, fazer<br />
caminhadas com animais, enrolar a criança em cobertor (burrito rolando).<br />
SISTEMA VESTIBULAR<br />
Utilizar prancha de scooter (ou skate), andar de balanço, rolar no chão, equilibrar<br />
o corpo em bola de pilates, dar cambalhota, pendurar-se de cabeça para baixo<br />
no equipamento do playground, jogar “cabeça, ombros, joelhos e dedos dos pés”,<br />
andar em linha reta, andar em slackline, pular na cama elástica.<br />
SISTEMA TÁTIL<br />
Pintar com os dedos, utilizar caixas sensoriais, receber massagem na pele,<br />
andar descalço na areia, grama ou folhas, utilizar caneta vibratória, manejar<br />
areia cinética, fazer compressões articulares, brincar com bandeja de areia,<br />
brincar com espuma de banho ou de barbear, manusear livros de toque e<br />
sensação, brincar com água.<br />
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SISTEMA GUSTATIVO<br />
Explorar texturas, sabores e temperatura dos alimentos, mascar chiclete, tomar<br />
milk-shake através de um canudo, comer frutas ácidas.<br />
SISTEMA AUDITIVO<br />
Cantar, assobiar, ouvir música, ouvir a natureza, utilizar máquina de som, fones<br />
de ouvido com cancelamento de ruído, fonte de água.<br />
SISTEMA VISUAL<br />
Estimular brincadeiras com caleidoscópio, bastões luminosos, lâmpadas<br />
de lava, aquário, garrafas sensoriais, labirintos, ponto a ponto, mesa de luz,<br />
lâmpadas coloridas, lentes coloridas para ambientes fechados, “espaço seguro”<br />
com visuais mínimos, luzes fracas.<br />
SISTEMA OLFATIVO<br />
Utilizar óleos essenciais de cheiro, pulseira ou colar de óleo difusor, bolhas<br />
perfumadas, adesivo de arranhão e cheiro.<br />
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LITERATURA SUGERIDA<br />
• AYRES, Anna Jean. Sensory Integration and Learning Disorders. Los Angeles, CA: Western<br />
Psychological Services, 1972.<br />
Livro que aborda a teoria desenvolvida pela autora Anna Jean Ayres, a Terapia da Integração<br />
Sensorial, considerando-a como uma especialidade da terapia ocupacional.<br />
• HANSCOM, Angela. Descalços e Felizes. Lisboa, Portugal: Livros Horizonte, 2018.<br />
Neste livro, a autora explica as razões por que o movimento livre e a brincadeira ao ar livre<br />
são cruciais para o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças e ainda oferece estratégias<br />
divertidas e interessantes para garantir que as crianças se tornem adultos saudáveis,<br />
equilibrados e resilientes.<br />
• HARPER, Nevin J.; ROSE, Kathryn; SEGAL, David. Nature-Based Therapy: A practitioner’s<br />
Guide to Working Outdoors with Children, Youth, and Families Paperback. Gabriola Island, BC:<br />
New Society Publishers, 2019.<br />
Um livro que explora a capacidade de cura da natureza, explicando como as terapias<br />
podem ter grandes resultados se aliadas aos ambientes naturais. Recomendado para pais,<br />
jovens, conselheiros, terapeutas, educadores que trabalham em ambientes educacionais e<br />
terapêuticos.<br />
• LOUV, Richard. A última criança na natureza: resgatando nossas crianças do transtorno de<br />
déficit de natureza. São Paulo: Editora Aquariana, 2016.<br />
Aborda pesquisas que relacionam a presença da natureza na vida das crianças com o seu<br />
bem-estar físico, emocional, social, espiritual e acadêmico. O livro oferece caminhos práticos s<br />
simples para reestabelecer a conexão da criança com a natureza.<br />
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• LOUV, Richard. Vitamin N: The Essential Guide To a natural Rich Life. Chapel Hill, NC:<br />
Algonquin Books, 2016.<br />
Um livro que aborda diversas práticas para que o leitor se conecte com o poder e a alegria<br />
da natureza, podendo, com isso, obter benefícios como aumento da acuidade mental e da<br />
criatividade, redução de obesidade e depressão, promoção da saúde e bem-estar.<br />
• PIORSKI, Gandhy. Brinquedos do chão: a natureza, o imaginário e o brincar. São Paulo: Ed.<br />
Peirópolis, 2016.<br />
Livro que explora a imaginação do brincar e sua ligação com os quatro elementos da natureza<br />
- água, ar, terra e fogo – estabelecendo o vínculo entre os quatro elementos e os brinquedos.<br />
64
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daniela taRtaRi BRUSCo nasceu em 17 de julho de 1978, na cidade de Sananduva/<br />
RS. É formada em Direito, cursou a Faculdade de Letras, e trabalha como produtora<br />
cultural e escritora. Em 2019 teve seus primeiros livros publicados pela Editora<br />
Bichinho, a “Coleção AEIOU” composto por 6 livros infantis. Pela mesma editora,<br />
também foram publicados seus livros “Os Guardiões das Araucárias” (2021),<br />
“Paradouro Kids – O Livro” (2022) e “Os Guardiões das Águas (2023)”. Em 2024,<br />
publica pela Coleção Lobo Down, os livros “<strong>Meus</strong> 8 <strong>Sentidos</strong>” e “Quem tem Medo<br />
do Lobo Down”, que é dedicado ao seu filho Davi, que tem Síndrome de Down e<br />
adora histórias de lobos.<br />
Renata gUiZZo neRY nasceu em 05 de dezembro de 1983, na cidade de<br />
Sananduva/RS. É graduada em Física, especializada em Psicomotricidade e<br />
Psicopedagogia Clínica e Institucional. Também possui especialização em Autismo,<br />
certificada internacionalmente pelo ICDL na abordagem DIRFLOORTIME 202,<br />
e está concluindo a graduação em Terapia Ocupacional. Atua em clínica, com<br />
intervenção psicomotora voltada ao público infantojuvenil. Em 2021, participou<br />
da publicação do livro “Neurodesenvolvimento infantil em contato com a<br />
natureza”, publicado pela Editora Quipá, e, em 2022, pela mesma editora, do<br />
livro “A Natureza da Criança: Diálogos com Vigotski e Bronfenbrenner”. Ambas<br />
as publicações trazem experiências e relatos de como atividades de trilhas em<br />
família contribuíram para o desenvolvimento de seu filho Rafael, diagnosticado<br />
com TEA em 2017.<br />
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letÍCia loSSo nasceu em Tangará/SC em 1982 e desde os cinco anos mora em<br />
Florianópolis/SC. Ilustradora, formada em moda pela Unisul também com<br />
graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina,<br />
tem como técnica de desenho preferida trabalhar com luz, sombra e volumes a<br />
partir de lápis de cor aquarelável. Profissionalmente, prestou consultoria de moda<br />
para uniformes especiais e figurinista de dança, meio artístico onde viveu por mais<br />
de 20 anos como bailarina de sapateado e ballet clássico, com apresentações em<br />
grandes festivais, como o de Joinville, Floripa Tap e Prêmio Desterro. Toda sua<br />
trajetória contribuiu tanto para criação de suas artes quanto para a construção<br />
de cenários e personagens em livros como “Os Guardiões das Araucárias”, “Os<br />
Guardiões das Águas”, “A Rosa Kaingang”, “ Quem tem medo do Lobo Down” e<br />
“<strong>Meus</strong> 8 <strong>Sentidos</strong>”.<br />
67
Conteúdo Digital<br />
Acesse o conteúdo digital do livro e o livro com recursos de<br />
acessibilidade no QR code abaixo, ou no site da Editora:<br />
www.editorabichinho.com.br/colecaolobodown<br />
68
Este livro rompe a barreira tradicional e, de<br />
maneira leve, lúdica e divertida, o leitor é<br />
convidado a passear na natureza e a conhecer<br />
seus 8 sentidos. Recomendados para crianças<br />
a partir de 2 anos de idade, os livros da Coleção<br />
Lobo Down (Quem tem Medo do Lobo Down<br />
e <strong>Meus</strong> 8 <strong>Sentidos</strong>) são indicados para quem quer conhecer um<br />
pouco mais sobre deficiências.<br />
Conteúdo digital<br />
Acesse o conteúdo digital do livro e o livro com recursos<br />
de acessibilidade no QR code abaixo, ou no site da Editora:<br />
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