DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO ...
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<strong><strong>DE</strong>PARTAMENTO</strong> <strong>DE</strong> <strong>TAQUIGRAFIA</strong><br />
<strong>REVISÃO</strong> E <strong>REDAÇÃO</strong><br />
SESSÃO: 151.2.52.O<br />
DATA: 09/07/04<br />
TURNO: Matutino<br />
TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD<br />
LOCAL: Plenário Principal - CD<br />
INÍCIO: 9h24min<br />
TÉRMINO: 12h52min<br />
DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA <strong>REVISÃO</strong><br />
Hora Fase Orador<br />
10:51 PE ANTONIO CARLOS MEN<strong>DE</strong>S THAME<br />
12:36 CP PAES LANDIM<br />
Incluídos os seguintes discursos: do Deputado Antonio Carlos Mendes Thame<br />
proferido na Sessão Solene da Câmara dos Deputados nº 127, realizada em 17 de<br />
junho de 2004; do Deputado Daniel Almeida proferido na Sessão Ordinária da<br />
Câmara dos Deputados nº 138, realizada em 28 de junho de 2004; do Deputado<br />
Daniel Almeida proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 139,<br />
realizada em 29 de junho de 2004; do Deputado Antonio Carlos Mendes Thame<br />
proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 140, realizada em 30<br />
de junho de 2004; do Deputado Paes Landim proferido na Sessão Ordinária da<br />
Câmara dos Deputados nº 140, realizada em 30 de junho de 2004; do Deputado<br />
Paes Landim proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 142,<br />
realizada em 1º de julho de 2004.
CÂMARA DOS <strong>DE</strong>PUTADOS<br />
Ata da 151ª Sessão, em 09 de julho de 2004<br />
Presidência dos Srs. ...................................................................<br />
...................................................................<br />
...................................................................<br />
...................................................................<br />
...................................................................<br />
...................................................................<br />
...................................................................<br />
...................................................................<br />
...................................................................<br />
...................................................................<br />
...................................................................<br />
ÀS 9 HORAS E 24 MINUTOS HORAS COMPARECEM OS SRS.:<br />
João Paulo Cunha<br />
Inocêncio Oliveira<br />
Luiz Piauhylino<br />
Geddel Vieira Lima<br />
Severino Cavalcanti<br />
Nilton Capixaba<br />
Ciro Nogueira<br />
Gonzaga Patriota<br />
Wilson Santos<br />
Confúcio Moura<br />
João Caldas
CÂMARA DOS <strong>DE</strong>PUTADOS - <strong>DE</strong>TAQ <strong>REDAÇÃO</strong> FINAL<br />
Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Zequinha Marinho) - Não havendo quorum regimental<br />
para abertura da sessão, nos termos do § 3° do art. 79 do Regimento Interno,<br />
aguardaremos até meia hora para que ele se complete.<br />
O Sr. Zequinha Marinho, § 2º do art. 18 do<br />
Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é<br />
ocupada pelo Sr. B. Sá, § 2º do art. 18 do Regimento<br />
Interno.<br />
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sessão.<br />
trabalhos.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
I - ABERTURA DA SESSÃO<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (B. Sá) - Havendo número regimental, declaro aberta a<br />
Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos<br />
O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.<br />
II - LEITURA DA ATA<br />
O SR. PAES LANDIM, servindo como 2° Secretário, procede à leitura da ata<br />
da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (B. Sá) - Passa-se à leitura do expediente.<br />
O SR. ..........................................................., servindo como 1° Secretário,<br />
procede à leitura do seguinte<br />
III - EXPEDIENTE<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (B. Sá) - Finda a leitura do expediente, passa-se ao<br />
IV - PEQUENO EXPEDIENTE<br />
Concedo a palavra ao Sr. Deputado Zequinha Marinho.<br />
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O SR. ZEQUINHA MARINHO (PSC-PA. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no apagar das luzes deste período, voltamos à<br />
tribuna desta Casa para fazer uma rápida reflexão sobre a PEC nº 438, que deveria<br />
ter sido votada ontem, dia 8 de julho, mas que, por força das circunstâncias, teve de<br />
ser adiada para votação no mês de agosto.<br />
A PEC nº 438 foi elaborada para tentar caracterizar o que é e o que não é<br />
trabalho escravo no Brasil. Hoje, a sociedade organizada procura, de todas as<br />
formas, corrigir alguns erros cometidos através de leis que venham regulamentar<br />
assuntos tão relevantes como este.<br />
Na verdade, não existe no Brasil aquilo que a sociedade chama de fato<br />
trabalho escravo; o que há são dificuldades de o trabalhador ter acesso a melhores<br />
condições de transporte, de saúde, disso, daquilo e daquilo outro, mas, graças a<br />
Deus, já não se faz o que se fazia há cento e tantos anos neste País, quando coisas<br />
absurdas eram cometidas em nome da normalidade e da legalidade.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero refletir com V.Exas., nesta<br />
manhã, exatamente sobre de que forma este País vai extinguir o trabalho<br />
degradante, se não for por uma vontade maior da sociedade, da classe política e<br />
principalmente do Poder Executivo — do Governo Federal, dos Governos Estaduais<br />
e das Prefeituras.<br />
A taxa de juro altíssima, a mais alta do mundo, que segura o crescimento da<br />
economia, impede a iniciativa privada de trabalhar, crescer, gerar emprego, renda e<br />
desenvolvimento; contribui de forma efetiva e direta para o trabalho degradante, com<br />
as piores condições possíveis de trabalho no campo e na cidade, porque as<br />
oportunidades ficam raríssimas e as pessoas se submetem, para não morrerem de<br />
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fome ou não passarem piores dificuldades, a qualquer tipo de atividade para<br />
sobreviver, até mesmo roubar e assaltar.<br />
Na medida em que o País destina quase tudo o que arrecada para<br />
pagamento de juros de dívidas, como a interna, que hoje é um gigante diante de<br />
todos nós, também a sociedade e o Governo estão contribuindo, de forma direta e<br />
efetiva, para que o trabalho degradante, forçado, sem a menor condição, continue<br />
existindo.<br />
No ano passado, o Brasil pagou 146 bilhões de reais só de juros da dívida<br />
interna e investiu apenas 4 bilhões de reais. Desse jeito não vamos erradicar o<br />
trabalho degradante, porque estaremos reduzindo ao máximo a oportunidade de<br />
crescimento e de geração de emprego e renda no País. Com taxas de juros<br />
escorchantes, tudo o que se arrecada é entregue aos banqueiros. Tira-se da<br />
sociedade sua capacidade de produzir e se desenvolver.<br />
Todos nós, o Governo também, estamos contribuindo para que a pobreza<br />
perdure. Se não combatermos de forma eficiente e direta essas atrocidades, apenas<br />
votando leis nós não vamos reverter esta situação.<br />
Era o que eu tinha a registrar, Sr. Presidente.<br />
Muito obrigado.<br />
Durante o discurso do Sr. Zequinha Marinho, o Sr.<br />
B. Sá, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a<br />
cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Paes<br />
Landim, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.<br />
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Sá.<br />
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O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Paes Landim) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado B.<br />
O SR. B. SÁ (PPS-PI. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.<br />
Deputados, em evento recente, organizado especialmente para comemorar o<br />
cooperativismo, o companheiro Lula fez pesados ataques às taxas de juros<br />
cobradas por nosso sistema financeiro, taxas que, em alguns casos, são 10 vezes<br />
maiores que a SELIC, definida mês a mês pelo COPOM.<br />
Há muito tempo, o Vice-Presidente da República, José Alencar, faz as<br />
mesmas duras críticas, quase sempre rebatidas por lideranças do próprio Governo.<br />
Mas agora, diante das recentes palavras do Presidente, perdem por completo a<br />
razão os seus representantes.<br />
O poder dos senhores banqueiros, respaldado, aliás, pela banca<br />
internacional, é imenso. Tanto que Lula não pôde esboçar uma medida<br />
governamental que interviesse no mercado financeiro do País para fazer com que os<br />
bancos reduzissem, ainda que paulatinamente, essa edacidade inaceitável, que é,<br />
antes de mais nada, um dos grandes empecilhos à retomada do crescimento.<br />
Dada a fragilidade do Poder Central diante do poder financeiro, o Presidente<br />
Lula fez uma sugestão radical, o boicote a cartões de crédito, e outra que<br />
consideramos exemplar, a organização da população em cooperativas de crédito.<br />
As cooperativas podem, se bem organizadas, liquidar com as maiores<br />
distorções de nossos bancos. O Banco do Brasil, por exemplo, aplica 2 vezes mais<br />
recursos na negociação com títulos do Governo do que em operações de crédito,<br />
que, afinal, são a razão mesma de criação dos bancos. Isso sem falar na<br />
desbragada, na escandalosa especulação que movimenta montanhas de dinheiro,<br />
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impedindo que o capital seja utilizado no setor produtivo do País. Demais disso, os<br />
lucros de onzenário: nos 10 anos do Real, a inflação chegou a 170%, mas os lucros<br />
dos bancos cresceram 1.039%, um abuso sem qualificação.<br />
Com relação ao cooperativismo de crédito, temos a relatar a fabulosa<br />
experiência dos funcionários do mesmo Banco do Brasil. Há muitos e muitos anos,<br />
foram criadas, em cada agência, em cada departamento da direção da empresa, por<br />
iniciativa dos próprios servidores, as chamadas “caixinhas”, que nada mais eram do<br />
que minicooperativas de crédito dirigidas por eles mesmos, sem nenhuma<br />
intervenção do banco.<br />
E foram adiante. Há cerca de 20 anos, criaram sua própria cooperativa de<br />
crédito, já fora da estrutura da empresa, e deram origem à COOPERFORTE, hoje<br />
uma das maiores, se não a maior do País.<br />
É essa a idéia do Presidente Lula que queremos aplaudir. Mas ainda<br />
gostaríamos de sugerir aos Srs. Governadores e aos Srs. Prefeitos que tomassem a<br />
iniciativa de estimular os servidores do Estado e das Prefeituras a organizar suas<br />
próprias cooperativas de crédito. Não seria criado mais um órgão estatal, mais uma<br />
autarquia, e sim uma entidade dirigida pelos próprios servidores, a ação estatal se<br />
limitando, primeiro, a orientar e estimular, depois, a permitir que se debitassem em<br />
folha os pagamentos e as contribuições de cada servidor. À Organização das<br />
Cooperativas Brasileiras — OCB caberia a orientação legal específica, ademais do<br />
controle a que costumeiramente submete as outras cooperativas.<br />
A idéia, a boa idéia, está lançada. O companheiro e Presidente Lula, uma vez<br />
mais, demonstra sua sensibilidade diante das agruras de nossa gente. Há de ser<br />
louvado.<br />
Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Durante o discurso do Sr. B. Sá, o Sr. Paes<br />
Landim, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a<br />
cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Zequinha<br />
Marinho, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Zequinha Marinho) - Concedo a palavra ao Sr.<br />
Deputado Mauro Benevides.<br />
O SR. MAURO BENEVI<strong>DE</strong>S (PMDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />
Presidente nobre Deputado Zequinha Marinho, Sras. e Srs. Deputados, instalou-se<br />
na manhã de hoje, para ser mais preciso às 9h, na sede do Banco do Nordeste do<br />
Brasil, em Fortaleza, importante evento, denominado Investe Nordeste, como parte<br />
da campanha que objetiva atrair para a região novas aplicações de recursos,<br />
redundando numa autêntica ampliação do almejado crescimento econômico em<br />
caráter regional, com a conseqüente elevação da renda e o surgimento ali de novas<br />
oportunidades de emprego.<br />
O Presidente daquela instituição de crédito oficial — que tive o privilégio de<br />
dirigir no período de 1985 a 1986 —, Dr. Roberto Smith, convidou a bancada federal<br />
do Congresso, bem assim autoridades, empresários e técnicos qualificados, para<br />
discutir políticas públicas que impliquem efetiva contribuição para o desenvolvimento<br />
daquela faixa territorial do País.<br />
Na abertura, o Ministro Nelson Azevedo Jobim, Presidente do Supremo<br />
Tribunal Federal, proferirá a palestra magna, quando analisará o papel das<br />
instituições no crescimento econômico do País.<br />
Por sua vez, o Presidente do Grupo Brasilinvest, Sr. Mário Garnero, também<br />
se pronunciará a respeito da magna promoção, assegurando a colaboração do<br />
empresariado brasileiro na grande empreitada para corrigir as disparidades<br />
regionais, por meio da aplicação de capitais no chamado Polígono das Secas.<br />
A programação inclui ainda os seguintes itens, para os quais convergem as<br />
atenções dos estudiosos da questão nordestina.<br />
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Às 10h, o painel Políticas Estaduais para Atração de Investimentos, devendo<br />
a Mesa ser presidida por Dílton da Conti Oliveira, Diretor-Presidente da Companhia<br />
Hidrelétrica do São Francisco. O Piauí será representado pelo Governador<br />
Wellington Dias; o Maranhão, pelo Governador Reinaldo Tavares; e Sergipe, pelo<br />
Sr. Nicodemos Correia Falcão, Secretário de Estado, representante do Governador<br />
João Alves Filho.<br />
Às 11h15min, serão processados os debates do segundo painel Políticas<br />
Estaduais para Atração de Investimentos. Presidindo a Mesa, estará o Sr. José<br />
Ramos Torres de Melo Filho, representante da Confederação Nacional da<br />
Agricultura. O Rio Grande do Norte se fará presente na pessoa da Governadora<br />
Wilma Faria; a Paraíba, na do Sr. Luzemar da Costa Martins, Secretário de<br />
Orçamento e Finanças, representante do Governador Cássio Cunha Lima; e nosso<br />
Estado do Ceará será representado pelo Governador Lúcio Alcântara, que fez<br />
questão de prestigiar pessoalmente o acontecimento.<br />
Às 14h30min, serão retomados os trabalhos, com o terceiro painel Políticas<br />
Estaduais para Atração de Investimentos. A Presidência da Mesa caberá a José Luiz<br />
Godoy Pereira, Presidente do Sistema de Transmissão Nordeste S.A. — STN.<br />
Alagoas se fará representar pelo Governador Ronaldo Lessa; Pernambuco, pelo<br />
Governador Jarbas Vasconcelos. Na mesa-redonda O Financiamento dos<br />
Investimentos: o Papel do BNB, discorrerá Victor Samuel Cavalcante da Ponte,<br />
Diretor de Promoção de Investimentos do BNB; e na mesa-redonda Project Finance,<br />
o Sr. Cláudio Frota, Superintendente de Operações Financeiras, Internacionais e<br />
Corporativas do BNB.<br />
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Às 16h30min, acontecerá o quarto painel Políticas Estaduais para Atração de<br />
Investimentos. O Presidente da Mesa será Humberto Santa Cruz Filho, Presidente<br />
da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia — AIBA. A Bahia se<br />
representará na pessoa do Governador Paulo Souto; Minas Gerais, na do Sr. Wilson<br />
Brumer, Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, representante do<br />
Governador Aécio Neves.<br />
Vê-se, portanto, Sr. Presidente, tratar-se de um grande cometimento, que tem<br />
por objetivo maior sensibilizar a opinião brasileira. Investindo mais no Nordeste,<br />
conseguiremos contribuir positivamente para a correção das gritantes disparidades<br />
regionais verificadas no País, que lamentavelmente perduram, apesar do grande<br />
esforço para se criarem instrumentos capazes de solucioná-las.<br />
desta Casa.<br />
Por todas essas razões, fiz questão de registrar o acontecimento da tribuna<br />
Era o que eu tinha a dizer.<br />
Muito obrigado.<br />
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O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Zequinha Marinho) - Concedo a palavra ao nobre<br />
Deputado Paes Landim, para uma Comunicação de Liderança, pelo PTB.<br />
O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Como Líder.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.<br />
Deputados, está-se realizando na PUC do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, a<br />
exposição Bordados do Sertão, promovida pela Fundação Irmão José Otão. O<br />
projeto é da Fundação Ruralista do Piauí, dirigida pela conhecida figura do Padre<br />
Lira Parente, que há mais de 40 anos se dedica à mais pobre região do meu Estado,<br />
cuidando da educação, preparando mão-de-obra, incentivando o artesanato, a fim<br />
de que os moradores possam sobreviver ao quadro de pobreza.<br />
O Padre Lira Parente foi o primeiro grande alfabetizador do Nordeste, tendo<br />
chegado a Curral Novo em 1962. Lá encontrou pouquíssimas casas com os mais<br />
baixos índices de pobreza já conhecidos. Conseguiu transformar o pequeno<br />
povoado na cidade de Dom Inocêncio, alcançando o primeiro índice de alfabetização<br />
no Nordeste. Conseguiu um milagre, numa das regiões mais inóspitas do Nordeste,<br />
ao fazer com que as pessoas sobrevivam, apesar dos sacrifícios, com uma simples<br />
solução: mais de 2 mil cisternas foram por ele construídas, com o apoio de<br />
instituições públicas, sobretudo não-governamentais. Chegou-se até a fundar a Liga<br />
dos Amigos do Padre Lira, em Londres.<br />
A alma do Ginásio Dom Inocêncio, criado nos anos 40, em São Raimundo<br />
Nonato, Padre Lira Parente hoje, aos 86 anos, ainda cheio de energia e dedicando<br />
seu amor àquela sofrida região, bem poderia ter uma vida confortável, mercê da sua<br />
inteligência e força de vontade. No entanto, dedica-se com sacrifício pessoal à<br />
região, na qual já foi Prefeito por duas vezes. Município, aliás, criado por ele.<br />
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Transformou o velho Curral Novo na mais bela comunidade do sudeste piauiense.<br />
Por incrível que pareça, uma beleza sofrida, beleza em meio à pobreza.<br />
Por meio do bordado, ele faz com que senhoras e moças tenham um<br />
emprego, uma renda, uma maneira de sobreviver à vontade de fugir da seca e se<br />
deslocar para os grandes centros urbanos.<br />
Graças ao SEBRAE, essa exposição está sendo realizada em Porto Alegre.<br />
Sinto-me feliz, porque há cerca de 4 anos levei a direção do SEBRAE de Teresina a<br />
Dom Inocêncio, para conhecer de perto os mais bem feitos bordados do Nordeste,<br />
que têm a tessitura artística elaborada por mãos de pessoas simples.<br />
As edições do jornal Zero Hora de domingo e de anteontem trouxeram<br />
matéria específica sobre os Bordados do Sertão expostos na PUC de Porto Alegre.<br />
Com muita propriedade, disseram que os bordados combatem a seca, porque é por<br />
meio deles que as pessoas têm seu sustento e fixam-se no local. É importante que<br />
tenhamos apoio do Governo Federal nessa direção.<br />
Há cerca de 2 anos, a EMBRATUR teve a sutileza de encontrar mecanismos<br />
para atrair pessoas para a região. Houve procura aos bordados da Fundação<br />
Ruralista, dirigida pelo Padre Lira Parente. A Fundação é um locus do turismo<br />
rupestre pela admiração que os seus trabalhos despertam nos militantes da região.<br />
Nesse sentido, renovo o apelo ao Sr. Ministro Walfrido dos Mares Guia, que é<br />
um apaixonado pela interiorização da divulgação das belezas do Brasil, das<br />
raridades do País, para que dê apoio à Fundação Ruralista, a fim de que esse belo<br />
cenário da tessitura artística das mãos comuns, simples e anônimas do sertão do<br />
Piauí sirva de atração para turistas, para as pessoas que vão às regiões<br />
circunvizinhas à busca de bordados que encantam as casas brasileiras.<br />
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Mais uma vez, parabenizo o Padre Lira Parente, de quem fui aluno no final<br />
dos anos 40, pelo seu dinamismo, pela sua paixão à causa de servir à gente sofrida<br />
do sertão. O Nordeste seria outro, se nos sertões sofridos homens de têmpera e de<br />
vocação para servir como Padre Lira tivessem o apoio das políticas públicas, para<br />
melhor influenciar os destinos dessa gente pobre e esquecida.<br />
Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />
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O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Zequinha Marinho) - Concedo a palavra ao nobre<br />
Deputado Eduardo Valverde.<br />
O SR. EDUARDO VALVER<strong>DE</strong> (PT-RO. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicialmente gostaria de saudar os estudantes<br />
de Brasília que estão visitando a Câmara dos Deputados. Embora a Casa agora se<br />
encontre vazia, ainda assim é o Parlamento brasileiro em funcionamento.<br />
Sr. Presidente, nobres Parlamentares, registro a insatisfação com o ato ontem<br />
praticado pelo Vice-Líder do PFL, Deputado Rodrigo Maia, que interrompeu sessão<br />
do Congresso Nacional por causa de demanda do Estado do Rio de Janeiro.<br />
Os interesses do Brasil, do povo e dos Estados não podem ficar sujeitos aos<br />
interesses de uma região ou de um Deputado. Afinal de contas, somos<br />
Parlamentares federais, com o dever de representar toda a população de nossos<br />
Estados e não apenas a de uma cidade, pequena ou grande, porque essa é a típica<br />
função de um Vereador.<br />
Infelizmente as regras do Congresso Nacional permitem questão de ordem<br />
individual, mas para interesse coletivo. O interesse pessoal acabou provocando o<br />
encerramento da sessão do Congresso Nacional destinada a apreciar a LDO e<br />
diversos projetos de transferência e de complementação orçamentária, inclusive o<br />
importante projeto que estabelece valores para carreiras do serviço público.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registrada a insatisfação com o<br />
ocorrido, aproveito a oportunidade para exaltar os dados estatísticos que apontam o<br />
segundo mês consecutivo de crescimento da indústria brasileira. Venho notando que<br />
a economia começa a dar sinais de vigor e desenvolvimento sustentável.<br />
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Esse crescimento foi fruto de ações corretas e muito duras tomadas pelo<br />
Governo Federal para ajustar a tão falada macroeconomia: superávit primário,<br />
elevação dos juros para contenção do processo inflacionário, redução da despesa<br />
pública — possível graças à reforma fiscal feita no País, que não ampliou a carga<br />
tributária, mas apenas racionalizou a despesa do Estado para que o excedente da<br />
receita pudesse ser mais bem aplicado em investimentos sociais.<br />
A necessidade de haver superávit primário é hoje uma instituição. A esquerda<br />
tinha muita dificuldade de entendê-la, porque viemos de cultura onde não havia<br />
qualquer responsabilidade fiscal por parte de quem dirigia o Estado. Era muito<br />
comum, em período eleitoral, gastar-se mais do que o disponível em caixa,<br />
deixando-se a dívida de herança para o Prefeito, Governador ou Presidente<br />
seguinte.<br />
O resultado disso foi a extraordinária elevação da dívida pública brasileira,<br />
que não foi adquirida para beneficiar o povo brasileiro, mas para beneficiar a classe<br />
rentista. O combate efetivo à dívida pública de qualquer Estado é muito importante<br />
para não fortalecer algo que a esquerda tem muita dificuldade de entender, o capital<br />
financeiro.<br />
Marx trabalhou muito bem a questão do capitalismo produtivo, mas no seu<br />
tempo a predominância do capital financeiro era diminuta. A partir da década de 80,<br />
houve um descolamento muito forte entre o capital financeiro e o industrial,<br />
produtivo. Atualmente, o capital financeiro não depende mais da produção, de uma<br />
base industrial, de uma base comercial, ou seja, ele pode desenvolver-se e<br />
reproduzir-se sem qualquer desenvolvimento econômico. Entender essa lógica é<br />
muito importante para sabermos quais são os marcos do capitalismo hoje no mundo<br />
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e como ele deve ser estimulado, para pelo menos podermos apontar para um<br />
crescimento econômico com a inclusão de extensas faixas marginalizadas da<br />
população.<br />
O capital financeiro reproduz-se com a dívida pública; é esta que estimula<br />
aquele. O combate à dívida pública e a racionalidade fiscal são muito importantes<br />
para não estimular, fortificar e fazer frutificar o capitalismo financeiro, o capitalismo<br />
parasitário.<br />
As ações de microeconomia tomadas pelo Governo são as seguintes: a Lei<br />
das Incorporações Imobiliárias, aprovada ontem; a parceria público-privada, que<br />
está para ser debatida e aprovada no Senado; a Lei de Falências; o aumento dos<br />
créditos para o PRONAF; as ações de reforma agrária. Tudo isso são maneiras de<br />
estimular e ampliar a microeconomia, aproveitando este ambiente de estabilidade<br />
econômica para gerar um desenvolvimento de inclusão e não de exclusão social.<br />
A crítica feita pela Oposição sobre esse modelo que hoje propicia ao País o<br />
mais baixo juro real dos últimos 10 anos não faz sentido, tendo em vista que o<br />
período de crescimento atual poderá chegar a 3,5% até final de dezembro, o maior<br />
crescimento econômico da última década. Portanto, não há motivo para a Oposição<br />
atacar o modelo, porque o que não foi feito em 10 anos está sendo feito em 1 ano e<br />
8 meses: arrumar o País para um crescimento econômico sustentável com inclusão<br />
social, com inserção, no processo de consumo de massa, de milhões de brasileiros<br />
que sequer têm condição hoje de se aposentar, porque não têm renda e estão na<br />
informalidade.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito ainda este momento para<br />
registrar que hoje visitará Porto Velho o Ministro das Cidades, Olívio Dutra. Vai<br />
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inaugurar um conjunto habitacional, cujas obras estavam paradas, com 2 mil<br />
residências, que será entregue à população de baixa renda.<br />
Além disso, o Ministro vai visitar a Feira do Empreendedor, promovida pelo<br />
Centro de Tecnologia do SEBRAE e onde microempresários do Estado de Rondônia<br />
estarão expondo seus produtos para a sociedade, denotando a importância da<br />
pequena e da microempresa para a economia local.<br />
Nesse sentido, quero elogiar aquele Ministério pelo seu trabalho de<br />
fortalecimento da economia solidária, com o qual procura estimular as formas<br />
coletivas de organização produtiva para permitir que os trabalhadores se organizem<br />
em unidades de produção e, assim, gerem renda e ocupação.<br />
Era o que eu tinha a dizer.<br />
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O SR. WASNY <strong>DE</strong> ROURE (PT-DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />
desejo inicialmente agradecer ao Deputado Luiz Couto a cortesia de me ceder o seu<br />
tempo. Naturalmente, isso só poderia vir de um homem com a magnitude de S.Exa.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a manchete do Correio Braziliense de<br />
hoje diz Congresso adia reajuste do servidor. Não é verdade. Na realidade, o<br />
Senado e a Câmara aprovaram os projetos de lei. O que falta é o remanejamento<br />
orçamentário. A responsabilidade é da Liderança do PFL. Temos de conscientizar a<br />
população de todo o processo e não simplesmente tergiversar, para proteger alguns<br />
em detrimento de outros.<br />
Houve ampla negociação dentro da Comissão, e nessa negociação o PFL<br />
operou positivamente. Ainda que reconheça o pleito do Deputado Rodrigo Maia<br />
como necessário à realidade do Rio de Janeiro, aos projetos daquela cidade,<br />
entendo que, se um outro Deputado vier a reivindicar de maneira semelhante,<br />
argumentando que o problema de sua cidade não foi resolvido por esse ou por<br />
aquele motivo, o Congresso vai se tornar inadministrável. E, se este Parlamento não<br />
conseguir administrar o Orçamento, ele é que se descredencia perante a sociedade.<br />
Hoje, quem joga na irresponsabilidade a questão orçamentária é o Congresso<br />
Nacional. Desculpem-me, mas estão prejudicando, sim, os servidores. Aquele<br />
discurso maroto feito de maneira oportunista revela agora sua verdadeira face.<br />
Lamento, porque é um Deputado que respeito profundamente, tendo em vista<br />
sua desenvoltura e liderança, como respeito também a administração do Prefeito<br />
César Maia. No entanto, não se pode reduzir um problema regional a um problema<br />
maior do País. A Nação brasileira não merece esse tipo de comportamento nem o<br />
povo brasileiro e os servidores públicos.<br />
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Portanto, deixo registrado meu protesto em relação ao que aconteceu ontem<br />
na sessão do Congresso Nacional.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, também quero reproduzir os<br />
indicadores extremamente positivos da economia brasileira.<br />
Nossa economia passa por gravíssimos problemas. Há pouco, o Deputado<br />
Eduardo Valverde fez comentários sobre o processo de desequilíbrio fiscal do País e<br />
de fortalecimento do sistema financeiro em detrimento do sistema produtivo. Mas o<br />
Brasil teve no mês de maio um crescimento significativo de 2,2% em relação a abril<br />
do mesmo ano — são números positivos — e um crescimento da ordem de 7,8% em<br />
relação ao mês de maio do ano passado. A média nos 12 últimos meses é de 6,5%.<br />
Creio que ainda há muito que avançar, porque, partindo de uma base<br />
extremamente fragilizada, qualquer crescimento é significativo, mas não deixa de ser<br />
uma notícia positiva, sobretudo quanto à perspectiva de geração de emprego.<br />
Agora, o importante é que não se pense apenas no crescimento econômico.<br />
Já dizia um velho intelectual brasileiro que há muita diferença entre crescimento e<br />
desenvolvimento. Hélio Jaguaribe já falava muito bem isso. O crescimento<br />
econômico de um país não significa necessariamente o desenvolvimento de seu<br />
povo. Portanto, resgatar os velhos conceitos do Prof. Hélio Jaguaribe nos dias de<br />
hoje é fundamental, porque o povo brasileiro não espera apenas um crescimento<br />
econômico do nosso País, deseja também um longo processo de desenvolvimento<br />
social.<br />
Muito obrigado.<br />
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O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.<br />
e Srs. Deputados, em primeiro lugar, quero dizer que concordo com o que disseram<br />
os Deputados Eduardo Valverde e Wasny de Roure.<br />
Sr. Presidente, quero citar um fato importante para o Congresso Nacional,<br />
que foi a aprovação do relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito<br />
que investiga as situações de violência e exploração sexual de crianças e<br />
adolescentes no País. Ontem tivemos a oportunidade de aprovar o relatório por<br />
unanimidade, com alguns destaques.<br />
Sr. Presidente, não fiquei totalmente contente com isso, porque infelizmente<br />
meu Estado, a Paraíba, aparece com destaque na questão do abuso e da<br />
exploração sexual de crianças e adolescentes. Das 250 pessoas indiciadas, a<br />
Paraíba aparece com mais de 80 pessoas. Isso é muito grave. Não gostaria que isso<br />
acontecesse.<br />
Também não gostei de saber que, quando apareceram pessoas influentes no<br />
relatório, houve toda uma pressão para a retirada de seus nomes. A pressão para<br />
retirar os nomes de um Deputado Federal, de um Vice-Governador e outros foi<br />
grande demais. Temos que acabar com a impunidade. Não podemos alimentar a<br />
corporação. Uma adolescente fez um depoimento citando detalhes e reconheceu<br />
entre vários retratos um Parlamentar. Mesmo tendo entregue agendas com nomes,<br />
números de telefones, marcas de carro e locais onde foi explorada sexualmente,<br />
ainda houve pressão.<br />
Ontem, teríamos que votar 2 destaques. Um deles era para a retirada do<br />
nome do Vice-Governador do Amazonas. Não houve quorum — o número<br />
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regimental é de 12 Parlamentares —, mas registre-se que 6 votos eram pela<br />
manutenção e 4 pela retirada.<br />
Sr. Presidente, é hora de acabar com esse cinismo que muitas vezes toma<br />
conta da classe política. Quando é para favorecer os mais próximos, os que fazem<br />
parte da corporação, há pressão para retirar nomes. O que temos de fazer é permitir<br />
que essas pessoas façam sua defesa. O Ministério Público vai analisar o relatório,<br />
os depoimentos e as provas anexadas; com isso, terá a oportunidade de fazer a<br />
denúncia contra essas pessoas, permitindo que façam sua defesa prévia.<br />
Não podemos continuar com essa hipocrisia. Temos de revelar essa triste<br />
realidade para que as pessoas pensem duas vezes antes de explorar sexualmente<br />
uma criança ou uma adolescente. Neste relatório, Sr. Presidente, consta a relação<br />
Estado por Estado das denúncias recebidas. É triste ver a conivência do Poder<br />
Público com essa situação. É triste saber que há autoridades e policiais envolvidos.<br />
Espero que este Relatório traga subsídios ao Congresso Nacional, a fim de<br />
que não seja necessário realizar outras CPIs para apurar essa realidade. Espero<br />
que todo este material permita que o Ministério Público e as autoridades<br />
competentes tomem as devidas providências.<br />
Sr. Presidente, é triste ficar falando dessa situação quando poderíamos estar<br />
falando das coisas boas que acontecem em nosso País, como o que está sendo<br />
realizado por entidades que trabalham na defesa dos direitos humanos. Mas espero<br />
que um dia tenhamos um Brasil sem exploração sexual.<br />
Muito obrigado.<br />
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O SR. BABÁ (Sem Partido-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />
Sras. e Srs. Deputados, quero abordar hoje um problema do meu Estado, diz<br />
respeito aos companheiros garimpeiros de Serra Pelada.<br />
Este País teve muitos ganhos com o ouro de Serra Pelada. Houve uma época<br />
em que existia mais de 90 mil homens em Serra Pelada, a maioria saindo do<br />
Maranhão. Eles trabalhavam como formigas. Há fotos que, inclusive, demonstram<br />
esses fatos. Exploraram ouro, sofreram, muitos perderam a vida, caindo naqueles<br />
barrancos.<br />
Quando o ouro começou a rarear, a área virou um lago. Portanto, era<br />
impossível fazer exploração manual. Muitos deles, então, tiveram que voltar ao<br />
Maranhão, mas a grande parte ficou no Estado do Pará, esperando uma resolução<br />
do Governo que viesse ajudá-los a desenvolver a exploração mecânica.<br />
Infelizmente, durante o Governo Collor, Serra Pelada foi entregue à<br />
Companhia Vale do Rio Doce, então estatal. Mas essa companhia já havia sido<br />
indenizada, recebido o pagamento equivalente, durante o Governo Sarney. Mesmo<br />
assim, devolveram-na à Vale do Rio Doce. E começou um grande conflito. Uma<br />
população ainda ficou em Serra Pelada, explorando os rejeitos do ouro, porque não<br />
dava para explorar o grande filão. Muitos viraram sem-terra, abandonados no<br />
Maranhão, no Pará e em outros Estados. Foi iniciada uma briga para que Serra<br />
Pelada fosse devolvida aos garimpeiros.<br />
No Governo Fernando Henrique Cardoso, o então Governador Almir Gabriel<br />
recorreu ao Exército e à Polícia Militar do Estado para expulsar os garimpeiros da<br />
região e realizar a privatização da Companhia Vale do Rio Doce. Ao mesmo tempo,<br />
estava tramitando no Congresso Nacional um projeto que visava devolver Serra<br />
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Pelada aos garimpeiros. Ocorreram mobilizações e caminhadas a Brasília. Esse<br />
projeto tramitou durante 3 anos para ser aprovado na Casa. Mas até agora não foi<br />
resolvido o problema dos garimpeiros.<br />
Queremos chamar a atenção do Governo para o fato de que está montado<br />
um barril de pólvora. O Ministério de Minas e Energia tem uma responsabilidade<br />
muito grande na questão, mas está adiando uma decisão importante. A Caixa<br />
Econômica Federal deve a esses garimpeiros mais de 200 milhões de reais. Mas o<br />
Governo não tem uma definição quanto a esse dinheiro e ao processo de Serra<br />
Pelada.<br />
Não podemos aceitar, mais uma vez, que o Coronel Curió — que tem uma<br />
história de ataque aos trabalhadores daquela região e hoje é Prefeito de<br />
Curionópolis — tente comandar um pequeno grupo de garimpeiros para afastar a<br />
maioria da solução.<br />
O Governo poderá comprar um grande problema. A saída mais correta,<br />
efetivamente, é a realização pelo Governo de um cadastramento real para saber<br />
quantos garimpeiros existem, quantos são originários e proprietários da área, para<br />
lhes dar o apoio necessário. E isso vem sendo adiado. Tememos que o dinheiro seja<br />
devolvido apenas para um grupo da cooperativa. Ela já eliminou uma grande<br />
quantidade de associados e agora quer reduzi-los ainda mais.<br />
Se esse processo não for efetivamente acompanhado pelo Governo, se ele<br />
não tomar o controle da situação e colocar em Serra Pelada a Polícia Federal, o<br />
Ministério Público, o Ministério da Justiça e o Ministério de Minas e Energia para<br />
definir e acompanhar o processo de exploração do ouro, repito, haverá um grande<br />
problema.<br />
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Da mesma forma, tem que ser definido o destino do dinheiro que está na<br />
Caixa Econômica Federal. Há posicionamento por parte dos garimpeiros no sentido<br />
de que isso seja discutido entre eles. O Governo deve ter o controle do cadastro,<br />
para saber quem são os garimpeiros originários da região, quem possui carteira e<br />
quem tem condições de comprovar que estava naquele momento em Serra Pelada.<br />
Aviso que poderão ocorrer novas tragédias no Pará — e não suportamos<br />
mais tragédias no Estado. Se o Coronel Curió insistir em querer implantar o seu<br />
regime em Serra Pelada, acontecerão novas tragédias no local. O Governo tem que<br />
saber disso. Estou daqui avisando antecipadamente ao Governo Lula e à Ministra<br />
Dilma Rousseff que esse processo precisa ter o controle do Governo Federal e do<br />
Ministério de Minas e Energia, para que se possa efetivamente chegar a uma<br />
conclusão.<br />
Garimpeiros já morreram nessa trajetória. A maioria está na faixa de 55 a 70<br />
anos. Não podemos abandonar essa comunidade, que pode ser de 40 mil a 50 mil<br />
garimpeiros, não apenas de cerca de 8 mil homens, como dizem.<br />
Se o Governo não atentar para esse processo, poderemos ter sérios<br />
problemas, como os que já aconteceram há 2 anos, quando foi assassinado o<br />
presidente do sindicato dos garimpeiros. Até hoje não houve a comprovação relativa<br />
ao assassino nem punição pelo crime. Novas mortes poderão acontecer.<br />
Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apelo para a Ministra Dilma<br />
Rousseff no sentido de que agilize o processo, comece a fazer o cadastramento dos<br />
garimpeiros, para que efetivamente sejam atendidas as necessidades daquela<br />
comunidade, que está passando fome. Os garimpeiros têm grande esperança de<br />
que o problema de Serra Pelada seja resolvido e que seu ouro vá parar nas mãos de<br />
seus verdadeiros donos.<br />
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O SR. MAURÍCIO RABELO (Bloco/PL-TO. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />
Presidente, nobre Deputado Zequinha Marinho, obrigado. Para nós, do Tocantins, é<br />
uma grande honra usar a tribuna sendo os trabalhos presididos por um tocantinense,<br />
o Deputado Zequinha Marinho, natural da querida cidade de Araguacema, que hoje<br />
representa o grande Estado do Pará nesta Casa.<br />
Por falar em Tocantins, gostaria de saudar o povo de Palmerópolis, onde<br />
estarei amanhã, sábado, de manhã, para participar dos grandes festejos, da missa<br />
solene e da cavalgada, na companhia dos meus queridos amigos, Milson Rodrigues,<br />
que exerce grande liderança naquela cidade, e D. Neide.<br />
Quero abraçar e parabenizar toda aquela gente de Palmerópolis que, neste<br />
momento, nos assiste através da TV Câmara. Aprendi a amar de verdade essa<br />
cidade, uma das regiões mais bonitas e de solo mais fértil do Brasil.<br />
Se Deus quiser, depois de amanhã, estarei na cidade de Taipas, que celebra<br />
os grandes festejos de Nossa Senhora. Cumprimento meu amigo Rainel, ex-Prefeito<br />
da cidade, grande líder que está sempre sintonizado com aquela população,<br />
cuidando daquela gente que precisa tanto do Poder Público.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, de algum tempo para cá, tenho<br />
ouvido falar dos trabalhadores sem terra na mídia, nos jornais, nesta tribuna. Muita<br />
coisa já foi feita e muito poderá ser feito pelos sem-terra no Brasil. São muitos e<br />
muitos assentamentos que deram certo, outros não, e que precisam de uma maior<br />
presença do Governo. Quero aqui testemunhar que, durante os anos em que estive<br />
à frente do microfone da Rádio Nacional, nossa audiência era muito grande nos<br />
assentamentos.<br />
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No meu Estado de Tocantins, por exemplo, há mais de 200 assentamentos de<br />
trabalhadores sem terra. São pessoas dignas, honestas e que precisam<br />
verdadeiramente desse prestígio e dessas políticas públicas do Governo para poder<br />
plantar e realizar o sonho de ter seu pequeno pedaço de terra. Assim poderão cuidar<br />
dos seus filhos, da sua família e educar suas crianças.<br />
Temos ouvido muito falar nos trabalhadores sem terra; vemos que muita coisa<br />
já foi feita, mas ainda há muito para se fazer.<br />
Sou filho do Sr. João Tavares Rabelo, o Sr. Ferrugem, e da Dona Gasparina,<br />
pequenos agricultores que ainda continuam morando no seu pequeno sítio de<br />
poucos hectares no interior de Minas Gerais. Foi com aquele sítio que ele conseguiu<br />
criar seus 6 filhos. Sou o terceiro da família e hoje estou no Congresso Nacional.<br />
Agradeço muito a meus pais pelo trabalho que tiveram, apesar das dificuldades que<br />
enfrentaram trabalhando na roça, sem incentivo e financiamento algum, sem<br />
políticas por parte do Ministério da Agricultura e do Governo Federal.<br />
Então, falarei da experiência que tive. Comecei a trabalhar desde criança.<br />
Ainda menino já ia para a roça com meu pai trabalhar na lavoura. E durante todos<br />
esses anos da minha vida tenho observado, e continuo observando, que falta uma<br />
política de apoio aos trabalhadores que também possuem terras, os pequenos<br />
proprietários rurais. Como já disse, temos ouvido muito falar nos sem terra. Nós os<br />
apoiamos bastante e queremos, inclusive, que tenham uma qualidade de vida<br />
melhor.<br />
Aproveito a oportunidade para parabenizar nosso Presidente Luiz Inácio Lula<br />
da Silva que, quando eleito Presidente do Brasil, semeou esperanças por este País<br />
afora. Foi muito acertada sua escolha de colocar na Pasta da agricultura nosso<br />
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grande Ministro Roberto Rodrigues, que tem tido uma capacidade de negociação<br />
muito grande e levado nossos produtos para o exterior, com muita sabedoria. O<br />
agronegócio, hoje, rende grandes divisas para nosso País.<br />
Portanto, gostaria de parabenizar o Presidente Lula e fazer um apelo a S.Exa.<br />
no sentido de que, juntamente com o Ministro Roberto Rodrigues, comece a se<br />
lembrar desses pequenos trabalhadores que possuem terra de poucos hectares, 10,<br />
20, 30 hectares ou até mais, mas nunca tiveram efetivamente a ajuda do Governo<br />
para aprovar um crédito no Banco do Brasil, na Caixa Econômica. Tais<br />
trabalhadores trabalham uma vida inteira e praticamente não conseguem um<br />
financiamento.<br />
Portanto, trata-se realmente de uma situação muito complicada,<br />
especialmente para os pequenos trabalhadores rurais, com ou sem terra, aqueles<br />
que já têm o seu pedacinho de terra, mas que ainda não dispõem de estrada, nem<br />
de financiamento para plantar, tampouco para colheita, produzir, não têm escola<br />
adequada para oferecer aos seus filhos.<br />
Como filho de lavrador, com um pequeno pedaço de terra, falo em nome<br />
dessa gente brasileira. Falo como alguém que, em seus anos de vida, nunca viu<br />
uma política clara, definida, para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.<br />
Sr. Presidente, solicito a V.Exa. faça divulgar este pronunciamento nos órgãos<br />
de comunicação da Casa, ao tempo em que desejo excelente fim de semana a todo<br />
o povo brasileiro, a essas crianças bonitas que ora visitam a Câmara dos<br />
Deputados, crianças que representam a juventude, o futuro do nosso Brasil, bem<br />
como os professores e os seus monitores.<br />
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O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Zequinha Marinho) - A Presidência solicita à Assessoria<br />
que identifique o colégio que ora vem à Casa, para que possamos saudar os<br />
adolescentes e professores que nos dão a honra de, nesta manhã, visitar o plenário<br />
da Câmara dos Deputados.<br />
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O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Zequinha Marinho) - Concedo a palavra ao nobre<br />
Deputado Carlos Abicalil. S.Exa. dispõe de 5 minutos.<br />
O SR. CARLOS ABICALIL (PT-MT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />
Sras. e Srs. Deputados, Deputado Nilson Mourão, estudantes do Distrito Federal<br />
que nos visitam nesta manhã de sexta-feira, quando estamos perto de encerrar os<br />
trabalhos legislativos deste semestre, quero inicialmente fazer um registro<br />
importante do que significou, ontem, o relatório do Deputado José Pimentel sobre a<br />
chamada PEC Paralela da reforma da Previdência.<br />
Particularmente, falo em nome dos mais de 2,5 milhões de servidoras e<br />
servidores públicos do serviço de educação pública básica do País, que tiveram<br />
ontem, no texto do Deputado José Pimentel, o resgate daquilo que fora subtraído<br />
pela decisão do Senado Federal, com a chamada PEC Paralela, que, no caso dos<br />
professores e professoras, desde os anos 60, faz o diferencial quanto ao direito à<br />
aposentadoria, ou seja, o redutor de 5 anos no fator idade e tempo de contribuição.<br />
Talvez por inadvertência, os nossos colegas Senadores subtraíram dos<br />
professores e professoras a diferença de 5 anos no cômputo da idade e do tempo de<br />
contribuição, particularmente as mulheres, que representam 90% do total de<br />
professores do País — são 1,5 milhão de professores —, que iniciam sua atividade<br />
profissional entre 18 e 20 anos de idade. Sem o redutor de 5 anos, elas teriam sua<br />
aposentação elevada a mais de 60 anos de idade, em muitos casos, o que<br />
redundaria na queda de qualidade da já precária educação pública brasileira, tendo<br />
em vista a diminuição da capacidade de trabalho dessas profissionais.<br />
Portanto, esse primeiro resgate foi fundamental. Mas houve um segundo<br />
avanço. No que se refere àquela reforma de 1998, por sugestão nossa, após debate<br />
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com a bancada e com os Líderes partidários desta Casa, acolheu o Deputado José<br />
Pimentel, em seu parecer, a alteração da famigerada regra de transição instituída<br />
pela Emenda Constitucional nº 20, que impunha pedágio de 17% a 22% sobre o<br />
tempo de exercício profissional daqueles professores e professoras que ainda não<br />
houvessem alcançado os 48 ou 53 anos de idade, acrescendo, assim, o tempo de<br />
trabalho. Derrubou-se essa regra.<br />
Houve também um terceiro avanço, desta feita para todos os servidores<br />
ingressos no serviço público anteriormente a 1998. A partir da decisão, ontem, de<br />
que, para cada ano de contribuição que exceder o mínimo necessário para se<br />
cumprir as atuais regras da aposentadoria integral, será reduzida em 1 ano a idade<br />
mínima exigida segundo a regra transitória, com manutenção da chamada<br />
bonificação de 11%, a devolução da contribuição previdenciária, para os que já<br />
tenham atingido os 25 ou 30 anos de contribuição — no caso de professor e<br />
professora — e 48 ou 53 anos de idade, conforme previsto naquela lei.<br />
Esses avanços são muito significativos. Atingem grande número de<br />
servidores públicos que prestam serviços hoje ao País, garantindo o direito dos mais<br />
de 57 milhões de brasileiros e brasileiras que freqüentam escolas públicas no Brasil,<br />
nos ensinos fundamental e médio, na educação profissional e, fundamentalmente,<br />
na educação infantil.<br />
Sr. Presidente, ainda, começamos a semana com os grandes jornais do País,<br />
sem citar precisamente a fonte, anunciando matérias, falando da desvinculação de<br />
recursos orçamentários que incidem historicamente na Educação e mais<br />
recentemente na Saúde, na garantia de recursos mínimos para financiar esses<br />
serviços públicos no Brasil, salvaguarda essa que, se não fosse instituída ao longo<br />
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das últimas 4 décadas, sequer teria assegurado a quase universalização obrigatória<br />
do ensino fundamental de 7 a 14 anos de idade, não teria expandido o serviço<br />
público de saúde (mais recentemente pela Emenda Constitucional nº 29) e não teria<br />
garantido os recursos que hoje fazem com que em cada Município e em cada<br />
Distrito — e ainda não chegamos aos assentamentos e aldeias indígenas —<br />
tivéssemos garantido o direito mais universalizado no Brasil: o direito à educação<br />
básica obrigatória, particularmente no ensino fundamental.<br />
Ao lamentar, portanto, o conteúdo das matérias divulgadas no início da<br />
semana, quero dizer que todos os documentos do plano de Governo apresentados à<br />
sociedade brasileira, compromissos do meu partido e do Presidente Lula, na direção<br />
de garantir a qualidade, a democratização e a universalização da educação,<br />
apontam na direção inversa, inclusive textualmente fundamentando a proposição de<br />
um fundo de desenvolvimento da educação básica no País baseado na vinculação<br />
do Orçamento da União, dos Estados e dos Municípios.<br />
Em seu último pronunciamento, o Sr. Ministro da Educação, tratando também<br />
do financiamento do ensino superior, deixou claro que a atual vinculação ainda é<br />
insuficiente, posto que, na última década, o principal avanço da arrecadação da<br />
União se processou pela via de contribuições e não pela via de impostos, as quais<br />
não incidem sobre o financiamento desse serviço.<br />
O debate atual é, portanto, no sentido de constituir outra cesta de vinculações<br />
e não o contrário, ou seja, instituir a desvinculação, já tentada aqui na reforma<br />
tributária e reprovada por todas as forças políticas que atuam no plenário desta<br />
Casa e do Senado Federal.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Sr. Presidente, aproveito o ensejo para registrar a posição da União Nacional<br />
dos Dirigentes Municipais de Educação — UNDIME acerca da necessária<br />
implantação do Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação<br />
Básica — FUN<strong>DE</strong>B. O documento foi aprovado pelo Conselho Nacional de<br />
Representantes da UNDIME, reunido nos dias 8, 9 e 10 de junho de 2004, em<br />
Brasília, Distrito Federal, e sinaliza positivamente para a implantação do referido<br />
Fundo, desde que considerados os aspectos a seguir:<br />
“1. Reconhece-se uma crise no financiamento da<br />
educação no Brasil. O não cumprimento do valor legal do<br />
custo-aluno do Fundef atrelado ao fato de que, desde a<br />
sua origem, o Fundo, ao focalizar o ensino fundamental,<br />
excluiu outros níveis e modalidades de ensino é o<br />
principal indicador desta crise. O Fundef cumpriu<br />
relevante papel socioeducacional, sobretudo nos Estados<br />
das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste,<br />
principalmente no interior. As demandas crescentes no<br />
âmbito da educação infantil e do ensino médio, além do<br />
necessário avanço para a qualidade social e pedagógica<br />
no ensino fundamental, apontam para a necessidade<br />
urgente do redesenho da política de financiamento da<br />
educação no país.<br />
2. Pede-se a formulação de uma política de<br />
financiamento que considere a possibilidade de um fundo<br />
contábil para toda a educação básica, de maneira<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
articulada e integrada, superando focalizações e<br />
fragmentações. Nessa perspectiva, entende-se que<br />
fundos específicos e diversificados, como um Funcreche<br />
ou um fundo para a educação infantil e um fundo para o<br />
ensino médio não são adequados.<br />
3. Pede-se, ainda, a formulação de um fundo que<br />
ajude a avançar nos patamares educacionais do Brasil,<br />
sem cair nos falsos dilemas entre as redes municipais e<br />
estaduais, capitais e interior ou mesmo Regiões do país.<br />
Assim, o novo Fundo tem que ser bom e adequado para o<br />
Brasil como um todo, para Estados, Municípios, União,<br />
para o aluno da cidade e do interior, do meio urbano e<br />
rural.<br />
4. A discussão do Fundeb deve vir acompanhada<br />
da discussão sobre o Sistema Nacional de Educação. É<br />
preciso definir legalmente os mecanismos de cooperação<br />
entre os entes federados e os de colaboração entre os<br />
sistemas de ensino, inclusive no aspecto do<br />
financiamento, na direção de uma educação inclusiva,<br />
digna e de qualidade. O Sistema deve, necessariamente,<br />
apontar caminhos para o efetivo cumprimento dos valores<br />
do custo-aluno de cada nível/modalidade de ensino<br />
previstos em lei e as formas de controle social. O que se<br />
quer é evitar a repetição da situação atual: a União não<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
cumpre o valor do custo-aluno, Estados e Municípios não<br />
têm poder para garantir o cumprimento.<br />
5. Outra preocupação gira em torno da origem dos<br />
recursos por parte da União para o financiamento do<br />
Fundeb. Estima-se um aumento considerável de aporte<br />
da União, dos atuais 400 milhões para 7 bilhões, de<br />
acordo com o levantamento apresentado no estudo<br />
promovido pela Undime. É necessário, também, deixar<br />
claro o compromisso da União em respeitar o dispositivo<br />
legal.<br />
6. Por parte dos municípios, sobretudo as capitais,<br />
teme-se a perda da capacidade de responder às<br />
complexas demandas em cada cidade, sobretudo se a<br />
implantação do Fundeb redistribuir recursos dos<br />
Municípios para o ensino médio. Isto poderia represar,<br />
ainda mais, toda a demanda acumulada de crescimento<br />
na educação infantil.<br />
7. Teme-se, ainda, perda de poder pelos Prefeitos<br />
para inovar, para fazer diferente, para deixar a sua marca<br />
na administração municipal. Como ficam os casos, por<br />
exemplo, dos Municípios que já avançaram mais,<br />
garantindo melhores salários aos educadores, jornada<br />
ampliada para os alunos, jornadas pedagógicas<br />
inovadoras e específicas? Por outro lado, será que o<br />
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Fundeb não pode provocar uma certa acomodação em<br />
alguns Prefeitos, não estimulando a ampliação da base de<br />
receitas próprias pela garantia do recebimento dos<br />
recursos do Fundo para a educação?<br />
8. Acreditando no Fundeb e nos benefícios que ele<br />
pode gerar para a educação básica em todos os níveis e<br />
modalidades, sugere-se, como um bom caminho para<br />
superar resistências, a realização de estudos específicos<br />
em cada Estado, a fim de que se possa verificar com<br />
transparência o seu impacto.<br />
9. Quanto aos colóquios, a iniciativa é válida, com a<br />
ressalva de que deve ser organizada e coordenada pelo<br />
Ministério da Educação. O processo deve garantir a<br />
participação de representantes das entidades e das<br />
instituições envolvidas com o processo educacional e na<br />
defesa da educação pública de qualidade. É importante,<br />
também, a divulgação do conteúdo debatido em cada<br />
colóquio, para que os demais municípios e estados<br />
possam acompanhar o debate e contribuir por outras vias.<br />
Apoiamos, também, a proposta feita, pela<br />
Campanha Nacional pelo Direito à Educação, ao<br />
Ministério da Educação, para que sejam realizados uma<br />
grande audiência pública, em formato de teleconferência,<br />
reproduzindo o debatido pelos colóquios e um encontro<br />
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nacional, com a participação das entidades que<br />
participaram do primeiro colóquio nacional e das que<br />
integram o Comitê de Educação Básica, com o objetivo de<br />
discutir a proposta final de Fundeb, antes de ser<br />
encaminhada à Casa Civil e ao Congresso Nacional”.<br />
A UNDIME, senhoras e senhores, é legítima representante dos gestores<br />
públicos da educação básica, que possui 18 anos de atuação. A abrangente atuação<br />
da organização reflete o desejo de educadores de todos os matizes em tornar o<br />
Brasil justo, soberano e valorizador da cultura, da identidade nacional e da nossa<br />
pluralidade.<br />
Ao reconhecermos hoje o documento citado, estamos cumprindo o que<br />
decidimos, aqui, no Congresso Nacional: intitularmos o ano de 2004 como o de<br />
Valorização dos Trabalhadores da Educação.<br />
Passo, agora, a abordar outro assunto.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesta semana em que Juína completa<br />
22 anos de fundação, não poderia deixar de apresentar desta tribuna documentário<br />
sobre o Município e felicitar os mais de 38 mil habitantes que elegeram e<br />
reelegeram, por 2 mandatos consecutivos, o Partido dos Trabalhadores na<br />
administração Municipal.<br />
Documentário — Aniversário da cidade de Juína, Mato Grosso, 2004.<br />
Juína comemora hoje, dia 9 de maio, seus 22 anos de emancipação<br />
político-administrativa. O Município é formado de um povo batalhador, alegre e<br />
prestativo que veio de várias regiões do País em busca de uma vida melhor.<br />
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O Município é a porta de entrada para a maior reserva da biosfera e<br />
patrimônio da humanidade: a Floresta Amazônica. A região oferece várias atrações<br />
turísticas, como os rios que fazem parte da Bacia Amazônica, áreas indígenas e<br />
exuberantes florestas.<br />
Juína é uma cidade jovem que oferece muitas oportunidades por causa de<br />
suas potencialidades: agricultura, pecuária, turismo, extração de madeira, diamante<br />
e comércio regional. Detém o sexto maior rebanho bovino do Estado, com 509.494<br />
cabeças de gado (Fonte: IN<strong>DE</strong>A 2003).<br />
O Município é hoje, a décima população do Estado de Mato Grosso, com<br />
38.026 habitantes (Segundo o IBGE 2000, com taxa de crescimento de 4,5% ao ano),<br />
e é também a décima economia. A arrecadação municipal aumentou de R$19,6<br />
milhões em 2002, para R$23 milhões em 2003, ou seja, um crescimento de 17%.<br />
A atual Administração, preocupada com o bem-estar dos seus cidadãos e<br />
cidadãs, tem realizado inúmeras obras e serviços transformando a cidade numa<br />
“Juína Cada Vez Melhor”. Esse trabalho só está sendo possível graças à participação<br />
e o envolvimento popular da comunidade que tem buscado continuamente, junto ao<br />
Executivo, ações que contribuam para essa melhoria.<br />
Algumas obras e serviços da Prefeitura Municipal de Juína.<br />
Saúde.<br />
A saúde pública é uma das prioridades da Prefeitura Municipal de Juína, que<br />
busca garantir o direito do cidadão ao atendimento e prover condições para que<br />
esse direito esteja ao alcance da população, independente da condição social de<br />
cada um.<br />
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O atendimento à saúde deu passos importantes oferecendo qualidade de vida<br />
ao cidadão e cidadã juinense. No ano de 1996, foram aplicados R$2 milhões no<br />
setor, média mês de R$166 mil. Em 2002, o investimento na área totalizou R$4,95<br />
milhões, média mês de R$412 mil. Em 2003, o Município aplicou 14,84% de sua<br />
receita própria em serviços de saúde, ou seja, acima dos 12,42% previstos pela<br />
Emenda Constitucional nº 29/2000. O quadro de pessoal com especialização na<br />
Saúde teve um aumento: de 24 profissionais, em 1996, passou para 55, em 2004.<br />
Os serviços prestados à saúde em Juína são um dos melhores do interior do<br />
Estado. Dos casos que chegam ao Hospital Municipal cerca de 97% são<br />
solucionados na unidade.<br />
A Prefeitura, em parceria com o Governo do Estado e as cidades que<br />
compõem o Consórcio Intermunicipal Vale do Juruena, inaugurou a Casa de Apoio<br />
aos atendidos pelo Consórcio, visando acolher os pacientes dos Municípios citados.<br />
Foi reformado, em 2003, o setor de internação e construído uma cozinha e<br />
um Centro de Esterilização. Em 2004, foi reformada e equipada a lavanderia<br />
conforme as normas da Vigilância Sanitária Estadual. Por meio de convênio com os<br />
Governos Federal e Estadual, o Hospital Municipal será todo reformado e ampliado<br />
em mais 30 leitos.<br />
Por meio do projeto REFORSUS inúmeros equipamentos melhoraram a<br />
estrutura do Hospital Municipal: UTI Neonatal, Raio X, eletrocardiograma,<br />
eletroencefalograma, ambulância, equipamentos de lavanderia, banco de sangue,<br />
Vigilância Epidemiológica e Centro Cirúrgico.<br />
O Município de Juína participa de diversos programas de assistência à saúde<br />
em parceria com os Governos Federal e Estadual:<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
*Programa Saúde da Família (PSF) oferece cobertura a 73% da população e<br />
apresenta 6 unidades de saúde (Palmiteira, Padre Duílio, São José Operário,<br />
Modulo 5 equipe 1, 2, 3 e 4);<br />
*Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) atende os Módulos 1, 2,<br />
3 e 4, zona rural e Distritos de Terra Roxa, Fontanillas e Filadélfia;<br />
*Programa Agentes Comunitários Rurais de Saúde (PASCAR) atende na<br />
Gleba Iracema e Linha 07;<br />
*Consórcio Intermunicipal do Vale do Juruena (CIVJ) atende cerca de 90 mil<br />
pessoas dos Municípios de Juína, Castanheira, Juruena, Cotriguaçu, Colniza e<br />
Aripuanã. O Consórcio conta com as especialidades de neurologia, pediatria,<br />
ortopedia, anestesia, cirurgia geral, cardiologia, otorrinolaringologia, ginecologia e<br />
oftalmologia.<br />
Neste ano, a Prefeitura de Juína implanta novos serviços:<br />
- Centro de Ação Psicossocial (CAPS) é destinado para pessoas portadoras<br />
de dependência química, transtornos mentais e aos familiares;<br />
- Cirurgia de Alta Freqüência (CAF) faz parte do Programa Saúde da Mulher<br />
de prevenção contra o câncer;<br />
- PSF Odontológico será implantado — duas equipes de Saúde Bucal, uma<br />
para atender os Bairros da Palmiteira e Padre Duílio, e a outra para atender o<br />
Modulo 5, nas equipes do PSF II e III.<br />
Educação.<br />
Na educação, além da formação continuada para professores, a Prefeitura<br />
investe no ensino superior por meio do Núcleo de Educação a Distância (NEAD) e o<br />
convênio de especialização com a Universidade Federal de Mato Grosso.<br />
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Para assegurar o acesso e a permanência a todas as crianças na escola, o<br />
Município disponibiliza diariamente 23 ônibus para o transporte escolar de 1.600<br />
alunos das redes municipal e estadual de ensino.<br />
Foram realizadas melhorias nas escolas municipais. No ano passado, foi<br />
construída a Escola Rural Municipal José Carlos Pereira Campos, na Linha 6;<br />
ampliada a Escola Rural Municipal Ponce de Arruda, na Linha 7 e ampliada a Escola<br />
Rural Municipal Oswaldo Cruz, em Filadélfia. Em 2004, foi ampliada a Escola<br />
Municipal Paulo Freire, localizada no Bairro Módulo 5, além de outras melhorias,<br />
como quadras de esportes, sanitários, fornecimento de água e equipamentos.<br />
A Universidade agora é uma realidade. Juína conta com a Turma Especial do<br />
Curso de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso. Está previsto para agosto<br />
o curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual de Mato Grosso. O Estado<br />
juntamente com o Município tem como projeto construção do campus da UNEMAT.<br />
Juína conta com o curso de Pedagogia para os professores que atuam no<br />
Ensino Fundamental: o Núcleo de Educação a Distância (NEAD), oferecido pela<br />
UFMT. O NEAD formará um total de 777 professores, sendo 420 da primeira turma,<br />
que concluirá em 2004, e 357 da segunda turma, que teve início no 2º semestre de<br />
2003. O pólo é composto por 8 Municípios: Juína, Juruena, Brasnorte, Cotriguaçu,<br />
Castanheira, Aripuanã, Colniza e Rondolândia.<br />
Assistência social.<br />
O atendimento à criança e ao adolescente são prioridades. Mais de 1,5 mil<br />
são atendidos pelos programas e pelas parcerias com Estado, União e a sociedade.<br />
O número de crianças atendidas em creches foi novamente ampliado. De 759, em<br />
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2003, passou a 895, neste ano, registrando um aumento de quase 20%. Desde 1996<br />
esse índice ultrapassou a casa dos 400%.<br />
Aos que contribuíram a vida inteira com a sociedade são desenvolvidos<br />
cursos, atividades e encontros com a terceira idade. A Secretaria de Assistência<br />
Social inaugurou nas festividades do aniversário do Município o Centro de<br />
Convivência do Idoso Vó Paixão, com 966 metros quadrados de área construída,<br />
piscina térmica, academia de ginástica, salão de festas e diversas salas de oficinas.<br />
Futuramente serão construídos o campo de futebol suíço e a concha de bochas.<br />
Este ano Juína sediará os VI Jogos Regionais da Terceira Idade.<br />
O Lar do Idoso foi reformado e ampliado, com recursos do Projeto<br />
Voluntariado da empresa Jader Norte Veículos em parceria com a Prefeitura<br />
Municipal de Juína.<br />
O Centro de Apoio foi construído pela Prefeitura e equipado com a<br />
colaboração solidária da comunidade — tem capacidade para atender 40 pessoas e<br />
oferece acompanhamento profissional. O objetivo principal é o resgate da cidadania<br />
e a reintegração social dessas pessoas.<br />
O Programa Meu Lar é uma parceria entre o Estado e o Município, destinado<br />
a melhorar as condições de habitação de famílias de baixa renda. As primeiras 20<br />
famílias beneficiadas em Juína são do Bairro Padre Duílio. As próximas serão nos<br />
Bairros Palmiteira, São José Operário e sucessivamente nos demais bairros.<br />
Infra-estrutura.<br />
Em 2002 foram executados 55 mil metros quadrados de pavimentação<br />
asfáltica. Desse total, a Prefeitura pavimentou 35 mil metros quadrados com recursos<br />
próprios e, em parceria com a União, por meio de emenda parlamentar, foram<br />
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asfaltados 20 mil metros cúbicos. No ano passado, a Prefeitura de Juína pavimentou<br />
com recursos próprios 50 mil metros quadrados de asfalto e 30 mil metros quadrados<br />
em parceria com o Estado. Foram executados mais de 2,5 mil metros lineares de<br />
drenagem de águas fluviais.<br />
Para este ano, a Prefeitura pretende pavimentar mais 80 mil metros<br />
quadrados, dos quais parte será com recursos próprios e o restante em parceria<br />
com o Governo Estadual.<br />
Foi construído, com recursos do Plano de Gestão Integrada de Resíduos<br />
Sólidos (PGIRS), o Espaço dos Garis, que conta com chuveiros, vestiários, refeitório<br />
e cozinha. O espaço faz parte do projeto de valorização dos profissionais da limpeza<br />
urbana.<br />
O Programa Juína às Claras garante aplicação de recursos da CIP<br />
(Contribuição para Iluminação Pública); foram concluídas a iluminação da Praça no<br />
Bairro Padre Duílio, a iluminação baixa na Praça da Bíblia e melhorias na iluminação<br />
das Praças do Módulo 5 e Palmiteira. Até o final de 2004, o Programa prevê a<br />
colocação de lâmpadas nos postes da cidade.<br />
A Praça no Bairro Padre Duílio é uma obra executada pela Prefeitura,<br />
decidida pelos moradores do bairro por meio do Orçamento Participativo. É um<br />
importante espaço destinado ao esporte e lazer da comunidade.<br />
Esporte, lazer e turismo.<br />
Juína é a única cidade do Centro-Oeste selecionada para receber o Programa<br />
Esporte e Lazer da Cidade. O Programa conta com mais de 2,3 mil pessoas<br />
cadastradas. Está sendo desenvolvido em 7 núcleos: Ginásio Municipal, Palmiteira,<br />
São José Operário, Módulo 4, Padre Duílio, Módulo 5 e Distrito de Terra Roxa.<br />
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Foram contratados um total de 100 pessoas, entre monitores, bolsistas e<br />
coordenadores para atuarem no Programa.<br />
O Ginásio Municipal de Esportes é o segundo maior de Mato Grosso, o que<br />
tornou possível a realização com sucesso de duas etapas da Copa Centro América<br />
de Futsal. Em setembro, Juína sediará a XII Etapa do Campeonato Estadual de<br />
Pesca, que acontecerá durante o Festival de Pesca em Fontanillas.<br />
Administração e finanças.<br />
A boa gestão financeira somada à confiança da população na Administração<br />
Municipal garantiu o crescimento na arrecadação. A receita própria de Juína (IPTU,<br />
ISSQN, ITBI, Alvará etc.) apresentou um crescimento de 255% entre 1996 e 2003. A<br />
receita total (transferências constitucionais e convênios) registrou aumento de 195%<br />
no mesmo período.<br />
A capacitação é uma preocupação da Administração Municipal; ao longo dos<br />
últimos anos mais de 50% dos servidores tiveram acesso à capacitação promovida<br />
pelo Executivo e suas parcerias.<br />
Agricultura, mineração e meio ambiente.<br />
Na agricultura familiar, as parcerias entre Prefeitura, Governo do Estado,<br />
Governo Federal e organizações de produtores são a grande marca. Destaca-se no<br />
Município:<br />
- Pró-Ambiente atende 300 famílias, incentivando a produção;<br />
- Compra antecipada beneficia 500 famílias por meio de parcerias com o<br />
CONAB e o Programa Fome Zero;<br />
- Crédito Habitação atende 92 famílias da Gleba Iracema.<br />
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No setor agropecuário merece destaque o inicio do plantio mecanizado e a<br />
construção do frigorífico que está a todo vapor. O frigorífico terá capacidade de<br />
abater mil cabeças de boi diariamente. Num primeiro momento, serão abatidas 500<br />
cabeças ao dia.<br />
O BASA (Banco da Amazônia) será instalado ainda este ano no Município. O<br />
espaço físico para o funcionamento da instituição está sendo negociado pelos seus<br />
diretores. O BASA é um banco público voltado para o financiamento do setor<br />
produtivo, funcionando como agente fomentador do desenvolvimento regional.<br />
A produção de diamante em Juína caminha para regularidade a partir de<br />
amplo processo de discussão envolvendo a Cooperativa de Garimpeiros, as<br />
Mineradoras, o DNPM, a FEMA e a Prefeitura Municipal.<br />
Tudo isso somado à garra e à determinação do povo juinense dão-nos a<br />
certeza da continuidade do desenvolvimento. E permite-nos afirmar que de fato é<br />
muito bom viver ali.<br />
Juína Cada Vez Melhor!<br />
Ao finalizar, Sr. Presidente, solicito a V.Exa. seja transcrito nos Anais da Casa<br />
nota pública da Campanha Nacional pelo Direito à Educação acerca da possível<br />
desvinculação dos recursos constitucionais destinados ao ensino e à saúde,<br />
divulgada pelo jornal O Estado de S.Paulo.<br />
Era o que tinha a dizer.<br />
MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR<br />
Nota Pública: Proposta de Desvinculação Orçamentária<br />
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A Campanha Nacional pelo Direito à Educação vem a público manifestar<br />
repúdio com relação à proposta de desvinculação de recursos das áreas de<br />
educação pública e saúde, elaborada pelo Ministério da Fazenda e divulgada com<br />
exclusividade no último domingo (4/7) pelo jornal O Estado de São Paulo. Segundo<br />
o jornal, a proposta faz parte do que já foi batizado na área econômica de "terceira<br />
agenda de reformas", voltada para "atacar" os gastos e tocar nas receitas vinculadas<br />
à saúde e à educação públicas de nosso país.<br />
A informação divulgada e a concepção de gasto social que ela revela geraram<br />
indignação entre as entidades, redes e movimentos que atuam pela melhoria da<br />
educação pública e que trabalham pelo contrário, ou seja, pela ampliação dos<br />
recursos para a área, dentre eles a Campanha Nacional pelo Direito à Educação,<br />
articulação que atualmente reúne 200 organizações da sociedade civil. À indignação<br />
junta-se a perplexidade diante do fato de que tal proposta esteja sendo gestada em<br />
um governo que se diz comprometido com a melhoria da educação pública,<br />
responsável pelo atendimento de mais de 57 milhões de crianças, jovens e adultos,<br />
ou seja, 87% dos estudantes da educação básica. A educação básica envolve os<br />
níveis da educação infantil, o ensino fundamental, a educação média e as<br />
modalidades educação de jovens e adultos, educação especial, educação indígena,<br />
educação do campo e educação profissional.<br />
É intrigante imaginar que a proposta da Fazenda surja em um momento em<br />
que o Governo diz ter como prioridade a criação do Fundeb (Fundo de<br />
Desenvolvimento da Educação Básica), que vem substituir o Fundef (Fundo de<br />
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do<br />
Magistério, criado em 1996), e que exigirá muito mais investimentos públicos. Por<br />
sinal, a Campanha vem participando de um Grupo de Mediação junto ao Ministério<br />
da Educação, que, entre outras questões, está discutindo o processo de criação do<br />
Fundeb. Mas como criar um novo Fundo se até a vinculação for quebrada?<br />
Vinculação: uma conquista da sociedade brasileira<br />
A vinculação de recursos para a saúde e a educação públicas é uma<br />
conquista histórica da sociedade brasileira, diante de um Estado que<br />
tradicionalmente nunca priorizou o enfrentamento da dívida social do país.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Passando por várias fases de interrupção, a vinculação constitucional de<br />
recursos para educação pública foi adotada pela primeira vez no Brasil em 1934,<br />
ressurgindo com a democratização de 1946 e retomada em 1983, com a aprovação<br />
da emenda João Calmon. A emenda Calmon estabelecia a obrigatoriedade de<br />
aplicação anual, pela União, de nunca menos de 13%, de no mínimo 25% de renda<br />
resultante de impostos, pelos estados, DF e municípios, na manutenção e no<br />
desenvolvimento de ensino.<br />
A Constituição de 1988 ampliou a vinculação, assegurando patamares<br />
mínimos de investimentos públicos na manutenção e no desenvolvimento do ensino<br />
em seus diferentes níveis. A Carta determina que a União aplicará, anualmente,<br />
"nunca menos de 18%, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 25%, no<br />
mínimo, da receita resultante de impostos" (excluídas as transferências). Diversas<br />
constituições estaduais e municipais determinam que os governos gastem mais do<br />
que os 25% obrigatórios, como a do Rio Grande do Sul (35%), Mato Grosso do Sul<br />
(30%), Rio de Janeiro (30%) e Piaui (30%), entre outras.<br />
Em 2000, a emenda constitucional n° 27 (março de 2000) criou a<br />
desvinculação de arrecadação de impostos e contribuições sociais da União,<br />
conhecida como DRU, que excluiu 20% dos impostos da União da base de cálculo<br />
dos recursos vinculados, inclusive dos 18% devidos à Educação. A DRU, que foi<br />
mantida pelo governo Lula, reduziu em cerca de 33% os recursos federais<br />
destinados à educação pública, tendo repercussão direta na capacidade financeira<br />
do Estado em garantir o valor aluno previsto na lei do Fundef (Fundo de Manutenção<br />
e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), entre<br />
outros compromissos e metas.<br />
Atualmente, o Brasil gasta em torno de 4,6% do Produto Interno Bruto em<br />
educação. Segundo estudos realizados por institutos de pesquisa do governo (IPEA<br />
e INEP), seria necessário um incremento para 8% do PIB a fim de que o país<br />
cumprisse as metas decenais do Plano Nacional de Educação, lei aprovada pelo<br />
Congresso, que não saiu do papel por falta de recursos.<br />
A necessidade urgente de mais recursos para a Educação pode ser mais uma<br />
vez comprovada por meio de um estudo da Unesco/OC<strong>DE</strong> (2003), que comparou a<br />
realidade de 41 países. Nele o Brasil aparece como um dos países que apresentam<br />
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o pior desempenho na alfabetização de seus estudantes e um dos mais baixos<br />
investimentos por aluno de sua rede pública. O País destina por aluno metade do<br />
valor do Chile e da Argentina e um sétimo do que é gasto na Áustria e nos Estados<br />
Unidos.<br />
Com todos esses desafios com relação ao financiamento educacional, acabar<br />
com a vinculação neste momento é colocar em risco os passos dados até agora e<br />
pôr fim às esperanças e aos horizontes de uma educação de qualidade para todas e<br />
todos os brasileiros. Sem a vinculação, muitos estados e municípios vão diminuir os<br />
gastos com educação, usando os recursos em outras áreas.<br />
Com a atual vinculação, nem a lei do FUN<strong>DE</strong>F é cumprida<br />
A Campanha entrou no dia 22 de abril deste ano com uma representação<br />
contra o Governo Federal junto ao Procurador Geral da República, Cláudio Fonteles.<br />
Assinado por mais de vinte redes e organizações nacionais, o documento é uma<br />
resposta ao descumprimento da lei do Fundef pela União, situação que ocorre desde<br />
1998, acumulando uma dívida de mais de 19 bilhões de reais com vários estados da<br />
Federação. Atualmente, a Campanha aguarda um posicionamento do Procurador<br />
Geral com relação à recomendação.<br />
Segundo o decreto presidencial de janeiro, o novo valor mínimo do Fundef<br />
para alunos de 1ª a 4ª série passou de R$462,00 (praticado em outubro) para<br />
R$537,71. Para estudantes de 5ª a 8ª série e da educação especial, subiu de<br />
R$485,10 para R$564,60. Em janeiro de 2003, os mínimos ficaram em R$446,00 e<br />
R$468,30, respectivamente. O valor mínimo por aluno, conforme determina a lei,<br />
deveria ser de R$864,00, da 1ª a 4ª série, e de R$907,00, da 5ª a 8ª séries e<br />
educação especial.<br />
A representação contra o Governo Federal insere-se em um caminho trilhado<br />
pela Campanha a partir de 2002, do qual fizeram parte reuniões com o Ministério da<br />
Educação e com representantes da Presidência, mobilizações nacionais, pressão<br />
sobre governantes e parlamentares e a obtenção, em julho de 2003, das<br />
recomendações da Procuradoria Geral da República, exigindo que os Ministérios do<br />
Planejamento e da Fazenda garantissem recursos suficientes na proposta<br />
orçamentária de 2004 para o cumprimento da lei do Fundef. Todas as iniciativas<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
exigiam respostas aos problemas do descumprimento e da não ampliação dos<br />
recursos para a educação pública.<br />
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)<br />
A Campanha entende que a LDO deve proibir o contingenciamento ou<br />
bloqueio, pelo Governo, dos investimentos em educação pública e em outras<br />
políticas sociais.<br />
Comprometida com a transformação dessa realidade, que gera profundo<br />
impacto negativo às já frágeis políticas sociais brasileiras, a Campanha Nacional<br />
pelo Direito à Educação soma-se às vozes de outros movimentos sociais, redes e<br />
organizações brasileiros de educação, de saúde e de outros campos sociais que<br />
exigem a mudança da política econômica e que defendem a vinculação de recursos<br />
como mecanismo fundamental e necessário para a garantia de políticas destinadas<br />
à universalização de direitos e à construção de um desenvolvimento justo, cidadão e<br />
sustentável. Um desenvolvimento no qual o investimento social esteja no "centro da<br />
roda" e não mais seja encarado como um "gasto" a ser cortado em nome do ajuste<br />
fiscal.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Zequinha Marinho) - Esta Presidência cumprimenta os<br />
alunos do Centro de Ensino Candanguinho, localizado no Setor Sudoeste de<br />
Brasília, comandados pela Profa. Eliana e presentes nas nossas galerias. (Palmas.)<br />
Vocês é que merecem nossos aplausos. É um prazer tê-los conosco. Sejam<br />
sempre bem-vindos. Fica o convite para virem aqui nas terças ou quartas-feiras,<br />
quando este plenário está mais cheio, para que possam verificar como funciona de<br />
fato o Congresso Nacional, principalmente a Câmara dos Deputados.<br />
Muito obrigado pela visita, fiquem à vontade. (Palmas.)<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Zequinha Marinho) - Concedo a palavra ao Sr.<br />
Deputado Nilson Mourão.<br />
O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente<br />
Deputado Zequinha Marinho, Sras. e Srs. Deputados, queridos alunos, o jornal<br />
Folha de S.Paulo, em sua edição de ontem, 8 de julho, publicou matéria que me<br />
deixou perplexo e que merece registro nos Anais desta Casa.<br />
Leio um trecho:<br />
“Eleição nos EUA.<br />
Se eleito, Kerry vai procurar países da América<br />
Latina para derrubar Fidel do poder.<br />
O senador John Kerry, virtual candidato do Partido<br />
Democrata à Presidência dos EUA, pretende, se eleito,<br />
definir uma linha de ação com países da América Latina<br />
para acabar com a ditadura de Fidel Castro em Cuba.<br />
‘Kerry disse que dará uma abordagem aos<br />
problemas com Cuba similar àquela que adotará em<br />
outras questões internacionais’, afirmou José Villareal,<br />
co-presidente da equipe que faz a campanha do<br />
candidato democrata. ‘[A abordagem] consiste em<br />
convidar a comunidade internacional, principalmente os<br />
países latino-americanos, para tratar de elaborar uma<br />
estratégia que acabe de uma vez por todas com a<br />
ditadura de Cuba’.”<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Sr. Presidente, estou perplexo com esse tipo de posição. Originário de<br />
imigrantes da Inglaterra, o povo americano se constituiu dos grandes ideais da<br />
democracia, da paz e do respeito à soberania dos povos. Apesar de ser um país que<br />
porta a liberdade como uma de suas grandes bandeiras — um dos seus grandes<br />
símbolos é a Estátua da Liberdade — e de já ter avançado em seu processo de<br />
desenvolvimento, precisa rever esse posicionamento em relação à política externa,<br />
pois não constrói a paz, não edifica e não está em consonância com os grandes<br />
ideais dos colonos ingleses que partiram para a América.<br />
Parte de uma concepção segundo a qual o Estado norte-americano é dono do<br />
mundo. Um candidato à Presidência da República insere em seu programa de<br />
governo a pretensão de se organizar com governantes para derrubar dirigentes<br />
políticos de outros países. Isso é um absurdo!<br />
O que diriam o povo e os Parlamentares norte-americanos, os seus jornalistas<br />
e cientistas, se o Presidente Lula tivesse a intenção de se organizar com o México,<br />
Afeganistão e Iraque para derrubar o Governo dos Estados Unidos? O que diriam o<br />
Presidente George Bush e John Kerry se o Presidente Hugo Chávez se unisse com<br />
outros países, aproveitando o plebiscito que ocorrerá em agosto, para derrubar o<br />
Governo norte-americano que for eleito nas próximas eleições? É claro que o povo<br />
americano iria considerar essa idéia estapafúrdia, absurda e inconsistente, uma<br />
atitude agressiva e de ingerência na política de outros países.<br />
Não interessa o conceito e a visão do Governo e do povo norte-americanos<br />
sobre o Presidente Fidel Castro. Cuba deve ser respeitada. O destino daquele país<br />
tem que ser decidido pelo seu povo, que deve avaliar se Fidel Castro é ditador ou<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
não, se deve continuar ou sair. Essa decisão não cabe ao Estado americano, ou ao<br />
brasileiro, ou ao mexicano, ou ao francês.<br />
Sr. Presidente, faço este registro para manifestar minha indignação.<br />
Campanhas desse tipo não edificam a paz, a democracia e a liberdade; tornam, sim,<br />
os povos ainda mais agressivos. Além disso, partem de uma concepção equivocada,<br />
que passa por cima da soberania das nações. O Sr. John Kerry vinha fazendo uma<br />
campanha brilhante, contrapondo-se aos erros de política externa cometidos pelo<br />
Presidente Bush, que invadiu o Iraque contra a posição das Nações Unidas. Seu<br />
conceito havia crescido na opinião pública. Todavia, adota agora um posicionamento<br />
infeliz.<br />
Apelo para o Embaixador americano no Brasil no sentido de que informe ao<br />
candidato à Presidência dos Estados Unidos John Kerry que esse tipo de<br />
posicionamento e visão em política externa não condiz com as tradições e os ideais<br />
que o povo norte-americano sempre procurou preservar. É uma idéia infeliz.<br />
Entendo que a idéia básica que deveria constar do seu programa de governo é que,<br />
diferentemente do posicionamento do Presidente Bush, a soberania dos povos, o<br />
direito de cada nação de dizer que caminho deseja adotar nos planos político e<br />
econômico, deve ser respeitada. Só assim haverá respeito aos povos.<br />
Era o que eu tinha a dizer.<br />
Muito obrigado.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.<br />
e Srs. Deputados, ontem, na cidade de Puerto Iguazú, na Argentina, o Brasil<br />
assumiu a Presidência pro tempore do MERCOSUL, tanto na esfera do Poder<br />
Executivo, com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como na esfera do Poder<br />
Legislativo, com a Comissão Parlamentar Conjunta, da qual sou Presidente.<br />
Considero muito importante a presença do Presidente Lula naquele país. Ao<br />
contrário do que muitas pessoas desejavam, o MERCOSUL avançou bastante na<br />
reunião realizada naquela cidade. Quando a Argentina divulga a obstrução da<br />
importação de eletrodomésticos da chamada linha branca, no processo de<br />
negociação, em Puerto Iguazú, há um retrocesso nessa política. Contrariando o<br />
desejo de alguns setores, principalmente fora do Brasil, criou-se, depois de várias<br />
discussões, um mecanismo de trabalho que, ao longo dos próximos 12 meses,<br />
avaliará todo o processo de importação e exportação.<br />
Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, alguns empresários argentinos<br />
tentaram impor outras obstruções, mas o Presidente Lula e o Ministro Furlan<br />
conseguiram negociar e impediram que prosperasse essa intenção.<br />
É lógico que há leituras adversas em processos de integração. Se quisermos<br />
construir um bloco forte com o MERCOSUL, como queremos, o processo de<br />
integração terá de ser de sinergia e não de obstrução. Cada país tem que definir o<br />
que é melhor para si, não competindo internamente, mas somando forças, para que,<br />
finalmente, fora do bloco, possa competir.<br />
Se o Brasil aumentar a exportação para a Argentina dos eletrodomésticos da<br />
linha branca, de produtos têxteis e de calçados, só vai beneficiar a economia<br />
daquele país, que anda deprimida. Hoje, aliás, importamos para a Argentina, em<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
algumas dessas áreas, menos do que exportávamos em 2001, fato que comprova<br />
realmente tal depressão. Com a retomada do crescimento argentino, é lógico que o<br />
Brasil vai exportar mais para aquele país.<br />
Felizmente, esse processo já foi superado. Mais do que isso, temos<br />
avançado, tanto que a Venezuela acaba de se associar ao MERCOSUL.<br />
Atualmente, os países associados são os seguintes: Bolívia, Peru, Chile e<br />
Venezuela.<br />
O México, com a importante participação do Presidente Fox nesse debate,<br />
também manifestou o desejo de pelo menos manter relação mais integrada com o<br />
MERCOSUL, que caminha a passos largos para integrar não somente os países do<br />
Cone Sul — Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil —, mas os de toda a América do<br />
Sul.<br />
No que diz respeito a nós, Parlamentares, avançou-se em relação a uma<br />
proposta para a criação do Parlamento do MERCOSUL. No próximo mês, todos os<br />
Parlamentares do Congresso Nacional receberão, nos gabinetes, informações sobre<br />
essa questão. Está sendo feita uma proposta para que esse debate ganhe espaço<br />
no nosso Parlamento. Espero que possamos, até dezembro, definir uma proposta<br />
brasileira. Temos um ponto mínimo para trabalhar, Sr. Presidente, que é o acordo<br />
que conseguimos assinar, os 4 países do MERCOSUL.<br />
Há uma preocupação dos Parlamentares do MERCOSUL, uma preocupação<br />
que me leva, hoje, a apresentar um requerimento de informação. Debatemos entre<br />
nós, Parlamentares, o acordo entre o MERCOSUL e a União Européia, e há dúvidas<br />
que ficaram para todos nós. O que o MERCOSUL vai ganhar? O que vai ganhar,<br />
individualmente, cada um dos países nesse acordo? Temos muito pouca informação<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
sobre esse acordo, já que não houve a devida transparência nessa negociação — o<br />
contrário, aliás, do que está ocorrendo em relação à ALCA.<br />
Sabemos que, nas negociações, os europeus estão exigindo tudo, e não<br />
estão dando absolutamente nada. Exigem participação nos serviços, nas compras<br />
governamentais; exigem a entrada no espaço agrícola e industrial, mas não retiram<br />
seus subsídios agrícolas. Qual é a vantagem para o nosso País? O que o Brasil está<br />
oferecendo e o que está recebendo em troca? O que oferece e o que ganha o<br />
MERCOSUL? Sabemos que a agricultura familiar, provavelmente, não ganhará<br />
coisa alguma e será lesada.<br />
Queremos saber sobre esse acordo entre o MERCOSUL e a União Européia,<br />
extremamente positivo para a América do Sul. Ressalte-se a política externa<br />
brasileira, capitaneada pelo Presidente Lula e levada adiante pelo Ministro Celso<br />
Amorim. Essa política é extremamente importante. Há preocupação dos<br />
Parlamentares do MERCOSUL em relação a esse acordo com a União Européia.<br />
Daí o mencionado requerimento de informação. Está de parabéns tanto o Ministro<br />
das Relações Exteriores quanto o Presidente da República.<br />
Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
DISCURSO DO SR. <strong>DE</strong>PUTADO ANTONIO CARLOS MEN<strong>DE</strong>S<br />
THAME QUE, ENTREGUE À <strong>REVISÃO</strong> DO ORADOR, SERÁ<br />
POSTERIORMENTE PUBLICADO.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Durante o discurso do Sr. Antonio Carlos Mendes<br />
Thame, o Sr. Zequinha Marinho, § 2º do art. 18 do<br />
Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é<br />
ocupada pelo Sr. Maurício Rabelo, § 2º do art. 18 do<br />
Regimento Interno.<br />
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Átila Lira.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado<br />
O SR. ÁTILA LIRA (PSDB-PI. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apresentei, no dia 11 de fevereiro de 2004,<br />
projeto de lei que dispõe sobre a distribuição de exemplares da Constituição Federal<br />
nas escolas públicas de ensino fundamental e médio.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, para que se faça justiça, quero que<br />
fique registrado, nos Anais desta Casa, que a apresentação do projeto foi fruto da<br />
idéia de professores e alunos da Unidade Escolar Gervásio Costa, no Município de<br />
Barras, no meu Estado.<br />
Trata-se de garantir o efetivo acesso dos estudantes das redes públicas de<br />
ensino fundamental e médio à Constituição Federal. O conhecimento dos direitos e<br />
deveres nela inscritos constitui elemento indispensável na formação da cidadania.<br />
Assim como o desenvolvimento da consciência política só se faz por meio do<br />
entendimento de como se organiza o Estado democrático brasileiro, seus<br />
fundamentos e seus princípios.<br />
O projeto já passou pela Comissão de Educação e Cultura, tendo recebido<br />
parecer favorável do seu Relator, Deputado Athos Avelino (PPS-MG). Foi aprovado<br />
por unanimidade pela Comissão na reunião do dia 2 de junho de 2004. Seguiu para<br />
a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, tendo sido designado<br />
Relatora a Deputada Fátima Bezerra, do PT do Rio Grande do Norte.<br />
Não tenho dúvida de que a iniciativa, por seu mérito, haverá de receber o<br />
indispensável apoio dos ilustres pares para sua aprovação.<br />
Era o que tinha a dizer.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Em nome do Presidente João Paulo<br />
Cunha e do Vice-Presidente Inocêncio Oliveira, agradecemos a um grupo de<br />
brasileiros e brasileiras do Estado do São Paulo, que tiveram a oportunidade de<br />
ouvir o pronunciamento do nobre representante de São Paulo, Deputado Antonio<br />
Carlos Mendes Thame, a visita.<br />
Agrademos também ao grupo do Estado do Maranhão.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Passa-se ao<br />
V - GRAN<strong>DE</strong> EXPEDIENTE<br />
Concedo a palavra ao Sr. Deputado Zequinha Marinho.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. ZEQUINHA MARINHO (PSC-PA. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na semana passada apresentamos nesta Casa<br />
projeto de lei que cria o Pólo de Desenvolvimento Turístico do Arquipélago de<br />
Marajó.<br />
O Estado do Pará, como todo o Brasil, é uma bênção, mas, por estar no<br />
coração da Amazônia, tem algumas peculiaridades interessantes e regiões bem<br />
diferentes uma das outras.<br />
É um Estado com 1.248 quilômetros quadrados, que possui diversidades<br />
maravilhosas. O arquipélago do Marajó nos chama muito a atenção pelas suas<br />
características, sua forma, seu povo, sua cultura e o potencial turístico que<br />
apresenta, ainda intacto.<br />
Achamos por bem trazer à Câmara dos Deputados projeto que trata<br />
especificamente deste assunto, buscando despertar as ações do Governo Federal<br />
nessa direção, para que se possa aproveitar tudo de bom que Marajó pode oferecer<br />
ao Brasil e ao mundo.<br />
Portanto, Sr. Presidente, apresentei Projeto de Lei Complementar que cria o<br />
Pólo de Desenvolvimento Turístico do Arquipélago de Marajó, com a finalidade de<br />
articular e harmonizar as ações administrativas da União, do Estado do Pará e dos<br />
Municípios ali envolvidos.<br />
A área de abrangência do Pólo de Desenvolvimento Turístico do Arquipélago<br />
de Marajó é constituída pelos Municípios de Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Cachoeira<br />
do Arari, Chaves, Curralinho, Melgaço, Muaná, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, São<br />
Sebastião da Boa Vista e Soure, no Estado do Pará.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Os Municípios que vierem a ser constituídos a partir de desmembramentos de<br />
territórios deverão compor automaticamente o Pólo de Desenvolvimento Turístico do<br />
Arquipélago de Marajó.<br />
Nesse projeto, será de competência do Poder Executivo criar o Conselho de<br />
Gestão, que coordenará as ações governamentais no âmbito do pólo, no<br />
arquipélago de Marajó. As atribuições e a composição do Conselho de Gestão serão<br />
definidas em regulamento, assegurada a participação de representantes do Governo<br />
do Estado do Pará e dos Municípios situados naquele pólo e também de<br />
representantes da sociedade civil.<br />
Consideram-se de interesse comum do Pólo de Desenvolvimento Turístico do<br />
Arquipélago de Marajó as ações da União e os serviços públicos comuns do Estado<br />
do Pará e dos Municípios que o integram, especialmente aquelas relacionadas ao<br />
desenvolvimento econômico sustentável, em especial a conservação do equilíbrio<br />
socioambiental e o desenvolvimento das atividades de apoio e de promoção do<br />
turismo, principalmente a do ecoturismo.<br />
O Poder Executivo será responsável por instituir o Programa Especial de<br />
Desenvolvimento Integrado do Pólo de Desenvolvimento Turístico do Arquipélago de<br />
Marajó.<br />
Os incentivos ao desenvolvimento do turismo a serem implantados no pólo<br />
compreenderão:<br />
1) igualdade de tarifas, fretes e seguros e outros itens de custos e preços de<br />
responsabilidade do Poder Público, na forma do art. 43, § 2º, inciso I, da<br />
Constituição Federal;<br />
2) linhas de crédito especiais para o financiamento das atividades prioritárias;<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
3) subsídios, remissões, isenções, reduções, diferimento temporário de<br />
tributos federais, devidos por pessoas físicas ou jurídicas, ou por outros incentivos<br />
fiscais concedidos para o fomento das atividades produtivas;<br />
4) outros benefícios com tratamento fiscal diferenciado.<br />
O Programa Especial de Desenvolvimento Integrado do Pólo de<br />
Desenvolvimento Turístico do Arquipélago de Marajó estabelecerá fórmulas de<br />
estímulo à ação consorciada entre as entidades federais, estaduais e municipais<br />
atuantes na área do arquipélago de Marajó.<br />
Os programas e projetos prioritários para a região serão financiados com<br />
recursos, primeiro, de natureza orçamentária que lhes forem destinados pela União,<br />
na forma da lei; segundo, de natureza orçamentária que lhes forem destinados pelo<br />
Estado do Pará e Municípios abrangidos pelo Pólo de Desenvolvimento Turístico do<br />
Arquipélago de Marajó, de que trata esta lei; terceiro, de operações de crédito,<br />
internas e externas.<br />
Em todo o mundo, Sr. Presidente, e também no Brasil, o turismo é um dos<br />
ramos de atividade que mais cresce na atualidade, tendo significativo faturamento,<br />
geração de emprego e de outras atividades de várias modalidades, envolvendo<br />
desde o turismo de negócio ao cultural. O que mais cresce tem sido o turismo<br />
ecológico. É exatamente este o segmento de que se pode beneficiar o arquipélago<br />
de Marajó, razão pela qual estamos apresentando projeto de lei complementar.<br />
O arquipélago de Marajó ocupa posição estratégica no território nacional. Por<br />
essa razão, merece atenção especial desta Casa. Além disso, é o maior arquipélago<br />
fluviomarinho do mundo, com área de aproximadamente 50 mil quilômetros<br />
quadrados e localiza-se na foz do Rio Amazonas, tendo o oceano Atlântico a leste.<br />
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Essa combinação ímpar deu ao arquipélago uma variedade de ecossistemas<br />
e uma riqueza de flora e de fauna que lhe permitem beneficiar-se do interesse<br />
internacional sobre a Amazônia e sobre a ecologia.<br />
Dentre as inúmeras atrações do arquipélago, incluem-se praias, tanto de água<br />
doce, quanto de água salgada. Durante parte do ano, uma parcela das suas terras<br />
fica alagada, criando-se um ambiente semelhante ao do Pantanal, região que<br />
também já atrai turistas de todo o mundo pela sua beleza.<br />
Marajó possui ainda a tradição de ter abrigado uma rica cultura, há mais de 3<br />
mil anos. Sua cerâmica é atualmente reproduzida por hábeis artesãos, cuja sorte em<br />
muito vai melhorar com o desenvolvimento do turismo naquela região. E possui um<br />
dos maiores rebanhos de búfalos, mantidos em estado semi-selvagem e adaptados<br />
às condições ambientais da região, o que lhe confere características únicas.<br />
Com a aprovação da presente proposição, Sr. Presidente, as belezas locais<br />
poderão ser mais bem exploradas e preservadas, e a região poderá vir a ser dotada<br />
de uma nova e expressiva fonte de geração de empregos e renda.<br />
Por todas estas razões, solicito o apoio dos nobres colegas para a aprovação<br />
desse projeto de lei.<br />
Por fim, é importante registrar que o art. 21 da Constituição Federal assevera<br />
à União a competência para elaborar e executar planos nacionais e regionais de<br />
ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social. No caso deste<br />
projeto de lei complementar, trata-se exatamente disso, com o adendo de que há a<br />
especificação da atividade que levará ao desenvolvimento da região, qual seja, o<br />
turismo.<br />
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Já no art. 43, a Lei Magna prevê a necessidade de lei complementar que<br />
venha a definir as condições para a integração de regiões em desenvolvimento e,<br />
também, a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei,<br />
os planos regionais de desenvolvimento.<br />
Assim, Sr. Presidente, entendemos poder fazer do arquipélago de Marajó,<br />
que por sua natureza já nos parece um verdadeiro paraíso, um lugar para todos os<br />
brasileiros, e não apenas para seus poucos moradores. Há grande extensão de<br />
terras, com muitos rios, praias e palmeiras, onde se pode descansar à vontade e ter<br />
a aprazível água-de-coco à disposição. Em qualquer um dos Municípios da região<br />
pode-se fazer uma parada e desfrutar um momento de lazer.<br />
A Espanha tem procurado investir naquela região por considerá-la estratégica<br />
e de fácil acesso. Hoje, Belém do Pará dispõe de um dos melhores e mais modernos<br />
aeroportos internacionais do País, podendo receber caravanas de outras partes do<br />
Brasil ou do exterior para explorar a beleza da região. O acesso à Ilha de Marajó<br />
pode ser feito não somente por avião de pequeno porte, mas também por<br />
embarcações modernas, que hoje estão à disposição das empresas de turismo em<br />
Belém do Pará.<br />
Entendemos que o Congresso Nacional e o Governo Federal podem, de<br />
forma muito especial, contribuir com a Região Norte. Sabemos que nossa região tem<br />
sido discriminada na distribuição dos recursos, do bolo do Tesouro Nacional, no que<br />
diz respeito a investimentos. Temos tido dificuldades, e os dados recentes<br />
publicados pelas instituições internacionais mostram que a Região Norte do Brasil<br />
não sairá das dificuldades econômicas e sociais nos próximos 15 anos.<br />
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Este pode ser um rumo. O Governo investe dinheiro, não para fazer<br />
assistencialismo, sem retorno, mas para gerar emprego, renda e promover o<br />
desenvolvimento que a indústria sem chaminé, que é o turismo, pode proporcionar à<br />
sociedade hoje.<br />
O desdobramento dessa cadeia de desenvolvimento é muito interessante,<br />
porque não devasta o meio ambiente. Hoje a legislação e a opinião pública são<br />
contra a forma como se explora a natureza, destruindo e trazendo impacto ambiental<br />
negativo e as dificuldades que, naturalmente, são inadequadas para a seqüência da<br />
vida na terra.<br />
Por isso, o ecoturismo na Ilha de Marajó oferece alternativas para, além de<br />
viver bem, gerar emprego, renda, qualidade de vida e desenvolvimento, com a<br />
implementação de algumas ações que não custarão tanto dinheiro, mas poderão<br />
trazer grandes resultados à região.<br />
Nos Municípios citados, há famílias que sobrevivem da pesca, alimentando-se<br />
apenas de marisco, peixe, camarão e outros alimentos que conseguem nas beiras<br />
dos rios. Vivem de forma muito pobre e difícil, mas são pessoas que contribuem com<br />
a região porque não a devastam.<br />
Está na hora de implementarmos um programa para que as famílias das 13<br />
cidades existentes no arquipélago possam ser qualificadas e treinadas para o<br />
turismo, para levar os turistas aos pontos de mais difícil acesso, possibilitando-lhes<br />
melhor sobrevivência e a exploração ecologicamente correta de todo o grande<br />
potencial da Ilha de Marajó.<br />
Sr. Presidente, encerro meu pequeno pronunciamento, apelando aos Srs.<br />
Presidentes de Comissão desta Casa e aos nobres pares para que, de forma<br />
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unânime — esse projeto vem ao encontro do idealismo reinante no Brasil e no<br />
mundo e visa uma atividade econômica e ambiental saudável —, aprovem a criação<br />
do Pólo de Desenvolvimento Turístico do Arquipélago de Marajó, no nosso querido e<br />
glorioso Estado do Pará.<br />
Muito obrigado.<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Esta Presidência cumprimenta o<br />
nobre Deputado Zequinha Marinho pelo brilhante discurso proferido e parabeniza o<br />
Estado do Pará por ter mandado um Parlamentar com essa qualidade para o<br />
Congresso Nacional.<br />
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O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Concedo a palavra a um dos<br />
grandes Parlamentares do Estado de São Paulo, Deputado Professor Irapuan<br />
Teixeira, para uma Comunicação de Liderança, pelo PP. S.Exa. dispõe de até 6<br />
minutos.<br />
O SR. PROFESSOR IRAPUAN TEIXEIRA (PP-SP. Como Líder. Sem revisão<br />
do orador.) - Sr. Presidente, da mesma maneira, V.Exa. é um dos grandes<br />
Deputados do Estado do Tocantins e grande locutor da nossa grande Rádio<br />
Nacional.<br />
Não sou muito afeito a leituras, mas hoje vou ler meu pronunciamento, pois<br />
trata-se de um texto mais técnico sobre uma das importantes atividades que o Brasil<br />
está desenvolvendo, o Tribunal Arbitral, que tem de ser registrada.<br />
Os novos tempos exigem meios mais rápidos e eficazes para a solução de<br />
conflitos, e nisso, felizmente, o Brasil tem evoluído com a crescente adoção do<br />
sistema de arbitragem. Embora esse procedimento para resolver divergências de<br />
caráter patrimonial só tenha sido legalmente admitido entre nós há 8 anos, o<br />
trabalho aqui efetuado já alcança padrão semelhante ao dos países mais<br />
desenvolvidos, a ponto de merecer reconhecimento internacional.<br />
Em entrevista à revista Update, publicada na edição de maio passado, o<br />
advogado Arnoldo Wald registra que a arbitragem superou, no Brasil, a fase da<br />
desconfiança, atingindo agora um estágio de prestígio e integrando-se ao chamado<br />
Primeiro Mundo. Como um dos pioneiros no País nesse campo, ele afirma que aqui<br />
foi feito em 8 anos o que a Europa fez em 80, e comenta que em recente congresso<br />
sobre o assunto em Paris a jurisprudência brasileira foi citada como exemplo.<br />
Naturalmente, não se chegou a isso por acaso.<br />
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Ao longo de muitos anos, a arbitragem permaneceu como uma questão<br />
acadêmica, pois a decisão dela decorrente dependia sempre de homologação<br />
judicial, tornando-se às vezes até mais lenta do que a Justiça comum. Isso mudou<br />
com a Lei nº 9.307, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo<br />
Presidente da República em 1996, que admitiu o foro arbitral como forma de dirimir<br />
litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis e estabeleceu que as partes<br />
podem escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas no uso desse<br />
instrumento.<br />
Embora despercebida do grande público, essa definição legal abriu espaço<br />
para o incremento da arbitragem, que ainda ganharia novo impulso com a adesão do<br />
Brasil à Convenção de Nova York sobre reconhecimento e execução de sentenças<br />
arbitrais. Recentemente, São Paulo sediou um congresso internacional que abordou<br />
a contribuição da América Latina para o desenvolvimento de nova cultura nesse<br />
setor.<br />
Temos aí, portanto, uma boa amostra de como a existência de legislação<br />
adequada pode embasar o crescimento de determinado campo de atividade,<br />
trazendo benefícios para a sociedade.<br />
A esta altura, contudo, quem nos ouve pode perguntar: os árbitros vão<br />
substituir os juízes tradicionais?<br />
Valho-me, para responder, das palavras de Arnoldo Wald, na entrevista já<br />
citada, em que o advogado prevê um prazo de 10 a 15 anos para a arbitragem se<br />
tornar uma alternativa generalizada, porém nunca — ele salienta — popularizada. “A<br />
arbitragem não será uma concorrente da Justiça”, garante o especialista,<br />
acrescentando: “É um por mil. Mas em termos de valores, os foros arbitrais devem<br />
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responder por 20% a 30%. O Judiciário poderá ser aliviado, mas não será em<br />
quantidade. Os juízes se verão livres das questões mais técnicas, mais complexas e<br />
que tomam muito tempo para análise”.<br />
Esta é, justamente, uma das facetas mais expressivas do sistema alternativo.<br />
Enquanto um juiz nem sempre tem conhecimentos suficientes sobre o tema que<br />
gera a controvérsia, o árbitro, escolhido de comum acordo pelas partes em litígio,<br />
pode ser um renomado especialista na área. Usando mais uma vez as palavras de<br />
Wald, “a grande vantagem é poder dispor de um juiz sob medida, evitando-se o risco<br />
de entregar uma decisão delicada a uma pessoa que não entende do assunto”. Ao<br />
mesmo tempo, acrescento eu, o Judiciário fica livre de examinar algumas questões<br />
extremamente técnicas, que tomariam tempo excessivo dos magistrados.<br />
Além disso, quem recorre à arbitragem conta com seu caráter confidencial, às<br />
vezes indispensável para não prejudicar o andamento dos negócios, e prazo legal<br />
de 6 meses para sentença, a menos que as partes optem por um período diferente.<br />
Trata-se, portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de um mecanismo<br />
prático, em muitos casos mais barato que a Justiça tradicional, e cujo<br />
desenvolvimento coloca o País num novo patamar em termos de solução de<br />
disputas patrimoniais. Por isso, saúdo sua expansão e cumprimento os que lutaram<br />
para torná-lo um recurso sério, confiável e eficiente.<br />
Entre os que lutaram para que a Justiça arbitral tivesse êxito no Brasil e em<br />
tempo bastante ágil — não nos demoramos muito para implantá-la — estão<br />
renomados juízes e desembargadores, que não viram nesse tipo de Justiça uma<br />
forma de lhes tirar o direito judiciário. Pelo contrário, a justiça arbitral é um apoio,<br />
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porque pessoas especializadas em determinados assuntos poderão, ao serem<br />
contratadas pelas partes, arbitrar a esse respeito.<br />
Sr. Presidente, aproveito para entregar à Mesa requerimento de informações<br />
que faço ao Ministério da Educação. V.Exa. sabe que me debruço muito sobre a<br />
área educacional, na qual exerço minha atividade profissional. Apesar de meu tempo<br />
estar inteiramente dedicado ao Congresso Nacional, na qualidade de professor<br />
universitário, não deixo de estar atento ao que acontece nas universidades<br />
brasileiras. Muitas vezes as universidades particulares burlam a lei. Devido a<br />
interesses unicamente monetários, desconsideram aquilo que deveria ser feito em<br />
nosso País.<br />
Há pouco a TV Câmara apresentava um debate que de certa forma abrange<br />
esse assunto. Os centros universitários, apesar de terem autonomia semelhante à<br />
das universidades, não são universidades. Entretanto, muitos deles, ao invés de<br />
fazerem sua propaganda como centro universitário, usam o prefixo “uni”,<br />
confundindo o futuro aluno, que queria estudar numa universidade e acaba optando<br />
por um centro universitário com base numa informação errada. Também algumas<br />
faculdades estão usando aleatoriamente o prefixo “uni”.<br />
Peço então ao Ministério da Educação informações a respeito da utilização<br />
indevida do prefixo “uni” por faculdades e centros universidades. Peço também que<br />
S.Exa. nos informe a respeito dos vários anúncios de centros universitários e<br />
principalmente de faculdades que muitas vezes nem sabemos se têm registro para<br />
funcionamento e que oferecem cursos de graduação e bacharelado em 2 ou 3 anos.<br />
Também já denunciei desta tribuna que algumas chegam a oferecer graduação,<br />
bacharelado e pós-graduação em 3 anos. Portanto, encaminho à Mesa o<br />
requerimento de informações ao Exmo. Sr. Ministro da Educação.<br />
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O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Com uma saudação à classe<br />
médica do nosso País, temos a honra de passar a palavra ao nobre Deputado e<br />
também cirurgião Elimar Máximo Damasceno, para uma Comunicação de Liderança,<br />
pelo PRONA. S.Exa. dispõe de 5 minutos.<br />
O SR. ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO (PRONA-SP. Como Representante.<br />
Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos<br />
fomos surpreendidos com a decisão do Ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal<br />
Federal, que concedeu liminar para autorizar aborto em caso de anencefalia.<br />
Vale a pena ressaltar que em outros países a legislação sobre o aborto foi<br />
formada por uma série de acordos políticos e legislativos. Nos Estados Unidos,<br />
porém, a legislação foi imposta não depois de lutas e acordos políticos, mas sim por<br />
um decreto do Supremo Tribunal.<br />
É de se temer que o mesmo esteja acontecendo no Brasil. No dia 1º de julho<br />
de 2004, o Ministro Marco Aurélio emitiu uma decisão liminar, mas com eficácia<br />
imediata e efeito vinculante, reconhecendo à gestante o direito “constitucional” de<br />
praticar aborto no caso de se constatar, a partir de laudo médico, que seu bebê<br />
padece de anencefalia, ausência de cérebro.<br />
A liminar decidiu também suspender o andamento de processos e o efeito das<br />
decisões de juizes ou tribunais, ainda não transitadas em julgado, que proibissem tal<br />
espécie de aborto. Em outras palavras: por um ato de um único Ministro do Supremo<br />
Tribunal Federal, a prática do aborto eugênico (no caso de criança anencéfala) foi<br />
declarada legal, com proibição expressa de outros juízes ou tribunais decidirem em<br />
contrário.<br />
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Vale ressaltar a derrota obtida pelos movimentos feministas com a decisão do<br />
Superior Tribunal de Justiça que acolheu dois pedidos de Habeas Corpus e cassou<br />
duas decisões do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que haviam autorizado o<br />
aborto de crianças anencéfalas.<br />
De maneira astuta os defensores do aborto imaginaram, então, uma maneira<br />
de levar o assunto ao Supremo Tribunal Federal, a fim de que ele se pronunciasse<br />
em favor do aborto. O meio encontrado foi uma ação denominada Argüição de<br />
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF). O autor da ação foi a<br />
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde — CNTS, patrocinada pelo<br />
advogado Luís Roberto Barroso. A ação (ADPF nº 54) foi protocolada junto ao STF<br />
no dia 17 de junho de 2004 e distribuída para o Ministro Marco Aurélio. Argumentava<br />
a parte autora, a CNTS, que, ao se proibir o aborto de crianças anencéfalas,<br />
estava-se descumprindo um preceito fundamental da Constituição (!). É difícil<br />
imaginar que o preceito fundamental é descumprido quando se protege a vida de um<br />
deficiente. Segundo a entidade impetrante, ao se obrigar a gestante a não matar seu<br />
filho gravemente deficiente, estaria sendo violado o princípio da dignidade humana<br />
(sic), da legalidade, da liberdade e autonomia da vontade, bem como os princípios<br />
relacionados à saúde.<br />
Em 23 de junho de 2004, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil —<br />
CNBB protocolou uma petição requerendo ser admitida no processo, na qualidade<br />
de amicus curiae (amigo da corte), pedido esse que foi indeferido pelo Ministro em<br />
25 de junho de 2004.<br />
Ora, todas as decisões judiciais têm que ser fundamentadas, sob pena de<br />
nulidade. Note-se que, para o Ministro Marco Aurélio, a criança anencéfala não é<br />
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viva e nunca poderá tornar-se viva. Embora ela tenha um coração pulsando, embora<br />
reaja a estímulos nervosos, embora movimente-se dentro do útero, embora se<br />
alimente e respire pela placenta, ela não tem vida! E mais: ela nunca poderá<br />
tornar-se um ser vivo! Continuará sem vida, ainda que nasça, que respire com os<br />
próprios pulmões e que continue com o coração batendo por alguns minutos ou por<br />
alguns dias! E o Ministro está tão certo disso que, segundo ele, “ninguém ousa<br />
contestar”!<br />
Para o Ministro, há ausência de vida humana intra-uterina, concluindo que<br />
não há que se falar em aborto. A remoção do bebê (que não é um ser humano ou,<br />
se é, não tem vida) seria um fato atípico, que não caracterizaria crime. Proibir tal<br />
“antecipação do parto” seria uma afronta à dignidade humana, à legalidade, à<br />
liberdade e à autonomia da vontade.<br />
Imediatamente a CNBB divulgou nota oficial lamentando tal decisão que<br />
transcrevo no final do meu discurso.<br />
Felizmente tal decisão é provisória. O Ministério Público Federal<br />
(representado pelo Procurador-Geral da República Dr. Cláudio Fonteles) nem<br />
sequer ainda foi consultado, e temos certeza da posição do ínclito Procurador em<br />
defesa da vida. Esperamos que os outros 10 ministros cassem a liminar.<br />
Finalmente, Sr. Presidente, é de se temer que o mesmo ocorra no Brasil,<br />
sobretudo quando, no projeto de reforma judiciária em tramitação no Congresso<br />
Nacional, tende-se a conceder ao Supremo Tribunal Federal o poder de emitir<br />
“súmulas vinculantes”. Caso seja confirmada essa decisão, teremos infelizmente a<br />
legalização do aborto eugênico no Brasil.<br />
Como médico cristão, lamento tal decisão e creio em Deus que será revertida.<br />
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Obrigado.<br />
Bom dia ao povo brasileiro.<br />
NOTA A QUE SE REFERE O ORADOR<br />
A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil foi surpreendida<br />
pela decisão solitária do Ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal que,<br />
nos Autos de Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54,<br />
entendeu que não há crime de aborto nos casos de interrupção da gravidez de fetos<br />
anencéfalos. Desta forma, autorizou a interrupção voluntária da gestação de uma<br />
vida humana.<br />
Pela gravidade do caso, a CNBB julga oportuno que tal decisão seja tomada<br />
após ampla reflexão por parte da sociedade e a participação do Plenário da<br />
Suprema Corte.<br />
A CNBB confia que o senso de Direito e de Justiça dos Membros do Supremo<br />
Tribunal Federal fará reverter a decisão ora tomada.<br />
De fato, a vida humana que se forma no seio da mãe, já é um novo ser de<br />
direito e, por isso, tal vida deve ser respeitada sempre, não importando o estágio ou<br />
a condição em que ela se encontre.<br />
Brasília, 01 de julho de 2004<br />
Cardeal Geraldo Majella Agnelo<br />
Presidente da CNBB<br />
Dom Antônio Celso de Queirós<br />
Vice-Presidente da CNBB<br />
Dom Odilo Pedro Scherer<br />
Secretário-Geral da CNBB<br />
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pela ordem.<br />
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O SR. PROFESSOR IRAPUAN TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Tem V.Exa. a palavra.<br />
O SR. PROFESSOR IRAPUAN TEIXEIRA (PP-SP. Pela ordem. Sem revisão<br />
do orador.) - Sr. Presidente, peço vênia ao próximo orador, nobre Deputado<br />
Takayama, que esteve comigo em São Paulo por ocasião do grande e valioso<br />
encontro sobre informática no Brasil, para tratar de mais um tema.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em 22 de março último — o Dia<br />
Mundial da Água —, o IBGE lançou oficialmente o Atlas do Saneamento, publicação<br />
que apresenta, de forma sistemática, a situação dos serviços de saneamento básico<br />
no Brasil.<br />
O Atlas do Saneamento constitui uma preciosa ferramenta para os<br />
administradores públicos brasileiros, pois, com ele, dispõe-se de um quadro<br />
completo das carências de nossa população, por região geográfica, por Estado e por<br />
Município, dos serviços públicos de abastecimento de água, de esgotamento<br />
sanitário, de coleta de lixo e de drenagem urbana. Com base nessas carências,<br />
podem-se estabelecer as necessidades e as prioridades de investimentos nesses<br />
serviços fundamentais para a saúde pública, para o desenvolvimento econômico e<br />
social e, mais importante, para a melhoria e manutenção da qualidade de vida das<br />
pessoas.<br />
Segundo as informações apresentadas pelo IBGE, a população brasileira é<br />
razoavelmente bem atendida por sistemas públicos de abastecimento de água<br />
potável. Cerca de 76% de nossa população urbana tem acesso a esse serviço,<br />
presente em quase 98% das sedes municipais.<br />
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No entanto, a situação operacional da maioria dos sistemas é precária, com<br />
índices elevados de perdas. Estima-se que mais de 40% da água que é retirada dos<br />
mananciais e tratada não chega às torneiras dos consumidores, em decorrência de<br />
vazamentos e ligações clandestinas. Além da água, cada vez mais rara nas<br />
proximidades dos grandes centros urbanos, desperdiça-se eletricidade e produtos<br />
químicos.<br />
A situação é bem mais precária quando observamos os dados sobre a coleta<br />
e o tratamento dos esgotos sanitários. Em 1989, 47% dos Municípios brasileiros<br />
tinham pelo menos parte de suas áreas urbanas servidas por redes coletoras de<br />
esgotos. Em 2000, esse índice subiu para 53%, um crescimento de apenas 6% em<br />
11 anos, ou seja, pouco mais de meio por cento ao ano, muito abaixo do próprio<br />
crescimento populacional, indicando que são remotas as possibilidades de<br />
universalização desse serviço, tão fundamental à saúde pública e ao<br />
desenvolvimento de nosso povo.<br />
A disponibilidade de serviços públicos de coleta de esgotos ressalta os<br />
desníveis econômicos e sociais entre as regiões brasileiras. Na Região Norte, ela<br />
atinge apenas 3% dos habitantes e no Estado do Tocantins, um dos mais pobres da<br />
Federação, menos de 2% da população. Por outro lado, a Região Sudeste,<br />
coincidentemente a mais rica e desenvolvida do País, tem quase 74% de seus<br />
habitantes servidos por redes coletoras de esgotos.<br />
Mais preocupante ainda é o baixo índice de tratamento dos esgotos.<br />
Estimam-se que apenas cerca de 25% dos esgotos coletados recebem algum tipo<br />
de tratamento antes de serem lançados nos corpos de água receptores. Dessa<br />
situação resulta a poluição da maioria dos mananciais próximos aos centros<br />
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urbanos, gerando situações paradoxais, como a da Região Metropolitana de São<br />
Paulo que, apesar de rica em recursos hídricos, padece da falta de água em<br />
condições mínimas para ser tratada e distribuída à população.<br />
Outro exemplo da carência de tratamento dos esgotos está em Belo<br />
Horizonte, cuja população tem acesso quase universalizado às redes coletoras de<br />
esgotos, mas só em 2000 teve inaugurada sua primeira estação de tratamento, com<br />
capacidade para receber 20% dos esgotos coletados e tratá-los em nível primário,<br />
com remoção de apenas 40% do potencial de poluição.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, temos de tornar os investimentos em<br />
saneamento básico uma prioridade nacional. Caso contrário, de nada valerão<br />
investimentos em outros setores da economia, pois os custos com saúde pública e<br />
os riscos de epidemias e endemias decorrentes da insalubridade ambiental anularão<br />
quaisquer resultados, sejam econômicos ou sociais.<br />
O Ministério das Cidades, criado para coordenar as ações do Governo<br />
Federal, articulando os esforços e recursos dos Estados e Municípios, precisa sair<br />
da letargia. Existem recursos financeiros que podem ser utilizados, como os do<br />
FGTS. Existem fontes de financiamento internas e externas, como o BN<strong>DE</strong>S, o<br />
Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. O que faltam são<br />
ações, vontade política e determinação.<br />
Temos de sepultar de vez o velho preconceito de que saneamento não dá<br />
voto, por ser constituído de obras enterradas e pouco visíveis pela população.<br />
Exemplos opostos desta crença podem ser sobejamente observados no Distrito<br />
Federal e na Bahia, onde a prioridade na expansão dos serviços de saneamento<br />
vem melhorando significativamente a qualidade de vida dos seus habitantes e<br />
rendendo bons e legítimos dividendos políticos para seus governantes.<br />
Muito obrigado.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Prosseguindo com as<br />
Comunicações de Liderança, ao fazer uma saudação especial à comunidade<br />
evangélica de todo o Brasil, concedemos a palavra ao grande pastor evangélico e<br />
excelente Deputado Federal Takayama, representante do Estado do Paraná, pelo<br />
PMDB. S.Exa. dispõe de até 9 minutos na tribuna.<br />
O SR. TAKAYAMA (PMDB-PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Muito<br />
obrigado, nobre Presidente e Parlamentar dedicado. Agradeço ainda ao Deputado<br />
Irapuan Teixeira que, neste momento, usou da tribuna para falar sobre o trabalho<br />
que desenvolve concernente ao ensino no Brasil.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao praticamente encerramos este<br />
período legislativo — ele deveria ter encerrado hoje, mas houve um pequeno<br />
transtorno no Congresso e todos deveremos estar de volta à Casa, na<br />
segunda-feira, neste esforço gigantesco que a Câmara tem feito —, quero dizer que,<br />
com certeza, o brasileiro só tem de se orgulhar dos Parlamentares que estão<br />
trabalhando nesta Legislatura.<br />
Neste momento, gostaria de fazer algumas reflexões, Sr. Presidente, ao falar<br />
sobre a perspectiva de um segundo semestre melhor, com as palavras do pensador<br />
Albert Schweitzer, falecido em 1965, que merecem reflexão e parecem tão atuais,<br />
mesmo tendo sido enunciadas há mais de um século.<br />
Dizia o pensador Albert Schweitzer:<br />
“Parece uma verdadeira irrisão, nesta hora em que<br />
os povos se encontram arruinados sob múltiplos<br />
aspectos; nesta hora em que as demências e os<br />
sofrimentos coletivos de povos e nações assumem<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
proporções nunca vistas, criando aqui o problema do<br />
desemprego, ali o pauperismo, e espalhando a fome por<br />
todos os cantos; ao passo que os governos de todo o<br />
mundo, pelos processos mais cínicos e sem nexo,<br />
maltratam os desvalidos; nesta hora em que a<br />
humanidade inteira perde o controle, parece uma irrisão<br />
perseguir um ideal tão remoto como esse de retornarmos<br />
a reflexão sobre o sentido da vida”.<br />
Srs. Parlamentares e brasileiros que me ouvem, isso é fruto do egoísmo dos<br />
seres humanos, do despreparo dos indivíduos, da ganância dos fortes, da humildade<br />
dos fracos, sobretudo da incompetência dos governantes dos 5 continentes que<br />
participam deste mundo globalizado.<br />
Nem por isso devemos desanimar. É preciso que tenhamos fé em Deus,<br />
confiança em nós mesmos, fraternidade com o próximo, tolerância diante dos<br />
analfabetos, misericórdia para com os ímpios e perdão para os maldosos, pois<br />
vivemos num País democrático.<br />
Lamento, dias atrás, as palavras do Ministro Gilberto Gil que, sendo Ministro<br />
da Cultura, deveria refletir a posição e a força que tem para fazer um enunciado<br />
falando da inexistência de Deus, num País cristão como o nosso. Lamentamos,<br />
muitas vezes, as palavras vindas, talvez de uma emoção momentânea, mas que<br />
refletem o que está dentro do coração de um homem que deveria pensar e repensar<br />
a posição em que está e o que representa quando fala para toda uma nação.<br />
Vivemos neste mundo democrático, neste País democrático maravilhoso, e<br />
devemos analisar com a misericórdia e também com a tolerância os incontáveis<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
bens naturais contidos nesta Nação, admirada por todos, com uma população<br />
ordeira e trabalhadora. E ainda não temos furacões — parece que começou a<br />
acontecer agora no sul do País, na nossa querida Santa Catarina. Também não<br />
temos terremotos, vulcões, desertos, tornados, tufões e maremotos; neve,<br />
esporadicamente, o que se torna até um momento de felicidade para este País<br />
tropical em que vivemos. Este é um país maravilhoso.<br />
Na Canção dos Tamoios, o nosso jovem poeta Gonçalves Dias escreveu: “A<br />
vida é uma luta renhida, viver é lutar. A vida é um combate que os fracos abate; os<br />
fortes, os bravos, só cabe exaltar”.<br />
Então, é necessário acordar cedo e ir à luta em busca de ocupação útil, de<br />
aperfeiçoamento espiritual, de crescimento profissional, de novos conhecimentos, de<br />
praticar atitudes de conforto com o colega, companheiro, vizinho ou outrem.<br />
Alguns estão querendo banir a nossa força espiritual deste País, assim como<br />
nosso Ministro cuja postura lamentamos. A força espiritual é que nos dá a condição<br />
de suportar essa carga de dificuldades e tamanhos problemas que o Brasil tem.<br />
É verdade que o tempo está curto para todos. Mas tempo é questão de<br />
prioridade. Se reclamamos da falta de tempo, devemos analisar e melhor administrar<br />
nossas horas, evitando a desorganização e o estresse. Mas não devemos nos<br />
esquecer de um tempo para as ações sociais, para o trabalho voluntário, para os<br />
desfavorecidos que aguardam, ora um sorriso, ora uma atenção, mas sempre a<br />
solidariedade.<br />
Se o mundo está frio, é preciso aquecê-lo com nosso carinho; se está ruim, é<br />
necessário melhorá-lo com posturas pró-ativas; se está indiferente, é confortante<br />
transformá-lo em solidário.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Sras. e Srs. Parlamentares, brasileiros que nos ouvem, espero que o segundo<br />
semestre deste ano seja cada vez mais produtivo para todos, havendo mais<br />
crescimento econômico, mais emprego, melhor distribuição de renda, mais obras e<br />
serviços sociais e mais confiança do empresariado neste maravilhoso País.<br />
Esperamos que o empresariado, que tem acreditado tanto, continue na sua<br />
luta. E que cada um vá conquistando, dia após dia, seu espaço, sua projeção e um<br />
pouco da realização de seus sonhos. Com o amadurecimento de idéias, com o<br />
espírito empreendedor do brasileiro, com a redução da carga tributária, queda dos<br />
juros e diminuição dos encargos sociais — é um absurdo continuarmos convivendo<br />
com isso —, haveremos de ter a abertura de novos negócios e a expansão dos<br />
existentes, ativando a economia interna e propiciando produtos e serviços, ambos<br />
de primeira qualidade, para o comércio externo.<br />
À medida que cada um melhora, a sociedade cresce e a humanidade<br />
agradece. É importante a visão otimista em tudo. Por pior que seja a situação de<br />
irrisão descrita pelo Prof. Albert Schweitzer, que citei no início do meu<br />
pronunciamento, não se deve perder a fé em Deus, pois o melhor está para<br />
acontecer. A esperança é a melhor aliada nesses momentos difíceis.<br />
Não devemos nutrir pensamentos negativos, nem remoer dias passados. É<br />
preciso que tenhamos o presente vivenciado com plenitude para que todos<br />
possamos colher bons frutos da prosperidade e da abundância de bênçãos que<br />
chegarão do reino dos céus. É assim que creio como cristão brasileiro.<br />
É necessário que se implante a justiça social entre nós, com apoio dos países<br />
prósperos e componentes do G-8, que sabem o que é justo ou injusto, para que haja<br />
soma de esforços na construção de um mundo fraterno, repleto de amor e ética, que<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
não seja egoísta — onde só os países superdesenvolvidos possam prosperar às<br />
custas de países que estão em busca de desenvolvimento, como o nosso —,<br />
havendo espaço para uma harmoniosa convivência entre as pessoas ricas e pobres.<br />
Que Deus ilumine a consciência dos poderosos em favor dos desvalidos nos<br />
países subdesenvolvidos que sofrem enquanto os ricos combatem entre si pela<br />
ganância da excessiva acumulação de bens materiais. Que Deus nos ajude! Que o<br />
segundo semestre tenha dias melhores para o País.<br />
Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que meu pronunciamento seja divulgado<br />
pelos órgãos de comunicação da Casa.<br />
Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />
O Sr. Maurício Rabelo, § 2º do art. 18 do<br />
Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é<br />
ocupada pelo Sr. Luiz Couto, § 2º do art. 18 do Regimento<br />
Interno.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Luiz Couto) - Concedo a palavra ao nobre Deputado<br />
Maurício Rabelo, para uma Comunicação de Liderança, pelo Bloco Parlamentar<br />
PL/PSL. S.Exa. dispõe de 5 minutos.<br />
O SR. MAURÍCIO RABELO (Bloco/PL-TO. Como Líder. Sem revisão do<br />
orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, compareço hoje a esta tribuna<br />
para tratar de assunto que, progressivamente, vem assumindo importância<br />
econômica e social em meu Estado, Tocantins.<br />
Refiro-me especificamente à produção de frutas, atividade que tem como uma<br />
de suas mais marcantes características o uso intensivo de mão-de-obra. De forma<br />
geral, pode-se dizer que a fruticultura emprega cerca de 3 a 4 pessoas a cada<br />
hectare cultivado. Não é pouco, nobres colegas, face ao enorme passivo social<br />
existente em todas as partes do País.<br />
Tocantins descobriu a fruticultura, ou melhor, a fruticultura encontrou em<br />
Tocantins campo fértil para a produção de frutas de qualidade, em quantidade e<br />
regularidade necessárias para o atendimento de crescentes e rigorosas exigências<br />
dos mercados interno e externo, em especial.<br />
Exemplo disso é a cultura do abacaxi, que se estende por cerca de 5 mil<br />
hectares. Mas o surpreendente é que, apesar de se tratar de cultivo relativamente<br />
recente no Estado, o abacaxi tocantinense já é reconhecido pelo mercado em razão<br />
do seu elevado padrão de qualidade, com sabor mais adocicado, o que lhe rendeu<br />
certificação por sua excelência.<br />
As conquistas não se limitam à qualidade, nobres Parlamentares.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Internamente, Tocantins é responsável pelo fornecimento de cerca de 50% da<br />
demanda registrada em grandes centros urbanos, a exemplo de São Paulo e Rio de<br />
Janeiro, abastecendo redes de supermercados, como Pão de Açúcar e Carrefour.<br />
Externamente, 19 toneladas do fruto tropical produzido no mais jovem Estado<br />
brasileiro alcançam, semanalmente, as mesas portuguesas. É verdade que esse<br />
volume ainda é considerado pequeno, mas o interesse europeu é crescente. A<br />
estimativa é que, em breve, estaremos embarcando as primeiras cargas para outros<br />
países, como a França e a Espanha, com os quais as negociações encontram-se<br />
em fase adiantada.<br />
Aproveito a oportunidade para ressaltar o brilhante trabalho realizado pelo<br />
nosso Governador Marcelo Miranda, para que, cada vez mais, os nossos produtos,<br />
as nossas frutas, a carne tocantinense cheguem à Europa, Estados Unidos e mundo<br />
afora.<br />
Tudo isso é pouco diante das possibilidades que se apresentam para o<br />
Estado no campo da fruticultura. E aí não me restrinjo ao abacaxi, estendo meu<br />
raciocínio a outros frutos produzidos regionalmente em menor escala, mas com<br />
expressividade, como a banana, que ganha importância na região do Bico do<br />
Papagaio, o caju, a laranja, o maracujá, a melancia e a manga.<br />
Nossos horizontes não se limitam à produção e à comercialização do fruto in<br />
natura, temos em vista o processamento do fruto, como forma de se potencializar a<br />
geração de renda e emprego. O estabelecimento de pequenas, médias e grandes<br />
agroindústrias ligadas à fruticultura são uma meta a ser perseguida.<br />
E é por todos esses motivos, caros colegas Deputados, que solicito aos<br />
presidentes dos Bancos da Amazônia — BASA, Nacional de Desenvolvimento<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Econômico e Social — BN<strong>DE</strong>S, e do Brasil, bem como aos dirigentes do Programa<br />
de Fortalecimento da Agricultura Familiar — PRONAF e do Instituto Nacional de<br />
Colonização e Reforma Agrária — INCRA que priorizem suas ações no sentido de<br />
financiar e incentivar as atividades inerentes à exploração da fruticultura no Estado<br />
do Tocantins.<br />
De outra parte, convido os Ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />
e do Desenvolvimento Agrário a visitarem o Tocantins, a engajarem-se no esforço<br />
que está sendo levado a efeito no Estado, no sentido de se tornar um pólo frutícola.<br />
Por fim, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, vejo-me obrigado a<br />
relembrar que o Brasil deu preferência, nas últimas décadas, aos caminhos da<br />
produção de grãos em larga escala e o fez com competência e eficiência, do ponto<br />
de vista econômico.<br />
No entanto, são evidentes as conseqüências sociais desse modelo,<br />
especialmente no que se refere ao empobrecimento do pequeno produtor.<br />
É chegada a hora de fazer justiça e de reverter essa situação, Sr. Presidente.<br />
Vejo na exploração técnica e racional da fruticultura uma alternativa a ser trilhada.<br />
Tocantins, que já começa a construir mais esse caminho, conta com o importante<br />
apoio e colaboração do Governo Lula.<br />
Era o que tinha a dizer.<br />
Muito obrigado.<br />
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ordem.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. FRANCISCO RODRIGUES - Sr. Presidente, peço a palavra pela<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Luiz Couto) - Tem V.Exa. a palavra.<br />
O SR. FRANCISCO RODRIGUES (PFL-RR. Pela ordem. Sem revisão do<br />
orador.) - Sr. Presidente, acabamos de chegar, na madrugada de hoje, do Haiti,<br />
onde estivemos acompanhando os trabalhos da Missão de Estabilização das<br />
Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH), que tem tropas brasileiras no comando. A<br />
participação brasileira nessa iniciativa importantíssima merece ser descrita com<br />
minudência de detalhes.<br />
Sr. Presidente, a situação no Haiti é extremamente grave. Em nenhuma das<br />
viagens que fizemos ao longo de 15 anos de mandato jamais vimos tamanha<br />
pobreza e — por que não dizer? — agressão ao ser humano: milhares de pessoas<br />
amontoam-se e acotovelam-se numa cidade cheia de necessidades, uma população<br />
que vive permanentemente assustada pelas ações de grupos terroristas que querem<br />
deter o poder a qualquer custo.<br />
Posteriormente reportarei com pormenores a importância da presença do<br />
Brasil no Haiti. O que não posso hoje, sob hipótese alguma, é deixar de enfatizar a<br />
disciplina dos 1.200 soldados brasileiros ali abrigados e a capacidade de comando<br />
demonstrada pelos Generais Heleno e Salvador na missão que lhes foi atribuída.<br />
Profissionais de escol, são motivo de orgulho para o Brasil. Estava muito honrado o<br />
Sr. Ministro da Defesa, José Viegas Filho, que comandava a nossa comitiva, bem<br />
como o inestimável General Francisco Albuquerque, Comandante do Exército<br />
Brasileiro.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Os olhos saltam no tempo diante dessa que parece ser a primeira missão<br />
brasileira de comando de tropas estrangeiras. Nossas Forças Armadas — Exército,<br />
Marinha e Aeronáutica — dão uma demonstração inequívoca de capacidade de<br />
organização e competência para desempenhar uma missão difícil.<br />
Mantivemos encontros com o Presidente do Haiti, Boniface Alexandre, e com<br />
seu Primeiro-Ministro, Gerard Latortue. Ambos demonstraram carinho e apreço por<br />
nosso País.<br />
Outra coisa que nos chamou bastante a atenção foi a simpatia, o amor<br />
mesmo do povo haitiano pelo Brasil. Tão distantes de nós, e de origem tão diferente<br />
da nossa, talvez fosse esperado que tivessem mais afinidade com franceses ou<br />
americanos — os Estados Unidos ali tão próximos, a menos de 1 hora de vôo. Mas<br />
não. Vários engraxates haitianos têm a bandeira brasileira desenhada em suas<br />
caixas, e muitos dos carros que por ali circulam estampam bandeiras e adesivos<br />
relativos ao nosso País. Isso emocionou-nos.<br />
Mas o que mais chama a atenção, Sr. Presidente, é a miséria daquele povo,<br />
que estimula a Organização das Nações Unidas e o nosso Exército a se<br />
desdobrarem em ações cívico-sociais (ACISO).<br />
Sr. Presidente, voltamos do Haiti hoje, às 3h. Não poderíamos deixar de vir<br />
registrar o absoluto respeito internacional que têm as nossas Forças. Também<br />
acompanharam a comitiva brasileira o Ministro da Defesa do Uruguai e a Ministra da<br />
Defesa do Chile, que só teceram elogios às nossas tropas. Estamos de parabéns.<br />
Sabemos que a missão é difícil e que os desdobramentos são os mais complicados<br />
possíveis, mas temos certeza absoluta da eficiência e capacidade dos nossos<br />
soldados.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Parabéns ao Exército Brasileiro, e parabéns também ao Presidente da<br />
República, que tomou uma decisão incompreendida nesta Casa até por membros do<br />
Partido dos Trabalhadores. O acerto da decisão assumida pelo Presidente Lula foi<br />
confirmado no Haiti, para orgulho nosso.<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Deputado Francisco Rodrigues, esta<br />
Presidência, em nome do Presidente João Paulo Cunha, cumprimenta V.Exa.,<br />
grande defensor de Roraima e do Brasil, pela ida ao Haiti como representante da<br />
Câmara dos Deputados.<br />
Durante o discurso do Sr. Francisco Rodrigues, o<br />
Sr. Luiz Couto, § 2º do art. 18 do Regimento Interno,<br />
deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.<br />
Maurício Rabelo, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Concedo a palavra ao nobre<br />
Deputado Nilson Mourão, para uma Comunicação de Liderança, pelo Partido dos<br />
Trabalhadores. S.Exa. dispõe de até 10 minutos na tribuna.<br />
O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo o horário da Liderança do Partido dos<br />
Trabalhadores para esclarecer a esta Casa e ao País que a sessão do Congresso<br />
Nacional da tarde de ontem, quando deveria ter sido votada a Lei de Diretrizes<br />
Orçamentárias e vários créditos suplementares, foi suspensa e será retomada na<br />
próxima terça-feira, às 14h.<br />
O adiamento foi provocado pelo pedido de verificação de quorum feito pelo<br />
Deputado Rodrigo Maia, do PFL do Rio de Janeiro, que estava motivado por uma<br />
demanda local que não guarda relação com o Orçamento nem com o Congresso<br />
Nacional: a liberação pelo Banco do Brasil de antecipações de depósitos judiciais<br />
para o Município do Rio de Janeiro, administrado por seu pai, César Maia. Para<br />
fazer a antecipação, o Banco do Brasil alega que depende de aval do Tribunal de<br />
Justiça do Rio de Janeiro que ainda não obteve.<br />
O Deputado Paulo Bernardo, Presidente da Comissão de Orçamento,<br />
lamentou que o amplo entendimento em torno da matéria tenha sido prejudicado por<br />
uma questão que não diz respeito à LDO nem ao Congresso. Diante do impasse, o<br />
Líder do Governo no Congresso, Senador Fernando Bezerra, sugeriu a suspensão<br />
da sessão.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quem se propõe a fazer política tem<br />
de ter grandeza, o que demonstrou ter o Presidente desta Casa, Deputado João<br />
Paulo Cunha, quando convocou os Deputados a deliberar em pleno recesso, ainda<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
por cima em período de campanha eleitoral, época em que todos os Parlamentares<br />
têm compromissos assumidos com Prefeitos, com Vereadores, com seus partido.<br />
Demos uma demonstração de grandeza ao trabalhar esta semana de<br />
segunda até quinta-feira, entrando pela noite. Votamos medidas provisórias e<br />
propostas de emenda à Constituição. Limpamos a pauta de votações.<br />
A Comissão de Orçamento também fez um esforço extraordinário. Trabalhou<br />
sem parar no exame da LDO e conseguiu formar um amplo acordo. Entretanto,<br />
quando iriam ser votados os créditos suplementares e a Lei de Diretrizes<br />
Orçamentárias em sessão do Congresso Nacional, o Deputado Rodrigo Maia fez,<br />
como se diz lá no Acre, uma gaiatice, colocou o bode na sala: pediu verificação do<br />
quorum e literalmente matou a sessão.<br />
O ato foi irresponsável, Sr. Presidente, não engrandece o Parlamento. Já<br />
existe um acordo em andamento entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Banco do<br />
Brasil. O Deputado Rodrigo Maia quis chamar a atenção do Brasil para a disputa<br />
eleitoral no seu Estado. Interrompeu a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias<br />
em função de uma questão que diz respeito somente à Prefeitura do Rio. Esse jogo<br />
não se faz, é baixo. Acaso acredita o Deputado Rodrigo Maia que a população do<br />
Rio de Janeiro não acompanha a política nacional?<br />
O Deputado Rodrigo Maia cometeu um erro primário, grosseiro em política. O<br />
povo do seu Estado sabe distinguir Lei de Diretrizes Orçamentárias de uma<br />
antecipação de depósito judicial para Município. Por sorte os cariocas são<br />
politizados e vão forçar seus Deputados e Senadores a voltar a Brasília para concluir<br />
a votação na semana que vem. A matéria já está acordada. A atitude do Deputado<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
demonstra falta de responsabilidade, falta de patriotismo, de visão, de<br />
desprendimento e de grandeza.<br />
Exemplo de grandeza política deu esta Casa ao votar matérias que estavam<br />
encalhadas e encaminhar várias outras para o início de agosto, quando estaremos<br />
em Brasília, ainda que em pleno processo eleitoral.<br />
Pude verificar que em São Paulo, por exemplo, a campanha eleitoral já está<br />
nas ruas. A Folha de S.Paulo publicou ontem fotos do candidato José Serra e da<br />
candidata Marta Suplicy. O candidato José Serra, perplexo em plena rua de São<br />
Paulo, vendo fotografias que não são as mais indicadas para um candidato. Acho<br />
que o candidato José Serra não se saiu bem na largada, não foi uma das suas<br />
melhores fotos da campanha eleitoral, mas isso não vem ao caso.<br />
Quero apenas dizer que a campanha eleitoral está nas ruas e nós ainda<br />
estamos em Brasília para atender a capricho de um Deputado do Rio de Janeiro,<br />
Rodrigo Maia, que tem interesses claramente eleitoreiros. Ainda bem que se trata do<br />
Rio de Janeiro, que tem um povo politizado e dará resposta política à altura. Se o<br />
Deputado pensa que está cacifando seu pai, se pensa que está enganando o povo<br />
do Rio de Janeiro, ilude-se. Isso é mesquinhez política.<br />
Na próxima terça-feira, os Deputados e Senadores votarão a LDO. O povo do<br />
Rio de Janeiro não será prejudicado. O Banco do Brasil tem responsabilidade<br />
suficiente nesse processo. Quem vai sair desgastado é o Deputado Rodrigo Maia e<br />
seu pai. O Brasil não ficará prejudicado por esse tipo de mesquinhez, por esse tipo<br />
de visão pequena da política.<br />
Sr. Presidente, ocupo o horário destinado à Liderança do PT nesta Casa para<br />
mostrar a minha indignação, a minha tristeza com atos de política, com golpes tão<br />
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baixos, pequenos e indignos de Parlamentares que receberam do povo brasileiro a<br />
missão de defender os interesses do povo brasileiro com grandeza e sem<br />
mesquinhez.<br />
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.<br />
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O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Concedo a palavra ao nobre<br />
Deputado Luiz Couto, do Partido dos Trabalhadores da Paraíba. S.Exa. dispõe de<br />
25 minutos.<br />
O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.<br />
e Srs. Deputados, no trabalho feito pela CPMI que investiga as redes de exploração<br />
sexual de crianças e adolescentes temos de realçar a ação das mulheres, que<br />
estavam sempre presentes, das investigações e diligências à apresentação e<br />
votação do relatório. O fato é que a mulher tem muito mais sensibilidade para o<br />
problema de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, porque sofre na<br />
pele as conseqüências. Os homens, os maiores vilões, aqueles que exploram e<br />
abusam sexualmente, normalmente fogem das investigações e só aparecem para<br />
votar, geralmente querendo retirar o texto o que possa prejudicar a figura masculina.<br />
Sr. Presidente, quero enfatizar o trabalho da Senadora Patrícia Saboya<br />
Gomes na Presidência da CPMI. A Senadora, mulher forte e destemida, sofreu<br />
muitas pressões, teve inclusive problemas de saúde, mas manteve-se firme em sua<br />
indignação diante essa chaga existente em nosso País: as redes de exploração<br />
sexual de crianças e adolescentes. A Senadora Patrícia Saboya Gomes, portanto,<br />
merece os nossos parabéns.<br />
O mais grave é que há conivência de setores do Judiciário, do Legislativo e<br />
do Executivo e do Ministério Público com essa prática, o que deixa a sociedade<br />
indignada. Parece que explorar adolescentes é uma atitude natural para alguns. Em<br />
alguns Estados uma menina de 17 anos é considerada velha pelos “clientes”; eles<br />
querem meninas de 12 a 15 anos. Depois, repassam-nas para outros.<br />
Isso é uma imoralidade, uma vergonha para o nosso País!<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Quero também ressaltar o trabalho da Relatora, a Deputada Maria do<br />
Rosário, do PT do Rio Grande do Sul, uma guerreira em defesa da criança e do<br />
adolescente. A Deputada conseguiu enfrentar e destruir, com argumentação firme,<br />
corajosa e transparente, todos os argumentos daqueles que queriam que alguns<br />
nomes não aparecessem no relatório. Adotou um critério básico: os que foram objeto<br />
de apenas uma denúncia não foram inseridos no relatório. E para que houvesse a<br />
denúncia deveriam existir pelo menos 4 elementos que pudessem embasá-la.<br />
Nenhuma denúncia feita de forma leviana. Houve um trabalho criterioso,<br />
aprofundado e honesto, sempre em defesa da criança e do adolescente.<br />
Parabenizo também a equipe técnica da CPMI, fundamental nas diligências<br />
realizadas e na elaboração do relatório, sempre presente, trazendo elementos para<br />
que se pudesse caminhar na direção correta, a fim de destruir as rotas e as redes de<br />
exploração sexual.<br />
O crime de exploração sexual é uma das mais cruéis violações praticadas<br />
contra crianças e adolescentes, e merece nossa total indignação e repúdio. A<br />
exploração sexual deixa profundas marcas.<br />
Eis o depoimento de uma adolescente de 18 anos, explorada aos 11 anos de<br />
idade, à CPI: “Quando eu era nova, não percebia essa situação. Agora, quero<br />
estudar, ser advogada, para defender as minhas amigas e colocar na cadeia<br />
aqueles que continuam explorando crianças e adolescentes”.<br />
Outra adolescente depôs o seguinte: “Há marcas que não vão sair da minha<br />
vida, porque são marcas internas. Quero apenas que vocês não permitam que<br />
aconteça com outras adolescentes o que fizeram comigo. Hoje eu consegui sair do<br />
mundo da exploração”. Essa mesma menina foi usada também pelo tráfico de<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
drogas para aliciar outras adolescentes. “Essas marcas profundas ficam na minha<br />
vida. Espero que outras não tenham essas marcas”, depõe.<br />
Ouço, com prazer, o aparte da Deputada Selma Schons.<br />
A Sra. Selma Schons - Nobre Deputado Luiz Couto, parabenizo V.Exa. pela<br />
sensibilidade em relação a esse trabalho realizado nesta Casa. V.Exa. está sempre<br />
lutando em defesa do ser humano. Tive a oportunidade, para a minha alegria, de<br />
acompanhar a equipe da CPMI ao Estado do Paraná, especificamente a Foz do<br />
Iguaçu. Naquela ocasião, infelizmente ganhava espaço, aos poucos, a discussão de<br />
que Foz do Iguaçu seria um bom lugar para o turismo sexual, e nós paranaenses<br />
ficamos tristes com isso. Por esse motivo, solicitamos a presença da equipe da<br />
CPMI para discutirmos a questão. Orientamos as pessoas que fazem turismo no<br />
Paraná no sentido de que percebam a beleza de Foz do Iguaçu, as águas, as<br />
cascatas e o ambiente, e não promovam o turismo sexual. Foram realizadas várias<br />
oitivas e levantadas outras questões; certamente algumas foram resolvidas.<br />
Lembro-me de que acompanhei o então Deputado Padre Roque, hoje Secretário de<br />
Ação Social do Paraná, um profundo conhecedor do assunto. Com a atuação da<br />
CPMI no Paraná, que levantou mais de 30 denúncias, certamente poderemos<br />
minorar esse problema. Como disse V.Exa., são chagas que marcam às vezes vidas<br />
inteiras e até gerações futuras. A exploração sexual normalmente está ligada ao<br />
tráfico de drogas. Quando Vereadora em meu Município, fui Presidente da CPI do<br />
Narcotráfico. Na ocasião, percebemos que essas profundas chagas estão muito<br />
presentes entre os nossos jovens.<br />
O SR. LUIZ COUTO - Agradeço-lhe o aparte, Deputada Selma Schons.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, está no Evangelho: “Ai daqueles que<br />
escandalizaram um dos pequenos. Melhor seria que tivessem colocado uma pedra<br />
amarrada numa corda e se lançado ao mar”.<br />
Explorar crianças e adolescentes é um pecado que não tem perdão. Não há<br />
perdão para aqueles que o praticam. Espero que o Congresso Nacional possa<br />
aprovar a série de medidas solicitadas pela CPMI para mudar nosso Código Penal, a<br />
legislação brasileira, a fim de que aquele que for flagrado explorando sexualmente<br />
crianças e adolescentes receba uma pena maior. E que não se permita qualquer<br />
conivência, como a dos que querem cobrir seus nomes no momento em que são<br />
revelados, que pressionam para que sejam esses nomes retirados dos relatórios,<br />
que tentam apresentar esses homens como de moral ilibada.<br />
Na verdade, o mínimo que se pode fazer é expor esses nomes para que<br />
nunca mais se atrevam a explorar crianças e adolescentes.<br />
Sr. Presidente, recebemos 832 denúncias de todos os Estados brasileiros<br />
Dessas, 543 foram cadastradas e qualificadas e 289 não foram qualificadas porque<br />
não havia elementos para que houvesse a queixa-crime. Recebemos denúncias de<br />
todos os Estados, repito. Foram 3 do Distrito Federal, 14 de Goiás, 13 de Mato<br />
Grosso do Sul, 56 de Mato Grosso, 4 de Alagoas; da Bahia foram 13; do Ceará, 9;<br />
do Maranhão, 37; da Paraíba, 28; de Pernambuco, 20; do Piauí, 6; do Rio Grande do<br />
Norte, 31. E mais: foram 5 denúncias de Sergipe, 10 do Acre, 22 do Pará, 1 do<br />
Amapá, 13 do Amazonas, 27 de Rondônia, 33 de Roraima, 2 de Tocantins, 8 do<br />
Espírito Santo, 35 de Minas Gerais, 55 do Rio de Janeiro, 38 de São Paulo, 26 do<br />
Rio Grande do Sul, 17 de Santa Catarina e 30 do Paraná. Foram visitados 22<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Estados; em alguns deles não chegamos a proceder a diligências. Nos outros<br />
sequer estivemos.<br />
Ficou comprovado, Sr. Presidente, que hoje diversas redes de exploração<br />
sexual de crianças e adolescentes estão atuando em nosso Brasil. Atuam no tráfico<br />
internacional, interestadual e até intermunicipal. Por exemplo: na Região Sul temos<br />
15 rotas internacionais, 9 interestaduais e 4 intermuncipais, num total de 28 rotas.<br />
Na Região Sudeste são 28 rotas internacionais, 5 interestaduais e 2 intermunicipais,<br />
num total de 35. No Centro-Oeste são 22 internacionais, 8 interestaduais e 14<br />
intermunicipais, num total de 33. No Nordeste são 35 internacionais, 26<br />
interestaduais e 14 intermunicipais, num total de 69. No Norte são 31 internacionais,<br />
36 interestaduais e 9 intermunicipais, num total de 76. Somando tudo isso, temos<br />
131 internacionais, 78 interestaduais e 32 intermunicipais, num total de 241 rotas de<br />
tráfico de exploração sexual de crianças e adolescentes.<br />
Nossas crianças e adolescentes estão sendo levadas para serem exploradas<br />
por clientes estrangeiros. São 131 rotas internacionais, principalmente na chamada<br />
fronteira seca. A idade desses meninos e meninas é alterada em documentos<br />
falsificados obtidos inclusive com a interferência de policiais corruptos. Consegue-se<br />
retirar tais documentos também em certos cartórios, onde pessoas desonestas<br />
emitem certidões com a idade da criança aumentada. Meninas de 12, 13, 14 anos<br />
passam por adultas com os documentos adulterados e são enviadas por essas<br />
redes criminosas para a Espanha, a Itália, Portugal, os Estados Unidos, a Alemanha,<br />
a Noruega, a Bolívia, o Paraguai, a Venezuela, a Costa Rica, o México etc.<br />
Sr. Presidente, estive participando de um fórum internacional contra a<br />
exploração sexual de crianças e adolescentes na Cidade do México. Lá recebi uma<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
informação que me deixou ainda muito mais triste: quando não servem mais para os<br />
clientes, as crianças e adolescentes exploradas que passam pelo México e vão para<br />
os Estados Unidos são assassinadas pelas máfias que as levaram e seus órgãos<br />
são vendidos para transplantes. Essa informação deixou-me indignado. E fico mais<br />
triste ainda, Sr. Presidente, porque no dia da votação certas Lideranças recebem<br />
pressões que saem daqui e vêm do Senado para que sejam retirados nomes de<br />
pessoas denunciadas. Não podemos ser coniventes nem omissos, muito menos<br />
colaborar para que crimes como esses aconteçam com essas crianças e<br />
adolescentes.<br />
Ainda bem que contamos com pessoas, com entidades, com Parlamentares,<br />
enfim, com agentes públicos que estão na luta para acabar de vez com essas redes<br />
de exploração sexual. E elas não fazem apenas o tráfico de menores. Também o<br />
tráfico de drogas e de armas está associado a essa prática. Essas menores estão<br />
sendo utilizadas para dar dinheiro não só aos cafetões e cafetinas mas à máfia da<br />
droga, que age contra nossas crianças e adolescentes. E, Sr. Presidente, não são<br />
apenas as meninas que estão sendo aliciadas. Cresce o número de meninos<br />
explorados sexualmente por pessoas para as quais, como cristãos, devemos ter<br />
uma atitude de misericórdia. Essas pessoas merecem ficar na cadeia para nunca<br />
mais poderem praticar esse crime. Quem sabe até se convertam?<br />
Sr. Presidente, essas crianças são vítimas de diversos crimes, desde o abuso<br />
sexual, que começa normalmente na família, praticado por parentes ou agregados;<br />
depois vem a chamada prostituição infanto-juvenil — a terminologia hoje adotada é<br />
“exploração sexual de crianças e adolescentes para fins comerciais” — e também o<br />
tráfico nacional e internacional, o turismo sexual, a pornografia, a pedofilia, a<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
exploração via Internet. A CPMI conseguiu identificar um crescimento desse último<br />
caso. Há pessoas ganhando dinheiro para repassar fotografias via Internet. Eu<br />
próprio vi uma fotografia de uma criança de 1 ano de idade sendo abusada<br />
sexualmente por um monstro. Usam essa prática para ganhar dinheiro, vendendo as<br />
fotos para pessoas cujas mentes e cujos corações também estão sujos. Só<br />
podemos ficar indignados com essa situação.<br />
Espero que com esse relatório, que é uma peça importante, daqui a um ano<br />
ou mais não tenhamos que fazer outra CPI para apurar novamente esses fatos. Se<br />
isso voltar a acontecer, os grandes responsáveis terão sido o Legislativo Federal, o<br />
Executivo, o Judiciário e o Ministério Público, por nada terem feito para coibir essa<br />
ação criminosa e acabar com essa chaga da exploração, do abuso, do tráfico, da<br />
pornografia, da pedofilia via Internet.<br />
Tenho certeza, Sr. Presidente, de que estamos dando uma contribuição para<br />
o País, na perspectiva de que um dia a criança possa estar na escola, sem ser<br />
explorada, e sim amada, sem ser usada, mas respeitada, e de que o adolescente,<br />
em seu processo de transformação, não seja usado por máfias, organizações ou<br />
redes de exploração sexual.<br />
Sr. Presidente, a vida deveria ser sempre bonita para a criança, para o adulto,<br />
para todos nós. Infelizmente, para grande parcela da população, ela está sendo<br />
transformada em uma experiência feia, suja, maculada. Espero que possamos<br />
alterar essa situação para da vida dizermos todos, tal como o poeta Gonzaguinha: é<br />
bonita, é bonita e é bonita!<br />
Muito obrigado.<br />
501
fazê-lo.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Apresentação de proposições.<br />
Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar queiram<br />
APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.:<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Vai-se passar ao horário de<br />
VI - COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES<br />
Concedo a palavra, com satisfação, ao Deputado Alberto Fraga, que<br />
representa uma bandeira bem hasteada em defesa do ser humano e da segurança<br />
pública do Distrito Federal e do Brasil, pelo PTB. S.Exa. dispõe de até 5 minutos na<br />
tribuna.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. ALBERTO FRAGA (PTB-DF. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr.<br />
Presidente. Suas palavras motivam-nos bastante.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, infelizmente, mais uma vez ocupo a<br />
tribuna para falar de assuntos desagradáveis. Como se já não bastassem os<br />
constantes escândalos do Governo, vislumbra-se mais um: ontem, na Comissão de<br />
Ciência e Tecnologia, foi feita uma audiência pública com o CA<strong>DE</strong>, a Brasil Telecom,<br />
a Secretaria de Defesa de Direito Econômico do Ministério da Justiça e a Telecom<br />
Itália, para, na essência, saber por que motivo a Telecom Itália, sem maiores<br />
explicações, voltou a controlar a Brasil Telecom. E as perguntas foram várias, mas<br />
não obtivemos respostas. Os Deputados Abelardo Lupion, José Carlos Fonseca e<br />
eu não fomos atendidos em nossas indagações. Acredito que isso tenha acontecido<br />
porque não existe resposta.<br />
Vejam V.Exas. por que as perguntas não foram respondidas. A primeira<br />
pergunta foi: quem ganha com a volta da Telecom Itália ao bloco de controle da<br />
Brasil Telecom? Houve a decisão unânime do CA<strong>DE</strong>, tomada por 30 votos a zero,<br />
contrária ao retorno da Telecom Itália ao controle da Brasil Telecom. Um detalhe<br />
curioso: em março o CA<strong>DE</strong> impede a volta da Telecom Itália ao bloco controlador da<br />
Brasil Telecom; em junho, 3 meses depois, inexplicavelmente volta atrás, sem que<br />
tenha havido qualquer fato novo, qualquer mudança, como, aliás, reconheceram a<br />
própria Secretaria de Defesa de Assuntos Econômicos do Ministério do Ministério da<br />
Justiça e o próprio Subprocurador do CA<strong>DE</strong>, conforme seu parecer. Mas o despacho<br />
desse Subprocurador foi desconsiderado pela Procuradora-Chefe do CA<strong>DE</strong>, Sra.<br />
Maria Paula Dallari Bucci.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Indago ao Plenário e ao povo brasileiro: de quem partiu a ordem para que o<br />
CA<strong>DE</strong> mudasse de opinião e atendesse aos interesses da Telecom Itália? Eu quero<br />
saber. Será que o CA<strong>DE</strong>, com a experiência que tem, não percebe o quanto está<br />
prejudicando os consumidores brasileiros, Sr. Presidente?<br />
Afirmo, para que fique registrado nos Anais da Casa, que o mais<br />
impressionante é que por trás de tudo isso há maracutaia, há cretinice, há<br />
escândalo, há bandidagem de novo. A ficha da Telecom Itália foi apurada numa CPI<br />
no Congresso italiano. Essa CPI descobriu que a Telecom Itália se envolveu com<br />
corrupção, praticou superfaturamento, promoveu a espoliação de acionistas<br />
minoritários nos mercados da Sérvia, da Venezuela, do Chile, de Cuba e do Brasil.<br />
Há denúncias e indícios de que a Telecom Itália impôs à Brasil Telecom a compra<br />
superfaturada da Companhia Rio-Grandense de Telecomunicações, causando-lhe<br />
um prejuízo de centenas de milhões de dólares, e, também, evidentemente, ao<br />
Tesouro brasileiro. E aquela CPI italiana, Sr. Presidente, constatou que essas são<br />
práticas habituais da Telecom Itália.<br />
E agora pergunto: quem autorizou esse controle de uma empresa italiana<br />
sobre a Brasil Telecom? E vou ser mais claro: quero saber quem recebeu esse<br />
dinheiro sujo, porque isso não tem justificativa. A Brasil Telecom é concorrente da<br />
Tim. O capital da Telecom Itália na Brasil Telecom é de 5%, mas ela dispõe de<br />
controle total sobre a Tim, exatamente a empresa concorrente da Brasil Telecom. É<br />
o mesmo que colocar a raposa para tomar conta do galinheiro. Portanto, quero<br />
saber quem deu essa ordem. E ontem, na Comissão de Ciência e Tecnologia,<br />
Comunicação e Informática, o Presidente da ANATEL não conseguiu explicar isso,<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
nem o Conselheiro do CA<strong>DE</strong> conseguiu dizer o que o consumidor brasileiro estaria<br />
ganhando com isso.<br />
Estamos assistindo agora ao aumento de tarifas e de preços. Só por isso já<br />
cabe um pedido de CPI. O lamentável é que CPI no Congresso Nacional se<br />
transformou em coisa do outro mundo. Ninguém mais fala em Comissão de Inquérito<br />
aqui. E a bandidagem continua aí. A corrupção existe. As denúncias veiculadas pela<br />
imprensa são verdadeiras. É evidente a má-fé daqueles que estão colocando a<br />
Telecom Itália no controle da Brasil Telecom. Eles receberam alguma propina, não<br />
tenho dúvida disso. E estou falando aqui até mesmo na condição de policial. Eu<br />
identifico de longe a presença de bandidos, Sr. Presidente, e por trás dessa<br />
maracutaia de colocar a Telecom Itália no controle da Brasil Telecom V.Exa. pode<br />
ter a certeza de que há bandido.<br />
Lugar de bandido é na cadeia. Espero que o Congresso Nacional não se cale,<br />
não se omita. O recesso parlamentar começou, mas na volta aos trabalhos vou fazer<br />
um requerimento pedindo a presença de todos os cidadãos citados nessas<br />
denúncias para que possamos punir os culpados e evitar que se prejudique mais<br />
uma vez o povo brasileiro, que já está no limite da tolerância.<br />
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O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Em nome do Presidente João Paulo<br />
Cunha, do Vice-Presidente Inocêncio Oliveira e dos Parlamentares da Casa,<br />
agradeço ao grupo de trabalhadores do Banco do Brasil que visita a Câmara dos<br />
Deputados neste começo de tarde a presença. Obrigado aos destacados<br />
funcionários do Banco do Brasil.<br />
Também registro a presença da numerosa família Cardoso, de São Paulo. O<br />
patriarca, Sr. Fernando Cardoso, trouxe seus familiares, cerca de 40 pessoas, para<br />
visitar a Câmara dos Deputados. Agradecemos a todos a presença na Casa dos<br />
brasileiros.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Dando prosseguimento às<br />
Comunicações Parlamentares, tenho a honra de conceder a palavra a um grande<br />
Parlamentar do Estado do Piauí, Deputado Paes Landim, por intermédio de quem<br />
saúdo a querida Teresina, localizada às margens do Rio Parnaíba, pelo PTB. S.Exa.<br />
dispõe de até 5 minutos.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
DISCURSO DO SR. <strong>DE</strong>PUTADO PAES LANDIM QUE, ENTREGUE À<br />
<strong>REVISÃO</strong> DO ORADOR, SERÁ POSTERIORMENTE PUBLICADO.<br />
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O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Temos a honra de conceder a<br />
palavra, no Ano da Mulher, a uma grande mulher, a nobre Deputada Maria Helena,<br />
representante do Estado de Roraima, pelo PPS.<br />
A SRA. MARIA HELENA (PPS-RR. Sem revisão da oradora.) - Muito<br />
obrigada, Sr. Presidente Deputado Maurício Rabelo, autor do projeto de lei que<br />
instituiu o ano de 2004 como o Ano da Mulher.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, enquanto aguardamos o<br />
pronunciamento da Justiça quanto à forma de homologação da reserva Raposa<br />
Serra do Sol, vemos que os conflitos entre índios e não-índios em Roraima se<br />
tornam cada vez mais freqüentes.<br />
À medida que não conseguimos encontrar uma solução consensual para o<br />
problema fundiário do Estado, devemos ao menos ter bom senso para discernir as<br />
propostas viáveis das inviáveis. Refiro-me especificamente às recentes declarações<br />
do Presidente da Fundação Nacional do Índio — FUNAI, Sr. Mércio Pereira Gomes,<br />
que visitou Roraima com o objetivo de negociar a saída dos rizicultores do vale de<br />
produção de arroz, localizado dentro da reserva Raposa Serra do Sol. Conforme<br />
afirmou o Presidente da FUNAI, os arrozeiros poderão receber cerca de R$5<br />
milhões em indenizações se desocuparem aquelas terras e abandonarem suas<br />
lavouras pacificamente.<br />
Faz-se necessário destacar, no entanto, que esse valor não cobrirá os<br />
prejuízos resultantes do deslocamento desses produtores para outras regiões.<br />
Segundo relatório produzido pela Delegacia Regional do Ministério da Agricultura,<br />
não existem outras terras propícias para o cultivo de arroz no Estado. As áreas que<br />
poderiam ser aproveitadas para essa finalidade apresentam inúmeras desvantagens<br />
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em relação à região atualmente ocupada pelos arrozeiros, pois estão sujeitas a<br />
impedimentos legais impostos pelo IBAMA ou pela própria FUNAI e à incidência de<br />
microorganismos que podem comprometer a lavoura, além de permitirem uma única<br />
safra anual, em vez de duas ou três, o que é possível apenas em regiões de lavrado.<br />
Portanto, já que a FUNAI dispõe de uma quantia dessa significância,<br />
entendemos que seria muito mais sensato destinar esses recursos aos próprios<br />
índios, para que possam desenvolver métodos mais competitivos de produção e<br />
assim garantir sua sobrevivência e investir em seu progresso.<br />
Temos uma vasta extensão de terras dentro da reserva Raposa Serra do Sol,<br />
um grande potencial para produção e uma população de índios que até hoje não<br />
recebeu qualquer incentivo para produzir. Há ali um vazio demográfico. Não há<br />
plantações e sequer aldeias indígenas naquela área. Além de desperdício, isso<br />
representa um risco. Aquelas terras podem acabar nas mãos de grupos estrangeiros<br />
mal-intencionados.<br />
Estamos todos dispostos a lutar pelo desenvolvimento do Estado, até mesmo<br />
os próprios índios, que desejam participar desse processo. Se fomos privilegiados<br />
com tamanha riqueza e diversidade, devemos então empenharmo-nos na busca de<br />
uma solução conciliadora que atenda ao interesse de todos os grupos envolvidos.<br />
Era o que tinha a dizer.<br />
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O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Sras. e Srs. Deputados, povo<br />
brasileiro, um ótimo final de semana e excelentes festas julinas.<br />
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VII - ENCERRAMENTO<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Nada mais havendo a tratar, vou<br />
encerrar a sessão.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
O SR. PRESI<strong>DE</strong>NTE (Maurício Rabelo) - Encerro a sessão, convocando para<br />
segunda-feira, dia 12, às 14h, sessão ordinária da Câmara dos Deputados.<br />
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CÂMARA DOS <strong>DE</strong>PUTADOS - <strong>DE</strong>TAQ <strong>REDAÇÃO</strong> FINAL<br />
Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
(Encerra-se a sessão às 12 horas e 52 minutos.)<br />
DISCURSO PROFERIDO PELO SR. <strong>DE</strong>PUTADO ANTONIO CARLOS MEN<strong>DE</strong>S<br />
THAME NA SESSÃO SOLENE DA CÂMARA DOS <strong>DE</strong>PUTADOS Nº 127,<br />
REALIZADA EM 17 <strong>DE</strong> JUNHO <strong>DE</strong> 2004 — RETIRADO PELO ORADOR PARA<br />
<strong>REVISÃO</strong>:<br />
O SR. ANTONIO CARLOS MEN<strong>DE</strong>S THAME (PSDB-SP.) - Prezado amigo<br />
Deputado Sarney Filho, um dos requerentes da realização desta tão oportuna<br />
homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente e aos 15 anos de criação do IBAMA;<br />
Deputados Hamilton Casara, João Alfredo e Paulo Baltazar, este Presidente da<br />
Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos<br />
Deputados; Dr. Marcos Barros, Presidente do IBAMA; Dr. Antonio Herman Benjamin,<br />
representante do Ministério Público; Dr. Mário Montovani, em nome de quem<br />
cumprimento todos os representantes das organizações não governamentais;<br />
funcionários do IBAMA, técnicos do Governo, Sras. e Srs. Deputados, Sras. e Srs.<br />
Senadores, os grandes avanços na história da humanidade deram-se em função de<br />
avanços tecnológicos. Os saltos de qualidade de vida estão ligados ao acúmulo do<br />
conhecimento tecnológico e de sua aplicação. Os saltos tecnológicos mais<br />
significativos receberam o nome de revoluções.<br />
A primeira revolução industrial deu-se 240 anos atrás e se caracterizou<br />
principalmente pela descoberta do motor a vapor. Na época, não havia preocupação<br />
com o meio ambiente. Os recursos naturais eram abundantes, podiam ser utilizados<br />
sem risco de provocar escassez.<br />
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Noventa anos depois, tivemos a segunda revolução industrial, caracterizada<br />
pela descoberta do motor a combustão interna e pela eletricidade. Nessa época<br />
iniciou-se verdadeiramente o uso dos recursos naturais para a produção de energia.<br />
Iniciou-se a economia do carbono, que há 40 anos, ou seja, após 1960, tomou ritmo,<br />
impacto e consistência maior com a emissão de dióxido de carbono — CO2, o que<br />
começou a caracterizar o efeito estufa. Como a toda ação corresponde uma reação,<br />
nesses últimos 30 anos surgiram as primeiras preocupações com as questões<br />
ambientais. Faz apenas 32 anos que a Organização das Nações Unidas se reuniu<br />
em Estocolmo e elaborou a 1ª Declaração sobre o Meio Ambiente. Seus princípios<br />
serviram de embrião para o direito ambiental de muitos países.<br />
Hoje vivemos a terceira revolução industrial: a revolução do chip e do DNA,<br />
completamente diferente das anteriores, já que não mudou a matriz energética nem<br />
os meios de transporte, pois não criou meios de transportes nem meios de produção<br />
de energia novos. Apenas aperfeiçoou o que já existia. Nessa terceira revolução, do<br />
ponto de vista ambiental, existe uma característica completamente diferente das 2<br />
anteriores. Hoje não há preocupação ambiental difusa e, sim, a clara certeza de que<br />
temos de transformar essa preocupação em ações concretas, com o objetivo de<br />
reverter o estrago ambiental que caracterizou os últimos 40 anos.<br />
Como reverter essa situação? Com base em 4 medidas que precisam ser<br />
tomadas concomitantemente. Primeira, na área de legislação; segunda, na<br />
fiscalização; terceira, no que diz respeito aos orçamentos públicos; quarta, na gestão<br />
compartilhada dos recursos naturais.<br />
O Governo anterior adotou grandes medidas que mudaram a legislação neste<br />
País. O Governo FHC criou e aprovou a Lei dos Crimes Ambientais, a Lei das<br />
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Águas, a Agência Nacional de Águas, a Lei do SNUC, Sistema Nacional de<br />
Unidades de Conservação, o maior parque nacional na Amazônia, sinalizando para<br />
a necessidade de incorporar uma variável absolutamente imprescindível: a questão<br />
ambiental. Falta implantar a lei de cobrança pelo uso das águas.<br />
Restam as 3 outras vertentes.<br />
A segunda é a fiscalização. Nesse ponto, vale ressaltar a importância de<br />
comemorar os 15 anos do IBAMA, instituição que tem como um dos seus principais<br />
objetivos o controle ambiental no País. Leis têm que ser cumpridas e devem valer<br />
para todos. Por isso a importância do IBAMA como órgão que precisa ser fortalecido<br />
e ter o seu capital humano prestigiado, para que possa exercer bem o seu papel.<br />
O terceiro elemento diz respeito aos orçamentos públicos. Os recursos<br />
naturais precisam ser considerados como valores coletivos e, por isso, o seu custeio<br />
não pode sair das tarifas, mas, sim, de orçamentos públicos, do orçamento fiscal.<br />
Ressalte-se a importância dos investimentos para se avançar tecnologicamente,<br />
porque todos temos consciência de que a forma mais rápida de transformar<br />
problemas ambientais em soluções, até em bons negócios, é incorporando<br />
tecnologia, investindo pesadamente no conhecimento para tratar resíduos, reciclar e<br />
fazer com que um problema ambiental se transforme em insumo para outros<br />
produtos.<br />
O quarto ponto é a gestão compartilhada, através dos comitês e agências de<br />
bacias, incorporando, no processo de tomada de decisões — que não pode ficar<br />
adstrito apenas ao Poder Executivo —, o Poder Legislativo, os demais órgãos<br />
federados, os Estados e Municípios, a sociedade civil, os usuários, enfim, todos<br />
aqueles que vivenciam o problema e que precisam participar das decisões, não<br />
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apenas dando sugestões, mas compartilhando e ditando os rumos das questões<br />
ambientais.<br />
Quando isso ocorre, e vem ocorrendo nos comitês de bacias, assistimos a<br />
uma revolução, uma transformação conceitual, que se transmuda nas seguintes<br />
observações: primeiro, há descentralização das decisões; segundo, ocorre<br />
integração desses diversos entes; terceiro, estimula-se a conscientização ambiental.<br />
Consciência é “cons” mais “ciência”. Ciência é o conhecimento dentro de nós.<br />
Quando temos conhecimento, podemos nos apaixonar por um tema, por uma idéia e<br />
oferecer nossa contribuição para uma ação transformadora que faça do Brasil<br />
referência no trato das questões ambientais.<br />
Cumprimento a todos e, notadamente, de forma muito especial, os Deputados<br />
Sarney Filho, Fernando Gabeira, Hamilton Casara, João Alfredo, Paulo Baltazar,<br />
bem como todos aqueles que incluíram na sua agenda cotidiana as questões<br />
ambientais como ponto fundamental, para termos um país melhor e uma sociedade<br />
sustentável.<br />
DISCURSO PROFERIDO PELO SR. <strong>DE</strong>PUTADO DANIEL ALMEIDA NO<br />
PERÍODO <strong>DE</strong>STINADO AO GRAN<strong>DE</strong> EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA<br />
CÂMARA DOS <strong>DE</strong>PUTADOS Nº 138, REALIZADA EM 28 <strong>DE</strong> JUNHO <strong>DE</strong> 2004 —<br />
RETIRADO PELO ORADOR PARA <strong>REVISÃO</strong>:<br />
O SR. DANIEL ALMEIDA (PCdoB-BA.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.<br />
Deputados, a sociedade brasileira tem intensificado o debate a respeito de um tema<br />
de grande relevância para o processo de inclusão social e, sobretudo, de reparação<br />
com os afro-brasileiros. Trata-se da discussão sobre reservas de vagas e cotas para<br />
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negros nas instituições de ensino superior, o que, certamente, passa por um outro<br />
assunto de extrema importância: a reforma universitária.<br />
Recentemente, as Comissões de Constituição e Justiça e de Cidadania, de<br />
Educação e de Direitos Humanos, 3 das mais importantes desta Casa, promoveram<br />
debates sobre esse tema.<br />
É um indício de como todos temos consciência da dívida histórica que este<br />
País tem com a sua comunidade de afro-brasileiros. Foram quase 3 séculos de<br />
escravidão, nos quais a nossa sociedade produziu imensa disparidade social entre<br />
as elites e os setores populares. Constatamos o quanto de dificuldades essa<br />
herança ainda nos impõe e quão necessário se faz remover essas dificuldades. Mas<br />
ninguém quer abrir espaço para que as transformações ocorram. As cotas não são<br />
uma concessão aos negros e índios, mas um direito que deve ser resgatado.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Governo do Presidente Lula enviou,<br />
em maio deste ano, ao Congresso Nacional, projeto de lei que institui o Sistema<br />
Especial de Reserva de Vagas para estudantes egressos de escolas públicas nas<br />
instituições públicas federais de educação superior.<br />
De acordo com o projeto do Poder Executivo, as universidades federais do<br />
País deverão reservar, no mínimo, 50% de suas vagas em cada concurso de<br />
seleção para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em<br />
escolas públicas. Dentre as vagas reservadas, haverá um percentual mínimo para<br />
estudantes autodeclarados negros e indígenas. O dispositivo legal faz-se necessário<br />
na medida em que, conforme informou o Secretário de Educação Superior do MEC,<br />
Nelson Maculan Filho, em reunião da Comissão de Educação e Cultura desta Casa,<br />
muitas universidades, que já implantaram o sistema de reserva especial de vagas<br />
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para afro-brasileiros e indígenas, sofrem com a perspectiva de ações judiciais por<br />
falta de lei federal que regule o tema.<br />
No nosso entendimento, a política de cotas proporcionará o aumento<br />
significativo do acesso dos estudantes negros ao ensino superior gratuito e de<br />
qualidade. Quem vive o cotidiano da educação superior pública brasileira sabe que<br />
para grande número de alunos a gratuidade do ensino não é suficiente. O êxito da<br />
caminhada desses estudantes rumo ao diploma depende também de auxílio, por<br />
exemplo, para alimentação, saúde, transporte e moradia. Daí a importância de casas<br />
de estudantes, restaurantes universitários e outros serviços similares.<br />
Em um país como o nosso, marcado por brutais desigualdades sociais, as<br />
políticas compensatórias revelam-se absolutamente necessárias. Devemos<br />
reconhecer, sem hesitação, que o Brasil acumula enorme dívida social, mas não<br />
tornaremos a universidade pública mais acessível aos brasileiros de baixa renda se<br />
não associarmos firmemente tal propósito a um projeto de alcance global para nossa<br />
educação superior. É o que falta nas discussões sobre a chamada reforma<br />
universitária, em andamento há alguns meses no Brasil.<br />
O mesmo Governo que propôs tal debate anunciou algumas medidas<br />
pontuais que só vão ganhar amplitude se estiverem articuladas a um projeto que<br />
englobe todas as complexidades da nossa educação superior.<br />
A proposta de reserva de 50% das vagas nas universidades federais para<br />
egresso da escola pública, que compõe o projeto, tomada isoladamente parece ter<br />
longo alcance, mas sua execução não está ainda claramente formulada.<br />
Sr. Presidente, esses alunos, grupo do qual os afro-brasileiros sem dúvida<br />
são maioria, necessitam de muito mais. Embora as políticas de quotas apontem no<br />
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sentido da maior igualdade social entre os grupos étnicos no Brasil, ainda há muito a<br />
ser feito. Nossa sociedade tem apresentado alarmantes níveis de desemprego,<br />
analfabetismo e disparidade das condições de ascensão e de remuneração nos<br />
mais diferentes ramos da atividade econômica.<br />
Nos 8 anos do Governo Fernando Henrique, apesar dos avanços na<br />
manutenção da estabilidade monetária, o arrocho fiscal que a ela veio atrelado<br />
afastou o Estado da promoção de políticas públicas voltadas para a promoção da<br />
igualdade social.<br />
Nos primeiros meses do Governo Lula, a manutenção da elevação dos<br />
superávites primários também tem dificultado a adoção de políticas sociais mais<br />
ousadas e até mesmo a adequada transferência dos recursos necessários para a<br />
manutenção dos programas já existentes. Isso prejudica também a expansão e<br />
modernização do sistema de educação pública.<br />
Há uma década, o sistema público federal de ensino superior vê seus<br />
recursos humanos e financeiros para custeio, manutenção, investimentos<br />
diminuírem cotidianamente. É preciso sinalizar claramente para a inversão dessa<br />
pendência. A universidade pública para milhões de brasileiros é a única<br />
oportunidade de formação qualificada, e o número crescente de vagas ociosas e de<br />
inadimplência na rede de ensino privado testemunha a pertinência dessa afirmação.<br />
A expansão da universidade pública, além de ampliar a oportunidade de<br />
acesso à educação superior, impulsionaria mudanças em todo o nosso sistema<br />
educacional. Aliás, é preciso de uma vez por todas abordar a educação nacional<br />
como um sistema que concebe o desenvolvimento de políticas coerentemente<br />
articuladas para todos os níveis de ensino. Faz-se necessário promover a formação<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
de professores para atuar nos campos disciplinares mais carentes de ensino médio,<br />
como Matemática, Física, Química e Biologia. Aliás, qualificar nossa rede pública de<br />
ensino médio é uma meta que deveria ser procurada de modo especial por<br />
intermédio da valorização dos professores, o que significa, em resumo, remunerá-los<br />
melhor, oferecer-lhes maiores oportunidades de qualificação e melhores condições<br />
de trabalho. O sistema público de educação superior pode dar contribuição decisiva<br />
nessa direção.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os estudantes de baixa renda<br />
formados pelas escolas públicas não terão êxito em nossas universidades se estas<br />
não desenvolverem sólida política de permanência, incluindo programas de auxílio e<br />
assistência estudantil à moradia, saúde, alimentação, transporte, aquisição de livros<br />
e de material didático, dentre outras carências. Será preciso também articular<br />
abrangente acompanhamento acadêmico e apoiar a qualificação dos estudantes que<br />
estão em nossas universidades.<br />
A universidade pública é referência de qualidade para o conjunto da educação<br />
superior brasileira porque, independentemente da origem social dos estudantes,<br />
eventualmente ela complementa a formação precária recebida por seus alunos,<br />
sejam eles ricos ou pobres, tenham eles cursado escolas de ensino médio públicas<br />
ou privadas.<br />
Esperamos que o Estado brasileiro possa implementar de forma adequada<br />
todas as políticas sociais voltadas para a promoção da igualdade racial em nosso<br />
País. Todos temos pressa. Sabemos, contudo, que nosso principal desafio, hoje, é<br />
tornar a educação, de fato, uma política de Estado.<br />
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Não pode ser outra a esperança da população brasileira, pois esta elegeu o<br />
Presidente Lula com o firme propósito de enfrentar mazelas sociais de caráter<br />
histórico e estrutural, pontos-chave para a promoção de um país mais justo e menos<br />
desigual, especialmente no que toca à população negra.<br />
E o Governo Lula já deu alguns passos positivos nesse sentido, com a<br />
criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.<br />
Implementada na simbólica data de 21 de março de 2003, dia em que se comemora<br />
em todo o mundo o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, sua<br />
missão é propor iniciativas que promovam a igualdade e a proteção dos direitos dos<br />
indivíduos e grupos raciais e étnicos, com ênfase para a população negra.<br />
À Secretaria também cabe acompanhar e coordenar políticas de diferentes<br />
Ministérios e órgãos do Governo brasileiro para a promoção da igualdade racial;<br />
articular, promover e acompanhar a execução de diversos programas de<br />
cooperação, com organismos públicos e privados, nacionais e internacionais;<br />
promover e acompanhar o cumprimento de acordos e convenções internacionais<br />
assinados pelo Brasil que digam respeito à promoção da igualdade e combate à<br />
discriminação racial ou étnica; e auxiliar o Ministério das Relações Exteriores nas<br />
políticas internacionais, quanto à aproximação das nações do Continente africano.<br />
A regularização fundiária das terras de quilombolas é outra medida adotada<br />
pelo Governo Federal que merece o nosso destaque. Segundo informação do<br />
próprio Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária —<br />
INCRA, o órgão já está em condições de iniciar o processo de regularização de<br />
terras ocupadas por remanescentes de quilombos no País, pois o Decreto nº 4.887,<br />
de 2003, transferiu ao INCRA essa atribuição.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Trata-se do reconhecimento da posse da terra por um dos segmentos sociais<br />
mais marginalizados no campo brasileiro.<br />
Dados oficiais apontam a existência de 743 áreas remanescentes de<br />
quilombos no Brasil, com população em torno de 2 milhões de habitantes, distribuída<br />
em 30 milhões de hectares.<br />
A Constituição de 1988 reconhece as comunidades remanescentes de<br />
quilombos e prevê, no art. 68 das Disposições Constitucionais Transitórias, que lhes<br />
sejam concedidos títulos de propriedade definitiva das terras em que vivem. Com a<br />
promulgação do Decreto nº 4.887, a caracterização das comunidades de quilombos<br />
será feita por meio de uma autodefinição.<br />
O processo deve comprovar a presença de ancestralidade negra, trajetória<br />
histórica, resistência à opressão, culto e costumes. Caso a terra pretendida possua<br />
famílias de agricultores, o INCRA indenizará esses grupos pelas benfeitorias feitas<br />
na área do antigo quilombo, mas desapropriará a região.<br />
Nessa mesma área de atuação, outra medida adotada pelo Governo Federal<br />
refere-se à ampliação das políticas públicas às comunidades remanescentes de<br />
quilombos. No início de junho, o Presidente Lula solicitou à Ministra Matilde Ribeiro,<br />
da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, que estenda<br />
os projetos sociais de Governo, como o Bolsa Família e o Saúde Família, às<br />
comunidades remanescentes de quilombos. Há também orientação para que amplie<br />
o ensino fundamental a essa comunidade por meio da construção de salas de aula.<br />
No Poder Legislativo federal merece destaque a tramitação e discussão do<br />
Projeto de Lei nº 6.912, de 2002, de autoria do Senador Paulo Paim, que estabelece<br />
o Estatuto da Igualdade Racial.<br />
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Entre os dispositivos legais contidos no referido Estatuto, destacam-se: a<br />
promoção de igualdade de oportunidades por intermédio da inclusão da dimensão<br />
racial nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social; a adoção de<br />
políticas de ação afirmativa por intermédio de políticas reparatórias, de tal modo a<br />
iniciar a correção de distorções e desigualdades raciais derivadas da escravidão e<br />
demais práticas discriminatórias; e, finalmente, a modificação das estruturas<br />
institucionais do Estado para o adequado enfrentamento e superação das<br />
desigualdades raciais decorrentes do preconceito e da discriminação racial.<br />
Também chama atenção, por seu impacto e alcance social, a introdução do<br />
quesito raça e cor nos documentos em uso no Sistema Único de Saúde, o que<br />
estimulará as estatísticas e análises epidemiológicas da morbidade por doenças<br />
geneticamente determinadas ou agravadas pelas condições de vida dos<br />
afro-brasileiros. Na área da educação, o destaque é para a criação de linhas de<br />
pesquisa e programas de estudo voltados para temas referentes às relações raciais<br />
e questões pertinentes à população afro-brasileira, por parte de órgãos federais e<br />
estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação. Na área orçamentária, a<br />
criação do Fundo Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Nas políticas de<br />
emprego, chama a atenção a previsão da implementação de políticas voltadas para<br />
a inclusão de afro-brasileiros no mercado de trabalho. Nos meios de comunicação, o<br />
estabelecimento de uma cota de 20% para afro-brasileiros em filmes e programas<br />
veiculados pelas emissoras de televisão.<br />
Entendemos que a aprovação do Estatuto, pela abrangência e profundidade<br />
dos seus dispositivos, representa avanço importante no caminho da promoção da<br />
igualdade racial em nosso País. Quando em vigor, o Estatuto instrumentalizará os<br />
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Poderes Executivo Federal, Estadual e Municipal, com o devido respaldo legal, para<br />
desenvolver políticas públicas destinadas a enfrentar o descaso com o qual a<br />
população afro-brasileira tem sido atendida pela administração pública.<br />
Estes dados relacionados, Sr. Presidente, dão idéia de como são complexas<br />
as iniciativas para compensar essa dívida social que só tem se alargado ao longo de<br />
séculos. As políticas de cotas e a conseqüente e reforma universitária são apenas<br />
muitas das ações que devem dar partida a esta grande tarefa que não podemos<br />
mais adiar.<br />
O povo brasileiro já não suporta mais ser explorado por uma elite que faz<br />
questão de esquecê-lo. Nós, que estamos aqui através do seu voto de confiança,<br />
temos o compromisso moral de ajudá-lo a resgatar os seus direitos negados, e em<br />
momento algum iremos decepcioná-lo.<br />
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quis fazer essa abordagem, nesta<br />
data, porque temos a expectativa de que possamos aprovar o Estatuto da Igualdade<br />
Racial o mais breve possível, dotando nosso País desse importante instrumento,<br />
resultado de um debate maduro e profundo. O Estatuto da Igualdade Racial é uma<br />
expectativa dos cidadãos brasileiros e principalmente dos afro-brasileiros.<br />
O tema alcança relevância e é debate freqüente nas universidades, entre<br />
jovens e no seio da sociedade brasileira, porque há uma consciência nacional sobre<br />
a necessidade de reparação junto àqueles que foram escravizados durante séculos<br />
e que ainda não tiveram a sua libertação<br />
Por isso, nossa expectativa é de que, da mesma forma que incluímos na<br />
pauta temas relevantes e os votamos com a urgência necessária, possamos<br />
também votar o Estatuto da Igualdade Racial.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Era o que tinha a dizer.<br />
Muito obrigado.<br />
DISCURSO PROFERIDO PELO SR. <strong>DE</strong>PUTADO DANIEL ALMEIDA NO<br />
PERÍODO <strong>DE</strong>STINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA<br />
DA CÂMARA DOS <strong>DE</strong>PUTADOS Nº 139, REALIZADA EM 29 <strong>DE</strong> JUNHO <strong>DE</strong> 2004<br />
— RETIRADO PELO ORADOR PARA <strong>REVISÃO</strong>:<br />
O SR. DANIEL ALMEIDA (PCdoB-BA.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.<br />
Deputados, queremos registrar um acontecimento de grande relevância que terá<br />
lugar, às 16h, no Auditório Nereu Ramos, nesta Casa. Refiro-me à 9ª edição da<br />
Conferência Nacional dos Direitos Humanos. Esse acontecimento faz parte do<br />
calendário desta Casa. E a iniciativa é da Comissão de Direitos Humanos, ou seja,<br />
de a cada ano reunir os mais diversos segmentos da sociedade civil e de governos<br />
para apontar rumos, fazer um balanço da situação dos direitos humanos no Brasil e<br />
absorver experiências nacionais e internacionais.<br />
Nesta 9ª edição há um diferencial: o compromisso do Governo brasileiro, do<br />
Congresso Nacional e das instituições em assumirem as deliberações originadas<br />
dessa Conferência. Portanto, o que for deliberado na IX Conferência Nacional dos<br />
Direitos Humanos se traduzirá em projetos de lei, em iniciativas do Poder Executivo,<br />
em orientação para o funcionamento da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos,<br />
institucionalizada pelo Governo Lula.<br />
E essa conferência é o coroamento de um processo mais amplo. Pela<br />
primeira vez, os Estados da Federação foram mobilizados para o debate a respeito<br />
dos direitos humanos e devem apresentar sua contribuição. E isso é muito<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
importante, porque os direitos humanos, no mundo inteiro, não vivem um bom<br />
momento. Prevalece a lógica do capital, da exclusão social, da negação de direitos.<br />
O modelo neoliberal que prevalece no mundo não protege nem valoriza o trabalho, a<br />
vida, os direitos do homem, a cidadania. É muito importante, então, que segmentos<br />
mais diversos possam ter oportunidade de se manifestar a respeito do tema.<br />
As conferências estaduais permitiram esse espaço. A maioria dos Estados<br />
realizou, pela primeira vez, uma conferência estadual sobre direitos humanos. O<br />
objetivo era avaliar se esta é uma questão menor, que não tem relevância, que é<br />
assunto a ser tratado nas Secretarias de Segurança e de Justiça, sem envolver a<br />
sociedade civil, que produz extraordinária experiência. No entanto, as principais<br />
experiências de defesa da valorização da vida e dos direitos do homem estão sendo<br />
verificadas exatamente por iniciativa da sociedade civil. E o fato de os Estados se<br />
mobilizarem para debater o tema permitiu às instituições ter maior consciência da<br />
necessidade de apresentar dados sobre a realidade dos direitos humanos em cada<br />
unidade da Federação. Esse é outro elemento fundamental, porque, no geral, os<br />
dados são muito precários, pouco confiáveis. A violência está presente na<br />
sociedade.<br />
Infelizmente, as práticas de tortura são comuns nas delegacias. O Estado, na<br />
maioria das vezes, patrocina a negação ou a violação dos direitos humanos. Quem<br />
mais pratica atos que agridem os direitos humanos é o próprio Estado.<br />
Portanto, ao ser chamado para pautar este tema, tenho oportunidade de fazer<br />
uma mobilização social para que os agentes públicos, em todos os níveis do Estado,<br />
sejam informados e sensibilizados a respeito dessa temática.<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Saúdo a IX Conferência Nacional dos Direitos Humanos! E conclamo todos os<br />
nobres Parlamentares a que participem desse evento, que seguramente contribuirá<br />
para vivermos num país mais justo, mais igual, com proteção e defesa dos direitos<br />
humanos.<br />
DISCURSO PROFERIDO PELO SR. <strong>DE</strong>PUTADO ANTONIO CARLOS MEN<strong>DE</strong>S<br />
THAME NO PERÍODO <strong>DE</strong>STINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO<br />
ORDINÁRIA DA CÂMARA DOS <strong>DE</strong>PUTADOS Nº 140, REALIZADA EM 30 <strong>DE</strong><br />
JUNHO <strong>DE</strong> 2004 — RETIRADO PELO ORADOR PARA <strong>REVISÃO</strong>:<br />
O SR. ANTONIO CARLOS MEN<strong>DE</strong>S THAME (PSDB-SP) - Sra. Presidenta,<br />
Sras. e Srs. Deputados, meu pronunciamento embute grande preocupação com<br />
relação às tratativas, no mês de julho próximo, do Conselho da Organização Mundial<br />
do Comércio para definir as diretrizes para a próxima reunião ministerial de Hong<br />
Kong, em 2005, quando se buscará um acordo para a Rodada Doha.<br />
Como se sabe, no caso da agricultura, o atual Governo recebeu uma herança<br />
bendita do Governo anterior. Houve uma verdadeira revolução agrícola nos últimos<br />
anos, baseada em 4 pontos: o MO<strong>DE</strong>RFROTA, a pesquisa agrícola conduzida por<br />
órgãos públicos, a securitização da dívida e a imensa desapropriação de áreas para<br />
a reforma agrária — 18 milhões de hectares —, o que permitiu o assentamento de<br />
500 mil famílias e desafogou a tensão no campo. Esses 4 pontos foram os mais<br />
importantes para induzir formidável incremento da safra agrícola, que chega hoje a<br />
130 milhões de toneladas de grãos.<br />
E houve outra herança bendita, que resultou na primeira derrota dos Estados<br />
Unidos num painel da Organização Mundial do Comércio, com relação a subsídios.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Em 2002, Pedro Camargo Neto, então Secretário de Produção e<br />
Comercialização do Ministério da Agricultura, coordenou, juntamente com servidores<br />
do Ministério das Relações Exteriores, a abertura de um painel contra os Estados<br />
Unidos, sob a alegação de que os subsídios ao algodão praticados por aquele país<br />
violavam as normas de comércio internacional.<br />
Para se ter uma idéia, ressalto que, para as safras de 1998 a 2003, os<br />
cotonicultores americanos receberam de subsídios 12 bilhões de dólares. Se o<br />
resultado da soma do valor das safras durante esse período é 14 bilhões de dólares,<br />
os subsídios corresponderam a 89,5% do total. Ou seja, para cada dólar que<br />
gastaram, os produtores receberam praticamente mais 90 centavos de subsídios. O<br />
que aconteceu, então? A área plantada passou de 13 milhões para 15 milhões de<br />
acres de 1998 a 2001, a participação dos Estados Unidos no mercado internacional<br />
cresceu de 17% para 42%, os preços desabaram e expulsaram do mercado<br />
internacional países paupérrimos da África, além de causar grandes prejuízos ao<br />
Brasil e a outros produtores de algodão.<br />
A Organização Mundial do Comércio deu retumbante vitória ao Brasil ao dizer<br />
que esses subsídios são irregulares. Os Estados Unidos serão obrigados a<br />
suspendê-los dentro de prazo a ser determinado. Essa decisão abre caminho para<br />
que países do Terceiro Mundo que se sintam prejudicados entrem com painéis<br />
contra os Estados Unidos ou outros países que não respeitem as regras de<br />
comércio internacional.<br />
Em julho o Brasil participará do frame work, da reunião preparatória para a<br />
próxima reunião da OMC. Cada país apresentará sua proposta inicial. E, a partir<br />
dessas propostas, caminharão para a tentativa de encontrar um valor intermediário,<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
com concessões múltiplas, disputadas milímetro a milímetro, palmo a palmo, para<br />
chegar a um consenso. O nosso temor é o de que o Brasil, já nesse frame work,<br />
abra mão de parte das conquistas desse painel da OMC. Pode ser que, no acordo<br />
final, medindo o que se ganha de um lado e de outro, se chegue a algum acordo,<br />
mas já no frame work aceitar concessões que neutralizem os ganhos na OMC é algo<br />
inaceitável.<br />
Sabemos que a vitória no painel do algodão não é uma conquista definitiva.<br />
Os Estados Unidos vão apelar, mas, certamente, diante de tão abusivos e tão<br />
distorcidos subsídios, a palavra final da Organização Mundial do Comércio deverá<br />
dar uma retumbante vitória para o Brasil, o que representa para outros países a<br />
possibilidade de melhorarem as suas exportações e conseguirem um comércio justo.<br />
O fato é que a vitória do Brasil abre caminho para um ataque decisivo contra o<br />
protecionismo agrícola — e isso permitirá que se diminua o fosso entre os países,<br />
contribuindo para a paz mundial.<br />
Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />
DISCURSO PROFERIDO PELO SR. <strong>DE</strong>PUTADO PAES LANDIM NO PERÍODO<br />
<strong>DE</strong>STINADO AO GRAN<strong>DE</strong> EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA CÂMARA<br />
DOS <strong>DE</strong>PUTADOS Nº 140, REALIZADA EM 30 <strong>DE</strong> JUNHO <strong>DE</strong> 2004 —<br />
RETIRADO PELO ORADOR PARA <strong>REVISÃO</strong>:<br />
O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Como Líder.) - Sra. Presidenta, Sras. e Srs.<br />
Deputados, no ano passado, o ilustre Governador do meu Estado, Sr. Wellington<br />
Dias, pediu-me que abrisse mão de uma parte da minha emenda de bancada do<br />
Ministério das Cidades, no valor de R$1,5 milhão, para que aplicasse esses recursos<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
na limpeza, recuperação e preservação das margens do Rio Piauí, em São<br />
Raimundo Nonato, que é uma cidade turística.<br />
O Rio Piauí é o mais desprezado hoje no Estado, apesar de dar-lhe seu<br />
nome. Ele nasce no sul do Piauí. Talvez seja essa a razão de não constar sequer do<br />
Hino do Estado e estar morrendo em São Raimundo Nonato. Várias barragens ao<br />
longo do seu percurso, já que não há política de perenização, vão terminar por<br />
sepultá-lo. Mas, se houver um trabalho de limpeza do rio em São Raimundo Nonato,<br />
talvez haja condições de salvá-lo e dar um encantamento maior a uma cidade<br />
turística.<br />
O Ministério das Cidades só liberou a parte que pedi para o Governador do<br />
Estado, 1,5 milhão de reais. Não liberou o resto do valor da minha emenda. Só que<br />
esse dinheiro, até agora, não foi aplicado em São Raimundo Nonato. Acho que o<br />
Governador, por outras razões, aplicou-o em outro Município.<br />
Faço um apelo ao Sr. Governador do Estado — e vejo aqui seu mais<br />
importante representante na Casa, o Deputado Nazareno Fonteles, um grande<br />
Parlamentar, pela seriedade e postura ética — no sentido de que tome providências<br />
para se aplique esse dinheiro na limpeza do Rio Piauí.<br />
O ofício que fiz ao Sr. Ministro das Cidades foi bem explícito: o dinheiro é para<br />
o Governo do Estado aplicar na limpeza do Rio Piauí em São Raimundo Nonato.<br />
Isso não foi feito até agora.<br />
Para uma cidade turística como aquela, que vai sediar em setembro o Festival<br />
Internacional de Arte, seria importante o Sr. Governador fazer esse trabalho. Daí a<br />
razão deste apelo que faço da tribuna da Câmara.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
É muito oportuna a presença do Deputado Nazareno Fonteles, a quem vou<br />
enviar a cópia da carta encaminhada ao Ministro Olívio Dutra, ano passado, a<br />
respeito do assunto de que trato nesta tribuna.<br />
Sr. Presidente, é necessário que a Secretaria de Recursos Hídricos do meu<br />
Estado, juntamente com a Agência Nacional de Águas, faça estudo sobre as bacias<br />
hidrográficas que banham o Piauí a partir do Rio Parnaíba. Segundo anunciou a<br />
CO<strong>DE</strong>VASF, a Secretaria terá recursos da ordem de US$1 milhão, oriundos de<br />
organismo internacional, para estudar a bacia do Rio Parnaíba e encontrar<br />
mecanismos que facilitem seu melhor aproveitamento e sua navegabilidade.<br />
Para manter a Bacia do Rio Parnaíba limpa, recuperar sua beleza e evitar que<br />
também desapareça, propus, no Governo passado, a criação do Parque Nacional<br />
das Nascentes, o que aconteceu. Infelizmente, até hoje não foi implementado.<br />
Mais uma vez, apelo para o Governador do Estado no sentido de que, em<br />
nome do Piauí, peça ao Presidente da República que implemente o Parque Nacional<br />
das Nascentes, que servirá para monitorar os trabalhos que se fizerem para a<br />
recuperação do Rio Parnaíba, evitando sua destruição, enfim, todos os mecanismos<br />
que levem à sua morte.<br />
Sr. Presidente, o Parque Nacional das Nascentes foi criado num dos últimos<br />
atos do Presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2002. No entanto, foi apenas<br />
criado. Há um movimento de proprietários de terra que conseguiram documentação<br />
de maneira um pouco confusa, sem a cadeia dominial. São as terras aforadas, como<br />
se diz no Estado. Esses proprietários de terra das vizinhanças de Goiás, da Bahia e<br />
do próprio Piauí, para dificultar a criação do parque, estão invadindo as áreas<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
chamadas devolutas. São os que mais pressionam neste momento contra a criação<br />
do parque, porque não têm nenhum interesse em meio ambiente.<br />
Como sabemos, na região do Vale do Parnaíba havia as mais belas aves, as<br />
últimas do planeta, chamadas ararinhas azuis. Todas desapareceram pela ação<br />
devastadora e brutal de fazendeiros ou pessoas que negociavam essas aves com os<br />
Estados Unidos e outros países. Eles tomaram conta da região até o<br />
desaparecimento total dessa belíssima espécie de ave, já que o cerrado, como se<br />
sabe, tem a mais rica biodiversidade do planeta.<br />
Portanto, faço o apelo ao eminente Governador do meu Estado, por meio do<br />
Deputado Nazareno Fonteles, para que promova a limpeza do Rio Piauí, já que<br />
foram alocados recursos para tal, e a implementação do Parque Nacional das<br />
Nascentes, fundamental para a preservação do Rio Parnaíba.<br />
Muito obrigado.<br />
DISCURSO PROFERIDO PELO SR. <strong>DE</strong>PUTADO PAES LANDIM NO PERÍODO<br />
<strong>DE</strong>STINADO AO GRAN<strong>DE</strong> EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA CÂMARA<br />
DOS <strong>DE</strong>PUTADOS Nº 142, REALIZADA EM 1º <strong>DE</strong> JULHO <strong>DE</strong> 2004 — RETIRADO<br />
PELO ORADOR PARA <strong>REVISÃO</strong>:<br />
O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Como Líder.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.<br />
Deputados, o jornal Correio Braziliense traz hoje um caderno especial sobre os 10<br />
anos do Plano Real.<br />
No ano zero do Plano Real, esse jornal esteve em algumas cidades do Brasil,<br />
entre elas São Braz, que dista 550 quilômetros de Teresina e é considerado o<br />
Município mais pobre do Brasil. O jornal Correio Braziliense mostrou que o Município<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
continua o mesmo. Com muita propriedade, D. Florisbela disse ao repórter que a<br />
cidade vive estacionada no tempo.<br />
Além do mais, percebe-se que a única presença realmente efetiva do Poder<br />
Público são os programas sociais do Governo Federal, que ainda permitem a<br />
sobrevivência de uma parcela daquela população pobre.<br />
Existem reclamações contra as autoridades locais de que a distinta senhora<br />
Prefeita não mora na cidade. Sobre a Prefeita e seu ilustre marido, o Vice-Prefeito,<br />
João José da Silva, assim se expressou: “Eles só querem saber de cuidar de gado e<br />
ampliar as fazendas que têm fora daqui”.<br />
O mais espantoso é a falta d’água. As pessoas estão comprando água. Quero<br />
parabenizar o repórter Vicente Nunes e o jornal pela importância dessa reportagem<br />
no caderno especial. Diz um morador ao repórter: “Graças a Deus, ainda tenho<br />
condição de comprar a água".<br />
Sr. Presidente, no ano passado, o ex-Ministro do Governo Fernando Henrique<br />
Cardoso, de Alagoas, aquele que liberou muito dinheiro para a cidade cuja Prefeita<br />
era a sua esposa, liberou recursos para a adução d’água na região de São Braz. É<br />
hora de se perguntar ao Ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, onde<br />
efetivamente foram aplicados aqueles recursos.<br />
O jornal Diário do Povo, do meu Estado, edição de hoje, traz uma notícia<br />
interessante — Estradas espantam visitantes do Piauí —, exatamente sobre minha<br />
região, mais precisamente o Parque Nacional da Serra da Capivara, em que o hotel<br />
foi praticamente fechado por falta de estradas.<br />
O mais incrível é que exatamente a estrada que hoje dá mais acesso a São<br />
Raimundo Nonato, sede do Parque Nacional da Serra da Capivara, onde está em<br />
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Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
construção o aeroporto internacional — sobre cujas particularidades reservo-me o<br />
direito de falar em outra oportunidade —, única rodovia efetiva que liga São<br />
Raimundo Nonato ao restante do Estado, a Fortaleza, a Goiás, à Bahia e ao Sul do<br />
País, não está sendo cuidada pelo Governo do Estado.<br />
No ano passado, 11 milhões de reais estavam previstos no Orçamento da<br />
União para serem nela empregados, mas o Governador, por intermédio de 2<br />
Deputados Federais, comunicou ao então Ministério dos Transportes que o<br />
essencial era usar esses recursos para conserto de outras estradas.<br />
O Sr. Sebastião Victor Ribeiro, Diretor do DNIT do Piauí, em entrevista na<br />
semana passada ao jornal Meio Norte, citou uma estrada em direção ao litoral, e<br />
hoje repete mais ou menos essa informação no Diário do Povo. Com isso, esquece<br />
sua região, a Serra da Capivara, terra dos seus ancestrais.<br />
O apelo que faço ao DNIT, juntamente com a maioria esmagadora da<br />
bancada federal, é que, dos 12 milhões de reais previstos neste ano para a<br />
construção de estradas, uma parte seja aplicada na BR-020, que liga São Raimundo<br />
Nonato a Picos, para compensar o prejuízo que tivemos no ano passado.<br />
Espanto-me, Sr. Presidente, que o Diretor do DNIT desconheça a importância<br />
estratégica da BR-407, estrada que liga Picos a Petrolina e que transporta todo o<br />
sistema produtivo de Picos. Cessou, aliás, a venda de alho, caju e outros produtos<br />
agrícolas, exatamente porque essa rodovia desapareceu. O Exército foi refazendo<br />
devagarinho alguns trechos entre Paulistana e Patos, perto de Jaicós. Mas isso não<br />
basta, porque os caminhões demoram muito a atingir a localidade de Petrolina, o<br />
que dificulta o envio e a venda de produtos perecíveis de Picos para a região de<br />
Petrolina, Recife e Salvador.<br />
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Número Sessão: 151.2.52.O Tipo: Ordinária - CD<br />
Data: 9/7/2004 Montagem: 4176<br />
Desta tribuna, já disse que era comum, no mesmo dia em que o caju saía de<br />
Picos, de madrugada, chegar a Salvador. Essa estrada está prejudicando Picos,<br />
como já prejudicou a indústria algodoeira, a única do sertão do Piauí, por falta de<br />
rodovias. O próprio plantio do algodão se encontra, de certa maneira, enfraquecido,<br />
em razão da praga do bicudo. Portanto, pedimos providências para sua<br />
revitalização.<br />
Embora o Brasil esteja vivendo nova revolução do algodão, apareceu agora o<br />
biodiesel, que é importantíssimo, mas o Piauí não pode desprezar uma cultura<br />
agrícola que foi fundamental para enriquecer o sertão, uma espécie de ouro branco.<br />
Sr. Presidente, o Secretário de Turismo do Piauí lamenta as precárias<br />
estradas em algumas áreas turísticas do Piauí e cita o Parque da Capivara. O apelo<br />
que faço é que ele, como um auxiliar direto do Governador, ajude o DNIT do Piauí a<br />
defender o pedido que a maioria esmagadora da bancada fez ao DNIT federal para<br />
que, dos 12 milhões de reais previstos no Orçamento deste ano, resultante de uma<br />
emenda de bancada, uma parte seja destinada para completar a ligação de<br />
Simplício Mendes a São João do Piauí e depois continuar na direção de Picos, um<br />
grande intermezzo dessa importante estratégia para fortalecer a BR-020<br />
(Fortaleza—Brasília). Este era o grande sonho de Kubitschek para a integração<br />
nacional do Nordeste com o resto do País, que infelizmente ainda não foi<br />
concretizado.<br />
meu partido.<br />
Sr. Presidente, eram essas considerações que queria fazer hoje, em nome do<br />
Muito obrigado.<br />
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