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V1-CAP 01

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DOMÍNIO BACTERIA<br />

REINO MONERA<br />

REINO MONERA<br />

Bactérias<br />

(Germes e Micróbios)<br />

Número de espécies<br />

No mundo: cerca de 4.200<br />

No Brasil: ?<br />

Conhecidas no estado de São Paulo: ?<br />

Estimadas no estado de São Paulo: ?<br />

Microbispora sp.*<br />

Foto: Elisa Espósito<br />

actérias são organismos relativamente simples, microscópicos, cujo<br />

material genético não está envolvido por uma membrana nuclear (células<br />

procarióticas) Possuem importância indiscutível na sustentabilidade da<br />

biosfera e têm um papel preponderante nos ciclos biogeoquímicos. As<br />

espécies bacterianas são definidas filogeneticamente, empregando-se para tal a relação<br />

evolutiva entre seqüências de genes conservados, notadamente o RNA ribossômico 16S<br />

(rRNA 16S), e o grau de similaridade entre os genomas dos organismos (homologia<br />

DNA:DNA). A incrível versatilidade metabólica das bactérias justifica a sua ocorrência em<br />

diferentes ambientes e condições de sobrevivência. O número de espécies descritas na<br />

literatura, cerca de 4.200, a maioria representada por organismos cultivados, está muito<br />

aquém do estimado, representando menos de 1% do total de espécies existentes na natureza.<br />

Os estudos de levantamentos ecológicos e os registros sobre a diversidade de bactérias no<br />

estado de São Paulo são escassos, requerendo, portanto, um estímulo à execução de projetos<br />

temáticos e catalogação sistemática da diversidade de bactérias, complementada com esforços<br />

de análise e síntese do papel destes microrganismos no funcionamento de ecossistemas.<br />

* Micrografia eletrônica de varredura de actinomiceto em solo.


DIVERSIDADE NO DOMÍNIO BACTERIA<br />

VANDERLEI PEREZ CANHOS 1 , GILSON PAULO MANFIO 2 ,<br />

ROSANA FILOMENA VAZOLLER 2,3 & VIVIAN HELENA PELLIZARI 4<br />

1 Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas,<br />

Rua Professor Zeferino Vaz, s/nº, 13081-970 Campinas, SP, e-mail: vcanhos@bdt.org.br<br />

2 Coleção de Culturas Tropical, Fundação André Tosello,<br />

Rua Latino Coelho, 13<strong>01</strong>, 13087-<strong>01</strong>0 Campinas, SP, e-mail: gilson@bdt.org.br<br />

3 Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo<br />

Av. Dr. Carlos Botelho, 1465, 13560-970 São Carlos, SP, e-mail: vazoller@uol.com.br<br />

4 Instituto de Ciências Biomédicas II, Universidade de São Paulo,<br />

Cidade Universitária, 05508-900 São Paulo, SP, e-mail: vivianp@usp.br<br />

1. Introdução<br />

1<br />

Bactérias constituem um grupo de microrganismos de ocorrência cosmopolita nos mais diversos hábitats.<br />

Apresentam uma enorme diversidade de vias metabólicas, reunindo organismos especializados na utilização de<br />

compostos orgânicos (heterotróficos e organotróficos) ou inorgânicos como fonte de energia (quimiorganotróficos<br />

e litotróficos), e aqueles capazes utilizar luz como fonte de energia no metabolismo (fototróficos).<br />

Estudos baseados na análise direta da diversidade bacteriana em amostras ambientais através de métodos<br />

moleculares, sem a etapa de isolamento e cultivo, têm revelado um novo cenário sobre a distribuição de<br />

microrganismos no meio ambiente. Os resultados indicam que alguns grupos do Domínio Bacteria apresentam<br />

distribuição cosmopolita, ao passo que outros parecem estar restritos a ambientes particulares (Schlegel &<br />

Jannasch, 1992). Alguns dos grupos filogenéticos de distribuição cosmopolita são bem conhecidos a partir de<br />

estudos de isolamento e cultivo, ao passo que outros são ainda pouco conhecidos/estudados ou não foram ainda<br />

detectados através de cultivo. Os representantes de Proteobacteria (bactérias púrpura fotossintéticas), Cytophagales<br />

(grupo dos Bacteroides/Cytophaga/Flexibacter) e as duas divisões de organismos Gram-positivos (Actinobacteria e<br />

Gram-positivos de baixo conteúdo de G+C), de distribuição cosmopolita, são exemplos de organismos bem<br />

conhecidos através de representantes cultivados. Em contraste, organismos das Divisões Acidobacterium, bactérias<br />

verdes não-sulfurosas e Verrucomicrobia, que também apresentam distribuição cosmopolita, evidenciada por estudos<br />

de seqüências de rRNA 16S clonadas do meio ambiente, são pouco representados por organismos cultivados e,<br />

conseqüentemente, pouco se sabe sobre a sua biologia e propriedades em geral (Hugenholtz et al., 1998a).<br />

Organismos litotróficos e as comunidades que eles suportam contribuem significativamente para a química<br />

da biosfera, atuando nos ciclos biogeoquímicos e processos de lixiviação de rochas e formação de solos. O<br />

metabolismo litotrófico, com produção de energia a partir de compostos inorgânicos, tais como hidrogênio e<br />

compostos reduzidos de ferro e enxofre, é mais amplamente distribuído entre os grupos filogenéticos de<br />

Bacteria e Archaea que as formas de metabolismo fototrófico e organotrófico (Kandler, 1994; Pace, 1997).<br />

Ambientes que permitem a ocorrência de organismos litotróficos, tais como habitats abaixo da superfície terrestre<br />

e os habitats geotermais, são mais prevalentes na Terra que ambientes ricos em matéria orgânica. Considerando a<br />

importância do metabolismo litotrófico nos processos ambientais, é notável a relativa falta de informação sobre<br />

a diversidade e biologia destes organismos e sobre as comunidades que eles suportam. Fatores que contribuem<br />

para a falta de conhecimento são as limitações para o isolamento e cultivo destes em laboratório. De modo geral,<br />

a descrição de comunidades microbianas requer o emprego de técnicas que não envolvam o cultivo em laboratório,<br />

uma vez que apenas uma pequena fração (


4<br />

V.P. Canhos et al.<br />

além das 12 divisões descritas por Woese (1987), baseadas principalmente em seqüências de rRNA 16S de<br />

organismos cultivados, 12 novas divisões putativas, descritas em estudo recente envolvendo a análise de seqüências<br />

de rDNA 16S isoladas diretamente do meio ambiente (Hugenholtz et al., 1998a), e 12 linhas de descendência<br />

descritas em outros estudos (Maidak et al., 1997). O termo “divisão” é definido como um grupo filogenético<br />

contendo duas ou mais seqüências de rDNA 16S reprodutivelmente monofiléticas e não afiliadas com os outro<br />

grupos filogenéticos que integram o Domínio Bacteria (Hugenholtz et al., 1998a,b).<br />

Durante a última década, a taxonomia de bactérias sofreu grandes mudanças. Novas categorias de informações<br />

de valor taxonômico potencial se tornaram disponíveis (e.g., quimiotaxonomia, composição de bases de DNA,<br />

hibridização DNA-DNA, ribotipagem etc.) e possibilitaram a diferenciação de organismos antes alocadas em<br />

grupos heterogêneos, assim como a revelação de dissimilaridades antes não detectadas. Outro fator importante<br />

foram os avanços recentes em técnicas de análises filogenéticas. Filogenia é atualmente uma base importante na<br />

classificação de bactérias. O uso integrado de características fenotípicas e genotípicas, denominado taxonomia<br />

polifásica, está tornando possíveis grandes avanços na classificação de bactérias.<br />

A nomenclatura de bactérias é controlada pelo “Código de Nomenclatura de Bactérias” (Lapage et al.,<br />

1975), sendo o nome do táxon bacteriano baseado na prioridade de publicação válida, legítima e efetiva. Desde<br />

<strong>01</strong> de janeiro de 1980, a prioridade de designar nomes a novas espécies de bactérias é baseada na “Approved List<br />

of Bacterial Names”, que compilou os nomes válidos até aquela data, e nas “Validation Lists”, publicadas<br />

trimestralmente no International Journal of Systematic Bacteriology (IJSB), que compilam os novos nomes<br />

descritos em trabalhos científicos publicados no próprio IJSB e em outros periódicos científicos.<br />

Nos quatro volumes do Bergey’s Manual of Systematic Bacteriology (Krieg & Holt, 1984; Sneath & Holt, 1986;<br />

Staley & Holt, 1989; Williams et al., 1989), são descritos 33 agrupamentos ou seções de microrganismos que<br />

compreendem os representantes dos Domínios Bacteria e Archaea, sendo uma seção dedicada exclusivamente<br />

às Archaea (Staley & Holt, 1989). Nos manuais de Bergey é descrito um total de 384 gêneros de bactérias nas<br />

outras 32 seções. Atualmente (dados de outubro/98), bactérias e archaeas compreendem um total de 4.167<br />

espécies com descrição taxonômica válida, distribuídas em 791 gêneros (http://www.dsmz.de/bactnom/<br />

bactname.htm). A classificação hierárquica dos táxons no Domínio Bacteria pode ser encontrada no site do NCBI<br />

Taxonomy Homepage (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Taxonomy/tax.html).<br />

2. Diversidade bacteriana<br />

A Figura 1 mostra as divisões alocadas no Domínio Bacteria, de acordo com a classificação filogenética<br />

construída com base na comparação de seqüências do rRNA 16S (Madigan et al., 1997), apresentando o estado da<br />

arte em 1987, em contraste com a classificação recentemente compilada por Hugenholtz et al. (1998a). Os<br />

estudos filogenéticos, até o momento, não foram capazes de resolver a ordem das ramificações das divisões no<br />

Domínio Bacteria. A diversidade bacteriana é vista como uma radiação “em leque” de diferentes grupos<br />

filogenéticos, representados pelas divisões; à exceção da divisão Aquificales, que ramifica-se mais profundamente<br />

nas árvores filogenéticas da maioria dos estudos (Hugenholtz et al., 1998a,b). Algumas das principais divisões do<br />

Domínio Bacteria, segundo uma compilação de vários autores (Woese, 1987; Logan, 1994; Madigan et al., 1997;<br />

Hugenholtz et al., 1998a; Tortora et al. 1998a, b), são descritas a seguir.<br />

Aquificales: Compreende a divisão com radiação mais profunda no Domínio Bacteria, cujos organismos<br />

são comumente associados a ambientes geotermais. Todas as seqüências de Aquificales recuperadas diretamente<br />

de amostras ambientais são provenientes de habitats com temperaturas elevadas. Os organismos isolados e<br />

cultivados em laboratório são termófilos e quimiotróficos, metabolizando hidrogênio.<br />

Thermotogales: Compreendem bacilos hipertermófilos anaeróbios, cuja temperatura ótima de crescimento<br />

é 80ºC. Uma espécie cultivada caracteriza esse grupo, Thermotoga maritima, cuja célula apresenta morfologia<br />

bastante peculiar, destacando-se a presença de um envoltório, além da parede celular.<br />

Thermus/Deinococcus: Os representantes desta Divisão são encontrados no solo e no ar. São organismos<br />

Gram-positivos, porém filogeneticamente distantes do grupo das bactérias Gram-positivas. Espécies de Deinococcus<br />

são altamente resistentes a radiação ionizante (até 30.000 Gy). Linhagens de Thermus spp. são termófilas extremas.


Bacteria<br />

Figura 1. Representação radial dos grupos filogenéticos de Bacteria conhecidos em 1987 (figura menor, baseada em<br />

Woese, 1987) e em 1997 (baseado em Hugenholtz et al., 1998a). Os setores em cunha indicam a ocorrência de duas ou<br />

mais seqüências representativas naquele nível de radiação. Doze novas divisões, indicadas como OP1 a OP12, são propostas<br />

com base em dados de estudos recentes (Hugenholtz et al., 1998a). Figura reproduzida com permissão da American<br />

Society for Microbiology.<br />

Espiroquetas: Em geral, são organismos de vida livre, encontrados em ambientes aquáticos, com<br />

metabolismo anaeróbio e aeróbio facultativo. O formato das células é típico, revelando uma estrutura delgada,<br />

flexível e helicoidal. São classificados em 6 gêneros, com base em seu habitat, patogenicidade e características<br />

morfo-fisiológicas, a saber: Borrelia, Cristispira, Leptonema, Leptospira, Spirochaeta e Treponema. Alguns organismos<br />

deste grupo são agentes de enfermidades graves, como, por exemplo, o Treponema pallidum, causador da sífilis.<br />

Bactérias verdes sulfurosas (green sulfur bacteria): A morfologia dessas bactérias é bastante diversa,<br />

incluindo bacilos sem motilidade, espirilos e cocos. São encontradas em sistemas aquáticos e locais que contêm<br />

enxofre elementar, como águas termais ou sedimentos de lagos e rios. São organismos estritamente anaeróbios e<br />

fototróficos obrigatórios. Os compostos reduzidos de enxofre sustentam o metabolismo energético nos organismos<br />

das espécies do gênero Chlorobium e Pelodictyon.<br />

Cytophagales: Grupo fisiologicamente diverso, incluindo bactérias anaeróbias estritas do gênero Bacteroides,<br />

aeróbias estritas do gênero Sporocytophaga, e uma grande variedade de bacilos com movimento deslizante, como<br />

as espécies do gênero Cytophaga. Compreende organismos quimiorganotróficos, encontrados na água e no solo,<br />

sendo algumas espécies celulolíticas. Organismos do gênero Flavobacterium são bastante conhecidos pela atividade<br />

de deterioração de alimentos.<br />

Planctomycetes: São bactérias aeróbias, encontradas em ambientes aquáticos, alocadas nos gêneros Pirella<br />

e Planctomyces. Estes organismos não apresentam peptidioglicano na parede celular. As células encontram-se,<br />

5


6<br />

V.P. Canhos et al.<br />

muitas vezes, aderidas à superfície de substratos pelo auxílio de estruturas celulares externas características, tais<br />

como hastes, hifas ou apêndices citoplasmáticos. Alguns organismos podem apresentar reprodução por brotamento.<br />

Chlamydia: São bactérias parasitas obrigatórias, patógenos de animais e humanos, alocados em três espécies:<br />

Chlamydia pneumoniae, C. psittaci e C. trachomatis. A morfologia celular é esférica regular, com cerca de 1 µm de<br />

diâmetro, e os organismos apresentam, sob condições ideais, um ciclo de vida de 48 h.<br />

Bactérias Gram-positivas com Baixo Teor de G+C: As bactérias Gram-positivas são separadas em dois<br />

grandes grupos, filogeneticamente distintos, cujos organismos podem ser, de maneira geral, discriminados de<br />

acordo com o teor de guanina e citosina (G+C) no DNA.<br />

O grupo dos organismos com baixo teor de G+C é bastante heterogêneo e compreende bacilos, cocos e<br />

organismos pleomórficos com reação de coloração celular Gram-positiva, com exceção das espécies de Mycoplasma,<br />

organismos que não apresentam parede celular. Congrega os organismos do gênero Clostridium, as bactérias<br />

formadoras de ácido lático (Lactobacillus spp., Lactococcus spp.) e vários cocos (Ruminococcus spp., Peptococcus spp.,<br />

Peptostreptococcus spp., Sarcina spp. e Staphylococcus spp.). O metabolismo inclui homo- e hetero-fermentação e<br />

respiração, sendo alguns organismos micro-aerófilos, anaeróbios facultativos ou anaeróbios estritos. Os Grampositivos<br />

formadores de esporos podem ser exemplificados pelos gêneros Bacillus, Clostridium e Sporosarcina.<br />

Bactérias Gram-positivas com Alto Teor de G+C ou Actinobacteria: A Divisão Actinobacteria<br />

(Stackebrandt et al., 1997) compreende o grupo dos organismos com alto teor de G+C da família Actinomycetales<br />

e gêneros relacionados.<br />

Sem dúvida, os actinomicetos possuem aspectos morfológicos e de ciclo celular diferenciados dos demais<br />

organismos Gram-positivos. Em geral, são aeróbios, não são móteis na fase vegetativa e apresentam pleomorfismo<br />

em alguma fase do ciclo celular, podendo formar filamentos. São divididos em 8 grupos. Exemplos comuns são<br />

os organismos do gêneros Arthrobacter, Corynebacterium, Nocardia, Rhodococcus, Streptomyces e Mycobacterium. Os<br />

actinomicetos incluem ainda os organismos microaerófilos/anaeróbios obrigatórios e formadores de ácido<br />

propiônico, alocados nos gêneros Actinomyces, Bifidobacterium e Butyrivibrio.<br />

Cyanobacteria (blue green algae): As cianobactérias são organismos fototróficos oxigênicos<br />

compreendendo várias espécies formadoras de filamentos. São organizadas em 5 subdivisões, que compreendem<br />

gêneros como Anabaena, Dermocarpa e Oscillatoria, encontradas em ambientes aquáticos e terrestres. Algumas<br />

espécies são fixadoras de nitrogênio. Um exemplo é o gênero Prochloron, um simbionte marinho.<br />

Proteobacteria (bactérias púrpuras): Constituem o maior e mais diverso grupo de bactérias cultivadas,<br />

alocadas em 5 subdivisões: alfa (a), beta (b), gama (g), delta (d) e epsilon (e). Os organismos alocados nesses<br />

grupos apresentam coloração Gram-negativa e uma enorme diversidade de morfologia e metabolismo, mesmo<br />

dentro de uma mesma radiação filogenética.<br />

O grupo alfa compreende a maioria das bactérias púrpura não-sulfurosas e organismos não-fotossintéticos<br />

com metabolismo diverso. As radiações dentro da subdivisão alfa são geralmente correlacionadas com propriedades<br />

fenotípicas, destacando-se os grupos das nitrificantes (Nitrobacter spp.) e denitrificantes (Rhodopseudomonas spp.),<br />

organismos com capacidade de fixação de nitrogênio (gêneros Bradyrhizobium, Rhizobium e outros), parasitas<br />

intracelulares de células eucarióticas (gêneros Bartonella e Rochalimaea). Organismos formadores de prosteca,<br />

como Caulobacter e Prosthecomicrobium, também são alocados nesta subdivisão.<br />

No grupo beta estão alocadas as espécies de Rhodocyclus, Spirillum, Thiobacillus e Zymomonas, entre outros 12<br />

gêneros definidos.<br />

O grupo gama compreende os gêneros Chromatium, Escherichia e outras bactérias entéricas, além de Legionella,<br />

Vibrio e outros 9 gêneros.<br />

O grupo delta reúne os gêneros Bdellovibrio, Myxococcus e bactérias redutoras do íon sulfato (sulphate-reducing<br />

bacteria).<br />

No grupo epsilon estão alocados os gêneros Campylobacter, Helicobacter, Thiovulum e Wolinella.<br />

As proteobactérias apresentam grande diversidade de morfologia celular e fisiologia. As estratégias para<br />

obtenção de energia são várias, incluindo organismos com metabolismo quimiolitotrófico, quimiorganotróficos e<br />

fototrófico, além de outras vias metabólicas especializadas em organismos adaptados a nichos ecológicos diversos<br />

(e.g., Thiobacillus spp.).


Bacteria<br />

Divisões Bacterianas Abundantes, Porém Pouco Conhecidas<br />

Acidobacterium: Divisão recentemente reconhecida, compreendendo três espécies de bactérias cultivadas:<br />

Acidobacterium capsulatum (Hiraishi et al., 1995), um organismo heterotrófico aeróbio moderadamente acidófilo,<br />

Holophaga foetida (Liesack et al., 1994), um aneróbio estrito fermentador de compostos aromáticos; e Geothrix<br />

fermentans (Lonergan et al., 1996), um anaeróbio estrito fermentador de acetato, além de diversas seqüências<br />

ambientais isoladas de aqüíferos contaminados, água do mar profunda, lago de água doce, mangue e, principalmente,<br />

de solos (Kuske et al., 1997; Ludwig et al., 1997). A ocorrência de seqüências de organismos da Divisão Acidobacterium<br />

em diversos estudos ambientais sugere que estes microrganismos são componentes ecológicos significativos em<br />

diversos ecossistemas, particularmente em comunidades de solo (Hugenholtz et al., 1998a).<br />

Bactérias Verdes Não-Sulfurosas: Grupo constituído por organismos com amplo espectro fenotípico,<br />

incluindo representantes cultivados com metabolismo fototrófico anóxico (Chloroflexus spp.) e organotrófico<br />

termófilo (Herpetosiphon aurantiacus, Sphaerobacter thermophilus e Thermomicrobium roseum). Espécies de Chloroflexus<br />

são metabolicamente versáteis, pois podem também se desenvolver no escuro, como organismos<br />

quimiorganotróficos, sob condições aeróbias. A diversidade metabólica destes organismos e a ocorrência de<br />

organismos não-cultivados em diversos habitats, incluindo aqüíferos, ambientes geotermais e marinhos, sedimentos<br />

e solo, sugerem que estes organismos possam ter um papel ecológico importante nestes ambientes.<br />

Verrucomicrobia: Divisão recentemente proposta (Hedlund et al., 1997), com alguns gêneros de organismos<br />

cultivados, incluindo Verrucomicrobium spinosum, Prosthecobacter spp., isolados de água doce, e linhagens de<br />

ultramicrobactérias (organismos com aproximadamente 0.1 µm 3 em volume), isoladas de solo (Janssen et al., 1997).<br />

Estudos de seqüências ambientais indicam que Verrucomicrobia, assim como os organismos da Divisão Acidobacterium,<br />

são abundantes e amplamente distribuídos na natureza, particularmente em solos. Estimativas para alguns<br />

representantes deste grupo (linhagem EA25 da subdivisão 2 de Verrucomicrobia), através de PCR, são da ordem de<br />

10 7 a 10 8 células por grama de solo, aproximadamente 1 a 10% da contagem microbiana total (Lee et al., 1996).<br />

Divisão OP11: A Divisão OP11 representa um grupo candidato de microrganismos recentemente proposta<br />

(Hugenholtz et al., 1997, 1998a,b), para a qual não existem ainda linhagens cultivadas. Seqüências de OP11 foram<br />

detectadas em vários estudos independentes conduzidos em habitats diversos, tais como diferentes tipos de<br />

solo, sedimentos de água doce, subsolo profundo e fontes termais, sugerindo que estes organismos possam<br />

desempenhar papéis ecológicos importantes (Hugenholtz et al., 1998a).<br />

3. Estado do conhecimento<br />

O desenvolvimento de novas técnicas de detecção e caracterização de microrganismos a partir do emprego<br />

da metodologia de PCR (polymerase chain reaction) - incluindo a detecção e classificação de microrganismos a partir<br />

de seqüências de rRNA 16S amplificadas a partir de DNA/RNA extraído de comunidades microbianas, e do<br />

emprego de técnicas de hibridização com sondas grupo-específicas diretamente em amostras de DNA/RNA<br />

das mesmas comunidades - permitiu grandes avanços na detecção e caracterização taxonômica dos<br />

microorganismos em ambientes naturais.<br />

Os avanços na utilização de técnicas moleculares para o estudo in situ estão abrindo novas fronteiras no<br />

estudo da ecologia microbiana (Amann et al., 1995). A primeira tentativa de caracterização da diversidade microbiana<br />

presente em uma amostra ambiental, através da análise do rRNA, ocorreu aproximadamente há uma década atrás.<br />

Nestes estudos, o rRNA 5S de amostras provenientes de ambientes diferenciados, como bactérias simbiontes de<br />

invertebrados quimioautotróficos e bactérias de uma fonte termal a 95 ºC, foi extraído e analisado por eletroforese.<br />

Mais tarde, moléculas de rRNA 16S e 23S passaram a ser empregadas, uma vez que oferecem maior informação,<br />

uma vez que as sequências têm aproximadamente 1.500 e 3.000 nucleotídeos, respectivamente, com grau de<br />

conservação suficiente para permitir a análise filogenética da informação molecular. Após o advento da metodologia<br />

de PCR, fragmentos de rRNA 16S passaram a ser amplificados seletivamente, a partir de amostras de DNA total<br />

extraído da amostra de interesse (Amann et al., 1995).<br />

O DNA e o RNA podem ser extraídos diretamente das populações microbianas e analisados através de<br />

diferentes técnicas moleculares para determinação da complexidade da comunidade e a identificação dos seus<br />

7


8<br />

V.P. Canhos et al.<br />

membros. Diferentes estratégias podem ser empregadas para a análise da diversidade genética microbiana em<br />

uma amostra ambiental, tais como a clonagem e o seqüenciamento de fragmentos de rDNA 16S amplificados por<br />

PCR (Amann et al., 1995; Pace et al., 1985), ou através da análise direta da diversidade de seqüências no pool de<br />

fragmentos, através de métodos eletroforéticos de alta resolução. Esta última abordagem representa uma nova<br />

estratégia para a análise da diversidade microbiana, baseada na eletroforese de fragmentos relativamente pequenos<br />

de rDNA 16S (~500 pares de bases), amplificados por PCR, e analisados em gel de poliacrilamida contendo um<br />

gradiente linear de agentes desnaturantes. Na análise de “DGGE” (denaturing gradient gel electrophoresis), o pool de<br />

produtos de PCR amplificados a partir de uma amostra ambiental, contendo fragmentos de rDNA 16S de mesmo<br />

comprimento, mas com seqüências de bases diferentes, pode ser separado de acordo com o comportamento de<br />

desnaturação particular de cada fragmento, relacionado ao conteúdo total de G+C e à distribuição destas ao<br />

longo do fragmento. O resultado final é um padrão de bandas de DNA, distribuído ao longo do gradiente de<br />

desnaturação do gel, de acordo com os respectivos pontos de desnaturação específicos de cada fragmento.<br />

A análise de DGGE tem sido usada no estudo da diversidade bacteriana em diferentes ambientes, tais como<br />

biorreatores experimentais, água e sedimentos de fontes termais e outros ambientes extremos, assim como nos<br />

estudos de estrutura e dinâmica de comunidades microbianas aquáticas, como bacterioplancton de água doce. A<br />

metodologia de DGGE proporciona ainda a possibilidade de isolamento e seqüenciamento de bandas distintas,<br />

permitindo a análise filogenética dos membros da comunidade (Muyzer et al., 1996; van Elsas et al., 1998).<br />

No Brasil, Rosado et al. (1998) empregaram a técnica de DGGE para estudar a diversidade do gene nifH de<br />

linhagens isoladas de Paenibacillus spp. e organismos presentes em amostras de solo. Amostras de rizosfera de<br />

solos de várzea e cerrado brasileiro de Minas Gerais foram estudadas, demonstrando a diversidade dos genes<br />

nifH nas diferentes populações de P. azotofixans. A diversidade de P. azotofixans associados a diferentes partes de<br />

plantas de milho cultivadas em solos brasileiros também foi caracterizada através de métodos de tipagem molecular<br />

(Seldin et al., 1998).<br />

Estudos envolvendo amplificação, clonagem e seqüenciamento de rRNA 16S, realizados em amostras de<br />

solos amazônicos, revelaram a ocorrência de microrganismos pouco comuns em amostras ambientais e<br />

demonstraram também o impacto do desmatamento sobre a diversidade microbiana. Os resultados demonstraram<br />

o predomínio de organismos do Domínio Bacteria (98) em relação a Archaea (2), sendo que algumas seqüências<br />

sugerem a existência de um novo grupo de Proteobacteria (Bornema & Triplett, 1997).<br />

Algumas propriedades de organismos ainda não-cultivados e/ou desconhecidos podem ser inferidas com<br />

base nas propriedades de organismos cultivados filogeneticamente relacionados. As seqüências de rRNA 16S<br />

podem também servir como modelo para o desenho de sondas moleculares para a detecção e estudo destes<br />

organismos na natureza. A aplicação de métodos moleculares na caracterização de comunidades microbianas na<br />

natureza vem permitindo uma expansão significativa da extensão do conhecimento sobre diversidade microbiana.<br />

Seqüências isoladas do meio ambiente são raramente idênticas a seqüências de organismos isolados e cultivados,<br />

sugerindo que o nosso conhecimento da estrutura filogenética da biosfera microbiana com base em estudos de<br />

isolamento e cultivo é seriamente limitado.<br />

A enorme diversidade e riqueza de organismos do Domínio Bacteria é amplamente reconhecida, porém o<br />

inventário é pobre. Como anteriormente observado, menos de 1% do total de espécies existentes é conhecido.<br />

Isto torna a diversidade dessas espécies um enigma a ser desvendado<br />

De acordo com Tiedje (1994), as seguintes questões devem ser consideradas nos estudos sobre diversidade<br />

microbiana:<br />

· O que avaliar nos estudos sobre diversidade de microrganismos?<br />

· Qual a extensão (ordem de grandeza) dessa diversidade em nosso planeta?<br />

· Qual a distribuição espacial de microrganismos? Uma amostra de solo no Brasil possui a mesma diversidade<br />

de organismos que uma amostra de solo da Austrália, por exemplo?<br />

· Qual o impacto destas diferenças sobre a sustentabilidade da biosfera e potencial de novas descobertas<br />

em biotecnologia?<br />

· Quais os métodos mais apropriados para desvendar a diversidade bacteriana?


Bacteria<br />

Frente a estas questões e suas implicações, é muito importante, sobretudo, a definição de “espécie” bacteriana,<br />

pois o termo é menos preciso para organismos procariontes do que para eucariontes. Para responder estas<br />

questões tornam-se necessários inventários em diferentes níveis de resolução taxonômica, abrangendo desde o<br />

nível macro-evolutivos (e.g., Divisões e Famílias) até a caracterização da diversidade infra-específica de populações<br />

(subespécies e genótipos).<br />

Outras questões a serem abordadas:<br />

· É possível isolar e/ou cultivar os organismos estudados nos diferentes ambientes? Qual a importância<br />

de associações interespecíficas?<br />

· Qual a importância ecológica de organismos “raros” em diferentes comunidades bacterianas?<br />

· Existe especialização em organismos simbiontes associados a animais e plantas?<br />

Maiores esforços para ampliar o conhecimento sobre a diversidade microbiana e filogenia de bactérias são<br />

fundamentais para a exploração de novos isolados de interesse ambiental e industrial (Istock et al 1996). É<br />

preciso também evidenciar a importância da taxonomia em estudos sobre a evolução das espécies. Segundo estes<br />

autores, há mais de três séculos os naturalistas procuram descrever as formas divergentes de vida na Terra para<br />

explicar a evolução, mas a descrição das células procarióticas, que parece primordial para os estudos evolutivos,<br />

está apenas iniciando.<br />

A ênfase dada à sistemática molecular microbiana nos últimos anos parece ser uma resposta mais rápida ao<br />

entendimento da diversidade bacteriana, somando-se, sem dúvida, às práticas tradicionais para a compreensão da<br />

estrutura e função fisiológica das células procarióticas. A taxonomia tradicional não deve prevalecer, pois a<br />

identificação de espécies não é meramente uma questão de denominar uma espécie bacteriana, mas de situá-la,<br />

sobretudo, em seu contexto ecológico. Análises fenotípicas e genotípicas combinadas (taxonomia polifásica), são<br />

fundamentais no esclarecimento da diversidade bacteriana.<br />

No estado de São Paulo, tomando-se como exemplo os estudos desenvolvidos em ecologia microbiana<br />

que resultaram no isolamento e taxonomia polifásica de bactérias, observa-se uma predominância de estudos de<br />

bactérias patogênicas presentes em sistemas aquáticos. São relatados estudos sobre víbrios patogênicos em<br />

amostras de Crassostrea gigas e mexilhões (Perna perna) do litoral de São Paulo (Matté, 1993), com a identificação de<br />

linhagens de Vibrio alginolyticus, V. cholerae não-O:1, V. fluvialis (somente detectado em ostras), V. furnissii, V.<br />

mimicus, V. parahemolyticus e V. vulnificus; detecção de V. cholerae O:1 e não-O:1 em amostras de diferentes localidades<br />

do estado de São Paulo, através da amplificação de genes codificadores para toxinas específicas por PCR (Rivera<br />

et al. 1995); detecção de Salmonella e Vibrio cholerae O:1 em análises de avaliação sanitária de águas em diversas<br />

localidades de São Paulo (Rivera & Martins, 1996); e o isolamento e identificação de Aeromonas spp. (A. caviae, A.<br />

hydrophila, A. jandaei e A. sobria) em amostras de água e sedimento da Represa de Guarapiranga (Matté, 1995).<br />

A Companhia de Tecnologia de Saneamento do Estado de São Paulo (CETESB) se destaca na condução de<br />

trabalhos para identificação de microrganismos de importância ambiental e sanitária, particularmente na avaliação<br />

de bactérias patogênicas em águas continentais e costeiras (Sanchez, 1986) e bactérias anaeróbias estritas (Desulfovibrio<br />

sp. e Desulfotomaculum sp.; Vazoller et al., 1988).<br />

Alguns grupos de pesquisas no estado de São Paulo vêm desenvolvendo estudos de microbiologia aplicada<br />

voltada para a ecologia microbiana e a exploração tecnológica da diversidade de microrganismos, incluindo a<br />

aplicação de bactérias em biorremediação ambiental de áreas poluídas (Pellizari et al, 1996) e resíduos de pesticidas<br />

(Esposito et al., 1998), biodigestão de compostos recalcitrantes em efluentes industriais (Souza et al., 1991;<br />

Vazoller, 1995, 1997), biotransformação (Cagnon et al., 1998), estudo sistemático de fitopatógenos de importância<br />

agrícola (Robbs, 1981; Jabuonsky et al., 1986; Malavolta-Júnior, 1996; Beretta et al., 1997; Machado et al., 1997;<br />

Rosato et al., 1998), e bactérias ambientais contaminantes de importantes processos de produção industrial<br />

(Pinhati et al., 1997).<br />

Dentre os grupos de pesquisa inter-institucionais no estado de São Paulo atuantes em sistemática molecular<br />

bacteriana com aplicações ambientais, destacam-se:<br />

· CCT/Fundação André Tosello e FEA/UNICAMP: Diversidade, bioprospecção, taxonomia polifásica e<br />

preservação de microrganismos de importância ambiental e agro-industrial (C. Y. Umino, S. Y. Eguchi, G.<br />

P. Manfio e V. P. Canhos);<br />

9


10<br />

V.P. Canhos et al.<br />

· CETESB, CBMEG/UNICAMP e CCT/Fundação André Tosello: Diversidade molecular de tiobacilos<br />

em ambientes antrópicos (L. M. M. Ottoboni, M. I. Z. Sato, G. S. Valent, N. C. Stoppe, C. M. Rech, C. A.<br />

Coimbrão e G. P. Manfio);<br />

· IBSBF, CBMEG/UNICAMP e CCT/Fundação André Tosello: Diversidade de bactérias fitopatogênicas<br />

(J. R. Neto, S. A. L. Destéfano, L. O. S. Beriam, V. A. Malavolta Júnior, I. Gatti de Almeida, Y. B. Rosato,<br />

F. Fantinatti e G P. Manfio);<br />

· ICB/USP e CCT/Fundação André Tosello: Caracterização de bactérias endofíticas fixadoras de nitrogênio<br />

e bactérias associadas a húmus (C. A. Moreira-Filho, C. Pavan e M.-A. van Sluys, H. R. Barbosa e G. P.<br />

Manfio);<br />

· ICB/USP e Escola de Engenharia São Carlos/USP: Diversidade de bactérias associadas à degradação de<br />

compostos recalcitrantes (V. H. Pellizari, R. Vazoller, E. Esposito, R. Montone, M. Bicego, I. N. G.<br />

Rivera e E. Foresti).<br />

4. Conservação ex-situ<br />

A caracterização taxonômica polifásica de bactérias, é fundamental para a identificação dos principais<br />

componentes do microbiota envolvido em processos ambientais e para o estudo da diversidade biológica (fenotípica<br />

e genômica) e funcional dos mesmos. O depósito destes recursos genéticos em coleções ex-situ, possibilita a<br />

realização de estudos complementares posteriores e o acúmulo de conhecimento científico sobre a diversidade<br />

bacteriana do estado de São Paulo e a potencial exploração tecnológica destes organismos em aplicações<br />

biotecnológicas e agro-industriais.<br />

Via de regra, o acesso à informações integradas sobre acervos/publicações científicas é difícil e boa parte<br />

dos microrganismos estudados em projetos desenvolvidos com recursos públicos são perdidos, devido ao<br />

emprego de métodos de preservação inadequados e à falta de política institucional de apoio à manutenção de<br />

acervos científicos. Salvo raras exceções, microrganismos isolados de ecossistemas do estado de São Paulo não<br />

estão disponíveis para estudos comparativos e aplicações biotecnológicas.<br />

Merecem destaque especial a Coleção de Culturas Tropical (CCT), da Fundação André Tosello, e a Coleção<br />

de Bactérias Fitopatogênicas do Instituto Biológico (IBSBF), da Seção de Bacteriologia Fitopatológica, Instituto<br />

Biológico, Campinas.<br />

A Coleção de Culturas Tropical (CCT) conta com infra-estrutura física adequada para a realização de<br />

trabalhos de taxonomia polifásica e preservação de microrganismos. Esta capacitação permite a realização de<br />

trabalhos de caracterização convencional (micromorfologia e caracterização bioquímica), quimiotaxonômica (análise<br />

de componentes de parece celular) e molecular (RAPD, ribotipagem, ARDRA e seqüenciamento de rDNA 16S),<br />

assim como a preservação de microrganismos por liofilização e criogenia. A CCT está ampliando as instalações<br />

para atuar como um centro depositário de material biológico associado a processos de patentes, sob credenciamento<br />

do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), e também como centro de deposito de acervos<br />

especializados de diversidade microbiana de biomas brasileiros, visando a atender aos requerimentos da nova Lei<br />

de Acesso a Recursos Genéticos (em tramitação no Congresso Nacional) e aos compromissos assumidos na<br />

implementação da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB). A CCT possui um acervo com mais de<br />

6.500 linhagens de interesse industrial e ambiental de microrganismos não-patogênicos ao homem (bactérias,<br />

fungos e leveduras; nível de contenção P2). O acervo CCT inclui linhagens-tipo relevantes para estudos<br />

taxonômicos, assim como linhagens-referência para testes de desinfecção, esterilização e testes de desafio ao<br />

ataque por microrganismos associados à biodeterioração e biocorrosão. Ao longo da última década, fruto do<br />

trabalho de pesquisa associado ao desenvolvimento de teses de Pós-graduação e pesquisas aplicadas, a CCT<br />

estruturou várias coleções especializadas de microrganismos associados a ecossistemas paulistas, incluindo um<br />

relevante acervo de microrganismos coletados na Reserva Ecológica Juréia-Itatins e um acervo de organismos<br />

associados à produção agrícola e processamento industrial da cana-de-açúcar no estado de São Paulo. Mais<br />

recentemente, a equipe da CCT, em colaboração com a Faculdade de Engenharia de Alimentos/Unicamp, vem<br />

realizando estudos ecológicos do microbiota associado a doenças de plantas cítricas e processos industriais de


Bacteria<br />

produção de sucos concentrado de laranja. As informações disponíveis sobre as linhagens depositadas na CCT<br />

estão estruturadas no sistema SDMS (Strain Database Management System), um sistema de banco de dados interativo<br />

que permite a realização de buscas sobre nomes, códigos da linhagem em outras coleções de cultura, origem,<br />

taxonomia, ecologia, propriedades e aplicações das linhagens do acervo, inclusive as referências bibliográficas.<br />

O sistema SDMS está disponível para consulta on-line na Internet no endereço http://www.bdt.org.br/cct/.<br />

A Coleção de Bactérias Fitopatogênicas do Instituto Biológico (IBSBF), da Seção de Bacteriologia<br />

Fitopatológica, Instituto Biológico, possui infra-estrutura para a caracterização convencional e preservação de<br />

bactérias associadas a doenças de cultivares de planta de interesse agrícola. A Seção atende a solicitações de<br />

interessados e processa cerca de 200 amostras por mês. Os dados do acervo IBSBF estão informatizados e<br />

disponíveis on-line em parceria estabelecida com a Base de Dados Tropical (BDT), no endereço http://<br />

www.bdt.org.br/bdt/ibsbf/. Ao longo dos últimos 20 anos, a coleção do IBSBF construiu o melhor arquivo de<br />

bactérias fitopatogênicas do país e hoje a coleção conta com mais de 1.000 linhagens identificadas e preservadas<br />

por liofilização. É um acervo único, de grande relevância para o mapeamento de patógenos de plantas e agrobiodiversidade.<br />

Os acervos da CCT e IBSBF encontram-se também listados no Catálogo Nacional de Linhagens<br />

– Bactérias (Canhos et al., 1989).<br />

5. Recomendações<br />

Visando o fortalecimento de grupos atuantes em taxonomia polifásica de bactérias no estado de São Paulo,<br />

recomenda-se:<br />

· Estruturação de uma rede cooperativa de laboratórios e especialistas em microbiologia sistemática e<br />

taxonomia polifásica de bactérias, voltada principalmente para a caracterização e identificação de isolados<br />

de importância ambiental, agrícola e industrial;<br />

· Estruturação de acervos representativos da diversidade microbiana associada aos ecossistemas do estado<br />

de São Paulo;<br />

· Estabelecimento de um programa de treinamento, com cursos de curta e média duração, destinados à<br />

formação de pessoal em nível técnico e/ou universitário, com foco em taxonomia polifásica, ecologia<br />

microbiana e exploração tecnológica da diversidade microbiana;<br />

· Disponibilização através da Internet de métodos e protocolos em taxonomia polifásica, bases de dados<br />

com características taxonômicas e tecnológicas de linhagens de interesse industrial e ambiental; e<br />

· Realização de estudos e publicação de resultados de trabalhos científicos nas áreas específicas de atuação<br />

dos participantes do projeto, enfocando o aspecto de aplicação prática dos conhecimentos gerados na<br />

exploração tecnológica da diversidade microbiana do estado de São Paulo.<br />

6. Bibliografia<br />

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