Revista_Comdevit-2.pdf - IJSN - Governo do Estado do Espírito Santo
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74<br />
ARTIGOS<br />
• Melhorar o acesso das municipalidades e das<br />
autoridades metropolitanas a recursos para financiar<br />
investimentos.<br />
• Definir o papel <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong> no financiamento<br />
de investimentos e na provisão de serviços.<br />
Essa lista soa familiar? Será apenas uma mera<br />
coincidência que o debate internacional sobre o financiamento<br />
metropolitano aponte para problemas<br />
semelhantes aos que se discute hoje em dia no Brasil?<br />
A resposta é não. A semelhança não é uma mera<br />
coincidência, mas a dimensão <strong>do</strong>s problemas e a<br />
importância de cada um deles variam conforme as<br />
particularidades de cada país no que diz respeito<br />
à organização político-administrativa e à maneira<br />
como se dá a repartição de atribuições e de poderes<br />
entre os governos, bem como as relações que<br />
se estabelecem entre eles.<br />
No caso brasileiro, as distorções <strong>do</strong> nosso federalismo<br />
fiscal assumem uma posição <strong>do</strong>minante<br />
no âmbito das questões que geram obstáculos à<br />
melhoria <strong>do</strong> financiamento metropolitano; por isso,<br />
esse assunto irá merecer maior atenção neste artigo.<br />
2 – O FINANCIAMENTO METROPOLITANO<br />
NO CONTExTO DO FEDERALISMO<br />
FISCAL BRASILEIRO<br />
Embora a reforma constitucional de 1988 te-<br />
nha amplia<strong>do</strong> consideravelmente o poder e a ca-<br />
pacidade financeira <strong>do</strong>s municípios brasileiros,<br />
os constituintes de então negligenciaram a importância<br />
de terem, naquele momento, promovi<strong>do</strong><br />
uma reforma mais abrangente que substituísse<br />
o modelo implanta<strong>do</strong> pela Constituição de<br />
1967 por um novo regime fiscal-federativo mais<br />
adequa<strong>do</strong> aos novos tempos.<br />
As consequências dessa opção se fazem sentir<br />
em alguns traços marcantes <strong>do</strong> comportamento das<br />
finanças locais na última década, que se expressam<br />
na sensibilidade, na instabilidade, nos desequilíbrios<br />
e na rigidez <strong>do</strong>s orçamentos municipais.<br />
A sensibilidade das receitas municipais aos<br />
ciclos econômicos nacionais varia em conformidade<br />
com a importância que as principais fontes<br />
de recursos apresentam na composição <strong>do</strong>s orçamentos<br />
de distintas categorias de municípios.<br />
Em regra geral, o tamanho da população é uma<br />
variável determinante das diferenças de comportamento,<br />
mas há outros elementos importantes,<br />
como a natureza da base econômica (em especial<br />
a importância da atividade industrial) e a categoria<br />
<strong>do</strong> município – se for capital estadual ou integrante<br />
de importante região metropolitana, ou<br />
não se enquadrar em nenhuma dessas categorias.<br />
Na maioria <strong>do</strong>s municípios de pequeno e de<br />
médio porte, em que a dependência <strong>do</strong> FPM e<br />
da cota-parte <strong>do</strong> ICMS é grande, as receitas evoluem<br />
em consonância com o ciclo da economia<br />
nacional, isto é, perdem dinamismo em momentos<br />
de forte desaceleração <strong>do</strong> crescimento <strong>do</strong> PIB<br />
e vice-versa. Como o ICMS responde mais imediatamente<br />
a mudanças no ciclo que a base <strong>do</strong><br />
FPM (esta responde com alguma defasagem em<br />
decorrência <strong>do</strong> esvaziamento <strong>do</strong> IPI e <strong>do</strong> maior<br />
peso <strong>do</strong> IR na sua formação), a inversão <strong>do</strong> ciclo<br />
é sentida imediatamente e com mais intensidade<br />
naqueles municípios em que o ICMS for o<br />
componente mais importante de seus orçamentos.<br />
Nos municípios de maior porte, a influência<br />
<strong>do</strong> comportamento da economia também se expressa<br />
por meio <strong>do</strong> desempenho <strong>do</strong> ICMS e das<br />
receitas tributárias próprias, pois o FPM tem pouca<br />
expressão nesses casos.<br />
Não obstante a linha geral de comportamento<br />
exibida, situações individuais são frequentemente<br />
afetadas por alterações nas regras que determi-