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Como é a escola que<br />

os jovens querem...<br />

e precisam?<br />

Página 6<br />

Obra Social São José Operário<br />

comemora 40 anos<br />

<strong>de</strong> belas conquistas<br />

Página 24<br />

Meio Ambiente:<br />

preservar agora para<br />

garantir o amanhã<br />

Congregação das<br />

<strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>:<br />

a caminho do Jubileu<br />

Página 26


1<br />

Compartilhe seu carro. “Pratique a carona<br />

1Compartilhe Compartilhe seu carro. “Pratique a carona<br />

solidária e diminua a emissão <strong>de</strong> poluentes,<br />

levando pessoas que fariam o mesmo<br />

trajeto separadamente”. Você vai se tornar o cara<br />

mais simpático da cida<strong>de</strong>.<br />

2<br />

Tem atitu<strong>de</strong> mais grosseira que atirar lata<br />

2Tem Tem atitu<strong>de</strong> mais grosseira que atirar lata<br />

ou outros outros <strong>de</strong>jetos pela janela do carro?<br />

O castigo para essa essa gafe é garantido:<br />

os resíduos <strong>de</strong>spejados na rua são arrastados<br />

pela chuva, entopem bueiros, chegam aos rios<br />

e represas, causam enchentes e prejudicam a<br />

qualida<strong>de</strong> da água que consumimos.<br />

3<br />

Viva seu dia com luz natural. Abra janelas,<br />

3Viva Viva seu dia com luz natural. Abra janelas,<br />

cortinas, persianas, <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong>ixe o sol entrar<br />

e iluminar sua casa em em vez vez <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r<br />

lâmpadas. Além <strong>de</strong> fazer muito bem ao seu<br />

humor, você também vai economizar dinheiro no<br />

fim do mês.<br />

4<br />

Mu<strong>de</strong> sua gela<strong>de</strong>ira e seu freezer <strong>de</strong><br />

4Mu<strong>de</strong> Mu<strong>de</strong> sua gela<strong>de</strong>ira e seu freezer <strong>de</strong><br />

lugar. Ao colocá-los próximos do fogão<br />

e e <strong>de</strong> áreas on<strong>de</strong> on<strong>de</strong> bate sol, eles eles utilizam<br />

muito mais energia para compensar o ganho <strong>de</strong><br />

temperatura. Aproveite para avaliar com seus<br />

botões: será que você precisa mesmo <strong>de</strong> um<br />

freezer?<br />

5<br />

Não há nada mais fora <strong>de</strong> moda que usar<br />

5Não Não há nada mais fora <strong>de</strong> moda que usar<br />

a a mangueira <strong>de</strong> água para varrer a a calçada,<br />

a a chamada “vassourinha hidráulica”. Em 15<br />

minutos, 280 litros <strong>de</strong> água escorrem para o ralo<br />

inutilmente. Espante a preguiça, pegue<br />

a vassoura, junte a sujeira, recolha com<br />

a pá e só <strong>de</strong>pois enxague o chão.<br />

6<br />

Prefira consumir produtos<br />

6Prefira Prefira consumir produtos<br />

locais e da estação. estação. Eles não<br />

precisam ser ser transportados <strong>de</strong><br />

longa distância e, por isso, a emissão<br />

<strong>de</strong> carbono e <strong>de</strong> poluição é mínima.<br />

Saiba que a última moda nos melhores<br />

restaurantes da Itália é o “cardápio 0<br />

km”, eles servem apenas pratos feitos<br />

com ingredientes provenientes <strong>de</strong><br />

produtores da vizinhança.<br />

Fonte: Revista Crescer<br />

Consciência Ecológica<br />

7<br />

Despreze os produtos <strong>de</strong>scartáveis.<br />

7Despreze Despreze os produtos <strong>de</strong>scartáveis.<br />

Escolha os feitos para serem duráveis, duráveis,<br />

como era nos tempos tempos <strong>de</strong> nossos avós.<br />

Tenha a certeza <strong>de</strong> que com essa simples atitu<strong>de</strong><br />

você estará dando o pontapé inicial para diminuir<br />

a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lixo que a humanida<strong>de</strong> produz.<br />

8<br />

Ao fazer compras, leve sua própria sacola,<br />

8Ao Ao fazer compras, leve sua própria sacola,<br />

<strong>de</strong> preferência as <strong>de</strong> pano resistente.<br />

Com esse gesto simples, você <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong><br />

participar da farra das sacolinhas <strong>de</strong> plástico, que<br />

entopem cada vez mais os lixões das gran<strong>de</strong>s<br />

cida<strong>de</strong>s.<br />

9<br />

Prefira o papel ecoeficiente ou o reciclado.<br />

9Prefira Prefira o papel ecoeficiente ou o reciclado.<br />

A produção produção do ecoeficiente usa usa os os<br />

recursos da natureza <strong>de</strong> maneira racional.<br />

Tem como matéria-prima o eucalipto plantado<br />

para essa finalida<strong>de</strong> e colhido após sete anos.<br />

Para ficar com a aparência que todos conhecem,<br />

enfrenta processo <strong>de</strong> braqueamento. O papel<br />

ecoeficiente é feito <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> árvores manejadas<br />

<strong>de</strong> forma sustentável, evitando o impacto negativo<br />

no meio ambiente.<br />

10<br />

“Plante uma árvore. Ela po<strong>de</strong> absorver<br />

“Plante uma árvore. Ela po<strong>de</strong> absorver<br />

até 1 tonelada tonelada <strong>de</strong> CO2 durante sua sua<br />

10“Plante<br />

10até<br />

10vida vida e é bom abrigo abrigo para aves”. Se<br />

você é daqueles que não gostam <strong>de</strong> sujar as<br />

mãos, aos menos inscreva-se em programas <strong>de</strong><br />

plantio pela internet, como o Clickarvore.


Novamente, nossa Revista<br />

EM REDE volta a se<br />

comunicar com vocês,<br />

revelando a beleza da vida,<br />

muitas vezes escondida, no diaa-dia<br />

do nosso fazer educativo. Assim, nos convida a<br />

passar suas folhas numa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> contemplação, <strong>de</strong><br />

quem sabe parar, olhar e perceber a vida que borbulha em<br />

nossas crianças, em nossos jovens e na busca pertinaz dos<br />

educadores(as) que <strong>de</strong>scobriram o valor pedagógico do<br />

“educar evangelizando”.<br />

Valor pedagógico e também gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safi o, mormente<br />

em nossos dias, em que a humanida<strong>de</strong> precisa <strong>de</strong> um longo<br />

caminhar para <strong>de</strong>scobrir e incorporar os valores evangélicos<br />

da fraternida<strong>de</strong>, solidarieda<strong>de</strong>, partilha e doação <strong>de</strong> si.<br />

Encaramos esse <strong>de</strong>safi o na esperança <strong>de</strong> que nossas crianças<br />

e jovens, animados pelas atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus educadores(as),<br />

possam assumir práticas cooperativas em <strong>de</strong>fesa da vida<br />

ameaçada, do pobre injustiçado, dos direitos humanos.<br />

Ao nos brindar com uma refl exão sobre o nosso modo<br />

próprio <strong>de</strong> educar, oferece-nos propostas claras <strong>de</strong> como<br />

po<strong>de</strong>mos atualizá-lo em nossos dias, ao mesmo tempo em<br />

que nos impele a nos questionarmos sobre quem é o jovem<br />

<strong>de</strong> hoje, como a escola se prepara para se relacionar com ele<br />

e qual o papel do ambiente escolar nesse processo.<br />

Com essas preocupações, a Revista EM REDE nos<br />

convida a nos <strong>de</strong>bruçarmos sobre um Tema can<strong>de</strong>nte: MEIO<br />

AMBIENTE.<br />

“É preciso promover a ecocidadania, ou seja, que as<br />

pessoas tenham uma mentalida<strong>de</strong> e uma prática <strong>de</strong> vida<br />

ecocidadã e que a geração contemporânea adquira um<br />

comportamento ético com relação às gerações futuras.<br />

Além <strong>de</strong> fazer com que todos se sintam parte do todo, a<br />

ecologia tem o <strong>de</strong>safi o <strong>de</strong> fazer com que esta geração se<br />

consi<strong>de</strong>re irmã das futuras gerações, com as quais temos o<br />

compromisso <strong>de</strong> lhes preservar o direito à vida.”(P. 13)<br />

É esperançoso perceber que nossas crianças e jovens<br />

estão assumindo com seus educadores(as) esse gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>safi o, não apenas através <strong>de</strong> suas pesquisas e refl exões,<br />

mas se colocando na “ativa”, através <strong>de</strong> práticas que aliam<br />

a preservação do meio ambiente com a promoção social.<br />

ediTOriaL<br />

Prosseguindo em nossa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> contemplação, a<br />

Revista EM REDE nos propõe mais uma pausa, para nos<br />

maravilharmos com uma realida<strong>de</strong> que vai tocar em nossos<br />

corações: os 40 anos da Obra Social São José Operário, em<br />

Belo Horizonte. Gerações foram acolhidas nessa escola<br />

por educadoras <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> que, imbuídas do i<strong>de</strong>al <strong>de</strong><br />

Madre Cândida, souberam cativar educadores(as) leigos(as)<br />

para <strong>de</strong>scobrirem em si mesmos(as) o carisma <strong>de</strong> “educar<br />

evangelizando.” Hoje, cheia <strong>de</strong> vida, a Obra prossegue em<br />

sua trajetória em meio a gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safi os, sim, mas envolvida<br />

pela fé em Deus e pela certeza <strong>de</strong> que o ser humano merece<br />

toda nossa <strong>de</strong>dicação e amor.<br />

Com igual alegria traz para nós o testemunho <strong>de</strong> alunas<br />

do Centro <strong>de</strong> Educação e Assistência Social Stella Maris<br />

que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano 2000, abriu suas portas para receber,<br />

preferencialmente, a população carente do entorno do<br />

Vidigal, Rio <strong>de</strong> Janeiro. E, ainda, nos convida a constatar<br />

que, com a mesma <strong>de</strong>dicação, o IECJ <strong>de</strong> Bragança Paulista<br />

<strong>de</strong>scobre meios <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r, em estudos avançados,<br />

alunos(as) que queiram ir além, <strong>de</strong>safi ados pelo <strong>de</strong>sejo do<br />

quero mais.<br />

Ampliando nosso leque <strong>de</strong> abrangência educacional,<br />

o encontro Latino-Americano e Caribenho <strong>de</strong> Religiosas<br />

e Leigos (as) sobre os Exercícios Espirituais veio abrir<br />

caminhos <strong>de</strong> integração e fortalecimentos <strong>de</strong> nossa<br />

espiritualida<strong>de</strong> e missão.<br />

Envolvidas(os) pelo <strong>de</strong>senrolar da vida <strong>de</strong> nossas<br />

escolas e obras sociais, nos <strong>de</strong>paramos com o convite a nos<br />

prepararmos para um JUBILEU, isto é, para plenifi carmonos<br />

<strong>de</strong> júbilo, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alegria, pois dois importantes<br />

acontecimentos nos aguardam: 100 anos da chegada das<br />

primeiras <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> ao Brasil (1911) e 100 anos da<br />

Páscoa <strong>de</strong>fi nitiva <strong>de</strong> nossa querida Madre Cândida Maria <strong>de</strong><br />

<strong>Jesus</strong> (1912).<br />

Falta ainda muito tempo? Po<strong>de</strong> parecer! Mas o tempo<br />

passa rápido e queremos curtir a preparação, pouco a<br />

pouco. Participe conosco <strong>de</strong>ssa “curtição”!<br />

Zélia do Christo Rei Moura, F.I.<br />

Conselho Editorial<br />

E-mail: seiaszm@terra.com.br<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

1


Expediente<br />

Revista Em Re<strong>de</strong> – Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />

Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação Integral e <strong>de</strong> Assistência Social<br />

Ano IV - Nº 06 - Julho 2009<br />

Tiragem: 10.000<br />

Distribuição Gratuita<br />

Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />

Governo Provincial do Brasil<br />

Ir. Sônia Regina Rosa - Superiora Provincial<br />

Ir. Josephine Hausmann - 1ª Conselheira Provincial<br />

Ir. Regina Stella <strong>de</strong> Castro Queiroz - 2ª Conselheira Provincial<br />

Ir. Vera Lúcia La<strong>de</strong>ia Ramos - 3ª Conselheira Provincial<br />

Ir. Reginalda Men<strong>de</strong>s Barbosa - 4ª Conselheira Provincial<br />

Conselho Editorial<br />

Ir. Maria José Alves Machado<br />

Ir. Regina Célia Oliveira<br />

Ir. Sônia Regina Rosa<br />

Ir. Zélia do Christo Rei Moura<br />

João Bosco <strong>de</strong> Castro Teixeira<br />

Márcia Regina Simi Lima<br />

Maria Henriqueta Mangolim Mimessi<br />

Maria José Brant<br />

Rosélia Maria Ga<strong>de</strong>ns Jalbut<br />

Redação / Jornalista Responsável<br />

Graziela Cruz - Reg. MT 3894/MG<br />

LetraA Comunicação<br />

Tel.: (31) 2515-9810<br />

E-mail: grazielacruz@hotmail.com<br />

Assessora <strong>de</strong> Comunicação e Marketing<br />

Izabela Chaves Ribeiro<br />

Contato: (31) 3337-8755<br />

E-mail: comunique@seias.com.br<br />

Projeto Gráfico e Editoração<br />

Inovart Comunicação<br />

Tel.: (31) 3075-9732<br />

E-mail: inovart@inovartonline.com<br />

Ilustração<br />

Mirella Spinelli<br />

2 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

Sumário<br />

O <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> evangelizar educando ...............3<br />

Ecos do primeiro encontro latinoamericano<br />

e caribenho sobre os exercícios<br />

espirituais inacianos ...................................................4<br />

Uma nova escola para nossos jovens ..........6<br />

Especial meio ambiente ...........................................8<br />

Gaia, nossa casa comum .......................................9<br />

Que planeta <strong>de</strong>ixaremos para as<br />

próximas gerações? .................................................10<br />

Consciência ambiental planetária: a<br />

força educativa que nos move .......................13<br />

O <strong>de</strong>safio da limpeza urbana ..........................14<br />

Ecologia: grito da vida, grito <strong>de</strong> Deus .......16<br />

Educação para a preservação .........................18<br />

Ascamare.........................................................................19<br />

Passeios-estudo: uma forma divertida<br />

<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r ..................................................................20<br />

Educação ambiental para além da<br />

escola ................................................................................20<br />

No IEI <strong>de</strong> Campinas, óleo vira sabão e<br />

renda ..................................................................................21<br />

A Santíssima Trinda<strong>de</strong> criadora ......................22<br />

Novos caminhos para novos <strong>de</strong>safios........23<br />

Obra Social São José Operário<br />

celebra 40 anos <strong>de</strong> conquistas ......................24<br />

A caminho do Jubileu ...........................................26<br />

Curso <strong>de</strong> Renovação ..............................................28<br />

O Stella Maris em minha vida... ......................30<br />

Presença <strong>de</strong> fé e esperança no meio<br />

dos pobres .....................................................................31<br />

Juventu<strong>de</strong> conta com Equipe Provincial<br />

<strong>de</strong> Assessoria ...............................................................32<br />

Olimpíada esportiva e cultural agita<br />

Mogi Mirim/SP .............................................................33<br />

Votos Perpétuos <strong>de</strong> Joseilda Aparecida<br />

Andra<strong>de</strong> Borges ..........................................................33<br />

Encontro Regional <strong>de</strong> Missionários e<br />

Missionárias Madre Cândida - “Não há<br />

cristianismo sem missão” ....................................34<br />

Evoluir sem per<strong>de</strong>r o referencial... .................35<br />

Curiosida<strong>de</strong> e diversão .........................................36


O NOssO MOdO PróPriO <strong>de</strong> educar (NMPe) NOs dias <strong>de</strong> hOje *<br />

O <strong>de</strong>saFiO <strong>de</strong><br />

eVaNGeLiZar educaNdO<br />

“A partir <strong>de</strong> nosso posicionamento como ensinantes, necessitamos nutrir a própria autoria<br />

e a permissão para <strong>de</strong>scobrir nossa singularida<strong>de</strong>, nossa diferença, nossa marca e partindo<br />

disso, abrir espaços <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>” (Alicia Fernan<strong>de</strong>z)<br />

Conhecemos inúmeras transformações históricas.<br />

Muitas <strong>de</strong>las foram processos <strong>de</strong> construção.<br />

Outras, <strong>de</strong> aparente <strong>de</strong>sconstrução, como parte<br />

do dinamismo que a vida impõe.<br />

Certamente, foi em busca <strong>de</strong> transformar e construir<br />

que Madre Cândida fez realida<strong>de</strong> seu sonho <strong>de</strong> “ EDUCAR<br />

EVANGELIZANDO E EVANGELIZAR EDUCANDO”. “A<br />

vivência e a transmissão entusiasta da mensagem cristã,<br />

com toda a força <strong>de</strong> sua autenticida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve ser impulso<br />

que anime sempre nossa ação” (NMPE 44) é <strong>de</strong>staque em<br />

nossa ação educativa.<br />

A mensagem cristã impregnada <strong>de</strong> claros valores<br />

reconhecidos no aprofundamento do Evangelho <strong>de</strong><br />

<strong>Jesus</strong> Cristo dá ao documento uma atualida<strong>de</strong> que<br />

sobrevive aos tempos e às realida<strong>de</strong>s que se apresentam<br />

no trabalho educativo das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>.<br />

Chegamos aos dias <strong>de</strong> hoje, buscando dar conta <strong>de</strong><br />

novos apelos: a ecopedagogia, a inclusão, a tecnologia<br />

a competitivida<strong>de</strong>, entre outros. À primeira vista,<br />

parecem-nos antagonismos, como também <strong>de</strong>vem ter<br />

sido os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> outros tempos. Seguimos em frente<br />

buscando resignificar o nosso modo próprio <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong><br />

educar.<br />

A vivência dos valores evangélicos, como caminho <strong>de</strong><br />

vida e <strong>de</strong> relações com o mundo, é nossa gran<strong>de</strong> proposta.<br />

Assim como Madre Cândida buscou respostas para<br />

seu tempo, hoje também o fazem as <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> e<br />

colaboradores(as). Sintonizados com o tempo histórico,<br />

alargam-se iniciativas, reafirmando relações com os<br />

leigos em reciprocida<strong>de</strong>, reconhecendo cada vez mais o<br />

valor da partilha, da troca. Ampliam-se ações junto aos<br />

empobrecidos, buscam-se reflexões e articulações mais<br />

amplas em nível internacional, reconhecendo a riqueza<br />

da troca na diversida<strong>de</strong>.<br />

Aprofundar nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cristã, através <strong>de</strong><br />

práticas pedagógicas sintonizadas com nosso tempo,<br />

necessita <strong>de</strong> práticas coletivas e mais cooperativas.<br />

Práticas coletivas que acolham a diversida<strong>de</strong>, que<br />

reconheçam a autoria <strong>de</strong> pensamento e integrem as<br />

diferentes habilida<strong>de</strong>s.<br />

A combinação <strong>de</strong> elaborações individuais e coletivas<br />

traduzem os diferentes talentos que vão enriquecer o<br />

talento coletivo.<br />

Educar evangelizando em nosso tempo é tarefa <strong>de</strong><br />

todos, <strong>de</strong> todas, <strong>de</strong> cada um e <strong>de</strong> cada uma, é colocar os<br />

dons a serviço. É reconhecer e valorizar, como fez <strong>Jesus</strong><br />

Cristo, as diversas formas <strong>de</strong> expressão.<br />

O caminho <strong>de</strong> práticas cooperativas no cotidiano da<br />

escola, na sala <strong>de</strong> aula, no pátio e na vida é uma forma<br />

privilegiada <strong>de</strong> oportunizar para nossas crianças e jovens<br />

a vivência <strong>de</strong> valores que sustentam o amor, valor maior<br />

do evangelho. Afinal, a vida, é preciso ser vivida em<br />

partilha, em colaboração.<br />

Márcia Regina Simi Lima<br />

Colaboradora pedagógica do Centro Popular <strong>de</strong> Educação e<br />

Assistência Social Stella Maris, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, e membro da EPAE -<br />

Equipe Provincial <strong>de</strong> Assessoria às Escolas da Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />

E-mail: marciasimi@hotmail.com<br />

* Nosso Modo Próprio <strong>de</strong> Educar é um documento que explicita convicções e intencionalida<strong>de</strong>s na missão educativa das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> e colaboradores (as).<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

3


ecOs dO PriMeirO eNcONTrO<br />

LaTiNO-aMericaNO e<br />

cariBeNhO sOBre Os<br />

eXercÍciOs esPiriTuais<br />

iNaciaNOs<br />

“Alegro-me <strong>de</strong> que façam os santos Exercícios e tirem muito fruto para que sejam muito<br />

santas e observantes das santas Regras...” (Madre Cândida, Carta 189 <strong>de</strong> 23/agosto/1900)<br />

Um Encontro diferente no tema, na<br />

dinâmica e nos participantes<br />

Os Exercícios Espirituais Inacianos são “instrumento<br />

para a nossa missão”, acentuou Irmã Sônia Regina Rosa,<br />

provincial do Brasil, na abertura do Encontro, no dia 21<br />

<strong>de</strong> fevereiro passado, em Bragança Paulista. Pela primeira<br />

vez, na história <strong>de</strong> nossa província do Brasil, aconteceu<br />

um Encontro para respon<strong>de</strong>r às “necessida<strong>de</strong>s do mundo<br />

<strong>de</strong> hoje <strong>de</strong> ajudar as pessoas em sua vida espiritual,<br />

oportunizar os Exercícios Espirituais e o acompanhamento<br />

pessoal” (Cf LVAF 20)*.<br />

O encontro objetivou fortalecer os laços que unem<br />

irmãs e leigos e leigas no mesmo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> evangelizar a<br />

partir da força da metodologia dos Exercícios Espirituais e<br />

por meio <strong>de</strong>ste ministério. Mas, mais do que isto, <strong>de</strong>lineou<br />

um caminho <strong>de</strong> esperança e compromisso para integrar e<br />

fortalecer a espiritualida<strong>de</strong> e a missão das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />

e da gran<strong>de</strong> família da Madre Cândida, na América Latina<br />

e Caribe.<br />

Participantes da ousada iniciativa eram irmãs e leigos<br />

<strong>de</strong> seis países que partilharam experiências e sonhos. A<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> línguas - português e espanhol - no jeito<br />

<strong>de</strong> cada um dos países participantes - Argentina, Bolívia,<br />

Brasil, Colômbia, Cuba, Venezuela - pediu <strong>de</strong>dicação e<br />

simplicida<strong>de</strong>, mas não foi obstáculo na comunicação e<br />

na busca conjunta.<br />

As cartas e mensagens enviadas pela Superiora geral<br />

e pelas provinciais <strong>de</strong> América nos animaram e alentaram<br />

*LVAF é um documento da Congregação que ilumina a ação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> na atualida<strong>de</strong>.<br />

4 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

a esperança e a certeza do chamado. Durante os três dias<br />

respiramos um clima <strong>de</strong> discernimento com momentos<br />

<strong>de</strong> oração pessoal e <strong>de</strong> partilha intercalados, e confronto<br />

das moções na busca do querer <strong>de</strong> Deus. O que vimos,<br />

ouvimos e tocamos revelou a ação <strong>de</strong> Deus no árduo<br />

caminho <strong>de</strong> nossa história, como Corpo Congregacional,<br />

para chegar a este momento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>scoberta e<br />

reencantamento pelos Exercícios Espirituais inacianos,<br />

fonte <strong>de</strong> nossa espiritualida<strong>de</strong> missionária.<br />

Aconteceu muito diálogo entre os participantes<br />

<strong>de</strong> diversas ida<strong>de</strong>s, lugares e experiências sobre o<br />

significado dos Exercícios na vida pessoal e na vida<br />

das pessoas que se dispõem a fazê-los em diversas<br />

modalida<strong>de</strong>s; foi cuidadosa a escuta, admirável a<br />

sintonia, e um maravilhar-nos em cada experiência<br />

com seus matizes próprios. Os <strong>de</strong>sejos e a contribuição<br />

<strong>de</strong> todos, particularmente das irmãs mais jovens e dos<br />

leigos e leigas, <strong>de</strong>svelaram o medo que temos, às vezes,<br />

<strong>de</strong> partilhar os Exercícios Espirituais entre nós, e a sua<br />

tímida presença em nossa missão. Porém, a graça das<br />

luzes do Espírito <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> foi pacificando inquietações e<br />

ajudando a respon<strong>de</strong>r a alguns questionamentos. Como<br />

traduzir a espiritualida<strong>de</strong> inaciana, sem per<strong>de</strong>r o que lhe<br />

é essencial, para as realida<strong>de</strong>s nas quais hoje vivemos? Em<br />

nossa Igreja, algumas vezes sem respostas, e ao mesmo<br />

tempo com pessoas que buscam um sentido para viver<br />

e para modificar a realida<strong>de</strong>, não temos nos Exercícios<br />

uma boa Palavra viva? E o testemunho <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>, o<br />

assegurar espaços <strong>de</strong> oração na agitação e na <strong>de</strong>solação,<br />

o agir para fazer acontecer a justiça social? Na Pastoral


juvenil e vocacional integramos a força da metodologia<br />

dos Exercícios Espirituais? Como convencer-nos <strong>de</strong> que<br />

a missão, a evangelização não se limita a “fazer”, mas a<br />

transmitir uma experiência?<br />

No Encontro, sentimos que os Exercícios Espirituais<br />

Inacianos po<strong>de</strong>m ser uma resposta atual para essas e<br />

outras questões.<br />

Sinais e ecos do Encontro<br />

Os Exercícios Espirituais são um meio eficaz<br />

<strong>de</strong> evangelização. Na América faz-se um caminho<br />

em nossa missão <strong>de</strong> evangelizar educando, através<br />

<strong>de</strong> várias modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Exercícios Espirituais dados<br />

a religiosas(os) e a leigas(os) das mais diversas ida<strong>de</strong>s<br />

e contextos. Foram comentados os Exercícios na<br />

vida cotidiana (EVC); as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> iniciação<br />

e fortalecimento na oração inaciana com manhãs,<br />

tar<strong>de</strong>s, noites e dias <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong>; os Exercícios<br />

Espirituais em etapas; os Exercícios breves, também<br />

chamados “leves”, <strong>de</strong> dois ou três dias, os <strong>de</strong> oito dias, os<br />

personalizados, o mês <strong>de</strong> Exercícios. Há, ainda, irmãs que<br />

participam em projetos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> multiplicadores<br />

para o ministério dos Exercícios Espirituais.<br />

Foram comunicados também testemunhos <strong>de</strong> leigas<br />

e leigos que fizeram a experiência <strong>de</strong> Exercícios Espirituais<br />

em etapas, em Leopoldina concretamente, incentivados<br />

e acompanhados por Irmã Maria Ângela Sampaio <strong>de</strong><br />

Castro, <strong>de</strong> saudosa memória.<br />

Pastoral marcada pela espiritualida<strong>de</strong> inaciana com<br />

o toque feminino <strong>de</strong> Madre Cândida. Uma ressonância<br />

foi-se confirmando: precisamos ser <strong>de</strong>finidas em nosso ser<br />

e em nosso anúncio. Não se trata apenas ou exclusivamente<br />

<strong>de</strong> dar os Exercícios Espirituais, mas <strong>de</strong> vivenciá-los, e <strong>de</strong><br />

configurar toda nossa pastoral na dinâmica dos Exercícios.<br />

Eles são integradores da pessoa, um caminho concreto <strong>de</strong><br />

experiência <strong>de</strong> Deus e anúncio <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>. Confiamos em<br />

que os governos provinciais e locais po<strong>de</strong>m favorecer esta<br />

pastoral que tem sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria.<br />

Juventu<strong>de</strong>, um dos sinais mais significativos do<br />

encontro. A presença e ativa participação <strong>de</strong> jovens <strong>Filhas</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> no encontro foi sinal marcante <strong>de</strong> esperança.<br />

Apaixonadas pela fonte <strong>de</strong> nossa espiritualida<strong>de</strong><br />

e animadas a encarná-la na missão <strong>de</strong>sejam uma<br />

preparação mais explícita na linha dos Exercícios<br />

Espirituais. Po<strong>de</strong>rão, assim, empreen<strong>de</strong>r a continuida<strong>de</strong><br />

do caminho. “Não se po<strong>de</strong> sepultar a luz, não se po<strong>de</strong><br />

sepultar a vida”, cantamos alguma vez.<br />

Ecos do pós-encontro. Ficou o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> mais<br />

iniciativas para integrar América e continuar abrindo<br />

caminhos. A Equipe <strong>de</strong> Exercícios Espirituais <strong>de</strong> América<br />

Latina e Caribe, dinamizadora do encontro, vai realizando<br />

sua missão <strong>de</strong> ser incentivadora e “provocadora”.<br />

E vão chegando animadoras notícias.<br />

Em Caracas, duas irmãs participantes comunicaram<br />

a experiência do encontro do Brasil às Irmãs que vivem<br />

na Venezuela. De Bolívia, uma jovem irmã virá fazer, em<br />

julho, o CAP1 (Curso <strong>de</strong> capacitação para orientadores e<br />

acompanhantes <strong>de</strong> Exercícios Espirituais Inacianos, nível<br />

1) no Centro <strong>de</strong> Espiritualida<strong>de</strong> Inaciana (CEI) <strong>de</strong> Itaici.<br />

Do Caribe, chegou a notícia <strong>de</strong> que aumentou o<br />

número <strong>de</strong> grupos que fazem o EVC em Cuba. Atualmente<br />

são 22 grupos. E em Santo Domingo, capital da República<br />

Dominicana, foram dados Exercícios Espirituais a um<br />

grupo <strong>de</strong> professores e um dia <strong>de</strong> retiro na Semana Santa.<br />

A Equipe Provincial <strong>de</strong> Espiritualida<strong>de</strong> do Brasil, para<br />

concretizar algumas propostas do encontro, fez contato<br />

com várias equipes assessoras do governo provincial<br />

apresentando sugestões para uma evangelização a partir<br />

dos Exercícios Espirituais e para o fortalecimento <strong>de</strong> nossa<br />

espiritualida<strong>de</strong> em seu planos e realizações. Enviou uma<br />

Carta à Direção e Grupos <strong>de</strong> Reflexão <strong>de</strong> todas as nossas<br />

obras e escolas com o pedido <strong>de</strong> incentivo, colaboração,<br />

apoio, corresponsabilida<strong>de</strong> na realização e ampliação<br />

<strong>de</strong> iniciativas que oportunizem a experiência <strong>de</strong> Deus<br />

segundo a espiritualida<strong>de</strong> inaciana. Também projeta um<br />

encontro específico sobre os Exercícios Espirituais e sua<br />

pastoral em 2010.<br />

Queremos permanecer unidas e unidos a <strong>Jesus</strong>, o<br />

tronco <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem a seiva da vida, e entre nós América<br />

Latina e Caribe, para dar os frutos que Ele <strong>de</strong>seja (cf. Jo<br />

15) como “filhas(os) no Filho”. Maria, a “Virgem que sabe<br />

ouvir e acolher com fé a Palavra”, será sempre a estrela <strong>de</strong><br />

nossos caminhos.<br />

O<strong>de</strong>tte Bechara, F.I.<br />

Coor<strong>de</strong>nadora da Equipe <strong>de</strong> Exercícios Espirituais da América<br />

Latina e Caribe e da Equipe Provincial <strong>de</strong> Espiritualida<strong>de</strong><br />

E-mail: seiasob@terra.com.br<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

5


uMa NOVa escOLa<br />

Para NOssOs jOVeNs<br />

Quem é o jovem <strong>de</strong> hoje e como a escola se prepara para se relacionar com ele? Quais os<br />

espaços <strong>de</strong> construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> juvenil e qual o papel do ambiente escolar nesse<br />

processo? Essas e outras questões foram apresentadas pela professora Carla Linhares<br />

Maia, em uma vi<strong>de</strong>oconferência realizada no dia 4 <strong>de</strong> abril a partir do Colégio Imaculada<br />

Conceição <strong>de</strong> Belo Horizonte para todas as outras obras e escolas da Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>.<br />

Carla Maia é graduada em História, doutoranda em educação e membro do Observatório da<br />

Juventu<strong>de</strong> na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais. Trabalhou<br />

como professora do ensino fundamental e médio por 15 anos e hoje atua na formação <strong>de</strong><br />

educadores. Carla conce<strong>de</strong>u a seguinte entrevista à revista EM REDE:<br />

1. Po<strong>de</strong>mos dizer que o “mundo dos jovens”<br />

está distante do “mundo da escola”? Ou, em outras<br />

palavras, que o que a escola oferece e propõe não<br />

correspon<strong>de</strong> aos reais interesses dos estudantes?<br />

É difícil respon<strong>de</strong>r a essa pergunta <strong>de</strong> forma simples,<br />

já que envolve uma relação <strong>de</strong> estudantes e escola, que<br />

vem <strong>de</strong> longa data e que é preciso ser bem compreendida.<br />

Em primeiro lugar, é importante dizer que o mundo do<br />

jovem está na escola, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la. Pesquisas mostram<br />

que gran<strong>de</strong> parte da população juvenil está presente na<br />

escola, principalmente no Ensino Fundamental, sendo que<br />

no Ensino Médio essa a<strong>de</strong>são é um pouco menor. Mas é<br />

no ambiente escolar que crianças e jovens passam a maior<br />

parte <strong>de</strong> seu tempo. Durante o dia, passam <strong>de</strong> quatro a<br />

quatro horas e meia e, se pensarmos em termos da vida,<br />

as crianças, adolescentes e jovens passam gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong><br />

seu tempo nesse espaço escolar.<br />

Por outro lado, esses jovens se encontram, também,<br />

fora da escola. O mundo é muito maior e mais amplo<br />

do que o ambiente escolar; extrapola o universo da<br />

escolarização. O mundo apresenta uma gama variada <strong>de</strong><br />

vivências culturais, sociais, políticas, entre outras, que nem<br />

sempre são gestadas <strong>de</strong>ntro da escola. É preciso consi<strong>de</strong>rar,<br />

ainda, que um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> jovens <strong>de</strong>ixam a escola,<br />

e o fazem, muitas vezes, porque não se interessam pelo<br />

que a escola lhes oferece. Pesquisas mostram que muitos<br />

jovens afirmam que a escola não lhes oferece aquilo que<br />

eles necessitam.<br />

Como eu disse, é um cenário complexo: <strong>de</strong> um lado<br />

há um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> jovens que permanecem e<br />

valorizam a escola, como espaço que aten<strong>de</strong> a seus anseios<br />

e projetos <strong>de</strong> vida. Esses jovens valorizam a escola porque<br />

ela lhes confere certificação, é um espaço <strong>de</strong> prazer, <strong>de</strong><br />

socialização, com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar seus pares e<br />

amigos. De outro lado, há aqueles que não têm interesse<br />

pelo que ela lhes oferece.<br />

6 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

A escola não po<strong>de</strong> ser pensada como uma instituição<br />

total que dá conta <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mandas da juventu<strong>de</strong>,<br />

como transferência <strong>de</strong> saber, socialização, espaço <strong>de</strong><br />

preservação e transmissão do acervo cultural e histórico.<br />

Nenhuma instituição po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r por todas as<br />

<strong>de</strong>mandas. O que acontece é que a escola <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar<br />

e acaba dialogando pouco com as outras instituições,<br />

que po<strong>de</strong>m completar o que lhe falta. A meu ver, a escola<br />

precisa repensar os modos como se relaciona com os outros<br />

saberes, com os gestores <strong>de</strong> outras instituições e espaços<br />

sociais e culturais. Mais do que isso: precisa dialogar com<br />

os próprios estudantes para saber quais são seus outros<br />

espaços <strong>de</strong> vivência e experiência. Ela necessita perceber<br />

quais são as especificida<strong>de</strong>s do ambiente escolar para<br />

melhor se posicionar no cenário complexo on<strong>de</strong> se insere<br />

a juventu<strong>de</strong>.<br />

2. Qual <strong>de</strong>ve ser o caminho para que a escola seja<br />

um espaço que acolha a juventu<strong>de</strong> contemporânea em<br />

toda a sua complexida<strong>de</strong>?<br />

Não há uma resposta <strong>de</strong>finitiva, completa para essa<br />

pergunta. Na verda<strong>de</strong>, há vários caminhos e várias pistas a<br />

serem seguidos. Não há nenhuma instituição que dê conta<br />

<strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mandas e que consiga respon<strong>de</strong>r a todas as<br />

questões. O mais importante é, antes <strong>de</strong> mais nada, a escola<br />

se reconhecer como uma entre tantas outras instituições e<br />

experiências sócio-culturais existentes, para dialogar com<br />

elas. É preciso abrir-se para o diálogo, para ir ao encontro e<br />

conhecer outros espaços <strong>de</strong> vivência e expressão juvenis.<br />

E, assim, i<strong>de</strong>ntificar aquilo que lhe é específico: um espaço<br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conhecimento, transferência <strong>de</strong> saber,<br />

espaço <strong>de</strong> reflexão e socialização etc. É preciso repensar<br />

métodos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem e, mais do que isso,<br />

repensar o discurso e a relação que estabelece com os<br />

jovens em toda sua rica diversida<strong>de</strong>. Enfim, percorrer esse<br />

caminho só será possível a partir <strong>de</strong> um movimento <strong>de</strong><br />

conhecer as tantas experiências que estão dando certo.<br />

Projetos <strong>de</strong> escolas e re<strong>de</strong>s públicas, Organizações Nãogovernamentais,<br />

como a Ação Educativa, <strong>de</strong> São Paulo.


Não precisamos inventar a roda, mas buscar inspiração em<br />

outras experiências que já estão no caminho certo.<br />

3. As instituições tradicionalmente responsáveis<br />

pela formação das crianças e jovens – a família,<br />

a escola e a Igreja – têm sofrido profundas<br />

transformações e perdido terreno para novas<br />

“instituições”, representada, principalmente, pelas<br />

novas tecnologias <strong>de</strong> comunicação, como a televisão<br />

e a internet. Como a escola <strong>de</strong>ve atualizar seu papel<br />

<strong>de</strong> educadora?<br />

As pesquisas têm revelado que, ao contrário do que se<br />

pensa, essas instituições ainda têm um papel fundamental<br />

na formação dos jovens. Por exemplo, é errada a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

que a religião não é vista como importante pelos jovens.<br />

Po<strong>de</strong>mos perceber várias experiências <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> jovens<br />

expressando sua fé e vivência religiosa e alguns programas<br />

<strong>de</strong> televisão revelam essa realida<strong>de</strong>.<br />

Da mesma forma, acontece com a família. Existe um<br />

discurso <strong>de</strong> que as famílias estão <strong>de</strong>sestruturadas, mas<br />

o que vemos, conversando com os jovens, é a família,<br />

ainda, como instituição fundamental para a vida <strong>de</strong>les.<br />

É verda<strong>de</strong> que as famílias estão sofrendo profundas<br />

transformações em suas dinâmicas e estruturas. Em muitos<br />

casos, po<strong>de</strong>mos não ter mais aquele mo<strong>de</strong>lo padrão <strong>de</strong><br />

família, mas mesmo nos novos mo<strong>de</strong>los, a família ainda se<br />

mantém como instituição básica na formação da pessoa.<br />

Com a escola, é a mesma coisa. A novida<strong>de</strong> é que, a essas<br />

instituições tradicionais, agregam-se novas: televisão,<br />

internet, celulares, iPods, que se somam e se relacionam.<br />

Na verda<strong>de</strong>, hoje vivemos em uma teia <strong>de</strong> relações e<br />

nenhuma instituição tem a centralida<strong>de</strong>. Cada uma tem<br />

sua especificida<strong>de</strong> que se soma à da outra, formando uma<br />

ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> espaços e experiências significativas. O gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>safio para a escola é se perceber no meio <strong>de</strong>ssa re<strong>de</strong> e<br />

reconhecer sua especificida<strong>de</strong>. Percebendo o que lhe é<br />

específico, abrir-se para o novo que se apresenta na internet,<br />

nos novos mo<strong>de</strong>los familiares, nas novas expressões<br />

religiosas e culturais. É fundamental que a escola perceba<br />

que essas outras instituições e espaços <strong>de</strong> significação para<br />

a juventu<strong>de</strong> não concorrem com ela, mas, ao contrário, a<br />

ela se aliam para formar a juventu<strong>de</strong>. O importante é que a<br />

escola se abra para dialogar, sem en<strong>de</strong>usar ou <strong>de</strong>monizar a<br />

internet ou a TV, por exemplo, mas assumindo essas novas<br />

tendências nos processos <strong>de</strong> educação.<br />

A escola <strong>de</strong>ve permitir que entrem, em seu ambiente,<br />

as diversas expressões culturais, não para <strong>de</strong>scaracterizála,<br />

mas sabendo que isso é fundamental para o jovem. Deve<br />

dialogar com as linguagens e expressões que são próprias<br />

da juventu<strong>de</strong> e perceber que elas são parte importante<br />

do processo <strong>de</strong> formação humana, <strong>de</strong> aprendizagem da<br />

cultura, da socieda<strong>de</strong>.<br />

E uma coisa muito importante: a escola <strong>de</strong>ve<br />

reconhecer essas linguagens e expressões culturais não<br />

como acessórios ou apêndices, mas como elementos<br />

constituintes da forma dos jovens se relacionarem com o<br />

mundo.<br />

4. Como você afirmou, os jovens têm na escola<br />

apenas mais um dos vários espaços on<strong>de</strong> constroem<br />

suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Qual a importância dos educadores<br />

extrapolarem os muros escolares para <strong>de</strong>scobrirem<br />

os outros espaços <strong>de</strong> significação para a juventu<strong>de</strong>?<br />

Como po<strong>de</strong>m fazer isso?<br />

Quando a escola reconhece que sozinha não dá conta<br />

<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a todas as questões do nosso tempo, dá um<br />

passo significativo em direção a uma melhor relação com<br />

os jovens e em direção ao reconhecimento <strong>de</strong> seu próprio<br />

papel nesse processo.<br />

Reconhecer e dialogar são atitu<strong>de</strong>s fundamentais<br />

para educadores na contemporaneida<strong>de</strong>. Quanto ao<br />

“como” as escolas po<strong>de</strong>m fazer isso, conforme eu disse<br />

anteriormente, não é necessário partir do nada e inventar<br />

caminhos. Já existem várias experiências positivas que<br />

po<strong>de</strong>m ser estudadas e servir <strong>de</strong> indicativos e inspiração.<br />

É claro que nenhuma <strong>de</strong>ssas experiências é completa e<br />

<strong>de</strong>finitiva, mas são bons pontos <strong>de</strong> partida.<br />

Para mim, uma coisa muito importante é repensar a<br />

formação do educador que lida com os jovens. O educador<br />

que trabalha com a educação infantil tem uma formação<br />

específica; o mesmo não acontece com os educadores<br />

que trabalham com adolescentes e jovens. Acredito que<br />

também esses educadores precisariam ter uma formação<br />

que fosse para além dos conteúdos das disciplinas, mas<br />

que contemplasse, também, a cultura, o universo juvenil.<br />

Questões que são próprias <strong>de</strong>sse momento <strong>de</strong> vida e que<br />

constituem todo o dinamismo e complexida<strong>de</strong> da vida do<br />

jovem.<br />

Vou mais além: na elaboração do Projeto Político<br />

Pedagógico e na organização dos espaços e tempos<br />

do currículo, as questões da juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem estar<br />

articuladas. O que vemos é que em muitos Projetos<br />

Político Pedagógicos não se contemplam essas questões<br />

que, nada mais são, do que a <strong>de</strong>finição e percepção do<br />

“a quem se <strong>de</strong>stina”. O que nos anima é saber que há<br />

várias experiências positivas acontecendo. Precisamos<br />

trocar informações e divulgar essas experiências, para<br />

construirmos novos espaços escolares, mais atentos à<br />

realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos jovens.<br />

Carla Linhares Maia<br />

E-mail: clinharesmaia@gmail.com<br />

Para conhecer experiências positivas <strong>de</strong> educação para adolescentes e jovens:<br />

Observatório da Juventu<strong>de</strong> – www.fae.ufmg.br/objuventu<strong>de</strong>/<br />

Ação educativa – www.acaoeducativa.org.br<br />

Instituto da Cidadania – www.institutodacidadania.org.br<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

7


MeiO aMBieNTe<br />

8 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009


Gaia, NOssa casa cOMuM<br />

Amar a Terra consiste em nutrir e cuidar a vida<br />

que nela existe. E, para cuidar bem, se faz<br />

necessário conhecer bem e melhor. Porque é<br />

preciso “saber cuidar”. Para cuidar do nosso planeta,<br />

é preciso compreendê-lo na sua história <strong>de</strong> vida e no<br />

modo <strong>de</strong> vida daqueles e daquelas que <strong>de</strong>ixaram seus<br />

rastros sobre a Terra.<br />

O planeta Terra é um satélite do Sol, que surgiu há 4,45<br />

bilhões <strong>de</strong> anos. Distante do Sol a cerca <strong>de</strong> 150 bilhões <strong>de</strong><br />

quilômetros, a Terra é alimentada pela energia solar. Essa<br />

energia chega na forma <strong>de</strong> radiações eletromagnéticas<br />

equivalente a 1,95 caloria/cm², a cada minuto. A sua<br />

posição com relação ao sol lhe dá uma temperatura<br />

favorável para a existência <strong>de</strong> vida no planeta.<br />

Esse planeta que amamos e queremos conhecer<br />

melhor para bem cuidar é um gran<strong>de</strong> organismo vivo e<br />

que, por isso, é também chamado “GAIA”. Em Gaia a vida<br />

não está apenas na sua biosfera, é um todo, um conjunto<br />

<strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong>. Trata-se <strong>de</strong> um macroorganismo vivo,<br />

um sistema cibernético capaz <strong>de</strong> buscar os meios para<br />

manter a vida. O sistema Gaia revela-se extremamente<br />

complexo e <strong>de</strong> profunda clarividência. Esse sistema<br />

possui uma inteligência or<strong>de</strong>nada, or<strong>de</strong>nadora e muito<br />

superior à nossa. Tal inteligência consegue calibrar todos<br />

os fatores, or<strong>de</strong>nar todos os organismos que compõem o<br />

gran<strong>de</strong> organismo Gaia.<br />

No planeta Terra, o crescimento e o metabolismo da<br />

vida produzem e regulam o ar respirável, a temperatura<br />

agradável da Terra e as águas não-ácidas. Enfi m, tudo, <strong>de</strong><br />

forma conectada, trabalha em favor da vida, <strong>de</strong> todas as<br />

formas <strong>de</strong> vida no planeta. A composição da atmosfera<br />

do planeta Terra é formada especialmente por nitrogênio<br />

e oxigênio. E, geralmente, esses gases reagem um com o<br />

outro <strong>de</strong> forma explosiva. Mas, na Terra, isso não ocorre,<br />

porque tudo é regulado pela vida. “O equilíbrio entre<br />

nitrogênio, enxofre e carbono na atmosfera da Terra é<br />

regulado pela vida. A vida e a Terra física, até mesmo a sua<br />

atmosfera, evoluíram conjuntamente uma com a outra.”<br />

Gaia é uma interligação <strong>de</strong> muitos trilhões <strong>de</strong><br />

microorganismos e outros organismos vivos. Ela é um<br />

gran<strong>de</strong> organismo vivo, regulado pela vida, on<strong>de</strong> todos<br />

os organismos reagem e interagem as reações dos <strong>de</strong>mais<br />

organismos e tudo concorre para o favorecimento da vida,<br />

para possibilitar a existência <strong>de</strong> vida. Gaia não é nenhum<br />

MeiO aMBieNTe<br />

<strong>de</strong>us ou ser supremo, ou uma entida<strong>de</strong> consciente que<br />

quer preservar seus habitantes. Ela é um complexo<br />

sistema <strong>de</strong> vida que quer manter-se vivo. “A vida<br />

global preserva por si mesma as condições ambientais<br />

a<strong>de</strong>quadas mediante alterações do crescimento das<br />

diversas populações <strong>de</strong> organismos.”<br />

O início da existência para Gaia foi num ambiente<br />

turbulentamente vulcânico e hostil e por mais <strong>de</strong> 3<br />

bilhões <strong>de</strong> anos sofreu terríveis catástrofes e quedas <strong>de</strong><br />

asterói<strong>de</strong>s. Gaia sempre sobreviveu a tudo, revertendo<br />

certos malefícios para benefi ciar a vida. “Suas interações<br />

reguladoras mantêm condições favoráveis para a vida<br />

na Terra durante muitos bilhões <strong>de</strong> anos.” E, mesmo<br />

não merecendo, nós humanos entramos na carona.<br />

Ao longo dos últimos séculos, temos agido <strong>de</strong> forma<br />

equivocada, causando danos ao planeta. “Mas o resto<br />

da vida, que é microbiana em sua maior parte, ao cuidar<br />

<strong>de</strong> si mesma, também nos dá uma chance <strong>de</strong> sobreviver<br />

por muito tempo.” As mais diversas formas <strong>de</strong> vida, os<br />

microorganismos vivos em Gaia atuam em favor da vida,<br />

estão permanentemente gestando vida, renovando a<br />

vida em todo o planeta. Isso acontece ao natural. Nós,<br />

que sabemos <strong>de</strong>cidir e fazer opções, po<strong>de</strong>mos optar por<br />

preservar a vida. E qualquer atitu<strong>de</strong> nossa <strong>de</strong> cuidado<br />

terá uma resposta positiva e saudável da natureza que<br />

interage com as nossas ações.<br />

Gaia é um macroorganismo vivo que reage em<br />

<strong>de</strong>fesa da vida e que já enfrentou várias turbulências e<br />

se manteve vivo. Para manter a vida, Gaia já teve que se<br />

livrar <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> espécies ao longo <strong>de</strong> sua biografi a.<br />

E isso po<strong>de</strong> ser um indicativo <strong>de</strong> que Gaia seja forçada<br />

a ter que se livrar da nossa espécie, atualmente, muito<br />

<strong>de</strong>struidora da vida. Devido a certos comportamentos<br />

humanos, que são <strong>de</strong>strutivos, a Terra tenha que passar<br />

por novas adaptações para se manter viva. Pois, a sua<br />

biografi a está marcada por muitas adaptações que lhe<br />

permitiram continuar viva.<br />

Frei Pilato Pereira<br />

Fra<strong>de</strong> Capuchinho da Província do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

Blog: www.olharecologico.blogspot.com<br />

E-mail: freipilato@gmail.com<br />

Especial<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

9


MeiO aMBieNTe<br />

Fonte: http://blogdopiaui.wordpress.com/category/sao-francisco/<br />

Especial<br />

Que PLaNeTa <strong>de</strong>iXareMOs<br />

Para as PróXiMas<br />

GeraçÕes?<br />

Dom Frei Luiz Cappio, bispo da diocese <strong>de</strong> Barra (BA) tornou-se internacionalmente<br />

conhecido por sua luta contra o projeto <strong>de</strong> transposição das águas do Rio São Francisco. Em<br />

<strong>de</strong>fesa do rio, o religioso realizou jejuns durante vários dias, em dois momentos distintos, e<br />

mobilizou a opinião pública em favor da causa que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. O bispo esteve na PUC Minas,<br />

em Belo Horizonte, no dia 5 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009, on<strong>de</strong> proferiu a seguinte palestra na abertura<br />

do III Simpósio Internacional <strong>de</strong> Teologia e Ciências da Religião:<br />

Que mundo <strong>de</strong>ixaremos para nossos fi lhos, netos?<br />

Que planeta estamos preparando para as futuras<br />

gerações?<br />

É uma questão elementar <strong>de</strong> justiça. O sagrado<br />

direito que cada um <strong>de</strong> nós possui <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r viver em<br />

um ambiente sadio, digno <strong>de</strong> seres humanos, propício<br />

à vida com qualida<strong>de</strong> para cidadãos e cidadãs <strong>de</strong>ste<br />

planeta, correspon<strong>de</strong> ao igual <strong>de</strong>ver que nos compete<br />

<strong>de</strong> propiciar estes mesmos direitos às futuras gerações.<br />

Herdamos um mundo, um planeta que nos foi legado por<br />

aqueles que vieram antes <strong>de</strong> nós, que prepararam a casa<br />

on<strong>de</strong> hoje moramos, on<strong>de</strong> vivemos, on<strong>de</strong> realizamos<br />

nossa existência.<br />

Cabe-nos fazer o mesmo para aqueles e aquelas que<br />

virão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> nós, que herdarão o planeta que tivermos<br />

preparado para eles. Isso é uma questão <strong>de</strong> justiça.<br />

Amanhã, quando o sol nascer <strong>de</strong> novo com seu calor<br />

e vida; as fl ores nos acolherem com suas variadas cores e<br />

perfumes; ouvirmos o canto dos pássaros e a brisa fresca<br />

beijando nosso peito; nossos lábios sorverem as águas<br />

puras da fonte enquanto contemplamos as ver<strong>de</strong>s altas<br />

montanhas e o azul profundo dos oceanos; po<strong>de</strong>remos<br />

10 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

ouvir dos que virão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> nós: “Obrigado pelo<br />

mundo que vocês prepararam para nós. Obrigado pelo<br />

planeta, qual jardim, que vocês nos legaram. Obrigado<br />

pelas sementes <strong>de</strong> vida que vocês plantaram para que<br />

pudéssemos colher seus abundantes frutos. Obrigado,<br />

muito obrigado.”<br />

Ou, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> amanhã, quando não mais houver<br />

amanhecer, mas apenas uma clarida<strong>de</strong> enfumaçada,<br />

coberta por nuvens ácidas; quando nossa visão<br />

enfraquecida e nossos corpos se esvairem em feridas<br />

purulentas provocadas pela radiação tóxica causada<br />

pelo enfraquecimento da camada <strong>de</strong> ozônio; quando,<br />

em vez <strong>de</strong> água, tivermos que beber um suco pastoso<br />

<strong>de</strong> coliformes fecais temperado com ingredientes<br />

químicos das mais nocivas origens; quando a paisagem<br />

se tornar um imenso <strong>de</strong>serto sem vida, sem a canção<br />

dos pássaros, sem a melodia <strong>de</strong> vozes humanas, porque<br />

ninguém mais terá ânimo para cantar e sim para gritar<br />

<strong>de</strong>sesperadamente pelas dores lancinantes <strong>de</strong> ossos e<br />

músculos em <strong>de</strong>composição; e as mães, por amor, tiverem<br />

que abortar os fi lhos para que não sejam mais sofredores<br />

con<strong>de</strong>nados a esse vale <strong>de</strong> lágrimas, ouviremos nossos<br />

fi lhos e netos, com <strong>de</strong>do em riste apontando para nós,


olhos esbugalhados, roendo palavras <strong>de</strong>sconexas <strong>de</strong> ódio<br />

e rancor, gritarem: “Malditos, <strong>de</strong>mônios, fi lhos das trevas<br />

e do mal, olhem para esse inferno para o qual fomos<br />

con<strong>de</strong>nados. Vocês são os responsáveis pela <strong>de</strong>sgraça<br />

que nos envolve, fazendo-nos <strong>de</strong>sgraçados com elas.”<br />

Preservação: questão <strong>de</strong> justiça<br />

Que mundo, que planeta legaremos para nossos<br />

fi lhos e netos? Isso é uma questão <strong>de</strong> justiça. Po<strong>de</strong>remos<br />

ser justos cumprindo nosso sagrado <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> zelar e<br />

cuidar <strong>de</strong>ssa riqueza infi nita que nos foi confi ada, ou<br />

po<strong>de</strong>mos ser profundamente injustos assumindo a<br />

postura irresponsável e inconsequente dos que apenas<br />

exploram e usufruem do tesouro <strong>de</strong> incomensurável<br />

valor que é a natureza, mãe da vida.<br />

É questão <strong>de</strong> consciência, <strong>de</strong> pertença. É questão<br />

<strong>de</strong> possuirmos ou não um sagrado senso <strong>de</strong> justiça.<br />

De ter a sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber compreen<strong>de</strong>r o direito<br />

que possuímos <strong>de</strong> viver em um mundo habitável com<br />

dignida<strong>de</strong>, e o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> corresponsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preserválo<br />

para que outros também usufruam do mesmo bem. De<br />

saber que este planeta é nosso lar. Fazemos parte <strong>de</strong>le.<br />

Foi-nos entregue para nele viver, usufruir <strong>de</strong> seus bens e<br />

riquezas. Cuidar para que os bens nele presentes possam<br />

se perpetuar e para que as gerações futuras, como nós,<br />

também possam tê-lo cheio <strong>de</strong> vida.<br />

Como dizia nosso querido mestre Leonardo Boff :<br />

“cuidar é outro nome para o amor e a melhor forma <strong>de</strong><br />

amar.” “Quem ama, cuida”. É justo que cui<strong>de</strong>mos do que<br />

é <strong>de</strong> todos. É justo que, no trato das coisas <strong>de</strong> todos,<br />

tenhamos o mesmo zelo como tratamos as nossas em<br />

particular.<br />

O mesmo cuidado que a natureza tem para conosco,<br />

no sentido <strong>de</strong> prover, garantir e zelar pela nossa vida,<br />

assim também nós recebemos do Pai do Céu a missão<br />

<strong>de</strong> cuidar, prover e garantir a perpetuação dos bens e<br />

maravilhas criadas que fazem parte do nosso planeta, o<br />

Jardim do É<strong>de</strong>n. Ou, pela nossa <strong>de</strong>cúria, transformá-lo no<br />

inferno <strong>de</strong> Dante, impossível <strong>de</strong> nele viver. Isso seria uma<br />

gran<strong>de</strong> injustiça <strong>de</strong> nossa parte.<br />

No último dia da criação, <strong>de</strong>pois que tudo estava<br />

pronto, e o Senhor viu que “tudo era bom”, criou o homem<br />

e a mulher e lhes outorgou a missão <strong>de</strong> cuidado para<br />

com a obra criada. Fez-nos guardiões da natureza. Este<br />

é o sentido bíblico do “dominai a face da terra”. O termo<br />

“dominai” vem <strong>de</strong> latim “dominus” que signifi ca “senhor”.<br />

Daí a palavra domingo, que signifi ca “dia consagrado ao<br />

Senhor”. O dia do <strong>de</strong>scanso. Como o pai cuida dos fi lhos,<br />

como a mãe é capaz <strong>de</strong> dar a própria vida pela vida dos<br />

fi lhos, assim também fomos constituídos senhores no<br />

sentido da paternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem cuida, na maternida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> quem vela.<br />

Mas esta passagem belíssima do Gênesis foi<br />

entendida por nós <strong>de</strong>ntro da ótica masculina do ser dono,<br />

do explorar, na violência do <strong>de</strong>struir, na ganância do<br />

lucrar, na vaida<strong>de</strong> do usufruir sem limites. Deturpamos o<br />

pensamento original do Criador e impusemos nossa visão<br />

dominadora, <strong>de</strong>struidora, violenta e <strong>de</strong>srespeitadora.<br />

Enquanto o Senhor tudo realizou <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um plano<br />

perfeito e harmônico, respeitoso e amoroso, e nisso<br />

manifestou a Justiça Divina, nós manifestamos a injustiça<br />

humana no entendimento e prática <strong>de</strong>turpada do<br />

pensamento do Senhor.<br />

Chamamos para nós os atributos do Criador. Não<br />

somos os donos da criação. Somos apenas os seus<br />

zeladores e cuidadores.<br />

Sejamos “bons pastores”<br />

MeiO aMBieNTe<br />

O autor do quarto evangelho nos ensina, no capítulo<br />

10 <strong>de</strong> seu Evangelho, que o Senhor é o Bom Pastor.<br />

A justiça do Bom Pastor se manifesta no seu imenso<br />

amor e cuidado. O Bom Pastor é aquele que ama suas<br />

ovelhas, cuida <strong>de</strong> seu rebanho. Leva-o para as pastagens<br />

ver<strong>de</strong>jantes e para os regatos <strong>de</strong> águas águas cristalinas. O Bom<br />

Pastor <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o rebanho dos inimigos, do lobo cruel e<br />

voraz. Está sempre atento para que nada <strong>de</strong> mal aconteça<br />

a nenhuma <strong>de</strong> suas ovelhas. Esse é o Bom Pastor. É<br />

capaz até, se preciso for, <strong>de</strong> dar a vida por suas ovelhas.<br />

Sacrifi car-se por elas. Ser crucifi cado para “que tenham<br />

vida e a tenham em abundância”.<br />

Essa é a herança espiritual daqueles e<br />

daquelas que assumem a missão <strong>de</strong> pastorear,<br />

<strong>de</strong> caminhar junto, mas na linha <strong>de</strong> frente<br />

do rebanho. Os seguidores do Bom Pastor<br />

recebem a mesma tarefa, a mesma or<strong>de</strong>nança,<br />

a mesma missão. A <strong>de</strong> serem justos como<br />

Especial<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

11


MeiO aMBieNTe<br />

Especial<br />

o Bom Pastor. Isso nos faz discípulos e missionários do<br />

Deus da Vida e da Justiça. Semeadores do bem e da paz.<br />

Testemunhas da justiça maior. Chamados a viver em uma<br />

or<strong>de</strong>m justa e fraterna. Fazer com que o leite e o mel<br />

continue escorrendo pelos favos da existência humana.<br />

Garantindo que todos, todos sem exceção, tenham o<br />

direito <strong>de</strong> uma vida saudável, ética, digna <strong>de</strong> ser vivida.<br />

Enfi m, uma vida baseada na justiça. Essa é a vocação do<br />

pastor. Para isso ele foi chamado. E é isso que dá sentido e<br />

razão <strong>de</strong> ser para sua existência. A plenitu<strong>de</strong> da realização<br />

do pastor é, à imagem do Bom Pastor, po<strong>de</strong>r doar a<br />

própria vida pela vida <strong>de</strong> cada ovelha, <strong>de</strong> todo o rebanho.<br />

Para o pastor iluminado pelo Bom Pastor, o gastar-se é<br />

tornar-se mais rico, o doar-se é plenifi cação, o morrer é<br />

viver com abundância.<br />

Mercenários existem muitos e muitas. Homens e<br />

mulheres injustos que se travestem <strong>de</strong> pastores, mas<br />

cujas intenções são maléfi cas. São lobos perigosos e<br />

vorazes que se aproveitam da simplicida<strong>de</strong> e carência do<br />

rebanho para fazer acontecer suas intenções sórdidas.<br />

Devagar o rebanho vai discernindo e sabendo diferenciar<br />

o bom pastor do mercenário. O justo do injusto. “Pelos<br />

frutos se conhece a árvore”. O tempo se encarrega <strong>de</strong><br />

mostrar a verda<strong>de</strong> dos fatos e das reais intenções. “Não<br />

há nada oculto que não venha a ser revelado, não há nada<br />

escondido que mais cedo ou mais tar<strong>de</strong> não apareça”. As<br />

questões sociais nos permitem conhecer e distinguir o<br />

pastor do mercenário. Aqueles que realmente são justos<br />

e estão a serviço do rebanho e aqueles que são injustos<br />

e se aproveitam do rebanho para satisfazer seus próprios<br />

interesses.<br />

É no entendimento e na consciência <strong>de</strong> nossa missão<br />

<strong>de</strong> pastores que se funda a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doarmos a vida.<br />

E isso se faz com a máxima alegria e generosida<strong>de</strong>. É no<br />

entendimento e na consciência do verda<strong>de</strong>iro sentido da<br />

justiça que nos tornamos construtores do Reino <strong>de</strong> Deus.<br />

Rio São Francisco: gerador <strong>de</strong> vida<br />

O Rio São Francisco é o Pai e a Mãe <strong>de</strong> todo um povo.<br />

É o que garante a água que milhões <strong>de</strong> seres humanos<br />

bebem, comem do seu peixe e se alimentam dos frutos<br />

das terras banhadas por suas águas. O Rio São Francisco é<br />

o gerador <strong>de</strong> vida para uma imensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras vidas. O<br />

“Velho Chico” não po<strong>de</strong> morrer. Da vida do “Velho Chico”<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a vida <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> outros seres.<br />

Existem no Brasil rios ainda bem maiores que o<br />

São Francisco. Mas o que faz a diferença é o fato <strong>de</strong><br />

ele percorrer o semi-árido brasileiro. Região <strong>de</strong> muita<br />

carência <strong>de</strong> chuvas. Águas temos com certa abundância,<br />

mas concentradas em alguns rios e na imensa re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

açu<strong>de</strong>s existentes. Necessitamos urgentemente distribuir<br />

12 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

esta água concentrada para as populações difusas<br />

<strong>de</strong> todo o semi-árido. E isso é uma questão <strong>de</strong> justiça<br />

ambiental, pois a <strong>de</strong>mocratização da água é uma tarefa<br />

essencial para a manutenção da vida, pois ninguém po<strong>de</strong><br />

fi car sem ela.<br />

Se o Projeto <strong>de</strong> Transposição <strong>de</strong> Águas do Rio São<br />

Francisco tivesse como objetivo e meta a distribuição<br />

da água para as populações difusas, praticar a justiça<br />

ambiental e evangélica <strong>de</strong> “dar <strong>de</strong> beber a quem tem<br />

se<strong>de</strong>”, nós seríamos os primeiros a ser <strong>de</strong> acordo com<br />

o projeto. Apoiá-lo-íamos incondicionalmente. Mas a<br />

priorida<strong>de</strong> do Projeto <strong>de</strong> Transposição é a segurança<br />

hídrica em função dos gran<strong>de</strong>s projetos agro¬industriais.<br />

O uso econômico da água, antes <strong>de</strong> cumprir sua função<br />

essencial que é o <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntamento humano e animal,<br />

faz o projeto tornar-se anti-ético e, portanto injusto, pois<br />

inverte as priorida<strong>de</strong>s no uso da água.<br />

O Rio São Francisco imita o santo <strong>de</strong> seu nome. O<br />

santo São Francisco nasceu <strong>de</strong> família abastada. Quando<br />

conheceu o sofrimento dos pobres <strong>de</strong> seu tempo, <strong>de</strong>ixou<br />

toda a riqueza da família e foi para o meio dos pobres e<br />

dos pobres mais pobres que eram os leprosos. Dedicou<br />

toda a sua vida a eles. Encarnou o verda<strong>de</strong>iro sentido e<br />

espírito da justiça humana.<br />

O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, no<br />

sudoeste do estado <strong>de</strong> Minas Gerais, uma das regiões<br />

mais ricas do Brasil. Po<strong>de</strong>ria tomar a direção do leste<br />

ou do sul, regiões igualmente ricas. Mas não, faz uma<br />

curva e se dirige para o nor<strong>de</strong>ste. Coloca toda a sua<br />

potencialida<strong>de</strong> a serviço dos pobres do sertão brasileiro.<br />

É o rio que imita o santo <strong>de</strong> seu nome. O rio testemunha a<br />

justiça do seu santo padroeiro. Por isso dizemos, o Rio São<br />

Francisco é o pai e mãe <strong>de</strong> um povo. Aquele que supre<br />

suas necessida<strong>de</strong>s essenciais, vitais.<br />

Ser pastor nas barrancas do São Francisco é garantir<br />

vida e vida abundante aos barranqueiros. Vida abundante<br />

aos barranqueiros signifi ca vida abundante ao “Velho<br />

Chico”. Diante das inúmeras agressões causadas ao<br />

nosso rio, agressões essas geradoras <strong>de</strong> doença e morte,<br />

o pastor não po<strong>de</strong> manter-se calado. É sua missão, é seu<br />

<strong>de</strong>ver praticar a justiça, ser testemunha da justiça maior,<br />

erguer a voz, colocar suas forças no sentido <strong>de</strong> garantir<br />

vida ao rio, pois na vida do rio, está a vida do povo.<br />

É por isso que, diante <strong>de</strong> todas as ameaças <strong>de</strong> morte<br />

causadas ao rio e ao povo, o pastor se levanta, grita bem<br />

alto, qual João Batista no <strong>de</strong>serto, arrisca a própria vida,<br />

pois “on<strong>de</strong> a razão se extingue, a loucura é o caminho”.<br />

Para salvar o Velho Chico, salvar a biodiversida<strong>de</strong>, salvar<br />

os povos ribeirinhos, salvar os seres humanos, salvar o<br />

planeta, salvar a vida, vale a pena doar a própria vida.<br />

Vale a pena morrer para que tenham vida e vida em<br />

abundância. E assim se cumpre toda a justiça.


cONsciÊNcia aMBieNTaL<br />

PLaNeTÁria: a FOrça<br />

educaTiVa Que NOs MOVe<br />

Num mundo on<strong>de</strong> catástrofes naturais tornaramse<br />

alvos <strong>de</strong> especulação e exposição midiática;<br />

on<strong>de</strong> o terrorismo psicológico afasta a esperança<br />

e a crença em tempos melhores; on<strong>de</strong> a transformação<br />

brutal dos recursos naturais tornou-se banalizada<br />

pela exploração do capital e pela institucionalização<br />

da corrupção, aí se encontra nossa missão enquanto<br />

educadores: possibilitar, através <strong>de</strong> exemplos, refl exões,<br />

estudos, a formação <strong>de</strong> uma consciência ambiental<br />

planetária, que permita ao educando perceber-se<br />

passageiro <strong>de</strong> um tempo e <strong>de</strong> um espaço universal,<br />

exigente <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> e compromisso para com<br />

a vida, a ética, a justiça e a paz. Uma consciência que<br />

se torne sustentável, marcada por princípios morais,<br />

éticos, humanos e cristãos, facilitadora <strong>de</strong> caminhos que<br />

contribuam para a construção <strong>de</strong> um mundo melhor.<br />

É próprio do ser humano responsabilizar o passado,<br />

omitir o presente e postergar o futuro. É fator <strong>de</strong> nossa<br />

fraqueza existencial o comodismo, o “<strong>de</strong>ixar para<br />

<strong>de</strong>pois”, o observar para aplaudir ou criticar e exigir<br />

que se reconstrua uma nova i<strong>de</strong>ia, uma nova proposta.<br />

Nossa visão <strong>de</strong> tempo e espaço não nos permite, às<br />

vezes, compreen<strong>de</strong>r que o tempo é momento: o passado<br />

resume-se a um segundo antes do agora; o futuro, a um<br />

segundo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> agora. Se o agora for assumido como<br />

presente, daí brotará nossa consciência: somos seres para<br />

transformar o mundo e não apenas para passar por ele<br />

<strong>de</strong> maneira incólume, ausente <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong> percepção <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al coletivo. Quando se trata <strong>de</strong><br />

refl exões sobre o meio ambiente, torna-se mister assumir<br />

esse i<strong>de</strong>al, respaldado em ações concretas, em propostas<br />

<strong>de</strong> soluções muito além do que a simples exposição<br />

<strong>de</strong> problemas.É urgente repensar nosso mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento e analisar <strong>de</strong> que forma cada um <strong>de</strong> nós<br />

contribui para criar um mundo mais justo e sustentável.<br />

Analisando as diretrizes do Nosso Modo Próprio<br />

<strong>de</strong> Educar, a partir <strong>de</strong> uma percepção socioambiental,<br />

MeiO aMBieNTe<br />

encontramos os princípios da Ecologia <strong>de</strong> Madre<br />

Cândida e da Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, para quem a educação<br />

não se faz apenas com “as i<strong>de</strong>ias transmitidas por nossas<br />

palavras, mas com toda a pessoa. Educa-se com a própria<br />

vida, quando nela os valores proclamados estão <strong>de</strong> fato<br />

assumidos, tendo sempre em conta que, mais importante<br />

que o dizer – e mais até do que o fazer – é o ser”. E é essa<br />

preocupação com o ser, com nossa condição existencial<br />

e cristã, que, enquanto membros da comunida<strong>de</strong><br />

Colégio Imaculada Conceição, somos movidos pelo<br />

amor como valor prioritário em nossas ações educativas,<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo uma educação socioambiental pautada no<br />

equilíbrio, no sentido crítico, na justiça, na objetivida<strong>de</strong><br />

e no <strong>de</strong>senvolvimento integral da pessoa; <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo<br />

uma ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> luta pela vida a partir do respeito à<br />

natureza e toda a sua dinâmica – ban<strong>de</strong>ira esta que se<br />

exemplifi ca pelos valores <strong>de</strong> Madre Cândida, que nos<br />

convida a sermos testemunhos <strong>de</strong> fé em tempos <strong>de</strong><br />

incertezas, angústias e medo pelo que virá.<br />

Pensar em meio ambiente é pensar na vida em sua<br />

plenitu<strong>de</strong>; é resgatar o “eu-cristão” numa dimensão<br />

franciscana <strong>de</strong> perceber que precisamos louvar cada<br />

elemento da natureza, pois <strong>de</strong>la somos frutos, <strong>de</strong>la<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a nossa vida. Ela é muito mais do que o ar, a<br />

água, a terra fecunda, a fauna, a fl ora – é meio que nos<br />

move para nos aproximar <strong>de</strong> Deus e por Ele fazermos jus<br />

à dádiva <strong>de</strong> nossa existência; é condição inaciana para<br />

nossas refl exões enquanto oramos, quer pedindo ou<br />

agra<strong>de</strong>cendo.<br />

Jan<strong>de</strong>rson Nóbrega Mendonça<br />

Coor<strong>de</strong>nador da área <strong>de</strong> Ciências Humanas e Sociais do Colégio<br />

Imaculada Conceição, em Leopoldina (MG)<br />

E-mail: ja<strong>de</strong>rsonnobrega@leopoldina.com.br<br />

Especial<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

13


MeiO aMBieNTe<br />

Especial<br />

O <strong>de</strong>saFiO da<br />

LiMPeZa urBaNa<br />

O<br />

maior ecossistema criado pelo homem são<br />

as cida<strong>de</strong>s. É nesse tipo <strong>de</strong> ecossistema que<br />

atualmente vive a maioria dos seres humanos<br />

na terra. A cida<strong>de</strong> produz pouco ou nenhum alimento,<br />

consome oxigênio, combustíveis, água e alimentos.<br />

Em contrapartida, excreta <strong>de</strong>spejos orgânicos e gases<br />

poluentes para a atmosfera. À medida que as cida<strong>de</strong>s<br />

crescem, os problemas aumentam, entre eles, o lixo.<br />

O lixo é basicamente todo e qualquer resíduo sólido<br />

in<strong>de</strong>sejável e que necessita ser removido por ter sido<br />

consi<strong>de</strong>rado inútil por quem o <strong>de</strong>scarta. O modo <strong>de</strong> vida<br />

das socieda<strong>de</strong>s infl uencia na quantida<strong>de</strong> e na qualida<strong>de</strong> da<br />

composição dos resíduos sólidos <strong>de</strong>scartados. Os países<br />

<strong>de</strong> baixa renda produzem mais matéria orgânica que os<br />

países <strong>de</strong> alta renda, on<strong>de</strong> predomina em seus resíduos<br />

sólidos, maior varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais industrializados,<br />

tais como papel, metais, vidros e plásticos.<br />

O <strong>de</strong>safi o da limpeza urbana não<br />

consiste apenas em remover o lixo, mas<br />

principalmente em dar um <strong>de</strong>stino fi nal<br />

a<strong>de</strong>quado aos resíduos coletados.<br />

14 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

Lixões, aterros controlados e<br />

aterros sanitários<br />

• Lixões – São locais on<strong>de</strong> o lixo coletado é lançado<br />

diretamente sobre o solo sem qualquer controle e<br />

sem quaisquer cuidados ambientais, poluindo tanto o<br />

solo, quanto o ar, as águas subterrâneas e superfi ciais<br />

das vizinhanças. Além dos problemas sanitários com<br />

a proliferação <strong>de</strong> vetores <strong>de</strong> doenças, acaba atraindo<br />

indivíduos que fazem da catação do lixo um meio <strong>de</strong><br />

sobrevivência.<br />

• Aterro controlado – É uma forma <strong>de</strong> se confi nar<br />

tecnicamente o lixo coletado sem poluir o ambiente<br />

externo, porém, sem promover a coleta e o tratamento<br />

do chorume e a coleta do biogás (metano).<br />

• Aterro sanitário – É um método para disposição<br />

fi nal dos resíduos sólidos urbanos, através do seu<br />

confi namento em camadas cobertas com material<br />

inerte, geralmente solo, segundo normas operacionais<br />

específi cas, <strong>de</strong> modo a evitar danos à saú<strong>de</strong> e ao meio<br />

ambiente. Nele há a coleta e tratamento do chorume,<br />

assim como a drenagem e a queima do biogás, inclusive


po<strong>de</strong>ndo gerar energia através da sua<br />

queima.<br />

• Usinas <strong>de</strong> triagem – Possuem como<br />

objetivo diminuir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lixo<br />

que irá <strong>de</strong>pois para os aterros, retirando<br />

os materiais que po<strong>de</strong>m ser reutilizados<br />

ou reciclados.<br />

• Usina Ver<strong>de</strong> – Gera energia com a<br />

queima das embalagens <strong>de</strong>scartadas.<br />

Separação do lixo<br />

Nem todos os lugares possuem<br />

coletas seletivas on<strong>de</strong> sejam separadas<br />

matérias como vidros, metais, plásticos,<br />

papéis etc. Entretanto, mesmo nos<br />

lugares on<strong>de</strong> não existe esse serviço, é<br />

possível darmos a nossa contribuição,<br />

separando o lixo em grupos, tais como:<br />

• Materiais orgânicos (úmidos) –<br />

cascas <strong>de</strong> fruta, ovo, legume, verdura,<br />

folha <strong>de</strong> árvore, grama, serragem etc.<br />

Nas casas com quintal, uma boa solução<br />

é transformar este material em adubo,<br />

através <strong>de</strong> uma composteira.<br />

• Materiais secos – papéis, metais,<br />

vidros, plásticos, caixas tipo “longa vida”.<br />

• Óleo <strong>de</strong> cozinha – Cada litro<br />

<strong>de</strong> óleo <strong>de</strong>spejado no esgoto tem<br />

capacida<strong>de</strong> para poluir cerca <strong>de</strong> um<br />

milhão <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> água. Além disso,<br />

prejudica o funcionamento das estações<br />

<strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água. O acúmulo <strong>de</strong><br />

óleos e gorduras nos encanamentos<br />

po<strong>de</strong> causar entupimentos, refl uxo <strong>de</strong><br />

esgoto e até rompimentos nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

coleta. Para retirar o produto e <strong>de</strong>sentupir<br />

os encanamentos são empregados<br />

produtos químicos altamente tóxicos. Ao<br />

chegar aos rios, o óleo forma uma fi na<br />

camada sobre a superfície, que diminui<br />

sensivelmente a passagem <strong>de</strong> luz e<br />

oxigênio, asfi xiando os peixes. Existem<br />

empresas que recolhem o óleo usado<br />

transformando-o em sabão ou biodiesel.<br />

• Pilhas e baterias – As pilhas e<br />

baterias utilizam metais pesados como<br />

chumbo, mercúrio, níquel, cádmio entre<br />

outros, que causam impactos negativos<br />

sobre o meio ambiente e, em especial,<br />

sobre o ser humano. Existem lixeiras<br />

especiais espalhadas pela cida<strong>de</strong> para<br />

esses materiais.<br />

A importância dos 3 “RS”<br />

• Reutilizar – É usar uma mesma<br />

embalagem mais <strong>de</strong> uma vez, tendo a<br />

mesma fi nalida<strong>de</strong> ou uma nova. Exemplo:<br />

A garrafa PET po<strong>de</strong> ser reutilizada para<br />

guardamos objetos, para a confecção <strong>de</strong><br />

pufes, sofás, cinzeiros etc.<br />

• Reciclar – É a transformação<br />

da matéria prima do material para a<br />

fabricação <strong>de</strong> um novo produto. Exemplo:<br />

A transformação química e física da<br />

garrafa PET em fi bras <strong>de</strong> poliéster para<br />

a fabricação <strong>de</strong> tecido para roupas é um<br />

processo <strong>de</strong> reciclagem.<br />

• Reduzir – Mais importante que<br />

reciclar e reutilizar é reduzir o máximo<br />

possível o consumo <strong>de</strong> embalagens.<br />

Exemplo: Levar bolsas <strong>de</strong> pano para<br />

os supermercados em substituição às<br />

sacolas plásticas. Evitar as embalagens<br />

<strong>de</strong>snecessárias como ban<strong>de</strong>jas <strong>de</strong><br />

isopor para transportar frios, e optar por<br />

produtos que possuam refi l.<br />

É fundamental e urgente que a<br />

humanida<strong>de</strong> se dê conta do seu<br />

impacto neste planeta e busque,<br />

na medida possível, modifi car<br />

os seus padrões <strong>de</strong> consumo,<br />

promovendo ações efetivas <strong>de</strong><br />

redução do lixo.<br />

André Ribeiro<br />

Professor <strong>de</strong> Educação ambiental e Geografi a<br />

no Centro Popular <strong>de</strong> Educação e Assistência<br />

Social Stella Maris, no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

E-mail: semeandoo@yahoo.com.br<br />

MeiO aMBieNTe<br />

Especial<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

15


MeiO aMBieNTe<br />

Especial<br />

ecOLOGia: GriTO da Vida,<br />

GriTO <strong>de</strong> <strong>de</strong>us<br />

a ecOLOGia NuMa PersPecTiVa crisTã<br />

A<br />

evolução do capitalismo e do neoliberalismo no<br />

mundo se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> uma forma aparentemente<br />

“inevitável”. E, com esse mo<strong>de</strong>lo econômico, aumentou<br />

a exploração dos recursos naturais e dos solos, dos animais e<br />

dos vegetais. Para começo <strong>de</strong> conversa, o modo <strong>de</strong> produção<br />

do capitalismo introduziu os produtos tóxicos na ca<strong>de</strong>ia<br />

alimentar e o consumo excessivo <strong>de</strong> combustíveis fósseis.<br />

Toda essa problemática existente é a “fatura” que temos <strong>de</strong><br />

pagar por conta do <strong>de</strong>scontrole reinante no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do capitalismo mundial.<br />

Gran<strong>de</strong> parte do progresso econômico nas socieda<strong>de</strong>s<br />

capitalistas resulta da exploração das fl orestas, dos solos,<br />

do mar e dos cursos <strong>de</strong> água. Nos últimos anos, a ecologia<br />

e a economia vivem numa relação confl itiva. No inicio, esse<br />

confl ito partia <strong>de</strong> uma preocupação da ecologia com o<br />

impacto que o crescimento econômico causava no meio<br />

ambiente. Mas, hoje, as preocupações estão mais direcionadas<br />

para o impacto das tensões ecológicas sobre as expectativas<br />

econômicas. Isto é, os gran<strong>de</strong>s produtores que sempre<br />

exploraram e poluíram o meio ambiente, hoje temem que as<br />

alterações climáticas, as tempesta<strong>de</strong>s, chuvas ácidas e ventos<br />

ciclônicos possam prejudicar os rendimentos econômicos<br />

<strong>de</strong> suas produções. Hoje, não faltam capitalistas buscando<br />

soluções ecológicas para suas crises econômicas.<br />

José Antônio Lutzenberger, importante ecologista, ainda<br />

na década <strong>de</strong> 70, alertava para vários problemas ecológicos<br />

que a humanida<strong>de</strong> começava a sofrer. Deparamos-nos com a<br />

<strong>de</strong>gradação dos últimos ecossistemas intactos e, anualmente,<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> espécies são exterminadas. A<br />

cada dia que passa, o solo vai per<strong>de</strong>ndo sua produtivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>vido à erosão e ao envenenamento generalizado da agroquímica.<br />

Os gran<strong>de</strong>s e pequenos sistemas hídricos vão se<br />

<strong>de</strong>sequilibrando, acentuando com mais força as estiagens e<br />

cheias.<br />

Devido à gran<strong>de</strong> poluição, vivemos hoje o medo <strong>de</strong><br />

per<strong>de</strong>rmos em breve a potabilida<strong>de</strong> dos últimos mananciais<br />

<strong>de</strong> água, po<strong>de</strong>ndo chegar a acontecer “a eliminação <strong>de</strong><br />

todas as formas <strong>de</strong> vida aquática no planeta, inclusive nos<br />

oceanos”, afi rma Lutzenberger. São tantos os <strong>de</strong>sequilíbrios,<br />

que a própria espécie humana está <strong>de</strong>sequilibrada. A vida nas<br />

gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s se torna cada vez mais <strong>de</strong>sagradável para<br />

todos os seus habitantes.<br />

Além da exploração da natureza, o atual mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento é marcado pela exploração do mais forte<br />

sobre o mais fraco. O espírito consumista da atual civilização<br />

favorece uns poucos que possuem gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra<br />

em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> maioria que vive excluída.(1)<br />

16 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

A ecologia está diante <strong>de</strong> inúmeros <strong>de</strong>safi os que <strong>de</strong>vem<br />

ser enfrentados com participação <strong>de</strong> todos. Ou seja, a ecologia<br />

<strong>de</strong>verá ter muitos aliados. É fundamental que todas as ciências<br />

se ocupem dos assuntos ecológicos, e, da mesma forma, as<br />

religiões e <strong>de</strong>mais instituições que queiram promover o bem<br />

estar <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong> planetária.<br />

Ecologia, <strong>de</strong>safi o urbano<br />

A ecologia encontra <strong>de</strong>safi os em toda parte do mundo, mas<br />

as gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s causam maior preocupação. Há 20 anos, a<br />

ecologia urbana se ocupava praticamente da poluição do ar e<br />

do abastecimento <strong>de</strong> águas. Hoje, aparecem problemas como<br />

a “impermeabilização <strong>de</strong> solos, edifícios doentes, emissão <strong>de</strong><br />

gases do efeito estufa, produtos nocivos à camada <strong>de</strong> ozônio,<br />

intoxicação por inseticidas domésticos, contaminação por<br />

amianto”(2). E, nas periferias das cida<strong>de</strong>s, em geral, é enorme<br />

a falta <strong>de</strong> saneamento básico. O jornal Folha <strong>de</strong> São Paulo<br />

(3) publicou um estudo sobre o saneamento básico no<br />

Brasil, revelando que esse é um gran<strong>de</strong> inimigo da vida dos<br />

brasileiros. Segundo o estudo, a falta <strong>de</strong> saneamento básico<br />

no Brasil mata mais do que a criminalida<strong>de</strong>. O ano utilizado<br />

para a pesquisa foi o <strong>de</strong> 1998, quando se registrou a morte<br />

<strong>de</strong> 10.844 pessoas por falta <strong>de</strong> saneamento. E o problema<br />

consiste, principalmente, no <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> verba do setor. É<br />

importante salientar que a partir <strong>de</strong>ssa pesquisa os governos<br />

não priorizaram esta área.<br />

Além <strong>de</strong> viverem gran<strong>de</strong>s problemas ambientais, as<br />

populações urbanas são as gran<strong>de</strong>s consumidoras <strong>de</strong><br />

recursos da natureza. As práticas <strong>de</strong> consumismo são mais<br />

acirradas nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s. Liana John, que atua na área<br />

<strong>de</strong> Ambiente, Ciência e Tecnologia junto à Agência Estado,<br />

mostra um relatório divulgado pelo World Watch Institute,<br />

em que as cida<strong>de</strong>s que ocupam apenas 2% da superfície do<br />

planeta, são responsáveis pelo consumo <strong>de</strong> 76% da ma<strong>de</strong>ira<br />

industrializada e 60% da água doce. O relatório também<br />

mostra que somente a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Londres, na Inglaterra,<br />

para obter alimentos e ma<strong>de</strong>ira para o sustento <strong>de</strong> seus<br />

habitantes, precisa <strong>de</strong> uma área 58 vezes maior do que a que<br />

ocupa. Se esse padrão <strong>de</strong> consumo fosse estendido a todas as<br />

populações urbanas do mundo inteiro, haveria a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> três planetas Terra para que todos pu<strong>de</strong>ssem se sustentar.<br />

A tendência é <strong>de</strong> que aumentem sempre mais as populações<br />

urbanas. No ano 1900, um décimo da população mundial vivia<br />

em cida<strong>de</strong>s. Mas, as projeções diziam que em 2006 e 2007 pelo<br />

menos a meta<strong>de</strong> da população mundial estaria vivendo em


zonas urbanas. Devido a isso, <strong>de</strong>verá haver mudanças em pelo<br />

menos seis áreas: água, lixo, comida, energia, transporte e uso<br />

do solo (4).<br />

Talvez os mais emergentes <strong>de</strong>safi os da ecologia sejam<br />

acalmar o consumo voraz das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, a ambição<br />

dos produtores rurais que utilizam agrotóxicos nas lavouras<br />

para obterem maior rentabilida<strong>de</strong> na produção e a ambição<br />

dos industriais que fazem qualquer negócio para lucrar.<br />

O consumismo e o lucro estão associados e <strong>de</strong>vem ser<br />

combatidos para salvar o planeta.<br />

Não basta apenas reciclar enormes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lixo<br />

- do qual já se estabeleceu um bom mercado - enquanto a<br />

socieda<strong>de</strong> continua a consumir <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>senfreada. É<br />

preciso promover a eco-cidadania, ou seja, que as pessoas<br />

tenham uma mentalida<strong>de</strong> e uma prática <strong>de</strong> vida eco-cidadã<br />

na socieda<strong>de</strong> e que a geração contemporânea tenha um<br />

comportamento ético com relação às gerações futuras. Os<br />

futuros habitantes do planeta não têm ninguém que hoje os<br />

<strong>de</strong>fenda. Não existe o “sindicato ou a associação das gerações<br />

futuras” para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seu direito <strong>de</strong> viver e ter acesso aos<br />

bens da natureza. Além <strong>de</strong> fazer com que todos se sintam<br />

parte do todo, a ecologia tem o <strong>de</strong>safi o <strong>de</strong> fazer com que esta<br />

geração se consi<strong>de</strong>re irmã das futuras gerações, com as quais<br />

temos o compromisso <strong>de</strong> lhes preservar o direito à vida. Como<br />

sugere a Carta da Terra, “a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> cada geração<br />

é condicionada pelas necessida<strong>de</strong>s das gerações futuras”(5).<br />

Que não seja tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais...<br />

Para a Associação Brasileira <strong>de</strong> Entida<strong>de</strong>s Estaduais <strong>de</strong><br />

Meio Ambiente (ABEMA) os principais problemas ambientais<br />

que <strong>de</strong>vem ser prioritariamente combatidos do Brasil, são:<br />

Escassez <strong>de</strong> água pelo mau uso, pela contaminação e por<br />

mau gerenciamento das bacias hidrográfi cas; Contaminação<br />

<strong>de</strong> corpos hídricos por esgotos sanitários e por outros resíduos;<br />

Degradação dos solos pelo mau uso; Perda <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>smatamento e às queimadas; Degradação da<br />

faixa litorânea por ocupação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada; Poluição do ar nos<br />

gran<strong>de</strong>s centros urbanos (6).<br />

Nos últimos anos vem se constatando que a água tem um<br />

valor vital, algo que até a pouco era quase inimaginável. A água<br />

serve para tudo na vida das pessoas; sem esse recurso a vida<br />

pa<strong>de</strong>ce. (...) Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU),<br />

no mundo há 2,2 bilhões <strong>de</strong> pessoas sem água <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e<br />

2,4 sem serviços sanitários a<strong>de</strong>quados. As doenças causadas<br />

por água contaminada matam anualmente dois milhões <strong>de</strong><br />

crianças. E nos países mais pobres chegam a matar uma <strong>de</strong><br />

cada cinco antes <strong>de</strong> completar cinco anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Conforme os dados da Organização Pan-americana <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> (Opas), 20% da população brasileira não têm acesso a<br />

água potável. E para aquela parcela da população que recebe<br />

água em casa, 40% do que sai da torneira não é confi ável.<br />

Meta<strong>de</strong> das casas no Brasil não tem serviço <strong>de</strong> esgotos e 80%<br />

dos esgotos que é coletado vai diretamente para os rios sem<br />

nenhum tipo <strong>de</strong> tratamento. (...)<br />

MeiO aMBieNTe<br />

O nor<strong>de</strong>ste brasileiro vive uma situação terrível <strong>de</strong> miséria<br />

causada pela ausência <strong>de</strong> água potável. E até mesmo nas<br />

regiões <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s mananciais <strong>de</strong> água, como a Amazônia, a<br />

população não tem água <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> para o consumo.<br />

E em gran<strong>de</strong> parte dos centros urbanos brasileiros são<br />

freqüentes os problemas com o abastecimento <strong>de</strong> água (7).<br />

Consciência ecológica e cidadania estão cada vez mais<br />

relacionadas. Aumentam as preocupações com a natureza e<br />

com o ser humano. O fato <strong>de</strong> os problemas ambientais estarem<br />

mais perto dos olhos das pessoas, causa maior interesse em<br />

proteger a natureza, mas é preciso que não seja tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais.<br />

Se, por um lado, nos assustamos com a situação do<br />

nosso planeta, por outro, sentimos que há no mundo gran<strong>de</strong><br />

preocupação com a vida <strong>de</strong> toda a humanida<strong>de</strong>. Cada vez<br />

mais as pessoas no mundo inteiro se preocupam com a paz,<br />

com os direitos humanos e com as questões ambientais dos<br />

seus locais <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> outros povos da Terra. (...) Acontecem<br />

muitos eventos nos mol<strong>de</strong>s do Fórum Social Mundial, que<br />

tratam questões especifi cas, mas que respon<strong>de</strong>m aos anseios<br />

<strong>de</strong> toda a humanida<strong>de</strong>. E, nisso, a tecnologia po<strong>de</strong> ajudar<br />

em muito. Por exemplo, a internet, po<strong>de</strong> possibilitar que as<br />

pessoas saibam da existência dos problemas e das medidas<br />

que são tomadas em outras partes do mundo.<br />

É hora <strong>de</strong> pensar e agir, enfrentar os <strong>de</strong>safi os que se<br />

impõem no nosso tempo. Está na hora <strong>de</strong> fazer opções<br />

<strong>de</strong> mudanças para garantir a vida, como nos sugere José<br />

Lutzenberger: “Ou mudamos nossa fi losofi a <strong>de</strong> vida ou <strong>de</strong> fato<br />

extinguiremos toda a vida do planeta”.<br />

Frei Pilato Pereira<br />

Fra<strong>de</strong> Capuchinho da Província do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

Blog: www.olharecologico.blogspot.com<br />

E-mail: freipilato@gmail.com<br />

(Este artigo foi extraído do trabalho apresentado como exigência parcial<br />

para a conclusão do Curso <strong>de</strong> Pós Graduação Lato Sensu “Abordagem<br />

Transdisciplinar: Ecologia, Educação e Teologia”, no Instituto Teológico<br />

Franciscano, sob a orientação dos professores Sinivaldo S. Tavares e<br />

Ludovico Garmus)<br />

Referências:<br />

1. LUTZENBERGER, José Antônio. Manifesto <strong>de</strong> Curitiba. Declaração <strong>de</strong><br />

Princípios do Movimento <strong>de</strong> Luta Ambiental (Outubro <strong>de</strong> 1978). Disponível<br />

em: http://www.fgaia.org.br/texts/manifesto.html 23/05/03 11:00 On-line<br />

2. JOHN, Liana. Os <strong>de</strong>safi os crescentes da Ecologia Urbana. Centro <strong>de</strong> Ciências<br />

da Educação. Disponível em: http://www.ced.ufsc.br/meioambiente/Tema2.<br />

htm 23/05/03 11:40 On-line<br />

3. Jornal Folha <strong>de</strong> São Paulo. Ca<strong>de</strong>rno Cotidiano. Capa. Saú<strong>de</strong> Pública. Edição<br />

<strong>de</strong> domingo, 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000<br />

4. Cf. L. Jonh. Op. Cit.<br />

5. CARTA DA TERRA. Em: BOFF, Leonardo. Ethos Mundial. Um consenso mínimo<br />

entre os humanos. Brasília: Letraviva, 2000. p. 152<br />

6. ABEMA. Fórum Nacional <strong>de</strong> Secretários Estaduais <strong>de</strong> Meio Ambiente<br />

(20/10/1999). Problemas Ambientais. Disponível em: http://www.abema.<br />

org.br/content/abema/problemas_ambientais/<strong>de</strong>fault.asp 26/05/03 11:00<br />

On-line<br />

7. CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB). Fraternida<strong>de</strong> e<br />

Água: Texto Base CF 2004. São Paulo: Salesiana, 2003. nº 04-12<br />

Especial<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

17


MeiO aMBieNTe<br />

Especial<br />

educaçãO Para a<br />

PreserVaçãO<br />

Um dos temas mais discutidos nas últimas décadas,<br />

que gera confl itos e <strong>de</strong>sperta maior atenção da<br />

humanida<strong>de</strong>, é a preservação do meio ambiente.<br />

Com o avanço das tecnologias, o ser humano viu-se<br />

diante <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s que fi zeram com<br />

que ele tivesse atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senfreadas <strong>de</strong> poluição e <strong>de</strong><br />

não preservação. Conseqüentemente, o planeta passou<br />

a viver sob constante alerta <strong>de</strong> uma catástrofe maior, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong> herança para nossos fi lhos, netos e <strong>de</strong>mais<br />

gerações, um lugar sem nem mesmo ar para respirar,<br />

com todas as pestes possíveis, sem água potável, e com<br />

alimentos <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong> para a sobrevivência, vivendo<br />

à mercê da própria sorte.<br />

É alarmante ver como o <strong>de</strong>smatamento vem<br />

crescendo no dia-a-dia. Nossos rios já não são límpidos;<br />

em nosso ar e em nossos pulmões circulam inúmeras<br />

bactérias, vírus e tantos outros poluentes <strong>de</strong>correntes<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento humano, sem falar na violência<br />

presente nos campos, com a crescente aplicação <strong>de</strong><br />

agrotóxicos nos alimentos.<br />

Temos, pois, uma missão salutar enquanto “presente”:<br />

proporcionar às gerações futuras a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver<br />

neste planeta. Com isso, é urgente a implantação <strong>de</strong><br />

projetos <strong>de</strong> preservação no meio escolar, uma vez que,<br />

quando trabalhados certos temas com crianças, é mais<br />

18 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

fácil <strong>de</strong>senvolver o espírito <strong>de</strong> pertença e colocar em<br />

prática tudo aquilo que um dia foi trabalhado. Afi nal, o<br />

tema da preservação ambiental é <strong>de</strong> extrema importância<br />

para todas as gerações.<br />

Ao educar nossas crianças para o exercício <strong>de</strong><br />

preservação ambiental, estamos também resguardando<br />

suas vidas e sua dignida<strong>de</strong>, enquanto pessoa humana, já<br />

que nossos antepassados pu<strong>de</strong>ram viver num lugar on<strong>de</strong><br />

era possível viver. O ser humano parece querer competir<br />

com Deus. Ele criou o mundo em sete dias; o “bicho<br />

homem”, não contente com sua obra, não lhe dando<br />

valor sufi ciente, busca meios <strong>de</strong> acabar com tudo <strong>de</strong><br />

grandioso que Deus criou, sendo permissivo nas diversas<br />

situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental, fazendo mal uso <strong>de</strong><br />

sua inteligência e competência.<br />

Devemos criar uma consciência crítica e fazer um<br />

auto-exame da nossa postura em todas as nossas ações<br />

cotidianas, visando relacionarmo-nos com Deus e com<br />

todas as criaturas criadas por Ele, dando valor àquilo que<br />

chamamos <strong>de</strong> “nosso” ambiente.<br />

Iê<strong>de</strong> Maria Andra<strong>de</strong> Coutinho<br />

Diretora da Obra Social Nossa Senhora <strong>de</strong> Fátima,<br />

em Montes Claros (MG)<br />

E-mail: ie<strong>de</strong>_seias@yahoo.com.br<br />

Fonte: http://outrapolitica.wordpress.com/2008/08/14/po<strong>de</strong>rosos-interesses-nao-permitem-efetivo-estudo-da-amazonia/


Nos colégios e obras da Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> a questão ambiental faz parte das ações<br />

educativas, por meio da valorização da consciência ecológica e <strong>de</strong> práticas que aliam<br />

a preservação do meio ambiente à promoção social. Exercício da cidadania, respeito à<br />

dignida<strong>de</strong> humana e comunhão com o ecossistema andam <strong>de</strong> mãos dadas na prática <strong>de</strong><br />

uma educação voltada para o ser humano integral. Confi ra, a seguir,<br />

algumas iniciativas nesse sentido:<br />

ascaMare<br />

da PreserVaçãO dO MeiO aMBieNTe À PrOMOçãO sOciaL,<br />

eis sua MissãO.<br />

O<br />

Colégio Imaculada Conceição <strong>de</strong> Leopoldina<br />

(MG) é parceiro da Associação dos Catadores <strong>de</strong><br />

Materiais Recicláveis <strong>de</strong> Leopoldina – Ascamare –<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a gestação <strong>de</strong>sse grupo <strong>de</strong> catadores e catadoras,<br />

que começaram a se organizar em julho <strong>de</strong> 2004. Além<br />

do Colégio Imaculada, outros parceiros têm feito parte<br />

da construção <strong>de</strong>ste projeto <strong>de</strong> transformação social<br />

ao longo <strong>de</strong>sses quase cinco anos: Cáritas Brasileira<br />

Regional Minas Gerais, Cáritas Diocesana <strong>de</strong> Leopoldina,<br />

Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, Paróquia São José<br />

Operário e Pequeninos <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, entre outros.<br />

Nesse período, o Colégio Imaculada tem contribuído<br />

com muita versatilida<strong>de</strong> para que o sonho <strong>de</strong> emancipação<br />

dos catadores e catadoras <strong>de</strong> materiais recicláveis seja<br />

concretizado. O Colégio acolhe reuniões da associação;<br />

realiza coleta e <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> materiais recicláveis;<br />

realiza a Páscoa dos catadores e catadoras, além <strong>de</strong> doar<br />

cestas básicas e recursos fi nanceiros arrecadados na<br />

Gincana <strong>de</strong> Colaboração, realizada anualmente. Além<br />

disso, o Colégio promove momentos <strong>de</strong> intercâmbio<br />

entre catadores(as) e alunos(as) e visitas <strong>de</strong> alunos e<br />

alunas ao galpão da Ascamare. É importante <strong>de</strong>stacar,<br />

ainda, a assinatura <strong>de</strong> Convênio <strong>de</strong> Cooperação Técnica e<br />

Financeira entre a SEIAS - Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação Integral<br />

e <strong>de</strong> Assistência Social/Colégio Imaculada Conceição e a<br />

Justiça social e Meio ambiente<br />

Cáritas Diocesana <strong>de</strong> Leopoldina, com o objetivo <strong>de</strong> dar<br />

apoio à ASCAMARE, por meio do pagamento do aluguel<br />

do galpão dos catadores, localizado à Rua Funchal Garcia,<br />

163, no Bairro São Cristóvão.<br />

Com essas parcerias, a ASCAMARE pô<strong>de</strong> transformar<br />

47,8 toneladas <strong>de</strong> materiais recicláveis. Com ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> tal calibre, está colaborando <strong>de</strong> maneira efetiva, para<br />

que em Leopoldina traga mais vida saudável e vida em<br />

abundância.<br />

Wal<strong>de</strong>ci Campos <strong>de</strong> Souza<br />

Agente da Cáritas Diocesana <strong>de</strong> Leopoldina<br />

A experiência exitosa da Ascamare nos fala da relevância <strong>de</strong> uma ação articulada e cheia <strong>de</strong><br />

intencionalida<strong>de</strong>. Mais do que contribuir, <strong>de</strong> fato, para a preservação do planeta, <strong>de</strong>senvolvendo<br />

ações socioambientais, a <strong>de</strong>fesa incondicional da dignida<strong>de</strong> da vida humana é o tom <strong>de</strong>ssa ação, que<br />

une assistência social, sustentabilida<strong>de</strong> e fraternida<strong>de</strong>.<br />

MeiO aMBieNTe<br />

Especial<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

Foto: Júlio Cesar Pereira Monerat<br />

19


MeiO aMBieNTe<br />

Especial<br />

PasseiOs-esTudO: uMa<br />

FOrMa diVerTida<br />

<strong>de</strong> aPreN<strong>de</strong>r<br />

No Instituto Educacional Imaculada Conceição <strong>de</strong> Mogi Mirim (SP), os alunos <strong>de</strong> todas<br />

as séries têm a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar ativida<strong>de</strong>s extra-classe voltadas para o tema<br />

da preservação ambiental. Os passeios-estudo, programados pela equipe pedagógica,<br />

oferecem aos alunos uma visão sobre as ações humanas e seu impacto no meio ambiente.<br />

“Essas ativida<strong>de</strong>s são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a formação integral do aluno”, explicou<br />

Sandra Helena Botelho, coor<strong>de</strong>nadora comunitária do Colégio Imaculada Conceição.<br />

Este ano, as turmas da Educação Infantil <strong>de</strong>ram início ao calendário anual dos passeiosestudo.<br />

Acompanhados por funcionários <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> turismo e monitores especializados,<br />

os alunos do Pré I e Pré II visitaram, respectivamente, o Apiário Belmonte <strong>de</strong> Campinas e o<br />

Zoológico Municipal <strong>de</strong> Americana. Os passeios propiciaram momentos <strong>de</strong> aprendizagem<br />

sobre o cuidado com o meio ambiente, o respeito e a conservação da natureza.<br />

O Parque da Mônica em São Paulo foi o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong> 1º ano. Diversão e<br />

aprendizagem se uniram e o <strong>de</strong>staque fi cou por conta do Teatro “Aquecimento Global”. Com<br />

diálogos divertidos, o planeta Terra mostrou para os pequenos visitantes a importância <strong>de</strong> se<br />

cuidar bem <strong>de</strong>le, para que todos sejam benefi ciados.<br />

E-mail: colegioimaculada@colegioimaculada.com.br<br />

educaçãO aMBieNTaL Para<br />

aLéM da escOLa<br />

Durante o mês <strong>de</strong> março, os alunos do 9º ano do Colégio Imaculada Conceição, em Leopoldina (MG), que<br />

estavam fazendo um estudo sobre o meio ambiente nas aulas <strong>de</strong> geografi a, realizaram uma pesquisa <strong>de</strong> campo<br />

<strong>de</strong>tectando os principais problemas ambientais da cida<strong>de</strong>. Depois <strong>de</strong> registrarem toda a pesquisa por meio<br />

<strong>de</strong> fotos, montaram uma sala ambiente on<strong>de</strong>, além dos painéis com os registros, havia faixas e cartazes pedindo a<br />

preservação ambiental.<br />

No dia 12 <strong>de</strong> maio, o Colégio recebeu a visita do Secretário<br />

Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente, Júlio César Martins, que visitou<br />

a exposição e falou <strong>de</strong> sua satisfação em po<strong>de</strong>r contar com<br />

jovens engajados na intenção <strong>de</strong> preservar o meio ambiente.<br />

A partir da visita do secretário, foi estabelecida uma parceria<br />

entre a Secretaria Municipal e CIC, por meio dos alunos do 9º<br />

ano, em que fi cou acertada a participação efetiva dos estudantes<br />

no projeto <strong>de</strong> preservação ambiental da cida<strong>de</strong>. Com isso,<br />

eles po<strong>de</strong>rão agir <strong>de</strong> forma concreta no plantio <strong>de</strong> árvores,<br />

recuperação dos córregos e principalmente, como parceiros<br />

na divulgação da consciência e educação socioambiental.<br />

Vírginia Maria Barros Cabral Gonçalves<br />

Professora <strong>de</strong> Geografi a (8º e 9º anos EF) no Colégio Imaculada<br />

Conceição, em Leopoldina (MG)<br />

20 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009


NO iei <strong>de</strong> caMPiNas,<br />

óLeO Vira saBãO e<br />

reNda<br />

No Instituto Educacional Imaculada (IEI) <strong>de</strong> Campinas (SP),<br />

a área <strong>de</strong> Ciências da Natureza tem por meta, para 2009,<br />

<strong>de</strong>senvolver o projeto “Educação Ambiental vivida na<br />

prática”. Entre diversas ativida<strong>de</strong>s, os alunos do 1º ano do Ensino<br />

Médio, orientados pela professora Marisa Castreze Cassani,<br />

prepararam e divulgaram a Campanha da Coleta do óleo <strong>de</strong><br />

cozinha usado.<br />

O objetivo é transformar a escola em posto <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong>sse óleo,<br />

a ser <strong>de</strong>stinado a organizações que o usam como material para a<br />

fabricação <strong>de</strong> sabão. Com isso, o óleo não polui o meio ambiente e<br />

po<strong>de</strong> ser usado para gerar renda para famílias empobrecidas.<br />

Os alunos estão apren<strong>de</strong>ndo a dar ao óleo <strong>de</strong> cozinha uma <strong>de</strong>stinação ecológica e social.<br />

O cartaz<br />

produzido<br />

pelo IEI<br />

conscientiza a<br />

comunida<strong>de</strong><br />

acadêmica e<br />

motiva todos<br />

para que<br />

abracem a<br />

campanha.<br />

MeiO aMBieNTe<br />

Especial<br />

O sabão e bicombustível são produzidos a partir do<br />

reaproveitamento do óleo <strong>de</strong> cozinha. Esse combustível reduz<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente a emissão <strong>de</strong> gases poluentes, além <strong>de</strong><br />

evitar a poluição é econômico.<br />

Muitas vezes as pessoas não reaproveitam esse óleo,<br />

ele simplesmente é <strong>de</strong>spejado pelo ralo, on<strong>de</strong> chega à re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

esgoto e é lançado no mar ou nos rios.<br />

O que <strong>de</strong>vemos fazer?<br />

Po<strong>de</strong>mos procurar postos <strong>de</strong> coleta e entregar o óleo<br />

usado. O Instituto Educacional Imaculada iniciou uma<br />

campanha <strong>de</strong> coleta; por isso junte-se a nós.<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

21


MeiO aMBieNTe<br />

Fonte: http://www.alunos<strong>de</strong>pedrogue<strong>de</strong>s.com.br/adrianapossas.htm<br />

Especial<br />

22 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

a saNTÍssiMa<br />

TriNda<strong>de</strong><br />

criadOra<br />

A<br />

criação é obra da Trinda<strong>de</strong><br />

Criadora. Na caminhada <strong>de</strong> fé<br />

da Igreja alguém soube ver a<br />

criação como obra da Trinda<strong>de</strong>. Foi o<br />

Padroeiro da Ecologia, São Francisco <strong>de</strong><br />

Assis, que sempre manifestava sua fé na<br />

Trinda<strong>de</strong>, criadora <strong>de</strong> todas as coisas.<br />

Para Francisco, a obra da criação<br />

é a primeira intervenção salvífi ca da<br />

Santíssima Trinda<strong>de</strong> na história da<br />

salvação. Em todas as ações salvífi cas<br />

da Trinda<strong>de</strong>, como na criação, são<br />

as três Pessoas Divinas que agem<br />

conjuntamente.<br />

Onipotente, altíssimo,<br />

santíssimo e sumo Deus, Pai santo<br />

e justo, Senhor e Rei dos céus e<br />

da terra, damo-vos graças por<br />

causa <strong>de</strong> vós mesmo, porque<br />

por vossa santa vonta<strong>de</strong> e pelo<br />

vosso único Filho, criastes no<br />

Espírito Santo todos os seres<br />

espirituais e corporais, nos fi zestes<br />

a vossa imagem e semelhança<br />

e nos colocastes no paraíso – e<br />

nós caímos por nossa culpa. E<br />

ren<strong>de</strong>mo-vos graças porque, se<br />

por vosso Filho nos criastes, pelo<br />

mesmo verda<strong>de</strong>iro e santo amor<br />

com que nos amastes o fi zestes<br />

nascer como verda<strong>de</strong>iro Deus e<br />

verda<strong>de</strong>iro homem da gloriosa,<br />

beatíssima, santa e sempre Virgem<br />

Maria (1Rg 23, 1-5).


NOVOs caMiNhOs Para<br />

NOVOs <strong>de</strong>saFiOs<br />

Sala <strong>de</strong> Estudos Avançados atrai estudantes que querem ir<br />

além do conteúdo curricular<br />

Há novos trabalhos em curso no Instituto<br />

Educacional Coração <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, em Bragança<br />

Paulista (SP), que buscam respon<strong>de</strong>r aos<br />

constantes <strong>de</strong>safios que nos são apresentados no cenário<br />

educacional. O primeiro é a Sala <strong>de</strong> Estudos Avançados<br />

- uma sala <strong>de</strong> aula que funciona no período da tar<strong>de</strong> e<br />

acolhe os alunos do 9ºano EF, 1º, 2º e 3ºano do EM. Trata-se<br />

<strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong>, no mínimo, três anos <strong>de</strong> planejamento<br />

e tem por objetivo ir além do conteúdo ministrado nas<br />

aulas do período da manhã. Está voltado, principalmente,<br />

para os alunos que querem ir além, partindo do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

aprofundar conhecimentos.<br />

A própria Constituição brasileira estabelece a<br />

“igualda<strong>de</strong> na diversida<strong>de</strong>” e, assim, nasceu essa Sala <strong>de</strong><br />

Estudos Avançados on<strong>de</strong> são <strong>de</strong>senvolvidos trabalhos<br />

voltados à Geometria plana; noções mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong> teoria<br />

Quântica; aulas-práticas <strong>de</strong> Química mais aprofundadas<br />

sobre temas vistos durante o período da manhã, exercícios<br />

dos mais diversos vestibulares, além da discussão e<br />

análise <strong>de</strong> obras literárias por blocos temáticos. Ainda há<br />

perspectiva <strong>de</strong> novas áreas a serem implantadas.<br />

Os professores fazem o convite para os alunos, que<br />

se sentem <strong>de</strong>safiados e contagiam outros alunos para<br />

fazerem parte do grupo.<br />

Todos levam a sério o trabalho nessa sala que já possui<br />

um espírito <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e união, on<strong>de</strong> os alunos<br />

partilham seus trabalhos e formam equipes também na<br />

diferença. A igualda<strong>de</strong> existe no <strong>de</strong>sejo e na afinida<strong>de</strong> pela<br />

disciplina, mas a ida<strong>de</strong> do grupo vai <strong>de</strong> 14 a 18 anos e traz<br />

resultados surpreen<strong>de</strong>ntes que remetem-nos ao NMPE<br />

– 114 : “Consi<strong>de</strong>ramos a atenção às diferenças como um<br />

elemento imprescindível em nossa ação educativa. Por<br />

isso, <strong>de</strong>ve-se procurar em cada caso o tipo <strong>de</strong> educação<br />

mais a<strong>de</strong>quada às pessoas concretas e uma resposta às<br />

suas peculiarida<strong>de</strong>s... Procura-se, portanto, que a ação<br />

educativa esteja em relação com suas características<br />

psicológicas e com o contexto sociocultural a que<br />

pertencem e on<strong>de</strong> vivem.”<br />

Vale a pena lembrar, também, que trabalhamos<br />

no colégio com alunos em processo <strong>de</strong> inclusão, e no<br />

Ensino Médio, alguns alunos foram diagnosticados<br />

com Transtorno do Déficit <strong>de</strong> Atenção e Hiperativida<strong>de</strong><br />

(TDAH), Processamento Auditivo Central (PAC) e dislexia.<br />

Com eles, temos realizado um trabalho com resultados<br />

muito positivos. Proporcionamos aula <strong>de</strong> Reorientação<br />

<strong>de</strong> Estudos em Português e Matemática para o Ensino<br />

Fundamental II e Plantões <strong>de</strong> Dúvidas <strong>de</strong> todas as<br />

disciplinas do 9º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano<br />

do Ensino Médio.<br />

Com essas iniciativas, reafirmamos nossa missão <strong>de</strong><br />

educar na diversida<strong>de</strong>, atentando para especificida<strong>de</strong>s,<br />

particularida<strong>de</strong>s, respeitando ritmos e fazendo da<br />

construção do conhecimento uma ação colaborativa.<br />

Elisa Maria <strong>de</strong> Moraes Montagnana<br />

Diretora do Instituto Educacional Coração <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>,<br />

em Bragança Paulista (SP)<br />

E-mail: direcao@iecj.com.br<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

23


OBra sOciaL sãO jOsé OPerÁriO,<br />

eM BeLO hOriZONTe (MG),<br />

ceLeBra 40 aNOs <strong>de</strong> cONQuisTas<br />

Criada em 1969 para ser um Ginásio Profi ssionalizante, a obra consolida-se como<br />

importante centro <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong> assistência social<br />

O<br />

ano <strong>de</strong> 2009 está sendo um momento especial<br />

<strong>de</strong> comemorações para todos(as) que fazem<br />

ano, chegaram as máquinas prometidas pelo MEC e, no<br />

ano seguinte, teve início a 1ª série do Ginásio São José<br />

parte da comunida<strong>de</strong> da Obra São José Operário, Operário, com quase 100 alunos, na maioria fi lhos <strong>de</strong><br />

em Belo Horizonte. Há 40 anos, Ir. Felisa Elustondo FI, industriários resi<strong>de</strong>ntes nos bairros próximos.<br />

na época, Superiora do Colégio Imaculada <strong>de</strong> Belo Até 1974, o Ginásio foi mantido pelo Colégio<br />

Horizonte, refl etindo sobre a missão <strong>de</strong> educar das <strong>Filhas</strong> Imaculada Conceição. A partir <strong>de</strong> então, a obra se tornou<br />

<strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, <strong>de</strong>cidiu abrir uma escola para adolescentes da in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e passou a ser mantida pela Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

periferia, que não tinham possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuar seus Educação Integral e <strong>de</strong> Assistência Social (SEIAS). Em 1975,<br />

estudos <strong>de</strong>pois da 4ª série. Após a aprovação do projeto o ginásio passou a <strong>de</strong>nominar-se Escola <strong>de</strong> 1º Grau São<br />

pelo Ministério da Educação e Cultura, foi instalado José Operário. Em 1983, foi construído um novo prédio<br />

um Ginásio Profi ssionalizante, <strong>de</strong> tipo industrial, na Av. para respon<strong>de</strong>r melhor às exigências pedagógicas, em<br />

Otacílio Negrão <strong>de</strong> Lima, no bairro Pampulha.<br />

estilo simples e funcional. Além das instalações, a Obra<br />

No dia 4 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1969, foi inaugurado o Ginásio São José Operário conta com uma área <strong>de</strong> 15 mil m<br />

Orientado para o Trabalho, com bênção da Capela, das<br />

salas <strong>de</strong> aula, da secretaria e da cantina. No fi nal do<br />

2 para<br />

a recreação livre dos alunos, além <strong>de</strong> quadras <strong>de</strong> futebol<br />

salas <strong>de</strong> aula, da secretaria e da cantina. No fi nal do e vôlei.<br />

24 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009


Nossa realida<strong>de</strong> hoje<br />

De 1969 até hoje, muito foi construído nessa Obra.<br />

Hoje, o SJO é uma realida<strong>de</strong> muito mais abrangente,<br />

tendo se tornado um espaço <strong>de</strong> proteção para crianças<br />

e jovens, além <strong>de</strong> ser um espaço <strong>de</strong> promoção humana e<br />

resgate <strong>de</strong> cidadania para crianças, jovens e adultos.<br />

Atualmente, o SJO oferece, na parte da manhã,<br />

ensino fundamental do 6º ao 9º anos, com uma proposta<br />

pedagógica que se alicerça no documento “Nosso<br />

Modo Próprio <strong>de</strong> Educar”. Propomos “uma educação<br />

que valorize o ser humano em todo o seu contexto sóciopolítico-econômico-cultural,<br />

visando ao ensinar-apren<strong>de</strong>r<br />

por meio da vivência cotidiana <strong>de</strong> valores humano–<br />

cristãos, tornando o indivíduo capaz <strong>de</strong> perceber sua<br />

responsabilida<strong>de</strong> na construção <strong>de</strong> sua vida, inserida no<br />

contexto <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais justa” (trecho retirado da<br />

proposta político-pedagógica do SJO).<br />

Os estudantes do 6º ano permanecem na Obra <strong>de</strong><br />

7h20min às 16h20min, <strong>de</strong>ntro do Projeto “São José<br />

Integral”, que se fundamenta em três eixos orientadores<br />

da educação integral: educação ambiental, formação<br />

humano-cristã e corporeida<strong>de</strong>. Tem sido muito bonito o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento dos(as) estudantes nesse processo.<br />

No turno da tar<strong>de</strong>, acolhemos a comunida<strong>de</strong> do<br />

entorno da Obra e <strong>de</strong>senvolvemos ações preventivas e<br />

<strong>de</strong> qualifi cação por meio <strong>de</strong> projetos socioeducativos e<br />

projetos socioprofi ssionais. Os projetos socioeducativos<br />

são: projeto São José Integral; projeto Letras e Números;<br />

bordados e pintura em tecidos; Segundo Tempo/Esporte<br />

Esperança (em parceria com a Prefeitura Municipal <strong>de</strong><br />

Belo Horizonte); projeto Teatro; Artear; Vôlei, e Grupos <strong>de</strong><br />

Jovens.<br />

Os projetos <strong>de</strong> formação e qualifi cação sócioprofi<br />

ssional são: beleza e estética corporal básica<br />

(cabeleireiro, manicura, <strong>de</strong>pilação, massagem redutora<br />

e relaxante); informática básica; corte e costura e<br />

mo<strong>de</strong>lagem básico; panifi cação básica.<br />

Valorizamos cada ação positiva, cada gesto solidário,<br />

cada ação fraterna e cidadã. Com isso, queremos resgatar<br />

a pessoa inteira, muitas vezes sufocada por uma realida<strong>de</strong><br />

violenta e injusta.<br />

Nessa caminhada a serviço da vida e da esperança,<br />

inspirados/as por tudo que Madre Cândida nos <strong>de</strong>ixou,<br />

contextualizamos os nossos projetos em consonância<br />

com a realida<strong>de</strong> vivenciada pela comunida<strong>de</strong> que<br />

acolhemos, priorizando, na missão, o processo humano<br />

<strong>de</strong> evolução, no sentido cristão.<br />

Miriam Silva Loureiro<br />

Diretora da Obra Social São José Operário<br />

E-mail: diretoria@sjo.org.br<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

25


a caMiNhO dO juBiLeu<br />

TeMPO... TeMPO... TeMPO... TeMPO...<br />

Um dos aspectos que mais chama atenção da vida<br />

mo<strong>de</strong>rna é a nossa falta <strong>de</strong> tempo...<br />

Para fugir <strong>de</strong>ssa cena e saborear uma<br />

celebração que nos é muito especial, foi dada a largada<br />

para a preparação <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> marco em nossa história<br />

como leigos e <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>: Vamos celebrar 100 anos<br />

da chegada do primeiro grupo <strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> ao<br />

Brasil em 1911, e cem anos da páscoa <strong>de</strong>fi nitiva <strong>de</strong> Madre<br />

Cândida Maria <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, em Salamanca, em 1912.<br />

E, porque vamos celebrar, é que chamamos <strong>de</strong><br />

JUBILEU, <strong>de</strong> ano jubilar, o período que vai <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 2011 a 9 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2012. Júbilo é<br />

alegria, gratidão e esperança que os 100 anos <strong>de</strong> uma<br />

história a serviço da evangelizaçãoo signifi ca para<br />

todas(os) nós!<br />

Tempo... tempo... tempo... tempo... Parece que ainda<br />

está longe.... tão longe.... Mas estamos propondo uma<br />

Oração ao Tempo<br />

És um senhor tão bonito<br />

Quanto a cara do meu fi lho<br />

Tempo tempo tempo tempo<br />

Vou te fazer um pedido<br />

Tempo tempo tempo tempo...<br />

Compositor <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinos<br />

Tambor <strong>de</strong> todos os rítmos<br />

Tempo tempo tempo tempo<br />

Entro num acordo contigo<br />

Tempo tempo tempo tempo...<br />

Por seres tão inventivo<br />

E pareceres contínuo<br />

Tempo tempo tempo tempo<br />

És um dos <strong>de</strong>uses mais lindos<br />

Tempo tempo tempo tempo...<br />

26 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

Que sejas ainda mais vivo<br />

No som do meu estribilho<br />

Tempo tempo tempo tempo<br />

Ouve bem o que te digo<br />

Tempo tempo tempo tempo...<br />

Peço-te o prazer legítimo<br />

E o movimento preciso<br />

Tempo tempo tempo tempo<br />

Quando o tempo for propício<br />

Tempo tempo tempo tempo...<br />

brinca<strong>de</strong>ira com o tempo, em tempos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>:<br />

Vamos em “câmara lenta”...Saboreando...<br />

Vamos reencontrar pessoas, reconstruir trajetória,<br />

(re)fazer a memória histórica, reunir fatos e testemunhos,<br />

vamos recolher essa história centenária e espalhá-la aos<br />

quatro cantos, do Brasil, do mundo, do planeta, como um<br />

semeador convicto e esperançoso.<br />

Se você tem um registro histórico, pessoal ou coletivo,<br />

uma memória afetiva com relação a Madre Cândida na<br />

sua vida e o centenário das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> no Brasil, juntese<br />

a nós!<br />

Entre em contato, venha celebrar conosco!<br />

Foi dada a largada <strong>de</strong> uma temporada <strong>de</strong> celebração<br />

do i<strong>de</strong>al e do carisma da Madre Cândida e da presença<br />

centenária das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> no Brasil...<br />

EQUIPE DE ANIMAÇÃO DO ANO JUBILAR<br />

E-mail: anojubilarfi @seias.com.br<br />

De modo que o meu espírito<br />

Ganhe um brilho <strong>de</strong>fi nido<br />

Tempo tempo tempo tempo<br />

E eu espalhe benefícios<br />

Tempo tempo tempo tempo...<br />

O que usaremos prá isso<br />

Fica guardado em sigilo<br />

Tempo tempo tempo tempo<br />

Apenas contigo e comigo<br />

Tempo tempo tempo tempo...<br />

E quando eu tiver saído<br />

Para fora do teu círculo<br />

Tempo tempo tempo tempo<br />

Não serei nem terás sido<br />

Tempo tempo tempo tempo...<br />

Caetano Veloso<br />

Ainda assim acredito<br />

Ser possível reunirmo-nos<br />

Tempo tempo tempo tempo<br />

Num outro nível <strong>de</strong> vínculo<br />

Tempo tempo tempo tempo...<br />

Portanto peço-te aquilo<br />

E te ofereço elogios<br />

Tempo tempo tempo tempo<br />

Nas rimas do meu estilo<br />

Tempo tempo tempo tempo...<br />

Leopoldina/MG Belo Horizonte/MG Sobradinho/BA Bragança Paulista/SP


Belo Horizonte, março <strong>de</strong> 2009<br />

Comunicado do ANO JUBILAR<br />

Queridos/as, irmãs, professores/as, alunos/as, pais, funcionários/as e <strong>de</strong>mais amigos/as da Congregação das<br />

<strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>.<br />

Hoje, 02 <strong>de</strong> abril, anunciamos o início da preparação <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> marco em nossa história: 100 anos da<br />

chegada do primeiro grupo <strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, ao Brasil, em 1911 e 100 anos da páscoa <strong>de</strong>fi nitiva <strong>de</strong> Madre Cândida<br />

Maria <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, em Salamanca, em 1912.<br />

Escolhemos o dia 2 <strong>de</strong> abril, porque nesse dia a Madre Cândida recebeu <strong>de</strong> Deus a inspiração <strong>de</strong> fundar a<br />

Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, quando rezava, na igreja do Rosarillo, em Valladolid.<br />

Todas e todos que conhecemos, hoje, a Madre Cândida e a Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, estamos convidadas<br />

e convidados a PARTICIPAR, a DIFUNDIR, a CRIAR!... É a celebração do ANO JUBILAR! Júbilo que é alegria, gratidão<br />

e esperança!<br />

Celebrar 100 anos <strong>de</strong> uma história, a serviço da evangelização, é re-conhecer pessoas, fatos, lugares,<br />

transformações, <strong>de</strong>safi os... É fazer parte <strong>de</strong>ste momento <strong>de</strong> resgate, para, com um olhar no passado, outro no<br />

futuro, reafi rmar criativamente valores que nos aproximam do carisma <strong>de</strong> Madre Cândida.<br />

Contamos com a participação <strong>de</strong> todas e todos, nos diferentes lugares e experiências diversas, para a sugestão<br />

<strong>de</strong> um LEMA e <strong>de</strong> um TEMA, que ressaltem o acontecimento do ANO JUBILAR.<br />

Criá-lo é uma forma <strong>de</strong> expressar um itinerário comum, neste tempo <strong>de</strong> celebração.<br />

Cada presença <strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, no Brasil, está convidada a elaborar um Tema e um Lema, que servirão <strong>de</strong><br />

subsídio para a proposta fi nal. Deverá enviá-lo à Equipe <strong>de</strong> Animação do Ano Jubilar, até 15/06/09, para o seguinte<br />

en<strong>de</strong>reço: anojubilarfi @seias.com.br<br />

Neste ano <strong>de</strong> 2009, a preparação do gran<strong>de</strong> acontecimento quer resgatar a memória histórica, iluminada por<br />

um lema e um tema, embora o tempo Ofi cial do Ano Jubilar será <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2011 a 9 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2012.<br />

Iniciar a motivação para a celebração do Ano Jubilar, neste dia, é uma forma <strong>de</strong> celebrar as sementes lançadas<br />

por Madre Cândida, que <strong>de</strong>ram fl ores, frutos, sombras... envolveram pessoas, fortaleceram comunida<strong>de</strong>s e nos<br />

unem em um mesmo sonho, o Reino <strong>de</strong> Deus.<br />

Um gran<strong>de</strong> abraço,<br />

Montes Claros/MG<br />

Mogi Mirim/SP<br />

Belo Horizonte/MG<br />

Belo Horizonte/MG<br />

P/ Equipe <strong>de</strong> Animação do Ano Jubilar<br />

Ir. Sônia Regina Rosa<br />

Picos/PI<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

27


cursO <strong>de</strong> reNOVaçãO<br />

TrajeTória? caMiNhO? OPOrTuNida<strong>de</strong>? Graça?<br />

Assim quero <strong>de</strong>linear o que foi e continua sendo<br />

para nós o “Curso <strong>de</strong> Renovação”, proporcionado<br />

pela Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, no período<br />

<strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> janeiro a 23 a abril <strong>de</strong> 2009, na Casa Santíssima<br />

Trinda<strong>de</strong>, em Belo Horizonte (MG). Éramos quinze irmãs<br />

<strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, com 10 a 20 anos <strong>de</strong> consagração e<br />

proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> oito países: Taiwan (China), Japão,<br />

Filipinas, Espanha, República Dominicana, Colômbia,<br />

Bolívia e Brasil.<br />

Essa rica experiência <strong>de</strong> encontro consigo mesma,<br />

entre nós e com Deus, se <strong>de</strong>senrolou sob a coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong>dicada <strong>de</strong> Irmã Vilma Moreira da Silva, auxiliada<br />

pela Irmã Ione Derci Ramos. Também, Ir. Clara Echarte,<br />

conselheira geral e responsável pela área <strong>de</strong> formação<br />

inicial e continuada na Congregação, brindou-nos com<br />

sua presença na abertura e nos primeiros dias.<br />

Numa primeira etapa da experiência, fomos<br />

convidadas a aproximarmo-nos <strong>de</strong> nosso “poço vital”,<br />

através da parábola “O País dos Poços” e do texto<br />

bíblico que relata o encontro <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> com a mulher<br />

samaritana. Numa dinâmica <strong>de</strong> auto-análise existencial,<br />

fomos convidadas a recuperar a transparência da água<br />

pura, no mais profundo <strong>de</strong> nossos poços. Trabalhamos<br />

também as relações interpessoais, buscando conhecernos<br />

mutuamente na multicultura que formávamos,<br />

e integrar-nos como grupo, numa vivência alegre,<br />

fraterna, madura, profundamente sororal, facilitadora do<br />

intercâmbio entre as diversas culturas, experimentando,<br />

<strong>de</strong> fato, o universalismo tão característico <strong>de</strong> nossa<br />

vocação <strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>.<br />

28 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

E, para que a vivência fosse “pé no chão”, ajudounos<br />

na refl exão o Padre Gregório Iriarte, o.m.i. trazendonos<br />

chaves <strong>de</strong> leitura, interpretação e análise crítica da<br />

conjuntura mundial, espaço privilegiado da revelação<br />

<strong>de</strong> Deus e lugar sagrado <strong>de</strong> encarnação-serviço da Vida<br />

Consagrada.<br />

As semanas seguintes foram <strong>de</strong>dicadas ao estudo,<br />

refl exão, oração e partilha sobre o itinerário espiritual do<br />

“peregrino” Ignácio <strong>de</strong> Loyola, através <strong>de</strong> sua autobiografi a<br />

e do caminho <strong>de</strong> evangelho <strong>de</strong>ixado por Madre Cândida<br />

Maria <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, Fundadora da Congregação, através <strong>de</strong><br />

sua vida e seus Apontamentos Espirituais, atualizados<br />

para o hoje nos documentos congregacionais.<br />

Ajudou-nos também, na “Leitura Orante da Palavra<br />

<strong>de</strong> Deus”, a Irmã Virma Barion, Carmelita <strong>de</strong> Vedruna que<br />

conduziu-nos, através da “hermenêutica da imaginação”,<br />

à leitura orante do Evangelho <strong>de</strong> Lucas, fazendo-nos<br />

saborear as riquezas dos encontros <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, seus<br />

critérios, sua opção fundamental e única pelo Pai e pelo<br />

Reino e sua consequente opção pela “loucura da cruz”.<br />

A centralida<strong>de</strong> da experiência foram os “Exercícios<br />

Espirituais <strong>de</strong> 30 dias”, realizados <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> fevereiro a 23<br />

<strong>de</strong> março, e orientados pelo Padre Fernando Londoño,<br />

SJ: um tempo <strong>de</strong> graça, <strong>de</strong> comunicação do Espírito;<br />

tempo <strong>de</strong>, “mais que saber, sentir e saborear as coisas<br />

internamente”, seguindo a sábia pedagogia <strong>de</strong> Inácio<br />

<strong>de</strong> Loyola; um tempo <strong>de</strong> reavivamento <strong>de</strong> nossa opção<br />

fundamental pelo seguimento <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> pobre e humil<strong>de</strong>;<br />

tempo <strong>de</strong> convite a voltar ao “Amor Primeiro”, a sair <strong>de</strong><br />

nosso próprio “amor, querer e interesse”, para centrar


a vida Nele e em seus preferidos(as); tempo <strong>de</strong> avançar<br />

para as “águas profundas”; tempo para <strong>de</strong>ixar-nos<br />

marcar pelos traços in<strong>de</strong>léveis do Espírito que plasma<br />

em cada uma <strong>de</strong> nós a graça da vocação e da comunhão<br />

carismática com Cândida Maria.<br />

Assim, animadas pela força do Espírito, partimos para<br />

a “Experiência Apostólica” dividindo-nos em grupos <strong>de</strong><br />

missão, em comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>,<br />

na Argentina, Bolívia, nor<strong>de</strong>ste do Brasil e norte <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais. Através da presença, convivência e trabalho<br />

missionário junto às nossas irmãs na inserção em meio<br />

aos pobres, pu<strong>de</strong>mos experimentar a sorte <strong>de</strong> nossos<br />

irmãos e irmãs mais necessitados, bem como a riqueza<br />

<strong>de</strong> uma fé simples e encarnada no cotidiano da luta por<br />

mais vida e mais dignida<strong>de</strong>.<br />

Ao longo do curso, tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visitar<br />

e conviver fraternalmente com as comunida<strong>de</strong>s das <strong>Filhas</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte e <strong>de</strong> Santa Luzia, celebrando,<br />

compartilhando uma merenda, contemplando todo o<br />

bem que po<strong>de</strong>m realizar nas realida<strong>de</strong>s em que estão;<br />

solidarizamo-nos também com a “Ocupação Dandara”,<br />

em sua luta por casa e dignida<strong>de</strong> e com a “Pastoral <strong>de</strong><br />

Rua”, através do relato-<strong>de</strong>poimento emocionado <strong>de</strong><br />

Elisângela, ex-moradora <strong>de</strong> rua; unimo-nos à Igreja <strong>de</strong><br />

Belo Horizonte na celebração dos 100 anos <strong>de</strong> Dom Hel<strong>de</strong>r<br />

Câmara, profeta dos pobres e oprimidos; celebramos, no<br />

dia <strong>de</strong>dicado à Vida Consagrada, o envio <strong>de</strong> três irmãs<br />

(entre elas, uma Filha <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>) a Felizburgo, Norte<br />

<strong>de</strong> Minas, com objetivo <strong>de</strong> compor uma comunida<strong>de</strong><br />

intercongregacional a serviço dos pobres, no Vale do<br />

Jequitinhonha.<br />

E, para cumular o manancial <strong>de</strong> graças e bênçãos <strong>de</strong><br />

Deus, tivemos a grata alegria <strong>de</strong> receber a nossa Superiora<br />

Geral, Maria Inez Mendonça, para o encerramento do<br />

curso. “Ser mulheres do Espírito”: esta foi a proposta<br />

que nos fez Maria Inez. De verda<strong>de</strong>, é o Espírito quem<br />

<strong>de</strong>senha em nós a imagem <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>. Fomos enviadas<br />

e reenviadas, em nome <strong>de</strong>ste Enviado do Pai, o Senhor<br />

<strong>Jesus</strong>, e Ele nos dará seu Espírito sem medida, para que<br />

sejamos “presença encarnada – na carne do mundo” com<br />

todas as consequências que isso supõe.<br />

Somos <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, estamos nas mãos <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>,<br />

somos seus instrumentos. É Ele quem nos leva, nos<br />

conduz. O único modo para que haja realização da vida,<br />

renovação, é entregarmos a Ele nossa vida, e entregar<br />

essa vida plenifi cada Nele, ao Outro.<br />

Eis o convite: “Ser mulheres novas, pelo Espírito.”<br />

Trajetória! Caminho! Oportunida<strong>de</strong>! Graça!<br />

Maria José Alves Machado, F.I.<br />

E-mail: zezefi @hotmail.com<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

29


O sTeLLa Maris<br />

eM MiNha Vida...<br />

Para a maioria das crianças e adolescentes, a escola é como se fosse um segundo lar. Um<br />

espaço <strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> si mesmo e do mundo, que marca, <strong>de</strong>fi nitivamente,<br />

a história <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> qualquer pessoa. No Centro Popular <strong>de</strong> Educação e Assistência Social<br />

Stella Maris, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, algumas turmas do 9º ano, da professora Lílian Pedro, foram<br />

convidadas a realizar um exercício <strong>de</strong> refl exão e expressão sobre o sentido da escola em suas<br />

vidas. A seguir, algumas das belas e reveladoras redações produzidas pelos alunos:<br />

Refl etindo sobre a escola<br />

O Stella Maris foi o início da minha vida. Foi aqui que<br />

aprendi tudo que sei.<br />

Aqui, tive meu primeiro amor, minha primeira briga,<br />

minhas primeiras notas altas e baixas.<br />

Nove anos vivendo e apren<strong>de</strong>ndo. Minhas verda<strong>de</strong>iras<br />

amiza<strong>de</strong>s nasceram aqui, mas não morrerão quando tudo<br />

isso acabar, será eterno.<br />

Tantos professores, tantas matérias, tantas provas,<br />

tantos coor<strong>de</strong>nadores.<br />

Minha conselheira número um está aqui e sempre<br />

vai estar no meu coração. Uma<br />

senhorinha encantadora que<br />

além <strong>de</strong> me aconselhar, cuida<br />

das minhas dores.<br />

Stella Maris, obrigada por<br />

existir na minha vida e fazer <strong>de</strong>la<br />

os meus momentos mais felizes,<br />

você estará guardado ao lado<br />

esquerdo do meu peito.<br />

Karoline Morais Santiago<br />

Turma: 25 - 9º ano<br />

O que é a escola para mim?<br />

Não é apenas on<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>mos as matérias. É o local em que eu construo meu futuro e vivo o meu presente. É<br />

on<strong>de</strong> faço amigos, on<strong>de</strong> conheço pessoas que fi carão marcadas na minha vida. É o lugar em que eu aprendo a viver e<br />

a enfrentar o mundo.<br />

Stella Maris, uma escola que acolhe seus alunos, on<strong>de</strong> todo mundo é uma gran<strong>de</strong> família que se ajuda entre si.<br />

Local on<strong>de</strong> tive ótimos professores, que estão me preparando para o futuro, e que fazem <strong>de</strong> tudo para a melhoria do<br />

alunado, contribuindo, assim, com o nosso país.<br />

Muitas crianças não gostam <strong>de</strong> seus professores, por passarem <strong>de</strong>veres, provas e chamarem<br />

atenção sobre notas baixas. Mas elas não sabem que um dia irão agra<strong>de</strong>cer a eles por tudo<br />

que fazem pelo nosso bem.<br />

Gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer ao Stella Maris por tudo que me proporcionou, do CA ao 9º ano,<br />

período em que estou agora. Aprecio muito todo o esforço da escola, inclusive o auxílio dos<br />

funcionários em manter o colégio e ajudar a quem não po<strong>de</strong> pagar um bom ensino.<br />

Agra<strong>de</strong>ço muito à Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, fundadoras do Stella Maris e <strong>de</strong> muitas outras<br />

instituições, que nos proporcionam a formação <strong>de</strong> um verda<strong>de</strong>iro cidadão.<br />

Paula Dias De Figueiredo<br />

Turma: 24 - 9º ano<br />

30 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

A escola Stella Maris para mim signifi ca uma vida,<br />

pois a maior parte <strong>de</strong>la foi fi car aqui. Foram nove anos e<br />

este é o meu último aqui, mas acredito que quando sair<br />

da escola, vou me lembrar <strong>de</strong> cada momento passado,<br />

lembrar dos risos, das aventuras, das bagunças, das<br />

broncas, enfi m lembrar <strong>de</strong> tudo, porque isso foi muito<br />

importante para mim. O melhor <strong>de</strong> tudo que aconteceu,<br />

foi conhecer amigos verda<strong>de</strong>iros, aqueles que eu vou<br />

levar para a vida toda, aqueles que fazem muita falta.<br />

Eu agra<strong>de</strong>ço por ter estudado, pois eu fui feliz. Houve<br />

momentos <strong>de</strong> tristeza, claro! Mas<br />

na vida temos altos e baixos, ou<br />

seja, nem tudo é bom, e o ruim<br />

disso é que eu vou sentir muitas<br />

sauda<strong>de</strong>s, tanto dos professores<br />

quanto dos meus amigos e é<br />

por isso, que até o fi m, eu vou<br />

lembrar <strong>de</strong> um sonho chamado<br />

Stella Maris.<br />

Gabrielle Brum Lopes da Silva<br />

Turma: 25 - 9º ano


Aconteceu na Re<strong>de</strong><br />

PreseNça <strong>de</strong> Fé e esPeraNça<br />

NO MeiO dOs POBres<br />

Religiosas <strong>de</strong> diferentes congregações se unem para viver<br />

em comunida<strong>de</strong> no Vale do Jequitinhonha<br />

Uma pequena cida<strong>de</strong> no Vale do Jequitinhonha (MG),<br />

com uma população <strong>de</strong> 6.364 habitantes, é o lugar on<strong>de</strong><br />

se vivencia uma bela experiência da Vida Religiosa.<br />

Felisburgo, na diocese <strong>de</strong> Almenara, abriga a comunida<strong>de</strong><br />

intercongregacional Nossa Senhora da Esperança, formada<br />

por quatro irmãs <strong>de</strong> três congregações: Irmã Barbara –<br />

Missionárias <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> Crucificado, Irmã Reginalda – <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Jesus</strong>, Suzana e Anne – Irmãs <strong>de</strong> São José <strong>de</strong> Rochester.<br />

O sonho <strong>de</strong> se criar uma comunida<strong>de</strong> intercongregacional<br />

nasceu da experiência da missão realizada durante uma<br />

Semana Santa. A proposta foi discutida nas Assembléias<br />

Regionais ordinárias da Conferência dos Religiosos do Brasil<br />

(CRB). A partir <strong>de</strong> várias reflexões, constatou-se que seria <strong>de</strong><br />

suma importância que um grupo <strong>de</strong> religiosas pu<strong>de</strong>sse armar<br />

a sua tenda entre o povo sofrido, além do período <strong>de</strong><br />

semana santa.<br />

Para concretizar esse projeto, Ir. Solange <strong>de</strong> Fátima<br />

Damião – CRSD, assessora da Regional MG, começou a<br />

articular com algumas províncias sobre a disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> irmãs que pu<strong>de</strong>ssem abraçar o projeto. A resposta foi<br />

imediata por parte <strong>de</strong> duas congregações: Irmãs <strong>de</strong> São<br />

José <strong>de</strong> Rochester e <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, somando <strong>de</strong>pois as<br />

Missionárias <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> Crucificado.<br />

No processo <strong>de</strong> discernimento, a diocese <strong>de</strong> Almenara<br />

foi contemplada para a implantação <strong>de</strong>ssa comunida<strong>de</strong><br />

intercongregacional. O bispo Dom frei Hugo Mari van<br />

Steekelenburg, OFM, acolheu o projeto com muito gosto e<br />

tem dado todo apoio. A comunida<strong>de</strong> está na Paróquia Nossa<br />

Senhora do Rosário, município <strong>de</strong> Felisburgo.<br />

A chegada <strong>de</strong> Reginalda, Suzana e Anne coincidiu<br />

com o início da Quaresma <strong>de</strong> 2009. Foi uma oportunida<strong>de</strong><br />

boa para participarmos dos encontros da Campanha da<br />

Fraternida<strong>de</strong> e conhecer os quatros pontos da cida<strong>de</strong>, o<br />

povo e os lí<strong>de</strong>res. Reginalda e Anne passaram a Semana<br />

Santa com duas comunida<strong>de</strong>s rurais, e Suzana ficou na<br />

cida<strong>de</strong>, acompanhando um ministro que visitou outras<br />

comunida<strong>de</strong>s e as ativida<strong>de</strong>s na cida<strong>de</strong>.<br />

Além <strong>de</strong> matriz, a paróquia tem três comunida<strong>de</strong>s na<br />

periferia da cida<strong>de</strong> e seis comunida<strong>de</strong>s rurais, incluindo um<br />

acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem<br />

Terra (MST), uma comunida<strong>de</strong> quilombola e assentamentos.<br />

Nunca houve uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> religiosas morando aqui.<br />

A paróquia e as comunida<strong>de</strong>s têm muitos lí<strong>de</strong>res leigos e<br />

leigas bem treinados.<br />

Felisburgo está situada em uma região <strong>de</strong> terras férteis,<br />

mas com muita pobreza, marcada pela presença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

fazen<strong>de</strong>iros e <strong>de</strong> muitos coronéis. Sua historia recente é<br />

marcada pelo massacre <strong>de</strong> cinco agricultores rurais sem<br />

terra, em novembro <strong>de</strong> 2004, por jagunços <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong><br />

latifundiário da região. Sendo uma cida<strong>de</strong> pequena, possui<br />

os mesmos problemas <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s maiores: <strong>de</strong>semprego,<br />

alcoolismo, prostituição, violência, exploração sexual <strong>de</strong><br />

crianças, drogas etc.<br />

Nossa casa está ao lado do Mercado Municipal, on<strong>de</strong><br />

todos os sábados o povo do campo vem com seus produtos<br />

para ven<strong>de</strong>r. Nesse dia e também nos outros dias, nossa<br />

casa está aberta para acolher as pessoas, partilhando a vida<br />

e saboreando o <strong>de</strong>licioso cafezinho mineiro.<br />

Queremos assumir durante o período <strong>de</strong> 2009 a 2012<br />

uma missão intercongregacional na diocese <strong>de</strong> Almenara,<br />

município <strong>de</strong> Felisburgo, sendo presença evangelizadora<br />

no meio <strong>de</strong>sse povo sofrido, na cida<strong>de</strong>, nas periferias, nos<br />

acampamentos e assentamentos <strong>de</strong> sem terra, com a<br />

formação <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças e animação da fé e esperança.<br />

Assumimos em nossa vida fraterna os objetivos e<br />

priorida<strong>de</strong>s da CRB regional para o triênio 2007-2010 e o<br />

que nos apresenta a V Conferência Geral do Episcopado da<br />

America Latina e Caribe em Aparecida:<br />

- Reafirmar o compromisso da Vida Religiosa a serviço<br />

da vida, diante das gran<strong>de</strong>s questões sociais e ambientais,<br />

e fortalecer a inserção nos meios populares e em novos<br />

espaços <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e cidadania.<br />

- Ampliar as alianças intercongregacionais, as re<strong>de</strong>s e<br />

parcerias, na formação e missão, e intensificar a partilha dos<br />

carismas com leigos e leigas.<br />

“Em comunhão com os pastores, as consagradas e<br />

consagrados são chamados a fazer seus lugares <strong>de</strong> presença,<br />

<strong>de</strong> sua vida fraterna em comunhão, e <strong>de</strong> suas obras, lugares<br />

<strong>de</strong> anúncio explícito do Evangelho. Principalmente aos mais<br />

pobres, como tem sido em nosso continente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início<br />

da evangelização. Desse modo, segundo seus carismas<br />

fundacionais, colaborando com a gestação <strong>de</strong> uma nova geração<br />

<strong>de</strong> cristãos discípulos e missionários e <strong>de</strong> uma nova socieda<strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> se respeite a justiça e a dignida<strong>de</strong> da pessoa humana”.<br />

(Doc. Aparecida 217)<br />

Ir. Reginalda Men<strong>de</strong>s Barbosa, F.I.<br />

E-mail: regimen<strong>de</strong>sfi@yahoo.com.br<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

31


Aconteceu na Re<strong>de</strong><br />

32 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

ACONTECEU NA REDE<br />

Juventu<strong>de</strong> conta com<br />

Equipe Provincial <strong>de</strong> Assessoria<br />

A presença junto à juventu<strong>de</strong> é um compromisso<br />

prioritário que vem sendo assumido por nós, <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Jesus</strong>, em nosso Projeto <strong>de</strong> Vida em Missão. Assim, com<br />

o objetivo <strong>de</strong> renovar a opção afetiva e efetiva pelas<br />

juventu<strong>de</strong>s, os grupos <strong>de</strong> jovens nas escolas e comunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> nossa Província contam, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do ano, com<br />

uma nova equipe formada em parceria com jovens<br />

educadores leigos: a Equipe Provincial <strong>de</strong> Assessoria às<br />

Juventu<strong>de</strong>s (EPAJ), assim constituída: Cleonice <strong>de</strong> Fátima<br />

Mota (F.I.), Gisélia Maria <strong>de</strong> Sousa (F.I.), Isabella Fernan<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Oliveira (Jovem Leiga), Patrícia Helena Coimbra (F.I.),<br />

Peterson Barros Gomes (Leigo), Vera Lúcia La<strong>de</strong>ia Ramos<br />

(F.I.) e Sebastião Everton <strong>de</strong> Oliveira (Leigo).<br />

Dentre as ações voltadas para a juventu<strong>de</strong> e realizadas<br />

em 2009, <strong>de</strong>staca-se a tradicional “Páscoa Juvenil” que,<br />

todos os anos, movimenta estudantes da Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Jesus</strong> <strong>de</strong> várias partes do Brasil. Este ano, a Páscoa Juvenil<br />

reuniu cerca <strong>de</strong> 80 jovens em Bragança Paulista (SP), entre<br />

os dias 8 e 11 <strong>de</strong> abril.<br />

Patrícia Helena Coimbra<br />

Juniora Filha <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />

E-mail: patriciafi 2003@yahoo.com.br<br />

Mais uma vez, um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> jovens participou da Páscoa Juvenil. Momentos <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong>,<br />

partilha <strong>de</strong> experiências e <strong>de</strong>scontração marcaram o encontro, realizado em Bragança Paulista.


Aconteceu na Re<strong>de</strong><br />

Olimpíada esportiva e cultural agita Mogi Mirim/SP<br />

De 27 a 30 <strong>de</strong> abril, os alunos do 2º ao 9º ano do<br />

Instituto Educacional Imaculada Conceição <strong>de</strong> Mogi<br />

Mirim/SP realizaram a sua XVIII Olimpíada que, este ano,<br />

integrou ativida<strong>de</strong>s esportivas e culturais. O objetivo<br />

principal da Olimpíada é proporcionar situações <strong>de</strong><br />

vivência cooperativa nos grupos e promover o respeito<br />

entre os alunos, por meio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que contemplem<br />

todas as áreas do conhecimento.<br />

Na abertura das ativida<strong>de</strong>s, com a presença <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> 1500 pessoas, os alunos fi zeram o juramento do<br />

atleta, ao lado <strong>de</strong> Dirceu da Silva Paulino, mogimiriano<br />

campeão da Superliga <strong>de</strong> Vôlei 2009. Em seguida, foram<br />

apresentados números <strong>de</strong> dança e arte circense, além<br />

da Fanfarra IC. Ao longo dos quatro dias da Olimpíada,<br />

Votos Perpétuos <strong>de</strong><br />

Joseilda Aparecida Andra<strong>de</strong> Borges<br />

Nos dias 28,29 e 30 <strong>de</strong> maio, as comunida<strong>de</strong>s da<br />

Paróquia <strong>de</strong> Todos os Santos, em Feira <strong>de</strong> Santana/BA, se<br />

reuniram em preparação aos votos perpétuos <strong>de</strong> nossa<br />

querida Joseilda Aparecida Andra<strong>de</strong> Borges, celebrando<br />

um tríduo com o tema central “O Espírito Santo nos<br />

convoca à missão”.<br />

No primeiro dia, refl etimos sobre o tema “Nossa<br />

missão no mundo”. No segundo dia, “A missão na<br />

comunida<strong>de</strong>” e no terceiro dia, “A missão na vida <strong>de</strong><br />

Cândida Maria <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>”, culminando, assim, com<br />

a linda celebração dos votos perpétuos <strong>de</strong> Joseilda,<br />

realizada no dia 31 <strong>de</strong> maio.<br />

Nesses dias estiveram presentes, além da família <strong>de</strong> Jó,<br />

leigos e irmãs das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Picos, Marcos Parente,<br />

Sobradinho, Leopoldina, Conjunto Cristina, Juniorado,<br />

Belo Horizonte e Felisburgo que, com muito carinho,<br />

foram acolhidos por algumas famílias da comunida<strong>de</strong>.<br />

Experimentamos uma convivência fraterna e solidária<br />

nas situações que vivenciamos nesses dias.<br />

os alunos se envolveram em práticas esportivas – vôlei,<br />

basquete, queimada, han<strong>de</strong>bol e futebol <strong>de</strong> salão – e<br />

culturais – sudoku, gincana <strong>de</strong> atualida<strong>de</strong>s, soletrando,<br />

Gamic e outros.<br />

Neste ano, o evento promoveu uma ação solidária: a<br />

arrecadação <strong>de</strong> sabonetes <strong>de</strong>stinados ao lar Emanuel, uma<br />

entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amparo social a idosos, da qual o Colégio é<br />

parceiro. Segundo as responsáveis pela organização das<br />

ativida<strong>de</strong>s, as coor<strong>de</strong>nadoras pedagógicas Dulce Helena<br />

Bronzatto e Noely Maia, a Olimpíada apresentou-se<br />

como um momento importante para toda a comunida<strong>de</strong><br />

escolar e se inseriu no Projeto Integrado 2009, que tem o<br />

tema “Cultura da paz. Juntos somos mais.”<br />

E-mail: colegioimaculada@colegioimaculada.com.br<br />

Que bonito foi celebrar os votos <strong>de</strong> Jó, unindo o<br />

sentido e o signifi cado da Festa <strong>de</strong> Pentecostes ao do<br />

nascimento da Madre Cândida! Para as <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> que<br />

pu<strong>de</strong>ram estar presentes nessa celebração junto com a Jô,<br />

esse dia renovou, em cada uma <strong>de</strong> nós, nossa resposta ao<br />

seguimento <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> sendo <strong>Filhas</strong> e irmãs.<br />

Equipe <strong>de</strong> preparação dos votos perpétuos<br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

33


Aconteceu na Re<strong>de</strong><br />

Encontro Regional <strong>de</strong> Missionários e Missionárias<br />

Madre Cândida - “Não há cristianismo sem missão”<br />

Foi com muita alegria que 32 representantes dos<br />

grupos dos Missionários e Missionárias Madre Cândida<br />

se encontraram na Casa Santíssima Trinda<strong>de</strong>, em Belo<br />

Horizonte, no dia 7 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2009, para um<br />

momento <strong>de</strong> formação, oração e partilha.<br />

Viemos <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s diferentes, dos estados <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais, Rio <strong>de</strong> Janeiro e Goiás, mas, quando nos juntamos,<br />

percebemos a unida<strong>de</strong> do Carisma Missionário.<br />

Iniciamos nosso encontro com uma dinâmica <strong>de</strong><br />

entrosamento e, em seguida, tivemos a palestra do Pe.<br />

Delmar, <strong>de</strong> Belo Horizonte, com o tema “Dentro da nossa<br />

espiritualida<strong>de</strong>, iluminada pelos Exercícios Espirituais <strong>de</strong><br />

Santo Inácio, enfatizar a Missão”.<br />

Foi uma palestra muito rica, nos <strong>de</strong>ixando à vonta<strong>de</strong><br />

para discutirmos o tema. Ele começou nos questionando:<br />

Será que o cristianismo vai sobreviver?<br />

Durante o <strong>de</strong>bate, concluímos que precisamos cuidar<br />

da qualida<strong>de</strong> do nosso encontro com Cristo. Não existe<br />

cristianismo sem missão. Missão é vida, viver para a opção<br />

é missão. Precisamos evangelizar – “dar o evangelho” –<br />

sair <strong>de</strong> nós mesmos; ser evangelizados - evangelizar-se<br />

– voltar a si mesmo - <strong>de</strong>ixar que o evangelho entre em<br />

nós, porque, se transmitimos o evangelho, é porque já o<br />

contemplamos.<br />

Contemplar a Bíblia, olhar com os olhos <strong>de</strong> Deus,<br />

“pois não é o muito saber que satisfaz a alma, mas o sentir,<br />

o saborear”.<br />

34 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

Ninguém chega diante <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong> mãos vazias; o<br />

mais importante é o nosso relacionamento com Ele. E,<br />

como discípulos, para contagiar as pessoas, temos que<br />

passar pela alegria do que somos, ser otimistas, acreditar<br />

no Ser Humano.<br />

O discípulo é alguém que apren<strong>de</strong> a ser comunida<strong>de</strong>,<br />

viver em comunida<strong>de</strong>, sendo o mais importante, o outro.<br />

Assim, o cristianismo se renova como fogo...<br />

Na segunda parte do encontro, fizemos uma partilha<br />

da caminhada <strong>de</strong> cada grupo e partilhamos o que<br />

po<strong>de</strong>ríamos assumir juntos(as).<br />

Concluímos que precisamos contagiar mais pessoas,<br />

pensando na prática, no meio em que vivemos: trabalho,<br />

família, comunida<strong>de</strong>.<br />

As coisas <strong>de</strong> Deus vêm para vivermos melhor e<br />

buscarmos um mundo melhor para todos.<br />

Com bastante entusiasmo pela riqueza vivenciada<br />

durante esse dia, voltamos para nossas casas<br />

reanimados, levando conosco a promessa <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> aos<br />

seus discípulos:<br />

“Não temam! Estarei com vocês todos os dias, até os<br />

confins dos tempos”. (Mc 16,20)<br />

Olinda Maria Cabral<br />

Missionária Madre Cândida em Leopoldina (MG)<br />

E-mail: olindacg@terra.com.br


Evoluir sem per<strong>de</strong>r o referencial...<br />

Se você, caro(a) leitor(a), que agora já<br />

vem se tornando um(a) habitual leitor(a),<br />

visto que estamos na nossa 6ª Edição da<br />

Revista EM REDE , está pensando que vem aí<br />

mais um artigo <strong>de</strong> base fi losófi ca, didática e<br />

pedagógica... você po<strong>de</strong> estar enganado(a).<br />

Estamos trazendo para partilhar<br />

nessa edição a realização da 43ª<br />

Reunião Administrativa da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Educação Integral e <strong>de</strong> Assistência Social,<br />

personalida<strong>de</strong> jurídica e civil das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Jesus</strong> no Brasil.<br />

Evoluir sem per<strong>de</strong>r o referencial...<br />

Essa frase nos é muito “cara” quando lidamos<br />

com aspectos tecnológicos, administrativos, econômicos e<br />

outras tantas faces <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve dar<br />

suporte à continuação da missão da Madre Cândida.<br />

Por isso , na edição do tradicional Encontro das Áreas<br />

Administrativas em 2009, resolvemos subverter a or<strong>de</strong>m.<br />

Ao invés <strong>de</strong> planilhas... os planos <strong>de</strong> Deus...<br />

Ao invés <strong>de</strong> wireless , reforçamos os elos da nossa Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>...<br />

Ao invés <strong>de</strong> correria... danças circulares...<br />

Ao invés <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> focada nas situações <strong>de</strong> exclusão... a acolhida<br />

ao nosso colega que trabalha ao lado...<br />

Ao invés <strong>de</strong> marketing... fomos pessoalmente anunciar a boa nova...<br />

Ao invés <strong>de</strong> longas escutas... partilhas participativas vindas <strong>de</strong> cada canto<br />

do país...<br />

O resultado???<br />

Só o tempo dirá!<br />

Estivemos reunidos(as) em Belo Horizonte, nos dias<br />

05 e 06 <strong>de</strong> maio, lançando as bases <strong>de</strong> um<br />

tempo comum que queremos novo a cada<br />

dia.<br />

Tempos <strong>de</strong> mais diálogo, colaboração,<br />

<strong>de</strong> mais discernimento, escuta e acolhida<br />

aplicada ao cotidiano do trabalho<br />

organizacional.<br />

É assim... evoluir sem per<strong>de</strong>r o<br />

referencial!<br />

E-mail: seiasadm@seias.com.br<br />

Aconteceu na Re<strong>de</strong><br />

Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

35


MeiO aMBieNTe<br />

Preservar o meio ambiente é muito importante para<br />

que possamos ter um planeta saudável e rico em<br />

recursos naturais no futuro.<br />

Seguem algumas medidas que po<strong>de</strong>mos facilmente<br />

tomar em casa e na nossa escola:<br />

Água<br />

• Escovando os <strong>de</strong>ntes - <strong>de</strong>sligue a água enquanto faz a<br />

escovação.<br />

• Lavando a louça - <strong>de</strong>sligue a água enquanto ensaboa<br />

pratos, copos, talheres e panelas.<br />

• Tomando banho - nada <strong>de</strong> banhos muito longos e<br />

quando estiver se ensaboando, <strong>de</strong>sligue a torneira.<br />

Energia<br />

• Desligue as luzes - ao sair do seu quarto, sala ou cozinha<br />

não esqueça <strong>de</strong> apagar as luzes.<br />

• Desligue aparelhos eletrônicos - não <strong>de</strong>ixe a televisão,<br />

rádio ou computador ligado caso não esteja sendo<br />

utilizado.<br />

• Ar condicionado - utilize com mo<strong>de</strong>ração!<br />

Lixo<br />

curiOsida<strong>de</strong><br />

e diVersãO<br />

• Coleta seletiva - tenha uma atitu<strong>de</strong> bacana. Programe a<br />

coleta seletiva na sua casa. É muito fácil, basta separar<br />

os lixos em: material orgânico, papel, metal, vidro e<br />

plástico. Desta forma, você estará dando uma gran<strong>de</strong><br />

contribuição à mãe natureza, já que este material será<br />

reciclado, ou seja, será reaproveitado para a fabricação<br />

<strong>de</strong> novos produtos.<br />

Transportes<br />

As emissões <strong>de</strong> gases pelos meios <strong>de</strong> transportes são<br />

muito nocivas para a nossa atmosfera. Mas po<strong>de</strong>mos<br />

tomar algumas atitu<strong>de</strong>s para contribuir na diminuição da<br />

emissão <strong>de</strong> gases.<br />

• A caminho da escola - Utilizar os transportes coletivos<br />

é sempre mais saudável para o planeta. Por isso, quanto<br />

mais gente utilizar um mesmo veículo, melhor. Se você<br />

vai <strong>de</strong> carro para a escola, que tal combinar um rodízio<br />

com os colegas que moram perto? Além <strong>de</strong> ser uma<br />

atitu<strong>de</strong> consciente, você aproveita e faz novos amigos!<br />

36 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

Labirinto<br />

Para colorir<br />

Fonte: www.smartkids.com.br


RECICLAGEM<br />

Reciclar é reaproveitar materiais orgânicos e inorgânicos<br />

para serem utilizados novamente. Mas o que é material<br />

orgânico e inorgânico? Qualquer coisa que tem origem<br />

animal é consi<strong>de</strong>rado material orgânico. Tudo que tem origem<br />

animal e vegetal é consi<strong>de</strong>rado material orgânico.<br />

Os alimentos, por exemplo, são consi<strong>de</strong>rados materiais<br />

orgânicos. As sobras <strong>de</strong>sses alimentos como as cascas <strong>de</strong> legumes<br />

e frutas que vão para o lixo <strong>de</strong> cozinha também são consi<strong>de</strong>rados<br />

materiais orgânicos e po<strong>de</strong>m ser reaproveitados. Ou melhor,<br />

po<strong>de</strong>m ser reciclados para serem reaproveitados.<br />

O lixo da nossa cozinha, por exemplo, po<strong>de</strong> ser transformado<br />

em adubo. Os adubos são fertilizantes utilizados na terra para<br />

enriquecer os solos das plantações. Olha que legal! Utilizamos<br />

alimentos para fazer mais alimentos! Este é o espírito da<br />

reciclagem: transformar, processar o lixo, para ser utilizado<br />

novamente.<br />

Os materiais inorgânicos, como garrafas <strong>de</strong> vidro e plásticas,<br />

latas <strong>de</strong> refrigerante, borracha, entre outros, também po<strong>de</strong>m<br />

ser reciclados. Nesses casos, é muito comum que se reutilize o<br />

próprio material, ou seja, latas <strong>de</strong> refrigerante são processadas e<br />

transformadas em novas latas, assim como as garrafas <strong>de</strong> vidro<br />

também são preparadas <strong>de</strong> forma a serem reutilizadas.<br />

Para colaborar no processo <strong>de</strong> reciclagem o lixo é separado<br />

em 4 latas diferentes: metal, papel, vidro e plástico. Cada lata é<br />

representada por uma cor diferente:<br />

- Papel - Azul<br />

- Metal - Amarelo<br />

- Vidro - Ver<strong>de</strong><br />

- Plástico - Vermelho<br />

Atualmente, o lixo é problema mundial. Todos os dias,<br />

acumulamos toneladas <strong>de</strong> lixo que são levados para aterros<br />

sanitários, mas o problema é que o planeta já não suporta esta<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos. Além disso, muitos materiais levam<br />

muito tempo para se <strong>de</strong>comporem. Veja na tabela abaixo quanto<br />

tempo <strong>de</strong>mora a <strong>de</strong>composição do vidro!<br />

- Papel: <strong>de</strong> 2 a 4 semanas<br />

- Palitos <strong>de</strong> fósforos: 6 meses<br />

- Papel plastificado: <strong>de</strong> 1 a 5 anos<br />

- Chicletes: 5 anos<br />

- Latas: 10 anos<br />

- Couro: 30 anos<br />

- Embalagens <strong>de</strong> plástico: <strong>de</strong> 30 a 40 anos<br />

- Latas <strong>de</strong> alumínio: <strong>de</strong> 80 a 100 anos<br />

- Tecidos: <strong>de</strong> 100 a 400 anos<br />

- Vidros: 4.000 anos<br />

- Pneus: in<strong>de</strong>finido<br />

- Garrafas PET: in<strong>de</strong>finido<br />

Outro ponto importante é o quanto <strong>de</strong> energia e matéria<br />

prima poupamos!<br />

Quantas árvores não <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> cortar reciclando papéis,<br />

jornais e revistas. Quantas máquinas que utilizam eletricida<strong>de</strong><br />

ou por vezes combustíveis <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> ligar poupando energia.<br />

Tudo isto é importante para preservar a natureza e garantir<br />

um futuro melhor para o nosso planeta e para a humanida<strong>de</strong>!<br />

Não perca tempo, é tempo <strong>de</strong> reciclar!<br />

Relacione<br />

Encontre as sete garrafas<br />

Fonte: www.smartkids.com.br


Campinas - SP<br />

Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />

Belo Horizonte - MG Belo Horizonte - MG<br />

Bragança Paulista - SP<br />

Montes Claros - MG<br />

Casa<br />

Provincial<br />

Belo Horizonte - MG<br />

Comunida<strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora Aparecida<br />

Porteirinha - MG<br />

Belo Horizonte - MG Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ<br />

Comunida<strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora da Paz<br />

Santa Luzia - MG<br />

Casa<br />

Santíssima Trinda<strong>de</strong><br />

Belo Horizonte - MG<br />

Comunida<strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora das Grotas<br />

Sobradinho - BA<br />

Casa<br />

<strong>de</strong> Nazaré<br />

Belo Horizonte - MG<br />

Comunida<strong>de</strong> do<br />

Postulantado<br />

Feira <strong>de</strong> Santana - BA<br />

Leopoldina - MG<br />

Comunida<strong>de</strong> Intercongregacional<br />

Nossa Senhora <strong>de</strong> Guadalupe<br />

Marcos Parente - PI<br />

Mogi Mirim - SP<br />

Juniorado Internacional<br />

Madre Cândida<br />

Belo Horizonte - MG<br />

Comunida<strong>de</strong><br />

Imaculada Conceição<br />

Picos - PI

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