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Revista N. 62 - Clube de Anestesia Regional

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4<br />

sintomatologia é mais grave, com diminuição do<br />

estado <strong>de</strong> consciência e consequente estu por/<br />

coma. 10 Esta sintomatologia é explicada pela<br />

tracção/<strong>de</strong>slocamento das estruturas encefálicas<br />

<strong>de</strong>vido à hipotensão <strong>de</strong> LCR e dilatação<br />

compensatória das veias cerebrais. 10,5 O exame<br />

Neurológico, habitualmente normal, dificulta o<br />

diagnóstico <strong>de</strong> SHLCR Espontâneo. O recurso<br />

a mais investigação, nomeadamente a RMN<br />

é por isso fundamental. Nestes doentes estão<br />

<strong>de</strong>scritos aspectos típicos em RM CE e da coluna<br />

com contraste, nomeadamente, impregnação<br />

com contraste e espessamento linear e difuso<br />

paquimeníngeo, colecções subdurais, posição<br />

baixa <strong>de</strong> estruturas encefálicas, exuberância<br />

dos plexos venosos epidurais e colecções <strong>de</strong><br />

LCR epidurais ao nível do local <strong>de</strong> perda <strong>de</strong><br />

LCR. 2,9 Habitualmente a RMN não é sensível o<br />

suficiente para <strong>de</strong>tectar o local exacto da fístula,<br />

no entanto, fornece evidência <strong>de</strong> hipotensão<br />

intracraneana. 4 Além da RMN, estão <strong>de</strong>scritas<br />

na literatura outros MCD, nomeadamente PL,<br />

Cisternografia com radioisótopos e Mielografia<br />

por TC, que são mais específicos e invasivos,<br />

para <strong>de</strong>tecção do local <strong>de</strong> fístula, contudo,<br />

po<strong>de</strong>m agravar ainda mais a Hipotensão <strong>de</strong><br />

28<br />

ep i d u r a l Bl o o d pat c h n o t r ata m e n to d a ce fa l e i a p o r hi p ot e n s ã o d e lcr (chlcr) – ca s o cl í n i c o<br />

LCR 4, sendo por isso exames <strong>de</strong> segunda linha<br />

quando nem as medidas conservadoras ou EBP<br />

resolveram o quadro. 6<br />

O tratamento <strong>de</strong>sta síndrome passa, inicialmente,<br />

por medidas conservadoras, tais como<br />

evitar o ortostatismo, repouso, hidratação oral e<br />

intravenosa, caféina, analgésicos e esterói<strong>de</strong>s. 6<br />

Quando estas medidas conservadoras se<br />

<strong>de</strong>monstram ineficazes, e, tendo em conta<br />

a fisiopatologia do síndrome já <strong>de</strong>scrita, o<br />

tratamento tem como objectivo principal ocluir<br />

a possível fístula <strong>de</strong> LCR, restaurando <strong>de</strong>ssa<br />

forma a pressão do mesmo. O “Epidural Blood<br />

Patch”, introduzido pela primeira vez por Ormley<br />

em 1960, parece ser eficaz no tratamento do<br />

SHLCR Espontâneo com taxas <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong><br />

85-100% . 6 Esta técnica consiste na introdução<br />

no espaço epidural <strong>de</strong> 10 a 20 cc <strong>de</strong> sangue<br />

autólogo, colhido sob forma asséptica. Embora<br />

o mecanismo exacto não seja completamente<br />

conhecido pensa-se que funcione como um<br />

tampão na duramater, ocluindo uma possível<br />

fistula que possa ser a responsável pela SHLCR 6,9<br />

com posterior <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> fibrina e formação<br />

<strong>de</strong> cicatriz 6 , prevenindo assim a perda <strong>de</strong> mais<br />

Dezembro 2010 | December 2010<br />

<strong>Revista</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesia</strong> <strong>Regional</strong> e Terapia da Dor | Journal of <strong>Regional</strong> Anaesthesia and Pain Treatment<br />

LCR. EBP <strong>de</strong>monstra ser eficaz mesmo nos<br />

casos em que o local exacto da fístula não é<br />

conhecido 8 (tal como no caso apresentado).<br />

Revisão da literatura sugere que em cerca <strong>de</strong><br />

50% dos casos <strong>de</strong> SHLCR é necessário repetir o<br />

EBP, o que não se constatou no presente caso,<br />

on<strong>de</strong> a resolução do quadro clínico ocorreu<br />

após a realização do primeiro EBP. 6<br />

Conclusão:<br />

Cefaleia por hipotensão <strong>de</strong> LCR Espontânea é<br />

um <strong>de</strong>safio diagnóstico. Sugerido por cefaleia<br />

posicional, com ou sem sintomatologia adicional,<br />

história <strong>de</strong> pequeno trauma associado<br />

ou evidência <strong>de</strong> alterações a nível <strong>de</strong> RMN. 6<br />

O EBP surge como o tratamento <strong>de</strong> eleição<br />

quando medidas conservadoras falham. O<br />

seu mecanismo <strong>de</strong> acção passa pelo restabelecimento<br />

<strong>de</strong> PIC, ocluindo a possível fístula<br />

<strong>de</strong> LCR, mesmo quando a localização <strong>de</strong>sta<br />

não se encontra <strong>de</strong> facto documentada. O EBP<br />

tem-se mostrado eficaz quando realizado a<br />

nível lombar ou toraco-lombar, com o doente<br />

em posição <strong>de</strong> Tren<strong>de</strong>lenburg.<br />

Bibliografia<br />

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10. Franzini A., Messina G., Nazzi V., Mea E., Leone M., Chiapparini L., Broggi G., Bussone G., Spontaneous intracranial hypotension syndrome: a novel speculative<br />

physiopathological hypotesis and a novel patch method in a series of 28 consecutive patients. Journal of Neurosurgery, 2010;112;300-306;

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