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SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA<br />

ANAIS<br />

Do<br />

XXVIII CONGRESSO<br />

VOLUME 5<br />

Porto Alegre. RS - Outubro 1974<br />

~


xxvm CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

VOLUME 5<br />

SESSOES TÉCNICAS<br />

MINERALOGIA<br />

PETROLOGIA<br />

PROSPECÇÃO MINERAL<br />

íNDICE<br />

Mineralogia<br />

Mineralogia <strong>de</strong> Ia Fracción AreiIlosa <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos en el Suroeste <strong>de</strong>I Uruguay<br />

- Lorenzo A. Ferrando, Malvina Daza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3<br />

Mineralogia dos Depósitos <strong>de</strong> Ferro <strong>de</strong> Águas Claras, MG. - Wolney Lobato. . . . . . . . . . . . . 15<br />

Ensaios <strong>de</strong> Quantificação por Difratometria <strong>de</strong> Raios X <strong>de</strong> Calcita e Dolomita em Rochas<br />

Carbonáticas - Giuliana Ratti, Jairo <strong>de</strong> Sant'Anna Tad<strong>de</strong>o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21<br />

Os Pesados do Barreiras na Costa Oriental <strong>Brasileira</strong>: Estudo <strong>de</strong> Áreas-Fonte - José Moacyr<br />

Vianna Coutinho, Armando Mareio Coimbra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27<br />

O Pré-Cambriano do Vale do Rio Doce como Fonte Alimentadora <strong>de</strong> Sedimentos Costeiros -<br />

José Moacyr Vianna Coutinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43<br />

AUXIlioVisual no Ensino da Óptica Cristalina - José MoacyrViannaCoutinho. . . . . . . . . . . 57<br />

Os Minerais Pesados <strong>de</strong> Areia na Foz do Rio Doce - José Moacyr Vianna Coutinho. . . . . . . . 61<br />

Determinação Roentgnográfica das Olivinas por d 112 e pelas Diferenças ~d e ~20(Cuka:) -<br />

WilliamG.R. <strong>de</strong> Camargo,J. B. <strong>de</strong> MadureiraFilho. 79<br />

Seqüência Cristalogênica <strong>de</strong> Inclusões Singenéticas em Diamante: Olivina e Granada - C.R.<br />

Leite. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83


ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Petrologia<br />

Petrologia e Geoquímica <strong>de</strong> Riolitos Alcalinos Pré-Cambrianos do Oeste da Bahia - Gianpaolo<br />

Sighinolfi, Teodora M. L. Conceição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89<br />

Complexo <strong>de</strong> Piracaia - Estudos Preliminares - José C. Cavalcante, Libório Q. Kaefer. . . . . . 101<br />

Aspectos Geológicos e Petrográficos do Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I - Wan<strong>de</strong>rlinoTeixeira<strong>de</strong><br />

Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 107<br />

Granito <strong>de</strong> Campo Formoso - Bahia - Maria Alba Farias Tanner <strong>de</strong> Oliveira,Raymundo<br />

José BuIcão Fróes, Teodoro Tanner <strong>de</strong> Oliveira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125<br />

<strong>Geologia</strong> e Petrografia da Região <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong>, SP - Marcos Aurélio Farias <strong>de</strong> Oliveira, Francisco<br />

Rubens Alves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 133<br />

Granitos e Metamorfismo no Vale do Ribeira <strong>de</strong> Iguape, SP e Pr - E. Wemick, C. B. Gomes. . 145<br />

Migmatização e Feldspatização <strong>de</strong>Chamockitos. e Granulitos no Leste Paulista e Sul <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais - Eberhard Wemick, Faustino Penalva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155<br />

Rochas Vulcânicas Ácidas e SubvuIcânicas no Leste da Amazônia - Jaime F.V. Araújo,<br />

Ana M. Dreher . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161<br />

Prospecção Mineral<br />

Pesquisa <strong>de</strong> Cobre em Rochas Calco-Silicatadas em Paraíso do Norte, Goiás-Tércio Pina <strong>de</strong><br />

Barros, Silvio Ronan Bressan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171<br />

Prospecção Geoquímica para Cobre em Paraíso do Norte, Goiás - Marcelo José Ribeiro,<br />

Silvio Ronan Bressan, Tércio Pina <strong>de</strong> Barros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189<br />

Métodos Geoquímicos em Escalas Regionais e <strong>de</strong> Detalhe Aplicados à Prospecção <strong>de</strong> Corpos<br />

Ultrabásicos na Área Cromínia - Pontalina, Goiás - Marcelo José Ribeiro, Carlos Maranhão<br />

Gomes <strong>de</strong> Sá, Clovis <strong>de</strong> Almeida Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199<br />

A Prospecção Radiométrica na Definição <strong>de</strong> Zonas Mineralizadas no Complexo Ultramáfico -<br />

Alcalino <strong>de</strong> Catalão I - Wan<strong>de</strong>rlino Teixeira <strong>de</strong> Carvalho, Iranildo Rodrigues Valença . . .. 213<br />

Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Sedimentos <strong>de</strong> Corrente Aplicada à Seleção <strong>de</strong> Áreas ~om Mineralização<br />

Cuprífera no Vale do Rio Curaçá - Bahia- Inácio <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros Delgado, Dorival<br />

Correia Bruni, João Dalton <strong>de</strong> Souza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 221<br />

<strong>Geologia</strong> e Geoquímica <strong>de</strong> Semi-Detalhe do Maciço Máfico-Ultramáfico, Mangabal I, Sanclerlândia,<br />

Goiás - Marcelo José Ribeiro, Ama<strong>de</strong>us Achiles Pfrimer, Carlos Maranhão Gomes<br />

<strong>de</strong> Sá. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 239<br />

Trabalhos <strong>de</strong> Pesquisa Mineral Desenvolvidos no Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I,<br />

Goiás - Wan<strong>de</strong>rlino Teixeira <strong>de</strong> Carvalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251<br />

Pesquisa <strong>de</strong> Minerais Pesados no Litoral <strong>de</strong> Itabapoana - Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro - Projeto<br />

Buena - Pedro A. Couto, Aramis P. Gomes, Rafael Avena Neto. . . . . . . . . . . . . . . . . .. 273<br />

Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Semi-Detalhe e Detalhe no Maciço Básico e Ultrabásico <strong>de</strong> Americano<br />

do Brasil, Goiás - Marcelo José Ribeiro, Moacyr Martins dos Santos . . . . . . . . . .<br />

"<br />

Contribución a Ia <strong>Geologia</strong> <strong>de</strong> los Yacimientos <strong>de</strong> Amatista <strong>de</strong>I Departamento <strong>de</strong> Artigas<br />

287<br />

(Uruguay) - Jorge Bossi, Walter Caggiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301


MINERALOGIA DE LA FRACCION ARCILLOSA<br />

DE LA FORMACION FRA Y BENTOS<br />

EN EL SUROESTE DEL URUGUAY<br />

LORENZO A. FERRANDO, MALVEINA DAZA<br />

ABSTRACT<br />

Fray Bentos formation of olige-miocenic age outcrops in the west littoral and in the south of Uruguay. It also <strong>de</strong>velops in<br />

lhe Laguna Merin Basin.<br />

Its lithology is formed mainly by thin sandstones of regular selection, high proportion of feldspar and clayey cement or<br />

clayey calcareous, mass(ves, middlinlt friable and of brown-orange colour very t1'Pical.<br />

This clayey fraction was studied by ATD and RX on samples taken from the southwest of the country, and the results<br />

of these studies stablished the predominan of triotaedric illite and a very thin subdivi<strong>de</strong>d biotite with a partial alteration. This study<br />

also sho";ed its association to smectite of bei<strong>de</strong>llitic type, as well as to an interestratificated mineral of 10-14c Í;ype.<br />

The conclusion we have got to is that the heritage is the main responsible of the clayey fraction mineralogy of Fray Bentos,<br />

which were originate from an acid crystalline rocks, Nevertheless we suppose that the origin of the smectite and the interestratificated<br />

mineral was due to neoformation ortransformation by agredacion during the diagenesis.<br />

We infer that the original aiuI <strong>de</strong>poaition aress were submitted to a climate of scarce rains, irregular distribution of these<br />

..,d a clirnate of medium warm temperature.<br />

RESUMO<br />

A. FormaçAp Fray Bentos. <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> oligo-miocênica, aJlora no litoral oeste e DD sul. do Uruguai, aléln <strong>de</strong> o.cor~ tambéln na<br />

bacia da Lagoa Mirim. Litologicamente é formada principalmente por arenitos bastante finos, <strong>de</strong> seleção regular com alta proporção <strong>de</strong><br />

feldspatos, cimento argiloso ou argilo-calcário, maciço, medianamentefriável e <strong>de</strong> corpardo-alaranjada, muito típica.<br />

Foi estudada por A TD e RX a fração argilosa das amostras do sudoeste do País e os resultados indicaram a predominância<br />

à! uma ilita trioctaédrica, biotita finamente subdividida e parcialmente alterada, associada a uma exmectita <strong>de</strong> tipo bei<strong>de</strong>litico e com um<br />

mineral interestratificado <strong>de</strong> tipo 10-14c: o restante do cortejo mineralógico é integrado por limonita, goetita e caleita.<br />

Chegamos à conclusão que a herança é o principal fator responsável pela mineralogia <strong>de</strong> fraçllo argilosa <strong>de</strong> Fray Bento~<br />

originada por um substrato <strong>de</strong> rochas cristalinas ácidas; não obstante, para a esmectita e o mineral interestratificado, po<strong>de</strong>-se supor, pelo<br />

menos parcialmente, uma origem <strong>de</strong> neoformação ou transformaçâo por agradação durante a diagênese.<br />

. .' Conclui.se que as áreas <strong>de</strong> proveniência e <strong>de</strong> <strong>de</strong>posiçãoforamsubmetidas.a umdima <strong>de</strong> pluviosida~reduzidá. comdistribuiçâo irregular<br />

das chuvas e clima temperado quente. A topOgrafia foi elevada na área <strong>de</strong> origem. produzindo.se em ambas as zonas um rejuvenescimento constante<br />

do relevo.<br />

ANTECENDENTES<br />

La Formación Fray Bentos afiora en una superfície bastante importante <strong>de</strong>I litoral<br />

oeste y en el sur <strong>de</strong>I Uruguay; su cartografia se <strong>de</strong>be fundamentalmente aIos trabajos <strong>de</strong> Lambert<br />

(1939 a, b y 1940)y <strong>de</strong> Serra (1943, 1945). siendo este último autor quién en 1944 sefiala Ia<br />

presencia <strong>de</strong> Fray Bentos en el este <strong>de</strong>I país, en 10 que actualmente se conoce como Fosa tectónicà<br />

<strong>de</strong> ia Laguna Merin, aunque sin llegar a aflorar ya que está cubierta por sedimentos posteriores.<br />

La Figura 1 seftala el área <strong>de</strong> distribución <strong>de</strong> Ia formación consi<strong>de</strong>rada.


4 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fig. 1- Distribución superficial y profunda <strong>de</strong> Ia Formación<br />

Fray Bentos y áreas muestreadas para<br />

este estudio.<br />

Kraglievich (1928 y 1932) es quién ubica estratigráficamente a Fray Bentos en el<br />

Mioceno Inferior u Oligoceno y Lambert (1940) qWén Ia <strong>de</strong>signa con el nombre con que He Ia<br />

conoce actualmente; aunque algunas <strong>de</strong> Ias litologías que Ia integran fueron <strong>de</strong>scritas ya en 1878<br />

por Darwin.<br />

Los conocimientos actuales sobre Ia Formación Fray Bentos están basados en Ia<br />

recopilación <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes realizada por Bossi (1966) y en Ios estudios <strong>de</strong>tallados realizados<br />

por Fernan<strong>de</strong>z y Techeira (1966), Elizal<strong>de</strong> y Techeira (1967), Fernan<strong>de</strong>z (1967), Car<strong>de</strong>llino y<br />

Eugui (1973). Albanell (inédito), Fernan<strong>de</strong>z et alii (inédito), Albanell y Galipolo (inédito),<br />

Morales et alii (inédito), Ferrando et alii (inédito) <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>I programa Garta Geológica <strong>de</strong>I<br />

Uruguay a escala 1/100.000.<br />

En base a los antece<strong>de</strong>ntes indicados se pue<strong>de</strong> concluir que Ia Formación Fray Ben.<br />

tos está integrada fundamentalmente por areniscas muy finas <strong>de</strong> selección regular, con cemento<br />

arcilloso o arcillo-calcáreo, excepcionalmente silicificadas; se trata siempre <strong>de</strong> rocas masivas <strong>de</strong><br />

tenacidad variable según el tenor en calcáreo. El color es pardo anaranjado, muy particular y<br />

constante, siendo uno <strong>de</strong> los caracteres unificantes <strong>de</strong> Ia Formación. El carbonato <strong>de</strong> caldo se<br />

pue<strong>de</strong> disponer en diversas formas: pulverulento disperso en Ia roca, como concreciones <strong>de</strong> di.<br />

verso tamano, en lechos subhorizontales o rellenando fisuras; el contenido medio es <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong>I<br />

:11%, aunque pue<strong>de</strong> llegar apresentar carapachos calcáreos (casi verda<strong>de</strong>ras calizas) <strong>de</strong> hasta un<br />

metro <strong>de</strong> potencia, <strong>de</strong>sarrollados principalmente en los <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> Rio Negro y Paysandú.<br />

La Formación Fray Bentos en Ia base, pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollar niveles brechoi<strong>de</strong>s, conglomerádicos,<br />

lodolitas conglomerádicas, lodolitas o fangolitas, <strong>de</strong> escasa potencia.<br />

Existen también looss y fangolitas <strong>de</strong> características similares a Ias areniscas, pero<br />

cuya posición estratigráfica <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Fray Bentos no se conoce aún. En Ia perforación realizada<br />

en Rincón <strong>de</strong> Ia Bolsa, se han <strong>de</strong>finido hacia Ia base <strong>de</strong> Ia Formación niveles arcillosas: Bossi<br />

(1966) indica en Ia cima <strong>de</strong> Fray Bentos Ia constituyen areniscas con esbozo <strong>de</strong> estratificación<br />

cruzada que se exponen en Paso Belastiqui y los Cerrillos.<br />

Los análisis granulo métricos efectuados sobre muestras <strong>de</strong> Ias litologías más frecuentes<br />

<strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos, indican que los <strong>de</strong>tritos presentan una distribución bi o po.<br />

limodal, prácticamente sin granos mayores a un milimetro (excepto Ias litologías basales), con<br />

una moda principal poco marcada, menos <strong>de</strong> 15 unida<strong>de</strong>s respecto a Ia admixtura proximal, y<br />

estando siempre una <strong>de</strong> Ias modas secundarias en los términos <strong>de</strong> Ia fracción arcilla. Estos mis.<br />

mos análisis arrojan para el índice <strong>de</strong> selección <strong>de</strong> TRASK valores que oscilan entre 2,50 y 3,90;<br />

mientras que el índice <strong>de</strong> asimetría muestra valores positivos muy variables y sólo excepcionalmente<br />

valores negativos.<br />

Los estudios <strong>de</strong> los minerales livianos <strong>de</strong> Ia fracción arena comprendida entre 0,12 Y<br />

0,25 mm, según el método <strong>de</strong> doble tinción propuesto por Parfenoff et alii (1970), indican


FERRANDO, DAZA 5<br />

E!l promedio un tenor en cuarzo <strong>de</strong>I 68% y un leve dominio <strong>de</strong>I fel<strong>de</strong>spato potásico (18%) sobre<br />

Ias plagioclasas (14 % ), en medidas con un error <strong>de</strong>I 2,5 %. Se <strong>de</strong>be indicar a<strong>de</strong>más Ia frecuente<br />

presencia <strong>de</strong> vidro volcánico en Ia fracción liviana, a veces en proporciones importantes.<br />

La fracción <strong>de</strong>nsa no ha sido estudiada tan <strong>de</strong>talladamente; se conoce no obstante Ia<br />

presencia constante o casi constante <strong>de</strong> minerales opacos, circón, estaurolita y hornblenda, una<br />

frecuencia alta para turnalina, granate y disteno citandose en menor proporción aún, epidoto,<br />

andalucita, piroxeno, biotita, apatito, diopsido y baritina autígena.<br />

La Formación Fray Bentos se <strong>de</strong>sarrolla <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Ia cuenca cretácea y alcanza sus<br />

mayores espesores en Ias áreas <strong>de</strong> subsi<strong>de</strong>ncia postcretácea <strong>de</strong> Ias mismas, siendo Ia potencia<br />

máxima conocida <strong>de</strong> 91 m en Puerto Gómez.<br />

Los distintos autores coinci<strong>de</strong>n en indicar que Ia sedimentación <strong>de</strong> Fray Bentos se<br />

realizó en condiciones continentales, bajo un clima <strong>de</strong> cierta rigurosidad en un ambiente <strong>de</strong> estepa<br />

semi-árida, habiendo sufrido un transporte eólico (Bossi, 1966).<br />

METODO DE TRABAJO<br />

Las muestras analisadas fueron recogida-s <strong>de</strong> perfiles <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos<br />

sin alterar, por 10 que los minerales arcilosos <strong>de</strong>terminados no resultan <strong>de</strong> Ia alteración actual <strong>de</strong><br />

Ia Formación.<br />

La fracción arcillosa <strong>de</strong> Ias rocas se separó luego <strong>de</strong> haber procedido al <strong>de</strong>sagregado<br />

en seco y bajo agua con posterior tratamiento ácido para Ia eliminación <strong>de</strong>I carbonato <strong>de</strong> calcio.<br />

Se analizaron 15 muestras <strong>de</strong> litologías <strong>de</strong> Fray Bentos por análisis térmico diferencial,<br />

provenientes <strong>de</strong> los sectores LXXVI y LXXXIV (A, Fig.1). Estos análises fueron realizados<br />

en un horno <strong>de</strong> construcción propia en Ia Facultad <strong>de</strong> Agronomia, Montevi<strong>de</strong>o, con una<br />

termocupla <strong>de</strong> cromel-alumel y una velocidad <strong>de</strong> calentamiento <strong>de</strong> lOoC/min.<br />

Paralelamente 9 muestras extraídas <strong>de</strong>I sector LX (B, Fig. 1) fueron estudiadas por<br />

difracción <strong>de</strong> Rayos X en los Iaboratorios <strong>de</strong> Ia Facultad <strong>de</strong> Ingeniería y Agrimensura, Montevi<strong>de</strong>o,<br />

utilizando anticátodo <strong>de</strong> cobre. Se realizaron análises sobre Ias muestras aI natural,<br />

glicerinadas y sometidas a un calentamiento <strong>de</strong> 500-600°C durante una hora.<br />

Si bien Ias muestras provenientes <strong>de</strong> cada zona muestreada para este trabajo fueron<br />

estudiadas por un método diferente, Ia homogeneidad <strong>de</strong> Ia Formación y Ia coinci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> Ios<br />

resultados obtenidos, elimina Iasposibles dudas referentes a Ia vali<strong>de</strong>z <strong>de</strong> Ias conclusiones.<br />

La interpretación <strong>de</strong> Ios diagramas <strong>de</strong> RX se ha realizado en base a Ias tablas <strong>de</strong><br />

difracción planteadas por Caillere-Henin (1963).<br />

Las curvas <strong>de</strong> A TD fueron interpretadas con Ia ayuda <strong>de</strong> Ios resultados <strong>de</strong> Ios<br />

diagramas <strong>de</strong> RX y según Ias normas propuestas por Greene-Kelly (1957) .<br />

La nomenclatura <strong>de</strong> Ios minerales arciIlosos utilizados correspon<strong>de</strong> a Ias clasificaciones<br />

más mo<strong>de</strong>rnas. Los términos usados y su significado es eI siguiente segun Ios autores que<br />

se indican.<br />

Illita -minerales cuyo espaciado basal es fijo a 10 A y que <strong>de</strong>signa al conjunto <strong>de</strong><br />

edificios micáceos <strong>de</strong> tamaiio muy pequeno y que no se pue<strong>de</strong>n diferenciar (Tardy, 1969). En<br />

realidad pue<strong>de</strong> tratarse <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ras micas trituradas, <strong>de</strong> sericita o bien <strong>de</strong> illita ss.<br />

Esmectita - minerales con espaciado basal natural entre 12 y 15 A que pasa a 18 A<br />

con Ia glicerina y que se reduce a 10 A al ser sometidos a una temperatura superior a los 300°C<br />

durante cierto tiempo. Este nombre se aplica aI grupo <strong>de</strong> minerales montmorilloníticos (Grim,<br />

1968).<br />

Minerales arciIlosos interestratificados - están formados por Ia asociación <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<br />

estructurales <strong>de</strong> diferente espaciado basal. (Lucas, 1962). Estos interestratificados se pue<strong>de</strong>n<br />

<strong>de</strong>scribir, <strong>de</strong> acuerdo a 10 que muestra Ia difracción <strong>de</strong> Ios RX, como minerales cuya reflexión<br />

001 correspon<strong>de</strong> a Ia suma <strong>de</strong> Ias distancias basales <strong>de</strong> Ios minerales asociados. En nuestro caso<br />

E!l eI mineral interestratificado <strong>de</strong>I tipo lO-14c (illita-elorita), Ia reflexión 001 se encuentra a 24 Â<br />

y Ia 002 a !2 Â.<br />

EI interestratificado 1O-14c correspon<strong>de</strong> a Ia asociación <strong>de</strong> hojuelas cuyo espaciado<br />

basal es a 10 A y <strong>de</strong> hojuelas a 14 A que pennanecen fijas durante 105 diferentes tratamientoB.<br />

EI interestratificado lQ-14m (illita-montmorillonita), correspon<strong>de</strong> a Ia associación <strong>de</strong>


6 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

hojuelas cuyo espaciado es similar al <strong>de</strong> Ia illita y hojuelas a 14 Â hinchantes a Ia glicerina y que<br />

disminuye con el calor, como Ias esmectitas.<br />

INTERPRETACIÚN DE ANALISIS R-X<br />

Los diagramas <strong>de</strong> diferenciación <strong>de</strong> RX muestran a 10 Â un pico sumamente ancho<br />

que se interpreta que correspon<strong>de</strong> a un mineral illítico <strong>de</strong> escasa cristalinidad y en un avanzado<br />

estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradación (Millot, 1964 y Kubler, 1966). Se trataria <strong>de</strong> una illíta trioctaédrica, ya<br />

que el pico a 5 Â no fue <strong>de</strong>tectada en ninguno <strong>de</strong> los diagramas estudiados (Grim, 1953 y Tardy,<br />

1969).<br />

EI pico que se observa a más <strong>de</strong> 14 Â en Ias muestras normales, que pasa a 17 Â<br />

con glicerina y se reduce a 10 Â con el tratamiento térmico, correspon<strong>de</strong> a una esmectita <strong>de</strong> tipo<br />

bei<strong>de</strong>Ilítico.<br />

Los minerales interestratificados <strong>de</strong>tectados son <strong>de</strong>l tipo 10-14c (illíta-clorita); el<br />

mineral lO-14m (illita-montmorillonita), se encuentra excepcionalmente en una única muestra.<br />

En cuatro <strong>de</strong> los diagramas realizados, se observó Ia presencia <strong>de</strong> un pico alre<strong>de</strong>dor<br />

<strong>de</strong> los 17 Â que correspon<strong>de</strong>ría a óxidos <strong>de</strong> hierro amorfos (limonitas) según Steinberg et alii<br />

(1966).<br />

La Figura 2 muestra algunos <strong>de</strong> los diagramas en los que se observan los picos<br />

correspondientes a los distintos minerales <strong>de</strong>terminados.<br />

F.B.M.õ-42<br />

Fig. 2 - Diagramas <strong>de</strong> R-X <strong>de</strong> muestras <strong>de</strong> Fray Bentos.<br />

En base a Ias alturas relativas <strong>de</strong> los distintos picos se han calculado Ias proporciones<br />

en que se encuentran los minerales <strong>de</strong> Ia fracción arciIlosa <strong>de</strong> Fray Bentos.<br />

INTERPRETACION ANALISIS ATO<br />

Los 15 ATD practicados sobre muestras <strong>de</strong> Ia fracción arcillosa <strong>de</strong> Fray Bentos


FERRANDO, DAZA 7<br />

arrojaron en general curvas con picos bien <strong>de</strong>finidos y marcados.<br />

EI pico <strong>de</strong> agua <strong>de</strong> baja se observa como bastante intenso y con mayor frecuencia<br />

aparece a 120°C; en cuantro <strong>de</strong> Ias muestras a SI),vez aparece el doble pico que indica Ia presencia<br />

<strong>de</strong> Ca + + en Ia intercapa <strong>de</strong> Ias arcilIas.<br />

Entre 300 y 450°C aparece toda una gáma <strong>de</strong> pequenos picos endotérmicos, más<br />

frecuentes entre 360 y 400°C indicadores <strong>de</strong> Ia presencia <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> hierro hidratados, cris.<br />

talizados bajo ia forma <strong>de</strong> limolitas o goethita; estos picos aparecen en todas Ias muestras.<br />

Todas Ias curvas tienen un pico endotérmico, en general muy pronunciado a 530°C,<br />

indicador <strong>de</strong> Ia presenciã <strong>de</strong> una arcilla 2/1 con hierro en su capa octaédrica.<br />

EI siguiente pico endotérmico <strong>de</strong>stacado y frecuente ocurre alre<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> los 630-<br />

640° C, que pue<strong>de</strong> indicar Ia presencia <strong>de</strong> una esmectita.<br />

EI endotérmico <strong>de</strong> 680°C, que se observa en algunas muestras, pue<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r<br />

tanto a una arcilla illítica como a una esmectita, peroen base a Ia interpretación <strong>de</strong> los diagramas<br />

<strong>de</strong> RX, se <strong>de</strong>fine como perteneciente a una illita.<br />

Prácticamente todas Ias muestras presentan picos endotérmicos a 720°C y /0 780°C<br />

10 que correspon<strong>de</strong>ría a Ia presencia <strong>de</strong> esmectitas, 10 mismo que los endotérmicos que se <strong>de</strong>sarrollan<br />

entre 830° y 850°C.<br />

EI pico exotérmico que en seis <strong>de</strong> Ias curvas aparece entre 920 y 930°C, se interpreta<br />

como el resultado <strong>de</strong> Ia presencia <strong>de</strong> trazas <strong>de</strong> carbonato, no totalmente eliminado en los tratamientos<br />

previos.<br />

La Figura 3 reproduce algunas <strong>de</strong> Ias curvas obtenidas que se entien<strong>de</strong>n representativas<br />

<strong>de</strong> Ias diferentes muestras estudiadas.<br />

L~XX'V-6~<br />

LXXVI-8Ti<br />

LXXVI- &C b'<br />

Fig. 3 - Curvas <strong>de</strong> ATD <strong>de</strong> muestras <strong>de</strong> Ia Formación<br />

Fray Bentos.


,----- ---------<br />

8 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

CONCLUSIONES MINERALOGICAS<br />

El resultado <strong>de</strong> los estudios <strong>de</strong> Ia fracción arciIlosa <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos por<br />

ATD y R-X muestra uma gran homogeneidad en la mineralogia.<br />

En base aIos análisis realizados se concluye que el mineral dominante <strong>de</strong> Ia fracción<br />

arciIlosa <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos es una illita trioctaédrica <strong>de</strong> naturaleza ferrosa y que<br />

oompone entre el 30 y 60 % <strong>de</strong> la fracción fina. Este mineral se encuentra parcialmente <strong>de</strong>gradado<br />

o en proceso<strong>de</strong><strong>de</strong>gradación.<br />

El otro mineral arcilloso frecuente en Ia fracción estudiada, correspon<strong>de</strong> a una esmectita<br />

<strong>de</strong> tipo bei<strong>de</strong>llítico, que en e125% <strong>de</strong> los casos se <strong>de</strong>terminó como cálcica.<br />

Se ha <strong>de</strong>terminado también en una proporción importante Ia presencia <strong>de</strong> um mineral<br />

arcilloso interestratificado <strong>de</strong>I tipo 1O-14c (illita-clorita).<br />

Los óxidos <strong>de</strong> hierro hidratados, bajo Ia forma <strong>de</strong> limonita y goethita, se encuentmn<br />

m. todas Ias muestras estúdiadas.<br />

El resto <strong>de</strong>I cortejo mineralógico <strong>de</strong> la fracción arcillosa está integrada por carbonatos<br />

y más raramente por Ia presencia <strong>de</strong> un mineral interestratificado <strong>de</strong>I tipo 10-14m (illitamontmorillonita)<br />

.<br />

GÉNESIS DE LOS MINERALES ARCILLOSOS<br />

El análisis <strong>de</strong> Ias condiciones <strong>de</strong> formación <strong>de</strong> los minerales arciIlosos presentes en Ia<br />

Formación Fray Bentos contribuye a Ia interpretación <strong>de</strong> las condiciones <strong>de</strong> sedimentación y <strong>de</strong><br />

diagénesis <strong>de</strong> dicha unidad.<br />

Se consi<strong>de</strong>ra conveniente realizar este análisis <strong>de</strong> manera in<strong>de</strong>pendiente por cada especie<br />

mineral, para luego proce<strong>de</strong>r a Ia integración <strong>de</strong> todas Ias conclusiones particulares en una<br />

hipótesis para toda Ia Formación.<br />

Según los distintos autores los minerales arciIlosos pue<strong>de</strong>n formarse según cuatro<br />

gran<strong>de</strong>s mecanismos: a) herencia b) transformación por agradación c) transformación por <strong>de</strong>gradación<br />

d) neoformación. Cualquiera <strong>de</strong> estos mecanismos actuán en los siguientes. medios<br />

naturales: alteración y formación <strong>de</strong> suelos sedimentación y diagénesis (Millot, 1964).<br />

Génesis <strong>de</strong> Ia illita<br />

Existe una abundante bibliografia que prueba que Ia acumulación <strong>de</strong> illita durante Ia<br />

sedimentación pue<strong>de</strong> ocurrir como herencia o por agradación. Hasta el momento no se conocen<br />

ejemplos <strong>de</strong> illita originada por <strong>de</strong>gradación ni por neoformación, durante Ia sedimentación.<br />

La transformación por agradación se consi<strong>de</strong>ra a partir <strong>de</strong> Grim (1953) y Grim y<br />

Johns (1954) como un proceso factible a partir <strong>de</strong> esmectitas en mediosmarinos ricos en K+.<br />

Teniendo en cuenta que Fray Bentos es una Formación <strong>de</strong> origem continental eólica (Bossi,<br />

1966), se <strong>de</strong>scarta esta alternativa como origem <strong>de</strong> Ia illita <strong>de</strong> los sedimentos consi<strong>de</strong>rados.<br />

Burst (1958) consi<strong>de</strong>ra que Ia formación <strong>de</strong> illita durante Ia diagénesis a partir <strong>de</strong> Ia<br />

transformación por agradación <strong>de</strong> Ia esmectita es evi<strong>de</strong>nte, a causa <strong>de</strong> Ia <strong>de</strong>saparición <strong>de</strong> montmorillonita<br />

y aumento <strong>de</strong> Ia illita al crecer Ia profundidad.<br />

Dunoyer (1969) concluye que Ia diagénesis conlleva a una recristalización <strong>de</strong> Ia illita<br />

cuya intensidad está en relación con el gradiente geotérmico. El faeies diagenético <strong>de</strong> Ia illita está<br />

atribuido a una agradación <strong>de</strong> los minerales arcillosos bajo el efecto <strong>de</strong>I hundimiento y Ia circulación<br />

<strong>de</strong> aguas saladas (Long y Neglia, 1968). Los diferentes autores indicam que estos fenómenos<br />

se <strong>de</strong>sarroIlan a más <strong>de</strong> 1000 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

Kulbicky y Millot (1960) consi<strong>de</strong>ran que es posible la neoformaeión <strong>de</strong> Ia illita durante<br />

Ia diagénesis por illitizaeión <strong>de</strong> Ia caolinita. Kossovskaya y Shutov (1958) oonciben Ia neoformaeión<br />

<strong>de</strong> illita (serieita ss) a partir <strong>de</strong> caolinita y <strong>de</strong> Ias plagioclasas, como producto <strong>de</strong> una<br />

diagénesis muy intensaamás <strong>de</strong> 6. 000 m<strong>de</strong>profundidad.<br />

La Formación Fray Bentos no alcanza más que 91m <strong>de</strong> potencia en Ia fosa tectónica<br />

<strong>de</strong> Ia Laguna Merin y los sedimentos posteriores que la cubren son <strong>de</strong> muy escasa potencia<br />

(máximo conocido <strong>de</strong> 60 m), por tanto se infiere que Ia illita <strong>de</strong> Fray Bentos no se originó du-


FERRANDO, DAZA 9<br />

rante Ia diagénesis <strong>de</strong> Ia misma.<br />

La herencia es consi<strong>de</strong>rada por Riviere (1952), Millot (1964) y Tardy (1969), como el<br />

origen más frecuente <strong>de</strong> Ia illita.<br />

Barshad (1966) indica que Ia illita se forma en los horizontes superficiales <strong>de</strong> los<br />

suelos formados sobre rocas ácidas, no existiendo este mineral en los suelos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> rocas<br />

básicas. La mineralogia <strong>de</strong> Ia fracción <strong>de</strong>tritica (liviana y <strong>de</strong>nsa) <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos<br />

vendria a confirmar el origen a partir <strong>de</strong> Ia alteración y formación <strong>de</strong> suelos sobre rocas ácidas.<br />

Génesis <strong>de</strong> Ia esmectita<br />

Los distintos autores, en particular Millot (1964), Tardy (1969) y Paquet (1970),<br />

muestran que todos los medios y todos los mecanismos son, en ciertas condiciones, favorables a<br />

Ia formación <strong>de</strong> esmectitas.<br />

El mecanismo más frecuente que permite Ia acumulación <strong>de</strong> esmectitas durante la<br />

sedimentación es Ia herencia. Seria <strong>de</strong>masiado largo citar aqui todos los trabajos que 10 atestiguen.<br />

La. neoformación y Ias transformaciones por agradación que pue<strong>de</strong>n dar origen a Ias<br />

esmectitas son consi<strong>de</strong>radas por Tardy (1969) como reacciones <strong>de</strong> equilibrio en Ias que intervienen<br />

fases sólidas e iones y en Ias cuales el medio acuoso es imprescindible.<br />

Las condiciones <strong>de</strong> pH básico y confinamiento <strong>de</strong> iones como el Na +, Ca + + y<br />

Mg + + necesarias para Ia síntesis <strong>de</strong> esmoctitas se encuentran en numerosas cuencas continentales<br />

y marinas. Este proceso implica un medio <strong>de</strong> iones disueltos o <strong>de</strong> minerales primarios alterándose<br />

en un ambiente subacuático. Por un cúmulo <strong>de</strong> datos texturales, míneralógicos y estructurales<br />

se consi<strong>de</strong>ra que Ia Formación Fray Bentos es <strong>de</strong> origen continental y ha sufrido un<br />

transporte eólico y <strong>de</strong>posición en ambiente aéreo. En esas condiciones no creemos como posible<br />

Ia neoformación <strong>de</strong> Ias esmectitas durante el proceso sedimentario a causa <strong>de</strong> Ia escassez <strong>de</strong><br />

agua.<br />

Las esmectitas pue<strong>de</strong>n provenir <strong>de</strong> Ia alteración <strong>de</strong> los fel<strong>de</strong>spatos en Ia naturaleza y<br />

dicho fenómeno ha sido <strong>de</strong>scripto por Tomlínson y Meier (1937), Graig y Loughman (1964) y<br />

Rex y Martin (1966); 10 mismo se ha constatado a partir <strong>de</strong> Ia alteración<strong>de</strong>vidriosvolcánicos.<br />

Tardy (1969) y Meilhac y Tardy (1970) sostienen que Ias plagioclasas son responsables <strong>de</strong> Ia<br />

génesis <strong>de</strong> una parte importante <strong>de</strong> Ias esmeetita.s.<br />

Durante Ia diagénesis, Ia neoformación <strong>de</strong> Ias esmectitas se produce a partir <strong>de</strong> Ia alteración<br />

<strong>de</strong> los minerales primarios o <strong>de</strong> los iones <strong>de</strong> aguas connatas. El proceSQ se renueva una<br />

vez que los iones provenientes <strong>de</strong> los minerales primarios son inmovilizados en la arcilla neoformada.<br />

Tardy (1969) plantea Ia siguiente ecuación <strong>de</strong> equilíbrio que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ia concentración<br />

<strong>de</strong>I Ca + + , H4 Si04 Y H +:<br />

plagioclasa H + + H4 SiO 4 ~ montmorillonita + Ca + +<br />

Suponiendo que Ias aguas connatas <strong>de</strong> la Formación Fray Bentos están saturadas en<br />

H4Si04 y que su pH es 8, se <strong>de</strong>terminó que Ia Ca + + necessaria para el equilíbrio <strong>de</strong> Ia reaeción<br />

es <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> 102,3 mo}! 1, euando Ia plEij{Íoc1asa es anortita.<br />

En vista <strong>de</strong> Ia presencia <strong>de</strong> C03Ca precipitado en Fray Bentos, Ia concentración <strong>de</strong><br />

Ca + + no pue<strong>de</strong> ser superior aI, 1 X 104 mol/l dado el valor <strong>de</strong>I produeto <strong>de</strong> solubilidad <strong>de</strong>I<br />

CaC03, ya que, concentraciones superiores, <strong>de</strong>terminarían Ia precipitación <strong>de</strong>I exeso <strong>de</strong> Ca + +<br />

bajo Ia forma <strong>de</strong> carbonato. En esas condiciones Ia reaeción anteriormente planteada ten<strong>de</strong>rá a<br />

<strong>de</strong>splazarse continuamente hacia Ia formaeión <strong>de</strong> montmorillonitas o esmectitas por alteración<br />

<strong>de</strong> las plagioclasas. El mismo tipo <strong>de</strong> planteo podria ser realizado a partir <strong>de</strong> vidrios volcánicos.<br />

Durante Ia diagénesis Ias esmectitas también se pue<strong>de</strong>n originar por agradación;<br />

Nye (1955) sugiere que en ciertos suelos tropicales Ia caolinita sometida a Ia acción <strong>de</strong> aguas<br />

ricas en eationes, pue<strong>de</strong> dar origen a esmectitas. El mismo tipo <strong>de</strong> fenómeno se concibe fácilmente<br />

a partir <strong>de</strong> Ia illita. La siguiente ecuación <strong>de</strong> equilíbrio planteada por Tardy (1969) Sirve<br />

<strong>de</strong> ejemplo:<br />

eaolinita + Ca+ + + H4 Si04 ;;::=:montmorillonita+ H +


-----<br />

10 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

el equilibrio <strong>de</strong> esta reacción se logra cuando Ia Ca + + es igual a 10-10.9 moi/I, si se consi<strong>de</strong>ra<br />

el medio saturado en síilice y con un pH <strong>de</strong> 8.<br />

En Ia Formación Fray Bentos, el Ca + + es txtremadamente abundante bajo forma<br />

<strong>de</strong> C03Ca, por 10 que pue<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rarse que las soluciones que circularon a través <strong>de</strong> esta<br />

Formación se encontraban próximas a Ia saturación. En condiciones normales la solubilidad <strong>de</strong>i<br />

Ca + + es <strong>de</strong>i or<strong>de</strong>n <strong>de</strong>i 1,1 X 10-4 mol/lenpresencia <strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong> calcio.<br />

Siendo este valo~ extremadamente superior a Ia actividad <strong>de</strong>i Ca + + necesaria para<br />

el equilíbrio <strong>de</strong> Ia reacción anteriormente planteada, pue<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rarse como posible Ia formación<br />

<strong>de</strong> esmectitas a partir <strong>de</strong> 10S <strong>de</strong>más minerales arcillosos o por 10 menos a Ia conservación<br />

<strong>de</strong> Ia esmectita durante la diagénesis.<br />

Numerosos autores <strong>de</strong>terminaron que Ias esmectitas pue<strong>de</strong>n formarse durante Ia<br />

diagénesis por <strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> Ias micas. Entre ellos pue<strong>de</strong>n citar-se a Walker (1949 y 1950),<br />

Mac Ewan (1954), Barshad (1966), Tardy et alii (1970) y Robert (1972).<br />

Todos ellos coinci<strong>de</strong>n en que el proceso ocurre segÚD una secuencia bastante constante<br />

similar a Ia siguiente, tomada <strong>de</strong> Tardy (1969) :<br />

micas-illitas<br />

c-<br />

micas hidratadas ..,:)<br />

1O-14c c1orita_14c-14v<br />

14c 14m-:J<br />

---.----<br />

montmorillonita<br />

trioctaédricas trioctaédricas ~ r trioctaédrica<br />

micas-illitas<br />

dioctaédricas<br />

micas hidratadas --+<br />

dioctaédricas<br />

c..- 10-14-vermiculita _14-14m --=::><br />

trioctaédrica<br />

lD-14v_vermiculita 14-14m<br />

dioctaédrica montmorillonita<br />

2-<br />

dioctaédrica<br />

AI encontrarse en Ia Formación Fray Bentos los términos externos <strong>de</strong> Ia secuencia o<br />

Ios primeros estudios <strong>de</strong> alteración (1O-14c) parece que seria imposible que no se presenten también<br />

10S <strong>de</strong>más terminos intermedios, en particular Ia vermiculita y los minerales interestratificados<br />

con vermiculita. Por ello se consi<strong>de</strong>ra que Ia esmectita <strong>de</strong> Fray Bentos no proviene <strong>de</strong> Ia<br />

<strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> Ia illita que presenta esta Formación.<br />

Genesis <strong>de</strong> 10s minerales interestratificados<br />

Según Ia secuencia <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> Ia illita planteada lineas arriba se indica que<br />

los minerales interestratificados <strong>de</strong>i tipo 10-14c (illita-clorita) son los productos primeros <strong>de</strong> esta<br />

<strong>de</strong>gradación, luego <strong>de</strong> Ia hidratación <strong>de</strong> Ia mica o illita.<br />

Es evi<strong>de</strong>nte que este proceso <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> Ia illita pue<strong>de</strong> ocurrir antes o <strong>de</strong>spués<br />

<strong>de</strong> la sedimentación, por 10 que los minerales interestratificados pue<strong>de</strong>n ser heredados o<br />

rcoductos <strong>de</strong> la alteración <strong>de</strong>i material <strong>de</strong>tritico ya sedimentado.<br />

Esta <strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> la illita ya se había indicado en el diagnóstico <strong>de</strong> los minerales<br />

rcesentes en el diagrama <strong>de</strong> rayos X <strong>de</strong> Ias muestras estudiadas.<br />

Conclusiones sobre Ia génesis <strong>de</strong> los minerales arcillosos<br />

Tomando como base Ias consi<strong>de</strong>raciones anteriores se pue<strong>de</strong> llegar a algunas conclusiones<br />

sobre el origen <strong>de</strong> los minerales <strong>de</strong> Ia fracción arcillosa <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos.<br />

La illita se <strong>de</strong>be suponer heredada <strong>de</strong> los mantos <strong>de</strong> alteración <strong>de</strong> roeas ácidas o <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong>s sedimentares anteriores y seria el resultado <strong>de</strong> Ia trituración o fragmentación <strong>de</strong> una<br />

biotita.<br />

Para Ia esmectita también se pue<strong>de</strong> concluir que provenga <strong>de</strong> Ia herencia <strong>de</strong> un mismo<br />

manto <strong>de</strong> alteración a partir <strong>de</strong> fel<strong>de</strong>spatos más meteorizables que Ia biotita o <strong>de</strong> vidrios volcánicos.<br />

No obstante cabe suponer que durante la diagénesis se produjeron fenómenos <strong>de</strong> neoformación<br />

y transformación por agradación que incrementaron la cantidad <strong>de</strong> esmectitas heredadas.<br />

Los minerales interestratificados al igual que Ias esmectitas pue<strong>de</strong>n ser heredados o


FERRANDO, DAZA<br />

formados durante Ia diagénesis por <strong>de</strong>gradación <strong>de</strong> Ia illita.<br />

Se pue<strong>de</strong> concluir que Ia herencia es el factor <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> los minerales q~e com-<br />

{X>nenIa fracción arcillosa <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos, aunque cabe suponer secundarIamente<br />

fenómenos <strong>de</strong> neoformación y transformación por agradación durante Ia diagénesis.<br />

INTERPRET ACION PALEOGEOGRAFICA<br />

Eventualmente se pue<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que inicialmente sólo se heredó Ia illita cuya<br />

composición <strong>de</strong> corte biotítico ya indicamos. Este hecho conduce a pensar en una alteración<br />

mo<strong>de</strong>rada, predominantemente física, o que no existieron minerales mas alterables que Ia biotita.<br />

Esta hipótesis se <strong>de</strong>be <strong>de</strong>scartar porque los porcentajes <strong>de</strong> plagioclasas, <strong>de</strong> vidrios volcánicos<br />

y el cortejo <strong>de</strong> minerales <strong>de</strong>nsos que presenta Fray Bentos son tales que Ia tornan insostenible.<br />

Parece razonable concebir que Ia alteración consistió en una fina subdivisión <strong>de</strong> Ia<br />

biotita más que en su <strong>de</strong>scomposición química avanzada.<br />

A<strong>de</strong>más <strong>de</strong> Ia illita, también parte <strong>de</strong> Ia esmectita proviene <strong>de</strong>I manto <strong>de</strong> alteración,<br />

don<strong>de</strong> se ha fonnado a partir <strong>de</strong> materiales más alterables que Ia biotita: plagioclasas, vidriovolcánico<br />

y anfíboles (Tardy y Gac, 1968; Tardy, 1969 y Tardy et alii 1970).<br />

Esto lleva a pensar en una alteración limitada a sus primeras fases, actuando sobre<br />

rocas compuestas básicamente por cuarzo, feldspato potásico, plagioclasas, biotita y anfíboles.<br />

Para obtener un grado tan bajo <strong>de</strong> alteración <strong>de</strong>ben haber jugado algunos factores<br />

limitantes, ya sea <strong>de</strong> carácter climático o tectónico. Este último factor tendria una influencia obvia:<br />

el rejuvenecimiento activo <strong>de</strong>I relieve tien<strong>de</strong> a incrementar Ia erosión, limitando Ia profundidad<br />

<strong>de</strong> Ias alteraciones.<br />

En el caso <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos, este factor no basta para explicar Ia pre-<br />

{X>n<strong>de</strong>rante acción <strong>de</strong>I viento como agente <strong>de</strong> erosión y transporte, ni para justificar Ia precipitación<br />

<strong>de</strong>I carbonato <strong>de</strong> calcio.<br />

Entre los factores climáticos limitantes <strong>de</strong> Ia alteración, Ia ausencia <strong>de</strong> aguas y Ias<br />

bajas temperaturas son los más característicos.<br />

Barshad (1966) indica que Ia illita se forma únicamente a partir <strong>de</strong> Ias rocas ácidas<br />

cuando Ias precipitaciones son inferiores aIos 500 mm en condiciones <strong>de</strong> clima templado; mientras<br />

que el contenido en montmorillonita es alto con menos <strong>de</strong> 250 mm y asociado a acumulación<br />

<strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong> calcio. A conclusiones similares llega Tardy (1969) cuando establece Ia estrecha<br />

relación que existe entre Ia formación <strong>de</strong> esmectitas, Ia precipitación <strong>de</strong>I C03Ca y Ia pluviosidad<br />

en un clima templado a cálcido.<br />

Paralelamente Millot et alii (1961) y Millot (1967) plantean que Ia rubefacción <strong>de</strong> los<br />

sedimentos mineralogicamente inmaduros es característica <strong>de</strong> climas contrastados con estaciones<br />

secas bien <strong>de</strong>finidas y <strong>de</strong> temperaturas templadas a cálidas. El color anaranjado <strong>de</strong> Fray Bentos<br />

testimonia sin duda un cierto grado <strong>de</strong> rubefacción aunque muy bajo.<br />

En conclusión, Ia presencia <strong>de</strong> illita trioctaédrica, <strong>de</strong> esmectitas, <strong>de</strong> minerales arcillosos<br />

interestratificados 1O-14c y <strong>de</strong> C03Ca, todos ellos <strong>de</strong> origen <strong>de</strong>trítico y <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong><br />

hierro responsables <strong>de</strong>I color anaranjado típico <strong>de</strong> Ia FOlmación, sugieren que el área <strong>de</strong> proveniencia<br />

estaba sometida a un clima <strong>de</strong> pluviosidad reducida (entre 250 y 500 mm), probablemente<br />

con distribución irregular <strong>de</strong> Ias lluvias y temperaturas templadas a cálidas. El área<br />

estaba constituída por rocas cristalinas ácidas y presentaba una topografía relativamente elevada<br />

con un probable rejuvenecimiento constante <strong>de</strong>I relieve.<br />

En esas condiciones se produjo Ia alteración mo<strong>de</strong>rada, principalmente fisica <strong>de</strong> Ia<br />

región.<br />

Durante Ias estaciones secas el viento tomaba <strong>de</strong> estas zonas las partículas transportables<br />

y Ias llevaba hacia otras regiones en don<strong>de</strong> a causa <strong>de</strong> Ia vegetación herbácea, eran retenidas<br />

y daba lugar a una acumulación <strong>de</strong> sedimentos, que ahora conocemos como Formación<br />

Fray Bentos.<br />

En el área <strong>de</strong> <strong>de</strong>posición Ias partículas tampoco han sufrido una alteración importante,<br />

por 10 que Ias condiciones clímaticas se asemejaban a Ias <strong>de</strong>I área <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>ncia, 10 mismo<br />

que las condiciones tectónicas, ya que hemos visto que Fray Bentos apâl'êCê asociado a las<br />

áreas <strong>de</strong> mayor subsi<strong>de</strong>ncia tectónica püst-cretácea.<br />

11


12 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Una vez <strong>de</strong>positados los sedimentos <strong>de</strong> Ia Formación Fray Bentos fueros sometidos a<br />

procesos <strong>de</strong> edafización no <strong>de</strong>tectables a Ia luz <strong>de</strong> este trabajo; ello reflejaría Ia escasa magnitud<br />

<strong>de</strong> los mismos.<br />

AGRADECIMIENTO<br />

Los autores expresan su especial agra<strong>de</strong>cimiento a Ia Sra. Prol. Asist. A. <strong>de</strong> Mercantini<br />

<strong>de</strong>I Instituto <strong>de</strong> Fisica <strong>de</strong> Ia Facultad <strong>de</strong> Ingeniería y Agrimensura por Ia realización <strong>de</strong> Ios<br />

diagramas <strong>de</strong> RX, como aI Bach. José L. Cardozo, Colaborador <strong>de</strong> Ia Cátedra <strong>de</strong> Geología <strong>de</strong> Ia<br />

Facultad <strong>de</strong> Agronomía por Ia colaboración prestada en Ia realización <strong>de</strong> los ATD.<br />

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13


MINERALOGIA DOS DEPOSITOS<br />

DE FERRO DE ÁGUAS CLARAS, MG<br />

WOLNEY LOBA TO.<br />

ABSTRACT<br />

The mineralogical characterization af iron ore samples studied were baseei in megascopic classification, <strong>de</strong>termination of the<br />

minemls, and <strong>de</strong>finition of the texture and structure through polish sections and thin sectioM.<br />

Optical <strong>de</strong>terminations were confinned through X -ray diffraction.<br />

Magnetite and hematite were found in ali polish sections studied: limonite was recognized in many samples especially in<br />

itabirites; quartz, gibsite and clay mineraIs are present in some samples, but the perrentage ia small.<br />

Semiquantitative analyses through optica! spectrometry and chemica! analyses were ma<strong>de</strong> of ali samples studied.<br />

INTRODUÇÁO<br />

As pesquisas quantitativas, que têm sido feitas até agora em nossos minérios <strong>de</strong><br />

ferro, se pren<strong>de</strong>m quase que exclusivamente à composição química e à granulometria do produto<br />

antes e <strong>de</strong>pois da britagem.<br />

A <strong>de</strong>terminação dos minerais componentes <strong>de</strong>stes minérios, mesmo a dos essenciais,<br />

como hematita, magnetita, maghemita e goethita, até agora, foi feita em amostras isoladas e em<br />

geral, apenas qualitativa ou semi-quantitativamente. A <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> minerais que aparecem<br />

em menor percentagem ou esporadicamente, ou então ocorrem abundantemente em zonas on<strong>de</strong> a<br />

formação ferrífera foi atingida por metamorfismo mais forte, praticamente ainda não foi feita.<br />

O presente trabalho tem por finalida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>terminação da composição minera lógica -<br />

qualitativa e quantitativa <strong>de</strong> nossos minérios <strong>de</strong> ferro, bem como das estruturas e texturas dos<br />

IIJ3smos.<br />

ÁREA ESTUDADA<br />

A primeira área teste escolhida foi a jazida <strong>de</strong> Ãguas Claras, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da<br />

Minerações <strong>Brasileira</strong>s Reunidas - MBR. Fica situada a 5,5 km, a SE do centro <strong>de</strong> Belo Horizonte,<br />

na Serra do Curral. As rochas são pré-cambrianas, pertencentes à Formação Cauê, do<br />

Grupo Itabira, da Série Minas. Essencialmente são camadas itabiríticas que, <strong>de</strong>vido a diferentes<br />

graus <strong>de</strong> metamorfismos e intemperismos, originaram diferentes tipos <strong>de</strong> minérios como he.<br />

matita compacta, hematita xistosa, canga, etc.<br />

·IGIUFMG


16 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

As rochas mergulham para SE, em média <strong>de</strong> 45° SE e a direção segue normalmente<br />

NE-SW.<br />

A seção geológica feita para estudo correspon<strong>de</strong> à parte mediana da jazida e as<br />

amostras foram tomadas entre as cotas <strong>de</strong> 1.230 e 1.295 m.<br />

MÉTODOS DE ESTUDO<br />

1) Amostragem Sistemática. feita em afloramentos artificiais e naturais.<br />

2) Descrição Macroscópica . das amostras pela proprieda<strong>de</strong>s físicas.<br />

3) Observações ópticas - em seções <strong>de</strong>lgadas e polidas com microscópios Amplival -<br />

Pol. U, Carl-Zeiss.Jena. As <strong>de</strong>terminações quantitativas <strong>de</strong> dureza (VHN) e refletivida<strong>de</strong> foram<br />

realizadas segundo os <strong>de</strong>talhes metodológicos <strong>de</strong>scritos por Ramdhor (1960) e Cameron (1966).<br />

4) Análise por espectografia óptica - feita pelo químico Cláudio Vieira Dutra e pela<br />

prof8 Vitória Régia P. R. O. Marciano, sob as seguintes condições:<br />

Espectrógrafo - Espectrógrafo <strong>de</strong> ,re<strong>de</strong>: Comprimento <strong>de</strong> onda ultravioleta; abertura da<br />

fenda 0,8 mm.<br />

Catodo - Eletrodo <strong>de</strong> grafite - 3 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Anodo - Eletrodo <strong>de</strong> grafite - 6 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Distância entre o Catodo e Anodo - Foi mantido 4 mm durante o período <strong>de</strong> excitação.<br />

Fonte <strong>de</strong> excitação - Fabricada por Baird Associates, ajustada para 10 A . 250 V. Corrente<br />

contínua.<br />

Tempo <strong>de</strong> exposição - 45 sego<br />

Microfotômetro - Jarrel Ash Comparator - projetos (Mo<strong>de</strong>I200).<br />

Preparação da amostra. Cada amostra foi triturada e adicionada na proporção <strong>de</strong> 1:1 (100<br />

mg<strong>de</strong>amostra:l00mg<strong>de</strong>C) da amostra para grafite. Massa da carga = 17 mg.<br />

5) Análise Química<br />

- Dosagem <strong>de</strong> Fe+2: Utilizou-se o método <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> amostras com<br />

H2S04 - HF e dosagem pelo Bicromato em presença <strong>de</strong> H3B04.<br />

- Dosagem <strong>de</strong> Fe total: Utilizou-se o método clássico <strong>de</strong> Bicromatometria.<br />

- Dosagem <strong>de</strong> Fe+3: Foi feita por diferença.<br />

6) Diafratometria <strong>de</strong> raios-X<br />

Equipamento. Rigaku-Denki.<br />

Radiação . Cobre.<br />

Monocromador - Cristal curvo <strong>de</strong> grafita.<br />

Contador. Cintilômetro.<br />

Tensão - 40 KV.<br />

Corrente - 30 mA.<br />

Fator <strong>de</strong> escala - 2 X 103.<br />

Constante <strong>de</strong> Tempo - 1.<br />

Velocida<strong>de</strong> do goniômetro - 4° /min.<br />

Velocida<strong>de</strong> do papel; 10 mm/min.<br />

Discriminação: ganho. 5.<br />

base - 0,90.<br />

Janela - 2,10.<br />

Amostragem<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

Foi feita seção geológica com amostragem em 10 pontos, nos quais estão incluídos<br />

afloramentos naturais e artificiais, abaixo relacionados, com as <strong>de</strong>terminações atingidas das estruturas<br />

planares (xistosida<strong>de</strong>) . (perfil anexo).<br />

Amostra P 1 - N 45° E, 40° SE


LOBATO<br />

Amostra P 2 N 45° E. 40° SE<br />

AJ1U)stra P 3 N 60° E. 40° SE<br />

Am(i)stra P 4<br />

Amostra P 5<br />

Amostra P 6 N 45° E. 30° SE<br />

Amostra P 7<br />

Amostra P 8 N 70° E. 35° SE<br />

Amostra P 9<br />

Amostra P 10<br />

Foi feita também amostragem fora da seção e <strong>de</strong> minério beneficiado. num total <strong>de</strong> 7<br />

amostras. assim discriminadas:<br />

Amostra I - afloramento natural<br />

Amostra II - afloramento artificial.<br />

Amostra III . mistura dos minérios beneficiados - Coarse e Pelletore.<br />

Amostra IV . afloramento natural.<br />

Amostra V - minério beneficiado do tipo Sinter . Feed.<br />

Amostra VI - afloramento artificial<br />

Amostra VII - afloramento natural.<br />

A amostragem do minério já beneficiado objetivou a comparação dos resultados<br />

analíticos fornecidos pela MBR. com os resultados obtidos através das análises mineralógicas<br />

<strong>de</strong>senvolvidas neste trabalho.<br />

A amostragem dos afloramentos fora da seção. objetivou estabelecer o nível <strong>de</strong><br />

homogeneida<strong>de</strong> do corpo do minério sob o ponto <strong>de</strong> vista mineralógico.<br />

CLASSIFICAÇÃO MEGASCOPICA DAS AMOSTRAS -<br />

Descritas inicialmente pelas proprieda<strong>de</strong>s físicas megascópicas (peso específico.<br />

dureza. traço. brilho. fratura. etc). as amostras receberam uma i<strong>de</strong>ntificação provisória.<br />

P 1 Itatirito P 6 Minério Compacto<br />

P 2 Itabirito friável P 7 Canga<br />

P 3 Minério friável P 8 Minério Compacto<br />

P 4 Minério duro P 9 Minério argiloso<br />

P 5 Minério xis toso PIO Minério Compacto<br />

I - Minério Compacto<br />

II - Minério Compacto<br />

III - Mistura do Coarse 1/2" a 2" com Pelletore<br />

IV - Minério brando com xistosida<strong>de</strong><br />

V - Sinter-feed -1/4" a 100M<br />

1/4" a 1"<br />

VI<br />

VII<br />

-<br />

-<br />

Minério Compacto<br />

Minério duro com xistosida<strong>de</strong>.<br />

O peso específico variou <strong>de</strong> 3.975 a 5.065 e as proprieda<strong>de</strong>s magnéticas testadas por<br />

ímã <strong>de</strong> mão Alnico foram observadas em todas as amostras. com exceção da P .3.<br />

Descrição Geral<br />

MICROSCOPIA DAS SEÇOES POLIDAS<br />

As amostras apresentam cristais <strong>de</strong> magnetíta com forma geral irregular e bordas<br />

sinuosas irregulares invadidas por hematita (granuloblástica). <strong>de</strong> maneira também irregular e ao<br />

17


18 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

longo dos planos <strong>de</strong> clivagem (111) - (Fig. 1).<br />

Ocorrem relíguias <strong>de</strong> magnetitas e minerais transparentes anédricos. Alguns cristais<br />

<strong>de</strong> magnetita apresentam-se com faces cristalinas.<br />

Às vezes os minerais transparentes apresentam inclusões <strong>de</strong> formas irregulares <strong>de</strong><br />

rematita, sendo também, invadidos por hematita. A formação da hematita foi possivelmente<br />

contemporânea <strong>de</strong> processo tectônico e a substituição dos minerais transparentes pela hematita<br />

<strong>de</strong>u.se sob condições <strong>de</strong> stress.<br />

A textura mostra variação do tipo mosaico brechoi<strong>de</strong> ao xistoso, com grãos <strong>de</strong> hernatita<br />

variando <strong>de</strong> 0,02 a 0,07 mm.<br />

Algumas amostras apresentam porosida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável, o que é indicado pelos<br />

vazios, os quais, às vezes, mostram-se atapetados por limonita coloforme (Fig. 2).<br />

Nos itabiritos mais laminados a hematita tabular e os grãos <strong>de</strong> quartzo apresentam<br />

forte orientação preferencial.<br />

Fig. 1 - Secção polida. Amostra n.o VI - Nicóis + Aumento<br />

266,4 X.<br />

Hematita (claro) invadindo cristais <strong>de</strong> magnetita<br />

(cinza escuro) e minerais transparentes<br />

pretos. Observa-se a orientação dos cristais.<br />

"'MIL<br />

'o çiocu.<br />

't 'II.<br />

".<br />

'"<br />

'"<br />

'"<br />

\<br />

TOP'f-8'OLHtCO... ., DI Á8u... CL -11I._811:<br />

'.'- ~-- ..<br />

'"<br />

'"<br />

- . .-<br />

Fig. 2 - Secção polida. Amostra n. o III - Nicóis + Aumento<br />

666 X.<br />

Cristais <strong>de</strong> hematita (claro) com relictos <strong>de</strong><br />

magnetita (cinza claro) envolvidos por limonita<br />

(cinza escuro). Minerais transparentes<br />

pretos.<br />

-'- '-- -,<br />

MICROSCOPIA DAS LÀMINAS DELGADAS<br />

--,<br />

,.~,.,",._,-,--,-<br />

---\---""~<br />

\<br />

'",--<br />

\ 'OIIIMÇM ...TATAL<br />

,.lIft.<br />

As lâminas <strong>de</strong>lgadas mostram, às vezes, quartzo fibro-radiado, mica <strong>de</strong> birrefringên-<br />

\ \


LOBATO 19<br />

cia alta, sericita com estrutura também fibro-radiada, gibsita concrecionária, limonita e minerais<br />

argilosos.<br />

Minerais como turmalina, rutilo, clorita e pirita foram observados apenas uma vez<br />

ms itabiritos.<br />

EBPECTROGRAFIA OPTICA<br />

o resultado da análise semi-quantitativa foi o seguinte:<br />

N. o <strong>de</strong> Amostra Maiores Menores Traços<br />

P 1 Fe Si, AI Mn, Mg, Ti, P<br />

P 2 Fe Si, AI Mn, P, Mg<br />

P 3 Fe - Si,Mn, Ti<br />

P 4 Fe - Si, AI, Mn, Ti<br />

P 5 Fe - Si, AI, Mn, Ti<br />

P 6 Fe - Si, AI, Mn, Ti<br />

P 7 Fe Ai Si, Mn, Ti<br />

P 8 Fe AI Si, Mn, Ti<br />

P 9 Fe AI Si, Mn, Ti<br />

PIO Fe AI Si, Mn, Ti<br />

As amostras PIe P 2 correspon<strong>de</strong>m aos Itabiritos.<br />

O aumento <strong>de</strong> AI, a partir da amostra P 7, <strong>de</strong>ve-se provavelmente, à presença <strong>de</strong> gibsita.<br />

ANÁLISES QUíMICAS<br />

1 - Análise química média fornecida pela MBR.<br />

Tipos Fe P SiOz Alz 03<br />

SINTER FEED 68,7 0,02 0,36 0,75<br />

COARSE 68,5 0,02 0,32 1,1<br />

PELLETORE 68,4 0,03 0,34 1,1<br />

P.F.F. 68,3 0,04 0,32 1,0<br />

2 - Análise química - feita nos laboratórios do Departamento <strong>de</strong> Química do ICEX<br />

(Relação Fe+2 / Fe+3).<br />

Amostras Fe - total % Fe+3 % Fe+z %<br />

Pl 19,55 16,76 2,79<br />

P2 53,06 49,99 3,07<br />

P3 68,69 67,29 1,40<br />

P4 70,93 68,98 1,95<br />

P5 - P 6 70,93 67,86 3,07<br />

P7 - P 8 68,14 61,16 6,98<br />

P 9 -PIO 72,04 66,73 5,31<br />

Po<strong>de</strong>mos observar, por esta última análise, que a tendência do Fe + 2, excluidas as<br />

amostras PIe P 2 que são itabiritos, foi <strong>de</strong> aumentar no sentido <strong>de</strong> SE; isto indica que o teor<br />

<strong>de</strong> magnetita diminue para NW.<br />

A não <strong>de</strong>tectabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s magnéticas na amostra P 3 quando testada<br />

por imã <strong>de</strong> mão, foi provavelmente <strong>de</strong>vido ao baixo teor <strong>de</strong> magnetita.


20 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

DIFRATOMETRIA DE RAIOS X<br />

A difratometria realizada nos laborátorios da CBTN, sob a orientação do Dr. Clécio<br />

Campi Murta, <strong>de</strong>monstrou a presença <strong>de</strong> hematita e magnetita.<br />

CONCLUSÚES<br />

A textura mostra variação do tipo mosaico brechoi<strong>de</strong> ao xistoso (orientado).<br />

O minério primário é magnetítico.<br />

Os processos <strong>de</strong> metamorfismo foram precedidos <strong>de</strong> preparo tectônico especial,<br />

que permitiu a substituição da sílica e da magnetita pela hematita, o que po<strong>de</strong> ser evi<strong>de</strong>nciado<br />

nas seções polidas.<br />

- Ao que parece, os processos tectônicos metamórficos aumentaram <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong><br />

pua o norte e para oeste. Nessas condições, a magnetita sofreu um estágio <strong>de</strong> metamorfismo<br />

oxidante. Ocorreu. portanto, um evento <strong>de</strong> pós-mineralização ao longo dos planos <strong>de</strong> clivagem<br />

(111) da magnetita (metassomatose). Uma parte da hematita é pseudomorfa da magnetita<br />

(martita).<br />

- Na relação entre o Fe +2 e Fe +3 das análises realizadas <strong>de</strong>monstra-se a possibilida<strong>de</strong><br />

do metamorfismo ter aumentado <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> para NW.<br />

- Tudo indica fenômenos <strong>de</strong> recorrência <strong>de</strong> metamorfismo na Formação Cauê, sob<br />

diferentes condições físico-químicas, o que é comprovado pela presença <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> diferentes<br />

campos <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> nos itabiritos.<br />

nico,<br />

- Segundo Guild (1957), a estrutura<br />

e po<strong>de</strong>ria ter ocorrido numa massa original<br />

brechoi<strong>de</strong> por<br />

<strong>de</strong> sedimentos<br />

ele <strong>de</strong>scrita<br />

<strong>de</strong> óxidos<br />

é <strong>de</strong> caráter tectô-<br />

<strong>de</strong> ferro hidratados,<br />

causando a <strong>de</strong>sitratação. A presença <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> metamorfismo epizonal, como a sericita e a<br />

clorita, indica um processo metassomático hidrotermal.<br />

- Composição mineralógica: Magnetita e hematita foram encontradas em todas as<br />

seções .polidas. Limonita foi observada em várias amostras, principalmente nos itabiritos.<br />

Quartzo, gibsita e minerais argilosos ocorrem em menor percentagem em algumas amostras.<br />

Turmalina azulada, rutilo, clorita e pirita foram observadas uma só vez em itabirito.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao Dr. Manoel Teixeira da Costa pela orientação recebida; a MBR que permitiu a publicação<br />

<strong>de</strong>ste trabalho, especialmente aos geólogos José Moreira <strong>de</strong> Souza e José Fontella Jr, pela<br />

colaboração recebida; ao Dr. Clécio Campi Murta pelas análises feitas e colaboração recebida; ao<br />

Prof. Samuel Debrot pelas análises fietas; ao Dr. Cláudio Vieira Dutra e à Profo Vitória Régia<br />

P. R. O. Marciano. pelas análises feitas; ao CNPq pela concessão <strong>de</strong> Bôlsa <strong>de</strong> Iniciação Científica<br />

ao acadêmico Alberto Rossini Antunes Orsine que acompanhou este trabalho; aos técnicos<br />

do convênio Brasil - Alemanha pelas microfotografias.<br />

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ENSAIOS DE QUANTIFICAÇÃO<br />

POR DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X<br />

DE CALCITA E DOLOMITA<br />

EM ROCHAS CARBONÃTICAS<br />

GIULIANA RATTI*, JAIRO DE SANT'ANNA TADDEO*<br />

ABSTRACT<br />

The X.ray diffraction technique ollows the quantitative an"lysis of pow<strong>de</strong>r.mixtures with acceptable elTOr for minerologicol<br />

analysis w here great accuracy is not nee<strong>de</strong>d.<br />

This work <strong>de</strong>scribes a X.ray diffraction application on caleite and dolomite dosage in carbon"tic rocks.<br />

We ma<strong>de</strong> use of the internal standard method, drawing calibration curves from known mixtures of calcite and dolomite,<br />

Jiotting intensities of peaks values against concentrations of the mixt1,1r!".<br />

The method was tested in doing the quantitative analysis of some carbonatic rocks, showing praticity and quickneas.<br />

Moreover each misture component produces its characteristic pattem in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntly of the others, making it poasible to i<strong>de</strong>ntify the various<br />

components, easier than in quantitative analytical chemistry.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A técnica da difratometria <strong>de</strong> raios-X tem sido amplamente usada para análise quantitativa<br />

<strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> minerais, quando não se exige alta precisão, <strong>de</strong>vido à rapi<strong>de</strong>z do método<br />

e à possibilida<strong>de</strong> da escolha das fases mineralógicas a serem -quantificadas, sem sofrer interferência<br />

<strong>de</strong> outros constituintes presentes.<br />

O método consiste em se comparar as intensida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> raias difratadas <strong>de</strong> uma amostra<br />

cujo teor é <strong>de</strong>sconhecido com as intensida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> raias difratadas <strong>de</strong> padrões previamente<br />

preparados.<br />

Para contornar o problema do efeito provocado pelos diferentes coeficientes <strong>de</strong> absorção<br />

que diferentes minerais apresentam, foi usado o método do padrão interno. Este método<br />

consiste em se acrescentar a cada mistura uma quantida<strong>de</strong> constante <strong>de</strong> uma substância que não<br />

esteja presente nas amostras a analisar, <strong>de</strong>terminando-se então a porcentagem dos minerais<br />

procurados em relação a esta substância.<br />

Neste trabalho, foram preparadas 15 misturas <strong>de</strong> calcita e dolomita em diferentes<br />

proporções, acrescentando-se a tôdas uma quantida<strong>de</strong> constante <strong>de</strong> fluorita, mineral escolhido<br />

como padrão interno, e construiu-se a curva <strong>de</strong> calibração a partir dos dados obtidos em difratogramas.<br />

A fim <strong>de</strong> comprovar a aplicabilida<strong>de</strong> do método foi feita a quantificação <strong>de</strong> calcita e<br />

dolomita em 5 amostras <strong>de</strong> rochas carbonáticas. Os resultados obtidos foram comparados com<br />

as análises químicas <strong>de</strong>stas rochas, mostrando-se satisfatórios.<br />

IPT/SP


22 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

FUNDAMENTOS TEÚRICOS<br />

Com base nos princípios <strong>de</strong> difração <strong>de</strong> raios-X, encontramos uma relação entre as<br />

intensida<strong>de</strong>s das raias difratadas e a concentração <strong>de</strong> uma fase cristalina numa mistura <strong>de</strong> dois<br />

ou mais minerais. Esta relação po<strong>de</strong> ser representada por uma expressão matemática complexa,<br />

válida para condições rigorosas <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> e granulometria da mistura.<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos uma mistura <strong>de</strong> minerais a, b, c, ..., n, a relação entre a intensida<strong>de</strong><br />

da reflexão <strong>de</strong>vida a um plano (hkl) do mineral a e o volume que ele ocupa na mistura,<br />

po<strong>de</strong> ser representada por:<br />

on<strong>de</strong> 10<br />

C<br />

2<br />

10' c,va (m.F I -<br />

hkl Lp)a<br />

aobs - Vt.u<br />

Va<br />

m<br />

intensida<strong>de</strong> do feixe inci<strong>de</strong>nte<br />

constante experimental<br />

volume total dos cristais do mineral a que provocam difração<br />

número <strong>de</strong> planos num cristal que tem a mesma distância interplanar<br />

fator <strong>de</strong> estrutura da espécie mineral a<br />

fator <strong>de</strong> polarização <strong>de</strong> Lorentz<br />

volume total da mistura<br />

(I)<br />

coeficiente <strong>de</strong> absorção linear da mistura<br />

os fatores Ia e C po<strong>de</strong>m serconsi<strong>de</strong>rados constantes para todos os componentes da mistura, enquanto os<br />

fatores entre parênteses na expressão (1) são constantes para uma mesma reflexão do mineral "":<br />

Se 10xC=Co,<br />

2 .<br />

(m F hkl Lp)a = Ka<br />

Va<br />

Va=- Vt<br />

Po<strong>de</strong>mos escrever que<br />

(2)<br />

Va<br />

Ia obs = Co Ka- u (3)<br />

Notamos que a intensida<strong>de</strong> difratada Ia do componente a na mistura não é uma função<br />

linear <strong>de</strong> va' pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> u. Na prática corrente adotamos um método sugerido por Klug<br />

e Alexan<strong>de</strong>r (1954) no qual as intensida<strong>de</strong>s dos efeitos da difração dos componentes a dosar são<br />

oomparados aos efeitos a um componente (o Padrão Interno) acrescentado às misturas em<br />

proporções iguais. Este procedimento nos livra da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer os valores do coeficiente<br />

da absorção das misturas, pois levamos a relação entre intensida<strong>de</strong>s difratadas e volumes<br />

à linearida<strong>de</strong>.<br />

Agora, se <strong>de</strong>nominarmos va a nova fração do volume do componente a na mistura<br />

acrescentada do padrão interno, e Vs a fração <strong>de</strong> volume do padrão interno, temos:<br />

V'<br />

I'a = Co Ka !..<br />

u<br />

don<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos tirar que:<br />

I'a Kav'a<br />

-=- Is Ks vs<br />

(4) (5)<br />

(6)


como<br />

temos que:<br />

, Vt<br />

va=vax - Vt +vs<br />

I'a_KaVtvs<br />

Is Ks Vs<br />

(7)<br />

RA TTI, TADDEO<br />

e se a proporção do padrão interno é constante, Vt/vs = constante,<br />

daí:<br />

(8)<br />

I' Ka Vt va<br />

a=Kva' on<strong>de</strong>K= - (9)<br />

Is Ks Vs<br />

Esta equação (9) mostra que a relação I' a/ls é diretamente proporcional ao volume<br />

va e não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do coeficiente <strong>de</strong> absorção linear u.<br />

Por meio <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> amostras-padrão po<strong>de</strong>mos construir retas <strong>de</strong> calibração,<br />

nas quais o coeficiente angular representa o termo K da equação (9). Este valor permanece constante<br />

se adotarmos condições <strong>de</strong> operação rigorosamente padronizadas.<br />

Instrumento<br />

PARTE EXPERIMENTAL<br />

Utilizou-se um difratômetro Rigaku-Denki, mo<strong>de</strong>lo 2001, dispondo <strong>de</strong> goniômetro<br />

horizontal e contador proporcional com registro automático das raias <strong>de</strong> interferência.<br />

Foram utilizadas radições kal do cobre, sendo o aparelho operado nas condições <strong>de</strong> 35<br />

Kv e 15 m A, varredura <strong>de</strong> 111/min, constante <strong>de</strong> tempo igual a 1, fator <strong>de</strong> escala igual a 2000 e<br />

velocida<strong>de</strong> do papel <strong>de</strong> 10 mm/min.<br />

Preparação dos Padrões<br />

Foram preparados 15 padrões para a construção da reta <strong>de</strong> calibração, a partir <strong>de</strong><br />

amostras <strong>de</strong> calcita e dolomita naturais, usando-se fluorita como padrão interno.<br />

A qualida<strong>de</strong> da calcita e da dolomita usadas foi controlada por análise química, e<br />

seus teores em CaO e MgO revelaram um grau <strong>de</strong> pureza superior a 97 % para calcita e 96%<br />

para a dolomita, sendo então consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> para a finalida<strong>de</strong> em questão.<br />

A escolha da fluorita como padrão interno foi baseada no fato <strong>de</strong> que este mineral<br />

satisfaz as condições requeridas, isto é, seu grau <strong>de</strong> cristalinida<strong>de</strong> é elevado, suas raias <strong>de</strong> interferência<br />

não se superpõem às <strong>de</strong> calcita e dolomita, apresentando uma raia <strong>de</strong> boa intensida<strong>de</strong><br />

1m posição angular próxima a que aparecem as raias <strong>de</strong> calcita e dolomita escolhidas para serem<br />

medidas.<br />

A preparação dos padrões foi feita sob condições as mais constantes e quantitativas<br />

possíveis, e os mesmos cuidados foram tomados para as amostras <strong>de</strong> rochas carbonáticas<br />

analisadas por este método.<br />

As misturas-padrões foram moídas e homogeneizadas num moedor Pulverisette Fritsh<br />

automático, obtendo-se uma granulometria constante (325 mesh).<br />

A Tabela 1 apresenta o n2 <strong>de</strong> misturas, a porcentagem dos minerais constituintes e a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> padrão interno usado (20% do pêso final da mistura).<br />

Escolha das Raias<br />

Indicamos abaixo os planos <strong>de</strong> difração escolhidos, sua distância interplanar, e a intensida<strong>de</strong><br />

relativa <strong>de</strong> suas reflexões:<br />

Foram escolhidas estas raias porque estão situadas em posições angulares próximas,<br />

não se superpõem, e por apresentarem intensida<strong>de</strong>s relativas altas, <strong>de</strong>tectáveis mesmo quando o<br />

componente estiver presente com baixo teor.<br />

23


24 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Medida dos pieos registrados<br />

hkl d (A 0)<br />

1/10 20<br />

Calcita CaC03 (104) 3,03 100 29,40<br />

Dolomita CaMg (C03h (104) 2,88 100 31,00<br />

Fluorita CaF2 (111) 3,15 94 28,30<br />

Optou-se por medir a altura dos picos (com precisão <strong>de</strong> décimos <strong>de</strong> mm) tendo em<br />

vista que para estes 3 minerais, as raias são bastante atiladas, o que acarretaria maior erro se<br />

trabalhássemos com medidas <strong>de</strong> área dos picos.<br />

A Tabela 2 apresenta as medidas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> dos picos <strong>de</strong> fluorita (lf), calcita (lc)<br />

e dolomita (ld); a relação entre as intensida<strong>de</strong>s dos picos calcita-fluorita (le/If) e dolomitafluorita<br />

(ld/If). Observa-se na tabela que são apresentadas 3 medidas <strong>de</strong> picos para cada mistura<br />

padrão, correspon<strong>de</strong>ntes a 3 corpos <strong>de</strong> prova submetidos à difratometria <strong>de</strong> raios-X.<br />

Construção das curvas <strong>de</strong> ealibração<br />

TABELA 1<br />

MISTURA CALCIT A DOLOMITA FLUORIT A<br />

PADRÃO<br />

% g % g % g<br />

1 O O 100 3,00 20 0,6<br />

2 5 0,15 95 2,85<br />

3 10 0,30 90 2,70<br />

4 15 0,45 85 2,55<br />

5 20 0,60 80 2,40<br />

6 30 0,90 70 2,10<br />

7 40 1,20 60 1,80<br />

8 50 1,50 50 1,50<br />

9 60 1,80 40 1,20<br />

10 70 2,10 30 0,90<br />

11 80 2,40 20 0,60<br />

12 85 2,55 15 0,45<br />

13 90 2,70 10 0,30<br />

14 95 2,85 5 0,15<br />

15 100 3,00 O O<br />

Os gráficos 1 e 2 apresentam as curvas <strong>de</strong> calibração obtidas para a calcita e dolomita,<br />

respectivamente. Em or<strong>de</strong>nadas foram registrados os valores <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>s relativas <strong>de</strong><br />

picos e em abcissas os teores crescentes <strong>de</strong> calcita e dolomita, respectivamente.<br />

O traçado da~ curvas e dados estatísticos apresentados nos gráficos foram calculados<br />

com o auxílio <strong>de</strong> uma calculadora Hewlett-Packasrd, modêlo 9810A, acoplada a uma registradora<br />

Hewlett.Packard Calcualtor Plotter, modêlo 9862A.<br />

APLICAÇÃO. QUANTIFICAÇÃO EM ROCHAS CARBONÁTICAS<br />

Visando a aplicabilida<strong>de</strong> do método em questão, submeteu-se cinco amostras <strong>de</strong><br />

rochas carbonáticas à análise por difratometria <strong>de</strong> raios-X, obsenraildo-se os cuidados que a técnica<br />

exige.<br />

A Tabela 3 compara os resultados obtidos por análise química para os teores <strong>de</strong> cal-


MISTURA CORPO<br />

CORPO<br />

MISTURA<br />

DE If Ic Id<br />

Id/If IC/If DE Ir Ic Id<br />

PADRÃO (mm) (mm) (mm)<br />

PADRÃO<br />

(mm)<br />

PROVA<br />

PROVA<br />

(mm) (mm) Ic/If Id/If<br />

A 33,5 - 133,0 - 3,97 A 27,5 125,5 39,0 4,56 1,42<br />

1 B 30,5 - 131,5 - 4,31 9 B 30,5 141,0 51,0 4,62 1,67<br />

C 32,5 - 137,0 - 4,21 C 30,5 139,5 53,0 4,~7 1,74<br />

A 36,0 17,0 122,0 0,47 3,39 A 25,0 160,5 30,0 6,42 1,20<br />

2 B 35,5 11,0 120,5 0,31 3,39 10 B 21,5 139,5 21,5 6,49 1,00<br />

C 39,0 14,0 138,0 0,36 3,54 C 32,5 160,5 26,0 4,94 0,80<br />

A 48,0 31,0 170,5 0,64 3,55 A 21,0 141,5 14,0 6,74 0,67<br />

3 B 47,5 35,5 165,0 0,75 3,47 11 B 21,0 137,0 14,0 6,52 0,67<br />

C 55,5 30,0 166,0 0,54 2,99 C 27,0 160,0 16,5 5,92 0,61<br />

A 47,5 72,0 170,0 1,51 3,58 A 22,0 160,0 19,5 7,27 0,88<br />

4 B 53,5 85,0 180,0 1,59 3,36 1'2 B 17,5 124,0 9,0 7,08 0,51<br />

C 42,0 67,0 147,4 1,61 3,51 C 22,5 178,0 10,0 7,91 0,44<br />

A 65,5 108,0 188,5 1,65 2,88 A 19,5 144,0 9,0 7,38 0,41<br />

5 B 68,5 106,0 183,0 1,55 2,67 13 B 19,0 142,5 10,0 7,50 0,53<br />

C 74,0 124,3 191,5 1,68 2,59 C 20,5 142,5 9,5 6,95 0,46<br />

A 65,0 191,0 207,5 2,94 3,19 A 16,0 133,5 3,5 8,34 0,22<br />

6 B 39,0 89,0 110,0 2,28 2,82 14 B 17,0 131,0 4,0 7,70 0,23<br />

C 63,0 196,0 207,0 3,11 3,28 C 21,0 138,0 3,0 6,57 0,14<br />

A 47,0 138,5 98,0 2,95 2,08 A 14,5 109,0 - 7,52 -<br />

7 B 35,5 118,0 97,0 3,32 2,73 15 B 26,5 213,0 - 8,04 -<br />

C 34,0 118,0 97,0 3,47 2,85 C 29,0 212,5 - 7,33 -<br />

A 42,5 1&2,0 80,5 4,28 1,89<br />

8 B 39,0 173,0 81,5 4,43 2,09<br />

C 40,5 173,0 81,0 4,27 2,00<br />

GRÁFICO!<br />

Curva <strong>de</strong> calibração para a calcita<br />

Coef. cor. (R) = 0,991<br />

Desvio padrão da regressão = 0,406<br />

RATTI, TADDEO 25<br />

TABELA 2<br />

Idltf<br />

"<br />

GRÁFICO 2<br />

Curva <strong>de</strong> calibração para a dolomita<br />

Coef. COI. (R) = 0,986<br />

Desvio padrão da regressão = 0,241<br />

% <strong>de</strong> calcita % <strong>de</strong> dolomita<br />

cita e dolomita com os teores obtidos a partir <strong>de</strong> medidas das intensida<strong>de</strong>s relativas Ic/lf e<br />

~/If.


26 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

AMOSTRA<br />

TABELA3<br />

ANÁLISE QUIMICA QUANTIFICAÇÃO POR RAIOS -- X<br />

% CALClTA % DOLOMITA Ic/If* Id/If* % DOLOMIT A<br />

% CALCIT A<br />

0,90 10 3,70 92<br />

1 3,32 96,56 0,89 10 3,50 87<br />

0,88 10 3,52 87<br />

0,48 5 3,51 87<br />

2 5,25 87,41 0,64 7 3,48 87<br />

0,47 5 3,44 86<br />

7,12 89 0,45 10<br />

3 94,52 4,10 7,18 90 0,20 4<br />

7,21 90 0,18 4<br />

0,44 4 3,54 88<br />

4 4,30 96,04 0,47 5 3,46 87<br />

0,42 4 3,52 87<br />

0,77 9 1,72 42<br />

5 11,6 58,12 0;83 10 1,94 48<br />

0,81 9 1,66 41<br />

If refere-se a intensida<strong>de</strong> da raia <strong>de</strong> fluorita, usada como padrão interno (20% do peso da amostra)<br />

APRECIAÇÃO DOS RESULTADOS<br />

A utilização da curva <strong>de</strong> calibração para a dosagem <strong>de</strong> calcita em rochas carbonáticas<br />

mostram precisão e reprodutibilida<strong>de</strong> do que a curva <strong>de</strong> calibração para -a dolomita. Para teores<br />

elevados <strong>de</strong> dolomita em rochas carbonáticas, o erro obtido é maior do que para teores médios.<br />

Acreditamos que os valores discrepantes encontrados <strong>de</strong>vem-se, principalmente, a<br />

problemas inerentes à homogeneida<strong>de</strong> das misturas, grau <strong>de</strong> cristalinida<strong>de</strong> das amostras e à<br />

precisão do aparelho.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

AZAROFF, L. V. & BUERGER, M. J. - 1958 - The pow<strong>de</strong>r method in X ray crystallography. New York, McGraw-Hill.<br />

GODINHO, M. M. - 1964 - Análise difroctométrica quantitativa do quartzo em argilas do Barrocão (Pombal-Leirial. Memórias e Notidas do<br />

Museu e Laboratório Mineralóglco e Geológico da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra e do Centro <strong>de</strong> Estudos Geológicos, Coimbrs, 57.<br />

KLUG, H. P. &ALEXANDER, L. E. -1964 - X'raydlffraction proceduresforpoly.crystallineandamorphc>usmateriaIs,NewYork,J. Willey.<br />

RINALDI, F. F. & AGUZZI, P. E. - 1965 - Determlnation quantitativo pardiffractometrie <strong>de</strong> rlQ'ons.X <strong>de</strong> F"203 et Fe304 pour le controle<br />

d'un proce<strong>de</strong> industriel. (Colloque <strong>de</strong> Lausanne.France).


OS PESADOS 00 BARREIRAS<br />

NA COSTA ORIENTAL BRASILEIRA:<br />

ESTUDO DE AREAS-FONTE<br />

JOSÉ MOACYR VIANNA COUTINHO*, ARMANDO MARCIO COIMBRA*<br />

ABSTRACT<br />

62 heavy mineral separations from 31 semples-size limits of 62-125 and 125-250 miaa- were examined in the Barreiras<br />

Group sediments sampled along the eastern Braziliall eoast from Itaborai, Rio <strong>de</strong> Janeiro up to Natal, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte.<br />

The region can be divi<strong>de</strong>d in two threefold heavy mineral provinees East and Northeast- comprising six different mineral<br />

assemblages. Sueh assemblages are genetically and geografieally related to pre-cambrian souree-areas ero<strong>de</strong>d at westem vieinities, by the<br />

follawing connections:<br />

East province:<br />

Assemblage I monazite-rutile-sillimanite: migmatites, granites. gneiases and granulites of Paraiba and Serra dos Orgios<br />

Groups, Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Assemblage I! andaluzite-monaúte-sillimanite: kinzigites, granulites and granites of the orogenie beIt in Espirito Santo.<br />

Assemblage lI! andaluúte-sillimanite-tourmaline: kinzigites and granulites of southem Bahia and a granitic-pegmatitie<br />

complex in Minas Gerais.<br />

Northeast provinee:<br />

Assemblage IV andaluúte-kyanite-staurolite-tourmaline: ectinites of the Sergipan fold belt in northem Bahia and Sergipe.<br />

Assemblage V monazite-sillimanite-tourmaline-zircon: granitie and migmatitie "/righ" in Pernambuco and Alagoas.<br />

Assemblage VI kyanite-staurolite-tourmaline: granitie and migmatitie bodies diatributed among ectinites in Pernambuco,<br />

Paraiba, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte.<br />

A study of heavy mineral relations between Barreiras Group and eristalline basement, pre-Barreiras sediments and Recent<br />

beaeh sends, shows that the or<strong>de</strong>r of persistence of minerais aecording to geological ages from Mesozaie to Reoont ia intimately related to<br />

the <strong>de</strong>gree of stability of same minerais exp08ed to prolonged action of intrastratal solution.<br />

INTRODUÇAO<br />

O trabalho resultou <strong>de</strong> um projeto para levantamento da população <strong>de</strong> minerais<br />

pesados contida no chamado Grupo Ban<strong>de</strong>iras ao longo da costa leste brasileira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro até o Rio Gran<strong>de</strong> do Norte. Neste percurso os sedimentos afloram <strong>de</strong> maneira quase<br />

contínua em duas faixas por 1.800 km; a primeira, fragmentada entre Itaboraí e Campos, RJ e<br />

mais contínua entre Campos e Ilheus, Ba; a segunda, entre o Recôncavo Bahiano e o Norte do<br />

país, tendo a última amostra sido recolhida nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Natal, RN. Para o trajeto total<br />

foram amostradas 31 estações em intervalos médios <strong>de</strong> 58 km. Em vista da pequena <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> observações o trabalho é necessáriamente preliminar mas acredita"se que os resultados o};)tidos<br />

sejam suficientes para caracterizar duas províncias <strong>de</strong> minerais pesados e seis subo<br />

províncias ou assembléias, cada uma das quais se vincula nítidamente com áreas.fonte petro.<br />

graficamente distintas.<br />

*IGIUSP


2S ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Embora trate exclusivamente do estudo <strong>de</strong> proveniências, o trabalho fornece dados<br />

mineralógicos que po<strong>de</strong>rão auxiliar a elaboração <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> correlação estratigráfica e esclarecimento<br />

<strong>de</strong> problemas tectônicos, sedimentológicos e econômicos ligados ao Grupo Barreiras.<br />

O Grupo Barreiras tem sido subdividido em unida<strong>de</strong>s morfológicas, litoestratigráficas<br />

e edafo-estratigráficas, arroladas por Mabesoone e Campanha (1974) mas não<br />

consi<strong>de</strong>radas no atual trabalho.<br />

PROCEDIMENTOS DE CAMPO E LABORATORIO<br />

As amostras foram coletadas em viagem <strong>de</strong> carro e sua localização está informada o<br />

mais precisamente possível tendo em vista futuras verificações <strong>de</strong> formações representadas,<br />

níveis morfológicos ou tipos <strong>de</strong> intemperismo. Os afloramentos amostrados constituem normalmente<br />

corte <strong>de</strong> 2 a 10 m <strong>de</strong> altura ao longo da estrada BR-IOl e em outras secundárias <strong>de</strong>mandando<br />

o litoral bem como alguns pontos isolados da costa. O Grupo Barreiras foi aí reconhecidado<br />

por suas características megascópicas mais importantes; má seleção, estratificação horizontal<br />

grosseira e constante tendência a se intemperizar em manchas <strong>de</strong> cores variegadas. Para<br />

fins <strong>de</strong> comparação também foram amostradas ocorrências <strong>de</strong> sedimentos pré-Barreiras, coberturas<br />

<strong>de</strong> arreeiro (Barreiras, retrabalhado) e praias recentes.<br />

As amostras foram coletadas a espaçamentos irregulares lançados nos mapas <strong>de</strong><br />

Figuras 1 e 2 e localizados em lista anexa às Tabelas. Sempre que possível amostraram-se níveis<br />

arenosos menos intemperizados. Recolheram-se torrões em um ou dois níveis e diversas localizações<br />

laterais até compor uma amostra mista <strong>de</strong> 2 a 3 kg.<br />

No laboratório, seguiu-se a seguinte marcha: amostras quarteadas <strong>de</strong> 200 a 300 gr<br />

foram lavadas por sifonamento, secadas em estufa a 60°C e peneiradas com separação final <strong>de</strong><br />

frações entre 62 e 125 micra e 125 e 250 micra. As frações acima e abaixo <strong>de</strong>stes limites foram<br />

rejeitadas pelo fato <strong>de</strong> apresentarem pesados em volume muito pequeno, além <strong>de</strong> seu estudo<br />

óptico ficar dificultado. A separação das frações leves e pesadas foi efetuada em funis apropriados por<br />

meio <strong>de</strong> bromofórmio <strong>de</strong> d = 2,89.<br />

A seguir foram montadas lâminas com as frações pesadas daquelas duas granulações<br />

em associação total microquarteada. Por vezes, <strong>de</strong>vido à baixa concentração <strong>de</strong> transparentes,<br />

os pesados opacos magnéticos foram eliminados com imã manual. O meio <strong>de</strong> montagem tentado<br />

inicialmente foi o Bálsamo do Canadá. Posteriormente, em benefício da exatidão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações<br />

ópticas, optou-se por montagens não permanentes; líquidos <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> refração marcado<br />

(cargille) ou o líquido viscoso aroclor 1254 (n=I,640), o último apresentando a vantagem <strong>de</strong> permitir<br />

rotação <strong>de</strong> grãos para posições favoráveis à observação <strong>de</strong> figuras <strong>de</strong> interferência. A experiência<br />

indicou todavia, que, quando já se tem uma razoável segurança quant.o à natureza da<br />

maioria dos grãos presentes, a melhor montagem é aquela feita com cerca <strong>de</strong> 1.000 grãos disper-<br />

80S em filas <strong>de</strong> 3 mm <strong>de</strong> largura, em líquidos Cargille <strong>de</strong> n entre 1,64 e 1,65. A contagem dos<br />

grãos, com ou sem platina integradora, fica facilitada, o exame com objetiva <strong>de</strong> médio aumento<br />

(10 x) não exige colocação <strong>de</strong> lamínula e os grãos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação duvidosa po<strong>de</strong>m ser isolados<br />

oom agulha e re-examinados em novos líquidos <strong>de</strong> n conhecido. Nos líquidos próximos a n =<br />

1,64 - 1,65, tal como acontece em montagens com aroclor, minerais como andaluzita, apatita e<br />

sillimanita per<strong>de</strong>m quase totalmente o relêvo e diferenciam-se mais nitidamente <strong>de</strong> outros minerais<br />

incolores <strong>de</strong> hábitos parecidos.<br />

O número porcentual <strong>de</strong> cada mineral em lâminas assim preparadas foi obtido após<br />

contagem <strong>de</strong> um número mínimo <strong>de</strong> 100 grãos <strong>de</strong> minerais pesados não opacos e não micáceos<br />

presentes nas faixas varridas.<br />

Os resultados são apresentados sob a forma <strong>de</strong> tabelas e gráficos <strong>de</strong> variação. Nas<br />

tabelas, além dos acima mencionados também se incluiram os valores para,micas, entre parênteses,<br />

embora não hajam sido computados na soma dos minerais re.stantes da coluna. Os valores<br />

inferiores a 1 % estão marcados como pr (presente). Sob as colunas, registram-se adicionalmente;<br />

número <strong>de</strong> pesados transparentes não micáceos contados (N!/ ptc); relação porcentual dos ultraestáveis,<br />

zircão, turmalina e rutilo (ZTR); relação <strong>de</strong> pesados opacos e semi-opacos para transparentes<br />

(o:t). Calculadas em relação apenas ao total <strong>de</strong> opacos e semi-opacos, também se<br />

acham relacionados as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>; argila limonítica, limonita e/ou hematita terrosa (li +


RUi RJ-5 RI"<br />

TABELA1<br />

Pesados em sedimentos<br />

FS-24 FS-23a<br />

~iras<br />

ES-23ab ES-2 ES~ ES-8 ES-11<br />

~01€ ~g.a :-:-<br />

~....=<br />

~2i(D<br />

.. tr g<br />

.g ID<br />

~"t11Dg.§'<br />

~i ~60<br />

ID ID (I)<br />

ID<br />

j:l. CD<br />

Fração Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa (") Fina Grossa ~ãS<br />

g ..,<br />

130<br />

~Anastasio 3 8 20 20 1 1 1 6 5 6 3 10 27 4 5 11 5 ==<br />

Andaluzita 3 3 pr pr pr 6 10 3 20 2 26 10 4 7 4 19 ~5" ~o~:<br />

Biotita (3) (1) (pr) (1) (2) (40) (10) (9) (3)<br />

Brookita 3 2 pr 1<br />

Cianita 2 2 pr pr<br />

Qoritói<strong>de</strong> pr ~. (I)<br />

(I)<br />

~SCD ~'~õ'g.<br />

g.~~(;!<br />

~Corídon<br />

Diásporo<br />

Diops{dio<br />

DumOJ:tierita<br />

Ep{doto<br />

Espinélio<br />

Estaurolita<br />

Granada<br />

8omb/enda<br />

~Monazita<br />

~Moscovita<br />

5 5<br />

pr<br />

24 21<br />

(20) (35)<br />

3 6<br />

(pr) (pr)<br />

pr<br />

1<br />

19 35 37 65<br />

pr<br />

30 40<br />

(1) (5)<br />

6 2 22 4<br />

~pr<br />

pr pr<br />

2 1<br />

6 6 6 3<br />

~t:1<br />

~~@j'<br />

(")'§e.cr O (I) .., 8<br />

(1).... ~~. (") ~~


TABELA I (continuação)<br />

h!~~êj<br />

~::0<br />

I\> P. ;0<br />

S<br />

01 e;<br />

~~(=j'<br />

~5J1\>~p.<br />

fi> I\> fi> (D<br />

BA-5 BA-6 BA-7 BA-.8 BA-9 BA-I0 BA-ll BA-12 BA-2 BA-3<br />

I:: (') (D ....<br />

i>;>;>;<br />

~-I»'~<br />

Fração Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa 50 c. p. g'<br />

Anastásio<br />

>;<br />

3 3 2 1 4 1 1 2 1 2 3 2 pr 2 3 pr<br />

S ~fi><br />

2 pr<br />

~5J::I<br />

AndaIuzita 4 16 23 21 64 82 29 72 2 9 25 29 7 18 4 6 8 38 I\> fi> ~O<br />

~Biotita (pr) (4) (2) ...... I:: ~gj<br />

::.QC"rn(D (;)<br />

Brookita<br />

. "<br />

~~-~.<br />

Cianita § I\> t1<br />

3 2 5 6 10 8 5 6 5 (D 00<br />

fi><br />

~(') . O<br />

Ooritói<strong>de</strong> pr (') "o "O (D<br />

~Z"<br />

eo S; ::I<br />

Corídon pr pr pr """,_co<br />

"'<br />

~Diásporo pr 2 8. g.~<br />

~Diopsí dio 9 to< ~......<br />

pr pr pr<br />

(')<br />

~~. ~~O<br />

Dumortierita<br />

16, ~(D ~G)<br />

Epídoto S' ?<br />

~~~P. 01<br />

lI'j<br />

Espinélio 1\>::tI ~I\> S<br />

Estaurolita pr pr pr 5 13 10 16 7 20 15 43 29 35 .c >; ::3.... O<br />

Granada pr 1 1<br />

I:: (D<br />

pr<br />

I\> Q \XI<br />

"o [fi '8, I\><br />

~Hornblenda 5 9<br />

h<br />

~~fE~ CI)<br />

Monazita 27 8 10 7 2 2 22 5 42 21 10 6 pr 2 pr 2 S ~rn I:: j::<br />

Moscovita (1) (1) (pr) (pr) (1) (1) ... I\> (D dQ !TI<br />

~SS jj<br />

O<br />

Rutilo 3 2 2 1 4 2 11 6 2 4 8 3 5 5 5 6 2 rn . (D I:: O<br />

(D~S=cD<br />

Sillimanita 5 23 29 26 1 6 1 3 pr 8 1 4 2 1 2 3 pr<br />

O ::I § (D t1<br />

!TI<br />

Turmalina 23 28 15 27 7 5 pr 2 20 26 37 26 13 26 20 27 11 39 5 12 fi> O .....0 G)<br />

O rn fE I::<br />

Xenotima 1 pr pr pr<br />

(D !TI<br />

"O~<br />

I:: O<br />

I\><br />

Zircão 35 20 18 16 20 3 43 13 15 12 11 9 50 22 54 29 60 18 45 12 (') 1\>- S<br />

S<br />

w<br />

o<br />

~h<br />

~o::n~ O<br />

?'8(')~<br />

Orno~<br />

Noo potoco fi><br />

200 190 100 340 200 275 100 265 300 330 200 310 200 230 200 290 100 100 100 100<br />

5J S (=j'<br />

< .... O<br />

ZTR 58 48 36 45 29 9 47 17 46 46 50 39 71 51 79 61 76 57 56 26 !!!.. S O<br />

o!:r~"O<br />

o:t 1-:1 12:1 8:1 8:1 8:1 7:1 8:1 8:1 1:1 3:1 4:1 4:1 6:1 6:1 8:1 9:1 5:1 4:1<br />

>;<br />

~m<br />

~(D<br />

fi> I\><br />

li +he 75 75 93 85 96 96 66 70 60 69 70 70 92 93 90 94 98 g. ~.g.I\><br />

le 2 5 1 4 4 2 8 6 10 8 2 3 2 1 2 rn8õ'i:;'<br />

me 23 20 6 11 2 26 24 30 23 30 28 5 5 9 4 2<br />

~S ~~.<br />

"00(')0<br />

(E. O g' O)<br />

~';1rn<br />

G)<br />

);;


TABELA 1 (continuação)<br />

SE-l SE-2 SE-6 AL-l PE-2 PE-3c PB4 PB-3 PB-2 PB-l RN-l abc<br />

Fração Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa<br />

Anastásio 38 40 1 pr pr pr pr 1 2<br />

Andaluzita 8 27 1 5 3 1 pr 5 5 3 3 4 1 pr<br />

Biotita (15) pr pr (6) pr pr 2 pr<br />

Broo1cita 1 pr<br />

Cianita 2 3 2 21 36 14 4 12 24 49 11 12 4 3 2 2 6 13<br />

OoritcSi<strong>de</strong> pr<br />

ColÍdon<br />

Diásporo<br />

pr<br />

Diopsídio<br />

pr<br />

Dumortierita<br />

Ep(do to<br />

pr pr O<br />

c::<br />

:j<br />

Espinélio<br />

pr<br />

~Estaurolita 15 35 8 8 10 16 pr pr 4 5 6 8 18 6 9 .9<br />

Granada<br />

Homblenda<br />

Monazita<br />

pr<br />

pr<br />

pr pr<br />

8 13 15 18 4 1<br />

pr<br />

pr 12<br />

pr g<br />

i<br />

Moscovi ta (30) (5) (l) (1) (pr) (8) (pr)<br />

~Rutilo pr 2 3 5 35 17 1 4 2 5 1 5 3 5 1 2 1 4 4 4 4<br />

Sillimanita 3 1 7 pr<br />

Turmalina 8 14 15 10 17 24 1 10 2 12 24 80 8 27 16 66 57 67 50 66 21 60<br />

Xenotima 1 2 pr pr pr pr pr<br />

ZiIcão 66 20 28 28 16 7 88 61 80 55 62 5 63 15 63 10 24 8 35 14 54 21<br />

N.op.t.c. 100 200 100 100 100 200 100 250 200 100 300 200 100 200 400 200 200 100 500 200 700 1100<br />

ZI"R 74 36 46 43 68 48 90 75 84 68 91 86 76 45 84 77 83 76 89 84 79 85<br />

o:t 3:1 9:1 40:1 40:1 2:1 1:1 1:1 10:1 4:1 10:1 2:1 4:1 5:1 4:1 1:1 1:1 2:1 1:1 1:1 1:1 2:1 3:1<br />

li +he 60 80 98 85 100 40 45 80 100 8 12 80 90 20 90 90 50 60 80 70<br />

Ie 2 2 5 10 2 2 3 10 95 70 2 5 20<br />

me 38 18 2 10 60 45 18 90 85 10 10 5 10 8 10 50 40 15 10<br />

C')<br />

w<br />

-


32 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

também foram recalculados <strong>de</strong> modo a se omitir os minerais seguramente autígenos como<br />

brookita e anatásio.<br />

Os gráficos não expressam as relações da assembléia total. São entretanto informativos<br />

na medida em que refletem a importância relativa <strong>de</strong> cada mineral na fração total, parcialmente<br />

reproduzida no intervalo <strong>de</strong> granulação fixa, tomado como padrão comparativo.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se super-abundante o mineral <strong>de</strong> freqüência superior a 50%; abundante<br />

entre 10 e 50%; comum entre 2 e 10%; raro entre O e 2% e muito raro aquele <strong>de</strong> ocorrência esporádica<br />

em freqüêp.cia milesimal, e, extraindo-se uma média <strong>de</strong> freqüências por mineral no conjunto<br />

da Tabela 1 po<strong>de</strong>r-se-ia caracterizar os pesados do Barreiras da maneira abaixo:<br />

As Tabelas 2 e 3 reunem os resultados <strong>de</strong> análises <strong>de</strong> pesados recolhidos em ocorrências<br />

pouco distanciadas.<br />

TABELA 2<br />

Pesados em sedimentos Barreiras<br />

Amostras pouco distanciadas horizontalmente<br />

RN-la RN-lb RN-le<br />

Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa<br />

Anastásio pr 5 pr pr<br />

Andaluzita pr 1 pr 2 1<br />

Biotita<br />

(pr)<br />

Brookita<br />

pr<br />

Cianita 7 10 4 16 7 13<br />

Diopsídio pr<br />

Estaurolita pr pr<br />

Granada<br />

pr<br />

Monazita 14 2 11 pr 10 1<br />

Moseovita (1) (4) (3) (pr) (pr)<br />

Rutilo 6 6 3 3 3 2<br />

Sillimanita pr pr<br />

Turmalina 17 40 22 69 25 72<br />

Xenotima pr pr<br />

Zireão 56 41 54 11 53 11<br />

N.o p.t.e. 200 300 300 300 200 500<br />

ZTR 79 87 79 83 81 85<br />

o:t 3:1 7:1 2:1 2:1 2:1 2:1<br />

li + he 80 70 80 20 70 70<br />

le 5 5 5 5 10 20<br />

me 15 25 15 75 20 10<br />

Verifica-se que, comparados nos mesmos intervalos <strong>de</strong> granulação, as freqüências <strong>de</strong><br />

cada mineral sofrem variações insignificantes. Os dados sugerem que a constância mineralógica<br />

para <strong>de</strong>zenas ou centenas <strong>de</strong> metros po<strong>de</strong>rão ser confirmadas como regra para o Barreiras o que,<br />

<strong>de</strong> certo modo aumenta a valida<strong>de</strong> dos gráficos das Figuras 1 e 2 como expressão <strong>de</strong> variações<br />

regionais.<br />

As Tabelas 4 e 5 arrolam resultados obtidos em pesados <strong>de</strong> sedimentos mais antigos<br />

e mais mo<strong>de</strong>rnos que o Barreiras.<br />

A comparação das Tabelas 1 e 4 mostra que no Grupo Barreiras estão ausentes<br />

minerais instáveis que po<strong>de</strong>m ser comuns em areias <strong>de</strong> praias contíguas (caso estudado no Es.


COUTINHO, COIMBRA 33<br />

TABELA 3<br />

Pesados em sedimentos Barreiras<br />

Amostras pouco distanciadas verticalmente<br />

PE-3a PE-3b PE-3c<br />

Fração Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa<br />

Anatásio 2 4 pr pr<br />

Andaluzita 1<br />

Biotita<br />

(pr)<br />

Cianita<br />

Estaurolita<br />

Monazita<br />

8<br />

pr<br />

6<br />

pr<br />

9<br />

13<br />

- pr<br />

4<br />

pr<br />

4<br />

12<br />

1<br />

Moscovita (pr) (pr) (1) (pr) (1)<br />

Rutilo pr 5 1 5 1<br />

Turmalina 84 40 84 24 80<br />

Zircão 6 36 2 62 5<br />

N.o p.t.c. 2000 200 300 200 300 200<br />

ZTR 90 81 87 91 86<br />

o:t 500:1 20:1 3:1 1:1 2:1 4:1<br />

li + he 100 100 10 35 8 12<br />

le 5 20 2 3<br />

me 85 45 90 85<br />

pírito Santo) tais como epidoto, granada, hiperstênio e titanita. Em acréscimo, a hornblenda,<br />

rara no Barreiras, po<strong>de</strong> ser -superabundante em areias recentes.<br />

As Tabelas 1, 4 e 5 ainda revelam que a maturida<strong>de</strong>, expressa pelas quantida<strong>de</strong>s relativas<br />

<strong>de</strong> minerais ultra-estáveis, é tanto maior quanto mais antigo o sedimento. Os valores<br />

médios do índice ZTR (média <strong>de</strong> duas frações) calculados das Tabelas, são os seguintes:<br />

Sedimentos pré- Barreiras<br />

Sedimentos Barreiras<br />

Sedimentos <strong>de</strong> praias recentes<br />

ZTR<br />

74<br />

56<br />

36<br />

PROVÍNCIAS DE MINERAIS PESADOS<br />

Os gráficos <strong>de</strong> variação das Figuras 1 e 2 para os principais pesados do Barreiras<br />

<strong>de</strong>monstram que, ao longo do percurso Rio <strong>de</strong> Janeiro-Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, qualquer dos<br />

minerais po<strong>de</strong> se tornar abundante e mesmo superabundante, para diminuir radicalmente ou<br />

<strong>de</strong>saparecer em outros trechos. O minerais mais persistentes geograficamente são também os<br />

mais persistentes cronologicamente, zircão, turmalina, rutilo, com o surpreen<strong>de</strong>nte acréscimo <strong>de</strong><br />

andaluzita.<br />

Com base nas variações observadas, é possível dividir a costa oriental brasileira em<br />

duas províncias mineralógicas <strong>de</strong> minerais pesados:<br />

A Provincia Leste, abrangendo Rio <strong>de</strong> Janeiro, Espírito Santo e S da Bahia, caracta'izada<br />

por altas freqüências <strong>de</strong> andaluzita, monazita e sillimanita, incrementos locais <strong>de</strong> rutilo,<br />

turmalina e zircão e ausência <strong>de</strong> estaurolita e cianita. A província se associa com áreas-fonte a<br />

W, dominadas pelo Complexo granulítico <strong>de</strong> Jequié, Complexo granítico-migmatíticopegmatítico<br />

do E <strong>de</strong> Minas Gerais, kinzigitos do Espírito Santo e gnaisses, granulitoB e migmatitos<br />

do Grupo Paraíba e Grupo Serra dos Orgãos no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

-- ----


34 ANAIS DC5XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

TABELA 4<br />

Pesados em areias <strong>de</strong> praia recentes<br />

ES-19 ES-20 ES-23b ES-25<br />

Fração Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa<br />

Anatásio pr pr 1 3 2 2<br />

Andaluzita pr pr pr 1 1 17 1 pr<br />

Apatita pr pr pr<br />

Biotita (5) (2) (pr) (pr)<br />

Cianita 6 6 2 4 pr pr<br />

Qoritói<strong>de</strong> pr pr<br />

Coridon pr , pr<br />

Diopsídio pr pr pr pr 2<br />

Epídoto 6 5 pr 4 4 4 3<br />

Espinélio pr pr pr pr pr<br />

Estaurolita 2 5 1 4 pr<br />

Granada 2 5 1 6 5 12 4 10<br />

Hipertênio 1 pr pr 2 pr 1 3 12<br />

Homblenda 44 56 8 32 pr 1 15 63<br />

Monazi ta 3 1 17 4 25 20 14 1<br />

Moscovita (2) (1)<br />

Rutilo 2 1 5 6 9 8 2 pr<br />

Sillimanita 7 10 2 10 12 16 1 3<br />

Titanita 1 1 pr pr pr<br />

Turmalina 2 4 pr 4 1 pr pr<br />

Xenotirna pr pr<br />

Zircão 26 6 63 20 45 22 56 4<br />

N.o p.t.c. 23000 15500 200 120 300 200 200 400<br />

ZTR 30 11 68 30 55 31 58 4<br />

o:t 3:1 5:1 3:1 8:1 5:1 1:4<br />

li +he 10 19 8 7 1 3<br />

le 1 2 3 1 2<br />

me 90 80 90 90 98 95<br />

A Província Nor<strong>de</strong>ste, abrangendo os Estados nor<strong>de</strong>stinos distingüe-se pela riqueza<br />

em cianita, estaurolita, turmalina e zircão estando empobrecida em andaluzita, monàzita esillimanita.<br />

Suas áreas-fonte são constituidas por ectinitos das faixas <strong>de</strong> dobramento brasilianas<br />

do Nor<strong>de</strong>ste, granitos e gnaisses <strong>de</strong> maciços ou altos antigos, pegmatitos da Borborema e sedimentos<br />

mesozóicos das bacias do Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Pernambuco-Paraíba.<br />

Segue-se uma tentativa <strong>de</strong> interpretação em termos <strong>de</strong> proveniência, para as diversas<br />

assembléias individualizadas:<br />

Província Leste<br />

Assembléia I - Monazita-sillimanita-rutilo<br />

o grau metamórfico atingido pelos metas sedimentos no Cristalino, é o mais alto do<br />

esquema barroviano o que explica a abundância <strong>de</strong> sillimanita e ausência <strong>de</strong> outros aluminossilicatos<br />

nos sedimentos. A análise <strong>de</strong> pesados no solo residual <strong>de</strong> micaxisto a 14 km E <strong>de</strong><br />

Macaé, RJ, forneceu superabundância <strong>de</strong> sillimanita e biotita, além <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>s subordinadas


COUTINHO, COIMBRA 35<br />

TABELA 5<br />

Pesados em sedimentos Pré-Barreiras<br />

PrB-l PrB-2 PrB-3 PrB-4 PrB-5<br />

Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa Fina Grossa<br />

Anatásio 2 2 7 pr<br />

Andaluzita pr 1 8<br />

Barita pr 5<br />

Biotita (11) (16) (38) (81) (2)<br />

Cianita 1 4<br />

Estaurolita 20 33 12 57 1<br />

Monazita 3 25 9<br />

Moscovita (2) (9) (3) (12)<br />

Rutilo 8 2 10 3 2 10 4<br />

Si<strong>de</strong>rita<br />

Sillimani ta<br />

3 7 95<br />

Turmalina 42 52 23 32 2 16 7 48<br />

Zircão 25 2 48 7 93 74 62 23<br />

N.o p.t.c. 100 100 100 100 100 100 100 100<br />

ZTR 75 56 81 42 97 100 70 75<br />

o:t 12:1 7:1 5:1 1:1 20:1 30:1 3:1<br />

li +he 91 60 70 20 15 60 55<br />

le 9 5 10 50 77 5 5<br />

me 35 20 30 8 35 40<br />

<strong>de</strong> moscovita, rutilo, turmalina e zircão. Rutilo é mineral persistente em terrenos cristalinos mas<br />

<strong>de</strong>ve-se observar que é a fase titanada estável em chamockitos e rochas granulíticas, litologia<br />

importante no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Monazita tem origem ainda in<strong>de</strong>finida. Vlasov (1966)<br />

informa que na India, ela se encontra primariamente em granulitos e chamockitos enquanto no<br />

Brasil está associada a biotita granitos normais. E, embora Derby (in Fróes <strong>de</strong> Abreu 1973)<br />

oouvesse <strong>de</strong>nunciado a monazita entre os produtos <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> rochas graniticas no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, ainda permanece a sugestão <strong>de</strong> que, no Brasil, como na India, tais rochas graníticas<br />

sejam na realida<strong>de</strong> metamorfitos <strong>de</strong> alto grau; chamockitos ou, mais provavelmente, kinzigitos.<br />

O gráfico da Província Leste mostra que a monazita ocorre por todo o Barreiras no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, Espírito Santo e sul da Bahia, coincidindo com uma faixa <strong>de</strong> rochas cristalinas chamockíticas<br />

e/ou kinzigíticas estendo-se paralelamente a menos <strong>de</strong> 100 km da costa.<br />

Assembléia 11 - Andaluzita-monazita-sillimanita<br />

Associação mineralógica típica do Espírito Santo, correlacionável aos granitos,<br />

granulitos e kinzigitos do ciclo orogênico brasiliano (Cordani, 1973). Prevalecem portanto as<br />

mesmas litologias relacionadas à assembléia anterior. Entre os pesados do Barreiras, adquire<br />

aqui gran<strong>de</strong> importância a monazita. Coinci<strong>de</strong>ntemente, é no Espírito Santo que os gnaisses<br />

kinzigíticos adquirem maior expressão em área <strong>de</strong> afloramentos junto à costa (Coutinho, 1974) o<br />

que reforça o interrelacionamento sugerido na discussão da Assembléia I. Entre os pesados<br />

aumentam as concentrações <strong>de</strong> andaluzita, adiante discutida.<br />

Assembléia 111 - Andaluzita-sillimanita-turmalina<br />

Esta assembléia se relaciona a kinzigitos e granulitos da costa sul baiana. Afastadas<br />

rerca <strong>de</strong> 100 km do litoral (Cordani, 1973, mapa), afIoram rochas graníticas aqui interpretadas


36 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

j<br />

BAHIA<br />

100"10<br />

DSedimentos Quaternários I: -:IGnaisses kintiolticos<br />

~ . j..t; oranulítico <strong>de</strong><br />

t:..:.:..:..:.. G B<br />

: IComPlexo rupo arrelras Jequié<br />

~Metassedimentos do Gru - I"777iiIGnaisses granitói<strong>de</strong>s do Gru-<br />

I.: :...:Jpo Rio Pardo ~po Serra aos O'rgOos<br />

r:;:-;:+1Rochas graníticas e migmo<br />

L:t : t.. titicas (micaxistos restritos)<br />

o Ponto <strong>de</strong> amostraOllm<br />

Estrada BR-IOI<br />

-'-'-'-Divisa <strong>de</strong> estados<br />

o 200<br />

L - -- "-<br />

Km.<br />

Fig. 1 - Costa Leste, Freqüência <strong>de</strong> MineraisPesados do Grupo Barreiras e Correlações com Áreas Fontes.<br />

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1<br />

+<br />

A-I<br />

COUTlNHO, COIMBRA<br />

PE-3<br />

PE-2<br />

r--l Sedimentos Quoternórios 1- _ -I<br />

Ectnitos dos Faixas <strong>de</strong><br />

C3<br />

m Sedimentos<br />

Grupo Borreiros<br />

Cretóceos<br />

- - Dobramento Bra$lliono<br />

~"Mociços" groníticOl ontlgOl<br />

Ponto <strong>de</strong> omostrogem<br />

u___u_ Estrodo BR-IOI<br />

~ Gron<strong>de</strong>s lineomentos Diviso <strong>de</strong> estodos<br />

o 200<br />

.<br />

K..<br />

Fig. 2 - Costa Nor<strong>de</strong>ste, Freqüência <strong>de</strong> Minerais Pesados do Grupo Barreiras e Correlações com Áreas Fontes.<br />

o<br />

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oci<strong>de</strong>ntal do Barreiras.<br />

Certamente, ocorrências primárias locais como pegmatitos, veios e, talvez, auréolas <strong>de</strong><br />

contato não respon<strong>de</strong>m pela larga distribuição <strong>de</strong> andaluzita no Barreiras. É provável que os<br />

veios sejam antes, produtos <strong>de</strong> diferenciação metamórfica <strong>de</strong> rocha regional evoluida segundo<br />

mo<strong>de</strong>lo especial <strong>de</strong> série facial ainda não reconhecida no leste brasileiro. Um tal modêlo já foi<br />

reconhecido no Nor<strong>de</strong>ste em litologias da Série Seridó on<strong>de</strong> os autores (Mello e Mello, 1974), o<br />

atribuem a metamorfismo regional <strong>de</strong> baixa pressão.<br />

Província Nor<strong>de</strong>ste<br />

Assembléia IV - Andaluzita-cianita-estaurolita-turmalina<br />

Esta assembléia está ligada primariamente aos ectinitos da faixa <strong>de</strong> dobramento sergipana<br />

e, secundariamente aos sedimentos mais antigos e retrabalhados das bacias do Recôncavo<br />

e Sergipe-Alagoas. Excluida a já discutida andaluzita, os restantes minerais formam um<br />

conjunto <strong>de</strong> pesados estáveis compatíveis com ectinitos pelíticos bem como com veios e pego<br />

matitos (turmalina). Interessante notar aqui a substituição <strong>de</strong> cianita por estaurolita em assem-


38 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

bléias oriundas <strong>de</strong> região mais ao norte, sugerindo aumento <strong>de</strong> grau metamórfico nos ectinitos<br />

alimentadores. Como curiosida<strong>de</strong>, assinala-se entre os pesados muito raros do Recôncavo, o<br />

mineral diásporo, já reconhecido há mais <strong>de</strong> um século (Damour, 1856) em aluviões diamantíferos<br />

da Chapada e reencontrado por Branner (1911). O mineral parece associar-se a corindon e<br />

teria origem primária provável em rochas aluminosas como esmeril, agalmatolito e até, possivelmente<br />

kinzigitos (Coutinho, 1974, assinala corindon).<br />

Assembléia V - Monazita-sillimanita-turmalina-zircão<br />

Esta associação é francamente dominada pelo zircão e origina-se claramente do alto<br />

granítico Pernambuco-Alagoas. O mineral citado e possivelmente a monazita estão ligados às<br />

rochas granitói<strong>de</strong>s da área. Cianita, sillimanita e turmalina em bem menores proporções, originam-se<br />

presumivelmente <strong>de</strong> ectinitos e pegmatitos <strong>de</strong> faixas contornando o maciço. O zircão,<br />

além <strong>de</strong> se concentrar excepcionalmente, está em gran<strong>de</strong> parte conservado como cristais idiomórficos<br />

pouco arredondados, o que evi<strong>de</strong>ncia transporte <strong>de</strong> áreas próximas. Na zona <strong>de</strong> Olinda Pe,<br />

on<strong>de</strong> termina o alto também diminui drasticamente a freqüência <strong>de</strong> zircão na fração grosseira.<br />

São provenientes <strong>de</strong> Recife e Olinda as amostras analisadas por Mabesoone (1968) e<br />

Mello e Fonseca (1962) nos dois únicos trabalhos que abordam os pesados do Barreiras no leste<br />

brasileiro. As duas localida<strong>de</strong>s foram reamostradas no presente trabalho, não tendo sido possível<br />

~roduzir inteiramente os resultados obtidos por aqueles autores, apesar da reprodutibilida<strong>de</strong><br />

em amostras pouco distanciadas estar indica da nas Tabelas 2 e 3. As amostras PE-3 (próximas<br />

à Fábrica Poty, Paulista) <strong>de</strong>ram resultado mais próximos dos obtidos por Mello e Fonseca (op.<br />

cit.) se se <strong>de</strong>scontar discrepâncias na metodologia empregada e uma troca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação<br />

(cianita por tremolita). Já as análises <strong>de</strong> Recife, <strong>de</strong> Mabesoone (op. cit.), quando comparadas<br />

com as PE-2 <strong>de</strong>ste trabalho são qualitativa e quantitativamente muito diferentes. Nas 13<br />

análises <strong>de</strong> Mabesoone (op. cit.) está ausente a monazita e comparecem em teores variáveis,<br />

minerais altamente instáveis e improváveis no Barreiras, tais como; anfibólio, alcali-anfibólio,<br />

epidoto, augita e hiperstênio. A assembléia, segundo Mabesoone, (op. cit.) ainda se caracteriza<br />

pela, por vezes, alta freqüência <strong>de</strong> topázio (?). Com excessão da hornblenda, nenhum <strong>de</strong>stes<br />

minerais foi encontrado no presente estudo, há não ser como possíveis e esporádicas contaminações<br />

<strong>de</strong> campo ou laboratório. Questiona-se especialmente a valida<strong>de</strong> da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> topázio<br />

e hiperstênio, minerais facilmente confundidos com andaluzita em investigação superficial.<br />

Assembléia VI - Cianita-estaurolita-turmalina<br />

O Barreiras <strong>de</strong>sta assembléia tem a oeste os ectinitos das faixas <strong>de</strong> dobramento do<br />

centro-oeste pernambucano, sul e nor<strong>de</strong>ste paraibano, corpos granítico e migmatíticos do embasamento,<br />

sedimentos da bacia Pernambuco-Paraíba e os pegmatitos da Borborema.<br />

A última litologia explica o forte incremento <strong>de</strong> turmalina que, como acontecia com o<br />

zircão na assembléia anterior, comumente exibe formas próprias pouco arredondadas, evidência<br />

<strong>de</strong> transporte a pequenas distâncias. Também a estaurolita e a cianita têm sua presença justificada<br />

na abundância <strong>de</strong> ectinitos nas áreas oci<strong>de</strong>ntais.<br />

RELAÇÕES DO BARREIRAS COM ° CRISTALINO.<br />

SEDIMENTOS PR};::-BARREIRAS E RECENTE<br />

No litoral do Espírito Santo foram examinados os minerais pesados <strong>de</strong> 3 praias<br />

(Barra do Riacho, Guarapari e Marataizes) e uma extensa faixa <strong>de</strong> cordões e praias junto à foz<br />

à:> Rio Doce (Tab. 4). Nas primeiras praias, o Barreiras está exposto em erosão à beira-mar juntamente<br />

com o Cristalino formado essencialmente <strong>de</strong> kinzigitos e algum charnockito. Na foz do<br />

Rio Doce, o embasamento, com idêntica litologia, aDora a algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> km da linha <strong>de</strong><br />

oosta (Coutinho 1974 a e b).<br />

Kinzigitos e charnockitos contribuem com biotita, granda, diopsídio, hiperstênio,<br />

rutilo e sillimanita na formação das assembléias recentes. Hornblenda charnockitos, anfibolitos e<br />

rochas calcossilicáticas seriam responsáveis pela presença <strong>de</strong> hornblenda, epidoto e titanita. O<br />

Barreiras forneceria às prtdas. pelo menos parte <strong>de</strong>: anatásio, andaluzita, cianita, espinélio, es-


COUTINHO, COIMBRA 39<br />

taurolita, monazita, turmalina, xenotima e zircão. Na foz do Rio Doce esta mistura é muito<br />

menos evi<strong>de</strong>nte sendo a assembléia nas areias recentes constituida quase exclusivamente <strong>de</strong><br />

pesados típicos do Cristalino. O fato se explicaria não só pelo afastamento do Barreiras da costa,<br />

como também pela formação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>lta erigido com <strong>de</strong>tritos carreados apenas pelo Rio<br />

Doce, o qual drena amplamente o Pré-cambriano a oeste e atravessa o Barreiras como canal<br />

único.<br />

O Cristalino <strong>de</strong>veria fornecer também ao Barreiras os minerais típicos menos estáveis,<br />

acima indicados. Todavia o que se verifica é que neste sedimento, alguns são raros (hornblenda),<br />

outros, muitos raros (granada, diopsídio, epidoto) e outros ainda, praticamente inexistentes<br />

(hiperstênio, titanita). Certamente o fato se <strong>de</strong>ve à pouca estabilida<strong>de</strong> química dos mencionados<br />

minerais tendo eles sido <strong>de</strong>struidos ou nas áreas-fonte (intemperismo) ou nos sedimentos<br />

já <strong>de</strong>positados (soluções intra-estratais).<br />

A primeira hipótese encontra apoio na origem, aceita por Mabesoone et alii (1972)<br />

para o sedimento Barreiras, isto é: remoção <strong>de</strong> capas <strong>de</strong> solos lateríticos espêssos, formados em<br />

~oca <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> tectônica e climática. De fato, alguns daqueles minerais, especificamente a<br />

granada, situam-se muito baixo na escala <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> em solos (Dry<strong>de</strong>n e Dry<strong>de</strong>n, 1946).<br />

Contudo, alguns outros, como estaurolita, também instáveis ao intemperismo, são comuns no<br />

Barreiras, o que torna a explicação, discutível, em pormenor.<br />

A segunda hipótese, <strong>de</strong> dissolução intra-estratal, é mais favorecida pelo fato <strong>de</strong> os<br />

mesmos minerais instáveis aparecerem abundantemente nas praias atuais. Proviriam da erosão<br />

<strong>de</strong> pontas cristalinas frescas em praias ou <strong>de</strong> áreas mais longíquas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos canalizados por<br />

rios volumosos (Rio Doce).<br />

A seqüência <strong>de</strong> índices ZTR gradualmente <strong>de</strong>crescente do pré-Barreiras até o Recente<br />

indica realmente a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> dissolução intraestratal (Pettijohn, 1957). Deve-se<br />

admitir para isso, que a litologia alímentadora pré-cambriana tenha se conservado constante<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Terciário. A aceitação da explicação encontra um pequeno óbice na rarida<strong>de</strong>, quase<br />

inexistência no Barreiras, <strong>de</strong> feições microscópicas <strong>de</strong> dissolução superficial <strong>de</strong> grãos semiestáveis<br />

ou instáveis, comuns no pré-Barreiras.<br />

É certo porém, que o grau <strong>de</strong> persistência dos minerais <strong>de</strong> acordo com as ida<strong>de</strong>s<br />

geológicas (pré-Barreiras, mesozóico, até recente) guarda estreita relação com seu grau <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>,<br />

o que torna mais provável a atuação dos processos <strong>de</strong> dissolução intra-estratal.<br />

AL-l:<br />

BA-2:<br />

BA-3:<br />

BA-5:<br />

BA-6:<br />

BA-7:<br />

BA-8:<br />

BA-9:<br />

BA-lO:<br />

BA-11:<br />

BA-12:<br />

ES-2:<br />

BR-lOl, 500m N da Usina Terra Nova. 28km N da entrada para São Miguel, 144km do Rio São<br />

Francisco. Corte em arenito argiloso avermelhado.<br />

BR-lOl, 25km a N do entrocamento com BR-324, 500m a N da entrada para Dias D'Ãvila.<br />

Barreiras-Marisal indiferenciado. Arenito fino, amarelado contendo banco <strong>de</strong> argila variegada. Seixos<br />

esparsos.<br />

BR-lOl, lkm a N <strong>de</strong> Esplanada. Arenito avermelhado coberto por argila variegada e arenito grosseiro.<br />

BR-lOl,junto ao marco <strong>de</strong> km 289. Corte em sedimento variegado.<br />

BR-l01, junto ao marco <strong>de</strong> km 361. Corte em sediinento variegado.<br />

BR-lOl, junto ao marco <strong>de</strong> km 421, a S do entroncamento para Jurucuçu. Corte em sedimento<br />

varie gado.<br />

BR-lOl,junto ao marco <strong>de</strong> km 491. Corte em sedimento variegado.<br />

BR-lOl, junto ao marco <strong>de</strong> km 533. l5km a N <strong>de</strong> Eunápolis. Corte em sedimento variegado.<br />

Santa Cruz da Cabrália. Chão arenoso claro em estrada erodida no topo da escarpa, a 100m da Igreja<br />

dos Pretos.<br />

Estrada S. Salvador-Feira <strong>de</strong> Santana. Ponte junto ao marco km 18. Corte em sedimento arenoso<br />

branco e amarelo claro, grosseiro.<br />

Estrada S. Salvador-Feira <strong>de</strong> Santana. Marco <strong>de</strong> km 23. Cortes para exploração ou obras a SOm da<br />

estrada. Sedimento branco e variegado.<br />

BR-lOl, 13km a N <strong>de</strong> Linhares. Corte em sedimento variegado.


40<br />

ES-6:<br />

ES-8:<br />

ES-ll:<br />

ES-22ab:<br />

ES-23a:<br />

ES-24:<br />

PB-l:<br />

PB-3:<br />

PB-4:<br />

PE-2:<br />

PE-3:<br />

RJ-4:<br />

RJ-5:<br />

RJ-6:<br />

RN-labc:<br />

SE-I:<br />

SE-2:<br />

SE-6:<br />

ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

BR-I01, 42km a S <strong>de</strong> São Mateus. Corte em sedimento variegado.<br />

BR-I01, 27km a S <strong>de</strong> São Mateus. Corte em sedimento variegado.<br />

BR-I01, 4km a S <strong>de</strong> São Mateus. Corte em sedimento variegado.<br />

BR-I01, contorno <strong>de</strong> Vitória. Primeiros afloramentos em cortes do Barreiras a W do entroncamento<br />

Norte <strong>de</strong> Vitória. ab é média <strong>de</strong> duas amostras separadas horizontalmente 30m, sendo a; areia argilosa<br />

variegada muito rica em monazita e, b; areia caulÍnica branca, enriquecida em andaluzita, anastázio e<br />

sillimanita. Possível falha entre a e b.<br />

Praia. Ponto a 3km a S da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guarapari e SOm da linha <strong>de</strong> maré é uma escavação em areia e<br />

microconglomerado claro.<br />

BR-lOl, Marataizes. Corte em sedimento variegado a 8km da BR-I01.<br />

BR-I0l, 14km S da ponte sobre o Rio Curimatã. Areia sobreposta ao Barreiras para Maranguape.<br />

Arenito amarelo claro, médio. Topo <strong>de</strong> argila variegada.<br />

BR -101, 12km a S da entrada para Maranguape. Amostras <strong>de</strong> 2 níveis em arenito fino amarelado,<br />

sotoposto a arenito médio avermelhado e capeados por argila variegada.<br />

Praia em Cabo Branco, a S <strong>de</strong> João Pessoa. Falésia atingida por maré alta. Arenito amarelado médio a<br />

fino com argila variegada e conglomerado.<br />

BR-I0l, lkm a N da entrada norte <strong>de</strong> Recife. Bairro <strong>de</strong> Macaxeiras. Arenitos médio avermelhado com<br />

intercalações <strong>de</strong> argila variegada.<br />

PE-3a, PE-3b e PE-3c são três níveis distanciados verticalmente em cerca <strong>de</strong> 3-5m entre si (a topo,<br />

b; base) em corte próximo à Fábrica Poty, Paulista, Olinda.<br />

BR-I0l, 45km S do trevo <strong>de</strong> saída para Mimoso. Corte em sedimento arenoso róseo.<br />

BR-I01, 16km a S da ponte sobre o Rio Paraíba na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campos. Posto <strong>de</strong> Polícia Rodoviária.<br />

Corte em sedimento argiloso variegado.<br />

BR-I0l, 2km a SW do centro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Itaboraí. Escavação para exploração <strong>de</strong> argila variegada.<br />

Amostras <strong>de</strong> material arenoso claro.<br />

Estrada Natal-Macaibas. Corte em sedimento arenoso. a; ponte sobre o Rio Potengi, mais 900m<br />

rumo Macaibas. b; i<strong>de</strong>m, mais 1900m. c; i<strong>de</strong>m, mais 2100m.<br />

BR-I0l - Entrada para Cristianópolis. Corte em arenito médio, vermelho amarelado, com seixos<br />

<strong>de</strong> quartzo.<br />

Sedimentos Pré-Barreiras<br />

PrB-l:<br />

PrB-2:<br />

PrB-3:<br />

PrB-4:<br />

PrB-5:<br />

ES-19:<br />

BR-101, 19km a N <strong>de</strong> Estância. Arenito médio amarelado. Argila variegada no topo do corte.<br />

BR-I01, junto à entrada para Carmópolis. Corte em arenito claro, coberto por argila variegada.<br />

Estrada São Salvador-Feira, marco km 30 mais 800m. Corte em arenito branco ou amarelo claro, estratificação<br />

inclinada, sobreposto a;<br />

Mesmo local. Folhelho ver<strong>de</strong>, também inclinado.<br />

BR-I0l junto à ponte sobre o Rio Joanes, 14km a N do entroncamento com BR-324 (S. Salvador-<br />

Feira Santana). Arenito róseo claro, levemente inclinado, da Formação São Sebastião. Argila variegada,<br />

intercalada.<br />

BR-I01, 65km a S <strong>de</strong> Maceió. Lente <strong>de</strong> arenito amarelado médio, intercalado no conglomerado Carmópolis.<br />

BR-I0l junto à entrada para Paulista. Formação Beberibe (?). Arenito branco capeado por argila<br />

variegada e arenito amarelo.<br />

Sedimentos Recentes <strong>de</strong> Praias<br />

ES-20:<br />

ES-23b:<br />

ES-25:<br />

182 amostras e cerca <strong>de</strong> 500 preparados <strong>de</strong> areias superficiais no <strong>de</strong>lta do Rio Doce, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Conceição<br />

da Barra do Riacho. (120km)<br />

Praia em Barra do Riacho.<br />

Praia em Guarapari. Ponto a 3km do centro da cida<strong>de</strong>.<br />

Praia na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Marataízes. Ponto junto a pequena igreja no lado N.


COUTINHO, COIMBRA 41<br />

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o PR~-CAMBRIANO DO VALE DO RIO DOCE<br />

COMO FONTE ALIMENTADORA DE SEDIMENTOS COSTEIROS<br />

JOSÉ MOACYR VIANNA COUTINHO*<br />

ABSTRACT<br />

1n this worl


44 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Recolheram-se 168 amostras <strong>de</strong> rochas, das quais confeccionaram-se 69 seções <strong>de</strong>lgadas e<br />

56 preparados <strong>de</strong> roch.a moída e peneirada.<br />

21 outras amostras foram estudadas à lupa e 22 restantes não foram examinadas por<br />

motivos diversos (alterações, duplicatas, etc).<br />

As análises modais das 146 amostras estudadas, encontram-se em Tabela anexa.<br />

RESULTADOS OBTIDOS<br />

<strong>Geologia</strong>. Grau <strong>de</strong> Metamorfismo. Estruturas. Morfologia.<br />

O Pré-cambriano da área percorrida esten<strong>de</strong>-se por uma faixa <strong>de</strong> 200 km na direção<br />

E-W. A leste é recoberto por sedimentos terciários da Formação Barreiras que, por sua vez,<br />

junto à costa, dão lugar às areias recentes praianas e <strong>de</strong>ltaicas do Rio Doce. Desta maneira, os<br />

primeiros afIoramentos do cristalino distanciam-se em mais <strong>de</strong> 40 km do Oceano Atlântico, salvo<br />

no extremo sul, on<strong>de</strong> a Formação Barreiras gradualmente se estreita.<br />

O rápido trabalho <strong>de</strong> reconhecimento geológico permitiu-nos distingüir no Précambriano<br />

da região, duas gran<strong>de</strong>s unida<strong>de</strong>s litológicas diferindo entre si, essencialmente no<br />

grau <strong>de</strong> metamorfismo alcançado por seus membros pelíticos.<br />

A primeira unida<strong>de</strong>, a leste, é formada <strong>de</strong> kinzigitos (biotita granada gnaisses)<br />

ocupando provavelmente mais <strong>de</strong> 90% da área pré-cambriana do Espírito Santo. A eles se associam:<br />

charnockitos, alguns maciços graníticos, lentes <strong>de</strong> granodiorito gnaissoso, pequenas intrusões<br />

noríticas e raras faixas <strong>de</strong> quartzito. Em termos <strong>de</strong> metamorfismo, po<strong>de</strong>-se-Ihes atribuir<br />

as subfacies mais altas da facies anfibolítica (zona da sillimanita <strong>de</strong> Barrow) ou ainda a facies<br />

granulítica. Como indicadores citam-se: 1. rochas pelíticas inteiramente feldspatizadas (gnaisses);<br />

2. ausência <strong>de</strong> microclínio, salvo em rochas cordieríticas; presença <strong>de</strong> ortoclásio ou ortoclásio<br />

micropertítico; 3. plagioclásio relativamente cálcico (:t An40) em todos os kinzigitos normais<br />

e charnockitos; 4. em substrato <strong>de</strong> composição a<strong>de</strong>quada, cristalização <strong>de</strong> cordierita (kinzigito<br />

cordierítico), hiperstênío (kinzigito- charnockitói<strong>de</strong> e charnockito), escapolita e bytownitaanortita<br />

(metaconcreções e rocha calcossilicática); 5. ausência <strong>de</strong> titanita em charnockitos, kin-<br />

~gitos, granitos e granodioritos. Ti02 forma rutilo ou é absorvido em biotita; 6. ausência completa<br />

<strong>de</strong> epidoto.<br />

A segunda unida<strong>de</strong>, dominando a oeste da divisa Espírito Santo-Minas Gerais, compreen<strong>de</strong><br />

biotita-gnaisses <strong>de</strong> diversos tipos e restos não granitizados <strong>de</strong> ectinitos, especialmente<br />

micaxistos. Também ocorrem aqui as intrusões graníticas e, micaxistos e gnaisses são recortados<br />

por numerosos e às vezes possantes pegmatitos. Não foram encontrados anfibolitos que<br />

estariam ausentes também na unida<strong>de</strong> kinzigítica. O fato é tanto mais estranhável quando se<br />

sabe que os sedimentos recentes <strong>de</strong>rivados são excepcionalmente ricos <strong>de</strong> hornblenda. Possívelmente<br />

ocorrem anfibolitos em corpos menores e intemperizáveis o que explicaria sua ausência<br />

entre as amostras recolhidas. (Todavia, ariqueza <strong>de</strong> hornblenda entre os pesados <strong>de</strong> sedimentos<br />

recentes e sua ausência nos sedimentos antigos (Barreiras) indicaria que as rochas fonte <strong>de</strong><br />

hornblenda <strong>de</strong>vem ser procuradas preferencialmente em Cristalino próximo da costa, anteriormente<br />

recoberto por Barreiras e atualmente <strong>de</strong>scoberto e erodito. Neste caso, a região fonte <strong>de</strong> hornblenda é<br />

a unida<strong>de</strong> kinzigítica).<br />

O grau <strong>de</strong> metamorfismo alcançado na unida<strong>de</strong> biotita-gnáissica é médio, <strong>de</strong>ntro da<br />

facies anfibolito. Estão ausentes filitos <strong>de</strong> baixo grau e granulitos ou charnockitos <strong>de</strong> alto grau,<br />

e 1. o feldspato potássico normal é microclínico; 2. os micaxistos se compõem <strong>de</strong> moscovita e biotita;<br />

3. a granada almandina é comum, embora não abundante, nos representantes pelíticos; 4. ausência <strong>de</strong><br />

ortopiroxênios e presença <strong>de</strong> alguma hornblenda em rochas <strong>de</strong>composição apropriada; 5. presença <strong>de</strong><br />

titanita e ausência <strong>de</strong> rutilo; 6. plagioclásios não albíticos (oligoclásio a an<strong>de</strong>sina) acompanhados <strong>de</strong><br />

epidoto em certos micaxistos e biotita-gnaisses.<br />

Dado o caráter <strong>de</strong> reconhecimento rápido, pouco se po<strong>de</strong> adiantar quanto a estruturas<br />

e formas <strong>de</strong> ocorrência. De maneira geral, os kinzigitos normais são gnaisses em que finas<br />

e pouco regulares concentrações biotíticas se esten<strong>de</strong>m sinuosas quando não intensamente perturbadas<br />

em dobras apertadas. Nestes casos o aspecto migmatítico é claro, acentuado às vezes<br />

por plicamentos pitgmáticos.A <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s só tem sentido como dado para elaboração<br />

estatística. Assim, po<strong>de</strong>-se afirmar que, na unida<strong>de</strong> kinzigítica, as atitu<strong>de</strong>s se aproxi-


COUTlNHO 45<br />

mam <strong>de</strong> NNE com mergulhos variáveis, preferencialmente para E.<br />

Já na unida<strong>de</strong> biotita-gnáissica parece haver mais uniformida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s em<br />

afloramento mas muita heterogeneida<strong>de</strong> em afloramentos separados. Na região <strong>de</strong> Governador<br />

Valadares observa-se ainda certa homogeneida<strong>de</strong> em biotita-gnaisses (tonalitos), próximos <strong>de</strong><br />

NS (N20W a N20E) mergulhando levemente para E, 10 a 15°. A leste <strong>de</strong> Gal,iléia as atitu<strong>de</strong>s<br />

não se repetem com freqüência. Ainda assim haveria tendência <strong>de</strong> direções pró~imas a NS rom<br />

numerosos <strong>de</strong>svios para NW e EW. Aqui, os mergulhos são fortes, até verticais. Subenten<strong>de</strong>-se<br />

a existência <strong>de</strong> dobras ou falhas expressivas. Um exame <strong>de</strong> fotos aéreas e levantamento em<br />

pequena escala <strong>de</strong>vem revelar feições estruturais <strong>de</strong> interesse.<br />

A morfologia nas duas unida<strong>de</strong>s pré-cambrianas é, tanto quanto a litologia, nitidamente<br />

contrastante. Os kinzigitos do Espirito Santo afloram freqüentemente em gigantescos<br />

morros tipo Pão <strong>de</strong> Açúcar, elevando-se a mais <strong>de</strong> 200 ou 300 m sobre uma região, <strong>de</strong> outro<br />

modo, ondulada. Alguns daqueles monolitos são quase inteiramente <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> vegetação,<br />

outros são <strong>de</strong>nudados apenas em faces <strong>de</strong> escarpamento mais abrupto. Em certas áreas, 'Um<br />

represamento distante permitiu o aluvionamento <strong>de</strong> vales entre os altos morros, impriminckr<br />

características morfológicas distintas na região. Talvez por efeito da morfologia muito aci<strong>de</strong>ntada,<br />

o manto <strong>de</strong> intemperismo no vale do Rio Doce capixaba, não é profundo. São freqüentes<br />

os matacões <strong>de</strong> rocha fresca. Alguns se apresentam profundamente canelurados no sentido do<br />

escoamento <strong>de</strong> água pluvial. O interessante fenômeno se acha relacionado à estrutura da rocha.<br />

Assim, observou-se que rochas estruturalmente isotropas romo, granitos, granodioritos, noritos,<br />

fornecem matacões canelurados. Contrariamente, kinzigitos, biotita gnaisses e chamockitos,<br />

todos estruturalmente anisótropos, durante o intemperismo <strong>de</strong>compõem-se, <strong>de</strong>sintegram-se ou<br />

esfoliam-se e seus matacões são irregulares, elipsóidicos ou redondos, isentos <strong>de</strong> caneluras. Certamente<br />

a caneluração in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da susceptibilida<strong>de</strong> da rocha à dissolução pois, rochas dispares<br />

neste aspecto (granitos e noritos) apresentam-na no mesmo grau ao passo que outras, mineralógica<br />

e quimicamente eqüivalentes (granitos e biotita gnaisses) se comportam <strong>de</strong> maneira antagônica.<br />

A unida<strong>de</strong> biotita gnáissica <strong>de</strong> Minas Gerais é, geomorfologicamente, bem diferente.<br />

Os gran<strong>de</strong>s monolitos são raros e os escarpamentos mais importantes parecem se ligar a linhas<br />

<strong>de</strong> rejuvenescimento erosional possivelmente ativado por falhamentos. No restante, a região<br />

mostra morros irregulares ou em meia laranja, recobertos por profundos solos vermelhos. A<br />

litologia diferente dos 2 estados po<strong>de</strong> ter, <strong>de</strong> certo modo, condicionado as feições morfológicas e<br />

pedológicas atuais. Em Minas Gerais as rochas dominantes são biotita gnaisses e micaxistos<br />

ricos <strong>de</strong> minerais máficos (biotita) os últimos, e com alto teor <strong>de</strong> an<strong>de</strong>sina, os primeiros. Tais<br />

rochas, se comparadas aos kinzigitos e charnockitos capixabas, são estrutural e mineralogicamente<br />

bem menos resistentes ao intemperismo o que explicaria, em parte, a formação <strong>de</strong> topografia<br />

mais abrandada e solos vermelhos profundos.<br />

Petrografia<br />

Kinzigito (biotita granada gnaisse)<br />

Os kinzigitos, litologia dominante na bacia do Rio Doce no Espírito Santo, constituem<br />

os primeiros afloramentos a oeste da linha da costa, emergindo <strong>de</strong> baixo dos sedimentos<br />

Barreiras. As últimas exposições a oeste, situam-se no limite do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais. A<br />

orientação gp,ral estatística e os perfís percorridos indicam um corpo contínuo no rumo NS. Assim,<br />

o Pré-cambriano capixaba po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como uma faixa <strong>de</strong> kinzigitos <strong>de</strong> 60 km <strong>de</strong> largura<br />

esten<strong>de</strong>ndo-se paralelamente à costa.<br />

Os kinzigitos apresentam numerosas variações mineralógicas e texturais. O tipo<br />

dominante é uma rocha cinza claro, migmatítica. São encontradiças as formas nebulíticas ou<br />

bandadas (epibolito) nas quais, camadas neossomáticas quartzo-feldspáticas se intercalam a<br />

paleossoma biotítico em bandas mais finas irregulares e interrompidas. O dobramento po<strong>de</strong> ser<br />

brando ou apertado. Dobras ptigmáticas são também encontradas, especialmente em algumas<br />

das numerosas e <strong>de</strong>lgadas venulações pegmatíticas que recortam ou se intercalam nos kinzigitos.<br />

Mineralogicamente a rocha se distingüe pela presença relativamente abundante <strong>de</strong><br />

biotita e granada, associadas a quartzo e feldspatos. A granada é especialmente caractêrística dê<br />

kinzigitos. Destacando-se pela cor vermelha, abundância, e tamanho individual, emprestam


-<br />

46 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

gran<strong>de</strong> beleza e muitos afloramentos.<br />

Microscopicamente os kinzigitos exibem invariavelmente textura granoblástica xenoblástica.<br />

Em particularizações micáceas a textura é lepidoblástica. A granulação é média ou<br />

grossa.<br />

O quartzo, macroscopicamente cinza vítreo, ao microscópio forma cristais espalhados<br />

xenomórficos, arredondados ou amebói<strong>de</strong>s, parecendo corroer feldspatos.<br />

Dos feldspatos, macroscopicamente brancos ou cinza claros, o plagioclásio é certamente<br />

o mais abundante, conferindo ao kinzigito normal um caráter quartzo-dioritíco. Forma<br />

cristais límpidos e bem geminados segundo a lei da Albita e raramente segundo a do Periclínio.<br />

A variação encontrada para An em diversas lâminas ou num mesmo cristal (zonas), é pequena;<br />

An32-42 com moda em An38 , an<strong>de</strong>sina. Em parte das amostras é antipertítico. A associação<br />

mirmequítica é rara e restrita a contatos com feldspato potássico. O feldspato potássico geralmente<br />

se resume à antipertita e a pequenos grãos intersticiais <strong>de</strong> ortoclásio. Adquire maior importância<br />

volumétrica em camadas mais leucocráticas da rocha, especialmente nas pegmatói<strong>de</strong>s.<br />

Nestes casos é sempre um ortoclásio intensamente pertítico (pertita em lentes finas ou cabelos).<br />

A biotita, macroscopicamente preta, forma lâminas concentradas em camadas ou<br />

homogeneamente dispersa na rocha. Trata-se <strong>de</strong> uma biotita microscopicamente parda avermelhada<br />

até alaranjada. Biaxial2V=0-5°, Ng=1,64-1,65.<br />

A granada aparece constantemente, em cristais milimétricos ou centimétricos, tanto<br />

nas camadas leucocráticas como nas biotíticas. Sua percentagem modal é variável mas a média<br />

para kinzigitos aproxima-se<strong>de</strong> 3,5%. O mineral, macroscopicamente vermelho, é incolor em lâmina,<br />

on<strong>de</strong> aparece como porfiroblastos peciloblásticos, ricos <strong>de</strong> inclusões <strong>de</strong> quartzo. Altera-se<br />

em clorita ou biotita ver<strong>de</strong> ao longo <strong>de</strong> fraturas e na periferia. A associação mineral é N = 1,79-<br />

1,80 <strong>de</strong>monstram que a granada contém alto teor <strong>de</strong> molécula férrica: almandina.<br />

Dos minerais acessórios, os mais freqüentes são; apatita, zircão e opacos (ilmenita,<br />

magnetita, grafita). Seus cristais são em geral muito pequenos, esparsos e chegam a faltar completamente<br />

em vários preparados.<br />

Foram registrados os seguintes minerais <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong>utérica: clorita sericita, carbonatos,<br />

rutilo, pirita e leucoxênio.<br />

Outros minerais aci<strong>de</strong>ntalmente presentes em quantida<strong>de</strong> apreciáveis serão <strong>de</strong>scritos<br />

adiante.<br />

Varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> kinzigito<br />

a - kinzigito hololeucocrático - Em uma faixa NS, provavelmente em contato com<br />

charnockitos grosseiros a W, ocorrem, entre S. Gabriel e Colatina, diferenciações leucocráticas<br />

<strong>de</strong> kinzigito. Alguns tipos, especialmente entre S. Domingos e Angelo Frechiani, são tão claros<br />

que julgamos acertado adjetivá-Ios <strong>de</strong> hololeucocráticos. As superfícies em afloramento fresco<br />

são inteiramente brancas, salvo pela presença <strong>de</strong> granadas vermelhas em distribuição rarefeita. A<br />

ocorrência <strong>de</strong>ste mineral e mais, a natureza dos feldspatos e existência <strong>de</strong> rochas intermediárias<br />

relacionáveis no campo, apontam para os hololeucocráticos uma <strong>de</strong>rivação comum com kinzigitos,<br />

dos quais se diferenciariam pela quase ausência <strong>de</strong> Ca, Fe e Mg. Caber-lhe-iam igualmente bem<br />

as <strong>de</strong>nominações <strong>de</strong> leptito e granulito ácido.<br />

A <strong>de</strong>scrição microscópica <strong>de</strong>stas rochas é idêntica à dos kinzigitos normais, ressalvadas<br />

a presença <strong>de</strong> ortoclásio micropertítico em quantida<strong>de</strong>s muito superiores, escassez <strong>de</strong><br />

plagioclásio parcialmente sericitizado (oligoclásio AnlO_30), tamanho pequeno e rarida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

granadas e ausência <strong>de</strong> biotita.<br />

b - kinzigitos leucocráticos - São rochas muito claras que ocorrem misturadas aos<br />

kinzigitos hololeucocráticos na mesma faixa atrás <strong>de</strong>scrita. Exibem textura e mineralogia idên.<br />

ticas às anteriores com as modificações impostas pelo aumento do teor <strong>de</strong> Ca, Mg e Fe. Formase<br />

pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biotita pardo avermelhada (ao microscópio), aumentam as quantida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> granada e <strong>de</strong> plagioclásio (oligoclásio-an<strong>de</strong>sina An20-40) intermediário em An e teor<br />

modal, entre kinzigitos normais e hololeucocráticos.<br />

Uma pedreira em Nova Venecia é lavrada em kinzigito hololeucocrático e leucocrático<br />

contendo lentes e restos esfarrapados paleossomáticos <strong>de</strong> kinzigito charnockitói<strong>de</strong>. Aqui, é<br />

aparente uma relação consanguínea entre rochas claras e escuras. Provavelmente os horizontes<br />

leuco e hololeucocráticos representam frações muito enriquecidas <strong>de</strong> elementos siálicos extraídos


COUTINHO<br />

<strong>de</strong> substrato kinzigítico escuro. Estes, aqui e ali ainda resistem como paleossomas não digeridos<br />

(restitos ).<br />

c - kinzigito granitói<strong>de</strong> - Assim foram chamadas rochas grosseiras com composição<br />

mineral idêntica à <strong>de</strong> kinzigitos normais migmatíticos, ocorrendo em áreas espalhadas da faixa.<br />

Tanto quanto os kinzigitos normais, ou ainda mais que estes, sua composição se aprocima da <strong>de</strong><br />

um quartzo diorito (alto teor <strong>de</strong> plagioclásio an<strong>de</strong>sina em relação a feldspatos potássicos). O adjetivo<br />

escolhido apenas refere a estrutura ou aparência macroscópica <strong>de</strong> granitos. Efetivamente,<br />

nos kinzigitos granitói<strong>de</strong>s inexistem o leitos migmatíticos. As placas <strong>de</strong> biotita, muito comuns,<br />

se espalham homogeneamente pelo corpo rochoso e lhe imprimem (quando isoorientadas) a feição<br />

<strong>de</strong> granito gnaissoso ou ainda, (quando em distribuição caótica) a <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iros granitos.<br />

Salvo pela estrutura, todas as <strong>de</strong>mais feições mineralógicas e textuais dos kinzigitos nor.<br />

mais se repetem nos granitói<strong>de</strong>s~<br />

d - kinzigito cordierítico . Kinzigitos contendo cordierita ocorrem freqüentemente no<br />

interior do corpo kinzigítico regional mas ten<strong>de</strong>m a passar <strong>de</strong>sapercebidos em razão da notável<br />

semelhança macroscópica <strong>de</strong> quartzo com cordierita. Ocasionalmente formam corpos possantes<br />

permitindo a lavra <strong>de</strong> pedreiras, caso das ocorrências a leste <strong>de</strong> Nova Venezuela e na margem<br />

leste da Lagoa <strong>de</strong> Juparanã. Dada a posição <strong>de</strong>stes 2 pontos, é <strong>de</strong> se supor que a parte oriental<br />

da unida<strong>de</strong> kinzigítica componha um nível mais argiloso da antiga seqüência sedimentar.<br />

Por outro lado, são relativamente comuns os afloramentos cordieríticos no restante<br />

da unida<strong>de</strong> kinzigítica, mas sempre em camadas oU lentes relativamente finas. No campo sua<br />

i<strong>de</strong>ntificação é díficil: <strong>de</strong> modo geral o kinzigito cordierítico é mais escuro que o normal, em<br />

média um cinza bastante parecido com o dos kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s. Por vezes também, um<br />

kinzigito <strong>de</strong> aparência normal po<strong>de</strong> conter cordierita, <strong>de</strong>nunciada pela presença <strong>de</strong> quartzo<br />

. azulado ou esver<strong>de</strong>ado. De fato, os tons cinza azulados ou esver<strong>de</strong>ados <strong>de</strong> cordierita e <strong>de</strong> alguns<br />

quartzos chamockíticos, se eqüivalem. Além <strong>de</strong>stas, a cordierita também apresenta ocasionalmente<br />

as cores; violeta, branco, fosco, cinza puro e po<strong>de</strong> ainda ser incolor, aparências tambÉm<br />

muito conhecidas em quartzo.<br />

Nos corpos cordieríticos maiores foi possível verificar estruturas periféricas <strong>de</strong> cor.<br />

rosão tanto nos grãos como em agregados cordieríticos. É provável que, da mesma forma que<br />

nos chamockitói<strong>de</strong>s, os kinzigitos cordieríticos, instabilizados na massa migmatítica regional,<br />

funcionem como restitos paleossomáticos em vias <strong>de</strong> digestão e <strong>de</strong>saparecimento.<br />

Os kinzigitos cordieriticos, normalmente pardos e cinzentos, po<strong>de</strong>m ocorrer em cores<br />

lErdo clara ou média (Nova Venecia) ou cinza azulado (Juparanã). São sempre bem orientados<br />

por gnaissificação <strong>de</strong>vida a micas ou lentes cordieríticas. A granulação é média, perceptivelmente<br />

mais fina que a <strong>de</strong> kinzigitos normais. Destes ainda diferem pelas seguintes características<br />

evi<strong>de</strong>nciadas ao microscópio; pobreza <strong>de</strong> quartzo, que chega a faltar nascamadasmilimétricas<br />

mais ricas <strong>de</strong> cordierita; feldspato potássico geralmente abundante (ortoclásio ou microclínio<br />

<strong>de</strong> baixa triclinicida<strong>de</strong>); plagioclásio (oligoclásio ou an<strong>de</strong>sina sódica) relativamente raro;<br />

granada almandina, componente habitual <strong>de</strong> pequenas ocorrências, po<strong>de</strong> se restringir apenas a<br />

faixas pegmatói<strong>de</strong>s nos corpos maiores <strong>de</strong> Nova Venecia e Juparanã; biotita, em tons pardo<br />

alaranjado ou vermelho muito vivo se concentra em particularizações xistosas ou se distribui es.<br />

cassamente pelo corpo.<br />

Os cristais <strong>de</strong> cordierita geralmente se agrupam em formas lenticulares ou camadas.<br />

Quando macroscopicamente azuis ou violetas, os grãos são frescos e com poucas inclusões. Finas<br />

camadas periféricas <strong>de</strong> alteração pinítica <strong>de</strong>vem conferir cor ver<strong>de</strong> ao mineral macroscópico. A<br />

cor cinza parece se relacionar à formação, internamente, <strong>de</strong> substância <strong>de</strong> alteração, amorfa<br />

(opala ?), observada ao microscópio entrando no cristal em linhas ou tubos curvos. A cor branco-opaca<br />

i<strong>de</strong>ntifica cordieritas <strong>de</strong> agregados finos ou <strong>de</strong> cristais maiores cravejados <strong>de</strong> inclusões,<br />

das quais, as mais abundantes são pequenos prismas <strong>de</strong> sillimanita reunidos em ondas sinuosas.<br />

Outras inclusões po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> zircão, fornecendo ou não, halos pleocróicos amarelos, grafita, ilmenita,<br />

etc.<br />

Dos acessórios, foram encontrados, embora dispersos e em grãos pequenos: zircão,<br />

grafita, ilmenita, rutilo, sulfetos. A apatita geralmente falta por completo. A magnetita forma<br />

localmente importantes concentrações, especialmente nas ocorrências <strong>de</strong> Nova Venecia e Ju-<br />

IEranã. Trata-se provavelmente <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> aluminosa e magnesiana como atestam freqüentes<br />

associações (ex-solução ?) íntimas, ou inclusões <strong>de</strong>: espinélio ver<strong>de</strong>, córindon incolor e hoegbomita<br />

parda.<br />

47


48 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

São comuns os intercrescimentos periféricos entre diversos minerais: cordierita +<br />

quartzo; plagioclasio + quartzo; cordierita + ortoclásio; biotita + quartzo.<br />

e - kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s - Assim foram <strong>de</strong>nominadas rochas cinzentoesver<strong>de</strong>adas,<br />

granulação média e estrutura gnaissosa em evidência variável. A espessura dos<br />

corpos oscila entre centímetros até, talvez, <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> m. Formam provavelmente lentes e são<br />

encontradas intercaladas em kinzigito migmatítico normal, espalhadas por toda a área kinzigítica,<br />

especialmente em sua parte oriental.<br />

Dada a forma <strong>de</strong> ocorrência, presença <strong>de</strong> biotita e certas feições microscópicas (como<br />

alterações retrógradas <strong>de</strong> hiperstênio), acredita-se que os kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s representem<br />

restitos paleossomáticos ainda não totalmente digeridos no migmatito kinzigítico regional.<br />

A rocha é mineralógica e texturalmente semelhante aos kinzigitos regionais. Anotaram-se<br />

as seguintes peculiarida<strong>de</strong>s: quartzo arredondado e amebói<strong>de</strong>, macroscopicamente ver<strong>de</strong><br />

ou azul em alguns locais. O plagioclásio, habitualmente anti-pertítico, é uma an<strong>de</strong>sina cálcica<br />

(An38-50) por vezes com zonas internas labradoríticas. Prepon<strong>de</strong>ra inteiramente entre os feldspatos,<br />

motivo pelo qual seria correto classificar tais rochas como en<strong>de</strong>rbitos. Biotita e granada, relativamente<br />

abundantes, com as mesmas caracteísticas microscópicas observadas em Kinzigitos normais.<br />

O ortopiroxênio é um hiperstênio pleocróico (2V(-) =600, Ng= 1,715), formando grãos<br />

equidimensionais esparsos e, variavelmente alterados em minerais secundários, biotiticos serpentinosos<br />

e carbonáticos.<br />

Os acessórios incluem a apatita, quase sempre abundante, e magnetita. Zircão po<strong>de</strong><br />

faltar ou formar cristais raros e pequenos, inclusos em biotita. Pirita e grafita são ocasionais.<br />

Em relação ao que chamamos charnockitos normais, e através do estudo microscópico,<br />

nota-se que os kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser calco-ferromagnesianos enquanto os<br />

primeiros seriam mais sílico-alcalinos (mais ferruginosos também na fração <strong>de</strong> máficos). Consi<strong>de</strong>rados<br />

como membros <strong>de</strong> família magmática, os kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s seriam menos, e<br />

os charnockitos mais, dlterencIados.<br />

Chamockito (grosseiro)<br />

A partir <strong>de</strong> duas secções inferiu-se a ocorrência <strong>de</strong> uma faixa com vários km <strong>de</strong> espessura,<br />

correndo NS <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Barra <strong>de</strong> S. Francisco até Itapina, formada exclusivamente <strong>de</strong><br />

rochas extremamente grosseiras (cristais centimétricos). Quando fresca exibe cor ver<strong>de</strong> médio a<br />

escuro, raramente cinzento puro. A forma <strong>de</strong> ocorrência, caracteristicasmorfológicas e presença<br />

<strong>de</strong> hiperstênio (var. ferrohiperstênio ou eulita) modal permite classificar tais rochas como charnockitos,<br />

sensu strictu (Heinrich).<br />

Tais rochas são aqui <strong>de</strong>scritas como sub-unida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacada dos chamados kinzigitos<br />

charnockitói<strong>de</strong>s, por constituirem um gran<strong>de</strong> corpo relativamente uniforme em textura e composição.<br />

Em relação aos últimos, são muito mais grosseiros (raras sombras mais finas) e mostram<br />

tonalida<strong>de</strong>s ver<strong>de</strong>s mais acentuadas. Em afloramento, são bastante homogêneos não tendo<br />

sido possível verificar transições para kinzigitos típicos. Em um afloramento observa-se passagem<br />

para rochas regionais através <strong>de</strong> tipos gnáissicos grosseiros gradualmente mais claros<br />

(até róseo) e menos ricos <strong>de</strong> hiperstênio. Este, altera-se em agregados serpentinosos e <strong>de</strong>saparece.<br />

Também ao microscópio é possível verificar certas diferenças com os kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s.<br />

A maior <strong>de</strong>ssas é a escassez ou ausência <strong>de</strong> granada. A biotita, (pardo em geral esver<strong>de</strong>ado,<br />

Ng= 1,670-1,685), outro mineral característico <strong>de</strong> kinzigitos, ainda comparece discretamente,<br />

conferindo caráter gnáissico aos charnockitos do perfil norte. Entretanto praticamente<br />

<strong>de</strong>saparece no perfil sul, on<strong>de</strong> a leve gnaissificação é provocada por isorientação <strong>de</strong> feldspatos<br />

maiores ou por concentrações alongadas <strong>de</strong> minerais máficos (hornblenda, ortopiroxênio).<br />

Nos charnockitos grosseiros ainda aumentam substancialmente as quantida<strong>de</strong>s modais <strong>de</strong> feldspato<br />

potássico, os quais constituem cristais mais avantajados em tamanho (até 10 cm em uma<br />

exposição). Nos chamockitos do norte o feldspato potássico é um ortoclásio micropertítico localmente<br />

- em bordas, inclusões, fraturas-<strong>de</strong>senvolvendo geminação gra<strong>de</strong>ada: o microclínio po<strong>de</strong>ndo<br />

também aparecer em discretos cristais isolados intersticiais. Sendo as rochas microclínicas<br />

também biotíticas, sugere-se que as mesmas só encontradas ao norte, estiveram sujeitas às<br />

<strong>de</strong>formações e ativida<strong>de</strong>s metassomatizantes potássicas <strong>de</strong> uma fase tardia <strong>de</strong> metamorfismo.


COUTlNHO 49<br />

No perfil sul o feldspato é inteiramente ortoclásio micropertítico (cabelos), não se<br />

observando quase biotita.<br />

O plagioclásio, sempre anti-pertítico, é menos abundante e mais sódico (An32-40) que<br />

o dos kinzigitos charnockitói<strong>de</strong>s. Apenas em uma amostra mostrou-se nitidamente em quantida<strong>de</strong>s<br />

superiores ao ortoclásio e conferindo à rocha um caráter en<strong>de</strong>rbítico.<br />

Quartzo aparece em grão arredondados ou amebói<strong>de</strong>s como em kinzigitos.<br />

Hornblenda hastingsítica, ver<strong>de</strong> escura, é freQÜente nos charnockitos do sul, on<strong>de</strong><br />

assume as funções modais da biotita. Os grãos se cristalizam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos <strong>de</strong>mais<br />

máficos.<br />

Algum clinopiroxênio (diopsídico) fui observado em charnockitos do sul. O piroxênio<br />

dominante entretanto é ortorrômbico, em percentagens modais pequenas. O mineral é relativamente<br />

ferroso (ferrohiperstênio) chegando em duas amostras a atingir Ng=1,760, próprio da<br />

eulita. Encontra-se freqüentemente alterado parcial ou totalmente em agregados contendo<br />

biotita secundária (nontronita ?), carbonatos, serpentina.<br />

Atribui-se a cor ver<strong>de</strong> ou cinza esver<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte dos charnockitos, à libertação<br />

<strong>de</strong> oxidos <strong>de</strong> Ferro do ortopiroxênio em alteração. Tais óxidos se mobilizam para interstícios,<br />

preenchem-nos e impregnam fraturas e clivagens <strong>de</strong> quartzo e feldspatos, corando-os<br />

macroscopicaInente <strong>de</strong> ver<strong>de</strong>. São comumente observados nestes charnockitos, em lâmina, grãos<br />

<strong>de</strong> quartzo e feldspato atravessados por fraturas si,nuosas preenchidas <strong>de</strong>.moscovita e pigmento<br />

ver<strong>de</strong>, tanto mais abundantes e tanto mais ver<strong>de</strong>s quanto mais próximos <strong>de</strong> um ortopiroxênio<br />

alterado. E sugestivo também o fato <strong>de</strong> que são mais ver<strong>de</strong>s as rochas félsicas da faixa charnockítica<br />

(especialmente norte) e menos ver<strong>de</strong>s (mais cinzentas) as amostras <strong>de</strong> kinzigito charnockitói<strong>de</strong>,<br />

mais básico. Naquelas o ortopiroxênio (eulita) é bem mais ferroso que nos últimos, on<strong>de</strong><br />

o ortopiroxênio é hiperstênio.<br />

Apatita e magnetita são acessórios freqüentes. Zircão é mais raro.<br />

Granodiorito gnaisso8o<br />

Foram assim <strong>de</strong>nominados alguns corpos <strong>de</strong> rocha aparentemente intrusiva sintectônica,<br />

muito homogênea em visâo macro e microscópica. Afloramentos separados por <strong>de</strong>zenas<br />

<strong>de</strong> km, são muito parecidos. Encontram-se exclusivamente <strong>de</strong>ntro da unida<strong>de</strong> kinzigítica e<br />

parecem constituir corpos lensói<strong>de</strong>s, mais concentrados na borda leste da mesma. Os corpos não<br />

parecem muito gran<strong>de</strong>s; seus afloramentos não persistem por mais <strong>de</strong> uma ou duas centenas <strong>de</strong><br />

metros na direção do trend regional.<br />

São rochas macroscopicamente cinzentas, <strong>de</strong> granulação média, recortadas por pegmatitos<br />

<strong>de</strong> cor creme e aparência sienitica (pouco quartzo). A gnaissificação é vaga, planar ou<br />

linear, imprimida por biotitas e hornblendas suborientadas e separadas.<br />

Apesar <strong>de</strong> sua distribuição geográfica, os granodiorito-gnaisses não mostram afinida<strong>de</strong>s<br />

com kinzigitos, dos pontos <strong>de</strong> vista estrutural, textural e mineralógico. Não se exclui<br />

porém a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>rivação contemporânea, talvez antigos horizontes margosos bem<br />

diferenciados na coluna sedimentar. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intrusões Ígneas granodioríticas é mais<br />

favorecida pela petrografia mas não explica a forma, relacionamento paralelo e a distribuição<br />

preferencial dos corpos em <strong>de</strong>terminados horizontes, exclusivamente na unida<strong>de</strong> kinzigítica.<br />

A textura da rocha é equigranular parecendo metamórfica (granolepidoblástica).<br />

Entre os feldspatos, o plagioclásio aparece em quantida<strong>de</strong>s equivalentes ou pouco<br />

superiores às <strong>de</strong> feldspato potássico. O plagioclásio (an<strong>de</strong>sina An30-40), aparece em grãos frescos,<br />

geminados em Ab ou Ab-Cb, algo sericitizados. O ortoclásio é normal, raramente pertítico.<br />

A biotita é pardo suja esver<strong>de</strong>ada. A hornblenda é possivelmente uma femagstingsita (X<br />

amarelo, Y ver<strong>de</strong> pardacento, Z ver<strong>de</strong>: 2Vx=60o; Z/c=14°, Nz=1.695, Nz-NxO.0l5-0,020). Altera-se<br />

retrometamorficamente em biotita e. hidrotermalmente em carbonatos, clorita, anfibólio<br />

rox


50 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

por gnaissificação incipiente e composição variável entre granitos alaskíticos e granodioritos.<br />

Parecem correspon<strong>de</strong>r a intrusões tarditectõnicas e formam, na unida<strong>de</strong> kinzigítica, por vezes,<br />

gran<strong>de</strong>s monolitos tipo Pão <strong>de</strong> Açúcar, da mesma forma que os kinzigitos migmatíticos. Com<br />

exceção dos alaskitos, foram também encontrados intrometidos na seqüência biotita gnáissica <strong>de</strong><br />

Minas Gerais.<br />

Diferenciaram-se no campo os seguintes tipos; biotita-granito porfirói<strong>de</strong>, biotitagranito<br />

eqüigranular gnaissoso, granito leucocrático (creme) grosseiro e granito alaskítico róseo.<br />

Ao microscópio parte é tipicamente adamelítica.<br />

A textüra na maioria é caracteristicamente hipidiomórfica granular mas em alguns<br />

observou-se maior similarida<strong>de</strong> com a granoblástica xenomórfica <strong>de</strong> kinzigitos.<br />

O quartzo é arredondado ou intersticial xenomórfico. O feldspato potássico é normalmente<br />

um microclínio high, em alaskito e em intrusões <strong>de</strong>ntro ou próximas da unida<strong>de</strong> biotitagnáissica.<br />

Em tipos comuns da unida<strong>de</strong> kinzigítica parece predominar ortoclásio. A pertita fina é<br />

rara; ou está ausente ou aparece em manchas. O plagioclásio é geralmente oligoclásio ou an<strong>de</strong>sina<br />

(observados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> An7 até An3S), bastante sericitizados. Os máficos compreen<strong>de</strong>m<br />

biotita pardo suja ou alaranjada, parcialmente cloritizada. Hornblenda (Mg- ou Fe-hastingsita) é<br />

muito rara, bem como a granada. Alguns granitos contém moscovita. Os acessórios compreen<strong>de</strong>m;<br />

apatita, zircão, ilmenita, magnetita e allanita.<br />

Noritos<br />

Foram encontrados 2 pequenos corpos intrusivos <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> rocha. Um <strong>de</strong>les, em<br />

Baunilha, SE <strong>de</strong> Colatina, faz contatos com kinzigíto e é parcialmente recoberto por sedimentos,<br />

não se conhecendo sua forma no plano horizontal. O segundo, aflora em <strong>de</strong>pressão circular, ao<br />

norte <strong>de</strong> Baixo Guandu, ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> altos morros biotito-gnáissicos e kinzigíticos.<br />

As amostras exibem geralmente cor cinza ou cinza pardacenta, granulação grosseira<br />

e feldspatos em placas cinzentas ou pardas. Placas maiores e brilhantes são <strong>de</strong> biotita. Alguns<br />

afloramentos em Baixo Guandu, <strong>de</strong> rocha mais diferenciada são pardo esver<strong>de</strong>ados.<br />

A textura é hipidiomórfica granular, ten<strong>de</strong>ndo à subofítica traquitói<strong>de</strong>.<br />

O plagioclásio em ripas grossas é intensamente geminado em Ab, Ab-Cb, periclínio e<br />

Manebach. Trata-se <strong>de</strong> labradorita AnSO-60' O piroxênio comum em Baunilha é um hiperstênio<br />

apresentando internamente plaquetas pardas. Parte menor é formada por augita em cristais<br />

gran<strong>de</strong>s ou pequenos, parecendo substituir hiperstênio nas bordas. Em Baixo Guandu, no tipo<br />

normal, o hiperstênio forma poucos cristais maiores que incluem olivina. Em geral faz parte <strong>de</strong><br />

intercrescimentos e coroas <strong>de</strong> reação. No tipo diferenciado forma prismas grossos algo arredondados<br />

ex-solvendo internamente fitas <strong>de</strong> augita ou pigeonita. A augita, no tipo normal forma<br />

cristais gran<strong>de</strong>s, ramificados e intersticiais, contendo às vezes, plaquetas pardas; no tipo diferenciado,<br />

só ocorre em cristais minúsculos, intercrescida ou misturada com quartzo. Olivina<br />

(2Vx=80o~, levemente alterada em serpentina e cercada por minerais <strong>de</strong> reação ocorre apenas no<br />

tipo não diferenciado <strong>de</strong> Baixo Guandu. A biotita, forma em todas as amostras examinadas,<br />

placas maiores <strong>de</strong> cor macroscópica pardo laranja vivo. Normalmente é poiquilítica. Apatita e<br />

magnetita, por vezes ramificados e intersticiais são acessórios comuns. Pirita ocorre raramente.<br />

Quartzo aparece por vezes intersticialmente em quantida<strong>de</strong>s mínimas ou intercrescido com<br />

biotita em bordas <strong>de</strong> reação.<br />

Biotita gnaisse<br />

Foram <strong>de</strong>nominados biotita gnaisses quaisquer tipos litológicos bem orientados por<br />

acamamento migmatítico ou gnaissificação uniforme e, caracterizados pela associação quartzofeldspato-biotita,<br />

com pouca ou nenhuma granada.<br />

E este o tipo litológico predominante na bacia do Rio Doce em Minas Gerais <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Governador Valadares até a divisa com o Espírito Santo. Neste Estado a rocha é muito rara<br />

havendo porém a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se classificar como biotita gnaisses certos kinzigitos menos<br />

ricos <strong>de</strong> granada ou certos granitos gnaissificados.<br />

Os pegmatitos, por vezes possantes (mais <strong>de</strong> 10 m~ recortam o corpo biotitognáissico,<br />

freqüentemente <strong>de</strong> maneira discordante, veriticais ou inclinados e sinuosos.<br />

Como migmatito é uma rocha cinzenta, rica <strong>de</strong> camadas paleossomáticas biotíticas,


COUTINHO 51<br />

intercaladas com neossoma leucocrático quartzo feldspático. Tipos não migmatíticos incluem<br />

principalmente biotita gnaisses tonalíticos <strong>de</strong> aparência grauváquica, abundantes na região<br />

imediatamente a leste <strong>de</strong> Governador Valadares.<br />

Sua textura é granolepidoblástica e a mineralogia é simples, composta essencilamente<br />

<strong>de</strong> quartzo, feldspato e biotita.<br />

O quartzo é componente obrigatório, em grãos arredondados. Em uma amostra (156),<br />

aparece em corpos poligonais, juntamente com feldspatos i<strong>de</strong>m.<br />

O feldspato potássico é normalmente um microclínio pouco pertítico, mas po<strong>de</strong><br />

ocorrer como ortoclásio pertítico em rochas próximas ou <strong>de</strong>ntro da unida<strong>de</strong> kinzigítica. É abundante<br />

nas camadas claras <strong>de</strong> biotita gnaisse migmatítico e ausente no biotita gnaisse tonalítico.<br />

O plagioclásio nos tipos migmatíticos é comumente um oligoclásio-an<strong>de</strong>sina (An28)<br />

com variação possível <strong>de</strong> An12-38' Já nos tipos tonalíticos é an<strong>de</strong>sina, em média An46' variando<br />

entre An36 e An52' com poucas mas nitidas traves <strong>de</strong> geminação e restrito zoneamento.<br />

A biotita não apresenta os tons avermelhados <strong>de</strong> kinzigitos, sendo comuns as tonalida<strong>de</strong>s<br />

pardo escuro, amarelado ou esver<strong>de</strong>ado (Ng=1,650).<br />

Moscovita e granada são minerais encontrados aci<strong>de</strong>ntalmente, em especial no tipos<br />

não tonalíticos, esta mais rara que aquela. Já a hornblenda comum ver<strong>de</strong> (Ng=1,680-1,695) é<br />

mineral freqüente, em quantida<strong>de</strong>s pequenas, em qualquer tipo.<br />

E pidoto , allanita, turmalina (em camadas mais biotíticas), apatita, zircão, titanita,<br />

rutilo, ilmenita, magnetita e grafita, são acessórios <strong>de</strong> freqüência variável.<br />

Leucoxênio, clorita, pirita são produtos <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong>utérica.<br />

Micaxisto<br />

Intrometidos em biotita gnaisses, ocorrem uma certa freqüência entre Conselheiro<br />

Pena e Colatina, restos não granitizados <strong>de</strong> extinitos micáceos classificáveis como micaxistos. A<br />

rocha normalmente lepidoblástica, marcadamente xistosa, com a estrutura ditada por paralelismo<br />

<strong>de</strong> placas micáceas miúdas. Em zonas granitizadas a mica é relativamente grosseira.<br />

Seu componente mais abundante é uma biotita pardo amarelado, acompanhada em<br />

geral por certas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> biotita e menores, <strong>de</strong> quartzo. Foram encontrados porfiroblastos<br />

<strong>de</strong> biotita, granada e clorita (alteração <strong>de</strong> biotita ?) em uma exposição, e <strong>de</strong> plagioclásio em<br />

outra; nas duas os megacristais se <strong>de</strong>senvolveram em estágio pós-cinemático. Nas mesmas condições,<br />

e em outros afloramentos, é provável a ocorrência <strong>de</strong> cianita, turmalina, cloritói<strong>de</strong> ou estaurolita.<br />

Em cristais miúdos, na matriz micácea, foram i<strong>de</strong>ntificados; turmalina, zircão, ilmenita,<br />

grafita, titanita, allanita, apatita, rutilo. Sillimanita em agulhas ou pequenos prismas é hóspe<strong>de</strong><br />

habitual <strong>de</strong> quartzo, biotita ou moscovita. Ocorre também sob a forma <strong>de</strong> agulhas (fibrolita) semidivergentes<br />

ou convergentes em fusos.<br />

Ortoclásio ou microclinio e plagioclásio sódico são raros ou restritos a finas línguas<br />

quartzo-feldspáticas concordantes.<br />

Quartzito<br />

Formam raros e <strong>de</strong>lgados corpos rochosos preferencialmente associados a micaxistos.<br />

Um corpo mais possante entretanto, ocorre como cunha (tecwnica ?) em plena zona <strong>de</strong> charnockitos<br />

grosseiros, ao norte <strong>de</strong> !ta pina.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma rocha branca, grosseira, exibindo nítido acamamento e xistosida<strong>de</strong><br />

incipiente, <strong>de</strong>senvolvida por moscovita. A rocha é essencialmente quartzo (mais <strong>de</strong> 90%) e pouca<br />

moscovita. Um resíduo pesado <strong>de</strong> separação da amostra 154, mostrou também; ilmenita, zircão,<br />

granada e diopsídio; mais raros; biotita, titanita, hornblenda e turmalina.<br />

Rochas <strong>de</strong> afloramento em pequena escala<br />

Basalto - Durante a coleta <strong>de</strong> amostras foi encontrado apenaS um dique com 50 cm<br />

<strong>de</strong> espessura, cortando kinzigitos junto ao contato <strong>de</strong>ste com nititos (Baunilha). A associação<br />

com pluton básico parece casual pois é problemática sua <strong>de</strong>rivação consanguínea. A mineralogia<br />

da rocha <strong>de</strong> dique nada esclarece.


--<br />

52 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

A amostra é <strong>de</strong> cor cinza escuro, afanítica, compacta e <strong>de</strong>nsa.<br />

A textura é intergranular a intersertal. Dominam, como <strong>de</strong> hábito, os seguintes componentes;<br />

plagioclásios (ripas <strong>de</strong> labradorita) e piroxênios (grânulos <strong>de</strong> augita). Há.gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ilmenita (+magnetita ?) e mesóstasis microcristalina formada por micrólitos <strong>de</strong> ilmenita,<br />

feldspatos (zeolitos ?), quartzo, carbonatos, etc. Não foram encontrados ortopiroxênios e<br />

biotita, obrigatórios no norito da região.<br />

Pegmatito - Tanto em kinzigitos como em biotita gnaisses, granodioritos gnaissosos<br />

e micaxistos, ocorrem numerosos corpos <strong>de</strong> pegmatito, ten<strong>de</strong>ndo a concordantes e pouco espessos<br />

na provincia kinzigítica e a discordantes e variáveis (até muitos espessos; <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> metros)<br />

na unida<strong>de</strong> biotita-gnáissica.<br />

A mineralogia é a conhecida para pegmatitos. Sendo eles produtos <strong>de</strong> filtragem <strong>de</strong><br />

hiperfusíveis das rochas regionais, admitem uma composição mais rica <strong>de</strong> quartzo e feldspato<br />

potássico, este, ortoclásio pertítico na província kinzigítica e microclínio na provincia biotitognáissica.<br />

Plagioclásio é pouco abundante e relativamente sódico (oligoclásio em pegmatitos <strong>de</strong><br />

biotita gnaisses e an<strong>de</strong>sina sódica em pegmatitos kinzigíticos). Na província kinzígitica estas<br />

rochas costumam ser carregadas <strong>de</strong> granada não tendo sido reconhecida turmalina em lâmina.<br />

Outros minerais que aqui po<strong>de</strong>m aparecer são: sillimanita, cordierita, magnetita e biotita. Na<br />

provincia biotito-gnáissica são numerosos os afIoramentos mostrando turmalina macroscopicamente<br />

preta. Aqui ainda po<strong>de</strong>m ser vistos; moscovita e granada (pouca). A região é conhecida<br />

como produtora <strong>de</strong> pedras coradas;<br />

crisoberilo, brasilianita, entre outras.<br />

turmalinas ver<strong>de</strong> e rosea, berilo, água marinha, . topázio,<br />

Rocha calcossilicática - Foi amostrada uma camada relativamente fina (2 m) <strong>de</strong>sta<br />

rocha, intercalada em kinzigitos, a leste <strong>de</strong> Itapina. Em afloramento é uma rocha cinza amarelada<br />

<strong>de</strong> grão médio, com acamamento inferível por ótima separação tabular.<br />

A textura é tipicamente granoblástica e sua composição variável <strong>de</strong> acordo com as<br />

camadas. Predominam os minerais; microclínio baixo ou ortoclásio com sombras <strong>de</strong> geminado<br />

em gra<strong>de</strong>, escapolita (mizzonita) e diopsídio em parte uralitizado e carbonatizado. Em menores<br />

quantida<strong>de</strong>s; quartzo, titanita e calcita. São acessórios: fIogopita, plagioclásio (associado a escapolita),<br />

zircão arredondado, magnetita, pirita e grafita.<br />

Meta-concreção - Em muitos afloramentos kinzigíticos ocorrem, inclusos ao longo <strong>de</strong><br />

!Rixas migmatíticas, pequenos corpos, geralmente com formas externas arredondadas, compostas<br />

<strong>de</strong> rocha cinza muito fina, compacta e tenaz. Lembra muito certos quartzitos finos, com os<br />

quais ainda se confun<strong>de</strong> mais por aparecer ocasionalmente como camadas finas.<br />

A textura microscópica é caracteristicamente granoblástica fina.<br />

A rocha compõe-se essencialmente <strong>de</strong> Quartzo e feldspato poligonais sendo este, exclusivamente<br />

plagioclásio, geralmente muito cálcico (bytownita-anortita,AI190)' com rara geminação<br />

periclínica e mais rara albítica. Em maiores ou menores quantida<strong>de</strong>s, conforme camadas,<br />

ocorrem grãos equidimensionais <strong>de</strong> outros minerais cálcicos ou ferromagnesianos; calcita,<br />

granada, tremolita, apatita, diopsídio, hiperstênio, titanita. (Grafita é opaco freqüente).<br />

O acamamento é geralmente críptico, só evi<strong>de</strong>nciado em algumas seções <strong>de</strong>lgadas<br />

pela distribuição diferencial <strong>de</strong> certos minerais coloridos ou opacos.<br />

Este fato, aliado à forma <strong>de</strong> ocorrência e associações minerais, permitem supor que<br />

tais formações tenham sido inicialmente camadas arenosas transformadas em concreções por<br />

cimentação calcária e, posteriormente, metamorfozeadas na condição atual, juntamente com os<br />

sedimentos pelíticos envolventes (atuais kinzigitos).<br />

OCORRÊNCIA, FREQUÊNCIA E CARACTERíSTICAS MORFOLOmCAS<br />

DE MINERAIS PESADOS<br />

(Referência; médias finais, última coluna da tabela <strong>de</strong> análises modais)<br />

São fornecidas no local indicado, percentagens modais para cada mineral encontrado<br />

Em preparados <strong>de</strong> rochas do cristalino pré-cambriano do Vale do Rio Doce. Em consequência da


COUTlNHO<br />

amostragem esparsa e irregular, os valores médios obtidos, têm significação muito restrita, permitindo<br />

apenas avaliações comparativas. Tendo em vista este fim, os próprios minerais acessórios<br />

(% menor que 1), são representados por números <strong>de</strong>cimais sendo-Ihes atribuido, para fins<br />

<strong>de</strong> cálculo um valor <strong>de</strong> 0,3 quando presentes (pr.) na lâmina. Ao zircão, por seu tamanho individual<br />

menor, foi atribuido o valor 0,2 quando presente. De várias amostras <strong>de</strong> um mesmo<br />

afloramento (mesmo número, diferentes coeficientes em letras ou algarismos) foi tomado um só<br />

valor médio para os minerais.<br />

A composição média total do cristalino correspon<strong>de</strong> a um biotita adamellito. Não<br />

foram calculados separadamente as porcentagens para as duas unida<strong>de</strong>s pré-cambrianas mas o<br />

exame microscópio permite registrar que:<br />

1 - Na unida<strong>de</strong> kinzigítica são superiores à média, os valores para; cordierita,<br />

granada, ortoclásio, ortopiroxênio, plagioclásio antipertítico, sillimanita e ortoclásio pertítico.<br />

2 - Na unida<strong>de</strong> biotita gnáissica são superiores à média os valores para; epidoto,<br />

microclínio, moscovita, plagioclásio, titanita e turmalina.<br />

Alguns minerais merecem consi<strong>de</strong>ração especial em vista <strong>de</strong> sua importância como<br />

componentes <strong>de</strong> resíduo pesado <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong>rivados. São aqui arrolados, juntamente com<br />

outros ocorrendo apenas em sedimentos:<br />

A - Opacos, semiopacos e agregados.<br />

Magnetita, ilmenita, hematita, limonita, pirita, pirrotita e grafita po<strong>de</strong>m ser encontrados<br />

em quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acessório em qualquer tipo litológico do Cristalino. Magnetita e ilmenita,<br />

especialmente em corpos básicos (norito, basalto).<br />

B - Transparentes.<br />

1 - Anatásio Possivelmente constitui parte <strong>de</strong> agregados leucoxênicos. Em sedimentos<br />

é claramente autígeno.<br />

2 - Anàaluzita. Não foi encontrada em qualquer rocha coletada no Cristalino mas há<br />

informações <strong>de</strong> sua ocorrência aluvionar em diversos pontos próximos ao limite dos estados <strong>de</strong><br />

Minas Gerais e Espírito Santo, portanto na unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica. Presumivelmente formouse<br />

primariamente em auréolas <strong>de</strong> granitos intrusivos ou se incorporaram aos mesmos, e seus<br />

pegmatitos.<br />

3 - Apatita. Acessório normal e comum em qualquer rocha do Cristalino. Em grãos<br />

macroscopicamente amarelos ou ver<strong>de</strong>s, em kinzigitos e pegmatitos. Ao microscópio é incolor,<br />

isenta <strong>de</strong> inclusões. Prismas curtos e arredondados ou agulhas, as últimas, em noritos e basaltos.<br />

4 - Biotita. Mineral espalhado por todo o Cristalino em concentrações relativamente<br />

elevadas. A varieda<strong>de</strong> pardo vermelha ou alaranjada é comum na unida<strong>de</strong> kinzigítica e a pardo<br />

esver<strong>de</strong>ada, nos biotita gnaisses.<br />

5 - Brookita. Não encontrado do Cristalino, on<strong>de</strong> sua presença é inserta.<br />

6 - Cianita. Este importante mineral <strong>de</strong> resíduos pesados <strong>de</strong> sedimentos não foi encontrado<br />

em qualquer preparado <strong>de</strong> amostras do Cristalino mas <strong>de</strong>ve ser encontrad,a em gnaisses<br />

e, especialmente micaxistos da unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica.<br />

7 - Clinopiroxênio (diopsídio-he<strong>de</strong>mbergita e augita). Os clinopiroxênios são encontrados<br />

na forma <strong>de</strong> augita, em dique básico e noritos. Membros da série diopsídio-he<strong>de</strong>mbergita<br />

ocorrem em diversos tipos <strong>de</strong> rocha da unida<strong>de</strong> kinzigítica; charnockitos, metaconcreções, rochas<br />

calcossilicáticas e até mesmo em quartzitos. Microscopicamente incolor e levemente esver<strong>de</strong>ado<br />

(diopsídio) em grãos equidimensionais com raras inclusões.<br />

8 - Clorita. Mineral comum em pequena quantida<strong>de</strong> em qualquer rocha do Cristalino.<br />

Em lâminas levemente esver<strong>de</strong>adas, ao microscópio.<br />

9 - Cloritói<strong>de</strong>. Não foi <strong>de</strong>tectada em preparados <strong>de</strong> rochas pré-cambrianas.<br />

10 - Coríndon. Algumas lâminas <strong>de</strong> kinzigitos cordieriticos apresentam grãos <strong>de</strong><br />

coríndon incolor, associado a espinélio ver<strong>de</strong> e hoegbomita parda, incrustados em magnetita.<br />

11 - Dumortierita. Mineral <strong>de</strong> ocorrência conhecida no sul da Bahia (Serra Azul) e<br />

Minas Gerais. Não foi encontrado na pesquisa atual mas po<strong>de</strong> ser esperado em quartzitos e peglIIitito5<br />

da unida<strong>de</strong> biotito-gnái66ica,<br />

12 - Espinélio. Em minúsculos grãos límpidos e ver<strong>de</strong>s (ver coríndon).<br />

53


54 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

13 - Estaurolita. Este mineral não apareceu em qualquer preparado submetido a<br />

exame. Sua presença entretanto é praticamente certa em micaxistos, abundantes na provincia<br />

biotito-gnáissica. É conhecida a ocorrência <strong>de</strong>ste mineral em micaxistos do Quadrilatero Ferrifero<br />

e em outros pontos do Vale do Rio Doce, a oeste da área em estudo.<br />

14 - Granada. Sempre sob a forma <strong>de</strong> almandina vermelha a granada é constituinte<br />

esparso e-minúsculo em biotita gnaisses e micaxistos. Na unida<strong>de</strong> kinzigítica entretanto, está<br />

muito concentrado (0,5 a 25% com média provável <strong>de</strong> 3,5%). Aqui forma em geral gran<strong>de</strong>s cristais,<br />

ricos <strong>de</strong> inclusões. Em lâmina apresenta-se incolor ou róseo muito claro.<br />

15 - Hiperstênio. O mineral é comum (1 a 15%) em kinzigitos chamockitói<strong>de</strong>s e<br />

chamockitos. Em particularizações (metaconcreções) e pequenas ocorrências (noritos) po<strong>de</strong> atingir<br />

maiores concentrações. Trata-se usualmente <strong>de</strong> hiperstênio, mas em chamockitos grosseiros<br />

po<strong>de</strong> ser tão ferroso .quanto ferrohiperstênio ou eulita. O mineral tem tamanho milimétrico,<br />

pleocróico, em prismas pouco <strong>de</strong>finidos, parcial ou completamente alterado. Inclusões <strong>de</strong> placas<br />

pardas são características <strong>de</strong> hiperstênios noríticos. O mineral é típico da unida<strong>de</strong> kinzigítica não<br />

tendo sido encontrado em qualquer rocha da unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica.<br />

16 - Homblenda. O mineral é estranhamente escasso no Cristalino, em média 0,6%.<br />

Nas duas unida<strong>de</strong>s ocorre em baixas concentrações em granitos e granodioritos; na biotitognáissica,<br />

em percentagens pouco mais elevadas, também em biotita gnaisses (tonalíticos especialmente).<br />

Na unida<strong>de</strong> kinzigítica aparece em certos chamockitos grosseiros mas está mais<br />

concentrada em granodiorito gnaisse. Não foram encontrados anfibolitos e, por outro lado, os<br />

kinzigitos normais, <strong>de</strong> làrga distribuição, nunca são portadores <strong>de</strong> homblenda. Nas ocorrências<br />

estudadas o mineral, em secção <strong>de</strong>lgada, geralmente absorve Z em tons ver<strong>de</strong> médio a escuro.<br />

As tonalida<strong>de</strong>s ver<strong>de</strong> azul claro ou escuro (para Z) são mais raras e a homblenda parda não foi<br />

encontrada. A varieda<strong>de</strong> ocorrendo em granodiorito gnaissoso e chamockito faz parte do grupo<br />

das hastigsitas. Aparece como mineral retrometamórfico <strong>de</strong> piroxênios ou em grãos isolados.<br />

Po<strong>de</strong>-se alterar em carbonatos e micas. Não se encontraram inclusões ou estruturas especiais,<br />

tais como partição fina 00 1.<br />

17 - Monazita. Outro mineral não encontrado em seções e preparados. A ocorrência<br />

p-imária conhecida em muitos locais do Vale do Rio Doce mineiro, é em pegmatitos. Não conhecemos<br />

a relação entre mineral <strong>de</strong>trítico e rocha-fonte na zona <strong>de</strong> areias monazíticas ao sul <strong>de</strong><br />

Vitória. Na região do Vale do Rio Doce em estudo, a monazita <strong>de</strong>ve ser esperada em pegmatitos<br />

da unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica.<br />

18 - Moscovita. Mineral freqüente na unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica, especialmente em<br />

micaxistos. Na unida<strong>de</strong> kinzigítica, só como plaquetas <strong>de</strong> origem secundária. Nos micaxistos<br />

oontém inclusões <strong>de</strong> agulhas <strong>de</strong> sillimanita.<br />

19 - Ortopiroxênio. Ver hiperstênio.<br />

20 - Rutilo: Este mineral é acessorio ou mineral secundário freqüente em qualquer<br />

litologia da unida<strong>de</strong> kinzigítica. É bem mais raro em biotita gnaisses e micaxistos. Aparece em<br />

pequenos prismas, pardos, vermelhos ou amarelos, isolados ou geminados, isentos <strong>de</strong> inclusões.<br />

21 - Sillimanita (e fibrolita). Trata-se <strong>de</strong> mineral relativamente comum em kinzigitos<br />

cordieríticos da unida<strong>de</strong> kinzigítica próxima à costa, geralmente em pequenos prismas inclusos<br />

na cordierita. Na unida<strong>de</strong> biotito-gnáissica foi encontrada como fibrolita ou inclusões aciculares<br />

(em quartzo e micas) nos micaxistos.<br />

22 - Titanita. Na unida<strong>de</strong> kinzigítica este mineral somente ocorre em pequenas formações<br />

calcossilicáticas; concreções metamorfizadas e rochas calcossilicáticas. Na unida<strong>de</strong><br />

biotita-gnáissica é acessório comum <strong>de</strong> granitos. adamellitos, biotita gnaisses. Em grãos pardo<br />

claros a incolores com raras inclusões.<br />

23 - Topázio. O mineral não ocorre nas lâminas estudadas. É porém conhecida sua<br />

presença em <strong>de</strong>pósitos aluvionares <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> pegmatitos, em numerosos pontos do nor<strong>de</strong>ste<br />

mineiro e norte capixaba, no Vale do Rio Doce.<br />

24 - Tremolita. Est~ mineral foi encontrado em pequena quantida<strong>de</strong>, em metaeonereções,<br />

rochas ealcossilieáticas e raros outros tipos <strong>de</strong> rocha gnáissica.<br />

25 - Turmalina. A turmalina foi cuidadosamente procurada na unida<strong>de</strong> kinzigítica,<br />

especialmente nas camadas pegmatói<strong>de</strong>s. Jamais foi encontrada, embora não se <strong>de</strong>va excluir<br />

<strong>de</strong>finitivamente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua ocorrência. Neste caso sera acessório raro. Longe da costa<br />

entretanto, foi verifica da sua presença comum em pegmatitos e micaxistos da unida<strong>de</strong> biotito-


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COUTlNHO<br />

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56 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

27 - Zircão. Mineral acessório comum em todo o Cristalino. Forma ga-almente cristais<br />

prismáticos incolores pequenos <strong>de</strong>mais para a observação <strong>de</strong> estruturas internas. Os maiores<br />

permitem visão <strong>de</strong> zoneamento. Em um granito alaskítico, aparecem cristais milimétricos contendo<br />

numerosas inclusões <strong>de</strong>sarranjadas <strong>de</strong> quartzo. Em rocha calcossilicática, é nitidamente<br />

arredondado por abrasão.<br />

Tipo <strong>de</strong> rocha:<br />

Tabela <strong>de</strong> análises modais para rochas do Pré-cambriano. Vale do Rio Doce<br />

Símbolos e abreviações usadas<br />

Ad. Adamellito<br />

B.Gn. Biotita gnaisse<br />

B.Gn.Ki. Biotita gnaisse transicional para kinzigito<br />

B.Gn.P. Biotita gnaisse piroxênico<br />

B.Gn.T. Biotita gnaisse tonalítico<br />

Bs. Basalto<br />

Ch. C Charnockito<br />

Ch. B. Gn. Charnockito transicional para biotita gnaisse<br />

Ch. Gro. Charnockito grosseiro<br />

Gd. Granodiorito<br />

GdGn. Granodiorito gnaissoso<br />

Gr. Granito<br />

Ki. Kinzigito normal (migmátítico)<br />

Ki.Cd. Kinzigito cordierítico<br />

Ki.Ch. Kinzigito chamockitói<strong>de</strong><br />

Ki.Gr. Kinzigito granitói<strong>de</strong><br />

Ki.HI. Kinzigito hololeucocrático<br />

Ki.Le. Kinzigito leucocrático<br />

M.Cr. Metaconcreção<br />

Mx. Micaxisto<br />

No. Norito<br />

Pg.Gr. Pegmatito <strong>de</strong> granito<br />

Pg. Ki. Pegmatito <strong>de</strong> kinzigito (+ Cd. =cordierítico)<br />

Pg.Qd. Pegrnatito quartzo diorítico<br />

Qzto. Quartzito<br />

R.Cs. Rocha calcossilicática<br />

Mat. exam. Material examinado:<br />

b. - resíduo <strong>de</strong> batéia<br />

m. - macroscópico; exame à lupa<br />

p. - pó.; rocha pulverizada<br />

s. - seção <strong>de</strong>lgada<br />

N.o da ocor.<br />

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Minerais:<br />

Clinopirox<br />

aor. Serp. etc.<br />

Um. Mgt.<br />

Plag. an ti -pert.<br />

Ort. perto<br />

Ortopirox.<br />

Número da ocorrência. Registrada em mapa ou ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> campo. Algarismos e letras minúsculas<br />

posteriores; amostras <strong>de</strong> uma mesma exposição.<br />

Valores modais estimados a olho nu, sujeitos a erros maiores<br />

Presença possível mas não verificada<br />

Na forma <strong>de</strong> flogopita<br />

Na forma <strong>de</strong> allanita<br />

Inclui também alguma allanita<br />

Inclui 3% <strong>de</strong> zeolitos<br />

presença em quantida<strong>de</strong>s inferiores a 1%<br />

Clinopiroxênios (augita, diopsí dio-he<strong>de</strong>rnbergita)<br />

Minerais secundários ferromagnesianos; c1orita, serpentina, nontronita<br />

Ilmenita e ou magnetita<br />

Plagioclásio anti-pertítico<br />

Ortoclásio micropertítico<br />

Ortopiroxênio; hiperstênio, ferro-hiperstênio, eulita.


AUXÍLIO VISUAL<br />

NO ENSINO DA ÚPTICA CRISTALINA<br />

JOSÉ MOACYR VIANNA COUTINHO.<br />

ABSTRACT<br />

This worl


58 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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Fig. I<br />

- Maneira <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo óptico para figura <strong>de</strong> interferência <strong>de</strong> bissetriz aguda centrada. Traba-<br />

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lha-se observando extinções <strong>de</strong> confetes entre duas folhas <strong>de</strong> polaroi<strong>de</strong> cruzadas. O disco <strong>de</strong> vidro após<br />

totalmente preenchido <strong>de</strong> confetes <strong>de</strong> celofane po<strong>de</strong> ser girado em suporte circular ou outro dispositivo<br />

simples, entre as mesmas duas folhas <strong>de</strong> polarõid~ cruzadas, o que provoca movimentos <strong>de</strong> sombras perfeitamente<br />

similares aos <strong>de</strong> figuras microscópicas. Para a obtenção <strong>de</strong> sinal óptico, cuidado adicional <strong>de</strong>ve<br />

ser tomado ao se colar confetes com suas direções ópticas previamente orientadas, o que se faz com o auxl1io<br />

<strong>de</strong> uma folha compensadora, também <strong>de</strong> celofane.<br />

comuns em escritório. Os confetes são colados sobre placa <strong>de</strong> vidro esmerilhado dos dois lados, o<br />

que ajuda a colagem e a difusão da luz. A cola empregada pelo autor é do tipo colatudo transparente<br />

(Duco) mas <strong>de</strong>ve ser pesquisada qualquer outra que produza menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

bolhas. Cada confete, antes <strong>de</strong> colado, <strong>de</strong>ve ser orientado com suas vibrações nas direções di.<br />

tadas por esquiodromas previamente traçados na placa com lápis mole, <strong>de</strong> modo a ser facilmente<br />

apagado. Como se sabe, o celofane é substância anisótropica, possuindo cada confete, duas<br />

direções em que vibram a 900, dois raios <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s diferentes. Para <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> sinal<br />

óptico e outras, tais velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser diagnostica das e convenientemente situadas <strong>de</strong> acordo<br />

com o esquiodroma. Para isso, cada pequeno confete <strong>de</strong>ve ser examinado em posição <strong>de</strong><br />

aclaramento, entre polarizadores cruzados, com o auxílio <strong>de</strong> um compensador que nada mais é<br />

que uma outra folha <strong>de</strong> celofane. Uma vez colados todos os confetes, consegue-se imitar ra.<br />

zoavelmente figuras <strong>de</strong> interferência cujos movimentos <strong>de</strong> isógiras provocados pelo giro da placa<br />

<strong>de</strong> vidro, po<strong>de</strong>m ser acompanhados por estudantes postados a até 20 m. Conforme o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

esquiodroma empregado, é possível fabricar dispositivos imitando figuras <strong>de</strong> interferência uni ou<br />

biaxiais, centradas ou <strong>de</strong>scentradas. É possível também, ilustrar variações <strong>de</strong> atraso, 2 V e ain.<br />

da, <strong>de</strong>terminar sinal óptico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se conte com compensadores, também <strong>de</strong> celofane. Es~,<br />

po<strong>de</strong>m ser tanto os imitativos <strong>de</strong> mica (1/4 <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda), como os <strong>de</strong>gipso (550<br />

micra) ou até o <strong>de</strong> atrasos variáveis (cunha).


COUTlNHO 59<br />

A <strong>de</strong>monstração da aplicação da fórmula A =e(ng - np) é facil se se dispuser <strong>de</strong><br />

placas <strong>de</strong> preparado com vários cristais <strong>de</strong> celofane, diversamente orientados e com espessuras<br />

variadas (obtidas por colagem <strong>de</strong> várias folhas <strong>de</strong> celofane iso-orientado).<br />

A <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> pleocroismo é mais difícil porque o celofane colorido é muito<br />

fracamente pleocróico. Para tais casos, <strong>de</strong>vem-se empregar as próprias folhas <strong>de</strong> polarói<strong>de</strong>, convenientemente<br />

cortadas na forma <strong>de</strong> cristais pleocróicos.<br />

Des<strong>de</strong> que se recorte a<strong>de</strong>quadamente o celofane, será sempre possível montar contrafacções<br />

<strong>de</strong> minerais estruturados nas mais diversas formas e até mesmo texturas <strong>de</strong> rochas<br />

como vistas ao microscópio em pequeno aumento. Neste sentido, uma utilização importante do<br />

método seria na <strong>de</strong>monstração óptica <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> plagioclásios através da visualização<br />

<strong>de</strong> geminados polissintéticos. Tiras <strong>de</strong> celofane são coladas paralelamente, tendo-se o cuidado<br />

prévio <strong>de</strong> recorta-Ias com suas direções <strong>de</strong> vibração em posição <strong>de</strong>sejada em relação à linha <strong>de</strong><br />

corte. Segundo as mesmas técnicas, se <strong>de</strong>monstrariam as extinções reta, simétrica ou inclinada,<br />

importante na interpretação e diagnose <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> rochas (micas, anfibólios, piroxênios).<br />

As <strong>de</strong>monstrações com celofane e polarói<strong>de</strong>s oferecem amplas possibilida<strong>de</strong>s, das<br />

quais apenas algumas foram aqui mencionadas.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

WILLARD, M. E. -1947 - A mo<strong>de</strong>l to aid in theexploration of interference figures. AmericaDJoumalofScieD08, NewHaveD,245(8):518-21, il.


OS MINERAIS PESADOS<br />

DE AREIA NA FOZ DO RIO DOCE<br />

JOSÉ MOACYR VIANNA COUTINHO*<br />

ABSTRACT<br />

This study intenda to point possible source. areas for recent sedim~ts laid ar,?"nd R!o ~~e m?"th. The ~arren:as sediments.<br />

outcropping wes1;af the beach zone, carry as heavy mmerals; anatase, andaluZ1te,mODaz1te.rutl!. .8il~anl~. tourma1ine,Z1I"con,whereas<br />

the recent sanda tipieally e~hibit the association kyanite. epidote. steurolite, ga~et. homblen<strong>de</strong>. SllIunanite. ~"con. .<br />

Thetertiary Barreiras and therecent sands musthavebeenfed bYdifferentsou~areasor. alternatlve~ .bydlÍferent levels oftheexposed<br />

souree body .Nearly ali recent sediment inthe Rio Doee<strong>de</strong>ltaic zane <strong>de</strong>rives troma pre-carnbrl&narea near the eo.astline. .<br />

There stIlI remain doubte about the eorrect interpretation of faete such as: 1) abnormal fali m the ooncentration of hyperethe""<br />

and gamet whenever kinzigites. ehamockites and adjoining sands areco~ared. 2) abnormal incre~e of ?pidote and specially. homblen<strong>de</strong>,<br />

a relatively searae mineral in pre.cambrian souree rocks and a exceptlOnally abundant heavy mmeral In concentrates fraro recent<br />

B8nds.<br />

OBJETIVO<br />

No estudo, especiabnente <strong>de</strong> minerais pesados, objetivou-se apontar as áreas-fontes<br />

dos sedimentos recentes da foz do Rio Doce.<br />

Po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados áreas-fonte potenciais:<br />

1. Sedimentos terciários da Formação Barreiras, ocorrendo imediatamente a oeste e<br />

em contato com o Recente. A formação é drenada pelo Rio Doce, alguns <strong>de</strong> seus afluentes e<br />

IUlmerosos rios e riachos que se encaminham para o Oceano Atlântico, a leste.<br />

2. Pré-cambriano próximo: unida<strong>de</strong> kinzigítica. Faixa <strong>de</strong> Cristalino, composta essencialmente<br />

<strong>de</strong> kinzigitos e charnockitos e, por isso, enriquecido <strong>de</strong> certos minerais pesados;<br />

biotita, granada, sillimanita, hiperstênio. Aflora imediatamente a oeste do Barreiras e é drenado<br />

pelo Rio Doce e seus afluentes.<br />

3. Pré-cambriano distante: unida<strong>de</strong> biotita gnáissica. Faixa <strong>de</strong> Cristalino, composta<br />

essencialmente <strong>de</strong> biotita gnaisses e mica xistos, e por isso, enriquecida <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados minerais<br />

pesados; biotita, hornblenda, epidoto, turmalina e, presumivelmente, cianita e estaurolita.<br />

Aflora a oeste da unida<strong>de</strong> kinzigítica e é também drenado pelo Rio Doce e seus afluentes.<br />

Ambas as unida<strong>de</strong>s pré-cambrianas foram estudadas em trabalho a parte do mesmo<br />

autor.<br />

· IG/USP


62 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Análise das frações separadas<br />

~ODOSEMPREGADOSETRABALHOSEFETUADOS<br />

o pesquisador recebeu as amostras em frações previamente separadas. A rotulagem<br />

obe<strong>de</strong>ceu a critério do coletor, ou seja, seqüência <strong>de</strong> suas iniciais seguidas do número da amostra<br />

e código <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> coleta; 01 para amostras superficiais, 02 para amostras <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e<br />

04 para amostras <strong>de</strong> canal. As amostras 02, recolhidas em tubos plásticos, eram adicionalmente,<br />

acrescidas das letras A a E, indicando profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>crescentes.<br />

Normalmente cada amostra era subdividida em 4 frações: 1J1leves, granulação 62-125<br />

micra, 2! leves, granulação 125-250 micra, 3! pesados, granulação 62-125 micra e 4! pesados,<br />

granulação 125-250 micra. Todavia parte das amostras foi entregue com frações pesadas apenas<br />

e nas granulações 62-125 e 125-250, raramente também nos intervalos 62-177 e 177-250 micra.<br />

Pequena parte ainda foi recebida em um só intervalo granulométrico; 62-250 micra. Outro pequeno<br />

grupo <strong>de</strong> amostras apresentava granulações em intervalos menos espaçados; 62-125-177-<br />

250 ou 62-88-125-177-250.<br />

Todas as frações foram obtidas pelo processo clássico <strong>de</strong> peneiramento e separação<br />

em bromofórmio. Não houve preocupação <strong>de</strong> se medir ou pesar as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leves e pesados<br />

separados, não se po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>starte informar os numerosos índices (in<strong>de</strong>x number). Os<br />

coletores observaram no campo alguns níveis superficiais bastante ricos <strong>de</strong> minerais pesados,<br />

emprestando tom escuro à areia. Uma avaliação visual rápida <strong>de</strong> várias amostras coletadas em<br />

vários metros <strong>de</strong> tubos indica que os pesados se concentrariam ao redor <strong>de</strong> 1%.<br />

As localizações <strong>de</strong> todas as amostras aqui estudadas, acham-se em mapa anexo.<br />

As frações foram analisadas por método exclusivamente óptico (Fleet, 1926). Em<br />

cada <strong>de</strong>slocamento da lâmina na platina do microscópio, os minerais eram i<strong>de</strong>ntificados e contados<br />

separadamente, por espécies.<br />

As frações leves compreen<strong>de</strong>m especialmente quartzo e feldspatos mas, nas tabelas,<br />

foram-Ihes incorporados também os valores encontrados para micas já que estas são <strong>de</strong> difícil<br />

separação ao bromofórmio, concentrando-se irregularmente nos pesados, ou, mais freqüentemente,<br />

nos leves.<br />

As frações pe'!adas reunem minerais opacos, semi-opacos e transparentes. Dada a<br />

p-emência <strong>de</strong> tempo, não se analisou a fração opaca, que requereria <strong>de</strong>morada manipulação em<br />

separador eletromagnético e métodos especiais <strong>de</strong> reconhecimento. Ao microscópio petrográfico<br />

<strong>de</strong> luz transmitida, foram apenas somadas as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> opacos e, em seguida relacionadas<br />

em tabela com as <strong>de</strong> pesados transparentes. De quando em quando era tentada a observação à<br />

luz refletida, no mesmo preparado utilizado para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> transparentes. Assim, é possível<br />

informar da existência mas não as proporções dos diversos minerais opacos.<br />

Para o exame dos minerais transparentes leves, uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material<br />

contendo 400 a 700 grãos se finos, ou 200 ou 500 grãos, se grossos, é colocada sobre lâmina e<br />

imersa em líquido <strong>de</strong> índice 1,544. Para este líquido, não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se colocar lamínula,<br />

o que envolveria tempo adicional <strong>de</strong> manipulação. Com uma ponta <strong>de</strong> estilete, o líquido po<strong>de</strong> ser<br />

misturado aos grãos e espalhado para formar rapidamente superfície plana, funcionando como<br />

laminula. Aqueles minerais, nestas condições, com diafragma fechado e polarizadores <strong>de</strong>scruzados,<br />

facilmente se diferenciam por seus relevos; quartzo com relevo fraco superior ao líquido,<br />

linha <strong>de</strong> Becke fina e colorida em uma posição <strong>de</strong> extinção; feldspato potássico, relevo inferior,<br />

tom róseo em linha <strong>de</strong> Becke nítida e brilhante: micas, relevo superior em linha <strong>de</strong> Becke muita<br />

nítida e brilhante. Haverá sempre dificulda<strong>de</strong>s em diferenciar plagioclásios ou cordieritas não<br />

geminados. A última especialmente, em trabalho <strong>de</strong> rotina, é <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação impraticável. Entretanto,<br />

o número <strong>de</strong> cordieritas i<strong>de</strong>ntificadas seguramente em preparados piloto foi consi<strong>de</strong>rado<br />

irrisório (entre O e 1%) e por isso, o mineral não se encontra relacionado nas tabelas. Material<br />

leve também inclui esporadicamente, agregados finos <strong>de</strong> substâncias argilosas, cloríticas, serpentínicas<br />

ou seridticas e ainda, microorganismos opalinos ou carbonáticos, fragmentos <strong>de</strong> concha,<br />

etc.<br />

A fração pesada foi analisada da mesma maneira, alterando-se o líquido <strong>de</strong> imersão<br />

para o índice 1,640 que separa convenientemente dois grupos <strong>de</strong> minerais pesados transparentes.<br />

O examinador rapidamente se acostuma com o relevo <strong>de</strong> grãos minerais em toda a gama <strong>de</strong> ín-


COUTINHO<br />

dices, imersos no novo líquido. Mesmo assim há a necessida<strong>de</strong> freqüente <strong>de</strong> se recorrer a processos<br />

mais <strong>de</strong>morados <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação óptica; exame <strong>de</strong> inclusões, clivagem, alteração, cor,<br />

pleocroismo, anisotropia, elongação, extinção e, por vezes, caráter e sinal óptico. Não foi consi<strong>de</strong>rada<br />

conveniente a mudança <strong>de</strong> líquidos <strong>de</strong> imersão para índices mais elevados. Entretanto,<br />

quando havia suspeita da existência <strong>de</strong> xenotima ou monazita, foi por vezes útil imergir o<br />

material em líquido. <strong>de</strong> índice alto (1,74 a 1,78) que separa com facilida<strong>de</strong> aqueles minerais <strong>de</strong><br />

outros <strong>de</strong> índice ainda mais elevados (zircão, titanita). Para líquidos <strong>de</strong> índices superiores a 1,65<br />

toma-se mais necessária a colocação <strong>de</strong> lamínula, em virtu<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong> gotas semiesféricas<br />

<strong>de</strong> alta tensão superficial. A distinção entre xenotima e monazita é igualmente efetuada<br />

por observação <strong>de</strong> seus índices em relação ao líquido 1,74 e estudo <strong>de</strong> birrefringência (bem mais<br />

alto para xenotima).<br />

Os líquidos manipulados pertencem a baterias Cargille do Departamento <strong>de</strong> Mineralogia<br />

e Petrologia. Os três índices aqui utilizados po<strong>de</strong>riam ser obtidos com os líquidos:<br />

n = 1,54; óleo <strong>de</strong> cravo ou mistura <strong>de</strong> nujol + monobromonaftaleno.<br />

n = 1,64; nujol + monobromonoftaleno ou Aroclor 1254.<br />

n = 1,74; iodo metileno.<br />

Erros experimentais<br />

Os preparados foram montados com apenas parte das amostras separadas o que,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> já introduz certa margem <strong>de</strong> erro. Os números obtidos são uma porcentagem numérica<br />

que não po<strong>de</strong> ser convertida em porcentagem <strong>de</strong> área, volume ou peso, sem o conhecimento<br />

adicional das variações <strong>de</strong> tamanho, formas e peso específico, entre espécies minerais e em uma<br />

mesma espécie. Como a intenção da investigação foi a <strong>de</strong> analisar mineralogicamente. e obter<br />

valores numéricos relativos, não houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se converter os valores obtidos em porcentagens<br />

<strong>de</strong> área, volume ou peso. A porcentagem numérica por si só ja é um parâmetro útil<br />

para o fim a que se <strong>de</strong>stina.<br />

No começo do trabalho microscópico foram efetua dos alguns testes para verificar a<br />

exatidão <strong>de</strong> medidas e contagens. Valores muito discrepantes, em até mais <strong>de</strong> 100%, foram<br />

registrados para quase todos os minerais, quando um mesmo preparado era examinado por<br />

diferentes operadores, ou, quando dois preparados <strong>de</strong> uma mesma amostra eram examinados por<br />

um só operador. Para minimizar os efeitos da primeira situação, estabeleceu-se como norma o<br />

exame <strong>de</strong> preparados por um só operador, neste caso, o mais experiente. Entretanto não se<br />

eliminaram as variações encontradas entre os diversos preparados. Êstes erros diminuiriam para<br />

valores mais admissíveis se aumentasse consi<strong>de</strong>ravelmente o número total <strong>de</strong> grãos contados<br />

para, por exemplo, 1000. Mas a operação multiplicaria em 3 a 5 vezes o exíguo tempo disponível<br />

para a pesquisa, o que foi consi<strong>de</strong>rado inexeqüível. A informação vale como ressalva para interpretações<br />

<strong>de</strong> trend analysis futuras.<br />

De acordo com cálculo <strong>de</strong> erros prováveis (Galehouse, in Carver, 1971) consi<strong>de</strong>randose<br />

100 o número total <strong>de</strong> grãos contados em um preparado, uma contagem <strong>de</strong> 20 grãos (20%)<br />

para <strong>de</strong>terminada espécie mineral admite um erro <strong>de</strong> 8,0 para um grau <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95,4%.<br />

Isto é, tem-se 95.1% <strong>de</strong> confiança em que a proporção verda<strong>de</strong>ira esteja entre 12 e 28% (erro<br />

relativo <strong>de</strong> 28,6%). Contagens <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 5% para a espécie admitem erros <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100%.<br />

Aumentando o número total <strong>de</strong> grãos contados para 300, a contagem <strong>de</strong> 60 grãos (20%) para<br />

uma espécie mineral admite um erro <strong>de</strong> 14,0 no mesmo grau <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95,4%, isto é, temse<br />

95,4% <strong>de</strong> confiança em que a contagem real esteja entre 46 e 74 (erro relativo <strong>de</strong> 23%).<br />

As contagens no presente estudo variaram geralmente entre 100 e 300 grãos, admitindo-se<br />

<strong>de</strong>sta maneira, que as variações <strong>de</strong> erros não s~jam muito gran<strong>de</strong>s ao se suce<strong>de</strong>rem<br />

as amostras. Consi<strong>de</strong>rando-se entretanto espécies isoladas, <strong>de</strong>vem-se admitir erros, <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100%<br />

para minerais em proporções abaixo <strong>de</strong> 5 % , erros <strong>de</strong> 30 a60 % para minerais com proporções em tomo<br />

<strong>de</strong> 10%, erros <strong>de</strong> 20 a 30% para minerais em proporções em tomo <strong>de</strong> 20% e erros <strong>de</strong> 10 a 20% para<br />

minerais em proporções em termo <strong>de</strong> 50 % .<br />

Tabelas e Figuras<br />

Inicialmente foram relacionados em tabela os valores obtidos para minerais leves e<br />

63


64 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

pesados <strong>de</strong> toda e qualquer fração entregue. Todavia verificou-se que se conseguiriam resultados<br />

similares com economia <strong>de</strong> tempo, se se trabalhasse com amostras superficiais no intervalo<br />

granulométrico único <strong>de</strong> 125-250 micra. As tabelas que acompanham este estudo obe<strong>de</strong>cem ao<br />

último critério.<br />

São consi<strong>de</strong>radas amostras superficiais todas aquelas a cujo número <strong>de</strong> rotulação se<br />

acrescenta os códigos 01 e 04 ou aquelas <strong>de</strong> série 02 com letra mais elevada na seqüência coletada.<br />

Peoados<br />

TnnspamItes<br />

Anatásio<br />

Andaluzita<br />

Cionita<br />

Ooritoi<strong>de</strong><br />

CoriIidIm<br />

Duunotierlta<br />

Epidoto<br />

&piDéUo<br />

&tauroUta<br />

Gnnada<br />

Homblenda<br />

Monazita<br />

Rutilo<br />

SüUmanlta<br />

Tunnalins<br />

Xenotima<br />

Zilcio<br />

N!> pes. tI. contados<br />

Leves<br />

Quartzo<br />

Feldapato<br />

Biotita<br />

MOSCOYIta<br />

Relaç&s MInerais<br />

VE<br />

SEI<br />

100 VE/SEI<br />

CQ./Fd<br />

Qz/Mi<br />

Op/Tr<br />

9320<br />

35 26 6<br />

6 2 20<br />

9 3 6<br />

20 29<br />

9 5 1..<br />

pr<br />

12 32 34<br />

30 60 15<br />

100 100 100<br />

o o o<br />

o o o<br />

o o o<br />

TABELA 1<br />

Sedimentos Barreiras - Fração 12S-2S~<br />

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5 6<br />

Foi também escolhida a fração grosseira 125-250 micra por ser mais representativa,<br />

produzindo quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesados 2 a 20 vezes maior que a <strong>de</strong> 62 a 125 micra. Não ,foram calculadas<br />

as médias proporcionais visto que o pesquisador ao receber os recipientes não sabia<br />

quanto realmente <strong>de</strong> cada fração foi aproveitado e entregue. Ressalte-se porém que certos minerais,<br />

especialmente zircão, ten<strong>de</strong>m a se concentrar nas frações finas, diminuindo radicalmente<br />

nas grosseiras. Esta tendência é bem comprovada nas Figuras 1 e 2 <strong>de</strong> freqüê~cia x granulometria,<br />

on<strong>de</strong> se utilizaram também os dadÓs <strong>de</strong> frações finas constantes <strong>de</strong> tabelas não publicadas.<br />

Uma correlação estratigráfica foi tentada com os dados obtidos <strong>de</strong> cinco poços PRD<br />

com profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> até 33 m (Fig. 3).<br />

Na elaboração das tabelas para pesados, omitiram-se as proporções <strong>de</strong> opacos e<br />

micas, recalculando-se os pesados transparentes para o total <strong>de</strong> 100. Os minerais pesados não<br />

opacos e não micáceos compreen<strong>de</strong>m uma coleção com razoável grau <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> hidráulica<br />

e sua utilização, por isso, reduz os problemas <strong>de</strong> classificação seletiva e seleção hidráulica.<br />

Calcularam-se varias relações que se pretendia projetar em mapas <strong>de</strong> tendências.<br />

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Sedimentos Rec<br />

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TABELA 2<br />

Sedimentos Recentes - AmostrasSuperficiais - Fração 125 . 250 l.I<br />

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TABELA 3<br />

Sedimentos Recentes - Amostras<strong>de</strong> Fundo. PerftsFluviaise Marinhos- Fração 12S-2SOjJ<br />

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66 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

TABELA 4<br />

Médias do Barreiras e Recente Superficial nas Frações<br />

Fina (62-12S~) e Grossa (12S-2SOt-t)<br />

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'_to 0.. ." 0.. 19,8 "" 1,4<br />

...... 13,0 11,9<br />

,~<br />

........ .,. 0.. ',' I,' 0.'<br />

Rel8ç1ies MiD8rab:<br />

1JE<br />

30 30 11<br />

SEI " 19 ., 7. ..<br />

100 UEJSEI ,.. li. ., 12<br />

z,{Hb 7~ 74,5 ..,. U,7<br />

QoIfd<br />

',7<br />

12,7<br />

QoIIII<br />

',7 7,' 10,6 36,.<br />

Uma <strong>de</strong>las é o bem conhecido índice ZTR (Hubert, 1962). Nas tabelas anexas este índice é indicado<br />

em UE e reune também os minerais ultra-estáveis zircão-turmalina-rutilo, fornecendo índice<br />

<strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> mineralógica para a areia. As outras relações são: SEI, reunindo os minerais<br />

semi-estáveis e instáveis comuns dos sedimentos; 100 X UE/SEI que é uma relação i<strong>de</strong>alizada<br />

tanto para fornecer índice <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> mineralógica como para visualizar, se possível, o sentido<br />

<strong>de</strong> progressão <strong>de</strong> sedimentação (especialmente no Barreiras); 100 X Zr/Hb, relação que exerceria<br />

o mesmo papel, com melhor aplicação para o Recente. Entre os minerais leves tentou-se a<br />

relação Qz/Fd também indicativa <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> mineralógica, distinta para as duas formações. A<br />

relação Qz/Mi <strong>de</strong>ve apenas mostrar em mapa, os sítios <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga preferencial <strong>de</strong> micas em areias<br />

do Recente. A relação Op/Trp (opacos/transparentes) foi acrescentada para informar a quantida<strong>de</strong><br />

total <strong>de</strong> minerais pesados contados e para tentar uma outra forma <strong>de</strong> distinção entre Barreiras e<br />

Recente.<br />

Finalmente foi construído o gráfico conforme a Figura 4 mostrando variações <strong>de</strong><br />

freqüência para os principais minerais e suas relações ao longo do Rio Doce, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Colatina, no<br />

Cristalino, até a foz, em Regência e Povoação. O gráfico foi estendido com 10 análises <strong>de</strong> amostras<br />

até 50 km da foz, em alto mar. Este último trecho foi subdividido em duas partes. A 1~<br />

abrange 6 análises (RDl-2DC, RD65-3vv, RD67-2vv, RD67-3vv, perfil maritimo 83 e 286). A 2!.<br />

parte agrupa 4 análises (RD24-3DC, RD32-3vv, RD49-4vv e RD71-1vv), espalhadas a 50 km da<br />

costa enquanto o 1.2.grupo reune análises a cerca <strong>de</strong> 10 km da costa dos extremos N ao S do<br />

<strong>de</strong>lta levantado.<br />

Descrição dos minerais<br />

RESULTADOS OBTIDOS<br />

Resumem-se aqui, alfabeticamente, os aspectos morfológicos das diferentes espécies<br />

minerais encontradas nas frações arenosas do Recente e Barreiras.<br />

Anatásio - encontrado quase exclusivamente no Barreiras on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ultrapassar 30 %<br />

dos pesados transparentes. Quase sempre em cristais com base retangular fornecendo boa figura<br />

<strong>de</strong> interferência uniaxial (-). Cor azul ou pardo amarelada, bem visível sob forte iluminação, já<br />

qüe seus altos índices escurecem sensivelmente os contornos. A origem autígena <strong>de</strong>ste mineral<br />

é seguramente indicada por seu hábito idiomórfico e ocorrência em formação antiga. Alguns grãos


COUTINHO 67<br />

raramente encontrados no Recente <strong>de</strong>vem ser clásticos, transportados do Barreiras.<br />

Actinolita - ver tremolita<br />

Allanita -ver epidoto<br />

Andaluzita - como o anatásio, é mineral praticamente restrito ao Barreiras on<strong>de</strong><br />

aparece como clástico em todas as amostras, concentrando-se caracteristicamente nas frações<br />

grosseiras. Reconhecida com facilida<strong>de</strong> pelas formas irregulares retangulares ou, mais freqüentemente,<br />

arredondadas, transparência, índices próximos <strong>de</strong> 1,64, pleocroismo em r6seo para X<br />

(muito nítido em grãos espessos). Não se <strong>de</strong>tectou a varieda<strong>de</strong> quiastolita ou outra qualquer,<br />

rica <strong>de</strong> inclusões. Estas, quando presentes, são em geral fileiras <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s contendo líquido e<br />

gás. O aparecimento esporádico <strong>de</strong> andaluzita no Recente constitui indício <strong>de</strong> contaminação com<br />

material do Barreiras, geralmente próximo.<br />

Apatita - mineral raro e confinado ao Recente. Clástico. A escassez <strong>de</strong>ve ser atribuida<br />

à solubilida<strong>de</strong> e baixa dureza do mineral. Po<strong>de</strong> ser confundido com barita, topázio e andaluzita,<br />

<strong>de</strong>les se distinguindo por sua forma redonda ou oval, elongação (-) e ocasional <strong>de</strong>tecção<br />

<strong>de</strong> caráter uniaxial (-). Inclusões são raras.<br />

Anfibólio . ver hornblenda e tremolita.<br />

Aragonita - provável componente <strong>de</strong> carapaças <strong>de</strong> microrganismos e fragmentos <strong>de</strong><br />

conchas que contaminam os resíduos recolhidos em fundo <strong>de</strong> mar e <strong>de</strong>sembocadura <strong>de</strong> rios,<br />

praias e planícies próximas ao mar. Normalmente tem hábito fibroso, produzindo figuras <strong>de</strong> interferência<br />

próprias <strong>de</strong> agregado.<br />

Augita - ver diopsídio.<br />

Barita - mineral autígeno, encontrado apenas em amostras <strong>de</strong> poços profundos escavados<br />

em planícies <strong>de</strong> inundação e pantanos no Recente. Aparece em grãos <strong>de</strong> formas altamente<br />

irregulares ou ten<strong>de</strong>ndo a losangular. Distinguida opticamente por sua transparência, índices<br />

próximos a 1,64, carát~r biaxial, extinção simétrica (em grãos losangulares) e distribuição<br />

<strong>de</strong> cores <strong>de</strong> interferência sugerindo hábito placói<strong>de</strong> e clivagens dissecadas. A barita <strong>de</strong>ve as formas<br />

irregulares provavelmente à forma dos interstícios em que foi originalmente cristalizada<br />

como cimento.<br />

Biotita . mineral clástico muito comum em certos horizontes <strong>de</strong> pesados, mas também<br />

contaminando frações leves do Recente ou Barreiras. Em alguns locais chega, juntamente<br />

com a moscovita, a constituir o único material pesado. Aparece em grãos placói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contorno<br />

irregular ou arredondado, quase sempre jazendo sobre ótima clivagem e, nestes casos, aparentando<br />

isotropia e ausência <strong>de</strong> pleocroismo. A figura <strong>de</strong> interferência uniaxial (-) (ou biaxial <strong>de</strong> 2V<br />

pequeno) confirma a diagnose. A cor transmitida po<strong>de</strong> ser parda ou ver<strong>de</strong> sujo, quando o mineral<br />

está fresco. Entretanto é bem mais freqüente uma das formas <strong>de</strong> alteração; hidrobiotita,<br />

vermicu, lita clorita, bauerita (placa opalina limonítica). Nos primeiros dois casos o mineral conserva<br />

certa birrefringência (verificada apenas na figura <strong>de</strong> interferência) e, macroscopicamente,<br />

aparece em plaquetas prateadas confundindo-se com moscovita. Cloritizado, o mineral passa a<br />

esver<strong>de</strong>ado claro, pardo claro, alaranjado ou sépia, tornando-se quase isótropo ou formando<br />

agregados microcristalinos. Baueritizada a biotita torna-se parda ou incolor, isótropa, observando-se<br />

freqüentem ente impregnação <strong>de</strong> limonita que a <strong>de</strong>ixa quase opaca. No Barreiras só foram<br />

encontradas formas arredondadas, transformadas em agregado clorítico pardo alaranjado ou ainda,<br />

bauerita.<br />

Brookita . mineral extremamente raro, possivelmente confinado ao Barreiras, on<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ve ser autígeno. Cor amarela, laranja ou pardo, índices muitos altos, fracamente pleocróico,<br />

estriado. Dispersão fortíssima não permite que o mineral se extinga ou forneça figura <strong>de</strong> interferência<br />

<strong>de</strong>finida.<br />

----


68 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Calcita. provável componente <strong>de</strong> microrganismos e fragmentos <strong>de</strong> concha on<strong>de</strong> é<br />

reconhecida por foIte birrefringência e figura uniaxial (-). A distinção com aragonita po<strong>de</strong> ser<br />

tentada com líquidos <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> refração 1,67 (no <strong>de</strong> calcita = 1,658 Ny, Nz <strong>de</strong> aragonita =<br />

1,680, 1,685). Em algumas raras amostras <strong>de</strong> poços profundos, a falta <strong>de</strong> estruturas orgânicas<br />

faz supor ser o mineral formado em cimento.<br />

Cianita - mineral elástico muito comum e característico do Recente. Praticamente<br />

inexistente no Barreiras do Rio Doce po<strong>de</strong>ndo se supor então que seu aparecimento em preparados<br />

do Barreiras se <strong>de</strong>va a contaminação em laboratórío. A maior parte das cianitas observadas<br />

são facilmente reconhecidas por seu hábito alongado e freqüente contorno retangular <strong>de</strong><br />

vértices abrandados. Também, por linhas internas <strong>de</strong> clivagem quase normais ao alongamento.<br />

Altos índices (Nx e Nz=1,72-1,73). Parte dos grãos alongados cai sobre clivagem 100 e dão<br />

IBixa birrefringência, extinção oblíqua (Z;c = 300) e figura <strong>de</strong> bicetriz aguda quase centrada.<br />

Outra parte po<strong>de</strong> cair sobre clivagem 010 e, neste caso, o grão prismático produz birrefringência<br />

mais alta e extinção quase reta. Normalmente é incolor com inclusõesesparsas mas po<strong>de</strong> aparecer<br />

carregado <strong>de</strong> material carbonoso a ponto <strong>de</strong> quase não transmitir luz. Observaram. se alguns<br />

prismas fortemente <strong>de</strong>formados por torção sem fratura, o que atesta maleabilida<strong>de</strong> do mineral.<br />

Cloríta - ver biotita.<br />

Cloritói<strong>de</strong> - Mineral elástico, muito raro, encontrado em alguns preparados. Reconhecido<br />

por altos índices, cor esver<strong>de</strong>ada clara, várias clivagens, baixa birrefringência e caráter<br />

4»tico biaxial.<br />

Cordierita - Mineral elástico <strong>de</strong> presença confirmada no Recente. Sua freqüência é<br />

porém ignorada <strong>de</strong>vido à difícil diferenciação <strong>de</strong> quartzo e plagioclásio. Tipicamente incolor,<br />

arredondado, com geninações divergentes e fitas <strong>de</strong> alteração sericítica.<br />

Corindon - Mineral elástico muito raro. Ocorre tanto no Barreiras, como no Recente.<br />

Forma grãos irregulares pouco <strong>de</strong>sgastados, incolores, com raras inclusões. Reconhecido por altos<br />

índices (No=1,77) ecaráteruniaxial (-).<br />

Diopsídio - Mineral elástico raro e adstrito ao Recente. Forma grãos irregulares ou<br />

algo alongados, quase sempre muito corroidos por solução, dando pontas serrilhadas. Reconhecido<br />

pelos índices (Nz=1,68-1,72) e forte extinção inelinada (Z;c=42-48 O), linhas <strong>de</strong> clivagem<br />

interna, fibrosida<strong>de</strong> e inclusões. Incorpora-se nesse ítem, juntamente com o diopsídio, ver<strong>de</strong><br />

claro a incolor, também a augita, piroxênio mais raro nos sedimentos e reconhecido por aquelas<br />

proprieda<strong>de</strong>s ópticas e cor <strong>de</strong> transparência pardo claro.<br />

Dumortierita . Curioso mineral elástico encontrado em apenas um preparado do<br />

Barreiras. Forma grãos -prlBmáticos estriados, fortemente pleocróicos em violeta ou carmim.<br />

Distinguem-se da turmalina por absorver luz mais intensamente na direção <strong>de</strong> alongamento, e<br />

maior índice.<br />

Enstatita - ver hiperstênio.<br />

Epidoto - Mineral elástico comum apenas no Recente. Em geral forma grãos angulares<br />

idiomórficos ou ainda. irregulares ou sub-arredondados, aproximadamente equidimensionais.<br />

Caracterizado pelos índices altos (Nz=1,70-1,78) e figura <strong>de</strong> interferência biaxial geralmente<br />

com dispersão. Aqui se incluem, além do epidoto comum, também as formas menos<br />

ferríferas <strong>de</strong>: clinozoisita (incolor) e zoisita (incolor a róseo), ambas menos birrefringentes e<br />

menos comuns que o epidoto, bem como, ocasionalmente, a allanita, parda.<br />

Espinélio - Mineral elástico raramente encontrado, tanto no Barreiras como no<br />

Recente. Ocorre em grãos irregulares, <strong>de</strong>sgastados, isótropos. Só foram reconhecidos como espinélio<br />

os grãos ver<strong>de</strong>s (pleonasto) mas é possível que alguns grãos incolores tenham sido incorretamente<br />

contados como granada.


COUTlNHO<br />

Estaurolita -Mineral elástico bastante comum no Recente e, praticamente ausente no<br />

Barreiras do Rio Doce. Po<strong>de</strong> aparecer tanto em grãos idiomórficos (prismas truncados por pirâmi<strong>de</strong>s),<br />

achatados em (100) como em grãos irregulares quebrados, raramente arredondados.<br />

Geminação é comum. Caracterizado por fraca birrefringência, caráter biaxial com alto 2V, leve<br />

dispersão, altos índices (Nz=I,746 e pleocroismo característico) incolor (X) a amarelo alaranjado<br />

(Z), raramente amarelo palha ou pardo avermelhado. As inclusões são comuns, esparsas ou concentradas<br />

po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>ixar o mineral quase opaco. Neste caso, ao contrário da regra citada em<br />

Krumbein e Petijohn, o hospe<strong>de</strong>iro tem cor mais clara que a usual.<br />

Fibrolita - ver sillimanita.<br />

Granada - A varieda<strong>de</strong> almandina é clástica, relativamente comum em frações pesadas,<br />

especialmente as grosseiras, do Recente. Sua freqüência entretanto, é menor que a esperada<br />

em vista da abundância <strong>de</strong> kinzigitos altamente granatíferos, que ocorrem próximo, e<br />

rocha fonte potencial. Grãos arredondados por abrasão são raros ou inexistentes. Quase sempre<br />

forma grãos irregulares, angulosos, com fraturas côncavas e cantos agudos. São também freqüentes<br />

os grãos <strong>de</strong> formas bizarras e com superfícies picotadas em retângulos ou losângulos, ou<br />

ainda cobertas <strong>de</strong> mosaico <strong>de</strong> facetas ou montículos arredondados. Estes aspectos são sugestivos<br />

<strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> e solução após <strong>de</strong>posição. Apresenta altos índices, isotropia e cor rósea elara<br />

transmitida em grãos <strong>de</strong> 125 a 250 micra. Po<strong>de</strong> entretanto aparecer também em grãos incolores<br />

ou, num outro extremo, em cor rósea muito carregada, até quase vermelho.<br />

Feldspato - Constituinte elástico sempre presente na fração leve, especialmente a<br />

fina, <strong>de</strong> sedimentos recentes. No Barreiras é praticamente inexistente. Alguns raríssimos grãos<br />

encontrados em lâminas <strong>de</strong> Barreiras po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>rivar <strong>de</strong> contaminação <strong>de</strong> laboratório. O feldspato<br />

é mineral útil no sentido <strong>de</strong> que informa sobre a maturida<strong>de</strong> mineralógica do sedimento.<br />

Sua ausência no Barreiras indica aquela condição. Entretanto não se po<strong>de</strong> atualmente informar<br />

se o <strong>de</strong>saparecimento se <strong>de</strong>ve a causas anteriores ou posteriores à <strong>de</strong>posição. A primeira alternativa<br />

é bem provável já que não se encontram corpos <strong>de</strong> feldspato caulinizado, nos preparados.<br />

Em areias recentes, com provada contribuição do Barreiras, o feldspato potássico aparece em<br />

formas esqueléticas, límpido, sugerindo cristalização autígena em cimento. Mas o caso requer<br />

exame mais cuidadoso pois po<strong>de</strong>ria se tratar <strong>de</strong>formas <strong>de</strong> dissolução. Em casos normais o feldspato<br />

é facilmente reconhecido em lâmina por su~ forma angulosa a sub-angulosa, turbi<strong>de</strong>z,<br />

clivagens, geminação e índices inferiores ao líquido <strong>de</strong> montagem (1,544). O último caso correspon<strong>de</strong><br />

ao tipo mais abundante, potássico (microclínio ou ortoelásio). Na forma menos freqüente,<br />

<strong>de</strong> plagioclásio, o mineral po<strong>de</strong> ocorrer com composições <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oligoclásio sódico até labradorita,<br />

esta, muito rara. O plagioclásio requer cuidado especial já que alguns termos (oligoclásioan<strong>de</strong>sina)<br />

têm índices superpostos aos <strong>de</strong> quartzo.<br />

Hastingsita - ver homblenda.<br />

Hematita - Mineral opaco elástico ou autígeno, relativamente comum no Recente ou<br />

Barreiras. Reconhecido à luz refletida por brilho metálico ou terroso, cinzento avermelhado.<br />

Hiperstênio - Mineral elástico encontrado em pequena proporção e apenas no Recente.<br />

Outro mineral esperado com maior freqüência dada a larga distribuição <strong>de</strong> rochas chamockíticas<br />

próximas. Tem aspecto microscópico variado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>. grãos prismáticos estriados, incolores<br />

(estatita, mais raro) até formas ten<strong>de</strong>ndo à prismáticas, irregulares e por vezes altamente<br />

corroidas (hiperstênio, mais comum). Como hiperstênio, apresenta pleocroismo característico,<br />

fraco ou forte, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do teor ferro e espessura do grão (X = rosa, Y = amarelo, Z = ver<strong>de</strong>). O<br />

hiperstênio se caracteriza ainda pela fraca birrefringência, altos índices (Nz= 1,67 a 1,73), extinção<br />

reta, e, algumas vezes, pela ocorrência <strong>de</strong> inclusões placói<strong>de</strong>s pardas, orientadas transversalmente ao<br />

alongamento do hospe<strong>de</strong>iro. Este último tipo parece origem em norito, antes, que em chamockíto.<br />

Alguns grãos se encontram totalmente alterados em agregado fibroso com plaquetas pardas.<br />

-<br />

Homblenda - É o elástico mais abundante e característico das frações pesadas do<br />

69


70 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLbGIA<br />

Recente, on<strong>de</strong> atinge normalmente valores entre 40 e 80%, especialmente nas frações grosseiras.<br />

Raramente encontrado em preparados do Barreiras (contaminação <strong>de</strong> laboratório ?). Constitui<br />

por isso, índice seguro <strong>de</strong> proveniência da amostra. Sua origem só po<strong>de</strong> ser atribuida a <strong>de</strong>nudação<br />

recente do Cristalino, embora seja difícil localizar áreas atuais pré-cambrianas suficientemente<br />

ricas <strong>de</strong> homblenda. Para explicar sua abundância no sedimento será necessário imaginar<br />

um mecanismo <strong>de</strong> seleção e concentração especiais. Englobam-se aqui, no ítem homblenda,<br />

todos os tipos <strong>de</strong> clino-anfibólios coloridos. Caracterizam-se por forma prismática controlada<br />

por elivagens, extinção inelinada em angulos <strong>de</strong> 0-20° e pleoçroismo em tons <strong>de</strong> ver<strong>de</strong> (pequena<br />

parte dos grãos po<strong>de</strong> produzir pleocroismo em pardo ou ver<strong>de</strong>-azul). A intensida<strong>de</strong> da cor é<br />

muito variável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quase incolor (tremolita-actinolita, cummingtonita) passando por ver<strong>de</strong><br />

médio, a mais comum, até ver<strong>de</strong> escuro, quase opaco em grãos espessos. As formas menos<br />

coloridas, aproximando-se <strong>de</strong> tremolita mostram menores índices <strong>de</strong> refração e, algumas vezes,<br />

forte estriação transversal (partição 001). As mais coloridas e escuras costumam mostrar caracteristicas<br />

<strong>de</strong> hastingsita ou ferro-hastingsita: 2V (-) pequeno e dispersão. Não foi observado<br />

qualquer grão <strong>de</strong> anfibólio sódico típico. Os tipos são semelhantes aos encontrados em granodioritos<br />

gnaissosos, granitos e chamockitos, próximos. Ressalta-se que, em sedimentos, as<br />

homblendas parecem em geral apenas <strong>de</strong>sgastadas mecanicamente. Em apenas algumas ocorrências<br />

em poços, as homblendas apresentam-se com forte corrosão química, caracterizada por terminações<br />

profundamente <strong>de</strong>nteadas.<br />

Ilmenita - é o elástico opaco mais comum <strong>de</strong> areias recentes ou terciárias. Caracterizado<br />

por fraco magnetismo, brilho metálico preto e formas ten<strong>de</strong>ndo a placói<strong>de</strong>s, mais ou<br />

menos <strong>de</strong>sgastadas. É freqüente a ocorrência <strong>de</strong> ilmenita incluindo finas placas retiHneas transparentes<br />

(rutilo ?) que parecem dividi-Ia em setores quando observada em luz transmitida.<br />

Comumente se encontra parcialmente alterada em leucoxênio.<br />

Leucoxênio - mineral opaco formando agregado terroso, refletindo em cor branca.<br />

Encontradiço em formas autígenas, <strong>de</strong>senvolvidas preferencialmente sobre opacos titanados (ilmenita)<br />

ou constituindo corpos inteiros <strong>de</strong> origem <strong>de</strong>sconhecida.<br />

Limonita - mineral opaco terroso, amarelo a pardo em luz refletida. Mineral bastante<br />

comum, possivelmente autígeno (alteração <strong>de</strong> máficos), especialmente no Barreiras.<br />

Magnetita - mineral elástico opaco, pouco abundante. Fortemente magnético, brilho<br />

metálico cinzento e formas irregulares ou octaedros achatados ou arredondados.<br />

Marcassita - mineral autígeno, opaco, amarelo, <strong>de</strong>senvolvido em agregados <strong>de</strong>ntro e<br />

sobre o que se presume ser fragmentos vegetais em <strong>de</strong>terminados níveis <strong>de</strong> poços no Recente.<br />

Monazita - mineral clástico especialmente abundante no Barreiras on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> constituir<br />

até 50% dos pesados transparentes mais grosseiros. Está presente em quantida<strong>de</strong>s restritas<br />

e <strong>de</strong> distribuição irregular também no Recente. Um aumento anormal <strong>de</strong> sua quantida<strong>de</strong><br />

nas areias recentes po<strong>de</strong> indicar contribuição do Barreiras (ver poço PRD 2 gráfico 3). Aparece<br />

quase invariavelmente em grãos equidimensionais bem arredondados, <strong>de</strong> cor transmitida amarelo<br />

claro, fracamente pleocróico e altos índices <strong>de</strong> refração (Nz = 1,84) e birrefringência. Confun<strong>de</strong>se<br />

com zircão, epidoto e xenotima. Do primeiro se diferencia pelo hábito, cor e pleocroismo. Do<br />

segundo, pelo tom <strong>de</strong> cor amarela e por índices mais altos, bem como por ser biaxial <strong>de</strong> 2V (+)<br />

pequeno. Do terceiro só po<strong>de</strong> ser diferenciada seguramente pela <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> índices embora<br />

um operador bem treinado possa avaliar para a xenotima, uma birrefringência maior e relevo<br />

variável em montagens <strong>de</strong> líquido 1,64.<br />

Microclínio - ver feldspato.<br />

Moscovita - mineral elástico, constituinte comum <strong>de</strong> frações leves ou pesadas do<br />

Recente, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> se concentrar excepcionalmente, embora sempre em quantida<strong>de</strong>s subordinadas<br />

às <strong>de</strong> biotita. Facilmente diagnosticada pela correta interpretação do hábito e elivagem<br />

placói<strong>de</strong>, transparência, baixa cor <strong>de</strong> interferência na direção normal às placas e figura biaxial (-)<br />

bem centrada.


Ortoclásio - ver feldspato.<br />

courlNHO<br />

Pirita - mineral opaco ocasionalmente encontrado em amostras do Recente como elástico<br />

arredondado. Em agregados espinhosos é mais freqüente e, certamente autígeno. Reconhecido<br />

pela cor <strong>de</strong> reflação amarelo, latão e parateado.<br />

Piroxênio - ver diopsídio e hiperstênio.<br />

Plagioclásio - ver feldspato.<br />

Pleonasto - ver espinélio.<br />

Quartzo - mineral clástico dominante em qualquer fração leve, tanto do Barreiras<br />

como do Recente. Tem formas variadas, normalmente sub-angulosas. Entretanto, pequena porção<br />

<strong>de</strong> muitas amostras do Recente exibem quartzo em forma perfeitamente arredondada em<br />

contraste com os <strong>de</strong>mais grãos do mesmo preparado. Uma explicação para o fenômeno se basearia<br />

na contribuição <strong>de</strong> sedimentos retrabalhados (Barreiras) mas não existem outras evidências<br />

mineralógicas nos mesmos preparados, que suportassem a idéia. Possivelmente o quartzo<br />

redondo proviria <strong>de</strong> áreas mais afastadas do cristalino. Facilmente reconhecido pela transparência,<br />

índices e caráter óptico uniaxial (-). Alguns grãos po<strong>de</strong>m ser turvos e outros, ricos <strong>de</strong> inclusões,<br />

especialmente agulhas <strong>de</strong> sillimanita. Não foi encontrada qualquer evidência <strong>de</strong> crescimento<br />

secundário mesmo nos grãos <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição mais antiga (Barreiras).<br />

Rutilo - mineral elástico encontrado em pequenas quantida<strong>de</strong>s, tanto no Barreiras,<br />

on<strong>de</strong> é mais comum, como no Recente. Em fragmentos prismáticos, profundamente estriados.<br />

Facilmente i<strong>de</strong>ntificado por altíssimo relevo (que o <strong>de</strong>ixa por vezes quase opaco), altíssima cor<br />

<strong>de</strong> interferência, extinção reta e cores <strong>de</strong> absorção: amarela, laranja, vermelho ou pardo. O<br />

pleocroismo também é característico, absorvendo com mais intensida<strong>de</strong> na direção do prisma e<br />

estrias. Algumas varieda<strong>de</strong>s pardo acinzentadas, muito escuras, po<strong>de</strong>m ter sido confundidas com<br />

outro mineral (columbita ?).<br />

Serpentina - forma raros agregados <strong>de</strong> difícil i<strong>de</strong>ntificação.<br />

Si<strong>de</strong>rita - mineral autígeno, comum em amostras recolhidas do interior <strong>de</strong> poços no<br />

Recente. Apresenta-se como agregado espinhoso em geral fortemente limonitizado, quase opaco.<br />

Dificilmente i<strong>de</strong>ntificada. É necessário observar variações <strong>de</strong> relevo em cantos agudos mais transparentes,<br />

sob forte .iluminação polarizada. Neste caso observa-se que um índice fica próximo a<br />

1,64 e o outro é mais alto. Em certas frações grosseiras o mineral oferece exame mais fác.il quanto<br />

mais lúnpido. Aparece então, em prismas terminados por romboedro escalonado, ligeiramente<br />

estreitados na cintura. O mineral ocorre em cristais i&olados mas é muito mais comum em interpenetrações<br />

<strong>de</strong> dois indivíduos (semelhante a geminado <strong>de</strong> estaurolita), três indiv{duos ou ainda<br />

maior número, criando-se assim o aspecto <strong>de</strong> agregado espinhoso. O mineral <strong>de</strong>ve sua cristalização<br />

a condições possivelmente especiais <strong>de</strong> solubilização <strong>de</strong> carbonatos (microorganismos) e<br />

<strong>de</strong> minerais máficos (granada, homblenda ?).<br />

Sillimanita - mineral clástico comum, tanto no Recente como no Barreiras, o que<br />

atesta sua gran<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>, não muito reconhecida na literatura especializada. Forma grãos<br />

quase sempre prismáticos muito alongados, incolores, fortemente birrefringentes, extinção reta e<br />

com relevo fraco no líquido <strong>de</strong> montagem 1,64. Um dos indices, Nx, é apenas levemente superior<br />

ao líquido. As inclusões não são comuns. Algumas vezes o prisma parece dividido transversalmente<br />

por fratura reta que permite a extinção <strong>de</strong> duas meta<strong>de</strong>s em posições levemente diferentes.<br />

Uma forma comum <strong>de</strong> mineral é a fibrosa (fibrolita) ocorrendo em tufos e agregados sub<br />

paralelos <strong>de</strong> prismas muito finos.<br />

Titanita - elástico raro e restrito ao Recente. Grãos arredondados <strong>de</strong> alto índice e forte<br />

birrefringência e dispersão.<br />

71


72 ANAIS DO XXVI/1 CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Turmalina - mineral clástico <strong>de</strong> freqüência irregular, por vezes muito abundante em<br />

preparados do Barreiras. Aparece, em quantida<strong>de</strong>s restritas, no Recente. O mineral apresenta<br />

hábitos e cores divergentes conforme a ocorrência. No Barreiras são mais comuns os grios <strong>de</strong><br />

turmalina parda, relativamente claros, bem arredondados. Turmalina ver<strong>de</strong> em prismas i


COUTINHO<br />

FOZ DO RIO DOCE<br />

GEOLOGIA E LOCALIZACÃO DE AMOSTRAS DE SEDIMENTOS<br />

.....<br />

~


74 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Flg. 1- RELAÇAo FREoutNCIA<br />

- GRANULAÇAo (BARREIRAS)<br />

(. __tr.. ..p.r...t<br />

ANATÁSIO _UZITA -"ZITA SlLL.A8IITA<br />

F;g 3 - FREQÜfNCIA DE PESADOS EM POÇOS PROFUNDOS<br />

ifrac:60 125-250 ,1.1)<br />

~Hornbltftdo<br />

L E G E N ~...<br />

,'lIIanazlta,Si._ta<br />

/'<br />

//~<br />

GraraodO.EpidolO<br />

Cianila,E,t-.;llitQ<br />

/,".Zire60eTurmallna<br />

Fig 2-RELACÃO FREOUÊNCIA - GRANULAÇÃO (RECENTE)<br />

(24 amo.trO' disperso,)<br />

CIANITA EPIDOTO SlLLIMANITA<br />

da, estaurolita. granada) e resultante concentração <strong>de</strong> ultra estáveis (zircão, rutilo. turmalina).<br />

Discute-se muito na literatura recente sobre a importância <strong>de</strong> soluções intra.estratais como


C2<br />

u .<br />

....<br />

:::)<br />

...<br />

c<br />

...<br />

cIO . . :~.".....<br />

u.... . I ~~~~~Iino<br />

~5 . .<br />

o . . I<br />

... .<br />

c 8- ~:<br />

'~.Eslauralila<br />

~. Granada<br />

... . · .Monazito<br />

45 .<br />

C<br />

u .50<br />

...<br />

::)<br />

1<br />

~ c...<br />

8<br />

01 .<br />

.<br />

O<br />

...<br />

C 15 .<br />

...<br />

I<br />

COUTlNHO 75<br />

F"19.4 - FREQÜÊNCIA DE PESADOS AO LONGO DO<br />

RIO DÔCE E OCEANO ATLÂNTICO PRÓXIMO<br />

- I<br />

:= ,<br />

-. ~<br />

~.<br />

. I .<br />

:~.<br />

.<br />

~ ~ 5<br />

c g ~<br />

~<br />

A<br />

52 40 10 I 40<br />

.<br />

e<br />

: 1Rutilo<br />

Til8ftilO<br />

. Andalusila<br />

.A"ató.io<br />

. Hip...I'nio<br />

100 -.I&..-<br />

SEI<br />

.Harnblondo<br />

causa <strong>de</strong> diversificação <strong>de</strong> minerais. No caso atual, há evidências favoráveis e <strong>de</strong>sfavoráveis. Assim,<br />

p.ex., -as curvas <strong>de</strong> freqüência X profundida<strong>de</strong> (Fig. 3) para diversos minerais do Recente<br />

(especialmente os mais solúveis) são erráticas e não mostram sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>créscimo regular em<br />

profundida<strong>de</strong>, invalidando <strong>de</strong> certo modo a tese <strong>de</strong> solução intra-estratal. ContraditoriamEnte,<br />

alguns minerais semi-estáveis, comuns no Recente; epidoto, estaurolita, granada e outros ins.<br />

táveis; diopsídio, hiperstênío, mostram freqüentemente contornos <strong>de</strong>nteados, cavida<strong>de</strong>s geométricas<br />

<strong>de</strong> solução, formas ~queléticas, atestando uma forma <strong>de</strong> dissolução intra-estratal incipiente.<br />

E certo porém que o mineral dominante do Recente, a pouco estável homblenda, quase<br />

nunca mostra evidências <strong>de</strong> dissolução. Resta ainda informar a preBença obrigatóriA e comum dli<br />

andaluzita <strong>de</strong>trítica no Barreiras e sua ausência no Recente (salvo contaminação).


76 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Conclui-se que o Barreiras e o Recente <strong>de</strong>vem ter contado com diferentes fontes<br />

alimentadoras ou, alternativamente, diferentes condições <strong>de</strong> exposição do corpo alimentador;<br />

segundo esta última hipótese seria possível explicar a ausência, p.ex., <strong>de</strong> estaurolita e granada no<br />

Barreiras terciário por intensificação <strong>de</strong> processos intempéricos no regolito alimentador àquela.<br />

época. Para explicar a abundância <strong>de</strong> andaluzita no Barreiras, e sua extinção no Recente po<strong>de</strong>rse-ia<br />

imaginar que, no Terciário, foi totalmente erodido um nível do Cristalino rico em rochas<br />

àndaluzíticas (metamorfismo <strong>de</strong> baixa pressão). Uma última hipótese, fonte alimentadora do<br />

Barreiras representada por sedimentos pré-terciários retrabalhados, não encontra suporte nos<br />

conhecimentos geológicos <strong>de</strong> campo.<br />

Pequenas áreas do Recente, contíguas ao Barreiras, mostram feições intermediárias<br />

entre as duas formações no que diz respeito à mineralogia. O fato é discutido adiante.<br />

De qualquer modo, quase todo o sedimento recente é <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> fonte in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

e, mineralogicamente, bem diversa do Barreiras. Tudo indica que esta fonte <strong>de</strong>va ser o Précambriano<br />

mais interior, drenado pelo Rio Doce, como a seguir se discute.<br />

Fonte dos sedimentos recentes do Delta<br />

Nas Tabelas e Figura 4, po<strong>de</strong>m ser comparadas' as análises mineralógicas <strong>de</strong> sedimentos<br />

do Recente superficial do Delta, com médias <strong>de</strong> análises <strong>de</strong> amostras recolhidas em<br />

vários perfis no fundo do Rio Doce, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Colatina até a foz, num percurso <strong>de</strong>, pelo menos, 150<br />

km.<br />

As similarida<strong>de</strong>s são altamente sugestivas <strong>de</strong> ligações genéticas. As proporções<br />

minerais em Colatina, em pleno Cristalino, e no Recente superficial do Delta, apresentam as<br />

mesmas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za nas seqüências idênticas. Acresce ainda notar que as composições<br />

tomam-se mais e mais parecidas a medida que a sedimentação progri<strong>de</strong> rumo leste para a foz.<br />

Assim é que, a análise do sedimento na foz do Rio Doce é perfeitamente comparável ao da média<br />

do Recente superficial, especialmente quanto ao teor <strong>de</strong> hornblenda.<br />

Conclui-se portanto que os sedimentos do Recente do Delta do Rio Doce provêm em<br />

sua quase totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> areas-fonte situadas no Cristalino a oeste.<br />

Assumindo esta conclusão como provada, restaria explicar certas anomalias mineralógicas<br />

observadas. A listagem abaixo compara valores aproximados, médios, recalculados para<br />

os principais minerais pesados não micáceos e não opacos no Pré-cambriano e no Recente. A<br />

análise do Pré-cambriano foi extraída <strong>de</strong> outro trabalho do autor nestes Anais e inclui amostragem<br />

ao longo do Rio Doce e regiões próximas até Governador Valadares.<br />

Pré-cambriano Recente* *média <strong>de</strong> frações<br />

Apatita 6,5 pr<br />

Cianita 0,0 6,0<br />

Diopsídio 13,0 pr<br />

Epidoto 1,5 4,5<br />

Espinélio pr pr<br />

Estaurolita 0,0 4,0<br />

Granada 35,S 3,5<br />

Hipertênio 25,0 0,5<br />

Homblenda 9,5 49,0<br />

Monazita 0,0 2,0<br />

Olivina pr 0,0<br />

Rutilo 1,5 1,5<br />

Sillimanita 3,0 8,0<br />

Titanita 1,5 1,0<br />

Tremolita pr 1,0<br />

Turmalina pr 3,0<br />

Zircão 3,0 16,0<br />

- 100,0 100,0<br />

pr presente


COUTINHO 77<br />

A classificação seletiva evi<strong>de</strong>ntemente explica a concentração nos sedimentos <strong>de</strong><br />

minerais ultra-estáveis ou semi-estáveis cianita, estaurolita, monazita, rutilo, sillimanita, turmalina,<br />

zircão. Alguns <strong>de</strong>les são muito raros no Cristalino e outros nem mesmo foram encontrados<br />

em seções <strong>de</strong>lgadas.<br />

A mesma seleção também explica parcialmente a brusca queda <strong>de</strong> concentração e<br />

eventual <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> outros menos estáveis ou instáveis; apatita, diopsídio, granada,<br />

hiperstênio, olivina, titanita.<br />

Algumas interrogações ainda persistem. É difícil enten<strong>de</strong>r as quedas <strong>de</strong> concentrações<br />

em mais <strong>de</strong> 1.000% dos abundantes hiperstênios e granadas do Cristalino, ao passarem<br />

estes minerais para os sedimentos contíguos, mesmo consi<strong>de</strong>rando a granada um mineral instável,<br />

e o hiperstênio talvez mais ainda. Não se compreen<strong>de</strong> também a elevação <strong>de</strong> teor do<br />

mineral instável epidoto.<br />

Acima <strong>de</strong> tudo é difícil explicar o mecanismo que levou à espetacular concentração do<br />

mineral instável hornblenda, pesado característico dos sedimentos recentes, Uma explicação possível<br />

para o fenômeno hornblenda (e talvez epidoto) residiria na amostragem imperfeita do Cristalino.<br />

É provável que numerosas áreas <strong>de</strong> anfibolito intemperizável não tenham sido wrostras<br />

por efeito <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> afloramentos frescos. Po<strong>de</strong>ria também ocorrer que a maior massa <strong>de</strong><br />

hornblenda tenha sido carreada <strong>de</strong> áreas mais ricas <strong>de</strong> rochas anfibolíticas a montante <strong>de</strong> Governador<br />

Valadares. Segundo mostra a Figura 4, a hornblenda é mineral que ten<strong>de</strong> a se concentar à<br />

medida que o Rio Doce caminha <strong>de</strong> Colatina até á foz. Seria admissível que, a partir <strong>de</strong> um<br />

baixo teor, à altura <strong>de</strong> Governador Valadares, por diminuição <strong>de</strong> outros minerais mais instáveis,<br />

tenha a hornblenda finalmente se concentrado nas altas proporções em que se encontra no Delta.<br />

Variações nos sedimentos recentes<br />

Os resultados <strong>de</strong> análises <strong>de</strong> minerais pesados e relações minerais mostram que os<br />

sedimentos recentes do Rio Doce receberam esporadicamente, contribuições <strong>de</strong> material do<br />

Barreiras. Algumas análises mineralógicas <strong>de</strong> amostras do Recente, recolhidas em pontos<br />

próximos (até 5 km) do contato com o Barreiras, mostram claramente a mistura, através <strong>de</strong> um<br />

ou vários dos seguintes característicos; a) aparecimento, em proporção anômala, <strong>de</strong> minerais<br />

típicos da associação Barreiras: anatásio, andaluzita, monazita, rutilo, sillimanita, turmalina,<br />

zircão; b) diminuição <strong>de</strong> teor, até quase <strong>de</strong>saparecimento, <strong>de</strong> hornblenda; c) aumento da relação<br />

QL!Fd.<br />

As áreas superficiais em que o fenômeno foi observado, próximas ao contato do<br />

Barreiras-Recente, parecem mostrar que o contacto Barreiras-Recente não é realmente tectônico<br />

como se tem sugerido, e sim, erosional.<br />

O mesmo fenômeno <strong>de</strong> mistura expresso entre outras características pela diminuição<br />

do teor relativo <strong>de</strong> hornblenda é também ressaltado pelas análises <strong>de</strong> amostras a partir <strong>de</strong> 9 km<br />

<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> dos poços PRD-2 e PRD-20 (Fig. 3), escavados no Recente, próximos ao contacto<br />

com o Barreiras. Estes poços confirmam que a mistura, ocorria também em época mais<br />

remota. Nos poços escavados a mais <strong>de</strong> 2 km do contato Barreiras a lina <strong>de</strong> ÍPeqüência da<br />

hornblenda é mais constante (com pequena perfuração entre 20 e 25 m no poço PRD-IO).<br />

Igualmente o fundo do Oceano Atlântico até 50 km a E da costa, entre as Lat do<br />

extremo N e S do Delta, mostram, segundo análises <strong>de</strong> amostras RD, algumas evidências <strong>de</strong><br />

contribuição <strong>de</strong> Barreiras. O fato, atestado por um ou vários dos característicos atrás citados,<br />

também foi observado em leve proporção em areias superficiais da praia atual. Mas é muito<br />

evi<strong>de</strong>nte quando se observa a Figura 4, mostrando leve mas nítido incremento <strong>de</strong> associações do<br />

Barreiras logo após a <strong>de</strong>jecção na foz do Rio Doce. No caso em foco, é provável que a contribuição<br />

tenha se efetuado por correntes carreando material, do sul ou do norte, <strong>de</strong> locais on<strong>de</strong> o<br />

Barreiras está sendo diretamente erodido pelo mar.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

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, Tulsa, Okla., 32: 440-50.<br />

---


DETERMINAÇÃO ROENTGNOGRÁFICA DAS OLIVINAS<br />

POR d112 E PELAS DIFERENÇAS<br />

6 d E D. ~(CuKa)<br />

WILLIAM G. R. DE CAMARGO*, J. B. DE MADUREIRA FILHO*<br />

ABSTRACT<br />

The main purpose of tlús paper is to preoent a metllod for tIIe i<strong>de</strong>ntification of i80morphous members of tIIe olivine group,<br />

by tIIe use of linear diagrams. wlúch give an approximate i<strong>de</strong>a of the quantitative cnemical composition. TI1ree pl1ysicaJ properti..<br />

d112' t:,.<br />

d {(dlOlO (quartz) - d1l2 (olivine)}and t:,. 29CuKq {(20112 (olivine) 20lOil (quartz) }are related witn cnemical oomposition. The diagrams<br />

can be employed because it nas been proved a linear relationsnip between<br />

d112' t:,. d and t:,. 2&CuK~ and cnemical composition.<br />

RESUMO<br />

o trabalno preten<strong>de</strong>, por diagramas lineares i<strong>de</strong>ntificar nnsturas i80morfas <strong>de</strong> olivinas ferromagnesianas. dando idéia<br />

aproximada <strong>de</strong> sua composição, sem necessida<strong>de</strong> da análise química quantitativa. Os gráficos apresentados indicam a variação das prolI'ieda<strong>de</strong>s<br />

estruturais d112' t:,. d e t:,. 29CuK",em<br />

é feita com auxilio <strong>de</strong> um padrão interno <strong>de</strong> quartzo.<br />

função da composição quimica. A <strong>de</strong>terminação das proprieda<strong>de</strong>s t:,. d e t:,. 28cuKq<br />

A construção dos diagramas<br />

relaçAo a variação da composição quimica.<br />

se tornou possivel graças a comprovaçAo da linearida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

d112' t:,. d e t:,. 28cuKq em<br />

INTRODUÇAO<br />

o nome olivina enquadra uma série <strong>de</strong> nesosilicatos que se cristalizam no sistema<br />

rômbico. As substituições diadóquicas entre oscations ferro, magnésio, manganês e cálcio,<br />

proporcionam o aparecimento <strong>de</strong> séries isomorfas completas, que representam minerais constituintes<br />

<strong>de</strong> algumas rochas magmáticas. Assim, a <strong>de</strong>terminação da composição química <strong>de</strong> uma<br />

olivina é um indicativo do estágio da diferenciação magmática em que se formou. Além da<br />

análise química convencional, a composição das olivinas po<strong>de</strong> ser estimada através das variações<br />

nos valores <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s ópticas e estruturais, como atestam os trabalhos <strong>de</strong> Deer e Wager<br />

(1939), Kennedy (1947), Pol<strong>de</strong>rvaart (1950), Yo<strong>de</strong>r e Sahama (1957), Henriques (1958) e Jackson<br />

(1960). Esta estimativa da composição química através <strong>de</strong> dados fisicos é extremamente útil,<br />

principalmente, para casos em que a quantida<strong>de</strong> do material é insuficiente para o método químico.<br />

No presente trabalho a composição química é estimada pelos seguintes valores estruturais:<br />

d1l2,<br />

· IG /USP<br />

~ d e ~ 2e(CuKo:).


80 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

VALORES ESTRUTURAIS<br />

Os valores dU2, 6. d e 6. 2& (Cukq) , representam respectivamente, a reflexão <strong>de</strong><br />

Bragg mais intensa, a diferença entre as reflexões mais intensas do quartzo (d1011) e da olivina<br />

(dU2), a diferença entre 26112(CuKa) (olivina) e 26"1011(Cukct) (quartzo). A escolha da reflexão<br />

dU2' para o gráfico <strong>de</strong> variação, em função da composição, <strong>de</strong>ve-se em primeiro lugar, à sua intensida<strong>de</strong>,<br />

e em segundo lugar, por apresentar valores convenientes para obtenção <strong>de</strong> 6. d e<br />

6. 2& (CuKa) .<br />

O fato da reflexão dU2 ser a mais intensa, faz com que o tempo <strong>de</strong> exposição aos<br />

raios X seja minimo. No método do pó, em câmaras com diâmetro <strong>de</strong> U4,6 mm, exposições <strong>de</strong><br />

30' são suficientes para obtenção <strong>de</strong> bons filmes. Esse tempo po<strong>de</strong> ser reduzido com o uso <strong>de</strong><br />

câmaras com diâmetro menor, assim, para 57,3 mm e 28,65 mm os tempos são respectivamente<br />

<strong>de</strong> 8' e 2', o que representa gran<strong>de</strong> vantagem para a rápida obtenção <strong>de</strong> dados. Para o método<br />

difratométrico as corridas são parciais e vão <strong>de</strong> 26° a 37°. Usando velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2°/min o difratograma<br />

é obtido em 5 min, sem perda <strong>de</strong> tempo na preparação, revelação e secagem do filme<br />

fotográfico. Em ambos os métodos, na amostra em estudo, <strong>de</strong>ve ser adicionada pequena quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> quartzo (15%), que age como padrão interno. Assim, no mesmo filme ou difratograma,<br />

obtem-se valores <strong>de</strong> dU2 (olivinas) e d1011 (quartzo), que permitem o cálculo <strong>de</strong> 6. d<br />

e 6. 2Q{CuKa) conforme as expressões:<br />

6. d = dlOI1 (quartzo) -dU2 (olivinas)<br />

6. 2~CuKa) = 2{}.112CuKa:(olivinas) - 2-&1010 CuKa:(quartzo)<br />

Os valores <strong>de</strong> 6. d e ~:te (CuKQ) são usados em substituição aos valores das<br />

dimensões da cela unitária (ao, bo, eo), <strong>de</strong> obtenção laboriosa e <strong>de</strong>morada.<br />

LINEARIDADE DAS FUNÇÚES dU2. ~ d E ~ 2trCuKq<br />

O uso dos valores estruturais nos gráficos <strong>de</strong> variação, só foi viável após a comprovação<br />

<strong>de</strong> sua linearida<strong>de</strong> em relação a variação da composição química dos valores calculados<br />

e interpolados dos pontos médios nos vários gráficos. Assim, para as olivinas ferromagnesianas,<br />

on<strong>de</strong> os termos extremos são forsterita (Mg2 Si04) e faialita (Fe2Si04), foram construidos<br />

diagramas <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> ao, bo, co, dU2' !5. d e ~ 26CuK


2flt;uKa respectivamente,-em função da composição química.<br />

(Ã)<br />

(1)<br />

2,4!50<br />

1000/.<br />

Grófico 2<br />

FORSTERITA<br />

LEGENDA<br />

. Ponto médio<br />

CAMARGO, MAOUREIRA FILHO 81<br />

10,490 Grófico I<br />

IO,4~0<br />

10,~<br />

4,800<br />

4.7~0<br />

100%<br />

FORSTERITA<br />

LEGENDA<br />

. Ponto médio<br />

1000/.<br />

FAIALITA<br />

.Olivino incluso em diamante<br />

.----<br />

(o.)<br />

1000/.<br />

100%<br />

FAIALITA<br />

80livino incluso em diamante<br />

0,890<br />

(Ã)<br />

Grófico 3<br />

(6d)<br />

100% 1000/.<br />

A Tabela 3 compara os valores interpolados e calculados dos pontos médios (composição<br />

química com 50% <strong>de</strong> forsterita e 50% <strong>de</strong> faialita) <strong>de</strong> cada gráfico, mostrando a perfeita<br />

linearida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas funções.<br />

APUCAÇÃO<br />

A verificação inicial das curvas <strong>de</strong> variação d1l2' ~ d e ~ 26cuKa: foi obtida<br />

com uma olivina inclusa em diamante, cujos parâmetros unitários são:


82 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

110 =<br />

bo =<br />

Co =<br />

4,785 A<br />

10,222 A<br />

6,025 A<br />

A projeção <strong>de</strong>stes valores no Gráfico 1 forneceu três valores <strong>de</strong> composição química<br />

distinta cuja média foi <strong>de</strong> 69% <strong>de</strong> forsterita. Os <strong>de</strong>mais gráficos <strong>de</strong> d1l2' l:1 d e l:1 26cuKQ<br />

foram concordantes em 64% <strong>de</strong> forsterita, indicando valida<strong>de</strong> dos diagramas elaborados.<br />

TABELA 3<br />

Valores interpoIados e calculados para os pontos médios<br />

valor interpolado valor calculado<br />

80 4,7865A 4,7865A<br />

gráfico 1 bo lO,3360A lO,3360A<br />

Co 6,0430A 6,0430A<br />

gráfico 2 d112 2,4805A 2,4805A<br />

gráfico 3 b,d Q,8625A O,8625A<br />

gráfico 4 b,2-&CuKQ 9,540 9,540<br />

(o)<br />

10,0<br />

9,20<br />

Grâflco 4<br />

100% 100%<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

CAMARGO. W. G. R. &:MADUREIRA FILHO. J. B. - 1974 - N...<br />

-<br />

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SEQUÊNCIA CRISTALOGÊNICA DE INCLUSOES<br />

SINGENÊTICAS EM DIAMANTE:<br />

OLIVINA E GRANADA<br />

CIRANO ROCHA LEITE.<br />

ABSTRACT<br />

Morphological and x.ray studies on olivine and gamet aystals inclu<strong>de</strong>d in diamond lead to the establishment of a possible<br />

aystallogenic sequence between these two minerais, at the time of the inclusion processo From the x.ray diagrams ai the olivine erystals it<br />

may be observed the statistical coinci<strong>de</strong>nce of the planes (110), (010) and (021) ai the inelusion and the (111) faces of the diamand, indicating<br />

the existence of pre-formed olivine erystsllites. On the other hand, the irregular shapes shown by th08e aystals suggest a final morphology<br />

imposed by the host diamond. In the case of the gamet inelusions it ia more frequent the oeeurrence ai irregular habits and anomalous moro<br />

phologies, whieh <strong>de</strong>note a total influence of the diamond on the inclusion externa! habito This evi<strong>de</strong>nce pointa out that both inelusions are in<br />

fsct singenetic, but probably the olivine aystals were grown, or began to grow, at an early stage in relation to the gama.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Em geral, nos estudos sobre inclusões minerais em diamente, é freqüente a preocupação<br />

dos autores apenas com a i<strong>de</strong>ntificação ou a <strong>de</strong>terminação da composição química do<br />

material incluído. No entanto os dados morfológicos e a orientação relativa da inclusão no interior<br />

do hospe<strong>de</strong>iro, po<strong>de</strong>m igualmente fornecer dados importantes para a reconstituição da história<br />

do diamante natural, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua origem, até o seu aparecimento nas partes mais superficiais<br />

da crosta. No presente trabalho estes dados são aplicados para o estabelecimento <strong>de</strong> uma<br />

possível seqüência cristalogênica entre as duas inclusões minerais mais comuns em diamante:<br />

olivina e granada.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram selecionadas inicialmente, com o auxílio da lupa estereoscópica, cerca <strong>de</strong> 300<br />

amostras <strong>de</strong> diamantes com inclusões, provenientes diretamente <strong>de</strong> garimpos localizados nas<br />

regiões do Triângulo Mineiro (MG), Rio Tibagi (Pr) e Alto Araguaia (MT).<br />

A preocupação tomada posteriormente, para a obtenção dos dados <strong>de</strong>sejados, foi<br />

elaborar um programa <strong>de</strong> trabalho que conciliasse a aplicação <strong>de</strong> métodos não-<strong>de</strong>strutivos e <strong>de</strong>strutivos,<br />

no estudo <strong>de</strong> cada uma das amostras. Assim, utilizou-se primeiramente a microscopia<br />

·FFCL/A


---<br />

84 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

óptica que pennitiu, em alguns casos, a i<strong>de</strong>ntificação grosseira do material incluído e a obtenção<br />

<strong>de</strong> dados superficiais sobre a sua morfologia. Tal método foi também usado na seleção das<br />

amostras mais interessantes a serem submetidas à difração <strong>de</strong> raios-X. Em seguida, empregouse<br />

a técnica da microrradiografia, também conhecida como microscopia <strong>de</strong> raios-X, que possibilita<br />

a localização da inclusão no interior do hospe<strong>de</strong>iro, substituindo os meios ópticos quando estes<br />

não se aplicam, como é o caso <strong>de</strong> diamantes opacos ou translúcidos. Amicrorradiografiapo<strong>de</strong><br />

fornecer ainda informações sobre a morfologia da inclusão e sua orientação com reSpeito ao<br />

diamante, mas foi porém particularmente útil para a perfeita colocação do cristal incluído <strong>de</strong>ntro<br />

do feixe <strong>de</strong> raios-X, durante o estudo roentgenográfico.<br />

A i<strong>de</strong>ntificação final do material incluído foi possível por meio da <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong><br />

suas constantes unitárias, medidas em diagramas <strong>de</strong> preces são , segundo técnica já aplicada anteriormente<br />

(Leite, 1972). Estes diagramas permitem ainda a <strong>de</strong>terminação precisa das relações<br />

<strong>de</strong> orientação existente entre a inclusão e o hospe<strong>de</strong>iro, dado este importante para o perfeito estabelecimento<br />

do caráter singenético da inclusão. Após a i<strong>de</strong>ntificação, a amostra já po<strong>de</strong> ser<br />

sacrificada, o que se consegue utilizando uma pequena prensa on<strong>de</strong>, ao microscópio, po<strong>de</strong>-se<br />

acompanhar o processo <strong>de</strong> fratura, sendo <strong>de</strong>ste modo relativamente fácil <strong>de</strong>stacar-se a inclusão<br />

do hospe<strong>de</strong>iro sem o perigo <strong>de</strong> extravio do pequeno cristal incluído. As proprieda<strong>de</strong>s morfológicas<br />

po<strong>de</strong>m então ser <strong>de</strong>terminadas e, por meio da medida das coor<strong>de</strong>nadas polares das faces,<br />

obtidas ao goniômetro <strong>de</strong> reflexão teodolítico, é possível estabelecer-se, com segurança, os índices<br />

das formas cristalográficas presentes.<br />

Inclusões <strong>de</strong> olivina<br />

RESULTADOS OBTIDOS<br />

Os cristais <strong>de</strong> olivina incluídos em diamante apresentam comumente formas geométricas<br />

<strong>de</strong>finidas, po<strong>de</strong>ndo o hábito ser equidimensional, prismático ou tabular, ocorrendo sempre<br />

um arredondamento das arestas em virtu<strong>de</strong> da presença <strong>de</strong> inúmeras facetas vicinais. Cristais<br />

com forma esterna irregular são também possíveis <strong>de</strong> se observar, mas o tamanho reduzido<br />

<strong>de</strong>stas inclusões torna impraticável um estudo morfológico mais pormenorizado. As formas cristalográficas<br />

mais comuns nas inclusões <strong>de</strong> olivina estudadas, segundo os dados goniomitricos,<br />

são: (010), (110), (021), (011),(101), (001), (111) e (121). Cita-se ainda na literatura a ocorrência<br />

das formas (032) e (041) (Harris, 1968).<br />

Os cristais <strong>de</strong> hábito equidimensional são os que apresentam as arestas melhor<br />

<strong>de</strong>finidas e, em alguns casos, po<strong>de</strong>m apresentar um hábito pseudo-cubo-octaédrico, isorientado<br />

morfologicamente, ao diamante hospe<strong>de</strong>iro, fato este já observado por Men<strong>de</strong>lssohn (1971),<br />

Harris e Henriques (1972) e Sobolev et alii (1972). Um estudo goniométrico <strong>de</strong>ssas amostras<br />

mostrou no entanto que tal hábito é <strong>de</strong>corrente da associação <strong>de</strong> formas cristalográficas próprias<br />

da olivina, não se tratando portanto do caso <strong>de</strong> morfologia anômala, não compatível com a estrutura<br />

interna do cristal.<br />

Nas amostras <strong>de</strong> olivina com hábito prismático as arestas apresentam-se mais arredondadas<br />

que nas amostras <strong>de</strong>scritas anteriormente e as faces <strong>de</strong> maior expressão morfológica<br />

são aquelas que se <strong>de</strong>senvolvem ao longo eixo do prisma que, na maioria dos casos, é constituído<br />

pela direção (101) do cristal. Foi observada apenas uma amostra apresentando um hábito<br />

tabular, <strong>de</strong>corrente do maior <strong>de</strong>senvolvimento do plano (001) da inclusão, dado este obtido<br />

apenas por meio da difração <strong>de</strong> raios-X. A presença <strong>de</strong> inúmeras e minúsculas facetas vicinais<br />

conferia a este cristal um contorno quase circular.<br />

As relações <strong>de</strong> orientação entre as inclusões <strong>de</strong> olivina e o diamante, obtidas através<br />

<strong>de</strong> diagramas <strong>de</strong> precessão, sugerem a existência <strong>de</strong> uma certa regularida<strong>de</strong> na orientação mútua<br />

dos dois cristais, o que contraria as afirmações <strong>de</strong> Harris (op. cit.). Dos dados obtidos, verificou-se<br />

que pelos menos uma face morfologicamente importante da olivina po<strong>de</strong> coincidir, <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> um limite <strong>de</strong> tolerância <strong>de</strong> ::t 60, com um dos planos (111) do hospe<strong>de</strong>iro e na realida<strong>de</strong>, constatou-se<br />

em algumas amostras, que essa orientação aproxima-se bastante <strong>de</strong> uma das pos<br />

síveis posições <strong>de</strong> epitaxia entre olivina e diamante, citadas por Giardini & Mitchell (1953),<br />

Harris (1966) e Camargo e Leite (1969).<br />

Se admitirmos a forma octaédrica como a forma <strong>de</strong> equilíbrio predominante durante o<br />

-----


LEITE 85<br />

aescimento do diamante natural (Hartman, 1953) e conseqüentemente o plano (111) do hospe<strong>de</strong>iro<br />

como o provável substrato para uma possível orientação epitáxica da inclusão, é possível<br />

<strong>de</strong>terminarem-se os planos cristalográficos da olivina que irão, com maior probabilida<strong>de</strong>, assentar-se<br />

sobre a superfície octaédrica do diamante, pela simples projeção dos polos (111) dos<br />

diamantes estudados, sobre o estereograma da olivina, <strong>de</strong> acordo com os dados obtidos experimentalmente.<br />

Tal projeção, obtida com os dados <strong>de</strong> 18 amostras (7 estudadas no presente<br />

trabalho e 11 <strong>de</strong>scritas por Harris, op. cit.), é mostrada na Figura 1. Representando-se esses<br />

mesmos dados em diagrama ortogonal, tomando-se como or<strong>de</strong>nadas e abcissas as coor<strong>de</strong>nadas<br />

polares ~ e p, respectivamente (Fig. 2a), é possível verificar-se estatisticamente a concentração<br />

anômala dos polos (111) do diamante em três regiões, cujas coor<strong>de</strong>nadas coinci<strong>de</strong>m com<br />

as posições dos polos (021), (010) e (110) da olivina (Fig. 2b). Consi<strong>de</strong>rou-se, neste tratamento,<br />

a multiplicida<strong>de</strong> dos planos da olivina, visto que a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coincidência <strong>de</strong> planos <strong>de</strong><br />

ambos os critais aumenta em função <strong>de</strong>sse fator.<br />

Inclusões <strong>de</strong> granada<br />

6<br />

~~~O~<br />

6 6 O<br />

6tSJ<br />

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O 6 6<br />

6<br />

O<br />


cp.<br />

86 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />

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00<br />

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O<br />

O<br />

10" 20. 30.<br />

O<br />

O O<br />

00<br />

Fig.2a - Mesmos dados mostrados na Figura 1, em<br />

diagrama ortogonal.<br />

O<br />

Q<br />

O<br />

O<br />

O<br />

?<br />

90<br />

8<br />

70"<br />

60"<br />

o o<br />

DENSIDA.DE DE POLOS<br />

Fig. 2b - Diagrama ortogonal mostrando a concentração<br />

<strong>de</strong> pólos do diamante.<br />

oompleto, oom apenas a parte mais próxima da superfície do diamante formada por faces irregulares<br />

e terminando num vértice triplo. Na realida<strong>de</strong> essas faces irregulares constituem-se <strong>de</strong><br />

facetas vicinais da forma rombodo<strong>de</strong>caédrica.<br />

Comparando-se estes dados com os obtidos pela difração <strong>de</strong> raios-X e estabelecendose<br />

as relações <strong>de</strong> orientação entre inclusão e hospe<strong>de</strong>iro (Fig. 3), é possível verificar-se que a<br />

orientação sugerida pela morfologia predominante no cristal incluído é inoompatível com a estrotural,<br />

aproximando-se, no entanto, da orientação do diamante (Fig. 4). Estas evidências iD-<br />

(AI<br />

I<br />

I<br />

I<br />

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\ \\ \ , "'y..<br />

- - - - PRINCIPAIS ZONAS DA OLIVINA<br />

PRINCIPAIS ZONAS DO DIAMANTE<br />

Fig.3 - Orientação relativa entre diamante e granada: (A) amostra 1 e (B) amostra 2.<br />

/<br />

'SI<br />

\ ,<br />

I<br />

,<br />

,<br />

J<br />

-1._ -


LEITE<br />

dicam que a morfologia anômala nos cristais <strong>de</strong> granada po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vida à cristalização do<br />

material incluído numa cavida<strong>de</strong> cubo-octaédrica pré-existente na superfície do hospe<strong>de</strong>iro. fato<br />

este já ressaltado por Harris e Henriques (op. cit.).<br />

tA}<br />

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I<br />

I<br />

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PRINCIPAIS ZONAS<br />

- - PRINCIPAIS ZONAS . . o FACES OBSERVADAS<br />

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I I<br />

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MORFOLÓB'CAS<br />

ESTRUTURAIS<br />

Fig. 4 - Orientação morfo!ógica e estrutural das inclusões <strong>de</strong> granada (A) amostra! e (B) amostra 2.<br />

CONCLUSÕES<br />

Dos dados experimentais obtidos é possível concluir-se, primeiramente. que tanto a<br />

olivina como a granada são inclusões singenéticas do diamante. pois a morfologia <strong>de</strong>stes cristais<br />

po<strong>de</strong> sofrer a influência do cristal hospe<strong>de</strong>iro.<br />

O resultado do estudo sobre as relações <strong>de</strong> orientação entre olivina e diamante indica<br />

porém que em muitos casos estes cristais <strong>de</strong>vem apresentar-se sob a forma <strong>de</strong> núcleos <strong>de</strong> cristalização<br />

ou mesmo cristais pré-formados. tendo portanto uma origem anterior ao processo <strong>de</strong><br />

inclusão, visto que as formas (110), (010) e (021), cujas faces coinci<strong>de</strong>m com os planos (111) do<br />

hospe<strong>de</strong>iro, constituem as formas <strong>de</strong> maior expressão morfológica nos cristais <strong>de</strong> olivina livremente<br />

<strong>de</strong>senvolvidos.<br />

No caso das inclusões <strong>de</strong> granada é <strong>de</strong> se supor. pelas evidências. a não existência <strong>de</strong><br />

núcleos <strong>de</strong> cristalização pré-formados. <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a morfologia anômala. totalmente imposta pelo<br />

hospe<strong>de</strong>iro só po<strong>de</strong> ser admitida como conseqüência do crescimento simultâneo dos dois cristais.<br />

Das consi<strong>de</strong>rações expostas é lícito supor-se que a olivina cristalizou-se, ou iniciou a<br />

sua cristalização, em estágio anterior ao da granada.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

O autor <strong>de</strong>seja aqui registrar os seus agra<strong>de</strong>cimentos à Dr8 H. Judith Milledge, do<br />

University College London, pela assistência durante estágio naquela Instituição; ao CNPq, por<br />

concenção <strong>de</strong> bolsa; e à FAPESP, pelo auxílio financeiro.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

CAMARGO, W. G. R. & LEITE. C. R. - 1969 . Olivine epituy in Brazilian diarmnd.. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF CRYS.<br />

TALLOGRAPHY. Stony Brook. N. Y., ~. CoL Abet. p. 36.<br />

..,..<br />

/<br />

/<br />

87


-----<br />

88 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

GlARDINI, A. A. & MITCHELL. R. S.' 1963 - Oriente


PETROLOGIA E GEOQUtMICA DE RIOLITOS<br />

ALCALINOS PRÊ-CAMBRIANOS DO<br />

OESTE DA BAHIA<br />

GIAMPAOLO SIGHINOLFI*, TEODORA M. L. CONCEIÇÃO*<br />

ABSTRACT<br />

Precambrian alkaline rhyolites from Westem Babia State have been studied for petrology and cbemistry. Original mineralogy<br />

(esaentially quartz-feldspar phenocrysts immersed in a microcrystalline magnetite-rich matriz) like buli< chemistry, was strongly modified by<br />

secondary processes (cataclastic metamorphism. hydrotermalleacbing, weatbering). These processes provoked complete sericitization and/or<br />

microlinitization of feldspar and leaching of sodium and.a1kaline earths. Tho overall cbemistry suggests a pattern consistent with <strong>de</strong>rivation from<br />

material of near quartz-feldspar cotectic composition. This may represent a path of crustal fractionation of a partial melting within the continental<br />

crust of material of K-rich granitic composition. Ancient basamental biotite-rich gneisses were consi<strong>de</strong>red tlle most probable stsrting material.<br />

Possible correlations of this volcanism with the main tectonic events concerning the South-American shield were discuased and suggestions were<br />

ma<strong>de</strong> that this episodo marks a line of discontinuity within the Brazilian plate due to tbe progresaive separation during tbe Precambrian between<br />

some minor stable units because of differential shifting towards W.<br />

RESUMO<br />

Riolitos alcalinos pré-cambrianos exten<strong>de</strong>ndo-.. em direçAo aproximada NS, na área Ibitiara-Ibiajara da Chapada Diamantina.<br />

foram caracterizados quanto à petrologia e química.<br />

A mineralogia original (essencialmente representada por fenocristais <strong>de</strong> quartzo e feldspato imersos em uma matriz microcrista1ina.<br />

rica em magmetita)da mesma forma que a química total, foi fortemente modificada por processos secundários <strong>de</strong> metamorfismo cataclástico.<br />

hidrotermalismo e intemperismo. Estes processos levaram a uma sericitizaçAo completa ou microclinizaçAo dos feldspatos e lixiviação do<br />

sódio e alcalinos terrosos em geral.<br />

O carater químico, das rochas estudadas, sugeriu um padrAo consistindo em origem <strong>de</strong> material <strong>de</strong> composiçAo próxima da mistura<br />

cotética quartzo-feldspato. Este fato po<strong>de</strong> representar um trend <strong>de</strong> fracionamento crostal <strong>de</strong> uma fusAo parcial <strong>de</strong>ntro da crosta continental <strong>de</strong><br />

material <strong>de</strong> composição granítica, rico em potássio. Gnaisse e 8 biotita foram consi<strong>de</strong>rados oomo 08 mais prováveis materiais originais.<br />

Poasíveis correlaQÕ8s do vulcanismo da área com a evolUçAo da tectânica do Escudo Sul-americano foram discutidas e sugestões<br />

foram apresentadas, no sentido <strong>de</strong> que esae episixlio tivesse marcado uma linha <strong>de</strong> discontinuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da placa brasileira <strong>de</strong>vido a separaçAo<br />

progreasiva, durante o Pré-cambriano, entre unida<strong>de</strong>s menores estáveis com <strong>de</strong>slocamento diferencial para OBste.<br />

INTRODUÇÁO<br />

Rochas vulcânicas ricas em potássio equivalentes em aci<strong>de</strong>z a riolito-riodacitos da série<br />

calco-alcalina, representam uma ocorrência relativamente rara. Tais riolitos não aparecem, por<br />

exemplo, na série vulcânica alcalino-potássica <strong>de</strong> acordo com o esquema <strong>de</strong> classificação proposto<br />

por Irvine e Baragar (1973) on<strong>de</strong> os traquitos potássicos foram consi<strong>de</strong>rados como possíveis produtos<br />

<strong>de</strong> uma extrema diferenciação <strong>de</strong> magma subsaturado <strong>de</strong> alto teor em potássio.<br />

Em geral, a gênese <strong>de</strong> todo tipo <strong>de</strong> vulcânicas sálicas alcalinas permanece como um dos<br />

problemas mais difíceis da petroquímica ígnea. Diferenciação <strong>de</strong> um magma basáltico, fusão <strong>de</strong>ntro<br />

da crosta continental e mudanças químicas relacionadas com uma fase rica em voláteis são os<br />

processos genéticos mais comumente propostos. Recentemente, associaçõe$ vulcânicas ricas em<br />

potássio têm <strong>de</strong>spertado novo interesse, consi<strong>de</strong>rando-se a relação <strong>de</strong> sua gênese com a tectônica<br />

global e nesse contexto elas marcariam interações significantes <strong>de</strong> crosta-manto.<br />

·IG/UFBa


90 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Este trabalho estuda a petrologia e química <strong>de</strong> extrusivas sálicas ricas em potássio, do<br />

oeste da Bahia.<br />

O principal interesse <strong>de</strong>sse estudo é fornecer possíveis indicações <strong>de</strong> material fonte do<br />

fundido alcalino e <strong>de</strong> alguns aspectos da tectônica do Pré-cambriano <strong>de</strong> uma parte do Escudo<br />

Brasileiro.<br />

GEOLOGIA GERAL E PETROLOGIA<br />

Rochas efusivas ácidas aparecem em uma faixa aproximadamente N -S na região da<br />

Chapada Diamantina, <strong>de</strong>limitada pelas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ibitiara (12° -12° 30'Lat. S, 42° -42° 30' Long.<br />

W). As rochas <strong>de</strong> substrato, na área, constam, essencialmente, <strong>de</strong> rochas do Pré-cambriano Inferior<br />

do Escudo Brasileiro e <strong>de</strong> metacsedimentos do Pré-cambriano Superior e, <strong>de</strong> acordo com as interpretações<br />

mais comuns, essas últimas constituem parte <strong>de</strong> um orto-geossinclinal formado em tomo<br />

<strong>de</strong> núcleos cratônicos estabilizados.<br />

Os principais tipos litológicos caracterizando a região estudada, constam <strong>de</strong> massas<br />

graníticas com características subvulcânicas, extrusivas ácidas e meta-sedimentos (metaconglomerados,<br />

arenitos, filitos e siltes), atravessadas por veios <strong>de</strong> quartzo e diques <strong>de</strong> diabásio. A<br />

faixa <strong>de</strong> extrusivas ácidas esten<strong>de</strong>-se aproximadamente 60 km NW -SW e 8-10 km <strong>de</strong> largura, sendo<br />

concordante com a tectônica regional e estrutura da área. A rarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contatos visíveis diretos e a<br />

presença <strong>de</strong> feições contraditórias, observadas entre as extrusivas e rochas vizinhas, junto com um<br />

forte tectonismo superimposto, tornam extremamente problemática qualquer tentativa <strong>de</strong> reconstrução<br />

estratigráfica. Shobbe Nhaus (1967) sugeriu que o vulcanismo ácido fosse relacionado com<br />

um ciclo orogênico atribuído ao Pré-cambriano, compreen<strong>de</strong>ndo uma série geossinclinal argiloarenosa<br />

preexistente.<br />

Os episódios posteriores levariam ao estabelecimento das condições da bacia <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição<br />

nas margens do continente. O metamorfismo posterior <strong>de</strong> fácies xisto-ver<strong>de</strong> envolveu todas as<br />

formações, provocando intenso cizalhamento visível, particularmente, nas efusivas. Uma única<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> nas vulcânicas, através método K/ Ar (Tavora et alii 1967) dá um mínimo <strong>de</strong><br />

390 milhões <strong>de</strong> anos, datando, provavelmente, alguns processos secundários a que foram submetidas<br />

todas as rochas. De fato, estudos mais recentes confirmam a ida<strong>de</strong> pré-cambriana para o<br />

episódio vulcânico.<br />

Observações macroscópicas, permitem logo evi<strong>de</strong>nciar os vários processos pósmagmáticos<br />

(metamorfismo, alteração hidrotermal, intemperismo que têm contribuído para modificar<br />

as rochas embora seja problemático, a partir dos vários efeitos obtidos, estabelecer que tipo<br />

<strong>de</strong> processo é dominante em um dado ponto das rochas. Em todos os casos, a alteração, em geral,<br />

aumenta progressivamente do centro para a periferia da formação. Dessa forma, as rochas mais internas<br />

apresentam-se cinza escuras e com fenocristais não orientados euhédricos a sub-euhédricos<br />

enquanto as rochas mais externas são mais claras ou avermelhadas, fortemente cizalhadas e os<br />

fenocristais aparecem alongados e mostrando sinais <strong>de</strong> efeitos cataclásticos. Des<strong>de</strong> que o grau <strong>de</strong> alteração<br />

aumenta progressivamente, qualquer distinção entre amostras simples e alteradas é bastante<br />

arbitrária. Nesse trabalho, essa distinção será feita consi<strong>de</strong>rando-se tanto o aspecto mineralógico<br />

como químico.<br />

As rochas não alteradas são constituídas <strong>de</strong> fenocristais <strong>de</strong> quartzo e feldspato imersos<br />

em uma matriz microcristalina formada por intercrescimento <strong>de</strong> quartzo, feldspato e apresentando<br />

magnetita com biotita, titanita e zircâo como acessórios. Processos secundários levaram a uma<br />

quase total sericitização e ou microclinização dos feldspatos acompanhadas pela neoformação <strong>de</strong><br />

epidoto, albita e calcita é hematita. Ortoclásio micropertítico é provavelmente a forma correspon<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> baixa temperatura da sanidina original. Fenocristais <strong>de</strong> anortoclásio permenecem em algumas<br />

amostras, com uma provável modificação <strong>de</strong> seu estado estrutural, <strong>de</strong>ssa forma o anortoclásio<br />

aproxima-se <strong>de</strong> um padrão <strong>de</strong> microclina, segundo <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> raios-X. A composição<br />

<strong>de</strong> plagioclásio original varia <strong>de</strong> 4 a 27% <strong>de</strong> anortita, mostrando um certo <strong>de</strong>créscimo gradacional <strong>de</strong><br />

teor <strong>de</strong> anortita da porção norte a sul do corpo efusivo. Fortes acumulações, em algumas amostras,<br />

<strong>de</strong> minerais secundários potássicos (sericita, microclina) sugerem que um metassomatismo alcalino<br />

ocorreu pelo menos, localmente, durante o metamorfismo.<br />

Notas analíticas


SIGHINOLFI, CONCEIÇÃO 91<br />

Os elementos maiores e traços foram <strong>de</strong>terminados por espectometria <strong>de</strong> absorção<br />

atômica, através utilização do espectrofotômetro Perkin-Elmer, mo<strong>de</strong>lo 403. As <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong><br />

elementos maiores foram realizadas, utilizando-se o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição sugerido por Bemas<br />

(1968), modificado, porém, em alguns <strong>de</strong>talnes. Elementos traços foram <strong>de</strong>terminados essencialmente<br />

segundo Althaus (1966).<br />

A precisão e produtivida<strong>de</strong> dos métodos foram constantemente testadas com amostras<br />

padrões da USGS e CNRS.<br />

QUfMICA<br />

A Tabela. 1 registra os dados <strong>de</strong> elementos maiores e traços para 34 amostras <strong>de</strong> rochas<br />

vulcânicas. Os teores médios para os vários elementos e razões entre elementos foram calculados,<br />

consi<strong>de</strong>rando-se somente as 25 rochas inalteradas ou muito pouco alteradas. O caráter químico <strong>de</strong>ssas<br />

rochas leva a classificá-Ias como riolitos alcalinos ou riolitos ricos em potássio <strong>de</strong> acordo com as<br />

classificações comuns. A abundância relativa <strong>de</strong> alcalis, refletida pelos valores do índice agpaítico<br />

(em tomo <strong>de</strong> 0,85-0,95) evi<strong>de</strong>ncia um trend alcalino mas também a falta <strong>de</strong> um caráter alcalino marcante.<br />

Algumas variações na composição global (baixo teor em silica e altos teores <strong>de</strong> Ca, Mg e<br />

Ferro) indicam que algumas amostras apresentam uma composição mais máfica (dacítica ou riodacítica).<br />

Riolitos ricos em potássio, como foi visto', não são incluídos na série vulcânica potássica<br />

<strong>de</strong>finida por Irvine e Baragar (1971) que apresenta traquitos potássicos como membros finais.<br />

Dessa forma, as vulcânicas sálicas potássicas muito raramente são encontradas genéticamente<br />

correlacionadas com membros da principal série vulcânica potássica, a associação<br />

shoshonita, caracterizada principalmente por rochas subsaturadas (basaltos potássicos), com os<br />

termos mais diferenciados alcançando a composição <strong>de</strong> traquitos (ver vasta literatura, Baker et alii,<br />

1964; Cosgrove, 1972, Mackenzie e Chappel, 1972). Entretanto, é comumente suposto (Gill, 1972)<br />

que magroa <strong>de</strong> composição traquítica possa ser parente imediato <strong>de</strong> riolitos alcalinos.<br />

Ab<br />

. .<br />

Or<br />

S~RIE<br />

POT'«SSfCA<br />

70<br />

A n<br />

Fig. IA - Diagrama Normativo <strong>de</strong> Or-Ab-An. Os campos<br />

das fases minerais e <strong>de</strong> composição <strong>de</strong><br />

feldspatos nas séries das rochas foram <strong>de</strong>limitados<br />

segundo Girod & Lefevre, 1972;<br />

Irvine & Baragar, 1971.<br />

Fig.lB - Diagrama Molecular <strong>de</strong> SiOz, Alz03 e<br />

Alcalis. PHz = 100kg/cmz (segundo Shairer<br />

& Bowen, 1955, ° 1956. As composições mínimas<br />

<strong>de</strong> quartzo e feldspato A, B e C foram<br />

calculadas segundo Charmichael&<br />

1963).<br />

Mackenzie,<br />

o diagrama Or.Ab.An (Fig, 1 A) m05tra li compo5içãodo feld5plito norm"tivQ. A<br />

maioria das amostras caem no limite entre os campos <strong>de</strong> sanidina e anortoclásio, plotados segundo


92 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Girod e Lefevre (1972), como é normalmente encontrado para feldspato <strong>de</strong> rochas efusivas sálicas<br />

alcalinas. As amostras que se apresentam dispersas por causa do teor <strong>de</strong> sódio abaixo da norma,<br />

marcam os efeitos <strong>de</strong> processos secundários. Esses processos serão consi<strong>de</strong>rados em discussões poso<br />

teriores com respeito a química, material forte e processos <strong>de</strong> formação das rochas.<br />

Para a química total das rochas efusivas <strong>de</strong> Ibitiara, convém analizar suas variações<br />

químicas em termos do sistema Na20.K20.AI203.Si02' Os novos cálculos <strong>de</strong>sses quatro óxidos<br />

para 100% molecular, foram efetuados. A Figura 1 B apresenta as variações <strong>de</strong> sílica, alumína e alo<br />

calis combinados. A maioria das amostras não alteradas ou pouco alteradas são estritamente<br />

agrupadas<br />

dos sistema<br />

<strong>de</strong>ntro<br />

K20<br />

da zona cotética do quartzo <strong>de</strong>finida pelos limites <strong>de</strong> Or-silica e Ab-silica tomadas<br />

- Al203 - Si02 e Na20 - Al203 . Si02 em 1 atmosfera (Shairer e Bowen, 1955,<br />

1956) e <strong>de</strong>ntro da linha marcando a razão Na20 + K20/ Al203 como igual a unida<strong>de</strong>. Além disso, a<br />

maioria das amostras caem perto da composição mínima quartzo-feldspato (ponto A), plotado <strong>de</strong><br />

Baileye Macdonald (1970), caracterizando junto com os mínimos B e C 3 seções, com alcalinida<strong>de</strong><br />

aumentando, do sistema Ab.Or.Q.Ac.Ns.H20 sob pressão <strong>de</strong> água <strong>de</strong> 1 kilobar, estabelecido por<br />

Carmichael e Mackenzie (1963). Isto sugere que estas rochas, qualquer que seja sua origem,<br />

aproximam-se <strong>de</strong> composição mínima quartzo.feldspato. Somente poucas amostras das rochas (ao<br />

lado <strong>de</strong> amostras fortemente alteradas enriquecidas em silica) caem fora da zona cotética quartzo.<br />

feldspato. Essas amostras revelam a presença <strong>de</strong> termos <strong>de</strong> composição mais básica (riodacítica).<br />

Indicações similares po<strong>de</strong>m ser mostradas em um diagrama normativo quartzo-albita-ortoclásio.<br />

As variações na composição global das rochas efusivas po<strong>de</strong>m ser evi<strong>de</strong>nciadas, plotando-se<br />

o fator (1/3 Si + K) - (Ca + Mg), conhecido como fator <strong>de</strong> diferenciação <strong>de</strong> EI-Hinnawi et alii<br />

(1969) contra os elementos maiores principais e traços (Fig. 2).<br />

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160<br />

0,6<br />

120 .<br />

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10 11 ~ ~ ~ I~ 18 17<br />

(1/5 Si+K)-(Ca+Mt)<br />

120<br />

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10 11 12 13 111 I~ 18 17<br />

(1/3 SI+K)-(Co+MI)<br />

Fig. 2 - (Variação dos teores <strong>de</strong> elementos maiores e traços em função do índice <strong>de</strong> diferenciação).


l<br />

..<br />

5<br />

2<br />

. .<br />

SIGHINOLFI, CONCEI ÇÃO 93<br />

o potássio aumenta com este fator tão bem quanto o teor em sílica. O teor em alcalis<br />

aumentando com a diferenciação é normalmente encontrado para a série <strong>de</strong> rochas vulcânicas alcalinas<br />

(Jakes e Smith, 1970; Girod e Lefevre, 1972; Bauer et alii, 1973). O teor em potássio é cons.<br />

tantemente maior que o teor em sódio mas a prepon<strong>de</strong>rância <strong>de</strong> potássio sobre o sódio é mais mar.<br />

cante nos termos mais <strong>de</strong>ferenciados para maiores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fenocristais <strong>de</strong> feldspato potássico.<br />

Esta feição foi encontrada em ignimbritos (EI.Hinnawi et alü, 1969).<br />

A maioria dos trends observados para elementos maiores e para elementos traços (Fig.<br />

2) representam trends magmáticos típicos. Feições não magmáticas são normalmente <strong>de</strong>vido a dis.<br />

persão <strong>de</strong> amostras fortemente alteradas. Nesse trabalho, serão feitas algumas consi<strong>de</strong>rações a respeito<br />

dos elementos traços mais significativos e razões entre elementos.<br />

O teor médio em rubidio (150 ppm) está <strong>de</strong> acordo com os valores normais para rochas<br />

graníticas porém o valor médio da razão K/Rb (352) é apreciavelmente mais alto que a média nos<br />

granitos e que a média correspon<strong>de</strong>nte em rochas riolíticas (Ewart et alii, 1968). Isto é, em parte,<br />

<strong>de</strong>vido a valores anormalmente altos da razão K/Rb <strong>de</strong>vido a uma certa diminuição <strong>de</strong> Rb em relação<br />

ao K. O gráfico <strong>de</strong> K contra Rb (Fig. 3) evi<strong>de</strong>ncia estes fatos, indicando uma baixa coerência<br />

entre os 2 elementos em -comparação com aquela encontrada para rochas magmáticas. Por esta<br />

razão, é difícil dizer se K/Rb diminui com o aumento <strong>de</strong> K, uma observação que po<strong>de</strong> dar indicações<br />

se o líquido residual foi obtido por fracionamento prévio <strong>de</strong> plagioclásio (Ewart et alii, 1968). Para o<br />

caso <strong>de</strong> rochas mais alteradas, o processo hidrotermalpo<strong>de</strong> ter sido responsável pela separação par.<br />

cial <strong>de</strong> Rb <strong>de</strong> K <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que é bem conhecido que o material formado por hidrotermalismo apresenta<br />

uma acumulação <strong>de</strong> Rb em relação a K (a Figura 3 mostra o trend hidrotermal pegmatítico <strong>de</strong><br />

Schaw, 1968).<br />

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100 Rb (ppm)<br />

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Llnh.. 111: IItrendl! <strong>de</strong> princlp.is roch.s fgneiu.<br />

lon. PH: "trendll <strong>de</strong> pegm.tlto hldroterm.1<br />

(segundo Sh.w. 1'68)<br />

00"<br />

",<br />

Fig. 3 - Relação K/Rb nas rochas efusivas - Ibitiara.<br />

"<br />

500<br />

,<br />

, "<br />

"<br />

O teor em estrôncio (50 ppm) é notavelmente menor que para outras rochas graníticas e<br />

este fato é refletido também nas razões extremamente elevadas <strong>de</strong> Rb/Sr. Duas causas po<strong>de</strong>m ter<br />

concorrido para o abaixamento do teor <strong>de</strong> Sr: primeiro, a taxa <strong>de</strong> fracionamento sob a qual o líquido<br />

residual foi originado; segundo, processos pás-magmáticos (lixiviação hidrotermal e ou intemperismo).<br />

A diminuição marcada <strong>de</strong> Sr é visível on<strong>de</strong> ocorrem também a lixiviação <strong>de</strong> outros elementos<br />

como Ca, Mg e Na. Por outro lado, a diminuição progressiva <strong>de</strong> Sr no líquido residual ocorre, sem<br />

dúvida, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que em amostras não alteradas o estrôncio diminui fortemente com o aumento do<br />

fator <strong>de</strong> diferenciação. A diminuição extrema <strong>de</strong> Sr em rochas efusivas sálicas é normalmente consi<strong>de</strong>rada<br />

como resultado <strong>de</strong> um fracionamento (Weaver et alii, 1972) e mais geralmente <strong>de</strong> condições<br />

hiperalcalinas na geração <strong>de</strong> magma (Nicholls e Carmichael, 1969).<br />

Os teores em Pb e Li são especialme~te baixos, quando comparados com a média dos<br />

teores em granitos (Taylor, 1969; Taylor e White, 1966) tal como com os valores para riolitos alcalinos<br />

sálicos (We<strong>de</strong>pohi, 1956; Ewart et alii, 1968; EI-Hinnawi et alii, 1969). Isto éWgDo<strong>de</strong> nota<br />

porque o Pb ten<strong>de</strong> a ser normalmente concentrado em rochas sálicas ricas em potássio, apresentando<br />

feldspato potássico no qual, Pb substitui, por diadocia. o K.<br />

Teores médios em Ni (12.1 ppm) e Cu (18.4 ppm) estão fracamente em excesso em re.<br />

lação aos valores normais para efusivas graníticas.<br />

PH


94 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

1)<br />

2)<br />

3)<br />

4)<br />

CROSTA TERRESTRE<br />

CROSTA SUPERIOR<br />

CROSTA<br />

MANTO<br />

CROSTA<br />

MANTO<br />

CROSTA<br />

MANro<br />

DURANTE O PRE-CAMBRIANO<br />

(grau geotérmico mais alto)<br />

comportamento rígido<br />

7- _ _ . _ __ _ __ _ _ __ _ _ _ _ ~ _ _ _ _ __ __ 7<br />

comportamento plástico<br />

DEPOIS DO PRE-CAMBRIANO<br />

( grau geotérmico mais baixo)<br />

comportamento rígido<br />

~ distensão ~<br />

-- - --- ~ distensão ~<br />

T aumentando:~<br />

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parcial<br />

I .<br />

ROCha~licaS<br />

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~~I~_~~i~~~.~{!:~~~ _ _ _ ___<br />

Fig.4 - Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> vuloanismocem áreas era tônicas.<br />

EFEITOS DOS PROCESSOS POS.MAGMÁTICOS<br />

Rochas basálticas<br />

Segundo o exposto acima, uma gran<strong>de</strong> parte das rochas efusivas sofrem transformações<br />

mineralógicas complexas e algumas modificações abruptas da química <strong>de</strong>vido a lixiviação <strong>de</strong> alcalinos<br />

e alcalinos terrosos.<br />

Condições <strong>de</strong> metamorfismo <strong>de</strong> fácies xisto-ver<strong>de</strong> atuaram e <strong>de</strong>ixaram algumas evidências<br />

mas é extremamente dtlícil reconstruir a seqüência <strong>de</strong> alteração e atribuir os efeitos que cada<br />

processo <strong>de</strong>ixou nas rochas. O metamorfismo foi certamente responsável pela neoformação <strong>de</strong> albita,<br />

calcita e epidoto e pela microclinização e sericitização <strong>de</strong> fases ricas em feldspatos potássicos<br />

pré-existentes. Além disso, concentrações locais <strong>de</strong> minerais potássicos parecem resultar <strong>de</strong> reações<br />

metassomáticas durante o metamorfismo.<br />

O processo hidrotermal é gran<strong>de</strong>mente difundido e é sem dúvida responsável pelos veios


SIGHINOLFI, CONCEIÇÃO 95<br />

<strong>de</strong> quartzo abundantes (geralmente auriferos) que cortam as efusivas e rochas encaixantes. As<br />

ativida<strong>de</strong>s cataclásticas e hidrotermal po<strong>de</strong>m ser correlacionadas com a intrusão <strong>de</strong> massas graníticas<br />

presentes na área mas o hidrotermalismo po<strong>de</strong> ser também somente correlacionado com o<br />

metamorfismo <strong>de</strong> fácies xisto-ver<strong>de</strong>. As principais modificações químicas po<strong>de</strong>m ter sido conseqüência<br />

<strong>de</strong> uma lixiviação hidrotermal, porém um intenso intemperismo tropical po<strong>de</strong> ter produzido<br />

um material residual semelhante, rico em sÜica. Lixiviação <strong>de</strong> riolitos Pré.cambrianos foram previamente<br />

estudados por Baker e Burmester (1970) que verificaram que a diminuição <strong>de</strong> alcalinos<br />

terrosos foi acompanhada também pela da sílica como conseqüência da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> fenocristais <strong>de</strong><br />

quartzo. Este fato foi interpretado como <strong>de</strong>vido ao pH elevado <strong>de</strong> soluções lixiviantes favorecendo a<br />

solubilida<strong>de</strong> da sílica. No caso presente, a persistência <strong>de</strong> pórfiros <strong>de</strong> quartzo indica que as soluções<br />

lixiviantes, qualquer que seja sua origem, tinha pH suficientemente ácido para impedir a mobilização<br />

da sÜica confrmeseria esperado <strong>de</strong> soluções ácidas silicosas.<br />

INTERPRETAÇOES GENÉTICAS E CONCLUSOES<br />

A química das rochas efusivas sálicas <strong>de</strong> Ibitiara sugere um padrão consistindo com a<br />

<strong>de</strong>rivação <strong>de</strong> material <strong>de</strong> composição quartzo-feldspática ou próxima da zona cotética quartzofeldspática<br />

e perto da composição mínima <strong>de</strong> quartzo. Isto po<strong>de</strong> representar uma etapa <strong>de</strong> fracionamento<br />

<strong>de</strong> um magma mais máfico ou <strong>de</strong> um aumento <strong>de</strong> fusão parcial <strong>de</strong>ntro da crosta continental<br />

<strong>de</strong> material <strong>de</strong> composição granítica alcalina. As pequenas variações na composição po<strong>de</strong>m evi<strong>de</strong>nciar<br />

que a cristalização fracionada tem atuado em alguma extensão, diferenciando o líquido sálico. A<br />

produção <strong>de</strong> líquidos hiper-alcalinos <strong>de</strong> outros fundidos pela cristalização fracionada tem sido investigada<br />

(Bailey, 1964; Bailey e Schairer, 1964; Bailey e MacDonald, 1969). Líquidos diferenciados<br />

que se fracionam em direção a composição mínima aluminosa po<strong>de</strong>m produzir riolitos alcalinos<br />

supersaturados. Supõe-se também que magmas <strong>de</strong> composição traquítica possam ser parentes<br />

imediato <strong>de</strong> riolitos alcalinos (Gill, 1972) mas relações <strong>de</strong> comportamento direto entre estas rochas e<br />

outros membros da série ígnea rica em potássio não são normalmente observadas. Para explicar a<br />

origem <strong>de</strong> líquidos subsaturados ricos em K, foram feitas sugestões <strong>de</strong> que estes líquidos fossem<br />

gerados em profundida<strong>de</strong> (ver Bell e Powell, 1969; Wright, 1971)sendo correlacionados com eventos<br />

maiores <strong>de</strong> tectônica continental, em geral seguindo mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> colisão <strong>de</strong> placas crustais (Jakes e<br />

Smith, 1970; Cosgrove, 1972; Mackenzie e Chappel, 1972; Barberi et alü, 1974). Rochas efusivas<br />

potássicas caracterizam regiões orogênicas tardiamente estabilizadas (Joplin, 1968) tão bem como<br />

áreas <strong>de</strong> tectonismo ativo <strong>de</strong> arcos <strong>de</strong> ilhas (Smith, 1972) on<strong>de</strong> escudos <strong>de</strong> crosta siálica afundando<br />

no manto sofreram fusão parcial envolvendo uma fase micácea (provavelmente flogopita) respon.<br />

sável pelo alto teor em K do fundido. Nesse trabalho, as evidências (colocação geológica, ausência<br />

completa <strong>de</strong> rochas vulcânicas mais básicas <strong>de</strong> possível correlação) salientam a dominância <strong>de</strong> fusão<br />

parcial <strong>de</strong>ntro da crosta para produção do magma sálico alcalino. Muitas hipóteses po<strong>de</strong>m ser<br />

propostas visando estabelecer a possível composição do material original submetido a fusão parcial.<br />

A tabela 2 registra uma lista <strong>de</strong> materiais crustais, a partir da literatura, consi<strong>de</strong>rados originais<br />

para a produção <strong>de</strong> fundidos subsaturados ou saturados, ricos em K. Em nossa opinião qualquer<br />

i<strong>de</strong>ntificação com base em afinida<strong>de</strong>s quimicas ou consi<strong>de</strong>rações geológicas do provável material<br />

original que gera, através fusão parcial, um dado líquido, é extremamente problemático, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

as gran<strong>de</strong>s convergências ou divergências na composição po<strong>de</strong>m ser causadas por um gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> processos (movimentos tectônicos, transferência <strong>de</strong> volume, etc). Entretanto, algumas<br />

observações (altos valores da razão K/Rb, <strong>de</strong> Ferro e dos teores <strong>de</strong> Cu e Ni) parecem indicar (são<br />

somente hipóteses) que um antigo embasamento <strong>de</strong> gnaisse a biotita, com pouco Rb em relação a K<br />

durante ciclos metamórficos repetidos, fosse o mais provável material original das efusivas estudadas.<br />

Ê <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse mundial tentar correlacionar episódios vulcânicos com a história<br />

da tectônica regional do embasamento brasileiro. Neste ponto, mesmo se a tectônica brasileira é<br />

ainda pouco conhecida, uma subdivisão do embasamento cristalino na área da Bahia em duas ou<br />

mais unida<strong>de</strong>s estáveis bem limitadas, foi reconhecida há muito tempo.<br />

Cordani (1973) recentemente distingüiu uma unida<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>ndo a região centrooeste<br />

da Bahia (Craton São Francisco) <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> mais a este (Craton Salvador). Os limites en.<br />

tre as duas unida<strong>de</strong>s não são ainda bem <strong>de</strong>finidos mas existem indicações <strong>de</strong> que a área ocupada<br />

pelas efusivas riolíticas seja <strong>de</strong> transição entre as duas massas estáveis. Dessa forma, a fusão par.


96 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

TABELA 1<br />

Resultados Analíticos: Amostras não Alteradas ou pouco Alteradas<br />

(Elementos Traços em ppm)<br />

GIB4 GIB 7 GIB 8 GIB 9 GIB 11 GIB 12 GIB 13 GIB 14 GIB 17<br />

Si02 64.70 71.82 68.55 71.70 71.99 71.38 71.10 65.69 71.71<br />

Ti02 0.33 0.50 0.52 0.42 0.24 0.38 0.32 0.33 0.53<br />

Al203 12.56 12.21 12.55 12.81 12.37 12.54 12.56 13.51 12.69<br />

Fe203 3.48 2.70 6.28 1.63 3.15 2.44 2.32 6.08 1.90<br />

FeO 2.82 1.41 1.32 0.95 0.97 1.08 1.43 0.57 2.32<br />

MnO 0.135 0.063 0.117 0.112 0.058 0.035 0.082 0.066 0.051<br />

MgO 0.47 0.41 0.49 0.33 0.044 0.031 0.062 0.32 0.269<br />

Cao 4.06 1.74 1.15 3.10 1.91 1.34 2.42 2.20 1.40<br />

Na20 3.37 3.19 4.45 2.04 3.05 2.68 2.92 4.29 2.12<br />

K20 4.12 5.27 3.76 5.70 5.35 7.14 4.90 3.95 6.18<br />

H2O+ 2.77 1.22 0.84 2.07 1.66 1.00 1.97 1.97 1.35<br />

Total 98.81 100.53 100.03 100.86 100.79 100.04 100.08 98.98 100.52<br />

Total Fe 6.61 4.26 7.74 2.68 4.23 3.64 3.91 6.71 4.47<br />

(Fe203)<br />

Na20+K2O<br />

--..--.......... 0.796 0.896 0.907 0.743 0.873 0.967 0.805 0.838 0.802<br />

A1203<br />

Li 7 19.2 21 12.6 8.1 2.8 4 4.6 22.5<br />

Ni 9.0 11.4 18.6 9.4 16 10.7 8.6 13.4 13<br />

eu 26 77 11.8 7.2 9.0 9.6 18.2 83 8<br />

Zn 108 204 87 56 50 35 64 83 76<br />

Rb 38 230 94 166 264 150 61 112 305<br />

Sr 35 30 46 51 30 28 52 58 22<br />

Pb 6.2 140 6 0.4 1.7 3.5 10.7 13 2.3<br />

K/Rb 900 190 332 285 168 395 667 293 168<br />

Rb/Sr 1.086 7.667 2.043 3.255 8.800 5.357 1.173 1.931 13.864<br />

GIB 18 GIB 21 GIB 23 GIB 24 GIB 25 GIB 27 GIB 30 GIB31 GIB 33<br />

Si01 69.52 68.54 71.37 69.03 71.02 71.86 69.70 70.56 71.63<br />

Ti02 0.45 0.43 0.35 0.35 0.31 0.50 0.49 0.35 0.42<br />

A1203 12.46 12.09 13.71 14.35 12.49 12.74 12.81 12.37 12.95<br />

Fe203 4.82 5.39 3.35 3.08 3.72 1.33 4.13 3.66 2.34<br />

FeO 0.84 1.04 0.71 1.15 0.68 2.70 0.80 1.06 1.47<br />

MnO 0.074 0.091 0.020 0.059 0.033 0.075 0.035 0.062 0.059<br />

MgO 0.069 0.035 0.22 0.090 0.009 0.23 0.035 0.054 0.33<br />

Cao 1.65 2.76 0.30 1.77 1.60 1.65 2.60 2.33 1.09<br />

Na20 2.90 4.56 2.55 4.25 4.47 3.40 4.04 3.91 4.03<br />

K20 5.07 3.69 6.37 4.47 4.41 5.35 4.56 4.95 3.59<br />

H20+ 1.72 1.89 0.94 0.88 1.05 0.84 0.73 1.30 1.10<br />

Total 99.77 100.63 99.89 99.48 99.79 100.67 99.92 100.60 99.01<br />

Total Fe<br />

(Fe203)<br />

Na20+K2O<br />

A1203<br />

5.75 6.54 4.14 4.36 4.47 4.33 5.02 4.84 3.97<br />

0.822 0.949 0.809 0.823 0.971 0.892 0.903 0.952 0.811<br />

Li 18.8 1.2 15.8 1 0.5 11 7 14.6 8.1


SIGHINOLFI, CONCEIÇÃO 97<br />

Ni 8.4 19 10.2 18.4 11.1 9.9 11.2 13 11<br />

eu 9.1 8.2 6 9.2 36 16,6 9.8 7 8<br />

Zn 85 40 78 30 30 164 45 44 113<br />

Rb 195 34 286 160 140 220 54 195 80<br />

Sr 62 156 37 42 40 48 56 93 107<br />

Pb 8 13 10.7 2.4 8 35 13 2.4 15.5<br />

K/Rb 216 900 185 232 261 202 700 211 372<br />

Rb/Sr 3.145 0.218 7.730 3.809 3.500 4.583 0.964 2.097 0.748<br />

GIB 34 GIB 35 GIB 38 GIB 39 GIB 44 GIB 47 GIB 49 média <strong>de</strong> 25 amostras<br />

SiOz 67.62 66.37 71.98 72.49 70.64 67.06 72.35 70.01<br />

TiOz 0.80 0.76 0.37 0.26 0.38 0.72 0.40 0.44<br />

Alz 03 13.99 12.50 12.53 12.41 12.19 14.85 12.55 12.83<br />

FeZ03 2.80 6.00 2.03 2.01 3.12 2.77 3.45 3.36<br />

FeO 2.36 2.92 0.84 1.19 0.56 2.53 0.24 1.36<br />

MnO 0.067 0.061 0.054 0.045 0.060 0.094 0.066 0.067<br />

MgO 0.63 0.30 0.085 0.047 0.32 0.98 0.098 0.24<br />

Cao 1.35 2.17 1.16 0.85 1.72 1.30 1.15 1.80<br />

'NazO 5.18 2.77 4.32 4.64 2.13 4.73 3.67 3.60<br />

KzO 4.20 6.03 4.59 4.02 6.32 3.62 4.72 4.89<br />

HzO+ 1.38 0.62 1.08 1.09 1.53 1.74 1.26 1.33<br />

Total 100.38 100.50 99.03 99.05 98.97 100.39 99.95<br />

Total Fe<br />

(FeZ03)<br />

NazO+KzO<br />

Alz 03<br />

5.42 9.24 2.96 3.33 3.74 5.58 3.72 4.87<br />

0.932 0.886 0.963 0.964 0.839 0.787 0.888 0.873<br />

Li 9.6 3.7 2.8 13 9.7 23.2 21.2 10.5<br />

Ni 13.4 11.8 13 13 10.2 9.6 11 12.1<br />

eu 29.5 9.2 7 7.2 5 16.8 26 18.4<br />

Zn 80 81 25 64 49 101 126 77<br />

Rb 99 125 190 180 198 80 148 150<br />

Sr 88 60 81 30 76 76 39 56<br />

Pb L7 1.7 4.5 4.5 10.7 2.4 15.5 13.3<br />

K/Rb 352 401 200 278 265 373 265 352<br />

Rb/Sr 1.125 2.083 2.346 4.000 4.304 1.053 3.795 3.627<br />

GIB 5 GIB 6 GIB 10 GIB 19 GIB 20 GIB 22 GIB 37 GIB 40 GIB 41 GIB 42<br />

SiOz 61.77 84.77 83.08 88.08 79.65 79.21 72.38 73.60 73.55 73.14<br />

Ti02 0.75 0.23 0.23 0.31 0.21 0.24 0.38 0.37 0.13 0.50<br />

Alz 03 16.66 7.51 9.34 5.62 11.75 11.17 12.22 12.87 14.93 13.13<br />

Fez 03 7.65 1.88 2.56 2.25 1.20 2.93 4.12 2.85 3.17 3.76<br />

FeO 0.91 0.58 0.60 1.12 0.89 0.59 0.73 0.57 0.53 0.35<br />

MnO 0.039 0.004 0.073 0.002 0.030 0.015 0.038 0.002 0.082 0.033<br />

MgO 0.206 0.150 0.143 0.26 0.50 0.20 0.062 0.047 0.028 0.55<br />

Cao traces traces traces 0.10 tract:s traces 0.50 traces 0.05 traces<br />

NazO 0.11 0.028 0.05 0.027 0.53 0.10 1.69 1.01 0.22 0.18<br />

K20 7.95 2.91 3.71 1.88 3.80 3.63 5.98 6.49 4.68 7.29<br />

HzO+ 3.11 1.44 1.13 1.16 1.78 1.52 1.73 1.89 2.20 2.00<br />

Total 99.16 99.50 100.91 100.81 100.34 99.60 99.83 99.70 99.57 100.93


98 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Total Fe<br />

(Fe203)<br />

8.66 2.52 3.23 3.49 2.19 3.58 4.93 3.48 3.76 4.15<br />

Na2 O+K2 ° 0.757 0.673 0.362 0.623<br />

----- 0.526 0.423 0.437 0.368 0.423 0.376<br />

Al203<br />

Li 29,5 28 16,2 12 12.2 1.2 7 7.3 0.6 10.2<br />

Ni 18.2 5.2 3 3.4 7.1 5 12 7.6 13.4 5.6<br />

eu 9.4 7 53 9 28 6 7 6 7 5<br />

Zn 100 75 49 46 30 49 66 58 20 81<br />

Rb 500 193 153 110 162 186 230 253 233 250<br />

Sr 5 5 3 6 17 10 7 17 12 9<br />

Pb 9.4 1.1 13 0.4 0.8 1.1 9.4 12 2.5 10.3<br />

K/Rb 132 125 201 142 194 162 216 213 166 242<br />

Rb/Sr 100.000 38.600 51.000 18.333 9.525 18.600 32.857 14.882 19.417 27.777<br />

Tipo <strong>de</strong> produto <strong>de</strong> cristalização<br />

lavas máficas alcalinas em geral<br />

província ígnea alcalina <strong>de</strong> este <strong>de</strong><br />

Uganda<br />

TABELA 2<br />

Algum&'l Interpretações Sobre Gênese <strong>de</strong> Magmas Potássicos<br />

Material originário e processo genético<br />

anatexia <strong>de</strong> rochas plutônicas ricas em<br />

biotita e homblenda<br />

Waters, 1955<br />

fusão <strong>de</strong> rochas feníticas do embasamento King, 1965<br />

riolitos potássicos metassomatismo potássico <strong>de</strong> rochas Radulescue, 1966<br />

riolÍticas ca1co-alcalinas<br />

rochas efusivas riolíticas, ilhas <strong>de</strong><br />

Centro-Norte - Nova Zelândia<br />

ignimbitos alcalinos <strong>de</strong> composição<br />

riolítica-rioc1adítica - Chile<br />

rochas calco-alcalinas, muito<br />

potássicas <strong>de</strong> este <strong>de</strong> Papua<br />

felsitos potássicos <strong>de</strong> Invemess<br />

Shire, Inglaterra<br />

traquito potássico, pré~ambriano,<br />

Malvernian, Inglaterra<br />

província shoshonítica do<br />

Permiano, Inglaterra<br />

Autor<br />

fusão parcial <strong>de</strong> seqüências <strong>de</strong> grauvacas Ewart et alii., 1968<br />

e argilitos associados às efusivas<br />

anatexia <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s massas <strong>de</strong> material El-Hinnai et alü., 1970<br />

graní tico crostal<br />

fusão fracionada <strong>de</strong> ec1ogitos a Jakes and Smith, 1970<br />

anfibólio e mica<br />

fusão parcial <strong>de</strong> arcósios Ridley, 1971<br />

fusão parcial <strong>de</strong> rochas do embasamento Thorpe, 1971<br />

ricas em biotita<br />

fusão parcial <strong>de</strong> escudos afundando <strong>de</strong> Cosgrove, 1972<br />

crosta oceânica a flogopita<br />

associações shoshonÍticas fusão parcial <strong>de</strong> crosta siállca em Mackensie & Chappel, 1972<br />

eclogito afundando no manto<br />

cial <strong>de</strong>ntro da crosta po<strong>de</strong> ter sido convertida em magmatismo durante ajustamentos internos ao<br />

longo <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> fraqueza <strong>de</strong>ntro da placa na litosfera brasileira em resposta a mudanças sincrônicas<br />

afetando as dimensões externas da placa. Uma hipótese semelhante foi proposta por Grant<br />

et alii, (1972) para explicar o vulcanismo alcalino recente na placa africana.<br />

Muitas especulações foram feitas acerca das causas e mudanças nas dimensões externas<br />

<strong>de</strong> placa. A concordância com a principal estrutura da área, o eixo maior do vulcanismo e os prováveis<br />

alinhamentos correlacionados <strong>de</strong> granito subvulcânico, sublinha o fato <strong>de</strong> que a linha interior<br />

<strong>de</strong> fraqueza <strong>de</strong>ve ter se estendido segundo a direção N-S.<br />

Assim, a hipótese mais provável para explicar mudanças na dimensão global da placa<br />

consistiria na separação <strong>de</strong>sta pelo movimento diferencial <strong>de</strong> uma parte provavelmente na direção


SIGHINOLFI, CONCEIÇÃO 99<br />

E-W. O vulcanismo ácido seria relacionado com a fase <strong>de</strong> separação antiga da placa tão bem como<br />

com a fase sucessiva caracterizada no final pela aproximação.ou colisão entre as duas massas <strong>de</strong>vido<br />

a uma inversão na razão <strong>de</strong> movimento. Episódios <strong>de</strong> aceleração diferencial ou <strong>de</strong>saceleração envolvendo<br />

porções <strong>de</strong> uma simples placa são aceitos, em geral. Nota-se que, <strong>de</strong> acordo com os pontos <strong>de</strong><br />

vista correntes, a separação da placa sul-americana da placa africana <strong>de</strong>ve ter ocorrido por movimento<br />

diferencial da primeira em direção a W. As analogias observadas entre este movimento <strong>de</strong><br />

massa continental principal e episódios menores propostos po<strong>de</strong>m ser somente ocasionais mas isto<br />

po<strong>de</strong> também implicar que um trend geral para separação continental já existia muito antes do que<br />

comumente é sustentado. Qualquer <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> favorecendo reconstruções estratigráficas<br />

po<strong>de</strong> ser extremamente importante para testar esta hipótese.<br />

Finalmente, <strong>de</strong>ve ser lembrado que possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que a litosfera tenha se comportado<br />

como placas rígicas durante o Pré-cambriano Superior têm sido recentemente mostradas por<br />

Chase e Gilmer (1973).<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Esta pesquisa contou com a ajuda financeira do CNPq, FINEP e SUDENE, através o<br />

Projeto <strong>de</strong> Geoquimica do Departamento <strong>de</strong> Geoquiplica do Instituto <strong>de</strong> Geociências da UFBa. Os<br />

autores agra<strong>de</strong>cem aos professores I.McReath e B .Fryer pelas sugestões e críticas na revisão do<br />

texto.<br />

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35:159-67.


--<br />

100 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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N_ Y.I


COMPLEXO DE PIRACAIA -ESTUDOS PRELIMINARES<br />

JOSÉ C. CAVALCANTE*, LIBORIO Q. KAEFER*<br />

ABSTRACT<br />

The main pUlpOse of tlUs work is to show the UioteDCe of ao acid to intennedlate roc:k massif, ~tednear Piracaia, in the northeastern<br />

part of 810 Paulo 8tete_ The pre1iminary studies allowed us to <strong>de</strong>limit an area ol appmximately 28 km of predominantly plutonic and<br />

hypoabysaai rocks, represented by diorites and monzonites of varying coloro anil textures. Hybrid mass... of cataclastic diorites, gneissic grsnodiorites<br />

and charnockites were found on the marginal zones, a..ociated to microdiorit.es (kenaotit.esl. Consi<strong>de</strong>ring the contect relationships and<br />

the petro-strutural behavior, this assemblage should be10ng to the pre.cambrian rocks, affected by metamorphic and metassomatic evento during<br />

the Brasilianocicle (700 to 460 m.y .1.<br />

RESUMO<br />

o escopo fundamentei <strong>de</strong>ste trabalho é levar ao conhecimento a existência <strong>de</strong> um maciço rochoso <strong>de</strong> composiçAo ácida a inter.<br />

mediária, situado às cercanias da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pycaia, nor<strong>de</strong>ste do Eotedo <strong>de</strong> 810 Paulo. Os estudos preliminares levados a termo, permitiram<br />

<strong>de</strong>limitar uma áres <strong>de</strong> aproximadamente 28 km <strong>de</strong> predominAncia <strong>de</strong> rochas plutônicas e hipoabissais, expondo termos <strong>de</strong> granulaçõe8 e colorações<br />

variadas, ditedos por dioritos e monzonitos. Nas zonas<br />

dioritos cataclásticos, granodioritos gnáissicoo e chernockitos,<br />

marginais<br />

aseociados<br />

foram encontradas<br />

"",""as<br />

a microdioritoa (kenantitosl.<br />

bibridas, constatando. se a participaçlo<br />

Consi<strong>de</strong>rando as relações <strong>de</strong> contato<br />

<strong>de</strong><br />

e o<br />

comportamento petro-estrutural, tal maciço foi colocado como pertencente à sulte <strong>de</strong> rochas pré-cambrianas, tendo sido alvo <strong>de</strong> efeitos metamórfico.meta..omáticos<br />

durante o ciclo Brasi1iano (700 a 460 m.a.l.<br />

INTRODUÇÁO<br />

Durante o <strong>de</strong>senvolvimento do mapeamento da Folha <strong>de</strong> Santos-parcial (SF. 23-Y-D),<br />

como parte integrante do Projeto Su<strong>de</strong>ste do Estado <strong>de</strong> São Paulo (Convênio DNPM -CPRM), um<br />

dos autores, ao seguir para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo, já estava imbuído da idéia <strong>de</strong> encontrar na<br />

região <strong>de</strong> Piracaia algum tipo litológico não corriqueiramente encontrado noutros setores. Tal fato<br />

advinha das conclusões extraídas da fotointerpretação preliminar e do <strong>de</strong>lineamento <strong>de</strong> um corpo<br />

básico juro-triássico, assinalado no Mapa Geológico do Estado <strong>de</strong> São Paulo (1:1.000.000), edição<br />

1947, confeccionado pelo Instituto Geográfico e Geológico. O mesmo corpo encontra-se diluído entre<br />

as rochas do pré-cambriano inferior (Complexo Brasileiro) - gnaisses e xistos, na edição 1963 da<br />

mesma obra.<br />

Com a finalização da primeira etapa <strong>de</strong> campo e das primeiras análises petrográficas, foi<br />

possível <strong>de</strong>limitar uma área <strong>de</strong> predominância <strong>de</strong> monzonitos e dioritos, às proximida<strong>de</strong>s da Cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Piracaia, sugerindo estes dados uma predominância das rochas intermediárias (dioritos). Em<br />

<strong>de</strong>corrência, o maciço foi <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Complexo Intermediário <strong>de</strong> Piracaia, no relatório geológico<br />

da Folha <strong>de</strong> Santos (Cavalcante e Kaefer, 1974).<br />

·CPRM


102 ANAIS 00 XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

o Complexo <strong>de</strong> Piracaia encontra-se localizado no Município <strong>de</strong> mesmo nome, enquadrando-se<br />

no polígono <strong>de</strong>finido pelos paralelos 23°00' e 23°07' S e meridianos 46°18' e 46°24'30" W.<br />

O acesso principal é a estrada asfaltada que liga a rodovia D. Pedro I (SP-65) à localida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Piracaia, po<strong>de</strong>ndo ser atingido ainda pelas estradas <strong>de</strong> terra Nazaré Paulista-Batatuba e<br />

Igaratá-Piracaia.<br />

Externamos nossos agra<strong>de</strong>cimentos ao Dr. Evaldo O. Ferreira, pelas sugestões apresentadas,<br />

e à geóloga Lucia da Vinha, pelas análises petrográficas efetuadas.<br />

ASPECTOS GEOMORFOLOGICOS<br />

A área em questão faz parte do compartimento morfol6gico conhecido como Serra da<br />

Mantiqueira, encontrando-se as principais feições esculpidas em granitos e granit6i<strong>de</strong>s, os quais<br />

manrem os pontos <strong>de</strong> máximo valor altimétrico.<br />

Gran<strong>de</strong> parcela do corpo encontra-se exposta numa feição <strong>de</strong>primida, sitiada por uma<br />

morraria direcionada para o quadrante nor<strong>de</strong>ste, que chega a atingir 1.020 m ao norte <strong>de</strong> Souza. O<br />

corpo é seccionado <strong>de</strong> Este para Oeste pelo Rio Piracaia, que apresenta, nesse trecho, uma pequena<br />

representação da planície aluvionar, em equiparação ao seu segmento a juzante da Vila <strong>de</strong> Batatuba.<br />

No cômputo geral, a área <strong>de</strong> exposição apresenta um aspecto elipsoidal, com eixo maior direcionado<br />

para NNE. Alinhamentos <strong>de</strong> cristas aproximadamente circulares são observados no<br />

mo<strong>de</strong>lado interno do maciço, fato que levou a pensar-se na existência <strong>de</strong> prováveis massas alcalinas,<br />

quando da fotointerpretaçio preliminar.<br />

Observações <strong>de</strong> campo sugerem que a área <strong>de</strong>veria pertencer a um trecho <strong>de</strong> uma região<br />

que foi palco <strong>de</strong> uma sedimentação plio-pleistocênica, posteriormente soerguida por uma tectônica<br />

quaternária, fato que ocasionou um acelaramento na energia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> todos os tipos litol6gicos,<br />

indistintamente.<br />

Os solos encontram-se bem <strong>de</strong>senvolvidos sobre os termos monzoníticos e dioriticos,<br />

apresentando, geralmente, textura argilosa e coloração avermelhada, contrapondo-se à maioria dos<br />

solos originados <strong>de</strong> granodioritos e gnaisses porliroblásticos, que são rasos, arenosos e <strong>de</strong> coloração<br />

clara.<br />

ASPECTOS DA GEOLOGIA REGIONAL<br />

O Complexo <strong>de</strong> Piracaia encontra-se encravado num domínio <strong>de</strong> rochas pré-cambrianas,<br />

que <strong>de</strong>nominamos, para efeito do Projeto Su<strong>de</strong>ste do Estado <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong> Complexo Gnáissico-<br />

Migmatítico, sendo representado por gnaisses, micaxistos, migmatitos e granitos, como roçhas do<br />

embasamento antigo, rejuvenescidas no ciclo Brasiliano, e mesmo rochas <strong>de</strong>ste ciclo, em íntima<br />

relação com aquelas.<br />

O maciço encontra-se posicionado, estruturalmente, no bloco Jundiaí.Mantiqueira<br />

(<strong>de</strong>nominação adotada pelos autores, quando do mapeamento da Folha <strong>de</strong> Santos) , já que não ficou<br />

bem <strong>de</strong>finida a partição dos blocos Jundiaí e Mantiqueira, como apresentada por Wernick (1972),<br />

através da falha <strong>de</strong> Socorro.<br />

As rochas gnáissicas encontram-se representadas por tipos ban<strong>de</strong>ados, <strong>de</strong> estrutura<br />

irregular (migmatitos heterogêneos), homogêneos (ortognaisses e embrechitos) e porfiroblásticos<br />

(embrechitos facoidais e <strong>de</strong>nt-<strong>de</strong>-cheval). Em certos afloramentos (talu<strong>de</strong>s das rodovias Raposo<br />

Tavares e Dom Pedro I), po<strong>de</strong>mos observar ocorrências restritas, lentiformes, <strong>de</strong> rochas básicas<br />

gnaissificadas, geralmente participando intimamente do volume rochoso. Às vezes é impossível<br />

precisar-se o formato longitudinal do nível básico.<br />

Os corpos graníticos po<strong>de</strong>m formar gran<strong>de</strong>s massas, como acontece com o <strong>de</strong> Atibaia.<br />

Seu intervalo <strong>de</strong> distribuição no tempo vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Pré-cambriano até o Paieoz6ico Inferior. constituindo,<br />

geralmente, tipos petrográficos porfirói<strong>de</strong>s, chegando mesmo a termos pegmat6i<strong>de</strong>s.<br />

No sítio das rochas migmatíticas (entre N azaré Paulista e Batatuba) observam-se diversas<br />

ocorrências localizadas <strong>de</strong> granodioritos porfir6i<strong>de</strong>s., enquanto os termos granit6i<strong>de</strong>s (ao norte<br />

do maciço) são <strong>de</strong> baixo índice colorimétrico, apre~ntando quartzo e feldspato estirados, como<br />

principais componentes.<br />

O nível metam6rfico atingido pela suíte litol6gica da região é representado por paragêneses<br />

compatíveis com a facies anfibolito.


CA VALCANTE, KAEFER 103<br />

Como unida<strong>de</strong>s sedimentares encontram-se diversas coberturas colúvio-aluviais e<br />

aluviões em geral, ao longo dos principais cursos d'água. Fato interessante diz respeito a uma<br />

pequena cobertura sedimentar <strong>de</strong> camadas argilosas, a noroeste <strong>de</strong> Piracaia, associada a outros<br />

afloramentos <strong>de</strong> material argiloso inconsolidado, que foi colocada, duvidosamente, como <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

plio-pleistocênica, provavelmente relacionada à <strong>de</strong>posição da Formação São Paulo.<br />

MaCI'o e mesoscopia<br />

PETROGRAFIA<br />

Na porção terminal sudoeste do corpo (vizinhanças <strong>de</strong> Batatuba) <strong>de</strong>par!UIlos com uma<br />

rocha gnáissica ban<strong>de</strong>ada, tendo na biotita um dos principais componentes dos leitos escuros. A<br />

granada encontra-se bem difundida, principalmente nos níveis quartzo-feldspáticos, sendo observados<br />

boudins centimétricos. O feldspato, <strong>de</strong> cor rósea, é mineral freqüente na parte neossomática,<br />

enquanto que o epidoto salienta-se nos pontos on<strong>de</strong> os grãos mostram-se bastante quebrados.<br />

Após a Vila <strong>de</strong> Batatuba, em direção a Piracaia, os termos com estruturação planar<br />

pronunciada ainda persistem, mostrando níveis <strong>de</strong> rochas básicas alteradas. Trezentos metros<br />

adiante encontramos uma rocha rica em gran<strong>de</strong>s cristais <strong>de</strong> feldspato (granodiorito), que passa para<br />

massas híbridas, lembrando, até certo ponto, os gnaisses charnockíticos <strong>de</strong> outras regiões brasileiras,<br />

Em seguida verificamos brechas magmáticas e rochas típicas do Complexo <strong>de</strong> Piracaia. As<br />

massas quartzo-feldspáticas, freqüentes nesta zona <strong>de</strong> transição, encerram gran<strong>de</strong>s cristais <strong>de</strong><br />

biotita, cuja distribuição (ao acaso) confere uma feição gráfica. Por outro lado, observamos ainda<br />

elementos que <strong>de</strong>nunciam a mobilização <strong>de</strong> partes rígidas num material plástico.<br />

Ainda na zona <strong>de</strong> transição sudoeste, verificamos vários tipos litológicos, tanto em<br />

granulação e coloração, quanto em composição, numa área muito restrita, sendo facilmente reconhecível<br />

o caráter cataclástico das rochas mais claras. A maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes termos foi observada<br />

nestas zonas periféricas.<br />

Os aspectos mencionados são extensivos para outros afloramentos visitados, principalmente<br />

na passagem para os granodioritos, que são representativos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> percentual rochoso<br />

envoltório.<br />

Já no interior do maciço concluímos que não existe uma regularida<strong>de</strong> em granulação e<br />

associação mineralógica, encontrando-se tipos <strong>de</strong> grão fino à grosseiro. A coloração oscila em diversos<br />

tons <strong>de</strong> cinza, chegando-se a ter espécimes bastante escuros. Os veios e as vênulas quartzofeldspáticos<br />

são freqüentes. A estrutura gnáissica é marcante em vários afloramentos <strong>de</strong> dioritos e<br />

monzonitos, bem como a presença <strong>de</strong> biotita em cristais bem <strong>de</strong>senvolvidos, geralmente formando<br />

aglomerados.<br />

Microscopia<br />

Granodioritos gnássicos (rochas encaixantes) Os constituintes essenciais <strong>de</strong>stes termos petrográficos<br />

são plagioclásio, microclínio e quartzo, em proporções variáveis, principalmente no que se<br />

refere ao quartzo. Todos se apresentam em tamanhos irregulares, expondo extinção ondulante, <strong>de</strong>nteamento<br />

e uma disposição bem ajustada entre si. Os plagioclásios po<strong>de</strong>m estar saussuritizados ou<br />

formar gran<strong>de</strong>s cristais euédricos. Os máficos mais comuns são a biotita e a hornblenda, às vezes<br />

perfazendo gran<strong>de</strong> percentual da rocha, aparecendo isoladamente ou formando aglomerados orientadamente<br />

dispostos. Além <strong>de</strong>sses minerais, são encontrados titanita, alanita, epidoto, apatita, zircão<br />

e opacos.<br />

Rochas cataclásticas - Análises micropetrográficas <strong>de</strong> espécimes coletados próximo às bordas do<br />

Complexo <strong>de</strong>nunciam, além <strong>de</strong> evidências normais <strong>de</strong> efeitos cataclásticos (trituração dos grãos,<br />

bordas granuladas, encurvamento das lamelas dos geminados e das palhetas <strong>de</strong> biotita e extinção<br />

ondulante generalizada), uma predominância do microclinio sobre o plagioclásio e o quartzo. A<br />

biotita e a hornblenda, em prismas <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong>, são os principais ferromagnesianos. Estas rochas<br />

são bastante ricas em minerais acessórios, tendo ainda produtos <strong>de</strong> alteração, como a sericita e os<br />

carbonatos.<br />

A análise <strong>de</strong> um diorito cataclástico revelou a seguinte composição: plagioclásio, quart-<br />

ZO, biotita, epidoto-zoizita, titanita, apatita, opacos, zircão, turmalina, rutilo, sericita, clorita e carbonato.


CONVENCÕES<br />

ESTRAT IGRÁFICAS<br />

... . . ~<br />

. . . .. . .<br />

:~!( . .<br />

/ Falho<br />

/<br />

/<br />

/f<br />

Sedi..nto. alll"iai,<br />

Corblr"'r.. ..dime"tor.. plio-plei.-<br />

Complno di Pirotoia: monlonitot., 6iV<br />

doritOl, Qllortzo-dioritOI, III"ontiIOl,<br />

. orOMdioritos lI'Io";,,,il<br />

Gronodioritol<br />

,orfirObló.l!<br />

co'<br />

(.",bflchitOl)<br />

Onoi bandados ou d. ..Iruluro<br />

irrlgulor. com corpos Ofonodiori1icOIi<br />

lolodol -<br />

Zona. ácido, int.riorirado, no CO!!'<br />

pluo<br />

ZOIlOI l'IibridOI mo'oinoil<br />

GEOLÓGI C AS<br />

Contato GIOIÓOico oprOl.imodo<br />

Contoto glOló,ico du"ido,o<br />

obur"odo<br />

Folha praui 1 011 t,afuro<br />

Lintalh8ntOt utruhroi.<br />

TOPOGRÁFICAS<br />

Cidad'<br />

Ettrodo d, ollolto<br />

(,trOdO dt<br />

h"o<br />

Dunog,,,,


CA VALCANTE, KAEFER 105<br />

Monzonito - As rochas <strong>de</strong>scritas como monzonitos apreSentam plagioclásio e álcali-feldspatos em<br />

proporções aproximadamente iguais, ocorrendo em grãos <strong>de</strong> tamanhos irregulares, com extinção<br />

ondulante e certo <strong>de</strong>nteamento. Por vezes presenciamos tanto o plagioclásio como o feldspato alcalino<br />

em fenocristais (?), em parte euédricos. São abundantes biotita, augita-diopsídica (já quase<br />

totalmente transformada em homblenda) e cristais bem formados <strong>de</strong> homblenda. Estes minerais<br />

tanto aparecem isoladamente como formando aglomerados, nestes encontrando-se a titanita.<br />

Outros minerais diagnosticados foram apatita, zircão, alanita, carbonato e opacos.<br />

Diorito - O constituinte principal <strong>de</strong>sta rocha é o. plagiociásio, encontrando-se em menor quantida<strong>de</strong><br />

o ortoclásio <strong>de</strong> tamanho irregular ou razoavelmente uniforme e com extinção ondulante. Entretanto,<br />

tem-se amostras em que o último é ausente, dando lugar ao oligoclásio. A biotita, a homblenda<br />

e a augita-diopsídica são muito abundantes e <strong>de</strong>senvolvidas (principalmente a primeira),<br />

aparecendo tanto isoladamente como formando aglomerados, os quais encerram apatita, epídoto e<br />

alanita. Os piroxênios apresentam-se, na maioria, com as bordas fraturadas e uralitizadas. Ainda<br />

são encontrados opacos e carbonato.<br />

Charnockito - É uma rocha constituída <strong>de</strong> microclinio pertítico, plagioclásio ácido, algum quartw e<br />

freqüentes grãos mirmequíticos. Dentre os ferromagnesianos <strong>de</strong>stacam-se o hiperstênio e a biotita,<br />

distribuídos caoticamente. A biotita parece ser proveniente da transformação do piroxênio. A<br />

amostra analisada é rica em acessórios: opacos, apatita e zircão, apresentando uma textura granoblástica,<br />

com os grãos xenomórficos interajustados, notando-se uma maior <strong>de</strong>formação no microclínio<br />

(fraturamento, finas pertitas, contatos irregulares, ausência <strong>de</strong> macia típica).<br />

Kersantito - Neste tipo petrográfico tem-se como constituintes claros essenciais o plagioclásio (an<strong>de</strong>sina)<br />

e em bem menor quantida<strong>de</strong> álcali-feldspatos, por vezes intercrescidos comquartzo.Estes<br />

minerais, juntamente com biotita avermelhada, augita e algum hiperstênio, formam uma matriz na<br />

qual estão dispersos fenocristais <strong>de</strong> plagioclásio e em inferiorpercentual o piroxênio e a biotita, às<br />

vezes formando aglomerados. Lentes <strong>de</strong> álcali-feldspatos são observadas.<br />

Essa rocha, no sítio <strong>de</strong> ocorrência do termo chamockítico, apresenta uma matriz microfanerítica<br />

orientada, encerrando fenocristais (?) <strong>de</strong> feldspato, também orientados. Esta organização<br />

parece ser <strong>de</strong>vida a uma estruturação <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> cristalização magmática e não <strong>de</strong> esforços<br />

tectônicos, pois não se observa <strong>de</strong>formação dos minerais constituintes.<br />

A matriz microfanerítica encontra-se constituída por plagioclásio granular, quase <strong>de</strong>sprovido<br />

<strong>de</strong> geminação. Dentre os ferromagnesianos tem-se biotita, clinopiroxênio (augita) e ortopiroxênio<br />

(hiperstênio). Como acessórios observamos abundantes agulhas <strong>de</strong> apatita, opacos e<br />

carbonato intersticial.<br />

CONCLUSÕES<br />

A partir dos exames preliminares <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong> laboratório-petrografia microscópica e<br />

mesoscópica, relações das massas dioríticas e monzoníticas com as encaixantes (tramas internas<br />

das rochas <strong>de</strong> transição), comportamento <strong>de</strong> outros corpos <strong>de</strong> pequenas dimensões, <strong>de</strong> natureza<br />

básica, encontrados na região, mantendo uma íntima afinida<strong>de</strong> com as encaixantes e aspectos estruturais<br />

do maciço, chegou-se às seguintes conclusões:<br />

- o Complexo <strong>de</strong> Piracaia é um maciço rochoso que apresenta heterogeneida<strong>de</strong> granulo métrica,<br />

composicional e colorimétrica, variando a coloração em tons do cinza até quase preto;<br />

as rochas predominantes são dioritos e monzonitos;<br />

os termos cataclásticos e granodioríticos encontram-se distribuídos nas faixas marginais;<br />

a rocha chamockítica não apresenta distribuição muito ampla;<br />

tr~ta-se <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> natureza básica. e ida<strong>de</strong> pré-cambriana que foi, posteriormente, alvo <strong>de</strong><br />

processos metamórficos e metassomáticos, num estágio do Ciclo Brasiliano;<br />

- tectonicamente, esteve sujeito tanto a esforços compressivos como distensivos.<br />

* Aventa-se ainda a possibilida<strong>de</strong> da existência <strong>de</strong> massas ultramáficas primitivas granitizadas.


106 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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ASPECTOS GEOLOGICOS E PETROGRÁFICOS<br />

DO COMPLEXO ULTRAMÁFICO-ALCALINO<br />

DE CATALÁO I, Go<br />

WANDERLINO TEIXEIRA DE CARVALHO.<br />

ABSTRACT<br />

The object of thi8 paper i8 to present 80me geological and petlOgraphic aspect8 of the Catal'" I alkaline ultramafic Complex,<br />

located in tbe Ouvidor tOWD8hip, Catal'" di8trict in the 80uthern part of Goiáa State, Brazil. Some geomorphological feature8 are brieOy diaCU8sed<br />

and a especial attention ia expen<strong>de</strong>d to the petrological transformation8 in tbe p Cambrian Complex fenitized aureole. The <strong>de</strong>tailed <strong>de</strong>8cription8<br />

of the ultramafic rock8 and of their phlogopite-8erpentine-carbonate-ailica meta880matiam provi<strong>de</strong>d the ba8i8 to the interpretation of genesi8<br />

of the as80ciated carbonatite. The characterization of the atructural and geotectonic featuree and the d...cription of the weath...ing proce.. complete<br />

the sketch of the plObable geologic hi8tory of tbe Complex.<br />

INTRODUÇAO<br />

Este trabalho, tem como objetivo principal, colocar em discussão entre os membros da<br />

comunida<strong>de</strong> geológica do País, o Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I. As idéias, abordadas,<br />

não <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas como <strong>de</strong>finitivas, estando sujeitas à modificações quando da<br />

realização <strong>de</strong> estudos científicos mais <strong>de</strong>talhados, Constitui uma primeira tentativa <strong>de</strong> abordagem<br />

dos problemas geológicos e petrográficos do complexo em questão, tendo por base os resultados das<br />

investigações levadas a efeito pela equipe técnica da MET AGO. Sendo objetivo imediato <strong>de</strong>sta Empresa<br />

em Catalão I, a <strong>de</strong>finição e o aproveitamento econômico <strong>de</strong> seus recursos minerais, ainda nio<br />

foram realizadas <strong>de</strong>terminações petrográficas <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>talhe bem como estudos petrológicos e<br />

petroquímicos mais abrangentes <strong>de</strong> suas rochas. A MET AGO po<strong>de</strong>rá colocar à disposição <strong>de</strong> eventuais<br />

interessados dados geológicos e testemunhos <strong>de</strong> sondagens das rochas do Complexo Ultramáfico-Alcalino<br />

<strong>de</strong> Catalão I, <strong>de</strong> que dispõe.<br />

O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, <strong>de</strong>scoberto por Hussak em 1894, está<br />

situado no município <strong>de</strong> Ouvidor, Comarca <strong>de</strong> Catalão, no S <strong>de</strong> Goiás. A <strong>de</strong>nominação CATAMO<br />

I, dada por técnicos da PROSPEC em 1966, quando da realização do Projeto Chaminés, se <strong>de</strong>u em<br />

face da <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> outra estrutura semelhante na regiii9.e que passou a ser chamada, na oportunida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> CATAMO lI, Ambas as <strong>de</strong>nominações se dêvem ao fato <strong>de</strong> ser a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Catalão, a<br />

mais importante da região <strong>de</strong> ocorrência dos citados complexos.<br />

*METAGO


108 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

o Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I tem, aproximadamente, as seguintes<br />

coor<strong>de</strong>nadas geográficas: 18°0~' <strong>de</strong> Lat S e 47°48' <strong>de</strong> Long W. Dista 20 km a nor<strong>de</strong>ste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Catalão e 10 km no norte da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouvidor, com o acesso por estradas municipais não pavimentadas,<br />

porém transitáveis durante todo o ano. Catalão está ligada aos principais centros do País por<br />

ferrovia e rodovias asfaltadas, dispondo <strong>de</strong> infra-estrutura econômica bastante satisfatória para os<br />

padrões brasileiros.<br />

o .<br />

5 .<br />

Mapa <strong>de</strong> Localização<br />

IOItIll<br />

.<br />

ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS<br />

RegionalmenJe, a estrutura geológica <strong>de</strong>nominada Catalão I quebra a monotonia do<br />

relevo, <strong>de</strong>stacando-se como um platô <strong>de</strong> forma aproximadamente elíptica. O seu eixo maior N -S,<br />

me<strong>de</strong>, aproximadamente 6.0 km e o eixo menor, E- W, cerca <strong>de</strong> 5,5 km. É constituida por um núcleo<br />

<strong>de</strong> rochas ígneas, com rochas encaixantes metamórficas, sendo a capa arqueada em forma dômica.<br />

O domo, truncado pela superfície <strong>de</strong> aplainamento, coinci<strong>de</strong> com o próprio platô, cuja preservação<br />

se <strong>de</strong>ve a existência <strong>de</strong> um anel resistente <strong>de</strong> quartzito em torno do corpo ígneo;<br />

Pelos lados NW, We S o quartzito forma a escarpa do platô, que, a N, e E, está separado<br />

da crista quartzítica por vales bastante dissecados pela erosão que mostram <strong>de</strong>sníveis <strong>de</strong> até<br />

100m.<br />

No topo do platô o manto <strong>de</strong> intemperismo é bastante espesso, po<strong>de</strong>ndo atingir 250 m <strong>de</strong><br />

espessura.<br />

A drenagem interna é controlada por falhamentos. A drenagem externa possui um<br />

padrão radial-anular bastante característico, que faz ressaltar a forma dômica da estrutura.<br />

A cobertura vegetal predominante constitui uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerrado conhecida, pelo<br />

maior porte, menor espaçamento e maior abundância dos arbustos, como cerradão. Zonas <strong>de</strong> pastagens<br />

e áreas <strong>de</strong> agricultura com árvores esparsas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e, localme1\te, babaçús, completam<br />

a vegetaçã.o <strong>de</strong> Catalão I.<br />

O clima po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como tropical <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, com um regime sazonal <strong>de</strong><br />

chuvas.<br />

Trabalhos Anteriores<br />

ASPECTOS GEOLÓGICOS E PETROGRÃFICOS<br />

Já em 1894, Hussak via analogia entre a provável rocha matriz da magnetita e ver-


CARVALHO 109<br />

Fig. 2 - Fotografia aérea do Complexo Ultramático-<br />

Alcalino <strong>de</strong> Catalão I.<br />

miculita <strong>de</strong> Catalão I com as rochas <strong>de</strong> Jucupiranga e Ipanema. SP.<br />

No seu Relatório da Comissão Exploradora do Planalto Central, Brasil dizia: "Interessante<br />

para o estudo da gênesis do magnetito e pela analogia a que se apresenta como o <strong>de</strong> Jacupiranga<br />

e São João <strong>de</strong> Ipanema, em São Paulo, é a ocorrência <strong>de</strong> ferro magnetito <strong>de</strong> Catalão".<br />

"Na fazenda do Sr. Vicente Bernardo Pires, treis léguas distante <strong>de</strong> Catalão, encontram-se<br />

gran<strong>de</strong>s blocos <strong>de</strong> minério '<strong>de</strong> ferro espalhados sobre a superficie, n'uma gran<strong>de</strong> extensão,<br />

Aí consegui '<strong>de</strong>scobrir a rocha fer~ífera".<br />

.. A matriz original do magnetito, não foi, infelizmente, encontrada em condição <strong>de</strong> boa<br />

conservação, sendo completamente transformada em massa terrosa <strong>de</strong> cor parda avermelhadaescura.<br />

muito rica em gran<strong>de</strong>s lamelas alteradas <strong>de</strong> hydrobiotita e pequenos octaedrÔs <strong>de</strong> magnetita.<br />

Nestes caracteristicos, esta massa terrosa concorda inteiramente com a <strong>de</strong> Ipanema e com o<br />

magnetito-piroxenito alterado <strong>de</strong> Jacupiranga; sendo que neste último lugar é indubitável a formação<br />

<strong>de</strong> hydrobiotito da alteração <strong>de</strong> pyroxênio",<br />

Os estudos geológicos na região <strong>de</strong> Catalão foram retomados por Barbosa, em 1966. que<br />

preparou um esboço geológico do Triângulo Mineiro e sul <strong>de</strong> Goiás com as intrusões dômicas até então<br />

conhecidas.<br />

Ainda em 1966, a PROSPEC realizou para o DNPM o Projeto Chaminés, focalizando a<br />

geologia da região <strong>de</strong> ocorrências dos complexos ultramáficos-alcalinos, que margeiam a Bacia do<br />

Paraná no Triângulo Mineiro e sul <strong>de</strong> Goiás. Parte das informações obtidas neste trabalho, no que<br />

se refere à região <strong>de</strong> Catalão, foi publicada na Revista da Escola <strong>de</strong> Minas <strong>de</strong> Ouro Preto. Posteriormente<br />

o trabalho foi publicado (Barbosa et alii. 1970).<br />

Em 1968 a firma <strong>Geologia</strong> e Sondagens Ltda realizou para o DNPM o Projeto Nióbio,<br />

Fosfato e Titânio que consistiu em um programa <strong>de</strong> prospecção <strong>de</strong>talhada dos complexos ultramáficos-alcalinos<br />

da região do Alto Paranaíba. Dentro <strong>de</strong>ste Projeto a citada firma realizou em<br />

Catalão I, mapeamentos geológicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe, perfurações <strong>de</strong> poços e uma campanha <strong>de</strong> sondagens<br />

segundo uma malha <strong>de</strong> 1.600 m X 1.600 m, perfazendo 10 furos <strong>de</strong> sonda num total <strong>de</strong> 1.070,10 m<br />

perfurados.<br />

Finalmente, citam-se os trabalhos <strong>de</strong> datação geocronológica efetuados no Laboratório<br />

<strong>de</strong> Geocronologia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong> Hassui e Cordani (19681, em que a ida<strong>de</strong> do<br />

Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I foi <strong>de</strong>terminada em 82,9 :t - 4,2 m. a. pelo método<br />

K/Ar.<br />

Em vista da realização dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa em Catalão I pela METAGO. a partir<br />

<strong>de</strong> 1968, um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> relatórios inéditos, focalizando principalmente a mineralogia das<br />

jazidas associadas às rochas ígneas e aos processos <strong>de</strong> beneficiamento estudados, têm se acumulado


110 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

no <strong>de</strong>correr dos anos. Pelos assuntos abordados, têm interesse mais geral os seguintes: "Relatório<br />

<strong>de</strong> Pesquisa do Projeto Catalão" da METAGO para o DNPM, elaborado por Kishida, Guzzo,<br />

Araújo, Drummond e Carvalho (1971); "O Minério <strong>de</strong> Nióbio, Titânio e Terras Raras <strong>de</strong> Catalão,<br />

Go", por Valarelli, (1971) e, "<strong>Geologia</strong> e Perspectivas <strong>de</strong> Aproveitamento Econômico dos Recursos<br />

Minerais do Domo Ultrabásico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I", p-alestra proferida por W. T. Carvalho<br />

(1972).<br />

Fig. 3 - Mapa geológico do Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I.<br />

Rochas Pré-cambrianas<br />

MAPA GEOLOGICO OC COMP.-EXO<br />

UL TRAMAFICO-ALCALINO DE<br />

CATALÃO-I<br />

E!J<br />

[EJ<br />

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::.: ::-.== :'-::i?E'~'- --- -<br />

A região su<strong>de</strong>ste goiana, on<strong>de</strong> se localiza Catalão, é essencialmente constituída por rochas<br />

pré-cambrianas. Predominam na região metamorfitos da facies epidoto-anfibolito, constituídos essencialmente<br />

<strong>de</strong> micaxistos com intercalações <strong>de</strong> <strong>de</strong>lgados leitos e lentes <strong>de</strong> quartzitos e raros anfibolitos,<br />

correspon<strong>de</strong>ntes ao Grupo Araxá (Barbosa, 1967) que servem como encaixantes à intrusão<br />

ultramáfica-alcalina <strong>de</strong> Catalão I.<br />

Os xistos <strong>de</strong>ste grupo contém principalmente moscovita e quartzo, com biotita subordinada.<br />

Os acessórios mais comuns são a estaurolita, rutilo, granada, zircão e turmalina.<br />

Os quartzitos geralmente são ricos em moscovita, mas eventualmente ocorrem varieda<strong>de</strong>s<br />

hematíticas, por vezes com estrutura itabirítica.<br />

O comportamento regional da xistosida<strong>de</strong> das rochas do Grupo Araxá é NW-SE. mergulhando<br />

para SW. Nas adjacências da intrusão, encontram-se arqueadas com estrutura dômica.<br />

claramente visível em fotografias aéreas pela notável drenagem anular-radial.<br />

Próximo ao contato ígneo formou-se uma auréola <strong>de</strong> fenitização. o que por <strong>de</strong>finição é o<br />

resultado das modificações sofridas pelas rochas encaixantes por ação das soluções <strong>de</strong> origem ígnea.<br />

Este processo <strong>de</strong> fenitização, <strong>de</strong>ve-se à intensa ativida<strong>de</strong> metassomática resultante da introdução <strong>de</strong>


CARVALHO<br />

alcalís e alumina, dando origem a fenômenos <strong>de</strong> feldspatização, nefelinização,aegirinização, etc,<br />

com o aparecimento <strong>de</strong> estruturas particularmente interessantes, como a brechiação e a pegmatização.<br />

A intensida<strong>de</strong> da fenitização diminui radialmente para fora, <strong>de</strong> maneira irregular, po<strong>de</strong>ndo<br />

atingir até 2 km a partir dos contatos ígneos.<br />

Os tipos petrográficos <strong>de</strong>sta faixa <strong>de</strong> alteração metassomática, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scritos, pela<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> importância quantitativa, como quartzitos fenitizados, xistos fenitizados, brechas e<br />

sienitos nefelínicos. A paragênese mineral é caracterizada pela riqueza em feldspatos potássicos,<br />

piribólios sódicos e relativa pobreza em quartzo.<br />

Leitos restritos <strong>de</strong> gonditos estão associados a estas rochas, porém, sem estarem relacionados<br />

ao processo <strong>de</strong> fenitização, po<strong>de</strong>ndo ser anteriores à intrusão do Complexo ígneo <strong>de</strong><br />

Catalão I.<br />

Veios pegmatíticos, com espessuras <strong>de</strong> poucos metros, po<strong>de</strong>m cortar todas estas rochas,<br />

sendo duvidoso o seu relacionamento com os fenômenos <strong>de</strong> fenitização <strong>de</strong>scritos.<br />

Quartzitos Fenitizados<br />

A fenitização dos quartzitos, on<strong>de</strong> atingiu maior intensida<strong>de</strong>, é caracterizada por um<br />

substancial enriquecimento em feldspato e piribólios alcalinos, e por 'um conseqüente empobrecimento<br />

<strong>de</strong> quartzo, mostrando claramente que houve introdução <strong>de</strong> potássio, sódio e alumínio. On<strong>de</strong><br />

o metassomatismo foi menos intenso, são encontrados tipos com diferentes percentuais <strong>de</strong> feldspato<br />

potássico e <strong>de</strong> piribólios sódicos, ora mais ricos, ora mais pobres nestes minerais.<br />

Dentro da auréola <strong>de</strong> fenitização, as rochas predominantes em quantida<strong>de</strong>, são os fenitos<br />

<strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> quartzitos, constituindo a única unida<strong>de</strong> mapeável. Estas rochas mostram estrutura<br />

maciça, textura granoblástica, média à grosseira e cor esbranquiçada. Macroscopicamente<br />

são constituidas, essencialmente <strong>de</strong> quartzo e feldspatos freqüentemente caulinizados. Estão intensamente<br />

fraturados em várias direções e partem-se segundo planos <strong>de</strong> fratura <strong>de</strong> coloração escura<br />

esver<strong>de</strong>ada.<br />

Microscopicamente, estas rochas mostram uma mineralogia bastante rica e variável,<br />

com a secção <strong>de</strong>lgada po<strong>de</strong>ndo apresentar ou não, muitos dos minerais observados no conjunto total<br />

das amostras examinadas (Tab. 1).<br />

Xistos Fenítizados<br />

Os xistos do Grupo Araxá, <strong>de</strong>ntro da auréola metassomatizada mostram-se altamente<br />

modificados, evi<strong>de</strong>nciando transformações mineralógicas características da fenitização e obliteração<br />

da xistosida<strong>de</strong> original. São normalmente <strong>de</strong> cor cinza escura, apresentando discreto ban<strong>de</strong>amento<br />

on<strong>de</strong> sobressaem niveis submilimétricos <strong>de</strong> quartzo. Além <strong>de</strong>ste mineral, são visíveis, feldspatos e<br />

minerais máficos.<br />

Ocorrem, irregular e indiscriminadamente por toda a auréola fenitizada, aparecendo com<br />

mais freqüência nas bordas S e W, não sendo, contudo, mapeáveis na escala dos levantamentos<br />

realizados (1:10.000).<br />

Ao microscópio, estas rochas, da mesma maneira que os quartzitos fenitizados, apresentam<br />

mineralogia bastante variável. A textura é granoblástica-nematoblástica xenomórfica, fina<br />

a média e os minerais encontrados po<strong>de</strong>m ser observados na Tabela 2.<br />

A presença nestas rochas <strong>de</strong> maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> potássio e/ou sódio em<br />

relação aos quartzitos fenitizados (Tab. 1) po<strong>de</strong> ser explicada pelo caráter menos reatívo das rochas<br />

quartzíticas .<br />

Sienitos Nefelínicos<br />

Os sienitos, <strong>de</strong> ocorrência extremamente restrita, são <strong>de</strong> coloração cinza, estrutura<br />

maciça, textura porfiritica com fenocristais <strong>de</strong> feldspato numa matriz granular média constituida<br />

também <strong>de</strong> feldspatos. Ao microscópio, observam-se fenocristais hipidiomórficos <strong>de</strong> feldspato<br />

potássico numa matriz granular xenomórfica, constituida <strong>de</strong> feldspato potássico (30 %), aegirina<br />

(15%), nefelina (30%), perovskita (5%), titanita (5%) e opacos (10%). Calcedônia preenche fraturas<br />

e cavida<strong>de</strong>s.<br />

Estes sienitos, embora possam ter origem ígnea, têm sido consid@rados como d@filiação<br />

metassomática, ligados aos processos <strong>de</strong> fenitização, não só pelas suas relações <strong>de</strong> campo como<br />

111


112 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

TABELA 1 TABELA 2<br />

., QUART ZO 30-80 o<br />

'Y.<br />

QUARTZO 0-60%<br />

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FELDSPATO ALCALINO 0-90'Y.<br />

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ARFVEDSONITA ..0 -10%<br />

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SERICITA .0 -20% .. HIDRÓXIDOS DE FERRO 0- I 5'Y.<br />

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e<br />

0::"0:: EPIDOTO<br />

"o..<br />

.0 -20%<br />

~....<br />

Elaborada a partir <strong>de</strong> estudos petrográficos realizados<br />

:I ..J CALCITA ..o -5 'Y. por professores e alunos do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da UnB<br />

..<br />

em 10 amostras <strong>de</strong> xistos fenitizados' (1973).<br />

HIDRÓXIDOS DE FERRO. .. 0-30%<br />

Elaborada a partir <strong>de</strong> estudos petrográficos realizados<br />

por professores e alunos do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da UnB<br />

em 15 amostras <strong>de</strong> quartzitos fenitizados (1973).<br />

também pelas suas características petrográficas. São encontrados muito restritamente, na borda<br />

sul da intrusiva, transicionando em todas as direções para os xistos fenitizados, parecendo refletir<br />

um aumento local <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> da fenitização. Seus caracteres petrográficos são fundamentalmente<br />

semelhantes aos dos xistos fenitizados, a exceção da presença <strong>de</strong> nefelina e algumas variações<br />

texturais representadas principalmente por um aumento <strong>de</strong> tamanho dos cristais <strong>de</strong> feldspato alcalino.<br />

Estas diferenças po<strong>de</strong>riam refletir uma maior intensida<strong>de</strong> na introdução <strong>de</strong> sódio, além <strong>de</strong><br />

evi<strong>de</strong>nciar um fenômeno <strong>de</strong> pegmatização local. Na província alcalina da Peninsula <strong>de</strong> Kola, URSS,<br />

alguns sienitos nefelínicos tem sido consi<strong>de</strong>rados como <strong>de</strong> origem metassomática (Tonkeieff, 1961).<br />

Brechas<br />

Ocorrem, irregularmente, por toda a auréola <strong>de</strong> fenitização em suas porções mais externas,<br />

em pequenas elevações isoladas, massas que apresentam estrutura brechói<strong>de</strong> característica.<br />

Elas apresentam cores claras e têm formatos irregulares, com dimensões po<strong>de</strong>ndo atingir até 50"cm;<br />

são ricas em feldspato e com minerais máficos alinhados, granulação muito fina, formada por minerais<br />

máficos, não i<strong>de</strong>ntificáveis mesoscopicamente. Pirita ocorre disseminada por toda a rocha.<br />

Microscopicamente, as brechas caracterízam-se pela presença <strong>de</strong> uma matriz <strong>de</strong> textura<br />

granular xenomórfica, constituida à base <strong>de</strong> piroxênios, soda-anfibólios e, acesso riam ente , calcita,<br />

clorita, esfeno, apatita e pirita limonitizada, englobando um material <strong>de</strong> textura nematoblástica,<br />

constituido principalmente <strong>de</strong> feldspato alcalino, e, secundariamente, piroxênios e soda-anfibólios<br />

bem como sericita, moscovita, quartzo e opacos. A notável variação modal <strong>de</strong> seus minerais po<strong>de</strong> ser<br />

observada na Tabela 3.<br />

Estas rochas, embora com enriquecimento em potássio mais expressivo do que em<br />

sódio, em relação aos quartzitos e xistos fenitizados, estão seguramente relacionados com os<br />

processos <strong>de</strong> fenitização <strong>de</strong>scritos. Exemplris parecidQs <strong>de</strong> brechiação são encontrados na bibliogradia<br />

especializada do assunto.<br />

Gonditos<br />

Associado aos fenitos das bordas W e S, às veZeS, ocorrem gonditos em leitos bastante


CARVALHO<br />

restritos que não mostram evidências <strong>de</strong> alteração metassomática. Por sua composição mineralógica<br />

<strong>de</strong>vem ter apresentado comportamento refratário aos agentes fenitizantes. Com estrutura<br />

maciça têm textura granoblástica muito fina, <strong>de</strong> coloração escura quase negra e fratura subconchoidal.<br />

Microscopicamente, mostram textura grario-nematoblástica muito fina, com cristais<br />

euédricos <strong>de</strong> granda (70%), anédricos <strong>de</strong> quartzo (20%), tremolita (5%) e opacos (5%).<br />

Veio Pegmatítico<br />

Elaborada a partir <strong>de</strong> estudos petrográficos realizados<br />

por professores e alunos do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da UnB<br />

em 3 amostras <strong>de</strong> brechas (1973).<br />

Um veio pegmatítico <strong>de</strong> pequena expressão ocorre, irregularmente, na parte mais externa<br />

da porção W da auréola fenitizada. Existem dúvidas quanto ao seu relacionamento com os<br />

processos metassomáticos <strong>de</strong>sta faixa <strong>de</strong> rochas, uma vez que ele não apresenta nenhum mineral<br />

característico <strong>de</strong>ste fenômeno <strong>de</strong> alteração. Apresenta estrutura maciça, textura granular grosseira,<br />

<strong>de</strong> coloração branco-esver<strong>de</strong>ada, com cristais xenomórficos <strong>de</strong> quartzo, feldspato e moscovita em<br />

placas <strong>de</strong> até 2 cm <strong>de</strong> diâmetro. Ao microscópio, a textura é granolepidoblástica xenomórfica e os<br />

minerais observados são o quartzo (60%), moscovita (30%) e um plagioclásio (10%) não i<strong>de</strong>ntificado.<br />

Rochas Cretáceas - Em Catalão I, rochas frescas só po<strong>de</strong>m ser encontradas em profundida<strong>de</strong>,<br />

através <strong>de</strong> sondagens. Em sua gran<strong>de</strong> maioria, estas rochas são extremamente ricas em<br />

flogopita, havendo também restritos corpos <strong>de</strong> piroxenito e peridotito, últimos representantes das<br />

rochas ultramáficas originais <strong>de</strong> Catalão I, que foram submetidas a importantes modificações <strong>de</strong><br />

caráter petrológico a partir <strong>de</strong> sua cristalização. As referidas rochas são cortadas por uma ou mais<br />

gerações <strong>de</strong> veios carbonatíticos. Em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente quanto a seqüência e intensida<strong>de</strong> dos fenômenos<br />

ocorridos, 4 importantes processos <strong>de</strong> transformação po<strong>de</strong>m ser observados: flogopitização,<br />

serpentinização, carbonatização e silicificação.<br />

A flogopitização resultou do intenso autometassomatismo potássico, a que foram submetidos<br />

os peridotitos e piroxenitos originais, com substituição dos piroxênios e da olivina por<br />

flogopita. O processo em questão <strong>de</strong>senvolveu-se através <strong>de</strong> todo o corpo ígneo, atuando com maior<br />

intensida<strong>de</strong> na sua periferia, formando zonas <strong>de</strong> rochas extremamente ricas em flogopita, que são<br />

chamadas glimeritos. Os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> vermiculita atuais testemunham as suas áreas preferenciais<br />

<strong>de</strong> ocorrência, já que este mineral é um produto <strong>de</strong> alteração meteórica da flogopita.<br />

A serpentinização é um fenômeno bem conhecido em rochas ultramáficas, e em Catalão I<br />

teve <strong>de</strong>senvolvimento restrito, com atuação, em menor escala, sobre os piroxenitos e peridotitos.<br />

A carbonatização eBtá bem evi<strong>de</strong>nciada não BÓpeloB inúmero5 veio5 <strong>de</strong> carbonato5 que<br />

cortam, nas mais variadas direções, os glimeritos, peridolitos e piroxenitos serpentinizados, por<br />

113


114 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

toda a intrusão, possuindo espessuras que variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns mm até mais <strong>de</strong> duas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> m,<br />

como também pela existência <strong>de</strong> carbonatos intersticiais nas rochas seccionadas por estes veios.<br />

Nas porções centrais da estrutura supõe-se que tenha havido uma carbonatização mais intensa, com a<br />

formação <strong>de</strong> um plug central cujo teto encontra-se totalmente silicificado.<br />

Como se <strong>de</strong>u esta carbonatização é uma questão difícil <strong>de</strong> ser explicada, recaindo no<br />

velho problema da origem dos carbonatitos, assunto vastamente discutido entre os geólogos e até<br />

hoje ainda não resolvido satisfatoriamente.<br />

Três hipóteses principais, cada uma com suas subvariações divi<strong>de</strong>m as opiniões dos especialistas<br />

no assunto. Uma <strong>de</strong>las, hoje em dia com muito poucos seguidores, formulada por Daly<br />

(1910), e <strong>de</strong>senvolvida por'Shand (1945) é a da assimilação <strong>de</strong> material <strong>de</strong> rochas carbonatadas,<br />

principalmente o calcário, por magma <strong>de</strong> composição variável.<br />

Outra hipótese é aquela <strong>de</strong>fendida pelos magmatistas, <strong>de</strong> que os carbonatitos seriam,<br />

pura e simplesmente, um produto da diferenciação e cristalização <strong>de</strong> uma magma carbonatado. Esta<br />

hipótese possui muitos a<strong>de</strong>ptos, tendo sido bastante reforçada <strong>de</strong>pois da constatação <strong>de</strong> que alguns<br />

vulcões po<strong>de</strong>m expelir lavas <strong>de</strong> composição carbonática.<br />

Finalmente, a terceira hipótese, também com muitos seguidores, é aquela dos transformistas,<br />

segundo a qual os carbonatitos seriam produtos das transformações autometassomáticas<br />

sofridas pelas intrusivas ultramáfica-alcalinas, pela ação substituidora <strong>de</strong> CO2 juvenil, nas últimas<br />

fases do magmatismo.<br />

Enquadrar a origem do carbonatito <strong>de</strong> Catalão I em qualquer uma <strong>de</strong>stas hipóteses é<br />

uma tarefa difícil e temerária, seja pela complexida<strong>de</strong> do assunto como também pela inexistência <strong>de</strong><br />

estudos petrográficos <strong>de</strong>talhados. Além do mais, para este enquadramento teria que se levar-em<br />

consi<strong>de</strong>ração as "tendências" do geólogo em relação às suas "simpatias" pessoais por uma ou por<br />

outra hipótese entre as diversas existentes. É amplamente sabido que entre os geológos existem<br />

várias correntes <strong>de</strong> pensamento em relação à gênese das rochas, formando, entre os seguidores <strong>de</strong><br />

cada uma, verda<strong>de</strong>iras escolas <strong>de</strong> pensamento geológico. Destas <strong>de</strong>stacam-se a dos magmatistas e a<br />

dos transformistas cada uma <strong>de</strong>las explicando <strong>de</strong> acordo com suas teorias, perfeitamente, a gênese<br />

dos granitos, carbonatitos, anfibolitos, certos <strong>de</strong>pósitos minerais, etc.<br />

O autor, em sua ainda curta experiência profissional, lidando praticamente com problemas<br />

práticos <strong>de</strong> prospecção, não tendo tido oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar em profundida<strong>de</strong> problemas<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m puramente científica, não tem posição formada em relação a estas escolas. Contudo,<br />

sente uma certa atração pelos pontos <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>fendidos pelos transformistas, principalmente<br />

em relação ao problema <strong>de</strong> origem dos carbonatitos <strong>de</strong> Catalão I, em função das consi<strong>de</strong>rações expostas<br />

a seguir que estão alicerçadas nos estudos da geologia regional e dos testemunhos <strong>de</strong> sondagens:<br />

1) - Existe uma total ausência <strong>de</strong> sedimentos carbonáticos ou mármore na região, sendo<br />

geologicamente improvável sua existência em profundida<strong>de</strong>. Desse modo a teoria <strong>de</strong> Shand fica<br />

completamente prejudicada. Além do mais, não existem evidências geoquímicas, estruturais e<br />

petrográficas que apoiem a idéia <strong>de</strong> que os carbonatitos <strong>de</strong> Catalão I constituemxenólitos <strong>de</strong> rochas<br />

sedimentares escarnitizadas total ou parcialmente, nem que se constituam em rochas carbonáticas<br />

sedimentares remobilizadas. Além disso, é um fato bem sabido que escarnitqsfermados nos contatos<br />

com calcário são radicalmente diferentes, química e mineralogicamente da rocha mãe.<br />

2) - Existem transições contínuas <strong>de</strong> tipos on<strong>de</strong> predominam os silicatos para tipos on<strong>de</strong><br />

predominam os carbonatos, isto nos testemunhos <strong>de</strong> sondagens.<br />

3) - Através dos testemunhos po<strong>de</strong> se observar perfeitamente uma venulação das<br />

rochas silicatadas por um reticulado <strong>de</strong> veios <strong>de</strong>lgados <strong>de</strong> rocha carbonática.<br />

4) - Faixas silicatadas ocorrem alternadamente COlJ) faixas carbonatadas, as faixas<br />

sendo milimétricas e centimétricas e dispostas paralelamente.<br />

5) - Em muitas ocasiões se observa que as porções silicatadas e carbonatadas não são<br />

<strong>de</strong>limitadas, bruscamente, mas observa-se a presença <strong>de</strong> massas difusas <strong>de</strong> material silicatado na<br />

rocha carbonatada.<br />

6) - Freqüentemente as relações entre os tipos silicatados e os carbonatados mostram<br />

estruturas <strong>de</strong> brechamento, com o último material cimentando blocos do primeiro. Os blocos não<br />

são normalmente angulosos, mas exibem formas bizarras e a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um a outro bloco não é<br />

incomum, e se faz por meio <strong>de</strong> massas <strong>de</strong>lgadas <strong>de</strong> rocha silicatada.<br />

7) - A matriz carbonática das brechas nunca exibe estruturas fluidais, e as bordas da


CARVALHO 115<br />

matriz não exibem granulação mais fina.<br />

8) - Em muitas ocasiões observa-se que a rocha silicatada foi tomada por material carbonático.<br />

Este possui contornos vagos interligando-se por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>lgados veios, também carbonáticos.<br />

9) - Veios r-arbonáticos que cortam as rochas silicatadas preservam a trama <strong>de</strong>stas,<br />

existindo evidências <strong>de</strong> que tais veios se formaram por alargamento progressivo em prejuízo das<br />

rochas silicatadas com cristalização do material carbonatado.<br />

10) - ° contato dos veios carbonáticos com a encaixante silicatada é irregular e mal<br />

<strong>de</strong>finido, e ao microscópio nota-se ser <strong>de</strong>nteado irregularmente.<br />

Estas consi<strong>de</strong>rações não favorecem uma <strong>de</strong>scendência magmática direta para os carbonatitos<br />

<strong>de</strong> Catalão I e é provável que o aprofundamento dos estudos petrogenéticos <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe,<br />

forneçam novos argumentos à hipótese transformista, sem contudo invalidar certo relacionamento<br />

magmático entre as rochas do Complexo, se consi<strong>de</strong>rarmos a origem juvenil do CO2 agente da<br />

metassomatização posterior.<br />

Assim em uma fase magmática inicial houve a formação das rochas ultramáficas do<br />

complexo, seguida por emanações e soluções alcalinas, <strong>de</strong>stacando-se o gás CO2 <strong>de</strong> forte po<strong>de</strong>r subs.<br />

tituidor, originadas na fase final do magmatismo, e que afetaram os dunitos, peridotitos, piroxenitos,<br />

etc., da fase magmática inicial, conduzindo ao aparecimento dos veios carbonatíticos<br />

atuais. Estes veios, cortando as rochas ultramáficas do Complexo, formam com elas um conjunto<br />

rochoso que foi genericamente, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> silicocarbonatito. A exemplo dos <strong>de</strong>mais complexos<br />

carbonatíticos do Alto Paranaiba, esta associação é a característica predominante do domo Catalão<br />

I.<br />

Nesse contexto é oportuno mencionar o processo <strong>de</strong> silicificação, bem caracterizado,<br />

mesmo em superfície, pelos afloramentos <strong>de</strong> silexito existentes. Os processos <strong>de</strong> silicificação que<br />

afetaram as rochas <strong>de</strong> Catalão I po<strong>de</strong>m ser semelhantes àquelas ocorridos em outros complexos ultramáficos<br />

e por muitos autores, consi<strong>de</strong>rados com resultantes dá ação do intemperismo. Uma outra<br />

origem a ser consi<strong>de</strong>rada seria aquela relacionada com a própria formação dos carbonatitos, como<br />

admitem certos autores. Caso o carbonatito tenha origem autometassomática, o silexito po<strong>de</strong>ria ser<br />

um dos produtos da alteração dos piroxênios monoclínicos da intrusiva ultramáfica original em<br />

flogopita, calcita e sílica, pela ação substituidora <strong>de</strong> CO2 juvenil. Esquematicamente, esta reação<br />

po<strong>de</strong>ria ser representada do-seguinte modo, segundo Tomkeieff et alii (1961):<br />

3CaMgSi206 + KAI02 + 3C02 + H20<br />

KMg3AISiOlO(OH)2 + 3CaC03 + 3Si02<br />

Outra hipótese para a origem <strong>de</strong>stes silexitos po<strong>de</strong>ria ser a seguinte: quando da fenitização<br />

as rochas encaixantes sofreram uma <strong>de</strong>ssilicificação. A silica liberada po<strong>de</strong>ria reagir com as<br />

rochas do Complexo, silicificando-as.<br />

Como se vê mais <strong>de</strong> duas interpretações para a gênese <strong>de</strong>stes silexitos po<strong>de</strong> ser formulada,<br />

tornandó difícil, à semelhança da origem dos carbonatitos, estabelecer uma hipótese conclusiva<br />

acerca do assunto.<br />

Qualquer que seja a sua origem, foi notável em Catalão I a intensida<strong>de</strong> da silicificação<br />

dos carbonatitos das porções centrais da estrutura, havendo furos <strong>de</strong> sonda que cortaram mais <strong>de</strong><br />

100 m <strong>de</strong> puro silexito sem conseguir encontrar o carbonatito típico. Estes silexitos, <strong>de</strong>nominação<br />

dada aos produtos <strong>de</strong>sta silicificação intensa, ocorrem por toda a intrusão e, quando em profundida<strong>de</strong>,<br />

aparecem nas mais diversas cotas, possuindo comportamento caótico. Po<strong>de</strong>m conservar<br />

ainda minerais próprios dos carbonatitos, e em alguns furos <strong>de</strong> sonda foram encontrados tipos <strong>de</strong><br />

transição para estes.<br />

A perfeita carl;lcterização petrográfica das rochas do Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong><br />

Catalão I, é uma tarefa difícil em razão da gran<strong>de</strong> variação existente na classificação e composição<br />

modal <strong>de</strong> seus minerais, ao longo dos testemunhos <strong>de</strong> sondagens, únicas amostras disponíveis, em<br />

vista da inexistência <strong>de</strong> afloramentos. Se o corte da secção <strong>de</strong>lgada, por exemplo, fosse realizado em<br />

um dos inúmeros veios <strong>de</strong> carbonatos que, invariavelmente aparecem cortando os testemunhos, a<br />

classificação petrográfica da rocha seria a <strong>de</strong> um sovito (carbonatito calcífero) ou, muito raramente,<br />

<strong>de</strong> um rauhaugitQ (ctU"bon~tito dolomítico), Por outro lado, se o corte coincidisse com uma porção do<br />

testemunho, rica em flogopita, a classificação seria a <strong>de</strong> um glimerito, como po<strong>de</strong>ria ser a <strong>de</strong> um


116 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

peridotito ou piroxenito serpentinizado, caso a secção <strong>de</strong>lgada fosse realizada em porções ricas em<br />

serpentina, com restos <strong>de</strong> olivina ou piroxênio, como frequentemente po<strong>de</strong> acontecer.<br />

O mapeamento geológico <strong>de</strong> subsuperficie <strong>de</strong> Catalão I, com a <strong>de</strong>limitação dos diversos<br />

tipos petrográficos existentes, em vista <strong>de</strong> suas ocorrências diversificadas e restritas, quase sempre<br />

gradacionais, é uma tarefa extremamente difícil e provavelmente não realizável nos próximos 50<br />

anos, mesmo que a cobertura <strong>de</strong> material alterado seja removida por eventuais trabalhos <strong>de</strong> lavra.<br />

Nestas condições, é prático e cômodo, adotar uma <strong>de</strong>signação global para o conjunto formado pelas<br />

rochas ultramáfico-alcalinas originais (modificadas ou não, pelos processos <strong>de</strong> serpentinização,<br />

flogopitização e carbonatização posteriores) e os veios carbonatíticos que as cortam, dando origem a<br />

um sistema petrográfico que será, genericamente, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> silicocarbonatito. Isto não impe<strong>de</strong>,<br />

contudo, que tipos petrográficos isolados, venham a ser individualmente, caracterizados<br />

quando dos estudos <strong>de</strong> lâminas <strong>de</strong>lgadas. Assim, é possível i<strong>de</strong>ntificar sovitos (se a percentagem <strong>de</strong><br />

calcita for superior a 60%); glimeritos (com percentagem <strong>de</strong> flogopita superior a 60%); serpentinitos<br />

(se a percentagem <strong>de</strong> serpentina atingir ou ultrapassar 60%); etc.<br />

Silicocarbonatitos<br />

Apresentam estrutura maciça, muitas vezes brechói<strong>de</strong>, textura fanerítica média à fina e<br />

cor escura. São constituidos essencialmente <strong>de</strong> flogopita e secundariamente serpentina, a qual,<br />

eventualmente, po<strong>de</strong> ser o maior constituinte. A rocha geralmente está cortada por veios milimétricos<br />

a centimétricos <strong>de</strong> carbonatos com direções variadas, <strong>de</strong> duas ou mais gerações. Como acessórios,<br />

ocorrem cristais <strong>de</strong> magnetita <strong>de</strong> até 1 cm <strong>de</strong> diâmetro e pirita submilimétrica.<br />

Freqüentemente, ocorrem níveis em qu~ a rocha sofre completa flogopitização, sendo<br />

constituída quase que exclusivamente <strong>de</strong> flogopita, aparecendo eventuais cristais <strong>de</strong> magnetita<br />

relativamente bem <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

Microscopicamente, apresentam textura granular, hipidiomórfica média à fina, constituída<br />

por cristais xenomórficos, às vezes, hipidiomórficos, <strong>de</strong> flogopita, calcita, apatita, baritina,<br />

olivina serpentinizada, serpentina, feldspato, anfibólios, piroxênios, nefelina, zircão, ~sfeno, pirocloro,<br />

clorita, perovskita, opacos, etc.<br />

A flogopita xenomórfica, às vezes, hipidiomórfica, em cristais submilimétricos a cen.<br />

timétricos, geralmente é o maior constituinte, po<strong>de</strong>ndo apresentar planos <strong>de</strong> clivagens curvos. Alguns<br />

cristais possuem pleocroismo distribuído geralmente em seu interior, variando <strong>de</strong> incolor a<br />

tons <strong>de</strong> vermelho vivo, por vezes zonados. Po<strong>de</strong>m ter suas clivagens preenchidas por óxido <strong>de</strong> ferro<br />

ou carbonato. Inclusões <strong>de</strong> opacos, às vezes, são observadas. É uma constante neste mineral a alteração<br />

a carbonatos, muitas vezes, do centro para a periferia, com uma cor esver<strong>de</strong>ada e turva.<br />

A calcita aparece, principalmente, preenchendo veios nas mais variadas direções ou disseminada<br />

na rocha. No último caso, po<strong>de</strong> ser produto <strong>de</strong> alteração da flogopita e apatita.<br />

A apatita, hipidiomórfica, arredondada ou prismática, po<strong>de</strong> aparecer junto aos caro<br />

bonatos sob a forma <strong>de</strong> veios ou intersticialmente quando prismática. Eventualmente, está alterada<br />

a carbonatos nas bordas e clivagens.<br />

A baritina po<strong>de</strong> ocorrer com certa freqüência, aparecendo principalmente sob a forma <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>lgados veios, em pequenos cristais euédricos com a zonação característica.<br />

A serpentina em fribras muito finas e <strong>de</strong> direções variadas, ocorre como produto <strong>de</strong> alteraçao<br />

<strong>de</strong> olivina ou piroxênios, geralmente em agregados pseudomórficos <strong>de</strong>stes minerais, os<br />

quais possuem inclusões <strong>de</strong> apatita, flogopita e opacos, sendo suas fraturas preenchidas por carbonatos.<br />

O feldspato, provavelmente alcalino, só aparece ocasionalmente, sob a forma <strong>de</strong><br />

cristais xenomórficos arredondados, on<strong>de</strong> raramente se observam maclas Kalrsbad.<br />

O piroxênio, possivelmente aegirina-augita, ocorre muito esporadicamente, em restos<br />

da alteração a anfibólio. Possui cor ver<strong>de</strong> forte com pleocroismo até amarelo, com bordos<br />

escuros e fraturas preenchidas por opacos. O anfibólio, produto <strong>de</strong> sua alteração é fibroso <strong>de</strong><br />

pleocroismo ver<strong>de</strong> amarelo a ver<strong>de</strong> azulado, po<strong>de</strong>ndo tratar-se' <strong>de</strong> eckermanita que por sua<br />

vez transforma-se principalmente em clorita.<br />

Como acessórios, muito raramente, encontram-se nefelina, zircão, esfeno, pirocloro<br />

e perovskita. Os opacos, às vezes, com inclusões <strong>de</strong> apatita e estrutura em box-work, são<br />

acessóriçs constantes, sendo a magnetita o principal, vindo em seguida a pirita.<br />

A composição média, aproximada, para estas rochas po<strong>de</strong>ria ser a da Tabela 4.


FLOGOPITA. 30-80 'Y.<br />

C A L C I TA. J 0-60 'Y.<br />

DOLOMITA O-IO'Y.<br />

APATITA 0-30 %<br />

SERPENTINA . 0-60 %<br />

BARITINA .0- 5 %<br />

OPACOS. 5-20%<br />

ARFVEDSONITA. .0-10%<br />

AEGIRINA - AUGITA. . O-I O'Y.<br />

FELDSPATO ALCALINO. .0-5 'Y.<br />

ESFENO. . .. . O-I O'Y.<br />

Z I R C Ã O, A EGIRI NA, CLORITA, PIROCLORO<br />

PEROWSKITA,MONAZITA<br />

TABELA 4<br />

.0- t r "o<br />

Elaborada a partir <strong>de</strong> estudos petrográficos realizados<br />

por professores e alunos do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da UnB<br />

em 14 amostras <strong>de</strong> silicocarbonatitos (1973).<br />

Sovito<br />

CALCITA .60-95%<br />

APATITA .0- 2 5 %<br />

FLOGOPITA . 0- 2 O %<br />

SERPENTINA..<br />

CARVALHO<br />

.. .0-15%<br />

OPACOS (Maonetito,Pirifa ,efe ). .0-15%<br />

BARITINA. . .0- I O 'Y.<br />

E S F E NO. . 0- 5 'Y.<br />

MON A Z I T A,ZIRCAO,PIROC LORO<br />

PEROVSKITA,AEGIRINA -AUGITA, 0- t r<br />

,..<br />

C L O RITA, K AT OFO RI TAl F LUOR ITA,.tc<br />

Fig. 4 - Fotomicrografia <strong>de</strong> silicocarbonatito. Veio<br />

<strong>de</strong> carbonatos (C) cortando rocha. rica em<br />

flogopita (F), opacos e apatita (A).<br />

Os veios carbonatíticos que ocorrem em Catalão I, <strong>de</strong> duas ou mais gerações, são em sua<br />

gran<strong>de</strong> maioria, calcíticos. Mostram estrutura maciça, textura fanerítica, média à grosseira, às<br />

vezes fina, cor branca, constituído essencialmente <strong>de</strong> calcita e, secundariamente, apatita e flogopita.<br />

Como acessórios, aparecem magnetita até centimétrica, raramente euédrica e calcopirita<br />

preenchendo micro fraturas e vênulas.<br />

Microscopicamente, a textura é granular xenomórfica média à fina, constituida <strong>de</strong> cristais<br />

xenomórficos <strong>de</strong> calcita, apatita, flogopita, serpentina, clorita, esfeno, anfibólios, piroxênio,<br />

zircão, monazita, baritina, opacos e eventualmente pirocloro. A calcita ocorre em pequeno cristais,<br />

<strong>de</strong> um modo geral, arredondados, <strong>de</strong> birrefringência extrema, formando prismas alongados. A<br />

flogopita em lamelas pleocróicas, com inclusões <strong>de</strong> apatita e opacos. Estes po<strong>de</strong>m também ocorrer<br />

intersticialmente.<br />

A variação na classificação e composição dos constituintes minerais <strong>de</strong>sta rocha po<strong>de</strong> ser<br />

observada na Tabela 5.<br />

TABELA 5<br />

Elaborada a partir <strong>de</strong> estudos petrográficos realizados<br />

por professores e alunos do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da UnB<br />

em 15 amostras <strong>de</strong> sovitos (1973).<br />

Os rauhuagitos, raramente encontrados, têm basicamente, a mesma mineralogia dos<br />

117


118 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

sovitos, com o carbonato sendo representado pela dolomita (60-90%) no lugar da calcita.<br />

Glimerito<br />

Os glimeritos que ocorrem preferencialmente na periferia do Complexo, apresentam estrutura<br />

maciça, textura fanerítica média a grosseira, cor escura e são constituidos essencialmente<br />

por flogopita. A rocha po<strong>de</strong> estar cortada por finíssimas vênulas preenchidas por carbonatos.<br />

Microscopicamente, apresentam textura granular xenomórfica, média a grosseira, constituida<br />

por cristais xenomórficos, às vezes hipidiomórficos <strong>de</strong> flogopita, calcita, apatita e opacos.<br />

As características microscópicas <strong>de</strong>stes minerais são idênticas aquelas <strong>de</strong>scritas<br />

bonatitos. A Tabela -6mostra a variação da composição moda! <strong>de</strong>sta rocha.<br />

para os silicocar-<br />

Fig.5 - Fotomicrografia <strong>de</strong> sovito. Carbonatito (C),<br />

apatita (A), flogopita (F) e opacos (O).<br />

Silexito<br />

Fig. 6 - Fotomicrografia <strong>de</strong> glimerito. Flogopita (F),<br />

opacos (O) e veio <strong>de</strong> carbonatos (C).<br />

Os silexitos ocorrem em afloramentos geralmente restritos, em várias partes da intrusão<br />

e na sua periferia. A principal unida<strong>de</strong> mapeável ocorre nas nascentes do córrego do Garimpo, esten<strong>de</strong>ndo-se<br />

transversalmente àquele córrego para N e S.<br />

Em profundida<strong>de</strong> aparecem em toda a intrusão, nas mais diversas cotas, po<strong>de</strong>ndo<br />

apresentar níveis superpostos geralmente não superiores a 2 m <strong>de</strong> espessura. Seu comportamento<br />

em profundida<strong>de</strong> é caótico, po<strong>de</strong>ndo ocorrer intercalados ao material alterado nas mais diversas<br />

direções. São muito abundantes nas partes centrais da intrusiva, on<strong>de</strong> os furos <strong>de</strong> sonda, após<br />

atravessarem 150 m <strong>de</strong> sedimentos argilosos, cortaram mais 100 m sem ultrapassá-Ios.<br />

A estrutura é maciça, geralmente marron amarelada, às vezes enegrecida. Além do<br />

quartzo e calcedônia, po<strong>de</strong>m conter ainda magnetita, pirita, baritina, apatita e minerais portadores<br />

<strong>de</strong> terras raras que mostram cores esver<strong>de</strong>adas. Os blocos <strong>de</strong>ste silexito alteram-se <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro,<br />

formando calcedônia pulverulenta.<br />

Petrograficamente, os silexitos, são <strong>de</strong> composição bastante variável, po<strong>de</strong>ndo ser constituídos<br />

unicamente <strong>de</strong> quartzo ou calcedônia, ou conter os <strong>de</strong>mais minerais acima especificados,<br />

isoladamente ou associados (Tab. 7). Eventualmente aparecem cristais <strong>de</strong> pirocloro. No primeiro<br />

caso os silexitos <strong>de</strong>vem ser originados a partir da silicificação das porções ultramáficas <strong>de</strong> Catalão I,<br />

ao passo que no segundo caso, os silexitos <strong>de</strong>vem ser o resultado final da silicificação dos carbonatitos.<br />

Com excessão da calcita o restante da mineralogia <strong>de</strong>stas rochas é conservada com os<br />

processos <strong>de</strong> silicificação ocorridos.<br />

Ao microscópio mostra textura granular xenomórfica. Além da sílica, apresentam<br />

subordinadamente opacos, e eventuais cristais <strong>de</strong> baritina, apatita, calcita, monazita, rabdofanita,<br />

bastnaesita, etc., e muito raramente pirocloro.<br />

O quartzo aparece em cristais anédricos com os bordos interpenetrados, corroídos ou engrenados,<br />

ou sob a forma microcristalina preenchendo fraturas ou cavida<strong>de</strong>s com os bordos marcados<br />

por películas <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro.<br />

A calcedônia tem comportamento semelhente ao do quartzo microcristalino, sendo o<br />

segundo constituinte em abundância.


CARVALHO 119<br />

A baritina po<strong>de</strong> ocorrer com certa frequência, aparecendo geralmente em agregados <strong>de</strong><br />

pequenos cristais prismáticos euédricos, com 2 V


120 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Canga rica em Magnetita<br />

TABELA 8<br />

ERAS PERIODOS UNIDADES<br />

ESTRATlGRÂFICAS<br />

L ITOLOGI AS<br />

C<br />

..<br />

.õ<br />

N<br />

O<br />

z<br />

...<br />

..<br />

-<br />

COBERTURAS<br />

DETRITO<br />

L ATERíTICAS<br />

SOLOS LATERiTICOS<br />

8/0U CROSTAS<br />

L IMONITICAS<br />

C<br />

..<br />

-õ<br />

N<br />

O.,<br />

...<br />

::r<br />

CRETÁCEO<br />

SUPERIOR -<br />

SILEXITOS,CARBON1\<br />

TlTOS,PIROXENITOS<br />

o PERIDOTITOS<br />

SERPENTlNIZADOS<br />

C<br />

-I!!<br />

Ir:<br />

'" ~i<br />

- GRUPO ~ARAXÁ<br />

MICAXISTOS,QUARTZl<br />

TOS, ANFIBOLITOS,o'c<br />

(FENITIZADOS QUAN<br />

DO PRÓXIMOS AOS<br />

~~T~~~R~~rp<br />

...<br />

u<br />

-õ N<br />

O<br />

...<br />

:::><br />

O<br />

Ir:<br />

...<br />

- COMPLEXO BASAL<br />

MI6MATITOS, PARA-<br />

GNAISSES,ANFIB0L!<br />

TOS .DIORITOS,GR1\<br />

NITOS,METABASITOS,<br />

etc.<br />

As cangas ricas em magnetita nunca apresentam espessura superior a 15 m, e ocorrem<br />

isoladamente em aglomerados <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s matacões por toda a área da intrusão, constituindo<br />

temunhos do extenso manto <strong>de</strong> laterização que cobriu toda a região.<br />

tes-<br />

As partes mapeáveis concentram-se no centro da área <strong>de</strong> rocha intrusiva, com ligeiro estiramento<br />

para o Norte. A maior das ocorrências está localizada ao N da Lq,goa Seca e faz parte <strong>de</strong><br />

um verda<strong>de</strong>iro anel interno constituído por canga, que circunda aquela <strong>de</strong>pressão. Este anel está<br />

bem <strong>de</strong>stacado na topografia, embora em parte se encontre interrompido pelos efeitos erosivos.<br />

Outras ocorrências <strong>de</strong> pequeno porte po<strong>de</strong>m ser assinaladas a SE e a NW, on<strong>de</strong> se observa<br />

canga extremamente rica em magnetita.<br />

Esta canga, por seu aspecto e pela gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> magnetita associada, difere<br />

sensivelmente, dos lateritos originados dos metamorfitos do Grupo Araxá. .<br />

Mostra estrutura concrecionária, cor escura, com porfiroblastos até centimétricos <strong>de</strong><br />

magnetita, geralmente euédrica, mergulhados em matriz <strong>de</strong> magnetita microscópica e óxidos <strong>de</strong> ferro<br />

diversos. Na região da Lagoa Seca esta canga é rica em baritina e calcedônia. em veios ou preenchendo<br />

cavida<strong>de</strong>s.<br />

Microscopicamente, caracteriza-se pela repetição monótona <strong>de</strong> porfiroblastos <strong>de</strong> opacos<br />

(magnetita) mergulhados em matriz <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> ferro diversos.<br />

A magnetita geralmente é entrecortada por veios <strong>de</strong> quartzo formados por cristais<br />

muitos finos. Cavida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m também estar preenchidas por quartzo. Sua origem <strong>de</strong>ve estar<br />

relacionada com os proceSsos <strong>de</strong> laterização ocorridos. Nas rochas frescas <strong>de</strong> Catalão I, ricas em<br />

magnetita, não foram observados cristais <strong>de</strong>ste mineral comparáveis na quantida<strong>de</strong> e no tamanho<br />

com aqueles encontrados nas cangas lateríticas. Estudos mais <strong>de</strong>talhados, são necessários para<br />

uma melhor <strong>de</strong>finição da origem <strong>de</strong>stas magnetitas.<br />

A baritina ocorre como porfiroblastos eué~ricos imersos na matriz <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> ferro,<br />

tendo um aspecto plumoso característico geralmente zonado, po<strong>de</strong>ndo também ocorrer em agregados<br />

<strong>de</strong> pequenos cristais prismáticos.<br />

A celestina também po<strong>de</strong> ocorrer em pequenos cristais, sendo distinguida da baritina<br />

o unicamente pelo 2V>45 , o que torna s\1ai<strong>de</strong>ntificação difícil pelos métodos óticos usuais.<br />

A canga rica em magnetita,.muitas vezes, ce<strong>de</strong> lugar a canga que eventualmente contem<br />

pirocloro. Este tipo <strong>de</strong> canga apresenta a magnetita cortada por veios <strong>de</strong> quartzo subparalelos formados<br />

por cristais muito finos. O pirocloro aparece em pequenos cristais euédri,cos, marron amarelados,<br />

zonados, isótropos e <strong>de</strong> baixa refrigência, que ocorrem junto aos veios <strong>de</strong> quartzo.<br />

Conglomerado Limonitico<br />

É uma canga <strong>de</strong> caráter conglomerático que contém seixos e blocos <strong>de</strong> materiais diversos


CARVALHO<br />

aglutinados por cimento magnetítico e limonítico. Sua ocorrência é restrita às proximida<strong>de</strong>s da borda<br />

N. Aparece margeando <strong>de</strong> um lado e do outro o cônego Chapad4o, numa distância aproximada<br />

<strong>de</strong> 600 m, com largura nunca superior a 200 m. Tal canga só difere daquela rica em magnetita pela<br />

presença <strong>de</strong> blocos e seixos <strong>de</strong> quartzito e silexito.<br />

Apresenta estrutura conglomerática e coloração escura, com seixos <strong>de</strong> alguns até 50 em,<br />

sendo englobados por matriz <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro e magnetita submilimétrica. Os seixos sem selecionamento,<br />

po<strong>de</strong>m estar rolados, sub-rolados ou brechados, e geralmente são <strong>de</strong> quartzito ou si.<br />

lexito. Gran<strong>de</strong>s cristais <strong>de</strong> magnetita são, comumente, observados.<br />

Solo Lateritico Rico em Vermiculita<br />

Junto à borda E da intrusão, nas partes mais dissecadas, ocorre um solo amarelo, ar.<br />

giloso, muito rico em palhetas <strong>de</strong> venniculita, com seixos irregulares e concreçôes silicosas. É pobre<br />

em magnetita, contento i1menita e anatásio.<br />

Esta unida<strong>de</strong> aparece numa faixa <strong>de</strong> direção N-S, acompanhando a borda E e tendo continuida<strong>de</strong><br />

na borda N. Po<strong>de</strong> ocorrer, também, abaixo da cobertura <strong>de</strong> solo laterítico rico em magnetita.<br />

É o produto <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong> rochas ricas em flogopita, ou seja os glimeritos.<br />

Solo Lateritico Rico em Magnetita<br />

A porção W da intrusão é ocupada por um solo laterítico, amarelo a vermelho, argiloso,<br />

contendo magnetita, ilmenita, martita, quartzo ou calcedônia, barita e eventualmente apatita,<br />

i<strong>de</strong>ntificáveis macroscopicamente. Esta unida<strong>de</strong> cobre cerca <strong>de</strong> 2/3 da área da intrusão.<br />

Caracteriza.se por um pequeno conteúdo <strong>de</strong> quartzo e por uma relativamente gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> magnetita.Freqflentemente observa-se um horizonte <strong>de</strong> até dois m <strong>de</strong> espessura,<br />

constituido à base <strong>de</strong> restos da <strong>de</strong>sagregação mecâIrica <strong>de</strong> crostas limoníticas, representados por<br />

pequenos n6dulos <strong>de</strong> cangas associados a material da fração argila. Abaixo <strong>de</strong>ste horizonte, o solo<br />

toma-se mais argiloso, <strong>de</strong> coloração amarelada, friável e menos rico em magnetita.<br />

Sedimentos ArgDosos<br />

Sondagens realizadas na <strong>de</strong>pressão central da estrutura, conhecida como Lagoa Seca,<br />

cortaram 150 m <strong>de</strong> sedimentos argilosos, possivelmente transportados, sobrepostos aos silexitos<br />

que se seguem. Pouco antes <strong>de</strong> atingir estas rochas, as colunas <strong>de</strong> perfuração encontraram um <strong>de</strong>lgado<br />

nível <strong>de</strong> material grosseiroconstituido à base <strong>de</strong> pequenos seixos rolados <strong>de</strong> silexito e mago<br />

netita. Por outro lado, alguns furos <strong>de</strong> sonda, realizados proximos aos limites externos da Lagoa<br />

Seca, on<strong>de</strong> afiora canga rica em magnetita, após ultrapassarem estas crostas, encontraram um<br />

material argiloso semelhante àquele encontrado na <strong>de</strong>pressão.<br />

A presença <strong>de</strong> seixos rolados no fundo da Lagoa Seca e <strong>de</strong> seus sedimentos abaixo das<br />

crostas limoníticas terciárias, permitem supor que a atual' <strong>de</strong>pressão já constituia, no Terciário,<br />

uma gran<strong>de</strong> cavida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma aproximadamente e1íptica com um <strong>de</strong>lgado estiramento para o norte,<br />

com pelo menos 150 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> com o eixo maior (E.W) <strong>de</strong> 700 m e o menor (N-SI <strong>de</strong> 500 m,<br />

aproximadamente,que foi totalmente preenchida com material transportado das encostas vizinhas.<br />

Como se formou esta cavida<strong>de</strong>? Os elementos disponíveis fazem supor que no local em questão,<br />

ocorreu a formação do stock carbonatítico principal do Complexo e que, antes <strong>de</strong> sua silicificação,<br />

aconteceu o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma dolinà <strong>de</strong> dissolução ou mesmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoronamento com as<br />

dimensões da atual <strong>de</strong>pressão.<br />

Os sedimentos que estão preenchendo esta <strong>de</strong>pressão, são nos primeiros. 30 metros constituidos<br />

<strong>de</strong> argilas plásticas, cauliníticas, extremamente fmas, <strong>de</strong> cor branca a cinza claro, em que se<br />

encontram, eventualmente, cristais idiomórficos <strong>de</strong> vivianita, <strong>de</strong> até 2 em. Na continuação do perfil<br />

nota-se apenas uma variação na coloração, que passa a ser amarelada.<br />

Outros sedimentos argilosos, <strong>de</strong> origem recente, extremamente ricos em matéria orgânica,<br />

po<strong>de</strong>m ser encontrados numa <strong>de</strong>pressão completamente a1agada que constitui uma das<br />

cabeceiras do cônego doChapadão.<br />

Estêa aedimentoa poaauem pequena espessura, nAoatingindo 1,50 m e são <strong>de</strong> cor escura,<br />

característica dos materiais impregnados <strong>de</strong> humus.<br />

121


122 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Condicionamento Geotectônico e Estrutural<br />

ASPECTOS GEOTECTONICOS ESTRUTURAIS,<br />

ESTRATIGRÁFICOS E GEOHISTORICOS<br />

o Complexo Catalão I, constituido por rochas ultramáficas-alcalinas cortadas por veios<br />

<strong>de</strong> carbonatitos, está situado em uma zona <strong>de</strong> fraqueza da crosta terrestre. Forma com os complexos<br />

semelhantes <strong>de</strong> Catalão 11, Serra Negra, Salitre, Barreiro (Araxá) e Tapira um alinhamento <strong>de</strong> intrusivas<br />

dômicas que, segundo Grossi-Sad (1972), é <strong>de</strong> formato curvo acompanhando as bordas da<br />

Bacia Sedimentar do Paraná.<br />

De acordo com Kukharenko et alii (1961), esses complexos só ocorrem em condições<br />

geotectônicas específicas, on<strong>de</strong> os <strong>de</strong>slocamentos verticais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s blocos da crosta terrestre são<br />

os principais movimentos tectônicos. Estes' <strong>de</strong>slocamentos ocorrem concomitantemente com dobramentos<br />

realizados alhures. As fraturas surgidas como reação das estruturas rígidas da plataforma<br />

aos movimentos <strong>de</strong> dobramento nas faixas móveis, guiaram a ascensão do magroa ultramáficoalcalino,<br />

produzido por fusão seletiva <strong>de</strong> material do manto.<br />

No sul <strong>de</strong> Goiás, as estruturas regionais <strong>de</strong>senvolveram-se sobre duas unida<strong>de</strong>s estratigráficas<br />

pré-cambrianas (Complexo Basal e Grupo Araxá) e a cada uma <strong>de</strong>las correspon<strong>de</strong> pelo<br />

menos um padrão estrutural. Isoladamente, o Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I constitui<br />

a mais notável estrutura da região que se enquadra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um condicionamento geotectônico<br />

bem <strong>de</strong>finido, como foi visto acima.<br />

Diversos ciclos tectogênicos ocorreram na região, havendo superposição dos mesmos<br />

nas unida<strong>de</strong>s estratigráficas mencionadas, tornando difícil a análise estrutural <strong>de</strong>stes eventos.<br />

Existem boas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que as estruturas singenéticas à evolução do Grupo Araxá, até a sua<br />

estabilização, correspondam aos gran<strong>de</strong>s eixos <strong>de</strong> direção principal EW-WNW.<br />

É lícito prever que as feições estruturais pré-existentes nas unida<strong>de</strong>s estratigráficas<br />

mais antigas foram absorvidas pelos eventos tectônicos mais novos, inclusive com restauração<br />

completa <strong>de</strong> algumas estruturas.<br />

Regionalmente po<strong>de</strong>-se observar uma acentuada concordância entre o Complexo Basal e<br />

as estruturas sobrejacentes características das rochas do Grupo Araxá, sendo contudo difícil esta<br />

observação em escala <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe, uma vez que as rochas <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong>, raramente, apresentam<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estruturas planares e lineares passíveis <strong>de</strong> medição.<br />

No Complexo Ultramáfíco-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, os efeitos da tectônica rígida estão<br />

bastante claros, com um sistema <strong>de</strong> falhamento e fraturamente radial periférico bastante característico.<br />

Estas feições estruturais só po<strong>de</strong>m ser mapeadas nas bordas do Complexo. Internamente em<br />

virtu<strong>de</strong> do elevadíssimo estado <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong> suas rochas elas estão completamente mascaradas.<br />

Algumas mudanças bruscas nos valores radiométricos têm sido interpretadas como evidências <strong>de</strong><br />

falhamentos, <strong>de</strong>ntro da estrutura.<br />

Seqüência estratigráfica<br />

As unida<strong>de</strong>s estratigráficas ocorrentes na região <strong>de</strong> Catalão po<strong>de</strong>m ser visualizadas na<br />

Coluna Estratigráfica mostrada na Tabela 8.<br />

<strong>Geologia</strong> histórica<br />

Ainda no Pré-cambriano <strong>de</strong>positam-se as camadas Araxá em ambiente geossinclinal. A<br />

sedimentação é predominantemente pelítica e psamítica, mas há pequenas intercalações <strong>de</strong> margas<br />

calcárias e outras litologias.<br />

Esses sedimentos foram atingidos pelo ciclo tectônico Baicaliano, com intenso dobramento<br />

e falhamento, acompanhado <strong>de</strong> metamorfismo. Sua direções estruturais condicionam a<br />

<strong>de</strong>limitação da Bacia sedimentar do Paraná no Paleozóico.<br />

Segue-se um longo período <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> e no Mesozóico em consequência da lenta<br />

subsidência da Bacia Sedimentar do Paraná, reativam-se antigas falhas da plataforma. Abrem-se<br />

geoclases dando passagemao magroa toleítico que forma extensos <strong>de</strong>rrames ao sul <strong>de</strong> Catalão.<br />

Durante a movimentação em direção à superfície, parte do magroa basáltico sofre<br />

modificações, responsáveis pelas intrusões ultramáficas-alcalinas <strong>de</strong> Catalão I, Catalão 11, Serra


CARVALHO 123<br />

Negra, Salitre, Barreiro e Tapira. Datação pelo método K/ Ar no Laborat6rio <strong>de</strong> Geocronologia da<br />

USP mostram ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 70 a 90 m.a. situando essas rochas no Cretáceo Superior.<br />

A ascenção da ultramáfica-alcalina encontra em Catalão um teto muito resistente nos<br />

quartzitos do Grupo Araxá, <strong>de</strong>formando-os domicamente A intrusão dômica acarreta também<br />

modificações metassomáticas na encaixante, originando os atuais fenitos.<br />

Posteriormente à intrusão, fenômenos autometassomáticos ou hidrotermais modificam<br />

as rochas ultramáficas originais, conduzindo ao aparecimento <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> serpentinizaçAo e<br />

flogopitização. Nas fases mais tardias do magmatismo, o Complexo é intensamente falhado e<br />

fraturado. Aproveitando essas fraturas e falhas, por processos autometassomáticos ou magroáticos,<br />

a intrusiva é intensamente carbonatizada, dando origem aos atuais carbonatitos.<br />

Num período, compreendido entre o evento dos carbonatitos <strong>de</strong> Catalão I, possivelmente<br />

ainda no Cretáceo Superior e o início dos processos <strong>de</strong> laterização, no Terciário, ocorreu a formação<br />

<strong>de</strong> pelo menos uma dolina, no plug carbonatítico central. Também neste intervalo <strong>de</strong> tempo,<br />

<strong>de</strong>ve ter acontecido a intensa silicificação que alterou indistintamente várias rochas do Complexo,<br />

originando os atuais silexitos. A partir dai, a dolina teve o seu <strong>de</strong>senvolvimento interrompido, tendo-se<br />

iniciado o seu preenchimento por sedimentos transportados a partir das encostas vizinhas.<br />

Em seguida, o intemperismo e a erosão, atuando sobre o domo, <strong>de</strong>sgastam a encaixante,<br />

fazendo sobressair topograficamente o quartzito mais resistente. A ação do intemperismo químico,<br />

na intrusiva, <strong>de</strong>termina enriquecimento supergênico dando origem aos atuais <strong>de</strong>pósitos minerais.<br />

A partir do Terciário, segundo Barbosa (1966), toda a região é submetida a intenso<br />

processo <strong>de</strong> laterização. As cangas que hoje aparecem abundantemente na área da intrusiva e o<br />

laterito nodular na região dos metamorfitos testemunham a intensida<strong>de</strong> do fenômeno.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

o autor <strong>de</strong>seja consignar o seu agra<strong>de</strong>cimento à Diretoria Técnica da METAGO pela<br />

autorização <strong>de</strong> publicação <strong>de</strong>ste trabalho bem como ao Professor Dr. Aluízio Licínio <strong>de</strong> Miranda<br />

Barbosa e aos geólogos Pérsio Man<strong>de</strong>tta, Carlos Maranhão Gomes <strong>de</strong> Sá e Tércio Pina <strong>de</strong> Barros<br />

pelas sugestões e revisões finais do texto.<br />

Reconhecidamente agra<strong>de</strong>ce também à equipe técnica do Projeto Catalão, tanto do pas.<br />

sado como do presente, em cujo seio foi possível amadurecer as idéias e pontos <strong>de</strong> vista emitidos<br />

neste trabalho, através da constante troca <strong>de</strong> informações e opiniões construtivas.<br />

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VOROBIEV A, O. A. . HltiO. Alklli roçko ohbo VRSS, 11I;lNTERNATlONAL GEOLOGICAL CONGRESS, 21&,Copenbaguen. pt.13.


GRANITO DE CAMPO FORMOSO - Da<br />

MARIA ALBA FARIAS TANNER DE OLIVEIRA., RAYMUNOO JOS~<br />

BULCÁO FROES., TEODORO TANNER DE OLIVEIRA.<br />

ABSTRACT<br />

The granitlc body ..hlch i. in contact with the _tem JD&l1IÚIof the Serra <strong>de</strong> Jacobine lho..., in the ",gion of Campo Formoeo,<br />

unulUal magmatic featUl8l.<br />

Samples were studied from azone inc1udingthe contactand4kmfromit.<br />

The petrographic study showed the rocks to be of granodioritic to granitic compo.ition with tipicaUy magmatic textures.<br />

The petrochemica1 .tudy confirmed the magmatic characterof the rock8~.<br />

Field evi<strong>de</strong>nce and certain petrographical <strong>de</strong>tails .uggest tilat total anetexis of pI8.existing gneiss.. occurred.<br />

INTRODUÇAO<br />

Na região <strong>de</strong> Campo Formoso, ao norte da Serra <strong>de</strong> Jacobina, ocorre um corpo granÍtico<br />

<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ráveis dimensões, em contato tipicamente magmático com as formações metassedimentares<br />

da serra.<br />

O presente trabalho trata dos resultados obtidos com o estudo <strong>de</strong> 19 amostras, coletadas<br />

no granito, ao longo do contato ou próximo a ele. Este estudo tem o objetivo <strong>de</strong> contribuir para uma<br />

melhor compreensão da gênese <strong>de</strong>ste granito, ainda não <strong>de</strong>finitivamente esclarecida.<br />

A área estudada correspon<strong>de</strong> a uma faixa <strong>de</strong> 4 km <strong>de</strong> largura por 20 <strong>de</strong> comprimento, esten<strong>de</strong>ndo-se<br />

a partir da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campo Formoso para N.<br />

Campo Formoso situa-se nas coor<strong>de</strong>nadas geográficas <strong>de</strong> 10°30' <strong>de</strong> Lat S e 40°18' <strong>de</strong><br />

Long W, distando em linha reta, 340 km <strong>de</strong> Salvador. O acesso à área po<strong>de</strong> ser feito por rodovias<br />

pavimentadas, percorrendo-se 405 km, a partir da capital do Estado.<br />

·IG/UFBa


126 ANAIS DO XXVI/1 CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Trabalhos Anteriores<br />

Graças às jazidas <strong>de</strong> cromita associadas às rochas ultrabásicas que ocorrem proximas à<br />

área, a região mereceu a atenção <strong>de</strong> diversos autores. No entanto, pouco foi dito a respeito das<br />

rochas graníticas, sendo estas classificadas genericamente como granito-gnaisse, mjgmatitos ou<br />

ainda granitos intrusivos, mas sem maiores consi<strong>de</strong>rações a respeito.<br />

Griffon, 1967, consi<strong>de</strong>rou-as como <strong>de</strong> origem anatética, com evidências <strong>de</strong> metassomatismo.<br />

Brito Neves, 1972, admite conclusIvamente uma origem metassomática, com refusão local, mas<br />

reconhece uma homogeneida<strong>de</strong> litológica suficiente, para classificar estas rochas como Granito <strong>de</strong><br />

Campo Formoso.<br />

Uma única amostra <strong>de</strong>ste granito foi datada ~r Távora, 1969, pelo método K/ Ar, com<br />

moscovita, apresentando ida<strong>de</strong> em torno <strong>de</strong> 1.000 X 10 anos, que <strong>de</strong> acordo Cordani et alii, 1969,<br />

aparentemente é da mesma or<strong>de</strong>m daquelas do grupo Jacobina (metassedimentos).<br />

<strong>Geologia</strong><br />

Duas gran<strong>de</strong>s unida<strong>de</strong>s litoestratigráficas, constituem a geologia da região: o Grupo<br />

Jacobina 9 o Granito <strong>de</strong> Campo Formoso.<br />

O Grupo Jacobina constitui uma seQÜência <strong>de</strong> quartzitos, xistos e filitos intercalados,<br />

estruturado em sinclinais e anticlinais muito fechados e estirados, tendo em conjunto um aspecto <strong>de</strong><br />

homoclinal, com fortes mergulhos para leste. A direção geral é NoS, mas na área em estudo, sofre<br />

uma inflexão, <strong>de</strong>screvendo um gran<strong>de</strong> arco (Fig. 1).<br />

Morfologicamente constitui uma serra com altitu<strong>de</strong>s que alcançam 1.000 m, e largura <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 6 km, apresentando escarpas muito abruptas.<br />

O contato com os gnaisses e mjgmatitos a E é feito por falhas <strong>de</strong> acavalamento.<br />

O granito <strong>de</strong> Campo Formoso, constitui um chapadão bastante dissecado, <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong><br />

média<strong>de</strong>500m.<br />

A sua área <strong>de</strong> afloramento compreen<strong>de</strong> aproximadamente 1.000 km2. Ao norte e ao sul<br />

está em contato difuso com migmatitos e gnaisses. A oeste encontra-se recoberto por calcários do<br />

Grupo Bambuí (Formação Sete Lagoas). O contato a leste faz-se com o Grupo J acobina. Esse contato<br />

apresenta evidências típicas <strong>de</strong> intrusão magmática. Ao sul <strong>de</strong> Campo Formoso, seguindo a estrada<br />

para o povoado <strong>de</strong> Limoeiro a 500 m da igreja da Gameleira, indo em direção à encosta da<br />

serra, encontra-se um gran<strong>de</strong> afloramento <strong>de</strong> granito, com xenólitos <strong>de</strong> quartzito ver<strong>de</strong>, do Grupo<br />

Jacobina. Ao norte da área, também no contato, à 8ltura da Vila <strong>de</strong> Socotó, observam-se gran<strong>de</strong>s<br />

apófises <strong>de</strong> granito penetrando nos quartzitos.<br />

Falhas e fraturas longitudinais e transversais à serra afetam tanto o Grupo Jacobina<br />

como o granito adjacente.<br />

Material e Método <strong>de</strong> amostragem<br />

Tendo como base fotografias aéreas na escala 1:25.000, procurou-se coletar as amostras<br />

em espaçamentos constantes a partir do contato. Devido à precarieda<strong>de</strong> dos acessos e a falta <strong>de</strong><br />

afloramentos, não foi possível obe<strong>de</strong>cer a um rigido sistema <strong>de</strong> amostragem. Conseguiu-se no entanto,<br />

amostras representativas do contato, e <strong>de</strong> 0,5 km, 1,0 km, 2,0 km,3,0 kme 4,0 km distantes.<br />

As amostras foram coletadas ao longo <strong>de</strong> estradas, trilhas e cursos d'água (Fig. 1).<br />

PETROGRAFIA<br />

As rochas estudadas tem coloração cinza a rosea, granulação fanerítica fina a média.<br />

Quando há predominância <strong>de</strong> plagioclásio, são rochas hipidiomórficas, se entretanto predomina o<br />

feldspato potássico são alotriomórficas.<br />

Os feldspatos encontram-se em parte, não geminados. Para a sua i<strong>de</strong>ntificação foi<br />

utilizado o teste <strong>de</strong> coloração com cobaltinitrito <strong>de</strong> sódio (Chayes, 1952). A análise modal foi feita<br />

para 19 seções <strong>de</strong>lgadas, utilizando o método Chayes, 1949, tendo sido contados 3.000 a 3.500 pontos.<br />

Os resultados estão apresentados na Tabela 1. Quartzo, microclina e plagioclásio modais foram<br />

recalculados para 100, e os resultados lançados no diagrama Qz -Plag - K.Felds, Figura 2, <strong>de</strong> acor-


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OLIVEIRA, FRÓES, OLIVEIRA<br />

Flg. 1 - Mapa Geo16gico e 'Localização das Amostras Estudadas.<br />

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do com Moore, 1969, para melhor classificar as rochas. Observa-se que a composiçãó varia <strong>de</strong><br />

granodiorito até granito, havendo uma maior concentração no campo do quartzo-monzonito.<br />

De modo geral, as rochas estudadas ao microscóPio slo muito semelhantes, tanto do<br />

ponto <strong>de</strong> vista textural como mineralógico.<br />

Há evidências <strong>de</strong> esforços posteriores. cristaHzaçlo observadas em quase todas 88<br />

liminas, tais como: microquebramento dos grãos, planos <strong>de</strong> geminaçio e clivagem encurvados, ex-<br />

n'<br />

127


128 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

tinção ondulat6ria no quartzo e feldspatos. É notável a ausência absoluta <strong>de</strong> minerais acessórios.<br />

tUARTZO<br />

Fig. 2 - Diagrama <strong>de</strong> Moore, 1959 para Classificação <strong>de</strong> Rochas Igneas Ácidas.<br />

Mineralogia<br />

Quartzo - Em todas as amostras ocorre <strong>de</strong> forma intersticial, fortemente fraturado, e por<br />

v~zes com extinção ondulat6ria; nas amostras mais distantes do contato apresenta aspectos <strong>de</strong><br />

refusão. Observou-se também, em uma amostra, inclusão <strong>de</strong> moscovita.,<br />

Microclina - Apresenta a~pectos bastante variados. A granulometria numa mesma<br />

amostra po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> muito fina à média, e a forma <strong>de</strong> anedral até euedral. Observou-se que os<br />

grãos menores tem maior tendência ao euedralismo que os grãos mais grosseiros.<br />

Oligoclásio - Tem uma maior tendência a euedralismo que a microclina. Apresenta-se<br />

tipicamente zonado. A geminação quando presente é do tipo albita e albita-Carlsbad. A mirmequita<br />

é muito abundante, com e sem continuida<strong>de</strong> ótica. Na amostra 19,a 1 km do contato, encontra-se<br />

em textura tipo rapakivi, envolvendo a microclina, esta <strong>de</strong> forma irregular. O grau <strong>de</strong> alteração é<br />

por vezes pronunciado e, como a microclina, está alterado em argilo-minerais e sericita.<br />

Moscovita - Ocorre em cristais sub-édricos bastante <strong>de</strong>senvolvidos e intimamente associada<br />

à biotita. Encontra-se presente em todas as amostras estudadas estando intersticial aos<br />

<strong>de</strong>mais grãos da rocha, o que <strong>de</strong>mostra a sua origem primária. Observam-se evid~ncias <strong>de</strong> esforços<br />

posteriores à cristalização, apreseritando-seentão bastante <strong>de</strong>formada.<br />

Biotita - Apresenta-se em menor quantida<strong>de</strong> que a moscovita a qual está asso-


OLIVEIRA, FRÓES, CJUVEIRA 129<br />

ciada. O pleocroísmo varia <strong>de</strong> castanho a ver<strong>de</strong>. A cloritização é bastante pronunciada com<br />

exsolução <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro, que fica concentrado no plano <strong>de</strong> cilvagem do mineral.<br />

Quartzo<br />

Microclina<br />

Plagioclásio<br />

Biotita<br />

Moscovita<br />

TABELA 1<br />

Análises Modais<br />

17,9 28,9 18,9 25,5 25,3 22,5 20,2 15,6 24,8 35,3 25,0 20,6 29,8 25,3 24,0 23,9 24,6 22,1 22,4<br />

68,4 44,9 26,8 36,3 19,6 24,8 42,2 43,8 34,6 22,2 41,2 25,5 22,1 50,9 32,9 49,6 49,5 27,2 42,2<br />

10,7 17,2 47,6 30,2 45,7 43,1 21,8 28,8 32,7 31,2 27,2 31,S 41,3 15,4 37,6 16,9 17,2 30,0 22,0<br />

1,3 4,8 1,9 2,8 6,0 5,0 5,7 5,2 5,8 3,6 4,1 2,5 1,6 6,1 3,1 2,1 1,9 5,7 2,6<br />

1,7 4,2 4,8 5,2 3,4 3,7 10,1 6,6 2,1 7,7 2,5 19,9 5,2 3,2 2,4 7,5 6,8 5,0 10,2<br />

TABELA 2<br />

Análises Químicas<br />

19 32-a<br />

Si02 71,79 67,75<br />

Al203 14,46 14,69<br />

Fe203 2,72 0,23<br />

FeO 1,68<br />

MgO 0,63 1,11<br />

CaO 1,63 3,10<br />

Na20 3,73 3,82<br />

K20 3,41 4,45<br />

Ti02 0,68 1,06<br />

MnO 0,09 0,10<br />

P20S 0,21<br />

H20+ 0,50 1,34<br />

Total 99,64 99,54<br />

VARIAÇÁOQUIMICA<br />

46<br />

70,90<br />

15,22<br />

0,71<br />

0,41<br />

2,02<br />

4,47<br />

4,06<br />

0,89<br />

99,97<br />

Três amostras foram selecionadas para análises químicas (realizadas pelo Laboratório <strong>de</strong><br />

Mineralogia e Petrologia do Instituto Superior Técnico da Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa), Tabela 2,<br />

a partir das quais calculou-se as normas CIPW (Johansen, 1939), e os valores <strong>de</strong> Niggli, vistos na<br />

Tabela 3.<br />

Há <strong>de</strong> se notar que as normas acusam a presença <strong>de</strong> piroxênios e acessórios, tais como ilmenita,<br />

hematita, esfeno e rutilo que não foram encontrados quando no estudo petrográfico. Isto é<br />

explicável pela presença <strong>de</strong> biotita que forneceu os elementes químicos necessários para formar no<br />

cálculo normativo, esses minerais acessórios.<br />

Com base nos parâmetros CI,PW-Lacroix as rochas foram <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> granito<br />

monzonítico e granito akerítico, ambos da família dos granitos alcalinos. Quimicamente não po<strong>de</strong>rse-ia<br />

ter granodiorito como encontrou-se no diagrama <strong>de</strong> Moore, já que-esta rocha tem parâmetro<br />

r= 4 e obteve-se, para as amostras analisadas, r= 2.<br />

Determinou-se ainda, a partir das normas, os índices <strong>de</strong> diferenciação, <strong>de</strong> acordo com<br />

Thornton e Tutt1e 1960, os quais variam <strong>de</strong> 79,6 a 84, 4, o que revela o caráter álcali-ácido das rochas<br />

em estudo. Os resultados foram lançados no dü1.grama<strong>de</strong> curvas <strong>de</strong> contorno para 5.000 análises das<br />

6O-a


130<br />

ANAIS DO XXVIII COlfGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

TABELA 3<br />

Normas CIPW, Valores <strong>de</strong> Nigglie Índices<br />

<strong>de</strong> Diferenciação (I. D.)<br />

19 32-a 46 19 32-a 46<br />

Q 32,8 20,8 24,7 H2 0,5 1,3 1,3<br />

Or 20,0 26,3 23,9 Si 377,3 314,5 369,2<br />

Ab 31,4 32,5 37,7 ai 44,8 40,1 46,5<br />

An 8,1 9,7 9,5 fm 15,7 14,2 6,3<br />

Wo 0,1 c 9,2 15,3 11,3<br />

Di 1,6 4,5 1,9 aIk 30,3 30,4 35,9<br />

Hy 1,9<br />

C 1,7 1. D. 84,2 79,6 86,4<br />

il 2,0 1,5<br />

Hm 2,7<br />

Sph 0,2<br />

Ru 0,6<br />

Parâmetros CIPW - Lacroix e classificação das rochas<br />

19= 1.3(4).2.4 Granito akerítico<br />

32 = 1.4.2.3. Granito monzonítico<br />

46 = 1.4.2.3. Granito monzonítico<br />

TABELA 4<br />

Albita, Quartzo e Ortoclásio Normativos<br />

Recalculados para 100<br />

19 32-a 46<br />

Quartzo 39,0 26,1 28,6<br />

Albita 37,3 40,8 43,7<br />

Ortoclásio 23,7 33,1 27,7<br />

tabelas <strong>de</strong> Washington, citado em Thornton et alii, 1960, Figura 3, on<strong>de</strong> se observa o caráter super<br />

saturado em Si02, em relação aos <strong>de</strong>mais óxidos. Os pontos no diagrama ficaram muito próximos o<br />

que revela uma faixa <strong>de</strong> variação muito estreita. Portanto as rochas exibem um quimismo semelhante<br />

entre si e são geneticamente associadas.<br />

Recalculou-se as normas <strong>de</strong> quartzo, albita e ortoclásio para 100, apresentadas na<br />

Tabela 4.<br />

Os resultados foram lançados no diagrama sílica-Ab-Or-H20 (Fig. 4) <strong>de</strong> acordo com Tuttle<br />

et alii, 1958, situando-se próximos à área do fundido mínimo o que evi<strong>de</strong>ncia o caráter magmático<br />

das rochas em estudo.<br />

Todos os pontos localizam-se no campo das rochas magmáticas, no entanto o granodiorito<br />

(amostra 19) situa-se no limite rochas ígneas-sedimentares.<br />

° estudo petrográfico <strong>de</strong>sta<br />

rocha mostrou características diversas das <strong>de</strong>mais rochas, tais como: vênulas <strong>de</strong> quartzo, cortando<br />

os feldspatos,<br />

<strong>de</strong> refusão.<br />

microclina envolvida por oligoclásio (textura rapakivi) e grãos <strong>de</strong> quartzo com aspectos<br />

Lançou-se os valores <strong>de</strong> Niggli, no diagrama al-alk versus c (Fig. 5).


.<br />

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'O<br />

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100 80 60 40 20 o<br />

OLIVEIRA, FR6ES, OLIVEIRA 131<br />

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O 10<br />

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O 10<br />

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O 10<br />

N<br />

~5<br />

100 80 60 40 20 O<br />

Fig. 3 -- Curvas <strong>de</strong> contorno <strong>de</strong> Washington, com as amostras do granito estudado, localizadas.<br />

A.<br />

__<br />

..<br />

"<br />

. ..<br />

SiOt<br />

~/~ .,.<br />

80D -----__<br />

no--<br />

Fig. 4- Sistema Ab-Or-Si02 - "20 numa pressão <strong>de</strong><br />

água <strong>de</strong> 2.000 bárias -- Tuttle e Bowen, 1958.<br />

A posição do fundido mínimo é indicada pelo<br />

ponto M.<br />

/<br />

0'<br />

õ<br />

õ<br />

\<br />

\<br />

\<br />

I<br />

/ D~if,<br />

Fig. 5 -- Diagrama <strong>de</strong> Niggli -- al-alk versus c.


---<br />

132 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />

CONCLUSOES<br />

1. As rochas são magmátic~s, como prova o caráter intrusivo dos contatos, a mineralogia,<br />

as texturas e os valores petroquímicos.<br />

2. A não eyidência <strong>de</strong> zoneamento no corpo intrusivo, a ausência <strong>de</strong> minerais acessórios,<br />

e a passagem gradativa para migmatitos ao N e gnaisses ao S, indicam que o magma foi originado por<br />

anatexia a partir dos gnaisses encaixantes.<br />

3. A cristalização <strong>de</strong>u-se à alta PH20, acima <strong>de</strong> 3.000 bárias (Turner e Verhoogen,<br />

1961) permitindo a cristalização <strong>de</strong> moscovita. O relativo empobrecimento em feldspatos potássicos<br />

para a maioria das rochas seria conseqüência da cristalização <strong>de</strong> moscovita.<br />

4. A ausência <strong>de</strong> acessórios é possivelmente conseqüência da composição químicomineralógica<br />

das rochas primitivas.<br />

5. A textura rapakivi e os aspectos <strong>de</strong> refusão no quartzo são feições herdadas do<br />

processo <strong>de</strong> anatexia e são comuns em granitos pós-cinemáticos (Didier, 1973).<br />

6. A colocação do granito foi possivelmente pós-Jacobina, como indicam algumas<br />

feições estruturais e <strong>de</strong> contato tais como assimilação <strong>de</strong> xenólitos, apófises intrusivas no quartzito<br />

e o próprio arqueamento da serra na área. No entretanto falta-nos dados mais precisos para afirmar<br />

categoricamente.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agra<strong>de</strong>cem especialmente ao Dr. lan Mc Reath, pela orientação e críticas ao<br />

trabalho; à equipe <strong>de</strong> geólogos e estagiários do Setor <strong>de</strong> Petrografia do Departamento <strong>de</strong> Geoquímica,<br />

a cooperação nos trabalhos <strong>de</strong> laboratório; e a Profa. A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Mussi Santos, Chefe do Departamento<br />

<strong>de</strong> Geoquímica do Instituto <strong>de</strong> Geociências da UFBa, o apoio financeiro, através do<br />

Convênio FNDCT-221-CT.<br />

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1 :50.000.<br />

GEOLOGIA E PETROGRAFIA DA REGIÃO DE CACONDE, SP<br />

MARCOS AURÊLIO FARIAS DE OLIVEIRA., FRANCISCO RUBENS ALVES.<br />

ABSTRACT<br />

An area of 300 km2 located between Long. 46°37' to 46°47' W and Lat. 21°30' to 21°40'<br />

S, was geologica1ly mapped in a ocale<br />

Litologically the region is ma<strong>de</strong> up of migmatiteo and granuliteo of Pre-cambrian age. Three kinds of migmatites are <strong>de</strong>seribad:<br />

granite-like migmatites, amphibole granulite migmatites with subordinate leucosome and feldspar bearing quartzitic migmatiteo. Charnockiteo<br />

and leucocratic alaskitic granulites are the chief granulitic rocks mapped. Quartziteo, dolomitic marble and calc.silicate rocks are subbordinate.<br />

Banding and foliation, dipping about 20° Sare always present in allrock typeo in the area.<br />

Petrographic studies show that some mineral assemblages hypersthene . diopsi<strong>de</strong> . mesoperthite, <strong>de</strong>monstrative of high gra<strong>de</strong><br />

regional metamorphism (granulite fecies) are aseociated with lower gra<strong>de</strong> aseemblageo. microclipe . hornb1en<strong>de</strong> . bõotite . indicating retrometamor.<br />

phic conditions (amphibolite facies). This latter metamorphic episo<strong>de</strong> is reeponsible for the formation of moot of the-migrnatites occuring in the<br />

area, chiefly the granitic ones.<br />

INTRODUÇÃO<br />

o presente trabalho, iniciado em 1973, faz parte <strong>de</strong> um plano mais amplo <strong>de</strong> levantamentos<br />

geológico-petrográfico na região norte noroeste do Estado <strong>de</strong> São Paulo e sul <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Estes levantamentos tiveram início em 1968 com os trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos por um dos<br />

autores nas vizinhanças <strong>de</strong> São José do Rio Pardo (Oliveira, 1973) e <strong>de</strong>verão esten<strong>de</strong>r-se futuramente<br />

para norte e leste (Guaranésia e Guaxupé) e sul (Divinolândia e São Sebastião da Grama) das<br />

regiões já estudadas. A finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas pesquisas é, em primeiro lugar, a confecção <strong>de</strong> cartas<br />

geológicas na escala 1:50.000, que <strong>de</strong>verão apresentar <strong>de</strong>talhamento petrográfico; com base nesses<br />

elementos, tentar-se-á contribuir para o conhecimento da gênese dos granulitos e migmatitos da<br />

região.<br />

Poucas pesquisas geológicas anteriores foram realizadas na região; os trabalhos <strong>de</strong><br />

Gomes et alii (1966), em que os autores <strong>de</strong>screvem a ocorrência <strong>de</strong> pargasita em dolomitos metamórficos<br />

associados às rochas gnaíssicas e charnockíticas da facies granulito; o trabalho <strong>de</strong> Ebert<br />

(1968) que menciona a ocorrência <strong>de</strong> charnockitos na região; e o trabalho <strong>de</strong> Oliveira (op. cit.) em<br />

que o autor faz um estudo petrológico pormenorizado dos granulitos <strong>de</strong> São José do Rio Pardo, SP.<br />

*IG/USP


--<br />

134 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

A carta ora apresentada abrange aproximadamente 300 km2 e está compreendida entre<br />

os paralelos 21 °30' e 21 °40' <strong>de</strong> lato S e os meridianos 46°47' e 46°37' W (Fig. 1). Como base cartográfica<br />

foi utilizada a folha <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong>, SP, publicada pelo IBGE em 1970, na escala <strong>de</strong> 1:50.000.<br />

As indicações fotogeológicas, tais como contatos aproximados e principais lineamentos estruturais,<br />

foram obtidos em fotos aéreas na escala <strong>de</strong> 1:25.000 da firma PROSPEC, vôo <strong>de</strong> 1962 efetuados<br />

para o IAC. A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observações foi <strong>de</strong> aproximadamente 1,5 pontos por km2.<br />

MAPA GEOLÓGICO DA REGIÃO DE CACONDE SP<br />

SEÇÃO GEOLÓGICA A B<br />

~<br />

,<br />

LITOLOGIA<br />

B<br />

LEGENDA<br />

~ Sedimentos (Carboni'ero-Cr.téceo)<br />

c=J<br />

E!3<br />

Migmatito granítlco<br />

Migmotito anfibóllo granu!ítico<br />

~ Mi",motlto quartzítico<br />

Hipar.tlnio Granulito (Chornockito)<br />

C33<br />

~ Gronulito oloskitico<br />

~ Granulito básico<br />

~ Quortzito<br />

11II Mórmore dolomítico<br />

C. Leitos calco-silicáticos<br />

~<br />

G Leitos com granada<br />

,,-/<br />

Contato aproximado<br />

Contato obs.rvado<br />

Fo Iho observada<br />

:~~~g9rC~o.to<br />

. lineamentos foto-<br />

"3Q.. Direçõo e mergulho do folioçao<br />

$ Folioçao horizontal<br />

10\" Direção e caimento <strong>de</strong> eixo <strong>de</strong> dobro<br />

.<<br />

Estrados. caminhos ;:Jrincipais<br />

Rio e drenogem<br />

~ Barragem<br />

'X'<br />

Mina _ Cida<strong>de</strong><br />

N<br />

M. A. F. DE OLIVEIRA<br />

F. R. ALVES<br />

1974<br />

A região <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong> é constituida por rochas metamórficas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> pré-cambriana. A<br />

única ocorrência <strong>de</strong> rochas sedimentares mais recentes (Carbonífero-Cretáceo) situa-se na porção sul<br />

da área e é representada por 3 pequenos corpos <strong>de</strong>scritos por Oliveiraetalii, 1974 (Fig. 1).<br />

Os migmatitos são os tipos litológicos predominantes e no mapa geológico da Figura 1<br />

foram divididos em 3 tipos: migmatitos graníticos, os mais abundantes, aflorando na porção sul da<br />

área; migmatitos anfibólio granulÍticos, predominando nas proximida<strong>de</strong>s da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong>, e<br />

migmatitos quartzíticos, muito ricos em quartzo e freqüentemente com intercalações quartzíticas.<br />

Como tipos menos comuns foram mapeados hiperstênio granulitos (charnokitos), granulitos alaskíticos<br />

(quartzo-feldspáticos), granulitos básicos, quartzitos e um gran<strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> mármore dolomitico.<br />

Foram registradas ainda leitos <strong>de</strong> rochas calco-silicáticas e leitos ricos em granada<br />

(granada gnaisses ou granulitos).


OLIVEIRA, ALVES 135<br />

Os contatos anotados no mapa são quase todos aproximados, consi<strong>de</strong>rando-se que<br />

muitas vezes não existe <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong>finida entre certas litologias. Como por exemplo <strong>de</strong>ste fato.<br />

temos migmatitos graníticos passando gradativamente para migmatitos quartzíticos e esses por<br />

sua vez para quartzitos. Além disso. a fina alternância <strong>de</strong> leitos <strong>de</strong> composição diferente e o baixo<br />

mergulho da foliação tornou muito difícil traçar um limite exato entre as várias litologias e <strong>de</strong>u aos<br />

corpos mapeados formas pouco comuns.<br />

Migmatitos Graníticos<br />

Como migmatitos graníticos foram <strong>de</strong>nominados tipos petrográficos caracterizados pela<br />

predominância do neossoma em <strong>de</strong>trimento do paleossoma e pela gran<strong>de</strong> riqueza em feldspato<br />

potássico (microclínio) freqüentemente porfiroblástico. Utilizando-se a nomenclatura proposta por<br />

Bonorino (1970), esses migmatitos são representados por 2 tipos predominantes: embrechitos bandados<br />

e embrechitos <strong>de</strong> olhos (augen gnaisses). Subordinadamente, são encontrados flebitos pitgmáticos<br />

e agmatíticos. Essas rochas constituem a meta<strong>de</strong> sul da área mapeada, separada da meta<strong>de</strong><br />

norte por extensa linha <strong>de</strong> falha que provocou a sobrelevação topográfica do bloco sul em relação ao<br />

bloco norte. No bloco norte constituem corpos lenticulares intercalados em quartzitos ou em migmatitos<br />

quartzíticos.<br />

A composição mineralógica <strong>de</strong>sses migmatitos é bastante simples. O neossoma granitico,<br />

sempre dominante, apresenta quartzo, microclínio, pertita e plagioclásio (An23) como minerais<br />

essenciais. Hornblenda ver<strong>de</strong> parda e biotita são os minerais ferromagnesianos característicos<br />

ocorrendo, porém, em pequenas quantida<strong>de</strong>s. Zircão é o acessório comum. O microclínio forma<br />

freqüentemente porfiroblastos poiquiloblásticos, quase sempre ro<strong>de</strong>ados por mirmequitas. O paleossoma<br />

é representado por hornblenda ou piroxênio granulitos em que plagioclásio freqüentemente<br />

antipertítico, quartzo e hornblenda pardoesver<strong>de</strong>ada são os minerais principais. Menos comumente<br />

são encontrado biotita pardo-avermelhada, clinopiroxênio e feldspato potássico pertítico intersticial.<br />

Os acessórios são a apatita, o zircão e os opacos, e chama a atenção pela abundância e por<br />

ocorrerem sempre agrupados e associados aos leitos <strong>de</strong> ferromagnesianos. Em aigumas amostras<br />

do tipo augen foram i<strong>de</strong>ntificados porfiroblastos <strong>de</strong> granada.<br />

A textura apresentada por essas rochas é geralmente granoblástico cataclástica: leitos<br />

mais cataclásticos (microgranulados) alternam-se com leitos <strong>de</strong> quartzo alongados ou quartzofeldspáticos<br />

com microclínio e pertita (Fotomicrografia 1).<br />

Intercalações <strong>de</strong> rochas quartzíticas. inclusive granatíferas foram anotadas, sendo,<br />

porém, pouco comuns <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> migmatitos.<br />

Fotomicrografia I - Leitos em grãos alongados <strong>de</strong><br />

quartzo intercalados a leitos microgranulares (quartzo<br />

feldspáticos) recristalizados em migmatito granítico.<br />

Nicois semi cruzados.<br />

Migmatitos anfibólio granulíticos<br />

Foto 1 - Afloramento <strong>de</strong> migmatito anfibólio granulítico<br />

semi alterado mostrando dobra similar<br />

isoclinal inclinada.<br />

São rochas <strong>de</strong> coloração global cinza, estrutura bandada e muitas vezes dobradas.


136 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> flebitos estromátiticos quando com estrutura bandada retilínea ou <strong>de</strong><br />

flebitos diadisíticos quando dobrado (Bonorino, op. cit.) (Foto 1).<br />

As bandas claras, granitói<strong>de</strong>s, compõem-se <strong>de</strong> quartzo, pertita ou microc1ínio e pIagioc1ásio,<br />

sendo que biotita e homblenda são os ferromagnesianos encontrados. Raras vezes discordam<br />

da foliação do paleossoma. Apresentam granulação média porém há casos em que sua granulação<br />

toma-se grosseira, até pegmatítica.<br />

As bandas escuras são anfibolíticas ou anfibólío granulíticas, sendo o plagioclásio<br />

(An35) antipertítico, quartzo, hornblenda ver<strong>de</strong> ou ver<strong>de</strong> parda, clinopiroxênio e biotita os componentes<br />

principais, e aparecendo subordinadamente pertita intersticial. Opacos e apatita são acessórios<br />

comuns. O clinopiroxênio, quando presente, está corroido e alterado em homblenda ver<strong>de</strong>.<br />

Esta por sua vez transforma-se com freqüência em biotita amarela. Epidoto, titanita e clinozoisita<br />

são minerais secundários.<br />

A textura geral <strong>de</strong>sses migmatitos é granoblástico catac1ástica.<br />

Migmatitos quartzíticos<br />

A passagem dos migmatitos anfibólio granulíticos para migmatitos quartzíticos se dá<br />

pelo aparecimento <strong>de</strong> leitos quartzíticos nos primeiros, não sendo possível <strong>de</strong>limitar contatos entre<br />

ambas as litologias.<br />

Sob esta <strong>de</strong>nominação estão sendo agrupadas rochas com paleossoma predominantemente<br />

quartzítico e com neossoma quartzo-feldspático. A estrutura dominante é a ban<strong>de</strong>ada.<br />

As rochas quartzíticas que constituem o paleossoma po<strong>de</strong>m ser monominerálicas, formadas<br />

apenas por quartzo ou apresentarem, além do quartzo, outros componentes como pertita,<br />

plagioc1ásio, clinopiroxênio, homblenda e biotita, po<strong>de</strong>ndo classificar-se em certos casos C01110<br />

quartzo granulitos.<br />

As bandas do neossoma são essencialmente quartzo feldspáticas, havendo predomínio<br />

do microclínio róseo, pertítico ou não, que comumente cresce como porfiroblastos. A granulação<br />

varia <strong>de</strong> fína a média, não sendo raros os tipos grosseiros até pegmatói<strong>de</strong>s.<br />

A textura é a mesma dos <strong>de</strong>mais tipos: granoblástico cataclástica.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> microclínio intersticial ou como porfiroblastos se faz sobre material<br />

fragmentário cataclasaso.<br />

Intercalações <strong>de</strong> leitos quartzíticos foram registradas no mapa, algumas sem contato<br />

<strong>de</strong>marcado; outras existem, porém, não mapeáveis, acompanhadas <strong>de</strong> leitos <strong>de</strong> rochas calco silicáticas<br />

ou <strong>de</strong> granada gnaisses.<br />

Hiperstênio granulitos (Chamockitos)<br />

Embora <strong>de</strong> ocorrência restrita na área mapeada os chamockitos estão representados por<br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ácidas até ultrabásicas, predominando, no entanto, aquelas <strong>de</strong> natureza intermediária.<br />

Apresentam as características comuns <strong>de</strong>ssas rochas, quais sejam, a coloração cinza esver<strong>de</strong>ada<br />

escura, mesmo nos tipos feldspáticos, presença constante <strong>de</strong> hiperstênio e textura granoblástica.<br />

Nos tipos mais ácidos a minerologia essencial resume-se a pertita ou mesopertita,<br />

plagioc1ásio An25' algum quartzo e hiperstênio po<strong>de</strong>ndo ou não conter diopsídio e homblenda.<br />

Nos tipos básicos os componentes principais são plagioclásio (an<strong>de</strong>sina ou labradorita),<br />

hiperstênio, diopsídio e homblenda parda, aparecendo subordinadamente biotita pardo avermelhada.<br />

Uma única ocorrência do tipo ultrabásico foi registrada. Trata-se <strong>de</strong> rocha constituída<br />

por anfibólio tipo cumingtonita, ortopiroxênio (bronzita), clinopiroxênio e olivina serpentinizada.<br />

Essa ocorrência é representada por apenas um afloramento <strong>de</strong>ntro do corpo <strong>de</strong> granulito básico<br />

anotado no mapa.<br />

O modo <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>sses granulitos parece ser o mesmo dos <strong>de</strong>mais tipos litológicos,<br />

isto é, constituem intercalações, camadas ou leitos, concordantes com a orientação das rochas associadas.<br />

Os contatos são marcados por intensa cataclase, enriquecimento em tipos pegmatíticos e<br />

<strong>de</strong>scoloração dos charnockitos, com <strong>de</strong>saparecimento do hiperstênio e aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

horr.blenda.


OLIVEIRA, ALVES 137<br />

Além dos charnockitos típicos, foram anotados na área granulitos portadores <strong>de</strong> hiperstênio<br />

com associações nitidamente parametamórficas marcadas pela presença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> qu~ntida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> quartzo grafita e granada além <strong>de</strong> plagioclásio cálcico e clinopiroxênio.<br />

Granulitos alaskiticos<br />

Foram assim <strong>de</strong>nominadas as rochas cuja mineralogia essencial resume-se a quartzo e<br />

pertita sendo quase totalmente <strong>de</strong>sI!rovidas <strong>de</strong> máficos.<br />

Constituem espessas camadas entremeadas aos quartzitos e migmatitos e embora, às<br />

vezes muito semelhantes aos tipos graníticos ou feldspato quartzíticos, o seu registro no mapa como<br />

litologia à parte faz-se com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar o seu caráter granulítico.<br />

Os efeitos da cataclase que atingiu os <strong>de</strong>mais tipos litológicos são observados nessas<br />

rochas pelo aparecimento <strong>de</strong> textura cataclástica recristalizada. O quartzo recristalizou-se na forma<br />

<strong>de</strong> cordões alongados e orientados entremeados por massas <strong>de</strong> granulação fina. O feldspato potássico<br />

teve em muitos pontos <strong>de</strong>senvolvimento porfiroblástico como pertita ou microclínio. A biotita<br />

aparece nas fraturas ou interstícios.<br />

Quartzitos, mármore e rochas calco-silicáticas<br />

A meta<strong>de</strong> norte da área é bastante rica em quartzitos, que ocorrem em intercalações com<br />

espessuras variando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns cm até <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> m. Em alguns afloramentos foi observada intercalação<br />

centimétrica <strong>de</strong> rochas quartzíticas com rocha quartzo-feldspática micácea, sendo o possível<br />

acamamento concordante com a foliação.<br />

São rochas geralmente monominerálicas, compostas apenas por quartzo, não sendo raros,<br />

porém, tipos contendo pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> feldspato róseo (pertita ou microclino). E muito<br />

comum apresentarem, no entanto, minerais como diopsídio, plagioclásio cálcico (bitownita), escapolita<br />

e até grafita, indicando impurezas carbonáticas e possivelmente orgânicas no material original.<br />

O mineral opaco encontrado é a magnetita, chegando, em algumas amostras do corpo<br />

mais a oeste, junto ao Rio Pardo, a perfazer 30% em volume da rocha.<br />

A textura cataclástica é também observada nos quartzitos e torna-se mais notável<br />

naqueles portadores <strong>de</strong> diopsidio, com este mineral assumindo formas <strong>de</strong> gotas elípticas alongadas<br />

(Fotomicrografia 2).<br />

Fotomicrografia 2 - Grãos <strong>de</strong> diopsÍ dio alongados por<br />

<strong>de</strong>formação em meio ao quartzo,.em diopsÍdio quartzito.<br />

Nicois paralelos.<br />

Foto 2 - Bloco <strong>de</strong> rocha calco silicática mostrando<br />

nítida estrutura bandada.<br />

Um único corpo <strong>de</strong> mármore dolomítico foi i<strong>de</strong>ntificado na área. Trata-se <strong>de</strong> corpo lenticular<br />

encaixado em quartzitos e migmatitos composto essencialmente por dolomita com presença<br />

ocasional <strong>de</strong> olivina fresca ou serpentinizada. Apresenta estrutura bandada com intercalações<br />

subordinadas <strong>de</strong> bandas escuras constituidas principalmente por calcita, forsterita, diopsídio,<br />

flogopita, tremolita e pargasita. Um estudo pormenorizado da mineralogia <strong>de</strong>ste corpo, principalmente<br />

da pargasita, foi efetuado por Gomes et alii (1966).


138 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Embora as rochas carbonáticas puras estejam restritas a uma única ocorrência, intercalações<br />

<strong>de</strong> leitos <strong>de</strong> composição calco-silicáticas são comuns em toda meta<strong>de</strong> norte da área.<br />

Apresentam estrutura bandada (Foto 2), sendo gran<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> tipos petrográficos encontrados<br />

que variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quartzitos calco-silicáticos com clinopiroxênio e granadas até piroxenitos quase<br />

puros. Entre os minerais componentes, <strong>de</strong>stacam-se os clinopiroxênios (série diopsídiohedcnbergita),<br />

granada grossulária-andradita, escapolita cálcica, plagioclásio tipo bitownita e<br />

wollastonita. Esse último mineral contitui até 90% em volume <strong>de</strong> leitos <strong>de</strong>cimétricos intercalados<br />

em rochas calco-silicáticas <strong>de</strong> composição variada. Oliveira e Hypólito (1973) e Oliveira e Alves<br />

(1974), executaram estudos pormenorizados da mineralogia <strong>de</strong>ssas rochas.<br />

Granulito básico e leitos com granada<br />

Como granulito básico foi mapeado um único corpo que corre junto ao Rio Pardo, encaixado<br />

no migmatito granítico. Essas rochas, no entanto, foram registradas em outros pontos da<br />

área, inseridas em charnockitos e em migmatitos anfibólio granuliticos, não representáveis na escala<br />

adotada.<br />

Elas se compõem essencialmente <strong>de</strong> plagioclásio intermediário a cálcico (an<strong>de</strong>sinalabradorita),<br />

clinopiroxênios, hornblenda ver<strong>de</strong> parda e biotita, sendo comuns as transformações do<br />

clinopiroxênio para hornblenda e da hornblenda para biotita (Fotomicrografia 3).<br />

Os leitos com granada tem ocorrência restrita a intercalações junto a rochas calco-silicáticas<br />

e a quartzitos, sendo encontrados em diversos pontos da área. Apresentam porções <strong>de</strong><br />

coloração cinza ou negra, que contrasta com a cor branca das raras vênulas quartzo-feldspáticas.<br />

A textura granoblástico cataclástica é comum a todas as amostras estudadas, tendo<br />

havido recristalização após a cataclase com formação <strong>de</strong> minerais retrometamórficos como biotita<br />

ver<strong>de</strong>, clorita e moscovita.<br />

Como componentes primários principais po<strong>de</strong>mos citar o quartzo, plagioclásio An30<br />

(an<strong>de</strong>sina), ortoclásio, granada, biotita e sillimanita. Como caracteristicas marcantes <strong>de</strong>stes minerais<br />

notou-se que o plagioclásio é quase sempre antipertítico, o ortoclásio é micropertítico, a<br />

biotita é vermelho ou pardo escura e a granada é, via <strong>de</strong> regra, poiquHoblástica englobando grãos <strong>de</strong><br />

quartzo e biotita principalmente (Fotomicrografia 4). Determinações <strong>de</strong> granadas semelhantes, da<br />

área contígua <strong>de</strong> São José do Rio Pard6 (Oliveira,op. cit.) mostraram tratar-se <strong>de</strong> termos ricos em<br />

almandina e piropo.<br />

Fotomicrografia 3 - Clinopiroxênio ro<strong>de</strong>ado por hornblenda<br />

em charnockito básico. As porções claras correspon<strong>de</strong>m<br />

a plagioclásio. Nicois paralelos.<br />

Falhas<br />

ESTRUTURAS<br />

Fotomicrografia 4 - Porfiroblasto <strong>de</strong> granada englobando<br />

grãos <strong>de</strong> quartzo, biotita e opacos, empurrando<br />

placas <strong>de</strong> biotita nas suas bordas. Granada gnaisse.<br />

Nicois semi cruzados.<br />

Pequenas falhas foram registradas em escala <strong>de</strong> afloramento. Algumas <strong>de</strong>las são nor-


OLl VEI RA, A L VES 139<br />

mais com mergulhos <strong>de</strong> 40° a 50° e rejeitos aparentes <strong>de</strong>cimétricos; outras, associadas à pequenas<br />

dobras inclinadas, ocorrem nas rochas migmatíticas anfibólio granulíticas, a sul <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong> e no<br />

canto su<strong>de</strong>ste da área.<br />

Fortes lineamentos fotogeológicos quilométricos <strong>de</strong>vem correspon<strong>de</strong>r a falhamentos em<br />

muitos casos. O mais notável <strong>de</strong>les passa a sul <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong> e se dirige para sudoeste, dividindo o<br />

mapa em duas porções. Êste lineamento marca brusca passagem litológica das rochas granitói<strong>de</strong>s a<br />

sul para as rochas parametamórficas a norte, sendo que o maciço a sul está topograficamente sobrelevado<br />

<strong>de</strong> uns 300 m. Na verda<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>snivelamento e a presença <strong>de</strong> paredões graníticos subverticais<br />

alinhados é que marcam uma forte linha nas fotos aéreas. Entre esses paredões e o Rio Pardo a<br />

norte, é constante a presença <strong>de</strong> cataclasitos, quase sempre epidotizados. Não obstante, nos próprios<br />

paredões só se verificaram indícios <strong>de</strong> cataclase <strong>de</strong> direção paralela à foliaçã,o, isto é, N 40° a<br />

50° E, e mergulho <strong>de</strong> uns 20° para sul. Inflexões em algumas atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> foliação próximas a esse<br />

gran<strong>de</strong> lineamento po<strong>de</strong>m ser observadas no mapa.<br />

O limite nor<strong>de</strong>ste do maciço granitói<strong>de</strong> também é brusco marcado por forte lineamento<br />

fotogeológico e por contraste <strong>de</strong> padrão topográfico. A este lineamento correspon<strong>de</strong> uma faixa<br />

cataclástica milonítica observada in situ, na margem do Rio Pardo, cuj a foliação tem direção N 50 ° a<br />

60° W, mergulhando 30° SW.<br />

De forma semelhante, outros lineamentos parecem correspon<strong>de</strong>r a falhamentos. Entre<br />

eles, chama-se a atenção para o limite sudoeste do maciço granitói<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> o migmatito granítico<br />

está em contato direto com charnockitos fraturados, o mesmo ocorrendo no canto su<strong>de</strong>ste. A partir<br />

<strong>de</strong> Divinolândia, com direção geral NE, .aparece outro forte lineamento principalmente <strong>de</strong> vales, ao<br />

longo do qual as rochas também se apresentam cataclasadas e as medidas <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> da foliação estão<br />

bastante pertubadas. Imediatamente a sul, em sua porção média, ocorrem pequenas manchas<br />

<strong>de</strong> rochas sedimentares e vulcânicas, provavelmente associadas ao vulcanismo <strong>de</strong> Poços <strong>de</strong> Caldas,<br />

e falhamentos concomitantes (Oliveiraet alU, op. cit.).<br />

Conforme <strong>de</strong>scrito no item Litologia, praticamente todas as rochas exibem textura<br />

cataclástica recristalizada, sendo os alinhamentos e alongamentos <strong>de</strong> minerais quase sempre paralelos<br />

à foliação.<br />

A simples observação do mapa da Figura 1, revela a repetição <strong>de</strong> algumas seqüências<br />

litológicas semelhantes (rochas portadoras <strong>de</strong> granada e carbonáticas ou ca1cosilicáticas) repetição<br />

essa que não se configura como tendo sido causada por falhamentos, po<strong>de</strong>ndo ter diversas outras<br />

causas.<br />

Em resumo, é certo apenas que falhamentos normais tenham afetado a área (Oliveira et<br />

alii, op. cit.), porém sem <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> rochas miloníticas. A correspondência dos- gran<strong>de</strong>s<br />

lineamentos com possíveis falhas transcorrentes é mostrada somente por poucas evidências. Quanto<br />

à existência <strong>de</strong> falhas <strong>de</strong> empurrão não se po<strong>de</strong> afirmar se as indicações seriam <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iras falhas<br />

ou <strong>de</strong> feições resultantes do próprio processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação e recristalização durante o metamorfismo.<br />

Dobras<br />

Em afloramentos, as dobras são comuns apenas na região a sul <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong> e na porção<br />

su<strong>de</strong>ste da área, afetando os migmatitos anfibólio granulíticos. Estas rochas exibem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ondulações<br />

até amarrotamentos, <strong>de</strong>stacando-se algumas dobras similares isoclinais inclinadas (Foto<br />

1). Em todo o restante da área, poucos são os afloramentos em que aparecem dobras.<br />

O ban<strong>de</strong>amento apresenta-se plano, mesoscopicamente, revelando apenas espessamentos<br />

e estrangulamentos (crenulações?) milimétricos a centimétricos quando examinados mais <strong>de</strong><br />

perto. Nestas condições, foram registradas pouco mais que uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> eixos e<br />

planos axiais <strong>de</strong> dobras, sendo estas do tipo similar, assimétricas e abertas, às vezes com um dos<br />

flancos quase horizontal.<br />

As poucas medidas <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> eixos e planos axiais <strong>de</strong> dobras quando lançadas em<br />

diagrama<br />

mergulhos<br />

tipo TI e B combinados, mostraram uma fraca tendência em torno <strong>de</strong> N 30° a 40° W, com<br />

sempre baixos, mais para sul que para norte; meta<strong>de</strong> dos pontos plotados dispersou-se<br />

pelo quadrante sudoeste do diagrama. As lineações minerais (anfibólios e biotita principalmente~<br />

foram tratadas em diagrama (tipo B), e embora não <strong>de</strong>finam uma direção, todas elas caem em um<br />

plano mais ou menos <strong>de</strong>finido N 80° E, 25° S.


140 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Admitindo-se que a foliação seja plano axial e lembrando o seu paralelismo com o bandamento,<br />

é possível tentar-se dizer alguma coisa sobre as dobras através do observado em afloramentos<br />

e da análise do diagrama tipo 7T construido para as medidas <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s da foliação. Devese<br />

levar em conta que o número <strong>de</strong> medidas é relativamente pequeno (300~ e elas estão dispersas pela<br />

área toda, que embora restrita (:t 300 km2), po<strong>de</strong> ser estruturalmente heterogênea.<br />

Nesse diagrama ocorrem duas concentrações <strong>de</strong> polos que <strong>de</strong>finem as direções médias N<br />

70° W e N 65° E, com mergulhos em torno <strong>de</strong> 20° S. Existe" dispersão <strong>de</strong> polos em torno <strong>de</strong>ssas duas<br />

concentrações, configurando-se um conjunto <strong>de</strong> simetria axial. Certo número <strong>de</strong> mergulhos norte<br />

precariamente concentrados também aparece.<br />

Torna-se patente que <strong>de</strong>terminadas conclusões, face ao exposto, não passam <strong>de</strong> conjecturas;<br />

outras, contudo, têm certa objetivida<strong>de</strong> ainda que restrita; e outras são óbvias. Po<strong>de</strong>-se dizer<br />

que as rochas da região fazem parte <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dobras aproximadamente isoclinais inclinadas, com<br />

ápicos restritos, ou <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> dobra ou flanco <strong>de</strong> dobra <strong>de</strong> características semelhantes, cujo<br />

plano(s) axial(is) mergulharia(m) para sul. Esta(s) dobra(s~ ou flanco(s~ apresentaria(m) redobramentos<br />

(verda<strong>de</strong>iras ondulações) que seriam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da(s) dobra(s) maior(es).<br />

Ban<strong>de</strong>amento<br />

o ban<strong>de</strong>amento é o aspecto estrutural mais visível nas rochas da área. Em alguns tipos<br />

litológicos, como nos migmatitos graníticos e nos migmatitos anfibólio granulíticos da porção leste<br />

da área, o ban<strong>de</strong>amento aparece, muitas vêzes, dobrado, irregular e <strong>de</strong>scontínuo, às vezes difuso,<br />

chegando a <strong>de</strong>saparecer. Em boa parte dos afloramentos, porém, os migmatitos anfibólio granulíticos<br />

e os migmatitos quartzíticos têm o aspecto mesoscópico <strong>de</strong> sedimentos bem estratificados; as<br />

camadas são regulares e com espessura mais ou menos constante, variando apenas <strong>de</strong> uma para<br />

outra camada (centímetros a <strong>de</strong>címetros). Nas rochas calco silicáticas o ban<strong>de</strong>amento se torna particularmente<br />

notável, po<strong>de</strong>ndo ser observado inclusive em secções <strong>de</strong>lgadas, notando-se, então,<br />

leitos milimétricos mineralogicamente distintos (Foto 2). O exame microscópico mostra interfaces<br />

difusas, e a observação mais <strong>de</strong>talhada dos afloramentos e amostras manuais revela que, na verda<strong>de</strong>,<br />

as bandas são uma seqüência contínua <strong>de</strong> espessamentos e estrangulamentos muito próximos<br />

uns dos outros (afora alguns casos).<br />

O ban<strong>de</strong>amento se <strong>de</strong>ve a variações na composição mineralógica entre as bandas. Camadas<br />

<strong>de</strong> litologia completamente distintas estão justapostas, e é comum a disposição enfileirada<br />

<strong>de</strong> minerais acessórios e opacos, paralelamente às bandas.<br />

A notável regularida<strong>de</strong> do ban<strong>de</strong>amento, a continuida<strong>de</strong> lateral dos leitos litologicamente<br />

distintos e o enfileiramento regular, comum para os minerais acessórios, são evidências <strong>de</strong> que o<br />

ban<strong>de</strong>amento seria uma estratificação reliquiar.<br />

Até o presente estado dos conhecimentos geológicos da área e vizinhanças, não há porque<br />

não admitir que se tratam <strong>de</strong> rochas parametamórficas, que ainda exibem seu acamamento<br />

original, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua formação sob condições metamórficas da fácie granulito.<br />

A observação sub macroscópica das camadas e algumas das outras feições estruturais<br />

levam a admitir-se, contudo, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transposições estruturais, e em alguns casos, <strong>de</strong><br />

diferenciação metamórfica.<br />

Foliação<br />

No presente trabalho, discute-se sob esta <strong>de</strong>signação uma estrutura planar, geralmente<br />

bem <strong>de</strong>senvolvida (Foto 3), que confere às rochas locais um aspecto folheado; essa foliação é caracterizada<br />

pelo baixo ângulo <strong>de</strong> mergulho e pelo aparente paralelismo com o ban<strong>de</strong>amento. Examinada<br />

em pormenor, verifica-se que ela se <strong>de</strong>ve em parte ao próprio ban<strong>de</strong>amento (lamination in Turner<br />

e Weiss, 1963, p.99), em parte a orientação planar (e alinhada, às vezes) <strong>de</strong> alguns minerais<br />

como o quartzo, a biotita e os anfibólios (schistosity in Turner e Weiss, op. cit., p.100), e em parte à<br />

superfícies <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> mecânica que parecem correspon<strong>de</strong>r, em seções <strong>de</strong>lgadas, à fraturas<br />

e a faixas microgranulares resultantes <strong>de</strong> cataclase (fracture cleavaye (?) strain -slip cleavaye (?) in<br />

Turner e Weiss, op. cit., p. 98). Freqüentemente há evidências macroscópicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos e<br />

cisalhamento, como a presença <strong>de</strong> augen e grãos quebrados <strong>de</strong> feldspatos, ao longo da foliação. Em<br />

algumas secções <strong>de</strong>lgadas, principalmente <strong>de</strong> quartzitos impuros, nota-se que fileiras <strong>de</strong> quartzo


OLIVEIRA, AL VES 141<br />

Foto 3 - Banda <strong>de</strong> quartzito, passando a migmatito<br />

quartzítico. Observa-se a foliação bem <strong>de</strong>senvolvida,<br />

paralela ao bandamento, e com baixo<br />

mergulho para a direita. Perpendicularmentc<br />

à foliação, aparece um sistcma bem <strong>de</strong>senvolvido<br />

<strong>de</strong> fraturas. A escala me<strong>de</strong> 15 em.<br />

alongado e restos lensói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> máficos cortam o ban<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> modo oblíquo; em uma lâmina foi<br />

possível medir-se um ângulo <strong>de</strong> 30° entre as duas micro-estruturas.<br />

Nem todos os tipos litológicos apresentam foliação igualmente <strong>de</strong>senvolvida, sendo que<br />

nos tipos graníticos e granulíticos, quando frescos, esta praticamente não é notada; ao menor sinal<br />

<strong>de</strong> alteração intempérica. contudo, estas mesmas rochas passam a apresentar-se bastante foliadas.<br />

Como já referido no ítem Dobras. foram conseguidas 300 medidas da foliação. as quais<br />

foram plotadas em diagramas do tipo TI. cujo contorno <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s (porcentagem <strong>de</strong> polos em 1%<br />

da área do diagrama) revelou duas tendências direcionais aproximadas: N 70° W para a faixa norte<br />

da área, e N 65° E para a porção oeste da área. ambas <strong>de</strong>finindo mergulhos <strong>de</strong> mais ou menos 20° S.<br />

Parte das medidas foi lançada no mapa. e a sua observação não mostra dominios on<strong>de</strong><br />

hajam claras <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> tendência direcional. Muito pelo contrário. as direções variam amplamente<br />

em áreas restritas. e nota-se apenas certa rarida<strong>de</strong> daquelas compreendidas entre N 45° E e N<br />

45° W.<br />

Juntas<br />

As juntas são uma feição constante <strong>de</strong> todas as rochas da região, apresentando-se planas<br />

e, não raro, tão finamente espaçadas. que tornam as rochas folheadas. Poucos indícios <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />

ou pertubações da foliação ao longo das juntas foram verificados, embora sejam comuns os<br />

afloramentos nos quais as rochas apresentam-se completamente fragmentadas pelas mesmas.<br />

A análise dos sistemas <strong>de</strong> juntas através <strong>de</strong> diagramas do tipo TI, construídos para<br />

áreas restritas separadamente ou para conjuntos <strong>de</strong>ssas áreas, e para a região toda abrangida pelo<br />

mapa (500 medidas), revela variações bastante gran<strong>de</strong>s nas suas direções. Algumas <strong>de</strong>ssas direções,<br />

contudo. aparecem na área toda. embora o <strong>de</strong>senvolvimento do mesmo sistema varie <strong>de</strong> local para<br />

local. É a seguinte a atitu<strong>de</strong> dos principais sistemas <strong>de</strong> juntas:<br />

I - N 10° E, 75° SE a vertical<br />

2 - N 40° a 50° E, 70° NW<br />

3 - N 80° E a EW. 75° NWa vertical<br />

4 - N 50° a 60° W. vcrtical.<br />

Deve-se salientar que nos afloramentos visitados, sempre se observou a presença <strong>de</strong> 2<br />

sistemas bem <strong>de</strong>senvolvidos: um <strong>de</strong>les <strong>de</strong> direção paralela à da foliação, mas mergulhando a 90°<br />

<strong>de</strong>sta (o que vale dizer. 70° N em média), e o outro, menos <strong>de</strong>nso, perpendicular à direção da foliação.<br />

METAMORFISMO E CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A análise das litologias encontradas na área <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong> mostra a existência <strong>de</strong> conti-


142 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />

I)uida<strong>de</strong> geológica com a área vizinha <strong>de</strong> São José do Rio Pardo, estudada por um dos autores<br />

(Oliveira,op. cit.). Os tipos <strong>de</strong> rochas são praticamente os mesmos, residindo a diferença no aumento<br />

da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quartzitos ou rochas quartzíticas e dos migmatitos graníticos, em <strong>de</strong>trimento<br />

dos charnockitos e dos migmatitos anfibólio granulíticos.<br />

O tipo <strong>de</strong> metamorfismo evi<strong>de</strong>nciado pelas rochas da área é o regio~al <strong>de</strong> alto grau. As<br />

paragêneses minerais <strong>de</strong>scritas para as diversas litologias, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam o plagioclásio antipertítico,<br />

o feldspato potássico pertítico ou mesopertítico, élino e ortopiroxênios, granadas, a sillimanita,<br />

além da hornblenda e da biotita, indicam que essas rochas estiveram submetidas em <strong>de</strong>terminado<br />

tempo, a condições da fácies granulito (Turner, 1968), encontrando-se associações das subfácies<br />

ortopiroxênio plagioclásio granulito, hornblenda ortopiroxênio plagioclásio granulito e hornblenda<br />

clinopiroxênio almandina granulito (Winkler, 1967).<br />

A análise petrográfica pormenorizada, por outro lado, evi<strong>de</strong>ncia que transformações<br />

texturais e mineralógicas surgiram nessas rochas em condições <strong>de</strong> metamorfismo mais brandas. São<br />

elas o aparecimento da textura granoblástico cataclástica, a passagem <strong>de</strong> clino e ortopiroxênios<br />

para hornblenda e <strong>de</strong>sta para biotita e o crescimento porfiroblástico <strong>de</strong> microclínio pertítico ou não,<br />

acompanhado <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> mirmequitas. Essas transformações teriam ocorrido nas condições da<br />

faciesanfibolito (Turner, op. cit.) e seriam, portanto, retrometamórficas.<br />

Os dados estruturais obtidos, fornecem elementos para também se admitir uma história<br />

geológica complexa, caracterizada por pelo menos duas fases <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plástica e duas fases <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>forma~ão rígida.<br />

Além disso, medidas geocronológicas, indicam que as rochas da região estiveram submetidas<br />

a pelo menos dois eventos geológicos: um <strong>de</strong>les datado <strong>de</strong> aproximadamente 2.000 m.a.<br />

(Transamazônico), e o outro <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 600 m.a. (Brasiliano) (Oliveira, op. cito e Cordani et aUi, em<br />

preparação) .<br />

A simples análise da litologia nos mostra que, enquanto tipos como os quartzitos, o<br />

mármore dolomítico e os calco silicáticos, têm sua gênese facilmente explicada pelo metamorfismo<br />

regional <strong>de</strong> alto grau <strong>de</strong> espesso pacote sedimentar, tipos como os granulitos alaskíticos e os hiperstênio<br />

granulitos são <strong>de</strong> origem controvertida.<br />

No caso dos chamockitos, ficou evi<strong>de</strong>nciado quimicamente, que para a área vizinha <strong>de</strong><br />

São José do Rio Pardo eles constituem uma série <strong>de</strong> rochas calco alcalinas diferenciadas (Oliveira,<br />

op. cit.). O problema está em se saber se a diferenciação teria ocorrido dúrante uma fase ígnea ou se<br />

teria ocorrido concomitante com o metamorfismo regional <strong>de</strong> alto grau. Essas seriam duas hipóteses<br />

que po<strong>de</strong>riam explicar a gênese <strong>de</strong>ssas rochas. A favor da primeira temos o trabalho <strong>de</strong> Howie<br />

(1955), enquanto que Lambert e Heier (1968) e Sighinolfi (1971) reunem subsídios que favorecem a<br />

segunda.<br />

Quanto aos migmatitos graníticos, as rochas mais abundantes na área, as evidências <strong>de</strong><br />

campo e petrográficas são <strong>de</strong> que elas atingiram seu estado atual durante a segunda fase <strong>de</strong> metamorfismo<br />

regional, consi<strong>de</strong>rando-se que o paleossoma <strong>de</strong>ssas rochas são os próprios granulitos.<br />

Por outro lado, a gran<strong>de</strong> semelhança mineralógica <strong>de</strong>sses migmatitos com os granulitos alaskíticos<br />

nos leva a admitir que os primeiros nada mais são que um estado mais evoluído dos últimos, atingido<br />

após uma fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações intensas, acompanhadas <strong>de</strong> transformações mineralógicas em<br />

que se <strong>de</strong>staca o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> feldspato potássico porfiroblástico.<br />

Em resumo, com base nos dados fornecidos por Oliveira (op. cito )e Oliveira et alii (op. cit.)<br />

e com os elementos estruturais e petrográficos ora obtidos propõe-se a seguinte seqüência <strong>de</strong> eventos<br />

geológicos para a área <strong>de</strong> Cacon<strong>de</strong>:<br />

1. Sedimentação acompanhada <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> magmática.<br />

2. Metamorfismo regional <strong>de</strong> alto grau, fácies granulito, com possível migmatização (recristalizações<br />

e dobramentos). Ciclo Transamazônico (2.000 m .a.).<br />

3. Deformação rígida, resultando gran<strong>de</strong>s falhas <strong>de</strong> natureza não diagnosticada.<br />

4. Metamorfismo regional, facies anfibolito acompanhado <strong>de</strong> migmatização (recristalizações e<br />

redobramentos). Ciclo Brasiliano (600 m.a.).<br />

5. Sedimentação, falhamentos, nova sedimentação e ativida<strong>de</strong>s ígneas. Carbonífero (?) - Cretáceo.


OLIVEIRA, AL VES 143<br />

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GRANITOS E METAMORFISMO NO VALE DO RIBEIRA<br />

DE IGUAPE, SP e Pr<br />

E. WERNICK ~ C. B. GOMES..<br />

ABSTRACT<br />

Mineralogical data of the regional metamorphic rocks indicate tbat for most part of the Ribeira area tha metamorphic conditiona<br />

seem to corresPond to tbe Barrowian type. Chemical data for some granitic rocks and granite types associated to the Variacsn (Hercynian).<br />

Caledonian, and Alpine orogenic belte alao point to a mo<strong>de</strong>rate geothermic gradient for that area.<br />

Petrographic evi<strong>de</strong>nces indicate that most porphyroid granitic massifs related to tbe Grupo Açungui s. s. show a complex<br />

origin, having the metassomatism played a very important role.<br />

General consi<strong>de</strong>rations on the petrology of the reg!ooal Pre-cambrian rocks based on chemical and geochronological data have<br />

been also mada.<br />

RESUMO<br />

Dados min...a1ógicos referentes às rochas metamórficae ...gionais indicam que. pare gran<strong>de</strong> parte da área da Ribeira. as condições<br />

metamórficss slo compativeis com o tipo Barrowiano. csractelizado por preMio média. Uma análise comp";""tiva. reunind~ a comP?"içAo<br />

normativa média das diversas varieda<strong>de</strong>s graniticae da regiIo e aqualas relativas aos granitos aseociadoe aos cmtur6es orogêmcos Vanscano<br />

(Hercil)iano). Caledoniano e Alpino é feita com os reeultad08 obtidos apontando. também. no sentido <strong>de</strong> um gradiente geotérmil:o mo<strong>de</strong>rado pare<br />

a regilo da Ribeira. .<br />

Evidências petrogrM!cas slo sugestivas <strong>de</strong> que parte doe granitos porfirói<strong>de</strong>s relaciooados ao GrupoAçungul s. s. possuem uma<br />

origem complexa. provavelmente marcada por uma intensa fase metassomática. .<br />

Consi<strong>de</strong>rações adicionais alo tecidas sobre a petrologia das rochas pré-cambrianas da usando pare tanto valores radlOmétricos<br />

e os dadoe qulmicos dos granitos.<br />

INTRODUÇAO<br />

A discrepância entre as paragêneses <strong>de</strong> rochas metamórficas <strong>de</strong> mesma composição<br />

química provenientes <strong>de</strong> cintas orogênicas diferentes e geradas em condições térmicas<br />

aproximadamente eqwvalentes levou a uma revisão do papel da influência da pressão<br />

nos fenômenos metamórficos, e ao conseqüente <strong>de</strong>senvolvimento do Conceito <strong>de</strong> série<br />

facial (Miyashiro, 1961; Tex, 1965, 1971; Winkler, 1967).<br />

Aliado a dados <strong>de</strong> campo, resultados experimentais possibilitaram o reconhecimento<br />

<strong>de</strong> minerais indicando pressões baixas e elevadas <strong>de</strong> formação, quer nas condições<br />

térmicas da facies anfibolito (cordierita, cianita), quer na fácies dos xistos ver<strong>de</strong>s (cloritói<strong>de</strong>?,<br />

stilpnomelana, anfibólios e piroxênios sódicos).<br />

*FFCL/RC<br />

**IG/USP


146 ANAIS DO XXVI/I CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Coube a Zwart (1967), a caracterização global das principais feições geológicas<br />

<strong>de</strong> cinturões orogênicos gerados nas condições <strong>de</strong> gradiente geotérmico baixo e elevado<br />

(respectivamente, metamorfismo <strong>de</strong> pressão elevada e baixa), baseado nos cinturões Variscano<br />

(Herciniano) e Alpino. Seus estudos revelaram, ainda, que o cinturão Caledoniano<br />

ocupa uma situação intermediária, tendo sido formado sob condições <strong>de</strong> gradiente geotérmico<br />

médio.<br />

Hall (1971) relacionou a composição normativa <strong>de</strong> granitos <strong>de</strong> cinturões orogênicos<br />

<strong>de</strong> gradientes geotérmicos diferentes (Varlscano, Caledoniano e Alpino) com os<br />

dados <strong>de</strong> trabalhos esperimentais realizados no sistema Q - Or - Ab a pressões variáveis<br />

<strong>de</strong> água (Tuttle e Bowen, 1958; Luth et aJii 1964), encontrando uma boa concordância <strong>de</strong><br />

resultados.<br />

No presente trabalho, os autores analisam a composição <strong>de</strong> rochas graniticas<br />

em função do gradiente geotérmico do metamorfismo do Grupo Açungui na região do vale<br />

do Ribeira <strong>de</strong> 19uape.<br />

GEOLOGIA GERAL<br />

A região do vale Ribeira <strong>de</strong> 19uape e adjacências vem sendo estudada nos seus<br />

mais diversos aspectos geológicos por numerosos autores. A literatura é <strong>de</strong>masiada extensa,<br />

estando os principais trabalhos relacionados em Melcher et alii (1973), o mais recente<br />

e global estudo <strong>de</strong>ssa área.<br />

A região é constituída dominantemente <strong>de</strong> rochas metamórficas, com direção<br />

geral NE-SW e fácies <strong>de</strong> metamorfismo variável <strong>de</strong> xistos ver<strong>de</strong>s a anfibolito, às quais se<br />

associam numerosos corpos graníticos intrusivos. Na porção norte da área levantada por<br />

aqueles autores, ocorrem ainda sedimentos paleozóicos referíveis à Bacia do Paraná. Do<br />

ponto <strong>de</strong> vista metamórfico, as rochas da região po<strong>de</strong>m ser reunidas em dois grupos.<br />

a) Rochas <strong>de</strong> grau baixo <strong>de</strong> metamorfismo. Estio representadas por filitos,<br />

metarrítmitos, quartzitos (meta-arenitos), metaconglomerados, metacalcários, metadolomitos<br />

e calcoxistos, com numerosas e pequenas intercalações <strong>de</strong> anfibolitos e anfibólios xistos,<br />

constituindo o Grupo Açungui s.s.<br />

b) Rochas <strong>de</strong> grau médio <strong>de</strong> metamorfismo. Correspon<strong>de</strong>m a micaxistos, gnaisses<br />

e migmatitos, também portadores <strong>de</strong> intercalações <strong>de</strong> anfibolitos. Os micaxistos, parte<br />

dos quais porfiroblásticos, foram enquadrados por Marini et alii (1967) na Formação Setuva,<br />

enquanto que os gnaisses e migmatitos são relacionáveis ao Complexo Cristalino<br />

(Fig. 1). Melcher et aJii (1973) citam a passagem gradativa <strong>de</strong> filitos a micaxistos, e<br />

<strong>de</strong>stes últimos para as rochas que integram o Complexo Cristalino. Este fato parece indicar<br />

que o Complexo Cristalino representa, pelo menos em parte, material cogenético ao<br />

Grupo Açungui s.s., apenas metamorfoseado regionalmente em grau mais elevado.<br />

As rochas granitícas, muito numerosas na região, ocupam cerca <strong>de</strong> 50% da<br />

área do complexo metamórfico exposto. Constituem tanto batólitos (Agudos Gran<strong>de</strong>s,<br />

Cunhaporanga, ltape1Ína e Três Córregos), quanto maciços <strong>de</strong> dimensões intermediárias<br />

(Aboboral, Alto turvo, Espírito Santo, Guaraú, ltaóca, Mandira e Morro Gran<strong>de</strong>), como<br />

pequenos stocks (Apiaí, Barreiro, Campina do Veado, Capuava, Epitácio Pessoa, Freguesia<br />

Velha, Rolado e Varginha), ou mesmo satélites associados aos corpos maiores. Granitos<br />

pórfiros ocorrem na forma <strong>de</strong> diques (por exemplo, arredores <strong>de</strong> Morro Azul; Sítio da<br />

Serra, junto ao contato oriental do batólito Agudos Gran<strong>de</strong>s; proximida<strong>de</strong>s dos marcos<br />

253 e 255 da BR-1l6) ou formando pequenos stocks, com área <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong> algumas<br />

centenas <strong>de</strong> metros quadrados (por exemplo, arredores <strong>de</strong> Lageado, proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Iporanga; Braço <strong>de</strong> Pescaria, a sul <strong>de</strong> Guapiara; Numbira, no vale do Rio Turvo; adjacências<br />

da barra do rio Barreiro; vale do Rio Guaraú). Face à escala cartográfica adotada,<br />

não se encontram representados na Figura 1.<br />

Texturalmente, é possível distinguir-se varieda<strong>de</strong>s porfirói<strong>de</strong>s e equigranulares,<br />

estas últimas correspon<strong>de</strong>ndo às rochas dos maciços <strong>de</strong> Guaraú, Mandira, Varginha (este<br />

último pelo menos em parte) e, eventualmente, Alto Turvo. Cumpre mencionar que va-<br />

.riações texturais ocorrem em todos os complexos citados, <strong>de</strong> tal modo que a classificação<br />

acima é feita em função do tipo petrográfico predominante. Quanto à estrutura, esses cor-


Fig. 1- Mapa Geológico, simplificado, da Região da Ribeira segundo Melcher et alii ( 1973 ).<br />

ROCHAS SEDIMENTARES<br />

~ Sedimentos Pal~ozóicos da<br />

L :..J Bacia do Pc ra no<br />

ROCHAS GRANíTlCAS<br />

EI3<br />

Granitos pós.tectônicos.<br />

~ Granitos tardi a pós-tectôniCOs<br />

f;::"';~3 Granitas sintectônicos<br />

ROCHAS METAMÓRFICAS<br />

O Epimetamórficas<br />

I;-~ :::J Mica ..istos<br />

E3 Gnaisses e/ou miQmatitos<br />

-- Falhas<br />

' Contatos<br />

I I.tapeúna<br />

2 Mandira<br />

3 Guaraú<br />

4 Alto Turvo<br />

5 TrAs CórreQos<br />

6 AQudos Gran<strong>de</strong>s<br />

7 Itaóca<br />

8 Barreiro<br />

9 Capuava<br />

10 FreQuesia Velha<br />

I I Espírito Santo<br />

12 Campina do Veada<br />

13 Apiaí<br />

14 CunhaporanQa<br />

15 Vila Branca<br />

16 Morro Gran<strong>de</strong><br />

11 Epitácio Pessoa<br />

18 VarQinha<br />

19 Morro do Aboboral<br />

20 Marro Ralado .<br />

O 5 10 15 20 km


148 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

pos são, em sua maior parte, homogêneos, exceção maior feita ao batólito <strong>de</strong> Itapeúna,<br />

mostrando estrutura migmatítica típica.<br />

Quanto ao quimismo, são reconhecidos tanto granitos calco-alcalinos, quanto<br />

rochas com tendências alcalinas, estas representadas pelos maciços <strong>de</strong> Guaraú, Mandira e,<br />

eventualmente, Alto Turvo. Conjuntamente aos corpos graníticos alcalinos do Anhangava,<br />

Graciosa e Marumbi, aflorando no Estado do Paraná, mostram uma tendência em constituir<br />

um colar <strong>de</strong> intrusões paralelas à costa, embutidas em migmatitos (Coutinho, 1971).<br />

No tocante ao posicionamento tecto-orogênico, Melcher et alii (1973) reconhecem<br />

corpos sintectônicos (batólito <strong>de</strong> Itapeúna) e intrusões tardi a pós-tectônicas. Por<br />

suas características geológicas, o corpo <strong>de</strong> Itapeúna é comparável aquele <strong>de</strong> São João dos<br />

Pinhais (Fuck et alii, 1967), situado 30 km a SE da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba, Estado do<br />

Paraná. Por outro lado, nota-se uma leve divergência entre Melcher et alii (1973) e Fuck<br />

et alii (1967) quanto ao batl>lito <strong>de</strong> Cunhaporanga, consi<strong>de</strong>rado pelos últimos autores co<br />

mo tendo um caráter misto entre sintectônico e tardi a pós-tectônico.<br />

A caracterização das rochas graníticas em tardi e pós-tectônicas é feita com<br />

base em critérios geocronológicos (Cordani e Bittencourt, 1967; Cordani e Kawashita, 1971)<br />

e feições <strong>de</strong> campo, tais como a presença <strong>de</strong> auréolas <strong>de</strong> contato, apófises, filões aplíticos<br />

e pegmatíticos, discordância estrutural local e associação com granitos pórfiros (Melcher,<br />

1965; Fuck et alii, 1973). Por outro lado, a associação com os estudos geocronológicos <strong>de</strong><br />

cordani e Kawashita (1971) levou Melcher et alii (1973) a consi<strong>de</strong>rar as diferenças texturais<br />

e químicas das rochas graníticas do vale do Ribeira <strong>de</strong> Iguape como correlacio,<br />

náveis às variações <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Neste sentido, os gran<strong>de</strong>s maciços porfirói<strong>de</strong>s calco-alcalinos,<br />

caso, por exemplo, do batólito <strong>de</strong> Três Córregos, teriam sido formados entre 600 e 650<br />

m.a., enquanto que os maciços equigranulares com tendência alcalina (Guaraú, Mandira)<br />

correspon<strong>de</strong>riam a intrusões nitidamente pós-tectônicas, originadas a cerca <strong>de</strong> 540 m.a.<br />

Estruturalmente, os gran<strong>de</strong>s corpos graníticos possuem formas alongadas, <strong>de</strong><br />

direção NE-SW, com contatos regionais paralelos às ,gran<strong>de</strong>s estruturas das rochas metamórficas<br />

e ocupando os núcleos <strong>de</strong> anticlinórios (Melcher et alii, 1973; Hasui 1973).<br />

Não exibem <strong>de</strong>formações plásticas expressivas, exceto ocasionalmente o alinhamento <strong>de</strong><br />

seus constituintes minerais junto às bordas dos corpos. Em alguns casos, estes corpos<br />

evi<strong>de</strong>nciam terem sido submetidos a esforços posteriores à sua fase principal <strong>de</strong> formação,<br />

com o conseqüente <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> cataclasitos e milonitos. Ã exceção das<br />

intrusões sintectônicas, constituem corpos do tipo circunscrito, segundo a classificação <strong>de</strong><br />

Raguin (1955). Entretanto, Cordani e Girardi (1967) e Fuck et alii (1967) assinalam a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passagens gradativas entre os maciços alcalinos <strong>de</strong> Anhangava, Graciosa e<br />

Marumbi, no Estado do Paraná, e os migmatitos encaixantes da Serra do Mar (Complexo<br />

Cristalino). No entanto, para Fuck et alü (1967), essas transições são locais, e talvez<br />

apenas aparentes, já que na maioria dos casos os contatos estão encobertos ou são <strong>de</strong><br />

natureza tectônica. O caráter tectônico dos contatos dos corpos graníticos é também enfatizado<br />

por Melcher et alii (1973).<br />

Descrições <strong>de</strong>talhadas das rochas graníticas ligadas ao Grupo Açungui s. s. e ao<br />

Complexo Cristalino são <strong>de</strong>vidas, entre outros, a Moraes Rêgo e Souza Santos (1938),<br />

Coutinho (1953, 1972), Ellert (1964), Fuck et alii (1967), Hasui et alii (1969), Wemick<br />

(1972 a, b), Wemick e Feman<strong>de</strong>s (1972).<br />

CARACTERÍSTICAS NORMATIVAS DOS GRANITOS<br />

Para o presente trabalho, os autores dispuseram <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 93 análises<br />

provenientes dos maciços <strong>de</strong> Itaóca (41), Três Córregos (26), Varginha (6), Guaraú (3),<br />

Campina do Veado (2), Cunhaporanga (2), Itapeúna (2), Morro Gran<strong>de</strong> (2), Anhangava<br />

(1), Mandira (1) e Marumbi (1). a quase totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas análises, bem como a correspon<strong>de</strong>nte<br />

localização das amostras no interior dos diversos corpos, é fomecida no trabalho<br />

<strong>de</strong> Gomes et alii (no prelo), que tem por objetivo precípuo a caracterização química das<br />

rochas <strong>de</strong>sses maciços, usando como referência os dados listados na literatura. Para a interpretação<br />

dos granitos alcalinos, foram utilizados os valores citados em Fuck et alii


Quartzo<br />

Ortoclásio<br />

Albita<br />

Anortita<br />

Acrnita<br />

" Peso<br />

Si02<br />

Ti02<br />

Al2Ü3<br />

Fe203<br />

FeO<br />

MnO<br />

MgO<br />

CaO<br />

Na20<br />

K20<br />

P20S<br />

H20<br />

Total<br />

Wollastonita<br />

(<br />

Wollastonita<br />

Diopsídio ( Enstatita<br />

( Ferrossilita<br />

( Enstatita<br />

Hiperstênio rFerrossilita Hematita<br />

Magnetita<br />

Ilmenita<br />

Coríndon<br />

Apatita<br />

N.12 <strong>de</strong> análises<br />

WERNICK, GOMES<br />

TABELA 1<br />

Composição Química Média e Normativa <strong>de</strong> Rochas Graníticas<br />

67,65<br />

0,56<br />

13,42<br />

0,83<br />

3,16<br />

0,07<br />

1,04<br />

2,42<br />

4,62<br />

4,71<br />

0,25<br />

0,86<br />

99,59<br />

16,86<br />

27,80<br />

38,77<br />

1,94<br />

3,36<br />

1,30<br />

2,11<br />

1,30<br />

2,24<br />

2<br />

68,42<br />

0,41<br />

14,01<br />

0,90<br />

1,88<br />

0,06<br />

0,94<br />

2,33<br />

5,13<br />

4,43<br />

0,16<br />

1,03<br />

99,70<br />

16,50<br />

26,13<br />

43,49<br />

1,94<br />

3,71<br />

1,90<br />

1,72<br />

0,40<br />

0,39<br />

3<br />

75,88<br />

0,18<br />

11,95<br />

0,29<br />

0,74<br />

0,04<br />

0,11<br />

0,60<br />

3,88<br />

5,28<br />

0,04<br />

0,91<br />

99,90<br />

32,40<br />

31,13<br />

32,49<br />

1,16<br />

0,30<br />

0,92<br />

4 5 6<br />

68,75<br />

0,52<br />

14,11<br />

1,05<br />

1,71<br />

0,05<br />

0,91<br />

2,26<br />

4;92<br />

-4,48<br />

0,21<br />

0,85<br />

99,82<br />

18,94<br />

26,46<br />

41,39<br />

3,06<br />

2,06<br />

0,72<br />

0,40<br />

0,29<br />

0,40<br />

0,29<br />

75,72<br />

0,12<br />

11,84<br />

0,35<br />

0,92<br />

0,03<br />

0,09<br />

0,53<br />

4,87<br />

4,61<br />

0,03<br />

0,73<br />

99,84<br />

76,90<br />

0,12<br />

11,14<br />

0,18<br />

1,28<br />

0,03<br />

0,02<br />

0,40<br />

4,12<br />

4,48<br />

0,01<br />

1,06<br />

99,94<br />

28,56 35,28<br />

27,24 26,13<br />

35,11 34,06<br />

0,92<br />

1,90 0,76<br />

0,28 0,02<br />

1,62 0,63<br />

0,12 0,03<br />

0,33 0,82<br />

7a* 7b** 8<br />

58,88<br />

1,20<br />

16,94<br />

2,57<br />

2,58<br />

0,13<br />

0,64<br />

3,69<br />

4,74<br />

6,06<br />

0,23<br />

1,64<br />

99,30<br />

1,90<br />

35,58<br />

39,82<br />

9,30<br />

1,38<br />

4,88<br />

3,15<br />

1,42<br />

74,32<br />

0,08<br />

13,62<br />

0,03<br />

0,23<br />

0,01<br />

0,49<br />

0,85<br />

2,26<br />

7,44<br />

0,02<br />

0,56<br />

99,91<br />

29,40<br />

43,92<br />

18,86<br />

4,03<br />

1,74<br />

1,20<br />

0,39<br />

72,42<br />

0,~6<br />

13,15<br />

0,42<br />

1,93<br />

0,08<br />

0,43<br />

1,81<br />

3,66<br />

4,54<br />

0,12<br />

1,06<br />

99,98<br />

28,92<br />

26,69<br />

30,91<br />

6,09<br />

0,84<br />

0,25<br />

0,63<br />

0,82<br />

2,11<br />

1,16 1,39 0,46 1,51 0,46 3,71 0,04 0,60 0,37<br />

1,06 0,76 0,30 0,91 0,23 0,15 2,28 0,15 0,68 0,30<br />

0,39 0,20 0,06 0,29 0,04 0,03 0,31 0,03 0,16 0,07<br />

39 24 2 2 3 1 1 1 2 6<br />

9<br />

73,94<br />

0,17<br />

12,59<br />

0,26<br />

1,28<br />

0,09<br />

0,37<br />

1,46<br />

4,07<br />

4,50<br />

0,07<br />

1,09<br />

99,89<br />

29,40<br />

26,61<br />

34,37<br />

2,61<br />

1,74<br />

0,55<br />

1,24<br />

0,37<br />

0,81<br />

10 11 12<br />

71,66 75,60 71,06<br />

0,23<br />

14,50 13,00 12,78<br />

tr 0,20 2,78<br />

1,20 1,29<br />

3,20<br />

tr<br />

1,00<br />

4,20<br />

4,54<br />

nd<br />

0,45<br />

99,55<br />

26,22<br />

26,90<br />

35,11<br />

7,50<br />

1,06<br />

tr 0,06<br />

0,30 0,37<br />

0,40 1,51<br />

4,20 4,69<br />

4,90 4,55<br />

tr 0,24<br />

0,70 0,64<br />

100,50 .100,30<br />

30,54<br />

28,91<br />

35,11<br />

1,94<br />

0,75<br />

2,07<br />

26,52<br />

26,89<br />

39,30<br />

0,71<br />

0,16<br />

0,23 3,69<br />

0,42<br />

0,10<br />

0,33<br />

* Amostra UC-48; ** Amostra UC-65.<br />

1. Itaoca; 2. Três Córregos; 3. Campina do Veado; 4. Cunhaporanga; 5. Guaraú; 6. Mandira; 7(a,b). Itapeúna;<br />

8. Morro Gran<strong>de</strong>; 9. Varginha (maciços 1 a 9, dados extraídos <strong>de</strong> Gomes et alii., no prelo); 10. Anhangava (Fuck<br />

et aUi., 1967); 11. Marumbi (Maack, 1961; citação em Fuck et alii., 1967); 12. Graciosa (Maack, 1961; citação<br />

em Fuck et alii., 1967).<br />

(1967), referentes aos maciços <strong>de</strong> Anhangava, Graciosa e Marumbi. A composição química<br />

média e normativa das rochas acima é fomecida na Tabela 1. Rochas com Q + ar +<br />

Ab (amostras ED-201 e IG-278 do maciço <strong>de</strong> Três Córregos ( normativo inferior a 80%<br />

foram rejeitadas, o mesmo suce<strong>de</strong>ndo com duas análises do maciço <strong>de</strong> Itaóca, mostrando<br />

composição anômala (JA-27 e JA-33). Os valores <strong>de</strong> Q, Or e Ab foram recalculados para<br />

100%, num procedimento análogo ao utilizado, Hall (1971) Os dados assim obtidos<br />

foram projetados num diagrama Q - Or - Ab, e comparados aos valores obtidos por TuttIe<br />

e Bowen (1958) e Luth et alii (1964) para o sisteJha granítico, sob condições<br />

variáveis <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> água. Posteriormente, foram confrontados com os valores <strong>de</strong> Hall<br />

(1971) para granitos associados a cinturões orogênicos gerados sob gradientes geotérmicos<br />

diferentes (Tab. 2 e Fig. 2).<br />

A correlação entre o gradiente geotérmico e os trabalhos experimentais no sistema<br />

granítico baseia-se, sobretudo, nas seguintes consi<strong>de</strong>rações:<br />

a) Composição do líquido inicial ou residual obtido no sistema granítico, respectivamente<br />

por fusão parcial ou cristalização, variável com a pressão (Tuttle e Bowen,<br />

1958; Winkler e Platen, 1957 - 1962; Luth et alii, 1964; Winkler, 1967 ).<br />

b) Manutenção da composição do líquido eutético ou cotético <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />

6<br />

149


150 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Quartzo<br />

Ortoc1ásio<br />

Albita<br />

N.!! análises<br />

TABELA 2<br />

Composição Normativa <strong>de</strong> Rochas Graníticas<br />

Sintectônico 1= Tardi a Pós.tectônico<br />

Variscano Caledoniano Alpino Am. UC-48 Am. UC-65 Grupo 1 * Grupo 2**<br />

35,3 31,8 25,1 2,5 31,9 20,4 33,2<br />

32,0 29,5 29,1 46,0 47,6 31,4 30,9<br />

32,7 38,7 45,9 51,5 20,5 48,2 35,9<br />

198 41 5 1 1 65 10<br />

:f Amostms pertencentes ao maciço <strong>de</strong> Itapeúna.<br />

* Amostr~ pertencentes aos maciços <strong>de</strong> Cunhaporanga, Itaóca e Três C6rregos.<br />

** Amostras pertencentes aos maciços <strong>de</strong> Canpina do Veado, Morro Gran<strong>de</strong> e Varginha.<br />

* Amostras pertencentes aos maciços <strong>de</strong> Anhangava, Graciosa, Guaraú, Mandira e Marumbi.<br />

Ab<br />

Q<br />

.0<br />

v -Var..cano<br />

c - CaledonJano<br />

A -Alpino<br />

. -Slnt.ct'&nlco<br />

2A_g:r,!I~~-hJct&ICO c/<br />

2B- '6t;i ~s:- tect&nlco c/<br />

:5 - Pó. .::t.çt8nlco<br />

Fig.2- Diagrama Ternário Q: Or: Ab para a composição<br />

normativa <strong>de</strong> Rochas GranÍticas.Dados para os<br />

cinturões orogênicos extraidos <strong>de</strong> Hall ( 1971 ).<br />

P6s-tectônico+<br />

variação restrita, quer pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água disponível durante a anatexia, quer pelas<br />

temperaturas <strong>de</strong>senvolvidas durante o metamorfismo.<br />

c) Embora Luth (1969) tenha <strong>de</strong>monstrado a existência <strong>de</strong> uma ligeira influência<br />

da pressão total nas relações normativas Q:Or:Ab no sistema granítico, os dados <strong>de</strong><br />

Wyllie e Tuttle (1960), Brown e Fyfe (1970) e Piwinskii e Wyllie (1970) permitem, com<br />

certa precisão, correlacionar diretamente o gradiente geotérmico com a pressão <strong>de</strong> vapor<br />

d'água sob a qual ocorre a fusão <strong>de</strong> rochas para obtenção <strong>de</strong> líquidos graníticos ou sua<br />

posterior cristalização. Neste sentido, quanto menor o gradiente geotérmico (menor relação<br />

T/P) maior é a pressão <strong>de</strong> água durante a fusão.<br />

Com base nos da.dos normativos, é passivel agrupar. se os granitos da região do<br />

vale do Ribeira <strong>de</strong> 19uape em quatro categorias:<br />

1) Rochas com elevado teor normativo em ortocJásio . Correspon<strong>de</strong>m ao bat6lito <strong>de</strong><br />

Itapeúna, <strong>de</strong> caráter sintectônico e estrutura migmatitica. Para sua caracterização, os<br />

autores só dispuseram <strong>de</strong> duas análises químicas, que revelaram as seguintes proporções<br />

normativas: Q : Or : Ab = 2,5 : 46,0 : 51,5 e 31,9 : 47,6 : 20,5 (Tab. 2; pontos 1,<br />

Fig. 2). Ambos os dados fogem das caracteristicas <strong>de</strong> rochas graniticas tipicas, o que<br />

leva a crer que o maciço <strong>de</strong> ltapeÚDa não passou <strong>de</strong> um estádio <strong>de</strong> mobilização incipiente,<br />

acompanhado <strong>de</strong> acentuado aumento <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong>. Complexos migmatiticos com cerca<br />

<strong>de</strong> 20% <strong>de</strong> material liquefeito já adquirem. mobilida<strong>de</strong> suficiente para configurar fe.<br />

nômenos <strong>de</strong> intrusão. Melcher et alii ( 1973 ) <strong>de</strong>screvem, para vários pontos do<br />

Or<br />

31,8<br />

29,4<br />

38,8<br />

12


----.-<br />

WERNICK, GOMES 151<br />

batólito <strong>de</strong> Itapeúna, passagem gradativa das rochas granítico-migmáticas para os sedimentos<br />

regionais, configurando, assim,<br />

2) Rochas calco-alcalinas com quartzo<br />

o seu caráter autóctone e pouco evoluído.<br />

normativo em torno <strong>de</strong> 20% , - Este grupo engloba<br />

65 amostras, todas<br />

Três Córregos (24)<br />

com textura porfirói<strong>de</strong>, provenientes dos corpos <strong>de</strong> Cunhaporanga (2),<br />

e ltaóca (39). Sua média, Q:Or:Ab = 20,4 : 31,4 : 48,2. (Grupo 1,<br />

Tab. 2; ponto 2A, Fig. 2), situa-se fora do campo dos granitos típicos. Este fato parece<br />

indicativo <strong>de</strong> que estas rochas sofreram modificações profundas (assimilação ou metassomatose)<br />

durante ou após o seu trânsito e alojamento, ou então, num outro extremo,<br />

que se originaram a partir <strong>de</strong> sedimentos profundamente transformados.<br />

I - Fenômenos metassomáticos em rochas graníticas do Grupo Açungui s. s. e<br />

do Complexo Cristalino já foram assinalados, entre outros, por Ellert (1974) na região <strong>de</strong><br />

Mairiporã e por Coutinho (1972) nos arredores <strong>de</strong> São Paulo (quartzo diorito <strong>de</strong> Lago<br />

Azul). Também Wernick (1972) <strong>de</strong>screve intensa feldspatização junto às rochas do<br />

maciço <strong>de</strong> Morungaba, arredores da cida<strong>de</strong> homônima, no Estado <strong>de</strong> São Paulo, enquanto<br />

que Hasui (1973) menciona a existência <strong>de</strong> processos semelhantes junto ao complexo<br />

granítico <strong>de</strong> Pieda<strong>de</strong>, principal constituinte do Bloco Cotia.<br />

II - Como já observado, os maiores batólitos graníticos porfirói<strong>de</strong>s constituem<br />

corpos alongados orientados paralelamente à direção da estrutura regional, e ocupando<br />

núcleos <strong>de</strong> anticlinórios (Melcher et alii, 1973; Hasui, 1973). Estas áreas são par.<br />

ticularmente favoráveis, seja ao alojamento <strong>de</strong> corpos sintectônicos e tardi-tectônicos, seja<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fenômenos metassomáticos, por correspon<strong>de</strong>rem a locais <strong>de</strong> maior<br />

concentração <strong>de</strong> fluidos (Carpenter, 1968). O controle da feldspatização por estruturas<br />

regionais foi <strong>de</strong>monstrado por Wernick (1972) para o maciço <strong>de</strong> Morungaba.<br />

O posicionamento estrutural das rochas graníticas porfirói<strong>de</strong>s abre, portanto, a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> corpos sintectônicos feldspatizados e freqüentemente a corpos<br />

intrusivos equigranulares posteriores. Tal fato foi verificado por Fuck et alii (1967) em<br />

relação aos corpos <strong>de</strong> Cunnaporanga e Carambei, Pr, e por Wernick (1972) para o maciço<br />

<strong>de</strong> Morungaba, SP. ·<br />

lU - O metamorfismo observado no vale do Ribeira <strong>de</strong> 19uape e nos arredores<br />

da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo é do tipo <strong>de</strong> pressão média (Barrowiano) , caracterizado pela<br />

presença da cianita (Melcher et alii, 197.5; Coutinho, comunicação verbal). Tal fato,<br />

segundo Miyashiro (1964) e Zwart (1967) implica na formação <strong>de</strong> uma taxa relativamente<br />

pequena <strong>de</strong> rochas graníticas, constratando assim com a realida<strong>de</strong> geológica da<br />

região. Assim, no vale do Ribeira, as rochas graníticas perfazem cerca <strong>de</strong> 50% da áraa<br />

pré-cambriana exposta (Melcher et alii, 1973), taxa equivalente aquela obtida na porção<br />

leste do Estado do Paraná por Fuck et alii (1972) e nos arredores <strong>de</strong> São Paulo por<br />

Coutinho (1972). Na região <strong>de</strong> São Roque, SP, essas rochas atingem cerca <strong>de</strong> 30%<br />

segundo Hasui et alii (196&) . Tal discrepância parece sugestiva <strong>de</strong> que alguns dos<br />

granitos porfirói<strong>de</strong>s sejam muito mais produtos metassomáticos antes que granitos magmáticos<br />

puros.<br />

IV - Os granitos tardi.tectônicos são, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com Marmo (1971),<br />

rochas finas, homogêneas, com feições predominantemente aplíticas e <strong>de</strong> cor cinza ou<br />

rosada. Não mostram variação para membros mais básicos ou intermediários, e tem ainda<br />

como característica marcante a gran<strong>de</strong> riqueza em feldspato 'potássico. Nenhuma <strong>de</strong>stas<br />

feições coinci<strong>de</strong> a rigor com as observadas junto aos granitos porfirói<strong>de</strong>s, o que reforça a<br />

hipótese <strong>de</strong> sua origem mista.<br />

V - Cordani e Kawashita (1973), analisando 6 amostras <strong>de</strong> granitos porfio<br />

rói<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>rados, com base em resultados obtidos pelo método Rb/Sr em rocha total,<br />

como sendo tardi-tectônicos, concluiu que elas pertencem a uma isócrona <strong>de</strong> referência com<br />

608 í 48 m. a. Individualmente, entretanto, essas rochas exibem idá<strong>de</strong>s variáveis entre<br />

600 í 90 m.a. e 740 í 200 m.a. Por outro lado, <strong>de</strong>terminações pelo método K/ Ar em<br />

feldspato potássico <strong>de</strong> granitos porfirói<strong>de</strong>s da região <strong>de</strong> Mairiporã e Ribeirão Pires, executadas<br />

por Cordani e Bittencourt (1968), revelaram ida<strong>de</strong>s variáveis entre 440 í 20<br />

m,a. e 490 + 15 m.a. A comparação <strong>de</strong>sses dados leva à suposição da existência <strong>de</strong><br />

rochas mais antigas que sofreram adição <strong>de</strong> material mais novo, <strong>de</strong>tectado pelo método<br />

K/Ar. Esta linha <strong>de</strong> argumentação, seguida por Sonet' (1968), sugere uma origem com-


152 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

plexa, <strong>de</strong> várias fases, para os granitos porfirói<strong>de</strong>s. Tal interpretação é corroborada por<br />

Cordani e Kawashita (1973) baseados na relação Sr87/Srs6 inicial da isócrona dos<br />

granitos porfirói<strong>de</strong>s. Estes autores sugerem a sua formação a partir <strong>de</strong> magmas gerados<br />

<strong>de</strong> material sedimentar do próprio cinturão orogênico da Ribeira, aos quais foi adicionado<br />

consi<strong>de</strong>rável quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material vulcânico, separado do manto superior durante os<br />

primeiros estádios da evolução do geossinclíeno. Por outro lado, excluem a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> formação dos granitos por palingênese <strong>de</strong> material relacionável à infraestrutura do cinturão<br />

orogênico. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da düiculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação da natureza do material<br />

vulcânico separado do manto superior, os dados obtidos por aqueles autores parecem<br />

indicativos <strong>de</strong> uma origem complexa, mista, para os granitos porfirói<strong>de</strong>s associados ao<br />

Ciclo Brasiliano. Uma gênese em duas fases é também <strong>de</strong>fendida por Ellert (1964) para<br />

os granitos da região <strong>de</strong> Mairiporã, SP.<br />

VI - Sassi (1971) relaciona o fenômeno <strong>de</strong> feldspatização intensiva <strong>de</strong> largas<br />

áreas com a mudança das condições tisico-quÍmicas <strong>de</strong> fluidos intergranulares durante a<br />

passagem <strong>de</strong> condições sintectônicas para pós.tectônicas. A comparação entre os dados<br />

geocronológicos obtidos para os granitos pós-tectônicos (cerca <strong>de</strong> 540 m.a., Rb/Sr em<br />

rocha total) e para feldspato potássico <strong>de</strong> granitos porfirói<strong>de</strong>s (440 - 490 m.a., K/ Ar)<br />

parecem confirmar tal interpretação, respeitando-se, no entanto, as diferenças <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

informação dos dois métodos citados. Para a região <strong>de</strong> São Paulo, Coutinho (1972) ad.<br />

mite uma fase tardia <strong>de</strong> metassomatismo potássico nos xistos regionais, o que parece confirmar<br />

a hipótese levantada.<br />

VII - Os argumentos utilizados por Coutinho (1972) para caracterizar os<br />

megacristais <strong>de</strong> microclínio das rochas graníticas porfirói<strong>de</strong>s como sendo <strong>de</strong> cristalização<br />

tardia não são conclusos, tendo em vista que as feições nos quais ele se baseia (idiomorfismo<br />

perfeito dos cristais e presença <strong>de</strong> inclusões abundantes <strong>de</strong> quartzo, plagioclásio e<br />

biotita, com arranjo paralelo aos contornos dos hospe<strong>de</strong>iros) já foram <strong>de</strong>scritos por outros<br />

autores (Cannon, 1964) em gnaisses submetidos a metassomatismo potássico.<br />

VIII - Um dos problemas ligados aos corpos graníticos porfirói<strong>de</strong>s é a natureza<br />

dos seus contatos. Melcher- et alii (1973) assinalam que, nos poucos casos em que foi<br />

possível a observação dos contatos entre os granitos da Ribeira e os metas sedimentos associados,<br />

esses eram do tipo tectônico (falhamentos) e não do tipo intrusivo nohnal.<br />

3) Rochas calco-alcalinas com quartzo normativo superior a 30 % - Este grupo está representado<br />

por 10 amostras, provenientes dos corpos <strong>de</strong> Campina do Veado (2), Morro<br />

Gran<strong>de</strong> (2) e Varginha (6), classificados por Fuck et alii (1967) e Melcher et alii 1973)<br />

(op. cit.) como tardi após.tectônicos. Apresentam composição normativa média Q : Or : Ab<br />

= 33,2 : 30,9 : 35,9 (Grupo 2, Tab. 2; ponto 2 B, Fig. 2), muito próxima à obtida por<br />

Hall (1971) para os granitos caledonianos (Q : Or : Ab = 31,8 : 29,5 : 38,7).<br />

A semelhança <strong>de</strong> composição das rochas <strong>de</strong>ste grupo com os granitos caledonianos<br />

gerados sob gradiente geotérmico médio é confirmada por paragêneses críticas em<br />

micaxistos da região do vale do Ribeira <strong>de</strong> 19uape. Segundo Melcher et alü (1973). es.<br />

ses são portadores <strong>de</strong> cianita, configurando, assim, condições intermediárias entre gradientes<br />

geotérmicos elevados (tipo Variscano, caracterizado pela presença <strong>de</strong> cordierita) e<br />

baixos (tipo Alpino, marçado pela presença <strong>de</strong> piroxênios e anfibólios sódicos).<br />

4) Rochas <strong>de</strong> tendências alcalinas com quartzo normativo em torno <strong>de</strong> 30 % - Para sua<br />

interpretação, os autores dispuseram <strong>de</strong> 12 análises, provenientes dos corpos <strong>de</strong> Anhangava<br />

(1), Marumbi (1), Mandira (1), Guaraú (3) e Graciosa (6). Trata-se <strong>de</strong> maciços póstectônicos<br />

a julgar pela composição (afinida<strong>de</strong> alcalina; Marmo. (Í971). textura (eQüigranular)<br />

e natureza dos contatos (discordantes ou tectônicos). conquanto Cordani e Girardi<br />

(1967) e Fuck et alii (1967) mencionem a existência <strong>de</strong> passagens gradativas entre<br />

as intrusões <strong>de</strong> Anhangava e Graciosa, Pr; e os migmatitos encaixantes.<br />

Os granitos alcalinos possuem composição normativa média Q : Or : Ab =<br />

31,8 : 29,4 : 38,8. muito próxima à granitos caledonianos (Tab. 2; ponto 3, Fig. 2). Tais<br />

dados parecem indicativos <strong>de</strong> que, entre a fase orogênica principal da cinturão Ribeira na<br />

região investigada (cerca <strong>de</strong> 600 a 650 m.a.; Cordani e Bittencourt. 1968) e a fase das<br />

intrusões pós.tectônicas (cerca <strong>de</strong> 540 m.a.; Cordani e Kawashita, 1971). o gradiente<br />

geotérmico permaneceu praticamente constante.


WERNICK,GOMES<br />

CONSIDERAÇOES FINAIS<br />

A análise das condições geológicas e metamórficas do Grupo Açungui nos estados<br />

<strong>de</strong> São Paulo e Paraná permite aos autores tecerem as seguintes consi<strong>de</strong>rações:<br />

1. Para amplos trechos da região focalizada, o metamorfismo é do tipo Barrowiano<br />

(pressão média), como indicado pela presença <strong>de</strong> paragêneses críticas em rochas<br />

metamórficas e pela composição química das rochas graníticas.<br />

2. O gradiente geotérmico regional, mo<strong>de</strong>rado, parece ter permanecido constante<br />

no intervalo <strong>de</strong>corrido entre o paroxismo metamórfico e a intrusão dos granitos póstectônicos.<br />

3_ Gran<strong>de</strong> parte dos granitos porfirói<strong>de</strong>s associados ao Grupo Açungui s. s.<br />

evi<strong>de</strong>ncia uma origem complexa, provavelmente com uma fase metassomática acentuada.<br />

4. O gradiente térmico regional mo<strong>de</strong>rado é sugestivo <strong>de</strong> que a maior parte das<br />

rochas do Complexo Cristalino, com ida<strong>de</strong>s referíveis ao Ciclo Brasiliano, correspon<strong>de</strong> a<br />

porções <strong>de</strong> infraestrutura do cinturão Ribeira, rejuvenescido durante aquele evento, sendo<br />

raro o material litologicamente similar formado cogeneticamente com o Grupo Açungui s. s.<br />

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154 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEI RO DE GEOLOGIA<br />

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MIGMATIZAÇAO E FELDSPATIZAÇAO DE CHARNOCKITOS<br />

E GRANULITOS NO LESTE PAULISTA<br />

E SUL DE MINAS GERAIS<br />

EBERHARD WERNICK*, FAUSTINO PENAL VA**<br />

ABSTRACT<br />

Granulitic and 'charnockitic rocks are rather common in several regions af theBrazilian Crystalline Basement, where they are associated<br />

to gneisses, migmatites, granites and feldspathized rocks. In this paper the authors present the resulta af a study af rock association and<br />

try to expIain its origino Region involved ia eastem São Paulo and southem Minas Gerais States, Brazil.<br />

Field relations and microsoope investigations suggest that the pbserved rock association resulta from two. metamorphic events:<br />

the first one belongs to the Transamazonic Cycle(or ol<strong>de</strong>rones), whicligaveloriginto granulites,eharnockites,migmatitesandgneisses the second<br />

one, re1ated maioly with the Brasiliano Cycle (Baykalisn). Duriog this last cycle (upper precambrisn age) the ol<strong>de</strong>r rocks of the sh.eld have been<br />

re-migmatized and feldspathized.<br />

Authors <strong>de</strong>seribe the main eharaeteristies of migmatites related to both eyeles and also analyze the main f...tures of the granulitic<br />

and chamockitic rocks in relation to its evolution.<br />

INTRODUÇÃO<br />

No <strong>de</strong>nominado Complexo Cristalino ocorrem, com maior ou menor freqüência, inter.<br />

calações <strong>de</strong> rochas granulíticas e charnockíticas associadas a gnaisses, migmatitos e granitos. A<br />

gênese das rochas pertencentes à facies granulito, bem como a análise dos diversos episódios que as<br />

afetaram, vem sendo objeto <strong>de</strong> discussão contínua, baseando-se os diversos autores em dados <strong>de</strong><br />

campo, petrográficos e geocronológicos. No presente trabalho os autores, com base em seus trabalhos<br />

realizados no Leste do Estado <strong>de</strong> São Paulo e Sul <strong>de</strong> Minas Gerais, bem como através <strong>de</strong> uma<br />

análise da literatura disponível, tentam caracterizar <strong>de</strong> maneira global estas ocorrências da porção<br />

Leste do Brasil, entre Salvador (Ba) e Paranaguá (Pr) e <strong>de</strong>screver sucintamente os fenômenos a que<br />

foram submetidos.<br />

OCORRÊNCIA DE ROCHAS DA FACIES GRANULITO<br />

A Figura 1 mostra as principais ocorrências <strong>de</strong> rochas granulíticas e charnockíticas do<br />

leste brasileiro, além das áreas do Leste do Estado <strong>de</strong> São Paulo e Sul <strong>de</strong> Minas Gerais, estas particularmente<br />

examinadas pelos autores. A figura foi baseada nos trabalhos <strong>de</strong> Guimarães (1956),<br />

Rosier (1957), Franco e Coutinho (1957), Barbosa (1959), Helmbold (1965), Wemick (1967),<br />

Ebert (1968), Fujimore (1968), Basumallick et alii (1969), Castro e Sial (1971), Girardi et alii (1971),<br />

Oliveira (1973), Cordani (1973). Igualmente estão assinaladas novas ocorrências encontradas<br />

pelos autores nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São João da Boa Vista (SP), Itatiba (SP), Inconfi<strong>de</strong>ntes<br />

(MG) e entre Poço Fundo e Caldas (MG).<br />

Trabalho realizado com auxílio do CNPq e F APESP<br />

· FFCL/RC<br />

.. IG/USP


156 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS GRANULITOS E CHARNOCKITOS<br />

Exames geológicos e petrográficos feitos pelos autores em charnockitos e granulitos da<br />

região <strong>de</strong> São José do Rio Pardo, São João da Boa Vista, Itatiba e Socorro, associados às numerosas<br />

<strong>de</strong>scrições oferecidas por vários autores, permitem fixar para as mesmas as seguintes características:<br />

1. Ocorrências com dimensões muito variáveis. Os granulitos e charnockitos apresentam-se tanto<br />

sob a forma <strong>de</strong> massas maiores. atingindo a mais <strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong> quilômetros quadrados, quanto<br />

constituindo pequenos leitos, núcleos ou bolsões embutidos em outras rochas.<br />

2. Associação com gnaisses, migmatitos e rochas granitizadas. Charnockitos e granulitos ocorrem,<br />

<strong>de</strong> modo geral. associados ou embutidos em gnaisses, migmatitos e rochas granitizadas. Os<br />

contatos entre os mesmos são freqüentemente difusos, transicionais, ou interdigitados o As rochas associadas<br />

pertencem sempre à facies anfibolito.<br />

3. Paragêneses mistas. Os charnockitos e granulitos ostentam paragêneses coexistentes indicadoras<br />

<strong>de</strong> diferentes condições <strong>de</strong> formação. De um lado ocorre a associação entre ortoclásio, mesopertita,<br />

antipertita, granada. ortopiroxênio e quartzo discói<strong>de</strong>. típica para facies granulito<br />

(anidra), associada quase sempre a microclina. biotita e hornblenda, indicando condições <strong>de</strong> facies<br />

anfibolito (hidratada).<br />

4. Entre as rochas charnockiticas distinguem-se charnockitos caracterizados por elevada homogeneida<strong>de</strong><br />

composicional e textural, constituindo aparentemente corpos circunscritos (e.g. o<br />

charnockito <strong>de</strong> Ubatuba, SP). e charnockitos <strong>de</strong> composição variável, estrutura gnáissica manifesta,<br />

freqüentemente associados a rochas parametamórficas.<br />

5. Parece aos autores que existe uma predominância <strong>de</strong> rochas charnockíticas sobre as granulíticas,<br />

ostentando estas quase sempre composição granítica, enquanto os charnockitos exibem composição<br />

mais variada, <strong>de</strong> ácida a básica.<br />

60 Comparando-se a Figura 1 com os mapas geocronológicos (eog. Almeida. 1969: Fig. 1 e Almeida<br />

et alii, 1973: Figo 1) verifica-se que a ocorrência <strong>de</strong> rochas da facies do granulito está restrita às<br />

áreas cratônicas do final do Pré-cambriano e às áreas do embasamento rejuvenescidas durante o<br />

Ciclo Brasiliano, não sendo ainda conhecidas ocorrências indubitavelmente cogenéticas com este<br />

ciclo.<br />

GÊNESE DA ASSOCIAÇÃO ENTRE ROCHAS DA FACIES GRANULITO E ANFIBOLITO<br />

O presente ítem resume as principais hipóteses sobre a associação entre rochas das<br />

facies granulito e anfibolito, restringindo-se os autores à área a Leste <strong>de</strong> São Paulo e Sul <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais.<br />

1. Franco e Coutinho (1957). estudando um perfillitológico entre Arcadas e Socorro (SP) concluiram<br />

que a associação entre rochas da facies anfibolito e granulito resulta <strong>de</strong> um só evento metamórfico.<br />

crescente <strong>de</strong> W (Arcadas) para E (Socorro). Explicam a presença <strong>de</strong> biotita e hornblenda<br />

nas rochas da facies granulito em função <strong>de</strong> suas características químicas. respectivamente a relação<br />

Mg/Fe e a riqueza em AI. Fe e Ti.<br />

2. Wernick (1967), estudando a região <strong>de</strong> Amparo e Socorro (SP), concorda com a hipótese <strong>de</strong> um<br />

metamorfismo regional mais enérgico na região <strong>de</strong> Socorro e enquadra as rochas portadoras concomitantemente<br />

<strong>de</strong> ortopiroxênio. biotita e hornblenda na subfacies do hornblenda granulito. Ressalta<br />

que os granulitos e charnockitos foram afetados por fenômenos metassomáticos posteriores,<br />

com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> gnaisses charnockíticos porfiroblásticos, ricos em megacristais <strong>de</strong> microclina.<br />

3. Ebert (1968), estu,dando rochas da facies granulito em Minas Gerais, ressalta que sua ocorrên.<br />

cia está sempre associada ao Grupo Paraíba no qual constituem corpos e lentes nos metassedimentos<br />

ricos em feldspatos da facies anfibolito. Consi<strong>de</strong>ra esta associação formada num só evento,<br />

resultando as rochas da fa<strong>de</strong>s granulítica da ação <strong>de</strong> um metamorfismo local mais enérgico <strong>de</strong>vido a<br />

processos tectônicos que provocariam a <strong>de</strong>sidratação <strong>de</strong> pacotes relativamente espessos <strong>de</strong> metassedimentos,<br />

com a conseqüente formação <strong>de</strong> granulitos'e charnockitos. A presença <strong>de</strong> paragêneses<br />

mais ou menos anidras seria função da maior ou menor <strong>de</strong>sidratação, sob efeito tectônico. Baseado<br />

nos contatos transicionais entre as rochas das duas mencionadas facies, exclui a possibilida<strong>de</strong> dos<br />

granulitos e charnockitos correspon<strong>de</strong>rem a intercalações tectônicas oriundas <strong>de</strong> um ambiente <strong>de</strong>


t<br />

2<br />

I"LORIANÓPOLI<br />

Fig.l<br />

LEIENDA<br />

,~:;, PRINCIPAIS OCORRÊNCIASDE ROCHAS<br />

ífJY CHARNOCK(TCASE GRANULíTICAS.<br />

100<br />

Q IQO 300 500km<br />

.


WERNICK, PENAL VA 157<br />

formação diferente daquele que gera as rochas envolventes. Interpretou ainda a presença <strong>de</strong> microclina<br />

nas rochas granulíticas como sendo <strong>de</strong>vido a metamorfismo retrógrado.<br />

4. Delhal, Le<strong>de</strong>nt e Cordani (1969), estudando parte do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais e Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

apresentam uma interpretação oposta. A associação entre rochas granulíticas e gnaisses, migmatitos<br />

e granitos seria uma associação formada em dois episódios, resultando <strong>de</strong> uma remigmatização<br />

do Grupo Paraíba (referível ao Ciclo Transamazônico) durante o Ciclo Brasiliano. As intercalações<br />

<strong>de</strong> granulitos e charnockitos correspon<strong>de</strong>riam a restitos não afetados pelo rejuvenescimento.<br />

Em trabalho posterior, Cordani (1973) amplia esta interpretação para outras áreas da faixa costeira<br />

entre Salvador e Vitória.<br />

5. Também Oliveira (1973), estudando a região <strong>de</strong> São José do Rio Pardo (SP), concluiu que a associação<br />

em foco resulta da superposição <strong>de</strong> duas fases metamórficas. A fase inicial, <strong>de</strong> metamorfismo<br />

crescente, origina inicialmente gnaisses e rochas associadas. Quando atingidas as condições da<br />

facies granulito ocorreu anatexiã parcial, com a produção <strong>de</strong> resíduos granulíticos e charnockíticos<br />

parcial ou totalmente anidros. Estas rochas, quando portadoras <strong>de</strong> anfibólio e biotita, seriam indicativas<br />

<strong>de</strong> um resíduo apenas parcialmente <strong>de</strong>sidratado. Numa segunda fase ocorre a remigmatização<br />

das rochas pré-existentes, em condições <strong>de</strong> facies anfibolito. Ao contrário <strong>de</strong> Delhal et alii<br />

(1969), o autor não precisa o intervalo entre as duas fases, limitando-se à observação <strong>de</strong> que a fase<br />

da remigmatização é referível ao Ciclo Brasiliano e que os granulitos são algo mais velhos que esta<br />

fase. Ressalta ainda, baseado na composição química das rochas da facies do granulito, que a<br />

anatexia da primeira fase ocorreu sob condições <strong>de</strong> média pressão, o que contrasta com a ocorrência,<br />

na região, <strong>de</strong> gnaisses kinzigíticos portadores <strong>de</strong> cordierita, indicativa <strong>de</strong> um regime <strong>de</strong> baixa pressão.<br />

AS TRANSFORMAÇOES SOFRIDAS PELAS ROCHAS DA F ACIES G RANULÍTICA<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> campo e petrográficos dos autores mostram que as rochas granulíticas e<br />

charnockíticas, após a sua gênese inicial, sofreram, essencialmente, dois tipos <strong>de</strong> transformação:<br />

Migmatizaçáo<br />

De modo geral as rochas granulíticas ocorrem sob a forma <strong>de</strong> intercalações em gnaisses e<br />

migmatitos, estes predominantemente com estruturas que <strong>de</strong>notam uma gran<strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong> e<br />

homogeneização do material durante o processo, neste caso <strong>de</strong> elevado po<strong>de</strong>r térmico. Tal interpretação<br />

é corroborada pela intensa mobilização exibida por estas rochas, nas quais abundam metatectos<br />

graníticos. Levantamentos geológicos efetuados pelos autores (Wernick, 1967; Wernick e<br />

Penalva, 1973) no leste do Estado <strong>de</strong> São Paulo, permitem enquadrar os charnockitos e granulitos<br />

como associados a dois tipos principais <strong>de</strong> migmatitos, cujo limite, na região em foco, é dado pela<br />

gran<strong>de</strong> falha transcorrente <strong>de</strong> Jacutinga, que passa nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Itapira (SP), Jacuntinga<br />

(MG) e Ipuiúna (MG) e que correspon<strong>de</strong> ao limite entre os blocos tectônicos <strong>de</strong> Jundiaí e Pinhal<br />

(Penalva e Wernick, 1973). Ao sul da falha (Bloco J undiaí) predominam amplamente migmatitos cinzentos<br />

que receberam dos autores a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> campo migmatitos Amparo. Denotam, <strong>de</strong> modo<br />

geral, elevada plasticida<strong>de</strong>, sendo comum estruturas flebíticas, dobradas, ptigmáticas, estictolíticas,<br />

schlieren, dictoníticas e nebulíticas. Estruturas agmatíticas são muito raras. Apesar <strong>de</strong> sua riqueza<br />

em estruturas <strong>de</strong>notando elevada plasticida<strong>de</strong>, os mobilizados graníticos nestas rochas são <strong>de</strong> âmbito<br />

local, nunca <strong>de</strong>senvolvendo gran<strong>de</strong>s proporções volumétricas. Também fenômenos <strong>de</strong> feldspatização<br />

são relativamente restritos. Freqüentemente os migmatitos gradacionam para gnaisses ban<strong>de</strong>ados,<br />

pouco pertubados, localmente ricos em intercalações anfibolíticas. Ao norte da falha <strong>de</strong> Jacutinga<br />

(Bloco Pinhal) predominam migmatitos róseos que receberam a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> campo migmatitos tipo<br />

Pinhal. São rochas <strong>de</strong> caráter muito variável, ocorrendo tanto tipos com estruturas <strong>de</strong>notando elevada<br />

plasticida<strong>de</strong> quanto rochas com estruturas agmatítica indicando a persistência <strong>de</strong> uma certa<br />

rigi<strong>de</strong>z do paleossoma submetido à migmatização. De modo geral, sinais <strong>de</strong> injeção <strong>de</strong> material<br />

granítico róseo são abundantes. Gran<strong>de</strong> parte dos migmatitos róseos são do tipo nebulítico e homofânico,<br />

com gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> material remobilizado e elevada homogeneização, sendo<br />

comum a passagem gradual entre migmatitos e numerosos corpos graníticos. Também abundante<br />

é a feldspatização, através da qual os migmatitos evoluem para rochas porfiroblásticas,<br />

ricas em megacristais <strong>de</strong> microclina. Se bem que os autores ainda não disponham <strong>de</strong> dados


158 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

geocronológicos quanto a equivalência dos migmatitos róseos e cinzentos, respectivamente<br />

abundantes e raros no Bloco Pinhal e raros e abundantes no bloco Jundiaí, as relações <strong>de</strong><br />

campo sugerem, como hipótese <strong>de</strong> trabalho, que os migmatitos róseos, tipo Pinhal, resultem<br />

da evolução, por remigmatização, dos gnaisses e migmatitos cinzentos do tipo Amparo. Estas<br />

relações <strong>de</strong> campo se evi<strong>de</strong>nciam pela presença <strong>de</strong> migmatitos cinzentos injetados e inflitrados<br />

por neossoma posterior, róseo, com todos os estágios <strong>de</strong>notando a evolução progressiva<br />

<strong>de</strong>ste fenômeno até a obtenção dos migmatitos predominantemente róseos do tipo Pinhal.<br />

Feldspatização<br />

o processo <strong>de</strong> feldspatização parece ser <strong>de</strong> menor influência na transformação das rochas<br />

granulíticas e charnockíticas. O exemplo mais expressivo observado pelos autores é a passagem entre<br />

os granulitos e charnockitos dos arredores <strong>de</strong> Socorro, junto à divisa SP -MG, para o maciço<br />

gnáissico-granítico porfiroblástico <strong>de</strong> Socorro (Wernick e Artur, 1974, Fig. 1). A passagem gradual<br />

para rochas graníticas, pela blastese progressiva <strong>de</strong> megacristais <strong>de</strong> microclina, po<strong>de</strong> ser verificada<br />

ao longo do perfil Socorro (SP) - Munhoz (MG). O processo da feldspatização é acompanhado pela<br />

progressiva transformação do ortopiroxênio para formas mais fibrosas, e <strong>de</strong>stas para anfibólio, que<br />

por sua vez passa, sob o efeito da adição <strong>de</strong> potássio, para biotita. Paralelamente ocorre mudança<br />

progressiva da estrutura original gnáissica-granulítica para uma textura granitói<strong>de</strong>. Um piroxenito<br />

associado às rochas porfiroblásticas, que se esten<strong>de</strong> até a leste da rodovia Fernão Dias, datado por<br />

Ebert e Brochini (1968) pelo método K/ Ar (553 m.a.) e anfibólio (620 m.a.) indica brasiliana para o<br />

fenômeno.<br />

Levando-se em consi<strong>de</strong>ração o acima exposto, bem como os dados geocronológicos ora<br />

disponíveis para a região em foco (Cordani e Bittencourt, 1967; Ebert e Brochini, 1968; Delhal et<br />

alii, 1969; Hasui e Hama, 1972; Cordani et alii, 1973 e Cordani, 1973, além dos trabalhos <strong>de</strong> AImeida,<br />

1969,(Fig. l)e Almeida et alii, 1973, Fig. 1) os autores apresentam, tentativamente, o seguinte<br />

esquema <strong>de</strong> evolução:<br />

A - Metamorfismo, com a formação <strong>de</strong> gnaisses e rochas associadas, migmatitos cinzentos.e<br />

rochas da facies granulito através <strong>de</strong> um metamorfismo regional progressivo associado a<br />

anatexia. Esta fase possivelmente seja referida ao Ciclo Transamazônico (Delhal et alii, 1969; Cordani<br />

et alii, 1973; Cordani, 1973), ou a ciclos mais antigos, caso, por exemplo <strong>de</strong> Jequié (Cordani,<br />

1973).<br />

B - Remigmatização e feldspatização, principalmente durante o Ciclo Brasiliano (Ebert<br />

e Brochini, 1968; Oliveira, 1973; Cordani, 1973), em condições <strong>de</strong> facies anfibolito, com a produção<br />

<strong>de</strong> migmatitos com neossoma predominantemente róseo e <strong>de</strong>struição parcial das rochas da facies<br />

granulito pré-existente.<br />

Neste mo<strong>de</strong>lo, algumas contradições existentes entre diversos autores po<strong>de</strong>m ser esclarecidas,<br />

bem como algumas das características gerais das rochas granulíticas e charnockíticas<br />

relacionadas anteriormente.<br />

No primeiro caso situa-se a contradição entre a observação ou não <strong>de</strong> fenômenos <strong>de</strong><br />

remigmatização. Enquanto o fenômeno não foi observado por Franco e Coutinho (1957) e Wernick<br />

(1967) na região <strong>de</strong> Socorro (Bloco Jundiaí), on<strong>de</strong> migmatitos cinzentos remigmatizados são raros, a<br />

constatação do fenômeno pô<strong>de</strong> ser feita por Oliveira (1973) na região <strong>de</strong> São José do Rio Pardo<br />

(Bloco Pinhal), on<strong>de</strong> estas rochas são abundantes. No segundo caso incluem-se a variabilida<strong>de</strong> nas<br />

dimensões das intercalações, a sua associação com migmatitos, granitos e rochas feldspatizadas; a<br />

ocorrência subordinada <strong>de</strong> granulitos, mais susceptíveis a remigmatização; e sua ocorrência em<br />

áreas rejuvenescidas no Ciclo Brasiliano ou em áreas cratônicas já consolidadas no fim do Précambriano<br />

Superior.<br />

TENT ATIVA DE UMA INTERPRETAÇÃO REGIONAL<br />

Des<strong>de</strong> o advento e <strong>de</strong>senvolvimento do conceito <strong>de</strong> série facial (Miyashiro, 1961; Tex,<br />

1965, 1971; Winkler, 1967; Hietanen, 1967; Richardson, 1967) vários autores tentaram correlacionar<br />

a influência das diferentes relações entre temperatura e pressão (gradiente geotérmico) com<br />

as várias feições que distinguem os diversos cinturões orogênicos. Enquanto Hall (1971) mostrou a<br />

variação das composições normativas das rochas graníticas em áreas orogênicas com diferentes


WERNICK, PENAL VA 159<br />

relações temperatura/pressão, Zwart (1967) <strong>de</strong>stacou numerosas diferenças geológico-petrográficas<br />

entre cinturões gerados sob elevado e baixo gradiente geotérmio. Tomando-se como base os autores<br />

citados, aliados a Figura 1 e aos trabalhos <strong>de</strong> Almeida, (1969), Almeida et alii (1973), Cordani (1973)<br />

e Wernick e Gomes (1974) po<strong>de</strong>m ser estabelecidos alguns aspectos globais:<br />

1. A extensão do Complexo Cristalino rejuvenescido na área consi<strong>de</strong>rada é substancial, quer<br />

tomando-se por basedatações geocronológicas (Almeida, 1969: Fig. 1; Almeidaetalii, 1973; Cordani,<br />

1973: Fig. 1); quer assumindo-se que, em sua gran<strong>de</strong> maioria, as intercalaçõe~ <strong>de</strong> rochas granulíticas e<br />

~harnockíticas no Complexo Cristalino são testemunhos <strong>de</strong> um embasamento mais antigo<br />

rejuvenescido. Nestas condições, a gran<strong>de</strong> extensão da área rejuvenescida é indicativa para um<br />

processo <strong>de</strong> alto po<strong>de</strong>r térmico, o que configura um elevado gradiente geotérmico. Tal suposição<br />

parece encontrar correspondência no amplo predomínio <strong>de</strong> migmatitos flebíticos e homofânicos nas<br />

áreas rejuvenescidas, assim como a abundância <strong>de</strong> granitos referíveis ao Ciclo Brasiliano nelas<br />

presentes.<br />

2. O elevado gradiente geotérmico, que caracteriza condições <strong>de</strong> baixa pressão, é confirmado pela<br />

ocorrência, na faixa costeira entre a Guanabara e a Bahia, <strong>de</strong> abundantes gnaisses portadores <strong>de</strong><br />

cordierita, mineral indicador <strong>de</strong> baixa pressão. Segundo Cordani (1973), pelo menos parte <strong>de</strong>stes<br />

gnaisses kinzigíticos po<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r a material cogenético do Ciclo Brasiliano. Mais para o Norte,<br />

na faixa <strong>de</strong> dobramento Seridó (estados do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte e Paraíba), referível ao Ciclo<br />

Brasiliano, Mello e Mello (1974) também caracterizaram condições <strong>de</strong> baixa pressão. No sul, na região<br />

<strong>de</strong> São José do Rio Pardo (Estado <strong>de</strong> São Paulo), Oliveira (1973) <strong>de</strong>screve a ocorrência <strong>de</strong> cordierita<br />

em gnaisses kinzigíticos associados a rochas remigmatizadas durante o Ciclo Brasiliano.<br />

Segundo Zwart (1967) as condições <strong>de</strong> elevado gradiente geotérmico refletem-se em paragêneses indicadoras<br />

<strong>de</strong> baixa pressão, além <strong>de</strong> abundância em granitos, migmatitos e áreas do embasamento<br />

rejuvenescido, feições abundantes na região consi<strong>de</strong>rada.<br />

3. Ao que tudo indica o gradiente geotérmico que caracteriza o metamorfismo do Ciclo Brasiliano,<br />

que no que tange à formação <strong>de</strong> material cogenético quer no que diz respeito ao rejuvenescimento do<br />

embasamento pré-brasiliano, não foi constante em toda área abordada, diminuindo <strong>de</strong> N para S.<br />

Assim, enquanto na região do Seridó e na faixa costeira entre a Bahia e a Guanabara, a presença <strong>de</strong><br />

cordierita configura um metamorfismo tipo Abukuma (Winkler, 1967), mais para os arredores <strong>de</strong><br />

São Paulo, Coutinho (1972) caracterizou condições do tipo New Hampshire. Entretanto, seus recentes<br />

achados <strong>de</strong> cianita (comunicação pessoal) passam a configurar, para a citada área, condições<br />

metamórficas do tipo barrowiano. Idênticas condições foram <strong>de</strong>terminadas por Melcher et alii<br />

(1973) junto à divisa entre os estados <strong>de</strong> São Paulo e Paraná, baseado em paragênese críticas, e por<br />

Wernick e Gomes (1974) baseados na composição <strong>de</strong> rochas graníticas.<br />

4. O aumento da relação pressão/temperatura no Complexo Cristalino <strong>de</strong> Norte para Sul implicaria<br />

numa diminuição, no mesmo sentido, das áreas <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> nitidamente rejuvenescidas<br />

durante o Ciclo Brasiliano. Tal constatação, entretanto, só po<strong>de</strong>rá ser efetuada através <strong>de</strong> minuciosas<br />

investigações geocronológicas e levantamentos estruturais, e opõem-se à interpretação <strong>de</strong><br />

Hasui (1973) que consi<strong>de</strong>ra, para o Estado <strong>de</strong> São Paulo, o Complexo Cristalino como unida<strong>de</strong><br />

cogenética do Cinturão da Ribeira, Ajusta-se, por outro lado, à interpretação <strong>de</strong> Fuck et alii (1971)<br />

que, baseados em datações <strong>de</strong> anfibolitos e rochas ultrabásicas do Complexo Cristalino consi<strong>de</strong>ramno,<br />

no Estado do Paraná, como uma unida<strong>de</strong> pré-brasiliana.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agra<strong>de</strong>cem ao Conselho Nacional <strong>de</strong> Pesquisa (CNPq), pelo suporte financeiro<br />

dado ao presente trabalho e à Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />

(FAPESP) pelo fornecimento <strong>de</strong> veículo para a realização dos trabalhos <strong>de</strong> campo.<br />

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Porto Alegre - Anais. Porto Alegre, <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> BrasHeira <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong>. No prelo.<br />

WINKLER; H. G. F. - 1967. Die Genese <strong>de</strong>r Metamorphen Gasteine. 2~ ed. New York. Springer Verlag. 237p.<br />

ZWART, H. J. . 1967 . The duality of orogenic belts. Geologle eu Mijnboo S'Gravanhague. 46(8):283.309.


-.-<br />

ROCHAS VULCÂNICAS ACIDAS E SUBVULCÂNICAS<br />

NO LESTE DA AMAZONIA<br />

JAIME F. V. ARAÚJO*, ANA M. DREHER*<br />

ABSTRACT<br />

Petrographic knowledgements gained in associated acid volcanic and subvolcanic rocks are synthesized in thia work. The rocks<br />

are those mapped by Projeto RADAM as partaining tba lriri Formation of the Uatumã Group in tbe SB-22 Aragoaia, nortb Df tbe se-<br />

22 Tocantins, SB.21 Tapajóo, and in part Df tbe SC-22 Juzuena o~ta.<br />

Mapping was carried out after the radar imagery interpretation, the field work being realized in pre selected aress eitber using<br />

helicopter or .oado and otraamo coto.<br />

The collected hand samples have been submited to patrographical, geochronological and chemical analysis.<br />

INTRODUÇÃO<br />

As primeiras informações sobre a ocorrência <strong>de</strong> rochas vulcânicas na Amazônia, são<br />

reportadas a segunda meta<strong>de</strong> do século passado, quando em 1&74, Charles Fre<strong>de</strong>rick Hartt observou<br />

diques <strong>de</strong> diorito e pórfiros no Rio Tapajós. Desta época até nossos dias, inúmeros pesquisadores<br />

fizeram refurências a ocorrências <strong>de</strong> rochas vulcânicas e piroclásticas nos mais variados locais,<br />

porém quase sempre observados ao longo da calha dos rios que atravessam essa vasta região, <strong>de</strong>vendo-se<br />

ao Projeto RADAM o seu mapeamento nestes interflúvios.<br />

A primeira <strong>de</strong>signação dada a esse conjunto <strong>de</strong> rochas, ao qual foram associados elásticos<br />

finos, foi Série Uatumã. é <strong>de</strong>vida a Oliveira e Leonardos (1943), baseados na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> AIbuquerque<br />

(1922) a montante da cachoeira Balbina no Rio Uatumã, e colocada duvidosamente no<br />

Cambriano.<br />

Durante bastante tempo, tanto sua litologia como posição estratigráfica, permaneceram<br />

confusos. Recentemente ao conjunto <strong>de</strong> vulcanitos ácidos, ignimbritos, piroelásticas e intrusivas<br />

associadas, que ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as adjacências do Rio Novo para o Sul, a SUDAM/Geomineração<br />

(1970) fez a proposição do nome Formação Iriri, correlacionando-a a fase ácida do Grupo Fumaça,<br />

<strong>de</strong>finido por Forman (1968), na Cachoeira do mesmo nome do Rio Trrmbetas.<br />

°DNPM/RADAM


162 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Deve-se a Caputo, Rodrigues e Vasconcelos (1971) a sua proposição a categoria <strong>de</strong><br />

Grupo e a Silva et alii (1974) sua subdivisão nas seguintes unida<strong>de</strong>s:<br />

Formação Iriri<br />

- Formação Sobreiro<br />

- Formação Rio Fresco<br />

Silva et alii (op. cito ) consi<strong>de</strong>ram riolitos, dacitos, piroclastos, ignimbritos e granófiros,<br />

como pertencentes à Formação Iriri estando associadas rochas graníticas <strong>de</strong>nominadas Velho<br />

Guilherme. Ao conjunto <strong>de</strong> riolitos, tufos e brechas vulcânicas ocorrentes no baixo curso do Rio<br />

Aripuanã, Almeida e Nogueira Filho (1959), <strong>de</strong>nominaram <strong>de</strong> Quartzo Pórfiro do Aripuanã. Silva et<br />

alii (op. cit.) incluem como pertencendo à Formação Iriri, rochas como riolitos, riodacitos, dacitos,<br />

an<strong>de</strong>sitos, tufitos, ignimbritos e rochas sedimentares (?) associadas e corpos subvulcânicos chamados<br />

Granito Teles Pires e Sienito Canamã.<br />

Na região do Rio Jamanxim, a SUDAM/Geomitec (1972) refere-se a riolitos, riolitos<br />

pórfiros e alcalinos, dacitos, riodacitos, <strong>de</strong>lenitos, tufos <strong>de</strong> cristal, vítreos e líticos <strong>de</strong> composição<br />

riolítica, an<strong>de</strong>sitos pórfiros, an<strong>de</strong>sitos, an<strong>de</strong>sitos hemicristalinos pórfiros e tufos <strong>de</strong> cristal an<strong>de</strong>síticos.<br />

Santos et alii (1974) incluem como pertencentes à Formação Iriri, rochas como riolitos,<br />

dacitos, riodacitos, an<strong>de</strong>sitos, granófiros, piroclásticos, sedimentares associadas e rochas subvulcânicas<br />

<strong>de</strong>nominadas Granito Maloquinha.<br />

Distribuição qa Área<br />

A Formação Iriri, na folha SB.22 Araguaia, foi mapeada numa faixa grosseiramente<br />

alongada NW -SE, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Iriri até a faixa envolvente a Serra <strong>de</strong> Cubencraquém, atravessando o<br />

Rio Xingú na região da Cocraimoro e o Rio Riozinho a sul da Cachoeira <strong>de</strong> Um Dia. Penetra pelo leste<br />

da folha SB .21, seguindo a orientação dos vales dos rios Iriri, J amanxim e respectivos afluentes,<br />

havendo ainda exposições nos vales dos rios Acarí e Sucundurí e parte SW das folhas SB.21-Y A e<br />

YC. Na porção mapeada pelo Projeto RADAM da folha SC.21 Juruena, esten<strong>de</strong>-se numa faixa com<br />

direção aproximada EW que prolonga-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a região ao sul da Base Aérea <strong>de</strong> Cachimbo até a<br />

confluência do Rio Maracanã com o Aripuanã, e bor<strong>de</strong>ja tanto o flanco N quanto o W da Chapada <strong>de</strong><br />

Dardanelos.<br />

ESTRATIGRAFIA<br />

Na folha SB.22 Araguaia e parte da SC.22 Tocantins, a Formação Iriri, acha-se ora assente<br />

discordantemente sobre o Complexo Xingú, ora sobre o Grupo Grão-Pará e ora sobre a Formação<br />

Sobreiro. Está sobreposta pela Formação Gorotire e intrudida por granitos do tipo Velho<br />

Guilherme.<br />

Na folha SB.21 Tapajós, está sotoposta ao Grupo Beneficente e antece<strong>de</strong> os Granitos<br />

Maloquinha.<br />

Na porção mapeada da folha SC.21 Juruena, a Formação Iriri assenta discordantemente<br />

sobre o Complexo Xingú, corta o Grupo Beneficente, e está sobreposta discordantemente pela Formação<br />

Prosperança.<br />

Rochas vulcânicas e piroclásticas ácidas<br />

Riolitos<br />

PETROGRAFIA<br />

A cor <strong>de</strong>ssas rochas geralmente varia <strong>de</strong> marrom avermelhado a rosa acinzentado. Possuem<br />

textura porfirítica com larga predominância em volume, da matriz sobre os fenocristais <strong>de</strong> quartzo,<br />

feldspato alcalino e plagioclásio.<br />

O quartzo tem uma forma subédrica a arredondada apresentando geralmente o fenômeno<br />

<strong>de</strong> corrosão magmática, po<strong>de</strong>ndo às vezes estar ausente como fenocristal, mas a sua presença<br />

constante na matriz, atesta o caráter ácido das rochas.<br />

O ortoclásio e, mais raramente a sanidina, são pertíticos, subédricos, maclados segundo


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ARAÚJO, DREHER 163<br />

Caris bad , e alterados para argilo-minerais e sericita. A albita ou o oligoclásio quando presentes,<br />

ocorrem em quantida<strong>de</strong>s subordinadas, com formas também subédricas e às vezes zonados; os<br />

plagioclásios ácidos mostram geminação polissintética e estão invariavelmente, alterados a sericita<br />

e argilo-minerais. Biotita e hornblenda raramente formam fenocristais: pouco <strong>de</strong>senvolvidos e parcialmente<br />

alterados a clorita e opacos.<br />

A matriz dos riolitos é cripto a microcristalina, formada por um fino agregado quartzo'<br />

feldspático. Em várias amostras a matriz exibe uma estrutura fluidal, marcada por linhas <strong>de</strong> fluxo<br />

contínuas sendo também comum a presença <strong>de</strong> áreas ou lentes <strong>de</strong> intensa <strong>de</strong>svitrificação com for-<br />

TABELA 1<br />

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Sanidina Pertítica<br />

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Biotita x x x x x x x x x x<br />

Zircão x x x x x x x x x x x<br />

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Sericita x x x x x x x x x x x x<br />

Clorita x x x x x x x x x x x x x<br />

Epidoto x x x x x x x x<br />

Oxido <strong>de</strong> Ferro x x x x x x x x<br />

Argilo Minerais x x x x x x x x x x x x x x x x x x<br />

Carbonatos x x x x x x<br />

Vidro<br />

Fluorita x<br />

OBS.: (1) Albita<br />

(2) Microclínio


164 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

mação <strong>de</strong> intercrescimento micrográfico e granofírico em contraste com áreas somente <strong>de</strong> incipiente<br />

<strong>de</strong>svitrificação. Po<strong>de</strong>m ocorrer ainda pequenas cavida<strong>de</strong>s amigdaloidais preenchidas por quartzo,<br />

feldspato e, às vezes, zeolitas e fluorita. O grau <strong>de</strong> alteração da matriz varia, sendo esta geralmente<br />

para sericita e material argilo-ferruginoso. Há amostras com notável transformação a calcita,<br />

clorita e epidoto.<br />

Os acessórios comuns são apatita, zircão, esfeno, leucoxênio, sulfetos e outros opacos.<br />

TABELA 2<br />

(Riodacitos e Dacitos)<br />

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vez algum evento piroclástico associado.<br />

Rochas Piroclásticas<br />

ARAÚJO, DREHER 165<br />

Dentre as rochas piroclásticas <strong>de</strong> composição ácida foram i<strong>de</strong>ntificados tufos vítreos,<br />

tufos <strong>de</strong> cristais e líticos. lapili-tufos e brechas.<br />

Os tufos possuem, em geral, uma coloração cinza ou avermelhada e mais raramente<br />

marrom ou creme. São rochas extremamente compactas, com fratura conchói<strong>de</strong>, afaniticas ou por-<br />

firoclásticas, possuindo normalmente alguma estratificação ou orientação preferencial.<br />

Ao microscópio, seus contituintes principais são fragmentos angulosos <strong>de</strong> quartzo. felds-<br />

patos e fragmentos líticos geralmente <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> rochas vulcânicas ácida!! ou intermediárias, chert.<br />

tufos e ignimbritos. A matriz é composta <strong>de</strong> um material microfelsítico ou hemivítreo. notando-se, em<br />

várias amostras, indícios ou contornos <strong>de</strong> antigas lascas vítreas ora <strong>de</strong>svitrificadas e em disposição<br />

irregular. Nos tufos vítreos essa massa vitroclástica predomina largamente sobre os finos fragmentos<br />

cristalinos ou líticos. Os tufos <strong>de</strong> cristais po<strong>de</strong>m por sua vez ser facilmente confundidos com certos<br />

sedimentos imaturos epic1ásticos comumente associados às vulcânicas da região. como grauvacas<br />

formadas a partir <strong>de</strong> materia! vulcânico fino que lhe são bastante similares.<br />

Os lapili-tufos e brechas possuem essencialmente a mesma composição dos tufos <strong>de</strong> cris-<br />

tais e líticos propriamente ditos, diferindo <strong>de</strong>stes somente no tamanho dos fragmentos.<br />

Todas as rochas piroclásticas da região, em maior ou menor grau, sofreram <strong>de</strong>svitri-<br />

ficação, alteração a sericita, carbonatos, clorita e epidoto e freqÜenterecristalização principalmente<br />

quando foram submetidas a esforços cataclásticos. São comuns também uma forte disseminação <strong>de</strong><br />

óxido <strong>de</strong> ferro e minerais opacos nestas rochas, ocorrendo vez por outra, biotita, zircão, apatita e<br />

fluoritaacessoriamente.<br />

TABELA 3<br />

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(Rochas Piroclásticas)<br />

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Felds1>ato x x x. x x x x<br />

Feldspato Alcalino x? x x x<br />

Ortoclâsio pertítico x x x x<br />

Microclínio x x<br />

Plagioclâsio x x x x x x x x x<br />

Albita x x<br />

Oligoclâsio x<br />

Biotita x x x x<br />

Muscovlta x x x<br />

Zircão x x x x<br />

A1>atita x x x x<br />

Opacos x x x x x x x x x x x x x x x<br />

Sericita x x x x x x x x x x x x x x x x x<br />

Clorita x x x x x<br />

Epidoto x x x x x x<br />

Oxido<strong>de</strong> Ferro x x x x x x x x x<br />

ArgiloMinerais<br />

Carbonatos<br />

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Vidro x x x x x x x x? x x? x x x? x x<br />

Fragmentos <strong>de</strong> Rocha x x x x x x<br />

Ignimbritos . Macroscopicamente OS ignimbritos são semelhantes aos tufos tanto na sua<br />

textura afanítica ou porfiroclástica como na estrutura orientada ou suas cores predominantemente<br />

avermelhadas. O critério utilizado para distinguir as amostras <strong>de</strong> ignimbritos das rochas tufáceas<br />

da região, foi a presença <strong>de</strong> pequenos fragmentos vítreos firmemente soldados e comprimidos <strong>de</strong><br />

modo que sua disposição planar faça com que a rocha apresente uma textura que se assemelha à<br />

textura <strong>de</strong> fluxo, É verda<strong>de</strong> que a intensa <strong>de</strong>svitrificaçáo e alteração a que estas rochas foram subo<br />

metidaspermiteque seobservesomenteoscontornosdosfragmentosvítreos,mas a suatendência<br />

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166 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

circundar os fenoclastos e a ausência <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> fluxo contínuas são características.<br />

Os fenoclastos são sempre subordinados em relação a matriz, sendo geralmente fragmentos<br />

<strong>de</strong> quartzo e feldspatos com bordas lascadas e corroidas, os últimos sempre muito alterados<br />

a sericita e argilo-minerais. Ê comum também o englobamento <strong>de</strong> partículas <strong>de</strong> rochas félsicas, parcialmente<br />

digeridas ou mesmo <strong>de</strong> corpos essencialmente vítreos. A biotita po<strong>de</strong> estar presente, o<br />

zircão é raro e os opacos são freqüentes. Sercita e óxido <strong>de</strong> ferro normalmente impregnam todas estas<br />

rochas.<br />

MINERALOGIA<br />

TABELA 4<br />

(Ignimbritos)<br />

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Sericita x x x x<br />

Clorita x<br />

Epidoto x<br />

Oxido <strong>de</strong> Ferro x x x x<br />

Argilo Minerais x x<br />

Carbonato x x<br />

Fragmentos <strong>de</strong> Rocha x x<br />

Vidro x x x x<br />

Rochas Sub-Vulcânicas Ácidas<br />

Granito Velho Guilherme' . Apresenta-se com tendência alasquítica, e variações petrográficas<br />

indo <strong>de</strong> granito a granodiorito. Microscopicamente, o quartzo apresenta-se anédrico com<br />

extinção ondulante, os feldspatos alcalinos são representados por microclínio pertitizado (subordínadamente<br />

ortocIásio) levemente alterados a argilo-minerais. Há indícios <strong>de</strong> metassomatose alcalina<br />

na rocha. O plagiocIásio sódico (albita-oligoclásio) com lamelas da macIa encurvadas, parcialmente<br />

substituído por feldspato alcalino e bastante alterado a sericita. A biotita acha-se cIoritizada,<br />

sendo raras a horblenda e a moscovita, estando esta associada a biotita. Os acessórios chegam a per:fazeraté<br />

1% da rocha.<br />

Granito Maloquinha - Granitos Grosseiros -São rochas leucocráticas, granulares, grosseiras,<br />

em geral avermelhadas <strong>de</strong>vido a impregnação <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro. Ao microscópio, além da<br />

textura granular hipidiomórfica grosseira, o quartzo e o ortoclásio perfazem às vezes mais <strong>de</strong> 80%<br />

da rocha. O plagioclásio sódico raramente supera 10%, enquanto a biotita alcança no máximo 5 % .<br />

Os acessórios são escassos, registrando-se a presença <strong>de</strong> fluorita, moscovita, opacos e zircão. Entre os


MINERALOGIA<br />

~FIIVG<br />

RM-5 RK-7 RM-9 007<br />

QuartzQ 27t 7 35,6 40,6 20<br />

Feldsp. Alcalino 44.6 34.5 26,2 68<br />

Plagioc:lásiO 10,5 26,8 29,0 10<br />

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Opacos x x x x<br />

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Fluori ta (?) (1) (?) x<br />

Zircão x x x x<br />

Epidoto x x x x<br />

Argilo Minerais x x x x<br />

ARAúJO,DREHER 167<br />

minerais secundários observa-se clorita, argilo-minerais, sericita e óxido <strong>de</strong> ferro.<br />

O quartzo que normalmente é anédrico, por vezes apresenta-se com algumas faces e formas<br />

<strong>de</strong> corrosão magmática. Seus cristais atingem por vezes 5 mm.<br />

Alguns intercrescimentos mirmequíticos são observados. Os álcali-feldspatos variam <strong>de</strong><br />

anédricos a subédricos, com geminação Carlsbad, pertíticos, alterados a argilo-minerais e recobertos<br />

por óxido <strong>de</strong> ferro. A biotita, varieda<strong>de</strong> parda, está sempre bastante oxidada.<br />

Granitos Pórfiros - Apresentam fenocristais grosseiros envoltos por uma matriz finamente<br />

cristálina. Tem distribuição e importância subordinada em relação às <strong>de</strong>mais.<br />

Microscopicamente a matriz perfaz mais da meta<strong>de</strong> da rocha, sendo formada por cristais<br />

interpenetrados <strong>de</strong> quartzo, ortoclásio e plagioclásio. Localmente há <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> intercrescimentos<br />

micrográficos entre os dois primeiros. A biotita é o máfico presente, cloritizada e oxidada.<br />

Os fenocristais são <strong>de</strong> quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio. O primeiro é anédrico, com extinção<br />

ondulante e microfraturado, o segundo maclado Carlsbad, está algo pertítizado e alterado a argilo<br />

minerais e com impregnação <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro. Os plagioclásios foram substituidos por epidoto e<br />

sericita. Os acessórios são: opacos, esfeno, apatita, fluorita e epidoto.<br />

TABELA 5<br />

Granito Vellio Guilherme<br />

r.n NERALOGIA<br />

~S 19/DS-22131/DS-2 [t5/DS... 01 BA/DS-2<br />

Quartzo 42 34 42 35 x<br />

Microcl{nio<br />

Ortoclásio 471 x 501 35<br />

Pertita x 55 x<br />

Plag. Sódico 8 10 3 25 x<br />

Bioti ta 3 1 5 5<br />

Huscovi ta<br />

TABELA 6<br />

Granito Maloquinha<br />

x<br />

Apatita x x<br />

Epidoto x x<br />

Esfeno x<br />

Fluori ta x x x<br />

Opac os x x x x<br />

zircão<br />

?<br />

x x<br />

1<br />

x<br />

Clorita x x<br />

Serici ta x x x<br />

Argilo Minerais x x x x x<br />

Oxido <strong>de</strong> Ferro x x x x x<br />

OBS.: Determinação Duvidosa (? )<br />

Inclui pertita (1 )<br />

Granito Teles Pires - Granitos Normais - Possuem coloração avermelhadas <strong>de</strong>vido ao<br />

feldspato alcalino que é o mineral dominante; sua granulação varia <strong>de</strong> média a grosseira, ocasionalmente<br />

pegmatói<strong>de</strong>. São leucocráticos, com máficos tão escassos que algumas varieda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser<br />

consi<strong>de</strong>radas alasquíticas. Ao microscópio. são sempre granulares hipidiomórficos e <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formações cataclásticas. Seus componentes essenciais são o ortoclásio intensamente pertítico e<br />

geminado segundo Carlsbad. o quartzo subédrico a anédrico com extinção ondulante e por vezes intercrescido<br />

gráficamente no feldspato alcalino. Os plagioclásios sódicos são subordinados. ou mesmo<br />

ausentes. Entre os máficos sobressai a biotita cloritizada e, numa única amostm, riebeckita. Os<br />

acessórios são escassos e pouco diversificados: allanita, apatita, epidoto, esfeno, fluorita, opacos,<br />

zircão, xenotima ou monazita. Secundariamente <strong>de</strong>staca-se a formação <strong>de</strong> argilo-minerais a partir<br />

dos álcali.feldspatos, que geralmen\e recóbrem-se também por óxido <strong>de</strong> ferro. Numa das amostras,<br />

houve formação <strong>de</strong> moscovita e mica ~inífera, acompanhados por alguma fluorita.<br />

O riebeckita-granito não ~fere dos <strong>de</strong>mais granitos a não ser pela presença <strong>de</strong>ste anfibólio;<br />

este é subédrico, por vezes zo~ado, com intenso pleocroismo azul índigo e inclusões <strong>de</strong><br />

opacos.<br />

Microgranitos . Associados aos vários tipos <strong>de</strong> granitos, os microgranitos são alas-<br />

x1


168 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

qufticos possuindo granulação fina e unifonne, e coloração rósea.<br />

Ao microscópica apresentam textura hipidiomórfica isogranular, compondo-se essencialmente<br />

por feldspatos alcalinos (ortoclásio ou microclínio) parcialmente argilizados, e quartzo<br />

xenomórfico com extinção Qndulante e geralmente bordos corroidos, ou constituindo pequenos intercrescimentos<br />

<strong>de</strong> ex.solução. Subordinadamente ocorrem plagioclásio sódico (albita.oligoclásio),<br />

raras lamelas <strong>de</strong> biotita e uns poucos acessórios.<br />

Granitos Pórfiros - Possuem tonalida<strong>de</strong>s avennelhadas e são bastante leucocráticos.<br />

Sua textura é porfirítica, em que os fenocristais <strong>de</strong> quartzo, ortoclásio e plagioclásio repousam<br />

numa massa fundamental holocristalina, isogranular e característica <strong>de</strong> jazimento hipoàbissal. A<br />

biotita, parcialmente cloritizada, é o mineral máfico presente, ocorrendo em quantida<strong>de</strong>s muito<br />

subordinadas.<br />

TABELA 7<br />

(Granito Teles Pires)<br />

.... N<br />

N ~.., O> o<br />

N N<br />

o N .... .... "': "': "': "': "': .... ....<br />

:';<br />

"':<br />

,.: ,.: ,.: .... .... .... .... ....<br />

N .... .... N ....<br />

MINERALOGIA .. .... .... N .., ... o .... .., N<br />

'"<br />

o o o ....<br />

Quartzo<br />

'"<br />

x<br />

'"<br />

32<br />

'"<br />

x<br />

'"<br />

x x 40 x 3S x x x x x 10 20 25<br />

.,:<br />

..<br />

x<br />

.,:<br />

..<br />

x<br />

<br />

x<br />

Microclínio x 30 x x x<br />

Ortoclásio x x x x 57 x 45 x x x 60 50 x x x<br />

Pertita x x x x x x x x 10 x x x x<br />

Plagioclásio x 2 x x 45 x x x<br />

Plagioclásio Sádico x 25 17 x x 15 20<br />

Biotita x 10 x x x 1 x x x x x 1 x x x<br />

Muscovita x 3 x<br />

Mica Litinífera x<br />

Tremolita/Actinolita 10<br />

Riebeckita x<br />

Allani ta x<br />

Apatita x x x x 1 x x<br />

Epidoto x x x 5 2<br />

Esfeno x 3 x x x 1 x<br />

Fluorita<br />

Opacos<br />

x<br />

x x x<br />

x<br />

x x x x<br />

x<br />

x<br />

"<br />

x x 7 x x x x x<br />

Zircão x x x x x x x x x x<br />

Xenotima ou Monazita (?) x?<br />

Clorita x x x x x x 10 1 3 x x x<br />

Carbonatos 1<br />

Sericita x x x x x x x x x<br />

Argila Minerais x x x x x x x x x x x x x x x x x x<br />

Oxido <strong>de</strong> Ferro x x x x x 3 x x x<br />

Granófiros -Aqui consi<strong>de</strong>rados em um item separado, os granófiros ácidos foram, entretanto,<br />

nas folhas SB-22 Araguaia e SB-21 Tapajós, atribuidos à Fonnação Iriri, enquanto que os<br />

da folha SC~21 Juruena, foram relacionados aos granitos intrusivos Teles Pires. A razão para essa<br />

interpretação está no fato <strong>de</strong>ssas rochas serem facilmente confundidas com rochas vulcânicas porfiríticas<br />

ou com granitos pórfiros.<br />

Caracterizam-se por uma textura granofirica, com fenocrlstais <strong>de</strong> quartzo e feldspatos<br />

imersos em uma matriz composta <strong>de</strong> intercrescimentos micrográficos.<br />

Os cristais maiores <strong>de</strong> ortoclásio acham-se com freqüência reabsorvidos nos bordos pela<br />

matriz, e estão sempre argilízados possuindo alguma pertitização e impregnação por óxido <strong>de</strong> ferro.<br />

Os plagioclásios sódicos são menos freqüentes, alterando-se a sericita, epidoto e mais raramente a<br />

calcita.<br />

A matriz po<strong>de</strong> ter granulação fina ou grosseira, compondo-se essencialmente por quartzo<br />

e ortoclásio intercrescidos granofiricamente.<br />

Os máficos <strong>de</strong>stas rochas são escassos, resumindo-se a pequenos cristais <strong>de</strong> hornblenda<br />

e biotitaparcialmente cloritizada e a alguns acessórios como allanita, epidoto, esfeno, zircão,<br />

apatita e opacos.<br />

Alguns granófiros mostram efeitos cataclásticos, <strong>de</strong>nunciados pelo encurvamento e


~MINERALOGIA<br />

ARAúJO,OREHER 169<br />

fraturamento dos cristais, bem como por uma forte extinção ondulante no quartzo.<br />

< N TABELA 8<br />

(Gran6firos )<br />

< I>CI I>CI .... ;.:<br />

~.<br />

.... 1'1 00<br />

.... N<br />

.... N<br />

'D >D U 00 o .... o<br />

N<br />

.... '"<br />

'"<br />

'D o<br />

. . ......<br />

E-o ~E-o<br />

ti) E-o ti) E-o ~E-o ti) E-o ....<br />

E-o<br />

p.. j::I p.. j::I p.. p.. j::I p.. ::E t:~ p.. p..<br />

Ouartzo x x x x x x x x<br />

Ortoclãsio Pertítico x x x x x x x xl<br />

Albita x<br />

OlilZoclásio x x x x<br />

An<strong>de</strong>sita x<br />

Biotita x x x<br />

Muscovita x<br />

Hornblenda x x<br />

Zircão x<br />

Apatita x x x x<br />

Esfeno x x<br />

Opacos x x x x x x x x<br />

Sericita x x x x x x<br />

Clorita x x x x x x<br />

Epidoto x x x<br />

Oxido<strong>de</strong> Ferro x x x x<br />

Argilo Minerais x x x x x x x<br />

Carbonato x x<br />

OBS.: (1) Inclui Microclínio<br />

GEOCRONOLOGIA<br />

Inúmeras datações foram realizadas em rochas da Formação Iriri. Silva et alii (op. cit.)<br />

citam isócronas <strong>de</strong> referência para os riolitos <strong>de</strong> 1645183 m.a. e 1693 1 21 m.a., respectivamente.<br />

Santos et alii (op. cit.) fornecem duas datações sendo uma <strong>de</strong> ignimbritos e a outra <strong>de</strong> dacito cataclástico,<br />

que <strong>de</strong>ram 1707 :t 41 m.a. e 1572 1 79 m.a., respectivamente. Silva et alii (op. cit.) indicam<br />

para os riolitos entre os rios Juruena e Teles Pires, ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 1.550 m.a.<br />

Para as rochas sub-vulcânicas associadas os valores apresentam-se como segue abaixo:<br />

- Granito Velho Guilherme: uma amostra analisada pelo método do Rb/Sr em rocha<br />

total forneceu a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1384 :t 58 m.a.<br />

- Granito Maloquinha: foram realizadas 5 <strong>de</strong>terminações geocronológicas que forneceram<br />

isócrona <strong>de</strong> referência Rb/Sr em rocha total, com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1687 + 21 m.a.<br />

- Granito Teles Pires: foram obtidas ida<strong>de</strong>s em torno ele' 1.550 m.a. pelo método<br />

Rb/Sr.<br />

CONCLUSOES<br />

Gran<strong>de</strong>s falhas e fraturas do tipo transcorrente criaram condições estruturais ao aparecimento<br />

<strong>de</strong> vulcanismo fissural, explosivo, riolítico e ignimbrítico, com an<strong>de</strong>sitos subordinados.<br />

Neste pOl1toa área atingiu o estágio <strong>de</strong> quasicraton ou do vulcanismo subseqüente, havendo ainda<br />

emplacement <strong>de</strong> rochas graniticas com feições circulares, cratogênicas e mineralizadas em cassio<br />

terita, topázio e tantalita.


170 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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WILLIAMN, H. et alii. 1970 - Petro(lrllfia. São Paulo. PoUsono. 446p.


PESQUISA DE COBRE EM ROCHAS CALCO-SILICATADAS<br />

EM PARAÍSO DO NORTE, 00<br />

TÊRCIO PINA DE BARROS*, SILVIO RONAN BRESSAN*<br />

ABSTRACT<br />

The object of tIlis paper is to presents tIle methodology app1ied by METAGO in the copper exploration in two contiguous areas<br />

located in the Paraiso do Norte township, Goiás Stats, Brazil,<br />

ln those areas the gneisses of tIle Basement Complex of Goiás prevail wi<strong>de</strong>ly and are locally ovarlain by micaechiste of the Araxá<br />

Group.<br />

Enclosed in tIle gneisses tIlere are lime-silicate rocks formed by regional metamorphism of impure limestones. Copper mineralizationis<br />

a880Ciated witll boudin. of these racho.<br />

The <strong>de</strong>tailed prospecting program constituted of geologic mapping, and geochemical, geophysical and drilling survey.<br />

Eight hundred and eighty two m trenching, two hundred thirty m of drill hole., extensive geochemical sampling and geophysical<br />

work were followed by laboratory <strong>de</strong>terminations for copper, when 2.138 geochemicaJ aamples, as well as three hundred sixty four drillsampies<br />

were analysed.<br />

The resulte pointed out tIle lack of economic interest for copper in the studied area.<br />

INTRODUçAO<br />

A Metais <strong>de</strong> Goiás SI A - MET AGO, localizou em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1970, uma ocorrência <strong>de</strong><br />

cobre no Município <strong>de</strong> Paraíso do Norte, Estado <strong>de</strong> Goiás. A extrema carência <strong>de</strong> jazidas cupríferas<br />

em território nacional tomava recomendável uma pesquisa on<strong>de</strong> os indícios eram promissores.<br />

Para tanto a METAGO requereu junto ao DNPM, autorização parapesquisar cobre em<br />

duas áreas contíguas, abrangendo 101,75 km2 e <strong>de</strong>nominadas áreas 1 e 2. Estas autorizações foram<br />

concedidas em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1971, tendo a pesquisa se <strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1972 a setembro <strong>de</strong><br />

1973.<br />

No presente trabalho são abordados os principais aspectos <strong>de</strong>sta pesquisa, sendo que<br />

uma. exposição mais completa consta do relatório <strong>de</strong> pesquisa apresentado ao Departamento<br />

Nacional da Produção Mineral.<br />

As áreas pesquisadas situam-se S km a oeste da se<strong>de</strong> do Municipio <strong>de</strong> Paraíso do Norte,<br />

Estado <strong>de</strong> Goiás, estando limitadas pelos paralelos 100 OS' 09" e 100 16' 23" Lat. S e os meridianos<br />

4So 46' 17" e 49000' 13" Long. W.<br />

O acesso às àreas po<strong>de</strong> ser feito por estradas não pavimentadas, mas em bom estado <strong>de</strong><br />

conservação, a partir da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paraíso do Norte, localizada às margens da rodovia BR-153,<br />

distante SOO km <strong>de</strong> Goiânia. A infra-estrutura local é razoável, contando a cida<strong>de</strong> com energia<br />

elétrica, comunicação telefônica urbana e interurbana, agências bancárias e assistência médica.<br />

· METAGO


172 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fig. 1- Mapa <strong>de</strong> Localização das Áreas <strong>de</strong> Pesquisa 1e2<br />

em Paraíso do Norte-GO.<br />

GEOMORFOLOGIA<br />

o clima da região é tropical úmido ou <strong>de</strong> savana tropical (AW <strong>de</strong> Koppen), caracterizado<br />

pela alternância <strong>de</strong> duas estações bem <strong>de</strong>finidas, uma seca (maio a setembro) e outra chuvosa<br />

(outubro a abril). A precipitação média anual está entre 1.500 a 2.000 mm, e a temperatura média<br />

em torno <strong>de</strong> 25°C, com mínima <strong>de</strong> 19°C (junho a julho) e máxima superior a 32°C (agôsto a setembro).<br />

Este clima é o principal responsável pela savana, cobertura vegetal que reveste a maior<br />

parte do Estado <strong>de</strong> Goiás e está bem representada nas áreas <strong>de</strong> pesquisa, on<strong>de</strong> predominam cerrados,<br />

ten<strong>de</strong>ndo a cerradões nas zonas aplainadas cobertas por latossolos e crostas lateríticas.<br />

Árvores <strong>de</strong> maior porte, típicas <strong>de</strong> floresta tropical, formam manchas isoladas ou matas galerias.<br />

Os solos da região são em gran<strong>de</strong> parte iatossolos areno-argilosos, <strong>de</strong> cor marrom, que<br />

atingem muitas vezes mais <strong>de</strong> 20 m <strong>de</strong> espessura. Ocorrem sobre todas as rochas pré-cambrianas e<br />

nas áreas <strong>de</strong> relevo aplainado estão associados a crostas lateríticas. Nas zonas mais dissecadas as<br />

rochas gnáissicas <strong>de</strong>ram origem a um solo argilo-arenoso, espesso, <strong>de</strong> cor cinza claro.<br />

O padrão <strong>de</strong> drenagem po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>ndrítico, localmente assumindo aspecto<br />

retangular. Quanto à classificação genética os cursos d'água são em geral, do tipo conseqüente,


BARROS, BRESSAN 173<br />

tomando-se subseqüentes quando se adaptam a diaclases e planos <strong>de</strong> foliação. O Ribeirão Coco do<br />

Meio é o principal curso d'água e está controlado em muitos locais por fraturas, apresentando<br />

padrão .retangular meandriforme. t afluente do Rio do Coco e pertence à bacia hidrográfica do Rio<br />

Araguaia.<br />

A área estudada é, em sua maior parte, topograficamente plana, <strong>de</strong>stacando-se apenas<br />

os <strong>de</strong>clives abruptos das bordas das chapadas lateríticas e as pequenas cristas, suavemente<br />

onduladas, constituídas por interflúvios semi_aplainados.<br />

StNTESE DA GEOLOGIA REGIONAL<br />

A síntese aqui exposta apoia-se no trabalho <strong>Geologia</strong> Estratigráfica, Estrutural e<br />

Econômica da Area do Projeto Araguaia <strong>de</strong> Barbosa et alii (1966), pois mapeamentos geológicos em<br />

escala regional não foram realizados por fugirem ao escopo dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa em área restrita.<br />

O Pré-cambriano indiferenciado, <strong>de</strong>finido por Barbosa et alii (op. cit.) no relatório do<br />

Projeto Araguaia, como <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> Pré-cambriano Médio a Inferior, está amplamente exposto ao sul e<br />

su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Paraíso do Norte e, em menor escala, mais ao norte. Correspon<strong>de</strong> ao ComplexoBasal <strong>de</strong><br />

Almeida (1967) e engloba migmatitos, paragnaisses, anfibolitos, dioritos, granitos róseos e leitos <strong>de</strong><br />

metabasitos intercalados.<br />

O Grupo Araxá (Barbosa, 1955), constituido essencialmente por micaxistos e quartzitos<br />

do Pré-cambriano Médio a Superior, está figurado, no Mapa Geológico do Projeto Araguaia, em<br />

vastas faixas da região norte do Estado, inclusive em toda a área pesquisada. Entretanto, nessa<br />

área foram encontradas predominantemente rochas gnáissicas similares àquelas <strong>de</strong>scritas como<br />

pertencentes ao Complexo Basal na maioria dos trabalhos sobre a estratigrafia do Pré-cambriano <strong>de</strong><br />

Goiás.<br />

O Grupo Tocantins, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> possivelmente Pré-cambriano Superior, formado em<br />

gran<strong>de</strong> parte por filitos ver<strong>de</strong>s claros, ocorre em uma gran<strong>de</strong> área a oeste das concessões <strong>de</strong> pesquisa,<br />

tendo por embasamento rochas do Complexo Basal e do Grupo Araxá.<br />

. A Formação Pimenteiras, do Devoniano Inferior, composta por camadas fossilíferas <strong>de</strong><br />

folhelhos cinza esver<strong>de</strong>ados e arenitos claros, representa os sedimentos da Bacia do Maranhão na<br />

região, ocorrendo a leste e a norte da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paraíso do Norte.<br />

As condições climáticas reinantes a partir do terciário, propiciaram a formação <strong>de</strong><br />

crostas lateríticas, amplamente distribuídas na região.<br />

Aluviões recentes ocorrem às margens aos principais cursos d'água, principalmente nas<br />

proximida<strong>de</strong>s do Rio Araguaia.<br />

GEOLOGIA DAS ÁREAS DE PESQUISA<br />

Nas áreas pesquisadas predominam metamorfitos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> pré-cambriana, representados<br />

por uma seqüência gnáissica com intercalações <strong>de</strong> rochas calco-silicatadas, sobreposta por<br />

micaxistos (Fig. 2).<br />

Estes metamorfitos que estão, em amplas áreas, cobertos por lateritas e crostas limoníticas<br />

terciário-quatemárias, foram relacionados ao Complexo Basal (Almeida, 1967) e ao<br />

Grupo Araxá (Barbosa, 1955).<br />

Rochas básicas, restritas e possivelmente <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s posteriores a estas duas unida<strong>de</strong>s<br />

estratigráficas, foram encontradas sob a forma <strong>de</strong> diques e sills.<br />

Aluviões (quatemários) ocorrem raramente e não foram mapeados por serem inexpressivos.<br />

Petrografia<br />

Complexo Basal<br />

Nesta unida<strong>de</strong> estratigráfica foram incluídas as rochas gnáissicas, constituídas essen.<br />

cialmente por biotita gnaisses, gnaisses e duas micas, piroxênio gnaisses, granito gnaisses, cain


174 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Des: AI.IW 84lÃJ<br />

Figo2- Mapa Geológico das Areas <strong>de</strong> Pesquisa<br />

111<br />

ATITUOI 01 I'OL IAÇÃO OU<br />

>- XISTOIIDADI<br />

-<br />

-"'<br />

LEGENDA<br />

TERei Á ItIO/QUATEItNÁRIO<br />

.........<br />

-.........<br />

:;:::;:;:::::::::<br />

LATERI,. TII>ICA E/OU C_TA<br />

PRÉ-CAM8R'[~z~IOR<br />

~<br />

DIQUE DE ROCHA BÁSICA: IABRO<br />

CONTATOIITRATI8RA1'ICO<br />

~OCORRÊNCIA DECOBRI<br />

>-( DIUNAIEM<br />

I<br />

--_/ ISTRADA<br />

. FAZEHDA<br />

A MÉOIO(?)<br />

lRUPO~ : QUARTZOMICAXISTOS<br />

PR É"'CAMBRIANO MItOIO A IN FERIOR<br />

D<br />

(l)IIIPLIIIO IA!IAL: IIOTITA 1..810 IIIIICOVITA<br />

IIOTlTA MAISID,.MlITO INAlSSã E PlROII(<br />

NIO fiNA..IIS, LOCALMINTE COM NIVEIS DI<br />

=~~~~~~L~ft.~~~S ~:I~~:'IT~t::~:<br />

POLITA lNAISSEI I.<br />

.'.-.)ÁRIA DI OCORRiNCIADI<br />

C._. ~ ROCHAS CALCo-51LICATADAS<br />

O<br />

N.<br />

II<br />

.<br />

100 labO 84b0. o<br />

intercalações <strong>de</strong> rochas calco-silicatadaso Estas rochas por serem portadoras das mineralizações que<br />

propiciaram a pesquisa serão tratadas separadamente das <strong>de</strong>mais litologias incluídas no Complexo<br />

Basal. aqui <strong>de</strong>nominadas Rochas Gnáissicas .


Rochas Gnáissicas<br />

BARROS, BRESSAN 175<br />

Estas rochas ocupam mais <strong>de</strong> 70 % das áreas <strong>de</strong> pesquisa e formam uma seqüência <strong>de</strong><br />

médio a alto grau <strong>de</strong> metamorfismo, compreen<strong>de</strong>ndo vários tipos petrográficos.<br />

A rocha predominante é um biotita gnaisse, <strong>de</strong> cor esbranquiçada, ban<strong>de</strong>amento nítido,<br />

que aflora, quase sempre, nas zonas mais dissecadas, sob a forma ne boul<strong>de</strong>rs com fr


176 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Os epidozitos são rochas <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong>, estrutura maciça, granulação média a fina, constituidas<br />

predominantemente por epidoto (90 %) e quartzo.<br />

Ao microscópio mostram textura granoblástica e foliação pronunciada. O epidoto, <strong>de</strong><br />

duas gerações, ora colunar, ora granular, apresenta-se em cristais bem <strong>de</strong>senvolvidos, alguns <strong>de</strong>les<br />

parcialmente maclados. O qt1artzo ocorre em cristais euédricos, agregados <strong>de</strong> forma irreguiar. A<br />

rocha contém ainda escapolita e titanita. A escapolita, em pequena quantida<strong>de</strong>, aparece como que<br />

tomando o lugar do quartzo, entre os cristais <strong>de</strong> epidoto. A titanita constitui uma fiIÚssima banda,<br />

que atravessa em ângulo reto a foliação (Fotomicrografia 1).<br />

Os escarnitos são roch~s <strong>de</strong> cor cinza amarronzada, granulação média a fina, constituidas<br />

principalmente por granada, plagioclásio, escapolita, piroxênio e epidoto, em proporções<br />

bastante variáveis nas diversas amostras estudadas.<br />

Ao microscópio, aprIJsentam textura granoblástica, sem orientação, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>staca<br />

quase sempre a gran<strong>de</strong> percentagem <strong>de</strong> granada. Esta é a melanita e forma agregados angulosos<br />

envolvendo grãos <strong>de</strong> contorno irregular <strong>de</strong> quartzo, piroxênio e plagioclásio. O plagioclásio é a<br />

bytownita, em cristais anédricos com inclusões <strong>de</strong> epidoto, granada, escapolita e piroxêIÚo. Em<br />

algumas amostras constitui o mineral mais abundante, enquanto que em outras não ultrapassa a<br />

5%. O piroxênio é a he<strong>de</strong>nbergita, que aparece ora em contato com o plagioclásio através <strong>de</strong> uma<br />

auréola <strong>de</strong> reação <strong>de</strong> epidoto, ora em contato direto com a granada. O epidoto, além <strong>de</strong> constituir<br />

auréolas <strong>de</strong> contato, ocorre em agregados <strong>de</strong> prismas colunares divergentes, com inclusões <strong>de</strong><br />

plagioclásio e alanita. A escapolita po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 20% a 30% na rocha e ocorre em concentrações,<br />

juntamente com a granada e o epidoto. O quartzo, em cristais <strong>de</strong> contorno irregular geralmente<br />

envolvidos por granada, é pouco freqüente. A titanita ocorre como acessóriq, em pequenos grânulos<br />

(Fotomicrografia 2 e 3).<br />

O escapolita-gnaisse é uma rocha leucocrática, <strong>de</strong> granulação média, ban<strong>de</strong>amento<br />

difuso, composta essencialmente <strong>de</strong> quartzo, plagioclásio e escapolita.<br />

Ao microscópio apresenta textura granoblástica algo cataclástica e foliação pronunciada.<br />

Quartzo e escapolita, predominantes, juntamente com plagioclásio, representam mais <strong>de</strong><br />

95% da rocha. O quartzo contém inclusões <strong>de</strong> titanita e escapolita. A escapolita apresenta-se em<br />

cristais anédricos, com clivagem nítida e inclusões <strong>de</strong> epidoto e quartzo. O plagioclásio ocorre subordinadamente,<br />

tanto associado à escapolita, como ao quartzo. Os acessórios são o epidoto, a<br />

titanita e a he<strong>de</strong>nbergita. O epidoto aparece em cristais anédricos e em prismas colunares (Fotomicrografia<br />

4).<br />

Fotomicrografia - 1 - Epidozito. Cristais anédricos <strong>de</strong> epidoto ( Qz) e localmente, calcita ( Ca ).<br />

( L.N. ).


BARROS, BRESSAN 177<br />

Fotomicrografia - 2 - Escarnito. Cristais anédricos <strong>de</strong> plagioc1ásio (PI ), granada (Gr) e he<strong>de</strong>ngergita ( Hd ) separados<br />

por aureóla <strong>de</strong> Teação constituida por epidoto ( L.N. ).<br />

Fotomicrografia - 3 - Escamito. lntercrecirnento <strong>de</strong> granada ( Gr ) e escapolita ( Es ); cristais prisrnáticos e anédricos<br />

<strong>de</strong> epidoto ( Ep ), alguns apresentando inclusões <strong>de</strong> alanita ( L.N. ).


178 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fotomicrografia- 4 - Escapolita gnaisse Cristais <strong>de</strong> quartzo ( Qz ) e escapolita ( Es ) intercalados em bandas largas.<br />

( L.N. ).<br />

o cálcio-silicato gnaisse é <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong>, granulação fina, constituido por quartzo, feldspato,<br />

epidoto, granada, titanita e calcita.<br />

Ao microscópio a textura é granoblástica, a foliação e o ban<strong>de</strong>amento acentuados, com<br />

as bandas sempre contendo quartzo e epidoto, e se distinguindo pela presença abundante, ora <strong>de</strong><br />

granada, ora <strong>de</strong> titanita. O quartzo aparece em cristais euédricos, com inclusões <strong>de</strong> granada, epidoto<br />

e piroxênio. O epidoto, em cristais <strong>de</strong> contorno irregular, contém inclusões <strong>de</strong> escapolita e quartzo.<br />

A granada é a almandina, com textura poiquilítica e inclusões <strong>de</strong> quartzo, calcita, piroxênio e<br />

epidoto. A calcita é um mineral que ocorre localmente, com concentração maior em algumas bandas<br />

quartzosas. Cristais <strong>de</strong> diopsídio estão envolvidos pelo epidoto e sendo substituídos por este.<br />

Alguma escapolita substitui outros minerais, em especial, o epidoto.<br />

Grupo Araxá - Nas áreas estudadas esta unida<strong>de</strong> estratigráfica é representada por quartzo micaxistos<br />

<strong>de</strong> granulação média a grosseira, compostos por moscovita, predominante, e quartzo formando<br />

agregados lenticulares.<br />

Estes micaxistos ocorrem em duas estreitas faixas alongadas na dir~ão norte-sul,<br />

situadas ao sul do Ribeirão Coco do Meio, com espessura máxima da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 m. Suas exposições<br />

são raras e quase sempre Sob a forma <strong>de</strong> blocos tabulares, basculados.<br />

Rochas Básicas - As rochas básicas encontradas nas áreas <strong>de</strong> pesquisa ocorrem sob a forma <strong>de</strong><br />

diques e sills, sem relação alguma com as mineralizações cupríferas.<br />

Os sills, bastante raros, com espessuras que não atingem 1 m, são <strong>de</strong> diabásio e estão<br />

intercalados em biotita-gnaisses.<br />

No extremo SW da área 2 ocorre um gran<strong>de</strong> dique <strong>de</strong> gabro, alinhado aproximadamente na<br />

direção NS e encaixado em um gnaisse quartzo-dioritíco. Trata-se <strong>de</strong> uma rocha cinza, <strong>de</strong> estrutura<br />

maciça, granulação média a grosseira, composta essencialmente por clinopiroxênio e plagioclásio.<br />

Coberturas Terciário-Quaternárias - As condiçõeR climáticas reinantes a partir do terciário propiciaram<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> coberturas lateríticas, tanto sobre as rochas do Complexo Basal,


BARROS, BRESSAN 179<br />

quanto sobre as do Grupo Araxá. Localmente ocorrem crostas limoníticas, <strong>de</strong> cor avermelhada,<br />

aspecto concrecionar, englobando às vezes, partículas <strong>de</strong> quartzo.<br />

Análise Estrutural<br />

A região do Município <strong>de</strong> Paraíso do Norte, on<strong>de</strong> se situam as áreas <strong>de</strong> pesquisa,<br />

apresenta um embasamento cristalino dobrado e uma cobertura sedimentar <strong>de</strong>slocada apenas por<br />

falhas. Os falhamentos principais são verticais, <strong>de</strong> direção NNW -SSW e tem expressão no relevo<br />

regional. Dentro das áreas <strong>de</strong> pesquisa não foram encontradas falhas Pertencentes a este sistema.<br />

Por outro lado, as fraturas são abundantes nos gnaisses, segundo duas direções preferenciais,<br />

N15°W e N700E, com forte tendência à verticalida<strong>de</strong>.<br />

As dobras do embasamento não parecem ter sido particularmente intensas, já que os<br />

mergulhos verificados são sistematicamente inferiores a 45°. Devido à. baixa plasticida<strong>de</strong> dos<br />

gnaisses, não foram encontradas dobras em escala <strong>de</strong> afloramento. Conseqüentemente não se<br />

obteve as medidas <strong>de</strong> suas coor<strong>de</strong>nadas geológicas, fato que, aliado a inexistência <strong>de</strong> camadaschave,<br />

dificulta sobremaneira a elucidação do padrão geral <strong>de</strong> dobramento.<br />

A direção das camadas é NNW com mergulho para NE na maior parte da área estudada,<br />

havendo, no entanto, uma <strong>de</strong>flexão pronunciada para a direção EW na parte norte da área 1, on<strong>de</strong> o<br />

mergulho é para norte. Assim, este local parece correspon<strong>de</strong>r ao eixo <strong>de</strong> um antic1inal, com caimento<br />

para NE.<br />

A diferença <strong>de</strong> competência entre camadas <strong>de</strong> calcários impuros, atualmente representadas<br />

por rochas calco-silicatadas, e as suas encaixantes, parece ter ocasionado processos <strong>de</strong><br />

boudinage, responsáveis pelo caráter lenticular atual daquelas rochas, como po<strong>de</strong> ser observado nas<br />

trincheiras abertas nos afloramentos da Crista e do Poste.<br />

Aspectos das Mineralizaçõe&<br />

As mineralizações que motivaram a pesquisa são exclusivamente cupríferas e só foram<br />

encontradas associadas às rochas calco-silicatadas.<br />

Os minerais <strong>de</strong> cobre ocorrem indistintamente nos epidozitos, escarnitos, escapolitagnaisses<br />

e cálcio-silicato gnaisses, embora, <strong>de</strong> um local para outro, tenha sido notada a presença <strong>de</strong><br />

valores mais elevados <strong>de</strong> cobre em <strong>de</strong>terminados tipos petrográficos. Assim, no afloramento da<br />

Crista as amostras que apresentaram maiores teores foram os epidozitos, enquanto no afloramento<br />

do Poste, tal fato foi observado nos escamitos e escapolita-gnaisses.<br />

A mineralização distribui-se em corpos <strong>de</strong> aspecto lenticular, <strong>de</strong> pequenas dimensões.<br />

As sondagens mostraram também pequenos níveis <strong>de</strong> rochas calco-silicatadas, porém estéreis.<br />

O afloramento do Poste foi o que forneceu amostras mais ricas, com uma, em particular,<br />

contendo 7,56% Cu. No geral os teOres variam, no entanto, entre 0,5 e 2,5% Cu, ressaltando-se<br />

que, tais valores são encontrados na zona <strong>de</strong> oxidação, que não <strong>de</strong>ve atingir mais que 2 ou 3 m.<br />

Em estudos <strong>de</strong> secções polidas foram i<strong>de</strong>ntificados calcopirita, bornita, covelina, calcosita<br />

e pirita, que estão ora preenchendo fissuras, ora disseminados (Fotomicrografia 5).<br />

A oxidação parcial dos sulfetos <strong>de</strong> cobre, propiciou a formação <strong>de</strong> crisocola, azurita e<br />

principalmente <strong>de</strong> malaquita, que aparecem em fissuras ou sob a forma <strong>de</strong> impregnações na rocha.<br />

Pelas observações <strong>de</strong> campo e estudos petrográficos realizados, tanto as rochas calcosilicatadas<br />

como as mineralizações, parecem ser <strong>de</strong> origem meta-sedimentar, provenientes <strong>de</strong> sedimentos<br />

calcários impuros (margas ?) cupríferos, sobre os quais houve a superimposição dos diversos<br />

processos metamórficos, relacionados aos ciclos tecto-orogênicos que atuaram na região. Isto<br />

está evi<strong>de</strong>nciado principalmente pelas relações <strong>de</strong>stas rochas com os gnaisses encaixantes, e por não<br />

terem sido encontradas litologias intrusivas ácidas associadas às mineralizações.<br />

TRABALHOS DE PESQUISA<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> pesquisa realizados foram mapeamento geológico, levantamentos topográficos,<br />

trincheiras, prospecção geoquímica <strong>de</strong> semi.<strong>de</strong>talhe e <strong>de</strong>talhe, prospecção geoftsica <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>talhe e sondagens.


180 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOL OGIA<br />

Fotomicrografia - 5 - Seção polida. Cristal irregular <strong>de</strong> bomita ( B ) com fraturas e bordos alterados a covelina, envolvendo<br />

parcialmente um cristal <strong>de</strong> calcopirita ( C ). ( L.N. ).<br />

Levantamentos Topográficos<br />

Além da <strong>de</strong>marcação das áreas <strong>de</strong> pesquisa, os levantamentos topográficos constaram<br />

da implantação das malhas bases para prospecção geoquímica e geofísica, e amarração dos outros<br />

trabalhos <strong>de</strong> pesquisa.<br />

implantadas<br />

As malhas mais amplas,<br />

utilizando-se o método<br />

malha B (500<br />

<strong>de</strong> balizamentos<br />

X 500 m) e malha A(200<br />

sucessivos e as <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe<br />

X 200 m), foram<br />

(malhas A 1 e A2)<br />

com o auxílio <strong>de</strong> teodolito.<br />

Foram obtidos, a partir <strong>de</strong>stes levantamentos, os mapas plani-altimétricos das malhas<br />

AI e A2'<br />

na escala 1:2.000, com curvas <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> 2 em 2 m, utilizados<br />

prospecção geoquímica e geofísica realizados nessas áreas.<br />

como bases nos trabalhos <strong>de</strong><br />

Na Figura 3 po<strong>de</strong>-se observar a distribuição das malhas.<br />

Trincheiras<br />

No centro-leste da área 1, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o afloramento da Crista até o afloramento do Poste,<br />

foram abertas 12 trincheiras, perfazendo 695,80 m lineares. Estas trincheiras visaram <strong>de</strong>terminar as<br />

relações entre as rochas calco-silicatadas, que aparecem geralmente sob a forma <strong>de</strong> blocos rolados e<br />

as rochas gnaissicas encaixantes.<br />

As observações possíveis mostraram as rochas calco-silicatadas em pequenos corpos <strong>de</strong><br />

aspecto lenticular, com eixo maior próximo a 1 m, provavelmente produto <strong>de</strong> boudinage. Estes<br />

corpos, nem sempre mineralizados, são concordantes com os gnaisses que os encaixam, que têm<br />

composição ora mais biotítica, ora essencialmente quartzo-feldspática. O solo chega a atingir vários<br />

m <strong>de</strong> espessura, sendo comum a preservação das rochas calco-silicatadas, mais resistentes ao<br />

intemperismo.


BARROS, BRESSAN 181<br />

Na zona <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> epidozitos, na margem direita do córrego Piauzinho, no norte<br />

da área 2, foram abertas 4 trincheiras totalizando 186,20 m lineares. Além da <strong>de</strong>terminação das<br />

relações entre os epidozitos e os gnaisses encaixantes, buscava.se evidências <strong>de</strong> eventuais mineralizações.<br />

g....<br />

.""1<br />

.<br />

o<br />

~MAAI<br />

Fig. 3- Mapa <strong>de</strong> Distribuição das Malhas <strong>de</strong> Pesquisa<br />

em Paraiso do Norte-Est. <strong>de</strong> Goiás.<br />

Nestas trincheiras po<strong>de</strong>-se observar os epidozitos, às vezes muito quartzosos e fraturados,<br />

constituindo um leito contínuo, com espessura que chega a atingir mais <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> m<br />

encaixados concordantemente em gnaisses suavemente ondulados. Apesar das trincheiras terem<br />

sido abertas em gran<strong>de</strong> parte na rocha, evidências <strong>de</strong> mineralização não foram expostas.<br />

A amostragem das trincheiras não obe<strong>de</strong>ceu a um critério sistemático, pois foi orientada<br />

<strong>de</strong> maneira a fornecer dados utilizáveis principalmente na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> parâmetros geoquímicos.<br />

Nas trincheiras no norte da área 2 foram coletadas 36 amostras que, analisadas,<br />

apresentaram teores em Cu muito baixos. Nas trincheiras da área I, foram coletadas 72 amostras,<br />

cujos resultados fomm <strong>de</strong> valia na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> alguns parametros geoquímicos.<br />

A campanha <strong>de</strong> prospecção geoquímica é <strong>de</strong>talhada por Ribeiro, Bressan e Barros<br />

(1974).


182 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Prospecção Geoftsica<br />

Com base nos resultados <strong>de</strong> mapeamento geológico, trincheiras e prospecção geoquímica<br />

foram selecionadas duas áreas (malhas A I e A2) para investigação a uma maior profundida<strong>de</strong>,<br />

através <strong>de</strong> prospecção geofísica. Foi escolhido o método <strong>de</strong> polarização provocada (polarização<br />

induzida), o mais indicado para sulfetos disseminados.<br />

Por se tratar <strong>de</strong> uma técnica bastante especializada, tal prospecção foi contratada, na<br />

integra, à Companhia <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Geofísica - CBG. A seguir, são expostos resumidamente os<br />

principais aspectos sobre os trabalhos realizados e a interpretação dos dados obtidos, que foram<br />

apresentados à MET AGO, em forma <strong>de</strong> relatório.<br />

Nestes trabalhos <strong>de</strong> p~specção geofísica foi utilizado um equipamento completo <strong>de</strong><br />

polarização provocada, mo<strong>de</strong>lo PP 671, da Compagnie Générale <strong>de</strong> Géophysique. Devido às<br />

especificações do equipamento que fornece, em uma só leitura, os dados <strong>de</strong> polarização provocada,<br />

polarização espontânea e resistivida<strong>de</strong> aparente, estes 2 últimos métodos foram também aplicados e<br />

utilizados na interpretação global dos resultados.<br />

Para as medições <strong>de</strong> polarização provocada, polarização espontânea e resistivida<strong>de</strong><br />

foram empregados os dispositivos <strong>de</strong>nominados retlingulo AB e tripolo. Estes dispositivos se referem<br />

à posição relativa no terreno dos eletrodos A, B, M e N.<br />

No dispositivo retlingulo AB a linha <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> corrente AB = L é fixa e as medições são<br />

efetuadas entre os eletrodos M e N, que se <strong>de</strong>slocam ao longo <strong>de</strong> linhas paralelas a AB, sendo o<br />

comprimento L função direta da profundida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>seja investigar.<br />

No dispositivo tripolo, 3 eletrodos (A, M e N) são móveis e o quarto (B) é fixo e<br />

implantado a uma distância suficientemente gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira que a medida executada no centro<br />

<strong>de</strong> MN (ponto O) só <strong>de</strong>penda pratiçamente, da corrente injetada em A. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação<br />

cresce com a distância L =OA.<br />

Na Malha AI, foram realizados 11 perfis <strong>de</strong> tripolo, orientados na direção E-W, espaçados<br />

<strong>de</strong> 80 m, com medição a cada 40 m e a duas profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investigação.<br />

Estes perfis <strong>de</strong>stacaram fortes anomalias na parte sul da malha, interpretadas como<br />

provável interferência <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> energia elétrica da Centrais Elétricas <strong>de</strong><br />

Góias - CELG, que corta a área na porção anômala.<br />

Para confirmar tal interpretação foram realizados nesta porção da malha três perfis<br />

tripolo orientados na direção N -S e um levantamento utilizando-se o dispositivo rettlngulo AB, com<br />

medições também orientadas na direção N -S.<br />

Estes trabalhos revelaram anomalias <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> média a baixa, confirmando a<br />

interpretação inicial. De um modo geral, em toda a malha não foi revelada nenhuma anomalia significativa.<br />

Na Malha A2 foi utilizado o dispositivo retlingulo AB. Para tanto a malha foi dividida<br />

em 4 retângulos iguais <strong>de</strong>nominados RI (SW), R2 (SE), R3 (NE) e R4 (NW). Os retângulos RI, R2 e<br />

R3 foram levantados em maiores problemas, com linha <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> corrente leste-oeste. O retângulo<br />

R2, porém, apresentou muitos fenômenos parasitas relacionados à linha <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> energia<br />

elétrica da CELG, que se situa ao sul, tendo sido por isto, subdividido em 2 retângulos (R2A é R2B)<br />

levantados com linha <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> corrente norte-sul, sendo as medições então, muito menos pertubadas.<br />

Em todos os retângulos os perfis foram realizados a cada 80 m, cóm medições <strong>de</strong> 40 em 40<br />

m.<br />

A interpretação dos resultados ressaltou anomalias <strong>de</strong> extensão média a baixa. No<br />

retângulo RI existem duas faixas norte-sul <strong>de</strong> valores anômalos com extensão razoável. Estas<br />

faixas, bastante coinci<strong>de</strong>ntes com a anomalia geoquímica constatada sobre o aBoramento da Crista,<br />

são bastante estreitas e foram interpretadas como possíveis corpos mineralizados a profundida<strong>de</strong>s<br />

entre 20 a 30 m. Para comprovar tais anomalias a CBG sugeriu a realização <strong>de</strong> quatro furos <strong>de</strong><br />

sonda, locados no mapa <strong>de</strong> polarização provocada da Malha A2' 'apresentado parcialmente na<br />

Figura 4.<br />

No retângulo R2B foi encontrada uma ampla anomalia <strong>de</strong> direção E-W. esta po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>vida à interferência da linha <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> energia elétrica da CELG situada pouco a9 sul,<br />

consi<strong>de</strong>rando-se que sua direção é discordante da estrutura geológica que controla as mineralizações.<br />

Mesmo assim, um furo <strong>de</strong> sonda foi ali sugerido pela CBG, cuja execução seria <strong>de</strong>terminada<br />

pelos resultados dos furos do retângulo RI.


FIG 4 - MAPA DE POLAR IZAÇAO PROVOCADA<br />

DISPOSITIVO RETANGULO<br />

Q 4.0 B!J I~ 16p 1ft.<br />

066: ALAN BAILJiJ<br />

A8=IZOOIII. T"<br />

20S ."16<br />

2,0 2,5 ~,O<br />

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E 5 CAL A D E V A LO R E 5 P. P.<br />

COOIA!\N-ilA BRASILEIRA DE GEa'ÍSICA<br />

P. P. - MALHA A2<br />

LEGENDA<br />

-_ ' 57 ----<br />

PIt INCIPAIS E"IXOS DE POISSNEL<br />

MINEItALIZAÇAO E SEU MEIt9U- . ...<br />

LHO APROXIMADO<br />

fUROS S~'ERIDO E DIItEÇÃo<br />

INCLINAç:AO N 415°<br />

CURVA DE ISOTEOR<br />

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---<br />

BARROS, BRESSAN 183<br />

Outras anomalias muito esparsas foram observadas. como na borda leste do retângulo<br />

R3 e na borda oeste do retânKUlo R4.<br />

Sondagens<br />

W E<br />

......<br />

......<br />

....<br />

.....<br />

. ....<br />

.....<br />

. ....<br />

10... ......<br />

. ....<br />

.....<br />

...<br />

.....<br />

.....<br />

. ....<br />

. ....<br />

LEGENDA<br />

Fig. 5- Perf1lLitológico Analítico do Furo SP-N~1<br />

o 100 200 '~_.Cu<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> sondagem foram <strong>de</strong>senvolvidos por uma equipe especializada da


----<br />

184 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

METAGO, com uma sonda Longyear 34, utilizando-se coroas a diamante, <strong>de</strong> diâmetros NX e BX.<br />

Foram realizados 3 furos, 2 locados na Malha A2 e Um na Malha AI, totalizando 238,10 m perfurados.<br />

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ZOa<br />

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4001.<br />

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~_-IBOr111\6NAISS€,DE~FlNAÀ<br />

__-IBOr111\6NAISS€,DE~FlNAÀ -:. MÉOIA,-NIONíTlDO,OOM c;aMTZO<br />

-- flU)SMroE MUITABIOTITA<br />

~<br />

BOr1"P1 GNA8IIE,OEGRANULAÇioMÉDtA A<br />

~NíT100,COM<br />

MUrro QUM'I2O E FEI.DSRIQt) E POUCA lIIOTm\<br />

LEGENDA<br />

+' ~<br />

o 100 ZOO<br />

'DEGRANlA..ACÃO MÉDIA A GRJ8SEJAII,<br />

CXJI QUAR12O,FEI..DSIIIJO,EPlDam, CALCITA,<br />

+' BIOTI"PI E MUITA t«JANIII.ENDII EIOU PtROXENIO<br />

BivELRICO EM EPIDCJTO<br />

~VEIO PEGMATI'nCO<br />

Fig. 6- Perfil Lito!ógico Analítico do Furo SP-P-69


BARROS, BRESSAN 185<br />

Na Malha A2' dos 4 furos sugeridos pela Companhia <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Geofísica, com o<br />

objetivo <strong>de</strong> constatar a importância das anomalias geofísicas do retângulo RI, realizou-se os furos<br />

locados próximos aos pontos N.6I (furo SP.N-6I) e P-69 (furo SP-P-69) <strong>de</strong>sta malha, aon<strong>de</strong> há<br />

10-<br />

.....<br />

..... ..<br />

.....<br />

.....<br />

o 100 2100 !DO,,. eu<br />

-<br />

70.<br />

7.,.0.<br />

LEGENDA<br />

Fig. 7 - Perfil Lito16gico Analítico do Furo SP-o-36<br />

Níw L RICq, EM HORII8LENDA E<br />

E,ou PI_ENIO<br />

NIVIL RICO 1M EPlDOTO<br />

VIIO DI QUARTZO<br />

2100 !DO<br />

' CIo<br />

superposição das anomalias geofísica e geoquímica, além <strong>de</strong> alguns afloramentos mineralizados<br />

(Fig.5).<br />

Estes furos, com profundida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 80 m, são inclinados 45° para oeste, conforme


186 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />

indicação dos dados geofísicos, coerentes com os dados <strong>de</strong> superfície, que evi<strong>de</strong>nciam um mergulho<br />

das camadas <strong>de</strong> 30 a 400 para leste. .<br />

Os testemunhos <strong>de</strong> sondagens foram <strong>de</strong>scritos macroscopicamente e analisados em<br />

.amostras compostas representativas <strong>de</strong> cada 0,5 m perfurados, por espectrografia <strong>de</strong> raio X, nos<br />

laboratórios da METAGO.<br />

Nas Figuras 5 e 6 estão graficamente representados os perfis litológicos dos 2 furos,<br />

acompanhados dos teores em cobre obtidos para cada intervalo analisado.<br />

Tendo em vista os fracos resultados obtidos nestes furos foram encerrados os trabalhos<br />

<strong>de</strong> sondagem na Malha A2.<br />

Na Malha AI foi realizado um furo vertical com 78,40 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, locado on<strong>de</strong><br />

foi constatada uma forte anomalia geofísica interpretada como interferência da linha <strong>de</strong> transmissão<br />

<strong>de</strong> energia elétrica da CELG.<br />

O furo teve como objetivo confirmar esta interpretação, pois na borda <strong>de</strong>sta anomalia<br />

situa-se o afloramento do Poste, on<strong>de</strong> foram encontrados os maiores teores em cobre das áreas <strong>de</strong><br />

pesquisa.<br />

Os testemunhos <strong>de</strong> sondagens foram analisados do mesmo modo que os obtidos na<br />

Malha A2.<br />

O perfillitológico do furo e os resultados analíticos são apresentados na Figura 7, on<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> ser observado, pelos pequenos teores em cobre e pela <strong>de</strong>scrição litológica, que a interpretação<br />

dos dados geofísicos é correta.<br />

CONCLUSOES<br />

Dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa realizados nas duas áreas estudadas, foram obtidas as seguintes<br />

conclusões:<br />

- a mineralização, exclusivamente cuprífera, está associada a rochas calco-silicatadas,<br />

restrita a alguns dos vários corpos <strong>de</strong> aspecto lenticular, <strong>de</strong> eixo próximo a I m, aflorantes no centro-leste<br />

da área I;<br />

- os minerais <strong>de</strong> cobre, calcopirita, bomita, calcosita, covelina e oxidados apresentam<br />

distribuição errática, concentrando-se localmente nos referidos corpos, com os teores atingindo,<br />

então, <strong>de</strong> 0,5 a 2,5% <strong>de</strong> cobre;<br />

- as rochas calco-silicatadas (epidozitos) que ocorrem no norte da área 2, não se revelaram<br />

portadoras <strong>de</strong> mineralizações;<br />

- os trabalhos <strong>de</strong> prospecção geoquímica e geofísica, assim como as sondagens,<br />

mostraram a inexistência <strong>de</strong> corpos mineralizados <strong>de</strong> maior expressão;<br />

- a mineralização, assim como as rochas calco-silicatadas, são <strong>de</strong> origem meta-sedimentar,<br />

provenientes <strong>de</strong> sedimentos calcários impuros (margas ?) cupríferos, submetidos a metamorfismo<br />

regional.<br />

Estas conclusões <strong>de</strong>monstram a insignificância das reservas potenciais <strong>de</strong> cobre, que se<br />

restringem, praticamente, aos afloramentos da Crista e do Poste, o que toma inviável qualquer<br />

projeto <strong>de</strong> aproveitamento econômico <strong>de</strong>ste metal, nas áreas pesquisadas.<br />

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--....-...--<br />

PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA PARA COBRE<br />

EM P ARAISO DO NORTE, Go<br />

MARCELO JOSÉ RIBEIRO'" , SILVIO RONAN BRESSAN*, TÉRCIO PINA DE BARROS'"<br />

ABSTRACT<br />

This papet covers the main features of the geochemicaJ survey that formed the basis of exploration of the copper mineralization<br />

in Paraiso do Norte, Goiás, by Metais <strong>de</strong> Goiás S/A. METAGO.<br />

The geochemical survey consisted of soi! sampling in tive grids laid on area of 101,75 km. 2. wbere copper minerais hed been<br />

i<strong>de</strong>ntified in two separate outcrops. More than 1800 samples were collected and anaJysed.<br />

Trialsampling of stream sediments proved to be unreliable as a method of prospecting for copper in this area.<br />

No sjgnificant anomaly was <strong>de</strong>tected as a result of this work. Around the copper.bearing outcrops, only minor anomalies were<br />

found. Further exploration by otber methods confirmed the negative results of the geochemical survey.<br />

INTRODUÇÁO<br />

O presente estudo aborda os principais aspectos dos trabalhos <strong>de</strong> prospecção geoquímica<br />

<strong>de</strong>senvolvidos durante a pesquisa <strong>de</strong> uma ocorrência <strong>de</strong> cobre associada a rochas calco-silicatadas,<br />

realizada em duas áreas requeridas pela Metais <strong>de</strong> Goiás SI A no munícipio <strong>de</strong> Paraíso do<br />

Norte, Goiás.<br />

As áreas pesquisadas, <strong>de</strong>nominadas áreas 1 e 2, abrangem 101,75 km2 e situam-se 8 km<br />

a oeste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paraíso do Norte, no centro-norte do Estado <strong>de</strong> Goiás, 830 km ao norte <strong>de</strong><br />

Goiânia (Fig. 1).<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> prospecção geoquímica constaram essencialmente da amostragem <strong>de</strong><br />

solo em 5 malhas distintas, com o objetivo <strong>de</strong> verificar a extensão das mineralizações cupríferas<br />

expostas nas áreas estudadas em somente dois afloramentos.<br />

Além <strong>de</strong>stes trabalhos, efetuou-se uma amostragem experimental <strong>de</strong> sedimentos ativos<br />

<strong>de</strong> corrente, tendo os dados obtidos revelado não ser este método indicado para a prospecção <strong>de</strong><br />

cobre nas áreas pesquisadas.<br />

Os resultados da campanha <strong>de</strong> prospecção geoquímica mostraram a pequena importância<br />

em área dos afloramentos mineralizados conhecidos, bem como revelaram a inexistência <strong>de</strong><br />

outras anomalias significativas para cobre nas duas áreas prospectadas. Estes resultados foram<br />

confirmados por trabalhos posteriores <strong>de</strong> prospecção geoBsica <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe e sondagens (Barros et<br />

alii, 1974).<br />

Para uma melhor compreensão dos dados geoquímicos expostos neste estudo, são ainda<br />

apresentados os aspectos fisiográficos e geológicos mais importantes da região estudada.<br />

ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA REGIAO<br />

A região <strong>de</strong> Paraíso do Norte, <strong>de</strong> clima tropical úmido, caracteriza-se fisiograficamente<br />

pela presença <strong>de</strong> pedimentos cobertos por lateritas e couraças limoníticas, com cotas <strong>de</strong> aproximadamente<br />

400 m. Estes pedimentos ocupam extensas áreas e estão em muitos locais bastante<br />

·METAGO


190 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fig. 1 - Mapa <strong>de</strong> Localização das Ãreas <strong>de</strong> Pesquisa 1 e 2 em Paraíso<br />

do Norte - Go<br />

o<br />

.<br />

I<br />

.<br />

10<br />

I<br />

ISIC8I


RIBEIRO, BRESSAN, BARROS 191<br />

dissecados, dando origem a um relevo mais aci<strong>de</strong>ntado onda se <strong>de</strong>stacam os <strong>de</strong>clives abruptos das<br />

chapadas lateríticas e as pequenas cristas, suavemente onduladas, constituidas por interflúvios<br />

semí -aplainados.<br />

A vegetação predominante é o cerrado, que reveste gran<strong>de</strong> parte do Estado <strong>de</strong> Goiás e é<br />

especialmente <strong>de</strong>senvolvida sobre as zonas aplainadas cobertas por latossolos e crostas limoníticas.<br />

Uma vegetação mais <strong>de</strong>nsa, típica <strong>de</strong> floresta tropical, está restrita a manchas isoladas ou matas<br />

galerias.<br />

O padrão <strong>de</strong> drenagem nas áreas prospectadas po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado, <strong>de</strong> um modo geral,<br />

como <strong>de</strong>ndritico, sendo os cursos d'água normalmente estreitos e pouco profundos.<br />

Os solos, em geral in situ, são em sua maioria, latos solos <strong>de</strong> cor marron, areno-argilosos<br />

e quase sempre associados a crostas lateríticas nas áreas <strong>de</strong> relevo aplainado. Nestes solos os horizontes<br />

A e B são pouco espessos, não ultrapassando a 3 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. O horizonte C,<br />

entretanto, atinge seguidamente vá,rios m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

Em zonas mais dissecadas as rochas gnáissicas <strong>de</strong>ram origem a um solo argilo-arenoso,<br />

espesso e <strong>de</strong> cor cinza claro. Solos argilosos e orgânicos são restritos a algumas cabeceiras <strong>de</strong><br />

drenagens.<br />

GEOLOGIA DA ÁREA PESQUISADA<br />

N a área pesquisada predomina uma seqüência gnáissica pertencente ao Complexo Basal<br />

(Almeida, 1967), com intercalações <strong>de</strong> rochas calco-silicatadas portadoras <strong>de</strong> mineralização a cobre.<br />

Os gnaisses estão sobrepostos em porções restritas por micaxistos do Grupo Araxá (Barbosa,<br />

1955). Rochas básicas, possivelmente <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s posteriores a estas duas unida<strong>de</strong>s estratigráficas,<br />

ocorrem localmente sob a forma <strong>de</strong> diques e silIs (Fig. 2).<br />

A seqüência gnáissica, que em amplas partes está coberta por lateritas e crostas limoníticas<br />

terciário-quaternárias, ocupa mais <strong>de</strong> 70% das áreas pesquisadas e compreen<strong>de</strong> vários<br />

tipos petrográficos, com predominância <strong>de</strong> biotita-gnaisses, aos quais associam-se subordinadamente<br />

moscovita-biotita-gnaisses, granito-gnaisses, epidoto-gnaisses e piroxênio-gnaisses.<br />

As rochas calco-silicatadas são constituidas principalmente por epidozitos, escarnitos,<br />

escapolita-gna~sses e cálcio-silicato gnaisses, que ocorrem no extremo norte da área 2 e no centroleste<br />

da área 1.<br />

No norte da área 2 são encontrados epidozitos, estéreis, formando um nível <strong>de</strong> mais ae<br />

uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> m <strong>de</strong> espessura, concomante com os gnaisses.<br />

No centro-leste da área 1 as rochas calco-silicatadas são bem mais restritas e estão em<br />

alguns locais mineralizadas a cobre. Suas melhores exposições encontram-se nos <strong>de</strong>nominados<br />

afloramentos da Crista e do Poste, on<strong>de</strong> ocorrem em pequenos corpos <strong>de</strong> aspecto lenticular, com<br />

eixo maior da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1 m esparsos e também concordantes com os gnaisses.<br />

O afloramento da Crista é uma pequena elevação, <strong>de</strong> orientação NS, cujas dimensões<br />

atingem 400 X 150 m, situada próximo a borda leste da área 1. O afloramento do' Poste , localizado à<br />

margem esquerda do Córrego do Pompeu, é bem mais restrito em área, com as rochas calco-silicatadas<br />

aflorando por cerca <strong>de</strong> 50 m, na direção aproximadamente N -S.<br />

Nestes 2 locais estão expostas as principais mineralizações, exclusivamente cupríferas e<br />

associadas às rochas calco-silicatadas. Os minerais <strong>de</strong> cobre, calcopirita, bornita, calcocita, covelina,<br />

malaquita, azurita e crisocola, apresentam distribuição errática, concentrando-se localmente,<br />

nestas rochas, com os teores atingindo então 0,5 a 2,5 % <strong>de</strong> cobre.<br />

Pelas observações <strong>de</strong> campo e estudos petrográficos realizados, tanto as rochas calcosilicatadas<br />

como as mineralizações parecem ser <strong>de</strong> origem meta-sedimentar, provenientes <strong>de</strong> sedimentos<br />

calcários impuros (margas?) cupríferos, sobre os quais houve a superimposição <strong>de</strong> diversos<br />

ciclos metamórficos.<br />

PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA EM SOLOS<br />

Na campanha <strong>de</strong> prospecção geoquímica realizada nas duas áreas <strong>de</strong> pesquisa, utilizouse<br />

essencialmente a amostragem <strong>de</strong> solo, objetivando <strong>de</strong>limitar a extensão das mineralizações<br />

expostas nos <strong>de</strong>nominados afloramentos do Poste e da Crista e verificar a existência <strong>de</strong> outras wnas<br />

'-


-----<br />

192 ANAIS DO XXV'" CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fig. 2 - Mapa Geológico das Áreas <strong>de</strong> Pesquisa<br />

LEGENDA<br />

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. . .. ....<br />

.


RIBEIRO, BRESSAN, BARROS 193<br />

promissoras <strong>de</strong>ntro da área estudada. .<br />

Em toda a campanha foram coletadas 1864 amostras <strong>de</strong> solo, das quais 72 em amostragens<br />

especiais <strong>de</strong> trincheiras, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar a dispersão secundária do cobre no<br />

solo.<br />

Amostragem e Método Analítico<br />

A amostragem <strong>de</strong> solo foi efetuada em 5 malhas <strong>de</strong> células quadradas, com os espaçamentos<br />

entre os pontos amostrados variando para cada malha.<br />

Inicialmente realizou-se uma prospecção geoquÍmica <strong>de</strong> orientação em uma pequena<br />

malha piloto <strong>de</strong> 540 X 220 m, Malha AS, abrangendo o principal afloramento mineralizado da área<br />

estudada (afloramento da Crista), on<strong>de</strong> foram coleta das amostras <strong>de</strong> solo a cada 20 m.<br />

Com base nos resultados <strong>de</strong>ste trabalho <strong>de</strong> orientação, os afloramentos mineralizados<br />

foram amostrados em escala <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe (malhas AI e A2) e o restante das áreas <strong>de</strong> pesquisa em<br />

escala <strong>de</strong> semi-<strong>de</strong>talhe (malhas A e B).<br />

Na Tabela 1 são apresentados os dados <strong>de</strong> amostragem relativos às diversas malhas e na<br />

Figura S estão suas localizações.<br />

A Malha AI, com coleta <strong>de</strong> amostras a cada 40 m, abrangeu o afloramento do Poste com<br />

o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar a extensão das mineralizações ali expostas.<br />

Com o mesmo objetivo foi estendida a Malha A2 em torno do afloramento da Crista,<br />

englobando a Malha AS, amostrada parte <strong>de</strong> 40 em 40 m e parte <strong>de</strong> 80 em 80 m (Fig. 4).<br />

A Malha A, com amostragem <strong>de</strong> 200 em 200 m, foi <strong>de</strong>marcada com base nos dados <strong>de</strong><br />

geologia <strong>de</strong> superfície, <strong>de</strong> modo a abranger toda a área <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> rochas calco-silicatadas<br />

situada no centro-leste da área 1.<br />

O restante da área 1 e toda a área 2 foi prospectada através da Malha B, com coleta <strong>de</strong><br />

amostras <strong>de</strong> solo a cada 500 m.<br />

As malhas mais amplas (malhas A e B) foram implantadas utilizando-se o método <strong>de</strong><br />

balizamentos sucessivos e as <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe (malhas AI e A2) com auxílio <strong>de</strong> teodolito. A coleta <strong>de</strong><br />

amostras foi sempre realizada em perfis <strong>de</strong> direção E- W.<br />

Os espaçamentos <strong>de</strong> amostragem adotados nas diversas malhas foram estabelecidos<br />

tendo em vista os resultados obtidos na Malha AS, e foram consi<strong>de</strong>rados suficientes para <strong>de</strong>tectar<br />

possíveis anomalias significativas.<br />

A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostragem foi fixada em O,SOm para toda a prospecção geoquímica<br />

em solo, a partir da análise dos dados obtidos em 29 amostras coletadas a 1,00 e O,SOm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>,<br />

também na Malha AS'<br />

Estes dados indicaram que sobre as zonas mineralizadas são erráticas as variações <strong>de</strong><br />

valores obtidos nas amostras coletadas nas duas profundida<strong>de</strong>s, ou seja, os teores po<strong>de</strong>m ser<br />

maiores ou menores em qualquer uma das profundida<strong>de</strong>s, embora, em ambas sejam anômalos. No<br />

total, as amostras coletadas a 1 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> apresentam valores cerca <strong>de</strong> 15 % mais elevados<br />

que os das coletadas a O,SO cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. Estes resultados foram também encontrados em<br />

amostragens especiais <strong>de</strong> trincheiras abertas nos afloramentos da Crista e do Poste.<br />

Em cada ponto amostrado reconheu-se 200 a SOOg <strong>de</strong> material, que foi secado, moido e<br />

quarteado após terem sido retirados os seixos maiores. As análises foram realizadas atra\tés <strong>de</strong><br />

espectrografia <strong>de</strong> raio X, nos laboratórios da MET AGO.<br />

Todlis as amostras <strong>de</strong> solo, com exceção das coletadas na Malha AI, foram analisadas<br />

somente para cobre, pois as mineralizações são exclusivamente cupríferas e as análises espectrográficas<br />

completas <strong>de</strong> rochas mineralizadas não mostraram a presença <strong>de</strong> possíveis elementos<br />

indicadores.<br />

Nas amostras da Malha AI' além do cobre, foram dosados zircônio e estrôncio, visando<br />

realizar um estudo sobre a valida<strong>de</strong> da utilização dos mesmos como elementos indicadores para o<br />

cobre. Estes 2 elementos foram escolhidos por aparecerem com teores <strong>de</strong> algumas centenas <strong>de</strong> ppm<br />

em todos os espectrogramas <strong>de</strong> amostras mineralizadas.<br />

Tratamento Estatístico dos Dados<br />

As amostras <strong>de</strong> solo foram submetidas a tratamento estatístico, separadamente para as


194 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

TABELA 1<br />

Dados sobre as malhas <strong>de</strong> amostragem geoquímicaem solo - Paraíso do Norte, Go<br />

DENOMINAÇÃO MALHA DE AMOSTRAGEM NP DE AMOSTRAS<br />

Malha A 200 X 200 m 231<br />

Malha AI 40 X 40 m 264<br />

Malha A2 80 X 80 m 524<br />

Malha A3 20 X 20 m 320<br />

Malha B 500 X 500 m 453<br />

diversas malhas. Não foram agrupadas em subpopulações em função das litologias presentes nas<br />

áreas prospectadas, <strong>de</strong>vido a predominância das rochas gnáissicas em todas as malhas, com exceção<br />

da Malha B. Nesta ocorrem, em razoáveis áreas, lateritas, on<strong>de</strong> foi observado que os teores <strong>de</strong> cobre<br />

no solo são sistematicamente menores cerca <strong>de</strong> 20% que os do restante da malha.<br />

Em cada malha foram <strong>de</strong>terminados, para os teores <strong>de</strong> cobre nas amostras, os valores<br />

máximos e mínimos, média aritmética (background), variança, <strong>de</strong>svio padrão, coeficiente <strong>de</strong> variação<br />

e limiar (threshold).<br />

As curvas <strong>de</strong> freqüência dos teores <strong>de</strong> cobre nas diversas malhas, revelaram para o<br />

mesmo, distribuição aproximadamente normal.<br />

O limiar foi calculado cOmO sendo. igual a média aritmética adicionada <strong>de</strong> 3 vezes o<br />

<strong>de</strong>svio padrão, o que significa estabelecer uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emergência <strong>de</strong> 0,1 % para o valor<br />

anômalo na população estudada.<br />

Finalmente, foram <strong>de</strong>finidas curvas <strong>de</strong> isoteores que permitiram a elaboração <strong>de</strong> mapas<br />

geoquÍmicos <strong>de</strong> distribuição do cobre em solo, para cada malha.<br />

PROSPECÇÃO GEOQUtMICA EM SEDIMENTOS DE CORRENTE<br />

Uma amostragem <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente foi realizada com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>finir parâmetros geoquímicos sobre o comportamento do cobre neste material, nas áreas prospectadas.<br />

Esta amostragem comportou duas etapas: uma, no Córrego do Pompeu e outra no Ribeirão<br />

Coco do Meio e seus afluentes.<br />

Amostragem e Métodos Analíticos<br />

No Córrego do Pomheu a amostragem <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente foi efetuada<br />

juntamente com a coleta <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> barranco <strong>de</strong> drenagem e aluviões.<br />

A escolha <strong>de</strong>ste córrego foi motivada pelo fato <strong>de</strong> o afloramento do Poste, on<strong>de</strong> foram<br />

encontradas amostras mineralizadas com teores <strong>de</strong> 0,5 a 2,5% <strong>de</strong> cobre, situar-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua<br />

planície <strong>de</strong> inundação, e portanto, a dispersão secundária do cobre ser feita diretamente nos aluviões<br />

e no canal <strong>de</strong> drenagem do mesmo.<br />

A amostragem foi realizada a montante e a jus ante do afloramento mineralizado, tendo<br />

sido coletadas 54 amostras (14 <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente, 14 <strong>de</strong> barranco <strong>de</strong> drenagem e 26 <strong>de</strong><br />

aluviões) .<br />

As amostras, liberadas da fração maior que 2 mm, foram analisadas para cobre por<br />

espectrografia <strong>de</strong> raio X, nos laboratórios da MET AGO.<br />

Posteriormente, coletou-se 14 amostras <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente no Ribeirão<br />

Coco do Meio e seus afluentes, inclusive no Córrego do Pompeu, abrangendo toda a área em torno<br />

do afloramento do Poste.<br />

----


RIBEIRO, BRESSAN, BARROS 195<br />

~KIII<br />

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~"AL"A . ~<br />

Aa<br />

Fig. 3 - Mapa <strong>de</strong> Distribuição das Malhas <strong>de</strong> Pesquisa em Paraíso do Norte


196 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

..<br />

Fig. 4 - Mapa Geoquímico do Cobre em Solo-Malha A2<br />

1<br />

ao ,., 1&0..<br />

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..<br />

51<br />

53<br />

..


RIBEIRO, BRESSAN, BARflfOS 197<br />

Nestas amostras foram dosados cobre, zircônio e estrôncio, na fração abaixo <strong>de</strong> 100<br />

mesh, por espectrofotometria <strong>de</strong> absorção atômica. O ataque, realizado sobre 0,2 g das amostras,<br />

foi feito através <strong>de</strong> HCI-HNOa a quente.<br />

Na Figura 5 são apresentadas a localizações <strong>de</strong>stas amostras, bem como seus teores em<br />

cobre.<br />

LEGENDA<br />

TEOR(ppm) COME B<br />

. PONTO AMOS'ntADO<br />

AFL.ORAMENTO DO<br />

POSTE<br />

Fig. 5 - Amostragem <strong>de</strong> Sedimentos Ativos <strong>de</strong> Drenagem no Ribeirão Côco do Meio e Afluentes - Resultados<br />

para Cobre na Fração Abaixo <strong>de</strong> 100 Mesh.<br />

RESULTADOS OBTIDOS<br />

Os resultados da campanha <strong>de</strong> prospecção geoquímica serviram <strong>de</strong> base para os <strong>de</strong>mais<br />

trabalhos <strong>de</strong> pesquisa.<br />

Os parâmetros e dados obtidos evi<strong>de</strong>nciaram que a amostragem <strong>de</strong> solo foi satisfatória<br />

para se alcançar os obj~tivos propostos.<br />

As amostragens em escala <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe indicaram somente duas pequenas áreas anômalas<br />

para cobre, situadas em torno dos afloramentos mineralizados conhecidos. Nas <strong>de</strong>mais malhas não<br />

foram encontradas outras áreas promissoras aparecendo apenas alguns valores anômalos pontuais,<br />

que <strong>de</strong>talhados não mostraram nenhuma evidência <strong>de</strong> mineralizações. As amostras' <strong>de</strong> solo coletadas<br />

nos epidozitos estéreis que ocorrem ao norte da Malha B, apresentaram teores <strong>de</strong> cobre<br />

próximos ao do valor do background <strong>de</strong>sta malha.<br />

Na Tabela 2 são expostos os dados estatísticos obtidos para as diversas malhas, <strong>de</strong>stacando-se<br />

principalmente, em todas as malhas, 05 pequen05 contrastes entre 05 valores máximos e<br />

as médias aritméticas (background).


198 ANAIS DO XXV'" CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

MALHAS<br />

TABELA 2<br />

Resumo dos dados estatísticos para cobre nas ma1has <strong>de</strong> amostragem<br />

<strong>de</strong> solo - Paraíso do Norte, Go<br />

PARÂMETROS A AI A2 A3 B<br />

ESTATÍSTICOS<br />

Número <strong>de</strong> amostras 231 264 524 320 453<br />

Média Aritmética (ppm) 98 155 129 148 145<br />

Desvio padrão 39 32 67 93 78<br />

Limiar (ppm) 214 250 331 427 380<br />

Valor máximo (ppm) 305 480 350 560 420<br />

Contraste 3,1 3,0 2,7 3,7 2,9<br />

Coeficiente <strong>de</strong> variação 0,3 0,2 0,5 0,6 0,5<br />

A maior anomalia para cobre foi encontrada da Malha A3 sobre o afloramento da Crista<br />

(Fig. 4). Esta anomalia apresenta um fraco contraste e uma perfeita auréola <strong>de</strong> dispersão secundária<br />

do cobre.<br />

Os dados obtidos para o zircônio e o estrôncio em amostras <strong>de</strong> solo da Malha AI, não<br />

mostraram a valida<strong>de</strong> do emprego dos mesmos, como elementos indicadores para o cobre.<br />

No estudo rea~izado em amostras totais <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente, barranco <strong>de</strong><br />

drenagem e aluviões,coletadas no Córrego do Pompeu, po<strong>de</strong> ser observado que nenhum <strong>de</strong>stes tipos<br />

<strong>de</strong> amostragem foi capaz <strong>de</strong> marcar o afloramento do Poste, sendo os teores em cobre nas amostras<br />

coletadas a montante e a jusante <strong>de</strong>ste afloramento, bastante semelhantes.<br />

A amostragem <strong>de</strong> sedimentos ativos <strong>de</strong> corrente realizada no Ribeirão Coco do Meio<br />

também não apresentou bons resultados. As análises da fração abaixo <strong>de</strong> 100 mesh <strong>de</strong>stas amostras,<br />

mostraram que os valores <strong>de</strong> cobre não evi<strong>de</strong>nciaram o aflQramento do Poste como se po<strong>de</strong><br />

notar na Figura 5. Para o zircônio e o estroncio também analisados nestas amostras, os resultados<br />

foram semelhantes aos do cobre.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

ALMEIDA, F. F. M. . 1967 . Oboerv8ÇÕe8oobre o pré-cambrl8llO da R"IPio Central <strong>de</strong> Goiáe. Boletim Par <strong>de</strong> Geod"cIu,<br />

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58(61.<br />

in the northem Rbod..ian Cooperbelt. Eeaaomlc


RIBEIRO, GOMES DE sÃ, OLIVEIRA 201<br />

GEOQutMICA DE DETALHE NO MORRO PARAlSO<br />

No Morro Paraiso (Fig. 1, 7 e 8) <strong>de</strong>senvolveu-se amostragens <strong>de</strong> solos e rochas segundo<br />

uma malha retangular com perfis <strong>de</strong> amostragem distanciados <strong>de</strong> 200 m entre si e orientados transversalmente<br />

ao eixo maior do corpo rochoso. Ao longo <strong>de</strong> um perfil, as estações geoquímicas foram<br />

espaçadas <strong>de</strong> 100 m, correspon<strong>de</strong>ndo a cada estação, uma amostra <strong>de</strong> solo e outra <strong>de</strong> rocha.<br />

As amostras <strong>de</strong> solo foram coletadas a 20 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e peneiradas durante a<br />

amostragem objetivando a obtenção da fração 80-120 mesh.<br />

Foi coletado um total <strong>de</strong> 76 amostras <strong>de</strong> solo e igual número <strong>de</strong> rocha, as quais fQram<br />

analisadas para níquel, cobre e cobalto por espectrofotômetro <strong>de</strong> absorção atômica.<br />

Os parâmetros estatísticos obtidos a partir dos valores das amostras <strong>de</strong> solo estão<br />

computados no Quadro 1. Na Figura 2 apresentamos o padrão <strong>de</strong> distribuição do níquel em solos.<br />

Os valores obtidos estão fortemente centrados entre 3.250 e 4.800 ppm Ni (56,0% das análises). O<br />

limiar provável foi consi<strong>de</strong>rado como igual ao background, adicionado <strong>de</strong>3 vezes o <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Não firou evi<strong>de</strong>nciada a presença <strong>de</strong> valores anômalos <strong>de</strong> Ni. Já o cobre apresenta, matematicamente<br />

4 pontos anômalos, fortemente contrastantes da média geral on<strong>de</strong> os valores entre 15 e 105 ppm<br />

Cu perfazem 92,1 % da amostra. Observando o mapa geoquímico do cobre nos solos (Fig. 3), notase<br />

que 3 das amostras anômalas estão nitidàmente associadas com a ocorrência cuprífera já <strong>de</strong>scrita;<br />

o quarto ponto anômalo acompanhado por outros 2 com valores acima <strong>de</strong> 200 ppm, foram<br />

observados no início das linhas 8 e 9 e estão associados a uma área <strong>de</strong> crostificação laterítica localizada<br />

na base do Morro Paraiso (observa-se, nesta área, um acréscimo nos valores <strong>de</strong> Ni eCo). O<br />

restante do mapa mostra um padrão <strong>de</strong> distribuição muito monótono em vista da alta percentagem<br />

<strong>de</strong> valores baixos <strong>de</strong> cobre. O cobalto apresentou-se com uma maior concentração <strong>de</strong> valores entre<br />

250 e 470 ppm (66.6% das análises) e o seu valor máximo, (590 ppm), associado às crostas lateríticas<br />

da base do morro, não constitui uma anomalia propriamente dita (Quadro 1).<br />

QUADROl<br />

Resultados obtidos na amostragem<br />

<strong>de</strong> solos do Morro Panüso<br />

Elementos X L(*) Vm(*) CB CL N9<br />

Níquel 4.212 8.742 6.500 1,54 0,74<br />

Cobre 60 225 320 5,33 1,42 4<br />

Cobalto 350 1.369 590 1,67 0,43 -<br />

(.) Valores em ppm; X "BACKGROUND" L; Limiar Vm: valor máximo observado; CB; contraste,<br />

(VmfXl; CL contraste com o Limiar, (VmfL); N.o: nú~ro <strong>de</strong> pontos anômalos.<br />

Portanto, a geoquimica <strong>de</strong> solos realizada no Morro Paraiso, além <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar a<br />

presença da já conhecida ocorrência cupro-silicatada, mostrou que os valores anômalos não são<br />

significativos e que se distribuem, em gran<strong>de</strong> proporção, entre estreitos limites. Disto resulta que os<br />

mapas geoquímicos são caracterizados por uma monotonia do traçado das curvas <strong>de</strong> isoteor.<br />

São apresentados no Quadro 2, os resultados obtidos <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> rochas. Para o<br />

Nlquel, 69% dos serpentinitos forneceram valores entre 1100 e 2500 ppm (média <strong>de</strong> 1935 ppm).<br />

Valores menores que 1000 ppm correspon<strong>de</strong>ram a algumas amostras <strong>de</strong> talco.clorita-xistos das<br />

bordas do corpo, como é mostrado no mapa geoquímico da Figura 4; apenas 16% das amostras<br />

forneceram valores maiores que 3.000 ppm Ni. Observa-se que os valores <strong>de</strong> Ni na rocha ten<strong>de</strong>m a<br />

-


202 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

acompanhar o acamadamento dos serpentinitos, o que é refletido nos teores em solos. O cobre em<br />

rochas, apresentou 87% dos resultados compreendidos entre 5 e 35 ppm, don<strong>de</strong> um background <strong>de</strong><br />

28ppm (Quadro 2).<br />

QUADRO 2<br />

Resultados obtidos na amostragem<br />

<strong>de</strong> rochas do Morro Paraiso<br />

I<br />

Elementos X (*) L(*) Vm(*) CB CL N9<br />

Níquel 1.935 5.557 5.550 2,85 1.0 -<br />

Cobre 28 144 250 8,93 1.73 2<br />

Cobalto 180 875 1.160 6,39 1.31 I<br />

(*)1 Valores em ppm X: "BACKGROUND" L. Limiar, Vm valor máximo observado, CB: contraste,<br />

(\m/X); CL: contraste com o Limiar, (V/L); N.:número<strong>de</strong> pontos anômalos.<br />

Observando-se o mapa <strong>de</strong> distribuição do cobre em rochas (Fig. 5), vê-se que os 2 pontos<br />

anômalos estão associados a serpentinitos ligados à ocorrência cuprífera (no mapa, aparecem<br />

cercados pela curva <strong>de</strong> isoteor <strong>de</strong> 140 ppm); eles forneceram 175 e 250 ppm Cu. Para o cobalto, 87%<br />

dos valores acham-se concentrados entre 50 e 250 ppm, don<strong>de</strong> um background <strong>de</strong> 180 ppm (Quadro<br />

2); o único ponto anômalo está associado a ponto não anômalo para o níquel (4.400 ppm <strong>de</strong> Ni).<br />

Os resultados obtidos com a amostragem <strong>de</strong> rochas nos indicaram valores <strong>de</strong> background<br />

para níquel (1 = 1935 ppm), cobre (1 = 28 ppm) e cobalto (x = 180 ppm), que po<strong>de</strong>mos<br />

consi<strong>de</strong>rar como normais em rochas ultrabásicas. Para Willye (1967) as médias são, respectivamente,<br />

1.500 ppm, 30 ppm e 110 ppm; Challis (1965) encontrou em dunitos da Nova Zelândia (Dun<br />

Moutains), valores semelhantes: 1100 ppm Ni; 100 ppm Cu e 180 ppm Co. Consi<strong>de</strong>ramos pois o serpentinitos<br />

do Morro Paraiso como exemplo <strong>de</strong> rocha não mineralizada e cujo interesse está em nos<br />

oferecer parâmetros indicadores da normalida<strong>de</strong> (background), nestas litologias.<br />

A amostragem do Morro Paraiso, com a coleta <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong> rocha para cada<br />

amostra <strong>de</strong> solo, possibilitou o estudo das inter-relações <strong>de</strong> um elemento entre os dois materiais. No<br />

Quadro 3 colocamos os resultados referentes a este estudo. Vê-se logo que os solos contém mais NL<br />

Cu e Co que as respectivas rochas, concentrando-se quase 3 vezes naquele material. Interpretamos<br />

este fato (observado também em outras campanhas), como resultado <strong>de</strong> uma concentração relativa<br />

<strong>de</strong>stes elementos durante a pedogênese. É notável que pelos nossos dados, a taxa <strong>de</strong> concentração é<br />

praticamente igual para os três elementos, variando entre 2,87 e 2,91.<br />

O pequeno <strong>de</strong>svio padrão (S) nas relações solo-rocha para os 3 elementos, indica uma<br />

relação muito estreita entre o teor no solo e na rocha. Reflexo disto, po<strong>de</strong> também ser notado na<br />

variação das razões solo-rocha para o níquel que se dá entre 0,63 e 12,47, para o cobre entre 0,23 e<br />

10,20 e para o cobalto entre 0,60 e 6,06. Embora, ao calcularmos a correlação (r) entre os pares observados,<br />

somente o cobre apresente um valor altamente positivo (r = + 0,89), cremos que os<br />

dados obtidos indicam, para uma rocha não mineralizada, boa relação entre os teores na rocha e nos<br />

solos, aliada a uma homogeneida<strong>de</strong> na distribuição dos mesmos (baixo <strong>de</strong>svio padrão).<br />

Para conhecer as relações entre elementos em uma rocha ultrabásica não mineralizada<br />

em sulfetos <strong>de</strong> níquel e cobre, realizou-se estudo sobre os pares Ni/Cu, Ni/Co e Cu/Co, tanto sobre<br />

a amostragem <strong>de</strong> rochas, como <strong>de</strong> solos <strong>de</strong>las <strong>de</strong>rivados. No Quadro 4, são apresentados os resultados<br />

referentes às rochas.<br />

As razões obtidas são, evi<strong>de</strong>ntemente, um reflexo dos background vistos na Tabela 2.<br />

Para a razão Ni/Cu, os valores concentram-se na faixa entre 10,90 e 215,50, com uma média <strong>de</strong>


RIBEIRO, GOMES DE sA, OLIVEIRA 201<br />

GEOQUtMICA DE DETALHE NO MORRO PARAISO<br />

No Morro Paraiso (Fig. 1, 7 e 8) <strong>de</strong>senvolveu-se amostragens <strong>de</strong> solos e rochas segundo<br />

uma malha retangular com perfis <strong>de</strong> amostragem distanciados <strong>de</strong> 200 m entre si e orientados transversalmente<br />

ao eixo maior do corpo rochoso. Ao longo <strong>de</strong> um perfil, as estações geoquímicas foram<br />

espaçadas <strong>de</strong> 100 m, correspon<strong>de</strong>ndo a cada estação, uma amostra <strong>de</strong> solo e outra <strong>de</strong> rocha.<br />

As amostras <strong>de</strong> solo foram coletadas a 20 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e peneiradas durante a<br />

amostragem objetivando a obtenção da fração 80-120 mesh.<br />

Foi coletado um total <strong>de</strong> 76 amostras <strong>de</strong> solo e igual número <strong>de</strong> rocha, as quais fQram<br />

analisadas para níquel, cobre e cobalto por espectrofotômetro <strong>de</strong> absorção atômica.<br />

Os parâmetros estatísticos obtidos a partir dos valores das amostras <strong>de</strong> solo estão<br />

computados no Quadro 1. Na Figura 2 apresentamos o padrão <strong>de</strong> distribuição do níquel em solos.<br />

Os valores obtidos estão fortemente centrados entre 3.250 e 4.800 ppm Ni (56,0% das análises). O<br />

limiar provável foi consi<strong>de</strong>rado como igual ao background, adicionado <strong>de</strong>. 3 vezes o <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Não firou evi<strong>de</strong>nciada a presença <strong>de</strong> valores anômalos <strong>de</strong> Ni. Já o cobre apresenta, matematicamente<br />

4 pontos anômalos, fortemente contrastantes da média geral on<strong>de</strong> os valores entre 15 e 105 ppm<br />

Cu perfazem 92,1 % da amostra. Observando o mapa geoquímico do cobre nos solos (Fig. 3), notase<br />

que 3 das amostras anômalas estão nitidàmente associadas com a ocorrência cuprífera já <strong>de</strong>scrita;<br />

o quarto ponto anômalo acompanhado por outros 2 com valores acima <strong>de</strong> 200 ppm, foram<br />

observados no início das linhas 8 e 9 e estão associados a uma área <strong>de</strong> crostificaçáo laterítica localizada<br />

na base do Morro Paraiso (observa-se, nesta área, um acréscimo nos valores <strong>de</strong> Ni eCo). O<br />

restante do mapa mostra um padrão <strong>de</strong> distribuição muito monótono em vista da alta percentagem<br />

<strong>de</strong> valores baixos <strong>de</strong> cobre. O cobalto apresentou-se com uma maior concentração <strong>de</strong> valores entre<br />

250 e 470 ppm (66.6% das análises) e o seu valor máximo, (590 ppm), associado às crostas lateríticas<br />

da base do morro, não constitui uma anomalia propriamente dita (Quadro 1).<br />

QUADRO 1<br />

Resultados obtidos na amostragem<br />

<strong>de</strong> solos do Morro Para80<br />

Elementos X L(*) Vm (*)<br />

CB CL NP<br />

Níquel 4.212 8.742 6.500 1,54 0,74<br />

Cobre 60 225 320 5,33 1,42 4<br />

Cobalto 350 1.369 590 1,67 0,43<br />

(*) Valoresem ppm: X. "BACKGROUND"L: LimiarVm:valormáximoobservado:CB:contraste,<br />

(VmfX>;CL contraste com o Limiar, (VmfL); N.o: número <strong>de</strong> pontos anômalos.<br />

Portanto, a geoquímica <strong>de</strong> solos realizada no Morro Paraiso, além <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar a<br />

presença da já conhecida ocorrência cupro-silicatada, mostrou que os valores anômalos não são<br />

significativos e que se distribuem, em gran<strong>de</strong> proporção, entre estreitos limites. Disto resulta que os<br />

mapas geoquímicos são caracterizados por uma monotonia do traçado das curvas <strong>de</strong> isoteor.<br />

São apresentados no Quadro 2, os resultados obtidos <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> rochas. Para o<br />

NIquel, 69% dos serpentinitos forneceram valores entre 1100 e 2500 ppm (média <strong>de</strong> 1935 ppm).<br />

Valores menores que 1000 ppm correspon<strong>de</strong>ram a algumas amostras <strong>de</strong> talco,clorita-xistos das<br />

bordas do corpo, como é mostrado no mapa geoquímico da Figura 4; apenas 16% das amostras<br />

forneceram valores maiores que 3.000 ppm Ni. Observa-se que os valores <strong>de</strong> Ni na rocha ten<strong>de</strong>m a<br />

-<br />

-


202 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

acompanhar o acamadamento dos serpentinitos, o que é refletido nos teores em solos. O cobre em<br />

rochas, apresentou 87% dos resultados compreendidos entre 5 e 35 ppm, don<strong>de</strong> um background <strong>de</strong><br />

28ppm (Quadro 2).<br />

QUADRO 2<br />

Resultados obtidos na amostragem<br />

<strong>de</strong> rochas do Morro Paraiso<br />

T<br />

Elementos X (*) L(*) Vm(*) CB CL N9<br />

Níquel 1.935 5.557 5.550 2,85 1.0 -<br />

Cobre 28 144 250 8,93 1.73 2<br />

Cobalto 180 875 1.160 6,39 1.31 I<br />

(*)1 Valores em ppm X: "BACKGROUND" L. Limiar, Vm valor máximo observado, CB: contraste,<br />

(\m/X); CL: contraste com o Limiar, (V/L); N.o:número <strong>de</strong> pontos anômalos.<br />

Observando-se o mapa <strong>de</strong> distribuição do cobre em rochas (Fig. 5), vê-se que os 2 pontos<br />

anômalos estão associados a serpentinitos ligados à ocorrência cuprífera (no mapa, aparecem<br />

cercados pela curva <strong>de</strong> isoteor <strong>de</strong> 140 ppm); eles forneceram 175 e 250 ppm Cu. Para o cobalto, 87%<br />

dos valores acham-se concentrados entre 50 e 250 ppm, don<strong>de</strong> um background <strong>de</strong> 180 ppm (Quadro<br />

2); o único ponto anômalo está associado a ponto não anômalo para o níquel (4.400 ppm <strong>de</strong> Ni).<br />

Os resultados obtidos com a amostragem <strong>de</strong> rochas nos indicaram valores <strong>de</strong> background<br />

para níquel (x = 1935 ppm), cobre (x = 28 ppm) e cobalto (x = 180 ppm), que po<strong>de</strong>mos<br />

consi<strong>de</strong>rar como normais em rochas ultrabásicas. Para Willye (1967) as médias são, respectivamente,<br />

1.500 ppm, 30 ppm e 110 ppm; Challis (1965) encontrou em dunitos da Nova Zelândia (Dun<br />

Moutains), valores semelhantes: 1100 ppm Ni; 100 ppm Cu e 180 ppm Co. Consi<strong>de</strong>ramos pois o serpentinitos<br />

do Morro Paraíso como exemplo <strong>de</strong> rocha não mineralizada e cujo interesse está em nos<br />

oferecer parâmetros indicadores da normalida<strong>de</strong> (background), nestas litologias.<br />

A amostragem do Morro Paraiso, com a coleta <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong> rocha para cada<br />

amostra <strong>de</strong> solo, possibilitou o estudo das inter-relações <strong>de</strong> um elemento entre os dois materiais. No<br />

Quadro 3 colocamos os resultados referentes a este estudo. Vê-se logo que os solos contém mais Ni.<br />

Cu e Co que as respectivas rochas, concentrando-se quase 3 vezes naquele material. Interpretamos<br />

este fato (observado também em outras campanhas), como resultado <strong>de</strong> uma concentração relativa<br />

<strong>de</strong>stes elementos durante a pedogênese. É notável que pelos nossos dados, a taxa <strong>de</strong> concentração é<br />

praticamente igual para os três elementos, variando entre 2,87 e 2 ,91.<br />

O pequeno <strong>de</strong>svio padrão (S) nas relações solo-rocha para os 3 elementos, indica uma<br />

relação muito estreita entre o teor no solo e na rocha. Reflexo disto, po<strong>de</strong> também ser notado na<br />

variação das razões solo-rocha para o níquel que se dá entre 0,63 e 12,47, para o cobre entre 0,23 e<br />

10,20 e para o cobalto entre 0,60 e 6,06. Embora, ao calcularmos a correlação (r) entre os pares observados,<br />

somente o cobre apresente um valor altamente positivo (r = + 0,89), cremos que os<br />

dados obtidos indicam, para uma rocha não mineralizada, boa relação entre os teores na rocha e nos<br />

solos, aliada a uma homogeneida<strong>de</strong> na distribuição dos mesmos (baixo <strong>de</strong>svio padrão).<br />

Para conhecer as relações entre elementos em uma rocha ultrabásica não mineralizada<br />

em sulfetos <strong>de</strong> níquel e cobre, realizou-se estudo sobre os pares Ni/Cu, Ni/Co e Cu/Co, tanto sobre<br />

a amostragem <strong>de</strong> rochas, como <strong>de</strong> solos <strong>de</strong>las <strong>de</strong>rivados. No Quadro 4, são apresentados os resultados<br />

referentes às rochas.<br />

As razões obtidas são, evi<strong>de</strong>ntemente, um reflexo dos background vistos na Tabela 2.<br />

Para a razão Ni/Cu, os valores concentram-se na faixa entre 10,90 e 215,50, com uma média <strong>de</strong>


Elementos<br />

Solo (*)<br />

QUADRO 3<br />

Parâmetros solo - rocha para<br />

Ni, eu e Co do Morro Paraíso<br />

Rocha (*)<br />

Razão Variação 8 r<br />

Níquel 4.212 1.935 2,91 0,63-12,47 2,18 + 0,38<br />

Cobre 60 28 2,89 0,23-10,20 2,33 + 0,89<br />

Cobalto 350 180 2,87 0,60- 6,06 1,62 + 0,23<br />

(.): Valores <strong>de</strong> "BACKGROUND" em ppm<br />

S: Desvio padrão<br />

r: Correlação<br />

QUADRO 4<br />

Razão, variação da razão, <strong>de</strong>svio padrão (8) e correlação (r),<br />

entre pares <strong>de</strong> elementos em rocha - Morro Paraíso.<br />

Par Razão Variação 8 r<br />

NijCu 102,87 10,85 - 215,50 18,20 + 0,58<br />

NijCo 14,64 3,45 - 44,50 11,20 + 0,63<br />

CujCo 0,18<br />

RIBEIRO, GOMES DE sA, OLIVEIRA 203<br />

102,87; para a razão NilCo, as variações máximas são 3,45 e 44,50 e para a razão Cu/Co, entre 0,01<br />

e 0,54, o que se reflete no <strong>de</strong>svio padrão. Já as correlações são sempre positivas e muito semelhantes<br />

entre si. Os mesmos parâmetros calculados agora para os solos, forneceram os resultados contidos<br />

no Quadro 5, observando-se claramente a semelhança <strong>de</strong>stes com os obtidos para as rochas.<br />

I<br />

0,01 - 0,54 0,25 + 0,61<br />

Levando-se em consi<strong>de</strong>ração o <strong>de</strong>svio padrão, nota-se que para os 3 pares estudados ele<br />

é menor nos solos, o que indica uma menor amplitu<strong>de</strong> na variação dos valores das razões para cada<br />

par, ou seja, uma maior homogeneização dos mesmos em relação à própria rocha.<br />

Todos estes parâmetros nos levam a conclusão que, em rochas ultrabásicas não mineralizadas,<br />

como é o caso do serpentinito do Morro Paraiso, o conteúdo em Ni, Cu e Co em solos é<br />

um reflexo muito aproximado do conteúdo nas rochas e que a distribuição dos mesmos faZ-se <strong>de</strong> um<br />

modo bastante homogêneo. As razões entre pares <strong>de</strong> elementos mostrou as pequenas flutuações em<br />

torno das médias, principalmente nos solos. Este fato é consi<strong>de</strong>rado por nós como <strong>de</strong> interesse na<br />

interpretação geoquímica pois, principalmente em função da espessura dos solos, os valores<br />

absolutos (em ppm) <strong>de</strong> Ni, Cu e Co po<strong>de</strong>m variar bastante, don<strong>de</strong> a vantagem <strong>de</strong> trabalhar com as<br />

razões. Os valores do background aqui encontrados para as rochas (Quadro 2), muito semelhantes<br />

aos <strong>de</strong> ultrabásicas estéreis, mostram que a serpentinização, ao menos estatisticamente, não altera<br />

substancialmente os teores em Ni, Cu e Co. Deste modo, po<strong>de</strong>mos tomar os diferentes parâmetros<br />

aqui calculados, como indicativos <strong>de</strong> esterilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rochas ultrabásicas. Qualquer campanha para<br />

estes elementos sobre corpos u1trabásicos, que apresente parâmetro diferindo significativamente<br />

dos valores aqui obtidos, trará a idéia <strong>de</strong> que estamos em presença <strong>de</strong> uma anomalia geoquímica.


204 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

QUADRO 5<br />

Razão, variação da razão, <strong>de</strong>svio padrão (8) e correlação (r),<br />

entre pares <strong>de</strong> elementos em solos - Morro Paraiso<br />

Par Razão Variação S r<br />

NijCu 88,72 12,20 - 207,30 16,8 + 0,50<br />

NijCo 13,17 2,90 - 28,90 6,4 + 0,63<br />

Cu/Co 0,20 0,03 - 0,61 0,17 + 0,87<br />

GEOQUÍMICA REGIONAL COM AMOSTRAGEM DE SEEPAGE<br />

Sob o nome genérico <strong>de</strong> seepage <strong>de</strong>nominamos áreas úmidas, ricas em matéria orgânica<br />

que ocorrem em cabeceiras <strong>de</strong> drenagem. Os seepage apresentam, com vistas' à prospecção, a vantagem<br />

<strong>de</strong> fornecer amostras representativas <strong>de</strong> áreas maiores que uma amostra <strong>de</strong> solo, embora<br />

menores que o representado por uma <strong>de</strong> sedimento ativo <strong>de</strong> corrente. A par disto, os solos <strong>de</strong> seepage<br />

apresentam uma concentração maior, em elementos metálicos, que os solos vizinhos em vista<br />

<strong>de</strong> termos aí uma série <strong>de</strong> barreiras geoquímicas, este fato é observado por diversos autores<br />

(Horsnail e Elliot, 1971; Tooms e Webb, 1961). Os seepage são pois, material a ser usado em prospecções<br />

em escala semi-regional.<br />

Na área <strong>de</strong> Cromínia-Mairipotaba-Pontalina há um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> seepage,<br />

favorecidos pelos relevos pouco acentuados.<br />

Morfologicamente, observa-se na área, que o seepage tem a forma <strong>de</strong> uma pera, on<strong>de</strong> o<br />

comprimento é em média <strong>de</strong> 60 m, e a largura 40 m. Na região estudada, a vegetação é do tipo cerado<br />

(Fig. 6 nl!.l), sendo que os seepage são bem marcados pela presença <strong>de</strong> buritis e gravatás (Fig.<br />

6, n.2 3), e pela mata ciliar (Fig. 6, n.l!.4), que envolve a drenagem que <strong>de</strong>les nasce. Gramíneas (Fig.<br />

6, n.2 2), são observadas nas cabeceiras do seepage.<br />

Os solos, a montante do seepage são <strong>de</strong> origem laterítica don<strong>de</strong> a coloração vermelha,<br />

pobreza <strong>de</strong> argilas e riqueza em sesquióxidos <strong>de</strong> ferro; temos aí o dominio do cerrado (Fig. 6-B, nl!.<br />

5). Dentro do seepage, os solos são muito argilosos, perenemente úmidos e ricos em matéria orgânica<br />

don<strong>de</strong> a sua côr preta (Fig. 6-B, n~ 7). Entre os 2 tipos <strong>de</strong> solo (que representam ambientes<br />

oxidantes e redutores) <strong>de</strong>scritos, há uma faixa <strong>de</strong>. solos cinza, ricos em argilas e cobertos por gramineas<br />

(Fig. 6-B, n~ 6). Esta faixa é intermitentemente úmida em função da estação do ano, isto é,<br />

das flutuaçães do lençol freático (Fig. 6-B, n2. 8), e correspon<strong>de</strong> ao local on<strong>de</strong> as águas subterrâneas<br />

surgem na superfície.<br />

Em certos casos, mormente em seepage <strong>de</strong>senvolvidos sobre rochas ultrabásicas, a faixa<br />

<strong>de</strong> solos cinza po<strong>de</strong> ser substituida por um nível ferruginoso encouraçado ou em vias <strong>de</strong> encouraçamento.<br />

As águas que drenam através dos solos vermelhos são extremamente carregadas em<br />

Fe + 2 o qual, na área. <strong>de</strong> afloramento (Fig. 6-B, n!! 6) é oxidado, precipitando-se maciçamente. Um<br />

exemplo <strong>de</strong> seepage nestas condições, observa-se na gran<strong>de</strong> ação bloqueante exercida pela precipitação<br />

do ferro, com a co-precipitação dos elementos metálicos. Os solos vermelho continham o<br />

que se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar uma carga normal em solos <strong>de</strong>senvolvidos sobre rochas ultrabásicas não<br />

mineralizadas (Quadro nO 6), observando-se na crosta laterítica um importante aumento, em valor<br />

absoluto, nos teores do 6 elementos dosados, notadamente para o níquel que aí atinge a 2,56%. O<br />

gel referido na Tabela 6 é um material avermelhado, algo gelatinoso, normalmente encontrado<br />

nestes locais sob fina camada <strong>de</strong> água <strong>de</strong> drenagens quase estagnadas. Enten<strong>de</strong>mos que este material<br />

representa um estado atual da <strong>de</strong>posição dos hidróxidos <strong>de</strong> ferro, o que encontra apoio nos<br />

54,6% <strong>de</strong> F~03 obtidas em análise. Nota-se que este material contém importantes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Mn, Cr, Co e Ni. Por fim, os solos escuros <strong>de</strong> seepage mostram baixa concentração <strong>de</strong> ferro, teores


Material Ni (*)<br />

QUADRO 6<br />

Valores obtidos em diversos materiais <strong>de</strong> um Seepage<br />

sobre corpo ultrabásico crominia - Mairipotaba - Go<br />

eu (*)<br />

Co (*)<br />

Cr (*) Mn (*)<br />

Fe203(%)<br />

Solo Vermelho (1) 2.130 47 119 4.510 822 17,20<br />

Crosta (2) 25.600 75 3.920 8.960 64.960 39,70<br />

"Gel" (2) 1.460 15 220 1.190 1.400 54,60<br />

Solo Seepage (3) 1.758 41 48 3.494 246 9,20<br />

QUADRO 7<br />

Valores percentuais referentes aos teores <strong>de</strong> Ni, eu e Co em diversos tipos <strong>de</strong> solos<br />

associados a Seepage - Crominia - Mairipotaba - Go<br />

Solos<br />

RIBEIRO, GOMES DE sA. OLIVEIRA 205<br />

menores em Co, Cr, Mn e Ni e teores equivalentes em Cu quando comparados com os dos solos<br />

vermelhos.<br />

: Todos os valores em ppm exceto os do FeZ03<br />

(1): Média <strong>de</strong> 10 amostras, (2) uma amostra.<br />

(3): Média <strong>de</strong> 16 amostras.<br />

Níquel Cobre Cobalto<br />

Maiores valor ( ) Maiores valor ( ) Maiores valor ( )<br />

Valores Anômalo Valores Anômalo Valores Anômalo<br />

A 86% 100% 80% 85 % 75% 90%<br />

8 10% - 15 % 15 % 20% -<br />

C 4% - 5% - 5% 10%<br />

A: Solos pretos do "Seepage" ricos em matéria orgânica.<br />

B: Solos vermelhos A montante do "Seepage".<br />

c: Sólos cinza da borda do "Seepage".<br />

( ): Valores maiores que 200 prnrn Ni; 40 ppm Cu; 80 ppm Co.<br />

(j(,)<br />

Estatisticamente, os solos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do seepage mostram-se mais ricos que os solos vermelhos<br />

circunjacentes. No Quadro 7 apresentamos dados neste sentido referentes a 21 seepage da<br />

área estudada, num total <strong>de</strong> 63 amostras, (nenhum <strong>de</strong>les está associado a rochas ultrabásicas).<br />

Os solos <strong>de</strong>nominados A no Quadro 7 são aqueles <strong>de</strong> côr preta do seepage, muito argilosos<br />

e ricos em matéria orgllnica; os <strong>de</strong>signados por C, são solos claros, cinzas e mesmo amarelados,<br />

argilosos, da borda superior do seepage (Fig. 6-B, n2 6); e os <strong>de</strong>nominados tipo B, <strong>de</strong> côr<br />

vermelha, pobres em argilas, encontrados a montante do seepage. Nota-se perfeitamente que os<br />

maiores valores em"um <strong>de</strong>terminado seepage, para Ni, Cu e Co são encontrados, em 80 % dos casos,<br />

nos solos pretos argilosos. Em 90 % dos casos estudados (100% no caso particular do níquel), estes<br />

solos apresentam valores anômalos, não caracterizando verda<strong>de</strong>iras anomalias, mas <strong>de</strong> valores que<br />

ultrapassam limites consi<strong>de</strong>rados elevados e arbitrariamente <strong>de</strong>finidos (250 ppm para Ni, 40 ppm


206 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

para o Cu e 80 ppm para oCo). Estes solos <strong>de</strong>vem ser, pois, amostrados em todos os seepage <strong>de</strong> uma<br />

região em estudo, ,<strong>de</strong> forma sistemática, evitando-se assim falsas anomalias <strong>de</strong>vido a diferenças do<br />

material amostrado.<br />

Ponto Ni (*) Cu (*)<br />

SEEPAGE EM ESCALA REGIONAL<br />

Todos os 1968 km2 da área foram cobertos por amostragem em áreas <strong>de</strong> seepal{e.<br />

Amostrou-se um total <strong>de</strong> 515 seepage, coletando-se 1558 amostras, obtendo-se uma média <strong>de</strong><br />

aproximadamente 3 amostras por seepage, e uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1 seepage para 4 km2.<br />

Na Figura 7 é vista a amostragem realizada na área em torno dos corpos ultrabásicos<br />

alinhados ao Sul da Serra do Cruzeiro (Morro da Platina, Morro Magnesita e Morro Paraiso <strong>de</strong> W<br />

para E) e no Quadro 8, os resultados obtidos sobre 6 dos pontos mostrados na figura. Destes, os<br />

pontos 4,5 e 28 estão associados às rochas regionais, e os pontos 18, 21 e 22, às rochas ultrabásicas.<br />

Vê-se claramente que os seepage associados a rochas ultrabásicas, são ricos em Ni, Co e Cr, ao<br />

contrário daqueles associados às rochas regionais, ricas em Ti e pobres naque1es 3 elementos. Já o<br />

Cu, não <strong>de</strong>ixa claro uma tendência <strong>de</strong>finida.<br />

QUADRO 8<br />

Resultados da amostragem dos<br />

"Seepage" relativos à Fig. 7<br />

Co (*)<br />

Cr (*) Ti (*)<br />

4 90 30 75 50 8.410<br />

5 20 5 60 45 6.865<br />

28 330 75 85 135 16.440<br />

18 5.220 100 215 5.155 4.210<br />

21 7.650 45 115 2.700 1.745<br />

22 3.650 65 115 6.540 3.135<br />

(tO):Valor máximo obtido em cada "Seepage" em ppm.<br />

Regionalmente, a amostragem mostrou algumas variações gerais nos valores obtidos.<br />

Tomando-se o valor máximo obtido para cada elemento em cada seepage, calculou-se o valor médio,<br />

(background), em função das diferentes litologias (Tab. 9). De um modo geral, vemos que os valores<br />

médios são muito semelhantes entre si, e que o melhor contraste é obtido entre as ultrabásicas<br />

e as <strong>de</strong>mais litologias da região, no que se refere ao Ni. Cr e Ti (este pelo baixo valor médio). Aliás, é<br />

notàvel a carga em Ti nos seepage sobre as rochas regionais do Grupo Araxá.<br />

Baseado nos dados do Quadro 9, calculou-se um limiar para os elementos em função da<br />

litologia, observando-se <strong>de</strong>ste modo que não se tinha anomalias na área em estudo, salvo para Ni e<br />

Cr nos seepage associados a rochas ultrabásicas. Esta observação serve para mostrar que, em termos<br />

<strong>de</strong> anomalia, o uso <strong>de</strong>ste material é <strong>de</strong> difícil interpretação (não há mineralizações propriamente<br />

ditas a níquel e existe uma <strong>de</strong> cromita no Morro da Magnesita). No nosso enten<strong>de</strong>r a vantagem<br />

<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> amostragem, resi<strong>de</strong> na maior representabilida<strong>de</strong> em área <strong>de</strong> amostra quando comparada<br />

com amostragem <strong>de</strong> solos. Há ainda a consi<strong>de</strong>rar, o perigo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s flutuações nos valores<br />

obtidos em amostragem <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> solos <strong>de</strong>ntro da área <strong>de</strong> um mesmo seepage, além da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fixar-se o material amostrado que já foi discutido.


QUADRO 9<br />

Valores do Background ~mppm), <strong>de</strong> Seepage<br />

em diferentes litologias<br />

Litalagias Ni Cu Ca Cr Ti<br />

Sala<br />

Laterítica<br />

83 39 91 72<br />

4.136<br />

Leptinitos 45 32 60 34 3.288<br />

Biatita<br />

Quartzaxista 48 18 88 129 6.860<br />

Biatitaxisto 74 26 1 1 2 76 4.860<br />

Anfibalita& 47 42 1 1 5 47 -<br />

Mascavita<br />

Gnaisses<br />

RIBEIRO, GOMES DE sA, OLIVEIRA 207<br />

SEDIMENTOS ATIVOS DE DRENAGEM<br />

A baci~ hidragráfica do. Ribeirão. Paraisa, com 173,6 km2, passibilitou um estudo. da<br />

dispersão. <strong>de</strong> alguns elementas associados a rochas ultrabásicas não. mineralizadas em sulfetas e<br />

52 20<br />

75 38 5.131<br />

Ultrabásicas 886 37 105 949 2.050<br />

mineralizadas à cramita. A amastragem fo.i realizada seja so.bre o.próprio. co.rpo, seja so.bre pontas<br />

influenciadas por ele au ainda, so.bre po.ntos livres <strong>de</strong>sta influência (background regio.nal). Os resultadas<br />

estão. no. Quadro 10 e as po.ntos amo.strado.s na Figura 8. De cada amo.stra, duas frações<br />

granulo.métricas fo.ram analisadas: a fina (- 80 + 120 mesh) e a gro.ssa (+ 80 mesh); a fina farneceu<br />

as maio.res teares para to.do.s as elementas do.sado.s. Para cada panto. calculo.u-se a percentagem das<br />

litalagias que contribuiram para a fo.rmação. da amo.stra; a <strong>de</strong> número. 12, par exemplo., fo.i fo.rmada<br />

unicamente par material pro.veniente das serpentinito.s; as amo.stras 1, 2, 4, 6, 10 e 11 sofrem a<br />

co.ntribuição. <strong>de</strong>sta lito.lo.gia em percentagens <strong>de</strong>crescentes.<br />

O co.mportamento. geo.químico. das elemento.s dispersas a partir do. maciço. serpentinítico.,<br />

fica claramente expo.sto. pelas número.s o.btido.s. Vemo.s que o.níquel <strong>de</strong>cresce gradualmente <strong>de</strong> 4.340<br />

ppm até 125 ppm, a 16 km do. Mo.rro. Paraíso.; a 20 km do. mesmo.( (po.nta 11), o.vaIar <strong>de</strong> 95 ppm po.<strong>de</strong><br />

ser co.nfundido. com o. vaIar médio. das rochas regianais percarridas por esta drenagem (entre 75 e<br />

120 ppm Ni). Já o.cro.ma, o.riginado. do. Mo.rra da Magnesita,(Fig. 8), apresenta-se com 145 ppm no.<br />

ponto. 11 situado. a 23 km da sua fo.nte, <strong>de</strong>stacando.-se das rachas regio.nais (20 a 140 ppm CrI. O<br />

cobalto. apresentou \lIIla dispersão. semelhante a do. níquel sendo. <strong>de</strong>tectável até no. ponto 6.<br />

Quanto ao. co.bre, pensamo.s que as resultadas aqui abtido.s não. são. conclusivas <strong>de</strong>vido. à<br />

pobreza <strong>de</strong>ste elemento nas rachas ultrabásicas (i = 29 ppm) e salas (i = 62 ppmt do. Marra<br />

Paraiso., muito. próximas ao. background das <strong>de</strong>mais lito.lo.gias da região.. Para o. cro.ma, cabe a<br />

abjeção. <strong>de</strong> que, ao. meno.s no. que se refere ao.s vaIares absolutas, as teores o.btido.s estão. ano.rmalmente<br />

elevadas tenda-se em vista o.Mo.rra da Magnesita ter sido. lavrado..<br />

To.da a área estudada (1968 km2), teve sua drenagem amo.strada, co.m uma média <strong>de</strong> 1<br />

amo.stra para cada 20 km2. As médias das valo.res o.btido.s estão. na Tabela 11, no.tando.-se a<br />

impo.rtância do. Ni e Cr no. Ribeirão. Paraiso e a ho.mageneida<strong>de</strong> da.Cu, Co.e Mn.<br />

Cama assinalado. anterio.rmente, para cada po.nto. amastrado. (num total <strong>de</strong> 97), calculo.use<br />

as percentagem:! em áreaB <strong>de</strong> cada litologia na contribuição. para a formação. da amo.stra. A partir<br />

disto. realiza-se um estudo. estatístico. visando. a correção. das background em função. das diferentes


208 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

litologias, aplicando-se equações <strong>de</strong> regressão múltipla (Rase et alii, 1970).<br />

QUADRO 10<br />

Resultados da amostragem <strong>de</strong> sedimento<br />

ativo <strong>de</strong> corrente, fração: - 80 + 120Mesh - Ribeirão Paraiso-<br />

Ponto Influência Ni (2)<br />

C u (2)<br />

C o (2)<br />

C r (2)<br />

M n (2)<br />

(%) (1)<br />

Fe<br />

(3)<br />

"<br />

12 100,00 4340 55 370 6.240 3.400 29,00<br />

1 23,40 100 20 140 370 760 2,67<br />

2 17,00 730 20 135 3.055 695 8,05<br />

4 9,50 870 20 200 3.800 980 10,20<br />

6 6,00 420 20 145 1.715 870 6,85<br />

10 4,50 125 15 140 255 540 2,80<br />

11 4,00 95 20 120 145 780 2,82<br />

5 - 90 30 95 70 110 1,75<br />

3 - 75 10 145 60 500 2,05<br />

7 - 120 55 100 140 275 9,50<br />

8 - 60 15 125 40 825 2,90<br />

9 - 65 10 85 2(} 295 1,30<br />

13 - 80 15 140 80 310 2,10<br />

(1): Influência da Ultrabásica na formação da amostra em percentagem<br />

(2): Valores em ppm<br />

(3): Valores em percentagem<br />

-0_<br />

..<br />

r<br />

Fig. 2- Morro Paraíso- Mapa Geoquúnico do Níquel em solos.<br />

'"ou o ".0"<br />

00 /~ t;IJ1INAKIIIIVIL ,'.1.#":~Y"OIj'OTlOII !".I} M.


RIBEIRO, GOMES OE sÃ, OLIVEIRA 209<br />

QUADRO 11<br />

Méilias dos'valores obtidos nos sedimentos<br />

ativos <strong>de</strong> drenagem para as diversas bacias<br />

<strong>de</strong> captação fração analisada: - 80 + 120 Mesh<br />

Número<br />

DRenagem <strong>de</strong> Ni(1) C u (I) Co(1) Cr(l)<br />

Pontos<br />

M n (1)<br />

Rib. Paraiso 13 249 21 130 806 597 4,37<br />

Rib. Boa Vista 11 57 12 120 31 755 4,92<br />

Rio dos Bois 2 72 15 175 27 560 1,62<br />

Rib. Formiga 4 44 20 127 50 409 2,42<br />

Rib.das Posses 5 55 13 138 34 454 1,45<br />

Rib.MarimbonOO 5 43 9 100 12 619 2,46<br />

Rib. Mateiro 5 72 21 143 32 546 2,68<br />

Rib.da Mata 7 86 6 128 25 1.019 6,29<br />

Rib. Dourado 12 53 9 154 28 409 1,50<br />

Rib. Sant'ana 15 59 12 104 53 438 1,98<br />

Rib.Sta. Barbara 11 79 15 197 25 360 1,61<br />

Rio Meia Ponte 8 57 18 166 39 596 1,91<br />

(1): Valores em ppm<br />

(2): Valores em percentagem<br />

N.<br />

r<br />

- -<br />

Fig. 3- Morro Paraiso - Mapa Geoquímiéo do cobre em Solos<br />

~...1.00--'<br />

,- CUIIII.I,Of!SOTf:OIt<br />

Fe (%) (2)


210 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO<br />

BRASILEIRO DE GEOLOGIA


(i,<br />

1<br />

,.<br />

'f<br />

'00 - TEOR EM Ni I ppm)<br />

40 - TEOR EM eu t ppm J<br />

If<br />

l' (0<br />

If<br />

Jf<br />

'ROCHAS,<br />

RIBEIRO, GOMES DE sA, OLIVEIRA 211<br />

'I' B<br />

A<br />

Fig. 6- Morfologia dos SEEPAGE Visto em Plantas (A)<br />

e em Corte (B).<br />

I - VEClETAÇAO TIPO CERRADO; 2 - .RAMINEAS; 3 - 6RAVATAS E<br />

ULTRABASICAS<br />

8UIIITIS;4- MATA CILIARES e -<br />

7-<br />

SOLO PIIETOil-LENÇOL ~REÁTICO (~LUTUAÇÕES),<br />

28~<br />

~y30<br />

75<br />

15<br />

@<br />

65<br />

Fig. 7 - Amostragem <strong>de</strong> SEEPAGE em parte da Área <strong>de</strong> Crommia - Pontalina.<br />

//<br />

/<br />

FALHA<br />

30<br />

'-~<br />

110/<br />

0.'<br />

45<br />

SOLO VEIIMELHO; . - SOLO CINZA,<br />

/<br />

OREHAGEM<br />

Hf<br />

80<br />

\Jí2)<br />

(<br />

40<br />

600 120011I


212 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

I"<br />

\<br />

.<br />

I I<br />

-.-,------<br />

'<br />

_/ ~',--,<br />

, I<br />

'<br />

I<br />

Fig. 8- Amostragem em Sedimentos <strong>de</strong> Drenagem (Fração Final) da Bacia Hidrográfica do Ribeirão<br />

Paraiso.<br />

r<br />

'800<br />

HOOM.trOI<br />

DRENA,GEM<br />

-~~ PONTO AMOSTRAOO<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

~CORPOS ULTRABÂSIC05 ".--<br />

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A PROSPECÇÃO RADIOMÉTRICA NA DEFINIÇÃO<br />

DE ZONAS MINERALIZADAS NO COMPLEXO<br />

ULTRAMÁFICO-ALCALINO DE CATALÃO I, Go<br />

WANDERLINO TEIXEIRA DE CARVALHO., IRANILDO RODRIGUES VALENÇA.<br />

ABSTRACT<br />

Goiás, Brazil.<br />

The object of this paper is to <strong>de</strong>seribe the radiometrie 'prospeeti~ o~ ~e Çataliio I alkaline-ultramsfie Comple~ of.Catalão.<br />

This work was earried out by Metais <strong>de</strong> Goiás S/A. METAGO',T"'; Slgnl~ca?ce of the anomsly found for Catalil? I ~ dlS~USSed.:<br />

The results of the scintillometrie survey are analysed in terms of the known tltamum, mobmm, phospate, rare earth and verll11cuhte mmerahzations.<br />

The paper ends with a comparison hetween the statistical 3rd. 2nd, and 1st or<strong>de</strong>r radiometric anomslies based on 1.400 seintillometrie<br />

observations and the informstion gained during exploratory work.<br />

INTRODUçAO<br />

Este trabalho tem por objetivo comentar a prospecção radiométrica na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

algumas das zonas mineralizadas do Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão L<br />

O Complexo Ultramáfico-A1calino <strong>de</strong> Catalão I, localizado no Município <strong>de</strong> Ouvidor,<br />

Comarca <strong>de</strong> Catalão no Sul <strong>de</strong> Góias, foi <strong>de</strong>scoberto por Hussak em 1894.<br />

A partir <strong>de</strong> 1968, a Metais <strong>de</strong> Goiás SI A- METAGO e outras empresas <strong>de</strong> mineração<br />

passaram a realizar intensivos trabalhos <strong>de</strong> pesquisas no Complexo em questão. Tendo por base as<br />

experiências anteriores, com sucesso, <strong>de</strong> levantamentos radiométricos na procura <strong>de</strong> mineralizações<br />

<strong>de</strong> nióbio, no Complexo Ultramáfico-Alcalino do Barreiro, Araxá, MG., cuja geologia é muito<br />

semelhante a <strong>de</strong> Catalão I, todas as empresas que neste último complexo, <strong>de</strong>senvolvem pesquisas,<br />

passaram a utilizar, em maior ou menor escala, esta técnica <strong>de</strong> prospecção geofísica.<br />

RESUMO DA GEOLOGIA<br />

O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I é intrusivo em metamorfitos do Grupo<br />

Araxá, que sofreram, ao longo dos contatos, processos <strong>de</strong> fenitização. De filiação ultramáfica-alcalina,<br />

os seus tipos petrográficos principais são glimeritos e, subordinadamente, piroxenitos e<br />

peridotitos serpentinizados, cortados por veios carbonatíticos (sovitos), <strong>de</strong> espessuras variáveis<br />

que, associadamente formam um conjunto rochoso, genericamente <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> silicocarbonatito.<br />

Processos <strong>de</strong> silicificação atuando sobre este conjunto rochoso conduziram ao aparecimento<br />

<strong>de</strong> silexitos, que se mostram distribuidos irregularmente por toda a área da intrusão. Um espesso<br />

manto <strong>de</strong> material alterado, <strong>de</strong> caráter laterítico, po<strong>de</strong>ndo atingir até 250 m <strong>de</strong> espessura, principalmente<br />

em sua por


214 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

N<br />

.,.00' .".0'<br />

o. 15 IOklll .<br />

MAPA DE LOCALIZAÇÃO<br />

Trabalhos <strong>de</strong> pesquisas realizados pela MET AGO e a Mineralização Catalão <strong>de</strong> Goiás no<br />

complexo em questão, levaram à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> 5 zonas mineralizadas que resultaram em expressivas<br />

reservas <strong>de</strong> nióbio, titânio, terras raras e vermiculita.<br />

ANOMALIA RADIOMÉTRICA DE CATALÃO I<br />

O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, encerra uma_gran<strong>de</strong> anomalia radiométrica.<br />

Os levantamentos aerocintilométricos ora em <strong>de</strong>senvolvimento pela CPRM; para o<br />

DNPM, na região <strong>de</strong> Catalão, com certeza irão comprovar esta afirmação. Aquela estrutura, se<br />

sobrevoada, mesmo por aeronave não apropriada para aerolevantamentos, equipada apenas com<br />

cintilômetro portátil <strong>de</strong> levantamentos terrestres, mostra uma anomalia radiométrica bas~ante<br />

evi<strong>de</strong>nte. Por exemplo, num vôo <strong>de</strong> sentido SN, a uma altura aproximada <strong>de</strong> 200 m do solo, utilizando-se<br />

cintilômetro marca SRA T-SPP2-NF, quando o avião sobrevoa os metamorfitos do Grupo<br />

Araxá, as leituras cintilométricas rápidas situam-se em tomo <strong>de</strong> 20-25 cps. Quando o avião atinge a<br />

borda fenitizada sul da estrutura, as leituras mudam bruscamente para 60 cps, aumentando gradativamente<br />

até o centro do complexo quando os valores cintilométricos chegam atingir até 400 cps.<br />

A partir daí, os valores começam a diminuir e quando o avião passa pela borda fenitizada norte, as<br />

leituras situam-se em tomo <strong>de</strong> 50 cps. Ao atingir os metamorfitos os valores cintilométricos voltam<br />

ao background regional, em tomo <strong>de</strong> 20-25 cps.<br />

No Município <strong>de</strong> Catalão, existe uma estrutura, supostamente semelhante a <strong>de</strong> Catalão<br />

I, ainda não estudada e conhecida como Catalão 11. Esta estrutura quando sobrevoada em condições<br />

semelhantes ao sobrevôo <strong>de</strong>scrito acima', realizado em Catalão I, mostrou valores <strong>de</strong> cintilometria<br />

<strong>de</strong> até 500 cps, que a primeira vista, parecem pontuais. Com certeza constitui uma outra<br />

anomalia radiométrica do sul goiano.<br />

A radiação anômala <strong>de</strong> Catalão I fica bastante caracterizada, quando se realiza um perfil<br />

cintilométrico terrestre, transversal à estrutura. Um perfil radiométrico <strong>de</strong> estrada, cortando<br />

Catalão I no sentido SW-NE, <strong>de</strong>u o gráfico da Figura 2 que mostra claramente, a sua natureza<br />

radiométrica anômala.<br />

O background regional em levantamentos terrestres situam-se entre 150 e 200 cps.<br />

A natureza da anomalia radiométrica <strong>de</strong> Catalão I ainda não está muito clara. Como<br />

ainda não existem levantamentos utilizando-se cintilômetros <strong>de</strong> multi-canais (canais <strong>de</strong> Th, U e K)<br />

não se sabe com certeza qual o elemento responsável pela maior parte da radiação. Supõe-se que o


--~<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

o<br />

CPS<br />

o 5.000<br />

CARVALHO, VALENÇA 215<br />

P~OJETO CATALAO<br />

PERFIL CINTILOMETRICO SW -NE NO COjv1PLEXO<br />

ULTRAMÁFICO-ALCALlNO DE CATALAO I<br />

BACKGROUND REGIONAL: It;O-200 CPS<br />

CINTILOMETRO: MICROLAB MOD. 346<br />

tório seja o elemento prepon<strong>de</strong>rante vindo a seguir o urânio e por último o potássio. A principal<br />

fonte <strong>de</strong> potássio po<strong>de</strong>ria ser a flogopita, existente em quantida<strong>de</strong> nas rochas do complexo. Análises<br />

<strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> solos provenientes <strong>de</strong>sta estrutura em zonas <strong>de</strong> alta radioativida<strong>de</strong> mostraram<br />

valores variando entre 0,005 - 0,044% <strong>de</strong> U308 e 0,032 - 0,100% <strong>de</strong> Th02' Uma amostra coletada<br />

em local <strong>de</strong> alta radioativida<strong>de</strong> na borda W, fenitizada, da estrutura mostrou 28,86% Th02 e nada<br />

<strong>de</strong> U308. Análise mineralógica <strong>de</strong>sta amostra evi<strong>de</strong>nciou a pre8ença <strong>de</strong> Thorita, Goethita,<br />

Magnetita, etc.


216 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

LEVANTAMENTOS CINTILOMÉTRICOS TERRESTRES<br />

A METAGO em 1969, realizou levantamentos cintilométricos em suas áreas <strong>de</strong> pesquisas.<br />

A partir daquele ano todas as áreas concedidas pelo MME à METAGO, em Catalão I, para<br />

pesquisa, foram sistematicamente levantadas radiometricamente.<br />

Os levantamentos foram realizados obe<strong>de</strong>cendo uma malha quadrada <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> lado.<br />

O cintilômetro utilizado, <strong>de</strong> fabricação nacional, marca MICROLAB, mo<strong>de</strong>lo 346, teve bom <strong>de</strong>sempenho.<br />

O trabalho <strong>de</strong> campo é muito fácil <strong>de</strong> realizar po<strong>de</strong>ndo ficar a cargo <strong>de</strong> um técnico em<br />

mineração. Em terrenos planos e sem muita vegetação, po<strong>de</strong>-se realizar leituras em mais <strong>de</strong> uma<br />

centena <strong>de</strong> pontos.<br />

As medições foram todas elas realizadas em leitura rápida sempre em duas escalas do<br />

aparelho para se evitar erros nas medidas. A altura do cintilômetro do solo foi constante (1: 50 cm)<br />

durante todo o levantamento, realizado por uma mesma pessoa.<br />

O background regional foi <strong>de</strong>finido realizando-se uma série <strong>de</strong> perfis <strong>de</strong> estradas que<br />

convergem para -fora da estrutura, a partir <strong>de</strong> suas encaixantes, até algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> km do<br />

Complexo. As leituras variaram <strong>de</strong>ntro do intervalo 150-200 cps, que foi adotado como background<br />

regional.<br />

As leituras obtidas no campo foram plotadas em mapas <strong>de</strong> escala 1:4.000 e traçadas as<br />

diversas faixas <strong>de</strong> radiometria <strong>de</strong> acordo com a escala radiométricaadotada, obtendo-se o correspon<strong>de</strong>nte<br />

mapa radiométrico. A Figura 3 é o mapa radiométrico das área I e 11 da METAGO. Neste<br />

mapa foram <strong>de</strong>limitadas as diversas zonas mineralizadas com o objetivo <strong>de</strong> se verificar as suas<br />

relações com as diversas faixas <strong>de</strong> radiometria.<br />

Através <strong>de</strong> tratamento estatístico em 1400 leituras cintilométricas, realizadas <strong>de</strong>ntro do<br />

Complexo, foi possível obter os seguintes dados:<br />

a) - os valores cintilométricos seguem uma lei log-normal e a sua amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> variação<br />

está entre 80 e 1700 cps;<br />

b) - a média geométrica dos valores é igual a 450 cps e o <strong>de</strong>svio geométrico encontrado<br />

foi <strong>de</strong> 1,60;<br />

c) - os limiares <strong>de</strong> 38, 28 e 18 or<strong>de</strong>m tem, respectivamente, os seguintes valores: 750<br />

cps, 1000 cps e 1.450 cps.<br />

CONCLUSO~S<br />

Da interprétação dos perfis e mapas radiométricos obtidos em Catalão I, po<strong>de</strong>-se tirar as<br />

seguintes conclusões:<br />

1) - O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I encerra uma gran<strong>de</strong> anomalia<br />

radiométrica que po<strong>de</strong> ser caracterizada tanto por levantamentos aerocintilométricos como por<br />

levantamentos radiométricos terrestres. A experiência adquirida com este tipo <strong>de</strong> prospe~ão em<br />

Catalão I, indica que esta técnica é bastante apropriada e vantajosa numa eventual procura <strong>de</strong><br />

novas estruturas <strong>de</strong> geologia similar.<br />

2) - Dentro do Complexo, a região <strong>de</strong> anomalias radiométricas mais expressivas (valores<br />

<strong>de</strong> cintilometria superiores a 650 cps) apresenta uma feição linear, constituindo uma faixa <strong>de</strong><br />

formato irregular <strong>de</strong> acentuada radiação que corta transversalmente a estrutura segundo uma<br />

direção NNW-SSE e cuja largura varia <strong>de</strong> 200 a 1700 m. Dentro <strong>de</strong>sta faixa po<strong>de</strong>m aparecer<br />

algumas ilhas com radiometria mais baixa que talvez possam ser explicadas pela presença <strong>de</strong> cobertura<br />

<strong>de</strong> solos, que impediria, <strong>de</strong> certa forma, a chegada à superfície da totalida<strong>de</strong> das radiações ou<br />

pela existência <strong>de</strong> variações na composição da rocha subjacente.<br />

3) - A maior parte em área, das zonas mineralizadas em fosfato, nióbio e titânio<br />

apresentam-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta faixa <strong>de</strong> anomalias radiométricas. Os locais com teores mais elevados,<br />

nestas substâncias, coinci<strong>de</strong>m com os pontos <strong>de</strong> maior intensida<strong>de</strong> radiométrica. Assim por exemplo,<br />

os locais com teor acima <strong>de</strong> 1% Nb205 apresentam invariavelmente, valores cintilométricos<br />

iguais ou superiores a 1000 cps. As zonas mineralizadas em titânio, cujos teores são maiores que<br />

20% Ti02, apresentam radiometria igual ou superior a 800 cps. A mineralização em fosfato não


----<br />

..........<br />

LE8ENDA<br />

ZCIIA<br />

"""AL'ZAOA<br />

EM<br />

"'10 > 0,1% 0<br />

ZONA IMERAL1ZAM UM VEftMICULITA<br />

CARVALHO, VALENÇA 217<br />

PROJETO CATALAO<br />

MAPA RADlOMmlCO ~ ÁREAs Ien<br />

o.. 100 200 XX> 400.<br />

ESCALA<br />

_<br />

GRÁFICA


218 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

----.-----<br />

apresenta um comportamento tão rígido em relação à radiometria, contudo os locais com teores<br />

acima <strong>de</strong> 10% P205 e que não apresentam cobertura estéril acentuada, também mostram valores<br />

cintilométricos, freqüentemente, superiores a 800 cps. Já alguns locais, também <strong>de</strong> teores elevados<br />

em P205' às vezes, acima <strong>de</strong> 15% P205' mas que, por outro lado, apresentam cobertura estéril<br />

elevada (superior a 20 m), não apresentam radiometria <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, com as medidas cintilométricas<br />

situando-se na faixa <strong>de</strong> 650-800 cps, ou mesmo, na faixa <strong>de</strong> 4()()-650 cps.<br />

4) - Fato interessante, é a mineralização em terras raras, situar-se, preferencialmente,<br />

na faixa <strong>de</strong> radiometria <strong>de</strong> 400-650 cps em franco contraste com as mineralizações em nióbio e titânio.<br />

Esta situação, algo anômala, talvez possa ser explica da pela própria composição da mineralização<br />

<strong>de</strong> terras raras <strong>de</strong> Catalão I. Seus principais minerais, ricos em cério e lantânio são a rabdofanita<br />

(monazita hidratada), a parisita e a fIorencita. As monazitas associadas a carbonatitos, na<br />

maioria das vezes, não apresentam tório em sua estrutura como acontece com aquelas associadas a<br />

granitos e pegmatitos ácidos que, geralmente, apresentam teores <strong>de</strong> tório entre 1 e 12% Th02 e, às<br />

vezes, até 28 % Th02' sob a forma <strong>de</strong> misturas isomorfas.<br />

minerais<br />

5) - Nas zonas mineralizadas em titânio, nióbio e fosfato<br />

<strong>de</strong> urânio ou tório. Estes elementos <strong>de</strong>vem estar incorporados<br />

ainda não foram encontrados<br />

à estrutura dos minerais <strong>de</strong><br />

titânio (ilmenita, perovskita e, principalmente, o anatásio), nióbio (pirocloro) e <strong>de</strong> fosfato (apatita,<br />

gorceixita, fIorencita, etc) através <strong>de</strong> substituições diadóxicas. Locais com evi<strong>de</strong>ntes concentrações<br />

<strong>de</strong> anat.ásio, acusam mudanças bruscas das medidas cintilométricas que se tomam significativamente<br />

mais elevadas. Em vista <strong>de</strong>stes fatos, a prospecção radiométrica em Catalão I, é uma<br />

importante ferramenta na procura <strong>de</strong> locais com concentrações elevadas <strong>de</strong> titânio, nióbio e fosfato.<br />

6) - A maior parte da zona mineralizada em vermiculita apresenta radiometria situada<br />

na faixa dos 250-400 cps. Eventualmente alguns locais apresentam radiometria mais elevada, com<br />

valores entre 400-650 cps e, muito raramente, valores entre 650-800 cps e mesmo entre 800-1000<br />

cps. Nestes locais, a presença <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> titânio com tório diadóxico po<strong>de</strong>ria explicar as medidas<br />

cintilométriéas mais elevadas. Pelos menos parte da radiação existente na zona mineralizada em<br />

vermiculita, po<strong>de</strong> ser produzida pelo potássio, existente neste mineral e nas rochas ricas em fiogopita<br />

subjacentes.<br />

7) - As medidas radiométricas <strong>de</strong> Catalão I, analisadas estatísticamente, mostraram<br />

que as anomalias <strong>de</strong> 38,28 e 18 or<strong>de</strong>m situam-se, respectivamente, em tomo <strong>de</strong> 750 cps, 1000 cps e<br />

1450 cps. Os trabalhos <strong>de</strong> pesquisas (abertura <strong>de</strong> poços, furos <strong>de</strong> trado e sonda), mostraram que os<br />

locais com valores radiométricos situados na faixa <strong>de</strong> 650-800 cps são susceptíveis <strong>de</strong> mineralizações<br />

em fosfato, titânio e, muito raramente, nióbio. Portanto, o valor <strong>de</strong> 750 cps, classificado estatísticamente,<br />

como anomalia <strong>de</strong> 38 or<strong>de</strong>m, <strong>de</strong> certa forma, condiz com a realida<strong>de</strong>. Os locais com<br />

valores <strong>de</strong> radiometria <strong>de</strong> faixa 800-1000 cps estão sempre mineralizados, principalmente em titânio<br />

e fosfato e, secundariamente, em nióbio. Portanto a anomalia <strong>de</strong> 28 or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>finida estatísticamente,<br />

como sendo 1000 cps, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como verda<strong>de</strong>ira para o nióbio. Para o titânio e o<br />

fosfato, ela po<strong>de</strong>, na prática, ser consi<strong>de</strong>rada como <strong>de</strong> 18 or<strong>de</strong>m. °<br />

cálculoestatístico <strong>de</strong>finiu como<br />

sendo anomalia radiométrica <strong>de</strong> 18 or<strong>de</strong>m, Catalão I, o valor <strong>de</strong> 1450 cps. Este valor é muito alto<br />

para o titânio e o fosfato, como já foi dito anteriormente. Para o Iiióbio este valor na prática, correspon<strong>de</strong><br />

à realida<strong>de</strong>.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores <strong>de</strong>sejam consignar os seus agra<strong>de</strong>cimentos à Diretoria Técnica da METAGO<br />

pela autorização <strong>de</strong> publicação <strong>de</strong>ste trabalho bem como ao geólogo Raul Minas Kuyumjian pela<br />

realização dos cálculos estatísticos referidos neste texto.<br />

Reconhecidamente agra<strong>de</strong>cem também à datilógrafa Rose Dayse Lobo <strong>de</strong> Araújo e os<br />

<strong>de</strong>senhistas Alexandre Machado Alves da Costa, Alan Kar<strong>de</strong>c Soares Baylão e Antônio Dário <strong>de</strong><br />

Araújo pelos serviços <strong>de</strong> datilografia e <strong>de</strong>senho.


CARVALHO, VALENÇA 219<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

ARAUJO, P. L.; CARVALHO, W. T.; DRUMMOND, R. M.; GUZZO, N. S. G.; KISHIDA,A. -1971- Belatoldo<strong>de</strong> doPloJ...Ca.<br />

ta1io. Inédito<br />

CARVALHO. W. T. . 19'12 - Geo e ponpectlv. <strong>de</strong> ._vel to ___100 do8 do 1)0,. UlU8búlco.AJeabo <strong>de</strong><br />

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KREITER, V.M. -1968-GaoIotIb1~""8J[plantloa. Moecow, Mir.


PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA DE SEDIMENTOS DE CORRENTE<br />

APLICADA À SELEÇÃO DE ÁREAS<br />

COMMINERALIZAÇÃO CUPRÍFERA<br />

NO VALE DO RIO CURAÇÁ, Da<br />

INÃCIO DE MEDEIROS DELGADO., DORIV AL CORREIA BRUNI., JOÃO DALTON DE<br />

SOUZA.<br />

ABSTRACT<br />

A geochemkal prospecting 01 the current ssdiments was used in a _rching phase 01 the Projeto Cobre, 01 intel'8et of the<br />

Departamento Nacional da Produção Mineral, carried out by the DNPM/CPRM covenant.<br />

About 3000 samples were coUected, constituted by the finer aUuvial material, according to a regular spacing 01 260 m, in a total<br />

areaof 1.200 km2.<br />

The anal)'sia were mo<strong>de</strong> for total copper, soluble copper, and nicke1, and the data were statialica1)y treated.<br />

The obtained results were reall)' surpriaing, because it were characterized the aIready known ore bodies and selected about 30<br />

anomalias, of which 8 were already confirmed as copper occurren.....<br />

INTRODUÇAO<br />

A evolução da pesquisa <strong>de</strong> cobre do distrito cuprífero do Rio Curaçá, na área compreendida<br />

pelos meridianos 39°45' e 400()()'W e pelos paralelos 9°()()'e 100()()'S obe<strong>de</strong>ceu a 3 fases distintas:<br />

1) - Prospecção geoquímica com amostragem <strong>de</strong> solo residual dirigida para o reconhecimento<br />

dos corpos máficos-ultramáficos, aos quais se associam a mineralização cuprífera;<br />

seleção <strong>de</strong> anomalias e estudos <strong>de</strong>talhados, com trincheiras e sondagens. Essa sistemática foi<br />

utilizada por La<strong>de</strong>ira et alii (1969) após os estudos pioneiros <strong>de</strong> Lewis e Santos (1966) e Barbosa et<br />

alii (1966).<br />

2) - Prospecção geoquímica <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong> corrente visando o reconhecimento e<br />

seleção <strong>de</strong> áreas -anômalas a que se convencionou <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> Alvos S, objeto do programa <strong>de</strong><br />

prospecção <strong>de</strong>talhada através <strong>de</strong> geoquímica <strong>de</strong> solo residual, geofisica, trincheiras e sondagens.<br />

3) - Prospecção semi-<strong>de</strong>talhada através <strong>de</strong> geoquímica <strong>de</strong> solo residual e geofísica,<br />

sobre áreas selecionadas com base nos controles geológicos da mineralização cuprífera, visando a<br />

<strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> zonas anômalas, objeto da prospecção <strong>de</strong>talhada, subseqüente.<br />

O uso da prospecção geoquímica <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong> corrente foi motivada, na época, pela<br />

necessida<strong>de</strong> da aplicação <strong>de</strong> um método <strong>de</strong> baixo custo operacional, capaz <strong>de</strong> selecionar áreas<br />

prioritárias para os estudos <strong>de</strong> pesquisa, <strong>de</strong>talhados, visando a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> cobre.<br />

Esse método foi inicialmente<strong>de</strong>sencorajado porLewis e Santos (1966). Mas, La<strong>de</strong>ira et<br />

alii (1969) realizando novos estudos comprovaram a utilização do método na <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anomalias<br />

<strong>de</strong> cobre total, nos sedimentos amostrados próximo.à áreas mineralizadas.<br />

Dando continuida<strong>de</strong> a esses trabalhos, foram <strong>de</strong>senvolvidos novos estudos orientativos<br />

após o que, aplicou-se sistematicamente o método em uma área <strong>de</strong> aproximadamente 1.2()() km2,<br />

incluindo as folhas (7°30' <strong>de</strong> lado) <strong>de</strong> Arapuá. Caraiba-Poço da Vaca, Bom Despacho, Santos Ares,<br />

Jaramataia, Barro Vermelho e 1/3 da folha <strong>de</strong> Poço <strong>de</strong> Fora.<br />

Com autorizaçAo do DNPM<br />

· CPRM


222 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Apesar do emprego do método ter atingido plenamente seus objetivos (seleção <strong>de</strong> áreas<br />

prioritárias para a pesquisa), consi<strong>de</strong>ra-se hoje <strong>de</strong>snecessária a sua utilização na pesquisa do cobre<br />

do vale do Rio Curaçá, face aos controles geológicos da mineralização, <strong>de</strong>finidos após a conclusão do<br />

mapeamento geológico sistemático da área do projeto, que permitem a seleção <strong>de</strong> áreas potencialmente<br />

favoráveis à mineralização cuprifera, representando a última fase da evolução do planejamento<br />

e orientação da pesquisa do cobre, na região.<br />

COMPLEMENTAÇÃO DOS ESTUDOS ORIENTATIVOS<br />

Baseado nos estudos orientativos <strong>de</strong>senvolvidos, La<strong>de</strong>ira et alii (op. cit.) apresentaram<br />

as seguintes conclusões:<br />

1) - A geoquímica <strong>de</strong> sedimentos para cobre, funciona perfeitamente na área, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

seja amostrado o nível argiloso dos aluviões.<br />

2) Os valores anômalos para cobre, encontrados nos sedimentos, oscilaram <strong>de</strong> 30 a 90<br />

ppm.<br />

3) Os teores <strong>de</strong> cromo e níquel, <strong>de</strong>terminados nas mesmas amostras, comprovaram<br />

que a distribuição <strong>de</strong>sses elementos, principalmente do níquel, ten<strong>de</strong> a acompanhar a distribuição<br />

do cobre, refletindo a constituição dos corpos máfico-ultramáficos.<br />

Complementando os estudos orientativos, <strong>de</strong>senvolveu-se novos testes nas ocorrências<br />

<strong>de</strong> Murcho e Chico Ferreira, visando:<br />

a) - Estabelecer uma técnica <strong>de</strong> amostragem para os pequenos tributários (drenagens<br />

<strong>de</strong> 38, 48, etc, or<strong>de</strong>ns) que não apresentam os níveis argilosos, normalmente só encontrados nos<br />

aluviões <strong>de</strong> 18 e 28 or<strong>de</strong>m;<br />

b) - Testar o emprego do cobre solúvel, como um método <strong>de</strong> prospecção que normalmente<br />

vem sendo aplicado, em estudos similares, em outras regiões.<br />

Na ocorrência <strong>de</strong> Murcho, as amostras foram coletadas em pequenos e médios tributários<br />

(drenagens <strong>de</strong> 38 e 28 or<strong>de</strong>ns). Nos menores tributários, dada a inexistência <strong>de</strong> níveis argilosos,<br />

realizou-se a amostragem, a título experimental, coletando-se o material argiloso acumulado<br />

sob blocos <strong>de</strong> rocha que não incomumente se encontram, ligeiramente soterrados, no curso principal<br />

<strong>de</strong>sses córregos. Para os tributários médios, tanto em Murcho como em Chico Ferreira, adotou-se a<br />

técnica <strong>de</strong> amostragem já testada por La<strong>de</strong>ira et alii (op. cit.), amostrando-se o nível mais argiloso<br />

dos aluviões, no curso principal dos riachos que drenam as áreas.<br />

Cobre total<br />

As análises para cobre total foram realizadas na fração natural da amostra, inferior a 80<br />

mesh, através da abertura com K2S207'<br />

Para a área <strong>de</strong> Murcho, os teores <strong>de</strong> cobre total, representados na Figura 1, variaram <strong>de</strong><br />

25 a 300 ppm, sendo que os valores <strong>de</strong> 25 ppm (amostras 1110-10-19 e 20) situam-se a montante da<br />

ocorrência cuprífera, fora da influência da fonte mineral. Os valores anômalos<br />

.<br />

situaram-se acima <strong>de</strong><br />

62 ppm.<br />

Para a ocorrência <strong>de</strong> Chico Ferreira, os teores <strong>de</strong> cobre variaram <strong>de</strong> 18 a 375 ppm. Nesta<br />

área, valores em torno <strong>de</strong> 25 ppm são normais nos sedimentos não influenciados pela fonte mineral,<br />

como po<strong>de</strong> se constatar nas amostras 1110-ID-55a à 62a, exibidos na Figura 3, confirmando os<br />

dados obtidos em Murcho. O limiar para esta área situou-se, também, em tomo <strong>de</strong> 62 ppm.<br />

Em ambas as áreas, a zona anômala persistiu a jusante da fonte mineral por aproximadamente<br />

600 m rio abaixo, com valores superiores a 60 ppm <strong>de</strong> Cu t. Entretanto a distribuição<br />

das maiores concentrações anômalas não persistiu rio abaixo, além dos 250m <strong>de</strong> extensão (Fig. 1 e<br />

3).<br />

Cobre solúvel<br />

As análises para cobre solúvel foram realizadas na fração natural da amostra inferior a<br />

80 mesh, mediante a extração do cobre a frio, por solução <strong>de</strong> HCl1:1.


--<br />

Rlpr"lntoçõo Qráflco dI cobre<br />

totol 1m ..dlmlntol<br />

~n.i!> I ,<br />

Oll'lo.t.<br />

21! I!O<br />

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fluvioil orQilolol<br />

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Ocorrlncio dI<br />

o~<br />

CobrI<br />

Ponto dI omoltroQlm c/o r"plctivo númlro<br />

ESCALA<br />

o 100 200m<br />

I I I<br />

DELGADO, BRUNI, SOUZA<br />

I<br />

I<br />

~..... /<br />

/ ,/"<br />

N2 DA AMOSTRA COBRE TOTAL N2 DA AMOSTRA COBRE TOTAL N9DA AMOSTRA COBRE TOTAL<br />

I ppm) lppm) I Pplll )<br />

1110 - ID - 11 50 1110-10 - 28 75 1110. ID - 740 50<br />

"<br />

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. -18<br />

. - 19<br />

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.<br />

" - 65 62 " " -760 62<br />

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" -66<br />

"- 670<br />

'- 680<br />

38<br />

150<br />

150<br />

"<br />

"<br />

"<br />

" -780<br />

. -790<br />

. -800<br />

300<br />

250<br />

250<br />

"<br />

"<br />

"<br />

"<br />

"<br />

" - 23<br />

. - 24<br />

" -25<br />

" - 26<br />

" - 27<br />

62<br />

62<br />

62<br />

175<br />

88<br />

"<br />

"<br />

"<br />

..<br />

"<br />

"-690<br />

"-700<br />

. 710<br />

'-720<br />

"<br />

38<br />

62<br />

50<br />

75<br />

"<br />

.<br />

..<br />

"<br />

..<br />

-810<br />

'-820<br />

".830<br />

. -850<br />

200<br />

150<br />

75<br />

175<br />

-730 50 . . -860 100<br />

/<br />

Y<br />

, /"<br />

I<br />

I<br />

6101. Inócio DIIQodo<br />

N.V.<br />

" - 29 62 . . -750 100<br />

Fig, 1 - Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Orientação Através da Amostragem dos Sedimentos Fluviais Ativos<br />

da Ocottência <strong>de</strong> Cobre <strong>de</strong> Murcho.<br />

223


224 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Rtprtltntoção gráflc:o dt cobrt 10-<br />

lúvel tm ..dlmtntol fluvioil orgilolol<br />

não<br />

'ãllloo,.1 15<br />

Ponto dt<br />

I<br />

10<br />

I<br />

115<br />

I<br />

20<br />

~\<br />

\tI<br />

Ocorrtncio dt Cobrt<br />

012<br />

omoltrogtm cio rtlptctivo númtro<br />

ESCALA<br />

O 100 20011I<br />

I .. I<br />

I<br />

I<br />

I ,,'"<br />

I<br />

'"<br />

)/ I"<br />

/<br />

N2DAAMOSTRA COB'?i SOLÚVELN2DA AMOSTRACOBRESOLÚVEL N2DAAMOSTRACOBRE SOLÚvEL<br />

ppm) (ppml Ippm)<br />

1I10-ID-17 . 11I0 - /D - 28 18 1I10-ID-740 /0<br />

" -18 10 -29 /5 " -750 /5<br />

"-19 5 -65 15 " -760 10<br />

~20 5 66 12 " -780 15<br />

"-<br />

21 12<br />

" -670 20 " -790 18<br />

" -22 15 " - 680 /5<br />

" -800 20<br />

"-23 15 " - 690 10 " -lia 25<br />

"-24 15 " -700 15 "-820 25<br />

1~23 15 " -710 8 " - 830 /5<br />

"-26 30 " -'720 18 " -850 20<br />

"-27 20 " -730 12 "- 8110 /2<br />

"<br />

N.V.<br />

6101. Ináclo Dtlgodo<br />

Fig..2 - Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Orientação Atra~ da Amostragem dos Sedimentos Fluviais<br />

Ativos da Ocorrência <strong>de</strong> Cobre <strong>de</strong> Murcho.


DELGADO, BRUNI, SOUZA 225<br />

Para a área <strong>de</strong> Murcho, os valores <strong>de</strong> cobre solúvel, representados na Figura 2 variaram<br />

<strong>de</strong> 5 a 30 ppm. A partir <strong>de</strong> 15 ppm os teores po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados anômalos e abaixo <strong>de</strong> 10 ppm<br />

caem na faixa <strong>de</strong> variação normal do background.<br />

Para a área <strong>de</strong> Chico Ferreira, a variação dos valores <strong>de</strong> cobre solúvel, representados na<br />

Figura 4, foi <strong>de</strong> 5 a 38ppm. ° limiar situou-se em torno <strong>de</strong> 15ppm, concordante com os resultados <strong>de</strong><br />

Murcho.<br />

Níquel<br />

As análises para níquel foram realizadas na fraçâo natural da amostra inferior a 80<br />

mesh, mediante abertura com solução <strong>de</strong> K2S207'<br />

Observando-se a distribuição do níquel com relação às oconências <strong>de</strong> cobre constatou-se<br />

que os valores mais elevados têm distribuição errática ao longo do curso dos riachos e não se situam<br />

necessariamente a jusante da fonte mineral. Este fato po<strong>de</strong>ria, apriori, contra-indicar o níquel como<br />

elemento a ser analisado neste tipo <strong>de</strong> proposição.<br />

Entretanto, a população <strong>de</strong> níquel com teores dominantemente altos, po<strong>de</strong>ria represen.<br />

tar uma população totalmente anômala, relacionada aos corpos máfico-ultrámaficos <strong>de</strong> Murcho e<br />

Chico Ferreira. Mais tar<strong>de</strong>, com as análises sistemáticas <strong>de</strong> níquel, nos sedimentos amostrados,<br />

comprovou-se esse fato, sendo a população <strong>de</strong> níquel com teores mais elevados (da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 50 pp.<br />

m) característico da presença <strong>de</strong> rochas máfica-ultramáficas.<br />

Esta observação pennitiu que freqüentemente se utilizasse as anomalias, estatísticas,<br />

<strong>de</strong> níquel, relacionadas às anomalias <strong>de</strong> cobre, nos sedimentos amostrados, como uma associação <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> valor.<br />

A relação Cu ex/Cu t (Tab. 1) é mais baixa nos riachos menores (drenagem <strong>de</strong> 3&or<strong>de</strong>m).<br />

Esse fato po<strong>de</strong> ser explicado <strong>de</strong>vido a uma dispersão singenética do cobre nos primeiros<br />

TABELA 1<br />

Concentrações <strong>de</strong> cobre e níquel em sedimentos <strong>de</strong> corrente na ocorrência <strong>de</strong> Murcho.<br />

Amostras <strong>de</strong> sedimentos a jusante do Cu t Cu ex Cu ex/ Ni<br />

corpo mineralizado. (ppm) (ppm) Cu t (ppm) Observações<br />

(anômalo) %<br />

1110-ID- 26 perto da mineralização 175 30 17 60<br />

27 70m rio abaixo 88 20 22 60 Riacho médio<br />

28 180m rio abaixo 75 18 24 50 ( drenagem <strong>de</strong><br />

29 250m rio abaixo 62 15 24 45<br />

65 300m rio abaixo 62 15 24 50 2' or<strong>de</strong>m)<br />

66 360m rio abaixo 38 12 31 60<br />

1110-ID- 80<br />

79<br />

78<br />

68<br />

67<br />

perto da mineralizaçã'o<br />

perto da mineralização<br />

60m rio abaixo<br />

210m rio abaixo<br />

240m rio abaixo<br />

250<br />

250<br />

300<br />

150<br />

150<br />

20<br />

18<br />

15<br />

15<br />

20<br />

8<br />

7<br />

5<br />

10<br />

13<br />

60<br />

80<br />

60<br />

70<br />

60<br />

Riacho pequeno<br />

( drenagem <strong>de</strong><br />

3' or<strong>de</strong>m)<br />

85<br />

86<br />

300m rio abaixo<br />

360m rio abaixo<br />

175<br />

100<br />

20<br />

12<br />

11<br />

12<br />

55<br />

60<br />

Amostras <strong>de</strong> sedimentos a montante<br />

Riacho médio<br />

do corpo mineralizado. (Background)<br />

1110-ID--19<br />

1110-ID-20<br />

25<br />

25<br />

5<br />

5<br />

20<br />

20<br />

60 (? )<br />

50 (? )<br />

( drenagem <strong>de</strong><br />

2' or<strong>de</strong>m)<br />

..<br />

Cobre <strong>de</strong>terminado mediante abertura da amostra com K2S207.<br />

Cobre <strong>de</strong>terminado mediante extração cOm HCl 1:1<br />

Todas as <strong>de</strong>terminações foram feitas a 80 mesb.


226 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

---l ~,<br />

N9 DA AMOSTRA COBRE TOTAL N9DA AMOS TRA COBRE TOTAL tl-'DA AMOSTRA COB~E TOTAL<br />

(ppm) (ppm) ppm)<br />

1110- ID - $ - 36 375 1I10-ID-$-45o 150 1110-ID- $-56a 25<br />

00<br />

-37<br />

62<br />

. -38a 62<br />

00<br />

-46a 100 oo-57a 25<br />

18<br />

00<br />

-58a 25<br />

00 - 48a<br />

00 - 390 62 . - 49a 25<br />

00 - 59a<br />

oo-40a 00 00<br />

75<br />

-50 a 18<br />

- 60a 25<br />

00<br />

-41a /50 . -54a 25 - 62a /8<br />

00 -43a 100 . -55a 25<br />

oo-44a 62<br />

,<br />

\ \<br />

\<br />

,<br />

'....<br />

~~<br />

'- .<br />

~, ....<br />

Representoçoo grofico <strong>de</strong> cobre ---<br />

toUI em sedimentos fluvla" argilosos<br />

~!!~<br />

08t. 111<br />

30 60 90 120 lISO 3711<br />

(Õ'<br />

\~I<br />

Ocorrencio <strong>de</strong> Cobre<br />

036<br />

Ponto <strong>de</strong> amostragem elo respectivo número<br />

ESCALA<br />

o 100 200m<br />

I . I<br />

, ,\\\\<br />

I '" ,<br />

/<br />

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I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I,<br />

60<br />

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/<br />

N.v.<br />

I<br />

I /,<br />

1<br />

I<br />

1/<br />

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I<br />

/<br />

/<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

/<br />

/<br />

/<br />

/<br />

'....<br />

Ge'õr lnácla Delgado<br />

Fig. 3 - Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Orientação Através da Amostragem dos Sedimentos Fluviais<br />

Ativos da Ocorrência <strong>de</strong> Cobre <strong>de</strong> Chico Ferreira.<br />

25


~<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

--l.._<br />

,<br />

,\<br />

, " ,<br />

R.prtllRtação 9ráfico d. cobr. ~-,<br />

lú,,1 "<br />

'11I ..dllll.ntal fluvloll or9i10101'nilo<br />

t--- I I I I I I<br />

OlllOlt.<br />

4 . 111 20 !O 40<br />

'~<br />

Ocorrencio d. Cobre<br />

040<br />

Ponto d. 01ll01tr09.111 cIo r'lIIeetlvo<br />

ESCALA<br />

O 100 200In . I<br />

DELGADO, BRUNI, SOUZA<br />

N9 DA AMOSTRA COBRE SOLÚVE N9 DA AMOSTRA COBRE SOLÚVEL ~DAAMOSTRA COBRE SOLÚVEL<br />

IpplII} IpplII) IpplII)<br />

1110 - ID - $-36 15 1110-ID -$ -440 12 1I10-ID-$-550 8<br />

"\ \\<br />

nÚM'ro<br />

>-.,<br />

I<br />

\ / \<br />

,,1 \ , \<br />

,," \<br />

"<br />

"-37 15 "-450 38 11-560 8<br />

"-38 10 "- 460 25 1"- 570 8<br />

"-390 10 " -480 8 "-580 8<br />

1'400 10 "-490 4 "-590 5<br />

"- 4Jo 25 "-!SOa 10 "-600 8<br />

"430 30 '-540 10 !620 8<br />

,,<br />

I,<br />

I<br />

/'<br />

.../<br />

N.v.<br />

'/<br />

) "<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

/<br />

/<br />

-..... "<br />

-,<br />

6.;;:--/IIG8Io D.190do<br />

Fig. 4 - Prospecção Geoquímica <strong>de</strong> Orientação Através da Amostragem dos Sedimentos Fluviais<br />

Ativos da Ocorrência <strong>de</strong> Cobre <strong>de</strong> Chico Ferreira.<br />

I<br />

1<br />

I,<br />

I,<br />

I,<br />

I<br />

I /<br />

227


228 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

TABELA 2<br />

Concentrações <strong>de</strong> cobre e níquel em sedimentos <strong>de</strong> corrente na ocorrência <strong>de</strong> Chico Ferreira<br />

Amostras <strong>de</strong> sedimentos a jusante do<br />

** *** Cu ex/<br />

corpo mineralizado. Cu t Cu ex. Cut Ni Observações<br />

(anômalas) (ppm) (ppm) % (ppm)<br />

1l1O-ID- 36 Perto da mineralização 375 15 4 50 Riacho médio<br />

41 80m rio abaixo 150 25 16 75<br />

43 150m rio abaixo 100 30 30 85 (drenagem <strong>de</strong><br />

44 230m rio abaixo 62* 12* 19* 70<br />

45 280m rio abaixo 150 38 25 90 2!l or<strong>de</strong>m)<br />

46 350m rio abaixo 100 25 25 55<br />

Amostras <strong>de</strong> sedimentos a montante<br />

do corpo mineralizado. (Background)<br />

Riacho gran<strong>de</strong><br />

1l1O-ID- 58 25 8 32 35 (?)<br />

59 25 5 20 60 (? ) drenagem <strong>de</strong><br />

60 25 8 32 30 (? )<br />

62 18 8 44 35 (? ) l!l or<strong>de</strong>m)<br />

Amostra provavelmente contaminada por material da barreira do riacho.<br />

Cobre <strong>de</strong>terminado mediante abertura com K2S207.<br />

... Cobre <strong>de</strong>terminado mediante extração com HCI I :1.<br />

Todas as <strong>de</strong>terminações foram feitas a 80 mesh,<br />

estágios <strong>de</strong> erosão (o corpo aflora apresentando uma disseminação <strong>de</strong> sulfetos), ou, o que é mais<br />

provável, a maior aci<strong>de</strong>z do pH próximo da zona <strong>de</strong> sulfetos, hipótese reforçada pelo fato da relação<br />

Cu.ex/Cu.t aumentar com a distancia da fonte mineral. Na ocorrência <strong>de</strong> Chico Ferreira, a relação<br />

Cu.ex/Cu. t também diminui ao se aproximar da mineralização, caindo até 4 % (Tab. 2).<br />

Conclusões estraidas dos estudos orientativos<br />

1) - Ratificando as afirmativas <strong>de</strong> La<strong>de</strong>ira et aJii (1969), a amostragem dos sedimentos<br />

<strong>de</strong> corrente funciona perfeitamente como método geoquímico <strong>de</strong> reconhecimento para cobre, no vale<br />

do Rio Curaçá, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja amostrado o nível apropriado dos aluviões, que no caso <strong>de</strong>ve ser o<br />

nível argiloso, encontrado normalmente sobre as drenagens <strong>de</strong> 18 e 28 or<strong>de</strong>m. Para os pequenos<br />

tributários a amostragem <strong>de</strong>ve se processar sobre os sedimentos argilosos acumulados junto e<br />

abaixo dos blocos <strong>de</strong> rochas que se encontram soterrados no curso <strong>de</strong>sses córregos.<br />

2) - Os valores <strong>de</strong> cobre total e cobre solúvel apresentam contrastes bem acentuados<br />

próximo às ocorrências cupríferas, atingindo, para cobre total, até 15 vezes o valor do background<br />

<strong>de</strong> Cu t e, para cobre solúvel, até 7 vezes o valor do background <strong>de</strong> Cu ex. Em que pese o menor<br />

contraste, o cobre solúvel apresentou maior dispersão ao longo do curso dos riachos, favorecendo a<br />

sua aplicação como método <strong>de</strong> reconhecimento geoquímico, com os valores anômalos persistindo rio<br />

abaixo até 700 m distante da fonte do metal;<br />

3) - Em função da dispersão do cobre ao longo dos sedimentos ativos, concluiu-se que o<br />

intervalo <strong>de</strong> amostragem não <strong>de</strong>ve ultrapassar 250 m. A escolha <strong>de</strong>sse espaçamento permite que nas<br />

zonas anômalas, <strong>de</strong>tectadas pelo reconhecimento geoquímico, pelo menos duas amostras apresentem<br />

valores altos. Isto.diminui, em escala <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>, a interpretação <strong>de</strong> anomalias <strong>de</strong>vido a<br />

erros isolados <strong>de</strong> amostragem ou analíticos.<br />

4) - Há um evi<strong>de</strong>nte processo <strong>de</strong> diluição dos valores geoquímicos quando um tributário<br />

<strong>de</strong>sagua em outro. Este fenômeno po<strong>de</strong> conduzir ao <strong>de</strong>saparecimento completo <strong>de</strong> uma anomalia<br />

geoquímica, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do volume dos aluviões <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados riachos que drenam a região.<br />

5) - Com base nos trabalhos orientativos, estimou-se os seguintes valores <strong>de</strong> background<br />

e threshold para os pequenos e médios tributários (drenagens <strong>de</strong> 38 e 28 or<strong>de</strong>m).<br />

Elemento analisado Background Threshold<br />

(ppm) (ppm)<br />

Cobre total<br />

Cobre Solúvel<br />

25 60<br />

5 15'<br />

-- ---


DELGADO, BRUNI, SOUZA 229<br />

Para os tributários maiores (drenagens <strong>de</strong> 1 & or<strong>de</strong>m), estimou-se os limiares <strong>de</strong> 50 ppm<br />

para cobre total e 10 ppm para cobre solúvel.<br />

6) - Em termos econômicos, apesar da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> elevada <strong>de</strong> amostragem para o reconhecimento<br />

geoquímico (conclusão chegada em função dos estudos orientativos), o número <strong>de</strong><br />

amostras <strong>de</strong> sedimentos necessários para cobrir uma <strong>de</strong>terminada folha ainda é 5 vezes. menor do<br />

que se a amostragem se processasse sobre o solo residual.<br />

ESPECIFICAÇOES T:€CNICAS<br />

A amostragem sistemática obe<strong>de</strong>ceu a seguinte orientação técnica:<br />

1) . Amostragem dos níveis argilosos dos aluviões no centro do canal<br />

riachos, correspon<strong>de</strong>nte às drenagens <strong>de</strong> 1<br />

principal dos<br />

& e 2& or<strong>de</strong>m;<br />

2) - Amostragem do material fino acumulado junto ou sob os blocos <strong>de</strong> rochas ou<br />

afloramentos, encontrados nas drenagens <strong>de</strong> 3&or<strong>de</strong>m ou inferiores (4&,5&, etc);<br />

3) - Coleta <strong>de</strong> amostras a intervalos aproximadamente iguais a 250 m;<br />

4) - Coleta <strong>de</strong> material próximo à confluência dos tributários para análise dos problemas<br />

<strong>de</strong> diluição e barreiras geoquimicas (Hawkes e Webb, 1962).<br />

As análises foram realizadas na fração natural da amostra, inferior a 80 mesh, para<br />

cobre total (teste colorimétrico pela 2.2 biquinolina com abertura pelo K2S207); cobre solúvel<br />

(colorimétrico com abertura pelo HCI1.1) e níquel (colorimétrico pela 2.furildioxina com abertura<br />

pelo K2S207)'<br />

Os erros analiticos e <strong>de</strong> amostragem aparecem insignificantes, em termos práticos, não<br />

acarretando maiores problemas a interpretação geoquimica.<br />

Foram adotados os critérios estabelecidos por Garret (1969) para estimativa dos erros,<br />

utilizando-se para isso o resultados referentes a cerca <strong>de</strong> 50 sítios prospectados, com coleta <strong>de</strong><br />

amostras <strong>de</strong> rotina e replicata.<br />

A variância combinada, analítica e <strong>de</strong> amostragem, foi <strong>de</strong>terminada pela equação:<br />

N<br />

\rSA 2 = ~ Li<br />

= 1<br />

("u<br />

on<strong>de</strong> V SA 2 é a variânciacombinada analítica e <strong>de</strong> amostragem.<br />

Xu. é o logritmo do valor para a amostragem<br />

Xu. é o logar.ítimo do valor para a amostra <strong>de</strong> rotina.<br />

X2i é o logarítimo do VJIlorpara a amostra replicada.<br />

N é o número <strong>de</strong> replicadas.<br />

A variabilida<strong>de</strong> total dos dados foi computada pelo método usual.<br />

N<br />

f( D2=~ ~ (Xli_XI)2<br />

\I N-I<br />

i-I<br />

on<strong>de</strong> V' D2 é a variância dos dados<br />

2<br />

Foi registrado para F = 1T2D/ fT2SA (expressão do significado da variância do con.<br />

junto comparada ao erro inerente ao método <strong>de</strong> coleta e análise das amostras) valor superior a 4.0,<br />

evi<strong>de</strong>nciando que os erros <strong>de</strong>tectados são praticamente insignificantes (Garret. 1969), enquanto<br />

que o grau da precisão analitica e <strong>de</strong> amostragem situa-se na faixa <strong>de</strong> confiança (p 1.0) estimada<br />

pelos cálculos para os resultados obtidos nas análises do sedimento.


230 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

.....<br />

BOM Ct:SPACHO<br />

MINIsmRlO DAS MINAS E ENERGIA<br />

DEPARTAMENTO NAOONAL DA PRODUÇÃO MINERAL<br />

SC'''.Y-D-J.SO ... .....<br />

--..t'.I I I I J b..4<br />

o . ID J8 100180_"100-:'::<br />

fIoU8dI t,.,...<br />

IIt.MIIÉT1ICO1:011 100 LOULIZA;io u ..IL,!"<br />

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lIIO.IfÇio un t:08 O<br />

.11'.<br />

DlAIIO CEI"A.. .. Ir<br />

..<br />

PROJElO COBRE -CURAÇÁ<br />

REPRESENTAÇÃo GRÁ'ICA DOS VAL.ORES DE<br />

COlRE TOTAL DOSADO EM AMOSTRAS DE<br />

SEDIMENTOS ATIVOS COLErADAS NOS RIA-<br />

CHOS DA FOLHA DE BOM DESPACHO<br />

~ ~'f"'~.<br />

1171<br />

.....<br />

CA..í...-<br />

1II....,.u..:..oco...<br />

VACA<br />

.......<br />

.. ... 8".T..<br />

....CMO ..".<br />

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CÁLCULOS ESTATlsTICOS 00 BACKGROUND E THRESHOLD<br />

HOltlZOflTAL - VÉIITICIEI ..<br />

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TII uu,çio UOOÉtteA O[<br />

I... 01018 DO COnlLMO<br />

..C..Ato DE<br />

DUI.,ICAÇJo 00 IrO'''',A 11108O- fIOLI-<br />

1O..çio TlLUII08É 11nCA r<br />

T'I".'ULAÇio<br />

TED<br />

"I'LATII<br />

Iuw. SLOT.<br />

Para a interpretação dos dados geoquímicos que englobaram mais <strong>de</strong> S.OOQamostras<br />

constituindo cerca <strong>de</strong> 9.00Q <strong>de</strong>terminações (cobre totai, cobre solúvel e níquel), além do parâmetros<br />

já est!lbelecidos com os estudos orientativos proce<strong>de</strong>u-se um tratamento estatístico, convencional,<br />

dos dados. Nesse processamento adotou-se os seguintes critérios:<br />

1) - Separação das diversas populações geoquímicas em função das unida<strong>de</strong>s litológicas<br />

individualizadas no mapeamento geológico, utilizando-se para este fim, os divisores <strong>de</strong> água que


limitam aproximadamente essas associações em população geoquímica:<br />

da unida<strong>de</strong> Arapuá.<br />

da unida<strong>de</strong> Bom Despacho.<br />

da unida<strong>de</strong> Mary.<br />

da unida<strong>de</strong> Serra da Barriguda.<br />

das rochas granitói<strong>de</strong>s.<br />

DELGADO, BRUNI, SOUZA 231<br />

2) - Análise do tipo <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> cada uma das populações alvos, através <strong>de</strong> bistogramas<br />

e gráficos <strong>de</strong> freqüência acumulada plotados em papeis <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> contra escalas<br />

....<br />

...<br />

BOM OESPACHO<br />

5C-24-Y-0<br />

-3'<br />

50<br />

MINIsmRIO DAS MINAS E ENERGIA<br />

DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUÇÃO MINERAL<br />

f[C.CO . . OUIADO Ie'ÓLOIOJ<br />

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Fig.6<br />

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PROJETO COBRE - CURAÇÁ<br />

REPRESENTAÇio GRÁfiCA DOS VALORES DE<br />

COIRE SOLÚVEL DOSADO E. ..OSTRA S DE<br />

SEDI8tfNTOS ArrvoS COLETADAS IItOS .tlA-<br />

CHOS DA fOlHA DE 10M DESPACHO<br />

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--


232 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fig. 7 - Histograma <strong>de</strong> Freqüência e Gráfico <strong>de</strong> Probalida<strong>de</strong><br />

para Cobre Total em Sedimento Ativo - Unida<strong>de</strong><br />

Mary.<br />

X ZI Zr<br />

ND-10 54,01<br />

ao -40 44,1:1<br />

j 40-10 TO _,52<br />

~80- 80 ,. . I,"<br />

....<br />

..<br />

10-100 0,41<br />

..<br />

100 .11:0<br />

0,81<br />

C '0<br />

~110-140 0.8'<br />

.. r40-'80 0,.0<br />

>::1<br />

2 110-'80 0,.0<br />

..<br />

180-100<br />

0,10<br />

..<br />

..<br />

40<br />

L.. X ZI Zr Z..<br />

0,_-0,_ tO .... ....<br />

'0<br />

0.8-1,1: ... ",44 51,80<br />

1,1 -1,1 ,.. II.S' '1,47<br />

I~ -I,' ,o. 11..87".44<br />

50 1,1<br />

-<br />

1,1 U .... ",SI<br />

J<br />

1,1- 1.4 - H._<br />

.,<br />

C<br />

.... i = 29 ppm<br />

..<br />

.. X+2S= 80 ppm<br />

i<br />

:~<br />

..<br />

::: 10<br />

ar,<br />

....<br />

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,<br />

..<br />

.0<br />

,o<br />

'0<br />

O.'<br />

VALOR DE CO."E TOTAL (,,1ft)<br />

( )<br />

eu<br />

0,01 , 10 .0 .. '00 toa<br />

LIMITES DOS INTERVALOS DE CLASSE (,plft eu)


~%<br />

.0<br />

..<br />

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120<br />

100<br />

10<br />

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o<br />

..J<br />

80<br />

~li: 10<br />

W<br />

~~cn 40<br />

8<br />

'"<br />

...<br />

~::::i<br />

20<br />

o<br />

2<br />

DELGADO, BRUNI, SOUZA 233<br />

aritmética ou logaritmica;<br />

3) - Cálculo do background (média aritmética ou geométrica) em função da distribuição<br />

das populações (normal ou log-normal);<br />

4) - Cálculo do limiar (threshold), nas populações simples, consi<strong>de</strong>rando o background<br />

mais duas ou três vezes o <strong>de</strong>svio padrão;<br />

5) - Em casos <strong>de</strong> mistura <strong>de</strong> populações, cálculo do threshold em função da média e<br />

<strong>de</strong>svio padrão estabelecidos a partir da provável população do background, conforme os ensinamentos<br />

<strong>de</strong> Andrews-Jones (1968).<br />

A maioria das populações mostraram tendência a seguir uma distribuição log-normal.<br />

Exemplifica-se esse fato na população <strong>de</strong> cobre total da unida<strong>de</strong> Mary. O histograma (Fig. 7)<br />

mostra uma cauda bastante alongada, apresentando uma tendência central bem mais pronunciada<br />

quando plotado em escala log-normal. Os valores <strong>de</strong> freqüência acumulada em papel <strong>de</strong> log-prohabilida<strong>de</strong><br />

se dispõem seguindo uma linha aproximadamente reta (Fig. 7).<br />

A unida<strong>de</strong> Bom Despacho constitui uma população geoquímica que ten<strong>de</strong> para uma<br />

distribuição normal. O gráfico <strong>de</strong> freqüência acumulativa para cobre total (Fig. 8) mostra uma<br />

inflexão em torno <strong>de</strong> 70 ppm, e a curva é típica <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> duas populações. O histograma<br />

mostra uma pronunciada tendência central em tomo <strong>de</strong> 40 ppm e uma possível segunda população<br />

<strong>de</strong> valores anômalos, acima <strong>de</strong> 80 ppm. A distribuição normal dos valores <strong>de</strong> cobre total é então<br />

comprovada pelo gráfico <strong>de</strong> freqüência acumulativa (Fig. 9) em papel <strong>de</strong> normal-probabilida<strong>de</strong>, dos<br />

valores separados que constituem a população ckJbackground.<br />

Na Tabela 3 apresenta-se os valores <strong>de</strong> background e threshold das diversas populações<br />

geoquímicas, calculadas estatisticamente. Nota-se que o 10 limiar (threshold) calculado como Rendo<br />

o background mais duas vezes o <strong>de</strong>svio padrão se aproxima essencialmente dos valores anômalos<br />

COBRE TOTAL (ppm)<br />

10<br />

I<br />

20<br />

I I<br />

50 40<br />

X Zi Zr Zoe<br />

NO- 20 8 4,65 4,65<br />

20- 40 87 50,58 55,23<br />

40-60 62 36,04 91,27<br />

60 -80 4 2,32 93,59<br />

80-100 2 1,16 94,75<br />

100-120 6 3,48 98,23<br />

140-160 3 t,74 99,97<br />

X = 43 ppm<br />

X + 2 S = 89 ppm<br />

10 70 10<br />

'0<br />

'0<br />

FREQÜENCIA ACUMULATlVA (%) EM ESCALA DE PROBABILIDADE<br />

,<br />

.<br />

..<br />

,<br />

..<br />

, I<br />

'9,' 9',9<br />

Fig. 8 - Histograma <strong>de</strong> Freqüência e Gráfico <strong>de</strong> Distribuição da Freqüência Acumulativa para Cobre Total<br />

em Sedimento Ativo Unida<strong>de</strong> Bom Despacho.


234 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

obtidos nos estudos orientativos.<br />

.U<br />

10<br />

70<br />

e .. 60<br />

..<br />

X ZI Zr Zoe<br />

tO-20 7 4.37 4,37<br />

20-30 . 29 18,12 22,49<br />

30-40 ~8 36,2~ ~7,74<br />

40- 50 38 23,7~ B2,49<br />

~0-60 24 1~,OO 97,49<br />

70-80 4 2,~0 99,99<br />

X ,<br />

39 ppm .0<br />

X+ 2S'63ppm<br />

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS<br />

A preparação dos mapas geoquímicos <strong>de</strong> aluvião obe<strong>de</strong>ceu a critérios bastante simples,<br />

por se tratar <strong>de</strong> um único tipo <strong>de</strong> amostragem. Foi estudado um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> representação gráfica<br />

para cobre total, cobre solúvel e níquel, em que fosse visualizado o máximo <strong>de</strong> variações dos valores<br />

<strong>de</strong> background e threshold, a fim <strong>de</strong> facilitar a interpretação dos dados geoquímicos.<br />

Foram preparados 3 mapas geoquímicos (cobre total, cobre solúvel e níquel total) para<br />

cada folha amostrada, totalizando 21 mapas <strong>de</strong> representação gráfica <strong>de</strong> teores geoquímicos. Para<br />

ilustração serão apresentados neste trabalho os mapas confeccionados para a folha <strong>de</strong> Bom<br />

Despacho.<br />

Em cada anomalia geoquímica foi <strong>de</strong>limitada uma área que correspon<strong>de</strong> à área <strong>de</strong><br />

influência da anomalia, consi<strong>de</strong>rando-se para isto, os divisores <strong>de</strong> água que circundam os riachos,<br />

com teores elevados.<br />

A superposição das áreas <strong>de</strong> influência das anomalias <strong>de</strong> cobre total, sobre solúvel e<br />

níquel, <strong>de</strong> cada folha amostrada, acha-se representado em plantas, exemplificado na folha <strong>de</strong> Bom<br />

Despacho, com a indicação dos alvos para prospecção mais <strong>de</strong>talhada.<br />

A importância <strong>de</strong> cada alvo pren<strong>de</strong>-se, inicialmente, à superposição das anomalias <strong>de</strong><br />

cobre total, solúvel e níquel; à intensida<strong>de</strong> dos valores anômalos e a sua distribuição ao longo do<br />

curso do rio.<br />

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10<br />

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60 70 10<br />

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10<br />

'"~ .0<br />

o<br />

'"o:<br />

...<br />

'0<br />

o 01020'°4050607080<br />

FREQÚENCIA ACUMULATIVA (%) EM ESCALA DE PROBABILIDADE<br />

C08RE TOTAL (ppm)<br />

.. te ti 99,9 99,99<br />

Fig. 9 - Histograma <strong>de</strong> Freqüência e Gráfico <strong>de</strong> Freqüência Acumulativa para Cobre Total em Sedimento<br />

Ativo. Unida<strong>de</strong> Bom Despacho.<br />

".'


Folha <strong>de</strong> Bom Despacho<br />

População Cobre total Cobre Solúvel Níquel<br />

Litologias principais<br />

I<br />

das unida<strong>de</strong>s Background Threshold (ppm)<br />

Background Threshold (ppm)<br />

Background Threshold (ppm)<br />

ppm<br />

ppm<br />

ppm<br />

Geoquímica<br />

LI 12<br />

LI L2<br />

LI L2<br />

Unida<strong>de</strong> Biotita-gnaisse,<br />

quartzo-feldspato 20 65 117 3 10 18 10 42 85<br />

Arapuá gnaisse, anfibolito.<br />

Unida<strong>de</strong> Calcosilicatadas,<br />

Bom<br />

Despacho<br />

anfibolito, granada<br />

gnaisse<br />

43, 39" 89,63<br />

"<br />

Biotita-gnaisse<br />

Unida<strong>de</strong> migrnatizado,<br />

MARY corpos máficos<br />

ultramáficos.<br />

22 80 150 4<br />

112,75" 7, 6" 13,1 I" 16,13" 23 55 71<br />

13 23 14 42 71<br />

Rochas Granitos, gnaisse<br />

sieníticos, gnais- 18 40 60 3 8 14 6 24 47<br />

granitoi<strong>de</strong>s ses porfiroblásticos.<br />

Unida<strong>de</strong><br />

Serra da<br />

Barriguda<br />

Granulitos<br />

DELGADO, BRUNI, SOUZA 235<br />

É apresentado o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> interpretação dos dados <strong>de</strong> prospecção nos sedimentos <strong>de</strong><br />

corrente da folha <strong>de</strong> Bom Despacho, selecionada para ilustração <strong>de</strong>sse trabalho.<br />

No centro da folha aparece uma gran<strong>de</strong> zona anômala para cobre solúvel on<strong>de</strong> figuram<br />

áreas mais restritas <strong>de</strong> anomalias <strong>de</strong> cobre total e eventualmente níquel. Outras anomalias foram<br />

interpretadas na porção SE da folha.<br />

Os alvos S-6, S-7 e S-9 apresentam as melhores indicações geoquímicas, <strong>de</strong>vidos a<br />

superposição das anomalias <strong>de</strong> cobre total, solúvel e níquel. Os trabalhos <strong>de</strong> prospecção <strong>de</strong>talhada<br />

sobre estes alvos apresentaram os seguintes resultados:<br />

10) - No Alvo S-6 confirmou-se uma ocorrência <strong>de</strong> cobre caracterizada na superfície por<br />

malaquita e azurita, associada a rocha anfibolítica alterada. Esta ocorrência já erá conhecida da<br />

equipe técnica da Caraiba Metais S.A., que havia executado trabalhos <strong>de</strong> sondagem no local, razão<br />

porque não se executou nenhum trabalho adicional, <strong>de</strong> pesquisa.<br />

2) - O Alvo S-7 está localizado na faixa <strong>de</strong> quartzo-feldspato-gnaisses com intercalações<br />

abundantes <strong>de</strong> calcosilicatadas, anfibolitos e quartzitos gnaissificados, a qual no mapeamento<br />

geológico na escala 1:25.000 foi individualizada como unida<strong>de</strong> Bom Despacho. Na prospecção<br />

geoquímica em solo residual, realizada sobre o alvo, foram representados valores <strong>de</strong> 250, 1.300 e até<br />

1.400ppm <strong>de</strong> cobre, ao longo <strong>de</strong> um trend N -S com 1.000 m <strong>de</strong> extensão. A paralização dos trabalhos<br />

do projeto impediu que se continuasse a pesquisa no lc.cal.<br />

3) - Os levantamentos geológico-geoquimicos realizados no Alvo S-9 (Alvo <strong>de</strong><br />

Suçuarana) proporcionaram resultados altamente significados, tendo sido caracterizada uma<br />

extensa faixa NS p;eoquímicamente anômala, correspon<strong>de</strong>nte a um corpo <strong>de</strong> anfibolito com zonas<br />

estreitas <strong>de</strong> biotitito, impregnadas <strong>de</strong> malaquita e azurita. A cobertura residual das litologias<br />

encaixantes: quartzo-feldspato gnaisse e biotita gnaisse, revelam fracos teores <strong>de</strong> cobre, contrastando<br />

com os altos teores no solo máfico on<strong>de</strong> registra-se um halo anômalo <strong>de</strong> 1.000ppm <strong>de</strong> cobre,<br />

envolvendo uma área <strong>de</strong> (300 X 75) m. Algumas trincheiras abertas na zona geoquimicamente mais<br />

significativa atravessaram uma faixa <strong>de</strong> biotitito (e/ou c1oritito) localizado na base do corpo anfibolítico,<br />

com espessura média <strong>de</strong> 3 m, mÍneralizada com malaquita e azurita.<br />

TABELA 3<br />

Valores <strong>de</strong> Background e Threshold, cálculos estatisticamente, nas diversas populações geoqu(micas.<br />

Valores calculados em função da 'população do background.<br />

L1 =<br />

L2<br />

'"<br />

threshold<br />

threshold<br />

(lP limiar) = background<br />

(2!> limiar) = background<br />

+ 2 X <strong>de</strong>svio padrão.<br />

+ 3 X <strong>de</strong>svio padrão.<br />

26 90 166 3 6 8 6 13 16


236 ANAIS 00 XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Cumpre observar que este corpo <strong>de</strong> anfibolito não havia sido mapeado na escala<br />

1:25.000 <strong>de</strong>vido a extensa zona <strong>de</strong> aluviões que o circunda, <strong>de</strong>scaracterizando a tonalida<strong>de</strong> fotogeológica.<br />

A suspensão dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa impediu que se chegasse a conclusão quanto a<br />

potencialida<strong>de</strong> da área.<br />

Na área total pesquisada<br />

Áreas já comprovadamente mineralizadas como a jazida <strong>de</strong> Caraiba, os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong><br />

Lagoa <strong>de</strong> Mina e Cercado Velho (Fig. 10) e diversas ocorrências cupríferas já conhecidas, foram<br />

caracterizadas por anomalias geoquímicas, nesta prospecção <strong>de</strong> reconhecimento, comprovando a<br />

eficiência do método na seleção <strong>de</strong> áreas prospectáveis.<br />

,.<br />

,4---<br />

/'<br />

:: / ~ Fig. 10 -REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS TEORES<br />

~ DE COBRE TOTAL DOSADOS EM A.OS-<br />

(<br />

... ". 1.. TRAS DE SEDIMENTOS DE CORRENTE CA-<br />

.<br />

':::::. .. RACTERI,zANDO ANOMALIA QUE ENVOLVE<br />

: OS DEPOSITOS DE LAGOA DA .lU E<br />

CERCADO<br />

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DELGADO, BRUNI, SOUZA 237<br />

3) - Em apenas duas <strong>de</strong>ssas 8 áreas anômalas foram executados trabalhos <strong>de</strong> geofísica<br />

através da polarização induzida, magnetometria terretre (campo total) e AFMAG, tendo-se comprovado<br />

anomalias geofísicas em ambas as áreas;<br />

4) - Em apenas uma das anomalias geofísicas foi executado um furo <strong>de</strong> sondagem,<br />

antes <strong>de</strong> encerrar as ativida<strong>de</strong>s do projeto, tendo-se comprovado disseminação <strong>de</strong> sulfetos (calcopirita,<br />

pirita e pirrotita), embora <strong>de</strong> baixo teor <strong>de</strong> cobre.<br />

CONCLUSÃO<br />

1) - A caracterização geoquímica das áreas mineralizadas j~conhecidas, como jazida <strong>de</strong><br />

Caraiba, os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> Lagoa da Mina e Cercado Velho, as ocorrências <strong>de</strong> Arapuá e Bom<br />

Despacho e, os resultados até então alcançados com a evolução dos trabalhos <strong>de</strong> prospecção nos<br />

alvos selecionados, comprovam a eficiência do método na seleção <strong>de</strong> áreas prioritárias para a pesquisa<br />

<strong>de</strong> cobre, no distrito cumprífero do Rio Curaçá.<br />

2) - As especificações técnicas usadas no trabalho, como: amostragem do nível mais<br />

argiloso dos aluviões: espaçamento <strong>de</strong> 250 m entre os pontos <strong>de</strong> amostragem; análises <strong>de</strong> cobre<br />

total, solúvel e níquel; mostraram-se tecnicamente a<strong>de</strong>quadas. Entretanto, em futuros trabalhos <strong>de</strong><br />

pesquisas sobre áreas similares, as análises <strong>de</strong> cobre solúvel po<strong>de</strong>m ser suficientes para a <strong>de</strong>tectação<br />

<strong>de</strong> anomalias geoquímicas para cobre, em sedimentos <strong>de</strong> corrente, sendo dispensável as análises <strong>de</strong><br />

cobre total, o que implica numa redução dos custos da pesquisa.<br />

3) - A técnica estatística mostrou-se a<strong>de</strong>quada, como guia disciplinar na caracterização<br />

<strong>de</strong> valores <strong>de</strong> background e threshold para cada associação litológica individualizável, tendo-se<br />

constatado que o threshold, calculado como o background somado a duas vezes o <strong>de</strong>svio padrão,<br />

apresenta uma coincidência absoluta com os limiares obtidos nos estudos orientativos.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

ANDREWS-JONES, D. A. - 1968 - The application of geochemical techniques to mineral exploration. Mlnerallnclnstries BuUetln. Boul<strong>de</strong>r,<br />

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GEOLOGIA E GEOQUÍMICA DE SEMI-DETALHE<br />

DO MACIÇO MÁFICO-ULTRAMÁFICO,<br />

MANGABAL I, SANCLERLÁNDIA, Go<br />

MARCELO JOSÊ RIBEIRO*, AMADEUS ACHILES PFRIMER*,<br />

CARLOS MARANHÃO GOMES DE SÃ*<br />

ABSTRACT<br />

The authors studied an area of about 25 km2 from Mangabal I mafic-ultramafic Massif, SanclerlAndia townsmp, Goias State,<br />

Brazil. The work consisted of geological mapping on the 1:15.000 scale and semi<strong>de</strong>tailed geochemical prospecting. The mafic.ultramafic Complex<br />

is represented by mafic rocks wi<strong>de</strong>ly differentiated (gabbro, norite, hiperite, olivine norite, and troctolite) and ultramafic rocks intensively<br />

affected by transformatioDs.<br />

In that area the biotite hornblen<strong>de</strong> gneisses of the Basement Complex of Goms prevai! wi<strong>de</strong>ly and are overlain by biotite muscovite<br />

gneisses and gamet muscovite shists.<br />

Rock and soi! samples were analysed for nickel, copper and cobalt and the resulta pointed out two nickel and copper anomalous<br />

areas.<br />

The comparison of the geochemical data with those of the others mafic-ultramafic Complex, pointed out the economic interest<br />

for nickel and copper in the studied area.<br />

HISTÓRICO E LOCALIZAÇÃO<br />

O maciço <strong>de</strong> Mangabal I foi reconhecido e <strong>de</strong>limitado pela primeira vez, na escala<br />

1:60.000, em 1969 (Dannietalii, 1973).<br />

O corpo está localizado a 8 km a su<strong>de</strong>ste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sanclerlândia e é cortado pela<br />

estrada Sanclerlândia-Anicuns, (Fig. 1). Ê parcialmente limitado pela Serra do Mangabal, <strong>de</strong>nominação<br />

local da Serra <strong>de</strong> São Luis, don<strong>de</strong> o nome adotado (Danni,op. cito p.189); com a <strong>de</strong>scoberta<br />

<strong>de</strong> outro corpo imediatamente a sudoeste <strong>de</strong>ste, passou-se a nomea-Ios Mangabal I e Mangabal<br />

lI, respectivamente.<br />

GEOLOGIA REGIONAL E DO MACIÇO DE MANGABAL I<br />

O maciço acha-se limitado pelo arco formado pela Serra <strong>de</strong> Mangabal (limite W e N), por<br />

gnaisses regionais (limite E) e por gnaisses regionais e xistos magnesianos (limite SI.<br />

A Serra do Mangabal é formada basicamente por granada-moscovita xistos (on<strong>de</strong> a<br />

granada mostra em afloramentos, o aspecto peculiar <strong>de</strong>sta litologia, com porfiroblastos, idiomórficos<br />

<strong>de</strong> até 2 cm, salientes na superfície), contendo intercalações <strong>de</strong> quartw-granada xistos em<br />

formas lenticulares. Subordinadamente são ainda encontrados biotita-moscovita xistos ou biotitaxistos,<br />

granatíferos ou não. Esta litologia mergulha com ângulos bem acentuados (400.500), seja<br />

para SE, seja para S, em função do arqueamento estrutural da Serra.<br />

Para norte e oeste da Serra, é encontrada uma estreita faixa <strong>de</strong> biotita-moscovita<br />

gnaisses finos, localmente com granada, concordantemente sotopostos aos xistos granitíferos.<br />

Constituem junto com os granada-xistos um apertado sinclinal. Na área mapeada há uma passagem<br />

gradual entre esta litologia e os xistos da Serra, evi<strong>de</strong>nciando uma faixa <strong>de</strong> transição constituida <strong>de</strong><br />

gnaisses mais granatíferos, com empobrecimento gradual dos feldspatos potássicos e também<br />

*METAGO


240 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

50"15'<br />

Fig. 1- Mapa <strong>de</strong> Localização<br />

gradual aumento das faixas micáceas; a textura toma-se mais xis tosa. Esta passagem é melhor<br />

observada no flanco NW da Serra do Mangabal (entre esta e o maciço, não são encontrados afloramentos<br />

<strong>de</strong> biotita-moscovita gnaisses fino I, (Fig. 21.<br />

Ao sul <strong>de</strong> Mangabal I, ocorre uma seqüência <strong>de</strong> xistos sem granada, sobrepostos aos<br />

gnaisses regionais, formados por biotita-xistos, no qual estão intercalados xistos magnesianos;<br />

clorita-xistos, actinolita-xistos, tremolita-xistos e xistos resultantes das combinações dos três<br />

principais minerais; nota-se ainda pequenas lentes <strong>de</strong> talco-xistos e <strong>de</strong> anfibolitos.<br />

Os gnaisses regionais são representados por biotita-gnaisses e biotita-homblenda<br />

gnaisse, migmatíticos, localmente com granada, com lentes <strong>de</strong> plagioclásio anfibolitos. Nas<br />

adjacências do maciço, principalmente no contato sul, o gnaisse é muito amarrotado, o que po<strong>de</strong>ria<br />

ser uma conseqüênci~ do <strong>de</strong>slocamento intrusivo do corpo.<br />

O maciço <strong>de</strong> Mangabal I tem uma forma arredondada, (com o diâmetro <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 4<br />

kml, seccionada no seu limite sul pela falha do Córrego Fundão on<strong>de</strong> os gnaisses encaixantes e os<br />

xistos magnesianos são orientados quase perpendicularmente à falha com mergulho para W. A<br />

oeste o contato é encoberto e os gnaisses regionais estão topograficamente mais elevados que o<br />

corpo. A leste e norte do maciço on<strong>de</strong> o contato é direto, aparecem homblenda-gnaisses (homblenda,<br />

an<strong>de</strong>sina, quartzo, feldspatos potássicos e epidotol, sendo este contato coberto na porção NW,<br />

on<strong>de</strong> os granada-xis tos da Serra são encontrados a pequena distância dos gabros <strong>de</strong> Mangabal I (a<br />

cerca <strong>de</strong> 30 ml; nesta parte, são encontrados xistos a cloritói<strong>de</strong> e níveis quartzosos ricos em granada<br />

e cianita. As observações <strong>de</strong> campo indicaram claramente que as rochas do maciço não estão em<br />

contato direto com os granada-xistos; entre ambas as litologias ocorrem sempre os homblendagnaisses<br />

já <strong>de</strong>scritos.<br />

O corpo <strong>de</strong> Mangabal I é diferenciado, ocorrendo rochas máficas (gabros, noritos,<br />

troctolitos, etcl e ultramáficas (dunitos e peridotitos talcificados e serpentinizados, piroxenitosl.<br />

Gran<strong>de</strong> parte do maciço é coberto por espessos solos com vegetação bem <strong>de</strong>senvolvida, sendo os<br />

afloramentos encontrados nos flancos norte, leste e sul, na quebra do relevo. Na maior parte do<br />

corpo, as exposições <strong>de</strong> gabros estão sob a forma <strong>de</strong> boul<strong>de</strong>rs semi-afloramentos em meio ao solo<br />

vermelho. Notável é a seqüência <strong>de</strong> afloramentos na porção norte do maciço, cortada pela estrada<br />

Sanclerlândia-Anicuns; os afloramentos das rochas ultramáficas estão restritos ao vale do Córrego<br />

Fundão, (Fig. 21.<br />

No meio dos gabros, duas ocorrências <strong>de</strong> magnetita titanífera são observadas, em<br />

afloramentos restritos, tendo o maior <strong>de</strong>les 5 X 10 m; estas <strong>de</strong>verão ser objeto <strong>de</strong> posterior estudo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe.<br />

As evidências estruturais sugerem a interpretação do corpo Mangabal I, como sendo um<br />

lopolito (Fig. 2, A-BI. A situação das encaixantes (gnaisses regionais com os granada-xistosl,<br />

N


~ .....<br />

......... ........<br />

lliililiill .........<br />

mmBmI<br />

RIBEIRO, PFRIMER, GOMES DE SÁ 241<br />

Serro do Mangobol<br />

--<br />

CONVENÇOES<br />

CROSTA LATERínCA /--."" Contato inferido<br />

ROCHAS MAFICAS: gabros,noritos,hiperitos,<br />

olivina-noritos I troctolitos.<br />

ROCHAS ULTRAMÁFICAS: dunitos,peridotitos.<br />

piroXtnitos transformodos.<br />

~ XISTOS MAGNESIANOS: talco-actinolito-<br />

A 1\ /to xistos-tolco -clorita xistostc/núcleos<br />

<strong>de</strong> talco xistoe lentes <strong>de</strong> anfibolitos.<br />

D<br />

""ICAXlsms. biotita-muscovita xistos e<br />

muscovito-biotita xis'os c/ou s/gronada,<br />

ti intercalações <strong>de</strong> Quartzoxi'3tos e<br />

bioti1c- muscovito Qnoisses finos na ba se.<br />

HORNBLENDA GNAISSES: biotita-hom<br />

bllndo gnoisses e epidoto- hornbllndã<br />

gnoisses migmatíticos, localmente c/<br />

granado e níveis <strong>de</strong> plaOiclósio onfi-<br />

bo lito.<br />

Fig. 2- Mapa <strong>de</strong> Corte Geológico do Maciço Mangaball<br />

/"-- Contoto<strong>de</strong>finido<br />

_-- Folha<br />

>--<br />

.=====<br />

Atitu<strong>de</strong> do comodo<br />

Estrado<br />

/ Caminho<br />

Drenagem ~<br />

D... : Alexondre Coeta<br />

N. V.


242 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

proporcionam esta idéia; as medidas realizadas mostram que estas litologias mergulham contra o<br />

maciço. As ultrabásicas que afloram as simetricamente no flanco sul da lente bicôncava. estão sob os<br />

gabros. A cristalização do magma, levou a uma diferenciação e a formação <strong>de</strong> texturas magmáticas<br />

que serão <strong>de</strong>scritas na secção seguinte.<br />

Os gnaisses a moscovita, biotita e granada os micaxistos granatíferos e os xistos magnesianos<br />

são correlacionáveis por Danni et alii (1969), no Grupo Araxá; os biotita-hornblendagnaisses<br />

migmatíticos são posicionados pelos autores como estratigraficamente mais inferiores e<br />

provavelmente pertecem ao Complexo Basal (Almeida, 1967).<br />

PETROGRAFIA<br />

As rochas máficas mostraram-se em lâminas amplamente diferenciadas. Os seguintes<br />

termos petrográficos foram <strong>de</strong>scritos:<br />

Gabros. macroscopicamente caracterizados pelos feldspatos <strong>de</strong> cor violeta. <strong>de</strong> granulação<br />

média e geralmente pouco alterados. Ao microscópio apresentam plagioclásio labradorita<br />

(An50-An52), os piroxênios diopsídio (varíeda<strong>de</strong> diálaga) e raramente augita. O hiperstênio é<br />

usualmente ausente ao contrário da olivina presente em todos os tipos <strong>de</strong> gabros. A hornblenda é<br />

sempre <strong>de</strong> uralitização e entre os minerais secundários, observa-se a presença quase que constante<br />

<strong>de</strong> epidotos (pistacita e zoisita). associados aos plagioclásios (saussuritização em graus variáveis).<br />

A apatita e opacos são os minerais acessórios quase que constantes.<br />

Noritos. caracterizados pela predominância do hiperstênio sobre o clinopiroxênio.<br />

Aquele é sempre do tipo Bushveld (Hess e Phillips. 1938), com minúsculos cristais <strong>de</strong> clinopiroxênio<br />

orientados segundo o plano (100) do ortopiroxênio (Fotomicrografia 1). Mesmo o raro hiperstênio<br />

dos gabros é <strong>de</strong>sse tipo.<br />

Fotornicrografia 1 - Face (001) <strong>de</strong> um cristal <strong>de</strong> hiperstênio<br />

tipo Bushveld com lamelas <strong>de</strong> exsolução segundo<br />

os planos <strong>de</strong> clivagem (010), em gabro. (L.P.).<br />

Hiperitos. apresentando quantida<strong>de</strong>s aproximadamente iguais <strong>de</strong> orto e clinopiroxênios.<br />

(hiperstênio, diopsídio e diálaga). sendo o hiperstênio do tipo Bushveld. Nota-se ainda a ausência <strong>de</strong><br />

quartzo e biotita nesta litologia.<br />

Como nos referimos acima, a olivina está sempre presente nas litologias citadas. Em<br />

alguns casos, um aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste mineral leva à formação <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s como olivinagabro<br />

e olivina-norito. A olivina apresenta-se em cristais arredondados e com as fraturas preenchidas<br />

por serpentinas e opacos. Normalmente há entre a olivina e o plagioclásio, a formação <strong>de</strong><br />

coroas quelefíticas. Neste caso, a coroa interna, em contato com o núcleo olivínico. é formada por<br />

ortopiroxênio, que apresenta-se em pequenos cristais orientados perpendicularmente às bordas da<br />

olivina: a coroa externa é formada por um anfibólio fibroso, com pleocroismo em tons ver<strong>de</strong>-pálido e<br />

por raros e pequenos minerais opacos. Intercrescimentos simpléticos <strong>de</strong> anfibólios e feldspatos são<br />

ocasionalmente, observados. (Fotomicrografia 2).<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> minerais opacos nos gabros po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada normal, entre os<br />

quais ocasionalmente são observados pequenos cristais <strong>de</strong> pirita, dispersos na massa rochosa. Em


RIBEIRO, PFRIMER, GOMES DE SÁ 243<br />

um afloramento a pirita mostrou-se mais abundante, formando minúsculas lentículas <strong>de</strong> pequena<br />

extensão (2 a 3 cm <strong>de</strong> comprimento por 0,5 cm <strong>de</strong> espessura).<br />

Na maioria das lâminas confeccionadas, observou-se uma textura normal nas diversas<br />

varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gabros; são rochas.homófonas, equidimensionais, on<strong>de</strong> os máficos raramente aparecem<br />

agrupados, formando pequenas manchas que dão à rocha o aspecto pintalgado. Ao microscópio,<br />

a textura granular hipidiomórfica é a mais comum, com forte idiomorfismo dos piroxênios em<br />

relação aos plagioclásios.<br />

Menos comumente, observa-se também" gabros on<strong>de</strong> a orientação dos constituintes<br />

máficos<br />

3).<br />

e félsicos é nítida ao microscópio, como conseqüência <strong>de</strong> laminação ígnea (Fotomicrografia<br />

Em alguns noritos e gabros -observa-se ao microscópio, um textura poiquilítica<br />

(Fotomicrografia 4), com gran<strong>de</strong>s cristais idiomórficos <strong>de</strong> feldspato, englobando inúmeros e pequenos<br />

cristais arredondados <strong>de</strong> piroxênio (cumulus<br />

-- , - ;- -~<br />

~. : ",..<br />

<strong>de</strong> ortopiroxênio).<br />

Fotomicrografia 3 - Gabro. Observa-se cristais <strong>de</strong> piroxênio<br />

e plagioclásio orientados evi<strong>de</strong>nciando laminação<br />

ígnea (L.N.).<br />

Fotomicrografia 4 - Gabro, Plagioclásio (labradorita)<br />

incluindo poiquiliticamente cristais <strong>de</strong> Ortopiroxênio.<br />

(L.P.)<br />

Finalmente, são encontrados a borda norte do maciço, afloramentos <strong>de</strong> um olivinanorito,<br />

com estrutura traquitói<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> apesar dos máficos constituirem apenas 20 % da rocha, a<br />

mesma é absolutamente preta, <strong>de</strong>vido a falta <strong>de</strong> coloração dos feldspatos. Ao microscópio observase<br />

uma textura ofítica-coronítica, sendo o mineral predominante o plagioclásio labradorita (An55),<br />

em cristais tabulares com uns poucos cristais zonados <strong>de</strong> núcleos mais cálcicos, predominando a<br />

macia polissintética segundo a lei da albita, mas também são encontradas as da periclina e <strong>de</strong><br />

Carslbad. Este é seguido pela olivina e esta por piroxênio. Como acessórios ocorrem biotita e magnetita.<br />

Há ainda anfibólio e espinela como minerais secundários.<br />

Os contornos da olivina são a grosso modo idiomorfos, mas modificados por coroa<br />

quelifítica no contato com o plagioclásio. Estas coroas são bastante largas e substituem tanto a<br />

olivina quanto o plagioclásio.<br />

O piroxênio-hiperstênio, ocorre nas coroas quelifíticas e intersticialmente nas áreas<br />

<strong>de</strong>ixadas pelos cristais <strong>de</strong> plagioclásio, tendo cristalizado assim com formas angulosas diversas<br />

(fotomicrografia 5). Não há inclusões <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>sses constituintes minerais no outro.<br />

A parte interna das coroas queli~íticas é formada por piroxênio, castanho pálido, quase<br />

incolor. em pequenos grãos equidimensionais. A parte externa é uma simplectita muito fina, constituida<br />

por agregados radiais <strong>de</strong> espinela e anfibólio fibroso.<br />

As rochas ultramáficas apresentam-se amplamente transformadas, <strong>de</strong> tal modo que é<br />

difícil o reconhecimento da litologia original. Macroscopicamente são rochas escuras, <strong>de</strong>nsas e<br />

isótropas"Ao microscópio revelam-se uma massa constituida por serpentina (antigorita), tremolita,<br />

clorita, talco, carbonatos e opacos, <strong>de</strong>ntro da qual subsistem esparsamente restos <strong>de</strong> olivina, olivina<br />

e piroxênio, ou ainda somente piroxênio (fotomicrografia 6). Cremos, pois, estar em presença <strong>de</strong><br />

antigos dunitos, peridotitos, (lherzolitos) e piroxenitos (websteritos), amplamente transformados,<br />

sendo que esta última litologia era a mais abundante, ao julgarmos pela freqüência <strong>de</strong> rochas on<strong>de</strong><br />

os únicos relictos são os piroxênios (orto e clino).<br />

--


244 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />

Fotomicrografia 5 - Cristais idiomorfos <strong>de</strong> plagioc1ásio<br />

(labradorita), com ortopiroxênio cristalizado nos<br />

espaços intersticiais. (L.P.).<br />

QUADRO 1<br />

Ni, Cu e Co em rochas Background e razão<br />

entre pares <strong>de</strong> elemento<br />

Litologia origem Nl*) Cu( * )<br />

Co(* )<br />

NijCu NijCo CujCo<br />

Cabro Shaw, 1964 97 149 32 - - -<br />

Cabro Crixás 112 189 128 0,57 0,87 1,65<br />

Cabro Mangabal I 235 131 30 3,23 7,82 4,63<br />

Serpentinito<br />

Morro<br />

Paraiso<br />

Dunitos + Americano<br />

Peridotitos do Brasil<br />

Piroxenitos Americano<br />

do Brasil<br />

1.935 28 180 102,87 14,64 0,18<br />

2.061 729 175 8,29 6,69 1,98<br />

250 10 60 25,00 4,16 0,16<br />

Dunitos + Manga bal I 1.269 196 169 6,13 8,34 3,12<br />

Peridotitos<br />

Piroxenitos Mangabal I 335 105 38 8,81 10,17 3,51<br />

(*) Valores em PPM<br />

ELEMENTOS TRAÇOS EM ROCHAS<br />

Fotomicrografia 6 - Relictos <strong>de</strong> ortopiroxênio e olivina<br />

imersos em uma massa <strong>de</strong> talco, tremolita, c1orita,<br />

serpentina e opacos. (L.N.).<br />

No Quadro 1 colocamos os valores do background do Ni, Cu e Co, e as razões entre os<br />

pares <strong>de</strong> elementos referentes às rochas <strong>de</strong> Mangabal I e <strong>de</strong> outros maciços pesquisados pela<br />

METAIS DE GOIÃS S/A - METAGO (gabros do RioCrixás, km 146 da BR-153, Go; serpentinito<br />

do Morro Paraiso, Cromínia, Go; Complexo Máfico/Ultramáfico <strong>de</strong> Americano do Brasil, Anicuns,<br />

Go).<br />

Vemos que os gabros <strong>de</strong> Mangabal I, apresentam discrepâncias <strong>de</strong> teores em relação aos<br />

do Rio Crixás; nos primeiros o teor em Ni é mais elevado e os teores em Cu e Co menores. Como os<br />

valores médicos dos gabros <strong>de</strong> Crixás são consi<strong>de</strong>rados normais para rochas básicas não mineralizadas<br />

em sulfetos <strong>de</strong> níquel e cobre (Ribeiro, 1974), vemos que em Mangabal I temos em rochas,


RIBEIRO, PFRIMER,GOMES DE SÃ 245<br />

um anomalia negativa em Cu e Co e uma positiva em Ni. Esta última talvez possa ser explicada pela<br />

riqueza em olivina dos gabros <strong>de</strong> Mangabal I. Estes dados sugerem que as rochas básicas <strong>de</strong><br />

Mangaba I fogem à normalida<strong>de</strong>.<br />

Quanto aos peridotitos e dunitos <strong>de</strong> Mangabal I, estas rochas são mais pobres em Ni que<br />

as <strong>de</strong> Morro Paraiso (Ribeiro, Sá e Oliveira, 1974), e as <strong>de</strong> Americano do Brasil, respectivamente<br />

QUADRO 2<br />

Proporções médias dos teores em Ni, Cu e Co<br />

em rochas ultramáficas <strong>de</strong> Goiás<br />

LOCAL Ni % Cu % Co %<br />

Americano do Brasil 72,20 16,90 10,90<br />

Morro Paraíso 89,70 2,40 7,90<br />

Mangabal I (a) 74,80 17,10 8,10<br />

Mangabal I (b) 63,80 26,10 9,30<br />

(a) - Perídotitos + Dunítos; (b) - Píroxenítos<br />

não mineralizados e potencialmente mineralizados em sulfetos <strong>de</strong> níquel e cobre. O níquel como<br />

discutido por Ribeiro, Bressan e Santos (1974), não se mostrou capaz <strong>de</strong> diferenciar nitidamente<br />

estas litologias do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> uma possível ocorrência mineral. Entretanto, o conteúdo em Cu<br />

nos peridotitos e dunitos <strong>de</strong> Mangabal I (i. = 196 ppm) , embora inferiores ao teores obtidos em<br />

rochas ultramáficas <strong>de</strong> Americano do Brasil (i. = 729 ppm) é nitidamente discrepante do valores<br />

obtidos em Morro Paraiso (x = 28 ppm).<br />

A análise do Quadro 1 mostrou-nos em face dos teores obtidos, que as rochas ultramáficas<br />

<strong>de</strong> Mangabal I, ocupam uma posição bem distinta das rochas ultramáficas não minerali-<br />

Fig. 3 - DIAGRAMA TRIANGULAR N;-CII- Co PARA ROCHAS ULTRA8ÁStCAS.<br />

CAMPO 1.= ROCHAS ESTEREISõ CAMPO lI: ROCHAS POTENCIALMENTE ",_<br />

NERALlZADASj CAMPO 111= ROCHAS IttINERALlZADAS ,.:Amostros ;ndlvJ-<br />

dUOi' di 110000001 1 ; 11 i IIIi/iO 01 11 Omo3trol 01 11I0080'01 I


246 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

zadas <strong>de</strong> Morro Paraiso, o que po<strong>de</strong> ser ainda melhor <strong>de</strong>stacado, pela observação das médias das<br />

razões Ni/Cu, Ni/Co e Cu/Co, que aproximam os resultados <strong>de</strong> Mangabal I daqueles alcançados em<br />

Americano do .Brasil.<br />

Calculando-se as proporções médias dos teores <strong>de</strong> Ni, Cu e Co (Quadro 2), vemos que as<br />

ultramáficas a olivina (transformadas), <strong>de</strong> Mangabal I, enquadram-se no campo lI, <strong>de</strong>finido como o<br />

das ultramáficas potencialmente mineralizadas em sulfetos <strong>de</strong> níquel e cobre (Ribeiro, Bressan e<br />

Santos, 1974), como po<strong>de</strong> ser visto na figura 3.<br />

Observando-se os valores referentes aos piroxenitos (Quadro 1), nota-se que os <strong>de</strong><br />

Mangabal I, são discrepantes principalmente em cobre (x = 105 ppm), quando comparados com os<br />

<strong>de</strong> Amerlcano do Brasil (x = 10 ppm); nestes últimos ainda não foram observadas mineralizações,<br />

nem anomalias em solos.<br />

A simples comparação dos valores constantes do Quadro I, sugere a existência <strong>de</strong> populações<br />

distintas para as rochas ultramáficas à olivina <strong>de</strong> Mangabal I (dunitos e peridotitos),<br />

principalmente em relação ao cobre, quando comparados com as rochas não mineralizadas <strong>de</strong> Morro<br />

Paraiso. Já para as rochas máficas, teriamos uma anormalida<strong>de</strong> mais difícil <strong>de</strong> interpretar, com<br />

anomalias em Ni e <strong>de</strong>pressões em Cu e Co, po<strong>de</strong>ndo-se observar entretanto, que os valores e razões<br />

obtidos nestes gabros fogem ao padrão aceito como normal.<br />

PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA EM SOLOS<br />

A prospecção geoquímica nos solos <strong>de</strong> Mangabal I permitiu-nos uma série <strong>de</strong> observações<br />

quando da interpretação dos resultados. Ao examinar-se a distribuição dos solos na área,<br />

po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar duas situações distintas. Na maior parte do corpo temos uma ampla cobertura <strong>de</strong><br />

solos sob <strong>de</strong>nsa mata, e com, conseQÜentemente, escassos afloramentos. Bor<strong>de</strong>jando esta área<br />

plana central, temos uma zona representada por uma quebra suave na topografia, com abundantes<br />

exposições Fochosas e solos pouco espessos. Esta última zona marca os contatos norte, oeste e sul<br />

do maciço.<br />

Apesar <strong>de</strong> as encaixantes estarem topograficamente acima do corpo máfico/ultramáfico,<br />

a influência dos solos estéreis, não se faz sentir claramente, uma vez que estão separados dos solos<br />

amostrados por vales bem marcados.<br />

Os valores do background em solos, foram calculados a partir dos pontos amostrados na<br />

zona semi-circular com abundantes afloramentos, em vista da necessida<strong>de</strong> do controle litológico; na<br />

área central em função da espessura do solo e falta <strong>de</strong> afloramentos, tal cálculo não pô<strong>de</strong> ser feito.<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> amostragem foram realizados segundo uma malha quadrada <strong>de</strong> 150 X<br />

150 m, que englobou pratlcamente todo o maciço. As amostras foram coletadas à profundida<strong>de</strong><br />

variável <strong>de</strong> 30 a 40 cm e peneiradas no local, com o recolhimento da fração compreendida entre 80 e<br />

120 mesh. Foram estas dosadas para Ni, Cu e Co, por espectrofotometria <strong>de</strong> Absorção Atômica,<br />

após ataque total.<br />

Para a realização dos cálculos estatísticos, selecionou-se a partir dos pontos referentes<br />

ao maciço, uma série <strong>de</strong> amostras sobre as quais tinham-se tanto quanto possível certeza <strong>de</strong> litologia<br />

subjacente; as <strong>de</strong>mais amostras foram <strong>de</strong>sprezadas dos cálculos, seja por falta <strong>de</strong>sta informação,<br />

seja por mostrarem valores altamente discrepantes. A par disto foram os resultados trabalhad0E!<br />

em duas classes correspon<strong>de</strong>ndo as duas divisões litológicas: solos <strong>de</strong> rochas máficas e<br />

solos <strong>de</strong> rochas ultramáficas. Visou-se com este procedimento, a obtenção <strong>de</strong> valores mais condizentes<br />

com a planície, o que é conseguido <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rândo-se as elevações mais proeminentes. Os<br />

resultados alcançados são mostrados no Quadro 3.<br />

Analisando-se os dados obtidos em solos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> gabros, com os valores médios<br />

résultantes <strong>de</strong>stas rochas, nota-se a gran<strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> do valores <strong>de</strong> Ni e Cu em ambos os materiais,<br />

e um gran<strong>de</strong> enriquecimento do Co nos solos, o que foge ao normalmente observado, ou seja,<br />

um enriquecimento dos três elementos nos solos. Quanto aos solos das ultramáficas, o baixo<br />

background do níquel (x = 626 ppm) é possivelmente reflexo <strong>de</strong> uma maior percentagem <strong>de</strong> piroxenitos<br />

(x = 335 p'pm <strong>de</strong> Ni), entre as rochas ultramáflcas, como já tínhamos observado.<br />

No Quadro 4, analisamos as anomalias obtidas na amostragem <strong>de</strong> solos <strong>de</strong> MangabaJ I.<br />

Logo à primeira vista, ressaltam os baixos resultados. Em solos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> rochas máficas, temos<br />

dois pontos anômalos em Ni e Co (contraste com o limiar, CL = 1,66 e 1,36, respectivamente), e


LITOLOGIAS<br />

RIBEIRO, PFRIMER, GOMES DE SÁ 247<br />

QUADRO 3<br />

Parâmetros estatísticos dos solos <strong>de</strong><br />

Mangabal I - valores em PPM<br />

Background (X) Limiar (L) Razão (R)<br />

Ni Cu Co Ni Cu Co NijCu NijCo CujCo<br />

Rochas Máficas 240 135 64 753 516 157 1,82 4,33 2,52<br />

Rochas Ultramáficas 626 243 108 2.148 564 234 2,35 5,32 2,43<br />

nenhum em Cu (CL = 0,76). O caso do níquel nos parece digno <strong>de</strong> maior atenção, uma vez que os<br />

gabros <strong>de</strong> Mangaba1 I, possuem teor neste elemento usualmente maiores que o normal, como vimos<br />

anteriormente.<br />

QUADRO 4<br />

Anomalias <strong>de</strong> Mangabal I<br />

segundo as Utologias<br />

Parâ-<br />

Máficas U1tramáficas<br />

metro Ni* Cu* Co* Ni* Cu* Co*<br />

X 240 135 64 626 243 108<br />

L 753 516 157 2.148 564 234<br />

Vm 1.250 395 215 2.850 465 210<br />

CB 5,20 2,92 3,35 4,55 1,91 1,94<br />

CL 1,66 0,76 1,36 1,32 0,82 0,89<br />

N9 2 O 2 2 O O<br />

X!Backgrou'!d; L: Limiar; Vm: valor máximo observado; CB: contraste<br />

(VmjX); contraste com o Limiar (VmjL); N.o: número <strong>de</strong><br />

pontos anômalos; *: valores em PPM.<br />

Para os solos <strong>de</strong>rivados das rochas ultramáficas teremos, apenas dois pontos estatisticamente<br />

anômalos em Ni e nenhum em Cu e Co. Para o níquel, um valor <strong>de</strong> 2.850 ppm (valor<br />

máximo observado), não atinge o background dos solos sobre os dunitos e peridotitos potencialmente<br />

mineralizados <strong>de</strong> Americano do Brasil (x = 3243 ppm). Entretanto, para o cobre, <strong>de</strong>veremos<br />

observar que os valores obtidos na amostragem <strong>de</strong> rochas, indicaram, seja nos dunitos-peridotitos,<br />

seja nos piroxenitos, teores anormalmente elevados, significando que o background e o limiar <strong>de</strong>ste<br />

elemento nos solos <strong>de</strong> Mangabal I, são também contrastantes. Se consi<strong>de</strong>rarmos que o background<br />

do cobre em solos <strong>de</strong> rochas ultramáficas é <strong>de</strong> 60- 70 ppm, e que o limiar está na faixa <strong>de</strong> 230-250 ppm<br />

(diminuindo estes valores em função da espessura dos solos), vê-se que o valor máximQ observado<br />

(465 ppm), e mais oito pontos (todos iguais ou superiores a 250 ppm) , são anômalos para cobre em<br />

Mangabal I.<br />

Observando-se o mapa geoquímico do níquel (Fig. 4) e do cobre (Fig. 5), nota-se a<br />

superposição dos valores mais altos. As anomalias sobre os gabros foram observadas em uma área


248 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

plana, sem afloramentos, com ampla cobertura <strong>de</strong> solos, o que torna mais significativo em nosso<br />

enten<strong>de</strong>r, os resultados obtidos. Deste modo, optou-se por consi<strong>de</strong>rar ambas as zonas anômalas<br />

como <strong>de</strong> interesse, com o conseqüente <strong>de</strong>talhamento geoquímico (malha <strong>de</strong> 50 X 50 m) executado<br />

sobre a área marcada nas Figuras 4 e 5. Os resultados <strong>de</strong>ste trabalho ainda não são disponíveis.<br />

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Fig. 5- Mapa Geoquímico do Níquel do Maciço Mangabal I<br />

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BIBLIOGRAFIA<br />

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SA, C. M. G.; OLIVEIRA. C. A. - 1974 - Métodos geoquimicos em escalas regional e <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe aplicados d prospecção <strong>de</strong> corpos<br />

,Lltrabásicos na Area Cromínia-Pontalina, Goiás. (No prelo)<br />

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TRABALHO DE PESQUISA MINERAL<br />

DESENVOLVIDOS NO COMPLEXO<br />

ULTRAMÁFICO-ALCALINO DE CATALÃO I, Go.<br />

W ANDERLI~O TEIXEIRA DE CARVALHO.<br />

ABSTRACT<br />

This paper <strong>de</strong>als wiht the exploration work carried out during the study of mineral <strong>de</strong>posits of the Catalio I, alkaline ultramafic<br />

Complex, located in the Ouvidor township, Cataliio district, in the southern part of Golás State, Brazil. The preliminary investigations are<br />

presented, with especial attention to the geologica1, topographical and radiomatricalsurveys. The exploration driDing program, chemical analy.<br />

sis, mineralogical and prooossing mineral studies are also discussed. After full consi<strong>de</strong>ration of the methods applied and results obtained, an<br />

outline of present pilot-plant studies is given. The case history of this exploration indicates how a rather Complex approach was nee<strong>de</strong>d before the<br />

economic feaaability of the mining operations was completely <strong>de</strong>fined.<br />

INTRODUÇAo<br />

Este trabalho tem por objetivo enumerar e <strong>de</strong>screver, <strong>de</strong> maneira suscinta, os serviços<br />

<strong>de</strong> pesquisa mineral já <strong>de</strong>senvolvidos no Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I. Em conseqüência<br />

<strong>de</strong>stes trabalhos, foi possível a individualização <strong>de</strong> 5 mineralizações que encerram<br />

expressivas reservas <strong>de</strong> fosfato, nióbio, titânio, .terras raras e vermiculita.<br />

O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, localizado no Município <strong>de</strong> Ouvidor,<br />

Comarca <strong>de</strong> Catalão, ao sul <strong>de</strong> Goiás (Fig. 1) foi <strong>de</strong>scoberto em 1894 por Hussak.<br />

A partir da década <strong>de</strong> 50, vários técnicos ligados a empresas <strong>de</strong> mineração, nacionais e<br />

estrangeiras passaram a visitar esta estrutura, mas como não <strong>de</strong>senvolveram trabalhos <strong>de</strong> pesquisa<br />

<strong>de</strong> maior envergadura, não pu<strong>de</strong>ram visualizar as perspectivas <strong>de</strong> sua potencialida<strong>de</strong> mineral.<br />

Em meados <strong>de</strong> 1967, a Metais <strong>de</strong> Goiás SI A -MET AGO, requereu, junto ao Ministério<br />

das Minas e Energia 2 áreas para pesquisas, totalizando 986 ha, localizadas no complexo em<br />

questão. Os respectivos alvarás <strong>de</strong> pesquisa foram expedidos no início <strong>de</strong> 1968 e os trabalhos <strong>de</strong><br />

prospecção iniciados em meados daquele ano. Estes trabalhos foram notavelmente intensificados a<br />

partir <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1969.<br />

Um Alvará <strong>de</strong> Pesquisa com área <strong>de</strong> 493 ha, concedido ao Sr. Sebastião Ribeiro, em<br />

1970, <strong>de</strong>u origem a Empresa Mineração Catalão <strong>de</strong> Goiás SI A com domínio acionário do Grupo<br />

BRASIMET, que ficou encarregada dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>sta concessão.<br />

Nos anos seguintes, mais 4 Alvarás <strong>de</strong> Pesquisa totalizando 847 ha, foram concedidos a<br />

METAGO, assim como a Mineração Pato do Brasil, subsidiária da Companhia <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Mineração<br />

e Metalurgica, CBMM, que obteve a concessão <strong>de</strong> 2 áreas que cobrem o restante da área da<br />

estrutura.<br />

Em agosto <strong>de</strong> 1974 o Governo Fe<strong>de</strong>ral emitiu o primeiro Decreto <strong>de</strong> Lavra do Complexo<br />

Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, correspon<strong>de</strong>nte aos 2 primeiros Alvarás <strong>de</strong> Pesquisa da ME-<br />

TAGO. As operações <strong>de</strong> mineração e beneficiamento ainda em escala semi-industrial serão iniciadas<br />

em novembro <strong>de</strong>ste mesmo ano.<br />

A Mineração Catalão <strong>de</strong> Goiás SI A, já solicitou ao DNPM, autorização <strong>de</strong> lavra para a<br />

sua área, já pesquisada.<br />

As <strong>de</strong>mais 4 áreas <strong>de</strong> concessão da MET AGO estão sendo estudadas prevendo-se a<br />

conclusão <strong>de</strong> suas pesquisas para meados <strong>de</strong> 1975.<br />

*METAGO


252 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

A Mineração Pato do Brasil, proce<strong>de</strong>u até o momento (setembro <strong>de</strong> 1974) a realização <strong>de</strong><br />

reconhecimentos geoquímicos e radiométricos em suas duas áreas <strong>de</strong> pesquisas.<br />

RESUMO DA GEOLOGIA<br />

O Complexo Ultramáfico-Alcalino <strong>de</strong> Catalão I, é uma estrutura dômica, cujos eixos<br />

maior (NS) e menor (EW) me<strong>de</strong>m, respectivamente, 6,0 km e 5,5 km. De ida<strong>de</strong> cretácea superior é<br />

intrusivo em metamorfitos do Grupo Araxá, que sofreram, ao longo dos contatos, processos <strong>de</strong><br />

fenitização. E constituido por rochas ultramáficas, principalmente, glimeritos e, subordinadamente,<br />

piroxenitos e peridotitos serpentinizados, cortados por veios carbonatíticos (sovitos), <strong>de</strong><br />

espessuras variáveis, que associadamente formam um conjunto rochoso, genericamente <strong>de</strong>nominado<br />

<strong>de</strong> silicocarbonatito. Processos <strong>de</strong> silicificação agiram intensamente sobre estas rochas, condunzindo<br />

o aparecimento <strong>de</strong> silexitos, que se mostram distribuidos irregularmente por toda a área<br />

da intrusão. Esta encontra-se totalmente coberta por um espesso manto <strong>de</strong> material alterado, <strong>de</strong><br />

carater laterítico, que po<strong>de</strong> atingir até 250 m <strong>de</strong> espessura, principalmente em sua porção oeste,<br />

mostrando esparsas manchas <strong>de</strong> crostas limoníticas, que se caracterizam pela riqueza em magnetita.<br />

1RABALHOS DE PESQUISA<br />

Nas áreas <strong>de</strong> concessão da METAGO e da Mineração Catalão <strong>de</strong> Goiás SI A, além <strong>de</strong><br />

mapeamentos geológicos convencionais foram realizados os seguintes trabalhos <strong>de</strong> pesquisa: levantamentos<br />

topográficos e radiométricos, serviços <strong>de</strong> perfuração, análises químicas, estudos mineralógicos<br />

e <strong>de</strong> processamento mineral bem como avaliação <strong>de</strong> todos os dados obtidos durante o<br />

<strong>de</strong>correr dos trabalhos. A METAGO está atualmente concluindo a montagem <strong>de</strong> uma usina semiindustrial<br />

<strong>de</strong>stinada ao estudo experimental <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> seu; minério <strong>de</strong> fosfato.<br />

Levantamentos Topográficos -Trabalhos <strong>de</strong> topografia foram realizados objetivando a <strong>de</strong>marcação<br />

das áreas <strong>de</strong> concessão bem como os levantamentos plani-altimétricos <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe, necessários a<br />

elaboração dos mapas topográficos utilizados nas diversas etapas das pesquisas, em escalas que<br />

variaram entre 1:5000 e 1:1000. No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>stes levantamentos foi estabelecida, noterreno,ém<br />

todas as áreas em pesquisa, uma malha quadrada <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> lado.<br />

Levantamentos topográficos <strong>de</strong> precisão foram realizados nas obras <strong>de</strong> implantação da<br />

usina semi-industrial <strong>de</strong> concentração, e da barragem que dará origem ao reservatório d'água. Nas<br />

obras <strong>de</strong> acesso e preparação das frentes <strong>de</strong> lavra também vem sendo realizados estes serviços<br />

topográficos.<br />

Levantamentos Radiométricos -Ení Catalão I, a prospecção radiométrica é um serviço <strong>de</strong> rotina na<br />

pesquisa <strong>de</strong> qualquer nova área e é, normalmente, o primeiro trabalho executado após o estabelecimento<br />

das malhas topográficas, quadradas <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> lado.<br />

O cintilômetro usado tem sido o <strong>de</strong> marca MICROLAB mo<strong>de</strong>lo 346 com bons resultados.<br />

Com as medidas cintilométricas obtidas no campo, são elaborados mapas radiométricos,<br />

on<strong>de</strong> são visualizadas as diversas faixas <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> radiativida<strong>de</strong> encontrados. Des<strong>de</strong> o início dos<br />

trabalhos <strong>de</strong> pesquisa, já foram realizadas cerca <strong>de</strong> 1.400 leituras cintilométricas em Catalão I.<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> perfuração (poços, furos <strong>de</strong> trado e sonda) subseqüentes aos levantamentos<br />

radiométricos tem mostrado que, no geral, as zonas com faixas <strong>de</strong> cintilometria superiores a<br />

650 cps são susceptíveis <strong>de</strong> mineralizações niobíferas, titaníferas, ou fosfáticas, sendo exceção as<br />

mineralizações <strong>de</strong> terras raras e vermiculita que se situam em faixas <strong>de</strong> valores cintilométricos<br />

menos intensos.<br />

Das mineralizações ocorrentes em Catalão I, a <strong>de</strong> titânio é a que fica melhor caracterizada<br />

com os levantamentos radiométricos, sendo notável, principalmente na região sul da<br />

intrusiva a superposição em área, da mineralização titanÍfera com as anomalias radiométricas.<br />

Nesta área os picos radiométricos mais elevados são da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1.200 cps.


CARVALHO<br />

As mineralizações em nióbio e fosfato po<strong>de</strong>m também se apresentar associadas a zonas<br />

<strong>de</strong> altas anomalias radiométricas, sendo os valores cintilométricos máximos, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1.600<br />

cps.<br />

Como no caso do titânio, ainda não foram encontradas mineralizações <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong><br />

nióbio e secundariamente <strong>de</strong> fosfato, em zonas <strong>de</strong> baixas intensida<strong>de</strong>s radiométricas.<br />

Fato interessante é a mineralização <strong>de</strong> terras raras estar localizada em uma zona <strong>de</strong><br />

média a baixa magnitu<strong>de</strong> radiométrica com os seus valores cintilométricos situando-se principalmente<br />

na faixa <strong>de</strong> 450-650 cps.<br />

A zona mineralizada em vermiculita do ponto <strong>de</strong> vista radiométrico, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada<br />

como <strong>de</strong> baixa magnitu<strong>de</strong> com os seus valores cintilométricos, situando-se, principalmente,<br />

na faixa <strong>de</strong> 250-450 cps.<br />

Perfurações - Em Catalão foram realizados os seguintes tipos <strong>de</strong> perfurações durante o <strong>de</strong>senrolar<br />

dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisas:.furos <strong>de</strong> trado, poços, sondagens rotativas, trincheiras e galerias.<br />

Furos <strong>de</strong> Trado - Nas campanhas <strong>de</strong> perfuração levada a efeito em áreas <strong>de</strong> pesquisas da<br />

MET AGO em Catalão I, o primeiro serviço normalmente executado é a realização <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> trado,<br />

inicialmente em uma malha <strong>de</strong> 200 X 200 m. A profundida<strong>de</strong> máxima atingida por estes furos é<br />

geralmente <strong>de</strong> 10 m embora furos <strong>de</strong> até 15 m já tenham sido realizados. A recuperação do material<br />

perfurado é no geral muito boa. O trado utilizado, <strong>de</strong> 4 polegadas, com haste <strong>de</strong> 3/4" e tripé <strong>de</strong> 6 m<br />

<strong>de</strong> altura é totalmente manual.<br />

A amostragem po<strong>de</strong> ser realizada a partir <strong>de</strong> todo o material retirado <strong>de</strong> cada intervalo<br />

<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> adotado, por exemplo, 0-1, 1-2, 2-3, 3-4 m, etc, ou qualquer outro intervalo <strong>de</strong>sejado.<br />

A METAGO vem adotando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa, intervalos <strong>de</strong> 2 em 2 m.<br />

A totalida<strong>de</strong> do material retirado do intervalo consi<strong>de</strong>rado, é homogenizado e quarteado em quarteador<br />

Jones <strong>de</strong> 1" até se obter um par <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> 1 kg. A primeira amostra <strong>de</strong>ste par é a representativa<br />

do intervalo <strong>de</strong> 2 m, a segunda, misturada com outras amostras dos <strong>de</strong>mais intervalos,<br />

era novamente quarteada para se obter uma amostra composta <strong>de</strong> 1 kg representativa da média <strong>de</strong><br />

todo o furo <strong>de</strong> trado.<br />

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MAPA DE LOCALIZACAO<br />

A produção média diária <strong>de</strong> uma equipe <strong>de</strong> perfuração a trado está entre 10-15 m perfurados<br />

e amostrados. O custo médio por m perfurado está em torno <strong>de</strong> Cr$ 3,00.<br />

Nas áreas <strong>de</strong> maior interesse a malha <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> trado é estreitada para 100 X 100 m.<br />

Des<strong>de</strong> o início dos trabalhos, até 31/07/74, a METAGO realizou em Catalão 13134 m<br />

lineares <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> trado. A evolução <strong>de</strong>sta perfuração, po<strong>de</strong> ser observada na Figura 2.<br />

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CARVALHO 255<br />

Poços - Na zona mineralizada em vermiculita e nas outras zonas mineralizadas, nos<br />

locais on<strong>de</strong> não foi possível a realização <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> trado, foram abertos pela METAGO, poços <strong>de</strong><br />

seção retangular <strong>de</strong> 1,00 X 0,80 m, com profundida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> 15 m.<br />

Amostragem dos poços foram realizadas, abrindo-se canaletas <strong>de</strong> 10 X 2 cm ao longo<br />

das duas pare<strong>de</strong>s, recolhendo-se amostras em intervalos <strong>de</strong> 2 m. O material recolhido (aproximadamente<br />

501) era quarteado, com as amostras finais sendo obtidas <strong>de</strong> maneira semelhante àquela<br />

dos furos <strong>de</strong> trado.<br />

A produção média diária <strong>de</strong> uma equipe <strong>de</strong> perfuração <strong>de</strong> poços (2 trabalhadores) está<br />

em torno <strong>de</strong> 8 m. O custo médio por m perfurado gira em torno <strong>de</strong> Cr$ 19,00.<br />

Des<strong>de</strong> o início dos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa, até 31/07/74, a METAGO realizou em Catalão<br />

I 4.994 metros lineares <strong>de</strong> poços. A evolução <strong>de</strong>sta perfuração no <strong>de</strong>correr da pesquisa po<strong>de</strong> ser<br />

observada na Figura 2.<br />

A Mineração Catalão <strong>de</strong> Goiás <strong>de</strong>senvolveu gran<strong>de</strong> campanha <strong>de</strong> perfuração <strong>de</strong> poços<br />

principalmente em sua zona mineralizada a ni6bio, on<strong>de</strong> a malha obe<strong>de</strong>cida tem, em muitos locais,<br />

25 m <strong>de</strong> lado. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes poços em freqüentes ocasiões, atingiu a 30 m. Atualmente<br />

aquela empresa realiza um gran<strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> perfuração realizando uma série <strong>de</strong> shafts profundos<br />

em sua zona mineralizada a fosfato.<br />

Estima-se que a campanha <strong>de</strong> abertura<br />

Goiás já ultrapassa a casa dos 6.000 m perfurados.<br />

<strong>de</strong> poços<br />

.<br />

realizada pela Mineração Catalão <strong>de</strong><br />

----<br />

Sondagens - Os trabalhos <strong>de</strong> sondagem, realizados pela MET AGO em Catalão I constaram,<br />

em uma primeira fase, da realização <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> sonda <strong>de</strong> 50 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, segundo<br />

uma malha quadrada <strong>de</strong> 200 m <strong>de</strong> lado, nas regiões consi<strong>de</strong>radas como favoráveis pelas campanhas<br />

anteriores <strong>de</strong>radiometria, furos <strong>de</strong> trado e abertura <strong>de</strong> poços. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50 m foi adotada<br />

em face da pouca disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo e recursos financeiros entre o início das sondagens e o<br />

prazo legal <strong>de</strong> conclusão da pesquisa. Ap6s a elaboração do Relat6rio <strong>de</strong> Pesquisa para o DNPM,<br />

todas as sondagens foram e continuam sendo <strong>de</strong>senvolvidas até a rocha fresca obe<strong>de</strong>cendo, nas<br />

ronas mineralizadas em fosfato e vermiculita, uma malha quadrada <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> lado.<br />

A gran<strong>de</strong> maioria dos furos <strong>de</strong> sonda foi executada pelas equipes <strong>de</strong> sondagens da<br />

METAGO, utilizando-se sondas rotativas <strong>de</strong> marca Longyear, mo<strong>de</strong>los 24 e 34. Os furos são sempre<br />

iniciados com diâmetro NX, prosseguindo assim até quando possível, ap6s o que, são reduzidos<br />

para diâmetro BX. O diâmetro AX s6 é utilizado excepcionalmente, quando as condições da sondagem<br />

assim o exigem. O revestimento total dos furos e a utilização <strong>de</strong> bentonita na furação é uma<br />

prática quase constante no <strong>de</strong>senvolvimento dos serviços <strong>de</strong> sondagens em Catalão I.<br />

Em vista das características do material sondado (solos residuais), o método utilizado é<br />

a testemunhagem contínua por embuchamento que permite recolher testemunhos ao longo <strong>de</strong> todo<br />

o furo, com recuperação média <strong>de</strong> 90%, esta sendo calculada em cada manobra realizada.<br />

Do início da pesquisa até fins <strong>de</strong> 1972, todos os furos <strong>de</strong> sonda eram sistemática e minuciosamente<br />

<strong>de</strong>scritos. Verificou-se, contudo que as <strong>de</strong>scrições pouco ou nada contribuiam para a<br />

realização <strong>de</strong> eventuais correlações entre os diversos furos. Em vista do alto custo <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>scrições<br />

foi <strong>de</strong>cidido o seu cancelamento.<br />

Os testemunhos são, longitudinalmente, partidos ao meio, tomando-se uma meta<strong>de</strong><br />

como amostra para análises químicas, ao longo <strong>de</strong> cada intervalo <strong>de</strong> 2 m, dimensionados <strong>de</strong> acordo<br />

com a recuperação do furo.<br />

A produção média diária <strong>de</strong> uma equipe <strong>de</strong> sondagens gira em torno <strong>de</strong> 6 m. O custo<br />

médio por m sondado está em torno <strong>de</strong> Cr$ 150,00. De setembro <strong>de</strong> 1969 até 31/07/74 a METAGO<br />

realizou em Catalão I 15.754 m lineares <strong>de</strong> sondagens. A evolução <strong>de</strong>stes trabalhos po<strong>de</strong> ser<br />

observada na Figura 2.<br />

A Mineração Catalão <strong>de</strong> Goiás levou a efeito em sua zona mineralizada em nióbio,<br />

intensa campanha <strong>de</strong> sondagens, também em sua gran<strong>de</strong> maioria, realizada por equipes próprias. A<br />

malha quadrada seguida foi <strong>de</strong> 100 m, contudo, em muitas ocasiões, ela foi estreitada para 50 m.<br />

Atualmente,. esta Empresa <strong>de</strong>senvolve uma campanha <strong>de</strong> sondagens em sua zona mineralizada em<br />

fosfato, inicialmente segundo uma malha quadrada <strong>de</strong> 200 m, atualmente sendo estreitada para 100<br />

m. Estimativas indicam que a metragem total <strong>de</strong> sondagens realizadas, já ultrapassou a casa dos<br />

7.300 m.<br />

Em 1969, a firma <strong>Geologia</strong> e Sondagens Ltda, executou em Catalão I <strong>de</strong>ntro da programação<br />

do Projeto Fosfato, Nióbio, Titânio do DNPM, uma série <strong>de</strong> furos <strong>de</strong> sonda que obe<strong>de</strong>-


256 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

ceram uma malha quadrada <strong>de</strong> 1600 m. A metragem linear realizada atingiu 1707 m perfurados.<br />

Galerias - Com o objetivo <strong>de</strong> verificar o comportamento lateral dos mirtérios <strong>de</strong> fosfato e<br />

titânio e obter amostras para estudos <strong>de</strong> beneficiamento mineral em planta <strong>de</strong> porte piloto, foram<br />

realizadas 6 galerias em Catalão I perfazendo um total <strong>de</strong> 740 m lineares. Das 6,4 foram realizadas<br />

na zona mineralizada em fosfato com seção retangular <strong>de</strong> 1,80 X 1,20 m e comprimentos variando<br />

entre 90 e 120 m. As outras duas foram realizadas na zona mineralizada em titânio, tendo cada uma<br />

<strong>de</strong>las 160 m <strong>de</strong> comprimento.<br />

Dada as características do material perfurado, <strong>de</strong> extrema inconsolidação, muito friável,<br />

com fortes tendências <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoronamento, todas as galerias foram escoradas <strong>de</strong> 1 em 1 m, às vezes,<br />

a intervalos ainda menores.<br />

A medida que se <strong>de</strong>senvolvia a galeria, todo o material retirado a cada intervalo <strong>de</strong> 2 m,<br />

era homogenizado e quarteado até se obter um par <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> aproximadamente 300 kg cada. A<br />

primeira amostra <strong>de</strong>ste par era novamente quarteada até atingir 1 kg e foi consi<strong>de</strong>rada como representativa<br />

do intervalo <strong>de</strong> 2 m. A segunda, misturada com outras provenientes dos <strong>de</strong>mais<br />

intervalos, foi consi<strong>de</strong>rada como uma componente da amostra média global da galeria.<br />

Posteriormente, em vista da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostras para novos estudos <strong>de</strong> beneficiamento<br />

mineral as pare<strong>de</strong>s das galerias foram amostradas através <strong>de</strong> canaletas horizontais <strong>de</strong> 30 x<br />

10 cm, ao longo <strong>de</strong> toda a extensão.<br />

° avanço médio diário na perfuração das galerias girou em torno <strong>de</strong> 0,7 m. ° custo<br />

médio por m perfurado e escorado, em 1972, ficou em torno <strong>de</strong> Cr$ 50,00.<br />

Trincheiras - Na zona mineralizada em vermiculita foram realizadas 2 trincheiras perfazendo<br />

uma metragem total <strong>de</strong> 191 m lineares, com o objetivo <strong>de</strong> verificar o comportamento lateral<br />

da mineralização.<br />

Análises Químicas<br />

Amostras <strong>de</strong> poços, furos <strong>de</strong> trado e sonda, galerias, etc, são submetidas a análises<br />

químicas ou espectro gráficas nos laboratórios da METAGO, em Goiânia. São realizadas <strong>de</strong>terminações<br />

para P20S' Ti02, Fe203' Nb20S' Ce02' La203. Y 203' etc.<br />

As <strong>de</strong>terminações para P205, Ti02 (alto teor) e Fe203 são feitas por via úmida ao passo<br />

que aquelas para Nb205, Ti02 (baixo teor), Ce02' y 203 e La203 são realizadas por espectrografia<br />

<strong>de</strong> raios X, utilizando-se um equipamento <strong>de</strong> origem japonesa e marca RI GAKU, mo<strong>de</strong>lo IKF -4.<br />

Do início da pesquisa até 31/07/74 foram realizadas 47.925 <strong>de</strong>terminações. A evolução,<br />

<strong>de</strong>stas <strong>de</strong>terminações po<strong>de</strong> ser observada na Figura 2.<br />

Estudos Mineralógicos<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a composição mineralógica dos <strong>de</strong>pósitos ocorrentes em<br />

Catalão I, vários estudos foram realizados tanto no País como no Exterior. Estes estudos mostraram<br />

que, no geral, Catalão I apresenta mineralogia uniforme em toda a sua extensão, variando<br />

apenas as proporções relativas <strong>de</strong> seus constituintes minerais. Os locais que mostram enriquecimento<br />

em <strong>de</strong>terminado mineral passam a constituir uma zona mineralizada do mineral consi<strong>de</strong>rado<br />

sem contudo <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> apresentar os <strong>de</strong>mais minerais caracterizados em todo o complexo.<br />

Valarelli, (1971, inédito), em estudo bastante <strong>de</strong>talhado dos minérios <strong>de</strong> titânio, nióbio e<br />

terras raras encontrou os seguintes minerais: a) - "Minerais que contém Fe: titano-magnetita,<br />

ilmenita, ilmeno-hematita, titano-magnetita e goethíta."; b) - "Minerais <strong>de</strong> Ti: leucoxênio<br />

(anatásio) e perovskita, além dos minerais <strong>de</strong> Fe e Ti já mencionados."; c) - "Fosfatos: apatita,<br />

florencita, goyazita, alunita-svanbergita, lusungita, osarizawaita, rabdofanita (manazita hidratada)<br />

e wilkeita."; d) - "Minerais responsáveis pelo teor <strong>de</strong> Nb205: pirocloros, pandaita e secundariamente<br />

o leucoxênio."<br />

Aquele autor apresenta com precisão uma <strong>de</strong>scrição qualitativa da paragênese mineral<br />

encontrada bem como das complexas relações entre os diversos constituintes. Tratou também, em<br />

<strong>de</strong>talhe, das importantes transformações mineralógicas ocorridas em conseqüência da ação do<br />

intemperismo químico, mostrando com muita riqueza <strong>de</strong> dados a origem do anatásio a partir da<br />

alteração intempérica da titano-magnetita, da ilmenita e da perovskita.<br />

Keil (1970, 1971, inéditos) estudando amostras ricas em nióbio <strong>de</strong> Catalão I, utilizando


d~-<br />

, 2 o 4 . . 7 MÉOIA<br />

'.0 14.2 17.4 '.15.. 1'.0 17.3 I '.0 18.4 17.0<br />

..0 2.0 O. . 1.0 o..<br />

o.. O. . , ,<br />

TIO .., O.I .., 4.7 4.2 4.1 4.2 '.7<br />

2<br />

.. O . 1.0 88.0 I 1.8 . 0.7 .4.' .4.' 88.4 84.3<br />

2 .<br />

. 2 O I 8.7 13. Z I 4.2 I 0.8 , 0.1 I 2.' I 1.4 , ..<br />

TOTAL- 100.0 10 O.o '"O 0.0 100.0 100. o 100. o 10 O.o 100.0<br />

.<br />

- .. TODOS O.<br />

"'O :::g; < o,oz%.<br />

..0 .. TODOS' os < 0,02'1.<br />

o CONTI!UDO HzO .0' CALCULADO PELA DIFEIUNÇA .E 100"<br />

L'<br />

CARVALHO 257<br />

microscópio e microssonda eletrônica, chegou a várias conclusões, das quais <strong>de</strong>stacam-se as seguintes:<br />

a) - "As amostras contém uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> minerais tais como ilmenita, fosfato <strong>de</strong><br />

alumínio, apatita, fosfato <strong>de</strong> bário, óxido <strong>de</strong> ferro (talvez hidratado), Ti02' óxido <strong>de</strong> manganês,<br />

ba<strong>de</strong>leita, quartzo, pirocloro e pandaita."<br />

b) - "Quando estudando aleatoriamente, um número expressivo <strong>de</strong> grãos, selecionados<br />

estatisticamente em várias frações granulo métricas , ficou claro que a abundância do nióbio é bimodal:<br />

90% ou mais <strong>de</strong> todos os grãos tem abaixo <strong>de</strong> 1% <strong>de</strong> Nb205 e entre 3,1-3,5% tem entre 40-<br />

65% <strong>de</strong> Nb205'"<br />

c) - "A fase rica em nióbio foi i<strong>de</strong>ntificada como pandaita e análises quantitativas <strong>de</strong><br />

alta precisão em mícrossonda eletrônica mostram ser ela a varieda<strong>de</strong> mais próxima do componente<br />

final barífero. Menores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> elementos, referidos em análises<br />

publicadas na literatura, são possivelmente <strong>de</strong>vidos a mistura <strong>de</strong> outras fases que são <strong>de</strong> difícil<br />

separação da pandaita (Tab. 1).<br />

TABELA 1<br />

Análises Quantitativas em Microsonda<br />

Eletrônica da Pandaita <strong>de</strong> Catalão I<br />

(% em peso) (Segundo Keil, K, 1974)<br />

TABELA 2<br />

Rápida Detenninação Ótica <strong>de</strong> Algumas<br />

Amostras <strong>de</strong> Minério <strong>de</strong> Titanio do Brasil<br />

(por A.M. Van <strong>de</strong>r Veem)<br />

oo-PRINCIPAL CON8n QUISIDADE (d) > :s.,a CATALI:O<br />

T""'TE O-NEHOR CONSTITlJlNU AM.240.& AoM.IUe-ec<br />

x~-,.a;:~:"IO. +.t:.f ~""'4QJ'~'i.'1. "'I/t~<br />

TlTANSr~rrr'" + 00 o o o o o o<br />

A".U"<br />

+~gl!<br />

'iI'niP"<br />

o o o o<br />

AMo1ST."<br />

...~ .....<br />

o o o o<br />

Le:ucodNI~ 0010 o o xx XXII( o o o o<br />

~;J;r.IOftCEJXl o o O x x o o o o x X OIXX<br />

ILM!NITA<br />

1011HIT...<br />

X X<br />

X X<br />

X X<br />

X X<br />

o/xx<br />

xx<br />

Olxx<br />

x x<br />

X x<br />

xx<br />

x<br />

XXIx<br />

xx<br />

XXI.<br />

"'XX<br />

XXIX<br />

""OCl.OltO xxIx xx xx/x xx, X XX/X IU/x X x<br />

PUtlTA X<br />

PIERO V 81(1TA X<br />

".>3,1<br />

.... .... ...' S4,8 71,' ....0<br />

:,;TI.._"....I '''0<br />

T'"<br />

nal.<br />

.... 11,7<br />

2"0<br />

....<br />

~g~AS1:T~~~81+~== UllAIA..POIIT~~.'==_~~.:':..&ftl~<br />

INTIMAMe:NTI I"T'ftCItI~ COfIII.. ti DI IANIA.a-o UUC 10<br />

'''I~ fR!Q EN POlt080<br />

A Krupp Rohstoffe (1972, inédito) estudando amostra do minério <strong>de</strong> fosfato <strong>de</strong> Catalão<br />

I, observou que "os componentes minerais principais <strong>de</strong>ssa amostra são magnetita e apatita, que<br />

conduzem, frequentemente, ilmenita", concluindo que "a maior parte do teor <strong>de</strong> fosfato encontra-se<br />

integrada a apatita, que frequentemente, se encontra transformada em agregados <strong>de</strong> fosfatos secundários<br />

(gorceixita)."<br />

Em outro relatório a Krupp Rohstoffe (1972, inédito) estudando o minério <strong>de</strong> titânlo.<br />

<strong>de</strong> Catalão I, conclui que "os agregados <strong>de</strong> anatásio resultaram da transformação da ilmenita<br />

pimária", tendo notado também perovskita, que "se encontra fortemente transformada em<br />

1eucoxênio". No mesmo relatório é observado que uma parte consi<strong>de</strong>rável dos "agregados <strong>de</strong><br />

anatásio (a grosso modo 40%) está presente em forma sOlta com tamanhos <strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> aproximadamente<br />

1,0-0 ,4 mm.".<br />

An<strong>de</strong>ry (1972, inédito) estudando o minério <strong>de</strong> titânio <strong>de</strong> Catalão I verificou que "os<br />

resultados da análise modal <strong>de</strong> fração representativa do minério moido apresentaram a seguinte<br />

composição: magnetita (35,4), ilmenita (33,4), anatásio (13,3%), perovskita (5,2%), quartw<br />

(3,7%), clorita (8,6%) e fosfatos (0,4% )."<br />

Veen (1974, inédito) estudando amostras do minério titanífero <strong>de</strong> Catalão, obteve os<br />

resultados das Tabelas 2 e 3.<br />

Peers (1974, inédito) realizou em amostras do minério <strong>de</strong> titânio <strong>de</strong> Catalão I um completo<br />

estudo acerca <strong>de</strong> suas associações mineralógicas bem como dos seus tamanhos <strong>de</strong> liberação.<br />

Segundo aquele autor "o anatásio forma agregados porosos <strong>de</strong> granulação fina a microscópica,<br />

com freqüência ligadas intimamente à perovskita quando esta ocorre, e muitas vezes ligado<br />

também <strong>de</strong> modo mais simples à magnetita-ilmenita. O engrenamento dos grãos varia <strong>de</strong> uma para<br />

~...-


258 ANAIS DO XXVI/I CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

TABELA 3<br />

Rápida Estimativa por Difração <strong>de</strong> Raios X<br />

<strong>de</strong> Algumas Frações <strong>de</strong> Amostras <strong>de</strong> Minério<br />

<strong>de</strong> Titãnio do Brasil (por A.M. Van <strong>de</strong>r Veen)<br />

OO-PRINCIPAL<br />

CONSTITUINTE<br />

DENSIDADE (cI) < 3,3 CATALAO<br />

O-MENOR CON:I A M. 240 (!-lI AM.239G-8C AM. 238 8 AM.237G-8<br />

TITUINTE<br />

X»-ACE~~g,RIOS<br />

X-TRA S<br />

+~O ;j.~ + 100<br />

m8th t..~.~B +4<br />

+IOOW -+ +=1t..~8<br />

ANATASIO 00 00 00 00 00 00 00 00<br />

QUARTZO 00 00 00 00 00 X<br />

GORCEIXITA X 00 O O<br />

GOETHITA X X<br />

d < 3,3<br />

""<br />

DA FR AÇ1l;0<br />

"" Na PENEIRA<br />

44,0<br />

&'9,9<br />

31,1<br />

11.3<br />

5,7<br />

118,3<br />

3,9<br />

18,7<br />

&,&<br />

85,&<br />

22,2<br />

11,9<br />

21,1<br />

69,2<br />

le,o<br />

13,9<br />

FRACO!'S - 400 m..h<br />

ANATÁSIO O O O O 00<br />

QUARTZO O 01 X X<br />

GORCEIXITA O O O O<br />

GOETHITA O O O<br />

. A RI T A O O<br />

HEMATITA O O<br />

ILMENITA O<br />

400 m..h 28,8 2&, O 2.2.6 18,9<br />

"" -<br />

NOTA: 1- AS GRANDES QUANTIDADES DE ANATÁSIO NAS FIIAÇ~S<br />

COM DENSIDADE ABAIXO DE.: 3,3 slio PROVAVELMENTE DEV!<br />

DAS AOS INTERCRESCIMENTOS<br />

OU POROSIDADE.<br />

COM MINERAIS DE GANGA EI<br />

outra amostra, porém, em geral, uma liberação razoável da magnetita-ilmenita é obtida a cerca <strong>de</strong><br />

150-200)1. Uma boa liberação da perovskita exige um tamanho menor, digamos, 50-100)1. Entretanto<br />

o comportamento do anatásio na moagem é <strong>de</strong> difícil previsão; uma boa liberação po<strong>de</strong><br />

talvez ser conseguida com tamanhos <strong>de</strong> moagem relativamente grossos."<br />

A Tabela 4 mostra a análise modal da associação mineralógica, estimada por contagem<br />

<strong>de</strong> pontos em frações <strong>de</strong> 1 mm + 5.11, segundo Peers, (1974).<br />

TABELA 4<br />

Análise Modal <strong>de</strong> Amostras do Minério <strong>de</strong><br />

Titãnio <strong>de</strong> CataIão I (PEERS, 1974)<br />

'OIlCINTAII. EM ,110 DII",.IUIÇlo DO TI ... TI %/TI<br />

..... ~_TAlo ...... ~IANIA!-T....<br />

TO' _m<br />

...... ILMINlTA ",LI'.<br />

"'T' ",T. CALCo<br />

,. .. I. ,. . T . " U '4 li,' 11,1<br />

,. .4 . 4 . 4 , Z .. ,. . I 't' '7,1<br />

.. 4. I. ',. 4 4. .. , , T 2.1,' T,.<br />

.. . , z, - . .. I. - , I I 7,4 14, .<br />

IT I I I - I I I T. - ZT 10, a 1,1


---<br />

CARVALHO 259<br />

A ganga, basicamente, é constituída por goethita e, subordinadamente, quartzo e argilo-<br />

minerais.<br />

"Os teores <strong>de</strong> titânio <strong>de</strong>terminados por contagem <strong>de</strong> pontos são todos alguns por cento<br />

mais baixos do que os das análises <strong>de</strong> amostras globais. Há muitas explicações plausíveis para isto,<br />

como: variações <strong>de</strong> teor <strong>de</strong> Ti entre as várias frações <strong>de</strong> peneira; <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> errada atribuida à ganga;<br />

Ti dissolvido na magnetita. Todos estes fatores po<strong>de</strong>m dar sua contribuição, mas acredita-se que a<br />

causa principal é a falsa i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> anatásio como sendo poros ou ganga. Em todas as amostras<br />

o anatásio ocorre como agregados porosos <strong>de</strong> granulação fina a microcristalina, os quais<br />

apresentam problemas na preparação das secções polidas e, por conseguinte, na i<strong>de</strong>ntificação.<br />

Julga-se, portanto, que as proporções <strong>de</strong> anatásio reproduzidas acima são todas inferiores em<br />

alguns por centro às reais." (Peers, 1974, inédito).<br />

MOAGEM<br />

DESMAGNETIZAÇÃO<br />

DESL AMAGEM<br />

FLOTAÇAO DE<br />

I~.T~ r--71. T_<br />

~<br />

I<br />

G<br />

ILMENITA<br />

*<br />

~OTACÃO ]<br />

SILI::TAOOS ~<br />

Estudos <strong>de</strong> Beneficiamento Mineral<br />

CONCENTRADO<br />

f DE ILMENITA+<br />

PEROVSKITA<br />

. ÁGUA<br />

r SILICATADOS<br />

_ MUA<br />

1<br />

COIICEN1ftAOO ~ ,.<br />

DE ANATÁSIO<br />

Fig. 3- Esquema Preliminar <strong>de</strong> Tratamento do Minério<br />

Titanífero <strong>de</strong> Catalão I.<br />

Os primeiros estudos <strong>de</strong> concentração do minério <strong>de</strong> Catalão I foram realizados pela<br />

Battelle Memorial Institute dos Estados Unidos em 1971. Esta conceituada instituição <strong>de</strong> pesquisa<br />

concluiu que pelos métodos usuais <strong>de</strong> concentração, os minérios <strong>de</strong> titânio, nióbio e fosfato <strong>de</strong><br />

Catalão I não seriam concentráveis economicamente.<br />

Naquele mesmo ano, a Fundação João Pinheiro através do Prof. Noé Chaves obteve <strong>de</strong><br />

amostras <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> fosfato similares àquelas enviadas à Battelle, em escala <strong>de</strong> laboratório, um<br />

concentrado <strong>de</strong> apatita com cerca <strong>de</strong> 40 % <strong>de</strong> P205' aplicando um método já clássico <strong>de</strong> flotação<br />

<strong>de</strong>senvolvido para o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> apatita <strong>de</strong> Sukulo, U ganda por Fleming e Robinson. Este processo<br />

tem como principal característica, segundo Chaves (1971, inédito), "a obtenção <strong>de</strong> seletivida<strong>de</strong><br />

entre apatita e óxidos <strong>de</strong> ferro pelo uso <strong>de</strong> oleato <strong>de</strong> sódio puro como coletor, em pH alcalino da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10, obtido com soda. Além disso, essa seletivida<strong>de</strong> só é efetiva para granulometria da


260 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

polpa até 150 mesh, diminuindo para as polpas mais grossas. O silicato <strong>de</strong> sódio é usado no caso<br />

para melhor dispersão da polpa e mais efetiva <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong> minerais outros da ganga, sobretudo o<br />

quartzo e silicatos."<br />

De meados <strong>de</strong> 1972 a meados <strong>de</strong> 1973, o minério <strong>de</strong> fosfato foi submetido a um amplo<br />

programa <strong>de</strong> pesquisa em instalação contínua <strong>de</strong> porte piloto com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> 300<br />

kg/h. Os estudos foram conduzidos pelo Prof. Noé Chaves do Centro Tecnológico <strong>de</strong> Minas Gerais -<br />

CETEC, tendo sido utilizado nos testes cerca <strong>de</strong> 100 t <strong>de</strong> minério fosfático. Com o estudo ficou<br />

comprovada a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização do processo Fleming já testado em laboratório para o minério<br />

<strong>de</strong> Catalão I, tendo se obtido concentrados <strong>de</strong> apatita <strong>de</strong>ntro das especificações comerciais,<br />

com índices <strong>de</strong> recuperação e rendimento da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 60 % e 20% respectivamente. Acredita-se que<br />

estes índices <strong>de</strong>verão ser superiores em instalações industriais <strong>de</strong> beneficiamento.<br />

No Brasil, existem gran<strong>de</strong>s reservas <strong>de</strong> minérios titaníferos, ricos em anatásio. Suas<br />

tecnologias <strong>de</strong> beneficiamento ainda não estão, contudo, totalmente compreendidas. O <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> processos <strong>de</strong> concentração viáveis para estes minérios, representam um <strong>de</strong>safio palpitante<br />

para os especialistas brasileiros em processamento mineral.<br />

O minério <strong>de</strong> titânio <strong>de</strong> Catalão I, após os estudos da Battelle Memorial Institute, teve<br />

sua pesquisa reiniciada em 1972 com um estudo <strong>de</strong> concentração em escala <strong>de</strong> laboratório, realizado<br />

pela firma Paulo Abib An<strong>de</strong>ry e Associados para a Serrana SI A <strong>de</strong> Mineração em comum acordo<br />

com a METAGO. Este estudo culminou com a obtenção <strong>de</strong> um concentrado <strong>de</strong> anatásio com 86%<br />

Ti02. O processo preliminar <strong>de</strong> con"centração, então <strong>de</strong>senvolvido, cujo esquema po<strong>de</strong> ser observado<br />

na Figura 3, foi sendo gradativamente aperfeiçoado pela equipe técnica da Serrana que conseguiu,<br />

em 1974, obter, já em instalação contínua <strong>de</strong> porte piloto, concentrados <strong>de</strong> anatásio com teores entre<br />

93 e 95% Ti02.<br />

No processo, para um minério com 26 % Ti02, os índices <strong>de</strong> recuperação e rendimento<br />

giram em torno <strong>de</strong> 40% e 8


CARVALHO<br />

estudos e projetos <strong>de</strong> Engenharia Mineral.<br />

A elaboração do projeto básico, que levou em conta resultados obtidos em planta piloto,<br />

foi iniciada em julho <strong>de</strong> 1973 e o seu <strong>de</strong>talhamento em outubro daquele ano. A sua implantação teve<br />

início em janeiro e abril <strong>de</strong> 1974, com a realização <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> terraplanagem e construções civis,<br />

respectivamente. Os trabalhos <strong>de</strong> montagem tiveram começo em julho, esperando-se para novembro<br />

a conclusão da usina que <strong>de</strong>verá entrar em operação no mais tardar em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1974.<br />

rQ<br />

---<br />

ilH<br />

.<br />

261


262 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Esta planta que tem como flowsheet o esquema simplificado da Figura 4 e cujos investimentos<br />

serão da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cr$ 13.000.000,00, terá capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar 10 t <strong>de</strong> minério por hora.<br />

Caso funcione ininterruptamente po<strong>de</strong>rá produzir cerca <strong>de</strong> 16.000 t anuais <strong>de</strong> concentrados <strong>de</strong><br />

apatita, com teor <strong>de</strong> 35% <strong>de</strong> P205.<br />

Dentre os seus objetivos, os seguintes po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados como principais: a) testar<br />

em escala industrial os processos <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong>senvolvidos em escala piloto, visando a <strong>de</strong>finição<br />

do mais a<strong>de</strong>quado; b) obtenção dos parâmetros <strong>de</strong> engenharia necessários à formulação do<br />

cash-flow, ao projeto da futura instalação industrial e ao planejamento das operações <strong>de</strong> lavra<br />

correspon<strong>de</strong>ntes. Dentre estes parâmetros po<strong>de</strong>m ser citados os teores <strong>de</strong> entrada e corte, índices <strong>de</strong><br />

recuperação e rendimento, consumo <strong>de</strong> energia, custo final da tonelada <strong>de</strong> concentrado, etc; c)<br />

treinamento <strong>de</strong> pessoal visando a operação da usina industrial futura; d) obtenção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s to.<br />

nelagens <strong>de</strong> concentrados para a realização <strong>de</strong> testes objetivando a fabricação <strong>de</strong> ácido fosfórico e<br />

outros ensaios na área da indústria química.<br />

Estima-se um período <strong>de</strong> 6 meses como o tempo necessário para se atingir os objetivos<br />

acima especificados. Após este período, a usina po<strong>de</strong>rá entrar em produção <strong>de</strong> rotina uma vez que<br />

está <strong>de</strong>monstrado ser esta operação uma ativida<strong>de</strong> perfeitamente rentável.<br />

Esta usina semi-industrial <strong>de</strong>verá também, após os estudos experimentais do minério <strong>de</strong><br />

fosfato, <strong>de</strong>sempenhar importante papel na otimização do processo <strong>de</strong> concentração do minério <strong>de</strong><br />

titânio. A julgar pela rapi<strong>de</strong>z com que a tecnologia <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong>ste minério vem sendo <strong>de</strong>senvolvida,<br />

esta planta classificada como semi-industrial, na produção <strong>de</strong> concentrados <strong>de</strong> apatita, em<br />

vista da gran<strong>de</strong> escala <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong>ste mineral, será com a produção <strong>de</strong> concentrados <strong>de</strong> anatásio,<br />

uma verda<strong>de</strong>ira indústria, que po<strong>de</strong>rá ser a pioneira <strong>de</strong>ste mineral no mundo. Diante <strong>de</strong>sta perspectiva<br />

esta planta foi projetada prevendo-se a sua posterior adaptação e ampliação para a produção <strong>de</strong><br />

até 20.000 t anuais <strong>de</strong> cOl\centrados <strong>de</strong> anatásio.<br />

As operações <strong>de</strong> lavra que abastecerão <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> fosfato a usina semi-industrial já<br />

estão planejadas. Serão lavradas 240 t diárias' <strong>de</strong> minério em bancadas <strong>de</strong> 5 m <strong>de</strong> altura, localizadas<br />

em 3 diferentes frentes experimentais <strong>de</strong> lavra. Estas frentes foram escolhidas visando a caracterização<br />

tecnológica da jazida. Todas as diferentes classes <strong>de</strong> teores serão testadas. Um importante<br />

objetivo nesta fase semi-industrial, como já foi dito, é a <strong>de</strong>finição dos teores <strong>de</strong> entrada e corte da<br />

usina. Os teores objetivados são respectivamente 10% e 7% <strong>de</strong> P205. Se estes teores forem econômicos,<br />

as reservas <strong>de</strong> minério serão substancialmente aumentadas e as operações <strong>de</strong> lavra serão<br />

em muito facilitadas.<br />

O <strong>de</strong>smonte será realizado com um trator Caterpilar D 7 e o carregamento feito com uma<br />

pá mecânica Caterpilar 630 com o transporte sendo realizado por caminhões basculantes Merce<strong>de</strong>s<br />

Benz <strong>de</strong> 6 t <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>.<br />

As estradas <strong>de</strong> acesso já foram abertas e as bancadas já estão preparadas. A Figura 5<br />

mostra o layout geral da fase semi-industrial com a usina, as frentes <strong>de</strong> lavra, as estradas <strong>de</strong> acesso,<br />

o reservatório <strong>de</strong> água e os pátios <strong>de</strong> rejeito e estéril.<br />

Determinação das Densida<strong>de</strong>s<br />

Os cálculos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s dos vários minérios ocorrentes em Catalão I, foram feitos pelo<br />

método <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> aparente do solo, com cilindro biselado.<br />

O volume interno do cilindro é <strong>de</strong> 1.270 cm3, utilizando soquete <strong>de</strong> 8 kg. Foram feitas<br />

correções <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>, obtendo-se a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> aparente para o solo seco.<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média para o minério <strong>de</strong> fosfato foi <strong>de</strong> 2,04 na área II e 2,01 na área I,<br />

resultados esses obtidos a partir <strong>de</strong> 41 ensaios. Foi usada a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> 2,02 para o minério.<br />

Para o minério <strong>de</strong> titânio, o cálculo da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média foi efetuado levando-se em<br />

consi<strong>de</strong>ração a média pon<strong>de</strong>rada, relativa às áreas <strong>de</strong> interferência <strong>de</strong> vermiculita, fosfato e a<br />

própria zona mineralizada em titânio, que apresenta características físicas diferentes, dando como<br />

consequência uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> baixa. O resultado <strong>de</strong>sta média foi <strong>de</strong> 1,95, sendo utilizada esta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

para cubagem do titânio.<br />

Para o minério <strong>de</strong> terras raras a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média foi <strong>de</strong> 1,78, correspon<strong>de</strong>ndo à média <strong>de</strong><br />

3 ensaios realizados.<br />

Para a vermiculita foram feitos 15 ensaios dando uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 1,75.<br />

O minério <strong>de</strong> nióbio é encontrado nas cangas e no material terroso. Adotou-se uma


LEGENDA<br />

_<br />

.ÁRtA DA USINA SDI-INDUSTRIAL<br />

_<br />

"RE.TU DE LAVRA<br />

ÁRU DE DEPOSIçÃo DE ESTERIL<br />

~<br />

ê~~~~<br />

ÁREADE DEPOSIçÃODE REJEITOS<br />

Altu DO RESERVATÓRIODE MUA<br />

CARVALHO 263<br />

ESCALA _ GR"'~FICA<br />

, .,. J<br />

o 80 180 MO .20 400..<br />

Fig. 5- Projeto Catalão, Mapa <strong>de</strong> Localização das Frentes <strong>de</strong> Lavra e Acessos para a Usina Semi-Industrial.<br />

média pon<strong>de</strong>rada entre as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses materiais e foi encontrada uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média <strong>de</strong><br />

2,30 correspon<strong>de</strong>ntes a 15 ensaios realizados.<br />

Elaboração <strong>de</strong> dados<br />

Com resultados <strong>de</strong> análises obtidos a partir dos poços, furos <strong>de</strong> trado e sonda, foram<br />

realizados os seguintes trabalhos <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> dados: mapas <strong>de</strong> isoteores, perfis <strong>de</strong> poços e<br />

--..-<br />

----


264 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

1(. V.<br />

CONVENÇOES<br />

~'ÁRf:A DE COTA INFERIOR AO NíVEL<br />

/::':'::/:'1<br />

AFlORAMENTO DO NIVEl<br />

-10-<br />

~<br />

CURVA DE ISOTEOR<br />

CURVA DE NIVEl<br />

. FURODESONDA<br />

/<br />

DRENAGEM ~<br />

Fig. 6- Projeto Catalão, Curvas <strong>de</strong> Isoteor <strong>de</strong> Fosfato Nível 830 a 820.<br />

ESCALA FICA<br />

,<br />

.. 8.<br />

1 1<br />

120 110 100..


_ _ 880<br />

~<br />

_870<br />

_ _ 860<br />

_ _850<br />

_ 840<br />

_ _ 830<br />

_ _ 820<br />

__810<br />

_ _ 800<br />

__790<br />

NW<br />

CONVENÇÕES<br />

SC-2-U/9<br />

...<br />

...<br />

...<br />

...<br />

... ..<br />

...<br />

::: 2,220/0<br />

...<br />

... ..<br />

... .. ...<br />

...<br />

Ho r , z o n f Q ~ \<br />

~<br />

":'oooo<br />

~ '. 000 .....<br />

rAI<br />

or::<br />

0.'% Nb205<br />

ENTRE Q5eO,7%<br />

ENTRE 0,7 e 1,0%<br />

Nb205<br />

Nb205<br />

+..++<br />

++..++<br />

I<br />

V . , t I Co ,<br />

.. ... .. .b<br />

E S C A L A S<br />

! ,. ab<br />

100M.<br />

x.<br />

PROJETO CATALAO<br />

PERFIL DE POÇOS E SONDAGENS<br />

NA ZONA MINERALlZADA EM NIOSIO<br />

0.82%<br />

pe-2-Q IIS<br />

SE<br />

_840_<br />

_830_<br />

_820 _<br />

_810~<br />

_800 _<br />

_790_<br />

_ 780 _<br />

01 AL.AN 8AIt.ÃO


266 ANAIS DO XXVI/1 CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

sondagens e avaliação das reservas.<br />

Mapas <strong>de</strong> Isoteores<br />

Os mapas <strong>de</strong> isoteores elaborados para as mineralizações <strong>de</strong> fosfato, nióbio, titânio e<br />

terras raras <strong>de</strong> Catalão I, tem por finalida<strong>de</strong> básica, oferecer ao observador, uma visualização do<br />

comportamento das variações do corpo mineral tanto lateralmente como verticalmente.<br />

° intervalo<br />

<strong>de</strong> material alterado compreendido entre a superfície do terreno e a superfície da rocha fresca, foi<br />

seccionado em sucessivas fatias <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong> espessura, limitadas por planos horizontais <strong>de</strong> cotas<br />

inteiras. Assim o nivel830 a 820, por exemplo, é uma lâmina <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong> espessura, cuja base é um<br />

plano horizontal, cujo contorno coinci<strong>de</strong> com a curva <strong>de</strong> nível 820 e seu topo é outro plano horizontal<br />

limitado pela curva <strong>de</strong> nível 830. Cada um <strong>de</strong>stes níveis foi projetado horizontalmente numa planta<br />

topográfica <strong>de</strong> escala 1:2000, nela plotando-se os teores médios do elemento em questão do intervalo<br />

<strong>de</strong> 10 m, consi<strong>de</strong>rado. A seguir, por interpolação, são traçadas as curvas <strong>de</strong> isoteores, observando-se<br />

os intervalos <strong>de</strong> teores previamente estabelecidos. A Figura 6 mostra um exemplo <strong>de</strong><br />

mapa <strong>de</strong> isoteQf <strong>de</strong> P205 elaborado em parte do intervalo <strong>de</strong> nivel compreendido entre as cotas 830 e<br />

820.<br />

Perfis <strong>de</strong> Poços e Sondagens<br />

Perfis topográficos N-S, E-W, NW-SE e NE-SW englobando todos os poços e furos <strong>de</strong><br />

trado e sonda executados em suas respectivas seções foram realizados, em todas as zonas mineralizadas,<br />

<strong>de</strong> acordo com a malha das perfurações. Os perfis foram traçados obe<strong>de</strong>cendo uma escala<br />

vertical <strong>de</strong> 1:500 <strong>de</strong> modo a ficar representado cada intervalo <strong>de</strong> 2 m. Os resultados das análises<br />

químicas efetuadas a cada 2 m dos poços, furos <strong>de</strong> trado e sonda, foram plotados em perfis e<br />

agrupados em intervalos <strong>de</strong> classe previamente escolhidos. Cada intervalo <strong>de</strong>sses é individualizado<br />

com uma cor, tornando possível, caso se <strong>de</strong>seje, a realização das correlações entre os intervalos da<br />

mesma classe, entre os diversos poços ou furos <strong>de</strong> trado e sonda do perfil. A Figura 7 mostra um<br />

exemplo <strong>de</strong>stes perfis.<br />

Avaliação das Reservas<br />

As reservas dos bens minerais <strong>de</strong> Catalão I, foram avaliadas em uma primeira fase,<br />

quando a malha quadrada <strong>de</strong> perfurações tinha 200 m <strong>de</strong> lado, através <strong>de</strong> um método <strong>de</strong> cubagem<br />

que levou em consi<strong>de</strong>ração o coeficiente <strong>de</strong> variação dos teores do elemento em avaliação, i<strong>de</strong>alizado<br />

e <strong>de</strong>senvolvido pelos técnicos da METAGO, Augusto Kishida* e Ronaldo Nogueira Drummond.<br />

Posteriormente, a zona mineraHzada em fosfato, já com uma malha quadrada <strong>de</strong> perfurações <strong>de</strong> 100<br />

m <strong>de</strong> lado, foi reavaliacla através do método <strong>de</strong> cubagem<br />

Método inicial - Reserva medida e indicada<br />

por blocos, conhecido como block-table.<br />

-Consi<strong>de</strong>rando a distribuição horizontal dos<br />

elementos econômicos, a cubagem das reservas medidas e indicadas foi feita segundo niveis horizontais.<br />

° terreno foi seccionado em sucessivas fatias <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong> espessura, limitadas por planos<br />

horizontais <strong>de</strong> cotas inteiras. Assim, o nivel <strong>de</strong> 910 a 900, por exemplo, é uma lâmina <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong><br />

espessura, cuja base é um plano horizontal, cujo contorno coinci<strong>de</strong> com li curva <strong>de</strong> nível 900 e seu<br />

topo é outro plano horizontal limitado pela curva <strong>de</strong> nível 910.<br />

Cada nível foi projetado horizontalmente numa planta <strong>de</strong> escala 1.2 000, nela plotandose<br />

os teores médios do elemento consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>ste intervalo <strong>de</strong> 10 m. Em seguida foi <strong>de</strong>limitada a<br />

área <strong>de</strong> influência <strong>de</strong> cada um dos furos, <strong>de</strong>terminando prismas <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong> altura.<br />

A área <strong>de</strong> influência para efeito <strong>de</strong> avaliação das reservas indicada + medida foi <strong>de</strong>terminada<br />

tomando-se meta<strong>de</strong> da distância entre furos sucessivos exceto em furos isolados, nos quais<br />

a área <strong>de</strong> influência foi consi<strong>de</strong>rada um quadrado <strong>de</strong> 200 m <strong>de</strong> lado.<br />

* Este técnico trabalha atualmente na DOCEGEO.


CARVALHO 267<br />

Para a reserva medida a área <strong>de</strong> influência foi calculada consi<strong>de</strong>rando o coeficiente <strong>de</strong><br />

variação dos teores obtidos pela fórmula abaixo:<br />

a<br />

K =~. 100<br />

On<strong>de</strong><br />

K = coeficiente <strong>de</strong> variação em percentagem<br />

Ma = média aritmética dos teores na seção consi<strong>de</strong>rada<br />

a = <strong>de</strong>svio padrão quadrático<br />

a é calculado pela fórmula:<br />

a =<br />

\ I (M-Ma)2<br />

V n-1<br />

On<strong>de</strong><br />

M == teor <strong>de</strong> cada furo, entre as cotas consi<strong>de</strong>radas.<br />

n = número <strong>de</strong> furos na seção consi<strong>de</strong>rada.<br />

° coeficiente K expressa em percentagem a variação dos teores, em sentido linear.<br />

Adotando um erro admissível <strong>de</strong> 20 % na cubagem <strong>de</strong> rese&Vamedida cada amostra foi consi<strong>de</strong>rada<br />

representativa <strong>de</strong> um intervalo linear:<br />

abaixo:<br />

on<strong>de</strong>:<br />

P = erro admissível <strong>de</strong> 20 %<br />

L = comprimento da seção consi<strong>de</strong>rada.<br />

Um exemplo <strong>de</strong>ste cálculo <strong>de</strong> área <strong>de</strong> influência para reserva medida é apresentada<br />

trata-se do cálculo da área <strong>de</strong> influência das reservas medida e indicada para Ti02'<br />

na folha 1 no nível 880 a 870 (Fig. 8).<br />

No sentido E-W<br />

FURO M M -- Ma (M - Ma)2<br />

se 2 -- I 14 9,3 -- 5,7 32,49<br />

se 2 - I 12 6,8 - 8,2 67,24<br />

se 2 - I 10 10,1 -- 4,9 24,01<br />

se 2 -- I 8 22,1 + 7,1 50,41<br />

se 2 - I 6 26,6 + 11,6 134,56<br />

Sendo:<br />

Ma =~= 15,0<br />

M<br />

n = 5<br />

L = SOOM<br />

Temos:<br />

a=<br />

(M _ Mq)2<br />

n-l<br />

74,9 - 308,71


268 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

a=<br />

K =-!!.-. 100<br />

Ma<br />

8,79<br />

K =~. 100 = 58,6%<br />

15<br />

a= L<br />

(~y<br />

= = 93,14~90 m<br />

No sentido N-S<br />

FURO M M-Ma<br />

2<br />

(M - Ma)<br />

se 2 ~I8 22,1 + 6,2 38,44<br />

se 2 - G8 12,3 - 3,7 13,69<br />

se 2 -- E8 15,1 - 0,9 1,81<br />

se 2 - e8 14,3 - 1,7 2,89<br />

Sendo:<br />

Ma = 15,9<br />

n=4<br />

L = 600 m<br />

Temos:<br />

a= ~ 55,83 - 4 31<br />

3 '<br />

K =<br />

a=<br />

4,21 x 100 - 27,1 %<br />

15,9<br />

600<br />

~;~lj2<br />

= 326 m<br />

63,8 - 55,83<br />

Neste intervalo a área <strong>de</strong> influência da reserva medida dos furos no sentido EW seria <strong>de</strong>,<br />

aproximadamente, 90 m. Para efeito <strong>de</strong> cubagem foi adotada a média dos vários níveis que foi <strong>de</strong> 80<br />

m, sendo 40 m para E e 40 m para W.<br />

No sentido N-S foi maior que a meta<strong>de</strong> da distância entre os furos consecutivos. A<br />

área <strong>de</strong> influência da reserva medida foi, portanto, consi<strong>de</strong>rada como 100 m para cada sentido.<br />

A área <strong>de</strong> influência da reserva indicada, é dada pela área remanescente da área con.<br />

si<strong>de</strong>rada com representativa das reservas medida + indicada (área formada quando se toma a<br />

meta<strong>de</strong> da distância entre furos sucessivos), após a subtração da área <strong>de</strong> influência da reserva<br />

medida.<br />

Com as áreas <strong>de</strong> influência calculadas; a altura do prisma (constante e igual a 10 m) e a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do minério, as reservas foram, rotineiramente, calculadas e tabuladas.<br />

Reserva inferida - Os furos <strong>de</strong> sonda tinham geralmente 50 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, porém,


PROJETO<br />

CATALAO<br />

MAPA DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS<br />

RESERVAS MEDIDA E INDICADA<br />

MINERIO.. TITANIO<br />

INTERVALO DE N/Í/EL .. 880 - 870<br />

CONVENÇÕES<br />

~ ARfA DE COTA INFERIOR AO NIVEL<br />

Em<br />

AFLORAMENTO 00 N,'Va.<br />

~ ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RESEIM INOK:ADrA<br />

EE. ÁREA DE ,NFLLiNCJA DA AESERVA MEDIDA<br />

.,s. J<br />

FURODE S~ f TfOR MiolO DOINTERVAlO<br />

E8<br />

N<br />

x.<br />

I<br />

I<br />

ESCALA<br />

30 60 .<br />

90 120 ~In<br />

GRÁFICA<br />

0..: ALANBAILAO


270 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

_ _870 _<br />

_ _ 8S0<br />

__'50<br />

_ _840<br />

~<br />

_ 830<br />

_ _ '20<br />

__8/0<br />

_ _800<br />

---, ,.c. _ -T.90<br />

__780<br />

NW<br />

SC-2-U /9<br />

1ff ... ~<br />

:::;<br />

SC-2-TI8<br />

::: :H<br />

i:i ;;;<br />

~<br />

::: ffi<br />

::: ;;;<br />

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.............. .............<br />

.............. .............<br />

.<br />

. ...........<br />

. ............<br />

...........<br />

. ...........<br />

.' .. ...........<br />

CONVENÇÕES<br />

. . . . . . . . . . . . .<br />

. . . . . . . . . . . . . .<br />

D ......<br />

.,. ,.,<br />

. .. . RE SERVA INFERIDA<br />

::::++ ><br />

li o r i z o n , a I<br />

v . r t i c oI<br />

ENTRE o.s.O,7% NbZO,<br />

1,0% Nb z De;<br />

20 40 cro<br />

ESCALA<br />

100m.<br />

x.<br />

'\ ~..ilJ<br />

...<br />

..<br />

rt~<br />

..............<br />

..............<br />

..............<br />

..............<br />

.............. ..............<br />

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..............<br />

. ..............<br />

. . . . . . . . . . . . .<br />

.............. ..............<br />

..............<br />

..............<br />

. ..............<br />

. . . . . . . . . . . . .<br />

..............<br />

..............<br />

..............<br />

.............. ..............<br />

.............. ..............<br />

..............<br />

..............<br />

.............<br />

..............<br />

.............<br />

.............<br />

.............. .............<br />

.............. .............<br />

. ............. . . . . . . . . . . . .<br />

. . . . . . . . . . . . . .<br />

.............<br />

.<br />

..............<br />

.............. .............<br />

..............<br />

.............<br />

..............<br />

.............. .............<br />

.............. .............<br />

SC-2-S/7<br />

--~<br />

ott. ...<br />

.. ..<br />

PC-2-S/7<br />

Fig. 9- Projeto CataIão, PeriJl. <strong>de</strong> Poços <strong>de</strong> Sondagens na Zona Mineralizada em Nióbio com Esquema <strong>de</strong> Calculo da<br />

Reserva Inferida.<br />

<strong>de</strong>vido à variação da superfície topográfica, as bases <strong>de</strong> furos sucessivos po<strong>de</strong>m atingir cotas diferentes.<br />

O bloco situado abaixo do furo mais alto topograficamente e ao lado do furo mais baixo, foi<br />

consi<strong>de</strong>rado como reserva inferi da (Fig. 9).<br />

A classe do teor da reserva inferi da é calculada, obtendo-se a média aritmética entre o<br />

último resultado <strong>de</strong> análise da base do furo mais alto e os resultados do furo mais baixo no seu<br />

intervalo situado abaixo do topo do bloco consi<strong>de</strong>rado como inferido.<br />

Método dos block-tables - Este método <strong>de</strong> cubagem por blocos foi adotado na reava-<br />

Híi ..<br />

li ;. .. ...<br />

SE


~ BLOCO SEM INA)R~S<br />

~ FAIXA<br />

~ FAIXA DE TEOR ENTRE !5-10% Pa0s<br />

CONVENÇ<br />

DE TECI't ENTRE O-t5% P,O,<br />

~ FAIXA DETEOREH~ 10-15% fitO.<br />

m FAIXADE nDR > PiOs<br />

""<br />

CARVALHO<br />

E S H.<br />

ESCALA<br />

1 r<br />

.. ..<br />

FURO DE SONDA<br />

AFLORAMENTC DO NfvEL CONSIDERADO.<br />

CURVA DE NivEL<br />

ORENAGEM<br />

.RA'FICA<br />

, ,<br />

!<br />

MO .00..<br />

1'0<br />

Fig. 10- Projeto Catalão, Mapa <strong>de</strong> Blocos do Intervalo <strong>de</strong> Nive1830-820 da Zona Mineralizada em Fosfato.<br />

fiação das reservas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> fosfato porque a divisão da jazida em blocos, nos seus diversos<br />

intervalos <strong>de</strong> níveis, já é um passo na preparação para a lavra.<br />

A caracterização dos diversos intervalos <strong>de</strong> nível, todos <strong>de</strong>.l0 m <strong>de</strong> espessura, seguiu a<br />

mesma sistemática adotada na elaboração dos mapas <strong>de</strong> isoteores e no método <strong>de</strong> cubagem com<br />

271


272 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

coeficiente <strong>de</strong> variação dos teores, <strong>de</strong>scritos nos itens anteriores.<br />

Os blocos inteiros possuem lados <strong>de</strong> 100 m e espessura constante <strong>de</strong> 10 m. Como a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

do minério <strong>de</strong> fosfato foi consi<strong>de</strong>rada como 2,92, a tonelagem <strong>de</strong> cada bloco correspon<strong>de</strong>rá a<br />

202.000 t. Os blocos não inteiros, possuem pelo menos parte <strong>de</strong> sua área nos locais on<strong>de</strong> afIoram o<br />

intervalo <strong>de</strong> nível consi<strong>de</strong>rado. Sua área portanto, não será igual àquela dos blocos inteiros e a sua<br />

espessura será sempre inferior a 10 m, sendo necessário calculá-Ias.<br />

Para a avaliação das reservas do intervalo <strong>de</strong> nível consi<strong>de</strong>rado, basta apenas computar<br />

o número <strong>de</strong> blocos caracterizados como reserva medida, indicada ou inferida e agrupá-los <strong>de</strong> acordo<br />

com o intervalo <strong>de</strong> classe <strong>de</strong> teores adotados, obtendo-se o correspon<strong>de</strong>nte quadro <strong>de</strong> reservas.<br />

Evirlentt!mente, este método <strong>de</strong> avaliação só po<strong>de</strong>rá ser aplicado se o espaçamento das<br />

malhas <strong>de</strong> perfuração forem compatíveis. Por exemplo, para o minério <strong>de</strong> fosfato <strong>de</strong> Catalão I, a<br />

malha máxima admissível para a aplicação <strong>de</strong>ste método, é <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> espaçamento. Já para o<br />

minério <strong>de</strong> nióbio, talvez tenha que ser inferior a 50 m, tendo em vista sua gran<strong>de</strong> variação <strong>de</strong> teor.<br />

Reserva medida -Para a reserva medida só são computados os blocos que possuem furos<br />

<strong>de</strong> sonda em seu centro. O intervalo <strong>de</strong> classe do teor é dado pelo próprio teor médio do furo <strong>de</strong> sonda<br />

no intervalo consi<strong>de</strong>rado. Na Figura 10 são consi<strong>de</strong>rados como reserva medida <strong>de</strong>ntre outros, os<br />

seguintes blocos: N2, 02, P2, P4, 04, N6, M7, ete.<br />

Reserva indicada - Para a reserva indicada, só são computados aqueles blocos, que<br />

apesar <strong>de</strong> não apresentarem furos <strong>de</strong> sonda e, portanto, não possuem um teor <strong>de</strong>finido, têm, pelo<br />

menos, duas <strong>de</strong> suas faces limitadas por blocos consi<strong>de</strong>rados como reserva medida. O intervalo <strong>de</strong><br />

classe do teor é dado pela média dos 2 ou mais blocos vizinhos consi<strong>de</strong>rados como reserva medida.<br />

Na Figura 10 são consi<strong>de</strong>rados como reserva indicada, entre outros o bloco P7, parte dos blocos M8 e<br />

NO, etc.<br />

Reserva inferida - Para a reserva inferida só foram computados os blocos que apesar <strong>de</strong><br />

obe<strong>de</strong>cerem as condições dos blocos consi<strong>de</strong>rados como reserva indicada, só apresentam uma face<br />

limitando com um bloco consi<strong>de</strong>rado como reserva medida. O intervalo <strong>de</strong> classe do teor é estimado<br />

<strong>de</strong> acordo com a tendência das curvas <strong>de</strong> isoteores do intervalo <strong>de</strong> nível em questão. Na Figura 10<br />

são consi<strong>de</strong>rados como reserva inferida os seguintes blocos: P8. P9, 09, N9 e parte do M9.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

O autor <strong>de</strong>seja consignar o seu agra<strong>de</strong>cimento à diretoria técnica da METAGO pela<br />

autorização <strong>de</strong> publicação <strong>de</strong>ste trabalho bem com à datilógrafa Rose Dayse Lobo <strong>de</strong> Araújo e aos<br />

<strong>de</strong>senhistas Alexandre Machado Alves da Costa, Alan Kar<strong>de</strong>c SoaresBaylão e Antônio Dário <strong>de</strong><br />

Araújo pelos serviços <strong>de</strong> datilografia e <strong>de</strong>senho. Reconhecidamente agra<strong>de</strong>ce também à equipe<br />

técnica do Projeto Catalão, tanto do passado como do presente, em particular aos geólogos Augusto<br />

Kishida, Elias Antônio Cuba e Iranildo Rodrigues Valença e ao Engenheiro <strong>de</strong> Minas Ronaldo<br />

Nogueira Drummond, companheiros nos trabalhos <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong> escritório.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

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PESQUISA DE MINERAIS PESADOS<br />

NO LITORAL DE ITABAPOANA<br />

ESTADO DO RIO DE JANEIRO<br />

PROJETO BUENA<br />

PEDROA. COUTO*, ARAMISP. GOMES*, RAFAELAVENANETO*<br />

ABSTRACT<br />

The purpose of the works <strong>de</strong>veloped by Projeto Buena was the evalustion of tOO reservas of ilmenite. monazite, zirconite and<br />

rutile in the beach sands at tOOshore ofItabapoana, M unicipality of Slo J 010 da Barra, in the State of Rio <strong>de</strong> Janeiro, Brazil,<br />

The Projeto Buena was performed in the frame of an asreement between CPRM-CNEN ICBTN.<br />

Because of the presence of monazite, radiometric measurements were used. as the most suitable method to prospect tOO areas.<br />

TOO radiometry was followed by a systematic sampling using auger drill and sludge pump. Special attention was paid to the anomalies higOOr<br />

than 100 cps, registered by the scintillometer, and to those higOOr than 40 cps, showed by the gamameter. It was found that such anomalies<br />

generally indicated concentrations with more tOOn 5% of heavy minerais.<br />

TOOeconomically most important <strong>de</strong>posita are related to the fossil off shore bars.<br />

Further experimental geophysical works were performed using seismic refraction and electrorresistivity. in or<strong>de</strong>r to <strong>de</strong>fine the<br />

thickness of the quatemary sands wich overlap the sediments of the Grupo Barreiras; the refraction method was seccessful. In addition to this, a<br />

magnetometric prospecting was experimentally tried. The results Ihowed some contrasta between the heavy minerais concentrations and the<br />

barren material.<br />

The evaluation of the reserves (measured. indicated, and inferred) reach a total amount of sbout 2 millions tons with an average<br />

gra<strong>de</strong> of heavy minerais greater than 5 % .<br />

RESUMO<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong>senvolvidos pelo Projeto Buena, convênio CNEN/CBTN -CPRM. no litoral <strong>de</strong> Itabapoana. município<br />

<strong>de</strong> São Joto da BalTa. Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, visaram quantificar as reservas dos pláceres praiais <strong>de</strong> ilmenita. monazita, zirconita e<br />

rutilo.<br />

Basicamente. as ativida<strong>de</strong>s constaram <strong>de</strong> amostragem sistemática e trado sludo pump nos cordões arenosos, antecedida <strong>de</strong><br />

levantamentos radiométricos prospectivos, aproveitando a presença da monazita associada. Foram estudadas, especialmente. anomalias com<br />

valores maiores que 100 cps do cintilômetro e 40 cps do gamAmetro. Em geral, estas anomalias. <strong>de</strong>finiram concentrações contendo mais que 5% <strong>de</strong><br />

minerais pesados.<br />

Os cordões <strong>de</strong> praias fósseis contêm os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> maior interesse econômico da área,<br />

Foram realizados testes <strong>de</strong> sísmica <strong>de</strong> refraçlo e eletroresistivida<strong>de</strong>. no sentido <strong>de</strong> obter dados para <strong>de</strong>finir a espessura das areias<br />

quaternárias superpostas aos sedimentos do Grupo Barreiras, com 6timos resultados para o primeiro método. Perfis magnetométricos executados<br />

transversalmente aos cordões arenosos indicaram contrastes entre 8S concentrações e o estéril.<br />

O processamento do cálculo <strong>de</strong> reservas (medida, indicada e inferida), faz prever um total em torno a dois milhões <strong>de</strong> toneladas<br />

com teor médio <strong>de</strong> minerais pesados superior a 5 %.<br />

Generalida<strong>de</strong>s<br />

INTRODUÇAO<br />

As conhecidas areias monazíticas, distribuídas na faixa litorânea nor<strong>de</strong>ste e leste do<br />

Brasil, são constituídas por assembléias <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> variada composição química, originadas <strong>de</strong><br />

diversas fontes. No entanto, tais minerais, possuem em comum uma gran<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> química e<br />

wna elevada resistência à abrasão.<br />

.CPRM<br />

Essa assembléia, comwnente <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> minerais pesados, aplica.se aos minerais


"<br />

274 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOL.OGIA<br />

<strong>de</strong>tríticos estáveis, que po<strong>de</strong>m ser separados por técnicas apropriadas <strong>de</strong> sink float em líquidos<br />

pesados, como o bromofórmio.<br />

Os minerais pesados são constituídos <strong>de</strong> óxidos, silicatos, titanatos, columbatos, e<br />

menos freqüenttemente por fosfatos. Entre os mais comuns temos: zirconita, rutilo, monazita,<br />

ilmenita, leucoxênio, magnetita, hematita, limonita, cromita e cassiterita. Acessoriamente, encontram-se<br />

turmalina, granada, estaurolita, cianita, espinélio, andalusita, zoisita, clinozoisita, epidoto,<br />

biotita e hornblenda.<br />

De uma maneira geral, os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> minerais pesados são formados em zonas praiais,<br />

através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> seleção executado pelo movimento das ondas, efetuando, assim, uma<br />

separação gravimétrica natural.<br />

Nos <strong>de</strong>pósitos brasileiros <strong>de</strong> minerais pesados <strong>de</strong>stacam-se, quantitativamente, a<br />

ilmenita, a monozita, a zirconita e o rutilo.<br />

A monazita (fosfato <strong>de</strong> terras raras) po<strong>de</strong>r conter tório em sua composição. Esse elemento<br />

foi bastante utilizado no passado para fabricação <strong>de</strong> camisas <strong>de</strong> lampiões a gás. Atualmente, o<br />

tório vem sendo estocado, pois a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu emprego em reatores nucleares se <strong>de</strong>lineia<br />

como bastante promissora. Assim sendo, ele é no momento um subproduto da extração dos sais <strong>de</strong><br />

terras raras, possuindo estes uma boa colocação no mercado mundial.<br />

A zirconita (silicato <strong>de</strong> zircônio), utilizada na obtenção do metal zircônio, possui elevada<br />

resistência à tração, alta dureza e proprieda<strong>de</strong>s refratárias, e vem sendo utilizada na obtenção <strong>de</strong><br />

ligas metálicas, como abrasivo e também na fabricação <strong>de</strong> materiais refratários.<br />

O rutilo (óxido <strong>de</strong> titânio) <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> procura no mercado internacional, é empregado na<br />

obtenção <strong>de</strong> titânio metálico, na fabricação <strong>de</strong> pigmentos e ainda na indústria <strong>de</strong> materiais cerâmicos.<br />

Devido a intensa produção atual, espera-se uma rápida exaustão dos jazimentos conhecidos.<br />

A ilmenita (óxido <strong>de</strong> titânio e ferro) é outra fonte <strong>de</strong> titânio. Algumas indústrias estão<br />

utilizando-a em substituição ao rutilo, motivadas pelas gran<strong>de</strong>s reservas mundiais daquele mineral.<br />

Constitui matéria prima para a obtenção <strong>de</strong> 2 tipos <strong>de</strong> dióxidos <strong>de</strong> titânio, comumente usados como<br />

pigmento branco em várias indústrias.<br />

Entre os gran<strong>de</strong>s consumidores <strong>de</strong> dióxidos <strong>de</strong> titânio <strong>de</strong>stacam-se as indústrias <strong>de</strong><br />

tintas, as metalúrgicas, <strong>de</strong> papéis, <strong>de</strong> borracha, etc.<br />

Até o ano 2.000, o crescimento da <strong>de</strong>manda do titânio-metálico será maior que o do<br />

titânio-pigmento, em face das exigências da indústria aeroespacial.<br />

Histórico<br />

Os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> pláceres <strong>de</strong> minerais pesados contendo ilmenita, monazita, zirconita e<br />

rutilo, situados ao longo da faixa litorânea brasileira, são há muito conhecidos e lavrados. Apesar<br />

disso, poucos estudos sistemáticos <strong>de</strong> pesquisa foram <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

Os primeiros trabalhos executados nessas ocorrências, que se tem notícia, datam <strong>de</strong><br />

1884, quando John Gordon estudou os <strong>de</strong>pósitos litorâneos <strong>de</strong> Caravelas e Prado, no Estado da<br />

Bahia.<br />

Somente a partir da segunda meta<strong>de</strong> do século XX, entida<strong>de</strong>s governamentais e<br />

algumas empresas particulares efetuaram esporádicos trabalhos prospectivos e <strong>de</strong> avaliação, sem<br />

no entanto, <strong>de</strong>finir o total das reservas para toda a assembléia mineral passível <strong>de</strong> uma extração<br />

econômica. Merece <strong>de</strong>staque os estudos <strong>de</strong>senvolvidos pela CNEN, embora essas avaliações visassem,<br />

essencialmente, a quantificação das reservas <strong>de</strong> monazita associada aos outros minerais pesados.<br />

Em 1966, técnicos <strong>de</strong>ssa entida<strong>de</strong> efetuaram estudos nos <strong>de</strong>pósitos do litoral <strong>de</strong> Itabapoana e<br />

concluíram que sob o ponto <strong>de</strong> vista do aproveitamento da monazita os teores apresentados não<br />

eram satisfatórios, apesar <strong>de</strong> terem sido <strong>de</strong>senvolvidos em trechos selecionados das concentrações.<br />

Os autores apontaram o setor <strong>de</strong> Tipiti, próximo ao Rio Itabapoana, como o único com possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> aproveitamento econômico.<br />

Em fins <strong>de</strong> 1967, a CNEN consi<strong>de</strong>rou como reservas medidas <strong>de</strong> inonazita nos litorais<br />

dos estados do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Espírito Santo e Bahia o total <strong>de</strong> 22.240 t. Deste montante, o Estado<br />

do Rio (litoral <strong>de</strong> Itabapoana) participou com 11. 770 t.


---<br />

10Km , O. 10,<br />

Fig. 1 1<br />

COUTO, GOMES, A VENA NETO<br />

MAPA DE LOCALIZAÇÃO<br />

DA<br />

ÁREA DO PROJETO<br />

o<br />

~~l:aJ<br />

DA BARRAU<br />

44. 43. 42. 4'.<br />

O 50 100 150 . , , , k",<br />

O<br />

o<br />


276 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Objetivos e Localização<br />

O Projeto Buena, criado através do convênio CNEN /CBTN -CPRM, foi <strong>de</strong>senvolvido<br />

no sentido <strong>de</strong> pesquisar as reservas dos pláceres praiais <strong>de</strong> ilmenita, monazita, zirconita e rutilo,<br />

situados na faixa litorânea compreendida entre a Vila <strong>de</strong> Guaxindiba e a Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barra <strong>de</strong> Itabapoana,<br />

Município <strong>de</strong> São João da Barra, Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

A programação foi calcada em um ante-projeto expedido pela CNEN, através do seu<br />

Departamento <strong>de</strong> Exploração Mineral. Este ante-projeto além <strong>de</strong> estabelecer as diretrizes básicas,<br />

<strong>de</strong>signou o geólogo Aladar Bernabé Molnar para acompanhar os trabalhos do projeto.<br />

GRUPO BARREIRAS E CORDÕES LITORÂNEOS<br />

Estudos estratigráficos recentes <strong>de</strong> Campos e Silva, Mabesoone e Beurlen mostraram,<br />

que o Grupo Barreiras se divi<strong>de</strong> em 3 formações: Formação Serra do Martins, Formação Guararapes<br />

e Formação Macaíba.<br />

A Formação Serra do Martins, basal do Grupo Barreiras, compõe-se <strong>de</strong> uma seqüência<br />

sedimentar arenosa e argilo-arenosa, geralmente <strong>de</strong> colorações claras e com espessura <strong>de</strong> até 50 m.<br />

A Formação Guararapes, que engloba a Formação Riacho Morno e a Formação Guararapes<br />

<strong>de</strong> Bigarella e Andra<strong>de</strong> (1964), é constituída <strong>de</strong> sedimentos argilosos a sílticos, areias arcosianas<br />

e arenitos vermelhos <strong>de</strong> granulação grosseira. Após o período <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, os sedimentos<br />

<strong>de</strong>ssa formação sofreram um processo <strong>de</strong> intemperismo com lixiviação e infiltração <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong><br />

ferro, formando uma capa laterítica <strong>de</strong>nominada Riacho Morno. A Formação Guararapes constitui<br />

a maior parte das falésias nor<strong>de</strong>stinas e sua espessura está em torno <strong>de</strong> 40 m.<br />

A Formação Macaíba assenta-se discordantemente sobre a Formação Guararapes e é<br />

constituída <strong>de</strong> areias brancas e areias argilosas <strong>de</strong> coloração clara. Possui uma espessura máxima <strong>de</strong><br />

aproximadamente 20 m.<br />

Campos e Silva et alii (1971) dataram o Grupo Barreiras do Oligoceno Superior ao<br />

Pleistoceno Inferior.<br />

O ambiente <strong>de</strong>posicional do Grupo Barreiras, segundo Ab'Saber (1968), parece ter sido<br />

<strong>de</strong> antigas planícies costeiras, hoje soerguidas, que se estendiam continuamente por todo litoralleste<br />

e nor<strong>de</strong>ste. Os sedimentos que compõem este grupo foram <strong>de</strong>stacados <strong>de</strong> rochas componentes do<br />

interlands, através <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sintegração em clima semi-árido.<br />

A Formação Guararapes (Mabesoone et alii, 1972) foi originada da capa da Formação<br />

Serra do Martins e <strong>de</strong> rochas cristalinas aflorantes na época. Semelhantemente os sedimentos da<br />

Formação Macaíba foram fornecidos pelo intemperismo Riacho Morno da Formação Guararapes e<br />

<strong>de</strong> material trazido do embasamento cristalino.<br />

Os sedimentos i<strong>de</strong>ntificados como pertencentes ao Grupo Barreiras formam, ao longo da<br />

parte norte da área do projeto, extensas linhas <strong>de</strong> falésias <strong>de</strong> direção aproximadamente N-S,<br />

apresentando <strong>de</strong>sníveis, às vezes, superiores a 6 m.<br />

Algumas <strong>de</strong>ssas escarpas se mostram como falésias mortas recuadas até 500 m da atual<br />

linha <strong>de</strong> praia. Em um trecho, com mais <strong>de</strong> 1.000 m <strong>de</strong> extensão, elas se situam na linha <strong>de</strong> preamar,<br />

expostas ao contínuo trabalho das ondas, ao mesmo tempo em que confinam as areias. Estas situações<br />

<strong>de</strong>monstram o condicionamento ocorrido no passado, durante os processos <strong>de</strong> formação das<br />

concentrações mineraís, atualmente contidas nos cordões litorâneos. Baseado nestas observações e<br />

pela semelhança das associações mineralógicas, po<strong>de</strong>-se afirmar, que tanto os <strong>de</strong>pósitos em formação<br />

como os cordões litorâneos, pertencem a um mesmo litótopo.<br />

A execução <strong>de</strong> perfis radiométricos nas frentes <strong>de</strong> falésias, aproveitando a íntima<br />

associação da monazita com os outros minerais pesados, mostraram valores significativos somente<br />

nos níveis em que os sedimentos do Grupo Barreiras se apresentam intercalados com material<br />

arenoso praia!.<br />

Afastando-se para oeste, os sedimentos do Barreiras formam morros arredondados, não<br />

ultrapassando a cota <strong>de</strong> 20 m. Fora dos limites oci<strong>de</strong>ntais da área do projeto, o Barreiras raramente<br />

aparece além <strong>de</strong> 50 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>.<br />

A formação <strong>de</strong> corpos arenosos marinhos, como os ocorrentes na área, foi resultante do<br />

trabalho acumulativo executado através do movimento sistemático das ondas na zona <strong>de</strong> rebentação.<br />

Estes corpos são classificados como barras marinhas (off shore bars) ou mais especificamente


41.0S'<br />

lZ'4K"'1<br />

I : ~<br />

COUTO, GOMES, A VENA NETO 277<br />

PROJETO BUENA<br />

MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS CORPOS<br />

IIIE<br />

Fig.2<br />

"<br />

MINERALI ZADOS<br />

O.. 500 'OOOIMlO ZOOO.<br />

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MEUIA.


278 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

como cordões litorâneos.<br />

Os cordões se situam paralelamente à frente <strong>de</strong>posicional e para haver uma acumulação<br />

suficiente são necessários, pelo menos, uma apropriada intensida<strong>de</strong> e gran<strong>de</strong>za da ação das ondas,<br />

a<strong>de</strong>quado grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> da faixa litorânea e, ainda, disponibilida<strong>de</strong> quantitativa <strong>de</strong> material<br />

arenoso.<br />

Os corpos mineralizados estudados estão contidos nestes cordões litorâneos que, geralmente,<br />

se <strong>de</strong>stacam topograficamente ao longo da área, com exceção do corpo Ponta do Retiro I e II<br />

situados em praia atual.<br />

Radiometria<br />

PESQUISA DOS DEPÓSITOS<br />

As concentrações <strong>de</strong> minerais pesados contidas nos cordões litorâneos foram <strong>de</strong>limi.<br />

tadas, preliminarmente, através <strong>de</strong> levantamentos radiométricos, aproveitando a presença das<br />

terras raras contidas na monazita associada aos outros minerais pesados. Na execução <strong>de</strong>sses<br />

trabalhos foram empregados cintilômetros tipo SPP 2 - NF e gamâmetros G MT - 3T, marca<br />

Saphymo-Srat, para <strong>de</strong>tetar e medir radiações gama.<br />

O levantamento cintiloinétrico foi realizado, tomando-se como base uma linha locada<br />

longitudinalmente na suposta parte central das mineralizações. Várias vezes isto não po<strong>de</strong> ser<br />

efetivado rigidamente, <strong>de</strong>vido aos serviços <strong>de</strong> lavra, anteriormente executados, terem espraiados<br />

irregularmente as concentrações restantes.<br />

Em espaçamentos <strong>de</strong> 200 m foram executadas leituras seguindo linhas transversais<br />

perpendicularmente ao eixo, com intervalos <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> 25 m. O número <strong>de</strong> medições, para cada<br />

lado-das transversais, variou <strong>de</strong> acordo com a largura da faixa mineralizada.<br />

A interpretação dos dados <strong>de</strong> campo resultou na confecção <strong>de</strong> mapas cintilométricos com<br />

traçaoos <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> isoradioativida<strong>de</strong> em intervalos, segundo uma distribuição log-normal dos<br />

valores <strong>de</strong> leituras em cps. Destacando-se anomalias com valores acima <strong>de</strong> 100 ou 150 cps, com<br />

oscilações <strong>de</strong> área para área.<br />

A partir das leituras obtidas na aplicação <strong>de</strong> gamâmetro em áreas selecionadas pela<br />

cintilometria foi processado um programa <strong>de</strong> computador, resultado na confecção <strong>de</strong> mapas gama<br />

total e gama residual. Estes mapas quando comparados com o <strong>de</strong> isoteor em ,minerais pesados<br />

<strong>de</strong>monstra o perfeito controle das concentrações através da interpretação radiométrica.<br />

O emprego <strong>de</strong> computador objetivou alcançar uma racionalização no tratamento dos<br />

dados obtidos através <strong>de</strong> leituras com gamâmetro, consi<strong>de</strong>rando a gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> dados a serem<br />

processados para uma interpretação completa.<br />

Foi utilizado o programa NST - Numerical Surface Technique, <strong>de</strong>senvolvido pelos centros<br />

<strong>de</strong> pesquisa da IBM para emprego no cálculo e representação <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong>finidas por polinômios.<br />

Este programa foi preparado para o computador 1130 e o respectivo Plotter, fornecendose<br />

as coor<strong>de</strong>nadas X e Y <strong>de</strong> cada ponto <strong>de</strong> leitura e a intensida<strong>de</strong> da gran<strong>de</strong>za, isto é o valor da<br />

leitura em cps. O programa completo é constituído <strong>de</strong> vários subprogramas que inicia com o Load<br />

Data Randon (LODAR), que fixa na memória do computador os dados básicos referentes a cada<br />

estação e conclui contornando por curvas isoanômalas representativas da geometria da superfície,<br />

através do subprograma Countouring (CONTR).<br />

Os dados <strong>de</strong> leituras foram lançados no computador mantendo as posições das estações<br />

medidas no campo e através <strong>de</strong>las foi confeccionado o mapa gama total, calculados os valores regionais<br />

(background) e finalmente traçado o mapa residual. Os valores residuais para cada ponto<br />

foram calculados através da diferença entre o valor gama total e o valor regional <strong>de</strong> cada ponto.<br />

Amostragem<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa nas áreas dos corpos mineralizados indicados pela<br />

radiometria, foram estabelecidas malhas <strong>de</strong> amostragem, que variaram em função da disposição das<br />

anomalias <strong>de</strong>tetadas. Basicamente, foram utilizadas malhas retangulares, quadradas e quadra-


PROJETO BUENA<br />

MAPA GAMA TOTAL<br />

PROGRAMA/ NST-IBM (MAPA GAMA - NUPRX- CONTOR)<br />

Fig.3<br />

(COMPUTADOR: 25.4")<br />

LARGO<br />

( TR ECHO 00 COR PO I<br />

o LEGENDA<br />

COUTO, GOMES, A VENA NETO<br />

0/ C'J"VA ISOGÂMICA<br />

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INTE"VALO DE CONTORNO<br />

20 c,..<br />

0'9201040110'"<br />

1113<br />

PROJETO BUENA<br />

MAPA GAMA RESIDUAL<br />

PROGRAMA/ NST-IBM (MAPA RESD - NUPRX-CONTOR)<br />

(COMPUTADOR: 25.4")<br />

L A R G O<br />

(TRECHO DO CORPO)<br />

LEGENDA<br />

O' V eU_VA'IOIÃMltA «8,.1<br />

,,0/<br />

279<br />

CU"VA'lod.IIIICA 111-<br />


280 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

PROJETO BUENA<br />

MAPA DE<br />

MINERAIS<br />

ISOTEOR<br />

PE SADOS<br />

ACIMA DO N. FREÁTICO<br />

L A R G O<br />

TRECHO DO CORPO)<br />

~ CURVA DE JSOTEOR<br />

LEGENDA<br />

l!::o/'CURVA DE ISOTEOR<br />

-UH'[RIO".<br />

Z8,fi%TEOR EM IIIIHERAIS<br />

PESADOS.<br />

(4,6J<br />

I<br />

l"IO<br />

I<br />

L O<br />

l><br />

lilllliillI<br />

PROFUNOIOADI: 00<br />

FURO l_I,<br />

A..OSTRAGEM EM ZO-<br />

NA PANTANOSA<br />

EIXO DE AMOSTRAG[<br />

MAltCO OE REFEltÊH-<br />

C,.<br />

A8AIXO DE S% DE<br />

MIHERAIS PESADOS.<br />

ENT"E h 10 % DE<br />

M'NERAIS !"tUDOS.<br />

[NTlU 10. 20% DE<br />

MINERAIS PESADOS.<br />

ACIMA OE 40% DE<br />

MINERAIS PESADOS.<br />

Fig.S Fig.6<br />

acrescentar o peso dos homens ao do revestimento, proporcionando uma pressão constante necessária<br />

a penetração da coluna.<br />

O material que passou a ocupar o interior do revestimento foi removido com emprego <strong>de</strong><br />

sludge pump. Equipamento este, que consta <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> aço possuindo um nariz removível na<br />

terminação inferior, constituído <strong>de</strong> uma sapata contendo em interior uma válvula <strong>de</strong> esfera para<br />

aprisionamento do material amostrado.<br />

Com os resultados das análises mineralógicas do material coletado, foram confeccionados<br />

mapas <strong>de</strong> isoteores <strong>de</strong> minerais pesados, <strong>de</strong>limitando concentrações superiores a 5%.<br />

Foram <strong>de</strong>finidos 16 corpos mineralizados nos cordões litorâneos e 2 em praia atual.<br />

Os comprimentos das concentrações variaram <strong>de</strong> 300 a 2.000 m, com larguras supe-


COUTO, GOMES, A VENA NETO<br />

riores, por vezes, a 200 m. A espessura do pacote arenoso oscilou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns cm nas proximida<strong>de</strong>s<br />

do contato com o Grupo Barreiras, até a mais <strong>de</strong> 11 m em outros locais.<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> sondagem executados com utilização <strong>de</strong> sonda rotativa Winkie, mo<strong>de</strong>lo<br />

GW - 15, mostraram a existência <strong>de</strong> leitos arenosos contendo minerais pesados em intercalações<br />

com material argiloso, na passagem dos cordões litorâneos para os sedimentos do Grupo Barreiras<br />

sotopostos.<br />

Ensaios <strong>de</strong> Aplicação <strong>de</strong> Outros M4!todos Geofísicos<br />

Foram empregados, experimentalmente, métodos <strong>de</strong> eletroresistivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> sísmica <strong>de</strong><br />

refração visando a obtenção <strong>de</strong> dados que possibilitassem a <strong>de</strong>terminação da espessura dos cordões<br />

arenosos sotopostos aos sedimentos do Grupo Barreiras. Além disso, foram executados ensaios<br />

magnetométricos na procura <strong>de</strong> elementos que auxiliassem na <strong>de</strong>finição do comportamento das<br />

mineralizações .<br />

Eletroresistivida<strong>de</strong><br />

A aplicação dos testes <strong>de</strong> eletroresistivida<strong>de</strong> foi executado em áreas selecionadas <strong>de</strong>ntre<br />

aquelas já <strong>de</strong>finidas pelos serviços <strong>de</strong> amostragem. O equipamento utilizado foi uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> IP,<br />

mo<strong>de</strong>lo da Geotronics, com transmissor T-2600 e receptor R-401/s, que <strong>de</strong>termina a resistivida<strong>de</strong> do<br />

material atravessado, po<strong>de</strong>ndo ainda fornecer, o fator <strong>de</strong> condução metálica e o efeito percentual <strong>de</strong><br />

freqüência.<br />

Foram testados diferentes arranjos em linhas transversais aos cordões arenosos das<br />

áreas selecionadas, tendo sido o dispositivo SchIumberger o primeiro empregado, objetivando a<br />

<strong>de</strong>terminação da espessura dos corpos arenosos. Complementando, foi aplicado o dispositivo<br />

SchIumberger modificado <strong>de</strong> mapeamento elétrico (Gradient Mapping Method), com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conseguir elementos para localizar, em profundida<strong>de</strong>, horizontes on<strong>de</strong> houvessem maiores concentrações<br />

<strong>de</strong> minerais pesados. Estes horizontes po<strong>de</strong>riam ou não ser coinci<strong>de</strong>ntes com o posicionamento<br />

do nível freático.<br />

O método <strong>de</strong> eletroresistivida<strong>de</strong>, mesmo com a aplicação <strong>de</strong> diversos arranjos e alguns<br />

artifícios, não se mostrou aplicável na área do projeto. A principal dificulda<strong>de</strong> encontrada foi a não<br />

passagem <strong>de</strong> corrente elétrica através dos corpos arenosos, <strong>de</strong>vida ao fato <strong>de</strong> serem estes <strong>de</strong> composição<br />

essencialmente quartzosa, friável, e ainda por não se apresentarem cobertos por um solo<br />

<strong>de</strong>senvolvido, ainda que incipiente.<br />

Mesmo com as tentativas <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> diferentes freqüências na unida<strong>de</strong> transmissora,<br />

<strong>de</strong> diversos espaçamentos entre os eletrodos, além <strong>de</strong>, previamente, umi<strong>de</strong>cer esses eletrodos<br />

<strong>de</strong> corrente com soluções salgadas e às vezes como argila embebida em água, as leituras, quase<br />

sempre, não pu<strong>de</strong>ram ser realizadas. Ocorreu, em diversas tentativas, que a corrente era transmitida<br />

mas não era possível conseguir uma estabilida<strong>de</strong> do receptor e; conseqüentemente, efetuar as<br />

leituras.<br />

Os melhores resultados, ainda que não suficientes para uma interpretacão, foram conseguidos<br />

na extremida<strong>de</strong> norte do corpo Guriri, on<strong>de</strong> havia a presença <strong>de</strong> um solo areno-argiloso<br />

sobre um pacote, em que a argila também se fazia presente em mistura com o material quartzoso,<br />

tornando-o menos friável.<br />

Esta última tentativa veio comprovar, que o trânsito da corrente elétrica foi prejudicado<br />

principalmente pela constituição essencialmente friável dos cordões arenosos que compõem estas<br />

áreas.<br />

Uma dificulda<strong>de</strong> adicional à passagem da corrente elétrica necessária ao experimento,<br />

foi a presença <strong>de</strong> zonas pantanosas adjacentes aos cordões pesquisados.<br />

Os entraves operacionais, assim, tornam impraticável a utilização <strong>de</strong>ste método na área<br />

do projeto, para a finalida<strong>de</strong> proposta.<br />

Magnetometria<br />

Para os trabalhos <strong>de</strong> medições <strong>de</strong> çampo foi ~tilizado um magnetômetro <strong>de</strong> próton,<br />

mo<strong>de</strong>lo G-806 fabricado pela Geometrics, que me<strong>de</strong> a intensida<strong>de</strong> total do campo geomagnetico,<br />

281


282 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

com precisão fornecida pelo fabricante <strong>de</strong>:l: 1 gamma. As leituras foram corrigidas para a variação<br />

diurna.<br />

Os testes foram realizados nas áreas <strong>de</strong> Largo, Asmos, e Guaxindiba, selecionadas para<br />

esta finalida<strong>de</strong>, sendo que em todos foram empregados espaçamentos <strong>de</strong> 25 m entre as linhas, e<br />

intervalos <strong>de</strong> leituras transversais <strong>de</strong> 10 m. Foram utilizadas também, em Guaxindiba, algumas<br />

medições <strong>de</strong> 5 em 5 m.<br />

As medidas <strong>de</strong> Intensida<strong>de</strong>s Totais (Z), corrigidas, foram plotadas em planta e traça das<br />

as linhas <strong>de</strong> contorno em intervalos <strong>de</strong> 1 gamma, sendo assim, contruídos os mapas <strong>de</strong> isoanomalias.<br />

Em todas as áreas interpretadas foi observado o fato <strong>de</strong> que, geralmente, às altas concentrações<br />

<strong>de</strong> minerais pesados correspon<strong>de</strong>ram mínimos magnetométricos relativos. Contrariamente,<br />

às baixas concentrações equivaleram a máximos magnetométricos.<br />

As anomalias encontradas foram pequenas, fornecendo uma diferença dos mínimos para<br />

os máximos magnetométricos em torno <strong>de</strong> 10 gammas. Entretanto, consi<strong>de</strong>rando que a precisão do<br />

instrumento é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>:l: 1 gamma e que todos os cuidados operacionais foram tomados,<br />

especialmente na aplicação das correções diurnas, po<strong>de</strong>-se dizer que tais anomalias, embora pequenas,<br />

tem significado na interpretação do comportamento das mineralizações.<br />

As superposições entre os mínimos magnetométricos e os máximos dos teores <strong>de</strong> minerais<br />

pesados po<strong>de</strong>m ser atribuídas, essencialmente, à constante presença <strong>de</strong> minerais ferrosos<br />

nessas concentrações. Nas áreas consi<strong>de</strong>radas, a magnetita tem uma participação <strong>de</strong> apenas 0,2%<br />

do total <strong>de</strong> minerais pesados, mas a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ilmenita aliada a outros óxidos <strong>de</strong> ferro com<br />

proprieda<strong>de</strong>s para magnéticas , parecem emprestar ao conjunto o comportamento <strong>de</strong> um pequeno<br />

corpo magnético, resultando, então as curvas características da intensida<strong>de</strong> total no hemisfério sul<br />

magnético.<br />

Não está afastada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>ssas anomalias serem <strong>de</strong>correntes da<br />

presença <strong>de</strong> concentraçõe!i ferruginosas nos sedimentos do Grupo Barreiras sotopostos aos cordões<br />

pesquisados.<br />

As interpretações <strong>de</strong>monstraram que, pelo menos nas áreas testadas, os setores ricos em<br />

minerais pesados estão quase sempre coinci<strong>de</strong>ntes com os baixos magnetométricos relativos.<br />

Sísmica <strong>de</strong> Refração<br />

Na execução dos perfis testes foi aplicado um instrumento <strong>de</strong> refração sísmica mo<strong>de</strong>lo<br />

RS-4, fabricado pela DRESSER - South Western Industrial Eletronics, dispondo <strong>de</strong> 12 canais.<br />

Para cada disposição dos geofones (spreads) processou-se um tiro em cada extremida<strong>de</strong><br />

e outros adjacentes a esta situação.<br />

Para os cálculos das profundida<strong>de</strong>s foram utilizados somente os tiros nas extremida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> cada dispositivo, uma vez que em todas as secções, as distâncias críticas não exce<strong>de</strong>ram à meta<strong>de</strong><br />

dos comprimentos dos dispositivos. Os tiros afastados foram empregados apenas para comprovar<br />

a existência <strong>de</strong> um único refrator <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> servirem <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> controle<br />

<strong>de</strong>ste refrator para os tiros mais próximos.<br />

Em todos os dispositivos utilizados proce<strong>de</strong>u-se à execução <strong>de</strong> tiros reversos.<br />

Foram levantadas linhas do corpo Asmos e do corpo Guaxindiba, dispostos transversalmente<br />

em relação aos maiores comprimentos das mineralizações e medindo respectivamente 50, 75 e<br />

200m.<br />

Os tiros foram efetuados próximos à superfície, ficando os bastões <strong>de</strong> dinamite, ou<br />

frações <strong>de</strong>stes, <strong>de</strong>positados em furos <strong>de</strong> duas polegadas <strong>de</strong> diâmetro e a uma profundida<strong>de</strong>, aproximadamente,<br />

<strong>de</strong> duas vezes o comprimento do bastão utilizado.<br />

Para os dispositivos <strong>de</strong> 25 m, foram empregados 1/4 <strong>de</strong> um bastão <strong>de</strong> 200 gr para os<br />

tiros próximos e 1/2 bastão para os tiros afastados. No caso dos dispositivos <strong>de</strong> 50 m foram utilizadas<br />

cargas dobradas.<br />

Em razão das áreas não apresentarem gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sníveis topográficos e por não se dispor<br />

<strong>de</strong> dados <strong>de</strong>talhados <strong>de</strong> altimetria, não foram efetuados correções topográficas. Foram <strong>de</strong>termi.<br />

nadas, apenas, as profundida<strong>de</strong>s abaixo dos pontos <strong>de</strong> tiro.<br />

A espessura da camada acima do lençol freático foi calculada pela seguinte equação:


Sendo: Zo<br />

Til<br />

Vo<br />

VI<br />

Ti<br />

Zo= !-<br />

2<br />

COUTO, GOMES, A VENA NETO<br />

V V<br />

I o<br />

~[- V~<br />

Espessura da primeira zona<br />

Intercept Time da primeira camada<br />

(obtido através do gráfico <strong>de</strong> perf1l)<br />

Velocida<strong>de</strong> na camada superior<br />

Velocida<strong>de</strong> na camada saturada (abaixo<br />

do nível freático)<br />

A espessura da camada satura da foi fomecida pela equação:<br />

On<strong>de</strong> - Espessura da camada saturada (abaixo<br />

do nível freático)<br />

Intercept Time para a camada saturada<br />

Velocida<strong>de</strong> do refrator inferior<br />

A espessura total foi obtida pela soma das duas camadas:<br />

Através da análise dos perfis tempo-distância conclui-se, que nas áreas estudadas<br />

ocorrem 3 camadas bem <strong>de</strong>finidas COm comportamento horizontal ou apresentando mergulhos<br />

suaves:<br />

1. Camada Superior - Constituída <strong>de</strong> areias friáveis, às vêzes cobertas com um solo<br />

incipiente, material <strong>de</strong> seco a úmido e localizado acima do nível freático, apresentando velocida<strong>de</strong>s<br />

extremamente baixas .(entre 70e 250m/s).<br />

2. Camada Saturada - Formada <strong>de</strong> material arenoso com água, com velocida<strong>de</strong>s, que<br />

variaram, entre 300 e 440 m/ s no corpo Asmos e entre 370 e 590 m/s no corpo Guaxindiba.<br />

3. Camada do Topo do Grupo Barreiras - Constituída por sedimentos essencialmente<br />

argilosos, por vezes cobertos por leito <strong>de</strong> materiallaterítico. No corpo Asmos esta camada foi perfeitamente<br />

i<strong>de</strong>ntificada, mostrando velocida<strong>de</strong>s que oscilaram entre 1.250 e 1.920 m/s. No corpo<br />

Guaxindiba uma camada <strong>de</strong> comportamento idêntico com velocida<strong>de</strong>s entre 1470 e 1920 m/s foi<br />

<strong>de</strong>tectada a profundida<strong>de</strong>s menores do que as indicadas pela amostragem, impedindo a <strong>de</strong>terminação<br />

da espessurl\ total do corpo. Esta camada, <strong>de</strong> natureza concrecional é essencialmente constituída<br />

<strong>de</strong> leitos endurecidos formados por grãos <strong>de</strong> areia cimentados com material conchífero.<br />

Os resultados obtidos pela sísmica <strong>de</strong> refração, consi<strong>de</strong>rando-se as naturais flutuações<br />

do nível freático em <strong>de</strong>corrência das variações climáticas, foram satisfatórios quando comParados<br />

com os valores reais.<br />

Conforme ficou provado na execução do perfil <strong>de</strong> Guaxindiba, a presença intercalada <strong>de</strong><br />

leitos endurecidos ou concrecionais no interior dos corpos arenosos, obscurecem a investigação das<br />

camadas localizadas abaixo <strong>de</strong>stes leitos.<br />

Os dados <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagação obtidos nos registros sísmicos permitem estimar<br />

um relacionamento comparativo entre camadas <strong>de</strong> comportamento idêntico em corpos diferentes.<br />

Assim, por exemplo, po<strong>de</strong>-se dizer qUê no COrpOGuaxindiba O materialareno50 l5eIprese:Q.ta mais<br />

compacto do que no corpo Asmos.<br />

283


284 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Na'aplicação do método <strong>de</strong>scrito em outras áreas, <strong>de</strong>verão serefetuadas, ocasionalmente,<br />

sondagens manuais ou mecânicas visando <strong>de</strong>terminar a presença <strong>de</strong> outras discordâncias com os<br />

valores obtidos pela sísmica em relação aos refratores.<br />

CONSIDERAÇOES GENÊTICAS<br />

Existe no litoral brasileiro uma flagrante constância entre a presença dos <strong>de</strong>pósitos<br />

arenosos contendo minerais pesados e a proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência do Grupo Barreiras. Esta<br />

observação cresce <strong>de</strong> importância consi<strong>de</strong>rando-se o fato <strong>de</strong> que, geralmente, em âmbito regional,<br />

on<strong>de</strong> os sedimentos <strong>de</strong>ste grupo estão mais próximos da linha <strong>de</strong> costa, as concentrações <strong>de</strong> minerais<br />

pesados em pláceres se apresentam mais ricas. Uma hipótese a consi<strong>de</strong>rar na explicação <strong>de</strong>sse<br />

acontecimento seria, que a presença <strong>de</strong> uma topografia contrastante provocada pelos afloramentos<br />

do Grupo Barreiras, freqüentemente em elevações e formando falésias, funcionariam como verda<strong>de</strong>iros<br />

anteparos, que auxiliados pelas formas a<strong>de</strong>quadas da linha costeira, confinariam o material<br />

arenoso colocando-o a disposição do movimento oscilatório das ondas em um trabalho comparável<br />

ao realizado por jig. Esse <strong>de</strong>slocamento repetitivo das areias executado pela água do mar,<br />

separaria mecanicamente os minerais leves dos pesados, arrastando ambos no movimento da onda<br />

em direção ao continente e <strong>de</strong>positando os mais pesados pela menor competência da água no movimento<br />

<strong>de</strong> retorno.<br />

O material <strong>de</strong>trítico original seria carreado do continente através da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem,<br />

especialmente pelo trabalho dos rios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> vazão, e distribuído através <strong>de</strong> correntes marinhas<br />

pela zona <strong>de</strong> plataforma sendo posteriormente, por correntes marinhas favoráveis, trazidos até as<br />

praias.<br />

A <strong>de</strong>sagregação do material das rochas do interlands resultaria da atuação do intemperismo<br />

e consequente remoção química e mecânica dos minerais, acompanhado <strong>de</strong> um trabalho<br />

seletivo, atuante também durante a efetivação do transporte em direção ao litoral.<br />

Outra hipótese, admitida'por vários autores, aponta os sedimentos do Grupo Barreiras<br />

como portadores das primeiras concentrações <strong>de</strong> minerais pesados atuando, então, como protominério.<br />

Seguir-se-ia, uma reconcentração do material <strong>de</strong>sagregado do Barreiras através da ação<br />

das ondas, principalmente nas frentes <strong>de</strong> falésia, reconcentrando os minerais e originando, finalmente,<br />

os <strong>de</strong>pósitos.<br />

As ocorrências mundiais distribuídas em zonas litorâneas, indicam que os importantes<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> pláceres praiais ten<strong>de</strong>m a se situarem em faixas costeiras estáveis e ao longo <strong>de</strong> orlas<br />

oceânicas que tenham uma plataforma com suave <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> em direção ao mar.<br />

O fato das concentrações <strong>de</strong> minerais pesados <strong>de</strong>tríticos, <strong>de</strong> interesse econômico, constituídos<br />

pela assembléia-tipo: ilmenita, monazita, zirconita e rutilo estarem condicionadas a <strong>de</strong>pósitos<br />

preferentemente praiais, advém da necessida<strong>de</strong> da presença <strong>de</strong> um ambiente <strong>de</strong> alta energia<br />

e larga extensão para favorecer acumulações minerais suficientemente ricas e extensas.<br />

CONCLUSOES<br />

1) A aplicação da radiometria, com utilização <strong>de</strong> cintilômetros e/ou gamâmetros, mostrou-se eficaz<br />

na prospecção <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> minerais pesados tipo plácer praial, que apresente monazita<br />

associada;<br />

2) A investigação <strong>de</strong> níveis arenosos, com possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conter concentrações <strong>de</strong> minerais<br />

pesados, no interior do Grupo Barreiras, <strong>de</strong>monstrou, que apenas nas zonas transicionais dos cordões<br />

litorí'meos para os sedimentos argilosos do referido grupo, po<strong>de</strong>m apresentar possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

apresentar teores econômicos <strong>de</strong>sses minerais;<br />

3) Os ensaios <strong>de</strong> magnetometria executados, mostraram a validad-e do emprego <strong>de</strong>ste método em<br />

trabalhos prospectivos <strong>de</strong> minerais pesados em areias, especialmente em áreas on<strong>de</strong> existam teores<br />

significativos <strong>de</strong> magnetita participando da assembléia mineralógica;<br />

4) Os testes <strong>de</strong> sísmica <strong>de</strong> refração, apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrarem eficácia na <strong>de</strong>terminação da espessura<br />

dos cordões arenosos, não apresentaram custos suficientemente baixos para competir com as<br />

investigações utilizando sondagem manual. Isso torna-se mais notável, consi<strong>de</strong>rando-se que concentrações<br />

situadas a'gran<strong>de</strong>s profundida<strong>de</strong>s, ten<strong>de</strong>m a ter o seu interesse econômico reduzido;


COUTO, GOMES, A VENA NETO<br />

5) O emprego da eletroresistivida<strong>de</strong> para a finalida<strong>de</strong> proposta, pelo entraves operacionais <strong>de</strong>scritos<br />

nos texto, não ~viável em áreas com mesmo comportamento geológico.<br />

6) Os trabalhos <strong>de</strong> avaliação das concentrações <strong>de</strong> minerais pesados, ao longo da área estudada,<br />

permitem consi<strong>de</strong>rar uma reserva total em tomo <strong>de</strong> 2 milhões <strong>de</strong> toneladas com teores acima <strong>de</strong> 5 % .<br />

7) A experiência <strong>de</strong>senvolvida nos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa mostrou, que em situações idênticas,<br />

<strong>de</strong>verão ser aplicadas as formas <strong>de</strong> prospecção e pesquisa <strong>de</strong>scritas, com variações a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da<br />

assembléia <strong>de</strong> minerais presentes na área a ser estudada.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores são gratos ao gerente da Usina <strong>de</strong> Buena Sr. Antônio Carlos <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e<br />

sua equipe, pela prestimosa colaboração no transcorrer dos trabalhos <strong>de</strong> campo. Gratidão que se<br />

esten<strong>de</strong> ao pessoal <strong>de</strong> laboratório da CBTN, mais diretamente ao técnico Walter Vicentin, pela<br />

<strong>de</strong>dicação <strong>de</strong>monstrada na execução das análises mineralógicas.<br />

Agra<strong>de</strong>ce-se ainda ao DEGEO/CPRM, na pessoa do geofísico Nagib Chamon, responsável<br />

pelo testes <strong>de</strong> sísmica <strong>de</strong> refração executados na área. A toda equipe <strong>de</strong> campo incluindo<br />

administradores, técnicos em mineração, sondadores, topógrafos, auxiliares <strong>de</strong> campo e tra<strong>de</strong>iros,<br />

que direta ou indiretamente contribuíram para que se alcançasse os objetivos propostos.<br />

Registra-se especial agra<strong>de</strong>cimento ao geofísico Antônio Carlos Motta, responsável pela<br />

execução dos ensaios <strong>de</strong> eletroresistivida<strong>de</strong> e magnetometria, além da programação <strong>de</strong> computador<br />

para interpretação dos dados radiométricos. Da mesma forma ao geólogo Raymundo José <strong>de</strong> Sá<br />

Filho pela participação na confecção do relatório final do projeto e ao geólogo Geraldo Vianney pela<br />

supervisão do texto.<br />

Finalmente, cumpre reconhecer a eficiente supervisão técnica empreendida pelo geólogo<br />

Inácio Delgado (DIGEC/SA) e o engenheiro <strong>de</strong> minas Jayme Buarque <strong>de</strong> Gusmão (DEGEC/DO).<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

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----<br />

285


PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA DE SEMI-DETALHE E DETALHE<br />

NO MACIÇO BÃSICO E ULTRABÃSICO<br />

DE AMERICANO DO BRASIL, Go<br />

MARCELO JOSÉ RIBEIRO*, MOACYR MARTINS DOS SANTOS*<br />

ABSTRACT<br />

This paper gives a thorough account of the geochemical exploration in AlRBricenodo Brasil. Anicuna County. Ooiás. which<br />

succe<strong>de</strong>d in the discovery of the firet copper-nickel-sulphi<strong>de</strong> mineralization ever found in Brazil in a baaic-ultrabasic igneous complexo The morphology<br />

and geology of the pluton are brieily treeted. and a sl10rt <strong>de</strong>scription is given of the mineral paragenesis in the ore.<br />

RESUMO<br />

Este trabalho <strong>de</strong>screve todos os paasos da cempanha geoquimice realizada em Americeno do Brasil. Municipio <strong>de</strong> Anicuna (001.<br />

que levou à <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> uma mineralizaçlo niquel-cupro-sulfetada associada a um maciço b6sico-ultrabásico. Apresenta ainda um breve resumo<br />

da morfologia e geologia do maciço, bem como uma slntaae da <strong>de</strong>scriçAo do minério encontrado.<br />

HISTORlCO<br />

O maciço <strong>de</strong> Americano do Brasil foi, em 1969, reconhecido e <strong>de</strong>limitado na escala<br />

1:100.000 pelos alunos D. Garcez Filho e A. J. A. Figueiredo, do Curso <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Brasília, sob a orientação do professor M. Dar<strong>de</strong>nne e <strong>de</strong>nominado maciço <strong>de</strong> São João<br />

(Dannietalii, 1973, pp. 160-180).<br />

Sabendo tratar-se <strong>de</strong> um corpo diferenciado (eram então conhecidos piroxenitos, gabros<br />

e dioritos) e havendo conhecimento da existência <strong>de</strong> sulfetos (pirita) na sua borda este, os geólogos<br />

Carlos Maranhão Gomes <strong>de</strong> Sá e Gil Magno W. <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, da METAGO realizaram, a partir <strong>de</strong><br />

junho <strong>de</strong> 1972, rápidas visitas à área. Em um afloramento <strong>de</strong> diorito a grão fino, localizado na borda<br />

sul, observaram a presença <strong>de</strong> pirita e rarissima calcopirita. Dosagens nesta rocha e em gabros<br />

indicaram valores entre 0,1 % e 0,2% Cu, com um máximo <strong>de</strong> 0,49% Cu, associados a teores <strong>de</strong> até<br />

0,15% Ni e sempre inferiores a 0,10% Co (1.000 ppm). Algumas <strong>de</strong>stas análises estão colocadas no<br />

Quadro 1.<br />

Estes resultados levaram a MET AGO requerer áreas para pesquisas e já em janeiro <strong>de</strong><br />

1973 iniciar os trabalhos <strong>de</strong> prospecção sobre o maciço, a cargo dos autores <strong>de</strong>ste estudo.<br />

Na Figura 1 é apresentada a localização do maciço, salientando-se a sua proximida<strong>de</strong><br />

com Anicuns, cida<strong>de</strong> ligada à Goiânia por 80 km <strong>de</strong> estrada asfaltada.<br />

PROSPECÇAO GEOQUÍMICA SEMI-REGIONAL<br />

Em vista <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong> afloramentos sobre amplas áreas do maciço, <strong>de</strong>cidiu-se que<br />

caberia aos levantamentos geoquímicos a principal tarefa na prospecção, associada ao indispensável<br />

conhecimento geológico <strong>de</strong> base.<br />

*METAOO


288 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

QUADRO 1<br />

Análise <strong>de</strong> rocha. Primeiros<br />

resultados obtidos em Americano do Brasil.<br />

N9 Cu Ni<br />

PBB - 34 0,49% 0,1 %<br />

PBB - 35 A 0,36% 0,1 %<br />

PBB - 40 B,O? % 0,15 %<br />

PBB - 44 0,04% 0,10%<br />

QUADRO 2<br />

Dados da campanha semi-regional.<br />

Sub.área P Am PB PC PS Área D<br />

I 28 93 4 14 10 ]0,2 2,8<br />

2 25 81 7 13 5 10,7 2,3<br />

3 20 65 10 4 6 8,2 2,4<br />

4 22 66 4 5 13 9,2 2,4<br />

5 22 63 10 4 8 10,2 2,1<br />

6 25 72 8 7 10 14,4 ],7<br />

P =número <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> amostragem; Am = total<br />

<strong>de</strong> amostras por su~área; PB = pon tos em barranco<br />

<strong>de</strong> drenage.nt; PC =pontos em cabeceira <strong>de</strong> drenagem;<br />

PS =pontos sobre solos; Área em km2;<br />

D =<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos por km2.<br />

Tratando-se <strong>de</strong> um corpo longo <strong>de</strong> 16 km no sentido E-W e com 2 a 5 km <strong>de</strong> largura,<br />

planejou-se uma campanha geoquímica <strong>de</strong> orientação em escala semi-regional através <strong>de</strong> amostragens<br />

dirigi das. Esta orientação possibilitou varrer-se 63 km2, subdivididos em 6 sub-áreas (Fig.<br />

2), através <strong>de</strong> 142 pontos <strong>de</strong> amostragem e um total <strong>de</strong> 440 amostras (média <strong>de</strong> 3,7 amostras por<br />

ponto). A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 2,3 pontos <strong>de</strong> amostragem e 7,4 amostras por km2. Do total <strong>de</strong> amostras,<br />

149 foram <strong>de</strong> cabeceiras <strong>de</strong> drenagem, 131 <strong>de</strong> solos e 160 <strong>de</strong> barranco <strong>de</strong> drenagem (Quadro 2). As<br />

análises foram realizadas para Ni, Cu e Co sobre amostras totais, utilizando-se um espectofotômetro<br />

<strong>de</strong> absorção atômica Perkin-E1mer, mo<strong>de</strong>lo 303, do Departamento <strong>de</strong> Análises da MET AGO.<br />

O ataque, realizado sobre 0,2 g <strong>de</strong> amostras pulverizadas a menos 100 mesh, foi feito através do<br />

HCI-HN03 a quente.<br />

50"00 '<br />

Fig. 1 - Mapa <strong>de</strong> Localização<br />

I<br />

o<br />

!JO"!O'<br />

,<br />

20<br />

..<br />

I I<br />

40 450<br />

110°00<br />

I<br />

.OK....<br />

O tipo <strong>de</strong> amostragem realizada possibilitou uma economia <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 800 amostras<br />

(2.400 dosagens) em relação a uma amostragem <strong>de</strong> solos tipo malha, anteriormente planejada. Na<br />

amostragem dirigida coletou-se amostras sobre pontos pré-escolhidos em função <strong>de</strong> uma representabilida<strong>de</strong><br />

maior em área; somente em casos on<strong>de</strong> a topografia não permitiu este tipo <strong>de</strong> amostragem<br />

é que coletou-se amostras <strong>de</strong> solo a 50 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

K.


Tipo amost. NP <strong>de</strong> Background ( * ) Limiar ( * ) Valor máximo ( * )<br />

Amost. Ni Cu Co Ni Cu Co Ni Cu Co<br />

Cabeceiras 149 215 140 63 2100 800 435 5890 2050 720<br />

Barranco 160 160 66 64 1170 200 300 3870 1495 655<br />

Solos 131 190 136 45 720 490 300 830 780 280<br />

Tipo Amostra Ni Cu Co<br />

Cabeceiras 27 15 11<br />

Barranco 24 22 10<br />

Solos 4 5 6<br />

o 1200 :MOO.. - I<br />

N<br />

f<br />

--<br />

............ 5<br />

Amostra Ni (ppm) Cu (ppm) Co (ppm)<br />

PA- 1-14A 2740' 220 530'<br />

148 5890' 2050' 720'<br />

14C 2150' 165 59'5'<br />

PA-1-16A 3870' 1495' 655'<br />

168 900 130 240<br />

16C 850 140 215<br />

3 '-... ",--..,..........., 1<br />

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RIBEIRO, SANTOS 289<br />

Os cálculos <strong>de</strong> background (B = ~ xi.ni/N) e do limiar (L = B + 38) foram realizados<br />

para cada um dos 3 tipos <strong>de</strong> amostras coletadas e os resultados, tabulados no Quadro 3, confirmaram<br />

que as condições geoquímicas presentes nas cabeceiras <strong>de</strong> drenagem possibilitam maiores<br />

concentrações <strong>de</strong> elementos metálicos. Como se observa, estas amostras forneceram para os 3<br />

elementos dosados, sistematicamente maiores backgrounds e maiores anomalias.<br />

Da análise estatística ressalta que, mesmo com o alto grau <strong>de</strong> confiabilida<strong>de</strong> que atribuimos<br />

ao cálculo <strong>de</strong> limiar (probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 0,2%), apareceram anomalias fortemente marcadas.<br />

No Quadro 4 estão os valores dos contrastes, vendo-se que as anomalias menos marcadas são<br />

aquelas relacionadas com a amostragem <strong>de</strong> solos.<br />

QUADRO 4<br />

Contrastes Observados na prospecção regional<br />

QUADRO 3<br />

Análise estatística dos dados da prospecção regional<br />

QUADRO 5<br />

Pontos <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> maior anomalia;<br />

prospecção semi-regional;sub-área 1.<br />

* valores anômalos<br />

Fig. 2 - Esquema das Sub-Áreas usadas na Prospecção<br />

Semi-RtJ 'onal


290 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Nas Figuras 3 e 4 apresentamos o resultados para níquel e cobre obtidos na amostragem<br />

da sub-área 1. O valor indicado em cada ponto <strong>de</strong> amostragem se refere ao maior valor obtido, entre<br />

as amostras coletadas neste ponto. Salientam-se logo os pontos 14 e 16, cada um composto por três<br />

amostras e, cujos resultados são mostrados no Quadro 5.<br />

Na prospecção semi-regional, inúmeros pontos forneceram amostras com valores acima<br />

dos limiares calculados; comparando-se os Quadros 3 e 5 observa-se que os valores máximos <strong>de</strong> Ni,<br />

Cu e Co obtidos nas 6 sub-áreas correspon<strong>de</strong>m as amostras PA-I-14B e PA-I-16A, apanhadas<br />

respectivamente na cabeceira e a 500 m a jusante, <strong>de</strong> uma drenagem seca. Na margem direita <strong>de</strong>sta<br />

drenagem afIoram piroxenitos.<br />

~880<br />

-L EGENDAt:.<br />

AIIOITIIA DI IOW<br />

O A~ADI_IIIA.__II<br />

o AIIOITIIA DI .AII..AIICO<br />

-LEGENDAt:.<br />

AII08T11A. IOLO<br />

o _A DICA_I..A._II<br />

r:J AIIOITIIA DI 'A""AIICO<br />

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LIIlITE 11<br />

DO IIACIÇO<br />

I!!I- 111 PONTO<br />

IIO.--pp.<br />

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,<br />

"'L~III'TE N<br />

OOIlACIÇO<br />

870<br />

~A<br />

780<br />

A ~420<br />

130<br />

t<br />

FIG 3-PROSPECCAO SEMI-REGIONAL<br />

RESULTADOS PARA NI'QUEL<br />

, (ppm) SUB-ÁREA 1<br />

o IDO 800..<br />

A<br />

780<br />

A<br />

818<br />

f4 A A<br />

120 530<br />

140<br />

f<br />

o '00<br />

-<br />

FIG 4-PROSPECÇAO SEMI-REGIONAL<br />

,<br />

800..<br />

RESULTADOS PARA COBRE<br />

( p pm) SUB -ÁREA 1


o 1200 MOOIII.<br />

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" - -- ." ,.<br />

RIBEIRO, SANTOS 291<br />

A MALHA DE DETALHE A<br />

Localizados os resultados analíticos no mapa e i<strong>de</strong>ntificados os pontos anômalos, retornou-se<br />

ao campo para verüicação dos dados. Encontrou-se, então, as rochas ultrabásicas à olivina<br />

(dunitos e peridotitos), cujo contato com os piroxenitos dá-se ao longo do Córrego Sêco. O contato<br />

entre as ultrabásicas (<strong>de</strong>signação que reservaremos, somente, ao~ dunitos e peridotitos) e os gabros<br />

dá-se ao longo do Córrego Salgado. Tendo-se <strong>de</strong>ste modo, do norte para o sul: piroxenitos, ultrabásicos<br />

e gabros. Nesta etapa dos ttabalhos, não foram observadas mineralizações sobre nenhuma<br />

das litologias, salvo num pequeno bloco rolado <strong>de</strong> dunito, encontrado no leito do Salgado, que continha<br />

alguns cristais <strong>de</strong> calcopirita e malaquita. Em vista <strong>de</strong>stes dados estabeleceu-se a Malha A, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>talhe, <strong>de</strong> tal modo que meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>la tombasse sobre os piroxenitos e meta<strong>de</strong> sobre as ultrabásicas<br />

e os primeiros afloramentos <strong>de</strong> gabro ao Sul do Salgado.<br />

I -. ....... /"<br />

'"<br />

...._/r<br />

Fig. 5 - Esquema das Malhas Utilizadas na Prospecção <strong>de</strong><br />

Semi-Detalhe<br />

A amostragem foi realizada segundo uma malha quadrada <strong>de</strong> 50 m <strong>de</strong> lado; as dimensões<br />

totais da malha A foram <strong>de</strong> 1.000 m no sentido E-W e 500 m no sentido N-S. As amostras <strong>de</strong><br />

solo foram retiradas a 30 em <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e peneiradas no local, reconhendo-se <strong>de</strong> 100 a 200 g <strong>de</strong><br />

fração entre 80 e 120 mesh. Totalizou-se 219 amostras <strong>de</strong> solo, além <strong>de</strong> inúmeras amostras <strong>de</strong> rochas<br />

que foram analisadas para Ni, Cu, Co pelo método químico citado. (Fig. 5).<br />

Os mapas geoquímicos <strong>de</strong> níquel, cobre e cobalto da malha A estão nas Figuras 6, 7 e 8 e<br />

os resultados <strong>de</strong> análise estatística, no Quadro 6. As anomalias geoquímicas estão claramente localizadas<br />

entre os córregos Sêco e o Salgado, isto é, sobre as rochas duníticas e peridotíticas, cujos<br />

limites são extremamente coinci<strong>de</strong>ntes com a curva <strong>de</strong> isoteor <strong>de</strong> 2.000 ppm Ni (Fig. 6). A interpretação<br />

geoquímica dos dados, facilitada pelos altos teores encontrados, foi baseada nas seguintes<br />

consi<strong>de</strong>rações :<br />

QUADRO 6<br />

Resultados estatísticos da Malha A (valores em ppm)<br />

Bem. Back Limiar Valor máx. Contraste N9 Amost.<br />

Ni 1.699 4.415 12.100 7 219<br />

Cu 591 1.880 10.270 17 219<br />

Co 273 694 860 2 219<br />

- O niquel apresenta-se normalmente com teores entre 2.000 e 3.000 ppm em rochas<br />

ultrabásicas ricas em olivina e com teores entre 140 e 200 ppm em gabros; os piroxenitos apresen-<br />

"


292 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

tam teores intermediários (Quadro 7). Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua tendência em concentrar-se, quando da<br />

intemperização da rocha, na inter-face solo-rocha, os teores em Ni obtidos em amostragem superficial<br />

serão um reflexo <strong>de</strong> espessura do solo. Em áreas <strong>de</strong> rochas aflorantes, topografia acentuada e<br />

solo pouco espessos, como na malha A, a experiência acumulada pela METAGO indica valores<br />

entre 1.500 e 4.000 ppm Ni sobre ultrabásicas não mineralizadas. Como as condições <strong>de</strong> litologia,<br />

topografia, solo e vegetação na malha A são aproximadamente constantes, interpretamos os quatro<br />

altos do níquel (Fig. 6) como anomalias significativas.<br />

QUADRO 7<br />

Background <strong>de</strong> Ni, eu e Co em rochas (vaIores em ppm)<br />

Litologia Ni Cu Co Referência<br />

Dunitos 1100 10 180 Challis, 1965<br />

Ultramáficas 1500 30 110 in Willye, 1967<br />

Serpentinitos 3700 - 270 Ribeiro, 1973<br />

Serpentinitos 2030 34 76 Issa, 1974<br />

Serpentinito: rocha 1600 26 180 Ribeiro, 1974<br />

Serpentinito: solo 3900 67 346 I<strong>de</strong>m, I<strong>de</strong>m<br />

Piroxenito 800 - - in Wilye, 1960<br />

Clinopiroxenito 509 27 47 Issa, 1974<br />

Básicas 97 149 32 in Shaw, 1964<br />

Gabros 122 154 135 Ribeiro, 1973<br />

Olivina-Gabro 102 5 61 Bowes, 1969<br />

Gabro 119 21 36 Liebenberg, 1969<br />

F"<br />

6 - MAPA GEOQUIMICO DO 11i QUE L NA MALHA A<br />

.-.......-<br />

. -~800--- -..-<br />

--.-.-.--


RIBEIRO, SANTOS 293<br />

- O raciocínio para o cobalto é análogo ao aplicado para o níquel, apesar da ampla<br />

diferença dos backgrounds entre ambos. Observamos a coincidência dos quadro altos do Co com os<br />

já observados para Ni eCo.<br />

O exame macroscópico, das amostras <strong>de</strong> rocha coletadas sobre a malha A, foi negativo<br />

quanto a presença <strong>de</strong> sulfetos, salvo no caso da anomalia localizada a Este da malha. Encontrou-se,<br />

aí, um pequeno afloramento <strong>de</strong> peridotito altamente alterado e impregnado <strong>de</strong> malaquita.<br />

f<br />

,."<br />

FIQ 1- MAPA GEOQUIMICODO COBRE NA MALHA A<br />

00-. -- ~.......<br />

ESBOÇO DA MORFOLOGIA E GEOLOGIA DO MACIço<br />

Durante a amostragem semi-regional e <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe da Malha A, foi dada atenção, às<br />

características geológicas do maciço. O mapa geológico e a petrografia do mesmo, ainda em elaboração,<br />

serão divulgados em trabalhos posteriores; daremos aquí um breve resumo dos conhecimentos<br />

atuais.<br />

Morfologicamente, divi<strong>de</strong>-se o maciço em 3 unida<strong>de</strong>s:<br />

- Unida<strong>de</strong> I, correspon<strong>de</strong>ndo a extremida<strong>de</strong> este do corpo e abrangendo a meta<strong>de</strong> este<br />

das sub-áreas 1 e 2, é caracterizada por: uma topografül suave, <strong>de</strong>nsa cobertura florestal, relativa<br />

pobreza <strong>de</strong> afloramentos e abundância <strong>de</strong> solos lateríticos. Como regra esta unida<strong>de</strong> localiza-se,<br />

topograficamente, em nível superior ao das rochas encaixantes.<br />

- Unida<strong>de</strong> lU, abrangendo as sub-áreas 3, 4, 5, e 6 é notável pela escassez quase<br />

absoluta <strong>de</strong> afloramentos. Nesta gran<strong>de</strong> área arrazada, que abrange 2/3 da área total do corpo, as<br />

florestas foram praticamente substituidas pela cultura; a espessura dos solos ultrapassa os 10 m. A<br />

unida<strong>de</strong> lII acha-se 80-100 m abaixo da Unida<strong>de</strong> 1, ao mesmo nivel das encaixantes ao sul e abaixo<br />

dt\s encaixantes ao norte (que formam a Serra <strong>de</strong> São João).<br />

- Unida<strong>de</strong> lI, unindo as duas primeiras, apresenta características próprias. Corres~<br />

pon<strong>de</strong>ndo a meta<strong>de</strong> oeste das sub-áreas 1 e 2, ela é formada por uma série <strong>de</strong> elevaçõesseparadas


294 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fig 8 - MAPA GEOQU(MICO DO COSA L TO NA MALHA A<br />

. l'OHf1) U80lTltMO<br />

. ~ DI:1lÚ118O_<br />

-_-200___ CUtlw. DE .1OT1OIt<br />

por vales bem marcados e com encostas abruptas. Os solos são, em geral, pouco espessos e os<br />

afloramentos abundantes. Os pontos anômalos da prospecção semi-regional e a malha <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe A<br />

estão localizados nesta unida<strong>de</strong>.<br />

O maciço está encaixado em gnaisses regionais consi<strong>de</strong>rados do Complexo Basal. O<br />

limite norte é feito com os cordierita-biotita-gnaisses da Serra <strong>de</strong> São João e o limite sul, com<br />

biotita-gnaisses regionais. Tanto ao norte como ao sul do maciço, estas rochas mergulham para o<br />

sul. Estudos preliminares <strong>de</strong> caráter regional mostraram que os gnaisses estão dobrados isoclinalmente<br />

com os flanC()s mergulhando para o sul.<br />

No maciço encontramos: dioritos, hornblenditos, gabros, piroxenitos, peridotitos e<br />

dunitos. A titulo <strong>de</strong> hipótese e visando orientar os trabalhos posterioreS <strong>de</strong> exploração geoquímica,<br />

admitimos que as rochas ultrabásicas (dunitos e peridotitos) encontram-se sob os piroxenitos<br />

(contato ao longo do córrego Seco da Malha A), estando ambas as unida<strong>de</strong>s levemente basculadas<br />

para norte pela falha do Salgado, a qual colocou em contato as ultrabásicas com os gabros. A falha<br />

do Salgado é bem marcada morfologicamente e, com direção aproximada N70W-N20E, corta<br />

obliquamente o maciço. Admite-se que o plano <strong>de</strong> falha mergulha para sul, concordantemente com<br />

os gnaisses.<br />

Trincheiras<br />

A etapa seguinte dos trabalhos em Americano do Brasil <strong>de</strong>senvolveu-se em trincheiras<br />

sobre a malha A.<br />

As trincheiras objetivavam a confirmação ou não da hipótese estrutural explanada<br />

acima e a verificação direta da causa das anomalias, já que o exame das rochas aflorantes sobre elas<br />

não apresentava mineralizaç~s visíveis. O primeiro objetivo não foi alcançado integralmente já que<br />

as relações especiais entre piroxenitos, ultrabásicas e gabros não ficaram <strong>de</strong>finidas, mas obtiveram<br />

indicações <strong>de</strong> que há uma alternância entre as duas primeiras litologias, como os piroxenitos<br />

aflorando também <strong>de</strong>ntro da área <strong>de</strong> ocorrência das ultrabásicas .


RIBEIRO, SANTOS 295<br />

o segundo objetivo foi alcançado, visto que todas as trincheiras colocaram à vista<br />

mineralizações cupríferas oxidadas. Por exemplo, à trincheira sobre a picada F da Malha A, que<br />

cortou a anomalia Ni-Cu-Co a oeste, mostrou ao longo <strong>de</strong> 80 m e a uma profundida<strong>de</strong> entre 1 a 4 m,<br />

um nível contínuo constituido por malaquita, crisocola e geothita, além <strong>de</strong> raros cristais <strong>de</strong> calcppirita.<br />

Este nível, com 10 a 30 cm <strong>de</strong> espessura', situa-se <strong>de</strong>ntro do solo, quase no limite horizonte<br />

C-rocha, acompanhando-o topograficamente. A rocha sob este chapéu <strong>de</strong> ferro não se apresentou<br />

mineralizada salvo as impregnações <strong>de</strong> oxidados em suas fraturas. Por outro lado, a presença <strong>de</strong><br />

calcopirita, que cremos ser <strong>de</strong> origem primária, toma difícil uma hipótese <strong>de</strong> concentração supergênica<br />

do Fe, Ni e Co. Acreditamos estar em presença <strong>de</strong> um nível sulfetado quase completamente<br />

oxidado, do qual a calcopirita é um relicto. Esta hipótese aparentemente foi fortalecida pelos dados<br />

da sondagem pioneira. No Quadro 8, alguns dados químicos <strong>de</strong>ste chapeú:<strong>de</strong>-ferro.<br />

QUADRO 8<br />

Análises do Chapéu <strong>de</strong> ferro da trincbeira F, malha A<br />

Amostra Ni% Cu% Co%<br />

S73-981 2,09 9,60 0,13<br />

MR-I92 2,10 8,75 0,11<br />

MR-193 4,89 8,93 0,19<br />

MR-194 2,23 9,05 0,09<br />

MALHAS DE SEMI-DETALHE B, C e E<br />

Prosseguindo-se com a campanha geoquímica, iniciou-se a amostragem <strong>de</strong> solos nas<br />

malhas B, C e E as quais corno vê-se na Figura 5, abrangem as sub-áreas 1 e 2. A situação dos<br />

trabalhos em fins <strong>de</strong> março-1974, é a seguinte:<br />

Malha B - amostragem e dosagens para Ni-Cu-Co já realizadas (os dados estão no<br />

Quadro 9). A amostragem foi a 30 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, com o recolhimento da fração 80-120 mesh.<br />

Em função da forma das anomalias da malha A, estabeleceu-se que a amostragem seria em malha<br />

retangular, on<strong>de</strong> as picadas N -S distam entre si <strong>de</strong> 150 m e a amostragem ao longo <strong>de</strong>las, <strong>de</strong> 100 m<br />

(as mesmas especificações foram mantidas nas malhas B e C). Duas anomalias foram <strong>de</strong>tectadas e<br />

uma <strong>de</strong>las <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong> 50 x 50 m (malha <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe B-D1); ambas alinham-se segundo a falha do<br />

Salgado, a W da Malha A.<br />

QUADRO 9<br />

Resultados estatísticos da malha <strong>de</strong> set\1Í-<strong>de</strong>talbe B. Resultados em ppm<br />

Valor No<br />

Elemento Background limiar máximo Contraste Amostras<br />

Ni 266 1143 4630 17 350<br />

Cu 219 762 5540 25 363<br />

Co 126 375 470 3 354<br />

Malha ç - A amostragem realizada até esta data limitou-se ao longo da falha do<br />

Salgado, a E da malha A (com resultados negativos em termos <strong>de</strong> anomalias), e ao S da mesma.<br />

Aqui, urna anomalia foi <strong>de</strong>tectada (Malha C-D1). Os dados da malha C estão no Quadro 10.<br />

Malha E - A amostragem geoquímica foi recém-iniciada.<br />

Na Figura 9, apresentamo5 o mapa geoquímico do níquel em parte das malhas B e C,<br />

acrescentando-se, em escala reduzida, a malha A. Vê-se logo que na malha C, ocorrem dois altos<br />

com valores que atingem um máximo <strong>de</strong> 870 ppm Ni. Como consi<strong>de</strong>ramos que o cálculo do back-<br />

--


296 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

QUADRO 10<br />

Resultados estatísticos da malha <strong>de</strong> semi-<strong>de</strong>talhe C Valores em ppm.<br />

Número <strong>de</strong> amostras.<br />

Valor N9<br />

Elemento Background Linúar máximo Contraste Amostra<br />

Ni 173 545 870 5 251<br />

Cu 174 661 2500 14 247<br />

Co 85 394 225 2 249<br />

ground <strong>de</strong>ve ser limitado a uma mesma litologia ou a litologias quimicamente afins (Ribeiro, 1973<br />

a), não po<strong>de</strong>mos comparar estes valores com os obtidos sobre os dunitos-peridotitos, mas sim com<br />

os <strong>de</strong>sta malha, ou seja, com os valores normais aos gabros. Observando-se o mapa geoquímico do<br />

Cobre (Fig. 10), nota-se que os pontos anômalos <strong>de</strong>ste elemento coinci<strong>de</strong>m com as anomalias do<br />

níquel (valores entre 1300 a 2500 ppm CujoAo contrário do observado nas <strong>de</strong>mais anomalias, aqui o<br />

cobalto não seguiu o níquel e o cobre.<br />

f<br />

~-<br />

o<br />

o<br />

-<br />

(} OJ<br />

F ig 9 - MAPA GEOQUfMICO DO NíQUEL EM PARTES DAS MALHAS B e C<br />

E CONTENDO A MALHA A EM ESCALA REDUZIDA. CURVAS DE<br />

ISOTEOR EM PARTES POR MilHÃo DE NIQUEl.<br />

I<br />

I<br />

r-------- - ,<br />

I I I<br />

I<br />

:<br />

Na malha B, o níquel (Fig. 9) apresentou duas anomalias <strong>de</strong> maior interesse: B-Dl e B-<br />

D3. A anomalia B-Dl (valor máximo <strong>de</strong> 4630 ppm Ni) é, claramente, uma continuação das anomalias<br />

da malha A; a anomalia B-D3 apresentou valort:!s <strong>de</strong> até 1510 ppm Ni. O cobre (Fig. 10)<br />

apresenta também duas anomalias distintas que sobrepõem.se às do Ni: a B-Dl com um máximo <strong>de</strong><br />

5540 ppm Cu e a B.D2, com um máximo <strong>de</strong> 1510 ppm Cu. O cobalto apresenta-se com fracas<br />

anomalias que são coinci<strong>de</strong>ntes com as <strong>de</strong> Ni-Cu e cujos valores máximos são, respectivamente, 470<br />

e 330 ppmCo.<br />

As duas anomalias da Malha B e as da Malha A apresentam em comum, as seguintes<br />

características: (a) exten<strong>de</strong>m-se no sentido E-W segundo, aproximadamente, a falha do Salgado;


100<br />

Q<br />

RIBEIRO, SANTOS 297<br />

FiQ IO-MAPA GEOOUIMICO DO COBRE EM PARTES DAS MALHAS B 8 C<br />

E COOTENDO A MALHA A EM ESCALA REDUZIDA. C U RV AS DE<br />

ISOTEOR EM PARTES POR MILHÃO DE COBRE.<br />

(b) teores elevados e da mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za em Ni e Cu; (c) teores em cobalto 10 e 12 vezes<br />

mais baixos que os <strong>de</strong> Ni e Cu; (d) superposição das anomalias para os 3 elementos estudados; (e)<br />

gradual <strong>de</strong>créscimo dos valores, para os 3 elementos, <strong>de</strong> este para oeste. Os fracos teores em cobalto<br />

e sua baixa proporção em relação ao Ni e ao Cu é uma confirmação das análises do minério oxidado<br />

(Quadro 8).<br />

Não sabemos, até esta data, o que ocasiona estas anomalias; o afloramentos <strong>de</strong> ultrabásicas<br />

são restritos a malha A e ao início da anomalia B-D1 e as informações geológicas sobre as<br />

áreas anômalas das malhas B e C são mascaradas pelo solo. Eliminamos porém as hipóteses anomalias<br />

transportadas e anomalias f6sseis em face da topografia do terreno e do <strong>de</strong>senho das curvas<br />

<strong>de</strong> isoteor.<br />

Malha D - A malha D foi lançada sobre as sub-áreas 3,4,5 e 6 (Fig. 3) as quais, conjuntamente,<br />

formam a unida<strong>de</strong> morfológica lU. Em toda ela são raríssimos os afloramentos <strong>de</strong> rocha.<br />

A drenagem é pobre, sendo a paisagem dominante caracterizada por largas áreas quase planas<br />

cobertas por espessas camadas <strong>de</strong> solo laterítico (profundida<strong>de</strong>s superiores a 10 m). ~obre esta área<br />

arrazada estabeleceu-se uma malha (9,5 km no sentido E-W e 4,0 a 1,8 km no sentido N-8) capaz <strong>de</strong><br />

cobrir toda a unida<strong>de</strong> lU. Na malha D os limites do corpo são marcados pelo fim dos solos avermelhados<br />

e inícios dos solos claros e quartzosos característicos dos gnaisses encaixantes. As picadas<br />

N -8 distanciam-se entre si <strong>de</strong> 500 m e a amostragem dos solos foi feita a cada 200 m, recolhendo-se<br />

um total <strong>de</strong> 306 amostras. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostragem foi fixada em 0,5 m, baseando-nos<br />

em um poço <strong>de</strong> 5 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, o qual foi amostrado a cada 50 cm. Os teores obtidos neste<br />

poço pioneiro (Quadro 11) não indicaram a presença <strong>de</strong> um horizonte favorável para aamostragem;<br />

admitimos que amostragens a profundida<strong>de</strong>s maiores que 5,0 m tornariam a campanha longa e<br />

onerosa.<br />

Como era previsível, os valores para Ni, Cu e Co diminuiram sensivelmente em relação<br />

as malhas anteriores, sendo notável que a queda tanto do background como dos valores máximos<br />

das anomalias foi proporcional para os 3 elementos, (Quadro 12). Já havíamos mencionado a di-<br />

---


298 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

QUADRO 11 QUADRO 12<br />

Resultados analíticos do furo <strong>de</strong> Comparação entre os valores do Background (B), anomalias (A)<br />

trado na Malha D (ppm) e contraste (C) em diferentes malhas.<br />

Prof. (m) Ni Cu Co Malhas A BDI BD2 DDl<br />

0,5<br />

1,0<br />

1,5<br />

2,0<br />

2,5<br />

3,0<br />

3,5<br />

4,0<br />

4,5<br />

5,0<br />

130<br />

160<br />

195<br />

145<br />

140<br />

145<br />

150<br />

140<br />

140<br />

110<br />

110<br />

120<br />

120<br />

120<br />

115<br />

115<br />

125<br />

120<br />

140<br />

135<br />

70<br />

80<br />

105<br />

80<br />

70<br />

80<br />

75<br />

70<br />

70<br />

65<br />

Níquel<br />

Cobre<br />

CobaIto -<br />

B<br />

A<br />

C<br />

B<br />

A<br />

C<br />

B<br />

A<br />

C<br />

1699<br />

12100<br />

7<br />

591<br />

10270<br />

17<br />

273<br />

860<br />

2<br />

266<br />

4630<br />

17<br />

219<br />

5540<br />

25<br />

126<br />

470<br />

3<br />

266<br />

1510<br />

5<br />

219<br />

1510<br />

6<br />

126<br />

330<br />

2<br />

29<br />

360<br />

12<br />

22<br />

270<br />

11<br />

9<br />

140<br />

15<br />

minuição <strong>de</strong>stes valores, a partir da malha A, em direção a oeste. Cremos que a explicação encontrase<br />

no acréscimo gradual da espessura dos solos, que atinge o máximo na malha D.<br />

Duas anomalias ressaltaram nesta malha: uma a este e outra a oeste.<br />

A primeira é apenas o prolongamento e o fim das anomalias alinhadas ao longo do<br />

córrego Salgado (malhas A e B). Os valores máximos observados foram: Ni = 280 ppm; Cu = 245<br />

ppmeCo = 75ppm.<br />

A anomalia a oeste (D-Dl, quadro 12) é marcada, para o níquel, por 3 pontos com valores<br />

acima <strong>de</strong> 200 ppm (valor máximo <strong>de</strong> 360 ppm). O mapa geoquímico do cobre (Fig. 11) apresenta<br />

uma distribuição <strong>de</strong> valores mais homogênea que a do níquel. A curva <strong>de</strong> isoteor igual a 80 ppm<br />

<strong>de</strong> cobre, muito próxima da curva 50 ppm Ni, marca, em princípio, a extensão <strong>de</strong>sta anomalia. Os 3<br />

pontos <strong>de</strong> maior concentração para o cobalto (ponto D-3 = 70 ppm, ponto F -5 = 90 ppm e ponto G-<br />

7 = 50 ppm)tombam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste limite.<br />

. l-I<br />

. I<br />

4-.<br />

FIG 11 -<br />

PARTE DO MAPA GEOQuíMICO DO COBRE NA MALHA D.<br />

MOSTRA NOO ANOMALIA D-D1.<br />

'OltYO .. -j -...---..<br />

'ICAOA I..IMITIE.. 00<br />

."CI~O<br />

__opo-o<br />

" 01..on08<br />

e.,. c.)<br />

QUADROI3<br />

Resultados estatísticos da Malha D<br />

Elemento Ni Cu Co<br />

Backg. 29 22 9<br />

S 36 32 10<br />

Limiar 139 119 40<br />

V.máx. 360 270 140<br />

C 12 11 15<br />

NP 306 306 306<br />

Apesar dos baixos valores e da ausência total <strong>de</strong> afloramentos na área da anomalia D-<br />

DI, atribuimos a ela o mesmo significado das anomalias da malha A e da malha B (B-Dl e B-D2)<br />

baseados no raciocínio já explanado. No Quadro 13, os resultados estatísticos da malha D, tomada<br />

como um todo.<br />

Quanto aos limites da área anômala, consi<strong>de</strong>ramos que somente o <strong>de</strong>talhamento po<strong>de</strong>rá<br />

dar-nos informações mais seguras. Nas condições locais, o comportamento dos elementos metálicos


RIBEIRO, SANTOS 299<br />

sofrem influência <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong>ntro do perfil do solo, que são <strong>de</strong> difícil previsão, mormente em<br />

áreas bastante planas. Além, a distância relativamente gran<strong>de</strong> entre os pontos amostrados obriga,<br />

ao realizar-se o traçado das curvas <strong>de</strong> igual teor, a extrapolação que, seguidamente, o <strong>de</strong>talhamento<br />

posterior mostrou não serem verda<strong>de</strong>iras.<br />

ADENDO<br />

Um furo <strong>de</strong> sonda pioneiro foi realizado na malha A, localizado no ponto N3S (Fig. 8)<br />

sobre uma anomalia não cortada por trincheiras. Este furo, recém terminado, atingiu 215 m <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong> e colocou em evidência níveis sulfetados intercalados em peridotitos.<br />

O estudo <strong>de</strong>ste minério ainda não está completo; observa-se, mesmo macroscopicamente,<br />

uma rápida transição entre a rocha com sulfetos disseminados e o minério maciço. Os principais<br />

minerais do minério (Quadro 14) são a pirrotina, a calcopirita, a pentlandita, a pirita e a cromita,<br />

acompanhados <strong>de</strong> cubanita, blenda, ilmenita, hematita e magnetita, sendo que a ganga silicatada<br />

forma quase 34% em peso da amostra analisada.<br />

QUADRO 14<br />

Paragênese e percentagem em peso <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong><br />

minério obtida no furo pioneiro.<br />

Nome % Peso Nome<br />

Pirrotina 20,0 Cubanita<br />

Calcopirita 18,5 Blenda<br />

Pentlandita 8,9 Ilmenita<br />

Pirita 6,1 Hematita<br />

Cromita 7,4 Magnetita<br />

% Peso<br />

O espectro grama completo <strong>de</strong>sta amostra, realizado por fhiorescência <strong>de</strong> raio X, mostrou,<br />

além dos elementos formadores dos minerais do minério (Cu, Ni, Cr, Zn e Fe), a presença <strong>de</strong><br />

cobalto, prata, molibdênio, nióbÍoe manganês.<br />

Como vê-se, o cobalto, que forma anomalias nos solos, não apresenta nenhum mineral<br />

próprio no minério; julgamos que o mesmo faz parte da estrutura dos sulfetos, mormente da pentlandita.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao Dr'. Paulo Lobo <strong>de</strong> Araújo, Diretor Técnico da METAGO, e aos ge610gos Wan<strong>de</strong>rlino<br />

Teixeira <strong>de</strong> Carvalho e Nelson <strong>de</strong> Salles Guerra Guzzo, Chefes dos Departamentos <strong>de</strong> Pesquisas<br />

e <strong>de</strong> Prospecção e Fomento, pelo incentivo e facilida<strong>de</strong>s fomecidas para a publicação <strong>de</strong>ste<br />

trabalho.<br />

Ao Eng. Químico Wilson Naves Tito, Chefe do Departamento <strong>de</strong> Análises da METAGO<br />

e ao Eng. Amilton Erasmo dos Santos, a quem <strong>de</strong>vemos os dados químicos, material <strong>de</strong> base para a<br />

realização da Geoquímica.<br />

Aos colegas geólogos Carlos Maranhão Gomes <strong>de</strong> Sá e Silvio Ronan Bressan, pelo<br />

auxílio prestado em diversas etapas <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong> escritório.<br />

Ao Prof. Dr. Aluízio Licínio <strong>de</strong> Mirand~ Barbosa, Consultor Técnico da METAGO, pela<br />

orientação prestada aos autores, os nossos agra<strong>de</strong>cimentos.<br />

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1,7<br />

0,4<br />

0,9<br />

0,1<br />

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300 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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WILLIE, Po . 1967. Ultramaflcandrelated rocIIaoNew Yori


CONTRIBUCION A LA GEOLOGIA DE LOS YACIMIENTOS<br />

DE AMATISTA DEL DEPARTAMENTO DE ARTIGAS (URUGUAI)<br />

JORGE BOSSI*, WALTERCAGGIANO<br />

ABSTRACT<br />

U roguayan amethysts from the Departamento of Artigas are found as partial filling of geo<strong>de</strong>s in some toleitical basaltic flow.<br />

The author has inten<strong>de</strong>d to <strong>de</strong>fine the genetical process starting from a sucession of studies. each stage becoming more <strong>de</strong>tailed.<br />

The geological survey of th~ d~artamento of Artigas )VaS the beginning followed by the <strong>de</strong>finjtion of the outcrop area of the<br />

bearing flow. TOOn the main characteriBtics of the bearing flow were analysed and the type of amethyst <strong>de</strong>posit Arligas was thus <strong>de</strong>fined. From<br />

those objetive data the author tries to adapt prospection gui<strong>de</strong>lineS to be used if said ma<strong>de</strong>! proved to be true.<br />

RESUMO<br />

As ametÍBtas uruguaias do Opto. <strong>de</strong> Artigas encontram. se como preenchimento parcial <strong>de</strong> geados em alguns <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> basalto<br />

toleítico. Tentou-se <strong>de</strong>finir o processo genético a partir <strong>de</strong> uma sucessão <strong>de</strong> etapas <strong>de</strong> estudo cada vez mais <strong>de</strong>talhadas.<br />

Começando pelo reconhecimento geológico do Departamento <strong>de</strong> Artigas. <strong>de</strong>fiIÚu-se a área <strong>de</strong> afloramentos dos <strong>de</strong>rrames portadores;<br />

analisou-se em seguida as caracteristicas do principal <strong>de</strong>rrame mineralizado e assim <strong>de</strong>finimos o tipo <strong>de</strong> jazida <strong>de</strong> ametistas Artigos.<br />

A partir <strong>de</strong>sta informação objetiva tratamos <strong>de</strong> adaptar un mo<strong>de</strong>lo genético e esboçamos as diretrizes da prospecção a seglÚr<br />

afim <strong>de</strong> comprovar o dito mo<strong>de</strong>lo.<br />

INTRODUCCION<br />

Las amatistas constituyen una fuente <strong>de</strong> riqueza cada vez más importante para el <strong>de</strong>partamento<br />

<strong>de</strong> Artigas, en el norte <strong>de</strong> Uruguay, a medida que muchos yacimientos <strong>de</strong>I mundo se<br />

van agotando.<br />

Esa fuente <strong>de</strong> riqueza es por ahora sólo potencial, pues no se conocen Ias reservas reales,<br />

no se pue<strong>de</strong> estimar el tenor a esperar en cada zona y no se dispone <strong>de</strong> criterios científicos <strong>de</strong> proso<br />

pección.<br />

A pesar <strong>de</strong> explotarse en forma artesanal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> hace más <strong>de</strong> um siglo, Ias am.atistas<br />

uruguayas no sirvieron para el <strong>de</strong>sarrollo económico o social <strong>de</strong> Ia zona. Hace un quinquenio que<br />

algunas empresas comenzaron a realizar exploración racional a escala mediana y hoy Ia exportación<br />

alcanza a unas 15 t anuales, 10 que significa divisas todavía <strong>de</strong> poco monto. Si a ello se agrega la<br />

venta <strong>de</strong> productos artesanales, se pue<strong>de</strong> estimar en un millón <strong>de</strong> dólares equivalentes, Ia contri.<br />

bución aI producto bruto nacional.<br />

Esas empresas, para su <strong>de</strong>sarrollo, necesitan soporte técnico en todas las fases <strong>de</strong> Ia<br />

prospección y explotación mineras, para llegar rápidamente a incrementar la producción, aprovechando<br />

el mercado comprador en alza.<br />

Ha sido nuestro propósito, aI empren<strong>de</strong>r los estudios geológicos en 1969, obtener Ia<br />

información básica que permitiera;<br />

°IG/UFRGS<br />

----


302 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

<strong>de</strong>scifrar el proceso genético para guiar Ia prospección a todas Ias escalas; <strong>de</strong>finir Ia geometria <strong>de</strong> los<br />

yacimientos para hacer posible su cubicación con bajo error; tratar <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir los parámetros que<br />

pudieran estar asociados a Ia concentración <strong>de</strong> amatista, para po<strong>de</strong>r llenar Ia ficha <strong>de</strong>i yacimiento <strong>de</strong><br />

este tipo (Blon<strong>de</strong>l, 1955; Routhier, 1958; Bernardi, 1958).<br />

En Metalogenia hoy es corriente basarse en <strong>de</strong>scripciones <strong>de</strong> yacimientos similares (<strong>de</strong>I<br />

mismo tipo) y su contexto geológico, para establecer posibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nuevos yacimientos y orientar<br />

los trabajos mineros <strong>de</strong> cubicacióny explotación.<br />

Las amatistas, minerales sin valor estratégico y explotadas en forma artesanal, no han<br />

recibido tratamiento científico consi<strong>de</strong>rable y P


BOSSI, CAGGIANO 303<br />

geológicos; 8) sucesión <strong>de</strong> fenómenos geoquímicos <strong>de</strong>I yacimiento y su contexto geológico.<br />

Bemard sefiala que entre todas Ias observaciones, conviene buscar aquellas que tengan<br />

Ia mayor'repercusión en el proceso <strong>de</strong> concentración <strong>de</strong>I mineral (o metal) útil, pero en el estado<br />

actual <strong>de</strong> los conocimientos, es imposible efectuar Ia elección <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> los parámetros necessários<br />

y suficientes.<br />

La información disponible sobre yacimientos <strong>de</strong> amatista es escasa y fragmentaria. En<br />

general Ia bibliografia no es abundante y ello está agravado por el hecho <strong>de</strong> que algunos trabajos<br />

antiguos no se consiguen y otros recientes no nos han llegado aún. Ello impi<strong>de</strong> realizar uma <strong>de</strong>scrip.<br />

ción <strong>de</strong>tallada y precisa <strong>de</strong> los distintos tipos <strong>de</strong> yacimiento <strong>de</strong> amatista, que pudieran luego servir<br />

como guías <strong>de</strong> prospección. Lo que sigue no es más que un intento <strong>de</strong> racionalizar Ias <strong>de</strong>scripciones y<br />

dar un contexto geológico mínimo a Ias distintas ocurrencias conocidas <strong>de</strong> amatista en el mundo.<br />

Reconocemos seis tipos <strong>de</strong> yacimiento en general facilmente diferenciables.<br />

Tipo Guanajuato<br />

En este tipo <strong>de</strong> yacimiento, Ias amatistas se encuentram asociadas a baritina, calcita,<br />

fluorita, sulfuros y zeolitas. En Ia localidad tipo Ia paragénesis está constituída. por amatista,<br />

apofilita, calcita y minerales <strong>de</strong> plata. (Fron<strong>de</strong>l, 1962). Son <strong>de</strong> color pálido. Los cristales, <strong>de</strong> hábido<br />

prismático contienen inclusiones sólidas y mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cristales negativos. Se trata <strong>de</strong> yacimientos <strong>de</strong><br />

poco volumen y don<strong>de</strong> Ia amatista es un subproduto. Los yacimientos son filonianos y Ias amatistas<br />

aparecen en drusas. (Dake et alii 1938). Estos filones se suponen <strong>de</strong> baja temperatura (epitermales<br />

en Ia nomenclatura <strong>de</strong> Lindgren, 1933).<br />

Yacimientos <strong>de</strong> este tipo seriam tambiém los <strong>de</strong> Thun<strong>de</strong>r Bay (Canadá), Transilvania<br />

(URSS) y Minas Gerais (Brasil).<br />

Tipo Alpino<br />

Las amatistas aparecem en paragénesis cuarzosas, asoeiadas a cuarzo ahumado e mcoloro.<br />

Las amatistas aparecen como rarezas, 10 que indica bajos tonelajes y aparición por hoy no<br />

controlada. Se encuentran en cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> granitos, areniscas o metamorfitos <strong>de</strong> bajo grado, siempre<br />

ricos em sílice.<br />

El proceso <strong>de</strong> formación se acepta por segregación haeia zonas <strong>de</strong> baja presión. Poty<br />

(1969) en base a criterios geológicos y medidas en inclusiones fluídas concluye que Ias amatistas <strong>de</strong>I<br />

Mont Blanc se formaron a temperaturas <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> los 290-3OO°C y bajo fuerte presión <strong>de</strong> CO2<br />

(superior a 600 atm). En este caso Ia secuencia <strong>de</strong>I <strong>de</strong>pósito es como sigue: a) cuarzo ahumado y albita;<br />

b) ripidolita y calcita; c) amatista simultánea a Ia <strong>de</strong>strucción <strong>de</strong> ripidolita y calcita que se<br />

transforman en hematita y ankerita.<br />

A nuestro juicio <strong>de</strong>ben asimilarse a este tipo alpino los yacimientos <strong>de</strong> Diamantina,<br />

Cristalina y Jacobina. Para esta última localidad, Leo et alü (1964) encuentram Ia secueneia cuarzo<br />

incoloro -cuarzo lechoso -amatista -cuarzo ahumad.o. Las amatistas <strong>de</strong> Jacobina, a diferencia <strong>de</strong><br />

Ias <strong>de</strong> Los Alpes, pue<strong>de</strong>n llegar a ser <strong>de</strong> excelente calidad: límpidas y <strong>de</strong> color oscuro.<br />

Tipo Filones <strong>de</strong> Cuarzo<br />

También aquí Ias amatistas se <strong>de</strong>sarrollan en paragénesis exclusivamente silíceas.<br />

Aparecen en cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> filones <strong>de</strong> cuarzo que normalmente recortan granitos. Los yacimientos<br />

clásicos <strong>de</strong> este tipo se encuentram en los Urales, región <strong>de</strong> Mursinska (URSS). Laemmlein<br />

(1935) <strong>de</strong>scrihe en el Cáucaso yacimientos aparentemente <strong>de</strong> este tipo, en que los cristales <strong>de</strong><br />

amatista presentan inclusiones fluídas con C02lÍquido, 10que indica condiciones <strong>de</strong> alta presión.<br />

Tipo Pegmatítico<br />

Aquí Ias amatistas se asocian aIos minerales pegmatíticos, pero son <strong>de</strong> cristalización<br />

tardía. Los cristales aparecen en cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Ias masas pegmatíticas y <strong>de</strong>sarrolIan gran<br />

tamafio, aunque en general no presentan calidad gema y son <strong>de</strong> color pálido. Salvo excepción, no<br />

son menas <strong>de</strong> producción importante (Fron<strong>de</strong>l, 1962).


304 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Yacimientos <strong>de</strong> este tipo se encuentran en Oxford County (Mayne), Jefferson County<br />

(Montana) y Pennsylvanya en USA. El enorme yacimiento <strong>de</strong> Mount Bruce (Australia) recientemente<br />

puesto en explotación se encuentra en un filón pegmatítico <strong>de</strong> 2 a 4 m <strong>de</strong> ancho y 1000 m <strong>de</strong><br />

longitud. Se han probado 2000 t hasta Ia profundidad <strong>de</strong> 20 m. Suministra cristales <strong>de</strong> color púrpura<br />

profundo <strong>de</strong> 8 a 12 cm <strong>de</strong> arista, aunque no son <strong>de</strong> calidad lapidable. (Leiper, 1967).<br />

Tipo Geódico en Basaltos<br />

Este tipo <strong>de</strong> yacimiento suministra Ia amatista <strong>de</strong> mejor calidad y mayor volumên que<br />

actualmente se vuelca aI mercado mundial. AciÜi Ia paragénesis es dominantemente silícea, a base<br />

<strong>de</strong> amatista, cuarzo incoloro y calcedonia, apareciendo pirita, cacoxenita e hidrosilicatos férricos<br />

como inc1usiones. Estos yacimientos pue<strong>de</strong>n suministrar más <strong>de</strong> 2 kg <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong> buena catidad<br />

por metro cúbico <strong>de</strong> basalto y contienen tonelajes enormes. Las amatistas aparecen como relleno<br />

parcial <strong>de</strong> geodas en el tercio superior <strong>de</strong> Ia colada basáltica, que es <strong>de</strong> naturaleza toleítica. La edad<br />

es variable, aunque los principales yacimientos son cretáceos (Río Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>I Sur, Artigas em<br />

Uruguay, Pretoria en Sudáfrica, varios en Ia India).<br />

Outros yacimientos <strong>de</strong> este tipo se encuentran en Puy-<strong>de</strong>-Dome (Francia), Idar-Oberstein<br />

(Alemania), Bay of Fundy (Canadá) y Oregón (U .S.A.).<br />

El proceso <strong>de</strong> formación es muy discutido y no existe unanimidad <strong>de</strong> opinión entre los<br />

autores que abordaron el tema.<br />

Otros tipos<br />

Para efecto <strong>de</strong> dar una visión 10 más completa posible, pue<strong>de</strong>n citarse: yacimientos en<br />

fracturas <strong>de</strong> silis, caso <strong>de</strong> Nueva Jersey (USA) y en riolitas terciarias, caso Méjico.<br />

LA GEOLOGIA DEL DEPARTAMENTO DE ARTIGAS<br />

Este <strong>de</strong>partamento situado en el extremo NW <strong>de</strong>I Uruguay tiene el subsuelo constituído<br />

por basaltos en un 92 % <strong>de</strong> Ia superfície. Pequenas áreas <strong>de</strong> areniscas triásicas subyacentes (Formación<br />

Tacuarembó) se <strong>de</strong>sarrollan en el Este, en los alre<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> Ias localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Artigas,<br />

Colonia Pintado y Paguero. En Ia extremidad occi<strong>de</strong>ntal los basaltos son cubiertos por rocas limosas,<br />

areniscas y conglomerados cenozoicos <strong>de</strong> Ias formaciones Fray Bentos y Salto. Los aluviones<br />

cuaternarios se limitan a estrechas fajas a orillas <strong>de</strong> los cursos <strong>de</strong> agua principales.<br />

La unidad litoestratigráfica aflorante principal es Ia Formación Arapey (equivalente a<br />

Serra Geral) que ha sido <strong>de</strong>finida por Bossi y Hei<strong>de</strong> (1970) como una sucesión <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrames basá!ticos<br />

subaéreos <strong>de</strong> potencia individual entre 10 y 60 m, interestratificados con niveles <strong>de</strong> areniscas<br />

eólicas, que raramente sobrepasan un metro <strong>de</strong> espesor. En particular en el <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />

Artigas es bastante frecuente Ia existencia <strong>de</strong> estas sábanas <strong>de</strong> arena fósil y <strong>de</strong> barcanes <strong>de</strong>positados<br />

entre coladas, 10 que indica que durante el período <strong>de</strong> actividad magmática ha existido un frecuente<br />

transporte eólico <strong>de</strong> arena hacia Ia zona efusiva.<br />

El método <strong>de</strong> fotogeología a escala 1/40.000 <strong>de</strong>sarrollado por nuestro grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

ha permitido con escasas giras <strong>de</strong> campo llegar a confeccionar una carta geológica preliminar a<br />

escala 1/500.000, que se expone reducida en Ia Figura 1. Las sucesivas coladas van siendo más<br />

jóvenes hacia el W, resultado <strong>de</strong> la doble acción <strong>de</strong> Ia posición <strong>de</strong> los centros efusivos y <strong>de</strong> Ia tectórica<br />

post-basáltica que <strong>de</strong>termina buzamientos regionales dominantes hacia el SW y el W.<br />

La estructura regional <strong>de</strong> Ia Formación Arapey muestra un aumento <strong>de</strong> potencia en esta<br />

misma dirección.<br />

A partir <strong>de</strong> los datos <strong>de</strong>I relevo geológico, <strong>de</strong> los valores <strong>de</strong>ducibles <strong>de</strong> la carta gravimétrica<br />

recientemente publicada por el Servicio Geográfico Militar y <strong>de</strong> los son<strong>de</strong>os profundos en<br />

Arapey y Colonia Palma Palma (Mackinnon, 1967) ha sido posible confeccionar el corte geológico <strong>de</strong><br />

dirección E- W expuesto en Ia Figura 1.<br />

Han sido reconocidas 15 coladas superpuestas que afIoram sucesivamente <strong>de</strong> E a W. Las<br />

dos primeras coladas, <strong>de</strong> grano grueso y medio respectivamente, son <strong>de</strong> potencia y extensión muy<br />

limitadas y afloran en áreas muy pequenas en el este <strong>de</strong>I Dpto. Son seguidas por nueve coladas


8055/, CAGG/ANO 305<br />

relativamente potentes y extensas, con intercalaciones <strong>de</strong> niveles areniscosos en sábanas y barcanes<br />

compuestos por basaltos equigranulares o microporfiricos <strong>de</strong> grano fino a muy fino. Las cuatro<br />

coladas más jóvenes, <strong>de</strong>sarrolIadas en el tercio occi<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>I <strong>de</strong>partamento son poco potentes y <strong>de</strong><br />

grano excepcionalmente gruesso.<br />

La mayoria <strong>de</strong> Ias coladas presentam tres niveles estructurales: en Ia base y en el centro<br />

el basalto es masivo, excepcionalmente lajoso o fluidal; en el tercio superior Ia estructura es geódica<br />

con relleno <strong>de</strong> calcedonia o ágata; Ia cima presenta estructura amigdaloi<strong>de</strong> y /0 <strong>de</strong> brecha.<br />

Han sido i<strong>de</strong>ntificadas sólo dos coladas en cuyo nivel geódico se <strong>de</strong>sarrolla amatista.<br />

Esas coladas han sido Ia tercera y quinta en <strong>de</strong>rramarse para la sucesión estratigráfica local <strong>de</strong>I<br />

Dpto. <strong>de</strong> Artigas (Fig. 1). La tercer colada ha sido activamente explotada y ofrece por 10 tanto<br />

abundantes observaciones así como algunas medidas <strong>de</strong> Ia cantidad <strong>de</strong> amatista por metro cúbico y<br />

su distribución regional. La quinta colada, menos explotada no es por ahora conocida con suficiente<br />

I>recisión.<br />

Las condiciones <strong>de</strong> explotación están en gran parte facilitadas por falIas post- basálticas<br />

que <strong>de</strong>terminaron movimientos <strong>de</strong> báscula en los bloques, con buzamientos que pue<strong>de</strong>m llegar a<br />

valores <strong>de</strong> 1%. Estas fallas <strong>de</strong>finen una red con dos direcciones principales: N 55 W y N 35 E, que<br />

<strong>de</strong>limitan tres bloques estructurales mayores. La falla Masoller-Menesses y el río Cuareim limitan el<br />

bloque NE, <strong>de</strong> buzamiento regional <strong>de</strong> 0.5% hacia el NW y en el cual no hay más que seis coladas<br />

superpuestas.<br />

Las fallas Masoller-Meneses y Arapey <strong>de</strong>limitan el bloque central con buzamiento regional<br />

<strong>de</strong> 0.5% hacia el SW, que <strong>de</strong>termina Ia zona topográfica más elevada (cuchilla Belén) y contiene<br />

hasta 10 coladas superpuestas en los alre<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> Baltasar Brum. Una gran falla <strong>de</strong> rumbo<br />

general NE, con importantes tramos curvos, que passa por Ia localidad <strong>de</strong> Bernabé Rivera, limita el<br />

bloque occi<strong>de</strong>ntal, hundido y subhorizontal, <strong>de</strong> topografia apenas suavemente ondulada, que contiene<br />

hasta 15 coladas superpuestas con un espesor <strong>de</strong> 540 m <strong>de</strong> basalt~.<br />

Los yacimientos e indicios <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong>I <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Artigas quedan restringidos<br />

aI bloque nororiental, el único en el que afloran Ias dos coladas portadoras. A nivel regional aparece,<br />

pues, un limite <strong>de</strong> posibilidad <strong>de</strong> existencia <strong>de</strong> yacimientos a poca profundidad, que está <strong>de</strong>terminado<br />

por Ia falla Masoller-Meneses, <strong>de</strong> rumbo N 55 W.<br />

LA NATURALEZA DE LA COLADA PORTADORA PRINCIPAL<br />

La mayoría <strong>de</strong> los yacimientos explotados o en explotación se encuentram e una sola<br />

colada, Ia tercera <strong>de</strong> Ia secuencia volcánica <strong>de</strong>I Dpto. <strong>de</strong> Artigas y Ia décimo quinta en Ia sucesión<br />

global <strong>de</strong>I área basáltica en el Uruguay.<br />

Esta colada presenta una extensión mínima <strong>de</strong> 3000 km2 y su potencia media es estimada<br />

en 40-50 m. El mejor perfil es mostrado en el son<strong>de</strong>o I.G.U. 585/2 don<strong>de</strong>presenta unapotencia<br />

<strong>de</strong> 35 m y los siguientes niveles estructurales <strong>de</strong> Ia cima a Ia base:<br />

4 m <strong>de</strong> brecha ígnea que engloba bloques <strong>de</strong>cimétricos <strong>de</strong> basalto vesicular relleno parcialmente<br />

<strong>de</strong> ceolitas y calcita; es este nivel <strong>de</strong> brecha se observan algunos filones <strong>de</strong> arenisca parcial o<br />

totalmente silicificada;<br />

6 m <strong>de</strong> basalto <strong>de</strong> grano fino a medio con geodas <strong>de</strong> 10 a 50 cm <strong>de</strong> diametro y paragénesis silícea:<br />

ágata, calcedonia, cuarzo incoloro, amatista;<br />

- 15 m <strong>de</strong> basalto <strong>de</strong> grano fino dominantemente masivo con algunas geodas aisladas <strong>de</strong> relleno<br />

siliceo;<br />

- 10 m <strong>de</strong> basalto masivo, localmente lajoso, <strong>de</strong> grano fino, equigranular a microporfírica pIagioclaso-augítica.<br />

Des<strong>de</strong> el punto <strong>de</strong> vista minera lógico presenta plagioclasa más abundante que<br />

piroxeno y algo cuarzo intersticial.<br />

Se pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir entonces como un <strong>de</strong>rrame tipo aa según <strong>de</strong>scripción <strong>de</strong> MacDonald<br />

(1967) <strong>de</strong> estructura simple siguiendo Ia terminología <strong>de</strong> Walker (1972).<br />

Según este último autor, esas características indicarían un <strong>de</strong>rrame con viscosidad<br />

intermedia, <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> un millón <strong>de</strong> poises y una velocidad <strong>de</strong> efusión relativamente importante,<br />

entre 100 y 10,000 m3 por 5egundo,<br />

Las características estructurales <strong>de</strong> esta colada fueron mejor precisadas por Ia observación<br />

<strong>de</strong> más <strong>de</strong> 30 afloramientos asociados a Ias zonas <strong>de</strong> yacimientos. Presenta siempre un nivel<br />

---


306 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

<strong>de</strong> brecha en Ia cima <strong>de</strong> potencia entre 3 y 7 m. Esta brecha está compuesta por bloques <strong>de</strong>cimétricos<br />

<strong>de</strong> basalto vesicular cementados por basalto afanítico y presenta frecuentes filones irregulares,<br />

contorneados, <strong>de</strong> arenisca más o menos silicificada. Estos filones se producen por relleno <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte,<br />

ya que disminuyen <strong>de</strong> potencia hacia abajo, hasta <strong>de</strong>saparecer (Foto 1). Debajo <strong>de</strong>I nivel <strong>de</strong><br />

brecha se <strong>de</strong>sarrolla un nivel geódico <strong>de</strong> potencia variable entre 5 y 15 m (Foto 2) que presenta casi<br />

exclusivamente minerales silíceos: calcedonia, cuarzo incoloro, amatista. Accesoriamente pue<strong>de</strong>m<br />

aparecer mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> calcita temprana disuelta y excepcionales cristales <strong>de</strong> calcita tardía. En este,<br />

nivel geódico aparecen algunos filones y algunas vacuolas rellenas <strong>de</strong> areniscas. Con referencia aIos<br />

minerales silíceos es posible reconocer por 10menos tres tipos fundamentales <strong>de</strong> relleno:<br />

- geodas casi esféricas, con calcedonia ban<strong>de</strong>ada <strong>de</strong>positada en los primeros centímetros <strong>de</strong> su<br />

periferia y rellenas luego casi totalmente con cristales <strong>de</strong> cuarzo incoloro;<br />

- nódulos con morfología e fluído-dinámica queestán completamente rellenas por calcedonia<br />

ban<strong>de</strong>ada, a veces con el centro hueco y <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> pequenos cristales <strong>de</strong> cuarzo o amatista;<br />

- geodas en general muy irregulares, rellenas sólo en un bajo porcentaje y que luego <strong>de</strong> un <strong>de</strong>pósito<br />

<strong>de</strong> pocos centímetros <strong>de</strong> calcedonia, <strong>de</strong>sarrollan cristales <strong>de</strong> amatista.<br />

Las geodas <strong>de</strong> morfología fluído-dinámica sirvieron para medir el sentido <strong>de</strong> escurrimiento, que en el<br />

caso <strong>de</strong> Ia colada portadora principal es en general <strong>de</strong> W a E.<br />

Estas geodas se formam hacia Ia solidificación total <strong>de</strong>I magma basáltico y en ellas<br />

queda impresa Ia <strong>de</strong>formación producida por el escurrimiento <strong>de</strong> Ia lava, a una burbuja ascen<strong>de</strong>nte<br />

(Fig.2).<br />

Las. geodas esferoi<strong>de</strong>s con relleno casi total <strong>de</strong> cuarzo incoloro se han formado en un<br />

estado todavía relativamente fluído <strong>de</strong> Ia lava y con una presión interna importante.<br />

Se pue<strong>de</strong> suponer un estado intermedio <strong>de</strong> viscosidad y con presión interna relativamente<br />

baja para Ias geodas irregulares con amatista que frecuentemente resultan <strong>de</strong> Ia yuxtaposición <strong>de</strong><br />

varias formas esferoi<strong>de</strong>s.<br />

A nivel regional, es posible reconocer que en el NW, Ia colada presenta geodas <strong>de</strong> diámetro<br />

mucho mayor, frecuentemente <strong>de</strong> más <strong>de</strong> un metro <strong>de</strong> longitud y los cristales <strong>de</strong> amatista<br />

también son <strong>de</strong> tamano mucho más gran<strong>de</strong>.<br />

Observado en <strong>de</strong>talle es posible reconocer una cierta zonación <strong>de</strong> Ia <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> Ias<br />

geodas y <strong>de</strong> su mineralogia en sentido perpendicular aI <strong>de</strong>I escurrimiento <strong>de</strong> Ia lava. En primera<br />

aproximación parece posible <strong>de</strong>finir Ia existencia <strong>de</strong> fajas paralelas en Ia dirección <strong>de</strong> escurrimiento,<br />

cada una <strong>de</strong> Ias cuales muestra <strong>de</strong>nsidad y mineralogia diferentes.<br />

Esto no está <strong>de</strong>finitivamente comprobado por falta <strong>de</strong> observaciones suficientes, pero es<br />

una línea <strong>de</strong> trabajo a <strong>de</strong>sarrollar, ya que Ia comprobación <strong>de</strong> esta geometría <strong>de</strong> distribución seria<br />

clave para prospección <strong>de</strong>tallada y cálculo <strong>de</strong> volumen.<br />

Consi<strong>de</strong>rando el conjunto <strong>de</strong> coladas integrantes <strong>de</strong> Ia formación Arapey en el Dpto. <strong>de</strong><br />

Artigas, esta colada principal portadora <strong>de</strong> amatistas, presenta algumas peculiarida<strong>de</strong>s:<br />

potencia <strong>de</strong> 35 a 60 m 10 que significa valores superiores aI promedio;<br />

espesor consi<strong>de</strong>rable y constante <strong>de</strong>I nivel <strong>de</strong> brecha <strong>de</strong> Ia cima;<br />

presencia <strong>de</strong> filones <strong>de</strong> arenisca en fracturas <strong>de</strong>I nivel <strong>de</strong> brecha.<br />

LA MINERALIZACIÓN SILICEA<br />

En Ia colada portadora principal se han efectuado centenares <strong>de</strong> excavaciones para<br />

exploración y explotación <strong>de</strong> geodas. Hasta mediados <strong>de</strong> siglo con <strong>de</strong>stino exclusivo a Ia lapidación;<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> hace algunas décadas, con <strong>de</strong>stino principal <strong>de</strong> ornamentación. Todas esas labores, pue<strong>de</strong>n<br />

agruparse en tres áreas principales, que fueron exaustivamente recorridas:<br />

1) área Los Catalanes (Chico, Gran<strong>de</strong>, Seco, Los Talas, Juan Fernán<strong>de</strong>z, Santinho) que se<br />

encuentra en el extremo SE <strong>de</strong> Ia colada mineralizada principal.<br />

2) área Artigas (Pintado Gran<strong>de</strong>, Artigas, Guaviyú <strong>de</strong> Cuareim, parada Farinha) ubicada en el<br />

extremo norte <strong>de</strong> Ia colada portadora.<br />

3) área Tres Cruces-Cuaró (valles <strong>de</strong> los arroyos Tres Cruces Gran<strong>de</strong> y Chico y Cuaró Gran<strong>de</strong> y<br />

Chico) que ocupa Ia zona central <strong>de</strong> Ia colada.


80551, CAGGIANO, 307<br />

Cada una <strong>de</strong> estas zonas presenta niineralización silicea con ciertos rasgos particulares<br />

más o menos constantes para cada una, 10que permite a su vez diferenciarlas entre sí.<br />

Area Los Catalanes<br />

E'sta zona se caracteriza por su gran abundancia <strong>de</strong> geodas <strong>de</strong> tamano medio (10-50 cm)<br />

con baja <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> material lapidable pero con gran abundancia <strong>de</strong> formas exóticas y con<br />

extraordinario color violeta intenso. Estas formas exóticas pue<strong>de</strong>n ser estalactíticas, estalagmíticas<br />

o seudomórficas.<br />

Los cristales <strong>de</strong> amatista son en general pequenos y en su mayoría no sobrepasan 1 cm<br />

<strong>de</strong> arista. Se presentan en dos hábitos dominantes: uno con gran <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> los romboedros, que<br />

muestran el mejor color violeta y otro con <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> prisma <strong>de</strong> gran pureza, pero con tonos muy<br />

claros, que pue<strong>de</strong>m pasar a citrino oro por tratamiento térmico.<br />

El color está distribuído en uno solo <strong>de</strong> los individuos mac1ados, a lo.que se superpone<br />

frecuentemente una altemancia cromática según Ias distintas etapas <strong>de</strong> crecimiento.<br />

Con cierta frecuencia se reconocen inc1usiones <strong>de</strong> cacoxenita dispu estas sobre los planos<br />

<strong>de</strong> crecimiento y <strong>de</strong> esferulitas <strong>de</strong> calcedonia en Ias etapas terminales.<br />

Si bien pue<strong>de</strong>n aparecer paragénesis intragéodicas muy variadas, hay 5 asociaciones<br />

netamente dominantes:<br />

1) El <strong>de</strong>pósito comienza por una <strong>de</strong>lgada película <strong>de</strong> hidrosilicato férrico ver<strong>de</strong> (<strong>de</strong>lessita?); es<br />

seguido por una capa milimétrica a policentimétrica <strong>de</strong> calcedonia mal <strong>de</strong>finida, <strong>de</strong> colores rosados<br />

y / o verdosos y <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> haces sageníticos; el <strong>de</strong>pósito final es <strong>de</strong> cristales <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong><br />

extremos libres don<strong>de</strong> se concentra el mejor color y que no rellenan totalmente Ia cavidad.<br />

2) Otra paragénesis muy frecuente comienza también por un <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> hidrosilicato ver<strong>de</strong>, seguido<br />

en cambio por ca1cedonia ban<strong>de</strong>ada bien <strong>de</strong>finida, <strong>de</strong> color gris o blanco y Ia secuencia culmina<br />

con una masa <strong>de</strong> cristales <strong>de</strong> cuarzo incoloro que normalmente rellenan toda Ia cavidad.<br />

3) Un tercer tipo <strong>de</strong> asociación presenta mol<strong>de</strong>s huecos <strong>de</strong> calcita que ha sido <strong>de</strong>positada en los<br />

primeros momentos <strong>de</strong> Ia evolución seguido por su disolución y luego Ia secuencia <strong>de</strong> una <strong>de</strong> las dos<br />

paragénesis arriba citadas. Algunas geodas excepcionales presentan también calcita como último<br />

mineral <strong>de</strong>positado.<br />

4) Nódulos <strong>de</strong> ágata en bandas concéntricas <strong>de</strong> colores grises y blanco, a veces con un pequeno<br />

hueco central revestido <strong>de</strong> microcristales <strong>de</strong> cuarzo.<br />

5) Nódulos <strong>de</strong> calcedonia sin ban<strong>de</strong>ado aparente, <strong>de</strong> color gris oscuro que pue<strong>de</strong>n también presentar<br />

hueco central tapizado <strong>de</strong> cristales <strong>de</strong> cuarzo.<br />

Como un fenómeno peculiar <strong>de</strong> esta zona, algunas geodas <strong>de</strong> amatista o cuarzo incoloro,<br />

presentan como <strong>de</strong>pósito final una <strong>de</strong>lgadísima película <strong>de</strong> calcedonia,o ópalo que hacen per<strong>de</strong>r valor<br />

comercial pues enrnascaran el brillo y color <strong>de</strong> los cristales. Se cree que esta película es actual e<br />

in<strong>de</strong>pendiente <strong>de</strong> Ia paragénesis original.<br />

Area Artigas<br />

Esta zona se caracteriza por Ia existencia <strong>de</strong> escasas pero gran<strong>de</strong>s geodas <strong>de</strong> tamaiio<br />

superior a 1 m y peso entre 100 y 500 kg. La corteza es sumamente espesa (10 cm <strong>de</strong> promedio) y los<br />

cristales pue<strong>de</strong>n alcanzar hasta 10 cm <strong>de</strong> arista.<br />

De aquí se extra e Ia casi totalidad <strong>de</strong> piedras lapidables superiores a 10 quilates y no son<br />

raros los cristales que permiten el tallado <strong>de</strong> piedras <strong>de</strong> hasta 100 quilates.<br />

DeI total <strong>de</strong> cristales con valor comercial pue<strong>de</strong> estimarse una extracción <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong><br />

10% <strong>de</strong> amatistas <strong>de</strong> color violeta os curo y <strong>de</strong>I 90 % <strong>de</strong> amatistas <strong>de</strong> color pálido, aptas no obstante<br />

para tratamiento térmico brindando citrinos <strong>de</strong> colores excelentes tipo Río Gran<strong>de</strong>, Palmeira, etc.<br />

En una primera aproximación semicuantitativa, por cada geoda <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong> color<br />

violeta profundo se encuentran 8 geodas <strong>de</strong> piedra <strong>de</strong> quema y unas 20 geodas <strong>de</strong> cuarzo incoloro.<br />

1.os cristales nunca presentan <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong>I prisma, Ia coloración es más homogénea que<br />

los <strong>de</strong> Ia zona <strong>de</strong> Catalán y contienen frecuentes inc1usiones <strong>de</strong> pirita automorfa.<br />

La paragénesis <strong>de</strong> esta zona son similares a Ia <strong>de</strong>I área <strong>de</strong> 10s Catalanes pero aparecen<br />

algunas diferencias cuantitativas:


--<br />

308 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

muy pocos nódulos <strong>de</strong> calcedonia masiva<br />

los nódulos <strong>de</strong> ágata presentan muy buenos diseiíos<br />

ausencia <strong>de</strong> formas estalactíticas o estalagmíticas así como <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s o seudomorfosis <strong>de</strong> calcita.<br />

Area Tres-Cruces . CualÓ<br />

Aqui aparecen también gran<strong>de</strong>s geodas espaciadas en Ias que pue<strong>de</strong>n encontrarse<br />

enormes cristales <strong>de</strong> profundo color violeta.<br />

No obstante ello, Ia intensidad <strong>de</strong> explotación ha sido mucho menos importante que en<br />

Ias dos áreas anteriores y no es posible estimar frecuencias <strong>de</strong> aparición <strong>de</strong> Ias distintas especies y<br />

varieda<strong>de</strong>s.<br />

Esta zona presenta cualitativamente ciertas pecualiarida<strong>de</strong>s. Se encuentran seudomorfosis<br />

<strong>de</strong> un mineral tabular (baritina?) y relativa abundancia <strong>de</strong> anidros. También es frecuente<br />

Ia aparición en los cursos <strong>de</strong> agua, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s nódulos <strong>de</strong> ágata <strong>de</strong> hermoso diseiío, principalmente<br />

en Ias nacientes <strong>de</strong>I arroyo Cuaro.<br />

EI Yacimiento <strong>de</strong> amatistas tipo Artigas<br />

Se ha planteado más arriba Ia importancia que tiene Ia <strong>de</strong>scripción objetiva <strong>de</strong> cada<br />

yacimiento y su agrupamiento en tipos para Ia prospección y cubicado <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado mineral <strong>de</strong><br />

valor económico. Se ha visto tanbién Ia falta general <strong>de</strong> información científica sobre los yacimientos<br />

<strong>de</strong> amatista.<br />

Hemos intentado por ello <strong>de</strong>scribir 10 más <strong>de</strong>tallada y objetivamente posible, Ias características<br />

geológicas y mineralógicas presentadas por los distintos yacimientos <strong>de</strong> Ia colada portadora<br />

principal <strong>de</strong>I Dpto. <strong>de</strong> Artigas y <strong>de</strong>finir con ellos un tipo <strong>de</strong> yacimiento <strong>de</strong> amatista.<br />

Para Ia <strong>de</strong>finición <strong>de</strong>I tipo <strong>de</strong> yacimiento se han seguido los criterios planteados por<br />

Blon<strong>de</strong>l (1955), Routhier ,(1958) y Bernard (1968) pero adaptados para este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito.<br />

Con ello se ha pretendido racionalizar Ias observaciones geológicas y exponerlas en Ia<br />

forma más objetiva posible, <strong>de</strong> mod <strong>de</strong> servir como Ia primer ficha <strong>de</strong> un yacimiento <strong>de</strong> tipo relleno<br />

<strong>de</strong> geodas en basalto. Sucesivas fichas similares permitirán reunir datos, que expuestos or<strong>de</strong>nadamente,<br />

podrán a Ia postre <strong>de</strong>finir guías <strong>de</strong> prospección y cubicación.<br />

Esta ficha contendrá los rubros que <strong>de</strong> acuerdo a nuestra experiência, son los que <strong>de</strong>ben<br />

retenerse <strong>de</strong>i planteo <strong>de</strong> los autores arriba citados. Se tendrá en cuenta sólo aque110s fenómenos que<br />

parecen po<strong>de</strong>r contribuir a <strong>de</strong>scifrar Ia génesis <strong>de</strong>i amatista y a partir <strong>de</strong> ello, orientar Ia prospección.<br />

De Ia misma manera, llegar a conocer Ia geometría <strong>de</strong> distribución <strong>de</strong> Ia mineralización<br />

en muchos yacimientos <strong>de</strong>I mismo tipo, será un valioso instrumento para orientar Ia estimación <strong>de</strong><br />

tenor medio y volumen, así como guiar los trabajos mineros <strong>de</strong> otros yacimientos <strong>de</strong> ese tipo.<br />

Nosotros enten<strong>de</strong>mos que los rubros a retener para Ia <strong>de</strong>scripción <strong>de</strong> un yacimiento <strong>de</strong><br />

amatistas con miras a su utilización para fines <strong>de</strong> prospección y cubicado son los siguientes:<br />

paragénesis y secuencia <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito<br />

cantidad <strong>de</strong> amatista obtenible por metro cúbico <strong>de</strong> basalto (tenor)<br />

tonelaje contenido a nivel <strong>de</strong> una coIada<br />

geometría y distribución <strong>de</strong> Ia mineralización, en 10 posible en función <strong>de</strong> Ia dirección <strong>de</strong> escurrimiento<br />

<strong>de</strong> Ia lava<br />

natüraleza litológica y datos estructurales <strong>de</strong> Ia colada portadora<br />

estructura geológica regional y fundamentalmente relación entre lavas y sedimentos<br />

edad <strong>de</strong> los <strong>de</strong>rrames y <strong>de</strong> Ia mineralización<br />

En 10 que se refiere aIos yacimientos <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong> Ia colada portadora principal <strong>de</strong>I<br />

<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Artigas, en Uruguay, estos presentan Ias características que se exponen a continuación,<br />

seguiendo el or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> <strong>de</strong>scripción arriba fijado.<br />

Paragénesis<br />

Las amatistas se encuentran como re11eno final <strong>de</strong> geodas en Ias que Ia secuencia más


BOSSI, CAGGIANO 309<br />

frecuente ha sido: hidrosilicatos férricos; calcedonia imperfectamente <strong>de</strong>sarrollada, jaspoi<strong>de</strong>; calcita;<br />

nuevo <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> calcedonia simultáneo con Ia disolución <strong>de</strong> Ia calcita; amatista; excepcionalmente<br />

<strong>de</strong>pósito final <strong>de</strong> calcita. Estas geodas con amatista se asocian a otras vecinas rellenas <strong>de</strong><br />

ágata y cuarzo incoloro y a nódulos <strong>de</strong> ágata y 10 calcedonia.<br />

Tenor<br />

Pocos yacimientos han sido explotados racionalmente como para conocerse Ia cantidad<br />

<strong>de</strong> amatista extraída por metro cúbico <strong>de</strong> basalto removido. Dos yacimientos en el área <strong>de</strong> Los<br />

Catalanes permitem estimar valores que oscílan entre 2 y 5 kg <strong>de</strong> amatista con valor comercial por<br />

metro cúbico <strong>de</strong> basalto. La distribución no es homogénea y en paneles <strong>de</strong> aproximadamente 1000<br />

m3 <strong>de</strong> basalto removido, pue<strong>de</strong>n verificarse variaciones entre 700 y 7000 kg <strong>de</strong> amatista.<br />

Tonelaje<br />

En este tipo <strong>de</strong> yacimiento los tonelajes <strong>de</strong> reserva son enormes. De acuerdo ai Código<br />

<strong>de</strong> Mineria uruguayo, cada mina en explotación <strong>de</strong>be cubrir un área <strong>de</strong> 30 hectáres. En los casos<br />

conocidos existen siempre reservas <strong>de</strong> más <strong>de</strong> 2000 t <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong> alta calidad comercial en cada<br />

mina.<br />

Las condiciones <strong>de</strong> mercado y Ia tecnologia actual <strong>de</strong> explotación no permiten que sea<br />

rentable extraer amatistas <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>s maybres a 5-7 m. Teniendo en cuenta incluso este<br />

factor limitante, Ia colada portadora principal en el <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Artigas tiene reservas por un<br />

monto no menor a 1,5 millones <strong>de</strong> toneladas.<br />

Geometria <strong>de</strong> Ia mineralización<br />

La zona mineralizada en amatistas <strong>de</strong>termina una capa subhorizontal limitada por<br />

superficies groseramente planas y paralelas que pue<strong>de</strong> presentar espesores variables entre 5 y 15 m.<br />

Este nivel contiene amatistas en geodas <strong>de</strong> forma irregular que resulta <strong>de</strong> varios esferoi<strong>de</strong>s<br />

adosados y cuyo tamano varia en función <strong>de</strong> la ubicación en Ia extensión <strong>de</strong> Ia colada. En el W<br />

las geodas son enormes, muy separadas entre si y con gran<strong>de</strong>s cristales <strong>de</strong> color violeta intenso. En<br />

el NE, Ias geodas son también <strong>de</strong> gran tamano y con gran<strong>de</strong>s cristales pero predominan Ias amatistas<br />

<strong>de</strong> color pálidom aumque excelentes para tratamientos térmico. En el SE Ias geodas son más<br />

bien pequenas o medianas (10-50 cm <strong>de</strong> diámetro) con cristales pequenos y dominando el color<br />

violeta intenso.<br />

A nivel <strong>de</strong> un yacimiento, en las escasas observaciones realizadas hasta el presente,<br />

parece que Ias geodas se distribuyen en rosarios siguiendo Ia dirección <strong>de</strong> escurrimiento <strong>de</strong> Ia lava.<br />

Rosarios paralelos presentan <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> mineralización y paragénesis aparentemente diferentes.<br />

Naturaleza litológica y estructura <strong>de</strong> Ia colada portadora<br />

La colada portadora principal, única estudiada en este ensayo presenta una extensión<br />

superficial <strong>de</strong> aproximadamente 3000 km2 con una potencia media <strong>de</strong> 40-50 m y ha escurrido <strong>de</strong> W a<br />

E. Presenta 3 niveles estructurales: en Ia cima, brecha ígnea con filones <strong>de</strong> arenisca, que alcanza<br />

espesores <strong>de</strong> 3 a 7 m; sigue luego un nivel geódico <strong>de</strong> espesor variable entre 5 y 15 m que es don<strong>de</strong> se<br />

encuentran Ias amatistas explotables; en Ia base el basalto es masivo, <strong>de</strong> gr~o medio a fino, <strong>de</strong><br />

naturaleza toleítica y con cuarzo intersticial.<br />

La colada es <strong>de</strong> tipo aa. simjle y significa según Walker (1972) una elevada velocidad <strong>de</strong><br />

extrusión <strong>de</strong>i or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> 100 a 10.000 m lseg y una viscosidad intérmedia <strong>de</strong> or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> un millón <strong>de</strong><br />

poises.<br />

Estructura geológica regional<br />

La colada portadora <strong>de</strong> amatistas forma parte <strong>de</strong> una sucesion <strong>de</strong> coladas basálticas entre<br />

Ias que se <strong>de</strong>positan sábanas y barcanes <strong>de</strong> arenas eólicas. hoy intensamente silicificadas. La ac.<br />

tividad eólica ha sido muy intensa entre <strong>de</strong>rrames y simultáneamente a Ia efusión <strong>de</strong> los mismos. En


-<br />

310 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

particular en eI Dpto. <strong>de</strong> Artigas tenemos Ia siguiente sucesión en Ia zona <strong>de</strong> yacimientos <strong>de</strong> amatistas:<br />

- Derrame <strong>de</strong> basalto <strong>de</strong> unos 50 m <strong>de</strong> potencia, <strong>de</strong> tipo pahoehoe sin nivel geódico conocido.<br />

- Derrame <strong>de</strong> basalto <strong>de</strong> unos 40 m <strong>de</strong> potencia <strong>de</strong> tipo variable pero dominantemente pahoehoe,<br />

con nivel geódico <strong>de</strong>sarrollado aparentemente en forma irregular y con relleno silíceo incluso con<br />

amatistas.<br />

- Derrame <strong>de</strong> basalto <strong>de</strong> 40-50 m <strong>de</strong> potencia, <strong>de</strong> tipo aa con arenisca en filones <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>I nivel<br />

superior <strong>de</strong> brecha y con un extraordinario <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> nivel geódico normalmente muy rico en<br />

amatista.<br />

- Arenisca en barcanes con un <strong>de</strong>sarrollo enorme y homogéneo, observable en todos los perfiles<br />

estudiados. Alcanza espesores superiores a 6 metros.<br />

- Colada basáltica <strong>de</strong> unos 10 m <strong>de</strong> potencia media <strong>de</strong> tipo pahoehoe pero con filones <strong>de</strong> arenisca en<br />

el nivel vesicular superior.<br />

Colada basáltica <strong>de</strong> potencia no medida, <strong>de</strong> grano gruesso y tipo pahoehoe.<br />

- Areniscas eólicas <strong>de</strong> Ia cima <strong>de</strong> Ia Formación Tacuarembó.<br />

En el área en que aparece amatista <strong>de</strong>I <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Artigas, existe una íntima<br />

estratificación basalto-arenisca eólica y sobre todo frecuentes filones <strong>de</strong> arenisca en el tope <strong>de</strong> Ia<br />

colada que indican voladura <strong>de</strong> arena durante Ias efusiones.<br />

Edad <strong>de</strong> 108<strong>de</strong>rrames y <strong>de</strong> Ia mineralización<br />

Estas coladas pertenecen a Ia Formación Arapey cuya edad oscila entre 118 y 130 m.a.<br />

según <strong>de</strong>terminaciones <strong>de</strong> Umpierre (1965). Se han <strong>de</strong>rramado pues entre el tope, <strong>de</strong>I Jurásico y Ia<br />

base <strong>de</strong>I Cretáceo.<br />

En cuanto a Ia mineralización, ella se ha producido muy poco tiempo <strong>de</strong>spués <strong>de</strong> Ia<br />

solidificación <strong>de</strong> la lava. Muchos argumentos pue<strong>de</strong>n citarse en este sentido. EI más evi<strong>de</strong>nte es Ia<br />

estructura <strong>de</strong> expulsión <strong>de</strong> fluídos <strong>de</strong> Ias ágatas fortificadas. Otro argumento <strong>de</strong> peso es que aparezcan<br />

geodas fracturadas y <strong>de</strong>splazadas al ser atravesadas por un filón <strong>de</strong> arenisca cuyo momento <strong>de</strong><br />

ÍDyección es a 10sumo, contemporáneo <strong>de</strong> Ia colada inmediata superior.<br />

NUESTRA HIPóTESIS GENÉTICA<br />

EI relleno silíceo en geodas basálticas ha sido motivo <strong>de</strong> interpretaciones genéticas muy<br />

disímiles, aunque en pocos autores se pue<strong>de</strong>n encontrar elementos objetivos que sustenten sus<br />

conclusiones.<br />

Sin embargo seria <strong>de</strong> suma utilidad llevar el nivel <strong>de</strong> conocimientos por 10menos hasta Ia<br />

confección <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los operacionales que sirvan <strong>de</strong> guías para prospección y cubicado <strong>de</strong> yacimien.<br />

tos.<br />

En 10esencial, han sido planteados hasta el presente,los siguientes grupos <strong>de</strong> hipótesis:<br />

1) Gases aprisionados que crean Ia cavidad y luego reaccionan en Ia mesóstasis vítrea o con Ia roca<br />

circundante.<br />

2) Las cavida<strong>de</strong>s se forman por los gases liberados por Ia cristalización <strong>de</strong>I basalto y luego seriam<br />

rellenadas por soluciones hidrotermales endógenas o superficiales frias.<br />

3) Los rellenos geódicos seriam el resultado <strong>de</strong> soluciones residuales <strong>de</strong>I propio magma basáltico<br />

aprisionadas en cavida<strong>de</strong>s, que eVQlucionan luego en sistema cerrado, produciendo <strong>de</strong>pósitos or<strong>de</strong>nados<br />

y coherentes.<br />

4) Las geodas silíceas se originariam a partir <strong>de</strong> areniscas que engloba el basalto durante su ascenso<br />

o su <strong>de</strong>rrame.<br />

Las dos primeras hipótesis son insostenibles, como 10 ha <strong>de</strong>mostrado Ribeiro Franco<br />

(1952) para los rellenos <strong>de</strong>I sur <strong>de</strong> Brasil y 10 verifican nuestras observaciones similares para<br />

Uruguay: basalto intacto en contacto con Ias geodas, relleno diferente en geodas vecinas y cavida<strong>de</strong>s<br />

sin relleno sólo excepcionales.<br />

La tercer hipótesis es Ia sostenida por Ribeiro Franco (1952) con una sólida base <strong>de</strong><br />

argumentación. Son argumentos principales Ia falta <strong>de</strong> conductos alimenticios y una rigurosa se-<br />

--


80551, CAGGIANO 311<br />

cuencia <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito. El mecanismo propuesto no nos parece en cambio apto para explicar los niveles<br />

geódicos siliceos.<br />

Nos inclinamos en cambio por el cuarto grupo <strong>de</strong> hipótesis a Ia que se adhiere Barbosa<br />

(1957) aunque sin <strong>de</strong>scribir los hechos que soportan su punto <strong>de</strong> vista. En todo caso, no es suficiente<br />

Ia contaminación <strong>de</strong> Ia lava con arenisca. Existen coladas que engloban bloques <strong>de</strong> arenisca y otras<br />

que contienen filones <strong>de</strong> arenisca, que no presentan geodas silíceas. Es menester por 10tanto, algún<br />

otro fenómeno adicional.<br />

Para elaborar Ia o Ias hipótesis genéticas que expliquen satisfactoriamente el proceso <strong>de</strong><br />

formación <strong>de</strong> geodas silíceas con amatista, nos ha parecido que faltan aún observaciones sistemáticas<br />

que permitan <strong>de</strong>scifrar aquellos fenómenos geológicos que han ocurrido en todos los yacimientós.<br />

De allí nuestra propuesta <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir cada yacimiento según una ficha pre-estabelecida.<br />

Ninguna hipótesis genética podrá <strong>de</strong>mostrarse como válida hasta conocer exactamente los fenómenos<br />

geológicos asociados a cada mineralización.<br />

Será válido sólo el mo<strong>de</strong>lo que explique todos los hechos observados y todos los parámetros<br />

experimentales obtenidos en ellaboratorio.<br />

Según Ias experiencias <strong>de</strong> síntesis, las <strong>de</strong>terminaciones <strong>de</strong> Ia causa <strong>de</strong>I color y Ias medidas<br />

<strong>de</strong> algunos parámetros físico-químicos, Dennen y Puckett (1972) <strong>de</strong>ducen Ias siguientes<br />

condiciones para Ia formación <strong>de</strong> amatista: solución madre rica en Fe + + +; Eh oxidante respecto<br />

<strong>de</strong>I par Fe+ + - Fe+ + +; presión relativamente baja; temperatura mo<strong>de</strong>rada, entre 100 y 280°C;<br />

irradiación post-cristalización.<br />

La necesidad <strong>de</strong> Fe + + + en posición tetraédrica como condición imprescindible para<br />

formarse amatista ha sido <strong>de</strong>mostrada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> los trabajos <strong>de</strong> Hutton (1964) y Barry'y'Moore (1964).<br />

De Ia misma manera el rango <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> formación parece coinci<strong>de</strong>nte por técnicas<br />

diferentes: Hol<strong>de</strong>n (1925) y Poty (1969) por estudio <strong>de</strong> inclusiones fluídas; Dennen y Pucket<br />

(1972) por contenido <strong>de</strong> AI + + + en Ia red <strong>de</strong>I cuarzo.<br />

En cuanto a Ia presión, valores bajos favorecen el ingresso <strong>de</strong> Fe + + + en Ia estructura<br />

Si-O. No obstante merece recalcarse que Poty (1969) <strong>de</strong>duce presiones <strong>de</strong>I or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> Ias 600 atms para<br />

las amatistas <strong>de</strong>I Mont Blanc y Laemmlein (1956) cita inclusiones <strong>de</strong> C021íquido en amatistas <strong>de</strong>I<br />

Cáucaso, 10 que implica presiones apreciables. Teniendo en cuenta Ias formas dominantes <strong>de</strong> Ias<br />

geodas <strong>de</strong> amatista y un relleno en general inferior aI 20% <strong>de</strong> 1a cavidad, pue<strong>de</strong>estimarse también<br />

presión relativamente baja respecto <strong>de</strong> Ias geodas más esféricas y más rellenas. En su conjunto, <strong>de</strong><br />

esto se <strong>de</strong>be <strong>de</strong>ducir Ia existencia <strong>de</strong> presiones impórtantes <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Ias geodas en el momento <strong>de</strong> su<br />

formación, siendo relativamente más baja en Ias <strong>de</strong> amatista que en el resto.<br />

Las condiciones <strong>de</strong> Eh oxidante y <strong>de</strong> irradiación posterior no nos parecen probadas en<br />

los yacimientos tipo Artigas. La presencia <strong>de</strong> inclusiones <strong>de</strong> pirita en algunas amatistas, Ia presencia<br />

<strong>de</strong> cacoxenita, Fe4(P04)3 (OH)3 . 12 H20, en niveles <strong>de</strong> cuarzo incoloro y Ia <strong>de</strong>coloración <strong>de</strong> Ia<br />

amatista por calcinación o exposición a Ia intemperie nos inclinan a pensar en condiciones redox que<br />

permitan Fe + + + reemplazendo aI Si + + + y Fe + + en huecos, neutralizando cargas. Ello permitiría<br />

resonancia electrónica entre ambos iones y Ia intensa absorción <strong>de</strong> luz que produciría el color<br />

violeta oscuro.<br />

La irradiación posterior parece poco probâble en el seno <strong>de</strong> masas basálticas totalmente<br />

exentas <strong>de</strong> radiactividad. Incluso este mecanismo, aunque imprescindible en el proceso <strong>de</strong> síntesis,<br />

explica mal Ia asociación <strong>de</strong> amatista con piedras <strong>de</strong> quema en el mismo yacimiento. Sobre este<br />

punto sería <strong>de</strong> importancia recopilar información sobre edad <strong>de</strong> las mineralizaciones y posibilidad <strong>de</strong><br />

irradiación en su historia posterior. Algunos autores suponen períodos con intensa irradiación<br />

cósmica en Ia superfície <strong>de</strong>I planeta.<br />

La construcción <strong>de</strong>I mo<strong>de</strong>lo más a<strong>de</strong>cuado, <strong>de</strong>be contemplar a Ia vez,las exp.eriencias <strong>de</strong><br />

síntesis, los parámetros físico-químicos medibles y las observaciones <strong>de</strong> terreno.<br />

Las observaciones geológicas <strong>de</strong>scritas en el tipo <strong>de</strong> yacimiento parecen indicar que Ia<br />

colada portadora principal presenta ciertas particularida<strong>de</strong>s: potencia superior a 35 m; brecha ígnea<br />

en el nivel superior, siempre <strong>de</strong> espesor mayor a 3 m y conteniendo arenisca en filones <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes;<br />

textura equigranular <strong>de</strong> grano fino (enfriamiento a velocidad mo<strong>de</strong>rada); velocidad <strong>de</strong> efusión relativamente<br />

alta y viscosidad intermedia.<br />

Varias observaciones <strong>de</strong> <strong>de</strong>talle en el nivel geódico conteniendo amatista constituyen<br />

también la base <strong>de</strong> nuestra hipótesis.<br />

En primer lugar Ia observación sistemática <strong>de</strong> arenisca en filones <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes en los<br />

niveles <strong>de</strong> brecha asociados aIos yacimientos. Esos filones son a veces visibles también en el nivel


312 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

geódico don<strong>de</strong> eventualmente rellenan <strong>de</strong> arena cavidà<strong>de</strong>s esferoidales y presentan drusas con<br />

cristales <strong>de</strong> amatista. Hacia Ia base <strong>de</strong> Ia colada no hansido observados e incluso no llegan ni a Ia<br />

base <strong>de</strong>I nivel geódico, 10 que permite sospechar su incorporación aI fenómeno magmático a partir <strong>de</strong><br />

cierta profundidad ên Ia colada. Paralelamente no han sido observados lentes <strong>de</strong> arenisca encima <strong>de</strong><br />

esta colada a pesar <strong>de</strong> su frecuencia <strong>de</strong> aparición en otras zonas <strong>de</strong>I Dpto. <strong>de</strong> Artigas.<br />

En segundo lugar, en un afloramiento <strong>de</strong>I valle <strong>de</strong>I arroyo Guaviyú en el camino <strong>de</strong> Ia<br />

ciudad <strong>de</strong> Artigas al Paso <strong>de</strong>I León sobre el río Cuareim ha sido posible observar en una distancia<br />

horizontal <strong>de</strong> pocos metros y vertical <strong>de</strong> 2 m, el siguiente perfil. Filón <strong>de</strong> arenisca silicificada <strong>de</strong> unos<br />

10 cm <strong>de</strong> potencia con una drusa con cristales <strong>de</strong> amatista.<br />

A pocos <strong>de</strong>címetros en el basalto, se encuentran geodas <strong>de</strong> morfología fluídodinámica<br />

rellenas <strong>de</strong> arenisca parcial o totalmente silicificada. Alejándose <strong>de</strong>I filón y <strong>de</strong>scendiendo en el perfil<br />

comienzan a aparecer rellenos <strong>de</strong> geodas con transformación parcial en un material calcedónico a<br />

jaspoi<strong>de</strong> sin ban<strong>de</strong>ado aparente. Más lejos aún los rellenos son dominantemente <strong>de</strong> calcedonia bien<br />

<strong>de</strong>finida y amatista. Una <strong>de</strong> Ias geodas con arenisca silicificada en su interior que contiene también<br />

cristales <strong>de</strong> cuarzo, mostró al microscopio una transformación gradual <strong>de</strong> los granos <strong>de</strong> arena en<br />

sílice <strong>de</strong> estructura mosaico y remata en cristales <strong>de</strong> cuarzo.<br />

Este afloramiento parece indicar claramente que al <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>r en Ia colada el tipo <strong>de</strong><br />

relleno evoluciona con <strong>de</strong>saparición <strong>de</strong> los granos <strong>de</strong> arena inicial y su transformación en otras<br />

varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sílice.<br />

Un tercer elemento a tener en cuenta consiste en que el90% <strong>de</strong> Ias cortezas <strong>de</strong> Ias geodas<br />

<strong>de</strong> amatista son <strong>de</strong> material calcedónico mal <strong>de</strong>finido, <strong>de</strong> idéntica naturaleza al déscrito como término<br />

intermedio entre arenisca y sílice geódica.<br />

Otro hecho a retener es que Ias geodas <strong>de</strong> amatista presentan sistemáticamente forma<br />

irregular y el relleno alcanza penosamente el 20 %, mientras tanto Ias geodas <strong>de</strong> cuarzo incoloro<br />

como los nódulos <strong>de</strong> calcedonia presentan relleno casi total y formas regulares.<br />

También es importante seiíalar el hecho <strong>de</strong> que Ia calcita <strong>de</strong> cristalización temprana ha<br />

sido sistemáticamente redisuelta 10 que indica un <strong>de</strong>scenso <strong>de</strong> pH y/o aumento <strong>de</strong> presión parcial <strong>de</strong><br />

C02'<br />

Finalmente <strong>de</strong>be hacerse mención <strong>de</strong> Ia frecuencia <strong>de</strong> aparición <strong>de</strong> geodas <strong>de</strong> tipo ágata<br />

fortificada<br />

(Foto 3).<br />

que seiíalan expulsión <strong>de</strong> fluído en etapas previas a Ia rigi<strong>de</strong>z total <strong>de</strong>I material silíceo<br />

Observaciones realizadas por von Freyberg (1930) en geodas <strong>de</strong> Río Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>I Sur,<br />

muestran frecuentemente en Ia base <strong>de</strong> ágatas con ban<strong>de</strong>ado horizontal, una zona <strong>de</strong> cuarzo en<br />

mosaico práticamente i<strong>de</strong>ntificable a 10 que Goro y Delaney (1961) observan en fenómenos <strong>de</strong> silicificación<br />

periferia.<br />

<strong>de</strong> areniscas <strong>de</strong> Botucatu y 10 que nosotros observamos en geodas con arenisca en Ia<br />

Este conjunto <strong>de</strong> hechos parece <strong>de</strong>mostrar en forma inequívoca Ia posibilidad <strong>de</strong> existencia<br />

<strong>de</strong> los siguientes processos:<br />

a) incorporación <strong>de</strong> arena en Ia lava mientras ésta se encuentra aún fluída;<br />

b) transformación <strong>de</strong>I cuarzo <strong>de</strong> Ia arena en calcedonia, cuarzo y amatista.<br />

Quedan por <strong>de</strong>finir Ias condicione& cl1 que esos procesos pue<strong>de</strong>n tener lugar y si realmente<br />

constituyen Ia única fuente <strong>de</strong> sílice <strong>de</strong> los niveles geódicos <strong>de</strong> interés comercial.<br />

Nuestras observaciones inducen a concebir que el mo<strong>de</strong>lo genético que mejor explica los<br />

niveles geódicos silíceos en Ias rocas basálticas <strong>de</strong>I <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Artigas es Ia incorporación <strong>de</strong><br />

arena volada sobre coladas que están áun fundidas por <strong>de</strong>bajo <strong>de</strong>I nivel <strong>de</strong> escoria superficial. La<br />

posibilidad <strong>de</strong> voladura <strong>de</strong> arena durante Ia corrida <strong>de</strong> Ia lava ya fue observada por Guidicini y<br />

Campos (1968). Esta arena queda como tal o silicificada, en Ias grietas <strong>de</strong> Ia brecha ya sólida y en los<br />

primeros metros por <strong>de</strong>bajo. Cuando alcanza zonas <strong>de</strong> basalto áun fundido en vías <strong>de</strong> cristalización,<br />

a temperaturas superiores a 800°C, pue<strong>de</strong> ser disuelta por el agua magmática supercritica liberada<br />

durante Ia cristalización, si Ia presión es suficientemente elevada. Holland (1967) recopilano Ia<br />

información existente sobre solubilidad <strong>de</strong> cuarzo en agua logra construir gráficas <strong>de</strong> solubilidad<br />

hasta el punto crítico superior a 9700 atm y 1080°C. En esas gráficas se nota que Ia solubilidad <strong>de</strong>I<br />

cuarzo en agua comienza a ser importante encima <strong>de</strong> 800°C y 2000 atm. Los valores reproducidos en<br />

Ia Tabla 1 han sido extraídos <strong>de</strong>I citado autor para mostrar el comportamiento general.<br />

En condiciones <strong>de</strong> alta temperatura y presión se pue<strong>de</strong> lograr que el agua liberada en Ia<br />

cristalización <strong>de</strong>I basalto sea capaz <strong>de</strong> disolver cantida<strong>de</strong>s importantes <strong>de</strong> sílice, que pue<strong>de</strong>n dar<br />

~--


80551, CAGGIANO 313<br />

cuenta <strong>de</strong> los rellenos (incluso casi totales) <strong>de</strong> Ia mayoría <strong>de</strong> Ias geodas.<br />

Según An<strong>de</strong>rson y Burnham (1967) esa solubilidad es aumentada por Ia presencia <strong>de</strong><br />

cloruros a temperaturas superiores a 600°C. Dickson (1966) <strong>de</strong>muestra que el agregado <strong>de</strong> NaOH<br />

aumenta la solubilidad en cantida<strong>de</strong>s proporcionales a Ia concentración <strong>de</strong> álcali.<br />

De acuerdo con Winkler (1962) entre otros, los magmas basálticos contienen normalmente<br />

hasta 6 % <strong>de</strong> H20 en disolución.<br />

Si toda esa agua liberada se emplea en disolver sílice entre 800 y 1000°C a presión suficiente,<br />

según los datos <strong>de</strong> Holland (1967) pue<strong>de</strong> fácilmente disolver ha~ta 3% <strong>de</strong> sílice en peso.<br />

Nuestras observaciones han <strong>de</strong>monstrado que en los niveles geódicos altamente concentrado~, se<br />

pue<strong>de</strong> llegar a obtener unos 80 kg <strong>de</strong> sílice en sus diversas varieda<strong>de</strong>s (ágata, cuarzo, amatista...)<br />

por metro cúbico <strong>de</strong> basalto, 10 que representa un máximo <strong>de</strong> 2,5 % <strong>de</strong> Ia masa <strong>de</strong> lava. Estas cifras<br />

muestran Ia viabilidad <strong>de</strong>I processo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el punto <strong>de</strong> vista cuanti1;ativo.<br />

También hay evi<strong>de</strong>ncias <strong>de</strong> existencias <strong>de</strong> C02 en Ia fase fluída <strong>de</strong> Ia solución silícea. La<br />

gran abundancia <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s fundamentalmente escalenoédricos <strong>de</strong> calcita, en Ia corteza <strong>de</strong> Ias<br />

geodas o los nódulos <strong>de</strong> ágata, indica que és ta se <strong>de</strong>positó em una primeira fase y luego fue disuelta<br />

10 que implica una mayor presión parcial <strong>de</strong> CO2 y /0 disminución <strong>de</strong> pH <strong>de</strong>I medio. Merece seftalarse<br />

que en amatistas <strong>de</strong>I Mont Blanc (Poty, 1969) y <strong>de</strong> los yacimientos <strong>de</strong> los Urales (Laemmlein,<br />

1956) se han encontrado inclusiones fluídas con C02 líquido, 10 que muestra que Ia formación <strong>de</strong><br />

amatista es compatible, e incluso posiblemente favorecida por presiones superiores a 600 atm.<br />

Evi<strong>de</strong>ncias <strong>de</strong> fuerte presión interna son mostradas por el tipo <strong>de</strong> ágata fortificada (Foto<br />

3) en el cuallas bandas <strong>de</strong> Ia parte central flexan las bandas externas <strong>de</strong> ágatas y <strong>de</strong>finen canales <strong>de</strong><br />

escape hacia el exterior <strong>de</strong> la geoda.<br />

La forma <strong>de</strong> Ias vacuolas con su frente <strong>de</strong> avance esferoi<strong>de</strong> y ascen<strong>de</strong>nte y su parte<br />

posterior afinada en cufia, también <strong>de</strong>muestra una importante presión interna (Fig. 2). Lo mismo<br />

pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>cirse <strong>de</strong>las geodas casi esféricas rellenas <strong>de</strong> cuarzo incoloro.<br />

Las geodas con amatista en los casos observados <strong>de</strong>I Dpto. <strong>de</strong> Artigas, mostrarían una<br />

presión interna sensiblemente menor dada Ia forma final irregular que adquieren.<br />

Las amatistas uruguayas no presentaron inclusiones fluídas en 32 muestras analizadas<br />

por 10 que por esta via no fue posible <strong>de</strong>finir Ias condiciones físico-químicas reinantes en el momento<br />

<strong>de</strong> su formación. No obstante eso, nuestro trabajo va a seguir en Ia línea <strong>de</strong> <strong>de</strong>mostrar si ese mo<strong>de</strong>lo<br />

genético es correcto, pues <strong>de</strong> <strong>de</strong>mostrarse, permitirá guiar los trabajos <strong>de</strong> prospección y cubicado.<br />

Este mo<strong>de</strong>lo que hoy explica los escasos hechos conocidos, pue<strong>de</strong> no ser válido una vez<br />

que se acumule mayor información. Las sucessivas aproximaciones permitirán mejorar Ia precisión<br />

hasta llegar a po<strong>de</strong>r conocer Ias leyes que rigen Ia formación y distribución <strong>de</strong> Ias amatistas en cada<br />

<strong>de</strong>rrame.<br />

En 10esencial se supone el siguiente proceso. Arena volando, cae sobre Ia superficie <strong>de</strong> Ia<br />

colada que localmente se agrieta y permite alcanzar Ia zona central aún fundida. El agua en estado<br />

supercrítico liberada por cristalización <strong>de</strong>I basalto pue<strong>de</strong> llegar a disolver Ia arena, si Ia presión es<br />

suficiente y formar así soluciones acuosas con cantida<strong>de</strong>s importantes <strong>de</strong> sílice. Estas soluciones<br />

ten<strong>de</strong>rán a ascen<strong>de</strong>r como enormes gotas hasta Ia solidificación total <strong>de</strong> la lava. En ese momento se<br />

<strong>de</strong>fine Ia forma <strong>de</strong> Ia cavidad pero todavia sin <strong>de</strong>pósito. A 10 que Ia temperatura disminuye se<br />

producirá el <strong>de</strong>pósito silíceo que será variable en función <strong>de</strong> Ia viscosidad <strong>de</strong> la solución, <strong>de</strong> su concentración<br />

en sílice y <strong>de</strong> Ia velocidad <strong>de</strong> enfriamiento.<br />

CONCLUSIONES: GUIAS DE PROSPECCION<br />

DeI conjunto <strong>de</strong> datos experimentales y naturalistas surgen ciertas evi<strong>de</strong>ncias sobre los<br />

processos que parecen controlar Ia formación <strong>de</strong> amatistas.<br />

Las amatistas aparecen en ciertas coladas excepcionales que muestran espesor importante<br />

así como un potente nivel <strong>de</strong> brecha ígnea, en Ia que sistemáticamente se <strong>de</strong>sarrollan filones<br />

irregulares <strong>de</strong> arenisca.<br />

Las observaciones naturalistas parecen <strong>de</strong>mostrar inequivocamente que Ia arena volada<br />

e incluída en Ia lava fundida es Ia fuente <strong>de</strong> Ia sílice <strong>de</strong>I nível geódico.<br />

La solubilización <strong>de</strong> Ia sílice por agua supercrítica liberada durante Ia cristalización <strong>de</strong>I<br />

basalto necesita elevadísimas presiones, 10 que no es <strong>de</strong>masiado evi<strong>de</strong>nte que sea posible en un<br />

<strong>de</strong>rrame. Sin embargo, Ia constancia <strong>de</strong> aparición <strong>de</strong> un espeso nivel <strong>de</strong> brecha ígnea en Ia colada


314 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

portadora principal, podria ser Ia responsable <strong>de</strong> permitir llegar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Ias burbujas <strong>de</strong> solución<br />

silícea, a esos valores tan elevados <strong>de</strong> presión.<br />

Las geodas y los cristales internos parecen <strong>de</strong> gran tamafio en Ia proximidad <strong>de</strong>i centro<br />

efusivo y disminuir hacia los bor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ia colada.<br />

No parece haber zonas preferenciales <strong>de</strong> formación <strong>de</strong> amatista <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> una misma<br />

colada, aunque si zonas diferenciales <strong>de</strong> concentración y tamafio <strong>de</strong> Ias geodas siliceas.<br />

De estas conclusiones preliminares pue<strong>de</strong>n extraerse algunas guias <strong>de</strong> prospección, .<strong>de</strong><br />

cuyo éxito o fracaso podrá acumularse experiencia para corregir o mejorar el mo<strong>de</strong>lo genético.<br />

A escala regional <strong>de</strong>ben buscarse coladas con espesos niveles <strong>de</strong> brecha y que presenten<br />

nivel geódico silíceo. La cartografia geológica a escala 1/100.000 parece serei método más apropriado.<br />

Las brechas <strong>de</strong>ben contener filones <strong>de</strong> arenisca como condición necessaria aunque no suficiente.<br />

No obstimte parece ser que brechas espesas con filones <strong>de</strong> arenisca serían índices muy<br />

favorables.<br />

A mayor <strong>de</strong>talle Ias geodas silíceas parecen distribuirse en rosarios alargados en Ia<br />

direcclón <strong>de</strong> escurrimiento <strong>de</strong> Ia lava. La <strong>de</strong>ternúnación sistemática <strong>de</strong>i espesor <strong>de</strong> estos rosarios y<br />

<strong>de</strong> Ias zonas estériles será sin duda una valiosa ayuda para prospección <strong>de</strong> <strong>de</strong>talle y cubicación <strong>de</strong><br />

yacimientos.<br />

La gran conclusión que surge <strong>de</strong> este estudio es Ia falta <strong>de</strong> información científica sobre<br />

yacimientos <strong>de</strong> amatista. Se propone por 10 tanto llenar fichas <strong>de</strong> varios yacimientos en niveles<br />

geódicos <strong>de</strong> basalto para llegar ai mo<strong>de</strong>lo genético correcto.<br />

Tomado el mo<strong>de</strong>lo genético aqui propuesto, como hipótesis <strong>de</strong>.trabajo, parecería que los<br />

aspectos fundamentales a tener en cuenta en Ia <strong>de</strong>scripción <strong>de</strong> yacimientos <strong>de</strong> amatista serían los<br />

seguientes:<br />

- edad <strong>de</strong> Ias coladas portadoras <strong>de</strong> amatista, para <strong>de</strong>finir si efectivamente es imprescindible<br />

radiación posterior a Ia formación <strong>de</strong> cristales con centros <strong>de</strong> Color<br />

- relaciones lava. sedimentos cuarzosos, <strong>de</strong> modo <strong>de</strong> establecer formas concretas <strong>de</strong> interacción:<br />

arenisca subyacente, englobada, arena volando, etc.<br />

dirección <strong>de</strong> escurrimiento y geometria <strong>de</strong> Ia mineralización en función <strong>de</strong> ella<br />

potencia, extensión y estructura <strong>de</strong> Ia colada portadora<br />

presencia o no <strong>de</strong> brecha y espesor promedio <strong>de</strong> Ia misma<br />

forma rela tiva <strong>de</strong> Ias geodas en función <strong>de</strong> su relleno y sobre todo evi<strong>de</strong>ncias, si existen, <strong>de</strong><br />

importante presión interna.<br />

Pensamos que sólo <strong>de</strong>spués <strong>de</strong> tipificar correctamente los yacimientos, <strong>de</strong>scribiendo los<br />

mismos parámetros en muchos <strong>de</strong> ellos, seremos capaces <strong>de</strong> elaborar un mo<strong>de</strong>lo genético que guíe<br />

inequivocamente Ias investigaciones mineras.<br />

TABLA 1<br />

Solubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>i cuarzo em agua, em gr Si02 por kg <strong>de</strong> solución em<br />

función <strong>de</strong> temperatura y presión, según Holland (1967)<br />

Temperatura (OC)<br />

Presión<br />

(atm) 400 600 800 1000 lJOO<br />

2000 2 9 18 30 80<br />

5000 4 16 55 100 200<br />

8000 7 25 90 250 500


..0<br />

URUGUAY<br />

,O.<br />

VUCUTUJA<br />

, O.<br />

CUARO 10f.<br />

::::-~~-=-~-<br />

,.- .. .-<br />

; PELADO _ ;~RDFf.<br />

PERFI L<br />

CRUCES<br />

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O.<br />

CA TALAM'<br />

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CUARE'"<br />

I 'm<br />

CARTA GEOLOGICA PRELI-<br />

MINAR DEL DEPARTAMENTO<br />

DE ARTIGAS._ (Uruguay).~<br />

B<br />

100.:n.<br />

200m<br />

300m.<br />

JORGE BOSSI WALTER CAGGIANO<br />

MARIO IUIo<br />

9<br />

ti:!<br />

REFERENCIAS ._ ~,m<br />

SEOIMENTOS<br />

~........:.. CENOZOI COS C)<br />

~IQ<br />

~~I~<br />


316 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Vista <strong>de</strong> Planta<br />

Vista <strong>de</strong> PerfIl<br />

.....<br />

DIRECCION DE CORRIDA DE LA LAVA<br />

Fig. 2- Modulos geódicos<strong>de</strong> ca1cedonia com morfología fluido- dinárnica<br />

<strong>de</strong>mostrando direccíon <strong>de</strong> corrida <strong>de</strong> Ia lava.<br />

Foto 1 - Filones <strong>de</strong> arenisca em basalto <strong>de</strong> Ia cima <strong>de</strong>la colada portadora <strong>de</strong> amatistas. Arroyo Catalán Chico. Dpto.<br />

<strong>de</strong> Artigas.


80551, CAGGIANO 317<br />

Foto 2 - Nível geódico com amatístas <strong>de</strong> Ia colada portadora principal. Anoyo Catalán Seco, Dpto. <strong>de</strong> Artigas.<br />

Foto 3 - Geada cortada, <strong>de</strong> 15 cm <strong>de</strong> longitud mayor, mostrando <strong>de</strong>formación plástica en Ias bandas <strong>de</strong> calcedonia,<br />

previa a Ia cristalizacíón <strong>de</strong>I cuarzo central.


318 ANAIS DO XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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