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Como é a escola que<br />
os jovens querem...<br />
e precisam?<br />
Página 6<br />
Obra Social São José Operário<br />
comemora 40 anos<br />
<strong>de</strong> belas conquistas<br />
Página 24<br />
Meio Ambiente:<br />
preservar agora para<br />
garantir o amanhã<br />
Congregação das<br />
<strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>:<br />
a caminho do Jubileu<br />
Página 26
1<br />
Compartilhe seu carro. “Pratique a carona<br />
1Compartilhe Compartilhe seu carro. “Pratique a carona<br />
solidária e diminua a emissão <strong>de</strong> poluentes,<br />
levando pessoas que fariam o mesmo<br />
trajeto separadamente”. Você vai se tornar o cara<br />
mais simpático da cida<strong>de</strong>.<br />
2<br />
Tem atitu<strong>de</strong> mais grosseira que atirar lata<br />
2Tem Tem atitu<strong>de</strong> mais grosseira que atirar lata<br />
ou outros outros <strong>de</strong>jetos pela janela do carro?<br />
O castigo para essa essa gafe é garantido:<br />
os resíduos <strong>de</strong>spejados na rua são arrastados<br />
pela chuva, entopem bueiros, chegam aos rios<br />
e represas, causam enchentes e prejudicam a<br />
qualida<strong>de</strong> da água que consumimos.<br />
3<br />
Viva seu dia com luz natural. Abra janelas,<br />
3Viva Viva seu dia com luz natural. Abra janelas,<br />
cortinas, persianas, <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong>ixe o sol entrar<br />
e iluminar sua casa em em vez vez <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r<br />
lâmpadas. Além <strong>de</strong> fazer muito bem ao seu<br />
humor, você também vai economizar dinheiro no<br />
fim do mês.<br />
4<br />
Mu<strong>de</strong> sua gela<strong>de</strong>ira e seu freezer <strong>de</strong><br />
4Mu<strong>de</strong> Mu<strong>de</strong> sua gela<strong>de</strong>ira e seu freezer <strong>de</strong><br />
lugar. Ao colocá-los próximos do fogão<br />
e e <strong>de</strong> áreas on<strong>de</strong> on<strong>de</strong> bate sol, eles eles utilizam<br />
muito mais energia para compensar o ganho <strong>de</strong><br />
temperatura. Aproveite para avaliar com seus<br />
botões: será que você precisa mesmo <strong>de</strong> um<br />
freezer?<br />
5<br />
Não há nada mais fora <strong>de</strong> moda que usar<br />
5Não Não há nada mais fora <strong>de</strong> moda que usar<br />
a a mangueira <strong>de</strong> água para varrer a a calçada,<br />
a a chamada “vassourinha hidráulica”. Em 15<br />
minutos, 280 litros <strong>de</strong> água escorrem para o ralo<br />
inutilmente. Espante a preguiça, pegue<br />
a vassoura, junte a sujeira, recolha com<br />
a pá e só <strong>de</strong>pois enxague o chão.<br />
6<br />
Prefira consumir produtos<br />
6Prefira Prefira consumir produtos<br />
locais e da estação. estação. Eles não<br />
precisam ser ser transportados <strong>de</strong><br />
longa distância e, por isso, a emissão<br />
<strong>de</strong> carbono e <strong>de</strong> poluição é mínima.<br />
Saiba que a última moda nos melhores<br />
restaurantes da Itália é o “cardápio 0<br />
km”, eles servem apenas pratos feitos<br />
com ingredientes provenientes <strong>de</strong><br />
produtores da vizinhança.<br />
Fonte: Revista Crescer<br />
Consciência Ecológica<br />
7<br />
Despreze os produtos <strong>de</strong>scartáveis.<br />
7Despreze Despreze os produtos <strong>de</strong>scartáveis.<br />
Escolha os feitos para serem duráveis, duráveis,<br />
como era nos tempos tempos <strong>de</strong> nossos avós.<br />
Tenha a certeza <strong>de</strong> que com essa simples atitu<strong>de</strong><br />
você estará dando o pontapé inicial para diminuir<br />
a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lixo que a humanida<strong>de</strong> produz.<br />
8<br />
Ao fazer compras, leve sua própria sacola,<br />
8Ao Ao fazer compras, leve sua própria sacola,<br />
<strong>de</strong> preferência as <strong>de</strong> pano resistente.<br />
Com esse gesto simples, você <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong><br />
participar da farra das sacolinhas <strong>de</strong> plástico, que<br />
entopem cada vez mais os lixões das gran<strong>de</strong>s<br />
cida<strong>de</strong>s.<br />
9<br />
Prefira o papel ecoeficiente ou o reciclado.<br />
9Prefira Prefira o papel ecoeficiente ou o reciclado.<br />
A produção produção do ecoeficiente usa usa os os<br />
recursos da natureza <strong>de</strong> maneira racional.<br />
Tem como matéria-prima o eucalipto plantado<br />
para essa finalida<strong>de</strong> e colhido após sete anos.<br />
Para ficar com a aparência que todos conhecem,<br />
enfrenta processo <strong>de</strong> braqueamento. O papel<br />
ecoeficiente é feito <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> árvores manejadas<br />
<strong>de</strong> forma sustentável, evitando o impacto negativo<br />
no meio ambiente.<br />
10<br />
“Plante uma árvore. Ela po<strong>de</strong> absorver<br />
“Plante uma árvore. Ela po<strong>de</strong> absorver<br />
até 1 tonelada tonelada <strong>de</strong> CO2 durante sua sua<br />
10“Plante<br />
10até<br />
10vida vida e é bom abrigo abrigo para aves”. Se<br />
você é daqueles que não gostam <strong>de</strong> sujar as<br />
mãos, aos menos inscreva-se em programas <strong>de</strong><br />
plantio pela internet, como o Clickarvore.
Novamente, nossa Revista<br />
EM REDE volta a se<br />
comunicar com vocês,<br />
revelando a beleza da vida,<br />
muitas vezes escondida, no diaa-dia<br />
do nosso fazer educativo. Assim, nos convida a<br />
passar suas folhas numa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> contemplação, <strong>de</strong><br />
quem sabe parar, olhar e perceber a vida que borbulha em<br />
nossas crianças, em nossos jovens e na busca pertinaz dos<br />
educadores(as) que <strong>de</strong>scobriram o valor pedagógico do<br />
“educar evangelizando”.<br />
Valor pedagógico e também gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safi o, mormente<br />
em nossos dias, em que a humanida<strong>de</strong> precisa <strong>de</strong> um longo<br />
caminhar para <strong>de</strong>scobrir e incorporar os valores evangélicos<br />
da fraternida<strong>de</strong>, solidarieda<strong>de</strong>, partilha e doação <strong>de</strong> si.<br />
Encaramos esse <strong>de</strong>safi o na esperança <strong>de</strong> que nossas crianças<br />
e jovens, animados pelas atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus educadores(as),<br />
possam assumir práticas cooperativas em <strong>de</strong>fesa da vida<br />
ameaçada, do pobre injustiçado, dos direitos humanos.<br />
Ao nos brindar com uma refl exão sobre o nosso modo<br />
próprio <strong>de</strong> educar, oferece-nos propostas claras <strong>de</strong> como<br />
po<strong>de</strong>mos atualizá-lo em nossos dias, ao mesmo tempo em<br />
que nos impele a nos questionarmos sobre quem é o jovem<br />
<strong>de</strong> hoje, como a escola se prepara para se relacionar com ele<br />
e qual o papel do ambiente escolar nesse processo.<br />
Com essas preocupações, a Revista EM REDE nos<br />
convida a nos <strong>de</strong>bruçarmos sobre um Tema can<strong>de</strong>nte: MEIO<br />
AMBIENTE.<br />
“É preciso promover a ecocidadania, ou seja, que as<br />
pessoas tenham uma mentalida<strong>de</strong> e uma prática <strong>de</strong> vida<br />
ecocidadã e que a geração contemporânea adquira um<br />
comportamento ético com relação às gerações futuras.<br />
Além <strong>de</strong> fazer com que todos se sintam parte do todo, a<br />
ecologia tem o <strong>de</strong>safi o <strong>de</strong> fazer com que esta geração se<br />
consi<strong>de</strong>re irmã das futuras gerações, com as quais temos o<br />
compromisso <strong>de</strong> lhes preservar o direito à vida.”(P. 13)<br />
É esperançoso perceber que nossas crianças e jovens<br />
estão assumindo com seus educadores(as) esse gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>safi o, não apenas através <strong>de</strong> suas pesquisas e refl exões,<br />
mas se colocando na “ativa”, através <strong>de</strong> práticas que aliam<br />
a preservação do meio ambiente com a promoção social.<br />
ediTOriaL<br />
Prosseguindo em nossa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> contemplação, a<br />
Revista EM REDE nos propõe mais uma pausa, para nos<br />
maravilharmos com uma realida<strong>de</strong> que vai tocar em nossos<br />
corações: os 40 anos da Obra Social São José Operário, em<br />
Belo Horizonte. Gerações foram acolhidas nessa escola<br />
por educadoras <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> que, imbuídas do i<strong>de</strong>al <strong>de</strong><br />
Madre Cândida, souberam cativar educadores(as) leigos(as)<br />
para <strong>de</strong>scobrirem em si mesmos(as) o carisma <strong>de</strong> “educar<br />
evangelizando.” Hoje, cheia <strong>de</strong> vida, a Obra prossegue em<br />
sua trajetória em meio a gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safi os, sim, mas envolvida<br />
pela fé em Deus e pela certeza <strong>de</strong> que o ser humano merece<br />
toda nossa <strong>de</strong>dicação e amor.<br />
Com igual alegria traz para nós o testemunho <strong>de</strong> alunas<br />
do Centro <strong>de</strong> Educação e Assistência Social Stella Maris<br />
que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano 2000, abriu suas portas para receber,<br />
preferencialmente, a população carente do entorno do<br />
Vidigal, Rio <strong>de</strong> Janeiro. E, ainda, nos convida a constatar<br />
que, com a mesma <strong>de</strong>dicação, o IECJ <strong>de</strong> Bragança Paulista<br />
<strong>de</strong>scobre meios <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r, em estudos avançados,<br />
alunos(as) que queiram ir além, <strong>de</strong>safi ados pelo <strong>de</strong>sejo do<br />
quero mais.<br />
Ampliando nosso leque <strong>de</strong> abrangência educacional,<br />
o encontro Latino-Americano e Caribenho <strong>de</strong> Religiosas<br />
e Leigos (as) sobre os Exercícios Espirituais veio abrir<br />
caminhos <strong>de</strong> integração e fortalecimentos <strong>de</strong> nossa<br />
espiritualida<strong>de</strong> e missão.<br />
Envolvidas(os) pelo <strong>de</strong>senrolar da vida <strong>de</strong> nossas<br />
escolas e obras sociais, nos <strong>de</strong>paramos com o convite a nos<br />
prepararmos para um JUBILEU, isto é, para plenifi carmonos<br />
<strong>de</strong> júbilo, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alegria, pois dois importantes<br />
acontecimentos nos aguardam: 100 anos da chegada das<br />
primeiras <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> ao Brasil (1911) e 100 anos da<br />
Páscoa <strong>de</strong>fi nitiva <strong>de</strong> nossa querida Madre Cândida Maria <strong>de</strong><br />
<strong>Jesus</strong> (1912).<br />
Falta ainda muito tempo? Po<strong>de</strong> parecer! Mas o tempo<br />
passa rápido e queremos curtir a preparação, pouco a<br />
pouco. Participe conosco <strong>de</strong>ssa “curtição”!<br />
Zélia do Christo Rei Moura, F.I.<br />
Conselho Editorial<br />
E-mail: seiaszm@terra.com.br<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
1
Expediente<br />
Revista Em Re<strong>de</strong> – Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />
Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação Integral e <strong>de</strong> Assistência Social<br />
Ano IV - Nº 06 - Julho 2009<br />
Tiragem: 10.000<br />
Distribuição Gratuita<br />
Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />
Governo Provincial do Brasil<br />
Ir. Sônia Regina Rosa - Superiora Provincial<br />
Ir. Josephine Hausmann - 1ª Conselheira Provincial<br />
Ir. Regina Stella <strong>de</strong> Castro Queiroz - 2ª Conselheira Provincial<br />
Ir. Vera Lúcia La<strong>de</strong>ia Ramos - 3ª Conselheira Provincial<br />
Ir. Reginalda Men<strong>de</strong>s Barbosa - 4ª Conselheira Provincial<br />
Conselho Editorial<br />
Ir. Maria José Alves Machado<br />
Ir. Regina Célia Oliveira<br />
Ir. Sônia Regina Rosa<br />
Ir. Zélia do Christo Rei Moura<br />
João Bosco <strong>de</strong> Castro Teixeira<br />
Márcia Regina Simi Lima<br />
Maria Henriqueta Mangolim Mimessi<br />
Maria José Brant<br />
Rosélia Maria Ga<strong>de</strong>ns Jalbut<br />
Redação / Jornalista Responsável<br />
Graziela Cruz - Reg. MT 3894/MG<br />
LetraA Comunicação<br />
Tel.: (31) 2515-9810<br />
E-mail: grazielacruz@hotmail.com<br />
Assessora <strong>de</strong> Comunicação e Marketing<br />
Izabela Chaves Ribeiro<br />
Contato: (31) 3337-8755<br />
E-mail: comunique@seias.com.br<br />
Projeto Gráfico e Editoração<br />
Inovart Comunicação<br />
Tel.: (31) 3075-9732<br />
E-mail: inovart@inovartonline.com<br />
Ilustração<br />
Mirella Spinelli<br />
2 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
Sumário<br />
O <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> evangelizar educando ...............3<br />
Ecos do primeiro encontro latinoamericano<br />
e caribenho sobre os exercícios<br />
espirituais inacianos ...................................................4<br />
Uma nova escola para nossos jovens ..........6<br />
Especial meio ambiente ...........................................8<br />
Gaia, nossa casa comum .......................................9<br />
Que planeta <strong>de</strong>ixaremos para as<br />
próximas gerações? .................................................10<br />
Consciência ambiental planetária: a<br />
força educativa que nos move .......................13<br />
O <strong>de</strong>safio da limpeza urbana ..........................14<br />
Ecologia: grito da vida, grito <strong>de</strong> Deus .......16<br />
Educação para a preservação .........................18<br />
Ascamare.........................................................................19<br />
Passeios-estudo: uma forma divertida<br />
<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r ..................................................................20<br />
Educação ambiental para além da<br />
escola ................................................................................20<br />
No IEI <strong>de</strong> Campinas, óleo vira sabão e<br />
renda ..................................................................................21<br />
A Santíssima Trinda<strong>de</strong> criadora ......................22<br />
Novos caminhos para novos <strong>de</strong>safios........23<br />
Obra Social São José Operário<br />
celebra 40 anos <strong>de</strong> conquistas ......................24<br />
A caminho do Jubileu ...........................................26<br />
Curso <strong>de</strong> Renovação ..............................................28<br />
O Stella Maris em minha vida... ......................30<br />
Presença <strong>de</strong> fé e esperança no meio<br />
dos pobres .....................................................................31<br />
Juventu<strong>de</strong> conta com Equipe Provincial<br />
<strong>de</strong> Assessoria ...............................................................32<br />
Olimpíada esportiva e cultural agita<br />
Mogi Mirim/SP .............................................................33<br />
Votos Perpétuos <strong>de</strong> Joseilda Aparecida<br />
Andra<strong>de</strong> Borges ..........................................................33<br />
Encontro Regional <strong>de</strong> Missionários e<br />
Missionárias Madre Cândida - “Não há<br />
cristianismo sem missão” ....................................34<br />
Evoluir sem per<strong>de</strong>r o referencial... .................35<br />
Curiosida<strong>de</strong> e diversão .........................................36
O NOssO MOdO PróPriO <strong>de</strong> educar (NMPe) NOs dias <strong>de</strong> hOje *<br />
O <strong>de</strong>saFiO <strong>de</strong><br />
eVaNGeLiZar educaNdO<br />
“A partir <strong>de</strong> nosso posicionamento como ensinantes, necessitamos nutrir a própria autoria<br />
e a permissão para <strong>de</strong>scobrir nossa singularida<strong>de</strong>, nossa diferença, nossa marca e partindo<br />
disso, abrir espaços <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>” (Alicia Fernan<strong>de</strong>z)<br />
Conhecemos inúmeras transformações históricas.<br />
Muitas <strong>de</strong>las foram processos <strong>de</strong> construção.<br />
Outras, <strong>de</strong> aparente <strong>de</strong>sconstrução, como parte<br />
do dinamismo que a vida impõe.<br />
Certamente, foi em busca <strong>de</strong> transformar e construir<br />
que Madre Cândida fez realida<strong>de</strong> seu sonho <strong>de</strong> “ EDUCAR<br />
EVANGELIZANDO E EVANGELIZAR EDUCANDO”. “A<br />
vivência e a transmissão entusiasta da mensagem cristã,<br />
com toda a força <strong>de</strong> sua autenticida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve ser impulso<br />
que anime sempre nossa ação” (NMPE 44) é <strong>de</strong>staque em<br />
nossa ação educativa.<br />
A mensagem cristã impregnada <strong>de</strong> claros valores<br />
reconhecidos no aprofundamento do Evangelho <strong>de</strong><br />
<strong>Jesus</strong> Cristo dá ao documento uma atualida<strong>de</strong> que<br />
sobrevive aos tempos e às realida<strong>de</strong>s que se apresentam<br />
no trabalho educativo das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>.<br />
Chegamos aos dias <strong>de</strong> hoje, buscando dar conta <strong>de</strong><br />
novos apelos: a ecopedagogia, a inclusão, a tecnologia<br />
a competitivida<strong>de</strong>, entre outros. À primeira vista,<br />
parecem-nos antagonismos, como também <strong>de</strong>vem ter<br />
sido os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> outros tempos. Seguimos em frente<br />
buscando resignificar o nosso modo próprio <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong><br />
educar.<br />
A vivência dos valores evangélicos, como caminho <strong>de</strong><br />
vida e <strong>de</strong> relações com o mundo, é nossa gran<strong>de</strong> proposta.<br />
Assim como Madre Cândida buscou respostas para<br />
seu tempo, hoje também o fazem as <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> e<br />
colaboradores(as). Sintonizados com o tempo histórico,<br />
alargam-se iniciativas, reafirmando relações com os<br />
leigos em reciprocida<strong>de</strong>, reconhecendo cada vez mais o<br />
valor da partilha, da troca. Ampliam-se ações junto aos<br />
empobrecidos, buscam-se reflexões e articulações mais<br />
amplas em nível internacional, reconhecendo a riqueza<br />
da troca na diversida<strong>de</strong>.<br />
Aprofundar nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cristã, através <strong>de</strong><br />
práticas pedagógicas sintonizadas com nosso tempo,<br />
necessita <strong>de</strong> práticas coletivas e mais cooperativas.<br />
Práticas coletivas que acolham a diversida<strong>de</strong>, que<br />
reconheçam a autoria <strong>de</strong> pensamento e integrem as<br />
diferentes habilida<strong>de</strong>s.<br />
A combinação <strong>de</strong> elaborações individuais e coletivas<br />
traduzem os diferentes talentos que vão enriquecer o<br />
talento coletivo.<br />
Educar evangelizando em nosso tempo é tarefa <strong>de</strong><br />
todos, <strong>de</strong> todas, <strong>de</strong> cada um e <strong>de</strong> cada uma, é colocar os<br />
dons a serviço. É reconhecer e valorizar, como fez <strong>Jesus</strong><br />
Cristo, as diversas formas <strong>de</strong> expressão.<br />
O caminho <strong>de</strong> práticas cooperativas no cotidiano da<br />
escola, na sala <strong>de</strong> aula, no pátio e na vida é uma forma<br />
privilegiada <strong>de</strong> oportunizar para nossas crianças e jovens<br />
a vivência <strong>de</strong> valores que sustentam o amor, valor maior<br />
do evangelho. Afinal, a vida, é preciso ser vivida em<br />
partilha, em colaboração.<br />
Márcia Regina Simi Lima<br />
Colaboradora pedagógica do Centro Popular <strong>de</strong> Educação e<br />
Assistência Social Stella Maris, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, e membro da EPAE -<br />
Equipe Provincial <strong>de</strong> Assessoria às Escolas da Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />
E-mail: marciasimi@hotmail.com<br />
* Nosso Modo Próprio <strong>de</strong> Educar é um documento que explicita convicções e intencionalida<strong>de</strong>s na missão educativa das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> e colaboradores (as).<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
3
ecOs dO PriMeirO eNcONTrO<br />
LaTiNO-aMericaNO e<br />
cariBeNhO sOBre Os<br />
eXercÍciOs esPiriTuais<br />
iNaciaNOs<br />
“Alegro-me <strong>de</strong> que façam os santos Exercícios e tirem muito fruto para que sejam muito<br />
santas e observantes das santas Regras...” (Madre Cândida, Carta 189 <strong>de</strong> 23/agosto/1900)<br />
Um Encontro diferente no tema, na<br />
dinâmica e nos participantes<br />
Os Exercícios Espirituais Inacianos são “instrumento<br />
para a nossa missão”, acentuou Irmã Sônia Regina Rosa,<br />
provincial do Brasil, na abertura do Encontro, no dia 21<br />
<strong>de</strong> fevereiro passado, em Bragança Paulista. Pela primeira<br />
vez, na história <strong>de</strong> nossa província do Brasil, aconteceu<br />
um Encontro para respon<strong>de</strong>r às “necessida<strong>de</strong>s do mundo<br />
<strong>de</strong> hoje <strong>de</strong> ajudar as pessoas em sua vida espiritual,<br />
oportunizar os Exercícios Espirituais e o acompanhamento<br />
pessoal” (Cf LVAF 20)*.<br />
O encontro objetivou fortalecer os laços que unem<br />
irmãs e leigos e leigas no mesmo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> evangelizar a<br />
partir da força da metodologia dos Exercícios Espirituais e<br />
por meio <strong>de</strong>ste ministério. Mas, mais do que isto, <strong>de</strong>lineou<br />
um caminho <strong>de</strong> esperança e compromisso para integrar e<br />
fortalecer a espiritualida<strong>de</strong> e a missão das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />
e da gran<strong>de</strong> família da Madre Cândida, na América Latina<br />
e Caribe.<br />
Participantes da ousada iniciativa eram irmãs e leigos<br />
<strong>de</strong> seis países que partilharam experiências e sonhos. A<br />
diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> línguas - português e espanhol - no jeito<br />
<strong>de</strong> cada um dos países participantes - Argentina, Bolívia,<br />
Brasil, Colômbia, Cuba, Venezuela - pediu <strong>de</strong>dicação e<br />
simplicida<strong>de</strong>, mas não foi obstáculo na comunicação e<br />
na busca conjunta.<br />
As cartas e mensagens enviadas pela Superiora geral<br />
e pelas provinciais <strong>de</strong> América nos animaram e alentaram<br />
*LVAF é um documento da Congregação que ilumina a ação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> na atualida<strong>de</strong>.<br />
4 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
a esperança e a certeza do chamado. Durante os três dias<br />
respiramos um clima <strong>de</strong> discernimento com momentos<br />
<strong>de</strong> oração pessoal e <strong>de</strong> partilha intercalados, e confronto<br />
das moções na busca do querer <strong>de</strong> Deus. O que vimos,<br />
ouvimos e tocamos revelou a ação <strong>de</strong> Deus no árduo<br />
caminho <strong>de</strong> nossa história, como Corpo Congregacional,<br />
para chegar a este momento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>scoberta e<br />
reencantamento pelos Exercícios Espirituais inacianos,<br />
fonte <strong>de</strong> nossa espiritualida<strong>de</strong> missionária.<br />
Aconteceu muito diálogo entre os participantes<br />
<strong>de</strong> diversas ida<strong>de</strong>s, lugares e experiências sobre o<br />
significado dos Exercícios na vida pessoal e na vida<br />
das pessoas que se dispõem a fazê-los em diversas<br />
modalida<strong>de</strong>s; foi cuidadosa a escuta, admirável a<br />
sintonia, e um maravilhar-nos em cada experiência<br />
com seus matizes próprios. Os <strong>de</strong>sejos e a contribuição<br />
<strong>de</strong> todos, particularmente das irmãs mais jovens e dos<br />
leigos e leigas, <strong>de</strong>svelaram o medo que temos, às vezes,<br />
<strong>de</strong> partilhar os Exercícios Espirituais entre nós, e a sua<br />
tímida presença em nossa missão. Porém, a graça das<br />
luzes do Espírito <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> foi pacificando inquietações e<br />
ajudando a respon<strong>de</strong>r a alguns questionamentos. Como<br />
traduzir a espiritualida<strong>de</strong> inaciana, sem per<strong>de</strong>r o que lhe<br />
é essencial, para as realida<strong>de</strong>s nas quais hoje vivemos? Em<br />
nossa Igreja, algumas vezes sem respostas, e ao mesmo<br />
tempo com pessoas que buscam um sentido para viver<br />
e para modificar a realida<strong>de</strong>, não temos nos Exercícios<br />
uma boa Palavra viva? E o testemunho <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>, o<br />
assegurar espaços <strong>de</strong> oração na agitação e na <strong>de</strong>solação,<br />
o agir para fazer acontecer a justiça social? Na Pastoral
juvenil e vocacional integramos a força da metodologia<br />
dos Exercícios Espirituais? Como convencer-nos <strong>de</strong> que<br />
a missão, a evangelização não se limita a “fazer”, mas a<br />
transmitir uma experiência?<br />
No Encontro, sentimos que os Exercícios Espirituais<br />
Inacianos po<strong>de</strong>m ser uma resposta atual para essas e<br />
outras questões.<br />
Sinais e ecos do Encontro<br />
Os Exercícios Espirituais são um meio eficaz<br />
<strong>de</strong> evangelização. Na América faz-se um caminho<br />
em nossa missão <strong>de</strong> evangelizar educando, através<br />
<strong>de</strong> várias modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Exercícios Espirituais dados<br />
a religiosas(os) e a leigas(os) das mais diversas ida<strong>de</strong>s<br />
e contextos. Foram comentados os Exercícios na<br />
vida cotidiana (EVC); as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> iniciação<br />
e fortalecimento na oração inaciana com manhãs,<br />
tar<strong>de</strong>s, noites e dias <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong>; os Exercícios<br />
Espirituais em etapas; os Exercícios breves, também<br />
chamados “leves”, <strong>de</strong> dois ou três dias, os <strong>de</strong> oito dias, os<br />
personalizados, o mês <strong>de</strong> Exercícios. Há, ainda, irmãs que<br />
participam em projetos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> multiplicadores<br />
para o ministério dos Exercícios Espirituais.<br />
Foram comunicados também testemunhos <strong>de</strong> leigas<br />
e leigos que fizeram a experiência <strong>de</strong> Exercícios Espirituais<br />
em etapas, em Leopoldina concretamente, incentivados<br />
e acompanhados por Irmã Maria Ângela Sampaio <strong>de</strong><br />
Castro, <strong>de</strong> saudosa memória.<br />
Pastoral marcada pela espiritualida<strong>de</strong> inaciana com<br />
o toque feminino <strong>de</strong> Madre Cândida. Uma ressonância<br />
foi-se confirmando: precisamos ser <strong>de</strong>finidas em nosso ser<br />
e em nosso anúncio. Não se trata apenas ou exclusivamente<br />
<strong>de</strong> dar os Exercícios Espirituais, mas <strong>de</strong> vivenciá-los, e <strong>de</strong><br />
configurar toda nossa pastoral na dinâmica dos Exercícios.<br />
Eles são integradores da pessoa, um caminho concreto <strong>de</strong><br />
experiência <strong>de</strong> Deus e anúncio <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>. Confiamos em<br />
que os governos provinciais e locais po<strong>de</strong>m favorecer esta<br />
pastoral que tem sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria.<br />
Juventu<strong>de</strong>, um dos sinais mais significativos do<br />
encontro. A presença e ativa participação <strong>de</strong> jovens <strong>Filhas</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> no encontro foi sinal marcante <strong>de</strong> esperança.<br />
Apaixonadas pela fonte <strong>de</strong> nossa espiritualida<strong>de</strong><br />
e animadas a encarná-la na missão <strong>de</strong>sejam uma<br />
preparação mais explícita na linha dos Exercícios<br />
Espirituais. Po<strong>de</strong>rão, assim, empreen<strong>de</strong>r a continuida<strong>de</strong><br />
do caminho. “Não se po<strong>de</strong> sepultar a luz, não se po<strong>de</strong><br />
sepultar a vida”, cantamos alguma vez.<br />
Ecos do pós-encontro. Ficou o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> mais<br />
iniciativas para integrar América e continuar abrindo<br />
caminhos. A Equipe <strong>de</strong> Exercícios Espirituais <strong>de</strong> América<br />
Latina e Caribe, dinamizadora do encontro, vai realizando<br />
sua missão <strong>de</strong> ser incentivadora e “provocadora”.<br />
E vão chegando animadoras notícias.<br />
Em Caracas, duas irmãs participantes comunicaram<br />
a experiência do encontro do Brasil às Irmãs que vivem<br />
na Venezuela. De Bolívia, uma jovem irmã virá fazer, em<br />
julho, o CAP1 (Curso <strong>de</strong> capacitação para orientadores e<br />
acompanhantes <strong>de</strong> Exercícios Espirituais Inacianos, nível<br />
1) no Centro <strong>de</strong> Espiritualida<strong>de</strong> Inaciana (CEI) <strong>de</strong> Itaici.<br />
Do Caribe, chegou a notícia <strong>de</strong> que aumentou o<br />
número <strong>de</strong> grupos que fazem o EVC em Cuba. Atualmente<br />
são 22 grupos. E em Santo Domingo, capital da República<br />
Dominicana, foram dados Exercícios Espirituais a um<br />
grupo <strong>de</strong> professores e um dia <strong>de</strong> retiro na Semana Santa.<br />
A Equipe Provincial <strong>de</strong> Espiritualida<strong>de</strong> do Brasil, para<br />
concretizar algumas propostas do encontro, fez contato<br />
com várias equipes assessoras do governo provincial<br />
apresentando sugestões para uma evangelização a partir<br />
dos Exercícios Espirituais e para o fortalecimento <strong>de</strong> nossa<br />
espiritualida<strong>de</strong> em seu planos e realizações. Enviou uma<br />
Carta à Direção e Grupos <strong>de</strong> Reflexão <strong>de</strong> todas as nossas<br />
obras e escolas com o pedido <strong>de</strong> incentivo, colaboração,<br />
apoio, corresponsabilida<strong>de</strong> na realização e ampliação<br />
<strong>de</strong> iniciativas que oportunizem a experiência <strong>de</strong> Deus<br />
segundo a espiritualida<strong>de</strong> inaciana. Também projeta um<br />
encontro específico sobre os Exercícios Espirituais e sua<br />
pastoral em 2010.<br />
Queremos permanecer unidas e unidos a <strong>Jesus</strong>, o<br />
tronco <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem a seiva da vida, e entre nós América<br />
Latina e Caribe, para dar os frutos que Ele <strong>de</strong>seja (cf. Jo<br />
15) como “filhas(os) no Filho”. Maria, a “Virgem que sabe<br />
ouvir e acolher com fé a Palavra”, será sempre a estrela <strong>de</strong><br />
nossos caminhos.<br />
O<strong>de</strong>tte Bechara, F.I.<br />
Coor<strong>de</strong>nadora da Equipe <strong>de</strong> Exercícios Espirituais da América<br />
Latina e Caribe e da Equipe Provincial <strong>de</strong> Espiritualida<strong>de</strong><br />
E-mail: seiasob@terra.com.br<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
5
uMa NOVa escOLa<br />
Para NOssOs jOVeNs<br />
Quem é o jovem <strong>de</strong> hoje e como a escola se prepara para se relacionar com ele? Quais os<br />
espaços <strong>de</strong> construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> juvenil e qual o papel do ambiente escolar nesse<br />
processo? Essas e outras questões foram apresentadas pela professora Carla Linhares<br />
Maia, em uma vi<strong>de</strong>oconferência realizada no dia 4 <strong>de</strong> abril a partir do Colégio Imaculada<br />
Conceição <strong>de</strong> Belo Horizonte para todas as outras obras e escolas da Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>.<br />
Carla Maia é graduada em História, doutoranda em educação e membro do Observatório da<br />
Juventu<strong>de</strong> na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais. Trabalhou<br />
como professora do ensino fundamental e médio por 15 anos e hoje atua na formação <strong>de</strong><br />
educadores. Carla conce<strong>de</strong>u a seguinte entrevista à revista EM REDE:<br />
1. Po<strong>de</strong>mos dizer que o “mundo dos jovens”<br />
está distante do “mundo da escola”? Ou, em outras<br />
palavras, que o que a escola oferece e propõe não<br />
correspon<strong>de</strong> aos reais interesses dos estudantes?<br />
É difícil respon<strong>de</strong>r a essa pergunta <strong>de</strong> forma simples,<br />
já que envolve uma relação <strong>de</strong> estudantes e escola, que<br />
vem <strong>de</strong> longa data e que é preciso ser bem compreendida.<br />
Em primeiro lugar, é importante dizer que o mundo do<br />
jovem está na escola, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la. Pesquisas mostram<br />
que gran<strong>de</strong> parte da população juvenil está presente na<br />
escola, principalmente no Ensino Fundamental, sendo que<br />
no Ensino Médio essa a<strong>de</strong>são é um pouco menor. Mas é<br />
no ambiente escolar que crianças e jovens passam a maior<br />
parte <strong>de</strong> seu tempo. Durante o dia, passam <strong>de</strong> quatro a<br />
quatro horas e meia e, se pensarmos em termos da vida,<br />
as crianças, adolescentes e jovens passam gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong><br />
seu tempo nesse espaço escolar.<br />
Por outro lado, esses jovens se encontram, também,<br />
fora da escola. O mundo é muito maior e mais amplo<br />
do que o ambiente escolar; extrapola o universo da<br />
escolarização. O mundo apresenta uma gama variada <strong>de</strong><br />
vivências culturais, sociais, políticas, entre outras, que nem<br />
sempre são gestadas <strong>de</strong>ntro da escola. É preciso consi<strong>de</strong>rar,<br />
ainda, que um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> jovens <strong>de</strong>ixam a escola,<br />
e o fazem, muitas vezes, porque não se interessam pelo<br />
que a escola lhes oferece. Pesquisas mostram que muitos<br />
jovens afirmam que a escola não lhes oferece aquilo que<br />
eles necessitam.<br />
Como eu disse, é um cenário complexo: <strong>de</strong> um lado<br />
há um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> jovens que permanecem e<br />
valorizam a escola, como espaço que aten<strong>de</strong> a seus anseios<br />
e projetos <strong>de</strong> vida. Esses jovens valorizam a escola porque<br />
ela lhes confere certificação, é um espaço <strong>de</strong> prazer, <strong>de</strong><br />
socialização, com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar seus pares e<br />
amigos. De outro lado, há aqueles que não têm interesse<br />
pelo que ela lhes oferece.<br />
6 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
A escola não po<strong>de</strong> ser pensada como uma instituição<br />
total que dá conta <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mandas da juventu<strong>de</strong>,<br />
como transferência <strong>de</strong> saber, socialização, espaço <strong>de</strong><br />
preservação e transmissão do acervo cultural e histórico.<br />
Nenhuma instituição po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r por todas as<br />
<strong>de</strong>mandas. O que acontece é que a escola <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar<br />
e acaba dialogando pouco com as outras instituições,<br />
que po<strong>de</strong>m completar o que lhe falta. A meu ver, a escola<br />
precisa repensar os modos como se relaciona com os outros<br />
saberes, com os gestores <strong>de</strong> outras instituições e espaços<br />
sociais e culturais. Mais do que isso: precisa dialogar com<br />
os próprios estudantes para saber quais são seus outros<br />
espaços <strong>de</strong> vivência e experiência. Ela necessita perceber<br />
quais são as especificida<strong>de</strong>s do ambiente escolar para<br />
melhor se posicionar no cenário complexo on<strong>de</strong> se insere<br />
a juventu<strong>de</strong>.<br />
2. Qual <strong>de</strong>ve ser o caminho para que a escola seja<br />
um espaço que acolha a juventu<strong>de</strong> contemporânea em<br />
toda a sua complexida<strong>de</strong>?<br />
Não há uma resposta <strong>de</strong>finitiva, completa para essa<br />
pergunta. Na verda<strong>de</strong>, há vários caminhos e várias pistas a<br />
serem seguidos. Não há nenhuma instituição que dê conta<br />
<strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mandas e que consiga respon<strong>de</strong>r a todas as<br />
questões. O mais importante é, antes <strong>de</strong> mais nada, a escola<br />
se reconhecer como uma entre tantas outras instituições e<br />
experiências sócio-culturais existentes, para dialogar com<br />
elas. É preciso abrir-se para o diálogo, para ir ao encontro e<br />
conhecer outros espaços <strong>de</strong> vivência e expressão juvenis.<br />
E, assim, i<strong>de</strong>ntificar aquilo que lhe é específico: um espaço<br />
<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conhecimento, transferência <strong>de</strong> saber,<br />
espaço <strong>de</strong> reflexão e socialização etc. É preciso repensar<br />
métodos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem e, mais do que isso,<br />
repensar o discurso e a relação que estabelece com os<br />
jovens em toda sua rica diversida<strong>de</strong>. Enfim, percorrer esse<br />
caminho só será possível a partir <strong>de</strong> um movimento <strong>de</strong><br />
conhecer as tantas experiências que estão dando certo.<br />
Projetos <strong>de</strong> escolas e re<strong>de</strong>s públicas, Organizações Nãogovernamentais,<br />
como a Ação Educativa, <strong>de</strong> São Paulo.
Não precisamos inventar a roda, mas buscar inspiração em<br />
outras experiências que já estão no caminho certo.<br />
3. As instituições tradicionalmente responsáveis<br />
pela formação das crianças e jovens – a família,<br />
a escola e a Igreja – têm sofrido profundas<br />
transformações e perdido terreno para novas<br />
“instituições”, representada, principalmente, pelas<br />
novas tecnologias <strong>de</strong> comunicação, como a televisão<br />
e a internet. Como a escola <strong>de</strong>ve atualizar seu papel<br />
<strong>de</strong> educadora?<br />
As pesquisas têm revelado que, ao contrário do que se<br />
pensa, essas instituições ainda têm um papel fundamental<br />
na formação dos jovens. Por exemplo, é errada a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />
que a religião não é vista como importante pelos jovens.<br />
Po<strong>de</strong>mos perceber várias experiências <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> jovens<br />
expressando sua fé e vivência religiosa e alguns programas<br />
<strong>de</strong> televisão revelam essa realida<strong>de</strong>.<br />
Da mesma forma, acontece com a família. Existe um<br />
discurso <strong>de</strong> que as famílias estão <strong>de</strong>sestruturadas, mas<br />
o que vemos, conversando com os jovens, é a família,<br />
ainda, como instituição fundamental para a vida <strong>de</strong>les.<br />
É verda<strong>de</strong> que as famílias estão sofrendo profundas<br />
transformações em suas dinâmicas e estruturas. Em muitos<br />
casos, po<strong>de</strong>mos não ter mais aquele mo<strong>de</strong>lo padrão <strong>de</strong><br />
família, mas mesmo nos novos mo<strong>de</strong>los, a família ainda se<br />
mantém como instituição básica na formação da pessoa.<br />
Com a escola, é a mesma coisa. A novida<strong>de</strong> é que, a essas<br />
instituições tradicionais, agregam-se novas: televisão,<br />
internet, celulares, iPods, que se somam e se relacionam.<br />
Na verda<strong>de</strong>, hoje vivemos em uma teia <strong>de</strong> relações e<br />
nenhuma instituição tem a centralida<strong>de</strong>. Cada uma tem<br />
sua especificida<strong>de</strong> que se soma à da outra, formando uma<br />
ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> espaços e experiências significativas. O gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>safio para a escola é se perceber no meio <strong>de</strong>ssa re<strong>de</strong> e<br />
reconhecer sua especificida<strong>de</strong>. Percebendo o que lhe é<br />
específico, abrir-se para o novo que se apresenta na internet,<br />
nos novos mo<strong>de</strong>los familiares, nas novas expressões<br />
religiosas e culturais. É fundamental que a escola perceba<br />
que essas outras instituições e espaços <strong>de</strong> significação para<br />
a juventu<strong>de</strong> não concorrem com ela, mas, ao contrário, a<br />
ela se aliam para formar a juventu<strong>de</strong>. O importante é que a<br />
escola se abra para dialogar, sem en<strong>de</strong>usar ou <strong>de</strong>monizar a<br />
internet ou a TV, por exemplo, mas assumindo essas novas<br />
tendências nos processos <strong>de</strong> educação.<br />
A escola <strong>de</strong>ve permitir que entrem, em seu ambiente,<br />
as diversas expressões culturais, não para <strong>de</strong>scaracterizála,<br />
mas sabendo que isso é fundamental para o jovem. Deve<br />
dialogar com as linguagens e expressões que são próprias<br />
da juventu<strong>de</strong> e perceber que elas são parte importante<br />
do processo <strong>de</strong> formação humana, <strong>de</strong> aprendizagem da<br />
cultura, da socieda<strong>de</strong>.<br />
E uma coisa muito importante: a escola <strong>de</strong>ve<br />
reconhecer essas linguagens e expressões culturais não<br />
como acessórios ou apêndices, mas como elementos<br />
constituintes da forma dos jovens se relacionarem com o<br />
mundo.<br />
4. Como você afirmou, os jovens têm na escola<br />
apenas mais um dos vários espaços on<strong>de</strong> constroem<br />
suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Qual a importância dos educadores<br />
extrapolarem os muros escolares para <strong>de</strong>scobrirem<br />
os outros espaços <strong>de</strong> significação para a juventu<strong>de</strong>?<br />
Como po<strong>de</strong>m fazer isso?<br />
Quando a escola reconhece que sozinha não dá conta<br />
<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a todas as questões do nosso tempo, dá um<br />
passo significativo em direção a uma melhor relação com<br />
os jovens e em direção ao reconhecimento <strong>de</strong> seu próprio<br />
papel nesse processo.<br />
Reconhecer e dialogar são atitu<strong>de</strong>s fundamentais<br />
para educadores na contemporaneida<strong>de</strong>. Quanto ao<br />
“como” as escolas po<strong>de</strong>m fazer isso, conforme eu disse<br />
anteriormente, não é necessário partir do nada e inventar<br />
caminhos. Já existem várias experiências positivas que<br />
po<strong>de</strong>m ser estudadas e servir <strong>de</strong> indicativos e inspiração.<br />
É claro que nenhuma <strong>de</strong>ssas experiências é completa e<br />
<strong>de</strong>finitiva, mas são bons pontos <strong>de</strong> partida.<br />
Para mim, uma coisa muito importante é repensar a<br />
formação do educador que lida com os jovens. O educador<br />
que trabalha com a educação infantil tem uma formação<br />
específica; o mesmo não acontece com os educadores<br />
que trabalham com adolescentes e jovens. Acredito que<br />
também esses educadores precisariam ter uma formação<br />
que fosse para além dos conteúdos das disciplinas, mas<br />
que contemplasse, também, a cultura, o universo juvenil.<br />
Questões que são próprias <strong>de</strong>sse momento <strong>de</strong> vida e que<br />
constituem todo o dinamismo e complexida<strong>de</strong> da vida do<br />
jovem.<br />
Vou mais além: na elaboração do Projeto Político<br />
Pedagógico e na organização dos espaços e tempos<br />
do currículo, as questões da juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem estar<br />
articuladas. O que vemos é que em muitos Projetos<br />
Político Pedagógicos não se contemplam essas questões<br />
que, nada mais são, do que a <strong>de</strong>finição e percepção do<br />
“a quem se <strong>de</strong>stina”. O que nos anima é saber que há<br />
várias experiências positivas acontecendo. Precisamos<br />
trocar informações e divulgar essas experiências, para<br />
construirmos novos espaços escolares, mais atentos à<br />
realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos jovens.<br />
Carla Linhares Maia<br />
E-mail: clinharesmaia@gmail.com<br />
Para conhecer experiências positivas <strong>de</strong> educação para adolescentes e jovens:<br />
Observatório da Juventu<strong>de</strong> – www.fae.ufmg.br/objuventu<strong>de</strong>/<br />
Ação educativa – www.acaoeducativa.org.br<br />
Instituto da Cidadania – www.institutodacidadania.org.br<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
7
MeiO aMBieNTe<br />
8 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009
Gaia, NOssa casa cOMuM<br />
Amar a Terra consiste em nutrir e cuidar a vida<br />
que nela existe. E, para cuidar bem, se faz<br />
necessário conhecer bem e melhor. Porque é<br />
preciso “saber cuidar”. Para cuidar do nosso planeta,<br />
é preciso compreendê-lo na sua história <strong>de</strong> vida e no<br />
modo <strong>de</strong> vida daqueles e daquelas que <strong>de</strong>ixaram seus<br />
rastros sobre a Terra.<br />
O planeta Terra é um satélite do Sol, que surgiu há 4,45<br />
bilhões <strong>de</strong> anos. Distante do Sol a cerca <strong>de</strong> 150 bilhões <strong>de</strong><br />
quilômetros, a Terra é alimentada pela energia solar. Essa<br />
energia chega na forma <strong>de</strong> radiações eletromagnéticas<br />
equivalente a 1,95 caloria/cm², a cada minuto. A sua<br />
posição com relação ao sol lhe dá uma temperatura<br />
favorável para a existência <strong>de</strong> vida no planeta.<br />
Esse planeta que amamos e queremos conhecer<br />
melhor para bem cuidar é um gran<strong>de</strong> organismo vivo e<br />
que, por isso, é também chamado “GAIA”. Em Gaia a vida<br />
não está apenas na sua biosfera, é um todo, um conjunto<br />
<strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong>. Trata-se <strong>de</strong> um macroorganismo vivo,<br />
um sistema cibernético capaz <strong>de</strong> buscar os meios para<br />
manter a vida. O sistema Gaia revela-se extremamente<br />
complexo e <strong>de</strong> profunda clarividência. Esse sistema<br />
possui uma inteligência or<strong>de</strong>nada, or<strong>de</strong>nadora e muito<br />
superior à nossa. Tal inteligência consegue calibrar todos<br />
os fatores, or<strong>de</strong>nar todos os organismos que compõem o<br />
gran<strong>de</strong> organismo Gaia.<br />
No planeta Terra, o crescimento e o metabolismo da<br />
vida produzem e regulam o ar respirável, a temperatura<br />
agradável da Terra e as águas não-ácidas. Enfi m, tudo, <strong>de</strong><br />
forma conectada, trabalha em favor da vida, <strong>de</strong> todas as<br />
formas <strong>de</strong> vida no planeta. A composição da atmosfera<br />
do planeta Terra é formada especialmente por nitrogênio<br />
e oxigênio. E, geralmente, esses gases reagem um com o<br />
outro <strong>de</strong> forma explosiva. Mas, na Terra, isso não ocorre,<br />
porque tudo é regulado pela vida. “O equilíbrio entre<br />
nitrogênio, enxofre e carbono na atmosfera da Terra é<br />
regulado pela vida. A vida e a Terra física, até mesmo a sua<br />
atmosfera, evoluíram conjuntamente uma com a outra.”<br />
Gaia é uma interligação <strong>de</strong> muitos trilhões <strong>de</strong><br />
microorganismos e outros organismos vivos. Ela é um<br />
gran<strong>de</strong> organismo vivo, regulado pela vida, on<strong>de</strong> todos<br />
os organismos reagem e interagem as reações dos <strong>de</strong>mais<br />
organismos e tudo concorre para o favorecimento da vida,<br />
para possibilitar a existência <strong>de</strong> vida. Gaia não é nenhum<br />
MeiO aMBieNTe<br />
<strong>de</strong>us ou ser supremo, ou uma entida<strong>de</strong> consciente que<br />
quer preservar seus habitantes. Ela é um complexo<br />
sistema <strong>de</strong> vida que quer manter-se vivo. “A vida<br />
global preserva por si mesma as condições ambientais<br />
a<strong>de</strong>quadas mediante alterações do crescimento das<br />
diversas populações <strong>de</strong> organismos.”<br />
O início da existência para Gaia foi num ambiente<br />
turbulentamente vulcânico e hostil e por mais <strong>de</strong> 3<br />
bilhões <strong>de</strong> anos sofreu terríveis catástrofes e quedas <strong>de</strong><br />
asterói<strong>de</strong>s. Gaia sempre sobreviveu a tudo, revertendo<br />
certos malefícios para benefi ciar a vida. “Suas interações<br />
reguladoras mantêm condições favoráveis para a vida<br />
na Terra durante muitos bilhões <strong>de</strong> anos.” E, mesmo<br />
não merecendo, nós humanos entramos na carona.<br />
Ao longo dos últimos séculos, temos agido <strong>de</strong> forma<br />
equivocada, causando danos ao planeta. “Mas o resto<br />
da vida, que é microbiana em sua maior parte, ao cuidar<br />
<strong>de</strong> si mesma, também nos dá uma chance <strong>de</strong> sobreviver<br />
por muito tempo.” As mais diversas formas <strong>de</strong> vida, os<br />
microorganismos vivos em Gaia atuam em favor da vida,<br />
estão permanentemente gestando vida, renovando a<br />
vida em todo o planeta. Isso acontece ao natural. Nós,<br />
que sabemos <strong>de</strong>cidir e fazer opções, po<strong>de</strong>mos optar por<br />
preservar a vida. E qualquer atitu<strong>de</strong> nossa <strong>de</strong> cuidado<br />
terá uma resposta positiva e saudável da natureza que<br />
interage com as nossas ações.<br />
Gaia é um macroorganismo vivo que reage em<br />
<strong>de</strong>fesa da vida e que já enfrentou várias turbulências e<br />
se manteve vivo. Para manter a vida, Gaia já teve que se<br />
livrar <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> espécies ao longo <strong>de</strong> sua biografi a.<br />
E isso po<strong>de</strong> ser um indicativo <strong>de</strong> que Gaia seja forçada<br />
a ter que se livrar da nossa espécie, atualmente, muito<br />
<strong>de</strong>struidora da vida. Devido a certos comportamentos<br />
humanos, que são <strong>de</strong>strutivos, a Terra tenha que passar<br />
por novas adaptações para se manter viva. Pois, a sua<br />
biografi a está marcada por muitas adaptações que lhe<br />
permitiram continuar viva.<br />
Frei Pilato Pereira<br />
Fra<strong>de</strong> Capuchinho da Província do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />
Blog: www.olharecologico.blogspot.com<br />
E-mail: freipilato@gmail.com<br />
Especial<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
9
MeiO aMBieNTe<br />
Fonte: http://blogdopiaui.wordpress.com/category/sao-francisco/<br />
Especial<br />
Que PLaNeTa <strong>de</strong>iXareMOs<br />
Para as PróXiMas<br />
GeraçÕes?<br />
Dom Frei Luiz Cappio, bispo da diocese <strong>de</strong> Barra (BA) tornou-se internacionalmente<br />
conhecido por sua luta contra o projeto <strong>de</strong> transposição das águas do Rio São Francisco. Em<br />
<strong>de</strong>fesa do rio, o religioso realizou jejuns durante vários dias, em dois momentos distintos, e<br />
mobilizou a opinião pública em favor da causa que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. O bispo esteve na PUC Minas,<br />
em Belo Horizonte, no dia 5 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009, on<strong>de</strong> proferiu a seguinte palestra na abertura<br />
do III Simpósio Internacional <strong>de</strong> Teologia e Ciências da Religião:<br />
Que mundo <strong>de</strong>ixaremos para nossos fi lhos, netos?<br />
Que planeta estamos preparando para as futuras<br />
gerações?<br />
É uma questão elementar <strong>de</strong> justiça. O sagrado<br />
direito que cada um <strong>de</strong> nós possui <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r viver em<br />
um ambiente sadio, digno <strong>de</strong> seres humanos, propício<br />
à vida com qualida<strong>de</strong> para cidadãos e cidadãs <strong>de</strong>ste<br />
planeta, correspon<strong>de</strong> ao igual <strong>de</strong>ver que nos compete<br />
<strong>de</strong> propiciar estes mesmos direitos às futuras gerações.<br />
Herdamos um mundo, um planeta que nos foi legado por<br />
aqueles que vieram antes <strong>de</strong> nós, que prepararam a casa<br />
on<strong>de</strong> hoje moramos, on<strong>de</strong> vivemos, on<strong>de</strong> realizamos<br />
nossa existência.<br />
Cabe-nos fazer o mesmo para aqueles e aquelas que<br />
virão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> nós, que herdarão o planeta que tivermos<br />
preparado para eles. Isso é uma questão <strong>de</strong> justiça.<br />
Amanhã, quando o sol nascer <strong>de</strong> novo com seu calor<br />
e vida; as fl ores nos acolherem com suas variadas cores e<br />
perfumes; ouvirmos o canto dos pássaros e a brisa fresca<br />
beijando nosso peito; nossos lábios sorverem as águas<br />
puras da fonte enquanto contemplamos as ver<strong>de</strong>s altas<br />
montanhas e o azul profundo dos oceanos; po<strong>de</strong>remos<br />
10 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
ouvir dos que virão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> nós: “Obrigado pelo<br />
mundo que vocês prepararam para nós. Obrigado pelo<br />
planeta, qual jardim, que vocês nos legaram. Obrigado<br />
pelas sementes <strong>de</strong> vida que vocês plantaram para que<br />
pudéssemos colher seus abundantes frutos. Obrigado,<br />
muito obrigado.”<br />
Ou, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> amanhã, quando não mais houver<br />
amanhecer, mas apenas uma clarida<strong>de</strong> enfumaçada,<br />
coberta por nuvens ácidas; quando nossa visão<br />
enfraquecida e nossos corpos se esvairem em feridas<br />
purulentas provocadas pela radiação tóxica causada<br />
pelo enfraquecimento da camada <strong>de</strong> ozônio; quando,<br />
em vez <strong>de</strong> água, tivermos que beber um suco pastoso<br />
<strong>de</strong> coliformes fecais temperado com ingredientes<br />
químicos das mais nocivas origens; quando a paisagem<br />
se tornar um imenso <strong>de</strong>serto sem vida, sem a canção<br />
dos pássaros, sem a melodia <strong>de</strong> vozes humanas, porque<br />
ninguém mais terá ânimo para cantar e sim para gritar<br />
<strong>de</strong>sesperadamente pelas dores lancinantes <strong>de</strong> ossos e<br />
músculos em <strong>de</strong>composição; e as mães, por amor, tiverem<br />
que abortar os fi lhos para que não sejam mais sofredores<br />
con<strong>de</strong>nados a esse vale <strong>de</strong> lágrimas, ouviremos nossos<br />
fi lhos e netos, com <strong>de</strong>do em riste apontando para nós,
olhos esbugalhados, roendo palavras <strong>de</strong>sconexas <strong>de</strong> ódio<br />
e rancor, gritarem: “Malditos, <strong>de</strong>mônios, fi lhos das trevas<br />
e do mal, olhem para esse inferno para o qual fomos<br />
con<strong>de</strong>nados. Vocês são os responsáveis pela <strong>de</strong>sgraça<br />
que nos envolve, fazendo-nos <strong>de</strong>sgraçados com elas.”<br />
Preservação: questão <strong>de</strong> justiça<br />
Que mundo, que planeta legaremos para nossos<br />
fi lhos e netos? Isso é uma questão <strong>de</strong> justiça. Po<strong>de</strong>remos<br />
ser justos cumprindo nosso sagrado <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> zelar e<br />
cuidar <strong>de</strong>ssa riqueza infi nita que nos foi confi ada, ou<br />
po<strong>de</strong>mos ser profundamente injustos assumindo a<br />
postura irresponsável e inconsequente dos que apenas<br />
exploram e usufruem do tesouro <strong>de</strong> incomensurável<br />
valor que é a natureza, mãe da vida.<br />
É questão <strong>de</strong> consciência, <strong>de</strong> pertença. É questão<br />
<strong>de</strong> possuirmos ou não um sagrado senso <strong>de</strong> justiça.<br />
De ter a sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber compreen<strong>de</strong>r o direito<br />
que possuímos <strong>de</strong> viver em um mundo habitável com<br />
dignida<strong>de</strong>, e o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> corresponsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preserválo<br />
para que outros também usufruam do mesmo bem. De<br />
saber que este planeta é nosso lar. Fazemos parte <strong>de</strong>le.<br />
Foi-nos entregue para nele viver, usufruir <strong>de</strong> seus bens e<br />
riquezas. Cuidar para que os bens nele presentes possam<br />
se perpetuar e para que as gerações futuras, como nós,<br />
também possam tê-lo cheio <strong>de</strong> vida.<br />
Como dizia nosso querido mestre Leonardo Boff :<br />
“cuidar é outro nome para o amor e a melhor forma <strong>de</strong><br />
amar.” “Quem ama, cuida”. É justo que cui<strong>de</strong>mos do que<br />
é <strong>de</strong> todos. É justo que, no trato das coisas <strong>de</strong> todos,<br />
tenhamos o mesmo zelo como tratamos as nossas em<br />
particular.<br />
O mesmo cuidado que a natureza tem para conosco,<br />
no sentido <strong>de</strong> prover, garantir e zelar pela nossa vida,<br />
assim também nós recebemos do Pai do Céu a missão<br />
<strong>de</strong> cuidar, prover e garantir a perpetuação dos bens e<br />
maravilhas criadas que fazem parte do nosso planeta, o<br />
Jardim do É<strong>de</strong>n. Ou, pela nossa <strong>de</strong>cúria, transformá-lo no<br />
inferno <strong>de</strong> Dante, impossível <strong>de</strong> nele viver. Isso seria uma<br />
gran<strong>de</strong> injustiça <strong>de</strong> nossa parte.<br />
No último dia da criação, <strong>de</strong>pois que tudo estava<br />
pronto, e o Senhor viu que “tudo era bom”, criou o homem<br />
e a mulher e lhes outorgou a missão <strong>de</strong> cuidado para<br />
com a obra criada. Fez-nos guardiões da natureza. Este<br />
é o sentido bíblico do “dominai a face da terra”. O termo<br />
“dominai” vem <strong>de</strong> latim “dominus” que signifi ca “senhor”.<br />
Daí a palavra domingo, que signifi ca “dia consagrado ao<br />
Senhor”. O dia do <strong>de</strong>scanso. Como o pai cuida dos fi lhos,<br />
como a mãe é capaz <strong>de</strong> dar a própria vida pela vida dos<br />
fi lhos, assim também fomos constituídos senhores no<br />
sentido da paternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem cuida, na maternida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> quem vela.<br />
Mas esta passagem belíssima do Gênesis foi<br />
entendida por nós <strong>de</strong>ntro da ótica masculina do ser dono,<br />
do explorar, na violência do <strong>de</strong>struir, na ganância do<br />
lucrar, na vaida<strong>de</strong> do usufruir sem limites. Deturpamos o<br />
pensamento original do Criador e impusemos nossa visão<br />
dominadora, <strong>de</strong>struidora, violenta e <strong>de</strong>srespeitadora.<br />
Enquanto o Senhor tudo realizou <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um plano<br />
perfeito e harmônico, respeitoso e amoroso, e nisso<br />
manifestou a Justiça Divina, nós manifestamos a injustiça<br />
humana no entendimento e prática <strong>de</strong>turpada do<br />
pensamento do Senhor.<br />
Chamamos para nós os atributos do Criador. Não<br />
somos os donos da criação. Somos apenas os seus<br />
zeladores e cuidadores.<br />
Sejamos “bons pastores”<br />
MeiO aMBieNTe<br />
O autor do quarto evangelho nos ensina, no capítulo<br />
10 <strong>de</strong> seu Evangelho, que o Senhor é o Bom Pastor.<br />
A justiça do Bom Pastor se manifesta no seu imenso<br />
amor e cuidado. O Bom Pastor é aquele que ama suas<br />
ovelhas, cuida <strong>de</strong> seu rebanho. Leva-o para as pastagens<br />
ver<strong>de</strong>jantes e para os regatos <strong>de</strong> águas águas cristalinas. O Bom<br />
Pastor <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o rebanho dos inimigos, do lobo cruel e<br />
voraz. Está sempre atento para que nada <strong>de</strong> mal aconteça<br />
a nenhuma <strong>de</strong> suas ovelhas. Esse é o Bom Pastor. É<br />
capaz até, se preciso for, <strong>de</strong> dar a vida por suas ovelhas.<br />
Sacrifi car-se por elas. Ser crucifi cado para “que tenham<br />
vida e a tenham em abundância”.<br />
Essa é a herança espiritual daqueles e<br />
daquelas que assumem a missão <strong>de</strong> pastorear,<br />
<strong>de</strong> caminhar junto, mas na linha <strong>de</strong> frente<br />
do rebanho. Os seguidores do Bom Pastor<br />
recebem a mesma tarefa, a mesma or<strong>de</strong>nança,<br />
a mesma missão. A <strong>de</strong> serem justos como<br />
Especial<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
11
MeiO aMBieNTe<br />
Especial<br />
o Bom Pastor. Isso nos faz discípulos e missionários do<br />
Deus da Vida e da Justiça. Semeadores do bem e da paz.<br />
Testemunhas da justiça maior. Chamados a viver em uma<br />
or<strong>de</strong>m justa e fraterna. Fazer com que o leite e o mel<br />
continue escorrendo pelos favos da existência humana.<br />
Garantindo que todos, todos sem exceção, tenham o<br />
direito <strong>de</strong> uma vida saudável, ética, digna <strong>de</strong> ser vivida.<br />
Enfi m, uma vida baseada na justiça. Essa é a vocação do<br />
pastor. Para isso ele foi chamado. E é isso que dá sentido e<br />
razão <strong>de</strong> ser para sua existência. A plenitu<strong>de</strong> da realização<br />
do pastor é, à imagem do Bom Pastor, po<strong>de</strong>r doar a<br />
própria vida pela vida <strong>de</strong> cada ovelha, <strong>de</strong> todo o rebanho.<br />
Para o pastor iluminado pelo Bom Pastor, o gastar-se é<br />
tornar-se mais rico, o doar-se é plenifi cação, o morrer é<br />
viver com abundância.<br />
Mercenários existem muitos e muitas. Homens e<br />
mulheres injustos que se travestem <strong>de</strong> pastores, mas<br />
cujas intenções são maléfi cas. São lobos perigosos e<br />
vorazes que se aproveitam da simplicida<strong>de</strong> e carência do<br />
rebanho para fazer acontecer suas intenções sórdidas.<br />
Devagar o rebanho vai discernindo e sabendo diferenciar<br />
o bom pastor do mercenário. O justo do injusto. “Pelos<br />
frutos se conhece a árvore”. O tempo se encarrega <strong>de</strong><br />
mostrar a verda<strong>de</strong> dos fatos e das reais intenções. “Não<br />
há nada oculto que não venha a ser revelado, não há nada<br />
escondido que mais cedo ou mais tar<strong>de</strong> não apareça”. As<br />
questões sociais nos permitem conhecer e distinguir o<br />
pastor do mercenário. Aqueles que realmente são justos<br />
e estão a serviço do rebanho e aqueles que são injustos<br />
e se aproveitam do rebanho para satisfazer seus próprios<br />
interesses.<br />
É no entendimento e na consciência <strong>de</strong> nossa missão<br />
<strong>de</strong> pastores que se funda a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doarmos a vida.<br />
E isso se faz com a máxima alegria e generosida<strong>de</strong>. É no<br />
entendimento e na consciência do verda<strong>de</strong>iro sentido da<br />
justiça que nos tornamos construtores do Reino <strong>de</strong> Deus.<br />
Rio São Francisco: gerador <strong>de</strong> vida<br />
O Rio São Francisco é o Pai e a Mãe <strong>de</strong> todo um povo.<br />
É o que garante a água que milhões <strong>de</strong> seres humanos<br />
bebem, comem do seu peixe e se alimentam dos frutos<br />
das terras banhadas por suas águas. O Rio São Francisco é<br />
o gerador <strong>de</strong> vida para uma imensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras vidas. O<br />
“Velho Chico” não po<strong>de</strong> morrer. Da vida do “Velho Chico”<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a vida <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> outros seres.<br />
Existem no Brasil rios ainda bem maiores que o<br />
São Francisco. Mas o que faz a diferença é o fato <strong>de</strong><br />
ele percorrer o semi-árido brasileiro. Região <strong>de</strong> muita<br />
carência <strong>de</strong> chuvas. Águas temos com certa abundância,<br />
mas concentradas em alguns rios e na imensa re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
açu<strong>de</strong>s existentes. Necessitamos urgentemente distribuir<br />
12 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
esta água concentrada para as populações difusas<br />
<strong>de</strong> todo o semi-árido. E isso é uma questão <strong>de</strong> justiça<br />
ambiental, pois a <strong>de</strong>mocratização da água é uma tarefa<br />
essencial para a manutenção da vida, pois ninguém po<strong>de</strong><br />
fi car sem ela.<br />
Se o Projeto <strong>de</strong> Transposição <strong>de</strong> Águas do Rio São<br />
Francisco tivesse como objetivo e meta a distribuição<br />
da água para as populações difusas, praticar a justiça<br />
ambiental e evangélica <strong>de</strong> “dar <strong>de</strong> beber a quem tem<br />
se<strong>de</strong>”, nós seríamos os primeiros a ser <strong>de</strong> acordo com<br />
o projeto. Apoiá-lo-íamos incondicionalmente. Mas a<br />
priorida<strong>de</strong> do Projeto <strong>de</strong> Transposição é a segurança<br />
hídrica em função dos gran<strong>de</strong>s projetos agro¬industriais.<br />
O uso econômico da água, antes <strong>de</strong> cumprir sua função<br />
essencial que é o <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntamento humano e animal,<br />
faz o projeto tornar-se anti-ético e, portanto injusto, pois<br />
inverte as priorida<strong>de</strong>s no uso da água.<br />
O Rio São Francisco imita o santo <strong>de</strong> seu nome. O<br />
santo São Francisco nasceu <strong>de</strong> família abastada. Quando<br />
conheceu o sofrimento dos pobres <strong>de</strong> seu tempo, <strong>de</strong>ixou<br />
toda a riqueza da família e foi para o meio dos pobres e<br />
dos pobres mais pobres que eram os leprosos. Dedicou<br />
toda a sua vida a eles. Encarnou o verda<strong>de</strong>iro sentido e<br />
espírito da justiça humana.<br />
O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, no<br />
sudoeste do estado <strong>de</strong> Minas Gerais, uma das regiões<br />
mais ricas do Brasil. Po<strong>de</strong>ria tomar a direção do leste<br />
ou do sul, regiões igualmente ricas. Mas não, faz uma<br />
curva e se dirige para o nor<strong>de</strong>ste. Coloca toda a sua<br />
potencialida<strong>de</strong> a serviço dos pobres do sertão brasileiro.<br />
É o rio que imita o santo <strong>de</strong> seu nome. O rio testemunha a<br />
justiça do seu santo padroeiro. Por isso dizemos, o Rio São<br />
Francisco é o pai e mãe <strong>de</strong> um povo. Aquele que supre<br />
suas necessida<strong>de</strong>s essenciais, vitais.<br />
Ser pastor nas barrancas do São Francisco é garantir<br />
vida e vida abundante aos barranqueiros. Vida abundante<br />
aos barranqueiros signifi ca vida abundante ao “Velho<br />
Chico”. Diante das inúmeras agressões causadas ao<br />
nosso rio, agressões essas geradoras <strong>de</strong> doença e morte,<br />
o pastor não po<strong>de</strong> manter-se calado. É sua missão, é seu<br />
<strong>de</strong>ver praticar a justiça, ser testemunha da justiça maior,<br />
erguer a voz, colocar suas forças no sentido <strong>de</strong> garantir<br />
vida ao rio, pois na vida do rio, está a vida do povo.<br />
É por isso que, diante <strong>de</strong> todas as ameaças <strong>de</strong> morte<br />
causadas ao rio e ao povo, o pastor se levanta, grita bem<br />
alto, qual João Batista no <strong>de</strong>serto, arrisca a própria vida,<br />
pois “on<strong>de</strong> a razão se extingue, a loucura é o caminho”.<br />
Para salvar o Velho Chico, salvar a biodiversida<strong>de</strong>, salvar<br />
os povos ribeirinhos, salvar os seres humanos, salvar o<br />
planeta, salvar a vida, vale a pena doar a própria vida.<br />
Vale a pena morrer para que tenham vida e vida em<br />
abundância. E assim se cumpre toda a justiça.
cONsciÊNcia aMBieNTaL<br />
PLaNeTÁria: a FOrça<br />
educaTiVa Que NOs MOVe<br />
Num mundo on<strong>de</strong> catástrofes naturais tornaramse<br />
alvos <strong>de</strong> especulação e exposição midiática;<br />
on<strong>de</strong> o terrorismo psicológico afasta a esperança<br />
e a crença em tempos melhores; on<strong>de</strong> a transformação<br />
brutal dos recursos naturais tornou-se banalizada<br />
pela exploração do capital e pela institucionalização<br />
da corrupção, aí se encontra nossa missão enquanto<br />
educadores: possibilitar, através <strong>de</strong> exemplos, refl exões,<br />
estudos, a formação <strong>de</strong> uma consciência ambiental<br />
planetária, que permita ao educando perceber-se<br />
passageiro <strong>de</strong> um tempo e <strong>de</strong> um espaço universal,<br />
exigente <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> e compromisso para com<br />
a vida, a ética, a justiça e a paz. Uma consciência que<br />
se torne sustentável, marcada por princípios morais,<br />
éticos, humanos e cristãos, facilitadora <strong>de</strong> caminhos que<br />
contribuam para a construção <strong>de</strong> um mundo melhor.<br />
É próprio do ser humano responsabilizar o passado,<br />
omitir o presente e postergar o futuro. É fator <strong>de</strong> nossa<br />
fraqueza existencial o comodismo, o “<strong>de</strong>ixar para<br />
<strong>de</strong>pois”, o observar para aplaudir ou criticar e exigir<br />
que se reconstrua uma nova i<strong>de</strong>ia, uma nova proposta.<br />
Nossa visão <strong>de</strong> tempo e espaço não nos permite, às<br />
vezes, compreen<strong>de</strong>r que o tempo é momento: o passado<br />
resume-se a um segundo antes do agora; o futuro, a um<br />
segundo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> agora. Se o agora for assumido como<br />
presente, daí brotará nossa consciência: somos seres para<br />
transformar o mundo e não apenas para passar por ele<br />
<strong>de</strong> maneira incólume, ausente <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> e<br />
<strong>de</strong> percepção <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al coletivo. Quando se trata <strong>de</strong><br />
refl exões sobre o meio ambiente, torna-se mister assumir<br />
esse i<strong>de</strong>al, respaldado em ações concretas, em propostas<br />
<strong>de</strong> soluções muito além do que a simples exposição<br />
<strong>de</strong> problemas.É urgente repensar nosso mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento e analisar <strong>de</strong> que forma cada um <strong>de</strong> nós<br />
contribui para criar um mundo mais justo e sustentável.<br />
Analisando as diretrizes do Nosso Modo Próprio<br />
<strong>de</strong> Educar, a partir <strong>de</strong> uma percepção socioambiental,<br />
MeiO aMBieNTe<br />
encontramos os princípios da Ecologia <strong>de</strong> Madre<br />
Cândida e da Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, para quem a educação<br />
não se faz apenas com “as i<strong>de</strong>ias transmitidas por nossas<br />
palavras, mas com toda a pessoa. Educa-se com a própria<br />
vida, quando nela os valores proclamados estão <strong>de</strong> fato<br />
assumidos, tendo sempre em conta que, mais importante<br />
que o dizer – e mais até do que o fazer – é o ser”. E é essa<br />
preocupação com o ser, com nossa condição existencial<br />
e cristã, que, enquanto membros da comunida<strong>de</strong><br />
Colégio Imaculada Conceição, somos movidos pelo<br />
amor como valor prioritário em nossas ações educativas,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo uma educação socioambiental pautada no<br />
equilíbrio, no sentido crítico, na justiça, na objetivida<strong>de</strong><br />
e no <strong>de</strong>senvolvimento integral da pessoa; <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo<br />
uma ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> luta pela vida a partir do respeito à<br />
natureza e toda a sua dinâmica – ban<strong>de</strong>ira esta que se<br />
exemplifi ca pelos valores <strong>de</strong> Madre Cândida, que nos<br />
convida a sermos testemunhos <strong>de</strong> fé em tempos <strong>de</strong><br />
incertezas, angústias e medo pelo que virá.<br />
Pensar em meio ambiente é pensar na vida em sua<br />
plenitu<strong>de</strong>; é resgatar o “eu-cristão” numa dimensão<br />
franciscana <strong>de</strong> perceber que precisamos louvar cada<br />
elemento da natureza, pois <strong>de</strong>la somos frutos, <strong>de</strong>la<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a nossa vida. Ela é muito mais do que o ar, a<br />
água, a terra fecunda, a fauna, a fl ora – é meio que nos<br />
move para nos aproximar <strong>de</strong> Deus e por Ele fazermos jus<br />
à dádiva <strong>de</strong> nossa existência; é condição inaciana para<br />
nossas refl exões enquanto oramos, quer pedindo ou<br />
agra<strong>de</strong>cendo.<br />
Jan<strong>de</strong>rson Nóbrega Mendonça<br />
Coor<strong>de</strong>nador da área <strong>de</strong> Ciências Humanas e Sociais do Colégio<br />
Imaculada Conceição, em Leopoldina (MG)<br />
E-mail: ja<strong>de</strong>rsonnobrega@leopoldina.com.br<br />
Especial<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
13
MeiO aMBieNTe<br />
Especial<br />
O <strong>de</strong>saFiO da<br />
LiMPeZa urBaNa<br />
O<br />
maior ecossistema criado pelo homem são<br />
as cida<strong>de</strong>s. É nesse tipo <strong>de</strong> ecossistema que<br />
atualmente vive a maioria dos seres humanos<br />
na terra. A cida<strong>de</strong> produz pouco ou nenhum alimento,<br />
consome oxigênio, combustíveis, água e alimentos.<br />
Em contrapartida, excreta <strong>de</strong>spejos orgânicos e gases<br />
poluentes para a atmosfera. À medida que as cida<strong>de</strong>s<br />
crescem, os problemas aumentam, entre eles, o lixo.<br />
O lixo é basicamente todo e qualquer resíduo sólido<br />
in<strong>de</strong>sejável e que necessita ser removido por ter sido<br />
consi<strong>de</strong>rado inútil por quem o <strong>de</strong>scarta. O modo <strong>de</strong> vida<br />
das socieda<strong>de</strong>s infl uencia na quantida<strong>de</strong> e na qualida<strong>de</strong> da<br />
composição dos resíduos sólidos <strong>de</strong>scartados. Os países<br />
<strong>de</strong> baixa renda produzem mais matéria orgânica que os<br />
países <strong>de</strong> alta renda, on<strong>de</strong> predomina em seus resíduos<br />
sólidos, maior varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais industrializados,<br />
tais como papel, metais, vidros e plásticos.<br />
O <strong>de</strong>safi o da limpeza urbana não<br />
consiste apenas em remover o lixo, mas<br />
principalmente em dar um <strong>de</strong>stino fi nal<br />
a<strong>de</strong>quado aos resíduos coletados.<br />
14 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
Lixões, aterros controlados e<br />
aterros sanitários<br />
• Lixões – São locais on<strong>de</strong> o lixo coletado é lançado<br />
diretamente sobre o solo sem qualquer controle e<br />
sem quaisquer cuidados ambientais, poluindo tanto o<br />
solo, quanto o ar, as águas subterrâneas e superfi ciais<br />
das vizinhanças. Além dos problemas sanitários com<br />
a proliferação <strong>de</strong> vetores <strong>de</strong> doenças, acaba atraindo<br />
indivíduos que fazem da catação do lixo um meio <strong>de</strong><br />
sobrevivência.<br />
• Aterro controlado – É uma forma <strong>de</strong> se confi nar<br />
tecnicamente o lixo coletado sem poluir o ambiente<br />
externo, porém, sem promover a coleta e o tratamento<br />
do chorume e a coleta do biogás (metano).<br />
• Aterro sanitário – É um método para disposição<br />
fi nal dos resíduos sólidos urbanos, através do seu<br />
confi namento em camadas cobertas com material<br />
inerte, geralmente solo, segundo normas operacionais<br />
específi cas, <strong>de</strong> modo a evitar danos à saú<strong>de</strong> e ao meio<br />
ambiente. Nele há a coleta e tratamento do chorume,<br />
assim como a drenagem e a queima do biogás, inclusive
po<strong>de</strong>ndo gerar energia através da sua<br />
queima.<br />
• Usinas <strong>de</strong> triagem – Possuem como<br />
objetivo diminuir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lixo<br />
que irá <strong>de</strong>pois para os aterros, retirando<br />
os materiais que po<strong>de</strong>m ser reutilizados<br />
ou reciclados.<br />
• Usina Ver<strong>de</strong> – Gera energia com a<br />
queima das embalagens <strong>de</strong>scartadas.<br />
Separação do lixo<br />
Nem todos os lugares possuem<br />
coletas seletivas on<strong>de</strong> sejam separadas<br />
matérias como vidros, metais, plásticos,<br />
papéis etc. Entretanto, mesmo nos<br />
lugares on<strong>de</strong> não existe esse serviço, é<br />
possível darmos a nossa contribuição,<br />
separando o lixo em grupos, tais como:<br />
• Materiais orgânicos (úmidos) –<br />
cascas <strong>de</strong> fruta, ovo, legume, verdura,<br />
folha <strong>de</strong> árvore, grama, serragem etc.<br />
Nas casas com quintal, uma boa solução<br />
é transformar este material em adubo,<br />
através <strong>de</strong> uma composteira.<br />
• Materiais secos – papéis, metais,<br />
vidros, plásticos, caixas tipo “longa vida”.<br />
• Óleo <strong>de</strong> cozinha – Cada litro<br />
<strong>de</strong> óleo <strong>de</strong>spejado no esgoto tem<br />
capacida<strong>de</strong> para poluir cerca <strong>de</strong> um<br />
milhão <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> água. Além disso,<br />
prejudica o funcionamento das estações<br />
<strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água. O acúmulo <strong>de</strong><br />
óleos e gorduras nos encanamentos<br />
po<strong>de</strong> causar entupimentos, refl uxo <strong>de</strong><br />
esgoto e até rompimentos nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
coleta. Para retirar o produto e <strong>de</strong>sentupir<br />
os encanamentos são empregados<br />
produtos químicos altamente tóxicos. Ao<br />
chegar aos rios, o óleo forma uma fi na<br />
camada sobre a superfície, que diminui<br />
sensivelmente a passagem <strong>de</strong> luz e<br />
oxigênio, asfi xiando os peixes. Existem<br />
empresas que recolhem o óleo usado<br />
transformando-o em sabão ou biodiesel.<br />
• Pilhas e baterias – As pilhas e<br />
baterias utilizam metais pesados como<br />
chumbo, mercúrio, níquel, cádmio entre<br />
outros, que causam impactos negativos<br />
sobre o meio ambiente e, em especial,<br />
sobre o ser humano. Existem lixeiras<br />
especiais espalhadas pela cida<strong>de</strong> para<br />
esses materiais.<br />
A importância dos 3 “RS”<br />
• Reutilizar – É usar uma mesma<br />
embalagem mais <strong>de</strong> uma vez, tendo a<br />
mesma fi nalida<strong>de</strong> ou uma nova. Exemplo:<br />
A garrafa PET po<strong>de</strong> ser reutilizada para<br />
guardamos objetos, para a confecção <strong>de</strong><br />
pufes, sofás, cinzeiros etc.<br />
• Reciclar – É a transformação<br />
da matéria prima do material para a<br />
fabricação <strong>de</strong> um novo produto. Exemplo:<br />
A transformação química e física da<br />
garrafa PET em fi bras <strong>de</strong> poliéster para<br />
a fabricação <strong>de</strong> tecido para roupas é um<br />
processo <strong>de</strong> reciclagem.<br />
• Reduzir – Mais importante que<br />
reciclar e reutilizar é reduzir o máximo<br />
possível o consumo <strong>de</strong> embalagens.<br />
Exemplo: Levar bolsas <strong>de</strong> pano para<br />
os supermercados em substituição às<br />
sacolas plásticas. Evitar as embalagens<br />
<strong>de</strong>snecessárias como ban<strong>de</strong>jas <strong>de</strong><br />
isopor para transportar frios, e optar por<br />
produtos que possuam refi l.<br />
É fundamental e urgente que a<br />
humanida<strong>de</strong> se dê conta do seu<br />
impacto neste planeta e busque,<br />
na medida possível, modifi car<br />
os seus padrões <strong>de</strong> consumo,<br />
promovendo ações efetivas <strong>de</strong><br />
redução do lixo.<br />
André Ribeiro<br />
Professor <strong>de</strong> Educação ambiental e Geografi a<br />
no Centro Popular <strong>de</strong> Educação e Assistência<br />
Social Stella Maris, no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
E-mail: semeandoo@yahoo.com.br<br />
MeiO aMBieNTe<br />
Especial<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
15
MeiO aMBieNTe<br />
Especial<br />
ecOLOGia: GriTO da Vida,<br />
GriTO <strong>de</strong> <strong>de</strong>us<br />
a ecOLOGia NuMa PersPecTiVa crisTã<br />
A<br />
evolução do capitalismo e do neoliberalismo no<br />
mundo se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> uma forma aparentemente<br />
“inevitável”. E, com esse mo<strong>de</strong>lo econômico, aumentou<br />
a exploração dos recursos naturais e dos solos, dos animais e<br />
dos vegetais. Para começo <strong>de</strong> conversa, o modo <strong>de</strong> produção<br />
do capitalismo introduziu os produtos tóxicos na ca<strong>de</strong>ia<br />
alimentar e o consumo excessivo <strong>de</strong> combustíveis fósseis.<br />
Toda essa problemática existente é a “fatura” que temos <strong>de</strong><br />
pagar por conta do <strong>de</strong>scontrole reinante no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do capitalismo mundial.<br />
Gran<strong>de</strong> parte do progresso econômico nas socieda<strong>de</strong>s<br />
capitalistas resulta da exploração das fl orestas, dos solos,<br />
do mar e dos cursos <strong>de</strong> água. Nos últimos anos, a ecologia<br />
e a economia vivem numa relação confl itiva. No inicio, esse<br />
confl ito partia <strong>de</strong> uma preocupação da ecologia com o<br />
impacto que o crescimento econômico causava no meio<br />
ambiente. Mas, hoje, as preocupações estão mais direcionadas<br />
para o impacto das tensões ecológicas sobre as expectativas<br />
econômicas. Isto é, os gran<strong>de</strong>s produtores que sempre<br />
exploraram e poluíram o meio ambiente, hoje temem que as<br />
alterações climáticas, as tempesta<strong>de</strong>s, chuvas ácidas e ventos<br />
ciclônicos possam prejudicar os rendimentos econômicos<br />
<strong>de</strong> suas produções. Hoje, não faltam capitalistas buscando<br />
soluções ecológicas para suas crises econômicas.<br />
José Antônio Lutzenberger, importante ecologista, ainda<br />
na década <strong>de</strong> 70, alertava para vários problemas ecológicos<br />
que a humanida<strong>de</strong> começava a sofrer. Deparamos-nos com a<br />
<strong>de</strong>gradação dos últimos ecossistemas intactos e, anualmente,<br />
<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> espécies são exterminadas. A<br />
cada dia que passa, o solo vai per<strong>de</strong>ndo sua produtivida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>vido à erosão e ao envenenamento generalizado da agroquímica.<br />
Os gran<strong>de</strong>s e pequenos sistemas hídricos vão se<br />
<strong>de</strong>sequilibrando, acentuando com mais força as estiagens e<br />
cheias.<br />
Devido à gran<strong>de</strong> poluição, vivemos hoje o medo <strong>de</strong><br />
per<strong>de</strong>rmos em breve a potabilida<strong>de</strong> dos últimos mananciais<br />
<strong>de</strong> água, po<strong>de</strong>ndo chegar a acontecer “a eliminação <strong>de</strong><br />
todas as formas <strong>de</strong> vida aquática no planeta, inclusive nos<br />
oceanos”, afi rma Lutzenberger. São tantos os <strong>de</strong>sequilíbrios,<br />
que a própria espécie humana está <strong>de</strong>sequilibrada. A vida nas<br />
gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s se torna cada vez mais <strong>de</strong>sagradável para<br />
todos os seus habitantes.<br />
Além da exploração da natureza, o atual mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento é marcado pela exploração do mais forte<br />
sobre o mais fraco. O espírito consumista da atual civilização<br />
favorece uns poucos que possuem gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra<br />
em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> maioria que vive excluída.(1)<br />
16 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
A ecologia está diante <strong>de</strong> inúmeros <strong>de</strong>safi os que <strong>de</strong>vem<br />
ser enfrentados com participação <strong>de</strong> todos. Ou seja, a ecologia<br />
<strong>de</strong>verá ter muitos aliados. É fundamental que todas as ciências<br />
se ocupem dos assuntos ecológicos, e, da mesma forma, as<br />
religiões e <strong>de</strong>mais instituições que queiram promover o bem<br />
estar <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong> planetária.<br />
Ecologia, <strong>de</strong>safi o urbano<br />
A ecologia encontra <strong>de</strong>safi os em toda parte do mundo, mas<br />
as gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s causam maior preocupação. Há 20 anos, a<br />
ecologia urbana se ocupava praticamente da poluição do ar e<br />
do abastecimento <strong>de</strong> águas. Hoje, aparecem problemas como<br />
a “impermeabilização <strong>de</strong> solos, edifícios doentes, emissão <strong>de</strong><br />
gases do efeito estufa, produtos nocivos à camada <strong>de</strong> ozônio,<br />
intoxicação por inseticidas domésticos, contaminação por<br />
amianto”(2). E, nas periferias das cida<strong>de</strong>s, em geral, é enorme<br />
a falta <strong>de</strong> saneamento básico. O jornal Folha <strong>de</strong> São Paulo<br />
(3) publicou um estudo sobre o saneamento básico no<br />
Brasil, revelando que esse é um gran<strong>de</strong> inimigo da vida dos<br />
brasileiros. Segundo o estudo, a falta <strong>de</strong> saneamento básico<br />
no Brasil mata mais do que a criminalida<strong>de</strong>. O ano utilizado<br />
para a pesquisa foi o <strong>de</strong> 1998, quando se registrou a morte<br />
<strong>de</strong> 10.844 pessoas por falta <strong>de</strong> saneamento. E o problema<br />
consiste, principalmente, no <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> verba do setor. É<br />
importante salientar que a partir <strong>de</strong>ssa pesquisa os governos<br />
não priorizaram esta área.<br />
Além <strong>de</strong> viverem gran<strong>de</strong>s problemas ambientais, as<br />
populações urbanas são as gran<strong>de</strong>s consumidoras <strong>de</strong><br />
recursos da natureza. As práticas <strong>de</strong> consumismo são mais<br />
acirradas nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s. Liana John, que atua na área<br />
<strong>de</strong> Ambiente, Ciência e Tecnologia junto à Agência Estado,<br />
mostra um relatório divulgado pelo World Watch Institute,<br />
em que as cida<strong>de</strong>s que ocupam apenas 2% da superfície do<br />
planeta, são responsáveis pelo consumo <strong>de</strong> 76% da ma<strong>de</strong>ira<br />
industrializada e 60% da água doce. O relatório também<br />
mostra que somente a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Londres, na Inglaterra,<br />
para obter alimentos e ma<strong>de</strong>ira para o sustento <strong>de</strong> seus<br />
habitantes, precisa <strong>de</strong> uma área 58 vezes maior do que a que<br />
ocupa. Se esse padrão <strong>de</strong> consumo fosse estendido a todas as<br />
populações urbanas do mundo inteiro, haveria a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> três planetas Terra para que todos pu<strong>de</strong>ssem se sustentar.<br />
A tendência é <strong>de</strong> que aumentem sempre mais as populações<br />
urbanas. No ano 1900, um décimo da população mundial vivia<br />
em cida<strong>de</strong>s. Mas, as projeções diziam que em 2006 e 2007 pelo<br />
menos a meta<strong>de</strong> da população mundial estaria vivendo em
zonas urbanas. Devido a isso, <strong>de</strong>verá haver mudanças em pelo<br />
menos seis áreas: água, lixo, comida, energia, transporte e uso<br />
do solo (4).<br />
Talvez os mais emergentes <strong>de</strong>safi os da ecologia sejam<br />
acalmar o consumo voraz das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, a ambição<br />
dos produtores rurais que utilizam agrotóxicos nas lavouras<br />
para obterem maior rentabilida<strong>de</strong> na produção e a ambição<br />
dos industriais que fazem qualquer negócio para lucrar.<br />
O consumismo e o lucro estão associados e <strong>de</strong>vem ser<br />
combatidos para salvar o planeta.<br />
Não basta apenas reciclar enormes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lixo<br />
- do qual já se estabeleceu um bom mercado - enquanto a<br />
socieda<strong>de</strong> continua a consumir <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>senfreada. É<br />
preciso promover a eco-cidadania, ou seja, que as pessoas<br />
tenham uma mentalida<strong>de</strong> e uma prática <strong>de</strong> vida eco-cidadã<br />
na socieda<strong>de</strong> e que a geração contemporânea tenha um<br />
comportamento ético com relação às gerações futuras. Os<br />
futuros habitantes do planeta não têm ninguém que hoje os<br />
<strong>de</strong>fenda. Não existe o “sindicato ou a associação das gerações<br />
futuras” para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seu direito <strong>de</strong> viver e ter acesso aos<br />
bens da natureza. Além <strong>de</strong> fazer com que todos se sintam<br />
parte do todo, a ecologia tem o <strong>de</strong>safi o <strong>de</strong> fazer com que esta<br />
geração se consi<strong>de</strong>re irmã das futuras gerações, com as quais<br />
temos o compromisso <strong>de</strong> lhes preservar o direito à vida. Como<br />
sugere a Carta da Terra, “a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> cada geração<br />
é condicionada pelas necessida<strong>de</strong>s das gerações futuras”(5).<br />
Que não seja tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais...<br />
Para a Associação Brasileira <strong>de</strong> Entida<strong>de</strong>s Estaduais <strong>de</strong><br />
Meio Ambiente (ABEMA) os principais problemas ambientais<br />
que <strong>de</strong>vem ser prioritariamente combatidos do Brasil, são:<br />
Escassez <strong>de</strong> água pelo mau uso, pela contaminação e por<br />
mau gerenciamento das bacias hidrográfi cas; Contaminação<br />
<strong>de</strong> corpos hídricos por esgotos sanitários e por outros resíduos;<br />
Degradação dos solos pelo mau uso; Perda <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>smatamento e às queimadas; Degradação da<br />
faixa litorânea por ocupação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada; Poluição do ar nos<br />
gran<strong>de</strong>s centros urbanos (6).<br />
Nos últimos anos vem se constatando que a água tem um<br />
valor vital, algo que até a pouco era quase inimaginável. A água<br />
serve para tudo na vida das pessoas; sem esse recurso a vida<br />
pa<strong>de</strong>ce. (...) Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU),<br />
no mundo há 2,2 bilhões <strong>de</strong> pessoas sem água <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e<br />
2,4 sem serviços sanitários a<strong>de</strong>quados. As doenças causadas<br />
por água contaminada matam anualmente dois milhões <strong>de</strong><br />
crianças. E nos países mais pobres chegam a matar uma <strong>de</strong><br />
cada cinco antes <strong>de</strong> completar cinco anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
Conforme os dados da Organização Pan-americana <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> (Opas), 20% da população brasileira não têm acesso a<br />
água potável. E para aquela parcela da população que recebe<br />
água em casa, 40% do que sai da torneira não é confi ável.<br />
Meta<strong>de</strong> das casas no Brasil não tem serviço <strong>de</strong> esgotos e 80%<br />
dos esgotos que é coletado vai diretamente para os rios sem<br />
nenhum tipo <strong>de</strong> tratamento. (...)<br />
MeiO aMBieNTe<br />
O nor<strong>de</strong>ste brasileiro vive uma situação terrível <strong>de</strong> miséria<br />
causada pela ausência <strong>de</strong> água potável. E até mesmo nas<br />
regiões <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s mananciais <strong>de</strong> água, como a Amazônia, a<br />
população não tem água <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> para o consumo.<br />
E em gran<strong>de</strong> parte dos centros urbanos brasileiros são<br />
freqüentes os problemas com o abastecimento <strong>de</strong> água (7).<br />
Consciência ecológica e cidadania estão cada vez mais<br />
relacionadas. Aumentam as preocupações com a natureza e<br />
com o ser humano. O fato <strong>de</strong> os problemas ambientais estarem<br />
mais perto dos olhos das pessoas, causa maior interesse em<br />
proteger a natureza, mas é preciso que não seja tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais.<br />
Se, por um lado, nos assustamos com a situação do<br />
nosso planeta, por outro, sentimos que há no mundo gran<strong>de</strong><br />
preocupação com a vida <strong>de</strong> toda a humanida<strong>de</strong>. Cada vez<br />
mais as pessoas no mundo inteiro se preocupam com a paz,<br />
com os direitos humanos e com as questões ambientais dos<br />
seus locais <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> outros povos da Terra. (...) Acontecem<br />
muitos eventos nos mol<strong>de</strong>s do Fórum Social Mundial, que<br />
tratam questões especifi cas, mas que respon<strong>de</strong>m aos anseios<br />
<strong>de</strong> toda a humanida<strong>de</strong>. E, nisso, a tecnologia po<strong>de</strong> ajudar<br />
em muito. Por exemplo, a internet, po<strong>de</strong> possibilitar que as<br />
pessoas saibam da existência dos problemas e das medidas<br />
que são tomadas em outras partes do mundo.<br />
É hora <strong>de</strong> pensar e agir, enfrentar os <strong>de</strong>safi os que se<br />
impõem no nosso tempo. Está na hora <strong>de</strong> fazer opções<br />
<strong>de</strong> mudanças para garantir a vida, como nos sugere José<br />
Lutzenberger: “Ou mudamos nossa fi losofi a <strong>de</strong> vida ou <strong>de</strong> fato<br />
extinguiremos toda a vida do planeta”.<br />
Frei Pilato Pereira<br />
Fra<strong>de</strong> Capuchinho da Província do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />
Blog: www.olharecologico.blogspot.com<br />
E-mail: freipilato@gmail.com<br />
(Este artigo foi extraído do trabalho apresentado como exigência parcial<br />
para a conclusão do Curso <strong>de</strong> Pós Graduação Lato Sensu “Abordagem<br />
Transdisciplinar: Ecologia, Educação e Teologia”, no Instituto Teológico<br />
Franciscano, sob a orientação dos professores Sinivaldo S. Tavares e<br />
Ludovico Garmus)<br />
Referências:<br />
1. LUTZENBERGER, José Antônio. Manifesto <strong>de</strong> Curitiba. Declaração <strong>de</strong><br />
Princípios do Movimento <strong>de</strong> Luta Ambiental (Outubro <strong>de</strong> 1978). Disponível<br />
em: http://www.fgaia.org.br/texts/manifesto.html 23/05/03 11:00 On-line<br />
2. JOHN, Liana. Os <strong>de</strong>safi os crescentes da Ecologia Urbana. Centro <strong>de</strong> Ciências<br />
da Educação. Disponível em: http://www.ced.ufsc.br/meioambiente/Tema2.<br />
htm 23/05/03 11:40 On-line<br />
3. Jornal Folha <strong>de</strong> São Paulo. Ca<strong>de</strong>rno Cotidiano. Capa. Saú<strong>de</strong> Pública. Edição<br />
<strong>de</strong> domingo, 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000<br />
4. Cf. L. Jonh. Op. Cit.<br />
5. CARTA DA TERRA. Em: BOFF, Leonardo. Ethos Mundial. Um consenso mínimo<br />
entre os humanos. Brasília: Letraviva, 2000. p. 152<br />
6. ABEMA. Fórum Nacional <strong>de</strong> Secretários Estaduais <strong>de</strong> Meio Ambiente<br />
(20/10/1999). Problemas Ambientais. Disponível em: http://www.abema.<br />
org.br/content/abema/problemas_ambientais/<strong>de</strong>fault.asp 26/05/03 11:00<br />
On-line<br />
7. CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB). Fraternida<strong>de</strong> e<br />
Água: Texto Base CF 2004. São Paulo: Salesiana, 2003. nº 04-12<br />
Especial<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
17
MeiO aMBieNTe<br />
Especial<br />
educaçãO Para a<br />
PreserVaçãO<br />
Um dos temas mais discutidos nas últimas décadas,<br />
que gera confl itos e <strong>de</strong>sperta maior atenção da<br />
humanida<strong>de</strong>, é a preservação do meio ambiente.<br />
Com o avanço das tecnologias, o ser humano viu-se<br />
diante <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s que fi zeram com<br />
que ele tivesse atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senfreadas <strong>de</strong> poluição e <strong>de</strong><br />
não preservação. Conseqüentemente, o planeta passou<br />
a viver sob constante alerta <strong>de</strong> uma catástrofe maior, <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong> herança para nossos fi lhos, netos e <strong>de</strong>mais<br />
gerações, um lugar sem nem mesmo ar para respirar,<br />
com todas as pestes possíveis, sem água potável, e com<br />
alimentos <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong> para a sobrevivência, vivendo<br />
à mercê da própria sorte.<br />
É alarmante ver como o <strong>de</strong>smatamento vem<br />
crescendo no dia-a-dia. Nossos rios já não são límpidos;<br />
em nosso ar e em nossos pulmões circulam inúmeras<br />
bactérias, vírus e tantos outros poluentes <strong>de</strong>correntes<br />
do <strong>de</strong>senvolvimento humano, sem falar na violência<br />
presente nos campos, com a crescente aplicação <strong>de</strong><br />
agrotóxicos nos alimentos.<br />
Temos, pois, uma missão salutar enquanto “presente”:<br />
proporcionar às gerações futuras a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver<br />
neste planeta. Com isso, é urgente a implantação <strong>de</strong><br />
projetos <strong>de</strong> preservação no meio escolar, uma vez que,<br />
quando trabalhados certos temas com crianças, é mais<br />
18 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
fácil <strong>de</strong>senvolver o espírito <strong>de</strong> pertença e colocar em<br />
prática tudo aquilo que um dia foi trabalhado. Afi nal, o<br />
tema da preservação ambiental é <strong>de</strong> extrema importância<br />
para todas as gerações.<br />
Ao educar nossas crianças para o exercício <strong>de</strong><br />
preservação ambiental, estamos também resguardando<br />
suas vidas e sua dignida<strong>de</strong>, enquanto pessoa humana, já<br />
que nossos antepassados pu<strong>de</strong>ram viver num lugar on<strong>de</strong><br />
era possível viver. O ser humano parece querer competir<br />
com Deus. Ele criou o mundo em sete dias; o “bicho<br />
homem”, não contente com sua obra, não lhe dando<br />
valor sufi ciente, busca meios <strong>de</strong> acabar com tudo <strong>de</strong><br />
grandioso que Deus criou, sendo permissivo nas diversas<br />
situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental, fazendo mal uso <strong>de</strong><br />
sua inteligência e competência.<br />
Devemos criar uma consciência crítica e fazer um<br />
auto-exame da nossa postura em todas as nossas ações<br />
cotidianas, visando relacionarmo-nos com Deus e com<br />
todas as criaturas criadas por Ele, dando valor àquilo que<br />
chamamos <strong>de</strong> “nosso” ambiente.<br />
Iê<strong>de</strong> Maria Andra<strong>de</strong> Coutinho<br />
Diretora da Obra Social Nossa Senhora <strong>de</strong> Fátima,<br />
em Montes Claros (MG)<br />
E-mail: ie<strong>de</strong>_seias@yahoo.com.br<br />
Fonte: http://outrapolitica.wordpress.com/2008/08/14/po<strong>de</strong>rosos-interesses-nao-permitem-efetivo-estudo-da-amazonia/
Nos colégios e obras da Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> a questão ambiental faz parte das ações<br />
educativas, por meio da valorização da consciência ecológica e <strong>de</strong> práticas que aliam<br />
a preservação do meio ambiente à promoção social. Exercício da cidadania, respeito à<br />
dignida<strong>de</strong> humana e comunhão com o ecossistema andam <strong>de</strong> mãos dadas na prática <strong>de</strong><br />
uma educação voltada para o ser humano integral. Confi ra, a seguir,<br />
algumas iniciativas nesse sentido:<br />
ascaMare<br />
da PreserVaçãO dO MeiO aMBieNTe À PrOMOçãO sOciaL,<br />
eis sua MissãO.<br />
O<br />
Colégio Imaculada Conceição <strong>de</strong> Leopoldina<br />
(MG) é parceiro da Associação dos Catadores <strong>de</strong><br />
Materiais Recicláveis <strong>de</strong> Leopoldina – Ascamare –<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a gestação <strong>de</strong>sse grupo <strong>de</strong> catadores e catadoras,<br />
que começaram a se organizar em julho <strong>de</strong> 2004. Além<br />
do Colégio Imaculada, outros parceiros têm feito parte<br />
da construção <strong>de</strong>ste projeto <strong>de</strong> transformação social<br />
ao longo <strong>de</strong>sses quase cinco anos: Cáritas Brasileira<br />
Regional Minas Gerais, Cáritas Diocesana <strong>de</strong> Leopoldina,<br />
Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, Paróquia São José<br />
Operário e Pequeninos <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, entre outros.<br />
Nesse período, o Colégio Imaculada tem contribuído<br />
com muita versatilida<strong>de</strong> para que o sonho <strong>de</strong> emancipação<br />
dos catadores e catadoras <strong>de</strong> materiais recicláveis seja<br />
concretizado. O Colégio acolhe reuniões da associação;<br />
realiza coleta e <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> materiais recicláveis;<br />
realiza a Páscoa dos catadores e catadoras, além <strong>de</strong> doar<br />
cestas básicas e recursos fi nanceiros arrecadados na<br />
Gincana <strong>de</strong> Colaboração, realizada anualmente. Além<br />
disso, o Colégio promove momentos <strong>de</strong> intercâmbio<br />
entre catadores(as) e alunos(as) e visitas <strong>de</strong> alunos e<br />
alunas ao galpão da Ascamare. É importante <strong>de</strong>stacar,<br />
ainda, a assinatura <strong>de</strong> Convênio <strong>de</strong> Cooperação Técnica e<br />
Financeira entre a SEIAS - Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação Integral<br />
e <strong>de</strong> Assistência Social/Colégio Imaculada Conceição e a<br />
Justiça social e Meio ambiente<br />
Cáritas Diocesana <strong>de</strong> Leopoldina, com o objetivo <strong>de</strong> dar<br />
apoio à ASCAMARE, por meio do pagamento do aluguel<br />
do galpão dos catadores, localizado à Rua Funchal Garcia,<br />
163, no Bairro São Cristóvão.<br />
Com essas parcerias, a ASCAMARE pô<strong>de</strong> transformar<br />
47,8 toneladas <strong>de</strong> materiais recicláveis. Com ativida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> tal calibre, está colaborando <strong>de</strong> maneira efetiva, para<br />
que em Leopoldina traga mais vida saudável e vida em<br />
abundância.<br />
Wal<strong>de</strong>ci Campos <strong>de</strong> Souza<br />
Agente da Cáritas Diocesana <strong>de</strong> Leopoldina<br />
A experiência exitosa da Ascamare nos fala da relevância <strong>de</strong> uma ação articulada e cheia <strong>de</strong><br />
intencionalida<strong>de</strong>. Mais do que contribuir, <strong>de</strong> fato, para a preservação do planeta, <strong>de</strong>senvolvendo<br />
ações socioambientais, a <strong>de</strong>fesa incondicional da dignida<strong>de</strong> da vida humana é o tom <strong>de</strong>ssa ação, que<br />
une assistência social, sustentabilida<strong>de</strong> e fraternida<strong>de</strong>.<br />
MeiO aMBieNTe<br />
Especial<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
Foto: Júlio Cesar Pereira Monerat<br />
19
MeiO aMBieNTe<br />
Especial<br />
PasseiOs-esTudO: uMa<br />
FOrMa diVerTida<br />
<strong>de</strong> aPreN<strong>de</strong>r<br />
No Instituto Educacional Imaculada Conceição <strong>de</strong> Mogi Mirim (SP), os alunos <strong>de</strong> todas<br />
as séries têm a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar ativida<strong>de</strong>s extra-classe voltadas para o tema<br />
da preservação ambiental. Os passeios-estudo, programados pela equipe pedagógica,<br />
oferecem aos alunos uma visão sobre as ações humanas e seu impacto no meio ambiente.<br />
“Essas ativida<strong>de</strong>s são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a formação integral do aluno”, explicou<br />
Sandra Helena Botelho, coor<strong>de</strong>nadora comunitária do Colégio Imaculada Conceição.<br />
Este ano, as turmas da Educação Infantil <strong>de</strong>ram início ao calendário anual dos passeiosestudo.<br />
Acompanhados por funcionários <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> turismo e monitores especializados,<br />
os alunos do Pré I e Pré II visitaram, respectivamente, o Apiário Belmonte <strong>de</strong> Campinas e o<br />
Zoológico Municipal <strong>de</strong> Americana. Os passeios propiciaram momentos <strong>de</strong> aprendizagem<br />
sobre o cuidado com o meio ambiente, o respeito e a conservação da natureza.<br />
O Parque da Mônica em São Paulo foi o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong> 1º ano. Diversão e<br />
aprendizagem se uniram e o <strong>de</strong>staque fi cou por conta do Teatro “Aquecimento Global”. Com<br />
diálogos divertidos, o planeta Terra mostrou para os pequenos visitantes a importância <strong>de</strong> se<br />
cuidar bem <strong>de</strong>le, para que todos sejam benefi ciados.<br />
E-mail: colegioimaculada@colegioimaculada.com.br<br />
educaçãO aMBieNTaL Para<br />
aLéM da escOLa<br />
Durante o mês <strong>de</strong> março, os alunos do 9º ano do Colégio Imaculada Conceição, em Leopoldina (MG), que<br />
estavam fazendo um estudo sobre o meio ambiente nas aulas <strong>de</strong> geografi a, realizaram uma pesquisa <strong>de</strong> campo<br />
<strong>de</strong>tectando os principais problemas ambientais da cida<strong>de</strong>. Depois <strong>de</strong> registrarem toda a pesquisa por meio<br />
<strong>de</strong> fotos, montaram uma sala ambiente on<strong>de</strong>, além dos painéis com os registros, havia faixas e cartazes pedindo a<br />
preservação ambiental.<br />
No dia 12 <strong>de</strong> maio, o Colégio recebeu a visita do Secretário<br />
Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente, Júlio César Martins, que visitou<br />
a exposição e falou <strong>de</strong> sua satisfação em po<strong>de</strong>r contar com<br />
jovens engajados na intenção <strong>de</strong> preservar o meio ambiente.<br />
A partir da visita do secretário, foi estabelecida uma parceria<br />
entre a Secretaria Municipal e CIC, por meio dos alunos do 9º<br />
ano, em que fi cou acertada a participação efetiva dos estudantes<br />
no projeto <strong>de</strong> preservação ambiental da cida<strong>de</strong>. Com isso,<br />
eles po<strong>de</strong>rão agir <strong>de</strong> forma concreta no plantio <strong>de</strong> árvores,<br />
recuperação dos córregos e principalmente, como parceiros<br />
na divulgação da consciência e educação socioambiental.<br />
Vírginia Maria Barros Cabral Gonçalves<br />
Professora <strong>de</strong> Geografi a (8º e 9º anos EF) no Colégio Imaculada<br />
Conceição, em Leopoldina (MG)<br />
20 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009
NO iei <strong>de</strong> caMPiNas,<br />
óLeO Vira saBãO e<br />
reNda<br />
No Instituto Educacional Imaculada (IEI) <strong>de</strong> Campinas (SP),<br />
a área <strong>de</strong> Ciências da Natureza tem por meta, para 2009,<br />
<strong>de</strong>senvolver o projeto “Educação Ambiental vivida na<br />
prática”. Entre diversas ativida<strong>de</strong>s, os alunos do 1º ano do Ensino<br />
Médio, orientados pela professora Marisa Castreze Cassani,<br />
prepararam e divulgaram a Campanha da Coleta do óleo <strong>de</strong><br />
cozinha usado.<br />
O objetivo é transformar a escola em posto <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong>sse óleo,<br />
a ser <strong>de</strong>stinado a organizações que o usam como material para a<br />
fabricação <strong>de</strong> sabão. Com isso, o óleo não polui o meio ambiente e<br />
po<strong>de</strong> ser usado para gerar renda para famílias empobrecidas.<br />
Os alunos estão apren<strong>de</strong>ndo a dar ao óleo <strong>de</strong> cozinha uma <strong>de</strong>stinação ecológica e social.<br />
O cartaz<br />
produzido<br />
pelo IEI<br />
conscientiza a<br />
comunida<strong>de</strong><br />
acadêmica e<br />
motiva todos<br />
para que<br />
abracem a<br />
campanha.<br />
MeiO aMBieNTe<br />
Especial<br />
O sabão e bicombustível são produzidos a partir do<br />
reaproveitamento do óleo <strong>de</strong> cozinha. Esse combustível reduz<br />
consi<strong>de</strong>ravelmente a emissão <strong>de</strong> gases poluentes, além <strong>de</strong><br />
evitar a poluição é econômico.<br />
Muitas vezes as pessoas não reaproveitam esse óleo,<br />
ele simplesmente é <strong>de</strong>spejado pelo ralo, on<strong>de</strong> chega à re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
esgoto e é lançado no mar ou nos rios.<br />
O que <strong>de</strong>vemos fazer?<br />
Po<strong>de</strong>mos procurar postos <strong>de</strong> coleta e entregar o óleo<br />
usado. O Instituto Educacional Imaculada iniciou uma<br />
campanha <strong>de</strong> coleta; por isso junte-se a nós.<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
21
MeiO aMBieNTe<br />
Fonte: http://www.alunos<strong>de</strong>pedrogue<strong>de</strong>s.com.br/adrianapossas.htm<br />
Especial<br />
22 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
a saNTÍssiMa<br />
TriNda<strong>de</strong><br />
criadOra<br />
A<br />
criação é obra da Trinda<strong>de</strong><br />
Criadora. Na caminhada <strong>de</strong> fé<br />
da Igreja alguém soube ver a<br />
criação como obra da Trinda<strong>de</strong>. Foi o<br />
Padroeiro da Ecologia, São Francisco <strong>de</strong><br />
Assis, que sempre manifestava sua fé na<br />
Trinda<strong>de</strong>, criadora <strong>de</strong> todas as coisas.<br />
Para Francisco, a obra da criação<br />
é a primeira intervenção salvífi ca da<br />
Santíssima Trinda<strong>de</strong> na história da<br />
salvação. Em todas as ações salvífi cas<br />
da Trinda<strong>de</strong>, como na criação, são<br />
as três Pessoas Divinas que agem<br />
conjuntamente.<br />
Onipotente, altíssimo,<br />
santíssimo e sumo Deus, Pai santo<br />
e justo, Senhor e Rei dos céus e<br />
da terra, damo-vos graças por<br />
causa <strong>de</strong> vós mesmo, porque<br />
por vossa santa vonta<strong>de</strong> e pelo<br />
vosso único Filho, criastes no<br />
Espírito Santo todos os seres<br />
espirituais e corporais, nos fi zestes<br />
a vossa imagem e semelhança<br />
e nos colocastes no paraíso – e<br />
nós caímos por nossa culpa. E<br />
ren<strong>de</strong>mo-vos graças porque, se<br />
por vosso Filho nos criastes, pelo<br />
mesmo verda<strong>de</strong>iro e santo amor<br />
com que nos amastes o fi zestes<br />
nascer como verda<strong>de</strong>iro Deus e<br />
verda<strong>de</strong>iro homem da gloriosa,<br />
beatíssima, santa e sempre Virgem<br />
Maria (1Rg 23, 1-5).
NOVOs caMiNhOs Para<br />
NOVOs <strong>de</strong>saFiOs<br />
Sala <strong>de</strong> Estudos Avançados atrai estudantes que querem ir<br />
além do conteúdo curricular<br />
Há novos trabalhos em curso no Instituto<br />
Educacional Coração <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, em Bragança<br />
Paulista (SP), que buscam respon<strong>de</strong>r aos<br />
constantes <strong>de</strong>safios que nos são apresentados no cenário<br />
educacional. O primeiro é a Sala <strong>de</strong> Estudos Avançados<br />
- uma sala <strong>de</strong> aula que funciona no período da tar<strong>de</strong> e<br />
acolhe os alunos do 9ºano EF, 1º, 2º e 3ºano do EM. Trata-se<br />
<strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong>, no mínimo, três anos <strong>de</strong> planejamento<br />
e tem por objetivo ir além do conteúdo ministrado nas<br />
aulas do período da manhã. Está voltado, principalmente,<br />
para os alunos que querem ir além, partindo do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />
aprofundar conhecimentos.<br />
A própria Constituição brasileira estabelece a<br />
“igualda<strong>de</strong> na diversida<strong>de</strong>” e, assim, nasceu essa Sala <strong>de</strong><br />
Estudos Avançados on<strong>de</strong> são <strong>de</strong>senvolvidos trabalhos<br />
voltados à Geometria plana; noções mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong> teoria<br />
Quântica; aulas-práticas <strong>de</strong> Química mais aprofundadas<br />
sobre temas vistos durante o período da manhã, exercícios<br />
dos mais diversos vestibulares, além da discussão e<br />
análise <strong>de</strong> obras literárias por blocos temáticos. Ainda há<br />
perspectiva <strong>de</strong> novas áreas a serem implantadas.<br />
Os professores fazem o convite para os alunos, que<br />
se sentem <strong>de</strong>safiados e contagiam outros alunos para<br />
fazerem parte do grupo.<br />
Todos levam a sério o trabalho nessa sala que já possui<br />
um espírito <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e união, on<strong>de</strong> os alunos<br />
partilham seus trabalhos e formam equipes também na<br />
diferença. A igualda<strong>de</strong> existe no <strong>de</strong>sejo e na afinida<strong>de</strong> pela<br />
disciplina, mas a ida<strong>de</strong> do grupo vai <strong>de</strong> 14 a 18 anos e traz<br />
resultados surpreen<strong>de</strong>ntes que remetem-nos ao NMPE<br />
– 114 : “Consi<strong>de</strong>ramos a atenção às diferenças como um<br />
elemento imprescindível em nossa ação educativa. Por<br />
isso, <strong>de</strong>ve-se procurar em cada caso o tipo <strong>de</strong> educação<br />
mais a<strong>de</strong>quada às pessoas concretas e uma resposta às<br />
suas peculiarida<strong>de</strong>s... Procura-se, portanto, que a ação<br />
educativa esteja em relação com suas características<br />
psicológicas e com o contexto sociocultural a que<br />
pertencem e on<strong>de</strong> vivem.”<br />
Vale a pena lembrar, também, que trabalhamos<br />
no colégio com alunos em processo <strong>de</strong> inclusão, e no<br />
Ensino Médio, alguns alunos foram diagnosticados<br />
com Transtorno do Déficit <strong>de</strong> Atenção e Hiperativida<strong>de</strong><br />
(TDAH), Processamento Auditivo Central (PAC) e dislexia.<br />
Com eles, temos realizado um trabalho com resultados<br />
muito positivos. Proporcionamos aula <strong>de</strong> Reorientação<br />
<strong>de</strong> Estudos em Português e Matemática para o Ensino<br />
Fundamental II e Plantões <strong>de</strong> Dúvidas <strong>de</strong> todas as<br />
disciplinas do 9º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano<br />
do Ensino Médio.<br />
Com essas iniciativas, reafirmamos nossa missão <strong>de</strong><br />
educar na diversida<strong>de</strong>, atentando para especificida<strong>de</strong>s,<br />
particularida<strong>de</strong>s, respeitando ritmos e fazendo da<br />
construção do conhecimento uma ação colaborativa.<br />
Elisa Maria <strong>de</strong> Moraes Montagnana<br />
Diretora do Instituto Educacional Coração <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>,<br />
em Bragança Paulista (SP)<br />
E-mail: direcao@iecj.com.br<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
23
OBra sOciaL sãO jOsé OPerÁriO,<br />
eM BeLO hOriZONTe (MG),<br />
ceLeBra 40 aNOs <strong>de</strong> cONQuisTas<br />
Criada em 1969 para ser um Ginásio Profi ssionalizante, a obra consolida-se como<br />
importante centro <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong> assistência social<br />
O<br />
ano <strong>de</strong> 2009 está sendo um momento especial<br />
<strong>de</strong> comemorações para todos(as) que fazem<br />
ano, chegaram as máquinas prometidas pelo MEC e, no<br />
ano seguinte, teve início a 1ª série do Ginásio São José<br />
parte da comunida<strong>de</strong> da Obra São José Operário, Operário, com quase 100 alunos, na maioria fi lhos <strong>de</strong><br />
em Belo Horizonte. Há 40 anos, Ir. Felisa Elustondo FI, industriários resi<strong>de</strong>ntes nos bairros próximos.<br />
na época, Superiora do Colégio Imaculada <strong>de</strong> Belo Até 1974, o Ginásio foi mantido pelo Colégio<br />
Horizonte, refl etindo sobre a missão <strong>de</strong> educar das <strong>Filhas</strong> Imaculada Conceição. A partir <strong>de</strong> então, a obra se tornou<br />
<strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, <strong>de</strong>cidiu abrir uma escola para adolescentes da in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e passou a ser mantida pela Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
periferia, que não tinham possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuar seus Educação Integral e <strong>de</strong> Assistência Social (SEIAS). Em 1975,<br />
estudos <strong>de</strong>pois da 4ª série. Após a aprovação do projeto o ginásio passou a <strong>de</strong>nominar-se Escola <strong>de</strong> 1º Grau São<br />
pelo Ministério da Educação e Cultura, foi instalado José Operário. Em 1983, foi construído um novo prédio<br />
um Ginásio Profi ssionalizante, <strong>de</strong> tipo industrial, na Av. para respon<strong>de</strong>r melhor às exigências pedagógicas, em<br />
Otacílio Negrão <strong>de</strong> Lima, no bairro Pampulha.<br />
estilo simples e funcional. Além das instalações, a Obra<br />
No dia 4 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1969, foi inaugurado o Ginásio São José Operário conta com uma área <strong>de</strong> 15 mil m<br />
Orientado para o Trabalho, com bênção da Capela, das<br />
salas <strong>de</strong> aula, da secretaria e da cantina. No fi nal do<br />
2 para<br />
a recreação livre dos alunos, além <strong>de</strong> quadras <strong>de</strong> futebol<br />
salas <strong>de</strong> aula, da secretaria e da cantina. No fi nal do e vôlei.<br />
24 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009
Nossa realida<strong>de</strong> hoje<br />
De 1969 até hoje, muito foi construído nessa Obra.<br />
Hoje, o SJO é uma realida<strong>de</strong> muito mais abrangente,<br />
tendo se tornado um espaço <strong>de</strong> proteção para crianças<br />
e jovens, além <strong>de</strong> ser um espaço <strong>de</strong> promoção humana e<br />
resgate <strong>de</strong> cidadania para crianças, jovens e adultos.<br />
Atualmente, o SJO oferece, na parte da manhã,<br />
ensino fundamental do 6º ao 9º anos, com uma proposta<br />
pedagógica que se alicerça no documento “Nosso<br />
Modo Próprio <strong>de</strong> Educar”. Propomos “uma educação<br />
que valorize o ser humano em todo o seu contexto sóciopolítico-econômico-cultural,<br />
visando ao ensinar-apren<strong>de</strong>r<br />
por meio da vivência cotidiana <strong>de</strong> valores humano–<br />
cristãos, tornando o indivíduo capaz <strong>de</strong> perceber sua<br />
responsabilida<strong>de</strong> na construção <strong>de</strong> sua vida, inserida no<br />
contexto <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais justa” (trecho retirado da<br />
proposta político-pedagógica do SJO).<br />
Os estudantes do 6º ano permanecem na Obra <strong>de</strong><br />
7h20min às 16h20min, <strong>de</strong>ntro do Projeto “São José<br />
Integral”, que se fundamenta em três eixos orientadores<br />
da educação integral: educação ambiental, formação<br />
humano-cristã e corporeida<strong>de</strong>. Tem sido muito bonito o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento dos(as) estudantes nesse processo.<br />
No turno da tar<strong>de</strong>, acolhemos a comunida<strong>de</strong> do<br />
entorno da Obra e <strong>de</strong>senvolvemos ações preventivas e<br />
<strong>de</strong> qualifi cação por meio <strong>de</strong> projetos socioeducativos e<br />
projetos socioprofi ssionais. Os projetos socioeducativos<br />
são: projeto São José Integral; projeto Letras e Números;<br />
bordados e pintura em tecidos; Segundo Tempo/Esporte<br />
Esperança (em parceria com a Prefeitura Municipal <strong>de</strong><br />
Belo Horizonte); projeto Teatro; Artear; Vôlei, e Grupos <strong>de</strong><br />
Jovens.<br />
Os projetos <strong>de</strong> formação e qualifi cação sócioprofi<br />
ssional são: beleza e estética corporal básica<br />
(cabeleireiro, manicura, <strong>de</strong>pilação, massagem redutora<br />
e relaxante); informática básica; corte e costura e<br />
mo<strong>de</strong>lagem básico; panifi cação básica.<br />
Valorizamos cada ação positiva, cada gesto solidário,<br />
cada ação fraterna e cidadã. Com isso, queremos resgatar<br />
a pessoa inteira, muitas vezes sufocada por uma realida<strong>de</strong><br />
violenta e injusta.<br />
Nessa caminhada a serviço da vida e da esperança,<br />
inspirados/as por tudo que Madre Cândida nos <strong>de</strong>ixou,<br />
contextualizamos os nossos projetos em consonância<br />
com a realida<strong>de</strong> vivenciada pela comunida<strong>de</strong> que<br />
acolhemos, priorizando, na missão, o processo humano<br />
<strong>de</strong> evolução, no sentido cristão.<br />
Miriam Silva Loureiro<br />
Diretora da Obra Social São José Operário<br />
E-mail: diretoria@sjo.org.br<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
25
a caMiNhO dO juBiLeu<br />
TeMPO... TeMPO... TeMPO... TeMPO...<br />
Um dos aspectos que mais chama atenção da vida<br />
mo<strong>de</strong>rna é a nossa falta <strong>de</strong> tempo...<br />
Para fugir <strong>de</strong>ssa cena e saborear uma<br />
celebração que nos é muito especial, foi dada a largada<br />
para a preparação <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> marco em nossa história<br />
como leigos e <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>: Vamos celebrar 100 anos<br />
da chegada do primeiro grupo <strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> ao<br />
Brasil em 1911, e cem anos da páscoa <strong>de</strong>fi nitiva <strong>de</strong> Madre<br />
Cândida Maria <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, em Salamanca, em 1912.<br />
E, porque vamos celebrar, é que chamamos <strong>de</strong><br />
JUBILEU, <strong>de</strong> ano jubilar, o período que vai <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong><br />
setembro <strong>de</strong> 2011 a 9 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2012. Júbilo é<br />
alegria, gratidão e esperança que os 100 anos <strong>de</strong> uma<br />
história a serviço da evangelizaçãoo signifi ca para<br />
todas(os) nós!<br />
Tempo... tempo... tempo... tempo... Parece que ainda<br />
está longe.... tão longe.... Mas estamos propondo uma<br />
Oração ao Tempo<br />
És um senhor tão bonito<br />
Quanto a cara do meu fi lho<br />
Tempo tempo tempo tempo<br />
Vou te fazer um pedido<br />
Tempo tempo tempo tempo...<br />
Compositor <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinos<br />
Tambor <strong>de</strong> todos os rítmos<br />
Tempo tempo tempo tempo<br />
Entro num acordo contigo<br />
Tempo tempo tempo tempo...<br />
Por seres tão inventivo<br />
E pareceres contínuo<br />
Tempo tempo tempo tempo<br />
És um dos <strong>de</strong>uses mais lindos<br />
Tempo tempo tempo tempo...<br />
26 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
Que sejas ainda mais vivo<br />
No som do meu estribilho<br />
Tempo tempo tempo tempo<br />
Ouve bem o que te digo<br />
Tempo tempo tempo tempo...<br />
Peço-te o prazer legítimo<br />
E o movimento preciso<br />
Tempo tempo tempo tempo<br />
Quando o tempo for propício<br />
Tempo tempo tempo tempo...<br />
brinca<strong>de</strong>ira com o tempo, em tempos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>:<br />
Vamos em “câmara lenta”...Saboreando...<br />
Vamos reencontrar pessoas, reconstruir trajetória,<br />
(re)fazer a memória histórica, reunir fatos e testemunhos,<br />
vamos recolher essa história centenária e espalhá-la aos<br />
quatro cantos, do Brasil, do mundo, do planeta, como um<br />
semeador convicto e esperançoso.<br />
Se você tem um registro histórico, pessoal ou coletivo,<br />
uma memória afetiva com relação a Madre Cândida na<br />
sua vida e o centenário das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> no Brasil, juntese<br />
a nós!<br />
Entre em contato, venha celebrar conosco!<br />
Foi dada a largada <strong>de</strong> uma temporada <strong>de</strong> celebração<br />
do i<strong>de</strong>al e do carisma da Madre Cândida e da presença<br />
centenária das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> no Brasil...<br />
EQUIPE DE ANIMAÇÃO DO ANO JUBILAR<br />
E-mail: anojubilarfi @seias.com.br<br />
De modo que o meu espírito<br />
Ganhe um brilho <strong>de</strong>fi nido<br />
Tempo tempo tempo tempo<br />
E eu espalhe benefícios<br />
Tempo tempo tempo tempo...<br />
O que usaremos prá isso<br />
Fica guardado em sigilo<br />
Tempo tempo tempo tempo<br />
Apenas contigo e comigo<br />
Tempo tempo tempo tempo...<br />
E quando eu tiver saído<br />
Para fora do teu círculo<br />
Tempo tempo tempo tempo<br />
Não serei nem terás sido<br />
Tempo tempo tempo tempo...<br />
Caetano Veloso<br />
Ainda assim acredito<br />
Ser possível reunirmo-nos<br />
Tempo tempo tempo tempo<br />
Num outro nível <strong>de</strong> vínculo<br />
Tempo tempo tempo tempo...<br />
Portanto peço-te aquilo<br />
E te ofereço elogios<br />
Tempo tempo tempo tempo<br />
Nas rimas do meu estilo<br />
Tempo tempo tempo tempo...<br />
Leopoldina/MG Belo Horizonte/MG Sobradinho/BA Bragança Paulista/SP
Belo Horizonte, março <strong>de</strong> 2009<br />
Comunicado do ANO JUBILAR<br />
Queridos/as, irmãs, professores/as, alunos/as, pais, funcionários/as e <strong>de</strong>mais amigos/as da Congregação das<br />
<strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>.<br />
Hoje, 02 <strong>de</strong> abril, anunciamos o início da preparação <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> marco em nossa história: 100 anos da<br />
chegada do primeiro grupo <strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, ao Brasil, em 1911 e 100 anos da páscoa <strong>de</strong>fi nitiva <strong>de</strong> Madre Cândida<br />
Maria <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, em Salamanca, em 1912.<br />
Escolhemos o dia 2 <strong>de</strong> abril, porque nesse dia a Madre Cândida recebeu <strong>de</strong> Deus a inspiração <strong>de</strong> fundar a<br />
Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, quando rezava, na igreja do Rosarillo, em Valladolid.<br />
Todas e todos que conhecemos, hoje, a Madre Cândida e a Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, estamos convidadas<br />
e convidados a PARTICIPAR, a DIFUNDIR, a CRIAR!... É a celebração do ANO JUBILAR! Júbilo que é alegria, gratidão<br />
e esperança!<br />
Celebrar 100 anos <strong>de</strong> uma história, a serviço da evangelização, é re-conhecer pessoas, fatos, lugares,<br />
transformações, <strong>de</strong>safi os... É fazer parte <strong>de</strong>ste momento <strong>de</strong> resgate, para, com um olhar no passado, outro no<br />
futuro, reafi rmar criativamente valores que nos aproximam do carisma <strong>de</strong> Madre Cândida.<br />
Contamos com a participação <strong>de</strong> todas e todos, nos diferentes lugares e experiências diversas, para a sugestão<br />
<strong>de</strong> um LEMA e <strong>de</strong> um TEMA, que ressaltem o acontecimento do ANO JUBILAR.<br />
Criá-lo é uma forma <strong>de</strong> expressar um itinerário comum, neste tempo <strong>de</strong> celebração.<br />
Cada presença <strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, no Brasil, está convidada a elaborar um Tema e um Lema, que servirão <strong>de</strong><br />
subsídio para a proposta fi nal. Deverá enviá-lo à Equipe <strong>de</strong> Animação do Ano Jubilar, até 15/06/09, para o seguinte<br />
en<strong>de</strong>reço: anojubilarfi @seias.com.br<br />
Neste ano <strong>de</strong> 2009, a preparação do gran<strong>de</strong> acontecimento quer resgatar a memória histórica, iluminada por<br />
um lema e um tema, embora o tempo Ofi cial do Ano Jubilar será <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2011 a 9 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2012.<br />
Iniciar a motivação para a celebração do Ano Jubilar, neste dia, é uma forma <strong>de</strong> celebrar as sementes lançadas<br />
por Madre Cândida, que <strong>de</strong>ram fl ores, frutos, sombras... envolveram pessoas, fortaleceram comunida<strong>de</strong>s e nos<br />
unem em um mesmo sonho, o Reino <strong>de</strong> Deus.<br />
Um gran<strong>de</strong> abraço,<br />
Montes Claros/MG<br />
Mogi Mirim/SP<br />
Belo Horizonte/MG<br />
Belo Horizonte/MG<br />
P/ Equipe <strong>de</strong> Animação do Ano Jubilar<br />
Ir. Sônia Regina Rosa<br />
Picos/PI<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
27
cursO <strong>de</strong> reNOVaçãO<br />
TrajeTória? caMiNhO? OPOrTuNida<strong>de</strong>? Graça?<br />
Assim quero <strong>de</strong>linear o que foi e continua sendo<br />
para nós o “Curso <strong>de</strong> Renovação”, proporcionado<br />
pela Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, no período<br />
<strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> janeiro a 23 a abril <strong>de</strong> 2009, na Casa Santíssima<br />
Trinda<strong>de</strong>, em Belo Horizonte (MG). Éramos quinze irmãs<br />
<strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, com 10 a 20 anos <strong>de</strong> consagração e<br />
proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> oito países: Taiwan (China), Japão,<br />
Filipinas, Espanha, República Dominicana, Colômbia,<br />
Bolívia e Brasil.<br />
Essa rica experiência <strong>de</strong> encontro consigo mesma,<br />
entre nós e com Deus, se <strong>de</strong>senrolou sob a coor<strong>de</strong>nação<br />
<strong>de</strong>dicada <strong>de</strong> Irmã Vilma Moreira da Silva, auxiliada<br />
pela Irmã Ione Derci Ramos. Também, Ir. Clara Echarte,<br />
conselheira geral e responsável pela área <strong>de</strong> formação<br />
inicial e continuada na Congregação, brindou-nos com<br />
sua presença na abertura e nos primeiros dias.<br />
Numa primeira etapa da experiência, fomos<br />
convidadas a aproximarmo-nos <strong>de</strong> nosso “poço vital”,<br />
através da parábola “O País dos Poços” e do texto<br />
bíblico que relata o encontro <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> com a mulher<br />
samaritana. Numa dinâmica <strong>de</strong> auto-análise existencial,<br />
fomos convidadas a recuperar a transparência da água<br />
pura, no mais profundo <strong>de</strong> nossos poços. Trabalhamos<br />
também as relações interpessoais, buscando conhecernos<br />
mutuamente na multicultura que formávamos,<br />
e integrar-nos como grupo, numa vivência alegre,<br />
fraterna, madura, profundamente sororal, facilitadora do<br />
intercâmbio entre as diversas culturas, experimentando,<br />
<strong>de</strong> fato, o universalismo tão característico <strong>de</strong> nossa<br />
vocação <strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>.<br />
28 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
E, para que a vivência fosse “pé no chão”, ajudounos<br />
na refl exão o Padre Gregório Iriarte, o.m.i. trazendonos<br />
chaves <strong>de</strong> leitura, interpretação e análise crítica da<br />
conjuntura mundial, espaço privilegiado da revelação<br />
<strong>de</strong> Deus e lugar sagrado <strong>de</strong> encarnação-serviço da Vida<br />
Consagrada.<br />
As semanas seguintes foram <strong>de</strong>dicadas ao estudo,<br />
refl exão, oração e partilha sobre o itinerário espiritual do<br />
“peregrino” Ignácio <strong>de</strong> Loyola, através <strong>de</strong> sua autobiografi a<br />
e do caminho <strong>de</strong> evangelho <strong>de</strong>ixado por Madre Cândida<br />
Maria <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, Fundadora da Congregação, através <strong>de</strong><br />
sua vida e seus Apontamentos Espirituais, atualizados<br />
para o hoje nos documentos congregacionais.<br />
Ajudou-nos também, na “Leitura Orante da Palavra<br />
<strong>de</strong> Deus”, a Irmã Virma Barion, Carmelita <strong>de</strong> Vedruna que<br />
conduziu-nos, através da “hermenêutica da imaginação”,<br />
à leitura orante do Evangelho <strong>de</strong> Lucas, fazendo-nos<br />
saborear as riquezas dos encontros <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, seus<br />
critérios, sua opção fundamental e única pelo Pai e pelo<br />
Reino e sua consequente opção pela “loucura da cruz”.<br />
A centralida<strong>de</strong> da experiência foram os “Exercícios<br />
Espirituais <strong>de</strong> 30 dias”, realizados <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> fevereiro a 23<br />
<strong>de</strong> março, e orientados pelo Padre Fernando Londoño,<br />
SJ: um tempo <strong>de</strong> graça, <strong>de</strong> comunicação do Espírito;<br />
tempo <strong>de</strong>, “mais que saber, sentir e saborear as coisas<br />
internamente”, seguindo a sábia pedagogia <strong>de</strong> Inácio<br />
<strong>de</strong> Loyola; um tempo <strong>de</strong> reavivamento <strong>de</strong> nossa opção<br />
fundamental pelo seguimento <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> pobre e humil<strong>de</strong>;<br />
tempo <strong>de</strong> convite a voltar ao “Amor Primeiro”, a sair <strong>de</strong><br />
nosso próprio “amor, querer e interesse”, para centrar
a vida Nele e em seus preferidos(as); tempo <strong>de</strong> avançar<br />
para as “águas profundas”; tempo para <strong>de</strong>ixar-nos<br />
marcar pelos traços in<strong>de</strong>léveis do Espírito que plasma<br />
em cada uma <strong>de</strong> nós a graça da vocação e da comunhão<br />
carismática com Cândida Maria.<br />
Assim, animadas pela força do Espírito, partimos para<br />
a “Experiência Apostólica” dividindo-nos em grupos <strong>de</strong><br />
missão, em comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>,<br />
na Argentina, Bolívia, nor<strong>de</strong>ste do Brasil e norte <strong>de</strong> Minas<br />
Gerais. Através da presença, convivência e trabalho<br />
missionário junto às nossas irmãs na inserção em meio<br />
aos pobres, pu<strong>de</strong>mos experimentar a sorte <strong>de</strong> nossos<br />
irmãos e irmãs mais necessitados, bem como a riqueza<br />
<strong>de</strong> uma fé simples e encarnada no cotidiano da luta por<br />
mais vida e mais dignida<strong>de</strong>.<br />
Ao longo do curso, tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visitar<br />
e conviver fraternalmente com as comunida<strong>de</strong>s das <strong>Filhas</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte e <strong>de</strong> Santa Luzia, celebrando,<br />
compartilhando uma merenda, contemplando todo o<br />
bem que po<strong>de</strong>m realizar nas realida<strong>de</strong>s em que estão;<br />
solidarizamo-nos também com a “Ocupação Dandara”,<br />
em sua luta por casa e dignida<strong>de</strong> e com a “Pastoral <strong>de</strong><br />
Rua”, através do relato-<strong>de</strong>poimento emocionado <strong>de</strong><br />
Elisângela, ex-moradora <strong>de</strong> rua; unimo-nos à Igreja <strong>de</strong><br />
Belo Horizonte na celebração dos 100 anos <strong>de</strong> Dom Hel<strong>de</strong>r<br />
Câmara, profeta dos pobres e oprimidos; celebramos, no<br />
dia <strong>de</strong>dicado à Vida Consagrada, o envio <strong>de</strong> três irmãs<br />
(entre elas, uma Filha <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>) a Felizburgo, Norte<br />
<strong>de</strong> Minas, com objetivo <strong>de</strong> compor uma comunida<strong>de</strong><br />
intercongregacional a serviço dos pobres, no Vale do<br />
Jequitinhonha.<br />
E, para cumular o manancial <strong>de</strong> graças e bênçãos <strong>de</strong><br />
Deus, tivemos a grata alegria <strong>de</strong> receber a nossa Superiora<br />
Geral, Maria Inez Mendonça, para o encerramento do<br />
curso. “Ser mulheres do Espírito”: esta foi a proposta<br />
que nos fez Maria Inez. De verda<strong>de</strong>, é o Espírito quem<br />
<strong>de</strong>senha em nós a imagem <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>. Fomos enviadas<br />
e reenviadas, em nome <strong>de</strong>ste Enviado do Pai, o Senhor<br />
<strong>Jesus</strong>, e Ele nos dará seu Espírito sem medida, para que<br />
sejamos “presença encarnada – na carne do mundo” com<br />
todas as consequências que isso supõe.<br />
Somos <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, estamos nas mãos <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>,<br />
somos seus instrumentos. É Ele quem nos leva, nos<br />
conduz. O único modo para que haja realização da vida,<br />
renovação, é entregarmos a Ele nossa vida, e entregar<br />
essa vida plenifi cada Nele, ao Outro.<br />
Eis o convite: “Ser mulheres novas, pelo Espírito.”<br />
Trajetória! Caminho! Oportunida<strong>de</strong>! Graça!<br />
Maria José Alves Machado, F.I.<br />
E-mail: zezefi @hotmail.com<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
29
O sTeLLa Maris<br />
eM MiNha Vida...<br />
Para a maioria das crianças e adolescentes, a escola é como se fosse um segundo lar. Um<br />
espaço <strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> si mesmo e do mundo, que marca, <strong>de</strong>fi nitivamente,<br />
a história <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> qualquer pessoa. No Centro Popular <strong>de</strong> Educação e Assistência Social<br />
Stella Maris, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, algumas turmas do 9º ano, da professora Lílian Pedro, foram<br />
convidadas a realizar um exercício <strong>de</strong> refl exão e expressão sobre o sentido da escola em suas<br />
vidas. A seguir, algumas das belas e reveladoras redações produzidas pelos alunos:<br />
Refl etindo sobre a escola<br />
O Stella Maris foi o início da minha vida. Foi aqui que<br />
aprendi tudo que sei.<br />
Aqui, tive meu primeiro amor, minha primeira briga,<br />
minhas primeiras notas altas e baixas.<br />
Nove anos vivendo e apren<strong>de</strong>ndo. Minhas verda<strong>de</strong>iras<br />
amiza<strong>de</strong>s nasceram aqui, mas não morrerão quando tudo<br />
isso acabar, será eterno.<br />
Tantos professores, tantas matérias, tantas provas,<br />
tantos coor<strong>de</strong>nadores.<br />
Minha conselheira número um está aqui e sempre<br />
vai estar no meu coração. Uma<br />
senhorinha encantadora que<br />
além <strong>de</strong> me aconselhar, cuida<br />
das minhas dores.<br />
Stella Maris, obrigada por<br />
existir na minha vida e fazer <strong>de</strong>la<br />
os meus momentos mais felizes,<br />
você estará guardado ao lado<br />
esquerdo do meu peito.<br />
Karoline Morais Santiago<br />
Turma: 25 - 9º ano<br />
O que é a escola para mim?<br />
Não é apenas on<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>mos as matérias. É o local em que eu construo meu futuro e vivo o meu presente. É<br />
on<strong>de</strong> faço amigos, on<strong>de</strong> conheço pessoas que fi carão marcadas na minha vida. É o lugar em que eu aprendo a viver e<br />
a enfrentar o mundo.<br />
Stella Maris, uma escola que acolhe seus alunos, on<strong>de</strong> todo mundo é uma gran<strong>de</strong> família que se ajuda entre si.<br />
Local on<strong>de</strong> tive ótimos professores, que estão me preparando para o futuro, e que fazem <strong>de</strong> tudo para a melhoria do<br />
alunado, contribuindo, assim, com o nosso país.<br />
Muitas crianças não gostam <strong>de</strong> seus professores, por passarem <strong>de</strong>veres, provas e chamarem<br />
atenção sobre notas baixas. Mas elas não sabem que um dia irão agra<strong>de</strong>cer a eles por tudo<br />
que fazem pelo nosso bem.<br />
Gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer ao Stella Maris por tudo que me proporcionou, do CA ao 9º ano,<br />
período em que estou agora. Aprecio muito todo o esforço da escola, inclusive o auxílio dos<br />
funcionários em manter o colégio e ajudar a quem não po<strong>de</strong> pagar um bom ensino.<br />
Agra<strong>de</strong>ço muito à Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, fundadoras do Stella Maris e <strong>de</strong> muitas outras<br />
instituições, que nos proporcionam a formação <strong>de</strong> um verda<strong>de</strong>iro cidadão.<br />
Paula Dias De Figueiredo<br />
Turma: 24 - 9º ano<br />
30 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
A escola Stella Maris para mim signifi ca uma vida,<br />
pois a maior parte <strong>de</strong>la foi fi car aqui. Foram nove anos e<br />
este é o meu último aqui, mas acredito que quando sair<br />
da escola, vou me lembrar <strong>de</strong> cada momento passado,<br />
lembrar dos risos, das aventuras, das bagunças, das<br />
broncas, enfi m lembrar <strong>de</strong> tudo, porque isso foi muito<br />
importante para mim. O melhor <strong>de</strong> tudo que aconteceu,<br />
foi conhecer amigos verda<strong>de</strong>iros, aqueles que eu vou<br />
levar para a vida toda, aqueles que fazem muita falta.<br />
Eu agra<strong>de</strong>ço por ter estudado, pois eu fui feliz. Houve<br />
momentos <strong>de</strong> tristeza, claro! Mas<br />
na vida temos altos e baixos, ou<br />
seja, nem tudo é bom, e o ruim<br />
disso é que eu vou sentir muitas<br />
sauda<strong>de</strong>s, tanto dos professores<br />
quanto dos meus amigos e é<br />
por isso, que até o fi m, eu vou<br />
lembrar <strong>de</strong> um sonho chamado<br />
Stella Maris.<br />
Gabrielle Brum Lopes da Silva<br />
Turma: 25 - 9º ano
Aconteceu na Re<strong>de</strong><br />
PreseNça <strong>de</strong> Fé e esPeraNça<br />
NO MeiO dOs POBres<br />
Religiosas <strong>de</strong> diferentes congregações se unem para viver<br />
em comunida<strong>de</strong> no Vale do Jequitinhonha<br />
Uma pequena cida<strong>de</strong> no Vale do Jequitinhonha (MG),<br />
com uma população <strong>de</strong> 6.364 habitantes, é o lugar on<strong>de</strong><br />
se vivencia uma bela experiência da Vida Religiosa.<br />
Felisburgo, na diocese <strong>de</strong> Almenara, abriga a comunida<strong>de</strong><br />
intercongregacional Nossa Senhora da Esperança, formada<br />
por quatro irmãs <strong>de</strong> três congregações: Irmã Barbara –<br />
Missionárias <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> Crucificado, Irmã Reginalda – <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Jesus</strong>, Suzana e Anne – Irmãs <strong>de</strong> São José <strong>de</strong> Rochester.<br />
O sonho <strong>de</strong> se criar uma comunida<strong>de</strong> intercongregacional<br />
nasceu da experiência da missão realizada durante uma<br />
Semana Santa. A proposta foi discutida nas Assembléias<br />
Regionais ordinárias da Conferência dos Religiosos do Brasil<br />
(CRB). A partir <strong>de</strong> várias reflexões, constatou-se que seria <strong>de</strong><br />
suma importância que um grupo <strong>de</strong> religiosas pu<strong>de</strong>sse armar<br />
a sua tenda entre o povo sofrido, além do período <strong>de</strong><br />
semana santa.<br />
Para concretizar esse projeto, Ir. Solange <strong>de</strong> Fátima<br />
Damião – CRSD, assessora da Regional MG, começou a<br />
articular com algumas províncias sobre a disponibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> irmãs que pu<strong>de</strong>ssem abraçar o projeto. A resposta foi<br />
imediata por parte <strong>de</strong> duas congregações: Irmãs <strong>de</strong> São<br />
José <strong>de</strong> Rochester e <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, somando <strong>de</strong>pois as<br />
Missionárias <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> Crucificado.<br />
No processo <strong>de</strong> discernimento, a diocese <strong>de</strong> Almenara<br />
foi contemplada para a implantação <strong>de</strong>ssa comunida<strong>de</strong><br />
intercongregacional. O bispo Dom frei Hugo Mari van<br />
Steekelenburg, OFM, acolheu o projeto com muito gosto e<br />
tem dado todo apoio. A comunida<strong>de</strong> está na Paróquia Nossa<br />
Senhora do Rosário, município <strong>de</strong> Felisburgo.<br />
A chegada <strong>de</strong> Reginalda, Suzana e Anne coincidiu<br />
com o início da Quaresma <strong>de</strong> 2009. Foi uma oportunida<strong>de</strong><br />
boa para participarmos dos encontros da Campanha da<br />
Fraternida<strong>de</strong> e conhecer os quatros pontos da cida<strong>de</strong>, o<br />
povo e os lí<strong>de</strong>res. Reginalda e Anne passaram a Semana<br />
Santa com duas comunida<strong>de</strong>s rurais, e Suzana ficou na<br />
cida<strong>de</strong>, acompanhando um ministro que visitou outras<br />
comunida<strong>de</strong>s e as ativida<strong>de</strong>s na cida<strong>de</strong>.<br />
Além <strong>de</strong> matriz, a paróquia tem três comunida<strong>de</strong>s na<br />
periferia da cida<strong>de</strong> e seis comunida<strong>de</strong>s rurais, incluindo um<br />
acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem<br />
Terra (MST), uma comunida<strong>de</strong> quilombola e assentamentos.<br />
Nunca houve uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> religiosas morando aqui.<br />
A paróquia e as comunida<strong>de</strong>s têm muitos lí<strong>de</strong>res leigos e<br />
leigas bem treinados.<br />
Felisburgo está situada em uma região <strong>de</strong> terras férteis,<br />
mas com muita pobreza, marcada pela presença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
fazen<strong>de</strong>iros e <strong>de</strong> muitos coronéis. Sua historia recente é<br />
marcada pelo massacre <strong>de</strong> cinco agricultores rurais sem<br />
terra, em novembro <strong>de</strong> 2004, por jagunços <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong><br />
latifundiário da região. Sendo uma cida<strong>de</strong> pequena, possui<br />
os mesmos problemas <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s maiores: <strong>de</strong>semprego,<br />
alcoolismo, prostituição, violência, exploração sexual <strong>de</strong><br />
crianças, drogas etc.<br />
Nossa casa está ao lado do Mercado Municipal, on<strong>de</strong><br />
todos os sábados o povo do campo vem com seus produtos<br />
para ven<strong>de</strong>r. Nesse dia e também nos outros dias, nossa<br />
casa está aberta para acolher as pessoas, partilhando a vida<br />
e saboreando o <strong>de</strong>licioso cafezinho mineiro.<br />
Queremos assumir durante o período <strong>de</strong> 2009 a 2012<br />
uma missão intercongregacional na diocese <strong>de</strong> Almenara,<br />
município <strong>de</strong> Felisburgo, sendo presença evangelizadora<br />
no meio <strong>de</strong>sse povo sofrido, na cida<strong>de</strong>, nas periferias, nos<br />
acampamentos e assentamentos <strong>de</strong> sem terra, com a<br />
formação <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças e animação da fé e esperança.<br />
Assumimos em nossa vida fraterna os objetivos e<br />
priorida<strong>de</strong>s da CRB regional para o triênio 2007-2010 e o<br />
que nos apresenta a V Conferência Geral do Episcopado da<br />
America Latina e Caribe em Aparecida:<br />
- Reafirmar o compromisso da Vida Religiosa a serviço<br />
da vida, diante das gran<strong>de</strong>s questões sociais e ambientais,<br />
e fortalecer a inserção nos meios populares e em novos<br />
espaços <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e cidadania.<br />
- Ampliar as alianças intercongregacionais, as re<strong>de</strong>s e<br />
parcerias, na formação e missão, e intensificar a partilha dos<br />
carismas com leigos e leigas.<br />
“Em comunhão com os pastores, as consagradas e<br />
consagrados são chamados a fazer seus lugares <strong>de</strong> presença,<br />
<strong>de</strong> sua vida fraterna em comunhão, e <strong>de</strong> suas obras, lugares<br />
<strong>de</strong> anúncio explícito do Evangelho. Principalmente aos mais<br />
pobres, como tem sido em nosso continente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início<br />
da evangelização. Desse modo, segundo seus carismas<br />
fundacionais, colaborando com a gestação <strong>de</strong> uma nova geração<br />
<strong>de</strong> cristãos discípulos e missionários e <strong>de</strong> uma nova socieda<strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> se respeite a justiça e a dignida<strong>de</strong> da pessoa humana”.<br />
(Doc. Aparecida 217)<br />
Ir. Reginalda Men<strong>de</strong>s Barbosa, F.I.<br />
E-mail: regimen<strong>de</strong>sfi@yahoo.com.br<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
31
Aconteceu na Re<strong>de</strong><br />
32 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
ACONTECEU NA REDE<br />
Juventu<strong>de</strong> conta com<br />
Equipe Provincial <strong>de</strong> Assessoria<br />
A presença junto à juventu<strong>de</strong> é um compromisso<br />
prioritário que vem sendo assumido por nós, <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Jesus</strong>, em nosso Projeto <strong>de</strong> Vida em Missão. Assim, com<br />
o objetivo <strong>de</strong> renovar a opção afetiva e efetiva pelas<br />
juventu<strong>de</strong>s, os grupos <strong>de</strong> jovens nas escolas e comunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> nossa Província contam, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do ano, com<br />
uma nova equipe formada em parceria com jovens<br />
educadores leigos: a Equipe Provincial <strong>de</strong> Assessoria às<br />
Juventu<strong>de</strong>s (EPAJ), assim constituída: Cleonice <strong>de</strong> Fátima<br />
Mota (F.I.), Gisélia Maria <strong>de</strong> Sousa (F.I.), Isabella Fernan<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Oliveira (Jovem Leiga), Patrícia Helena Coimbra (F.I.),<br />
Peterson Barros Gomes (Leigo), Vera Lúcia La<strong>de</strong>ia Ramos<br />
(F.I.) e Sebastião Everton <strong>de</strong> Oliveira (Leigo).<br />
Dentre as ações voltadas para a juventu<strong>de</strong> e realizadas<br />
em 2009, <strong>de</strong>staca-se a tradicional “Páscoa Juvenil” que,<br />
todos os anos, movimenta estudantes da Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Jesus</strong> <strong>de</strong> várias partes do Brasil. Este ano, a Páscoa Juvenil<br />
reuniu cerca <strong>de</strong> 80 jovens em Bragança Paulista (SP), entre<br />
os dias 8 e 11 <strong>de</strong> abril.<br />
Patrícia Helena Coimbra<br />
Juniora Filha <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />
E-mail: patriciafi 2003@yahoo.com.br<br />
Mais uma vez, um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> jovens participou da Páscoa Juvenil. Momentos <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong>,<br />
partilha <strong>de</strong> experiências e <strong>de</strong>scontração marcaram o encontro, realizado em Bragança Paulista.
Aconteceu na Re<strong>de</strong><br />
Olimpíada esportiva e cultural agita Mogi Mirim/SP<br />
De 27 a 30 <strong>de</strong> abril, os alunos do 2º ao 9º ano do<br />
Instituto Educacional Imaculada Conceição <strong>de</strong> Mogi<br />
Mirim/SP realizaram a sua XVIII Olimpíada que, este ano,<br />
integrou ativida<strong>de</strong>s esportivas e culturais. O objetivo<br />
principal da Olimpíada é proporcionar situações <strong>de</strong><br />
vivência cooperativa nos grupos e promover o respeito<br />
entre os alunos, por meio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que contemplem<br />
todas as áreas do conhecimento.<br />
Na abertura das ativida<strong>de</strong>s, com a presença <strong>de</strong> mais<br />
<strong>de</strong> 1500 pessoas, os alunos fi zeram o juramento do<br />
atleta, ao lado <strong>de</strong> Dirceu da Silva Paulino, mogimiriano<br />
campeão da Superliga <strong>de</strong> Vôlei 2009. Em seguida, foram<br />
apresentados números <strong>de</strong> dança e arte circense, além<br />
da Fanfarra IC. Ao longo dos quatro dias da Olimpíada,<br />
Votos Perpétuos <strong>de</strong><br />
Joseilda Aparecida Andra<strong>de</strong> Borges<br />
Nos dias 28,29 e 30 <strong>de</strong> maio, as comunida<strong>de</strong>s da<br />
Paróquia <strong>de</strong> Todos os Santos, em Feira <strong>de</strong> Santana/BA, se<br />
reuniram em preparação aos votos perpétuos <strong>de</strong> nossa<br />
querida Joseilda Aparecida Andra<strong>de</strong> Borges, celebrando<br />
um tríduo com o tema central “O Espírito Santo nos<br />
convoca à missão”.<br />
No primeiro dia, refl etimos sobre o tema “Nossa<br />
missão no mundo”. No segundo dia, “A missão na<br />
comunida<strong>de</strong>” e no terceiro dia, “A missão na vida <strong>de</strong><br />
Cândida Maria <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>”, culminando, assim, com<br />
a linda celebração dos votos perpétuos <strong>de</strong> Joseilda,<br />
realizada no dia 31 <strong>de</strong> maio.<br />
Nesses dias estiveram presentes, além da família <strong>de</strong> Jó,<br />
leigos e irmãs das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Picos, Marcos Parente,<br />
Sobradinho, Leopoldina, Conjunto Cristina, Juniorado,<br />
Belo Horizonte e Felisburgo que, com muito carinho,<br />
foram acolhidos por algumas famílias da comunida<strong>de</strong>.<br />
Experimentamos uma convivência fraterna e solidária<br />
nas situações que vivenciamos nesses dias.<br />
os alunos se envolveram em práticas esportivas – vôlei,<br />
basquete, queimada, han<strong>de</strong>bol e futebol <strong>de</strong> salão – e<br />
culturais – sudoku, gincana <strong>de</strong> atualida<strong>de</strong>s, soletrando,<br />
Gamic e outros.<br />
Neste ano, o evento promoveu uma ação solidária: a<br />
arrecadação <strong>de</strong> sabonetes <strong>de</strong>stinados ao lar Emanuel, uma<br />
entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amparo social a idosos, da qual o Colégio é<br />
parceiro. Segundo as responsáveis pela organização das<br />
ativida<strong>de</strong>s, as coor<strong>de</strong>nadoras pedagógicas Dulce Helena<br />
Bronzatto e Noely Maia, a Olimpíada apresentou-se<br />
como um momento importante para toda a comunida<strong>de</strong><br />
escolar e se inseriu no Projeto Integrado 2009, que tem o<br />
tema “Cultura da paz. Juntos somos mais.”<br />
E-mail: colegioimaculada@colegioimaculada.com.br<br />
Que bonito foi celebrar os votos <strong>de</strong> Jó, unindo o<br />
sentido e o signifi cado da Festa <strong>de</strong> Pentecostes ao do<br />
nascimento da Madre Cândida! Para as <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> que<br />
pu<strong>de</strong>ram estar presentes nessa celebração junto com a Jô,<br />
esse dia renovou, em cada uma <strong>de</strong> nós, nossa resposta ao<br />
seguimento <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> sendo <strong>Filhas</strong> e irmãs.<br />
Equipe <strong>de</strong> preparação dos votos perpétuos<br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
33
Aconteceu na Re<strong>de</strong><br />
Encontro Regional <strong>de</strong> Missionários e Missionárias<br />
Madre Cândida - “Não há cristianismo sem missão”<br />
Foi com muita alegria que 32 representantes dos<br />
grupos dos Missionários e Missionárias Madre Cândida<br />
se encontraram na Casa Santíssima Trinda<strong>de</strong>, em Belo<br />
Horizonte, no dia 7 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2009, para um<br />
momento <strong>de</strong> formação, oração e partilha.<br />
Viemos <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s diferentes, dos estados <strong>de</strong> Minas<br />
Gerais, Rio <strong>de</strong> Janeiro e Goiás, mas, quando nos juntamos,<br />
percebemos a unida<strong>de</strong> do Carisma Missionário.<br />
Iniciamos nosso encontro com uma dinâmica <strong>de</strong><br />
entrosamento e, em seguida, tivemos a palestra do Pe.<br />
Delmar, <strong>de</strong> Belo Horizonte, com o tema “Dentro da nossa<br />
espiritualida<strong>de</strong>, iluminada pelos Exercícios Espirituais <strong>de</strong><br />
Santo Inácio, enfatizar a Missão”.<br />
Foi uma palestra muito rica, nos <strong>de</strong>ixando à vonta<strong>de</strong><br />
para discutirmos o tema. Ele começou nos questionando:<br />
Será que o cristianismo vai sobreviver?<br />
Durante o <strong>de</strong>bate, concluímos que precisamos cuidar<br />
da qualida<strong>de</strong> do nosso encontro com Cristo. Não existe<br />
cristianismo sem missão. Missão é vida, viver para a opção<br />
é missão. Precisamos evangelizar – “dar o evangelho” –<br />
sair <strong>de</strong> nós mesmos; ser evangelizados - evangelizar-se<br />
– voltar a si mesmo - <strong>de</strong>ixar que o evangelho entre em<br />
nós, porque, se transmitimos o evangelho, é porque já o<br />
contemplamos.<br />
Contemplar a Bíblia, olhar com os olhos <strong>de</strong> Deus,<br />
“pois não é o muito saber que satisfaz a alma, mas o sentir,<br />
o saborear”.<br />
34 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
Ninguém chega diante <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong> mãos vazias; o<br />
mais importante é o nosso relacionamento com Ele. E,<br />
como discípulos, para contagiar as pessoas, temos que<br />
passar pela alegria do que somos, ser otimistas, acreditar<br />
no Ser Humano.<br />
O discípulo é alguém que apren<strong>de</strong> a ser comunida<strong>de</strong>,<br />
viver em comunida<strong>de</strong>, sendo o mais importante, o outro.<br />
Assim, o cristianismo se renova como fogo...<br />
Na segunda parte do encontro, fizemos uma partilha<br />
da caminhada <strong>de</strong> cada grupo e partilhamos o que<br />
po<strong>de</strong>ríamos assumir juntos(as).<br />
Concluímos que precisamos contagiar mais pessoas,<br />
pensando na prática, no meio em que vivemos: trabalho,<br />
família, comunida<strong>de</strong>.<br />
As coisas <strong>de</strong> Deus vêm para vivermos melhor e<br />
buscarmos um mundo melhor para todos.<br />
Com bastante entusiasmo pela riqueza vivenciada<br />
durante esse dia, voltamos para nossas casas<br />
reanimados, levando conosco a promessa <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> aos<br />
seus discípulos:<br />
“Não temam! Estarei com vocês todos os dias, até os<br />
confins dos tempos”. (Mc 16,20)<br />
Olinda Maria Cabral<br />
Missionária Madre Cândida em Leopoldina (MG)<br />
E-mail: olindacg@terra.com.br
Evoluir sem per<strong>de</strong>r o referencial...<br />
Se você, caro(a) leitor(a), que agora já<br />
vem se tornando um(a) habitual leitor(a),<br />
visto que estamos na nossa 6ª Edição da<br />
Revista EM REDE , está pensando que vem aí<br />
mais um artigo <strong>de</strong> base fi losófi ca, didática e<br />
pedagógica... você po<strong>de</strong> estar enganado(a).<br />
Estamos trazendo para partilhar<br />
nessa edição a realização da 43ª<br />
Reunião Administrativa da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Educação Integral e <strong>de</strong> Assistência Social,<br />
personalida<strong>de</strong> jurídica e civil das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Jesus</strong> no Brasil.<br />
Evoluir sem per<strong>de</strong>r o referencial...<br />
Essa frase nos é muito “cara” quando lidamos<br />
com aspectos tecnológicos, administrativos, econômicos e<br />
outras tantas faces <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve dar<br />
suporte à continuação da missão da Madre Cândida.<br />
Por isso , na edição do tradicional Encontro das Áreas<br />
Administrativas em 2009, resolvemos subverter a or<strong>de</strong>m.<br />
Ao invés <strong>de</strong> planilhas... os planos <strong>de</strong> Deus...<br />
Ao invés <strong>de</strong> wireless , reforçamos os elos da nossa Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>...<br />
Ao invés <strong>de</strong> correria... danças circulares...<br />
Ao invés <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> focada nas situações <strong>de</strong> exclusão... a acolhida<br />
ao nosso colega que trabalha ao lado...<br />
Ao invés <strong>de</strong> marketing... fomos pessoalmente anunciar a boa nova...<br />
Ao invés <strong>de</strong> longas escutas... partilhas participativas vindas <strong>de</strong> cada canto<br />
do país...<br />
O resultado???<br />
Só o tempo dirá!<br />
Estivemos reunidos(as) em Belo Horizonte, nos dias<br />
05 e 06 <strong>de</strong> maio, lançando as bases <strong>de</strong> um<br />
tempo comum que queremos novo a cada<br />
dia.<br />
Tempos <strong>de</strong> mais diálogo, colaboração,<br />
<strong>de</strong> mais discernimento, escuta e acolhida<br />
aplicada ao cotidiano do trabalho<br />
organizacional.<br />
É assim... evoluir sem per<strong>de</strong>r o<br />
referencial!<br />
E-mail: seiasadm@seias.com.br<br />
Aconteceu na Re<strong>de</strong><br />
Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
35
MeiO aMBieNTe<br />
Preservar o meio ambiente é muito importante para<br />
que possamos ter um planeta saudável e rico em<br />
recursos naturais no futuro.<br />
Seguem algumas medidas que po<strong>de</strong>mos facilmente<br />
tomar em casa e na nossa escola:<br />
Água<br />
• Escovando os <strong>de</strong>ntes - <strong>de</strong>sligue a água enquanto faz a<br />
escovação.<br />
• Lavando a louça - <strong>de</strong>sligue a água enquanto ensaboa<br />
pratos, copos, talheres e panelas.<br />
• Tomando banho - nada <strong>de</strong> banhos muito longos e<br />
quando estiver se ensaboando, <strong>de</strong>sligue a torneira.<br />
Energia<br />
• Desligue as luzes - ao sair do seu quarto, sala ou cozinha<br />
não esqueça <strong>de</strong> apagar as luzes.<br />
• Desligue aparelhos eletrônicos - não <strong>de</strong>ixe a televisão,<br />
rádio ou computador ligado caso não esteja sendo<br />
utilizado.<br />
• Ar condicionado - utilize com mo<strong>de</strong>ração!<br />
Lixo<br />
curiOsida<strong>de</strong><br />
e diVersãO<br />
• Coleta seletiva - tenha uma atitu<strong>de</strong> bacana. Programe a<br />
coleta seletiva na sua casa. É muito fácil, basta separar<br />
os lixos em: material orgânico, papel, metal, vidro e<br />
plástico. Desta forma, você estará dando uma gran<strong>de</strong><br />
contribuição à mãe natureza, já que este material será<br />
reciclado, ou seja, será reaproveitado para a fabricação<br />
<strong>de</strong> novos produtos.<br />
Transportes<br />
As emissões <strong>de</strong> gases pelos meios <strong>de</strong> transportes são<br />
muito nocivas para a nossa atmosfera. Mas po<strong>de</strong>mos<br />
tomar algumas atitu<strong>de</strong>s para contribuir na diminuição da<br />
emissão <strong>de</strong> gases.<br />
• A caminho da escola - Utilizar os transportes coletivos<br />
é sempre mais saudável para o planeta. Por isso, quanto<br />
mais gente utilizar um mesmo veículo, melhor. Se você<br />
vai <strong>de</strong> carro para a escola, que tal combinar um rodízio<br />
com os colegas que moram perto? Além <strong>de</strong> ser uma<br />
atitu<strong>de</strong> consciente, você aproveita e faz novos amigos!<br />
36 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />
Labirinto<br />
Para colorir<br />
Fonte: www.smartkids.com.br
RECICLAGEM<br />
Reciclar é reaproveitar materiais orgânicos e inorgânicos<br />
para serem utilizados novamente. Mas o que é material<br />
orgânico e inorgânico? Qualquer coisa que tem origem<br />
animal é consi<strong>de</strong>rado material orgânico. Tudo que tem origem<br />
animal e vegetal é consi<strong>de</strong>rado material orgânico.<br />
Os alimentos, por exemplo, são consi<strong>de</strong>rados materiais<br />
orgânicos. As sobras <strong>de</strong>sses alimentos como as cascas <strong>de</strong> legumes<br />
e frutas que vão para o lixo <strong>de</strong> cozinha também são consi<strong>de</strong>rados<br />
materiais orgânicos e po<strong>de</strong>m ser reaproveitados. Ou melhor,<br />
po<strong>de</strong>m ser reciclados para serem reaproveitados.<br />
O lixo da nossa cozinha, por exemplo, po<strong>de</strong> ser transformado<br />
em adubo. Os adubos são fertilizantes utilizados na terra para<br />
enriquecer os solos das plantações. Olha que legal! Utilizamos<br />
alimentos para fazer mais alimentos! Este é o espírito da<br />
reciclagem: transformar, processar o lixo, para ser utilizado<br />
novamente.<br />
Os materiais inorgânicos, como garrafas <strong>de</strong> vidro e plásticas,<br />
latas <strong>de</strong> refrigerante, borracha, entre outros, também po<strong>de</strong>m<br />
ser reciclados. Nesses casos, é muito comum que se reutilize o<br />
próprio material, ou seja, latas <strong>de</strong> refrigerante são processadas e<br />
transformadas em novas latas, assim como as garrafas <strong>de</strong> vidro<br />
também são preparadas <strong>de</strong> forma a serem reutilizadas.<br />
Para colaborar no processo <strong>de</strong> reciclagem o lixo é separado<br />
em 4 latas diferentes: metal, papel, vidro e plástico. Cada lata é<br />
representada por uma cor diferente:<br />
- Papel - Azul<br />
- Metal - Amarelo<br />
- Vidro - Ver<strong>de</strong><br />
- Plástico - Vermelho<br />
Atualmente, o lixo é problema mundial. Todos os dias,<br />
acumulamos toneladas <strong>de</strong> lixo que são levados para aterros<br />
sanitários, mas o problema é que o planeta já não suporta esta<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos. Além disso, muitos materiais levam<br />
muito tempo para se <strong>de</strong>comporem. Veja na tabela abaixo quanto<br />
tempo <strong>de</strong>mora a <strong>de</strong>composição do vidro!<br />
- Papel: <strong>de</strong> 2 a 4 semanas<br />
- Palitos <strong>de</strong> fósforos: 6 meses<br />
- Papel plastificado: <strong>de</strong> 1 a 5 anos<br />
- Chicletes: 5 anos<br />
- Latas: 10 anos<br />
- Couro: 30 anos<br />
- Embalagens <strong>de</strong> plástico: <strong>de</strong> 30 a 40 anos<br />
- Latas <strong>de</strong> alumínio: <strong>de</strong> 80 a 100 anos<br />
- Tecidos: <strong>de</strong> 100 a 400 anos<br />
- Vidros: 4.000 anos<br />
- Pneus: in<strong>de</strong>finido<br />
- Garrafas PET: in<strong>de</strong>finido<br />
Outro ponto importante é o quanto <strong>de</strong> energia e matéria<br />
prima poupamos!<br />
Quantas árvores não <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> cortar reciclando papéis,<br />
jornais e revistas. Quantas máquinas que utilizam eletricida<strong>de</strong><br />
ou por vezes combustíveis <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> ligar poupando energia.<br />
Tudo isto é importante para preservar a natureza e garantir<br />
um futuro melhor para o nosso planeta e para a humanida<strong>de</strong>!<br />
Não perca tempo, é tempo <strong>de</strong> reciclar!<br />
Relacione<br />
Encontre as sete garrafas<br />
Fonte: www.smartkids.com.br
Campinas - SP<br />
Congregação das <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong><br />
Belo Horizonte - MG Belo Horizonte - MG<br />
Bragança Paulista - SP<br />
Montes Claros - MG<br />
Casa<br />
Provincial<br />
Belo Horizonte - MG<br />
Comunida<strong>de</strong> Nossa<br />
Senhora Aparecida<br />
Porteirinha - MG<br />
Belo Horizonte - MG Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ<br />
Comunida<strong>de</strong> Nossa<br />
Senhora da Paz<br />
Santa Luzia - MG<br />
Casa<br />
Santíssima Trinda<strong>de</strong><br />
Belo Horizonte - MG<br />
Comunida<strong>de</strong> Nossa<br />
Senhora das Grotas<br />
Sobradinho - BA<br />
Casa<br />
<strong>de</strong> Nazaré<br />
Belo Horizonte - MG<br />
Comunida<strong>de</strong> do<br />
Postulantado<br />
Feira <strong>de</strong> Santana - BA<br />
Leopoldina - MG<br />
Comunida<strong>de</strong> Intercongregacional<br />
Nossa Senhora <strong>de</strong> Guadalupe<br />
Marcos Parente - PI<br />
Mogi Mirim - SP<br />
Juniorado Internacional<br />
Madre Cândida<br />
Belo Horizonte - MG<br />
Comunida<strong>de</strong><br />
Imaculada Conceição<br />
Picos - PI