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SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA<br />
ANAIS<br />
Do<br />
XXVIII CONGRESSO<br />
VOLUME 5<br />
Porto Alegre. RS - Outubro 1974<br />
~
xxvm CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
VOLUME 5<br />
SESSOES TÉCNICAS<br />
MINERALOGIA<br />
PETROLOGIA<br />
PROSPECÇÃO MINERAL<br />
íNDICE<br />
Mineralogia<br />
Mineralogia <strong>de</strong> Ia Fracción AreiIlosa <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos en el Suroeste <strong>de</strong>I Uruguay<br />
- Lorenzo A. Ferrando, Malvina Daza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3<br />
Mineralogia dos Depósitos <strong>de</strong> Ferro <strong>de</strong> Águas Claras, MG. - Wolney Lobato. . . . . . . . . . . . . 15<br />
Ensaios <strong>de</strong> Quantificação por Difratometria <strong>de</strong> Raios X <strong>de</strong> Calcita e Dolomita em Rochas<br />
Carbonáticas - Giuliana Ratti, Jairo <strong>de</strong> Sant'Anna Tad<strong>de</strong>o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21<br />
Os Pesados do Barreiras na Costa Oriental <strong>Brasileira</strong>: Estudo <strong>de</strong> Áreas-Fonte - José Moacyr<br />
Vianna Coutinho, Armando Mareio Coimbra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27<br />
O Pré-Cambriano do Vale do Rio Doce como Fonte Alimentadora <strong>de</strong> Sedimentos Costeiros -<br />
José Moacyr Vianna Coutinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43<br />
AUXIlioVisual no Ensino da Óptica Cristalina - José MoacyrViannaCoutinho. . . . . . . . . . . 57<br />
Os Minerais Pesados <strong>de</strong> Areia na Foz do Rio Doce - José Moacyr Vianna Coutinho. . . . . . . . 61<br />
Determinação Roentgnográfica das Olivinas por d 112 e pelas Diferenças ~d e ~20(Cuka:) -<br />
WilliamG.R. <strong>de</strong> Camargo,J. B. <strong>de</strong> MadureiraFilho. 79<br />
Seqüência Cristalogênica <strong>de</strong> Inclusões Singenéticas em Diamante: Olivina e Granada - C.R.<br />
Leite. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Petrologia<br />
Petrologia e Geoquímica <strong>de</strong> Riolitos Alcalinos Pré-Cambrianos do Oeste da Bahia - Gianpaolo<br />
Sighinolfi, Teodora M. L. Conceição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89<br />
Complexo <strong>de</strong> Piracaia - Estudos Preliminares - José C. Cavalcante, Libório Q. Kaefer. . . . . . 101<br />
Aspectos Geológicos e Petrográficos do Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I - Wan<strong>de</strong>rlinoTeixeira<strong>de</strong><br />
Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 107<br />
Granito <strong>de</strong> Campo Formoso - Bahia - Maria Alba Farias Tanner <strong>de</strong> Oliveira,Raymundo<br />
José BuIcão Fróes, Teodoro Tanner <strong>de</strong> Oliveira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125<br />
<strong>Geologia</strong> e Petrografia da Região <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong>, SP - Marcos Aurélio Farias <strong>de</strong> Oliveira, Francisco<br />
Rubens Alves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 133<br />
Granitos e Metamorfismo no Vale do Ribeira <strong>de</strong> Iguape, SP e Pr - E. Wemick, C. B. Gomes. . 145<br />
Migmatização e Feldspatização <strong>de</strong>Chamockitos. e Granulitos no Leste Paulista e Sul <strong>de</strong> Minas<br />
Gerais - Eberhard Wemick, Faustino Penalva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155<br />
Rochas Vulcânicas Ácidas e SubvuIcânicas no Leste da Amazônia - Jaime F.V. Araújo,<br />
Ana M. Dreher . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161<br />
Prospecção Mineral<br />
Pesquisa <strong>de</strong> Cobre em Rochas Calco-Silicatadas em Paraíso do Norte, Goiás-Tércio Pina <strong>de</strong><br />
Barros, Silvio Ronan Bressan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171<br />
Prospecção Geoquímica para Cobre em Paraíso do Norte, Goiás - Marcelo José Ribeiro,<br />
Silvio Ronan Bressan, Tércio Pina <strong>de</strong> Barros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189<br />
Métodos Geoquímicos em Escalas Regionais e <strong>de</strong> Detalhe Aplicados à Prospecção <strong>de</strong> Corpos<br />
Ultrabásicos na Área Cromínia - Pontalina, Goiás - Marcelo José Ribeiro, Carlos Maranhão<br />
Gomes <strong>de</strong> Sá, Clovis <strong>de</strong> Almeida Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199<br />
A Prospecção Radiométrica na Definição <strong>de</strong> Zonas Mineralizadas no Complexo Ultramáfico -<br />
Alcalino <strong>de</strong> Catalão I - Wan<strong>de</strong>rlino Teixeira <strong>de</strong> Carvalho, Iranildo Rodrigues Valença . . .. 213<br />
Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Sedimentos <strong>de</strong> Corrente Aplicada à Seleção <strong>de</strong> Áreas ~om Mineralização<br />
Cuprífera no Vale do Rio Curaçá - Bahia- Inácio <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros Delgado, Dorival<br />
Correia Bruni, João Dalton <strong>de</strong> Souza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 221<br />
<strong>Geologia</strong> e Geoquímica <strong>de</strong> Semi-Detalhe do Maciço Máfico-Ultramáfico, Mangabal I, Sanclerlândia,<br />
Goiás - Marcelo José Ribeiro, Ama<strong>de</strong>us Achiles Pfrimer, Carlos Maranhão Gomes<br />
<strong>de</strong> Sá. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 239<br />
Trabalhos <strong>de</strong> Pesquisa Mineral Desenvolvidos no Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I,<br />
Goiás - Wan<strong>de</strong>rlino Teixeira <strong>de</strong> Carvalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251<br />
Pesquisa <strong>de</strong> Minerais Pesados no Litoral <strong>de</strong> Itabapoana - Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro - Projeto<br />
Buena - Pedro A. Couto, Aramis P. Gomes, Rafael Avena Neto. . . . . . . . . . . . . . . . . .. 273<br />
Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Semi-Detalhe e Detalhe no Maciço Básico e Ultrabásico <strong>de</strong> Americano<br />
do Brasil, Goiás - Marcelo José Ribeiro, Moacyr Martins dos Santos . . . . . . . . . .<br />
"<br />
Contribución a Ia <strong>Geologia</strong> <strong>de</strong> los Yacimientos <strong>de</strong> Amatista <strong>de</strong>I Departamento <strong>de</strong> Artigas<br />
287<br />
(Uruguay) - Jorge Bossi, Walter Caggiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301
MINERALOGIA DE LA FRACCION ARCILLOSA<br />
DE LA FORMACION FRA Y BENTOS<br />
EN EL SUROESTE DEL URUGUAY<br />
LORENZO A. FERRANDO, MALVEINA DAZA<br />
ABSTRACT<br />
Fray Bentos formation of olige-miocenic age outcrops in the west littoral and in the south of Uruguay. It also <strong>de</strong>velops in<br />
lhe Laguna Merin Basin.<br />
Its lithology is formed mainly by thin sandstones of regular selection, high proportion of feldspar and clayey cement or<br />
clayey calcareous, mass(ves, middlinlt friable and of brown-orange colour very t1'Pical.<br />
This clayey fraction was studied by ATD and RX on samples taken from the southwest of the country, and the results<br />
of these studies stablished the predominan of triotaedric illite and a very thin subdivi<strong>de</strong>d biotite with a partial alteration. This study<br />
also sho";ed its association to smectite of bei<strong>de</strong>llitic type, as well as to an interestratificated mineral of 10-14c Í;ype.<br />
The conclusion we have got to is that the heritage is the main responsible of the clayey fraction mineralogy of Fray Bentos,<br />
which were originate from an acid crystalline rocks, Nevertheless we suppose that the origin of the smectite and the interestratificated<br />
mineral was due to neoformation ortransformation by agredacion during the diagenesis.<br />
We infer that the original aiuI <strong>de</strong>poaition aress were submitted to a climate of scarce rains, irregular distribution of these<br />
..,d a clirnate of medium warm temperature.<br />
RESUMO<br />
A. FormaçAp Fray Bentos. <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> oligo-miocênica, aJlora no litoral oeste e DD sul. do Uruguai, aléln <strong>de</strong> o.cor~ tambéln na<br />
bacia da Lagoa Mirim. Litologicamente é formada principalmente por arenitos bastante finos, <strong>de</strong> seleção regular com alta proporção <strong>de</strong><br />
feldspatos, cimento argiloso ou argilo-calcário, maciço, medianamentefriável e <strong>de</strong> corpardo-alaranjada, muito típica.<br />
Foi estudada por A TD e RX a fração argilosa das amostras do sudoeste do País e os resultados indicaram a predominância<br />
à! uma ilita trioctaédrica, biotita finamente subdividida e parcialmente alterada, associada a uma exmectita <strong>de</strong> tipo bei<strong>de</strong>litico e com um<br />
mineral interestratificado <strong>de</strong> tipo 10-14c: o restante do cortejo mineralógico é integrado por limonita, goetita e caleita.<br />
Chegamos à conclusão que a herança é o principal fator responsável pela mineralogia <strong>de</strong> fraçllo argilosa <strong>de</strong> Fray Bento~<br />
originada por um substrato <strong>de</strong> rochas cristalinas ácidas; não obstante, para a esmectita e o mineral interestratificado, po<strong>de</strong>-se supor, pelo<br />
menos parcialmente, uma origem <strong>de</strong> neoformação ou transformaçâo por agradação durante a diagênese.<br />
. .' Conclui.se que as áreas <strong>de</strong> proveniência e <strong>de</strong> <strong>de</strong>posiçãoforamsubmetidas.a umdima <strong>de</strong> pluviosida~reduzidá. comdistribuiçâo irregular<br />
das chuvas e clima temperado quente. A topOgrafia foi elevada na área <strong>de</strong> origem. produzindo.se em ambas as zonas um rejuvenescimento constante<br />
do relevo.<br />
ANTECENDENTES<br />
La Formación Fray Bentos afiora en una superfície bastante importante <strong>de</strong>I litoral<br />
oeste y en el sur <strong>de</strong>I Uruguay; su cartografia se <strong>de</strong>be fundamentalmente aIos trabajos <strong>de</strong> Lambert<br />
(1939 a, b y 1940)y <strong>de</strong> Serra (1943, 1945). siendo este último autor quién en 1944 sefiala Ia<br />
presencia <strong>de</strong> Fray Bentos en el este <strong>de</strong>I país, en 10 que actualmente se conoce como Fosa tectónicà<br />
<strong>de</strong> ia Laguna Merin, aunque sin llegar a aflorar ya que está cubierta por sedimentos posteriores.<br />
La Figura 1 seftala el área <strong>de</strong> distribución <strong>de</strong> Ia formación consi<strong>de</strong>rada.
4 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Fig. 1- Distribución superficial y profunda <strong>de</strong> Ia Formación<br />
Fray Bentos y áreas muestreadas para<br />
este estudio.<br />
Kraglievich (1928 y 1932) es quién ubica estratigráficamente a Fray Bentos en el<br />
Mioceno Inferior u Oligoceno y Lambert (1940) qWén Ia <strong>de</strong>signa con el nombre con que He Ia<br />
conoce actualmente; aunque algunas <strong>de</strong> Ias litologías que Ia integran fueron <strong>de</strong>scritas ya en 1878<br />
por Darwin.<br />
Los conocimientos actuales sobre Ia Formación Fray Bentos están basados en Ia<br />
recopilación <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes realizada por Bossi (1966) y en Ios estudios <strong>de</strong>tallados realizados<br />
por Fernan<strong>de</strong>z y Techeira (1966), Elizal<strong>de</strong> y Techeira (1967), Fernan<strong>de</strong>z (1967), Car<strong>de</strong>llino y<br />
Eugui (1973). Albanell (inédito), Fernan<strong>de</strong>z et alii (inédito), Albanell y Galipolo (inédito),<br />
Morales et alii (inédito), Ferrando et alii (inédito) <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>I programa Garta Geológica <strong>de</strong>I<br />
Uruguay a escala 1/100.000.<br />
En base a los antece<strong>de</strong>ntes indicados se pue<strong>de</strong> concluir que Ia Formación Fray Ben.<br />
tos está integrada fundamentalmente por areniscas muy finas <strong>de</strong> selección regular, con cemento<br />
arcilloso o arcillo-calcáreo, excepcionalmente silicificadas; se trata siempre <strong>de</strong> rocas masivas <strong>de</strong><br />
tenacidad variable según el tenor en calcáreo. El color es pardo anaranjado, muy particular y<br />
constante, siendo uno <strong>de</strong> los caracteres unificantes <strong>de</strong> Ia Formación. El carbonato <strong>de</strong> caldo se<br />
pue<strong>de</strong> disponer en diversas formas: pulverulento disperso en Ia roca, como concreciones <strong>de</strong> di.<br />
verso tamano, en lechos subhorizontales o rellenando fisuras; el contenido medio es <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong>I<br />
:11%, aunque pue<strong>de</strong> llegar apresentar carapachos calcáreos (casi verda<strong>de</strong>ras calizas) <strong>de</strong> hasta un<br />
metro <strong>de</strong> potencia, <strong>de</strong>sarrollados principalmente en los <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> Rio Negro y Paysandú.<br />
La Formación Fray Bentos en Ia base, pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollar niveles brechoi<strong>de</strong>s, conglomerádicos,<br />
lodolitas conglomerádicas, lodolitas o fangolitas, <strong>de</strong> escasa potencia.<br />
Existen también looss y fangolitas <strong>de</strong> características similares a Ias areniscas, pero<br />
cuya posición estratigráfica <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Fray Bentos no se conoce aún. En Ia perforación realizada<br />
en Rincón <strong>de</strong> Ia Bolsa, se han <strong>de</strong>finido hacia Ia base <strong>de</strong> Ia Formación niveles arcillosas: Bossi<br />
(1966) indica en Ia cima <strong>de</strong> Fray Bentos Ia constituyen areniscas con esbozo <strong>de</strong> estratificación<br />
cruzada que se exponen en Paso Belastiqui y los Cerrillos.<br />
Los análisis granulo métricos efectuados sobre muestras <strong>de</strong> Ias litologías más frecuentes<br />
<strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos, indican que los <strong>de</strong>tritos presentan una distribución bi o po.<br />
limodal, prácticamente sin granos mayores a un milimetro (excepto Ias litologías basales), con<br />
una moda principal poco marcada, menos <strong>de</strong> 15 unida<strong>de</strong>s respecto a Ia admixtura proximal, y<br />
estando siempre una <strong>de</strong> Ias modas secundarias en los términos <strong>de</strong> Ia fracción arcilla. Estos mis.<br />
mos análisis arrojan para el índice <strong>de</strong> selección <strong>de</strong> TRASK valores que oscilan entre 2,50 y 3,90;<br />
mientras que el índice <strong>de</strong> asimetría muestra valores positivos muy variables y sólo excepcionalmente<br />
valores negativos.<br />
Los estudios <strong>de</strong> los minerales livianos <strong>de</strong> Ia fracción arena comprendida entre 0,12 Y<br />
0,25 mm, según el método <strong>de</strong> doble tinción propuesto por Parfenoff et alii (1970), indican
FERRANDO, DAZA 5<br />
E!l promedio un tenor en cuarzo <strong>de</strong>I 68% y un leve dominio <strong>de</strong>I fel<strong>de</strong>spato potásico (18%) sobre<br />
Ias plagioclasas (14 % ), en medidas con un error <strong>de</strong>I 2,5 %. Se <strong>de</strong>be indicar a<strong>de</strong>más Ia frecuente<br />
presencia <strong>de</strong> vidro volcánico en Ia fracción liviana, a veces en proporciones importantes.<br />
La fracción <strong>de</strong>nsa no ha sido estudiada tan <strong>de</strong>talladamente; se conoce no obstante Ia<br />
presencia constante o casi constante <strong>de</strong> minerales opacos, circón, estaurolita y hornblenda, una<br />
frecuencia alta para turnalina, granate y disteno citandose en menor proporción aún, epidoto,<br />
andalucita, piroxeno, biotita, apatito, diopsido y baritina autígena.<br />
La Formación Fray Bentos se <strong>de</strong>sarrolla <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Ia cuenca cretácea y alcanza sus<br />
mayores espesores en Ias áreas <strong>de</strong> subsi<strong>de</strong>ncia postcretácea <strong>de</strong> Ias mismas, siendo Ia potencia<br />
máxima conocida <strong>de</strong> 91 m en Puerto Gómez.<br />
Los distintos autores coinci<strong>de</strong>n en indicar que Ia sedimentación <strong>de</strong> Fray Bentos se<br />
realizó en condiciones continentales, bajo un clima <strong>de</strong> cierta rigurosidad en un ambiente <strong>de</strong> estepa<br />
semi-árida, habiendo sufrido un transporte eólico (Bossi, 1966).<br />
METODO DE TRABAJO<br />
Las muestras analisadas fueron recogida-s <strong>de</strong> perfiles <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos<br />
sin alterar, por 10 que los minerales arcilosos <strong>de</strong>terminados no resultan <strong>de</strong> Ia alteración actual <strong>de</strong><br />
Ia Formación.<br />
La fracción arcillosa <strong>de</strong> Ias rocas se separó luego <strong>de</strong> haber procedido al <strong>de</strong>sagregado<br />
en seco y bajo agua con posterior tratamiento ácido para Ia eliminación <strong>de</strong>I carbonato <strong>de</strong> calcio.<br />
Se analizaron 15 muestras <strong>de</strong> litologías <strong>de</strong> Fray Bentos por análisis térmico diferencial,<br />
provenientes <strong>de</strong> los sectores LXXVI y LXXXIV (A, Fig.1). Estos análises fueron realizados<br />
en un horno <strong>de</strong> construcción propia en Ia Facultad <strong>de</strong> Agronomia, Montevi<strong>de</strong>o, con una<br />
termocupla <strong>de</strong> cromel-alumel y una velocidad <strong>de</strong> calentamiento <strong>de</strong> lOoC/min.<br />
Paralelamente 9 muestras extraídas <strong>de</strong>I sector LX (B, Fig. 1) fueron estudiadas por<br />
difracción <strong>de</strong> Rayos X en los Iaboratorios <strong>de</strong> Ia Facultad <strong>de</strong> Ingeniería y Agrimensura, Montevi<strong>de</strong>o,<br />
utilizando anticátodo <strong>de</strong> cobre. Se realizaron análises sobre Ias muestras aI natural,<br />
glicerinadas y sometidas a un calentamiento <strong>de</strong> 500-600°C durante una hora.<br />
Si bien Ias muestras provenientes <strong>de</strong> cada zona muestreada para este trabajo fueron<br />
estudiadas por un método diferente, Ia homogeneidad <strong>de</strong> Ia Formación y Ia coinci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> Ios<br />
resultados obtenidos, elimina Iasposibles dudas referentes a Ia vali<strong>de</strong>z <strong>de</strong> Ias conclusiones.<br />
La interpretación <strong>de</strong> Ios diagramas <strong>de</strong> RX se ha realizado en base a Ias tablas <strong>de</strong><br />
difracción planteadas por Caillere-Henin (1963).<br />
Las curvas <strong>de</strong> A TD fueron interpretadas con Ia ayuda <strong>de</strong> Ios resultados <strong>de</strong> Ios<br />
diagramas <strong>de</strong> RX y según Ias normas propuestas por Greene-Kelly (1957) .<br />
La nomenclatura <strong>de</strong> Ios minerales arciIlosos utilizados correspon<strong>de</strong> a Ias clasificaciones<br />
más mo<strong>de</strong>rnas. Los términos usados y su significado es eI siguiente segun Ios autores que<br />
se indican.<br />
Illita -minerales cuyo espaciado basal es fijo a 10 A y que <strong>de</strong>signa al conjunto <strong>de</strong><br />
edificios micáceos <strong>de</strong> tamaiio muy pequeno y que no se pue<strong>de</strong>n diferenciar (Tardy, 1969). En<br />
realidad pue<strong>de</strong> tratarse <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ras micas trituradas, <strong>de</strong> sericita o bien <strong>de</strong> illita ss.<br />
Esmectita - minerales con espaciado basal natural entre 12 y 15 A que pasa a 18 A<br />
con Ia glicerina y que se reduce a 10 A al ser sometidos a una temperatura superior a los 300°C<br />
durante cierto tiempo. Este nombre se aplica aI grupo <strong>de</strong> minerales montmorilloníticos (Grim,<br />
1968).<br />
Minerales arciIlosos interestratificados - están formados por Ia asociación <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<br />
estructurales <strong>de</strong> diferente espaciado basal. (Lucas, 1962). Estos interestratificados se pue<strong>de</strong>n<br />
<strong>de</strong>scribir, <strong>de</strong> acuerdo a 10 que muestra Ia difracción <strong>de</strong> Ios RX, como minerales cuya reflexión<br />
001 correspon<strong>de</strong> a Ia suma <strong>de</strong> Ias distancias basales <strong>de</strong> Ios minerales asociados. En nuestro caso<br />
E!l eI mineral interestratificado <strong>de</strong>I tipo lO-14c (illita-elorita), Ia reflexión 001 se encuentra a 24 Â<br />
y Ia 002 a !2 Â.<br />
EI interestratificado 1O-14c correspon<strong>de</strong> a Ia asociación <strong>de</strong> hojuelas cuyo espaciado<br />
basal es a 10 A y <strong>de</strong> hojuelas a 14 A que pennanecen fijas durante 105 diferentes tratamientoB.<br />
EI interestratificado lQ-14m (illita-montmorillonita), correspon<strong>de</strong> a Ia associación <strong>de</strong>
6 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
hojuelas cuyo espaciado es similar al <strong>de</strong> Ia illita y hojuelas a 14 Â hinchantes a Ia glicerina y que<br />
disminuye con el calor, como Ias esmectitas.<br />
INTERPRETACIÚN DE ANALISIS R-X<br />
Los diagramas <strong>de</strong> diferenciación <strong>de</strong> RX muestran a 10 Â un pico sumamente ancho<br />
que se interpreta que correspon<strong>de</strong> a un mineral illítico <strong>de</strong> escasa cristalinidad y en un avanzado<br />
estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradación (Millot, 1964 y Kubler, 1966). Se trataria <strong>de</strong> una illíta trioctaédrica, ya<br />
que el pico a 5 Â no fue <strong>de</strong>tectada en ninguno <strong>de</strong> los diagramas estudiados (Grim, 1953 y Tardy,<br />
1969).<br />
EI pico que se observa a más <strong>de</strong> 14 Â en Ias muestras normales, que pasa a 17 Â<br />
con glicerina y se reduce a 10 Â con el tratamiento térmico, correspon<strong>de</strong> a una esmectita <strong>de</strong> tipo<br />
bei<strong>de</strong>Ilítico.<br />
Los minerales interestratificados <strong>de</strong>tectados son <strong>de</strong>l tipo 10-14c (illíta-clorita); el<br />
mineral lO-14m (illita-montmorillonita), se encuentra excepcionalmente en una única muestra.<br />
En cuatro <strong>de</strong> los diagramas realizados, se observó Ia presencia <strong>de</strong> un pico alre<strong>de</strong>dor<br />
<strong>de</strong> los 17 Â que correspon<strong>de</strong>ría a óxidos <strong>de</strong> hierro amorfos (limonitas) según Steinberg et alii<br />
(1966).<br />
La Figura 2 muestra algunos <strong>de</strong> los diagramas en los que se observan los picos<br />
correspondientes a los distintos minerales <strong>de</strong>terminados.<br />
F.B.M.õ-42<br />
Fig. 2 - Diagramas <strong>de</strong> R-X <strong>de</strong> muestras <strong>de</strong> Fray Bentos.<br />
En base a Ias alturas relativas <strong>de</strong> los distintos picos se han calculado Ias proporciones<br />
en que se encuentran los minerales <strong>de</strong> Ia fracción arciIlosa <strong>de</strong> Fray Bentos.<br />
INTERPRETACION ANALISIS ATO<br />
Los 15 ATD practicados sobre muestras <strong>de</strong> Ia fracción arcillosa <strong>de</strong> Fray Bentos
FERRANDO, DAZA 7<br />
arrojaron en general curvas con picos bien <strong>de</strong>finidos y marcados.<br />
EI pico <strong>de</strong> agua <strong>de</strong> baja se observa como bastante intenso y con mayor frecuencia<br />
aparece a 120°C; en cuantro <strong>de</strong> Ias muestras a SI),vez aparece el doble pico que indica Ia presencia<br />
<strong>de</strong> Ca + + en Ia intercapa <strong>de</strong> Ias arcilIas.<br />
Entre 300 y 450°C aparece toda una gáma <strong>de</strong> pequenos picos endotérmicos, más<br />
frecuentes entre 360 y 400°C indicadores <strong>de</strong> Ia presencia <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> hierro hidratados, cris.<br />
talizados bajo ia forma <strong>de</strong> limolitas o goethita; estos picos aparecen en todas Ias muestras.<br />
Todas Ias curvas tienen un pico endotérmico, en general muy pronunciado a 530°C,<br />
indicador <strong>de</strong> Ia presenciã <strong>de</strong> una arcilla 2/1 con hierro en su capa octaédrica.<br />
EI siguiente pico endotérmico <strong>de</strong>stacado y frecuente ocurre alre<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> los 630-<br />
640° C, que pue<strong>de</strong> indicar Ia presencia <strong>de</strong> una esmectita.<br />
EI endotérmico <strong>de</strong> 680°C, que se observa en algunas muestras, pue<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r<br />
tanto a una arcilla illítica como a una esmectita, peroen base a Ia interpretación <strong>de</strong> los diagramas<br />
<strong>de</strong> RX, se <strong>de</strong>fine como perteneciente a una illita.<br />
Prácticamente todas Ias muestras presentan picos endotérmicos a 720°C y /0 780°C<br />
10 que correspon<strong>de</strong>ría a Ia presencia <strong>de</strong> esmectitas, 10 mismo que los endotérmicos que se <strong>de</strong>sarrollan<br />
entre 830° y 850°C.<br />
EI pico exotérmico que en seis <strong>de</strong> Ias curvas aparece entre 920 y 930°C, se interpreta<br />
como el resultado <strong>de</strong> Ia presencia <strong>de</strong> trazas <strong>de</strong> carbonato, no totalmente eliminado en los tratamientos<br />
previos.<br />
La Figura 3 reproduce algunas <strong>de</strong> Ias curvas obtenidas que se entien<strong>de</strong>n representativas<br />
<strong>de</strong> Ias diferentes muestras estudiadas.<br />
L~XX'V-6~<br />
LXXVI-8Ti<br />
LXXVI- &C b'<br />
Fig. 3 - Curvas <strong>de</strong> ATD <strong>de</strong> muestras <strong>de</strong> Ia Formación<br />
Fray Bentos.
,----- ---------<br />
8 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
CONCLUSIONES MINERALOGICAS<br />
El resultado <strong>de</strong> los estudios <strong>de</strong> Ia fracción arciIlosa <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos por<br />
ATD y R-X muestra uma gran homogeneidad en la mineralogia.<br />
En base aIos análisis realizados se concluye que el mineral dominante <strong>de</strong> Ia fracción<br />
arciIlosa <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos es una illita trioctaédrica <strong>de</strong> naturaleza ferrosa y que<br />
oompone entre el 30 y 60 % <strong>de</strong> la fracción fina. Este mineral se encuentra parcialmente <strong>de</strong>gradado<br />
o en proceso<strong>de</strong><strong>de</strong>gradación.<br />
El otro mineral arcilloso frecuente en Ia fracción estudiada, correspon<strong>de</strong> a una esmectita<br />
<strong>de</strong> tipo bei<strong>de</strong>llítico, que en e125% <strong>de</strong> los casos se <strong>de</strong>terminó como cálcica.<br />
Se ha <strong>de</strong>terminado también en una proporción importante Ia presencia <strong>de</strong> um mineral<br />
arcilloso interestratificado <strong>de</strong>I tipo 1O-14c (illita-clorita).<br />
Los óxidos <strong>de</strong> hierro hidratados, bajo Ia forma <strong>de</strong> limonita y goethita, se encuentmn<br />
m. todas Ias muestras estúdiadas.<br />
El resto <strong>de</strong>I cortejo mineralógico <strong>de</strong> la fracción arcillosa está integrada por carbonatos<br />
y más raramente por Ia presencia <strong>de</strong> un mineral interestratificado <strong>de</strong>I tipo 10-14m (illitamontmorillonita)<br />
.<br />
GÉNESIS DE LOS MINERALES ARCILLOSOS<br />
El análisis <strong>de</strong> Ias condiciones <strong>de</strong> formación <strong>de</strong> los minerales arciIlosos presentes en Ia<br />
Formación Fray Bentos contribuye a Ia interpretación <strong>de</strong> las condiciones <strong>de</strong> sedimentación y <strong>de</strong><br />
diagénesis <strong>de</strong> dicha unidad.<br />
Se consi<strong>de</strong>ra conveniente realizar este análisis <strong>de</strong> manera in<strong>de</strong>pendiente por cada especie<br />
mineral, para luego proce<strong>de</strong>r a Ia integración <strong>de</strong> todas Ias conclusiones particulares en una<br />
hipótesis para toda Ia Formación.<br />
Según los distintos autores los minerales arciIlosos pue<strong>de</strong>n formarse según cuatro<br />
gran<strong>de</strong>s mecanismos: a) herencia b) transformación por agradación c) transformación por <strong>de</strong>gradación<br />
d) neoformación. Cualquiera <strong>de</strong> estos mecanismos actuán en los siguientes. medios<br />
naturales: alteración y formación <strong>de</strong> suelos sedimentación y diagénesis (Millot, 1964).<br />
Génesis <strong>de</strong> Ia illita<br />
Existe una abundante bibliografia que prueba que Ia acumulación <strong>de</strong> illita durante Ia<br />
sedimentación pue<strong>de</strong> ocurrir como herencia o por agradación. Hasta el momento no se conocen<br />
ejemplos <strong>de</strong> illita originada por <strong>de</strong>gradación ni por neoformación, durante Ia sedimentación.<br />
La transformación por agradación se consi<strong>de</strong>ra a partir <strong>de</strong> Grim (1953) y Grim y<br />
Johns (1954) como un proceso factible a partir <strong>de</strong> esmectitas en mediosmarinos ricos en K+.<br />
Teniendo en cuenta que Fray Bentos es una Formación <strong>de</strong> origem continental eólica (Bossi,<br />
1966), se <strong>de</strong>scarta esta alternativa como origem <strong>de</strong> Ia illita <strong>de</strong> los sedimentos consi<strong>de</strong>rados.<br />
Burst (1958) consi<strong>de</strong>ra que Ia formación <strong>de</strong> illita durante Ia diagénesis a partir <strong>de</strong> Ia<br />
transformación por agradación <strong>de</strong> Ia esmectita es evi<strong>de</strong>nte, a causa <strong>de</strong> Ia <strong>de</strong>saparición <strong>de</strong> montmorillonita<br />
y aumento <strong>de</strong> Ia illita al crecer Ia profundidad.<br />
Dunoyer (1969) concluye que Ia diagénesis conlleva a una recristalización <strong>de</strong> Ia illita<br />
cuya intensidad está en relación con el gradiente geotérmico. El faeies diagenético <strong>de</strong> Ia illita está<br />
atribuido a una agradación <strong>de</strong> los minerales arcillosos bajo el efecto <strong>de</strong>I hundimiento y Ia circulación<br />
<strong>de</strong> aguas saladas (Long y Neglia, 1968). Los diferentes autores indicam que estos fenómenos<br />
se <strong>de</strong>sarroIlan a más <strong>de</strong> 1000 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />
Kulbicky y Millot (1960) consi<strong>de</strong>ran que es posible la neoformaeión <strong>de</strong> Ia illita durante<br />
Ia diagénesis por illitizaeión <strong>de</strong> Ia caolinita. Kossovskaya y Shutov (1958) oonciben Ia neoformaeión<br />
<strong>de</strong> illita (serieita ss) a partir <strong>de</strong> caolinita y <strong>de</strong> Ias plagioclasas, como producto <strong>de</strong> una<br />
diagénesis muy intensaamás <strong>de</strong> 6. 000 m<strong>de</strong>profundidad.<br />
La Formación Fray Bentos no alcanza más que 91m <strong>de</strong> potencia en Ia fosa tectónica<br />
<strong>de</strong> Ia Laguna Merin y los sedimentos posteriores que la cubren son <strong>de</strong> muy escasa potencia<br />
(máximo conocido <strong>de</strong> 60 m), por tanto se infiere que Ia illita <strong>de</strong> Fray Bentos no se originó du-
FERRANDO, DAZA 9<br />
rante Ia diagénesis <strong>de</strong> Ia misma.<br />
La herencia es consi<strong>de</strong>rada por Riviere (1952), Millot (1964) y Tardy (1969), como el<br />
origen más frecuente <strong>de</strong> Ia illita.<br />
Barshad (1966) indica que Ia illita se forma en los horizontes superficiales <strong>de</strong> los<br />
suelos formados sobre rocas ácidas, no existiendo este mineral en los suelos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> rocas<br />
básicas. La mineralogia <strong>de</strong> Ia fracción <strong>de</strong>tritica (liviana y <strong>de</strong>nsa) <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos<br />
vendria a confirmar el origen a partir <strong>de</strong> Ia alteración y formación <strong>de</strong> suelos sobre rocas ácidas.<br />
Génesis <strong>de</strong> Ia esmectita<br />
Los distintos autores, en particular Millot (1964), Tardy (1969) y Paquet (1970),<br />
muestran que todos los medios y todos los mecanismos son, en ciertas condiciones, favorables a<br />
Ia formación <strong>de</strong> esmectitas.<br />
El mecanismo más frecuente que permite Ia acumulación <strong>de</strong> esmectitas durante la<br />
sedimentación es Ia herencia. Seria <strong>de</strong>masiado largo citar aqui todos los trabajos que 10 atestiguen.<br />
La. neoformación y Ias transformaciones por agradación que pue<strong>de</strong>n dar origen a Ias<br />
esmectitas son consi<strong>de</strong>radas por Tardy (1969) como reacciones <strong>de</strong> equilibrio en Ias que intervienen<br />
fases sólidas e iones y en Ias cuales el medio acuoso es imprescindible.<br />
Las condiciones <strong>de</strong> pH básico y confinamiento <strong>de</strong> iones como el Na +, Ca + + y<br />
Mg + + necesarias para Ia síntesis <strong>de</strong> esmoctitas se encuentran en numerosas cuencas continentales<br />
y marinas. Este proceso implica un medio <strong>de</strong> iones disueltos o <strong>de</strong> minerales primarios alterándose<br />
en un ambiente subacuático. Por un cúmulo <strong>de</strong> datos texturales, míneralógicos y estructurales<br />
se consi<strong>de</strong>ra que Ia Formación Fray Bentos es <strong>de</strong> origen continental y ha sufrido un<br />
transporte eólico y <strong>de</strong>posición en ambiente aéreo. En esas condiciones no creemos como posible<br />
Ia neoformación <strong>de</strong> Ias esmectitas durante el proceso sedimentario a causa <strong>de</strong> Ia escassez <strong>de</strong><br />
agua.<br />
Las esmectitas pue<strong>de</strong>n provenir <strong>de</strong> Ia alteración <strong>de</strong> los fel<strong>de</strong>spatos en Ia naturaleza y<br />
dicho fenómeno ha sido <strong>de</strong>scripto por Tomlínson y Meier (1937), Graig y Loughman (1964) y<br />
Rex y Martin (1966); 10 mismo se ha constatado a partir <strong>de</strong> Ia alteración<strong>de</strong>vidriosvolcánicos.<br />
Tardy (1969) y Meilhac y Tardy (1970) sostienen que Ias plagioclasas son responsables <strong>de</strong> Ia<br />
génesis <strong>de</strong> una parte importante <strong>de</strong> Ias esmeetita.s.<br />
Durante Ia diagénesis, Ia neoformación <strong>de</strong> Ias esmectitas se produce a partir <strong>de</strong> Ia alteración<br />
<strong>de</strong> los minerales primarios o <strong>de</strong> los iones <strong>de</strong> aguas connatas. El proceSQ se renueva una<br />
vez que los iones provenientes <strong>de</strong> los minerales primarios son inmovilizados en la arcilla neoformada.<br />
Tardy (1969) plantea Ia siguiente ecuación <strong>de</strong> equilíbrio que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ia concentración<br />
<strong>de</strong>I Ca + + , H4 Si04 Y H +:<br />
plagioclasa H + + H4 SiO 4 ~ montmorillonita + Ca + +<br />
Suponiendo que Ias aguas connatas <strong>de</strong> la Formación Fray Bentos están saturadas en<br />
H4Si04 y que su pH es 8, se <strong>de</strong>terminó que Ia Ca + + necessaria para el equilíbrio <strong>de</strong> Ia reaeción<br />
es <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> 102,3 mo}! 1, euando Ia plEij{Íoc1asa es anortita.<br />
En vista <strong>de</strong> Ia presencia <strong>de</strong> C03Ca precipitado en Fray Bentos, Ia concentración <strong>de</strong><br />
Ca + + no pue<strong>de</strong> ser superior aI, 1 X 104 mol/l dado el valor <strong>de</strong>I produeto <strong>de</strong> solubilidad <strong>de</strong>I<br />
CaC03, ya que, concentraciones superiores, <strong>de</strong>terminarían Ia precipitación <strong>de</strong>I exeso <strong>de</strong> Ca + +<br />
bajo Ia forma <strong>de</strong> carbonato. En esas condiciones Ia reaeción anteriormente planteada ten<strong>de</strong>rá a<br />
<strong>de</strong>splazarse continuamente hacia Ia formaeión <strong>de</strong> montmorillonitas o esmectitas por alteración<br />
<strong>de</strong> las plagioclasas. El mismo tipo <strong>de</strong> planteo podria ser realizado a partir <strong>de</strong> vidrios volcánicos.<br />
Durante Ia diagénesis Ias esmectitas también se pue<strong>de</strong>n originar por agradación;<br />
Nye (1955) sugiere que en ciertos suelos tropicales Ia caolinita sometida a Ia acción <strong>de</strong> aguas<br />
ricas en eationes, pue<strong>de</strong> dar origen a esmectitas. El mismo tipo <strong>de</strong> fenómeno se concibe fácilmente<br />
a partir <strong>de</strong> Ia illita. La siguiente ecuación <strong>de</strong> equilíbrio planteada por Tardy (1969) Sirve<br />
<strong>de</strong> ejemplo:<br />
eaolinita + Ca+ + + H4 Si04 ;;::=:montmorillonita+ H +
-----<br />
10 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
el equilibrio <strong>de</strong> esta reacción se logra cuando Ia Ca + + es igual a 10-10.9 moi/I, si se consi<strong>de</strong>ra<br />
el medio saturado en síilice y con un pH <strong>de</strong> 8.<br />
En Ia Formación Fray Bentos, el Ca + + es txtremadamente abundante bajo forma<br />
<strong>de</strong> C03Ca, por 10 que pue<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rarse que las soluciones que circularon a través <strong>de</strong> esta<br />
Formación se encontraban próximas a Ia saturación. En condiciones normales la solubilidad <strong>de</strong>i<br />
Ca + + es <strong>de</strong>i or<strong>de</strong>n <strong>de</strong>i 1,1 X 10-4 mol/lenpresencia <strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong> calcio.<br />
Siendo este valo~ extremadamente superior a Ia actividad <strong>de</strong>i Ca + + necesaria para<br />
el equilíbrio <strong>de</strong> Ia reacción anteriormente planteada, pue<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rarse como posible Ia formación<br />
<strong>de</strong> esmectitas a partir <strong>de</strong> 10S <strong>de</strong>más minerales arcillosos o por 10 menos a Ia conservación<br />
<strong>de</strong> Ia esmectita durante la diagénesis.<br />
Numerosos autores <strong>de</strong>terminaron que Ias esmectitas pue<strong>de</strong>n formarse durante Ia<br />
diagénesis por <strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> Ias micas. Entre ellos pue<strong>de</strong>n citar-se a Walker (1949 y 1950),<br />
Mac Ewan (1954), Barshad (1966), Tardy et alii (1970) y Robert (1972).<br />
Todos ellos coinci<strong>de</strong>n en que el proceso ocurre segÚD una secuencia bastante constante<br />
similar a Ia siguiente, tomada <strong>de</strong> Tardy (1969) :<br />
micas-illitas<br />
c-<br />
micas hidratadas ..,:)<br />
1O-14c c1orita_14c-14v<br />
14c 14m-:J<br />
---.----<br />
montmorillonita<br />
trioctaédricas trioctaédricas ~ r trioctaédrica<br />
micas-illitas<br />
dioctaédricas<br />
micas hidratadas --+<br />
dioctaédricas<br />
c..- 10-14-vermiculita _14-14m --=::><br />
trioctaédrica<br />
lD-14v_vermiculita 14-14m<br />
dioctaédrica montmorillonita<br />
2-<br />
dioctaédrica<br />
AI encontrarse en Ia Formación Fray Bentos los términos externos <strong>de</strong> Ia secuencia o<br />
Ios primeros estudios <strong>de</strong> alteración (1O-14c) parece que seria imposible que no se presenten también<br />
10S <strong>de</strong>más terminos intermedios, en particular Ia vermiculita y los minerales interestratificados<br />
con vermiculita. Por ello se consi<strong>de</strong>ra que Ia esmectita <strong>de</strong> Fray Bentos no proviene <strong>de</strong> Ia<br />
<strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> Ia illita que presenta esta Formación.<br />
Genesis <strong>de</strong> 10s minerales interestratificados<br />
Según Ia secuencia <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> Ia illita planteada lineas arriba se indica que<br />
los minerales interestratificados <strong>de</strong>i tipo 10-14c (illita-clorita) son los productos primeros <strong>de</strong> esta<br />
<strong>de</strong>gradación, luego <strong>de</strong> Ia hidratación <strong>de</strong> Ia mica o illita.<br />
Es evi<strong>de</strong>nte que este proceso <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> Ia illita pue<strong>de</strong> ocurrir antes o <strong>de</strong>spués<br />
<strong>de</strong> la sedimentación, por 10 que los minerales interestratificados pue<strong>de</strong>n ser heredados o<br />
rcoductos <strong>de</strong> la alteración <strong>de</strong>i material <strong>de</strong>tritico ya sedimentado.<br />
Esta <strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> la illita ya se había indicado en el diagnóstico <strong>de</strong> los minerales<br />
rcesentes en el diagrama <strong>de</strong> rayos X <strong>de</strong> Ias muestras estudiadas.<br />
Conclusiones sobre Ia génesis <strong>de</strong> los minerales arcillosos<br />
Tomando como base Ias consi<strong>de</strong>raciones anteriores se pue<strong>de</strong> llegar a algunas conclusiones<br />
sobre el origen <strong>de</strong> los minerales <strong>de</strong> Ia fracción arcillosa <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos.<br />
La illita se <strong>de</strong>be suponer heredada <strong>de</strong> los mantos <strong>de</strong> alteración <strong>de</strong> roeas ácidas o <strong>de</strong><br />
unida<strong>de</strong>s sedimentares anteriores y seria el resultado <strong>de</strong> Ia trituración o fragmentación <strong>de</strong> una<br />
biotita.<br />
Para Ia esmectita también se pue<strong>de</strong> concluir que provenga <strong>de</strong> Ia herencia <strong>de</strong> un mismo<br />
manto <strong>de</strong> alteración a partir <strong>de</strong> fel<strong>de</strong>spatos más meteorizables que Ia biotita o <strong>de</strong> vidrios volcánicos.<br />
No obstante cabe suponer que durante la diagénesis se produjeron fenómenos <strong>de</strong> neoformación<br />
y transformación por agradación que incrementaron la cantidad <strong>de</strong> esmectitas heredadas.<br />
Los minerales interestratificados al igual que Ias esmectitas pue<strong>de</strong>n ser heredados o
FERRANDO, DAZA<br />
formados durante Ia diagénesis por <strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> Ia illita.<br />
Se pue<strong>de</strong> concluir que Ia herencia es el factor <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> los minerales q~e com-<br />
{X>nenIa fracción arcillosa <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos, aunque cabe suponer secundarIamente<br />
fenómenos <strong>de</strong> neoformación y transformación por agradación durante Ia diagénesis.<br />
INTERPRET ACION PALEOGEOGRAFICA<br />
Eventualmente se pue<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que inicialmente sólo se heredó Ia illita cuya<br />
composición <strong>de</strong> corte biotítico ya indicamos. Este hecho conduce a pensar en una alteración<br />
mo<strong>de</strong>rada, predominantemente física, o que no existieron minerales mas alterables que Ia biotita.<br />
Esta hipótesis se <strong>de</strong>be <strong>de</strong>scartar porque los porcentajes <strong>de</strong> plagioclasas, <strong>de</strong> vidrios volcánicos<br />
y el cortejo <strong>de</strong> minerales <strong>de</strong>nsos que presenta Fray Bentos son tales que Ia tornan insostenible.<br />
Parece razonable concebir que Ia alteración consistió en una fina subdivisión <strong>de</strong> Ia<br />
biotita más que en su <strong>de</strong>scomposición química avanzada.<br />
A<strong>de</strong>más <strong>de</strong> Ia illita, también parte <strong>de</strong> Ia esmectita proviene <strong>de</strong>I manto <strong>de</strong> alteración,<br />
don<strong>de</strong> se ha fonnado a partir <strong>de</strong> materiales más alterables que Ia biotita: plagioclasas, vidriovolcánico<br />
y anfíboles (Tardy y Gac, 1968; Tardy, 1969 y Tardy et alii 1970).<br />
Esto lleva a pensar en una alteración limitada a sus primeras fases, actuando sobre<br />
rocas compuestas básicamente por cuarzo, feldspato potásico, plagioclasas, biotita y anfíboles.<br />
Para obtener un grado tan bajo <strong>de</strong> alteración <strong>de</strong>ben haber jugado algunos factores<br />
limitantes, ya sea <strong>de</strong> carácter climático o tectónico. Este último factor tendria una influencia obvia:<br />
el rejuvenecimiento activo <strong>de</strong>I relieve tien<strong>de</strong> a incrementar Ia erosión, limitando Ia profundidad<br />
<strong>de</strong> Ias alteraciones.<br />
En el caso <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos, este factor no basta para explicar Ia pre-<br />
{X>n<strong>de</strong>rante acción <strong>de</strong>I viento como agente <strong>de</strong> erosión y transporte, ni para justificar Ia precipitación<br />
<strong>de</strong>I carbonato <strong>de</strong> calcio.<br />
Entre los factores climáticos limitantes <strong>de</strong> Ia alteración, Ia ausencia <strong>de</strong> aguas y Ias<br />
bajas temperaturas son los más característicos.<br />
Barshad (1966) indica que Ia illita se forma únicamente a partir <strong>de</strong> Ias rocas ácidas<br />
cuando Ias precipitaciones son inferiores aIos 500 mm en condiciones <strong>de</strong> clima templado; mientras<br />
que el contenido en montmorillonita es alto con menos <strong>de</strong> 250 mm y asociado a acumulación<br />
<strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong> calcio. A conclusiones similares llega Tardy (1969) cuando establece Ia estrecha<br />
relación que existe entre Ia formación <strong>de</strong> esmectitas, Ia precipitación <strong>de</strong>I C03Ca y Ia pluviosidad<br />
en un clima templado a cálcido.<br />
Paralelamente Millot et alii (1961) y Millot (1967) plantean que Ia rubefacción <strong>de</strong> los<br />
sedimentos mineralogicamente inmaduros es característica <strong>de</strong> climas contrastados con estaciones<br />
secas bien <strong>de</strong>finidas y <strong>de</strong> temperaturas templadas a cálidas. El color anaranjado <strong>de</strong> Fray Bentos<br />
testimonia sin duda un cierto grado <strong>de</strong> rubefacción aunque muy bajo.<br />
En conclusión, Ia presencia <strong>de</strong> illita trioctaédrica, <strong>de</strong> esmectitas, <strong>de</strong> minerales arcillosos<br />
interestratificados 1O-14c y <strong>de</strong> C03Ca, todos ellos <strong>de</strong> origen <strong>de</strong>trítico y <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong><br />
hierro responsables <strong>de</strong>I color anaranjado típico <strong>de</strong> Ia FOlmación, sugieren que el área <strong>de</strong> proveniencia<br />
estaba sometida a un clima <strong>de</strong> pluviosidad reducida (entre 250 y 500 mm), probablemente<br />
con distribución irregular <strong>de</strong> Ias lluvias y temperaturas templadas a cálidas. El área<br />
estaba constituída por rocas cristalinas ácidas y presentaba una topografía relativamente elevada<br />
con un probable rejuvenecimiento constante <strong>de</strong>I relieve.<br />
En esas condiciones se produjo Ia alteración mo<strong>de</strong>rada, principalmente fisica <strong>de</strong> Ia<br />
región.<br />
Durante Ias estaciones secas el viento tomaba <strong>de</strong> estas zonas las partículas transportables<br />
y Ias llevaba hacia otras regiones en don<strong>de</strong> a causa <strong>de</strong> Ia vegetación herbácea, eran retenidas<br />
y daba lugar a una acumulación <strong>de</strong> sedimentos, que ahora conocemos como Formación<br />
Fray Bentos.<br />
En el área <strong>de</strong> <strong>de</strong>posición Ias partículas tampoco han sufrido una alteración importante,<br />
por 10 que Ias condiciones clímaticas se asemejaban a Ias <strong>de</strong>I área <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>ncia, 10 mismo<br />
que las condiciones tectónicas, ya que hemos visto que Fray Bentos apâl'êCê asociado a las<br />
áreas <strong>de</strong> mayor subsi<strong>de</strong>ncia tectónica püst-cretácea.<br />
11
12 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Una vez <strong>de</strong>positados los sedimentos <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos fueros sometidos a<br />
procesos <strong>de</strong> edafización no <strong>de</strong>tectables a Ia luz <strong>de</strong> este trabajo; ello reflejaría Ia escasa magnitud<br />
<strong>de</strong> los mismos.<br />
AGRADECIMIENTO<br />
Los autores expresan su especial agra<strong>de</strong>cimiento a Ia Sra. Prol. Asist. A. <strong>de</strong> Mercantini<br />
<strong>de</strong>I Instituto <strong>de</strong> Fisica <strong>de</strong> Ia Facultad <strong>de</strong> Ingeniería y Agrimensura por Ia realización <strong>de</strong> Ios<br />
diagramas <strong>de</strong> RX, como aI Bach. José L. Cardozo, Colaborador <strong>de</strong> Ia Cátedra <strong>de</strong> Geología <strong>de</strong> Ia<br />
Facultad <strong>de</strong> Agronomía por Ia colaboración prestada en Ia realización <strong>de</strong> los ATD.<br />
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13
MINERALOGIA DOS DEPOSITOS<br />
DE FERRO DE ÁGUAS CLARAS, MG<br />
WOLNEY LOBA TO.<br />
ABSTRACT<br />
The mineralogical characterization af iron ore samples studied were baseei in megascopic classification, <strong>de</strong>termination of the<br />
minemls, and <strong>de</strong>finition of the texture and structure through polish sections and thin sectioM.<br />
Optical <strong>de</strong>terminations were confinned through X -ray diffraction.<br />
Magnetite and hematite were found in ali polish sections studied: limonite was recognized in many samples especially in<br />
itabirites; quartz, gibsite and clay mineraIs are present in some samples, but the perrentage ia small.<br />
Semiquantitative analyses through optica! spectrometry and chemica! analyses were ma<strong>de</strong> of ali samples studied.<br />
INTRODUÇÁO<br />
As pesquisas quantitativas, que têm sido feitas até agora em nossos minérios <strong>de</strong><br />
ferro, se pren<strong>de</strong>m quase que exclusivamente à composição química e à granulometria do produto<br />
antes e <strong>de</strong>pois da britagem.<br />
A <strong>de</strong>terminação dos minerais componentes <strong>de</strong>stes minérios, mesmo a dos essenciais,<br />
como hematita, magnetita, maghemita e goethita, até agora, foi feita em amostras isoladas e em<br />
geral, apenas qualitativa ou semi-quantitativamente. A <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> minerais que aparecem<br />
em menor percentagem ou esporadicamente, ou então ocorrem abundantemente em zonas on<strong>de</strong> a<br />
formação ferrífera foi atingida por metamorfismo mais forte, praticamente ainda não foi feita.<br />
O presente trabalho tem por finalida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>terminação da composição minera lógica -<br />
qualitativa e quantitativa <strong>de</strong> nossos minérios <strong>de</strong> ferro, bem como das estruturas e texturas dos<br />
IIJ3smos.<br />
ÁREA ESTUDADA<br />
A primeira área teste escolhida foi a jazida <strong>de</strong> Ãguas Claras, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da<br />
Minerações <strong>Brasileira</strong>s Reunidas - MBR. Fica situada a 5,5 km, a SE do centro <strong>de</strong> Belo Horizonte,<br />
na Serra do Curral. As rochas são pré-cambrianas, pertencentes à Formação Cauê, do<br />
Grupo Itabira, da Série Minas. Essencialmente são camadas itabiríticas que, <strong>de</strong>vido a diferentes<br />
graus <strong>de</strong> metamorfismos e intemperismos, originaram diferentes tipos <strong>de</strong> minérios como he.<br />
matita compacta, hematita xistosa, canga, etc.<br />
·IGIUFMG
16 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
As rochas mergulham para SE, em média <strong>de</strong> 45° SE e a direção segue normalmente<br />
NE-SW.<br />
A seção geológica feita para estudo correspon<strong>de</strong> à parte mediana da jazida e as<br />
amostras foram tomadas entre as cotas <strong>de</strong> 1.230 e 1.295 m.<br />
MÉTODOS DE ESTUDO<br />
1) Amostragem Sistemática. feita em afloramentos artificiais e naturais.<br />
2) Descrição Macroscópica . das amostras pela proprieda<strong>de</strong>s físicas.<br />
3) Observações ópticas - em seções <strong>de</strong>lgadas e polidas com microscópios Amplival -<br />
Pol. U, Carl-Zeiss.Jena. As <strong>de</strong>terminações quantitativas <strong>de</strong> dureza (VHN) e refletivida<strong>de</strong> foram<br />
realizadas segundo os <strong>de</strong>talhes metodológicos <strong>de</strong>scritos por Ramdhor (1960) e Cameron (1966).<br />
4) Análise por espectografia óptica - feita pelo químico Cláudio Vieira Dutra e pela<br />
prof8 Vitória Régia P. R. O. Marciano, sob as seguintes condições:<br />
Espectrógrafo - Espectrógrafo <strong>de</strong> ,re<strong>de</strong>: Comprimento <strong>de</strong> onda ultravioleta; abertura da<br />
fenda 0,8 mm.<br />
Catodo - Eletrodo <strong>de</strong> grafite - 3 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
Anodo - Eletrodo <strong>de</strong> grafite - 6 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
Distância entre o Catodo e Anodo - Foi mantido 4 mm durante o período <strong>de</strong> excitação.<br />
Fonte <strong>de</strong> excitação - Fabricada por Baird Associates, ajustada para 10 A . 250 V. Corrente<br />
contínua.<br />
Tempo <strong>de</strong> exposição - 45 sego<br />
Microfotômetro - Jarrel Ash Comparator - projetos (Mo<strong>de</strong>I200).<br />
Preparação da amostra. Cada amostra foi triturada e adicionada na proporção <strong>de</strong> 1:1 (100<br />
mg<strong>de</strong>amostra:l00mg<strong>de</strong>C) da amostra para grafite. Massa da carga = 17 mg.<br />
5) Análise Química<br />
- Dosagem <strong>de</strong> Fe+2: Utilizou-se o método <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> amostras com<br />
H2S04 - HF e dosagem pelo Bicromato em presença <strong>de</strong> H3B04.<br />
- Dosagem <strong>de</strong> Fe total: Utilizou-se o método clássico <strong>de</strong> Bicromatometria.<br />
- Dosagem <strong>de</strong> Fe+3: Foi feita por diferença.<br />
6) Diafratometria <strong>de</strong> raios-X<br />
Equipamento. Rigaku-Denki.<br />
Radiação . Cobre.<br />
Monocromador - Cristal curvo <strong>de</strong> grafita.<br />
Contador. Cintilômetro.<br />
Tensão - 40 KV.<br />
Corrente - 30 mA.<br />
Fator <strong>de</strong> escala - 2 X 103.<br />
Constante <strong>de</strong> Tempo - 1.<br />
Velocida<strong>de</strong> do goniômetro - 4° /min.<br />
Velocida<strong>de</strong> do papel; 10 mm/min.<br />
Discriminação: ganho. 5.<br />
base - 0,90.<br />
Janela - 2,10.<br />
Amostragem<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
Foi feita seção geológica com amostragem em 10 pontos, nos quais estão incluídos<br />
afloramentos naturais e artificiais, abaixo relacionados, com as <strong>de</strong>terminações atingidas das estruturas<br />
planares (xistosida<strong>de</strong>) . (perfil anexo).<br />
Amostra P 1 - N 45° E, 40° SE
LOBATO<br />
Amostra P 2 N 45° E. 40° SE<br />
AJ1U)stra P 3 N 60° E. 40° SE<br />
Am(i)stra P 4<br />
Amostra P 5<br />
Amostra P 6 N 45° E. 30° SE<br />
Amostra P 7<br />
Amostra P 8 N 70° E. 35° SE<br />
Amostra P 9<br />
Amostra P 10<br />
Foi feita também amostragem fora da seção e <strong>de</strong> minério beneficiado. num total <strong>de</strong> 7<br />
amostras. assim discriminadas:<br />
Amostra I - afloramento natural<br />
Amostra II - afloramento artificial.<br />
Amostra III . mistura dos minérios beneficiados - Coarse e Pelletore.<br />
Amostra IV . afloramento natural.<br />
Amostra V - minério beneficiado do tipo Sinter . Feed.<br />
Amostra VI - afloramento artificial<br />
Amostra VII - afloramento natural.<br />
A amostragem do minério já beneficiado objetivou a comparação dos resultados<br />
analíticos fornecidos pela MBR. com os resultados obtidos através das análises mineralógicas<br />
<strong>de</strong>senvolvidas neste trabalho.<br />
A amostragem dos afloramentos fora da seção. objetivou estabelecer o nível <strong>de</strong><br />
homogeneida<strong>de</strong> do corpo do minério sob o ponto <strong>de</strong> vista mineralógico.<br />
CLASSIFICAÇÃO MEGASCOPICA DAS AMOSTRAS -<br />
Descritas inicialmente pelas proprieda<strong>de</strong>s físicas megascópicas (peso específico.<br />
dureza. traço. brilho. fratura. etc). as amostras receberam uma i<strong>de</strong>ntificação provisória.<br />
P 1 Itatirito P 6 Minério Compacto<br />
P 2 Itabirito friável P 7 Canga<br />
P 3 Minério friável P 8 Minério Compacto<br />
P 4 Minério duro P 9 Minério argiloso<br />
P 5 Minério xis toso PIO Minério Compacto<br />
I - Minério Compacto<br />
II - Minério Compacto<br />
III - Mistura do Coarse 1/2" a 2" com Pelletore<br />
IV - Minério brando com xistosida<strong>de</strong><br />
V - Sinter-feed -1/4" a 100M<br />
1/4" a 1"<br />
VI<br />
VII<br />
-<br />
-<br />
Minério Compacto<br />
Minério duro com xistosida<strong>de</strong>.<br />
O peso específico variou <strong>de</strong> 3.975 a 5.065 e as proprieda<strong>de</strong>s magnéticas testadas por<br />
ímã <strong>de</strong> mão Alnico foram observadas em todas as amostras. com exceção da P .3.<br />
Descrição Geral<br />
MICROSCOPIA DAS SEÇOES POLIDAS<br />
As amostras apresentam cristais <strong>de</strong> magnetíta com forma geral irregular e bordas<br />
sinuosas irregulares invadidas por hematita (granuloblástica). <strong>de</strong> maneira também irregular e ao<br />
17
18 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
longo dos planos <strong>de</strong> clivagem (111) - (Fig. 1).<br />
Ocorrem relíguias <strong>de</strong> magnetitas e minerais transparentes anédricos. Alguns cristais<br />
<strong>de</strong> magnetita apresentam-se com faces cristalinas.<br />
Às vezes os minerais transparentes apresentam inclusões <strong>de</strong> formas irregulares <strong>de</strong><br />
rematita, sendo também, invadidos por hematita. A formação da hematita foi possivelmente<br />
contemporânea <strong>de</strong> processo tectônico e a substituição dos minerais transparentes pela hematita<br />
<strong>de</strong>u.se sob condições <strong>de</strong> stress.<br />
A textura mostra variação do tipo mosaico brechoi<strong>de</strong> ao xistoso, com grãos <strong>de</strong> hernatita<br />
variando <strong>de</strong> 0,02 a 0,07 mm.<br />
Algumas amostras apresentam porosida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável, o que é indicado pelos<br />
vazios, os quais, às vezes, mostram-se atapetados por limonita coloforme (Fig. 2).<br />
Nos itabiritos mais laminados a hematita tabular e os grãos <strong>de</strong> quartzo apresentam<br />
forte orientação preferencial.<br />
Fig. 1 - Secção polida. Amostra n.o VI - Nicóis + Aumento<br />
266,4 X.<br />
Hematita (claro) invadindo cristais <strong>de</strong> magnetita<br />
(cinza escuro) e minerais transparentes<br />
pretos. Observa-se a orientação dos cristais.<br />
"'MIL<br />
'o çiocu.<br />
't 'II.<br />
".<br />
'"<br />
'"<br />
'"<br />
\<br />
TOP'f-8'OLHtCO... ., DI Á8u... CL -11I._811:<br />
'.'- ~-- ..<br />
'"<br />
'"<br />
- . .-<br />
Fig. 2 - Secção polida. Amostra n. o III - Nicóis + Aumento<br />
666 X.<br />
Cristais <strong>de</strong> hematita (claro) com relictos <strong>de</strong><br />
magnetita (cinza claro) envolvidos por limonita<br />
(cinza escuro). Minerais transparentes<br />
pretos.<br />
-'- '-- -,<br />
MICROSCOPIA DAS LÀMINAS DELGADAS<br />
--,<br />
,.~,.,",._,-,--,-<br />
---\---""~<br />
\<br />
'",--<br />
\ 'OIIIMÇM ...TATAL<br />
,.lIft.<br />
As lâminas <strong>de</strong>lgadas mostram, às vezes, quartzo fibro-radiado, mica <strong>de</strong> birrefringên-<br />
\ \
LOBATO 19<br />
cia alta, sericita com estrutura também fibro-radiada, gibsita concrecionária, limonita e minerais<br />
argilosos.<br />
Minerais como turmalina, rutilo, clorita e pirita foram observados apenas uma vez<br />
ms itabiritos.<br />
EBPECTROGRAFIA OPTICA<br />
o resultado da análise semi-quantitativa foi o seguinte:<br />
N. o <strong>de</strong> Amostra Maiores Menores Traços<br />
P 1 Fe Si, AI Mn, Mg, Ti, P<br />
P 2 Fe Si, AI Mn, P, Mg<br />
P 3 Fe - Si,Mn, Ti<br />
P 4 Fe - Si, AI, Mn, Ti<br />
P 5 Fe - Si, AI, Mn, Ti<br />
P 6 Fe - Si, AI, Mn, Ti<br />
P 7 Fe Ai Si, Mn, Ti<br />
P 8 Fe AI Si, Mn, Ti<br />
P 9 Fe AI Si, Mn, Ti<br />
PIO Fe AI Si, Mn, Ti<br />
As amostras PIe P 2 correspon<strong>de</strong>m aos Itabiritos.<br />
O aumento <strong>de</strong> AI, a partir da amostra P 7, <strong>de</strong>ve-se provavelmente, à presença <strong>de</strong> gibsita.<br />
ANÁLISES QUíMICAS<br />
1 - Análise química média fornecida pela MBR.<br />
Tipos Fe P SiOz Alz 03<br />
SINTER FEED 68,7 0,02 0,36 0,75<br />
COARSE 68,5 0,02 0,32 1,1<br />
PELLETORE 68,4 0,03 0,34 1,1<br />
P.F.F. 68,3 0,04 0,32 1,0<br />
2 - Análise química - feita nos laboratórios do Departamento <strong>de</strong> Química do ICEX<br />
(Relação Fe+2 / Fe+3).<br />
Amostras Fe - total % Fe+3 % Fe+z %<br />
Pl 19,55 16,76 2,79<br />
P2 53,06 49,99 3,07<br />
P3 68,69 67,29 1,40<br />
P4 70,93 68,98 1,95<br />
P5 - P 6 70,93 67,86 3,07<br />
P7 - P 8 68,14 61,16 6,98<br />
P 9 -PIO 72,04 66,73 5,31<br />
Po<strong>de</strong>mos observar, por esta última análise, que a tendência do Fe + 2, excluidas as<br />
amostras PIe P 2 que são itabiritos, foi <strong>de</strong> aumentar no sentido <strong>de</strong> SE; isto indica que o teor<br />
<strong>de</strong> magnetita diminue para NW.<br />
A não <strong>de</strong>tectabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s magnéticas na amostra P 3 quando testada<br />
por imã <strong>de</strong> mão, foi provavelmente <strong>de</strong>vido ao baixo teor <strong>de</strong> magnetita.
20 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
DIFRATOMETRIA DE RAIOS X<br />
A difratometria realizada nos laborátorios da CBTN, sob a orientação do Dr. Clécio<br />
Campi Murta, <strong>de</strong>monstrou a presença <strong>de</strong> hematita e magnetita.<br />
CONCLUSÚES<br />
A textura mostra variação do tipo mosaico brechoi<strong>de</strong> ao xistoso (orientado).<br />
O minério primário é magnetítico.<br />
Os processos <strong>de</strong> metamorfismo foram precedidos <strong>de</strong> preparo tectônico especial,<br />
que permitiu a substituição da sílica e da magnetita pela hematita, o que po<strong>de</strong> ser evi<strong>de</strong>nciado<br />
nas seções polidas.<br />
- Ao que parece, os processos tectônicos metamórficos aumentaram <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong><br />
pua o norte e para oeste. Nessas condições, a magnetita sofreu um estágio <strong>de</strong> metamorfismo<br />
oxidante. Ocorreu. portanto, um evento <strong>de</strong> pós-mineralização ao longo dos planos <strong>de</strong> clivagem<br />
(111) da magnetita (metassomatose). Uma parte da hematita é pseudomorfa da magnetita<br />
(martita).<br />
- Na relação entre o Fe +2 e Fe +3 das análises realizadas <strong>de</strong>monstra-se a possibilida<strong>de</strong><br />
do metamorfismo ter aumentado <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> para NW.<br />
- Tudo indica fenômenos <strong>de</strong> recorrência <strong>de</strong> metamorfismo na Formação Cauê, sob<br />
diferentes condições físico-químicas, o que é comprovado pela presença <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> diferentes<br />
campos <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> nos itabiritos.<br />
nico,<br />
- Segundo Guild (1957), a estrutura<br />
e po<strong>de</strong>ria ter ocorrido numa massa original<br />
brechoi<strong>de</strong> por<br />
<strong>de</strong> sedimentos<br />
ele <strong>de</strong>scrita<br />
<strong>de</strong> óxidos<br />
é <strong>de</strong> caráter tectô-<br />
<strong>de</strong> ferro hidratados,<br />
causando a <strong>de</strong>sitratação. A presença <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> metamorfismo epizonal, como a sericita e a<br />
clorita, indica um processo metassomático hidrotermal.<br />
- Composição mineralógica: Magnetita e hematita foram encontradas em todas as<br />
seções .polidas. Limonita foi observada em várias amostras, principalmente nos itabiritos.<br />
Quartzo, gibsita e minerais argilosos ocorrem em menor percentagem em algumas amostras.<br />
Turmalina azulada, rutilo, clorita e pirita foram observadas uma só vez em itabirito.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Ao Dr. Manoel Teixeira da Costa pela orientação recebida; a MBR que permitiu a publicação<br />
<strong>de</strong>ste trabalho, especialmente aos geólogos José Moreira <strong>de</strong> Souza e José Fontella Jr, pela<br />
colaboração recebida; ao Dr. Clécio Campi Murta pelas análises feitas e colaboração recebida; ao<br />
Prof. Samuel Debrot pelas análises fietas; ao Dr. Cláudio Vieira Dutra e à Profo Vitória Régia<br />
P. R. O. Marciano. pelas análises feitas; ao CNPq pela concessão <strong>de</strong> Bôlsa <strong>de</strong> Iniciação Científica<br />
ao acadêmico Alberto Rossini Antunes Orsine que acompanhou este trabalho; aos técnicos<br />
do convênio Brasil - Alemanha pelas microfotografias.<br />
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POR DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X<br />
DE CALCITA E DOLOMITA<br />
EM ROCHAS CARBONÃTICAS<br />
GIULIANA RATTI*, JAIRO DE SANT'ANNA TADDEO*<br />
ABSTRACT<br />
The X.ray diffraction technique ollows the quantitative an"lysis of pow<strong>de</strong>r.mixtures with acceptable elTOr for minerologicol<br />
analysis w here great accuracy is not nee<strong>de</strong>d.<br />
This work <strong>de</strong>scribes a X.ray diffraction application on caleite and dolomite dosage in carbon"tic rocks.<br />
We ma<strong>de</strong> use of the internal standard method, drawing calibration curves from known mixtures of calcite and dolomite,<br />
Jiotting intensities of peaks values against concentrations of the mixt1,1r!".<br />
The method was tested in doing the quantitative analysis of some carbonatic rocks, showing praticity and quickneas.<br />
Moreover each misture component produces its characteristic pattem in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntly of the others, making it poasible to i<strong>de</strong>ntify the various<br />
components, easier than in quantitative analytical chemistry.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A técnica da difratometria <strong>de</strong> raios-X tem sido amplamente usada para análise quantitativa<br />
<strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> minerais, quando não se exige alta precisão, <strong>de</strong>vido à rapi<strong>de</strong>z do método<br />
e à possibilida<strong>de</strong> da escolha das fases mineralógicas a serem -quantificadas, sem sofrer interferência<br />
<strong>de</strong> outros constituintes presentes.<br />
O método consiste em se comparar as intensida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> raias difratadas <strong>de</strong> uma amostra<br />
cujo teor é <strong>de</strong>sconhecido com as intensida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> raias difratadas <strong>de</strong> padrões previamente<br />
preparados.<br />
Para contornar o problema do efeito provocado pelos diferentes coeficientes <strong>de</strong> absorção<br />
que diferentes minerais apresentam, foi usado o método do padrão interno. Este método<br />
consiste em se acrescentar a cada mistura uma quantida<strong>de</strong> constante <strong>de</strong> uma substância que não<br />
esteja presente nas amostras a analisar, <strong>de</strong>terminando-se então a porcentagem dos minerais<br />
procurados em relação a esta substância.<br />
Neste trabalho, foram preparadas 15 misturas <strong>de</strong> calcita e dolomita em diferentes<br />
proporções, acrescentando-se a tôdas uma quantida<strong>de</strong> constante <strong>de</strong> fluorita, mineral escolhido<br />
como padrão interno, e construiu-se a curva <strong>de</strong> calibração a partir dos dados obtidos em difratogramas.<br />
A fim <strong>de</strong> comprovar a aplicabilida<strong>de</strong> do método foi feita a quantificação <strong>de</strong> calcita e<br />
dolomita em 5 amostras <strong>de</strong> rochas carbonáticas. Os resultados obtidos foram comparados com<br />
as análises químicas <strong>de</strong>stas rochas, mostrando-se satisfatórios.<br />
IPT/SP
22 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
FUNDAMENTOS TEÚRICOS<br />
Com base nos princípios <strong>de</strong> difração <strong>de</strong> raios-X, encontramos uma relação entre as<br />
intensida<strong>de</strong>s das raias difratadas e a concentração <strong>de</strong> uma fase cristalina numa mistura <strong>de</strong> dois<br />
ou mais minerais. Esta relação po<strong>de</strong> ser representada por uma expressão matemática complexa,<br />
válida para condições rigorosas <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> e granulometria da mistura.<br />
Se consi<strong>de</strong>rarmos uma mistura <strong>de</strong> minerais a, b, c, ..., n, a relação entre a intensida<strong>de</strong><br />
da reflexão <strong>de</strong>vida a um plano (hkl) do mineral a e o volume que ele ocupa na mistura,<br />
po<strong>de</strong> ser representada por:<br />
on<strong>de</strong> 10<br />
C<br />
2<br />
10' c,va (m.F I -<br />
hkl Lp)a<br />
aobs - Vt.u<br />
Va<br />
m<br />
intensida<strong>de</strong> do feixe inci<strong>de</strong>nte<br />
constante experimental<br />
volume total dos cristais do mineral a que provocam difração<br />
número <strong>de</strong> planos num cristal que tem a mesma distância interplanar<br />
fator <strong>de</strong> estrutura da espécie mineral a<br />
fator <strong>de</strong> polarização <strong>de</strong> Lorentz<br />
volume total da mistura<br />
(I)<br />
coeficiente <strong>de</strong> absorção linear da mistura<br />
os fatores Ia e C po<strong>de</strong>m serconsi<strong>de</strong>rados constantes para todos os componentes da mistura, enquanto os<br />
fatores entre parênteses na expressão (1) são constantes para uma mesma reflexão do mineral "":<br />
Se 10xC=Co,<br />
2 .<br />
(m F hkl Lp)a = Ka<br />
Va<br />
Va=- Vt<br />
Po<strong>de</strong>mos escrever que<br />
(2)<br />
Va<br />
Ia obs = Co Ka- u (3)<br />
Notamos que a intensida<strong>de</strong> difratada Ia do componente a na mistura não é uma função<br />
linear <strong>de</strong> va' pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> u. Na prática corrente adotamos um método sugerido por Klug<br />
e Alexan<strong>de</strong>r (1954) no qual as intensida<strong>de</strong>s dos efeitos da difração dos componentes a dosar são<br />
oomparados aos efeitos a um componente (o Padrão Interno) acrescentado às misturas em<br />
proporções iguais. Este procedimento nos livra da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer os valores do coeficiente<br />
da absorção das misturas, pois levamos a relação entre intensida<strong>de</strong>s difratadas e volumes<br />
à linearida<strong>de</strong>.<br />
Agora, se <strong>de</strong>nominarmos va a nova fração do volume do componente a na mistura<br />
acrescentada do padrão interno, e Vs a fração <strong>de</strong> volume do padrão interno, temos:<br />
V'<br />
I'a = Co Ka !..<br />
u<br />
don<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos tirar que:<br />
I'a Kav'a<br />
-=- Is Ks vs<br />
(4) (5)<br />
(6)
como<br />
temos que:<br />
, Vt<br />
va=vax - Vt +vs<br />
I'a_KaVtvs<br />
Is Ks Vs<br />
(7)<br />
RA TTI, TADDEO<br />
e se a proporção do padrão interno é constante, Vt/vs = constante,<br />
daí:<br />
(8)<br />
I' Ka Vt va<br />
a=Kva' on<strong>de</strong>K= - (9)<br />
Is Ks Vs<br />
Esta equação (9) mostra que a relação I' a/ls é diretamente proporcional ao volume<br />
va e não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do coeficiente <strong>de</strong> absorção linear u.<br />
Por meio <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> amostras-padrão po<strong>de</strong>mos construir retas <strong>de</strong> calibração,<br />
nas quais o coeficiente angular representa o termo K da equação (9). Este valor permanece constante<br />
se adotarmos condições <strong>de</strong> operação rigorosamente padronizadas.<br />
Instrumento<br />
PARTE EXPERIMENTAL<br />
Utilizou-se um difratômetro Rigaku-Denki, mo<strong>de</strong>lo 2001, dispondo <strong>de</strong> goniômetro<br />
horizontal e contador proporcional com registro automático das raias <strong>de</strong> interferência.<br />
Foram utilizadas radições kal do cobre, sendo o aparelho operado nas condições <strong>de</strong> 35<br />
Kv e 15 m A, varredura <strong>de</strong> 111/min, constante <strong>de</strong> tempo igual a 1, fator <strong>de</strong> escala igual a 2000 e<br />
velocida<strong>de</strong> do papel <strong>de</strong> 10 mm/min.<br />
Preparação dos Padrões<br />
Foram preparados 15 padrões para a construção da reta <strong>de</strong> calibração, a partir <strong>de</strong><br />
amostras <strong>de</strong> calcita e dolomita naturais, usando-se fluorita como padrão interno.<br />
A qualida<strong>de</strong> da calcita e da dolomita usadas foi controlada por análise química, e<br />
seus teores em CaO e MgO revelaram um grau <strong>de</strong> pureza superior a 97 % para calcita e 96%<br />
para a dolomita, sendo então consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> para a finalida<strong>de</strong> em questão.<br />
A escolha da fluorita como padrão interno foi baseada no fato <strong>de</strong> que este mineral<br />
satisfaz as condições requeridas, isto é, seu grau <strong>de</strong> cristalinida<strong>de</strong> é elevado, suas raias <strong>de</strong> interferência<br />
não se superpõem às <strong>de</strong> calcita e dolomita, apresentando uma raia <strong>de</strong> boa intensida<strong>de</strong><br />
1m posição angular próxima a que aparecem as raias <strong>de</strong> calcita e dolomita escolhidas para serem<br />
medidas.<br />
A preparação dos padrões foi feita sob condições as mais constantes e quantitativas<br />
possíveis, e os mesmos cuidados foram tomados para as amostras <strong>de</strong> rochas carbonáticas<br />
analisadas por este método.<br />
As misturas-padrões foram moídas e homogeneizadas num moedor Pulverisette Fritsh<br />
automático, obtendo-se uma granulometria constante (325 mesh).<br />
A Tabela 1 apresenta o n2 <strong>de</strong> misturas, a porcentagem dos minerais constituintes e a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> padrão interno usado (20% do pêso final da mistura).<br />
Escolha das Raias<br />
Indicamos abaixo os planos <strong>de</strong> difração escolhidos, sua distância interplanar, e a intensida<strong>de</strong><br />
relativa <strong>de</strong> suas reflexões:<br />
Foram escolhidas estas raias porque estão situadas em posições angulares próximas,<br />
não se superpõem, e por apresentarem intensida<strong>de</strong>s relativas altas, <strong>de</strong>tectáveis mesmo quando o<br />
componente estiver presente com baixo teor.<br />
23
24 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Medida dos pieos registrados<br />
hkl d (A 0)<br />
1/10 20<br />
Calcita CaC03 (104) 3,03 100 29,40<br />
Dolomita CaMg (C03h (104) 2,88 100 31,00<br />
Fluorita CaF2 (111) 3,15 94 28,30<br />
Optou-se por medir a altura dos picos (com precisão <strong>de</strong> décimos <strong>de</strong> mm) tendo em<br />
vista que para estes 3 minerais, as raias são bastante atiladas, o que acarretaria maior erro se<br />
trabalhássemos com medidas <strong>de</strong> área dos picos.<br />
A Tabela 2 apresenta as medidas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> dos picos <strong>de</strong> fluorita (lf), calcita (lc)<br />
e dolomita (ld); a relação entre as intensida<strong>de</strong>s dos picos calcita-fluorita (le/If) e dolomitafluorita<br />
(ld/If). Observa-se na tabela que são apresentadas 3 medidas <strong>de</strong> picos para cada mistura<br />
padrão, correspon<strong>de</strong>ntes a 3 corpos <strong>de</strong> prova submetidos à difratometria <strong>de</strong> raios-X.<br />
Construção das curvas <strong>de</strong> ealibração<br />
TABELA 1<br />
MISTURA CALCIT A DOLOMITA FLUORIT A<br />
PADRÃO<br />
% g % g % g<br />
1 O O 100 3,00 20 0,6<br />
2 5 0,15 95 2,85<br />
3 10 0,30 90 2,70<br />
4 15 0,45 85 2,55<br />
5 20 0,60 80 2,40<br />
6 30 0,90 70 2,10<br />
7 40 1,20 60 1,80<br />
8 50 1,50 50 1,50<br />
9 60 1,80 40 1,20<br />
10 70 2,10 30 0,90<br />
11 80 2,40 20 0,60<br />
12 85 2,55 15 0,45<br />
13 90 2,70 10 0,30<br />
14 95 2,85 5 0,15<br />
15 100 3,00 O O<br />
Os gráficos 1 e 2 apresentam as curvas <strong>de</strong> calibração obtidas para a calcita e dolomita,<br />
respectivamente. Em or<strong>de</strong>nadas foram registrados os valores <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>s relativas <strong>de</strong><br />
picos e em abcissas os teores crescentes <strong>de</strong> calcita e dolomita, respectivamente.<br />
O traçado da~ curvas e dados estatísticos apresentados nos gráficos foram calculados<br />
com o auxílio <strong>de</strong> uma calculadora Hewlett-Packasrd, modêlo 9810A, acoplada a uma registradora<br />
Hewlett.Packard Calcualtor Plotter, modêlo 9862A.<br />
APLICAÇÃO. QUANTIFICAÇÃO EM ROCHAS CARBONÁTICAS<br />
Visando a aplicabilida<strong>de</strong> do método em questão, submeteu-se cinco amostras <strong>de</strong><br />
rochas carbonáticas à análise por difratometria <strong>de</strong> raios-X, obsenraildo-se os cuidados que a técnica<br />
exige.<br />
A Tabela 3 compara os resultados obtidos por análise química para os teores <strong>de</strong> cal-
MISTURA CORPO<br />
CORPO<br />
MISTURA<br />
DE If Ic Id<br />
Id/If IC/If DE Ir Ic Id<br />
PADRÃO (mm) (mm) (mm)<br />
PADRÃO<br />
(mm)<br />
PROVA<br />
PROVA<br />
(mm) (mm) Ic/If Id/If<br />
A 33,5 - 133,0 - 3,97 A 27,5 125,5 39,0 4,56 1,42<br />
1 B 30,5 - 131,5 - 4,31 9 B 30,5 141,0 51,0 4,62 1,67<br />
C 32,5 - 137,0 - 4,21 C 30,5 139,5 53,0 4,~7 1,74<br />
A 36,0 17,0 122,0 0,47 3,39 A 25,0 160,5 30,0 6,42 1,20<br />
2 B 35,5 11,0 120,5 0,31 3,39 10 B 21,5 139,5 21,5 6,49 1,00<br />
C 39,0 14,0 138,0 0,36 3,54 C 32,5 160,5 26,0 4,94 0,80<br />
A 48,0 31,0 170,5 0,64 3,55 A 21,0 141,5 14,0 6,74 0,67<br />
3 B 47,5 35,5 165,0 0,75 3,47 11 B 21,0 137,0 14,0 6,52 0,67<br />
C 55,5 30,0 166,0 0,54 2,99 C 27,0 160,0 16,5 5,92 0,61<br />
A 47,5 72,0 170,0 1,51 3,58 A 22,0 160,0 19,5 7,27 0,88<br />
4 B 53,5 85,0 180,0 1,59 3,36 1'2 B 17,5 124,0 9,0 7,08 0,51<br />
C 42,0 67,0 147,4 1,61 3,51 C 22,5 178,0 10,0 7,91 0,44<br />
A 65,5 108,0 188,5 1,65 2,88 A 19,5 144,0 9,0 7,38 0,41<br />
5 B 68,5 106,0 183,0 1,55 2,67 13 B 19,0 142,5 10,0 7,50 0,53<br />
C 74,0 124,3 191,5 1,68 2,59 C 20,5 142,5 9,5 6,95 0,46<br />
A 65,0 191,0 207,5 2,94 3,19 A 16,0 133,5 3,5 8,34 0,22<br />
6 B 39,0 89,0 110,0 2,28 2,82 14 B 17,0 131,0 4,0 7,70 0,23<br />
C 63,0 196,0 207,0 3,11 3,28 C 21,0 138,0 3,0 6,57 0,14<br />
A 47,0 138,5 98,0 2,95 2,08 A 14,5 109,0 - 7,52 -<br />
7 B 35,5 118,0 97,0 3,32 2,73 15 B 26,5 213,0 - 8,04 -<br />
C 34,0 118,0 97,0 3,47 2,85 C 29,0 212,5 - 7,33 -<br />
A 42,5 1&2,0 80,5 4,28 1,89<br />
8 B 39,0 173,0 81,5 4,43 2,09<br />
C 40,5 173,0 81,0 4,27 2,00<br />
GRÁFICO!<br />
Curva <strong>de</strong> calibração para a calcita<br />
Coef. cor. (R) = 0,991<br />
Desvio padrão da regressão = 0,406<br />
RATTI, TADDEO 25<br />
TABELA 2<br />
Idltf<br />
"<br />
GRÁFICO 2<br />
Curva <strong>de</strong> calibração para a dolomita<br />
Coef. COI. (R) = 0,986<br />
Desvio padrão da regressão = 0,241<br />
% <strong>de</strong> calcita % <strong>de</strong> dolomita<br />
cita e dolomita com os teores obtidos a partir <strong>de</strong> medidas das intensida<strong>de</strong>s relativas Ic/lf e<br />
~/If.
26 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
AMOSTRA<br />
TABELA3<br />
ANÁLISE QUIMICA QUANTIFICAÇÃO POR RAIOS -- X<br />
% CALClTA % DOLOMITA Ic/If* Id/If* % DOLOMIT A<br />
% CALCIT A<br />
0,90 10 3,70 92<br />
1 3,32 96,56 0,89 10 3,50 87<br />
0,88 10 3,52 87<br />
0,48 5 3,51 87<br />
2 5,25 87,41 0,64 7 3,48 87<br />
0,47 5 3,44 86<br />
7,12 89 0,45 10<br />
3 94,52 4,10 7,18 90 0,20 4<br />
7,21 90 0,18 4<br />
0,44 4 3,54 88<br />
4 4,30 96,04 0,47 5 3,46 87<br />
0,42 4 3,52 87<br />
0,77 9 1,72 42<br />
5 11,6 58,12 0;83 10 1,94 48<br />
0,81 9 1,66 41<br />
If refere-se a intensida<strong>de</strong> da raia <strong>de</strong> fluorita, usada como padrão interno (20% do peso da amostra)<br />
APRECIAÇÃO DOS RESULTADOS<br />
A utilização da curva <strong>de</strong> calibração para a dosagem <strong>de</strong> calcita em rochas carbonáticas<br />
mostram precisão e reprodutibilida<strong>de</strong> do que a curva <strong>de</strong> calibração para -a dolomita. Para teores<br />
elevados <strong>de</strong> dolomita em rochas carbonáticas, o erro obtido é maior do que para teores médios.<br />
Acreditamos que os valores discrepantes encontrados <strong>de</strong>vem-se, principalmente, a<br />
problemas inerentes à homogeneida<strong>de</strong> das misturas, grau <strong>de</strong> cristalinida<strong>de</strong> das amostras e à<br />
precisão do aparelho.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
AZAROFF, L. V. & BUERGER, M. J. - 1958 - The pow<strong>de</strong>r method in X ray crystallography. New York, McGraw-Hill.<br />
GODINHO, M. M. - 1964 - Análise difroctométrica quantitativa do quartzo em argilas do Barrocão (Pombal-Leirial. Memórias e Notidas do<br />
Museu e Laboratório Mineralóglco e Geológico da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra e do Centro <strong>de</strong> Estudos Geológicos, Coimbrs, 57.<br />
KLUG, H. P. &ALEXANDER, L. E. -1964 - X'raydlffraction proceduresforpoly.crystallineandamorphc>usmateriaIs,NewYork,J. Willey.<br />
RINALDI, F. F. & AGUZZI, P. E. - 1965 - Determlnation quantitativo pardiffractometrie <strong>de</strong> rlQ'ons.X <strong>de</strong> F"203 et Fe304 pour le controle<br />
d'un proce<strong>de</strong> industriel. (Colloque <strong>de</strong> Lausanne.France).
OS PESADOS 00 BARREIRAS<br />
NA COSTA ORIENTAL BRASILEIRA:<br />
ESTUDO DE AREAS-FONTE<br />
JOSÉ MOACYR VIANNA COUTINHO*, ARMANDO MARCIO COIMBRA*<br />
ABSTRACT<br />
62 heavy mineral separations from 31 semples-size limits of 62-125 and 125-250 miaa- were examined in the Barreiras<br />
Group sediments sampled along the eastern Braziliall eoast from Itaborai, Rio <strong>de</strong> Janeiro up to Natal, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte.<br />
The region can be divi<strong>de</strong>d in two threefold heavy mineral provinees East and Northeast- comprising six different mineral<br />
assemblages. Sueh assemblages are genetically and geografieally related to pre-cambrian souree-areas ero<strong>de</strong>d at westem vieinities, by the<br />
follawing connections:<br />
East province:<br />
Assemblage I monazite-rutile-sillimanite: migmatites, granites. gneiases and granulites of Paraiba and Serra dos Orgios<br />
Groups, Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Assemblage I! andaluzite-monaúte-sillimanite: kinzigites, granulites and granites of the orogenie beIt in Espirito Santo.<br />
Assemblage lI! andaluúte-sillimanite-tourmaline: kinzigites and granulites of southem Bahia and a granitic-pegmatitie<br />
complex in Minas Gerais.<br />
Northeast provinee:<br />
Assemblage IV andaluúte-kyanite-staurolite-tourmaline: ectinites of the Sergipan fold belt in northem Bahia and Sergipe.<br />
Assemblage V monazite-sillimanite-tourmaline-zircon: granitie and migmatitie "/righ" in Pernambuco and Alagoas.<br />
Assemblage VI kyanite-staurolite-tourmaline: granitie and migmatitie bodies diatributed among ectinites in Pernambuco,<br />
Paraiba, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte.<br />
A study of heavy mineral relations between Barreiras Group and eristalline basement, pre-Barreiras sediments and Recent<br />
beaeh sends, shows that the or<strong>de</strong>r of persistence of minerais aecording to geological ages from Mesozaie to Reoont ia intimately related to<br />
the <strong>de</strong>gree of stability of same minerais exp08ed to prolonged action of intrastratal solution.<br />
INTRODUÇAO<br />
O trabalho resultou <strong>de</strong> um projeto para levantamento da população <strong>de</strong> minerais<br />
pesados contida no chamado Grupo Ban<strong>de</strong>iras ao longo da costa leste brasileira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro até o Rio Gran<strong>de</strong> do Norte. Neste percurso os sedimentos afloram <strong>de</strong> maneira quase<br />
contínua em duas faixas por 1.800 km; a primeira, fragmentada entre Itaboraí e Campos, RJ e<br />
mais contínua entre Campos e Ilheus, Ba; a segunda, entre o Recôncavo Bahiano e o Norte do<br />
país, tendo a última amostra sido recolhida nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Natal, RN. Para o trajeto total<br />
foram amostradas 31 estações em intervalos médios <strong>de</strong> 58 km. Em vista da pequena <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> observações o trabalho é necessáriamente preliminar mas acredita"se que os resultados o};)tidos<br />
sejam suficientes para caracterizar duas províncias <strong>de</strong> minerais pesados e seis subo<br />
províncias ou assembléias, cada uma das quais se vincula nítidamente com áreas.fonte petro.<br />
graficamente distintas.<br />
*IGIUSP
2S ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Embora trate exclusivamente do estudo <strong>de</strong> proveniências, o trabalho fornece dados<br />
mineralógicos que po<strong>de</strong>rão auxiliar a elaboração <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> correlação estratigráfica e esclarecimento<br />
<strong>de</strong> problemas tectônicos, sedimentológicos e econômicos ligados ao Grupo Barreiras.<br />
O Grupo Barreiras tem sido subdividido em unida<strong>de</strong>s morfológicas, litoestratigráficas<br />
e edafo-estratigráficas, arroladas por Mabesoone e Campanha (1974) mas não<br />
consi<strong>de</strong>radas no atual trabalho.<br />
PROCEDIMENTOS DE CAMPO E LABORATORIO<br />
As amostras foram coletadas em viagem <strong>de</strong> carro e sua localização está informada o<br />
mais precisamente possível tendo em vista futuras verificações <strong>de</strong> formações representadas,<br />
níveis morfológicos ou tipos <strong>de</strong> intemperismo. Os afloramentos amostrados constituem normalmente<br />
corte <strong>de</strong> 2 a 10 m <strong>de</strong> altura ao longo da estrada BR-IOl e em outras secundárias <strong>de</strong>mandando<br />
o litoral bem como alguns pontos isolados da costa. O Grupo Barreiras foi aí reconhecidado<br />
por suas características megascópicas mais importantes; má seleção, estratificação horizontal<br />
grosseira e constante tendência a se intemperizar em manchas <strong>de</strong> cores variegadas. Para<br />
fins <strong>de</strong> comparação também foram amostradas ocorrências <strong>de</strong> sedimentos pré-Barreiras, coberturas<br />
<strong>de</strong> arreeiro (Barreiras, retrabalhado) e praias recentes.<br />
As amostras foram coletadas a espaçamentos irregulares lançados nos mapas <strong>de</strong><br />
Figuras 1 e 2 e localizados em lista anexa às Tabelas. Sempre que possível amostraram-se níveis<br />
arenosos menos intemperizados. Recolheram-se torrões em um ou dois níveis e diversas localizações<br />
laterais até compor uma amostra mista <strong>de</strong> 2 a 3 kg.<br />
No laboratório, seguiu-se a seguinte marcha: amostras quarteadas <strong>de</strong> 200 a 300 gr<br />
foram lavadas por sifonamento, secadas em estufa a 60°C e peneiradas com separação final <strong>de</strong><br />
frações entre 62 e 125 micra e 125 e 250 micra. As frações acima e abaixo <strong>de</strong>stes limites foram<br />
rejeitadas pelo fato <strong>de</strong> apresentarem pesados em volume muito pequeno, além <strong>de</strong> seu estudo<br />
óptico ficar dificultado. A separação das frações leves e pesadas foi efetuada em funis apropriados por<br />
meio <strong>de</strong> bromofórmio <strong>de</strong> d = 2,89.<br />
A seguir foram montadas lâminas com as frações pesadas daquelas duas granulações<br />
em associação total microquarteada. Por vezes, <strong>de</strong>vido à baixa concentração <strong>de</strong> transparentes,<br />
os pesados opacos magnéticos foram eliminados com imã manual. O meio <strong>de</strong> montagem tentado<br />
inicialmente foi o Bálsamo do Canadá. Posteriormente, em benefício da exatidão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações<br />
ópticas, optou-se por montagens não permanentes; líquidos <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> refração marcado<br />
(cargille) ou o líquido viscoso aroclor 1254 (n=I,640), o último apresentando a vantagem <strong>de</strong> permitir<br />
rotação <strong>de</strong> grãos para posições favoráveis à observação <strong>de</strong> figuras <strong>de</strong> interferência. A experiência<br />
indicou todavia, que, quando já se tem uma razoável segurança quant.o à natureza da<br />
maioria dos grãos presentes, a melhor montagem é aquela feita com cerca <strong>de</strong> 1.000 grãos disper-<br />
80S em filas <strong>de</strong> 3 mm <strong>de</strong> largura, em líquidos Cargille <strong>de</strong> n entre 1,64 e 1,65. A contagem dos<br />
grãos, com ou sem platina integradora, fica facilitada, o exame com objetiva <strong>de</strong> médio aumento<br />
(10 x) não exige colocação <strong>de</strong> lamínula e os grãos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação duvidosa po<strong>de</strong>m ser isolados<br />
oom agulha e re-examinados em novos líquidos <strong>de</strong> n conhecido. Nos líquidos próximos a n =<br />
1,64 - 1,65, tal como acontece em montagens com aroclor, minerais como andaluzita, apatita e<br />
sillimanita per<strong>de</strong>m quase totalmente o relêvo e diferenciam-se mais nitidamente <strong>de</strong> outros minerais<br />
incolores <strong>de</strong> hábitos parecidos.<br />
O número porcentual <strong>de</strong> cada mineral em lâminas assim preparadas foi obtido após<br />
contagem <strong>de</strong> um número mínimo <strong>de</strong> 100 grãos <strong>de</strong> minerais pesados não opacos e não micáceos<br />
presentes nas faixas varridas.<br />
Os resultados são apresentados sob a forma <strong>de</strong> tabelas e gráficos <strong>de</strong> variação. Nas<br />
tabelas, além dos acima mencionados também se incluiram os valores para,micas, entre parênteses,<br />
embora não hajam sido computados na soma dos minerais re.stantes da coluna. Os valores<br />
inferiores a 1 % estão marcados como pr (presente). Sob as colunas, registram-se adicionalmente;<br />
número <strong>de</strong> pesados transparentes não micáceos contados (N!/ ptc); relação porcentual dos ultraestáveis,<br />
zircão, turmalina e rutilo (ZTR); relação <strong>de</strong> pesados opacos e semi-opacos para transparentes<br />
(o:t). Calculadas em relação apenas ao total <strong>de</strong> opacos e semi-opacos, também se<br />
acham relacionados as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>; argila limonítica, limonita e/ou hematita terrosa (li +
RUi RJ-5 RI"<br />
TABELA1<br />
Pesados em sedimentos<br />
FS-24 FS-23a<br />
~iras<br />
ES-23ab ES-2 ES~ ES-8 ES-11<br />
~01€ ~g.a :-:-<br />
~....=<br />
~2i(D<br />
.. tr g<br />
.g ID<br />
~"t11Dg.§'<br />
~i ~60<br />
ID ID (I)<br />
ID<br />
j:l. CD<br />
Fração Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa (") Fina Grossa ~ãS<br />
g ..,<br />
130<br />
~Anastasio 3 8 20 20 1 1 1 6 5 6 3 10 27 4 5 11 5 ==<br />
Andaluzita 3 3 pr pr pr 6 10 3 20 2 26 10 4 7 4 19 ~5" ~o~:<br />
Biotita (3) (1) (pr) (1) (2) (40) (10) (9) (3)<br />
Brookita 3 2 pr 1<br />
Cianita 2 2 pr pr<br />
Qoritói<strong>de</strong> pr ~. (I)<br />
(I)<br />
~SCD ~'~õ'g.<br />
g.~~(;!<br />
~Corídon<br />
Diásporo<br />
Diops{dio<br />
DumOJ:tierita<br />
Ep{doto<br />
Espinélio<br />
Estaurolita<br />
Granada<br />
8omb/enda<br />
~Monazita<br />
~Moscovita<br />
5 5<br />
pr<br />
24 21<br />
(20) (35)<br />
3 6<br />
(pr) (pr)<br />
pr<br />
1<br />
19 35 37 65<br />
pr<br />
30 40<br />
(1) (5)<br />
6 2 22 4<br />
~pr<br />
pr pr<br />
2 1<br />
6 6 6 3<br />
~t:1<br />
~~@j'<br />
(")'§e.cr O (I) .., 8<br />
(1).... ~~. (") ~~
TABELA I (continuação)<br />
h!~~êj<br />
~::0<br />
I\> P. ;0<br />
S<br />
01 e;<br />
~~(=j'<br />
~5J1\>~p.<br />
fi> I\> fi> (D<br />
BA-5 BA-6 BA-7 BA-.8 BA-9 BA-I0 BA-ll BA-12 BA-2 BA-3<br />
I:: (') (D ....<br />
i>;>;>;<br />
~-I»'~<br />
Fração Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa 50 c. p. g'<br />
Anastásio<br />
>;<br />
3 3 2 1 4 1 1 2 1 2 3 2 pr 2 3 pr<br />
S ~fi><br />
2 pr<br />
~5J::I<br />
AndaIuzita 4 16 23 21 64 82 29 72 2 9 25 29 7 18 4 6 8 38 I\> fi> ~O<br />
~Biotita (pr) (4) (2) ...... I:: ~gj<br />
::.QC"rn(D (;)<br />
Brookita<br />
. "<br />
~~-~.<br />
Cianita § I\> t1<br />
3 2 5 6 10 8 5 6 5 (D 00<br />
fi><br />
~(') . O<br />
Ooritói<strong>de</strong> pr (') "o "O (D<br />
~Z"<br />
eo S; ::I<br />
Corídon pr pr pr """,_co<br />
"'<br />
~Diásporo pr 2 8. g.~<br />
~Diopsí dio 9 to< ~......<br />
pr pr pr<br />
(')<br />
~~. ~~O<br />
Dumortierita<br />
16, ~(D ~G)<br />
Epídoto S' ?<br />
~~~P. 01<br />
lI'j<br />
Espinélio 1\>::tI ~I\> S<br />
Estaurolita pr pr pr 5 13 10 16 7 20 15 43 29 35 .c >; ::3.... O<br />
Granada pr 1 1<br />
I:: (D<br />
pr<br />
I\> Q \XI<br />
"o [fi '8, I\><br />
~Hornblenda 5 9<br />
h<br />
~~fE~ CI)<br />
Monazita 27 8 10 7 2 2 22 5 42 21 10 6 pr 2 pr 2 S ~rn I:: j::<br />
Moscovita (1) (1) (pr) (pr) (1) (1) ... I\> (D dQ !TI<br />
~SS jj<br />
O<br />
Rutilo 3 2 2 1 4 2 11 6 2 4 8 3 5 5 5 6 2 rn . (D I:: O<br />
(D~S=cD<br />
Sillimanita 5 23 29 26 1 6 1 3 pr 8 1 4 2 1 2 3 pr<br />
O ::I § (D t1<br />
!TI<br />
Turmalina 23 28 15 27 7 5 pr 2 20 26 37 26 13 26 20 27 11 39 5 12 fi> O .....0 G)<br />
O rn fE I::<br />
Xenotima 1 pr pr pr<br />
(D !TI<br />
"O~<br />
I:: O<br />
I\><br />
Zircão 35 20 18 16 20 3 43 13 15 12 11 9 50 22 54 29 60 18 45 12 (') 1\>- S<br />
S<br />
w<br />
o<br />
~h<br />
~o::n~ O<br />
?'8(')~<br />
Orno~<br />
Noo potoco fi><br />
200 190 100 340 200 275 100 265 300 330 200 310 200 230 200 290 100 100 100 100<br />
5J S (=j'<br />
< .... O<br />
ZTR 58 48 36 45 29 9 47 17 46 46 50 39 71 51 79 61 76 57 56 26 !!!.. S O<br />
o!:r~"O<br />
o:t 1-:1 12:1 8:1 8:1 8:1 7:1 8:1 8:1 1:1 3:1 4:1 4:1 6:1 6:1 8:1 9:1 5:1 4:1<br />
>;<br />
~m<br />
~(D<br />
fi> I\><br />
li +he 75 75 93 85 96 96 66 70 60 69 70 70 92 93 90 94 98 g. ~.g.I\><br />
le 2 5 1 4 4 2 8 6 10 8 2 3 2 1 2 rn8õ'i:;'<br />
me 23 20 6 11 2 26 24 30 23 30 28 5 5 9 4 2<br />
~S ~~.<br />
"00(')0<br />
(E. O g' O)<br />
~';1rn<br />
G)<br />
);;
TABELA 1 (continuação)<br />
SE-l SE-2 SE-6 AL-l PE-2 PE-3c PB4 PB-3 PB-2 PB-l RN-l abc<br />
Fração Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa<br />
Anastásio 38 40 1 pr pr pr pr 1 2<br />
Andaluzita 8 27 1 5 3 1 pr 5 5 3 3 4 1 pr<br />
Biotita (15) pr pr (6) pr pr 2 pr<br />
Broo1cita 1 pr<br />
Cianita 2 3 2 21 36 14 4 12 24 49 11 12 4 3 2 2 6 13<br />
OoritcSi<strong>de</strong> pr<br />
ColÍdon<br />
Diásporo<br />
pr<br />
Diopsídio<br />
pr<br />
Dumortierita<br />
Ep(do to<br />
pr pr O<br />
c::<br />
:j<br />
Espinélio<br />
pr<br />
~Estaurolita 15 35 8 8 10 16 pr pr 4 5 6 8 18 6 9 .9<br />
Granada<br />
Homblenda<br />
Monazita<br />
pr<br />
pr<br />
pr pr<br />
8 13 15 18 4 1<br />
pr<br />
pr 12<br />
pr g<br />
i<br />
Moscovi ta (30) (5) (l) (1) (pr) (8) (pr)<br />
~Rutilo pr 2 3 5 35 17 1 4 2 5 1 5 3 5 1 2 1 4 4 4 4<br />
Sillimanita 3 1 7 pr<br />
Turmalina 8 14 15 10 17 24 1 10 2 12 24 80 8 27 16 66 57 67 50 66 21 60<br />
Xenotima 1 2 pr pr pr pr pr<br />
ZiIcão 66 20 28 28 16 7 88 61 80 55 62 5 63 15 63 10 24 8 35 14 54 21<br />
N.op.t.c. 100 200 100 100 100 200 100 250 200 100 300 200 100 200 400 200 200 100 500 200 700 1100<br />
ZI"R 74 36 46 43 68 48 90 75 84 68 91 86 76 45 84 77 83 76 89 84 79 85<br />
o:t 3:1 9:1 40:1 40:1 2:1 1:1 1:1 10:1 4:1 10:1 2:1 4:1 5:1 4:1 1:1 1:1 2:1 1:1 1:1 1:1 2:1 3:1<br />
li +he 60 80 98 85 100 40 45 80 100 8 12 80 90 20 90 90 50 60 80 70<br />
Ie 2 2 5 10 2 2 3 10 95 70 2 5 20<br />
me 38 18 2 10 60 45 18 90 85 10 10 5 10 8 10 50 40 15 10<br />
C')<br />
w<br />
-
32 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
também foram recalculados <strong>de</strong> modo a se omitir os minerais seguramente autígenos como<br />
brookita e anatásio.<br />
Os gráficos não expressam as relações da assembléia total. São entretanto informativos<br />
na medida em que refletem a importância relativa <strong>de</strong> cada mineral na fração total, parcialmente<br />
reproduzida no intervalo <strong>de</strong> granulação fixa, tomado como padrão comparativo.<br />
Consi<strong>de</strong>rando-se super-abundante o mineral <strong>de</strong> freqüência superior a 50%; abundante<br />
entre 10 e 50%; comum entre 2 e 10%; raro entre O e 2% e muito raro aquele <strong>de</strong> ocorrência esporádica<br />
em freqüêp.cia milesimal, e, extraindo-se uma média <strong>de</strong> freqüências por mineral no conjunto<br />
da Tabela 1 po<strong>de</strong>r-se-ia caracterizar os pesados do Barreiras da maneira abaixo:<br />
As Tabelas 2 e 3 reunem os resultados <strong>de</strong> análises <strong>de</strong> pesados recolhidos em ocorrências<br />
pouco distanciadas.<br />
TABELA 2<br />
Pesados em sedimentos Barreiras<br />
Amostras pouco distanciadas horizontalmente<br />
RN-la RN-lb RN-le<br />
Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa<br />
Anastásio pr 5 pr pr<br />
Andaluzita pr 1 pr 2 1<br />
Biotita<br />
(pr)<br />
Brookita<br />
pr<br />
Cianita 7 10 4 16 7 13<br />
Diopsídio pr<br />
Estaurolita pr pr<br />
Granada<br />
pr<br />
Monazita 14 2 11 pr 10 1<br />
Moseovita (1) (4) (3) (pr) (pr)<br />
Rutilo 6 6 3 3 3 2<br />
Sillimanita pr pr<br />
Turmalina 17 40 22 69 25 72<br />
Xenotima pr pr<br />
Zireão 56 41 54 11 53 11<br />
N.o p.t.e. 200 300 300 300 200 500<br />
ZTR 79 87 79 83 81 85<br />
o:t 3:1 7:1 2:1 2:1 2:1 2:1<br />
li + he 80 70 80 20 70 70<br />
le 5 5 5 5 10 20<br />
me 15 25 15 75 20 10<br />
Verifica-se que, comparados nos mesmos intervalos <strong>de</strong> granulação, as freqüências <strong>de</strong><br />
cada mineral sofrem variações insignificantes. Os dados sugerem que a constância mineralógica<br />
para <strong>de</strong>zenas ou centenas <strong>de</strong> metros po<strong>de</strong>rão ser confirmadas como regra para o Barreiras o que,<br />
<strong>de</strong> certo modo aumenta a valida<strong>de</strong> dos gráficos das Figuras 1 e 2 como expressão <strong>de</strong> variações<br />
regionais.<br />
As Tabelas 4 e 5 arrolam resultados obtidos em pesados <strong>de</strong> sedimentos mais antigos<br />
e mais mo<strong>de</strong>rnos que o Barreiras.<br />
A comparação das Tabelas 1 e 4 mostra que no Grupo Barreiras estão ausentes<br />
minerais instáveis que po<strong>de</strong>m ser comuns em areias <strong>de</strong> praias contíguas (caso estudado no Es.
COUTINHO, COIMBRA 33<br />
TABELA 3<br />
Pesados em sedimentos Barreiras<br />
Amostras pouco distanciadas verticalmente<br />
PE-3a PE-3b PE-3c<br />
Fração Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa<br />
Anatásio 2 4 pr pr<br />
Andaluzita 1<br />
Biotita<br />
(pr)<br />
Cianita<br />
Estaurolita<br />
Monazita<br />
8<br />
pr<br />
6<br />
pr<br />
9<br />
13<br />
- pr<br />
4<br />
pr<br />
4<br />
12<br />
1<br />
Moscovita (pr) (pr) (1) (pr) (1)<br />
Rutilo pr 5 1 5 1<br />
Turmalina 84 40 84 24 80<br />
Zircão 6 36 2 62 5<br />
N.o p.t.c. 2000 200 300 200 300 200<br />
ZTR 90 81 87 91 86<br />
o:t 500:1 20:1 3:1 1:1 2:1 4:1<br />
li + he 100 100 10 35 8 12<br />
le 5 20 2 3<br />
me 85 45 90 85<br />
pírito Santo) tais como epidoto, granada, hiperstênio e titanita. Em acréscimo, a hornblenda,<br />
rara no Barreiras, po<strong>de</strong> ser -superabundante em areias recentes.<br />
As Tabelas 1, 4 e 5 ainda revelam que a maturida<strong>de</strong>, expressa pelas quantida<strong>de</strong>s relativas<br />
<strong>de</strong> minerais ultra-estáveis, é tanto maior quanto mais antigo o sedimento. Os valores<br />
médios do índice ZTR (média <strong>de</strong> duas frações) calculados das Tabelas, são os seguintes:<br />
Sedimentos pré- Barreiras<br />
Sedimentos Barreiras<br />
Sedimentos <strong>de</strong> praias recentes<br />
ZTR<br />
74<br />
56<br />
36<br />
PROVÍNCIAS DE MINERAIS PESADOS<br />
Os gráficos <strong>de</strong> variação das Figuras 1 e 2 para os principais pesados do Barreiras<br />
<strong>de</strong>monstram que, ao longo do percurso Rio <strong>de</strong> Janeiro-Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, qualquer dos<br />
minerais po<strong>de</strong> se tornar abundante e mesmo superabundante, para diminuir radicalmente ou<br />
<strong>de</strong>saparecer em outros trechos. O minerais mais persistentes geograficamente são também os<br />
mais persistentes cronologicamente, zircão, turmalina, rutilo, com o surpreen<strong>de</strong>nte acréscimo <strong>de</strong><br />
andaluzita.<br />
Com base nas variações observadas, é possível dividir a costa oriental brasileira em<br />
duas províncias mineralógicas <strong>de</strong> minerais pesados:<br />
A Provincia Leste, abrangendo Rio <strong>de</strong> Janeiro, Espírito Santo e S da Bahia, caracta'izada<br />
por altas freqüências <strong>de</strong> andaluzita, monazita e sillimanita, incrementos locais <strong>de</strong> rutilo,<br />
turmalina e zircão e ausência <strong>de</strong> estaurolita e cianita. A província se associa com áreas-fonte a<br />
W, dominadas pelo Complexo granulítico <strong>de</strong> Jequié, Complexo granítico-migmatíticopegmatítico<br />
do E <strong>de</strong> Minas Gerais, kinzigitos do Espírito Santo e gnaisses, granulitoB e migmatitos<br />
do Grupo Paraíba e Grupo Serra dos Orgãos no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
-- ----
34 ANAIS DC5XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
TABELA 4<br />
Pesados em areias <strong>de</strong> praia recentes<br />
ES-19 ES-20 ES-23b ES-25<br />
Fração Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa<br />
Anatásio pr pr 1 3 2 2<br />
Andaluzita pr pr pr 1 1 17 1 pr<br />
Apatita pr pr pr<br />
Biotita (5) (2) (pr) (pr)<br />
Cianita 6 6 2 4 pr pr<br />
Qoritói<strong>de</strong> pr pr<br />
Coridon pr , pr<br />
Diopsídio pr pr pr pr 2<br />
Epídoto 6 5 pr 4 4 4 3<br />
Espinélio pr pr pr pr pr<br />
Estaurolita 2 5 1 4 pr<br />
Granada 2 5 1 6 5 12 4 10<br />
Hipertênio 1 pr pr 2 pr 1 3 12<br />
Homblenda 44 56 8 32 pr 1 15 63<br />
Monazi ta 3 1 17 4 25 20 14 1<br />
Moscovita (2) (1)<br />
Rutilo 2 1 5 6 9 8 2 pr<br />
Sillimanita 7 10 2 10 12 16 1 3<br />
Titanita 1 1 pr pr pr<br />
Turmalina 2 4 pr 4 1 pr pr<br />
Xenotirna pr pr<br />
Zircão 26 6 63 20 45 22 56 4<br />
N.o p.t.c. 23000 15500 200 120 300 200 200 400<br />
ZTR 30 11 68 30 55 31 58 4<br />
o:t 3:1 5:1 3:1 8:1 5:1 1:4<br />
li +he 10 19 8 7 1 3<br />
le 1 2 3 1 2<br />
me 90 80 90 90 98 95<br />
A Província Nor<strong>de</strong>ste, abrangendo os Estados nor<strong>de</strong>stinos distingüe-se pela riqueza<br />
em cianita, estaurolita, turmalina e zircão estando empobrecida em andaluzita, monàzita esillimanita.<br />
Suas áreas-fonte são constituidas por ectinitos das faixas <strong>de</strong> dobramento brasilianas<br />
do Nor<strong>de</strong>ste, granitos e gnaisses <strong>de</strong> maciços ou altos antigos, pegmatitos da Borborema e sedimentos<br />
mesozóicos das bacias do Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Pernambuco-Paraíba.<br />
Segue-se uma tentativa <strong>de</strong> interpretação em termos <strong>de</strong> proveniência, para as diversas<br />
assembléias individualizadas:<br />
Província Leste<br />
Assembléia I - Monazita-sillimanita-rutilo<br />
o grau metamórfico atingido pelos metas sedimentos no Cristalino, é o mais alto do<br />
esquema barroviano o que explica a abundância <strong>de</strong> sillimanita e ausência <strong>de</strong> outros aluminossilicatos<br />
nos sedimentos. A análise <strong>de</strong> pesados no solo residual <strong>de</strong> micaxisto a 14 km E <strong>de</strong><br />
Macaé, RJ, forneceu superabundância <strong>de</strong> sillimanita e biotita, além <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>s subordinadas
COUTINHO, COIMBRA 35<br />
TABELA 5<br />
Pesados em sedimentos Pré-Barreiras<br />
PrB-l PrB-2 PrB-3 PrB-4 PrB-5<br />
Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa<br />
Anatásio 2 2 7 pr<br />
Andaluzita pr 1 8<br />
Barita pr 5<br />
Biotita (11) (16) (38) (81) (2)<br />
Cianita 1 4<br />
Estaurolita 20 33 12 57 1<br />
Monazita 3 25 9<br />
Moscovita (2) (9) (3) (12)<br />
Rutilo 8 2 10 3 2 10 4<br />
Si<strong>de</strong>rita<br />
Sillimani ta<br />
3 7 95<br />
Turmalina 42 52 23 32 2 16 7 48<br />
Zircão 25 2 48 7 93 74 62 23<br />
N.o p.t.c. 100 100 100 100 100 100 100 100<br />
ZTR 75 56 81 42 97 100 70 75<br />
o:t 12:1 7:1 5:1 1:1 20:1 30:1 3:1<br />
li +he 91 60 70 20 15 60 55<br />
le 9 5 10 50 77 5 5<br />
me 35 20 30 8 35 40<br />
<strong>de</strong> moscovita, rutilo, turmalina e zircão. Rutilo é mineral persistente em terrenos cristalinos mas<br />
<strong>de</strong>ve-se observar que é a fase titanada estável em chamockitos e rochas granulíticas, litologia<br />
importante no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Monazita tem origem ainda in<strong>de</strong>finida. Vlasov (1966)<br />
informa que na India, ela se encontra primariamente em granulitos e chamockitos enquanto no<br />
Brasil está associada a biotita granitos normais. E, embora Derby (in Fróes <strong>de</strong> Abreu 1973)<br />
oouvesse <strong>de</strong>nunciado a monazita entre os produtos <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> rochas graniticas no Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro, ainda permanece a sugestão <strong>de</strong> que, no Brasil, como na India, tais rochas graníticas<br />
sejam na realida<strong>de</strong> metamorfitos <strong>de</strong> alto grau; chamockitos ou, mais provavelmente, kinzigitos.<br />
O gráfico da Província Leste mostra que a monazita ocorre por todo o Barreiras no Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, Espírito Santo e sul da Bahia, coincidindo com uma faixa <strong>de</strong> rochas cristalinas chamockíticas<br />
e/ou kinzigíticas estendo-se paralelamente a menos <strong>de</strong> 100 km da costa.<br />
Assembléia 11 - Andaluzita-monazita-sillimanita<br />
Associação mineralógica típica do Espírito Santo, correlacionável aos granitos,<br />
granulitos e kinzigitos do ciclo orogênico brasiliano (Cordani, 1973). Prevalecem portanto as<br />
mesmas litologias relacionadas à assembléia anterior. Entre os pesados do Barreiras, adquire<br />
aqui gran<strong>de</strong> importância a monazita. Coinci<strong>de</strong>ntemente, é no Espírito Santo que os gnaisses<br />
kinzigíticos adquirem maior expressão em área <strong>de</strong> afloramentos junto à costa (Coutinho, 1974) o<br />
que reforça o interrelacionamento sugerido na discussão da Assembléia I. Entre os pesados<br />
aumentam as concentrações <strong>de</strong> andaluzita, adiante discutida.<br />
Assembléia 111 - Andaluzita-sillimanita-turmalina<br />
Esta assembléia se relaciona a kinzigitos e granulitos da costa sul baiana. Afastadas<br />
rerca <strong>de</strong> 100 km do litoral (Cordani, 1973, mapa), afIoram rochas graníticas aqui interpretadas
36 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
j<br />
BAHIA<br />
100"10<br />
DSedimentos Quaternários I: -:IGnaisses kintiolticos<br />
~ . j..t; oranulítico <strong>de</strong><br />
t:..:.:..:..:.. G B<br />
: IComPlexo rupo arrelras Jequié<br />
~Metassedimentos do Gru - I"777iiIGnaisses granitói<strong>de</strong>s do Gru-<br />
I.: :...:Jpo Rio Pardo ~po Serra aos O'rgOos<br />
r:;:-;:+1Rochas graníticas e migmo<br />
L:t : t.. titicas (micaxistos restritos)<br />
o Ponto <strong>de</strong> amostraOllm<br />
Estrada BR-IOI<br />
-'-'-'-Divisa <strong>de</strong> estados<br />
o 200<br />
L - -- "-<br />
Km.<br />
Fig. 1 - Costa Leste, Freqüência <strong>de</strong> MineraisPesados do Grupo Barreiras e Correlações com Áreas Fontes.<br />
- c<br />
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IJ)<br />
IJ)<br />
1<br />
+<br />
A-I<br />
COUTlNHO, COIMBRA<br />
PE-3<br />
PE-2<br />
r--l Sedimentos Quoternórios 1- _ -I<br />
Ectnitos dos Faixas <strong>de</strong><br />
C3<br />
m Sedimentos<br />
Grupo Borreiros<br />
Cretóceos<br />
- - Dobramento Bra$lliono<br />
~"Mociços" groníticOl ontlgOl<br />
Ponto <strong>de</strong> omostrogem<br />
u___u_ Estrodo BR-IOI<br />
~ Gron<strong>de</strong>s lineomentos Diviso <strong>de</strong> estodos<br />
o 200<br />
.<br />
K..<br />
Fig. 2 - Costa Nor<strong>de</strong>ste, Freqüência <strong>de</strong> Minerais Pesados do Grupo Barreiras e Correlações com Áreas Fontes.<br />
o<br />
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oci<strong>de</strong>ntal do Barreiras.<br />
Certamente, ocorrências primárias locais como pegmatitos, veios e, talvez, auréolas <strong>de</strong><br />
contato não respon<strong>de</strong>m pela larga distribuição <strong>de</strong> andaluzita no Barreiras. É provável que os<br />
veios sejam antes, produtos <strong>de</strong> diferenciação metamórfica <strong>de</strong> rocha regional evoluida segundo<br />
mo<strong>de</strong>lo especial <strong>de</strong> série facial ainda não reconhecida no leste brasileiro. Um tal modêlo já foi<br />
reconhecido no Nor<strong>de</strong>ste em litologias da Série Seridó on<strong>de</strong> os autores (Mello e Mello, 1974), o<br />
atribuem a metamorfismo regional <strong>de</strong> baixa pressão.<br />
Província Nor<strong>de</strong>ste<br />
Assembléia IV - Andaluzita-cianita-estaurolita-turmalina<br />
Esta assembléia está ligada primariamente aos ectinitos da faixa <strong>de</strong> dobramento sergipana<br />
e, secundariamente aos sedimentos mais antigos e retrabalhados das bacias do Recôncavo<br />
e Sergipe-Alagoas. Excluida a já discutida andaluzita, os restantes minerais formam um<br />
conjunto <strong>de</strong> pesados estáveis compatíveis com ectinitos pelíticos bem como com veios e pego<br />
matitos (turmalina). Interessante notar aqui a substituição <strong>de</strong> cianita por estaurolita em assem-
38 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
bléias oriundas <strong>de</strong> região mais ao norte, sugerindo aumento <strong>de</strong> grau metamórfico nos ectinitos<br />
alimentadores. Como curiosida<strong>de</strong>, assinala-se entre os pesados muito raros do Recôncavo, o<br />
mineral diásporo, já reconhecido há mais <strong>de</strong> um século (Damour, 1856) em aluviões diamantíferos<br />
da Chapada e reencontrado por Branner (1911). O mineral parece associar-se a corindon e<br />
teria origem primária provável em rochas aluminosas como esmeril, agalmatolito e até, possivelmente<br />
kinzigitos (Coutinho, 1974, assinala corindon).<br />
Assembléia V - Monazita-sillimanita-turmalina-zircão<br />
Esta associação é francamente dominada pelo zircão e origina-se claramente do alto<br />
granítico Pernambuco-Alagoas. O mineral citado e possivelmente a monazita estão ligados às<br />
rochas granitói<strong>de</strong>s da área. Cianita, sillimanita e turmalina em bem menores proporções, originam-se<br />
presumivelmente <strong>de</strong> ectinitos e pegmatitos <strong>de</strong> faixas contornando o maciço. O zircão,<br />
além <strong>de</strong> se concentrar excepcionalmente, está em gran<strong>de</strong> parte conservado como cristais idiomórficos<br />
pouco arredondados, o que evi<strong>de</strong>ncia transporte <strong>de</strong> áreas próximas. Na zona <strong>de</strong> Olinda Pe,<br />
on<strong>de</strong> termina o alto também diminui drasticamente a freqüência <strong>de</strong> zircão na fração grosseira.<br />
São provenientes <strong>de</strong> Recife e Olinda as amostras analisadas por Mabesoone (1968) e<br />
Mello e Fonseca (1962) nos dois únicos trabalhos que abordam os pesados do Barreiras no leste<br />
brasileiro. As duas localida<strong>de</strong>s foram reamostradas no presente trabalho, não tendo sido possível<br />
~roduzir inteiramente os resultados obtidos por aqueles autores, apesar da reprodutibilida<strong>de</strong><br />
em amostras pouco distanciadas estar indica da nas Tabelas 2 e 3. As amostras PE-3 (próximas<br />
à Fábrica Poty, Paulista) <strong>de</strong>ram resultado mais próximos dos obtidos por Mello e Fonseca (op.<br />
cit.) se se <strong>de</strong>scontar discrepâncias na metodologia empregada e uma troca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação<br />
(cianita por tremolita). Já as análises <strong>de</strong> Recife, <strong>de</strong> Mabesoone (op. cit.), quando comparadas<br />
com as PE-2 <strong>de</strong>ste trabalho são qualitativa e quantitativamente muito diferentes. Nas 13<br />
análises <strong>de</strong> Mabesoone (op. cit.) está ausente a monazita e comparecem em teores variáveis,<br />
minerais altamente instáveis e improváveis no Barreiras, tais como; anfibólio, alcali-anfibólio,<br />
epidoto, augita e hiperstênio. A assembléia, segundo Mabesoone, (op. cit.) ainda se caracteriza<br />
pela, por vezes, alta freqüência <strong>de</strong> topázio (?). Com excessão da hornblenda, nenhum <strong>de</strong>stes<br />
minerais foi encontrado no presente estudo, há não ser como possíveis e esporádicas contaminações<br />
<strong>de</strong> campo ou laboratório. Questiona-se especialmente a valida<strong>de</strong> da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> topázio<br />
e hiperstênio, minerais facilmente confundidos com andaluzita em investigação superficial.<br />
Assembléia VI - Cianita-estaurolita-turmalina<br />
O Barreiras <strong>de</strong>sta assembléia tem a oeste os ectinitos das faixas <strong>de</strong> dobramento do<br />
centro-oeste pernambucano, sul e nor<strong>de</strong>ste paraibano, corpos granítico e migmatíticos do embasamento,<br />
sedimentos da bacia Pernambuco-Paraíba e os pegmatitos da Borborema.<br />
A última litologia explica o forte incremento <strong>de</strong> turmalina que, como acontecia com o<br />
zircão na assembléia anterior, comumente exibe formas próprias pouco arredondadas, evidência<br />
<strong>de</strong> transporte a pequenas distâncias. Também a estaurolita e a cianita têm sua presença justificada<br />
na abundância <strong>de</strong> ectinitos nas áreas oci<strong>de</strong>ntais.<br />
RELAÇÕES DO BARREIRAS COM ° CRISTALINO.<br />
SEDIMENTOS PR};::-BARREIRAS E RECENTE<br />
No litoral do Espírito Santo foram examinados os minerais pesados <strong>de</strong> 3 praias<br />
(Barra do Riacho, Guarapari e Marataizes) e uma extensa faixa <strong>de</strong> cordões e praias junto à foz<br />
à:> Rio Doce (Tab. 4). Nas primeiras praias, o Barreiras está exposto em erosão à beira-mar juntamente<br />
com o Cristalino formado essencialmente <strong>de</strong> kinzigitos e algum charnockito. Na foz do<br />
Rio Doce, o embasamento, com idêntica litologia, aDora a algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> km da linha <strong>de</strong><br />
oosta (Coutinho 1974 a e b).<br />
Kinzigitos e charnockitos contribuem com biotita, granda, diopsídio, hiperstênio,<br />
rutilo e sillimanita na formação das assembléias recentes. Hornblenda charnockitos, anfibolitos e<br />
rochas calcossilicáticas seriam responsáveis pela presença <strong>de</strong> hornblenda, epidoto e titanita. O<br />
Barreiras forneceria às prtdas. pelo menos parte <strong>de</strong>: anatásio, andaluzita, cianita, espinélio, es-
COUTINHO, COIMBRA 39<br />
taurolita, monazita, turmalina, xenotima e zircão. Na foz do Rio Doce esta mistura é muito<br />
menos evi<strong>de</strong>nte sendo a assembléia nas areias recentes constituida quase exclusivamente <strong>de</strong><br />
pesados típicos do Cristalino. O fato se explicaria não só pelo afastamento do Barreiras da costa,<br />
como também pela formação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>lta erigido com <strong>de</strong>tritos carreados apenas pelo Rio<br />
Doce, o qual drena amplamente o Pré-cambriano a oeste e atravessa o Barreiras como canal<br />
único.<br />
O Cristalino <strong>de</strong>veria fornecer também ao Barreiras os minerais típicos menos estáveis,<br />
acima indicados. Todavia o que se verifica é que neste sedimento, alguns são raros (hornblenda),<br />
outros, muitos raros (granada, diopsídio, epidoto) e outros ainda, praticamente inexistentes<br />
(hiperstênio, titanita). Certamente o fato se <strong>de</strong>ve à pouca estabilida<strong>de</strong> química dos mencionados<br />
minerais tendo eles sido <strong>de</strong>struidos ou nas áreas-fonte (intemperismo) ou nos sedimentos<br />
já <strong>de</strong>positados (soluções intra-estratais).<br />
A primeira hipótese encontra apoio na origem, aceita por Mabesoone et alii (1972)<br />
para o sedimento Barreiras, isto é: remoção <strong>de</strong> capas <strong>de</strong> solos lateríticos espêssos, formados em<br />
~oca <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> tectônica e climática. De fato, alguns daqueles minerais, especificamente a<br />
granada, situam-se muito baixo na escala <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> em solos (Dry<strong>de</strong>n e Dry<strong>de</strong>n, 1946).<br />
Contudo, alguns outros, como estaurolita, também instáveis ao intemperismo, são comuns no<br />
Barreiras, o que torna a explicação, discutível, em pormenor.<br />
A segunda hipótese, <strong>de</strong> dissolução intra-estratal, é mais favorecida pelo fato <strong>de</strong> os<br />
mesmos minerais instáveis aparecerem abundantemente nas praias atuais. Proviriam da erosão<br />
<strong>de</strong> pontas cristalinas frescas em praias ou <strong>de</strong> áreas mais longíquas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos canalizados por<br />
rios volumosos (Rio Doce).<br />
A seqüência <strong>de</strong> índices ZTR gradualmente <strong>de</strong>crescente do pré-Barreiras até o Recente<br />
indica realmente a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> dissolução intraestratal (Pettijohn, 1957). Deve-se<br />
admitir para isso, que a litologia alímentadora pré-cambriana tenha se conservado constante<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Terciário. A aceitação da explicação encontra um pequeno óbice na rarida<strong>de</strong>, quase<br />
inexistência no Barreiras, <strong>de</strong> feições microscópicas <strong>de</strong> dissolução superficial <strong>de</strong> grãos semiestáveis<br />
ou instáveis, comuns no pré-Barreiras.<br />
É certo porém, que o grau <strong>de</strong> persistência dos minerais <strong>de</strong> acordo com as ida<strong>de</strong>s<br />
geológicas (pré-Barreiras, mesozóico, até recente) guarda estreita relação com seu grau <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>,<br />
o que torna mais provável a atuação dos processos <strong>de</strong> dissolução intra-estratal.<br />
AL-l:<br />
BA-2:<br />
BA-3:<br />
BA-5:<br />
BA-6:<br />
BA-7:<br />
BA-8:<br />
BA-9:<br />
BA-lO:<br />
BA-11:<br />
BA-12:<br />
ES-2:<br />
BR-lOl, 500m N da Usina Terra Nova. 28km N da entrada para São Miguel, 144km do Rio São<br />
Francisco. Corte em arenito argiloso avermelhado.<br />
BR-lOl, 25km a N do entrocamento com BR-324, 500m a N da entrada para Dias D'Ãvila.<br />
Barreiras-Marisal indiferenciado. Arenito fino, amarelado contendo banco <strong>de</strong> argila variegada. Seixos<br />
esparsos.<br />
BR-lOl, lkm a N <strong>de</strong> Esplanada. Arenito avermelhado coberto por argila variegada e arenito grosseiro.<br />
BR-lOl,junto ao marco <strong>de</strong> km 289. Corte em sedimento variegado.<br />
BR-l01, junto ao marco <strong>de</strong> km 361. Corte em sediinento variegado.<br />
BR-lOl, junto ao marco <strong>de</strong> km 421, a S do entroncamento para Jurucuçu. Corte em sedimento<br />
varie gado.<br />
BR-lOl,junto ao marco <strong>de</strong> km 491. Corte em sedimento variegado.<br />
BR-lOl, junto ao marco <strong>de</strong> km 533. l5km a N <strong>de</strong> Eunápolis. Corte em sedimento variegado.<br />
Santa Cruz da Cabrália. Chão arenoso claro em estrada erodida no topo da escarpa, a 100m da Igreja<br />
dos Pretos.<br />
Estrada S. Salvador-Feira <strong>de</strong> Santana. Ponte junto ao marco km 18. Corte em sedimento arenoso<br />
branco e amarelo claro, grosseiro.<br />
Estrada S. Salvador-Feira <strong>de</strong> Santana. Marco <strong>de</strong> km 23. Cortes para exploração ou obras a SOm da<br />
estrada. Sedimento branco e variegado.<br />
BR-lOl, 13km a N <strong>de</strong> Linhares. Corte em sedimento variegado.
40<br />
ES-6:<br />
ES-8:<br />
ES-ll:<br />
ES-22ab:<br />
ES-23a:<br />
ES-24:<br />
PB-l:<br />
PB-3:<br />
PB-4:<br />
PE-2:<br />
PE-3:<br />
RJ-4:<br />
RJ-5:<br />
RJ-6:<br />
RN-labc:<br />
SE-I:<br />
SE-2:<br />
SE-6:<br />
ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
BR-I01, 42km a S <strong>de</strong> São Mateus. Corte em sedimento variegado.<br />
BR-I01, 27km a S <strong>de</strong> São Mateus. Corte em sedimento variegado.<br />
BR-I01, 4km a S <strong>de</strong> São Mateus. Corte em sedimento variegado.<br />
BR-I01, contorno <strong>de</strong> Vitória. Primeiros afloramentos em cortes do Barreiras a W do entroncamento<br />
Norte <strong>de</strong> Vitória. ab é média <strong>de</strong> duas amostras separadas horizontalmente 30m, sendo a; areia argilosa<br />
variegada muito rica em monazita e, b; areia caulÍnica branca, enriquecida em andaluzita, anastázio e<br />
sillimanita. Possível falha entre a e b.<br />
Praia. Ponto a 3km a S da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guarapari e SOm da linha <strong>de</strong> maré é uma escavação em areia e<br />
microconglomerado claro.<br />
BR-lOl, Marataizes. Corte em sedimento variegado a 8km da BR-I01.<br />
BR-I0l, 14km S da ponte sobre o Rio Curimatã. Areia sobreposta ao Barreiras para Maranguape.<br />
Arenito amarelo claro, médio. Topo <strong>de</strong> argila variegada.<br />
BR -101, 12km a S da entrada para Maranguape. Amostras <strong>de</strong> 2 níveis em arenito fino amarelado,<br />
sotoposto a arenito médio avermelhado e capeados por argila variegada.<br />
Praia em Cabo Branco, a S <strong>de</strong> João Pessoa. Falésia atingida por maré alta. Arenito amarelado médio a<br />
fino com argila variegada e conglomerado.<br />
BR-I0l, lkm a N da entrada norte <strong>de</strong> Recife. Bairro <strong>de</strong> Macaxeiras. Arenitos médio avermelhado com<br />
intercalações <strong>de</strong> argila variegada.<br />
PE-3a, PE-3b e PE-3c são três níveis distanciados verticalmente em cerca <strong>de</strong> 3-5m entre si (a topo,<br />
b; base) em corte próximo à Fábrica Poty, Paulista, Olinda.<br />
BR-I0l, 45km S do trevo <strong>de</strong> saída para Mimoso. Corte em sedimento arenoso róseo.<br />
BR-I01, 16km a S da ponte sobre o Rio Paraíba na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campos. Posto <strong>de</strong> Polícia Rodoviária.<br />
Corte em sedimento argiloso variegado.<br />
BR-I0l, 2km a SW do centro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Itaboraí. Escavação para exploração <strong>de</strong> argila variegada.<br />
Amostras <strong>de</strong> material arenoso claro.<br />
Estrada Natal-Macaibas. Corte em sedimento arenoso. a; ponte sobre o Rio Potengi, mais 900m<br />
rumo Macaibas. b; i<strong>de</strong>m, mais 1900m. c; i<strong>de</strong>m, mais 2100m.<br />
BR-I0l - Entrada para Cristianópolis. Corte em arenito médio, vermelho amarelado, com seixos<br />
<strong>de</strong> quartzo.<br />
Sedimentos Pré-Barreiras<br />
PrB-l:<br />
PrB-2:<br />
PrB-3:<br />
PrB-4:<br />
PrB-5:<br />
ES-19:<br />
BR-101, 19km a N <strong>de</strong> Estância. Arenito médio amarelado. Argila variegada no topo do corte.<br />
BR-I01, junto à entrada para Carmópolis. Corte em arenito claro, coberto por argila variegada.<br />
Estrada São Salvador-Feira, marco km 30 mais 800m. Corte em arenito branco ou amarelo claro, estratificação<br />
inclinada, sobreposto a;<br />
Mesmo local. Folhelho ver<strong>de</strong>, também inclinado.<br />
BR-I0l junto à ponte sobre o Rio Joanes, 14km a N do entroncamento com BR-324 (S. Salvador-<br />
Feira Santana). Arenito róseo claro, levemente inclinado, da Formação São Sebastião. Argila variegada,<br />
intercalada.<br />
BR-I01, 65km a S <strong>de</strong> Maceió. Lente <strong>de</strong> arenito amarelado médio, intercalado no conglomerado Carmópolis.<br />
BR-I0l junto à entrada para Paulista. Formação Beberibe (?). Arenito branco capeado por argila<br />
variegada e arenito amarelo.<br />
Sedimentos Recentes <strong>de</strong> Praias<br />
ES-20:<br />
ES-23b:<br />
ES-25:<br />
182 amostras e cerca <strong>de</strong> 500 preparados <strong>de</strong> areias superficiais no <strong>de</strong>lta do Rio Doce, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Conceição<br />
da Barra do Riacho. (120km)<br />
Praia em Barra do Riacho.<br />
Praia em Guarapari. Ponto a 3km do centro da cida<strong>de</strong>.<br />
Praia na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Marataízes. Ponto junto a pequena igreja no lado N.
COUTINHO, COIMBRA 41<br />
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o PR~-CAMBRIANO DO VALE DO RIO DOCE<br />
COMO FONTE ALIMENTADORA DE SEDIMENTOS COSTEIROS<br />
JOSÉ MOACYR VIANNA COUTINHO*<br />
ABSTRACT<br />
1n this worl
44 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Recolheram-se 168 amostras <strong>de</strong> rochas, das quais confeccionaram-se 69 seções <strong>de</strong>lgadas e<br />
56 preparados <strong>de</strong> roch.a moída e peneirada.<br />
21 outras amostras foram estudadas à lupa e 22 restantes não foram examinadas por<br />
motivos diversos (alterações, duplicatas, etc).<br />
As análises modais das 146 amostras estudadas, encontram-se em Tabela anexa.<br />
RESULTADOS OBTIDOS<br />
<strong>Geologia</strong>. Grau <strong>de</strong> Metamorfismo. Estruturas. Morfologia.<br />
O Pré-cambriano da área percorrida esten<strong>de</strong>-se por uma faixa <strong>de</strong> 200 km na direção<br />
E-W. A leste é recoberto por sedimentos terciários da Formação Barreiras que, por sua vez,<br />
junto à costa, dão lugar às areias recentes praianas e <strong>de</strong>ltaicas do Rio Doce. Desta maneira, os<br />
primeiros afIoramentos do cristalino distanciam-se em mais <strong>de</strong> 40 km do Oceano Atlântico, salvo<br />
no extremo sul, on<strong>de</strong> a Formação Barreiras gradualmente se estreita.<br />
O rápido trabalho <strong>de</strong> reconhecimento geológico permitiu-nos distingüir no Précambriano<br />
da região, duas gran<strong>de</strong>s unida<strong>de</strong>s litológicas diferindo entre si, essencialmente no<br />
grau <strong>de</strong> metamorfismo alcançado por seus membros pelíticos.<br />
A primeira unida<strong>de</strong>, a leste, é formada <strong>de</strong> kinzigitos (biotita granada gnaisses)<br />
ocupando provavelmente mais <strong>de</strong> 90% da área pré-cambriana do Espírito Santo. A eles se associam:<br />
charnockitos, alguns maciços graníticos, lentes <strong>de</strong> granodiorito gnaissoso, pequenas intrusões<br />
noríticas e raras faixas <strong>de</strong> quartzito. Em termos <strong>de</strong> metamorfismo, po<strong>de</strong>-se-Ihes atribuir<br />
as subfacies mais altas da facies anfibolítica (zona da sillimanita <strong>de</strong> Barrow) ou ainda a facies<br />
granulítica. Como indicadores citam-se: 1. rochas pelíticas inteiramente feldspatizadas (gnaisses);<br />
2. ausência <strong>de</strong> microclínio, salvo em rochas cordieríticas; presença <strong>de</strong> ortoclásio ou ortoclásio<br />
micropertítico; 3. plagioclásio relativamente cálcico (:t An40) em todos os kinzigitos normais<br />
e charnockitos; 4. em substrato <strong>de</strong> composição a<strong>de</strong>quada, cristalização <strong>de</strong> cordierita (kinzigito<br />
cordierítico), hiperstênío (kinzigito- charnockitói<strong>de</strong> e charnockito), escapolita e bytownitaanortita<br />
(metaconcreções e rocha calcossilicática); 5. ausência <strong>de</strong> titanita em charnockitos, kin-<br />
~gitos, granitos e granodioritos. Ti02 forma rutilo ou é absorvido em biotita; 6. ausência completa<br />
<strong>de</strong> epidoto.<br />
A segunda unida<strong>de</strong>, dominando a oeste da divisa Espírito Santo-Minas Gerais, compreen<strong>de</strong><br />
biotita-gnaisses <strong>de</strong> diversos tipos e restos não granitizados <strong>de</strong> ectinitos, especialmente<br />
micaxistos. Também ocorrem aqui as intrusões graníticas e, micaxistos e gnaisses são recortados<br />
por numerosos e às vezes possantes pegmatitos. Não foram encontrados anfibolitos que<br />
estariam ausentes também na unida<strong>de</strong> kinzigítica. O fato é tanto mais estranhável quando se<br />
sabe que os sedimentos recentes <strong>de</strong>rivados são excepcionalmente ricos <strong>de</strong> hornblenda. Possívelmente<br />
ocorrem anfibolitos em corpos menores e intemperizáveis o que explicaria sua ausência<br />
entre as amostras recolhidas. (Todavia, ariqueza <strong>de</strong> hornblenda entre os pesados <strong>de</strong> sedimentos<br />
recentes e sua ausência nos sedimentos antigos (Barreiras) indicaria que as rochas fonte <strong>de</strong><br />
hornblenda <strong>de</strong>vem ser procuradas preferencialmente em Cristalino próximo da costa, anteriormente<br />
recoberto por Barreiras e atualmente <strong>de</strong>scoberto e erodito. Neste caso, a região fonte <strong>de</strong> hornblenda é<br />
a unida<strong>de</strong> kinzigítica).<br />
O grau <strong>de</strong> metamorfismo alcançado na unida<strong>de</strong> biotita-gnáissica é médio, <strong>de</strong>ntro da<br />
facies anfibolito. Estão ausentes filitos <strong>de</strong> baixo grau e granulitos ou charnockitos <strong>de</strong> alto grau,<br />
e 1. o feldspato potássico normal é microclínico; 2. os micaxistos se compõem <strong>de</strong> moscovita e biotita;<br />
3. a granada almandina é comum, embora não abundante, nos representantes pelíticos; 4. ausência <strong>de</strong><br />
ortopiroxênios e presença <strong>de</strong> alguma hornblenda em rochas <strong>de</strong>composição apropriada; 5. presença <strong>de</strong><br />
titanita e ausência <strong>de</strong> rutilo; 6. plagioclásios não albíticos (oligoclásio a an<strong>de</strong>sina) acompanhados <strong>de</strong><br />
epidoto em certos micaxistos e biotita-gnaisses.<br />
Dado o caráter <strong>de</strong> reconhecimento rápido, pouco se po<strong>de</strong> adiantar quanto a estruturas<br />
e formas <strong>de</strong> ocorrência. De maneira geral, os kinzigitos normais são gnaisses em que finas<br />
e pouco regulares concentrações biotíticas se esten<strong>de</strong>m sinuosas quando não intensamente perturbadas<br />
em dobras apertadas. Nestes casos o aspecto migmatítico é claro, acentuado às vezes<br />
por plicamentos pitgmáticos.A <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s só tem sentido como dado para elaboração<br />
estatística. Assim, po<strong>de</strong>-se afirmar que, na unida<strong>de</strong> kinzigítica, as atitu<strong>de</strong>s se aproxi-
COUTlNHO 45<br />
mam <strong>de</strong> NNE com mergulhos variáveis, preferencialmente para E.<br />
Já na unida<strong>de</strong> biotita-gnáissica parece haver mais uniformida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s em<br />
afloramento mas muita heterogeneida<strong>de</strong> em afloramentos separados. Na região <strong>de</strong> Governador<br />
Valadares observa-se ainda certa homogeneida<strong>de</strong> em biotita-gnaisses (tonalitos), próximos <strong>de</strong><br />
NS (N20W a N20E) mergulhando levemente para E, 10 a 15°. A leste <strong>de</strong> Gal,iléia as atitu<strong>de</strong>s<br />
não se repetem com freqüência. Ainda assim haveria tendência <strong>de</strong> direções pró~imas a NS rom<br />
numerosos <strong>de</strong>svios para NW e EW. Aqui, os mergulhos são fortes, até verticais. Subenten<strong>de</strong>-se<br />
a existência <strong>de</strong> dobras ou falhas expressivas. Um exame <strong>de</strong> fotos aéreas e levantamento em<br />
pequena escala <strong>de</strong>vem revelar feições estruturais <strong>de</strong> interesse.<br />
A morfologia nas duas unida<strong>de</strong>s pré-cambrianas é, tanto quanto a litologia, nitidamente<br />
contrastante. Os kinzigitos do Espirito Santo afloram freqüentemente em gigantescos<br />
morros tipo Pão <strong>de</strong> Açúcar, elevando-se a mais <strong>de</strong> 200 ou 300 m sobre uma região, <strong>de</strong> outro<br />
modo, ondulada. Alguns daqueles monolitos são quase inteiramente <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> vegetação,<br />
outros são <strong>de</strong>nudados apenas em faces <strong>de</strong> escarpamento mais abrupto. Em certas áreas, 'Um<br />
represamento distante permitiu o aluvionamento <strong>de</strong> vales entre os altos morros, impriminckr<br />
características morfológicas distintas na região. Talvez por efeito da morfologia muito aci<strong>de</strong>ntada,<br />
o manto <strong>de</strong> intemperismo no vale do Rio Doce capixaba, não é profundo. São freqüentes<br />
os matacões <strong>de</strong> rocha fresca. Alguns se apresentam profundamente canelurados no sentido do<br />
escoamento <strong>de</strong> água pluvial. O interessante fenômeno se acha relacionado à estrutura da rocha.<br />
Assim, observou-se que rochas estruturalmente isotropas romo, granitos, granodioritos, noritos,<br />
fornecem matacões canelurados. Contrariamente, kinzigitos, biotita gnaisses e chamockitos,<br />
todos estruturalmente anisótropos, durante o intemperismo <strong>de</strong>compõem-se, <strong>de</strong>sintegram-se ou<br />
esfoliam-se e seus matacões são irregulares, elipsóidicos ou redondos, isentos <strong>de</strong> caneluras. Certamente<br />
a caneluração in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da susceptibilida<strong>de</strong> da rocha à dissolução pois, rochas dispares<br />
neste aspecto (granitos e noritos) apresentam-na no mesmo grau ao passo que outras, mineralógica<br />
e quimicamente eqüivalentes (granitos e biotita gnaisses) se comportam <strong>de</strong> maneira antagônica.<br />
A unida<strong>de</strong> biotita gnáissica <strong>de</strong> Minas Gerais é, geomorfologicamente, bem diferente.<br />
Os gran<strong>de</strong>s monolitos são raros e os escarpamentos mais importantes parecem se ligar a linhas<br />
<strong>de</strong> rejuvenescimento erosional possivelmente ativado por falhamentos. No restante, a região<br />
mostra morros irregulares ou em meia laranja, recobertos por profundos solos vermelhos. A<br />
litologia diferente dos 2 estados po<strong>de</strong> ter, <strong>de</strong> certo modo, condicionado as feições morfológicas e<br />
pedológicas atuais. Em Minas Gerais as rochas dominantes são biotita gnaisses e micaxistos<br />
ricos <strong>de</strong> minerais máficos (biotita) os últimos, e com alto teor <strong>de</strong> an<strong>de</strong>sina, os primeiros. Tais<br />
rochas, se comparadas aos kinzigitos e charnockitos capixabas, são estrutural e mineralogicamente<br />
bem menos resistentes ao intemperismo o que explicaria, em parte, a formação <strong>de</strong> topografia<br />
mais abrandada e solos vermelhos profundos.<br />
Petrografia<br />
Kinzigito (biotita granada gnaisse)<br />
Os kinzigitos, litologia dominante na bacia do Rio Doce no Espírito Santo, constituem<br />
os primeiros afloramentos a oeste da linha da costa, emergindo <strong>de</strong> baixo dos sedimentos<br />
Barreiras. As últimas exposições a oeste, situam-se no limite do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais. A<br />
orientação gp,ral estatística e os perfís percorridos indicam um corpo contínuo no rumo NS. Assim,<br />
o Pré-cambriano capixaba po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como uma faixa <strong>de</strong> kinzigitos <strong>de</strong> 60 km <strong>de</strong> largura<br />
esten<strong>de</strong>ndo-se paralelamente à costa.<br />
Os kinzigitos apresentam numerosas variações mineralógicas e texturais. O tipo<br />
dominante é uma rocha cinza claro, migmatítica. São encontradiças as formas nebulíticas ou<br />
bandadas (epibolito) nas quais, camadas neossomáticas quartzo-feldspáticas se intercalam a<br />
paleossoma biotítico em bandas mais finas irregulares e interrompidas. O dobramento po<strong>de</strong> ser<br />
brando ou apertado. Dobras ptigmáticas são também encontradas, especialmente em algumas<br />
das numerosas e <strong>de</strong>lgadas venulações pegmatíticas que recortam ou se intercalam nos kinzigitos.<br />
Mineralogicamente a rocha se distingüe pela presença relativamente abundante <strong>de</strong><br />
biotita e granada, associadas a quartzo e feldspatos. A granada é especialmente caractêrística dê<br />
kinzigitos. Destacando-se pela cor vermelha, abundância, e tamanho individual, emprestam
-<br />
46 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
gran<strong>de</strong> beleza e muitos afloramentos.<br />
Microscopicamente os kinzigitos exibem invariavelmente textura granoblástica xenoblástica.<br />
Em particularizações micáceas a textura é lepidoblástica. A granulação é média ou<br />
grossa.<br />
O quartzo, macroscopicamente cinza vítreo, ao microscópio forma cristais espalhados<br />
xenomórficos, arredondados ou amebói<strong>de</strong>s, parecendo corroer feldspatos.<br />
Dos feldspatos, macroscopicamente brancos ou cinza claros, o plagioclásio é certamente<br />
o mais abundante, conferindo ao kinzigito normal um caráter quartzo-dioritíco. Forma<br />
cristais límpidos e bem geminados segundo a lei da Albita e raramente segundo a do Periclínio.<br />
A variação encontrada para An em diversas lâminas ou num mesmo cristal (zonas), é pequena;<br />
An32-42 com moda em An38 , an<strong>de</strong>sina. Em parte das amostras é antipertítico. A associação<br />
mirmequítica é rara e restrita a contatos com feldspato potássico. O feldspato potássico geralmente<br />
se resume à antipertita e a pequenos grãos intersticiais <strong>de</strong> ortoclásio. Adquire maior importância<br />
volumétrica em camadas mais leucocráticas da rocha, especialmente nas pegmatói<strong>de</strong>s.<br />
Nestes casos é sempre um ortoclásio intensamente pertítico (pertita em lentes finas ou cabelos).<br />
A biotita, macroscopicamente preta, forma lâminas concentradas em camadas ou<br />
homogeneamente dispersa na rocha. Trata-se <strong>de</strong> uma biotita microscopicamente parda avermelhada<br />
até alaranjada. Biaxial2V=0-5°, Ng=1,64-1,65.<br />
A granada aparece constantemente, em cristais milimétricos ou centimétricos, tanto<br />
nas camadas leucocráticas como nas biotíticas. Sua percentagem modal é variável mas a média<br />
para kinzigitos aproxima-se<strong>de</strong> 3,5%. O mineral, macroscopicamente vermelho, é incolor em lâmina,<br />
on<strong>de</strong> aparece como porfiroblastos peciloblásticos, ricos <strong>de</strong> inclusões <strong>de</strong> quartzo. Altera-se<br />
em clorita ou biotita ver<strong>de</strong> ao longo <strong>de</strong> fraturas e na periferia. A associação mineral é N = 1,79-<br />
1,80 <strong>de</strong>monstram que a granada contém alto teor <strong>de</strong> molécula férrica: almandina.<br />
Dos minerais acessórios, os mais freqüentes são; apatita, zircão e opacos (ilmenita,<br />
magnetita, grafita). Seus cristais são em geral muito pequenos, esparsos e chegam a faltar completamente<br />
em vários preparados.<br />
Foram registrados os seguintes minerais <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong>utérica: clorita sericita, carbonatos,<br />
rutilo, pirita e leucoxênio.<br />
Outros minerais aci<strong>de</strong>ntalmente presentes em quantida<strong>de</strong> apreciáveis serão <strong>de</strong>scritos<br />
adiante.<br />
Varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> kinzigito<br />
a - kinzigito hololeucocrático - Em uma faixa NS, provavelmente em contato com<br />
charnockitos grosseiros a W, ocorrem, entre S. Gabriel e Colatina, diferenciações leucocráticas<br />
<strong>de</strong> kinzigito. Alguns tipos, especialmente entre S. Domingos e Angelo Frechiani, são tão claros<br />
que julgamos acertado adjetivá-Ios <strong>de</strong> hololeucocráticos. As superfícies em afloramento fresco<br />
são inteiramente brancas, salvo pela presença <strong>de</strong> granadas vermelhas em distribuição rarefeita. A<br />
ocorrência <strong>de</strong>ste mineral e mais, a natureza dos feldspatos e existência <strong>de</strong> rochas intermediárias<br />
relacionáveis no campo, apontam para os hololeucocráticos uma <strong>de</strong>rivação comum com kinzigitos,<br />
dos quais se diferenciariam pela quase ausência <strong>de</strong> Ca, Fe e Mg. Caber-lhe-iam igualmente bem<br />
as <strong>de</strong>nominações <strong>de</strong> leptito e granulito ácido.<br />
A <strong>de</strong>scrição microscópica <strong>de</strong>stas rochas é idêntica à dos kinzigitos normais, ressalvadas<br />
a presença <strong>de</strong> ortoclásio micropertítico em quantida<strong>de</strong>s muito superiores, escassez <strong>de</strong><br />
plagioclásio parcialmente sericitizado (oligoclásio AnlO_30), tamanho pequeno e rarida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
granadas e ausência <strong>de</strong> biotita.<br />
b - kinzigitos leucocráticos - São rochas muito claras que ocorrem misturadas aos<br />
kinzigitos hololeucocráticos na mesma faixa atrás <strong>de</strong>scrita. Exibem textura e mineralogia idên.<br />
ticas às anteriores com as modificações impostas pelo aumento do teor <strong>de</strong> Ca, Mg e Fe. Formase<br />
pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biotita pardo avermelhada (ao microscópio), aumentam as quantida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> granada e <strong>de</strong> plagioclásio (oligoclásio-an<strong>de</strong>sina An20-40) intermediário em An e teor<br />
modal, entre kinzigitos normais e hololeucocráticos.<br />
Uma pedreira em Nova Venecia é lavrada em kinzigito hololeucocrático e leucocrático<br />
contendo lentes e restos esfarrapados paleossomáticos <strong>de</strong> kinzigito charnockitói<strong>de</strong>. Aqui, é<br />
aparente uma relação consanguínea entre rochas claras e escuras. Provavelmente os horizontes<br />
leuco e hololeucocráticos representam frações muito enriquecidas <strong>de</strong> elementos siálicos extraídos
COUTINHO<br />
<strong>de</strong> substrato kinzigítico escuro. Estes, aqui e ali ainda resistem como paleossomas não digeridos<br />
(restitos ).<br />
c - kinzigito granitói<strong>de</strong> - Assim foram chamadas rochas grosseiras com composição<br />
mineral idêntica à <strong>de</strong> kinzigitos normais migmatíticos, ocorrendo em áreas espalhadas da faixa.<br />
Tanto quanto os kinzigitos normais, ou ainda mais que estes, sua composição se aprocima da <strong>de</strong><br />
um quartzo diorito (alto teor <strong>de</strong> plagioclásio an<strong>de</strong>sina em relação a feldspatos potássicos). O adjetivo<br />
escolhido apenas refere a estrutura ou aparência macroscópica <strong>de</strong> granitos. Efetivamente,<br />
nos kinzigitos granitói<strong>de</strong>s inexistem o leitos migmatíticos. As placas <strong>de</strong> biotita, muito comuns,<br />
se espalham homogeneamente pelo corpo rochoso e lhe imprimem (quando isoorientadas) a feição<br />
<strong>de</strong> granito gnaissoso ou ainda, (quando em distribuição caótica) a <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iros granitos.<br />
Salvo pela estrutura, todas as <strong>de</strong>mais feições mineralógicas e textuais dos kinzigitos nor.<br />
mais se repetem nos granitói<strong>de</strong>s~<br />
d - kinzigito cordierítico . Kinzigitos contendo cordierita ocorrem freqüentemente no<br />
interior do corpo kinzigítico regional mas ten<strong>de</strong>m a passar <strong>de</strong>sapercebidos em razão da notável<br />
semelhança macroscópica <strong>de</strong> quartzo com cordierita. Ocasionalmente formam corpos possantes<br />
permitindo a lavra <strong>de</strong> pedreiras, caso das ocorrências a leste <strong>de</strong> Nova Venezuela e na margem<br />
leste da Lagoa <strong>de</strong> Juparanã. Dada a posição <strong>de</strong>stes 2 pontos, é <strong>de</strong> se supor que a parte oriental<br />
da unida<strong>de</strong> kinzigítica componha um nível mais argiloso da antiga seqüência sedimentar.<br />
Por outro lado, são relativamente comuns os afloramentos cordieríticos no restante<br />
da unida<strong>de</strong> kinzigítica, mas sempre em camadas oU lentes relativamente finas. No campo sua<br />
i<strong>de</strong>ntificação é díficil: <strong>de</strong> modo geral o kinzigito cordierítico é mais escuro que o normal, em<br />
média um cinza bastante parecido com o dos kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s. Por vezes também, um<br />
kinzigito <strong>de</strong> aparência normal po<strong>de</strong> conter cordierita, <strong>de</strong>nunciada pela presença <strong>de</strong> quartzo<br />
. azulado ou esver<strong>de</strong>ado. De fato, os tons cinza azulados ou esver<strong>de</strong>ados <strong>de</strong> cordierita e <strong>de</strong> alguns<br />
quartzos chamockíticos, se eqüivalem. Além <strong>de</strong>stas, a cordierita também apresenta ocasionalmente<br />
as cores; violeta, branco, fosco, cinza puro e po<strong>de</strong> ainda ser incolor, aparências tambÉm<br />
muito conhecidas em quartzo.<br />
Nos corpos cordieríticos maiores foi possível verificar estruturas periféricas <strong>de</strong> cor.<br />
rosão tanto nos grãos como em agregados cordieríticos. É provável que, da mesma forma que<br />
nos chamockitói<strong>de</strong>s, os kinzigitos cordieríticos, instabilizados na massa migmatítica regional,<br />
funcionem como restitos paleossomáticos em vias <strong>de</strong> digestão e <strong>de</strong>saparecimento.<br />
Os kinzigitos cordieriticos, normalmente pardos e cinzentos, po<strong>de</strong>m ocorrer em cores<br />
lErdo clara ou média (Nova Venecia) ou cinza azulado (Juparanã). São sempre bem orientados<br />
por gnaissificação <strong>de</strong>vida a micas ou lentes cordieríticas. A granulação é média, perceptivelmente<br />
mais fina que a <strong>de</strong> kinzigitos normais. Destes ainda diferem pelas seguintes características<br />
evi<strong>de</strong>nciadas ao microscópio; pobreza <strong>de</strong> quartzo, que chega a faltar nascamadasmilimétricas<br />
mais ricas <strong>de</strong> cordierita; feldspato potássico geralmente abundante (ortoclásio ou microclínio<br />
<strong>de</strong> baixa triclinicida<strong>de</strong>); plagioclásio (oligoclásio ou an<strong>de</strong>sina sódica) relativamente raro;<br />
granada almandina, componente habitual <strong>de</strong> pequenas ocorrências, po<strong>de</strong> se restringir apenas a<br />
faixas pegmatói<strong>de</strong>s nos corpos maiores <strong>de</strong> Nova Venecia e Juparanã; biotita, em tons pardo<br />
alaranjado ou vermelho muito vivo se concentra em particularizações xistosas ou se distribui es.<br />
cassamente pelo corpo.<br />
Os cristais <strong>de</strong> cordierita geralmente se agrupam em formas lenticulares ou camadas.<br />
Quando macroscopicamente azuis ou violetas, os grãos são frescos e com poucas inclusões. Finas<br />
camadas periféricas <strong>de</strong> alteração pinítica <strong>de</strong>vem conferir cor ver<strong>de</strong> ao mineral macroscópico. A<br />
cor cinza parece se relacionar à formação, internamente, <strong>de</strong> substância <strong>de</strong> alteração, amorfa<br />
(opala ?), observada ao microscópio entrando no cristal em linhas ou tubos curvos. A cor branco-opaca<br />
i<strong>de</strong>ntifica cordieritas <strong>de</strong> agregados finos ou <strong>de</strong> cristais maiores cravejados <strong>de</strong> inclusões,<br />
das quais, as mais abundantes são pequenos prismas <strong>de</strong> sillimanita reunidos em ondas sinuosas.<br />
Outras inclusões po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> zircão, fornecendo ou não, halos pleocróicos amarelos, grafita, ilmenita,<br />
etc.<br />
Dos acessórios, foram encontrados, embora dispersos e em grãos pequenos: zircão,<br />
grafita, ilmenita, rutilo, sulfetos. A apatita geralmente falta por completo. A magnetita forma<br />
localmente importantes concentrações, especialmente nas ocorrências <strong>de</strong> Nova Venecia e Ju-<br />
IEranã. Trata-se provavelmente <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> aluminosa e magnesiana como atestam freqüentes<br />
associações (ex-solução ?) íntimas, ou inclusões <strong>de</strong>: espinélio ver<strong>de</strong>, córindon incolor e hoegbomita<br />
parda.<br />
47
48 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
São comuns os intercrescimentos periféricos entre diversos minerais: cordierita +<br />
quartzo; plagioclasio + quartzo; cordierita + ortoclásio; biotita + quartzo.<br />
e - kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s - Assim foram <strong>de</strong>nominadas rochas cinzentoesver<strong>de</strong>adas,<br />
granulação média e estrutura gnaissosa em evidência variável. A espessura dos<br />
corpos oscila entre centímetros até, talvez, <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> m. Formam provavelmente lentes e são<br />
encontradas intercaladas em kinzigito migmatítico normal, espalhadas por toda a área kinzigítica,<br />
especialmente em sua parte oriental.<br />
Dada a forma <strong>de</strong> ocorrência, presença <strong>de</strong> biotita e certas feições microscópicas (como<br />
alterações retrógradas <strong>de</strong> hiperstênio), acredita-se que os kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s representem<br />
restitos paleossomáticos ainda não totalmente digeridos no migmatito kinzigítico regional.<br />
A rocha é mineralógica e texturalmente semelhante aos kinzigitos regionais. Anotaram-se<br />
as seguintes peculiarida<strong>de</strong>s: quartzo arredondado e amebói<strong>de</strong>, macroscopicamente ver<strong>de</strong><br />
ou azul em alguns locais. O plagioclásio, habitualmente anti-pertítico, é uma an<strong>de</strong>sina cálcica<br />
(An38-50) por vezes com zonas internas labradoríticas. Prepon<strong>de</strong>ra inteiramente entre os feldspatos,<br />
motivo pelo qual seria correto classificar tais rochas como en<strong>de</strong>rbitos. Biotita e granada, relativamente<br />
abundantes, com as mesmas caracteísticas microscópicas observadas em Kinzigitos normais.<br />
O ortopiroxênio é um hiperstênio pleocróico (2V(-) =600, Ng= 1,715), formando grãos<br />
equidimensionais esparsos e, variavelmente alterados em minerais secundários, biotiticos serpentinosos<br />
e carbonáticos.<br />
Os acessórios incluem a apatita, quase sempre abundante, e magnetita. Zircão po<strong>de</strong><br />
faltar ou formar cristais raros e pequenos, inclusos em biotita. Pirita e grafita são ocasionais.<br />
Em relação ao que chamamos charnockitos normais, e através do estudo microscópico,<br />
nota-se que os kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser calco-ferromagnesianos enquanto os<br />
primeiros seriam mais sílico-alcalinos (mais ferruginosos também na fração <strong>de</strong> máficos). Consi<strong>de</strong>rados<br />
como membros <strong>de</strong> família magmática, os kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s seriam menos, e<br />
os charnockitos mais, dlterencIados.<br />
Chamockito (grosseiro)<br />
A partir <strong>de</strong> duas secções inferiu-se a ocorrência <strong>de</strong> uma faixa com vários km <strong>de</strong> espessura,<br />
correndo NS <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Barra <strong>de</strong> S. Francisco até Itapina, formada exclusivamente <strong>de</strong><br />
rochas extremamente grosseiras (cristais centimétricos). Quando fresca exibe cor ver<strong>de</strong> médio a<br />
escuro, raramente cinzento puro. A forma <strong>de</strong> ocorrência, caracteristicasmorfológicas e presença<br />
<strong>de</strong> hiperstênio (var. ferrohiperstênio ou eulita) modal permite classificar tais rochas como charnockitos,<br />
sensu strictu (Heinrich).<br />
Tais rochas são aqui <strong>de</strong>scritas como sub-unida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacada dos chamados kinzigitos<br />
charnockitói<strong>de</strong>s, por constituirem um gran<strong>de</strong> corpo relativamente uniforme em textura e composição.<br />
Em relação aos últimos, são muito mais grosseiros (raras sombras mais finas) e mostram<br />
tonalida<strong>de</strong>s ver<strong>de</strong>s mais acentuadas. Em afloramento, são bastante homogêneos não tendo<br />
sido possível verificar transições para kinzigitos típicos. Em um afloramento observa-se passagem<br />
para rochas regionais através <strong>de</strong> tipos gnáissicos grosseiros gradualmente mais claros<br />
(até róseo) e menos ricos <strong>de</strong> hiperstênio. Este, altera-se em agregados serpentinosos e <strong>de</strong>saparece.<br />
Também ao microscópio é possível verificar certas diferenças com os kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s.<br />
A maior <strong>de</strong>ssas é a escassez ou ausência <strong>de</strong> granada. A biotita, (pardo em geral esver<strong>de</strong>ado,<br />
Ng= 1,670-1,685), outro mineral característico <strong>de</strong> kinzigitos, ainda comparece discretamente,<br />
conferindo caráter gnáissico aos charnockitos do perfil norte. Entretanto praticamente<br />
<strong>de</strong>saparece no perfil sul, on<strong>de</strong> a leve gnaissificação é provocada por isorientação <strong>de</strong> feldspatos<br />
maiores ou por concentrações alongadas <strong>de</strong> minerais máficos (hornblenda, ortopiroxênio).<br />
Nos charnockitos grosseiros ainda aumentam substancialmente as quantida<strong>de</strong>s modais <strong>de</strong> feldspato<br />
potássico, os quais constituem cristais mais avantajados em tamanho (até 10 cm em uma<br />
exposição). Nos chamockitos do norte o feldspato potássico é um ortoclásio micropertítico localmente<br />
- em bordas, inclusões, fraturas-<strong>de</strong>senvolvendo geminação gra<strong>de</strong>ada: o microclínio po<strong>de</strong>ndo<br />
também aparecer em discretos cristais isolados intersticiais. Sendo as rochas microclínicas<br />
também biotíticas, sugere-se que as mesmas só encontradas ao norte, estiveram sujeitas às<br />
<strong>de</strong>formações e ativida<strong>de</strong>s metassomatizantes potássicas <strong>de</strong> uma fase tardia <strong>de</strong> metamorfismo.
COUTlNHO 49<br />
No perfil sul o feldspato é inteiramente ortoclásio micropertítico (cabelos), não se<br />
observando quase biotita.<br />
O plagioclásio, sempre anti-pertítico, é menos abundante e mais sódico (An32-40) que<br />
o dos kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s. Apenas em uma amostra mostrou-se nitidamente em quantida<strong>de</strong>s<br />
superiores ao ortoclásio e conferindo à rocha um caráter en<strong>de</strong>rbítico.<br />
Quartzo aparece em grão arredondados ou amebói<strong>de</strong>s como em kinzigitos.<br />
Hornblenda hastingsítica, ver<strong>de</strong> escura, é freQÜente nos charnockitos do sul, on<strong>de</strong><br />
assume as funções modais da biotita. Os grãos se cristalizam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos <strong>de</strong>mais<br />
máficos.<br />
Algum clinopiroxênio (diopsídico) fui observado em charnockitos do sul. O piroxênio<br />
dominante entretanto é ortorrômbico, em percentagens modais pequenas. O mineral é relativamente<br />
ferroso (ferrohiperstênio) chegando em duas amostras a atingir Ng=1,760, próprio da<br />
eulita. Encontra-se freqüentemente alterado parcial ou totalmente em agregados contendo<br />
biotita secundária (nontronita ?), carbonatos, serpentina.<br />
Atribui-se a cor ver<strong>de</strong> ou cinza esver<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte dos charnockitos, à libertação<br />
<strong>de</strong> oxidos <strong>de</strong> Ferro do ortopiroxênio em alteração. Tais óxidos se mobilizam para interstícios,<br />
preenchem-nos e impregnam fraturas e clivagens <strong>de</strong> quartzo e feldspatos, corando-os<br />
macroscopicaInente <strong>de</strong> ver<strong>de</strong>. São comumente observados nestes charnockitos, em lâmina, grãos<br />
<strong>de</strong> quartzo e feldspato atravessados por fraturas si,nuosas preenchidas <strong>de</strong>.moscovita e pigmento<br />
ver<strong>de</strong>, tanto mais abundantes e tanto mais ver<strong>de</strong>s quanto mais próximos <strong>de</strong> um ortopiroxênio<br />
alterado. E sugestivo também o fato <strong>de</strong> que são mais ver<strong>de</strong>s as rochas félsicas da faixa charnockítica<br />
(especialmente norte) e menos ver<strong>de</strong>s (mais cinzentas) as amostras <strong>de</strong> kinzigito charnockitói<strong>de</strong>,<br />
mais básico. Naquelas o ortopiroxênio (eulita) é bem mais ferroso que nos últimos, on<strong>de</strong><br />
o ortopiroxênio é hiperstênio.<br />
Apatita e magnetita são acessórios freqüentes. Zircão é mais raro.<br />
Granodiorito gnaisso8o<br />
Foram assim <strong>de</strong>nominados alguns corpos <strong>de</strong> rocha aparentemente intrusiva sintectônica,<br />
muito homogênea em visâo macro e microscópica. Afloramentos separados por <strong>de</strong>zenas<br />
<strong>de</strong> km, são muito parecidos. Encontram-se exclusivamente <strong>de</strong>ntro da unida<strong>de</strong> kinzigítica e<br />
parecem constituir corpos lensói<strong>de</strong>s, mais concentrados na borda leste da mesma. Os corpos não<br />
parecem muito gran<strong>de</strong>s; seus afloramentos não persistem por mais <strong>de</strong> uma ou duas centenas <strong>de</strong><br />
metros na direção do trend regional.<br />
São rochas macroscopicamente cinzentas, <strong>de</strong> granulação média, recortadas por pegmatitos<br />
<strong>de</strong> cor creme e aparência sienitica (pouco quartzo). A gnaissificação é vaga, planar ou<br />
linear, imprimida por biotitas e hornblendas suborientadas e separadas.<br />
Apesar <strong>de</strong> sua distribuição geográfica, os granodiorito-gnaisses não mostram afinida<strong>de</strong>s<br />
com kinzigitos, dos pontos <strong>de</strong> vista estrutural, textural e mineralógico. Não se exclui<br />
porém a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>rivação contemporânea, talvez antigos horizontes margosos bem<br />
diferenciados na coluna sedimentar. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intrusões Ígneas granodioríticas é mais<br />
favorecida pela petrografia mas não explica a forma, relacionamento paralelo e a distribuição<br />
preferencial dos corpos em <strong>de</strong>terminados horizontes, exclusivamente na unida<strong>de</strong> kinzigítica.<br />
A textura da rocha é equigranular parecendo metamórfica (granolepidoblástica).<br />
Entre os feldspatos, o plagioclásio aparece em quantida<strong>de</strong>s equivalentes ou pouco<br />
superiores às <strong>de</strong> feldspato potássico. O plagioclásio (an<strong>de</strong>sina An30-40), aparece em grãos frescos,<br />
geminados em Ab ou Ab-Cb, algo sericitizados. O ortoclásio é normal, raramente pertítico.<br />
A biotita é pardo suja esver<strong>de</strong>ada. A hornblenda é possivelmente uma femagstingsita (X<br />
amarelo, Y ver<strong>de</strong> pardacento, Z ver<strong>de</strong>: 2Vx=60o; Z/c=14°, Nz=1.695, Nz-NxO.0l5-0,020). Altera-se<br />
retrometamorficamente em biotita e. hidrotermalmente em carbonatos, clorita, anfibólio<br />
rox
50 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
por gnaissificação incipiente e composição variável entre granitos alaskíticos e granodioritos.<br />
Parecem correspon<strong>de</strong>r a intrusões tarditectõnicas e formam, na unida<strong>de</strong> kinzigítica, por vezes,<br />
gran<strong>de</strong>s monolitos tipo Pão <strong>de</strong> Açúcar, da mesma forma que os kinzigitos migmatíticos. Com<br />
exceção dos alaskitos, foram também encontrados intrometidos na seqüência biotita gnáissica <strong>de</strong><br />
Minas Gerais.<br />
Diferenciaram-se no campo os seguintes tipos; biotita-granito porfirói<strong>de</strong>, biotitagranito<br />
eqüigranular gnaissoso, granito leucocrático (creme) grosseiro e granito alaskítico róseo.<br />
Ao microscópio parte é tipicamente adamelítica.<br />
A textüra na maioria é caracteristicamente hipidiomórfica granular mas em alguns<br />
observou-se maior similarida<strong>de</strong> com a granoblástica xenomórfica <strong>de</strong> kinzigitos.<br />
O quartzo é arredondado ou intersticial xenomórfico. O feldspato potássico é normalmente<br />
um microclínio high, em alaskito e em intrusões <strong>de</strong>ntro ou próximas da unida<strong>de</strong> biotitagnáissica.<br />
Em tipos comuns da unida<strong>de</strong> kinzigítica parece predominar ortoclásio. A pertita fina é<br />
rara; ou está ausente ou aparece em manchas. O plagioclásio é geralmente oligoclásio ou an<strong>de</strong>sina<br />
(observados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> An7 até An3S), bastante sericitizados. Os máficos compreen<strong>de</strong>m<br />
biotita pardo suja ou alaranjada, parcialmente cloritizada. Hornblenda (Mg- ou Fe-hastingsita) é<br />
muito rara, bem como a granada. Alguns granitos contém moscovita. Os acessórios compreen<strong>de</strong>m;<br />
apatita, zircão, ilmenita, magnetita e allanita.<br />
Noritos<br />
Foram encontrados 2 pequenos corpos intrusivos <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> rocha. Um <strong>de</strong>les, em<br />
Baunilha, SE <strong>de</strong> Colatina, faz contatos com kinzigíto e é parcialmente recoberto por sedimentos,<br />
não se conhecendo sua forma no plano horizontal. O segundo, aflora em <strong>de</strong>pressão circular, ao<br />
norte <strong>de</strong> Baixo Guandu, ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> altos morros biotito-gnáissicos e kinzigíticos.<br />
As amostras exibem geralmente cor cinza ou cinza pardacenta, granulação grosseira<br />
e feldspatos em placas cinzentas ou pardas. Placas maiores e brilhantes são <strong>de</strong> biotita. Alguns<br />
afloramentos em Baixo Guandu, <strong>de</strong> rocha mais diferenciada são pardo esver<strong>de</strong>ados.<br />
A textura é hipidiomórfica granular, ten<strong>de</strong>ndo à subofítica traquitói<strong>de</strong>.<br />
O plagioclásio em ripas grossas é intensamente geminado em Ab, Ab-Cb, periclínio e<br />
Manebach. Trata-se <strong>de</strong> labradorita AnSO-60' O piroxênio comum em Baunilha é um hiperstênio<br />
apresentando internamente plaquetas pardas. Parte menor é formada por augita em cristais<br />
gran<strong>de</strong>s ou pequenos, parecendo substituir hiperstênio nas bordas. Em Baixo Guandu, no tipo<br />
normal, o hiperstênio forma poucos cristais maiores que incluem olivina. Em geral faz parte <strong>de</strong><br />
intercrescimentos e coroas <strong>de</strong> reação. No tipo diferenciado forma prismas grossos algo arredondados<br />
ex-solvendo internamente fitas <strong>de</strong> augita ou pigeonita. A augita, no tipo normal forma<br />
cristais gran<strong>de</strong>s, ramificados e intersticiais, contendo às vezes, plaquetas pardas; no tipo diferenciado,<br />
só ocorre em cristais minúsculos, intercrescida ou misturada com quartzo. Olivina<br />
(2Vx=80o~, levemente alterada em serpentina e cercada por minerais <strong>de</strong> reação ocorre apenas no<br />
tipo não diferenciado <strong>de</strong> Baixo Guandu. A biotita, forma em todas as amostras examinadas,<br />
placas maiores <strong>de</strong> cor macroscópica pardo laranja vivo. Normalmente é poiquilítica. Apatita e<br />
magnetita, por vezes ramificados e intersticiais são acessórios comuns. Pirita ocorre raramente.<br />
Quartzo aparece por vezes intersticialmente em quantida<strong>de</strong>s mínimas ou intercrescido com<br />
biotita em bordas <strong>de</strong> reação.<br />
Biotita gnaisse<br />
Foram <strong>de</strong>nominados biotita gnaisses quaisquer tipos litológicos bem orientados por<br />
acamamento migmatítico ou gnaissificação uniforme e, caracterizados pela associação quartzofeldspato-biotita,<br />
com pouca ou nenhuma granada.<br />
E este o tipo litológico predominante na bacia do Rio Doce em Minas Gerais <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
Governador Valadares até a divisa com o Espírito Santo. Neste Estado a rocha é muito rara<br />
havendo porém a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se classificar como biotita gnaisses certos kinzigitos menos<br />
ricos <strong>de</strong> granada ou certos granitos gnaissificados.<br />
Os pegmatitos, por vezes possantes (mais <strong>de</strong> 10 m~ recortam o corpo biotitognáissico,<br />
freqüentemente <strong>de</strong> maneira discordante, veriticais ou inclinados e sinuosos.<br />
Como migmatito é uma rocha cinzenta, rica <strong>de</strong> camadas paleossomáticas biotíticas,
COUTINHO 51<br />
intercaladas com neossoma leucocrático quartzo feldspático. Tipos não migmatíticos incluem<br />
principalmente biotita gnaisses tonalíticos <strong>de</strong> aparência grauváquica, abundantes na região<br />
imediatamente a leste <strong>de</strong> Governador Valadares.<br />
Sua textura é granolepidoblástica e a mineralogia é simples, composta essencilamente<br />
<strong>de</strong> quartzo, feldspato e biotita.<br />
O quartzo é componente obrigatório, em grãos arredondados. Em uma amostra (156),<br />
aparece em corpos poligonais, juntamente com feldspatos i<strong>de</strong>m.<br />
O feldspato potássico é normalmente um microclínio pouco pertítico, mas po<strong>de</strong><br />
ocorrer como ortoclásio pertítico em rochas próximas ou <strong>de</strong>ntro da unida<strong>de</strong> kinzigítica. É abundante<br />
nas camadas claras <strong>de</strong> biotita gnaisse migmatítico e ausente no biotita gnaisse tonalítico.<br />
O plagioclásio nos tipos migmatíticos é comumente um oligoclásio-an<strong>de</strong>sina (An28)<br />
com variação possível <strong>de</strong> An12-38' Já nos tipos tonalíticos é an<strong>de</strong>sina, em média An46' variando<br />
entre An36 e An52' com poucas mas nitidas traves <strong>de</strong> geminação e restrito zoneamento.<br />
A biotita não apresenta os tons avermelhados <strong>de</strong> kinzigitos, sendo comuns as tonalida<strong>de</strong>s<br />
pardo escuro, amarelado ou esver<strong>de</strong>ado (Ng=1,650).<br />
Moscovita e granada são minerais encontrados aci<strong>de</strong>ntalmente, em especial no tipos<br />
não tonalíticos, esta mais rara que aquela. Já a hornblenda comum ver<strong>de</strong> (Ng=1,680-1,695) é<br />
mineral freqüente, em quantida<strong>de</strong>s pequenas, em qualquer tipo.<br />
E pidoto , allanita, turmalina (em camadas mais biotíticas), apatita, zircão, titanita,<br />
rutilo, ilmenita, magnetita e grafita, são acessórios <strong>de</strong> freqüência variável.<br />
Leucoxênio, clorita, pirita são produtos <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong>utérica.<br />
Micaxisto<br />
Intrometidos em biotita gnaisses, ocorrem uma certa freqüência entre Conselheiro<br />
Pena e Colatina, restos não granitizados <strong>de</strong> extinitos micáceos classificáveis como micaxistos. A<br />
rocha normalmente lepidoblástica, marcadamente xistosa, com a estrutura ditada por paralelismo<br />
<strong>de</strong> placas micáceas miúdas. Em zonas granitizadas a mica é relativamente grosseira.<br />
Seu componente mais abundante é uma biotita pardo amarelado, acompanhada em<br />
geral por certas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> biotita e menores, <strong>de</strong> quartzo. Foram encontrados porfiroblastos<br />
<strong>de</strong> biotita, granada e clorita (alteração <strong>de</strong> biotita ?) em uma exposição, e <strong>de</strong> plagioclásio em<br />
outra; nas duas os megacristais se <strong>de</strong>senvolveram em estágio pós-cinemático. Nas mesmas condições,<br />
e em outros afloramentos, é provável a ocorrência <strong>de</strong> cianita, turmalina, cloritói<strong>de</strong> ou estaurolita.<br />
Em cristais miúdos, na matriz micácea, foram i<strong>de</strong>ntificados; turmalina, zircão, ilmenita,<br />
grafita, titanita, allanita, apatita, rutilo. Sillimanita em agulhas ou pequenos prismas é hóspe<strong>de</strong><br />
habitual <strong>de</strong> quartzo, biotita ou moscovita. Ocorre também sob a forma <strong>de</strong> agulhas (fibrolita) semidivergentes<br />
ou convergentes em fusos.<br />
Ortoclásio ou microclinio e plagioclásio sódico são raros ou restritos a finas línguas<br />
quartzo-feldspáticas concordantes.<br />
Quartzito<br />
Formam raros e <strong>de</strong>lgados corpos rochosos preferencialmente associados a micaxistos.<br />
Um corpo mais possante entretanto, ocorre como cunha (tecwnica ?) em plena zona <strong>de</strong> charnockitos<br />
grosseiros, ao norte <strong>de</strong> !ta pina.<br />
Trata-se <strong>de</strong> uma rocha branca, grosseira, exibindo nítido acamamento e xistosida<strong>de</strong><br />
incipiente, <strong>de</strong>senvolvida por moscovita. A rocha é essencialmente quartzo (mais <strong>de</strong> 90%) e pouca<br />
moscovita. Um resíduo pesado <strong>de</strong> separação da amostra 154, mostrou também; ilmenita, zircão,<br />
granada e diopsídio; mais raros; biotita, titanita, hornblenda e turmalina.<br />
Rochas <strong>de</strong> afloramento em pequena escala<br />
Basalto - Durante a coleta <strong>de</strong> amostras foi encontrado apenaS um dique com 50 cm<br />
<strong>de</strong> espessura, cortando kinzigitos junto ao contato <strong>de</strong>ste com nititos (Baunilha). A associação<br />
com pluton básico parece casual pois é problemática sua <strong>de</strong>rivação consanguínea. A mineralogia<br />
da rocha <strong>de</strong> dique nada esclarece.
--<br />
52 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
A amostra é <strong>de</strong> cor cinza escuro, afanítica, compacta e <strong>de</strong>nsa.<br />
A textura é intergranular a intersertal. Dominam, como <strong>de</strong> hábito, os seguintes componentes;<br />
plagioclásios (ripas <strong>de</strong> labradorita) e piroxênios (grânulos <strong>de</strong> augita). Há.gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ilmenita (+magnetita ?) e mesóstasis microcristalina formada por micrólitos <strong>de</strong> ilmenita,<br />
feldspatos (zeolitos ?), quartzo, carbonatos, etc. Não foram encontrados ortopiroxênios e<br />
biotita, obrigatórios no norito da região.<br />
Pegmatito - Tanto em kinzigitos como em biotita gnaisses, granodioritos gnaissosos<br />
e micaxistos, ocorrem numerosos corpos <strong>de</strong> pegmatito, ten<strong>de</strong>ndo a concordantes e pouco espessos<br />
na provincia kinzigítica e a discordantes e variáveis (até muitos espessos; <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> metros)<br />
na unida<strong>de</strong> biotita-gnáissica.<br />
A mineralogia é a conhecida para pegmatitos. Sendo eles produtos <strong>de</strong> filtragem <strong>de</strong><br />
hiperfusíveis das rochas regionais, admitem uma composição mais rica <strong>de</strong> quartzo e feldspato<br />
potássico, este, ortoclásio pertítico na província kinzigítica e microclínio na provincia biotitognáissica.<br />
Plagioclásio é pouco abundante e relativamente sódico (oligoclásio em pegmatitos <strong>de</strong><br />
biotita gnaisses e an<strong>de</strong>sina sódica em pegmatitos kinzigíticos). Na província kinzígitica estas<br />
rochas costumam ser carregadas <strong>de</strong> granada não tendo sido reconhecida turmalina em lâmina.<br />
Outros minerais que aqui po<strong>de</strong>m aparecer são: sillimanita, cordierita, magnetita e biotita. Na<br />
provincia biotito-gnáissica são numerosos os afIoramentos mostrando turmalina macroscopicamente<br />
preta. Aqui ainda po<strong>de</strong>m ser vistos; moscovita e granada (pouca). A região é conhecida<br />
como produtora <strong>de</strong> pedras coradas;<br />
crisoberilo, brasilianita, entre outras.<br />
turmalinas ver<strong>de</strong> e rosea, berilo, água marinha, . topázio,<br />
Rocha calcossilicática - Foi amostrada uma camada relativamente fina (2 m) <strong>de</strong>sta<br />
rocha, intercalada em kinzigitos, a leste <strong>de</strong> Itapina. Em afloramento é uma rocha cinza amarelada<br />
<strong>de</strong> grão médio, com acamamento inferível por ótima separação tabular.<br />
A textura é tipicamente granoblástica e sua composição variável <strong>de</strong> acordo com as<br />
camadas. Predominam os minerais; microclínio baixo ou ortoclásio com sombras <strong>de</strong> geminado<br />
em gra<strong>de</strong>, escapolita (mizzonita) e diopsídio em parte uralitizado e carbonatizado. Em menores<br />
quantida<strong>de</strong>s; quartzo, titanita e calcita. São acessórios: fIogopita, plagioclásio (associado a escapolita),<br />
zircão arredondado, magnetita, pirita e grafita.<br />
Meta-concreção - Em muitos afloramentos kinzigíticos ocorrem, inclusos ao longo <strong>de</strong><br />
!Rixas migmatíticas, pequenos corpos, geralmente com formas externas arredondadas, compostas<br />
<strong>de</strong> rocha cinza muito fina, compacta e tenaz. Lembra muito certos quartzitos finos, com os<br />
quais ainda se confun<strong>de</strong> mais por aparecer ocasionalmente como camadas finas.<br />
A textura microscópica é caracteristicamente granoblástica fina.<br />
A rocha compõe-se essencialmente <strong>de</strong> Quartzo e feldspato poligonais sendo este, exclusivamente<br />
plagioclásio, geralmente muito cálcico (bytownita-anortita,AI190)' com rara geminação<br />
periclínica e mais rara albítica. Em maiores ou menores quantida<strong>de</strong>s, conforme camadas,<br />
ocorrem grãos equidimensionais <strong>de</strong> outros minerais cálcicos ou ferromagnesianos; calcita,<br />
granada, tremolita, apatita, diopsídio, hiperstênio, titanita. (Grafita é opaco freqüente).<br />
O acamamento é geralmente críptico, só evi<strong>de</strong>nciado em algumas seções <strong>de</strong>lgadas<br />
pela distribuição diferencial <strong>de</strong> certos minerais coloridos ou opacos.<br />
Este fato, aliado à forma <strong>de</strong> ocorrência e associações minerais, permitem supor que<br />
tais formações tenham sido inicialmente camadas arenosas transformadas em concreções por<br />
cimentação calcária e, posteriormente, metamorfozeadas na condição atual, juntamente com os<br />
sedimentos pelíticos envolventes (atuais kinzigitos).<br />
OCORRÊNCIA, FREQUÊNCIA E CARACTERíSTICAS MORFOLOmCAS<br />
DE MINERAIS PESADOS<br />
(Referência; médias finais, última coluna da tabela <strong>de</strong> análises modais)<br />
São fornecidas no local indicado, percentagens modais para cada mineral encontrado<br />
Em preparados <strong>de</strong> rochas do cristalino pré-cambriano do Vale do Rio Doce. Em consequência da
COUTlNHO<br />
amostragem esparsa e irregular, os valores médios obtidos, têm significação muito restrita, permitindo<br />
apenas avaliações comparativas. Tendo em vista este fim, os próprios minerais acessórios<br />
(% menor que 1), são representados por números <strong>de</strong>cimais sendo-Ihes atribuido, para fins<br />
<strong>de</strong> cálculo um valor <strong>de</strong> 0,3 quando presentes (pr.) na lâmina. Ao zircão, por seu tamanho individual<br />
menor, foi atribuido o valor 0,2 quando presente. De várias amostras <strong>de</strong> um mesmo<br />
afloramento (mesmo número, diferentes coeficientes em letras ou algarismos) foi tomado um só<br />
valor médio para os minerais.<br />
A composição média total do cristalino correspon<strong>de</strong> a um biotita adamellito. Não<br />
foram calculados separadamente as porcentagens para as duas unida<strong>de</strong>s pré-cambrianas mas o<br />
exame microscópio permite registrar que:<br />
1 - Na unida<strong>de</strong> kinzigítica são superiores à média, os valores para; cordierita,<br />
granada, ortoclásio, ortopiroxênio, plagioclásio antipertítico, sillimanita e ortoclásio pertítico.<br />
2 - Na unida<strong>de</strong> biotita gnáissica são superiores à média os valores para; epidoto,<br />
microclínio, moscovita, plagioclásio, titanita e turmalina.<br />
Alguns minerais merecem consi<strong>de</strong>ração especial em vista <strong>de</strong> sua importância como<br />
componentes <strong>de</strong> resíduo pesado <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong>rivados. São aqui arrolados, juntamente com<br />
outros ocorrendo apenas em sedimentos:<br />
A - Opacos, semiopacos e agregados.<br />
Magnetita, ilmenita, hematita, limonita, pirita, pirrotita e grafita po<strong>de</strong>m ser encontrados<br />
em quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acessório em qualquer tipo litológico do Cristalino. Magnetita e ilmenita,<br />
especialmente em corpos básicos (norito, basalto).<br />
B - Transparentes.<br />
1 - Anatásio Possivelmente constitui parte <strong>de</strong> agregados leucoxênicos. Em sedimentos<br />
é claramente autígeno.<br />
2 - Anàaluzita. Não foi encontrada em qualquer rocha coletada no Cristalino mas há<br />
informações <strong>de</strong> sua ocorrência aluvionar em diversos pontos próximos ao limite dos estados <strong>de</strong><br />
Minas Gerais e Espírito Santo, portanto na unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica. Presumivelmente formouse<br />
primariamente em auréolas <strong>de</strong> granitos intrusivos ou se incorporaram aos mesmos, e seus<br />
pegmatitos.<br />
3 - Apatita. Acessório normal e comum em qualquer rocha do Cristalino. Em grãos<br />
macroscopicamente amarelos ou ver<strong>de</strong>s, em kinzigitos e pegmatitos. Ao microscópio é incolor,<br />
isenta <strong>de</strong> inclusões. Prismas curtos e arredondados ou agulhas, as últimas, em noritos e basaltos.<br />
4 - Biotita. Mineral espalhado por todo o Cristalino em concentrações relativamente<br />
elevadas. A varieda<strong>de</strong> pardo vermelha ou alaranjada é comum na unida<strong>de</strong> kinzigítica e a pardo<br />
esver<strong>de</strong>ada, nos biotita gnaisses.<br />
5 - Brookita. Não encontrado do Cristalino, on<strong>de</strong> sua presença é inserta.<br />
6 - Cianita. Este importante mineral <strong>de</strong> resíduos pesados <strong>de</strong> sedimentos não foi encontrado<br />
em qualquer preparado <strong>de</strong> amostras do Cristalino mas <strong>de</strong>ve ser encontrad,a em gnaisses<br />
e, especialmente micaxistos da unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica.<br />
7 - Clinopiroxênio (diopsídio-he<strong>de</strong>mbergita e augita). Os clinopiroxênios são encontrados<br />
na forma <strong>de</strong> augita, em dique básico e noritos. Membros da série diopsídio-he<strong>de</strong>mbergita<br />
ocorrem em diversos tipos <strong>de</strong> rocha da unida<strong>de</strong> kinzigítica; charnockitos, metaconcreções, rochas<br />
calcossilicáticas e até mesmo em quartzitos. Microscopicamente incolor e levemente esver<strong>de</strong>ado<br />
(diopsídio) em grãos equidimensionais com raras inclusões.<br />
8 - Clorita. Mineral comum em pequena quantida<strong>de</strong> em qualquer rocha do Cristalino.<br />
Em lâminas levemente esver<strong>de</strong>adas, ao microscópio.<br />
9 - Cloritói<strong>de</strong>. Não foi <strong>de</strong>tectada em preparados <strong>de</strong> rochas pré-cambrianas.<br />
10 - Coríndon. Algumas lâminas <strong>de</strong> kinzigitos cordieriticos apresentam grãos <strong>de</strong><br />
coríndon incolor, associado a espinélio ver<strong>de</strong> e hoegbomita parda, incrustados em magnetita.<br />
11 - Dumortierita. Mineral <strong>de</strong> ocorrência conhecida no sul da Bahia (Serra Azul) e<br />
Minas Gerais. Não foi encontrado na pesquisa atual mas po<strong>de</strong> ser esperado em quartzitos e peglIIitito5<br />
da unida<strong>de</strong> biotito-gnái66ica,<br />
12 - Espinélio. Em minúsculos grãos límpidos e ver<strong>de</strong>s (ver coríndon).<br />
53
54 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
13 - Estaurolita. Este mineral não apareceu em qualquer preparado submetido a<br />
exame. Sua presença entretanto é praticamente certa em micaxistos, abundantes na provincia<br />
biotito-gnáissica. É conhecida a ocorrência <strong>de</strong>ste mineral em micaxistos do Quadrilatero Ferrifero<br />
e em outros pontos do Vale do Rio Doce, a oeste da área em estudo.<br />
14 - Granada. Sempre sob a forma <strong>de</strong> almandina vermelha a granada é constituinte<br />
esparso e-minúsculo em biotita gnaisses e micaxistos. Na unida<strong>de</strong> kinzigítica entretanto, está<br />
muito concentrado (0,5 a 25% com média provável <strong>de</strong> 3,5%). Aqui forma em geral gran<strong>de</strong>s cristais,<br />
ricos <strong>de</strong> inclusões. Em lâmina apresenta-se incolor ou róseo muito claro.<br />
15 - Hiperstênio. O mineral é comum (1 a 15%) em kinzigitos chamockitói<strong>de</strong>s e<br />
chamockitos. Em particularizações (metaconcreções) e pequenas ocorrências (noritos) po<strong>de</strong> atingir<br />
maiores concentrações. Trata-se usualmente <strong>de</strong> hiperstênio, mas em chamockitos grosseiros<br />
po<strong>de</strong> ser tão ferroso .quanto ferrohiperstênio ou eulita. O mineral tem tamanho milimétrico,<br />
pleocróico, em prismas pouco <strong>de</strong>finidos, parcial ou completamente alterado. Inclusões <strong>de</strong> placas<br />
pardas são características <strong>de</strong> hiperstênios noríticos. O mineral é típico da unida<strong>de</strong> kinzigítica não<br />
tendo sido encontrado em qualquer rocha da unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica.<br />
16 - Homblenda. O mineral é estranhamente escasso no Cristalino, em média 0,6%.<br />
Nas duas unida<strong>de</strong>s ocorre em baixas concentrações em granitos e granodioritos; na biotitognáissica,<br />
em percentagens pouco mais elevadas, também em biotita gnaisses (tonalíticos especialmente).<br />
Na unida<strong>de</strong> kinzigítica aparece em certos chamockitos grosseiros mas está mais<br />
concentrada em granodiorito gnaisse. Não foram encontrados anfibolitos e, por outro lado, os<br />
kinzigitos normais, <strong>de</strong> làrga distribuição, nunca são portadores <strong>de</strong> homblenda. Nas ocorrências<br />
estudadas o mineral, em secção <strong>de</strong>lgada, geralmente absorve Z em tons ver<strong>de</strong> médio a escuro.<br />
As tonalida<strong>de</strong>s ver<strong>de</strong> azul claro ou escuro (para Z) são mais raras e a homblenda parda não foi<br />
encontrada. A varieda<strong>de</strong> ocorrendo em granodiorito gnaissoso e chamockito faz parte do grupo<br />
das hastigsitas. Aparece como mineral retrometamórfico <strong>de</strong> piroxênios ou em grãos isolados.<br />
Po<strong>de</strong>-se alterar em carbonatos e micas. Não se encontraram inclusões ou estruturas especiais,<br />
tais como partição fina 00 1.<br />
17 - Monazita. Outro mineral não encontrado em seções e preparados. A ocorrência<br />
p-imária conhecida em muitos locais do Vale do Rio Doce mineiro, é em pegmatitos. Não conhecemos<br />
a relação entre mineral <strong>de</strong>trítico e rocha-fonte na zona <strong>de</strong> areias monazíticas ao sul <strong>de</strong><br />
Vitória. Na região do Vale do Rio Doce em estudo, a monazita <strong>de</strong>ve ser esperada em pegmatitos<br />
da unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica.<br />
18 - Moscovita. Mineral freqüente na unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica, especialmente em<br />
micaxistos. Na unida<strong>de</strong> kinzigítica, só como plaquetas <strong>de</strong> origem secundária. Nos micaxistos<br />
oontém inclusões <strong>de</strong> agulhas <strong>de</strong> sillimanita.<br />
19 - Ortopiroxênio. Ver hiperstênio.<br />
20 - Rutilo: Este mineral é acessorio ou mineral secundário freqüente em qualquer<br />
litologia da unida<strong>de</strong> kinzigítica. É bem mais raro em biotita gnaisses e micaxistos. Aparece em<br />
pequenos prismas, pardos, vermelhos ou amarelos, isolados ou geminados, isentos <strong>de</strong> inclusões.<br />
21 - Sillimanita (e fibrolita). Trata-se <strong>de</strong> mineral relativamente comum em kinzigitos<br />
cordieríticos da unida<strong>de</strong> kinzigítica próxima à costa, geralmente em pequenos prismas inclusos<br />
na cordierita. Na unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica foi encontrada como fibrolita ou inclusões aciculares<br />
(em quartzo e micas) nos micaxistos.<br />
22 - Titanita. Na unida<strong>de</strong> kinzigítica este mineral somente ocorre em pequenas formações<br />
calcossilicáticas; concreções metamorfizadas e rochas calcossilicáticas. Na unida<strong>de</strong><br />
biotita-gnáissica é acessório comum <strong>de</strong> granitos. adamellitos, biotita gnaisses. Em grãos pardo<br />
claros a incolores com raras inclusões.<br />
23 - Topázio. O mineral não ocorre nas lâminas estudadas. É porém conhecida sua<br />
presença em <strong>de</strong>pósitos aluvionares <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> pegmatitos, em numerosos pontos do nor<strong>de</strong>ste<br />
mineiro e norte capixaba, no Vale do Rio Doce.<br />
24 - Tremolita. Est~ mineral foi encontrado em pequena quantida<strong>de</strong>, em metaeonereções,<br />
rochas ealcossilieáticas e raros outros tipos <strong>de</strong> rocha gnáissica.<br />
25 - Turmalina. A turmalina foi cuidadosamente procurada na unida<strong>de</strong> kinzigítica,<br />
especialmente nas camadas pegmatói<strong>de</strong>s. Jamais foi encontrada, embora não se <strong>de</strong>va excluir<br />
<strong>de</strong>finitivamente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua ocorrência. Neste caso sera acessório raro. Longe da costa<br />
entretanto, foi verifica da sua presença comum em pegmatitos e micaxistos da unida<strong>de</strong> biotito-
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COUTlNHO<br />
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56 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
27 - Zircão. Mineral acessório comum em todo o Cristalino. Forma ga-almente cristais<br />
prismáticos incolores pequenos <strong>de</strong>mais para a observação <strong>de</strong> estruturas internas. Os maiores<br />
permitem visão <strong>de</strong> zoneamento. Em um granito alaskítico, aparecem cristais milimétricos contendo<br />
numerosas inclusões <strong>de</strong>sarranjadas <strong>de</strong> quartzo. Em rocha calcossilicática, é nitidamente<br />
arredondado por abrasão.<br />
Tipo <strong>de</strong> rocha:<br />
Tabela <strong>de</strong> análises modais para rochas do Pré-cambriano. Vale do Rio Doce<br />
Símbolos e abreviações usadas<br />
Ad. Adamellito<br />
B.Gn. Biotita gnaisse<br />
B.Gn.Ki. Biotita gnaisse transicional para kinzigito<br />
B.Gn.P. Biotita gnaisse piroxênico<br />
B.Gn.T. Biotita gnaisse tonalítico<br />
Bs. Basalto<br />
Ch. C Charnockito<br />
Ch. B. Gn. Charnockito transicional para biotita gnaisse<br />
Ch. Gro. Charnockito grosseiro<br />
Gd. Granodiorito<br />
GdGn. Granodiorito gnaissoso<br />
Gr. Granito<br />
Ki. Kinzigito normal (migmátítico)<br />
Ki.Cd. Kinzigito cordierítico<br />
Ki.Ch. Kinzigito chamockitói<strong>de</strong><br />
Ki.Gr. Kinzigito granitói<strong>de</strong><br />
Ki.HI. Kinzigito hololeucocrático<br />
Ki.Le. Kinzigito leucocrático<br />
M.Cr. Metaconcreção<br />
Mx. Micaxisto<br />
No. Norito<br />
Pg.Gr. Pegmatito <strong>de</strong> granito<br />
Pg. Ki. Pegmatito <strong>de</strong> kinzigito (+ Cd. =cordierítico)<br />
Pg.Qd. Pegrnatito quartzo diorítico<br />
Qzto. Quartzito<br />
R.Cs. Rocha calcossilicática<br />
Mat. exam. Material examinado:<br />
b. - resíduo <strong>de</strong> batéia<br />
m. - macroscópico; exame à lupa<br />
p. - pó.; rocha pulverizada<br />
s. - seção <strong>de</strong>lgada<br />
N.o da ocor.<br />
( )<br />
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5d<br />
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Minerais:<br />
Clinopirox<br />
aor. Serp. etc.<br />
Um. Mgt.<br />
Plag. an ti -pert.<br />
Ort. perto<br />
Ortopirox.<br />
Número da ocorrência. Registrada em mapa ou ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> campo. Algarismos e letras minúsculas<br />
posteriores; amostras <strong>de</strong> uma mesma exposição.<br />
Valores modais estimados a olho nu, sujeitos a erros maiores<br />
Presença possível mas não verificada<br />
Na forma <strong>de</strong> flogopita<br />
Na forma <strong>de</strong> allanita<br />
Inclui também alguma allanita<br />
Inclui 3% <strong>de</strong> zeolitos<br />
presença em quantida<strong>de</strong>s inferiores a 1%<br />
Clinopiroxênios (augita, diopsí dio-he<strong>de</strong>rnbergita)<br />
Minerais secundários ferromagnesianos; c1orita, serpentina, nontronita<br />
Ilmenita e ou magnetita<br />
Plagioclásio anti-pertítico<br />
Ortoclásio micropertítico<br />
Ortopiroxênio; hiperstênio, ferro-hiperstênio, eulita.
AUXÍLIO VISUAL<br />
NO ENSINO DA ÚPTICA CRISTALINA<br />
JOSÉ MOACYR VIANNA COUTINHO.<br />
ABSTRACT<br />
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58 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
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Fig. I<br />
- Maneira <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo óptico para figura <strong>de</strong> interferência <strong>de</strong> bissetriz aguda centrada. Traba-<br />
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lha-se observando extinções <strong>de</strong> confetes entre duas folhas <strong>de</strong> polaroi<strong>de</strong> cruzadas. O disco <strong>de</strong> vidro após<br />
totalmente preenchido <strong>de</strong> confetes <strong>de</strong> celofane po<strong>de</strong> ser girado em suporte circular ou outro dispositivo<br />
simples, entre as mesmas duas folhas <strong>de</strong> polarõid~ cruzadas, o que provoca movimentos <strong>de</strong> sombras perfeitamente<br />
similares aos <strong>de</strong> figuras microscópicas. Para a obtenção <strong>de</strong> sinal óptico, cuidado adicional <strong>de</strong>ve<br />
ser tomado ao se colar confetes com suas direções ópticas previamente orientadas, o que se faz com o auxl1io<br />
<strong>de</strong> uma folha compensadora, também <strong>de</strong> celofane.<br />
comuns em escritório. Os confetes são colados sobre placa <strong>de</strong> vidro esmerilhado dos dois lados, o<br />
que ajuda a colagem e a difusão da luz. A cola empregada pelo autor é do tipo colatudo transparente<br />
(Duco) mas <strong>de</strong>ve ser pesquisada qualquer outra que produza menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
bolhas. Cada confete, antes <strong>de</strong> colado, <strong>de</strong>ve ser orientado com suas vibrações nas direções di.<br />
tadas por esquiodromas previamente traçados na placa com lápis mole, <strong>de</strong> modo a ser facilmente<br />
apagado. Como se sabe, o celofane é substância anisótropica, possuindo cada confete, duas<br />
direções em que vibram a 900, dois raios <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s diferentes. Para <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> sinal<br />
óptico e outras, tais velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser diagnostica das e convenientemente situadas <strong>de</strong> acordo<br />
com o esquiodroma. Para isso, cada pequeno confete <strong>de</strong>ve ser examinado em posição <strong>de</strong><br />
aclaramento, entre polarizadores cruzados, com o auxílio <strong>de</strong> um compensador que nada mais é<br />
que uma outra folha <strong>de</strong> celofane. Uma vez colados todos os confetes, consegue-se imitar ra.<br />
zoavelmente figuras <strong>de</strong> interferência cujos movimentos <strong>de</strong> isógiras provocados pelo giro da placa<br />
<strong>de</strong> vidro, po<strong>de</strong>m ser acompanhados por estudantes postados a até 20 m. Conforme o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
esquiodroma empregado, é possível fabricar dispositivos imitando figuras <strong>de</strong> interferência uni ou<br />
biaxiais, centradas ou <strong>de</strong>scentradas. É possível também, ilustrar variações <strong>de</strong> atraso, 2 V e ain.<br />
da, <strong>de</strong>terminar sinal óptico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se conte com compensadores, também <strong>de</strong> celofane. Es~,<br />
po<strong>de</strong>m ser tanto os imitativos <strong>de</strong> mica (1/4 <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda), como os <strong>de</strong>gipso (550<br />
micra) ou até o <strong>de</strong> atrasos variáveis (cunha).
COUTlNHO 59<br />
A <strong>de</strong>monstração da aplicação da fórmula A =e(ng - np) é facil se se dispuser <strong>de</strong><br />
placas <strong>de</strong> preparado com vários cristais <strong>de</strong> celofane, diversamente orientados e com espessuras<br />
variadas (obtidas por colagem <strong>de</strong> várias folhas <strong>de</strong> celofane iso-orientado).<br />
A <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> pleocroismo é mais difícil porque o celofane colorido é muito<br />
fracamente pleocróico. Para tais casos, <strong>de</strong>vem-se empregar as próprias folhas <strong>de</strong> polarói<strong>de</strong>, convenientemente<br />
cortadas na forma <strong>de</strong> cristais pleocróicos.<br />
Des<strong>de</strong> que se recorte a<strong>de</strong>quadamente o celofane, será sempre possível montar contrafacções<br />
<strong>de</strong> minerais estruturados nas mais diversas formas e até mesmo texturas <strong>de</strong> rochas<br />
como vistas ao microscópio em pequeno aumento. Neste sentido, uma utilização importante do<br />
método seria na <strong>de</strong>monstração óptica <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> plagioclásios através da visualização<br />
<strong>de</strong> geminados polissintéticos. Tiras <strong>de</strong> celofane são coladas paralelamente, tendo-se o cuidado<br />
prévio <strong>de</strong> recorta-Ias com suas direções <strong>de</strong> vibração em posição <strong>de</strong>sejada em relação à linha <strong>de</strong><br />
corte. Segundo as mesmas técnicas, se <strong>de</strong>monstrariam as extinções reta, simétrica ou inclinada,<br />
importante na interpretação e diagnose <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> rochas (micas, anfibólios, piroxênios).<br />
As <strong>de</strong>monstrações com celofane e polarói<strong>de</strong>s oferecem amplas possibilida<strong>de</strong>s, das<br />
quais apenas algumas foram aqui mencionadas.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
WILLARD, M. E. -1947 - A mo<strong>de</strong>l to aid in theexploration of interference figures. AmericaDJoumalofScieD08, NewHaveD,245(8):518-21, il.
OS MINERAIS PESADOS<br />
DE AREIA NA FOZ DO RIO DOCE<br />
JOSÉ MOACYR VIANNA COUTINHO*<br />
ABSTRACT<br />
This study intenda to point possible source. areas for recent sedim~ts laid ar,?"nd R!o ~~e m?"th. The ~arren:as sediments.<br />
outcropping wes1;af the beach zone, carry as heavy mmerals; anatase, andaluZ1te,mODaz1te.rutl!. .8il~anl~. tourma1ine,Z1I"con,whereas<br />
the recent sanda tipieally e~hibit the association kyanite. epidote. steurolite, ga~et. homblen<strong>de</strong>. SllIunanite. ~"con. .<br />
Thetertiary Barreiras and therecent sands musthavebeenfed bYdifferentsou~areasor. alternatlve~ .bydlÍferent levels oftheexposed<br />
souree body .Nearly ali recent sediment inthe Rio Doee<strong>de</strong>ltaic zane <strong>de</strong>rives troma pre-carnbrl&narea near the eo.astline. .<br />
There stIlI remain doubte about the eorrect interpretation of faete such as: 1) abnormal fali m the ooncentration of hyperethe""<br />
and gamet whenever kinzigites. ehamockites and adjoining sands areco~ared. 2) abnormal incre~e of ?pidote and specially. homblen<strong>de</strong>,<br />
a relatively searae mineral in pre.cambrian souree rocks and a exceptlOnally abundant heavy mmeral In concentrates fraro recent<br />
B8nds.<br />
OBJETIVO<br />
No estudo, especiabnente <strong>de</strong> minerais pesados, objetivou-se apontar as áreas-fontes<br />
dos sedimentos recentes da foz do Rio Doce.<br />
Po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados áreas-fonte potenciais:<br />
1. Sedimentos terciários da Formação Barreiras, ocorrendo imediatamente a oeste e<br />
em contato com o Recente. A formação é drenada pelo Rio Doce, alguns <strong>de</strong> seus afluentes e<br />
IUlmerosos rios e riachos que se encaminham para o Oceano Atlântico, a leste.<br />
2. Pré-cambriano próximo: unida<strong>de</strong> kinzigítica. Faixa <strong>de</strong> Cristalino, composta essencialmente<br />
<strong>de</strong> kinzigitos e charnockitos e, por isso, enriquecido <strong>de</strong> certos minerais pesados;<br />
biotita, granada, sillimanita, hiperstênio. Aflora imediatamente a oeste do Barreiras e é drenado<br />
pelo Rio Doce e seus afluentes.<br />
3. Pré-cambriano distante: unida<strong>de</strong> biotita gnáissica. Faixa <strong>de</strong> Cristalino, composta<br />
essencialmente <strong>de</strong> biotita gnaisses e mica xistos, e por isso, enriquecida <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados minerais<br />
pesados; biotita, hornblenda, epidoto, turmalina e, presumivelmente, cianita e estaurolita.<br />
Aflora a oeste da unida<strong>de</strong> kinzigítica e é também drenado pelo Rio Doce e seus afluentes.<br />
Ambas as unida<strong>de</strong>s pré-cambrianas foram estudadas em trabalho a parte do mesmo<br />
autor.<br />
· IG/USP
62 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Análise das frações separadas<br />
~ODOSEMPREGADOSETRABALHOSEFETUADOS<br />
o pesquisador recebeu as amostras em frações previamente separadas. A rotulagem<br />
obe<strong>de</strong>ceu a critério do coletor, ou seja, seqüência <strong>de</strong> suas iniciais seguidas do número da amostra<br />
e código <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> coleta; 01 para amostras superficiais, 02 para amostras <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e<br />
04 para amostras <strong>de</strong> canal. As amostras 02, recolhidas em tubos plásticos, eram adicionalmente,<br />
acrescidas das letras A a E, indicando profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>crescentes.<br />
Normalmente cada amostra era subdividida em 4 frações: 1J1leves, granulação 62-125<br />
micra, 2! leves, granulação 125-250 micra, 3! pesados, granulação 62-125 micra e 4! pesados,<br />
granulação 125-250 micra. Todavia parte das amostras foi entregue com frações pesadas apenas<br />
e nas granulações 62-125 e 125-250, raramente também nos intervalos 62-177 e 177-250 micra.<br />
Pequena parte ainda foi recebida em um só intervalo granulométrico; 62-250 micra. Outro pequeno<br />
grupo <strong>de</strong> amostras apresentava granulações em intervalos menos espaçados; 62-125-177-<br />
250 ou 62-88-125-177-250.<br />
Todas as frações foram obtidas pelo processo clássico <strong>de</strong> peneiramento e separação<br />
em bromofórmio. Não houve preocupação <strong>de</strong> se medir ou pesar as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leves e pesados<br />
separados, não se po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>starte informar os numerosos índices (in<strong>de</strong>x number). Os<br />
coletores observaram no campo alguns níveis superficiais bastante ricos <strong>de</strong> minerais pesados,<br />
emprestando tom escuro à areia. Uma avaliação visual rápida <strong>de</strong> várias amostras coletadas em<br />
vários metros <strong>de</strong> tubos indica que os pesados se concentrariam ao redor <strong>de</strong> 1%.<br />
As localizações <strong>de</strong> todas as amostras aqui estudadas, acham-se em mapa anexo.<br />
As frações foram analisadas por método exclusivamente óptico (Fleet, 1926). Em<br />
cada <strong>de</strong>slocamento da lâmina na platina do microscópio, os minerais eram i<strong>de</strong>ntificados e contados<br />
separadamente, por espécies.<br />
As frações leves compreen<strong>de</strong>m especialmente quartzo e feldspatos mas, nas tabelas,<br />
foram-Ihes incorporados também os valores encontrados para micas já que estas são <strong>de</strong> difícil<br />
separação ao bromofórmio, concentrando-se irregularmente nos pesados, ou, mais freqüentemente,<br />
nos leves.<br />
As frações pe'!adas reunem minerais opacos, semi-opacos e transparentes. Dada a<br />
p-emência <strong>de</strong> tempo, não se analisou a fração opaca, que requereria <strong>de</strong>morada manipulação em<br />
separador eletromagnético e métodos especiais <strong>de</strong> reconhecimento. Ao microscópio petrográfico<br />
<strong>de</strong> luz transmitida, foram apenas somadas as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> opacos e, em seguida relacionadas<br />
em tabela com as <strong>de</strong> pesados transparentes. De quando em quando era tentada a observação à<br />
luz refletida, no mesmo preparado utilizado para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> transparentes. Assim, é possível<br />
informar da existência mas não as proporções dos diversos minerais opacos.<br />
Para o exame dos minerais transparentes leves, uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material<br />
contendo 400 a 700 grãos se finos, ou 200 ou 500 grãos, se grossos, é colocada sobre lâmina e<br />
imersa em líquido <strong>de</strong> índice 1,544. Para este líquido, não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se colocar lamínula,<br />
o que envolveria tempo adicional <strong>de</strong> manipulação. Com uma ponta <strong>de</strong> estilete, o líquido po<strong>de</strong> ser<br />
misturado aos grãos e espalhado para formar rapidamente superfície plana, funcionando como<br />
laminula. Aqueles minerais, nestas condições, com diafragma fechado e polarizadores <strong>de</strong>scruzados,<br />
facilmente se diferenciam por seus relevos; quartzo com relevo fraco superior ao líquido,<br />
linha <strong>de</strong> Becke fina e colorida em uma posição <strong>de</strong> extinção; feldspato potássico, relevo inferior,<br />
tom róseo em linha <strong>de</strong> Becke nítida e brilhante: micas, relevo superior em linha <strong>de</strong> Becke muita<br />
nítida e brilhante. Haverá sempre dificulda<strong>de</strong>s em diferenciar plagioclásios ou cordieritas não<br />
geminados. A última especialmente, em trabalho <strong>de</strong> rotina, é <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação impraticável. Entretanto,<br />
o número <strong>de</strong> cordieritas i<strong>de</strong>ntificadas seguramente em preparados piloto foi consi<strong>de</strong>rado<br />
irrisório (entre O e 1%) e por isso, o mineral não se encontra relacionado nas tabelas. Material<br />
leve também inclui esporadicamente, agregados finos <strong>de</strong> substâncias argilosas, cloríticas, serpentínicas<br />
ou seridticas e ainda, microorganismos opalinos ou carbonáticos, fragmentos <strong>de</strong> concha,<br />
etc.<br />
A fração pesada foi analisada da mesma maneira, alterando-se o líquido <strong>de</strong> imersão<br />
para o índice 1,640 que separa convenientemente dois grupos <strong>de</strong> minerais pesados transparentes.<br />
O examinador rapidamente se acostuma com o relevo <strong>de</strong> grãos minerais em toda a gama <strong>de</strong> ín-
COUTINHO<br />
dices, imersos no novo líquido. Mesmo assim há a necessida<strong>de</strong> freqüente <strong>de</strong> se recorrer a processos<br />
mais <strong>de</strong>morados <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação óptica; exame <strong>de</strong> inclusões, clivagem, alteração, cor,<br />
pleocroismo, anisotropia, elongação, extinção e, por vezes, caráter e sinal óptico. Não foi consi<strong>de</strong>rada<br />
conveniente a mudança <strong>de</strong> líquidos <strong>de</strong> imersão para índices mais elevados. Entretanto,<br />
quando havia suspeita da existência <strong>de</strong> xenotima ou monazita, foi por vezes útil imergir o<br />
material em líquido. <strong>de</strong> índice alto (1,74 a 1,78) que separa com facilida<strong>de</strong> aqueles minerais <strong>de</strong><br />
outros <strong>de</strong> índice ainda mais elevados (zircão, titanita). Para líquidos <strong>de</strong> índices superiores a 1,65<br />
toma-se mais necessária a colocação <strong>de</strong> lamínula, em virtu<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong> gotas semiesféricas<br />
<strong>de</strong> alta tensão superficial. A distinção entre xenotima e monazita é igualmente efetuada<br />
por observação <strong>de</strong> seus índices em relação ao líquido 1,74 e estudo <strong>de</strong> birrefringência (bem mais<br />
alto para xenotima).<br />
Os líquidos manipulados pertencem a baterias Cargille do Departamento <strong>de</strong> Mineralogia<br />
e Petrologia. Os três índices aqui utilizados po<strong>de</strong>riam ser obtidos com os líquidos:<br />
n = 1,54; óleo <strong>de</strong> cravo ou mistura <strong>de</strong> nujol + monobromonaftaleno.<br />
n = 1,64; nujol + monobromonoftaleno ou Aroclor 1254.<br />
n = 1,74; iodo metileno.<br />
Erros experimentais<br />
Os preparados foram montados com apenas parte das amostras separadas o que,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> já introduz certa margem <strong>de</strong> erro. Os números obtidos são uma porcentagem numérica<br />
que não po<strong>de</strong> ser convertida em porcentagem <strong>de</strong> área, volume ou peso, sem o conhecimento<br />
adicional das variações <strong>de</strong> tamanho, formas e peso específico, entre espécies minerais e em uma<br />
mesma espécie. Como a intenção da investigação foi a <strong>de</strong> analisar mineralogicamente. e obter<br />
valores numéricos relativos, não houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se converter os valores obtidos em porcentagens<br />
<strong>de</strong> área, volume ou peso. A porcentagem numérica por si só ja é um parâmetro útil<br />
para o fim a que se <strong>de</strong>stina.<br />
No começo do trabalho microscópico foram efetua dos alguns testes para verificar a<br />
exatidão <strong>de</strong> medidas e contagens. Valores muito discrepantes, em até mais <strong>de</strong> 100%, foram<br />
registrados para quase todos os minerais, quando um mesmo preparado era examinado por<br />
diferentes operadores, ou, quando dois preparados <strong>de</strong> uma mesma amostra eram examinados por<br />
um só operador. Para minimizar os efeitos da primeira situação, estabeleceu-se como norma o<br />
exame <strong>de</strong> preparados por um só operador, neste caso, o mais experiente. Entretanto não se<br />
eliminaram as variações encontradas entre os diversos preparados. Êstes erros diminuiriam para<br />
valores mais admissíveis se aumentasse consi<strong>de</strong>ravelmente o número total <strong>de</strong> grãos contados<br />
para, por exemplo, 1000. Mas a operação multiplicaria em 3 a 5 vezes o exíguo tempo disponível<br />
para a pesquisa, o que foi consi<strong>de</strong>rado inexeqüível. A informação vale como ressalva para interpretações<br />
<strong>de</strong> trend analysis futuras.<br />
De acordo com cálculo <strong>de</strong> erros prováveis (Galehouse, in Carver, 1971) consi<strong>de</strong>randose<br />
100 o número total <strong>de</strong> grãos contados em um preparado, uma contagem <strong>de</strong> 20 grãos (20%)<br />
para <strong>de</strong>terminada espécie mineral admite um erro <strong>de</strong> 8,0 para um grau <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95,4%.<br />
Isto é, tem-se 95.1% <strong>de</strong> confiança em que a proporção verda<strong>de</strong>ira esteja entre 12 e 28% (erro<br />
relativo <strong>de</strong> 28,6%). Contagens <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 5% para a espécie admitem erros <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100%.<br />
Aumentando o número total <strong>de</strong> grãos contados para 300, a contagem <strong>de</strong> 60 grãos (20%) para<br />
uma espécie mineral admite um erro <strong>de</strong> 14,0 no mesmo grau <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95,4%, isto é, temse<br />
95,4% <strong>de</strong> confiança em que a contagem real esteja entre 46 e 74 (erro relativo <strong>de</strong> 23%).<br />
As contagens no presente estudo variaram geralmente entre 100 e 300 grãos, admitindo-se<br />
<strong>de</strong>sta maneira, que as variações <strong>de</strong> erros não s~jam muito gran<strong>de</strong>s ao se suce<strong>de</strong>rem<br />
as amostras. Consi<strong>de</strong>rando-se entretanto espécies isoladas, <strong>de</strong>vem-se admitir erros, <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100%<br />
para minerais em proporções abaixo <strong>de</strong> 5 % , erros <strong>de</strong> 30 a60 % para minerais com proporções em tomo<br />
<strong>de</strong> 10%, erros <strong>de</strong> 20 a 30% para minerais em proporções em tomo <strong>de</strong> 20% e erros <strong>de</strong> 10 a 20% para<br />
minerais em proporções em termo <strong>de</strong> 50 % .<br />
Tabelas e Figuras<br />
Inicialmente foram relacionados em tabela os valores obtidos para minerais leves e<br />
63
64 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
pesados <strong>de</strong> toda e qualquer fração entregue. Todavia verificou-se que se conseguiriam resultados<br />
similares com economia <strong>de</strong> tempo, se se trabalhasse com amostras superficiais no intervalo<br />
granulométrico único <strong>de</strong> 125-250 micra. As tabelas que acompanham este estudo obe<strong>de</strong>cem ao<br />
último critério.<br />
São consi<strong>de</strong>radas amostras superficiais todas aquelas a cujo número <strong>de</strong> rotulação se<br />
acrescenta os códigos 01 e 04 ou aquelas <strong>de</strong> série 02 com letra mais elevada na seqüência coletada.<br />
Peoados<br />
TnnspamItes<br />
Anatásio<br />
Andaluzita<br />
Cionita<br />
Ooritoi<strong>de</strong><br />
CoriIidIm<br />
Duunotierlta<br />
Epidoto<br />
&piDéUo<br />
&tauroUta<br />
Gnnada<br />
Homblenda<br />
Monazita<br />
Rutilo<br />
SüUmanlta<br />
Tunnalins<br />
Xenotima<br />
Zilcio<br />
N!> pes. tI. contados<br />
Leves<br />
Quartzo<br />
Feldapato<br />
Biotita<br />
MOSCOYIta<br />
Relaç&s MInerais<br />
VE<br />
SEI<br />
100 VE/SEI<br />
CQ./Fd<br />
Qz/Mi<br />
Op/Tr<br />
9320<br />
35 26 6<br />
6 2 20<br />
9 3 6<br />
20 29<br />
9 5 1..<br />
pr<br />
12 32 34<br />
30 60 15<br />
100 100 100<br />
o o o<br />
o o o<br />
o o o<br />
TABELA 1<br />
Sedimentos Barreiras - Fração 12S-2S~<br />
30 ..O 54 35 46 ..2 66 61 60<br />
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Foi também escolhida a fração grosseira 125-250 micra por ser mais representativa,<br />
produzindo quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesados 2 a 20 vezes maior que a <strong>de</strong> 62 a 125 micra. Não ,foram calculadas<br />
as médias proporcionais visto que o pesquisador ao receber os recipientes não sabia<br />
quanto realmente <strong>de</strong> cada fração foi aproveitado e entregue. Ressalte-se porém que certos minerais,<br />
especialmente zircão, ten<strong>de</strong>m a se concentrar nas frações finas, diminuindo radicalmente<br />
nas grosseiras. Esta tendência é bem comprovada nas Figuras 1 e 2 <strong>de</strong> freqüê~cia x granulometria,<br />
on<strong>de</strong> se utilizaram também os dadÓs <strong>de</strong> frações finas constantes <strong>de</strong> tabelas não publicadas.<br />
Uma correlação estratigráfica foi tentada com os dados obtidos <strong>de</strong> cinco poços PRD<br />
com profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> até 33 m (Fig. 3).<br />
Na elaboração das tabelas para pesados, omitiram-se as proporções <strong>de</strong> opacos e<br />
micas, recalculando-se os pesados transparentes para o total <strong>de</strong> 100. Os minerais pesados não<br />
opacos e não micáceos compreen<strong>de</strong>m uma coleção com razoável grau <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> hidráulica<br />
e sua utilização, por isso, reduz os problemas <strong>de</strong> classificação seletiva e seleção hidráulica.<br />
Calcularam-se varias relações que se pretendia projetar em mapas <strong>de</strong> tendências.<br />
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Rel8ç1ies MiD8rab:<br />
1JE<br />
30 30 11<br />
SEI " 19 ., 7. ..<br />
100 UEJSEI ,.. li. ., 12<br />
z,{Hb 7~ 74,5 ..,. U,7<br />
QoIfd<br />
',7<br />
12,7<br />
QoIIII<br />
',7 7,' 10,6 36,.<br />
Uma <strong>de</strong>las é o bem conhecido índice ZTR (Hubert, 1962). Nas tabelas anexas este índice é indicado<br />
em UE e reune também os minerais ultra-estáveis zircão-turmalina-rutilo, fornecendo índice<br />
<strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> mineralógica para a areia. As outras relações são: SEI, reunindo os minerais<br />
semi-estáveis e instáveis comuns dos sedimentos; 100 X UE/SEI que é uma relação i<strong>de</strong>alizada<br />
tanto para fornecer índice <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> mineralógica como para visualizar, se possível, o sentido<br />
<strong>de</strong> progressão <strong>de</strong> sedimentação (especialmente no Barreiras); 100 X Zr/Hb, relação que exerceria<br />
o mesmo papel, com melhor aplicação para o Recente. Entre os minerais leves tentou-se a<br />
relação Qz/Fd também indicativa <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> mineralógica, distinta para as duas formações. A<br />
relação Qz/Mi <strong>de</strong>ve apenas mostrar em mapa, os sítios <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga preferencial <strong>de</strong> micas em areias<br />
do Recente. A relação Op/Trp (opacos/transparentes) foi acrescentada para informar a quantida<strong>de</strong><br />
total <strong>de</strong> minerais pesados contados e para tentar uma outra forma <strong>de</strong> distinção entre Barreiras e<br />
Recente.<br />
Finalmente foi construído o gráfico conforme a Figura 4 mostrando variações <strong>de</strong><br />
freqüência para os principais minerais e suas relações ao longo do Rio Doce, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Colatina, no<br />
Cristalino, até a foz, em Regência e Povoação. O gráfico foi estendido com 10 análises <strong>de</strong> amostras<br />
até 50 km da foz, em alto mar. Este último trecho foi subdividido em duas partes. A 1~<br />
abrange 6 análises (RDl-2DC, RD65-3vv, RD67-2vv, RD67-3vv, perfil maritimo 83 e 286). A 2!.<br />
parte agrupa 4 análises (RD24-3DC, RD32-3vv, RD49-4vv e RD71-1vv), espalhadas a 50 km da<br />
costa enquanto o 1.2.grupo reune análises a cerca <strong>de</strong> 10 km da costa dos extremos N ao S do<br />
<strong>de</strong>lta levantado.<br />
Descrição dos minerais<br />
RESULTADOS OBTIDOS<br />
Resumem-se aqui, alfabeticamente, os aspectos morfológicos das diferentes espécies<br />
minerais encontradas nas frações arenosas do Recente e Barreiras.<br />
Anatásio - encontrado quase exclusivamente no Barreiras on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ultrapassar 30 %<br />
dos pesados transparentes. Quase sempre em cristais com base retangular fornecendo boa figura<br />
<strong>de</strong> interferência uniaxial (-). Cor azul ou pardo amarelada, bem visível sob forte iluminação, já<br />
qüe seus altos índices escurecem sensivelmente os contornos. A origem autígena <strong>de</strong>ste mineral<br />
é seguramente indicada por seu hábito idiomórfico e ocorrência em formação antiga. Alguns grãos
COUTINHO 67<br />
raramente encontrados no Recente <strong>de</strong>vem ser clásticos, transportados do Barreiras.<br />
Actinolita - ver tremolita<br />
Allanita -ver epidoto<br />
Andaluzita - como o anatásio, é mineral praticamente restrito ao Barreiras on<strong>de</strong><br />
aparece como clástico em todas as amostras, concentrando-se caracteristicamente nas frações<br />
grosseiras. Reconhecida com facilida<strong>de</strong> pelas formas irregulares retangulares ou, mais freqüentemente,<br />
arredondadas, transparência, índices próximos <strong>de</strong> 1,64, pleocroismo em r6seo para X<br />
(muito nítido em grãos espessos). Não se <strong>de</strong>tectou a varieda<strong>de</strong> quiastolita ou outra qualquer,<br />
rica <strong>de</strong> inclusões. Estas, quando presentes, são em geral fileiras <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s contendo líquido e<br />
gás. O aparecimento esporádico <strong>de</strong> andaluzita no Recente constitui indício <strong>de</strong> contaminação com<br />
material do Barreiras, geralmente próximo.<br />
Apatita - mineral raro e confinado ao Recente. Clástico. A escassez <strong>de</strong>ve ser atribuida<br />
à solubilida<strong>de</strong> e baixa dureza do mineral. Po<strong>de</strong> ser confundido com barita, topázio e andaluzita,<br />
<strong>de</strong>les se distinguindo por sua forma redonda ou oval, elongação (-) e ocasional <strong>de</strong>tecção<br />
<strong>de</strong> caráter uniaxial (-). Inclusões são raras.<br />
Anfibólio . ver hornblenda e tremolita.<br />
Aragonita - provável componente <strong>de</strong> carapaças <strong>de</strong> microrganismos e fragmentos <strong>de</strong><br />
conchas que contaminam os resíduos recolhidos em fundo <strong>de</strong> mar e <strong>de</strong>sembocadura <strong>de</strong> rios,<br />
praias e planícies próximas ao mar. Normalmente tem hábito fibroso, produzindo figuras <strong>de</strong> interferência<br />
próprias <strong>de</strong> agregado.<br />
Augita - ver diopsídio.<br />
Barita - mineral autígeno, encontrado apenas em amostras <strong>de</strong> poços profundos escavados<br />
em planícies <strong>de</strong> inundação e pantanos no Recente. Aparece em grãos <strong>de</strong> formas altamente<br />
irregulares ou ten<strong>de</strong>ndo a losangular. Distinguida opticamente por sua transparência, índices<br />
próximos a 1,64, carát~r biaxial, extinção simétrica (em grãos losangulares) e distribuição<br />
<strong>de</strong> cores <strong>de</strong> interferência sugerindo hábito placói<strong>de</strong> e clivagens dissecadas. A barita <strong>de</strong>ve as formas<br />
irregulares provavelmente à forma dos interstícios em que foi originalmente cristalizada<br />
como cimento.<br />
Biotita . mineral clástico muito comum em certos horizontes <strong>de</strong> pesados, mas também<br />
contaminando frações leves do Recente ou Barreiras. Em alguns locais chega, juntamente<br />
com a moscovita, a constituir o único material pesado. Aparece em grãos placói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contorno<br />
irregular ou arredondado, quase sempre jazendo sobre ótima clivagem e, nestes casos, aparentando<br />
isotropia e ausência <strong>de</strong> pleocroismo. A figura <strong>de</strong> interferência uniaxial (-) (ou biaxial <strong>de</strong> 2V<br />
pequeno) confirma a diagnose. A cor transmitida po<strong>de</strong> ser parda ou ver<strong>de</strong> sujo, quando o mineral<br />
está fresco. Entretanto é bem mais freqüente uma das formas <strong>de</strong> alteração; hidrobiotita,<br />
vermicu, lita clorita, bauerita (placa opalina limonítica). Nos primeiros dois casos o mineral conserva<br />
certa birrefringência (verificada apenas na figura <strong>de</strong> interferência) e, macroscopicamente,<br />
aparece em plaquetas prateadas confundindo-se com moscovita. Cloritizado, o mineral passa a<br />
esver<strong>de</strong>ado claro, pardo claro, alaranjado ou sépia, tornando-se quase isótropo ou formando<br />
agregados microcristalinos. Baueritizada a biotita torna-se parda ou incolor, isótropa, observando-se<br />
freqüentem ente impregnação <strong>de</strong> limonita que a <strong>de</strong>ixa quase opaca. No Barreiras só foram<br />
encontradas formas arredondadas, transformadas em agregado clorítico pardo alaranjado ou ainda,<br />
bauerita.<br />
Brookita . mineral extremamente raro, possivelmente confinado ao Barreiras, on<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ve ser autígeno. Cor amarela, laranja ou pardo, índices muitos altos, fracamente pleocróico,<br />
estriado. Dispersão fortíssima não permite que o mineral se extinga ou forneça figura <strong>de</strong> interferência<br />
<strong>de</strong>finida.<br />
----
68 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Calcita. provável componente <strong>de</strong> microrganismos e fragmentos <strong>de</strong> concha on<strong>de</strong> é<br />
reconhecida por foIte birrefringência e figura uniaxial (-). A distinção com aragonita po<strong>de</strong> ser<br />
tentada com líquidos <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> refração 1,67 (no <strong>de</strong> calcita = 1,658 Ny, Nz <strong>de</strong> aragonita =<br />
1,680, 1,685). Em algumas raras amostras <strong>de</strong> poços profundos, a falta <strong>de</strong> estruturas orgânicas<br />
faz supor ser o mineral formado em cimento.<br />
Cianita - mineral elástico muito comum e característico do Recente. Praticamente<br />
inexistente no Barreiras do Rio Doce po<strong>de</strong>ndo se supor então que seu aparecimento em preparados<br />
do Barreiras se <strong>de</strong>va a contaminação em laboratórío. A maior parte das cianitas observadas<br />
são facilmente reconhecidas por seu hábito alongado e freqüente contorno retangular <strong>de</strong><br />
vértices abrandados. Também, por linhas internas <strong>de</strong> clivagem quase normais ao alongamento.<br />
Altos índices (Nx e Nz=1,72-1,73). Parte dos grãos alongados cai sobre clivagem 100 e dão<br />
IBixa birrefringência, extinção oblíqua (Z;c = 300) e figura <strong>de</strong> bicetriz aguda quase centrada.<br />
Outra parte po<strong>de</strong> cair sobre clivagem 010 e, neste caso, o grão prismático produz birrefringência<br />
mais alta e extinção quase reta. Normalmente é incolor com inclusõesesparsas mas po<strong>de</strong> aparecer<br />
carregado <strong>de</strong> material carbonoso a ponto <strong>de</strong> quase não transmitir luz. Observaram. se alguns<br />
prismas fortemente <strong>de</strong>formados por torção sem fratura, o que atesta maleabilida<strong>de</strong> do mineral.<br />
Cloríta - ver biotita.<br />
Cloritói<strong>de</strong> - Mineral elástico, muito raro, encontrado em alguns preparados. Reconhecido<br />
por altos índices, cor esver<strong>de</strong>ada clara, várias clivagens, baixa birrefringência e caráter<br />
4»tico biaxial.<br />
Cordierita - Mineral elástico <strong>de</strong> presença confirmada no Recente. Sua freqüência é<br />
porém ignorada <strong>de</strong>vido à difícil diferenciação <strong>de</strong> quartzo e plagioclásio. Tipicamente incolor,<br />
arredondado, com geninações divergentes e fitas <strong>de</strong> alteração sericítica.<br />
Corindon - Mineral elástico muito raro. Ocorre tanto no Barreiras, como no Recente.<br />
Forma grãos irregulares pouco <strong>de</strong>sgastados, incolores, com raras inclusões. Reconhecido por altos<br />
índices (No=1,77) ecaráteruniaxial (-).<br />
Diopsídio - Mineral elástico raro e adstrito ao Recente. Forma grãos irregulares ou<br />
algo alongados, quase sempre muito corroidos por solução, dando pontas serrilhadas. Reconhecido<br />
pelos índices (Nz=1,68-1,72) e forte extinção inelinada (Z;c=42-48 O), linhas <strong>de</strong> clivagem<br />
interna, fibrosida<strong>de</strong> e inclusões. Incorpora-se nesse ítem, juntamente com o diopsídio, ver<strong>de</strong><br />
claro a incolor, também a augita, piroxênio mais raro nos sedimentos e reconhecido por aquelas<br />
proprieda<strong>de</strong>s ópticas e cor <strong>de</strong> transparência pardo claro.<br />
Dumortierita . Curioso mineral elástico encontrado em apenas um preparado do<br />
Barreiras. Forma grãos -prlBmáticos estriados, fortemente pleocróicos em violeta ou carmim.<br />
Distinguem-se da turmalina por absorver luz mais intensamente na direção <strong>de</strong> alongamento, e<br />
maior índice.<br />
Enstatita - ver hiperstênio.<br />
Epidoto - Mineral elástico comum apenas no Recente. Em geral forma grãos angulares<br />
idiomórficos ou ainda. irregulares ou sub-arredondados, aproximadamente equidimensionais.<br />
Caracterizado pelos índices altos (Nz=1,70-1,78) e figura <strong>de</strong> interferência biaxial geralmente<br />
com dispersão. Aqui se incluem, além do epidoto comum, também as formas menos<br />
ferríferas <strong>de</strong>: clinozoisita (incolor) e zoisita (incolor a róseo), ambas menos birrefringentes e<br />
menos comuns que o epidoto, bem como, ocasionalmente, a allanita, parda.<br />
Espinélio - Mineral elástico raramente encontrado, tanto no Barreiras como no<br />
Recente. Ocorre em grãos irregulares, <strong>de</strong>sgastados, isótropos. Só foram reconhecidos como espinélio<br />
os grãos ver<strong>de</strong>s (pleonasto) mas é possível que alguns grãos incolores tenham sido incorretamente<br />
contados como granada.
COUTlNHO<br />
Estaurolita -Mineral elástico bastante comum no Recente e, praticamente ausente no<br />
Barreiras do Rio Doce. Po<strong>de</strong> aparecer tanto em grãos idiomórficos (prismas truncados por pirâmi<strong>de</strong>s),<br />
achatados em (100) como em grãos irregulares quebrados, raramente arredondados.<br />
Geminação é comum. Caracterizado por fraca birrefringência, caráter biaxial com alto 2V, leve<br />
dispersão, altos índices (Nz=I,746 e pleocroismo característico) incolor (X) a amarelo alaranjado<br />
(Z), raramente amarelo palha ou pardo avermelhado. As inclusões são comuns, esparsas ou concentradas<br />
po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>ixar o mineral quase opaco. Neste caso, ao contrário da regra citada em<br />
Krumbein e Petijohn, o hospe<strong>de</strong>iro tem cor mais clara que a usual.<br />
Fibrolita - ver sillimanita.<br />
Granada - A varieda<strong>de</strong> almandina é clástica, relativamente comum em frações pesadas,<br />
especialmente as grosseiras, do Recente. Sua freqüência entretanto, é menor que a esperada<br />
em vista da abundância <strong>de</strong> kinzigitos altamente granatíferos, que ocorrem próximo, e<br />
rocha fonte potencial. Grãos arredondados por abrasão são raros ou inexistentes. Quase sempre<br />
forma grãos irregulares, angulosos, com fraturas côncavas e cantos agudos. São também freqüentes<br />
os grãos <strong>de</strong> formas bizarras e com superfícies picotadas em retângulos ou losângulos, ou<br />
ainda cobertas <strong>de</strong> mosaico <strong>de</strong> facetas ou montículos arredondados. Estes aspectos são sugestivos<br />
<strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> e solução após <strong>de</strong>posição. Apresenta altos índices, isotropia e cor rósea elara<br />
transmitida em grãos <strong>de</strong> 125 a 250 micra. Po<strong>de</strong> entretanto aparecer também em grãos incolores<br />
ou, num outro extremo, em cor rósea muito carregada, até quase vermelho.<br />
Feldspato - Constituinte elástico sempre presente na fração leve, especialmente a<br />
fina, <strong>de</strong> sedimentos recentes. No Barreiras é praticamente inexistente. Alguns raríssimos grãos<br />
encontrados em lâminas <strong>de</strong> Barreiras po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>rivar <strong>de</strong> contaminação <strong>de</strong> laboratório. O feldspato<br />
é mineral útil no sentido <strong>de</strong> que informa sobre a maturida<strong>de</strong> mineralógica do sedimento.<br />
Sua ausência no Barreiras indica aquela condição. Entretanto não se po<strong>de</strong> atualmente informar<br />
se o <strong>de</strong>saparecimento se <strong>de</strong>ve a causas anteriores ou posteriores à <strong>de</strong>posição. A primeira alternativa<br />
é bem provável já que não se encontram corpos <strong>de</strong> feldspato caulinizado, nos preparados.<br />
Em areias recentes, com provada contribuição do Barreiras, o feldspato potássico aparece em<br />
formas esqueléticas, límpido, sugerindo cristalização autígena em cimento. Mas o caso requer<br />
exame mais cuidadoso pois po<strong>de</strong>ria se tratar <strong>de</strong>formas <strong>de</strong> dissolução. Em casos normais o feldspato<br />
é facilmente reconhecido em lâmina por su~ forma angulosa a sub-angulosa, turbi<strong>de</strong>z,<br />
clivagens, geminação e índices inferiores ao líquido <strong>de</strong> montagem (1,544). O último caso correspon<strong>de</strong><br />
ao tipo mais abundante, potássico (microclínio ou ortoelásio). Na forma menos freqüente,<br />
<strong>de</strong> plagioclásio, o mineral po<strong>de</strong> ocorrer com composições <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oligoclásio sódico até labradorita,<br />
esta, muito rara. O plagioclásio requer cuidado especial já que alguns termos (oligoclásioan<strong>de</strong>sina)<br />
têm índices superpostos aos <strong>de</strong> quartzo.<br />
Hastingsita - ver homblenda.<br />
Hematita - Mineral opaco elástico ou autígeno, relativamente comum no Recente ou<br />
Barreiras. Reconhecido à luz refletida por brilho metálico ou terroso, cinzento avermelhado.<br />
Hiperstênio - Mineral elástico encontrado em pequena proporção e apenas no Recente.<br />
Outro mineral esperado com maior freqüência dada a larga distribuição <strong>de</strong> rochas chamockíticas<br />
próximas. Tem aspecto microscópico variado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>. grãos prismáticos estriados, incolores<br />
(estatita, mais raro) até formas ten<strong>de</strong>ndo à prismáticas, irregulares e por vezes altamente<br />
corroidas (hiperstênio, mais comum). Como hiperstênio, apresenta pleocroismo característico,<br />
fraco ou forte, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do teor ferro e espessura do grão (X = rosa, Y = amarelo, Z = ver<strong>de</strong>). O<br />
hiperstênio se caracteriza ainda pela fraca birrefringência, altos índices (Nz= 1,67 a 1,73), extinção<br />
reta, e, algumas vezes, pela ocorrência <strong>de</strong> inclusões placói<strong>de</strong>s pardas, orientadas transversalmente ao<br />
alongamento do hospe<strong>de</strong>iro. Este último tipo parece origem em norito, antes, que em chamockíto.<br />
Alguns grãos se encontram totalmente alterados em agregado fibroso com plaquetas pardas.<br />
-<br />
Homblenda - É o elástico mais abundante e característico das frações pesadas do<br />
69
70 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLbGIA<br />
Recente, on<strong>de</strong> atinge normalmente valores entre 40 e 80%, especialmente nas frações grosseiras.<br />
Raramente encontrado em preparados do Barreiras (contaminação <strong>de</strong> laboratório ?). Constitui<br />
por isso, índice seguro <strong>de</strong> proveniência da amostra. Sua origem só po<strong>de</strong> ser atribuida a <strong>de</strong>nudação<br />
recente do Cristalino, embora seja difícil localizar áreas atuais pré-cambrianas suficientemente<br />
ricas <strong>de</strong> homblenda. Para explicar sua abundância no sedimento será necessário imaginar<br />
um mecanismo <strong>de</strong> seleção e concentração especiais. Englobam-se aqui, no ítem homblenda,<br />
todos os tipos <strong>de</strong> clino-anfibólios coloridos. Caracterizam-se por forma prismática controlada<br />
por elivagens, extinção inelinada em angulos <strong>de</strong> 0-20° e pleoçroismo em tons <strong>de</strong> ver<strong>de</strong> (pequena<br />
parte dos grãos po<strong>de</strong> produzir pleocroismo em pardo ou ver<strong>de</strong>-azul). A intensida<strong>de</strong> da cor é<br />
muito variável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quase incolor (tremolita-actinolita, cummingtonita) passando por ver<strong>de</strong><br />
médio, a mais comum, até ver<strong>de</strong> escuro, quase opaco em grãos espessos. As formas menos<br />
coloridas, aproximando-se <strong>de</strong> tremolita mostram menores índices <strong>de</strong> refração e, algumas vezes,<br />
forte estriação transversal (partição 001). As mais coloridas e escuras costumam mostrar caracteristicas<br />
<strong>de</strong> hastingsita ou ferro-hastingsita: 2V (-) pequeno e dispersão. Não foi observado<br />
qualquer grão <strong>de</strong> anfibólio sódico típico. Os tipos são semelhantes aos encontrados em granodioritos<br />
gnaissosos, granitos e chamockitos, próximos. Ressalta-se que, em sedimentos, as<br />
homblendas parecem em geral apenas <strong>de</strong>sgastadas mecanicamente. Em apenas algumas ocorrências<br />
em poços, as homblendas apresentam-se com forte corrosão química, caracterizada por terminações<br />
profundamente <strong>de</strong>nteadas.<br />
Ilmenita - é o elástico opaco mais comum <strong>de</strong> areias recentes ou terciárias. Caracterizado<br />
por fraco magnetismo, brilho metálico preto e formas ten<strong>de</strong>ndo a placói<strong>de</strong>s, mais ou<br />
menos <strong>de</strong>sgastadas. É freqüente a ocorrência <strong>de</strong> ilmenita incluindo finas placas retiHneas transparentes<br />
(rutilo ?) que parecem dividi-Ia em setores quando observada em luz transmitida.<br />
Comumente se encontra parcialmente alterada em leucoxênio.<br />
Leucoxênio - mineral opaco formando agregado terroso, refletindo em cor branca.<br />
Encontradiço em formas autígenas, <strong>de</strong>senvolvidas preferencialmente sobre opacos titanados (ilmenita)<br />
ou constituindo corpos inteiros <strong>de</strong> origem <strong>de</strong>sconhecida.<br />
Limonita - mineral opaco terroso, amarelo a pardo em luz refletida. Mineral bastante<br />
comum, possivelmente autígeno (alteração <strong>de</strong> máficos), especialmente no Barreiras.<br />
Magnetita - mineral elástico opaco, pouco abundante. Fortemente magnético, brilho<br />
metálico cinzento e formas irregulares ou octaedros achatados ou arredondados.<br />
Marcassita - mineral autígeno, opaco, amarelo, <strong>de</strong>senvolvido em agregados <strong>de</strong>ntro e<br />
sobre o que se presume ser fragmentos vegetais em <strong>de</strong>terminados níveis <strong>de</strong> poços no Recente.<br />
Monazita - mineral clástico especialmente abundante no Barreiras on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> constituir<br />
até 50% dos pesados transparentes mais grosseiros. Está presente em quantida<strong>de</strong>s restritas<br />
e <strong>de</strong> distribuição irregular também no Recente. Um aumento anormal <strong>de</strong> sua quantida<strong>de</strong><br />
nas areias recentes po<strong>de</strong> indicar contribuição do Barreiras (ver poço PRD 2 gráfico 3). Aparece<br />
quase invariavelmente em grãos equidimensionais bem arredondados, <strong>de</strong> cor transmitida amarelo<br />
claro, fracamente pleocróico e altos índices <strong>de</strong> refração (Nz = 1,84) e birrefringência. Confun<strong>de</strong>se<br />
com zircão, epidoto e xenotima. Do primeiro se diferencia pelo hábito, cor e pleocroismo. Do<br />
segundo, pelo tom <strong>de</strong> cor amarela e por índices mais altos, bem como por ser biaxial <strong>de</strong> 2V (+)<br />
pequeno. Do terceiro só po<strong>de</strong> ser diferenciada seguramente pela <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> índices embora<br />
um operador bem treinado possa avaliar para a xenotima, uma birrefringência maior e relevo<br />
variável em montagens <strong>de</strong> líquido 1,64.<br />
Microclínio - ver feldspato.<br />
Moscovita - mineral elástico, constituinte comum <strong>de</strong> frações leves ou pesadas do<br />
Recente, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> se concentrar excepcionalmente, embora sempre em quantida<strong>de</strong>s subordinadas<br />
às <strong>de</strong> biotita. Facilmente diagnosticada pela correta interpretação do hábito e elivagem<br />
placói<strong>de</strong>, transparência, baixa cor <strong>de</strong> interferência na direção normal às placas e figura biaxial (-)<br />
bem centrada.
Ortoclásio - ver feldspato.<br />
courlNHO<br />
Pirita - mineral opaco ocasionalmente encontrado em amostras do Recente como elástico<br />
arredondado. Em agregados espinhosos é mais freqüente e, certamente autígeno. Reconhecido<br />
pela cor <strong>de</strong> reflação amarelo, latão e parateado.<br />
Piroxênio - ver diopsídio e hiperstênio.<br />
Plagioclásio - ver feldspato.<br />
Pleonasto - ver espinélio.<br />
Quartzo - mineral clástico dominante em qualquer fração leve, tanto do Barreiras<br />
como do Recente. Tem formas variadas, normalmente sub-angulosas. Entretanto, pequena porção<br />
<strong>de</strong> muitas amostras do Recente exibem quartzo em forma perfeitamente arredondada em<br />
contraste com os <strong>de</strong>mais grãos do mesmo preparado. Uma explicação para o fenômeno se basearia<br />
na contribuição <strong>de</strong> sedimentos retrabalhados (Barreiras) mas não existem outras evidências<br />
mineralógicas nos mesmos preparados, que suportassem a idéia. Possivelmente o quartzo<br />
redondo proviria <strong>de</strong> áreas mais afastadas do cristalino. Facilmente reconhecido pela transparência,<br />
índices e caráter óptico uniaxial (-). Alguns grãos po<strong>de</strong>m ser turvos e outros, ricos <strong>de</strong> inclusões,<br />
especialmente agulhas <strong>de</strong> sillimanita. Não foi encontrada qualquer evidência <strong>de</strong> crescimento<br />
secundário mesmo nos grãos <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição mais antiga (Barreiras).<br />
Rutilo - mineral elástico encontrado em pequenas quantida<strong>de</strong>s, tanto no Barreiras,<br />
on<strong>de</strong> é mais comum, como no Recente. Em fragmentos prismáticos, profundamente estriados.<br />
Facilmente i<strong>de</strong>ntificado por altíssimo relevo (que o <strong>de</strong>ixa por vezes quase opaco), altíssima cor<br />
<strong>de</strong> interferência, extinção reta e cores <strong>de</strong> absorção: amarela, laranja, vermelho ou pardo. O<br />
pleocroismo também é característico, absorvendo com mais intensida<strong>de</strong> na direção do prisma e<br />
estrias. Algumas varieda<strong>de</strong>s pardo acinzentadas, muito escuras, po<strong>de</strong>m ter sido confundidas com<br />
outro mineral (columbita ?).<br />
Serpentina - forma raros agregados <strong>de</strong> difícil i<strong>de</strong>ntificação.<br />
Si<strong>de</strong>rita - mineral autígeno, comum em amostras recolhidas do interior <strong>de</strong> poços no<br />
Recente. Apresenta-se como agregado espinhoso em geral fortemente limonitizado, quase opaco.<br />
Dificilmente i<strong>de</strong>ntificada. É necessário observar variações <strong>de</strong> relevo em cantos agudos mais transparentes,<br />
sob forte .iluminação polarizada. Neste caso observa-se que um índice fica próximo a<br />
1,64 e o outro é mais alto. Em certas frações grosseiras o mineral oferece exame mais fác.il quanto<br />
mais lúnpido. Aparece então, em prismas terminados por romboedro escalonado, ligeiramente<br />
estreitados na cintura. O mineral ocorre em cristais i&olados mas é muito mais comum em interpenetrações<br />
<strong>de</strong> dois indivíduos (semelhante a geminado <strong>de</strong> estaurolita), três indiv{duos ou ainda<br />
maior número, criando-se assim o aspecto <strong>de</strong> agregado espinhoso. O mineral <strong>de</strong>ve sua cristalização<br />
a condições possivelmente especiais <strong>de</strong> solubilização <strong>de</strong> carbonatos (microorganismos) e<br />
<strong>de</strong> minerais máficos (granada, homblenda ?).<br />
Sillimanita - mineral clástico comum, tanto no Recente como no Barreiras, o que<br />
atesta sua gran<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>, não muito reconhecida na literatura especializada. Forma grãos<br />
quase sempre prismáticos muito alongados, incolores, fortemente birrefringentes, extinção reta e<br />
com relevo fraco no líquido <strong>de</strong> montagem 1,64. Um dos indices, Nx, é apenas levemente superior<br />
ao líquido. As inclusões não são comuns. Algumas vezes o prisma parece dividido transversalmente<br />
por fratura reta que permite a extinção <strong>de</strong> duas meta<strong>de</strong>s em posições levemente diferentes.<br />
Uma forma comum <strong>de</strong> mineral é a fibrosa (fibrolita) ocorrendo em tufos e agregados sub<br />
paralelos <strong>de</strong> prismas muito finos.<br />
Titanita - elástico raro e restrito ao Recente. Grãos arredondados <strong>de</strong> alto índice e forte<br />
birrefringência e dispersão.<br />
71
72 ANAIS DO XXVI/1 CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Turmalina - mineral clástico <strong>de</strong> freqüência irregular, por vezes muito abundante em<br />
preparados do Barreiras. Aparece, em quantida<strong>de</strong>s restritas, no Recente. O mineral apresenta<br />
hábitos e cores divergentes conforme a ocorrência. No Barreiras são mais comuns os grios <strong>de</strong><br />
turmalina parda, relativamente claros, bem arredondados. Turmalina ver<strong>de</strong> em prismas i
COUTINHO<br />
FOZ DO RIO DOCE<br />
GEOLOGIA E LOCALIZACÃO DE AMOSTRAS DE SEDIMENTOS<br />
.....<br />
~
74 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Flg. 1- RELAÇAo FREoutNCIA<br />
- GRANULAÇAo (BARREIRAS)<br />
(. __tr.. ..p.r...t<br />
ANATÁSIO _UZITA -"ZITA SlLL.A8IITA<br />
F;g 3 - FREQÜfNCIA DE PESADOS EM POÇOS PROFUNDOS<br />
ifrac:60 125-250 ,1.1)<br />
~Hornbltftdo<br />
L E G E N ~...<br />
,'lIIanazlta,Si._ta<br />
/'<br />
//~<br />
GraraodO.EpidolO<br />
Cianila,E,t-.;llitQ<br />
/,".Zire60eTurmallna<br />
Fig 2-RELACÃO FREOUÊNCIA - GRANULAÇÃO (RECENTE)<br />
(24 amo.trO' disperso,)<br />
CIANITA EPIDOTO SlLLIMANITA<br />
da, estaurolita. granada) e resultante concentração <strong>de</strong> ultra estáveis (zircão, rutilo. turmalina).<br />
Discute-se muito na literatura recente sobre a importância <strong>de</strong> soluções intra.estratais como
C2<br />
u .<br />
....<br />
:::)<br />
...<br />
c<br />
...<br />
cIO . . :~.".....<br />
u.... . I ~~~~~Iino<br />
~5 . .<br />
o . . I<br />
... .<br />
c 8- ~:<br />
'~.Eslauralila<br />
~. Granada<br />
... . · .Monazito<br />
45 .<br />
C<br />
u .50<br />
...<br />
::)<br />
1<br />
~ c...<br />
8<br />
01 .<br />
.<br />
O<br />
...<br />
C 15 .<br />
...<br />
I<br />
COUTlNHO 75<br />
F"19.4 - FREQÜÊNCIA DE PESADOS AO LONGO DO<br />
RIO DÔCE E OCEANO ATLÂNTICO PRÓXIMO<br />
- I<br />
:= ,<br />
-. ~<br />
~.<br />
. I .<br />
:~.<br />
.<br />
~ ~ 5<br />
c g ~<br />
~<br />
A<br />
52 40 10 I 40<br />
.<br />
e<br />
: 1Rutilo<br />
Til8ftilO<br />
. Andalusila<br />
.A"ató.io<br />
. Hip...I'nio<br />
100 -.I&..-<br />
SEI<br />
.Harnblondo<br />
causa <strong>de</strong> diversificação <strong>de</strong> minerais. No caso atual, há evidências favoráveis e <strong>de</strong>sfavoráveis. Assim,<br />
p.ex., -as curvas <strong>de</strong> freqüência X profundida<strong>de</strong> (Fig. 3) para diversos minerais do Recente<br />
(especialmente os mais solúveis) são erráticas e não mostram sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>créscimo regular em<br />
profundida<strong>de</strong>, invalidando <strong>de</strong> certo modo a tese <strong>de</strong> solução intra-estratal. ContraditoriamEnte,<br />
alguns minerais semi-estáveis, comuns no Recente; epidoto, estaurolita, granada e outros ins.<br />
táveis; diopsídio, hiperstênío, mostram freqüentemente contornos <strong>de</strong>nteados, cavida<strong>de</strong>s geométricas<br />
<strong>de</strong> solução, formas ~queléticas, atestando uma forma <strong>de</strong> dissolução intra-estratal incipiente.<br />
E certo porém que o mineral dominante do Recente, a pouco estável homblenda, quase<br />
nunca mostra evidências <strong>de</strong> dissolução. Resta ainda informar a preBença obrigatóriA e comum dli<br />
andaluzita <strong>de</strong>trítica no Barreiras e sua ausência no Recente (salvo contaminação).
76 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Conclui-se que o Barreiras e o Recente <strong>de</strong>vem ter contado com diferentes fontes<br />
alimentadoras ou, alternativamente, diferentes condições <strong>de</strong> exposição do corpo alimentador;<br />
segundo esta última hipótese seria possível explicar a ausência, p.ex., <strong>de</strong> estaurolita e granada no<br />
Barreiras terciário por intensificação <strong>de</strong> processos intempéricos no regolito alimentador àquela.<br />
época. Para explicar a abundância <strong>de</strong> andaluzita no Barreiras, e sua extinção no Recente po<strong>de</strong>rse-ia<br />
imaginar que, no Terciário, foi totalmente erodido um nível do Cristalino rico em rochas<br />
àndaluzíticas (metamorfismo <strong>de</strong> baixa pressão). Uma última hipótese, fonte alimentadora do<br />
Barreiras representada por sedimentos pré-terciários retrabalhados, não encontra suporte nos<br />
conhecimentos geológicos <strong>de</strong> campo.<br />
Pequenas áreas do Recente, contíguas ao Barreiras, mostram feições intermediárias<br />
entre as duas formações no que diz respeito à mineralogia. O fato é discutido adiante.<br />
De qualquer modo, quase todo o sedimento recente é <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> fonte in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
e, mineralogicamente, bem diversa do Barreiras. Tudo indica que esta fonte <strong>de</strong>va ser o Précambriano<br />
mais interior, drenado pelo Rio Doce, como a seguir se discute.<br />
Fonte dos sedimentos recentes do Delta<br />
Nas Tabelas e Figura 4, po<strong>de</strong>m ser comparadas' as análises mineralógicas <strong>de</strong> sedimentos<br />
do Recente superficial do Delta, com médias <strong>de</strong> análises <strong>de</strong> amostras recolhidas em<br />
vários perfis no fundo do Rio Doce, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Colatina até a foz, num percurso <strong>de</strong>, pelo menos, 150<br />
km.<br />
As similarida<strong>de</strong>s são altamente sugestivas <strong>de</strong> ligações genéticas. As proporções<br />
minerais em Colatina, em pleno Cristalino, e no Recente superficial do Delta, apresentam as<br />
mesmas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za nas seqüências idênticas. Acresce ainda notar que as composições<br />
tomam-se mais e mais parecidas a medida que a sedimentação progri<strong>de</strong> rumo leste para a foz.<br />
Assim é que, a análise do sedimento na foz do Rio Doce é perfeitamente comparável ao da média<br />
do Recente superficial, especialmente quanto ao teor <strong>de</strong> hornblenda.<br />
Conclui-se portanto que os sedimentos do Recente do Delta do Rio Doce provêm em<br />
sua quase totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> areas-fonte situadas no Cristalino a oeste.<br />
Assumindo esta conclusão como provada, restaria explicar certas anomalias mineralógicas<br />
observadas. A listagem abaixo compara valores aproximados, médios, recalculados para<br />
os principais minerais pesados não micáceos e não opacos no Pré-cambriano e no Recente. A<br />
análise do Pré-cambriano foi extraída <strong>de</strong> outro trabalho do autor nestes Anais e inclui amostragem<br />
ao longo do Rio Doce e regiões próximas até Governador Valadares.<br />
Pré-cambriano Recente* *média <strong>de</strong> frações<br />
Apatita 6,5 pr<br />
Cianita 0,0 6,0<br />
Diopsídio 13,0 pr<br />
Epidoto 1,5 4,5<br />
Espinélio pr pr<br />
Estaurolita 0,0 4,0<br />
Granada 35,S 3,5<br />
Hipertênio 25,0 0,5<br />
Homblenda 9,5 49,0<br />
Monazita 0,0 2,0<br />
Olivina pr 0,0<br />
Rutilo 1,5 1,5<br />
Sillimanita 3,0 8,0<br />
Titanita 1,5 1,0<br />
Tremolita pr 1,0<br />
Turmalina pr 3,0<br />
Zircão 3,0 16,0<br />
- 100,0 100,0<br />
pr presente
COUTINHO 77<br />
A classificação seletiva evi<strong>de</strong>ntemente explica a concentração nos sedimentos <strong>de</strong><br />
minerais ultra-estáveis ou semi-estáveis cianita, estaurolita, monazita, rutilo, sillimanita, turmalina,<br />
zircão. Alguns <strong>de</strong>les são muito raros no Cristalino e outros nem mesmo foram encontrados<br />
em seções <strong>de</strong>lgadas.<br />
A mesma seleção também explica parcialmente a brusca queda <strong>de</strong> concentração e<br />
eventual <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> outros menos estáveis ou instáveis; apatita, diopsídio, granada,<br />
hiperstênio, olivina, titanita.<br />
Algumas interrogações ainda persistem. É difícil enten<strong>de</strong>r as quedas <strong>de</strong> concentrações<br />
em mais <strong>de</strong> 1.000% dos abundantes hiperstênios e granadas do Cristalino, ao passarem<br />
estes minerais para os sedimentos contíguos, mesmo consi<strong>de</strong>rando a granada um mineral instável,<br />
e o hiperstênio talvez mais ainda. Não se compreen<strong>de</strong> também a elevação <strong>de</strong> teor do<br />
mineral instável epidoto.<br />
Acima <strong>de</strong> tudo é difícil explicar o mecanismo que levou à espetacular concentração do<br />
mineral instável hornblenda, pesado característico dos sedimentos recentes, Uma explicação possível<br />
para o fenômeno hornblenda (e talvez epidoto) residiria na amostragem imperfeita do Cristalino.<br />
É provável que numerosas áreas <strong>de</strong> anfibolito intemperizável não tenham sido wrostras<br />
por efeito <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> afloramentos frescos. Po<strong>de</strong>ria também ocorrer que a maior massa <strong>de</strong><br />
hornblenda tenha sido carreada <strong>de</strong> áreas mais ricas <strong>de</strong> rochas anfibolíticas a montante <strong>de</strong> Governador<br />
Valadares. Segundo mostra a Figura 4, a hornblenda é mineral que ten<strong>de</strong> a se concentar à<br />
medida que o Rio Doce caminha <strong>de</strong> Colatina até á foz. Seria admissível que, a partir <strong>de</strong> um<br />
baixo teor, à altura <strong>de</strong> Governador Valadares, por diminuição <strong>de</strong> outros minerais mais instáveis,<br />
tenha a hornblenda finalmente se concentrado nas altas proporções em que se encontra no Delta.<br />
Variações nos sedimentos recentes<br />
Os resultados <strong>de</strong> análises <strong>de</strong> minerais pesados e relações minerais mostram que os<br />
sedimentos recentes do Rio Doce receberam esporadicamente, contribuições <strong>de</strong> material do<br />
Barreiras. Algumas análises mineralógicas <strong>de</strong> amostras do Recente, recolhidas em pontos<br />
próximos (até 5 km) do contato com o Barreiras, mostram claramente a mistura, através <strong>de</strong> um<br />
ou vários dos seguintes característicos; a) aparecimento, em proporção anômala, <strong>de</strong> minerais<br />
típicos da associação Barreiras: anatásio, andaluzita, monazita, rutilo, sillimanita, turmalina,<br />
zircão; b) diminuição <strong>de</strong> teor, até quase <strong>de</strong>saparecimento, <strong>de</strong> hornblenda; c) aumento da relação<br />
QL!Fd.<br />
As áreas superficiais em que o fenômeno foi observado, próximas ao contato do<br />
Barreiras-Recente, parecem mostrar que o contacto Barreiras-Recente não é realmente tectônico<br />
como se tem sugerido, e sim, erosional.<br />
O mesmo fenômeno <strong>de</strong> mistura expresso entre outras características pela diminuição<br />
do teor relativo <strong>de</strong> hornblenda é também ressaltado pelas análises <strong>de</strong> amostras a partir <strong>de</strong> 9 km<br />
<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> dos poços PRD-2 e PRD-20 (Fig. 3), escavados no Recente, próximos ao contacto<br />
com o Barreiras. Estes poços confirmam que a mistura, ocorria também em época mais<br />
remota. Nos poços escavados a mais <strong>de</strong> 2 km do contato Barreiras a lina <strong>de</strong> ÍPeqüência da<br />
hornblenda é mais constante (com pequena perfuração entre 20 e 25 m no poço PRD-IO).<br />
Igualmente o fundo do Oceano Atlântico até 50 km a E da costa, entre as Lat do<br />
extremo N e S do Delta, mostram, segundo análises <strong>de</strong> amostras RD, algumas evidências <strong>de</strong><br />
contribuição <strong>de</strong> Barreiras. O fato, atestado por um ou vários dos característicos atrás citados,<br />
também foi observado em leve proporção em areias superficiais da praia atual. Mas é muito<br />
evi<strong>de</strong>nte quando se observa a Figura 4, mostrando leve mas nítido incremento <strong>de</strong> associações do<br />
Barreiras logo após a <strong>de</strong>jecção na foz do Rio Doce. No caso em foco, é provável que a contribuição<br />
tenha se efetuado por correntes carreando material, do sul ou do norte, <strong>de</strong> locais on<strong>de</strong> o<br />
Barreiras está sendo diretamente erodido pelo mar.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
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, Tulsa, Okla., 32: 440-50.<br />
---
DETERMINAÇÃO ROENTGNOGRÁFICA DAS OLIVINAS<br />
POR d112 E PELAS DIFERENÇAS<br />
6 d E D. ~(CuKa)<br />
WILLIAM G. R. DE CAMARGO*, J. B. DE MADUREIRA FILHO*<br />
ABSTRACT<br />
The main purpose of tlús paper is to preoent a metllod for tIIe i<strong>de</strong>ntification of i80morphous members of tIIe olivine group,<br />
by tIIe use of linear diagrams. wlúch give an approximate i<strong>de</strong>a of the quantitative cnemical composition. TI1ree pl1ysicaJ properti..<br />
d112' t:,.<br />
d {(dlOlO (quartz) - d1l2 (olivine)}and t:,. 29CuKq {(20112 (olivine) 20lOil (quartz) }are related witn cnemical oomposition. The diagrams<br />
can be employed because it nas been proved a linear relationsnip between<br />
d112' t:,. d and t:,. 2&CuK~ and cnemical composition.<br />
RESUMO<br />
o trabalno preten<strong>de</strong>, por diagramas lineares i<strong>de</strong>ntificar nnsturas i80morfas <strong>de</strong> olivinas ferromagnesianas. dando idéia<br />
aproximada <strong>de</strong> sua composição, sem necessida<strong>de</strong> da análise química quantitativa. Os gráficos apresentados indicam a variação das prolI'ieda<strong>de</strong>s<br />
estruturais d112' t:,. d e t:,. 29CuK",em<br />
é feita com auxilio <strong>de</strong> um padrão interno <strong>de</strong> quartzo.<br />
função da composição quimica. A <strong>de</strong>terminação das proprieda<strong>de</strong>s t:,. d e t:,. 28cuKq<br />
A construção dos diagramas<br />
relaçAo a variação da composição quimica.<br />
se tornou possivel graças a comprovaçAo da linearida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
d112' t:,. d e t:,. 28cuKq em<br />
INTRODUÇAO<br />
o nome olivina enquadra uma série <strong>de</strong> nesosilicatos que se cristalizam no sistema<br />
rômbico. As substituições diadóquicas entre oscations ferro, magnésio, manganês e cálcio,<br />
proporcionam o aparecimento <strong>de</strong> séries isomorfas completas, que representam minerais constituintes<br />
<strong>de</strong> algumas rochas magmáticas. Assim, a <strong>de</strong>terminação da composição química <strong>de</strong> uma<br />
olivina é um indicativo do estágio da diferenciação magmática em que se formou. Além da<br />
análise química convencional, a composição das olivinas po<strong>de</strong> ser estimada através das variações<br />
nos valores <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s ópticas e estruturais, como atestam os trabalhos <strong>de</strong> Deer e Wager<br />
(1939), Kennedy (1947), Pol<strong>de</strong>rvaart (1950), Yo<strong>de</strong>r e Sahama (1957), Henriques (1958) e Jackson<br />
(1960). Esta estimativa da composição química através <strong>de</strong> dados fisicos é extremamente útil,<br />
principalmente, para casos em que a quantida<strong>de</strong> do material é insuficiente para o método químico.<br />
No presente trabalho a composição química é estimada pelos seguintes valores estruturais:<br />
d1l2,<br />
· IG /USP<br />
~ d e ~ 2e(CuKo:).
80 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
VALORES ESTRUTURAIS<br />
Os valores dU2, 6. d e 6. 2& (Cukq) , representam respectivamente, a reflexão <strong>de</strong><br />
Bragg mais intensa, a diferença entre as reflexões mais intensas do quartzo (d1011) e da olivina<br />
(dU2), a diferença entre 26112(CuKa) (olivina) e 26"1011(Cukct) (quartzo). A escolha da reflexão<br />
dU2' para o gráfico <strong>de</strong> variação, em função da composição, <strong>de</strong>ve-se em primeiro lugar, à sua intensida<strong>de</strong>,<br />
e em segundo lugar, por apresentar valores convenientes para obtenção <strong>de</strong> 6. d e<br />
6. 2& (CuKa) .<br />
O fato da reflexão dU2 ser a mais intensa, faz com que o tempo <strong>de</strong> exposição aos<br />
raios X seja minimo. No método do pó, em câmaras com diâmetro <strong>de</strong> U4,6 mm, exposições <strong>de</strong><br />
30' são suficientes para obtenção <strong>de</strong> bons filmes. Esse tempo po<strong>de</strong> ser reduzido com o uso <strong>de</strong><br />
câmaras com diâmetro menor, assim, para 57,3 mm e 28,65 mm os tempos são respectivamente<br />
<strong>de</strong> 8' e 2', o que representa gran<strong>de</strong> vantagem para a rápida obtenção <strong>de</strong> dados. Para o método<br />
difratométrico as corridas são parciais e vão <strong>de</strong> 26° a 37°. Usando velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2°/min o difratograma<br />
é obtido em 5 min, sem perda <strong>de</strong> tempo na preparação, revelação e secagem do filme<br />
fotográfico. Em ambos os métodos, na amostra em estudo, <strong>de</strong>ve ser adicionada pequena quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> quartzo (15%), que age como padrão interno. Assim, no mesmo filme ou difratograma,<br />
obtem-se valores <strong>de</strong> dU2 (olivinas) e d1011 (quartzo), que permitem o cálculo <strong>de</strong> 6. d<br />
e 6. 2Q{CuKa) conforme as expressões:<br />
6. d = dlOI1 (quartzo) -dU2 (olivinas)<br />
6. 2~CuKa) = 2{}.112CuKa:(olivinas) - 2-&1010 CuKa:(quartzo)<br />
Os valores <strong>de</strong> 6. d e ~:te (CuKQ) são usados em substituição aos valores das<br />
dimensões da cela unitária (ao, bo, eo), <strong>de</strong> obtenção laboriosa e <strong>de</strong>morada.<br />
LINEARIDADE DAS FUNÇÚES dU2. ~ d E ~ 2trCuKq<br />
O uso dos valores estruturais nos gráficos <strong>de</strong> variação, só foi viável após a comprovação<br />
<strong>de</strong> sua linearida<strong>de</strong> em relação a variação da composição química dos valores calculados<br />
e interpolados dos pontos médios nos vários gráficos. Assim, para as olivinas ferromagnesianas,<br />
on<strong>de</strong> os termos extremos são forsterita (Mg2 Si04) e faialita (Fe2Si04), foram construidos<br />
diagramas <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> ao, bo, co, dU2' !5. d e ~ 26CuK
2flt;uKa respectivamente,-em função da composição química.<br />
(Ã)<br />
(1)<br />
2,4!50<br />
1000/.<br />
Grófico 2<br />
FORSTERITA<br />
LEGENDA<br />
. Ponto médio<br />
CAMARGO, MAOUREIRA FILHO 81<br />
10,490 Grófico I<br />
IO,4~0<br />
10,~<br />
4,800<br />
4.7~0<br />
100%<br />
FORSTERITA<br />
LEGENDA<br />
. Ponto médio<br />
1000/.<br />
FAIALITA<br />
.Olivino incluso em diamante<br />
.----<br />
(o.)<br />
1000/.<br />
100%<br />
FAIALITA<br />
80livino incluso em diamante<br />
0,890<br />
(Ã)<br />
Grófico 3<br />
(6d)<br />
100% 1000/.<br />
A Tabela 3 compara os valores interpolados e calculados dos pontos médios (composição<br />
química com 50% <strong>de</strong> forsterita e 50% <strong>de</strong> faialita) <strong>de</strong> cada gráfico, mostrando a perfeita<br />
linearida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas funções.<br />
APUCAÇÃO<br />
A verificação inicial das curvas <strong>de</strong> variação d1l2' ~ d e ~ 26cuKa: foi obtida<br />
com uma olivina inclusa em diamante, cujos parâmetros unitários são:
82 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
110 =<br />
bo =<br />
Co =<br />
4,785 A<br />
10,222 A<br />
6,025 A<br />
A projeção <strong>de</strong>stes valores no Gráfico 1 forneceu três valores <strong>de</strong> composição química<br />
distinta cuja média foi <strong>de</strong> 69% <strong>de</strong> forsterita. Os <strong>de</strong>mais gráficos <strong>de</strong> d1l2' l:1 d e l:1 26cuKQ<br />
foram concordantes em 64% <strong>de</strong> forsterita, indicando valida<strong>de</strong> dos diagramas elaborados.<br />
TABELA 3<br />
Valores interpoIados e calculados para os pontos médios<br />
valor interpolado valor calculado<br />
80 4,7865A 4,7865A<br />
gráfico 1 bo lO,3360A lO,3360A<br />
Co 6,0430A 6,0430A<br />
gráfico 2 d112 2,4805A 2,4805A<br />
gráfico 3 b,d Q,8625A O,8625A<br />
gráfico 4 b,2-&CuKQ 9,540 9,540<br />
(o)<br />
10,0<br />
9,20<br />
Grâflco 4<br />
100% 100%<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
CAMARGO. W. G. R. &:MADUREIRA FILHO. J. B. - 1974 - N...<br />
-<br />
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SEQUÊNCIA CRISTALOGÊNICA DE INCLUSOES<br />
SINGENÊTICAS EM DIAMANTE:<br />
OLIVINA E GRANADA<br />
CIRANO ROCHA LEITE.<br />
ABSTRACT<br />
Morphological and x.ray studies on olivine and gamet aystals inclu<strong>de</strong>d in diamond lead to the establishment of a possible<br />
aystallogenic sequence between these two minerais, at the time of the inclusion processo From the x.ray diagrams ai the olivine erystals it<br />
may be observed the statistical coinci<strong>de</strong>nce of the planes (110), (010) and (021) ai the inelusion and the (111) faces of the diamand, indicating<br />
the existence of pre-formed olivine erystsllites. On the other hand, the irregular shapes shown by th08e aystals suggest a final morphology<br />
imposed by the host diamond. In the case of the gamet inelusions it ia more frequent the oeeurrence ai irregular habits and anomalous moro<br />
phologies, whieh <strong>de</strong>note a total influence of the diamond on the inclusion externa! habito This evi<strong>de</strong>nce pointa out that both inelusions are in<br />
fsct singenetic, but probably the olivine aystals were grown, or began to grow, at an early stage in relation to the gama.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Em geral, nos estudos sobre inclusões minerais em diamente, é freqüente a preocupação<br />
dos autores apenas com a i<strong>de</strong>ntificação ou a <strong>de</strong>terminação da composição química do<br />
material incluído. No entanto os dados morfológicos e a orientação relativa da inclusão no interior<br />
do hospe<strong>de</strong>iro, po<strong>de</strong>m igualmente fornecer dados importantes para a reconstituição da história<br />
do diamante natural, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua origem, até o seu aparecimento nas partes mais superficiais<br />
da crosta. No presente trabalho estes dados são aplicados para o estabelecimento <strong>de</strong> uma<br />
possível seqüência cristalogênica entre as duas inclusões minerais mais comuns em diamante:<br />
olivina e granada.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram selecionadas inicialmente, com o auxílio da lupa estereoscópica, cerca <strong>de</strong> 300<br />
amostras <strong>de</strong> diamantes com inclusões, provenientes diretamente <strong>de</strong> garimpos localizados nas<br />
regiões do Triângulo Mineiro (MG), Rio Tibagi (Pr) e Alto Araguaia (MT).<br />
A preocupação tomada posteriormente, para a obtenção dos dados <strong>de</strong>sejados, foi<br />
elaborar um programa <strong>de</strong> trabalho que conciliasse a aplicação <strong>de</strong> métodos não-<strong>de</strong>strutivos e <strong>de</strong>strutivos,<br />
no estudo <strong>de</strong> cada uma das amostras. Assim, utilizou-se primeiramente a microscopia<br />
·FFCL/A
---<br />
84 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
óptica que pennitiu, em alguns casos, a i<strong>de</strong>ntificação grosseira do material incluído e a obtenção<br />
<strong>de</strong> dados superficiais sobre a sua morfologia. Tal método foi também usado na seleção das<br />
amostras mais interessantes a serem submetidas à difração <strong>de</strong> raios-X. Em seguida, empregouse<br />
a técnica da microrradiografia, também conhecida como microscopia <strong>de</strong> raios-X, que possibilita<br />
a localização da inclusão no interior do hospe<strong>de</strong>iro, substituindo os meios ópticos quando estes<br />
não se aplicam, como é o caso <strong>de</strong> diamantes opacos ou translúcidos. Amicrorradiografiapo<strong>de</strong><br />
fornecer ainda informações sobre a morfologia da inclusão e sua orientação com reSpeito ao<br />
diamante, mas foi porém particularmente útil para a perfeita colocação do cristal incluído <strong>de</strong>ntro<br />
do feixe <strong>de</strong> raios-X, durante o estudo roentgenográfico.<br />
A i<strong>de</strong>ntificação final do material incluído foi possível por meio da <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong><br />
suas constantes unitárias, medidas em diagramas <strong>de</strong> preces são , segundo técnica já aplicada anteriormente<br />
(Leite, 1972). Estes diagramas permitem ainda a <strong>de</strong>terminação precisa das relações<br />
<strong>de</strong> orientação existente entre a inclusão e o hospe<strong>de</strong>iro, dado este importante para o perfeito estabelecimento<br />
do caráter singenético da inclusão. Após a i<strong>de</strong>ntificação, a amostra já po<strong>de</strong> ser<br />
sacrificada, o que se consegue utilizando uma pequena prensa on<strong>de</strong>, ao microscópio, po<strong>de</strong>-se<br />
acompanhar o processo <strong>de</strong> fratura, sendo <strong>de</strong>ste modo relativamente fácil <strong>de</strong>stacar-se a inclusão<br />
do hospe<strong>de</strong>iro sem o perigo <strong>de</strong> extravio do pequeno cristal incluído. As proprieda<strong>de</strong>s morfológicas<br />
po<strong>de</strong>m então ser <strong>de</strong>terminadas e, por meio da medida das coor<strong>de</strong>nadas polares das faces,<br />
obtidas ao goniômetro <strong>de</strong> reflexão teodolítico, é possível estabelecer-se, com segurança, os índices<br />
das formas cristalográficas presentes.<br />
Inclusões <strong>de</strong> olivina<br />
RESULTADOS OBTIDOS<br />
Os cristais <strong>de</strong> olivina incluídos em diamante apresentam comumente formas geométricas<br />
<strong>de</strong>finidas, po<strong>de</strong>ndo o hábito ser equidimensional, prismático ou tabular, ocorrendo sempre<br />
um arredondamento das arestas em virtu<strong>de</strong> da presença <strong>de</strong> inúmeras facetas vicinais. Cristais<br />
com forma esterna irregular são também possíveis <strong>de</strong> se observar, mas o tamanho reduzido<br />
<strong>de</strong>stas inclusões torna impraticável um estudo morfológico mais pormenorizado. As formas cristalográficas<br />
mais comuns nas inclusões <strong>de</strong> olivina estudadas, segundo os dados goniomitricos,<br />
são: (010), (110), (021), (011),(101), (001), (111) e (121). Cita-se ainda na literatura a ocorrência<br />
das formas (032) e (041) (Harris, 1968).<br />
Os cristais <strong>de</strong> hábito equidimensional são os que apresentam as arestas melhor<br />
<strong>de</strong>finidas e, em alguns casos, po<strong>de</strong>m apresentar um hábito pseudo-cubo-octaédrico, isorientado<br />
morfologicamente, ao diamante hospe<strong>de</strong>iro, fato este já observado por Men<strong>de</strong>lssohn (1971),<br />
Harris e Henriques (1972) e Sobolev et alii (1972). Um estudo goniométrico <strong>de</strong>ssas amostras<br />
mostrou no entanto que tal hábito é <strong>de</strong>corrente da associação <strong>de</strong> formas cristalográficas próprias<br />
da olivina, não se tratando portanto do caso <strong>de</strong> morfologia anômala, não compatível com a estrutura<br />
interna do cristal.<br />
Nas amostras <strong>de</strong> olivina com hábito prismático as arestas apresentam-se mais arredondadas<br />
que nas amostras <strong>de</strong>scritas anteriormente e as faces <strong>de</strong> maior expressão morfológica<br />
são aquelas que se <strong>de</strong>senvolvem ao longo eixo do prisma que, na maioria dos casos, é constituído<br />
pela direção (101) do cristal. Foi observada apenas uma amostra apresentando um hábito<br />
tabular, <strong>de</strong>corrente do maior <strong>de</strong>senvolvimento do plano (001) da inclusão, dado este obtido<br />
apenas por meio da difração <strong>de</strong> raios-X. A presença <strong>de</strong> inúmeras e minúsculas facetas vicinais<br />
conferia a este cristal um contorno quase circular.<br />
As relações <strong>de</strong> orientação entre as inclusões <strong>de</strong> olivina e o diamante, obtidas através<br />
<strong>de</strong> diagramas <strong>de</strong> precessão, sugerem a existência <strong>de</strong> uma certa regularida<strong>de</strong> na orientação mútua<br />
dos dois cristais, o que contraria as afirmações <strong>de</strong> Harris (op. cit.). Dos dados obtidos, verificou-se<br />
que pelos menos uma face morfologicamente importante da olivina po<strong>de</strong> coincidir, <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> um limite <strong>de</strong> tolerância <strong>de</strong> ::t 60, com um dos planos (111) do hospe<strong>de</strong>iro e na realida<strong>de</strong>, constatou-se<br />
em algumas amostras, que essa orientação aproxima-se bastante <strong>de</strong> uma das pos<br />
síveis posições <strong>de</strong> epitaxia entre olivina e diamante, citadas por Giardini & Mitchell (1953),<br />
Harris (1966) e Camargo e Leite (1969).<br />
Se admitirmos a forma octaédrica como a forma <strong>de</strong> equilíbrio predominante durante o<br />
-----
LEITE 85<br />
aescimento do diamante natural (Hartman, 1953) e conseqüentemente o plano (111) do hospe<strong>de</strong>iro<br />
como o provável substrato para uma possível orientação epitáxica da inclusão, é possível<br />
<strong>de</strong>terminarem-se os planos cristalográficos da olivina que irão, com maior probabilida<strong>de</strong>, assentar-se<br />
sobre a superfície octaédrica do diamante, pela simples projeção dos polos (111) dos<br />
diamantes estudados, sobre o estereograma da olivina, <strong>de</strong> acordo com os dados obtidos experimentalmente.<br />
Tal projeção, obtida com os dados <strong>de</strong> 18 amostras (7 estudadas no presente<br />
trabalho e 11 <strong>de</strong>scritas por Harris, op. cit.), é mostrada na Figura 1. Representando-se esses<br />
mesmos dados em diagrama ortogonal, tomando-se como or<strong>de</strong>nadas e abcissas as coor<strong>de</strong>nadas<br />
polares ~ e p, respectivamente (Fig. 2a), é possível verificar-se estatisticamente a concentração<br />
anômala dos polos (111) do diamante em três regiões, cujas coor<strong>de</strong>nadas coinci<strong>de</strong>m com<br />
as posições dos polos (021), (010) e (110) da olivina (Fig. 2b). Consi<strong>de</strong>rou-se, neste tratamento,<br />
a multiplicida<strong>de</strong> dos planos da olivina, visto que a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coincidência <strong>de</strong> planos <strong>de</strong><br />
ambos os critais aumenta em função <strong>de</strong>sse fator.<br />
Inclusões <strong>de</strong> granada<br />
6<br />
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6 6 O<br />
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cp.<br />
86 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />
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10" 20. 30.<br />
O<br />
O O<br />
00<br />
Fig.2a - Mesmos dados mostrados na Figura 1, em<br />
diagrama ortogonal.<br />
O<br />
Q<br />
O<br />
O<br />
O<br />
?<br />
90<br />
8<br />
70"<br />
60"<br />
o o<br />
DENSIDA.DE DE POLOS<br />
Fig. 2b - Diagrama ortogonal mostrando a concentração<br />
<strong>de</strong> pólos do diamante.<br />
oompleto, oom apenas a parte mais próxima da superfície do diamante formada por faces irregulares<br />
e terminando num vértice triplo. Na realida<strong>de</strong> essas faces irregulares constituem-se <strong>de</strong><br />
facetas vicinais da forma rombodo<strong>de</strong>caédrica.<br />
Comparando-se estes dados com os obtidos pela difração <strong>de</strong> raios-X e estabelecendose<br />
as relações <strong>de</strong> orientação entre inclusão e hospe<strong>de</strong>iro (Fig. 3), é possível verificar-se que a<br />
orientação sugerida pela morfologia predominante no cristal incluído é inoompatível com a estrotural,<br />
aproximando-se, no entanto, da orientação do diamante (Fig. 4). Estas evidências iD-<br />
(AI<br />
I<br />
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I<br />
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- - - - PRINCIPAIS ZONAS DA OLIVINA<br />
PRINCIPAIS ZONAS DO DIAMANTE<br />
Fig.3 - Orientação relativa entre diamante e granada: (A) amostra 1 e (B) amostra 2.<br />
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I<br />
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-1._ -
LEITE<br />
dicam que a morfologia anômala nos cristais <strong>de</strong> granada po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vida à cristalização do<br />
material incluído numa cavida<strong>de</strong> cubo-octaédrica pré-existente na superfície do hospe<strong>de</strong>iro. fato<br />
este já ressaltado por Harris e Henriques (op. cit.).<br />
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PRINCIPAIS ZONAS<br />
- - PRINCIPAIS ZONAS . . o FACES OBSERVADAS<br />
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MORFOLÓB'CAS<br />
ESTRUTURAIS<br />
Fig. 4 - Orientação morfo!ógica e estrutural das inclusões <strong>de</strong> granada (A) amostra! e (B) amostra 2.<br />
CONCLUSÕES<br />
Dos dados experimentais obtidos é possível concluir-se, primeiramente. que tanto a<br />
olivina como a granada são inclusões singenéticas do diamante. pois a morfologia <strong>de</strong>stes cristais<br />
po<strong>de</strong> sofrer a influência do cristal hospe<strong>de</strong>iro.<br />
O resultado do estudo sobre as relações <strong>de</strong> orientação entre olivina e diamante indica<br />
porém que em muitos casos estes cristais <strong>de</strong>vem apresentar-se sob a forma <strong>de</strong> núcleos <strong>de</strong> cristalização<br />
ou mesmo cristais pré-formados. tendo portanto uma origem anterior ao processo <strong>de</strong><br />
inclusão, visto que as formas (110), (010) e (021), cujas faces coinci<strong>de</strong>m com os planos (111) do<br />
hospe<strong>de</strong>iro, constituem as formas <strong>de</strong> maior expressão morfológica nos cristais <strong>de</strong> olivina livremente<br />
<strong>de</strong>senvolvidos.<br />
No caso das inclusões <strong>de</strong> granada é <strong>de</strong> se supor. pelas evidências. a não existência <strong>de</strong><br />
núcleos <strong>de</strong> cristalização pré-formados. <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a morfologia anômala. totalmente imposta pelo<br />
hospe<strong>de</strong>iro só po<strong>de</strong> ser admitida como conseqüência do crescimento simultâneo dos dois cristais.<br />
Das consi<strong>de</strong>rações expostas é lícito supor-se que a olivina cristalizou-se, ou iniciou a<br />
sua cristalização, em estágio anterior ao da granada.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
O autor <strong>de</strong>seja aqui registrar os seus agra<strong>de</strong>cimentos à Dr8 H. Judith Milledge, do<br />
University College London, pela assistência durante estágio naquela Instituição; ao CNPq, por<br />
concenção <strong>de</strong> bolsa; e à FAPESP, pelo auxílio financeiro.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
CAMARGO, W. G. R. & LEITE. C. R. - 1969 . Olivine epituy in Brazilian diarmnd.. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF CRYS.<br />
TALLOGRAPHY. Stony Brook. N. Y., ~. CoL Abet. p. 36.<br />
..,..<br />
/<br />
/<br />
87
-----<br />
88 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
GlARDINI, A. A. & MITCHELL. R. S.' 1963 - Oriente
PETROLOGIA E GEOQUtMICA DE RIOLITOS<br />
ALCALINOS PRÊ-CAMBRIANOS DO<br />
OESTE DA BAHIA<br />
GIAMPAOLO SIGHINOLFI*, TEODORA M. L. CONCEIÇÃO*<br />
ABSTRACT<br />
Precambrian alkaline rhyolites from Westem Babia State have been studied for petrology and cbemistry. Original mineralogy<br />
(esaentially quartz-feldspar phenocrysts immersed in a microcrystalline magnetite-rich matriz) like buli< chemistry, was strongly modified by<br />
secondary processes (cataclastic metamorphism. hydrotermalleacbing, weatbering). These processes provoked complete sericitization and/or<br />
microlinitization of feldspar and leaching of sodium and.a1kaline earths. Tho overall cbemistry suggests a pattern consistent with <strong>de</strong>rivation from<br />
material of near quartz-feldspar cotectic composition. This may represent a path of crustal fractionation of a partial melting within the continental<br />
crust of material of K-rich granitic composition. Ancient basamental biotite-rich gneisses were consi<strong>de</strong>red tlle most probable stsrting material.<br />
Possible correlations of this volcanism with the main tectonic events concerning the South-American shield were discuased and suggestions were<br />
ma<strong>de</strong> that this episodo marks a line of discontinuity within the Brazilian plate due to tbe progresaive separation during tbe Precambrian between<br />
some minor stable units because of differential shifting towards W.<br />
RESUMO<br />
Riolitos alcalinos pré-cambrianos exten<strong>de</strong>ndo-.. em direçAo aproximada NS, na área Ibitiara-Ibiajara da Chapada Diamantina.<br />
foram caracterizados quanto à petrologia e química.<br />
A mineralogia original (essencialmente representada por fenocristais <strong>de</strong> quartzo e feldspato imersos em uma matriz microcrista1ina.<br />
rica em magmetita)da mesma forma que a química total, foi fortemente modificada por processos secundários <strong>de</strong> metamorfismo cataclástico.<br />
hidrotermalismo e intemperismo. Estes processos levaram a uma sericitizaçAo completa ou microclinizaçAo dos feldspatos e lixiviação do<br />
sódio e alcalinos terrosos em geral.<br />
O carater químico, das rochas estudadas, sugeriu um padrAo consistindo em origem <strong>de</strong> material <strong>de</strong> composiçAo próxima da mistura<br />
cotética quartzo-feldspato. Este fato po<strong>de</strong> representar um trend <strong>de</strong> fracionamento crostal <strong>de</strong> uma fusAo parcial <strong>de</strong>ntro da crosta continental <strong>de</strong><br />
material <strong>de</strong> composição granítica, rico em potássio. Gnaisse e 8 biotita foram consi<strong>de</strong>rados oomo 08 mais prováveis materiais originais.<br />
Poasíveis correlaQÕ8s do vulcanismo da área com a evolUçAo da tectânica do Escudo Sul-americano foram discutidas e sugestões<br />
foram apresentadas, no sentido <strong>de</strong> que esae episixlio tivesse marcado uma linha <strong>de</strong> discontinuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da placa brasileira <strong>de</strong>vido a separaçAo<br />
progreasiva, durante o Pré-cambriano, entre unida<strong>de</strong>s menores estáveis com <strong>de</strong>slocamento diferencial para OBste.<br />
INTRODUÇÁO<br />
Rochas vulcânicas ricas em potássio equivalentes em aci<strong>de</strong>z a riolito-riodacitos da série<br />
calco-alcalina, representam uma ocorrência relativamente rara. Tais riolitos não aparecem, por<br />
exemplo, na série vulcânica alcalino-potássica <strong>de</strong> acordo com o esquema <strong>de</strong> classificação proposto<br />
por Irvine e Baragar (1973) on<strong>de</strong> os traquitos potássicos foram consi<strong>de</strong>rados como possíveis produtos<br />
<strong>de</strong> uma extrema diferenciação <strong>de</strong> magma subsaturado <strong>de</strong> alto teor em potássio.<br />
Em geral, a gênese <strong>de</strong> todo tipo <strong>de</strong> vulcânicas sálicas alcalinas permanece como um dos<br />
problemas mais difíceis da petroquímica ígnea. Diferenciação <strong>de</strong> um magma basáltico, fusão <strong>de</strong>ntro<br />
da crosta continental e mudanças químicas relacionadas com uma fase rica em voláteis são os<br />
processos genéticos mais comumente propostos. Recentemente, associaçõe$ vulcânicas ricas em<br />
potássio têm <strong>de</strong>spertado novo interesse, consi<strong>de</strong>rando-se a relação <strong>de</strong> sua gênese com a tectônica<br />
global e nesse contexto elas marcariam interações significantes <strong>de</strong> crosta-manto.<br />
·IG/UFBa
90 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Este trabalho estuda a petrologia e química <strong>de</strong> extrusivas sálicas ricas em potássio, do<br />
oeste da Bahia.<br />
O principal interesse <strong>de</strong>sse estudo é fornecer possíveis indicações <strong>de</strong> material fonte do<br />
fundido alcalino e <strong>de</strong> alguns aspectos da tectônica do Pré-cambriano <strong>de</strong> uma parte do Escudo<br />
Brasileiro.<br />
GEOLOGIA GERAL E PETROLOGIA<br />
Rochas efusivas ácidas aparecem em uma faixa aproximadamente N -S na região da<br />
Chapada Diamantina, <strong>de</strong>limitada pelas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ibitiara (12° -12° 30'Lat. S, 42° -42° 30' Long.<br />
W). As rochas <strong>de</strong> substrato, na área, constam, essencialmente, <strong>de</strong> rochas do Pré-cambriano Inferior<br />
do Escudo Brasileiro e <strong>de</strong> metacsedimentos do Pré-cambriano Superior e, <strong>de</strong> acordo com as interpretações<br />
mais comuns, essas últimas constituem parte <strong>de</strong> um orto-geossinclinal formado em tomo<br />
<strong>de</strong> núcleos cratônicos estabilizados.<br />
Os principais tipos litológicos caracterizando a região estudada, constam <strong>de</strong> massas<br />
graníticas com características subvulcânicas, extrusivas ácidas e meta-sedimentos (metaconglomerados,<br />
arenitos, filitos e siltes), atravessadas por veios <strong>de</strong> quartzo e diques <strong>de</strong> diabásio. A<br />
faixa <strong>de</strong> extrusivas ácidas esten<strong>de</strong>-se aproximadamente 60 km NW -SW e 8-10 km <strong>de</strong> largura, sendo<br />
concordante com a tectônica regional e estrutura da área. A rarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contatos visíveis diretos e a<br />
presença <strong>de</strong> feições contraditórias, observadas entre as extrusivas e rochas vizinhas, junto com um<br />
forte tectonismo superimposto, tornam extremamente problemática qualquer tentativa <strong>de</strong> reconstrução<br />
estratigráfica. Shobbe Nhaus (1967) sugeriu que o vulcanismo ácido fosse relacionado com<br />
um ciclo orogênico atribuído ao Pré-cambriano, compreen<strong>de</strong>ndo uma série geossinclinal argiloarenosa<br />
preexistente.<br />
Os episódios posteriores levariam ao estabelecimento das condições da bacia <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição<br />
nas margens do continente. O metamorfismo posterior <strong>de</strong> fácies xisto-ver<strong>de</strong> envolveu todas as<br />
formações, provocando intenso cizalhamento visível, particularmente, nas efusivas. Uma única<br />
<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> nas vulcânicas, através método K/ Ar (Tavora et alii 1967) dá um mínimo <strong>de</strong><br />
390 milhões <strong>de</strong> anos, datando, provavelmente, alguns processos secundários a que foram submetidas<br />
todas as rochas. De fato, estudos mais recentes confirmam a ida<strong>de</strong> pré-cambriana para o<br />
episódio vulcânico.<br />
Observações macroscópicas, permitem logo evi<strong>de</strong>nciar os vários processos pósmagmáticos<br />
(metamorfismo, alteração hidrotermal, intemperismo que têm contribuído para modificar<br />
as rochas embora seja problemático, a partir dos vários efeitos obtidos, estabelecer que tipo<br />
<strong>de</strong> processo é dominante em um dado ponto das rochas. Em todos os casos, a alteração, em geral,<br />
aumenta progressivamente do centro para a periferia da formação. Dessa forma, as rochas mais internas<br />
apresentam-se cinza escuras e com fenocristais não orientados euhédricos a sub-euhédricos<br />
enquanto as rochas mais externas são mais claras ou avermelhadas, fortemente cizalhadas e os<br />
fenocristais aparecem alongados e mostrando sinais <strong>de</strong> efeitos cataclásticos. Des<strong>de</strong> que o grau <strong>de</strong> alteração<br />
aumenta progressivamente, qualquer distinção entre amostras simples e alteradas é bastante<br />
arbitrária. Nesse trabalho, essa distinção será feita consi<strong>de</strong>rando-se tanto o aspecto mineralógico<br />
como químico.<br />
As rochas não alteradas são constituídas <strong>de</strong> fenocristais <strong>de</strong> quartzo e feldspato imersos<br />
em uma matriz microcristalina formada por intercrescimento <strong>de</strong> quartzo, feldspato e apresentando<br />
magnetita com biotita, titanita e zircâo como acessórios. Processos secundários levaram a uma<br />
quase total sericitização e ou microclinização dos feldspatos acompanhadas pela neoformação <strong>de</strong><br />
epidoto, albita e calcita é hematita. Ortoclásio micropertítico é provavelmente a forma correspon<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> baixa temperatura da sanidina original. Fenocristais <strong>de</strong> anortoclásio permenecem em algumas<br />
amostras, com uma provável modificação <strong>de</strong> seu estado estrutural, <strong>de</strong>ssa forma o anortoclásio<br />
aproxima-se <strong>de</strong> um padrão <strong>de</strong> microclina, segundo <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> raios-X. A composição<br />
<strong>de</strong> plagioclásio original varia <strong>de</strong> 4 a 27% <strong>de</strong> anortita, mostrando um certo <strong>de</strong>créscimo gradacional <strong>de</strong><br />
teor <strong>de</strong> anortita da porção norte a sul do corpo efusivo. Fortes acumulações, em algumas amostras,<br />
<strong>de</strong> minerais secundários potássicos (sericita, microclina) sugerem que um metassomatismo alcalino<br />
ocorreu pelo menos, localmente, durante o metamorfismo.<br />
Notas analíticas
SIGHINOLFI, CONCEIÇÃO 91<br />
Os elementos maiores e traços foram <strong>de</strong>terminados por espectometria <strong>de</strong> absorção<br />
atômica, através utilização do espectrofotômetro Perkin-Elmer, mo<strong>de</strong>lo 403. As <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong><br />
elementos maiores foram realizadas, utilizando-se o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição sugerido por Bemas<br />
(1968), modificado, porém, em alguns <strong>de</strong>talnes. Elementos traços foram <strong>de</strong>terminados essencialmente<br />
segundo Althaus (1966).<br />
A precisão e produtivida<strong>de</strong> dos métodos foram constantemente testadas com amostras<br />
padrões da USGS e CNRS.<br />
QUfMICA<br />
A Tabela. 1 registra os dados <strong>de</strong> elementos maiores e traços para 34 amostras <strong>de</strong> rochas<br />
vulcânicas. Os teores médios para os vários elementos e razões entre elementos foram calculados,<br />
consi<strong>de</strong>rando-se somente as 25 rochas inalteradas ou muito pouco alteradas. O caráter químico <strong>de</strong>ssas<br />
rochas leva a classificá-Ias como riolitos alcalinos ou riolitos ricos em potássio <strong>de</strong> acordo com as<br />
classificações comuns. A abundância relativa <strong>de</strong> alcalis, refletida pelos valores do índice agpaítico<br />
(em tomo <strong>de</strong> 0,85-0,95) evi<strong>de</strong>ncia um trend alcalino mas também a falta <strong>de</strong> um caráter alcalino marcante.<br />
Algumas variações na composição global (baixo teor em silica e altos teores <strong>de</strong> Ca, Mg e<br />
Ferro) indicam que algumas amostras apresentam uma composição mais máfica (dacítica ou riodacítica).<br />
Riolitos ricos em potássio, como foi visto', não são incluídos na série vulcânica potássica<br />
<strong>de</strong>finida por Irvine e Baragar (1971) que apresenta traquitos potássicos como membros finais.<br />
Dessa forma, as vulcânicas sálicas potássicas muito raramente são encontradas genéticamente<br />
correlacionadas com membros da principal série vulcânica potássica, a associação<br />
shoshonita, caracterizada principalmente por rochas subsaturadas (basaltos potássicos), com os<br />
termos mais diferenciados alcançando a composição <strong>de</strong> traquitos (ver vasta literatura, Baker et alii,<br />
1964; Cosgrove, 1972, Mackenzie e Chappel, 1972). Entretanto, é comumente suposto (Gill, 1972)<br />
que magroa <strong>de</strong> composição traquítica possa ser parente imediato <strong>de</strong> riolitos alcalinos.<br />
Ab<br />
. .<br />
Or<br />
S~RIE<br />
POT'«SSfCA<br />
70<br />
A n<br />
Fig. IA - Diagrama Normativo <strong>de</strong> Or-Ab-An. Os campos<br />
das fases minerais e <strong>de</strong> composição <strong>de</strong><br />
feldspatos nas séries das rochas foram <strong>de</strong>limitados<br />
segundo Girod & Lefevre, 1972;<br />
Irvine & Baragar, 1971.<br />
Fig.lB - Diagrama Molecular <strong>de</strong> SiOz, Alz03 e<br />
Alcalis. PHz = 100kg/cmz (segundo Shairer<br />
& Bowen, 1955, ° 1956. As composições mínimas<br />
<strong>de</strong> quartzo e feldspato A, B e C foram<br />
calculadas segundo Charmichael&<br />
1963).<br />
Mackenzie,<br />
o diagrama Or.Ab.An (Fig, 1 A) m05tra li compo5içãodo feld5plito norm"tivQ. A<br />
maioria das amostras caem no limite entre os campos <strong>de</strong> sanidina e anortoclásio, plotados segundo
92 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Girod e Lefevre (1972), como é normalmente encontrado para feldspato <strong>de</strong> rochas efusivas sálicas<br />
alcalinas. As amostras que se apresentam dispersas por causa do teor <strong>de</strong> sódio abaixo da norma,<br />
marcam os efeitos <strong>de</strong> processos secundários. Esses processos serão consi<strong>de</strong>rados em discussões poso<br />
teriores com respeito a química, material forte e processos <strong>de</strong> formação das rochas.<br />
Para a química total das rochas efusivas <strong>de</strong> Ibitiara, convém analizar suas variações<br />
químicas em termos do sistema Na20.K20.AI203.Si02' Os novos cálculos <strong>de</strong>sses quatro óxidos<br />
para 100% molecular, foram efetuados. A Figura 1 B apresenta as variações <strong>de</strong> sílica, alumína e alo<br />
calis combinados. A maioria das amostras não alteradas ou pouco alteradas são estritamente<br />
agrupadas<br />
dos sistema<br />
<strong>de</strong>ntro<br />
K20<br />
da zona cotética do quartzo <strong>de</strong>finida pelos limites <strong>de</strong> Or-silica e Ab-silica tomadas<br />
- Al203 - Si02 e Na20 - Al203 . Si02 em 1 atmosfera (Shairer e Bowen, 1955,<br />
1956) e <strong>de</strong>ntro da linha marcando a razão Na20 + K20/ Al203 como igual a unida<strong>de</strong>. Além disso, a<br />
maioria das amostras caem perto da composição mínima quartzo-feldspato (ponto A), plotado <strong>de</strong><br />
Baileye Macdonald (1970), caracterizando junto com os mínimos B e C 3 seções, com alcalinida<strong>de</strong><br />
aumentando, do sistema Ab.Or.Q.Ac.Ns.H20 sob pressão <strong>de</strong> água <strong>de</strong> 1 kilobar, estabelecido por<br />
Carmichael e Mackenzie (1963). Isto sugere que estas rochas, qualquer que seja sua origem,<br />
aproximam-se <strong>de</strong> composição mínima quartzo.feldspato. Somente poucas amostras das rochas (ao<br />
lado <strong>de</strong> amostras fortemente alteradas enriquecidas em silica) caem fora da zona cotética quartzo.<br />
feldspato. Essas amostras revelam a presença <strong>de</strong> termos <strong>de</strong> composição mais básica (riodacítica).<br />
Indicações similares po<strong>de</strong>m ser mostradas em um diagrama normativo quartzo-albita-ortoclásio.<br />
As variações na composição global das rochas efusivas po<strong>de</strong>m ser evi<strong>de</strong>nciadas, plotando-se<br />
o fator (1/3 Si + K) - (Ca + Mg), conhecido como fator <strong>de</strong> diferenciação <strong>de</strong> EI-Hinnawi et alii<br />
(1969) contra os elementos maiores principais e traços (Fig. 2).<br />
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(1/5 Si+K)-(Ca+Mt)<br />
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10 11 12 13 111 I~ 18 17<br />
(1/3 SI+K)-(Co+MI)<br />
Fig. 2 - (Variação dos teores <strong>de</strong> elementos maiores e traços em função do índice <strong>de</strong> diferenciação).
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5<br />
2<br />
. .<br />
SIGHINOLFI, CONCEI ÇÃO 93<br />
o potássio aumenta com este fator tão bem quanto o teor em sílica. O teor em alcalis<br />
aumentando com a diferenciação é normalmente encontrado para a série <strong>de</strong> rochas vulcânicas alcalinas<br />
(Jakes e Smith, 1970; Girod e Lefevre, 1972; Bauer et alii, 1973). O teor em potássio é cons.<br />
tantemente maior que o teor em sódio mas a prepon<strong>de</strong>rância <strong>de</strong> potássio sobre o sódio é mais mar.<br />
cante nos termos mais <strong>de</strong>ferenciados para maiores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fenocristais <strong>de</strong> feldspato potássico.<br />
Esta feição foi encontrada em ignimbritos (EI.Hinnawi et alü, 1969).<br />
A maioria dos trends observados para elementos maiores e para elementos traços (Fig.<br />
2) representam trends magmáticos típicos. Feições não magmáticas são normalmente <strong>de</strong>vido a dis.<br />
persão <strong>de</strong> amostras fortemente alteradas. Nesse trabalho, serão feitas algumas consi<strong>de</strong>rações a respeito<br />
dos elementos traços mais significativos e razões entre elementos.<br />
O teor médio em rubidio (150 ppm) está <strong>de</strong> acordo com os valores normais para rochas<br />
graníticas porém o valor médio da razão K/Rb (352) é apreciavelmente mais alto que a média nos<br />
granitos e que a média correspon<strong>de</strong>nte em rochas riolíticas (Ewart et alii, 1968). Isto é, em parte,<br />
<strong>de</strong>vido a valores anormalmente altos da razão K/Rb <strong>de</strong>vido a uma certa diminuição <strong>de</strong> Rb em relação<br />
ao K. O gráfico <strong>de</strong> K contra Rb (Fig. 3) evi<strong>de</strong>ncia estes fatos, indicando uma baixa coerência<br />
entre os 2 elementos em -comparação com aquela encontrada para rochas magmáticas. Por esta<br />
razão, é difícil dizer se K/Rb diminui com o aumento <strong>de</strong> K, uma observação que po<strong>de</strong> dar indicações<br />
se o líquido residual foi obtido por fracionamento prévio <strong>de</strong> plagioclásio (Ewart et alii, 1968). Para o<br />
caso <strong>de</strong> rochas mais alteradas, o processo hidrotermalpo<strong>de</strong> ter sido responsável pela separação par.<br />
cial <strong>de</strong> Rb <strong>de</strong> K <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que é bem conhecido que o material formado por hidrotermalismo apresenta<br />
uma acumulação <strong>de</strong> Rb em relação a K (a Figura 3 mostra o trend hidrotermal pegmatítico <strong>de</strong><br />
Schaw, 1968).<br />
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100 Rb (ppm)<br />
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Llnh.. 111: IItrendl! <strong>de</strong> princlp.is roch.s fgneiu.<br />
lon. PH: "trendll <strong>de</strong> pegm.tlto hldroterm.1<br />
(segundo Sh.w. 1'68)<br />
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Fig. 3 - Relação K/Rb nas rochas efusivas - Ibitiara.<br />
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500<br />
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O teor em estrôncio (50 ppm) é notavelmente menor que para outras rochas graníticas e<br />
este fato é refletido também nas razões extremamente elevadas <strong>de</strong> Rb/Sr. Duas causas po<strong>de</strong>m ter<br />
concorrido para o abaixamento do teor <strong>de</strong> Sr: primeiro, a taxa <strong>de</strong> fracionamento sob a qual o líquido<br />
residual foi originado; segundo, processos pás-magmáticos (lixiviação hidrotermal e ou intemperismo).<br />
A diminuição marcada <strong>de</strong> Sr é visível on<strong>de</strong> ocorrem também a lixiviação <strong>de</strong> outros elementos<br />
como Ca, Mg e Na. Por outro lado, a diminuição progressiva <strong>de</strong> Sr no líquido residual ocorre, sem<br />
dúvida, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que em amostras não alteradas o estrôncio diminui fortemente com o aumento do<br />
fator <strong>de</strong> diferenciação. A diminuição extrema <strong>de</strong> Sr em rochas efusivas sálicas é normalmente consi<strong>de</strong>rada<br />
como resultado <strong>de</strong> um fracionamento (Weaver et alii, 1972) e mais geralmente <strong>de</strong> condições<br />
hiperalcalinas na geração <strong>de</strong> magma (Nicholls e Carmichael, 1969).<br />
Os teores em Pb e Li são especialme~te baixos, quando comparados com a média dos<br />
teores em granitos (Taylor, 1969; Taylor e White, 1966) tal como com os valores para riolitos alcalinos<br />
sálicos (We<strong>de</strong>pohi, 1956; Ewart et alii, 1968; EI-Hinnawi et alii, 1969). Isto éWgDo<strong>de</strong> nota<br />
porque o Pb ten<strong>de</strong> a ser normalmente concentrado em rochas sálicas ricas em potássio, apresentando<br />
feldspato potássico no qual, Pb substitui, por diadocia. o K.<br />
Teores médios em Ni (12.1 ppm) e Cu (18.4 ppm) estão fracamente em excesso em re.<br />
lação aos valores normais para efusivas graníticas.<br />
PH
94 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
1)<br />
2)<br />
3)<br />
4)<br />
CROSTA TERRESTRE<br />
CROSTA SUPERIOR<br />
CROSTA<br />
MANTO<br />
CROSTA<br />
MANTO<br />
CROSTA<br />
MANro<br />
DURANTE O PRE-CAMBRIANO<br />
(grau geotérmico mais alto)<br />
comportamento rígido<br />
7- _ _ . _ __ _ __ _ _ __ _ _ _ _ ~ _ _ _ _ __ __ 7<br />
comportamento plástico<br />
DEPOIS DO PRE-CAMBRIANO<br />
( grau geotérmico mais baixo)<br />
comportamento rígido<br />
~ distensão ~<br />
-- - --- ~ distensão ~<br />
T aumentando:~<br />
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parcial<br />
I .<br />
ROCha~licaS<br />
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~"'''''''~ ""''''~ ~~<br />
~~I~_~~i~~~.~{!:~~~ _ _ _ ___<br />
Fig.4 - Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> vuloanismocem áreas era tônicas.<br />
EFEITOS DOS PROCESSOS POS.MAGMÁTICOS<br />
Rochas basálticas<br />
Segundo o exposto acima, uma gran<strong>de</strong> parte das rochas efusivas sofrem transformações<br />
mineralógicas complexas e algumas modificações abruptas da química <strong>de</strong>vido a lixiviação <strong>de</strong> alcalinos<br />
e alcalinos terrosos.<br />
Condições <strong>de</strong> metamorfismo <strong>de</strong> fácies xisto-ver<strong>de</strong> atuaram e <strong>de</strong>ixaram algumas evidências<br />
mas é extremamente dtlícil reconstruir a seqüência <strong>de</strong> alteração e atribuir os efeitos que cada<br />
processo <strong>de</strong>ixou nas rochas. O metamorfismo foi certamente responsável pela neoformação <strong>de</strong> albita,<br />
calcita e epidoto e pela microclinização e sericitização <strong>de</strong> fases ricas em feldspatos potássicos<br />
pré-existentes. Além disso, concentrações locais <strong>de</strong> minerais potássicos parecem resultar <strong>de</strong> reações<br />
metassomáticas durante o metamorfismo.<br />
O processo hidrotermal é gran<strong>de</strong>mente difundido e é sem dúvida responsável pelos veios
SIGHINOLFI, CONCEIÇÃO 95<br />
<strong>de</strong> quartzo abundantes (geralmente auriferos) que cortam as efusivas e rochas encaixantes. As<br />
ativida<strong>de</strong>s cataclásticas e hidrotermal po<strong>de</strong>m ser correlacionadas com a intrusão <strong>de</strong> massas graníticas<br />
presentes na área mas o hidrotermalismo po<strong>de</strong> ser também somente correlacionado com o<br />
metamorfismo <strong>de</strong> fácies xisto-ver<strong>de</strong>. As principais modificações químicas po<strong>de</strong>m ter sido conseqüência<br />
<strong>de</strong> uma lixiviação hidrotermal, porém um intenso intemperismo tropical po<strong>de</strong> ter produzido<br />
um material residual semelhante, rico em sÜica. Lixiviação <strong>de</strong> riolitos Pré.cambrianos foram previamente<br />
estudados por Baker e Burmester (1970) que verificaram que a diminuição <strong>de</strong> alcalinos<br />
terrosos foi acompanhada também pela da sílica como conseqüência da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> fenocristais <strong>de</strong><br />
quartzo. Este fato foi interpretado como <strong>de</strong>vido ao pH elevado <strong>de</strong> soluções lixiviantes favorecendo a<br />
solubilida<strong>de</strong> da sílica. No caso presente, a persistência <strong>de</strong> pórfiros <strong>de</strong> quartzo indica que as soluções<br />
lixiviantes, qualquer que seja sua origem, tinha pH suficientemente ácido para impedir a mobilização<br />
da sÜica confrmeseria esperado <strong>de</strong> soluções ácidas silicosas.<br />
INTERPRETAÇOES GENÉTICAS E CONCLUSOES<br />
A química das rochas efusivas sálicas <strong>de</strong> Ibitiara sugere um padrão consistindo com a<br />
<strong>de</strong>rivação <strong>de</strong> material <strong>de</strong> composição quartzo-feldspática ou próxima da zona cotética quartzofeldspática<br />
e perto da composição mínima <strong>de</strong> quartzo. Isto po<strong>de</strong> representar uma etapa <strong>de</strong> fracionamento<br />
<strong>de</strong> um magma mais máfico ou <strong>de</strong> um aumento <strong>de</strong> fusão parcial <strong>de</strong>ntro da crosta continental<br />
<strong>de</strong> material <strong>de</strong> composição granítica alcalina. As pequenas variações na composição po<strong>de</strong>m evi<strong>de</strong>nciar<br />
que a cristalização fracionada tem atuado em alguma extensão, diferenciando o líquido sálico. A<br />
produção <strong>de</strong> líquidos hiper-alcalinos <strong>de</strong> outros fundidos pela cristalização fracionada tem sido investigada<br />
(Bailey, 1964; Bailey e Schairer, 1964; Bailey e MacDonald, 1969). Líquidos diferenciados<br />
que se fracionam em direção a composição mínima aluminosa po<strong>de</strong>m produzir riolitos alcalinos<br />
supersaturados. Supõe-se também que magmas <strong>de</strong> composição traquítica possam ser parentes<br />
imediato <strong>de</strong> riolitos alcalinos (Gill, 1972) mas relações <strong>de</strong> comportamento direto entre estas rochas e<br />
outros membros da série ígnea rica em potássio não são normalmente observadas. Para explicar a<br />
origem <strong>de</strong> líquidos subsaturados ricos em K, foram feitas sugestões <strong>de</strong> que estes líquidos fossem<br />
gerados em profundida<strong>de</strong> (ver Bell e Powell, 1969; Wright, 1971)sendo correlacionados com eventos<br />
maiores <strong>de</strong> tectônica continental, em geral seguindo mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> colisão <strong>de</strong> placas crustais (Jakes e<br />
Smith, 1970; Cosgrove, 1972; Mackenzie e Chappel, 1972; Barberi et alü, 1974). Rochas efusivas<br />
potássicas caracterizam regiões orogênicas tardiamente estabilizadas (Joplin, 1968) tão bem como<br />
áreas <strong>de</strong> tectonismo ativo <strong>de</strong> arcos <strong>de</strong> ilhas (Smith, 1972) on<strong>de</strong> escudos <strong>de</strong> crosta siálica afundando<br />
no manto sofreram fusão parcial envolvendo uma fase micácea (provavelmente flogopita) respon.<br />
sável pelo alto teor em K do fundido. Nesse trabalho, as evidências (colocação geológica, ausência<br />
completa <strong>de</strong> rochas vulcânicas mais básicas <strong>de</strong> possível correlação) salientam a dominância <strong>de</strong> fusão<br />
parcial <strong>de</strong>ntro da crosta para produção do magma sálico alcalino. Muitas hipóteses po<strong>de</strong>m ser<br />
propostas visando estabelecer a possível composição do material original submetido a fusão parcial.<br />
A tabela 2 registra uma lista <strong>de</strong> materiais crustais, a partir da literatura, consi<strong>de</strong>rados originais<br />
para a produção <strong>de</strong> fundidos subsaturados ou saturados, ricos em K. Em nossa opinião qualquer<br />
i<strong>de</strong>ntificação com base em afinida<strong>de</strong>s quimicas ou consi<strong>de</strong>rações geológicas do provável material<br />
original que gera, através fusão parcial, um dado líquido, é extremamente problemático, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
as gran<strong>de</strong>s convergências ou divergências na composição po<strong>de</strong>m ser causadas por um gran<strong>de</strong> número<br />
<strong>de</strong> processos (movimentos tectônicos, transferência <strong>de</strong> volume, etc). Entretanto, algumas<br />
observações (altos valores da razão K/Rb, <strong>de</strong> Ferro e dos teores <strong>de</strong> Cu e Ni) parecem indicar (são<br />
somente hipóteses) que um antigo embasamento <strong>de</strong> gnaisse a biotita, com pouco Rb em relação a K<br />
durante ciclos metamórficos repetidos, fosse o mais provável material original das efusivas estudadas.<br />
Ê <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse mundial tentar correlacionar episódios vulcânicos com a história<br />
da tectônica regional do embasamento brasileiro. Neste ponto, mesmo se a tectônica brasileira é<br />
ainda pouco conhecida, uma subdivisão do embasamento cristalino na área da Bahia em duas ou<br />
mais unida<strong>de</strong>s estáveis bem limitadas, foi reconhecida há muito tempo.<br />
Cordani (1973) recentemente distingüiu uma unida<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>ndo a região centrooeste<br />
da Bahia (Craton São Francisco) <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> mais a este (Craton Salvador). Os limites en.<br />
tre as duas unida<strong>de</strong>s não são ainda bem <strong>de</strong>finidos mas existem indicações <strong>de</strong> que a área ocupada<br />
pelas efusivas riolíticas seja <strong>de</strong> transição entre as duas massas estáveis. Dessa forma, a fusão par.
96 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
TABELA 1<br />
Resultados Analíticos: Amostras não Alteradas ou pouco Alteradas<br />
(Elementos Traços em ppm)<br />
GIB4 GIB 7 GIB 8 GIB 9 GIB 11 GIB 12 GIB 13 GIB 14 GIB 17<br />
Si02 64.70 71.82 68.55 71.70 71.99 71.38 71.10 65.69 71.71<br />
Ti02 0.33 0.50 0.52 0.42 0.24 0.38 0.32 0.33 0.53<br />
Al203 12.56 12.21 12.55 12.81 12.37 12.54 12.56 13.51 12.69<br />
Fe203 3.48 2.70 6.28 1.63 3.15 2.44 2.32 6.08 1.90<br />
FeO 2.82 1.41 1.32 0.95 0.97 1.08 1.43 0.57 2.32<br />
MnO 0.135 0.063 0.117 0.112 0.058 0.035 0.082 0.066 0.051<br />
MgO 0.47 0.41 0.49 0.33 0.044 0.031 0.062 0.32 0.269<br />
Cao 4.06 1.74 1.15 3.10 1.91 1.34 2.42 2.20 1.40<br />
Na20 3.37 3.19 4.45 2.04 3.05 2.68 2.92 4.29 2.12<br />
K20 4.12 5.27 3.76 5.70 5.35 7.14 4.90 3.95 6.18<br />
H2O+ 2.77 1.22 0.84 2.07 1.66 1.00 1.97 1.97 1.35<br />
Total 98.81 100.53 100.03 100.86 100.79 100.04 100.08 98.98 100.52<br />
Total Fe 6.61 4.26 7.74 2.68 4.23 3.64 3.91 6.71 4.47<br />
(Fe203)<br />
Na20+K2O<br />
--..--.......... 0.796 0.896 0.907 0.743 0.873 0.967 0.805 0.838 0.802<br />
A1203<br />
Li 7 19.2 21 12.6 8.1 2.8 4 4.6 22.5<br />
Ni 9.0 11.4 18.6 9.4 16 10.7 8.6 13.4 13<br />
eu 26 77 11.8 7.2 9.0 9.6 18.2 83 8<br />
Zn 108 204 87 56 50 35 64 83 76<br />
Rb 38 230 94 166 264 150 61 112 305<br />
Sr 35 30 46 51 30 28 52 58 22<br />
Pb 6.2 140 6 0.4 1.7 3.5 10.7 13 2.3<br />
K/Rb 900 190 332 285 168 395 667 293 168<br />
Rb/Sr 1.086 7.667 2.043 3.255 8.800 5.357 1.173 1.931 13.864<br />
GIB 18 GIB 21 GIB 23 GIB 24 GIB 25 GIB 27 GIB 30 GIB31 GIB 33<br />
Si01 69.52 68.54 71.37 69.03 71.02 71.86 69.70 70.56 71.63<br />
Ti02 0.45 0.43 0.35 0.35 0.31 0.50 0.49 0.35 0.42<br />
A1203 12.46 12.09 13.71 14.35 12.49 12.74 12.81 12.37 12.95<br />
Fe203 4.82 5.39 3.35 3.08 3.72 1.33 4.13 3.66 2.34<br />
FeO 0.84 1.04 0.71 1.15 0.68 2.70 0.80 1.06 1.47<br />
MnO 0.074 0.091 0.020 0.059 0.033 0.075 0.035 0.062 0.059<br />
MgO 0.069 0.035 0.22 0.090 0.009 0.23 0.035 0.054 0.33<br />
Cao 1.65 2.76 0.30 1.77 1.60 1.65 2.60 2.33 1.09<br />
Na20 2.90 4.56 2.55 4.25 4.47 3.40 4.04 3.91 4.03<br />
K20 5.07 3.69 6.37 4.47 4.41 5.35 4.56 4.95 3.59<br />
H20+ 1.72 1.89 0.94 0.88 1.05 0.84 0.73 1.30 1.10<br />
Total 99.77 100.63 99.89 99.48 99.79 100.67 99.92 100.60 99.01<br />
Total Fe<br />
(Fe203)<br />
Na20+K2O<br />
A1203<br />
5.75 6.54 4.14 4.36 4.47 4.33 5.02 4.84 3.97<br />
0.822 0.949 0.809 0.823 0.971 0.892 0.903 0.952 0.811<br />
Li 18.8 1.2 15.8 1 0.5 11 7 14.6 8.1
SIGHINOLFI, CONCEIÇÃO 97<br />
Ni 8.4 19 10.2 18.4 11.1 9.9 11.2 13 11<br />
eu 9.1 8.2 6 9.2 36 16,6 9.8 7 8<br />
Zn 85 40 78 30 30 164 45 44 113<br />
Rb 195 34 286 160 140 220 54 195 80<br />
Sr 62 156 37 42 40 48 56 93 107<br />
Pb 8 13 10.7 2.4 8 35 13 2.4 15.5<br />
K/Rb 216 900 185 232 261 202 700 211 372<br />
Rb/Sr 3.145 0.218 7.730 3.809 3.500 4.583 0.964 2.097 0.748<br />
GIB 34 GIB 35 GIB 38 GIB 39 GIB 44 GIB 47 GIB 49 média <strong>de</strong> 25 amostras<br />
SiOz 67.62 66.37 71.98 72.49 70.64 67.06 72.35 70.01<br />
TiOz 0.80 0.76 0.37 0.26 0.38 0.72 0.40 0.44<br />
Alz 03 13.99 12.50 12.53 12.41 12.19 14.85 12.55 12.83<br />
FeZ03 2.80 6.00 2.03 2.01 3.12 2.77 3.45 3.36<br />
FeO 2.36 2.92 0.84 1.19 0.56 2.53 0.24 1.36<br />
MnO 0.067 0.061 0.054 0.045 0.060 0.094 0.066 0.067<br />
MgO 0.63 0.30 0.085 0.047 0.32 0.98 0.098 0.24<br />
Cao 1.35 2.17 1.16 0.85 1.72 1.30 1.15 1.80<br />
'NazO 5.18 2.77 4.32 4.64 2.13 4.73 3.67 3.60<br />
KzO 4.20 6.03 4.59 4.02 6.32 3.62 4.72 4.89<br />
HzO+ 1.38 0.62 1.08 1.09 1.53 1.74 1.26 1.33<br />
Total 100.38 100.50 99.03 99.05 98.97 100.39 99.95<br />
Total Fe<br />
(FeZ03)<br />
NazO+KzO<br />
Alz 03<br />
5.42 9.24 2.96 3.33 3.74 5.58 3.72 4.87<br />
0.932 0.886 0.963 0.964 0.839 0.787 0.888 0.873<br />
Li 9.6 3.7 2.8 13 9.7 23.2 21.2 10.5<br />
Ni 13.4 11.8 13 13 10.2 9.6 11 12.1<br />
eu 29.5 9.2 7 7.2 5 16.8 26 18.4<br />
Zn 80 81 25 64 49 101 126 77<br />
Rb 99 125 190 180 198 80 148 150<br />
Sr 88 60 81 30 76 76 39 56<br />
Pb L7 1.7 4.5 4.5 10.7 2.4 15.5 13.3<br />
K/Rb 352 401 200 278 265 373 265 352<br />
Rb/Sr 1.125 2.083 2.346 4.000 4.304 1.053 3.795 3.627<br />
GIB 5 GIB 6 GIB 10 GIB 19 GIB 20 GIB 22 GIB 37 GIB 40 GIB 41 GIB 42<br />
SiOz 61.77 84.77 83.08 88.08 79.65 79.21 72.38 73.60 73.55 73.14<br />
Ti02 0.75 0.23 0.23 0.31 0.21 0.24 0.38 0.37 0.13 0.50<br />
Alz 03 16.66 7.51 9.34 5.62 11.75 11.17 12.22 12.87 14.93 13.13<br />
Fez 03 7.65 1.88 2.56 2.25 1.20 2.93 4.12 2.85 3.17 3.76<br />
FeO 0.91 0.58 0.60 1.12 0.89 0.59 0.73 0.57 0.53 0.35<br />
MnO 0.039 0.004 0.073 0.002 0.030 0.015 0.038 0.002 0.082 0.033<br />
MgO 0.206 0.150 0.143 0.26 0.50 0.20 0.062 0.047 0.028 0.55<br />
Cao traces traces traces 0.10 tract:s traces 0.50 traces 0.05 traces<br />
NazO 0.11 0.028 0.05 0.027 0.53 0.10 1.69 1.01 0.22 0.18<br />
K20 7.95 2.91 3.71 1.88 3.80 3.63 5.98 6.49 4.68 7.29<br />
HzO+ 3.11 1.44 1.13 1.16 1.78 1.52 1.73 1.89 2.20 2.00<br />
Total 99.16 99.50 100.91 100.81 100.34 99.60 99.83 99.70 99.57 100.93
98 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Total Fe<br />
(Fe203)<br />
8.66 2.52 3.23 3.49 2.19 3.58 4.93 3.48 3.76 4.15<br />
Na2 O+K2 ° 0.757 0.673 0.362 0.623<br />
----- 0.526 0.423 0.437 0.368 0.423 0.376<br />
Al203<br />
Li 29,5 28 16,2 12 12.2 1.2 7 7.3 0.6 10.2<br />
Ni 18.2 5.2 3 3.4 7.1 5 12 7.6 13.4 5.6<br />
eu 9.4 7 53 9 28 6 7 6 7 5<br />
Zn 100 75 49 46 30 49 66 58 20 81<br />
Rb 500 193 153 110 162 186 230 253 233 250<br />
Sr 5 5 3 6 17 10 7 17 12 9<br />
Pb 9.4 1.1 13 0.4 0.8 1.1 9.4 12 2.5 10.3<br />
K/Rb 132 125 201 142 194 162 216 213 166 242<br />
Rb/Sr 100.000 38.600 51.000 18.333 9.525 18.600 32.857 14.882 19.417 27.777<br />
Tipo <strong>de</strong> produto <strong>de</strong> cristalização<br />
lavas máficas alcalinas em geral<br />
província ígnea alcalina <strong>de</strong> este <strong>de</strong><br />
Uganda<br />
TABELA 2<br />
Algum&'l Interpretações Sobre Gênese <strong>de</strong> Magmas Potássicos<br />
Material originário e processo genético<br />
anatexia <strong>de</strong> rochas plutônicas ricas em<br />
biotita e homblenda<br />
Waters, 1955<br />
fusão <strong>de</strong> rochas feníticas do embasamento King, 1965<br />
riolitos potássicos metassomatismo potássico <strong>de</strong> rochas Radulescue, 1966<br />
riolÍticas ca1co-alcalinas<br />
rochas efusivas riolíticas, ilhas <strong>de</strong><br />
Centro-Norte - Nova Zelândia<br />
ignimbitos alcalinos <strong>de</strong> composição<br />
riolítica-rioc1adítica - Chile<br />
rochas calco-alcalinas, muito<br />
potássicas <strong>de</strong> este <strong>de</strong> Papua<br />
felsitos potássicos <strong>de</strong> Invemess<br />
Shire, Inglaterra<br />
traquito potássico, pré~ambriano,<br />
Malvernian, Inglaterra<br />
província shoshonítica do<br />
Permiano, Inglaterra<br />
Autor<br />
fusão parcial <strong>de</strong> seqüências <strong>de</strong> grauvacas Ewart et alii., 1968<br />
e argilitos associados às efusivas<br />
anatexia <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s massas <strong>de</strong> material El-Hinnai et alü., 1970<br />
graní tico crostal<br />
fusão fracionada <strong>de</strong> ec1ogitos a Jakes and Smith, 1970<br />
anfibólio e mica<br />
fusão parcial <strong>de</strong> arcósios Ridley, 1971<br />
fusão parcial <strong>de</strong> rochas do embasamento Thorpe, 1971<br />
ricas em biotita<br />
fusão parcial <strong>de</strong> escudos afundando <strong>de</strong> Cosgrove, 1972<br />
crosta oceânica a flogopita<br />
associações shoshonÍticas fusão parcial <strong>de</strong> crosta siállca em Mackensie & Chappel, 1972<br />
eclogito afundando no manto<br />
cial <strong>de</strong>ntro da crosta po<strong>de</strong> ter sido convertida em magmatismo durante ajustamentos internos ao<br />
longo <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> fraqueza <strong>de</strong>ntro da placa na litosfera brasileira em resposta a mudanças sincrônicas<br />
afetando as dimensões externas da placa. Uma hipótese semelhante foi proposta por Grant<br />
et alii, (1972) para explicar o vulcanismo alcalino recente na placa africana.<br />
Muitas especulações foram feitas acerca das causas e mudanças nas dimensões externas<br />
<strong>de</strong> placa. A concordância com a principal estrutura da área, o eixo maior do vulcanismo e os prováveis<br />
alinhamentos correlacionados <strong>de</strong> granito subvulcânico, sublinha o fato <strong>de</strong> que a linha interior<br />
<strong>de</strong> fraqueza <strong>de</strong>ve ter se estendido segundo a direção N-S.<br />
Assim, a hipótese mais provável para explicar mudanças na dimensão global da placa<br />
consistiria na separação <strong>de</strong>sta pelo movimento diferencial <strong>de</strong> uma parte provavelmente na direção
SIGHINOLFI, CONCEIÇÃO 99<br />
E-W. O vulcanismo ácido seria relacionado com a fase <strong>de</strong> separação antiga da placa tão bem como<br />
com a fase sucessiva caracterizada no final pela aproximação.ou colisão entre as duas massas <strong>de</strong>vido<br />
a uma inversão na razão <strong>de</strong> movimento. Episódios <strong>de</strong> aceleração diferencial ou <strong>de</strong>saceleração envolvendo<br />
porções <strong>de</strong> uma simples placa são aceitos, em geral. Nota-se que, <strong>de</strong> acordo com os pontos <strong>de</strong><br />
vista correntes, a separação da placa sul-americana da placa africana <strong>de</strong>ve ter ocorrido por movimento<br />
diferencial da primeira em direção a W. As analogias observadas entre este movimento <strong>de</strong><br />
massa continental principal e episódios menores propostos po<strong>de</strong>m ser somente ocasionais mas isto<br />
po<strong>de</strong> também implicar que um trend geral para separação continental já existia muito antes do que<br />
comumente é sustentado. Qualquer <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> favorecendo reconstruções estratigráficas<br />
po<strong>de</strong> ser extremamente importante para testar esta hipótese.<br />
Finalmente, <strong>de</strong>ve ser lembrado que possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que a litosfera tenha se comportado<br />
como placas rígicas durante o Pré-cambriano Superior têm sido recentemente mostradas por<br />
Chase e Gilmer (1973).<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Esta pesquisa contou com a ajuda financeira do CNPq, FINEP e SUDENE, através o<br />
Projeto <strong>de</strong> Geoquimica do Departamento <strong>de</strong> Geoquiplica do Instituto <strong>de</strong> Geociências da UFBa. Os<br />
autores agra<strong>de</strong>cem aos professores I.McReath e B .Fryer pelas sugestões e críticas na revisão do<br />
texto.<br />
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35:159-67.
--<br />
100 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
GRANT, N. K.; REX, F. C. FREETH ,s. J. - 1972 - PotaBsium-argcn ages and .troDtium isotope ratio m uremento flOm volcanic lOcl.. in<br />
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N_ Y.I
COMPLEXO DE PIRACAIA -ESTUDOS PRELIMINARES<br />
JOSÉ C. CAVALCANTE*, LIBORIO Q. KAEFER*<br />
ABSTRACT<br />
The main pUlpOse of tlUs work is to show the UioteDCe of ao acid to intennedlate roc:k massif, ~tednear Piracaia, in the northeastern<br />
part of 810 Paulo 8tete_ The pre1iminary studies allowed us to <strong>de</strong>limit an area ol appmximately 28 km of predominantly plutonic and<br />
hypoabysaai rocks, represented by diorites and monzonites of varying coloro anil textures. Hybrid mass... of cataclastic diorites, gneissic grsnodiorites<br />
and charnockites were found on the marginal zones, a..ociated to microdiorit.es (kenaotit.esl. Consi<strong>de</strong>ring the contect relationships and<br />
the petro-strutural behavior, this assemblage should be10ng to the pre.cambrian rocks, affected by metamorphic and metassomatic evento during<br />
the Brasilianocicle (700 to 460 m.y .1.<br />
RESUMO<br />
o escopo fundamentei <strong>de</strong>ste trabalho é levar ao conhecimento a existência <strong>de</strong> um maciço rochoso <strong>de</strong> composiçAo ácida a inter.<br />
mediária, situado às cercanias da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pycaia, nor<strong>de</strong>ste do Eotedo <strong>de</strong> 810 Paulo. Os estudos preliminares levados a termo, permitiram<br />
<strong>de</strong>limitar uma áres <strong>de</strong> aproximadamente 28 km <strong>de</strong> predominAncia <strong>de</strong> rochas plutônicas e hipoabissais, expondo termos <strong>de</strong> granulaçõe8 e colorações<br />
variadas, ditedos por dioritos e monzonitos. Nas zonas<br />
dioritos cataclásticos, granodioritos gnáissicoo e chernockitos,<br />
marginais<br />
aseociados<br />
foram encontradas<br />
"",""as<br />
a microdioritoa (kenantitosl.<br />
bibridas, constatando. se a participaçlo<br />
Consi<strong>de</strong>rando as relações <strong>de</strong> contato<br />
<strong>de</strong><br />
e o<br />
comportamento petro-estrutural, tal maciço foi colocado como pertencente à sulte <strong>de</strong> rochas pré-cambrianas, tendo sido alvo <strong>de</strong> efeitos metamórfico.meta..omáticos<br />
durante o ciclo Brasi1iano (700 a 460 m.a.l.<br />
INTRODUÇÁO<br />
Durante o <strong>de</strong>senvolvimento do mapeamento da Folha <strong>de</strong> Santos-parcial (SF. 23-Y-D),<br />
como parte integrante do Projeto Su<strong>de</strong>ste do Estado <strong>de</strong> São Paulo (Convênio DNPM -CPRM), um<br />
dos autores, ao seguir para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo, já estava imbuído da idéia <strong>de</strong> encontrar na<br />
região <strong>de</strong> Piracaia algum tipo litológico não corriqueiramente encontrado noutros setores. Tal fato<br />
advinha das conclusões extraídas da fotointerpretação preliminar e do <strong>de</strong>lineamento <strong>de</strong> um corpo<br />
básico juro-triássico, assinalado no Mapa Geológico do Estado <strong>de</strong> São Paulo (1:1.000.000), edição<br />
1947, confeccionado pelo Instituto Geográfico e Geológico. O mesmo corpo encontra-se diluído entre<br />
as rochas do pré-cambriano inferior (Complexo Brasileiro) - gnaisses e xistos, na edição 1963 da<br />
mesma obra.<br />
Com a finalização da primeira etapa <strong>de</strong> campo e das primeiras análises petrográficas, foi<br />
possível <strong>de</strong>limitar uma área <strong>de</strong> predominância <strong>de</strong> monzonitos e dioritos, às proximida<strong>de</strong>s da Cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Piracaia, sugerindo estes dados uma predominância das rochas intermediárias (dioritos). Em<br />
<strong>de</strong>corrência, o maciço foi <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Complexo Intermediário <strong>de</strong> Piracaia, no relatório geológico<br />
da Folha <strong>de</strong> Santos (Cavalcante e Kaefer, 1974).<br />
·CPRM
102 ANAIS 00 XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
o Complexo <strong>de</strong> Piracaia encontra-se localizado no Município <strong>de</strong> mesmo nome, enquadrando-se<br />
no polígono <strong>de</strong>finido pelos paralelos 23°00' e 23°07' S e meridianos 46°18' e 46°24'30" W.<br />
O acesso principal é a estrada asfaltada que liga a rodovia D. Pedro I (SP-65) à localida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Piracaia, po<strong>de</strong>ndo ser atingido ainda pelas estradas <strong>de</strong> terra Nazaré Paulista-Batatuba e<br />
Igaratá-Piracaia.<br />
Externamos nossos agra<strong>de</strong>cimentos ao Dr. Evaldo O. Ferreira, pelas sugestões apresentadas,<br />
e à geóloga Lucia da Vinha, pelas análises petrográficas efetuadas.<br />
ASPECTOS GEOMORFOLOGICOS<br />
A área em questão faz parte do compartimento morfol6gico conhecido como Serra da<br />
Mantiqueira, encontrando-se as principais feições esculpidas em granitos e granit6i<strong>de</strong>s, os quais<br />
manrem os pontos <strong>de</strong> máximo valor altimétrico.<br />
Gran<strong>de</strong> parcela do corpo encontra-se exposta numa feição <strong>de</strong>primida, sitiada por uma<br />
morraria direcionada para o quadrante nor<strong>de</strong>ste, que chega a atingir 1.020 m ao norte <strong>de</strong> Souza. O<br />
corpo é seccionado <strong>de</strong> Este para Oeste pelo Rio Piracaia, que apresenta, nesse trecho, uma pequena<br />
representação da planície aluvionar, em equiparação ao seu segmento a juzante da Vila <strong>de</strong> Batatuba.<br />
No cômputo geral, a área <strong>de</strong> exposição apresenta um aspecto elipsoidal, com eixo maior direcionado<br />
para NNE. Alinhamentos <strong>de</strong> cristas aproximadamente circulares são observados no<br />
mo<strong>de</strong>lado interno do maciço, fato que levou a pensar-se na existência <strong>de</strong> prováveis massas alcalinas,<br />
quando da fotointerpretaçio preliminar.<br />
Observações <strong>de</strong> campo sugerem que a área <strong>de</strong>veria pertencer a um trecho <strong>de</strong> uma região<br />
que foi palco <strong>de</strong> uma sedimentação plio-pleistocênica, posteriormente soerguida por uma tectônica<br />
quaternária, fato que ocasionou um acelaramento na energia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> todos os tipos litol6gicos,<br />
indistintamente.<br />
Os solos encontram-se bem <strong>de</strong>senvolvidos sobre os termos monzoníticos e dioriticos,<br />
apresentando, geralmente, textura argilosa e coloração avermelhada, contrapondo-se à maioria dos<br />
solos originados <strong>de</strong> granodioritos e gnaisses porliroblásticos, que são rasos, arenosos e <strong>de</strong> coloração<br />
clara.<br />
ASPECTOS DA GEOLOGIA REGIONAL<br />
O Complexo <strong>de</strong> Piracaia encontra-se encravado num domínio <strong>de</strong> rochas pré-cambrianas,<br />
que <strong>de</strong>nominamos, para efeito do Projeto Su<strong>de</strong>ste do Estado <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong> Complexo Gnáissico-<br />
Migmatítico, sendo representado por gnaisses, micaxistos, migmatitos e granitos, como roçhas do<br />
embasamento antigo, rejuvenescidas no ciclo Brasiliano, e mesmo rochas <strong>de</strong>ste ciclo, em íntima<br />
relação com aquelas.<br />
O maciço encontra-se posicionado, estruturalmente, no bloco Jundiaí.Mantiqueira<br />
(<strong>de</strong>nominação adotada pelos autores, quando do mapeamento da Folha <strong>de</strong> Santos) , já que não ficou<br />
bem <strong>de</strong>finida a partição dos blocos Jundiaí e Mantiqueira, como apresentada por Wernick (1972),<br />
através da falha <strong>de</strong> Socorro.<br />
As rochas gnáissicas encontram-se representadas por tipos ban<strong>de</strong>ados, <strong>de</strong> estrutura<br />
irregular (migmatitos heterogêneos), homogêneos (ortognaisses e embrechitos) e porfiroblásticos<br />
(embrechitos facoidais e <strong>de</strong>nt-<strong>de</strong>-cheval). Em certos afloramentos (talu<strong>de</strong>s das rodovias Raposo<br />
Tavares e Dom Pedro I), po<strong>de</strong>mos observar ocorrências restritas, lentiformes, <strong>de</strong> rochas básicas<br />
gnaissificadas, geralmente participando intimamente do volume rochoso. Às vezes é impossível<br />
precisar-se o formato longitudinal do nível básico.<br />
Os corpos graníticos po<strong>de</strong>m formar gran<strong>de</strong>s massas, como acontece com o <strong>de</strong> Atibaia.<br />
Seu intervalo <strong>de</strong> distribuição no tempo vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Pré-cambriano até o Paieoz6ico Inferior. constituindo,<br />
geralmente, tipos petrográficos porfirói<strong>de</strong>s, chegando mesmo a termos pegmat6i<strong>de</strong>s.<br />
No sítio das rochas migmatíticas (entre N azaré Paulista e Batatuba) observam-se diversas<br />
ocorrências localizadas <strong>de</strong> granodioritos porfir6i<strong>de</strong>s., enquanto os termos granit6i<strong>de</strong>s (ao norte<br />
do maciço) são <strong>de</strong> baixo índice colorimétrico, apre~ntando quartzo e feldspato estirados, como<br />
principais componentes.<br />
O nível metam6rfico atingido pela suíte litol6gica da região é representado por paragêneses<br />
compatíveis com a facies anfibolito.
CA VALCANTE, KAEFER 103<br />
Como unida<strong>de</strong>s sedimentares encontram-se diversas coberturas colúvio-aluviais e<br />
aluviões em geral, ao longo dos principais cursos d'água. Fato interessante diz respeito a uma<br />
pequena cobertura sedimentar <strong>de</strong> camadas argilosas, a noroeste <strong>de</strong> Piracaia, associada a outros<br />
afloramentos <strong>de</strong> material argiloso inconsolidado, que foi colocada, duvidosamente, como <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />
plio-pleistocênica, provavelmente relacionada à <strong>de</strong>posição da Formação São Paulo.<br />
MaCI'o e mesoscopia<br />
PETROGRAFIA<br />
Na porção terminal sudoeste do corpo (vizinhanças <strong>de</strong> Batatuba) <strong>de</strong>par!UIlos com uma<br />
rocha gnáissica ban<strong>de</strong>ada, tendo na biotita um dos principais componentes dos leitos escuros. A<br />
granada encontra-se bem difundida, principalmente nos níveis quartzo-feldspáticos, sendo observados<br />
boudins centimétricos. O feldspato, <strong>de</strong> cor rósea, é mineral freqüente na parte neossomática,<br />
enquanto que o epidoto salienta-se nos pontos on<strong>de</strong> os grãos mostram-se bastante quebrados.<br />
Após a Vila <strong>de</strong> Batatuba, em direção a Piracaia, os termos com estruturação planar<br />
pronunciada ainda persistem, mostrando níveis <strong>de</strong> rochas básicas alteradas. Trezentos metros<br />
adiante encontramos uma rocha rica em gran<strong>de</strong>s cristais <strong>de</strong> feldspato (granodiorito), que passa para<br />
massas híbridas, lembrando, até certo ponto, os gnaisses charnockíticos <strong>de</strong> outras regiões brasileiras,<br />
Em seguida verificamos brechas magmáticas e rochas típicas do Complexo <strong>de</strong> Piracaia. As<br />
massas quartzo-feldspáticas, freqüentes nesta zona <strong>de</strong> transição, encerram gran<strong>de</strong>s cristais <strong>de</strong><br />
biotita, cuja distribuição (ao acaso) confere uma feição gráfica. Por outro lado, observamos ainda<br />
elementos que <strong>de</strong>nunciam a mobilização <strong>de</strong> partes rígidas num material plástico.<br />
Ainda na zona <strong>de</strong> transição sudoeste, verificamos vários tipos litológicos, tanto em<br />
granulação e coloração, quanto em composição, numa área muito restrita, sendo facilmente reconhecível<br />
o caráter cataclástico das rochas mais claras. A maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes termos foi observada<br />
nestas zonas periféricas.<br />
Os aspectos mencionados são extensivos para outros afloramentos visitados, principalmente<br />
na passagem para os granodioritos, que são representativos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> percentual rochoso<br />
envoltório.<br />
Já no interior do maciço concluímos que não existe uma regularida<strong>de</strong> em granulação e<br />
associação mineralógica, encontrando-se tipos <strong>de</strong> grão fino à grosseiro. A coloração oscila em diversos<br />
tons <strong>de</strong> cinza, chegando-se a ter espécimes bastante escuros. Os veios e as vênulas quartzofeldspáticos<br />
são freqüentes. A estrutura gnáissica é marcante em vários afloramentos <strong>de</strong> dioritos e<br />
monzonitos, bem como a presença <strong>de</strong> biotita em cristais bem <strong>de</strong>senvolvidos, geralmente formando<br />
aglomerados.<br />
Microscopia<br />
Granodioritos gnássicos (rochas encaixantes) Os constituintes essenciais <strong>de</strong>stes termos petrográficos<br />
são plagioclásio, microclínio e quartzo, em proporções variáveis, principalmente no que se<br />
refere ao quartzo. Todos se apresentam em tamanhos irregulares, expondo extinção ondulante, <strong>de</strong>nteamento<br />
e uma disposição bem ajustada entre si. Os plagioclásios po<strong>de</strong>m estar saussuritizados ou<br />
formar gran<strong>de</strong>s cristais euédricos. Os máficos mais comuns são a biotita e a hornblenda, às vezes<br />
perfazendo gran<strong>de</strong> percentual da rocha, aparecendo isoladamente ou formando aglomerados orientadamente<br />
dispostos. Além <strong>de</strong>sses minerais, são encontrados titanita, alanita, epidoto, apatita, zircão<br />
e opacos.<br />
Rochas cataclásticas - Análises micropetrográficas <strong>de</strong> espécimes coletados próximo às bordas do<br />
Complexo <strong>de</strong>nunciam, além <strong>de</strong> evidências normais <strong>de</strong> efeitos cataclásticos (trituração dos grãos,<br />
bordas granuladas, encurvamento das lamelas dos geminados e das palhetas <strong>de</strong> biotita e extinção<br />
ondulante generalizada), uma predominância do microclinio sobre o plagioclásio e o quartzo. A<br />
biotita e a hornblenda, em prismas <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong>, são os principais ferromagnesianos. Estas rochas<br />
são bastante ricas em minerais acessórios, tendo ainda produtos <strong>de</strong> alteração, como a sericita e os<br />
carbonatos.<br />
A análise <strong>de</strong> um diorito cataclástico revelou a seguinte composição: plagioclásio, quart-<br />
ZO, biotita, epidoto-zoizita, titanita, apatita, opacos, zircão, turmalina, rutilo, sericita, clorita e carbonato.
CONVENCÕES<br />
ESTRAT IGRÁFICAS<br />
... . . ~<br />
. . . .. . .<br />
:~!( . .<br />
/ Falho<br />
/<br />
/<br />
/f<br />
Sedi..nto. alll"iai,<br />
Corblr"'r.. ..dime"tor.. plio-plei.-<br />
Complno di Pirotoia: monlonitot., 6iV<br />
doritOl, Qllortzo-dioritOI, III"ontiIOl,<br />
. orOMdioritos lI'Io";,,,il<br />
Gronodioritol<br />
,orfirObló.l!<br />
co'<br />
(.",bflchitOl)<br />
Onoi bandados ou d. ..Iruluro<br />
irrlgulor. com corpos Ofonodiori1icOIi<br />
lolodol -<br />
Zona. ácido, int.riorirado, no CO!!'<br />
pluo<br />
ZOIlOI l'IibridOI mo'oinoil<br />
GEOLÓGI C AS<br />
Contato GIOIÓOico oprOl.imodo<br />
Contoto glOló,ico du"ido,o<br />
obur"odo<br />
Folha praui 1 011 t,afuro<br />
Lintalh8ntOt utruhroi.<br />
TOPOGRÁFICAS<br />
Cidad'<br />
Ettrodo d, ollolto<br />
(,trOdO dt<br />
h"o<br />
Dunog,,,,
CA VALCANTE, KAEFER 105<br />
Monzonito - As rochas <strong>de</strong>scritas como monzonitos apreSentam plagioclásio e álcali-feldspatos em<br />
proporções aproximadamente iguais, ocorrendo em grãos <strong>de</strong> tamanhos irregulares, com extinção<br />
ondulante e certo <strong>de</strong>nteamento. Por vezes presenciamos tanto o plagioclásio como o feldspato alcalino<br />
em fenocristais (?), em parte euédricos. São abundantes biotita, augita-diopsídica (já quase<br />
totalmente transformada em homblenda) e cristais bem formados <strong>de</strong> homblenda. Estes minerais<br />
tanto aparecem isoladamente como formando aglomerados, nestes encontrando-se a titanita.<br />
Outros minerais diagnosticados foram apatita, zircão, alanita, carbonato e opacos.<br />
Diorito - O constituinte principal <strong>de</strong>sta rocha é o. plagiociásio, encontrando-se em menor quantida<strong>de</strong><br />
o ortoclásio <strong>de</strong> tamanho irregular ou razoavelmente uniforme e com extinção ondulante. Entretanto,<br />
tem-se amostras em que o último é ausente, dando lugar ao oligoclásio. A biotita, a homblenda<br />
e a augita-diopsídica são muito abundantes e <strong>de</strong>senvolvidas (principalmente a primeira),<br />
aparecendo tanto isoladamente como formando aglomerados, os quais encerram apatita, epídoto e<br />
alanita. Os piroxênios apresentam-se, na maioria, com as bordas fraturadas e uralitizadas. Ainda<br />
são encontrados opacos e carbonato.<br />
Charnockito - É uma rocha constituída <strong>de</strong> microclinio pertítico, plagioclásio ácido, algum quartw e<br />
freqüentes grãos mirmequíticos. Dentre os ferromagnesianos <strong>de</strong>stacam-se o hiperstênio e a biotita,<br />
distribuídos caoticamente. A biotita parece ser proveniente da transformação do piroxênio. A<br />
amostra analisada é rica em acessórios: opacos, apatita e zircão, apresentando uma textura granoblástica,<br />
com os grãos xenomórficos interajustados, notando-se uma maior <strong>de</strong>formação no microclínio<br />
(fraturamento, finas pertitas, contatos irregulares, ausência <strong>de</strong> macia típica).<br />
Kersantito - Neste tipo petrográfico tem-se como constituintes claros essenciais o plagioclásio (an<strong>de</strong>sina)<br />
e em bem menor quantida<strong>de</strong> álcali-feldspatos, por vezes intercrescidos comquartzo.Estes<br />
minerais, juntamente com biotita avermelhada, augita e algum hiperstênio, formam uma matriz na<br />
qual estão dispersos fenocristais <strong>de</strong> plagioclásio e em inferiorpercentual o piroxênio e a biotita, às<br />
vezes formando aglomerados. Lentes <strong>de</strong> álcali-feldspatos são observadas.<br />
Essa rocha, no sítio <strong>de</strong> ocorrência do termo chamockítico, apresenta uma matriz microfanerítica<br />
orientada, encerrando fenocristais (?) <strong>de</strong> feldspato, também orientados. Esta organização<br />
parece ser <strong>de</strong>vida a uma estruturação <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> cristalização magmática e não <strong>de</strong> esforços<br />
tectônicos, pois não se observa <strong>de</strong>formação dos minerais constituintes.<br />
A matriz microfanerítica encontra-se constituída por plagioclásio granular, quase <strong>de</strong>sprovido<br />
<strong>de</strong> geminação. Dentre os ferromagnesianos tem-se biotita, clinopiroxênio (augita) e ortopiroxênio<br />
(hiperstênio). Como acessórios observamos abundantes agulhas <strong>de</strong> apatita, opacos e<br />
carbonato intersticial.<br />
CONCLUSÕES<br />
A partir dos exames preliminares <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong> laboratório-petrografia microscópica e<br />
mesoscópica, relações das massas dioríticas e monzoníticas com as encaixantes (tramas internas<br />
das rochas <strong>de</strong> transição), comportamento <strong>de</strong> outros corpos <strong>de</strong> pequenas dimensões, <strong>de</strong> natureza<br />
básica, encontrados na região, mantendo uma íntima afinida<strong>de</strong> com as encaixantes e aspectos estruturais<br />
do maciço, chegou-se às seguintes conclusões:<br />
- o Complexo <strong>de</strong> Piracaia é um maciço rochoso que apresenta heterogeneida<strong>de</strong> granulo métrica,<br />
composicional e colorimétrica, variando a coloração em tons do cinza até quase preto;<br />
as rochas predominantes são dioritos e monzonitos;<br />
os termos cataclásticos e granodioríticos encontram-se distribuídos nas faixas marginais;<br />
a rocha chamockítica não apresenta distribuição muito ampla;<br />
tr~ta-se <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> natureza básica. e ida<strong>de</strong> pré-cambriana que foi, posteriormente, alvo <strong>de</strong><br />
processos metamórficos e metassomáticos, num estágio do Ciclo Brasiliano;<br />
- tectonicamente, esteve sujeito tanto a esforços compressivos como distensivos.<br />
* Aventa-se ainda a possibilida<strong>de</strong> da existência <strong>de</strong> massas ultramáficas primitivas granitizadas.
106 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
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ASPECTOS GEOLOGICOS E PETROGRÁFICOS<br />
DO COMPLEXO ULTRAMÁFICO-ALCALINO<br />
DE CATALÁO I, Go<br />
WANDERLINO TEIXEIRA DE CARVALHO.<br />
ABSTRACT<br />
The object of thi8 paper i8 to present 80me geological and petlOgraphic aspect8 of the Catal'" I alkaline ultramafic Complex,<br />
located in tbe Ouvidor tOWD8hip, Catal'" di8trict in the 80uthern part of Goiáa State, Brazil. Some geomorphological feature8 are brieOy diaCU8sed<br />
and a especial attention ia expen<strong>de</strong>d to the petrological transformation8 in tbe p Cambrian Complex fenitized aureole. The <strong>de</strong>tailed <strong>de</strong>8cription8<br />
of the ultramafic rock8 and of their phlogopite-8erpentine-carbonate-ailica meta880matiam provi<strong>de</strong>d the ba8i8 to the interpretation of genesi8<br />
of the as80ciated carbonatite. The characterization of the atructural and geotectonic featuree and the d...cription of the weath...ing proce.. complete<br />
the sketch of the plObable geologic hi8tory of tbe Complex.<br />
INTRODUÇAO<br />
Este trabalho, tem como objetivo principal, colocar em discussão entre os membros da<br />
comunida<strong>de</strong> geológica do País, o Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I. As idéias, abordadas,<br />
não <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas como <strong>de</strong>finitivas, estando sujeitas à modificações quando da<br />
realização <strong>de</strong> estudos científicos mais <strong>de</strong>talhados, Constitui uma primeira tentativa <strong>de</strong> abordagem<br />
dos problemas geológicos e petrográficos do complexo em questão, tendo por base os resultados das<br />
investigações levadas a efeito pela equipe técnica da MET AGO. Sendo objetivo imediato <strong>de</strong>sta Empresa<br />
em Catalão I, a <strong>de</strong>finição e o aproveitamento econômico <strong>de</strong> seus recursos minerais, ainda nio<br />
foram realizadas <strong>de</strong>terminações petrográficas <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>talhe bem como estudos petrológicos e<br />
petroquímicos mais abrangentes <strong>de</strong> suas rochas. A MET AGO po<strong>de</strong>rá colocar à disposição <strong>de</strong> eventuais<br />
interessados dados geológicos e testemunhos <strong>de</strong> sondagens das rochas do Complexo Ultramáfico-Alcalino<br />
<strong>de</strong> Catalão I, <strong>de</strong> que dispõe.<br />
O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, <strong>de</strong>scoberto por Hussak em 1894, está<br />
situado no município <strong>de</strong> Ouvidor, Comarca <strong>de</strong> Catalão, no S <strong>de</strong> Goiás. A <strong>de</strong>nominação CATAMO<br />
I, dada por técnicos da PROSPEC em 1966, quando da realização do Projeto Chaminés, se <strong>de</strong>u em<br />
face da <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> outra estrutura semelhante na regiii9.e que passou a ser chamada, na oportunida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> CATAMO lI, Ambas as <strong>de</strong>nominações se dêvem ao fato <strong>de</strong> ser a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Catalão, a<br />
mais importante da região <strong>de</strong> ocorrência dos citados complexos.<br />
*METAGO
108 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
o Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I tem, aproximadamente, as seguintes<br />
coor<strong>de</strong>nadas geográficas: 18°0~' <strong>de</strong> Lat S e 47°48' <strong>de</strong> Long W. Dista 20 km a nor<strong>de</strong>ste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Catalão e 10 km no norte da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouvidor, com o acesso por estradas municipais não pavimentadas,<br />
porém transitáveis durante todo o ano. Catalão está ligada aos principais centros do País por<br />
ferrovia e rodovias asfaltadas, dispondo <strong>de</strong> infra-estrutura econômica bastante satisfatória para os<br />
padrões brasileiros.<br />
o .<br />
5 .<br />
Mapa <strong>de</strong> Localização<br />
IOItIll<br />
.<br />
ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS<br />
RegionalmenJe, a estrutura geológica <strong>de</strong>nominada Catalão I quebra a monotonia do<br />
relevo, <strong>de</strong>stacando-se como um platô <strong>de</strong> forma aproximadamente elíptica. O seu eixo maior N -S,<br />
me<strong>de</strong>, aproximadamente 6.0 km e o eixo menor, E- W, cerca <strong>de</strong> 5,5 km. É constituida por um núcleo<br />
<strong>de</strong> rochas ígneas, com rochas encaixantes metamórficas, sendo a capa arqueada em forma dômica.<br />
O domo, truncado pela superfície <strong>de</strong> aplainamento, coinci<strong>de</strong> com o próprio platô, cuja preservação<br />
se <strong>de</strong>ve a existência <strong>de</strong> um anel resistente <strong>de</strong> quartzito em torno do corpo ígneo;<br />
Pelos lados NW, We S o quartzito forma a escarpa do platô, que, a N, e E, está separado<br />
da crista quartzítica por vales bastante dissecados pela erosão que mostram <strong>de</strong>sníveis <strong>de</strong> até<br />
100m.<br />
No topo do platô o manto <strong>de</strong> intemperismo é bastante espesso, po<strong>de</strong>ndo atingir 250 m <strong>de</strong><br />
espessura.<br />
A drenagem interna é controlada por falhamentos. A drenagem externa possui um<br />
padrão radial-anular bastante característico, que faz ressaltar a forma dômica da estrutura.<br />
A cobertura vegetal predominante constitui uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerrado conhecida, pelo<br />
maior porte, menor espaçamento e maior abundância dos arbustos, como cerradão. Zonas <strong>de</strong> pastagens<br />
e áreas <strong>de</strong> agricultura com árvores esparsas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e, localme1\te, babaçús, completam<br />
a vegetaçã.o <strong>de</strong> Catalão I.<br />
O clima po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como tropical <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, com um regime sazonal <strong>de</strong><br />
chuvas.<br />
Trabalhos Anteriores<br />
ASPECTOS GEOLÓGICOS E PETROGRÃFICOS<br />
Já em 1894, Hussak via analogia entre a provável rocha matriz da magnetita e ver-
CARVALHO 109<br />
Fig. 2 - Fotografia aérea do Complexo Ultramático-<br />
Alcalino <strong>de</strong> Catalão I.<br />
miculita <strong>de</strong> Catalão I com as rochas <strong>de</strong> Jucupiranga e Ipanema. SP.<br />
No seu Relatório da Comissão Exploradora do Planalto Central, Brasil dizia: "Interessante<br />
para o estudo da gênesis do magnetito e pela analogia a que se apresenta como o <strong>de</strong> Jacupiranga<br />
e São João <strong>de</strong> Ipanema, em São Paulo, é a ocorrência <strong>de</strong> ferro magnetito <strong>de</strong> Catalão".<br />
"Na fazenda do Sr. Vicente Bernardo Pires, treis léguas distante <strong>de</strong> Catalão, encontram-se<br />
gran<strong>de</strong>s blocos <strong>de</strong> minério '<strong>de</strong> ferro espalhados sobre a superficie, n'uma gran<strong>de</strong> extensão,<br />
Aí consegui '<strong>de</strong>scobrir a rocha fer~ífera".<br />
.. A matriz original do magnetito, não foi, infelizmente, encontrada em condição <strong>de</strong> boa<br />
conservação, sendo completamente transformada em massa terrosa <strong>de</strong> cor parda avermelhadaescura.<br />
muito rica em gran<strong>de</strong>s lamelas alteradas <strong>de</strong> hydrobiotita e pequenos octaedrÔs <strong>de</strong> magnetita.<br />
Nestes caracteristicos, esta massa terrosa concorda inteiramente com a <strong>de</strong> Ipanema e com o<br />
magnetito-piroxenito alterado <strong>de</strong> Jacupiranga; sendo que neste último lugar é indubitável a formação<br />
<strong>de</strong> hydrobiotito da alteração <strong>de</strong> pyroxênio",<br />
Os estudos geológicos na região <strong>de</strong> Catalão foram retomados por Barbosa, em 1966. que<br />
preparou um esboço geológico do Triângulo Mineiro e sul <strong>de</strong> Goiás com as intrusões dômicas até então<br />
conhecidas.<br />
Ainda em 1966, a PROSPEC realizou para o DNPM o Projeto Chaminés, focalizando a<br />
geologia da região <strong>de</strong> ocorrências dos complexos ultramáficos-alcalinos, que margeiam a Bacia do<br />
Paraná no Triângulo Mineiro e sul <strong>de</strong> Goiás. Parte das informações obtidas neste trabalho, no que<br />
se refere à região <strong>de</strong> Catalão, foi publicada na Revista da Escola <strong>de</strong> Minas <strong>de</strong> Ouro Preto. Posteriormente<br />
o trabalho foi publicado (Barbosa et alii. 1970).<br />
Em 1968 a firma <strong>Geologia</strong> e Sondagens Ltda realizou para o DNPM o Projeto Nióbio,<br />
Fosfato e Titânio que consistiu em um programa <strong>de</strong> prospecção <strong>de</strong>talhada dos complexos ultramáficos-alcalinos<br />
da região do Alto Paranaíba. Dentro <strong>de</strong>ste Projeto a citada firma realizou em<br />
Catalão I, mapeamentos geológicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe, perfurações <strong>de</strong> poços e uma campanha <strong>de</strong> sondagens<br />
segundo uma malha <strong>de</strong> 1.600 m X 1.600 m, perfazendo 10 furos <strong>de</strong> sonda num total <strong>de</strong> 1.070,10 m<br />
perfurados.<br />
Finalmente, citam-se os trabalhos <strong>de</strong> datação geocronológica efetuados no Laboratório<br />
<strong>de</strong> Geocronologia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong> Hassui e Cordani (19681, em que a ida<strong>de</strong> do<br />
Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I foi <strong>de</strong>terminada em 82,9 :t - 4,2 m. a. pelo método<br />
K/Ar.<br />
Em vista da realização dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa em Catalão I pela METAGO. a partir<br />
<strong>de</strong> 1968, um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> relatórios inéditos, focalizando principalmente a mineralogia das<br />
jazidas associadas às rochas ígneas e aos processos <strong>de</strong> beneficiamento estudados, têm se acumulado
110 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
no <strong>de</strong>correr dos anos. Pelos assuntos abordados, têm interesse mais geral os seguintes: "Relatório<br />
<strong>de</strong> Pesquisa do Projeto Catalão" da METAGO para o DNPM, elaborado por Kishida, Guzzo,<br />
Araújo, Drummond e Carvalho (1971); "O Minério <strong>de</strong> Nióbio, Titânio e Terras Raras <strong>de</strong> Catalão,<br />
Go", por Valarelli, (1971) e, "<strong>Geologia</strong> e Perspectivas <strong>de</strong> Aproveitamento Econômico dos Recursos<br />
Minerais do Domo Ultrabásico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I", p-alestra proferida por W. T. Carvalho<br />
(1972).<br />
Fig. 3 - Mapa geológico do Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I.<br />
Rochas Pré-cambrianas<br />
MAPA GEOLOGICO OC COMP.-EXO<br />
UL TRAMAFICO-ALCALINO DE<br />
CATALÃO-I<br />
E!J<br />
[EJ<br />
---a u__.._.....<br />
I3 .- §ii:i -...<br />
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EII<br />
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5)<br />
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::.: ::-.== :'-::i?E'~'- --- -<br />
A região su<strong>de</strong>ste goiana, on<strong>de</strong> se localiza Catalão, é essencialmente constituída por rochas<br />
pré-cambrianas. Predominam na região metamorfitos da facies epidoto-anfibolito, constituídos essencialmente<br />
<strong>de</strong> micaxistos com intercalações <strong>de</strong> <strong>de</strong>lgados leitos e lentes <strong>de</strong> quartzitos e raros anfibolitos,<br />
correspon<strong>de</strong>ntes ao Grupo Araxá (Barbosa, 1967) que servem como encaixantes à intrusão<br />
ultramáfica-alcalina <strong>de</strong> Catalão I.<br />
Os xistos <strong>de</strong>ste grupo contém principalmente moscovita e quartzo, com biotita subordinada.<br />
Os acessórios mais comuns são a estaurolita, rutilo, granada, zircão e turmalina.<br />
Os quartzitos geralmente são ricos em moscovita, mas eventualmente ocorrem varieda<strong>de</strong>s<br />
hematíticas, por vezes com estrutura itabirítica.<br />
O comportamento regional da xistosida<strong>de</strong> das rochas do Grupo Araxá é NW-SE. mergulhando<br />
para SW. Nas adjacências da intrusão, encontram-se arqueadas com estrutura dômica.<br />
claramente visível em fotografias aéreas pela notável drenagem anular-radial.<br />
Próximo ao contato ígneo formou-se uma auréola <strong>de</strong> fenitização. o que por <strong>de</strong>finição é o<br />
resultado das modificações sofridas pelas rochas encaixantes por ação das soluções <strong>de</strong> origem ígnea.<br />
Este processo <strong>de</strong> fenitização, <strong>de</strong>ve-se à intensa ativida<strong>de</strong> metassomática resultante da introdução <strong>de</strong>
CARVALHO<br />
alcalís e alumina, dando origem a fenômenos <strong>de</strong> feldspatização, nefelinização,aegirinização, etc,<br />
com o aparecimento <strong>de</strong> estruturas particularmente interessantes, como a brechiação e a pegmatização.<br />
A intensida<strong>de</strong> da fenitização diminui radialmente para fora, <strong>de</strong> maneira irregular, po<strong>de</strong>ndo<br />
atingir até 2 km a partir dos contatos ígneos.<br />
Os tipos petrográficos <strong>de</strong>sta faixa <strong>de</strong> alteração metassomática, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scritos, pela<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> importância quantitativa, como quartzitos fenitizados, xistos fenitizados, brechas e<br />
sienitos nefelínicos. A paragênese mineral é caracterizada pela riqueza em feldspatos potássicos,<br />
piribólios sódicos e relativa pobreza em quartzo.<br />
Leitos restritos <strong>de</strong> gonditos estão associados a estas rochas, porém, sem estarem relacionados<br />
ao processo <strong>de</strong> fenitização, po<strong>de</strong>ndo ser anteriores à intrusão do Complexo ígneo <strong>de</strong><br />
Catalão I.<br />
Veios pegmatíticos, com espessuras <strong>de</strong> poucos metros, po<strong>de</strong>m cortar todas estas rochas,<br />
sendo duvidoso o seu relacionamento com os fenômenos <strong>de</strong> fenitização <strong>de</strong>scritos.<br />
Quartzitos Fenitizados<br />
A fenitização dos quartzitos, on<strong>de</strong> atingiu maior intensida<strong>de</strong>, é caracterizada por um<br />
substancial enriquecimento em feldspato e piribólios alcalinos, e por 'um conseqüente empobrecimento<br />
<strong>de</strong> quartzo, mostrando claramente que houve introdução <strong>de</strong> potássio, sódio e alumínio. On<strong>de</strong><br />
o metassomatismo foi menos intenso, são encontrados tipos com diferentes percentuais <strong>de</strong> feldspato<br />
potássico e <strong>de</strong> piribólios sódicos, ora mais ricos, ora mais pobres nestes minerais.<br />
Dentro da auréola <strong>de</strong> fenitização, as rochas predominantes em quantida<strong>de</strong>, são os fenitos<br />
<strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> quartzitos, constituindo a única unida<strong>de</strong> mapeável. Estas rochas mostram estrutura<br />
maciça, textura granoblástica, média à grosseira e cor esbranquiçada. Macroscopicamente<br />
são constituidas, essencialmente <strong>de</strong> quartzo e feldspatos freqüentemente caulinizados. Estão intensamente<br />
fraturados em várias direções e partem-se segundo planos <strong>de</strong> fratura <strong>de</strong> coloração escura<br />
esver<strong>de</strong>ada.<br />
Microscopicamente, estas rochas mostram uma mineralogia bastante rica e variável,<br />
com a secção <strong>de</strong>lgada po<strong>de</strong>ndo apresentar ou não, muitos dos minerais observados no conjunto total<br />
das amostras examinadas (Tab. 1).<br />
Xistos Fenítizados<br />
Os xistos do Grupo Araxá, <strong>de</strong>ntro da auréola metassomatizada mostram-se altamente<br />
modificados, evi<strong>de</strong>nciando transformações mineralógicas características da fenitização e obliteração<br />
da xistosida<strong>de</strong> original. São normalmente <strong>de</strong> cor cinza escura, apresentando discreto ban<strong>de</strong>amento<br />
on<strong>de</strong> sobressaem niveis submilimétricos <strong>de</strong> quartzo. Além <strong>de</strong>ste mineral, são visíveis, feldspatos e<br />
minerais máficos.<br />
Ocorrem, irregular e indiscriminadamente por toda a auréola fenitizada, aparecendo com<br />
mais freqüência nas bordas S e W, não sendo, contudo, mapeáveis na escala dos levantamentos<br />
realizados (1:10.000).<br />
Ao microscópio, estas rochas, da mesma maneira que os quartzitos fenitizados, apresentam<br />
mineralogia bastante variável. A textura é granoblástica-nematoblástica xenomórfica, fina<br />
a média e os minerais encontrados po<strong>de</strong>m ser observados na Tabela 2.<br />
A presença nestas rochas <strong>de</strong> maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> potássio e/ou sódio em<br />
relação aos quartzitos fenitizados (Tab. 1) po<strong>de</strong> ser explicada pelo caráter menos reatívo das rochas<br />
quartzíticas .<br />
Sienitos Nefelínicos<br />
Os sienitos, <strong>de</strong> ocorrência extremamente restrita, são <strong>de</strong> coloração cinza, estrutura<br />
maciça, textura porfiritica com fenocristais <strong>de</strong> feldspato numa matriz granular média constituida<br />
também <strong>de</strong> feldspatos. Ao microscópio, observam-se fenocristais hipidiomórficos <strong>de</strong> feldspato<br />
potássico numa matriz granular xenomórfica, constituida <strong>de</strong> feldspato potássico (30 %), aegirina<br />
(15%), nefelina (30%), perovskita (5%), titanita (5%) e opacos (10%). Calcedônia preenche fraturas<br />
e cavida<strong>de</strong>s.<br />
Estes sienitos, embora possam ter origem ígnea, têm sido consid@rados como d@filiação<br />
metassomática, ligados aos processos <strong>de</strong> fenitização, não só pelas suas relações <strong>de</strong> campo como<br />
111
112 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
TABELA 1 TABELA 2<br />
., QUART ZO 30-80 o<br />
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QUARTZO 0-60%<br />
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.0 -20%<br />
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Elaborada a partir <strong>de</strong> estudos petrográficos realizados<br />
:I ..J CALCITA ..o -5 'Y. por professores e alunos do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da UnB<br />
..<br />
em 10 amostras <strong>de</strong> xistos fenitizados' (1973).<br />
HIDRÓXIDOS DE FERRO. .. 0-30%<br />
Elaborada a partir <strong>de</strong> estudos petrográficos realizados<br />
por professores e alunos do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da UnB<br />
em 15 amostras <strong>de</strong> quartzitos fenitizados (1973).<br />
também pelas suas características petrográficas. São encontrados muito restritamente, na borda<br />
sul da intrusiva, transicionando em todas as direções para os xistos fenitizados, parecendo refletir<br />
um aumento local <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> da fenitização. Seus caracteres petrográficos são fundamentalmente<br />
semelhantes aos dos xistos fenitizados, a exceção da presença <strong>de</strong> nefelina e algumas variações<br />
texturais representadas principalmente por um aumento <strong>de</strong> tamanho dos cristais <strong>de</strong> feldspato alcalino.<br />
Estas diferenças po<strong>de</strong>riam refletir uma maior intensida<strong>de</strong> na introdução <strong>de</strong> sódio, além <strong>de</strong><br />
evi<strong>de</strong>nciar um fenômeno <strong>de</strong> pegmatização local. Na província alcalina da Peninsula <strong>de</strong> Kola, URSS,<br />
alguns sienitos nefelínicos tem sido consi<strong>de</strong>rados como <strong>de</strong> origem metassomática (Tonkeieff, 1961).<br />
Brechas<br />
Ocorrem, irregularmente, por toda a auréola <strong>de</strong> fenitização em suas porções mais externas,<br />
em pequenas elevações isoladas, massas que apresentam estrutura brechói<strong>de</strong> característica.<br />
Elas apresentam cores claras e têm formatos irregulares, com dimensões po<strong>de</strong>ndo atingir até 50"cm;<br />
são ricas em feldspato e com minerais máficos alinhados, granulação muito fina, formada por minerais<br />
máficos, não i<strong>de</strong>ntificáveis mesoscopicamente. Pirita ocorre disseminada por toda a rocha.<br />
Microscopicamente, as brechas caracterízam-se pela presença <strong>de</strong> uma matriz <strong>de</strong> textura<br />
granular xenomórfica, constituida à base <strong>de</strong> piroxênios, soda-anfibólios e, acesso riam ente , calcita,<br />
clorita, esfeno, apatita e pirita limonitizada, englobando um material <strong>de</strong> textura nematoblástica,<br />
constituido principalmente <strong>de</strong> feldspato alcalino, e, secundariamente, piroxênios e soda-anfibólios<br />
bem como sericita, moscovita, quartzo e opacos. A notável variação modal <strong>de</strong> seus minerais po<strong>de</strong> ser<br />
observada na Tabela 3.<br />
Estas rochas, embora com enriquecimento em potássio mais expressivo do que em<br />
sódio, em relação aos quartzitos e xistos fenitizados, estão seguramente relacionados com os<br />
processos <strong>de</strong> fenitização <strong>de</strong>scritos. Exemplris parecidQs <strong>de</strong> brechiação são encontrados na bibliogradia<br />
especializada do assunto.<br />
Gonditos<br />
Associado aos fenitos das bordas W e S, às veZeS, ocorrem gonditos em leitos bastante
CARVALHO<br />
restritos que não mostram evidências <strong>de</strong> alteração metassomática. Por sua composição mineralógica<br />
<strong>de</strong>vem ter apresentado comportamento refratário aos agentes fenitizantes. Com estrutura<br />
maciça têm textura granoblástica muito fina, <strong>de</strong> coloração escura quase negra e fratura subconchoidal.<br />
Microscopicamente, mostram textura grario-nematoblástica muito fina, com cristais<br />
euédricos <strong>de</strong> granda (70%), anédricos <strong>de</strong> quartzo (20%), tremolita (5%) e opacos (5%).<br />
Veio Pegmatítico<br />
Elaborada a partir <strong>de</strong> estudos petrográficos realizados<br />
por professores e alunos do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da UnB<br />
em 3 amostras <strong>de</strong> brechas (1973).<br />
Um veio pegmatítico <strong>de</strong> pequena expressão ocorre, irregularmente, na parte mais externa<br />
da porção W da auréola fenitizada. Existem dúvidas quanto ao seu relacionamento com os<br />
processos metassomáticos <strong>de</strong>sta faixa <strong>de</strong> rochas, uma vez que ele não apresenta nenhum mineral<br />
característico <strong>de</strong>ste fenômeno <strong>de</strong> alteração. Apresenta estrutura maciça, textura granular grosseira,<br />
<strong>de</strong> coloração branco-esver<strong>de</strong>ada, com cristais xenomórficos <strong>de</strong> quartzo, feldspato e moscovita em<br />
placas <strong>de</strong> até 2 cm <strong>de</strong> diâmetro. Ao microscópio, a textura é granolepidoblástica xenomórfica e os<br />
minerais observados são o quartzo (60%), moscovita (30%) e um plagioclásio (10%) não i<strong>de</strong>ntificado.<br />
Rochas Cretáceas - Em Catalão I, rochas frescas só po<strong>de</strong>m ser encontradas em profundida<strong>de</strong>,<br />
através <strong>de</strong> sondagens. Em sua gran<strong>de</strong> maioria, estas rochas são extremamente ricas em<br />
flogopita, havendo também restritos corpos <strong>de</strong> piroxenito e peridotito, últimos representantes das<br />
rochas ultramáficas originais <strong>de</strong> Catalão I, que foram submetidas a importantes modificações <strong>de</strong><br />
caráter petrológico a partir <strong>de</strong> sua cristalização. As referidas rochas são cortadas por uma ou mais<br />
gerações <strong>de</strong> veios carbonatíticos. Em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente quanto a seqüência e intensida<strong>de</strong> dos fenômenos<br />
ocorridos, 4 importantes processos <strong>de</strong> transformação po<strong>de</strong>m ser observados: flogopitização,<br />
serpentinização, carbonatização e silicificação.<br />
A flogopitização resultou do intenso autometassomatismo potássico, a que foram submetidos<br />
os peridotitos e piroxenitos originais, com substituição dos piroxênios e da olivina por<br />
flogopita. O processo em questão <strong>de</strong>senvolveu-se através <strong>de</strong> todo o corpo ígneo, atuando com maior<br />
intensida<strong>de</strong> na sua periferia, formando zonas <strong>de</strong> rochas extremamente ricas em flogopita, que são<br />
chamadas glimeritos. Os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> vermiculita atuais testemunham as suas áreas preferenciais<br />
<strong>de</strong> ocorrência, já que este mineral é um produto <strong>de</strong> alteração meteórica da flogopita.<br />
A serpentinização é um fenômeno bem conhecido em rochas ultramáficas, e em Catalão I<br />
teve <strong>de</strong>senvolvimento restrito, com atuação, em menor escala, sobre os piroxenitos e peridotitos.<br />
A carbonatização eBtá bem evi<strong>de</strong>nciada não BÓpeloB inúmero5 veio5 <strong>de</strong> carbonato5 que<br />
cortam, nas mais variadas direções, os glimeritos, peridolitos e piroxenitos serpentinizados, por<br />
113
114 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
toda a intrusão, possuindo espessuras que variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns mm até mais <strong>de</strong> duas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> m,<br />
como também pela existência <strong>de</strong> carbonatos intersticiais nas rochas seccionadas por estes veios.<br />
Nas porções centrais da estrutura supõe-se que tenha havido uma carbonatização mais intensa, com a<br />
formação <strong>de</strong> um plug central cujo teto encontra-se totalmente silicificado.<br />
Como se <strong>de</strong>u esta carbonatização é uma questão difícil <strong>de</strong> ser explicada, recaindo no<br />
velho problema da origem dos carbonatitos, assunto vastamente discutido entre os geólogos e até<br />
hoje ainda não resolvido satisfatoriamente.<br />
Três hipóteses principais, cada uma com suas subvariações divi<strong>de</strong>m as opiniões dos especialistas<br />
no assunto. Uma <strong>de</strong>las, hoje em dia com muito poucos seguidores, formulada por Daly<br />
(1910), e <strong>de</strong>senvolvida por'Shand (1945) é a da assimilação <strong>de</strong> material <strong>de</strong> rochas carbonatadas,<br />
principalmente o calcário, por magma <strong>de</strong> composição variável.<br />
Outra hipótese é aquela <strong>de</strong>fendida pelos magmatistas, <strong>de</strong> que os carbonatitos seriam,<br />
pura e simplesmente, um produto da diferenciação e cristalização <strong>de</strong> uma magma carbonatado. Esta<br />
hipótese possui muitos a<strong>de</strong>ptos, tendo sido bastante reforçada <strong>de</strong>pois da constatação <strong>de</strong> que alguns<br />
vulcões po<strong>de</strong>m expelir lavas <strong>de</strong> composição carbonática.<br />
Finalmente, a terceira hipótese, também com muitos seguidores, é aquela dos transformistas,<br />
segundo a qual os carbonatitos seriam produtos das transformações autometassomáticas<br />
sofridas pelas intrusivas ultramáfica-alcalinas, pela ação substituidora <strong>de</strong> CO2 juvenil, nas últimas<br />
fases do magmatismo.<br />
Enquadrar a origem do carbonatito <strong>de</strong> Catalão I em qualquer uma <strong>de</strong>stas hipóteses é<br />
uma tarefa difícil e temerária, seja pela complexida<strong>de</strong> do assunto como também pela inexistência <strong>de</strong><br />
estudos petrográficos <strong>de</strong>talhados. Além do mais, para este enquadramento teria que se levar-em<br />
consi<strong>de</strong>ração as "tendências" do geólogo em relação às suas "simpatias" pessoais por uma ou por<br />
outra hipótese entre as diversas existentes. É amplamente sabido que entre os geológos existem<br />
várias correntes <strong>de</strong> pensamento em relação à gênese das rochas, formando, entre os seguidores <strong>de</strong><br />
cada uma, verda<strong>de</strong>iras escolas <strong>de</strong> pensamento geológico. Destas <strong>de</strong>stacam-se a dos magmatistas e a<br />
dos transformistas cada uma <strong>de</strong>las explicando <strong>de</strong> acordo com suas teorias, perfeitamente, a gênese<br />
dos granitos, carbonatitos, anfibolitos, certos <strong>de</strong>pósitos minerais, etc.<br />
O autor, em sua ainda curta experiência profissional, lidando praticamente com problemas<br />
práticos <strong>de</strong> prospecção, não tendo tido oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar em profundida<strong>de</strong> problemas<br />
<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m puramente científica, não tem posição formada em relação a estas escolas. Contudo,<br />
sente uma certa atração pelos pontos <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>fendidos pelos transformistas, principalmente<br />
em relação ao problema <strong>de</strong> origem dos carbonatitos <strong>de</strong> Catalão I, em função das consi<strong>de</strong>rações expostas<br />
a seguir que estão alicerçadas nos estudos da geologia regional e dos testemunhos <strong>de</strong> sondagens:<br />
1) - Existe uma total ausência <strong>de</strong> sedimentos carbonáticos ou mármore na região, sendo<br />
geologicamente improvável sua existência em profundida<strong>de</strong>. Desse modo a teoria <strong>de</strong> Shand fica<br />
completamente prejudicada. Além do mais, não existem evidências geoquímicas, estruturais e<br />
petrográficas que apoiem a idéia <strong>de</strong> que os carbonatitos <strong>de</strong> Catalão I constituemxenólitos <strong>de</strong> rochas<br />
sedimentares escarnitizadas total ou parcialmente, nem que se constituam em rochas carbonáticas<br />
sedimentares remobilizadas. Além disso, é um fato bem sabido que escarnitqsfermados nos contatos<br />
com calcário são radicalmente diferentes, química e mineralogicamente da rocha mãe.<br />
2) - Existem transições contínuas <strong>de</strong> tipos on<strong>de</strong> predominam os silicatos para tipos on<strong>de</strong><br />
predominam os carbonatos, isto nos testemunhos <strong>de</strong> sondagens.<br />
3) - Através dos testemunhos po<strong>de</strong> se observar perfeitamente uma venulação das<br />
rochas silicatadas por um reticulado <strong>de</strong> veios <strong>de</strong>lgados <strong>de</strong> rocha carbonática.<br />
4) - Faixas silicatadas ocorrem alternadamente COlJ) faixas carbonatadas, as faixas<br />
sendo milimétricas e centimétricas e dispostas paralelamente.<br />
5) - Em muitas ocasiões se observa que as porções silicatadas e carbonatadas não são<br />
<strong>de</strong>limitadas, bruscamente, mas observa-se a presença <strong>de</strong> massas difusas <strong>de</strong> material silicatado na<br />
rocha carbonatada.<br />
6) - Freqüentemente as relações entre os tipos silicatados e os carbonatados mostram<br />
estruturas <strong>de</strong> brechamento, com o último material cimentando blocos do primeiro. Os blocos não<br />
são normalmente angulosos, mas exibem formas bizarras e a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um a outro bloco não é<br />
incomum, e se faz por meio <strong>de</strong> massas <strong>de</strong>lgadas <strong>de</strong> rocha silicatada.<br />
7) - A matriz carbonática das brechas nunca exibe estruturas fluidais, e as bordas da
CARVALHO 115<br />
matriz não exibem granulação mais fina.<br />
8) - Em muitas ocasiões observa-se que a rocha silicatada foi tomada por material carbonático.<br />
Este possui contornos vagos interligando-se por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>lgados veios, também carbonáticos.<br />
9) - Veios r-arbonáticos que cortam as rochas silicatadas preservam a trama <strong>de</strong>stas,<br />
existindo evidências <strong>de</strong> que tais veios se formaram por alargamento progressivo em prejuízo das<br />
rochas silicatadas com cristalização do material carbonatado.<br />
10) - ° contato dos veios carbonáticos com a encaixante silicatada é irregular e mal<br />
<strong>de</strong>finido, e ao microscópio nota-se ser <strong>de</strong>nteado irregularmente.<br />
Estas consi<strong>de</strong>rações não favorecem uma <strong>de</strong>scendência magmática direta para os carbonatitos<br />
<strong>de</strong> Catalão I e é provável que o aprofundamento dos estudos petrogenéticos <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe,<br />
forneçam novos argumentos à hipótese transformista, sem contudo invalidar certo relacionamento<br />
magmático entre as rochas do Complexo, se consi<strong>de</strong>rarmos a origem juvenil do CO2 agente da<br />
metassomatização posterior.<br />
Assim em uma fase magmática inicial houve a formação das rochas ultramáficas do<br />
complexo, seguida por emanações e soluções alcalinas, <strong>de</strong>stacando-se o gás CO2 <strong>de</strong> forte po<strong>de</strong>r subs.<br />
tituidor, originadas na fase final do magmatismo, e que afetaram os dunitos, peridotitos, piroxenitos,<br />
etc., da fase magmática inicial, conduzindo ao aparecimento dos veios carbonatíticos<br />
atuais. Estes veios, cortando as rochas ultramáficas do Complexo, formam com elas um conjunto<br />
rochoso que foi genericamente, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> silicocarbonatito. A exemplo dos <strong>de</strong>mais complexos<br />
carbonatíticos do Alto Paranaiba, esta associação é a característica predominante do domo Catalão<br />
I.<br />
Nesse contexto é oportuno mencionar o processo <strong>de</strong> silicificação, bem caracterizado,<br />
mesmo em superfície, pelos afloramentos <strong>de</strong> silexito existentes. Os processos <strong>de</strong> silicificação que<br />
afetaram as rochas <strong>de</strong> Catalão I po<strong>de</strong>m ser semelhantes àquelas ocorridos em outros complexos ultramáficos<br />
e por muitos autores, consi<strong>de</strong>rados com resultantes dá ação do intemperismo. Uma outra<br />
origem a ser consi<strong>de</strong>rada seria aquela relacionada com a própria formação dos carbonatitos, como<br />
admitem certos autores. Caso o carbonatito tenha origem autometassomática, o silexito po<strong>de</strong>ria ser<br />
um dos produtos da alteração dos piroxênios monoclínicos da intrusiva ultramáfica original em<br />
flogopita, calcita e sílica, pela ação substituidora <strong>de</strong> CO2 juvenil. Esquematicamente, esta reação<br />
po<strong>de</strong>ria ser representada do-seguinte modo, segundo Tomkeieff et alii (1961):<br />
3CaMgSi206 + KAI02 + 3C02 + H20<br />
KMg3AISiOlO(OH)2 + 3CaC03 + 3Si02<br />
Outra hipótese para a origem <strong>de</strong>stes silexitos po<strong>de</strong>ria ser a seguinte: quando da fenitização<br />
as rochas encaixantes sofreram uma <strong>de</strong>ssilicificação. A silica liberada po<strong>de</strong>ria reagir com as<br />
rochas do Complexo, silicificando-as.<br />
Como se vê mais <strong>de</strong> duas interpretações para a gênese <strong>de</strong>stes silexitos po<strong>de</strong> ser formulada,<br />
tornandó difícil, à semelhança da origem dos carbonatitos, estabelecer uma hipótese conclusiva<br />
acerca do assunto.<br />
Qualquer que seja a sua origem, foi notável em Catalão I a intensida<strong>de</strong> da silicificação<br />
dos carbonatitos das porções centrais da estrutura, havendo furos <strong>de</strong> sonda que cortaram mais <strong>de</strong><br />
100 m <strong>de</strong> puro silexito sem conseguir encontrar o carbonatito típico. Estes silexitos, <strong>de</strong>nominação<br />
dada aos produtos <strong>de</strong>sta silicificação intensa, ocorrem por toda a intrusão e, quando em profundida<strong>de</strong>,<br />
aparecem nas mais diversas cotas, possuindo comportamento caótico. Po<strong>de</strong>m conservar<br />
ainda minerais próprios dos carbonatitos, e em alguns furos <strong>de</strong> sonda foram encontrados tipos <strong>de</strong><br />
transição para estes.<br />
A perfeita carl;lcterização petrográfica das rochas do Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong><br />
Catalão I, é uma tarefa difícil em razão da gran<strong>de</strong> variação existente na classificação e composição<br />
modal <strong>de</strong> seus minerais, ao longo dos testemunhos <strong>de</strong> sondagens, únicas amostras disponíveis, em<br />
vista da inexistência <strong>de</strong> afloramentos. Se o corte da secção <strong>de</strong>lgada, por exemplo, fosse realizado em<br />
um dos inúmeros veios <strong>de</strong> carbonatos que, invariavelmente aparecem cortando os testemunhos, a<br />
classificação petrográfica da rocha seria a <strong>de</strong> um sovito (carbonatito calcífero) ou, muito raramente,<br />
<strong>de</strong> um rauhaugitQ (ctU"bon~tito dolomítico), Por outro lado, se o corte coincidisse com uma porção do<br />
testemunho, rica em flogopita, a classificação seria a <strong>de</strong> um glimerito, como po<strong>de</strong>ria ser a <strong>de</strong> um
116 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
peridotito ou piroxenito serpentinizado, caso a secção <strong>de</strong>lgada fosse realizada em porções ricas em<br />
serpentina, com restos <strong>de</strong> olivina ou piroxênio, como frequentemente po<strong>de</strong> acontecer.<br />
O mapeamento geológico <strong>de</strong> subsuperficie <strong>de</strong> Catalão I, com a <strong>de</strong>limitação dos diversos<br />
tipos petrográficos existentes, em vista <strong>de</strong> suas ocorrências diversificadas e restritas, quase sempre<br />
gradacionais, é uma tarefa extremamente difícil e provavelmente não realizável nos próximos 50<br />
anos, mesmo que a cobertura <strong>de</strong> material alterado seja removida por eventuais trabalhos <strong>de</strong> lavra.<br />
Nestas condições, é prático e cômodo, adotar uma <strong>de</strong>signação global para o conjunto formado pelas<br />
rochas ultramáfico-alcalinas originais (modificadas ou não, pelos processos <strong>de</strong> serpentinização,<br />
flogopitização e carbonatização posteriores) e os veios carbonatíticos que as cortam, dando origem a<br />
um sistema petrográfico que será, genericamente, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> silicocarbonatito. Isto não impe<strong>de</strong>,<br />
contudo, que tipos petrográficos isolados, venham a ser individualmente, caracterizados<br />
quando dos estudos <strong>de</strong> lâminas <strong>de</strong>lgadas. Assim, é possível i<strong>de</strong>ntificar sovitos (se a percentagem <strong>de</strong><br />
calcita for superior a 60%); glimeritos (com percentagem <strong>de</strong> flogopita superior a 60%); serpentinitos<br />
(se a percentagem <strong>de</strong> serpentina atingir ou ultrapassar 60%); etc.<br />
Silicocarbonatitos<br />
Apresentam estrutura maciça, muitas vezes brechói<strong>de</strong>, textura fanerítica média à fina e<br />
cor escura. São constituidos essencialmente <strong>de</strong> flogopita e secundariamente serpentina, a qual,<br />
eventualmente, po<strong>de</strong> ser o maior constituinte. A rocha geralmente está cortada por veios milimétricos<br />
a centimétricos <strong>de</strong> carbonatos com direções variadas, <strong>de</strong> duas ou mais gerações. Como acessórios,<br />
ocorrem cristais <strong>de</strong> magnetita <strong>de</strong> até 1 cm <strong>de</strong> diâmetro e pirita submilimétrica.<br />
Freqüentemente, ocorrem níveis em qu~ a rocha sofre completa flogopitização, sendo<br />
constituída quase que exclusivamente <strong>de</strong> flogopita, aparecendo eventuais cristais <strong>de</strong> magnetita<br />
relativamente bem <strong>de</strong>senvolvidos.<br />
Microscopicamente, apresentam textura granular, hipidiomórfica média à fina, constituída<br />
por cristais xenomórficos, às vezes, hipidiomórficos, <strong>de</strong> flogopita, calcita, apatita, baritina,<br />
olivina serpentinizada, serpentina, feldspato, anfibólios, piroxênios, nefelina, zircão, ~sfeno, pirocloro,<br />
clorita, perovskita, opacos, etc.<br />
A flogopita xenomórfica, às vezes, hipidiomórfica, em cristais submilimétricos a cen.<br />
timétricos, geralmente é o maior constituinte, po<strong>de</strong>ndo apresentar planos <strong>de</strong> clivagens curvos. Alguns<br />
cristais possuem pleocroismo distribuído geralmente em seu interior, variando <strong>de</strong> incolor a<br />
tons <strong>de</strong> vermelho vivo, por vezes zonados. Po<strong>de</strong>m ter suas clivagens preenchidas por óxido <strong>de</strong> ferro<br />
ou carbonato. Inclusões <strong>de</strong> opacos, às vezes, são observadas. É uma constante neste mineral a alteração<br />
a carbonatos, muitas vezes, do centro para a periferia, com uma cor esver<strong>de</strong>ada e turva.<br />
A calcita aparece, principalmente, preenchendo veios nas mais variadas direções ou disseminada<br />
na rocha. No último caso, po<strong>de</strong> ser produto <strong>de</strong> alteração da flogopita e apatita.<br />
A apatita, hipidiomórfica, arredondada ou prismática, po<strong>de</strong> aparecer junto aos caro<br />
bonatos sob a forma <strong>de</strong> veios ou intersticialmente quando prismática. Eventualmente, está alterada<br />
a carbonatos nas bordas e clivagens.<br />
A baritina po<strong>de</strong> ocorrer com certa freqüência, aparecendo principalmente sob a forma <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>lgados veios, em pequenos cristais euédricos com a zonação característica.<br />
A serpentina em fribras muito finas e <strong>de</strong> direções variadas, ocorre como produto <strong>de</strong> alteraçao<br />
<strong>de</strong> olivina ou piroxênios, geralmente em agregados pseudomórficos <strong>de</strong>stes minerais, os<br />
quais possuem inclusões <strong>de</strong> apatita, flogopita e opacos, sendo suas fraturas preenchidas por carbonatos.<br />
O feldspato, provavelmente alcalino, só aparece ocasionalmente, sob a forma <strong>de</strong><br />
cristais xenomórficos arredondados, on<strong>de</strong> raramente se observam maclas Kalrsbad.<br />
O piroxênio, possivelmente aegirina-augita, ocorre muito esporadicamente, em restos<br />
da alteração a anfibólio. Possui cor ver<strong>de</strong> forte com pleocroismo até amarelo, com bordos<br />
escuros e fraturas preenchidas por opacos. O anfibólio, produto <strong>de</strong> sua alteração é fibroso <strong>de</strong><br />
pleocroismo ver<strong>de</strong> amarelo a ver<strong>de</strong> azulado, po<strong>de</strong>ndo tratar-se' <strong>de</strong> eckermanita que por sua<br />
vez transforma-se principalmente em clorita.<br />
Como acessórios, muito raramente, encontram-se nefelina, zircão, esfeno, pirocloro<br />
e perovskita. Os opacos, às vezes, com inclusões <strong>de</strong> apatita e estrutura em box-work, são<br />
acessóriçs constantes, sendo a magnetita o principal, vindo em seguida a pirita.<br />
A composição média, aproximada, para estas rochas po<strong>de</strong>ria ser a da Tabela 4.
FLOGOPITA. 30-80 'Y.<br />
C A L C I TA. J 0-60 'Y.<br />
DOLOMITA O-IO'Y.<br />
APATITA 0-30 %<br />
SERPENTINA . 0-60 %<br />
BARITINA .0- 5 %<br />
OPACOS. 5-20%<br />
ARFVEDSONITA. .0-10%<br />
AEGIRINA - AUGITA. . O-I O'Y.<br />
FELDSPATO ALCALINO. .0-5 'Y.<br />
ESFENO. . .. . O-I O'Y.<br />
Z I R C Ã O, A EGIRI NA, CLORITA, PIROCLORO<br />
PEROWSKITA,MONAZITA<br />
TABELA 4<br />
.0- t r "o<br />
Elaborada a partir <strong>de</strong> estudos petrográficos realizados<br />
por professores e alunos do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da UnB<br />
em 14 amostras <strong>de</strong> silicocarbonatitos (1973).<br />
Sovito<br />
CALCITA .60-95%<br />
APATITA .0- 2 5 %<br />
FLOGOPITA . 0- 2 O %<br />
SERPENTINA..<br />
CARVALHO<br />
.. .0-15%<br />
OPACOS (Maonetito,Pirifa ,efe ). .0-15%<br />
BARITINA. . .0- I O 'Y.<br />
E S F E NO. . 0- 5 'Y.<br />
MON A Z I T A,ZIRCAO,PIROC LORO<br />
PEROVSKITA,AEGIRINA -AUGITA, 0- t r<br />
,..<br />
C L O RITA, K AT OFO RI TAl F LUOR ITA,.tc<br />
Fig. 4 - Fotomicrografia <strong>de</strong> silicocarbonatito. Veio<br />
<strong>de</strong> carbonatos (C) cortando rocha. rica em<br />
flogopita (F), opacos e apatita (A).<br />
Os veios carbonatíticos que ocorrem em Catalão I, <strong>de</strong> duas ou mais gerações, são em sua<br />
gran<strong>de</strong> maioria, calcíticos. Mostram estrutura maciça, textura fanerítica, média à grosseira, às<br />
vezes fina, cor branca, constituído essencialmente <strong>de</strong> calcita e, secundariamente, apatita e flogopita.<br />
Como acessórios, aparecem magnetita até centimétrica, raramente euédrica e calcopirita<br />
preenchendo micro fraturas e vênulas.<br />
Microscopicamente, a textura é granular xenomórfica média à fina, constituida <strong>de</strong> cristais<br />
xenomórficos <strong>de</strong> calcita, apatita, flogopita, serpentina, clorita, esfeno, anfibólios, piroxênio,<br />
zircão, monazita, baritina, opacos e eventualmente pirocloro. A calcita ocorre em pequeno cristais,<br />
<strong>de</strong> um modo geral, arredondados, <strong>de</strong> birrefringência extrema, formando prismas alongados. A<br />
flogopita em lamelas pleocróicas, com inclusões <strong>de</strong> apatita e opacos. Estes po<strong>de</strong>m também ocorrer<br />
intersticialmente.<br />
A variação na classificação e composição dos constituintes minerais <strong>de</strong>sta rocha po<strong>de</strong> ser<br />
observada na Tabela 5.<br />
TABELA 5<br />
Elaborada a partir <strong>de</strong> estudos petrográficos realizados<br />
por professores e alunos do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da UnB<br />
em 15 amostras <strong>de</strong> sovitos (1973).<br />
Os rauhuagitos, raramente encontrados, têm basicamente, a mesma mineralogia dos<br />
117
118 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
sovitos, com o carbonato sendo representado pela dolomita (60-90%) no lugar da calcita.<br />
Glimerito<br />
Os glimeritos que ocorrem preferencialmente na periferia do Complexo, apresentam estrutura<br />
maciça, textura fanerítica média a grosseira, cor escura e são constituidos essencialmente<br />
por flogopita. A rocha po<strong>de</strong> estar cortada por finíssimas vênulas preenchidas por carbonatos.<br />
Microscopicamente, apresentam textura granular xenomórfica, média a grosseira, constituida<br />
por cristais xenomórficos, às vezes hipidiomórficos <strong>de</strong> flogopita, calcita, apatita e opacos.<br />
As características microscópicas <strong>de</strong>stes minerais são idênticas aquelas <strong>de</strong>scritas<br />
bonatitos. A Tabela -6mostra a variação da composição moda! <strong>de</strong>sta rocha.<br />
para os silicocar-<br />
Fig.5 - Fotomicrografia <strong>de</strong> sovito. Carbonatito (C),<br />
apatita (A), flogopita (F) e opacos (O).<br />
Silexito<br />
Fig. 6 - Fotomicrografia <strong>de</strong> glimerito. Flogopita (F),<br />
opacos (O) e veio <strong>de</strong> carbonatos (C).<br />
Os silexitos ocorrem em afloramentos geralmente restritos, em várias partes da intrusão<br />
e na sua periferia. A principal unida<strong>de</strong> mapeável ocorre nas nascentes do córrego do Garimpo, esten<strong>de</strong>ndo-se<br />
transversalmente àquele córrego para N e S.<br />
Em profundida<strong>de</strong> aparecem em toda a intrusão, nas mais diversas cotas, po<strong>de</strong>ndo<br />
apresentar níveis superpostos geralmente não superiores a 2 m <strong>de</strong> espessura. Seu comportamento<br />
em profundida<strong>de</strong> é caótico, po<strong>de</strong>ndo ocorrer intercalados ao material alterado nas mais diversas<br />
direções. São muito abundantes nas partes centrais da intrusiva, on<strong>de</strong> os furos <strong>de</strong> sonda, após<br />
atravessarem 150 m <strong>de</strong> sedimentos argilosos, cortaram mais 100 m sem ultrapassá-Ios.<br />
A estrutura é maciça, geralmente marron amarelada, às vezes enegrecida. Além do<br />
quartzo e calcedônia, po<strong>de</strong>m conter ainda magnetita, pirita, baritina, apatita e minerais portadores<br />
<strong>de</strong> terras raras que mostram cores esver<strong>de</strong>adas. Os blocos <strong>de</strong>ste silexito alteram-se <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro,<br />
formando calcedônia pulverulenta.<br />
Petrograficamente, os silexitos, são <strong>de</strong> composição bastante variável, po<strong>de</strong>ndo ser constituídos<br />
unicamente <strong>de</strong> quartzo ou calcedônia, ou conter os <strong>de</strong>mais minerais acima especificados,<br />
isoladamente ou associados (Tab. 7). Eventualmente aparecem cristais <strong>de</strong> pirocloro. No primeiro<br />
caso os silexitos <strong>de</strong>vem ser originados a partir da silicificação das porções ultramáficas <strong>de</strong> Catalão I,<br />
ao passo que no segundo caso, os silexitos <strong>de</strong>vem ser o resultado final da silicificação dos carbonatitos.<br />
Com excessão da calcita o restante da mineralogia <strong>de</strong>stas rochas é conservada com os<br />
processos <strong>de</strong> silicificação ocorridos.<br />
Ao microscópio mostra textura granular xenomórfica. Além da sílica, apresentam<br />
subordinadamente opacos, e eventuais cristais <strong>de</strong> baritina, apatita, calcita, monazita, rabdofanita,<br />
bastnaesita, etc., e muito raramente pirocloro.<br />
O quartzo aparece em cristais anédricos com os bordos interpenetrados, corroídos ou engrenados,<br />
ou sob a forma microcristalina preenchendo fraturas ou cavida<strong>de</strong>s com os bordos marcados<br />
por películas <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro.<br />
A calcedônia tem comportamento semelhente ao do quartzo microcristalino, sendo o<br />
segundo constituinte em abundância.
CARVALHO 119<br />
A baritina po<strong>de</strong> ocorrer com certa frequência, aparecendo geralmente em agregados <strong>de</strong><br />
pequenos cristais prismáticos euédricos, com 2 V
120 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Canga rica em Magnetita<br />
TABELA 8<br />
ERAS PERIODOS UNIDADES<br />
ESTRATlGRÂFICAS<br />
L ITOLOGI AS<br />
C<br />
..<br />
.õ<br />
N<br />
O<br />
z<br />
...<br />
..<br />
-<br />
COBERTURAS<br />
DETRITO<br />
L ATERíTICAS<br />
SOLOS LATERiTICOS<br />
8/0U CROSTAS<br />
L IMONITICAS<br />
C<br />
..<br />
-õ<br />
N<br />
O.,<br />
...<br />
::r<br />
CRETÁCEO<br />
SUPERIOR -<br />
SILEXITOS,CARBON1\<br />
TlTOS,PIROXENITOS<br />
o PERIDOTITOS<br />
SERPENTlNIZADOS<br />
C<br />
-I!!<br />
Ir:<br />
'" ~i<br />
- GRUPO ~ARAXÁ<br />
MICAXISTOS,QUARTZl<br />
TOS, ANFIBOLITOS,o'c<br />
(FENITIZADOS QUAN<br />
DO PRÓXIMOS AOS<br />
~~T~~~R~~rp<br />
...<br />
u<br />
-õ N<br />
O<br />
...<br />
:::><br />
O<br />
Ir:<br />
...<br />
- COMPLEXO BASAL<br />
MI6MATITOS, PARA-<br />
GNAISSES,ANFIB0L!<br />
TOS .DIORITOS,GR1\<br />
NITOS,METABASITOS,<br />
etc.<br />
As cangas ricas em magnetita nunca apresentam espessura superior a 15 m, e ocorrem<br />
isoladamente em aglomerados <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s matacões por toda a área da intrusão, constituindo<br />
temunhos do extenso manto <strong>de</strong> laterização que cobriu toda a região.<br />
tes-<br />
As partes mapeáveis concentram-se no centro da área <strong>de</strong> rocha intrusiva, com ligeiro estiramento<br />
para o Norte. A maior das ocorrências está localizada ao N da Lq,goa Seca e faz parte <strong>de</strong><br />
um verda<strong>de</strong>iro anel interno constituído por canga, que circunda aquela <strong>de</strong>pressão. Este anel está<br />
bem <strong>de</strong>stacado na topografia, embora em parte se encontre interrompido pelos efeitos erosivos.<br />
Outras ocorrências <strong>de</strong> pequeno porte po<strong>de</strong>m ser assinaladas a SE e a NW, on<strong>de</strong> se observa<br />
canga extremamente rica em magnetita.<br />
Esta canga, por seu aspecto e pela gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> magnetita associada, difere<br />
sensivelmente, dos lateritos originados dos metamorfitos do Grupo Araxá. .<br />
Mostra estrutura concrecionária, cor escura, com porfiroblastos até centimétricos <strong>de</strong><br />
magnetita, geralmente euédrica, mergulhados em matriz <strong>de</strong> magnetita microscópica e óxidos <strong>de</strong> ferro<br />
diversos. Na região da Lagoa Seca esta canga é rica em baritina e calcedônia. em veios ou preenchendo<br />
cavida<strong>de</strong>s.<br />
Microscopicamente, caracteriza-se pela repetição monótona <strong>de</strong> porfiroblastos <strong>de</strong> opacos<br />
(magnetita) mergulhados em matriz <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> ferro diversos.<br />
A magnetita geralmente é entrecortada por veios <strong>de</strong> quartzo formados por cristais<br />
muitos finos. Cavida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m também estar preenchidas por quartzo. Sua origem <strong>de</strong>ve estar<br />
relacionada com os proceSsos <strong>de</strong> laterização ocorridos. Nas rochas frescas <strong>de</strong> Catalão I, ricas em<br />
magnetita, não foram observados cristais <strong>de</strong>ste mineral comparáveis na quantida<strong>de</strong> e no tamanho<br />
com aqueles encontrados nas cangas lateríticas. Estudos mais <strong>de</strong>talhados, são necessários para<br />
uma melhor <strong>de</strong>finição da origem <strong>de</strong>stas magnetitas.<br />
A baritina ocorre como porfiroblastos eué~ricos imersos na matriz <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> ferro,<br />
tendo um aspecto plumoso característico geralmente zonado, po<strong>de</strong>ndo também ocorrer em agregados<br />
<strong>de</strong> pequenos cristais prismáticos.<br />
A celestina também po<strong>de</strong> ocorrer em pequenos cristais, sendo distinguida da baritina<br />
o unicamente pelo 2V>45 , o que torna s\1ai<strong>de</strong>ntificação difícil pelos métodos óticos usuais.<br />
A canga rica em magnetita,.muitas vezes, ce<strong>de</strong> lugar a canga que eventualmente contem<br />
pirocloro. Este tipo <strong>de</strong> canga apresenta a magnetita cortada por veios <strong>de</strong> quartzo subparalelos formados<br />
por cristais muito finos. O pirocloro aparece em pequenos cristais euédri,cos, marron amarelados,<br />
zonados, isótropos e <strong>de</strong> baixa refrigência, que ocorrem junto aos veios <strong>de</strong> quartzo.<br />
Conglomerado Limonitico<br />
É uma canga <strong>de</strong> caráter conglomerático que contém seixos e blocos <strong>de</strong> materiais diversos
CARVALHO<br />
aglutinados por cimento magnetítico e limonítico. Sua ocorrência é restrita às proximida<strong>de</strong>s da borda<br />
N. Aparece margeando <strong>de</strong> um lado e do outro o cônego Chapad4o, numa distância aproximada<br />
<strong>de</strong> 600 m, com largura nunca superior a 200 m. Tal canga só difere daquela rica em magnetita pela<br />
presença <strong>de</strong> blocos e seixos <strong>de</strong> quartzito e silexito.<br />
Apresenta estrutura conglomerática e coloração escura, com seixos <strong>de</strong> alguns até 50 em,<br />
sendo englobados por matriz <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro e magnetita submilimétrica. Os seixos sem selecionamento,<br />
po<strong>de</strong>m estar rolados, sub-rolados ou brechados, e geralmente são <strong>de</strong> quartzito ou si.<br />
lexito. Gran<strong>de</strong>s cristais <strong>de</strong> magnetita são, comumente, observados.<br />
Solo Lateritico Rico em Vermiculita<br />
Junto à borda E da intrusão, nas partes mais dissecadas, ocorre um solo amarelo, ar.<br />
giloso, muito rico em palhetas <strong>de</strong> venniculita, com seixos irregulares e concreçôes silicosas. É pobre<br />
em magnetita, contento i1menita e anatásio.<br />
Esta unida<strong>de</strong> aparece numa faixa <strong>de</strong> direção N-S, acompanhando a borda E e tendo continuida<strong>de</strong><br />
na borda N. Po<strong>de</strong> ocorrer, também, abaixo da cobertura <strong>de</strong> solo laterítico rico em magnetita.<br />
É o produto <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong> rochas ricas em flogopita, ou seja os glimeritos.<br />
Solo Lateritico Rico em Magnetita<br />
A porção W da intrusão é ocupada por um solo laterítico, amarelo a vermelho, argiloso,<br />
contendo magnetita, ilmenita, martita, quartzo ou calcedônia, barita e eventualmente apatita,<br />
i<strong>de</strong>ntificáveis macroscopicamente. Esta unida<strong>de</strong> cobre cerca <strong>de</strong> 2/3 da área da intrusão.<br />
Caracteriza.se por um pequeno conteúdo <strong>de</strong> quartzo e por uma relativamente gran<strong>de</strong><br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> magnetita.Freqflentemente observa-se um horizonte <strong>de</strong> até dois m <strong>de</strong> espessura,<br />
constituido à base <strong>de</strong> restos da <strong>de</strong>sagregação mecâIrica <strong>de</strong> crostas limoníticas, representados por<br />
pequenos n6dulos <strong>de</strong> cangas associados a material da fração argila. Abaixo <strong>de</strong>ste horizonte, o solo<br />
toma-se mais argiloso, <strong>de</strong> coloração amarelada, friável e menos rico em magnetita.<br />
Sedimentos ArgDosos<br />
Sondagens realizadas na <strong>de</strong>pressão central da estrutura, conhecida como Lagoa Seca,<br />
cortaram 150 m <strong>de</strong> sedimentos argilosos, possivelmente transportados, sobrepostos aos silexitos<br />
que se seguem. Pouco antes <strong>de</strong> atingir estas rochas, as colunas <strong>de</strong> perfuração encontraram um <strong>de</strong>lgado<br />
nível <strong>de</strong> material grosseiroconstituido à base <strong>de</strong> pequenos seixos rolados <strong>de</strong> silexito e mago<br />
netita. Por outro lado, alguns furos <strong>de</strong> sonda, realizados proximos aos limites externos da Lagoa<br />
Seca, on<strong>de</strong> afiora canga rica em magnetita, após ultrapassarem estas crostas, encontraram um<br />
material argiloso semelhante àquele encontrado na <strong>de</strong>pressão.<br />
A presença <strong>de</strong> seixos rolados no fundo da Lagoa Seca e <strong>de</strong> seus sedimentos abaixo das<br />
crostas limoníticas terciárias, permitem supor que a atual' <strong>de</strong>pressão já constituia, no Terciário,<br />
uma gran<strong>de</strong> cavida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma aproximadamente e1íptica com um <strong>de</strong>lgado estiramento para o norte,<br />
com pelo menos 150 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> com o eixo maior (E.W) <strong>de</strong> 700 m e o menor (N-SI <strong>de</strong> 500 m,<br />
aproximadamente,que foi totalmente preenchida com material transportado das encostas vizinhas.<br />
Como se formou esta cavida<strong>de</strong>? Os elementos disponíveis fazem supor que no local em questão,<br />
ocorreu a formação do stock carbonatítico principal do Complexo e que, antes <strong>de</strong> sua silicificação,<br />
aconteceu o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma dolinà <strong>de</strong> dissolução ou mesmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoronamento com as<br />
dimensões da atual <strong>de</strong>pressão.<br />
Os sedimentos que estão preenchendo esta <strong>de</strong>pressão, são nos primeiros. 30 metros constituidos<br />
<strong>de</strong> argilas plásticas, cauliníticas, extremamente fmas, <strong>de</strong> cor branca a cinza claro, em que se<br />
encontram, eventualmente, cristais idiomórficos <strong>de</strong> vivianita, <strong>de</strong> até 2 em. Na continuação do perfil<br />
nota-se apenas uma variação na coloração, que passa a ser amarelada.<br />
Outros sedimentos argilosos, <strong>de</strong> origem recente, extremamente ricos em matéria orgânica,<br />
po<strong>de</strong>m ser encontrados numa <strong>de</strong>pressão completamente a1agada que constitui uma das<br />
cabeceiras do cônego doChapadão.<br />
Estêa aedimentoa poaauem pequena espessura, nAoatingindo 1,50 m e são <strong>de</strong> cor escura,<br />
característica dos materiais impregnados <strong>de</strong> humus.<br />
121
122 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Condicionamento Geotectônico e Estrutural<br />
ASPECTOS GEOTECTONICOS ESTRUTURAIS,<br />
ESTRATIGRÁFICOS E GEOHISTORICOS<br />
o Complexo Catalão I, constituido por rochas ultramáficas-alcalinas cortadas por veios<br />
<strong>de</strong> carbonatitos, está situado em uma zona <strong>de</strong> fraqueza da crosta terrestre. Forma com os complexos<br />
semelhantes <strong>de</strong> Catalão 11, Serra Negra, Salitre, Barreiro (Araxá) e Tapira um alinhamento <strong>de</strong> intrusivas<br />
dômicas que, segundo Grossi-Sad (1972), é <strong>de</strong> formato curvo acompanhando as bordas da<br />
Bacia Sedimentar do Paraná.<br />
De acordo com Kukharenko et alii (1961), esses complexos só ocorrem em condições<br />
geotectônicas específicas, on<strong>de</strong> os <strong>de</strong>slocamentos verticais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s blocos da crosta terrestre são<br />
os principais movimentos tectônicos. Estes' <strong>de</strong>slocamentos ocorrem concomitantemente com dobramentos<br />
realizados alhures. As fraturas surgidas como reação das estruturas rígidas da plataforma<br />
aos movimentos <strong>de</strong> dobramento nas faixas móveis, guiaram a ascensão do magroa ultramáficoalcalino,<br />
produzido por fusão seletiva <strong>de</strong> material do manto.<br />
No sul <strong>de</strong> Goiás, as estruturas regionais <strong>de</strong>senvolveram-se sobre duas unida<strong>de</strong>s estratigráficas<br />
pré-cambrianas (Complexo Basal e Grupo Araxá) e a cada uma <strong>de</strong>las correspon<strong>de</strong> pelo<br />
menos um padrão estrutural. Isoladamente, o Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I constitui<br />
a mais notável estrutura da região que se enquadra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um condicionamento geotectônico<br />
bem <strong>de</strong>finido, como foi visto acima.<br />
Diversos ciclos tectogênicos ocorreram na região, havendo superposição dos mesmos<br />
nas unida<strong>de</strong>s estratigráficas mencionadas, tornando difícil a análise estrutural <strong>de</strong>stes eventos.<br />
Existem boas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que as estruturas singenéticas à evolução do Grupo Araxá, até a sua<br />
estabilização, correspondam aos gran<strong>de</strong>s eixos <strong>de</strong> direção principal EW-WNW.<br />
É lícito prever que as feições estruturais pré-existentes nas unida<strong>de</strong>s estratigráficas<br />
mais antigas foram absorvidas pelos eventos tectônicos mais novos, inclusive com restauração<br />
completa <strong>de</strong> algumas estruturas.<br />
Regionalmente po<strong>de</strong>-se observar uma acentuada concordância entre o Complexo Basal e<br />
as estruturas sobrejacentes características das rochas do Grupo Araxá, sendo contudo difícil esta<br />
observação em escala <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe, uma vez que as rochas <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong>, raramente, apresentam<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estruturas planares e lineares passíveis <strong>de</strong> medição.<br />
No Complexo Ultramáfíco-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, os efeitos da tectônica rígida estão<br />
bastante claros, com um sistema <strong>de</strong> falhamento e fraturamente radial periférico bastante característico.<br />
Estas feições estruturais só po<strong>de</strong>m ser mapeadas nas bordas do Complexo. Internamente em<br />
virtu<strong>de</strong> do elevadíssimo estado <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong> suas rochas elas estão completamente mascaradas.<br />
Algumas mudanças bruscas nos valores radiométricos têm sido interpretadas como evidências <strong>de</strong><br />
falhamentos, <strong>de</strong>ntro da estrutura.<br />
Seqüência estratigráfica<br />
As unida<strong>de</strong>s estratigráficas ocorrentes na região <strong>de</strong> Catalão po<strong>de</strong>m ser visualizadas na<br />
Coluna Estratigráfica mostrada na Tabela 8.<br />
<strong>Geologia</strong> histórica<br />
Ainda no Pré-cambriano <strong>de</strong>positam-se as camadas Araxá em ambiente geossinclinal. A<br />
sedimentação é predominantemente pelítica e psamítica, mas há pequenas intercalações <strong>de</strong> margas<br />
calcárias e outras litologias.<br />
Esses sedimentos foram atingidos pelo ciclo tectônico Baicaliano, com intenso dobramento<br />
e falhamento, acompanhado <strong>de</strong> metamorfismo. Sua direções estruturais condicionam a<br />
<strong>de</strong>limitação da Bacia sedimentar do Paraná no Paleozóico.<br />
Segue-se um longo período <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> e no Mesozóico em consequência da lenta<br />
subsidência da Bacia Sedimentar do Paraná, reativam-se antigas falhas da plataforma. Abrem-se<br />
geoclases dando passagemao magroa toleítico que forma extensos <strong>de</strong>rrames ao sul <strong>de</strong> Catalão.<br />
Durante a movimentação em direção à superfície, parte do magroa basáltico sofre<br />
modificações, responsáveis pelas intrusões ultramáficas-alcalinas <strong>de</strong> Catalão I, Catalão 11, Serra
CARVALHO 123<br />
Negra, Salitre, Barreiro e Tapira. Datação pelo método K/ Ar no Laborat6rio <strong>de</strong> Geocronologia da<br />
USP mostram ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 70 a 90 m.a. situando essas rochas no Cretáceo Superior.<br />
A ascenção da ultramáfica-alcalina encontra em Catalão um teto muito resistente nos<br />
quartzitos do Grupo Araxá, <strong>de</strong>formando-os domicamente A intrusão dômica acarreta também<br />
modificações metassomáticas na encaixante, originando os atuais fenitos.<br />
Posteriormente à intrusão, fenômenos autometassomáticos ou hidrotermais modificam<br />
as rochas ultramáficas originais, conduzindo ao aparecimento <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> serpentinizaçAo e<br />
flogopitização. Nas fases mais tardias do magmatismo, o Complexo é intensamente falhado e<br />
fraturado. Aproveitando essas fraturas e falhas, por processos autometassomáticos ou magroáticos,<br />
a intrusiva é intensamente carbonatizada, dando origem aos atuais carbonatitos.<br />
Num período, compreendido entre o evento dos carbonatitos <strong>de</strong> Catalão I, possivelmente<br />
ainda no Cretáceo Superior e o início dos processos <strong>de</strong> laterização, no Terciário, ocorreu a formação<br />
<strong>de</strong> pelo menos uma dolina, no plug carbonatítico central. Também neste intervalo <strong>de</strong> tempo,<br />
<strong>de</strong>ve ter acontecido a intensa silicificação que alterou indistintamente várias rochas do Complexo,<br />
originando os atuais silexitos. A partir dai, a dolina teve o seu <strong>de</strong>senvolvimento interrompido, tendo-se<br />
iniciado o seu preenchimento por sedimentos transportados a partir das encostas vizinhas.<br />
Em seguida, o intemperismo e a erosão, atuando sobre o domo, <strong>de</strong>sgastam a encaixante,<br />
fazendo sobressair topograficamente o quartzito mais resistente. A ação do intemperismo químico,<br />
na intrusiva, <strong>de</strong>termina enriquecimento supergênico dando origem aos atuais <strong>de</strong>pósitos minerais.<br />
A partir do Terciário, segundo Barbosa (1966), toda a região é submetida a intenso<br />
processo <strong>de</strong> laterização. As cangas que hoje aparecem abundantemente na área da intrusiva e o<br />
laterito nodular na região dos metamorfitos testemunham a intensida<strong>de</strong> do fenômeno.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
o autor <strong>de</strong>seja consignar o seu agra<strong>de</strong>cimento à Diretoria Técnica da METAGO pela<br />
autorização <strong>de</strong> publicação <strong>de</strong>ste trabalho bem como ao Professor Dr. Aluízio Licínio <strong>de</strong> Miranda<br />
Barbosa e aos geólogos Pérsio Man<strong>de</strong>tta, Carlos Maranhão Gomes <strong>de</strong> Sá e Tércio Pina <strong>de</strong> Barros<br />
pelas sugestões e revisões finais do texto.<br />
Reconhecidamente agra<strong>de</strong>ce também à equipe técnica do Projeto Catalão, tanto do pas.<br />
sado como do presente, em cujo seio foi possível amadurecer as idéias e pontos <strong>de</strong> vista emitidos<br />
neste trabalho, através da constante troca <strong>de</strong> informações e opiniões construtivas.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
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VOROBIEV A, O. A. . HltiO. Alklli roçko ohbo VRSS, 11I;lNTERNATlONAL GEOLOGICAL CONGRESS, 21&,Copenbaguen. pt.13.
GRANITO DE CAMPO FORMOSO - Da<br />
MARIA ALBA FARIAS TANNER DE OLIVEIRA., RAYMUNOO JOS~<br />
BULCÁO FROES., TEODORO TANNER DE OLIVEIRA.<br />
ABSTRACT<br />
The granitlc body ..hlch i. in contact with the _tem JD&l1IÚIof the Serra <strong>de</strong> Jacobine lho..., in the ",gion of Campo Formoeo,<br />
unulUal magmatic featUl8l.<br />
Samples were studied from azone inc1udingthe contactand4kmfromit.<br />
The petrographic study showed the rocks to be of granodioritic to granitic compo.ition with tipicaUy magmatic textures.<br />
The petrochemica1 .tudy confirmed the magmatic characterof the rock8~.<br />
Field evi<strong>de</strong>nce and certain petrographical <strong>de</strong>tails .uggest tilat total anetexis of pI8.existing gneiss.. occurred.<br />
INTRODUÇAO<br />
Na região <strong>de</strong> Campo Formoso, ao norte da Serra <strong>de</strong> Jacobina, ocorre um corpo granÍtico<br />
<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ráveis dimensões, em contato tipicamente magmático com as formações metassedimentares<br />
da serra.<br />
O presente trabalho trata dos resultados obtidos com o estudo <strong>de</strong> 19 amostras, coletadas<br />
no granito, ao longo do contato ou próximo a ele. Este estudo tem o objetivo <strong>de</strong> contribuir para uma<br />
melhor compreensão da gênese <strong>de</strong>ste granito, ainda não <strong>de</strong>finitivamente esclarecida.<br />
A área estudada correspon<strong>de</strong> a uma faixa <strong>de</strong> 4 km <strong>de</strong> largura por 20 <strong>de</strong> comprimento, esten<strong>de</strong>ndo-se<br />
a partir da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campo Formoso para N.<br />
Campo Formoso situa-se nas coor<strong>de</strong>nadas geográficas <strong>de</strong> 10°30' <strong>de</strong> Lat S e 40°18' <strong>de</strong><br />
Long W, distando em linha reta, 340 km <strong>de</strong> Salvador. O acesso à área po<strong>de</strong> ser feito por rodovias<br />
pavimentadas, percorrendo-se 405 km, a partir da capital do Estado.<br />
·IG/UFBa
126 ANAIS DO XXVI/1 CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Trabalhos Anteriores<br />
Graças às jazidas <strong>de</strong> cromita associadas às rochas ultrabásicas que ocorrem proximas à<br />
área, a região mereceu a atenção <strong>de</strong> diversos autores. No entanto, pouco foi dito a respeito das<br />
rochas graníticas, sendo estas classificadas genericamente como granito-gnaisse, mjgmatitos ou<br />
ainda granitos intrusivos, mas sem maiores consi<strong>de</strong>rações a respeito.<br />
Griffon, 1967, consi<strong>de</strong>rou-as como <strong>de</strong> origem anatética, com evidências <strong>de</strong> metassomatismo.<br />
Brito Neves, 1972, admite conclusIvamente uma origem metassomática, com refusão local, mas<br />
reconhece uma homogeneida<strong>de</strong> litológica suficiente, para classificar estas rochas como Granito <strong>de</strong><br />
Campo Formoso.<br />
Uma única amostra <strong>de</strong>ste granito foi datada ~r Távora, 1969, pelo método K/ Ar, com<br />
moscovita, apresentando ida<strong>de</strong> em torno <strong>de</strong> 1.000 X 10 anos, que <strong>de</strong> acordo Cordani et alii, 1969,<br />
aparentemente é da mesma or<strong>de</strong>m daquelas do grupo Jacobina (metassedimentos).<br />
<strong>Geologia</strong><br />
Duas gran<strong>de</strong>s unida<strong>de</strong>s litoestratigráficas, constituem a geologia da região: o Grupo<br />
Jacobina 9 o Granito <strong>de</strong> Campo Formoso.<br />
O Grupo Jacobina constitui uma seQÜência <strong>de</strong> quartzitos, xistos e filitos intercalados,<br />
estruturado em sinclinais e anticlinais muito fechados e estirados, tendo em conjunto um aspecto <strong>de</strong><br />
homoclinal, com fortes mergulhos para leste. A direção geral é NoS, mas na área em estudo, sofre<br />
uma inflexão, <strong>de</strong>screvendo um gran<strong>de</strong> arco (Fig. 1).<br />
Morfologicamente constitui uma serra com altitu<strong>de</strong>s que alcançam 1.000 m, e largura <strong>de</strong><br />
cerca <strong>de</strong> 6 km, apresentando escarpas muito abruptas.<br />
O contato com os gnaisses e mjgmatitos a E é feito por falhas <strong>de</strong> acavalamento.<br />
O granito <strong>de</strong> Campo Formoso, constitui um chapadão bastante dissecado, <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong><br />
média<strong>de</strong>500m.<br />
A sua área <strong>de</strong> afloramento compreen<strong>de</strong> aproximadamente 1.000 km2. Ao norte e ao sul<br />
está em contato difuso com migmatitos e gnaisses. A oeste encontra-se recoberto por calcários do<br />
Grupo Bambuí (Formação Sete Lagoas). O contato a leste faz-se com o Grupo J acobina. Esse contato<br />
apresenta evidências típicas <strong>de</strong> intrusão magmática. Ao sul <strong>de</strong> Campo Formoso, seguindo a estrada<br />
para o povoado <strong>de</strong> Limoeiro a 500 m da igreja da Gameleira, indo em direção à encosta da<br />
serra, encontra-se um gran<strong>de</strong> afloramento <strong>de</strong> granito, com xenólitos <strong>de</strong> quartzito ver<strong>de</strong>, do Grupo<br />
Jacobina. Ao norte da área, também no contato, à 8ltura da Vila <strong>de</strong> Socotó, observam-se gran<strong>de</strong>s<br />
apófises <strong>de</strong> granito penetrando nos quartzitos.<br />
Falhas e fraturas longitudinais e transversais à serra afetam tanto o Grupo Jacobina<br />
como o granito adjacente.<br />
Material e Método <strong>de</strong> amostragem<br />
Tendo como base fotografias aéreas na escala 1:25.000, procurou-se coletar as amostras<br />
em espaçamentos constantes a partir do contato. Devido à precarieda<strong>de</strong> dos acessos e a falta <strong>de</strong><br />
afloramentos, não foi possível obe<strong>de</strong>cer a um rigido sistema <strong>de</strong> amostragem. Conseguiu-se no entanto,<br />
amostras representativas do contato, e <strong>de</strong> 0,5 km, 1,0 km, 2,0 km,3,0 kme 4,0 km distantes.<br />
As amostras foram coletadas ao longo <strong>de</strong> estradas, trilhas e cursos d'água (Fig. 1).<br />
PETROGRAFIA<br />
As rochas estudadas tem coloração cinza a rosea, granulação fanerítica fina a média.<br />
Quando há predominância <strong>de</strong> plagioclásio, são rochas hipidiomórficas, se entretanto predomina o<br />
feldspato potássico são alotriomórficas.<br />
Os feldspatos encontram-se em parte, não geminados. Para a sua i<strong>de</strong>ntificação foi<br />
utilizado o teste <strong>de</strong> coloração com cobaltinitrito <strong>de</strong> sódio (Chayes, 1952). A análise modal foi feita<br />
para 19 seções <strong>de</strong>lgadas, utilizando o método Chayes, 1949, tendo sido contados 3.000 a 3.500 pontos.<br />
Os resultados estão apresentados na Tabela 1. Quartzo, microclina e plagioclásio modais foram<br />
recalculados para 100, e os resultados lançados no diagrama Qz -Plag - K.Felds, Figura 2, <strong>de</strong> acor-
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OLIVEIRA, FRÓES, OLIVEIRA<br />
Flg. 1 - Mapa Geo16gico e 'Localização das Amostras Estudadas.<br />
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do com Moore, 1969, para melhor classificar as rochas. Observa-se que a composiçãó varia <strong>de</strong><br />
granodiorito até granito, havendo uma maior concentração no campo do quartzo-monzonito.<br />
De modo geral, as rochas estudadas ao microscóPio slo muito semelhantes, tanto do<br />
ponto <strong>de</strong> vista textural como mineralógico.<br />
Há evidências <strong>de</strong> esforços posteriores. cristaHzaçlo observadas em quase todas 88<br />
liminas, tais como: microquebramento dos grãos, planos <strong>de</strong> geminaçio e clivagem encurvados, ex-<br />
n'<br />
127
128 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
tinção ondulat6ria no quartzo e feldspatos. É notável a ausência absoluta <strong>de</strong> minerais acessórios.<br />
tUARTZO<br />
Fig. 2 - Diagrama <strong>de</strong> Moore, 1959 para Classificação <strong>de</strong> Rochas Igneas Ácidas.<br />
Mineralogia<br />
Quartzo - Em todas as amostras ocorre <strong>de</strong> forma intersticial, fortemente fraturado, e por<br />
v~zes com extinção ondulat6ria; nas amostras mais distantes do contato apresenta aspectos <strong>de</strong><br />
refusão. Observou-se também, em uma amostra, inclusão <strong>de</strong> moscovita.,<br />
Microclina - Apresenta a~pectos bastante variados. A granulometria numa mesma<br />
amostra po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> muito fina à média, e a forma <strong>de</strong> anedral até euedral. Observou-se que os<br />
grãos menores tem maior tendência ao euedralismo que os grãos mais grosseiros.<br />
Oligoclásio - Tem uma maior tendência a euedralismo que a microclina. Apresenta-se<br />
tipicamente zonado. A geminação quando presente é do tipo albita e albita-Carlsbad. A mirmequita<br />
é muito abundante, com e sem continuida<strong>de</strong> ótica. Na amostra 19,a 1 km do contato, encontra-se<br />
em textura tipo rapakivi, envolvendo a microclina, esta <strong>de</strong> forma irregular. O grau <strong>de</strong> alteração é<br />
por vezes pronunciado e, como a microclina, está alterado em argilo-minerais e sericita.<br />
Moscovita - Ocorre em cristais sub-édricos bastante <strong>de</strong>senvolvidos e intimamente associada<br />
à biotita. Encontra-se presente em todas as amostras estudadas estando intersticial aos<br />
<strong>de</strong>mais grãos da rocha, o que <strong>de</strong>mostra a sua origem primária. Observam-se evid~ncias <strong>de</strong> esforços<br />
posteriores à cristalização, apreseritando-seentão bastante <strong>de</strong>formada.<br />
Biotita - Apresenta-se em menor quantida<strong>de</strong> que a moscovita a qual está asso-
OLIVEIRA, FRÓES, CJUVEIRA 129<br />
ciada. O pleocroísmo varia <strong>de</strong> castanho a ver<strong>de</strong>. A cloritização é bastante pronunciada com<br />
exsolução <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro, que fica concentrado no plano <strong>de</strong> cilvagem do mineral.<br />
Quartzo<br />
Microclina<br />
Plagioclásio<br />
Biotita<br />
Moscovita<br />
TABELA 1<br />
Análises Modais<br />
17,9 28,9 18,9 25,5 25,3 22,5 20,2 15,6 24,8 35,3 25,0 20,6 29,8 25,3 24,0 23,9 24,6 22,1 22,4<br />
68,4 44,9 26,8 36,3 19,6 24,8 42,2 43,8 34,6 22,2 41,2 25,5 22,1 50,9 32,9 49,6 49,5 27,2 42,2<br />
10,7 17,2 47,6 30,2 45,7 43,1 21,8 28,8 32,7 31,2 27,2 31,S 41,3 15,4 37,6 16,9 17,2 30,0 22,0<br />
1,3 4,8 1,9 2,8 6,0 5,0 5,7 5,2 5,8 3,6 4,1 2,5 1,6 6,1 3,1 2,1 1,9 5,7 2,6<br />
1,7 4,2 4,8 5,2 3,4 3,7 10,1 6,6 2,1 7,7 2,5 19,9 5,2 3,2 2,4 7,5 6,8 5,0 10,2<br />
TABELA 2<br />
Análises Químicas<br />
19 32-a<br />
Si02 71,79 67,75<br />
Al203 14,46 14,69<br />
Fe203 2,72 0,23<br />
FeO 1,68<br />
MgO 0,63 1,11<br />
CaO 1,63 3,10<br />
Na20 3,73 3,82<br />
K20 3,41 4,45<br />
Ti02 0,68 1,06<br />
MnO 0,09 0,10<br />
P20S 0,21<br />
H20+ 0,50 1,34<br />
Total 99,64 99,54<br />
VARIAÇÁOQUIMICA<br />
46<br />
70,90<br />
15,22<br />
0,71<br />
0,41<br />
2,02<br />
4,47<br />
4,06<br />
0,89<br />
99,97<br />
Três amostras foram selecionadas para análises químicas (realizadas pelo Laboratório <strong>de</strong><br />
Mineralogia e Petrologia do Instituto Superior Técnico da Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa), Tabela 2,<br />
a partir das quais calculou-se as normas CIPW (Johansen, 1939), e os valores <strong>de</strong> Niggli, vistos na<br />
Tabela 3.<br />
Há <strong>de</strong> se notar que as normas acusam a presença <strong>de</strong> piroxênios e acessórios, tais como ilmenita,<br />
hematita, esfeno e rutilo que não foram encontrados quando no estudo petrográfico. Isto é<br />
explicável pela presença <strong>de</strong> biotita que forneceu os elementes químicos necessários para formar no<br />
cálculo normativo, esses minerais acessórios.<br />
Com base nos parâmetros CI,PW-Lacroix as rochas foram <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> granito<br />
monzonítico e granito akerítico, ambos da família dos granitos alcalinos. Quimicamente não po<strong>de</strong>rse-ia<br />
ter granodiorito como encontrou-se no diagrama <strong>de</strong> Moore, já que-esta rocha tem parâmetro<br />
r= 4 e obteve-se, para as amostras analisadas, r= 2.<br />
Determinou-se ainda, a partir das normas, os índices <strong>de</strong> diferenciação, <strong>de</strong> acordo com<br />
Thornton e Tutt1e 1960, os quais variam <strong>de</strong> 79,6 a 84, 4, o que revela o caráter álcali-ácido das rochas<br />
em estudo. Os resultados foram lançados no dü1.grama<strong>de</strong> curvas <strong>de</strong> contorno para 5.000 análises das<br />
6O-a
130<br />
ANAIS DO XXVIII COlfGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
TABELA 3<br />
Normas CIPW, Valores <strong>de</strong> Nigglie Índices<br />
<strong>de</strong> Diferenciação (I. D.)<br />
19 32-a 46 19 32-a 46<br />
Q 32,8 20,8 24,7 H2 0,5 1,3 1,3<br />
Or 20,0 26,3 23,9 Si 377,3 314,5 369,2<br />
Ab 31,4 32,5 37,7 ai 44,8 40,1 46,5<br />
An 8,1 9,7 9,5 fm 15,7 14,2 6,3<br />
Wo 0,1 c 9,2 15,3 11,3<br />
Di 1,6 4,5 1,9 aIk 30,3 30,4 35,9<br />
Hy 1,9<br />
C 1,7 1. D. 84,2 79,6 86,4<br />
il 2,0 1,5<br />
Hm 2,7<br />
Sph 0,2<br />
Ru 0,6<br />
Parâmetros CIPW - Lacroix e classificação das rochas<br />
19= 1.3(4).2.4 Granito akerítico<br />
32 = 1.4.2.3. Granito monzonítico<br />
46 = 1.4.2.3. Granito monzonítico<br />
TABELA 4<br />
Albita, Quartzo e Ortoclásio Normativos<br />
Recalculados para 100<br />
19 32-a 46<br />
Quartzo 39,0 26,1 28,6<br />
Albita 37,3 40,8 43,7<br />
Ortoclásio 23,7 33,1 27,7<br />
tabelas <strong>de</strong> Washington, citado em Thornton et alii, 1960, Figura 3, on<strong>de</strong> se observa o caráter super<br />
saturado em Si02, em relação aos <strong>de</strong>mais óxidos. Os pontos no diagrama ficaram muito próximos o<br />
que revela uma faixa <strong>de</strong> variação muito estreita. Portanto as rochas exibem um quimismo semelhante<br />
entre si e são geneticamente associadas.<br />
Recalculou-se as normas <strong>de</strong> quartzo, albita e ortoclásio para 100, apresentadas na<br />
Tabela 4.<br />
Os resultados foram lançados no diagrama sílica-Ab-Or-H20 (Fig. 4) <strong>de</strong> acordo com Tuttle<br />
et alii, 1958, situando-se próximos à área do fundido mínimo o que evi<strong>de</strong>ncia o caráter magmático<br />
das rochas em estudo.<br />
Todos os pontos localizam-se no campo das rochas magmáticas, no entanto o granodiorito<br />
(amostra 19) situa-se no limite rochas ígneas-sedimentares.<br />
° estudo petrográfico <strong>de</strong>sta<br />
rocha mostrou características diversas das <strong>de</strong>mais rochas, tais como: vênulas <strong>de</strong> quartzo, cortando<br />
os feldspatos,<br />
<strong>de</strong> refusão.<br />
microclina envolvida por oligoclásio (textura rapakivi) e grãos <strong>de</strong> quartzo com aspectos<br />
Lançou-se os valores <strong>de</strong> Niggli, no diagrama al-alk versus c (Fig. 5).
.<br />
"<br />
'O<br />
.><<br />
o<br />
.<br />
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'O<br />
.. Q.<br />
E.<br />
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.<br />
"~.<br />
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N<br />
100 80 60 40 20 o<br />
OLIVEIRA, FR6ES, OLIVEIRA 131<br />
O 10<br />
....<br />
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'" ~5<br />
15<br />
O 10<br />
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5<br />
O 10<br />
N<br />
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O 10<br />
N<br />
~5<br />
100 80 60 40 20 O<br />
Fig. 3 -- Curvas <strong>de</strong> contorno <strong>de</strong> Washington, com as amostras do granito estudado, localizadas.<br />
A.<br />
__<br />
..<br />
"<br />
. ..<br />
SiOt<br />
~/~ .,.<br />
80D -----__<br />
no--<br />
Fig. 4- Sistema Ab-Or-Si02 - "20 numa pressão <strong>de</strong><br />
água <strong>de</strong> 2.000 bárias -- Tuttle e Bowen, 1958.<br />
A posição do fundido mínimo é indicada pelo<br />
ponto M.<br />
/<br />
0'<br />
õ<br />
õ<br />
\<br />
\<br />
\<br />
I<br />
/ D~if,<br />
Fig. 5 -- Diagrama <strong>de</strong> Niggli -- al-alk versus c.
---<br />
132 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />
CONCLUSOES<br />
1. As rochas são magmátic~s, como prova o caráter intrusivo dos contatos, a mineralogia,<br />
as texturas e os valores petroquímicos.<br />
2. A não eyidência <strong>de</strong> zoneamento no corpo intrusivo, a ausência <strong>de</strong> minerais acessórios,<br />
e a passagem gradativa para migmatitos ao N e gnaisses ao S, indicam que o magma foi originado por<br />
anatexia a partir dos gnaisses encaixantes.<br />
3. A cristalização <strong>de</strong>u-se à alta PH20, acima <strong>de</strong> 3.000 bárias (Turner e Verhoogen,<br />
1961) permitindo a cristalização <strong>de</strong> moscovita. O relativo empobrecimento em feldspatos potássicos<br />
para a maioria das rochas seria conseqüência da cristalização <strong>de</strong> moscovita.<br />
4. A ausência <strong>de</strong> acessórios é possivelmente conseqüência da composição químicomineralógica<br />
das rochas primitivas.<br />
5. A textura rapakivi e os aspectos <strong>de</strong> refusão no quartzo são feições herdadas do<br />
processo <strong>de</strong> anatexia e são comuns em granitos pós-cinemáticos (Didier, 1973).<br />
6. A colocação do granito foi possivelmente pós-Jacobina, como indicam algumas<br />
feições estruturais e <strong>de</strong> contato tais como assimilação <strong>de</strong> xenólitos, apófises intrusivas no quartzito<br />
e o próprio arqueamento da serra na área. No entretanto falta-nos dados mais precisos para afirmar<br />
categoricamente.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Os autores agra<strong>de</strong>cem especialmente ao Dr. lan Mc Reath, pela orientação e críticas ao<br />
trabalho; à equipe <strong>de</strong> geólogos e estagiários do Setor <strong>de</strong> Petrografia do Departamento <strong>de</strong> Geoquímica,<br />
a cooperação nos trabalhos <strong>de</strong> laboratório; e a Profa. A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Mussi Santos, Chefe do Departamento<br />
<strong>de</strong> Geoquímica do Instituto <strong>de</strong> Geociências da UFBa, o apoio financeiro, através do<br />
Convênio FNDCT-221-CT.<br />
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MARCOS AURÊLIO FARIAS DE OLIVEIRA., FRANCISCO RUBENS ALVES.<br />
ABSTRACT<br />
An area of 300 km2 located between Long. 46°37' to 46°47' W and Lat. 21°30' to 21°40'<br />
S, was geologica1ly mapped in a ocale<br />
Litologically the region is ma<strong>de</strong> up of migmatiteo and granuliteo of Pre-cambrian age. Three kinds of migmatites are <strong>de</strong>seribad:<br />
granite-like migmatites, amphibole granulite migmatites with subordinate leucosome and feldspar bearing quartzitic migmatiteo. Charnockiteo<br />
and leucocratic alaskitic granulites are the chief granulitic rocks mapped. Quartziteo, dolomitic marble and calc.silicate rocks are subbordinate.<br />
Banding and foliation, dipping about 20° Sare always present in allrock typeo in the area.<br />
Petrographic studies show that some mineral assemblages hypersthene . diopsi<strong>de</strong> . mesoperthite, <strong>de</strong>monstrative of high gra<strong>de</strong><br />
regional metamorphism (granulite fecies) are aseociated with lower gra<strong>de</strong> aseemblageo. microclipe . hornb1en<strong>de</strong> . bõotite . indicating retrometamor.<br />
phic conditions (amphibolite facies). This latter metamorphic episo<strong>de</strong> is reeponsible for the formation of moot of the-migrnatites occuring in the<br />
area, chiefly the granitic ones.<br />
INTRODUÇÃO<br />
o presente trabalho, iniciado em 1973, faz parte <strong>de</strong> um plano mais amplo <strong>de</strong> levantamentos<br />
geológico-petrográfico na região norte noroeste do Estado <strong>de</strong> São Paulo e sul <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />
Estes levantamentos tiveram início em 1968 com os trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos por um dos<br />
autores nas vizinhanças <strong>de</strong> São José do Rio Pardo (Oliveira, 1973) e <strong>de</strong>verão esten<strong>de</strong>r-se futuramente<br />
para norte e leste (Guaranésia e Guaxupé) e sul (Divinolândia e São Sebastião da Grama) das<br />
regiões já estudadas. A finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas pesquisas é, em primeiro lugar, a confecção <strong>de</strong> cartas<br />
geológicas na escala 1:50.000, que <strong>de</strong>verão apresentar <strong>de</strong>talhamento petrográfico; com base nesses<br />
elementos, tentar-se-á contribuir para o conhecimento da gênese dos granulitos e migmatitos da<br />
região.<br />
Poucas pesquisas geológicas anteriores foram realizadas na região; os trabalhos <strong>de</strong><br />
Gomes et alii (1966), em que os autores <strong>de</strong>screvem a ocorrência <strong>de</strong> pargasita em dolomitos metamórficos<br />
associados às rochas gnaíssicas e charnockíticas da facies granulito; o trabalho <strong>de</strong> Ebert<br />
(1968) que menciona a ocorrência <strong>de</strong> charnockitos na região; e o trabalho <strong>de</strong> Oliveira (op. cit.) em<br />
que o autor faz um estudo petrológico pormenorizado dos granulitos <strong>de</strong> São José do Rio Pardo, SP.<br />
*IG/USP
--<br />
134 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
A carta ora apresentada abrange aproximadamente 300 km2 e está compreendida entre<br />
os paralelos 21 °30' e 21 °40' <strong>de</strong> lato S e os meridianos 46°47' e 46°37' W (Fig. 1). Como base cartográfica<br />
foi utilizada a folha <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong>, SP, publicada pelo IBGE em 1970, na escala <strong>de</strong> 1:50.000.<br />
As indicações fotogeológicas, tais como contatos aproximados e principais lineamentos estruturais,<br />
foram obtidos em fotos aéreas na escala <strong>de</strong> 1:25.000 da firma PROSPEC, vôo <strong>de</strong> 1962 efetuados<br />
para o IAC. A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observações foi <strong>de</strong> aproximadamente 1,5 pontos por km2.<br />
MAPA GEOLÓGICO DA REGIÃO DE CACONDE SP<br />
SEÇÃO GEOLÓGICA A B<br />
~<br />
,<br />
LITOLOGIA<br />
B<br />
LEGENDA<br />
~ Sedimentos (Carboni'ero-Cr.téceo)<br />
c=J<br />
E!3<br />
Migmatito granítlco<br />
Migmotito anfibóllo granu!ítico<br />
~ Mi",motlto quartzítico<br />
Hipar.tlnio Granulito (Chornockito)<br />
C33<br />
~ Gronulito oloskitico<br />
~ Granulito básico<br />
~ Quortzito<br />
11II Mórmore dolomítico<br />
C. Leitos calco-silicáticos<br />
~<br />
G Leitos com granada<br />
,,-/<br />
Contato aproximado<br />
Contato obs.rvado<br />
Fo Iho observada<br />
:~~~g9rC~o.to<br />
. lineamentos foto-<br />
"3Q.. Direçõo e mergulho do folioçao<br />
$ Folioçao horizontal<br />
10\" Direção e caimento <strong>de</strong> eixo <strong>de</strong> dobro<br />
.<<br />
Estrados. caminhos ;:Jrincipais<br />
Rio e drenogem<br />
~ Barragem<br />
'X'<br />
Mina _ Cida<strong>de</strong><br />
N<br />
M. A. F. DE OLIVEIRA<br />
F. R. ALVES<br />
1974<br />
A região <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong> é constituida por rochas metamórficas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> pré-cambriana. A<br />
única ocorrência <strong>de</strong> rochas sedimentares mais recentes (Carbonífero-Cretáceo) situa-se na porção sul<br />
da área e é representada por 3 pequenos corpos <strong>de</strong>scritos por Oliveiraetalii, 1974 (Fig. 1).<br />
Os migmatitos são os tipos litológicos predominantes e no mapa geológico da Figura 1<br />
foram divididos em 3 tipos: migmatitos graníticos, os mais abundantes, aflorando na porção sul da<br />
área; migmatitos anfibólio granulÍticos, predominando nas proximida<strong>de</strong>s da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong>, e<br />
migmatitos quartzíticos, muito ricos em quartzo e freqüentemente com intercalações quartzíticas.<br />
Como tipos menos comuns foram mapeados hiperstênio granulitos (charnokitos), granulitos alaskíticos<br />
(quartzo-feldspáticos), granulitos básicos, quartzitos e um gran<strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> mármore dolomitico.<br />
Foram registradas ainda leitos <strong>de</strong> rochas calco-silicáticas e leitos ricos em granada<br />
(granada gnaisses ou granulitos).
OLIVEIRA, ALVES 135<br />
Os contatos anotados no mapa são quase todos aproximados, consi<strong>de</strong>rando-se que<br />
muitas vezes não existe <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong>finida entre certas litologias. Como por exemplo <strong>de</strong>ste fato.<br />
temos migmatitos graníticos passando gradativamente para migmatitos quartzíticos e esses por<br />
sua vez para quartzitos. Além disso. a fina alternância <strong>de</strong> leitos <strong>de</strong> composição diferente e o baixo<br />
mergulho da foliação tornou muito difícil traçar um limite exato entre as várias litologias e <strong>de</strong>u aos<br />
corpos mapeados formas pouco comuns.<br />
Migmatitos Graníticos<br />
Como migmatitos graníticos foram <strong>de</strong>nominados tipos petrográficos caracterizados pela<br />
predominância do neossoma em <strong>de</strong>trimento do paleossoma e pela gran<strong>de</strong> riqueza em feldspato<br />
potássico (microclínio) freqüentemente porfiroblástico. Utilizando-se a nomenclatura proposta por<br />
Bonorino (1970), esses migmatitos são representados por 2 tipos predominantes: embrechitos bandados<br />
e embrechitos <strong>de</strong> olhos (augen gnaisses). Subordinadamente, são encontrados flebitos pitgmáticos<br />
e agmatíticos. Essas rochas constituem a meta<strong>de</strong> sul da área mapeada, separada da meta<strong>de</strong><br />
norte por extensa linha <strong>de</strong> falha que provocou a sobrelevação topográfica do bloco sul em relação ao<br />
bloco norte. No bloco norte constituem corpos lenticulares intercalados em quartzitos ou em migmatitos<br />
quartzíticos.<br />
A composição mineralógica <strong>de</strong>sses migmatitos é bastante simples. O neossoma granitico,<br />
sempre dominante, apresenta quartzo, microclínio, pertita e plagioclásio (An23) como minerais<br />
essenciais. Hornblenda ver<strong>de</strong> parda e biotita são os minerais ferromagnesianos característicos<br />
ocorrendo, porém, em pequenas quantida<strong>de</strong>s. Zircão é o acessório comum. O microclínio forma<br />
freqüentemente porfiroblastos poiquiloblásticos, quase sempre ro<strong>de</strong>ados por mirmequitas. O paleossoma<br />
é representado por hornblenda ou piroxênio granulitos em que plagioclásio freqüentemente<br />
antipertítico, quartzo e hornblenda pardoesver<strong>de</strong>ada são os minerais principais. Menos comumente<br />
são encontrado biotita pardo-avermelhada, clinopiroxênio e feldspato potássico pertítico intersticial.<br />
Os acessórios são a apatita, o zircão e os opacos, e chama a atenção pela abundância e por<br />
ocorrerem sempre agrupados e associados aos leitos <strong>de</strong> ferromagnesianos. Em aigumas amostras<br />
do tipo augen foram i<strong>de</strong>ntificados porfiroblastos <strong>de</strong> granada.<br />
A textura apresentada por essas rochas é geralmente granoblástico cataclástica: leitos<br />
mais cataclásticos (microgranulados) alternam-se com leitos <strong>de</strong> quartzo alongados ou quartzofeldspáticos<br />
com microclínio e pertita (Fotomicrografia 1).<br />
Intercalações <strong>de</strong> rochas quartzíticas. inclusive granatíferas foram anotadas, sendo,<br />
porém, pouco comuns <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> migmatitos.<br />
Fotomicrografia I - Leitos em grãos alongados <strong>de</strong><br />
quartzo intercalados a leitos microgranulares (quartzo<br />
feldspáticos) recristalizados em migmatito granítico.<br />
Nicois semi cruzados.<br />
Migmatitos anfibólio granulíticos<br />
Foto 1 - Afloramento <strong>de</strong> migmatito anfibólio granulítico<br />
semi alterado mostrando dobra similar<br />
isoclinal inclinada.<br />
São rochas <strong>de</strong> coloração global cinza, estrutura bandada e muitas vezes dobradas.
136 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> flebitos estromátiticos quando com estrutura bandada retilínea ou <strong>de</strong><br />
flebitos diadisíticos quando dobrado (Bonorino, op. cit.) (Foto 1).<br />
As bandas claras, granitói<strong>de</strong>s, compõem-se <strong>de</strong> quartzo, pertita ou microc1ínio e pIagioc1ásio,<br />
sendo que biotita e homblenda são os ferromagnesianos encontrados. Raras vezes discordam<br />
da foliação do paleossoma. Apresentam granulação média porém há casos em que sua granulação<br />
toma-se grosseira, até pegmatítica.<br />
As bandas escuras são anfibolíticas ou anfibólío granulíticas, sendo o plagioclásio<br />
(An35) antipertítico, quartzo, hornblenda ver<strong>de</strong> ou ver<strong>de</strong> parda, clinopiroxênio e biotita os componentes<br />
principais, e aparecendo subordinadamente pertita intersticial. Opacos e apatita são acessórios<br />
comuns. O clinopiroxênio, quando presente, está corroido e alterado em homblenda ver<strong>de</strong>.<br />
Esta por sua vez transforma-se com freqüência em biotita amarela. Epidoto, titanita e clinozoisita<br />
são minerais secundários.<br />
A textura geral <strong>de</strong>sses migmatitos é granoblástico catac1ástica.<br />
Migmatitos quartzíticos<br />
A passagem dos migmatitos anfibólio granulíticos para migmatitos quartzíticos se dá<br />
pelo aparecimento <strong>de</strong> leitos quartzíticos nos primeiros, não sendo possível <strong>de</strong>limitar contatos entre<br />
ambas as litologias.<br />
Sob esta <strong>de</strong>nominação estão sendo agrupadas rochas com paleossoma predominantemente<br />
quartzítico e com neossoma quartzo-feldspático. A estrutura dominante é a ban<strong>de</strong>ada.<br />
As rochas quartzíticas que constituem o paleossoma po<strong>de</strong>m ser monominerálicas, formadas<br />
apenas por quartzo ou apresentarem, além do quartzo, outros componentes como pertita,<br />
plagioc1ásio, clinopiroxênio, homblenda e biotita, po<strong>de</strong>ndo classificar-se em certos casos C01110<br />
quartzo granulitos.<br />
As bandas do neossoma são essencialmente quartzo feldspáticas, havendo predomínio<br />
do microclínio róseo, pertítico ou não, que comumente cresce como porfiroblastos. A granulação<br />
varia <strong>de</strong> fína a média, não sendo raros os tipos grosseiros até pegmatói<strong>de</strong>s.<br />
A textura é a mesma dos <strong>de</strong>mais tipos: granoblástico cataclástica.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> microclínio intersticial ou como porfiroblastos se faz sobre material<br />
fragmentário cataclasaso.<br />
Intercalações <strong>de</strong> leitos quartzíticos foram registradas no mapa, algumas sem contato<br />
<strong>de</strong>marcado; outras existem, porém, não mapeáveis, acompanhadas <strong>de</strong> leitos <strong>de</strong> rochas calco silicáticas<br />
ou <strong>de</strong> granada gnaisses.<br />
Hiperstênio granulitos (Chamockitos)<br />
Embora <strong>de</strong> ocorrência restrita na área mapeada os chamockitos estão representados por<br />
varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ácidas até ultrabásicas, predominando, no entanto, aquelas <strong>de</strong> natureza intermediária.<br />
Apresentam as características comuns <strong>de</strong>ssas rochas, quais sejam, a coloração cinza esver<strong>de</strong>ada<br />
escura, mesmo nos tipos feldspáticos, presença constante <strong>de</strong> hiperstênio e textura granoblástica.<br />
Nos tipos mais ácidos a minerologia essencial resume-se a pertita ou mesopertita,<br />
plagioc1ásio An25' algum quartzo e hiperstênio po<strong>de</strong>ndo ou não conter diopsídio e homblenda.<br />
Nos tipos básicos os componentes principais são plagioclásio (an<strong>de</strong>sina ou labradorita),<br />
hiperstênio, diopsídio e homblenda parda, aparecendo subordinadamente biotita pardo avermelhada.<br />
Uma única ocorrência do tipo ultrabásico foi registrada. Trata-se <strong>de</strong> rocha constituída<br />
por anfibólio tipo cumingtonita, ortopiroxênio (bronzita), clinopiroxênio e olivina serpentinizada.<br />
Essa ocorrência é representada por apenas um afloramento <strong>de</strong>ntro do corpo <strong>de</strong> granulito básico<br />
anotado no mapa.<br />
O modo <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>sses granulitos parece ser o mesmo dos <strong>de</strong>mais tipos litológicos,<br />
isto é, constituem intercalações, camadas ou leitos, concordantes com a orientação das rochas associadas.<br />
Os contatos são marcados por intensa cataclase, enriquecimento em tipos pegmatíticos e<br />
<strong>de</strong>scoloração dos charnockitos, com <strong>de</strong>saparecimento do hiperstênio e aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
horr.blenda.
OLIVEIRA, ALVES 137<br />
Além dos charnockitos típicos, foram anotados na área granulitos portadores <strong>de</strong> hiperstênio<br />
com associações nitidamente parametamórficas marcadas pela presença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> qu~ntida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> quartzo grafita e granada além <strong>de</strong> plagioclásio cálcico e clinopiroxênio.<br />
Granulitos alaskiticos<br />
Foram assim <strong>de</strong>nominadas as rochas cuja mineralogia essencial resume-se a quartzo e<br />
pertita sendo quase totalmente <strong>de</strong>sI!rovidas <strong>de</strong> máficos.<br />
Constituem espessas camadas entremeadas aos quartzitos e migmatitos e embora, às<br />
vezes muito semelhantes aos tipos graníticos ou feldspato quartzíticos, o seu registro no mapa como<br />
litologia à parte faz-se com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar o seu caráter granulítico.<br />
Os efeitos da cataclase que atingiu os <strong>de</strong>mais tipos litológicos são observados nessas<br />
rochas pelo aparecimento <strong>de</strong> textura cataclástica recristalizada. O quartzo recristalizou-se na forma<br />
<strong>de</strong> cordões alongados e orientados entremeados por massas <strong>de</strong> granulação fina. O feldspato potássico<br />
teve em muitos pontos <strong>de</strong>senvolvimento porfiroblástico como pertita ou microclínio. A biotita<br />
aparece nas fraturas ou interstícios.<br />
Quartzitos, mármore e rochas calco-silicáticas<br />
A meta<strong>de</strong> norte da área é bastante rica em quartzitos, que ocorrem em intercalações com<br />
espessuras variando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns cm até <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> m. Em alguns afloramentos foi observada intercalação<br />
centimétrica <strong>de</strong> rochas quartzíticas com rocha quartzo-feldspática micácea, sendo o possível<br />
acamamento concordante com a foliação.<br />
São rochas geralmente monominerálicas, compostas apenas por quartzo, não sendo raros,<br />
porém, tipos contendo pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> feldspato róseo (pertita ou microclino). E muito<br />
comum apresentarem, no entanto, minerais como diopsídio, plagioclásio cálcico (bitownita), escapolita<br />
e até grafita, indicando impurezas carbonáticas e possivelmente orgânicas no material original.<br />
O mineral opaco encontrado é a magnetita, chegando, em algumas amostras do corpo<br />
mais a oeste, junto ao Rio Pardo, a perfazer 30% em volume da rocha.<br />
A textura cataclástica é também observada nos quartzitos e torna-se mais notável<br />
naqueles portadores <strong>de</strong> diopsidio, com este mineral assumindo formas <strong>de</strong> gotas elípticas alongadas<br />
(Fotomicrografia 2).<br />
Fotomicrografia 2 - Grãos <strong>de</strong> diopsÍ dio alongados por<br />
<strong>de</strong>formação em meio ao quartzo,.em diopsÍdio quartzito.<br />
Nicois paralelos.<br />
Foto 2 - Bloco <strong>de</strong> rocha calco silicática mostrando<br />
nítida estrutura bandada.<br />
Um único corpo <strong>de</strong> mármore dolomítico foi i<strong>de</strong>ntificado na área. Trata-se <strong>de</strong> corpo lenticular<br />
encaixado em quartzitos e migmatitos composto essencialmente por dolomita com presença<br />
ocasional <strong>de</strong> olivina fresca ou serpentinizada. Apresenta estrutura bandada com intercalações<br />
subordinadas <strong>de</strong> bandas escuras constituidas principalmente por calcita, forsterita, diopsídio,<br />
flogopita, tremolita e pargasita. Um estudo pormenorizado da mineralogia <strong>de</strong>ste corpo, principalmente<br />
da pargasita, foi efetuado por Gomes et alii (1966).
138 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Embora as rochas carbonáticas puras estejam restritas a uma única ocorrência, intercalações<br />
<strong>de</strong> leitos <strong>de</strong> composição calco-silicáticas são comuns em toda meta<strong>de</strong> norte da área.<br />
Apresentam estrutura bandada (Foto 2), sendo gran<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> tipos petrográficos encontrados<br />
que variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quartzitos calco-silicáticos com clinopiroxênio e granadas até piroxenitos quase<br />
puros. Entre os minerais componentes, <strong>de</strong>stacam-se os clinopiroxênios (série diopsídiohedcnbergita),<br />
granada grossulária-andradita, escapolita cálcica, plagioclásio tipo bitownita e<br />
wollastonita. Esse último mineral contitui até 90% em volume <strong>de</strong> leitos <strong>de</strong>cimétricos intercalados<br />
em rochas calco-silicáticas <strong>de</strong> composição variada. Oliveira e Hypólito (1973) e Oliveira e Alves<br />
(1974), executaram estudos pormenorizados da mineralogia <strong>de</strong>ssas rochas.<br />
Granulito básico e leitos com granada<br />
Como granulito básico foi mapeado um único corpo que corre junto ao Rio Pardo, encaixado<br />
no migmatito granítico. Essas rochas, no entanto, foram registradas em outros pontos da<br />
área, inseridas em charnockitos e em migmatitos anfibólio granuliticos, não representáveis na escala<br />
adotada.<br />
Elas se compõem essencialmente <strong>de</strong> plagioclásio intermediário a cálcico (an<strong>de</strong>sinalabradorita),<br />
clinopiroxênios, hornblenda ver<strong>de</strong> parda e biotita, sendo comuns as transformações do<br />
clinopiroxênio para hornblenda e da hornblenda para biotita (Fotomicrografia 3).<br />
Os leitos com granada tem ocorrência restrita a intercalações junto a rochas calco-silicáticas<br />
e a quartzitos, sendo encontrados em diversos pontos da área. Apresentam porções <strong>de</strong><br />
coloração cinza ou negra, que contrasta com a cor branca das raras vênulas quartzo-feldspáticas.<br />
A textura granoblástico cataclástica é comum a todas as amostras estudadas, tendo<br />
havido recristalização após a cataclase com formação <strong>de</strong> minerais retrometamórficos como biotita<br />
ver<strong>de</strong>, clorita e moscovita.<br />
Como componentes primários principais po<strong>de</strong>mos citar o quartzo, plagioclásio An30<br />
(an<strong>de</strong>sina), ortoclásio, granada, biotita e sillimanita. Como caracteristicas marcantes <strong>de</strong>stes minerais<br />
notou-se que o plagioclásio é quase sempre antipertítico, o ortoclásio é micropertítico, a<br />
biotita é vermelho ou pardo escura e a granada é, via <strong>de</strong> regra, poiquHoblástica englobando grãos <strong>de</strong><br />
quartzo e biotita principalmente (Fotomicrografia 4). Determinações <strong>de</strong> granadas semelhantes, da<br />
área contígua <strong>de</strong> São José do Rio Pard6 (Oliveira,op. cit.) mostraram tratar-se <strong>de</strong> termos ricos em<br />
almandina e piropo.<br />
Fotomicrografia 3 - Clinopiroxênio ro<strong>de</strong>ado por hornblenda<br />
em charnockito básico. As porções claras correspon<strong>de</strong>m<br />
a plagioclásio. Nicois paralelos.<br />
Falhas<br />
ESTRUTURAS<br />
Fotomicrografia 4 - Porfiroblasto <strong>de</strong> granada englobando<br />
grãos <strong>de</strong> quartzo, biotita e opacos, empurrando<br />
placas <strong>de</strong> biotita nas suas bordas. Granada gnaisse.<br />
Nicois semi cruzados.<br />
Pequenas falhas foram registradas em escala <strong>de</strong> afloramento. Algumas <strong>de</strong>las são nor-
OLl VEI RA, A L VES 139<br />
mais com mergulhos <strong>de</strong> 40° a 50° e rejeitos aparentes <strong>de</strong>cimétricos; outras, associadas à pequenas<br />
dobras inclinadas, ocorrem nas rochas migmatíticas anfibólio granulíticas, a sul <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong> e no<br />
canto su<strong>de</strong>ste da área.<br />
Fortes lineamentos fotogeológicos quilométricos <strong>de</strong>vem correspon<strong>de</strong>r a falhamentos em<br />
muitos casos. O mais notável <strong>de</strong>les passa a sul <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong> e se dirige para sudoeste, dividindo o<br />
mapa em duas porções. Êste lineamento marca brusca passagem litológica das rochas granitói<strong>de</strong>s a<br />
sul para as rochas parametamórficas a norte, sendo que o maciço a sul está topograficamente sobrelevado<br />
<strong>de</strong> uns 300 m. Na verda<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>snivelamento e a presença <strong>de</strong> paredões graníticos subverticais<br />
alinhados é que marcam uma forte linha nas fotos aéreas. Entre esses paredões e o Rio Pardo a<br />
norte, é constante a presença <strong>de</strong> cataclasitos, quase sempre epidotizados. Não obstante, nos próprios<br />
paredões só se verificaram indícios <strong>de</strong> cataclase <strong>de</strong> direção paralela à foliaçã,o, isto é, N 40° a<br />
50° E, e mergulho <strong>de</strong> uns 20° para sul. Inflexões em algumas atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> foliação próximas a esse<br />
gran<strong>de</strong> lineamento po<strong>de</strong>m ser observadas no mapa.<br />
O limite nor<strong>de</strong>ste do maciço granitói<strong>de</strong> também é brusco marcado por forte lineamento<br />
fotogeológico e por contraste <strong>de</strong> padrão topográfico. A este lineamento correspon<strong>de</strong> uma faixa<br />
cataclástica milonítica observada in situ, na margem do Rio Pardo, cuj a foliação tem direção N 50 ° a<br />
60° W, mergulhando 30° SW.<br />
De forma semelhante, outros lineamentos parecem correspon<strong>de</strong>r a falhamentos. Entre<br />
eles, chama-se a atenção para o limite sudoeste do maciço granitói<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> o migmatito granítico<br />
está em contato direto com charnockitos fraturados, o mesmo ocorrendo no canto su<strong>de</strong>ste. A partir<br />
<strong>de</strong> Divinolândia, com direção geral NE, .aparece outro forte lineamento principalmente <strong>de</strong> vales, ao<br />
longo do qual as rochas também se apresentam cataclasadas e as medidas <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> da foliação estão<br />
bastante pertubadas. Imediatamente a sul, em sua porção média, ocorrem pequenas manchas<br />
<strong>de</strong> rochas sedimentares e vulcânicas, provavelmente associadas ao vulcanismo <strong>de</strong> Poços <strong>de</strong> Caldas,<br />
e falhamentos concomitantes (Oliveiraet alU, op. cit.).<br />
Conforme <strong>de</strong>scrito no item Litologia, praticamente todas as rochas exibem textura<br />
cataclástica recristalizada, sendo os alinhamentos e alongamentos <strong>de</strong> minerais quase sempre paralelos<br />
à foliação.<br />
A simples observação do mapa da Figura 1, revela a repetição <strong>de</strong> algumas seqüências<br />
litológicas semelhantes (rochas portadoras <strong>de</strong> granada e carbonáticas ou ca1cosilicáticas) repetição<br />
essa que não se configura como tendo sido causada por falhamentos, po<strong>de</strong>ndo ter diversas outras<br />
causas.<br />
Em resumo, é certo apenas que falhamentos normais tenham afetado a área (Oliveira et<br />
alii, op. cit.), porém sem <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> rochas miloníticas. A correspondência dos- gran<strong>de</strong>s<br />
lineamentos com possíveis falhas transcorrentes é mostrada somente por poucas evidências. Quanto<br />
à existência <strong>de</strong> falhas <strong>de</strong> empurrão não se po<strong>de</strong> afirmar se as indicações seriam <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iras falhas<br />
ou <strong>de</strong> feições resultantes do próprio processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação e recristalização durante o metamorfismo.<br />
Dobras<br />
Em afloramentos, as dobras são comuns apenas na região a sul <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong> e na porção<br />
su<strong>de</strong>ste da área, afetando os migmatitos anfibólio granulíticos. Estas rochas exibem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ondulações<br />
até amarrotamentos, <strong>de</strong>stacando-se algumas dobras similares isoclinais inclinadas (Foto<br />
1). Em todo o restante da área, poucos são os afloramentos em que aparecem dobras.<br />
O ban<strong>de</strong>amento apresenta-se plano, mesoscopicamente, revelando apenas espessamentos<br />
e estrangulamentos (crenulações?) milimétricos a centimétricos quando examinados mais <strong>de</strong><br />
perto. Nestas condições, foram registradas pouco mais que uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> eixos e<br />
planos axiais <strong>de</strong> dobras, sendo estas do tipo similar, assimétricas e abertas, às vezes com um dos<br />
flancos quase horizontal.<br />
As poucas medidas <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> eixos e planos axiais <strong>de</strong> dobras quando lançadas em<br />
diagrama<br />
mergulhos<br />
tipo TI e B combinados, mostraram uma fraca tendência em torno <strong>de</strong> N 30° a 40° W, com<br />
sempre baixos, mais para sul que para norte; meta<strong>de</strong> dos pontos plotados dispersou-se<br />
pelo quadrante sudoeste do diagrama. As lineações minerais (anfibólios e biotita principalmente~<br />
foram tratadas em diagrama (tipo B), e embora não <strong>de</strong>finam uma direção, todas elas caem em um<br />
plano mais ou menos <strong>de</strong>finido N 80° E, 25° S.
140 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Admitindo-se que a foliação seja plano axial e lembrando o seu paralelismo com o bandamento,<br />
é possível tentar-se dizer alguma coisa sobre as dobras através do observado em afloramentos<br />
e da análise do diagrama tipo 7T construido para as medidas <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s da foliação. Devese<br />
levar em conta que o número <strong>de</strong> medidas é relativamente pequeno (300~ e elas estão dispersas pela<br />
área toda, que embora restrita (:t 300 km2), po<strong>de</strong> ser estruturalmente heterogênea.<br />
Nesse diagrama ocorrem duas concentrações <strong>de</strong> polos que <strong>de</strong>finem as direções médias N<br />
70° W e N 65° E, com mergulhos em torno <strong>de</strong> 20° S. Existe" dispersão <strong>de</strong> polos em torno <strong>de</strong>ssas duas<br />
concentrações, configurando-se um conjunto <strong>de</strong> simetria axial. Certo número <strong>de</strong> mergulhos norte<br />
precariamente concentrados também aparece.<br />
Torna-se patente que <strong>de</strong>terminadas conclusões, face ao exposto, não passam <strong>de</strong> conjecturas;<br />
outras, contudo, têm certa objetivida<strong>de</strong> ainda que restrita; e outras são óbvias. Po<strong>de</strong>-se dizer<br />
que as rochas da região fazem parte <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dobras aproximadamente isoclinais inclinadas, com<br />
ápicos restritos, ou <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> dobra ou flanco <strong>de</strong> dobra <strong>de</strong> características semelhantes, cujo<br />
plano(s) axial(is) mergulharia(m) para sul. Esta(s) dobra(s~ ou flanco(s~ apresentaria(m) redobramentos<br />
(verda<strong>de</strong>iras ondulações) que seriam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da(s) dobra(s) maior(es).<br />
Ban<strong>de</strong>amento<br />
o ban<strong>de</strong>amento é o aspecto estrutural mais visível nas rochas da área. Em alguns tipos<br />
litológicos, como nos migmatitos graníticos e nos migmatitos anfibólio granulíticos da porção leste<br />
da área, o ban<strong>de</strong>amento aparece, muitas vêzes, dobrado, irregular e <strong>de</strong>scontínuo, às vezes difuso,<br />
chegando a <strong>de</strong>saparecer. Em boa parte dos afloramentos, porém, os migmatitos anfibólio granulíticos<br />
e os migmatitos quartzíticos têm o aspecto mesoscópico <strong>de</strong> sedimentos bem estratificados; as<br />
camadas são regulares e com espessura mais ou menos constante, variando apenas <strong>de</strong> uma para<br />
outra camada (centímetros a <strong>de</strong>címetros). Nas rochas calco silicáticas o ban<strong>de</strong>amento se torna particularmente<br />
notável, po<strong>de</strong>ndo ser observado inclusive em secções <strong>de</strong>lgadas, notando-se, então,<br />
leitos milimétricos mineralogicamente distintos (Foto 2). O exame microscópico mostra interfaces<br />
difusas, e a observação mais <strong>de</strong>talhada dos afloramentos e amostras manuais revela que, na verda<strong>de</strong>,<br />
as bandas são uma seqüência contínua <strong>de</strong> espessamentos e estrangulamentos muito próximos<br />
uns dos outros (afora alguns casos).<br />
O ban<strong>de</strong>amento se <strong>de</strong>ve a variações na composição mineralógica entre as bandas. Camadas<br />
<strong>de</strong> litologia completamente distintas estão justapostas, e é comum a disposição enfileirada<br />
<strong>de</strong> minerais acessórios e opacos, paralelamente às bandas.<br />
A notável regularida<strong>de</strong> do ban<strong>de</strong>amento, a continuida<strong>de</strong> lateral dos leitos litologicamente<br />
distintos e o enfileiramento regular, comum para os minerais acessórios, são evidências <strong>de</strong> que o<br />
ban<strong>de</strong>amento seria uma estratificação reliquiar.<br />
Até o presente estado dos conhecimentos geológicos da área e vizinhanças, não há porque<br />
não admitir que se tratam <strong>de</strong> rochas parametamórficas, que ainda exibem seu acamamento<br />
original, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua formação sob condições metamórficas da fácie granulito.<br />
A observação sub macroscópica das camadas e algumas das outras feições estruturais<br />
levam a admitir-se, contudo, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transposições estruturais, e em alguns casos, <strong>de</strong><br />
diferenciação metamórfica.<br />
Foliação<br />
No presente trabalho, discute-se sob esta <strong>de</strong>signação uma estrutura planar, geralmente<br />
bem <strong>de</strong>senvolvida (Foto 3), que confere às rochas locais um aspecto folheado; essa foliação é caracterizada<br />
pelo baixo ângulo <strong>de</strong> mergulho e pelo aparente paralelismo com o ban<strong>de</strong>amento. Examinada<br />
em pormenor, verifica-se que ela se <strong>de</strong>ve em parte ao próprio ban<strong>de</strong>amento (lamination in Turner<br />
e Weiss, 1963, p.99), em parte a orientação planar (e alinhada, às vezes) <strong>de</strong> alguns minerais<br />
como o quartzo, a biotita e os anfibólios (schistosity in Turner e Weiss, op. cit., p.100), e em parte à<br />
superfícies <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> mecânica que parecem correspon<strong>de</strong>r, em seções <strong>de</strong>lgadas, à fraturas<br />
e a faixas microgranulares resultantes <strong>de</strong> cataclase (fracture cleavaye (?) strain -slip cleavaye (?) in<br />
Turner e Weiss, op. cit., p. 98). Freqüentemente há evidências macroscópicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos e<br />
cisalhamento, como a presença <strong>de</strong> augen e grãos quebrados <strong>de</strong> feldspatos, ao longo da foliação. Em<br />
algumas secções <strong>de</strong>lgadas, principalmente <strong>de</strong> quartzitos impuros, nota-se que fileiras <strong>de</strong> quartzo
OLIVEIRA, AL VES 141<br />
Foto 3 - Banda <strong>de</strong> quartzito, passando a migmatito<br />
quartzítico. Observa-se a foliação bem <strong>de</strong>senvolvida,<br />
paralela ao bandamento, e com baixo<br />
mergulho para a direita. Perpendicularmentc<br />
à foliação, aparece um sistcma bem <strong>de</strong>senvolvido<br />
<strong>de</strong> fraturas. A escala me<strong>de</strong> 15 em.<br />
alongado e restos lensói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> máficos cortam o ban<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> modo oblíquo; em uma lâmina foi<br />
possível medir-se um ângulo <strong>de</strong> 30° entre as duas micro-estruturas.<br />
Nem todos os tipos litológicos apresentam foliação igualmente <strong>de</strong>senvolvida, sendo que<br />
nos tipos graníticos e granulíticos, quando frescos, esta praticamente não é notada; ao menor sinal<br />
<strong>de</strong> alteração intempérica. contudo, estas mesmas rochas passam a apresentar-se bastante foliadas.<br />
Como já referido no ítem Dobras. foram conseguidas 300 medidas da foliação. as quais<br />
foram plotadas em diagramas do tipo TI. cujo contorno <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s (porcentagem <strong>de</strong> polos em 1%<br />
da área do diagrama) revelou duas tendências direcionais aproximadas: N 70° W para a faixa norte<br />
da área, e N 65° E para a porção oeste da área. ambas <strong>de</strong>finindo mergulhos <strong>de</strong> mais ou menos 20° S.<br />
Parte das medidas foi lançada no mapa. e a sua observação não mostra dominios on<strong>de</strong><br />
hajam claras <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> tendência direcional. Muito pelo contrário. as direções variam amplamente<br />
em áreas restritas. e nota-se apenas certa rarida<strong>de</strong> daquelas compreendidas entre N 45° E e N<br />
45° W.<br />
Juntas<br />
As juntas são uma feição constante <strong>de</strong> todas as rochas da região, apresentando-se planas<br />
e, não raro, tão finamente espaçadas. que tornam as rochas folheadas. Poucos indícios <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />
ou pertubações da foliação ao longo das juntas foram verificados, embora sejam comuns os<br />
afloramentos nos quais as rochas apresentam-se completamente fragmentadas pelas mesmas.<br />
A análise dos sistemas <strong>de</strong> juntas através <strong>de</strong> diagramas do tipo TI, construídos para<br />
áreas restritas separadamente ou para conjuntos <strong>de</strong>ssas áreas, e para a região toda abrangida pelo<br />
mapa (500 medidas), revela variações bastante gran<strong>de</strong>s nas suas direções. Algumas <strong>de</strong>ssas direções,<br />
contudo. aparecem na área toda. embora o <strong>de</strong>senvolvimento do mesmo sistema varie <strong>de</strong> local para<br />
local. É a seguinte a atitu<strong>de</strong> dos principais sistemas <strong>de</strong> juntas:<br />
I - N 10° E, 75° SE a vertical<br />
2 - N 40° a 50° E, 70° NW<br />
3 - N 80° E a EW. 75° NWa vertical<br />
4 - N 50° a 60° W. vcrtical.<br />
Deve-se salientar que nos afloramentos visitados, sempre se observou a presença <strong>de</strong> 2<br />
sistemas bem <strong>de</strong>senvolvidos: um <strong>de</strong>les <strong>de</strong> direção paralela à da foliação, mas mergulhando a 90°<br />
<strong>de</strong>sta (o que vale dizer. 70° N em média), e o outro, menos <strong>de</strong>nso, perpendicular à direção da foliação.<br />
METAMORFISMO E CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
A análise das litologias encontradas na área <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong> mostra a existência <strong>de</strong> conti-
142 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />
I)uida<strong>de</strong> geológica com a área vizinha <strong>de</strong> São José do Rio Pardo, estudada por um dos autores<br />
(Oliveira,op. cit.). Os tipos <strong>de</strong> rochas são praticamente os mesmos, residindo a diferença no aumento<br />
da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quartzitos ou rochas quartzíticas e dos migmatitos graníticos, em <strong>de</strong>trimento<br />
dos charnockitos e dos migmatitos anfibólio granulíticos.<br />
O tipo <strong>de</strong> metamorfismo evi<strong>de</strong>nciado pelas rochas da área é o regio~al <strong>de</strong> alto grau. As<br />
paragêneses minerais <strong>de</strong>scritas para as diversas litologias, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam o plagioclásio antipertítico,<br />
o feldspato potássico pertítico ou mesopertítico, élino e ortopiroxênios, granadas, a sillimanita,<br />
além da hornblenda e da biotita, indicam que essas rochas estiveram submetidas em <strong>de</strong>terminado<br />
tempo, a condições da fácies granulito (Turner, 1968), encontrando-se associações das subfácies<br />
ortopiroxênio plagioclásio granulito, hornblenda ortopiroxênio plagioclásio granulito e hornblenda<br />
clinopiroxênio almandina granulito (Winkler, 1967).<br />
A análise petrográfica pormenorizada, por outro lado, evi<strong>de</strong>ncia que transformações<br />
texturais e mineralógicas surgiram nessas rochas em condições <strong>de</strong> metamorfismo mais brandas. São<br />
elas o aparecimento da textura granoblástico cataclástica, a passagem <strong>de</strong> clino e ortopiroxênios<br />
para hornblenda e <strong>de</strong>sta para biotita e o crescimento porfiroblástico <strong>de</strong> microclínio pertítico ou não,<br />
acompanhado <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> mirmequitas. Essas transformações teriam ocorrido nas condições da<br />
faciesanfibolito (Turner, op. cit.) e seriam, portanto, retrometamórficas.<br />
Os dados estruturais obtidos, fornecem elementos para também se admitir uma história<br />
geológica complexa, caracterizada por pelo menos duas fases <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plástica e duas fases <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>forma~ão rígida.<br />
Além disso, medidas geocronológicas, indicam que as rochas da região estiveram submetidas<br />
a pelo menos dois eventos geológicos: um <strong>de</strong>les datado <strong>de</strong> aproximadamente 2.000 m.a.<br />
(Transamazônico), e o outro <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 600 m.a. (Brasiliano) (Oliveira, op. cito e Cordani et aUi, em<br />
preparação) .<br />
A simples análise da litologia nos mostra que, enquanto tipos como os quartzitos, o<br />
mármore dolomítico e os calco silicáticos, têm sua gênese facilmente explicada pelo metamorfismo<br />
regional <strong>de</strong> alto grau <strong>de</strong> espesso pacote sedimentar, tipos como os granulitos alaskíticos e os hiperstênio<br />
granulitos são <strong>de</strong> origem controvertida.<br />
No caso dos chamockitos, ficou evi<strong>de</strong>nciado quimicamente, que para a área vizinha <strong>de</strong><br />
São José do Rio Pardo eles constituem uma série <strong>de</strong> rochas calco alcalinas diferenciadas (Oliveira,<br />
op. cit.). O problema está em se saber se a diferenciação teria ocorrido dúrante uma fase ígnea ou se<br />
teria ocorrido concomitante com o metamorfismo regional <strong>de</strong> alto grau. Essas seriam duas hipóteses<br />
que po<strong>de</strong>riam explicar a gênese <strong>de</strong>ssas rochas. A favor da primeira temos o trabalho <strong>de</strong> Howie<br />
(1955), enquanto que Lambert e Heier (1968) e Sighinolfi (1971) reunem subsídios que favorecem a<br />
segunda.<br />
Quanto aos migmatitos graníticos, as rochas mais abundantes na área, as evidências <strong>de</strong><br />
campo e petrográficas são <strong>de</strong> que elas atingiram seu estado atual durante a segunda fase <strong>de</strong> metamorfismo<br />
regional, consi<strong>de</strong>rando-se que o paleossoma <strong>de</strong>ssas rochas são os próprios granulitos.<br />
Por outro lado, a gran<strong>de</strong> semelhança mineralógica <strong>de</strong>sses migmatitos com os granulitos alaskíticos<br />
nos leva a admitir que os primeiros nada mais são que um estado mais evoluído dos últimos, atingido<br />
após uma fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações intensas, acompanhadas <strong>de</strong> transformações mineralógicas em<br />
que se <strong>de</strong>staca o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> feldspato potássico porfiroblástico.<br />
Em resumo, com base nos dados fornecidos por Oliveira (op. cito )e Oliveira et alii (op. cit.)<br />
e com os elementos estruturais e petrográficos ora obtidos propõe-se a seguinte seqüência <strong>de</strong> eventos<br />
geológicos para a área <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong>:<br />
1. Sedimentação acompanhada <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> magmática.<br />
2. Metamorfismo regional <strong>de</strong> alto grau, fácies granulito, com possível migmatização (recristalizações<br />
e dobramentos). Ciclo Transamazônico (2.000 m .a.).<br />
3. Deformação rígida, resultando gran<strong>de</strong>s falhas <strong>de</strong> natureza não diagnosticada.<br />
4. Metamorfismo regional, facies anfibolito acompanhado <strong>de</strong> migmatização (recristalizações e<br />
redobramentos). Ciclo Brasiliano (600 m.a.).<br />
5. Sedimentação, falhamentos, nova sedimentação e ativida<strong>de</strong>s ígneas. Carbonífero (?) - Cretáceo.
OLIVEIRA, AL VES 143<br />
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GRANITOS E METAMORFISMO NO VALE DO RIBEIRA<br />
DE IGUAPE, SP e Pr<br />
E. WERNICK ~ C. B. GOMES..<br />
ABSTRACT<br />
Mineralogical data of the regional metamorphic rocks indicate tbat for most part of the Ribeira area tha metamorphic conditiona<br />
seem to corresPond to tbe Barrowian type. Chemical data for some granitic rocks and granite types associated to the Variacsn (Hercynian).<br />
Caledonian, and Alpine orogenic belte alao point to a mo<strong>de</strong>rate geothermic gradient for that area.<br />
Petrographic evi<strong>de</strong>nces indicate that most porphyroid granitic massifs related to tbe Grupo Açungui s. s. show a complex<br />
origin, having the metassomatism played a very important role.<br />
General consi<strong>de</strong>rations on the petrology of the reg!ooal Pre-cambrian rocks based on chemical and geochronological data have<br />
been also mada.<br />
RESUMO<br />
Dados min...a1ógicos referentes às rochas metamórficae ...gionais indicam que. pare gran<strong>de</strong> parte da área da Ribeira. as condições<br />
metamórficss slo compativeis com o tipo Barrowiano. csractelizado por preMio média. Uma análise comp";""tiva. reunind~ a comP?"içAo<br />
normativa média das diversas varieda<strong>de</strong>s graniticae da regiIo e aqualas relativas aos granitos aseociadoe aos cmtur6es orogêmcos Vanscano<br />
(Hercil)iano). Caledoniano e Alpino é feita com os reeultad08 obtidos apontando. também. no sentido <strong>de</strong> um gradiente geotérmil:o mo<strong>de</strong>rado pare<br />
a regilo da Ribeira. .<br />
Evidências petrogrM!cas slo sugestivas <strong>de</strong> que parte doe granitos porfirói<strong>de</strong>s relaciooados ao GrupoAçungul s. s. possuem uma<br />
origem complexa. provavelmente marcada por uma intensa fase metassomática. .<br />
Consi<strong>de</strong>rações adicionais alo tecidas sobre a petrologia das rochas pré-cambrianas da usando pare tanto valores radlOmétricos<br />
e os dadoe qulmicos dos granitos.<br />
INTRODUÇAO<br />
A discrepância entre as paragêneses <strong>de</strong> rochas metamórficas <strong>de</strong> mesma composição<br />
química provenientes <strong>de</strong> cintas orogênicas diferentes e geradas em condições térmicas<br />
aproximadamente eqwvalentes levou a uma revisão do papel da influência da pressão<br />
nos fenômenos metamórficos, e ao conseqüente <strong>de</strong>senvolvimento do Conceito <strong>de</strong> série<br />
facial (Miyashiro, 1961; Tex, 1965, 1971; Winkler, 1967).<br />
Aliado a dados <strong>de</strong> campo, resultados experimentais possibilitaram o reconhecimento<br />
<strong>de</strong> minerais indicando pressões baixas e elevadas <strong>de</strong> formação, quer nas condições<br />
térmicas da facies anfibolito (cordierita, cianita), quer na fácies dos xistos ver<strong>de</strong>s (cloritói<strong>de</strong>?,<br />
stilpnomelana, anfibólios e piroxênios sódicos).<br />
*FFCL/RC<br />
**IG/USP
146 ANAIS DO XXVI/I CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Coube a Zwart (1967), a caracterização global das principais feições geológicas<br />
<strong>de</strong> cinturões orogênicos gerados nas condições <strong>de</strong> gradiente geotérmico baixo e elevado<br />
(respectivamente, metamorfismo <strong>de</strong> pressão elevada e baixa), baseado nos cinturões Variscano<br />
(Herciniano) e Alpino. Seus estudos revelaram, ainda, que o cinturão Caledoniano<br />
ocupa uma situação intermediária, tendo sido formado sob condições <strong>de</strong> gradiente geotérmico<br />
médio.<br />
Hall (1971) relacionou a composição normativa <strong>de</strong> granitos <strong>de</strong> cinturões orogênicos<br />
<strong>de</strong> gradientes geotérmicos diferentes (Varlscano, Caledoniano e Alpino) com os<br />
dados <strong>de</strong> trabalhos esperimentais realizados no sistema Q - Or - Ab a pressões variáveis<br />
<strong>de</strong> água (Tuttle e Bowen, 1958; Luth et aJii 1964), encontrando uma boa concordância <strong>de</strong><br />
resultados.<br />
No presente trabalho, os autores analisam a composição <strong>de</strong> rochas graniticas<br />
em função do gradiente geotérmico do metamorfismo do Grupo Açungui na região do vale<br />
do Ribeira <strong>de</strong> 19uape.<br />
GEOLOGIA GERAL<br />
A região do vale Ribeira <strong>de</strong> 19uape e adjacências vem sendo estudada nos seus<br />
mais diversos aspectos geológicos por numerosos autores. A literatura é <strong>de</strong>masiada extensa,<br />
estando os principais trabalhos relacionados em Melcher et alii (1973), o mais recente<br />
e global estudo <strong>de</strong>ssa área.<br />
A região é constituída dominantemente <strong>de</strong> rochas metamórficas, com direção<br />
geral NE-SW e fácies <strong>de</strong> metamorfismo variável <strong>de</strong> xistos ver<strong>de</strong>s a anfibolito, às quais se<br />
associam numerosos corpos graníticos intrusivos. Na porção norte da área levantada por<br />
aqueles autores, ocorrem ainda sedimentos paleozóicos referíveis à Bacia do Paraná. Do<br />
ponto <strong>de</strong> vista metamórfico, as rochas da região po<strong>de</strong>m ser reunidas em dois grupos.<br />
a) Rochas <strong>de</strong> grau baixo <strong>de</strong> metamorfismo. Estio representadas por filitos,<br />
metarrítmitos, quartzitos (meta-arenitos), metaconglomerados, metacalcários, metadolomitos<br />
e calcoxistos, com numerosas e pequenas intercalações <strong>de</strong> anfibolitos e anfibólios xistos,<br />
constituindo o Grupo Açungui s.s.<br />
b) Rochas <strong>de</strong> grau médio <strong>de</strong> metamorfismo. Correspon<strong>de</strong>m a micaxistos, gnaisses<br />
e migmatitos, também portadores <strong>de</strong> intercalações <strong>de</strong> anfibolitos. Os micaxistos, parte<br />
dos quais porfiroblásticos, foram enquadrados por Marini et alii (1967) na Formação Setuva,<br />
enquanto que os gnaisses e migmatitos são relacionáveis ao Complexo Cristalino<br />
(Fig. 1). Melcher et aJii (1973) citam a passagem gradativa <strong>de</strong> filitos a micaxistos, e<br />
<strong>de</strong>stes últimos para as rochas que integram o Complexo Cristalino. Este fato parece indicar<br />
que o Complexo Cristalino representa, pelo menos em parte, material cogenético ao<br />
Grupo Açungui s.s., apenas metamorfoseado regionalmente em grau mais elevado.<br />
As rochas granitícas, muito numerosas na região, ocupam cerca <strong>de</strong> 50% da<br />
área do complexo metamórfico exposto. Constituem tanto batólitos (Agudos Gran<strong>de</strong>s,<br />
Cunhaporanga, ltape1Ína e Três Córregos), quanto maciços <strong>de</strong> dimensões intermediárias<br />
(Aboboral, Alto turvo, Espírito Santo, Guaraú, ltaóca, Mandira e Morro Gran<strong>de</strong>), como<br />
pequenos stocks (Apiaí, Barreiro, Campina do Veado, Capuava, Epitácio Pessoa, Freguesia<br />
Velha, Rolado e Varginha), ou mesmo satélites associados aos corpos maiores. Granitos<br />
pórfiros ocorrem na forma <strong>de</strong> diques (por exemplo, arredores <strong>de</strong> Morro Azul; Sítio da<br />
Serra, junto ao contato oriental do batólito Agudos Gran<strong>de</strong>s; proximida<strong>de</strong>s dos marcos<br />
253 e 255 da BR-1l6) ou formando pequenos stocks, com área <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong> algumas<br />
centenas <strong>de</strong> metros quadrados (por exemplo, arredores <strong>de</strong> Lageado, proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Iporanga; Braço <strong>de</strong> Pescaria, a sul <strong>de</strong> Guapiara; Numbira, no vale do Rio Turvo; adjacências<br />
da barra do rio Barreiro; vale do Rio Guaraú). Face à escala cartográfica adotada,<br />
não se encontram representados na Figura 1.<br />
Texturalmente, é possível distinguir-se varieda<strong>de</strong>s porfirói<strong>de</strong>s e equigranulares,<br />
estas últimas correspon<strong>de</strong>ndo às rochas dos maciços <strong>de</strong> Guaraú, Mandira, Varginha (este<br />
último pelo menos em parte) e, eventualmente, Alto Turvo. Cumpre mencionar que va-<br />
.riações texturais ocorrem em todos os complexos citados, <strong>de</strong> tal modo que a classificação<br />
acima é feita em função do tipo petrográfico predominante. Quanto à estrutura, esses cor-
Fig. 1- Mapa Geológico, simplificado, da Região da Ribeira segundo Melcher et alii ( 1973 ).<br />
ROCHAS SEDIMENTARES<br />
~ Sedimentos Pal~ozóicos da<br />
L :..J Bacia do Pc ra no<br />
ROCHAS GRANíTlCAS<br />
EI3<br />
Granitos pós.tectônicos.<br />
~ Granitos tardi a pós-tectôniCOs<br />
f;::"';~3 Granitas sintectônicos<br />
ROCHAS METAMÓRFICAS<br />
O Epimetamórficas<br />
I;-~ :::J Mica ..istos<br />
E3 Gnaisses e/ou miQmatitos<br />
-- Falhas<br />
' Contatos<br />
I I.tapeúna<br />
2 Mandira<br />
3 Guaraú<br />
4 Alto Turvo<br />
5 TrAs CórreQos<br />
6 AQudos Gran<strong>de</strong>s<br />
7 Itaóca<br />
8 Barreiro<br />
9 Capuava<br />
10 FreQuesia Velha<br />
I I Espírito Santo<br />
12 Campina do Veada<br />
13 Apiaí<br />
14 CunhaporanQa<br />
15 Vila Branca<br />
16 Morro Gran<strong>de</strong><br />
11 Epitácio Pessoa<br />
18 VarQinha<br />
19 Morro do Aboboral<br />
20 Marro Ralado .<br />
O 5 10 15 20 km
148 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
pos são, em sua maior parte, homogêneos, exceção maior feita ao batólito <strong>de</strong> Itapeúna,<br />
mostrando estrutura migmatítica típica.<br />
Quanto ao quimismo, são reconhecidos tanto granitos calco-alcalinos, quanto<br />
rochas com tendências alcalinas, estas representadas pelos maciços <strong>de</strong> Guaraú, Mandira e,<br />
eventualmente, Alto Turvo. Conjuntamente aos corpos graníticos alcalinos do Anhangava,<br />
Graciosa e Marumbi, aflorando no Estado do Paraná, mostram uma tendência em constituir<br />
um colar <strong>de</strong> intrusões paralelas à costa, embutidas em migmatitos (Coutinho, 1971).<br />
No tocante ao posicionamento tecto-orogênico, Melcher et alii (1973) reconhecem<br />
corpos sintectônicos (batólito <strong>de</strong> Itapeúna) e intrusões tardi a pós-tectônicas. Por<br />
suas características geológicas, o corpo <strong>de</strong> Itapeúna é comparável aquele <strong>de</strong> São João dos<br />
Pinhais (Fuck et alii, 1967), situado 30 km a SE da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba, Estado do<br />
Paraná. Por outro lado, nota-se uma leve divergência entre Melcher et alii (1973) e Fuck<br />
et alii (1967) quanto ao batl>lito <strong>de</strong> Cunhaporanga, consi<strong>de</strong>rado pelos últimos autores co<br />
mo tendo um caráter misto entre sintectônico e tardi a pós-tectônico.<br />
A caracterização das rochas graníticas em tardi e pós-tectônicas é feita com<br />
base em critérios geocronológicos (Cordani e Bittencourt, 1967; Cordani e Kawashita, 1971)<br />
e feições <strong>de</strong> campo, tais como a presença <strong>de</strong> auréolas <strong>de</strong> contato, apófises, filões aplíticos<br />
e pegmatíticos, discordância estrutural local e associação com granitos pórfiros (Melcher,<br />
1965; Fuck et alii, 1973). Por outro lado, a associação com os estudos geocronológicos <strong>de</strong><br />
cordani e Kawashita (1971) levou Melcher et alii (1973) a consi<strong>de</strong>rar as diferenças texturais<br />
e químicas das rochas graníticas do vale do Ribeira <strong>de</strong> Iguape como correlacio,<br />
náveis às variações <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Neste sentido, os gran<strong>de</strong>s maciços porfirói<strong>de</strong>s calco-alcalinos,<br />
caso, por exemplo, do batólito <strong>de</strong> Três Córregos, teriam sido formados entre 600 e 650<br />
m.a., enquanto que os maciços equigranulares com tendência alcalina (Guaraú, Mandira)<br />
correspon<strong>de</strong>riam a intrusões nitidamente pós-tectônicas, originadas a cerca <strong>de</strong> 540 m.a.<br />
Estruturalmente, os gran<strong>de</strong>s corpos graníticos possuem formas alongadas, <strong>de</strong><br />
direção NE-SW, com contatos regionais paralelos às ,gran<strong>de</strong>s estruturas das rochas metamórficas<br />
e ocupando os núcleos <strong>de</strong> anticlinórios (Melcher et alii, 1973; Hasui 1973).<br />
Não exibem <strong>de</strong>formações plásticas expressivas, exceto ocasionalmente o alinhamento <strong>de</strong><br />
seus constituintes minerais junto às bordas dos corpos. Em alguns casos, estes corpos<br />
evi<strong>de</strong>nciam terem sido submetidos a esforços posteriores à sua fase principal <strong>de</strong> formação,<br />
com o conseqüente <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> cataclasitos e milonitos. Ã exceção das<br />
intrusões sintectônicas, constituem corpos do tipo circunscrito, segundo a classificação <strong>de</strong><br />
Raguin (1955). Entretanto, Cordani e Girardi (1967) e Fuck et alii (1967) assinalam a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passagens gradativas entre os maciços alcalinos <strong>de</strong> Anhangava, Graciosa e<br />
Marumbi, no Estado do Paraná, e os migmatitos encaixantes da Serra do Mar (Complexo<br />
Cristalino). No entanto, para Fuck et alü (1967), essas transições são locais, e talvez<br />
apenas aparentes, já que na maioria dos casos os contatos estão encobertos ou são <strong>de</strong><br />
natureza tectônica. O caráter tectônico dos contatos dos corpos graníticos é também enfatizado<br />
por Melcher et alii (1973).<br />
Descrições <strong>de</strong>talhadas das rochas graníticas ligadas ao Grupo Açungui s. s. e ao<br />
Complexo Cristalino são <strong>de</strong>vidas, entre outros, a Moraes Rêgo e Souza Santos (1938),<br />
Coutinho (1953, 1972), Ellert (1964), Fuck et alii (1967), Hasui et alii (1969), Wemick<br />
(1972 a, b), Wemick e Feman<strong>de</strong>s (1972).<br />
CARACTERÍSTICAS NORMATIVAS DOS GRANITOS<br />
Para o presente trabalho, os autores dispuseram <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 93 análises<br />
provenientes dos maciços <strong>de</strong> Itaóca (41), Três Córregos (26), Varginha (6), Guaraú (3),<br />
Campina do Veado (2), Cunhaporanga (2), Itapeúna (2), Morro Gran<strong>de</strong> (2), Anhangava<br />
(1), Mandira (1) e Marumbi (1). a quase totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas análises, bem como a correspon<strong>de</strong>nte<br />
localização das amostras no interior dos diversos corpos, é fomecida no trabalho<br />
<strong>de</strong> Gomes et alii (no prelo), que tem por objetivo precípuo a caracterização química das<br />
rochas <strong>de</strong>sses maciços, usando como referência os dados listados na literatura. Para a interpretação<br />
dos granitos alcalinos, foram utilizados os valores citados em Fuck et alii
Quartzo<br />
Ortoclásio<br />
Albita<br />
Anortita<br />
Acrnita<br />
" Peso<br />
Si02<br />
Ti02<br />
Al2Ü3<br />
Fe203<br />
FeO<br />
MnO<br />
MgO<br />
CaO<br />
Na20<br />
K20<br />
P20S<br />
H20<br />
Total<br />
Wollastonita<br />
(<br />
Wollastonita<br />
Diopsídio ( Enstatita<br />
( Ferrossilita<br />
( Enstatita<br />
Hiperstênio rFerrossilita Hematita<br />
Magnetita<br />
Ilmenita<br />
Coríndon<br />
Apatita<br />
N.12 <strong>de</strong> análises<br />
WERNICK, GOMES<br />
TABELA 1<br />
Composição Química Média e Normativa <strong>de</strong> Rochas Graníticas<br />
67,65<br />
0,56<br />
13,42<br />
0,83<br />
3,16<br />
0,07<br />
1,04<br />
2,42<br />
4,62<br />
4,71<br />
0,25<br />
0,86<br />
99,59<br />
16,86<br />
27,80<br />
38,77<br />
1,94<br />
3,36<br />
1,30<br />
2,11<br />
1,30<br />
2,24<br />
2<br />
68,42<br />
0,41<br />
14,01<br />
0,90<br />
1,88<br />
0,06<br />
0,94<br />
2,33<br />
5,13<br />
4,43<br />
0,16<br />
1,03<br />
99,70<br />
16,50<br />
26,13<br />
43,49<br />
1,94<br />
3,71<br />
1,90<br />
1,72<br />
0,40<br />
0,39<br />
3<br />
75,88<br />
0,18<br />
11,95<br />
0,29<br />
0,74<br />
0,04<br />
0,11<br />
0,60<br />
3,88<br />
5,28<br />
0,04<br />
0,91<br />
99,90<br />
32,40<br />
31,13<br />
32,49<br />
1,16<br />
0,30<br />
0,92<br />
4 5 6<br />
68,75<br />
0,52<br />
14,11<br />
1,05<br />
1,71<br />
0,05<br />
0,91<br />
2,26<br />
4;92<br />
-4,48<br />
0,21<br />
0,85<br />
99,82<br />
18,94<br />
26,46<br />
41,39<br />
3,06<br />
2,06<br />
0,72<br />
0,40<br />
0,29<br />
0,40<br />
0,29<br />
75,72<br />
0,12<br />
11,84<br />
0,35<br />
0,92<br />
0,03<br />
0,09<br />
0,53<br />
4,87<br />
4,61<br />
0,03<br />
0,73<br />
99,84<br />
76,90<br />
0,12<br />
11,14<br />
0,18<br />
1,28<br />
0,03<br />
0,02<br />
0,40<br />
4,12<br />
4,48<br />
0,01<br />
1,06<br />
99,94<br />
28,56 35,28<br />
27,24 26,13<br />
35,11 34,06<br />
0,92<br />
1,90 0,76<br />
0,28 0,02<br />
1,62 0,63<br />
0,12 0,03<br />
0,33 0,82<br />
7a* 7b** 8<br />
58,88<br />
1,20<br />
16,94<br />
2,57<br />
2,58<br />
0,13<br />
0,64<br />
3,69<br />
4,74<br />
6,06<br />
0,23<br />
1,64<br />
99,30<br />
1,90<br />
35,58<br />
39,82<br />
9,30<br />
1,38<br />
4,88<br />
3,15<br />
1,42<br />
74,32<br />
0,08<br />
13,62<br />
0,03<br />
0,23<br />
0,01<br />
0,49<br />
0,85<br />
2,26<br />
7,44<br />
0,02<br />
0,56<br />
99,91<br />
29,40<br />
43,92<br />
18,86<br />
4,03<br />
1,74<br />
1,20<br />
0,39<br />
72,42<br />
0,~6<br />
13,15<br />
0,42<br />
1,93<br />
0,08<br />
0,43<br />
1,81<br />
3,66<br />
4,54<br />
0,12<br />
1,06<br />
99,98<br />
28,92<br />
26,69<br />
30,91<br />
6,09<br />
0,84<br />
0,25<br />
0,63<br />
0,82<br />
2,11<br />
1,16 1,39 0,46 1,51 0,46 3,71 0,04 0,60 0,37<br />
1,06 0,76 0,30 0,91 0,23 0,15 2,28 0,15 0,68 0,30<br />
0,39 0,20 0,06 0,29 0,04 0,03 0,31 0,03 0,16 0,07<br />
39 24 2 2 3 1 1 1 2 6<br />
9<br />
73,94<br />
0,17<br />
12,59<br />
0,26<br />
1,28<br />
0,09<br />
0,37<br />
1,46<br />
4,07<br />
4,50<br />
0,07<br />
1,09<br />
99,89<br />
29,40<br />
26,61<br />
34,37<br />
2,61<br />
1,74<br />
0,55<br />
1,24<br />
0,37<br />
0,81<br />
10 11 12<br />
71,66 75,60 71,06<br />
0,23<br />
14,50 13,00 12,78<br />
tr 0,20 2,78<br />
1,20 1,29<br />
3,20<br />
tr<br />
1,00<br />
4,20<br />
4,54<br />
nd<br />
0,45<br />
99,55<br />
26,22<br />
26,90<br />
35,11<br />
7,50<br />
1,06<br />
tr 0,06<br />
0,30 0,37<br />
0,40 1,51<br />
4,20 4,69<br />
4,90 4,55<br />
tr 0,24<br />
0,70 0,64<br />
100,50 .100,30<br />
30,54<br />
28,91<br />
35,11<br />
1,94<br />
0,75<br />
2,07<br />
26,52<br />
26,89<br />
39,30<br />
0,71<br />
0,16<br />
0,23 3,69<br />
0,42<br />
0,10<br />
0,33<br />
* Amostra UC-48; ** Amostra UC-65.<br />
1. Itaoca; 2. Três Córregos; 3. Campina do Veado; 4. Cunhaporanga; 5. Guaraú; 6. Mandira; 7(a,b). Itapeúna;<br />
8. Morro Gran<strong>de</strong>; 9. Varginha (maciços 1 a 9, dados extraídos <strong>de</strong> Gomes et alii., no prelo); 10. Anhangava (Fuck<br />
et aUi., 1967); 11. Marumbi (Maack, 1961; citação em Fuck et alii., 1967); 12. Graciosa (Maack, 1961; citação<br />
em Fuck et alii., 1967).<br />
(1967), referentes aos maciços <strong>de</strong> Anhangava, Graciosa e Marumbi. A composição química<br />
média e normativa das rochas acima é fomecida na Tabela 1. Rochas com Q + ar +<br />
Ab (amostras ED-201 e IG-278 do maciço <strong>de</strong> Três Córregos ( normativo inferior a 80%<br />
foram rejeitadas, o mesmo suce<strong>de</strong>ndo com duas análises do maciço <strong>de</strong> Itaóca, mostrando<br />
composição anômala (JA-27 e JA-33). Os valores <strong>de</strong> Q, Or e Ab foram recalculados para<br />
100%, num procedimento análogo ao utilizado, Hall (1971) Os dados assim obtidos<br />
foram projetados num diagrama Q - Or - Ab, e comparados aos valores obtidos por TuttIe<br />
e Bowen (1958) e Luth et alii (1964) para o sisteJha granítico, sob condições<br />
variáveis <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> água. Posteriormente, foram confrontados com os valores <strong>de</strong> Hall<br />
(1971) para granitos associados a cinturões orogênicos gerados sob gradientes geotérmicos<br />
diferentes (Tab. 2 e Fig. 2).<br />
A correlação entre o gradiente geotérmico e os trabalhos experimentais no sistema<br />
granítico baseia-se, sobretudo, nas seguintes consi<strong>de</strong>rações:<br />
a) Composição do líquido inicial ou residual obtido no sistema granítico, respectivamente<br />
por fusão parcial ou cristalização, variável com a pressão (Tuttle e Bowen,<br />
1958; Winkler e Platen, 1957 - 1962; Luth et alii, 1964; Winkler, 1967 ).<br />
b) Manutenção da composição do líquido eutético ou cotético <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />
6<br />
149
150 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Quartzo<br />
Ortoc1ásio<br />
Albita<br />
N.!! análises<br />
TABELA 2<br />
Composição Normativa <strong>de</strong> Rochas Graníticas<br />
Sintectônico 1= Tardi a Pós.tectônico<br />
Variscano Caledoniano Alpino Am. UC-48 Am. UC-65 Grupo 1 * Grupo 2**<br />
35,3 31,8 25,1 2,5 31,9 20,4 33,2<br />
32,0 29,5 29,1 46,0 47,6 31,4 30,9<br />
32,7 38,7 45,9 51,5 20,5 48,2 35,9<br />
198 41 5 1 1 65 10<br />
:f Amostms pertencentes ao maciço <strong>de</strong> Itapeúna.<br />
* Amostr~ pertencentes aos maciços <strong>de</strong> Cunhaporanga, Itaóca e Três C6rregos.<br />
** Amostras pertencentes aos maciços <strong>de</strong> Canpina do Veado, Morro Gran<strong>de</strong> e Varginha.<br />
* Amostras pertencentes aos maciços <strong>de</strong> Anhangava, Graciosa, Guaraú, Mandira e Marumbi.<br />
Ab<br />
Q<br />
.0<br />
v -Var..cano<br />
c - CaledonJano<br />
A -Alpino<br />
. -Slnt.ct'&nlco<br />
2A_g:r,!I~~-hJct&ICO c/<br />
2B- '6t;i ~s:- tect&nlco c/<br />
:5 - Pó. .::t.çt8nlco<br />
Fig.2- Diagrama Ternário Q: Or: Ab para a composição<br />
normativa <strong>de</strong> Rochas GranÍticas.Dados para os<br />
cinturões orogênicos extraidos <strong>de</strong> Hall ( 1971 ).<br />
P6s-tectônico+<br />
variação restrita, quer pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água disponível durante a anatexia, quer pelas<br />
temperaturas <strong>de</strong>senvolvidas durante o metamorfismo.<br />
c) Embora Luth (1969) tenha <strong>de</strong>monstrado a existência <strong>de</strong> uma ligeira influência<br />
da pressão total nas relações normativas Q:Or:Ab no sistema granítico, os dados <strong>de</strong><br />
Wyllie e Tuttle (1960), Brown e Fyfe (1970) e Piwinskii e Wyllie (1970) permitem, com<br />
certa precisão, correlacionar diretamente o gradiente geotérmico com a pressão <strong>de</strong> vapor<br />
d'água sob a qual ocorre a fusão <strong>de</strong> rochas para obtenção <strong>de</strong> líquidos graníticos ou sua<br />
posterior cristalização. Neste sentido, quanto menor o gradiente geotérmico (menor relação<br />
T/P) maior é a pressão <strong>de</strong> água durante a fusão.<br />
Com base nos da.dos normativos, é passivel agrupar. se os granitos da região do<br />
vale do Ribeira <strong>de</strong> 19uape em quatro categorias:<br />
1) Rochas com elevado teor normativo em ortocJásio . Correspon<strong>de</strong>m ao bat6lito <strong>de</strong><br />
Itapeúna, <strong>de</strong> caráter sintectônico e estrutura migmatitica. Para sua caracterização, os<br />
autores só dispuseram <strong>de</strong> duas análises químicas, que revelaram as seguintes proporções<br />
normativas: Q : Or : Ab = 2,5 : 46,0 : 51,5 e 31,9 : 47,6 : 20,5 (Tab. 2; pontos 1,<br />
Fig. 2). Ambos os dados fogem das caracteristicas <strong>de</strong> rochas graniticas tipicas, o que<br />
leva a crer que o maciço <strong>de</strong> ltapeÚDa não passou <strong>de</strong> um estádio <strong>de</strong> mobilização incipiente,<br />
acompanhado <strong>de</strong> acentuado aumento <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong>. Complexos migmatiticos com cerca<br />
<strong>de</strong> 20% <strong>de</strong> material liquefeito já adquirem. mobilida<strong>de</strong> suficiente para configurar fe.<br />
nômenos <strong>de</strong> intrusão. Melcher et alii ( 1973 ) <strong>de</strong>screvem, para vários pontos do<br />
Or<br />
31,8<br />
29,4<br />
38,8<br />
12
----.-<br />
WERNICK, GOMES 151<br />
batólito <strong>de</strong> Itapeúna, passagem gradativa das rochas granítico-migmáticas para os sedimentos<br />
regionais, configurando, assim,<br />
2) Rochas calco-alcalinas com quartzo<br />
o seu caráter autóctone e pouco evoluído.<br />
normativo em torno <strong>de</strong> 20% , - Este grupo engloba<br />
65 amostras, todas<br />
Três Córregos (24)<br />
com textura porfirói<strong>de</strong>, provenientes dos corpos <strong>de</strong> Cunhaporanga (2),<br />
e ltaóca (39). Sua média, Q:Or:Ab = 20,4 : 31,4 : 48,2. (Grupo 1,<br />
Tab. 2; ponto 2A, Fig. 2), situa-se fora do campo dos granitos típicos. Este fato parece<br />
indicativo <strong>de</strong> que estas rochas sofreram modificações profundas (assimilação ou metassomatose)<br />
durante ou após o seu trânsito e alojamento, ou então, num outro extremo,<br />
que se originaram a partir <strong>de</strong> sedimentos profundamente transformados.<br />
I - Fenômenos metassomáticos em rochas graníticas do Grupo Açungui s. s. e<br />
do Complexo Cristalino já foram assinalados, entre outros, por Ellert (1974) na região <strong>de</strong><br />
Mairiporã e por Coutinho (1972) nos arredores <strong>de</strong> São Paulo (quartzo diorito <strong>de</strong> Lago<br />
Azul). Também Wernick (1972) <strong>de</strong>screve intensa feldspatização junto às rochas do<br />
maciço <strong>de</strong> Morungaba, arredores da cida<strong>de</strong> homônima, no Estado <strong>de</strong> São Paulo, enquanto<br />
que Hasui (1973) menciona a existência <strong>de</strong> processos semelhantes junto ao complexo<br />
granítico <strong>de</strong> Pieda<strong>de</strong>, principal constituinte do Bloco Cotia.<br />
II - Como já observado, os maiores batólitos graníticos porfirói<strong>de</strong>s constituem<br />
corpos alongados orientados paralelamente à direção da estrutura regional, e ocupando<br />
núcleos <strong>de</strong> anticlinórios (Melcher et alii, 1973; Hasui, 1973). Estas áreas são par.<br />
ticularmente favoráveis, seja ao alojamento <strong>de</strong> corpos sintectônicos e tardi-tectônicos, seja<br />
ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fenômenos metassomáticos, por correspon<strong>de</strong>rem a locais <strong>de</strong> maior<br />
concentração <strong>de</strong> fluidos (Carpenter, 1968). O controle da feldspatização por estruturas<br />
regionais foi <strong>de</strong>monstrado por Wernick (1972) para o maciço <strong>de</strong> Morungaba.<br />
O posicionamento estrutural das rochas graníticas porfirói<strong>de</strong>s abre, portanto, a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> corpos sintectônicos feldspatizados e freqüentemente a corpos<br />
intrusivos equigranulares posteriores. Tal fato foi verificado por Fuck et alii (1967) em<br />
relação aos corpos <strong>de</strong> Cunnaporanga e Carambei, Pr, e por Wernick (1972) para o maciço<br />
<strong>de</strong> Morungaba, SP. ·<br />
lU - O metamorfismo observado no vale do Ribeira <strong>de</strong> 19uape e nos arredores<br />
da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo é do tipo <strong>de</strong> pressão média (Barrowiano) , caracterizado pela<br />
presença da cianita (Melcher et alii, 197.5; Coutinho, comunicação verbal). Tal fato,<br />
segundo Miyashiro (1964) e Zwart (1967) implica na formação <strong>de</strong> uma taxa relativamente<br />
pequena <strong>de</strong> rochas graníticas, constratando assim com a realida<strong>de</strong> geológica da<br />
região. Assim, no vale do Ribeira, as rochas graníticas perfazem cerca <strong>de</strong> 50% da áraa<br />
pré-cambriana exposta (Melcher et alii, 1973), taxa equivalente aquela obtida na porção<br />
leste do Estado do Paraná por Fuck et alii (1972) e nos arredores <strong>de</strong> São Paulo por<br />
Coutinho (1972). Na região <strong>de</strong> São Roque, SP, essas rochas atingem cerca <strong>de</strong> 30%<br />
segundo Hasui et alii (196&) . Tal discrepância parece sugestiva <strong>de</strong> que alguns dos<br />
granitos porfirói<strong>de</strong>s sejam muito mais produtos metassomáticos antes que granitos magmáticos<br />
puros.<br />
IV - Os granitos tardi.tectônicos são, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com Marmo (1971),<br />
rochas finas, homogêneas, com feições predominantemente aplíticas e <strong>de</strong> cor cinza ou<br />
rosada. Não mostram variação para membros mais básicos ou intermediários, e tem ainda<br />
como característica marcante a gran<strong>de</strong> riqueza em feldspato 'potássico. Nenhuma <strong>de</strong>stas<br />
feições coinci<strong>de</strong> a rigor com as observadas junto aos granitos porfirói<strong>de</strong>s, o que reforça a<br />
hipótese <strong>de</strong> sua origem mista.<br />
V - Cordani e Kawashita (1973), analisando 6 amostras <strong>de</strong> granitos porfio<br />
rói<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>rados, com base em resultados obtidos pelo método Rb/Sr em rocha total,<br />
como sendo tardi-tectônicos, concluiu que elas pertencem a uma isócrona <strong>de</strong> referência com<br />
608 í 48 m. a. Individualmente, entretanto, essas rochas exibem idá<strong>de</strong>s variáveis entre<br />
600 í 90 m.a. e 740 í 200 m.a. Por outro lado, <strong>de</strong>terminações pelo método K/ Ar em<br />
feldspato potássico <strong>de</strong> granitos porfirói<strong>de</strong>s da região <strong>de</strong> Mairiporã e Ribeirão Pires, executadas<br />
por Cordani e Bittencourt (1968), revelaram ida<strong>de</strong>s variáveis entre 440 í 20<br />
m,a. e 490 + 15 m.a. A comparação <strong>de</strong>sses dados leva à suposição da existência <strong>de</strong><br />
rochas mais antigas que sofreram adição <strong>de</strong> material mais novo, <strong>de</strong>tectado pelo método<br />
K/Ar. Esta linha <strong>de</strong> argumentação, seguida por Sonet' (1968), sugere uma origem com-
152 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
plexa, <strong>de</strong> várias fases, para os granitos porfirói<strong>de</strong>s. Tal interpretação é corroborada por<br />
Cordani e Kawashita (1973) baseados na relação Sr87/Srs6 inicial da isócrona dos<br />
granitos porfirói<strong>de</strong>s. Estes autores sugerem a sua formação a partir <strong>de</strong> magmas gerados<br />
<strong>de</strong> material sedimentar do próprio cinturão orogênico da Ribeira, aos quais foi adicionado<br />
consi<strong>de</strong>rável quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material vulcânico, separado do manto superior durante os<br />
primeiros estádios da evolução do geossinclíeno. Por outro lado, excluem a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> formação dos granitos por palingênese <strong>de</strong> material relacionável à infraestrutura do cinturão<br />
orogênico. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da düiculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação da natureza do material<br />
vulcânico separado do manto superior, os dados obtidos por aqueles autores parecem<br />
indicativos <strong>de</strong> uma origem complexa, mista, para os granitos porfirói<strong>de</strong>s associados ao<br />
Ciclo Brasiliano. Uma gênese em duas fases é também <strong>de</strong>fendida por Ellert (1964) para<br />
os granitos da região <strong>de</strong> Mairiporã, SP.<br />
VI - Sassi (1971) relaciona o fenômeno <strong>de</strong> feldspatização intensiva <strong>de</strong> largas<br />
áreas com a mudança das condições tisico-quÍmicas <strong>de</strong> fluidos intergranulares durante a<br />
passagem <strong>de</strong> condições sintectônicas para pós.tectônicas. A comparação entre os dados<br />
geocronológicos obtidos para os granitos pós-tectônicos (cerca <strong>de</strong> 540 m.a., Rb/Sr em<br />
rocha total) e para feldspato potássico <strong>de</strong> granitos porfirói<strong>de</strong>s (440 - 490 m.a., K/ Ar)<br />
parecem confirmar tal interpretação, respeitando-se, no entanto, as diferenças <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
informação dos dois métodos citados. Para a região <strong>de</strong> São Paulo, Coutinho (1972) ad.<br />
mite uma fase tardia <strong>de</strong> metassomatismo potássico nos xistos regionais, o que parece confirmar<br />
a hipótese levantada.<br />
VII - Os argumentos utilizados por Coutinho (1972) para caracterizar os<br />
megacristais <strong>de</strong> microclínio das rochas graníticas porfirói<strong>de</strong>s como sendo <strong>de</strong> cristalização<br />
tardia não são conclusos, tendo em vista que as feições nos quais ele se baseia (idiomorfismo<br />
perfeito dos cristais e presença <strong>de</strong> inclusões abundantes <strong>de</strong> quartzo, plagioclásio e<br />
biotita, com arranjo paralelo aos contornos dos hospe<strong>de</strong>iros) já foram <strong>de</strong>scritos por outros<br />
autores (Cannon, 1964) em gnaisses submetidos a metassomatismo potássico.<br />
VIII - Um dos problemas ligados aos corpos graníticos porfirói<strong>de</strong>s é a natureza<br />
dos seus contatos. Melcher- et alii (1973) assinalam que, nos poucos casos em que foi<br />
possível a observação dos contatos entre os granitos da Ribeira e os metas sedimentos associados,<br />
esses eram do tipo tectônico (falhamentos) e não do tipo intrusivo nohnal.<br />
3) Rochas calco-alcalinas com quartzo normativo superior a 30 % - Este grupo está representado<br />
por 10 amostras, provenientes dos corpos <strong>de</strong> Campina do Veado (2), Morro<br />
Gran<strong>de</strong> (2) e Varginha (6), classificados por Fuck et alii (1967) e Melcher et alii 1973)<br />
(op. cit.) como tardi após.tectônicos. Apresentam composição normativa média Q : Or : Ab<br />
= 33,2 : 30,9 : 35,9 (Grupo 2, Tab. 2; ponto 2 B, Fig. 2), muito próxima à obtida por<br />
Hall (1971) para os granitos caledonianos (Q : Or : Ab = 31,8 : 29,5 : 38,7).<br />
A semelhança <strong>de</strong> composição das rochas <strong>de</strong>ste grupo com os granitos caledonianos<br />
gerados sob gradiente geotérmico médio é confirmada por paragêneses críticas em<br />
micaxistos da região do vale do Ribeira <strong>de</strong> 19uape. Segundo Melcher et alü (1973). es.<br />
ses são portadores <strong>de</strong> cianita, configurando, assim, condições intermediárias entre gradientes<br />
geotérmicos elevados (tipo Variscano, caracterizado pela presença <strong>de</strong> cordierita) e<br />
baixos (tipo Alpino, marçado pela presença <strong>de</strong> piroxênios e anfibólios sódicos).<br />
4) Rochas <strong>de</strong> tendências alcalinas com quartzo normativo em torno <strong>de</strong> 30 % - Para sua<br />
interpretação, os autores dispuseram <strong>de</strong> 12 análises, provenientes dos corpos <strong>de</strong> Anhangava<br />
(1), Marumbi (1), Mandira (1), Guaraú (3) e Graciosa (6). Trata-se <strong>de</strong> maciços póstectônicos<br />
a julgar pela composição (afinida<strong>de</strong> alcalina; Marmo. (Í971). textura (eQüigranular)<br />
e natureza dos contatos (discordantes ou tectônicos). conquanto Cordani e Girardi<br />
(1967) e Fuck et alii (1967) mencionem a existência <strong>de</strong> passagens gradativas entre<br />
as intrusões <strong>de</strong> Anhangava e Graciosa, Pr; e os migmatitos encaixantes.<br />
Os granitos alcalinos possuem composição normativa média Q : Or : Ab =<br />
31,8 : 29,4 : 38,8. muito próxima à granitos caledonianos (Tab. 2; ponto 3, Fig. 2). Tais<br />
dados parecem indicativos <strong>de</strong> que, entre a fase orogênica principal da cinturão Ribeira na<br />
região investigada (cerca <strong>de</strong> 600 a 650 m.a.; Cordani e Bittencourt. 1968) e a fase das<br />
intrusões pós.tectônicas (cerca <strong>de</strong> 540 m.a.; Cordani e Kawashita, 1971). o gradiente<br />
geotérmico permaneceu praticamente constante.
WERNICK,GOMES<br />
CONSIDERAÇOES FINAIS<br />
A análise das condições geológicas e metamórficas do Grupo Açungui nos estados<br />
<strong>de</strong> São Paulo e Paraná permite aos autores tecerem as seguintes consi<strong>de</strong>rações:<br />
1. Para amplos trechos da região focalizada, o metamorfismo é do tipo Barrowiano<br />
(pressão média), como indicado pela presença <strong>de</strong> paragêneses críticas em rochas<br />
metamórficas e pela composição química das rochas graníticas.<br />
2. O gradiente geotérmico regional, mo<strong>de</strong>rado, parece ter permanecido constante<br />
no intervalo <strong>de</strong>corrido entre o paroxismo metamórfico e a intrusão dos granitos póstectônicos.<br />
3_ Gran<strong>de</strong> parte dos granitos porfirói<strong>de</strong>s associados ao Grupo Açungui s. s.<br />
evi<strong>de</strong>ncia uma origem complexa, provavelmente com uma fase metassomática acentuada.<br />
4. O gradiente térmico regional mo<strong>de</strong>rado é sugestivo <strong>de</strong> que a maior parte das<br />
rochas do Complexo Cristalino, com ida<strong>de</strong>s referíveis ao Ciclo Brasiliano, correspon<strong>de</strong> a<br />
porções <strong>de</strong> infraestrutura do cinturão Ribeira, rejuvenescido durante aquele evento, sendo<br />
raro o material litologicamente similar formado cogeneticamente com o Grupo Açungui s. s.<br />
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MIGMATIZAÇAO E FELDSPATIZAÇAO DE CHARNOCKITOS<br />
E GRANULITOS NO LESTE PAULISTA<br />
E SUL DE MINAS GERAIS<br />
EBERHARD WERNICK*, FAUSTINO PENAL VA**<br />
ABSTRACT<br />
Granulitic and 'charnockitic rocks are rather common in several regions af theBrazilian Crystalline Basement, where they are associated<br />
to gneisses, migmatites, granites and feldspathized rocks. In this paper the authors present the resulta af a study af rock association and<br />
try to expIain its origino Region involved ia eastem São Paulo and southem Minas Gerais States, Brazil.<br />
Field relations and microsoope investigations suggest that the pbserved rock association resulta from two. metamorphic events:<br />
the first one belongs to the Transamazonic Cycle(or ol<strong>de</strong>rones), whicligaveloriginto granulites,eharnockites,migmatitesandgneisses the second<br />
one, re1ated maioly with the Brasiliano Cycle (Baykalisn). Duriog this last cycle (upper precambrisn age) the ol<strong>de</strong>r rocks of the sh.eld have been<br />
re-migmatized and feldspathized.<br />
Authors <strong>de</strong>seribe the main eharaeteristies of migmatites related to both eyeles and also analyze the main f...tures of the granulitic<br />
and chamockitic rocks in relation to its evolution.<br />
INTRODUÇÃO<br />
No <strong>de</strong>nominado Complexo Cristalino ocorrem, com maior ou menor freqüência, inter.<br />
calações <strong>de</strong> rochas granulíticas e charnockíticas associadas a gnaisses, migmatitos e granitos. A<br />
gênese das rochas pertencentes à facies granulito, bem como a análise dos diversos episódios que as<br />
afetaram, vem sendo objeto <strong>de</strong> discussão contínua, baseando-se os diversos autores em dados <strong>de</strong><br />
campo, petrográficos e geocronológicos. No presente trabalho os autores, com base em seus trabalhos<br />
realizados no Leste do Estado <strong>de</strong> São Paulo e Sul <strong>de</strong> Minas Gerais, bem como através <strong>de</strong> uma<br />
análise da literatura disponível, tentam caracterizar <strong>de</strong> maneira global estas ocorrências da porção<br />
Leste do Brasil, entre Salvador (Ba) e Paranaguá (Pr) e <strong>de</strong>screver sucintamente os fenômenos a que<br />
foram submetidos.<br />
OCORRÊNCIA DE ROCHAS DA FACIES GRANULITO<br />
A Figura 1 mostra as principais ocorrências <strong>de</strong> rochas granulíticas e charnockíticas do<br />
leste brasileiro, além das áreas do Leste do Estado <strong>de</strong> São Paulo e Sul <strong>de</strong> Minas Gerais, estas particularmente<br />
examinadas pelos autores. A figura foi baseada nos trabalhos <strong>de</strong> Guimarães (1956),<br />
Rosier (1957), Franco e Coutinho (1957), Barbosa (1959), Helmbold (1965), Wemick (1967),<br />
Ebert (1968), Fujimore (1968), Basumallick et alii (1969), Castro e Sial (1971), Girardi et alii (1971),<br />
Oliveira (1973), Cordani (1973). Igualmente estão assinaladas novas ocorrências encontradas<br />
pelos autores nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São João da Boa Vista (SP), Itatiba (SP), Inconfi<strong>de</strong>ntes<br />
(MG) e entre Poço Fundo e Caldas (MG).<br />
Trabalho realizado com auxílio do CNPq e F APESP<br />
· FFCL/RC<br />
.. IG/USP
156 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS GRANULITOS E CHARNOCKITOS<br />
Exames geológicos e petrográficos feitos pelos autores em charnockitos e granulitos da<br />
região <strong>de</strong> São José do Rio Pardo, São João da Boa Vista, Itatiba e Socorro, associados às numerosas<br />
<strong>de</strong>scrições oferecidas por vários autores, permitem fixar para as mesmas as seguintes características:<br />
1. Ocorrências com dimensões muito variáveis. Os granulitos e charnockitos apresentam-se tanto<br />
sob a forma <strong>de</strong> massas maiores. atingindo a mais <strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong> quilômetros quadrados, quanto<br />
constituindo pequenos leitos, núcleos ou bolsões embutidos em outras rochas.<br />
2. Associação com gnaisses, migmatitos e rochas granitizadas. Charnockitos e granulitos ocorrem,<br />
<strong>de</strong> modo geral. associados ou embutidos em gnaisses, migmatitos e rochas granitizadas. Os<br />
contatos entre os mesmos são freqüentemente difusos, transicionais, ou interdigitados o As rochas associadas<br />
pertencem sempre à facies anfibolito.<br />
3. Paragêneses mistas. Os charnockitos e granulitos ostentam paragêneses coexistentes indicadoras<br />
<strong>de</strong> diferentes condições <strong>de</strong> formação. De um lado ocorre a associação entre ortoclásio, mesopertita,<br />
antipertita, granada. ortopiroxênio e quartzo discói<strong>de</strong>. típica para facies granulito<br />
(anidra), associada quase sempre a microclina. biotita e hornblenda, indicando condições <strong>de</strong> facies<br />
anfibolito (hidratada).<br />
4. Entre as rochas charnockiticas distinguem-se charnockitos caracterizados por elevada homogeneida<strong>de</strong><br />
composicional e textural, constituindo aparentemente corpos circunscritos (e.g. o<br />
charnockito <strong>de</strong> Ubatuba, SP). e charnockitos <strong>de</strong> composição variável, estrutura gnáissica manifesta,<br />
freqüentemente associados a rochas parametamórficas.<br />
5. Parece aos autores que existe uma predominância <strong>de</strong> rochas charnockíticas sobre as granulíticas,<br />
ostentando estas quase sempre composição granítica, enquanto os charnockitos exibem composição<br />
mais variada, <strong>de</strong> ácida a básica.<br />
60 Comparando-se a Figura 1 com os mapas geocronológicos (eog. Almeida. 1969: Fig. 1 e Almeida<br />
et alii, 1973: Figo 1) verifica-se que a ocorrência <strong>de</strong> rochas da facies do granulito está restrita às<br />
áreas cratônicas do final do Pré-cambriano e às áreas do embasamento rejuvenescidas durante o<br />
Ciclo Brasiliano, não sendo ainda conhecidas ocorrências indubitavelmente cogenéticas com este<br />
ciclo.<br />
GÊNESE DA ASSOCIAÇÃO ENTRE ROCHAS DA FACIES GRANULITO E ANFIBOLITO<br />
O presente ítem resume as principais hipóteses sobre a associação entre rochas das<br />
facies granulito e anfibolito, restringindo-se os autores à área a Leste <strong>de</strong> São Paulo e Sul <strong>de</strong> Minas<br />
Gerais.<br />
1. Franco e Coutinho (1957). estudando um perfillitológico entre Arcadas e Socorro (SP) concluiram<br />
que a associação entre rochas da facies anfibolito e granulito resulta <strong>de</strong> um só evento metamórfico.<br />
crescente <strong>de</strong> W (Arcadas) para E (Socorro). Explicam a presença <strong>de</strong> biotita e hornblenda<br />
nas rochas da facies granulito em função <strong>de</strong> suas características químicas. respectivamente a relação<br />
Mg/Fe e a riqueza em AI. Fe e Ti.<br />
2. Wernick (1967), estudando a região <strong>de</strong> Amparo e Socorro (SP), concorda com a hipótese <strong>de</strong> um<br />
metamorfismo regional mais enérgico na região <strong>de</strong> Socorro e enquadra as rochas portadoras concomitantemente<br />
<strong>de</strong> ortopiroxênio. biotita e hornblenda na subfacies do hornblenda granulito. Ressalta<br />
que os granulitos e charnockitos foram afetados por fenômenos metassomáticos posteriores,<br />
com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> gnaisses charnockíticos porfiroblásticos, ricos em megacristais <strong>de</strong> microclina.<br />
3. Ebert (1968), estu,dando rochas da facies granulito em Minas Gerais, ressalta que sua ocorrên.<br />
cia está sempre associada ao Grupo Paraíba no qual constituem corpos e lentes nos metassedimentos<br />
ricos em feldspatos da facies anfibolito. Consi<strong>de</strong>ra esta associação formada num só evento,<br />
resultando as rochas da fa<strong>de</strong>s granulítica da ação <strong>de</strong> um metamorfismo local mais enérgico <strong>de</strong>vido a<br />
processos tectônicos que provocariam a <strong>de</strong>sidratação <strong>de</strong> pacotes relativamente espessos <strong>de</strong> metassedimentos,<br />
com a conseqüente formação <strong>de</strong> granulitos'e charnockitos. A presença <strong>de</strong> paragêneses<br />
mais ou menos anidras seria função da maior ou menor <strong>de</strong>sidratação, sob efeito tectônico. Baseado<br />
nos contatos transicionais entre as rochas das duas mencionadas facies, exclui a possibilida<strong>de</strong> dos<br />
granulitos e charnockitos correspon<strong>de</strong>rem a intercalações tectônicas oriundas <strong>de</strong> um ambiente <strong>de</strong>
t<br />
2<br />
I"LORIANÓPOLI<br />
Fig.l<br />
LEIENDA<br />
,~:;, PRINCIPAIS OCORRÊNCIASDE ROCHAS<br />
ífJY CHARNOCK(TCASE GRANULíTICAS.<br />
100<br />
Q IQO 300 500km<br />
.
WERNICK, PENAL VA 157<br />
formação diferente daquele que gera as rochas envolventes. Interpretou ainda a presença <strong>de</strong> microclina<br />
nas rochas granulíticas como sendo <strong>de</strong>vido a metamorfismo retrógrado.<br />
4. Delhal, Le<strong>de</strong>nt e Cordani (1969), estudando parte do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais e Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
apresentam uma interpretação oposta. A associação entre rochas granulíticas e gnaisses, migmatitos<br />
e granitos seria uma associação formada em dois episódios, resultando <strong>de</strong> uma remigmatização<br />
do Grupo Paraíba (referível ao Ciclo Transamazônico) durante o Ciclo Brasiliano. As intercalações<br />
<strong>de</strong> granulitos e charnockitos correspon<strong>de</strong>riam a restitos não afetados pelo rejuvenescimento.<br />
Em trabalho posterior, Cordani (1973) amplia esta interpretação para outras áreas da faixa costeira<br />
entre Salvador e Vitória.<br />
5. Também Oliveira (1973), estudando a região <strong>de</strong> São José do Rio Pardo (SP), concluiu que a associação<br />
em foco resulta da superposição <strong>de</strong> duas fases metamórficas. A fase inicial, <strong>de</strong> metamorfismo<br />
crescente, origina inicialmente gnaisses e rochas associadas. Quando atingidas as condições da<br />
facies granulito ocorreu anatexiã parcial, com a produção <strong>de</strong> resíduos granulíticos e charnockíticos<br />
parcial ou totalmente anidros. Estas rochas, quando portadoras <strong>de</strong> anfibólio e biotita, seriam indicativas<br />
<strong>de</strong> um resíduo apenas parcialmente <strong>de</strong>sidratado. Numa segunda fase ocorre a remigmatização<br />
das rochas pré-existentes, em condições <strong>de</strong> facies anfibolito. Ao contrário <strong>de</strong> Delhal et alii<br />
(1969), o autor não precisa o intervalo entre as duas fases, limitando-se à observação <strong>de</strong> que a fase<br />
da remigmatização é referível ao Ciclo Brasiliano e que os granulitos são algo mais velhos que esta<br />
fase. Ressalta ainda, baseado na composição química das rochas da facies do granulito, que a<br />
anatexia da primeira fase ocorreu sob condições <strong>de</strong> média pressão, o que contrasta com a ocorrência,<br />
na região, <strong>de</strong> gnaisses kinzigíticos portadores <strong>de</strong> cordierita, indicativa <strong>de</strong> um regime <strong>de</strong> baixa pressão.<br />
AS TRANSFORMAÇOES SOFRIDAS PELAS ROCHAS DA F ACIES G RANULÍTICA<br />
Os trabalhos <strong>de</strong> campo e petrográficos dos autores mostram que as rochas granulíticas e<br />
charnockíticas, após a sua gênese inicial, sofreram, essencialmente, dois tipos <strong>de</strong> transformação:<br />
Migmatizaçáo<br />
De modo geral as rochas granulíticas ocorrem sob a forma <strong>de</strong> intercalações em gnaisses e<br />
migmatitos, estes predominantemente com estruturas que <strong>de</strong>notam uma gran<strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong> e<br />
homogeneização do material durante o processo, neste caso <strong>de</strong> elevado po<strong>de</strong>r térmico. Tal interpretação<br />
é corroborada pela intensa mobilização exibida por estas rochas, nas quais abundam metatectos<br />
graníticos. Levantamentos geológicos efetuados pelos autores (Wernick, 1967; Wernick e<br />
Penalva, 1973) no leste do Estado <strong>de</strong> São Paulo, permitem enquadrar os charnockitos e granulitos<br />
como associados a dois tipos principais <strong>de</strong> migmatitos, cujo limite, na região em foco, é dado pela<br />
gran<strong>de</strong> falha transcorrente <strong>de</strong> Jacutinga, que passa nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Itapira (SP), Jacuntinga<br />
(MG) e Ipuiúna (MG) e que correspon<strong>de</strong> ao limite entre os blocos tectônicos <strong>de</strong> Jundiaí e Pinhal<br />
(Penalva e Wernick, 1973). Ao sul da falha (Bloco J undiaí) predominam amplamente migmatitos cinzentos<br />
que receberam dos autores a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> campo migmatitos Amparo. Denotam, <strong>de</strong> modo<br />
geral, elevada plasticida<strong>de</strong>, sendo comum estruturas flebíticas, dobradas, ptigmáticas, estictolíticas,<br />
schlieren, dictoníticas e nebulíticas. Estruturas agmatíticas são muito raras. Apesar <strong>de</strong> sua riqueza<br />
em estruturas <strong>de</strong>notando elevada plasticida<strong>de</strong>, os mobilizados graníticos nestas rochas são <strong>de</strong> âmbito<br />
local, nunca <strong>de</strong>senvolvendo gran<strong>de</strong>s proporções volumétricas. Também fenômenos <strong>de</strong> feldspatização<br />
são relativamente restritos. Freqüentemente os migmatitos gradacionam para gnaisses ban<strong>de</strong>ados,<br />
pouco pertubados, localmente ricos em intercalações anfibolíticas. Ao norte da falha <strong>de</strong> Jacutinga<br />
(Bloco Pinhal) predominam migmatitos róseos que receberam a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> campo migmatitos tipo<br />
Pinhal. São rochas <strong>de</strong> caráter muito variável, ocorrendo tanto tipos com estruturas <strong>de</strong>notando elevada<br />
plasticida<strong>de</strong> quanto rochas com estruturas agmatítica indicando a persistência <strong>de</strong> uma certa<br />
rigi<strong>de</strong>z do paleossoma submetido à migmatização. De modo geral, sinais <strong>de</strong> injeção <strong>de</strong> material<br />
granítico róseo são abundantes. Gran<strong>de</strong> parte dos migmatitos róseos são do tipo nebulítico e homofânico,<br />
com gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> material remobilizado e elevada homogeneização, sendo<br />
comum a passagem gradual entre migmatitos e numerosos corpos graníticos. Também abundante<br />
é a feldspatização, através da qual os migmatitos evoluem para rochas porfiroblásticas,<br />
ricas em megacristais <strong>de</strong> microclina. Se bem que os autores ainda não disponham <strong>de</strong> dados
158 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
geocronológicos quanto a equivalência dos migmatitos róseos e cinzentos, respectivamente<br />
abundantes e raros no Bloco Pinhal e raros e abundantes no bloco Jundiaí, as relações <strong>de</strong><br />
campo sugerem, como hipótese <strong>de</strong> trabalho, que os migmatitos róseos, tipo Pinhal, resultem<br />
da evolução, por remigmatização, dos gnaisses e migmatitos cinzentos do tipo Amparo. Estas<br />
relações <strong>de</strong> campo se evi<strong>de</strong>nciam pela presença <strong>de</strong> migmatitos cinzentos injetados e inflitrados<br />
por neossoma posterior, róseo, com todos os estágios <strong>de</strong>notando a evolução progressiva<br />
<strong>de</strong>ste fenômeno até a obtenção dos migmatitos predominantemente róseos do tipo Pinhal.<br />
Feldspatização<br />
o processo <strong>de</strong> feldspatização parece ser <strong>de</strong> menor influência na transformação das rochas<br />
granulíticas e charnockíticas. O exemplo mais expressivo observado pelos autores é a passagem entre<br />
os granulitos e charnockitos dos arredores <strong>de</strong> Socorro, junto à divisa SP -MG, para o maciço<br />
gnáissico-granítico porfiroblástico <strong>de</strong> Socorro (Wernick e Artur, 1974, Fig. 1). A passagem gradual<br />
para rochas graníticas, pela blastese progressiva <strong>de</strong> megacristais <strong>de</strong> microclina, po<strong>de</strong> ser verificada<br />
ao longo do perfil Socorro (SP) - Munhoz (MG). O processo da feldspatização é acompanhado pela<br />
progressiva transformação do ortopiroxênio para formas mais fibrosas, e <strong>de</strong>stas para anfibólio, que<br />
por sua vez passa, sob o efeito da adição <strong>de</strong> potássio, para biotita. Paralelamente ocorre mudança<br />
progressiva da estrutura original gnáissica-granulítica para uma textura granitói<strong>de</strong>. Um piroxenito<br />
associado às rochas porfiroblásticas, que se esten<strong>de</strong> até a leste da rodovia Fernão Dias, datado por<br />
Ebert e Brochini (1968) pelo método K/ Ar (553 m.a.) e anfibólio (620 m.a.) indica brasiliana para o<br />
fenômeno.<br />
Levando-se em consi<strong>de</strong>ração o acima exposto, bem como os dados geocronológicos ora<br />
disponíveis para a região em foco (Cordani e Bittencourt, 1967; Ebert e Brochini, 1968; Delhal et<br />
alii, 1969; Hasui e Hama, 1972; Cordani et alii, 1973 e Cordani, 1973, além dos trabalhos <strong>de</strong> AImeida,<br />
1969,(Fig. l)e Almeida et alii, 1973, Fig. 1) os autores apresentam, tentativamente, o seguinte<br />
esquema <strong>de</strong> evolução:<br />
A - Metamorfismo, com a formação <strong>de</strong> gnaisses e rochas associadas, migmatitos cinzentos.e<br />
rochas da facies granulito através <strong>de</strong> um metamorfismo regional progressivo associado a<br />
anatexia. Esta fase possivelmente seja referida ao Ciclo Transamazônico (Delhal et alii, 1969; Cordani<br />
et alii, 1973; Cordani, 1973), ou a ciclos mais antigos, caso, por exemplo <strong>de</strong> Jequié (Cordani,<br />
1973).<br />
B - Remigmatização e feldspatização, principalmente durante o Ciclo Brasiliano (Ebert<br />
e Brochini, 1968; Oliveira, 1973; Cordani, 1973), em condições <strong>de</strong> facies anfibolito, com a produção<br />
<strong>de</strong> migmatitos com neossoma predominantemente róseo e <strong>de</strong>struição parcial das rochas da facies<br />
granulito pré-existente.<br />
Neste mo<strong>de</strong>lo, algumas contradições existentes entre diversos autores po<strong>de</strong>m ser esclarecidas,<br />
bem como algumas das características gerais das rochas granulíticas e charnockíticas<br />
relacionadas anteriormente.<br />
No primeiro caso situa-se a contradição entre a observação ou não <strong>de</strong> fenômenos <strong>de</strong><br />
remigmatização. Enquanto o fenômeno não foi observado por Franco e Coutinho (1957) e Wernick<br />
(1967) na região <strong>de</strong> Socorro (Bloco Jundiaí), on<strong>de</strong> migmatitos cinzentos remigmatizados são raros, a<br />
constatação do fenômeno pô<strong>de</strong> ser feita por Oliveira (1973) na região <strong>de</strong> São José do Rio Pardo<br />
(Bloco Pinhal), on<strong>de</strong> estas rochas são abundantes. No segundo caso incluem-se a variabilida<strong>de</strong> nas<br />
dimensões das intercalações, a sua associação com migmatitos, granitos e rochas feldspatizadas; a<br />
ocorrência subordinada <strong>de</strong> granulitos, mais susceptíveis a remigmatização; e sua ocorrência em<br />
áreas rejuvenescidas no Ciclo Brasiliano ou em áreas cratônicas já consolidadas no fim do Précambriano<br />
Superior.<br />
TENT ATIVA DE UMA INTERPRETAÇÃO REGIONAL<br />
Des<strong>de</strong> o advento e <strong>de</strong>senvolvimento do conceito <strong>de</strong> série facial (Miyashiro, 1961; Tex,<br />
1965, 1971; Winkler, 1967; Hietanen, 1967; Richardson, 1967) vários autores tentaram correlacionar<br />
a influência das diferentes relações entre temperatura e pressão (gradiente geotérmico) com<br />
as várias feições que distinguem os diversos cinturões orogênicos. Enquanto Hall (1971) mostrou a<br />
variação das composições normativas das rochas graníticas em áreas orogênicas com diferentes
WERNICK, PENAL VA 159<br />
relações temperatura/pressão, Zwart (1967) <strong>de</strong>stacou numerosas diferenças geológico-petrográficas<br />
entre cinturões gerados sob elevado e baixo gradiente geotérmio. Tomando-se como base os autores<br />
citados, aliados a Figura 1 e aos trabalhos <strong>de</strong> Almeida, (1969), Almeida et alii (1973), Cordani (1973)<br />
e Wernick e Gomes (1974) po<strong>de</strong>m ser estabelecidos alguns aspectos globais:<br />
1. A extensão do Complexo Cristalino rejuvenescido na área consi<strong>de</strong>rada é substancial, quer<br />
tomando-se por basedatações geocronológicas (Almeida, 1969: Fig. 1; Almeidaetalii, 1973; Cordani,<br />
1973: Fig. 1); quer assumindo-se que, em sua gran<strong>de</strong> maioria, as intercalaçõe~ <strong>de</strong> rochas granulíticas e<br />
~harnockíticas no Complexo Cristalino são testemunhos <strong>de</strong> um embasamento mais antigo<br />
rejuvenescido. Nestas condições, a gran<strong>de</strong> extensão da área rejuvenescida é indicativa para um<br />
processo <strong>de</strong> alto po<strong>de</strong>r térmico, o que configura um elevado gradiente geotérmico. Tal suposição<br />
parece encontrar correspondência no amplo predomínio <strong>de</strong> migmatitos flebíticos e homofânicos nas<br />
áreas rejuvenescidas, assim como a abundância <strong>de</strong> granitos referíveis ao Ciclo Brasiliano nelas<br />
presentes.<br />
2. O elevado gradiente geotérmico, que caracteriza condições <strong>de</strong> baixa pressão, é confirmado pela<br />
ocorrência, na faixa costeira entre a Guanabara e a Bahia, <strong>de</strong> abundantes gnaisses portadores <strong>de</strong><br />
cordierita, mineral indicador <strong>de</strong> baixa pressão. Segundo Cordani (1973), pelo menos parte <strong>de</strong>stes<br />
gnaisses kinzigíticos po<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r a material cogenético do Ciclo Brasiliano. Mais para o Norte,<br />
na faixa <strong>de</strong> dobramento Seridó (estados do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte e Paraíba), referível ao Ciclo<br />
Brasiliano, Mello e Mello (1974) também caracterizaram condições <strong>de</strong> baixa pressão. No sul, na região<br />
<strong>de</strong> São José do Rio Pardo (Estado <strong>de</strong> São Paulo), Oliveira (1973) <strong>de</strong>screve a ocorrência <strong>de</strong> cordierita<br />
em gnaisses kinzigíticos associados a rochas remigmatizadas durante o Ciclo Brasiliano.<br />
Segundo Zwart (1967) as condições <strong>de</strong> elevado gradiente geotérmico refletem-se em paragêneses indicadoras<br />
<strong>de</strong> baixa pressão, além <strong>de</strong> abundância em granitos, migmatitos e áreas do embasamento<br />
rejuvenescido, feições abundantes na região consi<strong>de</strong>rada.<br />
3. Ao que tudo indica o gradiente geotérmico que caracteriza o metamorfismo do Ciclo Brasiliano,<br />
que no que tange à formação <strong>de</strong> material cogenético quer no que diz respeito ao rejuvenescimento do<br />
embasamento pré-brasiliano, não foi constante em toda área abordada, diminuindo <strong>de</strong> N para S.<br />
Assim, enquanto na região do Seridó e na faixa costeira entre a Bahia e a Guanabara, a presença <strong>de</strong><br />
cordierita configura um metamorfismo tipo Abukuma (Winkler, 1967), mais para os arredores <strong>de</strong><br />
São Paulo, Coutinho (1972) caracterizou condições do tipo New Hampshire. Entretanto, seus recentes<br />
achados <strong>de</strong> cianita (comunicação pessoal) passam a configurar, para a citada área, condições<br />
metamórficas do tipo barrowiano. Idênticas condições foram <strong>de</strong>terminadas por Melcher et alii<br />
(1973) junto à divisa entre os estados <strong>de</strong> São Paulo e Paraná, baseado em paragênese críticas, e por<br />
Wernick e Gomes (1974) baseados na composição <strong>de</strong> rochas graníticas.<br />
4. O aumento da relação pressão/temperatura no Complexo Cristalino <strong>de</strong> Norte para Sul implicaria<br />
numa diminuição, no mesmo sentido, das áreas <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> nitidamente rejuvenescidas<br />
durante o Ciclo Brasiliano. Tal constatação, entretanto, só po<strong>de</strong>rá ser efetuada através <strong>de</strong> minuciosas<br />
investigações geocronológicas e levantamentos estruturais, e opõem-se à interpretação <strong>de</strong><br />
Hasui (1973) que consi<strong>de</strong>ra, para o Estado <strong>de</strong> São Paulo, o Complexo Cristalino como unida<strong>de</strong><br />
cogenética do Cinturão da Ribeira, Ajusta-se, por outro lado, à interpretação <strong>de</strong> Fuck et alii (1971)<br />
que, baseados em datações <strong>de</strong> anfibolitos e rochas ultrabásicas do Complexo Cristalino consi<strong>de</strong>ramno,<br />
no Estado do Paraná, como uma unida<strong>de</strong> pré-brasiliana.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Os autores agra<strong>de</strong>cem ao Conselho Nacional <strong>de</strong> Pesquisa (CNPq), pelo suporte financeiro<br />
dado ao presente trabalho e à Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />
(FAPESP) pelo fornecimento <strong>de</strong> veículo para a realização dos trabalhos <strong>de</strong> campo.<br />
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28".<br />
BRASILEIRO DE GEOLOGIA,<br />
Porto Alegre - Anais. Porto Alegre, <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> BrasHeira <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong>. No prelo.<br />
WINKLER; H. G. F. - 1967. Die Genese <strong>de</strong>r Metamorphen Gasteine. 2~ ed. New York. Springer Verlag. 237p.<br />
ZWART, H. J. . 1967 . The duality of orogenic belts. Geologle eu Mijnboo S'Gravanhague. 46(8):283.309.
-.-<br />
ROCHAS VULCÂNICAS ACIDAS E SUBVULCÂNICAS<br />
NO LESTE DA AMAZONIA<br />
JAIME F. V. ARAÚJO*, ANA M. DREHER*<br />
ABSTRACT<br />
Petrographic knowledgements gained in associated acid volcanic and subvolcanic rocks are synthesized in thia work. The rocks<br />
are those mapped by Projeto RADAM as partaining tba lriri Formation of the Uatumã Group in tbe SB-22 Aragoaia, nortb Df tbe se-<br />
22 Tocantins, SB.21 Tapajóo, and in part Df tbe SC-22 Juzuena o~ta.<br />
Mapping was carried out after the radar imagery interpretation, the field work being realized in pre selected aress eitber using<br />
helicopter or .oado and otraamo coto.<br />
The collected hand samples have been submited to patrographical, geochronological and chemical analysis.<br />
INTRODUÇÃO<br />
As primeiras informações sobre a ocorrência <strong>de</strong> rochas vulcânicas na Amazônia, são<br />
reportadas a segunda meta<strong>de</strong> do século passado, quando em 1&74, Charles Fre<strong>de</strong>rick Hartt observou<br />
diques <strong>de</strong> diorito e pórfiros no Rio Tapajós. Desta época até nossos dias, inúmeros pesquisadores<br />
fizeram refurências a ocorrências <strong>de</strong> rochas vulcânicas e piroclásticas nos mais variados locais,<br />
porém quase sempre observados ao longo da calha dos rios que atravessam essa vasta região, <strong>de</strong>vendo-se<br />
ao Projeto RADAM o seu mapeamento nestes interflúvios.<br />
A primeira <strong>de</strong>signação dada a esse conjunto <strong>de</strong> rochas, ao qual foram associados elásticos<br />
finos, foi Série Uatumã. é <strong>de</strong>vida a Oliveira e Leonardos (1943), baseados na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> AIbuquerque<br />
(1922) a montante da cachoeira Balbina no Rio Uatumã, e colocada duvidosamente no<br />
Cambriano.<br />
Durante bastante tempo, tanto sua litologia como posição estratigráfica, permaneceram<br />
confusos. Recentemente ao conjunto <strong>de</strong> vulcanitos ácidos, ignimbritos, piroelásticas e intrusivas<br />
associadas, que ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as adjacências do Rio Novo para o Sul, a SUDAM/Geomineração<br />
(1970) fez a proposição do nome Formação Iriri, correlacionando-a a fase ácida do Grupo Fumaça,<br />
<strong>de</strong>finido por Forman (1968), na Cachoeira do mesmo nome do Rio Trrmbetas.<br />
°DNPM/RADAM
162 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Deve-se a Caputo, Rodrigues e Vasconcelos (1971) a sua proposição a categoria <strong>de</strong><br />
Grupo e a Silva et alii (1974) sua subdivisão nas seguintes unida<strong>de</strong>s:<br />
Formação Iriri<br />
- Formação Sobreiro<br />
- Formação Rio Fresco<br />
Silva et alii (op. cito ) consi<strong>de</strong>ram riolitos, dacitos, piroclastos, ignimbritos e granófiros,<br />
como pertencentes à Formação Iriri estando associadas rochas graníticas <strong>de</strong>nominadas Velho<br />
Guilherme. Ao conjunto <strong>de</strong> riolitos, tufos e brechas vulcânicas ocorrentes no baixo curso do Rio<br />
Aripuanã, Almeida e Nogueira Filho (1959), <strong>de</strong>nominaram <strong>de</strong> Quartzo Pórfiro do Aripuanã. Silva et<br />
alii (op. cit.) incluem como pertencendo à Formação Iriri, rochas como riolitos, riodacitos, dacitos,<br />
an<strong>de</strong>sitos, tufitos, ignimbritos e rochas sedimentares (?) associadas e corpos subvulcânicos chamados<br />
Granito Teles Pires e Sienito Canamã.<br />
Na região do Rio Jamanxim, a SUDAM/Geomitec (1972) refere-se a riolitos, riolitos<br />
pórfiros e alcalinos, dacitos, riodacitos, <strong>de</strong>lenitos, tufos <strong>de</strong> cristal, vítreos e líticos <strong>de</strong> composição<br />
riolítica, an<strong>de</strong>sitos pórfiros, an<strong>de</strong>sitos, an<strong>de</strong>sitos hemicristalinos pórfiros e tufos <strong>de</strong> cristal an<strong>de</strong>síticos.<br />
Santos et alii (1974) incluem como pertencentes à Formação Iriri, rochas como riolitos,<br />
dacitos, riodacitos, an<strong>de</strong>sitos, granófiros, piroclásticos, sedimentares associadas e rochas subvulcânicas<br />
<strong>de</strong>nominadas Granito Maloquinha.<br />
Distribuição qa Área<br />
A Formação Iriri, na folha SB.22 Araguaia, foi mapeada numa faixa grosseiramente<br />
alongada NW -SE, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Iriri até a faixa envolvente a Serra <strong>de</strong> Cubencraquém, atravessando o<br />
Rio Xingú na região da Cocraimoro e o Rio Riozinho a sul da Cachoeira <strong>de</strong> Um Dia. Penetra pelo leste<br />
da folha SB .21, seguindo a orientação dos vales dos rios Iriri, J amanxim e respectivos afluentes,<br />
havendo ainda exposições nos vales dos rios Acarí e Sucundurí e parte SW das folhas SB.21-Y A e<br />
YC. Na porção mapeada pelo Projeto RADAM da folha SC.21 Juruena, esten<strong>de</strong>-se numa faixa com<br />
direção aproximada EW que prolonga-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a região ao sul da Base Aérea <strong>de</strong> Cachimbo até a<br />
confluência do Rio Maracanã com o Aripuanã, e bor<strong>de</strong>ja tanto o flanco N quanto o W da Chapada <strong>de</strong><br />
Dardanelos.<br />
ESTRATIGRAFIA<br />
Na folha SB.22 Araguaia e parte da SC.22 Tocantins, a Formação Iriri, acha-se ora assente<br />
discordantemente sobre o Complexo Xingú, ora sobre o Grupo Grão-Pará e ora sobre a Formação<br />
Sobreiro. Está sobreposta pela Formação Gorotire e intrudida por granitos do tipo Velho<br />
Guilherme.<br />
Na folha SB.21 Tapajós, está sotoposta ao Grupo Beneficente e antece<strong>de</strong> os Granitos<br />
Maloquinha.<br />
Na porção mapeada da folha SC.21 Juruena, a Formação Iriri assenta discordantemente<br />
sobre o Complexo Xingú, corta o Grupo Beneficente, e está sobreposta discordantemente pela Formação<br />
Prosperança.<br />
Rochas vulcânicas e piroclásticas ácidas<br />
Riolitos<br />
PETROGRAFIA<br />
A cor <strong>de</strong>ssas rochas geralmente varia <strong>de</strong> marrom avermelhado a rosa acinzentado. Possuem<br />
textura porfirítica com larga predominância em volume, da matriz sobre os fenocristais <strong>de</strong> quartzo,<br />
feldspato alcalino e plagioclásio.<br />
O quartzo tem uma forma subédrica a arredondada apresentando geralmente o fenômeno<br />
<strong>de</strong> corrosão magmática, po<strong>de</strong>ndo às vezes estar ausente como fenocristal, mas a sua presença<br />
constante na matriz, atesta o caráter ácido das rochas.<br />
O ortoclásio e, mais raramente a sanidina, são pertíticos, subédricos, maclados segundo
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ARAÚJO, DREHER 163<br />
Caris bad , e alterados para argilo-minerais e sericita. A albita ou o oligoclásio quando presentes,<br />
ocorrem em quantida<strong>de</strong>s subordinadas, com formas também subédricas e às vezes zonados; os<br />
plagioclásios ácidos mostram geminação polissintética e estão invariavelmente, alterados a sericita<br />
e argilo-minerais. Biotita e hornblenda raramente formam fenocristais: pouco <strong>de</strong>senvolvidos e parcialmente<br />
alterados a clorita e opacos.<br />
A matriz dos riolitos é cripto a microcristalina, formada por um fino agregado quartzo'<br />
feldspático. Em várias amostras a matriz exibe uma estrutura fluidal, marcada por linhas <strong>de</strong> fluxo<br />
contínuas sendo também comum a presença <strong>de</strong> áreas ou lentes <strong>de</strong> intensa <strong>de</strong>svitrificação com for-<br />
TABELA 1<br />
(Rialitas)<br />
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Sanidina Pertítica<br />
Plal/ioclásio x x x x<br />
Hornblenda<br />
Biotita x x x x x x x x x x<br />
Zircão x x x x x x x x x x x<br />
Leucoxênio<br />
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Opacos x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x<br />
Sericita x x x x x x x x x x x x<br />
Clorita x x x x x x x x x x x x x<br />
Epidoto x x x x x x x x<br />
Oxido <strong>de</strong> Ferro x x x x x x x x<br />
Argilo Minerais x x x x x x x x x x x x x x x x x x<br />
Carbonatos x x x x x x<br />
Vidro<br />
Fluorita x<br />
OBS.: (1) Albita<br />
(2) Microclínio
164 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
mação <strong>de</strong> intercrescimento micrográfico e granofírico em contraste com áreas somente <strong>de</strong> incipiente<br />
<strong>de</strong>svitrificação. Po<strong>de</strong>m ocorrer ainda pequenas cavida<strong>de</strong>s amigdaloidais preenchidas por quartzo,<br />
feldspato e, às vezes, zeolitas e fluorita. O grau <strong>de</strong> alteração da matriz varia, sendo esta geralmente<br />
para sericita e material argilo-ferruginoso. Há amostras com notável transformação a calcita,<br />
clorita e epidoto.<br />
Os acessórios comuns são apatita, zircão, esfeno, leucoxênio, sulfetos e outros opacos.<br />
TABELA 2<br />
(Riodacitos e Dacitos)<br />
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Ano ti ta<br />
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vez algum evento piroclástico associado.<br />
Rochas Piroclásticas<br />
ARAÚJO, DREHER 165<br />
Dentre as rochas piroclásticas <strong>de</strong> composição ácida foram i<strong>de</strong>ntificados tufos vítreos,<br />
tufos <strong>de</strong> cristais e líticos. lapili-tufos e brechas.<br />
Os tufos possuem, em geral, uma coloração cinza ou avermelhada e mais raramente<br />
marrom ou creme. São rochas extremamente compactas, com fratura conchói<strong>de</strong>, afaniticas ou por-<br />
firoclásticas, possuindo normalmente alguma estratificação ou orientação preferencial.<br />
Ao microscópio, seus contituintes principais são fragmentos angulosos <strong>de</strong> quartzo. felds-<br />
patos e fragmentos líticos geralmente <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> rochas vulcânicas ácida!! ou intermediárias, chert.<br />
tufos e ignimbritos. A matriz é composta <strong>de</strong> um material microfelsítico ou hemivítreo. notando-se, em<br />
várias amostras, indícios ou contornos <strong>de</strong> antigas lascas vítreas ora <strong>de</strong>svitrificadas e em disposição<br />
irregular. Nos tufos vítreos essa massa vitroclástica predomina largamente sobre os finos fragmentos<br />
cristalinos ou líticos. Os tufos <strong>de</strong> cristais po<strong>de</strong>m por sua vez ser facilmente confundidos com certos<br />
sedimentos imaturos epic1ásticos comumente associados às vulcânicas da região. como grauvacas<br />
formadas a partir <strong>de</strong> materia! vulcânico fino que lhe são bastante similares.<br />
Os lapili-tufos e brechas possuem essencialmente a mesma composição dos tufos <strong>de</strong> cris-<br />
tais e líticos propriamente ditos, diferindo <strong>de</strong>stes somente no tamanho dos fragmentos.<br />
Todas as rochas piroclásticas da região, em maior ou menor grau, sofreram <strong>de</strong>svitri-<br />
ficação, alteração a sericita, carbonatos, clorita e epidoto e freqÜenterecristalização principalmente<br />
quando foram submetidas a esforços cataclásticos. São comuns também uma forte disseminação <strong>de</strong><br />
óxido <strong>de</strong> ferro e minerais opacos nestas rochas, ocorrendo vez por outra, biotita, zircão, apatita e<br />
fluoritaacessoriamente.<br />
TABELA 3<br />
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Microclínio x x<br />
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Albita x x<br />
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Biotita x x x x<br />
Muscovlta x x x<br />
Zircão x x x x<br />
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Opacos x x x x x x x x x x x x x x x<br />
Sericita x x x x x x x x x x x x x x x x x<br />
Clorita x x x x x<br />
Epidoto x x x x x x<br />
Oxido<strong>de</strong> Ferro x x x x x x x x x<br />
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Fragmentos <strong>de</strong> Rocha x x x x x x<br />
Ignimbritos . Macroscopicamente OS ignimbritos são semelhantes aos tufos tanto na sua<br />
textura afanítica ou porfiroclástica como na estrutura orientada ou suas cores predominantemente<br />
avermelhadas. O critério utilizado para distinguir as amostras <strong>de</strong> ignimbritos das rochas tufáceas<br />
da região, foi a presença <strong>de</strong> pequenos fragmentos vítreos firmemente soldados e comprimidos <strong>de</strong><br />
modo que sua disposição planar faça com que a rocha apresente uma textura que se assemelha à<br />
textura <strong>de</strong> fluxo, É verda<strong>de</strong> que a intensa <strong>de</strong>svitrificaçáo e alteração a que estas rochas foram subo<br />
metidaspermiteque seobservesomenteoscontornosdosfragmentosvítreos,mas a suatendência<br />
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166 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
circundar os fenoclastos e a ausência <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> fluxo contínuas são características.<br />
Os fenoclastos são sempre subordinados em relação a matriz, sendo geralmente fragmentos<br />
<strong>de</strong> quartzo e feldspatos com bordas lascadas e corroidas, os últimos sempre muito alterados<br />
a sericita e argilo-minerais. Ê comum também o englobamento <strong>de</strong> partículas <strong>de</strong> rochas félsicas, parcialmente<br />
digeridas ou mesmo <strong>de</strong> corpos essencialmente vítreos. A biotita po<strong>de</strong> estar presente, o<br />
zircão é raro e os opacos são freqüentes. Sercita e óxido <strong>de</strong> ferro normalmente impregnam todas estas<br />
rochas.<br />
MINERALOGIA<br />
TABELA 4<br />
(Ignimbritos)<br />
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Sericita x x x x<br />
Clorita x<br />
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Oxido <strong>de</strong> Ferro x x x x<br />
Argilo Minerais x x<br />
Carbonato x x<br />
Fragmentos <strong>de</strong> Rocha x x<br />
Vidro x x x x<br />
Rochas Sub-Vulcânicas Ácidas<br />
Granito Velho Guilherme' . Apresenta-se com tendência alasquítica, e variações petrográficas<br />
indo <strong>de</strong> granito a granodiorito. Microscopicamente, o quartzo apresenta-se anédrico com<br />
extinção ondulante, os feldspatos alcalinos são representados por microclínio pertitizado (subordínadamente<br />
ortocIásio) levemente alterados a argilo-minerais. Há indícios <strong>de</strong> metassomatose alcalina<br />
na rocha. O plagiocIásio sódico (albita-oligoclásio) com lamelas da macIa encurvadas, parcialmente<br />
substituído por feldspato alcalino e bastante alterado a sericita. A biotita acha-se cIoritizada,<br />
sendo raras a horblenda e a moscovita, estando esta associada a biotita. Os acessórios chegam a per:fazeraté<br />
1% da rocha.<br />
Granito Maloquinha - Granitos Grosseiros -São rochas leucocráticas, granulares, grosseiras,<br />
em geral avermelhadas <strong>de</strong>vido a impregnação <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro. Ao microscópio, além da<br />
textura granular hipidiomórfica grosseira, o quartzo e o ortoclásio perfazem às vezes mais <strong>de</strong> 80%<br />
da rocha. O plagioclásio sódico raramente supera 10%, enquanto a biotita alcança no máximo 5 % .<br />
Os acessórios são escassos, registrando-se a presença <strong>de</strong> fluorita, moscovita, opacos e zircão. Entre os
MINERALOGIA<br />
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RM-5 RK-7 RM-9 007<br />
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Feldsp. Alcalino 44.6 34.5 26,2 68<br />
Plagioc:lásiO 10,5 26,8 29,0 10<br />
Bioti ta 14,4 2.9 4.0 2<br />
Clori ta x x x x<br />
Opacos x x x x<br />
Hornblenda (x) (x) (?) x<br />
Museavi ta (1) (1) (?) x<br />
Serici ta x x x x<br />
Fluori ta (?) (1) (?) x<br />
Zircão x x x x<br />
Epidoto x x x x<br />
Argilo Minerais x x x x<br />
ARAúJO,DREHER 167<br />
minerais secundários observa-se clorita, argilo-minerais, sericita e óxido <strong>de</strong> ferro.<br />
O quartzo que normalmente é anédrico, por vezes apresenta-se com algumas faces e formas<br />
<strong>de</strong> corrosão magmática. Seus cristais atingem por vezes 5 mm.<br />
Alguns intercrescimentos mirmequíticos são observados. Os álcali-feldspatos variam <strong>de</strong><br />
anédricos a subédricos, com geminação Carlsbad, pertíticos, alterados a argilo-minerais e recobertos<br />
por óxido <strong>de</strong> ferro. A biotita, varieda<strong>de</strong> parda, está sempre bastante oxidada.<br />
Granitos Pórfiros - Apresentam fenocristais grosseiros envoltos por uma matriz finamente<br />
cristálina. Tem distribuição e importância subordinada em relação às <strong>de</strong>mais.<br />
Microscopicamente a matriz perfaz mais da meta<strong>de</strong> da rocha, sendo formada por cristais<br />
interpenetrados <strong>de</strong> quartzo, ortoclásio e plagioclásio. Localmente há <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> intercrescimentos<br />
micrográficos entre os dois primeiros. A biotita é o máfico presente, cloritizada e oxidada.<br />
Os fenocristais são <strong>de</strong> quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio. O primeiro é anédrico, com extinção<br />
ondulante e microfraturado, o segundo maclado Carlsbad, está algo pertítizado e alterado a argilo<br />
minerais e com impregnação <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro. Os plagioclásios foram substituidos por epidoto e<br />
sericita. Os acessórios são: opacos, esfeno, apatita, fluorita e epidoto.<br />
TABELA 5<br />
Granito Vellio Guilherme<br />
r.n NERALOGIA<br />
~S 19/DS-22131/DS-2 [t5/DS... 01 BA/DS-2<br />
Quartzo 42 34 42 35 x<br />
Microcl{nio<br />
Ortoclásio 471 x 501 35<br />
Pertita x 55 x<br />
Plag. Sódico 8 10 3 25 x<br />
Bioti ta 3 1 5 5<br />
Huscovi ta<br />
TABELA 6<br />
Granito Maloquinha<br />
x<br />
Apatita x x<br />
Epidoto x x<br />
Esfeno x<br />
Fluori ta x x x<br />
Opac os x x x x<br />
zircão<br />
?<br />
x x<br />
1<br />
x<br />
Clorita x x<br />
Serici ta x x x<br />
Argilo Minerais x x x x x<br />
Oxido <strong>de</strong> Ferro x x x x x<br />
OBS.: Determinação Duvidosa (? )<br />
Inclui pertita (1 )<br />
Granito Teles Pires - Granitos Normais - Possuem coloração avermelhadas <strong>de</strong>vido ao<br />
feldspato alcalino que é o mineral dominante; sua granulação varia <strong>de</strong> média a grosseira, ocasionalmente<br />
pegmatói<strong>de</strong>. São leucocráticos, com máficos tão escassos que algumas varieda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser<br />
consi<strong>de</strong>radas alasquíticas. Ao microscópio. são sempre granulares hipidiomórficos e <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>formações cataclásticas. Seus componentes essenciais são o ortoclásio intensamente pertítico e<br />
geminado segundo Carlsbad. o quartzo subédrico a anédrico com extinção ondulante e por vezes intercrescido<br />
gráficamente no feldspato alcalino. Os plagioclásios sódicos são subordinados. ou mesmo<br />
ausentes. Entre os máficos sobressai a biotita cloritizada e, numa única amostm, riebeckita. Os<br />
acessórios são escassos e pouco diversificados: allanita, apatita, epidoto, esfeno, fluorita, opacos,<br />
zircão, xenotima ou monazita. Secundariamente <strong>de</strong>staca-se a formação <strong>de</strong> argilo-minerais a partir<br />
dos álcali.feldspatos, que geralmen\e recóbrem-se também por óxido <strong>de</strong> ferro. Numa das amostras,<br />
houve formação <strong>de</strong> moscovita e mica ~inífera, acompanhados por alguma fluorita.<br />
O riebeckita-granito não ~fere dos <strong>de</strong>mais granitos a não ser pela presença <strong>de</strong>ste anfibólio;<br />
este é subédrico, por vezes zo~ado, com intenso pleocroismo azul índigo e inclusões <strong>de</strong><br />
opacos.<br />
Microgranitos . Associados aos vários tipos <strong>de</strong> granitos, os microgranitos são alas-<br />
x1
168 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
qufticos possuindo granulação fina e unifonne, e coloração rósea.<br />
Ao microscópica apresentam textura hipidiomórfica isogranular, compondo-se essencialmente<br />
por feldspatos alcalinos (ortoclásio ou microclínio) parcialmente argilizados, e quartzo<br />
xenomórfico com extinção Qndulante e geralmente bordos corroidos, ou constituindo pequenos intercrescimentos<br />
<strong>de</strong> ex.solução. Subordinadamente ocorrem plagioclásio sódico (albita.oligoclásio),<br />
raras lamelas <strong>de</strong> biotita e uns poucos acessórios.<br />
Granitos Pórfiros - Possuem tonalida<strong>de</strong>s avennelhadas e são bastante leucocráticos.<br />
Sua textura é porfirítica, em que os fenocristais <strong>de</strong> quartzo, ortoclásio e plagioclásio repousam<br />
numa massa fundamental holocristalina, isogranular e característica <strong>de</strong> jazimento hipoàbissal. A<br />
biotita, parcialmente cloritizada, é o mineral máfico presente, ocorrendo em quantida<strong>de</strong>s muito<br />
subordinadas.<br />
TABELA 7<br />
(Granito Teles Pires)<br />
.... N<br />
N ~.., O> o<br />
N N<br />
o N .... .... "': "': "': "': "': .... ....<br />
:';<br />
"':<br />
,.: ,.: ,.: .... .... .... .... ....<br />
N .... .... N ....<br />
MINERALOGIA .. .... .... N .., ... o .... .., N<br />
'"<br />
o o o ....<br />
Quartzo<br />
'"<br />
x<br />
'"<br />
32<br />
'"<br />
x<br />
'"<br />
x x 40 x 3S x x x x x 10 20 25<br />
.,:<br />
..<br />
x<br />
.,:<br />
..<br />
x<br />
<br />
x<br />
Microclínio x 30 x x x<br />
Ortoclásio x x x x 57 x 45 x x x 60 50 x x x<br />
Pertita x x x x x x x x 10 x x x x<br />
Plagioclásio x 2 x x 45 x x x<br />
Plagioclásio Sádico x 25 17 x x 15 20<br />
Biotita x 10 x x x 1 x x x x x 1 x x x<br />
Muscovita x 3 x<br />
Mica Litinífera x<br />
Tremolita/Actinolita 10<br />
Riebeckita x<br />
Allani ta x<br />
Apatita x x x x 1 x x<br />
Epidoto x x x 5 2<br />
Esfeno x 3 x x x 1 x<br />
Fluorita<br />
Opacos<br />
x<br />
x x x<br />
x<br />
x x x x<br />
x<br />
x<br />
"<br />
x x 7 x x x x x<br />
Zircão x x x x x x x x x x<br />
Xenotima ou Monazita (?) x?<br />
Clorita x x x x x x 10 1 3 x x x<br />
Carbonatos 1<br />
Sericita x x x x x x x x x<br />
Argila Minerais x x x x x x x x x x x x x x x x x x<br />
Oxido <strong>de</strong> Ferro x x x x x 3 x x x<br />
Granófiros -Aqui consi<strong>de</strong>rados em um item separado, os granófiros ácidos foram, entretanto,<br />
nas folhas SB-22 Araguaia e SB-21 Tapajós, atribuidos à Fonnação Iriri, enquanto que os<br />
da folha SC~21 Juruena, foram relacionados aos granitos intrusivos Teles Pires. A razão para essa<br />
interpretação está no fato <strong>de</strong>ssas rochas serem facilmente confundidas com rochas vulcânicas porfiríticas<br />
ou com granitos pórfiros.<br />
Caracterizam-se por uma textura granofirica, com fenocrlstais <strong>de</strong> quartzo e feldspatos<br />
imersos em uma matriz composta <strong>de</strong> intercrescimentos micrográficos.<br />
Os cristais maiores <strong>de</strong> ortoclásio acham-se com freqüência reabsorvidos nos bordos pela<br />
matriz, e estão sempre argilízados possuindo alguma pertitização e impregnação por óxido <strong>de</strong> ferro.<br />
Os plagioclásios sódicos são menos freqüentes, alterando-se a sericita, epidoto e mais raramente a<br />
calcita.<br />
A matriz po<strong>de</strong> ter granulação fina ou grosseira, compondo-se essencialmente por quartzo<br />
e ortoclásio intercrescidos granofiricamente.<br />
Os máficos <strong>de</strong>stas rochas são escassos, resumindo-se a pequenos cristais <strong>de</strong> hornblenda<br />
e biotitaparcialmente cloritizada e a alguns acessórios como allanita, epidoto, esfeno, zircão,<br />
apatita e opacos.<br />
Alguns granófiros mostram efeitos cataclásticos, <strong>de</strong>nunciados pelo encurvamento e
~MINERALOGIA<br />
ARAúJO,OREHER 169<br />
fraturamento dos cristais, bem como por uma forte extinção ondulante no quartzo.<br />
< N TABELA 8<br />
(Gran6firos )<br />
< I>CI I>CI .... ;.:<br />
~.<br />
.... 1'1 00<br />
.... N<br />
.... N<br />
'D >D U 00 o .... o<br />
N<br />
.... '"<br />
'"<br />
'D o<br />
. . ......<br />
E-o ~E-o<br />
ti) E-o ti) E-o ~E-o ti) E-o ....<br />
E-o<br />
p.. j::I p.. j::I p.. p.. j::I p.. ::E t:~ p.. p..<br />
Ouartzo x x x x x x x x<br />
Ortoclãsio Pertítico x x x x x x x xl<br />
Albita x<br />
OlilZoclásio x x x x<br />
An<strong>de</strong>sita x<br />
Biotita x x x<br />
Muscovita x<br />
Hornblenda x x<br />
Zircão x<br />
Apatita x x x x<br />
Esfeno x x<br />
Opacos x x x x x x x x<br />
Sericita x x x x x x<br />
Clorita x x x x x x<br />
Epidoto x x x<br />
Oxido<strong>de</strong> Ferro x x x x<br />
Argilo Minerais x x x x x x x<br />
Carbonato x x<br />
OBS.: (1) Inclui Microclínio<br />
GEOCRONOLOGIA<br />
Inúmeras datações foram realizadas em rochas da Formação Iriri. Silva et alii (op. cit.)<br />
citam isócronas <strong>de</strong> referência para os riolitos <strong>de</strong> 1645183 m.a. e 1693 1 21 m.a., respectivamente.<br />
Santos et alii (op. cit.) fornecem duas datações sendo uma <strong>de</strong> ignimbritos e a outra <strong>de</strong> dacito cataclástico,<br />
que <strong>de</strong>ram 1707 :t 41 m.a. e 1572 1 79 m.a., respectivamente. Silva et alii (op. cit.) indicam<br />
para os riolitos entre os rios Juruena e Teles Pires, ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 1.550 m.a.<br />
Para as rochas sub-vulcânicas associadas os valores apresentam-se como segue abaixo:<br />
- Granito Velho Guilherme: uma amostra analisada pelo método do Rb/Sr em rocha<br />
total forneceu a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1384 :t 58 m.a.<br />
- Granito Maloquinha: foram realizadas 5 <strong>de</strong>terminações geocronológicas que forneceram<br />
isócrona <strong>de</strong> referência Rb/Sr em rocha total, com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1687 + 21 m.a.<br />
- Granito Teles Pires: foram obtidas ida<strong>de</strong>s em torno ele' 1.550 m.a. pelo método<br />
Rb/Sr.<br />
CONCLUSOES<br />
Gran<strong>de</strong>s falhas e fraturas do tipo transcorrente criaram condições estruturais ao aparecimento<br />
<strong>de</strong> vulcanismo fissural, explosivo, riolítico e ignimbrítico, com an<strong>de</strong>sitos subordinados.<br />
Neste pOl1toa área atingiu o estágio <strong>de</strong> quasicraton ou do vulcanismo subseqüente, havendo ainda<br />
emplacement <strong>de</strong> rochas graniticas com feições circulares, cratogênicas e mineralizadas em cassio<br />
terita, topázio e tantalita.
170 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
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PESQUISA DE COBRE EM ROCHAS CALCO-SILICATADAS<br />
EM PARAÍSO DO NORTE, 00<br />
TÊRCIO PINA DE BARROS*, SILVIO RONAN BRESSAN*<br />
ABSTRACT<br />
The object of tIlis paper is to presents tIle methodology app1ied by METAGO in the copper exploration in two contiguous areas<br />
located in the Paraiso do Norte township, Goiás Stats, Brazil,<br />
ln those areas the gneisses of tIle Basement Complex of Goiás prevail wi<strong>de</strong>ly and are locally ovarlain by micaechiste of the Araxá<br />
Group.<br />
Enclosed in tIle gneisses tIlere are lime-silicate rocks formed by regional metamorphism of impure limestones. Copper mineralizationis<br />
a880Ciated witll boudin. of these racho.<br />
The <strong>de</strong>tailed prospecting program constituted of geologic mapping, and geochemical, geophysical and drilling survey.<br />
Eight hundred and eighty two m trenching, two hundred thirty m of drill hole., extensive geochemical sampling and geophysical<br />
work were followed by laboratory <strong>de</strong>terminations for copper, when 2.138 geochemicaJ aamples, as well as three hundred sixty four drillsampies<br />
were analysed.<br />
The resulte pointed out tIle lack of economic interest for copper in the studied area.<br />
INTRODUçAO<br />
A Metais <strong>de</strong> Goiás SI A - MET AGO, localizou em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1970, uma ocorrência <strong>de</strong><br />
cobre no Município <strong>de</strong> Paraíso do Norte, Estado <strong>de</strong> Goiás. A extrema carência <strong>de</strong> jazidas cupríferas<br />
em território nacional tomava recomendável uma pesquisa on<strong>de</strong> os indícios eram promissores.<br />
Para tanto a METAGO requereu junto ao DNPM, autorização parapesquisar cobre em<br />
duas áreas contíguas, abrangendo 101,75 km2 e <strong>de</strong>nominadas áreas 1 e 2. Estas autorizações foram<br />
concedidas em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1971, tendo a pesquisa se <strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1972 a setembro <strong>de</strong><br />
1973.<br />
No presente trabalho são abordados os principais aspectos <strong>de</strong>sta pesquisa, sendo que<br />
uma. exposição mais completa consta do relatório <strong>de</strong> pesquisa apresentado ao Departamento<br />
Nacional da Produção Mineral.<br />
As áreas pesquisadas situam-se S km a oeste da se<strong>de</strong> do Municipio <strong>de</strong> Paraíso do Norte,<br />
Estado <strong>de</strong> Goiás, estando limitadas pelos paralelos 100 OS' 09" e 100 16' 23" Lat. S e os meridianos<br />
4So 46' 17" e 49000' 13" Long. W.<br />
O acesso às àreas po<strong>de</strong> ser feito por estradas não pavimentadas, mas em bom estado <strong>de</strong><br />
conservação, a partir da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paraíso do Norte, localizada às margens da rodovia BR-153,<br />
distante SOO km <strong>de</strong> Goiânia. A infra-estrutura local é razoável, contando a cida<strong>de</strong> com energia<br />
elétrica, comunicação telefônica urbana e interurbana, agências bancárias e assistência médica.<br />
· METAGO
172 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Fig. 1- Mapa <strong>de</strong> Localização das Áreas <strong>de</strong> Pesquisa 1e2<br />
em Paraíso do Norte-GO.<br />
GEOMORFOLOGIA<br />
o clima da região é tropical úmido ou <strong>de</strong> savana tropical (AW <strong>de</strong> Koppen), caracterizado<br />
pela alternância <strong>de</strong> duas estações bem <strong>de</strong>finidas, uma seca (maio a setembro) e outra chuvosa<br />
(outubro a abril). A precipitação média anual está entre 1.500 a 2.000 mm, e a temperatura média<br />
em torno <strong>de</strong> 25°C, com mínima <strong>de</strong> 19°C (junho a julho) e máxima superior a 32°C (agôsto a setembro).<br />
Este clima é o principal responsável pela savana, cobertura vegetal que reveste a maior<br />
parte do Estado <strong>de</strong> Goiás e está bem representada nas áreas <strong>de</strong> pesquisa, on<strong>de</strong> predominam cerrados,<br />
ten<strong>de</strong>ndo a cerradões nas zonas aplainadas cobertas por latossolos e crostas lateríticas.<br />
Árvores <strong>de</strong> maior porte, típicas <strong>de</strong> floresta tropical, formam manchas isoladas ou matas galerias.<br />
Os solos da região são em gran<strong>de</strong> parte iatossolos areno-argilosos, <strong>de</strong> cor marrom, que<br />
atingem muitas vezes mais <strong>de</strong> 20 m <strong>de</strong> espessura. Ocorrem sobre todas as rochas pré-cambrianas e<br />
nas áreas <strong>de</strong> relevo aplainado estão associados a crostas lateríticas. Nas zonas mais dissecadas as<br />
rochas gnáissicas <strong>de</strong>ram origem a um solo argilo-arenoso, espesso, <strong>de</strong> cor cinza claro.<br />
O padrão <strong>de</strong> drenagem po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>ndrítico, localmente assumindo aspecto<br />
retangular. Quanto à classificação genética os cursos d'água são em geral, do tipo conseqüente,
BARROS, BRESSAN 173<br />
tomando-se subseqüentes quando se adaptam a diaclases e planos <strong>de</strong> foliação. O Ribeirão Coco do<br />
Meio é o principal curso d'água e está controlado em muitos locais por fraturas, apresentando<br />
padrão .retangular meandriforme. t afluente do Rio do Coco e pertence à bacia hidrográfica do Rio<br />
Araguaia.<br />
A área estudada é, em sua maior parte, topograficamente plana, <strong>de</strong>stacando-se apenas<br />
os <strong>de</strong>clives abruptos das bordas das chapadas lateríticas e as pequenas cristas, suavemente<br />
onduladas, constituídas por interflúvios semi_aplainados.<br />
StNTESE DA GEOLOGIA REGIONAL<br />
A síntese aqui exposta apoia-se no trabalho <strong>Geologia</strong> Estratigráfica, Estrutural e<br />
Econômica da Area do Projeto Araguaia <strong>de</strong> Barbosa et alii (1966), pois mapeamentos geológicos em<br />
escala regional não foram realizados por fugirem ao escopo dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa em área restrita.<br />
O Pré-cambriano indiferenciado, <strong>de</strong>finido por Barbosa et alii (op. cit.) no relatório do<br />
Projeto Araguaia, como <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> Pré-cambriano Médio a Inferior, está amplamente exposto ao sul e<br />
su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Paraíso do Norte e, em menor escala, mais ao norte. Correspon<strong>de</strong> ao ComplexoBasal <strong>de</strong><br />
Almeida (1967) e engloba migmatitos, paragnaisses, anfibolitos, dioritos, granitos róseos e leitos <strong>de</strong><br />
metabasitos intercalados.<br />
O Grupo Araxá (Barbosa, 1955), constituido essencialmente por micaxistos e quartzitos<br />
do Pré-cambriano Médio a Superior, está figurado, no Mapa Geológico do Projeto Araguaia, em<br />
vastas faixas da região norte do Estado, inclusive em toda a área pesquisada. Entretanto, nessa<br />
área foram encontradas predominantemente rochas gnáissicas similares àquelas <strong>de</strong>scritas como<br />
pertencentes ao Complexo Basal na maioria dos trabalhos sobre a estratigrafia do Pré-cambriano <strong>de</strong><br />
Goiás.<br />
O Grupo Tocantins, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> possivelmente Pré-cambriano Superior, formado em<br />
gran<strong>de</strong> parte por filitos ver<strong>de</strong>s claros, ocorre em uma gran<strong>de</strong> área a oeste das concessões <strong>de</strong> pesquisa,<br />
tendo por embasamento rochas do Complexo Basal e do Grupo Araxá.<br />
. A Formação Pimenteiras, do Devoniano Inferior, composta por camadas fossilíferas <strong>de</strong><br />
folhelhos cinza esver<strong>de</strong>ados e arenitos claros, representa os sedimentos da Bacia do Maranhão na<br />
região, ocorrendo a leste e a norte da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paraíso do Norte.<br />
As condições climáticas reinantes a partir do terciário, propiciaram a formação <strong>de</strong><br />
crostas lateríticas, amplamente distribuídas na região.<br />
Aluviões recentes ocorrem às margens aos principais cursos d'água, principalmente nas<br />
proximida<strong>de</strong>s do Rio Araguaia.<br />
GEOLOGIA DAS ÁREAS DE PESQUISA<br />
Nas áreas pesquisadas predominam metamorfitos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> pré-cambriana, representados<br />
por uma seqüência gnáissica com intercalações <strong>de</strong> rochas calco-silicatadas, sobreposta por<br />
micaxistos (Fig. 2).<br />
Estes metamorfitos que estão, em amplas áreas, cobertos por lateritas e crostas limoníticas<br />
terciário-quatemárias, foram relacionados ao Complexo Basal (Almeida, 1967) e ao<br />
Grupo Araxá (Barbosa, 1955).<br />
Rochas básicas, restritas e possivelmente <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s posteriores a estas duas unida<strong>de</strong>s<br />
estratigráficas, foram encontradas sob a forma <strong>de</strong> diques e sills.<br />
Aluviões (quatemários) ocorrem raramente e não foram mapeados por serem inexpressivos.<br />
Petrografia<br />
Complexo Basal<br />
Nesta unida<strong>de</strong> estratigráfica foram incluídas as rochas gnáissicas, constituídas essen.<br />
cialmente por biotita gnaisses, gnaisses e duas micas, piroxênio gnaisses, granito gnaisses, cain
174 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Des: AI.IW 84lÃJ<br />
Figo2- Mapa Geológico das Areas <strong>de</strong> Pesquisa<br />
111<br />
ATITUOI 01 I'OL IAÇÃO OU<br />
>- XISTOIIDADI<br />
-<br />
-"'<br />
LEGENDA<br />
TERei Á ItIO/QUATEItNÁRIO<br />
.........<br />
-.........<br />
:;:::;:;:::::::::<br />
LATERI,. TII>ICA E/OU C_TA<br />
PRÉ-CAM8R'[~z~IOR<br />
~<br />
DIQUE DE ROCHA BÁSICA: IABRO<br />
CONTATOIITRATI8RA1'ICO<br />
~OCORRÊNCIA DECOBRI<br />
>-( DIUNAIEM<br />
I<br />
--_/ ISTRADA<br />
. FAZEHDA<br />
A MÉOIO(?)<br />
lRUPO~ : QUARTZOMICAXISTOS<br />
PR É"'CAMBRIANO MItOIO A IN FERIOR<br />
D<br />
(l)IIIPLIIIO IA!IAL: IIOTITA 1..810 IIIIICOVITA<br />
IIOTlTA MAISID,.MlITO INAlSSã E PlROII(<br />
NIO fiNA..IIS, LOCALMINTE COM NIVEIS DI<br />
=~~~~~~L~ft.~~~S ~:I~~:'IT~t::~:<br />
POLITA lNAISSEI I.<br />
.'.-.)ÁRIA DI OCORRiNCIADI<br />
C._. ~ ROCHAS CALCo-51LICATADAS<br />
O<br />
N.<br />
II<br />
.<br />
100 labO 84b0. o<br />
intercalações <strong>de</strong> rochas calco-silicatadaso Estas rochas por serem portadoras das mineralizações que<br />
propiciaram a pesquisa serão tratadas separadamente das <strong>de</strong>mais litologias incluídas no Complexo<br />
Basal. aqui <strong>de</strong>nominadas Rochas Gnáissicas .
Rochas Gnáissicas<br />
BARROS, BRESSAN 175<br />
Estas rochas ocupam mais <strong>de</strong> 70 % das áreas <strong>de</strong> pesquisa e formam uma seqüência <strong>de</strong><br />
médio a alto grau <strong>de</strong> metamorfismo, compreen<strong>de</strong>ndo vários tipos petrográficos.<br />
A rocha predominante é um biotita gnaisse, <strong>de</strong> cor esbranquiçada, ban<strong>de</strong>amento nítido,<br />
que aflora, quase sempre, nas zonas mais dissecadas, sob a forma ne boul<strong>de</strong>rs com fr
176 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Os epidozitos são rochas <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong>, estrutura maciça, granulação média a fina, constituidas<br />
predominantemente por epidoto (90 %) e quartzo.<br />
Ao microscópio mostram textura granoblástica e foliação pronunciada. O epidoto, <strong>de</strong><br />
duas gerações, ora colunar, ora granular, apresenta-se em cristais bem <strong>de</strong>senvolvidos, alguns <strong>de</strong>les<br />
parcialmente maclados. O qt1artzo ocorre em cristais euédricos, agregados <strong>de</strong> forma irreguiar. A<br />
rocha contém ainda escapolita e titanita. A escapolita, em pequena quantida<strong>de</strong>, aparece como que<br />
tomando o lugar do quartzo, entre os cristais <strong>de</strong> epidoto. A titanita constitui uma fiIÚssima banda,<br />
que atravessa em ângulo reto a foliação (Fotomicrografia 1).<br />
Os escarnitos são roch~s <strong>de</strong> cor cinza amarronzada, granulação média a fina, constituidas<br />
principalmente por granada, plagioclásio, escapolita, piroxênio e epidoto, em proporções<br />
bastante variáveis nas diversas amostras estudadas.<br />
Ao microscópio, aprIJsentam textura granoblástica, sem orientação, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>staca<br />
quase sempre a gran<strong>de</strong> percentagem <strong>de</strong> granada. Esta é a melanita e forma agregados angulosos<br />
envolvendo grãos <strong>de</strong> contorno irregular <strong>de</strong> quartzo, piroxênio e plagioclásio. O plagioclásio é a<br />
bytownita, em cristais anédricos com inclusões <strong>de</strong> epidoto, granada, escapolita e piroxêIÚo. Em<br />
algumas amostras constitui o mineral mais abundante, enquanto que em outras não ultrapassa a<br />
5%. O piroxênio é a he<strong>de</strong>nbergita, que aparece ora em contato com o plagioclásio através <strong>de</strong> uma<br />
auréola <strong>de</strong> reação <strong>de</strong> epidoto, ora em contato direto com a granada. O epidoto, além <strong>de</strong> constituir<br />
auréolas <strong>de</strong> contato, ocorre em agregados <strong>de</strong> prismas colunares divergentes, com inclusões <strong>de</strong><br />
plagioclásio e alanita. A escapolita po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 20% a 30% na rocha e ocorre em concentrações,<br />
juntamente com a granada e o epidoto. O quartzo, em cristais <strong>de</strong> contorno irregular geralmente<br />
envolvidos por granada, é pouco freqüente. A titanita ocorre como acessóriq, em pequenos grânulos<br />
(Fotomicrografia 2 e 3).<br />
O escapolita-gnaisse é uma rocha leucocrática, <strong>de</strong> granulação média, ban<strong>de</strong>amento<br />
difuso, composta essencialmente <strong>de</strong> quartzo, plagioclásio e escapolita.<br />
Ao microscópio apresenta textura granoblástica algo cataclástica e foliação pronunciada.<br />
Quartzo e escapolita, predominantes, juntamente com plagioclásio, representam mais <strong>de</strong><br />
95% da rocha. O quartzo contém inclusões <strong>de</strong> titanita e escapolita. A escapolita apresenta-se em<br />
cristais anédricos, com clivagem nítida e inclusões <strong>de</strong> epidoto e quartzo. O plagioclásio ocorre subordinadamente,<br />
tanto associado à escapolita, como ao quartzo. Os acessórios são o epidoto, a<br />
titanita e a he<strong>de</strong>nbergita. O epidoto aparece em cristais anédricos e em prismas colunares (Fotomicrografia<br />
4).<br />
Fotomicrografia - 1 - Epidozito. Cristais anédricos <strong>de</strong> epidoto ( Qz) e localmente, calcita ( Ca ).<br />
( L.N. ).
BARROS, BRESSAN 177<br />
Fotomicrografia - 2 - Escarnito. Cristais anédricos <strong>de</strong> plagioc1ásio (PI ), granada (Gr) e he<strong>de</strong>ngergita ( Hd ) separados<br />
por aureóla <strong>de</strong> Teação constituida por epidoto ( L.N. ).<br />
Fotomicrografia - 3 - Escamito. lntercrecirnento <strong>de</strong> granada ( Gr ) e escapolita ( Es ); cristais prisrnáticos e anédricos<br />
<strong>de</strong> epidoto ( Ep ), alguns apresentando inclusões <strong>de</strong> alanita ( L.N. ).
178 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Fotomicrografia- 4 - Escapolita gnaisse Cristais <strong>de</strong> quartzo ( Qz ) e escapolita ( Es ) intercalados em bandas largas.<br />
( L.N. ).<br />
o cálcio-silicato gnaisse é <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong>, granulação fina, constituido por quartzo, feldspato,<br />
epidoto, granada, titanita e calcita.<br />
Ao microscópio a textura é granoblástica, a foliação e o ban<strong>de</strong>amento acentuados, com<br />
as bandas sempre contendo quartzo e epidoto, e se distinguindo pela presença abundante, ora <strong>de</strong><br />
granada, ora <strong>de</strong> titanita. O quartzo aparece em cristais euédricos, com inclusões <strong>de</strong> granada, epidoto<br />
e piroxênio. O epidoto, em cristais <strong>de</strong> contorno irregular, contém inclusões <strong>de</strong> escapolita e quartzo.<br />
A granada é a almandina, com textura poiquilítica e inclusões <strong>de</strong> quartzo, calcita, piroxênio e<br />
epidoto. A calcita é um mineral que ocorre localmente, com concentração maior em algumas bandas<br />
quartzosas. Cristais <strong>de</strong> diopsídio estão envolvidos pelo epidoto e sendo substituídos por este.<br />
Alguma escapolita substitui outros minerais, em especial, o epidoto.<br />
Grupo Araxá - Nas áreas estudadas esta unida<strong>de</strong> estratigráfica é representada por quartzo micaxistos<br />
<strong>de</strong> granulação média a grosseira, compostos por moscovita, predominante, e quartzo formando<br />
agregados lenticulares.<br />
Estes micaxistos ocorrem em duas estreitas faixas alongadas na dir~ão norte-sul,<br />
situadas ao sul do Ribeirão Coco do Meio, com espessura máxima da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 m. Suas exposições<br />
são raras e quase sempre Sob a forma <strong>de</strong> blocos tabulares, basculados.<br />
Rochas Básicas - As rochas básicas encontradas nas áreas <strong>de</strong> pesquisa ocorrem sob a forma <strong>de</strong><br />
diques e sills, sem relação alguma com as mineralizações cupríferas.<br />
Os sills, bastante raros, com espessuras que não atingem 1 m, são <strong>de</strong> diabásio e estão<br />
intercalados em biotita-gnaisses.<br />
No extremo SW da área 2 ocorre um gran<strong>de</strong> dique <strong>de</strong> gabro, alinhado aproximadamente na<br />
direção NS e encaixado em um gnaisse quartzo-dioritíco. Trata-se <strong>de</strong> uma rocha cinza, <strong>de</strong> estrutura<br />
maciça, granulação média a grosseira, composta essencialmente por clinopiroxênio e plagioclásio.<br />
Coberturas Terciário-Quaternárias - As condiçõeR climáticas reinantes a partir do terciário propiciaram<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> coberturas lateríticas, tanto sobre as rochas do Complexo Basal,
BARROS, BRESSAN 179<br />
quanto sobre as do Grupo Araxá. Localmente ocorrem crostas limoníticas, <strong>de</strong> cor avermelhada,<br />
aspecto concrecionar, englobando às vezes, partículas <strong>de</strong> quartzo.<br />
Análise Estrutural<br />
A região do Município <strong>de</strong> Paraíso do Norte, on<strong>de</strong> se situam as áreas <strong>de</strong> pesquisa,<br />
apresenta um embasamento cristalino dobrado e uma cobertura sedimentar <strong>de</strong>slocada apenas por<br />
falhas. Os falhamentos principais são verticais, <strong>de</strong> direção NNW -SSW e tem expressão no relevo<br />
regional. Dentro das áreas <strong>de</strong> pesquisa não foram encontradas falhas Pertencentes a este sistema.<br />
Por outro lado, as fraturas são abundantes nos gnaisses, segundo duas direções preferenciais,<br />
N15°W e N700E, com forte tendência à verticalida<strong>de</strong>.<br />
As dobras do embasamento não parecem ter sido particularmente intensas, já que os<br />
mergulhos verificados são sistematicamente inferiores a 45°. Devido à. baixa plasticida<strong>de</strong> dos<br />
gnaisses, não foram encontradas dobras em escala <strong>de</strong> afloramento. Conseqüentemente não se<br />
obteve as medidas <strong>de</strong> suas coor<strong>de</strong>nadas geológicas, fato que, aliado a inexistência <strong>de</strong> camadaschave,<br />
dificulta sobremaneira a elucidação do padrão geral <strong>de</strong> dobramento.<br />
A direção das camadas é NNW com mergulho para NE na maior parte da área estudada,<br />
havendo, no entanto, uma <strong>de</strong>flexão pronunciada para a direção EW na parte norte da área 1, on<strong>de</strong> o<br />
mergulho é para norte. Assim, este local parece correspon<strong>de</strong>r ao eixo <strong>de</strong> um antic1inal, com caimento<br />
para NE.<br />
A diferença <strong>de</strong> competência entre camadas <strong>de</strong> calcários impuros, atualmente representadas<br />
por rochas calco-silicatadas, e as suas encaixantes, parece ter ocasionado processos <strong>de</strong><br />
boudinage, responsáveis pelo caráter lenticular atual daquelas rochas, como po<strong>de</strong> ser observado nas<br />
trincheiras abertas nos afloramentos da Crista e do Poste.<br />
Aspectos das Mineralizaçõe&<br />
As mineralizações que motivaram a pesquisa são exclusivamente cupríferas e só foram<br />
encontradas associadas às rochas calco-silicatadas.<br />
Os minerais <strong>de</strong> cobre ocorrem indistintamente nos epidozitos, escarnitos, escapolitagnaisses<br />
e cálcio-silicato gnaisses, embora, <strong>de</strong> um local para outro, tenha sido notada a presença <strong>de</strong><br />
valores mais elevados <strong>de</strong> cobre em <strong>de</strong>terminados tipos petrográficos. Assim, no afloramento da<br />
Crista as amostras que apresentaram maiores teores foram os epidozitos, enquanto no afloramento<br />
do Poste, tal fato foi observado nos escamitos e escapolita-gnaisses.<br />
A mineralização distribui-se em corpos <strong>de</strong> aspecto lenticular, <strong>de</strong> pequenas dimensões.<br />
As sondagens mostraram também pequenos níveis <strong>de</strong> rochas calco-silicatadas, porém estéreis.<br />
O afloramento do Poste foi o que forneceu amostras mais ricas, com uma, em particular,<br />
contendo 7,56% Cu. No geral os teOres variam, no entanto, entre 0,5 e 2,5% Cu, ressaltando-se<br />
que, tais valores são encontrados na zona <strong>de</strong> oxidação, que não <strong>de</strong>ve atingir mais que 2 ou 3 m.<br />
Em estudos <strong>de</strong> secções polidas foram i<strong>de</strong>ntificados calcopirita, bornita, covelina, calcosita<br />
e pirita, que estão ora preenchendo fissuras, ora disseminados (Fotomicrografia 5).<br />
A oxidação parcial dos sulfetos <strong>de</strong> cobre, propiciou a formação <strong>de</strong> crisocola, azurita e<br />
principalmente <strong>de</strong> malaquita, que aparecem em fissuras ou sob a forma <strong>de</strong> impregnações na rocha.<br />
Pelas observações <strong>de</strong> campo e estudos petrográficos realizados, tanto as rochas calcosilicatadas<br />
como as mineralizações, parecem ser <strong>de</strong> origem meta-sedimentar, provenientes <strong>de</strong> sedimentos<br />
calcários impuros (margas ?) cupríferos, sobre os quais houve a superimposição dos diversos<br />
processos metamórficos, relacionados aos ciclos tecto-orogênicos que atuaram na região. Isto<br />
está evi<strong>de</strong>nciado principalmente pelas relações <strong>de</strong>stas rochas com os gnaisses encaixantes, e por não<br />
terem sido encontradas litologias intrusivas ácidas associadas às mineralizações.<br />
TRABALHOS DE PESQUISA<br />
Os trabalhos <strong>de</strong> pesquisa realizados foram mapeamento geológico, levantamentos topográficos,<br />
trincheiras, prospecção geoquímica <strong>de</strong> semi.<strong>de</strong>talhe e <strong>de</strong>talhe, prospecção geoftsica <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>talhe e sondagens.
180 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOL OGIA<br />
Fotomicrografia - 5 - Seção polida. Cristal irregular <strong>de</strong> bomita ( B ) com fraturas e bordos alterados a covelina, envolvendo<br />
parcialmente um cristal <strong>de</strong> calcopirita ( C ). ( L.N. ).<br />
Levantamentos Topográficos<br />
Além da <strong>de</strong>marcação das áreas <strong>de</strong> pesquisa, os levantamentos topográficos constaram<br />
da implantação das malhas bases para prospecção geoquímica e geofísica, e amarração dos outros<br />
trabalhos <strong>de</strong> pesquisa.<br />
implantadas<br />
As malhas mais amplas,<br />
utilizando-se o método<br />
malha B (500<br />
<strong>de</strong> balizamentos<br />
X 500 m) e malha A(200<br />
sucessivos e as <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe<br />
X 200 m), foram<br />
(malhas A 1 e A2)<br />
com o auxílio <strong>de</strong> teodolito.<br />
Foram obtidos, a partir <strong>de</strong>stes levantamentos, os mapas plani-altimétricos das malhas<br />
AI e A2'<br />
na escala 1:2.000, com curvas <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> 2 em 2 m, utilizados<br />
prospecção geoquímica e geofísica realizados nessas áreas.<br />
como bases nos trabalhos <strong>de</strong><br />
Na Figura 3 po<strong>de</strong>-se observar a distribuição das malhas.<br />
Trincheiras<br />
No centro-leste da área 1, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o afloramento da Crista até o afloramento do Poste,<br />
foram abertas 12 trincheiras, perfazendo 695,80 m lineares. Estas trincheiras visaram <strong>de</strong>terminar as<br />
relações entre as rochas calco-silicatadas, que aparecem geralmente sob a forma <strong>de</strong> blocos rolados e<br />
as rochas gnaissicas encaixantes.<br />
As observações possíveis mostraram as rochas calco-silicatadas em pequenos corpos <strong>de</strong><br />
aspecto lenticular, com eixo maior próximo a 1 m, provavelmente produto <strong>de</strong> boudinage. Estes<br />
corpos, nem sempre mineralizados, são concordantes com os gnaisses que os encaixam, que têm<br />
composição ora mais biotítica, ora essencialmente quartzo-feldspática. O solo chega a atingir vários<br />
m <strong>de</strong> espessura, sendo comum a preservação das rochas calco-silicatadas, mais resistentes ao<br />
intemperismo.
BARROS, BRESSAN 181<br />
Na zona <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> epidozitos, na margem direita do córrego Piauzinho, no norte<br />
da área 2, foram abertas 4 trincheiras totalizando 186,20 m lineares. Além da <strong>de</strong>terminação das<br />
relações entre os epidozitos e os gnaisses encaixantes, buscava.se evidências <strong>de</strong> eventuais mineralizações.<br />
g....<br />
.""1<br />
.<br />
o<br />
~MAAI<br />
Fig. 3- Mapa <strong>de</strong> Distribuição das Malhas <strong>de</strong> Pesquisa<br />
em Paraiso do Norte-Est. <strong>de</strong> Goiás.<br />
Nestas trincheiras po<strong>de</strong>-se observar os epidozitos, às vezes muito quartzosos e fraturados,<br />
constituindo um leito contínuo, com espessura que chega a atingir mais <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> m<br />
encaixados concordantemente em gnaisses suavemente ondulados. Apesar das trincheiras terem<br />
sido abertas em gran<strong>de</strong> parte na rocha, evidências <strong>de</strong> mineralização não foram expostas.<br />
A amostragem das trincheiras não obe<strong>de</strong>ceu a um critério sistemático, pois foi orientada<br />
<strong>de</strong> maneira a fornecer dados utilizáveis principalmente na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> parâmetros geoquímicos.<br />
Nas trincheiras no norte da área 2 foram coletadas 36 amostras que, analisadas,<br />
apresentaram teores em Cu muito baixos. Nas trincheiras da área I, foram coletadas 72 amostras,<br />
cujos resultados fomm <strong>de</strong> valia na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> alguns parametros geoquímicos.<br />
A campanha <strong>de</strong> prospecção geoquímica é <strong>de</strong>talhada por Ribeiro, Bressan e Barros<br />
(1974).
182 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Prospecção Geoftsica<br />
Com base nos resultados <strong>de</strong> mapeamento geológico, trincheiras e prospecção geoquímica<br />
foram selecionadas duas áreas (malhas A I e A2) para investigação a uma maior profundida<strong>de</strong>,<br />
através <strong>de</strong> prospecção geofísica. Foi escolhido o método <strong>de</strong> polarização provocada (polarização<br />
induzida), o mais indicado para sulfetos disseminados.<br />
Por se tratar <strong>de</strong> uma técnica bastante especializada, tal prospecção foi contratada, na<br />
integra, à Companhia <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Geofísica - CBG. A seguir, são expostos resumidamente os<br />
principais aspectos sobre os trabalhos realizados e a interpretação dos dados obtidos, que foram<br />
apresentados à MET AGO, em forma <strong>de</strong> relatório.<br />
Nestes trabalhos <strong>de</strong> p~specção geofísica foi utilizado um equipamento completo <strong>de</strong><br />
polarização provocada, mo<strong>de</strong>lo PP 671, da Compagnie Générale <strong>de</strong> Géophysique. Devido às<br />
especificações do equipamento que fornece, em uma só leitura, os dados <strong>de</strong> polarização provocada,<br />
polarização espontânea e resistivida<strong>de</strong> aparente, estes 2 últimos métodos foram também aplicados e<br />
utilizados na interpretação global dos resultados.<br />
Para as medições <strong>de</strong> polarização provocada, polarização espontânea e resistivida<strong>de</strong><br />
foram empregados os dispositivos <strong>de</strong>nominados retlingulo AB e tripolo. Estes dispositivos se referem<br />
à posição relativa no terreno dos eletrodos A, B, M e N.<br />
No dispositivo retlingulo AB a linha <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> corrente AB = L é fixa e as medições são<br />
efetuadas entre os eletrodos M e N, que se <strong>de</strong>slocam ao longo <strong>de</strong> linhas paralelas a AB, sendo o<br />
comprimento L função direta da profundida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>seja investigar.<br />
No dispositivo tripolo, 3 eletrodos (A, M e N) são móveis e o quarto (B) é fixo e<br />
implantado a uma distância suficientemente gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira que a medida executada no centro<br />
<strong>de</strong> MN (ponto O) só <strong>de</strong>penda pratiçamente, da corrente injetada em A. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação<br />
cresce com a distância L =OA.<br />
Na Malha AI, foram realizados 11 perfis <strong>de</strong> tripolo, orientados na direção E-W, espaçados<br />
<strong>de</strong> 80 m, com medição a cada 40 m e a duas profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investigação.<br />
Estes perfis <strong>de</strong>stacaram fortes anomalias na parte sul da malha, interpretadas como<br />
provável interferência <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> energia elétrica da Centrais Elétricas <strong>de</strong><br />
Góias - CELG, que corta a área na porção anômala.<br />
Para confirmar tal interpretação foram realizados nesta porção da malha três perfis<br />
tripolo orientados na direção N -S e um levantamento utilizando-se o dispositivo rettlngulo AB, com<br />
medições também orientadas na direção N -S.<br />
Estes trabalhos revelaram anomalias <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> média a baixa, confirmando a<br />
interpretação inicial. De um modo geral, em toda a malha não foi revelada nenhuma anomalia significativa.<br />
Na Malha A2 foi utilizado o dispositivo retlingulo AB. Para tanto a malha foi dividida<br />
em 4 retângulos iguais <strong>de</strong>nominados RI (SW), R2 (SE), R3 (NE) e R4 (NW). Os retângulos RI, R2 e<br />
R3 foram levantados em maiores problemas, com linha <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> corrente leste-oeste. O retângulo<br />
R2, porém, apresentou muitos fenômenos parasitas relacionados à linha <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> energia<br />
elétrica da CELG, que se situa ao sul, tendo sido por isto, subdividido em 2 retângulos (R2A é R2B)<br />
levantados com linha <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> corrente norte-sul, sendo as medições então, muito menos pertubadas.<br />
Em todos os retângulos os perfis foram realizados a cada 80 m, cóm medições <strong>de</strong> 40 em 40<br />
m.<br />
A interpretação dos resultados ressaltou anomalias <strong>de</strong> extensão média a baixa. No<br />
retângulo RI existem duas faixas norte-sul <strong>de</strong> valores anômalos com extensão razoável. Estas<br />
faixas, bastante coinci<strong>de</strong>ntes com a anomalia geoquímica constatada sobre o aBoramento da Crista,<br />
são bastante estreitas e foram interpretadas como possíveis corpos mineralizados a profundida<strong>de</strong>s<br />
entre 20 a 30 m. Para comprovar tais anomalias a CBG sugeriu a realização <strong>de</strong> quatro furos <strong>de</strong><br />
sonda, locados no mapa <strong>de</strong> polarização provocada da Malha A2' 'apresentado parcialmente na<br />
Figura 4.<br />
No retângulo R2B foi encontrada uma ampla anomalia <strong>de</strong> direção E-W. esta po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>vida à interferência da linha <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> energia elétrica da CELG situada pouco a9 sul,<br />
consi<strong>de</strong>rando-se que sua direção é discordante da estrutura geológica que controla as mineralizações.<br />
Mesmo assim, um furo <strong>de</strong> sonda foi ali sugerido pela CBG, cuja execução seria <strong>de</strong>terminada<br />
pelos resultados dos furos do retângulo RI.
FIG 4 - MAPA DE POLAR IZAÇAO PROVOCADA<br />
DISPOSITIVO RETANGULO<br />
Q 4.0 B!J I~ 16p 1ft.<br />
066: ALAN BAILJiJ<br />
A8=IZOOIII. T"<br />
20S ."16<br />
2,0 2,5 ~,O<br />
t\\\\\o/.~<br />
E 5 CAL A D E V A LO R E 5 P. P.<br />
COOIA!\N-ilA BRASILEIRA DE GEa'ÍSICA<br />
P. P. - MALHA A2<br />
LEGENDA<br />
-_ ' 57 ----<br />
PIt INCIPAIS E"IXOS DE POISSNEL<br />
MINEItALIZAÇAO E SEU MEIt9U- . ...<br />
LHO APROXIMADO<br />
fUROS S~'ERIDO E DIItEÇÃo<br />
INCLINAç:AO N 415°<br />
CURVA DE ISOTEOR<br />
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BARROS, BRESSAN 183<br />
Outras anomalias muito esparsas foram observadas. como na borda leste do retângulo<br />
R3 e na borda oeste do retânKUlo R4.<br />
Sondagens<br />
W E<br />
......<br />
......<br />
....<br />
.....<br />
. ....<br />
.....<br />
. ....<br />
10... ......<br />
. ....<br />
.....<br />
...<br />
.....<br />
.....<br />
. ....<br />
. ....<br />
LEGENDA<br />
Fig. 5- Perf1lLitológico Analítico do Furo SP-N~1<br />
o 100 200 '~_.Cu<br />
Os trabalhos <strong>de</strong> sondagem foram <strong>de</strong>senvolvidos por uma equipe especializada da
----<br />
184 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
METAGO, com uma sonda Longyear 34, utilizando-se coroas a diamante, <strong>de</strong> diâmetros NX e BX.<br />
Foram realizados 3 furos, 2 locados na Malha A2 e Um na Malha AI, totalizando 238,10 m perfurados.<br />
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ZOa<br />
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__-IBOr111\6NAISS€,DE~FlNAÀ -:. MÉOIA,-NIONíTlDO,OOM c;aMTZO<br />
-- flU)SMroE MUITABIOTITA<br />
~<br />
BOr1"P1 GNA8IIE,OEGRANULAÇioMÉDtA A<br />
~NíT100,COM<br />
MUrro QUM'I2O E FEI.DSRIQt) E POUCA lIIOTm\<br />
LEGENDA<br />
+' ~<br />
o 100 ZOO<br />
'DEGRANlA..ACÃO MÉDIA A GRJ8SEJAII,<br />
CXJI QUAR12O,FEI..DSIIIJO,EPlDam, CALCITA,<br />
+' BIOTI"PI E MUITA t«JANIII.ENDII EIOU PtROXENIO<br />
BivELRICO EM EPIDCJTO<br />
~VEIO PEGMATI'nCO<br />
Fig. 6- Perfil Lito!ógico Analítico do Furo SP-P-69
BARROS, BRESSAN 185<br />
Na Malha A2' dos 4 furos sugeridos pela Companhia <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Geofísica, com o<br />
objetivo <strong>de</strong> constatar a importância das anomalias geofísicas do retângulo RI, realizou-se os furos<br />
locados próximos aos pontos N.6I (furo SP.N-6I) e P-69 (furo SP-P-69) <strong>de</strong>sta malha, aon<strong>de</strong> há<br />
10-<br />
.....<br />
..... ..<br />
.....<br />
.....<br />
o 100 2100 !DO,,. eu<br />
-<br />
70.<br />
7.,.0.<br />
LEGENDA<br />
Fig. 7 - Perfil Lito16gico Analítico do Furo SP-o-36<br />
Níw L RICq, EM HORII8LENDA E<br />
E,ou PI_ENIO<br />
NIVIL RICO 1M EPlDOTO<br />
VIIO DI QUARTZO<br />
2100 !DO<br />
' CIo<br />
superposição das anomalias geofísica e geoquímica, além <strong>de</strong> alguns afloramentos mineralizados<br />
(Fig.5).<br />
Estes furos, com profundida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 80 m, são inclinados 45° para oeste, conforme
186 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />
indicação dos dados geofísicos, coerentes com os dados <strong>de</strong> superfície, que evi<strong>de</strong>nciam um mergulho<br />
das camadas <strong>de</strong> 30 a 400 para leste. .<br />
Os testemunhos <strong>de</strong> sondagens foram <strong>de</strong>scritos macroscopicamente e analisados em<br />
.amostras compostas representativas <strong>de</strong> cada 0,5 m perfurados, por espectrografia <strong>de</strong> raio X, nos<br />
laboratórios da METAGO.<br />
Nas Figuras 5 e 6 estão graficamente representados os perfis litológicos dos 2 furos,<br />
acompanhados dos teores em cobre obtidos para cada intervalo analisado.<br />
Tendo em vista os fracos resultados obtidos nestes furos foram encerrados os trabalhos<br />
<strong>de</strong> sondagem na Malha A2.<br />
Na Malha AI foi realizado um furo vertical com 78,40 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, locado on<strong>de</strong><br />
foi constatada uma forte anomalia geofísica interpretada como interferência da linha <strong>de</strong> transmissão<br />
<strong>de</strong> energia elétrica da CELG.<br />
O furo teve como objetivo confirmar esta interpretação, pois na borda <strong>de</strong>sta anomalia<br />
situa-se o afloramento do Poste, on<strong>de</strong> foram encontrados os maiores teores em cobre das áreas <strong>de</strong><br />
pesquisa.<br />
Os testemunhos <strong>de</strong> sondagens foram analisados do mesmo modo que os obtidos na<br />
Malha A2.<br />
O perfillitológico do furo e os resultados analíticos são apresentados na Figura 7, on<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong> ser observado, pelos pequenos teores em cobre e pela <strong>de</strong>scrição litológica, que a interpretação<br />
dos dados geofísicos é correta.<br />
CONCLUSOES<br />
Dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa realizados nas duas áreas estudadas, foram obtidas as seguintes<br />
conclusões:<br />
- a mineralização, exclusivamente cuprífera, está associada a rochas calco-silicatadas,<br />
restrita a alguns dos vários corpos <strong>de</strong> aspecto lenticular, <strong>de</strong> eixo próximo a I m, aflorantes no centro-leste<br />
da área I;<br />
- os minerais <strong>de</strong> cobre, calcopirita, bomita, calcosita, covelina e oxidados apresentam<br />
distribuição errática, concentrando-se localmente nos referidos corpos, com os teores atingindo,<br />
então, <strong>de</strong> 0,5 a 2,5% <strong>de</strong> cobre;<br />
- as rochas calco-silicatadas (epidozitos) que ocorrem no norte da área 2, não se revelaram<br />
portadoras <strong>de</strong> mineralizações;<br />
- os trabalhos <strong>de</strong> prospecção geoquímica e geofísica, assim como as sondagens,<br />
mostraram a inexistência <strong>de</strong> corpos mineralizados <strong>de</strong> maior expressão;<br />
- a mineralização, assim como as rochas calco-silicatadas, são <strong>de</strong> origem meta-sedimentar,<br />
provenientes <strong>de</strong> sedimentos calcários impuros (margas ?) cupríferos, submetidos a metamorfismo<br />
regional.<br />
Estas conclusões <strong>de</strong>monstram a insignificância das reservas potenciais <strong>de</strong> cobre, que se<br />
restringem, praticamente, aos afloramentos da Crista e do Poste, o que toma inviável qualquer<br />
projeto <strong>de</strong> aproveitamento econômico <strong>de</strong>ste metal, nas áreas pesquisadas.<br />
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--....-...--<br />
PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA PARA COBRE<br />
EM P ARAISO DO NORTE, Go<br />
MARCELO JOSÉ RIBEIRO'" , SILVIO RONAN BRESSAN*, TÉRCIO PINA DE BARROS'"<br />
ABSTRACT<br />
This papet covers the main features of the geochemicaJ survey that formed the basis of exploration of the copper mineralization<br />
in Paraiso do Norte, Goiás, by Metais <strong>de</strong> Goiás S/A. METAGO.<br />
The geochemical survey consisted of soi! sampling in tive grids laid on area of 101,75 km. 2. wbere copper minerais hed been<br />
i<strong>de</strong>ntified in two separate outcrops. More than 1800 samples were collected and anaJysed.<br />
Trialsampling of stream sediments proved to be unreliable as a method of prospecting for copper in this area.<br />
No sjgnificant anomaly was <strong>de</strong>tected as a result of this work. Around the copper.bearing outcrops, only minor anomalies were<br />
found. Further exploration by otber methods confirmed the negative results of the geochemical survey.<br />
INTRODUÇÁO<br />
O presente estudo aborda os principais aspectos dos trabalhos <strong>de</strong> prospecção geoquímica<br />
<strong>de</strong>senvolvidos durante a pesquisa <strong>de</strong> uma ocorrência <strong>de</strong> cobre associada a rochas calco-silicatadas,<br />
realizada em duas áreas requeridas pela Metais <strong>de</strong> Goiás SI A no munícipio <strong>de</strong> Paraíso do<br />
Norte, Goiás.<br />
As áreas pesquisadas, <strong>de</strong>nominadas áreas 1 e 2, abrangem 101,75 km2 e situam-se 8 km<br />
a oeste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paraíso do Norte, no centro-norte do Estado <strong>de</strong> Goiás, 830 km ao norte <strong>de</strong><br />
Goiânia (Fig. 1).<br />
Os trabalhos <strong>de</strong> prospecção geoquímica constaram essencialmente da amostragem <strong>de</strong><br />
solo em 5 malhas distintas, com o objetivo <strong>de</strong> verificar a extensão das mineralizações cupríferas<br />
expostas nas áreas estudadas em somente dois afloramentos.<br />
Além <strong>de</strong>stes trabalhos, efetuou-se uma amostragem experimental <strong>de</strong> sedimentos ativos<br />
<strong>de</strong> corrente, tendo os dados obtidos revelado não ser este método indicado para a prospecção <strong>de</strong><br />
cobre nas áreas pesquisadas.<br />
Os resultados da campanha <strong>de</strong> prospecção geoquímica mostraram a pequena importância<br />
em área dos afloramentos mineralizados conhecidos, bem como revelaram a inexistência <strong>de</strong><br />
outras anomalias significativas para cobre nas duas áreas prospectadas. Estes resultados foram<br />
confirmados por trabalhos posteriores <strong>de</strong> prospecção geoBsica <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe e sondagens (Barros et<br />
alii, 1974).<br />
Para uma melhor compreensão dos dados geoquímicos expostos neste estudo, são ainda<br />
apresentados os aspectos fisiográficos e geológicos mais importantes da região estudada.<br />
ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA REGIAO<br />
A região <strong>de</strong> Paraíso do Norte, <strong>de</strong> clima tropical úmido, caracteriza-se fisiograficamente<br />
pela presença <strong>de</strong> pedimentos cobertos por lateritas e couraças limoníticas, com cotas <strong>de</strong> aproximadamente<br />
400 m. Estes pedimentos ocupam extensas áreas e estão em muitos locais bastante<br />
·METAGO
190 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Fig. 1 - Mapa <strong>de</strong> Localização das Ãreas <strong>de</strong> Pesquisa 1 e 2 em Paraíso<br />
do Norte - Go<br />
o<br />
.<br />
I<br />
.<br />
10<br />
I<br />
ISIC8I
RIBEIRO, BRESSAN, BARROS 191<br />
dissecados, dando origem a um relevo mais aci<strong>de</strong>ntado onda se <strong>de</strong>stacam os <strong>de</strong>clives abruptos das<br />
chapadas lateríticas e as pequenas cristas, suavemente onduladas, constituidas por interflúvios<br />
semí -aplainados.<br />
A vegetação predominante é o cerrado, que reveste gran<strong>de</strong> parte do Estado <strong>de</strong> Goiás e é<br />
especialmente <strong>de</strong>senvolvida sobre as zonas aplainadas cobertas por latossolos e crostas limoníticas.<br />
Uma vegetação mais <strong>de</strong>nsa, típica <strong>de</strong> floresta tropical, está restrita a manchas isoladas ou matas<br />
galerias.<br />
O padrão <strong>de</strong> drenagem nas áreas prospectadas po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado, <strong>de</strong> um modo geral,<br />
como <strong>de</strong>ndritico, sendo os cursos d'água normalmente estreitos e pouco profundos.<br />
Os solos, em geral in situ, são em sua maioria, latos solos <strong>de</strong> cor marron, areno-argilosos<br />
e quase sempre associados a crostas lateríticas nas áreas <strong>de</strong> relevo aplainado. Nestes solos os horizontes<br />
A e B são pouco espessos, não ultrapassando a 3 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. O horizonte C,<br />
entretanto, atinge seguidamente vá,rios m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />
Em zonas mais dissecadas as rochas gnáissicas <strong>de</strong>ram origem a um solo argilo-arenoso,<br />
espesso e <strong>de</strong> cor cinza claro. Solos argilosos e orgânicos são restritos a algumas cabeceiras <strong>de</strong><br />
drenagens.<br />
GEOLOGIA DA ÁREA PESQUISADA<br />
N a área pesquisada predomina uma seqüência gnáissica pertencente ao Complexo Basal<br />
(Almeida, 1967), com intercalações <strong>de</strong> rochas calco-silicatadas portadoras <strong>de</strong> mineralização a cobre.<br />
Os gnaisses estão sobrepostos em porções restritas por micaxistos do Grupo Araxá (Barbosa,<br />
1955). Rochas básicas, possivelmente <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s posteriores a estas duas unida<strong>de</strong>s estratigráficas,<br />
ocorrem localmente sob a forma <strong>de</strong> diques e silIs (Fig. 2).<br />
A seqüência gnáissica, que em amplas partes está coberta por lateritas e crostas limoníticas<br />
terciário-quaternárias, ocupa mais <strong>de</strong> 70% das áreas pesquisadas e compreen<strong>de</strong> vários<br />
tipos petrográficos, com predominância <strong>de</strong> biotita-gnaisses, aos quais associam-se subordinadamente<br />
moscovita-biotita-gnaisses, granito-gnaisses, epidoto-gnaisses e piroxênio-gnaisses.<br />
As rochas calco-silicatadas são constituidas principalmente por epidozitos, escarnitos,<br />
escapolita-gna~sses e cálcio-silicato gnaisses, que ocorrem no extremo norte da área 2 e no centroleste<br />
da área 1.<br />
No norte da área 2 são encontrados epidozitos, estéreis, formando um nível <strong>de</strong> mais ae<br />
uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> m <strong>de</strong> espessura, concomante com os gnaisses.<br />
No centro-leste da área 1 as rochas calco-silicatadas são bem mais restritas e estão em<br />
alguns locais mineralizadas a cobre. Suas melhores exposições encontram-se nos <strong>de</strong>nominados<br />
afloramentos da Crista e do Poste, on<strong>de</strong> ocorrem em pequenos corpos <strong>de</strong> aspecto lenticular, com<br />
eixo maior da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1 m esparsos e também concordantes com os gnaisses.<br />
O afloramento da Crista é uma pequena elevação, <strong>de</strong> orientação NS, cujas dimensões<br />
atingem 400 X 150 m, situada próximo a borda leste da área 1. O afloramento do' Poste , localizado à<br />
margem esquerda do Córrego do Pompeu, é bem mais restrito em área, com as rochas calco-silicatadas<br />
aflorando por cerca <strong>de</strong> 50 m, na direção aproximadamente N -S.<br />
Nestes 2 locais estão expostas as principais mineralizações, exclusivamente cupríferas e<br />
associadas às rochas calco-silicatadas. Os minerais <strong>de</strong> cobre, calcopirita, bornita, calcocita, covelina,<br />
malaquita, azurita e crisocola, apresentam distribuição errática, concentrando-se localmente,<br />
nestas rochas, com os teores atingindo então 0,5 a 2,5 % <strong>de</strong> cobre.<br />
Pelas observações <strong>de</strong> campo e estudos petrográficos realizados, tanto as rochas calcosilicatadas<br />
como as mineralizações parecem ser <strong>de</strong> origem meta-sedimentar, provenientes <strong>de</strong> sedimentos<br />
calcários impuros (margas?) cupríferos, sobre os quais houve a superimposição <strong>de</strong> diversos<br />
ciclos metamórficos.<br />
PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA EM SOLOS<br />
Na campanha <strong>de</strong> prospecção geoquímica realizada nas duas áreas <strong>de</strong> pesquisa, utilizouse<br />
essencialmente a amostragem <strong>de</strong> solo, objetivando <strong>de</strong>limitar a extensão das mineralizações<br />
expostas nos <strong>de</strong>nominados afloramentos do Poste e da Crista e verificar a existência <strong>de</strong> outras wnas<br />
'-
-----<br />
192 ANAIS DO XXV'" CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Fig. 2 - Mapa Geológico das Áreas <strong>de</strong> Pesquisa<br />
LEGENDA<br />
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IIOTlTa__o ...1'1'0 '"&ISIã I "110III<br />
11I0.IIA...II, LOCALMIIITI COM.IIIVlI' 01<br />
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----<br />
. . .. ....<br />
.
RIBEIRO, BRESSAN, BARROS 193<br />
promissoras <strong>de</strong>ntro da área estudada. .<br />
Em toda a campanha foram coletadas 1864 amostras <strong>de</strong> solo, das quais 72 em amostragens<br />
especiais <strong>de</strong> trincheiras, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar a dispersão secundária do cobre no<br />
solo.<br />
Amostragem e Método Analítico<br />
A amostragem <strong>de</strong> solo foi efetuada em 5 malhas <strong>de</strong> células quadradas, com os espaçamentos<br />
entre os pontos amostrados variando para cada malha.<br />
Inicialmente realizou-se uma prospecção geoquÍmica <strong>de</strong> orientação em uma pequena<br />
malha piloto <strong>de</strong> 540 X 220 m, Malha AS, abrangendo o principal afloramento mineralizado da área<br />
estudada (afloramento da Crista), on<strong>de</strong> foram coleta das amostras <strong>de</strong> solo a cada 20 m.<br />
Com base nos resultados <strong>de</strong>ste trabalho <strong>de</strong> orientação, os afloramentos mineralizados<br />
foram amostrados em escala <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe (malhas AI e A2) e o restante das áreas <strong>de</strong> pesquisa em<br />
escala <strong>de</strong> semi-<strong>de</strong>talhe (malhas A e B).<br />
Na Tabela 1 são apresentados os dados <strong>de</strong> amostragem relativos às diversas malhas e na<br />
Figura S estão suas localizações.<br />
A Malha AI, com coleta <strong>de</strong> amostras a cada 40 m, abrangeu o afloramento do Poste com<br />
o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar a extensão das mineralizações ali expostas.<br />
Com o mesmo objetivo foi estendida a Malha A2 em torno do afloramento da Crista,<br />
englobando a Malha AS, amostrada parte <strong>de</strong> 40 em 40 m e parte <strong>de</strong> 80 em 80 m (Fig. 4).<br />
A Malha A, com amostragem <strong>de</strong> 200 em 200 m, foi <strong>de</strong>marcada com base nos dados <strong>de</strong><br />
geologia <strong>de</strong> superfície, <strong>de</strong> modo a abranger toda a área <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> rochas calco-silicatadas<br />
situada no centro-leste da área 1.<br />
O restante da área 1 e toda a área 2 foi prospectada através da Malha B, com coleta <strong>de</strong><br />
amostras <strong>de</strong> solo a cada 500 m.<br />
As malhas mais amplas (malhas A e B) foram implantadas utilizando-se o método <strong>de</strong><br />
balizamentos sucessivos e as <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe (malhas AI e A2) com auxílio <strong>de</strong> teodolito. A coleta <strong>de</strong><br />
amostras foi sempre realizada em perfis <strong>de</strong> direção E- W.<br />
Os espaçamentos <strong>de</strong> amostragem adotados nas diversas malhas foram estabelecidos<br />
tendo em vista os resultados obtidos na Malha AS, e foram consi<strong>de</strong>rados suficientes para <strong>de</strong>tectar<br />
possíveis anomalias significativas.<br />
A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostragem foi fixada em O,SOm para toda a prospecção geoquímica<br />
em solo, a partir da análise dos dados obtidos em 29 amostras coletadas a 1,00 e O,SOm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>,<br />
também na Malha AS'<br />
Estes dados indicaram que sobre as zonas mineralizadas são erráticas as variações <strong>de</strong><br />
valores obtidos nas amostras coletadas nas duas profundida<strong>de</strong>s, ou seja, os teores po<strong>de</strong>m ser<br />
maiores ou menores em qualquer uma das profundida<strong>de</strong>s, embora, em ambas sejam anômalos. No<br />
total, as amostras coletadas a 1 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> apresentam valores cerca <strong>de</strong> 15 % mais elevados<br />
que os das coletadas a O,SO cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. Estes resultados foram também encontrados em<br />
amostragens especiais <strong>de</strong> trincheiras abertas nos afloramentos da Crista e do Poste.<br />
Em cada ponto amostrado reconheu-se 200 a SOOg <strong>de</strong> material, que foi secado, moido e<br />
quarteado após terem sido retirados os seixos maiores. As análises foram realizadas atra\tés <strong>de</strong><br />
espectrografia <strong>de</strong> raio X, nos laboratórios da MET AGO.<br />
Todlis as amostras <strong>de</strong> solo, com exceção das coletadas na Malha AI, foram analisadas<br />
somente para cobre, pois as mineralizações são exclusivamente cupríferas e as análises espectrográficas<br />
completas <strong>de</strong> rochas mineralizadas não mostraram a presença <strong>de</strong> possíveis elementos<br />
indicadores.<br />
Nas amostras da Malha AI' além do cobre, foram dosados zircônio e estrôncio, visando<br />
realizar um estudo sobre a valida<strong>de</strong> da utilização dos mesmos como elementos indicadores para o<br />
cobre. Estes 2 elementos foram escolhidos por aparecerem com teores <strong>de</strong> algumas centenas <strong>de</strong> ppm<br />
em todos os espectrogramas <strong>de</strong> amostras mineralizadas.<br />
Tratamento Estatístico dos Dados<br />
As amostras <strong>de</strong> solo foram submetidas a tratamento estatístico, separadamente para as
194 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
TABELA 1<br />
Dados sobre as malhas <strong>de</strong> amostragem geoquímicaem solo - Paraíso do Norte, Go<br />
DENOMINAÇÃO MALHA DE AMOSTRAGEM NP DE AMOSTRAS<br />
Malha A 200 X 200 m 231<br />
Malha AI 40 X 40 m 264<br />
Malha A2 80 X 80 m 524<br />
Malha A3 20 X 20 m 320<br />
Malha B 500 X 500 m 453<br />
diversas malhas. Não foram agrupadas em subpopulações em função das litologias presentes nas<br />
áreas prospectadas, <strong>de</strong>vido a predominância das rochas gnáissicas em todas as malhas, com exceção<br />
da Malha B. Nesta ocorrem, em razoáveis áreas, lateritas, on<strong>de</strong> foi observado que os teores <strong>de</strong> cobre<br />
no solo são sistematicamente menores cerca <strong>de</strong> 20% que os do restante da malha.<br />
Em cada malha foram <strong>de</strong>terminados, para os teores <strong>de</strong> cobre nas amostras, os valores<br />
máximos e mínimos, média aritmética (background), variança, <strong>de</strong>svio padrão, coeficiente <strong>de</strong> variação<br />
e limiar (threshold).<br />
As curvas <strong>de</strong> freqüência dos teores <strong>de</strong> cobre nas diversas malhas, revelaram para o<br />
mesmo, distribuição aproximadamente normal.<br />
O limiar foi calculado cOmO sendo. igual a média aritmética adicionada <strong>de</strong> 3 vezes o<br />
<strong>de</strong>svio padrão, o que significa estabelecer uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emergência <strong>de</strong> 0,1 % para o valor<br />
anômalo na população estudada.<br />
Finalmente, foram <strong>de</strong>finidas curvas <strong>de</strong> isoteores que permitiram a elaboração <strong>de</strong> mapas<br />
geoquÍmicos <strong>de</strong> distribuição do cobre em solo, para cada malha.<br />
PROSPECÇÃO GEOQUtMICA EM SEDIMENTOS DE CORRENTE<br />
Uma amostragem <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente foi realizada com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>finir parâmetros geoquímicos sobre o comportamento do cobre neste material, nas áreas prospectadas.<br />
Esta amostragem comportou duas etapas: uma, no Córrego do Pompeu e outra no Ribeirão<br />
Coco do Meio e seus afluentes.<br />
Amostragem e Métodos Analíticos<br />
No Córrego do Pomheu a amostragem <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente foi efetuada<br />
juntamente com a coleta <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> barranco <strong>de</strong> drenagem e aluviões.<br />
A escolha <strong>de</strong>ste córrego foi motivada pelo fato <strong>de</strong> o afloramento do Poste, on<strong>de</strong> foram<br />
encontradas amostras mineralizadas com teores <strong>de</strong> 0,5 a 2,5% <strong>de</strong> cobre, situar-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua<br />
planície <strong>de</strong> inundação, e portanto, a dispersão secundária do cobre ser feita diretamente nos aluviões<br />
e no canal <strong>de</strong> drenagem do mesmo.<br />
A amostragem foi realizada a montante e a jus ante do afloramento mineralizado, tendo<br />
sido coletadas 54 amostras (14 <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente, 14 <strong>de</strong> barranco <strong>de</strong> drenagem e 26 <strong>de</strong><br />
aluviões) .<br />
As amostras, liberadas da fração maior que 2 mm, foram analisadas para cobre por<br />
espectrografia <strong>de</strong> raio X, nos laboratórios da MET AGO.<br />
Posteriormente, coletou-se 14 amostras <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente no Ribeirão<br />
Coco do Meio e seus afluentes, inclusive no Córrego do Pompeu, abrangendo toda a área em torno<br />
do afloramento do Poste.<br />
----
RIBEIRO, BRESSAN, BARROS 195<br />
~KIII<br />
MAL"<br />
· ~..., FW!-"<br />
~"AL"A . ~<br />
Aa<br />
Fig. 3 - Mapa <strong>de</strong> Distribuição das Malhas <strong>de</strong> Pesquisa em Paraíso do Norte
196 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
..<br />
Fig. 4 - Mapa Geoquímico do Cobre em Solo-Malha A2<br />
1<br />
ao ,., 1&0..<br />
_ T"INCHEI""<br />
~E;C: L A<br />
1~'2:I~ALÔR::::::::::M+;;m<br />
r--1O/<br />
CURVA DI NI IL<br />
OttsALAN BALÃo<br />
..<br />
51<br />
53<br />
..
RIBEIRO, BRESSAN, BARflfOS 197<br />
Nestas amostras foram dosados cobre, zircônio e estrôncio, na fração abaixo <strong>de</strong> 100<br />
mesh, por espectrofotometria <strong>de</strong> absorção atômica. O ataque, realizado sobre 0,2 g das amostras,<br />
foi feito através <strong>de</strong> HCI-HNOa a quente.<br />
Na Figura 5 são apresentadas a localizações <strong>de</strong>stas amostras, bem como seus teores em<br />
cobre.<br />
LEGENDA<br />
TEOR(ppm) COME B<br />
. PONTO AMOS'ntADO<br />
AFL.ORAMENTO DO<br />
POSTE<br />
Fig. 5 - Amostragem <strong>de</strong> Sedimentos Ativos <strong>de</strong> Drenagem no Ribeirão Côco do Meio e Afluentes - Resultados<br />
para Cobre na Fração Abaixo <strong>de</strong> 100 Mesh.<br />
RESULTADOS OBTIDOS<br />
Os resultados da campanha <strong>de</strong> prospecção geoquímica serviram <strong>de</strong> base para os <strong>de</strong>mais<br />
trabalhos <strong>de</strong> pesquisa.<br />
Os parâmetros e dados obtidos evi<strong>de</strong>nciaram que a amostragem <strong>de</strong> solo foi satisfatória<br />
para se alcançar os obj~tivos propostos.<br />
As amostragens em escala <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe indicaram somente duas pequenas áreas anômalas<br />
para cobre, situadas em torno dos afloramentos mineralizados conhecidos. Nas <strong>de</strong>mais malhas não<br />
foram encontradas outras áreas promissoras aparecendo apenas alguns valores anômalos pontuais,<br />
que <strong>de</strong>talhados não mostraram nenhuma evidência <strong>de</strong> mineralizações. As amostras' <strong>de</strong> solo coletadas<br />
nos epidozitos estéreis que ocorrem ao norte da Malha B, apresentaram teores <strong>de</strong> cobre<br />
próximos ao do valor do background <strong>de</strong>sta malha.<br />
Na Tabela 2 são expostos os dados estatísticos obtidos para as diversas malhas, <strong>de</strong>stacando-se<br />
principalmente, em todas as malhas, 05 pequen05 contrastes entre 05 valores máximos e<br />
as médias aritméticas (background).
198 ANAIS DO XXV'" CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
MALHAS<br />
TABELA 2<br />
Resumo dos dados estatísticos para cobre nas ma1has <strong>de</strong> amostragem<br />
<strong>de</strong> solo - Paraíso do Norte, Go<br />
PARÂMETROS A AI A2 A3 B<br />
ESTATÍSTICOS<br />
Número <strong>de</strong> amostras 231 264 524 320 453<br />
Média Aritmética (ppm) 98 155 129 148 145<br />
Desvio padrão 39 32 67 93 78<br />
Limiar (ppm) 214 250 331 427 380<br />
Valor máximo (ppm) 305 480 350 560 420<br />
Contraste 3,1 3,0 2,7 3,7 2,9<br />
Coeficiente <strong>de</strong> variação 0,3 0,2 0,5 0,6 0,5<br />
A maior anomalia para cobre foi encontrada da Malha A3 sobre o afloramento da Crista<br />
(Fig. 4). Esta anomalia apresenta um fraco contraste e uma perfeita auréola <strong>de</strong> dispersão secundária<br />
do cobre.<br />
Os dados obtidos para o zircônio e o estrôncio em amostras <strong>de</strong> solo da Malha AI, não<br />
mostraram a valida<strong>de</strong> do emprego dos mesmos, como elementos indicadores para o cobre.<br />
No estudo rea~izado em amostras totais <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente, barranco <strong>de</strong><br />
drenagem e aluviões,coletadas no Córrego do Pompeu, po<strong>de</strong> ser observado que nenhum <strong>de</strong>stes tipos<br />
<strong>de</strong> amostragem foi capaz <strong>de</strong> marcar o afloramento do Poste, sendo os teores em cobre nas amostras<br />
coletadas a montante e a jusante <strong>de</strong>ste afloramento, bastante semelhantes.<br />
A amostragem <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente realizada no Ribeirão Coco do Meio<br />
também não apresentou bons resultados. As análises da fração abaixo <strong>de</strong> 100 mesh <strong>de</strong>stas amostras,<br />
mostraram que os valores <strong>de</strong> cobre não evi<strong>de</strong>nciaram o aflQramento do Poste como se po<strong>de</strong><br />
notar na Figura 5. Para o zircônio e o estroncio também analisados nestas amostras, os resultados<br />
foram semelhantes aos do cobre.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
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58(61.<br />
in the northem Rbod..ian Cooperbelt. Eeaaomlc
RIBEIRO, GOMES DE sÃ, OLIVEIRA 201<br />
GEOQutMICA DE DETALHE NO MORRO PARAlSO<br />
No Morro Paraiso (Fig. 1, 7 e 8) <strong>de</strong>senvolveu-se amostragens <strong>de</strong> solos e rochas segundo<br />
uma malha retangular com perfis <strong>de</strong> amostragem distanciados <strong>de</strong> 200 m entre si e orientados transversalmente<br />
ao eixo maior do corpo rochoso. Ao longo <strong>de</strong> um perfil, as estações geoquímicas foram<br />
espaçadas <strong>de</strong> 100 m, correspon<strong>de</strong>ndo a cada estação, uma amostra <strong>de</strong> solo e outra <strong>de</strong> rocha.<br />
As amostras <strong>de</strong> solo foram coletadas a 20 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e peneiradas durante a<br />
amostragem objetivando a obtenção da fração 80-120 mesh.<br />
Foi coletado um total <strong>de</strong> 76 amostras <strong>de</strong> solo e igual número <strong>de</strong> rocha, as quais fQram<br />
analisadas para níquel, cobre e cobalto por espectrofotômetro <strong>de</strong> absorção atômica.<br />
Os parâmetros estatísticos obtidos a partir dos valores das amostras <strong>de</strong> solo estão<br />
computados no Quadro 1. Na Figura 2 apresentamos o padrão <strong>de</strong> distribuição do níquel em solos.<br />
Os valores obtidos estão fortemente centrados entre 3.250 e 4.800 ppm Ni (56,0% das análises). O<br />
limiar provável foi consi<strong>de</strong>rado como igual ao background, adicionado <strong>de</strong>3 vezes o <strong>de</strong>svio padrão.<br />
Não firou evi<strong>de</strong>nciada a presença <strong>de</strong> valores anômalos <strong>de</strong> Ni. Já o cobre apresenta, matematicamente<br />
4 pontos anômalos, fortemente contrastantes da média geral on<strong>de</strong> os valores entre 15 e 105 ppm<br />
Cu perfazem 92,1 % da amostra. Observando o mapa geoquímico do cobre nos solos (Fig. 3), notase<br />
que 3 das amostras anômalas estão nitidàmente associadas com a ocorrência cuprífera já <strong>de</strong>scrita;<br />
o quarto ponto anômalo acompanhado por outros 2 com valores acima <strong>de</strong> 200 ppm, foram<br />
observados no início das linhas 8 e 9 e estão associados a uma área <strong>de</strong> crostificação laterítica localizada<br />
na base do Morro Paraiso (observa-se, nesta área, um acréscimo nos valores <strong>de</strong> Ni eCo). O<br />
restante do mapa mostra um padrão <strong>de</strong> distribuição muito monótono em vista da alta percentagem<br />
<strong>de</strong> valores baixos <strong>de</strong> cobre. O cobalto apresentou-se com uma maior concentração <strong>de</strong> valores entre<br />
250 e 470 ppm (66.6% das análises) e o seu valor máximo, (590 ppm), associado às crostas lateríticas<br />
da base do morro, não constitui uma anomalia propriamente dita (Quadro 1).<br />
QUADROl<br />
Resultados obtidos na amostragem<br />
<strong>de</strong> solos do Morro Panüso<br />
Elementos X L(*) Vm(*) CB CL N9<br />
Níquel 4.212 8.742 6.500 1,54 0,74<br />
Cobre 60 225 320 5,33 1,42 4<br />
Cobalto 350 1.369 590 1,67 0,43 -<br />
(.) Valores em ppm; X "BACKGROUND" L; Limiar Vm: valor máximo observado; CB; contraste,<br />
(VmfXl; CL contraste com o Limiar, (VmfL); N.o: nú~ro <strong>de</strong> pontos anômalos.<br />
Portanto, a geoquimica <strong>de</strong> solos realizada no Morro Paraiso, além <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar a<br />
presença da já conhecida ocorrência cupro-silicatada, mostrou que os valores anômalos não são<br />
significativos e que se distribuem, em gran<strong>de</strong> proporção, entre estreitos limites. Disto resulta que os<br />
mapas geoquímicos são caracterizados por uma monotonia do traçado das curvas <strong>de</strong> isoteor.<br />
São apresentados no Quadro 2, os resultados obtidos <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> rochas. Para o<br />
Nlquel, 69% dos serpentinitos forneceram valores entre 1100 e 2500 ppm (média <strong>de</strong> 1935 ppm).<br />
Valores menores que 1000 ppm correspon<strong>de</strong>ram a algumas amostras <strong>de</strong> talco.clorita-xistos das<br />
bordas do corpo, como é mostrado no mapa geoquímico da Figura 4; apenas 16% das amostras<br />
forneceram valores maiores que 3.000 ppm Ni. Observa-se que os valores <strong>de</strong> Ni na rocha ten<strong>de</strong>m a<br />
-
202 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
acompanhar o acamadamento dos serpentinitos, o que é refletido nos teores em solos. O cobre em<br />
rochas, apresentou 87% dos resultados compreendidos entre 5 e 35 ppm, don<strong>de</strong> um background <strong>de</strong><br />
28ppm (Quadro 2).<br />
QUADRO 2<br />
Resultados obtidos na amostragem<br />
<strong>de</strong> rochas do Morro Paraiso<br />
I<br />
Elementos X (*) L(*) Vm(*) CB CL N9<br />
Níquel 1.935 5.557 5.550 2,85 1.0 -<br />
Cobre 28 144 250 8,93 1.73 2<br />
Cobalto 180 875 1.160 6,39 1.31 I<br />
(*)1 Valores em ppm X: "BACKGROUND" L. Limiar, Vm valor máximo observado, CB: contraste,<br />
(\m/X); CL: contraste com o Limiar, (V/L); N.:número<strong>de</strong> pontos anômalos.<br />
Observando-se o mapa <strong>de</strong> distribuição do cobre em rochas (Fig. 5), vê-se que os 2 pontos<br />
anômalos estão associados a serpentinitos ligados à ocorrência cuprífera (no mapa, aparecem<br />
cercados pela curva <strong>de</strong> isoteor <strong>de</strong> 140 ppm); eles forneceram 175 e 250 ppm Cu. Para o cobalto, 87%<br />
dos valores acham-se concentrados entre 50 e 250 ppm, don<strong>de</strong> um background <strong>de</strong> 180 ppm (Quadro<br />
2); o único ponto anômalo está associado a ponto não anômalo para o níquel (4.400 ppm <strong>de</strong> Ni).<br />
Os resultados obtidos com a amostragem <strong>de</strong> rochas nos indicaram valores <strong>de</strong> background<br />
para níquel (1 = 1935 ppm), cobre (1 = 28 ppm) e cobalto (x = 180 ppm), que po<strong>de</strong>mos<br />
consi<strong>de</strong>rar como normais em rochas ultrabásicas. Para Willye (1967) as médias são, respectivamente,<br />
1.500 ppm, 30 ppm e 110 ppm; Challis (1965) encontrou em dunitos da Nova Zelândia (Dun<br />
Moutains), valores semelhantes: 1100 ppm Ni; 100 ppm Cu e 180 ppm Co. Consi<strong>de</strong>ramos pois o serpentinitos<br />
do Morro Paraiso como exemplo <strong>de</strong> rocha não mineralizada e cujo interesse está em nos<br />
oferecer parâmetros indicadores da normalida<strong>de</strong> (background), nestas litologias.<br />
A amostragem do Morro Paraiso, com a coleta <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong> rocha para cada<br />
amostra <strong>de</strong> solo, possibilitou o estudo das inter-relações <strong>de</strong> um elemento entre os dois materiais. No<br />
Quadro 3 colocamos os resultados referentes a este estudo. Vê-se logo que os solos contém mais NL<br />
Cu e Co que as respectivas rochas, concentrando-se quase 3 vezes naquele material. Interpretamos<br />
este fato (observado também em outras campanhas), como resultado <strong>de</strong> uma concentração relativa<br />
<strong>de</strong>stes elementos durante a pedogênese. É notável que pelos nossos dados, a taxa <strong>de</strong> concentração é<br />
praticamente igual para os três elementos, variando entre 2,87 e 2,91.<br />
O pequeno <strong>de</strong>svio padrão (S) nas relações solo-rocha para os 3 elementos, indica uma<br />
relação muito estreita entre o teor no solo e na rocha. Reflexo disto, po<strong>de</strong> também ser notado na<br />
variação das razões solo-rocha para o níquel que se dá entre 0,63 e 12,47, para o cobre entre 0,23 e<br />
10,20 e para o cobalto entre 0,60 e 6,06. Embora, ao calcularmos a correlação (r) entre os pares observados,<br />
somente o cobre apresente um valor altamente positivo (r = + 0,89), cremos que os<br />
dados obtidos indicam, para uma rocha não mineralizada, boa relação entre os teores na rocha e nos<br />
solos, aliada a uma homogeneida<strong>de</strong> na distribuição dos mesmos (baixo <strong>de</strong>svio padrão).<br />
Para conhecer as relações entre elementos em uma rocha ultrabásica não mineralizada<br />
em sulfetos <strong>de</strong> níquel e cobre, realizou-se estudo sobre os pares Ni/Cu, Ni/Co e Cu/Co, tanto sobre<br />
a amostragem <strong>de</strong> rochas, como <strong>de</strong> solos <strong>de</strong>las <strong>de</strong>rivados. No Quadro 4, são apresentados os resultados<br />
referentes às rochas.<br />
As razões obtidas são, evi<strong>de</strong>ntemente, um reflexo dos background vistos na Tabela 2.<br />
Para a razão Ni/Cu, os valores concentram-se na faixa entre 10,90 e 215,50, com uma média <strong>de</strong>
RIBEIRO, GOMES DE sA, OLIVEIRA 201<br />
GEOQUtMICA DE DETALHE NO MORRO PARAISO<br />
No Morro Paraiso (Fig. 1, 7 e 8) <strong>de</strong>senvolveu-se amostragens <strong>de</strong> solos e rochas segundo<br />
uma malha retangular com perfis <strong>de</strong> amostragem distanciados <strong>de</strong> 200 m entre si e orientados transversalmente<br />
ao eixo maior do corpo rochoso. Ao longo <strong>de</strong> um perfil, as estações geoquímicas foram<br />
espaçadas <strong>de</strong> 100 m, correspon<strong>de</strong>ndo a cada estação, uma amostra <strong>de</strong> solo e outra <strong>de</strong> rocha.<br />
As amostras <strong>de</strong> solo foram coletadas a 20 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e peneiradas durante a<br />
amostragem objetivando a obtenção da fração 80-120 mesh.<br />
Foi coletado um total <strong>de</strong> 76 amostras <strong>de</strong> solo e igual número <strong>de</strong> rocha, as quais fQram<br />
analisadas para níquel, cobre e cobalto por espectrofotômetro <strong>de</strong> absorção atômica.<br />
Os parâmetros estatísticos obtidos a partir dos valores das amostras <strong>de</strong> solo estão<br />
computados no Quadro 1. Na Figura 2 apresentamos o padrão <strong>de</strong> distribuição do níquel em solos.<br />
Os valores obtidos estão fortemente centrados entre 3.250 e 4.800 ppm Ni (56,0% das análises). O<br />
limiar provável foi consi<strong>de</strong>rado como igual ao background, adicionado <strong>de</strong>. 3 vezes o <strong>de</strong>svio padrão.<br />
Não firou evi<strong>de</strong>nciada a presença <strong>de</strong> valores anômalos <strong>de</strong> Ni. Já o cobre apresenta, matematicamente<br />
4 pontos anômalos, fortemente contrastantes da média geral on<strong>de</strong> os valores entre 15 e 105 ppm<br />
Cu perfazem 92,1 % da amostra. Observando o mapa geoquímico do cobre nos solos (Fig. 3), notase<br />
que 3 das amostras anômalas estão nitidàmente associadas com a ocorrência cuprífera já <strong>de</strong>scrita;<br />
o quarto ponto anômalo acompanhado por outros 2 com valores acima <strong>de</strong> 200 ppm, foram<br />
observados no início das linhas 8 e 9 e estão associados a uma área <strong>de</strong> crostificaçáo laterítica localizada<br />
na base do Morro Paraiso (observa-se, nesta área, um acréscimo nos valores <strong>de</strong> Ni eCo). O<br />
restante do mapa mostra um padrão <strong>de</strong> distribuição muito monótono em vista da alta percentagem<br />
<strong>de</strong> valores baixos <strong>de</strong> cobre. O cobalto apresentou-se com uma maior concentração <strong>de</strong> valores entre<br />
250 e 470 ppm (66.6% das análises) e o seu valor máximo, (590 ppm), associado às crostas lateríticas<br />
da base do morro, não constitui uma anomalia propriamente dita (Quadro 1).<br />
QUADRO 1<br />
Resultados obtidos na amostragem<br />
<strong>de</strong> solos do Morro Para80<br />
Elementos X L(*) Vm (*)<br />
CB CL NP<br />
Níquel 4.212 8.742 6.500 1,54 0,74<br />
Cobre 60 225 320 5,33 1,42 4<br />
Cobalto 350 1.369 590 1,67 0,43<br />
(*) Valoresem ppm: X. "BACKGROUND"L: LimiarVm:valormáximoobservado:CB:contraste,<br />
(VmfX>;CL contraste com o Limiar, (VmfL); N.o: número <strong>de</strong> pontos anômalos.<br />
Portanto, a geoquímica <strong>de</strong> solos realizada no Morro Paraiso, além <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar a<br />
presença da já conhecida ocorrência cupro-silicatada, mostrou que os valores anômalos não são<br />
significativos e que se distribuem, em gran<strong>de</strong> proporção, entre estreitos limites. Disto resulta que os<br />
mapas geoquímicos são caracterizados por uma monotonia do traçado das curvas <strong>de</strong> isoteor.<br />
São apresentados no Quadro 2, os resultados obtidos <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> rochas. Para o<br />
NIquel, 69% dos serpentinitos forneceram valores entre 1100 e 2500 ppm (média <strong>de</strong> 1935 ppm).<br />
Valores menores que 1000 ppm correspon<strong>de</strong>ram a algumas amostras <strong>de</strong> talco,clorita-xistos das<br />
bordas do corpo, como é mostrado no mapa geoquímico da Figura 4; apenas 16% das amostras<br />
forneceram valores maiores que 3.000 ppm Ni. Observa-se que os valores <strong>de</strong> Ni na rocha ten<strong>de</strong>m a<br />
-<br />
-
202 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
acompanhar o acamadamento dos serpentinitos, o que é refletido nos teores em solos. O cobre em<br />
rochas, apresentou 87% dos resultados compreendidos entre 5 e 35 ppm, don<strong>de</strong> um background <strong>de</strong><br />
28ppm (Quadro 2).<br />
QUADRO 2<br />
Resultados obtidos na amostragem<br />
<strong>de</strong> rochas do Morro Paraiso<br />
T<br />
Elementos X (*) L(*) Vm(*) CB CL N9<br />
Níquel 1.935 5.557 5.550 2,85 1.0 -<br />
Cobre 28 144 250 8,93 1.73 2<br />
Cobalto 180 875 1.160 6,39 1.31 I<br />
(*)1 Valores em ppm X: "BACKGROUND" L. Limiar, Vm valor máximo observado, CB: contraste,<br />
(\m/X); CL: contraste com o Limiar, (V/L); N.o:número <strong>de</strong> pontos anômalos.<br />
Observando-se o mapa <strong>de</strong> distribuição do cobre em rochas (Fig. 5), vê-se que os 2 pontos<br />
anômalos estão associados a serpentinitos ligados à ocorrência cuprífera (no mapa, aparecem<br />
cercados pela curva <strong>de</strong> isoteor <strong>de</strong> 140 ppm); eles forneceram 175 e 250 ppm Cu. Para o cobalto, 87%<br />
dos valores acham-se concentrados entre 50 e 250 ppm, don<strong>de</strong> um background <strong>de</strong> 180 ppm (Quadro<br />
2); o único ponto anômalo está associado a ponto não anômalo para o níquel (4.400 ppm <strong>de</strong> Ni).<br />
Os resultados obtidos com a amostragem <strong>de</strong> rochas nos indicaram valores <strong>de</strong> background<br />
para níquel (x = 1935 ppm), cobre (x = 28 ppm) e cobalto (x = 180 ppm), que po<strong>de</strong>mos<br />
consi<strong>de</strong>rar como normais em rochas ultrabásicas. Para Willye (1967) as médias são, respectivamente,<br />
1.500 ppm, 30 ppm e 110 ppm; Challis (1965) encontrou em dunitos da Nova Zelândia (Dun<br />
Moutains), valores semelhantes: 1100 ppm Ni; 100 ppm Cu e 180 ppm Co. Consi<strong>de</strong>ramos pois o serpentinitos<br />
do Morro Paraíso como exemplo <strong>de</strong> rocha não mineralizada e cujo interesse está em nos<br />
oferecer parâmetros indicadores da normalida<strong>de</strong> (background), nestas litologias.<br />
A amostragem do Morro Paraiso, com a coleta <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong> rocha para cada<br />
amostra <strong>de</strong> solo, possibilitou o estudo das inter-relações <strong>de</strong> um elemento entre os dois materiais. No<br />
Quadro 3 colocamos os resultados referentes a este estudo. Vê-se logo que os solos contém mais Ni.<br />
Cu e Co que as respectivas rochas, concentrando-se quase 3 vezes naquele material. Interpretamos<br />
este fato (observado também em outras campanhas), como resultado <strong>de</strong> uma concentração relativa<br />
<strong>de</strong>stes elementos durante a pedogênese. É notável que pelos nossos dados, a taxa <strong>de</strong> concentração é<br />
praticamente igual para os três elementos, variando entre 2,87 e 2 ,91.<br />
O pequeno <strong>de</strong>svio padrão (S) nas relações solo-rocha para os 3 elementos, indica uma<br />
relação muito estreita entre o teor no solo e na rocha. Reflexo disto, po<strong>de</strong> também ser notado na<br />
variação das razões solo-rocha para o níquel que se dá entre 0,63 e 12,47, para o cobre entre 0,23 e<br />
10,20 e para o cobalto entre 0,60 e 6,06. Embora, ao calcularmos a correlação (r) entre os pares observados,<br />
somente o cobre apresente um valor altamente positivo (r = + 0,89), cremos que os<br />
dados obtidos indicam, para uma rocha não mineralizada, boa relação entre os teores na rocha e nos<br />
solos, aliada a uma homogeneida<strong>de</strong> na distribuição dos mesmos (baixo <strong>de</strong>svio padrão).<br />
Para conhecer as relações entre elementos em uma rocha ultrabásica não mineralizada<br />
em sulfetos <strong>de</strong> níquel e cobre, realizou-se estudo sobre os pares Ni/Cu, Ni/Co e Cu/Co, tanto sobre<br />
a amostragem <strong>de</strong> rochas, como <strong>de</strong> solos <strong>de</strong>las <strong>de</strong>rivados. No Quadro 4, são apresentados os resultados<br />
referentes às rochas.<br />
As razões obtidas são, evi<strong>de</strong>ntemente, um reflexo dos background vistos na Tabela 2.<br />
Para a razão Ni/Cu, os valores concentram-se na faixa entre 10,90 e 215,50, com uma média <strong>de</strong>
Elementos<br />
Solo (*)<br />
QUADRO 3<br />
Parâmetros solo - rocha para<br />
Ni, eu e Co do Morro Paraíso<br />
Rocha (*)<br />
Razão Variação 8 r<br />
Níquel 4.212 1.935 2,91 0,63-12,47 2,18 + 0,38<br />
Cobre 60 28 2,89 0,23-10,20 2,33 + 0,89<br />
Cobalto 350 180 2,87 0,60- 6,06 1,62 + 0,23<br />
(.): Valores <strong>de</strong> "BACKGROUND" em ppm<br />
S: Desvio padrão<br />
r: Correlação<br />
QUADRO 4<br />
Razão, variação da razão, <strong>de</strong>svio padrão (8) e correlação (r),<br />
entre pares <strong>de</strong> elementos em rocha - Morro Paraíso.<br />
Par Razão Variação 8 r<br />
NijCu 102,87 10,85 - 215,50 18,20 + 0,58<br />
NijCo 14,64 3,45 - 44,50 11,20 + 0,63<br />
CujCo 0,18<br />
RIBEIRO, GOMES DE sA, OLIVEIRA 203<br />
102,87; para a razão NilCo, as variações máximas são 3,45 e 44,50 e para a razão Cu/Co, entre 0,01<br />
e 0,54, o que se reflete no <strong>de</strong>svio padrão. Já as correlações são sempre positivas e muito semelhantes<br />
entre si. Os mesmos parâmetros calculados agora para os solos, forneceram os resultados contidos<br />
no Quadro 5, observando-se claramente a semelhança <strong>de</strong>stes com os obtidos para as rochas.<br />
I<br />
0,01 - 0,54 0,25 + 0,61<br />
Levando-se em consi<strong>de</strong>ração o <strong>de</strong>svio padrão, nota-se que para os 3 pares estudados ele<br />
é menor nos solos, o que indica uma menor amplitu<strong>de</strong> na variação dos valores das razões para cada<br />
par, ou seja, uma maior homogeneização dos mesmos em relação à própria rocha.<br />
Todos estes parâmetros nos levam a conclusão que, em rochas ultrabásicas não mineralizadas,<br />
como é o caso do serpentinito do Morro Paraiso, o conteúdo em Ni, Cu e Co em solos é<br />
um reflexo muito aproximado do conteúdo nas rochas e que a distribuição dos mesmos faZ-se <strong>de</strong> um<br />
modo bastante homogêneo. As razões entre pares <strong>de</strong> elementos mostrou as pequenas flutuações em<br />
torno das médias, principalmente nos solos. Este fato é consi<strong>de</strong>rado por nós como <strong>de</strong> interesse na<br />
interpretação geoquímica pois, principalmente em função da espessura dos solos, os valores<br />
absolutos (em ppm) <strong>de</strong> Ni, Cu e Co po<strong>de</strong>m variar bastante, don<strong>de</strong> a vantagem <strong>de</strong> trabalhar com as<br />
razões. Os valores do background aqui encontrados para as rochas (Quadro 2), muito semelhantes<br />
aos <strong>de</strong> ultrabásicas estéreis, mostram que a serpentinização, ao menos estatisticamente, não altera<br />
substancialmente os teores em Ni, Cu e Co. Deste modo, po<strong>de</strong>mos tomar os diferentes parâmetros<br />
aqui calculados, como indicativos <strong>de</strong> esterilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rochas ultrabásicas. Qualquer campanha para<br />
estes elementos sobre corpos u1trabásicos, que apresente parâmetro diferindo significativamente<br />
dos valores aqui obtidos, trará a idéia <strong>de</strong> que estamos em presença <strong>de</strong> uma anomalia geoquímica.
204 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
QUADRO 5<br />
Razão, variação da razão, <strong>de</strong>svio padrão (8) e correlação (r),<br />
entre pares <strong>de</strong> elementos em solos - Morro Paraiso<br />
Par Razão Variação S r<br />
NijCu 88,72 12,20 - 207,30 16,8 + 0,50<br />
NijCo 13,17 2,90 - 28,90 6,4 + 0,63<br />
Cu/Co 0,20 0,03 - 0,61 0,17 + 0,87<br />
GEOQUÍMICA REGIONAL COM AMOSTRAGEM DE SEEPAGE<br />
Sob o nome genérico <strong>de</strong> seepage <strong>de</strong>nominamos áreas úmidas, ricas em matéria orgânica<br />
que ocorrem em cabeceiras <strong>de</strong> drenagem. Os seepage apresentam, com vistas' à prospecção, a vantagem<br />
<strong>de</strong> fornecer amostras representativas <strong>de</strong> áreas maiores que uma amostra <strong>de</strong> solo, embora<br />
menores que o representado por uma <strong>de</strong> sedimento ativo <strong>de</strong> corrente. A par disto, os solos <strong>de</strong> seepage<br />
apresentam uma concentração maior, em elementos metálicos, que os solos vizinhos em vista<br />
<strong>de</strong> termos aí uma série <strong>de</strong> barreiras geoquímicas, este fato é observado por diversos autores<br />
(Horsnail e Elliot, 1971; Tooms e Webb, 1961). Os seepage são pois, material a ser usado em prospecções<br />
em escala semi-regional.<br />
Na área <strong>de</strong> Cromínia-Mairipotaba-Pontalina há um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> seepage,<br />
favorecidos pelos relevos pouco acentuados.<br />
Morfologicamente, observa-se na área, que o seepage tem a forma <strong>de</strong> uma pera, on<strong>de</strong> o<br />
comprimento é em média <strong>de</strong> 60 m, e a largura 40 m. Na região estudada, a vegetação é do tipo cerado<br />
(Fig. 6 nl!.l), sendo que os seepage são bem marcados pela presença <strong>de</strong> buritis e gravatás (Fig.<br />
6, n.2 3), e pela mata ciliar (Fig. 6, n.l!.4), que envolve a drenagem que <strong>de</strong>les nasce. Gramíneas (Fig.<br />
6, n.2 2), são observadas nas cabeceiras do seepage.<br />
Os solos, a montante do seepage são <strong>de</strong> origem laterítica don<strong>de</strong> a coloração vermelha,<br />
pobreza <strong>de</strong> argilas e riqueza em sesquióxidos <strong>de</strong> ferro; temos aí o dominio do cerrado (Fig. 6-B, nl!.<br />
5). Dentro do seepage, os solos são muito argilosos, perenemente úmidos e ricos em matéria orgânica<br />
don<strong>de</strong> a sua côr preta (Fig. 6-B, n~ 7). Entre os 2 tipos <strong>de</strong> solo (que representam ambientes<br />
oxidantes e redutores) <strong>de</strong>scritos, há uma faixa <strong>de</strong>. solos cinza, ricos em argilas e cobertos por gramineas<br />
(Fig. 6-B, n~ 6). Esta faixa é intermitentemente úmida em função da estação do ano, isto é,<br />
das flutuaçães do lençol freático (Fig. 6-B, n2. 8), e correspon<strong>de</strong> ao local on<strong>de</strong> as águas subterrâneas<br />
surgem na superfície.<br />
Em certos casos, mormente em seepage <strong>de</strong>senvolvidos sobre rochas ultrabásicas, a faixa<br />
<strong>de</strong> solos cinza po<strong>de</strong> ser substituida por um nível ferruginoso encouraçado ou em vias <strong>de</strong> encouraçamento.<br />
As águas que drenam através dos solos vermelhos são extremamente carregadas em<br />
Fe + 2 o qual, na área. <strong>de</strong> afloramento (Fig. 6-B, n!! 6) é oxidado, precipitando-se maciçamente. Um<br />
exemplo <strong>de</strong> seepage nestas condições, observa-se na gran<strong>de</strong> ação bloqueante exercida pela precipitação<br />
do ferro, com a co-precipitação dos elementos metálicos. Os solos vermelho continham o<br />
que se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar uma carga normal em solos <strong>de</strong>senvolvidos sobre rochas ultrabásicas não<br />
mineralizadas (Quadro nO 6), observando-se na crosta laterítica um importante aumento, em valor<br />
absoluto, nos teores do 6 elementos dosados, notadamente para o níquel que aí atinge a 2,56%. O<br />
gel referido na Tabela 6 é um material avermelhado, algo gelatinoso, normalmente encontrado<br />
nestes locais sob fina camada <strong>de</strong> água <strong>de</strong> drenagens quase estagnadas. Enten<strong>de</strong>mos que este material<br />
representa um estado atual da <strong>de</strong>posição dos hidróxidos <strong>de</strong> ferro, o que encontra apoio nos<br />
54,6% <strong>de</strong> F~03 obtidas em análise. Nota-se que este material contém importantes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Mn, Cr, Co e Ni. Por fim, os solos escuros <strong>de</strong> seepage mostram baixa concentração <strong>de</strong> ferro, teores
Material Ni (*)<br />
QUADRO 6<br />
Valores obtidos em diversos materiais <strong>de</strong> um Seepage<br />
sobre corpo ultrabásico crominia - Mairipotaba - Go<br />
eu (*)<br />
Co (*)<br />
Cr (*) Mn (*)<br />
Fe203(%)<br />
Solo Vermelho (1) 2.130 47 119 4.510 822 17,20<br />
Crosta (2) 25.600 75 3.920 8.960 64.960 39,70<br />
"Gel" (2) 1.460 15 220 1.190 1.400 54,60<br />
Solo Seepage (3) 1.758 41 48 3.494 246 9,20<br />
QUADRO 7<br />
Valores percentuais referentes aos teores <strong>de</strong> Ni, eu e Co em diversos tipos <strong>de</strong> solos<br />
associados a Seepage - Crominia - Mairipotaba - Go<br />
Solos<br />
RIBEIRO, GOMES DE sA. OLIVEIRA 205<br />
menores em Co, Cr, Mn e Ni e teores equivalentes em Cu quando comparados com os dos solos<br />
vermelhos.<br />
: Todos os valores em ppm exceto os do FeZ03<br />
(1): Média <strong>de</strong> 10 amostras, (2) uma amostra.<br />
(3): Média <strong>de</strong> 16 amostras.<br />
Níquel Cobre Cobalto<br />
Maiores valor ( ) Maiores valor ( ) Maiores valor ( )<br />
Valores Anômalo Valores Anômalo Valores Anômalo<br />
A 86% 100% 80% 85 % 75% 90%<br />
8 10% - 15 % 15 % 20% -<br />
C 4% - 5% - 5% 10%<br />
A: Solos pretos do "Seepage" ricos em matéria orgânica.<br />
B: Solos vermelhos A montante do "Seepage".<br />
c: Sólos cinza da borda do "Seepage".<br />
( ): Valores maiores que 200 prnrn Ni; 40 ppm Cu; 80 ppm Co.<br />
(j(,)<br />
Estatisticamente, os solos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do seepage mostram-se mais ricos que os solos vermelhos<br />
circunjacentes. No Quadro 7 apresentamos dados neste sentido referentes a 21 seepage da<br />
área estudada, num total <strong>de</strong> 63 amostras, (nenhum <strong>de</strong>les está associado a rochas ultrabásicas).<br />
Os solos <strong>de</strong>nominados A no Quadro 7 são aqueles <strong>de</strong> côr preta do seepage, muito argilosos<br />
e ricos em matéria orgllnica; os <strong>de</strong>signados por C, são solos claros, cinzas e mesmo amarelados,<br />
argilosos, da borda superior do seepage (Fig. 6-B, n2 6); e os <strong>de</strong>nominados tipo B, <strong>de</strong> côr<br />
vermelha, pobres em argilas, encontrados a montante do seepage. Nota-se perfeitamente que os<br />
maiores valores em"um <strong>de</strong>terminado seepage, para Ni, Cu e Co são encontrados, em 80 % dos casos,<br />
nos solos pretos argilosos. Em 90 % dos casos estudados (100% no caso particular do níquel), estes<br />
solos apresentam valores anômalos, não caracterizando verda<strong>de</strong>iras anomalias, mas <strong>de</strong> valores que<br />
ultrapassam limites consi<strong>de</strong>rados elevados e arbitrariamente <strong>de</strong>finidos (250 ppm para Ni, 40 ppm
206 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
para o Cu e 80 ppm para oCo). Estes solos <strong>de</strong>vem ser, pois, amostrados em todos os seepage <strong>de</strong> uma<br />
região em estudo, ,<strong>de</strong> forma sistemática, evitando-se assim falsas anomalias <strong>de</strong>vido a diferenças do<br />
material amostrado.<br />
Ponto Ni (*) Cu (*)<br />
SEEPAGE EM ESCALA REGIONAL<br />
Todos os 1968 km2 da área foram cobertos por amostragem em áreas <strong>de</strong> seepal{e.<br />
Amostrou-se um total <strong>de</strong> 515 seepage, coletando-se 1558 amostras, obtendo-se uma média <strong>de</strong><br />
aproximadamente 3 amostras por seepage, e uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1 seepage para 4 km2.<br />
Na Figura 7 é vista a amostragem realizada na área em torno dos corpos ultrabásicos<br />
alinhados ao Sul da Serra do Cruzeiro (Morro da Platina, Morro Magnesita e Morro Paraiso <strong>de</strong> W<br />
para E) e no Quadro 8, os resultados obtidos sobre 6 dos pontos mostrados na figura. Destes, os<br />
pontos 4,5 e 28 estão associados às rochas regionais, e os pontos 18, 21 e 22, às rochas ultrabásicas.<br />
Vê-se claramente que os seepage associados a rochas ultrabásicas, são ricos em Ni, Co e Cr, ao<br />
contrário daqueles associados às rochas regionais, ricas em Ti e pobres naque1es 3 elementos. Já o<br />
Cu, não <strong>de</strong>ixa claro uma tendência <strong>de</strong>finida.<br />
QUADRO 8<br />
Resultados da amostragem dos<br />
"Seepage" relativos à Fig. 7<br />
Co (*)<br />
Cr (*) Ti (*)<br />
4 90 30 75 50 8.410<br />
5 20 5 60 45 6.865<br />
28 330 75 85 135 16.440<br />
18 5.220 100 215 5.155 4.210<br />
21 7.650 45 115 2.700 1.745<br />
22 3.650 65 115 6.540 3.135<br />
(tO):Valor máximo obtido em cada "Seepage" em ppm.<br />
Regionalmente, a amostragem mostrou algumas variações gerais nos valores obtidos.<br />
Tomando-se o valor máximo obtido para cada elemento em cada seepage, calculou-se o valor médio,<br />
(background), em função das diferentes litologias (Tab. 9). De um modo geral, vemos que os valores<br />
médios são muito semelhantes entre si, e que o melhor contraste é obtido entre as ultrabásicas<br />
e as <strong>de</strong>mais litologias da região, no que se refere ao Ni. Cr e Ti (este pelo baixo valor médio). Aliás, é<br />
notàvel a carga em Ti nos seepage sobre as rochas regionais do Grupo Araxá.<br />
Baseado nos dados do Quadro 9, calculou-se um limiar para os elementos em função da<br />
litologia, observando-se <strong>de</strong>ste modo que não se tinha anomalias na área em estudo, salvo para Ni e<br />
Cr nos seepage associados a rochas ultrabásicas. Esta observação serve para mostrar que, em termos<br />
<strong>de</strong> anomalia, o uso <strong>de</strong>ste material é <strong>de</strong> difícil interpretação (não há mineralizações propriamente<br />
ditas a níquel e existe uma <strong>de</strong> cromita no Morro da Magnesita). No nosso enten<strong>de</strong>r a vantagem<br />
<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> amostragem, resi<strong>de</strong> na maior representabilida<strong>de</strong> em área <strong>de</strong> amostra quando comparada<br />
com amostragem <strong>de</strong> solos. Há ainda a consi<strong>de</strong>rar, o perigo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s flutuações nos valores<br />
obtidos em amostragem <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> solos <strong>de</strong>ntro da área <strong>de</strong> um mesmo seepage, além da<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fixar-se o material amostrado que já foi discutido.
QUADRO 9<br />
Valores do Background ~mppm), <strong>de</strong> Seepage<br />
em diferentes litologias<br />
Litalagias Ni Cu Ca Cr Ti<br />
Sala<br />
Laterítica<br />
83 39 91 72<br />
4.136<br />
Leptinitos 45 32 60 34 3.288<br />
Biatita<br />
Quartzaxista 48 18 88 129 6.860<br />
Biatitaxisto 74 26 1 1 2 76 4.860<br />
Anfibalita& 47 42 1 1 5 47 -<br />
Mascavita<br />
Gnaisses<br />
RIBEIRO, GOMES DE sA, OLIVEIRA 207<br />
SEDIMENTOS ATIVOS DE DRENAGEM<br />
A baci~ hidragráfica do. Ribeirão. Paraisa, com 173,6 km2, passibilitou um estudo. da<br />
dispersão. <strong>de</strong> alguns elementas associados a rochas ultrabásicas não. mineralizadas em sulfetas e<br />
52 20<br />
75 38 5.131<br />
Ultrabásicas 886 37 105 949 2.050<br />
mineralizadas à cramita. A amastragem fo.i realizada seja so.bre o.próprio. co.rpo, seja so.bre pontas<br />
influenciadas por ele au ainda, so.bre po.ntos livres <strong>de</strong>sta influência (background regio.nal). Os resultadas<br />
estão. no. Quadro 10 e as po.ntos amo.strado.s na Figura 8. De cada amo.stra, duas frações<br />
granulo.métricas fo.ram analisadas: a fina (- 80 + 120 mesh) e a gro.ssa (+ 80 mesh); a fina farneceu<br />
as maio.res teares para to.do.s as elementas do.sado.s. Para cada panto. calculo.u-se a percentagem das<br />
litalagias que contribuiram para a fo.rmação. da amo.stra; a <strong>de</strong> número. 12, par exemplo., fo.i fo.rmada<br />
unicamente par material pro.veniente das serpentinito.s; as amo.stras 1, 2, 4, 6, 10 e 11 sofrem a<br />
co.ntribuição. <strong>de</strong>sta lito.lo.gia em percentagens <strong>de</strong>crescentes.<br />
O co.mportamento. geo.químico. das elemento.s dispersas a partir do. maciço. serpentinítico.,<br />
fica claramente expo.sto. pelas número.s o.btido.s. Vemo.s que o.níquel <strong>de</strong>cresce gradualmente <strong>de</strong> 4.340<br />
ppm até 125 ppm, a 16 km do. Mo.rro. Paraíso.; a 20 km do. mesmo.( (po.nta 11), o.vaIar <strong>de</strong> 95 ppm po.<strong>de</strong><br />
ser co.nfundido. com o. vaIar médio. das rochas regianais percarridas por esta drenagem (entre 75 e<br />
120 ppm Ni). Já o.cro.ma, o.riginado. do. Mo.rra da Magnesita,(Fig. 8), apresenta-se com 145 ppm no.<br />
ponto. 11 situado. a 23 km da sua fo.nte, <strong>de</strong>stacando.-se das rachas regio.nais (20 a 140 ppm CrI. O<br />
cobalto. apresentou \lIIla dispersão. semelhante a do. níquel sendo. <strong>de</strong>tectável até no. ponto 6.<br />
Quanto ao. co.bre, pensamo.s que as resultadas aqui abtido.s não. são. conclusivas <strong>de</strong>vido. à<br />
pobreza <strong>de</strong>ste elemento nas rachas ultrabásicas (i = 29 ppm) e salas (i = 62 ppmt do. Marra<br />
Paraiso., muito. próximas ao. background das <strong>de</strong>mais lito.lo.gias da região.. Para o. cro.ma, cabe a<br />
abjeção. <strong>de</strong> que, ao. meno.s no. que se refere ao.s vaIares absolutas, as teores o.btido.s estão. ano.rmalmente<br />
elevadas tenda-se em vista o.Mo.rra da Magnesita ter sido. lavrado..<br />
To.da a área estudada (1968 km2), teve sua drenagem amo.strada, co.m uma média <strong>de</strong> 1<br />
amo.stra para cada 20 km2. As médias das valo.res o.btido.s estão. na Tabela 11, no.tando.-se a<br />
impo.rtância do. Ni e Cr no. Ribeirão. Paraiso e a ho.mageneida<strong>de</strong> da.Cu, Co.e Mn.<br />
Cama assinalado. anterio.rmente, para cada po.nto. amastrado. (num total <strong>de</strong> 97), calculo.use<br />
as percentagem:! em áreaB <strong>de</strong> cada litologia na contribuição. para a formação. da amo.stra. A partir<br />
disto. realiza-se um estudo. estatístico. visando. a correção. das background em função. das diferentes
208 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
litologias, aplicando-se equações <strong>de</strong> regressão múltipla (Rase et alii, 1970).<br />
QUADRO 10<br />
Resultados da amostragem <strong>de</strong> sedimento<br />
ativo <strong>de</strong> corrente, fração: - 80 + 120Mesh - Ribeirão Paraiso-<br />
Ponto Influência Ni (2)<br />
C u (2)<br />
C o (2)<br />
C r (2)<br />
M n (2)<br />
(%) (1)<br />
Fe<br />
(3)<br />
"<br />
12 100,00 4340 55 370 6.240 3.400 29,00<br />
1 23,40 100 20 140 370 760 2,67<br />
2 17,00 730 20 135 3.055 695 8,05<br />
4 9,50 870 20 200 3.800 980 10,20<br />
6 6,00 420 20 145 1.715 870 6,85<br />
10 4,50 125 15 140 255 540 2,80<br />
11 4,00 95 20 120 145 780 2,82<br />
5 - 90 30 95 70 110 1,75<br />
3 - 75 10 145 60 500 2,05<br />
7 - 120 55 100 140 275 9,50<br />
8 - 60 15 125 40 825 2,90<br />
9 - 65 10 85 2(} 295 1,30<br />
13 - 80 15 140 80 310 2,10<br />
(1): Influência da Ultrabásica na formação da amostra em percentagem<br />
(2): Valores em ppm<br />
(3): Valores em percentagem<br />
-0_<br />
..<br />
r<br />
Fig. 2- Morro Paraíso- Mapa Geoquúnico do Níquel em solos.<br />
'"ou o ".0"<br />
00 /~ t;IJ1INAKIIIIVIL ,'.1.#":~Y"OIj'OTlOII !".I} M.
RIBEIRO, GOMES OE sÃ, OLIVEIRA 209<br />
QUADRO 11<br />
Méilias dos'valores obtidos nos sedimentos<br />
ativos <strong>de</strong> drenagem para as diversas bacias<br />
<strong>de</strong> captação fração analisada: - 80 + 120 Mesh<br />
Número<br />
DRenagem <strong>de</strong> Ni(1) C u (I) Co(1) Cr(l)<br />
Pontos<br />
M n (1)<br />
Rib. Paraiso 13 249 21 130 806 597 4,37<br />
Rib. Boa Vista 11 57 12 120 31 755 4,92<br />
Rio dos Bois 2 72 15 175 27 560 1,62<br />
Rib. Formiga 4 44 20 127 50 409 2,42<br />
Rib.das Posses 5 55 13 138 34 454 1,45<br />
Rib.MarimbonOO 5 43 9 100 12 619 2,46<br />
Rib. Mateiro 5 72 21 143 32 546 2,68<br />
Rib.da Mata 7 86 6 128 25 1.019 6,29<br />
Rib. Dourado 12 53 9 154 28 409 1,50<br />
Rib. Sant'ana 15 59 12 104 53 438 1,98<br />
Rib.Sta. Barbara 11 79 15 197 25 360 1,61<br />
Rio Meia Ponte 8 57 18 166 39 596 1,91<br />
(1): Valores em ppm<br />
(2): Valores em percentagem<br />
N.<br />
r<br />
- -<br />
Fig. 3- Morro Paraiso - Mapa Geoquímiéo do cobre em Solos<br />
~...1.00--'<br />
,- CUIIII.I,Of!SOTf:OIt<br />
Fe (%) (2)
210 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO<br />
BRASILEIRO DE GEOLOGIA
(i,<br />
1<br />
,.<br />
'f<br />
'00 - TEOR EM Ni I ppm)<br />
40 - TEOR EM eu t ppm J<br />
If<br />
l' (0<br />
If<br />
Jf<br />
'ROCHAS,<br />
RIBEIRO, GOMES DE sA, OLIVEIRA 211<br />
'I' B<br />
A<br />
Fig. 6- Morfologia dos SEEPAGE Visto em Plantas (A)<br />
e em Corte (B).<br />
I - VEClETAÇAO TIPO CERRADO; 2 - .RAMINEAS; 3 - 6RAVATAS E<br />
ULTRABASICAS<br />
8UIIITIS;4- MATA CILIARES e -<br />
7-<br />
SOLO PIIETOil-LENÇOL ~REÁTICO (~LUTUAÇÕES),<br />
28~<br />
~y30<br />
75<br />
15<br />
@<br />
65<br />
Fig. 7 - Amostragem <strong>de</strong> SEEPAGE em parte da Área <strong>de</strong> Crommia - Pontalina.<br />
//<br />
/<br />
FALHA<br />
30<br />
'-~<br />
110/<br />
0.'<br />
45<br />
SOLO VEIIMELHO; . - SOLO CINZA,<br />
/<br />
OREHAGEM<br />
Hf<br />
80<br />
\Jí2)<br />
(<br />
40<br />
600 120011I
212 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
I"<br />
\<br />
.<br />
I I<br />
-.-,------<br />
'<br />
_/ ~',--,<br />
, I<br />
'<br />
I<br />
Fig. 8- Amostragem em Sedimentos <strong>de</strong> Drenagem (Fração Final) da Bacia Hidrográfica do Ribeirão<br />
Paraiso.<br />
r<br />
'800<br />
HOOM.trOI<br />
DRENA,GEM<br />
-~~ PONTO AMOSTRAOO<br />
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DE ZONAS MINERALIZADAS NO COMPLEXO<br />
ULTRAMÁFICO-ALCALINO DE CATALÃO I, Go<br />
WANDERLINO TEIXEIRA DE CARVALHO., IRANILDO RODRIGUES VALENÇA.<br />
ABSTRACT<br />
Goiás, Brazil.<br />
The object of this paper is to <strong>de</strong>seribe the radiometrie 'prospeeti~ o~ ~e Çataliio I alkaline-ultramsfie Comple~ of.Catalão.<br />
This work was earried out by Metais <strong>de</strong> Goiás S/A. METAGO',T"'; Slgnl~ca?ce of the anomsly found for Catalil? I ~ dlS~USSed.:<br />
The results of the scintillometrie survey are analysed in terms of the known tltamum, mobmm, phospate, rare earth and verll11cuhte mmerahzations.<br />
The paper ends with a comparison hetween the statistical 3rd. 2nd, and 1st or<strong>de</strong>r radiometric anomslies based on 1.400 seintillometrie<br />
observations and the informstion gained during exploratory work.<br />
INTRODUçAO<br />
Este trabalho tem por objetivo comentar a prospecção radiométrica na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />
algumas das zonas mineralizadas do Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão L<br />
O Complexo Ultramáfico-A1calino <strong>de</strong> Catalão I, localizado no Município <strong>de</strong> Ouvidor,<br />
Comarca <strong>de</strong> Catalão no Sul <strong>de</strong> Góias, foi <strong>de</strong>scoberto por Hussak em 1894.<br />
A partir <strong>de</strong> 1968, a Metais <strong>de</strong> Goiás SI A- METAGO e outras empresas <strong>de</strong> mineração<br />
passaram a realizar intensivos trabalhos <strong>de</strong> pesquisas no Complexo em questão. Tendo por base as<br />
experiências anteriores, com sucesso, <strong>de</strong> levantamentos radiométricos na procura <strong>de</strong> mineralizações<br />
<strong>de</strong> nióbio, no Complexo Ultramáfico-Alcalino do Barreiro, Araxá, MG., cuja geologia é muito<br />
semelhante a <strong>de</strong> Catalão I, todas as empresas que neste último complexo, <strong>de</strong>senvolvem pesquisas,<br />
passaram a utilizar, em maior ou menor escala, esta técnica <strong>de</strong> prospecção geofísica.<br />
RESUMO DA GEOLOGIA<br />
O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I é intrusivo em metamorfitos do Grupo<br />
Araxá, que sofreram, ao longo dos contatos, processos <strong>de</strong> fenitização. De filiação ultramáfica-alcalina,<br />
os seus tipos petrográficos principais são glimeritos e, subordinadamente, piroxenitos e<br />
peridotitos serpentinizados, cortados por veios carbonatíticos (sovitos), <strong>de</strong> espessuras variáveis<br />
que, associadamente formam um conjunto rochoso, genericamente <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> silicocarbonatito.<br />
Processos <strong>de</strong> silicificação atuando sobre este conjunto rochoso conduziram ao aparecimento<br />
<strong>de</strong> silexitos, que se mostram distribuidos irregularmente por toda a área da intrusão. Um espesso<br />
manto <strong>de</strong> material alterado, <strong>de</strong> caráter laterítico, po<strong>de</strong>ndo atingir até 250 m <strong>de</strong> espessura, principalmente<br />
em sua por
214 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
N<br />
.,.00' .".0'<br />
o. 15 IOklll .<br />
MAPA DE LOCALIZAÇÃO<br />
Trabalhos <strong>de</strong> pesquisas realizados pela MET AGO e a Mineralização Catalão <strong>de</strong> Goiás no<br />
complexo em questão, levaram à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> 5 zonas mineralizadas que resultaram em expressivas<br />
reservas <strong>de</strong> nióbio, titânio, terras raras e vermiculita.<br />
ANOMALIA RADIOMÉTRICA DE CATALÃO I<br />
O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, encerra uma_gran<strong>de</strong> anomalia radiométrica.<br />
Os levantamentos aerocintilométricos ora em <strong>de</strong>senvolvimento pela CPRM; para o<br />
DNPM, na região <strong>de</strong> Catalão, com certeza irão comprovar esta afirmação. Aquela estrutura, se<br />
sobrevoada, mesmo por aeronave não apropriada para aerolevantamentos, equipada apenas com<br />
cintilômetro portátil <strong>de</strong> levantamentos terrestres, mostra uma anomalia radiométrica bas~ante<br />
evi<strong>de</strong>nte. Por exemplo, num vôo <strong>de</strong> sentido SN, a uma altura aproximada <strong>de</strong> 200 m do solo, utilizando-se<br />
cintilômetro marca SRA T-SPP2-NF, quando o avião sobrevoa os metamorfitos do Grupo<br />
Araxá, as leituras cintilométricas rápidas situam-se em tomo <strong>de</strong> 20-25 cps. Quando o avião atinge a<br />
borda fenitizada sul da estrutura, as leituras mudam bruscamente para 60 cps, aumentando gradativamente<br />
até o centro do complexo quando os valores cintilométricos chegam atingir até 400 cps.<br />
A partir daí, os valores começam a diminuir e quando o avião passa pela borda fenitizada norte, as<br />
leituras situam-se em tomo <strong>de</strong> 50 cps. Ao atingir os metamorfitos os valores cintilométricos voltam<br />
ao background regional, em tomo <strong>de</strong> 20-25 cps.<br />
No Município <strong>de</strong> Catalão, existe uma estrutura, supostamente semelhante a <strong>de</strong> Catalão<br />
I, ainda não estudada e conhecida como Catalão 11. Esta estrutura quando sobrevoada em condições<br />
semelhantes ao sobrevôo <strong>de</strong>scrito acima', realizado em Catalão I, mostrou valores <strong>de</strong> cintilometria<br />
<strong>de</strong> até 500 cps, que a primeira vista, parecem pontuais. Com certeza constitui uma outra<br />
anomalia radiométrica do sul goiano.<br />
A radiação anômala <strong>de</strong> Catalão I fica bastante caracterizada, quando se realiza um perfil<br />
cintilométrico terrestre, transversal à estrutura. Um perfil radiométrico <strong>de</strong> estrada, cortando<br />
Catalão I no sentido SW-NE, <strong>de</strong>u o gráfico da Figura 2 que mostra claramente, a sua natureza<br />
radiométrica anômala.<br />
O background regional em levantamentos terrestres situam-se entre 150 e 200 cps.<br />
A natureza da anomalia radiométrica <strong>de</strong> Catalão I ainda não está muito clara. Como<br />
ainda não existem levantamentos utilizando-se cintilômetros <strong>de</strong> multi-canais (canais <strong>de</strong> Th, U e K)<br />
não se sabe com certeza qual o elemento responsável pela maior parte da radiação. Supõe-se que o
--~<br />
800<br />
600<br />
400<br />
200<br />
o<br />
CPS<br />
o 5.000<br />
CARVALHO, VALENÇA 215<br />
P~OJETO CATALAO<br />
PERFIL CINTILOMETRICO SW -NE NO COjv1PLEXO<br />
ULTRAMÁFICO-ALCALlNO DE CATALAO I<br />
BACKGROUND REGIONAL: It;O-200 CPS<br />
CINTILOMETRO: MICROLAB MOD. 346<br />
tório seja o elemento prepon<strong>de</strong>rante vindo a seguir o urânio e por último o potássio. A principal<br />
fonte <strong>de</strong> potássio po<strong>de</strong>ria ser a flogopita, existente em quantida<strong>de</strong> nas rochas do complexo. Análises<br />
<strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> solos provenientes <strong>de</strong>sta estrutura em zonas <strong>de</strong> alta radioativida<strong>de</strong> mostraram<br />
valores variando entre 0,005 - 0,044% <strong>de</strong> U308 e 0,032 - 0,100% <strong>de</strong> Th02' Uma amostra coletada<br />
em local <strong>de</strong> alta radioativida<strong>de</strong> na borda W, fenitizada, da estrutura mostrou 28,86% Th02 e nada<br />
<strong>de</strong> U308. Análise mineralógica <strong>de</strong>sta amostra evi<strong>de</strong>nciou a pre8ença <strong>de</strong> Thorita, Goethita,<br />
Magnetita, etc.
216 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
LEVANTAMENTOS CINTILOMÉTRICOS TERRESTRES<br />
A METAGO em 1969, realizou levantamentos cintilométricos em suas áreas <strong>de</strong> pesquisas.<br />
A partir daquele ano todas as áreas concedidas pelo MME à METAGO, em Catalão I, para<br />
pesquisa, foram sistematicamente levantadas radiometricamente.<br />
Os levantamentos foram realizados obe<strong>de</strong>cendo uma malha quadrada <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> lado.<br />
O cintilômetro utilizado, <strong>de</strong> fabricação nacional, marca MICROLAB, mo<strong>de</strong>lo 346, teve bom <strong>de</strong>sempenho.<br />
O trabalho <strong>de</strong> campo é muito fácil <strong>de</strong> realizar po<strong>de</strong>ndo ficar a cargo <strong>de</strong> um técnico em<br />
mineração. Em terrenos planos e sem muita vegetação, po<strong>de</strong>-se realizar leituras em mais <strong>de</strong> uma<br />
centena <strong>de</strong> pontos.<br />
As medições foram todas elas realizadas em leitura rápida sempre em duas escalas do<br />
aparelho para se evitar erros nas medidas. A altura do cintilômetro do solo foi constante (1: 50 cm)<br />
durante todo o levantamento, realizado por uma mesma pessoa.<br />
O background regional foi <strong>de</strong>finido realizando-se uma série <strong>de</strong> perfis <strong>de</strong> estradas que<br />
convergem para -fora da estrutura, a partir <strong>de</strong> suas encaixantes, até algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> km do<br />
Complexo. As leituras variaram <strong>de</strong>ntro do intervalo 150-200 cps, que foi adotado como background<br />
regional.<br />
As leituras obtidas no campo foram plotadas em mapas <strong>de</strong> escala 1:4.000 e traçadas as<br />
diversas faixas <strong>de</strong> radiometria <strong>de</strong> acordo com a escala radiométricaadotada, obtendo-se o correspon<strong>de</strong>nte<br />
mapa radiométrico. A Figura 3 é o mapa radiométrico das área I e 11 da METAGO. Neste<br />
mapa foram <strong>de</strong>limitadas as diversas zonas mineralizadas com o objetivo <strong>de</strong> se verificar as suas<br />
relações com as diversas faixas <strong>de</strong> radiometria.<br />
Através <strong>de</strong> tratamento estatístico em 1400 leituras cintilométricas, realizadas <strong>de</strong>ntro do<br />
Complexo, foi possível obter os seguintes dados:<br />
a) - os valores cintilométricos seguem uma lei log-normal e a sua amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> variação<br />
está entre 80 e 1700 cps;<br />
b) - a média geométrica dos valores é igual a 450 cps e o <strong>de</strong>svio geométrico encontrado<br />
foi <strong>de</strong> 1,60;<br />
c) - os limiares <strong>de</strong> 38, 28 e 18 or<strong>de</strong>m tem, respectivamente, os seguintes valores: 750<br />
cps, 1000 cps e 1.450 cps.<br />
CONCLUSO~S<br />
Da interprétação dos perfis e mapas radiométricos obtidos em Catalão I, po<strong>de</strong>-se tirar as<br />
seguintes conclusões:<br />
1) - O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I encerra uma gran<strong>de</strong> anomalia<br />
radiométrica que po<strong>de</strong> ser caracterizada tanto por levantamentos aerocintilométricos como por<br />
levantamentos radiométricos terrestres. A experiência adquirida com este tipo <strong>de</strong> prospe~ão em<br />
Catalão I, indica que esta técnica é bastante apropriada e vantajosa numa eventual procura <strong>de</strong><br />
novas estruturas <strong>de</strong> geologia similar.<br />
2) - Dentro do Complexo, a região <strong>de</strong> anomalias radiométricas mais expressivas (valores<br />
<strong>de</strong> cintilometria superiores a 650 cps) apresenta uma feição linear, constituindo uma faixa <strong>de</strong><br />
formato irregular <strong>de</strong> acentuada radiação que corta transversalmente a estrutura segundo uma<br />
direção NNW-SSE e cuja largura varia <strong>de</strong> 200 a 1700 m. Dentro <strong>de</strong>sta faixa po<strong>de</strong>m aparecer<br />
algumas ilhas com radiometria mais baixa que talvez possam ser explicadas pela presença <strong>de</strong> cobertura<br />
<strong>de</strong> solos, que impediria, <strong>de</strong> certa forma, a chegada à superfície da totalida<strong>de</strong> das radiações ou<br />
pela existência <strong>de</strong> variações na composição da rocha subjacente.<br />
3) - A maior parte em área, das zonas mineralizadas em fosfato, nióbio e titânio<br />
apresentam-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta faixa <strong>de</strong> anomalias radiométricas. Os locais com teores mais elevados,<br />
nestas substâncias, coinci<strong>de</strong>m com os pontos <strong>de</strong> maior intensida<strong>de</strong> radiométrica. Assim por exemplo,<br />
os locais com teor acima <strong>de</strong> 1% Nb205 apresentam invariavelmente, valores cintilométricos<br />
iguais ou superiores a 1000 cps. As zonas mineralizadas em titânio, cujos teores são maiores que<br />
20% Ti02, apresentam radiometria igual ou superior a 800 cps. A mineralização em fosfato não
----<br />
..........<br />
LE8ENDA<br />
ZCIIA<br />
"""AL'ZAOA<br />
EM<br />
"'10 > 0,1% 0<br />
ZONA IMERAL1ZAM UM VEftMICULITA<br />
CARVALHO, VALENÇA 217<br />
PROJETO CATALAO<br />
MAPA RADlOMmlCO ~ ÁREAs Ien<br />
o.. 100 200 XX> 400.<br />
ESCALA<br />
_<br />
GRÁFICA
218 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
----.-----<br />
apresenta um comportamento tão rígido em relação à radiometria, contudo os locais com teores<br />
acima <strong>de</strong> 10% P205 e que não apresentam cobertura estéril acentuada, também mostram valores<br />
cintilométricos, freqüentemente, superiores a 800 cps. Já alguns locais, também <strong>de</strong> teores elevados<br />
em P205' às vezes, acima <strong>de</strong> 15% P205' mas que, por outro lado, apresentam cobertura estéril<br />
elevada (superior a 20 m), não apresentam radiometria <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, com as medidas cintilométricas<br />
situando-se na faixa <strong>de</strong> 650-800 cps, ou mesmo, na faixa <strong>de</strong> 4()()-650 cps.<br />
4) - Fato interessante, é a mineralização em terras raras, situar-se, preferencialmente,<br />
na faixa <strong>de</strong> radiometria <strong>de</strong> 400-650 cps em franco contraste com as mineralizações em nióbio e titânio.<br />
Esta situação, algo anômala, talvez possa ser explica da pela própria composição da mineralização<br />
<strong>de</strong> terras raras <strong>de</strong> Catalão I. Seus principais minerais, ricos em cério e lantânio são a rabdofanita<br />
(monazita hidratada), a parisita e a fIorencita. As monazitas associadas a carbonatitos, na<br />
maioria das vezes, não apresentam tório em sua estrutura como acontece com aquelas associadas a<br />
granitos e pegmatitos ácidos que, geralmente, apresentam teores <strong>de</strong> tório entre 1 e 12% Th02 e, às<br />
vezes, até 28 % Th02' sob a forma <strong>de</strong> misturas isomorfas.<br />
minerais<br />
5) - Nas zonas mineralizadas em titânio, nióbio e fosfato<br />
<strong>de</strong> urânio ou tório. Estes elementos <strong>de</strong>vem estar incorporados<br />
ainda não foram encontrados<br />
à estrutura dos minerais <strong>de</strong><br />
titânio (ilmenita, perovskita e, principalmente, o anatásio), nióbio (pirocloro) e <strong>de</strong> fosfato (apatita,<br />
gorceixita, fIorencita, etc) através <strong>de</strong> substituições diadóxicas. Locais com evi<strong>de</strong>ntes concentrações<br />
<strong>de</strong> anat.ásio, acusam mudanças bruscas das medidas cintilométricas que se tomam significativamente<br />
mais elevadas. Em vista <strong>de</strong>stes fatos, a prospecção radiométrica em Catalão I, é uma<br />
importante ferramenta na procura <strong>de</strong> locais com concentrações elevadas <strong>de</strong> titânio, nióbio e fosfato.<br />
6) - A maior parte da zona mineralizada em vermiculita apresenta radiometria situada<br />
na faixa dos 250-400 cps. Eventualmente alguns locais apresentam radiometria mais elevada, com<br />
valores entre 400-650 cps e, muito raramente, valores entre 650-800 cps e mesmo entre 800-1000<br />
cps. Nestes locais, a presença <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> titânio com tório diadóxico po<strong>de</strong>ria explicar as medidas<br />
cintilométriéas mais elevadas. Pelos menos parte da radiação existente na zona mineralizada em<br />
vermiculita, po<strong>de</strong> ser produzida pelo potássio, existente neste mineral e nas rochas ricas em fiogopita<br />
subjacentes.<br />
7) - As medidas radiométricas <strong>de</strong> Catalão I, analisadas estatísticamente, mostraram<br />
que as anomalias <strong>de</strong> 38,28 e 18 or<strong>de</strong>m situam-se, respectivamente, em tomo <strong>de</strong> 750 cps, 1000 cps e<br />
1450 cps. Os trabalhos <strong>de</strong> pesquisas (abertura <strong>de</strong> poços, furos <strong>de</strong> trado e sonda), mostraram que os<br />
locais com valores radiométricos situados na faixa <strong>de</strong> 650-800 cps são susceptíveis <strong>de</strong> mineralizações<br />
em fosfato, titânio e, muito raramente, nióbio. Portanto, o valor <strong>de</strong> 750 cps, classificado estatísticamente,<br />
como anomalia <strong>de</strong> 38 or<strong>de</strong>m, <strong>de</strong> certa forma, condiz com a realida<strong>de</strong>. Os locais com<br />
valores <strong>de</strong> radiometria <strong>de</strong> faixa 800-1000 cps estão sempre mineralizados, principalmente em titânio<br />
e fosfato e, secundariamente, em nióbio. Portanto a anomalia <strong>de</strong> 28 or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>finida estatísticamente,<br />
como sendo 1000 cps, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como verda<strong>de</strong>ira para o nióbio. Para o titânio e o<br />
fosfato, ela po<strong>de</strong>, na prática, ser consi<strong>de</strong>rada como <strong>de</strong> 18 or<strong>de</strong>m. °<br />
cálculoestatístico <strong>de</strong>finiu como<br />
sendo anomalia radiométrica <strong>de</strong> 18 or<strong>de</strong>m, Catalão I, o valor <strong>de</strong> 1450 cps. Este valor é muito alto<br />
para o titânio e o fosfato, como já foi dito anteriormente. Para o Iiióbio este valor na prática, correspon<strong>de</strong><br />
à realida<strong>de</strong>.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Os autores <strong>de</strong>sejam consignar os seus agra<strong>de</strong>cimentos à Diretoria Técnica da METAGO<br />
pela autorização <strong>de</strong> publicação <strong>de</strong>ste trabalho bem como ao geólogo Raul Minas Kuyumjian pela<br />
realização dos cálculos estatísticos referidos neste texto.<br />
Reconhecidamente agra<strong>de</strong>cem também à datilógrafa Rose Dayse Lobo <strong>de</strong> Araújo e os<br />
<strong>de</strong>senhistas Alexandre Machado Alves da Costa, Alan Kar<strong>de</strong>c Soares Baylão e Antônio Dário <strong>de</strong><br />
Araújo pelos serviços <strong>de</strong> datilografia e <strong>de</strong>senho.
CARVALHO, VALENÇA 219<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
ARAUJO, P. L.; CARVALHO, W. T.; DRUMMOND, R. M.; GUZZO, N. S. G.; KISHIDA,A. -1971- Belatoldo<strong>de</strong> doPloJ...Ca.<br />
ta1io. Inédito<br />
CARVALHO. W. T. . 19'12 - Geo e ponpectlv. <strong>de</strong> ._vel to ___100 do8 do 1)0,. UlU8búlco.AJeabo <strong>de</strong><br />
Catalão I. PaI.tl'8 proferida na Aeeoci8çio doe Geó1osoedo Centro.OMte-AGECO. Inédito<br />
KREITER, V.M. -1968-GaoIotIb1~""8J[plantloa. Moecow, Mir.
PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA DE SEDIMENTOS DE CORRENTE<br />
APLICADA À SELEÇÃO DE ÁREAS<br />
COMMINERALIZAÇÃO CUPRÍFERA<br />
NO VALE DO RIO CURAÇÁ, Da<br />
INÃCIO DE MEDEIROS DELGADO., DORIV AL CORREIA BRUNI., JOÃO DALTON DE<br />
SOUZA.<br />
ABSTRACT<br />
A geochemkal prospecting 01 the current ssdiments was used in a _rching phase 01 the Projeto Cobre, 01 intel'8et of the<br />
Departamento Nacional da Produção Mineral, carried out by the DNPM/CPRM covenant.<br />
About 3000 samples were coUected, constituted by the finer aUuvial material, according to a regular spacing 01 260 m, in a total<br />
areaof 1.200 km2.<br />
The anal)'sia were mo<strong>de</strong> for total copper, soluble copper, and nicke1, and the data were statialica1)y treated.<br />
The obtained results were reall)' surpriaing, because it were characterized the aIready known ore bodies and selected about 30<br />
anomalias, of which 8 were already confirmed as copper occurren.....<br />
INTRODUÇAO<br />
A evolução da pesquisa <strong>de</strong> cobre do distrito cuprífero do Rio Curaçá, na área compreendida<br />
pelos meridianos 39°45' e 400()()'W e pelos paralelos 9°()()'e 100()()'S obe<strong>de</strong>ceu a 3 fases distintas:<br />
1) - Prospecção geoquímica com amostragem <strong>de</strong> solo residual dirigida para o reconhecimento<br />
dos corpos máficos-ultramáficos, aos quais se associam a mineralização cuprífera;<br />
seleção <strong>de</strong> anomalias e estudos <strong>de</strong>talhados, com trincheiras e sondagens. Essa sistemática foi<br />
utilizada por La<strong>de</strong>ira et alii (1969) após os estudos pioneiros <strong>de</strong> Lewis e Santos (1966) e Barbosa et<br />
alii (1966).<br />
2) - Prospecção geoquímica <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong> corrente visando o reconhecimento e<br />
seleção <strong>de</strong> áreas -anômalas a que se convencionou <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> Alvos S, objeto do programa <strong>de</strong><br />
prospecção <strong>de</strong>talhada através <strong>de</strong> geoquímica <strong>de</strong> solo residual, geofisica, trincheiras e sondagens.<br />
3) - Prospecção semi-<strong>de</strong>talhada através <strong>de</strong> geoquímica <strong>de</strong> solo residual e geofísica,<br />
sobre áreas selecionadas com base nos controles geológicos da mineralização cuprífera, visando a<br />
<strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> zonas anômalas, objeto da prospecção <strong>de</strong>talhada, subseqüente.<br />
O uso da prospecção geoquímica <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong> corrente foi motivada, na época, pela<br />
necessida<strong>de</strong> da aplicação <strong>de</strong> um método <strong>de</strong> baixo custo operacional, capaz <strong>de</strong> selecionar áreas<br />
prioritárias para os estudos <strong>de</strong> pesquisa, <strong>de</strong>talhados, visando a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> cobre.<br />
Esse método foi inicialmente<strong>de</strong>sencorajado porLewis e Santos (1966). Mas, La<strong>de</strong>ira et<br />
alii (1969) realizando novos estudos comprovaram a utilização do método na <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anomalias<br />
<strong>de</strong> cobre total, nos sedimentos amostrados próximo.à áreas mineralizadas.<br />
Dando continuida<strong>de</strong> a esses trabalhos, foram <strong>de</strong>senvolvidos novos estudos orientativos<br />
após o que, aplicou-se sistematicamente o método em uma área <strong>de</strong> aproximadamente 1.2()() km2,<br />
incluindo as folhas (7°30' <strong>de</strong> lado) <strong>de</strong> Arapuá. Caraiba-Poço da Vaca, Bom Despacho, Santos Ares,<br />
Jaramataia, Barro Vermelho e 1/3 da folha <strong>de</strong> Poço <strong>de</strong> Fora.<br />
Com autorizaçAo do DNPM<br />
· CPRM
222 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Apesar do emprego do método ter atingido plenamente seus objetivos (seleção <strong>de</strong> áreas<br />
prioritárias para a pesquisa), consi<strong>de</strong>ra-se hoje <strong>de</strong>snecessária a sua utilização na pesquisa do cobre<br />
do vale do Rio Curaçá, face aos controles geológicos da mineralização, <strong>de</strong>finidos após a conclusão do<br />
mapeamento geológico sistemático da área do projeto, que permitem a seleção <strong>de</strong> áreas potencialmente<br />
favoráveis à mineralização cuprifera, representando a última fase da evolução do planejamento<br />
e orientação da pesquisa do cobre, na região.<br />
COMPLEMENTAÇÃO DOS ESTUDOS ORIENTATIVOS<br />
Baseado nos estudos orientativos <strong>de</strong>senvolvidos, La<strong>de</strong>ira et alii (op. cit.) apresentaram<br />
as seguintes conclusões:<br />
1) - A geoquímica <strong>de</strong> sedimentos para cobre, funciona perfeitamente na área, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
seja amostrado o nível argiloso dos aluviões.<br />
2) Os valores anômalos para cobre, encontrados nos sedimentos, oscilaram <strong>de</strong> 30 a 90<br />
ppm.<br />
3) Os teores <strong>de</strong> cromo e níquel, <strong>de</strong>terminados nas mesmas amostras, comprovaram<br />
que a distribuição <strong>de</strong>sses elementos, principalmente do níquel, ten<strong>de</strong> a acompanhar a distribuição<br />
do cobre, refletindo a constituição dos corpos máfico-ultramáficos.<br />
Complementando os estudos orientativos, <strong>de</strong>senvolveu-se novos testes nas ocorrências<br />
<strong>de</strong> Murcho e Chico Ferreira, visando:<br />
a) - Estabelecer uma técnica <strong>de</strong> amostragem para os pequenos tributários (drenagens<br />
<strong>de</strong> 38, 48, etc, or<strong>de</strong>ns) que não apresentam os níveis argilosos, normalmente só encontrados nos<br />
aluviões <strong>de</strong> 18 e 28 or<strong>de</strong>m;<br />
b) - Testar o emprego do cobre solúvel, como um método <strong>de</strong> prospecção que normalmente<br />
vem sendo aplicado, em estudos similares, em outras regiões.<br />
Na ocorrência <strong>de</strong> Murcho, as amostras foram coletadas em pequenos e médios tributários<br />
(drenagens <strong>de</strong> 38 e 28 or<strong>de</strong>ns). Nos menores tributários, dada a inexistência <strong>de</strong> níveis argilosos,<br />
realizou-se a amostragem, a título experimental, coletando-se o material argiloso acumulado<br />
sob blocos <strong>de</strong> rocha que não incomumente se encontram, ligeiramente soterrados, no curso principal<br />
<strong>de</strong>sses córregos. Para os tributários médios, tanto em Murcho como em Chico Ferreira, adotou-se a<br />
técnica <strong>de</strong> amostragem já testada por La<strong>de</strong>ira et alii (op. cit.), amostrando-se o nível mais argiloso<br />
dos aluviões, no curso principal dos riachos que drenam as áreas.<br />
Cobre total<br />
As análises para cobre total foram realizadas na fração natural da amostra, inferior a 80<br />
mesh, através da abertura com K2S207'<br />
Para a área <strong>de</strong> Murcho, os teores <strong>de</strong> cobre total, representados na Figura 1, variaram <strong>de</strong><br />
25 a 300 ppm, sendo que os valores <strong>de</strong> 25 ppm (amostras 1110-10-19 e 20) situam-se a montante da<br />
ocorrência cuprífera, fora da influência da fonte mineral. Os valores anômalos<br />
.<br />
situaram-se acima <strong>de</strong><br />
62 ppm.<br />
Para a ocorrência <strong>de</strong> Chico Ferreira, os teores <strong>de</strong> cobre variaram <strong>de</strong> 18 a 375 ppm. Nesta<br />
área, valores em torno <strong>de</strong> 25 ppm são normais nos sedimentos não influenciados pela fonte mineral,<br />
como po<strong>de</strong> se constatar nas amostras 1110-ID-55a à 62a, exibidos na Figura 3, confirmando os<br />
dados obtidos em Murcho. O limiar para esta área situou-se, também, em tomo <strong>de</strong> 62 ppm.<br />
Em ambas as áreas, a zona anômala persistiu a jusante da fonte mineral por aproximadamente<br />
600 m rio abaixo, com valores superiores a 60 ppm <strong>de</strong> Cu t. Entretanto a distribuição<br />
das maiores concentrações anômalas não persistiu rio abaixo, além dos 250m <strong>de</strong> extensão (Fig. 1 e<br />
3).<br />
Cobre solúvel<br />
As análises para cobre solúvel foram realizadas na fração natural da amostra inferior a<br />
80 mesh, mediante a extração do cobre a frio, por solução <strong>de</strong> HCl1:1.
--<br />
Rlpr"lntoçõo Qráflco dI cobre<br />
totol 1m ..dlmlntol<br />
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DELGADO, BRUNI, SOUZA<br />
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N2 DA AMOSTRA COBRE TOTAL N2 DA AMOSTRA COBRE TOTAL N9DA AMOSTRA COBRE TOTAL<br />
I ppm) lppm) I Pplll )<br />
1110 - ID - 11 50 1110-10 - 28 75 1110. ID - 740 50<br />
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" -66<br />
"- 670<br />
'- 680<br />
38<br />
150<br />
150<br />
"<br />
"<br />
"<br />
" -780<br />
. -790<br />
. -800<br />
300<br />
250<br />
250<br />
"<br />
"<br />
"<br />
"<br />
"<br />
" - 23<br />
. - 24<br />
" -25<br />
" - 26<br />
" - 27<br />
62<br />
62<br />
62<br />
175<br />
88<br />
"<br />
"<br />
"<br />
..<br />
"<br />
"-690<br />
"-700<br />
. 710<br />
'-720<br />
"<br />
38<br />
62<br />
50<br />
75<br />
"<br />
.<br />
..<br />
"<br />
..<br />
-810<br />
'-820<br />
".830<br />
. -850<br />
200<br />
150<br />
75<br />
175<br />
-730 50 . . -860 100<br />
/<br />
Y<br />
, /"<br />
I<br />
I<br />
6101. Inócio DIIQodo<br />
N.V.<br />
" - 29 62 . . -750 100<br />
Fig, 1 - Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Orientação Através da Amostragem dos Sedimentos Fluviais Ativos<br />
da Ocottência <strong>de</strong> Cobre <strong>de</strong> Murcho.<br />
223
224 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Rtprtltntoção gráflc:o dt cobrt 10-<br />
lúvel tm ..dlmtntol fluvioil orgilolol<br />
não<br />
'ãllloo,.1 15<br />
Ponto dt<br />
I<br />
10<br />
I<br />
115<br />
I<br />
20<br />
~\<br />
\tI<br />
Ocorrtncio dt Cobrt<br />
012<br />
omoltrogtm cio rtlptctivo númtro<br />
ESCALA<br />
O 100 20011I<br />
I .. I<br />
I<br />
I<br />
I ,,'"<br />
I<br />
'"<br />
)/ I"<br />
/<br />
N2DAAMOSTRA COB'?i SOLÚVELN2DA AMOSTRACOBRESOLÚVEL N2DAAMOSTRACOBRE SOLÚvEL<br />
ppm) (ppml Ippm)<br />
1I10-ID-17 . 11I0 - /D - 28 18 1I10-ID-740 /0<br />
" -18 10 -29 /5 " -750 /5<br />
"-19 5 -65 15 " -760 10<br />
~20 5 66 12 " -780 15<br />
"-<br />
21 12<br />
" -670 20 " -790 18<br />
" -22 15 " - 680 /5<br />
" -800 20<br />
"-23 15 " - 690 10 " -lia 25<br />
"-24 15 " -700 15 "-820 25<br />
1~23 15 " -710 8 " - 830 /5<br />
"-26 30 " -'720 18 " -850 20<br />
"-27 20 " -730 12 "- 8110 /2<br />
"<br />
N.V.<br />
6101. Ináclo Dtlgodo<br />
Fig..2 - Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Orientação Atra~ da Amostragem dos Sedimentos Fluviais<br />
Ativos da Ocorrência <strong>de</strong> Cobre <strong>de</strong> Murcho.
DELGADO, BRUNI, SOUZA 225<br />
Para a área <strong>de</strong> Murcho, os valores <strong>de</strong> cobre solúvel, representados na Figura 2 variaram<br />
<strong>de</strong> 5 a 30 ppm. A partir <strong>de</strong> 15 ppm os teores po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados anômalos e abaixo <strong>de</strong> 10 ppm<br />
caem na faixa <strong>de</strong> variação normal do background.<br />
Para a área <strong>de</strong> Chico Ferreira, a variação dos valores <strong>de</strong> cobre solúvel, representados na<br />
Figura 4, foi <strong>de</strong> 5 a 38ppm. ° limiar situou-se em torno <strong>de</strong> 15ppm, concordante com os resultados <strong>de</strong><br />
Murcho.<br />
Níquel<br />
As análises para níquel foram realizadas na fraçâo natural da amostra inferior a 80<br />
mesh, mediante abertura com solução <strong>de</strong> K2S207'<br />
Observando-se a distribuição do níquel com relação às oconências <strong>de</strong> cobre constatou-se<br />
que os valores mais elevados têm distribuição errática ao longo do curso dos riachos e não se situam<br />
necessariamente a jusante da fonte mineral. Este fato po<strong>de</strong>ria, apriori, contra-indicar o níquel como<br />
elemento a ser analisado neste tipo <strong>de</strong> proposição.<br />
Entretanto, a população <strong>de</strong> níquel com teores dominantemente altos, po<strong>de</strong>ria represen.<br />
tar uma população totalmente anômala, relacionada aos corpos máfico-ultrámaficos <strong>de</strong> Murcho e<br />
Chico Ferreira. Mais tar<strong>de</strong>, com as análises sistemáticas <strong>de</strong> níquel, nos sedimentos amostrados,<br />
comprovou-se esse fato, sendo a população <strong>de</strong> níquel com teores mais elevados (da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 50 pp.<br />
m) característico da presença <strong>de</strong> rochas máfica-ultramáficas.<br />
Esta observação pennitiu que freqüentemente se utilizasse as anomalias, estatísticas,<br />
<strong>de</strong> níquel, relacionadas às anomalias <strong>de</strong> cobre, nos sedimentos amostrados, como uma associação <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> valor.<br />
A relação Cu ex/Cu t (Tab. 1) é mais baixa nos riachos menores (drenagem <strong>de</strong> 3&or<strong>de</strong>m).<br />
Esse fato po<strong>de</strong> ser explicado <strong>de</strong>vido a uma dispersão singenética do cobre nos primeiros<br />
TABELA 1<br />
Concentrações <strong>de</strong> cobre e níquel em sedimentos <strong>de</strong> corrente na ocorrência <strong>de</strong> Murcho.<br />
Amostras <strong>de</strong> sedimentos a jusante do Cu t Cu ex Cu ex/ Ni<br />
corpo mineralizado. (ppm) (ppm) Cu t (ppm) Observações<br />
(anômalo) %<br />
1110-ID- 26 perto da mineralização 175 30 17 60<br />
27 70m rio abaixo 88 20 22 60 Riacho médio<br />
28 180m rio abaixo 75 18 24 50 ( drenagem <strong>de</strong><br />
29 250m rio abaixo 62 15 24 45<br />
65 300m rio abaixo 62 15 24 50 2' or<strong>de</strong>m)<br />
66 360m rio abaixo 38 12 31 60<br />
1110-ID- 80<br />
79<br />
78<br />
68<br />
67<br />
perto da mineralizaçã'o<br />
perto da mineralização<br />
60m rio abaixo<br />
210m rio abaixo<br />
240m rio abaixo<br />
250<br />
250<br />
300<br />
150<br />
150<br />
20<br />
18<br />
15<br />
15<br />
20<br />
8<br />
7<br />
5<br />
10<br />
13<br />
60<br />
80<br />
60<br />
70<br />
60<br />
Riacho pequeno<br />
( drenagem <strong>de</strong><br />
3' or<strong>de</strong>m)<br />
85<br />
86<br />
300m rio abaixo<br />
360m rio abaixo<br />
175<br />
100<br />
20<br />
12<br />
11<br />
12<br />
55<br />
60<br />
Amostras <strong>de</strong> sedimentos a montante<br />
Riacho médio<br />
do corpo mineralizado. (Background)<br />
1110-ID--19<br />
1110-ID-20<br />
25<br />
25<br />
5<br />
5<br />
20<br />
20<br />
60 (? )<br />
50 (? )<br />
( drenagem <strong>de</strong><br />
2' or<strong>de</strong>m)<br />
..<br />
Cobre <strong>de</strong>terminado mediante abertura da amostra com K2S207.<br />
Cobre <strong>de</strong>terminado mediante extração cOm HCl 1:1<br />
Todas as <strong>de</strong>terminações foram feitas a 80 mesb.
226 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
---l ~,<br />
N9 DA AMOSTRA COBRE TOTAL N9DA AMOS TRA COBRE TOTAL tl-'DA AMOSTRA COB~E TOTAL<br />
(ppm) (ppm) ppm)<br />
1110- ID - $ - 36 375 1I10-ID-$-45o 150 1110-ID- $-56a 25<br />
00<br />
-37<br />
62<br />
. -38a 62<br />
00<br />
-46a 100 oo-57a 25<br />
18<br />
00<br />
-58a 25<br />
00 - 48a<br />
00 - 390 62 . - 49a 25<br />
00 - 59a<br />
oo-40a 00 00<br />
75<br />
-50 a 18<br />
- 60a 25<br />
00<br />
-41a /50 . -54a 25 - 62a /8<br />
00 -43a 100 . -55a 25<br />
oo-44a 62<br />
,<br />
\ \<br />
\<br />
,<br />
'....<br />
~~<br />
'- .<br />
~, ....<br />
Representoçoo grofico <strong>de</strong> cobre ---<br />
toUI em sedimentos fluvla" argilosos<br />
~!!~<br />
08t. 111<br />
30 60 90 120 lISO 3711<br />
(Õ'<br />
\~I<br />
Ocorrencio <strong>de</strong> Cobre<br />
036<br />
Ponto <strong>de</strong> amostragem elo respectivo número<br />
ESCALA<br />
o 100 200m<br />
I . I<br />
, ,\\\\<br />
I '" ,<br />
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I<br />
I<br />
I<br />
I,<br />
60<br />
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N.v.<br />
I<br />
I /,<br />
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I<br />
1/<br />
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I<br />
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I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
/<br />
/<br />
/<br />
/<br />
'....<br />
Ge'õr lnácla Delgado<br />
Fig. 3 - Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Orientação Através da Amostragem dos Sedimentos Fluviais<br />
Ativos da Ocorrência <strong>de</strong> Cobre <strong>de</strong> Chico Ferreira.<br />
25
~<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
--l.._<br />
,<br />
,\<br />
, " ,<br />
R.prtllRtação 9ráfico d. cobr. ~-,<br />
lú,,1 "<br />
'11I ..dllll.ntal fluvloll or9i10101'nilo<br />
t--- I I I I I I<br />
OlllOlt.<br />
4 . 111 20 !O 40<br />
'~<br />
Ocorrencio d. Cobre<br />
040<br />
Ponto d. 01ll01tr09.111 cIo r'lIIeetlvo<br />
ESCALA<br />
O 100 200In . I<br />
DELGADO, BRUNI, SOUZA<br />
N9 DA AMOSTRA COBRE SOLÚVE N9 DA AMOSTRA COBRE SOLÚVEL ~DAAMOSTRA COBRE SOLÚVEL<br />
IpplII} IpplII) IpplII)<br />
1110 - ID - $-36 15 1110-ID -$ -440 12 1I10-ID-$-550 8<br />
"\ \\<br />
nÚM'ro<br />
>-.,<br />
I<br />
\ / \<br />
,,1 \ , \<br />
,," \<br />
"<br />
"-37 15 "-450 38 11-560 8<br />
"-38 10 "- 460 25 1"- 570 8<br />
"-390 10 " -480 8 "-580 8<br />
1'400 10 "-490 4 "-590 5<br />
"- 4Jo 25 "-!SOa 10 "-600 8<br />
"430 30 '-540 10 !620 8<br />
,,<br />
I,<br />
I<br />
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.../<br />
N.v.<br />
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I<br />
I<br />
I<br />
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I<br />
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I<br />
I<br />
I<br />
/<br />
/<br />
-..... "<br />
-,<br />
6.;;:--/IIG8Io D.190do<br />
Fig. 4 - Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Orientação Através da Amostragem dos Sedimentos Fluviais<br />
Ativos da Ocorrência <strong>de</strong> Cobre <strong>de</strong> Chico Ferreira.<br />
I<br />
1<br />
I,<br />
I,<br />
I,<br />
I<br />
I /<br />
227
228 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
TABELA 2<br />
Concentrações <strong>de</strong> cobre e níquel em sedimentos <strong>de</strong> corrente na ocorrência <strong>de</strong> Chico Ferreira<br />
Amostras <strong>de</strong> sedimentos a jusante do<br />
** *** Cu ex/<br />
corpo mineralizado. Cu t Cu ex. Cut Ni Observações<br />
(anômalas) (ppm) (ppm) % (ppm)<br />
1l1O-ID- 36 Perto da mineralização 375 15 4 50 Riacho médio<br />
41 80m rio abaixo 150 25 16 75<br />
43 150m rio abaixo 100 30 30 85 (drenagem <strong>de</strong><br />
44 230m rio abaixo 62* 12* 19* 70<br />
45 280m rio abaixo 150 38 25 90 2!l or<strong>de</strong>m)<br />
46 350m rio abaixo 100 25 25 55<br />
Amostras <strong>de</strong> sedimentos a montante<br />
do corpo mineralizado. (Background)<br />
Riacho gran<strong>de</strong><br />
1l1O-ID- 58 25 8 32 35 (?)<br />
59 25 5 20 60 (? ) drenagem <strong>de</strong><br />
60 25 8 32 30 (? )<br />
62 18 8 44 35 (? ) l!l or<strong>de</strong>m)<br />
Amostra provavelmente contaminada por material da barreira do riacho.<br />
Cobre <strong>de</strong>terminado mediante abertura com K2S207.<br />
... Cobre <strong>de</strong>terminado mediante extração com HCI I :1.<br />
Todas as <strong>de</strong>terminações foram feitas a 80 mesh,<br />
estágios <strong>de</strong> erosão (o corpo aflora apresentando uma disseminação <strong>de</strong> sulfetos), ou, o que é mais<br />
provável, a maior aci<strong>de</strong>z do pH próximo da zona <strong>de</strong> sulfetos, hipótese reforçada pelo fato da relação<br />
Cu.ex/Cu.t aumentar com a distancia da fonte mineral. Na ocorrência <strong>de</strong> Chico Ferreira, a relação<br />
Cu.ex/Cu. t também diminui ao se aproximar da mineralização, caindo até 4 % (Tab. 2).<br />
Conclusões estraidas dos estudos orientativos<br />
1) - Ratificando as afirmativas <strong>de</strong> La<strong>de</strong>ira et aJii (1969), a amostragem dos sedimentos<br />
<strong>de</strong> corrente funciona perfeitamente como método geoquímico <strong>de</strong> reconhecimento para cobre, no vale<br />
do Rio Curaçá, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja amostrado o nível apropriado dos aluviões, que no caso <strong>de</strong>ve ser o<br />
nível argiloso, encontrado normalmente sobre as drenagens <strong>de</strong> 18 e 28 or<strong>de</strong>m. Para os pequenos<br />
tributários a amostragem <strong>de</strong>ve se processar sobre os sedimentos argilosos acumulados junto e<br />
abaixo dos blocos <strong>de</strong> rochas que se encontram soterrados no curso <strong>de</strong>sses córregos.<br />
2) - Os valores <strong>de</strong> cobre total e cobre solúvel apresentam contrastes bem acentuados<br />
próximo às ocorrências cupríferas, atingindo, para cobre total, até 15 vezes o valor do background<br />
<strong>de</strong> Cu t e, para cobre solúvel, até 7 vezes o valor do background <strong>de</strong> Cu ex. Em que pese o menor<br />
contraste, o cobre solúvel apresentou maior dispersão ao longo do curso dos riachos, favorecendo a<br />
sua aplicação como método <strong>de</strong> reconhecimento geoquímico, com os valores anômalos persistindo rio<br />
abaixo até 700 m distante da fonte do metal;<br />
3) - Em função da dispersão do cobre ao longo dos sedimentos ativos, concluiu-se que o<br />
intervalo <strong>de</strong> amostragem não <strong>de</strong>ve ultrapassar 250 m. A escolha <strong>de</strong>sse espaçamento permite que nas<br />
zonas anômalas, <strong>de</strong>tectadas pelo reconhecimento geoquímico, pelo menos duas amostras apresentem<br />
valores altos. Isto.diminui, em escala <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>, a interpretação <strong>de</strong> anomalias <strong>de</strong>vido a<br />
erros isolados <strong>de</strong> amostragem ou analíticos.<br />
4) - Há um evi<strong>de</strong>nte processo <strong>de</strong> diluição dos valores geoquímicos quando um tributário<br />
<strong>de</strong>sagua em outro. Este fenômeno po<strong>de</strong> conduzir ao <strong>de</strong>saparecimento completo <strong>de</strong> uma anomalia<br />
geoquímica, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do volume dos aluviões <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados riachos que drenam a região.<br />
5) - Com base nos trabalhos orientativos, estimou-se os seguintes valores <strong>de</strong> background<br />
e threshold para os pequenos e médios tributários (drenagens <strong>de</strong> 38 e 28 or<strong>de</strong>m).<br />
Elemento analisado Background Threshold<br />
(ppm) (ppm)<br />
Cobre total<br />
Cobre Solúvel<br />
25 60<br />
5 15'<br />
-- ---
DELGADO, BRUNI, SOUZA 229<br />
Para os tributários maiores (drenagens <strong>de</strong> 1 & or<strong>de</strong>m), estimou-se os limiares <strong>de</strong> 50 ppm<br />
para cobre total e 10 ppm para cobre solúvel.<br />
6) - Em termos econômicos, apesar da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> elevada <strong>de</strong> amostragem para o reconhecimento<br />
geoquímico (conclusão chegada em função dos estudos orientativos), o número <strong>de</strong><br />
amostras <strong>de</strong> sedimentos necessários para cobrir uma <strong>de</strong>terminada folha ainda é 5 vezes. menor do<br />
que se a amostragem se processasse sobre o solo residual.<br />
ESPECIFICAÇOES T:€CNICAS<br />
A amostragem sistemática obe<strong>de</strong>ceu a seguinte orientação técnica:<br />
1) . Amostragem dos níveis argilosos dos aluviões no centro do canal<br />
riachos, correspon<strong>de</strong>nte às drenagens <strong>de</strong> 1<br />
principal dos<br />
& e 2& or<strong>de</strong>m;<br />
2) - Amostragem do material fino acumulado junto ou sob os blocos <strong>de</strong> rochas ou<br />
afloramentos, encontrados nas drenagens <strong>de</strong> 3&or<strong>de</strong>m ou inferiores (4&,5&, etc);<br />
3) - Coleta <strong>de</strong> amostras a intervalos aproximadamente iguais a 250 m;<br />
4) - Coleta <strong>de</strong> material próximo à confluência dos tributários para análise dos problemas<br />
<strong>de</strong> diluição e barreiras geoquimicas (Hawkes e Webb, 1962).<br />
As análises foram realizadas na fração natural da amostra, inferior a 80 mesh, para<br />
cobre total (teste colorimétrico pela 2.2 biquinolina com abertura pelo K2S207); cobre solúvel<br />
(colorimétrico com abertura pelo HCI1.1) e níquel (colorimétrico pela 2.furildioxina com abertura<br />
pelo K2S207)'<br />
Os erros analiticos e <strong>de</strong> amostragem aparecem insignificantes, em termos práticos, não<br />
acarretando maiores problemas a interpretação geoquimica.<br />
Foram adotados os critérios estabelecidos por Garret (1969) para estimativa dos erros,<br />
utilizando-se para isso o resultados referentes a cerca <strong>de</strong> 50 sítios prospectados, com coleta <strong>de</strong><br />
amostras <strong>de</strong> rotina e replicata.<br />
A variância combinada, analítica e <strong>de</strong> amostragem, foi <strong>de</strong>terminada pela equação:<br />
N<br />
\rSA 2 = ~ Li<br />
= 1<br />
("u<br />
on<strong>de</strong> V SA 2 é a variânciacombinada analítica e <strong>de</strong> amostragem.<br />
Xu. é o logritmo do valor para a amostragem<br />
Xu. é o logar.ítimo do valor para a amostra <strong>de</strong> rotina.<br />
X2i é o logarítimo do VJIlorpara a amostra replicada.<br />
N é o número <strong>de</strong> replicadas.<br />
A variabilida<strong>de</strong> total dos dados foi computada pelo método usual.<br />
N<br />
f( D2=~ ~ (Xli_XI)2<br />
\I N-I<br />
i-I<br />
on<strong>de</strong> V' D2 é a variância dos dados<br />
2<br />
Foi registrado para F = 1T2D/ fT2SA (expressão do significado da variância do con.<br />
junto comparada ao erro inerente ao método <strong>de</strong> coleta e análise das amostras) valor superior a 4.0,<br />
evi<strong>de</strong>nciando que os erros <strong>de</strong>tectados são praticamente insignificantes (Garret. 1969), enquanto<br />
que o grau da precisão analitica e <strong>de</strong> amostragem situa-se na faixa <strong>de</strong> confiança (p 1.0) estimada<br />
pelos cálculos para os resultados obtidos nas análises do sedimento.
230 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
.....<br />
BOM Ct:SPACHO<br />
MINIsmRlO DAS MINAS E ENERGIA<br />
DEPARTAMENTO NAOONAL DA PRODUÇÃO MINERAL<br />
SC'''.Y-D-J.SO ... .....<br />
--..t'.I I I I J b..4<br />
o . ID J8 100180_"100-:'::<br />
fIoU8dI t,.,...<br />
IIt.MIIÉT1ICO1:011 100 LOULIZA;io u ..IL,!"<br />
:L~~.~=. IA::<br />
IEICIUo I~ 11..<br />
'"IUZID....<br />
PfU U_C,<br />
10 ..Itlooo<br />
O(<br />
"li ..TI" 1151'.<br />
lIIO.IfÇio un t:08 O<br />
.11'.<br />
DlAIIO CEI"A.. .. Ir<br />
..<br />
PROJElO COBRE -CURAÇÁ<br />
REPRESENTAÇÃo GRÁ'ICA DOS VAL.ORES DE<br />
COlRE TOTAL DOSADO EM AMOSTRAS DE<br />
SEDIMENTOS ATIVOS COLErADAS NOS RIA-<br />
CHOS DA FOLHA DE BOM DESPACHO<br />
~ ~'f"'~.<br />
1171<br />
.....<br />
CA..í...-<br />
1II....,.u..:..oco...<br />
VACA<br />
.......<br />
.. ... 8".T..<br />
....CMO ..".<br />
-..,. -....<br />
CÁLCULOS ESTATlsTICOS 00 BACKGROUND E THRESHOLD<br />
HOltlZOflTAL - VÉIITICIEI ..<br />
_".<br />
OA'..<br />
TII uu,çio UOOÉtteA O[<br />
I... 01018 DO COnlLMO<br />
..C..Ato DE<br />
DUI.,ICAÇJo 00 IrO'''',A 11108O- fIOLI-<br />
1O..çio TlLUII08É 11nCA r<br />
T'I".'ULAÇio<br />
TED<br />
"I'LATII<br />
Iuw. SLOT.<br />
Para a interpretação dos dados geoquímicos que englobaram mais <strong>de</strong> S.OOQamostras<br />
constituindo cerca <strong>de</strong> 9.00Q <strong>de</strong>terminações (cobre totai, cobre solúvel e níquel), além do parâmetros<br />
já est!lbelecidos com os estudos orientativos proce<strong>de</strong>u-se um tratamento estatístico, convencional,<br />
dos dados. Nesse processamento adotou-se os seguintes critérios:<br />
1) - Separação das diversas populações geoquímicas em função das unida<strong>de</strong>s litológicas<br />
individualizadas no mapeamento geológico, utilizando-se para este fim, os divisores <strong>de</strong> água que
limitam aproximadamente essas associações em população geoquímica:<br />
da unida<strong>de</strong> Arapuá.<br />
da unida<strong>de</strong> Bom Despacho.<br />
da unida<strong>de</strong> Mary.<br />
da unida<strong>de</strong> Serra da Barriguda.<br />
das rochas granitói<strong>de</strong>s.<br />
DELGADO, BRUNI, SOUZA 231<br />
2) - Análise do tipo <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> cada uma das populações alvos, através <strong>de</strong> bistogramas<br />
e gráficos <strong>de</strong> freqüência acumulada plotados em papeis <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> contra escalas<br />
....<br />
...<br />
BOM OESPACHO<br />
5C-24-Y-0<br />
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50<br />
MINIsmRIO DAS MINAS E ENERGIA<br />
DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUÇÃO MINERAL<br />
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PROJETO COBRE - CURAÇÁ<br />
REPRESENTAÇio GRÁfiCA DOS VALORES DE<br />
COIRE SOLÚVEL DOSADO E. ..OSTRA S DE<br />
SEDI8tfNTOS ArrvoS COLETADAS IItOS .tlA-<br />
CHOS DA fOlHA DE 10M DESPACHO<br />
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--
232 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Fig. 7 - Histograma <strong>de</strong> Freqüência e Gráfico <strong>de</strong> Probalida<strong>de</strong><br />
para Cobre Total em Sedimento Ativo - Unida<strong>de</strong><br />
Mary.<br />
X ZI Zr<br />
ND-10 54,01<br />
ao -40 44,1:1<br />
j 40-10 TO _,52<br />
~80- 80 ,. . I,"<br />
....<br />
..<br />
10-100 0,41<br />
..<br />
100 .11:0<br />
0,81<br />
C '0<br />
~110-140 0.8'<br />
.. r40-'80 0,.0<br />
>::1<br />
2 110-'80 0,.0<br />
..<br />
180-100<br />
0,10<br />
..<br />
..<br />
40<br />
L.. X ZI Zr Z..<br />
0,_-0,_ tO .... ....<br />
'0<br />
0.8-1,1: ... ",44 51,80<br />
1,1 -1,1 ,.. II.S' '1,47<br />
I~ -I,' ,o. 11..87".44<br />
50 1,1<br />
-<br />
1,1 U .... ",SI<br />
J<br />
1,1- 1.4 - H._<br />
.,<br />
C<br />
.... i = 29 ppm<br />
..<br />
.. X+2S= 80 ppm<br />
i<br />
:~<br />
..<br />
::: 10<br />
ar,<br />
....<br />
o aNO 10 CI 10<br />
,<br />
..<br />
.0<br />
,o<br />
'0<br />
O.'<br />
VALOR DE CO."E TOTAL (,,1ft)<br />
( )<br />
eu<br />
0,01 , 10 .0 .. '00 toa<br />
LIMITES DOS INTERVALOS DE CLASSE (,plft eu)
~%<br />
.0<br />
..<br />
~~..<br />
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..<br />
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cn<br />
..<br />
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100<br />
10<br />
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o<br />
..J<br />
80<br />
~li: 10<br />
W<br />
~~cn 40<br />
8<br />
'"<br />
...<br />
~::::i<br />
20<br />
o<br />
2<br />
DELGADO, BRUNI, SOUZA 233<br />
aritmética ou logaritmica;<br />
3) - Cálculo do background (média aritmética ou geométrica) em função da distribuição<br />
das populações (normal ou log-normal);<br />
4) - Cálculo do limiar (threshold), nas populações simples, consi<strong>de</strong>rando o background<br />
mais duas ou três vezes o <strong>de</strong>svio padrão;<br />
5) - Em casos <strong>de</strong> mistura <strong>de</strong> populações, cálculo do threshold em função da média e<br />
<strong>de</strong>svio padrão estabelecidos a partir da provável população do background, conforme os ensinamentos<br />
<strong>de</strong> Andrews-Jones (1968).<br />
A maioria das populações mostraram tendência a seguir uma distribuição log-normal.<br />
Exemplifica-se esse fato na população <strong>de</strong> cobre total da unida<strong>de</strong> Mary. O histograma (Fig. 7)<br />
mostra uma cauda bastante alongada, apresentando uma tendência central bem mais pronunciada<br />
quando plotado em escala log-normal. Os valores <strong>de</strong> freqüência acumulada em papel <strong>de</strong> log-prohabilida<strong>de</strong><br />
se dispõem seguindo uma linha aproximadamente reta (Fig. 7).<br />
A unida<strong>de</strong> Bom Despacho constitui uma população geoquímica que ten<strong>de</strong> para uma<br />
distribuição normal. O gráfico <strong>de</strong> freqüência acumulativa para cobre total (Fig. 8) mostra uma<br />
inflexão em torno <strong>de</strong> 70 ppm, e a curva é típica <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> duas populações. O histograma<br />
mostra uma pronunciada tendência central em tomo <strong>de</strong> 40 ppm e uma possível segunda população<br />
<strong>de</strong> valores anômalos, acima <strong>de</strong> 80 ppm. A distribuição normal dos valores <strong>de</strong> cobre total é então<br />
comprovada pelo gráfico <strong>de</strong> freqüência acumulativa (Fig. 9) em papel <strong>de</strong> normal-probabilida<strong>de</strong>, dos<br />
valores separados que constituem a população ckJbackground.<br />
Na Tabela 3 apresenta-se os valores <strong>de</strong> background e threshold das diversas populações<br />
geoquímicas, calculadas estatisticamente. Nota-se que o 10 limiar (threshold) calculado como Rendo<br />
o background mais duas vezes o <strong>de</strong>svio padrão se aproxima essencialmente dos valores anômalos<br />
COBRE TOTAL (ppm)<br />
10<br />
I<br />
20<br />
I I<br />
50 40<br />
X Zi Zr Zoe<br />
NO- 20 8 4,65 4,65<br />
20- 40 87 50,58 55,23<br />
40-60 62 36,04 91,27<br />
60 -80 4 2,32 93,59<br />
80-100 2 1,16 94,75<br />
100-120 6 3,48 98,23<br />
140-160 3 t,74 99,97<br />
X = 43 ppm<br />
X + 2 S = 89 ppm<br />
10 70 10<br />
'0<br />
'0<br />
FREQÜENCIA ACUMULATlVA (%) EM ESCALA DE PROBABILIDADE<br />
,<br />
.<br />
..<br />
,<br />
..<br />
, I<br />
'9,' 9',9<br />
Fig. 8 - Histograma <strong>de</strong> Freqüência e Gráfico <strong>de</strong> Distribuição da Freqüência Acumulativa para Cobre Total<br />
em Sedimento Ativo Unida<strong>de</strong> Bom Despacho.
234 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
obtidos nos estudos orientativos.<br />
.U<br />
10<br />
70<br />
e .. 60<br />
..<br />
X ZI Zr Zoe<br />
tO-20 7 4.37 4,37<br />
20-30 . 29 18,12 22,49<br />
30-40 ~8 36,2~ ~7,74<br />
40- 50 38 23,7~ B2,49<br />
~0-60 24 1~,OO 97,49<br />
70-80 4 2,~0 99,99<br />
X ,<br />
39 ppm .0<br />
X+ 2S'63ppm<br />
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS<br />
A preparação dos mapas geoquímicos <strong>de</strong> aluvião obe<strong>de</strong>ceu a critérios bastante simples,<br />
por se tratar <strong>de</strong> um único tipo <strong>de</strong> amostragem. Foi estudado um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> representação gráfica<br />
para cobre total, cobre solúvel e níquel, em que fosse visualizado o máximo <strong>de</strong> variações dos valores<br />
<strong>de</strong> background e threshold, a fim <strong>de</strong> facilitar a interpretação dos dados geoquímicos.<br />
Foram preparados 3 mapas geoquímicos (cobre total, cobre solúvel e níquel total) para<br />
cada folha amostrada, totalizando 21 mapas <strong>de</strong> representação gráfica <strong>de</strong> teores geoquímicos. Para<br />
ilustração serão apresentados neste trabalho os mapas confeccionados para a folha <strong>de</strong> Bom<br />
Despacho.<br />
Em cada anomalia geoquímica foi <strong>de</strong>limitada uma área que correspon<strong>de</strong> à área <strong>de</strong><br />
influência da anomalia, consi<strong>de</strong>rando-se para isto, os divisores <strong>de</strong> água que circundam os riachos,<br />
com teores elevados.<br />
A superposição das áreas <strong>de</strong> influência das anomalias <strong>de</strong> cobre total, sobre solúvel e<br />
níquel, <strong>de</strong> cada folha amostrada, acha-se representado em plantas, exemplificado na folha <strong>de</strong> Bom<br />
Despacho, com a indicação dos alvos para prospecção mais <strong>de</strong>talhada.<br />
A importância <strong>de</strong> cada alvo pren<strong>de</strong>-se, inicialmente, à superposição das anomalias <strong>de</strong><br />
cobre total, solúvel e níquel; à intensida<strong>de</strong> dos valores anômalos e a sua distribuição ao longo do<br />
curso do rio.<br />
'"<br />
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(/)<br />
'" ..J .0<br />
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20<br />
10<br />
o<br />
o 10 20 30 40<br />
'0<br />
60 70 10<br />
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'"><br />
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'" ..J<br />
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10<br />
'"~ .0<br />
o<br />
'"o:<br />
...<br />
'0<br />
o 01020'°4050607080<br />
FREQÚENCIA ACUMULATIVA (%) EM ESCALA DE PROBABILIDADE<br />
C08RE TOTAL (ppm)<br />
.. te ti 99,9 99,99<br />
Fig. 9 - Histograma <strong>de</strong> Freqüência e Gráfico <strong>de</strong> Freqüência Acumulativa para Cobre Total em Sedimento<br />
Ativo. Unida<strong>de</strong> Bom Despacho.<br />
".'
Folha <strong>de</strong> Bom Despacho<br />
População Cobre total Cobre Solúvel Níquel<br />
Litologias principais<br />
I<br />
das unida<strong>de</strong>s Background Threshold (ppm)<br />
Background Threshold (ppm)<br />
Background Threshold (ppm)<br />
ppm<br />
ppm<br />
ppm<br />
Geoquímica<br />
LI 12<br />
LI L2<br />
LI L2<br />
Unida<strong>de</strong> Biotita-gnaisse,<br />
quartzo-feldspato 20 65 117 3 10 18 10 42 85<br />
Arapuá gnaisse, anfibolito.<br />
Unida<strong>de</strong> Calcosilicatadas,<br />
Bom<br />
Despacho<br />
anfibolito, granada<br />
gnaisse<br />
43, 39" 89,63<br />
"<br />
Biotita-gnaisse<br />
Unida<strong>de</strong> migrnatizado,<br />
MARY corpos máficos<br />
ultramáficos.<br />
22 80 150 4<br />
112,75" 7, 6" 13,1 I" 16,13" 23 55 71<br />
13 23 14 42 71<br />
Rochas Granitos, gnaisse<br />
sieníticos, gnais- 18 40 60 3 8 14 6 24 47<br />
granitoi<strong>de</strong>s ses porfiroblásticos.<br />
Unida<strong>de</strong><br />
Serra da<br />
Barriguda<br />
Granulitos<br />
DELGADO, BRUNI, SOUZA 235<br />
É apresentado o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> interpretação dos dados <strong>de</strong> prospecção nos sedimentos <strong>de</strong><br />
corrente da folha <strong>de</strong> Bom Despacho, selecionada para ilustração <strong>de</strong>sse trabalho.<br />
No centro da folha aparece uma gran<strong>de</strong> zona anômala para cobre solúvel on<strong>de</strong> figuram<br />
áreas mais restritas <strong>de</strong> anomalias <strong>de</strong> cobre total e eventualmente níquel. Outras anomalias foram<br />
interpretadas na porção SE da folha.<br />
Os alvos S-6, S-7 e S-9 apresentam as melhores indicações geoquímicas, <strong>de</strong>vidos a<br />
superposição das anomalias <strong>de</strong> cobre total, solúvel e níquel. Os trabalhos <strong>de</strong> prospecção <strong>de</strong>talhada<br />
sobre estes alvos apresentaram os seguintes resultados:<br />
10) - No Alvo S-6 confirmou-se uma ocorrência <strong>de</strong> cobre caracterizada na superfície por<br />
malaquita e azurita, associada a rocha anfibolítica alterada. Esta ocorrência já erá conhecida da<br />
equipe técnica da Caraiba Metais S.A., que havia executado trabalhos <strong>de</strong> sondagem no local, razão<br />
porque não se executou nenhum trabalho adicional, <strong>de</strong> pesquisa.<br />
2) - O Alvo S-7 está localizado na faixa <strong>de</strong> quartzo-feldspato-gnaisses com intercalações<br />
abundantes <strong>de</strong> calcosilicatadas, anfibolitos e quartzitos gnaissificados, a qual no mapeamento<br />
geológico na escala 1:25.000 foi individualizada como unida<strong>de</strong> Bom Despacho. Na prospecção<br />
geoquímica em solo residual, realizada sobre o alvo, foram representados valores <strong>de</strong> 250, 1.300 e até<br />
1.400ppm <strong>de</strong> cobre, ao longo <strong>de</strong> um trend N -S com 1.000 m <strong>de</strong> extensão. A paralização dos trabalhos<br />
do projeto impediu que se continuasse a pesquisa no lc.cal.<br />
3) - Os levantamentos geológico-geoquimicos realizados no Alvo S-9 (Alvo <strong>de</strong><br />
Suçuarana) proporcionaram resultados altamente significados, tendo sido caracterizada uma<br />
extensa faixa NS p;eoquímicamente anômala, correspon<strong>de</strong>nte a um corpo <strong>de</strong> anfibolito com zonas<br />
estreitas <strong>de</strong> biotitito, impregnadas <strong>de</strong> malaquita e azurita. A cobertura residual das litologias<br />
encaixantes: quartzo-feldspato gnaisse e biotita gnaisse, revelam fracos teores <strong>de</strong> cobre, contrastando<br />
com os altos teores no solo máfico on<strong>de</strong> registra-se um halo anômalo <strong>de</strong> 1.000ppm <strong>de</strong> cobre,<br />
envolvendo uma área <strong>de</strong> (300 X 75) m. Algumas trincheiras abertas na zona geoquimicamente mais<br />
significativa atravessaram uma faixa <strong>de</strong> biotitito (e/ou c1oritito) localizado na base do corpo anfibolítico,<br />
com espessura média <strong>de</strong> 3 m, mÍneralizada com malaquita e azurita.<br />
TABELA 3<br />
Valores <strong>de</strong> Background e Threshold, cálculos estatisticamente, nas diversas populações geoqu(micas.<br />
Valores calculados em função da 'população do background.<br />
L1 =<br />
L2<br />
'"<br />
threshold<br />
threshold<br />
(lP limiar) = background<br />
(2!> limiar) = background<br />
+ 2 X <strong>de</strong>svio padrão.<br />
+ 3 X <strong>de</strong>svio padrão.<br />
26 90 166 3 6 8 6 13 16
236 ANAIS 00 XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Cumpre observar que este corpo <strong>de</strong> anfibolito não havia sido mapeado na escala<br />
1:25.000 <strong>de</strong>vido a extensa zona <strong>de</strong> aluviões que o circunda, <strong>de</strong>scaracterizando a tonalida<strong>de</strong> fotogeológica.<br />
A suspensão dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa impediu que se chegasse a conclusão quanto a<br />
potencialida<strong>de</strong> da área.<br />
Na área total pesquisada<br />
Áreas já comprovadamente mineralizadas como a jazida <strong>de</strong> Caraiba, os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong><br />
Lagoa <strong>de</strong> Mina e Cercado Velho (Fig. 10) e diversas ocorrências cupríferas já conhecidas, foram<br />
caracterizadas por anomalias geoquímicas, nesta prospecção <strong>de</strong> reconhecimento, comprovando a<br />
eficiência do método na seleção <strong>de</strong> áreas prospectáveis.<br />
,.<br />
,4---<br />
/'<br />
:: / ~ Fig. 10 -REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS TEORES<br />
~ DE COBRE TOTAL DOSADOS EM A.OS-<br />
(<br />
... ". 1.. TRAS DE SEDIMENTOS DE CORRENTE CA-<br />
.<br />
':::::. .. RACTERI,zANDO ANOMALIA QUE ENVOLVE<br />
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CERCADO<br />
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} J V
DELGADO, BRUNI, SOUZA 237<br />
3) - Em apenas duas <strong>de</strong>ssas 8 áreas anômalas foram executados trabalhos <strong>de</strong> geofísica<br />
através da polarização induzida, magnetometria terretre (campo total) e AFMAG, tendo-se comprovado<br />
anomalias geofísicas em ambas as áreas;<br />
4) - Em apenas uma das anomalias geofísicas foi executado um furo <strong>de</strong> sondagem,<br />
antes <strong>de</strong> encerrar as ativida<strong>de</strong>s do projeto, tendo-se comprovado disseminação <strong>de</strong> sulfetos (calcopirita,<br />
pirita e pirrotita), embora <strong>de</strong> baixo teor <strong>de</strong> cobre.<br />
CONCLUSÃO<br />
1) - A caracterização geoquímica das áreas mineralizadas j~conhecidas, como jazida <strong>de</strong><br />
Caraiba, os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> Lagoa da Mina e Cercado Velho, as ocorrências <strong>de</strong> Arapuá e Bom<br />
Despacho e, os resultados até então alcançados com a evolução dos trabalhos <strong>de</strong> prospecção nos<br />
alvos selecionados, comprovam a eficiência do método na seleção <strong>de</strong> áreas prioritárias para a pesquisa<br />
<strong>de</strong> cobre, no distrito cumprífero do Rio Curaçá.<br />
2) - As especificações técnicas usadas no trabalho, como: amostragem do nível mais<br />
argiloso dos aluviões: espaçamento <strong>de</strong> 250 m entre os pontos <strong>de</strong> amostragem; análises <strong>de</strong> cobre<br />
total, solúvel e níquel; mostraram-se tecnicamente a<strong>de</strong>quadas. Entretanto, em futuros trabalhos <strong>de</strong><br />
pesquisas sobre áreas similares, as análises <strong>de</strong> cobre solúvel po<strong>de</strong>m ser suficientes para a <strong>de</strong>tectação<br />
<strong>de</strong> anomalias geoquímicas para cobre, em sedimentos <strong>de</strong> corrente, sendo dispensável as análises <strong>de</strong><br />
cobre total, o que implica numa redução dos custos da pesquisa.<br />
3) - A técnica estatística mostrou-se a<strong>de</strong>quada, como guia disciplinar na caracterização<br />
<strong>de</strong> valores <strong>de</strong> background e threshold para cada associação litológica individualizável, tendo-se<br />
constatado que o threshold, calculado como o background somado a duas vezes o <strong>de</strong>svio padrão,<br />
apresenta uma coincidência absoluta com os limiares obtidos nos estudos orientativos.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
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GEOLOGIA E GEOQUÍMICA DE SEMI-DETALHE<br />
DO MACIÇO MÁFICO-ULTRAMÁFICO,<br />
MANGABAL I, SANCLERLÁNDIA, Go<br />
MARCELO JOSÊ RIBEIRO*, AMADEUS ACHILES PFRIMER*,<br />
CARLOS MARANHÃO GOMES DE SÃ*<br />
ABSTRACT<br />
The authors studied an area of about 25 km2 from Mangabal I mafic-ultramafic Massif, SanclerlAndia townsmp, Goias State,<br />
Brazil. The work consisted of geological mapping on the 1:15.000 scale and semi<strong>de</strong>tailed geochemical prospecting. The mafic.ultramafic Complex<br />
is represented by mafic rocks wi<strong>de</strong>ly differentiated (gabbro, norite, hiperite, olivine norite, and troctolite) and ultramafic rocks intensively<br />
affected by transformatioDs.<br />
In that area the biotite hornblen<strong>de</strong> gneisses of the Basement Complex of Goms prevai! wi<strong>de</strong>ly and are overlain by biotite muscovite<br />
gneisses and gamet muscovite shists.<br />
Rock and soi! samples were analysed for nickel, copper and cobalt and the resulta pointed out two nickel and copper anomalous<br />
areas.<br />
The comparison of the geochemical data with those of the others mafic-ultramafic Complex, pointed out the economic interest<br />
for nickel and copper in the studied area.<br />
HISTÓRICO E LOCALIZAÇÃO<br />
O maciço <strong>de</strong> Mangabal I foi reconhecido e <strong>de</strong>limitado pela primeira vez, na escala<br />
1:60.000, em 1969 (Dannietalii, 1973).<br />
O corpo está localizado a 8 km a su<strong>de</strong>ste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sanclerlândia e é cortado pela<br />
estrada Sanclerlândia-Anicuns, (Fig. 1). Ê parcialmente limitado pela Serra do Mangabal, <strong>de</strong>nominação<br />
local da Serra <strong>de</strong> São Luis, don<strong>de</strong> o nome adotado (Danni,op. cito p.189); com a <strong>de</strong>scoberta<br />
<strong>de</strong> outro corpo imediatamente a sudoeste <strong>de</strong>ste, passou-se a nomea-Ios Mangabal I e Mangabal<br />
lI, respectivamente.<br />
GEOLOGIA REGIONAL E DO MACIÇO DE MANGABAL I<br />
O maciço acha-se limitado pelo arco formado pela Serra <strong>de</strong> Mangabal (limite W e N), por<br />
gnaisses regionais (limite E) e por gnaisses regionais e xistos magnesianos (limite SI.<br />
A Serra do Mangabal é formada basicamente por granada-moscovita xistos (on<strong>de</strong> a<br />
granada mostra em afloramentos, o aspecto peculiar <strong>de</strong>sta litologia, com porfiroblastos, idiomórficos<br />
<strong>de</strong> até 2 cm, salientes na superfície), contendo intercalações <strong>de</strong> quartw-granada xistos em<br />
formas lenticulares. Subordinadamente são ainda encontrados biotita-moscovita xistos ou biotitaxistos,<br />
granatíferos ou não. Esta litologia mergulha com ângulos bem acentuados (400.500), seja<br />
para SE, seja para S, em função do arqueamento estrutural da Serra.<br />
Para norte e oeste da Serra, é encontrada uma estreita faixa <strong>de</strong> biotita-moscovita<br />
gnaisses finos, localmente com granada, concordantemente sotopostos aos xistos granitíferos.<br />
Constituem junto com os granada-xistos um apertado sinclinal. Na área mapeada há uma passagem<br />
gradual entre esta litologia e os xistos da Serra, evi<strong>de</strong>nciando uma faixa <strong>de</strong> transição constituida <strong>de</strong><br />
gnaisses mais granatíferos, com empobrecimento gradual dos feldspatos potássicos e também<br />
*METAGO
240 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
50"15'<br />
Fig. 1- Mapa <strong>de</strong> Localização<br />
gradual aumento das faixas micáceas; a textura toma-se mais xis tosa. Esta passagem é melhor<br />
observada no flanco NW da Serra do Mangabal (entre esta e o maciço, não são encontrados afloramentos<br />
<strong>de</strong> biotita-moscovita gnaisses fino I, (Fig. 21.<br />
Ao sul <strong>de</strong> Mangabal I, ocorre uma seqüência <strong>de</strong> xistos sem granada, sobrepostos aos<br />
gnaisses regionais, formados por biotita-xistos, no qual estão intercalados xistos magnesianos;<br />
clorita-xistos, actinolita-xistos, tremolita-xistos e xistos resultantes das combinações dos três<br />
principais minerais; nota-se ainda pequenas lentes <strong>de</strong> talco-xistos e <strong>de</strong> anfibolitos.<br />
Os gnaisses regionais são representados por biotita-gnaisses e biotita-homblenda<br />
gnaisse, migmatíticos, localmente com granada, com lentes <strong>de</strong> plagioclásio anfibolitos. Nas<br />
adjacências do maciço, principalmente no contato sul, o gnaisse é muito amarrotado, o que po<strong>de</strong>ria<br />
ser uma conseqüênci~ do <strong>de</strong>slocamento intrusivo do corpo.<br />
O maciço <strong>de</strong> Mangabal I tem uma forma arredondada, (com o diâmetro <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 4<br />
kml, seccionada no seu limite sul pela falha do Córrego Fundão on<strong>de</strong> os gnaisses encaixantes e os<br />
xistos magnesianos são orientados quase perpendicularmente à falha com mergulho para W. A<br />
oeste o contato é encoberto e os gnaisses regionais estão topograficamente mais elevados que o<br />
corpo. A leste e norte do maciço on<strong>de</strong> o contato é direto, aparecem homblenda-gnaisses (homblenda,<br />
an<strong>de</strong>sina, quartzo, feldspatos potássicos e epidotol, sendo este contato coberto na porção NW,<br />
on<strong>de</strong> os granada-xis tos da Serra são encontrados a pequena distância dos gabros <strong>de</strong> Mangabal I (a<br />
cerca <strong>de</strong> 30 ml; nesta parte, são encontrados xistos a cloritói<strong>de</strong> e níveis quartzosos ricos em granada<br />
e cianita. As observações <strong>de</strong> campo indicaram claramente que as rochas do maciço não estão em<br />
contato direto com os granada-xistos; entre ambas as litologias ocorrem sempre os homblendagnaisses<br />
já <strong>de</strong>scritos.<br />
O corpo <strong>de</strong> Mangabal I é diferenciado, ocorrendo rochas máficas (gabros, noritos,<br />
troctolitos, etcl e ultramáficas (dunitos e peridotitos talcificados e serpentinizados, piroxenitosl.<br />
Gran<strong>de</strong> parte do maciço é coberto por espessos solos com vegetação bem <strong>de</strong>senvolvida, sendo os<br />
afloramentos encontrados nos flancos norte, leste e sul, na quebra do relevo. Na maior parte do<br />
corpo, as exposições <strong>de</strong> gabros estão sob a forma <strong>de</strong> boul<strong>de</strong>rs semi-afloramentos em meio ao solo<br />
vermelho. Notável é a seqüência <strong>de</strong> afloramentos na porção norte do maciço, cortada pela estrada<br />
Sanclerlândia-Anicuns; os afloramentos das rochas ultramáficas estão restritos ao vale do Córrego<br />
Fundão, (Fig. 21.<br />
No meio dos gabros, duas ocorrências <strong>de</strong> magnetita titanífera são observadas, em<br />
afloramentos restritos, tendo o maior <strong>de</strong>les 5 X 10 m; estas <strong>de</strong>verão ser objeto <strong>de</strong> posterior estudo<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe.<br />
As evidências estruturais sugerem a interpretação do corpo Mangabal I, como sendo um<br />
lopolito (Fig. 2, A-BI. A situação das encaixantes (gnaisses regionais com os granada-xistosl,<br />
N
~ .....<br />
......... ........<br />
lliililiill .........<br />
mmBmI<br />
RIBEIRO, PFRIMER, GOMES DE SÁ 241<br />
Serro do Mangobol<br />
--<br />
CONVENÇOES<br />
CROSTA LATERínCA /--."" Contato inferido<br />
ROCHAS MAFICAS: gabros,noritos,hiperitos,<br />
olivina-noritos I troctolitos.<br />
ROCHAS ULTRAMÁFICAS: dunitos,peridotitos.<br />
piroXtnitos transformodos.<br />
~ XISTOS MAGNESIANOS: talco-actinolito-<br />
A 1\ /to xistos-tolco -clorita xistostc/núcleos<br />
<strong>de</strong> talco xistoe lentes <strong>de</strong> anfibolitos.<br />
D<br />
""ICAXlsms. biotita-muscovita xistos e<br />
muscovito-biotita xis'os c/ou s/gronada,<br />
ti intercalações <strong>de</strong> Quartzoxi'3tos e<br />
bioti1c- muscovito Qnoisses finos na ba se.<br />
HORNBLENDA GNAISSES: biotita-hom<br />
bllndo gnoisses e epidoto- hornbllndã<br />
gnoisses migmatíticos, localmente c/<br />
granado e níveis <strong>de</strong> plaOiclósio onfi-<br />
bo lito.<br />
Fig. 2- Mapa <strong>de</strong> Corte Geológico do Maciço Mangaball<br />
/"-- Contoto<strong>de</strong>finido<br />
_-- Folha<br />
>--<br />
.=====<br />
Atitu<strong>de</strong> do comodo<br />
Estrado<br />
/ Caminho<br />
Drenagem ~<br />
D... : Alexondre Coeta<br />
N. V.
242 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
proporcionam esta idéia; as medidas realizadas mostram que estas litologias mergulham contra o<br />
maciço. As ultrabásicas que afloram as simetricamente no flanco sul da lente bicôncava. estão sob os<br />
gabros. A cristalização do magma, levou a uma diferenciação e a formação <strong>de</strong> texturas magmáticas<br />
que serão <strong>de</strong>scritas na secção seguinte.<br />
Os gnaisses a moscovita, biotita e granada os micaxistos granatíferos e os xistos magnesianos<br />
são correlacionáveis por Danni et alii (1969), no Grupo Araxá; os biotita-hornblendagnaisses<br />
migmatíticos são posicionados pelos autores como estratigraficamente mais inferiores e<br />
provavelmente pertecem ao Complexo Basal (Almeida, 1967).<br />
PETROGRAFIA<br />
As rochas máficas mostraram-se em lâminas amplamente diferenciadas. Os seguintes<br />
termos petrográficos foram <strong>de</strong>scritos:<br />
Gabros. macroscopicamente caracterizados pelos feldspatos <strong>de</strong> cor violeta. <strong>de</strong> granulação<br />
média e geralmente pouco alterados. Ao microscópio apresentam plagioclásio labradorita<br />
(An50-An52), os piroxênios diopsídio (varíeda<strong>de</strong> diálaga) e raramente augita. O hiperstênio é<br />
usualmente ausente ao contrário da olivina presente em todos os tipos <strong>de</strong> gabros. A hornblenda é<br />
sempre <strong>de</strong> uralitização e entre os minerais secundários, observa-se a presença quase que constante<br />
<strong>de</strong> epidotos (pistacita e zoisita). associados aos plagioclásios (saussuritização em graus variáveis).<br />
A apatita e opacos são os minerais acessórios quase que constantes.<br />
Noritos. caracterizados pela predominância do hiperstênio sobre o clinopiroxênio.<br />
Aquele é sempre do tipo Bushveld (Hess e Phillips. 1938), com minúsculos cristais <strong>de</strong> clinopiroxênio<br />
orientados segundo o plano (100) do ortopiroxênio (Fotomicrografia 1). Mesmo o raro hiperstênio<br />
dos gabros é <strong>de</strong>sse tipo.<br />
Fotornicrografia 1 - Face (001) <strong>de</strong> um cristal <strong>de</strong> hiperstênio<br />
tipo Bushveld com lamelas <strong>de</strong> exsolução segundo<br />
os planos <strong>de</strong> clivagem (010), em gabro. (L.P.).<br />
Hiperitos. apresentando quantida<strong>de</strong>s aproximadamente iguais <strong>de</strong> orto e clinopiroxênios.<br />
(hiperstênio, diopsídio e diálaga). sendo o hiperstênio do tipo Bushveld. Nota-se ainda a ausência <strong>de</strong><br />
quartzo e biotita nesta litologia.<br />
Como nos referimos acima, a olivina está sempre presente nas litologias citadas. Em<br />
alguns casos, um aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste mineral leva à formação <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s como olivinagabro<br />
e olivina-norito. A olivina apresenta-se em cristais arredondados e com as fraturas preenchidas<br />
por serpentinas e opacos. Normalmente há entre a olivina e o plagioclásio, a formação <strong>de</strong><br />
coroas quelefíticas. Neste caso, a coroa interna, em contato com o núcleo olivínico. é formada por<br />
ortopiroxênio, que apresenta-se em pequenos cristais orientados perpendicularmente às bordas da<br />
olivina: a coroa externa é formada por um anfibólio fibroso, com pleocroismo em tons ver<strong>de</strong>-pálido e<br />
por raros e pequenos minerais opacos. Intercrescimentos simpléticos <strong>de</strong> anfibólios e feldspatos são<br />
ocasionalmente, observados. (Fotomicrografia 2).<br />
A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> minerais opacos nos gabros po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada normal, entre os<br />
quais ocasionalmente são observados pequenos cristais <strong>de</strong> pirita, dispersos na massa rochosa. Em
RIBEIRO, PFRIMER, GOMES DE SÁ 243<br />
um afloramento a pirita mostrou-se mais abundante, formando minúsculas lentículas <strong>de</strong> pequena<br />
extensão (2 a 3 cm <strong>de</strong> comprimento por 0,5 cm <strong>de</strong> espessura).<br />
Na maioria das lâminas confeccionadas, observou-se uma textura normal nas diversas<br />
varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gabros; são rochas.homófonas, equidimensionais, on<strong>de</strong> os máficos raramente aparecem<br />
agrupados, formando pequenas manchas que dão à rocha o aspecto pintalgado. Ao microscópio,<br />
a textura granular hipidiomórfica é a mais comum, com forte idiomorfismo dos piroxênios em<br />
relação aos plagioclásios.<br />
Menos comumente, observa-se também" gabros on<strong>de</strong> a orientação dos constituintes<br />
máficos<br />
3).<br />
e félsicos é nítida ao microscópio, como conseqüência <strong>de</strong> laminação ígnea (Fotomicrografia<br />
Em alguns noritos e gabros -observa-se ao microscópio, um textura poiquilítica<br />
(Fotomicrografia 4), com gran<strong>de</strong>s cristais idiomórficos <strong>de</strong> feldspato, englobando inúmeros e pequenos<br />
cristais arredondados <strong>de</strong> piroxênio (cumulus<br />
-- , - ;- -~<br />
~. : ",..<br />
<strong>de</strong> ortopiroxênio).<br />
Fotomicrografia 3 - Gabro. Observa-se cristais <strong>de</strong> piroxênio<br />
e plagioclásio orientados evi<strong>de</strong>nciando laminação<br />
ígnea (L.N.).<br />
Fotomicrografia 4 - Gabro, Plagioclásio (labradorita)<br />
incluindo poiquiliticamente cristais <strong>de</strong> Ortopiroxênio.<br />
(L.P.)<br />
Finalmente, são encontrados a borda norte do maciço, afloramentos <strong>de</strong> um olivinanorito,<br />
com estrutura traquitói<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> apesar dos máficos constituirem apenas 20 % da rocha, a<br />
mesma é absolutamente preta, <strong>de</strong>vido a falta <strong>de</strong> coloração dos feldspatos. Ao microscópio observase<br />
uma textura ofítica-coronítica, sendo o mineral predominante o plagioclásio labradorita (An55),<br />
em cristais tabulares com uns poucos cristais zonados <strong>de</strong> núcleos mais cálcicos, predominando a<br />
macia polissintética segundo a lei da albita, mas também são encontradas as da periclina e <strong>de</strong><br />
Carslbad. Este é seguido pela olivina e esta por piroxênio. Como acessórios ocorrem biotita e magnetita.<br />
Há ainda anfibólio e espinela como minerais secundários.<br />
Os contornos da olivina são a grosso modo idiomorfos, mas modificados por coroa<br />
quelifítica no contato com o plagioclásio. Estas coroas são bastante largas e substituem tanto a<br />
olivina quanto o plagioclásio.<br />
O piroxênio-hiperstênio, ocorre nas coroas quelifíticas e intersticialmente nas áreas<br />
<strong>de</strong>ixadas pelos cristais <strong>de</strong> plagioclásio, tendo cristalizado assim com formas angulosas diversas<br />
(fotomicrografia 5). Não há inclusões <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>sses constituintes minerais no outro.<br />
A parte interna das coroas queli~íticas é formada por piroxênio, castanho pálido, quase<br />
incolor. em pequenos grãos equidimensionais. A parte externa é uma simplectita muito fina, constituida<br />
por agregados radiais <strong>de</strong> espinela e anfibólio fibroso.<br />
As rochas ultramáficas apresentam-se amplamente transformadas, <strong>de</strong> tal modo que é<br />
difícil o reconhecimento da litologia original. Macroscopicamente são rochas escuras, <strong>de</strong>nsas e<br />
isótropas"Ao microscópio revelam-se uma massa constituida por serpentina (antigorita), tremolita,<br />
clorita, talco, carbonatos e opacos, <strong>de</strong>ntro da qual subsistem esparsamente restos <strong>de</strong> olivina, olivina<br />
e piroxênio, ou ainda somente piroxênio (fotomicrografia 6). Cremos, pois, estar em presença <strong>de</strong><br />
antigos dunitos, peridotitos, (lherzolitos) e piroxenitos (websteritos), amplamente transformados,<br />
sendo que esta última litologia era a mais abundante, ao julgarmos pela freqüência <strong>de</strong> rochas on<strong>de</strong><br />
os únicos relictos são os piroxênios (orto e clino).<br />
--
244 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />
Fotomicrografia 5 - Cristais idiomorfos <strong>de</strong> plagioc1ásio<br />
(labradorita), com ortopiroxênio cristalizado nos<br />
espaços intersticiais. (L.P.).<br />
QUADRO 1<br />
Ni, Cu e Co em rochas Background e razão<br />
entre pares <strong>de</strong> elemento<br />
Litologia origem Nl*) Cu( * )<br />
Co(* )<br />
NijCu NijCo CujCo<br />
Cabro Shaw, 1964 97 149 32 - - -<br />
Cabro Crixás 112 189 128 0,57 0,87 1,65<br />
Cabro Mangabal I 235 131 30 3,23 7,82 4,63<br />
Serpentinito<br />
Morro<br />
Paraiso<br />
Dunitos + Americano<br />
Peridotitos do Brasil<br />
Piroxenitos Americano<br />
do Brasil<br />
1.935 28 180 102,87 14,64 0,18<br />
2.061 729 175 8,29 6,69 1,98<br />
250 10 60 25,00 4,16 0,16<br />
Dunitos + Manga bal I 1.269 196 169 6,13 8,34 3,12<br />
Peridotitos<br />
Piroxenitos Mangabal I 335 105 38 8,81 10,17 3,51<br />
(*) Valores em PPM<br />
ELEMENTOS TRAÇOS EM ROCHAS<br />
Fotomicrografia 6 - Relictos <strong>de</strong> ortopiroxênio e olivina<br />
imersos em uma massa <strong>de</strong> talco, tremolita, c1orita,<br />
serpentina e opacos. (L.N.).<br />
No Quadro 1 colocamos os valores do background do Ni, Cu e Co, e as razões entre os<br />
pares <strong>de</strong> elementos referentes às rochas <strong>de</strong> Mangabal I e <strong>de</strong> outros maciços pesquisados pela<br />
METAIS DE GOIÃS S/A - METAGO (gabros do RioCrixás, km 146 da BR-153, Go; serpentinito<br />
do Morro Paraiso, Cromínia, Go; Complexo Máfico/Ultramáfico <strong>de</strong> Americano do Brasil, Anicuns,<br />
Go).<br />
Vemos que os gabros <strong>de</strong> Mangabal I, apresentam discrepâncias <strong>de</strong> teores em relação aos<br />
do Rio Crixás; nos primeiros o teor em Ni é mais elevado e os teores em Cu e Co menores. Como os<br />
valores médicos dos gabros <strong>de</strong> Crixás são consi<strong>de</strong>rados normais para rochas básicas não mineralizadas<br />
em sulfetos <strong>de</strong> níquel e cobre (Ribeiro, 1974), vemos que em Mangabal I temos em rochas,
RIBEIRO, PFRIMER,GOMES DE SÃ 245<br />
um anomalia negativa em Cu e Co e uma positiva em Ni. Esta última talvez possa ser explicada pela<br />
riqueza em olivina dos gabros <strong>de</strong> Mangabal I. Estes dados sugerem que as rochas básicas <strong>de</strong><br />
Mangaba I fogem à normalida<strong>de</strong>.<br />
Quanto aos peridotitos e dunitos <strong>de</strong> Mangabal I, estas rochas são mais pobres em Ni que<br />
as <strong>de</strong> Morro Paraiso (Ribeiro, Sá e Oliveira, 1974), e as <strong>de</strong> Americano do Brasil, respectivamente<br />
QUADRO 2<br />
Proporções médias dos teores em Ni, Cu e Co<br />
em rochas ultramáficas <strong>de</strong> Goiás<br />
LOCAL Ni % Cu % Co %<br />
Americano do Brasil 72,20 16,90 10,90<br />
Morro Paraíso 89,70 2,40 7,90<br />
Mangabal I (a) 74,80 17,10 8,10<br />
Mangabal I (b) 63,80 26,10 9,30<br />
(a) - Perídotitos + Dunítos; (b) - Píroxenítos<br />
não mineralizados e potencialmente mineralizados em sulfetos <strong>de</strong> níquel e cobre. O níquel como<br />
discutido por Ribeiro, Bressan e Santos (1974), não se mostrou capaz <strong>de</strong> diferenciar nitidamente<br />
estas litologias do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> uma possível ocorrência mineral. Entretanto, o conteúdo em Cu<br />
nos peridotitos e dunitos <strong>de</strong> Mangabal I (i. = 196 ppm) , embora inferiores ao teores obtidos em<br />
rochas ultramáficas <strong>de</strong> Americano do Brasil (i. = 729 ppm) é nitidamente discrepante do valores<br />
obtidos em Morro Paraiso (x = 28 ppm).<br />
A análise do Quadro 1 mostrou-nos em face dos teores obtidos, que as rochas ultramáficas<br />
<strong>de</strong> Mangabal I, ocupam uma posição bem distinta das rochas ultramáficas não minerali-<br />
Fig. 3 - DIAGRAMA TRIANGULAR N;-CII- Co PARA ROCHAS ULTRA8ÁStCAS.<br />
CAMPO 1.= ROCHAS ESTEREISõ CAMPO lI: ROCHAS POTENCIALMENTE ",_<br />
NERALlZADASj CAMPO 111= ROCHAS IttINERALlZADAS ,.:Amostros ;ndlvJ-<br />
dUOi' di 110000001 1 ; 11 i IIIi/iO 01 11 Omo3trol 01 11I0080'01 I
246 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
zadas <strong>de</strong> Morro Paraiso, o que po<strong>de</strong> ser ainda melhor <strong>de</strong>stacado, pela observação das médias das<br />
razões Ni/Cu, Ni/Co e Cu/Co, que aproximam os resultados <strong>de</strong> Mangabal I daqueles alcançados em<br />
Americano do .Brasil.<br />
Calculando-se as proporções médias dos teores <strong>de</strong> Ni, Cu e Co (Quadro 2), vemos que as<br />
ultramáficas a olivina (transformadas), <strong>de</strong> Mangabal I, enquadram-se no campo lI, <strong>de</strong>finido como o<br />
das ultramáficas potencialmente mineralizadas em sulfetos <strong>de</strong> níquel e cobre (Ribeiro, Bressan e<br />
Santos, 1974), como po<strong>de</strong> ser visto na figura 3.<br />
Observando-se os valores referentes aos piroxenitos (Quadro 1), nota-se que os <strong>de</strong><br />
Mangabal I, são discrepantes principalmente em cobre (x = 105 ppm), quando comparados com os<br />
<strong>de</strong> Amerlcano do Brasil (x = 10 ppm); nestes últimos ainda não foram observadas mineralizações,<br />
nem anomalias em solos.<br />
A simples comparação dos valores constantes do Quadro I, sugere a existência <strong>de</strong> populações<br />
distintas para as rochas ultramáficas à olivina <strong>de</strong> Mangabal I (dunitos e peridotitos),<br />
principalmente em relação ao cobre, quando comparados com as rochas não mineralizadas <strong>de</strong> Morro<br />
Paraiso. Já para as rochas máficas, teriamos uma anormalida<strong>de</strong> mais difícil <strong>de</strong> interpretar, com<br />
anomalias em Ni e <strong>de</strong>pressões em Cu e Co, po<strong>de</strong>ndo-se observar entretanto, que os valores e razões<br />
obtidos nestes gabros fogem ao padrão aceito como normal.<br />
PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA EM SOLOS<br />
A prospecção geoquímica nos solos <strong>de</strong> Mangabal I permitiu-nos uma série <strong>de</strong> observações<br />
quando da interpretação dos resultados. Ao examinar-se a distribuição dos solos na área,<br />
po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar duas situações distintas. Na maior parte do corpo temos uma ampla cobertura <strong>de</strong><br />
solos sob <strong>de</strong>nsa mata, e com, conseQÜentemente, escassos afloramentos. Bor<strong>de</strong>jando esta área<br />
plana central, temos uma zona representada por uma quebra suave na topografia, com abundantes<br />
exposições Fochosas e solos pouco espessos. Esta última zona marca os contatos norte, oeste e sul<br />
do maciço.<br />
Apesar <strong>de</strong> as encaixantes estarem topograficamente acima do corpo máfico/ultramáfico,<br />
a influência dos solos estéreis, não se faz sentir claramente, uma vez que estão separados dos solos<br />
amostrados por vales bem marcados.<br />
Os valores do background em solos, foram calculados a partir dos pontos amostrados na<br />
zona semi-circular com abundantes afloramentos, em vista da necessida<strong>de</strong> do controle litológico; na<br />
área central em função da espessura do solo e falta <strong>de</strong> afloramentos, tal cálculo não pô<strong>de</strong> ser feito.<br />
Os trabalhos <strong>de</strong> amostragem foram realizados segundo uma malha quadrada <strong>de</strong> 150 X<br />
150 m, que englobou pratlcamente todo o maciço. As amostras foram coletadas à profundida<strong>de</strong><br />
variável <strong>de</strong> 30 a 40 cm e peneiradas no local, com o recolhimento da fração compreendida entre 80 e<br />
120 mesh. Foram estas dosadas para Ni, Cu e Co, por espectrofotometria <strong>de</strong> Absorção Atômica,<br />
após ataque total.<br />
Para a realização dos cálculos estatísticos, selecionou-se a partir dos pontos referentes<br />
ao maciço, uma série <strong>de</strong> amostras sobre as quais tinham-se tanto quanto possível certeza <strong>de</strong> litologia<br />
subjacente; as <strong>de</strong>mais amostras foram <strong>de</strong>sprezadas dos cálculos, seja por falta <strong>de</strong>sta informação,<br />
seja por mostrarem valores altamente discrepantes. A par disto foram os resultados trabalhad0E!<br />
em duas classes correspon<strong>de</strong>ndo as duas divisões litológicas: solos <strong>de</strong> rochas máficas e<br />
solos <strong>de</strong> rochas ultramáficas. Visou-se com este procedimento, a obtenção <strong>de</strong> valores mais condizentes<br />
com a planície, o que é conseguido <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rândo-se as elevações mais proeminentes. Os<br />
resultados alcançados são mostrados no Quadro 3.<br />
Analisando-se os dados obtidos em solos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> gabros, com os valores médios<br />
résultantes <strong>de</strong>stas rochas, nota-se a gran<strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> do valores <strong>de</strong> Ni e Cu em ambos os materiais,<br />
e um gran<strong>de</strong> enriquecimento do Co nos solos, o que foge ao normalmente observado, ou seja,<br />
um enriquecimento dos três elementos nos solos. Quanto aos solos das ultramáficas, o baixo<br />
background do níquel (x = 626 ppm) é possivelmente reflexo <strong>de</strong> uma maior percentagem <strong>de</strong> piroxenitos<br />
(x = 335 p'pm <strong>de</strong> Ni), entre as rochas ultramáflcas, como já tínhamos observado.<br />
No Quadro 4, analisamos as anomalias obtidas na amostragem <strong>de</strong> solos <strong>de</strong> MangabaJ I.<br />
Logo à primeira vista, ressaltam os baixos resultados. Em solos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> rochas máficas, temos<br />
dois pontos anômalos em Ni e Co (contraste com o limiar, CL = 1,66 e 1,36, respectivamente), e
LITOLOGIAS<br />
RIBEIRO, PFRIMER, GOMES DE SÁ 247<br />
QUADRO 3<br />
Parâmetros estatísticos dos solos <strong>de</strong><br />
Mangabal I - valores em PPM<br />
Background (X) Limiar (L) Razão (R)<br />
Ni Cu Co Ni Cu Co NijCu NijCo CujCo<br />
Rochas Máficas 240 135 64 753 516 157 1,82 4,33 2,52<br />
Rochas Ultramáficas 626 243 108 2.148 564 234 2,35 5,32 2,43<br />
nenhum em Cu (CL = 0,76). O caso do níquel nos parece digno <strong>de</strong> maior atenção, uma vez que os<br />
gabros <strong>de</strong> Mangaba1 I, possuem teor neste elemento usualmente maiores que o normal, como vimos<br />
anteriormente.<br />
QUADRO 4<br />
Anomalias <strong>de</strong> Mangabal I<br />
segundo as Utologias<br />
Parâ-<br />
Máficas U1tramáficas<br />
metro Ni* Cu* Co* Ni* Cu* Co*<br />
X 240 135 64 626 243 108<br />
L 753 516 157 2.148 564 234<br />
Vm 1.250 395 215 2.850 465 210<br />
CB 5,20 2,92 3,35 4,55 1,91 1,94<br />
CL 1,66 0,76 1,36 1,32 0,82 0,89<br />
N9 2 O 2 2 O O<br />
X!Backgrou'!d; L: Limiar; Vm: valor máximo observado; CB: contraste<br />
(VmjX); contraste com o Limiar (VmjL); N.o: número <strong>de</strong><br />
pontos anômalos; *: valores em PPM.<br />
Para os solos <strong>de</strong>rivados das rochas ultramáficas teremos, apenas dois pontos estatisticamente<br />
anômalos em Ni e nenhum em Cu e Co. Para o níquel, um valor <strong>de</strong> 2.850 ppm (valor<br />
máximo observado), não atinge o background dos solos sobre os dunitos e peridotitos potencialmente<br />
mineralizados <strong>de</strong> Americano do Brasil (x = 3243 ppm). Entretanto, para o cobre, <strong>de</strong>veremos<br />
observar que os valores obtidos na amostragem <strong>de</strong> rochas, indicaram, seja nos dunitos-peridotitos,<br />
seja nos piroxenitos, teores anormalmente elevados, significando que o background e o limiar <strong>de</strong>ste<br />
elemento nos solos <strong>de</strong> Mangabal I, são também contrastantes. Se consi<strong>de</strong>rarmos que o background<br />
do cobre em solos <strong>de</strong> rochas ultramáficas é <strong>de</strong> 60- 70 ppm, e que o limiar está na faixa <strong>de</strong> 230-250 ppm<br />
(diminuindo estes valores em função da espessura dos solos), vê-se que o valor máximQ observado<br />
(465 ppm), e mais oito pontos (todos iguais ou superiores a 250 ppm) , são anômalos para cobre em<br />
Mangabal I.<br />
Observando-se o mapa geoquímico do níquel (Fig. 4) e do cobre (Fig. 5), nota-se a<br />
superposição dos valores mais altos. As anomalias sobre os gabros foram observadas em uma área
248 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
plana, sem afloramentos, com ampla cobertura <strong>de</strong> solos, o que torna mais significativo em nosso<br />
enten<strong>de</strong>r, os resultados obtidos. Deste modo, optou-se por consi<strong>de</strong>rar ambas as zonas anômalas<br />
como <strong>de</strong> interesse, com o conseqüente <strong>de</strong>talhamento geoquímico (malha <strong>de</strong> 50 X 50 m) executado<br />
sobre a área marcada nas Figuras 4 e 5. Os resultados <strong>de</strong>ste trabalho ainda não são disponíveis.<br />
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Fig. 5- Mapa Geoquímico do Níquel do Maciço Mangabal I<br />
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BIBLIOGRAFIA<br />
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ALMEIDA, F. F. M. - 1967 -<br />
Origem e evolução da plataforma brasileira. Boletim da Divisão <strong>de</strong> Geologm e Mineralogia do DNPM, Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
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Ultrabásicos. "(No prelo)<br />
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SA, C. M. G.; OLIVEIRA. C. A. - 1974 - Métodos geoquimicos em escalas regional e <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe aplicados d prospecção <strong>de</strong> corpos<br />
,Lltrabásicos na Area Cromínia-Pontalina, Goiás. (No prelo)<br />
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I
TRABALHO DE PESQUISA MINERAL<br />
DESENVOLVIDOS NO COMPLEXO<br />
ULTRAMÁFICO-ALCALINO DE CATALÃO I, Go.<br />
W ANDERLI~O TEIXEIRA DE CARVALHO.<br />
ABSTRACT<br />
This paper <strong>de</strong>als wiht the exploration work carried out during the study of mineral <strong>de</strong>posits of the Catalio I, alkaline ultramafic<br />
Complex, located in the Ouvidor township, Cataliio district, in the southern part of Golás State, Brazil. The preliminary investigations are<br />
presented, with especial attention to the geologica1, topographical and radiomatricalsurveys. The exploration driDing program, chemical analy.<br />
sis, mineralogical and prooossing mineral studies are also discussed. After full consi<strong>de</strong>ration of the methods applied and results obtained, an<br />
outline of present pilot-plant studies is given. The case history of this exploration indicates how a rather Complex approach was nee<strong>de</strong>d before the<br />
economic feaaability of the mining operations was completely <strong>de</strong>fined.<br />
INTRODUÇAo<br />
Este trabalho tem por objetivo enumerar e <strong>de</strong>screver, <strong>de</strong> maneira suscinta, os serviços<br />
<strong>de</strong> pesquisa mineral já <strong>de</strong>senvolvidos no Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I. Em conseqüência<br />
<strong>de</strong>stes trabalhos, foi possível a individualização <strong>de</strong> 5 mineralizações que encerram<br />
expressivas reservas <strong>de</strong> fosfato, nióbio, titânio, .terras raras e vermiculita.<br />
O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, localizado no Município <strong>de</strong> Ouvidor,<br />
Comarca <strong>de</strong> Catalão, ao sul <strong>de</strong> Goiás (Fig. 1) foi <strong>de</strong>scoberto em 1894 por Hussak.<br />
A partir da década <strong>de</strong> 50, vários técnicos ligados a empresas <strong>de</strong> mineração, nacionais e<br />
estrangeiras passaram a visitar esta estrutura, mas como não <strong>de</strong>senvolveram trabalhos <strong>de</strong> pesquisa<br />
<strong>de</strong> maior envergadura, não pu<strong>de</strong>ram visualizar as perspectivas <strong>de</strong> sua potencialida<strong>de</strong> mineral.<br />
Em meados <strong>de</strong> 1967, a Metais <strong>de</strong> Goiás SI A -MET AGO, requereu, junto ao Ministério<br />
das Minas e Energia 2 áreas para pesquisas, totalizando 986 ha, localizadas no complexo em<br />
questão. Os respectivos alvarás <strong>de</strong> pesquisa foram expedidos no início <strong>de</strong> 1968 e os trabalhos <strong>de</strong><br />
prospecção iniciados em meados daquele ano. Estes trabalhos foram notavelmente intensificados a<br />
partir <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1969.<br />
Um Alvará <strong>de</strong> Pesquisa com área <strong>de</strong> 493 ha, concedido ao Sr. Sebastião Ribeiro, em<br />
1970, <strong>de</strong>u origem a Empresa Mineração Catalão <strong>de</strong> Goiás SI A com domínio acionário do Grupo<br />
BRASIMET, que ficou encarregada dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>sta concessão.<br />
Nos anos seguintes, mais 4 Alvarás <strong>de</strong> Pesquisa totalizando 847 ha, foram concedidos a<br />
METAGO, assim como a Mineração Pato do Brasil, subsidiária da Companhia <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Mineração<br />
e Metalurgica, CBMM, que obteve a concessão <strong>de</strong> 2 áreas que cobrem o restante da área da<br />
estrutura.<br />
Em agosto <strong>de</strong> 1974 o Governo Fe<strong>de</strong>ral emitiu o primeiro Decreto <strong>de</strong> Lavra do Complexo<br />
Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, correspon<strong>de</strong>nte aos 2 primeiros Alvarás <strong>de</strong> Pesquisa da ME-<br />
TAGO. As operações <strong>de</strong> mineração e beneficiamento ainda em escala semi-industrial serão iniciadas<br />
em novembro <strong>de</strong>ste mesmo ano.<br />
A Mineração Catalão <strong>de</strong> Goiás SI A, já solicitou ao DNPM, autorização <strong>de</strong> lavra para a<br />
sua área, já pesquisada.<br />
As <strong>de</strong>mais 4 áreas <strong>de</strong> concessão da MET AGO estão sendo estudadas prevendo-se a<br />
conclusão <strong>de</strong> suas pesquisas para meados <strong>de</strong> 1975.<br />
*METAGO
252 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
A Mineração Pato do Brasil, proce<strong>de</strong>u até o momento (setembro <strong>de</strong> 1974) a realização <strong>de</strong><br />
reconhecimentos geoquímicos e radiométricos em suas duas áreas <strong>de</strong> pesquisas.<br />
RESUMO DA GEOLOGIA<br />
O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, é uma estrutura dômica, cujos eixos<br />
maior (NS) e menor (EW) me<strong>de</strong>m, respectivamente, 6,0 km e 5,5 km. De ida<strong>de</strong> cretácea superior é<br />
intrusivo em metamorfitos do Grupo Araxá, que sofreram, ao longo dos contatos, processos <strong>de</strong><br />
fenitização. E constituido por rochas ultramáficas, principalmente, glimeritos e, subordinadamente,<br />
piroxenitos e peridotitos serpentinizados, cortados por veios carbonatíticos (sovitos), <strong>de</strong><br />
espessuras variáveis, que associadamente formam um conjunto rochoso, genericamente <strong>de</strong>nominado<br />
<strong>de</strong> silicocarbonatito. Processos <strong>de</strong> silicificação agiram intensamente sobre estas rochas, condunzindo<br />
o aparecimento <strong>de</strong> silexitos, que se mostram distribuidos irregularmente por toda a área<br />
da intrusão. Esta encontra-se totalmente coberta por um espesso manto <strong>de</strong> material alterado, <strong>de</strong><br />
carater laterítico, que po<strong>de</strong> atingir até 250 m <strong>de</strong> espessura, principalmente em sua porção oeste,<br />
mostrando esparsas manchas <strong>de</strong> crostas limoníticas, que se caracterizam pela riqueza em magnetita.<br />
1RABALHOS DE PESQUISA<br />
Nas áreas <strong>de</strong> concessão da METAGO e da Mineração Catalão <strong>de</strong> Goiás SI A, além <strong>de</strong><br />
mapeamentos geológicos convencionais foram realizados os seguintes trabalhos <strong>de</strong> pesquisa: levantamentos<br />
topográficos e radiométricos, serviços <strong>de</strong> perfuração, análises químicas, estudos mineralógicos<br />
e <strong>de</strong> processamento mineral bem como avaliação <strong>de</strong> todos os dados obtidos durante o<br />
<strong>de</strong>correr dos trabalhos. A METAGO está atualmente concluindo a montagem <strong>de</strong> uma usina semiindustrial<br />
<strong>de</strong>stinada ao estudo experimental <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> seu; minério <strong>de</strong> fosfato.<br />
Levantamentos Topográficos -Trabalhos <strong>de</strong> topografia foram realizados objetivando a <strong>de</strong>marcação<br />
das áreas <strong>de</strong> concessão bem como os levantamentos plani-altimétricos <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe, necessários a<br />
elaboração dos mapas topográficos utilizados nas diversas etapas das pesquisas, em escalas que<br />
variaram entre 1:5000 e 1:1000. No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>stes levantamentos foi estabelecida, noterreno,ém<br />
todas as áreas em pesquisa, uma malha quadrada <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> lado.<br />
Levantamentos topográficos <strong>de</strong> precisão foram realizados nas obras <strong>de</strong> implantação da<br />
usina semi-industrial <strong>de</strong> concentração, e da barragem que dará origem ao reservatório d'água. Nas<br />
obras <strong>de</strong> acesso e preparação das frentes <strong>de</strong> lavra também vem sendo realizados estes serviços<br />
topográficos.<br />
Levantamentos Radiométricos -Ení Catalão I, a prospecção radiométrica é um serviço <strong>de</strong> rotina na<br />
pesquisa <strong>de</strong> qualquer nova área e é, normalmente, o primeiro trabalho executado após o estabelecimento<br />
das malhas topográficas, quadradas <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> lado.<br />
O cintilômetro usado tem sido o <strong>de</strong> marca MICROLAB mo<strong>de</strong>lo 346 com bons resultados.<br />
Com as medidas cintilométricas obtidas no campo, são elaborados mapas radiométricos,<br />
on<strong>de</strong> são visualizadas as diversas faixas <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> radiativida<strong>de</strong> encontrados. Des<strong>de</strong> o início dos<br />
trabalhos <strong>de</strong> pesquisa, já foram realizadas cerca <strong>de</strong> 1.400 leituras cintilométricas em Catalão I.<br />
Os trabalhos <strong>de</strong> perfuração (poços, furos <strong>de</strong> trado e sonda) subseqüentes aos levantamentos<br />
radiométricos tem mostrado que, no geral, as zonas com faixas <strong>de</strong> cintilometria superiores a<br />
650 cps são susceptíveis <strong>de</strong> mineralizações niobíferas, titaníferas, ou fosfáticas, sendo exceção as<br />
mineralizações <strong>de</strong> terras raras e vermiculita que se situam em faixas <strong>de</strong> valores cintilométricos<br />
menos intensos.<br />
Das mineralizações ocorrentes em Catalão I, a <strong>de</strong> titânio é a que fica melhor caracterizada<br />
com os levantamentos radiométricos, sendo notável, principalmente na região sul da<br />
intrusiva a superposição em área, da mineralização titanÍfera com as anomalias radiométricas.<br />
Nesta área os picos radiométricos mais elevados são da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1.200 cps.
CARVALHO<br />
As mineralizações em nióbio e fosfato po<strong>de</strong>m também se apresentar associadas a zonas<br />
<strong>de</strong> altas anomalias radiométricas, sendo os valores cintilométricos máximos, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1.600<br />
cps.<br />
Como no caso do titânio, ainda não foram encontradas mineralizações <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong><br />
nióbio e secundariamente <strong>de</strong> fosfato, em zonas <strong>de</strong> baixas intensida<strong>de</strong>s radiométricas.<br />
Fato interessante é a mineralização <strong>de</strong> terras raras estar localizada em uma zona <strong>de</strong><br />
média a baixa magnitu<strong>de</strong> radiométrica com os seus valores cintilométricos situando-se principalmente<br />
na faixa <strong>de</strong> 450-650 cps.<br />
A zona mineralizada em vermiculita do ponto <strong>de</strong> vista radiométrico, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada<br />
como <strong>de</strong> baixa magnitu<strong>de</strong> com os seus valores cintilométricos, situando-se, principalmente,<br />
na faixa <strong>de</strong> 250-450 cps.<br />
Perfurações - Em Catalão foram realizados os seguintes tipos <strong>de</strong> perfurações durante o <strong>de</strong>senrolar<br />
dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisas:.furos <strong>de</strong> trado, poços, sondagens rotativas, trincheiras e galerias.<br />
Furos <strong>de</strong> Trado - Nas campanhas <strong>de</strong> perfuração levada a efeito em áreas <strong>de</strong> pesquisas da<br />
MET AGO em Catalão I, o primeiro serviço normalmente executado é a realização <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> trado,<br />
inicialmente em uma malha <strong>de</strong> 200 X 200 m. A profundida<strong>de</strong> máxima atingida por estes furos é<br />
geralmente <strong>de</strong> 10 m embora furos <strong>de</strong> até 15 m já tenham sido realizados. A recuperação do material<br />
perfurado é no geral muito boa. O trado utilizado, <strong>de</strong> 4 polegadas, com haste <strong>de</strong> 3/4" e tripé <strong>de</strong> 6 m<br />
<strong>de</strong> altura é totalmente manual.<br />
A amostragem po<strong>de</strong> ser realizada a partir <strong>de</strong> todo o material retirado <strong>de</strong> cada intervalo<br />
<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> adotado, por exemplo, 0-1, 1-2, 2-3, 3-4 m, etc, ou qualquer outro intervalo <strong>de</strong>sejado.<br />
A METAGO vem adotando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa, intervalos <strong>de</strong> 2 em 2 m.<br />
A totalida<strong>de</strong> do material retirado do intervalo consi<strong>de</strong>rado, é homogenizado e quarteado em quarteador<br />
Jones <strong>de</strong> 1" até se obter um par <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> 1 kg. A primeira amostra <strong>de</strong>ste par é a representativa<br />
do intervalo <strong>de</strong> 2 m, a segunda, misturada com outras amostras dos <strong>de</strong>mais intervalos,<br />
era novamente quarteada para se obter uma amostra composta <strong>de</strong> 1 kg representativa da média <strong>de</strong><br />
todo o furo <strong>de</strong> trado.<br />
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MAPA DE LOCALIZACAO<br />
A produção média diária <strong>de</strong> uma equipe <strong>de</strong> perfuração a trado está entre 10-15 m perfurados<br />
e amostrados. O custo médio por m perfurado está em torno <strong>de</strong> Cr$ 3,00.<br />
Nas áreas <strong>de</strong> maior interesse a malha <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> trado é estreitada para 100 X 100 m.<br />
Des<strong>de</strong> o início dos trabalhos, até 31/07/74, a METAGO realizou em Catalão 13134 m<br />
lineares <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> trado. A evolução <strong>de</strong>sta perfuração, po<strong>de</strong> ser observada na Figura 2.<br />
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Fig. 2- Projeto Catalão, Evolução dos Trabalhos <strong>de</strong> perfurações e Determinações Química.<br />
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CARVALHO 255<br />
Poços - Na zona mineralizada em vermiculita e nas outras zonas mineralizadas, nos<br />
locais on<strong>de</strong> não foi possível a realização <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> trado, foram abertos pela METAGO, poços <strong>de</strong><br />
seção retangular <strong>de</strong> 1,00 X 0,80 m, com profundida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> 15 m.<br />
Amostragem dos poços foram realizadas, abrindo-se canaletas <strong>de</strong> 10 X 2 cm ao longo<br />
das duas pare<strong>de</strong>s, recolhendo-se amostras em intervalos <strong>de</strong> 2 m. O material recolhido (aproximadamente<br />
501) era quarteado, com as amostras finais sendo obtidas <strong>de</strong> maneira semelhante àquela<br />
dos furos <strong>de</strong> trado.<br />
A produção média diária <strong>de</strong> uma equipe <strong>de</strong> perfuração <strong>de</strong> poços (2 trabalhadores) está<br />
em torno <strong>de</strong> 8 m. O custo médio por m perfurado gira em torno <strong>de</strong> Cr$ 19,00.<br />
Des<strong>de</strong> o início dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa, até 31/07/74, a METAGO realizou em Catalão<br />
I 4.994 metros lineares <strong>de</strong> poços. A evolução <strong>de</strong>sta perfuração no <strong>de</strong>correr da pesquisa po<strong>de</strong> ser<br />
observada na Figura 2.<br />
A Mineração Catalão <strong>de</strong> Goiás <strong>de</strong>senvolveu gran<strong>de</strong> campanha <strong>de</strong> perfuração <strong>de</strong> poços<br />
principalmente em sua zona mineralizada a ni6bio, on<strong>de</strong> a malha obe<strong>de</strong>cida tem, em muitos locais,<br />
25 m <strong>de</strong> lado. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes poços em freqüentes ocasiões, atingiu a 30 m. Atualmente<br />
aquela empresa realiza um gran<strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> perfuração realizando uma série <strong>de</strong> shafts profundos<br />
em sua zona mineralizada a fosfato.<br />
Estima-se que a campanha <strong>de</strong> abertura<br />
Goiás já ultrapassa a casa dos 6.000 m perfurados.<br />
<strong>de</strong> poços<br />
.<br />
realizada pela Mineração Catalão <strong>de</strong><br />
----<br />
Sondagens - Os trabalhos <strong>de</strong> sondagem, realizados pela MET AGO em Catalão I constaram,<br />
em uma primeira fase, da realização <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> sonda <strong>de</strong> 50 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, segundo<br />
uma malha quadrada <strong>de</strong> 200 m <strong>de</strong> lado, nas regiões consi<strong>de</strong>radas como favoráveis pelas campanhas<br />
anteriores <strong>de</strong>radiometria, furos <strong>de</strong> trado e abertura <strong>de</strong> poços. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50 m foi adotada<br />
em face da pouca disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo e recursos financeiros entre o início das sondagens e o<br />
prazo legal <strong>de</strong> conclusão da pesquisa. Ap6s a elaboração do Relat6rio <strong>de</strong> Pesquisa para o DNPM,<br />
todas as sondagens foram e continuam sendo <strong>de</strong>senvolvidas até a rocha fresca obe<strong>de</strong>cendo, nas<br />
ronas mineralizadas em fosfato e vermiculita, uma malha quadrada <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> lado.<br />
A gran<strong>de</strong> maioria dos furos <strong>de</strong> sonda foi executada pelas equipes <strong>de</strong> sondagens da<br />
METAGO, utilizando-se sondas rotativas <strong>de</strong> marca Longyear, mo<strong>de</strong>los 24 e 34. Os furos são sempre<br />
iniciados com diâmetro NX, prosseguindo assim até quando possível, ap6s o que, são reduzidos<br />
para diâmetro BX. O diâmetro AX s6 é utilizado excepcionalmente, quando as condições da sondagem<br />
assim o exigem. O revestimento total dos furos e a utilização <strong>de</strong> bentonita na furação é uma<br />
prática quase constante no <strong>de</strong>senvolvimento dos serviços <strong>de</strong> sondagens em Catalão I.<br />
Em vista das características do material sondado (solos residuais), o método utilizado é<br />
a testemunhagem contínua por embuchamento que permite recolher testemunhos ao longo <strong>de</strong> todo<br />
o furo, com recuperação média <strong>de</strong> 90%, esta sendo calculada em cada manobra realizada.<br />
Do início da pesquisa até fins <strong>de</strong> 1972, todos os furos <strong>de</strong> sonda eram sistemática e minuciosamente<br />
<strong>de</strong>scritos. Verificou-se, contudo que as <strong>de</strong>scrições pouco ou nada contribuiam para a<br />
realização <strong>de</strong> eventuais correlações entre os diversos furos. Em vista do alto custo <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>scrições<br />
foi <strong>de</strong>cidido o seu cancelamento.<br />
Os testemunhos são, longitudinalmente, partidos ao meio, tomando-se uma meta<strong>de</strong><br />
como amostra para análises químicas, ao longo <strong>de</strong> cada intervalo <strong>de</strong> 2 m, dimensionados <strong>de</strong> acordo<br />
com a recuperação do furo.<br />
A produção média diária <strong>de</strong> uma equipe <strong>de</strong> sondagens gira em torno <strong>de</strong> 6 m. O custo<br />
médio por m sondado está em torno <strong>de</strong> Cr$ 150,00. De setembro <strong>de</strong> 1969 até 31/07/74 a METAGO<br />
realizou em Catalão I 15.754 m lineares <strong>de</strong> sondagens. A evolução <strong>de</strong>stes trabalhos po<strong>de</strong> ser<br />
observada na Figura 2.<br />
A Mineração Catalão <strong>de</strong> Goiás levou a efeito em sua zona mineralizada em nióbio,<br />
intensa campanha <strong>de</strong> sondagens, também em sua gran<strong>de</strong> maioria, realizada por equipes próprias. A<br />
malha quadrada seguida foi <strong>de</strong> 100 m, contudo, em muitas ocasiões, ela foi estreitada para 50 m.<br />
Atualmente,. esta Empresa <strong>de</strong>senvolve uma campanha <strong>de</strong> sondagens em sua zona mineralizada em<br />
fosfato, inicialmente segundo uma malha quadrada <strong>de</strong> 200 m, atualmente sendo estreitada para 100<br />
m. Estimativas indicam que a metragem total <strong>de</strong> sondagens realizadas, já ultrapassou a casa dos<br />
7.300 m.<br />
Em 1969, a firma <strong>Geologia</strong> e Sondagens Ltda, executou em Catalão I <strong>de</strong>ntro da programação<br />
do Projeto Fosfato, Nióbio, Titânio do DNPM, uma série <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> sonda que obe<strong>de</strong>-
256 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
ceram uma malha quadrada <strong>de</strong> 1600 m. A metragem linear realizada atingiu 1707 m perfurados.<br />
Galerias - Com o objetivo <strong>de</strong> verificar o comportamento lateral dos mirtérios <strong>de</strong> fosfato e<br />
titânio e obter amostras para estudos <strong>de</strong> beneficiamento mineral em planta <strong>de</strong> porte piloto, foram<br />
realizadas 6 galerias em Catalão I perfazendo um total <strong>de</strong> 740 m lineares. Das 6,4 foram realizadas<br />
na zona mineralizada em fosfato com seção retangular <strong>de</strong> 1,80 X 1,20 m e comprimentos variando<br />
entre 90 e 120 m. As outras duas foram realizadas na zona mineralizada em titânio, tendo cada uma<br />
<strong>de</strong>las 160 m <strong>de</strong> comprimento.<br />
Dada as características do material perfurado, <strong>de</strong> extrema inconsolidação, muito friável,<br />
com fortes tendências <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoronamento, todas as galerias foram escoradas <strong>de</strong> 1 em 1 m, às vezes,<br />
a intervalos ainda menores.<br />
A medida que se <strong>de</strong>senvolvia a galeria, todo o material retirado a cada intervalo <strong>de</strong> 2 m,<br />
era homogenizado e quarteado até se obter um par <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> aproximadamente 300 kg cada. A<br />
primeira amostra <strong>de</strong>ste par era novamente quarteada até atingir 1 kg e foi consi<strong>de</strong>rada como representativa<br />
do intervalo <strong>de</strong> 2 m. A segunda, misturada com outras provenientes dos <strong>de</strong>mais<br />
intervalos, foi consi<strong>de</strong>rada como uma componente da amostra média global da galeria.<br />
Posteriormente, em vista da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostras para novos estudos <strong>de</strong> beneficiamento<br />
mineral as pare<strong>de</strong>s das galerias foram amostradas através <strong>de</strong> canaletas horizontais <strong>de</strong> 30 x<br />
10 cm, ao longo <strong>de</strong> toda a extensão.<br />
° avanço médio diário na perfuração das galerias girou em torno <strong>de</strong> 0,7 m. ° custo<br />
médio por m perfurado e escorado, em 1972, ficou em torno <strong>de</strong> Cr$ 50,00.<br />
Trincheiras - Na zona mineralizada em vermiculita foram realizadas 2 trincheiras perfazendo<br />
uma metragem total <strong>de</strong> 191 m lineares, com o objetivo <strong>de</strong> verificar o comportamento lateral<br />
da mineralização.<br />
Análises Químicas<br />
Amostras <strong>de</strong> poços, furos <strong>de</strong> trado e sonda, galerias, etc, são submetidas a análises<br />
químicas ou espectro gráficas nos laboratórios da METAGO, em Goiânia. São realizadas <strong>de</strong>terminações<br />
para P20S' Ti02, Fe203' Nb20S' Ce02' La203. Y 203' etc.<br />
As <strong>de</strong>terminações para P205, Ti02 (alto teor) e Fe203 são feitas por via úmida ao passo<br />
que aquelas para Nb205, Ti02 (baixo teor), Ce02' y 203 e La203 são realizadas por espectrografia<br />
<strong>de</strong> raios X, utilizando-se um equipamento <strong>de</strong> origem japonesa e marca RI GAKU, mo<strong>de</strong>lo IKF -4.<br />
Do início da pesquisa até 31/07/74 foram realizadas 47.925 <strong>de</strong>terminações. A evolução,<br />
<strong>de</strong>stas <strong>de</strong>terminações po<strong>de</strong> ser observada na Figura 2.<br />
Estudos Mineralógicos<br />
Com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a composição mineralógica dos <strong>de</strong>pósitos ocorrentes em<br />
Catalão I, vários estudos foram realizados tanto no País como no Exterior. Estes estudos mostraram<br />
que, no geral, Catalão I apresenta mineralogia uniforme em toda a sua extensão, variando<br />
apenas as proporções relativas <strong>de</strong> seus constituintes minerais. Os locais que mostram enriquecimento<br />
em <strong>de</strong>terminado mineral passam a constituir uma zona mineralizada do mineral consi<strong>de</strong>rado<br />
sem contudo <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> apresentar os <strong>de</strong>mais minerais caracterizados em todo o complexo.<br />
Valarelli, (1971, inédito), em estudo bastante <strong>de</strong>talhado dos minérios <strong>de</strong> titânio, nióbio e<br />
terras raras encontrou os seguintes minerais: a) - "Minerais que contém Fe: titano-magnetita,<br />
ilmenita, ilmeno-hematita, titano-magnetita e goethíta."; b) - "Minerais <strong>de</strong> Ti: leucoxênio<br />
(anatásio) e perovskita, além dos minerais <strong>de</strong> Fe e Ti já mencionados."; c) - "Fosfatos: apatita,<br />
florencita, goyazita, alunita-svanbergita, lusungita, osarizawaita, rabdofanita (manazita hidratada)<br />
e wilkeita."; d) - "Minerais responsáveis pelo teor <strong>de</strong> Nb205: pirocloros, pandaita e secundariamente<br />
o leucoxênio."<br />
Aquele autor apresenta com precisão uma <strong>de</strong>scrição qualitativa da paragênese mineral<br />
encontrada bem como das complexas relações entre os diversos constituintes. Tratou também, em<br />
<strong>de</strong>talhe, das importantes transformações mineralógicas ocorridas em conseqüência da ação do<br />
intemperismo químico, mostrando com muita riqueza <strong>de</strong> dados a origem do anatásio a partir da<br />
alteração intempérica da titano-magnetita, da ilmenita e da perovskita.<br />
Keil (1970, 1971, inéditos) estudando amostras ricas em nióbio <strong>de</strong> Catalão I, utilizando
d~-<br />
, 2 o 4 . . 7 MÉOIA<br />
'.0 14.2 17.4 '.15.. 1'.0 17.3 I '.0 18.4 17.0<br />
..0 2.0 O. . 1.0 o..<br />
o.. O. . , ,<br />
TIO .., O.I .., 4.7 4.2 4.1 4.2 '.7<br />
2<br />
.. O . 1.0 88.0 I 1.8 . 0.7 .4.' .4.' 88.4 84.3<br />
2 .<br />
. 2 O I 8.7 13. Z I 4.2 I 0.8 , 0.1 I 2.' I 1.4 , ..<br />
TOTAL- 100.0 10 O.o '"O 0.0 100.0 100. o 100. o 10 O.o 100.0<br />
.<br />
- .. TODOS O.<br />
"'O :::g; < o,oz%.<br />
..0 .. TODOS' os < 0,02'1.<br />
o CONTI!UDO HzO .0' CALCULADO PELA DIFEIUNÇA .E 100"<br />
L'<br />
CARVALHO 257<br />
microscópio e microssonda eletrônica, chegou a várias conclusões, das quais <strong>de</strong>stacam-se as seguintes:<br />
a) - "As amostras contém uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> minerais tais como ilmenita, fosfato <strong>de</strong><br />
alumínio, apatita, fosfato <strong>de</strong> bário, óxido <strong>de</strong> ferro (talvez hidratado), Ti02' óxido <strong>de</strong> manganês,<br />
ba<strong>de</strong>leita, quartzo, pirocloro e pandaita."<br />
b) - "Quando estudando aleatoriamente, um número expressivo <strong>de</strong> grãos, selecionados<br />
estatisticamente em várias frações granulo métricas , ficou claro que a abundância do nióbio é bimodal:<br />
90% ou mais <strong>de</strong> todos os grãos tem abaixo <strong>de</strong> 1% <strong>de</strong> Nb205 e entre 3,1-3,5% tem entre 40-<br />
65% <strong>de</strong> Nb205'"<br />
c) - "A fase rica em nióbio foi i<strong>de</strong>ntificada como pandaita e análises quantitativas <strong>de</strong><br />
alta precisão em mícrossonda eletrônica mostram ser ela a varieda<strong>de</strong> mais próxima do componente<br />
final barífero. Menores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> elementos, referidos em análises<br />
publicadas na literatura, são possivelmente <strong>de</strong>vidos a mistura <strong>de</strong> outras fases que são <strong>de</strong> difícil<br />
separação da pandaita (Tab. 1).<br />
TABELA 1<br />
Análises Quantitativas em Microsonda<br />
Eletrônica da Pandaita <strong>de</strong> Catalão I<br />
(% em peso) (Segundo Keil, K, 1974)<br />
TABELA 2<br />
Rápida Detenninação Ótica <strong>de</strong> Algumas<br />
Amostras <strong>de</strong> Minério <strong>de</strong> Titanio do Brasil<br />
(por A.M. Van <strong>de</strong>r Veem)<br />
oo-PRINCIPAL CON8n QUISIDADE (d) > :s.,a CATALI:O<br />
T""'TE O-NEHOR CONSTITlJlNU AM.240.& AoM.IUe-ec<br />
x~-,.a;:~:"IO. +.t:.f ~""'4QJ'~'i.'1. "'I/t~<br />
TlTANSr~rrr'" + 00 o o o o o o<br />
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AMo1ST."<br />
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o o o o<br />
Le:ucodNI~ 0010 o o xx XXII( o o o o<br />
~;J;r.IOftCEJXl o o O x x o o o o x X OIXX<br />
ILM!NITA<br />
1011HIT...<br />
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XXI.<br />
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XXIX<br />
""OCl.OltO xxIx xx xx/x xx, X XX/X IU/x X x<br />
PUtlTA X<br />
PIERO V 81(1TA X<br />
".>3,1<br />
.... .... ...' S4,8 71,' ....0<br />
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~g~AS1:T~~~81+~== UllAIA..POIIT~~.'==_~~.:':..&ftl~<br />
INTIMAMe:NTI I"T'ftCItI~ COfIII.. ti DI IANIA.a-o UUC 10<br />
'''I~ fR!Q EN POlt080<br />
A Krupp Rohstoffe (1972, inédito) estudando amostra do minério <strong>de</strong> fosfato <strong>de</strong> Catalão<br />
I, observou que "os componentes minerais principais <strong>de</strong>ssa amostra são magnetita e apatita, que<br />
conduzem, frequentemente, ilmenita", concluindo que "a maior parte do teor <strong>de</strong> fosfato encontra-se<br />
integrada a apatita, que frequentemente, se encontra transformada em agregados <strong>de</strong> fosfatos secundários<br />
(gorceixita)."<br />
Em outro relatório a Krupp Rohstoffe (1972, inédito) estudando o minério <strong>de</strong> titânlo.<br />
<strong>de</strong> Catalão I, conclui que "os agregados <strong>de</strong> anatásio resultaram da transformação da ilmenita<br />
pimária", tendo notado também perovskita, que "se encontra fortemente transformada em<br />
1eucoxênio". No mesmo relatório é observado que uma parte consi<strong>de</strong>rável dos "agregados <strong>de</strong><br />
anatásio (a grosso modo 40%) está presente em forma sOlta com tamanhos <strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> aproximadamente<br />
1,0-0 ,4 mm.".<br />
An<strong>de</strong>ry (1972, inédito) estudando o minério <strong>de</strong> titânio <strong>de</strong> Catalão I verificou que "os<br />
resultados da análise modal <strong>de</strong> fração representativa do minério moido apresentaram a seguinte<br />
composição: magnetita (35,4), ilmenita (33,4), anatásio (13,3%), perovskita (5,2%), quartw<br />
(3,7%), clorita (8,6%) e fosfatos (0,4% )."<br />
Veen (1974, inédito) estudando amostras do minério titanífero <strong>de</strong> Catalão, obteve os<br />
resultados das Tabelas 2 e 3.<br />
Peers (1974, inédito) realizou em amostras do minério <strong>de</strong> titânio <strong>de</strong> Catalão I um completo<br />
estudo acerca <strong>de</strong> suas associações mineralógicas bem como dos seus tamanhos <strong>de</strong> liberação.<br />
Segundo aquele autor "o anatásio forma agregados porosos <strong>de</strong> granulação fina a microscópica,<br />
com freqüência ligadas intimamente à perovskita quando esta ocorre, e muitas vezes ligado<br />
também <strong>de</strong> modo mais simples à magnetita-ilmenita. O engrenamento dos grãos varia <strong>de</strong> uma para<br />
~...-
258 ANAIS DO XXVI/I CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
TABELA 3<br />
Rápida Estimativa por Difração <strong>de</strong> Raios X<br />
<strong>de</strong> Algumas Frações <strong>de</strong> Amostras <strong>de</strong> Minério<br />
<strong>de</strong> Titãnio do Brasil (por A.M. Van <strong>de</strong>r Veen)<br />
OO-PRINCIPAL<br />
CONSTITUINTE<br />
DENSIDADE (cI) < 3,3 CATALAO<br />
O-MENOR CON:I A M. 240 (!-lI AM.239G-8C AM. 238 8 AM.237G-8<br />
TITUINTE<br />
X»-ACE~~g,RIOS<br />
X-TRA S<br />
+~O ;j.~ + 100<br />
m8th t..~.~B +4<br />
+IOOW -+ +=1t..~8<br />
ANATASIO 00 00 00 00 00 00 00 00<br />
QUARTZO 00 00 00 00 00 X<br />
GORCEIXITA X 00 O O<br />
GOETHITA X X<br />
d < 3,3<br />
""<br />
DA FR AÇ1l;0<br />
"" Na PENEIRA<br />
44,0<br />
&'9,9<br />
31,1<br />
11.3<br />
5,7<br />
118,3<br />
3,9<br />
18,7<br />
&,&<br />
85,&<br />
22,2<br />
11,9<br />
21,1<br />
69,2<br />
le,o<br />
13,9<br />
FRACO!'S - 400 m..h<br />
ANATÁSIO O O O O 00<br />
QUARTZO O 01 X X<br />
GORCEIXITA O O O O<br />
GOETHITA O O O<br />
. A RI T A O O<br />
HEMATITA O O<br />
ILMENITA O<br />
400 m..h 28,8 2&, O 2.2.6 18,9<br />
"" -<br />
NOTA: 1- AS GRANDES QUANTIDADES DE ANATÁSIO NAS FIIAÇ~S<br />
COM DENSIDADE ABAIXO DE.: 3,3 slio PROVAVELMENTE DEV!<br />
DAS AOS INTERCRESCIMENTOS<br />
OU POROSIDADE.<br />
COM MINERAIS DE GANGA EI<br />
outra amostra, porém, em geral, uma liberação razoável da magnetita-ilmenita é obtida a cerca <strong>de</strong><br />
150-200)1. Uma boa liberação da perovskita exige um tamanho menor, digamos, 50-100)1. Entretanto<br />
o comportamento do anatásio na moagem é <strong>de</strong> difícil previsão; uma boa liberação po<strong>de</strong><br />
talvez ser conseguida com tamanhos <strong>de</strong> moagem relativamente grossos."<br />
A Tabela 4 mostra a análise modal da associação mineralógica, estimada por contagem<br />
<strong>de</strong> pontos em frações <strong>de</strong> 1 mm + 5.11, segundo Peers, (1974).<br />
TABELA 4<br />
Análise Modal <strong>de</strong> Amostras do Minério <strong>de</strong><br />
Titãnio <strong>de</strong> CataIão I (PEERS, 1974)<br />
'OIlCINTAII. EM ,110 DII",.IUIÇlo DO TI ... TI %/TI<br />
..... ~_TAlo ...... ~IANIA!-T....<br />
TO' _m<br />
...... ILMINlTA ",LI'.<br />
"'T' ",T. CALCo<br />
,. .. I. ,. . T . " U '4 li,' 11,1<br />
,. .4 . 4 . 4 , Z .. ,. . I 't' '7,1<br />
.. 4. I. ',. 4 4. .. , , T 2.1,' T,.<br />
.. . , z, - . .. I. - , I I 7,4 14, .<br />
IT I I I - I I I T. - ZT 10, a 1,1
---<br />
CARVALHO 259<br />
A ganga, basicamente, é constituída por goethita e, subordinadamente, quartzo e argilo-<br />
minerais.<br />
"Os teores <strong>de</strong> titânio <strong>de</strong>terminados por contagem <strong>de</strong> pontos são todos alguns por cento<br />
mais baixos do que os das análises <strong>de</strong> amostras globais. Há muitas explicações plausíveis para isto,<br />
como: variações <strong>de</strong> teor <strong>de</strong> Ti entre as várias frações <strong>de</strong> peneira; <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> errada atribuida à ganga;<br />
Ti dissolvido na magnetita. Todos estes fatores po<strong>de</strong>m dar sua contribuição, mas acredita-se que a<br />
causa principal é a falsa i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> anatásio como sendo poros ou ganga. Em todas as amostras<br />
o anatásio ocorre como agregados porosos <strong>de</strong> granulação fina a microcristalina, os quais<br />
apresentam problemas na preparação das secções polidas e, por conseguinte, na i<strong>de</strong>ntificação.<br />
Julga-se, portanto, que as proporções <strong>de</strong> anatásio reproduzidas acima são todas inferiores em<br />
alguns por centro às reais." (Peers, 1974, inédito).<br />
MOAGEM<br />
DESMAGNETIZAÇÃO<br />
DESL AMAGEM<br />
FLOTAÇAO DE<br />
I~.T~ r--71. T_<br />
~<br />
I<br />
G<br />
ILMENITA<br />
*<br />
~OTACÃO ]<br />
SILI::TAOOS ~<br />
Estudos <strong>de</strong> Beneficiamento Mineral<br />
CONCENTRADO<br />
f DE ILMENITA+<br />
PEROVSKITA<br />
. ÁGUA<br />
r SILICATADOS<br />
_ MUA<br />
1<br />
COIICEN1ftAOO ~ ,.<br />
DE ANATÁSIO<br />
Fig. 3- Esquema Preliminar <strong>de</strong> Tratamento do Minério<br />
Titanífero <strong>de</strong> Catalão I.<br />
Os primeiros estudos <strong>de</strong> concentração do minério <strong>de</strong> Catalão I foram realizados pela<br />
Battelle Memorial Institute dos Estados Unidos em 1971. Esta conceituada instituição <strong>de</strong> pesquisa<br />
concluiu que pelos métodos usuais <strong>de</strong> concentração, os minérios <strong>de</strong> titânio, nióbio e fosfato <strong>de</strong><br />
Catalão I não seriam concentráveis economicamente.<br />
Naquele mesmo ano, a Fundação João Pinheiro através do Prof. Noé Chaves obteve <strong>de</strong><br />
amostras <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> fosfato similares àquelas enviadas à Battelle, em escala <strong>de</strong> laboratório, um<br />
concentrado <strong>de</strong> apatita com cerca <strong>de</strong> 40 % <strong>de</strong> P205' aplicando um método já clássico <strong>de</strong> flotação<br />
<strong>de</strong>senvolvido para o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> apatita <strong>de</strong> Sukulo, U ganda por Fleming e Robinson. Este processo<br />
tem como principal característica, segundo Chaves (1971, inédito), "a obtenção <strong>de</strong> seletivida<strong>de</strong><br />
entre apatita e óxidos <strong>de</strong> ferro pelo uso <strong>de</strong> oleato <strong>de</strong> sódio puro como coletor, em pH alcalino da<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10, obtido com soda. Além disso, essa seletivida<strong>de</strong> só é efetiva para granulometria da
260 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
polpa até 150 mesh, diminuindo para as polpas mais grossas. O silicato <strong>de</strong> sódio é usado no caso<br />
para melhor dispersão da polpa e mais efetiva <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong> minerais outros da ganga, sobretudo o<br />
quartzo e silicatos."<br />
De meados <strong>de</strong> 1972 a meados <strong>de</strong> 1973, o minério <strong>de</strong> fosfato foi submetido a um amplo<br />
programa <strong>de</strong> pesquisa em instalação contínua <strong>de</strong> porte piloto com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> 300<br />
kg/h. Os estudos foram conduzidos pelo Prof. Noé Chaves do Centro Tecnológico <strong>de</strong> Minas Gerais -<br />
CETEC, tendo sido utilizado nos testes cerca <strong>de</strong> 100 t <strong>de</strong> minério fosfático. Com o estudo ficou<br />
comprovada a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização do processo Fleming já testado em laboratório para o minério<br />
<strong>de</strong> Catalão I, tendo se obtido concentrados <strong>de</strong> apatita <strong>de</strong>ntro das especificações comerciais,<br />
com índices <strong>de</strong> recuperação e rendimento da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 60 % e 20% respectivamente. Acredita-se que<br />
estes índices <strong>de</strong>verão ser superiores em instalações industriais <strong>de</strong> beneficiamento.<br />
No Brasil, existem gran<strong>de</strong>s reservas <strong>de</strong> minérios titaníferos, ricos em anatásio. Suas<br />
tecnologias <strong>de</strong> beneficiamento ainda não estão, contudo, totalmente compreendidas. O <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> processos <strong>de</strong> concentração viáveis para estes minérios, representam um <strong>de</strong>safio palpitante<br />
para os especialistas brasileiros em processamento mineral.<br />
O minério <strong>de</strong> titânio <strong>de</strong> Catalão I, após os estudos da Battelle Memorial Institute, teve<br />
sua pesquisa reiniciada em 1972 com um estudo <strong>de</strong> concentração em escala <strong>de</strong> laboratório, realizado<br />
pela firma Paulo Abib An<strong>de</strong>ry e Associados para a Serrana SI A <strong>de</strong> Mineração em comum acordo<br />
com a METAGO. Este estudo culminou com a obtenção <strong>de</strong> um concentrado <strong>de</strong> anatásio com 86%<br />
Ti02. O processo preliminar <strong>de</strong> con"centração, então <strong>de</strong>senvolvido, cujo esquema po<strong>de</strong> ser observado<br />
na Figura 3, foi sendo gradativamente aperfeiçoado pela equipe técnica da Serrana que conseguiu,<br />
em 1974, obter, já em instalação contínua <strong>de</strong> porte piloto, concentrados <strong>de</strong> anatásio com teores entre<br />
93 e 95% Ti02.<br />
No processo, para um minério com 26 % Ti02, os índices <strong>de</strong> recuperação e rendimento<br />
giram em torno <strong>de</strong> 40% e 8
CARVALHO<br />
estudos e projetos <strong>de</strong> Engenharia Mineral.<br />
A elaboração do projeto básico, que levou em conta resultados obtidos em planta piloto,<br />
foi iniciada em julho <strong>de</strong> 1973 e o seu <strong>de</strong>talhamento em outubro daquele ano. A sua implantação teve<br />
início em janeiro e abril <strong>de</strong> 1974, com a realização <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> terraplanagem e construções civis,<br />
respectivamente. Os trabalhos <strong>de</strong> montagem tiveram começo em julho, esperando-se para novembro<br />
a conclusão da usina que <strong>de</strong>verá entrar em operação no mais tardar em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1974.<br />
rQ<br />
---<br />
ilH<br />
.<br />
261
262 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Esta planta que tem como flowsheet o esquema simplificado da Figura 4 e cujos investimentos<br />
serão da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cr$ 13.000.000,00, terá capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar 10 t <strong>de</strong> minério por hora.<br />
Caso funcione ininterruptamente po<strong>de</strong>rá produzir cerca <strong>de</strong> 16.000 t anuais <strong>de</strong> concentrados <strong>de</strong><br />
apatita, com teor <strong>de</strong> 35% <strong>de</strong> P205.<br />
Dentre os seus objetivos, os seguintes po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados como principais: a) testar<br />
em escala industrial os processos <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong>senvolvidos em escala piloto, visando a <strong>de</strong>finição<br />
do mais a<strong>de</strong>quado; b) obtenção dos parâmetros <strong>de</strong> engenharia necessários à formulação do<br />
cash-flow, ao projeto da futura instalação industrial e ao planejamento das operações <strong>de</strong> lavra<br />
correspon<strong>de</strong>ntes. Dentre estes parâmetros po<strong>de</strong>m ser citados os teores <strong>de</strong> entrada e corte, índices <strong>de</strong><br />
recuperação e rendimento, consumo <strong>de</strong> energia, custo final da tonelada <strong>de</strong> concentrado, etc; c)<br />
treinamento <strong>de</strong> pessoal visando a operação da usina industrial futura; d) obtenção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s to.<br />
nelagens <strong>de</strong> concentrados para a realização <strong>de</strong> testes objetivando a fabricação <strong>de</strong> ácido fosfórico e<br />
outros ensaios na área da indústria química.<br />
Estima-se um período <strong>de</strong> 6 meses como o tempo necessário para se atingir os objetivos<br />
acima especificados. Após este período, a usina po<strong>de</strong>rá entrar em produção <strong>de</strong> rotina uma vez que<br />
está <strong>de</strong>monstrado ser esta operação uma ativida<strong>de</strong> perfeitamente rentável.<br />
Esta usina semi-industrial <strong>de</strong>verá também, após os estudos experimentais do minério <strong>de</strong><br />
fosfato, <strong>de</strong>sempenhar importante papel na otimização do processo <strong>de</strong> concentração do minério <strong>de</strong><br />
titânio. A julgar pela rapi<strong>de</strong>z com que a tecnologia <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong>ste minério vem sendo <strong>de</strong>senvolvida,<br />
esta planta classificada como semi-industrial, na produção <strong>de</strong> concentrados <strong>de</strong> apatita, em<br />
vista da gran<strong>de</strong> escala <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong>ste mineral, será com a produção <strong>de</strong> concentrados <strong>de</strong> anatásio,<br />
uma verda<strong>de</strong>ira indústria, que po<strong>de</strong>rá ser a pioneira <strong>de</strong>ste mineral no mundo. Diante <strong>de</strong>sta perspectiva<br />
esta planta foi projetada prevendo-se a sua posterior adaptação e ampliação para a produção <strong>de</strong><br />
até 20.000 t anuais <strong>de</strong> cOl\centrados <strong>de</strong> anatásio.<br />
As operações <strong>de</strong> lavra que abastecerão <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> fosfato a usina semi-industrial já<br />
estão planejadas. Serão lavradas 240 t diárias' <strong>de</strong> minério em bancadas <strong>de</strong> 5 m <strong>de</strong> altura, localizadas<br />
em 3 diferentes frentes experimentais <strong>de</strong> lavra. Estas frentes foram escolhidas visando a caracterização<br />
tecnológica da jazida. Todas as diferentes classes <strong>de</strong> teores serão testadas. Um importante<br />
objetivo nesta fase semi-industrial, como já foi dito, é a <strong>de</strong>finição dos teores <strong>de</strong> entrada e corte da<br />
usina. Os teores objetivados são respectivamente 10% e 7% <strong>de</strong> P205. Se estes teores forem econômicos,<br />
as reservas <strong>de</strong> minério serão substancialmente aumentadas e as operações <strong>de</strong> lavra serão<br />
em muito facilitadas.<br />
O <strong>de</strong>smonte será realizado com um trator Caterpilar D 7 e o carregamento feito com uma<br />
pá mecânica Caterpilar 630 com o transporte sendo realizado por caminhões basculantes Merce<strong>de</strong>s<br />
Benz <strong>de</strong> 6 t <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>.<br />
As estradas <strong>de</strong> acesso já foram abertas e as bancadas já estão preparadas. A Figura 5<br />
mostra o layout geral da fase semi-industrial com a usina, as frentes <strong>de</strong> lavra, as estradas <strong>de</strong> acesso,<br />
o reservatório <strong>de</strong> água e os pátios <strong>de</strong> rejeito e estéril.<br />
Determinação das Densida<strong>de</strong>s<br />
Os cálculos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s dos vários minérios ocorrentes em Catalão I, foram feitos pelo<br />
método <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> aparente do solo, com cilindro biselado.<br />
O volume interno do cilindro é <strong>de</strong> 1.270 cm3, utilizando soquete <strong>de</strong> 8 kg. Foram feitas<br />
correções <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>, obtendo-se a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> aparente para o solo seco.<br />
A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média para o minério <strong>de</strong> fosfato foi <strong>de</strong> 2,04 na área II e 2,01 na área I,<br />
resultados esses obtidos a partir <strong>de</strong> 41 ensaios. Foi usada a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> 2,02 para o minério.<br />
Para o minério <strong>de</strong> titânio, o cálculo da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média foi efetuado levando-se em<br />
consi<strong>de</strong>ração a média pon<strong>de</strong>rada, relativa às áreas <strong>de</strong> interferência <strong>de</strong> vermiculita, fosfato e a<br />
própria zona mineralizada em titânio, que apresenta características físicas diferentes, dando como<br />
consequência uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> baixa. O resultado <strong>de</strong>sta média foi <strong>de</strong> 1,95, sendo utilizada esta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />
para cubagem do titânio.<br />
Para o minério <strong>de</strong> terras raras a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média foi <strong>de</strong> 1,78, correspon<strong>de</strong>ndo à média <strong>de</strong><br />
3 ensaios realizados.<br />
Para a vermiculita foram feitos 15 ensaios dando uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 1,75.<br />
O minério <strong>de</strong> nióbio é encontrado nas cangas e no material terroso. Adotou-se uma
LEGENDA<br />
_<br />
.ÁRtA DA USINA SDI-INDUSTRIAL<br />
_<br />
"RE.TU DE LAVRA<br />
ÁRU DE DEPOSIçÃo DE ESTERIL<br />
~<br />
ê~~~~<br />
ÁREADE DEPOSIçÃODE REJEITOS<br />
Altu DO RESERVATÓRIODE MUA<br />
CARVALHO 263<br />
ESCALA _ GR"'~FICA<br />
, .,. J<br />
o 80 180 MO .20 400..<br />
Fig. 5- Projeto Catalão, Mapa <strong>de</strong> Localização das Frentes <strong>de</strong> Lavra e Acessos para a Usina Semi-Industrial.<br />
média pon<strong>de</strong>rada entre as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses materiais e foi encontrada uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média <strong>de</strong><br />
2,30 correspon<strong>de</strong>ntes a 15 ensaios realizados.<br />
Elaboração <strong>de</strong> dados<br />
Com resultados <strong>de</strong> análises obtidos a partir dos poços, furos <strong>de</strong> trado e sonda, foram<br />
realizados os seguintes trabalhos <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> dados: mapas <strong>de</strong> isoteores, perfis <strong>de</strong> poços e<br />
--..-<br />
----
264 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
1(. V.<br />
CONVENÇOES<br />
~'ÁRf:A DE COTA INFERIOR AO NíVEL<br />
/::':'::/:'1<br />
AFlORAMENTO DO NIVEl<br />
-10-<br />
~<br />
CURVA DE ISOTEOR<br />
CURVA DE NIVEl<br />
. FURODESONDA<br />
/<br />
DRENAGEM ~<br />
Fig. 6- Projeto Catalão, Curvas <strong>de</strong> Isoteor <strong>de</strong> Fosfato Nível 830 a 820.<br />
ESCALA FICA<br />
,<br />
.. 8.<br />
1 1<br />
120 110 100..
_ _ 880<br />
~<br />
_870<br />
_ _ 860<br />
_ _850<br />
_ 840<br />
_ _ 830<br />
_ _ 820<br />
__810<br />
_ _ 800<br />
__790<br />
NW<br />
CONVENÇÕES<br />
SC-2-U/9<br />
...<br />
...<br />
...<br />
...<br />
... ..<br />
...<br />
::: 2,220/0<br />
...<br />
... ..<br />
... .. ...<br />
...<br />
Ho r , z o n f Q ~ \<br />
~<br />
":'oooo<br />
~ '. 000 .....<br />
rAI<br />
or::<br />
0.'% Nb205<br />
ENTRE Q5eO,7%<br />
ENTRE 0,7 e 1,0%<br />
Nb205<br />
Nb205<br />
+..++<br />
++..++<br />
I<br />
V . , t I Co ,<br />
.. ... .. .b<br />
E S C A L A S<br />
! ,. ab<br />
100M.<br />
x.<br />
PROJETO CATALAO<br />
PERFIL DE POÇOS E SONDAGENS<br />
NA ZONA MINERALlZADA EM NIOSIO<br />
0.82%<br />
pe-2-Q IIS<br />
SE<br />
_840_<br />
_830_<br />
_820 _<br />
_810~<br />
_800 _<br />
_790_<br />
_ 780 _<br />
01 AL.AN 8AIt.ÃO
266 ANAIS DO XXVI/1 CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
sondagens e avaliação das reservas.<br />
Mapas <strong>de</strong> Isoteores<br />
Os mapas <strong>de</strong> isoteores elaborados para as mineralizações <strong>de</strong> fosfato, nióbio, titânio e<br />
terras raras <strong>de</strong> Catalão I, tem por finalida<strong>de</strong> básica, oferecer ao observador, uma visualização do<br />
comportamento das variações do corpo mineral tanto lateralmente como verticalmente.<br />
° intervalo<br />
<strong>de</strong> material alterado compreendido entre a superfície do terreno e a superfície da rocha fresca, foi<br />
seccionado em sucessivas fatias <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong> espessura, limitadas por planos horizontais <strong>de</strong> cotas<br />
inteiras. Assim o nivel830 a 820, por exemplo, é uma lâmina <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong> espessura, cuja base é um<br />
plano horizontal, cujo contorno coinci<strong>de</strong> com a curva <strong>de</strong> nível 820 e seu topo é outro plano horizontal<br />
limitado pela curva <strong>de</strong> nível 830. Cada um <strong>de</strong>stes níveis foi projetado horizontalmente numa planta<br />
topográfica <strong>de</strong> escala 1:2000, nela plotando-se os teores médios do elemento em questão do intervalo<br />
<strong>de</strong> 10 m, consi<strong>de</strong>rado. A seguir, por interpolação, são traçadas as curvas <strong>de</strong> isoteores, observando-se<br />
os intervalos <strong>de</strong> teores previamente estabelecidos. A Figura 6 mostra um exemplo <strong>de</strong><br />
mapa <strong>de</strong> isoteQf <strong>de</strong> P205 elaborado em parte do intervalo <strong>de</strong> nivel compreendido entre as cotas 830 e<br />
820.<br />
Perfis <strong>de</strong> Poços e Sondagens<br />
Perfis topográficos N-S, E-W, NW-SE e NE-SW englobando todos os poços e furos <strong>de</strong><br />
trado e sonda executados em suas respectivas seções foram realizados, em todas as zonas mineralizadas,<br />
<strong>de</strong> acordo com a malha das perfurações. Os perfis foram traçados obe<strong>de</strong>cendo uma escala<br />
vertical <strong>de</strong> 1:500 <strong>de</strong> modo a ficar representado cada intervalo <strong>de</strong> 2 m. Os resultados das análises<br />
químicas efetuadas a cada 2 m dos poços, furos <strong>de</strong> trado e sonda, foram plotados em perfis e<br />
agrupados em intervalos <strong>de</strong> classe previamente escolhidos. Cada intervalo <strong>de</strong>sses é individualizado<br />
com uma cor, tornando possível, caso se <strong>de</strong>seje, a realização das correlações entre os intervalos da<br />
mesma classe, entre os diversos poços ou furos <strong>de</strong> trado e sonda do perfil. A Figura 7 mostra um<br />
exemplo <strong>de</strong>stes perfis.<br />
Avaliação das Reservas<br />
As reservas dos bens minerais <strong>de</strong> Catalão I, foram avaliadas em uma primeira fase,<br />
quando a malha quadrada <strong>de</strong> perfurações tinha 200 m <strong>de</strong> lado, através <strong>de</strong> um método <strong>de</strong> cubagem<br />
que levou em consi<strong>de</strong>ração o coeficiente <strong>de</strong> variação dos teores do elemento em avaliação, i<strong>de</strong>alizado<br />
e <strong>de</strong>senvolvido pelos técnicos da METAGO, Augusto Kishida* e Ronaldo Nogueira Drummond.<br />
Posteriormente, a zona mineraHzada em fosfato, já com uma malha quadrada <strong>de</strong> perfurações <strong>de</strong> 100<br />
m <strong>de</strong> lado, foi reavaliacla através do método <strong>de</strong> cubagem<br />
Método inicial - Reserva medida e indicada<br />
por blocos, conhecido como block-table.<br />
-Consi<strong>de</strong>rando a distribuição horizontal dos<br />
elementos econômicos, a cubagem das reservas medidas e indicadas foi feita segundo niveis horizontais.<br />
° terreno foi seccionado em sucessivas fatias <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong> espessura, limitadas por planos<br />
horizontais <strong>de</strong> cotas inteiras. Assim, o nivel <strong>de</strong> 910 a 900, por exemplo, é uma lâmina <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong><br />
espessura, cuja base é um plano horizontal, cujo contorno coinci<strong>de</strong> com li curva <strong>de</strong> nível 900 e seu<br />
topo é outro plano horizontal limitado pela curva <strong>de</strong> nível 910.<br />
Cada nível foi projetado horizontalmente numa planta <strong>de</strong> escala 1.2 000, nela plotandose<br />
os teores médios do elemento consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>ste intervalo <strong>de</strong> 10 m. Em seguida foi <strong>de</strong>limitada a<br />
área <strong>de</strong> influência <strong>de</strong> cada um dos furos, <strong>de</strong>terminando prismas <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong> altura.<br />
A área <strong>de</strong> influência para efeito <strong>de</strong> avaliação das reservas indicada + medida foi <strong>de</strong>terminada<br />
tomando-se meta<strong>de</strong> da distância entre furos sucessivos exceto em furos isolados, nos quais<br />
a área <strong>de</strong> influência foi consi<strong>de</strong>rada um quadrado <strong>de</strong> 200 m <strong>de</strong> lado.<br />
* Este técnico trabalha atualmente na DOCEGEO.
CARVALHO 267<br />
Para a reserva medida a área <strong>de</strong> influência foi calculada consi<strong>de</strong>rando o coeficiente <strong>de</strong><br />
variação dos teores obtidos pela fórmula abaixo:<br />
a<br />
K =~. 100<br />
On<strong>de</strong><br />
K = coeficiente <strong>de</strong> variação em percentagem<br />
Ma = média aritmética dos teores na seção consi<strong>de</strong>rada<br />
a = <strong>de</strong>svio padrão quadrático<br />
a é calculado pela fórmula:<br />
a =<br />
\ I (M-Ma)2<br />
V n-1<br />
On<strong>de</strong><br />
M == teor <strong>de</strong> cada furo, entre as cotas consi<strong>de</strong>radas.<br />
n = número <strong>de</strong> furos na seção consi<strong>de</strong>rada.<br />
° coeficiente K expressa em percentagem a variação dos teores, em sentido linear.<br />
Adotando um erro admissível <strong>de</strong> 20 % na cubagem <strong>de</strong> rese&Vamedida cada amostra foi consi<strong>de</strong>rada<br />
representativa <strong>de</strong> um intervalo linear:<br />
abaixo:<br />
on<strong>de</strong>:<br />
P = erro admissível <strong>de</strong> 20 %<br />
L = comprimento da seção consi<strong>de</strong>rada.<br />
Um exemplo <strong>de</strong>ste cálculo <strong>de</strong> área <strong>de</strong> influência para reserva medida é apresentada<br />
trata-se do cálculo da área <strong>de</strong> influência das reservas medida e indicada para Ti02'<br />
na folha 1 no nível 880 a 870 (Fig. 8).<br />
No sentido E-W<br />
FURO M M -- Ma (M - Ma)2<br />
se 2 -- I 14 9,3 -- 5,7 32,49<br />
se 2 - I 12 6,8 - 8,2 67,24<br />
se 2 - I 10 10,1 -- 4,9 24,01<br />
se 2 -- I 8 22,1 + 7,1 50,41<br />
se 2 - I 6 26,6 + 11,6 134,56<br />
Sendo:<br />
Ma =~= 15,0<br />
M<br />
n = 5<br />
L = SOOM<br />
Temos:<br />
a=<br />
(M _ Mq)2<br />
n-l<br />
74,9 - 308,71
268 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
a=<br />
K =-!!.-. 100<br />
Ma<br />
8,79<br />
K =~. 100 = 58,6%<br />
15<br />
a= L<br />
(~y<br />
= = 93,14~90 m<br />
No sentido N-S<br />
FURO M M-Ma<br />
2<br />
(M - Ma)<br />
se 2 ~I8 22,1 + 6,2 38,44<br />
se 2 - G8 12,3 - 3,7 13,69<br />
se 2 -- E8 15,1 - 0,9 1,81<br />
se 2 - e8 14,3 - 1,7 2,89<br />
Sendo:<br />
Ma = 15,9<br />
n=4<br />
L = 600 m<br />
Temos:<br />
a= ~ 55,83 - 4 31<br />
3 '<br />
K =<br />
a=<br />
4,21 x 100 - 27,1 %<br />
15,9<br />
600<br />
~;~lj2<br />
= 326 m<br />
63,8 - 55,83<br />
Neste intervalo a área <strong>de</strong> influência da reserva medida dos furos no sentido EW seria <strong>de</strong>,<br />
aproximadamente, 90 m. Para efeito <strong>de</strong> cubagem foi adotada a média dos vários níveis que foi <strong>de</strong> 80<br />
m, sendo 40 m para E e 40 m para W.<br />
No sentido N-S foi maior que a meta<strong>de</strong> da distância entre os furos consecutivos. A<br />
área <strong>de</strong> influência da reserva medida foi, portanto, consi<strong>de</strong>rada como 100 m para cada sentido.<br />
A área <strong>de</strong> influência da reserva indicada, é dada pela área remanescente da área con.<br />
si<strong>de</strong>rada com representativa das reservas medida + indicada (área formada quando se toma a<br />
meta<strong>de</strong> da distância entre furos sucessivos), após a subtração da área <strong>de</strong> influência da reserva<br />
medida.<br />
Com as áreas <strong>de</strong> influência calculadas; a altura do prisma (constante e igual a 10 m) e a<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do minério, as reservas foram, rotineiramente, calculadas e tabuladas.<br />
Reserva inferida - Os furos <strong>de</strong> sonda tinham geralmente 50 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, porém,
PROJETO<br />
CATALAO<br />
MAPA DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS<br />
RESERVAS MEDIDA E INDICADA<br />
MINERIO.. TITANIO<br />
INTERVALO DE N/Í/EL .. 880 - 870<br />
CONVENÇÕES<br />
~ ARfA DE COTA INFERIOR AO NIVEL<br />
Em<br />
AFLORAMENTO 00 N,'Va.<br />
~ ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RESEIM INOK:ADrA<br />
EE. ÁREA DE ,NFLLiNCJA DA AESERVA MEDIDA<br />
.,s. J<br />
FURODE S~ f TfOR MiolO DOINTERVAlO<br />
E8<br />
N<br />
x.<br />
I<br />
I<br />
ESCALA<br />
30 60 .<br />
90 120 ~In<br />
GRÁFICA<br />
0..: ALANBAILAO
270 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
_ _870 _<br />
_ _ 8S0<br />
__'50<br />
_ _840<br />
~<br />
_ 830<br />
_ _ '20<br />
__8/0<br />
_ _800<br />
---, ,.c. _ -T.90<br />
__780<br />
NW<br />
SC-2-U /9<br />
1ff ... ~<br />
:::;<br />
SC-2-TI8<br />
::: :H<br />
i:i ;;;<br />
~<br />
::: ffi<br />
::: ;;;<br />
... t;;<br />
...<br />
;:U<br />
... ..<br />
;$<br />
...<br />
...<br />
...<br />
.............. .............<br />
.............. .............<br />
.<br />
. ...........<br />
. ............<br />
...........<br />
. ...........<br />
.' .. ...........<br />
CONVENÇÕES<br />
. . . . . . . . . . . . .<br />
. . . . . . . . . . . . . .<br />
D ......<br />
.,. ,.,<br />
. .. . RE SERVA INFERIDA<br />
::::++ ><br />
li o r i z o n , a I<br />
v . r t i c oI<br />
ENTRE o.s.O,7% NbZO,<br />
1,0% Nb z De;<br />
20 40 cro<br />
ESCALA<br />
100m.<br />
x.<br />
'\ ~..ilJ<br />
...<br />
..<br />
rt~<br />
..............<br />
..............<br />
..............<br />
..............<br />
.............. ..............<br />
.............. ..........<br />
..............<br />
. ..............<br />
. . . . . . . . . . . . .<br />
.............. ..............<br />
..............<br />
..............<br />
. ..............<br />
. . . . . . . . . . . . .<br />
..............<br />
..............<br />
..............<br />
.............. ..............<br />
.............. ..............<br />
..............<br />
..............<br />
.............<br />
..............<br />
.............<br />
.............<br />
.............. .............<br />
.............. .............<br />
. ............. . . . . . . . . . . . .<br />
. . . . . . . . . . . . . .<br />
.............<br />
.<br />
..............<br />
.............. .............<br />
..............<br />
.............<br />
..............<br />
.............. .............<br />
.............. .............<br />
SC-2-S/7<br />
--~<br />
ott. ...<br />
.. ..<br />
PC-2-S/7<br />
Fig. 9- Projeto CataIão, PeriJl. <strong>de</strong> Poços <strong>de</strong> Sondagens na Zona Mineralizada em Nióbio com Esquema <strong>de</strong> Calculo da<br />
Reserva Inferida.<br />
<strong>de</strong>vido à variação da superfície topográfica, as bases <strong>de</strong> furos sucessivos po<strong>de</strong>m atingir cotas diferentes.<br />
O bloco situado abaixo do furo mais alto topograficamente e ao lado do furo mais baixo, foi<br />
consi<strong>de</strong>rado como reserva inferi da (Fig. 9).<br />
A classe do teor da reserva inferi da é calculada, obtendo-se a média aritmética entre o<br />
último resultado <strong>de</strong> análise da base do furo mais alto e os resultados do furo mais baixo no seu<br />
intervalo situado abaixo do topo do bloco consi<strong>de</strong>rado como inferido.<br />
Método dos block-tables - Este método <strong>de</strong> cubagem por blocos foi adotado na reava-<br />
Híi ..<br />
li ;. .. ...<br />
SE
~ BLOCO SEM INA)R~S<br />
~ FAIXA<br />
~ FAIXA DE TEOR ENTRE !5-10% Pa0s<br />
CONVENÇ<br />
DE TECI't ENTRE O-t5% P,O,<br />
~ FAIXA DETEOREH~ 10-15% fitO.<br />
m FAIXADE nDR > PiOs<br />
""<br />
CARVALHO<br />
E S H.<br />
ESCALA<br />
1 r<br />
.. ..<br />
FURO DE SONDA<br />
AFLORAMENTC DO NfvEL CONSIDERADO.<br />
CURVA DE NivEL<br />
ORENAGEM<br />
.RA'FICA<br />
, ,<br />
!<br />
MO .00..<br />
1'0<br />
Fig. 10- Projeto Catalão, Mapa <strong>de</strong> Blocos do Intervalo <strong>de</strong> Nive1830-820 da Zona Mineralizada em Fosfato.<br />
fiação das reservas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> fosfato porque a divisão da jazida em blocos, nos seus diversos<br />
intervalos <strong>de</strong> níveis, já é um passo na preparação para a lavra.<br />
A caracterização dos diversos intervalos <strong>de</strong> nível, todos <strong>de</strong>.l0 m <strong>de</strong> espessura, seguiu a<br />
mesma sistemática adotada na elaboração dos mapas <strong>de</strong> isoteores e no método <strong>de</strong> cubagem com<br />
271
272 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
coeficiente <strong>de</strong> variação dos teores, <strong>de</strong>scritos nos itens anteriores.<br />
Os blocos inteiros possuem lados <strong>de</strong> 100 m e espessura constante <strong>de</strong> 10 m. Como a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />
do minério <strong>de</strong> fosfato foi consi<strong>de</strong>rada como 2,92, a tonelagem <strong>de</strong> cada bloco correspon<strong>de</strong>rá a<br />
202.000 t. Os blocos não inteiros, possuem pelo menos parte <strong>de</strong> sua área nos locais on<strong>de</strong> afIoram o<br />
intervalo <strong>de</strong> nível consi<strong>de</strong>rado. Sua área portanto, não será igual àquela dos blocos inteiros e a sua<br />
espessura será sempre inferior a 10 m, sendo necessário calculá-Ias.<br />
Para a avaliação das reservas do intervalo <strong>de</strong> nível consi<strong>de</strong>rado, basta apenas computar<br />
o número <strong>de</strong> blocos caracterizados como reserva medida, indicada ou inferida e agrupá-los <strong>de</strong> acordo<br />
com o intervalo <strong>de</strong> classe <strong>de</strong> teores adotados, obtendo-se o correspon<strong>de</strong>nte quadro <strong>de</strong> reservas.<br />
Evirlentt!mente, este método <strong>de</strong> avaliação só po<strong>de</strong>rá ser aplicado se o espaçamento das<br />
malhas <strong>de</strong> perfuração forem compatíveis. Por exemplo, para o minério <strong>de</strong> fosfato <strong>de</strong> Catalão I, a<br />
malha máxima admissível para a aplicação <strong>de</strong>ste método, é <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> espaçamento. Já para o<br />
minério <strong>de</strong> nióbio, talvez tenha que ser inferior a 50 m, tendo em vista sua gran<strong>de</strong> variação <strong>de</strong> teor.<br />
Reserva medida -Para a reserva medida só são computados os blocos que possuem furos<br />
<strong>de</strong> sonda em seu centro. O intervalo <strong>de</strong> classe do teor é dado pelo próprio teor médio do furo <strong>de</strong> sonda<br />
no intervalo consi<strong>de</strong>rado. Na Figura 10 são consi<strong>de</strong>rados como reserva medida <strong>de</strong>ntre outros, os<br />
seguintes blocos: N2, 02, P2, P4, 04, N6, M7, ete.<br />
Reserva indicada - Para a reserva indicada, só são computados aqueles blocos, que<br />
apesar <strong>de</strong> não apresentarem furos <strong>de</strong> sonda e, portanto, não possuem um teor <strong>de</strong>finido, têm, pelo<br />
menos, duas <strong>de</strong> suas faces limitadas por blocos consi<strong>de</strong>rados como reserva medida. O intervalo <strong>de</strong><br />
classe do teor é dado pela média dos 2 ou mais blocos vizinhos consi<strong>de</strong>rados como reserva medida.<br />
Na Figura 10 são consi<strong>de</strong>rados como reserva indicada, entre outros o bloco P7, parte dos blocos M8 e<br />
NO, etc.<br />
Reserva inferida - Para a reserva inferida só foram computados os blocos que apesar <strong>de</strong><br />
obe<strong>de</strong>cerem as condições dos blocos consi<strong>de</strong>rados como reserva indicada, só apresentam uma face<br />
limitando com um bloco consi<strong>de</strong>rado como reserva medida. O intervalo <strong>de</strong> classe do teor é estimado<br />
<strong>de</strong> acordo com a tendência das curvas <strong>de</strong> isoteores do intervalo <strong>de</strong> nível em questão. Na Figura 10<br />
são consi<strong>de</strong>rados como reserva inferida os seguintes blocos: P8. P9, 09, N9 e parte do M9.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
O autor <strong>de</strong>seja consignar o seu agra<strong>de</strong>cimento à diretoria técnica da METAGO pela<br />
autorização <strong>de</strong> publicação <strong>de</strong>ste trabalho bem com à datilógrafa Rose Dayse Lobo <strong>de</strong> Araújo e aos<br />
<strong>de</strong>senhistas Alexandre Machado Alves da Costa, Alan Kar<strong>de</strong>c SoaresBaylão e Antônio Dário <strong>de</strong><br />
Araújo pelos serviços <strong>de</strong> datilografia e <strong>de</strong>senho. Reconhecidamente agra<strong>de</strong>ce também à equipe<br />
técnica do Projeto Catalão, tanto do passado como do presente, em particular aos geólogos Augusto<br />
Kishida, Elias Antônio Cuba e Iranildo Rodrigues Valença e ao Engenheiro <strong>de</strong> Minas Ronaldo<br />
Nogueira Drummond, companheiros nos trabalhos <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong> escritório.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
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PESQUISA DE MINERAIS PESADOS<br />
NO LITORAL DE ITABAPOANA<br />
ESTADO DO RIO DE JANEIRO<br />
PROJETO BUENA<br />
PEDROA. COUTO*, ARAMISP. GOMES*, RAFAELAVENANETO*<br />
ABSTRACT<br />
The purpose of the works <strong>de</strong>veloped by Projeto Buena was the evalustion of tOO reservas of ilmenite. monazite, zirconite and<br />
rutile in the beach sands at tOOshore ofItabapoana, M unicipality of Slo J 010 da Barra, in the State of Rio <strong>de</strong> Janeiro, Brazil,<br />
The Projeto Buena was performed in the frame of an asreement between CPRM-CNEN ICBTN.<br />
Because of the presence of monazite, radiometric measurements were used. as the most suitable method to prospect tOO areas.<br />
TOO radiometry was followed by a systematic sampling using auger drill and sludge pump. Special attention was paid to the anomalies higOOr<br />
than 100 cps, registered by the scintillometer, and to those higOOr than 40 cps, showed by the gamameter. It was found that such anomalies<br />
generally indicated concentrations with more tOOn 5% of heavy minerais.<br />
TOOeconomically most important <strong>de</strong>posita are related to the fossil off shore bars.<br />
Further experimental geophysical works were performed using seismic refraction and electrorresistivity. in or<strong>de</strong>r to <strong>de</strong>fine the<br />
thickness of the quatemary sands wich overlap the sediments of the Grupo Barreiras; the refraction method was seccessful. In addition to this, a<br />
magnetometric prospecting was experimentally tried. The results Ihowed some contrasta between the heavy minerais concentrations and the<br />
barren material.<br />
The evaluation of the reserves (measured. indicated, and inferred) reach a total amount of sbout 2 millions tons with an average<br />
gra<strong>de</strong> of heavy minerais greater than 5 % .<br />
RESUMO<br />
Os trabalhos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong>senvolvidos pelo Projeto Buena, convênio CNEN/CBTN -CPRM. no litoral <strong>de</strong> Itabapoana. município<br />
<strong>de</strong> São Joto da BalTa. Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, visaram quantificar as reservas dos pláceres praiais <strong>de</strong> ilmenita. monazita, zirconita e<br />
rutilo.<br />
Basicamente. as ativida<strong>de</strong>s constaram <strong>de</strong> amostragem sistemática e trado sludo pump nos cordões arenosos, antecedida <strong>de</strong><br />
levantamentos radiométricos prospectivos, aproveitando a presença da monazita associada. Foram estudadas, especialmente. anomalias com<br />
valores maiores que 100 cps do cintilômetro e 40 cps do gamAmetro. Em geral, estas anomalias. <strong>de</strong>finiram concentrações contendo mais que 5% <strong>de</strong><br />
minerais pesados.<br />
Os cordões <strong>de</strong> praias fósseis contêm os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> maior interesse econômico da área,<br />
Foram realizados testes <strong>de</strong> sísmica <strong>de</strong> refraçlo e eletroresistivida<strong>de</strong>. no sentido <strong>de</strong> obter dados para <strong>de</strong>finir a espessura das areias<br />
quaternárias superpostas aos sedimentos do Grupo Barreiras, com 6timos resultados para o primeiro método. Perfis magnetométricos executados<br />
transversalmente aos cordões arenosos indicaram contrastes entre 8S concentrações e o estéril.<br />
O processamento do cálculo <strong>de</strong> reservas (medida, indicada e inferida), faz prever um total em torno a dois milhões <strong>de</strong> toneladas<br />
com teor médio <strong>de</strong> minerais pesados superior a 5 %.<br />
Generalida<strong>de</strong>s<br />
INTRODUÇAO<br />
As conhecidas areias monazíticas, distribuídas na faixa litorânea nor<strong>de</strong>ste e leste do<br />
Brasil, são constituídas por assembléias <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> variada composição química, originadas <strong>de</strong><br />
diversas fontes. No entanto, tais minerais, possuem em comum uma gran<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> química e<br />
wna elevada resistência à abrasão.<br />
.CPRM<br />
Essa assembléia, comwnente <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> minerais pesados, aplica.se aos minerais
"<br />
274 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOL.OGIA<br />
<strong>de</strong>tríticos estáveis, que po<strong>de</strong>m ser separados por técnicas apropriadas <strong>de</strong> sink float em líquidos<br />
pesados, como o bromofórmio.<br />
Os minerais pesados são constituídos <strong>de</strong> óxidos, silicatos, titanatos, columbatos, e<br />
menos freqüenttemente por fosfatos. Entre os mais comuns temos: zirconita, rutilo, monazita,<br />
ilmenita, leucoxênio, magnetita, hematita, limonita, cromita e cassiterita. Acessoriamente, encontram-se<br />
turmalina, granada, estaurolita, cianita, espinélio, andalusita, zoisita, clinozoisita, epidoto,<br />
biotita e hornblenda.<br />
De uma maneira geral, os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> minerais pesados são formados em zonas praiais,<br />
através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> seleção executado pelo movimento das ondas, efetuando, assim, uma<br />
separação gravimétrica natural.<br />
Nos <strong>de</strong>pósitos brasileiros <strong>de</strong> minerais pesados <strong>de</strong>stacam-se, quantitativamente, a<br />
ilmenita, a monozita, a zirconita e o rutilo.<br />
A monazita (fosfato <strong>de</strong> terras raras) po<strong>de</strong>r conter tório em sua composição. Esse elemento<br />
foi bastante utilizado no passado para fabricação <strong>de</strong> camisas <strong>de</strong> lampiões a gás. Atualmente, o<br />
tório vem sendo estocado, pois a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu emprego em reatores nucleares se <strong>de</strong>lineia<br />
como bastante promissora. Assim sendo, ele é no momento um subproduto da extração dos sais <strong>de</strong><br />
terras raras, possuindo estes uma boa colocação no mercado mundial.<br />
A zirconita (silicato <strong>de</strong> zircônio), utilizada na obtenção do metal zircônio, possui elevada<br />
resistência à tração, alta dureza e proprieda<strong>de</strong>s refratárias, e vem sendo utilizada na obtenção <strong>de</strong><br />
ligas metálicas, como abrasivo e também na fabricação <strong>de</strong> materiais refratários.<br />
O rutilo (óxido <strong>de</strong> titânio) <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> procura no mercado internacional, é empregado na<br />
obtenção <strong>de</strong> titânio metálico, na fabricação <strong>de</strong> pigmentos e ainda na indústria <strong>de</strong> materiais cerâmicos.<br />
Devido a intensa produção atual, espera-se uma rápida exaustão dos jazimentos conhecidos.<br />
A ilmenita (óxido <strong>de</strong> titânio e ferro) é outra fonte <strong>de</strong> titânio. Algumas indústrias estão<br />
utilizando-a em substituição ao rutilo, motivadas pelas gran<strong>de</strong>s reservas mundiais daquele mineral.<br />
Constitui matéria prima para a obtenção <strong>de</strong> 2 tipos <strong>de</strong> dióxidos <strong>de</strong> titânio, comumente usados como<br />
pigmento branco em várias indústrias.<br />
Entre os gran<strong>de</strong>s consumidores <strong>de</strong> dióxidos <strong>de</strong> titânio <strong>de</strong>stacam-se as indústrias <strong>de</strong><br />
tintas, as metalúrgicas, <strong>de</strong> papéis, <strong>de</strong> borracha, etc.<br />
Até o ano 2.000, o crescimento da <strong>de</strong>manda do titânio-metálico será maior que o do<br />
titânio-pigmento, em face das exigências da indústria aeroespacial.<br />
Histórico<br />
Os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> pláceres <strong>de</strong> minerais pesados contendo ilmenita, monazita, zirconita e<br />
rutilo, situados ao longo da faixa litorânea brasileira, são há muito conhecidos e lavrados. Apesar<br />
disso, poucos estudos sistemáticos <strong>de</strong> pesquisa foram <strong>de</strong>senvolvidos.<br />
Os primeiros trabalhos executados nessas ocorrências, que se tem notícia, datam <strong>de</strong><br />
1884, quando John Gordon estudou os <strong>de</strong>pósitos litorâneos <strong>de</strong> Caravelas e Prado, no Estado da<br />
Bahia.<br />
Somente a partir da segunda meta<strong>de</strong> do século XX, entida<strong>de</strong>s governamentais e<br />
algumas empresas particulares efetuaram esporádicos trabalhos prospectivos e <strong>de</strong> avaliação, sem<br />
no entanto, <strong>de</strong>finir o total das reservas para toda a assembléia mineral passível <strong>de</strong> uma extração<br />
econômica. Merece <strong>de</strong>staque os estudos <strong>de</strong>senvolvidos pela CNEN, embora essas avaliações visassem,<br />
essencialmente, a quantificação das reservas <strong>de</strong> monazita associada aos outros minerais pesados.<br />
Em 1966, técnicos <strong>de</strong>ssa entida<strong>de</strong> efetuaram estudos nos <strong>de</strong>pósitos do litoral <strong>de</strong> Itabapoana e<br />
concluíram que sob o ponto <strong>de</strong> vista do aproveitamento da monazita os teores apresentados não<br />
eram satisfatórios, apesar <strong>de</strong> terem sido <strong>de</strong>senvolvidos em trechos selecionados das concentrações.<br />
Os autores apontaram o setor <strong>de</strong> Tipiti, próximo ao Rio Itabapoana, como o único com possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> aproveitamento econômico.<br />
Em fins <strong>de</strong> 1967, a CNEN consi<strong>de</strong>rou como reservas medidas <strong>de</strong> inonazita nos litorais<br />
dos estados do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Espírito Santo e Bahia o total <strong>de</strong> 22.240 t. Deste montante, o Estado<br />
do Rio (litoral <strong>de</strong> Itabapoana) participou com 11. 770 t.
---<br />
10Km , O. 10,<br />
Fig. 1 1<br />
COUTO, GOMES, A VENA NETO<br />
MAPA DE LOCALIZAÇÃO<br />
DA<br />
ÁREA DO PROJETO<br />
o<br />
~~l:aJ<br />
DA BARRAU<br />
44. 43. 42. 4'.<br />
O 50 100 150 . , , , k",<br />
O<br />
o<br />
276 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Objetivos e Localização<br />
O Projeto Buena, criado através do convênio CNEN /CBTN -CPRM, foi <strong>de</strong>senvolvido<br />
no sentido <strong>de</strong> pesquisar as reservas dos pláceres praiais <strong>de</strong> ilmenita, monazita, zirconita e rutilo,<br />
situados na faixa litorânea compreendida entre a Vila <strong>de</strong> Guaxindiba e a Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barra <strong>de</strong> Itabapoana,<br />
Município <strong>de</strong> São João da Barra, Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
A programação foi calcada em um ante-projeto expedido pela CNEN, através do seu<br />
Departamento <strong>de</strong> Exploração Mineral. Este ante-projeto além <strong>de</strong> estabelecer as diretrizes básicas,<br />
<strong>de</strong>signou o geólogo Aladar Bernabé Molnar para acompanhar os trabalhos do projeto.<br />
GRUPO BARREIRAS E CORDÕES LITORÂNEOS<br />
Estudos estratigráficos recentes <strong>de</strong> Campos e Silva, Mabesoone e Beurlen mostraram,<br />
que o Grupo Barreiras se divi<strong>de</strong> em 3 formações: Formação Serra do Martins, Formação Guararapes<br />
e Formação Macaíba.<br />
A Formação Serra do Martins, basal do Grupo Barreiras, compõe-se <strong>de</strong> uma seqüência<br />
sedimentar arenosa e argilo-arenosa, geralmente <strong>de</strong> colorações claras e com espessura <strong>de</strong> até 50 m.<br />
A Formação Guararapes, que engloba a Formação Riacho Morno e a Formação Guararapes<br />
<strong>de</strong> Bigarella e Andra<strong>de</strong> (1964), é constituída <strong>de</strong> sedimentos argilosos a sílticos, areias arcosianas<br />
e arenitos vermelhos <strong>de</strong> granulação grosseira. Após o período <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, os sedimentos<br />
<strong>de</strong>ssa formação sofreram um processo <strong>de</strong> intemperismo com lixiviação e infiltração <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong><br />
ferro, formando uma capa laterítica <strong>de</strong>nominada Riacho Morno. A Formação Guararapes constitui<br />
a maior parte das falésias nor<strong>de</strong>stinas e sua espessura está em torno <strong>de</strong> 40 m.<br />
A Formação Macaíba assenta-se discordantemente sobre a Formação Guararapes e é<br />
constituída <strong>de</strong> areias brancas e areias argilosas <strong>de</strong> coloração clara. Possui uma espessura máxima <strong>de</strong><br />
aproximadamente 20 m.<br />
Campos e Silva et alii (1971) dataram o Grupo Barreiras do Oligoceno Superior ao<br />
Pleistoceno Inferior.<br />
O ambiente <strong>de</strong>posicional do Grupo Barreiras, segundo Ab'Saber (1968), parece ter sido<br />
<strong>de</strong> antigas planícies costeiras, hoje soerguidas, que se estendiam continuamente por todo litoralleste<br />
e nor<strong>de</strong>ste. Os sedimentos que compõem este grupo foram <strong>de</strong>stacados <strong>de</strong> rochas componentes do<br />
interlands, através <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sintegração em clima semi-árido.<br />
A Formação Guararapes (Mabesoone et alii, 1972) foi originada da capa da Formação<br />
Serra do Martins e <strong>de</strong> rochas cristalinas aflorantes na época. Semelhantemente os sedimentos da<br />
Formação Macaíba foram fornecidos pelo intemperismo Riacho Morno da Formação Guararapes e<br />
<strong>de</strong> material trazido do embasamento cristalino.<br />
Os sedimentos i<strong>de</strong>ntificados como pertencentes ao Grupo Barreiras formam, ao longo da<br />
parte norte da área do projeto, extensas linhas <strong>de</strong> falésias <strong>de</strong> direção aproximadamente N-S,<br />
apresentando <strong>de</strong>sníveis, às vezes, superiores a 6 m.<br />
Algumas <strong>de</strong>ssas escarpas se mostram como falésias mortas recuadas até 500 m da atual<br />
linha <strong>de</strong> praia. Em um trecho, com mais <strong>de</strong> 1.000 m <strong>de</strong> extensão, elas se situam na linha <strong>de</strong> preamar,<br />
expostas ao contínuo trabalho das ondas, ao mesmo tempo em que confinam as areias. Estas situações<br />
<strong>de</strong>monstram o condicionamento ocorrido no passado, durante os processos <strong>de</strong> formação das<br />
concentrações mineraís, atualmente contidas nos cordões litorâneos. Baseado nestas observações e<br />
pela semelhança das associações mineralógicas, po<strong>de</strong>-se afirmar, que tanto os <strong>de</strong>pósitos em formação<br />
como os cordões litorâneos, pertencem a um mesmo litótopo.<br />
A execução <strong>de</strong> perfis radiométricos nas frentes <strong>de</strong> falésias, aproveitando a íntima<br />
associação da monazita com os outros minerais pesados, mostraram valores significativos somente<br />
nos níveis em que os sedimentos do Grupo Barreiras se apresentam intercalados com material<br />
arenoso praia!.<br />
Afastando-se para oeste, os sedimentos do Barreiras formam morros arredondados, não<br />
ultrapassando a cota <strong>de</strong> 20 m. Fora dos limites oci<strong>de</strong>ntais da área do projeto, o Barreiras raramente<br />
aparece além <strong>de</strong> 50 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>.<br />
A formação <strong>de</strong> corpos arenosos marinhos, como os ocorrentes na área, foi resultante do<br />
trabalho acumulativo executado através do movimento sistemático das ondas na zona <strong>de</strong> rebentação.<br />
Estes corpos são classificados como barras marinhas (off shore bars) ou mais especificamente
41.0S'<br />
lZ'4K"'1<br />
I : ~<br />
COUTO, GOMES, A VENA NETO 277<br />
PROJETO BUENA<br />
MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS CORPOS<br />
IIIE<br />
Fig.2<br />
"<br />
MINERALI ZADOS<br />
O.. 500 'OOOIMlO ZOOO.<br />
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MEUIA.
278 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
como cordões litorâneos.<br />
Os cordões se situam paralelamente à frente <strong>de</strong>posicional e para haver uma acumulação<br />
suficiente são necessários, pelo menos, uma apropriada intensida<strong>de</strong> e gran<strong>de</strong>za da ação das ondas,<br />
a<strong>de</strong>quado grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> da faixa litorânea e, ainda, disponibilida<strong>de</strong> quantitativa <strong>de</strong> material<br />
arenoso.<br />
Os corpos mineralizados estudados estão contidos nestes cordões litorâneos que, geralmente,<br />
se <strong>de</strong>stacam topograficamente ao longo da área, com exceção do corpo Ponta do Retiro I e II<br />
situados em praia atual.<br />
Radiometria<br />
PESQUISA DOS DEPÓSITOS<br />
As concentrações <strong>de</strong> minerais pesados contidas nos cordões litorâneos foram <strong>de</strong>limi.<br />
tadas, preliminarmente, através <strong>de</strong> levantamentos radiométricos, aproveitando a presença das<br />
terras raras contidas na monazita associada aos outros minerais pesados. Na execução <strong>de</strong>sses<br />
trabalhos foram empregados cintilômetros tipo SPP 2 - NF e gamâmetros G MT - 3T, marca<br />
Saphymo-Srat, para <strong>de</strong>tetar e medir radiações gama.<br />
O levantamento cintiloinétrico foi realizado, tomando-se como base uma linha locada<br />
longitudinalmente na suposta parte central das mineralizações. Várias vezes isto não po<strong>de</strong> ser<br />
efetivado rigidamente, <strong>de</strong>vido aos serviços <strong>de</strong> lavra, anteriormente executados, terem espraiados<br />
irregularmente as concentrações restantes.<br />
Em espaçamentos <strong>de</strong> 200 m foram executadas leituras seguindo linhas transversais<br />
perpendicularmente ao eixo, com intervalos <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> 25 m. O número <strong>de</strong> medições, para cada<br />
lado-das transversais, variou <strong>de</strong> acordo com a largura da faixa mineralizada.<br />
A interpretação dos dados <strong>de</strong> campo resultou na confecção <strong>de</strong> mapas cintilométricos com<br />
traçaoos <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> isoradioativida<strong>de</strong> em intervalos, segundo uma distribuição log-normal dos<br />
valores <strong>de</strong> leituras em cps. Destacando-se anomalias com valores acima <strong>de</strong> 100 ou 150 cps, com<br />
oscilações <strong>de</strong> área para área.<br />
A partir das leituras obtidas na aplicação <strong>de</strong> gamâmetro em áreas selecionadas pela<br />
cintilometria foi processado um programa <strong>de</strong> computador, resultado na confecção <strong>de</strong> mapas gama<br />
total e gama residual. Estes mapas quando comparados com o <strong>de</strong> isoteor em ,minerais pesados<br />
<strong>de</strong>monstra o perfeito controle das concentrações através da interpretação radiométrica.<br />
O emprego <strong>de</strong> computador objetivou alcançar uma racionalização no tratamento dos<br />
dados obtidos através <strong>de</strong> leituras com gamâmetro, consi<strong>de</strong>rando a gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> dados a serem<br />
processados para uma interpretação completa.<br />
Foi utilizado o programa NST - Numerical Surface Technique, <strong>de</strong>senvolvido pelos centros<br />
<strong>de</strong> pesquisa da IBM para emprego no cálculo e representação <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong>finidas por polinômios.<br />
Este programa foi preparado para o computador 1130 e o respectivo Plotter, fornecendose<br />
as coor<strong>de</strong>nadas X e Y <strong>de</strong> cada ponto <strong>de</strong> leitura e a intensida<strong>de</strong> da gran<strong>de</strong>za, isto é o valor da<br />
leitura em cps. O programa completo é constituído <strong>de</strong> vários subprogramas que inicia com o Load<br />
Data Randon (LODAR), que fixa na memória do computador os dados básicos referentes a cada<br />
estação e conclui contornando por curvas isoanômalas representativas da geometria da superfície,<br />
através do subprograma Countouring (CONTR).<br />
Os dados <strong>de</strong> leituras foram lançados no computador mantendo as posições das estações<br />
medidas no campo e através <strong>de</strong>las foi confeccionado o mapa gama total, calculados os valores regionais<br />
(background) e finalmente traçado o mapa residual. Os valores residuais para cada ponto<br />
foram calculados através da diferença entre o valor gama total e o valor regional <strong>de</strong> cada ponto.<br />
Amostragem<br />
Para o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa nas áreas dos corpos mineralizados indicados pela<br />
radiometria, foram estabelecidas malhas <strong>de</strong> amostragem, que variaram em função da disposição das<br />
anomalias <strong>de</strong>tetadas. Basicamente, foram utilizadas malhas retangulares, quadradas e quadra-
PROJETO BUENA<br />
MAPA GAMA TOTAL<br />
PROGRAMA/ NST-IBM (MAPA GAMA - NUPRX- CONTOR)<br />
Fig.3<br />
(COMPUTADOR: 25.4")<br />
LARGO<br />
( TR ECHO 00 COR PO I<br />
o LEGENDA<br />
COUTO, GOMES, A VENA NETO<br />
0/ C'J"VA ISOGÂMICA<br />
(cp.)<br />
i::-.-<br />
,/ eu"y. ISOtÃM'CA 111-<br />
",0 fElUOA EII ZONA'.<br />
( TA NO IA,<br />
Ll,o<br />
. EIXO DO LEVANT."EN-<br />
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I<br />
L O<br />
.6 "A"CO DE ftE,.UÊNCIA<br />
INTE"VALO DE CONTORNO<br />
20 c,..<br />
0'9201040110'"<br />
1113<br />
PROJETO BUENA<br />
MAPA GAMA RESIDUAL<br />
PROGRAMA/ NST-IBM (MAPA RESD - NUPRX-CONTOR)<br />
(COMPUTADOR: 25.4")<br />
L A R G O<br />
(TRECHO DO CORPO)<br />
LEGENDA<br />
O' V eU_VA'IOIÃMltA «8,.1<br />
,,0/<br />
279<br />
CU"VA'lod.IIIICA 111-<br />
280 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
PROJETO BUENA<br />
MAPA DE<br />
MINERAIS<br />
ISOTEOR<br />
PE SADOS<br />
ACIMA DO N. FREÁTICO<br />
L A R G O<br />
TRECHO DO CORPO)<br />
~ CURVA DE JSOTEOR<br />
LEGENDA<br />
l!::o/'CURVA DE ISOTEOR<br />
-UH'[RIO".<br />
Z8,fi%TEOR EM IIIIHERAIS<br />
PESADOS.<br />
(4,6J<br />
I<br />
l"IO<br />
I<br />
L O<br />
l><br />
lilllliillI<br />
PROFUNOIOADI: 00<br />
FURO l_I,<br />
A..OSTRAGEM EM ZO-<br />
NA PANTANOSA<br />
EIXO DE AMOSTRAG[<br />
MAltCO OE REFEltÊH-<br />
C,.<br />
A8AIXO DE S% DE<br />
MIHERAIS PESADOS.<br />
ENT"E h 10 % DE<br />
M'NERAIS !"tUDOS.<br />
[NTlU 10. 20% DE<br />
MINERAIS PESADOS.<br />
ACIMA OE 40% DE<br />
MINERAIS PESADOS.<br />
Fig.S Fig.6<br />
acrescentar o peso dos homens ao do revestimento, proporcionando uma pressão constante necessária<br />
a penetração da coluna.<br />
O material que passou a ocupar o interior do revestimento foi removido com emprego <strong>de</strong><br />
sludge pump. Equipamento este, que consta <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> aço possuindo um nariz removível na<br />
terminação inferior, constituído <strong>de</strong> uma sapata contendo em interior uma válvula <strong>de</strong> esfera para<br />
aprisionamento do material amostrado.<br />
Com os resultados das análises mineralógicas do material coletado, foram confeccionados<br />
mapas <strong>de</strong> isoteores <strong>de</strong> minerais pesados, <strong>de</strong>limitando concentrações superiores a 5%.<br />
Foram <strong>de</strong>finidos 16 corpos mineralizados nos cordões litorâneos e 2 em praia atual.<br />
Os comprimentos das concentrações variaram <strong>de</strong> 300 a 2.000 m, com larguras supe-
COUTO, GOMES, A VENA NETO<br />
riores, por vezes, a 200 m. A espessura do pacote arenoso oscilou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns cm nas proximida<strong>de</strong>s<br />
do contato com o Grupo Barreiras, até a mais <strong>de</strong> 11 m em outros locais.<br />
Os trabalhos <strong>de</strong> sondagem executados com utilização <strong>de</strong> sonda rotativa Winkie, mo<strong>de</strong>lo<br />
GW - 15, mostraram a existência <strong>de</strong> leitos arenosos contendo minerais pesados em intercalações<br />
com material argiloso, na passagem dos cordões litorâneos para os sedimentos do Grupo Barreiras<br />
sotopostos.<br />
Ensaios <strong>de</strong> Aplicação <strong>de</strong> Outros M4!todos Geofísicos<br />
Foram empregados, experimentalmente, métodos <strong>de</strong> eletroresistivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> sísmica <strong>de</strong><br />
refração visando a obtenção <strong>de</strong> dados que possibilitassem a <strong>de</strong>terminação da espessura dos cordões<br />
arenosos sotopostos aos sedimentos do Grupo Barreiras. Além disso, foram executados ensaios<br />
magnetométricos na procura <strong>de</strong> elementos que auxiliassem na <strong>de</strong>finição do comportamento das<br />
mineralizações .<br />
Eletroresistivida<strong>de</strong><br />
A aplicação dos testes <strong>de</strong> eletroresistivida<strong>de</strong> foi executado em áreas selecionadas <strong>de</strong>ntre<br />
aquelas já <strong>de</strong>finidas pelos serviços <strong>de</strong> amostragem. O equipamento utilizado foi uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> IP,<br />
mo<strong>de</strong>lo da Geotronics, com transmissor T-2600 e receptor R-401/s, que <strong>de</strong>termina a resistivida<strong>de</strong> do<br />
material atravessado, po<strong>de</strong>ndo ainda fornecer, o fator <strong>de</strong> condução metálica e o efeito percentual <strong>de</strong><br />
freqüência.<br />
Foram testados diferentes arranjos em linhas transversais aos cordões arenosos das<br />
áreas selecionadas, tendo sido o dispositivo SchIumberger o primeiro empregado, objetivando a<br />
<strong>de</strong>terminação da espessura dos corpos arenosos. Complementando, foi aplicado o dispositivo<br />
SchIumberger modificado <strong>de</strong> mapeamento elétrico (Gradient Mapping Method), com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
conseguir elementos para localizar, em profundida<strong>de</strong>, horizontes on<strong>de</strong> houvessem maiores concentrações<br />
<strong>de</strong> minerais pesados. Estes horizontes po<strong>de</strong>riam ou não ser coinci<strong>de</strong>ntes com o posicionamento<br />
do nível freático.<br />
O método <strong>de</strong> eletroresistivida<strong>de</strong>, mesmo com a aplicação <strong>de</strong> diversos arranjos e alguns<br />
artifícios, não se mostrou aplicável na área do projeto. A principal dificulda<strong>de</strong> encontrada foi a não<br />
passagem <strong>de</strong> corrente elétrica através dos corpos arenosos, <strong>de</strong>vida ao fato <strong>de</strong> serem estes <strong>de</strong> composição<br />
essencialmente quartzosa, friável, e ainda por não se apresentarem cobertos por um solo<br />
<strong>de</strong>senvolvido, ainda que incipiente.<br />
Mesmo com as tentativas <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> diferentes freqüências na unida<strong>de</strong> transmissora,<br />
<strong>de</strong> diversos espaçamentos entre os eletrodos, além <strong>de</strong>, previamente, umi<strong>de</strong>cer esses eletrodos<br />
<strong>de</strong> corrente com soluções salgadas e às vezes como argila embebida em água, as leituras, quase<br />
sempre, não pu<strong>de</strong>ram ser realizadas. Ocorreu, em diversas tentativas, que a corrente era transmitida<br />
mas não era possível conseguir uma estabilida<strong>de</strong> do receptor e; conseqüentemente, efetuar as<br />
leituras.<br />
Os melhores resultados, ainda que não suficientes para uma interpretacão, foram conseguidos<br />
na extremida<strong>de</strong> norte do corpo Guriri, on<strong>de</strong> havia a presença <strong>de</strong> um solo areno-argiloso<br />
sobre um pacote, em que a argila também se fazia presente em mistura com o material quartzoso,<br />
tornando-o menos friável.<br />
Esta última tentativa veio comprovar, que o trânsito da corrente elétrica foi prejudicado<br />
principalmente pela constituição essencialmente friável dos cordões arenosos que compõem estas<br />
áreas.<br />
Uma dificulda<strong>de</strong> adicional à passagem da corrente elétrica necessária ao experimento,<br />
foi a presença <strong>de</strong> zonas pantanosas adjacentes aos cordões pesquisados.<br />
Os entraves operacionais, assim, tornam impraticável a utilização <strong>de</strong>ste método na área<br />
do projeto, para a finalida<strong>de</strong> proposta.<br />
Magnetometria<br />
Para os trabalhos <strong>de</strong> medições <strong>de</strong> çampo foi ~tilizado um magnetômetro <strong>de</strong> próton,<br />
mo<strong>de</strong>lo G-806 fabricado pela Geometrics, que me<strong>de</strong> a intensida<strong>de</strong> total do campo geomagnetico,<br />
281
282 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
com precisão fornecida pelo fabricante <strong>de</strong>:l: 1 gamma. As leituras foram corrigidas para a variação<br />
diurna.<br />
Os testes foram realizados nas áreas <strong>de</strong> Largo, Asmos, e Guaxindiba, selecionadas para<br />
esta finalida<strong>de</strong>, sendo que em todos foram empregados espaçamentos <strong>de</strong> 25 m entre as linhas, e<br />
intervalos <strong>de</strong> leituras transversais <strong>de</strong> 10 m. Foram utilizadas também, em Guaxindiba, algumas<br />
medições <strong>de</strong> 5 em 5 m.<br />
As medidas <strong>de</strong> Intensida<strong>de</strong>s Totais (Z), corrigidas, foram plotadas em planta e traça das<br />
as linhas <strong>de</strong> contorno em intervalos <strong>de</strong> 1 gamma, sendo assim, contruídos os mapas <strong>de</strong> isoanomalias.<br />
Em todas as áreas interpretadas foi observado o fato <strong>de</strong> que, geralmente, às altas concentrações<br />
<strong>de</strong> minerais pesados correspon<strong>de</strong>ram mínimos magnetométricos relativos. Contrariamente,<br />
às baixas concentrações equivaleram a máximos magnetométricos.<br />
As anomalias encontradas foram pequenas, fornecendo uma diferença dos mínimos para<br />
os máximos magnetométricos em torno <strong>de</strong> 10 gammas. Entretanto, consi<strong>de</strong>rando que a precisão do<br />
instrumento é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>:l: 1 gamma e que todos os cuidados operacionais foram tomados,<br />
especialmente na aplicação das correções diurnas, po<strong>de</strong>-se dizer que tais anomalias, embora pequenas,<br />
tem significado na interpretação do comportamento das mineralizações.<br />
As superposições entre os mínimos magnetométricos e os máximos dos teores <strong>de</strong> minerais<br />
pesados po<strong>de</strong>m ser atribuídas, essencialmente, à constante presença <strong>de</strong> minerais ferrosos<br />
nessas concentrações. Nas áreas consi<strong>de</strong>radas, a magnetita tem uma participação <strong>de</strong> apenas 0,2%<br />
do total <strong>de</strong> minerais pesados, mas a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ilmenita aliada a outros óxidos <strong>de</strong> ferro com<br />
proprieda<strong>de</strong>s para magnéticas , parecem emprestar ao conjunto o comportamento <strong>de</strong> um pequeno<br />
corpo magnético, resultando, então as curvas características da intensida<strong>de</strong> total no hemisfério sul<br />
magnético.<br />
Não está afastada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>ssas anomalias serem <strong>de</strong>correntes da<br />
presença <strong>de</strong> concentraçõe!i ferruginosas nos sedimentos do Grupo Barreiras sotopostos aos cordões<br />
pesquisados.<br />
As interpretações <strong>de</strong>monstraram que, pelo menos nas áreas testadas, os setores ricos em<br />
minerais pesados estão quase sempre coinci<strong>de</strong>ntes com os baixos magnetométricos relativos.<br />
Sísmica <strong>de</strong> Refração<br />
Na execução dos perfis testes foi aplicado um instrumento <strong>de</strong> refração sísmica mo<strong>de</strong>lo<br />
RS-4, fabricado pela DRESSER - South Western Industrial Eletronics, dispondo <strong>de</strong> 12 canais.<br />
Para cada disposição dos geofones (spreads) processou-se um tiro em cada extremida<strong>de</strong><br />
e outros adjacentes a esta situação.<br />
Para os cálculos das profundida<strong>de</strong>s foram utilizados somente os tiros nas extremida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> cada dispositivo, uma vez que em todas as secções, as distâncias críticas não exce<strong>de</strong>ram à meta<strong>de</strong><br />
dos comprimentos dos dispositivos. Os tiros afastados foram empregados apenas para comprovar<br />
a existência <strong>de</strong> um único refrator <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> servirem <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> controle<br />
<strong>de</strong>ste refrator para os tiros mais próximos.<br />
Em todos os dispositivos utilizados proce<strong>de</strong>u-se à execução <strong>de</strong> tiros reversos.<br />
Foram levantadas linhas do corpo Asmos e do corpo Guaxindiba, dispostos transversalmente<br />
em relação aos maiores comprimentos das mineralizações e medindo respectivamente 50, 75 e<br />
200m.<br />
Os tiros foram efetuados próximos à superfície, ficando os bastões <strong>de</strong> dinamite, ou<br />
frações <strong>de</strong>stes, <strong>de</strong>positados em furos <strong>de</strong> duas polegadas <strong>de</strong> diâmetro e a uma profundida<strong>de</strong>, aproximadamente,<br />
<strong>de</strong> duas vezes o comprimento do bastão utilizado.<br />
Para os dispositivos <strong>de</strong> 25 m, foram empregados 1/4 <strong>de</strong> um bastão <strong>de</strong> 200 gr para os<br />
tiros próximos e 1/2 bastão para os tiros afastados. No caso dos dispositivos <strong>de</strong> 50 m foram utilizadas<br />
cargas dobradas.<br />
Em razão das áreas não apresentarem gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sníveis topográficos e por não se dispor<br />
<strong>de</strong> dados <strong>de</strong>talhados <strong>de</strong> altimetria, não foram efetuados correções topográficas. Foram <strong>de</strong>termi.<br />
nadas, apenas, as profundida<strong>de</strong>s abaixo dos pontos <strong>de</strong> tiro.<br />
A espessura da camada acima do lençol freático foi calculada pela seguinte equação:
Sendo: Zo<br />
Til<br />
Vo<br />
VI<br />
Ti<br />
Zo= !-<br />
2<br />
COUTO, GOMES, A VENA NETO<br />
V V<br />
I o<br />
~[- V~<br />
Espessura da primeira zona<br />
Intercept Time da primeira camada<br />
(obtido através do gráfico <strong>de</strong> perf1l)<br />
Velocida<strong>de</strong> na camada superior<br />
Velocida<strong>de</strong> na camada saturada (abaixo<br />
do nível freático)<br />
A espessura da camada satura da foi fomecida pela equação:<br />
On<strong>de</strong> - Espessura da camada saturada (abaixo<br />
do nível freático)<br />
Intercept Time para a camada saturada<br />
Velocida<strong>de</strong> do refrator inferior<br />
A espessura total foi obtida pela soma das duas camadas:<br />
Através da análise dos perfis tempo-distância conclui-se, que nas áreas estudadas<br />
ocorrem 3 camadas bem <strong>de</strong>finidas COm comportamento horizontal ou apresentando mergulhos<br />
suaves:<br />
1. Camada Superior - Constituída <strong>de</strong> areias friáveis, às vêzes cobertas com um solo<br />
incipiente, material <strong>de</strong> seco a úmido e localizado acima do nível freático, apresentando velocida<strong>de</strong>s<br />
extremamente baixas .(entre 70e 250m/s).<br />
2. Camada Saturada - Formada <strong>de</strong> material arenoso com água, com velocida<strong>de</strong>s, que<br />
variaram, entre 300 e 440 m/ s no corpo Asmos e entre 370 e 590 m/s no corpo Guaxindiba.<br />
3. Camada do Topo do Grupo Barreiras - Constituída por sedimentos essencialmente<br />
argilosos, por vezes cobertos por leito <strong>de</strong> materiallaterítico. No corpo Asmos esta camada foi perfeitamente<br />
i<strong>de</strong>ntificada, mostrando velocida<strong>de</strong>s que oscilaram entre 1.250 e 1.920 m/s. No corpo<br />
Guaxindiba uma camada <strong>de</strong> comportamento idêntico com velocida<strong>de</strong>s entre 1470 e 1920 m/s foi<br />
<strong>de</strong>tectada a profundida<strong>de</strong>s menores do que as indicadas pela amostragem, impedindo a <strong>de</strong>terminação<br />
da espessurl\ total do corpo. Esta camada, <strong>de</strong> natureza concrecional é essencialmente constituída<br />
<strong>de</strong> leitos endurecidos formados por grãos <strong>de</strong> areia cimentados com material conchífero.<br />
Os resultados obtidos pela sísmica <strong>de</strong> refração, consi<strong>de</strong>rando-se as naturais flutuações<br />
do nível freático em <strong>de</strong>corrência das variações climáticas, foram satisfatórios quando comParados<br />
com os valores reais.<br />
Conforme ficou provado na execução do perfil <strong>de</strong> Guaxindiba, a presença intercalada <strong>de</strong><br />
leitos endurecidos ou concrecionais no interior dos corpos arenosos, obscurecem a investigação das<br />
camadas localizadas abaixo <strong>de</strong>stes leitos.<br />
Os dados <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagação obtidos nos registros sísmicos permitem estimar<br />
um relacionamento comparativo entre camadas <strong>de</strong> comportamento idêntico em corpos diferentes.<br />
Assim, por exemplo, po<strong>de</strong>-se dizer qUê no COrpOGuaxindiba O materialareno50 l5eIprese:Q.ta mais<br />
compacto do que no corpo Asmos.<br />
283
284 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Na'aplicação do método <strong>de</strong>scrito em outras áreas, <strong>de</strong>verão serefetuadas, ocasionalmente,<br />
sondagens manuais ou mecânicas visando <strong>de</strong>terminar a presença <strong>de</strong> outras discordâncias com os<br />
valores obtidos pela sísmica em relação aos refratores.<br />
CONSIDERAÇOES GENÊTICAS<br />
Existe no litoral brasileiro uma flagrante constância entre a presença dos <strong>de</strong>pósitos<br />
arenosos contendo minerais pesados e a proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência do Grupo Barreiras. Esta<br />
observação cresce <strong>de</strong> importância consi<strong>de</strong>rando-se o fato <strong>de</strong> que, geralmente, em âmbito regional,<br />
on<strong>de</strong> os sedimentos <strong>de</strong>ste grupo estão mais próximos da linha <strong>de</strong> costa, as concentrações <strong>de</strong> minerais<br />
pesados em pláceres se apresentam mais ricas. Uma hipótese a consi<strong>de</strong>rar na explicação <strong>de</strong>sse<br />
acontecimento seria, que a presença <strong>de</strong> uma topografia contrastante provocada pelos afloramentos<br />
do Grupo Barreiras, freqüentemente em elevações e formando falésias, funcionariam como verda<strong>de</strong>iros<br />
anteparos, que auxiliados pelas formas a<strong>de</strong>quadas da linha costeira, confinariam o material<br />
arenoso colocando-o a disposição do movimento oscilatório das ondas em um trabalho comparável<br />
ao realizado por jig. Esse <strong>de</strong>slocamento repetitivo das areias executado pela água do mar,<br />
separaria mecanicamente os minerais leves dos pesados, arrastando ambos no movimento da onda<br />
em direção ao continente e <strong>de</strong>positando os mais pesados pela menor competência da água no movimento<br />
<strong>de</strong> retorno.<br />
O material <strong>de</strong>trítico original seria carreado do continente através da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem,<br />
especialmente pelo trabalho dos rios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> vazão, e distribuído através <strong>de</strong> correntes marinhas<br />
pela zona <strong>de</strong> plataforma sendo posteriormente, por correntes marinhas favoráveis, trazidos até as<br />
praias.<br />
A <strong>de</strong>sagregação do material das rochas do interlands resultaria da atuação do intemperismo<br />
e consequente remoção química e mecânica dos minerais, acompanhado <strong>de</strong> um trabalho<br />
seletivo, atuante também durante a efetivação do transporte em direção ao litoral.<br />
Outra hipótese, admitida'por vários autores, aponta os sedimentos do Grupo Barreiras<br />
como portadores das primeiras concentrações <strong>de</strong> minerais pesados atuando, então, como protominério.<br />
Seguir-se-ia, uma reconcentração do material <strong>de</strong>sagregado do Barreiras através da ação<br />
das ondas, principalmente nas frentes <strong>de</strong> falésia, reconcentrando os minerais e originando, finalmente,<br />
os <strong>de</strong>pósitos.<br />
As ocorrências mundiais distribuídas em zonas litorâneas, indicam que os importantes<br />
<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> pláceres praiais ten<strong>de</strong>m a se situarem em faixas costeiras estáveis e ao longo <strong>de</strong> orlas<br />
oceânicas que tenham uma plataforma com suave <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> em direção ao mar.<br />
O fato das concentrações <strong>de</strong> minerais pesados <strong>de</strong>tríticos, <strong>de</strong> interesse econômico, constituídos<br />
pela assembléia-tipo: ilmenita, monazita, zirconita e rutilo estarem condicionadas a <strong>de</strong>pósitos<br />
preferentemente praiais, advém da necessida<strong>de</strong> da presença <strong>de</strong> um ambiente <strong>de</strong> alta energia<br />
e larga extensão para favorecer acumulações minerais suficientemente ricas e extensas.<br />
CONCLUSOES<br />
1) A aplicação da radiometria, com utilização <strong>de</strong> cintilômetros e/ou gamâmetros, mostrou-se eficaz<br />
na prospecção <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> minerais pesados tipo plácer praial, que apresente monazita<br />
associada;<br />
2) A investigação <strong>de</strong> níveis arenosos, com possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conter concentrações <strong>de</strong> minerais<br />
pesados, no interior do Grupo Barreiras, <strong>de</strong>monstrou, que apenas nas zonas transicionais dos cordões<br />
litorí'meos para os sedimentos argilosos do referido grupo, po<strong>de</strong>m apresentar possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
apresentar teores econômicos <strong>de</strong>sses minerais;<br />
3) Os ensaios <strong>de</strong> magnetometria executados, mostraram a validad-e do emprego <strong>de</strong>ste método em<br />
trabalhos prospectivos <strong>de</strong> minerais pesados em areias, especialmente em áreas on<strong>de</strong> existam teores<br />
significativos <strong>de</strong> magnetita participando da assembléia mineralógica;<br />
4) Os testes <strong>de</strong> sísmica <strong>de</strong> refração, apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrarem eficácia na <strong>de</strong>terminação da espessura<br />
dos cordões arenosos, não apresentaram custos suficientemente baixos para competir com as<br />
investigações utilizando sondagem manual. Isso torna-se mais notável, consi<strong>de</strong>rando-se que concentrações<br />
situadas a'gran<strong>de</strong>s profundida<strong>de</strong>s, ten<strong>de</strong>m a ter o seu interesse econômico reduzido;
COUTO, GOMES, A VENA NETO<br />
5) O emprego da eletroresistivida<strong>de</strong> para a finalida<strong>de</strong> proposta, pelo entraves operacionais <strong>de</strong>scritos<br />
nos texto, não ~viável em áreas com mesmo comportamento geológico.<br />
6) Os trabalhos <strong>de</strong> avaliação das concentrações <strong>de</strong> minerais pesados, ao longo da área estudada,<br />
permitem consi<strong>de</strong>rar uma reserva total em tomo <strong>de</strong> 2 milhões <strong>de</strong> toneladas com teores acima <strong>de</strong> 5 % .<br />
7) A experiência <strong>de</strong>senvolvida nos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa mostrou, que em situações idênticas,<br />
<strong>de</strong>verão ser aplicadas as formas <strong>de</strong> prospecção e pesquisa <strong>de</strong>scritas, com variações a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da<br />
assembléia <strong>de</strong> minerais presentes na área a ser estudada.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Os autores são gratos ao gerente da Usina <strong>de</strong> Buena Sr. Antônio Carlos <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e<br />
sua equipe, pela prestimosa colaboração no transcorrer dos trabalhos <strong>de</strong> campo. Gratidão que se<br />
esten<strong>de</strong> ao pessoal <strong>de</strong> laboratório da CBTN, mais diretamente ao técnico Walter Vicentin, pela<br />
<strong>de</strong>dicação <strong>de</strong>monstrada na execução das análises mineralógicas.<br />
Agra<strong>de</strong>ce-se ainda ao DEGEO/CPRM, na pessoa do geofísico Nagib Chamon, responsável<br />
pelo testes <strong>de</strong> sísmica <strong>de</strong> refração executados na área. A toda equipe <strong>de</strong> campo incluindo<br />
administradores, técnicos em mineração, sondadores, topógrafos, auxiliares <strong>de</strong> campo e tra<strong>de</strong>iros,<br />
que direta ou indiretamente contribuíram para que se alcançasse os objetivos propostos.<br />
Registra-se especial agra<strong>de</strong>cimento ao geofísico Antônio Carlos Motta, responsável pela<br />
execução dos ensaios <strong>de</strong> eletroresistivida<strong>de</strong> e magnetometria, além da programação <strong>de</strong> computador<br />
para interpretação dos dados radiométricos. Da mesma forma ao geólogo Raymundo José <strong>de</strong> Sá<br />
Filho pela participação na confecção do relatório final do projeto e ao geólogo Geraldo Vianney pela<br />
supervisão do texto.<br />
Finalmente, cumpre reconhecer a eficiente supervisão técnica empreendida pelo geólogo<br />
Inácio Delgado (DIGEC/SA) e o engenheiro <strong>de</strong> minas Jayme Buarque <strong>de</strong> Gusmão (DEGEC/DO).<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
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----<br />
285
PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA DE SEMI-DETALHE E DETALHE<br />
NO MACIÇO BÃSICO E ULTRABÃSICO<br />
DE AMERICANO DO BRASIL, Go<br />
MARCELO JOSÉ RIBEIRO*, MOACYR MARTINS DOS SANTOS*<br />
ABSTRACT<br />
This paper gives a thorough account of the geochemical exploration in AlRBricenodo Brasil. Anicuna County. Ooiás. which<br />
succe<strong>de</strong>d in the discovery of the firet copper-nickel-sulphi<strong>de</strong> mineralization ever found in Brazil in a baaic-ultrabasic igneous complexo The morphology<br />
and geology of the pluton are brieily treeted. and a sl10rt <strong>de</strong>scription is given of the mineral paragenesis in the ore.<br />
RESUMO<br />
Este trabalho <strong>de</strong>screve todos os paasos da cempanha geoquimice realizada em Americeno do Brasil. Municipio <strong>de</strong> Anicuna (001.<br />
que levou à <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> uma mineralizaçlo niquel-cupro-sulfetada associada a um maciço b6sico-ultrabásico. Apresenta ainda um breve resumo<br />
da morfologia e geologia do maciço, bem como uma slntaae da <strong>de</strong>scriçAo do minério encontrado.<br />
HISTORlCO<br />
O maciço <strong>de</strong> Americano do Brasil foi, em 1969, reconhecido e <strong>de</strong>limitado na escala<br />
1:100.000 pelos alunos D. Garcez Filho e A. J. A. Figueiredo, do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Brasília, sob a orientação do professor M. Dar<strong>de</strong>nne e <strong>de</strong>nominado maciço <strong>de</strong> São João<br />
(Dannietalii, 1973, pp. 160-180).<br />
Sabendo tratar-se <strong>de</strong> um corpo diferenciado (eram então conhecidos piroxenitos, gabros<br />
e dioritos) e havendo conhecimento da existência <strong>de</strong> sulfetos (pirita) na sua borda este, os geólogos<br />
Carlos Maranhão Gomes <strong>de</strong> Sá e Gil Magno W. <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, da METAGO realizaram, a partir <strong>de</strong><br />
junho <strong>de</strong> 1972, rápidas visitas à área. Em um afloramento <strong>de</strong> diorito a grão fino, localizado na borda<br />
sul, observaram a presença <strong>de</strong> pirita e rarissima calcopirita. Dosagens nesta rocha e em gabros<br />
indicaram valores entre 0,1 % e 0,2% Cu, com um máximo <strong>de</strong> 0,49% Cu, associados a teores <strong>de</strong> até<br />
0,15% Ni e sempre inferiores a 0,10% Co (1.000 ppm). Algumas <strong>de</strong>stas análises estão colocadas no<br />
Quadro 1.<br />
Estes resultados levaram a MET AGO requerer áreas para pesquisas e já em janeiro <strong>de</strong><br />
1973 iniciar os trabalhos <strong>de</strong> prospecção sobre o maciço, a cargo dos autores <strong>de</strong>ste estudo.<br />
Na Figura 1 é apresentada a localização do maciço, salientando-se a sua proximida<strong>de</strong><br />
com Anicuns, cida<strong>de</strong> ligada à Goiânia por 80 km <strong>de</strong> estrada asfaltada.<br />
PROSPECÇAO GEOQUÍMICA SEMI-REGIONAL<br />
Em vista <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong> afloramentos sobre amplas áreas do maciço, <strong>de</strong>cidiu-se que<br />
caberia aos levantamentos geoquímicos a principal tarefa na prospecção, associada ao indispensável<br />
conhecimento geológico <strong>de</strong> base.<br />
*METAOO
288 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
QUADRO 1<br />
Análise <strong>de</strong> rocha. Primeiros<br />
resultados obtidos em Americano do Brasil.<br />
N9 Cu Ni<br />
PBB - 34 0,49% 0,1 %<br />
PBB - 35 A 0,36% 0,1 %<br />
PBB - 40 B,O? % 0,15 %<br />
PBB - 44 0,04% 0,10%<br />
QUADRO 2<br />
Dados da campanha semi-regional.<br />
Sub.área P Am PB PC PS Área D<br />
I 28 93 4 14 10 ]0,2 2,8<br />
2 25 81 7 13 5 10,7 2,3<br />
3 20 65 10 4 6 8,2 2,4<br />
4 22 66 4 5 13 9,2 2,4<br />
5 22 63 10 4 8 10,2 2,1<br />
6 25 72 8 7 10 14,4 ],7<br />
P =número <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> amostragem; Am = total<br />
<strong>de</strong> amostras por su~área; PB = pon tos em barranco<br />
<strong>de</strong> drenage.nt; PC =pontos em cabeceira <strong>de</strong> drenagem;<br />
PS =pontos sobre solos; Área em km2;<br />
D =<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos por km2.<br />
Tratando-se <strong>de</strong> um corpo longo <strong>de</strong> 16 km no sentido E-W e com 2 a 5 km <strong>de</strong> largura,<br />
planejou-se uma campanha geoquímica <strong>de</strong> orientação em escala semi-regional através <strong>de</strong> amostragens<br />
dirigi das. Esta orientação possibilitou varrer-se 63 km2, subdivididos em 6 sub-áreas (Fig.<br />
2), através <strong>de</strong> 142 pontos <strong>de</strong> amostragem e um total <strong>de</strong> 440 amostras (média <strong>de</strong> 3,7 amostras por<br />
ponto). A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 2,3 pontos <strong>de</strong> amostragem e 7,4 amostras por km2. Do total <strong>de</strong> amostras,<br />
149 foram <strong>de</strong> cabeceiras <strong>de</strong> drenagem, 131 <strong>de</strong> solos e 160 <strong>de</strong> barranco <strong>de</strong> drenagem (Quadro 2). As<br />
análises foram realizadas para Ni, Cu e Co sobre amostras totais, utilizando-se um espectofotômetro<br />
<strong>de</strong> absorção atômica Perkin-E1mer, mo<strong>de</strong>lo 303, do Departamento <strong>de</strong> Análises da MET AGO.<br />
O ataque, realizado sobre 0,2 g <strong>de</strong> amostras pulverizadas a menos 100 mesh, foi feito através do<br />
HCI-HN03 a quente.<br />
50"00 '<br />
Fig. 1 - Mapa <strong>de</strong> Localização<br />
I<br />
o<br />
!JO"!O'<br />
,<br />
20<br />
..<br />
I I<br />
40 450<br />
110°00<br />
I<br />
.OK....<br />
O tipo <strong>de</strong> amostragem realizada possibilitou uma economia <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 800 amostras<br />
(2.400 dosagens) em relação a uma amostragem <strong>de</strong> solos tipo malha, anteriormente planejada. Na<br />
amostragem dirigida coletou-se amostras sobre pontos pré-escolhidos em função <strong>de</strong> uma representabilida<strong>de</strong><br />
maior em área; somente em casos on<strong>de</strong> a topografia não permitiu este tipo <strong>de</strong> amostragem<br />
é que coletou-se amostras <strong>de</strong> solo a 50 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />
K.
Tipo amost. NP <strong>de</strong> Background ( * ) Limiar ( * ) Valor máximo ( * )<br />
Amost. Ni Cu Co Ni Cu Co Ni Cu Co<br />
Cabeceiras 149 215 140 63 2100 800 435 5890 2050 720<br />
Barranco 160 160 66 64 1170 200 300 3870 1495 655<br />
Solos 131 190 136 45 720 490 300 830 780 280<br />
Tipo Amostra Ni Cu Co<br />
Cabeceiras 27 15 11<br />
Barranco 24 22 10<br />
Solos 4 5 6<br />
o 1200 :MOO.. - I<br />
N<br />
f<br />
--<br />
............ 5<br />
Amostra Ni (ppm) Cu (ppm) Co (ppm)<br />
PA- 1-14A 2740' 220 530'<br />
148 5890' 2050' 720'<br />
14C 2150' 165 59'5'<br />
PA-1-16A 3870' 1495' 655'<br />
168 900 130 240<br />
16C 850 140 215<br />
3 '-... ",--..,..........., 1<br />
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RIBEIRO, SANTOS 289<br />
Os cálculos <strong>de</strong> background (B = ~ xi.ni/N) e do limiar (L = B + 38) foram realizados<br />
para cada um dos 3 tipos <strong>de</strong> amostras coletadas e os resultados, tabulados no Quadro 3, confirmaram<br />
que as condições geoquímicas presentes nas cabeceiras <strong>de</strong> drenagem possibilitam maiores<br />
concentrações <strong>de</strong> elementos metálicos. Como se observa, estas amostras forneceram para os 3<br />
elementos dosados, sistematicamente maiores backgrounds e maiores anomalias.<br />
Da análise estatística ressalta que, mesmo com o alto grau <strong>de</strong> confiabilida<strong>de</strong> que atribuimos<br />
ao cálculo <strong>de</strong> limiar (probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 0,2%), apareceram anomalias fortemente marcadas.<br />
No Quadro 4 estão os valores dos contrastes, vendo-se que as anomalias menos marcadas são<br />
aquelas relacionadas com a amostragem <strong>de</strong> solos.<br />
QUADRO 4<br />
Contrastes Observados na prospecção regional<br />
QUADRO 3<br />
Análise estatística dos dados da prospecção regional<br />
QUADRO 5<br />
Pontos <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> maior anomalia;<br />
prospecção semi-regional;sub-área 1.<br />
* valores anômalos<br />
Fig. 2 - Esquema das Sub-Áreas usadas na Prospecção<br />
Semi-RtJ 'onal
290 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Nas Figuras 3 e 4 apresentamos o resultados para níquel e cobre obtidos na amostragem<br />
da sub-área 1. O valor indicado em cada ponto <strong>de</strong> amostragem se refere ao maior valor obtido, entre<br />
as amostras coletadas neste ponto. Salientam-se logo os pontos 14 e 16, cada um composto por três<br />
amostras e, cujos resultados são mostrados no Quadro 5.<br />
Na prospecção semi-regional, inúmeros pontos forneceram amostras com valores acima<br />
dos limiares calculados; comparando-se os Quadros 3 e 5 observa-se que os valores máximos <strong>de</strong> Ni,<br />
Cu e Co obtidos nas 6 sub-áreas correspon<strong>de</strong>m as amostras PA-I-14B e PA-I-16A, apanhadas<br />
respectivamente na cabeceira e a 500 m a jusante, <strong>de</strong> uma drenagem seca. Na margem direita <strong>de</strong>sta<br />
drenagem afIoram piroxenitos.<br />
~880<br />
-L EGENDAt:.<br />
AIIOITIIA DI IOW<br />
O A~ADI_IIIA.__II<br />
o AIIOITIIA DI .AII..AIICO<br />
-LEGENDAt:.<br />
AII08T11A. IOLO<br />
o _A DICA_I..A._II<br />
r:J AIIOITIIA DI 'A""AIICO<br />
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LIIlITE 11<br />
DO IIACIÇO<br />
I!!I- 111 PONTO<br />
IIO.--pp.<br />
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,<br />
"'L~III'TE N<br />
OOIlACIÇO<br />
870<br />
~A<br />
780<br />
A ~420<br />
130<br />
t<br />
FIG 3-PROSPECCAO SEMI-REGIONAL<br />
RESULTADOS PARA NI'QUEL<br />
, (ppm) SUB-ÁREA 1<br />
o IDO 800..<br />
A<br />
780<br />
A<br />
818<br />
f4 A A<br />
120 530<br />
140<br />
f<br />
o '00<br />
-<br />
FIG 4-PROSPECÇAO SEMI-REGIONAL<br />
,<br />
800..<br />
RESULTADOS PARA COBRE<br />
( p pm) SUB -ÁREA 1
o 1200 MOOIII.<br />
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RIBEIRO, SANTOS 291<br />
A MALHA DE DETALHE A<br />
Localizados os resultados analíticos no mapa e i<strong>de</strong>ntificados os pontos anômalos, retornou-se<br />
ao campo para verüicação dos dados. Encontrou-se, então, as rochas ultrabásicas à olivina<br />
(dunitos e peridotitos), cujo contato com os piroxenitos dá-se ao longo do Córrego Sêco. O contato<br />
entre as ultrabásicas (<strong>de</strong>signação que reservaremos, somente, ao~ dunitos e peridotitos) e os gabros<br />
dá-se ao longo do Córrego Salgado. Tendo-se <strong>de</strong>ste modo, do norte para o sul: piroxenitos, ultrabásicos<br />
e gabros. Nesta etapa dos ttabalhos, não foram observadas mineralizações sobre nenhuma<br />
das litologias, salvo num pequeno bloco rolado <strong>de</strong> dunito, encontrado no leito do Salgado, que continha<br />
alguns cristais <strong>de</strong> calcopirita e malaquita. Em vista <strong>de</strong>stes dados estabeleceu-se a Malha A, <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>talhe, <strong>de</strong> tal modo que meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>la tombasse sobre os piroxenitos e meta<strong>de</strong> sobre as ultrabásicas<br />
e os primeiros afloramentos <strong>de</strong> gabro ao Sul do Salgado.<br />
I -. ....... /"<br />
'"<br />
...._/r<br />
Fig. 5 - Esquema das Malhas Utilizadas na Prospecção <strong>de</strong><br />
Semi-Detalhe<br />
A amostragem foi realizada segundo uma malha quadrada <strong>de</strong> 50 m <strong>de</strong> lado; as dimensões<br />
totais da malha A foram <strong>de</strong> 1.000 m no sentido E-W e 500 m no sentido N-S. As amostras <strong>de</strong><br />
solo foram retiradas a 30 em <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e peneiradas no local, reconhendo-se <strong>de</strong> 100 a 200 g <strong>de</strong><br />
fração entre 80 e 120 mesh. Totalizou-se 219 amostras <strong>de</strong> solo, além <strong>de</strong> inúmeras amostras <strong>de</strong> rochas<br />
que foram analisadas para Ni, Cu, Co pelo método químico citado. (Fig. 5).<br />
Os mapas geoquímicos <strong>de</strong> níquel, cobre e cobalto da malha A estão nas Figuras 6, 7 e 8 e<br />
os resultados <strong>de</strong> análise estatística, no Quadro 6. As anomalias geoquímicas estão claramente localizadas<br />
entre os córregos Sêco e o Salgado, isto é, sobre as rochas duníticas e peridotíticas, cujos<br />
limites são extremamente coinci<strong>de</strong>ntes com a curva <strong>de</strong> isoteor <strong>de</strong> 2.000 ppm Ni (Fig. 6). A interpretação<br />
geoquímica dos dados, facilitada pelos altos teores encontrados, foi baseada nas seguintes<br />
consi<strong>de</strong>rações :<br />
QUADRO 6<br />
Resultados estatísticos da Malha A (valores em ppm)<br />
Bem. Back Limiar Valor máx. Contraste N9 Amost.<br />
Ni 1.699 4.415 12.100 7 219<br />
Cu 591 1.880 10.270 17 219<br />
Co 273 694 860 2 219<br />
- O niquel apresenta-se normalmente com teores entre 2.000 e 3.000 ppm em rochas<br />
ultrabásicas ricas em olivina e com teores entre 140 e 200 ppm em gabros; os piroxenitos apresen-<br />
"
292 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
tam teores intermediários (Quadro 7). Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua tendência em concentrar-se, quando da<br />
intemperização da rocha, na inter-face solo-rocha, os teores em Ni obtidos em amostragem superficial<br />
serão um reflexo <strong>de</strong> espessura do solo. Em áreas <strong>de</strong> rochas aflorantes, topografia acentuada e<br />
solo pouco espessos, como na malha A, a experiência acumulada pela METAGO indica valores<br />
entre 1.500 e 4.000 ppm Ni sobre ultrabásicas não mineralizadas. Como as condições <strong>de</strong> litologia,<br />
topografia, solo e vegetação na malha A são aproximadamente constantes, interpretamos os quatro<br />
altos do níquel (Fig. 6) como anomalias significativas.<br />
QUADRO 7<br />
Background <strong>de</strong> Ni, eu e Co em rochas (vaIores em ppm)<br />
Litologia Ni Cu Co Referência<br />
Dunitos 1100 10 180 Challis, 1965<br />
Ultramáficas 1500 30 110 in Willye, 1967<br />
Serpentinitos 3700 - 270 Ribeiro, 1973<br />
Serpentinitos 2030 34 76 Issa, 1974<br />
Serpentinito: rocha 1600 26 180 Ribeiro, 1974<br />
Serpentinito: solo 3900 67 346 I<strong>de</strong>m, I<strong>de</strong>m<br />
Piroxenito 800 - - in Wilye, 1960<br />
Clinopiroxenito 509 27 47 Issa, 1974<br />
Básicas 97 149 32 in Shaw, 1964<br />
Gabros 122 154 135 Ribeiro, 1973<br />
Olivina-Gabro 102 5 61 Bowes, 1969<br />
Gabro 119 21 36 Liebenberg, 1969<br />
F"<br />
6 - MAPA GEOQUIMICO DO 11i QUE L NA MALHA A<br />
.-.......-<br />
. -~800--- -..-<br />
--.-.-.--
RIBEIRO, SANTOS 293<br />
- O raciocínio para o cobalto é análogo ao aplicado para o níquel, apesar da ampla<br />
diferença dos backgrounds entre ambos. Observamos a coincidência dos quadro altos do Co com os<br />
já observados para Ni eCo.<br />
O exame macroscópico, das amostras <strong>de</strong> rocha coletadas sobre a malha A, foi negativo<br />
quanto a presença <strong>de</strong> sulfetos, salvo no caso da anomalia localizada a Este da malha. Encontrou-se,<br />
aí, um pequeno afloramento <strong>de</strong> peridotito altamente alterado e impregnado <strong>de</strong> malaquita.<br />
f<br />
,."<br />
FIQ 1- MAPA GEOQUIMICODO COBRE NA MALHA A<br />
00-. -- ~.......<br />
ESBOÇO DA MORFOLOGIA E GEOLOGIA DO MACIço<br />
Durante a amostragem semi-regional e <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe da Malha A, foi dada atenção, às<br />
características geológicas do maciço. O mapa geológico e a petrografia do mesmo, ainda em elaboração,<br />
serão divulgados em trabalhos posteriores; daremos aquí um breve resumo dos conhecimentos<br />
atuais.<br />
Morfologicamente, divi<strong>de</strong>-se o maciço em 3 unida<strong>de</strong>s:<br />
- Unida<strong>de</strong> I, correspon<strong>de</strong>ndo a extremida<strong>de</strong> este do corpo e abrangendo a meta<strong>de</strong> este<br />
das sub-áreas 1 e 2, é caracterizada por: uma topografül suave, <strong>de</strong>nsa cobertura florestal, relativa<br />
pobreza <strong>de</strong> afloramentos e abundância <strong>de</strong> solos lateríticos. Como regra esta unida<strong>de</strong> localiza-se,<br />
topograficamente, em nível superior ao das rochas encaixantes.<br />
- Unida<strong>de</strong> lU, abrangendo as sub-áreas 3, 4, 5, e 6 é notável pela escassez quase<br />
absoluta <strong>de</strong> afloramentos. Nesta gran<strong>de</strong> área arrazada, que abrange 2/3 da área total do corpo, as<br />
florestas foram praticamente substituidas pela cultura; a espessura dos solos ultrapassa os 10 m. A<br />
unida<strong>de</strong> lII acha-se 80-100 m abaixo da Unida<strong>de</strong> 1, ao mesmo nivel das encaixantes ao sul e abaixo<br />
dt\s encaixantes ao norte (que formam a Serra <strong>de</strong> São João).<br />
- Unida<strong>de</strong> lI, unindo as duas primeiras, apresenta características próprias. Corres~<br />
pon<strong>de</strong>ndo a meta<strong>de</strong> oeste das sub-áreas 1 e 2, ela é formada por uma série <strong>de</strong> elevaçõesseparadas
294 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Fig 8 - MAPA GEOQU(MICO DO COSA L TO NA MALHA A<br />
. l'OHf1) U80lTltMO<br />
. ~ DI:1lÚ118O_<br />
-_-200___ CUtlw. DE .1OT1OIt<br />
por vales bem marcados e com encostas abruptas. Os solos são, em geral, pouco espessos e os<br />
afloramentos abundantes. Os pontos anômalos da prospecção semi-regional e a malha <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe A<br />
estão localizados nesta unida<strong>de</strong>.<br />
O maciço está encaixado em gnaisses regionais consi<strong>de</strong>rados do Complexo Basal. O<br />
limite norte é feito com os cordierita-biotita-gnaisses da Serra <strong>de</strong> São João e o limite sul, com<br />
biotita-gnaisses regionais. Tanto ao norte como ao sul do maciço, estas rochas mergulham para o<br />
sul. Estudos preliminares <strong>de</strong> caráter regional mostraram que os gnaisses estão dobrados isoclinalmente<br />
com os flanC()s mergulhando para o sul.<br />
No maciço encontramos: dioritos, hornblenditos, gabros, piroxenitos, peridotitos e<br />
dunitos. A titulo <strong>de</strong> hipótese e visando orientar os trabalhos posterioreS <strong>de</strong> exploração geoquímica,<br />
admitimos que as rochas ultrabásicas (dunitos e peridotitos) encontram-se sob os piroxenitos<br />
(contato ao longo do córrego Seco da Malha A), estando ambas as unida<strong>de</strong>s levemente basculadas<br />
para norte pela falha do Salgado, a qual colocou em contato as ultrabásicas com os gabros. A falha<br />
do Salgado é bem marcada morfologicamente e, com direção aproximada N70W-N20E, corta<br />
obliquamente o maciço. Admite-se que o plano <strong>de</strong> falha mergulha para sul, concordantemente com<br />
os gnaisses.<br />
Trincheiras<br />
A etapa seguinte dos trabalhos em Americano do Brasil <strong>de</strong>senvolveu-se em trincheiras<br />
sobre a malha A.<br />
As trincheiras objetivavam a confirmação ou não da hipótese estrutural explanada<br />
acima e a verificação direta da causa das anomalias, já que o exame das rochas aflorantes sobre elas<br />
não apresentava mineralizaç~s visíveis. O primeiro objetivo não foi alcançado integralmente já que<br />
as relações especiais entre piroxenitos, ultrabásicas e gabros não ficaram <strong>de</strong>finidas, mas obtiveram<br />
indicações <strong>de</strong> que há uma alternância entre as duas primeiras litologias, como os piroxenitos<br />
aflorando também <strong>de</strong>ntro da área <strong>de</strong> ocorrência das ultrabásicas .
RIBEIRO, SANTOS 295<br />
o segundo objetivo foi alcançado, visto que todas as trincheiras colocaram à vista<br />
mineralizações cupríferas oxidadas. Por exemplo, à trincheira sobre a picada F da Malha A, que<br />
cortou a anomalia Ni-Cu-Co a oeste, mostrou ao longo <strong>de</strong> 80 m e a uma profundida<strong>de</strong> entre 1 a 4 m,<br />
um nível contínuo constituido por malaquita, crisocola e geothita, além <strong>de</strong> raros cristais <strong>de</strong> calcppirita.<br />
Este nível, com 10 a 30 cm <strong>de</strong> espessura', situa-se <strong>de</strong>ntro do solo, quase no limite horizonte<br />
C-rocha, acompanhando-o topograficamente. A rocha sob este chapéu <strong>de</strong> ferro não se apresentou<br />
mineralizada salvo as impregnações <strong>de</strong> oxidados em suas fraturas. Por outro lado, a presença <strong>de</strong><br />
calcopirita, que cremos ser <strong>de</strong> origem primária, toma difícil uma hipótese <strong>de</strong> concentração supergênica<br />
do Fe, Ni e Co. Acreditamos estar em presença <strong>de</strong> um nível sulfetado quase completamente<br />
oxidado, do qual a calcopirita é um relicto. Esta hipótese aparentemente foi fortalecida pelos dados<br />
da sondagem pioneira. No Quadro 8, alguns dados químicos <strong>de</strong>ste chapeú:<strong>de</strong>-ferro.<br />
QUADRO 8<br />
Análises do Chapéu <strong>de</strong> ferro da trincbeira F, malha A<br />
Amostra Ni% Cu% Co%<br />
S73-981 2,09 9,60 0,13<br />
MR-I92 2,10 8,75 0,11<br />
MR-193 4,89 8,93 0,19<br />
MR-194 2,23 9,05 0,09<br />
MALHAS DE SEMI-DETALHE B, C e E<br />
Prosseguindo-se com a campanha geoquímica, iniciou-se a amostragem <strong>de</strong> solos nas<br />
malhas B, C e E as quais corno vê-se na Figura 5, abrangem as sub-áreas 1 e 2. A situação dos<br />
trabalhos em fins <strong>de</strong> março-1974, é a seguinte:<br />
Malha B - amostragem e dosagens para Ni-Cu-Co já realizadas (os dados estão no<br />
Quadro 9). A amostragem foi a 30 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, com o recolhimento da fração 80-120 mesh.<br />
Em função da forma das anomalias da malha A, estabeleceu-se que a amostragem seria em malha<br />
retangular, on<strong>de</strong> as picadas N -S distam entre si <strong>de</strong> 150 m e a amostragem ao longo <strong>de</strong>las, <strong>de</strong> 100 m<br />
(as mesmas especificações foram mantidas nas malhas B e C). Duas anomalias foram <strong>de</strong>tectadas e<br />
uma <strong>de</strong>las <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong> 50 x 50 m (malha <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe B-D1); ambas alinham-se segundo a falha do<br />
Salgado, a W da Malha A.<br />
QUADRO 9<br />
Resultados estatísticos da malha <strong>de</strong> set\1Í-<strong>de</strong>talbe B. Resultados em ppm<br />
Valor No<br />
Elemento Background limiar máximo Contraste Amostras<br />
Ni 266 1143 4630 17 350<br />
Cu 219 762 5540 25 363<br />
Co 126 375 470 3 354<br />
Malha ç - A amostragem realizada até esta data limitou-se ao longo da falha do<br />
Salgado, a E da malha A (com resultados negativos em termos <strong>de</strong> anomalias), e ao S da mesma.<br />
Aqui, urna anomalia foi <strong>de</strong>tectada (Malha C-D1). Os dados da malha C estão no Quadro 10.<br />
Malha E - A amostragem geoquímica foi recém-iniciada.<br />
Na Figura 9, apresentamo5 o mapa geoquímico do níquel em parte das malhas B e C,<br />
acrescentando-se, em escala reduzida, a malha A. Vê-se logo que na malha C, ocorrem dois altos<br />
com valores que atingem um máximo <strong>de</strong> 870 ppm Ni. Como consi<strong>de</strong>ramos que o cálculo do back-<br />
--
296 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
QUADRO 10<br />
Resultados estatísticos da malha <strong>de</strong> semi-<strong>de</strong>talhe C Valores em ppm.<br />
Número <strong>de</strong> amostras.<br />
Valor N9<br />
Elemento Background Linúar máximo Contraste Amostra<br />
Ni 173 545 870 5 251<br />
Cu 174 661 2500 14 247<br />
Co 85 394 225 2 249<br />
ground <strong>de</strong>ve ser limitado a uma mesma litologia ou a litologias quimicamente afins (Ribeiro, 1973<br />
a), não po<strong>de</strong>mos comparar estes valores com os obtidos sobre os dunitos-peridotitos, mas sim com<br />
os <strong>de</strong>sta malha, ou seja, com os valores normais aos gabros. Observando-se o mapa geoquímico do<br />
Cobre (Fig. 10), nota-se que os pontos anômalos <strong>de</strong>ste elemento coinci<strong>de</strong>m com as anomalias do<br />
níquel (valores entre 1300 a 2500 ppm CujoAo contrário do observado nas <strong>de</strong>mais anomalias, aqui o<br />
cobalto não seguiu o níquel e o cobre.<br />
f<br />
~-<br />
o<br />
o<br />
-<br />
(} OJ<br />
F ig 9 - MAPA GEOQUfMICO DO NíQUEL EM PARTES DAS MALHAS B e C<br />
E CONTENDO A MALHA A EM ESCALA REDUZIDA. CURVAS DE<br />
ISOTEOR EM PARTES POR MilHÃo DE NIQUEl.<br />
I<br />
I<br />
r-------- - ,<br />
I I I<br />
I<br />
:<br />
Na malha B, o níquel (Fig. 9) apresentou duas anomalias <strong>de</strong> maior interesse: B-Dl e B-<br />
D3. A anomalia B-Dl (valor máximo <strong>de</strong> 4630 ppm Ni) é, claramente, uma continuação das anomalias<br />
da malha A; a anomalia B-D3 apresentou valort:!s <strong>de</strong> até 1510 ppm Ni. O cobre (Fig. 10)<br />
apresenta também duas anomalias distintas que sobrepõem.se às do Ni: a B-Dl com um máximo <strong>de</strong><br />
5540 ppm Cu e a B.D2, com um máximo <strong>de</strong> 1510 ppm Cu. O cobalto apresenta-se com fracas<br />
anomalias que são coinci<strong>de</strong>ntes com as <strong>de</strong> Ni-Cu e cujos valores máximos são, respectivamente, 470<br />
e 330 ppmCo.<br />
As duas anomalias da Malha B e as da Malha A apresentam em comum, as seguintes<br />
características: (a) exten<strong>de</strong>m-se no sentido E-W segundo, aproximadamente, a falha do Salgado;
100<br />
Q<br />
RIBEIRO, SANTOS 297<br />
FiQ IO-MAPA GEOOUIMICO DO COBRE EM PARTES DAS MALHAS B 8 C<br />
E COOTENDO A MALHA A EM ESCALA REDUZIDA. C U RV AS DE<br />
ISOTEOR EM PARTES POR MILHÃO DE COBRE.<br />
(b) teores elevados e da mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za em Ni e Cu; (c) teores em cobalto 10 e 12 vezes<br />
mais baixos que os <strong>de</strong> Ni e Cu; (d) superposição das anomalias para os 3 elementos estudados; (e)<br />
gradual <strong>de</strong>créscimo dos valores, para os 3 elementos, <strong>de</strong> este para oeste. Os fracos teores em cobalto<br />
e sua baixa proporção em relação ao Ni e ao Cu é uma confirmação das análises do minério oxidado<br />
(Quadro 8).<br />
Não sabemos, até esta data, o que ocasiona estas anomalias; o afloramentos <strong>de</strong> ultrabásicas<br />
são restritos a malha A e ao início da anomalia B-D1 e as informações geológicas sobre as<br />
áreas anômalas das malhas B e C são mascaradas pelo solo. Eliminamos porém as hipóteses anomalias<br />
transportadas e anomalias f6sseis em face da topografia do terreno e do <strong>de</strong>senho das curvas<br />
<strong>de</strong> isoteor.<br />
Malha D - A malha D foi lançada sobre as sub-áreas 3,4,5 e 6 (Fig. 3) as quais, conjuntamente,<br />
formam a unida<strong>de</strong> morfológica lU. Em toda ela são raríssimos os afloramentos <strong>de</strong> rocha.<br />
A drenagem é pobre, sendo a paisagem dominante caracterizada por largas áreas quase planas<br />
cobertas por espessas camadas <strong>de</strong> solo laterítico (profundida<strong>de</strong>s superiores a 10 m). ~obre esta área<br />
arrazada estabeleceu-se uma malha (9,5 km no sentido E-W e 4,0 a 1,8 km no sentido N-8) capaz <strong>de</strong><br />
cobrir toda a unida<strong>de</strong> lU. Na malha D os limites do corpo são marcados pelo fim dos solos avermelhados<br />
e inícios dos solos claros e quartzosos característicos dos gnaisses encaixantes. As picadas<br />
N -8 distanciam-se entre si <strong>de</strong> 500 m e a amostragem dos solos foi feita a cada 200 m, recolhendo-se<br />
um total <strong>de</strong> 306 amostras. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostragem foi fixada em 0,5 m, baseando-nos<br />
em um poço <strong>de</strong> 5 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, o qual foi amostrado a cada 50 cm. Os teores obtidos neste<br />
poço pioneiro (Quadro 11) não indicaram a presença <strong>de</strong> um horizonte favorável para aamostragem;<br />
admitimos que amostragens a profundida<strong>de</strong>s maiores que 5,0 m tornariam a campanha longa e<br />
onerosa.<br />
Como era previsível, os valores para Ni, Cu e Co diminuiram sensivelmente em relação<br />
as malhas anteriores, sendo notável que a queda tanto do background como dos valores máximos<br />
das anomalias foi proporcional para os 3 elementos, (Quadro 12). Já havíamos mencionado a di-<br />
---
298 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
QUADRO 11 QUADRO 12<br />
Resultados analíticos do furo <strong>de</strong> Comparação entre os valores do Background (B), anomalias (A)<br />
trado na Malha D (ppm) e contraste (C) em diferentes malhas.<br />
Prof. (m) Ni Cu Co Malhas A BDI BD2 DDl<br />
0,5<br />
1,0<br />
1,5<br />
2,0<br />
2,5<br />
3,0<br />
3,5<br />
4,0<br />
4,5<br />
5,0<br />
130<br />
160<br />
195<br />
145<br />
140<br />
145<br />
150<br />
140<br />
140<br />
110<br />
110<br />
120<br />
120<br />
120<br />
115<br />
115<br />
125<br />
120<br />
140<br />
135<br />
70<br />
80<br />
105<br />
80<br />
70<br />
80<br />
75<br />
70<br />
70<br />
65<br />
Níquel<br />
Cobre<br />
CobaIto -<br />
B<br />
A<br />
C<br />
B<br />
A<br />
C<br />
B<br />
A<br />
C<br />
1699<br />
12100<br />
7<br />
591<br />
10270<br />
17<br />
273<br />
860<br />
2<br />
266<br />
4630<br />
17<br />
219<br />
5540<br />
25<br />
126<br />
470<br />
3<br />
266<br />
1510<br />
5<br />
219<br />
1510<br />
6<br />
126<br />
330<br />
2<br />
29<br />
360<br />
12<br />
22<br />
270<br />
11<br />
9<br />
140<br />
15<br />
minuição <strong>de</strong>stes valores, a partir da malha A, em direção a oeste. Cremos que a explicação encontrase<br />
no acréscimo gradual da espessura dos solos, que atinge o máximo na malha D.<br />
Duas anomalias ressaltaram nesta malha: uma a este e outra a oeste.<br />
A primeira é apenas o prolongamento e o fim das anomalias alinhadas ao longo do<br />
córrego Salgado (malhas A e B). Os valores máximos observados foram: Ni = 280 ppm; Cu = 245<br />
ppmeCo = 75ppm.<br />
A anomalia a oeste (D-Dl, quadro 12) é marcada, para o níquel, por 3 pontos com valores<br />
acima <strong>de</strong> 200 ppm (valor máximo <strong>de</strong> 360 ppm). O mapa geoquímico do cobre (Fig. 11) apresenta<br />
uma distribuição <strong>de</strong> valores mais homogênea que a do níquel. A curva <strong>de</strong> isoteor igual a 80 ppm<br />
<strong>de</strong> cobre, muito próxima da curva 50 ppm Ni, marca, em princípio, a extensão <strong>de</strong>sta anomalia. Os 3<br />
pontos <strong>de</strong> maior concentração para o cobalto (ponto D-3 = 70 ppm, ponto F -5 = 90 ppm e ponto G-<br />
7 = 50 ppm)tombam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste limite.<br />
. l-I<br />
. I<br />
4-.<br />
FIG 11 -<br />
PARTE DO MAPA GEOQuíMICO DO COBRE NA MALHA D.<br />
MOSTRA NOO ANOMALIA D-D1.<br />
'OltYO .. -j -...---..<br />
'ICAOA I..IMITIE.. 00<br />
."CI~O<br />
__opo-o<br />
" 01..on08<br />
e.,. c.)<br />
QUADROI3<br />
Resultados estatísticos da Malha D<br />
Elemento Ni Cu Co<br />
Backg. 29 22 9<br />
S 36 32 10<br />
Limiar 139 119 40<br />
V.máx. 360 270 140<br />
C 12 11 15<br />
NP 306 306 306<br />
Apesar dos baixos valores e da ausência total <strong>de</strong> afloramentos na área da anomalia D-<br />
DI, atribuimos a ela o mesmo significado das anomalias da malha A e da malha B (B-Dl e B-D2)<br />
baseados no raciocínio já explanado. No Quadro 13, os resultados estatísticos da malha D, tomada<br />
como um todo.<br />
Quanto aos limites da área anômala, consi<strong>de</strong>ramos que somente o <strong>de</strong>talhamento po<strong>de</strong>rá<br />
dar-nos informações mais seguras. Nas condições locais, o comportamento dos elementos metálicos
RIBEIRO, SANTOS 299<br />
sofrem influência <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong>ntro do perfil do solo, que são <strong>de</strong> difícil previsão, mormente em<br />
áreas bastante planas. Além, a distância relativamente gran<strong>de</strong> entre os pontos amostrados obriga,<br />
ao realizar-se o traçado das curvas <strong>de</strong> igual teor, a extrapolação que, seguidamente, o <strong>de</strong>talhamento<br />
posterior mostrou não serem verda<strong>de</strong>iras.<br />
ADENDO<br />
Um furo <strong>de</strong> sonda pioneiro foi realizado na malha A, localizado no ponto N3S (Fig. 8)<br />
sobre uma anomalia não cortada por trincheiras. Este furo, recém terminado, atingiu 215 m <strong>de</strong><br />
profundida<strong>de</strong> e colocou em evidência níveis sulfetados intercalados em peridotitos.<br />
O estudo <strong>de</strong>ste minério ainda não está completo; observa-se, mesmo macroscopicamente,<br />
uma rápida transição entre a rocha com sulfetos disseminados e o minério maciço. Os principais<br />
minerais do minério (Quadro 14) são a pirrotina, a calcopirita, a pentlandita, a pirita e a cromita,<br />
acompanhados <strong>de</strong> cubanita, blenda, ilmenita, hematita e magnetita, sendo que a ganga silicatada<br />
forma quase 34% em peso da amostra analisada.<br />
QUADRO 14<br />
Paragênese e percentagem em peso <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong><br />
minério obtida no furo pioneiro.<br />
Nome % Peso Nome<br />
Pirrotina 20,0 Cubanita<br />
Calcopirita 18,5 Blenda<br />
Pentlandita 8,9 Ilmenita<br />
Pirita 6,1 Hematita<br />
Cromita 7,4 Magnetita<br />
% Peso<br />
O espectro grama completo <strong>de</strong>sta amostra, realizado por fhiorescência <strong>de</strong> raio X, mostrou,<br />
além dos elementos formadores dos minerais do minério (Cu, Ni, Cr, Zn e Fe), a presença <strong>de</strong><br />
cobalto, prata, molibdênio, nióbÍoe manganês.<br />
Como vê-se, o cobalto, que forma anomalias nos solos, não apresenta nenhum mineral<br />
próprio no minério; julgamos que o mesmo faz parte da estrutura dos sulfetos, mormente da pentlandita.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Ao Dr'. Paulo Lobo <strong>de</strong> Araújo, Diretor Técnico da METAGO, e aos ge610gos Wan<strong>de</strong>rlino<br />
Teixeira <strong>de</strong> Carvalho e Nelson <strong>de</strong> Salles Guerra Guzzo, Chefes dos Departamentos <strong>de</strong> Pesquisas<br />
e <strong>de</strong> Prospecção e Fomento, pelo incentivo e facilida<strong>de</strong>s fomecidas para a publicação <strong>de</strong>ste<br />
trabalho.<br />
Ao Eng. Químico Wilson Naves Tito, Chefe do Departamento <strong>de</strong> Análises da METAGO<br />
e ao Eng. Amilton Erasmo dos Santos, a quem <strong>de</strong>vemos os dados químicos, material <strong>de</strong> base para a<br />
realização da Geoquímica.<br />
Aos colegas geólogos Carlos Maranhão Gomes <strong>de</strong> Sá e Silvio Ronan Bressan, pelo<br />
auxílio prestado em diversas etapas <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong> escritório.<br />
Ao Prof. Dr. Aluízio Licínio <strong>de</strong> Mirand~ Barbosa, Consultor Técnico da METAGO, pela<br />
orientação prestada aos autores, os nossos agra<strong>de</strong>cimentos.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
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2,7<br />
1,7<br />
0,4<br />
0,9<br />
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WILLIE, Po . 1967. Ultramaflcandrelated rocIIaoNew Yori
CONTRIBUCION A LA GEOLOGIA DE LOS YACIMIENTOS<br />
DE AMATISTA DEL DEPARTAMENTO DE ARTIGAS (URUGUAI)<br />
JORGE BOSSI*, WALTERCAGGIANO<br />
ABSTRACT<br />
U roguayan amethysts from the Departamento of Artigas are found as partial filling of geo<strong>de</strong>s in some toleitical basaltic flow.<br />
The author has inten<strong>de</strong>d to <strong>de</strong>fine the genetical process starting from a sucession of studies. each stage becoming more <strong>de</strong>tailed.<br />
The geological survey of th~ d~artamento of Artigas )VaS the beginning followed by the <strong>de</strong>finjtion of the outcrop area of the<br />
bearing flow. TOOn the main characteriBtics of the bearing flow were analysed and the type of amethyst <strong>de</strong>posit Arligas was thus <strong>de</strong>fined. From<br />
those objetive data the author tries to adapt prospection gui<strong>de</strong>lineS to be used if said ma<strong>de</strong>! proved to be true.<br />
RESUMO<br />
As ametÍBtas uruguaias do Opto. <strong>de</strong> Artigas encontram. se como preenchimento parcial <strong>de</strong> geados em alguns <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> basalto<br />
toleítico. Tentou-se <strong>de</strong>finir o processo genético a partir <strong>de</strong> uma sucessão <strong>de</strong> etapas <strong>de</strong> estudo cada vez mais <strong>de</strong>talhadas.<br />
Começando pelo reconhecimento geológico do Departamento <strong>de</strong> Artigas. <strong>de</strong>fiIÚu-se a área <strong>de</strong> afloramentos dos <strong>de</strong>rrames portadores;<br />
analisou-se em seguida as caracteristicas do principal <strong>de</strong>rrame mineralizado e assim <strong>de</strong>finimos o tipo <strong>de</strong> jazida <strong>de</strong> ametistas Artigos.<br />
A partir <strong>de</strong>sta informação objetiva tratamos <strong>de</strong> adaptar un mo<strong>de</strong>lo genético e esboçamos as diretrizes da prospecção a seglÚr<br />
afim <strong>de</strong> comprovar o dito mo<strong>de</strong>lo.<br />
INTRODUCCION<br />
Las amatistas constituyen una fuente <strong>de</strong> riqueza cada vez más importante para el <strong>de</strong>partamento<br />
<strong>de</strong> Artigas, en el norte <strong>de</strong> Uruguay, a medida que muchos yacimientos <strong>de</strong>I mundo se<br />
van agotando.<br />
Esa fuente <strong>de</strong> riqueza es por ahora sólo potencial, pues no se conocen Ias reservas reales,<br />
no se pue<strong>de</strong> estimar el tenor a esperar en cada zona y no se dispone <strong>de</strong> criterios científicos <strong>de</strong> proso<br />
pección.<br />
A pesar <strong>de</strong> explotarse en forma artesanal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> hace más <strong>de</strong> um siglo, Ias am.atistas<br />
uruguayas no sirvieron para el <strong>de</strong>sarrollo económico o social <strong>de</strong> Ia zona. Hace un quinquenio que<br />
algunas empresas comenzaron a realizar exploración racional a escala mediana y hoy Ia exportación<br />
alcanza a unas 15 t anuales, 10 que significa divisas todavía <strong>de</strong> poco monto. Si a ello se agrega la<br />
venta <strong>de</strong> productos artesanales, se pue<strong>de</strong> estimar en un millón <strong>de</strong> dólares equivalentes, Ia contri.<br />
bución aI producto bruto nacional.<br />
Esas empresas, para su <strong>de</strong>sarrollo, necesitan soporte técnico en todas las fases <strong>de</strong> Ia<br />
prospección y explotación mineras, para llegar rápidamente a incrementar la producción, aprovechando<br />
el mercado comprador en alza.<br />
Ha sido nuestro propósito, aI empren<strong>de</strong>r los estudios geológicos en 1969, obtener Ia<br />
información básica que permitiera;<br />
°IG/UFRGS<br />
----
302 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
<strong>de</strong>scifrar el proceso genético para guiar Ia prospección a todas Ias escalas; <strong>de</strong>finir Ia geometria <strong>de</strong> los<br />
yacimientos para hacer posible su cubicación con bajo error; tratar <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir los parámetros que<br />
pudieran estar asociados a Ia concentración <strong>de</strong> amatista, para po<strong>de</strong>r llenar Ia ficha <strong>de</strong>i yacimiento <strong>de</strong><br />
este tipo (Blon<strong>de</strong>l, 1955; Routhier, 1958; Bernardi, 1958).<br />
En Metalogenia hoy es corriente basarse en <strong>de</strong>scripciones <strong>de</strong> yacimientos similares (<strong>de</strong>I<br />
mismo tipo) y su contexto geológico, para establecer posibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nuevos yacimientos y orientar<br />
los trabajos mineros <strong>de</strong> cubicacióny explotación.<br />
Las amatistas, minerales sin valor estratégico y explotadas en forma artesanal, no han<br />
recibido tratamiento científico consi<strong>de</strong>rable y P
BOSSI, CAGGIANO 303<br />
geológicos; 8) sucesión <strong>de</strong> fenómenos geoquímicos <strong>de</strong>I yacimiento y su contexto geológico.<br />
Bemard sefiala que entre todas Ias observaciones, conviene buscar aquellas que tengan<br />
Ia mayor'repercusión en el proceso <strong>de</strong> concentración <strong>de</strong>I mineral (o metal) útil, pero en el estado<br />
actual <strong>de</strong> los conocimientos, es imposible efectuar Ia elección <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> los parámetros necessários<br />
y suficientes.<br />
La información disponible sobre yacimientos <strong>de</strong> amatista es escasa y fragmentaria. En<br />
general Ia bibliografia no es abundante y ello está agravado por el hecho <strong>de</strong> que algunos trabajos<br />
antiguos no se consiguen y otros recientes no nos han llegado aún. Ello impi<strong>de</strong> realizar uma <strong>de</strong>scrip.<br />
ción <strong>de</strong>tallada y precisa <strong>de</strong> los distintos tipos <strong>de</strong> yacimiento <strong>de</strong> amatista, que pudieran luego servir<br />
como guías <strong>de</strong> prospección. Lo que sigue no es más que un intento <strong>de</strong> racionalizar Ias <strong>de</strong>scripciones y<br />
dar un contexto geológico mínimo a Ias distintas ocurrencias conocidas <strong>de</strong> amatista en el mundo.<br />
Reconocemos seis tipos <strong>de</strong> yacimiento en general facilmente diferenciables.<br />
Tipo Guanajuato<br />
En este tipo <strong>de</strong> yacimiento, Ias amatistas se encuentram asociadas a baritina, calcita,<br />
fluorita, sulfuros y zeolitas. En Ia localidad tipo Ia paragénesis está constituída. por amatista,<br />
apofilita, calcita y minerales <strong>de</strong> plata. (Fron<strong>de</strong>l, 1962). Son <strong>de</strong> color pálido. Los cristales, <strong>de</strong> hábido<br />
prismático contienen inclusiones sólidas y mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cristales negativos. Se trata <strong>de</strong> yacimientos <strong>de</strong><br />
poco volumen y don<strong>de</strong> Ia amatista es un subproduto. Los yacimientos son filonianos y Ias amatistas<br />
aparecen en drusas. (Dake et alii 1938). Estos filones se suponen <strong>de</strong> baja temperatura (epitermales<br />
en Ia nomenclatura <strong>de</strong> Lindgren, 1933).<br />
Yacimientos <strong>de</strong> este tipo seriam tambiém los <strong>de</strong> Thun<strong>de</strong>r Bay (Canadá), Transilvania<br />
(URSS) y Minas Gerais (Brasil).<br />
Tipo Alpino<br />
Las amatistas aparecem en paragénesis cuarzosas, asoeiadas a cuarzo ahumado e mcoloro.<br />
Las amatistas aparecen como rarezas, 10 que indica bajos tonelajes y aparición por hoy no<br />
controlada. Se encuentran en cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> granitos, areniscas o metamorfitos <strong>de</strong> bajo grado, siempre<br />
ricos em sílice.<br />
El proceso <strong>de</strong> formación se acepta por segregación haeia zonas <strong>de</strong> baja presión. Poty<br />
(1969) en base a criterios geológicos y medidas en inclusiones fluídas concluye que Ias amatistas <strong>de</strong>I<br />
Mont Blanc se formaron a temperaturas <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> los 290-3OO°C y bajo fuerte presión <strong>de</strong> CO2<br />
(superior a 600 atm). En este caso Ia secuencia <strong>de</strong>I <strong>de</strong>pósito es como sigue: a) cuarzo ahumado y albita;<br />
b) ripidolita y calcita; c) amatista simultánea a Ia <strong>de</strong>strucción <strong>de</strong> ripidolita y calcita que se<br />
transforman en hematita y ankerita.<br />
A nuestro juicio <strong>de</strong>ben asimilarse a este tipo alpino los yacimientos <strong>de</strong> Diamantina,<br />
Cristalina y Jacobina. Para esta última localidad, Leo et alü (1964) encuentram Ia secueneia cuarzo<br />
incoloro -cuarzo lechoso -amatista -cuarzo ahumad.o. Las amatistas <strong>de</strong> Jacobina, a diferencia <strong>de</strong><br />
Ias <strong>de</strong> Los Alpes, pue<strong>de</strong>n llegar a ser <strong>de</strong> excelente calidad: límpidas y <strong>de</strong> color oscuro.<br />
Tipo Filones <strong>de</strong> Cuarzo<br />
También aquí Ias amatistas se <strong>de</strong>sarrollan en paragénesis exclusivamente silíceas.<br />
Aparecen en cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> filones <strong>de</strong> cuarzo que normalmente recortan granitos. Los yacimientos<br />
clásicos <strong>de</strong> este tipo se encuentram en los Urales, región <strong>de</strong> Mursinska (URSS). Laemmlein<br />
(1935) <strong>de</strong>scrihe en el Cáucaso yacimientos aparentemente <strong>de</strong> este tipo, en que los cristales <strong>de</strong><br />
amatista presentan inclusiones fluídas con C02lÍquido, 10que indica condiciones <strong>de</strong> alta presión.<br />
Tipo Pegmatítico<br />
Aquí Ias amatistas se asocian aIos minerales pegmatíticos, pero son <strong>de</strong> cristalización<br />
tardía. Los cristales aparecen en cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Ias masas pegmatíticas y <strong>de</strong>sarrolIan gran<br />
tamafio, aunque en general no presentan calidad gema y son <strong>de</strong> color pálido. Salvo excepción, no<br />
son menas <strong>de</strong> producción importante (Fron<strong>de</strong>l, 1962).
304 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Yacimientos <strong>de</strong> este tipo se encuentran en Oxford County (Mayne), Jefferson County<br />
(Montana) y Pennsylvanya en USA. El enorme yacimiento <strong>de</strong> Mount Bruce (Australia) recientemente<br />
puesto en explotación se encuentra en un filón pegmatítico <strong>de</strong> 2 a 4 m <strong>de</strong> ancho y 1000 m <strong>de</strong><br />
longitud. Se han probado 2000 t hasta Ia profundidad <strong>de</strong> 20 m. Suministra cristales <strong>de</strong> color púrpura<br />
profundo <strong>de</strong> 8 a 12 cm <strong>de</strong> arista, aunque no son <strong>de</strong> calidad lapidable. (Leiper, 1967).<br />
Tipo Geódico en Basaltos<br />
Este tipo <strong>de</strong> yacimiento suministra Ia amatista <strong>de</strong> mejor calidad y mayor volumên que<br />
actualmente se vuelca aI mercado mundial. AciÜi Ia paragénesis es dominantemente silícea, a base<br />
<strong>de</strong> amatista, cuarzo incoloro y calcedonia, apareciendo pirita, cacoxenita e hidrosilicatos férricos<br />
como inc1usiones. Estos yacimientos pue<strong>de</strong>n suministrar más <strong>de</strong> 2 kg <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong> buena catidad<br />
por metro cúbico <strong>de</strong> basalto y contienen tonelajes enormes. Las amatistas aparecen como relleno<br />
parcial <strong>de</strong> geodas en el tercio superior <strong>de</strong> Ia colada basáltica, que es <strong>de</strong> naturaleza toleítica. La edad<br />
es variable, aunque los principales yacimientos son cretáceos (Río Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>I Sur, Artigas em<br />
Uruguay, Pretoria en Sudáfrica, varios en Ia India).<br />
Outros yacimientos <strong>de</strong> este tipo se encuentran en Puy-<strong>de</strong>-Dome (Francia), Idar-Oberstein<br />
(Alemania), Bay of Fundy (Canadá) y Oregón (U .S.A.).<br />
El proceso <strong>de</strong> formación es muy discutido y no existe unanimidad <strong>de</strong> opinión entre los<br />
autores que abordaron el tema.<br />
Otros tipos<br />
Para efecto <strong>de</strong> dar una visión 10 más completa posible, pue<strong>de</strong>n citarse: yacimientos en<br />
fracturas <strong>de</strong> silis, caso <strong>de</strong> Nueva Jersey (USA) y en riolitas terciarias, caso Méjico.<br />
LA GEOLOGIA DEL DEPARTAMENTO DE ARTIGAS<br />
Este <strong>de</strong>partamento situado en el extremo NW <strong>de</strong>I Uruguay tiene el subsuelo constituído<br />
por basaltos en un 92 % <strong>de</strong> Ia superfície. Pequenas áreas <strong>de</strong> areniscas triásicas subyacentes (Formación<br />
Tacuarembó) se <strong>de</strong>sarrollan en el Este, en los alre<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> Ias localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Artigas,<br />
Colonia Pintado y Paguero. En Ia extremidad occi<strong>de</strong>ntal los basaltos son cubiertos por rocas limosas,<br />
areniscas y conglomerados cenozoicos <strong>de</strong> Ias formaciones Fray Bentos y Salto. Los aluviones<br />
cuaternarios se limitan a estrechas fajas a orillas <strong>de</strong> los cursos <strong>de</strong> agua principales.<br />
La unidad litoestratigráfica aflorante principal es Ia Formación Arapey (equivalente a<br />
Serra Geral) que ha sido <strong>de</strong>finida por Bossi y Hei<strong>de</strong> (1970) como una sucesión <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrames basá!ticos<br />
subaéreos <strong>de</strong> potencia individual entre 10 y 60 m, interestratificados con niveles <strong>de</strong> areniscas<br />
eólicas, que raramente sobrepasan un metro <strong>de</strong> espesor. En particular en el <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />
Artigas es bastante frecuente Ia existencia <strong>de</strong> estas sábanas <strong>de</strong> arena fósil y <strong>de</strong> barcanes <strong>de</strong>positados<br />
entre coladas, 10 que indica que durante el período <strong>de</strong> actividad magmática ha existido un frecuente<br />
transporte eólico <strong>de</strong> arena hacia Ia zona efusiva.<br />
El método <strong>de</strong> fotogeología a escala 1/40.000 <strong>de</strong>sarrollado por nuestro grupo <strong>de</strong> trabajo<br />
ha permitido con escasas giras <strong>de</strong> campo llegar a confeccionar una carta geológica preliminar a<br />
escala 1/500.000, que se expone reducida en Ia Figura 1. Las sucesivas coladas van siendo más<br />
jóvenes hacia el W, resultado <strong>de</strong> la doble acción <strong>de</strong> Ia posición <strong>de</strong> los centros efusivos y <strong>de</strong> Ia tectórica<br />
post-basáltica que <strong>de</strong>termina buzamientos regionales dominantes hacia el SW y el W.<br />
La estructura regional <strong>de</strong> Ia Formación Arapey muestra un aumento <strong>de</strong> potencia en esta<br />
misma dirección.<br />
A partir <strong>de</strong> los datos <strong>de</strong>I relevo geológico, <strong>de</strong> los valores <strong>de</strong>ducibles <strong>de</strong> la carta gravimétrica<br />
recientemente publicada por el Servicio Geográfico Militar y <strong>de</strong> los son<strong>de</strong>os profundos en<br />
Arapey y Colonia Palma Palma (Mackinnon, 1967) ha sido posible confeccionar el corte geológico <strong>de</strong><br />
dirección E- W expuesto en Ia Figura 1.<br />
Han sido reconocidas 15 coladas superpuestas que afIoram sucesivamente <strong>de</strong> E a W. Las<br />
dos primeras coladas, <strong>de</strong> grano grueso y medio respectivamente, son <strong>de</strong> potencia y extensión muy<br />
limitadas y afloran en áreas muy pequenas en el este <strong>de</strong>I Dpto. Son seguidas por nueve coladas
8055/, CAGG/ANO 305<br />
relativamente potentes y extensas, con intercalaciones <strong>de</strong> niveles areniscosos en sábanas y barcanes<br />
compuestos por basaltos equigranulares o microporfiricos <strong>de</strong> grano fino a muy fino. Las cuatro<br />
coladas más jóvenes, <strong>de</strong>sarrolIadas en el tercio occi<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>I <strong>de</strong>partamento son poco potentes y <strong>de</strong><br />
grano excepcionalmente gruesso.<br />
La mayoria <strong>de</strong> Ias coladas presentam tres niveles estructurales: en Ia base y en el centro<br />
el basalto es masivo, excepcionalmente lajoso o fluidal; en el tercio superior Ia estructura es geódica<br />
con relleno <strong>de</strong> calcedonia o ágata; Ia cima presenta estructura amigdaloi<strong>de</strong> y /0 <strong>de</strong> brecha.<br />
Han sido i<strong>de</strong>ntificadas sólo dos coladas en cuyo nivel geódico se <strong>de</strong>sarrolla amatista.<br />
Esas coladas han sido Ia tercera y quinta en <strong>de</strong>rramarse para la sucesión estratigráfica local <strong>de</strong>I<br />
Dpto. <strong>de</strong> Artigas (Fig. 1). La tercer colada ha sido activamente explotada y ofrece por 10 tanto<br />
abundantes observaciones así como algunas medidas <strong>de</strong> Ia cantidad <strong>de</strong> amatista por metro cúbico y<br />
su distribución regional. La quinta colada, menos explotada no es por ahora conocida con suficiente<br />
I>recisión.<br />
Las condiciones <strong>de</strong> explotación están en gran parte facilitadas por falIas post- basálticas<br />
que <strong>de</strong>terminaron movimientos <strong>de</strong> báscula en los bloques, con buzamientos que pue<strong>de</strong>m llegar a<br />
valores <strong>de</strong> 1%. Estas fallas <strong>de</strong>finen una red con dos direcciones principales: N 55 W y N 35 E, que<br />
<strong>de</strong>limitan tres bloques estructurales mayores. La falla Masoller-Menesses y el río Cuareim limitan el<br />
bloque NE, <strong>de</strong> buzamiento regional <strong>de</strong> 0.5% hacia el NW y en el cual no hay más que seis coladas<br />
superpuestas.<br />
Las fallas Masoller-Meneses y Arapey <strong>de</strong>limitan el bloque central con buzamiento regional<br />
<strong>de</strong> 0.5% hacia el SW, que <strong>de</strong>termina Ia zona topográfica más elevada (cuchilla Belén) y contiene<br />
hasta 10 coladas superpuestas en los alre<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> Baltasar Brum. Una gran falla <strong>de</strong> rumbo<br />
general NE, con importantes tramos curvos, que passa por Ia localidad <strong>de</strong> Bernabé Rivera, limita el<br />
bloque occi<strong>de</strong>ntal, hundido y subhorizontal, <strong>de</strong> topografia apenas suavemente ondulada, que contiene<br />
hasta 15 coladas superpuestas con un espesor <strong>de</strong> 540 m <strong>de</strong> basalt~.<br />
Los yacimientos e indicios <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong>I <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Artigas quedan restringidos<br />
aI bloque nororiental, el único en el que afloran Ias dos coladas portadoras. A nivel regional aparece,<br />
pues, un limite <strong>de</strong> posibilidad <strong>de</strong> existencia <strong>de</strong> yacimientos a poca profundidad, que está <strong>de</strong>terminado<br />
por Ia falla Masoller-Meneses, <strong>de</strong> rumbo N 55 W.<br />
LA NATURALEZA DE LA COLADA PORTADORA PRINCIPAL<br />
La mayoría <strong>de</strong> los yacimientos explotados o en explotación se encuentram e una sola<br />
colada, Ia tercera <strong>de</strong> Ia secuencia volcánica <strong>de</strong>I Dpto. <strong>de</strong> Artigas y Ia décimo quinta en Ia sucesión<br />
global <strong>de</strong>I área basáltica en el Uruguay.<br />
Esta colada presenta una extensión mínima <strong>de</strong> 3000 km2 y su potencia media es estimada<br />
en 40-50 m. El mejor perfil es mostrado en el son<strong>de</strong>o I.G.U. 585/2 don<strong>de</strong>presenta unapotencia<br />
<strong>de</strong> 35 m y los siguientes niveles estructurales <strong>de</strong> Ia cima a Ia base:<br />
4 m <strong>de</strong> brecha ígnea que engloba bloques <strong>de</strong>cimétricos <strong>de</strong> basalto vesicular relleno parcialmente<br />
<strong>de</strong> ceolitas y calcita; es este nivel <strong>de</strong> brecha se observan algunos filones <strong>de</strong> arenisca parcial o<br />
totalmente silicificada;<br />
6 m <strong>de</strong> basalto <strong>de</strong> grano fino a medio con geodas <strong>de</strong> 10 a 50 cm <strong>de</strong> diametro y paragénesis silícea:<br />
ágata, calcedonia, cuarzo incoloro, amatista;<br />
- 15 m <strong>de</strong> basalto <strong>de</strong> grano fino dominantemente masivo con algunas geodas aisladas <strong>de</strong> relleno<br />
siliceo;<br />
- 10 m <strong>de</strong> basalto masivo, localmente lajoso, <strong>de</strong> grano fino, equigranular a microporfírica pIagioclaso-augítica.<br />
Des<strong>de</strong> el punto <strong>de</strong> vista minera lógico presenta plagioclasa más abundante que<br />
piroxeno y algo cuarzo intersticial.<br />
Se pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir entonces como un <strong>de</strong>rrame tipo aa según <strong>de</strong>scripción <strong>de</strong> MacDonald<br />
(1967) <strong>de</strong> estructura simple siguiendo Ia terminología <strong>de</strong> Walker (1972).<br />
Según este último autor, esas características indicarían un <strong>de</strong>rrame con viscosidad<br />
intermedia, <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> un millón <strong>de</strong> poises y una velocidad <strong>de</strong> efusión relativamente importante,<br />
entre 100 y 10,000 m3 por 5egundo,<br />
Las características estructurales <strong>de</strong> esta colada fueron mejor precisadas por Ia observación<br />
<strong>de</strong> más <strong>de</strong> 30 afloramientos asociados a Ias zonas <strong>de</strong> yacimientos. Presenta siempre un nivel<br />
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306 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
<strong>de</strong> brecha en Ia cima <strong>de</strong> potencia entre 3 y 7 m. Esta brecha está compuesta por bloques <strong>de</strong>cimétricos<br />
<strong>de</strong> basalto vesicular cementados por basalto afanítico y presenta frecuentes filones irregulares,<br />
contorneados, <strong>de</strong> arenisca más o menos silicificada. Estos filones se producen por relleno <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte,<br />
ya que disminuyen <strong>de</strong> potencia hacia abajo, hasta <strong>de</strong>saparecer (Foto 1). Debajo <strong>de</strong>I nivel <strong>de</strong><br />
brecha se <strong>de</strong>sarrolla un nivel geódico <strong>de</strong> potencia variable entre 5 y 15 m (Foto 2) que presenta casi<br />
exclusivamente minerales silíceos: calcedonia, cuarzo incoloro, amatista. Accesoriamente pue<strong>de</strong>m<br />
aparecer mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> calcita temprana disuelta y excepcionales cristales <strong>de</strong> calcita tardía. En este,<br />
nivel geódico aparecen algunos filones y algunas vacuolas rellenas <strong>de</strong> areniscas. Con referencia aIos<br />
minerales silíceos es posible reconocer por 10menos tres tipos fundamentales <strong>de</strong> relleno:<br />
- geodas casi esféricas, con calcedonia ban<strong>de</strong>ada <strong>de</strong>positada en los primeros centímetros <strong>de</strong> su<br />
periferia y rellenas luego casi totalmente con cristales <strong>de</strong> cuarzo incoloro;<br />
- nódulos con morfología e fluído-dinámica queestán completamente rellenas por calcedonia<br />
ban<strong>de</strong>ada, a veces con el centro hueco y <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> pequenos cristales <strong>de</strong> cuarzo o amatista;<br />
- geodas en general muy irregulares, rellenas sólo en un bajo porcentaje y que luego <strong>de</strong> un <strong>de</strong>pósito<br />
<strong>de</strong> pocos centímetros <strong>de</strong> calcedonia, <strong>de</strong>sarrollan cristales <strong>de</strong> amatista.<br />
Las geodas <strong>de</strong> morfología fluído-dinámica sirvieron para medir el sentido <strong>de</strong> escurrimiento, que en el<br />
caso <strong>de</strong> Ia colada portadora principal es en general <strong>de</strong> W a E.<br />
Estas geodas se formam hacia Ia solidificación total <strong>de</strong>I magma basáltico y en ellas<br />
queda impresa Ia <strong>de</strong>formación producida por el escurrimiento <strong>de</strong> Ia lava, a una burbuja ascen<strong>de</strong>nte<br />
(Fig.2).<br />
Las. geodas esferoi<strong>de</strong>s con relleno casi total <strong>de</strong> cuarzo incoloro se han formado en un<br />
estado todavía relativamente fluído <strong>de</strong> Ia lava y con una presión interna importante.<br />
Se pue<strong>de</strong> suponer un estado intermedio <strong>de</strong> viscosidad y con presión interna relativamente<br />
baja para Ias geodas irregulares con amatista que frecuentemente resultan <strong>de</strong> Ia yuxtaposición <strong>de</strong><br />
varias formas esferoi<strong>de</strong>s.<br />
A nivel regional, es posible reconocer que en el NW, Ia colada presenta geodas <strong>de</strong> diámetro<br />
mucho mayor, frecuentemente <strong>de</strong> más <strong>de</strong> un metro <strong>de</strong> longitud y los cristales <strong>de</strong> amatista<br />
también son <strong>de</strong> tamano mucho más gran<strong>de</strong>.<br />
Observado en <strong>de</strong>talle es posible reconocer una cierta zonación <strong>de</strong> Ia <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> Ias<br />
geodas y <strong>de</strong> su mineralogia en sentido perpendicular aI <strong>de</strong>I escurrimiento <strong>de</strong> Ia lava. En primera<br />
aproximación parece posible <strong>de</strong>finir Ia existencia <strong>de</strong> fajas paralelas en Ia dirección <strong>de</strong> escurrimiento,<br />
cada una <strong>de</strong> Ias cuales muestra <strong>de</strong>nsidad y mineralogia diferentes.<br />
Esto no está <strong>de</strong>finitivamente comprobado por falta <strong>de</strong> observaciones suficientes, pero es<br />
una línea <strong>de</strong> trabajo a <strong>de</strong>sarrollar, ya que Ia comprobación <strong>de</strong> esta geometría <strong>de</strong> distribución seria<br />
clave para prospección <strong>de</strong>tallada y cálculo <strong>de</strong> volumen.<br />
Consi<strong>de</strong>rando el conjunto <strong>de</strong> coladas integrantes <strong>de</strong> Ia formación Arapey en el Dpto. <strong>de</strong><br />
Artigas, esta colada principal portadora <strong>de</strong> amatistas, presenta algumas peculiarida<strong>de</strong>s:<br />
potencia <strong>de</strong> 35 a 60 m 10 que significa valores superiores aI promedio;<br />
espesor consi<strong>de</strong>rable y constante <strong>de</strong>I nivel <strong>de</strong> brecha <strong>de</strong> Ia cima;<br />
presencia <strong>de</strong> filones <strong>de</strong> arenisca en fracturas <strong>de</strong>I nivel <strong>de</strong> brecha.<br />
LA MINERALIZACIÓN SILICEA<br />
En Ia colada portadora principal se han efectuado centenares <strong>de</strong> excavaciones para<br />
exploración y explotación <strong>de</strong> geodas. Hasta mediados <strong>de</strong> siglo con <strong>de</strong>stino exclusivo a Ia lapidación;<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> hace algunas décadas, con <strong>de</strong>stino principal <strong>de</strong> ornamentación. Todas esas labores, pue<strong>de</strong>n<br />
agruparse en tres áreas principales, que fueron exaustivamente recorridas:<br />
1) área Los Catalanes (Chico, Gran<strong>de</strong>, Seco, Los Talas, Juan Fernán<strong>de</strong>z, Santinho) que se<br />
encuentra en el extremo SE <strong>de</strong> Ia colada mineralizada principal.<br />
2) área Artigas (Pintado Gran<strong>de</strong>, Artigas, Guaviyú <strong>de</strong> Cuareim, parada Farinha) ubicada en el<br />
extremo norte <strong>de</strong> Ia colada portadora.<br />
3) área Tres Cruces-Cuaró (valles <strong>de</strong> los arroyos Tres Cruces Gran<strong>de</strong> y Chico y Cuaró Gran<strong>de</strong> y<br />
Chico) que ocupa Ia zona central <strong>de</strong> Ia colada.
80551, CAGGIANO, 307<br />
Cada una <strong>de</strong> estas zonas presenta niineralización silicea con ciertos rasgos particulares<br />
más o menos constantes para cada una, 10que permite a su vez diferenciarlas entre sí.<br />
Area Los Catalanes<br />
E'sta zona se caracteriza por su gran abundancia <strong>de</strong> geodas <strong>de</strong> tamano medio (10-50 cm)<br />
con baja <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> material lapidable pero con gran abundancia <strong>de</strong> formas exóticas y con<br />
extraordinario color violeta intenso. Estas formas exóticas pue<strong>de</strong>n ser estalactíticas, estalagmíticas<br />
o seudomórficas.<br />
Los cristales <strong>de</strong> amatista son en general pequenos y en su mayoría no sobrepasan 1 cm<br />
<strong>de</strong> arista. Se presentan en dos hábitos dominantes: uno con gran <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> los romboedros, que<br />
muestran el mejor color violeta y otro con <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> prisma <strong>de</strong> gran pureza, pero con tonos muy<br />
claros, que pue<strong>de</strong>m pasar a citrino oro por tratamiento térmico.<br />
El color está distribuído en uno solo <strong>de</strong> los individuos mac1ados, a lo.que se superpone<br />
frecuentemente una altemancia cromática según Ias distintas etapas <strong>de</strong> crecimiento.<br />
Con cierta frecuencia se reconocen inc1usiones <strong>de</strong> cacoxenita dispu estas sobre los planos<br />
<strong>de</strong> crecimiento y <strong>de</strong> esferulitas <strong>de</strong> calcedonia en Ias etapas terminales.<br />
Si bien pue<strong>de</strong>n aparecer paragénesis intragéodicas muy variadas, hay 5 asociaciones<br />
netamente dominantes:<br />
1) El <strong>de</strong>pósito comienza por una <strong>de</strong>lgada película <strong>de</strong> hidrosilicato férrico ver<strong>de</strong> (<strong>de</strong>lessita?); es<br />
seguido por una capa milimétrica a policentimétrica <strong>de</strong> calcedonia mal <strong>de</strong>finida, <strong>de</strong> colores rosados<br />
y / o verdosos y <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> haces sageníticos; el <strong>de</strong>pósito final es <strong>de</strong> cristales <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong><br />
extremos libres don<strong>de</strong> se concentra el mejor color y que no rellenan totalmente Ia cavidad.<br />
2) Otra paragénesis muy frecuente comienza también por un <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> hidrosilicato ver<strong>de</strong>, seguido<br />
en cambio por ca1cedonia ban<strong>de</strong>ada bien <strong>de</strong>finida, <strong>de</strong> color gris o blanco y Ia secuencia culmina<br />
con una masa <strong>de</strong> cristales <strong>de</strong> cuarzo incoloro que normalmente rellenan toda Ia cavidad.<br />
3) Un tercer tipo <strong>de</strong> asociación presenta mol<strong>de</strong>s huecos <strong>de</strong> calcita que ha sido <strong>de</strong>positada en los<br />
primeros momentos <strong>de</strong> Ia evolución seguido por su disolución y luego Ia secuencia <strong>de</strong> una <strong>de</strong> las dos<br />
paragénesis arriba citadas. Algunas geodas excepcionales presentan también calcita como último<br />
mineral <strong>de</strong>positado.<br />
4) Nódulos <strong>de</strong> ágata en bandas concéntricas <strong>de</strong> colores grises y blanco, a veces con un pequeno<br />
hueco central revestido <strong>de</strong> microcristales <strong>de</strong> cuarzo.<br />
5) Nódulos <strong>de</strong> calcedonia sin ban<strong>de</strong>ado aparente, <strong>de</strong> color gris oscuro que pue<strong>de</strong>n también presentar<br />
hueco central tapizado <strong>de</strong> cristales <strong>de</strong> cuarzo.<br />
Como un fenómeno peculiar <strong>de</strong> esta zona, algunas geodas <strong>de</strong> amatista o cuarzo incoloro,<br />
presentan como <strong>de</strong>pósito final una <strong>de</strong>lgadísima película <strong>de</strong> calcedonia,o ópalo que hacen per<strong>de</strong>r valor<br />
comercial pues enrnascaran el brillo y color <strong>de</strong> los cristales. Se cree que esta película es actual e<br />
in<strong>de</strong>pendiente <strong>de</strong> Ia paragénesis original.<br />
Area Artigas<br />
Esta zona se caracteriza por Ia existencia <strong>de</strong> escasas pero gran<strong>de</strong>s geodas <strong>de</strong> tamaiio<br />
superior a 1 m y peso entre 100 y 500 kg. La corteza es sumamente espesa (10 cm <strong>de</strong> promedio) y los<br />
cristales pue<strong>de</strong>n alcanzar hasta 10 cm <strong>de</strong> arista.<br />
De aquí se extra e Ia casi totalidad <strong>de</strong> piedras lapidables superiores a 10 quilates y no son<br />
raros los cristales que permiten el tallado <strong>de</strong> piedras <strong>de</strong> hasta 100 quilates.<br />
DeI total <strong>de</strong> cristales con valor comercial pue<strong>de</strong> estimarse una extracción <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong><br />
10% <strong>de</strong> amatistas <strong>de</strong> color violeta os curo y <strong>de</strong>I 90 % <strong>de</strong> amatistas <strong>de</strong> color pálido, aptas no obstante<br />
para tratamiento térmico brindando citrinos <strong>de</strong> colores excelentes tipo Río Gran<strong>de</strong>, Palmeira, etc.<br />
En una primera aproximación semicuantitativa, por cada geoda <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong> color<br />
violeta profundo se encuentran 8 geodas <strong>de</strong> piedra <strong>de</strong> quema y unas 20 geodas <strong>de</strong> cuarzo incoloro.<br />
1.os cristales nunca presentan <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong>I prisma, Ia coloración es más homogénea que<br />
los <strong>de</strong> Ia zona <strong>de</strong> Catalán y contienen frecuentes inc1usiones <strong>de</strong> pirita automorfa.<br />
La paragénesis <strong>de</strong> esta zona son similares a Ia <strong>de</strong>I área <strong>de</strong> 10s Catalanes pero aparecen<br />
algunas diferencias cuantitativas:
--<br />
308 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
muy pocos nódulos <strong>de</strong> calcedonia masiva<br />
los nódulos <strong>de</strong> ágata presentan muy buenos diseiíos<br />
ausencia <strong>de</strong> formas estalactíticas o estalagmíticas así como <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s o seudomorfosis <strong>de</strong> calcita.<br />
Area Tres-Cruces . CualÓ<br />
Aqui aparecen también gran<strong>de</strong>s geodas espaciadas en Ias que pue<strong>de</strong>n encontrarse<br />
enormes cristales <strong>de</strong> profundo color violeta.<br />
No obstante ello, Ia intensidad <strong>de</strong> explotación ha sido mucho menos importante que en<br />
Ias dos áreas anteriores y no es posible estimar frecuencias <strong>de</strong> aparición <strong>de</strong> Ias distintas especies y<br />
varieda<strong>de</strong>s.<br />
Esta zona presenta cualitativamente ciertas pecualiarida<strong>de</strong>s. Se encuentran seudomorfosis<br />
<strong>de</strong> un mineral tabular (baritina?) y relativa abundancia <strong>de</strong> anidros. También es frecuente<br />
Ia aparición en los cursos <strong>de</strong> agua, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s nódulos <strong>de</strong> ágata <strong>de</strong> hermoso diseiío, principalmente<br />
en Ias nacientes <strong>de</strong>I arroyo Cuaro.<br />
EI Yacimiento <strong>de</strong> amatistas tipo Artigas<br />
Se ha planteado más arriba Ia importancia que tiene Ia <strong>de</strong>scripción objetiva <strong>de</strong> cada<br />
yacimiento y su agrupamiento en tipos para Ia prospección y cubicado <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado mineral <strong>de</strong><br />
valor económico. Se ha visto tanbién Ia falta general <strong>de</strong> información científica sobre los yacimientos<br />
<strong>de</strong> amatista.<br />
Hemos intentado por ello <strong>de</strong>scribir 10 más <strong>de</strong>tallada y objetivamente posible, Ias características<br />
geológicas y mineralógicas presentadas por los distintos yacimientos <strong>de</strong> Ia colada portadora<br />
principal <strong>de</strong>I Dpto. <strong>de</strong> Artigas y <strong>de</strong>finir con ellos un tipo <strong>de</strong> yacimiento <strong>de</strong> amatista.<br />
Para Ia <strong>de</strong>finición <strong>de</strong>I tipo <strong>de</strong> yacimiento se han seguido los criterios planteados por<br />
Blon<strong>de</strong>l (1955), Routhier ,(1958) y Bernard (1968) pero adaptados para este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito.<br />
Con ello se ha pretendido racionalizar Ias observaciones geológicas y exponerlas en Ia<br />
forma más objetiva posible, <strong>de</strong> mod <strong>de</strong> servir como Ia primer ficha <strong>de</strong> un yacimiento <strong>de</strong> tipo relleno<br />
<strong>de</strong> geodas en basalto. Sucesivas fichas similares permitirán reunir datos, que expuestos or<strong>de</strong>nadamente,<br />
podrán a Ia postre <strong>de</strong>finir guías <strong>de</strong> prospección y cubicación.<br />
Esta ficha contendrá los rubros que <strong>de</strong> acuerdo a nuestra experiência, son los que <strong>de</strong>ben<br />
retenerse <strong>de</strong>i planteo <strong>de</strong> los autores arriba citados. Se tendrá en cuenta sólo aque110s fenómenos que<br />
parecen po<strong>de</strong>r contribuir a <strong>de</strong>scifrar Ia génesis <strong>de</strong>i amatista y a partir <strong>de</strong> ello, orientar Ia prospección.<br />
De Ia misma manera, llegar a conocer Ia geometría <strong>de</strong> distribución <strong>de</strong> Ia mineralización<br />
en muchos yacimientos <strong>de</strong>I mismo tipo, será un valioso instrumento para orientar Ia estimación <strong>de</strong><br />
tenor medio y volumen, así como guiar los trabajos mineros <strong>de</strong> otros yacimientos <strong>de</strong> ese tipo.<br />
Nosotros enten<strong>de</strong>mos que los rubros a retener para Ia <strong>de</strong>scripción <strong>de</strong> un yacimiento <strong>de</strong><br />
amatistas con miras a su utilización para fines <strong>de</strong> prospección y cubicado son los siguientes:<br />
paragénesis y secuencia <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito<br />
cantidad <strong>de</strong> amatista obtenible por metro cúbico <strong>de</strong> basalto (tenor)<br />
tonelaje contenido a nivel <strong>de</strong> una coIada<br />
geometría y distribución <strong>de</strong> Ia mineralización, en 10 posible en función <strong>de</strong> Ia dirección <strong>de</strong> escurrimiento<br />
<strong>de</strong> Ia lava<br />
natüraleza litológica y datos estructurales <strong>de</strong> Ia colada portadora<br />
estructura geológica regional y fundamentalmente relación entre lavas y sedimentos<br />
edad <strong>de</strong> los <strong>de</strong>rrames y <strong>de</strong> Ia mineralización<br />
En 10 que se refiere aIos yacimientos <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong> Ia colada portadora principal <strong>de</strong>I<br />
<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Artigas, en Uruguay, estos presentan Ias características que se exponen a continuación,<br />
seguiendo el or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> <strong>de</strong>scripción arriba fijado.<br />
Paragénesis<br />
Las amatistas se encuentran como re11eno final <strong>de</strong> geodas en Ias que Ia secuencia más
BOSSI, CAGGIANO 309<br />
frecuente ha sido: hidrosilicatos férricos; calcedonia imperfectamente <strong>de</strong>sarrollada, jaspoi<strong>de</strong>; calcita;<br />
nuevo <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> calcedonia simultáneo con Ia disolución <strong>de</strong> Ia calcita; amatista; excepcionalmente<br />
<strong>de</strong>pósito final <strong>de</strong> calcita. Estas geodas con amatista se asocian a otras vecinas rellenas <strong>de</strong><br />
ágata y cuarzo incoloro y a nódulos <strong>de</strong> ágata y 10 calcedonia.<br />
Tenor<br />
Pocos yacimientos han sido explotados racionalmente como para conocerse Ia cantidad<br />
<strong>de</strong> amatista extraída por metro cúbico <strong>de</strong> basalto removido. Dos yacimientos en el área <strong>de</strong> Los<br />
Catalanes permitem estimar valores que oscílan entre 2 y 5 kg <strong>de</strong> amatista con valor comercial por<br />
metro cúbico <strong>de</strong> basalto. La distribución no es homogénea y en paneles <strong>de</strong> aproximadamente 1000<br />
m3 <strong>de</strong> basalto removido, pue<strong>de</strong>n verificarse variaciones entre 700 y 7000 kg <strong>de</strong> amatista.<br />
Tonelaje<br />
En este tipo <strong>de</strong> yacimiento los tonelajes <strong>de</strong> reserva son enormes. De acuerdo ai Código<br />
<strong>de</strong> Mineria uruguayo, cada mina en explotación <strong>de</strong>be cubrir un área <strong>de</strong> 30 hectáres. En los casos<br />
conocidos existen siempre reservas <strong>de</strong> más <strong>de</strong> 2000 t <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong> alta calidad comercial en cada<br />
mina.<br />
Las condiciones <strong>de</strong> mercado y Ia tecnologia actual <strong>de</strong> explotación no permiten que sea<br />
rentable extraer amatistas <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>s maybres a 5-7 m. Teniendo en cuenta incluso este<br />
factor limitante, Ia colada portadora principal en el <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Artigas tiene reservas por un<br />
monto no menor a 1,5 millones <strong>de</strong> toneladas.<br />
Geometria <strong>de</strong> Ia mineralización<br />
La zona mineralizada en amatistas <strong>de</strong>termina una capa subhorizontal limitada por<br />
superficies groseramente planas y paralelas que pue<strong>de</strong> presentar espesores variables entre 5 y 15 m.<br />
Este nivel contiene amatistas en geodas <strong>de</strong> forma irregular que resulta <strong>de</strong> varios esferoi<strong>de</strong>s<br />
adosados y cuyo tamano varia en función <strong>de</strong> la ubicación en Ia extensión <strong>de</strong> Ia colada. En el W<br />
las geodas son enormes, muy separadas entre si y con gran<strong>de</strong>s cristales <strong>de</strong> color violeta intenso. En<br />
el NE, Ias geodas son también <strong>de</strong> gran tamano y con gran<strong>de</strong>s cristales pero predominan Ias amatistas<br />
<strong>de</strong> color pálidom aumque excelentes para tratamientos térmico. En el SE Ias geodas son más<br />
bien pequenas o medianas (10-50 cm <strong>de</strong> diámetro) con cristales pequenos y dominando el color<br />
violeta intenso.<br />
A nivel <strong>de</strong> un yacimiento, en las escasas observaciones realizadas hasta el presente,<br />
parece que Ias geodas se distribuyen en rosarios siguiendo Ia dirección <strong>de</strong> escurrimiento <strong>de</strong> Ia lava.<br />
Rosarios paralelos presentan <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> mineralización y paragénesis aparentemente diferentes.<br />
Naturaleza litológica y estructura <strong>de</strong> Ia colada portadora<br />
La colada portadora principal, única estudiada en este ensayo presenta una extensión<br />
superficial <strong>de</strong> aproximadamente 3000 km2 con una potencia media <strong>de</strong> 40-50 m y ha escurrido <strong>de</strong> W a<br />
E. Presenta 3 niveles estructurales: en Ia cima, brecha ígnea con filones <strong>de</strong> arenisca, que alcanza<br />
espesores <strong>de</strong> 3 a 7 m; sigue luego un nivel geódico <strong>de</strong> espesor variable entre 5 y 15 m que es don<strong>de</strong> se<br />
encuentran Ias amatistas explotables; en Ia base el basalto es masivo, <strong>de</strong> gr~o medio a fino, <strong>de</strong><br />
naturaleza toleítica y con cuarzo intersticial.<br />
La colada es <strong>de</strong> tipo aa. simjle y significa según Walker (1972) una elevada velocidad <strong>de</strong><br />
extrusión <strong>de</strong>i or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> 100 a 10.000 m lseg y una viscosidad intérmedia <strong>de</strong> or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> un millón <strong>de</strong><br />
poises.<br />
Estructura geológica regional<br />
La colada portadora <strong>de</strong> amatistas forma parte <strong>de</strong> una sucesion <strong>de</strong> coladas basálticas entre<br />
Ias que se <strong>de</strong>positan sábanas y barcanes <strong>de</strong> arenas eólicas. hoy intensamente silicificadas. La ac.<br />
tividad eólica ha sido muy intensa entre <strong>de</strong>rrames y simultáneamente a Ia efusión <strong>de</strong> los mismos. En
-<br />
310 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
particular en eI Dpto. <strong>de</strong> Artigas tenemos Ia siguiente sucesión en Ia zona <strong>de</strong> yacimientos <strong>de</strong> amatistas:<br />
- Derrame <strong>de</strong> basalto <strong>de</strong> unos 50 m <strong>de</strong> potencia, <strong>de</strong> tipo pahoehoe sin nivel geódico conocido.<br />
- Derrame <strong>de</strong> basalto <strong>de</strong> unos 40 m <strong>de</strong> potencia <strong>de</strong> tipo variable pero dominantemente pahoehoe,<br />
con nivel geódico <strong>de</strong>sarrollado aparentemente en forma irregular y con relleno silíceo incluso con<br />
amatistas.<br />
- Derrame <strong>de</strong> basalto <strong>de</strong> 40-50 m <strong>de</strong> potencia, <strong>de</strong> tipo aa con arenisca en filones <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>I nivel<br />
superior <strong>de</strong> brecha y con un extraordinario <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> nivel geódico normalmente muy rico en<br />
amatista.<br />
- Arenisca en barcanes con un <strong>de</strong>sarrollo enorme y homogéneo, observable en todos los perfiles<br />
estudiados. Alcanza espesores superiores a 6 metros.<br />
- Colada basáltica <strong>de</strong> unos 10 m <strong>de</strong> potencia media <strong>de</strong> tipo pahoehoe pero con filones <strong>de</strong> arenisca en<br />
el nivel vesicular superior.<br />
Colada basáltica <strong>de</strong> potencia no medida, <strong>de</strong> grano gruesso y tipo pahoehoe.<br />
- Areniscas eólicas <strong>de</strong> Ia cima <strong>de</strong> Ia Formación Tacuarembó.<br />
En el área en que aparece amatista <strong>de</strong>I <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Artigas, existe una íntima<br />
estratificación basalto-arenisca eólica y sobre todo frecuentes filones <strong>de</strong> arenisca en el tope <strong>de</strong> Ia<br />
colada que indican voladura <strong>de</strong> arena durante Ias efusiones.<br />
Edad <strong>de</strong> 108<strong>de</strong>rrames y <strong>de</strong> Ia mineralización<br />
Estas coladas pertenecen a Ia Formación Arapey cuya edad oscila entre 118 y 130 m.a.<br />
según <strong>de</strong>terminaciones <strong>de</strong> Umpierre (1965). Se han <strong>de</strong>rramado pues entre el tope, <strong>de</strong>I Jurásico y Ia<br />
base <strong>de</strong>I Cretáceo.<br />
En cuanto a Ia mineralización, ella se ha producido muy poco tiempo <strong>de</strong>spués <strong>de</strong> Ia<br />
solidificación <strong>de</strong> la lava. Muchos argumentos pue<strong>de</strong>n citarse en este sentido. EI más evi<strong>de</strong>nte es Ia<br />
estructura <strong>de</strong> expulsión <strong>de</strong> fluídos <strong>de</strong> Ias ágatas fortificadas. Otro argumento <strong>de</strong> peso es que aparezcan<br />
geodas fracturadas y <strong>de</strong>splazadas al ser atravesadas por un filón <strong>de</strong> arenisca cuyo momento <strong>de</strong><br />
ÍDyección es a 10sumo, contemporáneo <strong>de</strong> Ia colada inmediata superior.<br />
NUESTRA HIPóTESIS GENÉTICA<br />
EI relleno silíceo en geodas basálticas ha sido motivo <strong>de</strong> interpretaciones genéticas muy<br />
disímiles, aunque en pocos autores se pue<strong>de</strong>n encontrar elementos objetivos que sustenten sus<br />
conclusiones.<br />
Sin embargo seria <strong>de</strong> suma utilidad llevar el nivel <strong>de</strong> conocimientos por 10menos hasta Ia<br />
confección <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los operacionales que sirvan <strong>de</strong> guías para prospección y cubicado <strong>de</strong> yacimien.<br />
tos.<br />
En 10esencial, han sido planteados hasta el presente,los siguientes grupos <strong>de</strong> hipótesis:<br />
1) Gases aprisionados que crean Ia cavidad y luego reaccionan en Ia mesóstasis vítrea o con Ia roca<br />
circundante.<br />
2) Las cavida<strong>de</strong>s se forman por los gases liberados por Ia cristalización <strong>de</strong>I basalto y luego seriam<br />
rellenadas por soluciones hidrotermales endógenas o superficiales frias.<br />
3) Los rellenos geódicos seriam el resultado <strong>de</strong> soluciones residuales <strong>de</strong>I propio magma basáltico<br />
aprisionadas en cavida<strong>de</strong>s, que eVQlucionan luego en sistema cerrado, produciendo <strong>de</strong>pósitos or<strong>de</strong>nados<br />
y coherentes.<br />
4) Las geodas silíceas se originariam a partir <strong>de</strong> areniscas que engloba el basalto durante su ascenso<br />
o su <strong>de</strong>rrame.<br />
Las dos primeras hipótesis son insostenibles, como 10 ha <strong>de</strong>mostrado Ribeiro Franco<br />
(1952) para los rellenos <strong>de</strong>I sur <strong>de</strong> Brasil y 10 verifican nuestras observaciones similares para<br />
Uruguay: basalto intacto en contacto con Ias geodas, relleno diferente en geodas vecinas y cavida<strong>de</strong>s<br />
sin relleno sólo excepcionales.<br />
La tercer hipótesis es Ia sostenida por Ribeiro Franco (1952) con una sólida base <strong>de</strong><br />
argumentación. Son argumentos principales Ia falta <strong>de</strong> conductos alimenticios y una rigurosa se-<br />
--
80551, CAGGIANO 311<br />
cuencia <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito. El mecanismo propuesto no nos parece en cambio apto para explicar los niveles<br />
geódicos siliceos.<br />
Nos inclinamos en cambio por el cuarto grupo <strong>de</strong> hipótesis a Ia que se adhiere Barbosa<br />
(1957) aunque sin <strong>de</strong>scribir los hechos que soportan su punto <strong>de</strong> vista. En todo caso, no es suficiente<br />
Ia contaminación <strong>de</strong> Ia lava con arenisca. Existen coladas que engloban bloques <strong>de</strong> arenisca y otras<br />
que contienen filones <strong>de</strong> arenisca, que no presentan geodas silíceas. Es menester por 10tanto, algún<br />
otro fenómeno adicional.<br />
Para elaborar Ia o Ias hipótesis genéticas que expliquen satisfactoriamente el proceso <strong>de</strong><br />
formación <strong>de</strong> geodas silíceas con amatista, nos ha parecido que faltan aún observaciones sistemáticas<br />
que permitan <strong>de</strong>scifrar aquellos fenómenos geológicos que han ocurrido en todos los yacimientós.<br />
De allí nuestra propuesta <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir cada yacimiento según una ficha pre-estabelecida.<br />
Ninguna hipótesis genética podrá <strong>de</strong>mostrarse como válida hasta conocer exactamente los fenómenos<br />
geológicos asociados a cada mineralización.<br />
Será válido sólo el mo<strong>de</strong>lo que explique todos los hechos observados y todos los parámetros<br />
experimentales obtenidos en ellaboratorio.<br />
Según Ias experiencias <strong>de</strong> síntesis, las <strong>de</strong>terminaciones <strong>de</strong> Ia causa <strong>de</strong>I color y Ias medidas<br />
<strong>de</strong> algunos parámetros físico-químicos, Dennen y Puckett (1972) <strong>de</strong>ducen Ias siguientes<br />
condiciones para Ia formación <strong>de</strong> amatista: solución madre rica en Fe + + +; Eh oxidante respecto<br />
<strong>de</strong>I par Fe+ + - Fe+ + +; presión relativamente baja; temperatura mo<strong>de</strong>rada, entre 100 y 280°C;<br />
irradiación post-cristalización.<br />
La necesidad <strong>de</strong> Fe + + + en posición tetraédrica como condición imprescindible para<br />
formarse amatista ha sido <strong>de</strong>mostrada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> los trabajos <strong>de</strong> Hutton (1964) y Barry'y'Moore (1964).<br />
De Ia misma manera el rango <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> formación parece coinci<strong>de</strong>nte por técnicas<br />
diferentes: Hol<strong>de</strong>n (1925) y Poty (1969) por estudio <strong>de</strong> inclusiones fluídas; Dennen y Pucket<br />
(1972) por contenido <strong>de</strong> AI + + + en Ia red <strong>de</strong>I cuarzo.<br />
En cuanto a Ia presión, valores bajos favorecen el ingresso <strong>de</strong> Fe + + + en Ia estructura<br />
Si-O. No obstante merece recalcarse que Poty (1969) <strong>de</strong>duce presiones <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> Ias 600 atms para<br />
las amatistas <strong>de</strong>I Mont Blanc y Laemmlein (1956) cita inclusiones <strong>de</strong> C021íquido en amatistas <strong>de</strong>I<br />
Cáucaso, 10 que implica presiones apreciables. Teniendo en cuenta Ias formas dominantes <strong>de</strong> Ias<br />
geodas <strong>de</strong> amatista y un relleno en general inferior aI 20% <strong>de</strong> 1a cavidad, pue<strong>de</strong>estimarse también<br />
presión relativamente baja respecto <strong>de</strong> Ias geodas más esféricas y más rellenas. En su conjunto, <strong>de</strong><br />
esto se <strong>de</strong>be <strong>de</strong>ducir Ia existencia <strong>de</strong> presiones impórtantes <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Ias geodas en el momento <strong>de</strong> su<br />
formación, siendo relativamente más baja en Ias <strong>de</strong> amatista que en el resto.<br />
Las condiciones <strong>de</strong> Eh oxidante y <strong>de</strong> irradiación posterior no nos parecen probadas en<br />
los yacimientos tipo Artigas. La presencia <strong>de</strong> inclusiones <strong>de</strong> pirita en algunas amatistas, Ia presencia<br />
<strong>de</strong> cacoxenita, Fe4(P04)3 (OH)3 . 12 H20, en niveles <strong>de</strong> cuarzo incoloro y Ia <strong>de</strong>coloración <strong>de</strong> Ia<br />
amatista por calcinación o exposición a Ia intemperie nos inclinan a pensar en condiciones redox que<br />
permitan Fe + + + reemplazendo aI Si + + + y Fe + + en huecos, neutralizando cargas. Ello permitiría<br />
resonancia electrónica entre ambos iones y Ia intensa absorción <strong>de</strong> luz que produciría el color<br />
violeta oscuro.<br />
La irradiación posterior parece poco probâble en el seno <strong>de</strong> masas basálticas totalmente<br />
exentas <strong>de</strong> radiactividad. Incluso este mecanismo, aunque imprescindible en el proceso <strong>de</strong> síntesis,<br />
explica mal Ia asociación <strong>de</strong> amatista con piedras <strong>de</strong> quema en el mismo yacimiento. Sobre este<br />
punto sería <strong>de</strong> importancia recopilar información sobre edad <strong>de</strong> las mineralizaciones y posibilidad <strong>de</strong><br />
irradiación en su historia posterior. Algunos autores suponen períodos con intensa irradiación<br />
cósmica en Ia superfície <strong>de</strong>I planeta.<br />
La construcción <strong>de</strong>I mo<strong>de</strong>lo más a<strong>de</strong>cuado, <strong>de</strong>be contemplar a Ia vez,las exp.eriencias <strong>de</strong><br />
síntesis, los parámetros físico-químicos medibles y las observaciones <strong>de</strong> terreno.<br />
Las observaciones geológicas <strong>de</strong>scritas en el tipo <strong>de</strong> yacimiento parecen indicar que Ia<br />
colada portadora principal presenta ciertas particularida<strong>de</strong>s: potencia superior a 35 m; brecha ígnea<br />
en el nivel superior, siempre <strong>de</strong> espesor mayor a 3 m y conteniendo arenisca en filones <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes;<br />
textura equigranular <strong>de</strong> grano fino (enfriamiento a velocidad mo<strong>de</strong>rada); velocidad <strong>de</strong> efusión relativamente<br />
alta y viscosidad intermedia.<br />
Varias observaciones <strong>de</strong> <strong>de</strong>talle en el nivel geódico conteniendo amatista constituyen<br />
también la base <strong>de</strong> nuestra hipótesis.<br />
En primer lugar Ia observación sistemática <strong>de</strong> arenisca en filones <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes en los<br />
niveles <strong>de</strong> brecha asociados aIos yacimientos. Esos filones son a veces visibles también en el nivel
312 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
geódico don<strong>de</strong> eventualmente rellenan <strong>de</strong> arena cavidà<strong>de</strong>s esferoidales y presentan drusas con<br />
cristales <strong>de</strong> amatista. Hacia Ia base <strong>de</strong> Ia colada no hansido observados e incluso no llegan ni a Ia<br />
base <strong>de</strong>I nivel geódico, 10 que permite sospechar su incorporación aI fenómeno magmático a partir <strong>de</strong><br />
cierta profundidad ên Ia colada. Paralelamente no han sido observados lentes <strong>de</strong> arenisca encima <strong>de</strong><br />
esta colada a pesar <strong>de</strong> su frecuencia <strong>de</strong> aparición en otras zonas <strong>de</strong>I Dpto. <strong>de</strong> Artigas.<br />
En segundo lugar, en un afloramiento <strong>de</strong>I valle <strong>de</strong>I arroyo Guaviyú en el camino <strong>de</strong> Ia<br />
ciudad <strong>de</strong> Artigas al Paso <strong>de</strong>I León sobre el río Cuareim ha sido posible observar en una distancia<br />
horizontal <strong>de</strong> pocos metros y vertical <strong>de</strong> 2 m, el siguiente perfil. Filón <strong>de</strong> arenisca silicificada <strong>de</strong> unos<br />
10 cm <strong>de</strong> potencia con una drusa con cristales <strong>de</strong> amatista.<br />
A pocos <strong>de</strong>címetros en el basalto, se encuentran geodas <strong>de</strong> morfología fluídodinámica<br />
rellenas <strong>de</strong> arenisca parcial o totalmente silicificada. Alejándose <strong>de</strong>I filón y <strong>de</strong>scendiendo en el perfil<br />
comienzan a aparecer rellenos <strong>de</strong> geodas con transformación parcial en un material calcedónico a<br />
jaspoi<strong>de</strong> sin ban<strong>de</strong>ado aparente. Más lejos aún los rellenos son dominantemente <strong>de</strong> calcedonia bien<br />
<strong>de</strong>finida y amatista. Una <strong>de</strong> Ias geodas con arenisca silicificada en su interior que contiene también<br />
cristales <strong>de</strong> cuarzo, mostró al microscopio una transformación gradual <strong>de</strong> los granos <strong>de</strong> arena en<br />
sílice <strong>de</strong> estructura mosaico y remata en cristales <strong>de</strong> cuarzo.<br />
Este afloramiento parece indicar claramente que al <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>r en Ia colada el tipo <strong>de</strong><br />
relleno evoluciona con <strong>de</strong>saparición <strong>de</strong> los granos <strong>de</strong> arena inicial y su transformación en otras<br />
varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sílice.<br />
Un tercer elemento a tener en cuenta consiste en que el90% <strong>de</strong> Ias cortezas <strong>de</strong> Ias geodas<br />
<strong>de</strong> amatista son <strong>de</strong> material calcedónico mal <strong>de</strong>finido, <strong>de</strong> idéntica naturaleza al déscrito como término<br />
intermedio entre arenisca y sílice geódica.<br />
Otro hecho a retener es que Ias geodas <strong>de</strong> amatista presentan sistemáticamente forma<br />
irregular y el relleno alcanza penosamente el 20 %, mientras tanto Ias geodas <strong>de</strong> cuarzo incoloro<br />
como los nódulos <strong>de</strong> calcedonia presentan relleno casi total y formas regulares.<br />
También es importante seiíalar el hecho <strong>de</strong> que Ia calcita <strong>de</strong> cristalización temprana ha<br />
sido sistemáticamente redisuelta 10 que indica un <strong>de</strong>scenso <strong>de</strong> pH y/o aumento <strong>de</strong> presión parcial <strong>de</strong><br />
C02'<br />
Finalmente <strong>de</strong>be hacerse mención <strong>de</strong> Ia frecuencia <strong>de</strong> aparición <strong>de</strong> geodas <strong>de</strong> tipo ágata<br />
fortificada<br />
(Foto 3).<br />
que seiíalan expulsión <strong>de</strong> fluído en etapas previas a Ia rigi<strong>de</strong>z total <strong>de</strong>I material silíceo<br />
Observaciones realizadas por von Freyberg (1930) en geodas <strong>de</strong> Río Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>I Sur,<br />
muestran frecuentemente en Ia base <strong>de</strong> ágatas con ban<strong>de</strong>ado horizontal, una zona <strong>de</strong> cuarzo en<br />
mosaico práticamente i<strong>de</strong>ntificable a 10 que Goro y Delaney (1961) observan en fenómenos <strong>de</strong> silicificación<br />
periferia.<br />
<strong>de</strong> areniscas <strong>de</strong> Botucatu y 10 que nosotros observamos en geodas con arenisca en Ia<br />
Este conjunto <strong>de</strong> hechos parece <strong>de</strong>mostrar en forma inequívoca Ia posibilidad <strong>de</strong> existencia<br />
<strong>de</strong> los siguientes processos:<br />
a) incorporación <strong>de</strong> arena en Ia lava mientras ésta se encuentra aún fluída;<br />
b) transformación <strong>de</strong>I cuarzo <strong>de</strong> Ia arena en calcedonia, cuarzo y amatista.<br />
Quedan por <strong>de</strong>finir Ias condicione& cl1 que esos procesos pue<strong>de</strong>n tener lugar y si realmente<br />
constituyen Ia única fuente <strong>de</strong> sílice <strong>de</strong> los niveles geódicos <strong>de</strong> interés comercial.<br />
Nuestras observaciones inducen a concebir que el mo<strong>de</strong>lo genético que mejor explica los<br />
niveles geódicos silíceos en Ias rocas basálticas <strong>de</strong>I <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Artigas es Ia incorporación <strong>de</strong><br />
arena volada sobre coladas que están áun fundidas por <strong>de</strong>bajo <strong>de</strong>I nivel <strong>de</strong> escoria superficial. La<br />
posibilidad <strong>de</strong> voladura <strong>de</strong> arena durante Ia corrida <strong>de</strong> Ia lava ya fue observada por Guidicini y<br />
Campos (1968). Esta arena queda como tal o silicificada, en Ias grietas <strong>de</strong> Ia brecha ya sólida y en los<br />
primeros metros por <strong>de</strong>bajo. Cuando alcanza zonas <strong>de</strong> basalto áun fundido en vías <strong>de</strong> cristalización,<br />
a temperaturas superiores a 800°C, pue<strong>de</strong> ser disuelta por el agua magmática supercritica liberada<br />
durante Ia cristalización, si Ia presión es suficientemente elevada. Holland (1967) recopilano Ia<br />
información existente sobre solubilidad <strong>de</strong> cuarzo en agua logra construir gráficas <strong>de</strong> solubilidad<br />
hasta el punto crítico superior a 9700 atm y 1080°C. En esas gráficas se nota que Ia solubilidad <strong>de</strong>I<br />
cuarzo en agua comienza a ser importante encima <strong>de</strong> 800°C y 2000 atm. Los valores reproducidos en<br />
Ia Tabla 1 han sido extraídos <strong>de</strong>I citado autor para mostrar el comportamiento general.<br />
En condiciones <strong>de</strong> alta temperatura y presión se pue<strong>de</strong> lograr que el agua liberada en Ia<br />
cristalización <strong>de</strong>I basalto sea capaz <strong>de</strong> disolver cantida<strong>de</strong>s importantes <strong>de</strong> sílice, que pue<strong>de</strong>n dar<br />
~--
80551, CAGGIANO 313<br />
cuenta <strong>de</strong> los rellenos (incluso casi totales) <strong>de</strong> Ia mayoría <strong>de</strong> Ias geodas.<br />
Según An<strong>de</strong>rson y Burnham (1967) esa solubilidad es aumentada por Ia presencia <strong>de</strong><br />
cloruros a temperaturas superiores a 600°C. Dickson (1966) <strong>de</strong>muestra que el agregado <strong>de</strong> NaOH<br />
aumenta la solubilidad en cantida<strong>de</strong>s proporcionales a Ia concentración <strong>de</strong> álcali.<br />
De acuerdo con Winkler (1962) entre otros, los magmas basálticos contienen normalmente<br />
hasta 6 % <strong>de</strong> H20 en disolución.<br />
Si toda esa agua liberada se emplea en disolver sílice entre 800 y 1000°C a presión suficiente,<br />
según los datos <strong>de</strong> Holland (1967) pue<strong>de</strong> fácilmente disolver ha~ta 3% <strong>de</strong> sílice en peso.<br />
Nuestras observaciones han <strong>de</strong>monstrado que en los niveles geódicos altamente concentrado~, se<br />
pue<strong>de</strong> llegar a obtener unos 80 kg <strong>de</strong> sílice en sus diversas varieda<strong>de</strong>s (ágata, cuarzo, amatista...)<br />
por metro cúbico <strong>de</strong> basalto, 10 que representa un máximo <strong>de</strong> 2,5 % <strong>de</strong> Ia masa <strong>de</strong> lava. Estas cifras<br />
muestran Ia viabilidad <strong>de</strong>I processo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el punto <strong>de</strong> vista cuanti1;ativo.<br />
También hay evi<strong>de</strong>ncias <strong>de</strong> existencias <strong>de</strong> C02 en Ia fase fluída <strong>de</strong> Ia solución silícea. La<br />
gran abundancia <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s fundamentalmente escalenoédricos <strong>de</strong> calcita, en Ia corteza <strong>de</strong> Ias<br />
geodas o los nódulos <strong>de</strong> ágata, indica que és ta se <strong>de</strong>positó em una primeira fase y luego fue disuelta<br />
10 que implica una mayor presión parcial <strong>de</strong> CO2 y /0 disminución <strong>de</strong> pH <strong>de</strong>I medio. Merece seftalarse<br />
que en amatistas <strong>de</strong>I Mont Blanc (Poty, 1969) y <strong>de</strong> los yacimientos <strong>de</strong> los Urales (Laemmlein,<br />
1956) se han encontrado inclusiones fluídas con C02 líquido, 10 que muestra que Ia formación <strong>de</strong><br />
amatista es compatible, e incluso posiblemente favorecida por presiones superiores a 600 atm.<br />
Evi<strong>de</strong>ncias <strong>de</strong> fuerte presión interna son mostradas por el tipo <strong>de</strong> ágata fortificada (Foto<br />
3) en el cuallas bandas <strong>de</strong> Ia parte central flexan las bandas externas <strong>de</strong> ágatas y <strong>de</strong>finen canales <strong>de</strong><br />
escape hacia el exterior <strong>de</strong> la geoda.<br />
La forma <strong>de</strong> Ias vacuolas con su frente <strong>de</strong> avance esferoi<strong>de</strong> y ascen<strong>de</strong>nte y su parte<br />
posterior afinada en cufia, también <strong>de</strong>muestra una importante presión interna (Fig. 2). Lo mismo<br />
pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>cirse <strong>de</strong>las geodas casi esféricas rellenas <strong>de</strong> cuarzo incoloro.<br />
Las geodas con amatista en los casos observados <strong>de</strong>I Dpto. <strong>de</strong> Artigas, mostrarían una<br />
presión interna sensiblemente menor dada Ia forma final irregular que adquieren.<br />
Las amatistas uruguayas no presentaron inclusiones fluídas en 32 muestras analizadas<br />
por 10 que por esta via no fue posible <strong>de</strong>finir Ias condiciones físico-químicas reinantes en el momento<br />
<strong>de</strong> su formación. No obstante eso, nuestro trabajo va a seguir en Ia línea <strong>de</strong> <strong>de</strong>mostrar si ese mo<strong>de</strong>lo<br />
genético es correcto, pues <strong>de</strong> <strong>de</strong>mostrarse, permitirá guiar los trabajos <strong>de</strong> prospección y cubicado.<br />
Este mo<strong>de</strong>lo que hoy explica los escasos hechos conocidos, pue<strong>de</strong> no ser válido una vez<br />
que se acumule mayor información. Las sucessivas aproximaciones permitirán mejorar Ia precisión<br />
hasta llegar a po<strong>de</strong>r conocer Ias leyes que rigen Ia formación y distribución <strong>de</strong> Ias amatistas en cada<br />
<strong>de</strong>rrame.<br />
En 10esencial se supone el siguiente proceso. Arena volando, cae sobre Ia superficie <strong>de</strong> Ia<br />
colada que localmente se agrieta y permite alcanzar Ia zona central aún fundida. El agua en estado<br />
supercrítico liberada por cristalización <strong>de</strong>I basalto pue<strong>de</strong> llegar a disolver Ia arena, si Ia presión es<br />
suficiente y formar así soluciones acuosas con cantida<strong>de</strong>s importantes <strong>de</strong> sílice. Estas soluciones<br />
ten<strong>de</strong>rán a ascen<strong>de</strong>r como enormes gotas hasta Ia solidificación total <strong>de</strong> la lava. En ese momento se<br />
<strong>de</strong>fine Ia forma <strong>de</strong> Ia cavidad pero todavia sin <strong>de</strong>pósito. A 10 que Ia temperatura disminuye se<br />
producirá el <strong>de</strong>pósito silíceo que será variable en función <strong>de</strong> Ia viscosidad <strong>de</strong> la solución, <strong>de</strong> su concentración<br />
en sílice y <strong>de</strong> Ia velocidad <strong>de</strong> enfriamiento.<br />
CONCLUSIONES: GUIAS DE PROSPECCION<br />
DeI conjunto <strong>de</strong> datos experimentales y naturalistas surgen ciertas evi<strong>de</strong>ncias sobre los<br />
processos que parecen controlar Ia formación <strong>de</strong> amatistas.<br />
Las amatistas aparecen en ciertas coladas excepcionales que muestran espesor importante<br />
así como un potente nivel <strong>de</strong> brecha ígnea, en Ia que sistemáticamente se <strong>de</strong>sarrollan filones<br />
irregulares <strong>de</strong> arenisca.<br />
Las observaciones naturalistas parecen <strong>de</strong>mostrar inequivocamente que Ia arena volada<br />
e incluída en Ia lava fundida es Ia fuente <strong>de</strong> Ia sílice <strong>de</strong>I nível geódico.<br />
La solubilización <strong>de</strong> Ia sílice por agua supercrítica liberada durante Ia cristalización <strong>de</strong>I<br />
basalto necesita elevadísimas presiones, 10 que no es <strong>de</strong>masiado evi<strong>de</strong>nte que sea posible en un<br />
<strong>de</strong>rrame. Sin embargo, Ia constancia <strong>de</strong> aparición <strong>de</strong> un espeso nivel <strong>de</strong> brecha ígnea en Ia colada
314 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
portadora principal, podria ser Ia responsable <strong>de</strong> permitir llegar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Ias burbujas <strong>de</strong> solución<br />
silícea, a esos valores tan elevados <strong>de</strong> presión.<br />
Las geodas y los cristales internos parecen <strong>de</strong> gran tamafio en Ia proximidad <strong>de</strong>i centro<br />
efusivo y disminuir hacia los bor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ia colada.<br />
No parece haber zonas preferenciales <strong>de</strong> formación <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> una misma<br />
colada, aunque si zonas diferenciales <strong>de</strong> concentración y tamafio <strong>de</strong> Ias geodas siliceas.<br />
De estas conclusiones preliminares pue<strong>de</strong>n extraerse algunas guias <strong>de</strong> prospección, .<strong>de</strong><br />
cuyo éxito o fracaso podrá acumularse experiencia para corregir o mejorar el mo<strong>de</strong>lo genético.<br />
A escala regional <strong>de</strong>ben buscarse coladas con espesos niveles <strong>de</strong> brecha y que presenten<br />
nivel geódico silíceo. La cartografia geológica a escala 1/100.000 parece serei método más apropriado.<br />
Las brechas <strong>de</strong>ben contener filones <strong>de</strong> arenisca como condición necessaria aunque no suficiente.<br />
No obstimte parece ser que brechas espesas con filones <strong>de</strong> arenisca serían índices muy<br />
favorables.<br />
A mayor <strong>de</strong>talle Ias geodas silíceas parecen distribuirse en rosarios alargados en Ia<br />
direcclón <strong>de</strong> escurrimiento <strong>de</strong> Ia lava. La <strong>de</strong>ternúnación sistemática <strong>de</strong>i espesor <strong>de</strong> estos rosarios y<br />
<strong>de</strong> Ias zonas estériles será sin duda una valiosa ayuda para prospección <strong>de</strong> <strong>de</strong>talle y cubicación <strong>de</strong><br />
yacimientos.<br />
La gran conclusión que surge <strong>de</strong> este estudio es Ia falta <strong>de</strong> información científica sobre<br />
yacimientos <strong>de</strong> amatista. Se propone por 10 tanto llenar fichas <strong>de</strong> varios yacimientos en niveles<br />
geódicos <strong>de</strong> basalto para llegar ai mo<strong>de</strong>lo genético correcto.<br />
Tomado el mo<strong>de</strong>lo genético aqui propuesto, como hipótesis <strong>de</strong>.trabajo, parecería que los<br />
aspectos fundamentales a tener en cuenta en Ia <strong>de</strong>scripción <strong>de</strong> yacimientos <strong>de</strong> amatista serían los<br />
seguientes:<br />
- edad <strong>de</strong> Ias coladas portadoras <strong>de</strong> amatista, para <strong>de</strong>finir si efectivamente es imprescindible<br />
radiación posterior a Ia formación <strong>de</strong> cristales con centros <strong>de</strong> Color<br />
- relaciones lava. sedimentos cuarzosos, <strong>de</strong> modo <strong>de</strong> establecer formas concretas <strong>de</strong> interacción:<br />
arenisca subyacente, englobada, arena volando, etc.<br />
dirección <strong>de</strong> escurrimiento y geometria <strong>de</strong> Ia mineralización en función <strong>de</strong> ella<br />
potencia, extensión y estructura <strong>de</strong> Ia colada portadora<br />
presencia o no <strong>de</strong> brecha y espesor promedio <strong>de</strong> Ia misma<br />
forma rela tiva <strong>de</strong> Ias geodas en función <strong>de</strong> su relleno y sobre todo evi<strong>de</strong>ncias, si existen, <strong>de</strong><br />
importante presión interna.<br />
Pensamos que sólo <strong>de</strong>spués <strong>de</strong> tipificar correctamente los yacimientos, <strong>de</strong>scribiendo los<br />
mismos parámetros en muchos <strong>de</strong> ellos, seremos capaces <strong>de</strong> elaborar un mo<strong>de</strong>lo genético que guíe<br />
inequivocamente Ias investigaciones mineras.<br />
TABLA 1<br />
Solubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>i cuarzo em agua, em gr Si02 por kg <strong>de</strong> solución em<br />
función <strong>de</strong> temperatura y presión, según Holland (1967)<br />
Temperatura (OC)<br />
Presión<br />
(atm) 400 600 800 1000 lJOO<br />
2000 2 9 18 30 80<br />
5000 4 16 55 100 200<br />
8000 7 25 90 250 500
..0<br />
URUGUAY<br />
,O.<br />
VUCUTUJA<br />
, O.<br />
CUARO 10f.<br />
::::-~~-=-~-<br />
,.- .. .-<br />
; PELADO _ ;~RDFf.<br />
PERFI L<br />
CRUCES<br />
~lWocRUCES<br />
$ I<br />
O.<br />
CA TALAM'<br />
OOE<br />
,<br />
.'0<br />
CUARE'"<br />
I 'm<br />
CARTA GEOLOGICA PRELI-<br />
MINAR DEL DEPARTAMENTO<br />
DE ARTIGAS._ (Uruguay).~<br />
B<br />
100.:n.<br />
200m<br />
300m.<br />
JORGE BOSSI WALTER CAGGIANO<br />
MARIO IUIo<br />
9<br />
ti:!<br />
REFERENCIAS ._ ~,m<br />
SEOIMENTOS<br />
~........:.. CENOZOI COS C)<br />
~IQ<br />
~~I~<br />
316 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
Vista <strong>de</strong> Planta<br />
Vista <strong>de</strong> PerfIl<br />
.....<br />
DIRECCION DE CORRIDA DE LA LAVA<br />
Fig. 2- Modulos geódicos<strong>de</strong> ca1cedonia com morfología fluido- dinárnica<br />
<strong>de</strong>mostrando direccíon <strong>de</strong> corrida <strong>de</strong> Ia lava.<br />
Foto 1 - Filones <strong>de</strong> arenisca em basalto <strong>de</strong> Ia cima <strong>de</strong>la colada portadora <strong>de</strong> amatistas. Arroyo Catalán Chico. Dpto.<br />
<strong>de</strong> Artigas.
80551, CAGGIANO 317<br />
Foto 2 - Nível geódico com amatístas <strong>de</strong> Ia colada portadora principal. Anoyo Catalán Seco, Dpto. <strong>de</strong> Artigas.<br />
Foto 3 - Geada cortada, <strong>de</strong> 15 cm <strong>de</strong> longitud mayor, mostrando <strong>de</strong>formación plástica en Ias bandas <strong>de</strong> calcedonia,<br />
previa a Ia cristalizacíón <strong>de</strong>I cuarzo central.
318 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />
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