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guia de Vigilância Epidemiológica - Escola de Enfermagem - UFMG

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<strong>guia</strong> <strong>de</strong><strong>Vigilância</strong>Epi<strong>de</strong>miológicaVolume IIInfluenza/Varíola


Presi<strong>de</strong>nte da RepúblicaFernando Henrique CardosoMinistro da Saú<strong>de</strong>Barjas NegriPresi<strong>de</strong>nte da Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Mauro Ricardo Machado CostaDiretor-ExecutivoGeorge Hermann Rodolfo TorminDiretor do Centro Nacional <strong>de</strong> Epi<strong>de</strong>miologiaJarbas Barbosa da Silva JúniorDiretor do Departamento <strong>de</strong> AdministraçãoCelso Ta<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Azevedo SilveiraDiretor do Departamento <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> PúblicaSadi Coutinho FilhoDiretor do Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> IndígenaUbiratan Pedrosa MoreiraDiretor do Departamento <strong>de</strong> Planejamento e Desenvolvimento InstitucionalAntônio Leopoldo Frota Magalhães


Ministério da Saú<strong>de</strong>undação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Guia <strong>de</strong> <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológicaVolume IIInfluenza / VaríolaBrasília, agosto <strong>de</strong> 2002


© 1985. Ministério da Saú<strong>de</strong>1986 - 2 a edição - Ministério da Saú<strong>de</strong>1992 - 3 a edição - Ministério da Saú<strong>de</strong> - undação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>1998 - 4 a edição - MInistério da Saú<strong>de</strong> - undação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>2002 - 5 a edição - Ministério da Saú<strong>de</strong> - undação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>É permitida a reprodução parcial ou total <strong>de</strong>sta obra, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que citada a fonte.Tiragem especial reduzida: 1.000 exemplaresElaboração, distribuição e informações:undação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Centro Nacional <strong>de</strong> Epi<strong>de</strong>miologiaSetor <strong>de</strong> Autarquias SulQuadra 04 - Bloco N - Sala 60170.058-902 - Brasília/DTel: (61) 225 5807/314 5551ax: (61) 321 3216E-mail: cenepi.gab@funasa.gov.brImpresso no Brasil / Printed in Brazilicha CatalográficaBrasil. undação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Guia <strong>de</strong> vigilância epi<strong>de</strong>miológica / undação Nacional<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. 5. ed. Brasília : UNASA, 2002.842p.ISBN 85-7346-032-6Conteúdo:VolumeI - Aids / Hepatites ViraisVolume II - Influenza / Varíola1. <strong>Vigilância</strong> epi<strong>de</strong>miológica. 2. Doenças transmissíveis.3. Estudos epi<strong>de</strong>miológicos. 4. Sistemas <strong>de</strong> informação. I.Título.


SumárioVolume IIInfluenza .................................................................................................................................. 493Leishmaniose Tegumentar Americana .................................................................................. 501Leishmaniose Visceral (Calazar) ........................................................................................... 525Leptospirose ............................................................................................................................ 541Malária ..................................................................................................................................... 557Meningites................................................................................................................................ 577Parotidite Infecciosa ............................................................................................................... 633Peste......................................................................................................................................... 639Poliomielite .............................................................................................................................. 653Raiva ........................................................................................................................................ 671Rubéola .................................................................................................................................... 705Sarampo ................................................................................................................................... 725Sífilis Congênita....................................................................................................................... 749Síndrome da Rubéola Congênita ............................................................................................ 761Tétano Aci<strong>de</strong>ntal ..................................................................................................................... 777Tétano Neonatal...................................................................................................................... 793Tracoma ................................................................................................................................... 811Tuberculose.............................................................................................................................. 823Tularemia ................................................................................................................................. 847Varíola ...................................................................................................................................... 853Glossário ..................................................................................................................................... 865Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 885Relação <strong>de</strong> En<strong>de</strong>reços <strong>de</strong> Interesse para a <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica ....................... 903


INLUENZACID 10: J10, J11


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAINLUENZA1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOA influenza, ou gripe, é uma doença contagiosa aguda do trato respiratório, <strong>de</strong>natureza viral e <strong>de</strong> distribuição global. Classicamente, apresenta-se com início abrupto<strong>de</strong> febre, mialgia e tosse seca e, em geral, tem evolução auto-limitada, <strong>de</strong> poucosdias. Sua importância <strong>de</strong>ve-se ao seu caráter epidêmico, caracterizado pordisseminação rápida e marcada morbida<strong>de</strong> nas populações atingidas.1.2. SINONÍMIAGripe, resfriado.1.3. AGENTE ETIOLÓGICOVírus da influenza, que são compostos <strong>de</strong> RNA <strong>de</strong> hélice única, da família dosOrtomixovírus e subdivi<strong>de</strong>m-se em 3 tipos: A, B e C, <strong>de</strong> acordo com sua diversida<strong>de</strong>antigênica. São vírus altamente transmissíveis e mutáveis, sendo que o tipo A émais mutável que o B, e este, mais mutável que o tipo C. Os tipos A e B causammaior morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> que o tipo C e, por isto, merecem <strong>de</strong>staque emsaú<strong>de</strong> publica.1.4. RESERVATÓRIOOs vírus do tipo B ocorrem exclusivamente em humanos, os do tipo C em humanose suínos, enquanto os do tipo A em humanos, suínos, cavalos, mamíferos marinhose em aves.1.5. MODO DE TRANSMISSÃOA transmissão se dá através das vias respiratórias, quando indivíduos infectadostransmitem o vírus a pessoas susceptíveis, ao falar, espirrar e tossir, através <strong>de</strong>pequenas gotículas <strong>de</strong> aerossol. Apesar da transmissão inter-humana ser a maiscomum, já foi documentada a transmissão direta do vírus, a partir <strong>de</strong> aves e suínospara o homem.1.6. PERÍODO DE INCUBAÇÃOEm geral <strong>de</strong> 1 a 4 dias.1.7. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEUm indivíduo infectado po<strong>de</strong> transmitir o vírus <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2 dias, antes do início dossintomas, até 5 dias após o mesmo.UNASA 495


I NLUENZA1.8. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA imunida<strong>de</strong> aos vírus da influenza resulta <strong>de</strong> infecção natural, ou vacinação anteriorcom o vírus homólogo. Desta maneira, um hospe<strong>de</strong>iro que tenha tido uma infecçãocom <strong>de</strong>terminada cepa do vírus influenza, terá pouca ou nenhuma resistência a umanova infecção, com a cepa variante do mesmo vírus. Isto explica, em parte, a gran<strong>de</strong>capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste vírus em causar freqüentes epi<strong>de</strong>mias nas populações atingidas.Po<strong>de</strong>mos dizer que a imunida<strong>de</strong> é tipo (influenza A e B) e subtipo (influenza A)especifica.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASClinicamente, a doença inicia-se com a instalação abrupta <strong>de</strong> febre alta, em geralacima <strong>de</strong> 38º C, seguida <strong>de</strong> mialgia, dor <strong>de</strong> garganta, prostração, dor <strong>de</strong> cabeça etosse seca. A febre é, sem dúvida, o sintoma mais importante e perdura em torno <strong>de</strong>três dias. Os sintomas sistêmicos são muito intensos nos primeiros dias da doença.Com a sua progressão, os sintomas respiratórios tornam-se mais evi<strong>de</strong>ntes e mantémseem geral por 3 a 4 dias, após o <strong>de</strong>saparecimento da febre. É comum a queixa <strong>de</strong>garganta seca, rouquidão, tosse seca e queimação retro-esternal ao tossir. Ospacientes apresentam-se toxemiados ao exame clinico, com a pele quente e úmida,olhos hiperemiados e lacrimejantes. Há hiperemia das mucosas, com aumento <strong>de</strong>secreção nasal hialina. O quadro clínico em adultos sadios po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>.Nas crianças, a temperatura po<strong>de</strong> atingir níveis mais altos, sendo comum o achado<strong>de</strong> aumento dos linfonodos cervicais. Quadros <strong>de</strong> crupe, bronquite ou bronquiolite,além <strong>de</strong> sintomas gastrointestinais, também po<strong>de</strong>m fazer parte da apresentaçãoclínica em crianças. Os idosos quase sempre apresentam-se febris, às vezes semoutros sintomas, mas em geral a temperatura não atinge níveis tão altos.As complicações são mais comuns em idosos e indivíduos <strong>de</strong>bilitados. As situações,sabidamente <strong>de</strong> risco, incluem doença crônica pulmonar (Asma e Doença PulmonarObstrutiva Crônica - DPOC), cardiopatias (Insuficiência Cardíaca Crônica), doençametabólica crônica (Diabetes, por exemplo), imuno<strong>de</strong>ficiência ou imuno<strong>de</strong>pressão,gravi<strong>de</strong>z, doença crônica renal e hemoglobinopatias.As complicações pulmonares mais comuns são as pneumonias bacterianas secundárias,sendo mais freqüentes as provocadas pelos seguintes agentes: Streptococcuspneumoniae, Staphylococcus e Haemophillus influenzae. Uma complicaçãoincomum, e muito grave, é a Pneumonia Viral Primária pelo vírus da influenza. Nosimunocomprometidos, o quadro clínico é geralmente mais arrastado e muitas vezesmais severo. Gestantes com quadro <strong>de</strong> influenza no segundo ou terceiro trimestres dagravi<strong>de</strong>z estão mais propensas à internação hospitalar.Dentre as complicações não pulmonares em crianças, <strong>de</strong>staca-se a Síndrome <strong>de</strong>Reye, que também está associada aos quadros <strong>de</strong> varicela. Esta Síndrome caracterizasepor encefalopatia e <strong>de</strong>generação gordurosa do fígado, após o uso do Ácido AcetilSalicílico, na vigência <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stes quadros virais. Recomenda-se, portanto, que496 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeito• Indivíduo com doença aguda (com duração máxima <strong>de</strong> 5 dias), apresentandofebre (ainda que referida) e pelo menos um sintoma respiratório (tosse ou dor<strong>de</strong> garganta), com ou sem outros sintomas (mialgia, cefaléia) na ausência <strong>de</strong>outros diagnósticos.Confirmado• Quando for i<strong>de</strong>ntificado, através <strong>de</strong> exame laboratorial, o vírus da influenza.Descartado• Quando o resultado do exame for negativo, em amostra a<strong>de</strong>quadamente colhidae transportada, ou quando for i<strong>de</strong>ntificado laboratorialmente outro agenteetiológico, que não o vírus da influenza.4.3. NOTIICAÇÃOA influenza não é doença <strong>de</strong> notificação compulsória. Os dados da vigilância sentinelasão informados, através da Web, no Sistema <strong>de</strong> Informação da <strong>Vigilância</strong> da Influenza(SIVEP-Gripe).No entanto, consi<strong>de</strong>rando o potencial epidêmico <strong>de</strong>sta doença, qualquer suspeita <strong>de</strong>surto <strong>de</strong>ve ser comunicada (por telefone, fax ou e-mail) à Secretaria Estadual <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> e ao CENEPI/FUNASA/MS.4.4. INVESTIGAÇÃODevido ao potencial pandêmico <strong>de</strong>sta doença, recomenda-se a investigação <strong>de</strong> surtospelas SES, se necessário com apoio do nível fe<strong>de</strong>ral, com os seguintes objetivos:• caracterizar o processo <strong>de</strong> transmissão;• i<strong>de</strong>ntificar a cepa circulante;• avaliar a necessida<strong>de</strong> da adoção <strong>de</strong> medidas emergenciais <strong>de</strong> controle;• monitorizar os grupos <strong>de</strong> maior risco para as complicações da doença;• avaliar seu impacto na morbida<strong>de</strong> e na mortalida<strong>de</strong>.Em situações <strong>de</strong> surto, orientações específicas <strong>de</strong>verão ser buscadas junto aoCENEPI/FUNASA.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. IMUNIZAÇÃOO Ministério da Saú<strong>de</strong> implantou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999, a vacinação contra a gripe no Brasil,com o objetivo <strong>de</strong> proteger os grupos <strong>de</strong> maior risco contra as complicações dainfluenza, ou seja, os idosos e os portadores <strong>de</strong> doenças crônicas. Apesar das drogasatualmente disponíveis para o tratamento da influenza, o Ministério da Saú<strong>de</strong>consi<strong>de</strong>ra a vacinação a melhor arma disponível para a prevenção da influenza esuas conseqüências.UNASA 499


I NLUENZAA vacinação ocorre na forma <strong>de</strong> campanhas prolongadas, em geral duas semanas.O período para a realização <strong>de</strong>ssas campanhas <strong>de</strong>ve ser anterior ao período <strong>de</strong>maior circulação do vírus na população das diferentes regiões do país. Para conferirproteção a<strong>de</strong>quada, a vacina <strong>de</strong>ve ser administrada a cada ano, já que sua composiçãotambém varia anualmente, em função das cepas circulantes.500 UNASA


LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANACID 10: B55.1


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICALEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOA leishmaniose tegumentar americana - LTA, é uma doença infecciosa, nãocontagiosa, causada por protozoário do gênero Leishmania, <strong>de</strong> transmissão vetorial,que acomete pele e mucosas; é primariamente uma infecção zoonótica, afetandooutros animais que não o homem, o qual po<strong>de</strong> ser envolvido secundariamente.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOHá diferentes subgêneros e espécies <strong>de</strong> Leishmania, sendo as mais importantes noBrasil:• Leishmania (Leishmania) amazonensis: distribuída pelas florestas primáriase secundárias da Amazônia (Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins e sudoestedo Maranhão), particularmente em áreas <strong>de</strong> igapó e <strong>de</strong> floresta tipo “várzea”.Sua presença amplia-se para o Nor<strong>de</strong>ste (Bahia), Su<strong>de</strong>ste (Minas Gerais e SãoPaulo) e Centro-Oeste (Goiás).• Leishmania (Viannia) guyanensis: aparentemente limitada ao norte da BaciaAmazônica (Amapá, Roraima, Amazonas e Pará) e esten<strong>de</strong>ndo-se pelas Guianas,é encontrada principalmente em florestas <strong>de</strong> terra firme - áreas que não sealagam no período <strong>de</strong> chuvas.• Leishmania (Viannia) braziliensis: tem ampla distribuição, do sul do Pará aoNor<strong>de</strong>ste, atingindo também o centro sul do país e algumas áreas da AmazôniaOriental. Na Amazônia, a infecção é usualmente encontrada em áreas <strong>de</strong> terrafirme.Quanto ao sub-gênero Viannia, existem outras espécies <strong>de</strong> Leishmaniarecentemente <strong>de</strong>scritas: L.(V) lainsoni, L.(V) naiffi, com poucos casos humanosno Pará; L.(V) shawi com casos humanos encontrados nos estados do Pará eMaranhão.1.3. RESERVATÓRIOVaria conforme a espécie da Leishmania:• Leishmania (Leishmania) amazonensis: tem como hospe<strong>de</strong>iros naturais váriosmarsupiais, principalmente, o roedor “rato-soiá” (Proechymis), além do Oryzomysque, às vezes, apresenta o parasita na pele sem lesões cutâneas.• Leishmania (Viannia) guyanensis: vários mamíferos selvagens forami<strong>de</strong>ntificados como hospe<strong>de</strong>iros naturais, tais como: a preguiça (Choloepusdidactilus), o tamanduá (Tamandua tetradactyla), marsupiais e roedores. AUNASA 503


L EISHMANIOSETEGUMENTARAMERICANAinfecção animal é geralmente inaparente, com parasitas encontrados na pele evísceras.• Leishmania (Viannia) braziliensis: até o momento, não se conseguiu i<strong>de</strong>ntificaranimais silvestres como reservatório. No entanto, é freqüente o encontro <strong>de</strong>várias espécies domésticas como o cão (CE, BA, ES, RJ e SP), equinos e mulas(CE, BA e RJ) e roedores domésticos ou sinantrópicos (CE e MG), albergandoem proporção expressiva o parasita.1.4. VETORESO vetor transmissor da LTA, po<strong>de</strong> pertencer a várias espécies <strong>de</strong> flebotomíneos(conhecido como palha, cangalhinha, tatuquira, mulambinho, catuqui, etc), <strong>de</strong>diferentes gêneros (Psychodopigus, Lutzomya), <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da localizaçãogeográfica. Assim como os reservatórios, os vetores também mudam, <strong>de</strong> acordocom a espécie <strong>de</strong> Leishmania.• Leishmania (Leishmania) amazonensis: seus principais vetores são Lutzomyiaflaviscutellata, Lutzomyia reducta e Lutzomyia olmeca nociva (Amazonas eRondônia), têm hábitos noturnos, vôo baixo e são pouco antropofílicos.• Leishmania (Viannia) guyanensis: os vetores são Lutzomyia anduzei,Lutzomyia whitmani e Lutzomyia umbratilis, que é o principal vetor, costumandopousar durante o dia em troncos <strong>de</strong> árvores e atacar o homem em gran<strong>de</strong>quantida<strong>de</strong>, quando perturbado.• Leishmania (Viannia) braziliensis: em área silvestre, o único vetor<strong>de</strong>monstrado transmissor foi o Psychodopigus wellcomei, encontrado na Serrados Carajás, altamente antropofílico, picando o homem mesmo durante o dia ecom gran<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> na estação das chuvas. Em ambientes modificados, rurale peri domiciliar, são mais frequentemente implicadas a Lutzomyia whitmani,Lutzomyia intermedia e Lutzomyia migonei.1.5. MODO DE TRANSMISSÃOPicada <strong>de</strong> insetos transmissores infectados. Não há transmissão <strong>de</strong> pessoa a pessoa.1.6. PERÍODO DE INCUBAÇÃONo homem é, em média, <strong>de</strong> 2 meses, po<strong>de</strong>ndo porém apresentar períodos mais curtos(duas semanas) e mais longos (dois anos), após a picada do flebotomíneo infectado.1.7. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA suscetibilida<strong>de</strong> é universal. A infecção e a doença não conferem imunida<strong>de</strong> aopaciente.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICAS2.1.1. Lesões Cutâneas: na apresentação cutânea da LTA, as lesões <strong>de</strong> pelepo<strong>de</strong>m caracterizar a forma localizada (única ou múltipla), a forma disseminada504 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA(lesões muito numerosas em várias áreas do corpo) e a forma difusa. Na maioriadas vezes, a doença apresenta-se como uma lesão ulcerada única.Nas formas cutânea localizada e múltiplas, a lesão ulcerada franca é a mais comum ese caracteriza por úlcera com bordas elevadas, em moldura. O fundo é granuloso,com ou sem exsudação. Em geral, as úlceras são indolores. Observam-se tambémoutros tipos <strong>de</strong> lesão como úlcero-crostosa, impetigói<strong>de</strong>, ectimatói<strong>de</strong>, úlcero-vegetante,verrucosa crostosa, tuberosa, linquenói<strong>de</strong> e outras. Nestas formas, na fase inicial, éfreqüente a linfangite e/ou a<strong>de</strong>nopatia satélite, que po<strong>de</strong>ria prece<strong>de</strong>r a lesão <strong>de</strong> pele.Às vezes, no cordão linfático po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>senvolver nódulos, que se ulceram, lembrandoa esporotricose. Po<strong>de</strong>m ser observadas pápulas na periferia das lesões. A formacutânea disseminada caracteriza-se por: lesões ulceradas pequenas, às vezesacneiformes, distribuídas por todo o corpo (disseminação hematogênica). ALeishmaniose Cutânea Disseminada é rara, as lesões são eritematosas, sob a forma<strong>de</strong> pápulas, tubérculos, nódulos e infiltrações difusas e, menos freqüentemente, sob aforma tumoral. A infiltração po<strong>de</strong> envolver extensas áreas do corpo e, quando presentena face, confere ao paciente o aspecto leonino, confundindo-se com a hanseníasevirchowiana. Seu prognóstico é ruim, por não respon<strong>de</strong>r a<strong>de</strong>quadamente à terapêutica.2.1.2. Lesões mucosas: a apresentação mucosa da LTA é, na maioria das vezes,secundária às lesões cutâneas, surgindo geralmente meses ou anos após a resoluçãodas lesões <strong>de</strong> pele. Às vezes, porém, não se i<strong>de</strong>ntifica a porta <strong>de</strong> entrada, supondoseque as lesões sejam originadas <strong>de</strong> infecção subclínica.São mais freqüentemente acometidas as cavida<strong>de</strong>s nasais, seguidas da faringe, laringee cavida<strong>de</strong> oral. As queixas mais comuns no acometimento nasal são obstrução,epistaxes, rinorréia e crostas; da faringe, odinofagia; da laringe, rouquidão e tosse;da cavida<strong>de</strong> oral, ferida na boca. As lesões po<strong>de</strong>m ser discretas, com poucos sintomas,daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sempre se buscar a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> doença em mucosas.Ao exame clínico, po<strong>de</strong>-se observar infiltração, ulceração, perfuração do septo nasal,lesões úlcero vegetantes, úlcero crostosas ou úlcero <strong>de</strong>strutivas. Po<strong>de</strong>rá ocorrer<strong>de</strong>struição parcial ou total da pirâmi<strong>de</strong> nasal e outras estruturas acometidas na boca.Outras mucosas, como língua e órgãos genitais, são raramente atingidos.A presença <strong>de</strong> uma ou várias cicatrizes atróficas em pele ou história <strong>de</strong> úlceracutânea com evolução prolongada, ao lado das queixas acima referidas, reforçam odiagnóstico clínico <strong>de</strong> leishmaniose mucosa. A ausência <strong>de</strong> cicatrizes não afasta asuspeita clínica <strong>de</strong> acometimento mucoso por leishmaniose, <strong>de</strong>vendo ser investigadasoutras patologias com diagnóstico diferencial.A lesão mucosa associada ao comprometimento cutâneo da LTA, po<strong>de</strong> serconcomitante (o acometimento mucoso à distância da lesão ativa <strong>de</strong> pele), ou contígua(o comprometimento mucoso ocorre por extensão da lesão <strong>de</strong> pele situada próxima<strong>de</strong> mucosas).O diagnóstico precoce, <strong>de</strong> qualquer lesão mucosa, é essencial para que a respostaterapêutica seja mais efetiva e evitem-se as seqüelas <strong>de</strong>formantes e/ou funcionais.• Comprometimento ganglionar: o comprometimento ganglionar po<strong>de</strong> serprimário (enfartamento <strong>de</strong> gânglios prece<strong>de</strong>ndo a lesão <strong>de</strong> pele) ou secundário(enfartamento <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia ganglionar na região da lesão <strong>de</strong> pele, após ai<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>sta) e raramente po<strong>de</strong> apresentar-se generalizada.UNASA 505


L EISHMANIOSETEGUMENTARAMERICANA• Classificação clínica: a classificação clínica da LTA, envolvendo as diferentesformas e apresentações da doença e seus respectivos agentes etiológicos, estáesquematizada no Anexo 1.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIAL• Nas lesões cutâneas, <strong>de</strong>vem ser excluídas as úlceras traumáticas, as úlceras<strong>de</strong> estase, a úlcera tropical, úlceras <strong>de</strong> membros inferiores por anemia falciforme,pio<strong>de</strong>rmites, paracoccidioidomicose, esporotricose, cromomicose,neoplasias cutâneas, sífilis e tuberculose cutânea. A hanseníase virchowiana<strong>de</strong>verá ser incluída no diagnóstico diferencial, principalmente quando se tratar<strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong> leishmaniose cutânea difusa.• Nas lesões mucosas, o diagnóstico diferencial <strong>de</strong>ve ser feito com a paracoccidioidomicose,hanseníase virchowiana, rinoscleroma, sarcoidose, bouba, sífilisterciária, granuloma médio facial e neoplasias.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALO diagnóstico laboratorial, na re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, baseia-se principalmente emexames parasitológicos (esfregaço <strong>de</strong> lesão) e imunológicos (Intra<strong>de</strong>rmorreação <strong>de</strong>Montenegro/IRM), po<strong>de</strong>ndo-se proce<strong>de</strong>r em laboratórios <strong>de</strong> referência outrosexames <strong>de</strong> maior complexida<strong>de</strong>, conforme esquema abaixo (ver normas e procedimentosno Anexo 2).• Exames Parasitológicosð Esfregaço <strong>de</strong> lesãoð Histopatológico- Hematoxilina Eosina- Imunoperoxidaseð Cultura em meios artificiaisð Inoculação em animais experimentais (Hamster)• Exames Imunológicosð Intra<strong>de</strong>rmorreação <strong>de</strong> Montenegro (IRM)ð Sorologia- Imunofluorescência Indireta (IFI)- ELISA• Caracterização das espécies <strong>de</strong> Leishmaniað Anticorpos monoclonaisð PCR2.4. TRATAMENTOA droga <strong>de</strong> primeira escolha é o antimonial pentavalente. Visando padronizar oesquema terapêutico, a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> recomenda que a dose <strong>de</strong>ste506 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAantimonial seja calculada em mg/Sb +5 /Kg/dia. (Sb +5 significando antimôniopentavalente). Há dois tipos <strong>de</strong> antimoniais pentavalentes que po<strong>de</strong>m ser utilizados,o Antimoniato N-metil glucamina e o Stibogluconato <strong>de</strong> sódio, sendo que este últimonão é comercializado no Brasil.O Antimoniato N-metil glucamina apresenta-se comercialmente em frascos <strong>de</strong> 5mlque contém 1,5g do antimoniato bruto, correspon<strong>de</strong>nte a 405mg <strong>de</strong> Sb +5 . Portanto,uma ampola com 5ml tem 405mg <strong>de</strong> Sb +5 , e cada ml contém 81mg <strong>de</strong> Sb +5 .Este antimonial é indicado para o tratamento <strong>de</strong> todas as formas <strong>de</strong> leishmaniosetegumentar, embora as formas mucosas exijam maior cuidado, po<strong>de</strong>ndo apresentarrespostas mais lentas e maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recidivas.Não havendo resposta satisfatória, com o tratamento pelo antimonial pentavalente,as drogas <strong>de</strong> segunda escolha são a Anfotericina B e o Isotionato <strong>de</strong> Pentamidina.As lesões ulceradas po<strong>de</strong>m sofrer contaminação secundária, razão pela qual <strong>de</strong>vemser prescritos cuidados locais, como limpeza com água e sabão e, se possível,compressas com permanganato <strong>de</strong> potássio (KMNO4), com diluição <strong>de</strong> 1/5000ml<strong>de</strong> água morna.2.4.1. Antimoniato-N-metil-glucamina• Lesões cutâneas: nas formas cutânea localizada e disseminada, a doserecomendada varia entre 10 a 20mg Sb +5 /Kg/dia. Sugere-se 15mg Sb +5 /Kg/dia,tanto para o adulto quanto para crianças, durante 20 dias seguidos. Nunca <strong>de</strong>veser utilizada dose superior a 3 ampolas/dia ou 15ml/dia para o adulto. Se nãohouver cicatrização completa no período <strong>de</strong> três meses (12 semanas) após o términodo tratamento, ou se neste mesmo período houver reativação da lesão, o esquema<strong>de</strong>verá ser repetido, prolongando-se, <strong>de</strong>sta vez, a duração da série para 30 dias.Em caso <strong>de</strong> falha terapêutica, utilizar uma das drogas <strong>de</strong> segunda escolha.Na forma difusa, a dose é <strong>de</strong> 20mg/Sb +5 /Kg/dia, durante 20 dias seguidos. Nafase inicial po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r ao antimonial, porém são freqüentes as múltiplasrecidivas, sendo necessário encaminhar o paciente para serviços especializados.• Lesões mucosas: em todas as formas <strong>de</strong> acometimento mucoso, a doserecomendada é <strong>de</strong> 20mg/Sb +5 /Kg/dia, durante 30 dias seguidos, <strong>de</strong> preferênciaem ambiente hospitalar. Se não houver cicatrização completa no período <strong>de</strong> trêsmeses (12 semanas) após o término do tratamento, ou se neste mesmo períodohouver reativação da lesão o esquema <strong>de</strong>verá ser repetido apenas uma vez. Emcaso <strong>de</strong> não resposta, utilizar uma das drogas <strong>de</strong> segunda escolha.ESQUEMA TERAPÊUTICO PRECONIZADO PARA AS DIVERSAS ORMAS CLÍNICAS DE LTA, SEGUNDOOMS E MINISTÉRIO DA SAÚDEORMA CLÍNICA DOSE TEMPO DE DURAÇÃOLeishmaniose CutâneaLeishmaniose DifusaLeishmaniose Mucosa10 - 20mg/Sb +5 /kg/dia(Recomenda-se 15mg/Sb +5 /kg/dia)20mg/Sb +5 /kg/dia20mg/Sb +5 /kg/dia20 dias20 dias30 diasUNASA 507


L EISHMANIOSETEGUMENTARAMERICANA• Modo <strong>de</strong> aplicação: as aplicações <strong>de</strong>vem ser feitas por via parenteral, intramuscularou endovenosa, com repouso após a aplicação.A via intramuscular apresenta o inconveniente da dor local. Sugere-se, então,alternância dos locais <strong>de</strong> aplicação, preferindo-se a região glútea.Por via endovenosa, não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diluição e a aplicação, com agulhafina (calibre 25x8) ou “scalp”, <strong>de</strong>ve ser lenta (duração <strong>de</strong> 5 minutos). Esta é amelhor via, pois permite a aplicação <strong>de</strong> doses mais a<strong>de</strong>quadas e não tem oinconveniente da dor local.• Contra-indicação: não <strong>de</strong>ve ser administrado em gestantes, cujo tratamentoconsiste em cuidados locais, observação clínica e sorológica se possível. Nasformas graves, cutâneas ou mucosas, discutir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento apartir do sexto mês, com doses <strong>de</strong> antimônio mais baixas e controle laboratorial.Nos casos em que exista associação com outras doenças, tais como tuberculose,malária, esquistossomose, <strong>de</strong>ve ser efetuado o tratamento <strong>de</strong>stas patologiasprimeiramente.Há restrições para o tratamento <strong>de</strong> pacientes com ida<strong>de</strong> acima dos 50 anos,portadores <strong>de</strong> cardiopatias, nefropatias, hepatopatias e doença <strong>de</strong> Chagas. Quandofor necessária a administração nos pacientes portadores <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas doenças,<strong>de</strong>verá ser feita rigorosa avaliação clínica, antes do tratamento e reavaliaçõesclínicas periódicas, com acompanhamento eletrocardiográfico, duas vezes porsemana, e exame bioquímico do sangue para avaliação das funções renal(dosagem <strong>de</strong> uréia e creatinina) e hepática (dosagem das transaminases,bilirrubinas e fosfatase alcalina) e leucograma. Todos esses exames <strong>de</strong>verão serrealizados semanalmente, para orientação da conduta quanto à redução da doseou utilização <strong>de</strong> outra alternativa terapêutica.• Efeitos colaterais: po<strong>de</strong>m ocorrer um ou mais efeitos colaterais, na seguinteor<strong>de</strong>m <strong>de</strong> frequência: artralgia, mialgia, inapetência, náuseas, vômitos, plenitu<strong>de</strong>gástrica, epigastralgia, pirose, dor abdominal, prurido, febre, fraqueza, cefaléia,tontura, palpitação, insônia, nervosismo, choque pirogênico, e<strong>de</strong>ma e insuficiênciarenal aguda (I.R.A.).Essas queixas são, geralmente, discretas ou mo<strong>de</strong>radas e raramente exigem asuspensão do tratamento. Porém, nas doses <strong>de</strong> 20mg/Sb +5 /Kg/dia, o antimonialpo<strong>de</strong> atingir o limiar <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo levar a alterações cardíacas ou renaisque obriguem a suspensão do tratamento. Por isso <strong>de</strong>ve-se proce<strong>de</strong>r aoacompanhamento eletrocardiográfico prévio e semanal e avaliação dafunção renal, especialmente em pacientes acima <strong>de</strong> 50 anos.Algumas vezes, no início do tratamento, há uma exacerbação do quadro clínicocom o aumento do infiltrado, eritema das lesões, aumento da secreção nasal efaríngea. Presume-se que isto <strong>de</strong>corra <strong>de</strong> uma resposta aos antígenos liberadoscom a morte do parasita (reação do tipo Jarich-Herxheimer). Este quadropo<strong>de</strong> ocorrer com qualquer tratamento específico.Em casos <strong>de</strong> lesões <strong>de</strong> laringe e faringe, po<strong>de</strong>m ocorrer e<strong>de</strong>ma e insuficiênciarespiratória aguda. Por isso, é aconselhável que a medicação seja administradapor equipe especializada, em paciente hospitalizado, e com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizartraqueostomia <strong>de</strong> urgência. Os corticói<strong>de</strong>s por via sistêmica po<strong>de</strong>m ser utilizadosnos quadros <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong>.508 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Recomendações: é recomendável a abstinência <strong>de</strong> bebidas alcoólicas duranteo período <strong>de</strong> tratamento, <strong>de</strong>vido às alterações hepáticas. Também é recomendávelo repouso físico durante o tratamento.Todas as reações adversas graves ou potencialmente graves, DEVEM SER NOTIFICADASconforme <strong>de</strong>scrição abaixo, às autorida<strong>de</strong>s sanitárias:• arritmias cardíacas e/ou outras manifestações <strong>de</strong> cardiotoxicida<strong>de</strong>;• insuficiência renal aguda ou elevação dos níveis séricos <strong>de</strong> uréia e creatinina e/ououtras manifestações <strong>de</strong> nefrotoxicida<strong>de</strong>;• icterícia e/ou elevação <strong>de</strong> enzimas hepáticas e/ou outras manifestações <strong>de</strong>hepatotoxicida<strong>de</strong>;• pancreatite aguda e/ou hiperamilasemia;• outras não citadas acima e que não tenham sido <strong>de</strong>scritas anteriormente.Não há nenhum impedimento <strong>de</strong> que se notifiquem casos que não se encaixem naclassificação acima, apenas não é imperativo que tais notificações sejam feitas.NA DÚVIDA, NOTIFIQUE!• Tratamento para crianças: emprega-se o mesmo esquema terapêutico utilizadopara o tratamento <strong>de</strong> pacientes adultos.A via <strong>de</strong> administração (intramuscular ou intravenosa) <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>cidida <strong>de</strong>acordo com a apresentação clínica e as condições operacionais dos serviços.2.4.2. Anfotericina B: é a droga <strong>de</strong> segunda escolha, empregada quando não seobtém resposta ao tratamento com antimonial ou na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu uso.É importante esclarecer que a medicação <strong>de</strong>ve ser feita sob vigilância, em serviçosespecializados, com o paciente hospitalizado.• Dose: inicia-se com 0,5 mg/Kg/dia, aumentando gradualmente até 1mg/Kg/diaem dias alternados, sem contudo ultrapassar a dose total <strong>de</strong> 50mg em cadaaplicação. Deve ser administrada até atingir as seguintes doses totais:ð Na forma cutânea: 1 a 1,5gð Na forma mucosa: 2,5 a 3g.Se necessário, esta dose total po<strong>de</strong>rá ser elevada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o paciente estejasob vigilância clínica rigorosa, acompanhada das provas laboratoriais (uréia,creatinina e potássio) que permitam avaliar, principalmente, a função renal. Oexame ECG também <strong>de</strong>verá ser realizado.Realizar avaliação clínica e laboratorial e eletrocardiográfica ao iniciar otratamento, com exames bioquímicos do sangue para avaliação das funçõesrenal (uréia e creatinina) e hepática (dosagem <strong>de</strong> bilirrubinas, transaminases efosfatase alcalina) e hemograma, seguindo-se reavaliações semanais durante otratamento.Em idosos, a reavaliação da função renal e cardíaca <strong>de</strong>ve ser feita 2 vezes porsemana.• Modo <strong>de</strong> aplicação: <strong>de</strong>ve ser administrada por via intravenosa, gota a gota,lentamente (4 horas <strong>de</strong> infusão), utilizando-se equipo em “Y”, on<strong>de</strong> a AnfotericinaUNASA 509


L EISHMANIOSETEGUMENTARAMERICANAB é diluída em 250ml <strong>de</strong> soro glicosado a 5%, alternando sua administraçãocom 250ml <strong>de</strong> soro glicosado a 5% contendo 50 a 100mg <strong>de</strong> hidrocortisona,para a prevenção <strong>de</strong> efeitos colaterais. Aplica-se em dias alternados.• Contra-indicação: é contra-indicada a administração da anfotericina B emcardiopatas, nefropatas e hepatopatas.• Efeitos colaterais: são <strong>de</strong> ocorrência muito freqüente: febre, anorexia, náuseas,vômitos e flebite, que po<strong>de</strong>m ser atenuados ou evitados usando-se antipiréticos,antieméticos, ou 50 a 100mg <strong>de</strong> hidrocortisona, acrescentados ao soro. Apresença dos sintomas <strong>de</strong>scritos não contra-indica a administração domedicamento.Outros efeitos colaterais importantes que geralmente surgem no <strong>de</strong>correr dotratamento são: hipopotassemia, insuficiência renal, anemia, leucopenia,alterações cardíacas.• Recomendações: ratifica-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fazer monitoramentolaboratorial semanal cardíaco (ECG), hepático (AST/ALT/FA) e Renal (Uréia/creatinina). Deve-se ainda proce<strong>de</strong>r à dosagem <strong>de</strong> K+ sérico, fazendo areposição via oral quando indicado.2.4.3. Isotionato <strong>de</strong> Pentamidina: é usada como medicamento alternativo, noscasos que não respon<strong>de</strong>m aos antimoniais pentavalentes ou na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>seu uso. Tem-se obtido bons resultados, com baixas doses, na LTA causada pela L.V. guyanensis.• Dose e modo <strong>de</strong> aplicação: classicamente, a dose recomendada é <strong>de</strong> 4mg/kg/dia, por via intramuscular profunda, <strong>de</strong> 2 em 2 dias, recomendando-se nãoultrapassar a dose total <strong>de</strong> 2g.Devido ao medicamento ter ação no metabolismo da glicose, po<strong>de</strong> haverhipoglicemia seguida <strong>de</strong> hiperglicemia, quando do seu uso. O paciente <strong>de</strong>ve serorientado a alimentar-se anteriormente e permanecer em repouso quinze minutosantes e após as injeções. Destaca-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar exame <strong>de</strong> glicosesemanalmente, sendo que após 1g <strong>de</strong> aplicação o paciente <strong>de</strong>ve ser monitoradocom rigorosida<strong>de</strong>.• Apresentação comercial: sob a forma <strong>de</strong> dois sais (isotionato <strong>de</strong> pentamidinae mesilato <strong>de</strong> pentamidina). No Brasil é comercializado apenas o isotionato <strong>de</strong>pentamidina que se apresenta em frasco ampola contendo 300mg/sal. O mesmo<strong>de</strong>ve ser diluído em 3ml <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada para uso clínico em aplicaçõesintramusculares profundas.• Efeitos colaterais: as reações adversas mais freqüentes são: dor, induração eabscessos estéreis no local da aplicação, além <strong>de</strong> náuseas, vômitos, tontura,adinamia, mialgias, cefaléia, hipotensão, lipotimias, síncope, hipoglicemia ehiperglicemia. O diabetes mellitus po<strong>de</strong> se manifestar a partir da administraçãoda dose total <strong>de</strong> 1g. O efeito diabetogênico po<strong>de</strong> ser cumulativo e dose <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.• Recomendações: recomenda-se o acompanhamento clínico e a reavaliação<strong>de</strong> exame bioquímico do sangue para avaliação das funções renal (dosagem <strong>de</strong>uréia e creatinina) e hepática (dosagem das transaminases, bilirrubinas e fosfatasealcalina), periodicamente, no curso do tratamento, bem como dosagem da glicemiae o acompanhamento eletrocardiográfico antes, durante e no final do tratamento.510 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAA glicemia <strong>de</strong>ve ser acompanhada mensalmente durante um período <strong>de</strong> seismeses, quando ultrapassar a dose total <strong>de</strong> 1g.• Contra-indicações: para gestantes, portadores <strong>de</strong> diabetes, insuficiência renal,insuficiência hepática, doenças cardíacas e em crianças com peso inferior a8kg.2.4.4. Critérios <strong>de</strong> cura: o critério <strong>de</strong> cura é clínico e recomenda-se que seja feitoo acompanhamento mensal do paciente, por um período <strong>de</strong> 12 meses após o términodo tratamento.• Forma cutânea: <strong>de</strong>finido pelo aspecto clínico das lesões: reepitelização daslesões ulceradas ou não, regressão total da infiltração e eritema, até 3 mesesapós a conclusão do esquema terapêutico.• Forma mucosa: é também clínico, <strong>de</strong>finido pela regressão <strong>de</strong> todos os sinais ecomprovado pelo exame otorrinolaringológico, até 6 meses após a conclusão doesquema terapêutico. Na ausência do especialista, o clínico <strong>de</strong>ve ser treinadopara realizar pelo menos rinoscopia anterior. Nos locais on<strong>de</strong> não há clínico, opaciente <strong>de</strong>ve ser encaminhado para o serviço <strong>de</strong> referência, para a avaliação<strong>de</strong> cura.• Acompanhamento regular: o paciente <strong>de</strong>ve retornar mensalmente à consulta,durante três meses consecutivos após o término do esquema terapêutico, paraser avaliada a cura clínica. Uma vez curado, o mesmo <strong>de</strong>verá ser acompanhado<strong>de</strong> 2 em 2 meses até completar 12 meses após o tratamento.• Situações que po<strong>de</strong>m ser observadasð Tratamento regular da forma cutânea: <strong>de</strong>finido como aquele caso queutilizou 10 a 20mg Sb +5 /Kg/dia entre 20 a 30 dias, não ocorrendo intervalosuperior a 72 hs. entre as doses.ð Tratamento regular da forma mucosa: caso que utilizou 20mg Sb +5 /Kg/dia entre 30 a 40 dias, não ocorrendo intervalo superior a 72 horas entre asdoses.ð Tratamento irregular da forma cutânea e mucosa: caso que ultrapassouo tempo previsto para um tratamento regular ou que tenha ocorrido umintervalo superior a 72 horas entre as doses.ð Falha terapêutica: caso que, mesmo tendo realizado dois esquemasterapêuticos regulares, não apresentou remissão clínica.ð Recidiva: reaparecimento <strong>de</strong> lesão no mesmo local do processo anterior, amenos <strong>de</strong> um ano, após a cura clínica <strong>de</strong>ste.ð Abandono: caso que não tendo recebido alta, não compareceu até 30 diasapós o terceiro agendamento para avaliação da cura. O terceiro agendamentose refere ao 3º mês após o término do esquema terapêutico, período <strong>de</strong>stinadoao acompanhamento do caso e à avaliação <strong>de</strong> cura.• Condutas frente às situações que po<strong>de</strong>m ser observadasð Tratamento regular: paciente que retornar mensalmente à consulta, durantetrês meses após o término do esquema terapêutico, para ser avaliado. Po<strong>de</strong>ráreceber alta no transcorrer <strong>de</strong>ste período ou ser iniciado o retratamento,durante ou ao final dos 3 meses <strong>de</strong> observação.UNASA 511


L EISHMANIOSETEGUMENTARAMERICANAð Tratamento irregular: quando o paciente utilizou mais <strong>de</strong> 50% das dosespreconizadas, observa-se as seguintes condutas:- cura clínica: alta;- melhora clínica: observação por até 3 meses, quando será reavaliadopara alta, ou ao final <strong>de</strong>ste período, dar início ao esquema terapêuticocompleto;- sem melhora clínica: reiniciar <strong>de</strong> imediato o esquema terapêutico;- caso o paciente tenha utilizado menos <strong>de</strong> 50% das doses prescritas, iniciar<strong>de</strong> imediato o esquema terapêutico completo, a não ser que se apresenteclinicamente curado.ð Abandono: início do esquema terapêutico com antimonial pentavalente, anão ser que se apresente clinicamente curado.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA leishmaniose tegumentar americana (LTA) apresenta-se em fase <strong>de</strong> expansãogeográfica. Nas últimas décadas, as análises <strong>de</strong> estudos epi<strong>de</strong>miológicos da LTA,têm sugerido mudanças no comportamento epi<strong>de</strong>miológico da doença. Inicialmenteconsi<strong>de</strong>rada zoonose <strong>de</strong> animais silvestres que acometia ocasionalmente pessoas emcontato com florestas, a LTA começa a ocorrer em zonas rurais já praticamente<strong>de</strong>smatadas e em regiões periurbanas. Observa-se a coexistência <strong>de</strong> um duplo perfilepi<strong>de</strong>miológico, expresso pela manutenção <strong>de</strong> casos oriundos dos focos antigos ou <strong>de</strong>áreas próximas a eles, e pelo aparecimento <strong>de</strong> surtos epidêmicos associados a fatores<strong>de</strong>correntes do surgimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s econômicas como garimpos, expansão <strong>de</strong>fronteiras agrícolas e extrativismo, em condições ambientais altamente favoráveis àtransmissão da doença.No período <strong>de</strong> 1985 a 2001, a LTA no Brasil vem apresentando coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecçãoque oscilam entre 10,45 a 21,23 por 100.000 habitantes. Ao longo <strong>de</strong>sse período,observou-se uma tendência ao crescimento da en<strong>de</strong>mia, registrando os coeficientesmais elevados nos anos <strong>de</strong> 1994 e 1995, quando atingiram níveis <strong>de</strong> 22,83 e 22,94 por100.000 habitantes, respectivamente. Vale ressaltar que o ano <strong>de</strong> 1998 apresentouuma queda significativa neste coeficiente (13,47 por 100.000 habitantes), fato este quepo<strong>de</strong> estar relacionado a problemas operacionais naquele ano.Ao analisar a evolução da LTA no Brasil, observa-se uma expansão geográfica,sendo que no início da década <strong>de</strong> 1980 foram registrados casos autóctones em 19unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas e, nos últimos anos, todos os estados registraram autoctonia dadoença. No ano <strong>de</strong> 1994, houve registro <strong>de</strong> casos autóctones em 1.861 municípios, oque representava 36,9% dos municípios do país; em 2001 houve uma expansão dadoença para 2.268 municípios (40,8%). A região Nor<strong>de</strong>ste vem contribuindo com omaior número <strong>de</strong> casos (cerca <strong>de</strong> 36,8% do total <strong>de</strong> casos registrados no período), ea região Norte com os coeficientes mais elevados (93,84 por 100.000 habitantes),seguida das regiões Centro-Oeste (42,70 por 100.000 habitantes) e Nor<strong>de</strong>ste (26,50por 100.000 habitantes).A distribuição das <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s médias <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> LTA por município, para os períodos<strong>de</strong> 1994-1996 e 1997-1999, permitiu a i<strong>de</strong>ntificação dos centros atratores e regiões<strong>de</strong> influência da LTA, caracterizando os circuitos <strong>de</strong> produção da doença no país(Figura 1).512 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAIGURA 1: CIRCUITOS POR DENSIDADE DE CASOS DE LTA POR MUNICÍPIO. BRASIL, 1994- 19991994 - 1996Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> casosonte: IOCRUZ/ENSP/DESP, UNASA/CENEPI/CGVEP/COVEH4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOS• Diagnosticar e tratar precocemente os casos, com vistas a reduzir as <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>sprovocadas pela doença.• Em áreas <strong>de</strong> transmissão domiciliar, reduzir a incidência da doença adotandomedidas <strong>de</strong> controle pertinentes, após investigação dos casos.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeito• Leishmaniose cutânea: todo indivíduo com presença <strong>de</strong> úlcera cutânea, comfundo granuloso e bordas infiltradas em moldura.• Leishmaniose mucosa: todo indivíduo com presença <strong>de</strong> úlcera na mucosanasal, com perfuração ou perda do septo nasal, po<strong>de</strong>ndo atingir lábios e boca(palato e nasofaringe).Confirmado• Critério clínico laboratorial <strong>de</strong> leishmaniose cutânea e/ou mucosa: aconfirmação dos casos clinicamente suspeitos <strong>de</strong>verá preencher no mínimo umdos seguintes critérios:ð residência, procedência ou <strong>de</strong>slocamento em/para área com confirmação<strong>de</strong> transmissão e encontro do parasita nos exames parasitológicos diretos e/ou indireto;UNASA 513


L EISHMANIOSETEGUMENTARAMERICANAð residência, procedência ou <strong>de</strong>slocamento em/para área com confirmação<strong>de</strong> transmissão e Intra<strong>de</strong>rmorreação <strong>de</strong> Montenegro (IRM) positiva;ð residência, procedência ou <strong>de</strong>slocamento em/para área com confirmação<strong>de</strong> transmissão com outros métodos <strong>de</strong> diagnóstico positivo.• Critério clínico epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong> leishmaniose cutânea e/ou mucosa:todo caso com suspeita clínica, sem acesso a métodos <strong>de</strong> diagnóstico laboratoriale com residência, procedência ou <strong>de</strong>slocamento em área com confirmação <strong>de</strong>transmissão. Nas formas mucosas, consi<strong>de</strong>rar a presença <strong>de</strong> cicatrizes cutâneascomo critério complementar para confirmação do diagnóstico.DescartadoCaso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo; ou, caso suspeito comdiagnóstico confirmado <strong>de</strong> outra doença.• Casos autóctones: são os casos confirmados <strong>de</strong> LTA com provável infecçãono local <strong>de</strong> residência.4.3. NOTIICAÇÃOÉ doença <strong>de</strong> notificação compulsória, portanto todo caso confirmado <strong>de</strong>ve sernotificado pelos serviços públicos, privados e filantrópicos, através da ficha <strong>de</strong>investigação epi<strong>de</strong>miológica padronizada no Sistema Nacional <strong>de</strong> Agravos <strong>de</strong>Notificação (SINAN).4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Assistência ao paciente: todo caso suspeito <strong>de</strong>ve ser submetido àsinvestigações clínica e epi<strong>de</strong>miológica e aos métodos auxiliares <strong>de</strong> diagnóstico. Casoseja confirmado, inicia-se o tratamento segundo normas técnicas e acompanha-semensalmente (para avaliação da cura clínica) até 3 meses após conclusão do esquematerapêutico.4.4.2. Investigação: após a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> LTA, a investigação epi<strong>de</strong>miológicafaz-se necessária para i<strong>de</strong>ntificar:• se a área é endêmica ou se se trata <strong>de</strong> um novo foco;• se o caso é autóctone ou importado (no segundo informar ao serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>do local <strong>de</strong> origem);• características do caso (forma clínica, ida<strong>de</strong> e sexo); e• para realizar busca ativa <strong>de</strong> casos novos e caracterizá-los clínica elaboratorialmente.O instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados, a ficha epi<strong>de</strong>miológica (disponível no SINAN),contém os elementos essenciais a serem coletados em uma investigação <strong>de</strong>rotina. Todos os campos <strong>de</strong>ssa ficha <strong>de</strong>vem ser criteriosamente preenchidos,mesmo quando a informação for negativa. Outros itens e observações po<strong>de</strong>mser incluídos, conforme as necessida<strong>de</strong>s e peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada situação.514 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos dos itens da Ficha<strong>de</strong> Investigação Epi<strong>de</strong>miológica do SINAN, relativos aos dados gerais, notificaçãoindividual e dados <strong>de</strong> residência.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos: preencher os campos dositens da Ficha <strong>de</strong> Investigação Epi<strong>de</strong>miológica do SINAN, relativos aos antece<strong>de</strong>ntesepi<strong>de</strong>miológicos, dados clínicos, laboratoriais, tratamento. Os dados entomológicos<strong>de</strong>verão ser preenchidos após estudo na provável área <strong>de</strong> transmissão.• Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> transmissãoð Verificar se o local <strong>de</strong> residência correspon<strong>de</strong> a uma área <strong>de</strong> prováveltransmissão da leishmaniose.ð Investigar se houve <strong>de</strong>slocamento do caso, para áreas endêmicas, no período<strong>de</strong> 6 meses anterior ao início dos sintomas.ð Levantar se há conhecimento <strong>de</strong> outras pessoas com as mesmasmanifestações clínicas no local on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>, no trabalho e outros.Estes procedimentos <strong>de</strong>vem ser feitos mediante entrevista com o paciente, familiaresou responsáveis. Tais dados, que serão anotados na ficha <strong>de</strong> investigação, permitirãoi<strong>de</strong>ntificar o provável local <strong>de</strong> transmissão da leishmaniose.A <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> LTA po<strong>de</strong> ocorrer através <strong>de</strong>:• Busca ativa <strong>de</strong> casos na área <strong>de</strong> foco.• Visitas domiciliares dos profissionais do PACS e PSF.• Demanda espontânea à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.• Encaminhamento <strong>de</strong> suspeitos.Quando o paciente residir em área reconhecidamente endêmica, a caracterizaçãodo local <strong>de</strong> transmissão é facilitada. Entretanto, a história dos <strong>de</strong>slocamentos dopaciente, permitirá <strong>de</strong>finir o(s) local(is) provável (eis) <strong>de</strong> infecção. Se o local provável<strong>de</strong> transmissão é o intra ou peridomicílio, é recomendado solicitar a realização <strong>de</strong>estudo entomológico (captura e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> flebotomíneos), para ajudar nainvestigação e adoção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controle.Lembrar que a i<strong>de</strong>ntificação da área, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u a transmissão, é <strong>de</strong> fundamentalimportância para o processo <strong>de</strong> investigação e as medidas <strong>de</strong> controle, se indicadas.4.5.3. Encerramento <strong>de</strong> caso: a ficha epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> cada caso <strong>de</strong>ve seranalisada visando <strong>de</strong>finir qual o critério utilizado para o diagnóstico, consi<strong>de</strong>randoas seguintes alternativas:• Confirmado por critério clínico-laboratorial: encontro do parasita nos examesparasitológicos diretos e/ou indiretos, ou Intra<strong>de</strong>rmorreação <strong>de</strong> Montenegropositiva ou outros métodos diagnósticos positivo.• Confirmado por critério clínico-epi<strong>de</strong>miológico: verificar se a suspeitaclínica está associada à residência, procedência ou ao <strong>de</strong>slocamento em áreacom confirmação <strong>de</strong> transmissão.UNASA 515


516 UNASADiagnóstico parasitológicoEsfregaço da LesãoNegativoAvaliar: clínica,epi<strong>de</strong>miologia e IRMIncompatívelDescartar o casoInvestigar outrosagravosINVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANACompatívelCura clínicaPositivoNotificarTratarAcompanhar - 1 a 3 mesesRegressão ereepitelização dalesãoEncerrar o casoAtenção Médica/Dados ClínicosExame laboratorialReativação ounão fechamentoda lesãoazer 2 o esquemaReativação ounão fechamentoda lesãoCompatívelCaso(s) suspeito(s) <strong>de</strong> Leishamniose CutâneaPositivoAvaliação daclínica eepi<strong>de</strong>miologiaAplicação da IRMIncompatívelEncaminhar paraCentro <strong>de</strong> ReferênciaNegativoDescartar o casoInvestigar outrosagravosColeta <strong>de</strong> dados clínicos eepi<strong>de</strong>miológicos do pacienteMedidas <strong>de</strong> proteçãoindividualAvaliar e senecessário iniciardroga <strong>de</strong> 2 a escolhaEducação em Saú<strong>de</strong>Medidas <strong>de</strong>proteção coletivaoco antigoTransmissão emárea silvestreCaso confirmadoI<strong>de</strong>ntificar localprovável <strong>de</strong> infecçãoBusca ativa <strong>de</strong>casosCasos suspeitosEncaminhar paraUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>InvestigaçãoControle vetorialoco novoPositivaPresença dovetor no peri e/ou intradomicílioProvável transmissãono peri e/ouintradomicílioPesquisaentomológicaNegativaAusência dovetor no peri e/ou intradomicílioControle <strong>de</strong> reservatórioL EISHMANIOSE TEGUMENTARAMERICANA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4.5.4. Evolução do caso: é <strong>de</strong> extrema importância, para a vigilância daleishmaniose tegumentar americana, tratar e acompanhar os casos confirmados econhecer a evolução clínica dos mesmos, conforme normas técnicas, visando reduzira forma grave da doença (forma mucosa) e evitar <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s.4.5.5. Análise <strong>de</strong> dados: a análise dos dados da investigação <strong>de</strong>ve permitir aavaliação da magnitu<strong>de</strong>, transcendência e vulnerabilida<strong>de</strong> do problema, da indicaçãoe/ou a<strong>de</strong>quação das medidas <strong>de</strong> controle, para reduzir o número <strong>de</strong> casos em áreascom transmissão domiciliar.Estes dados são indispensáveis para a construção dos indicadores necessários àanálise epi<strong>de</strong>miológica da doença, ao acompanhamento e avaliação operacional dasativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> controle, em cada nível <strong>de</strong> atuação.4.5.6. Divulgação dos dados: após análise dos dados, os mesmos <strong>de</strong>verão seramplamente divulgados.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. ATUAÇÃO NA CADEIA DE TRANSMISSÃOA diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agentes, <strong>de</strong> reservatórios, <strong>de</strong> vetores, <strong>de</strong> situações epi<strong>de</strong>miológicas,aliada ao conhecimento ainda insuficiente sobre vários <strong>de</strong>sses aspectos, tornamcomplexo o controle <strong>de</strong>sta doença.O propósito das medidas <strong>de</strong> prevenção é a redução do contato homem-vetor, através<strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> proteção individual, controle <strong>de</strong> reservatórios e aplicação do inseticida,quando indicados.Em virtu<strong>de</strong> das características epi<strong>de</strong>miológicas peculiares da LTA, as estratégias<strong>de</strong> controle <strong>de</strong>vem ser flexíveis e distintas, a<strong>de</strong>quadas a cada região ou focoparticular.Para a seleção <strong>de</strong> estratégias, a<strong>de</strong>quadas a cada região geográfica, <strong>de</strong>verá serconsi<strong>de</strong>rada a análise epi<strong>de</strong>miológica dos dados referentes a:• registro dos casos humanos quanto à forma clínica, sexo, ida<strong>de</strong> e procedência;• estudos entomológicos para <strong>de</strong>finir as espécies vetoriais, sua dispersão, graus<strong>de</strong> antropofilia e exotilia, infecção natural;• estudos parasitológicos para <strong>de</strong>finir a espécie do agente etiológico circulanteno foco;• estudos ecológicos para <strong>de</strong>terminação dos reservatórios animais envolvidos; e• caracterização <strong>de</strong> um surto epidêmico.5.1.1. Proteção individual: meios mecânicos, através do uso <strong>de</strong> mosquiteiros simplesou impregnados com <strong>de</strong>ltametrina (em fase <strong>de</strong> experiência), telas finas em portas ejanelas, uso <strong>de</strong> repelentes, uso <strong>de</strong> camisas <strong>de</strong> manga comprida, calças compridas,meias e sapatos (<strong>de</strong> difícil aplicação nas regiões <strong>de</strong> clima quente e úmido).Em áreas <strong>de</strong> risco, para assentamento <strong>de</strong> populações humanas, tem sido sugeridauma faixa <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> 200 a 300 metros entre as residências e a floresta.Entretanto, uma faixa <strong>de</strong>ste tipo teria que ser muito bem planejada para evitar erosãoUNASA 517


L EISHMANIOSETEGUMENTARAMERICANAe outros problemas <strong>de</strong>correntes do <strong>de</strong>sequilíbrio ambiental, no caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento.5.1.2. Controle <strong>de</strong> reservatórios: em pesquisas, a realização <strong>de</strong> inquéritos énecessária para melhor evi<strong>de</strong>nciação do papél dos reservatórios no ambiente peri eintra domiciliar. Não se consi<strong>de</strong>ra, atualmente, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle dosreservatórios silvestres.A i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> lesões nos prováveis reservatórios, quando domésticos (cães eeqüí<strong>de</strong>os), <strong>de</strong>manda a realização <strong>de</strong> exames. Caso positivo, quando autorizado peloproprietário, realizar a eutanásia do animal após avaliação.Vale <strong>de</strong>stacar que não é recomendado como rotina, a realização <strong>de</strong> inquéritossorológicos caninos em áreas com transmissão <strong>de</strong> LTA. É importante lembrar que aeutanásia em cães só é indicada em situações em que estes animais apresentemexames sorológicos positivos com presença <strong>de</strong> lesão cutânea.A geração, acondicionamento e <strong>de</strong>stino ina<strong>de</strong>quado do lixo orgânico pela população,favorecem a proliferação <strong>de</strong> reservatórios silvestres importantes (marsupiais eroedores) da LTA. O lixo, portanto, <strong>de</strong>ve ter <strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>quado para evitar a atraçãodos mesmos.5.1.3. Controle vetorial: o emprego <strong>de</strong> inseticidas contra os flebótomos é factívelem situações <strong>de</strong> transmissão peridomiciliar, domiciliar (caracterizada pela notificação<strong>de</strong> um ou mais casos autóctones <strong>de</strong> LTA em menores <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, resi<strong>de</strong>ntes emáreas urbanas ou periurbanas). Ressalta-se que a investigação epi<strong>de</strong>miológica docaso e a pesquisa entomológica é que indicarão o seu uso. Nas áreas florestais, estemétodo é impraticável.A aplicação do inseticida <strong>de</strong>ve ser realizada, preferencialmente, com ação residual,sobre a superfície <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s do domicílio e anexos domiciliares (abrigo <strong>de</strong> animaisdomésticos, paióis, etc). A aplicação espacial <strong>de</strong> inseticida não apresenta relaçãocusto/benefício satisfatória.A escolha do grupo <strong>de</strong> inseticidas que po<strong>de</strong> ser usado <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer à seguinteor<strong>de</strong>m <strong>de</strong> preferência:• Para tratamento residual: piretrói<strong>de</strong>s, carbamatos e organo-fosforados.A formulação do inseticida a ser utilizada e a época mais a<strong>de</strong>quada para sua aplicação<strong>de</strong>verão ser orientadas pelos estudos entomológicos sugeridos anteriormente,consi<strong>de</strong>rando, ainda, fatores biológicos, ambientais e climáticos.5.1.4. Medidas educativas: as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem estarNão é indicado o uso indiscriminado <strong>de</strong> controle químico. O Serviço <strong>de</strong> Entomologia équem <strong>de</strong>verá indicar o seu uso, após estudo e confirmação <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> LTA no perie/ou intra domicílio.inseridas em todos os serviços que <strong>de</strong>senvolvem as ações <strong>de</strong> controle da LTA,requerendo o envolvimento efetivo das equipes multiprofissionais e multiinstitucionais,com vistas ao trabalho articulado nas diferentes unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços,através <strong>de</strong>:• capacitação das equipes, englobando conhecimento técnico, os aspectos518 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICApsicológicos e a prática profissional em relação à doença e aos doentes;• adoção <strong>de</strong> medidas preventivas, consi<strong>de</strong>rando o conhecimento da doença, atitu<strong>de</strong>se práticas da população (clientela), relacionadas às condições <strong>de</strong> vida e trabalhodas pessoas;• estabelecimento <strong>de</strong> relação dinâmica entre o conhecimento do profissional e avivência dos diferentes estratos sociais, através da compreensão global doprocesso saú<strong>de</strong>/doença, no qual intervêm fatores sociais, econômicos, políticose culturais.UNASA 519


L EISHMANIOSETEGUMENTARAMERICANAANEXO 1LEISMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NO BRASILCLASSIICAÇÃO CLÍNICA E RESPECTIVOS AGENTES ETIOLÓGICOSSEGUNDO MARZOCHILeishmaniose Tegumentar AmericanaLeishmaniose CutâneaLeishmaniose Mucosa(1) orma Cutânea Única(2) orma Cutânea Múltipla(3) orma Cutânea Disseminada(4) orma Recidiva Cutis(5) orma Cutânea DifusaLeishmania braziliensis(1, 2, 3, 4)Leishmania amazonensis(1, 2, 3, 4, 5)Leishmania guyanensis(1, 2, 3)(6) orma Mucosa Tardia(7) orma Mucosa Concomitante(8) orma Mucosa Contígua(9) orma Mucosa Primária(10) orma Mucosa In<strong>de</strong>terminadaLeishmania braziliensis(6, 7, 8, 9, 10)Leishmania amazonensis(8)Leishmania guyanensis(8)520 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAANEXO 2 - NORMAS PARA PROCEDIMENTOS LABORATORIAISO diagnóstico laboratorial do paciente, com suspeita <strong>de</strong> leishmaniose tegumentaramericana, é da maior importância, pois a LTA é uma doença que tem diagnósticodiferencial, com numerosas outras <strong>de</strong>rmatoses, e o medicamento disponível para otratamento po<strong>de</strong> causar sérios efeitos colaterais. Embora a confirmação laboratorialseja imprescindível para o paciente, em <strong>de</strong>terminadas áreas, po<strong>de</strong> se proce<strong>de</strong>r àconfirmação pelo critério clínico epi<strong>de</strong>miológico, <strong>de</strong> acordo com as orientações doItem 4.2 <strong>de</strong>ste capítulo. A seguir, <strong>de</strong>screvem-se os exames laboratoriais disponíveis,sua interpretação e as normas <strong>de</strong> coleta dos espécimes.Destaca-se que o diagnóstico laboratorial baseia-se na evi<strong>de</strong>nciação do parasita eem provas imunológicas. O material po<strong>de</strong> ser a pele, mucosa ou gânglios acometidos.1. EXAME PARASITOLÓGICOA evi<strong>de</strong>nciação do parasita é feita através <strong>de</strong> exames direto e indireto. Para apesquisa direta, são utilizados os seguintes procedimentos: escarificação, biópsiacom impressão por aposição e punção aspirativa. O exame parasitológico direto é oprocedimento <strong>de</strong> primeira escolha, por ser mais rápido, <strong>de</strong> menor custo e <strong>de</strong> fácilexecução.O sucesso no achado do parasita é inversamente proporcional ao tempo <strong>de</strong> evoluçãoda lesão cutânea, sendo rara após um ano. Lesões muito contaminadas tambémcontribuem para diminuir a sensibilida<strong>de</strong> do método. Recomenda-se a coleta domaterial após assepsia local com água e sabão e, se possível, com água <strong>de</strong>stilada ousoro fisiológico.1.1. ESCARIICAÇÃOPo<strong>de</strong> ser realizada na borda da lesão ulcerada mais recente, sem secreção purulenta,ou na superfície da lesão não ulcerada, utilizando-se um estilete <strong>de</strong>scartável, lâmina<strong>de</strong> bisturi estéril ou palito <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, com extremida<strong>de</strong> em bisel, previamenteesterilizado. Com o material coletado, realiza-se um esfregaço em lâmina. Na medidado possível, <strong>de</strong>ve-se coletar material abundante para aumentar a positivida<strong>de</strong>.1.2. IMPRESSÃO POR APOSIÇÃOÉ realizada através da compressão do fragmento <strong>de</strong> tecido, obtido por biópsia, sobreuma lâmina microscópica, após retirada do sangue em uma superfície absorvente(papel <strong>de</strong> filtro).Tanto o esfregaço como a impressão, <strong>de</strong>vem ser realizados sobre lâmina <strong>de</strong> vidropreviamente <strong>de</strong>sengordurada e seca. O material coletado <strong>de</strong>ve ser fixado em metanol,durante 3 minutos, e corado pelas técnicas <strong>de</strong> Giemsa ou Leishman. Como métodoalternativo, em alguns centros <strong>de</strong> referência, tem sido utilizado o método panópticorápido.UNASA 521


L EISHMANIOSETEGUMENTARAMERICANAA punção aspiritiva po<strong>de</strong> ser realizada, utilizando-se uma seringa <strong>de</strong> 5ml e agulha25x8, com 3ml <strong>de</strong> solução salina estéril. Em centros <strong>de</strong> referência, este procedimentopo<strong>de</strong> ser realizado na investigação <strong>de</strong> comprometimento ganglionar primário.1.3. HISTOPATOLOGIAA biópsia po<strong>de</strong> ser feita com “punch” <strong>de</strong> 4mm <strong>de</strong> diâmetro, ou em cunha, com ouso <strong>de</strong> bisturi. Nas lesões ulceradas, <strong>de</strong>ve-se preferir a borda íntegra da lesão que,em geral, mostra aspecto tumefeito e hiperêmico. O local a ser biopsiado <strong>de</strong>ve serlimpo com água e sabão, a seguir, infiltra-se lidocaína ou xilocaína a 2%, para anestesiaro local.O material retirado por biópsia <strong>de</strong>ve ser fixado em formol a 10%, em quantida<strong>de</strong>,aproximadamente, 20 vezes maior que o volume do fragmento.1.4. CULTIVOÉ um método <strong>de</strong> confirmação etiológica e permite a <strong>de</strong>finição da espécie daLeishmania envolvida.O parasita cresce relativamente bem em meios <strong>de</strong> cultivo, como o NNN e o LITentre 24° a 26° C. Após o quinto dia, já po<strong>de</strong>m ser encontradas formas promastigotasdo parasita, <strong>de</strong>vendo-se manter a cultura até um mês.1.5. INOCULAÇÃO EM ANIMAIS DE LABORATÓRIOO animal <strong>de</strong> escolha é o hamster (Mesocricetus auratus) e os locais <strong>de</strong> preferênciasão as extremida<strong>de</strong>s, principalmente as patas posteriores. O inóculo <strong>de</strong>ve ser obtidoa partir <strong>de</strong> uma suspensão homogeneizada do material <strong>de</strong> biópsia em solução salinaestéril. As lesões no hamster <strong>de</strong>senvolvem-se tardiamente (a partir <strong>de</strong> um mês),sendo este método reservado para pesquisas.2. DIAGNÓSTICO IMUNOLÓGICO2.1. INTRADERMORREAÇÃO DE MONTENEGRO (IRM)Traduz a resposta <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> celular retardada. A reação <strong>de</strong> Montenegroé realizada através da inoculação intradérmica <strong>de</strong> 0,1ml do antígeno padronizadoem 40mg N/ml, no antebraço esquerdo, a mais ou menos <strong>de</strong> 2 a 3cm abaixo dadobra do cotovelo, <strong>de</strong> modo a formar uma pequena elevação ou pápula. A leitura<strong>de</strong>ve ser feita após 48 a 72hs. A reação é consi<strong>de</strong>rada positiva, quando a induraçãoresultante for ≥ a 5mm. É um teste <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor preditivo <strong>de</strong>vido à suasensibilida<strong>de</strong>, sendo positivo em mais <strong>de</strong> 90% dos casos <strong>de</strong> LTA. Nas áreas on<strong>de</strong>predomina a L.(L) amazonensis, a positivida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser mais baixa.Po<strong>de</strong> apresentar-se negativa nos seguintes casos:• nos primeiros 30 dias após o início das lesões, excepcionalmente seprolongando;• nos casos <strong>de</strong> leishmaniose disseminada, positivando-se no <strong>de</strong>correr dotratamento;522 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• na leishmaniose cutâneo-difusa;• na leishmaniose visceral; e• em pacientes imuno<strong>de</strong>primidos.A reação <strong>de</strong> Montenegro geralmente permanece positiva após o tratamento, oucicatrização da lesão cutânea tratada ou curada espontaneamente, negativando nosindivíduos fraco-reatores e nos precocemente tratados. Em áreas endêmicas, <strong>de</strong>veseconsi<strong>de</strong>rar leishmaniose anterior ou exposição ao parasita (infecção) sem doença.Nas lesões mucosas, a resposta cutânea ao teste <strong>de</strong> Montenegro é mais intensa,po<strong>de</strong>ndo ocorrer até ulceração e necrose local.2.2. IMUNOLUORESCÊNCIA INDIRETA (II) E TESTE IMUNOENZIMÁTICO(ELISA)Expressam os níveis <strong>de</strong> anticorpos circulantes. Devem ser realizados em centros <strong>de</strong>referência.As reações sorológicas <strong>de</strong> imunofluorescência indireta (IFI) e o teste imunoenzimático(ELISA) são úteis, principalmente nos casos com lesões extensas e múltiplas e naslesões mucosas.Após o tratamento e cura em ambas as formas <strong>de</strong> doença, os títulos po<strong>de</strong>m cair ou<strong>de</strong>saparecer em alguns meses.UNASA 523


L EISHMANIOSETEGUMENTARAMERICANACOLETA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAL PARA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DALEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANATIPO DEDIAGNÓSTICOTIPO DEMATERIALQUANTIDADEPERÍODO DA COLETARECIPIENTEARMAZENAMENTO/ CONSERVAÇÃOTRANSPORTEParasitológicoSecreção dalesãoO suficientepara oesfregaço epara colocarno meio <strong>de</strong>culturaNa presença <strong>de</strong> úlceracutânea e/ou mucosa e/ou quadro clínicosuspeito (forma mucosametastásica)Lâminapontafosca oumeio <strong>de</strong>culturaapropriadoparatransporteTemperaturaambiente-4 o CPorta lâminasou em materialque garanta aintegrida<strong>de</strong> dalâmina.Gêlo seco oureciclável.Nitrogêniolíquido.IRMAplicação noantebraço <strong>de</strong>Antígeno <strong>de</strong>Montenegro0,1mlintradérmico(tipotuberculina).Inocular emtemperaturaambiente.Leitura em48 e 72horas.Na presença <strong>de</strong> úlceracutãnea e/ou mucosa e/ou quadro clínicosuspeito (formamucosa metastásica)Não seaplicaNão se aplicaNão se aplicaSorologiaSangueObtenção daamostra: punçãovenosaCrianças:2 - 5mlAdulto:10mlNa presença <strong>de</strong> úlceracutãnea e/ou mucosa e/ou quadro clínicosuspeito (forma mucosametastásica)Tuboestéril <strong>de</strong>plásticoou vidrocomtampa <strong>de</strong>rosca comvácuo-4 o CGêlo seco oureciclável.NitrogêniolíquidoObservação 1: Em situações em que a lesão cutãnea e/ou mucosa apresenteinfecção secundária, a mesma <strong>de</strong>verá ser tratada, antes <strong>de</strong> se proce<strong>de</strong>r a coletapara exame laboratorial.Observação 2: Lembrar que o Antígeno <strong>de</strong> Montenegro <strong>de</strong>verá ser acondicionadoem temperatura <strong>de</strong> 2 o a 8 o C.• Todo material <strong>de</strong>verá ser enviado <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificado, e acompanhado <strong>de</strong> informaçõesclínicas, para orientar os técnicos do laboratório, quanto aos exames indicados.• Lembrar que, o perfeito acondicionamento das amostras para remessa, é <strong>de</strong> fundamentalimportância para o êxito dos procedimentos laboratoriais.524 UNASA


LEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR)CID 10: B55.0


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICALEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR)1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOA leishmaniose visceral (LV) é, primariamente, uma zoonose que afeta outros animaisalém do homem. Sua transmissão, inicialmente silvestre ou concentrada em pequenaslocalida<strong>de</strong>s rurais, já está ocorrendo em centros urbanos <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte,em área domiciliar ou peri-domiciliar. É um crescente problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública nopaís e em outras áreas do continente americano, sendo uma en<strong>de</strong>mia em francaexpansão geográfica. É uma doença crônica, sistêmica, caracterizada por febre <strong>de</strong>longa duração, perda <strong>de</strong> peso, astenia, adinamia, anemia, <strong>de</strong>ntre outras manifestações.Quando não tratada, po<strong>de</strong> evoluir para óbito, em 1 ou 2 anos, após o aparecimentoda sintomatologia.1.2. SINONIMIACalazar, esplenomegalia tropical, febre dundun, <strong>de</strong>ntre outras <strong>de</strong>nominações menosconhecidas.1.3. AGENTE ETIOLÓGICONo Brasil, é causada por um protozoário da família Tripanosomatidae, gêneroLeishmania, espécie Leishmania chagasi. Seu ciclo evolutivo é caracterizado porapresentar duas formas: a amastigota, que é obrigatoriamente parasita intracelularem vertebrados, e a forma promastígota, que se <strong>de</strong>senvolve no tubo digestivo dosvetores invertebrados e em meios <strong>de</strong> culturas artificiais.1.4. RESERVATÓRIOOs reservatórios do agente etiológico, no ambiente silvestre, são as raposas (Dusycionvetulus e Cerdocyon thous), além do marsupial (Di<strong>de</strong>lphis albiventris). Na áreaurbana, o cão (Canis familiaris) é a principal fonte <strong>de</strong> infecção. Os cães infectadospo<strong>de</strong>m ou não <strong>de</strong>senvolver quadro clínico da doença, cujos sinais são: emagrecimento,eriçamento e queda <strong>de</strong> pêlos, nódulos ou ulcerações (mais freqüentes nos bordosdas orelhas), hemorragias intestinais, paralisia <strong>de</strong> membros posteriores, ceratite comcegueira e caquexia. Po<strong>de</strong> evoluir para morte, nos casos mais graves. Oreconhecimento das manifestações clínicas <strong>de</strong>stes reservatórios é importante, paraa adoção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controle da doença. Os caní<strong>de</strong>os apresentam intensoparasitismo cutâneo, o que permite uma fácil infecção do mosquito, e, por este fato,são os mais importantes elos na manutenção da ca<strong>de</strong>ia epi<strong>de</strong>miológica.UNASA 527


L EISHMANIOSE(CVISCERAL(CALAZARALAZAR)1.5. VETORESNo Brasil, a principal espécie <strong>de</strong> vetor responsável pela transmissão da Leishmaniachagasi, é a Lutzomyia longipalpis, díptero pertencente a Classe Insecta, GêneroLutzomyia. Este mosquito é <strong>de</strong> tamanho pequeno, cor <strong>de</strong> palha, gran<strong>de</strong>s asas pilosasdirigidas para trás e para cima, cabeça fletida, aspecto giboso do corpo e longospalpos maxilares. Seu habitat é o domicílio e o peridomicílio humano, on<strong>de</strong> se alimentado sangue <strong>de</strong> cão, pessoas, outros mamíferos e aves. As fêmeas têm hábitosantropofílicos, pois necessitam <strong>de</strong> sangue para o <strong>de</strong>senvolvimento dos ovos. Durantea alimentação, introduzem no hóspe<strong>de</strong>, através da saliva, um peptí<strong>de</strong>o que se consi<strong>de</strong>raum dos mais potentes vasodilatadores conhecidos.1.6. MODO DE TRANSMISSÃONão ocorre transmissão direta <strong>de</strong> pessoa a pessoa. No Brasil, é aceito pela maioriados autores, que a principal forma <strong>de</strong> transmissão se faz a partir da picada dosflebótomos (Lutzomyia longipalpis) nos animais reservatórios.. Após 8 a 20 diasdo repasto, as leishmanias evoluem no tubo digestivo <strong>de</strong>stes insetos, que estarãoaptos a infectar outros indivíduos.1.7. PERÍODO DE INCUBAÇÃOVaria <strong>de</strong> 10 dias a 24 meses, sendo em média <strong>de</strong> 2 a 4 meses.1.8. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEOs animais reservatórios permanecem como fonte <strong>de</strong> infecção enquanto persistir oparasitismo na pele ou no sangue circulante.1.9. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA suscetibilida<strong>de</strong> é universal, atingindo pessoas <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s e sexo. Entretanto,a incidência é maior em crianças. Existe resposta humoral <strong>de</strong>tectada através <strong>de</strong>anticorpos circulantes. A LV é uma infecção intracelular, cujo parasitismo se fazpresente nas células do sistema fagocitário mononuclear, com supressão específicada imunida<strong>de</strong> mediada por células, que permite a difusão e a multiplicação incontroladado parasitismo. Só uma pequena parcela <strong>de</strong> indivíduos infectados <strong>de</strong>senvolvesintomatologia da doença. A infecção, que po<strong>de</strong> regridir espontaneamente, é seguida<strong>de</strong> uma imunida<strong>de</strong> que requer a presença <strong>de</strong> antígenos, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se conclui que asleishmanias ou alguns <strong>de</strong> seus antígenos estão presentes no organismo infectadodurante longo tempo <strong>de</strong> sua vida, <strong>de</strong>pois da infecção inicial. Esta hipótese está apoiadano fato <strong>de</strong> que indivíduos imunossuprimidos po<strong>de</strong>m apresentar quadro <strong>de</strong> LV muitoalém do período habitual <strong>de</strong> incubação.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASAs manifestações clínicas da LV refletem o <strong>de</strong>sequilibrio entre a multiplicação dosparasitos nas células do sistema fagocítico mononuclear (SFM), a resposta imunitáriado indivíduo e o processo inflamatório subjacente. Observa-se que muitos infectados528 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAapresentam forma inaparente ou oligossintomática, e que o número <strong>de</strong> casos gravesou com cortejo <strong>de</strong> sintomatologia manifesta, é relativamente pequeno em relaçãoaos infectados. Para facilitar o estudo, po<strong>de</strong>-se classificar a LV da seguinte forma:• Inaparente: paciente com sorologia positiva, ou teste <strong>de</strong> leishmanina (Intra<strong>de</strong>rmoreação-IDRM)positivo ou o encontro <strong>de</strong> parasito em tecidos, sem sintomatologiaclínica manifesta.• Oligossintomática: quadro intermitente, a febre é baixa ou ausente, a hepatomegaliaestá presente, esplenomegalia quando <strong>de</strong>tectada é discreta. Observaseadinamia. Ausência <strong>de</strong> hemorragias e caquexia.• Aguda: o início po<strong>de</strong> ser abrupto ou insidioso. Na maioria dos casos, a febre é oprimeiro sintoma, po<strong>de</strong>ndo ser alta e contínua ou intermitente, com remissões <strong>de</strong>uma ou duas semanas. Observa-se hepatoesplenomegalia, adinamia, perda <strong>de</strong>peso e hemorragias. Ocorre anemia com hiperglobulinemia.• Clássica: quadro <strong>de</strong> evolução mais prolongada que <strong>de</strong>termina o comprometimentodo estado nutricional, com queda <strong>de</strong> cabelos, crescimento e brilho dos cílios ee<strong>de</strong>ma <strong>de</strong> membros inferiores. Cursa com febre, astenia, adinamia, anorexia,perda <strong>de</strong> peso e caquexia. A hepatoesplenomegalia é acentuada, micropolia<strong>de</strong>nopatiageneralizada, intensa pali<strong>de</strong>z <strong>de</strong> pele e mucosas, conseqüência dasevera anemia. Os fenômenos hemorrágicos são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> monta: gengivorragias,epistaxes, equimoses e petéquias. As mulheres freqüentemente apresentamamenorréia. A puberda<strong>de</strong> fica retardada nos adolescentes e o crescimento sofregran<strong>de</strong> atraso nas crianças e jovens. Os exames laboratoriais revelam anemiaacentuada, leucopenia, plaquetopenia (pancitopenia), hiperglobulinemia ehipoalbunemia.• Refratária: é uma forma evolutiva da leishmaniose visceral clássica que nãorespon<strong>de</strong>u ao tratamento, ou respon<strong>de</strong>u parcialmente ao tratamento comantimoniais. É clinicamente mais grave, <strong>de</strong>vido ao prolongamento da doençasem resposta terapêutica.Os pacientes com LV, em geral, têm como causa <strong>de</strong> óbito as hemorragias e asinfecções associadas, em virtu<strong>de</strong> da <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> física e imunológica.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALMuitas entida<strong>de</strong>s clínicas po<strong>de</strong>m ser confundidas com a LV, <strong>de</strong>stacando-se, entreelas, a enterobacteriose <strong>de</strong> curso prolongado (associação <strong>de</strong> esquistossomose comsalmonela ou outra enterobactéria), cujas manifestações clínicas se superpõemperfeitamente ao quadro da leishmaniose visceral. Em muitas situações, essediagnóstico diferencial só po<strong>de</strong> ser concluído por provas laboratoriais, já que asáreas endêmicas se superpõem em gran<strong>de</strong>s faixas do território brasileiro. Soma-sea essa entida<strong>de</strong> outras patologias (malária, brucelose, febre tifói<strong>de</strong>, esquistossomosehepatoesplênica, forma aguda da doença <strong>de</strong> Chagas, linfoma, mieloma múltiplo, anemiafalciforme, etc.)UNASA 529


L EISHMANIOSE(CVISCERAL(CALAZARALAZAR)2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL• Específicoð Exames sorológicos- Imunofluorescência Indireta: consi<strong>de</strong>rado positivo em diluições maioresou iguais <strong>de</strong> 1:40.- ELISA: o ensaio imunoenzimático vem sendo cada vez mais utilizado eseu resultado é expresso em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> absorbância a um raio <strong>de</strong> luz,em uma reação com diluições fixas ou, mais comumente, apenas comoreagente ou não.É importante observar que títulos variáveis dos exames sorológicos po<strong>de</strong>m persistirpositivos por longo período, mesmo após o tratamento. Assim, o resultado <strong>de</strong> um testepositivo, na ausência <strong>de</strong> manifestações clínicas, não autoriza a instituição <strong>de</strong> terapêutica.• Exame parasitológico: é realizado a partir da retirada <strong>de</strong> material preferencialmenteda medula óssea, linfonodo ou do baço; no caso <strong>de</strong>ste último, <strong>de</strong>ve serrealizado em ambiente hospitalar em condições cirúrgicas.• Inespecíficos: são importantes pois orientam tanto a suspeita diagnóstica quantoo processo <strong>de</strong> cura do paciente, em função das alterações que ocorrem nascélulas sangüíneas e no metabolismo das proteínas.ð Hemograma: em geral evi<strong>de</strong>ncia pancitopenia: diminuição das hemáceas,leucopenia, com linfocitose relativa, e plaquetopenia. A anaesonofilia(ausência <strong>de</strong> eosinófilos) é achado típico, não ocorrendo quando há associaçãocom outras patologias, como a esquistossomose ou a estrongiloidose.ð Dosagem <strong>de</strong> proteínas: há uma forte inversão da relação albumina/globulina,com padrões tão acentuados quanto no mielonoma múltiplo.2.4. TRATAMENTO• Primeira escolha: antimônio pentavalente (Antimoniato N-metil-glucamina).Visando padronizar o esquema terapêutico, a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>(OMS) recomenda que a dose <strong>de</strong>ste antimonial seja calculada em mg Sb +5 /Kg/dia. (Sb +5 significando antimônio pentavalente).O único comercializado no Brasil é Antimoniato N-metil glucamina que seapresenta comercialmente em frascos <strong>de</strong> 5ml que contêm 1,5g do antimoniatobruto, correspon<strong>de</strong>nte a 405mg <strong>de</strong> Sb +5, e cada ml contém 81mg <strong>de</strong> Sb +5 .A dose recomendada é <strong>de</strong> 20mg/ Sb +5 /Kg/dia, IV ou IM, com limite máximo <strong>de</strong>3 ampolas/dia, por no mínimo 20 e no máximo 40 dias consecutivos.ð Contra-indicações: esta droga não po<strong>de</strong> ser administradas em gestantes,portadores <strong>de</strong> insuficiência renal ou hepática; arritmias cardíacas e doença<strong>de</strong> Chagas.530 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICADeve-se fazer acompanhamento clínico e com exames complementares para<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> possíveis manifestações <strong>de</strong> intoxicação (hemograma, uréia,creatinina, AST(TGO) e ALT(TGP) e ECG. Efeitos colaterais: artralgias,mialgia, prurido, adinamia, anorexia, náuseas, vômitos, plenitu<strong>de</strong> gástrica,pirose, dor abdominal, febre, fraqueza, cefaléia, tontura, palpitação, insônia,nervosismo, choque pirogênico, e<strong>de</strong>ma, herpes zoster, insuficiência renalaguda e arritmias.• Segunda escolha: quando houver resistência ao antimonial, a droga <strong>de</strong> segundalinha é a Anfotericina B. A dose diária é <strong>de</strong> 1mg/kg <strong>de</strong> peso/dia (limite máximo<strong>de</strong> 50mg por dia), entretanto <strong>de</strong>ve ser iniciada com 0,5mg/kg <strong>de</strong> peso/dia até seatingir a dose total entre 1 a 1,5g. Cada mg <strong>de</strong>ve ser reconstituída em 10 ml <strong>de</strong>água <strong>de</strong>stilada e, no momento da administração, a solução <strong>de</strong>ve ser diluída emsoro glicosado a 5% na proporção <strong>de</strong> 1mg para 10 ml.Devido ao risco <strong>de</strong> precipitação, a Anfotericina B não <strong>de</strong>ve ser misturada comoutros medicamentos ou soluções que contenham eletrólitos e <strong>de</strong>ve ser infundidaao abrigo da luz. Deve ser sempre administrada, por via endovenosa, em infusãolenta <strong>de</strong> 4-6 horas com limite máximo <strong>de</strong> 50mg/dose/dia, em dias consecutivos,por um período <strong>de</strong> 14 dias, e sob orientação e acompanhamento médico, emhospitais <strong>de</strong> referência, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua toxicida<strong>de</strong>.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSNas Américas, a Leishmania chagasi é encontrada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os Estados Unidos até onorte da Argentina. Casos humanos ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México até a Argentina. NoBrasil, é uma doença endêmica com registro <strong>de</strong> surtos freqüentes. Inicialmente, suaocorrência era limitada a áreas rurais e a pequenas localida<strong>de</strong>s urbanas mas,atualmente, encontra-se em franca expansão para gran<strong>de</strong>s centros. Assim, observouseno início da década <strong>de</strong> 80 surto epidêmico em Teresina e, <strong>de</strong> lá para cá, já sediagnosticou casos autóctones em São Luís (MA), Fortaleza(CE), Natal(RN),Aracaju(SE), Belo Horizonte(MG), Santarém(PA) e Corumbá(MS). Está distribuídaem 19 estados da fe<strong>de</strong>ração, atingindo quatro das 5 regiões brasileiras. Sua maiorincidência encontra-se no Nor<strong>de</strong>ste com 92% do total <strong>de</strong> casos, seguido pela regiãoSu<strong>de</strong>ste (4%), a região Norte (3%), e, finalmente, a região Centro-Oeste (1%).Tem-se registrado em média cerca <strong>de</strong> 1.980 casos por ano. O coeficiente <strong>de</strong>incidência da doença tem alcançado 20,4 casos/100.000 habitantes, em algumaslocalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estados nor<strong>de</strong>stinos, como Piauí, Maranhão e Bahia. As taxas <strong>de</strong>letalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com os registros oficiais, chegam a 10% em alguns locais.4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOSOs objetivos do Programa <strong>de</strong> Controle são: reduzir as taxas <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong>, grau <strong>de</strong>morbida<strong>de</strong> e riscos <strong>de</strong> transmissão, mediante controle da população <strong>de</strong> reservatóriose do agente transmissor, além do diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanosda doença.UNASA 531


L EISHMANIOSE(CVISCERAL(CALAZARALAZAR)4.2. DEINIÇÃO DE CASO4.2.1. Suspeito: todo indivíduo proveniente <strong>de</strong> área endêmica ou on<strong>de</strong> estejaocorrendo surto, com febre há mais <strong>de</strong> duas semanas, ou outras manifestaçõesclínicas da doença.4.2.2. Confirmado <strong>de</strong> doença• Critério clínico-laboratorial: paciente com manifestações clínicas compatíveiscom leishmaniose visceral (febre, astenia, adinamia, anorexia, perda <strong>de</strong> peso/caquexia, hepatoesplenomegalia micropolia<strong>de</strong>nopatia, anemia, gengivorragias,epistaxes, equimoses e petéquias) e que apresente teste sorológico (IFI comdiluição igual ou maior que 1:40, ou ELISA positivo) ou exame parasitológicopositivo. De acordo com a sintomatologia, o caso então é classificado em umadas formas clínicas: inaparente, oligossintomática, aguda, clássica e refratária.• Critério clínico-epi<strong>de</strong>miológico: todo indivíduo proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> área endêmica,com quadro clínico compatível com leishmaniose visceral e que respon<strong>de</strong>ufavoravelmente ao teste terapêutico.4.2.3. Descartado• Casos suspeitos com exames sorológicos e/ou parasitológicos negativos, semmanifestações clínicas.• Casos suspeitos que após investigação clínico laboratorial se confirma outrodiagnóstico.4.2.4. Infecção: todo o indivíduo com exame sorológico ou parasitológico positivo,sem manifestações clínicas. Estes casos po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tectados em investigaçõesclínicas-laboratoriais ou quando se realiza inquéritos sorológicos.4.3. NOTIICAÇÃOÉ uma doença <strong>de</strong> notificação compulsória e que requer investigação epi<strong>de</strong>miológica,visando i<strong>de</strong>ntificar novos focos da doença, cujo instrumento é a ficha do SINAN.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADASAssistência médica ao paciente: os casos graves <strong>de</strong> leishmaniose visceral <strong>de</strong>vemser internados e tratados em hospitais <strong>de</strong> referência, e os leves ou intermediáriospo<strong>de</strong>m ser assistidos a nível ambulatorial. A atenção às populações das áreasendêmicas, a princípio <strong>de</strong>ve ser centrada na ocorrência da doença em crianças, jáque a maioria dos casos ocorre na faixa etária até nove anos. Todavia, é crescenteo número <strong>de</strong> casos em adultos, em vários casos agravados pela coinfecçãoLeishmania+HIV, associação cada vez mais freqüente. As infecções associadas<strong>de</strong>vem ser tratadas <strong>de</strong> acordo com cada agravo.Qualida<strong>de</strong> da assistência: é comum o encontro <strong>de</strong> casos da doença com longo período<strong>de</strong> evolução, o que reflete, por um lado, a <strong>de</strong>mora com que os doentes chegam aosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e, por outro, o <strong>de</strong>spreparo da Re<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> para opronto reconhecimento dos casos. Deste modo, se a área é endêmica, o serviço <strong>de</strong>532 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAvigilância local <strong>de</strong>ve promover treinamento <strong>de</strong> profissionais, para realizar o prontodiagnóstico e tratamento dos casos. Em situações <strong>de</strong> surtos, fazer busca ativa <strong>de</strong>casos, encaminhando os suspeitos para atendimento médico a<strong>de</strong>quado.Confirmação diagnóstica: verificar se a equipe <strong>de</strong> assistência solicitou os examesespecíficos do(s) paciente(s), <strong>de</strong> acordo com orientações do Anexo 1.Proteção da população: em áreas em que a transmissão ativa já está estabelecida,verificar se as medidas <strong>de</strong> controle indicadas estão sendo adotadas e se sãosuficientes.4.5. INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICADeve ser realizada com o propósito <strong>de</strong> obter-se dados sobre o caso, mediante opreenchimento da ficha <strong>de</strong> investigação apropriada, com o objetivo <strong>de</strong> se <strong>de</strong>terminaro local ou locais <strong>de</strong> riscos e on<strong>de</strong> possivelmente ocorreu a transmissão da doença.A investigação <strong>de</strong>ve ser realizada em todos os casos notificados, seja em áreasendêmicas, seja nas áreas in<strong>de</strong>nes vulneráveis, caracterizadas por riscos epi<strong>de</strong>miológicos(presença <strong>de</strong> reservatório, vetor, populações humanas vulneráveis),ambientais (áreas <strong>de</strong> invasão) e sociais (baixo nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>); esses elementos,auxiliam no conhecimento da extensão do foco <strong>de</strong> transmissão e, por conseguinte,servem como ferramentas para o dire-cionamento do emprego das ações <strong>de</strong> controle.Quando da conclusão da investigação, o caso <strong>de</strong>verá ser classificado como autóctone,se a transmissão ocorreu no mesmo município on<strong>de</strong> ele foi investigado, comoimportado, se a transmissão ocorreu em outro município daquele em que ele foiinvestigado, ou como in<strong>de</strong>terminado, se o local da transmissão é inconclusivo.4.6. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.6.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: a i<strong>de</strong>ntificação do paciente, <strong>de</strong>ve ser feita daforma mais completa possível, preenchendo todos os campos da ficha <strong>de</strong> Investigaçãodo SINAN, relativos aos dados gerais, notificação individual e dados <strong>de</strong> residência.4.6.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos• Para confirmar a suspeita diagnóstica: feita a partir <strong>de</strong> informações obtidasjunto ao paciente, ou seu acompanhante, quanto à área <strong>de</strong> procedência do indivíduo,conhecimento da ocorrência <strong>de</strong> outros casos, presença do vetor e cães infectados.Atentar principalmente, quando for criança com quadro <strong>de</strong> febre prolongada, jáque a maioria dos casos ocorre em menores <strong>de</strong> 9 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>stes, 65%,estão situados na faixa etária abaixo <strong>de</strong> 4 anos. A história clínica, conjuntamentecom a realização <strong>de</strong> exames laboratoriais, são elementos essenciais para aconfirmação diagnóstica. Outra maneira <strong>de</strong> confirmar o diagnóstico é quandoexiste forte suspeita diagnóstica e a instituição da terapêutica é seguida <strong>de</strong>resposta favorável (prova terapêutica).• Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> transmissão: buscar estabelecer o possívellocal on<strong>de</strong> o paciente ou pacientes se infectaram, <strong>de</strong> acordo com a históriaepi<strong>de</strong>miológica e conhecimento <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> outros casos em períodosanteriores. As áreas clássicas <strong>de</strong> transmissão são os pés <strong>de</strong> serra e boqueirões,UNASA 533


L EISHMANIOSE(CVISCERAL(CALAZARALAZAR)ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA LEISHMANIOSEVISCERALNotificação <strong>de</strong> casosuspeitoAtenção médica/dados clínicosInvestigaçãoepi<strong>de</strong>miológicaColeta <strong>de</strong> materialpara examesespecíficos einespecíficosVerificar se o quadroestá compatível coma suspeitadiagnósticaI<strong>de</strong>ntificar área <strong>de</strong>transmmissãoEnvio ao laboratórioEn<strong>de</strong>micaIn<strong>de</strong>neResultado dosexamesVerificar se asmedidas <strong>de</strong> controleestão sendoadotadasBusca ativa <strong>de</strong> casosNegativoPositivoBusca ativa <strong>de</strong> casosDelimitar possívelárea <strong>de</strong> transmissãoEncerrar o caso <strong>de</strong>acordo com asnormas do Anexo 1Delimitar extensão daárea <strong>de</strong> transmissãoImplantar medidas<strong>de</strong> controleAvaliar se as açõesque vêm sendo<strong>de</strong>senvolvidas sãosuficientesVerificar se as medidasadotadas cobrem aárea <strong>de</strong> abrangênciada transmissãoImplantar vigilânciaativa <strong>de</strong> casos534 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAcontudo, com a modificação gradativa do ambiente, pela ação antrópica, e aconseqüente <strong>de</strong>struição dos ecótopos <strong>de</strong> vetores e reservatórios, a urbanizaçãoda doença é hoje uma realida<strong>de</strong>, principalmente, nas periferias das cida<strong>de</strong>s.4.6.3. Determinação da extensão da área <strong>de</strong> transmissão: o conhecimento daextensão da área <strong>de</strong> transmissão po<strong>de</strong> ser obtido com a utilização da <strong>Vigilância</strong>Entomológica, para a <strong>de</strong>tecção precoce da presença da Lutzomyia longipalpis,sua distribuição e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e também pelo diagnóstico <strong>de</strong> animais infectados ebusca ativa <strong>de</strong> casos humanos.• se a área é endêmica, procurar verificar se as medidas <strong>de</strong> controle estão sendosistematicamente adotadas;• se for um novo foco, comunicar imediatamente aos níveis superiores do sistema<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e iniciar o emprego das medidas <strong>de</strong> controle;• iniciar busca ativa <strong>de</strong> casos, visando tratar precocemente os casos, <strong>de</strong>limitar areal magnitu<strong>de</strong> do evento e verificar se o caso é importado ou autóctone. Casoseja importado, notificar ao município <strong>de</strong> origem do caso;• acompanhar a adoção das medidas <strong>de</strong> controle, avaliando os dados da populaçãocanina infectada, existência <strong>de</strong> reservatórios silvestres, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da população<strong>de</strong> vetores, etc;• avaliar a taxa <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> para discussão e melhoria da assistência médicaprestada aos pacientes, inclusive verificando se o tratamento está sendo conduzido<strong>de</strong> acordo com o padronizado.Instituir a <strong>Vigilância</strong> Entomológica para monitorar a extensão e níveis <strong>de</strong> infestaçãopela Lutzomyia longipalpis, inclusive nas áreas silenciosas. Para o conhecimento dadistribuição do vetor, é importante conhecer os fatores climáticos, como índicepluviométrico e temperatura, que po<strong>de</strong>m auxiliar na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> áreas com potencialpara a ocorrência da transmissão. O monitoramento <strong>de</strong> indicadores sócio-biológicostambém po<strong>de</strong> ajudar na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>ssas áreas que possam representar riscos.Áreas silenciosas: são aquelas endêmicas que se encontra sem registro <strong>de</strong> caso humanoe/ou canino ou presença do vetor, por um período mínimo <strong>de</strong> 12 meses.Conduta frente a surtos: adoção das primeiras medidas <strong>de</strong> atenção aos pacientes eestabelecer cronologia dos casos e a distribuição geográfica dos mesmos. Em seguida,<strong>de</strong>finir as medidas <strong>de</strong> controle que <strong>de</strong>vem ser planejadas <strong>de</strong> acordo com a situação.Notificar aos níveis hierárquicos superiores e iniciar campanhas <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong>para a população, repasse <strong>de</strong> informações aos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> das instituições daRe<strong>de</strong> Básica e à população.4.6.4. I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> vetores e reservatórios: se for uma nova área <strong>de</strong>transmissão, ou se ainda não tiver sido investigada, buscar i<strong>de</strong>ntificar possíveisreservatórios e vetores envolvidos na ca<strong>de</strong>ia epi<strong>de</strong>miológica. Além disso, verificarquais os fenômenos (intervenções ambientais, urbanização/expansão da doença)que estão propiciando a ocorrência <strong>de</strong> casos.UNASA 535


L EISHMANIOSE(CVISCERAL(CALAZARALAZAR)4.6.5. Análise <strong>de</strong> dados: a análise dos dados das investigações <strong>de</strong>ve permitir aavaliação da magnitu<strong>de</strong> do problema, distribuição segundo pessoa, tempo e espaço.Assim, os dados coletados no processo, além <strong>de</strong> permitirem estabelecer a área eextensão <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong>ve indicar qual a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> datransmissão, população sob risco, qual a extensão que as medidas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>vemassumir, <strong>de</strong>ntre outras.Os dados <strong>de</strong>vem ser interpretados, passo a passo, em casos <strong>de</strong> surtos e orientar oaprimoramento tanto das medidas <strong>de</strong> prevenção, quanto da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprimoramentoda qualida<strong>de</strong> da assistência, <strong>de</strong> acordo com dados <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> e proporção<strong>de</strong> curas. Em áreas <strong>de</strong> transmissão endêmica, análises periódicas <strong>de</strong>vem serrealizadas, para se avaliar a efetivida<strong>de</strong> das medidas <strong>de</strong> controle e qual a progressãoda situação epi<strong>de</strong>miológica, tais como: redução ou elevação da incidência, expansãoou limitação das áreas <strong>de</strong> transmissão, intervenções ambientais que possam estarcontribuindo para o agravamento do problema, etc.4.6.6. Encerramento <strong>de</strong> casos• Confirmadoð Critério clínico: os critérios <strong>de</strong> encerramento <strong>de</strong> casos são essencialmenteclínicos, quando não apresentem sinais ou sintomas da doença, após seismeses do encerramento do tratamento.• Descartado: serão <strong>de</strong>scartados os casos sem manifestações clínicas compatíveiscom a doença e/ou que os resultados <strong>de</strong> exames laboratoriais sejam negativos.4.6.7. Relatório final: no relatório a ser elaborado, <strong>de</strong>verão constar, <strong>de</strong> maneirasucinta e objetiva, as informações, acerca das pessoas, lugar e tempo da ocorrênciada transmissão, assim como as medidas que foram tomadas e o impacto gerado,quanto à redução da incidência dos casos humanos. Além disso, <strong>de</strong>screver os fatores<strong>de</strong> riscos que geraram a transmissão e, por conseguinte, o monitoramento nas áreasem que será implementada a vigilância epi<strong>de</strong>miológica.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLENo atual estágio do conhecimento, o controle <strong>de</strong>stas infecções ainda não é muitoefetivo, e está centrado na eliminação dos reservatórios, redução da população <strong>de</strong>flebótomos e tratamento precoce dos casos.• Eliminação <strong>de</strong> reservatórios: realização <strong>de</strong> inquérito sorológico canino nasáreas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> transmissão, <strong>de</strong>vendo-se estabelecer previamentea <strong>de</strong>limitação da área no município a ser submetida ao inquérito. Esta <strong>de</strong>limitação<strong>de</strong>ve-se basear em critérios epi<strong>de</strong>miológicos, como presença do vetor, ocorrência<strong>de</strong> casos humanos, presença <strong>de</strong> reservatórios infectados, <strong>de</strong>tectados em inquéritosrealizados anteriormente, além <strong>de</strong> indicadores sócio-econômicos e ambientaisque <strong>de</strong>vem ser construídos para cada área <strong>de</strong> risco. Esta estratégia visa apriorização das áreas <strong>de</strong> risco que serão avaliadas, para caracterização <strong>de</strong> situação<strong>de</strong> transmissão. Deve ser abolida a prática da realização <strong>de</strong> inquéritos censitários,em escala municipal, que não utilizam nenhuma racionalida<strong>de</strong> epi<strong>de</strong>miológica.536 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICANestas áreas <strong>de</strong>verão ser realizadas: eutanásia <strong>de</strong> cães errantes e domésticosinfectados, <strong>de</strong>tectados nos inquéritos sorológicos. Os exames utilizados são:Imunofluorescência e ELISA. Os cães com manifestações clínicas da doençatambém <strong>de</strong>vem ser eliminados, mesmo sem exame sorológico. Nas unida<strong>de</strong>son<strong>de</strong> se dispuser <strong>de</strong> condições para a realização do exame parasitológico, érecomendável que este seja realizado. A extensão da área <strong>de</strong> inquérito <strong>de</strong>ve serigual àquela que tenha sido <strong>de</strong>limitada para o controle do vetor, <strong>de</strong> modo queambas as ações sejam empregadas simultaneamente, cobrindo toda a área quese tenha consi<strong>de</strong>rado como foco.• Controle vetorial: realização <strong>de</strong> inquérito entomológico como subsídio aocontrole vetorial, que <strong>de</strong>ve ser exercido pela aplicação do controle químico,utilizando-se inseticidas <strong>de</strong> efeito residual nos domicílios e nos anexos (galinheiros,chiqueiros e estábulos).• Tratamento <strong>de</strong> casos humanos: diagnóstico precoce e instituição <strong>de</strong> tratamentocorreto, <strong>de</strong> acordo com as normas <strong>de</strong>scritas neste manual. Além disso, <strong>de</strong>ve-seproce<strong>de</strong>r à busca ativa <strong>de</strong> casos, cuja atenção <strong>de</strong>ve estar centrada nas populaçõesvulneráveis. Fomentar programas <strong>de</strong> suplementação alimentar <strong>de</strong>stinados àspopulações carentes. Os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que atuam no Programa <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> da Família (PSF), têm um papel fundamental na <strong>de</strong>tecção e encaminhamentodos casos suspeitos para confirmação diagnóstica.• Educação em Saú<strong>de</strong>: <strong>de</strong> acordo com o conhecimento dos aspectos culturais,sociais, educacionais, das condições econômicas e da percepção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>cada comunida<strong>de</strong>, ações educativas <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>senvolvidas no sentido <strong>de</strong> queas comunida<strong>de</strong>s atingidas aprendam a se proteger e participem ativamente dasações <strong>de</strong> controle da doença.As ações <strong>de</strong> mobilização comunitária são <strong>de</strong> fundamental importância, no sentido<strong>de</strong> que as populações resi<strong>de</strong>ntes em áreas endêmicas, possam, uma vez informadas,adotar medidas que auxiliem na preservação do meio ambiente e, por conseqüência,na diminuição dos riscos <strong>de</strong> transmissão da infecção. A<strong>de</strong>mais, ao se evitar apresença <strong>de</strong> animais no domicílio, nas áreas endêmicas, assim como dar <strong>de</strong>stinoa<strong>de</strong>quado ao lixo, são fatores que interferem favoravelmente na proteção das pessoas.UNASA 537


L EISHMANIOSE(CVISCERAL(CALAZARALAZAR)ANEXO 1 - NORMAS PARA PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS1. EXAME PARASITOLÓGICONa leishmaniose visceral nos tecidos do sistema reticuloendotelial, on<strong>de</strong> se incluembaço, medula óssea, fígado, linfonodos, mucosa intestinal e sangue periférico, aleishmania po<strong>de</strong> ser visualizada através <strong>de</strong> exame direto por diversos métodos <strong>de</strong>coloração à base <strong>de</strong> Romanovsky. Giemsa, Leisman e Wright são os corantes maiscomumente empregados.Quando o paciente tem uma suspeita <strong>de</strong> leishmaniose visceral, para a <strong>de</strong>monstraçãodo parasito proce<strong>de</strong>-se ao aspirado <strong>de</strong> medula óssea. Fazem-se duas lâminas e orestante do material reserva-se para inoculação em meios <strong>de</strong> cultivo ou em animais,se disponível.Tanto o esfregaço como a impressão, <strong>de</strong>vem ser realizados sobre lâmina <strong>de</strong> vidropreviamente <strong>de</strong>sengordurada e seca. O material coletado <strong>de</strong>ve ser fixado em metanol,durante 3 minutos e corado pelas técnicas <strong>de</strong> Giemsa ou Leishman. Como métodoalternativo, em alguns centros <strong>de</strong> referência, tem sido utilizado o método panópticorápido.1.2. HISTOPATOLOGIAO mielograma do Calazar é bastante característico, evi<strong>de</strong>nciando alteraçõessignificativas na relação E/G (setor eritrocitário/setor granulocitário), verifica-sepobreza na série granulocítica e plaquetária, porém há uma intensa plasmocitosecom gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> células mononucleares. Muitas vezes, se o parasitismo éintenso, os macrófagos estão repletos <strong>de</strong> formas amastigotas <strong>de</strong> leishmania no interiordo citoplasma. Tanto em baço, como fígado e linfonodos, a proliferação <strong>de</strong> célulasdo sistema histiofagocitário po<strong>de</strong> ser verificada.1.3. CULTIVOO material do aspirado <strong>de</strong> medula óssea, baço ou outros tecidos, provenientes <strong>de</strong>biópsia, <strong>de</strong>vem ser inoculados diretamente em meios <strong>de</strong> cultivo apropriados.O parasita cresce relativamente bem em meios <strong>de</strong> cultivo, como o NNN e o LITentre 24° a 26° C. Após o quinto dia, já po<strong>de</strong>m ser encontradas formas promastigotasdo parasita, <strong>de</strong>vendo-se manter a cultura até um mês.1.4. A INOCULAÇÃO EM ANIMAIS DE LABORATÓRIOO animal <strong>de</strong> escolha é o hamster (Mesocricetus auratus) e a inoculação tem queser por via intraperitoneal. Todavia, os hamsters, inoculados por via intraperitonealpara isolamento <strong>de</strong> cepas viscerotrópicas, po<strong>de</strong>m somente evi<strong>de</strong>nciar sinais sugestivos<strong>de</strong> infecção, após seis meses <strong>de</strong> inoculados.538 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA2. DIAGNÓSTICO IMUNOLÓGICO2.1. IMUNOLUORESCÊNCIA INDIRETA (II)Expressam os níveis <strong>de</strong> anticorpos circulantes.A reação <strong>de</strong> Imunofluorescência Indireta (IFI) tem sido amplamente usada nodiagnóstico das leishmanioses <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1964. O conjunto apresentado é utilizado na<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos contra Leishmania, em soro humano e canino. O ensaio <strong>de</strong>imunofluorescência indireta consiste na reação <strong>de</strong> soros com parasitas (Leishmania),fixados em lâminas <strong>de</strong> microscopia. Numa etapa seguinte, utiliza-se um conjugadofluorescente, para evi<strong>de</strong>nciação da reação. A leitura é realizada com auxílio <strong>de</strong>microscópio, que utiliza incidência <strong>de</strong> luz azul e ultra-violeta.Os resultados positivos são aqueles que, a partir da diluição 1:40, inclusive,apresentarem fluorescência mais intensa que o back-ground observado no orifíciodo controle negativo.2.2. TESTE IMUNOENZIMÁTICO (ELISA)Des<strong>de</strong> que foram introduzidos em 1971, os métodos imuno-enzimáticos nosdiagnósticos sorológicos vêm sendo avaliados para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos específicosna leishmaniose visceral.Este ensaio consiste na reação <strong>de</strong> soros <strong>de</strong> cães com antígenos solúveis e purificados<strong>de</strong> Leishmania (complexo L. donovani), obtidos a partir <strong>de</strong> cultura “in vitro”, quesão previamente absorvidos nas cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> microplacas/strips (fase sólida). Aseguir adicionam-se, <strong>de</strong>vidamente diluídos, os soros controle do teste e as amostrasa serem analisadas, que possuindo anticorpos específicos, vão se fixar aos antígenos.Na etapa seguinte, ao se adicionar uma anti-globulina <strong>de</strong> cão marcada com a enzimaperoxidase, esta se ligará aos anticorpos caso estejam presentes.Amostras reagentes são aquelas que apresentam <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ótica igual ou superiorao Cut-Off.3. DETECÇÃO DE ANTÍGENOS POR SONDAS DE DNA E PCRO advento da utilização da reação em ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> polimerase (PCR) tem permitidoa amplificação <strong>de</strong> DNA e, conseqüentemente, viabilizando um instrumentodiagnóstico espécie-especifíco para o diagnóstico nas doenças infecciosas. Naleishmaniose, as análises <strong>de</strong> minicírculos <strong>de</strong> DNA do cinetoplasto têm permitido o<strong>de</strong>senvolvimento do oligonucleotí<strong>de</strong>os sintéticos para o uso do PCR.Todo material <strong>de</strong>verá ser enviado <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificado e acompanhado <strong>de</strong> informaçõesclínicas, para orientar os técnicos do laboratório quanto aos exames indicados.Lembrar que, o perfeito acondicionamento das amostras, para remessa é <strong>de</strong> fundamentalimportância para o êxito dos procedimentos laboratoriais.UNASA 539


LEPTOSPIROSECID 10: A27


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICALEPTOSPIROSE1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOÉ uma zoonose <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância social e econômica por apresentar elevadaincidência em <strong>de</strong>terminadas áreas, alto custo hospitalar e perdas <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> trabalho,como também por sua letalida<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong> chegar a até 40% dos casos mais graves.É uma doença febril <strong>de</strong> início abrupto e seu espectro po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um processoinaparente até formas graves. Sua ocorrência está relacionada às precárias condições<strong>de</strong> infra-estrutura sanitária e alta infestação <strong>de</strong> roedores infectados. As inundaçõespropiciam a disseminação e a persistência do agente causal no ambiente, facilitandoa eclosão <strong>de</strong> surtos.1.2. SINONÍMIADoença <strong>de</strong> Weil, síndrome <strong>de</strong> Weil, febre dos pântanos, febre dos arrozais, febreoutonal, doença dos porqueiros, tifo canino.1.3. AGENTE ETIOLÓGICOBactéria helicoidal (espiroqueta) aeróbica obrigatória do gênero Leptospira, o qualapresenta duas espécies: L. interrogans, patogênica, e L. biflexa, saprófitas <strong>de</strong>vida livre, encontradas usualmente em água doce <strong>de</strong> superfície. A L. interrogans ésubdividida em vários sorogrupos que, por sua vez, são divididos em diversossorotipos, <strong>de</strong>nominados também sorovares. Mais <strong>de</strong> 200 sorovares já forami<strong>de</strong>ntificados, e cada um tem o(s) seu(s) hospe<strong>de</strong>iro(s) preferencial(ais), ainda queuma espécie animal possa albergar um ou mais sorovares.Dentre os fatores ligados ao agente etiológico, favorecendo a persistência dos focos<strong>de</strong> leptospirose, especial <strong>de</strong>staque <strong>de</strong>ve ser dado ao elevado grau <strong>de</strong> variação antigênica,à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência no meio ambiente (até 180 dias), e à amplavarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> animais suscetíveis que po<strong>de</strong>m hospedar o microrganismo.1.4. RESERVATÓRIOOs animais são os reservatórios essenciais para a persistência dos focos da infecção,enquanto os seres humanos são apenas hospe<strong>de</strong>iros aci<strong>de</strong>ntais, poucoeficientes na sua perpetuação.O principal reservatório é constituído pelos roedores sinantrópicos (domésticos),das espécies Rattus norvegicus, Rattus rattus e Mus musculus. Ao se infectarem,não <strong>de</strong>senvolvem a doença e tornam-se portadores, albergando a Leptospira nosrins, eliminando-a viva no meio ambiente, e contaminando, <strong>de</strong>sta forma, água, solo ealimentos. O Rattus norvegicus (ratazana ou rato <strong>de</strong> esgoto) é o principal portadorUNASA 543


L E P T O S P I R O S Eda Leptospira icterohaemorraghiae, uma das mais patogênicas para o homem.Outros reservatórios <strong>de</strong> importância são: caninos, suínos, bovinos, eqüinos, ovinos ecaprinos.1.5. MODO DE TRANSMISSÃOA infecção humana resulta da exposição direta ou indireta à urina <strong>de</strong> animais infectados.A eliminação da leptospira, através da urina <strong>de</strong>stes animais, ocorre <strong>de</strong> formaintermitente, po<strong>de</strong>ndo persistir por longos períodos <strong>de</strong> tempo ou mesmo por toda asua vida, segundo a espécie animal e o sorovar envolvido.A penetração do microrganismo dá-se através da pele lesada ou das mucosas daboca, narinas e olhos. Po<strong>de</strong> também ocorrer através da pele íntegra quando imersaem água por longo tempo. O contato com água e lama contaminadas <strong>de</strong>monstra aimportância do elo hídrico na transmissão da doença ao homem. Outras modalida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> transmissão têm sido relatadas, porém com muito pouca freqüência, como ocontato com sangue, tecidos e excretas animais, mor<strong>de</strong>duras, ingestão <strong>de</strong> água e/oualimentos contaminados e a via transplacentária.1.6. PERÍODO DE INCUBAÇÃOVaria <strong>de</strong> 24 horas a 28 dias (média <strong>de</strong> 7 a 14 dias).1.7. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEOs animais infectados po<strong>de</strong>m eliminar a leptospira através da urina durante meses,anos ou por toda a vida. A infecção inter-humana é rara, po<strong>de</strong>ndo ocorrer pelocontato com urina, sangue, secreções e tecidos <strong>de</strong> pessoas infectadas.1.8. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA suscetibilida<strong>de</strong> no homem é geral. A imunida<strong>de</strong> adquirida pós-infecção é sorotipoespecífica,po<strong>de</strong>ndo um mesmo indivíduo ser acometido mais <strong>de</strong> uma vez por sorotipos(sorovares) diferentes.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASA doença apresenta-se <strong>de</strong> maneira polimórfica, com quadros leves, mo<strong>de</strong>rados egraves, po<strong>de</strong>ndo até levar ao óbito.Os quadros leves apresentam sinais e sintomas inespecíficos como febre, cefaléia emialgias, e são freqüentemente confundidos com os <strong>de</strong> uma gripe ou outra virosepassageira. Uma história <strong>de</strong> exposição direta ou indireta, a materiais passíveis <strong>de</strong>contaminação por Leptospira po<strong>de</strong> servir como alerta para o médico suspeitar <strong>de</strong>stediagnóstico.A apresentação da leptospirose geralmente é bifásica. A fase aguda ou septicêmicapo<strong>de</strong> durar cerca <strong>de</strong> uma semana (4 a 7 dias) e caracteriza-se por febre alta, <strong>de</strong>início abrupto, calafrios, cefaléia, mialgias, principalmente em panturrilhas, e po<strong>de</strong>mocorrer algumas queixas gastrointestinais. Segue um período <strong>de</strong> <strong>de</strong>fervescência em544 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAlise, <strong>de</strong> 1 a 2 dias, com diminuição dos sintomas, provocando uma sensação <strong>de</strong>melhora no paciente, mas que po<strong>de</strong> passar <strong>de</strong>sapercebido. A seguir a febrerecru<strong>de</strong>sce, mas raramente é tão alta quanto a da fase aguda. É neste período, quepo<strong>de</strong> durar <strong>de</strong> 4 a 30 dias, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> fase imune, que ocorrem a produção <strong>de</strong>anticorpos aglutinantes, a diminuição da leptospiremia e a excreção <strong>de</strong> leptospiraspela urina. Po<strong>de</strong>m surgir meningite, meningoencefalite, pneumonia, fenômenoshemorrágicos, icterícia, insuficiências renal, hepática e respiratória, hemoptise,miocardite e outras, po<strong>de</strong>ndo levar o paciente ao óbito.Clinicamente a leptospirose apresenta-se sob duas formas:• Forma anictérica (leve, mo<strong>de</strong>rada ou grave): encontrada em 90% a 95%dos casos, nos quais as manifestações clínicas são as <strong>de</strong>scritas anteriormentepara a fase aguda. Po<strong>de</strong>m surgir hepatomegalia, hemorragia digestiva e, maisraramente, esplenomegalia, epistaxe, dor torácica, tosse seca ou comexpectoração hemoptóica. Distúrbios mentais como confusão, <strong>de</strong>lírio, alucinaçõese sinais <strong>de</strong> irritação meníngea po<strong>de</strong>m estar presentes. As lesões cutâneas sãopouco freqüentes, ainda que bastante variadas: exantema macular, máculopapular,eritematoso, urticariforme, petequial ou hemorrágico. Em geral ocorrehiperemia das mucosas. Nesta situação o paciente po<strong>de</strong> restabelecer-se ou evoluirpara a fase imune, com recru<strong>de</strong>scimento do quadro com ou sem agravamento,inclusive meningite, manifestações respiratórias, cardíacas e oculares (uveítes).Alguns pacientes apresentam alterações <strong>de</strong> volume e do sedimento urinário,porém a insuficiência renal aguda não é freqüente.• Forma ictérica (mo<strong>de</strong>rada ou grave): raramente apresenta-se bifásica. A fasesepticêmica po<strong>de</strong> apresentar sinais e sintomas mais intensos, <strong>de</strong>stacando-se asmialgias, exacerbadas nas panturrilhas, durante as duas primeiras semanas. Evoluipara doença ictérica grave com disfunção renal, fenômenos hemorrágicos,alterações hemodinâmicas, cardíacas, pulmonares e <strong>de</strong> consciência. A icterícia,<strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong> alaranjada (icterícia rubínica), bastante intensa e característica, teminício entre os 3º e 7º dias da doença. Ao exame do abdômen, com freqüência, hádor à palpação e hepatomegalia em até 70% dos casos. A maioria dos pacientesevoluem com insuficiência renal aguda e necrose tubular aguda, <strong>de</strong>sidratação ealterações hemodinâmicas, po<strong>de</strong>ndo levar a choque circulatório. Estas alteraçõespo<strong>de</strong>m ser agravadas por distúrbios metabólicos, em especial hipopotassemia (baixa<strong>de</strong> potássio) e uremia. Os fenômenos hemorrágicos são freqüentes e po<strong>de</strong>mtraduzir-se por petéquias, equimoses e sangramento nos locais <strong>de</strong> venopunção ouhemorragias gastrointestinais, exteriorizadas por hematêmese, melena e/ouenterorragias.A leptospirose severa com icterícia é também <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Doença <strong>de</strong> Weil erepresenta <strong>de</strong> 5 a 10% do total <strong>de</strong> casos. A taxa <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> varia <strong>de</strong> 5 a 20%. Nasformas mais graves, que evoluem com disfunção <strong>de</strong> múltiplos órgãos e sistemas(DMOS) e sepse, a letalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> chegar a 40%.O comprometimento meníngeo, com quadro <strong>de</strong> meningite ou meningoencefalite,Nos últimos anos têm sido <strong>de</strong>scritos casos da Forma Pulmonar Grave da Leptospirose(FPGL), com quadros respiratórios mais graves, evoluindo para insuficiência respiratóriaaguda, com hemorragia pulmonar maciça ou síndrome <strong>de</strong> angústia respiratória do adulto,muitas vezes prece<strong>de</strong>ndo o quadro <strong>de</strong> icterícia e insuficiência renal. O óbito po<strong>de</strong> ocorrernas primeiras 24 horas <strong>de</strong> internação.UNASA 545


L E P T O S P I R O S Epo<strong>de</strong> ocorrer tanto nas formas anictéricas graves quanto nas formas ictéricas.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIAL• Forma anictérica: viroses em geral, principalmente com a síndrome gripal;<strong>de</strong>ngue, hantavirose, apendicite aguda, bacteremias, septicemias, colagenoses,colecistite aguda, febre tifói<strong>de</strong>, infecção <strong>de</strong> vias aéreas superiores e inferiores,malária, pielonefrite aguda, riquetsioses, toxoplasmose, meningites, febreshemorrágicas, síndrome da angústia respiratória (SARA) e outras.• Forma ictérica: hepatites, febre amarela, malária por P. falciparum, formaictérica <strong>de</strong> febre tifói<strong>de</strong>, colangite, coledocolitíase, síndrome hepatorrenal,esteatose aguda da gravi<strong>de</strong>z, septicemias e outras.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL2.3.1. Exames específicos: o método laboratorial <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da faseevolutiva em que se encontra o paciente. Na fase aguda ou septicêmica, durante operíodo febril, as leptospiras po<strong>de</strong>m ser visualizadas no sangue através <strong>de</strong> examedireto, <strong>de</strong> cultura em meios apropriados ou a partir <strong>de</strong> inoculação em animais <strong>de</strong>laboratório. A cultura só se positivisa após algumas semanas, o que garante apenasum diagnóstico retrospectivo.Na fase imune as leptospiras po<strong>de</strong>m ser encontradas na urina, cultivadas ouinoculadas.Pelas dificulda<strong>de</strong>s inerentes à realização dos exames citados, os métodos sorológicossão consagradamente eleitos para o diagnóstico da leptospirose. Os mais utilizadosem nosso meio são a macroaglutinação e a microaglutinação; o teste ELISA-IgMtem ainda seu uso restrito a alguns laboratórios <strong>de</strong> referência. Vi<strong>de</strong> normas <strong>de</strong> coletae interpretação dos resultados no Anexo 1.2.3.2. Exames inespecíficos: alguns exames complementares inespecíficos,relevantes para o diagnóstico e acompanhamento clínico da leptospirose, são:hemograma, coagulograma, transaminases, bilirrubinas, uréia, creatinina e eletrólitos,gasometria, elementos anormais e sedimentos no exame sumário <strong>de</strong> urina, Raio X<strong>de</strong> tórax e eletrocardiograma. As alterações mais comuns são:• leucocitose, neutrofilia e <strong>de</strong>svio para a esquerda;• anemia hipocrômica;• aumento da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hemossedimentação;• plaquetopenia;• elevação das bilirrubinas, principalmente da fração direta, que po<strong>de</strong> ultrapassara 20 mg/dl;• transaminases normais ou com aumentos <strong>de</strong> 3 a 5 vezes o valor <strong>de</strong> referência(geralmente não ultrapassam a 500UI/dl), estando a TGO (AST) usualmentemais elevada que a TGP (ALT);• fosfatase alcalina elevada;• ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> protrombina diminuída ou tempo <strong>de</strong> protrombina aumentado;546 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• potássio sérico normal ou abaixo do normal, mesmo na vigência <strong>de</strong> insuficiênciarenal aguda;• uréia e creatinina elevadas;• líquor com xantocromia (nos casos ictéricos) e pleocitose linfocitária e/ouneutrofílica são comuns na segunda semana da doença, mesmo na ausência <strong>de</strong>clínica evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> envolvimento meníngeo; po<strong>de</strong> haver predomínio <strong>de</strong> neutrófilos,gerando confusão com meningite bacteriana inespecífica;• CPK (Creatina-fosfoquinase) e fração MB po<strong>de</strong>rão estar elevadas;• gasometria arterial mostrando acidose metabólica e hipoxemia.2.4. TRATAMENTO• Antibioticoterapia: <strong>de</strong>ve, preferencialmente, ser iniciada até o 5º dia após oinício dos sintomas. A droga <strong>de</strong> escolha é a penicilina G cristalina na dose <strong>de</strong> 6a 12 milhões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s/dia, divididas em 6 tomadas diárias, durante 7 a 10dias.Como alternativa po<strong>de</strong>m ser utilizadas a Ampicilina (4g/dia para adultos), atetraciclina (2g/dia para adultos) ou a doxiciclina (100mg <strong>de</strong> 12/12horas) porigual período. Para os pacientes alérgicos à penicilina, que apresentarem lesãorenal e icterícia, sugere-se o uso <strong>de</strong> cefotriaxona ou cloranfenicol. A tetraciclinae a doxiciclina são contra-indicadas em pacientes com insuficiência renal aguda.• Terapêutica <strong>de</strong> suporte: reposição hidroeletrolítica, assistência cárdiorespiratória,transfusões <strong>de</strong> sangue e <strong>de</strong>rivados, nutrição enteral ou parenteral,proteção gástrica, etc. O acompanhamento do volume urinário e da função renalé fundamental, para se indicar a instalação <strong>de</strong> diálise peritoneal precoce, o quereduz o dano renal e a letalida<strong>de</strong> da doença.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA leptospirose apresenta distribuição universal. No Brasil é uma doença endêmica,tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente em centros urbanosmaiores, <strong>de</strong>vido à aglomeração populacional <strong>de</strong> baixa renda em condiçõesina<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> saneamento e à alta infestação <strong>de</strong> roedores infectados.Entre os casos notificados as maiores freqüências têm sido encontradas entreindivíduos do sexo masculino, na faixa etária <strong>de</strong> 20 a 35 anos, ainda que não existauma predisposição <strong>de</strong> gênero ou <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para contrair a infecção. As categoriasprofissionais consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> maior risco, em países <strong>de</strong>senvolvidos, são ostrabalhadores em esgotos, em algumas lavouras e pecuária, magarefes, garis e outras.Contudo, em nosso meio a maior parte dos casos ocorre entre pessoas que habitamou trabalham em locais com más condições <strong>de</strong> saneamento e expostos à urina <strong>de</strong>roedores.No Brasil, no período <strong>de</strong> 1991 a 2000, foram confirmados 34.142 casos <strong>de</strong> leptospirose,com uma média anual <strong>de</strong> 3.414, variando entre 1.728 (1993) e 5.579 casos (1996).Nesse mesmo período foram informados 3.274 óbitos, numa média <strong>de</strong> 327 óbitos/ano, variando entre 215 (1993) e 439 (1998). A taxa <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> nesse período foiUNASA 547


L E P T O S P I R O S ECASOS CONIRMADOS DE LEPTOSPIROSE E TAXA DE LETALIDADE. BRASIL, 1991 A 20006.000%Número <strong>de</strong> casos5.0004.0003.0002.0001.00001991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999Casos 3.014 2.094 1.728 2.893 4.239 5.579 3.298 3.449 3.643Letalida<strong>de</strong> 2,05 1,41 1,14 1,88 2,75 3,55 2,06 2,13 2,2<strong>de</strong> 10,2%, variando entre 6,6% (1996) e 13,8% (1992). O coeficiente médio <strong>de</strong>incidência foi <strong>de</strong> 2,2/100.000 hab., variando <strong>de</strong> 1,14 (1993) a 3,55 (1996).4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOS• Monitorar a ocorrência <strong>de</strong> casos e surtos e <strong>de</strong>terminar a sua distribuição espaciale temporal.• I<strong>de</strong>ntificar os sorovares circulantes em cada área.• Reduzir a letalida<strong>de</strong> da doença, mediante a garantia <strong>de</strong> diagnóstico e tratamentoprecoce e a<strong>de</strong>quado.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeito• Indivíduo com febre <strong>de</strong> início súbito, mialgias, cefaléia, mal estar e/ou prostração,associados a um ou mais dos seguintes sinais e/ou sintomas: sufusão conjuntivalou conjuntivite, náuseas e/ou vômitos, calafrios, alterações do volume urinário,icterícia, fenômeno hemorrágico e/ou alterações hepáticas, renais e vascularescompatíveis com leptospirose ictérica (Síndrome <strong>de</strong> Weil) ou anictérica grave.• Indivíduo que apresente sinais e sintomas <strong>de</strong> processo infeccioso inespecíficocom antece<strong>de</strong>ntes epi<strong>de</strong>miológicos sugestivos nos últimos trinta dias anterioresà data <strong>de</strong> início dos primeiros sintomas.Consi<strong>de</strong>ra-se como antece<strong>de</strong>ntes epi<strong>de</strong>miológicos sugestivos:• exposição a enchentes, lama ou coleções hídricas potencialmente contaminadas;• exposição a esgoto e fossas;• ativida<strong>de</strong>s que envolvam risco ocupacional como coleta <strong>de</strong> lixo, limpeza <strong>de</strong>córregos, trabalho em água ou esgoto, manejo <strong>de</strong> animais, agricultura em áreasalagadas, <strong>de</strong>ntre outras;• presença <strong>de</strong> animais infectados nos locais freqüentados pelo paciente.548 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAConfirmado• Critério clínico laboratorial: presença <strong>de</strong> sinais e sintomas clínicos compatíveis,associados a um ou mais dos seguintes resultados <strong>de</strong> exames laboratoriais:ð Isolamento da Leptospira (em sangue, líquor, urina ou tecidos);ð Reação <strong>de</strong> macroaglutinação reagente;ð Teste ELISA-IgM reagente;ð Soroconversão na reação <strong>de</strong> microaglutinação, entendida como o aumentoou a diminuição, <strong>de</strong> 4 vezes ou mais, nos títulos entre amostras sangüíneascoletadas com um intervalo <strong>de</strong> 14 a 21 dias entre elas;ð Imunohistoquímica positiva para leptospirose em pacientes suspeitos queevoluíram para óbito.• Critério clínico epi<strong>de</strong>miológicoð Todo caso suspeito que apresente sinais e/ou sintomas inespecíficosassociados com alterações nas funções hepáticas e/ou renais e/ou vasculares,e antece<strong>de</strong>ntes epi<strong>de</strong>miológicos (<strong>de</strong>scritos nos critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> casosuspeito) que, por algum motivo, não tenha colhido material para exameslaboratoriais específicos, ou estes tenham resultado não reagente comamostra única coletada antes do 7º dia <strong>de</strong> doença.ð Todo caso suspeito com o mesmo vínculo epi<strong>de</strong>miológico (mesmos fatoresO resultado NEGATIVO (não reagente) <strong>de</strong> qualquer exame sorológico específico para aleptospirose (macroaglutinação, microaglutinação, ELISA-IgM, ou outros), com amostrasangüínea coletada antes do 7º dia do início dos sintomas, não <strong>de</strong>scarta o caso suspeito.Outra amostra sangüínea <strong>de</strong>verá ser coletada, a partir do 7º dia do início dos sintomas, paraauxiliar na interpretação do diagnóstico, conforme referido anteriormente (lembrar que, opico <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> anticorpos, dá-se a partir do 14º dia do início dos sintomas).<strong>de</strong> risco) <strong>de</strong> um caso já confirmado por critério clínico-laboratorial que, poralgum motivo, não tenha colhido material para exames laboratoriaisespecíficos, ou estes tenham resultado não reagente, com amostra únicacoletada antes do 7º dia <strong>de</strong> doença.Descartado• Reação <strong>de</strong> macroaglutinação não reagente, em amostra sangüínea coletada apartir do 7º dia <strong>de</strong> início dos sintomas.• Teste ELISA-IgM não reagente, em amostra sangüínea coletada a partir do 7ºdia <strong>de</strong> início dos sintomas.• Duas reações <strong>de</strong> microaglutinação não reagentes (ou reagentes sem apresentarsoroconversão), com amostras sangüíneas coletadas a partir do primeiroatendimento do paciente e com intervalo <strong>de</strong> 2 a 3 semanas entre elas.4.3. NOTIICAÇÃOTanto a ocorrência <strong>de</strong> casos suspeitos isolados como a <strong>de</strong> surtos <strong>de</strong>vem sernotificadas, o mais rapidamente possível, para o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento das ações <strong>de</strong>vigilância epi<strong>de</strong>miológica e controle.UNASA 549


L E P T O S P I R O S E4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Assistência médica ao paciente: hospitalização imediata dos casos graves,visando evitar complicações e diminuir a letalida<strong>de</strong>. Nos casos leves o atendimentoé ambulatorial.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: os casos <strong>de</strong>verão ser atendidos em Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> com capacida<strong>de</strong> para prestar atendimento a<strong>de</strong>quado e oportuno. Aquelesque apresentarem complicações, principalmente metabólicas, renais, respiratórias ehemorrágicas, <strong>de</strong>verão ser encaminhados para internação em hospitais <strong>de</strong> maiorcomplexida<strong>de</strong>, que disponham <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> para realizar procedimentos <strong>de</strong> diálisee cuidados <strong>de</strong> terapia intensiva, se necessário.4.4.3. Proteção individual: a transmissão pessoa a pessoa é rara e, em geral,adotam-se medidas <strong>de</strong> precaução universal no manejo dos casos suspeitos econfirmados. O <strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>quado das excretas evitará o contato da urina <strong>de</strong> doentescom pessoas suscetíveis.4.4.4. Confirmação diagnóstica: coletar material para diagnóstico laboratorialespecífico <strong>de</strong> todos os casos suspeitos, se possível, <strong>de</strong> acordo com as orientaçõesdo Anexo 1. Acompanhar os resultados dos exames inespecíficos que auxiliam noesclarecimento do diagnóstico.4.4.5. Proteção da população: orientar e adotar as medidas <strong>de</strong> prevenção dadoença, particularmente antes e durante o período das gran<strong>de</strong>s chuvas, alertando apopulação para que evite entrar ou permanecer <strong>de</strong>snecessariamente em áreasalagadas ou enlameadas sem a <strong>de</strong>vida proteção individual, bem como as medidas <strong>de</strong><strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> domicílios após as enchentes. Cuidados com os alimentos queentraram em contato com águas contaminadas, bem como verificar se o tratamentoda água <strong>de</strong> uso doméstico está a<strong>de</strong>quado.Medidas <strong>de</strong> anti-ratização são indicadas, principalmente em áreas endêmicas sujeitasa inundações.Ações continuadas <strong>de</strong> comunicação e educação em saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>verão ser empreendidas,no sentido <strong>de</strong> repassar à população informações relativas às formas <strong>de</strong> transmissão,reservatórios animais envolvidos e situações <strong>de</strong> risco.4.4.6. Investigação: a investigação epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> cada caso suspeito e/ouconfirmado, <strong>de</strong>verá ser realizada com base no preenchimento da ficha específica<strong>de</strong> investigação, visando <strong>de</strong>terminar forma e local provável <strong>de</strong> infecção (LPI), o queirá orientar a adoção <strong>de</strong> medidas a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> controle.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos da ficha <strong>de</strong>investigação epi<strong>de</strong>miológica do SINAN relativos aos campos dos dados gerais, dadosdo caso e <strong>de</strong> residência do paciente.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados epi<strong>de</strong>miológicos, clínicos e laboratoriais: coletar dadosreferentes aos antece<strong>de</strong>ntes epi<strong>de</strong>miológicos, com especial atenção para ocupaçãoe situação <strong>de</strong> risco ocorrida nos 30 dias que antece<strong>de</strong>ram os primeiros sintomas dopaciente, registrando a data e en<strong>de</strong>reço do local provável <strong>de</strong> infecção (LPI) e aocorrência <strong>de</strong> casos anteriores <strong>de</strong> leptospirose humana ou animal nesse local.550 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA LEPTOSPIROSECaso(s) suspeito(s)Investigação epi<strong>de</strong>miológicaCasoAmbientalAtenção médica/Dados clínicosColeta <strong>de</strong> dadosclínicos/epi<strong>de</strong>miológicos dopacienteI<strong>de</strong>ntificação doLocal Provável <strong>de</strong>Infecção (LPI) e áreas<strong>de</strong> transmissãoExame laboratorialColeta e remessa <strong>de</strong>materialAcionar medidas <strong>de</strong>controle e manejointegrado <strong>de</strong>roedoresNãoSimAntiratizaçãoDesratizaçãoEducação emSaú<strong>de</strong>Diagnóstico<strong>de</strong>scartadoDiagnósticoconfirmadoAvaliar critériosclínicoepi<strong>de</strong>miológicosAcompanharevoluçãoMedidas <strong>de</strong>proteção coletivaMedidas <strong>de</strong>proteçãoindividualDescarteConfirmaçãoCuraÓbitoAcionar medidas <strong>de</strong> controleManejo integrado <strong>de</strong> roedoresUNASA 551


L E P T O S P I R O S ERegistrar data do atendimento e os sinais e sintomas apresentados pelo paciente<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do quadro clínico, a ocorrência <strong>de</strong> hospitalização, datas <strong>de</strong> internaçãoe alta e o en<strong>de</strong>reço do hospital.Levantar dados referentes à coleta e encaminhamento <strong>de</strong> amostra(s) para diagnósticolaboratorial, técnicas utilizadas (macroaglutinação, microaglutinação, etc.), datas <strong>de</strong>coleta e respectivos resultados. Os exames inespecíficos (níveis <strong>de</strong> uréia, creatinina,bilirrubinas, transaminases, plaquetas e potássio) po<strong>de</strong>rão ser sugestivos paraconfirmação ou <strong>de</strong>scarte do caso, na <strong>de</strong>pendência da realização da evolução clínicae dos exames sorológicos específicos.• Para confirmar a suspeita diagnóstica: seguir os critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição e <strong>de</strong>confirmação <strong>de</strong> casos.• Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> risco: <strong>de</strong>terminar forma e local provável <strong>de</strong>infecção (LPI), sendo importante pesquisar:ð contato com água, solo ou alimentos que possam estar contaminados pelaurina <strong>de</strong> roedores infectados;ð contato com reservatórios animais;ð condições propícias à proliferação e/ou presença <strong>de</strong> roedores nos locais <strong>de</strong>trabalho ou moradia;ð ocorrência <strong>de</strong> enchentes, precipitações pluviométricas, ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazerem áreas potencialmente contaminadas, <strong>de</strong>ntre outras.O mapeamento <strong>de</strong> todos os casos <strong>de</strong>verá ser feito para se conhecer a distribuiçãoespacial da doença, possibilitando a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> aglomeração <strong>de</strong> casoshumanos.• Para <strong>de</strong>terminação da extensão da área <strong>de</strong> risco: as áreas <strong>de</strong> risco são<strong>de</strong>finidas após o mapeamento dos locais prováveis <strong>de</strong> infecção <strong>de</strong> cada caso,associando-as:ð às áreas com antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> ocorrência da doença em humanos e/ou emanimais;ð aos fatores ambientais predisponentes: topografia, hidrografia, temperatura,umida<strong>de</strong>, precipitações pluviométricas, pontos críticos <strong>de</strong> enchente, pH dosolo, condições <strong>de</strong> saneamento básico, disposição, coleta e <strong>de</strong>stino do lixo;ð aos fatores sócio-econômicos e culturais: classes sociais predominantes, níveis<strong>de</strong> renda, aglomerações populacionais, condições <strong>de</strong> higiene e habitação dapopulação, hábitos e costumes da população, proteção aos trabalhadoressob risco;ð aos níveis <strong>de</strong> infestação <strong>de</strong> roedores na área em questão.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: verificar se a equipe <strong>de</strong>assistência adotou as providências para se proce<strong>de</strong>r a exame específico, cujo material<strong>de</strong>ve ser coletado e conservado <strong>de</strong> acordo com as orientações do Anexo 1.Como a leptospirose se confun<strong>de</strong> com muitas outras doenças febris, ictéricas ou não,e em algumas situações ocorrem epi<strong>de</strong>mias concomitantes <strong>de</strong> hepatite e outras doenças,<strong>de</strong>ve-se atentar para o fato <strong>de</strong> que os exames inespecíficos são valiosos para fortalecerou afastar a suspeita diagnóstica. A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong>verá estar orientadapara solicitar os exames inespecíficos <strong>de</strong> rotina para os casos suspeitos.552 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: a distribuição dos casos notificados e confirmados <strong>de</strong>veser apresentada em gráficos e tabelas agregados, segundo: faixa etária, sexo,ocupação, data dos primeiros sintomas, freqüência e distribuição dos sinais e/ousintomas, área geográfica <strong>de</strong> ocorrência, etc. Também <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados osdados referentes a hospitalizações, estimativas <strong>de</strong> incidência e <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>, taxa<strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> etc. Percentuais e critérios <strong>de</strong> confirmação <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>vem serexplicitados. Quando possível, relacionar os sorovares infectantes <strong>de</strong> acordo comos sinais e/ou sintomas dos pacientes (gravida<strong>de</strong>) e a respectiva distribuiçãogeográfica. A forma <strong>de</strong> contágio da doença e a evolução do evento serão úteis na<strong>de</strong>terminação do perfil epi<strong>de</strong>miológico dos indivíduos afetados.A construção do diagrama <strong>de</strong> controle permite a comparação da incidência atual dadoença com a <strong>de</strong> anos anteriores, evi<strong>de</strong>ncia mais claramente o comportamento dadoença - endêmico ou epidêmico - em cada área e permite direcionar melhor asmedidas <strong>de</strong> controle e avaliar a sua efetivida<strong>de</strong>.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: seguir os critérios <strong>de</strong> confirmação <strong>de</strong> casos,<strong>de</strong>scritos no Item 4.2.4.5.6. Relatórios: por se tratar <strong>de</strong> doença endêmica, a elaboração e a divulgação<strong>de</strong> relatórios periódicos será <strong>de</strong> essencial importância no sentido <strong>de</strong> se obter umperfil epi<strong>de</strong>miológico da doença no tempo e no espaço, <strong>de</strong> modo a direcionar asmedidas <strong>de</strong> prevenção e controle a médio e longo prazos. Nas situações <strong>de</strong> surtos e/ou epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong>verão ser elaborados relatórios parciais e finais, visando orientaçãodas medidas imediatas e mediatas para redução da morbimortalida<strong>de</strong>.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLEVários fatores interagem na ocorrência <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> leptospirose; portanto, asmedidas <strong>de</strong> prevenção e/ou controle <strong>de</strong>verão ser direcionadas não somente aocontrole <strong>de</strong> reservatórios, como também à melhoria das condições <strong>de</strong> proteção aostrabalhadores expostos, à melhoria das condições higiênico-sanitárias da populaçãoe às medidas corretivas no meio ambiente.5.1. IMUNIZAÇÃONo Brasil não existe uma vacina disponível para uso humano contra a leptospirose. Avacinação <strong>de</strong> animais domésticos (cães, bovinos e suínos) evita que adoeçam mas nãoimpe<strong>de</strong> que se infectem; neste caso po<strong>de</strong>m apresentar leptospirúria, em grau maisleve e por um período menor do que ocorre com a infecção em animais não vacinados.5.2. CONTROLE DE RESERVATÓRIOSA melhoria das ações <strong>de</strong> prevenção e controle voltadas aos animais refletirá nadiminuição do nível <strong>de</strong> contaminação ambiental, e, conseqüentemente na reduçãodo número <strong>de</strong> casos humanos da doença. As principais medidas voltadas aosreservatórios são:• Controle da população <strong>de</strong> roedoresð Anti-ratização: visa modificar as características ambientais que favorecema penetração, a instalação e a livre proliferação <strong>de</strong> roedores, por meio daeliminação dos fatores que propiciem o acesso <strong>de</strong>sses animais a alimento,UNASA 553


L E P T O S P I R O S Eágua e abrigo.ð Desratização: visa a eliminação direta dos roedores através <strong>de</strong> métodosmecânicos (ratoeiras) e químicos (raticidas). Os métodos biológicos(predadores) não são aplicáveis na prática.• Segregação e tratamento <strong>de</strong> animais domésticos infectados e/ou doentes eproteção das áreas humanas <strong>de</strong> moradia, trabalho e lazer contra a contaminaçãopela urina <strong>de</strong>stes animais;• Imunização <strong>de</strong> animais (caninos, bovinos e suínos) através do uso <strong>de</strong> vacinaspreparadas com os sorovares prevalentes na região;• Cuidados com a higiene, remoção e <strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> excretas <strong>de</strong> animaise <strong>de</strong>sinfecção permanente dos canis ou locais <strong>de</strong> criação.5.3. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE• Alertar a população sobre a distribuição da doença, formas <strong>de</strong> transmissão,manifestações clínicas e medidas <strong>de</strong> prevenção da doença;• Esclarecer sobre o problema, visando a busca conjunta <strong>de</strong> soluções, as medidasque os órgãos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estão <strong>de</strong>senvolvendo, os locais para encaminhamentodos casos suspeitos, etc.;• Definir formas <strong>de</strong> participação da população nas ações <strong>de</strong> controle da doença,consi<strong>de</strong>rando as estratégias propostas no Item a seguir.5.4. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃODentre as principais medidas <strong>de</strong> prevenção e/ou controle da leptospirose <strong>de</strong>stacam-se:• controle da população <strong>de</strong> roedores, por meio <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> anti-ratização,<strong>de</strong>sratização e corretivas do meio ambiente (manejo integrado);• redução do risco <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong> ferimentos às águas/lama <strong>de</strong> enchentes ououtra situação <strong>de</strong> risco;• medidas <strong>de</strong> proteção individual para trabalhadores ou indivíduos expostos aorisco, através do uso <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> proteção individual como luvas e botas;• limpeza e <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> áreas físicas domiciliares contaminadas, com solução<strong>de</strong> hipoclorito <strong>de</strong> sódio (100 ml <strong>de</strong> água sanitária para 10 litros <strong>de</strong> água);• utilização <strong>de</strong> água potável, filtrada, fervida ou clorada para consumo humano;• vigilância sanitária dos alimentos, <strong>de</strong>scartando os que entraram em contato comáguas contaminadas;• armazenagem apropriada dos alimentos em locais livres <strong>de</strong> roedores;• <strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>quado do lixo, principal fonte <strong>de</strong> alimento do roedor;• manutenção <strong>de</strong> terrenos baldios, públicos e/ou privados, murados e livres <strong>de</strong>mato e entulhos, evitando condições à instalação <strong>de</strong> roedores;• eliminar entulho, materiais <strong>de</strong> construção ou objetos em <strong>de</strong>suso que possamoferecer abrigo a roedores;• construção e manutenção permanente das galerias <strong>de</strong> águas pluviais e esgotoem áreas urbanas;• <strong>de</strong>sassoreamento, limpeza e canalização <strong>de</strong> córregos;• emprego <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> águas livres supostamente contaminadas;Para serem viabilizadas as medidas <strong>de</strong> anti-ratização é necessário agilizar econscientizar a população e os órgãos competentes sobre a importância dos serviçosintegrados <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> lixo, aprimoramento do uso <strong>de</strong> aterros sanitários e limpeza554 UNASApública, aperfeiçoamento da legislação sanitária e promoção do envolvimento eparticipação da comunida<strong>de</strong>.


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAANEXO 1 - NORMAS PARA PROCEDIMENTOS LABORATORIAISCOLETA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAL PARA DIAGNÓSTICO DE LEPTOSPIROSETIPO DEDIAGNÓSTICOTIPO DEMATERIALQUANTIDADEN OAMOSTRAPERÍODO DACOLETARECIPIENTEARMAZENAMENTO/ CONSERVAÇÃOTRANSPORTEIsolamento Sangue 0,5ml1Fase aguda(i<strong>de</strong>al até o7 o dia)Meio <strong>de</strong>culturaEMJH ouFletcherEstufa a 28 o C outemperaturaambienteSem refrigeraçãoMacroaglutinaçãoSoro2,0ml1 ou 21 a coleta: no1 oatendimento.Se colhidoantes do 7 odia do inícioos sintomas,colher 2 aamostraapóstranscorridoeste períodoFrascoa<strong>de</strong>quadoparacongelamento(tubo <strong>de</strong>ensaio)semanticoagulanteCongelado emcongelador ou a-20 o CCongeladoMicroaglutinaçãoSoro2,0ml21 a amostrano primeiroatendimento;2 a amostraapós 2 ou 3semanasFrascoa<strong>de</strong>quadoparacongelamento(tubo <strong>de</strong>ensaio)semcoagulanteCongelado emcongelador ou a-20 o CCongeladoELISA-IgMSoro (semhemólise)1,0ml1Após o 7 odia do iníciodos sintomasFrascoa<strong>de</strong>quadoparacongelamento(tubo <strong>de</strong>ensaio)semcoagulanteCongelado emcongelador ou a-20 o CCongelado* O sangue para o isolamento das leptospiras <strong>de</strong>verá ser semeado, em três tubos, contendo o meio <strong>de</strong> cultura específico. No primeirotubo <strong>de</strong>verá ser colocada uma gota <strong>de</strong> sangue, no segundo duas e no terceiro três gotas; volumes <strong>de</strong> sangue maiores dos recomendadospo<strong>de</strong>m acarretar o insucesso diagnóstico.UNASA 555


L E P T O S P I R O S EREAÇÃO DE MACROAGLUTINAÇÃOTrata-se <strong>de</strong> um exame acessível e <strong>de</strong> fácil execução, po<strong>de</strong>ndo ser realizado até porpequenos laboratórios, em hospitais gerais e/ou em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Por <strong>de</strong>tectar,principalmente anticorpos anti-leptospira da classe IgM, é um exame bastante útilna fase aguda da doença. O período i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> amostra sangüínea é a partirdo 7º dia <strong>de</strong> início <strong>de</strong> sintomas. No entanto, em muitas ocasiões, este teste é solicitadono primeiro atendimento ao paciente, antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>corrido este período, e apresentandoconsequentemente resultado não reagente. Por isso aconselha-se a coleta <strong>de</strong> umasegunda amostra, apenas nestes casos, a partir do 7º dia da doença.REAÇÃO DE MICROAGLUTINAÇÃOA prova <strong>de</strong> aglutinação microscópica (microaglutinação), realizada a partir <strong>de</strong>antígenos vivos, é consi<strong>de</strong>rada como o exame laboratorial “padrão-ouro” para aconfirmação do diagnóstico da leptospirose. Além <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar anticorpos específicos,é usada na i<strong>de</strong>ntificação e classificação dos sorovares isolados e <strong>de</strong>ve ser realizadaem laboratórios especializados ou <strong>de</strong> referência.Geralmente os anticorpos começam a surgir na primeira semana da doença ealcançam títulos máximos em torno da terceira e quarta semanas. Os títulos <strong>de</strong>caemprogressivamente, e persistem baixos durante meses e até anos. Este fato dificultaa avaliação, no sentido <strong>de</strong> se concluir, diante <strong>de</strong> um exame reagente, se estamosdiante <strong>de</strong> uma infecção em ativida<strong>de</strong>, ou <strong>de</strong> uma infecção passada (cicatrizsorológica). Por esta razão recomenda-se comparar duas amostras <strong>de</strong> soro, a primeiracolhida na fase aguda da doença (entre o 7º e o 13º dias da doença) e a segunda,duas a três semanas após. A variação <strong>de</strong> 4 vezes ou mais (2 ou mais diluições), paramais ou para menos, no título <strong>de</strong> anticorpos da 1ª para a 2ª amostra é <strong>de</strong>nominada“soroconversão” e confirma o diagnóstico <strong>de</strong> infecção aguda.Deve-se ressaltar que o uso precoce <strong>de</strong> antibióticos po<strong>de</strong> interferir na respostaimunológica alterando os títulos <strong>de</strong> anticorpos. Por esta razão muitos pacientes nãochegam a apresentar soroconversão, o que impediria a sua confirmação se nãofossem realizados outros exames laboratoriais confirmatórios (macroaglutinação,isolamento, ELISA).TESTE DE ELISA-IGMO teste imunoenzimático ELISA-IgM é um método sensível e específico, e quepermite a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos já na primeira semana da doença. Porém, parafacilida<strong>de</strong> operacional, a coleta <strong>de</strong>ve ser feita a partir do 7º dia do início dos sintomas.Sua utilização ainda é restrita a alguns laboratórios <strong>de</strong> referência, mas <strong>de</strong>verá serimplementada, progressivamente, na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> laboratórios <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública a partir<strong>de</strong> 2003.556 UNASA


MALÁRIACID 10: B-50 a B-54


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAMALÁRIA1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃODoença infecciosa febril aguda, causada por protozoários, transmitidos por vetores.Reveste-se <strong>de</strong> importância epi<strong>de</strong>miológica, por sua gravida<strong>de</strong> clínica, e elevadopotencial <strong>de</strong> disseminação, em áreas com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> vetorial que favoreça atransmissão. Causa consi<strong>de</strong>ráveis perdas sociais e econômicas na população sobrisco, concentrada na região Amazônica.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOProtozoários do gênero Plasmodium. No Brasil, três espécies causam a malária emseres humanos: P. vivax, P. falciparum e P. malariae. Uma quarta espécie, o P.ovale, po<strong>de</strong> ser encontrada no continente africano.1.3. RESERVATÓRIOO homem é o único reservatório com importância epi<strong>de</strong>miológica para a malária.1.4. VETORMosquito pertencente à or<strong>de</strong>m dos dípteros, família Culicidae, gênero Anopheles.Este gênero compreen<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 400 espécies. No Brasil, as principais espéciestransmissoras da malária, tanto na zona rural quanto na zona urbana, são: Anophelesdarlingi, Anopheles aquasalis, Anopheles albitarsis, Anopheles cruzii eAnopheles bellator. A espécie Anopheles darlingi se <strong>de</strong>staca na transmissão dadoença.Popularmente, os vetores da malária são conhecidos por “carapanã”, “muriçoca”,“sovela”, “mosquito-prego”, “bicuda”.1.5. MODO DE TRANSMISSÃOAtravés picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada pelo Plasmodium. Ovetor tem hábitos alimentares nos horários crepusculares, entar<strong>de</strong>cer e amanhecer,todavia, em algumas regiões da Amazônia, apresentam-se com hábitos noturnos,picando durante todas as horas da noite.Não há transmissão direta da doença <strong>de</strong> pessoa a pessoa. Po<strong>de</strong> ocorrer transmissão,através transfusão <strong>de</strong> sangue infectado, e uso compartilhado <strong>de</strong> seringas.UNASA 559


M A L Á R I A1.6. PERÍODO DE INCUBAÇÃOO período <strong>de</strong> incubação da malária varia <strong>de</strong> acordo com a espécie <strong>de</strong> plasmódio.Para P. falciparum, <strong>de</strong> 8 a 12 dias; P. vivax, 13 a 17; e para P. malariae, 18 a 30dias.1.7. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEO mosquito é infectado, ao sugar o sangue <strong>de</strong> uma pessoa com gametócitoscirculantes. Os gametócitos surgem, na corrente sanguínea, em período que varia<strong>de</strong> poucas horas para o P. vivax, e <strong>de</strong> 7 a 12 dias para o P. falciparum. A pessoapo<strong>de</strong> ser fonte <strong>de</strong> infecção, para malária, causada por P. falciparum, por até 1 ano;P. vivax, até 3 anos; e P. malariae, por mais <strong>de</strong> 3 anos.1.8. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEEm geral, toda pessoa é susceptível à infecção por malária. Os indivíduos, que<strong>de</strong>senvolvem ativida<strong>de</strong>s em assentamentos na região amazônica, e outras,relacionadas ao <strong>de</strong>smatamento, exploração mineral, extrativismo vegetal estão maisexpostos à doença.Indivíduos que tiveram vários episódios <strong>de</strong> malária, po<strong>de</strong>m atingir estado <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong>parcial, apresentando quadro subclínico ou assintomático.Em regiões não endêmicas, as áreas <strong>de</strong> risco são <strong>de</strong>terminadas pelo potencialmalarígeno. Este potencial está relacionado com a receptivida<strong>de</strong> e vulnerabilida<strong>de</strong>da área. A receptivida<strong>de</strong> se mantém pela presença, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e longevida<strong>de</strong> domosquito Anopheles. A vulnerabilida<strong>de</strong> é causada pela chegada <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong>malária, oriundos da região amazônica e <strong>de</strong> outros países.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASO quadro clínico típico é caracterizado por febre alta, acompanhada <strong>de</strong> calafrios,sudorese profusa e cefaléia, que ocorrem em padrões cíclicos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da espéciedo parasito infectante. Em alguns pacientes, aparecem sintomas prodrômicos, váriosdias antes dos paroxismos da doença, a exemplo <strong>de</strong>: náuseas, vômitos, astenia, fadiga,anorexia.• Período <strong>de</strong> infecção: a fase sintomática inicial caracteriza-se por mal-estar,cansaço e mialgia. O ataque paroxístico inicia-se com calafrio, acompanhado<strong>de</strong> tremor generalizado, com duração <strong>de</strong> 15 minutos a 1 hora. Na fase febril, atemperatura po<strong>de</strong> atingir 41 o C. Esta fase po<strong>de</strong> ser acompanhada <strong>de</strong> cefaléia,náuseas e vômitos.• Remissão: caracteriza-se pelo <strong>de</strong>clínio da temperatura (fase <strong>de</strong> apirexia). Adiminuição dos sintomas causa uma sensação <strong>de</strong> melhora no paciente. Estafase po<strong>de</strong> durar 48 horas para P. falciparum e P. vivax (febre terçã), e 72horas para P. malariae (febre quartã).• Período toxêmico: se o paciente não recebe terapêutica específica, a<strong>de</strong>quadae oportuna, os sinais e sintomas po<strong>de</strong>m evoluir para formas graves e complicadas,560 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICArelacionadas à resposta imunológica do organismo, aumento da parasitemia eespécie <strong>de</strong> plasmódio.Hipoglicemia, convulsões, vômitos repetidos, hiperpirexia, icterícia e distúrbiosda consciência, são indicadores <strong>de</strong> mau prognóstico. Esses sintomas po<strong>de</strong>mprece<strong>de</strong>r as formas clínicas da malária grave e complicada, tais como: maláriacerebral, insuficiência renal aguda, e<strong>de</strong>ma pulmonar agudo, disfunção hepáticae hemoglobinúria.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALO diagnóstico diferencial da malária é feito com a febre tifói<strong>de</strong>, febre amarela,leptospirose, hepatite infecciosa, calazar e outros processos febris. Na fase inicial,principalmente na criança, a malária confun<strong>de</strong>-se com outras doenças infecciosasdos tratos respiratórios, urinário e digestivo, quer <strong>de</strong> etiologia viral ou bacteriana. Noperíodo <strong>de</strong> febre intermitente, as principais doenças, que se confun<strong>de</strong>m com a malária,são as infecções urinárias, tuberculose miliar, salmoneloses septicêmicas, calazar,endocardite bacteriana e as leucoses. Todas apresentam febre e, em geral,esplenomegalia. Algumas <strong>de</strong>las apresentam anemia e hepatomegalia.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL• Gota espessa: é o método, oficialmente utilizado no Brasil, para o diagnósticoda malária. É simples, eficaz e <strong>de</strong> baixo custo. Sua técnica baseia-se navisualização do parasito, através <strong>de</strong> microscopia ótica, após coloração pelo método<strong>de</strong> Walker ou Giemsa. Permite a diferenciação específica dos parasitos, a partirda análise <strong>de</strong> sua coloração, morfologia e <strong>de</strong> seus estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentono sangue periférico, <strong>de</strong>vido à sua alta concentração.• Esfregaço: é o método mais utilizado, para i<strong>de</strong>ntificação das espécies <strong>de</strong>plasmódios, porém a sensibilida<strong>de</strong> do diagnóstico é menor que a gota espessa.Isto ocorre em virtu<strong>de</strong> da menor concentração do sangue. A preparação é coradapelos métodos <strong>de</strong> Giemsa ou Wright.• QBC (Quantitative Buffy Coat): técnica, que consiste na concentração dosparasitos, pela centrifugação do sangue, em tubos <strong>de</strong> micro-hematócritocombinada com a coloração dos ácidos nucléicos do parasito, pelo fluorocromo<strong>de</strong>nominado laranja <strong>de</strong> acridina. Trata-se <strong>de</strong> técnica <strong>de</strong> alto custo, por envolvermicroscopia epifluorescente, e tubos previamente preparados, com anticoagulantese corantes especiais. É um teste específico e sensível, recomendadopara triagens em bancos <strong>de</strong> sangue.• O Ministério da Saú<strong>de</strong> está avaliando os métodos <strong>de</strong> imunodiagnóstico rápidos,para o controle da malária, em situações especiais.2.4. TRATAMENTOA quimioterapia da malária tem, como objetivos: 1) interromper a esquizogoniasanguínea, responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção; 2)proporcionar a erradicação <strong>de</strong> formas latentes do parasito (hipnozoítas), das espéciesP. vivax e P. ovale, no ciclo tecidual, evitando as recaídas; e 3) reduzir as fontes <strong>de</strong>infecção, eliminando as formas sexuadas dos parasitos.UNASA 561


M A L Á R I AO tratamento a<strong>de</strong>quado e oportuno da malária previne o sofrimento humano, aocorrência do caso grave, o óbito e elimina a fonte <strong>de</strong> infecção.As principais drogas antimaláricas são, assim, classificadas:• Pelo grupo químico: quinolinometanóis (quinina, mefloquina e halofantrina);4-aminoquinolinas (cloroquina); 8-aminoquinolinas (primaquina); peróxido <strong>de</strong>lactona sesquiterpênica (<strong>de</strong>rivados da artemisinina); antibióticos (tetraciclina,doxiciclina e clindamicina);• Pelo alvo <strong>de</strong> ação no ciclo biológico do parasito: esquizonticidas teciduaisou hipnozoiticidas (cura radical do P. vivax e P. ovale); esquizonticidas sanguíneos(promovem a cura clínica); gametocitocidas (bloqueiam a transmissão).A <strong>de</strong>cisão, <strong>de</strong> como tratar o paciente com malária, <strong>de</strong>ve estar <strong>de</strong> acordo com oManual <strong>de</strong> Terapêutica da Malária, e ser precedida <strong>de</strong> informações, sobre os seguintesaspectos:• Gravida<strong>de</strong> da doença: pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> drogas injetáveis <strong>de</strong> ação maisrápida sobre os parasitos, visando reduzir a letalida<strong>de</strong>;• Espécie <strong>de</strong> plasmódio: <strong>de</strong>ve ser diferenciada, em face do perfil variado <strong>de</strong>resposta do P. falciparum, aos antimaláricos. Caso não seja possível <strong>de</strong>terminara espécie do parasito, <strong>de</strong>ve-se optar pelo tratamento do P. falciparum, pelorisco <strong>de</strong> evolução grave, <strong>de</strong>vido à alta parasitemia;• Ida<strong>de</strong> do paciente: pelo pior prognóstico na criança e no idoso;• História <strong>de</strong> exposição anterior à infecção: indivíduos não imunes(primoinfectados), ten<strong>de</strong>m a apresentar formas clínicas mais graves;• Susceptibilida<strong>de</strong> dos parasitos aos antimaláricos convencionais: paraindicar tratamento, com drogas sabidamente eficazes, para área <strong>de</strong> ocorrênciado caso, evitando atraso no efeito terapêutico e agravamento do quadro clínico;• Gravi<strong>de</strong>z: a gravi<strong>de</strong>z aumenta risco <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da malária e <strong>de</strong> morte. Asgestantes não imunes correm o risco <strong>de</strong> aborto, parto prematuro e natimortalida<strong>de</strong>.Estão mais propensas à malária cerebral, à hipoglicemia e ao e<strong>de</strong>ma agudo dopulmão.2.4.1. Esquemas <strong>de</strong> tratamento para a malária recomendados pelo Ministérioda Saú<strong>de</strong>: o Ministério da Saú<strong>de</strong>, por intermédio da FUNASA, apresenta nas Tabelas<strong>de</strong> 1 a 10 todos os esquemas terapêuticos antimaláricos preconizados no Brasil, <strong>de</strong>acordo com o grupo etário dos pacientes. Embora as dosagens constantes nas tabelaslevem em consi<strong>de</strong>ração o peso pela ida<strong>de</strong> do paciente, é recomendável que, sempreque possível e para garantir boa eficácia e baixa toxicida<strong>de</strong> no tratamento da malária,as doses dos medicamentos sejam fundamentalmente ajustadas ao peso do paciente.Entretanto, como nem sempre é possível dispor <strong>de</strong> uma balança para verificação dopeso, apresenta-se no Quadro 4 a seguir a relação do peso, segundo a ida<strong>de</strong> dospacientes. Chama-se a atenção para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, sempre que surgirem dúvidas,recorrer-se ao texto do Manual <strong>de</strong> Terapêutica da Malária e <strong>de</strong> outras fontes <strong>de</strong>consulta (vi<strong>de</strong> tópico Referências Bibliográficas), para melhor esclarecimento.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS562 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAQUADRO 1 - EQUIVALÊNCIA ENTRE GRUPO ETÁRIO E PESO CORPORAL APROXIMADOGRUPOS ETÁRIOSMenor <strong>de</strong> 6 meses6 a 11 meses1 a 2 anos3 a 6 anos7 a 11 anos12 a 14 anos15 ou mais anosPESO CORPORALMenos <strong>de</strong> 5kg5 a 9kg10 a 14kg15 a 19kg20 a 29kg30 a 49kg50kg ou maisÉ da maior importância que todos os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> envolvidos no tratamento damalária, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o auxiliar <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> até o médico, orientem a<strong>de</strong>quadamente,com uma linguagem compreensível, os pacientes quanto ao tipo <strong>de</strong> medicamento que estásendo oferecido, a forma <strong>de</strong> ingerí-lo e os respectivos horários. Muitas vezes, os pacientessão pessoas humil<strong>de</strong>s que não dispõem nem mesmo <strong>de</strong> relógio para verificar as horas.O uso <strong>de</strong> expressões locais para a indicação do momento da ingestão do remédio érecomendável. As expressões <strong>de</strong> 8 em 8 horas ou <strong>de</strong> 12 em 12 horas, muitas vezes nãoajudam os pacientes a saber quando <strong>de</strong>vem ingerir os medicamentos. Por outro lado,sempre que possível, <strong>de</strong>ve-se orientar os acompanhantes ou responsáveis, além dospróprios pacientes, pois geralmente estes, além <strong>de</strong> humil<strong>de</strong>s, encontram-se <strong>de</strong>satentoscomo conseqüência da febre, das dores e do mal-estar causados pela doença.O tratamento da malária, mesmo em nível periférico, é muito complexo. Dificilmente,apenas um medicamento é utilizado. Em geral, são dois ou três diferentes drogas associadas.É muito fácil haver confusão e troca <strong>de</strong> medicamentos. Em vários lugares, as pessoas quedistribuem os remédios e orientam o seu uso utilizam-se <strong>de</strong> envelopes <strong>de</strong> cores diferentespara cada medicamento. O importante é que se evite a ingestão incorreta dos remédios,pois as conseqüências po<strong>de</strong>m ser graves.• Esquemas <strong>de</strong> primeira escolhaTABELA 1 - ESQUEMA RECOMENDADO PARA TRATAMENTO DAS INECÇÕES POR PLASMODIUMVIVAX COM CLOROQUINA EM 3 DIAS E PRIMAQUINA EM 7 DIASDROGAS E DOSESGRUPOS ETÁRIOS1 O DIA 2 O E 3 O DIAS 4 O AO 7 O DIASPRIMAQUINA (COMP.)ADULTOINANTILCLORO-QUINA(COMP.)CLORO-QUINA(COMP.)PRIMAQUINA (COMP.)ADULTOINANTILPRIMAQUINA (COMP.)ADULTOINANTILMenor <strong>de</strong> 6 meses6 a 11 meses1 a 2 anos3 a 6 anos7 a 11 anos12 a 14 anos15 ou mais anos1/41/211234----11 e 1/22-1121--1/41/2111 e 1/223----11 e 1/22-1121------11 e 1/22-1121--Primaquina: comprimidos para adultos com 15mg da base e para crianças com 5mg da baase. A cloroquina e a primaquina<strong>de</strong>verão ser ingeridas preferencialmente às refeições. Não administrar primaquina para gestantes e crianças até 6 meses <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>. Ver Tabela 10. Se surgir icterícia, suspen<strong>de</strong>r a primaquina.UNASA 563


M A L Á R I ATABELA 2 - ESQUEMA RECOMENDADO PARA TRATAMENTO DAS INECÇÕES POR PLASMODIUMALCIPARUM COM QUININA EM 3 DIAS + DOXICICLINA EM CINCO DIAS +PRIMAQUINA NO 6 O DIADROGAS E DOSESGRUPOS ETÁRIOS1 O , 2 O E 3 O DIAS4 O E 5 O DIAS 6 O DIAQUININA (COMP.) DOXICICLINA (COMP.) DOXICICLINA (COMP.) PRIMAQUINA (COMP.)8 a 11 anos1 e 1/211112 a 14 anos2 e 1/21 e 1/21 e 1/2215 ou mais anos4223A dose diária da quinina e da doxiciclina <strong>de</strong>vem ser divididas em duas tomadas, <strong>de</strong> 12/12 horas.A doxiciclina e a primaquina não <strong>de</strong>vem ser dadas a gestantes. Neste caso, usar Tabela 7.Para menores <strong>de</strong> 8 anos e maiores <strong>de</strong> 6 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, usar a Tabela 6.TABELA 3 - ESQUEMA RECOMENDADO PARA TRATAMENTO DAS INECÇÕES MISTAS PORPLASMODIUM VIVAX + PLASMODIUM ALCIPARUM COM MELOQUINA EM DOSE ÚNICA EPRIMAQUINA EM 7 DIASDROGAS E DOSESGRUPOS ETÁRIOSMELOQUINA (COMP.)1 O DIAPRIMAQUINA (COMP.)2 O AO 7 O DIASPRIMAQUINA (COMP.)ADULTO INANTIL ADULTO INANTILMenor <strong>de</strong> 6 meses*---6 a 11 meses1/41/4-11 a 2 anos1/21/4-13 a 4 anos11/2-25 a 6 anos1 e 1/41/2-27 a 8 anos1 e 1/21119 a 10 anos211111 a 12 anos2 e 1/221 e 1/2-13 a 14 anos321 e 1/2-15 ou mais4-2-* Calcular 15 a 20mg/kg <strong>de</strong> peso.A dose diária <strong>de</strong> mefloquina po<strong>de</strong> ser dividida em duas tomadas com intervalo <strong>de</strong> até 12 horas.Não usar primaquina em gestantes e menores <strong>de</strong> 6 meses. Ver tabela 10.TABELA 4 - ESQUEMA RECOMENDADO PARA TRATAMENTO DAS INECÇÕES POR PLASMODIUMMALARIAE COM CLOROQUINA EM 3 DIASDROGAS E DOSESGRUPOS ETÁRIOSCLOROQUINA (COMP.)1 O DIA 2 O DIA 3 O DIAMenor <strong>de</strong> 6 meses6 a 11 meses1 a 2 anos3 a 6 anos7 a 11 anos12 a 14 anos15 ou mais anos1/41/2112341/41/21/211 e 1/2231/41/21/211 e 1/223Obs. Diferente do P. vivax, não se usa primaquina para o P. malariae.564 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Esquemas alternativosTABELA 5 - ESQUEMA ALTERNATIVO PARA TRATAMENTO DAS INECÇÕES POR PLASMODIUMVIVAX EM CRIANÇAS APRESENTANDO VÔMITOS, COM CÁPSULAS RETAIS DE ARTESUNATO EM4 DIAS, E PRIMAQUINA EM 7 DIASDROGAS E DOSESGRUPOS ETÁRIOS1 a 2 anos1 O , 2 O E 3 O DIASARTESUNATO ARTESUNATOCÁPSULA RETALCÁPSULA RETAL114 O DIA 5 O AO 11 O DIASPRIMAQUINA (COMP.)ADULTOINANTIL-13 a 5 anos2 (A)11/2-6 a 9 anos3 (B)1-210 a 12 anos3 (B)3 (B)1-Cápsula retal com 50mg. A cápsula retal po<strong>de</strong> ser conservada à temperatura ambiente.Primaquina infantil e adulto com 5mg e 15mg <strong>de</strong> primaquina-base, respectivamente.A dose <strong>de</strong> primaquina é <strong>de</strong> 0,50mg/kg <strong>de</strong> peso e <strong>de</strong>ve ser ingerida, preferencialmente, às refeições.(A) Administrar uma cápsula retal <strong>de</strong> 12cm <strong>de</strong> 12 em 12 horas;(B) Administrar uma cápsula retal <strong>de</strong> 8 em 8 horas.Para menores <strong>de</strong> um ano e maiores <strong>de</strong> 12 anos, usar a Tabela 1.Obs.: Não usar este esquema para crianças com diarréia.TABELA 6 - ESQUEMA ALTERNATIVO PARA TRATAMENTO DAS INECÇÕES POR PLASMODIUMALCIPARUM COM MELOQUINA EM DOSE DIARIA E PRIMAQUINA NO 2 O DIADROGAS E DOSESGRUPOS ETÁRIOS1 O DIAARTESUNATOCÁPSULA RETAL2 O DIAPRIMAQUINA (COMP.)ADULTOINANTILMenor <strong>de</strong> 6 meses*--6 a 11 meses1/4-11 a 2 anos1/21/2-3 a 4 anos11-5 a 6 anos1 e 1/41-7 a 8 anos1 e 1/21 e 1/2-9 a 10 anos21 e 1/2-11 a 12 anos2 e 1/21 e 1/2-13 a 14 anos32-15 ou mais43-* Calcular 15 a 20mg/kg <strong>de</strong> peso.A dose diária da mefloquina po<strong>de</strong> ser dada em duas tomadas, com intervalo máximo <strong>de</strong> 12 horas.Não usar meloquina se tiver usado quinina nas últimas 24 horas.Não se <strong>de</strong>ve usar mefloquina em gestantes no primeiro trimestre.Não usar primaquina em gestantes e menores <strong>de</strong> 6 meses.UNASA 565


M A L Á R I ATABELA 7 - ESQUEMA ALTERNATIVO PARA TRATAMENTO DAS INECÇÕES POR PLASMODIUMALCIPARUM COM QUININA EM 7 DIASGRUPOS ETÁRIOSDROGAS E DOSESQUININA (COMP.)(DOSE DIÁRIA DURANTE 7 DIAS)Menor <strong>de</strong> 6 meses6 a 11 meses1 a 2 anos3 a 6 anos7 a 11 anos12 a 14 anos15 anos ou mais1/41/23/411 e 1/223* Calcular 15 a 20mg/kg <strong>de</strong> peso.A dose diária da mefloquina po<strong>de</strong> ser dada em duas tomadas, com intervalo máximo <strong>de</strong> 12 horas.Não usar mefloquina se tiver usado quinina nas últimas 24 horas.Não se <strong>de</strong>ve usar mefloquina em gestantes no primeiro trimestre.Não usar primaquina em gestantes e menores <strong>de</strong> 6 meses.TABELA 8 - ESQUEMA RECOMENDADO PARA TRATAMENTO DAS INECÇÕES POR PLASMODIUMALCIPARUM DE CRIANÇAS, COM CÁPSULAS RETAIS DE ARTESUNATO EM 4 DIAS, E DOSEÚNICA DE MELOQUINA NO 3 O DIA E PRIMAQUINA NO 5 O DIADROGAS E DOSESGRUPOS ETÁRIOS1 O E 2 O DIAS3 O DIA4 O DIA 5 O DIAARTESUNATOCÁPSULA RETALARTESUNATOCÁPSULA RETALMELOQUINA(COMP.)ARTESUNATOCÁPSULA RETALPRIMAQUINA(ADULTO)1 a 2 anos3 a 5 anos6 a 9 anos10 a 12 anos12 (A)3 (B)3 (B)12 (A)3 (B)3 (B)1/211 e 1/22 e 1/21113 (B)1/211 e 1/22A cápsula retal po<strong>de</strong> ser conservada à temperatura ambiente.A mefloquina po<strong>de</strong> ser administrada na dose <strong>de</strong> 15-20mg/kg, dividida em duas tomadas, com intervalo <strong>de</strong> 12 horas.(A) Administrar uma cápsula retal <strong>de</strong> 12 em 12 horas;(B) Administrar uma cápsula retal <strong>de</strong> 8 em 8 horas.Para menores <strong>de</strong> um ano usar a Tabela 7, e maiores <strong>de</strong> 12 anos, usar as Tabelas 2 ou 6.Obs.: Não usar este esquema para crianças com diarréia.TABELA 9 - ESQUEMA RECOMENDADO PARA TRATAMENTO DAS INECÇÕES MISTAS POR PLASMODIUMVIVAX + PLASMODIUM ALCIPARUM COM QUININA EM 3 DIAS, DOXICICLINA EM 5 DIAS EPRIMAQUINA EM 7 DIASDROGAS E DOSESGRUPOS ETÁRIOS1 O , 2 O E 3 O DIASQUININA(COMP.)DOXICICLINA(COMP.)4 O DIADOXICICLINA(COMP.)5 O DIA 7 O DIADOXICICLINA(COMP.)PRIMAQUINA(COMP.)(ADULTO)PRIMAQUINA(COMP.)(ADULTO)8 a 11 anos12 a 14 anos15 ou mais anos1 e 1/22 e 1/2411 e 1/2211 e 1/2211 e 1/2211 e 1/2211 e 1/22A dose diária <strong>de</strong> quinina e <strong>de</strong> doxiciclina <strong>de</strong>ve ser fracionada em duas tomadas <strong>de</strong> 12/12 horas.Não usar doxiciclina e primaquina em gestantes. Nesses casos, usar a Tabela 7 e ver a Tabela 10.Para menores <strong>de</strong> 8 anos usar as Tabelas 2 ou 6.566 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICATABELA 10 - ESQUEMA DE PREVENÇÃO DE RECAÍDA DA MALÁRIA POR PLASMODIUM VIVAX,COM CLOROQUINA EM DOSE ÚNICA SEMANAL, DURANTE 3 MESES*PESO (KG)IDADENÚMERO DE COMPRIMIDOS (150MG/BASE) PORSEMANA4 - 67 - 1415 - 1819 - 3536 e mais< 4 meses4 meses a 2 anos3 - 4 anos5 - 10 anos11 e + anos1/41/23/412Esquema recomendado para pacientes que apresentam recaídas após tratamento correto, e para gestantes e crianças menores<strong>de</strong> 1 ano. Só <strong>de</strong>ve ser mantido após o término do tratamento com cloroquia em 3 dias.• Tratamento da malária grave e complicadaQUADRO 2 - ESQUEMA RECOMENDADO PARA MALÁRIA GRAVE POR P. ALCIPARUMDROGAOBSERVAÇÕES IMPORTANTES1. Primeira escolhaDerivados da ArtemisininaA. Artesunato endovenoso: 2,4mg/kg como dose<strong>de</strong> ataque e 1,2mg/kg nos momentos 4, 24 e 48horas. Diluir cada dose em 50ml <strong>de</strong> soluçãoisotônica (<strong>de</strong> preferência glicosada a 5 ou 10%),EV em uma hora ou,B. Artemeter intramuscular: aplicar 3,2mg/kg<strong>de</strong> peso, em dose única no 1 o dia. Após 24horas, aplicar 1,6mg/kg <strong>de</strong> peso, a cada 24horas, por 4 dias, totalizando 5 dias <strong>de</strong>tratamento.Completar o tratamento com Clindamicina, 20mg/kg <strong>de</strong>peso/dia, por 5 dias, dividida em duas tomadas (12 em 12horas), via oral; ou Doxiciclina, 3,3mg/kg <strong>de</strong> peso/dia,dividida em duas tomadas (12 em 12 horas), por 5 dias, viaoral; ou Mefloquina, 15-20mg/kg <strong>de</strong> peso, em dose única,via oral. Estes medicamentos <strong>de</strong>vem ser administrados aofinal do tratamento com os <strong>de</strong>rivados da artemisinina. Adoxiciclina não <strong>de</strong>ve ser administrada a gestantes emenores <strong>de</strong> 8 anos. A mefloquina não <strong>de</strong>ve ser usada emgestantes do primeiro trimestre.2. Segunda escolhaQuinina EndovenosaInfusão <strong>de</strong> 20-30mg do sal <strong>de</strong> dicloridrato <strong>de</strong>quinina/kg/dia, diluída em solução isotônica (<strong>de</strong>preferência glicosada, a 5 ou 10%) (máximo <strong>de</strong>500ml), durante 4 horas, a cada 8 horas, tendo-seo cuidado para a infusão ocorrer em 4 horas.Quando o paciente estiver em condições <strong>de</strong> ingestão oral ea parasitemia estiver em <strong>de</strong>clínio, utiliza-se a apresentaçãooral <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> quinina, na mesma dosagem, a cada 8horas. Manter o tratamento até 48 horas após anegativação da gota espessa (em geral 7 dias).3. Terceira escolhaQuinina Endovenosa associada àClindamicina endovenosaA quinina na mesma dose do item anterior até 3dias. Simultaneamente, administrar a clindamicina,20mg/kg <strong>de</strong> peso, dividida em 2 doses, uma a cada12 horas, diluída em solução glicosada a 5 ou 10%(15ml/kg <strong>de</strong> peso), infundida, gota a gota, em umahora, por 7 dias.Esquema indicado para gestantes.Observação: Os <strong>de</strong>rivados da artemisinina têm se mostrado muito eficazes e <strong>de</strong> ação muito rápida na redução e eliminação daparasitemia. Assim, é necessário que estes medicamentos sejam protegidos <strong>de</strong> seu uso abusivo e indicados fundamentalmentepara casos graves e complicados. Em gestantes, o esquema terapêutico específico preferencial é a associação quinina eclindamicina endovenosa (item 3), pela sua eficácia e inocuida<strong>de</strong> para a mãe e para o feto.UNASA 567


M A L Á R I AA malária é reconhecida como grave problema <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública no mundo, ocorrendoem mais <strong>de</strong> 40% da população <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100 países e territórios. Sua estimativa é<strong>de</strong> 300 a 500 milhões <strong>de</strong> novos casos, e 1 milhão <strong>de</strong> mortes ao ano.No Brasil, aproximadamente 99% dos casos <strong>de</strong> malária se concentram na regiãoAmazônica. Esta é composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão,Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A região é consi<strong>de</strong>rada a áreaendêmica do país para malária. A maioria dos casos ocorre em áreas rurais, mas háregistro da doença, também, em áreas urbanas. Mesmo na área endêmica, o risco<strong>de</strong> contrair a doença não é uniforme. Este risco é medido pela incidência parasitáriaanual (IPA), que classifica as áreas <strong>de</strong> transmissão em alto, médio e baixo risco, <strong>de</strong>acordo com o número <strong>de</strong> casos por 1.000 habitantes (Figura 1).IGURA 1 - CLASSIICAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO PARA MALÁRIA, SEGUNDO A INCIDÊNCIAPARASITÁRIA ANUAL (IPA). BRASIL, 2001onte: GT-Malária/CENEPI/UNASANa série temporal, a partir dos anos 60, po<strong>de</strong> ser observado que, até 1976, foramregistrados menos <strong>de</strong> 100 mil casos <strong>de</strong> malária por ano. A partir daquele ano, houveuma forte tendência na elevação da doença, em função da ocupação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadada região Amazônica. Este incremento <strong>de</strong>veu-se também à implantação, na região,<strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> colonização e mineração.Em 1983, registrou-se 300 mil casos. No período <strong>de</strong> 1984 a 1986, a malária mantevesena faixa dos 400 mil casos. De 1987 a 1995, foram registrados 500 mil casos emmédia. Em 1996 e 1997, houve redução importante nos registros da doença, 21,3%e 28,1%, respectivamente, se comparado a 1995. Nos anos <strong>de</strong> 1998 e 1999, a maláriaaumentou <strong>de</strong> forma preocupante, atingindo seu limite, em 1999, com 637.472 casos.Em 2000, a doença volta a apresentar nova queda, caindo para 615.245 casos. Em568 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA2001, foi observado o maior <strong>de</strong>clínio na ocorrência da malária, nos últimos 40 anos.Neste ano, registrou-se 388.807 casos, o que representou 38,4% <strong>de</strong> queda, em relaçãoa 2000.Até a década <strong>de</strong> 80, houve equivalência, relativa, entre as espécies parasitárias (P.vivax e P. falciparum). A partir <strong>de</strong> então, nota-se um distanciamento no número <strong>de</strong>registro das duas espécies, que culminou com a predominância do P. vivax,responsável por 80% dos casos notificados em 2001 (Figura 2).Na região extra-amazônica, 92% dos casos registrados, são importados dos estadospertencentes à área endêmica e da África. Casos autóctones esporádicos ocorremem áreas focais restritas <strong>de</strong>sta região. Destacam-se os municípios localizados àsmargens do lago da usina hidrelétrica <strong>de</strong> Itaipu, áreas cobertas pela Mata Atlânticanos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio <strong>de</strong> Janeiro, São Paulo e Bahia,região centro-oeste nos estados <strong>de</strong> Goiás e Mato Grosso do Sul.IGURA 2 - REGISTRO DE CASOS DE MALÁRIA E ESPÉCIES PARASITÁRIAS (P. ALCIPARUM E P.VIVAX). BRASIL, 1961 A 2001700600500400300200100061 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 9Positivos P.falciparum P.vivaxAnosonte: GT-Malária/CENEPI/UNASA4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOS• Estimar a magnitu<strong>de</strong> da morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> da malária;• I<strong>de</strong>ntificar tendências, grupos e fatores <strong>de</strong> risco;• Detectar surtos e epi<strong>de</strong>mias;• Evitar o restabelecimento da en<strong>de</strong>mia, nas áreas on<strong>de</strong> a transmissão seinterrompeu;• Recomendar as medidas necessárias, para prevenir ou controlar a ocorrência dadoença;• Avaliar o impacto das medidas <strong>de</strong> controle.UNASA 569


M A L Á R I A4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeito• Área endêmica: toda pessoa que apresente quadro febril, que seja resi<strong>de</strong>nte,ou que tenha se <strong>de</strong>slocado para área on<strong>de</strong> haja transmissão <strong>de</strong> malária no período<strong>de</strong> 8 a 30 dias, anterior à data dos primeiros sintomas;• Área não endêmica: toda pessoa que apresente quadro <strong>de</strong> paroxismo febrilcom os seguintes sintomas: calafrios, tremores generalizados, cansaço, mialgia,e que seja proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> área on<strong>de</strong> haja transmissão <strong>de</strong> malária, no período <strong>de</strong>8 a 30 dias, anterior à data dos primeiros sintomas.Confirmado• Critério clínico laboratorial: toda pessoa, cuja presença <strong>de</strong> parasito no sangue,sua espécie e parasitemia, tenham sido i<strong>de</strong>ntificadas, através <strong>de</strong> exame laboratorial;Recaída (P. vivax, P. ovale) ou Recru<strong>de</strong>scência (P. falciparum, P. malariae)• Lâmina <strong>de</strong> Verificação <strong>de</strong> Cura (LVC): na área endêmica, o caso seráclassificado como Lâmina <strong>de</strong> Verificação <strong>de</strong> Cura (recaída ou recru<strong>de</strong>scência),quando o exame apresentar resultado positivo, até no máximo 30 dias, a partirda data do início do tratamento. Em área não endêmica, esta classificação<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do acompanhamento, que é feito junto ao paciente.DescartadoCaso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo para malária.4.3. NOTIICAÇÃOTodo caso <strong>de</strong> malária <strong>de</strong>ve ser notificado às autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, tanto na áreaendêmica, quanto na área não endêmica. A notificação <strong>de</strong>verá ser feita, através daFicha <strong>de</strong> Notificação <strong>de</strong> Caso <strong>de</strong> Malária, conforme mo<strong>de</strong>lo e fluxo em anexo.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Assistência ao paciente: atendimento ambulatorial ao paciente suspeito,para coleta da amostra <strong>de</strong> sangue e exame parasitoscópico. O caso confirmadorecebe tratamento, em regime ambulatorial. O caso grave <strong>de</strong>verá ser hospitalizado<strong>de</strong> imediato. No paciente, com resultado negativo para malária, outras doenças<strong>de</strong>verão ser pesquisadas.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: um dos indicadores, para se avaliar a qualida<strong>de</strong>da assistência, é o tempo verificado entre a coleta da amostra <strong>de</strong> sangue para examee o início do tratamento, que não <strong>de</strong>ve ser superior a 24 horas. Outra forma, <strong>de</strong>garantir boa assistência, é o monitoramento do tratamento, por meio <strong>de</strong> visitasdomiciliares, ou <strong>de</strong> idas do paciente à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, para assegurar a cura.4.4.3. Confirmação diagnóstica: coletar material para diagnóstico laboratorial, <strong>de</strong>acordo com as orientações técnicas.4.4.4. Proteção da população: como medidas utilizadas para o controle da maláriana população, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar:570 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• tratamento imediato dos casos diagnosticados;• busca <strong>de</strong> casos junto aos comunicantes;• investigação epi<strong>de</strong>miológica;• orientação à população quanto à doença, uso <strong>de</strong> repelentes, cortinadosimpregnados, roupas protetoras, telas em portas e janelas;• investigação entomológica;• borrifação residual e espacial;• pequenas obras <strong>de</strong> saneamento, para eliminação <strong>de</strong> criadouros do vetor.4.4.5. Investigação: após a notificação <strong>de</strong> um, ou mais casos <strong>de</strong> malária, <strong>de</strong>ve-seiniciar a investigação epi<strong>de</strong>miológica, para permitir que as medidas <strong>de</strong> controle possamser adotadas. O instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados é a Ficha <strong>de</strong> Notificação <strong>de</strong> Caso<strong>de</strong> Malária, que contém os elementos essenciais a serem coletados em umainvestigação <strong>de</strong> rotina. Todos os campos <strong>de</strong>sta ficha <strong>de</strong>vem ser criteriosamentepreenchidos. As informações sobre “dados preliminares da notificação”, “dados dopaciente”, “local provável da infecção” e os campos, “sintomas”, “data dos primeirossintomas” e “paciente é gestante?”, <strong>de</strong>vem ser preenchidos no primeiro atendimentoao paciente.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos dos itens da Ficha<strong>de</strong> Notificação <strong>de</strong> Casos <strong>de</strong> Malária, relativos aos “dados preliminares danotificação”, “dados do paciente” e “paciente é gestante?”.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos• Para confirmar o casoð Anotar na Ficha <strong>de</strong> Notificação <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> malária- Se o paciente está com sintomas ou sem sintomas.- Data dos primeiros sintomas.- Coletar amostra <strong>de</strong> sangue, anotando a data da notificação.- Verificar o resultado do exame laboratorial.• Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> transmissão (local provável da infecção)ð I<strong>de</strong>ntificar se o local <strong>de</strong> residência correspon<strong>de</strong> a uma área <strong>de</strong> transmissãoda malária;ð Verificar se o paciente esteve em área <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> malária, no período<strong>de</strong> 8 a 30 dias, anterior à data dos primeiros sintomas;ð Verificar a principal ativida<strong>de</strong>, exercida pelo paciente, no período <strong>de</strong> 8 a 30dias, anterior à data dos primeiros sintomas, e se esta ocorreu em horários<strong>de</strong> hábitos alimentares dos vetores;Estes procedimentos <strong>de</strong>vem ser feitos, mediante entrevista com o paciente, familiares,responsáveis, ou pessoas da comunida<strong>de</strong>. Os dados serão anotados na ficha <strong>de</strong>notificação, permitindo i<strong>de</strong>ntificar o local <strong>de</strong> infecção da malária.UNASA 571


M A L Á R I ALUXOGRAMA DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA DA MALÁRIACaso suspeitoUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, agente <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>(coleta <strong>de</strong> sangue, início da notificação)Laboratório(exame e registro <strong>de</strong> resultado)Resultado do exame(positivo)Resultado do exame(negativo)Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,agente <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>(tratamento)Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>(notificação)Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>(pesquisar outrosagravos)Análise <strong>de</strong>informaçõesSecretaria Municipal<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>(digitação)Divulgação <strong>de</strong>informaçõesAnálise <strong>de</strong>informaçõesRegional Estadual <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>(consolidação dos dados)Divulgação <strong>de</strong>informaçõesAnálise <strong>de</strong>informaçõesSecretaria Estadual <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>(consolidação dos dados)Divulgação <strong>de</strong>informaçõesCORE - UNASA(avaliação)LACEN(controle qualida<strong>de</strong>)Análise <strong>de</strong>informaçõesCENEPI - UNASA(consolidação dosdados)Divulgação <strong>de</strong>informações572 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAQuando o paciente residir em área endêmica, a caracterização do local <strong>de</strong> transmissãoé facilitada. Entretanto, a história dos <strong>de</strong>slocamentos, <strong>de</strong> todos os casos suspeitos,permitirá se <strong>de</strong>finir, com maior certeza, o local provável <strong>de</strong> infecção.Lembrar que a i<strong>de</strong>ntificação da área, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u a transmissão, é <strong>de</strong> fundamental importânciapara nortear a extensão das medidas <strong>de</strong> controle.• Para <strong>de</strong>terminação da extensão da área <strong>de</strong> transmissãoð Em áreas rurais e urbanas: após a i<strong>de</strong>ntificação do local provável <strong>de</strong>infecção, faz-se a busca ativa <strong>de</strong> outros casos, <strong>de</strong>limitando a área <strong>de</strong>transmissão. Uma equipe treinada em pesquisa <strong>de</strong> vetores, <strong>de</strong>ve ser<strong>de</strong>slocada para esta área, para a captura <strong>de</strong> vetores. Os espécimes coletados<strong>de</strong>vem ser enviados ao laboratório <strong>de</strong> entomologia, para i<strong>de</strong>ntificação e<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da espécie transmissora da malária;4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: a coleta e remessa da amostra<strong>de</strong> sangue, para exame <strong>de</strong> malária, <strong>de</strong>vem ser feitas por técnicos, <strong>de</strong>vidamentepreparados pelo serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com os procedimentos abaixo:• coleta da amostra <strong>de</strong> sangue e preparação da lâmina;• i<strong>de</strong>ntificação da lâmina;• coloração da lâmina: gota espessa, pelo método <strong>de</strong> Walker; esfregaço, pelosmétodos <strong>de</strong> Giemsa ou Wright;• exame da lâmina e registro do resultado;• em locais que somente coletam amostras <strong>de</strong> sangue, após preparação ei<strong>de</strong>ntificação da lâmina, estas <strong>de</strong>vem ser enviadas ao laboratório <strong>de</strong> referência,juntamente com a ficha <strong>de</strong> notificação <strong>de</strong> caso. O resultado do exame <strong>de</strong>veráser enviado, posteriormente, ao local da coleta.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: a análise dos dados da notificação, <strong>de</strong>ve permitir aavaliação da magnitu<strong>de</strong>, segundo as características <strong>de</strong> pessoa, tempo e lugar. Onível local <strong>de</strong>verá fazer as primeiras avaliações, <strong>de</strong> forma que se possa adotar asações a<strong>de</strong>quadas e oportunas ao controle da malária. Estas ações serão constantementereavaliadas, para medição do impacto sobre a transmissão da doença, eredirecionamento, caso seja necessário.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: confirmado o diagnóstico laboratorial e iniciado otratamento, encerra-se o caso <strong>de</strong> malária.• Caso <strong>de</strong>scartado: caso suspeito notificado, cujo resultado do exame laboratorialfoi negativo.4.5.6. Relatório final: os dados da investigação <strong>de</strong>verão ser sumarizados, em umrelatório com as principais conclusões, das quais <strong>de</strong>stacam-se:• distribuição da doença, por sexo e faixa etária;• i<strong>de</strong>ntificação do local provável da infecção, e período da ocorrência;• <strong>de</strong>scrição dos fatores <strong>de</strong> risco envolvidos na transmissão;UNASA 573


M A L Á R I A• <strong>de</strong>scrição das espécies <strong>de</strong> plasmódio causadoras da doença;• análise da situação da doença, segundo os indicadores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> transmissão e<strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> (IPA, IFA, coeficiente <strong>de</strong> internação, mortalida<strong>de</strong> e letalida<strong>de</strong>);• <strong>de</strong>scrição dos criadouros potenciais <strong>de</strong> Anopheles e respectivas espécies vetoras,responsáveis pela transmissão.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. IMUNIZAÇÃOVários antígenos plasmodiais foram i<strong>de</strong>ntificados nas últimas décadas. Ensaios <strong>de</strong>campos foram realizados, para avaliar a eficácia <strong>de</strong> algumas vacinas, porém osresultados <strong>de</strong>stes estudos ainda não são satisfatórios, para a implantação davacinação.5.2. CONTROLE VETORIALO controle vetorial da malária <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>senvolvido, preferencialmente, ao nívelmunicipal, com o objetivo <strong>de</strong> reduzir o risco <strong>de</strong> transmissão, prevenindo a ocorrência<strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mias, com a conseqüente diminuição da morbi-mortalida<strong>de</strong>. Os principaismétodos empregados são o controle <strong>de</strong> larvas e <strong>de</strong> mosquitos adultos.Para o controle larvário, po<strong>de</strong>m ser utilizados: o or<strong>de</strong>namento do meio (drenagem,aterro, modificação do fluxo da água, controle da vegetação aquática); larvicidasquímicos (em pequenas coleções <strong>de</strong> água); controle biológico (bactérias, peixeslarvífogos, e outros).Para o controle <strong>de</strong> mosquitos adultos, utiliza-se o controle químico (aplicaçãointradomiciliar <strong>de</strong> inseticida <strong>de</strong> efeito residual, e pulverização espacial <strong>de</strong> inseticida).A partir <strong>de</strong> 1999, vem ocorrendo, na Região Amazônica, a implantação do controleseletivo <strong>de</strong> vetores. Esse novo direcionamento, para as ações <strong>de</strong> controle, originaseda necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantar estratégias criativas para o enfrentamento doproblema. O controle seletivo, po<strong>de</strong> ser entendido como a seleção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong>controle mais efetivas, seguras, <strong>de</strong> baixo custo, que causem menor impacto ambiental,e que sejam adaptadas à realida<strong>de</strong> local.5.3. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA população <strong>de</strong>ve ser informada sobre a doença, da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se procurar aunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> aos primeiros sintomas, a importância do tratamento, os cuidadoscom a proteção individual e coletiva.Várias técnicas pedagógicas po<strong>de</strong>m ser utilizadas, tanto para educação em saú<strong>de</strong>coletiva (teatro, música, imprensa falada, escrita, entre outras) quanto individual(cartilhas, “fol<strong>de</strong>rs” e outros).Tendo em vista que os <strong>de</strong>terminantes, da ocorrência <strong>de</strong> malária, não são exclusivosdo setor saú<strong>de</strong>, é necessário que a comunida<strong>de</strong> esteja mobilizada, para se articular,junto aos <strong>de</strong>mais setores envolvidos com o controle da en<strong>de</strong>mia.574 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA5.4. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO• Utilizam-se, como medidas <strong>de</strong> prevenção individual: uso <strong>de</strong> mosquiteirosimpregnados ou não, com inseticidas, roupas que protejam pernas e braços,telas em portas e janelas, uso <strong>de</strong> repelentes, e evitar freqüentar os locais <strong>de</strong>transmissão, nos horários <strong>de</strong> hábitos alimentares dos vetores.• Como medidas <strong>de</strong> prevenção coletiva, são utilizadas: drenagem, pequenas obras<strong>de</strong> saneamento para eliminação <strong>de</strong> criadouros do vetor, aterro, limpeza dasmargens dos criadouros, modificação do fluxo da água, controle da vegetaçãoaquática, melhoramento da moradia, uso racional da terra.• Programas coletivos <strong>de</strong> quimioprofilaxia não têm sido adotados, <strong>de</strong>vido àresistência do P. falciparum à cloroquina e outros antimaláricos, à toxicida<strong>de</strong> ecusto mais elevado <strong>de</strong> novas drogas. Porém, em situações especiais, comomissões militares, religiosas, diplomáticas e outras, em que haja <strong>de</strong>slocamentopara áreas maláricas dos continentes africano e asiático, recomenda-se entrarem contato, com os setores responsáveis pelo controle da malária, nas secretariasmunicipais e estaduais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e do Ministério da Saú<strong>de</strong>.• No Brasil, a política adotada, atualmente, é centrada nas medidas <strong>de</strong> proteçãoindividual, pois existe estrutura na re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, para diagnóstico etratamento da malária.UNASA 575


M A L Á R I AICHA DE NOTIICAÇÃO DE MALÁRIA576 UNASA


MENINGITESCID 10: G00


M E N I N G I T E S578 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA1. MENINGITES1.1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1.1. DESCRIÇÃOO termo meningite expressa a ocorrência <strong>de</strong> um processo inflamatório das meninges(membrana que envolve o cérebro), que po<strong>de</strong> estar relacionado a uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>causas, tanto <strong>de</strong> origem infecciosa como não infecciosa. As meningites <strong>de</strong> origeminfecciosa, em particular a doença meningocócica, a meningite tuberculosa, a meningitepor Haemophilus influenzae tipo b, a meningite por pneumococos e as meningitesmirais, são as mais importantes do ponto <strong>de</strong> vista da saú<strong>de</strong> pública, pela magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sua ocorrência, potencial <strong>de</strong> transmissão, patogenicida<strong>de</strong> e relevância social.1.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOPo<strong>de</strong>m ser causadas por uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> microorganismos. Os principais são:QUADRO 1BACTÉRIAS VÍRUS OUTROS- Neisseria meningitidis (meningococo)- Haemophilus influenzae- Streptococcus pneumoniae e outrosStreptococcus (grupos A e B)- Mycobacterium tuberculosis e outrasmicobactérias- Staphylococcus aureus- Pseudomona aeruginosa- Escherichia coli- Klebsiella sp- Enterobacter sp- Salmonella sp- Proteus sp- Listéria monocytogenes- Leptospira sp- RNA Vírus• Enterovírus• Arbovírus• Vírus do Sarampo• Vírus da Caxumba• da Coriomeningite linfocitária(Arenavírus)• HIV 1- DNA Vírus• A<strong>de</strong>novirus• Vírus do grupo Herpes• Herpes simples, tipos 1 e 2• Varicela Zoster• Epstein Barr• Citomegalovírus- Ameba <strong>de</strong> vida livre• Naegleria• Aconthamoeba- Outros protozoários• Toxoplasma gondii• Trypanosoma cruzi (fasetripanomastigota)• Plasmodium sp- Helmintos• infecção larvária da Taeniasolium ou• Cysticercus cellulosae(Cisticercose)- Fungos• Cryptococcus neoformans• Candida albicans e C. tropicalis1.1.3. RESERVATÓRIOO homem.1.1.4. MODO DE TRANSMISSÃONo caso das formas infecciosas transmissíveis, a transmissão é <strong>de</strong> pessoa a pessoa,através das vias respiratórias, havendo necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contato íntimo (resi<strong>de</strong>ntesda mesma casa, por exemplo) ou contato direto com as secreções do paciente.UNASA 579


M E N I N G I T E S1.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃOÉ variável, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do agente infeccioso.1.1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEÉ variável, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do agente infeccioso e do diagnóstico e tratamento precoces.1.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS1.2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASA meningite é uma síndrome que se caracteriza por: febre, cefaléia intensa, vômitose sinais <strong>de</strong> irritação meníngea, acompanhadas <strong>de</strong> alterações do líquido céfaloraquidiano.Em crianças maiores e adultos, o início da doença geralmente é súbito, com febre,cefaléia intensa, náuseas, vômitos e rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> nuca, acompanhada, em alguns casos,por exantema petequial. Associam-se sinais <strong>de</strong> irritação meníngea, conforme a<strong>de</strong>scrição que se segue:• Sinal <strong>de</strong> Kerning: resposta em flexão da articulação do joelho, quando a coxaé colocada em certo grau <strong>de</strong> flexão, relativamente ao tronco. Há duas formas<strong>de</strong> se pesquisar esse sinal:ð paciente em <strong>de</strong>cúbito dorsal: eleva-se o tronco, fletindo-o sobre a bacia; háflexão da perna sobre a coxa e <strong>de</strong>sta sobre a bacia; eð paciente em <strong>de</strong>cúbito dorsal: eleva-se o membro inferior em extensão, fletindoosobre a bacia; após pequena angulação, há flexão da perna sobre a coxa.Essa variante chama-se, também, manobra <strong>de</strong> Laségue.• Sinal <strong>de</strong> Brudzinski: flexão involuntária da perna sobre a coxa e <strong>de</strong>sta sobre abacia, ao se tentar fletir a cabeça do paciente.No início da doença, po<strong>de</strong>m surgir <strong>de</strong>lírio e coma. Depen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong>comprometimento encefálico (meningoencefalite), o paciente po<strong>de</strong>rá apresentartambém convulsões, paralisias, tremores, transtornos pupilares, hipoacusia, ptosepalpebral e nistágmo. Casos fulminantes com sinais <strong>de</strong> choque po<strong>de</strong>m ocorrer.Em crianças <strong>de</strong> até nove meses, as meningites po<strong>de</strong>rão não apresentar os sinaisclássicos <strong>de</strong> irritação meníngea. Outros sinais e sintomas permitem a suspeitadiagnóstica, tais como: febre, irritabilida<strong>de</strong> ou agitação, grito meníngeo (criançagrita ao ser manipulada, principalmente, quando se flete as pernas para trocar afralda) e recusa alimentar, acompanhada ou não <strong>de</strong> vômitos, convulsões eabaulamento da fontanela.1.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALSerá abordado nos tópicos das formas clínicas específicas.1.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALO diagnóstico laboratorial das meningites é realizado através do estudo do líquidocéfalo raquidiano, po<strong>de</strong>ndo também ser utilizada a hemocultura, raspado <strong>de</strong> lesões580 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICApetequiais, urina e fezes (nos casos <strong>de</strong> meningites virais). A punção liquórica éfreqüentemente realizada na região lombar, entre as vértebras L1 e S1, sendo maisindicados os espaços L3-L4, L4-L5 ou L5-S1. Uma das contra-indicações, para apunção lombar, é a existência <strong>de</strong> infecção no local da punção (pio<strong>de</strong>rmite). No caso<strong>de</strong> haver hipertensão endocraniana grave, é aconselhável solicitar um especialistapara a retirada mais cuidadosa do líquor, ou aguardar a melhora do quadro, priorizandoa análise <strong>de</strong> outros materiais, como o sangue.O líquor normal é límpido e incolor, como “água <strong>de</strong> rocha”. O volume normal é <strong>de</strong> 80a 150ml. O aumento <strong>de</strong> elementos figurados (células) causa turvação, cuja intensida<strong>de</strong>varia <strong>de</strong> acordo com a quantida<strong>de</strong> e o tipo <strong>de</strong>sses elementos.Os principais exames, para o esclarecimento diagnóstico, <strong>de</strong> casos suspeitos <strong>de</strong>meningite, são:• Exame quimiocitológico do líquor.• Bacterioscopia direta.• Cultura.• Hemocultura.• Contra-imuneletroforese cruzada (CIE).• Aglutinação pelo látex.Observação: Ver rotina laboratorial para diagnóstico das meningites (Anexos 1 e 2).1.2.4. TRATAMENTOO tratamento com antibiótico <strong>de</strong>ve ser instituído tão logo seja possível, preferencialmentelogo após a punção lombar. O uso <strong>de</strong> antibiótico <strong>de</strong>ve ser associado aoutros tipos <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> suporte, como reposição <strong>de</strong> líquidos e cuidadosaassistência.TRATAMENTO SUGERIDOAGENTESANTIBIÓTICOS DOSE (EV) INTERVALODURAÇÃOStaphilococcusOxacilina ouVancomicina200mg/kg/dia até12g/dia300 a 40mg/kg/dia até2g/dia4/4hs ou 6/6hs6/6 hs21 diasCeftriaxone ou100mg/kg/dia até8g/dia12/12hs ou 24/24hs14 a 21 diasSulfametaxazol +Trimetropim100mg/kg/dia8/8hs ou 12/12hsCeftaridima +Amicacina ou100mg/kg/dia até8g/dia8/8hsPseudomonasCarbenicilina +Amicacina20 a 30mg/kg/diaaté 1,5g/dia400 a 600mg/kg/diaaté 30g/dia3/3hs21 diasUNASA 581


M E N I N G I T E SMENINGITE SEM ETIOLOGIA DETERMINADAAIXA ETÁRIAANTIBIÓTICO (1 A ESCOLHAANTIBIÓTICO (1 A ESCOLHA< 2 meses2 meses a 5 anos> 5 anosAmpicilina + Aminoglicosí<strong>de</strong>o(Gentamicina ou AmicacinaAmpicilina + ClorafenicolPenicilina G. Cristalina + AmpicilinaCefalosporina 3 a geração(Cefataxina ou Ceftriaxone) à AmpicilinaCeftriaxoneCloranfenicol ou CeftriaxoneA meningite bacteriana aguda é uma emergência infecciosa, e não <strong>de</strong>ve ter seu tratamentopostergado. É importante lembrar que a principal causa <strong>de</strong> morte, neste subgrupo <strong>de</strong>meningites, é <strong>de</strong>vido ao choque séptico. Portanto, as medidas para evitá-lo <strong>de</strong>vem sertomadas <strong>de</strong> imediato.De um modo geral, a antibioticoterapia é administrada por via venosa, por um período<strong>de</strong> 7 a 14 dias, ou até mais, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da evolução clínica e do agente etiológico.A adoção imediata do tratamento a<strong>de</strong>quado não impe<strong>de</strong> a coleta <strong>de</strong> material para odiagnóstico etiológico, seja líquor, sangue ou outros.O prognóstico está relacionado a vários fatores, tais como: agente etiológico, condiçõesclínicas e a faixa etária do paciente. Entretanto, apesar <strong>de</strong>stes fatores, o prognósticoserá, tanto melhor, na medida em que for realizado o diagnóstico e tratamento precoces.O uso <strong>de</strong> corticói<strong>de</strong> nas situações <strong>de</strong> choque é discutível, existindo controvérsiassobre a influência favorável ao prognóstico. Há evidências <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ria agirfavoravelmente, na prevenção <strong>de</strong> seqüelas, nos casos <strong>de</strong> meningite <strong>de</strong>vidos aoHaemophilus influenzae tipo b. Contudo, sua eficácia para meningites, por outrasbactérias, ainda permanece em fase <strong>de</strong> estudos.A evolução da resistência antimicrobiana é o aspecto mais alarmante na terapia dasdoenças infecciosas, sendo bem documentada em infecções por pneumococos. Nofinal da década <strong>de</strong> 1980, cepas <strong>de</strong> pneumococos resistentes à penicilina começarama emergir em Papua Nova Guiné e na África do Sul. Atualmente, 15 anos após osprimeiros relatos, a resistência à penicilina em pneumococo é <strong>de</strong>scrita em muitospaíses dos 5 continentes, sendo reportadas taxas que variam <strong>de</strong> 5% às críticas taxas<strong>de</strong> 70% na Hungria e na Espanha. O principal fator, que leva a estes níveis elevados<strong>de</strong> resistência, é o uso abusivo e empírico dos antibióticos.1.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSAs meningites têm distribuição mundial e sua expressão epi<strong>de</strong>miológica varia, <strong>de</strong>região para região, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo principalmente da existência <strong>de</strong> aglomeradospopulacionais, fatores climáticos (as meningites bacterianas têm maior incidêncianos períodos <strong>de</strong> inverno e as virais no período <strong>de</strong> verão), agentes circulantes, falta<strong>de</strong> acesso à infra-estrutura a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Os surtos estãorelacionados à Neisseria meningitidis.Durante a década <strong>de</strong> 90 foram notificados, em média, 28.000 casos/ano <strong>de</strong> meningites,<strong>de</strong> todos os tipos, no Brasil, sendo que 18% <strong>de</strong>sses correspon<strong>de</strong>ram à meningitemeningocócica (média <strong>de</strong> 5.000 casos anuais).582 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA1.4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA1.4.1. OBJETIVOS• Analisar a tendência das meningites <strong>de</strong> interesse em saú<strong>de</strong> pública.• Detectar surtos.• Executar e avaliar a efetivida<strong>de</strong> das medidas <strong>de</strong> controle.1.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeito• Crianças acima <strong>de</strong> 1 ano e adultos com febre, cefaléia intensa, vômitos, rigi<strong>de</strong>zda nuca, outros sinais <strong>de</strong> irritação meningea (Kerning, Brudzinski ), sonolência econvulsões.• Crianças abaixo <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, principalmente as menores <strong>de</strong> nove meses,que apresentem vômitos, sonolência, irritabilida<strong>de</strong> aumentada, convulsões e,principalmente, abaulamento <strong>de</strong> fontanela.ConfirmadoTodo caso suspeito, em que a investigação clínico-laboratorial e epi<strong>de</strong>miológica concluicomo sendo um caso <strong>de</strong> meningite.• Critério clínico laboratorial: <strong>de</strong>scrito com a etiologia específica.• Critério clínico epi<strong>de</strong>miológico: <strong>de</strong>scrito com a etiologia específica.DescartadoCaso suspeito, com diagnóstico laboratorial negativo, sem vínculo epi<strong>de</strong>miológicocom caso confirmado, ou com diagnóstico confirmado <strong>de</strong> outra doença.1.4.3. NOTIICAÇÃOAs meningites fazem parte da Lista Nacional <strong>de</strong> Doenças <strong>de</strong> NotificaçãoCompulsória, sendo <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, além da notificaçãoà equipe <strong>de</strong> vigilância da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> que <strong>de</strong>verá realizar ainvestigação epi<strong>de</strong>miológica. A ocorrência <strong>de</strong> um caso, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da suspeitaetiológica, impõe a adoção rápida <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controle.1.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS1.4.4.1. Assistência médica ao paciente: hospitalização imediata dos casossuspeitos, realização da punção lombar e coleta <strong>de</strong> sangue, para o esclarecimentodiagnóstico.1.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: o tratamento precoce e a<strong>de</strong>quado dos casosreduz significativamente a letalida<strong>de</strong> da doença. Para o bom <strong>de</strong>sempenho profissional,no atendimento ao paciente grave, toda equipe <strong>de</strong> assistência <strong>de</strong>ve estar familiarizadacom as técnicas <strong>de</strong> suporte cárdio-respiratório e contar com a infra-estruturanecessária. A abordagem inicial, o rápido reconhecimento da falência respiratória edo choque, a i<strong>de</strong>ntificação e realização <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> abcessos, <strong>de</strong>ntre outrosprocedimentos <strong>de</strong> suporte ao paciente, são <strong>de</strong> fundamental importância na diminuiçãoUNASA 583


M E N I N G I T E Sda morbi-mortalida<strong>de</strong>. O transporte dos casos, para outra Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> quandonecessário, <strong>de</strong>ve ser efetuado, após estabilizada a ventilação, oxigenação, perfusãoorgânica e acesso venoso com antibioticoterapia.Realizar a proteção dos contatos íntimos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong> meningite (vercapítulo das formas clínicas específicas).1.4.4.3. Proteção individual e da população: o isolamento do paciente estáindicado, apenas durante as primeiras 24 horas do tratamento com o antibióticoa<strong>de</strong>quado. Nos casos <strong>de</strong> doença meningocócica ou por meningite por Haemophilusinflunzae, também se indica a quimioprofilaxia dos contatos íntimos. É importantea vigilância dos contatos, por um período mínimo <strong>de</strong> 10 dias. Deve-se proce<strong>de</strong>rà <strong>de</strong>sinfecção concorrente em relação às secreções nasofaríngeas e aos objetoscontaminados por elas.A quimioprofilaxia não está indicada para pessoal médico ou <strong>de</strong> enfermagem, que tenhaatendido pacientes com meningites bacterianas, a menos que tenha havido exposição àssecreções respiratórias, através da respiração boca a boca e/ou entubação.1.4.4.4. Confirmação diagnóstica: coletar material para o diagnóstico laboratorial,<strong>de</strong> acordo com as orientações do Anexo 1.1.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA1.4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos da Ficha <strong>de</strong>Investigação do SINAN (dados gerais, do caso e <strong>de</strong> residência).1.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos: o instrumento <strong>de</strong> coleta<strong>de</strong> dados é a Ficha <strong>de</strong> Investigação do SINAN, que contém as informações essenciaisa serem coletadas em uma investigação <strong>de</strong> rotina. Todos os campos <strong>de</strong>sta ficha<strong>de</strong>vem ser criteriosamente preenchidos, mesmo que a informação seja negativa.Outras informações po<strong>de</strong>m ser incluídas, conforme a necessida<strong>de</strong>:• Para i<strong>de</strong>ntificar a fonte <strong>de</strong> transmissão.• Para i<strong>de</strong>ntificar a existência <strong>de</strong> casos secundários e co-primários.• Para <strong>de</strong>terminar se se trata da ocorrência <strong>de</strong> um surto ou <strong>de</strong> caso(s) isolado(s).1.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: consultar Anexos 1 e 2.1.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: esta é uma etapa fundamental da investigaçãoepi<strong>de</strong>miológica, e correspon<strong>de</strong> à interpretação dos dados coletados em seu conjunto.Esta análise <strong>de</strong>verá ser orientada por algumas perguntas, tais como: qual(is) foi(ram)a(s) fonte(s) <strong>de</strong> infecção? O caso atual, sob investigação, transmitiu a doença paraoutra(s) pessoa(s)? Trata-se <strong>de</strong> caso(s) isolado(s), ou <strong>de</strong> um surto? Existem medidas<strong>de</strong> controle adicionais a serem executadas?Isso significa que a investigação epi<strong>de</strong>miológica não se esgota no preenchimento daFicha Individual <strong>de</strong> Investigação. A análise do prontuário, a realização <strong>de</strong> estudosadicionais, a pesquisa em diferentes fontes <strong>de</strong> dados (busca ativa <strong>de</strong> novos casos),são ativida<strong>de</strong>s inerentes e importantes, para que se alcance o objetivo final da<strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica que é o controle das doenças.1.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: consultar capítulo <strong>de</strong> etiologias específicas.584 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS MENINGITESCaso SuspeitoAssistência médicaSuspeita clínicaNotificação<strong>Vigilância</strong>Epi<strong>de</strong>miológicaViralDiagnósticolaboratorialBacterianaBusca ativa <strong>de</strong>casosColetaSangueLíquorezesColetaSangueLíquor(Lesãocutânea)Orientação àpopulaçãoBacterianaViralLaboratóriolocalCitoquímicaLACENPreparo dasamostrasLab. 1Lab. 2LaboratóriolocalBacterioscopiaCitoquímicaLACENCulturaCIELátexMHContatosDMMEDIDASOutrasINVESTIGAÇÃOLRNIOCRUZIALLab. 3LRNIALQuimioprofilaxiaDECONTROLESurtosLegendaLACEN: Laboratório <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> PúblicaLRN: Laboratório <strong>de</strong> Referência NacionalIAL: Instituto Adolfo LutzFIOCRUZ: Fundação Oswaldo CruzIEC: Instituto Evandro ChagasDM: Doença MeningocócicaMH: Meningite por HaemophilusVacinaEncerramentoUNASA 585


M E N I N G I T E S• Confirmado: consultar capítulo <strong>de</strong> etiologias específicas sobre os critérios <strong>de</strong>confirmação, <strong>de</strong> acordo com sua respectiva “hierarquia”.• Caso <strong>de</strong>scartado: caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo, semvínculo epi<strong>de</strong>miológico com caso confirmado, ou com diagnóstico confirmado<strong>de</strong> outra doença.1.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLEÉ importante ressaltar que, exceto no caso <strong>de</strong> agentes infecciosos específicos, paraos quais se dispõe <strong>de</strong> vacina, as meningites constituem-se num grupo <strong>de</strong> doenças <strong>de</strong>prevenção secundária, ou seja, o diagnóstico e tratamento precoces são fundamentaispara um bom prognóstico. No caso das meningites infecciosas e transmissíveis, aimediata i<strong>de</strong>ntificação dos contatos íntimos e a realização <strong>de</strong> quimioprofilaxia, sãofundamentais para evitar o surgimento <strong>de</strong> casos secundários.As medidas <strong>de</strong> controle estão relacionadas aos agentes etiológicos específicos, e serãoabordadas nos capítulos correspon<strong>de</strong>ntes.1.5.1. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA população <strong>de</strong>ve ser informada quanto ao risco <strong>de</strong> adoecer, principalmente quandose trata <strong>de</strong> doença meningocócica e Haemophilus influenzae, seus principaissinais e sintomas, e como proce<strong>de</strong>r frente a um caso suspeito, mediante técnicaspedagógicas disponíveis e meios <strong>de</strong> comunicação em massa. A informação diminuia ansieda<strong>de</strong> e contribui para evitar o pânico.1.5.2. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO• Orientar a população para que seja encaminhado, a uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,qualquer indivíduo com sinais e sintomas <strong>de</strong> meningite;• Notificar todos os casos suspeitos às autorida<strong>de</strong>s sanitárias;• Educar a população, sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar o contato direto e a exposiçãoàs gotículas <strong>de</strong> saliva do doente;• Orientar a população, para evitar aglomerados em ambientes fechados;• Investigar todos os casos notificados como meningite;• Confirmar o diagnóstico laboratorial;• Realizar <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada, e em tempo hábil, a quimioprofilaxia dos contatosíntimos, quando indicado;• Descrever os casos por tempo, lugar e pessoa;• Proce<strong>de</strong>r à análise e interpretação dos dados.586 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAANEXO 1O diagnóstico etiológico, dos casos suspeitos <strong>de</strong> meningite, é <strong>de</strong> extrema importânciapara a <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica, tanto na situação endêmica da doença quanto emsituações <strong>de</strong> surto.Para todo caso suspeito <strong>de</strong> meningite bacteriana 1 , utilizar o kit <strong>de</strong> coleta para odiagnóstico laboratorial, distribuído pelos LACENs em todo o território nacional.Este kit é composto <strong>de</strong>:• 1 frasco para hemocultura (com caldo TSB ou BHI acrescido do anticoagulanteSPS).• 1 frasco com meio <strong>de</strong> cultura ágar chocolate Base Müller Hinton ou similar paralíquor.• 1 frasco estéril para coleta <strong>de</strong> soro para realizar CIE, e Látex.• 1 frasco estéril para coleta <strong>de</strong> líquor para citoquímica, CIE e Látex.• 2 lâminas sem uso prévio, perfeitamente limpas e <strong>de</strong>sengorduradas, parabacterioscopia (uma é corada e processada no laboratório do hospital e a outra éenviada para o LACEN).“KIT” PARA COLHEITA E TRANSPORTE DO LÍQUIDO CEALORRAQUIDIANO/SANGUE/SOROÁgar chocolatebase MuellerHintonCaldo TSB frascohemocultura2 lâminas <strong>de</strong>microscopiarasco vazio paraLCRrasco vazio parasoroAs cepas <strong>de</strong>vem ser sempre encaminhadas ao LACEN, que a seguir as enviarápara o Instituto Adolfo Lutz (IAL/SP), que é o Laboratório <strong>de</strong> Referência Nacionalpara as meningites bacterianas, on<strong>de</strong> serão realizados os seguintes estudoscomplementares: confirmação <strong>de</strong> espécies, sorogrupo e subtipo, caracterizaçãomolecular, e controle da resistência <strong>de</strong> cepa.1O diagnóstico laboratorial das Meningites Virais está <strong>de</strong>scrito no capítulo específico.UNASA 587


M E N I N G I T E SALTERAÇÃO DO LCR EM ALGUMAS PATOLOGIAS (EXAMES LABORATORIAIS)EXAMESLABORATORIAISAspectoTurvoMENINGITESPURULENTA TUBERCULOSA ASSÉPTICALímpido ouligeiramenteturvo(opalescente)ENCEALITESLímpido Límpido Límpido LímpidoLímpido ouligeiramenteturvoCorNEURO-SÍILISNEUROCIS-TICERCOSEMENINGO-ENCEALIAPOR UNGOSBrancaleitosaouligeiramentexantocrômicaIncolor ouxantocrômicaIncolor ouopalescenteIncolor Incolor Incolor IncolorCoáguloPresença ouausênciaPresença(Fibrina<strong>de</strong>licada) ouausênciaAusenteAusente oupresença <strong>de</strong>FibrinaAusente Ausente AusenteCloretos Diminuídos Diminuídos NormalGlicose Diminuída Diminuída NormalNormal oudiminuídoNormal oudiminuídaNormal Normal NormalNormal Normal NormalProteínas Totais Aumentadas AumentadasLevementeAumentadas Discretamenteaumentadas aumentadasDiscretamenteaumentadasDiscretamenteaumentadasGlobulinasPositiva(Gamaglobulina)Positiva(alta e gamaglobulinas)Negativa oupositivaAumento(Gamaglobulina)Aumentodiscreto(Gamaglobulina)Aumento(Gamaglobulina)NormalLeucócitos200 amilhares(neutrófilos)25 a 500(Linfócitos)5 a 500(Linfócitos)25 a 1.000(Linfócitos)1 a 100(Linfócitos)1 a 100(Linfócitos oucosinófilos)1 a 100(Linfócitos)VDRL - - - Reagente - - -Contra-Imunoeletroforese(CIE)Reagente (1) - - - - - -Látex Reagente (5) - - - - - -MicroscopiaPositiva <strong>de</strong>DGN, BGN,CGP, BGP(2) ou nãoNegativaGram eBaar (4)Negativa(Gram)Negativa(Gram)Negativa(Gram)Negativa(Gram)Positiva(tintananquim p/C.neoformansou paraCandida spCulturaCrescimentoem Agarchocolate(3)Crescimentomeio <strong>de</strong>Lowestein-Jansen- - - -Crescimentoem meioSabouraud eAgarsangueObs: (1) Contraimunoeletroforese (CIE) reagente para N. meningitidis,H. influenzae e S. pneumoniae.(2) DGN = Diplococo gram-negativo; BGN = Bacilo gram-negativo; CGP = cocos gram-positivo.(3) BGP = Bacilos gram-negativos.(4) Quando sem uso prévio <strong>de</strong> antibióticos e condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> coletas e semeadura do LCR.(4) Exame baciloscópico é <strong>de</strong> valor relativo por que a presença <strong>de</strong> Baar é sempre pequena no LCR (Paucibacilar).(5) Látex = reagente para S. pneumoniae (grupos A e B), H. influenzae e N. meningitidis A, B, C, Y, W135 ou outros agentes<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do produto disponível.588 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAA seguir, <strong>de</strong>screvem-se os exames laboratoriais disponíveis, sua interpretação e asnormas <strong>de</strong> coleta dos espécimes clínicos. Para isso, é necessário que a coleta sejarealizada no ato da entrada do paciente na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, no primeiro atendimento,antes da utilização da primeira dose do antibiótico.• Cultura: exame <strong>de</strong> alto grau <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo ser realizado comdiversos tipos <strong>de</strong> fluídos corporais, mais comumente líquor e sangue. O seuobjetivo é i<strong>de</strong>ntificar a espécie da bactéria.• Contra-imunoeletroforese cruzada (CII): os polissacarí<strong>de</strong>os <strong>de</strong> Neisseriameningitidis, Haemophilus influenzae e da maioria dos Streptococcuspneumoniae apresentam carga negativa e, quando submetidos a um campoelétrico, sob <strong>de</strong>terminadas condições <strong>de</strong> pH e força iônica, migram em sentidocontrário ao do anticorpo. Assim, tanto o antígeno quanto o anticorpo dirigemsepara um <strong>de</strong>terminado ponto e, ao se encontrarem, formam uma linha <strong>de</strong>precipitação que indica a positivida<strong>de</strong> da reação. A contra-imunoeletroforesefornece uma sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 70% na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>Neisseria meningitidis, e <strong>de</strong> 90% na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> H. influenzae e S.pneumoniae e uma especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 98%. O material indicado para o ensaio éo LCR, sangue total, soro e outros fluidos.• Aglutinação pelo látex: partículas <strong>de</strong> látex, sensibilizadas com anti-sorosespecíficos permitem, por técnica <strong>de</strong> aglutinação rápida (em lâmina ou placa),<strong>de</strong>tectar o antígeno bacteriano em líquor, soro e outros fluídos biológicos. Po<strong>de</strong>ocorrer resultado falso-positivo, em indivíduos portadores do fator reumático ouem reações cruzadas com outros agentes. A sensibilida<strong>de</strong> do teste <strong>de</strong> látex é daor<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 90% para H. influenzae, 94,4% para S. pneumoniae e 80% para N.meningitidis. A especificida<strong>de</strong> da reação é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 97%.• Bacterioscopia: pela técnica <strong>de</strong> Gram, caracteriza-se morfológica e tintorialmenteos agentes bacterianos, permitindo sua classificação com pequeno grau<strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong> ser realizada no líquor, em amostras <strong>de</strong> tecido e mucosa.• Quimiocitológico: permite a leitura citológica do líquor e a dosagem <strong>de</strong> glicose,proteínas e cloretos. Traduz a intensida<strong>de</strong> do processo infeccioso e orienta asuspeita clínica, mas não <strong>de</strong>ve ser utilizado para conclusão do diagnóstico final,por seu baixo grau <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>.• Outros exames: alguns métodos vêm sendo utilizados, principalmente noslaboratórios <strong>de</strong> pesquisa como PCR, ELISA e Imunofluorescência, cujosresultados ainda se encontram em avaliação e, portanto, não são preconizadosna rotina diagnóstica.• Reação em Ca<strong>de</strong>ia pela Polimerase (PCR): a <strong>de</strong>tecção do DNA bacterianopo<strong>de</strong> ser obtida por amplificação da ca<strong>de</strong>ia polimerase, que permite a i<strong>de</strong>ntificaçãodo agente utilizando primers específicos <strong>de</strong> regiões conservadas e variáveis doagente. A sensibilida<strong>de</strong> e a especificida<strong>de</strong> atingem valores superiores a 95%. Oteste entretanto ainda não é rotineiro.• Método da imunofluorescência: este método consiste na marcação <strong>de</strong>anticorpos específicos, com substâncias fluorescentes para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>H. influenzae, S.pneumoniae e N. meningitidis, em esfregaços <strong>de</strong> materiaisclínicos. A sensibilida<strong>de</strong> dos resultados foi comparável à dos métodosconvencionais, como exame direto, através da coloração <strong>de</strong> Gram, e culturaatingindo 70% a 93%. O material indicado para o ensaio é LCR e o soro.UNASA 589


M E N I N G I T E S• Método Imunoenzimático (ELISA): (Enyme-linked immunosorbent assay) -o método fundamenta-se na capacida<strong>de</strong> do anticorpo ou antígeno ligar-se a umaenzima, resultando em conjugado, com a ativida<strong>de</strong> imunológica inalterada e,portanto, possível <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar tanto antígeno como anticorpo. Esta técnicaapresenta vantagens em relação ao radioimunoensaio, em termos <strong>de</strong> custo epraticida<strong>de</strong>. Dot-immunobind assay (DIA), baseado na aplicação <strong>de</strong> antígeno àmembrana <strong>de</strong> nitrocelulose, ensaio este útil na triagem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>anticorpos monoclonais. A vantagem da técnica DIA sobre o ELISA é o emprego<strong>de</strong> membrana <strong>de</strong> nitrocelulose, suporte este <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> reprodutibilida<strong>de</strong>, emrelação às placas <strong>de</strong> microtitulação plásticas da ELISA, que apresentam variaçãona sensibilida<strong>de</strong> e são <strong>de</strong>ficientes no mercado nacional. A especificida<strong>de</strong> doteste ELISA é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 97% e sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 90% a 100%. O materialindicado para o ensaio é o LCR e o soro.Além dos métodos supracitados, há outros inespecíficos que são utilizados <strong>de</strong> formacomplementar. São eles: técnicas radiográficas complementares: TomografiaComputadorizada, Raios X, Ultrassonografia, Angiografia Cerebral e RessonânciaMagnética.Os exames realizados pelos LACEN são: Cultura e antibiograma, CIE, Látex, eBacterioscopia.Todo material <strong>de</strong>verá ser enviado ao laboratório, <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificado e acompanhado<strong>de</strong> cópia da Ficha <strong>de</strong> Investigação Epi<strong>de</strong>miológica, que servirá <strong>de</strong> orientação quanto aosexames indicados.Lembrar que o perfeito acondicionamento, para remessa <strong>de</strong> amostras, é <strong>de</strong> fundamentalimportância para o êxito dos procedimentos laboratoriais.590 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICACOLETA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAL PARA DIAGNÓSTICO DE MENINGITE BACTERIANATIPO DEDIAGNÓSTICOTIPO DEMATERIALQUANTIDADEN OAMOSTRAPERÍODO DACOLETARECIPIENTEARMAZENAMENTO/ CONSERVAÇÃOTRANSPORTEHemoculturaSangue10 a 20% dovolume totaldo frasco1Preferencialmentenoato do 1 oatendimentoFrascoa<strong>de</strong>quadoparahemocultura(caldoBHI ouTSB ouSPS)Colocarimediatamenteem estufa entre35 o e 37 o C, logoapós asemeadura, até oenvio aolaboratório.Fazer subculturasem ÁgarChocolate após8 horas. (com48 hs. opneumococoestá morto)Nunca refrigerar.Manter o frascoem temperaturaambiente eencaminhar omais rápidopossível para olaboratório.CulturaLíquor20 a 30gotas1Preferencialmentenoato do 1 oatendimento.Semearimediatamenteou até 3hsapós apunçãoFrascocom meio<strong>de</strong> culturaÁgarChocolateBaseMullerHinton ousimilarIncubar a 35 o -37 o C ematmosfera <strong>de</strong>CO 2(chama <strong>de</strong>vela), úmidoapós asemeadura, até oenvio aolaboratório.Nunca refrigerar.Manter o frascoem temperaturaambiente eencaminhar omais rápidopossível para olaboratório.CIELíquor(soro)1 a 2ml 1Preferencialmentenoato do 1 oatendimento.FrascoestérilEm temperaturaambiente, ematé 1 hora.Tempo superiora 1 hora,conservar a 4 O C.Po<strong>de</strong> sercongelado, se oexame não forrealizado nasprimeiras 24horas. Estocar orestante para anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>realizar outrosprocedimentosEnviarimediatamenteao laboratório,consevado emgêlo.LátexSangue5ml (paraobter o soro) 1Preferencialmentenoato do 1 oatendimentoFrascoestéril.Sanguecolhidosem anticoagulanteEm temperaturaambiente, ematé 1 hora.Tempo superiora 1 hora,conservar a 4 O C.Po<strong>de</strong> sercongelado, se oexame não forrealizado nasprimeiras 24horas. Estocar orestante para anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>realizar outrosprocedimentosApós separar osoro, enviarimediatamenteao laboratórioou conservar.Continua...UNASA 591


M E N I N G I T E SCOLETA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAL PARA DIAGNÓSTICO DE MENINGITE BACTERIANATIPO DEDIAGNÓSTICOTIPO DEMATERIALQUANTIDADEN OAMOSTRAPERÍODO DACOLETARECIPIENTEARMAZENAMENTO/ CONSERVAÇÃOTRANSPORTELátexLíquor1 a 2ml1Preferencialmentenoato do 1 oatendimento.FrascoestérilEm temperaturaambiente, ematé 1 hora.Tempo superiora 1 hora,conservar a 4 O C.Po<strong>de</strong> sercongelado, se oexame não forrealizado nasprimeiras 24horas. Estocar orestante para anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>realizar outrosprocedimentosEnviarimediatamenteao laboratório,conservado emgêlo.BacterioscopiaLíquor1 gota2Preferencialmentenoato do 1 oatendimento.2 lâminas<strong>de</strong> microcospiavirgensQuimiocitológicoLíquor2 a 3ml1Preferencialmentenoato do 1 oatendimento.FrascoestérilEm temperaturaambiente, ematé 3 horas.Tempo superiora 3 hora,conservar a 4 O C.Enviarimediatamenteao laboratório.Observações:• Nenhum dos exames citados substitui a cultura <strong>de</strong> líquor e/ou sangue. A recuperação do agente etiológico viável é <strong>de</strong>extrema importância para a sua caracterização e para o monitoramento da resistência bacteriana aos diferentes agentesmicrobianos.• Sempre colher o líquor em recipiente estéril, <strong>de</strong> preferência com tampa <strong>de</strong> borracha. Se o paciente for transferido <strong>de</strong> hospital,<strong>de</strong>ve ser encaminhado juntamente com o líquor e com o resultado dos exames obtidos.• Os frascos contendo material biológico para exames <strong>de</strong>vem ser rotulados e i<strong>de</strong>ntificados com: material biológico,suspeita clínica, nome completo, ida<strong>de</strong>, município <strong>de</strong> residência, data e hora da coleta.• Proce<strong>de</strong>r anti-sepsia no sítio da punção com solução <strong>de</strong> iodo 2%. Após a punção, remover o resíduo <strong>de</strong> iodo com álcool a 70%,visando evitar queimadura ou reação alérgica.• Na suspeita meningite por agente bacteriano anaeróbico, a eliminação do ar residual <strong>de</strong>ve ser realizada após a coleta do material.Transportar na própria seringa da coleta, com agulha obstruída, em tubo seco e estéril ou inoculado direto nos meios <strong>de</strong> cultura.Em temperatura ambiente, o tempo ótimo para transporte <strong>de</strong> material ao laboratório é <strong>de</strong> 15 minutos para menos <strong>de</strong> 1 ml e 30minutos para volume superior.• O exame <strong>de</strong> Látex <strong>de</strong>ve ser processado com muito cuidado, para que não ocorram reações inespecíficas. Observar, portanto, asorientações do manual do kit, uma vez que a sensibilida<strong>de</strong> do teste varia <strong>de</strong> acordo com o produtor.• Lembrar que o perfeito acondicionamento das amostras para remessa é <strong>de</strong> fundamental importância para o êxito dos procedimentoslaboratoriais.592 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAANEXO 2O diagnóstico específico <strong>de</strong> surtos e <strong>de</strong> alguns casos suspeitos <strong>de</strong> meningite viral(reação pós-vacinal), é <strong>de</strong> extrema importância para a <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica.A seguir estão <strong>de</strong>scritas as normas <strong>de</strong> coleta dos espécimes, os exames laboratoriaisdisponíveis e as suas interpretações. Para isso, é necessário que a coleta seja realizadano ato da entrada do caso suspeito na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, no primeiro atendimento.Deve ser utilizado o kit completo <strong>de</strong> coleta, para casos suspeitos <strong>de</strong> meningiteviral, distribuído pelos LACENs em todo o território nacional, constituído <strong>de</strong>:• 1 frasco <strong>de</strong> polipropileno com tampa <strong>de</strong> rosca para LIQUOR;• 2 frascos <strong>de</strong> polipropileno com tampa <strong>de</strong> rosca para SORO;• 1 coletor universal para FEZES.EXAMES LABORATORIAIS• Isolamento viral em cultura celular: exame <strong>de</strong> alto grau <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>,quanto à i<strong>de</strong>ntificação do agente etiológico, po<strong>de</strong>ndo ser realizado com diversostipos <strong>de</strong> fluídos corporais, mais comumente LIQUOR e FEZES. São utilizadoscultivos celulares sensíveis, para o isolamento da maioria dos vírus associadosàs meningites assépticas: RD (rabdomiosarcoma embrionário humano), Hep-2(carcinoma epi<strong>de</strong>rmói<strong>de</strong> <strong>de</strong> laringe) e Vero (rim <strong>de</strong> macaco ver<strong>de</strong> africano).• Reação <strong>de</strong> Soroneutralização e <strong>de</strong> Imunofluorescência: técnicasimunológicas para i<strong>de</strong>ntificação do vírus isolado; serão utilizados conjuntos <strong>de</strong>anti-soros específicos para a i<strong>de</strong>ntificação dos sorotipos.• Reação em ca<strong>de</strong>ia pela polimerase (PCR): para <strong>de</strong>tecção direta, oui<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> diferentes grupos <strong>de</strong> vírus associados às meningites virais.• Pesquisa <strong>de</strong> anticorpos no soro do paciente: serão utilizados testes <strong>de</strong>Soroneutralização, em amostras pareadas <strong>de</strong> soro, para a pesquisa <strong>de</strong> anticorpospara enterovírus; para os <strong>de</strong>mais vírus, serão utilizados Ensaios Imunoenzimáticoscom a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>tectar anticorpos da classe IgG e IgM.Observações• Estes exames são realizados a partir <strong>de</strong> contato com a Secretaria Estadual <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> e LACEN, no máximo <strong>de</strong> 20 amostras por surto.• Todas as amostras <strong>de</strong>vem ser i<strong>de</strong>ntificadas com nome, tipo <strong>de</strong> espécime edata <strong>de</strong> coleta. Devem ser individualmente acondicionadas em sacos plásticose enviadas ao laboratório, em condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> transporte (caixasisotérmicas com gelo reciclável e, preferencialmente, em gelo seco para otransporte <strong>de</strong> líquor).• O material <strong>de</strong>ve chegar ao LACEN no prazo <strong>de</strong> 12 a 24 horas após acoleta.• O tempo <strong>de</strong> procedimento técnico para o isolamento <strong>de</strong> vírus e sua i<strong>de</strong>ntificaçãoé <strong>de</strong> 30 dias contados, à partir da entrada da amostra no laboratório regional.UNASA 593


M E N I N G I T E SCOLETA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAL PARA DIAGNÓSTICO DE MENINGITE VIRALTIPO DEDIAGNÓSTICOTIPO DEMATERIALQUANTIDADEN OAMOSTRAPERÍODO DACOLETARECIPIENTEARMAZENAMENTO/ CONSERVAÇÃOTRANSPORTEIsolamento ei<strong>de</strong>ntificaçãoLíquor1,5 a 2ml1No ato doatendimentoao paciente(fase agudada doença)1 frasco<strong>de</strong>polipropilenocomtamparosqueadaAcondicionarimediatamenteem banho <strong>de</strong>gêlo e conservara -70 o C ou a -20 o C até 24horasEnviarimediatamenteao laboratórioem banho <strong>de</strong>gêlo ou em gêloseco em caixasisotérmicas.Isolamento ei<strong>de</strong>ntificaçãoFezes4 a 8g,aproximadamente1/3do coletor1No ato doatendimentoao paciente(fase agudada doença)1 coletoruniversalConservar emgela<strong>de</strong>ira por até72 horasSob refrigeração,em caixasisotérmicas,com gêloreciclávelDetecçãodiretaLíquor1,5 a 2ml1No ato doatendimentoao paciente(fase agudada doença)1 frasco<strong>de</strong>polipropilenocomtamparosqueadaAcondicionarimediatamenteem banho <strong>de</strong>gêloEnviarimediatamenteao laboratórioem banho <strong>de</strong>gêlo ou em gêloseco em caixasisotérmicasPesquisa <strong>de</strong>anticorpos daclasse IgGSoro5ml <strong>de</strong>sangue emfrasco semanticoagulantepara obter osoro2 (sóserãoprocessadasasamostraspareadas)1 a amostrano ato doatendimentoao paciente(fase agudada doença).2 a amostra -15 a 20 diasapós a 1 a(faseconvalescente)2 frascos<strong>de</strong>polipropilenocomtamparosqueadaApós a retraçãodo coágulo,separar o soro econservar a-20 o CSob refrigeração,em caixasisotérmicas,com gêloreciclávelPesquisa <strong>de</strong>anticorpos daclasse IgMSoro5ml <strong>de</strong>sangue emfrasco semanticoagulantepara obter osoro11 amostrano ato doatendimentoao paciente(fase agudada doença)1 frasco<strong>de</strong>polipropilenocomtamparosqueadaApós a retraçãodo coágulo,separar o soro econsevar a-20 o CSob refrigeração,em caixasisotérmicas,com gêloreciclável594 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICALUXO DE ENCAMINHAMENTO DE AMOSTRASHospitalPaciente -Punção lombar• Semear 5 a 10 gotas <strong>de</strong> líquor em meio <strong>de</strong> cultura específico.• Coletar em um tubo 2 a 3 ml <strong>de</strong> líquor.• Coletar em um tubo 1 a 2 ml <strong>de</strong> líquor.Laboratório dohospital• azer 2 lâminas para bacterioscopia.• Proce<strong>de</strong>r leitura da 1ª lâmina.• Processar o quimiocitológico.• Encubar o meio <strong>de</strong> cultura semeado em estufa a 35 - 37ºC ematmosfera <strong>de</strong> CO2 - Enviar o mais rápido possível para o LACEN,juntamente com a 2ª lâmina e o 2º tubo com líquor.• azer o teste <strong>de</strong> aglutinação pelo látex.LACEN• Processar o líquor para o IEC.• Processar a 2ª lâmina <strong>de</strong> bacterioscopia.• Colocar o meio <strong>de</strong> cultura semeado, nas condições citadasanteriormente.• Proce<strong>de</strong>r a i<strong>de</strong>ntificação da cepa, quando houver crescimento.• Se o hospital não realizou as etapas anteriores, fazer todo oprocesso.Laboratório <strong>de</strong>Referência• azer nova i<strong>de</strong>ntificação bacteriana; repicar e estocar para enviarao LRN.Laboratório <strong>de</strong>Referência Nacional• azer todo processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação da cepa enviada.• Quando necessário, enviar cepas aos laboratórios <strong>de</strong> referênciainternacional.UNASA 595


M E N I N G I T E S2. MENINGITE MENINGOCÓCICACID 10 : A39.02.1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS2.1.1. DESCRIÇÃOInfecção bacteriana aguda, que se caracteriza por início súbito, com febre, cefaléiaintensa, náusea e vômito, rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> nuca. Freqüentemente, po<strong>de</strong>m surgir erupçõespetequiais. A doença meningocócica apresenta-se sob três principais formas clínicas:meningite meningocócica, meningococcemia e meningite meningocócica associadaà meningococcemia.2.1.2. AGENTE ETIOLÓGICONeisseria Meningitidis (meningococo), bactéria gram-negativa em forma <strong>de</strong> coco.Possui diversos sorogrupos, <strong>de</strong> acordo com o antígeno polissacarí<strong>de</strong>o da cápsula.Os mais freqüentes são os sorogrupos A, B, C, W 135e Y. Po<strong>de</strong>m também serclassificados em sorotipos e subtipos, <strong>de</strong> acordo com os antígenos protéicos dapare<strong>de</strong> externa do meningococo.2.1.3. RESERVATÓRIOO homem doente ou portador assintomático.2.1.4. MODO DE TRANSMISSÃOContato direto <strong>de</strong> pessoa a pessoa, por via respiratória, através <strong>de</strong> gotículas esecreções da nasofaringe. O principal transmissor é o portador assintomático.2.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃODe 2 a 10 dias, em média 3 a 4 dias.2.1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEPersiste até que o meningococo <strong>de</strong>sapareça da nasofaringe. Em geral, isso ocorreapós 24 horas <strong>de</strong> antibioticoterapia. Aproximadamente, 10% da população po<strong>de</strong>apresentar-se como portador assintomático, em <strong>de</strong>terminado período da vida, que évariável, po<strong>de</strong>ndo prolongar-se até 10 meses.2.1.7. SUSCEPTIBILIDADE E IMUNIDADEA susceptibilida<strong>de</strong> é geral e o risco diminui com a ida<strong>de</strong>, sendo o grupo <strong>de</strong> menores<strong>de</strong> 4 anos o mais vulnerável.596 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA2.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASA infecção pela Neisseria meningitidis po<strong>de</strong> ser limitada à nasofaringe, manifestarsecomo uma septicemia grave (meningococcemia) ou sob a forma <strong>de</strong> meningite.• Infecção da nasofaringe: sintomas localizados como coriza, ou sem qualquermanifestação (portador assintomático).• Meningite: febre alta <strong>de</strong> início súbito, cefaléia intensa, vômitos e sinais <strong>de</strong>irritação meníngea, acompanhados <strong>de</strong> alterações do líquido céfalo-raquidiano.No início da doença, po<strong>de</strong>m surgir <strong>de</strong>lírio e coma. Depen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong>comprometimento encefálico (meningoencefalite), o paciente po<strong>de</strong>rá apresentartambém convulsões, paralisias, tremores, transtornos pupilares, hipoacusia, ptosepalpebral e nistágmo. Casos fulminantes com sinais <strong>de</strong> choque po<strong>de</strong>m ocorrer.Em crianças <strong>de</strong> até nove meses, as meningites po<strong>de</strong>rão não apresentar os sinaisclássicos <strong>de</strong> irritação meníngea. Outros sinais e sintomas permitem a suspeitadiagnóstica, tais como: febre, irritabilida<strong>de</strong> ou agitação, grito meníngeo e recusaalimentar, acompanhada ou não <strong>de</strong> vômitos, convulsões e abaulamento da fontanela.• Meningococcemia: inicia com mal estar súbito, febre alta, calafrios, prostraçãoacompanhada <strong>de</strong> manifestações hemorrágicas na pele (petéquias e equimoses).A doença se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong> forma fulminante, po<strong>de</strong>ndo evoluir para óbito, empoucas horas.ð Complicações: geralmente graves, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar seqüelas, sendo as maisfreqüentes:- Necrose profunda com perda <strong>de</strong> substância;- Sur<strong>de</strong>z parcial ou completa, uni ou bilateral;- Miocardite, pericardite;- Paralisias, paresias, abcesso cerebral, hidrocefalia;- Artrite durante a fase aguda que, em geral, evolui para cura.2.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALDeve ser feito com as doenças febris hemorrágicas, outras meningites bacterianasou meningoencefalites; encefalites, febre purpúrica brasileira e septicemias.2.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALO diagnóstico laboratorial é feito através dos seguintes exames:• Cultura;• Contraimunoeletroforese Cruzada (CIE);• Aglutinação pelo Látex;• I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> genes específicos em reação <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia polimerase (PCR);• Bacterioscopia.Vi<strong>de</strong> normas e procedimentos técnicos, no Anexo 1.UNASA 597


M E N I N G I T E S2.2.4. TRATAMENTOA antibioticoterapia <strong>de</strong>ve ser instituída o mais precocemente possível, preferencialmentelogo após a punção lombar. O seu uso <strong>de</strong>ve ser associado a outros tipos <strong>de</strong> tratamento<strong>de</strong> suporte, como reposição <strong>de</strong> líquidos e cuidadosa assistência <strong>de</strong> enfermagem.TRATAMENTOANTIBIÓTICOS DOSE (EV) INTERVALODURAÇÃOPenicilina G. Cristalinaou300 a 500.000UI/kg/diaaté24.000.000UI/dia3/3hs <strong>de</strong> 4/4hs7 diasAmpicilina200 a 400mg/kg/diaaté 15g/dia4/4 ou 6/6hs2.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA forma clínica da doença meningocócica foi <strong>de</strong>scrita pela 1ª vez em 1805, mas aNeisseria meningitidis só foi i<strong>de</strong>ntificada como o agente etiológico em 1887.A única meningite bacteriana que po<strong>de</strong> provocar epi<strong>de</strong>mia é a meningocócica. Asua distribuição geográfica é universal, ocorrendo casos durante todo o ano, sendomais freqüente nos meses frios. A aglomeração <strong>de</strong> pessoas favorece a transmissãoda doença que aparece em ondas epidêmicas, com intervalos variáveis.É primordialmente uma doença <strong>de</strong> crianças e adultos jovens, mas, em situaçõesepidêmicas, a doença geralmente atinge todos os grupos etários. O risco <strong>de</strong> infecçãonos comunicantes domiciliares, <strong>de</strong> casos primários <strong>de</strong> doença meningocócica, é 500a 800 vezes maior que na população geral.Ainda ocorrem epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> meningite em todo o mundo mas, em geral, a área daÁfrica conhecida como “Cinturão Africano <strong>de</strong> Meningite”, é a responsável pelamaioria <strong>de</strong>las.No Brasil, na década <strong>de</strong> 70, epi<strong>de</strong>mias causadas pelos meningococos dos sorogruposA e C, atingiram taxas <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> até 170/100.000 habitantes, em <strong>de</strong>terminadascida<strong>de</strong>s do país. A doença manteve valores endêmicos até o final da década <strong>de</strong> 80,quando foram i<strong>de</strong>ntificadas epi<strong>de</strong>mias em vários pontos do país, com predomínio domeningococo sorogrupo B.A década <strong>de</strong> 90 caracterizou-se por uma diminuição proporcional da presença dosorogrupo B, e aumento progressivo da doença causada pelo meningococo sorogrupoC. O coeficiente <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> da doença meningocócica no país, nessa últimadécada, manteve-se em torno <strong>de</strong> 0,8/100.000 habitantes, o que correspon<strong>de</strong>u a umamédia <strong>de</strong> 5.900 casos por ano e a taxa <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> variou entre 17,2% e 20%.2.4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA2.4.1. OBJETIVOS• Acompanhar o comportamento e a tendência da doença meningocócica;• Detectar surtos precocemente;• Executar ações <strong>de</strong> controle;• Avaliar o impacto das medidas <strong>de</strong> controle (quimioprofilaxia e vacinação).598 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA2.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoTodo paciente com sinais e sintomas <strong>de</strong> meningite (vi<strong>de</strong> Capítulo <strong>de</strong> Meningite Geral),principalmente se acompanhados <strong>de</strong> exantema petequial. Abaixo <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>, em geral, não se <strong>de</strong>tecta rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> nuca mas se i<strong>de</strong>ntifica o abaulamento <strong>de</strong>fontanela.ConfirmadoTodo caso suspeito com pelo menos uma prova laboratorial. A confirmação po<strong>de</strong>ter diferentes graus <strong>de</strong> refinamento ou o <strong>de</strong>scarte é o resultado da investigaçãoepi<strong>de</strong>miológica, quando se processa a análise dos dados.• Critério clínico laboratorial: todo caso suspeito que apresente pelo menosuma das seguintes condições:ð Cultura positiva do líquor ou sangue, com isolamento da Neisseriameningitidis (padrão ouro);ð CIE positiva com <strong>de</strong>tecção do antígeno no líquor ou sangue;ð Látex positivo, com <strong>de</strong>tecção do antígeno no líquor ou sangue (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> queacompanhado com cultura);ð PCR positivo, com <strong>de</strong>tecção da ca<strong>de</strong>ia genética da Neisseria meningitidis;ð Bacterioscopia do líquor e/ou raspado <strong>de</strong> lesões da pele, com achado <strong>de</strong>diplococo gram-negativo.• Critério clínico epi<strong>de</strong>miológico: todo caso suspeito, sem diagnósticolaboratorial, em comunicante íntimo <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> meningite meningocócica,confirmado por laboratório pelo método <strong>de</strong> Cultura, CIE, Látex, num períodosuperior a 24 horas até 15 dias.• Critério <strong>de</strong> necrópsia: caso suspeito, com achados anatomopatológicossugestivos <strong>de</strong> meningite meningocócica ou meningococcemia.• Critério clínico: a meningococcemia e a meningite meningocócica associadacom meningococcemia, são as únicas circunstâncias em que a confirmaçãopo<strong>de</strong>rá ser exclusivamente por critério clínico.DescartadoCaso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo, sem vínculo epi<strong>de</strong>miológicocom caso confirmado, ou com diagnóstico confirmado <strong>de</strong> outra doença.2.4.3. NOTIICAÇÃOA doença meningocócica é <strong>de</strong> notificação compulsória e imediata, sendo <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> o preenchimento da Ficha <strong>de</strong> Notificaçãoe Investigação. A ocorrência <strong>de</strong> um caso impõe a adoção rápida <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controle.As Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - Hospitais, Laboratórios, outros Serviços <strong>de</strong> AssistênciaMédica, governamental ou particular, e os Atestados <strong>de</strong> Óbito, são fontes <strong>de</strong>notificação. A implantação <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica (UVE) noshospitais, é fundamental na busca ativa dos casos. A notificação <strong>de</strong>ve ser feita viatelefone, fax, ou e-mail às autorida<strong>de</strong>s sanitárias superiores.UNASA 599


M E N I N G I T E S2.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS2.4.4.1. Assistência médica ao paciente: hospitalização imediata dos casossuspeitos, realização da punção lombar e coleta <strong>de</strong> sangue para o esclarecimentodiagnóstico.2.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: o tratamento precoce e a<strong>de</strong>quado aos casosreduz significativamente a letalida<strong>de</strong> da doença. Neste sentido, os responsáveispela <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong>vem verificar se os pacientes estão recebendoantibioticoterapia, <strong>de</strong> acordo com o agente etiológico, e se estão sendo dados oscuidados <strong>de</strong> enfermagem indicados. Para o bom <strong>de</strong>sempenho profissional, noatendimento ao paciente grave, toda a equipe <strong>de</strong> assistência <strong>de</strong>ve estar familiarizadacom as técnicas <strong>de</strong> suporte cárdio-respiratório e contar com infra-estrutura necessária.A abordagem inicial, o rápido reconhecimento da falência respiratória e do choque,a i<strong>de</strong>ntificação e realização <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> abcessos, <strong>de</strong>ntre outros procedimentos<strong>de</strong> suporte ao paciente, são <strong>de</strong> fundamental importância na diminuição da morbimortalida<strong>de</strong>.O transporte dos casos, para outra Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, quando necessário<strong>de</strong>ve ser efetuado, após estabilizar a ventilação, oxigenação, perfusão orgânica eacesso venoso com antibioticoterapia.2.4.4.3. Proteção individual para evitar a transmissão: o isolamento do paciente sóé feito durante as primeiras 24 horas do tratamento com o antibiótico a<strong>de</strong>quado. A<strong>de</strong>sinfecção concorrente <strong>de</strong>verá ser feita em relação às secreções nasofaríngeas e aosobjetos contaminados por elas. O paciente <strong>de</strong>ve receber quimioprofilaxia antes da alta,pois a antibioticoterapia venosa nem sempre elimina a N. meningitidis do orofaringe.2.4.4.4. Confirmação diagnóstica: coletar material para o diagnóstico laboratorial,<strong>de</strong> acordo com as orientações do Anexo 1.2.4.4.5. Proteção da população: após a investigação <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> doençameningocócica, <strong>de</strong>ve-se realizar a quimioprofilaxia dos contatos íntimos do doente. Éimportante a vigilância dos contatos por um período mínimo <strong>de</strong> 10 dias. Aquimioprofilaxia não é indicada para a equipe <strong>de</strong> assistência, a menos que tenha havidoexposição às secreções respiratórias, através da respiração boca a boca e/ou entubação.A utilização <strong>de</strong> vacinas, no caso da doença meningocócica, <strong>de</strong>ve sempre ser avaliadaconsi<strong>de</strong>rando-se cada situação epi<strong>de</strong>miológica, uma vez que os imunógenos sãosorogrupos específicos e não conferem imunida<strong>de</strong> prolongada.A doença meningocócica é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse público, <strong>de</strong>ssa forma, é importantemanter a comunida<strong>de</strong> informada corretamente sobre a doença, medidas <strong>de</strong> prevençãoe ativida<strong>de</strong>s que estão sendo realizadas para controlar a situação.2.4.4.6. Investigação: todo caso <strong>de</strong> doença meningocócica <strong>de</strong>ve ser investigado.É através da investigação epi<strong>de</strong>miológica que se obtém informações complementaressobre as possíveis fontes <strong>de</strong> transmissão.2.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA2.4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos da Ficha <strong>de</strong>Investigação do SINAN (dados gerais, do caso e <strong>de</strong> residência).600 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA2.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos: o instrumento <strong>de</strong> coleta<strong>de</strong> dados é a Ficha <strong>de</strong> Investigação do SINAN, que contém as informações essenciaisa serem coletadas em uma investigação <strong>de</strong> rotina. Todos os campos <strong>de</strong>sta ficha<strong>de</strong>vem ser criteriosamente preenchidos, mesmo que a informação seja negativa.Outras informações po<strong>de</strong>m ser incluídas, conforme a necessida<strong>de</strong>.As fontes <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados são: entrevista com o médico ou profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>que aten<strong>de</strong>u ao caso, dados do prontuário, entrevista <strong>de</strong> familiares e pacientes,quando possível.• Para confirmar a suspeita diagnóstica:ð Verificar se as informações se enquadram na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> caso.ð Verificar e registrar exames <strong>de</strong> líquor e os específicos encaminhados aolaboratório, resultados obtidos e a data.ð Acompanhar a evolução do(s) paciente(s) e os resultados dos exameslaboratoriais.• Para i<strong>de</strong>ntificação e <strong>de</strong>terminação da extensão da área <strong>de</strong> transmissão:ð Visitar a residência e os locais usualmente freqüentados pelos indivíduosacometidos (creches, escolas, locais <strong>de</strong> trabalho, quartéis, discotecas, etc),para i<strong>de</strong>ntificar possíveis fontes <strong>de</strong> infecção.ð Verificar a ocorrência <strong>de</strong> casos nos municípios vizinhos.Faz-se necessária a busca ativa <strong>de</strong> casos, e as informações fundamentais são:número <strong>de</strong> casos que está ocorrendo por área geográfica, distribuição semanale mensal, grupos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, taxa <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> da doença e <strong>de</strong>terminação dossorogrupos <strong>de</strong> meningococos. É importante comparar a incidência atual com osperíodos anteriores (três a cinco anos).É obrigatória a participação do laboratório, para confirmação do diagnóstico etiológicopara i<strong>de</strong>ntificação do sorogrupo predominante.2.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: a punção lombar e acoleta <strong>de</strong> sangue, para o diagnóstico laboratorial, <strong>de</strong>vem ser realizadas logo após asuspeita clínica <strong>de</strong> doença meningocócica, antes do início do tratamento comantibiótico. O material coletado em meio estéril, <strong>de</strong>ve ser processado inicialmenteno laboratório local, para orientação da conduta médica. Subseqüentemente, essematerial <strong>de</strong>ve ser encaminhado para o Laboratório Central <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública(LACEN) para os procedimentos <strong>de</strong> caracterização etiológica, <strong>de</strong> acordo com asnormas técnicas, apresentadas no Anexo 1.Deverá ser utilizado o kit <strong>de</strong> coleta para o diagnóstico das meningites.A maioria das cepas <strong>de</strong> Neisseria meningitidis é muito sensível à <strong>de</strong>ssecação e aoresfriamento, sendo por isso importante que as amostras <strong>de</strong> material, que se <strong>de</strong>stinamà cultura, sejam mantidas úmidas e à temperatura próxima a 36º C.Nem sempre é possível aguardar os resultados dos exames, para <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar asmedidas <strong>de</strong> controle e outras ativida<strong>de</strong>s da investigação, embora sejam imprescindíveispara confirmar os casos, direcionar as medidas e orientar o encerramento dasinvestigações.2.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: a análise dos dados <strong>de</strong>ve ser realizada na medida queas informações são coletadas, visando dar sustentação à <strong>de</strong>finição das ativida<strong>de</strong>sUNASA 601


M E N I N G I T E Snecessárias (continuação da investigação, orientação da população, adoção <strong>de</strong>medidas <strong>de</strong> controle e prevenção).Devem ser consi<strong>de</strong>radas, principalmente, a incidência, letalida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>meningites (geral, bacterianas e por Neisseria meningitidis) na área; distribuiçãodos casos confirmados <strong>de</strong> meningite por Neisseria meningitidis, segundo critério<strong>de</strong> confirmação e, ainda, tipo <strong>de</strong> contato e oportunida<strong>de</strong> da quimioprofilaxia.Para a análise e interpretação dos dados, é importante conhecer a virulência dascepas prevalentes, a proporção <strong>de</strong> susceptíveis na população e a existência <strong>de</strong> condiçõesque favoreçam a transmissão dos portadores a outros indivíduos da comunida<strong>de</strong>.Atentar para o fato <strong>de</strong> que, quando as cepas provenientes <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> pacientesnão estiverem relacionadas por sorogrupo e/ou sorosubtipo (nos casos do sorogrupoB), provavelmente, estes casos não representam um surto. Os surtos <strong>de</strong> doençameningocócica geralmente são causados por cepas estreitamente relacionadas.Após a análise e interpretação dos dados disponíveis, é possível se avaliar e senecessário redirecionar as medidas <strong>de</strong> controle adotadas. A situação <strong>de</strong> surto <strong>de</strong>veráser informada e discutida pelos três níveis <strong>de</strong> governo: Secretaria Municipal <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>, Secretaria Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e Ministério da Saú<strong>de</strong>/Centro Nacional <strong>de</strong>Epi<strong>de</strong>miologia.2.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: revisar as Fichas <strong>de</strong> Investigação para certificarse<strong>de</strong> que todos os campos estão preenchidos <strong>de</strong> forma coerente, e atentar para a<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> qual critério foi utilizado para o diagnóstico, consi<strong>de</strong>rando as seguintesalternativas:• Confirmado por critério clínico laboratorial (Cultura, CIE, Látex, eBacterioscopia): a i<strong>de</strong>ntificação da Neisseria meningitidis na cultura do líquore/ou sangue é consi<strong>de</strong>rado “padrão-ouro” para o diagnóstico. A CIE e o Látexpermitem a <strong>de</strong>tecção do agente etiológico através do antígeno. O PCR <strong>de</strong>tectaa ca<strong>de</strong>ia genética da bactéria. A Bacterioscopia revela a presença <strong>de</strong> diplococosgram-negativo, sendo baixo o seu grau <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>.• Confirmado por critério clínico epi<strong>de</strong>miológico: todo caso suspeito semexames laboratoriais, que teve contato íntimo com caso confirmado laboratorialmente,num período <strong>de</strong> até 15 dias do início do aparecimento dos sintomasdo caso índice.• Confirmado por critério clínico: apenas a meningococcemia e a meningitemeningocócica associada com meningococcemia permitem o encerramento porcritério clínico.• Confirmado por necrópsia: todo caso suspeito com achados anatomopatológicossugestivos <strong>de</strong> meningite meningocócica ou meningococcemia.2.4.5.6. Relatório final: os dados da investigação, em casos <strong>de</strong> surto, <strong>de</strong>verão sersumarizados em um relatório com as principais conclusões da investigação.2.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE2.5.1. IMUNIZAÇÃOAs vacinas contra meningococo disponíveis comercialmente são dos sorogrupos A,C (isoladas ou combinadas), B e a tetravalente, que inclui os sorogrupos A, C,W135 e Y.602 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAAs vacinas contra N. meningitidis normalmente têm por base a reação imunogênicado hospe<strong>de</strong>iro ao polissacarí<strong>de</strong>o capsular dos meningococos e, portanto, são sorogrupoespecíficas.No Brasil, as vacinas contra o meningococo A, B e C estão indicadas em situaçõesespecíficas <strong>de</strong> surto, não estando disponíveis na rotina dos Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.• Vacina contra o meningococo A e C: é constituída por polissacarí<strong>de</strong>oscapsulares purificados <strong>de</strong> Neisseria meningitidis que foram quimicamentei<strong>de</strong>ntificados, induzindo uma resposta imunológica <strong>de</strong> célula T in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Aeficácia em adultos é alta, mas no grupo com menos <strong>de</strong> 2 anos é baixa. Aimunida<strong>de</strong> conferida é relativamente curta (12 a 24 meses).• Vacinas contra o meningococo do sorogrupo B: estão sendo <strong>de</strong>senvolvidase testadas, mas as tentativas para se obter uma vacina eficaz, em menores <strong>de</strong> 2anos, até o momento, não foram bem sucedidas. Provavelmente, isso se <strong>de</strong>ve aofato <strong>de</strong> que o polissacarí<strong>de</strong>o da cápsula <strong>de</strong>sse meningococo é fracamenteimunogênico, <strong>de</strong>vido à sua semelhança estrutural com tecidos corporais humanos.• Recomendações para vacinaçãoð Epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> doença meningocócica: as vacinas somente serão utilizadas apartir <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão conjunta das três esferas <strong>de</strong> gestão: Secretaria Municipal<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Secretaria Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e o Centro Nacional <strong>de</strong> Epi<strong>de</strong>miologia(CENEPI/FUNASA), após comprovação do(s) sorogrupo(s)predominante(s) em cada área, visando indicação correta do imunógenoespecífico.A extensão da vacinação (bloqueio, campanha indiscriminada ou discriminada) será<strong>de</strong>finida consi<strong>de</strong>rando a análise epi<strong>de</strong>miológica, as características da população e aárea geográfica <strong>de</strong> ocorrência dos casos.Todos os procedimentos, relacionados com o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> campanha <strong>de</strong>vacinação em massa e ações emergenciais, <strong>de</strong>verão estar <strong>de</strong> acordo com as normastécnicas, preconizadas pelo Programa Nacional <strong>de</strong> Imunização (vi<strong>de</strong> Manual <strong>de</strong>Normas e Procedimentos do Programa Nacional <strong>de</strong> Imunização).Após a vacinação, são necessários 7 a 10 dias para a obtenção <strong>de</strong> títulos protetores<strong>de</strong> anticorpos. Casos ocorridos em pessoas vacinadas, no período <strong>de</strong> 10 dias após avacinação, não <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados falhas da vacinação. Estes casos po<strong>de</strong>mocorrer, <strong>de</strong>correntes das limitações da vacina que não têm 100% <strong>de</strong> eficácia, falhasprogramáticas, o indivíduo po<strong>de</strong> estar em período <strong>de</strong> incubação da doença, quevaria <strong>de</strong> 2 a 10 dias (geralmente 3 a 4), ou ainda não ter produzido imunida<strong>de</strong>.2.5.2. QUIMIOPROILAXIAÉ a principal medida para prevenção <strong>de</strong> casos secundários. A administração <strong>de</strong>antibiótico, com finalida<strong>de</strong> quimioprofilática, muito embora não assegure efeitoprotetor absoluto e prolongado, tem sido adotada como uma medida eficaz.A droga <strong>de</strong> escolha é a rifampicina, que <strong>de</strong>ve ser ministrada precocemente, emdose a<strong>de</strong>quada, simultaneamente a todos os contatos, no prazo máximo <strong>de</strong> 10 diasapós o início dos sintomas do caso índice. O uso restrito da droga visa evitar aseleção <strong>de</strong> estirpes resistentes <strong>de</strong> meningococos e <strong>de</strong> bacilos da tuberculose.UNASA 603


M E N I N G I T E SQUIMIOPROILAXIAA quimioprofilaxia é recomendada também a pacientes antes da alta, no mesmoesquema preconizado para os contatos, exceto se o tratamento da doença foi comceftriaxona, droga capaz <strong>de</strong> eliminar o meningococo da orofaringe.ANTIBIÓTICO DOSE INTERVALODURAÇÃORifampicinaAdultos - 600mg/doseCrianças> 1 mês até 10 anosdose - 10mg/kg/dose12/12hs12/12 hs (dose máxima <strong>de</strong>600mg)2 dias2 dias< 1 mêsDose - 5mg/kg/dose12/12 hs (dose máxima <strong>de</strong>600mg)A rifampicina é utilizada em gestantes para o tratamento <strong>de</strong> doenças como hanseníase etuberculose. No Brasil, esse medicamento tem sido utilizado para quimioprofilaxia dameningite, não tendo sido registrados efeitos teratogênicos.2.5.3. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA população <strong>de</strong>ve ser informada, principalmente em situações <strong>de</strong> surtos, sobre osprincipais sinais e sintomas, e como proce<strong>de</strong>r frente a um caso suspeito. Ainformação diminui a ansieda<strong>de</strong> e contribui para evitar o pânico.2.5.4. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO NA VIGÊNCIA DE SUSPEITA DE EPIDEMIAS• Orientar a população para que seja encaminhado, a uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,qualquer indivíduo com febre, associada ou não a outros sinais e sintomas <strong>de</strong>meningite;• Notificar imediatamente e investigar todos os casos suspeitos <strong>de</strong> doençameningocócica às autorida<strong>de</strong>s sanitárias;• Educar a população sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar o contato direto e a exposiçãoàs gotículas <strong>de</strong> saliva do doente;• Orientar a população para evitar aglomerados em ambientes fechados;• Proce<strong>de</strong>r à coleta <strong>de</strong> material <strong>de</strong> todos os casos para confirmação laboratorial;• Realizar, <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada e em tempo hábil (24 horas), a quimioprofilaxia doscontatos íntimos;• Proce<strong>de</strong>r análise dos casos consi<strong>de</strong>rando tempo, lugar e pessoa;• Proce<strong>de</strong>r à interpretação dos dados análise;• Atentar para o aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado sorogrupo/sorosubtipo entre as bactériasisoladas dos doentes;• Verificar se está ocorrendo alteração no padrão das formas clínicas com aumentoda chance <strong>de</strong> falecer pela doença meningocócica, que po<strong>de</strong> ajudar a reconhecera possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um surto emergente na comunida<strong>de</strong>.604 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA3. MENINGITE TUBERCULOSACID 10: A17.03.1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS3.1.1. DESCRIÇÃOA meningite tuberculosa, infecção bacteriana do Sistema Nervoso Central (SNC),<strong>de</strong> início insidioso, <strong>de</strong>corrente da disseminação hematogênica do Mycobacteriumtuberculosis, é uma das complicações mais graves da tuberculose, cujasuscetibilida<strong>de</strong> é geral, sendo maior nos menores <strong>de</strong> cinco anos.3.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOO complexo Mycobacterium tuberculosis é constituído <strong>de</strong> várias espécies, asaber: M. tuberculosis, M. bovis e M. africanum. O M. tuberculosis é umbacilo não formador <strong>de</strong> esporos, sem flagelos e que não produz toxinas. É umaespécie aeróbica estrita, necessitando <strong>de</strong> oxigênio para crescer e se multiplicar.Tem a forma <strong>de</strong> bastonete, medindo <strong>de</strong> 1 a 4 micra. Quando corado pelo método<strong>de</strong> Ziehl-Neelsen, fixa a fucsina, não se <strong>de</strong>scorando após tratado pelos álcoois(álcool-ácido resistente).3.1.3. RESERVATÓRIOEmbora outros animais, em especial o gado bovino, possam ser reservatórios dadoença, é o homem, com a forma pulmonar bacilífera, que tem maior importânciaepi<strong>de</strong>miológica.3.1.4. MODO DE TRANSMISSÃOA transmissão se dá principalmente por via aérea, pela qual os bacilos penetramcom o ar inspirado e vão atingir as porções mais periféricas do pulmão. Os casos <strong>de</strong>tuberculose pulmonar, com escarro positivo à baciloscopia, constituem a principalfonte <strong>de</strong> infecção, pois eliminam gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> bacilos, po<strong>de</strong>ndo provocar umainfecção maciça dos contatos, com maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> formasgraves da doença, como a meningite. Outras vias são excepcionais, e qualquersolução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, da pele e mucosas, po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> porta <strong>de</strong> entrada para obacilo. A transmissão, por contato indireto, através <strong>de</strong> objetos (fômites) ou poeira,não é importante. A porta <strong>de</strong> entrada preferencial do M. bovis é a digestiva.3.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃOApós a infecção pelo M. tuberculosis, <strong>de</strong>correm, em média, 4 a 12 semanas paraa <strong>de</strong>tecção das lesões primárias. A meningite tuberculosa é, em geral , umacomplicação precoce da tuberculose primária (primo-infecção), ocorrendofreqüentemente nos primeiros seis meses após a infecção, po<strong>de</strong>ndo, no entanto, semanifestar após um período <strong>de</strong> anos.UNASA 605


M E N I N G I T E S3.1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEA meningite tuberculosa não é transmissível. Quando for associada à tuberculosepulmonar bacilífera, a transmissibilida<strong>de</strong> se mantém enquanto houver doençapulmonar ativa, na ausência <strong>de</strong> tratamento específico. A quimioterapia da tuberculose,quando prescrita e seguida corretamente, anula praticamente a contagiosida<strong>de</strong> dosdoentes bacilíferos, nos primeiros quinze dias <strong>de</strong> tratamento.3.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS3.2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASO quadro clínico da meningite é, geralmente, <strong>de</strong> início insidioso, embora alguns casospossam ter um começo abrupto, marcado pelo surgimento <strong>de</strong> convulsões.Classicamente, o curso é dividido em três estágios:• Estágio I: em geral, tem duração <strong>de</strong> 1 a 2 semanas, caracterizando-se pelainespecificida<strong>de</strong> dos sintomas, po<strong>de</strong>ndo ocorrer febre, mialgias, sonolência, apatia,irritabilida<strong>de</strong>, cefaléia, anorexia, vômitos, dor abdominal e mudanças súbitas dohumor, sintomas comuns a qualquer processo inespecífico. Nessa fase, o pacientepo<strong>de</strong> encontrar-se lúcido e o diagnóstico geralmente é estabelecido pelos achadosliquóricos.• Estágio II: caracteriza-se pela persistência dos sintomas sistêmicos, mas surgemevidências <strong>de</strong> dano cerebral, com sinais <strong>de</strong> lesão <strong>de</strong> nervos cranianos,exteriorizando-se por paresias e plegias, estrabismo, ptose palpebral, irritaçãomeníngea e hipertensão endocraniana. Nessa fase, alguns pacientes apresentammanifestações <strong>de</strong> encefalite, com tremores periféricos, distúrbios da fala, trejeitose movimentos atetói<strong>de</strong>s das extremida<strong>de</strong>s.• Estágio III: ou período terminal, quando surge o déficit neurológico focal,opistótono, rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> nuca, alterações do ritmo cardíaco e da respiração, e grausvariados <strong>de</strong> perturbação da consciência, incluindo o coma. Em qualquer estágioclínico da doença, po<strong>de</strong>-se observar convulsões focais ou generalizadas.Na maioria dos casos <strong>de</strong> meningite tuberculosa, há alteração pulmonar, observadaao exame radiológico. O teste tuberculínico po<strong>de</strong> ou não ser reator. É importantelembrar que o teste tuberculínico somente tem valor nos pacientes não vacinadoscom BCG. Po<strong>de</strong>rá apresentar resultados negativos nos indivíduos analérgicos,pacientes na fase terminal, naqueles com tuberculose <strong>de</strong> disseminação hematogênica,na <strong>de</strong>snutrição grave e nos pacientes com aids (Síndrome da Imuno<strong>de</strong>ficiênciaAdquirida).3.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALA meningite tuberculosa <strong>de</strong>ve ser diferenciada <strong>de</strong> outras doenças infecciosas quecomprometem o sistema nervoso central, <strong>de</strong>terminando manifestações clínicas eliquóricas semelhantes, <strong>de</strong>ntre as quais, <strong>de</strong>stacam-se: meningoencefalites virais,meningites bacterianas não tuberculosa (Haemophylus influenzae, Streptococcuspneumoniae e Neisseria meningitidis) e meningite fúngica (Cryptococcusneoformans).606 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA3.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALAs dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se realizar diagnóstico precoce da neurotuberculose, estão bemilustradas na literatura e nos casos notificados ano a ano. Existe uma relação diretaentre a precocida<strong>de</strong> diagnóstica e o prognóstico, porém, infelizmente, a maioria doscasos só é diagnosticada nos estágios avançados, justificando assim a alta letalida<strong>de</strong>e as freqüentes seqüelas. Para se realizar o diagnóstico precoce, é necessário valorizaros dados epi<strong>de</strong>miológicos e a clínica, indicando a análise liquórica nos casos <strong>de</strong>cefaléia e/ou vômitos persistentes, acompanhados ou não <strong>de</strong> hipertermia. Sem estescuidados, não se po<strong>de</strong> evitar, em um número <strong>de</strong> casos, seqüelas importantes como:aumento do perímetro encefálico, retardamento, espasticida<strong>de</strong> e hipertonicida<strong>de</strong>muscular, conseqüências estas drásticas para a vida humana.É essencial, para a investigação diagnóstica <strong>de</strong> meningite tuberculosa, a punçãolombar, a qual <strong>de</strong>verá ser realizada sempre que houver a hipótese clínica da doença.• Tipos <strong>de</strong> examesð Citometria e bioquímica do Líquido Céfalo-raquidiano (LCR): oresultado do exame do líquor po<strong>de</strong> ser muito sugestivo <strong>de</strong> meningitetuberculosa, sendo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> auxílio para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões quanto aotratamento. Características do líquor:- líquor límpido ou xantocrômico e hipertenso;- celularida<strong>de</strong>: em geral <strong>de</strong> 10 a 500 células/mm³, sendo que, na faseinicial, observa-se um predomínio <strong>de</strong> polimorfonucleares. Esse númeropo<strong>de</strong> aumentar nos exames sucessivos, havendo posteriormente umpredomínio <strong>de</strong> linfócitos;- concentração <strong>de</strong> glicose: po<strong>de</strong>rá estar normal nas primeiras dosagens,porém se observa uma redução nas punções subseqüentes, atingindovalores quase sempre abaixo <strong>de</strong> 40mg%;- concentração <strong>de</strong> proteínas: aumenta gradativamente à medida que adoença progri<strong>de</strong>, em geral variando <strong>de</strong> 100 a 500mg%. Valores iniciais,acima <strong>de</strong> 300mg%, são indicativos <strong>de</strong> pior prognóstico;- concentração <strong>de</strong> cloretos: po<strong>de</strong>rá permanecer normal, nos dois primeirosestágios da doença e costuma <strong>de</strong>crescer na fase tardia, po<strong>de</strong>ndo suaconcentração ser menor que 680mg%.ð Pesquisa <strong>de</strong> BAAR no líquor (baciloscopia com coloração <strong>de</strong> Ziehl-Neelsen): apesar do líquor conter poucos bacilos, sendo portanto baixa apositivida<strong>de</strong> a este exame, ele <strong>de</strong>ve sempre ser realizado, <strong>de</strong>vido à suasimplicida<strong>de</strong> e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imediata confirmação do diagnóstico. A maioriados pesquisadores refere uma faixa <strong>de</strong> positivida<strong>de</strong> que varia <strong>de</strong> 10% a 40%.ð Cultura <strong>de</strong> líquor no meio <strong>de</strong> Lowenstein - Jewsen: o isolamento <strong>de</strong>micobactérias, em meio <strong>de</strong> cultura, é o método bacteriológico, mais sensívele específico disponível até o momento, para o diagnóstico da tuberculosepulmonar e extrapulmonar. O meio mais utilizado para o isolamento do baciloé o <strong>de</strong> Lowenstein-Jewsen. Devido ao tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mora, <strong>de</strong> 30 a 60 dias,para ser obtido o resultado, esse exame é mais útil do ponto <strong>de</strong> vistaepi<strong>de</strong>miológico, e não clínico.UNASA 607


M E N I N G I T E S• Novos métodos <strong>de</strong> diagnóstico: métodos que utilizam a biologia molecularestão sendo <strong>de</strong>senvolvidos, no entanto ainda não foram aprovados para uso emdiagnóstico <strong>de</strong> rotina, por não apresentarem resultados reprodutíveis e fi<strong>de</strong>dignos.São métodos baseados em PCR (Polimerase Chain Reaction) e sondas genéticas,que, quando estiverem disponíveis, irão constituir um importante instrumentopara diagnóstico precoce da meningite tuberculosa.3.2.4. TRATAMENTOO tratamento da meningite tuberculosa é feito com o esquema II, padronizado peloPrograma Nacional <strong>de</strong> Controle da Tuberculose.ESQUEMA II: 2 RHZ/7RH* - INDICADO NA MENINGITE TUBERCULOSAPESO DO DOENTEASES DOTRATAMENTODROGASATÉ 20KGMAIS DE 20KG EATÉ 35 KGMAIS DE 35KG EATÉ 45 KGMAIS DE 45 KGMG/KG/DIA MG/DIA MG/DIA MG/DIA1 a fase(2 meses - RHZ)RHZ1010353002001.0004503001.5006004002.0002 a fase(7 meses - RH)RH1010300200450300600400* 2RHZ - 1ª fase (2 meses), 7RH (7 meses).Obs: R - Rifampicina H - Isoniazida Z - Pirazinamida.Siglas utilizadas pela Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Observações:• Nos casos <strong>de</strong> concomitância entre tuberculose meningoencefálica e qualqueroutra localização, usar o esquema II.• Nos casos <strong>de</strong> tuberculose meningoencefálica em qualquer ida<strong>de</strong>, recomenda-seo uso <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong>s (prednisona, <strong>de</strong>xametasona ou outros), por um período<strong>de</strong> 1 a 4 meses, no início do tratamento.• Na criança, a prednisona é administrada na dose <strong>de</strong> 1 a 2mg/kg <strong>de</strong> peso corporal,até a dose máxima <strong>de</strong> 30mg/dia. No caso <strong>de</strong> se utilizar outro corticosterói<strong>de</strong>,aplicar a tabela <strong>de</strong> equivalência entre eles.• A fisioterapia, na tuberculose meningoencefálica, <strong>de</strong>verá ser iniciada o maiscedo possível.• A internação é mandatória, sempre que se suspeitar do diagnóstico <strong>de</strong> tuberculosemeningoencefálica.3.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA meningite tuberculosa não sofre variações sazonais. Sua distribuição não é igualem todos os continentes. A doença guarda íntima relação com os índices sócioeconômicos,principalmente naqueles países on<strong>de</strong> a população está sujeita à<strong>de</strong>snutrição e às condições precárias <strong>de</strong> habitação. A morbida<strong>de</strong> e a mortalida<strong>de</strong> datuberculose, <strong>de</strong> uma forma geral, são maiores no sexo masculino. Com relação à608 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAfaixa etária, o risco <strong>de</strong> adoecimento é elevado nos primeiros anos <strong>de</strong> vida, muitobaixo na ida<strong>de</strong> escolar, voltando a se elevar na adolescência e início da ida<strong>de</strong> adulta.Os grupos etários mais avançados, e os indivíduos HIV(+), também têm um maiorrisco <strong>de</strong> adoecimento. A incidência <strong>de</strong> meningite tuberculosa é um indicadorepi<strong>de</strong>miológico importante <strong>de</strong> uma região, já que mostra estreita correlação com aincidência <strong>de</strong> casos bacilíferos na população adulta. No Brasil, em 1999, foramnotificados 78.870 casos <strong>de</strong> tuberculose, dos quais 12.178 foram extrapulmonares(15,44%). Do total <strong>de</strong> casos extrapulmonares, a meningite tuberculosa foi responsávelpor 279 casos, correspon<strong>de</strong>ndo a um percentual <strong>de</strong> 2,29%. Quanto à distribuiçãopor faixa etária, dos 279 casos <strong>de</strong> meningite tuberculosa, 61 ocorreram na faixaetária entre 0 a 4 anos (21,86%), seguidos <strong>de</strong> 59 casos (21,15%), entre 30 a 39anos. Nesse ano, 1999, o coeficiente <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> meningite tuberculosa, nafaixa etária <strong>de</strong> 0 a 1 ano foi <strong>de</strong> 0,98 por 100.000 habitantes. A meningite tuberculosapo<strong>de</strong> ocorrer em qualquer ida<strong>de</strong>, contudo é pouco comum nos menores <strong>de</strong> 6 mesese rara antes dos 3 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A maior incidência está nos primeiros cinco anos<strong>de</strong> vida.3.4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA3.4.1. OBJETIVOSÉ através da investigação epi<strong>de</strong>miológica que se obtém informações complementarespara se estabelecer as possíveis fontes e mecanismos <strong>de</strong> transmissão da doença.• Pontos relevantes a serem consi<strong>de</strong>rados na investigação epi<strong>de</strong>miológica:ð Caracterizar clinicamente o caso;ð Verificar a colheita <strong>de</strong> líquor para exame laboratorial;ð I<strong>de</strong>ntificar os comunicantes domiciliares, visando a <strong>de</strong>scoberta da fonte <strong>de</strong>infecção, utilizando procedimentos semelhantes àqueles adotados natuberculose <strong>de</strong> um modo geral;ð Preenchimento completo da ficha epi<strong>de</strong>miológica (informação sobre casose/ou óbitos, suspeitos ou confirmados <strong>de</strong> meningite tuberculosa por grupoetário, situação vacinal e história <strong>de</strong> adulto com tuberculose bacilífera).3.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoÉ todo paciente com sinais e sintomas <strong>de</strong> meningite (ver item 2. Aspectos Clínicos),e história <strong>de</strong> contato com tuberculose pulmonar bacilífera no domicílio.ConfirmadoPaciente que apresente os seguintes critérios:• quadro clínico compatível - início insidioso, período inicial <strong>de</strong> uma ou duas semanascom febre, vômitos, cefaléia e apatia;• quadro liquórico - aumento <strong>de</strong> células às custas <strong>de</strong> linfócitos, aumento <strong>de</strong> proteínase diminuição <strong>de</strong> glicose;UNASA 609


M E N I N G I T E S• evidências radiológicas <strong>de</strong> tuberculose pulmonar, tuberculose miliar ou tuberculoseconfirmada bacteriologicamente, em outra localização que nãomeningoencefálica;• teste tuberculínico reator em crianças menores <strong>de</strong> 5 anos, sem cicatriz da vacinaBCG;• contato intradomiciliar anterior, ou concomitante, com um caso <strong>de</strong> tuberculosepulmonar bacilífera.O preenchimento dos critérios 1 e 2 justifica a instituição do tratamento, sendonecessário o preenchimento <strong>de</strong> um dos <strong>de</strong>mais (3, 4 e 5), para ser consi<strong>de</strong>rado casoconfirmado.O achado <strong>de</strong> M. tuberculosis, através <strong>de</strong> exame direto no líquor, ou isolamentoatravés cultura, confirmam o diagnóstico.DescartadoÉ todo caso suspeito <strong>de</strong> meningite tuberculosa que, durante a investigação, teve seudiagnóstico confirmado por outra etiologia.3.4.3. NOTIICAÇÃOA meningite tuberculosa é uma doença <strong>de</strong> notificação compulsória, sendo <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo o serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> o preenchimento da Ficha <strong>de</strong> Notificaçãoe Investigação e a Ficha Individual <strong>de</strong> Notificação <strong>de</strong> Tuberculose. As unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, hospitais, laboratórios e outros serviços <strong>de</strong> assistência médica governamentalou particular, como também os atestados <strong>de</strong> óbitos, são as fontes <strong>de</strong> notificação dameningite tuberculosa.3.4.4. MEDIDAS A SEREM ADOTADASVer capítulo <strong>de</strong> Doença Meningocócica.3.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA3.4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos da Ficha <strong>de</strong>Investigação do SINAN (dados gerais, do caso e <strong>de</strong> residência).3.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos, relativos à área <strong>de</strong>transmissão: o instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados é a Ficha <strong>de</strong> Investigação do SINAN.Esta ficha contém as informações essenciais a serem coletadas em uma investigação<strong>de</strong> rotina. Todos os campos <strong>de</strong>sta ficha <strong>de</strong>vem ser criteriosamente preenchidos,mesmo que a informação seja negativa. Outras informações po<strong>de</strong>m ser incluídas,conforme a necessida<strong>de</strong>. As fontes <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados são: entrevistas com médicoou profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que aten<strong>de</strong>u o paciente, dados <strong>de</strong> prontuário, entrevistascom familiares e/ou paciente, quando possível.É importante saber, em relação á área <strong>de</strong> ocorrência do caso:• incidência <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> tuberculose na área;• mortalida<strong>de</strong>/letalida<strong>de</strong> por grupo etário;• cobertura vacinal com BCG na faixa etária <strong>de</strong> 0-4 anos;610 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• distribuição dos casos por ida<strong>de</strong> e estado vacinal, para avaliar a eficácia davacinação;• distribuição dos casos confirmados <strong>de</strong> meningite tuberculosa, <strong>de</strong> acordo comcritérios <strong>de</strong> confirmação utilizados;• condições <strong>de</strong> tratamento dos pacientes, acompanhadas através dos coeficientes<strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> e do tempo <strong>de</strong> permanência no hospital.• Para confirmar a suspeita diagnóstica:ð Verificar se as informações se enquadram na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> caso;ð Verificar e registrar exames específicos encaminhados ao laboratório,resultados obtidos e a data;ð Verificar se o paciente já fez uso <strong>de</strong> vacina BCG; registrar a data davacinação;ð Acompanhar a evolução do(s) paciente(s) e os resultados dos exameslaboratoriais.• Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> transmissão: i<strong>de</strong>ntificar os comunicantesvisando a <strong>de</strong>scoberta da fonte <strong>de</strong> infecção.3.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: a punção lombar, e acoleta <strong>de</strong> sangue para o diagnóstico laboratorial, <strong>de</strong>vem ser realizadas, logo após asuspeita clínica. O material coletado, em meio estéril, <strong>de</strong>ve ser processado inicialmenteno laboratório local, para orientação da conduta médica. Subseqüentemente, essematerial <strong>de</strong>ve ser encaminhado para o Laboratório Central <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública - LACEN(Anexo 1).Deverá ser utilizado o kit <strong>de</strong> coleta para o diagnóstico das meningites.Atenção: O exame do líquor <strong>de</strong>ve sempre ser consi<strong>de</strong>rado urgente. Caso o exame<strong>de</strong>more, as células costumam <strong>de</strong>teriorar-se, e as conclusões ficam mais difíceis.Nem sempre é possível aguardar os resultados dos exames para <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar as medidas<strong>de</strong> controle, e outras ativida<strong>de</strong>s da investigação, embora eles sejam imprescindíveispara confirmar os casos, direcionar as medidas e orientar o encerramento dasinvestigações.3.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: a análise <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar a incidência <strong>de</strong> tuberculosena área; mortalida<strong>de</strong> e letalida<strong>de</strong> por grupo etário; cobertura vacinal na faixa etária<strong>de</strong> 0 a 4 anos; distribuição dos casos por ida<strong>de</strong> e estado vacinal, para avaliar aeficácia da vacinação; distribuição dos casos confirmados <strong>de</strong> meningite tuberculosa,<strong>de</strong> acordo com os critérios <strong>de</strong> confirmação utilizados; condições <strong>de</strong> tratamento dospacientes.3.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: revisar as fichas <strong>de</strong> investigação, para certificarse<strong>de</strong> que todos os campos estão preenchidos <strong>de</strong> forma coerente, e atentar para a<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> qual critério foi utilizado para o diagnóstico.UNASA 611


M E N I N G I T E S3.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLEAs medidas, <strong>de</strong> prevenção e controle <strong>de</strong> comunicantes, <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> meningoencefalitepor tuberculose, são as mesmas preconizadas no capítulo específico sobretuberculose.Dentre elas, <strong>de</strong>stacam-se: a <strong>de</strong>scoberta precoce e tratamento <strong>de</strong> casos bacilíferos,e a manutenção <strong>de</strong> altas coberturas vacinais com BCG. A vacina BCG confereproteção em torno <strong>de</strong> 80%, evitando a disseminação hematogênica do bacilo, e o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> formas meníngeas.3.5.1. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEPromover ativida<strong>de</strong>s educativas e campanhas <strong>de</strong> orientação sobre a doença (modo<strong>de</strong> transmissão e prevenção); bem como sensibilizar para a importância do tratamentodos pacientes <strong>de</strong> tuberculose e da vacinação <strong>de</strong> todas as crianças.3.5.2. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO• Orientar a população, para que seja encaminhado a uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,qualquer indivíduo com sinais e sintomas <strong>de</strong> meningite;• Notificar todos os casos suspeitos às autorida<strong>de</strong>s sanitárias;• Investigar os casos notificados;• Confirmar o diagnóstico laboratorial;• Proce<strong>de</strong>r à análise e revisão das fichas <strong>de</strong> investigação;• Manter a meta <strong>de</strong> cobertura vacinal com BCG <strong>de</strong> 100%, <strong>de</strong> forma homogêneanos municípios;• Diagnosticar e tratar precocemente os pacientes bacilíferos, garantindo aconclusão do tratamento;• Orientar a população sobre a importância da higiene corporal e ambiental, bemcomo a manutenção <strong>de</strong> ambientes domiciliares e ocupacionais ventilados.612 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4. MENINGITE POR HAEMOPHILUS INLUENZAECID 10: G00.04.1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS4.1.1. DESCRIÇÃOInfecção bacteriana aguda das meninges. Dentre as doenças invasivas causadaspelo Haemophilus influenzae, é uma das formas mais graves.4.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOHaemophilus influenzae sorotipo b (Hib). Outros sorotipos po<strong>de</strong>m ocorrer, massão menos freqüentes.O Haemophilus influenzae é uma bactéria gram negativa que po<strong>de</strong> ser classificadoem 6 sorotipos (a, b, c, d, e, f), a partir da diferença antigênica da cápsulapolissacarídica. O Haemophilus influenzae, <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> cápsula, se encontranas vias respiratórias <strong>de</strong> forma saprófita, po<strong>de</strong>ndo causar infecções assintomáticasou doenças não invasivas, tais como: bronquite, sinusites e otites, tanto em criançascomo em adultos. A forma capsulada do Haemophilus influenzae, particularmentea do tipo b, é a responsável por cerca <strong>de</strong> 95% dos casos <strong>de</strong> doença invasiva, originandobacteremias com metástases sépticas à distância, causando meningite, septicemia,pneumonia, epiglotite, celulite, artrite séptica, osteomielite e pericardite.4.1.3. RESERVATÓRIOO homem doente ou portador.4.1.4. MODO DE TRANSMISSÃOA transmissão ocorre pelo contato direto, pessoa a pessoa, por via respiratória,através <strong>de</strong> gotículas e secreções nasofaríngeas.4.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃONão é bem <strong>de</strong>finido, mas provavelmente é curto, <strong>de</strong> 2 a 4 dias.4.1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEVariável, visto que representa todo o tempo em que o agente esteja presente nasvias aéreas superiores.A enfermida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser transmitida após 24 a 48 horas do início <strong>de</strong> tratamentoeficaz com antibióticos. Existe risco <strong>de</strong> infecção nos comunicantes domiciliares <strong>de</strong>casos primários <strong>de</strong> meningite, no mês que se segue à ocorrência <strong>de</strong> doença no casoíndice. A taxa <strong>de</strong> infecção nos comunicantes é <strong>de</strong> 0,5% nos indivíduos acima <strong>de</strong> 6anos, e <strong>de</strong> 2%, em crianças menores <strong>de</strong> 4 anos.UNASA 613


M E N I N G I T E S4.1.7. SUSCEPTIBILIDADE E IMUNIDADEA susceptibilida<strong>de</strong> é geral. Cerca <strong>de</strong> 90% dos casos ocorrem na faixa etária <strong>de</strong> 3meses a 4 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.Os neonatos raramente adoecem, em virtu<strong>de</strong> da proteção conferida pelos anticorposmaternos. Entretanto, esta imunida<strong>de</strong> vai <strong>de</strong>clinando até os 3 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, comconseqüente aumento <strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong>.4.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS4.2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASA meningite é a mais grave manifestação sistêmica <strong>de</strong> infecção por Hib. Sua formaclínica não difere das <strong>de</strong>mais meningites bacterianas, que cursam com febre ealterações da função do sistema nervoso central. O agente penetra pelo tratorespiratório, e produz uma nasofaringite, freqüentemente acompanhada <strong>de</strong> febre.Em geral, observa-se vários dias <strong>de</strong> doença leve (ex: infecção do trato respiratóriosuperior) e, ocasionalmente, observa-se então agravamento do quadro em funçãodo agente invadir outros órgãos, provocando: meningites, otites médias, sinusites,epiglotites, pneumonias, artrites, bacteremia, celulite e empiema.As principais complicações associadas com Hib resultam da meningite causada poreste agente, e incluem:• Perda da audição.• Distúrbio <strong>de</strong> linguagem.• Retardo mental.• Anormalida<strong>de</strong> motora.• Distúrbios visuais.4.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALCom todas as etiologias das meningites bacterianas.4.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALO diagnóstico laboratorial é feito através dos seguintes exames:• Cultura.• I<strong>de</strong>ntificação do genoma em reação <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia polimerase (PCR).• Contra-imunoeletroforese cruzada (CIE).• Aglutinação pelo látex.As características do líquor e os procedimentos para diagnóstico etiológico encontramseno capítulo <strong>de</strong> Meningite Geral.4.2.4. TRATAMENTOO tratamento com antibiótico <strong>de</strong>ve ser instituído tão logo seja possível,preferencialmente logo após a punção lombar. O uso <strong>de</strong> antibiótico <strong>de</strong>ve ser associado614 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAa outros tipos <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> suporte, como reposição <strong>de</strong> líquidos e cuidadosaassistência médica e <strong>de</strong> enfermagem.ANTIBIOTICOTERAPIA ESPECÍICAANTIBIÓTICOS DOSE (EV) INTERVALODURAÇÃOClorafenicol ouCeftriaxone75 a 100mg/kg/dia(até 6g por dia)100mg/kg/dia (até 4gpor dia)6/6 hs12/12 hs ou 24/24hs7 a 10 dias4.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA distribuição das infecções por Haemophilus influenzae é universal, predominandoem climas temperados e no inverno.A incidência é variável e as crianças menores <strong>de</strong> 5 anos estão sob maior risco,sendo a incidência maior entre os menores <strong>de</strong> 2 anos. Os adultos e os neonatosraramente são acometidos.No Brasil, antes da introdução da vacina conjugada contra Hib, as meningitescausadas por este agente ocupavam o 2º lugar, <strong>de</strong>ntre as meningites bacterianasespecificadas, ficando apenas atrás da doença meningocócica.4.4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.4.1. OBJETIVOS• Promover diagnóstico e tratamento precoces, visando reduzir a morbida<strong>de</strong>,letalida<strong>de</strong>, seqüelas e <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar medidas <strong>de</strong> controle pertinentes.• Acompanhar o comportamento da meningite por Haemophilus influenzae.• Monitorar a efetivida<strong>de</strong> das medidas <strong>de</strong> controle e prevenção (quimioprofilaxiae vacinação).• Avaliar os progressos rumo à eliminação da meningite por Haemophilusinfluenzae sorotipo b.4.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoPaciente com sinais e sintomas <strong>de</strong> meningite (vi<strong>de</strong> capítulo <strong>de</strong> Meningites).ConfirmadoA confirmação po<strong>de</strong> ter diferentes graus <strong>de</strong> refinamento, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das condiçõesexistentes.UNASA 615


M E N I N G I T E S• Critério clínico laboratorial: todo caso suspeito que apresente pelo menosuma das seguintes condições:ð Cultura positiva do líquor ou sangue, com isolamento do Haemophilusinfluenzae (padrão ouro);ð PCR positivo com <strong>de</strong>tecção da ca<strong>de</strong>ia genética do Haemophilus influenzae;ð CIE positiva, com <strong>de</strong>tecção do antígeno no líquor ou sangue;ð Látex positivo, com <strong>de</strong>tecção do antígeno no líquor ou sangue;• Critério clínico epi<strong>de</strong>miológico: todo caso suspeito sem diagnósticolaboratorial, que teve contato com caso confirmado laboratorialmente, até setedias após o início dos sintomas <strong>de</strong>ste.DescartadoCaso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo, sem vínculo epi<strong>de</strong>miológicocom caso confirmado, ou com diagnóstico confirmado <strong>de</strong> outra doença.4.4.3. NOTIICAÇÃOA meningite é uma doença <strong>de</strong> notificação compulsória e imediata, sendo <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo o serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> o preenchimento da Ficha <strong>de</strong> Notificaçãoe Investigação <strong>de</strong> Meningites. A ocorrência <strong>de</strong> um caso impõe a adoção <strong>de</strong> medidas<strong>de</strong> controle e prevenção. As unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, hospitais, laboratórios e outrosserviços <strong>de</strong> assistência médica, governamental ou particular, como também osatestados <strong>de</strong> óbitos, são as fontes <strong>de</strong> notificação da meningite por Haemophilusinfluenzae.A implantação nos hospitais <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica (UVE) éfundamental na busca ativa <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>ntro dos hospitais.4.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.4.1. Assistência médica ao paciente: hospitalização imediata do caso suspeito,realização <strong>de</strong> punção lombar e coleta <strong>de</strong> sangue para o esclarecimento diagnóstico.4.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: verificar se os casos estão sendo atendidosem Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> com capacida<strong>de</strong> para prestar atendimento a<strong>de</strong>quado e oportuno.Na maioria das vezes, estes pacientes necessitam <strong>de</strong> cuidados permanentes econtínuos, <strong>de</strong>mandando internamento em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior complexida<strong>de</strong>,inclusive em Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Terapia Intensiva (UTI). Verificar se foram adotadas medidas<strong>de</strong> suporte para a estabilização do paciente, seguidas <strong>de</strong> coleta oportuna <strong>de</strong> materialpara diagnóstico laboratorial e tratamento a<strong>de</strong>quado.4.4.4.3. Proteção individual para evitar transmissão: iniciar tratamento antibióticooportunamente, visto que a enfermida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser transmitida após 24 a 48 horasdo início do tratamento eficaz com antibióticos.Se o tratamento instituído for com Ceftriaxone, não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar aquimioprofilaxia do paciente. Se o antibiótico for outro, realizar a quimioprofilaxia docaso antes da alta, pois o agente não é erradicado da orofaringe.616 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4.4.4.4. Confirmação diagnóstica: coletar material para o diagnóstico laboratorial,<strong>de</strong> acordo com as orientações do Anexo 1 do Capítulo Meningites.4.4.4.5. Proteção da população: orientar a população sobre os sinais e sintomas<strong>de</strong> meningite e para a busca do serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, em caso <strong>de</strong> suspeita da doença.Verificar a cobertura vacinal contra Hib, assim como o cartão <strong>de</strong> vacina das criançasentre 2 meses e menos <strong>de</strong> 5 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, na área <strong>de</strong> ocorrência do caso. Criançasnão vacinadas ou com esquema incompleto, <strong>de</strong>vem ser imediatamente vacinadas,<strong>de</strong> acordo com as recomendações do PNI.4.4.4.6. Investigação: todo caso suspeito <strong>de</strong> meningite <strong>de</strong>ve ser investigado, paraque se obtenha informações complementares quanto às possíveis fontes <strong>de</strong>transmissão da doença.4.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos da Ficha <strong>de</strong>Investigação do SINAN (dados gerais, do caso e <strong>de</strong> residência).4.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos: o instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong>dados é a Ficha <strong>de</strong> Investigação do SINAN. Esta ficha contém as informaçõesessenciais, a serem coletadas em uma investigação <strong>de</strong> rotina. Todos os campos <strong>de</strong>staficha <strong>de</strong>vem ser criteriosamente preenchidos, mesmo que a informação seja negativa.Outras informações po<strong>de</strong>m ser incluídas, conforme a necessida<strong>de</strong>. As fontes <strong>de</strong> coleta<strong>de</strong> dados são: entrevistas com médico ou profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que aten<strong>de</strong>u o paciente,dados <strong>de</strong> prontuário, entrevistas com familiares e/ou paciente, quando possível.• Para confirmar a suspeita diagnósticað Verificar se as informações se enquadram na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> caso;ð Verificar e registrar exames específicos encaminhados ao laboratório,resultados obtidos e a data.ð Verificar se o paciente já fez uso <strong>de</strong> vacina contra Hib; registrar a data davacinação.ð Acompanhar a evolução do(s) paciente(s) e os resultados dos exameslaboratoriais.• Busca ativa <strong>de</strong> contato e casosð Realizar investigação epi<strong>de</strong>miológica na área <strong>de</strong> ocorrência do caso (domicílio,creche, escola, etc) para a i<strong>de</strong>ntificação dos contatos, verificar se existemoutros casos suspeitos; <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento das medidas <strong>de</strong> controle.4.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: a punção lombar e acoleta <strong>de</strong> sangue para o diagnóstico laboratorial <strong>de</strong>vem ser realizadas, logo após asuspeita clínica <strong>de</strong> meningite, antes do início do tratamento com antibiótico. O materialcoletado em meio estéril, <strong>de</strong>ve ser processado inicialmente no laboratório local paraorientação da conduta médica. Subseqüentemente, esse material <strong>de</strong>ve serencaminhado para o Laboratório Central <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública (LACEN), para osprocedimentos <strong>de</strong> caracterização etiológica, <strong>de</strong> acordo com as normas técnicasapresentadas no Anexo 1 do Capítulo <strong>de</strong> Meningites.UNASA 617


M E N I N G I T E SDeverá ser utilizado o kit <strong>de</strong> coleta para o diagnóstico das meningites.O exame do líquor <strong>de</strong>ve ser sempre consi<strong>de</strong>rado urgente. Caso o material <strong>de</strong>more a serencaminhado ao laboratório, as células po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>teriorar-se e as conclusões ficam maisdifíceis.Nem sempre é possível aguardar os resultados dos exames, para <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar asmedidas <strong>de</strong> controle e outras ativida<strong>de</strong>s da investigação, embora eles sejamimprescindíveis para a confirmar os casos, direcionar as medidas e orientar oencerramento das investigações.4.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: a análise dos dados <strong>de</strong>ve ser realizada, à medida queas informações são coletadas sustentando assim a <strong>de</strong>finição das ativida<strong>de</strong>s necessárias(continuação da investigação, orientação da população, adoção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controlee prevenção).Nesta análise, <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada a incidência <strong>de</strong> meningites (geral, bacterianas epor Haemophilus influenzae) na área; mortalida<strong>de</strong> e letalida<strong>de</strong> por grupo etário;cobertura vacinal contra Hib; distribuição dos casos por ida<strong>de</strong> e estado vacinal;distribuição dos casos confirmados <strong>de</strong> meningite por Haemophilus influenzae,segundo critério <strong>de</strong> confirmação e, ainda, tipo <strong>de</strong> contato e oportunida<strong>de</strong> daquimioprofilaxia.4.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: revisar as fichas <strong>de</strong> investigação, para certificarse<strong>de</strong> que todos os campos estão preenchidos, <strong>de</strong> forma coerente, e atentar para a<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> qual critério foi utilizado para o diagnóstico, consi<strong>de</strong>rando as seguintesalternativas:• Confirmado por critério clínico-laboratorial (cultura, CIE, látex, PCR): ai<strong>de</strong>ntificação do Haemophilus influenzae na cultura do líquor e/ou do sangue éconsi<strong>de</strong>rada o “padrão ouro” para o diagnóstico. Além disso, a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>antígenos específicos, através dos testes <strong>de</strong> CIE ou látex, e a i<strong>de</strong>ntificação daca<strong>de</strong>ia genética por PCR, também confirmam o caso.• Confirmado por critério clínico-epi<strong>de</strong>miológico: todo caso suspeito, queteve contato com caso <strong>de</strong> Haemophilus influenzae, confirmado laboratorialmenteaté 7 dias após o início dos sintomas <strong>de</strong>ste.• Caso <strong>de</strong>scartado: caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo, semvínculo epi<strong>de</strong>miológico com caso confirmado ou com diagnóstico <strong>de</strong> outra doença.4.4.5.6. Relatório final: escrever um sumário contendo as principais conclusõesda investigação.4.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE4.5.1. QUIMIOPROILAXIAA quimioprofilaxia é uma medida <strong>de</strong> controle utilizada para a prevenção <strong>de</strong> casossecundários.618 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAA utilização <strong>de</strong> quimioprofilaxia, frente a ocorrência <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> meningite porHaemophilus influenzae, está indicada nas seguinte situações:• Se houver criança, com menos <strong>de</strong> 48 meses, no domicílio do caso índice, todosos contatos (pessoas que moram na casa ou tiveram contato por mais <strong>de</strong> 4 horascom o paciente, cinco a sete dias antes da internação), incluindo adultos, <strong>de</strong>verãoreceber a quimioprofilaxia. O caso índice também <strong>de</strong>verá receber a quimioprofilaxiaantes <strong>de</strong> sua alta, exceto se o tratamento instituído foi ceftriaxona, nasdoses indicadas.• Em creches que tenham crianças menores <strong>de</strong> 24 meses, não vacinadas ou comesquema incompleto, se o contato com o caso índice tiver sido superior a 25horas semanais, os adultos e crianças <strong>de</strong>verão receber a quimioprofilaxia. Acriança que estiver com esquema vacinal completo contra Hib, não necessitareceber quimioprofilaxia, exceto se for imuno<strong>de</strong>primida.• Em creches e escolas, quando as crianças tiverem mais <strong>de</strong> 2 anos, a quimioprofilaxiaé necessária se houver mais <strong>de</strong> um caso, em um período <strong>de</strong> 60 dias;adultos e crianças <strong>de</strong>verão receber a quimioprofilaxia.Crianças menores <strong>de</strong> 5 anos, não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto, <strong>de</strong>verãoser vacinadas e também receber quimioprofilaxia.A rifampicina é utilizada em gestantes para o tratamento <strong>de</strong> doenças como hanseníase etuberculose. No Brasil, esse medicamento tem sido utilizado para quimioprofilaxia dameningite, não tendo sido registrados efeitos teratogênicos.QUIMIOPROILAXIAANTIBIÓTICO DOSE INTERVALODURAÇÃOAdultos - 600mg/dose24/24hs4 diasRifampicinaCrianças> 1 mês até 10 anosdose - 20mg/kg/dose< 1 mêsdose - 10mg/kg/dose24/24hs (dose máxima<strong>de</strong> 600mg)24/24hs (dose máxima<strong>de</strong> 600mg)4 dias4.5.2. IMUNIZAÇÃOVacina contra a infecção por Haemophilus influenzae tipo b (Hib): Aplica-se 0,5ml por via intramuscular profunda, sendo a aplicação no músculo vasto lateral dacoxa, indicada para as crianças menores <strong>de</strong> cinco anos.O esquema básico <strong>de</strong> vacinação preconiza três doses no primeiro ano <strong>de</strong> vida, comintervalo <strong>de</strong> 60 dias entre as doses (esquema: 2, 4 e 6 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>). As criançascom ida<strong>de</strong> entre 12 e 59 meses, quando não vacinadas ou quando apresentarem oesquema incompleto, <strong>de</strong>vem receber uma dose. A vacina é conservada à temperaturaUNASA 619


M E N I N G I T E S<strong>de</strong> +2° C a +8° C e, quando utilizada a vacina liofilizada, no momento da reconstituiçãoo diluente <strong>de</strong>ve estar na mesma temperatura da vacina. Os frascos multidose davacina <strong>de</strong> Hib liofilizada, após reconstituição, são utilizados até no máximo cincodias úteis, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que mantidos na temperatura a<strong>de</strong>quada.As contra-indicações <strong>de</strong>sta vacina são as gerais, relacionadas à hipersensibilida<strong>de</strong>.As reações adversas são raras e quando ocorrem são locais (dor, eritema e enduração)nas primeiras 24 a 48 horas.• Recomendações para vacinação: a vacina contra Hib faz parte do calendárionacional <strong>de</strong> vacinação, e está recomendada para crianças menores <strong>de</strong> 5 anos, apartir dos dois meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, e em situações específicas também para outrosgrupos etários como:ð crianças e adolescentes até 18 anos, com asplenia anatômica ou funcional;ou com imuno<strong>de</strong>ficiência congênita ou adquirida;ð crianças menores <strong>de</strong> cinco anos, com doença pulmonar ou cardiovascularcrônica e grave;ð transplantados <strong>de</strong> medula óssea <strong>de</strong> qualquer ida<strong>de</strong>.4.5.3. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEPromover ativida<strong>de</strong>s educativas e campanhas <strong>de</strong> orientação sobre as meningites,em creches, escolas e na comunida<strong>de</strong>; alertando para os sinais e sintomas da doençae para procurar o serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> imediatamente frente à suspeita da doença.4.5.4. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO• Orientar a população, para que seja encaminhado a uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,qualquer indivíduo com sinais e sintomas <strong>de</strong> meningite;• Notificar todos os casos suspeitos às autorida<strong>de</strong>s sanitárias;• Educar a população sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar o contato direto e a exposiçãoàs gotículas <strong>de</strong> saliva do doente;• Orientar a população, para evitar aglomerados em ambientes fechados;• Investigar os casos notificados;• Confirmar o diagnóstico laboratorial;• Proce<strong>de</strong>r à análise e revisão das fichas <strong>de</strong> investigação;• Manter alta cobertura vacinal contra Hib, sendo esta cobertura homogênea nosmunicípios;• Diagnosticar precocemente os casos suspeitos, obter confirmação laboratorialdo agente etiológico e tratar precocemente os casos, evitando seqüelas;• Realizar a<strong>de</strong>quada e oportunamente a quimioprofilaxia dos contatos íntimos doscasos;• Orientar a população sobre a importância da higiene corporal e ambiental, bemcomo a manutenção <strong>de</strong> ambientes domiciliares e ocupacionais ventilados.620 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA5. MENINGITE POR PNEUMOCOCOCID10: G00.15.1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS5.1.1. DESCRIÇÃOInfecção bacteriana aguda das meninges. Costuma apresentar-se a partir <strong>de</strong> focospneumônicos e otorrinolaringológicos (otite média, faringite, sinusite e mastoidite),po<strong>de</strong>ndo ser resultante também <strong>de</strong> bacteremia primária.5.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOStreptococcus pneumoneae. Bactéria do gênero Streptococcus pertencente àfamília Streptococcaceae. Tem característica morfológica esférica (cocos), dispostaaos pares. O pneumococo é alfa-hemolítico, não-agrupável e reagente ao métodoGram (gram-positivo).O principal antígeno é um polissacarí<strong>de</strong>o capsular, que apresenta diferençasestruturais na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> carboidratos que compõem o polímero. Essas diferençaspossibilitaram a caracterização <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 90 sorotipos capsulares.5.1.3. RESERVATÓRIOMicrobiota do homem.5.1.4. MODO DE TRANSMISSÃOA transmissão ocorre por transmissão, <strong>de</strong> pessoa a pessoa, através da disseminação<strong>de</strong> gotículas, contato oral direto ou por objetos recém contaminados com secreçõesdas vias respiratórias.5.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃONão é bem <strong>de</strong>finido, supõe-se que seja curto, <strong>de</strong> 1 a 3 dias.5.1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEVariável, visto permanecer durante todo o tempo em que o agente esteja presentenas vias aéreas superiores, e seja capaz <strong>de</strong> produzir a doença. A enfermida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixa<strong>de</strong> ser transmitida após 24 a 48 horas do início do tratamento eficaz com antibiótico.5.1.7. SUSCEPTIBILIDADE E IMUNIDADEIdosos, indivíduos portadores <strong>de</strong> quadros crônicos ou <strong>de</strong> doenças imunossupressoras,apresentam maior risco <strong>de</strong> adoecimento. São exemplos <strong>de</strong>stas doenças: síndromenefrótica; asplenia anatômica ou funcional; insuficiência renal crônica; diabetesmellitus; infecção pelo HIV. A infecção sintomática aumenta a susceptibilida<strong>de</strong> nosprocessos que afetam a integrida<strong>de</strong> anatômica e/ou funcional.UNASA 621


M E N I N G I T E SA imunida<strong>de</strong> conferida pela infecção pneumocócica não protege contra infecçãopor outro sorotipo. Nos primeiros meses <strong>de</strong> vida, os lactentes estão protegidos poranticorpos específicos da classe IgG.5.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS5.2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASO quadro clínico típico segue aquele <strong>de</strong>scrito no Capítulo <strong>de</strong> Meningite Geral.A meningite por pneumococo po<strong>de</strong> resultar <strong>de</strong> infecções adjacentes, como faringite,otite, sinusite e mastoidite, ou ainda ser fulminante como resultado <strong>de</strong> bacteremia.Indivíduos que sofreram fraturas <strong>de</strong> crânio, com persistência <strong>de</strong> fissuras que secomunicam com o espaço subaracnói<strong>de</strong> e fossas nasais e/ou seios paranasais,apresentam episódios recorrentes <strong>de</strong> meningite por pneumococo.O risco estimado <strong>de</strong> seqüelas graves é aproximadamente <strong>de</strong> 20%. As complicaçõesgeralmente são sur<strong>de</strong>z, abcesso cerebral e hidrocefalia.5.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALCom todas as etiologias das meningites bacterianas.5.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALÉ feito através dos seguintes exames:• Cultura.• I<strong>de</strong>ntificação do genôma em reação <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia polimerase (PCR).• Contraimunoeletroforese Cruzada(CIE).• Aglutinação pelo LátexCaracterísticas do líquor, procedimentos <strong>de</strong> coleta para diagnóstico na meningitepor pneumococo, vi<strong>de</strong> Capítulo <strong>de</strong> Meningites.5.2.4. TRATAMENTOO tratamento com antibiótico <strong>de</strong>ve ser instituído o mais precocemente possível,preferencialmente logo após a punção lombar. O uso <strong>de</strong> antibiótico <strong>de</strong>ve ser associadoa tratamento <strong>de</strong> suporte, como reposição <strong>de</strong> líquidos e cuidadosa assistência médicae <strong>de</strong> enfermagem.TRATAMENTOANTIBIÓTICOS DOSE (EV) INTERVALODURAÇÃOPenicilina G.Cristalina*300 a 500.000UI/kg/diaaté24.000.000UI/dia3/3 hs ou4/4hs10 - 14 dias* Em caso <strong>de</strong> alergia à penicilina, usar Cloranfenicol.622 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA5.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSAs doenças invasivas por pneumococo, apresentam maior incidência, nas criançasmenores <strong>de</strong> dois anos e nos adultos maiores <strong>de</strong> cinqüenta anos. Predominam noperíodo <strong>de</strong> inverno e apresentam alta mortalida<strong>de</strong>. De acordo com a série histórica,a meningite por Pneumococo ocupa o segundo lugar, junto com a meningite porHaemophilus influenzae, no período pré-vacina.A partir <strong>de</strong> 1993, seguindo recomendação da Organização Pan-americana da Saú<strong>de</strong>- OPAS, o Brasil iniciou vigilância dos sorotipos das cepas <strong>de</strong> Streptococcuspneumoneae.As cepas resistentes vêm aumentando nos últimos anos. Estudo nacional, on<strong>de</strong>27% das amostras foram provenientes <strong>de</strong> ambientes hospitalares do estado <strong>de</strong> SãoPaulo, <strong>de</strong>monstra que 21% das cepas <strong>de</strong> crianças menores <strong>de</strong> 6 anos têm resistênciaà penicilina, sendo 19,2% <strong>de</strong> resistência intermediária, e 1,8% alta resistência. Osprincipais sorotipos, associados à resistência bacteriana à penicilina, são: 14, 6B,23F e o 19.No Brasil, a incidência <strong>de</strong> meningite por pneumococo é maior em crianças menores<strong>de</strong> um ano, e <strong>de</strong>ntre os sorotipos conhecidos; 12 predominam, <strong>de</strong>stacando-se ossorotipos 14 e 6A/B.5.4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA5.4.1. OBJETIVOS• Diagnóstico precoce, visando redução <strong>de</strong> seqüelas e da letalida<strong>de</strong>.• Acompanhar o comportamento da meningite por pneumococo.• Monitorar os sorotipos <strong>de</strong> pneumococo circulantes no país.• Acompanhar a resistência bacteriana das cepas <strong>de</strong> pneumococo.• Monitorar a efetivida<strong>de</strong> da vacina nos grupos específicos.5.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeito• Crianças acima <strong>de</strong> 1 ano e adultos com febre, cefaléia intensa, vômitos, rigi<strong>de</strong>zda nuca, outros sinais <strong>de</strong> irritação meningea (Kerning, Brudzinski), sonolência econvulsões.• Crianças abaixo <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, principalmente as menores <strong>de</strong> nove meses,que apresentem vômitos, sonolência, irritabilida<strong>de</strong> aumentada, convulsões e,principalmente, abaulamento <strong>de</strong> fontanela.ConfirmadoA confirmação po<strong>de</strong> ter diferentes graus <strong>de</strong> refinamento, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das condiçõesexistentes:• Critério clínico laboratorial: todo caso suspeito que apresente pelo menosuma das seguintes condições:UNASA 623


M E N I N G I T E Sð Cultura positiva do líquor ou sangue com isolamento do Streptococcuspneumoniae (padrão ouro);ð CIE positiva, com <strong>de</strong>tecção do antígeno no líquor ou sangue;ð Látex positiva, com <strong>de</strong>tecção do antígeno no líquor ou sangue;ð PCR positivo, com <strong>de</strong>tecção do material genético do Streptococcuspneumoniae.• Critério <strong>de</strong> necrópsia: exame com resultado <strong>de</strong> anatomopatologia sugestivo<strong>de</strong> infecção por pneumococo.DescartadoCaso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo, sem vínculo epi<strong>de</strong>miológicocom caso confirmado, ou com diagnóstico confirmado <strong>de</strong> outra doença.5.4.3. NOTIICAÇÃOA meningite é uma doença <strong>de</strong> notificação compulsória, sendo <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> todo o serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> o preenchimento da Ficha <strong>de</strong> Notificação e Investigação.As Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Hospitais, Laboratórios, outros serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> públicosou privado, e os Atestados <strong>de</strong> Óbito, são fontes <strong>de</strong> notificação. A implantação noshospitais, <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica (UVE), é fundamental na buscaativa <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>ntro dos Hospitais.5.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS5.4.4.1. Assistência médica ao paciente: hospitalização imediata dos pacientessuspeitos, com realização da punção lombar e coleta <strong>de</strong> sangue para esclarecimentodiagnóstico.5.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: verificar se os casos estão sendo atendidosem Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> com capacida<strong>de</strong> para prestar atendimento a<strong>de</strong>quado eoportuno. Na maioria das vezes, estes pacientes necessitam <strong>de</strong> cuidadospermanentes e contínuos, <strong>de</strong>mandando internamento em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> maiorcomplexida<strong>de</strong>, inclusive em Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Terapia Intensiva. Verificar se foram adotadasmedidas <strong>de</strong> suporte para a estabilização do paciente; seguida <strong>de</strong> coleta oportuna <strong>de</strong>material para diagnóstico laboratorial e tratamento a<strong>de</strong>quado.5.4.4.3. Proteção individual para evitar transmissão: iniciar tratamento antibióticooportunamente, visto que a enfermida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser transmitida ao término <strong>de</strong> 24 a48 horas, após o início do tratamento eficaz com antibióticos.5.4.4.4. Confirmação diagnóstica: coletar material para o diagnóstico laboratorial,<strong>de</strong> acordo com as orientações do Anexo 1 do Capítulo Meningites em Geral.5.4.4.5. Proteção da população: orientar a população sobre sinais e sintomas <strong>de</strong>meningite, e para buscar os Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> frente à suspeita diagnóstica.5.4.4.6. Investigação: todo caso suspeito <strong>de</strong> meningite <strong>de</strong>ve ser investigado. Éatravés da investigação epi<strong>de</strong>miológica que se obtém as informações complementaresquanto às possíveis fontes <strong>de</strong> transmissão da doença.624 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA5.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA5.4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos dos itens da Ficha<strong>de</strong> Investigação do SINAN (dados gerais, do caso e <strong>de</strong> residência).5.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos: o instrumento <strong>de</strong> coleta<strong>de</strong> dados é a Ficha <strong>de</strong> Investigação do SINAN. Esta ficha contém as informaçõesessenciais a serem coletadas em uma investigação <strong>de</strong> rotina. Todos os campos<strong>de</strong>sta ficha <strong>de</strong>vem ser criteriosamente preenchidos, mesmo que a informação sejanegativa. Outras informações po<strong>de</strong>m ser incluídas, conforme a necessida<strong>de</strong>.As fontes <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados são: entrevista com o médico ou profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>que aten<strong>de</strong>u ao caso, dados do prontuário, entrevista <strong>de</strong> familiares e paciente, quandopossível.• Para confirmar a suspeita diagnóstica:ð Verificar se as informações se enquadram na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> caso.ð Verificar e registrar exames específicos encaminhados ao laboratório,resultados obtidos e a data.ð Verificar se o paciente já fez uso <strong>de</strong> vacina contra o pneumococo; registrarcontra qual sorogrupo, e a data da vacinação.ð Acompanhar a evolução do(s) paciente(s) e os resultados dos exameslaboratoriais.5.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: a punção lombar e acoleta <strong>de</strong> sangue para o diagnóstico laboratorial, <strong>de</strong>vem ser realizadas logo após asuspeita clínica <strong>de</strong> meningite, antes do início do tratamento com antibiótico. O materialcoletado em meio estéril <strong>de</strong>ve ser processado, inicialmente no laboratório local paraorientação da conduta médica. Subseqüentemente, esse material <strong>de</strong>ve serencaminhado para o Laboratório Central <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública (LACEN), para osprocedimentos <strong>de</strong> caracterização etiológica, <strong>de</strong> acordo com as normas técnicas,apresentadas no Anexo 1 do Capítulo Meningites.Utilizar o “kit” <strong>de</strong> coleta para o diagnóstico das meningites.5.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: a análise dos dados da investigação <strong>de</strong>ve permitir aavaliação da situação atual, quando comparada a períodos anteriores, bem comofornecer dados para o conhecimento do perfil epi<strong>de</strong>miológico das meningites, emnível local.O acompanhamento da resistência antibiótica das cepas <strong>de</strong>ve ser monitorado tambémpela Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, para que as ações <strong>de</strong> prevenção sejam efetuadas. Alémdisso, <strong>de</strong>verá ser consi<strong>de</strong>rada a cobertura vacinal no grupo <strong>de</strong> risco indicado paravacinação.5.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: revisar as Fichas <strong>de</strong> Investigação, para certificarse<strong>de</strong> que todos os campos estão preenchidos <strong>de</strong> forma coerente, e atentar para a<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> qual critério foi utilizado para o diagnóstico, consi<strong>de</strong>rando as seguintesalternativas:UNASA 625


M E N I N G I T E S• Confirmado por critério clínico laboratorial (cultura, CIE, Látex e PCR):a i<strong>de</strong>ntificação do Streptococcus pneumoneae na cultura do líquor e/ou dosangue, é consi<strong>de</strong>rada o “padrão ouro” para o diagnóstico. Além disso, atravésda <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> antígenos específicos, nos testes <strong>de</strong> CIE e látex, a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>material genético por PCR também confirma o caso.• Óbitos: indivíduos com diagnóstico <strong>de</strong> meningite, por Streptococcuspneumoneae, no resultado <strong>de</strong> atestado <strong>de</strong> óbito.• Caso <strong>de</strong>scartado: caso suspeito, com diagnóstico laboratorial negativo, semvínculo epi<strong>de</strong>miológico com caso confirmado, ou com diagnóstico confirmado<strong>de</strong> outra doença.5.4.5.6. Relatório final: os dados da investigação <strong>de</strong>verão ser sumarizados, emum relatório com as principais conclusões.5.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.5.1. IMUNIZAÇÃOA vacina contra pneumococo é composta <strong>de</strong> polissacarí<strong>de</strong>os purificados <strong>de</strong>Streptococcus pneumoniae <strong>de</strong> 23 sorotipos (1, 2, 3, 4, 5, 6B, 7F, 8, 9N, 9V, 10A,11A, 12F, 14, 15B, 17F, 18C, 19A, 19F, 20, 22F, 23F, 33F). Contém ainda fenol comoconservante, e solução tampão isotônica. Apresenta-se sob a forma líquida, emfrasco <strong>de</strong> dose única, <strong>de</strong>vendo ser conservada entre +2ºC e +8ºC.Administra-se 0,5ml por via intramuscular e o esquema vacinal correspon<strong>de</strong> a umadose, seguida <strong>de</strong> revacinação após cinco anos. As contra indicações referem-se àhipersensibilida<strong>de</strong> aos componentes da vacina, ou reação anafilática após orecebimento <strong>de</strong> dose anterior, e ainda quando houver menos <strong>de</strong> 3 anos da primeiradose.Esta vacina está disponível nos Centros <strong>de</strong> Referência para Imunobiológicos Especiais(CRIES), estando indicada em situações especiais, tais como:• Adultos, a partir <strong>de</strong> 60 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, quando hospitalizados, institucionalizados,acamados ou asilados;• Crianças com dois anos e mais, e adolescentes e adultos que apresentam:ð Imuno<strong>de</strong>ficiência congênita ou adquirida;ð Sindrome nefrótica;ð Disfunção anatômica ou funcional do baço (ex. anemia falciforme);ð Doença pulmonar ou cardiovascular, crônica e grave;ð Insuficiência renal crônica;ð Diabetes mellitus insulino-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte;ð Cirrose hepática; ou fístula liquórica;• Transplantados <strong>de</strong> medula óssea, <strong>de</strong> qualquer ida<strong>de</strong>.626 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAObservações:• Nas situações <strong>de</strong> esplenectomia eletiva, a vacina <strong>de</strong>ve ser administrada,preferencialmente, 15 dias antes do ato cirúrgico.• No caso <strong>de</strong> quimioterapia imunossupressora, administrar a vacina duas semanasantes.5.5.2. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA população <strong>de</strong>ve ser informada sobre a doença, seus principais sinais e sintomas,e como proce<strong>de</strong>r frente a um caso suspeito. A informação diminui a ansieda<strong>de</strong> econtribui para evitar o pânico.Os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem fazer um levantamento em asilos e instituições,sobre a população alvo, para a vacinação e, previamente a esta, <strong>de</strong>vem realizar umtrabalho <strong>de</strong> orientação sobre seus benefícios.5.5.3. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO• Orientar a população para que seja encaminhado, a uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,qualquer indivíduo com sinais e sintomas <strong>de</strong> meningite;• Notificar todos os casos suspeitos às autorida<strong>de</strong>s sanitárias;• Educar a população sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar o contato direto e a exposiçãoàs gotículas <strong>de</strong> saliva do doente;• Orientar a população para evitar aglomerados em ambientes fechados;• Garantir a vacina para a população alvo.UNASA 627


M E N I N G I T E S6. MENINGITES VIRAISCID 10: A87, G03.06.1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS6.1.1. DESCRIÇÃOO sistema nervoso central (SNC) po<strong>de</strong> ser infectado por um variado conjunto <strong>de</strong>vírus, sendo hoje aceito que, na maioria dos casos, isto ocorre no curso <strong>de</strong> umainfecção viral generalizada. Estes po<strong>de</strong>m acometer <strong>de</strong> forma isolada ou combinadaas meninges, o encéfalo e a medula.A meningite é a forma clínica mais freqüente <strong>de</strong> infecções virais do SNC, sendoestes agentes a maior causa das chamadas meningites à liquor claro ou meningitesassépticas, termo usado pela primeira vez por Wallgren, em 1925. Este termo refereseà uma síndrome clínica <strong>de</strong> inflamação aguda das meninges, geralmente <strong>de</strong> evoluçãobenigna, com maior incidência em indivíduos adultos jovens, on<strong>de</strong> no estudo liquóricoencontramos, na maioria dos casos, predomínio <strong>de</strong> células linfomononucleares, e osagentes bacterianos usuais não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tectados.6.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOUma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> vírus po<strong>de</strong> causar a meningite viral. Destacam-se entreos RNA vírus: Enterovírus, arbovírus, vírus do sarampo, vírus da caxumba(paramyxovírus), vírus da Coriomeningite Linfocitária (arenavírus) e HIV-1. Entreos DNA vírus: a<strong>de</strong>novirus e sobretudo os vírus do grupo Herpes - herpes simplesvírus tipo 1, HSV tipo 2, varicela Zoster, Epstein- Barr, Citomegalovirus e HHV6.Neste capítulo serão <strong>de</strong>stacadas as etiologias mais importantes.6.1.3. RESERVATÓRIOVariam <strong>de</strong> acordo com o agente infeccioso.6.1.4. VETORESVariam <strong>de</strong> acordo com o agente infeccioso6.1.5. MODO DE TRANSMISSÃOVariam <strong>de</strong> acordo com o agente infeccioso.6.1.6. PERÍODO DE INCUBAÇÃOVariam <strong>de</strong> acordo com o agente infeccioso.6.1.7. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEVariam <strong>de</strong> acordo com o agente infeccioso.628 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA6.1.8. PATOGENIAOs vírus têm contato inicialmente com as superficies mucosas, local on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>multrapassar as barreiras <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do organismo, compostas pelo muco e epitéliomucociliar do aparelho respiratório, macrófagos alveolares, ácido gástrico, enzimasgástricas, bile e IgA secretora do aparelho respiratório e gastrointestinal. Algunsvírus conseguem escapar <strong>de</strong>stes mecanismos, replicando e se disseminando por viahematogênica. Alguns vírus neurotrópicos replicam-se fora do SNC (por exemplo,o enterovírus, em tecido linfói<strong>de</strong>) e posteriormente fazem viremia, invadindo outrossítios (baço, fígado e músculos esqueléticos), originando uma segunda viremia,invadindo <strong>de</strong>sta vez o SNC. O sistema retículo-endotelial realiza usualmente oclareamento das viroses, porém, alguns escapam <strong>de</strong>ste mecanismo, invadindo osleucócitos (por exemplo, os vírus herpes simples, sarampo e varicela). A invasãodos vírus no SNC po<strong>de</strong> ser através <strong>de</strong> vários mecanismos, como por meio dascélulas endoteliais dos capilares cerebrais, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> leucócitos após quebra dabarreira hemato-encefálica, ou pelo epitélio do plexo coroí<strong>de</strong>o.6.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS6.2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASO quadro clínico segue aquele <strong>de</strong>scrito no Capítulo para Meningite Geral. Ressaltaseno entanto, que a evolução é benigna, havendo rápida melhora do quadro.In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do agente viral, este tipo <strong>de</strong> meningite caracteriza-se clinicamentepor aparição <strong>de</strong> forma súbita <strong>de</strong> cefaléia, fotofobia, rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> nuca e freqüentementenáuseas, vômitos e febre. No exame físico, chama a atenção o bom estado geral epresença <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> irritação meníngea, como o sinal <strong>de</strong> Kerning e Brudzinski.Em geral, o restabelecimento é completo, mas em alguns casos po<strong>de</strong> permaneceralguma <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>, como espasmos musculares, insônia e mudanças <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>.A duração das meningites por vírus é usualmente inferior a 1 semana.Quando se trata <strong>de</strong> Enterovírus, é importante <strong>de</strong>stacar que os sintomas e sinaisinespecíficos que mais antece<strong>de</strong>m e/ou acompanham o quadro da meningite são:manifestações gastrointestinais (vômitos, anorexia e diarréia), respiratórias (tosse,faringite) e ainda mialgia e erupção cutânea.Em geral, as meningites virais não estão associadas a complicações, a não ser queo indivíduo seja portador <strong>de</strong> alguma imuno<strong>de</strong>ficiência.6.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALCom meningites e meningoencefalites causadas por outras etiologias, e tambémcom as ricketsioses e doença <strong>de</strong> Lyme.6.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALA i<strong>de</strong>ntificação etiológica das meningites assépticas não constitui tarefa <strong>de</strong> fácilrealização. A história clínica, vacinal e epi<strong>de</strong>miológica do paciente po<strong>de</strong> orientar odiagnóstico etiológico (caxumba, sarampo, varicela, quadro gastrointestinal, etc).No exame hematológico global po<strong>de</strong> haver mo<strong>de</strong>rada leucocitose com diferencialnormal, ou discreta leucopenia. O diagnóstico laboratorial, no entanto, é feito sobretudopelo estudo do líquor, através dos exames <strong>de</strong>scritos nos Anexo 2 <strong>de</strong>ste Capítulo.UNASA 629


M E N I N G I T E S6.2.4. TRATAMENTOO tratamento antiviral específico não tem sido amplamente utilizado. O tratamento,em geral, é <strong>de</strong> suporte, com criteriosa avaliação e acompanhamento clínicos.Tratamentos específicos somente estão preconizados para a meningite herpética(HSV 1 e 2 e VZV) com acyclovir endovenoso.Na caxumba, a globulina específica hiperimune po<strong>de</strong> diminuir a incidência <strong>de</strong> orquite,porém não melhora a síndrome neurológica.6.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSTem distribuição universal. A freqüência <strong>de</strong> casos se eleva no final do verão ecomeço do outono. Estão, também, associadas às epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> varicela, sarampo,caxumba e a eventos adversos pós vacinais.No Brasil, embora exista a notificação e investigação das meningites assépticas,ainda é baixa a especificida<strong>de</strong> do diagnóstico etiológico, o que dificulta o conhecimentodos principais vírus causadores das meningites.6.4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA6.4.1. OBJETIVOS• Conhecer e monitorar o perfil epi<strong>de</strong>miológico dos principais vírus responsáveispor meningites no Brasil.• Detectar surtos.6.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoIndivíduo que se enquadra em uma das seguintes condições:• Crianças com menos <strong>de</strong> 3 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com febre e mal estar geral, semsinais <strong>de</strong> localização infecciosa.• Paciente <strong>de</strong> qualquer ida<strong>de</strong> com sinais <strong>de</strong> sepsis (febre + alterações hemodinâmicas),sem sinais <strong>de</strong> localização infecciosa.• Paciente <strong>de</strong> qualquer ida<strong>de</strong> com sinais <strong>de</strong> irritação meningea (rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> nuca,Kerning, Brudzinski).• Paciente <strong>de</strong> qualquer ida<strong>de</strong> com sinais <strong>de</strong> hipertensão endocraniana (cefaléia,vômitos, fotofobia e abaulamento <strong>de</strong> fontanela) e febre.• Paciente <strong>de</strong> qualquer ida<strong>de</strong> com convulsão generalizada ou localizada (semcaracterísticas <strong>de</strong> convulsão febril).• Paciente <strong>de</strong> qualquer ida<strong>de</strong> com sinais <strong>de</strong> comprometimento sensorial (irritabilida<strong>de</strong>,agitação psicomotora, letargia, torpor e coma).ConfirmadoA confirmação po<strong>de</strong> ter diferentes graus <strong>de</strong> refinamento:• Critério clínico laboratorial: todo caso suspeito que apresente pelo menosuma das seguintes condições:630 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAð Isolamento viral através <strong>de</strong> cultura.ð I<strong>de</strong>ntificação do material genético por PCR.ð Sorologia positiva.• Critério clínico epi<strong>de</strong>miológico: todo caso suspeito que surge em comunicante<strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> meningite viral confirmado.DescartadoCaso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo, sem vínculo epi<strong>de</strong>miológicocom caso confirmado, ou com diagnóstico confirmado <strong>de</strong> outra doença.6.4.3. NOTIICAÇÃOToda meningite é doença <strong>de</strong> notificação compulsória, sendo <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> todo Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> o preenchimento da Ficha <strong>de</strong> Notificação e Investigação.As Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Hospitais, Laboratórios, outros Serviços <strong>de</strong> AssistênciaMédica, privados ou públicos, e os Atestados <strong>de</strong> Óbito, são fontes <strong>de</strong> notificação.6.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS6.4.4.1. Assistência médica ao paciente: hospitalização dos casos suspeitos erealização da punção lombar para esclarecimento diagnóstico.6.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: verificar se os casos estão sendo atendidosem Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, com capacida<strong>de</strong> para prestar atendimento a<strong>de</strong>quado eoportuno.6.4.4.3. Proteção individual: se o paciente ainda estiver em fase <strong>de</strong> transmissãoda doença que produziu o quadro <strong>de</strong> meningite, adotam-se as medidas <strong>de</strong> isolamentoconsi<strong>de</strong>rando com as vias <strong>de</strong> transmissão do agente.6.4.4.4. Confirmação diagnóstica: coletar material (líquor, sangue e/ou fezes)para o diagnóstico laboratorial, <strong>de</strong> acordo com as orientações do Anexo 2.6.4.4.5. Proteção da população: em situações <strong>de</strong> surtos, a população <strong>de</strong>ve serorientada sobre a doença e para procurar os Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, no caso <strong>de</strong> suspeita.6.4.4.6. Investigação: os casos <strong>de</strong> meningite viral <strong>de</strong>vem ser investigados. É atravésda investigação epi<strong>de</strong>miológica que se obtém informações complementares sobreas possíveis fontes <strong>de</strong> transmissão.6.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA6.4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos da Ficha <strong>de</strong>Investigação do SINAN, (dados gerais, do caso e <strong>de</strong> residência).6.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos: o instrumento <strong>de</strong> coleta<strong>de</strong> dados é a ficha <strong>de</strong> investigação do SINAN, que <strong>de</strong>ve ter todos os camposcriteriosamente preenchidos, inclusive quando a resposta a <strong>de</strong>terminado itemfor negativa ou ignorada.UNASA 631


M E N I N G I T E SConvém lembrar que, na prática, a investigação epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> casos é tambémuma análise <strong>de</strong> situação. Ou seja, ao se fazer uma investigação <strong>de</strong> campo (<strong>de</strong> qualquerdoença), po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tectados vários problemas que contribuem para a ocorrência<strong>de</strong> casos ou surtos, e que têm distintos âmbitos <strong>de</strong> encaminhamento e resolução.Desse modo, outras anotações po<strong>de</strong>m ser incluídas no campo “observação”, ou emrelatório <strong>de</strong>scritivo que <strong>de</strong>verá ser anexado à mesma e encaminhado aos níveiscompetentes, <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s e particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada situação.• Para confirmar a suspeita diagnóstica: Deve-se consultar o prontuário dopaciente, entrevistar o médico assistente, e fazer a visita domiciliar, para completaras informações clínicas, que servirão como subsídio para <strong>de</strong>finir se o quadroapresentado e os resultados dos exames laboratoriais são compatíveis com adoença.Nos casos em que se suspeite <strong>de</strong> serem relacionados à vacinação (eventosadversos), consultar o Manual <strong>de</strong> <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica dos EventosAdversos Pós Vacinação, para verificar se se a<strong>de</strong>quam às <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> casopadronizados pelo PNI.Em geral, os casos suspeitos <strong>de</strong> meningite viral têm um período curto <strong>de</strong>internação.6.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: a punção lombar, a coleta<strong>de</strong> sangue e fezes <strong>de</strong>vem ser realizadas para a obtenção <strong>de</strong> um diagnósticolaboratorial preciso. O isolamento viral é um processo complexo; <strong>de</strong>sta forma, acoleta, armazenamento e o transporte seguem recomendações específicas (Anexo2), que <strong>de</strong>vem ser seguidas rigorosamente para a obtenção <strong>de</strong> sucesso.6.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: a análise dos dados da investigação <strong>de</strong>ve permitir aavaliação da magnitu<strong>de</strong> do problema e <strong>de</strong> suas características principais. As principaisvariáveis a serem analisadas do conjunto <strong>de</strong> casos incluem: ida<strong>de</strong>, sexo, moradia(bairro, distrito ou outra unida<strong>de</strong> territorial), data <strong>de</strong> início <strong>de</strong> sintomas/semanaepi<strong>de</strong>miológica, diagnóstico, exames laboratoriais, evolução, situação vacinal e critério<strong>de</strong> encerramento.6.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: revisar a Ficha <strong>de</strong> Investigação para certificar-se<strong>de</strong> que todos os campos estão preenchidos, <strong>de</strong> forma completa e coerente. Para efeitoda digitação das fichas do SINAN, consultar as orientações específicas do sistema.6.4.5.6. Relatório final: os dados da investigação <strong>de</strong>verão ser sumarizados em umrelatório com as principais conclusões da investigação.6.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLEEm situações <strong>de</strong> surtos a população <strong>de</strong>ve ser informada quanto ao risco <strong>de</strong> adoecerpor meningite viral, seus principais sinais e sintomas, e como proce<strong>de</strong>r frente a umcaso suspeito, mediante técnicas pedagógicas disponíveis e meios <strong>de</strong> comunicaçãoem massa. A informação diminui a ansieda<strong>de</strong> e contribui para evitar o pânico.632 UNASA


PAROTIDITE INECCIOSACID 10: B26


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAPAROTIDITE INECCIOSA1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃODoença viral aguda, caracterizada por febre, e aumento do volume <strong>de</strong> uma ou maisglândulas salivares, geralmente a parótida e, às vezes, glândulas sublinguais ousubmandibulares. Antes da instituição da imunização em massa, esta virose eramuito comum na infância apresentando-se sob a forma <strong>de</strong> surtos sazonais.1.2. SINONÍMIAPapeira, caxumba.1.3. AGENTE ETIOLÓGICOVírus da família Paramyxoviridae, gênero Paramyxovirus.1.4. RESERVATÓRIOO homem.1.5. MODO DE TRANSMISSÃOVia aérea, através disseminação <strong>de</strong> gotículas, ou por contato direto com saliva <strong>de</strong>pessoas infectadas.1.6. PERÍODO DE INCUBAÇÃODe 12 a 25 dias, sendo, em média, 16 a 18 dias.1.7. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEVaria entre 6 e 7 dias antes das manifestações clínicas, até 9 dias após o surgimentodos sintomas. O vírus po<strong>de</strong> ser encontrado na urina até 14 dias após o início dadoença.1.8. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA imunida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> caráter permanente, sendo adquirida após infecções inaparentes,aparentes, ou após imunização ativa.UNASA 635


P AROTIDITEINECCIOSA2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASA principal e mais comum manifestação <strong>de</strong>sta doença é o aumento das glândulassalivares, principalmente a parótida, acometendo também as glândulas sublinguais esubmaxilares, acompanhada <strong>de</strong> febre. Aproximadamente 30% das infecções po<strong>de</strong>mnão apresentar hipertrofia aparente <strong>de</strong>ssas glândulas. Cerca <strong>de</strong> 20 a 30% dos casoshomens adultos acometidos apresentam orquite, e mulheres acima <strong>de</strong> 15 anos,po<strong>de</strong>m apresentar mastite (aproximadamente 15% dos casos).Em menores <strong>de</strong> 5 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> são comuns sintomas das vias respiratórias e perdaneurosensorial da audição. O vírus também tem tropismo pelo SNC, observando-secom certa freqüência meningite asséptica, <strong>de</strong> curso benigno que, na gran<strong>de</strong> maioriadas vezes, não <strong>de</strong>ixa seqüelas. Outras complicações são encefalite e pancreatite.Não há relato <strong>de</strong> óbitos relacionados à parotidite. Sua ocorrência, durante o primeirotrimestre da gestação, po<strong>de</strong> ocasionar aborto espontâneo.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALCálculo <strong>de</strong> dutos parotidianos, reação à io<strong>de</strong>tos, ingestão <strong>de</strong> amidos, sarcoidose,cirrose, diabetes, bulemia, parotidite <strong>de</strong> etiologia piogênica, inflamação <strong>de</strong> linfonodos.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALO diagnóstico da doença é eminentemennte clínico-epi<strong>de</strong>miológico. Existem testessorológicos (ELISA, Inibição da Hemaglutinação e Fixação do Complemento) ou<strong>de</strong> cultura para vírus, porém não são utilizadas <strong>de</strong> rotina.2.4. TRATAMENTONão existe tratamento específico, indicando-se apenas repouso, analgesia eobservação cuidadosa, quanto à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparecimento <strong>de</strong> complicações.Nos casos que cursam com meningite asséptica, o tratamento também é sintomático.Nas encefalites, tratar o e<strong>de</strong>ma cerebral e manter as funções vitais.• Tratamento <strong>de</strong> apoio para a Orquiteð Suspensão da bolsa escrotal, através <strong>de</strong> suspensório, aplicação <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong>gelo e analgesia, quando necessário.ð Redução da resposta inflamatória: prednisona, 1ml/kg/dia, via oral, comredução gradual, semanal.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA parotidite infecciosa costuma apresentar-se sob a forma <strong>de</strong> surtos, que acometemmais as crianças. Estima-se que, na ausência <strong>de</strong> imunização, 85% dos adultospo<strong>de</strong>rão ter a doença, sendo que 1/3 dos infectados não apresentarão sintomas. Adoença é mais severa em adultos. As estações com maior ocorrência <strong>de</strong> casos sãoo inverno e a primavera.636 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOS• Investigar surtos para a adoção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controle.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoPaciente com febre e aumento <strong>de</strong> glândulas salivares, principalmente parótidas.ConfirmadoCaso suspeito, com história <strong>de</strong> contato, nos 15 dias anteriores ao surgimento dos primeirossintomas, com indivíduos doentes por caxumba.DescartadoCaso suspeito, em que se confirma outra doença.4.3. NOTIICAÇÃONão é doença <strong>de</strong> notificação compulsória. A ocorrência <strong>de</strong> surtos <strong>de</strong>verá sernotificada.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Assistência médica ao paciente: o atendimento é ambulatorial e o tratamentoé feito no domicílio. A hospitalização dos pacientes só é indicada para os casos queapresentem complicações graves, como meningites e encefalites .4.4.2. Confirmação diagnóstica: em geral, não se indica a realização <strong>de</strong> exameslaboratoriais. A gran<strong>de</strong> maioria dos casos tem diagnóstico clínico-epi<strong>de</strong>miológico.4.4.3. Proteção da população: a administração da vacina está indicada antes daexposição. Assim, diante da ocorrência <strong>de</strong> surtos, <strong>de</strong>ve-se verificar a coberturavacinal da área, para avaliar indicação <strong>de</strong> vacinação dos indivíduos suscetíveis.4.4.4. Investigação: não é doença <strong>de</strong> investigação obrigatória. Em situação <strong>de</strong>surto, verificar necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bloqueio vacinal.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. IMUNIZAÇÃO• Esquema vacinal básico: vacina tríplice viral (sarampo, rubéola, caxumba),aos 15 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.ð Contra-indicações: uso recente <strong>de</strong> imunoglobulinas, ou <strong>de</strong> transfusãosangüínea, nos últimos 3 meses, pacientes com imuno<strong>de</strong>ficiência (leucemiae linfoma), uso <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong> e gravi<strong>de</strong>z. Pacientes com infecçãoUNASA 637


P AROTIDITEINECCIOSAsintomática HIV mas que não estejam severamente imunocomprometidos,<strong>de</strong>vem ser vacinados.5.3. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA população <strong>de</strong>ve ser informada quanto às características da parotidite infecciosa ea possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> complicações, <strong>de</strong>vendo ser orientada quanto a busca <strong>de</strong> assistênciamédica a<strong>de</strong>quada, quando necessário (orquites, mastites, meningite, encefalite), epara a importância <strong>de</strong> vacinar as crianças.638 UNASA


PESTECID 10: A20


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAPESTE1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃODoença infecciosa aguda, transmitida principalmente por picada <strong>de</strong> pulga infectada,que se manifesta sob três formas clínicas principais: bubônica, septicêmica epneumônica. Constitui-se em um perigo potencial para as populações, <strong>de</strong>vido àpersistência da infecção em roedores silvestres.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOYersinia pestis, bactéria que se apresenta sob a forma <strong>de</strong> bacilo gram negativo,com coloração mais acentuada nos pólos (bipolar).1.3. RESERVATÓRIOA peste é primordialmente uma zoonose <strong>de</strong> roedores que po<strong>de</strong>, em <strong>de</strong>terminadascondições, infectar outros mamíferos (coelhos, camelos, cães, gatos), inclusive ohomem. Os roedores mais freqüentemente encontrados infectados, nos focos doBrasil, são: Bolomys, Calomys, Oligoryzomys, Oryzomys, R. rattus, Galea,Trychomys. Alguns marsupiais (carnívoros) são também freqüentemente envolvidos,durante epizootias em roedores, principalmente Mono<strong>de</strong>lphis domestica.1.4. VETORESA Xenopsylla cheopis, X. brasiliensis, X. astia têm gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> vetora;Nosopsyllus fasciatus e Leptosylla segnis são menos eficientes; Ctenocephali<strong>de</strong>scanis e C. felis po<strong>de</strong>m transmitir peste <strong>de</strong> animais domésticos para o homem; Pulexirritans também é um provável vetor; Polygenis bolhsi jordani e P. tripus sãoparasitas <strong>de</strong> roedores silvestres, e têm gran<strong>de</strong> importância na epizootização da peste,entre os roedores nos campos e nas casas, assim como na gênese da peste humanano Brasil.1.5. MODO DE TRANSMISSÃOO principal modo <strong>de</strong> transmissão da peste bubônica ao homem é pela picada <strong>de</strong>pulgas infectadas. No caso da peste pneumônica, as gotículas transportadas pelo are os fômites <strong>de</strong> pacientes são a forma <strong>de</strong> transmissão mais freqüente <strong>de</strong> pessoa apessoa. Tecidos <strong>de</strong> animais infectados, fezes <strong>de</strong> pulgas, culturas <strong>de</strong> laboratório tambémsão fontes <strong>de</strong> contaminação, para quem os manipula sem obe<strong>de</strong>cer às regras <strong>de</strong>biossegurança.UNASA 641


P E S T E1.6. PERÍODO DE INCUBAÇÃODois a seis dias, para peste bubônica, e <strong>de</strong> um a três dias no caso <strong>de</strong> peste pneumônica.1.7. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEA peste bubônica não é transmitida diretamente <strong>de</strong> uma pessoa a outra, exceto seexistir contato com o pus <strong>de</strong> bubões supurados. No caso da peste pneumônica, operíodo <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong> começa com o início da expectoração, permanecendoenquanto houver bacilos no trato respiratório.As pulgas po<strong>de</strong>m permanecer infectadas durante meses, se existirem condiçõespropícias <strong>de</strong> temperatura e umida<strong>de</strong>.1.8. IMUNIDADE E SUSCETIBILIDADEA suscetibilida<strong>de</strong> é geral e a imunida<strong>de</strong> temporária é relativa, não protegendo contragran<strong>de</strong>s inóculos.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICAS• Peste Bubônica: é a mais comum no Brasil. O quadro clínico se apresentacom calafrios, cefaléia intensa, febre alta, dores generalizadas, mialgias, anorexia,náuseas, vômitos, confusão mental, congestão das conjuntivas, pulso rápido eirregular, taquicardia, hipotensão arterial, prostração e mal-estar geral. Os casosda forma bubônica po<strong>de</strong>m, com certa freqüência, apresentar sintomatologiamo<strong>de</strong>rada ou mesmo benigna. No segundo ou terceiro dias <strong>de</strong> doença, aparecemas manifestações <strong>de</strong> inflamação aguda e dolorosa dos linfonodos da região, ponto<strong>de</strong> entrada da Y. pestis. Este é o chamado bubão pestoso, formado pelaconglomeração <strong>de</strong> vários linfonodos inflamados. O tamanho varia 1 a 10 cm; apele do bubão é brilhante, distendida e <strong>de</strong> coloração vermelho escura; éextremamente doloroso e freqüentemente se fistuliza, com drenagem <strong>de</strong> materialpurulento. Po<strong>de</strong>m ocorrer manifestações hemorrágicas e necróticas, <strong>de</strong>vido àação da endotoxina bacteriana sobre os vasos.• Peste Septicêmica Primária: é uma forma muito rara, na qual não há reaçõesganglionares visíveis. É caracterizada pela presença permanente do bacilo nosangue. O início é fulminante, com febre elevada, pulso rápido, hipotensão arterial,gran<strong>de</strong> prostração, dispnéia, fácies <strong>de</strong> estupor, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar, hemorragiascutâneas, às vezes serosas e mucosas e até nos órgãos internos. De modo geral,a peste septicêmica aparece na fase terminal da peste bubônica não tratada.• Peste Pneumônica: po<strong>de</strong> ser secundária à peste bubônica ou septicêmica, pordisseminação hematógena. É a forma mais grave e mais perigosa da doença,pelo seu quadro clínico e pela alta contagiosida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo provocar epi<strong>de</strong>miasexplosivas. Inicia-se com quadro infeccioso grave, <strong>de</strong> evolução rápida, comabrupta elevação térmica, calafrios, arritmia, hipotensão, náuseas, vômitos, astenia,obnubilação mental. A princípio, os sinais e sintomas pulmonares são discretos eausentes. Depois surge dor no tórax, respiração curta e rápida, cianose,642 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAexpectoração sanguinolenta ou rósea, fluida, muito rica em germes. Surgemfenômenos <strong>de</strong> toxemia, <strong>de</strong>lírio, coma e morte, se não houver instituição dotratamento precoce e a<strong>de</strong>quado.ð Período <strong>de</strong> infecção: cerca <strong>de</strong> cinco dias após, os microorganismos inoculadosdifun<strong>de</strong>m-se pelos vasos linfáticos até os linfonodos regionais que passarãoa apresentar inflamação, e<strong>de</strong>ma, trombose e necrose hemorrágica,constituindo os característicos bubões pestosos. Quando se institui tratamentocorreto, este período se reduz para um ou dois dias.ð Período toxêmico: dura <strong>de</strong> três a cinco dias, correspon<strong>de</strong>ndo ao período <strong>de</strong>bacteremia. A ação da toxina nas arteríolas e capilares <strong>de</strong>termina hemorragiase necrose. Petéquias e equimose são encontradas quase sempre na pele emucosas. Há hemorragias nas cavida<strong>de</strong>s serosas, nos aparelhos respiratórios,digestivos e urinários. Nos casos graves, estas manifestações conferirão àpele um aspecto escuro.ð Remissão: em geral, inicia-se por volta do oitavo dia e caracteriza-se poruma regressão dos sintomas, com a febre caindo em lise e os bubõesreabsorvidos ou fistulados. Quando o quadro é <strong>de</strong> peste bubônica, po<strong>de</strong> haverremissão mesmo sem tratamento, em uma proporção consi<strong>de</strong>rável dos casos,entretanto, nos casos da peste pneumônica, se não for instituída terapiaa<strong>de</strong>quada, o óbito ocorre em poucos dias.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALA peste bubônica <strong>de</strong>ve ser diferenciada <strong>de</strong>: a<strong>de</strong>nites regionais supurativas,linfogranuloma venéreo, cancro mole, tularemia e sífilis. Em alguns focos brasileiros,a peste bubônica po<strong>de</strong>, inclusive, ser confundida com a Leishmaniose TegumentarAmericana, na sua forma bubônica. A forma septicêmica <strong>de</strong>ve ser diferenciada <strong>de</strong>septicemias bacterianas, das mais diversas naturezas, e <strong>de</strong> doenças infecciosas <strong>de</strong>início agudo e <strong>de</strong> curso rápido e grave. Nas áreas endêmicas <strong>de</strong> tifo exantemático,tifo murino e febre maculosa, po<strong>de</strong> haver dificulda<strong>de</strong> diagnóstica com a septicemiapestosa. A peste pulmonar, pela sua gravida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve ser diferenciada <strong>de</strong> outraspneumonias, broncopneumonias e estados sépticos graves.A suspeita diagnóstica po<strong>de</strong> ser difícil no início <strong>de</strong> uma epi<strong>de</strong>mia, ou quando é ignorada aexistência da doença em uma localida<strong>de</strong>, já que suas primeiras manifestações sãosemelhantes a muitas outras infecções bacterianas. A história epi<strong>de</strong>miológica compatívelfacilita a suspeição do caso.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALÉ realizado mediante o isolamento e a i<strong>de</strong>ntificação da Y. pestis, em amostras <strong>de</strong>aspirado <strong>de</strong> bubão, escarro e sangue. Po<strong>de</strong>-se realizar Imunofluorescência direta etambém sorologia, por meio das técnicas <strong>de</strong> Hemaglutinação/Inibição daHemaglutinação (PHA/PHI), ELISA, Dot-ELISA, e bacteriológic, por meio <strong>de</strong>cultura e hemocultura.UNASA 643


P E S T E2.4. TRATAMENTOO tratamento com antibióticos ou quimioterápicos <strong>de</strong>ve ser instituído precoce eintensivamente, não se <strong>de</strong>vendo, em hipótese alguma, aguardar os resultados <strong>de</strong>exames laboratoriais, <strong>de</strong>vido à gravida<strong>de</strong> e rapi<strong>de</strong>z da instalação do quadro clínico.Amostras para exame <strong>de</strong>vem ser colhidas antes do início do tratamento. O i<strong>de</strong>al éque se institua a terapêutica específica nas primeiras 15 horas após o início dossintomas.• Estreptomicina: é o antibiótico mais eficaz contra a Y. pestis, particularmentena forma pneumônica. Entretanto, atualmente, seu uso está bastante restrito,<strong>de</strong>vido às suas manifestações tóxicas. A dose po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> 30 mg/kg/dia (nãoultrapassando o total <strong>de</strong> 2g/dia), por via intramuscular, durante 10 dias ou até 3dias <strong>de</strong>pois da temperatura ter voltado ao normal.• Cloranfenicol: é a droga <strong>de</strong> eleição para as complicações que envolvem espaçostissulares (peste meníngea), on<strong>de</strong> outros medicamentos penetram com dificulda<strong>de</strong>.A via <strong>de</strong> administração po<strong>de</strong> ser oral ou venosa. A dosagem é <strong>de</strong> 50mg/Kg/dia,dividida em 4 tomadas diárias (6 em 6 horas), durante 10 dias.• Tetraciclinas: este grupo <strong>de</strong> antibiótico é bastante efetivo no tratamento primário<strong>de</strong> pacientes com peste sem complicações. Aplicar uma dose inicial <strong>de</strong>15 mg/kg(não <strong>de</strong>vendo exce<strong>de</strong>r 1g total) e continuar com 25-50 mg/kg/dia (não ultrapassar2g/dia) por 10 dias. As tetraciclinas po<strong>de</strong>m também ser usadas combinadascom outros antibióticos.• Sulfamidas: têm sido usadas extensivamente em prevenção e tratamento dapeste, entretanto alguns estudos têm mostrado serem bem menos efetivas doque os antibióticos anteriormente referidos. A sulfadiazina é usada em doses <strong>de</strong>2-4g, seguida <strong>de</strong> dose <strong>de</strong> 1g <strong>de</strong> 4-6 horas por um período <strong>de</strong> 10 dias. Em crianças,a dose oral é <strong>de</strong> 75mg/kg, seguida <strong>de</strong> 150 mg/kg/dia, dividido em 6 doses. Acombinação das drogas sulfametoxazol+trimetoprima tem sido usada naprevenção e tratamento da peste.Os antibióticos das classes das penicilinas, cefalosporinas e macrolí<strong>de</strong>os não são eficazesno tratamento da peste.• Tratamento da peste em grávidas e crianças: é importante atentar para aescolha do antibiótico durante a gravi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>vido aos efeitos adversos.Experiências têm mostrado que os aminoglicosí<strong>de</strong>os, administrados <strong>de</strong> formacuidadosa, são eficazes e seguros para mãe, feto e crianças. A gentamicina é opreferencial para tratamento da peste em mulheres grávidas.• Tratamento <strong>de</strong> suporte: Deve-se buscar controlar os sintomas à medida queforem aparecendo. Como medidas gerais e <strong>de</strong> tratamento sintomático,recomenda-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio observar o estado da circulação, da pressãoarterial e da função cardíaca. Se necessário, empregar analépticos cardiovascularespara contrabalançar os efeitos da toxina sobre o coração, sedativospara combater a agitação e o <strong>de</strong>lírio, e anti-hemorrágicos para as manifestaçõeshemorrágicas. Fazer reidratação e reposição dos eventuais distúrbios hidroeletrolíticos.Manter cuidados com as mucosas e a mobilização do paciente. O644 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAbubão ten<strong>de</strong> à reabsorção sob a ação dos antibióticos, dispensando qualquertratamento local, <strong>de</strong>vendo-se fazer a drenagem unicamente nos casos <strong>de</strong> bubõessupurados.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA peste continua sendo um risco potencial em diversas partes do mundo, <strong>de</strong>vido àpersistência da infecção em roedores silvestres e ao seu contato com ratoscomensais. Focos naturais <strong>de</strong> peste persistem na África, Ásia, su<strong>de</strong>ste da Europae América do Norte e América do Sul. Na América do Norte, tem sido comprovadaa existência da peste na região oci<strong>de</strong>ntal dos Estados Unidos. Na América do Sul apeste tem sido notificada pelos seguintes países: Brasil, Bolívia, Equador e Peru.No Brasil, existem duas áreas principais <strong>de</strong> focos naturais: Nor<strong>de</strong>ste e Teresópolis,no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro. O foco do Nor<strong>de</strong>ste está localizado na região semiáridado Polígono das Secas, em vários estados do Nor<strong>de</strong>ste (Piauí, Ceará, RioGran<strong>de</strong> do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia) e nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Minas Gerais(Vale do Jequitinhonha), além <strong>de</strong> outra zona pestosa no estado <strong>de</strong> Minas Gerais,fora do Polígono das Secas (Vale do Rio Doce). O foco <strong>de</strong> Teresópolis fica localizadona Serra dos Órgãos, nos limites dos municípios <strong>de</strong> Teresópolis, Sumidouro e NovaFriburgo (Figura 1).IGURA 1 - REGIÕES PESTÍGENAS DO BRASIL, 1983-2000onte: UNASA/MSDe 1983 a 2000, foram notificados 487 casos humanos no país. Estes registrosforam proce<strong>de</strong>ntes dos focos do Ceará, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, Paraíba, Bahia eMinas Gerais (Figura 2). Além do potencial epidêmico, outro aspecto epi<strong>de</strong>miológicoque se <strong>de</strong>staca é o potencial letal da peste. A forma bubônica, quando nãotratada, po<strong>de</strong> chegar a 50% e a pneumônica e septicêmica, próximas a 100% <strong>de</strong>letalida<strong>de</strong>.UNASA 645


P E S T EIGURA 2 - CASOS DE PESTE HUMANA POR UNIDADE EDERADA, BRASIL, 1983-2000350300250200150100500Ceará Rio G<strong>de</strong> do Norte Paraíba Bahia MinCasos 125 1 54 302onte: UNASA/MS4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOS• Impedir a transmissão para humanos, mediante controle dos focos naturais(prevenção primária);• Diagnóstico precoce <strong>de</strong> casos humanos (prevenção secundária) visando diminuira letalida<strong>de</strong> da doença;• Impedir a reintrodução da peste urbana, através <strong>de</strong> portos e aeroportos.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeito• Paciente que apresentar quadro agudo <strong>de</strong> febre em área pertencente a um foconatural <strong>de</strong> peste, que evolua com a<strong>de</strong>nite (“sintomático ganglionar”);• Paciente proveniente <strong>de</strong> área com ocorrências <strong>de</strong> peste pneumônica (<strong>de</strong> 1 a 10dias) que apresente febre e/ou outras manifestações clínicas da doença,especialmente sintomatologia respiratória.Confirmado• Pelo critério clínico laboratorial: todo caso com quadro clínico <strong>de</strong> peste ediagnóstico laboratorial confirmado (positivo classe I).• Pelo critério clínico-epi<strong>de</strong>miológico: todo caso com quadro clínico sugestivo<strong>de</strong> peste e história epi<strong>de</strong>miológica, em área on<strong>de</strong> tenha sido confirmadalaboratorialmente a ocorrência <strong>de</strong> peste humana ou animal (positivo classe II).646 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICADescartado• Caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo.• Caso suspeito com história epi<strong>de</strong>miológica não compatível.• Caso com história epi<strong>de</strong>miológica, porém sem nenhuma confirmação anterior<strong>de</strong> caso confirmado laboratorialmente.4.3. NOTIICAÇÃOA peste é uma doença <strong>de</strong> notificação compulsória, sujeita ao Regulamento SanitárioInternacional. Todos os casos suspeitos <strong>de</strong>vem ser imediatamente notificados portelefone, fax ou e-mail às autorida<strong>de</strong>s sanitárias superiores. As notificações <strong>de</strong> formarápida visam à prevenção <strong>de</strong> novos casos e até mesmo <strong>de</strong> um surto.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS• Assistência médica ao paciente: tratar precoce e a<strong>de</strong>quadamente o paciente.• Qualida<strong>de</strong> da assistência: verificar se os casos estão sendo atendidos <strong>de</strong>acordo com as orientações do item 2.4.• Proteção individual: manter em isolamento restrito os casos <strong>de</strong> pestepneumônica, com precauções contra disseminação aérea, até que se tenhacompletado 48 horas <strong>de</strong> esquema <strong>de</strong> tratamento com antibiótico apropriado.• Confirmação diagnóstica: coletar material para diagnóstico laboratorial, <strong>de</strong>acordo com as orientações do Anexo 1.• Proteção da população: proteção <strong>de</strong> contatos: logo que se tenha conhecimentoda suspeita <strong>de</strong> caso(s) <strong>de</strong> peste, é indicada a quimioprofilaxia para contatos <strong>de</strong>pacientes com peste pneumônica e para indivíduos suspeitos <strong>de</strong> terem tido contatocom pulgas infectadas.Ações <strong>de</strong> esclarecimento à população sobre o ciclo <strong>de</strong> transmissão da doença,gravida<strong>de</strong> e situação <strong>de</strong> risco, utilizando-se <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa,assim como visitas domiciliares e palestras, <strong>de</strong>vem ser intensificadas.• Investigação: todos os casos <strong>de</strong> peste <strong>de</strong>vem ser cuidadosamente investigados,não só para o correto diagnóstico dos pacientes, como também para orientar asmedidas <strong>de</strong> controle a serem adotadas. O instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados, aFicha <strong>de</strong> Investigação Epi<strong>de</strong>miológica (disponível no SINAN), contém oselementos essenciais a serem coletados em uma investigação <strong>de</strong> rotina. Énecessário preencher criteriosamente todos os campos <strong>de</strong>ssa ficha, mesmoquando a informação for negativa. Outros itens e observações po<strong>de</strong>m ser incluídos,conforme as necessida<strong>de</strong>s e peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada situação.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos dos itens da Ficha<strong>de</strong> Investigação Epi<strong>de</strong>miológica do SINAN, relativos aos dados gerais, notificaçãoindividual e dados <strong>de</strong> residência.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos• Para confirmar a suspeita diagnóstica: anotar na Ficha <strong>de</strong> Investigaçãodados sobre critério <strong>de</strong> confirmação, classificação da forma clínica e gravida<strong>de</strong>.UNASA 647


P E S T EROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA PESTEOcorrência <strong>de</strong> casosuspeito <strong>de</strong> PesteAtendimento clínico1 a instância dainvestigaçãoAvaliação criteriosa da história clínica edo exame físicoInterrogatório meticuloso sobre dados <strong>de</strong>caráter epi<strong>de</strong>miológico2 a instância dainvestigaçãoDe acordo com dados clínicoepi<strong>de</strong>miológicos,confirmar ou <strong>de</strong>scartara suspeita do(s) casos(s)Mantida a suspeita diagnóstica, coletarmaterial para testes laboratoriais <strong>de</strong>acordo com procedimentos do Anexo 1Realizar investigação epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong>campoBusca ativa <strong>de</strong>outros casossuspeitosBusca ativa <strong>de</strong>indícios <strong>de</strong> pesteentre roedoresColeta <strong>de</strong> espécimespara testes laboratoriais,tanto dos casos humanoscomo dos animaissuspeitos3 a instância dainvestigaçãoTestagem laboratorial das amostrascoletadas, visando a i<strong>de</strong>ntificação dapresença da Y. pestisBacteriológicoSorológico4 a instância dainvestigaçãoDe posse <strong>de</strong> todos os dados, fazer uma reavaliaçãodo(s) caso(s), classificando em conformida<strong>de</strong> com oresultado da investigaçãoDa mesma forma que os eventos envolvendo pessoas, as <strong>de</strong>núncias sobre epizootias <strong>de</strong>roedores <strong>de</strong>vem ser objeto <strong>de</strong> investigação, visando esclarecer sua etiologia e <strong>de</strong>terminarseu potencial <strong>de</strong> acometimento humano.648 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> transmissão: verificar se o local <strong>de</strong> residênciacorrespon<strong>de</strong> a uma área <strong>de</strong> provável transmissão da doença (focos naturais dadoença). A i<strong>de</strong>ntificação da área, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u a transmissão, é <strong>de</strong> sumaimportância para a condução das medidas <strong>de</strong> controle.• Para <strong>de</strong>terminação da extensão da área <strong>de</strong> transmissãoð Busca ativa <strong>de</strong> caso humano: após a i<strong>de</strong>ntificação do possível local <strong>de</strong>transmissão, iniciar imediatamente busca ativa <strong>de</strong> outros casos humanos nalocalida<strong>de</strong>.ð Captura, i<strong>de</strong>ntificação e exames <strong>de</strong> reservatórios e vetores: a morte<strong>de</strong> roedores na área é sugestiva da circulação da Y. pestis, daí a importância<strong>de</strong> capturar roedores para i<strong>de</strong>ntificação. Proce<strong>de</strong>r também a captura, i<strong>de</strong>ntificaçãoe exame das pulgas existentes no local para pesquisa da Y. pestis.Esse trabalho <strong>de</strong>ve ser executado por equipes experientes, com observânciados cuidados <strong>de</strong> biossegurança.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: logo após a suspeita clínica <strong>de</strong>peste, coletar material para exame, antes <strong>de</strong> iniciar o tratamento (conforme Anexo 1).Dada a gravida<strong>de</strong> e rapi<strong>de</strong>z da instalação do quadro clínico da doença, não se <strong>de</strong>ve em hipótesealguma aguardar os resultados <strong>de</strong> exames laboratoriais para instituir o tratamento.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: o profissional <strong>de</strong>ve interpretar, passo a passo, os dadoscoletados, englobando o surgimento <strong>de</strong> casos humanos <strong>de</strong> peste (confirmados esuspeitos); comprovação <strong>de</strong> peste animal em roedores, pulgas, carnívoros ou outrosmamíferos; <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> roedores mortos na localida<strong>de</strong> cuja causa seja atribuívelà peste, para orientar e <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar as medidas <strong>de</strong> controle.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> caso: analisar os dados da Ficha Epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> cadacaso visando <strong>de</strong>finir qual o critério utilizado para o diagnóstico, consi<strong>de</strong>rando asseguintes alternativas:• Confirmado por critério clínico laboratorial: caso objeto <strong>de</strong> investigação,confirmado por um ou mais testes <strong>de</strong> laboratório (Classe I)• Confirmado por critério clínico epi<strong>de</strong>miológico: caso não confirmado porteste laboratorial, porém que se enquadra em critérios clínicos e epi<strong>de</strong>miológicosbem estabelecidos, os quais caracterizam, com boa margem <strong>de</strong> segurança, anosologia pestosa (Classe II). Situações abrangidas:ð Caso humano com quadro clínico compatível com nosologia pestosa,claramente associado com peste comprovada em roedores, ou pulgas, oucarnívoros;ð Caso com quadro clínico sugestivo, bastante compatível com peste, <strong>de</strong>ocorrência em região pestígena reconhecida como tal e associado a indícios<strong>de</strong> peste animal.ð Caso com quadro clínico não característico, porém ainda assim consi<strong>de</strong>radocompatível com peste, ocorrido em região pestígena conhecida, e aliado aindícios seguros <strong>de</strong> peste animal.UNASA 649


P E S T E• Óbito: caso investigado, com evolução para óbito.• Caso <strong>de</strong>scartadoð Caso investigado, cujo resultado dos testes laboratoriais foram negativos,com isolamento <strong>de</strong> outro agente patogênico;ð Caso não submetido a testes laboratoriais, com quadro clínico-epi<strong>de</strong>miológicoconsi<strong>de</strong>rado suficiente para excluir com segurança a hipótese <strong>de</strong> peste.4.5.6. Relatório final: os dados da investigação <strong>de</strong>verão ser sumarizados em umrelatório com as principais conclusões, das quais <strong>de</strong>stacam-se:• Área <strong>de</strong> transmissão do caso(s). Distribuição dos casos segundo espaço, pessoae tempo.• Situação atual do foco e medidas <strong>de</strong> controle adotadas para impedir a transmissãopara humanos.• Situação <strong>de</strong> risco para ocorrência <strong>de</strong> novos casos ou surtos.• Critérios <strong>de</strong> confirmação e <strong>de</strong>scarte dos casos.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. IMUNIZAÇÃOA vacina disponível é muito pouco utilizada, pois é <strong>de</strong> baixa tolerabilida<strong>de</strong> e aproteção conferida é <strong>de</strong> curta duração (alguns meses), após a administração <strong>de</strong>duas ou três doses e mais uma <strong>de</strong> reforço.5.2. CONTROLE VETORIALO ambiente on<strong>de</strong> vivem os contatos <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>sinfestado (<strong>de</strong>spulizado) <strong>de</strong> pulgas,através do uso <strong>de</strong> inseticidas. Caso se suspeite que outras habitações possam estarcom pulgas contaminadas, <strong>de</strong>ve-se esten<strong>de</strong>r essa medida. Se houver indicação <strong>de</strong><strong>de</strong>sratização ou anti-ratização, a eliminação das pulgas <strong>de</strong>ve antece<strong>de</strong>r a eliminaçãodos roedores.Vários tipos <strong>de</strong> inseticidas po<strong>de</strong>m ser empregados com sucesso para o controle daspulgas, <strong>de</strong>stacando-se o grupo dos carbamatos e piretrói<strong>de</strong>s.5.3. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA prática educativa nas ações <strong>de</strong> controle é tão mais efetiva quanto mais se contarcom a compreensão e participação ativa da comunida<strong>de</strong>. Orientações <strong>de</strong>vem serdadas, quanto a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se evitar que roedores disponham <strong>de</strong> abrigo e alimentopróximo às habitações humanas, formas <strong>de</strong> eliminá-los quando presentes nestesambientes, prece<strong>de</strong>ndo com o cuidado <strong>de</strong> eliminação das pulgas, caso contrário aspulgas, sem seu alimento habitual, têm como alternativa invadir o ambiente doméstico.Evitar que os roedores entrem em contato com grãos armazenados pelo homem,mesmo em anexos fora do domicílio. Evitar contato com roedores silvestres emáreas <strong>de</strong> foco pestoso.650 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA5.4. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO• Monitoramento da ativida<strong>de</strong> pestosa em roedores e pulgas.• Busca <strong>de</strong> outras situações que indiquem aumento do risco <strong>de</strong> contágio (índices<strong>de</strong> roedores e pulgas acima do usual, infestação murina domiciliar).• I<strong>de</strong>ntificação precoce <strong>de</strong> casos, para pronta intervenção da <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica.• <strong>Vigilância</strong> nas áreas Portuárias e Aeroportuárias (incluindo naves e aeronaves):estado <strong>de</strong> alerta para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> importação da peste.ð <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica: <strong>de</strong> acordo com o período <strong>de</strong> incubação dapeste, preconiza-se que todo indivíduo que tenha tido contato com paciente<strong>de</strong> peste pneumônica <strong>de</strong>va ficar sob vigilância durante sete dias, visandodiagnóstico precoce e adoção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> prevenção. Os contatos <strong>de</strong>vemser informados a respeito dos sinais, sintomas e gravida<strong>de</strong> da doençapara buscar assistência médica imediata, caso haja alteração no seu estado<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, informando ao médico o fato <strong>de</strong> ter tido contato com paciente <strong>de</strong>peste.5.5. PROTEÇÃO DE CONTATOS• Quimioprofilaxia: a quimioprofilaxia é indicada para contatos <strong>de</strong> pacientescom peste pneumônica e para indivíduos suspeitos <strong>de</strong> terem tido contato compulgas infectadas nos focos da doença.ð Drogas indicadas- Sulfadiazina: 2 a 3 gramas por dia (divididas em 4 ou 6 tomadas, durante6 dias).- Sulfametoxazol + Trimetoprima: 400mg e 80mg, respectivamente,<strong>de</strong> 12 em 12 horas, durante 6 dias.- Tetraciclina: 1 grama ao dia, durante 6 dias.É importante lembrar que crianças menores <strong>de</strong> sete anos não po<strong>de</strong>m fazer uso <strong>de</strong>tetraciclinas.UNASA 651


P E S T EANEXO 1 - NORMAS PARA PROCEDIMENTOS LABORATORIAISO diagnóstico específico da peste é <strong>de</strong> extrema importância para a vigilânciaepi<strong>de</strong>miológica. O diagnóstico laboratorial compreen<strong>de</strong> o isolamento e i<strong>de</strong>ntificaçãoda Y. pestis, bem como a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos, em material coletado. Portanto,po<strong>de</strong> ser realizado por técnicas bacteriológicas e sorológicas. No quadro abaixo,consta o tipo <strong>de</strong> material que <strong>de</strong>ve ser coletado, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da forma clínica dadoença.COLETA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAL PARA DIAGNÓSTICO ESPECÍICO DE PESTEORMA DADOENÇATIPO DEMATERIALACONDICONAMENTO DASAMOSTRAS PARA TRANSPORTE EDIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICOANÁLISES BACTERIOLÓGICASBubônicaAspirado <strong>de</strong>bubãoCary-BlairExame <strong>de</strong> esfregaço corado (Azul <strong>de</strong> metileno ouGram).Semeio em 2 placas <strong>de</strong> gelose (Blood agar base) colocaro fago antipestoso em 1 placa.PneumônicaEsputoCary-BlairExame <strong>de</strong> esfregaço corado (Azul <strong>de</strong> metileno ouGram).Semeio em 2 placas <strong>de</strong> gelose (Blood agar base) colocaro fago antipestoso em 1 placa.SepticêmicaHemocultura2ml <strong>de</strong> sangue em 20ml <strong>de</strong>caldo (BHI)Subcultivo em gelose e teste <strong>de</strong> bacteriófago.Enquanto perdurar a ausência <strong>de</strong> crescimento, repetiros subcultivos a cada 48 horas, até 8 dias.Digitotomia(falange)In natura (em frasco estanque)Aspirar a medula óssea, fazer esfregaços e semeio em2 placas <strong>de</strong> gelose (1 com fago).ÓbitoMorte recente:* SangueCary-BlairExame <strong>de</strong> esfregaço corado (Azul <strong>de</strong> metileno ouGram); semeio em 2 placas <strong>de</strong> gelose (1 com o fago).* Aspirado <strong>de</strong>bubãoCary-BlairExame <strong>de</strong> esfregaço corado (Azul <strong>de</strong> metileno ouGram): semeio em 2 placas <strong>de</strong> gelose (1 com o fago).O teste sorológico é amplamente usado. No diagnóstico <strong>de</strong> casos humanos, são testadasduas amostras: uma na fase aguda da doença (até cinco dias a partir do início dos sintomas)e outra na fase <strong>de</strong> convalescença (15 ou mais dias). A positivida<strong>de</strong> para o teste <strong>de</strong>hemaglutinação passiva (PHA) é consi<strong>de</strong>rada a partir da diluição 1:16. As amostras <strong>de</strong>soro <strong>de</strong>vem ser acondicionadas em tubos <strong>de</strong> poliestireno <strong>de</strong> tampa rosqueada ou tubos <strong>de</strong>vidro com rolha <strong>de</strong> cortiça ou borracha.652 UNASA


POLIOMIELITECID 10: A80


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAPOLIOMIELITE1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOA poliomielite ou “paralisia infantil” é uma doença infecto-contagiosa, viral aguda,caracterizada por um quadro <strong>de</strong> paralisia flácida, <strong>de</strong> início súbito. O déficit motorinstala-se subitamente e a evolução <strong>de</strong>sta manifestação, freqüentemente, nãoultrapassa três dias. Acomete em geral os membros inferiores, <strong>de</strong> forma assimétrica,tendo como principais características: flaci<strong>de</strong>z muscular, com sensibilida<strong>de</strong>conservada e arreflexia no segmento atingido. A doença foi <strong>de</strong> alta incidência nopaís, em anos anteriores, <strong>de</strong>ixando centenas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientes físicos por ano. Hoje,encontra-se ERRADICADA no Brasil, em virtu<strong>de</strong> das ações <strong>de</strong> imunização evigilância epi<strong>de</strong>miológica, <strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980 até 1994, quando o país recebeuo “Certificado <strong>de</strong> Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagemnas Américas”.A partir <strong>de</strong> então, o país assumiu o compromisso <strong>de</strong> manter altas coberturas vacinais,<strong>de</strong> forma homogênea, e uma vigilância epi<strong>de</strong>miológica ativa, capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificarimediatamente a reintrodução do poliovírus, e adotar medidas <strong>de</strong> controle capazes<strong>de</strong> impedir a sua disseminação.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOOs poliovírus pertencem ao gênero Enterovírus, da família Picornaviridae, eapresentam três sorotipos: I, II e III.1.3. RESERVATÓRIOO homem.1.4. MODO DE TRANSMISSÃOA transmissão ocorre principalmente por contato direto pessoa a pessoa, fazendosea transmissão pelas vias fecal-oral ou oral-oral, esta última através <strong>de</strong> gotículas<strong>de</strong> muco da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar). As más condições habitacionais,a higiene pessoal precária, e o elevado número <strong>de</strong> crianças, numa mesma habitação,constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃOO período <strong>de</strong> incubação é geralmente <strong>de</strong> 7 a 12 dias, po<strong>de</strong>ndo variar <strong>de</strong> 2 a 30 dias.UNASA 655


P OLIOMIELITE1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEO período <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> iniciar-se antes do surgimento das manifestaçõesclínicas. Em indivíduos suscetíveis, a eliminação do vírus se faz pela orofaringe, porum período <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> uma semana, e pelas fezes, por cerca <strong>de</strong> seis semanas,enquanto que, nos indivíduos reinfectados, a eliminação do vírus se faz por períodosmais reduzidos.1.7. PERÍODO DE SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADETodas as pessoas não imunizadas são suscetíveis <strong>de</strong> contrair a doença. A infecçãonatural, ou a vacinação, conferem imunida<strong>de</strong> duradoura ao tipo específico <strong>de</strong> poliovírusresponsável pelo estímulo. Embora não <strong>de</strong>senvolvendo a doença, as pessoas imunespo<strong>de</strong>m reinfectar-se, e eliminar o poliovírus, ainda que em menor quantida<strong>de</strong> e porum período menor <strong>de</strong> tempo.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASAs manifestações clínicas, <strong>de</strong>vidas à infecção pelo poliovírus, são muito variáveis,indo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> infecções inaparentes (90 a 95%) até quadros <strong>de</strong> paralisia severa (1 a1,6%), levando à morte. Apenas as formas paralíticas possuem características típicas,que permitem sugerir o diagnóstico <strong>de</strong> poliomielite, quais sejam:• instalação súbita da <strong>de</strong>ficiência motora, acompanhada <strong>de</strong> febre;• assimetria, acometendo sobretudo a musculatura dos membros, com maisfreqüência os inferiores;• flaci<strong>de</strong>z muscular, com diminuição ou abolição <strong>de</strong> reflexos profundos na áreaparalisada;• sensibilida<strong>de</strong> conservada; e• persistência <strong>de</strong> alguma paralisia residual (seqüela), após 60 dias do início dadoença.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALO diagnóstico diferencial da poliomielite <strong>de</strong>ve ser feito com polineurite pós-infecciosae outras infecções que causam paralisia. As mais freqüentes são: Síndrome <strong>de</strong> Guillain-Barré (SGB), mielite transversa, meningite viral, meningoencefalite e outrasenteroviroses (ECHO tipo 71 e coxsackie, especialmente do grupo A tipo 7 ).Os laboratórios <strong>de</strong> referência (Instituto Evandro Chagas/PA, Laboratório Central<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública/PE e Fundação Oswaldo Cruz/RJ) realizam exames <strong>de</strong> fezes <strong>de</strong>todos os casos <strong>de</strong> PFA, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> caracterizar o poliovírus e outrosenterovírus, contribuindo para o diagnóstico.656 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAELEMENTOS PARA O DIAGNÓSTICO DIERENCIAL ENTRE POLIOMIELITE, SÍNDROME DEGUILLAIN-BARRÉ E MIELITE TRANSVERSAESPECIICAÇÃOPOLIOMIELITESÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉMIELITE TRANSVERSAInstalação da Paralisia24 a 28 horas Des<strong>de</strong> horas até 10 dias Des<strong>de</strong> horas até quatro diasFebre ao inícioAlta. Sempre presente noinício da paralisia, <strong>de</strong>sapareceno dia seguinteNão é freqüenteRaramente presenteParalisiaAguda, assimétrica,principalmente proximalGeralmente aguda.Simétrica e distalAguda, simétrica emmembros inferioresReflexososteotendinososprofundosDiminuídos ouausentesGlobalmente ausentesAusentes em membrosinferioresSinal <strong>de</strong> Babinsky Ausente Ausente PresenteSensibilida<strong>de</strong> Grave mialgia Parestesia, Hipoestesia Anestesia <strong>de</strong> MMII comnível sensitivoSinais <strong>de</strong> irritaçãomeníngeaGeralmente presentes Geralmente ausentes AusentesComprometimento <strong>de</strong>nervos cranianosSomente nas formasbulbaresPo<strong>de</strong> estar presente,superiores e inferiores:Síndrome <strong>de</strong> Miller-FisherAusenteInsuficiênciarespiratóriaSomente nas formasbulbaresEm casos graves,exarcebada porpneumonia bacterianaEm geral torácica, comnível sensorialLíquidocefalorraquidianoInflamatórioDissociação proteinocitológicaCélulas normais ou elevadas;aumento mo<strong>de</strong>rado ouacentuado <strong>de</strong> proteínasDisfunção vesical Ausente Às vezes transitória PresenteVelocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conduçãonervosaNormal ou po<strong>de</strong>-se<strong>de</strong>tectar apenas reduçãona amplitu<strong>de</strong> do potencialda unida<strong>de</strong> motoraRedução da velocida<strong>de</strong><strong>de</strong> condução motora esensitivaDentro dos limitesda normalida<strong>de</strong>Eletromiografia(EMG)Presença ou não <strong>de</strong>fibrilações.Potencial da unida<strong>de</strong> motoracom longa duração e aumentoda amplitu<strong>de</strong>Presença ou não <strong>de</strong> fibrilações epontas positivas. Potencial daunida<strong>de</strong> motora po<strong>de</strong> ser normalou neurogênicoDentro dos limites danormalida<strong>de</strong>2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL2.3.1. Exames específicos• Isolamento do vírus: é feito a partir <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> fezes do caso ou <strong>de</strong> seuscontatos. A coleta <strong>de</strong> amostras fecais, com isolamento <strong>de</strong> vírus selvagem, permitea confirmação diagnóstica. O método <strong>de</strong> hibridização molecular (DOT BLOT),que utiliza sondas sintéticas <strong>de</strong> DNA, permite reconhecer todos os enterovírushumanos ou apenas seqüências tipo específicas dos poliovírus, sejam <strong>de</strong> origemvacinal ou selvagem. Em 1991, foi introduzido, no Brasil, o método <strong>de</strong> “PolymeraseChain Reaction (PCR)”, que permite a amplificação da seqüência alvo doUNASA 657


P OLIOMIELITEgenoma viral, em pelo menos cem mil vezes, em poucas horas, aumentando,consi<strong>de</strong>ravelmente, a sensibilida<strong>de</strong> do diagnóstico viral. Os poliovírus, selvageme vacinal, também po<strong>de</strong>m ser isolados, a partir <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> água <strong>de</strong> esgoto,e as mesmas técnicas, <strong>de</strong>scritas acima, po<strong>de</strong>m ser utilizadas para a i<strong>de</strong>ntificaçãodo enterovírus <strong>de</strong>tectado.• Sorologia: no Brasil, a sorologia <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser utilizada, como apoio para odiagnóstico <strong>de</strong> poliomielite, a partir <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1990. Essa <strong>de</strong>cisão foi tomada,<strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vacina oral contra a poliomielite (VOP)administrada no país, que levou a maioria da população a apresentar altos títulos<strong>de</strong> anticorpos, para os três tipos <strong>de</strong> poliovírus, mesmo na fase aguda da doença,dificultando a interpretação dos resultados.2.3.2 Exames inespecíficos• Líquor: o exame <strong>de</strong> Líquor permite o diagnóstico diferencial com a Síndrome<strong>de</strong> Guillain-Barré, e com as meningites que evoluem com <strong>de</strong>ficiência motora.Na poliomielite, observa-se um discreto aumento do número <strong>de</strong> células, po<strong>de</strong>ndohaver um discreto aumento <strong>de</strong> proteínas. Na Síndrome <strong>de</strong> Guillain-Barré,observa-se uma dissociação proteíno-citológica (aumento acentuado <strong>de</strong> proteínassem elevação da celularida<strong>de</strong>), e nas meningites, um aumento do número <strong>de</strong>células, com alterações bioquímicas.• Eletromiografia: os achados e o padrão eletromiográfico da poliomielite sãocomuns a um grupo <strong>de</strong> doenças, que afetam o neurônio motor inferior. Noentanto, este exame po<strong>de</strong> contribuir para <strong>de</strong>scartar a hipótese diagnóstica <strong>de</strong>poliomielite.• Anatomopatologia: o exame anátomo patológico do sistema nervoso nãopermite o diagnóstico <strong>de</strong> certeza, pois não há alterações patognomônicas.Entretanto, dada à predileção do parasitismo do poliovírus, pelas células motorasdo corno anterior da medula, e <strong>de</strong> alguns núcleos motores dos nervos cranianos,as alterações histopatológicas po<strong>de</strong>m ser extremamente sugestivas, e permitemfechar o diagnóstico diante <strong>de</strong> um quadro clínico suspeito. As alteraçõesconsistem em ativida<strong>de</strong> inflamatória, peri-vasculite linfocitária, nódulos ouativida<strong>de</strong> microglial difusa, e figuras <strong>de</strong> neuronofagia (neurônios sendo fagocitadospor células da microglia). É preciso lembrar que estas alterações são comuns aquaisquer encefalomielites virais, mas, como citado anteriormente, no caso dapoliomielite, predominam nitidamente no corno anterior da medula e no troncocerebral.2.3.3. Coleta, conservação e transporte <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> fezes• Coleta <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> fezes dos casosDeve ser coletada uma amostra <strong>de</strong> fezes, até quatorze dias após o início da <strong>de</strong>ficiênciamotora.A amostra <strong>de</strong> fezes constitui o material mais a<strong>de</strong>quado para o isolamento do poliovírus.Embora os pacientes com poliomielite eliminem poliovírus durante semanas, osmelhores resultados <strong>de</strong> isolamento são alcançados com amostras fecais coletadasna fase aguda da doença.658 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAð Todo caso conhecido tardiamente <strong>de</strong>verá ter uma amostra <strong>de</strong> fezes, coletadaaté 60 dias após o início da <strong>de</strong>ficiência motora.ð O “swab” retal somente é recomendado, naqueles casos <strong>de</strong> paralisia flácidaaguda (PFA), que foram a óbito antes da coleta a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> fezes. Emcrianças que apresentam obstipação intestinal, dificultando a coleta <strong>de</strong>amostras <strong>de</strong> fezes, po<strong>de</strong>-se utilizar supositório <strong>de</strong> glicerina.• Coleta <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> fezes <strong>de</strong> contatos: não é mais necessário coletaramostra <strong>de</strong> fezes <strong>de</strong> contatos em todos os casos <strong>de</strong> PFA, <strong>de</strong>vendo as mesmassomente serem coletadas nas seguintes situações:ð contato <strong>de</strong> casos, com forte suspeita diagnóstica <strong>de</strong> poliomielite, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> ter havido coleta <strong>de</strong> fezes, ou do tempo transcorrido entre o início da<strong>de</strong>ficiência motora e o conhecimento do caso; eð contato <strong>de</strong> casos, cuja clínica não é compatível com poliomielite, porém hásuspeitas <strong>de</strong> reintrodução da circulação do poliovírus selvagem.Observar que os contatos não são necessariamente intradomiciliares, embora, quandopresentes, <strong>de</strong>vam ser priorizados para coleta <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> fezes, e que os mesmosnão <strong>de</strong>vem ter recebido vacina contra poliomielite (VOP), nos últimos 30 dias.• Conservação e transporte <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> fezesð Colocar cada amostra em um recipiente limpo e seco (<strong>de</strong> preferência noscoletores distribuídos para esse fim), e vedar bem. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fezesrecomendada <strong>de</strong>ve eqüivaler ao tamanho <strong>de</strong> dois <strong>de</strong>dos polegares <strong>de</strong> adulto.ð Os recipientes, contendo amostras fecais, <strong>de</strong>vem ser conservados em“freezer” a -20°C, até o momento do envio. Na impossibilida<strong>de</strong> da utilização<strong>de</strong> “freezer”, colocar em gela<strong>de</strong>ira comum (4 a 8°C), por até no máximo 3dias, não <strong>de</strong>vendo jamais ser colocada em congelador comum.ð O transporte <strong>de</strong>ve ser feito em caixa térmica com gelo. Os recipientes dasamostras <strong>de</strong>vem estar acondicionados em saco plástico bem vedado, paraque, em caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scongelamento, não haja risco <strong>de</strong> molhar o material.ð A caixa térmica <strong>de</strong>ve conter uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gelo capaz <strong>de</strong> resistir aotempo que vai <strong>de</strong>morar para chegar ao laboratório, e <strong>de</strong>ve ser fechada porfora, com fita a<strong>de</strong>siva.ð Deve ser enviado ao laboratório, acompanhando as amostras <strong>de</strong> fezes, o“Formulário para envio <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> fezes ao laboratório”, <strong>de</strong>vidamentepreenchido.• Coleta, conservação e transporte <strong>de</strong> material <strong>de</strong> autópsia: além dapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolamento do poliovírus em material <strong>de</strong> autópsia, po<strong>de</strong>m seri<strong>de</strong>ntificadas alterações sugestivas <strong>de</strong> poliomielite, através do exameanatomopatológico.ð Coleta: <strong>de</strong>vem ser coletadas, para exame, amostras <strong>de</strong>:- Cérebro (bulbo, ponte, mesencéfalo e área motora do giro pré-central);- Medula espinhal (corno anterior das regiões cervical, torácica e lombar); e- Intestino (Placas <strong>de</strong> Peyer).UNASA 659


P OLIOMIELITEð Conservação: as amostras coletadas <strong>de</strong>vem ser fracionadas, e colocadasem frascos individuais, i<strong>de</strong>ntificadas com o nome do caso, tipo <strong>de</strong> material edata <strong>de</strong> coleta, sendo conservadas <strong>de</strong> acordo com os exames a seremrealizados.- Para isolamento <strong>de</strong> poliovírus: colocar em frasco contendo solução salinatamponada: fragmentos <strong>de</strong> cérebro, medula e intestino (placas <strong>de</strong> Peyer).Conservar <strong>de</strong> forma idêntica à utilizada para o material fecal.- Para exame anatomopatológico: o i<strong>de</strong>al, para exame anatomopatológico,é que se envie o encéfalo e medula já fixados, por pelo menos 2 semanasem formol a 10%. Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enviar todo o material,fragmentos representativos <strong>de</strong> córtex cerebral, gânglios <strong>de</strong> base, tálamo,cerebelo, tronco cerebral e sobretudo medula espinhal, po<strong>de</strong>m serenviados, seja no formol, seja já incluídos em blocos <strong>de</strong> parafina parapreparação histológica. Em última análise, lâminas em branco, ou jácoradas pelo método HE (hematoxilina-eosina), po<strong>de</strong>m ser enviadas.ð Transporte: o material para isolamento <strong>de</strong> poliovírus <strong>de</strong>ve ser acondicionadoem caixa térmica, contendo gelo em quantida<strong>de</strong> suficiente para garantir suaa<strong>de</strong>quada conservação, até a chegada ao laboratório.2.4. TRATAMENTONão há tratamento específico. Todos os casos <strong>de</strong>vem ser hospitalizados, fazendotratamento <strong>de</strong> suporte.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA poliomielite foi uma doença <strong>de</strong> alta incidência no país, sendo responsável porcentenas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientes físicos a cada ano, em virtu<strong>de</strong> das seqüelas. Atualmente,encontra-se erradicada, após implantação das ações <strong>de</strong> imunização e vigilânciaepi<strong>de</strong>miológica, <strong>de</strong>senvolvidas a partir <strong>de</strong> 1980. Após o recebimento do “Certificado<strong>de</strong> Erradicação”, em 12 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1994, o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para o setor saú<strong>de</strong>brasileiro é o <strong>de</strong> manter uma vigilância epi<strong>de</strong>miológica ativa, e uma cobertura vacinalcapaz <strong>de</strong> impedir a reintrodução da circulação do poliovírus selvagem no territórionacional. Esta tarefa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os profissionais que trabalham na re<strong>de</strong> <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> do SUS. Para atingir este objetivo, a vacina oral contra a poliomielite (VOP)é o principal recurso disponível. Esta começou a ser utilizada no controle da doença,no país, em 1971, com os projetos experimentais realizados em Santo André/SP ePetrópolis/RJ. Na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> setenta, foi introduzida comoativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotina na re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Em 1980, iniciaram-se as Campanhas Nacionais <strong>de</strong> Vacinação. Nos primeiros cincoanos, as campanhas atingiram coberturas quase sempre superiores aos 90%; aimplantação <strong>de</strong>ssa ação mudou consi<strong>de</strong>ravelmente o panorama, com o número <strong>de</strong>casos <strong>de</strong> poliomielite caindo acentuadamente.Entre 1984 e 1987, verificou-se redução das coberturas vacinais das campanhas,diminuição esta que ocorreu <strong>de</strong> forma heterogênea, sendo maior na Região Nor<strong>de</strong>ste.Além disso, a formulação da vacina em uso apresentava problemas, quanto àimunogenicida<strong>de</strong> relacionada ao poliovírus tipo 3. A diminuição das coberturas660 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAvacinais, associada à falha na imunogenicida<strong>de</strong>, refletiram-se na ocorrência <strong>de</strong>epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> poliomielite naquela região.A partir <strong>de</strong> 1988, os patamares <strong>de</strong> cobertura vacinal atingiram níveis superiores a90% nas campanhas, sendo este, aliado à mudança na composição da vacina, umfator <strong>de</strong>cisivo para a erradicação da poliomielite no país, e sua manutenção.NÚMERO DE CASOS NOTIICADOS DE PARALISIA LÁCIDA AGUDA E CONIRMADOS DEPOLIOMIELITE. BRASIL, 1979 A 20013.5003.0002.500N o <strong>de</strong> casos2.0001.5001.000500079 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98PFA 3.205 1.985 362 257 233 257 600 1.029 724 896 916 535 588 552 517 554 419 453 432 369Poliomielite 2.569 1.290 122 69 45 142 329 612 196 106 35 0 0 0 0 0 0 0 0 0onte: COVEH/CGVEP/CENEPI/UNASA/MS4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOSManter erradicada a poliomielite no Brasil.A doença é <strong>de</strong> notificação e investigação obrigatórias. Para a vigilância da poliomieliteser mais sensível, é imprescindível o acompanhamento sistemático da ocorrênciadas Paralisias Flácidas Agudas, em menores <strong>de</strong> 15 anos. Este acompanhamento érealizado, seguindo critérios pré-estabelecidos internacionalmente, permitindo a<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> casos em tempo hábil.• I<strong>de</strong>ntificar, notificar e investigar imediatamente todo caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência motoraflácida, <strong>de</strong> início súbito, em menores <strong>de</strong> 15 anos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da hipótesediagnóstica, e em pessoas <strong>de</strong> qualquer ida<strong>de</strong> que apresentem hipótese diagnóstica<strong>de</strong> poliomielite.• Analisar e <strong>de</strong>tectar oportunamente surtos, para que se possa ter medidas <strong>de</strong>controle eficazes.• Acompanhar e avaliar as tendências das paralisias flácidas agudas.• I<strong>de</strong>ntificar e investigar todo caso <strong>de</strong> evento adverso da vacina oral contrapoliomielite.• Estimular pesquisas acerca <strong>de</strong> casos associados à vacina, e ao comportamento<strong>de</strong> outras síndromes paralíticas.UNASA 661


P OLIOMIELITE• Critérios para inclusão <strong>de</strong> um caso no Sistema <strong>de</strong> <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológicadas Paralisias Flácidas Agudas - PFA:ð Deve ser investigado todo caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência motora flácida, <strong>de</strong> início súbito,em pessoas menores <strong>de</strong> 15 anos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da hipótese diagnóstica <strong>de</strong>poliomielite;ð Em pessoas <strong>de</strong> qualquer ida<strong>de</strong>, que apresentam hipótese diagnóstica <strong>de</strong>poliomielite.Nota: os casos <strong>de</strong> paralisia ocular pura e paralisia facial periférica não <strong>de</strong>vem serinvestigados.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoCaso <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência motora flácida aguda, em menores <strong>de</strong> 15 anos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dahipótese diagnóstica ou <strong>de</strong> qualquer ida<strong>de</strong>, que apresente a hipótese diagnóstica <strong>de</strong>poliomielite.ConfirmadoCaso <strong>de</strong> paralisia flácida aguda, em que houve isolamento <strong>de</strong> poliovírus selvagemna(s) amostra(s) <strong>de</strong> fezes do caso, ou <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus comunicantes, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> haver ou não seqüela, após 60 dias do início da <strong>de</strong>ficiência motora.Poliomielite compatívelCasos <strong>de</strong> PFA que não tiveram coleta a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> amostra <strong>de</strong> fezes, e queapresentaram seqüela aos 60 dias, ou evoluíram para óbito, ou <strong>de</strong> forma ignorada.Descartado (não poliomielite)Caso <strong>de</strong> paralisia flácida aguda, com amostra(s) a<strong>de</strong>quada(s), amostra (s) coletada(s)até 14 dias do início da <strong>de</strong>ficiência motora, na qual não houve isolamento <strong>de</strong> poliovírusselvagem.Poliomielite associada à vacinaCasos <strong>de</strong> PFA em que há isolamento <strong>de</strong> vírus vacinal na(s) amostra(s) <strong>de</strong> fezes epresença <strong>de</strong> seqüela compatível com poliomielite, 60 dias após o início da <strong>de</strong>ficiênciamotora. Há dois tipos <strong>de</strong> poliomielite, relacionados com a vacina:• Paralisia flácida aguda, que se inicia entre 4 e 45 dias após o recebimento daVOP e que apresenta seqüela neurológica, compatível com poliomielite 60 diasapós o início do déficit motor.• Caso <strong>de</strong> poliomielite associado à vacina <strong>de</strong> contatos (comunicantes), PFA quesurge após contato com criança que tenha recebido VOP até 40 dias antes. Aparalisia surge <strong>de</strong> 4 a 85 dias após a vacinação, e <strong>de</strong>ve apresentar seqüelaneurológica compatível com poliomielite 60 dias após o déficit motor.Em qualquer dos casos, o isolamento <strong>de</strong> poliovírus vacinal nas fezes, é condiçãoimprescindível para que o caso seja associado à vacina. Insiste-se na necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> coletar as fezes a<strong>de</strong>quadamente, nos primeiros 14 dias após o início do662 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAdéficit motor. Caso a coleta seja tardia, entre 15 e 40 dias após o início do déficitmotor, e haja isolamento <strong>de</strong> vírus vacinal, o caso será associado à vacina .4.3. NOTIICAÇÃODiante da <strong>de</strong>finição adotada para caso suspeito, todas as afecções neurológicasagudas, em menores <strong>de</strong> 15 anos, que cursam com paralisia flácida, <strong>de</strong>vem entrar nosistema <strong>de</strong> vigilância, isto é, <strong>de</strong>vem ser notificadas e investigadas para afastarpossíveis associações com o poliovírus.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADASEm virtu<strong>de</strong> das características <strong>de</strong> transmissão do poliovírus, silenciosa e rápida, e daocorrência <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> infecções sem manifestações clínicas, a vigilância<strong>de</strong>ve ser intensificada, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar a ocorrência <strong>de</strong> outros casos <strong>de</strong>PFA. A manutenção <strong>de</strong>ssa vigilância <strong>de</strong>ve abranger, além do local <strong>de</strong> residência dodoente, as localida<strong>de</strong>s visitadas nos 30 dias anteriores ao início da paralisia, em caso<strong>de</strong> viagem, como também os locais <strong>de</strong> residência, <strong>de</strong> possíveis visitas recebidas nomesmo período, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> estar a provável fonte <strong>de</strong> infecção. Além da intensificaçãoda vigilância, as medidas <strong>de</strong> controle compreen<strong>de</strong>m: mini-inquérito, inquérito <strong>de</strong>cobertura vacinal, visita às unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, busca ativa <strong>de</strong> outros casos na áreae contato com profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.• Vacinação: a única medida eficaz para manter erradicada a circulação dopoliovírus selvagem nas Américas é a vacinação, portanto <strong>de</strong>verão ser mantidasa vacinação <strong>de</strong> rotina nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, além das campanhas nacionais <strong>de</strong>vacinação.• Vacinação <strong>de</strong> Rotina: compreen<strong>de</strong> as ativida<strong>de</strong>s realizadas <strong>de</strong> forma contínua,através dos serviços permanentes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e visa assegurar, o maisprecocemente possível, a imunização das crianças nascidas, para evitar aformação <strong>de</strong> bolsões populacionais suscetíveis à doença.• Campanhas <strong>de</strong> Vacinação: as campanhas se constituem em açãocomplementar para a vacinação <strong>de</strong> rotina, quando a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>for insuficiente para assegurar uma satisfatória cobertura <strong>de</strong> vacinação. Éimportante salientar que a vacina oral contra poliomielite, aplicada em campanhas,apresenta um mecanismo <strong>de</strong> ação peculiar. A vacinação em massa produzextensa disseminação do vírus vacinal, capaz <strong>de</strong> competir com a circulação dovírus selvagem, interrompendo abruptamente a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão da doença.Em ambas as ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>vem ser alcançadas coberturas vacinais altas (95%) euniformes, nos municípios, até que se certifique que o mundo esteja livre dapoliomielite.• Definição <strong>de</strong> criança a<strong>de</strong>quadamente vacinada: é aquela que recebeu trêsou mais doses <strong>de</strong> vacina oral contra poliomielite, com um intervalo mínimo <strong>de</strong> 30dias entre cada dose.4.4.1. Assistência médica ao paciente: o repouso completo no leito e o tratamentosintomático são fundamentais. A internação em unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terapia intensiva é indicadanas formas graves da doença.UNASA 663


P OLIOMIELITE4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: o atendimento dos casos <strong>de</strong> PFA, <strong>de</strong>vem serrealizados em unida<strong>de</strong> com a<strong>de</strong>quado suporte, visando o monitoramento do paciente.4.4.3. Proteção individual para evitar circulação viral: a proteção se dá atravésda vacina oral contra poliomielite, preconizando-se três doses administradas comintervalo <strong>de</strong>, no mínimo, 30 dias (iniciando-se aos dois meses <strong>de</strong> vida). Caso hajasuspeita <strong>de</strong> infecção por poliovírus selvagem, em pacientes internados, orienta-setomada <strong>de</strong> precauções entéricas.4.4.4. Confirmação diagnóstica: utiliza-se, para confirmação diagnóstica dapoliomielite, a pesquisa <strong>de</strong> poliovírus nas fezes, coletadas nos primeiros 14 dias da<strong>de</strong>ficiência motora.4.4.5. Proteção da população: a principal proteção se faz através das campanhas<strong>de</strong> vacinação em massa, com a vacina VOP. Os casos notificados <strong>de</strong> PFA, comhipótese diagnóstica <strong>de</strong> poliomielite, recomenda-se a vacinação com VOP na área<strong>de</strong> abrangência do caso.Ações <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong> são fundamentais, no sucesso dos resultados dacampanha <strong>de</strong> vacinação, colaborando <strong>de</strong>ssa forma para redução dos suscetíveis.4.4.6. Investigação: todo caso <strong>de</strong> paralisia flácida aguda - PFA <strong>de</strong>ve ser investigado,nas primeiras 48 horas após o conhecimento. Esta medida visa o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amentodas medidas <strong>de</strong> controle em tempo hábil, as quais são essenciais ao impedimento dadisseminação do vírus.A ficha <strong>de</strong> investigação epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> PFA é o instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados.Todos os campos <strong>de</strong>vem ser rigorosamente preenchidos.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA• caracterizar clinicamente o caso, para <strong>de</strong>terminar sua inclusão no sistema <strong>de</strong>investigação;• colher uma amostra <strong>de</strong> fezes do caso, a fim <strong>de</strong> confirmar o diagnóstico ei<strong>de</strong>ntificar a reintrodução do poliovírus selvagem na região;• obter informações <strong>de</strong>talhadas e uniformes para todos os casos, através dopreenchimento da ficha <strong>de</strong> investigação epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> PFA, <strong>de</strong> modo apermitir a comparabilida<strong>de</strong> e análise dos dados;• visitar imediatamente o domicílio para complementar dados da ficha <strong>de</strong>investigação (história vacinal, fonte <strong>de</strong> infecção, etc.), buscar outros casos e,quando necessário, coletar as amostras <strong>de</strong> fezes <strong>de</strong> cinco contatos;• orientar medidas <strong>de</strong> controle;• realizar a revisita do caso para avaliação <strong>de</strong> seqüela, 60 dias após o início da<strong>de</strong>ficiência motora;• classificar o caso, conforme os critérios estabelecidos;• retroalimentar a fonte notificadora.4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os itens da ficha <strong>de</strong> InvestigaçãoEpi<strong>de</strong>miológica do SINAN, relativos aos dados gerais, notificação e residência.664 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA POLIOMIELITEDeficiência MotoraEntra no sistema, se o caso apresentar:- Paralisia flácida aguda, em menores<strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nteda hipótese <strong>de</strong> diagnóstico.- Paralisia flácida aguda que tenhahipótese <strong>de</strong> poliomielite,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da faixa etáriaNotificarInvestigar em 48 horas:- Colher uma amostra <strong>de</strong> fezes, até o14 o dia do início do déficit motor- azer avaliação neurológica, após 60dias do início da <strong>de</strong>ficiência motora.- Classificar e encerrar o caso.UNASA 665


P OLIOMIELITE4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos: registrar na ficha <strong>de</strong>investigação dados clínicos da doença, epi<strong>de</strong>miológicos e laboratoriais. Os dadossão coletados através das informações obtidas dos profissionais que prestaramassistência, daquelas contidas no prontuário e das coletadas por ocasião da visitadomiciliar.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: verificar item nº 2.3.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: os dados são coletados, a partir da ficha <strong>de</strong> investigação<strong>de</strong> PFA, proveniente das unida<strong>de</strong>s notificadoras, e analisados sistematicamente,visando a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.Foram pré-estabelecidos, para avaliação da qualida<strong>de</strong> da vigilância das PFA,indicadores <strong>de</strong>scritos a seguir:• Taxa <strong>de</strong> notificação <strong>de</strong> PFA: <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>, no mínimo, um caso para cada 100.000habitantes, menores <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>;• Proporção <strong>de</strong> casos investigados em 48 horas: pelo menos 80% dos casosnotificados <strong>de</strong>vem ser investigados <strong>de</strong>ntro das 48 horas após a notificação;• Proporção <strong>de</strong> casos com coleta a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> fezes: pelo menos 80% dos casos<strong>de</strong>vem ter uma amostra <strong>de</strong> fezes, para cultivo do vírus, coletadas <strong>de</strong>ntro dasduas semanas seguintes do início da <strong>de</strong>ficiência motora;• Notificação negativa: pelo menos 80% das unida<strong>de</strong>s notificantes <strong>de</strong>vem notificara ocorrência ou não <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> PFA, todas as semanas. Este indicador éavaliado a partir das informações produzidas nas fontes notificadoras <strong>de</strong> PFA,existentes nos estados.As informações produzidas, no nível estadual, são repassadas ao nível nacional, queas analisa diariamente e as insere no sistema <strong>de</strong> vigilância das PFA, o qual étransmitido semanalmente à OPAS/OMS.Avaliações são realizadas trimestralmente, no nível nacional, que retroalimenta asUnida<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>radas.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: os casos <strong>de</strong> PFA <strong>de</strong>vem ser encerrados após 60dias da notificação, quando se realiza a avaliação neurológica; necessário se fazque todos os achados da investigação epi<strong>de</strong>miológica sejam minuciosamenteavaliados.A classificação final dos casos <strong>de</strong>verá seguir as <strong>de</strong>finições do item 4.2.4.5.6. Relatório final: A elaboração <strong>de</strong> relatório final não faz parte da rotina <strong>de</strong>investigação <strong>de</strong> caso <strong>de</strong> PFA; a ficha <strong>de</strong> notificação constitui o instrumento quefornece todas as informações necessárias para a inclusão, avaliação e <strong>de</strong>scartefinal dos casos.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. IMUNIZAÇÃO• A vacinação contra a poliomielite no Brasil: a principal medida <strong>de</strong> controleda poliomielite é a vacina, não só por conferir imunida<strong>de</strong> individual contra os666 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAtrês tipos <strong>de</strong> vírus, mas também por possibilitar a produção <strong>de</strong> IgA secretória ecompetir com o poliovírus selvagem, nos sítios <strong>de</strong> acoplamento do mesmo na luzintestinal. Desta forma, o vírus vacinal impe<strong>de</strong> a multiplicação e eliminação nomeio ambiente do vírus selvagem. A vacina utilizada em nosso meio é a vacinaoral contra poliomielite (VOP), que contém vírus atenuados, nas seguintesconcentrações <strong>de</strong> partículas antigênicas:ð Poliovírus tipo I –1.000.000 DICT 50 (dose infectante em cultura <strong>de</strong> tecido)ð Poliovírus tipo II – 100.000 DICT 50ð Poliovírus tipo III– 600.000 DICT 50Outras substâncias estão presentes na vacina, como o cloreto <strong>de</strong> magnésio, asacarose, a neomicina, a estreptomicina ou a eritromicina (estabilizantes) e overmelho <strong>de</strong> amarante ou roxo <strong>de</strong> fenol (corante indicador <strong>de</strong> PH).Por ser <strong>de</strong> administração oral, apresenta facilida<strong>de</strong> operacional <strong>de</strong> aplicação epelas características já <strong>de</strong>scritas, aliadas às condições <strong>de</strong> saneamento básico,proporciona uma maior disseminação das partículas dos vírus vacinais, que po<strong>de</strong>m,direta ou indiretamente, imunizar um maior número <strong>de</strong> crianças nas campanhase bloqueios. É conservada entre +2ºC e + 8ºC. Cada dose, em geral, correspon<strong>de</strong>a duas gotas, po<strong>de</strong>ndo variar conforme especificações do laboratório produtor.A eficácia é em torno <strong>de</strong> 90 a 95%, após a aplicação da 3ª dose. O esquemavacinal preconizado consiste na administração <strong>de</strong> três doses <strong>de</strong> vacina, comintervalo <strong>de</strong> no mínimo 30 dias (iniciando aos dois meses <strong>de</strong> vida), com dose <strong>de</strong>reforço um ano após a 3ª dose.• Risco <strong>de</strong> reintrodução da poliomielite no Brasil: para manutenção dacertificação da erradicação da poliomielite no país, faz-se necessária uma atuantevigilância epi<strong>de</strong>miológica das paralisias flácidas agudas, visto que existemreservatórios <strong>de</strong> poliovírus no mundo, com gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas suscetíveis,especialmente crianças não vacinadas. Neste momento, po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar trêsáreas geográficas, caracterizadas como reservatórios do vírus: Ásia, África eMediterrâneo.A existência <strong>de</strong> um fluxo regular <strong>de</strong> pessoas entre o nosso país e essescontinentes, aumenta o risco <strong>de</strong> reintrodução do poliovirus selvagem. Uma série<strong>de</strong> medidas vem sendo adotada, no sentido <strong>de</strong> prevenir essa reintrodução.Medidas centradas, especialmente, na manutenção <strong>de</strong> altas e homogêneascoberturas vacinais (rotina e campanha), na vigilância epi<strong>de</strong>miológica das PFA,através do acompanhamento do cumprimento dos indicadores <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, ena vigilância <strong>de</strong> portos e aeroportos. Cabe, portanto, persistir na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssavigilância, visando a adoção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controle imediatas, caso hajareintrodução do poliovírus selvagem.5.2. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA educação em saú<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong> as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas pelas equipes <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> e outras organizações governamentais e não governamentais, tendo em vistanão apenas a difusão <strong>de</strong> informações, para apoiar o trabalho específico - campanhas<strong>de</strong> vacinação, por exemplo - mas, também, a participação das pessoas nas ações <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, atuando, inclusive, em áreas tradicionalmente consi<strong>de</strong>radas como exclusivasdos técnicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, tais como a vigilância e controle <strong>de</strong> doenças.UNASA 667


P OLIOMIELITENas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manutenção da erradicação da poliomielite, <strong>de</strong>vem ser levadosem consi<strong>de</strong>ração os seguintes aspectos:• A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informar às pessoas acerca do seu papel, no esforço <strong>de</strong>manter a erradicação da doença;• A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que as pessoas conheçam as causas e as conseqüências<strong>de</strong>ssa doença, bem como as ações individuais e coletivas que po<strong>de</strong>m contribuirpara manter sua erradicação.• Funções da educação em saú<strong>de</strong>ð I<strong>de</strong>ntificação e análise <strong>de</strong> fatores inerentes à equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e à população,que interfiram nos propósitos <strong>de</strong> manutenção da erradicação da poliomielite.ð Articulação com as organizações existentes na comunida<strong>de</strong> (governamentaise não governamentais), tendo em vista o engajamento <strong>de</strong> seus representantes,no programa <strong>de</strong> manutenção da erradicação da poliomielite.ð Capacitação <strong>de</strong> pessoas da comunida<strong>de</strong>, principalmente aquelas ligadas àsorganizações comunitárias, para atuarem junto às equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nanotificação, investigação e controle <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> paralisia flácida aguda, tendoem vista a manutenção da erradicação da poliomielite.ð Capacitação das equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para atuarem, <strong>de</strong> forma conjunta, compessoas, grupos e organizações da comunida<strong>de</strong>.ð Divulgação <strong>de</strong> informações sobre poliomielite, vacina, notificação,investigação e medidas <strong>de</strong> controle adotadas.668 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAANEXO 1LUXOGRAMA DA COLETA DE EZES, PARA PESQUISA DE ENTEROVÍRUSUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Secretaria Municipal<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Regional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Secretaria Estadual <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>LACEN / SESLaboratórios <strong>de</strong>Referência- IOCRUZ/RJ- Evandro Chagas/PA- LACEN/PEUNASA 669


P OLIOMIELITEANEXO 1LUXOGRAMA DOS RESULTADOS DE AMOSTRAS DE EZES, PARA PESQUISADE ENTEROVÍRUSLaboratórios <strong>de</strong> Referência:IOCRUZ/RJ, Evandro Chagas/PA, LACEN/PECGLAB/CENEPI/UNASA/MSCOVEH/CGVEP/CENEPI/UNASA/MSSecretaria Estadual <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>Secretaria Municipal<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Unida<strong>de</strong> Notificadora670 UNASA


RAIVACID 10: A82


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICARAIVA1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E E PIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOEncefalite viral aguda, transmitida por mamíferos, que apresenta dois ciclos principais<strong>de</strong> transmissão: urbano e silvestre. Reveste-se da maior importância epi<strong>de</strong>miológicapor apresentar letalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100%, além <strong>de</strong> ser uma doença passível <strong>de</strong> eliminaçãono seu ciclo urbano, por se dispor <strong>de</strong> medidas eficientes <strong>de</strong> prevenção, tanto emrelação ao ser humano, quanto à fonte <strong>de</strong> infecção.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOO vírus rábico pertence ao gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae. Possuiaspecto <strong>de</strong> um projétil e seu genoma é constituído por RNA. Apresenta dois antígenosprincipais: um <strong>de</strong> superfície, constituído por uma glicoproteína, responsável pelaformação <strong>de</strong> anticorpos neutralizantes, e adsorção vírus - célula, e outro interno,constituído por uma nucleoproteína, que é grupo específico.1.3. RESERVATÓRIONo ciclo urbano, as principais fontes <strong>de</strong> infecção são o cão e o gato. No Brasil, omorcego é o principal responsável pela manutenção da ca<strong>de</strong>ia silvestre. Outrosreservatórios silvestres são: macaco, raposa, coiote, chacal, gato do mato, jaritataca,guaxinim e mangusto.CICLOS EPIDEMIOLÓGICOS DE TRANSMISSÃO DA RAIVAFonte: Instituto Pasteur/SES/SPUNASA 673


R A I V A1.4. MODO DE TRANSMISSÃOA transmissão da raiva se dá pela penetração do vírus contido na saliva do animalinfectado, principalmente pela mor<strong>de</strong>dura e, mais raramente, pela arranhadura elambedura <strong>de</strong> mucosas. O vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto <strong>de</strong>inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e, posteriormente, o sistema nervosocentral e, a partir daí, se dissemina para vários órgãos e glândulas salivares, on<strong>de</strong>também se replica e é eliminado na saliva das pessoas ou animais enfermos.Existe o relato <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> transmissão inter-humana na literatura, que ocorreramatravés <strong>de</strong> transplante <strong>de</strong> córnea. A via respiratória, transmissão sexual, via digestiva(em animais), transmissão vertical, também são aventadas, mas com possibilida<strong>de</strong>remota.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃOÉ extremamente variável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> dias até anos, com uma média <strong>de</strong> 45 dias nohomem e <strong>de</strong> 10 dias a 2 meses no cão. Em crianças, existe uma tendência para umperíodo <strong>de</strong> incubação menor que no indivíduo adulto. O período <strong>de</strong> incubação estáintrinsícamente ligado à:• localização e gravida<strong>de</strong> da mor<strong>de</strong>dura, arranhadura, lambedura ou contato coma saliva <strong>de</strong> animais infectados;• proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troncos nervosos e áreas do corpo com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> em terminaçõesnervosas;• concentração <strong>de</strong> partículas virais inoculadas.1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADENos cães e gatos, a eliminação <strong>de</strong> vírus pela saliva se dá <strong>de</strong> 2 a 5 dias antes doaparecimento dos sinais clínicos, persistindo durante toda a evolução da doença. Amorte do animal ocorre, em média, entre 5 a 7 dias após a apresentação dos sintomas.Em relação aos animais silvestres, há poucos estudos sobre o período <strong>de</strong> transmissão,sabendo-se que varia <strong>de</strong> espécie para espécie. Por exemplo, especificamente osquirópteros po<strong>de</strong>m albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.1.7. SUSCEPTIBILIDADE E IMUNIDADETodos os mamíferos são susceptíveis à infecção pelo vírus da raiva. Não se temrelato <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> natural no homem. A imunida<strong>de</strong> é conferida através<strong>de</strong> vacinação acompanhada, ou não, por soro.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASApós um período variável <strong>de</strong> incubação, aparecem os pródromos que duram <strong>de</strong> 2 a4 dias e são inespecíficos. O paciente apresenta mal-estar geral, pequeno aumento<strong>de</strong> temperatura, anorexia, cefaléia, náuseas, dor <strong>de</strong> garganta, entorpecimento,irritabilida<strong>de</strong>, inquietu<strong>de</strong> e sensação <strong>de</strong> angústia. Po<strong>de</strong>m ocorrer hiperestesia eparestesia no trajeto <strong>de</strong> nervos periféricos, próximos ao local da mor<strong>de</strong>dura ealterações <strong>de</strong> comportamento. A infecção progri<strong>de</strong>, surgindo manifestações <strong>de</strong>674 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAansieda<strong>de</strong> e hiperexcitabilida<strong>de</strong> crescentes, febre, <strong>de</strong>lírios, espasmos muscularesinvoluntários, generalizados e/ou convulsões. Espasmos dos músculos da laringe,faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentandosialorréia intensa. Os espasmos musculares evoluem para um quadro <strong>de</strong> paralisia,levando a alterações cárdio-respiratórias, retenção urinária, obstipação intestinal. Opaciente se mantém consciente, com período <strong>de</strong> alucinações, até à instalação <strong>de</strong>quadro comatoso e evolução para óbito. Observa-se ainda a presença <strong>de</strong> disfagia,aerofobia, hiperacusia, fotofobia. O período <strong>de</strong> evolução do quadro clínico, apósinstalados os sinais e sintomas até o óbito é, em geral, <strong>de</strong> 5 a 7 dias.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALNão existem dificulda<strong>de</strong>s para estabelecer o diagnóstico diferencial, quando o quadroclínico vier acompanhado <strong>de</strong> sinais e sintomas característicos da raiva, precedidospor mor<strong>de</strong>dura, arranhadura ou lambedura <strong>de</strong> mucosa, provocada por animal raivoso,morcego ou outros animais silvestres.O diagnóstico diferencial <strong>de</strong>ve ser realizado com os seguintes agravos que po<strong>de</strong>mser confundidos com a raiva humana: tétano; pasteureloses por mor<strong>de</strong>dura <strong>de</strong> gatoe <strong>de</strong> cão; infecção por vírus B (Herpesvírus simiae) por mor<strong>de</strong>dura <strong>de</strong> macaco;botulismo; febre por mordida <strong>de</strong> rato (SODÓKU); febre por arranhadura <strong>de</strong> gato(linforreticulose benigna <strong>de</strong> inoculação); encefalite pós vacinal; quadros psiquiátricos;outras encefalites virais, especialmente as causadas por outros rabdovírus; e tularemia.Cabe salientar a ocorrência <strong>de</strong> outras encefalites por arbovírus, existentes em nossomeio, principalmente na região amazônica, apresentando quadro <strong>de</strong> encefalite,compatível com o da raiva.É importante ressaltar que a anamnese do paciente <strong>de</strong>ve ser realizada junto aoacompanhante e ser bem documentada, com <strong>de</strong>staque para sintomas prodrômicos,antece<strong>de</strong>ntes epi<strong>de</strong>miológicos e vacinais. No exame físico, frente à suspeita clínica,observar atentamente o fácies, presença <strong>de</strong> hiperacusia, hiperosmia, fotofobia,aerofobia, hidrofobia e alterações do comportamento.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALA confirmação laboratorial em vida, dos casos <strong>de</strong> raiva humana, po<strong>de</strong> ser realizadapelo método <strong>de</strong> Imunofluorescência Direta em impressão <strong>de</strong> córnea, raspado <strong>de</strong>mucosa lingual (swab), tecido bulbar <strong>de</strong> folículos pilosos, obtidos por biópsia <strong>de</strong> peleda região cervical.A sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas provas é limitada e, quando negativas, não se po<strong>de</strong> excluir apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecção. A realização da necrópsia é <strong>de</strong> extrema importância paraa confirmação diagnóstica. O SNC (cérebro, cerebelo e medula) <strong>de</strong>verá serencaminhado para o laboratório, conservado preferencialmente refrigerado em até24 horas, e congelado, após este prazo. Na falta <strong>de</strong> condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong>refrigeração, conservar em solução salina com glicerina a 50%, misturada em partesiguais com água <strong>de</strong>stilada ou líquido <strong>de</strong> Bedson ou Vallée, para realização <strong>de</strong> exames.Não usar formol.2.4. TRATAMENTOIn<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do ciclo, não existe tratamento específico para a doença. Por isso, aUNASA 675


R A I V Aprofilaxia pré ou pós exposição ao vírus rábico <strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>quadamenteexecutada. O paciente <strong>de</strong>ve ser atendido na unida<strong>de</strong> hospitalar <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> maispróxima, sendo evitada sua remoção. Quando imprescindível, tem que sercuidadosamente planejada. Manter o enfêrmo em isolamento, em quarto com poucaluminosida<strong>de</strong>, evitar ruídos e formação <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> ar, proibir visitas e somentepermitir a entrada <strong>de</strong> pessoal da equipe <strong>de</strong> atendimento. As equipes <strong>de</strong> enfermagem,higiene e limpeza <strong>de</strong>vem estar <strong>de</strong>vidamente capacitadas para lidar com o paciente ecom o seu ambiente e usar equipamentos <strong>de</strong> proteção individual.Recomenda-se como tratamento <strong>de</strong> suporte: dieta por sonda nasogástrica; hidrataçãopara manutenção do balanço hídrico e eletrolítico; na medida do possível, usar sondavesical para reduzir a manipulação do paciente; controle da febre e o vômito; betabloqueadores na vigência <strong>de</strong> hiperativida<strong>de</strong> simpática; uso <strong>de</strong> antiácidos, paraprevenção <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> “stress”; instalação <strong>de</strong> PVC e correção da volemia navigência <strong>de</strong> choque; tratamento das arritmias cardíacas. Sedação <strong>de</strong> acordo com oquadro clínico, não <strong>de</strong>vendo ser contínua.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA raiva é uma antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus rábico,contido na saliva do animal infectado, principalmente através da mor<strong>de</strong>dura. Apesar<strong>de</strong> ser conhecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a antigüida<strong>de</strong>, continua sendo um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> públicados países em <strong>de</strong>senvolvimento, principalmente a transmitida por cães e gatos, emáreas urbanas, mantendo-se a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão animal doméstico/homem.A raiva apresenta-se em todos os continentes, com exceção da Oceania. Algunspaíses das Américas (Uruguai, Barbados, Jamaica e Ilhas do Caribe), da Europa(Portugal, Espanha, Irlanda, Grã-Bretanha, Países Baixos e Bulgária) e da Ásia(Japão) encontram-se livres da infecção no seu ciclo urbano. Entretanto, algunspaíses da Europa (França, Inglaterra) e da América do Norte (EUA e Canadá)enfrentam ainda problemas quanto ao ciclo silvestre da doença.A raiva apresenta dois ciclos básicos <strong>de</strong> transmissão, o urbano que ocorreprincipalmente entre cães e gatos e é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância nos países do terceiromundo, e o silvestre, que ocorre principalmente entre morcegos, macacos e raposas.Na zona rural, a doença afeta animais <strong>de</strong> produção como bovinos, eqüinos e outros.A distribuição da raiva não é obrigatoriamente uniforme, po<strong>de</strong>ndo existir áreas livres,e outras <strong>de</strong> baixa ou alta en<strong>de</strong>micida<strong>de</strong>, apresentando, em alguns momentos, formasepizoóticas. No Brasil, a raiva é endêmica, em grau diferenciado <strong>de</strong> acordo com aregião geopolítica. A região Nor<strong>de</strong>ste respon<strong>de</strong> por 58,80% dos casos humanosregistrados <strong>de</strong> 1986 a 2001, seguida da região Norte com 20,85%, Su<strong>de</strong>ste com10,80%, Centro-Oeste 9,40% e Sul 0,15%. Des<strong>de</strong> 1987, não há registro <strong>de</strong> casosnos estados do Sul, sendo o último caso do Paraná, cuja fonte <strong>de</strong> infecção foi ummorcego hematófago. No período <strong>de</strong> 1991 a 2001, cães e gatos foram responsáveispor transmitir 80,52% dos casos humanos <strong>de</strong> raiva, os morcegos por 10,13%, outrosanimais (raposas, sagüis, gato selvagem, bovinos, eqüinos, caititus, gambás, suínos ecaprinos) 4,94%. Casos cuja fonte <strong>de</strong> infecção é <strong>de</strong>sconhecida, representaram4,41%. O coeficiente <strong>de</strong> morbi/mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> raiva humana nos últimos 5 anosvem diminuindo <strong>de</strong> forma gradativa, sendo <strong>de</strong> 0,05/100.000 habitantes no ano <strong>de</strong>1990 a 0,01/100.000 habitantes, atualmente. A taxa <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> da raiva é <strong>de</strong> 100%.676 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICAHá muitas interfaces entre a raiva humana e a animal. Na vigilância da raiva, osdados epi<strong>de</strong>miológicos são essenciais tanto para os médicos, para que seja tomadaa <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> tratamento pós-exposição, como para veterinários que <strong>de</strong>vem adotarmedidas relativas ao animal envolvido. Sem dúvida, um caso <strong>de</strong> raiva humanarepresenta falência do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> local.4.1. OBJETIVOS• Detecção precoce <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> circulação do vírus em animais (urbanos esilvestres) visando impedir a ocorrência <strong>de</strong> casos humanos.• Propor e avaliar as medidas <strong>de</strong> prevenção e controle.• I<strong>de</strong>ntificar a fonte <strong>de</strong> infecção <strong>de</strong> cada caso humano ou animal.• Determinar a magnitu<strong>de</strong> da raiva humana e as áreas <strong>de</strong> risco para intervenção.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoTodo paciente com quadro clínico sugestivo <strong>de</strong> encefalite rábica, com antece<strong>de</strong>ntesou não <strong>de</strong> exposição à infecção pelo vírus rábico.ConfirmadoTodo caso suspeito comprovado laboratorialmente, ou todo indivíduo com quadroclínico compatível <strong>de</strong> encefalite rábica associado a antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> agressão oucontato com animal suspeito (associação epi<strong>de</strong>miológica), com evolução para óbito.• Critério clínico laboratorial: <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos específicos, pela técnica<strong>de</strong> soroneutralização em cultura celular, em pacientes sem antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>vacinação contra a raiva; <strong>de</strong>monstração do antígeno pela técnica <strong>de</strong> imunofluorescênciadireta, e isolamento do vírus através da prova biológica emcamundongos ou células.Atualmente, um importante instrumento <strong>de</strong> vigilância epi<strong>de</strong>miológica é atipificação antigênica, através da imunofluorescência indireta com anticorposmonoclonais, e da caracterização genética das cepas isoladas. Recomenda-se arealização <strong>de</strong>stas provas em 100% das amostras isoladas <strong>de</strong> humanos, <strong>de</strong> cãese gatos <strong>de</strong> áreas livres ou controladas e <strong>de</strong> animais silvestres.• Critério clínico epi<strong>de</strong>miológico: paciente com quadro neurológico agudo(encefalite), que apresente formas <strong>de</strong> hiperativida<strong>de</strong>, seguido <strong>de</strong> síndromeparalítica com progressão para coma e morte, geralmente por insuficiênciarespiratória, sem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diagnóstico laboratorial, mas com antece<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> exposição a uma provável fonte <strong>de</strong> infecção, em região com comprovadacirculação <strong>de</strong> vírus rábico.• Caso Descartado: todo caso suspeito que, durante a investigação, teve seudiagnóstico confirmado, laboratorialmente, por outra etiologia ou todo casosuspeito que não tenha evoluído para óbito.UNASA 677


R A I V A4.3. NOTIICAÇÃOTodo caso humano suspeito <strong>de</strong> raiva é <strong>de</strong> notificação individual, compulsória eimediata, aos níveis municipal, estadual e nacional.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Assistência médica ao paciente: toda pessoa com histórico <strong>de</strong> exposição<strong>de</strong>ve procurar assistência médica, e conforme avaliação <strong>de</strong>verá receber vacinação,ou sorovacinação ou acompanhamento durante o período <strong>de</strong> observação animal.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: verificar se os casos estão sendo atendidos emUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> com capacida<strong>de</strong> para prestar atendimento a<strong>de</strong>quado e oportuno.Deve-se ficar atento para evitar o abandono <strong>de</strong> tratamento.4.4.4. Confirmação diagnóstica: coletar material para diagnóstico laboratorial, <strong>de</strong>acordo com as orientações do Item 8.2.4.4.5. Proteção da população: logo que se tenha conhecimento da suspeita <strong>de</strong>caso <strong>de</strong> raiva, <strong>de</strong>ve-se organizar um bloqueio vacinal em cães e gatos, em um raio<strong>de</strong> até 5 km, na área on<strong>de</strong> o paciente foi agredido, não sendo necessário aguardarresultados <strong>de</strong> exames laboratoriais para confirmação do caso suspeito. É necessária,ainda, a captura e envio <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> animais da área <strong>de</strong> atuação para o diagnósticolaboratorial e/ou comprovação da circulação viral.As informações sobre a cobertura vacinal animal da área endêmica, quandodisponíveis, são importantes para o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão quanto à extensão inicial eseletivida<strong>de</strong> do bloqueio.Devem ser organizadas ações <strong>de</strong> esclarecimento à população, utilizando-se <strong>de</strong> meios<strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, visitas domiciliares e palestras nas comunida<strong>de</strong>s. Étambém importante a veiculação <strong>de</strong> conhecimentos sobre o ciclo <strong>de</strong> transmissão dadoença, gravida<strong>de</strong> e esclarecimentos da situação <strong>de</strong> risco.4.4.6. Investigação: imediatamente após a notificação <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> raiva,<strong>de</strong>ve-se iniciar a investigação epi<strong>de</strong>miológica, para permitir que as medidas <strong>de</strong>controle possam ser adotadas. O instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados, a FichaEpi<strong>de</strong>miológica (disponível no SINAN), contém os elementos essenciais a seremcoletados em uma investigação <strong>de</strong> rotina. Todos os campos <strong>de</strong>sta ficha <strong>de</strong>vem sercriteriosamente preenchidos, mesmo quando a informação for negativa. Outrositens e observações po<strong>de</strong>m ser incluídos em relatório anexo, conforme asnecessida<strong>de</strong>s e peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada situação.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos dos itens da Ficha<strong>de</strong> Investigação Epi<strong>de</strong>miológica do SINAN, relativos aos dados gerais, notificaçãoindividual e dados <strong>de</strong> residência.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos• Para confirmar a suspeita diagnóstica: anotar na Ficha <strong>de</strong> Investigação dadosda história, manifestações clínicas e antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> exposição à prováveisfontes <strong>de</strong> infecção:678 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAð Como em geral, quando se suspeita <strong>de</strong> raiva humana os doentes sãohospitalizados, impõe-se a consulta do prontuário e a entrevista ao médicoassistente para completar as informações clínicas sobre o paciente. Estasinformações servirão para <strong>de</strong>finir se o quadro apresentado é compatívelcom a doença.ð Sugere-se que se faça uma cópia da anamnese, exame físico e da evolução dodoente, com vistas ao enriquecimento das análises e também para que possamservir como instrumento <strong>de</strong> aprendizagem dos profissionais do nível local;ð Verificar data, local e modo <strong>de</strong> ocorrência da exposição, tipo e localizaçãoda exposição, história <strong>de</strong> tratamento profilático anterior, tratamento profiláticoatual, data <strong>de</strong> início <strong>de</strong> sintomas, coleta e envio <strong>de</strong> material para diagnósticolaboratorial, critério <strong>de</strong> confirmação <strong>de</strong> caso, observação do animal , espécie,história <strong>de</strong> vacinação e outras informações <strong>de</strong> acordo com a situação <strong>de</strong>cada caso. Se não houve tratamento atual, i<strong>de</strong>ntificar as razões;ð Acompanhar a evolução dos pacientes e os resultados dos exameslaboratoriais específicos.• Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> transmissão: no local <strong>de</strong> ocorrência daexposição, i<strong>de</strong>ntificar fatores <strong>de</strong> risco como baixa cobertura vacinal canina,presença <strong>de</strong> cães errantes, regime <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> cães (com proprietário restrito,parcialmente restrito, com mais <strong>de</strong> um proprietário), presença <strong>de</strong> casos suspeitosou confirmados <strong>de</strong> raiva animal e outros fatores que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar o grau<strong>de</strong> risco <strong>de</strong> disseminação. Avaliar o aci<strong>de</strong>nte quanto às causas que o motivaram,métodos <strong>de</strong> manutenção para a observação do animal no domicílio, cuidados eprevenção <strong>de</strong> doenças com o animal, riscos <strong>de</strong> contaminação a que foi expostoem períodos <strong>de</strong> até 180 dias antes.ð Buscar no provável local <strong>de</strong> infecção e em um raio <strong>de</strong> até 5 km, pessoas eoutros animais que foram expostos ao mesmo animal agressor ou a outrossuspeitos.ð Verificar acesso dos expostos aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Realizar busca <strong>de</strong>faltosos e/ou abandonos <strong>de</strong> tratamento profilático anti-rábico humano.ð Notificar os casos positivos em animais, ao serviço <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> raiva,para controle <strong>de</strong> focos e outras ações pertinentes.ð Analisar a situação epi<strong>de</strong>miológica da área <strong>de</strong> abrangência, visando impedira ocorrência <strong>de</strong> novos casos.Lembrar que a i<strong>de</strong>ntificação da área, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u a transmissão, é <strong>de</strong> fundamentalimportância para nortear a continuida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> investigação e a extensão dasmedidas <strong>de</strong> controle imediatas.• Para <strong>de</strong>terminação da extensão da área <strong>de</strong> transmissãoð Em áreas silvestres: sendo a fonte <strong>de</strong> infecção da espécie quiróptera,(morcegos) <strong>de</strong>terminar a extensão da ação <strong>de</strong> bloqueio em um raio <strong>de</strong> até12 km.ð Em áreas urbanas: para cães e gatos, <strong>de</strong>terminar a extensão da ação <strong>de</strong>bloqueio em um raio <strong>de</strong> até 5 km.UNASA 679


R A I V A4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames• Logo após a suspeita clínica <strong>de</strong> raiva, <strong>de</strong>ve-se orientar sobre a coleta <strong>de</strong> materialpara laboratório. Quando do óbito, é imprescindível coletar e enviar amostras domaterial do cérebro, cerebelo e medula ao laboratório, para confirmação docaso, <strong>de</strong> acordo com as normas técnicas apresentadas no Item 8.2, observandosecriteriosamente todas as recomendações.• É da responsabilida<strong>de</strong> dos profissionais da vigilância epi<strong>de</strong>miológica e/ou doslaboratórios centrais ou <strong>de</strong> referência, viabilizar, orientar ou mesmo proce<strong>de</strong>r aessas coletas.Não se <strong>de</strong>ve aguardar os resultados dos exames para <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar as medidas <strong>de</strong> controlee outras ativida<strong>de</strong>s da investigação, embora eles sejam imprescindíveis para confirmação<strong>de</strong> casos e nortear o encerramento das investigações.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: i<strong>de</strong>ntificar as falhas da <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica eassistência que propiciaram a ocorrência <strong>de</strong> caso humano e em animais domésticos.Observar a distribuição temporal e geográfica dos casos, localização e data dasocorrências, sexo, ida<strong>de</strong>, ocupação, zona urbana ou rural, natureza da agressão,história <strong>de</strong> vacinação e outros dados <strong>de</strong> interesse para cada localida<strong>de</strong>. A análise<strong>de</strong>stes dados <strong>de</strong>verá orientar o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento, duração e extensão das ações <strong>de</strong>controle <strong>de</strong>senvolvidas e posterior avaliação da sua a<strong>de</strong>quação.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos• Confirmado por critério clínico-laboratorial (isolamento viral, sorologiae histopatologia): paciente com sintomatologia compatível, na qual aimunofluorescência, exame histopatológico ou a inoculação em camundongosfoi positivo para raiva.• Confirmado por critério clínico-epi<strong>de</strong>miológico: paciente com sintomatologiacompatível, cujo histórico permite realizar vínculo epi<strong>de</strong>miológico entre o casosuspeito e a região <strong>de</strong> ocorrência, com comprovada circulação do vírus rábico,que selaria o diagnóstico <strong>de</strong> raiva.• Caso <strong>de</strong>scartado: caso notificado mas cujos resultados <strong>de</strong> exames laboratoriaisforam negativos, afastando a hipótese <strong>de</strong> raiva, ou pacientes com evoluçãoincompatível com raiva.4.5.6. Relatório final: os dados da investigação <strong>de</strong>verão ser sumarizados em umrelatório com as principais conclusões, das quais <strong>de</strong>stacam-se:• Intervenção sobre a fonte <strong>de</strong> infecção: dados <strong>de</strong> cobertura vacinal animal,bloqueios <strong>de</strong> foco, número <strong>de</strong> animais capturados, animais submetidos a eutanásia,envio <strong>de</strong> amostras ao laboratório.• Dados pessoais: sexo, ida<strong>de</strong>, ocupação, zona urbana ou rural.• Antece<strong>de</strong>ntes epi<strong>de</strong>miológicos: tipo da exposição (arranhadura, mor<strong>de</strong>dura,lambedura, contato indireto); localização (mucosa, cabeça/pescoço, mãos/pés,tronco, membros superiores, membros inferiores); tipo <strong>de</strong> ferimento (único,múltiplo, superficial, profundo, dilacerante); espécie do animal agressor; data daexposição.680 UNASA


UNASA 681Dados clínicos eepi<strong>de</strong>miológicosApós o óbito coletarmaterialResultado do exameNegativoDescartaro casoEncerraro casoPositivoConfirmaro casoROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA RAIVA HUMANABusca ativa <strong>de</strong> casosem outros animaisOutro casoIniciarinvestigaçãoSem casoEncerrarinvestigaçãoBusca ativa <strong>de</strong>pessoas eanimaisagredidosNotificação <strong>de</strong> Caso Humano SuspeitoAntece<strong>de</strong>ntesepi<strong>de</strong>miológicosVacinação <strong>de</strong>cães e gatoscasa à casa* D.S.A - Defesa Sanitária Animal** Avaliar se as estratégias <strong>de</strong> prevenção, vigilância e controle adotadas são sufcientes.InvestigaçãoColeta <strong>de</strong> dadosHistórico <strong>de</strong> vacinaçãoprofiláticaBloqueio(raio <strong>de</strong> até 5 km)Captura eeutanásia <strong>de</strong>animaiserrantesAvaliar**Clínicos<strong>Vigilância</strong>laboratorial(6 meses nomínimo)MobilizaçãocomunitáriaEducação emSaú<strong>de</strong>Busca ativa<strong>de</strong> pessoasagredidasDeterminar ciclo <strong>de</strong> transmissãoe local provável <strong>de</strong> infecçãoUrbanoQuirópteraNotificar unida<strong>de</strong>local da D.S.A*Adotar em conjuntocom a D.S.AVacinação doanimal <strong>de</strong>bloqueioAvaliar**SilvestreI<strong>de</strong>ntificação<strong>de</strong> abrigos econtrole dapopulação <strong>de</strong>morcegosOutras(Espécies)Educação Sanitária<strong>Vigilância</strong>LaboratorialBusca ativa <strong>de</strong>pessoas expostasEducação emSaú<strong>de</strong>G UIA DE VIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA


R A I V A• Dados <strong>de</strong> atendimento: hospitalização; vacinação e/ou sorovacinação; número<strong>de</strong> doses aplicadas; data <strong>de</strong> início <strong>de</strong> tratamento.• Exames laboratoriais: tipo <strong>de</strong> exame realizado.• Conclusões.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLEA prevenção <strong>de</strong> raiva humana é direcionada para o tratamento profilático anti-rábico todavez que houver suspeita <strong>de</strong> exposição ao vírus rábico. Após o início do quadro clínico, nãoexiste tratamento.5.1. CONDUTA EM CASO DE POSSÍVEL EXPOSIÇÃO AO VÍRUS DA RAIVAEm caso <strong>de</strong> possível exposição ao vírus da raiva é imprescindível a limpeza doferimento com água corrente abundante e sabão ou outro <strong>de</strong>tergente, pois essaconduta diminui, comprovadamente, o risco <strong>de</strong> infecção. Deve ser realizado, o maisrápido possível após a agressão e repetida na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntementedo tempo transcorrido. A limpeza <strong>de</strong>ve ser cuidadosa, visando eliminar as sujida<strong>de</strong>ssem agravar o ferimento e, em seguida, <strong>de</strong>vem ser utilizados anti-sépticos que inativemo vírus da raiva (como o livinilpirrolidona-iodo, por exemplo, o polvidine ou gluconato<strong>de</strong>, clorexidine ou álcool-iodado). Lembrar que essas substâncias <strong>de</strong>verão serutilizadas uma única vez, na primeira consulta e, sempre que possível, posteriormente,ser lavada a região com solução fisiológica.Deve-se fazer anamnese completa, utilizando-se a Ficha <strong>de</strong> Atendimento Anti-RábicoHumano, visando a indicação correta do tratamento profilático.Classificar o aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> acordo com as seguintes características do ferimento e doanimal envolvido no aci<strong>de</strong>nte.5.1.1 Características do ferimento: em relação à transmissão do vírus da raiva,os aci<strong>de</strong>ntes causados por animais <strong>de</strong>vem ser avaliados quanto ao:• Local do aci<strong>de</strong>nte: aci<strong>de</strong>ntes que ocorrem em regiões próximas ao sistemanervoso central (cabeça, face ou pescoço) ou em locais muito inervados (mãos,polpas digitais e planta dos pés) são graves porque facilitam a exposição dosistema nervoso ao vírus. A lambedura da pele íntegra não oferece risco, mas alambedura <strong>de</strong> mucosas também é grave porque as mucosas são permeáveis aovírus, mesmo quando intactas, e também por que as lambeduras, geralmente,abrangem áreas mais extensas.• Profundida<strong>de</strong> do aci<strong>de</strong>nte: os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>vem ser classificados comosuperficiais (sem presença <strong>de</strong> sangramento) ou profundos (apresentamsangramento, ou seja, ultrapassam a <strong>de</strong>rme). Os ferimentos profundos, além <strong>de</strong>aumentar o risco <strong>de</strong> exposição do sistema nervoso, oferecem dificulda<strong>de</strong>s àassepsia, contudo, vale ressaltar, que os ferimentos puntiformes, são consi<strong>de</strong>radoscomo profundos e algumas vezes não apresentam sangramento.682 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Extensão e número <strong>de</strong> lesões: <strong>de</strong>ve-se observar a extensão da lesão e seocorreu apenas uma única lesão ou múltiplas, ou seja uma porta <strong>de</strong> entrada ouvárias.De acordo com os critérios acima estabelecidos, as exposições po<strong>de</strong>m ser assimclassificadas:• Aci<strong>de</strong>ntes leves:ð ferimentos superficiais, pouco extensos, geralmente únicos, em tronco emembros (exceto mãos e polpas digitais e planta dos pés); po<strong>de</strong>m acontecerem <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> mor<strong>de</strong>duras ou arranhaduras causadas por unha ou <strong>de</strong>nte;ð lambedura <strong>de</strong> pele com lesões superficiais.• Aci<strong>de</strong>ntes graves:ð ferimentos na cabeça, face, pescoço, mão, polpa digital e/ou planta do pé;ð ferimentos profundos, múltiplos ou extensos, em qualquer região do corpo;ð lambedura <strong>de</strong> mucosas;ð lambedura <strong>de</strong> pele on<strong>de</strong> já existe lesão grave;ð ferimento profundo causado por unha <strong>de</strong> gato;ð qualquer ferimento por morcego.Atenção: o contato indireto, como a manipulação <strong>de</strong> utensilios potencialmente contaminados,e a lambedura da pele íntegra não são consi<strong>de</strong>rados aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> risco e não exigemtratamento profilático.5.1.2. Características do animal envolvido no aci<strong>de</strong>nte• Cão e gato: as características da doença em cães e gatos, como período <strong>de</strong>incubação, transmissão e quadro clínico, são bem conhecidas e semelhantes,por isso, estes animais são analisados em conjunto. É necessário avaliar:ð O estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do animal no momento da agressão: avaliar se oanimal estava sadio ou apresentava sinais sugestivos <strong>de</strong> raiva. A maneiracomo ocorreu o aci<strong>de</strong>nte po<strong>de</strong> fornecer informações sobre seu estado <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. O aci<strong>de</strong>nte provocado (por exemplo, o animal que reage em <strong>de</strong>fesaprópria, a estímulos dolorosos ou outras provocações) geralmente indicauma reação normal do animal, enquanto que a agressão espontânea (semcausa aparente) po<strong>de</strong> indicar alteração do comportamento e sugere que oanimal po<strong>de</strong> estar acometido <strong>de</strong> raiva. Lembrar que o animal também po<strong>de</strong>agredir <strong>de</strong>vido a sua índole ou a<strong>de</strong>stramento.ð A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observação do animal por 10 dias: mesmo se oanimal estiver sadio no momento do aci<strong>de</strong>nte, é importante que seja mantidoem observação por 10 dias. Nos cães e gatos, o período <strong>de</strong> incubação dadoença po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> alguns dias a anos mas, em geral, é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 60dias. No entanto, a excreção <strong>de</strong> vírus pela saliva, ou seja, o período em queo animal po<strong>de</strong> transmitir a doença, só ocorre a partir do final do período <strong>de</strong>UNASA 683


R A I V Aincubação, variando entre dois e cinco dias antes do aparecimento dos sinaisclínicos, persistindo até sua morte, que po<strong>de</strong> ocorrer em até cinco dias apóso início dos sintomas. Portanto, o animal <strong>de</strong>ve ser observado por 10 dias; seem todo esse período permanecer vivo e saudável não há risco <strong>de</strong> transmissãodo vírus.ð A procedência do animal: é necessário saber se a região <strong>de</strong> procedênciado animal é área <strong>de</strong> raiva controlada ou não controlada.ð Os hábitos <strong>de</strong> vida do animal: o animal <strong>de</strong>ve ser classificado comodomiciliado ou não-domiciliado. Animal domiciliado é o que viveexclusivamente <strong>de</strong>ntro do domicílio, não tem contato com outros animais<strong>de</strong>sconhecidos e só sai à rua acompanhado do seu dono. Desse modo essesanimais, po<strong>de</strong>m ser classificados como <strong>de</strong> baixo risco em relação atransmissão da raiva. Ao contrário, aqueles animais que passam longosperíodos fora do domicílio, sem controle, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados comoanimais <strong>de</strong> risco, mesmo que tenham proprietário e recebam vacinas, o quegeralmente só ocorre nas campanhas <strong>de</strong> vacinação.• Animais silvestres: animais silvestres, como morcego <strong>de</strong> qualquer espécie,micos (sagui e “soin”), macaco, raposa, guaxinin, quati, gambá, roedores silvestres,etc, <strong>de</strong>vem ser classificados como animais <strong>de</strong> risco, mesmo que domiciliados e/ou domesticados, haja visto que nesses animais a raiva não é bem conhecida.Relatos recentes mostram que o risco <strong>de</strong> transmissão do vírus pelo morcego é sempreelevado, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da espécie e da gravida<strong>de</strong> do ferimento. Por isso, todaagressão por morcego <strong>de</strong>ve ser classificada como grave• Animais domésticos <strong>de</strong> interesse econômico ou <strong>de</strong> produção: animais domésticos<strong>de</strong> produção ou <strong>de</strong> interesse econômico (bovinos, bubalinos, eqüí<strong>de</strong>os,caprinos, ovinos, suínos e outros) também são animais <strong>de</strong> risco. É importante conhecero tipo, a frequência e o grau do contato ou exposição que os tratadores e outrosprofissionais têm com estes animais e a incidência da raiva na região, para avaliartambém a indicação <strong>de</strong> tratamento pré-exposição ou <strong>de</strong> pós-exposição.• Animais <strong>de</strong> baixo risco: os seguintes roedores e lagomorfos (urbanos ou <strong>de</strong>criação) são consi<strong>de</strong>rados como <strong>de</strong> baixo risco para a transmissão da raiva e,por isto, não é necessário indicar tratamento profilático da raiva em caso <strong>de</strong>aci<strong>de</strong>ntes causados por esses animais:ð ratazana <strong>de</strong> esgoto (Rattus norvegicus);ð rato <strong>de</strong> telhado (Rattus rattus);ð camundongo (Mus musculus);ð cobaia ou porquinho-da-índia (Cavea porcellus);ð hamster (Mesocricetus auratus); eð coelho (Oryetolagus cuniculus).• Observação válida para todos animais <strong>de</strong> risco: sempre que possível, coletaramostra <strong>de</strong> tecido cerebral e enviar para o laboratório <strong>de</strong> referência. O684 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAdiagnóstico laboratorial é importante tanto para <strong>de</strong>finir a conduta em relação aopaciente como para se conhecer o risco <strong>de</strong> transmissão da doença na área <strong>de</strong>procedência do animal. Se o resultado for negativo o tratamento não precisa serindicado ou, caso tenha sido iniciado, po<strong>de</strong> ser suspenso.Todas as características acima são fundamentais para <strong>de</strong>terminar a indicação ou não daprofilaxia anti-rábica <strong>de</strong> acordo com os esquemas <strong>de</strong>scritos nos Quadros 1 ou 2, da vacinaFuenzalida & Palácios modificada e <strong>de</strong> cultivo celular, respectivamente.5.2. CONDUTA EM CASO DE POSSÍVEL REEXPOSIÇÃO AO VÍRUS DA RAIVAPessoas com risco <strong>de</strong> reexposição ao vírus da raiva, que já tenham recebidotratamento pós-exposição anteriormente, <strong>de</strong>vem ser tratadas novamente <strong>de</strong> acordocom as indicações do Quadro 3. Para estas pessoas, quando possível, também érecomendável a pesquisa <strong>de</strong> anticorpos.Importante:1. Em caso <strong>de</strong> REEXPOSIÇÃO, com histórico <strong>de</strong> tratamento anterior completo e se oanimal agressor, cão ou gato for passível <strong>de</strong> observação, consi<strong>de</strong>rar a hipótese <strong>de</strong>somente observar o animal.2. Quando o paciente tiver o esquema <strong>de</strong> pré-exposição em qualquer momento, adotarconduta conforme o Quadro 4.Observações:• Em caso <strong>de</strong> reexposição, com história <strong>de</strong> tratamento anterior completo, não énecessário administrar o soro anti-rábico (homólogo ou heterólogo). No entanto,o soro po<strong>de</strong>rá ser indicado se houver dúvidas ou conforme a análise <strong>de</strong> cadacaso, especialmente nos pacientes imuno<strong>de</strong>primidos que <strong>de</strong>vem recebersistematicamente soro e vacina. Recomenda-se que, ao final do tratamento,seja realizada a avaliação sorológica após o 14º dia da aplicação da última dose;• Devem ser avaliados individualmente os pacientes que receberam muitas doses<strong>de</strong> vacina, como por exemplo, os que receberam mais <strong>de</strong> uma vez o esquemacompleto <strong>de</strong> pós-vacinação ou os que receberam o esquema completo <strong>de</strong> pósvacinaçãoe vários esquemas <strong>de</strong> reexposição. O risco <strong>de</strong> reações adversas àsvacinas aumenta proporcionalmente ao número <strong>de</strong> doses aplicadas. Nestes casos,se possível, solicitar a avaliação sorológica do paciente. Se o título <strong>de</strong> anticorposneutralizantes (AcN) for igual ou maior a 0,5UI/ml não é necessário indicartratamento ou, caso tenha sido iniciado, po<strong>de</strong> ser suspenso.5.3. CONDUTA EM CASO DE POSSÍVEL EXPOSIÇÃO AO VÍRUS DA RAIVA EMPACIENTES QUE RECEBERAM ESQUEMA DE PRÉ-EXPOSIÇÃO.No Quadro 4 estão indicados os procedimentos a serem adotados para pacientesque aci<strong>de</strong>ntalmente se expuseram ao risco <strong>de</strong> infecção pelo vírus da raiva e quetenham recebido tratamento pré-exposição anteriormente.UNASA 685


686 UNASAQUADRO 1 - ESQUEMA PARA TRATAMENTO PROILÁTICO ANTI-RÁBICO HUMANO COM A VACINA UENZALIDA & PALÁCIOS MODIICADACONDIÇÕES DO ANIMALAGRESSORTIPO DE EXPOSIÇÃOContato IndiretoAci<strong>de</strong>ntes Leves• ferimentos superficiais,pouco extensos, geralmenteúnicos, em troncoe membros (exceto mãose polpas digitais e plantados pés); po<strong>de</strong>macontecer em <strong>de</strong>corrência<strong>de</strong> mor<strong>de</strong>duras ouarranhaduras causadas porunha ou <strong>de</strong>nte;• lambedura <strong>de</strong> pele comlesões superficiaisAci<strong>de</strong>ntes Graves• ferimentos na cabeça,face, pescoço, mão, polpadigital e/ou planta do pé;• ferimentos profundos,múltiplos ou extensos, emqualquer região do corpo;• lambedura <strong>de</strong> mucosas;• lambedura <strong>de</strong> pele on<strong>de</strong> jáexiste lesão grave;• ferimento profundocausado por unha <strong>de</strong> gato.CÃO OU GATO SEM SUSPEITA DE RAIVA NOMOMENTO DA AGRESSÃO• Lavar com água e sabão• Não tratar• Lavar com água e sabão.• Observar o animal durante 10 dias após a exposição.• Se o mesmo permanecer sadio, após o período <strong>de</strong>observação, encerrar o caso.• Se o animal se tornar raivoso, morrer ou<strong>de</strong>saparecer durante o período <strong>de</strong> observação,aplicar o tratamento: 1 (uma) dose diária da vacinaaté completar 7 (sete), mais 2 (duas) doses <strong>de</strong>reforço, sendo uma no 10º e a outra no 20º diaapós a última dose da série.• Lavar com água e sabão.• Iniciar o tratamento imediatamente com 1 (uma)dose da vacina nos dias 0, 2 e 4.• Observar o animal durante 10 dias após a exposição.• Se o mesmo permanecer sadio, após o período <strong>de</strong>observação, encerrar o caso.• Se o animal se tornar raivoso, morrer ou<strong>de</strong>saparecer durante o período <strong>de</strong> observação,aplicar soro 3 e 1 (uma) dose diária <strong>de</strong> vacina atécompletar 10 (<strong>de</strong>z), mais 3 (três) doses <strong>de</strong> reforço,sendo a 1ª no 10º, a 2ª no 20º e a 3ª 30º dia após aúltima dose da série.CÃO OU GATO CLINICAMENTE SUSPEITO DE RAIVANO MOMENTO DA AGRESSÃO• Lavar com água e sabão• Não tratar• Lavar com água e sabão.• Iniciar o tratamento imediatamente com 1 (uma)dose <strong>de</strong> vacina nos dias 0, 2 e 4.• Observar o animal durante 10 dias após a exposição.• Se a suspeita <strong>de</strong> raiva for <strong>de</strong>scartada após o 10º dia <strong>de</strong>observação, suspen<strong>de</strong>r o tratamento e encerrar o caso.• Se o animal se tornar raivoso, morrer ou<strong>de</strong>saparecer durante o período <strong>de</strong> observação,aplicar uma dose diária <strong>de</strong> vacina até completar7 (sete), mais 2 (duas) doses <strong>de</strong> reforço, sendo aprimeira no 10º e a segunda no 20º dia após aúltima dose da série.• Lavar com água e sabão.• Iniciar o tratamento com soro 3 e 1 (uma ) dosediária <strong>de</strong> vacina até completar 10 (<strong>de</strong>z), mais 3(três) doses <strong>de</strong> reforço, sendo a 1ª no 10º, a 2ª no20º e a 3ª no 30º dia após a última dose da série.• Observar o animal durante 10 dias após aexposição.• Se a suspeita <strong>de</strong> raiva for <strong>de</strong>scartada após o 10ºdia <strong>de</strong> observação, suspen<strong>de</strong>r o tratamento eencerrar o caso.CÃO OU GATO RAIVOSO, DESAPARECIDO OU MORTO;ANIMAIS SILVESTRES2 (INCLUSIVE OS DOMICILIADOS)ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE ECONÔMICO OUDE PRODUÇÃO• Lavar com água e sabão• Não tratar• Lavar com água e sabão.• Iniciar imediamente o tratamento com 1(uma) dose diária <strong>de</strong> vacina até completar 7(sete) mais 2 (duas) doses <strong>de</strong> reforço, uma no10º e outra no 20º dia após a última dose dasérie.• Lavar com água e sabão.• Iniciar imediatamente, o tratamento comsoro 3 e 1 (uma) dose diária <strong>de</strong> vacina atécompletar 10 (<strong>de</strong>z) mais 3 (três) doses <strong>de</strong>reforço, sendo a 1ª no 10º, a 2ª no 20º e a 3ªno 30º dia após a última dose da série.(1) É preciso avaliar sempre os hábitos e cuidados recebidos pelo cão e gato. Po<strong>de</strong>m ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por cão ou gato que, com certeza, não tem risco <strong>de</strong> contrair ainfecção rábica. Por exemplo, animais que vivem <strong>de</strong>ntro do domicílio (exclusivamente), não tenham contato com outros animais <strong>de</strong>sconhecidos e que somente saem à rua acompanhados dos seusdonos; que não circulem em área com a presença <strong>de</strong> morcegos hematófagos.. Em caso <strong>de</strong> dúvida, iniciar o esquema <strong>de</strong> profilaxia indicado. Se o animal for proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> área <strong>de</strong> raiva controlada, não é necessário iniciar o tratamento. Manter o animal sob observação e só indicaro tratamento (soro + vacina) se o animal morrer, <strong>de</strong>saparecer ou se tornar raivoso.(2) Nas agressões por morcegos <strong>de</strong>ve-se indicar a soro-vacinação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da gravida<strong>de</strong> da lesão, ou indicar conduta <strong>de</strong> reexposição;(3) Aplicação do soro peri-focal na(s) porta(s) <strong>de</strong> entrada. Quando não for possível infiltrar toda dose, a quantida<strong>de</strong> restante <strong>de</strong>ve ser aplicada pela via intramuscular po<strong>de</strong>ndo ser utilizada a região glútea.Sempre aplicar em local anatômico diferente do que aplicou a vacina.R A I V A


UNASA 687QUADRO 2 - ESQUEMA PARA TRATAMENTO PROILÁTICO ANTI-RÁBICO HUMANO COM A VACINA DE CULTIVO CELULARCONDIÇÕES DO ANIMALAGRESSORTIPO DE AGRESSÃOContato IndiretoAci<strong>de</strong>ntes Leves• ferimentos superficiais,pouco extensos, geralmenteúnicos, em troncoe membros (exceto mãose polpas digitais e plantados pés); po<strong>de</strong>macontecer em <strong>de</strong>corrência<strong>de</strong> mor<strong>de</strong>duras ouarranhaduras causadas porunha ou <strong>de</strong>nte;• lambedura <strong>de</strong> pele comlesões superficiais.Aci<strong>de</strong>ntes Graves• ferimentos na cabeça, face,pescoço, mão, polpa digitale/ou planta do pé;• ferimentos profundos,múltiplos ou extensos, emqualquer região do corpo;• lambedura <strong>de</strong> mucosas;• lambedura <strong>de</strong> pele on<strong>de</strong> jáexiste lesão grave;• ferimento profundocausado por unha <strong>de</strong> gato.CÃO OU GATO SEM SUSPEITA DE RAIVA NOMOMENTO DA AGRESSÃO• Lavar com água e sabão• Não tratar• Lavar com água e sabão.• Observar o animal durante 10 dias após exposição.• Se o animal permanecer sadio no período <strong>de</strong>observação, encerrar o caso.• Se o animal morrer, <strong>de</strong>saparecer ou se tornar raivoso,administrar 5 doses <strong>de</strong> vacina (dias 0, 3, 7, 14 e 28).• Lavar com água e sabão.• Observar o animal durante 10 dias após exposição.• Iniciar tratamento com duas doses uma no dia 0 eoutra no dia 3.• Se o animal permanecer sadio no período <strong>de</strong>observação, encerrar o caso.• Se o animal morrer, <strong>de</strong>saparecer ou se tornar raivoso,dar continuida<strong>de</strong> ao tratamento, administrando osoro 3 e completando o esquema até 5 (cinco) doses.Aplicar uma dose entre o 7º e o 10º dia e uma dosenos dias 14 e 28.CÃO OU GATO CLINICAMENTE SUSPEITO DE RAIVANO MOMENTO DA AGRESSÃO• Lavar com água e sabão• Não tratar• Lavar com água e sabão.• Iniciar tratamento com 2 (duas) doses, umano dia 0 e outra no dia 3.;• Observar o animal durante 10 dias apósexposição.• Se a suspeita <strong>de</strong> raiva for <strong>de</strong>scartada após o 10ºdia <strong>de</strong> observação, suspen<strong>de</strong>r o tratamento eencerrar o caso.• Se o animal morrer, <strong>de</strong>saparecer ou se tornarraivoso, completar o esquema até 5 (cinco)doses. Aplicar uma dose entre o 7º e o 10º dia euma dose nos dias 14 e 28.• Lavar com água e sabão.• Iniciar o tratamento com soro 3 e 5 doses <strong>de</strong>vacina nos dias 0, 3, 7, 14 e 28.• Observar o animal durante 10 dias apósexposição.• Se a suspeita <strong>de</strong> raiva for <strong>de</strong>scartada após o 10ºdia <strong>de</strong> observação, suspen<strong>de</strong>r o tratamento eencerrar o caso.CÃO OU GATO RAIVOSO, DESAPARECIDO OU MORTO;ANIMAIS SILVESTRES2 (INCLUSIVE OS DOMICILIADOS)ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE ECONÔMICO OUDE PRODUÇÃO• Lavar com água e sabão• Não tratar• Lavar com água e sabão.• Iniciar imediatamente o tratamento com5 (cinco) doses <strong>de</strong> vacina administradasnos dias 0, 3, 7, 14 e 28• Lavar com água e sabão.• Iniciar imediatamente o tratamento comsoro 3 e 5 (cinco) doses <strong>de</strong> vacina nosdias 0, 3, 7, 14 e 28(1) É preciso avaliar sempre os hábitos e cuidados recebidos pelo cão e gato. Po<strong>de</strong>m ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por cão ou gato que, com certeza, não tem risco <strong>de</strong> contrair ainfecção rábica. Por exemplo, animais que vivem <strong>de</strong>ntro do domicílio (exclusivamente), não tenham contato com outros animais <strong>de</strong>sconhecidos e que somente saem à rua acompanhados dos seusdonos; que não circulem em área com a presença <strong>de</strong> morcegos hematófagos.Em caso <strong>de</strong> dúvida, iniciar o esquema <strong>de</strong> profilaxia indicado. Se o animal for proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> área <strong>de</strong> raiva controlada, não é necessário iniciar o tratamento. Manter o animal sob observação e só indicaro tratamento (soro + vacina) se o animal morrer, <strong>de</strong>saparecer ou se tornar raivoso.(2) Nas agressões por morcegos <strong>de</strong>ve-se indicar a soro-vacinação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da gravida<strong>de</strong> da lesão, ou indicar conduta <strong>de</strong> reexposição;(3) Aplicação do soro peri-focal na(s) porta(s) <strong>de</strong> entrada. Quando não for possível infiltrar toda dose, a quantida<strong>de</strong> restante <strong>de</strong>ve ser aplicada pela via intramuscular po<strong>de</strong>ndo ser utilizada a região glútea.Sempre aplicar em local anatômico diferente do que aplicou a vacina.G UIA DE VIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA


R A I V AConsi<strong>de</strong>rar as notas <strong>de</strong> rodapé do Quadro 3 caso o esquema recebido anteriormente tenhasido incompleto.QUADRO 3 - ESQUEMAS DE REEXPOSIÇÃO, CONORME O ESQUEMA E VACINA PRÉVIOS E AVACINA A SER UTILIZADA POR OCASIÃO DA REEXPOSIÇÃOTIPO DE ESQUEMAANTERIORVACINAUENZALIDA & PALÁCIOSESQUEMA DA REEXPOSIÇÃOCULTIVO CELULARCompletoFuenzalida &Palácios modificada 1a) até 90 dias: não tratarb) após 90 dias: 3 doses, em diasalternadosa) até 90 dias: não tratarb) após 90 dias: 2 doses, uma no dia 0e outra no dia 3Cultivo Celulara) até 90 dias: não tratarb) após 90 dias: 3 doses, em diasalternadosa) até 90 dias: não tratarb) após 90 dias: 2 doses, uma no dia 0e outra no dia 3Incompleto 3Fuenzalida &Palácios modificada 1a) até 90 dias: completar o número<strong>de</strong> dosesb) após 90 dias: ver esquema <strong>de</strong>pós-exposição (conforme ocaso)a) até 90 dias: completar o número <strong>de</strong>doses (<strong>de</strong> acordo com o Quadro 6)b) após 90 dias: ver esquema <strong>de</strong> pósexposição(conforme o caso)Cultivo Celular 2a) até 90 dias: vi<strong>de</strong> observaçãob) após 90 dias: ver esquema <strong>de</strong>pós-exposição (conforme ocaso)a) até 90 dias: completar o número<strong>de</strong> dosesb) após 90 dias: ver esquema <strong>de</strong> pósexposição(conforme o caso)(1) pelo menos 3 doses da vacina Fuenzalida & Palácios em dias alternados ou 5 doses em dias seguidos;(2) pelo menos 2 doses <strong>de</strong> vacina <strong>de</strong> cultivo celular em dias alternados;(3) não consi<strong>de</strong>rar o esquema anterior se o paciente recebeu número menor <strong>de</strong> doses do que aqueles referidos nas notas acima “1”e “2”.Observação: Encaminhar o paciente para o Centro <strong>de</strong> Referência <strong>de</strong> Imunobiológicos Especiais - CRIE para completar esquema <strong>de</strong>cultivo celular.QUADRO 4 - CONDUTA EM CASO DE POSSÍVEL EXPOSIÇÃO AO VÍRUS DA RAIVA EM PACIENTESQUE RECEBERAM ESQUEMA DE PRÉ-EXPOSIÇÃOSOROLOGIA COMPROVADA(TITULAÇÃO)UENZALIDA & PALÁCIOSVACINACULTIVO CELULARCom comprovação sorológica (títulomaior ou igual a 0,5UI/ml).3 (três) doses em dias alternados. Nãoindicar soro2 (duas) doses, uma no dia 0 eoutra no dia 3Sem comprovação sorológica outitulo inferior a 0,5UI/mlVerificar o Quadro 3, em caso <strong>de</strong>esquema vacinal incompletoVerificar o Quadro 3, em caso <strong>de</strong>esquema vacinal incompleto5.4. PROILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃOÉ indicada para pessoas que, por força <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s profissionais ou <strong>de</strong> lazer,estejam expostas permanentemente ao risco <strong>de</strong> infecção pelo vírus da raiva, taiscomo profissionais e estudantes das áreas <strong>de</strong> Medicina Veterinária e <strong>de</strong> Biologia e688 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAprofissionais e auxiliares <strong>de</strong> laboratórios <strong>de</strong> Virologia e/ou Anatomopatologia pararaiva. É indicada, também, para aqueles que atuam no campo na captura, vacinação,i<strong>de</strong>ntificação e classificação <strong>de</strong> mamíferos passíveis <strong>de</strong> portarem o vírus, bem comofuncionários <strong>de</strong> zoológicos.5.4.1. Com a vacina Fuenzalida & Palácios modificada• Esquema: 03 doses.• Dias <strong>de</strong> aplicação: 0, 7, 14.• Via <strong>de</strong> administração: intramuscular profunda.• Local <strong>de</strong> aplicação: músculo <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> ou vasto lateral da coxa (não aplicar noglúteo).• Controle sorológico: a partir do 14º dia após a última dose do esquema.• Resultados:ð Insatisfatório: se o título <strong>de</strong> anticorpos for menor do que 0,5 UI/ml. Nessecaso, aplicar uma dose <strong>de</strong> reforço e reavaliar a partir do 14º dia após oreforço.ð Satisfatório: se o título <strong>de</strong> anticorpos for maior ou igual a 0,5 UI/ml.Observação: O controle sorológico é exigência básica para a correta avaliação dapessoa vacinada.5.4.2. Com a vacina <strong>de</strong> Cultivo Celular• Esquema: 03 doses• Dias <strong>de</strong> aplicação: 0, 7, 28• Via <strong>de</strong> administração e dose: intramuscular profunda utilizando dose completa,ou havendo capacitação técnica, por via intradérmica utilizando a dose <strong>de</strong> 0,1ml.• Local <strong>de</strong> aplicação: músculo <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> ou vasto lateral da coxa (não aplicar emglúteo).• Controle sorológico: a partir do 14º dia após a última dose do esquema.• Resultados:ð Insatisfatório: se o título <strong>de</strong> anticorpos for menor do que 0,5 UI/ml. Nessecaso, aplicar uma dose <strong>de</strong> reforço e reavaliar a partir do 14º dia após oreforço.ð Satisfatório: se o título <strong>de</strong> anticorpos for maior ou igual a 0,5 UI/ml.Observação: O controle sorológico é exigência básica para a correta avaliação dapessoa vacinada.Importante: Deve-se fazer o controle sorológico anual dos profissionais que se expõempermanentemente ao risco <strong>de</strong> infecção ao vírus da raiva, administrando-se uma dose <strong>de</strong>reforço sempre que os títulos forem inferiores a 0,5 UI/ml. Repetir a sorologia a partir do14.º dia, após à dose <strong>de</strong> reforço.UNASA 689


R A I V A5.5. VACINAS5.5.1. Vacina Fuenzalida & Palácios modificada: contém vírus inativado(“morto”), apresentada como suspensão a 2% <strong>de</strong> tecido nervoso <strong>de</strong> camundongoslactentesinfectados com vírus rábico fixo - cepas PRODUCTIONS VIRUS (P.V.)ou CHALLENGE VIRUS STANDARD (CVS), inativadas pela betapropiolactonae com potência mínima <strong>de</strong> 1,0 UI/ dose.A vacina apresenta aspecto opalescente. Havendo precipitação, <strong>de</strong>ve ser agitadaantes do uso e, caso não ocorra <strong>de</strong>saparecimento do precipitado, <strong>de</strong>sprezar o frasco.A vacina <strong>de</strong>ve ser conservada em gela<strong>de</strong>ira, fora do congelador, na temperaturaentre + 2ºC a + 8ºC, até o momento <strong>de</strong> sua aplicação, observando o prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>do fabricante.• Dose e via <strong>de</strong> aplicação: a dose é <strong>de</strong> 1ml, INDEPENDENTEMENTE daida<strong>de</strong> e do peso do paciente. A via <strong>de</strong> aplicação recomendada é a intramuscular,na região do <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> ou do vasto lateral da coxa. Em crianças até 2 anos <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> está indicado o vasto lateral da coxa. A VACINA NÃO DEVE SERAPLICADA NA REGIÃO GLÚTEA.• Contra-indicação: a vacinação não tem contra-indicação (gravi<strong>de</strong>z, mulhereslactantes, doença intercorrente ou outros tratamentos). Sempre que possível, aoiniciar o esquema <strong>de</strong> vacinação, recomenda-se interrupção <strong>de</strong> tratamento comcorticói<strong>de</strong>s e/ou imunossupressores. Não sendo possível, tratar a pessoa comoimuno<strong>de</strong>primida.Para indivíduos imuno<strong>de</strong>primidos ou que apresentaram anteriormente eventosadversos graves à vacina Fuenzalida & Palácios modificada, indicar vacina<strong>de</strong> cultivo celular.• Eventos adversos: os eventos adversos mais comuns são reações locais esistêmicas. As reações neurológicas são menos frequentes e as reaçõesanafiláticas muito raras, como mostra o Quadro 5.ð Manifestações locais: dor, prurido, eritema, enduração no local daaplicação.- Conduta: tratamento local, com objetivo <strong>de</strong> diminuir a dor a tumefaçãoe a vermelhidão (ex.: compressas frias); não é necessário notificar.ð Manifestações sistêmicas: febre, mal estar geral, cefaléia, insônia,palpitações, linfa<strong>de</strong>nopatia generalizada, dores musculates e articulares.- Conduta: medicamentos sintomáticos; não há contra-indicação para dosessubseqüentes. Notificar.ð Manifestações neurológicas:- Encefalomielite: quadro caracterizado por febre abrupta, cefaléia,lombalgia, sinais <strong>de</strong> irritação meníngea e exacerbação <strong>de</strong> reflexosmiotáticos. As lesões po<strong>de</strong>m ser focais ou difusas, com paralisias <strong>de</strong>nervos cranianos e hemiparesias com ou sem transtornos <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>.O líquido cefalorraquidiano apresenta pressão aumentada e pleocitoselinfomonocitária;690 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA. Conduta: notificar e investigar. Tratamento especializado. O esquema<strong>de</strong> profilaxia contra a raiva <strong>de</strong>verá continuar, substituindo- se a vacinaFuenzalida & Palacios modificada por vacina <strong>de</strong> cultivo celular.- Mielite transversa: quadro caracterizado por febre, astenia, lombalgiae paralisia flácida <strong>de</strong> membros inferiores com alteração do esfínctervesical. Po<strong>de</strong> ser progressiva e ascen<strong>de</strong>nte (paralisia <strong>de</strong> Landry);. Conduta: notificar e investigar.- Mononeurite: em nervos cranianos ou periféricos, com paresiaslocalizadas e contrações musculares involuntárias;. Conduta: notificar e investigar.- Polirradiculoneuropatia <strong>de</strong>smielinizante inflamatória aguda ouSíndrome <strong>de</strong> Guillain-Barré: quadro caracterizado por fraquezaprogressiva, geralmente simétrica, com hiporreflexia. Geralmente, iniciasenos membros inferiores e evolui <strong>de</strong> forma ascen<strong>de</strong>nte, mas po<strong>de</strong>também ter início nos membros superiores ou face. Na maioria dos casos,não há sinais sistêmicos como febre, calafrios ou perda <strong>de</strong> peso. O grau<strong>de</strong> paralisia po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> discreta perda da força até tetraplegiaflácida com dificulda<strong>de</strong> respiratória. Não há envolvimento do sistemanervoso central. No líquor, observa-se aumento <strong>de</strong> proteínas a partir do3º dia do quadro e pleocitose mononuclear discreta.A freqüência <strong>de</strong> manifestações neurológicas associadas à vacina, citadana literatura, é <strong>de</strong> 1 caso para 8.000 tratamentos.. Conduta: notificar; contra-indicação <strong>de</strong> doses subseqüentes; medidasterapêuticas conforme o caso clínico.ð Hipersensibilida<strong>de</strong>:- tardia: urticária, prurido cutâneo, exantema, petéquias.. Conduta: notificar e investigar; contra-indicação <strong>de</strong> doses subseqüentes;medidas terapêuticas conforme o caso clínico.- imediata: reação anafilática, choque anafilático.. Conduta: notificar e investigar; contra-indicação <strong>de</strong> doses subseqüentes;fazer uso <strong>de</strong> antihistamínicos.É indispensável investigar história <strong>de</strong> vacinação anterior com Fuenzalida & Palaciosmodificada, para verificar a ocorrência <strong>de</strong> eventos adversos e qual o tipo; paravisando evitar a ocorrência <strong>de</strong> novos eventos e orientar o tratamento.Ocorrendo reações locais e sistêmicas leves, continuar o esquema com a vacinaFuenzalida e Palacios modificada; recomenda-se o uso <strong>de</strong> anti-histamínicos eanalgésicos.Na vigência <strong>de</strong> sintomas sugestivos <strong>de</strong> reações sistêmicas graves ou comprometimentoneurológico (cefaléia com dor muscular e articular, diminuição do tônusmuscular, parestesia plantar e outros sintomas e sinais neurológicos) completar oesquema com a vacina <strong>de</strong> cultivo celular. Deve-se levar em consi<strong>de</strong>ração as doses<strong>de</strong> vacina já aplicadas, como indicado no Quadro 5.UNASA 691


R A I V AAs vacinas <strong>de</strong> cultivo celular estão disponibilizadas, inicialmente, nos Centros <strong>de</strong>Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) do Programa <strong>de</strong> Imunizaçõesdas Secretarias <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> dos Estados e do Distrito Fe<strong>de</strong>ral.Todo caso <strong>de</strong> evento adverso <strong>de</strong>ve ser investigado e notificado ao Sistema <strong>de</strong> <strong>Vigilância</strong> <strong>de</strong>Eventos Adversos do Programa <strong>de</strong> Imunizações das Secretarias Estaduais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> emformulário próprio.QUADRO 5: ESQUEMA PARA COMPLEMENTAÇÃO VACINAL CONTRA RAIVA COM A VACINADE CULTIVO CELULAR NO CASO DE EVENTOS ADVERSOS À VACINA UENZALIDA & PALÁCIOSMODIICADADOSES APLICADAS DE UENZALIDA &PALÁCIOSN O DE DOSES DA VACINA DECULTIVO CELULARDIAS DE ADMINISTRAÇÃOAté 35 dosesDe 4 - 64 dosesDe 7 - 93 dosesAntes do 1 o reforço2 dosesAntes do 2 o ou 3 o reforço1 dose* Dia do início da administração da Vacina <strong>de</strong> Cultivo Celular.0*, 3, 7, 14, 280*, 4, 11, 250*, 7, 21Datas previstas para os reforços daFUENZALIDA E PALÁCIOS modificadaData prevista para o 2 o ou 3 o reforço comFUENZALIDA E PALÁCIOS modificada5.5.2. Vacina <strong>de</strong> Cultivo Celular: são vacinas mais potentes e seguras que aFuenzalida & Palácios modificada, mas isentas <strong>de</strong> risco. São produzidas em cultura<strong>de</strong> células (diplói<strong>de</strong>s humanas, células Vero, células <strong>de</strong> embrião <strong>de</strong> galinha etc.)com amostras <strong>de</strong> vírus P.V. ou PITTMAN - MOORE (P.M.) inativados pelabetapropiolactona. São apresentadas sob a forma liofilizada, acompanhadas <strong>de</strong>diluente; <strong>de</strong>vem ser conservadas em gela<strong>de</strong>ira, fora do congelador, na temperaturaentre + 2ºC a + 8ºC, até o momento <strong>de</strong> sua aplicação, observando o prazo <strong>de</strong>valida<strong>de</strong> do fabricante. A potência mínima <strong>de</strong>stas vacinas é 2,5 UI/dose.• Dose e via <strong>de</strong> aplicação: são apresentadas na dose 0,5 ml e 1ml, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndodo fabricante (verificar embalagem e/ou lote). A dose indicada pelo fabricanteINDEPENDE da ida<strong>de</strong> e do peso do paciente. A via <strong>de</strong> aplicação recomendadaé a intramuscular, na região do <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> ou vasto lateral da coxa. Em criançasaté 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> está indicado o vasto lateral da coxa. A VACINA NÃODEVE SER APLICADA NA REGIÃO GLÚTEA.• Contra-indicação: a vacina não tem contra-indicação (gravi<strong>de</strong>z, mulhereslactantes, doença intercorrente ou outros tratamentos). Sempre que possível,recomenda-se a interrupção do tratamento com corticói<strong>de</strong>s e/ouimunossupressores, ao iniciar o esquema <strong>de</strong> vacinação. Não sendo possível,tratar a pessoa como imuno<strong>de</strong>primida.• Eventos adversos: as manifestações adversas relatadas com maior freqüênciasão reação local, febre, mal estar, náuseas e cefaléia. Não há relato <strong>de</strong> ocorrência<strong>de</strong> óbito associado ao uso da vacina <strong>de</strong> cultivo celular.A freqüência <strong>de</strong> reações neurológicas associadas a esta vacina, citada na literaturacientífica, é baixa. De acordo com a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS), atéjunho <strong>de</strong> 1996, haviam sido relatados seis casos <strong>de</strong> reações neurológicas692 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAtemporalmente associadas a vacina. Em cinco foram registrados quadros <strong>de</strong> fraquezaou parestesia, sendo que em um dos pacientes ocorreu déficit muscular permanentedo músculo <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong>. O sexto paciente apresentou quadro neurológico semelhanteao <strong>de</strong> esclerose múltipla. A incidência <strong>de</strong> manifestações neurológicas, consi<strong>de</strong>randosetodos estes casos como realmente provocados pela vacina, é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1 paracada 500.000 pacientes tratados.A incidência <strong>de</strong> reações alérgicas notificadas nos EUA, à vacina <strong>de</strong> células diplói<strong>de</strong>s,foi <strong>de</strong> 11 casos por 10.000 pacientes tratados (0,11%). As reações variam <strong>de</strong> urticáriaa anafilaxia e ocorrem principalmente após as doses <strong>de</strong> reforço; em 1/10.000tratamentos é registrada reação anafilática do tipo I; a maioria das reações, 10/10.000, é <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> do tipo III. A evolução é boa e a maioria dos pacientesnão necessita internação hospitalar.5.6. SOROS5.6.1. Soro Heterólogo: o soro heterólogo é uma solução concentrada e purificada<strong>de</strong> anticorpos, preparada em eqüí<strong>de</strong>os imunizados contra o vírus da raiva. O soro<strong>de</strong>ve ser conservado em gela<strong>de</strong>ira, entre +2º a +8ºC, observando o prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>do fabricante.A dose indicada é <strong>de</strong> 40 UI/kg <strong>de</strong> peso do paciente. Deve-se infiltrar na(s) lesão(ôes)a maior quantida<strong>de</strong> possível da dose do soro. Quando forem muito extensas oumúltiplas a dose do soro, a ser infiltrada, po<strong>de</strong> ser diluída em soro fisiológico paraque todas as lesões sejam infiltradas. Caso a região anatômica não permita ainfiltração <strong>de</strong> toda dose, a quantida<strong>de</strong> restante, a menor possível, <strong>de</strong>ve ser aplicadapor via intramuscular, na região glútea.Quando não se dispuser do soro ou <strong>de</strong> sua dose total, aplicar inicialmente a partedisponível. Iniciar imediatamente a vacinação e administrar o restante da dose <strong>de</strong>soro recomendada antes da aplicação da 7ª dose da vacina Fuenzalida &Palácios ou da 3ª dose da vacina <strong>de</strong> cultivo celular. Após esse prazo o soro nãoé mais necessário.O uso do soro não é necessário quando o paciente recebeu tratamento completoanteriormente. No entanto, em situações especiais, como pacientes imuno<strong>de</strong>primidosou dúvidas com relação as tratamento anterior, se houver indicação, o soro <strong>de</strong>ve serrecomendado.• Eventos adversos: os soros produzidos atualmente são seguros mas po<strong>de</strong>mcausar eventos adversos, como ocorre com qualquer imunobiológico. As reaçõesmais comuns são benignas, fáceis <strong>de</strong> tratar e apresentam boa evolução. Apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>stas reações NUNCA contra-indica a prescriçãodo soro.Os eventos adversos que po<strong>de</strong>m ocorrer após administração do soro heterólogosão os seguintes:ð Manisfestações locais: dor, e<strong>de</strong>ma e hiperemia e, mais raramente,presença <strong>de</strong> abcesso. São as manifestações mais comuns, normalmente <strong>de</strong>caráter benigno.- Conduta: não é necessário notificar. Tratamento local com o objetivo <strong>de</strong>diminuir a dor, a tumefação e a vermelhidão.UNASA 693


R A I V Að Manifestações imediatas: choque anafilático. É uma manifestação raraque po<strong>de</strong> ocorrer nas primeiras duas horas após a aplicação. Os sintomasmais comuns são formigamento nos lábios, pali<strong>de</strong>z, dispnéia, e<strong>de</strong>mas,exantemas, hipotensão e perda <strong>de</strong> consciência.- Conduta: notificar e investigar. Substituir o soro por imunoglobulina antirábica.Cuidado intensivo.ð Manifestações tardias: ocorrem com mais frequência até a segundasemana após aplicação do soro.- Doença do Soro: caracterizada por e<strong>de</strong>ma e eritema no local <strong>de</strong>aplicação do soro, febre, mioartralgia (poliartrite serosa), astenia, cefaléia,surdorese, <strong>de</strong>sidratação, exantema com máculas e pápulas pruriginosas,infartamento e inflamações ganglionar e, mais raramente, vasculite enefrite.- Reação <strong>de</strong> Arthus: caracterizada por vasculite local acompanhada <strong>de</strong>necrose, dor, tumefação, rubor, necrose, úlceras profundas. Também éum quadro muito raro.. Conduta: notificar e investigar. Acompanhamento clínico por serviçoespecializado.Com o conhecimento existente na literatura disponível e pela experiência acumulada, épossível inferir que o teste <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> ao soro heterólogo tem valor preditivo baixoe por isso não é indicado. A conduta mais importante antes da administração do soro é ointerrogatório rigoroso sobre os antece<strong>de</strong>ntes do paciente avaliando:• a ocorrência e gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quadros anteriores <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong>;• uso prévio <strong>de</strong> imunoglobulinas <strong>de</strong> origem equí<strong>de</strong>a e• a existência <strong>de</strong> contatos freqüentes com animais, principalmente com eqüí<strong>de</strong>os, porexemplo nos casos <strong>de</strong> contato profissional (veterinários) ou por lazer.Em caso <strong>de</strong> resposta afirmativa a um dos itens anteriores, classificar o pacientecomo <strong>de</strong> risco e consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substituição do soro heterólogo pelosoro homólogo (imunoglobina humana hiperimune anti-rábica), se disponível. Casonão haja disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soro homólogo, aconselha-se a pré-medicação <strong>de</strong>stepaciente antes da aplicação do soro heterólogo.Aconselha-se sempre a seguinte rotina, antes da administração do soro heterólogo,para qualquer paciente:• garantir bom acesso venoso, mantendo-o com soro fisiológico a 0,9%(gotejamento lento);• <strong>de</strong>ntro das possibilida<strong>de</strong>s, é conveniente <strong>de</strong>ixar preparado:ð laringoscópio com lâminas e tubos traqueais a<strong>de</strong>quados para o peso e ida<strong>de</strong>;ð frasco <strong>de</strong> soro fisiológico e/ou solução <strong>de</strong> Ringer lactado;ð solução aquosa <strong>de</strong> adrenalina (preparada na diluição <strong>de</strong> 1:1000) e <strong>de</strong>aminofilina (10ml = 240mg).694 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAApós receber o soro heterólogo, o paciente <strong>de</strong>verá ser observado pelo prazo <strong>de</strong> duas horas.• Pré-medicação: na tentativa <strong>de</strong> prevenir ou atenuar possíveis reações adversasimediatas em pacientes <strong>de</strong> risco, po<strong>de</strong>m ser utilizadas drogas bloqueadorasdos receptores H1 e H2 da histamina (anti-histamínicos) e um corticosterói<strong>de</strong>em dose anti-inflamatória:ð Opção 1. Via ParenteralCRIANÇASAULTOSAntagonistas dos receptores H1 da histaminaMaleato <strong>de</strong> <strong>de</strong>xtroclorfeniramina ouPrometazinaAntagonistas dos receptores H2 da histaminaCimetidina ouRanitidinaCorticosterói<strong>de</strong>Hidrocortisona0,08mg/kg0,5mg/kg10mg/kg1,5mg/kg10mg/kg5mg50mg300mg50mg500mgAtenção: a aplicação do soro anti-rábico heterólogo <strong>de</strong>verá ser realizada 20 a 30 minutosapós a aplicação da pré-medicação acima (esquema parenteral).ð Opção 2. Via OralPOSOLOGIADOSE MÁXIMAAntagonistas dos receptores H1Maleato <strong>de</strong> <strong>de</strong>xtroclorfeniramina oral (xarope)Antagonistas dos receptores H2Cimetidina ouRanitidinaCorticosterói<strong>de</strong>Hidrocortisona (via venosa) ouDexametasona (fosfato) intramuscular0,2mg/kg20 a 30mg/kg1 a 2mg/kg10mg/kg2 ou 4mg5mg400mg300mg1000mg20mgA aplicação do soro anti-rábico heterólogo <strong>de</strong>verá ser realizada aproximadamente 2 horasapós a aplicação da pré-medicação acima (esquema oral).UNASA 695


R A I V Að Opção 3. Esquema MistoPOSOLOGIADOSE MÁXIMAAntagonistas dos receptores H1 - via oralMaleato <strong>de</strong> <strong>de</strong>xtroclorfeniramina oral (xarope)0,2mg/kg5mgAntagonistas dos receptores H2 - parenteralCimetidina ouRanitidinaCorticosterói<strong>de</strong>Hidrocortisona - IV ouDexametasona - IM10mg/kg3mg/kg10mg/kg2 ou 4mg300mg100mg1000mg20mgObservação: o esquema que utiliza somente a via parenteral é o mais conhecido e é o queacumula experiência clínica positiva e já publicada.• Eventos adversosð Manifestações locais: po<strong>de</strong> provocar reações <strong>de</strong> caráter benigno com dor,e<strong>de</strong>ma e hiperemia e, mais raramente, presença <strong>de</strong> abcesso.- Conduta: não é necessário notificar. Tratamento local com o objetivo <strong>de</strong>diminuir a dor, a tumefação e a vermelhidão.ð Manifestações imediatas: choque anafilático. Raro, mas po<strong>de</strong> ocorrer naadministração do soro anti-rábico heterólogo. Nas primeiras duas horas apósa aplicação, po<strong>de</strong>m ocorrer formigamento nos lábios, pali<strong>de</strong>z, dispnéia, e<strong>de</strong>mas,exantemas, hipotensão e perda da consciência.- Conduta: notificar e investigar. Substituir o soro por imunoglobulina antirábica.Cuidado intensivo.ð Manifestações tardias- Reação <strong>de</strong> Arthus: vasculite local acompanhada <strong>de</strong> necrose-dor,tumefação, rubor, necrose, úlceras profundas.. Conduta: notificar e investigar. Acompanhamento clínico por serviçoespecializado.- Doença do Soro: febre, mioartralgia (poliartrite serosa), astenia, cefaléia,sudorese, <strong>de</strong>sidratação, exantema com máculas e pápulas pruriginosas,infartamento e inflamações dos linfonodos, vasculite, nefrite.5.6.2. Imunoglobulina humana hiperimune anti-rábica - Soro Homólogo: aimunoglobulina humana hiperimune anti-rábica, uma solução concentrada e purificada<strong>de</strong> anticorpos preparada a partir <strong>de</strong> hemo<strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> indivíduos imunizados comantígeno rábico é um produto mais seguro que o soro anti-rábico, porém <strong>de</strong> produçãolimitada e, por isso, <strong>de</strong> baixa disponibilida<strong>de</strong> e alto custo. Deve ser conservada entre+ 2° e + 8° C, protegida da luz, observando-se o prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> do fabricante.696 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAA dose indicada é <strong>de</strong> 20 UI/kg <strong>de</strong> peso. Deve-se infiltrar a maior quantida<strong>de</strong> possívelna(s) lesão(ões). Quando forem muito extensas ou múltiplas a dose indicada po<strong>de</strong>ser diluida em soro fisiológico para que todas as lesões sejam infiltradas. Caso aregião anatômica não permita a infiltração <strong>de</strong> toda dose, a quantida<strong>de</strong> restante, amenor possível, <strong>de</strong>ve ser aplicada por via intramuscular, na região glútea.• Eventos adversosNotas:ð Manifestações locais: po<strong>de</strong> provocar reações <strong>de</strong> caráter benigno comodor, e<strong>de</strong>ma, eritema e, mais raramente, abcesso.- Conduta: não é necessário notificar. Tratamento local com o objetivo <strong>de</strong>diminuir a dor, a tumefação e a vermelhidão.ð Manifestações sistêmicas: leve estado febril. Em presença <strong>de</strong> agamaglobulinemiaou hipogamabulinemia po<strong>de</strong> ocorrer reação anafilactói<strong>de</strong>.Raramente po<strong>de</strong> ocorrer reação <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong>.- Conduta: notificar e investigar.• A imunoglobulina humana hiperimune anti-rábico (soro homólogo) está disponívelnos Centros <strong>de</strong> Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) do Programa<strong>de</strong> Imunizações das Secretarias <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> dos Estados e do Distrito Fe<strong>de</strong>ral.• Os eventos adversos ao soro anti-rábico humano (heterólogo ou homólogo)<strong>de</strong>vem ser investigados e notificados ao sistema <strong>de</strong> vigilância <strong>de</strong> eventos adversosdo Programa Estadual <strong>de</strong> Imunizações da Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> dos Estados oudo Distrito Fe<strong>de</strong>ral.6. ABANDONO DE TRATAMENTOO tratamento profilático anti-rábico humano <strong>de</strong>ve ser garantido todos os dias, inclusivenos finais <strong>de</strong> semana e nos feriados.É <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do serviço que aten<strong>de</strong> o paciente realizar busca ativa imediatadaqueles que não comparecem nas datas agendadas, para a aplicação <strong>de</strong> cada doseda vacina.As condutas indicadas para pacientes que não comparecem na data agendada estãoabaixo <strong>de</strong>scritas.6.1. PACIENTE EM USO DA VACINA UENZALIDA & PALÁCIOSCompletar as doses da vacina prescritas anteriormente e não iniciar nova série.6.2. PACIENTE EM USO DA VACINA DE CULTIVO CELULAR• No esquema recomendado ( dias 0, 3, 7, 14 e 28 ), as cinco doses <strong>de</strong>vem seradministradas no período <strong>de</strong> 28 dias a partir do início do tratamento;• Quando o paciente falta para a segunda dose: aplicar no dia que comparecer eagendar a terceira dose com intervalo mínimo <strong>de</strong> 2 dias;• Quando o paciente falta para a terceira dose: aplicar no dia que comparecer eagendar a quarta dose com intervalo mínimo <strong>de</strong> 4 dias;UNASA 697


R A I V A• Quando o paciente falta para a quarta dose: aplicar no dia que comparecer eagendar a quinta dose para 14 dias após.7. BASES GERAIS DO TRATAMENTO• A profilaxia contra a raiva <strong>de</strong>ve ser iniciada o mais precocemente possível;• Sempre que houver indicação, tratar o paciente em qualquer momento,INDEPENDENTEMENTE do tempo transcorrido entre a exposição e o acessoà unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;• A história vacinal do animal agressor NÃO constitui elemento suficiente para adispensa da indicação do tratamento anti-rábico humano.• Havendo interrupção do tratamento, completar as doses da vacina prescritasanteriormente e não iniciar nova série;• Recomenda-se que o paciente evite esforços físicos excessivos e bebidasalcoólicas, durante e logo após o tratamento;• Em caso <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte por vacina anti-rábica <strong>de</strong> vírus vivo o paciente <strong>de</strong>vereceber esquema completo (soro + vacina);• Não se indica o uso <strong>de</strong> soro anti-rábico para os pacientes consi<strong>de</strong>rados imunizadospor tratamento anterior, exceto nos casos <strong>de</strong> paciente imuno<strong>de</strong>primido ou emcaso <strong>de</strong> dúvidas sobre o tratamento anterior. Em caso <strong>de</strong> dúvidas indicar o soro;• Nos casos em que se conhece só tardiamente a necessida<strong>de</strong> do uso do soroanti-rábico ou quando há qualquer impedimento para o seu uso, aplicar a dose<strong>de</strong> soro recomendada antes da aplicação da 7º dose da vacina Fuenzalida &Palacios ou até a 3º dose da vacina <strong>de</strong> cultivo celular. Após esse prazo o soronão é mais necessário.7.1. SOBRE O ERIMENTO• Lavar imediatamente o ferimento com água corrente, sabão ou outro <strong>de</strong>tergente.A seguir, <strong>de</strong>vem ser utilizados anti-sépticos que inativem o vírus da raiva (comoo polvidine, clorexidine e álcool-iodado). Essas substâncias <strong>de</strong>verão ser utilizadasuma única vez, na primeira consulta. Posteriormente, lavar a região com soluçãofisiológica;• A mucosa ocular <strong>de</strong>ve ser lavada com solução fisiológica ou água corrente;• O contato indireto é aquele que ocorre por meio <strong>de</strong> objetos ou utensílioscontaminados com secreções <strong>de</strong> animais suspeitos. Nestes casos, indica-seapenas lavar bem o local com água corrente e sabão;• Em casos <strong>de</strong> lambedura da pele íntegra, por animal suspeito, recomenda-selavar o local com água e sabão;• Não se recomenda a sutura do(s) ferimento(s). Quando for absolutamentenecessário, aproximar as bordas com pontos isolados. Havendo necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>aproximar as bordas, o soro anti-rábico, se indicado, <strong>de</strong>verá ser infiltrado 1 horaantes da sutura;698 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Proce<strong>de</strong>r à profilaxia do tétano segundo o esquema preconizado (caso não sejavacinado ou com esquema vacinal incompleto) e uso <strong>de</strong> antibióticos nos casosindicados, após avaliação médica;• Havendo contaminação da mucosa, seguir o tratamento indicado para lambedurada mucosa.7.2. SOBRE O ANIMAL• O período <strong>de</strong> observação <strong>de</strong> 10 (<strong>de</strong>z) dias é restrito aos cães e gatos;• Consi<strong>de</strong>ra-se suspeito todo cão ou gato que apresentar mudança brusca <strong>de</strong>comportamento e/ou sinais e sintomas compatíveis com a raiva tais comosalivação abundante, dificulda<strong>de</strong> para engolir, mudança nos hábitos alimentarese paralisia das patas traseiras;• Sempre que possível o animal agressor, cão ou gato, <strong>de</strong>verá ser observado. Sedurante o período <strong>de</strong> observação o animal morrer, ou <strong>de</strong>senvolver sintomatologiacompatível com raiva, amostras <strong>de</strong> seu sistema nervoso central (SNC) <strong>de</strong>verãoser enviadas para o laboratório <strong>de</strong> diagnóstico. Se necessário, o animal <strong>de</strong>veráser sacrificado. Cuidados <strong>de</strong>verão ser observados no manuseio do animal, paraevitar aci<strong>de</strong>ntes;• A agressão por outros animais domésticos (bovinos, ovinos, caprinos, eqüí<strong>de</strong>ose suínos) <strong>de</strong>verá ser avaliada e, se necessário, <strong>de</strong>verá ser indicado o tratamentoprofilático, lembrando que não se indica a observação <strong>de</strong>sses animais com oobjetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a conduta para o ser humano. Se o animal morrer, sempreque possível, coletar amostra <strong>de</strong> tecido do SNC e enviar ao laboratório <strong>de</strong>diagnóstico.• Está indicado tratamento, sistematicamente, para todos os casos <strong>de</strong> agressãopor animais silvestres, mesmo quando domiciliados e domesticados.• Não é indicado tratamento nas agressões causadas pelos seguintes roedores elagomorfos (urbanos ou <strong>de</strong> criação):ð ratazana <strong>de</strong> esgoto (Rattus norvegicus);ð rato <strong>de</strong> telhado (Rattus rattus);ð camundongo (Mus musculus);ð cobaia ou porquinho-da-índia (Cavea porcellus);ð hamster (Mesocricetus auratus); eð coelho (Oryetolagus cuniculus).• Nas agressões por morcegos <strong>de</strong>ve-se proce<strong>de</strong>r à soro-vacinação, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntementedo tipo <strong>de</strong> morcego agressor, do tempo <strong>de</strong>corrido e da gravida<strong>de</strong> dalesão. Em caso <strong>de</strong> reexposição, seguir às orientações específicas, conformecada caso.UNASA 699


R A I V AImportante:A imunofluorescência para raiva é um exame importante, <strong>de</strong> alta sensibilida<strong>de</strong> eespecificida<strong>de</strong>. Quando o diagnóstico laboratorial do animal agressor for negativo pelatécnica <strong>de</strong> imunofluorescência, o tratamento do paciente, a critério médico, po<strong>de</strong> sersuspenso aguardando-se o resultado da prova biológica. Isso não se aplica para eqüi<strong>de</strong>os(cavalo, burro, jumento), exceto nos casos em que o material encaminhado para odiagnóstico <strong>de</strong>sses animais tenha sido a medula.8. MEDIDAS DE CONTROLE PARA RAIVA ANIMAL8.1. ASPECTOS CLÍNICOS DA RAIVA ANIMAL• No cão: os animais mais jovens são mais susceptíveis à infecção, cujo período<strong>de</strong> incubação varia <strong>de</strong> <strong>de</strong>z dias a dois meses em média. A fase prodrômica dura,aproximadamente, 3 dias. O animal <strong>de</strong>monstra alterações sutis <strong>de</strong> comportamento,anorexia, escon<strong>de</strong>-se, parece <strong>de</strong>satento e, por vezes, nem aten<strong>de</strong> ao própriodono. Ocorre nessa fase um ligeiro aumento <strong>de</strong> temperatura, dilatação <strong>de</strong> pupilase reflexos corneanos lentos. Há duas apresentações <strong>de</strong> raiva no cão:ð Furiosa: angústia, inquietu<strong>de</strong>, excitação, tendência à agressão (mor<strong>de</strong> objetos,outros animais e o próprio dono), alterações do latido (latido rouco), dificulda<strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, sialorréia, tendência a fugir <strong>de</strong> casa, excitação das viasgenitourinárias, irritação no local da agressão, incoor<strong>de</strong>nação motora, criseconvulsiva, paralisia, coma e morte.ð Muda ou paralítica: fase <strong>de</strong> excitação ausente, inaparente ou curta, busca<strong>de</strong> lugares escondidos ao abrigo da luz (fotofobia), sintomas predominantesparalíticos, que se iniciam pelos músculos da cabeça e pescoço, paralisiados membros posteriores, esten<strong>de</strong>ndo-se por todo o corpo do animal,dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, sialorréia, coma e morte. Deve-se consi<strong>de</strong>rar queos sinais e sintomas das diferentes apresentações não seguem, necessariamente,sequências obrigatórias ou apresentam-se em sua totalida<strong>de</strong>. Ocurso da doença dura em média <strong>de</strong>z dias e o animal po<strong>de</strong> estar eliminandovírus na saliva <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o 5°dia antes <strong>de</strong> apresentar os primeiros sintomas. Emconsequência das características da doença, o animal raivoso é facilmenteatropelado em vias públicas, o que exige muito cuidado ao prestar socorro aum animal.ð Diagnóstico diferencial da raiva canina: cinomose, encefalites nãoespecificadas, infestação por helmintos (migração <strong>de</strong> larvas para o cérebro),intoxicação por estricnina, atropina, doença <strong>de</strong> Aujeszky, eclâmpsia, ingestão<strong>de</strong> corpos estranhos.• No gato: na gran<strong>de</strong> maioria dos casos, apresenta-se sob a forma furiosa, comsintomatologia similar à do cão. A mudança <strong>de</strong> comportamento, muitas vezes,não é observada, uma vez que os gatos são animais “semi-domésticos”. Emconsequência das próprias características dos felinos, o primeiro ataque é feitocom as garras e <strong>de</strong>pois com a mordida. Devido ao hábito dos gatos <strong>de</strong> lamberemconstantemente, as arranhaduras são sempre graves.700 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAð Diagnóstico diferencial da raiva felina: po<strong>de</strong>-se fazer o diagnósticodiferencial com encefalites, intoxicação e traumatismo crânio-encefálico.• Raiva em morcego: a patogenia da doença é pouco conhecida. O maisimportante a consi<strong>de</strong>rar é o fato <strong>de</strong> que o morcego po<strong>de</strong> albergar o vírus rábicoem sua saliva e ser infectante antes <strong>de</strong> adoecer, por períodos maiores que os <strong>de</strong>outras espécies. Algumas apresentações da doença em morcegos foram assimregistradas:ð Raiva furiosa típica, com paralisia e morte.ð Raiva furiosa e morte sem paralisiað Raiva paralítica típica e morte.ð Deve-se ressaltar que um morcego é consi<strong>de</strong>rado suspeito <strong>de</strong> haver sidoinfectado com o vírus da raiva, quando for encontrado em horário e localnão-habitual.8.2. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL PARA OS DIERENTES ANIMAISO diagnóstico laboratorial é essencial tanto para a eleição <strong>de</strong> estratégias e <strong>de</strong>finição<strong>de</strong> intervenção no paciente, como também para o conhecimento do risco da doençana região <strong>de</strong> procedência do animal. O material <strong>de</strong> eleição para exame é o encéfalo(cérebro, cerebelo) e, em se tratando <strong>de</strong> eqüí<strong>de</strong>os, enviar também a medula espinhal.Caso não seja possível realizar a coleta do material, po<strong>de</strong>rá ser encaminhada acabeça ou o animal inteiro, quando <strong>de</strong> pequeno porte. O material po<strong>de</strong>rá ser coletadopor profissional habilitado, <strong>de</strong> acordo com técnicas <strong>de</strong> biossegurança.QUADRO 6 - ESPÉCIE ANIMAL E RAGMENTO DE ELEIÇÃO DO SNC A SER COLETADO PARADIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA RAIVAESPÉCIE ANIMALPARTE(S) DO SNC A SER(EM) COLETADA(S) (PREERENCIALMENTE)HumanaCanina / felinaBovinoEqüí<strong>de</strong>os (cavalo, jumento, burro)Ovino, caprino e suínoAnimais silvestresCérebro e cerebeloCorno <strong>de</strong> Amon e medulaCerebelo e medulaMedulaCérebro e cerebeloQuando possível, enviar o animal inteiro, para i<strong>de</strong>ntificação da espécie;se não, cérebro, cerebelo e medula• Acondicionamento, conservação e transporte: o material para diagnóstico<strong>de</strong>ve ser acondicionado em saco plástico duplo, vedado hermeticamente,i<strong>de</strong>ntificado <strong>de</strong> forma clara e legível, não permitindo que a i<strong>de</strong>ntificação se apagueem contato com a água ou gelo.A amostra, <strong>de</strong>vidamente embalada e i<strong>de</strong>ntificada, <strong>de</strong>ve ser colocada em caixa<strong>de</strong> isopor, com gelo suficiente para que chegue bem conservada ao seu <strong>de</strong>stinoA caixa <strong>de</strong>ve ser rotulada, bem fechada, não permitindo vazamentos que possamcontaminar quem a transporte.O modo <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do tempo (estimado) <strong>de</strong>corrido entre aremessa ao laboratório e o processamento da amostra.ð Até 24 horas - refrigerado.ð Mais <strong>de</strong> 24 horas - congelado.UNASA 701


R A I V Að Na falta <strong>de</strong> condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> refrigeração, conservado em soluçãocom glicerina a 50%.A qualida<strong>de</strong> do resultado laboratorial <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do estado <strong>de</strong> conservação domaterial enviado. Materiais autolisados interferem nas técnicas laboratoriais,muitas vezes tornando impossível a emissão do laudo.Juntamente com o material, <strong>de</strong>ve ser enviada a ficha epi<strong>de</strong>miológica completa,com o nome e en<strong>de</strong>reço do solicitante, espécie do animal, possíveis contatoscom o homem e outros animais; se houve observação do animal doente e qual operíodo; se o animal foi sacrificado ou morreu naturalmente etc.Quando enviados dois ou mais fragmentos <strong>de</strong> tecidos, especificar no pedido ei<strong>de</strong>ntificar os mesmos.• Observaçõesð Todo indivíduo que executa, ou auxilia, necrópsias <strong>de</strong> animais com suspeita<strong>de</strong> raiva <strong>de</strong>ve se submeter ao esquema vacinal pré-exposição e ter seu sorodosado para anticorpos anti-rábicos duas vezes ao ano, como forma <strong>de</strong>verificar a manutenção do título protetor.ð Como a raiva acomete todas as espécies <strong>de</strong> mamíferos, recomenda-se quetodo e qualquer animal suspeito <strong>de</strong> estar infectado com o vírus da raiva sejaencaminhado para diagnóstico laboratorial.ð Ressalta-se o crescente número <strong>de</strong> morcegos positivos para a raiva e osinúmeros aci<strong>de</strong>ntes que vêm causando aos humanos. Morcegos e outrosanimais silvestres pequenos <strong>de</strong>vem ser encaminhados inteiros, refrigeradosou congelados, para a i<strong>de</strong>ntificação da espécie.ð Os procedimentos <strong>de</strong> biossegurança <strong>de</strong>vem ser seguidos, rigorosamente,tanto no trato com os animais suspeitos quanto como os pacientes humanos.8.3. DEINIÇÃO DE CASO SUSPEITO E CONIRMADO EM CÃO E GATO• Caso suspeito: todo cão ou gato que apresente sintomatologia compatível comraiva e que possua história <strong>de</strong> agressão por outro animal suspeito ou raivoso.Todo cão ou gato que apresenta sintomatologia compatível com a raiva, mesmosem antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> contato ou agressão conhecida, por outro suspeito ouraivoso, que resida ou provenha <strong>de</strong> áreas endêmicas.• Caso confirmado: todo cão ou gato que tenha sido submetido à examelaboratorial, cujo material se revele positivo para raiva em laboratório <strong>de</strong>diagnóstico. Todo cão ou gato que tenha sido diagnosticado clinicamente comoraivoso, por médico veterinário, e que tenha evoluído para óbito, ainda que nãose tenha enviado material para um laboratório <strong>de</strong> diagnóstico. Como proce<strong>de</strong>rdiante <strong>de</strong> 1 ou mais casos <strong>de</strong> raiva canina:ð notificar, imediatamente, o caso à Coor<strong>de</strong>nação Estadual do Programa <strong>de</strong>Profilaxia da Raiva das Secretarias Estaduais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e ao Centro <strong>de</strong>Controle <strong>de</strong> Zoonoses, quando esse existir;ð se o animal estiver vivo, não o matar; juntamente com a autorida<strong>de</strong> sanitáriagarantir que seja observado, com segurança e alimentação a<strong>de</strong>quadas, parao acompanhamento da evolução do quadro. Se o animal apresentarsintomatologia compatível com a raiva e não houver possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>observação em local seguro, recomenda-se o sacrifício do mesmo, porprofissional habilitado. Se o animal morrer, provi<strong>de</strong>nciar o envio do encéfaloao laboratório, <strong>de</strong>vidamente conservado em gelo, jamais em formol.702 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA- Decisão/ação: agir até 72 horas após a notificação:· investigar o caso;· diagnosticar a situação; e· <strong>de</strong>finir as intervenções.• Em caso <strong>de</strong> intervençãoð Cabe ao proprietário: entregar para sacrifício todo animal que tenha sidoagredido por animal raivoso, e contribuir para a execução do trabalho.ð Cabe aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>: diante da recusa do proprietário, osprofissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, baseados legalmente nos códigos sanitários (fe<strong>de</strong>ral,estadual ou municipal), <strong>de</strong>vem retirar o animal do domicílio ou via pública; osanimais sem vacinação prévia, <strong>de</strong>vem ser sacrificados, po<strong>de</strong>ndo-se abrirexceção quando existir segurança <strong>de</strong> que o animal agredido tenha sidovacinado e esteja <strong>de</strong>ntro do período <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> previsto para esseimunobiológico (1 ano). Se não for realizado o sacrifício, o animal agredido<strong>de</strong>ve ser mantido confinado e em observação por pelo menos 6 meses.Encaminhar à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> todos os indivíduos que tenham sidoagredidos ou que tiveram contato com o animal. Prosseguir a investigaçãoepi<strong>de</strong>miológica, a quantificação <strong>de</strong> casos em animais e a caracterização daárea do foco, com vistas a:- informar e envolver a comunida<strong>de</strong> nas ações <strong>de</strong> controle;- vacinar os animais suscetíveis, sob cadastramento. Essa vacinação dossuscetíveis <strong>de</strong>ntro da área <strong>de</strong> foco <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer o tipo “casa-a-casa”,com o objetivo <strong>de</strong> imunizar 100% da população canina estimada, <strong>de</strong>vendoser realizada nas primeiras 72 horas após a <strong>de</strong>tecção do foco;- apreen<strong>de</strong>r cães errantes;- realizar em locais a<strong>de</strong>quados a observação <strong>de</strong> animais (cães e gatos)agressores, por um período <strong>de</strong> 10 dias;- estimular e provi<strong>de</strong>nciar o envio <strong>de</strong> amostras para laboratório;- proce<strong>de</strong>r a revacinação, em um prazo não inferior a 90 dias;- <strong>de</strong>limitar o foco com base nos critérios estabelecidos pelo rastreamentoda possível fonte <strong>de</strong> infecção, barreiras naturais e organização do espaçourbano; e- estimular tanto a notificação negativa como a positiva.• Aspectos específicos da epi<strong>de</strong>miologia e controle da raiva animalð Casos surgidos após 90 dias <strong>de</strong> intervenção caracterizam novos focos.ð A concomitância <strong>de</strong> casos dispersos em um município, consi<strong>de</strong>rando a baixanotificação, po<strong>de</strong> caracterizar uma epizootia.ð A persistência <strong>de</strong> casos animais, apesar da existência <strong>de</strong> intervenções, fazpensar na falta <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e eficácia das medidas sanitárias, ou ainda <strong>de</strong>que se trata <strong>de</strong> um problema crônico - en<strong>de</strong>mia ou, até mesmo, em umaexacerbação do comportamento da doença - uma epi<strong>de</strong>mia.ð Sobretudo em áreas endêmicas, impõe-se a necessida<strong>de</strong> da constituição <strong>de</strong>serviço <strong>de</strong> apreensão rotineira <strong>de</strong> cães errantes. É estimado que se <strong>de</strong>varecolher anualmente 20% da população canina estimada aos canis públicos,on<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem permanecer por prazo não superior a 72 horas - para seremUNASA 703


esgatados por seus donos. Passado esse prazo, serão doados às instituições<strong>de</strong> ensino biomédico ou sacrificados. O sucesso no controle da raiva canina<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma cobertura vacinal <strong>de</strong>, no mínimo, 80%. A estratégia a seradotada nas campanhas <strong>de</strong> vacinação em massa po<strong>de</strong> ser do tipo casa acasa, postos fixos ou mistos (casa a casa + postos fixos), a critério <strong>de</strong> cadamunicípio.ð O controle da raiva silvestre, sobretudo no tocante ao morcego hematófago,exige um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> intervenção específica. Em função da gravida<strong>de</strong> dasagressões por morcegos, <strong>de</strong>ve-se comunicar, imediatamente, aos serviços<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e agricultura locais, e reportar-se ao “Manual sobre Morcegos emÁreas Urbanas e Rurais: Manual <strong>de</strong> Manejo e Controle”, do Ministério daSaú<strong>de</strong>.8.4. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEOrientar o processo educativo no programa <strong>de</strong> eliminação da raiva urbana e no <strong>de</strong>controle da raiva canina, tendo como ferramentas básicas a participação e a comunicaçãosocial, <strong>de</strong>vendo ser necessariamente envolvidos serviços e profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, escolas,proprietários <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> estimação e população em geral.• Estimular a posse responsável <strong>de</strong> animais;• Desmistificar a castração dos animais <strong>de</strong> estimação;• Adotar medidas <strong>de</strong> informação/comunicação que levem a população areconhecer a gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> exposição a um animal; anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento imediato; as medidas auxiliares que <strong>de</strong>vem seradotadas às pessoas que foram expostas e/ou agredidas; a i<strong>de</strong>ntificar os sintomas<strong>de</strong> um animal suspeito;• Divulgar os serviços existentes, <strong>de</strong>smistificando simultaneamente o tratamentoprofilático anti-rábico humano, estimulando a responsabilida<strong>de</strong> do paciente como cumprimento do esquema indicado, visando a diminuição do abandono e risco<strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> casos;• Não valorizar a proteção ao cão errante;• Estimular a imunização anti-rábica animal.8.5. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃOO tratamento profilático <strong>de</strong> pessoas agredidas previne a ocorrência <strong>de</strong> novos casos.Assim o tratamento a<strong>de</strong>quado é <strong>de</strong> suma importância para a eliminação da raivahumana. Lembrar que pessoas sob risco <strong>de</strong>vem tomar a vacina para evitar a doença.A vacinação, periódica e rotineira <strong>de</strong> 80% dos cães e gatos, po<strong>de</strong> quebrar o elo daca<strong>de</strong>ia epi<strong>de</strong>miológica, impedindo que o vírus alcance a população, interrompendoassim o ciclo urbano da raiva.A captura <strong>de</strong> animais e o envio <strong>de</strong> amostras ao laboratório ajudam no monitoramentoda circulação do vírus.A eliminação <strong>de</strong> 20% da população canina visa reduzir a circulação do vírus entreos cães errantes, já que dificilmente consegue-se vaciná-los, tornando-os fundamentaispara a persistência da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão.


RUBÉOLACID 10: B06


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICARUBÉOLA1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOÉ uma doença exantemática aguda, <strong>de</strong> etiologia viral, que apresenta altacontagiosida<strong>de</strong>, acometendo principalmente crianças. Doença <strong>de</strong> curso benigno, suaimportância epi<strong>de</strong>miológica está relacionada ao risco <strong>de</strong> infecção em gestantes eocorrência da Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) e suas complicações, como:abortos, natimortos, sur<strong>de</strong>z, cardiopatias congênitas. Estas acarretam custos sociaisao país, conseqüentes à ocorrência <strong>de</strong> óbitos e acompanhamento <strong>de</strong> casos.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOA rubéola é transmitida por um vírus, pertencente ao gênero Rubivírus, famíliaTogaviridae.1.3. RESERVATÓRIOO homem.1.4. MODO DE TRANSMISSÃOAtravés <strong>de</strong> contato com as secreções nasofaríngeas <strong>de</strong> pessoas infectadas. Ainfecção se produz por disseminação <strong>de</strong> gotículas, ou através <strong>de</strong> contato direto comos pacientes. A transmissão indireta, mesmo sendo pouco frequente, ocorre mediantecontato com objetos contaminados com secreções nasofaríngeas, sangue e urina.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃODe 14 a 21 dias, durando em média 17 dias, po<strong>de</strong>ndo variar <strong>de</strong> 12 a 23 dias.1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEAproximadamente <strong>de</strong> 5 a 7 dias, antes do início do exantema e, pelo menos, <strong>de</strong> 5 a7 dias após.1.7. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA suscetibilida<strong>de</strong> é geral. A imunida<strong>de</strong> ativa é adquirida através da infecção naturalou por vacinação. A imunida<strong>de</strong> é duradoura após infecção natural, permanecendo porquase toda a vida após a vacinação. Os filhos <strong>de</strong> mães imunes po<strong>de</strong>m apresentarimunida<strong>de</strong> passiva e transitória durante 6 a 9 meses. Tem sido relatada a ocorrência<strong>de</strong> reinfecção, em pessoas imunes, através <strong>de</strong> vacinação ou infecção natural, reexpostasao vírus; sendo usualmente assintomática, <strong>de</strong>tectável apenas por métodos sorológicos.UNASA 707


R U B É O L A2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASO quadro clínico é caracterizado por exantema máculo-papular e puntiforme difuso,iniciando-se na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se posteriormente parao tronco e membros. Além disso, apresenta febre baixa e linfa<strong>de</strong>nopatia retroauricular,occipital e cervical posterior, geralmente antece<strong>de</strong>ndo ao exantema noperíodo <strong>de</strong> 5 a 10 dias. Formas inaparentes são freqüentes, principalmente emcrianças. Adolescentes e adultos po<strong>de</strong>m apresentar um período prodrômico comfebre baixa, cefaléia, dores generalizadas (artralgias e mialgias), conjuntivite, corizae tosse. A leucopenia é comum e raramente ocorrem manifestações hemorrágicas.Apesar <strong>de</strong> raras, complicações po<strong>de</strong>m ocorrer com maior freqüência em adultos,<strong>de</strong>stacando-se: artrite ou artralgia, encefalites e manifestações hemorrágicas.• Período <strong>de</strong> Infecção: dura cerca <strong>de</strong> 10 dias, iniciando-se com o aparecimentoda linfa<strong>de</strong>nopatia, principalmente retro-auricular, cervical e occipital. Geralmente,no 5° dia, aparece discreto exantema róseo, máculo-papular e puntiforme difusoque se inicia na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se por todo o corpoaté o 2° dia, concomitante com o início da febre que é baixa. Em adultos, ocorreo período prodrômico com maior freqüência, constituído <strong>de</strong> febre baixa, cefaléia,mal estar generalizado, coriza e conjuntivite mínima.• Remissão: geralmente no 6° dia <strong>de</strong>saparece a febre e o exantema. Oenvolvimento <strong>de</strong> linfonodos po<strong>de</strong> perdurar semanas e os sintomas articularespo<strong>de</strong>m persistir cerca <strong>de</strong> um mês, sendo estes últimos mais frequentes emmulheres.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALO diagnóstico diferencial <strong>de</strong>ve ser feito com as seguintes doenças: sarampo,escarlatina, <strong>de</strong>ngue, exantema súbito (crianças até 2 anos), eritema infeccioso,enteroviroses (coxsackie e echo) e, também, com outras doenças que po<strong>de</strong>m causarsíndromes congênitas, como mononucleose infecciosa, toxoplasmose e infecção porcitomegalovírus.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALÉ realizado mediante <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos específicos no soro (IgM e IgG) eisolamento viral (ver normas e procedimentos no Anexo 1).2.4. TRATAMENTONão há tratamento específico para a rubéola. Os sinais e sintomas apresentados<strong>de</strong>vem ser tratados <strong>de</strong> acordo com a sintomatologia e terapêutica a<strong>de</strong>quada.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSAté o final da década <strong>de</strong> 80, era <strong>de</strong>sconhecida a verda<strong>de</strong>ira magnitu<strong>de</strong> do problemada rubéola, na maioria dos países da América Latina. No Brasil, estudos sobre asoroprevalência <strong>de</strong> anticorpos contra a rubéola, realizados nos últimos anos da década,708 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAem alguns grupos populacionais, vêm orientando a <strong>de</strong>finição e implementação <strong>de</strong>estratégias <strong>de</strong> vacinação.Em 1989, estudo realizado em mulheres <strong>de</strong> 10 a 21 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes nascida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Niterói, Recife, Goiânia, Porto Alegre e Belém, encontrou soroprevalênciamédia <strong>de</strong> 68,5% (70,5% no grupo <strong>de</strong> 13 a 15 anos; 76,7% no grupo <strong>de</strong> 16 a 18 anos;80,7% no grupo <strong>de</strong> 19 a 21 anos).A implantação do plano <strong>de</strong> eliminação do sarampo em âmbito nacional, em 1992,impôs a vigilância ativa <strong>de</strong> doenças febris exantemáticas, e no período <strong>de</strong> 1993 a1996, constatou-se que cerca <strong>de</strong> 50% dos casos <strong>de</strong>scartados <strong>de</strong> sarampo foramdiagnosticados como rubéola, sendo que 70 a 80% <strong>de</strong>sses tiveram confirmação porcritério laboratorial.Com o aumento da incidência <strong>de</strong> rubéola em várias unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas, em 1993,<strong>de</strong>cidiu-se incluir a vacina tríplice viral no esquema básico <strong>de</strong> vacinação preconizadopelo Programa Nacional <strong>de</strong> Imunizações (PNI), que foi sendo implantado no paísgradativamente, através <strong>de</strong> campanhas escalonadas, para faixas etárias <strong>de</strong> 1 a 11anos, que foi concluída em 2000. A vacinação contra a rubéola no puerpério e pósabortofoi implementada a partir <strong>de</strong> 1999. No ano 2001, o país realizou a 1ª etapa dacampanha <strong>de</strong> vacinação contra a rubéola para mulheres em ida<strong>de</strong> fértil e que <strong>de</strong>veráser concluída em julho <strong>de</strong> 2002, com o objetivo <strong>de</strong> eliminar a SRC.Em 1996, a rubéola pós-natal e a síndrome da rubéola congênita foram incluídas,pelo Ministério <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, na lista <strong>de</strong> doenças <strong>de</strong> notificação compulsória (Portarias<strong>de</strong> nº 1.100, <strong>de</strong> 24/05/1996 e nº 4.052, <strong>de</strong> 23/12/1998), entretanto, a vigilância darubéola só foi implementada em 1999, e <strong>de</strong>verá ser operacionalizada juntamentecom a vigilância do programa <strong>de</strong> erradicação do sarampo, tornando oportuna a<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> surtos e a implantação <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controle a<strong>de</strong>quadas.A incidência <strong>de</strong> rubéola em 1999 foi <strong>de</strong> 8,85/100 mil habitantes, correspon<strong>de</strong>ndo a14.502 casos confirmados, valor que se manteve semelhante em 2000 (<strong>de</strong> 8,75/100mil hab). Com a implementação das estratégias <strong>de</strong> vacinação, a redução dos casos<strong>de</strong> rubéola, em 2001, foi <strong>de</strong> 61,5% e a incidência <strong>de</strong> 3,3/100 mil hab (Figura 1).IGURA 1 - ESTRATÉGIAS DE CONTROLE E INCIDÊNCIA ANUAL DA RUBÉOLA. BRASIL, 1992 A2002*25Incidência/100.000 hab.2015105Implantação MMR 1 - 11 anosNotificaçãoCompulsóriaMI - PRMI - RNMI - 13 Us11 Us092 93 94 95 96 97 98 99 00 01onte: COVER/CGVEP/CENEPI/UNASA/MS* Dados preliminaresUNASA 709


R U B É O L AIGURA 2 - DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CASOS CONIRMADOS E TAXA DE INCIDÊNCIA DERUBÉOLA POR GRUPOS ETÁRIOS. BRASIL, 1992 A 2002*4.0003.5003.0002.5002.0001.5001.0005000< 1a 1 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 29Casos 00 737 1527 1170 1411 2253 3742Casos 01 280 510 274 223 497 1086Incid 00 22,05 11,35 6,65 7,52 12,6 12,71Incid 01 8,38 3,79 1,56 1,19 2,78 3,69onte: COVER/CENEPI/UNASA/MS4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOSDetectar a circulação do vírus em <strong>de</strong>terminado tempo e área geográfica, e i<strong>de</strong>ntificara população sob risco para SRC nessas áreas, e proteger a população susceptível.Imunizar a população, visando evitar a ocorrência <strong>de</strong> novos casos <strong>de</strong> SRC.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoCaso suspeito <strong>de</strong> rubéola é todo paciente que apresente febre e exantema máculopapular,acompanhado <strong>de</strong> linfoa<strong>de</strong>nopatia retroauricular, occipital e cervical,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da ida<strong>de</strong> e situação vacinal.Confirmado• Laboratorial: quando a interpretação dos resultados dos exames sorológicosfor positivo para rubéola.• Vínculo epi<strong>de</strong>miológico: quando o caso suspeito teve contato com um oumais casos <strong>de</strong> rubéola, confirmados por laboratório, e que apresentou os primeirossintomas da doença entre 12 a 23 dias após a exposição ao contato.• Clínico: quando há suspeita clínica <strong>de</strong> rubéola, mas as investigações epi<strong>de</strong>miológicae laboratorial não foram realizadas ou concluídas. Como o diagnóstico <strong>de</strong>rubéola não po<strong>de</strong> ser confirmado nem <strong>de</strong>scartado com segurança, este casorepresenta uma falha do sistema <strong>de</strong> vigilância epi<strong>de</strong>miológica.710 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICADescartado• Laboratorial: quando o resultado do exame laboratorial for negativo para IgMespecífica para rubéola.Quando o resultado do exame laboratorial for positivo para outra doença.• Vínculo epi<strong>de</strong>miológico: quando o caso tiver como fonte <strong>de</strong> infecção um oumais casos <strong>de</strong>scartados pelo critério laboratorial ou quando, na localida<strong>de</strong>, estiverocorrendo outros casos, surtos ou epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> outra doença exantemática febril,confirmada por diagnóstico laboratorial; amostra tardia com IgM negativo:<strong>de</strong>scartar levando em conta este resultado somente no caso <strong>de</strong> rubéola pósnatalem não gestante.• Clínico: caso suspeito <strong>de</strong> rubéola em que não houve coleta <strong>de</strong> amostra paraexame laboratorial, mas a avaliação clínica e epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong>tectou sinais esintomas compatíveis com outro diagnóstico diferente da rubéola.• Critérios para o <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> casos suspeitos <strong>de</strong> rubéola com associaçãotemporal à vacina:ð Para classificar o caso como evento adverso à vacina, <strong>de</strong>verão ser observados:a data da última dose da vacina e a data do início dos sintomas.ð Será consi<strong>de</strong>rado neste ítem, todo caso notificado como suspeito <strong>de</strong> rubéolaem que:- não houve coleta <strong>de</strong> amostra, ou- houve coleta e o resultado do exame laboratorial foi “reagente” ou“positivo para IgM”.ð A avaliação clínica e epi<strong>de</strong>miológica indicou uma associação temporal, entrea data do início dos sintomas e a data do recebimento da última dose davacina, com o componente contra a rubéola, que se enquadra nasespecificações abaixo:- febre com temperatura que po<strong>de</strong> chegar a 39ºC ou mais, com inícioentre o 5 o ao 12 o dias após a vacinação e duração média <strong>de</strong> um a doisdias, po<strong>de</strong>ndo chegar até cinco dias;- exantema que dura <strong>de</strong> um a dois dias, sendo geralmente benigno, e quesurge entre o 7 o e 10 o dias, após a administração da vacina;- cefaléia ocasional, irritabilida<strong>de</strong>, conjuntivite ou manifestações catarraisobservadas, entre o 5 o e 12 o dias após a vacinação;- linfa<strong>de</strong>nopatias que se instalam entre 7 a 21 dias após a data <strong>de</strong> vacinação.Este evento ocorre em menos <strong>de</strong> 1% dos vacinados.4.3. NOTIICAÇÃOTodos os casos suspeitos <strong>de</strong>vem ser notificados imediatamente pelo nível local, àSecretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, seguindo o fluxo <strong>de</strong>finido pelo nível estadual.A <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> um surto <strong>de</strong> rubéola <strong>de</strong>ve ser notificado, <strong>de</strong> imediato, aos <strong>de</strong>maisníveis do Sistema.UNASA 711


R U B É O L ACaso Suspeito <strong>de</strong> RubéolaToda pessoa com febre e exantema máculo -papular acompanhado <strong>de</strong> linfoa<strong>de</strong>nopatiaretroauricular , occipital e cervical, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nteda ida<strong>de</strong> e situação vacinal.Suspeitar <strong>de</strong> RubéolaNotificar à Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Investigarem até 48hColetar sanguepara sorologia noprimeiro contatocom o pacienteVacinação <strong>de</strong>bloqueio. Vacinaros contatossuscetíveis4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Assistência médica ao paciente: a assistência se dá em unida<strong>de</strong>s básicas<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e, quando gestantes, em serviços <strong>de</strong> pré-natal. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>hospitalização é muito rara.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da Assistência: verificar se os casos estão sendo atendidos <strong>de</strong>forma a<strong>de</strong>quada nas Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. A orientação <strong>de</strong>ve estar disponívelsobre procedimentos, frente a um caso <strong>de</strong> rubéola, principalmente relacionados aocuidado com as gestantes.4.4.3. Proteção individual para evitar circulação viral: as crianças e adultosacometidos <strong>de</strong> rubéola <strong>de</strong>vem ser afastados da escola, da creche ou do local <strong>de</strong>trabalho, durante o período <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong> (cinco a sete dias antes do início doexantema e pelo menos cinco a sete dias <strong>de</strong>pois).4.4.4. Confirmação diagnóstica: coletar material para diagnóstico laboratorial, <strong>de</strong>acordo com as orientações do Anexo 1.4.4.5. Proteção da população: a principal medida <strong>de</strong> controle da rubéola é feitaatravés da vacinação dos suscetíveis, que inclui: vacinação na rotina na re<strong>de</strong> básica<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, bloqueio vacinal, intensificação e/ou campanhas <strong>de</strong> vacinação. Ressaltaseque, a cada caso suspeito notificado, a ação <strong>de</strong> bloqueio vacinal <strong>de</strong>ve ser<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada imediatamente. Extensa busca ativa <strong>de</strong> novos casos suspeitos esuscetíveis <strong>de</strong>ve ser realizada. A faixa etária prioritária para a realização do bloqueiovacinal é a <strong>de</strong> 6 meses a 39 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Porém, a redução ou aumento da ida<strong>de</strong>para a realização do bloqueio vacinal <strong>de</strong>verá ser avaliada, <strong>de</strong> acordo com a situaçãoepi<strong>de</strong>miológica apresentada na localida<strong>de</strong>. A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação epi<strong>de</strong>miológica,712 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA RUBÉOLANotificação <strong>de</strong> caso suspeitoInvestigaçãoColeta <strong>de</strong> dadosclínicos eepi<strong>de</strong>miológicosColeta <strong>de</strong> materialpara sorologiaRealiza medidas <strong>de</strong>controleEducação em saú<strong>de</strong>I<strong>de</strong>ntificar novoscasos suspeitosEnviar ao laboratórioOperaçãolimpezaI<strong>de</strong>ntificar ocorrência<strong>de</strong> surtosLaboratório informao resultado àSecretaria Estadual <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>/SecretariaMunicipal <strong>de</strong> aú<strong>de</strong>BloqueiovacinalI<strong>de</strong>ntificar área<strong>de</strong> transmissãoSecretarias Municipaise Estaduais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>encerram o caso,conforme o algoritmo(Anexos II e III)Avaliar a coberturavacinal da áreaUNASA 713


R U B É O L Aprincipalmente quando se faz a busca ativa <strong>de</strong> casos, leva a um melhor controle dadoença.As gestantes suscetíveis <strong>de</strong>vem ser afastadas do contato com casos e comunicantes,durante o período <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong> e incubação da doença.Quando a gestante tem contato com um doente <strong>de</strong> rubéola, <strong>de</strong>ve ser avaliadasorologicamente, o mais precocemente possível, para posterior acompanhamento eorientação.Ações <strong>de</strong> esclarecimento à população mediante visitas domiciliares, palestras nascomunida<strong>de</strong>s e por meio <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa <strong>de</strong>vem serimplementadas. O conteúdo dos esclarecimentos <strong>de</strong>ve incluir conhecimentos sobreo ciclo <strong>de</strong> transmissão da doença, gravida<strong>de</strong>, esclarecimentos da situação <strong>de</strong> risco eimunização.4.4.6. Investigação: todo caso suspeito <strong>de</strong> rubéola <strong>de</strong>ve ser investigado, com objetivo<strong>de</strong> se coletar as informações necessárias para o correto diagnóstico final. Alémdisso, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> novos casos <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada e, nessemomento, <strong>de</strong>vem ser adotadas medidas <strong>de</strong> controle frente à ocorrência <strong>de</strong> um oumais casos.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos dos itens da Ficha<strong>de</strong> Investigação Epi<strong>de</strong>miológica do SINAN, relativos aos dados gerais, notificaçãoindividual e dados <strong>de</strong> residência.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos• Para confirmar a suspeita diagnóstica: todo caso suspeito <strong>de</strong> rubéola <strong>de</strong>veser investigado em até 48 horas após seu conhecimento, com os seguintesobjetivos:ð caracterizar clinicamente o caso para <strong>de</strong>terminar sua classificação comosuspeito;- preencher a ficha <strong>de</strong> investigação epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> doenças exantemáticasfebris - sarampo/rubéola, padronizadas nacionalmente pelo SINAN.ð colher amostra <strong>de</strong> sangue para exame sorológico, a fim <strong>de</strong> confirmar odiagnóstico;- <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar as medidas <strong>de</strong> controle pertinentes.ð gestantes assintomáticas (contatos/expostas a casos suspeitos ou confirmados<strong>de</strong> rubéola) e com resultado IgM positivo, que foram notificados à vigilânciaepi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong>vem ser acompanhadas da mesma forma que as gestantessintomáticas para rubéola, ou através do laboratório (a partir da realização<strong>de</strong> exames <strong>de</strong> rotina do pré-natal). A ficha <strong>de</strong> investigação epi<strong>de</strong>miológica aser preenchida é a da Gestante com Rubéola - Síndrome da Rubéola Congênitado SINAN.• Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> transmissão: o registro <strong>de</strong> todas as informaçõesreferentes ao caso é importante, para que seja possível respon<strong>de</strong>r a algumas714 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAvariáveis básicas (Quem? Quando? On<strong>de</strong>?), possibilitando a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões,quanto à extensão das medidas <strong>de</strong> controle. Além disso, permite o a<strong>de</strong>quadoacompanhamento e divulgação da situação <strong>de</strong> cada município alvo <strong>de</strong> surto.Um surto <strong>de</strong> rubéola caracteriza-se pela ocorrência <strong>de</strong> uma incidência acima doesperado, quando comparada aos anos anteriores. A ocorrência <strong>de</strong> um surto <strong>de</strong>rubéola é consi<strong>de</strong>rada uma situação <strong>de</strong> emergência epi<strong>de</strong>miológica, pois além <strong>de</strong>se tratar <strong>de</strong> doença infecciosa há uma real possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência da SRC.Na ocorrência <strong>de</strong> um surto, a possível fonte <strong>de</strong> infecção dos casos <strong>de</strong>ve serexaustivamente investigada, com vistas à sua i<strong>de</strong>ntificação, e para que se tenhaum melhor conhecimento das áreas on<strong>de</strong> o vírus po<strong>de</strong> estar circulando.Em uma situação <strong>de</strong> surto, as mulheres expostas durante a gravi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>vem seracompanhadas durante a gestação e no pós-parto e o recém nascido no primeiroano <strong>de</strong> vida.Uma vez caracterizada a ocorrência <strong>de</strong> surto ou epi<strong>de</strong>mia, numa área<strong>de</strong>terminada, não é necessário colher amostra <strong>de</strong> todos os casos que surgirem,exceto nas gestantes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a investigação comprove que estãorelacionados entre si.Quando a investigação <strong>de</strong>tecta que o caso <strong>de</strong> rubéola esteve viajando no período<strong>de</strong> 12 a 23 dias antes do início dos sintomas, a equipe <strong>de</strong> vigilância do município<strong>de</strong> origem do caso <strong>de</strong>ve informar à equipe <strong>de</strong> vigilância do local on<strong>de</strong> o pacienteesteve, a fim <strong>de</strong> que esta equipe adote as medidas <strong>de</strong> investigação e controle.• Para <strong>de</strong>terminação da extensão da área <strong>de</strong> transmissão: um estudo<strong>de</strong>talhado <strong>de</strong>ve ser feito, com o objetivo <strong>de</strong> caracterizar o perfil da ocorrência, eos fatores que contribuíram para a circulação do vírus na população. Atençãoespecial <strong>de</strong>ve ser dada para a <strong>de</strong>tecção da rubéola em mulheres em ida<strong>de</strong> fértil,a fim <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os casos potenciais <strong>de</strong> SRC.Obter informações <strong>de</strong>talhadas e uniformes, para todos os casos, possibilitando acomparação dos dados e a análise a<strong>de</strong>quada da situação epi<strong>de</strong>miológica dadoença.Consi<strong>de</strong>rando que, com gran<strong>de</strong> freqüência, se po<strong>de</strong> encontrar casos suspeitos<strong>de</strong> rubéola entre as pessoas que viajam, a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um viajante nestascondições <strong>de</strong>ve ser notificada, <strong>de</strong> imediato, às autorida<strong>de</strong>s sanitárias. Além disso,o viajante-paciente ou seu acompanhante <strong>de</strong>ve ser informado sobre a doença,complicações e a transmissibilida<strong>de</strong>, bem como sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manterserecolhido ao local <strong>de</strong> hospedagem (hotel ou outro), até cinco dias <strong>de</strong>pois doaparecimento do exantema.O acompanhamento da área on<strong>de</strong> ocorreu o surto <strong>de</strong>ve ser monitorado, aténove meses <strong>de</strong>pois da notificação do último caso <strong>de</strong> rubéola, para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>casos <strong>de</strong> SRC.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: todo caso suspeito notificado<strong>de</strong> rubéola e gestantes com história <strong>de</strong> contato com caso confirmado, <strong>de</strong>verão coletaruma amostra <strong>de</strong> sangue para sorologia. Na ocorrência <strong>de</strong> surto, coletar tambémespécime clínica para isolamento viral, <strong>de</strong> acordo com as normas e procedimentosdo Anexo.UNASA 715


R U B É O L A• É da responsabilida<strong>de</strong> dos profissionais da vigilância epi<strong>de</strong>miológica e/ou doslaboratórios centrais ou <strong>de</strong> referência viabilizar, orientar ou mesmo proce<strong>de</strong>r aestas coletas.Atentar para a interpretação dos resultados <strong>de</strong> sorologias, consi<strong>de</strong>rando as datas <strong>de</strong>coleta e dias <strong>de</strong> aparecimento dos sintomas, necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostras pareadas senão for dosagem <strong>de</strong> IgM, e o estado vacinal do paciente, que po<strong>de</strong> levar a resultadosfalso-positivos.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: a análise criteriosa das informações <strong>de</strong>ve ser realizadarotineiramente, em todos os níveis do sistema (local, municipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral),a partir do processamento dos dados coletados. A maior ou menor complexida<strong>de</strong><strong>de</strong>ssa análise <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da quantida<strong>de</strong> e da qualida<strong>de</strong> dos dados disponíveis, buscandosesempre utilizá-la para orientar as <strong>de</strong>cisões, especialmente sobre a extensão dasmedidas <strong>de</strong> controle a serem adotadas.Deve-se buscar respon<strong>de</strong>r, pelo menos, a três questões básicas: quando? (distribuiçãotemporal); on<strong>de</strong>? (distribuição geográfica); e quem? (distribuição segundo atributospessoais). O cálculo do coeficiente <strong>de</strong> incidência é fundamental, principalmente,para realizar comparações com períodos anteriores (análise <strong>de</strong> tendência).4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: após análise das Fichas Epi<strong>de</strong>miológicas, os casos<strong>de</strong>verão ser encerrados em até 30 dias e digitados no SINAN.4.5.6. Relatório final: é realizado somente em situações <strong>de</strong> surto, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>verãoestar relatadas as ações realizadas para o controle do surto.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. IMUNIZAÇÃO• Recomendações para vacinação: as vacinas tríplice e dupla viral ou a vacinamonovalente só <strong>de</strong>vem ser introduzidas em uma comunida<strong>de</strong>, município ou estado,quando for possível garantir o alcance <strong>de</strong> altas coberturas vacinais. Quando avacinação é iniciada e as coberturas não são satisfatórias (95%), po<strong>de</strong> haver<strong>de</strong>slocamento da faixa etária, on<strong>de</strong> ocorrem os casos <strong>de</strong> rubéola que passam aafetar principalmente adultos, com conseqüente aumento do risco da ocorrência<strong>de</strong> casos <strong>de</strong> SRC.Para o controle da Síndrome da Rubéola Congênita, a estratégia mais utilizada éa vacinação <strong>de</strong> crianças e <strong>de</strong> mulheres, no período puerperal ou no pós-aborto.Para evitar o surgimento <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> rubéola, é necessária a implementaçãodas estratégias sistemáticas <strong>de</strong> vacinação.5.1.1. Estratégias <strong>de</strong> vacinação frente a casos suspeitos: diante <strong>de</strong> uma pessoacom sinais e sintomas, é realizado o bloqueio vacinal para os contatos sem esperaro resultado da sorologia.Na vacinação <strong>de</strong> bloqueio, utilizar a vacina tríplice viral para a faixa etária <strong>de</strong> 6meses a 39 anos, <strong>de</strong> forma seletiva para homens e mulheres. A dose <strong>de</strong> vacinatríplice viral, aplicada em crianças menores <strong>de</strong> 1 ano, não será consi<strong>de</strong>rada comodose válida; aos 12 meses, a criança <strong>de</strong>verá ser revacinada com a vacina trípliceviral.716 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICANão há garantia <strong>de</strong> que a vacinação dos comunicantes, após a exposição ao doente,proteja contra a infecção. No entanto, on<strong>de</strong> a vacina já foi implantada, é importanteaproveitar a oportunida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> um caso para vacinar os contatos suscetíveis,principalmente, as mulheres em ida<strong>de</strong> fértil.5.1.2 Medidas <strong>de</strong> controle para um surto <strong>de</strong> rubéola: após a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>um surto <strong>de</strong> rubéola, atenção especial <strong>de</strong>ve ser dada à <strong>de</strong>tecção da doença nasmulheres em ida<strong>de</strong> fértil, para i<strong>de</strong>ntificar casos potenciais <strong>de</strong> SRC. Quando asmedidas <strong>de</strong> controle não são efetivas, o surto <strong>de</strong> rubéola po<strong>de</strong> ser prolongado pelaincapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conter a propagação da doença.A operação limpeza, que é a estratégia <strong>de</strong> vacinação a ser usada, terá maior oumenor abrangência, <strong>de</strong> acordo com:• a situação epi<strong>de</strong>miológica;• a cobertura vacinal da área; e• a estimativa do número <strong>de</strong> suscetíveis que possam residir na localida<strong>de</strong>.A cobertura vacinal da área <strong>de</strong>ve ser cuidadosamente analisada com o objetivo <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificar as microlocalida<strong>de</strong>s que concentram as pessoas susceptíveis.Na operação limpeza, a vacinação é feita casa a casa (incluindo os estabelecimentoscoletivos e as populações institucionalizadas) tanto na zona urbana quanto na zonarural, com priorida<strong>de</strong> para as áreas <strong>de</strong> risco.Todos os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, em especial os obstetras,neonatologistas e pediatras,<strong>de</strong>vem receber informações sistemáticas sobre:• a ocorrência <strong>de</strong> surtos;• as implicações do surto em mulheres grávidas;• a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> casos suspeitos e as condutas pertinentes a cada um;• a importância da notificação imediata frente à suspeita <strong>de</strong> rubéola.Quando da ocorrência <strong>de</strong> um surto, a vigilância da SRC <strong>de</strong>ve continuar por novemeses, no mínimo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a ocorrência do último caso notificado <strong>de</strong> rubéola.5.2. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEEsclarecer a população, principalmente da área <strong>de</strong> educação, sobre a doença, aimportância <strong>de</strong> notificar a SMS e a vacinação <strong>de</strong> crianças e mulheres para aprevenção da SRC.5.3. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃONo Brasil, atualmente, a vacinação <strong>de</strong> rotina contra a rubéola é realizada aos 12meses <strong>de</strong> vida, com a vacina tríplice viral. A faixa etária para a vacinação é entre 12meses a 11 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A vacina também é aplicada no pós-parto e no pósaborto,em maternida<strong>de</strong>s e serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eliminar a ocorrência da síndrome da rubéola congênita, aadministração no Brasil é feita:• aos 12 meses ( extensão até os 11 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>);• na população feminina entre 12 a 39 anos com a vacina tríplice viral.UNASA 717


R U B É O L AANEXO 1 - NORMAS PARA PROCEDIMENTOS LABORATORIAISFazer a diferença clínica entre a rubéola e outras doenças exantemáticas é bastantedifícil, daí a importância do laboratório para a confirmação do diagnóstico, a partirdo exame laboratorial.O diagnóstico laboratorial é realizado por meio do isolamento do vírus ou por métodossorológicos para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos específicos, sendo necessário assegurar acoleta da amostra <strong>de</strong> sangue, logo no primeiro atendimento. No caso da gestanteque teve contato com pessoa doente <strong>de</strong> rubéola, a primeira amostra também <strong>de</strong>veser coletada no momento do primeiro atendimento.Os anticorpos específicos para o vírus da rubéola aparecem logo após o início dadoença. A presença <strong>de</strong> IgM positivo significa que houve infecção recente, mas,geralmente, não são mais <strong>de</strong>tectados após 4 a 6 semanas do início do exantema.Anticorpos IgG, usualmente, persistem por toda vida.1. TIPOS DE EXAMES• Ensaio imunoenzimático (EIE): o ensaio imunoenzimático <strong>de</strong> captura para IgManti-rubéola permite o diagnóstico, na maioria dos casos, através da realizaçãodo exame <strong>de</strong> uma amostra, coletada durante o comparecimento ao serviço <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>.• Inibição da Hemaglutinação (HI): mais utilizada por ser <strong>de</strong> baixo custo e simplesexecução, apresentando também boa sensibilida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong>. Devem sercoletadas duas amostras: a primeira, durante o período exantemático, quando docomparecimento do doente ao serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; e a segunda, 14 dias a partir dadata da coleta da primeira amostra.• Outros métodos po<strong>de</strong>m ser utilizados, como: EIE para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> IgG,aglutinação passiva do látex, hemólise radial e <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> IgM porhemoabsorção.PROCEDIMENTOS• Sorologiað Coleta: <strong>de</strong> acordo com o Plano <strong>de</strong> Controle da Rubéola, <strong>de</strong>verá ser coletadauma amostra <strong>de</strong> sangue para realização <strong>de</strong> exame sorológico, visando-se a<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos específicos, na primeira visita do paciente ao serviço<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.As amostras <strong>de</strong>verão ser coletadas nos primeiros 28 dias após o início doexantema.As amostras coletadas após o 28 o dia são consi<strong>de</strong>radas tardias, mas, mesmoassim, <strong>de</strong>vem ser aproveitadas e encaminhadas ao laboratório para a718 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICArealização da pesquisa <strong>de</strong> IgM. É importante ressaltar que, resultados nãoreagentes para IgM, não <strong>de</strong>scartam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecção recente pelovírus da rubéola.ð Material: o material a ser colhido é o sangue sem anticoagulante venoso, naquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5 a 10ml. Quando se tratar <strong>de</strong> criança muito pequena e nãofor possível coletar o volume estabelecido, obter no mínimo 3 ml.ð Conservação e envio ao LACEN: após a separação do soro, conservar otubo com o soro sob refrigeração, na temperatura <strong>de</strong> +4º a +8ºC, por nomáximo 48 horas.Enviar ao laboratório no prazo <strong>de</strong> dois dias, no máximo, colocando o tubo emembalagem térmica ou caixa <strong>de</strong> isopor, com gelo ou gelox.Caso o soro não possa ser encaminhado ao laboratório no prazo <strong>de</strong> dois dias(48hs), conservá-lo no “ freezer” numa temperatura <strong>de</strong> -20º C, até o momentodo transporte para o laboratório <strong>de</strong> referência. O prazo máximo para o sorochegar ao LACEN é <strong>de</strong> até 5 dias.ð Interpretação do resultado:RUBÉOLA PÓS-NATAL (EXCETO GESTANTES)COLETA DA AMOSTRARESULTADOCLASSIICAÇÃO DO CASOAté 28 diasApós 28 diasIgM (+)IgM (-)IgM (+)IgM (-)Confirmar o casoDescartar o casoConfirmar o casoEmbora não se possa afirmar que não houve infecção recente, <strong>de</strong>scartar o casoRUBÉOLA EM GESTANTE SINTOMÁTICACOLETA DA AMOSTRARESULTADOCLASSIICAÇÃO DO CASODo 1 o ao 4 o diaDo 5 o ao 28 o diaApós 28 diasIgM (+)IgM (-)IgG (+)IgG (-)IgM (+)IgM (-)IgM (+)IgM (-)IgG (+)IgG (-)Confirmar o casoRealizar pesquisa <strong>de</strong> IgGDescartar o casoColher 2 a amostra após 7 a 21 dias da 1 aConfirmar o caso - acompanharDescartar o casoConfirmar o casoNão se po<strong>de</strong> afirmar que não houve infecção, realizar IgGConfirmar o casoDescartar o casoUNASA 719


R U B É O L AGESTANTE ASSINTOMÁTICA CONTATO DE RUBÉOLACOLETA DA AMOSTRARESULTADOCLASSIICAÇÃO DO CASOAté 27 diasEntre 28 e 42 diasApós 42 diasIgM (+)IgM (-)IgG (+)IgG(-)2 a amostraIgM (+)IgM(-)IgM (+)IgM(-)IgM(+)IgM(-)IgG(+)IgG(-)Acompanhar - RN suspeito <strong>de</strong> SRCRealizar pesquisa <strong>de</strong> IgGGestante não suscetívelColher 2 a amostra entre a 4 a e 6 a semanas (29 a 42 dias) após o contatoAcompanhar - RN suspeito <strong>de</strong> SRCVacinar após o partoAcompanhar - RN suspeito <strong>de</strong> SRCRealizar pesquisa <strong>de</strong> IgGAcompanhar - RN suspeito <strong>de</strong> SRCRealizar pesquisa <strong>de</strong> IgGNão se po<strong>de</strong> afirmar que houve infecção. Acompanhar - RN suspeito <strong>de</strong> SRCVacinar após o parto• Isolamento viral: o vírus da rubéola po<strong>de</strong> ser isolado a partir das secreçõesnasofaríngeas.Este procedimento é recomendado na ocorrência <strong>de</strong> surtos ou epi<strong>de</strong>mias, jáconfirmados por laboratório. Coletar <strong>de</strong> 5 a 10 espécimes por surto, numa<strong>de</strong>terminada área geográfica, não necessitando coletar <strong>de</strong> todos os casos suspeitos<strong>de</strong> rubéola.Todo espécime clínico coletado <strong>de</strong>ve ser encaminhado ao Laboratório Centraldo Estado (LACEN), para o processamento inicial da amostra. Cabe a esteLaboratório Central o encaminhamento ao Centro <strong>de</strong> Referência Nacional paraSarampo/Rubéola, na FIOCRUZ/RJ.Quanto mais perto do início do exantema a amostra for coletada, e quanto maisrápido chegar ao laboratório <strong>de</strong> referência nacional (FIOCRUZ/RJ), maioressão as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> isolamento do vírus, que tem por objetivos:ð i<strong>de</strong>ntificar o padrão genético do vírus circulante no país;ð diferenciar os casos autóctones <strong>de</strong> rubéola, dos casos importados; eð diferenciar o vírus selvagem do vírus vacinal.• Critérios para a coleta <strong>de</strong> espécimes para isolamento: a coleta dosespécimes clínicos para o isolamento viral <strong>de</strong>ve ser priorizada nas seguintessituações:ð em todos os municípios com ocorrência <strong>de</strong> surtos <strong>de</strong> rubéola, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nteda distância do laboratório central estadual;720 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAð a coleta <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer ao critério <strong>de</strong> 5 a 10 casos suspeitos por áreageográfica, em situações <strong>de</strong> surtos ou epi<strong>de</strong>mias.• Período para coleta dos espécimes clínicos: as amostras dos espécimesclínicos, ou seja, <strong>de</strong> secreções nasofaríngeas, <strong>de</strong>vem ser coletadas até o 5° diaa partir do aparecimento do exantema (preferencialmente, nos primeiros trêsdias a partir do início do exantema, não <strong>de</strong>vendo ultrapassar cinco dias após oseu início).• Quantida<strong>de</strong>, coleta, encaminhamento e processamento <strong>de</strong> secreçãonasofaríngea (SNF): a secreção nasofaríngea é o melhor material para oisolamento do vírus da rubéola.Deve ser coletado o máximo possível <strong>de</strong> SNF, por meio da técnica <strong>de</strong> “swab” ouaspiração.A SNF po<strong>de</strong> ser coletada:ð Com uma sonda nasal conectada a uma seringa, instilar no nariz do paciente<strong>de</strong> 3 a 5ml <strong>de</strong> solução salina:- Aspirar o material, a maior quantida<strong>de</strong> possível.- Colocar em tubo contendo meio DMEM ou outro fornecido pelolaboratório.- Se não tiver este meio, colocar o material aspirado com a salina em umtubo.ð Coletar com uma sonda acoplada a um equipo <strong>de</strong> soro com ajuda <strong>de</strong> umvácuo (hospitais têm vácuo na pare<strong>de</strong>). Este material po<strong>de</strong> permanecer nopróprio equipo.ð Swabs:- Coletar 3 amostras <strong>de</strong> swab, uma amostra <strong>de</strong> cada narina e uma dagarganta, com o uso <strong>de</strong> fricção para obter as células <strong>de</strong> mucosa, umavez que o vírus está estreitamente associado às células. Colocar os 3swabs em um tubo contendo 3ml <strong>de</strong> meio (Earle, Dulbecco, Salina, etc.fornecido pelo laboratório).- A SNF e os swabs no tubo com meio, po<strong>de</strong>m ser conservados emgela<strong>de</strong>ira por 24-48 horas. Não <strong>de</strong>vem ser congelados.- Enviar em gelo reciclável ao Lacen.- Para conservar e transportar a SNF, <strong>de</strong>vem ser adotados os seguintescuidados:. no LACEN, colocar a SNF em freezer a -70º C;. encaminhar a amostra ao Centro <strong>de</strong> Referência Nacional paraSarampo/Rubéola, na FIOCRUZ/RJ, em isopor com gelo seco.UNASA 721


R U B É O L ADIAGNÓSTICO LABORATORIAL - RUBÉOLA PÓS-NATALIgM negativaCaso <strong>de</strong>scartado porlaboratórioAmostra coletadaentre o 1 o - 28 o diasapós o início doexantemaIgM positivaCaso <strong>de</strong>scartado porlaboratórioIgM negativaCaso <strong>de</strong>scartado poramostras tardias comIgM(-)Amostra coletadaapós o 28 o dia doinício do exantemaIgM positivaCaso confirmado porlaboratório722 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICADIAGNÓSTICO LABORATORIAL - RUBÉOLA EM GESTANTE SINTOMÁTICAIgM NegativaPesquisarIgMCaso<strong>de</strong>scartadoIgG NegativaAmostracoletada entre o1 o e o 4 o diasapós o início doexantemaIgM PositivaColher 2 aamostraentre 7 a 21diasIgM NegativaIgM PositivaIgM PositivaCasoconfirmadoAmostracoletada entre o5 o e o 28 o diasapós o início doexantemaIgM NegativaIgG NegatvaCaso<strong>de</strong>scartadoIgM NegativaPesquisarIgGAmostracoletada após o28o dia do iníciodo exantemaIgG PositivaCasoconfirmado poramostra tardiacom IgM (-)IgM PositivaCasoconfirmadoUNASA 723


R U B É O L ADIAGNÓSTICO LABORATORIAL - GESTANTE QUE TEVE CONTATO COM UMCASO CONIRMADO OU SUSPEITO DE RUBÉOLACasoconfirmadoIgM PositivaIgG PositivaAmostracoletada entre o1 o e o 27 o diasapós aexposiçãoPesquisarIgGColetar amostra<strong>de</strong> 28 a 42 diasdias apósexposiçãoIgM NegativaCaso<strong>de</strong>scartadoIgM NegativaIgM NegativaIgM PositivaIgM NegativaCaso<strong>de</strong>scartadoAmostracoletada entre o5 o e o 28 o diasapós o início doexantemaIgM PositivaPesquisarIgGIgG PositivaCasoconfirmadoAmostracoletada entre o5 o e o 28 o diasapós o início doexantemaIgG NegatvaCaso<strong>de</strong>scartadoIgM NegativaPesquisarIgGIgG PositivaCasoconfirmado poramostras tardiascom IgM (-)724 UNASA


SARAMPOCID 10: B05


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICASARAMPO1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOO sarampo é uma doença infecciosa aguda, <strong>de</strong> natureza viral, grave, transmissível eextremamente contagiosa, muito comum na infância. A viremia, causada pelainfecção, provoca uma vasculite generalizada, responsável pelo aparecimento dasdiversas manifestações clínicas, inclusive pelas perdas consi<strong>de</strong>ráveis <strong>de</strong> eletrólitose proteínas, gerando o quadro expoliante característico da infecção. Além disso, ascomplicações infecciosas contribuem para a gravida<strong>de</strong> do sarampo, particularmenteem crianças <strong>de</strong>snutridas e menores <strong>de</strong> 1 ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOO vírus do sarampo pertence ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae.1.3. RESERVATÓRIOO homem.1.4. MODO DE TRANSMISSÃOÉ transmitido diretamente <strong>de</strong> pessoa a pessoa, através das secreções nasofaríngeas,expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Essa forma <strong>de</strong> transmissão é responsávelpela elevada contagiosida<strong>de</strong> da doença. Tem sido <strong>de</strong>scrito, também, o contágio pordispersão <strong>de</strong> gotículas com partículas virais no ar, em ambientes fechados como,por exemplo: escolas, creches e clínicas.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃOGeralmente <strong>de</strong> 10 dias (variando <strong>de</strong> 7 a 18 dias), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a data da exposição até oaparecimento da febre e cerca <strong>de</strong> 14 dias até o início do exantema.1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEÉ <strong>de</strong> 4 a 6 dias antes do aparecimento do exantema, até 4 dias após. O período <strong>de</strong>maior transmissibilida<strong>de</strong> ocorre 2 dias antes e 2 dias após o início do exantema. Ovírus vacinal não é transmissível.1.7. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA suscetibilida<strong>de</strong> ao vírus do sarampo é geral. Os lactentes cujas mães já tiveramsarampo ou foram vacinadas possuem, temporariamente, anticorpos transmitidospor via placentária, conferindo imunida<strong>de</strong>, geralmente, ao longo do primeiro ano <strong>de</strong>vida, o que interfere na resposta à vacinação.UNASA 727


S A R A M P ONo Brasil, cerca <strong>de</strong> 85% das crianças per<strong>de</strong>m esses anticorpos maternos por voltados 9 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASCaracteriza-se por febre alta, acima <strong>de</strong> 38 o C, exantema máculo-papular generalizado,tosse, coriza, conjuntivite e manchas <strong>de</strong> Koplik (pequenos pontos brancos queaparecem na mucosa bucal, antece<strong>de</strong>ndo ao exantema).• Período <strong>de</strong> infecção: dura cerca <strong>de</strong> sete dias, iniciando com período prodrômico,on<strong>de</strong> surge febre, acompanhada <strong>de</strong> tosse produtiva, coriza, conjuntivite efotofobia. Do 2° ao 4° dias <strong>de</strong>sse período, surge o exantema, quando acentuamseos sintomas iniciais, o paciente fica prostrado e aparecem as lesõescaracterísticas do sarampo: exantema cutâneo máculo-papular <strong>de</strong> coloraçãovermelha, iniciando na região retroauricular.• Remissão: caracteriza-se pela diminuição dos sintomas, <strong>de</strong>clínio da febre. Oexantema torna-se escurecido e, em alguns casos, surge <strong>de</strong>scamação fina,lembrando farinha, daí o nome <strong>de</strong> furfurácea.• Período toxêmico: o sarampo é uma doença que compromete a resistência dohospe<strong>de</strong>iro, facilitando a ocorrência <strong>de</strong> superinfecção viral ou bacteriana. Porisso, são freqüentes as complicações, principalmente nas crianças até os doisanos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, em especial as <strong>de</strong>snutridas, e adultos jovens.A ocorrência <strong>de</strong> febre, por mais <strong>de</strong> três dias, após o aparecimento do exantema, éum sinal <strong>de</strong> alerta, indicando o aparecimento <strong>de</strong> complicações. As mais comuns são:ð infecções respiratórias;ð <strong>de</strong>snutrição;ð doenças diarréicas, eð neurológicas.É durante o período exantemático que, geralmente, se instalam as complicaçõessistêmicas, embora a encefalite possa aparecer após o 20 o dia.• Sinais e sintomasDIAS DE DOENÇA1 2 3 4 5 6 7 8 9 10TEMPERATURA41,536,5ERUPÇÃOMANCHA DE KOPLIKCONJUNTIVITECORIZATOSSEFonte: Extraído <strong>de</strong> KRUGMAN, SAUL INFECTIOUS DISEASES OF CHILDREN. EDITION THE CV MOSBY COMPANY, SAINT LOUIS, USA.728 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALO diagnóstico diferencial do sarampo <strong>de</strong>ve ser realizado para as doenças exantemáticasfebris agudas. Dentre essas, <strong>de</strong>stacam-se as seguintes: Rubéola, ExantemaSúbito (Roséola Infantum), Dengue, Enteroviroses e Ricketioses.• Rubéola: doença <strong>de</strong> natureza viral, que em geral inicia seus pródromos emcriança, o exantema é róseo, discreto e, excepcionalmente, confluente, commáxima intensida<strong>de</strong> no segundo dia, <strong>de</strong>saparecendo até o sexto dia, sem<strong>de</strong>scamação. Há presença <strong>de</strong> linfa<strong>de</strong>nopatia, principalmente retroauricular eoccipital.• Exantema súbito (Roséola Infantum): o exantema súbito é uma doença <strong>de</strong>natureza viral ( herpes vírus 6), ocorre principalmente em crianças menores <strong>de</strong>5 anos, apresenta 3 a 4 dias <strong>de</strong> febre alta e irritabilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo provocarconvulsões. O exantema é semelhante ao da rubéola e po<strong>de</strong> durar apenas horas.Inicia-se, caracteristicamente, no tronco, após o <strong>de</strong>saparecimento da febre enão há <strong>de</strong>scamação.• Eritema infeccioso (Parvovírus B19): caracterizado por exantema, febre,a<strong>de</strong>nopatia, artralgia e dores musculares, ocorrendo principalmente em crianças<strong>de</strong> 4 a 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, sendo mo<strong>de</strong>radamente contagiosa. O exantema surge,em geral, sete dias após os primeiros sinais e sintomas, caracterizando-se portrês estágios. Estágio 1: face eritematosa, conhecida como “aparência <strong>de</strong>bochecha esbofeteada”. Estágio 2: Um a quatro dias <strong>de</strong>pois, caracterizadocomo exantema maculopapular, distribuído simetricamente no tronco e nasextremida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>ndo ser acompanhado <strong>de</strong> prurido. Estágio 3: Mudança <strong>de</strong>intensida<strong>de</strong> no rash, com duração <strong>de</strong> uma ou mais semanas, exarcebado porexposição ao sol ou por fatores emocionais.• Dengue: caracteriza-se por início súbito, com febre, cefaléia intensa, mialgias,artralgias, dor retro-orbital, dor abdominal difusa e erupção máculo-papulargeneralizada, que aparece freqüentemente com o <strong>de</strong>clínio da febre. É tambémuma doença <strong>de</strong> natureza viral.• Enteroviroses (coxsackioses e echoviroses) e ricketioses: apresentam3 a 4 dias <strong>de</strong> febre, no caso do vírus ECHO. No curso da doença, po<strong>de</strong>m aparecerexantemas <strong>de</strong> vários tipos, predominando o máculo-papular discreto. São maisfreqüentes em crianças <strong>de</strong> baixa ida<strong>de</strong>, na maioria dos casos acometendo aregião palmo-plantar e não provocando <strong>de</strong>scamação.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALÉ realizado mediante <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos IgM no sangue na fase aguda dadoença, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros dias até quatro semanas após o aparecimento doexantema. Os anticorpos específicos da classe IgG po<strong>de</strong>m eventualmente aparecerna fase aguda da doença e, geralmente, são <strong>de</strong>tectados muitos anos após a infecção.2.3.1. Técnicas <strong>de</strong> diagnóstico laboratorial: para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos po<strong>de</strong>mser utilizadas as seguintes técnicas:• Ensaio imunoenzimático (EIE/ELISA) para dosagem <strong>de</strong> IgM e IgG.• Inibição <strong>de</strong> hemoaglutinação (HI) para dosagem <strong>de</strong> anticorpos totais.UNASA 729


S A R A M P O• Imunofluorescência para dosagem <strong>de</strong> IgM e IgG; e• Neutralização em placas.• Todos os testes têm sensibilida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong> entre 85 a 98%.No Brasil, a re<strong>de</strong> laboratorial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> referência para o sarampo utilizaa técnica <strong>de</strong> ELISA para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> IgM e IgG.2.3.2. Número <strong>de</strong> amostras: a amostra <strong>de</strong> sangue do caso suspeito <strong>de</strong>ve sercolhida, sempre que possível, no primeiro atendimento ao paciente.São consi<strong>de</strong>radas amostras oportunas (S1) as coletadas entre o 1º e o 28º dias doaparecimento do exantema. As amostras coletadas após o 28º dia são consi<strong>de</strong>radastardias, mesmo assim <strong>de</strong>vem ser enviadas ao laboratório.Os resultados IgM positivo ou in<strong>de</strong>terminado, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da suspeita, <strong>de</strong>vem sercomunicados imediatamente à vigilância epi<strong>de</strong>miológica estadual, para a realizaçãoda reinvestigação e da coleta da segunda amostra <strong>de</strong> sangue (obrigatória).A realização da segunda coleta (S2) é obrigatória e imprescindível para aclassificação final dos casos, e <strong>de</strong>verá ser realizada entre 2 - 3 semanas após adata da primeira coleta.Os procedimentos laboratoriais estão <strong>de</strong>scritos no Anexo I2.3.3. Isolamento viral: o vírus do sarampo po<strong>de</strong> ser isolado na urina, nas secreçõesnasofaríngeas, no sangue, no liquor cérebro-espinhal ou em tecidos do corpo.O isolamento do vírus do sarampo tem, por objetivos, a i<strong>de</strong>ntificação do padrãogenético circulante no país, diferenciar os casos autóctones do sarampo dos casosimportados, e diferenciar o vírus selvagem do vírus vacinal.• Período para coleta: as amostras dos espécimes clínicos (urina, secreçõesnasofaríngeas ou sangue total) <strong>de</strong>vem ser coletados até o 5º dia a partir do iníciodo exantema, preferencialmente nos 3 primeiros dias. Em casos esporádicos,para não se per<strong>de</strong>r a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se tomar amostra <strong>de</strong> urina para o isolamentoviral, o período po<strong>de</strong> ser estendido em até 7 dias após a data <strong>de</strong> início do exantema.• Critérios para a coleta <strong>de</strong> espécimes para isolamento:ð em presença <strong>de</strong> surto <strong>de</strong> sarampo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da distância do laboratóriocentral;ð casos importados, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do país <strong>de</strong> origem;ð em todos os casos com resultado laboratorial IgM positivo ou in<strong>de</strong>terminadopara o sarampo, observando o período <strong>de</strong> coleta a<strong>de</strong>quado.2.4. TRATAMENTONão existe tratamento específico para a infecção por sarampo. O tratamentoprofilático com antibiótico é contra-indicado.É recomendável a administração da vitamina A em crianças acometidas pela doença,a fim <strong>de</strong> reduzir a ocorrência <strong>de</strong> casos graves e fatais. A OMS recomenda administrara vitamina A, em todas as crianças, no mesmo dia do diagnóstico do sarampo, nasseguintes dosagens:730 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Crianças menores <strong>de</strong> seis meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>ð 50.000 U.I. (unida<strong>de</strong>s internacionais):- uma dose, em aerossol, no dia do diagnóstico; e- outra dose no dia seguinte.• Crianças entre 6 e 12 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>ð 100.000 U.I:- uma dose, em aerossol, no dia do diagnóstico; e- outra dose no dia seguinte.• Crianças maiores <strong>de</strong> 12 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>ð 200.000 U.I.:- uma dose, em aerossol ou cápsula, no dia do diagnóstico; e- outra dose no dia seguinte.Para os casos não complicados manter a hidratação, o suporte nutricional e diminuira hipertermia. Muitas crianças necessitam, <strong>de</strong> quatro a oito semanas, para recuperaro estado nutricional que apresentavam antes do sarampo.As complicações como diarréia, pneumonia e otite média, <strong>de</strong>vem ser tratadas <strong>de</strong>acordo com normas e procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saú<strong>de</strong>.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSO sarampo é uma das principais causas <strong>de</strong> morbimortalida<strong>de</strong> entre crianças menores<strong>de</strong> cinco anos, sobretudo as <strong>de</strong>snutridas e as que vivem nos países em<strong>de</strong>senvolvimento.É uma doença <strong>de</strong> distribuição universal, que apresenta variação sazonal. Nos climastemperados, observa-se o aumento da incidência no período compreendido entre ofinal do inverno e o início da primavera. Nos climas tropicais, a transmissão pareceaumentar <strong>de</strong>pois da estação chuvosa. O comportamento endêmico - epidêmico dosarampo varia, <strong>de</strong> um local para outro, e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> basicamente da relação entre ograu <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> e a suscetibilida<strong>de</strong> da população, bem como da circulação dovírus na área.Nos locais on<strong>de</strong> as coberturas vacinais não são homogêneas, e estão abaixo <strong>de</strong>95%, a doença ten<strong>de</strong> a comportar-se <strong>de</strong> forma endêmica, com a ocorrência <strong>de</strong>epi<strong>de</strong>mias a cada dois ou três anos, aproximadamente. Na zona rural, a doençaapresenta-se com intervalos cíclicos mais longos.O sarampo afeta igualmente ambos os sexos. A incidência, a evolução clínica e aletalida<strong>de</strong> são influenciadas pelas condições sócio - econômicas, o estado nutricionale imunitário do doente, condições que são favorecidas pela aglomeração em lugarespúblicos e em pequenas residências, com grupo familiar maior que sua capacida<strong>de</strong>,além da promiscuida<strong>de</strong> existente em habitações coletivas.Atualmente, nos países que conseguem manter níveis altos <strong>de</strong> cobertura vacinal, aincidência da doença é reduzida, ocorrendo em períodos que alcançam <strong>de</strong> cinco asete anos. No entanto, quando os suscetíveis vão se acumulando e chegam a umUNASA 731


S A R A M P Oquantitativo suficiente para sustentar uma transmissão ampla, po<strong>de</strong>m ocorrer surtosexplosivos que afetam, também, escolares, adolescentes e adultos jovens.No Brasil, o sarampo é doença <strong>de</strong> notificação compulsória <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1968. Até 1991, opaís enfrentou nove epi<strong>de</strong>mias, sendo uma a cada dois anos, em média. O maiornúmero <strong>de</strong> casos notificados foi registrado em 1986 (129.942), representando umcoeficiente <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> 97,7 por 100 mil habitantes. Até o início da década <strong>de</strong>90, a faixa etária mais atingida foi a <strong>de</strong> menores <strong>de</strong> 15 anos (Figura 1).Até o final dos anos 70, esta virose era uma das principais causas <strong>de</strong> óbito, <strong>de</strong>ntre asdoenças infecto-contagiosas, sobretudo em menores <strong>de</strong> cinco anos, em <strong>de</strong>corrência<strong>de</strong> complicações, especialmente a pneumonia. Na década <strong>de</strong> 80, ocorreu um <strong>de</strong>clíniogradativo no registro <strong>de</strong> óbitos, por esta doença, passando para 15.638 mortes. Essaredução foi atribuída ao aumento da cobertura vacinal e à melhoria da assistênciamédica ofertada às crianças com complicações pós - sarampo. Na década <strong>de</strong> 90,ocorreram 822 óbitos, ou seja, cerca <strong>de</strong> um vigésimo do registrado na décadaanterior (Figura 2).Em 1992, o Brasil adotou a meta <strong>de</strong> eliminação do sarampo para o ano 2000. Em1997, após um período <strong>de</strong> 4 anos <strong>de</strong> controle, o país experimentou o ressurgimentodo sarampo, mas em 1999, para alcançar a meta <strong>de</strong> erradicação, foi implementadoo Plano <strong>de</strong> Ação Suplementar <strong>de</strong> Emergência contra o Sarampo, com a <strong>de</strong>signação<strong>de</strong> um técnico <strong>de</strong> vigilância do sarampo em cada estado. Em 1999, dos 10.007 casossuspeitos <strong>de</strong> sarampo notificados, 908 (8,9%) foram confirmados, sendo 378 (42%)por laboratório. Dos 8.358 casos suspeitos <strong>de</strong> sarampo notificados em 2000, 36(0,4%) foram confirmados, 30 (83%) por laboratório e, 92% dos casos <strong>de</strong>scartados,foram classificados baseados em testes laboratorial. O último surto ocorreu emfevereiro <strong>de</strong> 2000, com 15 casos. O último caso confirmado <strong>de</strong> sarampo no Brasilocorreu em março <strong>de</strong> 2002 e foi importado do Japão.Apesar do aumento da sensibilida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong> da vigilância do sarampo,atualmente não existe evidência da transmissão do sarampo no Brasil.Mesmo após a interrupção da transmissão autóctone do vírus do sarampo, éimportante a manutenção do sistema <strong>de</strong> vigilância epi<strong>de</strong>miológica da doença, comvistas à <strong>de</strong>tecção oportuna <strong>de</strong> todo caso <strong>de</strong> sarampo importado, e adoção <strong>de</strong> todasas medidas <strong>de</strong> controle pertinentes ao caso.Também precisamos alcançar e manter alta cobertura vacinal (95%) <strong>de</strong> formahomogênea em todas as localida<strong>de</strong>s no município.IGURA 1 - INCIDÊNCIA DE SARAMPO E COBERTURA VACINAL < 1 ANO, BRASIL, 1980 - 2001*100908070605040302010080 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 0Casos/100.000 Cobertura (%)onte: CGVEP/CGPNI/CENEPI/UNASA/MS732 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAIGURA 2 - DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE ÓBITOS DE SARAMPO. BRASIL, 1980 - 20013.5003.0002.5002.0001.5001 a Campanha Nacional<strong>de</strong> Vacinação1.00050001980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 199Óbitos 3.236 2.335 1.670 1.769 2.344 1.165 794 1.633 400 265 475 212 29 18 7 7 7 61 1onte: CGVEP/CENEPI/UNASA/MS4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOSConsolidar a erradicação do sarampo, através <strong>de</strong> uma vigilância epi<strong>de</strong>miológicasensível, ativa e oportuna, permitindo a i<strong>de</strong>ntificação e notificação imediata <strong>de</strong> todoe qualquer caso suspeito na população, com adoção das medidas <strong>de</strong> controlepertinentes, assim como monitorar as <strong>de</strong>mais condições <strong>de</strong> risco.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoTodo paciente que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da ida<strong>de</strong> e da situação vacinal, apresentar febre eexantema maculopapular, acompanhados <strong>de</strong> um ou mais dos seguintes sinais esintomas: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite.ConfirmadoTodo paciente consi<strong>de</strong>rado como caso suspeito e que foi comprovado como umcaso <strong>de</strong> sarampo, a partir <strong>de</strong>, pelo menos, um dos critérios a seguir <strong>de</strong>talhados.• Laboratorial: caso suspeito cujo exame laboratorial teve como resultado“reagente” ou “positivo para IgM”, e a análise clínica epi<strong>de</strong>miológica indica aconfirmação do sarampo (Algoritmo, Anexo I e II). Todos os casos IgM positivoou reagente para o sarampo <strong>de</strong>vem ser analisados pela SES/CENEPI/FUNASA/MS.• Vínculo epi<strong>de</strong>miológico: caso suspeito, contato <strong>de</strong> um ou mais casos <strong>de</strong>sarampo confirmados pelo laboratório, e que apresentou os primeiros sintomasda doença entre 7 a 18 dias da exposição do contato.Todo caso suspeito, cujo exame laboratorial teve como resultado “não reagente” ou“negativo para IgM”, em amostra colhida entre o 1 o e 3 o dias a partir do aparecimentodo exantema, e que teve contato com um ou mais casos <strong>de</strong> sarampo confirmadospelo laboratório (<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> sete a 18 dias antes do aparecimento dossinais e sintomas).UNASA 733


S A R A M P O• Clínico: caso suspeito <strong>de</strong> sarampo que:ð pela avaliação clínica os sinais e sintomas são compatíveis com a <strong>de</strong>finição<strong>de</strong> caso suspeito, eð não houve coleta <strong>de</strong> amostra para sorologia; ouð não foi investigado; ouð evoluiu para óbito sem a realização <strong>de</strong> qualquer exame laboratorial.A confirmação clínica do sarampo representa uma falha do sistema <strong>de</strong> vigilânciaepi<strong>de</strong>miológica.DescartadoTodo paciente que foi consi<strong>de</strong>rado como caso suspeito e que não foi comprovadocomo um caso <strong>de</strong> sarampo, <strong>de</strong> acordo com os critérios assim <strong>de</strong>finidos:• Laboratorialð caso suspeito <strong>de</strong> sarampo cujo exame laboratorial teve como resultado “nãoreagente” ou “negativo para IgM”, em amostra oportuna, ou seja, colhidaaté o 28 o dia do aparecimento do exantema; sem contato com casosconfirmados; ouð caso suspeito <strong>de</strong> sarampo cujo exame laboratorial teve como resultado outradoença (Anexo).• Vínculo epi<strong>de</strong>miológicoð Caso suspeito <strong>de</strong> sarampo que tiver como fonte <strong>de</strong> infecção um ou mais casos<strong>de</strong>scartados pelo critério laboratorial; ouð quando na localida<strong>de</strong> estiver ocorrendo surto ou epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> outras doençasexantemáticas febris, comprovadas pelo diagnóstico laboratorial; nessa situação,os casos <strong>de</strong>vem ser criteriosamente analisados, antes <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>scartados e aprovável fonte <strong>de</strong> infecção <strong>de</strong>ve ser especificada.• Clínicoð Caso suspeito <strong>de</strong> sarampo em que não houve coleta <strong>de</strong> amostra para examelaboratorial, mas a avaliação clínica e epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong>tectou sinais esintomas compatíveis com outro diagnóstico diferente do sarampo.O <strong>de</strong>scarte clínico do sarampo representa uma falha do sistema <strong>de</strong> vigilânciaepi<strong>de</strong>miológica.• Critérios para o <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> casos suspeitos <strong>de</strong> sarampo associadotemporalmente à vacina:ð Descarte por evento adverso à vacina x data da última dose da vacina:- caso notificado como suspeito <strong>de</strong> sarampo, em que não houve coleta <strong>de</strong>amostra; ou o resultado do exame laboratorial foi “reagente” ou “positivopara IgM”; ou a avaliação clínica e epi<strong>de</strong>miológica indicou uma associaçãotemporal, entre a data do início dos sintomas e a data do recebimento daúltima dose da vacina, com o componente contra o sarampo, que seenquadra nas especificações abaixo:734 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA. febre com temperatura que po<strong>de</strong> chegar a 39ºC ou mais, com inícioentre o 5 o ao 12 o dias após a vacinação, e duração média <strong>de</strong> um adois dias, po<strong>de</strong>ndo chegar até cinco dias;. exantema que dura <strong>de</strong> um a dois dias, sendo geralmente benigno, eque surge entre o 7 o e 10 o dias após a administração da vacina;. cefaléia ocasional, irritabilida<strong>de</strong>, conjuntivite ou manifestaçõescatarrais observadas, entre o 5 o e 12 o dias após a vacinação.• Definição <strong>de</strong> caso importado <strong>de</strong> sarampo: quando a fonte <strong>de</strong> infecção docaso suspeito está fora do país ou estado. O exantema <strong>de</strong>ve iniciar-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>até 21 dias após a entrada do paciente na área (país ou estado).A confirmação <strong>de</strong>ve ser laboratorial e a coleta <strong>de</strong> espécimes clínicas (urina ou<strong>de</strong> swab <strong>de</strong> nasofarínge) para isolamento viral <strong>de</strong>ve ser realizada ao primeirocontato com o paciente.• Caso índice <strong>de</strong> sarampo: é o primeiro caso ocorrido entre os vários casos <strong>de</strong>natureza similar e epi<strong>de</strong>miológicamente relacionados, sendo a fonte <strong>de</strong>contaminação ou infecção.A confirmação <strong>de</strong>ve ser laboratorial e a coleta <strong>de</strong> espécimes clínicas (urina ou<strong>de</strong> swab <strong>de</strong> nasofarínge) para isolamento viral, <strong>de</strong>ve ser realizada ao primeirocontato com o paciente.• Caso secundário <strong>de</strong> sarampo: caso novo <strong>de</strong> sarampo surgido a partir docontato com o caso índice.A confirmação <strong>de</strong>ve ser laboratorial e a coleta <strong>de</strong> espécimes clínicas (urina ou<strong>de</strong> swab <strong>de</strong> nasofarínge) para isolamento viral, <strong>de</strong>ve ser realizada ao primeirocontato com o paciente.• Caso autóctone <strong>de</strong> sarampo: caso novo, contato <strong>de</strong> um caso secundário <strong>de</strong>sarampo, após a introdução do vírus no país.4.3. NOTIICAÇÃOA notificação do sarampo é obrigatória e imediata. Deve ser realizada por telefoneà secretaria municipal <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntro das primeiras 24 horas, a partir do atendimentodo paciente. O caso <strong>de</strong>ve ser notificado a SES por telefone, fax ou e-mail, para oacompanhamento junto ao Município.Consi<strong>de</strong>rando a alta infectivida<strong>de</strong> e contagiosida<strong>de</strong> da doença, todos os profissionaisdos serviços públicos e privados, principalmente os médicos pediatras, clínicos,infectologistas, enfermeiros e laboratoristas <strong>de</strong>vem notificar, <strong>de</strong> imediato, todo casosuspeito <strong>de</strong> sarampo.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Assistência médica ao paciente: geralmente ocorre em unida<strong>de</strong>s básicas<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. A hospitalização é necessária quando há infecção bacteriana(complicações), em indivíduos imunocomprometidos, principalmente crianças<strong>de</strong>snutridas.UNASA 735


S A R A M P ODefinição <strong>de</strong> CasoSuspeitoToda pessoa com febre e exantema,acompanhado <strong>de</strong> tosse e/ou coriza e/ouconjuntivite, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>temente da ida<strong>de</strong> ousituação vacinalSuspeitar <strong>de</strong>sarampoNotificar à SecretariaMunicipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Investigar em até48 hs.Coletar sangue parasorologia no primeirocontato com o pacienteVacinação <strong>de</strong> bloqueioVacinar os contatossuscetíveis4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: os casos <strong>de</strong>verão ser atendidos na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Os profissionais <strong>de</strong>vem ser orientados sobre procedimentos frente a umcaso <strong>de</strong> sarampo. A hospitalização só é necessária em situações <strong>de</strong> extremanecessida<strong>de</strong>.4.4.3. Proteção individual para evitar circulação viral: no plano individual, oisolamento domiciliar ou hospitalar dos casos consegue diminuir a intensida<strong>de</strong> doscontágios. Deve-se evitar, principalmente, a freqüência às escolas ou creches,agrupamentos, ou qualquer contato com pessoas suscetíveis, até 4 dias após o iníciodo período exantemático. O impacto do isolamento dos doentes é relativo à medida<strong>de</strong> controle, porque o período prodrômico da doença já apresenta elevadatransmissibilida<strong>de</strong> do vírus e, em geral, não é possível isolar os doentes a não ser noperíodo exantemático. Portanto, a vigilância dos contatos <strong>de</strong>ve ser realizada por umperíodo <strong>de</strong> 21 dias.Como o risco <strong>de</strong> transmissão intra - hospitalar é muito alto, <strong>de</strong>ve ser feita a vacinaçãoseletiva <strong>de</strong> todos os pacientes e profissionais do setor <strong>de</strong> internação do caso suspeito<strong>de</strong> sarampo e, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da situação, <strong>de</strong> todos os profissionais do hospital. Pacientesinternados <strong>de</strong>vem ser submetidos a isolamento respiratório, até 4 dias após o iníciodo exantema.4.4.4. Confirmação diagnóstica: <strong>de</strong> acordo com as orientações do item 2.3.4.4.5. Proteção da população: a principal medida <strong>de</strong> controle do sarampo é avacinação dos suscetíveis, que inclui: vacinação <strong>de</strong> rotina na re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,bloqueio vacinal, intensificação e campanhas <strong>de</strong> vacinação <strong>de</strong> seguimento. Ressaltaseque, a cada caso suspeito notificado, a ação <strong>de</strong> bloqueio vacinal <strong>de</strong>ve ser<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada imediatamente. Extensa busca ativa <strong>de</strong> novos casos suspeitos e736 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAsuscetíveis <strong>de</strong>ve ser realizada. A faixa etária prioritária para ações <strong>de</strong> bloqueiovacinal é entre 6 meses <strong>de</strong> vida a 39 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Porém, a redução ou ampliação<strong>de</strong>sta faixa para a realização do bloqueio vacinal <strong>de</strong>verá ser avaliada, <strong>de</strong> acordocom a situação epi<strong>de</strong>miológica apresentada na localida<strong>de</strong>. A investigaçãoepi<strong>de</strong>miológica, principalmente através busca ativa <strong>de</strong> casos, leva a um melhorcontrole da doença.Ações <strong>de</strong> esclarecimento à população, utilizando-se <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>massa, visitas domiciliares e palestras nas comunida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>vem ser organizadas.Conhecimentos sobre o ciclo <strong>de</strong> transmissão da doença, gravida<strong>de</strong>, vacinação eesclarecimentos da situação <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>vem ser veiculados.4.4.6. Investigação: a investigação do caso suspeito <strong>de</strong> sarampo <strong>de</strong>ve ser realizadapela equipe municipal, com o objetivo <strong>de</strong> adotar medidas <strong>de</strong> controle frente a um oumais casos, surtos e epi<strong>de</strong>mias, e da coleta dos dados que permitirão analisar asituação epi<strong>de</strong>miológica. As informações obtidas na investigação epi<strong>de</strong>miológica<strong>de</strong>verão respon<strong>de</strong>r às perguntas básicas da análise epi<strong>de</strong>miológica, ou seja: quemfoi afetado, quando ocorreram os casos e on<strong>de</strong> se localizam. A partir <strong>de</strong>ssasinformações serão <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas as condutas a<strong>de</strong>quadas à situação. Todos oscasos suspeitos <strong>de</strong> sarampo <strong>de</strong>vem ser investigados no prazo máximo <strong>de</strong> 48 horas,após a notificação.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos dos itens da Ficha<strong>de</strong> Notificação Individual e da Ficha <strong>de</strong> Investigação Epi<strong>de</strong>miológica do SINAN,relativos aos dados gerais, individuais e dados <strong>de</strong> residência.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos• Para confirmar a suspeita diagnósticað Na investigação, todas as informações necessárias à verificação dodiagnóstico do caso <strong>de</strong>vem ser coletadas, especialmente os dados sobre asituação clínica e epi<strong>de</strong>miológica do caso suspeito.A investigação, <strong>de</strong> forma geral, é iniciada no domicílio do caso suspeito <strong>de</strong>sarampo, por meio da visita domiciliar feita especialmente para:ð Completar as informações sobre o quadro clínico apresentado pelo casosuspeito:- confirmar a situação vacinal do caso suspeito, mediante verificação docartão <strong>de</strong> vacinação.ð Estabelecer um prazo entre sete e 18 dias para realizar a revisita, a fim <strong>de</strong><strong>de</strong>tectar a ocorrência <strong>de</strong> complicações e/ou o surgimento <strong>de</strong> novos casos.ð Acompanhar a evolução do caso.ð Confirmar ou <strong>de</strong>scartar o caso.• Para i<strong>de</strong>ntificar a área <strong>de</strong> transmissão: a investigação na comunida<strong>de</strong> tempor finalida<strong>de</strong> verificar a ocorrência <strong>de</strong> outros casos suspeitos que não foramnotificados. Essa investigação é realizada, principalmente, em torno da área <strong>de</strong>residência e convivência do caso suspeito, ou seja, na vizinhança, local <strong>de</strong>trabalho, escola, creche, igrejas, e outros locais também freqüentados pelopaciente, nos últimos sete a 18 dias.UNASA 737


S A R A M P OROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DO SARAMPONotificação <strong>de</strong> caso suspeitoInvestigaçãoColeta <strong>de</strong> dadosclínicos eepi<strong>de</strong>miológicosColeta <strong>de</strong> materialpara sorologiaRealiza medidas <strong>de</strong>controleEducação em saú<strong>de</strong>I<strong>de</strong>ntificar novoscasos suspeitosEnviar ao laboratórioOperaçãolimpezaI<strong>de</strong>ntificar ocorrência<strong>de</strong> surtosLaboratório informao resultado àSecretaria Estadual <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>/SecretariaMunicipal <strong>de</strong> aú<strong>de</strong>BloqueiovacinalI<strong>de</strong>ntificar área<strong>de</strong> transmissãoSecretarias Municipaise Estaduais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>encerram o caso,conforme o algoritmo(Anexos II e III)Avaliar a coberturavacinal da área738 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAð Investigar minuciosamente:- coleta <strong>de</strong> dados que permitam analisar a situação epi<strong>de</strong>miológica,respon<strong>de</strong>ndo às perguntas básicas: quem foi afetado? quando e comoocorreram os casos? on<strong>de</strong> se localizam?- preencher a FII (ficha <strong>de</strong> investigação individual) específica para osarampo e a rubéola, registrando corretamente todos os dados ecolocando o mesmo número da FNI ( ficha <strong>de</strong> notificação individual);- colher uma amostra <strong>de</strong> sangue para o diagnóstico laboratorial, no casoda amostra não ter sido colhida no serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que fez a notificação;- i<strong>de</strong>ntificar a provável fonte <strong>de</strong> infecção;- avaliar a cobertura vacinal da área;- verificar se estão ocorrendo surtos em outras áreas;- tomar <strong>de</strong>cisões quanto às medidas <strong>de</strong> controle da doença, ou seja, <strong>de</strong>finire orientar a equipe do serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sobre a estratégia <strong>de</strong> vacinaçãoa ser adotada: qual a estratégia a ser implementada? qual a suaabrangência?- orientar as pessoas da comunida<strong>de</strong> sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicarao serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> o surgimento <strong>de</strong> pessoas com sinais e sintomas <strong>de</strong>sarampo.• Para <strong>de</strong>terminação da extensão da área <strong>de</strong> transmissãoð Busca ativa dos casos: a partir da notificação <strong>de</strong> um caso suspeito <strong>de</strong> sarampo,fazer a busca ativa durante a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação do caso, numa<strong>de</strong>terminada área geográfica, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar outros possíveis casos,mediante:- visitas às residências, creches, colégios, centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, hospitais,farmácias, quartéis, etc;- contatos com médicos, lí<strong>de</strong>res comunitários e pessoas que exercempráticas alternativas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (curan<strong>de</strong>iros, benze<strong>de</strong>iras);- realizar visitas periódicas aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que atendam doençasexantemáticas febris na área, particularmente se esses serviços nãovêm notificando casos suspeitos;- visitar laboratórios da re<strong>de</strong> pública ou privada, com o objetivo <strong>de</strong> verificarse foram realizados exames para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> sarampo, rubéola, ououtro quadro semelhante e que não tenham sido notificados.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames: em todo caso suspeito <strong>de</strong>sarampo, <strong>de</strong>verá ser colhido espécimes clínicas para sorologia <strong>de</strong> acordo com oitem 2.3.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: em cada nível do SUS (municipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral),<strong>de</strong>vem ser realizadas análises periódicas dos dados epi<strong>de</strong>miológicos coletados, daforma mais padronizada possível, abrangendo, conforme já referido, a distribuiçãotemporal, a localização espacial e a distribuição segundo os atributos pessoais.UNASA 739


S A R A M P O• Distribuição temporal (quando?): a análise temporal consi<strong>de</strong>ra a distribuiçãodo número <strong>de</strong> casos notificados e confirmados (segundo critério laboratorial,vínculo epi<strong>de</strong>miológico e pela clínica), <strong>de</strong> acordo com o intervalo <strong>de</strong> tempo como,por exemplo, semana epi<strong>de</strong>miológica, mês ou ano. Também <strong>de</strong>vem ser calculadosos coeficientes <strong>de</strong> incidência e mortalida<strong>de</strong> mensais e anuais, conforme a situaçãoepi<strong>de</strong>miológica vigente, para verificação da tendência da doença na população.A distribuição no tempo é um dado essencial para o a<strong>de</strong>quado acompanhamentodo aumento ou da redução da ocorrência <strong>de</strong> casos na população, e para oestabelecimento da variação sazonal da doença.• Localização espacial (on<strong>de</strong>?): a análise da situação, segundo a localizaçãodos casos, permite o conhecimento da área geográfica <strong>de</strong> ocorrência que po<strong>de</strong>ser melhor visualizada, assinalando-se com cores diferentes em um mapa,<strong>de</strong>stacando:ð local <strong>de</strong> residência dos casos (rua, bairro, distrito, município, estado, país);ð local on<strong>de</strong> o caso permaneceu por mais tempo (escola, creche, alojamento,canteiro <strong>de</strong> obra, quartéis, entre outros);ð zona <strong>de</strong> residência/permanência (urbana, rural);ð as áreas que concentram elevado número <strong>de</strong> suscetíveis.• Distribuição segundo atributos pessoais (quem?): a análise da distribuição,segundo atributos pessoais, permite conhecer o perfil da população que estásendo acometida, e se o comportamento da doença apresenta fatores distintosque indicam mudanças em seu perfil, como, por exemplo, o <strong>de</strong>slocamento dafaixa etária. Para isso, é importante consi<strong>de</strong>rar:ð a distribuição dos casos confirmados, por faixa etária; eð a história vacinal dos casos confirmados, segundo número <strong>de</strong> doses recebidas;ð outros atributos também <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados, tais como: ocupação,escolarida<strong>de</strong>, etc.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: por se tratar <strong>de</strong> uma doença em processo <strong>de</strong>erradicação, os casos <strong>de</strong>verão ser encerrados, no prazo <strong>de</strong> até 30 dias e digitadosno SINAN.4.5.6. Relatório final: os dados, na ficha <strong>de</strong> notificação individual e investigação,<strong>de</strong>verão estar a<strong>de</strong>quadamente encerrados e digitados no SINAN, até 30 dias após anotificação. O encerramento oportuno dos casos possibilitará a análiseepi<strong>de</strong>miológica, necessária à tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão oportuna.Em situações <strong>de</strong> surtos, o relatório permite analisar a extensão e as medidas <strong>de</strong>controle adotadas, e caracterizar o perfil <strong>de</strong> ocorrência e os fatores que contribuírampara a circulação do vírus na população.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. IMUNIZAÇÃO• Recomendações para vacinação: a vacina é a única forma <strong>de</strong> prevenir aocorrência do sarampo na população.740 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAO risco da doença para indivíduos suscetíveis permanece, em função da circulaçãodo vírus do sarampo em várias regiões do mundo, e da facilida<strong>de</strong> em viajar poresses lugares.É necessário, portanto, manter um alto nível <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> na população, por meio<strong>de</strong> coberturas vacinais elevadas, iguais ou superiores a 95%, o que reduz apossibilida<strong>de</strong> da ocorrência do sarampo, permitindo a erradicação da transmissãodo vírus, uma vez que, não encontrando suscetíveis, não é mantida a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>transmissão.5.1.1. Estratégias <strong>de</strong> vacinação frente a casos suspeitos• Vacinação <strong>de</strong> bloqueio limitada aos contatos: para evitar o surgimento <strong>de</strong>casos <strong>de</strong> sarampo, conforme já referido, é necessária a implementação <strong>de</strong>estratégias sistemáticas <strong>de</strong> vacinação. No entanto, diante <strong>de</strong> uma pessoa comsinais e sintomas do sarampo, <strong>de</strong>ve ser realizado o bloqueio vacinal limitado aoscontatos do caso suspeito.A vacinação <strong>de</strong> bloqueio fundamenta-se no fato <strong>de</strong> que a vacina consegueimunizar o suscetível, em prazo menor, que o período <strong>de</strong> incubação da doença.Em função disso, a vacina <strong>de</strong>ve ser administrada, <strong>de</strong> preferência, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 72horas após a exposição. Mesmo consi<strong>de</strong>rando que nem sempre é possívelestabelecer com precisão quando ocorreu a exposição, como forma <strong>de</strong>implemenntar a cobertura vacinal da área, ainda que este prazo tenha sidoultrapassado.A vacinação <strong>de</strong> bloqueio <strong>de</strong>ve abranger as pessoas do mesmo domicílio do casosuspeito, vizinhos próximos, creches, ou, quando for o caso, as pessoas da mesmasala <strong>de</strong> aula, do mesmo quarto <strong>de</strong> alojamento ou da sala <strong>de</strong> trabalho, etc.Na vacinação <strong>de</strong> bloqueio, utilizar a vacina tríplice viral para a faixa etária <strong>de</strong> 6meses a 39 anos, <strong>de</strong> forma seletiva. A dose <strong>de</strong> vacina tríplice viral, aplicada emcrianças menores <strong>de</strong> 1 ano, não será consi<strong>de</strong>rada como dose válida. Aos 12meses, a criança <strong>de</strong>verá ser revacinada com a vacina tríplice viral.A vacinação <strong>de</strong> bloqueio, portanto, <strong>de</strong>ve ser realizada quando ocorre um oumais casos suspeitos <strong>de</strong> sarampo, envolvendo o grupo <strong>de</strong> seis meses a 39 anos<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Para outras faixas, acima dos 40 anos, a vacina só é indicada combase na análise da situação epi<strong>de</strong>miológica.5.1.2. Estratégias <strong>de</strong> vacinação frente a um caso confirmado ou surto• Operação limpeza: frente a um caso confirmado ou surto, a conduta indicadaé a realização da operação limpeza, com o objetivo <strong>de</strong> interromper a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>transmissão do vírus do sarampo, numa área geográfica <strong>de</strong>terminada.A operação limpeza implica na busca exaustiva <strong>de</strong> todos os suscetíveis mediantea vacinação casa-a-casa, incluindo os domicílios e os estabelecimentos coletivos,como por exemplo, escolas, creches, orfanatos, canteiros <strong>de</strong> obras etc.A operação limpeza <strong>de</strong>ve abranger:ð os locais freqüentados habitualmente pelo caso confirmado;ð todo o quarteirão, área resi<strong>de</strong>ncial ou bairro, se necessário;ð a escola, creche, cursinhos, faculda<strong>de</strong>, alojamento, local <strong>de</strong> trabalho e outrosUNASA 741


S A R A M P Oestabelecimentos coletivos freqüentados pelo caso; eð todo o município, quando indicado.A faixa etária a ser vacinada <strong>de</strong>ve ser aquela exposta no parágrafo anterior.Essa vacinação é utilizada <strong>de</strong> forma seletiva.A vacina administrada, nas crianças <strong>de</strong> seis a menores <strong>de</strong> 1 ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, não éconsi<strong>de</strong>rada como dose válida, por isto é necessário agendar a vacinação <strong>de</strong>stascrianças na rotina aos doze meses <strong>de</strong> vida, com a vacina tríplice viral, <strong>de</strong> acordocom as normas da Coor<strong>de</strong>nação Geral do Programa Nacional <strong>de</strong> Imunizações(CGPNI).5.2. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA melhor forma é <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> forma integrada com área <strong>de</strong> educação.Na escola, <strong>de</strong>verá ser trabalhada a doença e meios <strong>de</strong> prevenção. No momento dainvestigação, <strong>de</strong>vemos orientar as pessoas sobre a importância da prevenção dosarampo, e o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cada cidadão <strong>de</strong> informar ao serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais próximo<strong>de</strong> sua casa, a existência <strong>de</strong> um caso suspeito.5.3. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO5.3.1. Estratégias <strong>de</strong> vacinação para a prevenção <strong>de</strong> casos ou surtos• Vacinação indiscriminada em campanhas <strong>de</strong> seguimento: a vacinação emcampanhas <strong>de</strong> seguimento é a ativida<strong>de</strong> realizada periodicamente, em nívelnacional, com o objetivo <strong>de</strong> alcançar crianças suscetíveis não vacinadas, erevacinar as <strong>de</strong>mais crianças, principalmente as que estão em ida<strong>de</strong> pré-escolar.Esta estratégia é recomendada, sempre que o número <strong>de</strong> suscetíveis, em nívelnacional, se aproximar <strong>de</strong> uma coorte <strong>de</strong> nascimentos.Nas campanhas <strong>de</strong> seguimento, a vacina é administrada <strong>de</strong> forma indiscriminada.O intervalo entre uma campanha e outra <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da cobertura vacinal alcançadana rotina, nesse período. Quando o índice for <strong>de</strong> 60%, em média, a campanha <strong>de</strong>seguimento <strong>de</strong>ve ser realizada a intervalos mais curtos.A próxima Campanha <strong>de</strong> Seguimento ocorrerá em 2004, nas crianças <strong>de</strong> 1 amenores <strong>de</strong> 5 anos, com a vacina tríplice viral.5.3.2. Vacinação na rotina: é a ativida<strong>de</strong> realizada <strong>de</strong> forma contínua na re<strong>de</strong> <strong>de</strong>serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, em todo o território nacional. O objetivo é vacinar todas as criançasaos 12 meses, a fim <strong>de</strong> manter alta a imunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo, sendo necessário, paraisso, alcançar e manter coberturas vacinais iguais ou superiores a 95%, em todas aslocalida<strong>de</strong>s e municípios.Cada serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve i<strong>de</strong>ntificar as oportunida<strong>de</strong>s perdidas <strong>de</strong> vacinação,organizando e realizando estratégias capazes <strong>de</strong> anular ou minimizar as situaçõesi<strong>de</strong>ntificadas, principalmente por meio:• do treinamento <strong>de</strong> pessoal <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> vacinação;• da avaliação do programa <strong>de</strong> imunizações;• da revisão do cartão <strong>de</strong> vacinação <strong>de</strong> toda criança matriculada nas escolas, emparceria com as Secretarias Estaduais e Municipais <strong>de</strong> Educação; e742 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• da busca sistemática <strong>de</strong> faltosos à sala <strong>de</strong> vacinação.A partir <strong>de</strong> 2003, o Brasil adotará novo calendário <strong>de</strong> vacinação contra o sarampo.A vacina tríplice - viral (sarampo - rubéola - caxumba ) será administrada nascrianças aos 12 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> . A alteração do calendário vacinal ocorrerá emfunção da atual situação epi<strong>de</strong>miológica do sarampo no país.• Intensificação da vacinação extramuros: a intensificação da vacinaçãocompreen<strong>de</strong>, <strong>de</strong> maneira geral, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s fora dos serviços<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (extramuros). O principal objetivo é eliminar bolsões <strong>de</strong> suscetíveis,<strong>de</strong>vendo ser realizada, sempre que os índices <strong>de</strong> vacinação estiverem abaixo <strong>de</strong>95%. Com isso, fica assegurado que nenhum município tenha cobertura vacinalcontra o sarampo/rubéola abaixo da meta.A intensificação das ativida<strong>de</strong>s consiste, sobretudo, na realização <strong>de</strong> vacinaçãocasa a casa (incluindo residências e instituições em geral, como por exemploescolas, creches, orfanatos, etc.), alcançando crianças <strong>de</strong> 12 meses atémenores<strong>de</strong> 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, que não foram vacinadas na rotina e nas campanhas<strong>de</strong> multivacinação e <strong>de</strong> seguimento, especialmente, as que vivem nas áreasurbanas e rurais <strong>de</strong> difícil acesso e que, geralmente, não são trabalhadas pelosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.• Campanhas <strong>de</strong> multivacinação: as campanhas <strong>de</strong> multivacinação queacontecem duas vezes ao ano, são excelentes oportunida<strong>de</strong>s para aumentar ascoberturas vacinais. No entanto, quando a meta é erradicar o sarampo, não se<strong>de</strong>ve esperar as campanhas para vacinar os suscetíveis.Por ocasião das campanhas <strong>de</strong> multivacinação, são vacinadas as crianças <strong>de</strong> 12meses a menores <strong>de</strong> 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> que não foram atingidas pelas ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> rotina e campanhas <strong>de</strong> seguimento.• Vacinação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> risco: mesmo consi<strong>de</strong>rando que as crianças sãopriorida<strong>de</strong> das estratégias voltadas à erradicação do sarampo, um pequenopercentual <strong>de</strong> adolescentes e adultos jovens permanece suscetível à doença,pois escaparam tanto da infecção natural como da vacinação. São os grupos <strong>de</strong>risco, entre os quais se <strong>de</strong>stacam:ð profissionais e estudantes da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação;ð populações institucionalizadas <strong>de</strong> quartéis, prisões, centros <strong>de</strong> reclusão <strong>de</strong>menores, albergues, alojamentos, universida<strong>de</strong>s, etc.;ð populações que migram <strong>de</strong> localida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> as coberturas vacinais, anteriorese/ou atuais, são baixas;ð adolescentes e adultos jovens que viajam para países on<strong>de</strong> o sarampo éendêmico;ð trabalhadores dos setores: hoteleiro, turismo, portos, aeroportos e rodoviárias;ð Disponibilizar a vacina às pessoas que chegam ao país, oriundas <strong>de</strong> paísescom ocorrência <strong>de</strong> sarampo.Para prevenir a ocorrência <strong>de</strong> surtos <strong>de</strong> sarampo entre os adolescentes e adultosjovens, que compõem grupos <strong>de</strong> risco, é necessário um esforço adicional paravacinar essas pessoas. Vários surtos <strong>de</strong> sarampo em adolescentes e adultosjovens, têm sido registrados, mesmo em instituições com elevadas coberturasUNASA 743


S A R A M P OANEXONas áreas on<strong>de</strong> o sarampo está sob controle, com freqüência, os casos suspeitosestão sujeitos a dúvidas diagnósticas, pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem outras doençasexantemáticas. Com a meta <strong>de</strong> erradicar o sarampo, o papel do laboratório éfundamental, uma vez que é imprescindível submeter a exame laboratorial todos oscasos suspeitos <strong>de</strong> sarampo.O diagnóstico laboratorial é realizado por meio da sorologia para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>anticorpos específicos.Para tanto, é imprescindível assegurar a coleta <strong>de</strong> amostras do sangue para asorologia no primeiro contato com o paciente.É necessária também a coleta <strong>de</strong> espécimes clínicos para o isolamento viral, a fim<strong>de</strong> conhecer o genótipo do vírus que está circulando.A urina é o material <strong>de</strong> escolha (por ser mais fácil a coleta nos ambulatórios), paraisolamento viral.• Tipos <strong>de</strong> exames: na infecção primária, os anticorpos IgM e IgG anti-sarampopo<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tectados no sangue, nos primeiros dias após o início do exantema.O IgM po<strong>de</strong> permanecer elevado por 4 a 6 semanas, após o aparecimento doexantema, enquanto o IgG po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectado por toda a vida, após a infecção.A <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos do sarampo, nos indivíduos imunizados ou que tiverama doença, po<strong>de</strong> ser feita através <strong>de</strong> exames sorológicos, utilizando-se as seguintestécnicas: ensaio imunoenzimático para IgM e IgG (ELISA); imunofluorescênciapara IgM e IgG, e inibição <strong>de</strong> hemaglutinação ou soroneutralização para a<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> anticorpos totais. Em inquéritos sorológicos para a <strong>de</strong>terminaçãodo estado imunitário da população, os testes disponíveis são:ð ensaio imunoenzimático ou imunofluorescência para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorposIgG;ð inibição <strong>de</strong> hemaglutinação e teste <strong>de</strong> neutralização, por redução da doseinfectante (TCID 50 = dose infecciosa para cultura <strong>de</strong> tecidos), ou por redução<strong>de</strong> placas para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> anticorpos totais.• Procedimentosð Sorologia- Coleta oportuna: a amostra <strong>de</strong> sangue do caso suspeito <strong>de</strong>ve ser colhida,sempre que possível, no primeiro atendimento do paciente ou no máximoem até 28 dias após o aparecimento do exantema (Anexo 1).- Material: o material a ser colhido é o sangue sem anticoagulante venosoe centrifugado ou <strong>de</strong>cantado, para a separação do soro, na quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> 5 a 10ml. Quando se tratar <strong>de</strong> criança muito pequena, e não forpossível coletar o volume estabelecido, colher 3ml, no mínimo.744 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA- Conservação e envio ao LACEN: após a separação do soro, conservaro tubo com o soro sob refrigeração, na temperatura <strong>de</strong> +4º a +8ºC, porno máximo 48 horas.Enviar ao laboratório no prazo <strong>de</strong> dois dias, no máximo, colocando otubo em embalagem térmica ou caixa <strong>de</strong> isopor, com gelo ou gelox.Caso o soro não possa ser encaminhado ao laboratório no prazo <strong>de</strong> doisdias (48hs), conservá-lo no freezer numa temperatura <strong>de</strong> -20º C, até omomento do transporte para o laboratório <strong>de</strong> referência. O prazo máximopara o soro chegar ao LACEN é <strong>de</strong> até 4 dias.- Interpretação do resultado: a classificação do caso suspeito <strong>de</strong> sarampo,a partir da interpretação do resultado dos exames sorológicos, tem relaçãodireta com o período em que a amostra foi coletada (oportuna ou tardia).INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DOS EXAMES SOROLÓGICOS - AMOSTRA S1COLETA OPORTUNA DA AMOSTRA RESULTADO DA SOROLOGIA CLASSIICAÇÃO DO CASOAmostra colhida no períodooportuno (até 28 dias do início doexantema)Reagente ou positiva para IgMNão reagente ou negativa para IgMInconclusivaColetar a 2ª amostra (obrigatória)*Descartar o caso <strong>de</strong> sarampoColetar a 2ª amostra (obrigatória)** Coletar uma 2ª amostra <strong>de</strong> sangue: esta <strong>de</strong>verá ser coletada <strong>de</strong> 2 - 3 semanas após a coleta da primeira amostra (verificar a data<strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> S1 para análise dos resultados). Estas duas amostras <strong>de</strong>verão ser testadas simultaneamente na mesma placa, noLACEN e enviado à FIOCRUZ (RJ). (Algoritmo, anexo II). Testar também IgM na S2.Em todos os casos com resultado sorológico IgM + e inconclusivo, enviar o soro da1ª e 2ª amostra para a FIOCRUZ para o reteste.• Diagnóstico diferencial: será realizado nas situações abaixo.ð Todas as amostras que chegarem ao LACEN, assim distribuídas:- os casos suspeitos <strong>de</strong> rubéola cujo resultado laboratorial for IgM(-) serárealizado o exame sorológico para o sarampo (IgM);- casos suspeitos <strong>de</strong> sarampo cujo resultado laboratorial for IgM(-) serárealizado o exame sorológico para a rubéla (IgM);- resultado IgM(+) in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da suspeita <strong>de</strong>verá ser notificadoimediatamete à Secretaria Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (Vigilânncia Epi<strong>de</strong>miológicadas Doenças Exantemáticas) pois os procedimentos em relação aos casoscom IgM positivo para o sarampo <strong>de</strong>verão ser os mesmos indicados noalgoritmo dos resultados IgM positivo para o sarampo (Anexos I e II).ð Para a realização dos exames para o herpes 6 e parvovírus, é necessáriaa avaliação epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> cada caso. Em todos os casos com IgMpositivo para o sarampo, os exames <strong>de</strong>verão ser realizados <strong>de</strong> acordocom a faixa etária.• Isolamento viral: o isolamento viral tem, por objetivos, i<strong>de</strong>ntificar o padrãogenótipo do vírus circulante, diferenciar um caso autóctone do importado, etambém diferenciar o vírus selvagem do vacinal.UNASA 745


S A R A M P Oð Coleta: as amostras dos espécimes clínicos (urina, sangue total ou secreçõesnasofaríngeas) <strong>de</strong>vem ser coletadas até o 5° dia a partir do aparecimento doexantema, preferencialmente nos primeiros três dias, não <strong>de</strong>vendo ultrapassarcinco dias após o início do exantema.A urina, por ser mais fácil <strong>de</strong> coletar, é o material <strong>de</strong> escolha para os pacientes<strong>de</strong> ambulatório.Em casos esporádicos, para não per<strong>de</strong>r a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se tomar amostras <strong>de</strong>urina para o isolamento viral, o período po<strong>de</strong> ser estendido em até 7 dias após a datado início do exantema.A quantida<strong>de</strong> e os cuidados com o material <strong>de</strong>vem ser os seguintes:ð coletar <strong>de</strong> 15 a 100ml <strong>de</strong> urina, em frasco estéril;ð colher, <strong>de</strong> preferência, a primeira urina da manhã, após higiene íntima,<strong>de</strong>sprezando o primeiro jato e coletando o jato médio; não sendo possívelobter a primeira urina do dia, colher em outra hora;ð logo após a coleta, colocar a urina em caixa <strong>de</strong> isopor com gelo reciclável eenviar ao LACEN, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 24 a 48 horas, no máximo, para evitar que ocrescimento <strong>de</strong> bactérias diminua a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolamento do vírus; aurina não <strong>de</strong>ve ser congelada;ð processar a amostra no LACEN ou no laboratório municipal, se houver,adotando os seguintes procedimentos:- centrifugar a amostra <strong>de</strong> urina a 1.500 rpm, a +4ºC (se possível);- ressuspen<strong>de</strong>r o sedimento em 2ml <strong>de</strong> meio <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> vírus ou emsolução salina estéril com adição <strong>de</strong> antibióticos;ð congelar (preferencialmente) os espécimes centrifugados a -70ºC e enviá-losao Centro <strong>de</strong> Referência Nacional para o Sarampo, na FIOCRUZ/RJ, em geloseco (o gelo seco é obtido a partir do congelamento <strong>de</strong> substância gasosaespecial); se não for possível congelar a -70ºC, estocá-los + 4ºC e enviá-los àFIOCRUZ em gelo reciclável <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> três dias (72 horas), no máximo.746 UNASA


UNASA 747ANEXO II - ALGORITMO DOS RESULTADOS IGM POSITIVO PARA O SARAMPO (SOMENTE UMA COLETA DE SANGUE)Coletar sanguepara sorologia noprimeiro contatocom o pacienteColetar especimespara isolamentoviral até 7 diasapós início doexantemaResultadopositivoConfirmao casoIgMpositivoIgMnegativoReinvestigarAvaliação clínicoepi<strong>de</strong>miológicaRealizar buscaativa nas unida<strong>de</strong>se domicílioPesquisarIgGCaso isolado, semnexo epi<strong>de</strong>miológicoou história vacinalQuadro clínico(febre + exantema)sem sintomasrespiratóriosData do início dossintomas entre 5 a14 dias pós-datavacinaçãoColeta <strong>de</strong> sanguerealizada entre 8 a56 dias pós-vacinaIgG positivo até 7dias pós-início doexantemaIgG positivo após 7dias do início doexantemaIgG negativoAvaliação da <strong>Vigilância</strong>Epi<strong>de</strong>miológica paraclassificação final docasoRetestar IgM naamostra(Bhering e CDC)ResultadonegativoUm resultadonegativoDois resultadospositivosRealizar diagnósticodiferencialDiagnóstico <strong>de</strong>outra etiologiaDescartarocasoG UIA DE VIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA


748 UNASAANEXO III - ALGORITMO DOS RESULTADOS IGM POSITIVO PARA O SARAMPO (DUAS COLETA DE SANGUE)Coletar sangue parasorologia noprimeiro contato como pacienteColetar especimespara isolamentoviral até 7 dias apósinício do exantemaResultadopositivoConfirma ocasoIgM positivoIgMnegativoReinvestigarAvaliação clínicoepi<strong>de</strong>miológicaRealizar busca ativanas unida<strong>de</strong>s edomicílioRealizar 2 a coleta<strong>de</strong> sangue(obrigatória) 2 - 3semanas pós coletada 1 a amostraQuadro clínico(febre + exantema)sem sintomasrespiratóriosData do início dossintomas entre 5 a 14dias pós-datavacinação1 a coleta <strong>de</strong> sanguerealizada entre 8 a56 dias pós-vacinaRetestar IgM nas 2amostras(Bhering e CDC)Realizar pesquisapara IgG nas duasamostras(pareadas)Um resultadonegativoDois resultadospositivosCom soroconversãodo IgG (títulos 4vezes maior que a 1 a )Sem soroconversãoRealizardiagnósticodiferencialConfirmar ocasoDiagnóstico <strong>de</strong> outraetiologiaResultadonegativoAvaliação da<strong>Vigilância</strong>Epi<strong>de</strong>miológicapara classificaçãofinal do casoDescartarocasoS A R A M P O


SÍILIS CONGÊNITACID 10: A50


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICASÍILIS CONGÊNITA1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOA sífilis é uma doença infecto-contagiosa, sistêmica, <strong>de</strong> evolução crônica, sujeita asurtos <strong>de</strong> agudização e períodos <strong>de</strong> latência. A sífilis congênita é conseqüente àinfecção do feto pelo Treponema pallidum, por via placentária, em qualquer momentoda gestação. Sua ocorrência evi<strong>de</strong>ncia falhas dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, particularmenteda atenção ao pré-natal, pois o diagnóstico precoce e tratamento da gestante, quesão medidas relativamente simples, são bastante eficazes na prevenção <strong>de</strong>sta formada doença. A taxa <strong>de</strong> óbito (aborto, natimorto, óbito neonatal precoce) é elevada,estimando-se entre 25 até 40% dos casos.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOTreponema pallidum, que tem forma <strong>de</strong> espiral e motilida<strong>de</strong> em “saca-rolhas”, <strong>de</strong>fácil visualização à microscopia <strong>de</strong> campo escuro, não necessitando para isso dautilização <strong>de</strong> reagentes ou corantes especiais.1.3. RESERVATÓRIOO Homem é o único reservatório do treponema. Infecções experimentais em cobaiasnão repetem a evolução humana, não contaminando outros animais e findandoespontaneamente.1.4. MODO DE TRANSMISSÃOA sífilis adquirida é uma doença <strong>de</strong> transmissão predominantemente sexual, eaproximadamente um terço dos indivíduos, expostos a um parceiro sexual com sífilis,adquirirá a doença. O Treponema pallidum, quando presente na corrente sangüíneada gestante, atravessa a barreira placentária e penetra na corrente sangüínea dofeto. A transmissão ao feto po<strong>de</strong> ocorrer em qualquer fase da gestação, estando,entretanto, na <strong>de</strong>pendência do estado da infecção na gestante, ou seja, quanto maisrecente a sífilis, mais treponemas estarão circulantes e, portanto, mais severamenteo feto será atingido. Inversamente, a formação progressiva <strong>de</strong> anticorpos pela mãeatenuará a infecção ao concepto. Sabe-se que a taxa <strong>de</strong> transmissão vertical dasífilis, em mulheres não tratadas, é acima <strong>de</strong> 70%, quando estas encontram-se nasfases primária e secundária da doença, reduzindo-se para 10 a 30% nas fases latentesou terciária.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃONa sífilis adquirida, é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 21 dias, a partir do contato sexual infectante. Já acriança com sífilis congênita, ao nascimento, po<strong>de</strong> já encontrar-se gravementeUNASA 751


S ÍILISCONGÊNITAenferma, com manifestações clínicas menos intensas, ou até aparentemente saudável,vindo a manifestar sinais da doença mais tardiamente, meses ou anos <strong>de</strong>pois, quandoseqüelas graves e irreversíveis ter-se-ão instalados.1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEA transmissão vertical po<strong>de</strong> se dar por todo o período gestacional. Acreditava-seque a infecção fetal não ocorresse antes do 4º mês <strong>de</strong> gestação. Já se constatou,entretanto, a presença <strong>de</strong> T. pallidum em fetos abortados, ainda no primeiro trimestre<strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z.1.7. SUSCEPTIBILIDADE E IMUNIDADEA resposta imune, celular e humoral, que se <strong>de</strong>senvolve não previne a implantaçãodo agente no local <strong>de</strong> inoculação nem a sua disseminação, com o conseqüenteaparecimento <strong>de</strong> manifestações da doença, <strong>de</strong>terminadas pela reação do hospe<strong>de</strong>iroà presença <strong>de</strong> antígenos treponêmicos nos tecidos corporais. A susceptibilida<strong>de</strong> àdoença é universal.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASO quadro clínico da sífilis congênita é variável, <strong>de</strong> acordo com alguns fatores: otempo <strong>de</strong> exposição ao treponema (duração da gestação com sífilis sem tratamento),a carga treponêmica materna, a virulência do treponema, tratamento da infecçãomaterna, co-infecção materna pelo HIV, ou outra causa <strong>de</strong> imuno<strong>de</strong>ficiência.Esses fatores, po<strong>de</strong>rão acarretar: aborto, natimorto ou óbito neonatal, sífilis congênita“sintomática” ao nascimento, sífilis congênita “assintomática” ao nascimento.Didaticamente, a sífilis congênita é classificada em recente e tardia.Sífilis congênita recenteSinais e sintomas surgem nos primeiros dois anos <strong>de</strong> vida, mas tornam-se evi<strong>de</strong>ntesentre o nascimento e o terceiro mês (comumente nas cinco primeiras semanas). Osprincipais sinais são: baixo peso; rinite com coriza sero-sanguinolenta, obstruçãonasal; prematurida<strong>de</strong>; osteocondrite, periostite ou osteíte; choro ao manuseio;hepatoesplenomegalia; alterações respiratórias/pneumonia; icterícia, anemia severa;hidropsia, pseudoparalisia dos membros; fissura orificial, condiloma plano, pênfigopalmo-plantar e outras lesões cutâneas. Quando ocorre invasão maciça <strong>de</strong>treponemas, e/ou estes são muito virulentos, a evolução do quadro é grave e aletalida<strong>de</strong> é alta. A placenta encontra-se volumosa, com lesões e manchas amareladasou esbranquiçadas.Sífilis congênita tardiaOs sinais e sintomas surgem a partir do segundo ano <strong>de</strong> vida, geralmente <strong>de</strong>vido àinfecção por treponemas menos virulentos, ou infecção <strong>de</strong> longa evolução materna:tíbia em lâmina <strong>de</strong> sabre, fronte olímpica, nariz em sela, <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>formados (<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>Hutchinson), mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite intersticial com cegueira,sur<strong>de</strong>z neurológica, dificulda<strong>de</strong> no aprendizado, hidrocefalia e retardo mental.752 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Período <strong>de</strong> infecção: o tempo <strong>de</strong> evolução da infecção é extremamente variável,geralmente interrompido com o tratamento. Remissão espontânea da doença éimprovável. A evolução da infecção treponêmica <strong>de</strong>terminará lesões <strong>de</strong>formantes,com <strong>de</strong>struição tecidual em tecido ósseo e cutâneo-mucoso, além das gravesseqüelas neurológicas.• Período toxêmico: o quadro clínico é variável. Manifestações gerais e sinais<strong>de</strong> comprometimento simultâneo <strong>de</strong> múltiplos órgãos, como febre, icterícia,hepatoesplenomegalia, linfa<strong>de</strong>nopatia generalizada, anemia, entre outros sinais,po<strong>de</strong>m ser observadas isolada ou simultaneamente. Manifestações severas aonascimento, tais como pneumonia intersticial e insuficiência respiratória, comrisco <strong>de</strong> vida, requerem especial atenção. O óbito perinatal po<strong>de</strong> chegar a 25%.• Remissão: o tratamento a<strong>de</strong>quado dos casos diagnosticados, promove a remissãodos sintomas em poucos dias. As lesões tardias já instaladas, a <strong>de</strong>speito dainterrupção da evolução da infecção, não serão revertidas com a antibioticoterapia.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALO múltiplo comprometimento <strong>de</strong> órgãos e sistemas impõe o diagnóstico diferencialcom septicemia e outras infecções congênitas, tais como rubéola, toxoplasmose,citomegalovirose, infecção generalizada pelo vírus do herpes simples e malária.Lesões mais tardias po<strong>de</strong>rão ser confundidas com sarampo, catapora, escarlatina, eaté a escabiose.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALBaseia-se na execução <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> exames, quais sejam:• Sorologia não treponêmica: VDRL: indicado para o diagnóstico e seguimentoterapêutico, <strong>de</strong>vido à proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser passível <strong>de</strong> titulação. O teste po<strong>de</strong>resultar reagente por longos períodos, mesmo após a cura da infecção, porém,após instituído o tratamento, apresenta queda progressiva nas titulações, até quese torna não reagente. Recém-nascidos <strong>de</strong> mães com sífilis, mesmo os nãoinfectados, po<strong>de</strong>m apresentar anticorpos maternos transferidos passivamentepela placenta. Nesses casos, em geral, o teste será reagente até o sexto mês <strong>de</strong>vida. A coleta <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> cordão umbilical para a realização do teste estácontra-indicada pela baixa sensibilida<strong>de</strong>. Deve-se coletar sangue periférico doRN, cuja mãe apresentar resultado reagente no momento do parto.• Sorologia treponêmica: FTA-abs, MHA-Tp: são testes específicos, úteis naexclusão <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong> VDRL falsos positivos em adultos, mas <strong>de</strong> uso limitadoquando do uso para o diagnóstico <strong>de</strong> recém-natos, pois os anticorpos IgG maternosultrapassam a barreira placentária. O FTA-abs/IgM, por sua baixa sensibilida<strong>de</strong>,também po<strong>de</strong> apresentar <strong>de</strong>sempenho ina<strong>de</strong>quado para a <strong>de</strong>finição diagnósticado recém-nascido. Assim, a realização <strong>de</strong> testes treponêmicos em recémnascidosnão auxiliam na confirmação do caso, recomendando-se, então, a análiseclínico-epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> cada caso, para aplicação das condutas clínicas. Jáem crianças maiores <strong>de</strong> 18 meses, um resultado reagente <strong>de</strong> teste treponêmicoconfirma a infecção, pois os anticorpos maternos transferidos passivamente játerão <strong>de</strong>saparecido.UNASA 753


S ÍILISCONGÊNITA• RX <strong>de</strong> ossos longos: o achado <strong>de</strong> anormalida<strong>de</strong>s em radiografias <strong>de</strong> ossoslongos é achado comum na sífilis congênita sintomática (70% a 90% <strong>de</strong>stescasos). A sensibilida<strong>de</strong> das alterações radiológicas para diagnóstico <strong>de</strong> sífiliscongênita, em crianças assintomáticas, é <strong>de</strong>sconhecida. Estima-se que em 4%a 20% dos recém-nascidos assintomáticos infectados, a única alteração seja oachado radiográfico, o que justifica a realização <strong>de</strong>ste exame nos casos suspeitos<strong>de</strong> sífilis congênita.• Exame do Líquido Céfalo-Raquidiano (LCR): recomenda-se realizar examedo LCR em todos os recém-nascidos que se enquadrem na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> caso,pois a conduta terapêutica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da confirmação ou não <strong>de</strong> neurossífilis. Apresença <strong>de</strong> leucocitose (>25 leucócitos/mm3), e o elevado conteúdo protéico(>100 mg/dl) no LCR <strong>de</strong> um recém-nascido, suspeito <strong>de</strong> ser portador <strong>de</strong> sífiliscongênita, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados como evidências adicionais para o diagnóstico.Uma criança com VDRL positivo no LCR <strong>de</strong>ve ser diagnosticada como portadora<strong>de</strong> neurossífilis, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da existência <strong>de</strong> alterações na celularida<strong>de</strong> e/ouna proteinorraquia. A ocorrência <strong>de</strong> alterações no LCR é muito mais freqüente,nas crianças com outras evidências clínicas <strong>de</strong> sífilis congênita, do que nascrianças assintomáticas (86% versus 8%, respectivamente). Se a criança fori<strong>de</strong>ntificada após o período neonatal (>28 dias <strong>de</strong> vida), as anormalida<strong>de</strong>sliquóricas incluem: teste VDRL positivo, leucócitos > 5/mm3 e/ou proteínas >40mg/dl.2.4. TRATAMENTOA penicilina é a droga <strong>de</strong> escolha para todas as apresentações da sífilis. Não hárelatos consistentes na literatura, <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> resistência treponêmica à droga. Aanálise clínica do caso indicará o melhor esquema terapêutico.• No período neonatalð A: nos recém-nascidos <strong>de</strong> mães com sífilis não tratada, ou ina<strong>de</strong>quadamentetratada (vi<strong>de</strong> critérios no quadro), in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do resultado doVDRL do recém-nascido, realizar: raio X <strong>de</strong> ossos longos, punção lombar eoutros exames, quando clinicamente indicados. A amostra <strong>de</strong> sangue serácoletada <strong>de</strong> sangue periférico.- A 1: se houver alterações clínicas e/ou sorológicas e/ou radiológicas,sem alterações liquóricas, o tratamento <strong>de</strong>verá ser feito com penicilinacristalina, na dose <strong>de</strong> 100.000 UI/Kg/dia, IV, 2 vezes por dia (até 1semana <strong>de</strong> vida); ou 3 vezes (mais <strong>de</strong> 1 semana <strong>de</strong> vida), por 10 dias; oupenicilina procaína 50.000 UI/Kg, IM, por 10 dias;- A 2: se houver alteração liquórica: penicilina cristalina, na dose <strong>de</strong> 150.000UI/Kg/dia, IV, 2 vezes por dia (até 1 semana <strong>de</strong> vida); ou 3 vezes (mais<strong>de</strong> 1 semana <strong>de</strong> vida), por 14 dias;- A 3: se não houver alterações clínicas, radiológicas, e/ou liquóricas, e asorologia for negativa no recém-nascido: penicilina benzatina, IM, na doseúnica <strong>de</strong> 50.000 UI/Kg. O acompanhamento é mandatório, incluindo oseguimento com VDRL sérico (ver item “seguimento”, mais adiante), apósconclusão do tratamento. Sendo impossível garantir o acompanhamento,o recém-nascido <strong>de</strong>verá ser tratado com o esquema A1.754 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAð B - nos recém-nascidos, <strong>de</strong> mães a<strong>de</strong>quadamente tratadas: realizar oVDRL em amostra <strong>de</strong> sangue periférico do recém-nascido, e proce<strong>de</strong>r aosexames <strong>de</strong>scritos anteriormente. Se este for reagente, com titulação maiorque a materna, e/ou na presença <strong>de</strong> alterações clínicas/laboratoriais:- B 1: sem alterações liquóricas: igual ao esquema A1;- B 2: quando houver alterações liquóricas: igual ao esquema A2;ð C: nos recém-nascidos <strong>de</strong> mães a<strong>de</strong>quadamente tratadas, e o recémnascidonão for reagente ao VDRL, ou for reagente com titulação menorou igual à materna, e também for assintomático e com o RX <strong>de</strong> ossoslongos sem alterações, proce<strong>de</strong>r apenas ao seguimento ambulatorial. Naimpossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantir o seguimento, tratar como A3.Atenção: na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar a punção lombar, consi<strong>de</strong>rar o caso, para efeito <strong>de</strong>tratamento, como neurossífilis.• No período pós - neonatal (após 28º dia <strong>de</strong> vida): crianças com históriamaterna <strong>de</strong> sífilis, ou com quadro clínico sugestivo <strong>de</strong> sífilis congênita, <strong>de</strong>vemser cuidadosamente investigadas, obe<strong>de</strong>cendo-se à rotina acima referida.Situações <strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong> violência sexual <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas e, neste caso,a infecção, se confirmada, será classificada como adquirida. O tratamento seguiráo estadiamento visto anteriormente. O intervalo entre as aplicações da penicilinacristalina será <strong>de</strong> 4 em 4 horas. Já para a penicilina procaína, <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong> 12/12 horas, mantendo-se as mesmas dosagens preconizadas.Observação: no caso <strong>de</strong> interrupção do tratamento, por mais <strong>de</strong> 1 dia, o mesmo<strong>de</strong>verá ser reiniciado.Tratamento ina<strong>de</strong>quado para sífilis materna:• todo aquele feito com qualquer medicamento que não seja penicilina; ou• tratamento incompleto, mesmo tendo sido feito com penicilina; ou• a instituição <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>ntro dos 30 dias anteriores ao parto; ou• quando o parceiro não foi tratado, ou foi tratado ina<strong>de</strong>quadamente, e manteve contatosexual com a gestante após o tratamento da mesma.• Critérios para seguimento dos casosð realizar VDRL com 1, 3, 6, 12 e 18 meses, interrompendo quando danegativação;ð diante das elevações <strong>de</strong> títulos sorológicos, ou da sua não-negativação atéos 18 meses, reinvestigar a criança;ð recomenda-se o acompanhamento oftalmológico, neurológico e audiológicosemestral, minimamente no primeiro ano <strong>de</strong> vida;UNASA 755


S ÍILISCONGÊNITAð nos casos on<strong>de</strong> o LCR esteve alterado, <strong>de</strong>ve-se proce<strong>de</strong>r à reavaliaçãoliquórica, a cada 6 meses, até a normalização do mesmo;ð nos casos <strong>de</strong> crianças tratadas <strong>de</strong> forma ina<strong>de</strong>quada, na dose e/ou tempo dotratamento preconizado, <strong>de</strong>ve ser reavaliada clínica e laboratorialmente:- se houver alterações, refazer o tratamento da criança conforme o caso,obe<strong>de</strong>cendo aos esquemas acima <strong>de</strong>scritos;- se normais, proce<strong>de</strong>r apenas ao seguimento ambulatorial.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA sífilis congênita é doença <strong>de</strong> notificação compulsória, e objeto <strong>de</strong> eliminação,enquanto problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Estima-se que a prevalência <strong>de</strong> sífilis emgestantes seja <strong>de</strong> aproximadamente 2%. O subdiagnóstico e a subnotificação dasífilis congênita ainda são elevados, porém observa-se um incremento <strong>de</strong> casosnotificados nos últimos sete anos, passando <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong> 200 para mais <strong>de</strong>4.000 casos, nos últimos 2 anos, com a introdução <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> caso maissensível e da implantação <strong>de</strong> Grupos <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong> Sífilis Congênita, em serviços<strong>de</strong> pré-natal e parto. Encontramos uma taxa aproximada <strong>de</strong> 1,3 casos/1.000 nascidosvivos, segundo dados <strong>de</strong> notificação. A meta <strong>de</strong> eliminação é <strong>de</strong> até 1 caso /1.000nascidos vivos. Nos últimos 5 anos, foram registrados 11.849 internamentos noBrasil por sífilis congênita.Segundo os dados <strong>de</strong> notificação (SINAN, 2000), em 54,8% dos casos, as mães querealizaram pré-natal encontravam-se na faixa etária dos 20 aos 29 anos, e 65%<strong>de</strong>las têm nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> primária. As crianças se apresentavam“assintomáticas” ao nascimento em 71,6% das notificações on<strong>de</strong> consta a informação.Dentre as que apresentavam sinais clínicos informados na ficha, encontraram-se asseguintes frequências: icterícia (51%), hepatomegalia (28%), anemia (26%),esplenomegalia (16%), lesões cutâneas (15%), alterações ósteo-articulares (6%) erinite (4%).4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOS• I<strong>de</strong>ntificar e tratar os casos <strong>de</strong> sífilis, em mulheres em ida<strong>de</strong> fértil, especialmenteem gestantes e puérperas;• Evitar ou interromper a transmissão vertical (da gestante para o feto) da sífilis; e• Reduzir as conseqüências da sífilis para a criança infectada, por meio dotratamento oportuno e a<strong>de</strong>quado.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeito• toda criança, cuja mãe teve sífilis não tratada ou ina<strong>de</strong>quadamente tratada durantea gravi<strong>de</strong>z, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da presença <strong>de</strong> sintomas, sinais e resultados <strong>de</strong> exameslaboratoriais; ou756 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• toda criança com VDRL reagente e uma das seguintes condições:ð evidência <strong>de</strong> sintomatologia sugestiva <strong>de</strong> sífilis congênita ao exame físico;ð evidência <strong>de</strong> sífilis congênita ao Rx;ð evidência <strong>de</strong> alterações no líquido cefalorraquidiano: teste para anticorpos,contagem <strong>de</strong> linfócitos e dosagem <strong>de</strong> proteínas;ð título <strong>de</strong> anticorpos não-treponêmicos do RN, maior ou igual ao título materno,na ocasião do parto (a ausência do aumento <strong>de</strong>ste título não po<strong>de</strong> ser usadacomo evidência contra o diagnóstico <strong>de</strong> sífilis congênita);ð evidência <strong>de</strong> elevação <strong>de</strong> título <strong>de</strong> anticorpos não treponêmicos em relaçãoa títulos anteriores;ð positivida<strong>de</strong> para anticorpo da classe IgM contra Treponema pallidum -FTA-ABS;• toda criança com teste não-treponêmico positivo após o sexto mês <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,exceto em situação <strong>de</strong> seguimento pós-terapêutico e <strong>de</strong> sífilis adquirida (Ex:abuso sexual);• todo caso <strong>de</strong> morte fetal ocorrido em período igual ou após 22 semanas <strong>de</strong>gestação, ou com peso maior ou igual a 500 gramas, cuja mãe, portadora <strong>de</strong>sífilis, não foi tratada ou foi ina<strong>de</strong>quadamente tratada (natimorto por sífilis);todo caso <strong>de</strong> expulsão fetal com menos <strong>de</strong> 22 semanas, cuja mãe, portadora <strong>de</strong>sífilis, não foi tratada ou foi ina<strong>de</strong>quadamente tratada (aborto por sífilis).Confirmado• Critério clínico laboratorial: toda criança com evidência microbiológica doTreponema pallidum em material colhido <strong>de</strong> lesões, placenta, cordão umbilicalou autópsia, em exame realizado por meio <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> campo escuro,imunofluorescência ou outra coloração específica.Descartado• Todo caso em que foi afastada a infecção materna por sífilis, através da execução<strong>de</strong> exames treponêmicos (FTA-abs, MHA-Tp).• Criança que se enquadra como caso <strong>de</strong> sífilis adquirida à investigação.• Todo caso não enquadrado nos itens anteriores da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> caso.4.3. NOTIICAÇÃOTodo caso <strong>de</strong>finido como sífilis congênita, segundo os critérios <strong>de</strong>scritos no item4.2., <strong>de</strong>ve ser notificado à <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica (Portaria n.º 542, <strong>de</strong> 22/12/1986 publicada no D.O.U. <strong>de</strong> 24/12/1986). A notificação é feita pelo preenchimentoe envio da Ficha <strong>de</strong> Notificação e Investigação Epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> Caso <strong>de</strong> SífilisCongênita, e <strong>de</strong>ve ser preenchida pelo médico ou outro profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> noexercício <strong>de</strong> sua função.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Assistência médica ao paciente: tendo em vista o projeto <strong>de</strong> eliminaçãoda sífilis congênita, toda gestante <strong>de</strong>verá ser testada para sífilis na primeira consulta,UNASA 757


S ÍILISCONGÊNITAno início do terceiro trimestre do pré-natal, e na admissão para o parto. As mulheresreagentes serão tratadas, segundo o esquema abaixo:ð sífilis primária (cancro duro): penicilina benzatina 2.400.000 UI, IM, emdose única (administrar meta<strong>de</strong> em cada glúteo);ð sífilis secundária e sífilis latente recente (com menos <strong>de</strong> 1 ano <strong>de</strong> evolução):penicilina benzatina 2.400.000 UI, IM, repetindo a mesma dose uma semana<strong>de</strong>pois. Dose total: 4.800.000 UI.ð sífilis terciária ou sífilis com mais <strong>de</strong> 1 ano <strong>de</strong> evolução ou com duraçãoignorada: penicilina benzatina 2.400.000 UI, IM, em 3 aplicações, comintervalo <strong>de</strong> 1 semana entre cada aplicação. Dose total: 7.200.000 UI.ð orientar para que os pacientes evitem relações sexuais, até que o seutratamento (e o do parceiro com a doença) se complete;ð em caso <strong>de</strong> alergia referida, proce<strong>de</strong>r a testes cutâneos padronizados e<strong>de</strong>ssensibilizar quando confirmada a atopia;ð Alternativamente, em caso <strong>de</strong> alergia comprovada à penicilina, po<strong>de</strong>m serutilizadas:ð Eritromicina (estearato) 500mg - 1 comp. 6/6 h, VO, por 15 dias (sífilisrecente) ou 30 dias (sífilis tardia);Observações:• A eritromicina tem um perfil <strong>de</strong> eficácia menor, múltiplas doses e maior incidência<strong>de</strong> efeitos colaterais, (o que diminui a a<strong>de</strong>são), e <strong>de</strong>sta maneira requer umacompanhamento mais atento.• Todo portador <strong>de</strong> DST <strong>de</strong>ve ter oferecida a realização <strong>de</strong> testes anti-HIV,mediante aconselhamento.• Realizar controle <strong>de</strong> cura trimestral com a realização do VDRL.• Tratar novamente em caso <strong>de</strong> interrupção do tratamento ou da quadruplicaçãodos títulos (ex.: <strong>de</strong> 1/2 para 1/8).4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: a sífilis congênita é uma doença prevenível,bastando que a gestante infectada seja <strong>de</strong>tectada, e prontamente tratada, assimcomo o(s) seu(s) parceiro(s) sexual(is). Portanto, a medida <strong>de</strong> controle da sífiliscongênita mais efetiva consiste em oferecer, a toda gestante, uma assistência prénatala<strong>de</strong>quada. No entanto, as medidas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>vem abranger outrosmomentos: antes da gravi<strong>de</strong>z e na admissão à maternida<strong>de</strong>, seja para a realizaçãodo parto ou para curetagem por abortamento, ou por qualquer outra intercorrênciana gravi<strong>de</strong>z.4.4.3. Confirmação diagnóstica: o teste sorológico <strong>de</strong> imunofluorescência, o FTAabs/IgM-19S,realizado em sangue periférico <strong>de</strong> recém-natos, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a infecção;no entanto, sua disponibilida<strong>de</strong> é limitada a centros laboratoriais <strong>de</strong> referência ou <strong>de</strong>pesquisa. Um teste não treponêmico reagente após o sexto mês <strong>de</strong> vida, ou umteste treponêmico após o 18º mês, é <strong>de</strong>finidor da infecção. A realização <strong>de</strong> examesmicrobiológicos em amostras <strong>de</strong> tecidos da criança ou <strong>de</strong> placenta ou cordão umbilical,são <strong>de</strong>finitivos para a confirmação do caso.758 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. ANTES DA GRAVIDEZ• Uso regular <strong>de</strong> preservativos.• Diagnóstico precoce em mulheres em ida<strong>de</strong> reprodutiva e seus parceiros.• Realização do teste VDRL em mulheres que manifestem intenção <strong>de</strong> engravidar.• Tratamento imediato dos casos diagnosticados em mulheres e seus parceiros.5.2. DURANTE A GRAVIDEZRealizar o teste VDRL no primeiro trimestre da gravi<strong>de</strong>z, ou na primeira consulta, eoutro no início do terceiro trimestre da gravi<strong>de</strong>z (para <strong>de</strong>tectar infecções tardias).Na ausência <strong>de</strong> teste confirmatório, consi<strong>de</strong>rar para o diagnóstico as gestantes comVDRL reagente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não tratadas anteriormente <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada.5.3. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA adoção <strong>de</strong> práticas sexuais seguras, associada ao bom <strong>de</strong>sempenho na execuçãodo pré-natal, são peças chave para o controle do agravo. A população alvo <strong>de</strong>veráestar sempre recebendo informações sobre a prevenção das DST, e o direito a umaassistência médica <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e humanizada.5.4. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃOAs ações <strong>de</strong> prevenção da sífilis congênita baseiam-se em três pontos estratégicos,vistos no quadro abaixo.OPORTUNIDADES ESTRATÉGICAS PARA O CONTROLE DA SÍILIS CONGÊNITA E SUAS SEQÜELASPeríodo <strong>de</strong>atuaçãoAnterior àgestaçãoGestaçãoParto oucuretagemObjetivosgeraisPrevenir DST emmulheres em ida<strong>de</strong>fértilEvitar transmissãop/conceptoReduzir seqüelasGrupos alvoPopulaçãogeralGestantes nopré-natalRecém-nascidoPrincipaisativida<strong>de</strong>sDiagnóstico etratamento precoceda sífilis adquirida -busca ativaVDRL no 1 o e 3 o trimestresda gestaçãoTratamento dagestante e parceiroVDRL emparturientes: sepositivo, investigar RNTratamentoUNASA 759


SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITACID 10: B35.0


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICASÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOConstitui-se na mais importante complicação da infecção pelo vírus da rubéola durantea gestação, principalmente no primeiro trimestre, po<strong>de</strong>ndo comprometer o <strong>de</strong>senvolvimentodo feto e causar aborto, morte fetal, natimorto e anomalias congênitas, aque se <strong>de</strong>nomina Síndrome da Rubéola Congênita (SRC). As manifestações clínicasda SRC po<strong>de</strong>m ser transitórias (púrpura, trombocitopenia, hepatoesplenomegalia,icterícia, meningoencefalite, osteopatia radioluscente), permanentes (<strong>de</strong>ficiênciaauditiva, malformações cardíacas, catarata, glaucoma, retinopatia pigmentar), outardias (retardo do <strong>de</strong>senvolvimento, diabetes mellitus). As crianças com SRCfrequentemente apresentam mais <strong>de</strong> um sinal ou sintoma, mas po<strong>de</strong>m ter apenasuma malformação, das quais a <strong>de</strong>ficiência auditiva é a mais comum.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOO vírus da rubéola é um vírus RNA, pertencente ao gênero Rubivirus, famíliaTogaviridae.1.3. RESERVATÓRIOO homem é o único reservatório conhecido.1.4. MODO DE TRANSMISSÃOA SRC é transmitida pela via transplacentária, após a viremia materna.1.5. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADERecém-nascidos com SRC po<strong>de</strong>m excretar o vírus da rubéola nas secreções nasofaríngeas,sangue, urina e fezes por longos períodos. O vírus po<strong>de</strong> ser encontradoem 80% das crianças no primeiro mês <strong>de</strong> vida, 62% do primeiro ao quarto mês,33% do quinto ao oitavo mês, 11% entre nove e doze meses, e apenas 3% nosegundo ano <strong>de</strong> vida.1.6. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA infecção natural pelo vírus da rubéola ou pela imunização conferem, em geral,imunida<strong>de</strong> permanente. No entanto, o nível <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> coletiva atingido não ésuficientemente alto para interromper a transmissão do vírus.Diferentes estratégias <strong>de</strong> vacinação contra a rubéola têm sido adotadas paraprevenção da SRC. A vacinação <strong>de</strong> mulheres, em ida<strong>de</strong> fértil tem efeito direto naUNASA 763


S ÍNDROMEDARUBÉOLACONGÊNITAprevenção, ao reduzir a susceptibilida<strong>de</strong> entre gestantes, sem que ocorra a eliminaçãodo vírus na comunida<strong>de</strong>. A vacinação <strong>de</strong> rotina na infância tem impacto, a longoprazo, na prevenção da SRC. Ela interrompe a transmissão do vírus entre as crianças,o que reduz o risco <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong> gestantes susceptíveis. Além disso, reduz asusceptibilida<strong>de</strong> nas futuras coortes <strong>de</strong> mulheres em ida<strong>de</strong> fértil.A incidência da SRC <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, portanto, do número <strong>de</strong> suscetíveis, da circulação dovírus na comunida<strong>de</strong> e do uso <strong>de</strong> vacina específica.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASA infecção pelo vírus da rubéola na fase intra-uterina po<strong>de</strong> resultar no nascimento<strong>de</strong> criança sem nenhuma anomalia, mas po<strong>de</strong> provocar abortamento espontâneo,natimortalida<strong>de</strong>, ou o nascimento <strong>de</strong> crianças com anomalias simples ou combinadas.As principais manifestações clínicas da SRC são: catarata, glaucoma, microftalmia,retinopatia, cardiopatia congênita (persistência do canal arterial, estenose aórtica,estenose pulmonar), sur<strong>de</strong>z, microcefalia e retardo mental. Outras manifestaçõesclínicas po<strong>de</strong>m ocorrer, mas são transitórias, como: hepatoesplenomegalia, hepatite,icterícia, anemia hemolítica, purpura trombocitopênica, a<strong>de</strong>nopatia, meningoencefalite,miocardite, osteopatia <strong>de</strong> ossos longos (rarefações lineares nas metáfises)e exantema crônico. A prematurida<strong>de</strong> e o baixo peso ao nascer estão, também,associados à rubéola congênita.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALVárias patologias congênitas ou adquiridas, que ocorrem após o nascimento, têmmanifestações clínicas semelhantes entre si. O diagnóstico diferencial da SRC inclui:infecções congênitas por citomegalovirus, varicela-zoster, Coxsackievirus,Echovirus, herpes simples, HIV, hepatite B, parvovírus B19, Toxoplasma gondii,Treponema pallidum, malária e Tripanosoma cruzi. As principais manifestaçõesclínicas <strong>de</strong>ssas patologias estão <strong>de</strong>scritas no Quadro 1.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALO feto infectado é capaz <strong>de</strong> produzir anticorpos específicos IgM e IgG para rubéola,antes mesmo do nascimento.A presença <strong>de</strong> anticorpos IgM específicos para rubéola, no sangue do recém-nascido,é evidência <strong>de</strong> infecção congênita, uma vez que os anticorpos IgM maternos nãoultrapassam a barreira placentária. Os anticorpos IgM po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tectados em100% das crianças com SRC até o 5º mês, em 60% <strong>de</strong> 6 a 12 meses e em 40%, <strong>de</strong>12 a 18 meses. Raramente são <strong>de</strong>tectados após o 18º mês.Os anticorpos maternos, da classe IgG, po<strong>de</strong>m ser transferidos passivamente aofeto através da placenta, sendo encontrados também nos recém-natos normais,nascidos <strong>de</strong> mães imunes à rubéola. Não é possível diferenciar os anticorpos IgGmaternos daqueles produzidos pelo próprio feto, quando infectados na vida intrauterina.Como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> anticorpos IgG maternos diminui com o tempo,<strong>de</strong>saparecendo por volta do 6º mês, a persistência dos níveis <strong>de</strong> anticorpos IgG nosangue do recém-nascido é altamente sugestiva <strong>de</strong> infecção intra-uterina.764 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAQUADRO 1 - PRINCIPAIS MANIESTAÇÕES CLÍNICAS DE PATOLOGIAS CONGÊNITAS OU QUEOCORREM APÓS O NASCIMENTOPATOLOGIA/PATÓGENOETORECÉM-NASCIDOMAL-ORMAÇÃOSEQÜELARubéolaAbortoBaixo peso,hepatoesplenomegalia,osteíte, purpuraCardiopatia,microcefalia, catarataSur<strong>de</strong>z, retardo mental,diabete, autismo,cegueira, <strong>de</strong>generação doSNCCitomegalovírus-Anemia,trombocitopenia,hepatoesplenomegalia,icterícia, encefaliteMicrocefalia,microftalmia,retinopatiaSur<strong>de</strong>z, retardopsicomotor, calcificaçãocerebralVaricela-zoster-Baixo peso,corioretinite, varicelacongênita ou neonatal,encefaliteHipoplasia <strong>de</strong>membros, atrofiacortical, cicatrizesEvolução fatal porinfecção secundáriaPicornovírus,Coxsackievírus,EchovírusAbortoDoença febril leve,exantema, doençasistêmica grave, enteritePossível cardiopatia,miocarditeDéficit neurológicoHerpes simplesAbortoDoença sistêmica grave,lesões vesiculosas,retinopatiaMicrocefalia,retinopatia,calcificações cerebraisDéficit motorVírus HIV - Aids (SIDA) - Aids (SIDA)Vírus da hepatite B -HbsAg assintomático,baixo peso, hepatiteaguda-Hepatite crônica,HbsAg+ persistenteParvovírus B19NatimortoHidropsia fetalNatimorto - -Toxoplasma gondiiAbortoBaixo peso,hepatoesplenomegalia,icterícia, anemiaHidrocefalia,microcefaliaCorioretinite, retardomentalToxoplasmapallidumNatimortoHidropsia fetalLesões <strong>de</strong> pele, rinite,hepatoesplenomegalia,icterícia, anemia-Ceratite intersticial,bossa frontal, tíbia emsabre, <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>HutchinsonMaláriaAbortoHepatoesplenomegalia,icterícia, anemia,vômitos- -Tripanosomacruzi (Chagas)AbortoBaixo peso, icterícia,anemia, petéquias, falhacardíaca,hepatoesplenomegalia,encefaliteCatarataMiocardite, acaladiaGotoft/SP - Infections of newborn. In: Behrman RE, Kliegman RM: Nelson Textboook of Pediatrics, WB Saun<strong>de</strong>rs Co, Phila<strong>de</strong>lphia,1992; 14 th . 496.UNASA 765


S ÍNDROMEDARUBÉOLACONGÊNITAOs exames laboratoriais são imprescindíveis para o estabelecimento do diagnósticodiferencial <strong>de</strong>finitivo. Para a investigação <strong>de</strong> casos suspeitos <strong>de</strong> SRC, <strong>de</strong>ve sercolhida uma amostra <strong>de</strong> sangue, logo após o nascimento, quando há suspeita ouconfirmação <strong>de</strong> infecção materna durante a gestação; ou logo após a suspeitadiagnóstica, nos menores <strong>de</strong> um ano.QUADRO 2 - DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE CASO SUSPEITO DE SRC*PERÍODO DA COLETAPESQUISARESULTADOCONDUTALogo após onascimento ou quandoda suspeita <strong>de</strong> SRCIgMIgGPositivoNegativoPositivoNegativoConfirmar o casoRealizar pesquisa <strong>de</strong> IgG com o mesmo soroColetar 2 a amostra após 3 mesesDescartar o casoApós 3 meses da 1 acoletaIgGSe o IgG mantiver otítulo anterior ou formaiorSe houver quedaacentuada do título <strong>de</strong>IgG, comparado com oanteriorConfirmar o casoDescartar o caso(*) Recém-nascido cuja mãe teve diagnóstico confirmado <strong>de</strong> rubéola, durante a gestação, ou lactente com suspeita <strong>de</strong> SRC.Observação: Quando a mãe não foi investigada anteriormente, realizar na mesma a pesquisa <strong>de</strong> IgM e IgG.• Recomendaçãoð Isolamento viral: se a sorologia for IgM reagente (+), recomenda-se a coleta<strong>de</strong> espécime clínica (swab nasofaringeo), para i<strong>de</strong>ntificação do genótipo dovírus.2.4. TRATAMENTONão existe tratamento antiviral efetivo. Este será direcionado às malformaçõescongênitas e <strong>de</strong>ficiências observadas. Quanto mais precoce for a <strong>de</strong>tecção, maisprontamente po<strong>de</strong>mos intervir através <strong>de</strong> tratamento clínico, cirúrgico e <strong>de</strong>reabilitação.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA vacina tríplice viral (TV- sarampo, rubéola e caxumba) foi implantada no Brasil,<strong>de</strong> forma gradativa, iniciando-se no estado <strong>de</strong> São Paulo, em 1992, através dacampanha <strong>de</strong> vacinação indiscriminada para a faixa etária <strong>de</strong> 1 a 11 anos. Estaestratégia foi concluída no mês <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2000, com a implantação da vacina naregião norte e nos estados <strong>de</strong> Pernambuco e Alagoas. A meta era alcançar umacobertura vacinal <strong>de</strong> 95% da população alvo em cada município. Atualmente, avacinação contra rubéola está inserida no calendário vacinal <strong>de</strong> rotina, <strong>de</strong>vendo serrealizada aos 12 meses <strong>de</strong> vida.766 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAÀ medida que os estados implantavam a vacina tríplice e dupla viral (sarampo erubéola), recomendava-se a estruturação da vigilância da rubéola e da SRC. Avigilância <strong>de</strong> rubéola foi efetivamente implantada a partir <strong>de</strong> 1999, através dasativida<strong>de</strong>s dos assessores estaduais do Grupo Tarefa para a Erradicação do Sarampoe Controle da Rubéola, com integração da vigilância do sarampo e rubéola. Avigilância da SRC ainda não está efetivamente implantada em todos os estadosbrasileiros, e a magnitu<strong>de</strong> da SRC ainda é <strong>de</strong>sconhecida. Concomitante à implantaçãoda vigilância da rubéola e da SRC, tem ocorrido um aumento no número <strong>de</strong> casossuspeitos e confirmados <strong>de</strong> SRC <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997.No ano 2000, foram notificados 47.487 casos suspeitos <strong>de</strong> rubéola, dos quais 15.267(32%) foram confirmados, <strong>de</strong>sses 66% por laboratório. Nesse ano, a incidência <strong>de</strong>rubéola no país foi <strong>de</strong> 9,2/100.000 hab., comparada com uma incidência <strong>de</strong> 8,3/100.000 hab., em 1999 (Tabela 1). Em 1999, 60% dos casos ocorreram nas regiõesnorte e nor<strong>de</strong>ste, concentrados nos estados <strong>de</strong> Amazonas, Pará e Pernambuco. Em2000, 65,8% dos casos ocorreram na região norte e nor<strong>de</strong>ste, com surtos nos estadosdo Acre (30,8% dos casos da região norte) e Rio Gran<strong>de</strong> do Norte (22% dos casosda região nor<strong>de</strong>ste, comparado com 8% em 1999). Na região su<strong>de</strong>ste, o surto quecomeçou no estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, com 73,4% dos casos da região em 1999,esten<strong>de</strong>u-se no ano seguinte para o estado <strong>de</strong> São Paulo, que teve 64,6% dos casosconfirmados na região em 2000.As maiores incidências, excetuando-se a faixa etária <strong>de</strong> menores <strong>de</strong> 1 ano, foramnas populações <strong>de</strong> 1-4 (11,5/100.000) e 5-9 (9,7/100.000) anos, em 1999, e naspopulações <strong>de</strong> 15-19 anos (12,5/100.000) e 20-29 anos (12,7/100.000), no ano 2000(Tabela 2). A distribuição etária nacional é influenciada pelas tendências diferenciadas<strong>de</strong> incidência, por faixa etária, em cada estado. Em 1999, os surtos ocorreram emestados que ainda não haviam implantado a vacina contra rubéola, exceto o Rio <strong>de</strong>Janeiro, sendo a população mais atingida a <strong>de</strong> menores <strong>de</strong> 15 anos. Em 2000, ossurtos atingiram estados que já vacinavam contra rubéola. Nesse ano, os estadosque tiveram o maior número <strong>de</strong> casos confirmados no país foram São Paulo e RioGran<strong>de</strong> do Norte, com as maiores incidências nas faixas etárias <strong>de</strong> 20-29 anos (20/100.000) e <strong>de</strong> 15-19 anos, respectivamente. No estado <strong>de</strong> Pernambuco, com 1.197casos <strong>de</strong> rubéola, a maior incidência foi na faixa etária <strong>de</strong> 1-4 anos (57/100.000),com 61% dos casos concentrados em menores <strong>de</strong> 15 anos.Des<strong>de</strong> 1997, observa-se um aumento no número <strong>de</strong> casos suspeitos e confirmados<strong>de</strong> SRC. A vigilância da rubéola possibilitou a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> rubéola emgestantes, e um aumento da sensibilida<strong>de</strong> do sistema em <strong>de</strong>tectar recém-nascidoscom suspeita <strong>de</strong> SRC.UNASA 767


S ÍNDROMEDARUBÉOLACONGÊNITARUBÉOLA - DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CASOS CONIRMADOS E TAXA DE INCIDÊNCIA PORGRUPOS ETÁRIOS. BRASIL, 2000 - 20014.0003.5003.0002.5002.0001.5001.0005000< 1a 1 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 29Casos 00 737 1527 1170 1411 2253 3742Casos 01 280 510 274 223 497 1086Incid 00 22,05 11,35 6,65 7,52 12,6 12,71Incid 01 8,38 3,79 1,56 1,19 2,78 3,69onte:COVER/CENEPI/UNASA/MS4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOS• Geral: a vigilância da SRC tem, como objetivo, conhecer a magnitu<strong>de</strong> da SRCcomo problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, e avaliar o impacto das estratégias <strong>de</strong> vacinação.• Específicos: a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> casos suspeitos <strong>de</strong> SRC, através da i<strong>de</strong>ntificação eacompanhamento <strong>de</strong> mulheres que tiveram rubéola na gestação, ou dai<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> recém-nascidos com malformações congênitas; a notificação ea investigação dos casos suspeitos <strong>de</strong> SRC, que inclui a coleta <strong>de</strong> amostras paraa realização <strong>de</strong> testes sorológicos, para confirmação ou <strong>de</strong>scarte do diagnóstico;a orientação sobre medidas <strong>de</strong> controle a<strong>de</strong>quadas, como isolamento respiratórioda criança e vacinação <strong>de</strong> contatos, e unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> referência para assistência àcriança com SRC; a divulgação <strong>de</strong> informações para os profissionais e serviços<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoTodo recém- nascido cuja mãe foi caso suspeito, ou confirmado <strong>de</strong> rubéola ou contato<strong>de</strong> caso confirmado <strong>de</strong> rubéola, durante a gestação, ou toda criança, até 12 meses<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, que apresente sinais clínicos compatíveis com infecção congênita pelovírus da rubéola, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da história materna.Confirmado• Confirmado por laboratório: o caso suspeito é confirmado, como caso <strong>de</strong>SRC, quando há presença <strong>de</strong> malformações congênitas e, pelo menos, uma dasseguintes condições:768 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAð presença <strong>de</strong> anticorpos IgM específicos;ð título <strong>de</strong> anticorpos da classe IgG, <strong>de</strong>tectados através <strong>de</strong> ensaioimunoenzimático (ELISA), mantidos persistentemente elevados, ou acimado esperado, pela transferência passiva <strong>de</strong> anticorpos maternos.• Confirmado pela clínica: o caso é compatível quando os resultados laboratoriaissão insuficientes para confirmar o diagnóstico, e o recém-nascido ou a criança,menor <strong>de</strong> 12 meses, apresentar duas das seguintes complicações do Grupo 1 ouuma complicação do Grupo 1 associada ao Grupo 2, ou uma das complicaçõesdo Grupo 1, associada à história <strong>de</strong> infecção materna, comprovada por laboratórioou vínculo epi<strong>de</strong>miológico durante a gestação.ð Grupo 1: catarata/glaucoma congênita (interpretar como uma só manifestação),cardiopatia congênita, retinopatia pigmentar, sur<strong>de</strong>z.ð Grupo 2: hepatoesplenomegalia, icterícia, microcefalia, retardo mental,meningoencefalite, púrpura trombocitopênica, radiotransparência óssea nasmetáfises (osteopatia <strong>de</strong> ossos longos).• Infecção congênita: consi<strong>de</strong>ra-se como caso <strong>de</strong> infecção congênita quando,após uma avaliação minuciosa da criança, não se observa nenhuma das alteraçõespermanentes ou progressivas, embora haja confirmação laboratorial <strong>de</strong> infecçãopelo vírus da rubéola, po<strong>de</strong>ndo ou não apresentar manifestações transitórias.Esse caso, na verda<strong>de</strong>, não se trata <strong>de</strong> SRC.• Aborto ou perda fetal: consi<strong>de</strong>ra-se como perda fetal o caso <strong>de</strong> abortamentoou <strong>de</strong> natimorto, resultante <strong>de</strong> gestação durante a qual se comprovou a ocorrência<strong>de</strong> rubéola, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> confirmação <strong>de</strong> afecção no feto.DescartadoO caso será classificado como <strong>de</strong>scartado quando cumprir uma das seguintescondições:• títulos <strong>de</strong> IgM e IgG ausentes em crianças menores <strong>de</strong> 12 meses;• títulos <strong>de</strong> IgG ausentes na mãe;• títulos <strong>de</strong> IgG diminuindo, em velocida<strong>de</strong> compatível com a transferência <strong>de</strong>anticorpos maternos <strong>de</strong>tectados por ensaio imunoenzimático, a partir donascimento; e,• quando, por qualquer motivo, os resultados do exame sorológico do recém-nascidonão estiverem disponíveis e os dados clínicos forem insuficientes para confirmaro caso pela clínica.4.3. NOTIICAÇÃOA notificação <strong>de</strong> todos os casos suspeitos <strong>de</strong>ve ser feita <strong>de</strong> imediato, para a Comissão<strong>de</strong> Infecção Hospitalar e Serviço <strong>de</strong> <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,pois o recém-nascido po<strong>de</strong> ser fonte <strong>de</strong> infecção <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,sendo necessário adotar medidas <strong>de</strong> controle, como isolamento respiratório evacinação <strong>de</strong> contactantes. Deverá ser notificado todo recém-nascido cuja mãe foicaso suspeito, ou confirmado <strong>de</strong> rubéola durante a gestação, ou toda criança até 12meses que apresente sinais clínicos compatíveis com infecção congênita pelo vírusda rubéola, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da história materna.UNASA 769


S ÍNDROMEDARUBÉOLACONGÊNITA4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Assistência médica ao paciente: realizar exame clínico minucioso para<strong>de</strong>tectar malformações e coletar sangue para sorologia. Todo caso que apresentarmalformação <strong>de</strong>verá ser encaminhado para especialista (neurologista, cardiologista,otorrinolaringologista e/ou oftalmologista, etc) para tratamento específico.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: verificar se os casos estão sendo atendidos emUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, com capacida<strong>de</strong> para prestar atendimento a<strong>de</strong>quado e oportuno.Na maioria das vezes, estes pacientes necessitam <strong>de</strong> cuidados permanentes econtínuos, <strong>de</strong>mandando exames especializados (déficit auditivo, cardiopatias,malformações oculares).4.4.3. Proteção individual para evitar circulação viral: é necessário isolamento<strong>de</strong> contatos do recém-nascido, uma vez que o vírus po<strong>de</strong> estar presente em fluidoscorporais (material faríngeo e urina). A infecção po<strong>de</strong> ser transmitida aos susceptíveis,sendo importante a vacinação dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e contactantes. É importanteevitar o contato <strong>de</strong> gestantes com a criança.4.4.4. Confirmação diagnóstica: coletar material para diagnóstico laboratorial, <strong>de</strong>acordo com as orientações, e realizar avaliação clínica minuciosa.4.4.5. Proteção da população: logo que se tenha conhecimento <strong>de</strong> um surto <strong>de</strong>rubéola, é importante avaliar a distribuição etária dos casos confirmados e a situaçãovacinal, além da cobertura vacinal na área. Se o surto estiver ocorrendo em umgrupo não vacinado, realizar vacinação, visando, principalmente, interromper acirculação viral, reduzindo o risco <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong> gestantes susceptíveis ao vírus.Divulgação nos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, visitas domiciliares e palestrasnas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser organizadas para esclarecer a população sobre a doença,a gravida<strong>de</strong> da infecção intra-uterina e a importância da vacinação.4.4.6. Investigação: todo caso suspeito da SRC <strong>de</strong>ve ser investigado, em até 48horas após a notificação, com o objetivo <strong>de</strong>:• caracterizar clinicamente o caso, para <strong>de</strong>terminar sua classificação comosuspeito;• coletar dados epi<strong>de</strong>miológicos do caso (a ficha é um instrumento que tem comoobjetivo colher dados), preenchendo a ficha <strong>de</strong> investigação epi<strong>de</strong>miológica dagestante com rubéola e/ou SRC;• coletar amostra <strong>de</strong> sangue para exame sorológico, a fim <strong>de</strong> confirmar odiagnóstico;• <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar as medidas <strong>de</strong> controle pertinentes;• obter informações <strong>de</strong>talhadas e uniformes, para todos os casos, possibilitando acomparação dos dados e a análise a<strong>de</strong>quada da situação epi<strong>de</strong>miológica dadoença;• confirmar ou <strong>de</strong>scartar o caso, conforme os critérios estabelecidos.O instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados, a Ficha Epi<strong>de</strong>miológica específica da gestantecom rubéola e/ou SRC (disponível no SINAN), contém os elementos essenciais aserem coletados em uma investigação <strong>de</strong> rotina. Todos os campos <strong>de</strong>sta ficha <strong>de</strong>vemser criteriosamente preenchidos, mesmo quando a informação for negativa. Outros770 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAitens e observações po<strong>de</strong>m ser incluídos, conforme as necessida<strong>de</strong>s e peculiarida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cada situação.Toda gestante, com resultado sorológico (IgM) positivo para rubéola, ou que tevecontato com casos confirmados ou suspeitos <strong>de</strong> rubéola, <strong>de</strong>ve ser acompanhadapelo serviço <strong>de</strong> vigilância epi<strong>de</strong>miológica, com o objetivo <strong>de</strong> verificar a ocorrência<strong>de</strong> abortos, natimortos, ou o nascimento <strong>de</strong> crianças com malformações congênitasou sem qualquer anomalia.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos dos itens da Ficha<strong>de</strong> Investigação Epi<strong>de</strong>miológica do SINAN, relativos aos dados gerais, notificaçãoindividual e dados <strong>de</strong> residência.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos• Para confirmar a suspeita diagnósticað Anotar na ficha <strong>de</strong> investigação dados da história e manifestaçõesclínicas.- <strong>de</strong>ve-se consultar o prontuário e entrevistar o médico assistente, paracompletar as informações clínicas sobre o paciente. Estas informaçõesservirão para <strong>de</strong>finir se o quadro apresentado é compatível com a doença.- sugere-se que se faça uma cópia da anamnese, exame físico e daevolução do doente, com vistas ao enriquecimento das análises e tambémpara que possam servir como instrumento <strong>de</strong> aprendizagem dosprofissionais do nível local;- acompanhar a evolução dos pacientes e os resultados dos exameslaboratoriais específicos.• Para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> novos casos <strong>de</strong> SRCð realizar busca ativa nos prontuários médicos, para i<strong>de</strong>ntificar novos casossuspeitos <strong>de</strong> SRC.- locais com ocorrência <strong>de</strong> surto: além do acompanhamento das gestantesque tiveram diagnóstico <strong>de</strong> rubéola confirmado, realizar vigilância ativanas maternida<strong>de</strong>s, unida<strong>de</strong>s neonatais e pediátricas (entrevista comprofissionais e revisão dos registros médicos), para i<strong>de</strong>ntificar outroscasos suspeitos.4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames• Logo após a suspeita clínica <strong>de</strong> SRC, coletar sangue <strong>de</strong> todos os casos.• É da responsabilida<strong>de</strong> dos profissionais da vigilância epi<strong>de</strong>miológica e/ou doslaboratórios centrais ou <strong>de</strong> referência viabilizar, orientar ou mesmo proce<strong>de</strong>r aestas coletas.Não se <strong>de</strong>ve aguardar os resultados dos exames para o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento das medidas<strong>de</strong> controle e outras ativida<strong>de</strong>s da investigação, embora eles sejam imprescindíveispara a confirmação <strong>de</strong> casos e nortear o encerramento das investigações. Se o teste<strong>de</strong> IgM for negativo, a criança po<strong>de</strong> ser retirada do isolamento.UNASA 771


S ÍNDROMEDARUBÉOLACONGÊNITAROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA SÍNDROME DA RUBÉOLACONGÊNITANotificação <strong>de</strong> caso(s) suspeito(s)Atenção médica/Dados clínicosColeta <strong>de</strong> dados clínicos eepi<strong>de</strong>miológicos do pacienteInvestigaçãoColeta <strong>de</strong> material parasorologiaI<strong>de</strong>ntificar ocorrência <strong>de</strong>surtosEnviar ao laboratórioDeterminar extensãoda área <strong>de</strong>transmissãoI<strong>de</strong>ntificar área<strong>de</strong> transmissãoResultado do exameMonitoramento daárea durante 9 mesesNegativoPositivoMedidas <strong>de</strong> controleEncerrar o casoAcompanhamento <strong>de</strong>mulheres grávidasexpostas e RNBloqueioEducação emSaú<strong>de</strong>772 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: a análise dos dados da investigação <strong>de</strong>ve permitir aavaliação da magnitu<strong>de</strong> do problema, e do impacto das estratégias <strong>de</strong> vacinação naprevenção da SRC.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> casos: as fichas epi<strong>de</strong>miológicas <strong>de</strong> cada caso <strong>de</strong>vemser analisadas, visando <strong>de</strong>finir qual o critério utilizado para o diagnóstico.4.5.6. Relatório final: os dados da ficha <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong>verão estara<strong>de</strong>quadamente encerrados e digitados no SINAN, no período <strong>de</strong> até 180 dias apósa notificação do caso, para as análises epi<strong>de</strong>miológicas necessárias.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. IMUNIZAÇÃO• Recomendações para vacinação: a vacinação é uma estratégia para o controleda rubéola e prevenção da SRC.A medida <strong>de</strong> controle, quando da <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> SRC, é a vacinação<strong>de</strong> bloqueio, que <strong>de</strong>ve ocorrer no hospital <strong>de</strong> atendimento do caso, no domicílio ena creche que a criança irá freqüentar, uma vez que o vírus po<strong>de</strong> ser excretadopelas secreções nasofaríngeas e urina, em até 1 ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Administrar avacina tríplice viral (sarampo/rubéola/caxumba), no grupo etário <strong>de</strong> 1 a 39 anos<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> na rotina, e nos bloqueios <strong>de</strong> 6 meses a 39 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. É necessárioque as crianças <strong>de</strong> 6 meses a menores <strong>de</strong> 1 ano sejam revacinadas aos 12meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, para ser consi<strong>de</strong>rada dose válida para efeito <strong>de</strong> dose <strong>de</strong> rotina.5.2. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEEsclarecer a população, principalmente da área da educação e creches sobre adoença, a importância <strong>de</strong> notificar a SMS e a vacinação <strong>de</strong> crianças e mulherespara a prevenção da SRC.Orientações aos profissionais <strong>de</strong> creche, quanto aos cuidados com a criança portadora<strong>de</strong> SRC.UNASA 773


S ÍNDROMEDARUBÉOLACONGÊNITAANEXO 1 - NORMAS PARA PROCEDIMENTOS LABORATORIASO diagnóstico específico <strong>de</strong> cada paciente, com suspeita <strong>de</strong> Síndrome da RubéolaCongênita, é da maior importância para a <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica. A seguir,<strong>de</strong>screve-se os exames laboratoriais disponíveis, sua interpretação e as normas <strong>de</strong>coleta dos espécimes.• Testes sorológicos• Isolamento e i<strong>de</strong>ntificação viral• Diagnóstico histopatológico - realizado a partir <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> material “postmortem”.ð MAC-ELISA: é bastante sensível e <strong>de</strong>tecta anticorpos específicos da classeIgM, que indica infecção ativa. Estes anticorpos aparecem a partir do 5º diada infecção, permanecendo até 120 dias. É um teste sensível, sendo <strong>de</strong>eleição para triagem <strong>de</strong> casos.ð Inibição da Hemaglutinação (IH):COLETA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAL PARA DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DA RUBÉOLACONGÊNITATIPO DEDIAGNÓSTICOTIPO DEMATERIALQUANTIDADEN OAMOSTRAPERÍODO DACOLETARECIPIENTEARMAZENAMENTO/ CONSERVAÇÃOTRANSPORTESorológicoSangueObtenção daamostra: punçãovenosaCrianças:2 - 5mlAté 3*1 a ao nascer;2 a noterceiro mês<strong>de</strong> vida;3 a no sextomês <strong>de</strong> vidaTuboplásticoou vidro,comtampa <strong>de</strong>rosca oufrascocomvácuoGela<strong>de</strong>ira local:4 a 8 o C até 48horasLACEN: -20 o CGelo reciclávelem até 48 horasapós a coletaIsolamentoviralSecreçõesnasofaringeasAtravés <strong>de</strong>Swab. Umaamostra <strong>de</strong>cada narina euma dagarganta1Após oresultado <strong>de</strong>IgM positivona 1 aamostra, atétrês meses <strong>de</strong>vidaFrascoestéril <strong>de</strong>plásticocom meioespecíficoEm gela<strong>de</strong>ira até48 horas (semcongelar)LACEN: freezera -70 o CGelo seco ematé 48 horasapós a coleta* Conforme resultado da primeira amostra.• Todo material <strong>de</strong>verá ser enviado, <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificado e acompanhado <strong>de</strong> cópiada Ficha <strong>de</strong> Acompanhamento Sorológico, que servirá para orientar os técnicos dolaboratório quanto aos exames indicados, <strong>de</strong> acordo com o período que antece<strong>de</strong>u asuspeita da infecção.• A informação, sobre história vacinal dos casos suspeitos, é muito importante parasubsidiar a análise a<strong>de</strong>quada dos resultados <strong>de</strong> testes sorológicos.774 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICACONDUTA RENTE A UM CASO SUSPEITORecém-nascido, cuja mãe foi caso suspeito ouconfirmado <strong>de</strong> rubéola durante a gestação, oucriança <strong>de</strong> até 12 meses que apresente sinaisclínicos compatíveis com infecção congênita pelovírus da rubéola, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da história maternaSuspeito <strong>de</strong> Síndrome <strong>de</strong> RubéolaCongênitaNotificarColher amostra <strong>de</strong> sanguepara sorologia, logo após onascimento ou a suspeita <strong>de</strong>SRCVacinação <strong>de</strong> bloqueioIgM + IgM -IgG -IgM -IgG +Confirmar ocasoDescartar ocasoColetar 2 aamostra após 3meses da 1 a Se houver quedaSe IgG mantiver otítulo anterior oufor maioracentuada dotítulo <strong>de</strong> IgG,comparado aoanteriorConfirmar ocasoDescartar ocaso• Sinais clínicos compatíveis com SRC:ð Catarata/glaucoma, cardiopatia congênita, sur<strong>de</strong>z, retinopatia pigmentar, púrpura, hepatoesplenomegalia,icterícia, microcefalia, retardo mental, meningoencefalite, rádioluscência óssea.UNASA 775


TÉTANO ACIDENTALCID 10: A35


G UIA DE VIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICATÉTANO ACIDENTAL1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃODoença infecciosa aguda não-contagiosa, causada pela ação <strong>de</strong> exotoxinasproduzidas pelo Clostridium tetani, as quais provocam um estado <strong>de</strong> hiperexcitabilida<strong>de</strong>do sistema nervoso central. Clinicamente, a doença manifesta-se por febrebaixa ou ausente, hipertonia muscular mantida, hiperreflexia e espasmos oucontraturas paroxísticas. Em geral o paciente mantém-se consciente e lúcido.Espasmos são exacerbações paroxísticas da hipertonia, <strong>de</strong>terminados por váriosestímulos, tais como sons, luminosida<strong>de</strong>s, injeções; po<strong>de</strong>ndo ainda ocorrerespontaneamente.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOClostridium tetani, é um bacilo gram positivo esporulado, anaeróbico, morfologicamentesemelhante a um alfinete <strong>de</strong> cabeça, com 4 a 10µ <strong>de</strong> comprimento.Produz esporos que lhe permitem sobreviver no meio ambiente por vários anos.1.3. RESERVATÓRIOO Clostridium tetani é encontrado nos intestinos <strong>de</strong> cavalos e outros animais,inclusive do homem, sendo inócuo neste habitat. É comumente encontrado nanatureza sob a forma <strong>de</strong> esporo, nos seguintes meios: fezes, terra, reino vegetal,águas putrefatas, instrumentos cortantes, pregos enferrujados, poeira <strong>de</strong> ruas e aténa pele.1.4. MODO DE TRANSMISSÃOA infecção se dá através <strong>de</strong> ferimentos superficiais ou profundos, <strong>de</strong> qualquernatureza, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tenham a introdução dos esporos em uma solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>,associados às condições favoráveis para <strong>de</strong>senvolver a doença, como tecidos<strong>de</strong>svitalizados, corpos estranhos, meio anaeróbico e outros.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃOÉ o período que o esporo requer para germinar, elaborar as toxinas e estas atingiremo Sistema Nervoso Central (SNC), ocorrendo alterações funcionais com aumentoda excitabilida<strong>de</strong>. O período <strong>de</strong> incubação em média é <strong>de</strong> 10 dias, variando <strong>de</strong> 24horas a 30 dias. Alguns casos chegam a meses.UNASA 779


T ÉTANO ACIDENTAL1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEÉ uma doença não contagiosa, portanto, não existe transmissão direta, <strong>de</strong> um indivíduopara outro.1.7. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA suscetibilida<strong>de</strong> é universal, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> sexo ou ida<strong>de</strong>; a imunida<strong>de</strong> permanenteé conferida pela vacina, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ocorra em condições i<strong>de</strong>ais inerentes aoimunobiológico e ao indivíduo, com 3 doses e reforço a cada 5 ou 10 anos, conformeas indicações. A doença não confere imunida<strong>de</strong>. Os filhos <strong>de</strong> mães imunes po<strong>de</strong>mapresentar imunida<strong>de</strong> passiva e transitória até 4 meses. Recomenda-se um reforçoem caso <strong>de</strong> nova gravi<strong>de</strong>z, se esta distar mais <strong>de</strong> 5 anos. A imunida<strong>de</strong> através dosoro antitetânico (SAT) dura até 14 dias, média <strong>de</strong> 1 semana; através da imunoglobulinahumana anti-tetânica (IGHAT) dura <strong>de</strong> 2 a 4 semanas, média <strong>de</strong> 14 dias.A imunida<strong>de</strong> é conferida pela vacina e dura em torno <strong>de</strong> 10 anos.2. ASPECTOS CLÍNICOS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASO tétano é uma toxiinfecção causada pela toxina do bacilo tetânico, introduzido noorganismo através <strong>de</strong> ferimentos ou lesões <strong>de</strong> pele. Clinicamente, o tétano aci<strong>de</strong>ntalse manifesta por:• Hipertonia dos músculos: masseteres (trismo e riso sardônico), pescoço(rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> nuca), faringe ocasionando dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição (disfagia),contratura muscular progressiva e generalizada dos membros superiores einferiores (hiperextensão <strong>de</strong> membros), reto-abdominais (abdome em tábua),paravertebrais (opistótono) e diafragma, levando à insuficiência respiratória; osespasmos são <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados ao menor estímulo (luminoso, sonoro ou manipulaçãodo paciente) ou surgem espontaneamente.ð Período <strong>de</strong> infecção: dura em média <strong>de</strong> dois a cinco dias.ð Remissão: não apresenta período <strong>de</strong> remissão.ð Período toxêmico: ocorre sudorese pronunciada e po<strong>de</strong> haver retençãourinária por bexiga neurogênica. Inicialmente, as contrações tônico-clônicasocorrem sob estímulos externos e, com a evolução da doença, passam aocorrer espontaneamente. É uma característica da doença o enfermo manterselúcido, apirético, ou quando há presença <strong>de</strong> febre, ela é baixa. A presença<strong>de</strong> febre acima <strong>de</strong> 38°C é indicativa <strong>de</strong> infecção secundária, ou <strong>de</strong> maiorgravida<strong>de</strong> do tétano.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALEm relação às formas generalizadas do tétano, incluem-se os seguintes diagnósticosdiferenciais:• Intoxicação pela estricnina: há ausência <strong>de</strong> trismos e <strong>de</strong> hipertonia generalizada,durante os intervalos dos espasmos.780 UNASA


G UIA DE VIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Meningites: há febre alta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, ausência <strong>de</strong> trismos, presença dossinais <strong>de</strong> Kerning e Brudzinsky, cefaléia e vômito.• Tetania: os espasmos são principalmente nas extremida<strong>de</strong>s, sinais <strong>de</strong> Trousseaue Chvostek presentes, hipocalcemia e relaxamento muscular entre os paroxismos.• Raiva: história <strong>de</strong> mordida por animais, convulsão, ausência <strong>de</strong> trismos,hipersensibilida<strong>de</strong> cutânea, alterações <strong>de</strong> comportamento.• Histeria: ausência <strong>de</strong> ferimentos e <strong>de</strong> espasmos intensos. Quando o pacientese distrai, <strong>de</strong>saparecem os sintomas.• Intoxicação pela metoclopramida, e intoxicação por neurolépticos: po<strong>de</strong>mlevar ao trismo e hipertonia muscular.• Processos inflamatórios da boca e da faringe, acompanhados <strong>de</strong> trismo:<strong>de</strong>ntre as principais entida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m causar o trismo, citam-se: abscesso<strong>de</strong>ntário, periostite alvéolo-<strong>de</strong>ntária, erupção viciosa <strong>de</strong>nte siso, fratura e/ouosteomielite <strong>de</strong> mandíbula, abscesso amigdaliano e/ou retrofaríngeo.• Doença do soro: po<strong>de</strong> cursar com trismo que é <strong>de</strong>corrente da artrite têmporomandibular,que se instala após uso do soro heterólogo. Ficam evi<strong>de</strong>nciadaslesões máculopapulares cutâneas, hipertrofia ganglionar, comprometimento renale outras artrites.É importante chamar a atenção para as condições que, mesmo excepcionalmente,po<strong>de</strong>m figurar no diagnóstico diferencial do tétano, tais como:• osteoartrite cervical aguda com rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> nuca;• espondilite septicêmica;• hemorragia retroperitonial;• úlcera péptica perfurada;• outras causas <strong>de</strong> abdome agudo;• epilepsia;• outras causas <strong>de</strong> convulsões.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL E EXAMES COMPLEMENTARESO diagnóstico do tétano é eminentemente clínico-epi<strong>de</strong>miológico, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<strong>de</strong> confirmação laboratorial. O laboratório auxilia no controle das complicações etratamento do paciente. O hemograma habitualmente é normal, exceto quando háinfecção inespecífica associada. As transaminases e uréia sangüíneas po<strong>de</strong>m elevarsenas formas graves. A dosagem <strong>de</strong> gases e eletrólitos é importante nos casos <strong>de</strong>insuficiência respiratória. As radiografias <strong>de</strong> tórax e da coluna vertebral <strong>de</strong>vem serrealizadas, para o diagnóstico <strong>de</strong> infecções pneumônicas e <strong>de</strong> fraturas <strong>de</strong> vértebrasrespectivamente. Hemoculturas, culturas <strong>de</strong> secreções e <strong>de</strong> urina são indicadas noscasos <strong>de</strong> infecção secundária.2.4. TRATAMENTOO doente <strong>de</strong>ve ser internado em unida<strong>de</strong> apropriada com mínimo <strong>de</strong> ruído,luminosida<strong>de</strong>, temperatura estável e agradável. Casos graves têm indicação <strong>de</strong> terapiaUNASA 781


T ÉTANO ACIDENTALintensiva, on<strong>de</strong> haja suporte necessário para manejo <strong>de</strong> complicações e conseqüenteredução das seqüelas e letalida<strong>de</strong>. É <strong>de</strong> fundamental importância os cuidados pelasequipes médica e <strong>de</strong> enfermagem, experientes no atendimento a esse tipo <strong>de</strong>enfermida<strong>de</strong>.Os princípios básicos do tratamento são:• Sedação do paciente: através do uso <strong>de</strong> benzodiazepínicos e miorrelaxantes.• Neutralização da toxina tetânica: utiliza-se o soro anti-tetânico (SAT), cujaindicação terapêutica é <strong>de</strong> 20.000 UI para crianças e adultos, via intramuscular(IM), distribuída em 2 massas musculares ou E.V., este último diluído para 100ml<strong>de</strong> soro fisiológico, transfundir em 1 hora. Realizar antes teste <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>.A Imunoglobulina Humana Antitetânica Tetânica (IGHAT ou TIG) é disponívelno Brasil apenas para uso Intramuscular (IM), em duas ou mais massasmusculares, nas seguintes dosagens, para uso terapêutico: a critério médico, éutilizada na dose <strong>de</strong> 3.000 a 6.000 UI. A administração da TIG, pela via intratecal,ainda é controversa na literatura e, no Brasil, seu uso está limitado a protocolos <strong>de</strong>pesquisas.• Debridamento do foco: limpar o ferimento suspeito com soro fisiológico ouágua e sabão, realizar o <strong>de</strong>bridamento retirando tecido <strong>de</strong>svitalizado e corposestranhos. Após a remoção <strong>de</strong> todas as condições suspeitas, fazer limpeza comágua oxigenada ou solução <strong>de</strong> permanganato <strong>de</strong> potássio a 1:5000. Ferimentospuntiformes e profundos <strong>de</strong>vem ser abertos em cruz e lavados generosamentecom soluções oxidantes. Não é eficaz o uso <strong>de</strong> Penicilina benzatina na profilaxiado tétano aci<strong>de</strong>ntal, nas infecções cutâneas. Caso haja indicação para o uso <strong>de</strong>antibióticos, em lesões suspeitas infectadas, optar por:ð Tetraciclina: 20 a 40mg/dia (máximo <strong>de</strong> 02g), via oral <strong>de</strong> 6/6 hs, durante 5dias, a partir dos 8 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.ð Eritromicina: 20 a 40mg/kg/dia, via oral, <strong>de</strong> 6/6 hs, durante 5 dias, para criançasmenores <strong>de</strong> 8 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.ð Hidratação intravenosa a<strong>de</strong>quada.ð Antibioticoterapia.ð Tratamento sintomático.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSO tétano no passado foi uma das doenças prevalentes no mundo, sendo atualmenteuma doença pouco inci<strong>de</strong>nte nos países <strong>de</strong>senvolvidos. Constitui-se ainda problema<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, nos países em <strong>de</strong>senvolvimento e sub<strong>de</strong>senvolvidos. Nos paísescom redução drástica da incidência, observou-se melhoria das ações <strong>de</strong> prevenção,a exemplo <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> coberturas vacinais na infância e medidas gerais <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento educacional e social.No Brasil, o coeficiente <strong>de</strong> incidência por 100.000 habitantes, na década <strong>de</strong> 80, foi<strong>de</strong> 1,8; em 90 foi 1,05; e, em 2000, 0,32, verificando-se uma tendência ao <strong>de</strong>clínioconforme gráfico a seguir.782 UNASA


G UIA DE VIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAO tétano aci<strong>de</strong>ntal apresentou uma redução contínua, no número <strong>de</strong> casosconfirmados <strong>de</strong> 2.226 para 551, e o coeficiente <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> 1,8 para 0,32por 100.000 habitantes no período <strong>de</strong> 1982 a 2000, <strong>de</strong>monstrando um <strong>de</strong>créscimoem torno <strong>de</strong> 70%. A Região Norte apresentou a maior redução <strong>de</strong>ste coeficiente,<strong>de</strong> 3,20 para 0,57 por 100.000 habitantes, entretanto, é nesta área que esteindicador é ainda mais representativo. Durante os anos estudados, a menorincidência foi registrada na Região Su<strong>de</strong>ste, <strong>de</strong>clinando <strong>de</strong> 1,00 para 0,01 por100.000 habitantes.Quando se analisa os coeficientes <strong>de</strong> incidência por faixa etária e por região, observaseque as regiões Centro-Oeste, Sul e Su<strong>de</strong>ste registraram baixas incidências nogrupo dos menores <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Esta situação po<strong>de</strong> ser atribuída àintensificação <strong>de</strong> vacinação, ações <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong>, organização do serviçoe melhor acesso ao sistema educacional. Com relação as regiões Norte e Nor<strong>de</strong>ste,não se verifica este comportamento, apresentando uma incidência importante nafaixa etária <strong>de</strong> menores <strong>de</strong> 15 anos.Durante este mesmo período, observou-se a freqüência da doença em todas asfaixas etárias, sendo que 46,2% dos casos estão concentrados no grupo 20 a 49anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, seguido <strong>de</strong> 50 anos e mais que acumula um percentual <strong>de</strong> 35,3%.Com as estratégias <strong>de</strong> campanhas nacionais e implementação da vacinação do idosona rotina dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a partir do 1999, espera-se uma redução da incidêncianeste grupo.No Brasil, a distribuição <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> tétano aci<strong>de</strong>ntal acomete com mais freqüênciao sexo masculino.Até a década <strong>de</strong> 80, o tétano aci<strong>de</strong>ntal era mais freqüente na zona rural, observandoseatualmente que 62,2% dos casos estão concentrados na zona urbana. Estamodificação po<strong>de</strong> ser atribuída ao êxodo rural, introdução <strong>de</strong> novas tecnologias nocampo e interiorização das ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.A letalida<strong>de</strong> está acima <strong>de</strong> 30%, sendo mais representativa nos menores <strong>de</strong> cincoanos e idosos. É consi<strong>de</strong>rada elevada, quando comparada com os países <strong>de</strong>senvolvidos,on<strong>de</strong> se apresenta entre 10 a 17%.Embora não se ignore a tendência do <strong>de</strong>clínio da doença no Brasil, há necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> se instituir medidas mais efetivas visando reduzir a morbimortalida<strong>de</strong>.TÉTANO ACIDENTAL: DISTRIBUIÇÃO DOS COEICIENTES DE INCIDÊNCIA. BRASIL, 1982-2001Coef. Incid./100.000 hab.21,81,61,41,210,80,60,40,2082 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99Anosonte: UNASA/MSUNASA 783


T ÉTANO ACIDENTAL4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOS• Implementar ações <strong>de</strong> vigilância epi<strong>de</strong>miológica;• conhecer todos os casos suspeitos e investigar oportunamente 100% <strong>de</strong>les, comobjetivo <strong>de</strong> assegurar diagnóstico e tratamento precoce;• adotar medidas <strong>de</strong> controle em tempo hábil;• conhecer o perfil e o comportamento epi<strong>de</strong>miológico;• i<strong>de</strong>ntificar e caracterizar a população <strong>de</strong> risco;• recomendar a vacinação da população <strong>de</strong> risco;• avaliar impacto das medidas <strong>de</strong> controle;• promover educação continuada em saú<strong>de</strong>, incentivando o uso <strong>de</strong> equipamentose objetos <strong>de</strong> proteção, a fim <strong>de</strong> não ocorrer ferimentos ou lesões.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoTodo paciente que apresenta dificulda<strong>de</strong> para <strong>de</strong>glutir, trismo, contraturas muscularesprogressivas com <strong>de</strong>tecção ou não <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pele ou mucosa,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da situação vacinal e história anterior <strong>de</strong> tétano.ConfirmadoTodo caso suspeito que apresenta hipertonia muscular progressiva permanente dosseguintes músculos:• masséteres (trismo);• músculos da mímica facial (riso sardônico);• musculatura paravertebral (opistótono);• rigi<strong>de</strong>z abdominal (abdome em tábua);• musculatura cervical (rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> nuca);• musculatura dos membros inferiores (dificulda<strong>de</strong> para <strong>de</strong>ambular).ð Critério clínico-epi<strong>de</strong>miológico: todo caso suspeito <strong>de</strong> tétano que evoluiu paraóbito e que, após a investigação epi<strong>de</strong>miológica, apresenta característicasclínicas da doença.DescartadoTodo caso suspeito que, após investigação epi<strong>de</strong>miológica, não preencher os critérios<strong>de</strong> confirmação.4.3. NOTIICAÇÃOA notificação <strong>de</strong> casos suspeitos <strong>de</strong> tétano aci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>verá ser feita por profissionaisda saú<strong>de</strong> ou por qualquer pessoa da comunida<strong>de</strong>, às autorida<strong>de</strong>s e instânciassuperiores. Após a notificação, <strong>de</strong>verá proce<strong>de</strong>r-se imediatamente à investigação.784 UNASA


G UIA DE VIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1.Assistência médica ao paciente: hospitalização imediata dos pacientes.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: a internação mais precoce em unida<strong>de</strong>sespecíficas ou <strong>de</strong> terapia intensiva <strong>de</strong> maior complexida<strong>de</strong>, os pacientes, <strong>de</strong>vem serassistidos por profissionais médicos e <strong>de</strong> enfermagem qualificados e com experiênciacom esta doença, visando diminuir a letalida<strong>de</strong> e as seqüelas. Alguns cuidados sãonecessários com a internação; unida<strong>de</strong>s especiais <strong>de</strong>vido à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umambiente com pouca luminosida<strong>de</strong>, poucos ruídos, temperaturas estáveis e maisbaixas que a temperatura corporal, pouca manipulação, extremamente o necessáriopara não <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar as crises <strong>de</strong> contraturas, etc. O verda<strong>de</strong>iro sentido <strong>de</strong> isolamentonão é necessário, uma vez que a infecção não é transmissível.4.4.3. Proteção individual: não é necessária, já que não há transmissão direta.4.4.4. Confirmação diagnóstica: apenas acompanhamento da evolução clínica euma investigação <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, preferencialmente por pessoas que têmconhecimento da doença e com larga experiência em investigação <strong>de</strong> tétano sãofundamentais.4.4.5. Proteção da população: logo que se tenha conhecimento da ocorrência <strong>de</strong>caso(s) <strong>de</strong> tétano, <strong>de</strong>ve-se organizar a implementação das ações <strong>de</strong> prevenção,principalmente a vacinação da população <strong>de</strong> risco, aproveitando a oportunida<strong>de</strong> emque os gestores e a população estão sensíveis quanto à ocorrência do caso.O conhecimento da cobertura vacinal contra tétano, a população suscetível, aprevenção e a proteção contra aci<strong>de</strong>ntes no trabalho, são fundamentais para qualquermedida a serem repassadas à comunida<strong>de</strong>.Ações <strong>de</strong> sensibilização da população, utilizando-se <strong>de</strong> vários meios <strong>de</strong> comunicação<strong>de</strong> massa, visitas domiciliares e palestras nas comunida<strong>de</strong>s, nas escolas, <strong>de</strong>vem serorganizadas para transmitir conhecimento sobre a doença, as formas <strong>de</strong> prevenção,a gravida<strong>de</strong> e sua evolução, são importantes na redução da doença.4.4.6. Investigação: imediatamente após a notificação <strong>de</strong> um caso suspeito, iniciara investigação epi<strong>de</strong>miológica para permitir que as medidas <strong>de</strong> controle possam seradotadas em tempo oportuno. O instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados, a FichaEpi<strong>de</strong>miológica (FI- disponível no SINAN), contém os elementos essenciais a seremcoletados em uma investigação <strong>de</strong> rotina. Todos os campos <strong>de</strong>sta ficha <strong>de</strong>vem sercriteriosamente preenchidos, mesmo quando a informação for negativa. Outros itense observações po<strong>de</strong>m ser incluídos, conforme as necessida<strong>de</strong>s e peculiarida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cada situação. É importantíssima a revisão do preenchimento das variáveisda FI antes da digitação no SINAN; o encerramento dos casos em tempo hábil(máximo <strong>de</strong> 60 dias) é necessário. O cumprimento das normas quanto ao fluxodas informações é fundamental.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: preencher todos os campos dos itens da Ficha<strong>de</strong> Investigação Epi<strong>de</strong>miológica do SINAN, relativos aos dados gerais, notificaçãoindividual e dados <strong>de</strong> residência.UNASA 785


T ÉTANO ACIDENTAL4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos• Para confirmar a suspeita diagnósticað Anotar na ficha <strong>de</strong> investigação dados da história e manifestações clínicas.- Em geral, quando se suspeita <strong>de</strong> tétano, <strong>de</strong>ve-se consultar a ficha <strong>de</strong>atendimento e/ou prontuário, entrevistar o médico assistente ou alguémda família ou acompanhante, visita domiciliar para completar asinformações sobre a evolução do paciente.- Acompanhar a evolução do caso e as medidas implementadas em<strong>de</strong>corrência da existência do caso.• Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> riscoð Verificar a ocorrência <strong>de</strong> outros casos, no local <strong>de</strong> residência, e levantar osfatores <strong>de</strong>terminantes, i<strong>de</strong>ntificar a população <strong>de</strong> risco e traçar estratégias<strong>de</strong> implementação das ações <strong>de</strong> prevenção para tétano.• Para conhecer ocorrência <strong>de</strong> possíveis casosð Busca ativa <strong>de</strong> casos: acredita-se que a subnotificação <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> tétanoaci<strong>de</strong>ntal é praticamente inexistente, exceto quando não é feito o diagnósticoem tempo hábil, ou quando são assistidos por profissionais que <strong>de</strong>sconhecemquadro clínico <strong>de</strong> tétano, ou quando não são comprometidos com a importânciada notificação.- Casos <strong>de</strong> tétano, em conseqüência <strong>de</strong> um aborto, às vezes po<strong>de</strong>m sermascarados quanto ao diagnóstico final.4.5.3. Análise <strong>de</strong> dados: a qualida<strong>de</strong> da investigação é fundamental para a análisedos dados, <strong>de</strong> forma a permitir a avaliação do agravo. A consolidação dos dados,i<strong>de</strong>ntificando as características <strong>de</strong> pessoa, tempo e lugar, permitirá uma caracterizaçãoda situação, <strong>de</strong> forma a priorizar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recomendar medidas <strong>de</strong> controle.Permite também conhecer a magnitu<strong>de</strong> do problema, a sua tendência e o impactodas medidas adotadas. Dentre os principais aspectos a observar na análise, <strong>de</strong>stacamseos seguintes:• obter dados sobre utilização da vacina tríplice (DPT), para estimar a coberturavacinal <strong>de</strong> crianças menores <strong>de</strong> um ano e <strong>de</strong> 1 a 4 anos;• obter dados sobre a utilização do toxói<strong>de</strong> tetânico (TT e dT) em gestantes e emoutros grupos <strong>de</strong> risco, para estimar as coberturas vacinais;• realizar a distribuição <strong>de</strong> casos por ida<strong>de</strong> e estado vacinal, para estimativa daefetivida<strong>de</strong> da vacinação;• obter dados acerca <strong>de</strong> casos conhecidos através das <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> óbito, paraestimar, com base em um coeficiente médio <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> conhecido, o número<strong>de</strong> casos esperados e, em <strong>de</strong>corrência, o índice sub-registro;• realizar estudo pormenorizado das fichas <strong>de</strong> casos que fornecem dados <strong>de</strong> maiorprofundida<strong>de</strong>, sobre situação epi<strong>de</strong>miológica do tétano, <strong>de</strong>stacando-se os seguintesaspectos:786 UNASA


G UIA DE VIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAROTEIRO DE NOTIICAÇÃO E INVESTIGAÇÃO DO TÉTANO ACIDENTALOPAS - BrasilCENEPI/UNASA/Ministério da Saú<strong>de</strong>Análise e consolidaçãodos dadosInformações sobrea situação do paísGT-TétanoNotificaçãoimediataBanco <strong>de</strong> dados SINANdo CENEPI/UNASASecretarias Estaduais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Banco <strong>de</strong> dados SINANdo EstadoQuinzenalNotificaçãoimediataRegionais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>SemanalBanco <strong>de</strong> dados SINANdo MunicípioSemanalSecretarias Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>icha <strong>de</strong> investigaçãoNotificaçãoimediataUnida<strong>de</strong>s Notificantesicha <strong>de</strong>notificaçãoCaso suspeito <strong>de</strong> TA,UNASA 787


T ÉTANO ACIDENTALð <strong>de</strong>terminação dos grupos populacionais expostos ao maior risco <strong>de</strong> adoecere <strong>de</strong> morrer, através da distribuição dos casos e óbitos, segundo sexo, ida<strong>de</strong>,ocupação e município <strong>de</strong> residência;ð características dos ferimentos mais freqüentes responsáveis pela instalaçãodo tétano: tipo, região afetada e circunstâncias em que ocorreu o ferimento(verificar se ocorreu durante o exercício profissional ou não);ð indicação da eficácia dos programas <strong>de</strong> vacinação com toxói<strong>de</strong> tetânico,através da distribuição dos casos, <strong>de</strong> acordo com a ida<strong>de</strong> e o estado vacinalanterior (número <strong>de</strong> doses recebidas, intervalo entre as doses, tempo <strong>de</strong>corrido<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a última aplicação);ð <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> outros fatores <strong>de</strong> risco, como úlceras <strong>de</strong> pernas (crônicas,varicosas, diabetes); mal perfurante plantar, tratamento <strong>de</strong>ntário e pessoasda 3ª ida<strong>de</strong>;ð avaliação quanto à eficiência das medidas <strong>de</strong> tratamento profilático, mediantea análise da distribuição dos casos, segundo o tempo <strong>de</strong>corrido entre aadministração ou não do soro antitetânico e a ocorrência do ferimento;ð condições do tratamento proporcionado aos doentes, o que po<strong>de</strong> ser estimadoatravés do acompanhamento da letalida<strong>de</strong>, por hospitais.4.5.4. Encerramento <strong>de</strong> casos: as fichas <strong>de</strong> investigação epi<strong>de</strong>miológica, somadasàs investigações através da visita domiciliar (preferencialmente com informanteenvolvido no contexto <strong>de</strong> cada caso), entrevista com profissional que assistiu ocaso, dados colhidos e análise do prontuário, <strong>de</strong>vem ser analisados visando concluira investigação do caso e diagnóstico final.4.5.5. Relatório final: após análise dos dados, <strong>de</strong>verão ser sumarizados em umrelatório, com as principais conclusões, das quais <strong>de</strong>stacam-se:• se o caso foi <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> falhas <strong>de</strong> vacinação, principalmente <strong>de</strong> baixa coberturavacinal na área, ou conservação ina<strong>de</strong>quada da vacina, o que impõe a adoção <strong>de</strong>medidas <strong>de</strong> aprimoramento dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> naquele território;• se a ocorrência dos casos po<strong>de</strong> estar atribuída à falta <strong>de</strong> conhecimento, quantoà prevenção ou <strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong> uma vacina eficaz e gratuita nos serviços<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;• a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prevenção, através <strong>de</strong> um esquema <strong>de</strong> vacinação a<strong>de</strong>quado;• importância do uso <strong>de</strong> equipamentos ou objetos <strong>de</strong> proteção para evitarferimentos;• garantia da vacina nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;• garantia das salas <strong>de</strong> vacina estarem funcionando;• profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estarem sensibilizados quanto à orientação e sensibilizaçãoda população em geral, para a importância da vacina e <strong>de</strong> manter o esquema emdia;• reforçar a importância das parcerias, principalmente com outros Órgãos, comoMinistério do Trabalho, Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Infectologia; Serviços <strong>de</strong> Atenção Básica;788 UNASA


G UIA DE VIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAÓrgãos Internacionais; ONGs; Saú<strong>de</strong> Indígena; Educação em Saú<strong>de</strong>; todos osprofissionais da área da saú<strong>de</strong>, comunida<strong>de</strong> em geral, etc.• divulgação na mídia sobre a importância e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prevenção;• trabalhar em parceria com as unida<strong>de</strong>s assistenciais, visando diagnóstico eintervenção precoce;• necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sensibilizar gestores e a comunida<strong>de</strong> em geral;• implementar todas as ações em parceria on<strong>de</strong> houve falha do sistema para aocorrência do caso.As ações <strong>de</strong> todas as áreas envolvidas <strong>de</strong>verão ser implementadas e somadas, a fim<strong>de</strong> atingir a redução da incidência da doença, um fato existente com todas aspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública.5. MEIOS DISPONÍVEIS PARA PREVENÇÃO5.1. VACINAÇÃOSegundo a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) a vacina antitetânica, quandogarantida a sua produção, conservação, aplicação, doses completas da vacina,conforme recomendação do esquema vacinal e resposta imunológica. Quando todosestes fatores ocorrem, a sua eficácia está em torno <strong>de</strong> 99%.Os efeitos adversos são raros, mas po<strong>de</strong>m apresentar-se sob a forma <strong>de</strong> dor local,hiperemia, e<strong>de</strong>ma e induração, febrícula com sensação <strong>de</strong> mal estar <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>variável e passageira.• Recomendações para vacinação: recomenda-se o esquema vacinal contratétano a todas as pessoas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da ida<strong>de</strong> e sexo. Como o bacilo encontraseno meio ambiente, a exposição aci<strong>de</strong>ntal ao mesmo através <strong>de</strong> um ferimentocontaminado é universal. A manutenção <strong>de</strong> altas taxas <strong>de</strong> cobertura vacinaltorna-se prioritária, tendo em vista a gravida<strong>de</strong> do quadro clínico, e com elevadataxa <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>ixar seqüelas.A prevenção do tétano <strong>de</strong>verá ser iniciada com as vacinas indicadas no quadroa seguir.UNASA 789


T ÉTANO ACIDENTALESQUEMAS E ORIENTAÇÕES PARA VACINAÇÃOVACINAPROTEGECONTRAEICÁCIAINÍCIO DA VACINAÇÃO(IDADE)DOSE/DOSAGEM/VIA DEADMINISTRAÇÃO/INTERVALOREORÇODTPDifteria,tétano ecoquelucheDifteria - 80%Tétano - 99%Coqueluche - 75 a80%2 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> até 6anos, 11 meses e 29dias3 doses / 0,5ml / IM / 60 diasentre as doses, mínimo <strong>de</strong> 30dias6 a 12 meses, apósa 3 a dose, <strong>de</strong>preferência aos 15meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>DTDifteria etétano(infantil)Difteria - 80%Tétano - 99%Crianças até 6 anos e11 meses, queapresentaram contraindicação da DTP3 doses / 0,5ml / IM / 60 diasentre as doses, mínimo <strong>de</strong> 30dias1 dose a cada 10anos. Em caso <strong>de</strong>ferimento,antecipar oreforço se a últimadose foi há mais<strong>de</strong> 5 anosdTDifteria etétano(adulto)Difteria - 80%Tétano - 99%A partir <strong>de</strong> 7 anos <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> e MIF. Pessoasque não tenhamrecebido DTP ou DT,ou esquemaincompleto <strong>de</strong>ssasvacinas ou reforço doesquema básico3 doses / 0,5ml / IM / 60 diasentre as doses, mínimo <strong>de</strong> 30dias1 dose a cada 10anos, exceto emcaso <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z eferimento,antecipar oreforço se a últimadose foi há mais<strong>de</strong> 5 anosTT Tétano Tétano - 99% Adulto 3 doses / 0,5ml / IM / 60 diasentre as doses, mínimo <strong>de</strong> 30dias1 dose a cada 10anos, exceto emcaso <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z eferimento suspeito<strong>de</strong> tétano,antecipar oreforço se a últimadose foi há mais<strong>de</strong> 5 anosA vacina é conservada entre +2°C e +8°C. O congelamento <strong>de</strong>stas vacinas provoca a<strong>de</strong>snaturação protéica e a <strong>de</strong>sagregação do adjuvante com perda <strong>de</strong> potência e aumentodos eventos adversos.790 UNASA


G UIA DE VIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA5.2. CONDUTA RENTE A ERIMENTOS SUSPEITOSESQUEMA DE CONDUTAS PROILÁTICAS DE ACORDO COM O TIPO DE ERIMENTO E SITUAÇÃOVACINALHISTÓRIA DEVACINAÇÃO PRÉVIACONTRA TÉTANOERIMENTOS COM RISCO MÍNIMO DE TÉTANO*VACINA SAT/IGHAT OUTRAS CONDUTASERIMENTOS COM ALTO RISCO DE TÉTANO**VACINA SAT/IGHAT OUTRAS CONDUTASIncerta ou menos<strong>de</strong> 3 dosesSim*NãoSim***Não3 doses ou mais,sendo a últimadose há menos <strong>de</strong>5 anos3 ou mais doses,sendo a últimadose há mais <strong>de</strong> 5anos e menos <strong>de</strong>10 anos3 ou mais doses,sendo a últimadose há 10 ou maisanosNãoNãoSimNãoNãoNãoLimpeza e<strong>de</strong>sinfecção, lavarcom sorofisiológico esubstânciasoxidantes ouantissépticas e<strong>de</strong>bridar o foco <strong>de</strong>infecçãoNãoSim(1 reforço)Sim(1 reforço)NãoNão****Não****Desinfecção, lavarcom sorofisiológico esubstânciasoxidantes ouantissépticas eremover corposestranhos etecidos<strong>de</strong>svitalizados.Debridamento doferimento e lavarcom águaoxigenada* Ferimentos superficiais, limpos, sem corpos estranhos ou tecidos <strong>de</strong>svitalizados.** Ferimentos profundos ou superficiais sujos; com corpos estranhos ou tecidos <strong>de</strong>svitalizados;queimaduras; feridas puntiformes ou por armas brancas e <strong>de</strong> fogo; mor<strong>de</strong>duras; politraumatismos efraturas expostas.*** Vacinar e aprazar as próximas doses, para complementar o esquema básico. Esta vacinação visaproteger contra o risco <strong>de</strong> tétano por outros ferimentos futuros. Se o profissional que presta oatendimento suspeita que os cuidados posteriores com o ferimento não serão a<strong>de</strong>quados, <strong>de</strong>veconsi<strong>de</strong>rar a indicação <strong>de</strong> imunização passiva com SAT ou IGHAT. Quando indicado o uso <strong>de</strong> vacinae SAT ou IGHAT, concomitantemente, <strong>de</strong>vem ser aplicados em locais diferentes.**** Para paciente imuno<strong>de</strong>primido, <strong>de</strong>snutrido grave ou idoso, além do reforço com a vacina, estátambém indicada IGHAT ou SAT6. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA Educação em Saú<strong>de</strong> é uma prática social que tem como objetivo promover aformação e/ou mudança <strong>de</strong> hábito e atitu<strong>de</strong>s. Estimula a luta por melhoria da qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida, da conquista à saú<strong>de</strong>, da responsabilida<strong>de</strong> comunitária, da aquisição,apreensão, socialização <strong>de</strong> conhecimentos e a opção por um estilo <strong>de</strong> vida saudável.Preconiza a utilização <strong>de</strong> métodos pedagógicos participativos (criativida<strong>de</strong>,problematização e criticida<strong>de</strong>) e diálogo, respeitando as especificida<strong>de</strong>s locais,universo cultural da comunida<strong>de</strong> e suas formas <strong>de</strong> organização.As ações <strong>de</strong> Educação em Saú<strong>de</strong>, junto à população, são fundamentais para aprevenção do tétano, principalmente buscando parcerias com todos os órgãos governamentaise Não Governamentais, Entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Classe, Ministério da Educação,Comissões Internas <strong>de</strong> Prevenção <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>ntes (CIPA), Atenção Básica à Saú<strong>de</strong>,Área Assistencial à Saú<strong>de</strong>, Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Infectologia, Conselhos <strong>de</strong> <strong>Enfermagem</strong>,Medicina, Odontologia, etc.UNASA 791


T ÉTANO ACIDENTALProcessos <strong>de</strong> educação continuada, atualização e/ou aperfeiçoamento, <strong>de</strong>vem serestimulados no sentido <strong>de</strong> melhorar a prática das ações dos profissionais da área <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> e educação.Sensibilizar os empresários, gestores, patrões, chefes, professores, etc. sobre anecessida<strong>de</strong> da prevenção, e pactuar com seus funcionários a manter o esquemavacinal em dia. Um grupo importante para a conscientização quanto à necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> vacinaçào são as gestantes, pela sua importância na prevenção do tétano neonatal.Lembrar que vacinação e conservação do cartão não é só para crianças.7. AÇÕES DE COMUNICAÇÃOÉ <strong>de</strong> fundamental importância a parceria, ou relação integrada com os diversosmeios <strong>de</strong> comunicação, principalmente quanto à a<strong>de</strong>quação da linguagem <strong>de</strong> fácilcompreensão da população. A forma <strong>de</strong> divulgar a doença, suas diversas formas <strong>de</strong>prevenção, e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar o tratamento, o mais rápido possível, e nosserviços que assistem este tipo <strong>de</strong> doente. O momento oportuno <strong>de</strong> divulgar aocorrência <strong>de</strong> um caso, para sensibilizar a comunida<strong>de</strong>, quanto à necessida<strong>de</strong> daprevenção da doença, po<strong>de</strong> ser utilizado para implementação das ações com adoção<strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controle792 UNASA


TÉTANO NEONATALCID 10: A34


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICATÉTANO NEONATAL1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃODoença infecciosa aguda, não-contagiosa, grave, que acomete o recém-nascido,tendo como manifestação clínica inicial a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucção (seio, mama<strong>de</strong>ira,chupetas).1.2. SINONÍMIAMal <strong>de</strong> sete dias.1.3. AGENTE ETIOLÓGICOClostridium tetani, um bacilo gram positivo esporulado, anaeróbico, morfologicamentesemelhante a um alfinete <strong>de</strong> cabeça, com 4 a 10µ <strong>de</strong> comprimento.Produz esporos que lhe permitem sobreviver no meio ambiente.1.4. RESERVATÓRIOO Clostridium tetani é comumente encontrado na natureza, sob a forma <strong>de</strong> esporo,nos seguintes meios: encontra-se no trato intestinal dos animais (especialmente docavalo e do homem, sem causar doença), fezes, terra, reino vegetal, águas putrefatas,instrumentos cortantes na pele, poeira das ruas, etc.1.5. MODO DE TRANSMISSÃONão há transmissão <strong>de</strong> pessoa a pessoa, a infecção se dá por contaminação do cotoumbilical, geralmente <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> cuidados ina<strong>de</strong>quados, quando são utilizadosinstrumentos contaminados para secção do coto umbilical, ou substâncias paracobrí-lo, a exemplo <strong>de</strong> teia <strong>de</strong> aranha, pó <strong>de</strong> café, esterco e outros.1.6. PERÍODO DE INCUBAÇÃOEm média 7 dias, por isso conhecido por mal <strong>de</strong> 7 dias, po<strong>de</strong>ndo variar <strong>de</strong> 2 a 28dias <strong>de</strong> vida.1.7. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADENão é doença contagiosa, não sendo transmitida <strong>de</strong> um indivíduo para outro.1.8. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA suscetibilida<strong>de</strong> é universal, afetando recém-nascidos <strong>de</strong> ambos os sexos. A doençanão confere imunida<strong>de</strong>. A imunida<strong>de</strong> do recém-nascido é conferida pela vacinaçãoUNASA 795


T ÉTANONEONATALa<strong>de</strong>quada da mãe, com três doses (mínimo <strong>de</strong> 2 doses). Os filhos <strong>de</strong> mães vacinadas,nos últimos cinco anos, com três doses, apresentam imunida<strong>de</strong> passiva e transitória,até 4 meses <strong>de</strong> vida. Recomenda-se um reforço, em caso <strong>de</strong> nova gravi<strong>de</strong>z, se estafor há mais <strong>de</strong> 5 anos da última dose. A imunida<strong>de</strong> obtida através da vacina dura emtorno <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos; do soro antitetânico (SAT) dura em média 1 semana; e daimunoglobulina humana anti-tetânica (IGHAT), dura em média 14 dias.2. ASPECTOS CLÍNICOS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASNo tétano neonatal, o relato inicial da mãe são:• recusa às mamadas;• choro aparentemente sem motivo;• “cólicas” <strong>de</strong>vido à interpretração errônea das contraturas paroxísticas.Clinicamente, o RN apresenta-se com choro constante, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> trismo(contratura dolorosa da musculatura da mandíbula), seguida <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z dos músculoscervicais, tronco e abdomen, febre, sudorese e taquicardia. Evolui com hipertoniageneralizada, hiperextensão dos membros inferiores e hiperflexão dos membrossuperiores, com as mãos em flexão, chamada <strong>de</strong> “atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> boxeador”. Crises <strong>de</strong>contraturas e rigi<strong>de</strong>z da musculatura dorsal causam o epistótono, e da musculaturaintercostal, causam problemas respiratórios. A contração da musculatura da mímicafacial leva a olhos cerrados, fronte pregueada e contratura da musculatura doslábios, como se o RN fosse pronunciar a letra U. Quando há presença <strong>de</strong> febre, elaé baixa, exceto se houver associação <strong>de</strong> infecção secundária.Apresenta opistótono e os espasmos são <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados, ao menor estímulo, ousurgem espontaneamente. Com a piora do quadro clínico, o recém-nascido <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong>chorar, respira com dificulda<strong>de</strong> e passam a ser constantes as crises <strong>de</strong> apnéia. Orecém-nascido po<strong>de</strong> ir ao óbito por insuficiência respiratória, apnéia e anoxia, duranteos espasmos musculares.• Período <strong>de</strong> infecção: dura em média cerca <strong>de</strong> dois a cinco dias; o coto umbilicalapresenta ou não característica <strong>de</strong> infecção.• Período toxêmico: ocorre taquicardia com pulso filiforme, taquipnéia e presença<strong>de</strong> febre nos casos com infecção secundária.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIAL• Septicemia: nas sepses do recém nascido po<strong>de</strong> haver hipertonia muscular, porémo estado geral da criança é grave, com hipertermia ou hipotermia, alterações dosensório e evidências do foco séptico (diarréia, onfalite). O trismo não é freqüente,nem ocorrem os paroxismos;• Encefalopatias: po<strong>de</strong>m cursar com hipertonia e o quadro clínico geralmente éevi<strong>de</strong>nte, logo após o nascimento, havendo alterações do sensório e crisesconvulsivas, o trismo não é uma manifestação freqüente;• Distúrbios metabólicos: como a hipoglicemia, hipocalcemia e alcalose;796 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Outros diagnósticos diferenciais: epilepsia, lesão intracraniana secundáriaao parto; peritonites2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALNão se faz diagnóstico específico, sendo a confirmação eminentemente clínica e/ouvínculo epi<strong>de</strong>miológico. Os exames laboratoriais são realizados apenas para controledas complicações, orientando o tratamento do recém-nascido. O hemogramaapresenta-se normal, ou mostra discreta leucocitose, ou linfopenia. As transaminasese uréia sanguíneas po<strong>de</strong>m elevar-se nas formas graves. Dosagem <strong>de</strong> gases eeletrólitos, é importante na ocorrência <strong>de</strong> insuficiência respiratória. As radiografias<strong>de</strong> tórax e da coluna vertebral torácica <strong>de</strong>vem ser realizadas, para o diagnóstico <strong>de</strong>infecções pneumônicas e <strong>de</strong> fraturas <strong>de</strong> vértebras. Culturas <strong>de</strong> secreções, urina ehemoculturas são indicadas nos casos <strong>de</strong> infecção secundária.2.4. TRATAMENTOO doente <strong>de</strong>ve ser internado em unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terapia intensiva, ou em enfermariaapropriada, o que reduz as complicações e letalida<strong>de</strong>. Deve ser acompanhadopor uma equipe médica e <strong>de</strong> enfermagem, experiente no atendimento a esse tipo<strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>. A unida<strong>de</strong> ou enfermaria <strong>de</strong>ve dispor <strong>de</strong> isolamento acústico,redução da luminosida<strong>de</strong> e da temperatura ambiente. A atenção da enfermagem<strong>de</strong>ve ser contínua, vigilante quanto às emergências asfixicas <strong>de</strong>correntes dosespasmos, e pronto atendimento com assistência ventilatória, em casos <strong>de</strong> dispnéiaou apnéia.Os princípios básicos do tratamento são os seguintes:• Sedação do paciente: utilizar sedativos ou miorelaxantes <strong>de</strong> ação central ouperiférica:ð diazepan: 0,3 a 2mg/kg/dose, repetidas até o controle das contraturas(monitorar a função pulmonar, <strong>de</strong>vido ao risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão respiratória).ð clorpromazina: 0,5mg/kg/dose, <strong>de</strong> 6/6 horas, alternado com o diazepan.ð fenobarbital: 10mg/kg/dia, <strong>de</strong> 12/12 horas, IM.ð mefenesina: miorelaxante, metabolizado em 5 minutos, po<strong>de</strong> ser feito eminfusão contínua. Dose máxima - 01 ampola com 50ml (10 ml/kg).• Curare: como último recurso, para os casos muito graves, que não respon<strong>de</strong>ramao tratamento anterior (reduz <strong>de</strong> 100% para 30% o índice <strong>de</strong> óbito). O paciente<strong>de</strong>ve estar sedado e em ventilação mecânica, sob vigilância rigorosa. O nívelsérico do curare dura 1 hora. Efeitos colaterais: taquicardia e liberação <strong>de</strong>histamina. Dose: 0,1mg/kg/dose, po<strong>de</strong>ndo fazer até 1/1 hora, se necessário.Apresentação: 1 amp. contém 2ml com 2mg/ml. Diluir 1 amp. em 8 ml <strong>de</strong> água<strong>de</strong>stilada (1ml da diluição contém 0,4mg).• Hidrato <strong>de</strong> Cloral a 10%: 50mg/kg/dose em 5ml <strong>de</strong> soro fisiológico, com seringaadaptada em sonda retal, injetando pequenas e repetidas frações, <strong>de</strong> 4 em 4 horas,até a cessação dos espasmos (1ml <strong>de</strong> hidrato <strong>de</strong> cloral a 10% = a 100mg).Observação: Só usar hidrato <strong>de</strong> cloral, na dose acima indicada, em caso <strong>de</strong> nãoUNASA 797


T ÉTANONEONATALhaver cessação dos espasmos com a administração <strong>de</strong> diazepan e com outrasmedidas.• Cuidados com o coto umbilical: realizar limpeza do coto umbilical com águaoxigenada a 10%, ou permanganato <strong>de</strong> potássio a 1/5000 (1 comprimido diluidoem meio litro <strong>de</strong> água). A indicação <strong>de</strong> <strong>de</strong>bridamento, no coto umbilical, <strong>de</strong>veser cuidadosamente avaliada pela equipe médica.• Hidratação intravenosa a<strong>de</strong>quada.• Antibioticoterapia: não é uma medida importante para o tratamento. Na presença<strong>de</strong> infecção do coto umbilical ou onfalite, sugere-se o uso <strong>de</strong> penicilina Gcristalina, 200.000UI/kg/dia, IV, <strong>de</strong> 6/6hs, por 10 dias. A utilização, <strong>de</strong> outroantibiotico só está indicada na presença <strong>de</strong> infecção secundária causada poroutra bactéria presente no coto umbilical infectado.• Neutralização da toxina: realizada através do soro antitetânico heterólogo (SAT),usado na dose <strong>de</strong> 10.000 a 20.000 Unida<strong>de</strong>s Internacionais (UI), IV, diluídos emsoro glicosado a 5%, em gotejamento <strong>de</strong> 2 a 4 horas, após realizar testeintradérmico para verificar hipersensibilida<strong>de</strong>. A Imunoglobulina HumanaAntitetânica Tetânica (IGHAT ou TIG), disponível no Brasil apenas para usoIM, po<strong>de</strong>rá ser utilizada, como alternativa ao SAT, na dose <strong>de</strong> 500 a 1000 UI,dose única, IM.A administração da TIG, pela via intratecal, ainda é controversa na literatura e, noBrasil, seu uso está limitado a protocolos <strong>de</strong> pesquisas.• Tratamento sintomático. Utilizar analgésicos, se necessário. Evitar a obstipaçãointestinal, com laxativo suave e administrar antiespasmódico para prevenircólicas;ð evitar sondagem vesical e manter coletor urinário para medir diurese;ð manter o equilíbrio hidroeletrolítico;ð manter hidratação venosa contínua;ð manter o aporte <strong>de</strong> glicose e aminoácidos.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSO tétano neonatal, no passado, foi um importante problema <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública emtodo o mundo, com contribuição importantíssima para a mortalida<strong>de</strong> infantil.Atualmente, é uma doença inexistente nos países <strong>de</strong>senvolvidos, rara em países em<strong>de</strong>senvolvimento, mas continua ocorrendo com freqüência nos sub<strong>de</strong>senvolvidos(Principalmente no continente africano e su<strong>de</strong>ste asiático). O controle <strong>de</strong>sta doençase <strong>de</strong>u principalmente, <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>senvolvimento educacional e social, como tambémem função da vacinação em massa.No mundo, ocorreram 289.000 casos <strong>de</strong> tétano neonatal no ano <strong>de</strong> 1999; <strong>de</strong>stes215.000 foram a óbito, correspon<strong>de</strong>ndo a uma taxa <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 74,3%. Regiões<strong>de</strong> ocorrência: África 124.000, Su<strong>de</strong>ste da Ásia 91.000, Oriente Médio 55.000, Oestedo Pacífico 18.000, Américas 1.000, Europa 250. Verifica-se que 74% dos casosestavam concentrados na África e su<strong>de</strong>ste da Ásia.Com a proposta <strong>de</strong> eliminação do tétano neonatal no mundo, sua incidência tem sido798 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAreduzida sensivelmente, principalmente nas Américas. Nos anos <strong>de</strong> 1999 e 2000, asAméricas apresentaram 195 e 116 casos respectivamente, uma redução <strong>de</strong> 40,6%;<strong>de</strong>stes, o Brasil participou com 66/44 casos, uma redução <strong>de</strong> 33,4%.A Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) estabeleceu a meta <strong>de</strong> eliminação dotétano neonatal, como problema <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública no mundo, quando atingir menos<strong>de</strong> 1 caso/1.000 Nascidos Vivos (NV)por distrito ou município. O Brasil avançou naproposta <strong>de</strong> eliminar o tétano neonatal, não apenas como problema <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública,mas também na luta pela eliminação total <strong>de</strong>sta doença, até 2003.No ano <strong>de</strong> 2001, ocorreram 33 casos no país, sendo distribuídos nas seguintesregiões: Norte (12 casos), Nor<strong>de</strong>ste (14 casos), Su<strong>de</strong>ste (3 casos), Sul (1 caso) eCentro Oeste (3 casos). Observa-se a maior proporção na Região Nor<strong>de</strong>ste(42,4%), seguida das Regiões Norte (36,4%), Centro Oeste e Su<strong>de</strong>ste (9,1%) eSul (3,0%). Em relação aos coeficientes <strong>de</strong> incidência por 1.000NV, o maior foiregião Norte (0,0364), seguido do Nor<strong>de</strong>ste (0,0135), Centro Oeste (0,0123 ),Su<strong>de</strong>ste (0,0023) e Sul (0,0021). Na região Norte, <strong>de</strong>stacaram-se com maiorincidência: Amazonas (0,0550) e Pará (0,0249). Na região Nor<strong>de</strong>ste, os Estados<strong>de</strong> Alagoas (0,0728) e Rio Gran<strong>de</strong> do Norte (0,0171). Na região Su<strong>de</strong>ste, EspíritoSanto (0,0348) e Minas Gerais (0,0029). Na Região Sul, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (0,0056).Na região Centro Oeste, Mato Grosso do Sul (0,0456) e , com mais <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>, nascidos através partos domiciliares realizados por parteiras curiosas. A maioriados casos vai à óbito.DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CASOS CONIRMADOS DE TÉTANO NEONATAL. BRASIL, 1982A 2001Nº <strong>de</strong> casos75070065060055050045040035030025020015010050082 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99onte: COVEH/CGVEP/CENEPI/UNASA/MSAnoUNASA 799


T ÉTANONEONATAL4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOS• Conhecer todos os casos suspeitos <strong>de</strong> tétano neonatal.• Investigar 100% dos casos suspeitos.• Mapear as áreas <strong>de</strong> risco.• Adotar medidas <strong>de</strong> controle pertinentes.• Implementar ações com finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atingir a meta <strong>de</strong> eliminação da doença.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeito• Todo recém nascido que nasceu bem, sugou normalmente nas primeiras 24 ou48 horas, e a partir do segundo até 28 dias após o nascimento, apresenta dificulda<strong>de</strong><strong>de</strong> mamar, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do estado vacinal da mãe, do local e das condições doparto.• Todo recém nascido que nasceu bem, sugou normalmente e que foi a óbito noperíodo <strong>de</strong> 2 a 28 dias <strong>de</strong> vida, cujo diagnóstico foi constatado como in<strong>de</strong>finidoou causa básica <strong>de</strong>sconhecida.ConfirmadoTodo recém nascido que nasceu bem, sugou normalmente, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> mamar eapresenta dois ou mais dos seguintes sintomas: trismo, crises <strong>de</strong> contraturasmusculares, contração permanente dos músculos da mímica facial e lábioscontraídos (como se fosse pronunciar a letra U), olhos cerrados, pele da regiãofrontal pregueada, hiperflexão dos membros superiores junto ao tórax (mão fechadaem posição <strong>de</strong> boxeador), membros inferiores com dorsiflexão dos pés, apresentandoinflamação ou não do coto umbilical.• Critério clínico epi<strong>de</strong>miológico: todo caso suspeito <strong>de</strong> tétano neonatal, queevoluiu para óbito, com menos <strong>de</strong> 28 dias <strong>de</strong> vida, e que após a investigaçãoepi<strong>de</strong>miológica, apresenta características clínicas da doença.DescartadoTodo caso suspeito <strong>de</strong> tétano neonatal que, após a investigação, não preenche oscritérios <strong>de</strong> confirmação <strong>de</strong> caso.4.3. NOTIICAÇÃOA ocorrência <strong>de</strong> casos suspeitos <strong>de</strong> tétano neonatal requer imediata notificação einvestigação, por se tratar <strong>de</strong> doença <strong>de</strong> notificação compulsória e, principalmente,por ser alvo <strong>de</strong> Plano <strong>de</strong> Eliminação e <strong>de</strong> compromisso internacional (Ver Fluxo<strong>de</strong> Notificação e Investigação). Todo caso suspeito ou positivo <strong>de</strong>ve serprontamente comunicado por telefone, fax ou e-mail às autorida<strong>de</strong>s sanitáriassuperiores.800 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Assistência médica ao paciente: hospitalização imediata do recém-nato.4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: praticamente todos os casos necessitam <strong>de</strong>internação em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> terapia intensiva, <strong>de</strong> maior complexida<strong>de</strong>, ou unida<strong>de</strong>sespeciais com atendimento por profissionais médicos e <strong>de</strong> enfermagem qualificados.Alguns cuidados são necessários com a internação, unida<strong>de</strong>s especiais com poucailuminação, diminuição <strong>de</strong> ruídos, temperaturas estáveis e mais baixas que atemperatura corporal.4.4.3. Proteção individual: não é necessária já que a infecção não se transmite<strong>de</strong> pessoa a pessoa.4.4.4. Confirmação diagnóstica: mediante dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos, sendonecessário que os profissionais conheçam a doença e seus fatores <strong>de</strong> risco.4.4.5. Proteção da população: não é doença contagiosa, entretanto, logo que setenha conhecimento da suspeita <strong>de</strong> caso(s) <strong>de</strong> tétano neonatal, <strong>de</strong>ve-se organizar aimplementação das ações, principalmente a vacinação das mulheres em ida<strong>de</strong> fértilda localida<strong>de</strong>.As informações sobre a cobertura vacinal <strong>de</strong> MIF, coberturas <strong>de</strong> pré natal, <strong>de</strong> partoshospitalares e domiciliares, existência <strong>de</strong> parteiras curiosas capacitadas e nãocapacitadas atuantes, cobertura <strong>de</strong> PACS e PSF no município, principalmente nasáreas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> risco, <strong>de</strong>vem ser levantados.Ações <strong>de</strong> esclarecimento à população, utilizando-se vários meios <strong>de</strong> comunicação<strong>de</strong> massa, visitas domiciliares e palestras nas comunida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>vem ser organizadaspara transmitir conhecimento sobre a doença, as formas <strong>de</strong> preveni-la, a gravida<strong>de</strong>,sua evolução, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar assistência hospitalar especializada esensibilização para a população em geral, principalmente a população alvo.4.4.6. Investigação: imediatamente após a notificação <strong>de</strong> um caso suspeito, iniciara investigação epi<strong>de</strong>miológica, para permitir que as medidas <strong>de</strong> controle possam serimplementadas.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: o instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados, a FichaEpi<strong>de</strong>miológica (disponível no SINAN), contém os elementos essenciais a seremcoletados em uma investigação <strong>de</strong> rotina. Todos os campos <strong>de</strong>sta ficha <strong>de</strong>vem sercriteriosamente preenchidos, mesmo quando a informação for negativa. Outros itense observações po<strong>de</strong>m ser incluídos, conforme as necessida<strong>de</strong>s e peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>cada situação. É importantíssima a revisão do preenchimento das variáveis da Ficha<strong>de</strong> Investigação, antes da digitação no SINAN; o encerramento dos casos em tempohábil (máximo <strong>de</strong> 30 dias). O cumprimento das normas quanto ao fluxo dasinformações é fundamental.UNASA 801


T ÉTANONEONATALROTEIRO DE NOTIICAÇÃO E INVESTIGAÇÃO DO TÉTANO NEONATALOPAS - BrasilCENEPI/UNASA/Ministério da Saú<strong>de</strong>Análise e consolidaçãodos dadosInformações sobrea situação do paísGT-TétanoBanco <strong>de</strong> dados SINANdo CENEPI/UNASASecretarias Estaduais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>QuinzenalBanco <strong>de</strong> dados SINANdo EstadoRegionais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>SemanalBanco <strong>de</strong> dados SINANdo MunicípioSemanalSecretarias Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>icha <strong>de</strong> investigaçãoicha <strong>de</strong>notificaçãoUnida<strong>de</strong>s NotificantesNotificaçãoimediataCaso suspeito <strong>de</strong> TNN,802 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos• Para confirmar a suspeita diagnósticað Anotar na ficha <strong>de</strong> investigação dados da história e manifestaçõesclínicas.- Como, em geral, quando se suspeita <strong>de</strong> TNN os recém-nascidos sãohospitalizados, <strong>de</strong>ve-se consultar o prontuário e entrevistar o médicoassistente, para completar as informações clínicas sobre o paciente. Estasinformações servirão para <strong>de</strong>finir se o quadro apresentado é compatívelcom a doença.- Sugere-se que se faça uma cópia da anamnese, exame físico e daevolução do doente, com vistas ao enriquecimento das análises e, também,para que possam servir como instrumento <strong>de</strong> aprendizagem dosprofissionais do nível local.- Verificar se a mãe foi vacinada previamente contra tétano, e registrara(s) data(s) da vacinação, para po<strong>de</strong>r avaliar a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção dorecém nascido.- Acompanhar a evolução dos recém nascidos e as medidas implementadasem <strong>de</strong>corrência da existência do caso.• Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> riscoð Verificar se o local <strong>de</strong> residência correspon<strong>de</strong> a uma área <strong>de</strong> risco e levantaros fatores <strong>de</strong>terminantes, i<strong>de</strong>ntificar a população <strong>de</strong> MIFs não vacinada,traçando estratégias <strong>de</strong> implementação das ações <strong>de</strong> prevenção para tétanoneonatal.• Investigar minuciosamenteð Imigração da família ou <strong>de</strong>slocamento, <strong>de</strong> forma a i<strong>de</strong>ntificar on<strong>de</strong> houve afalha do serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, para melhoria das ações <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> prevençãocontra a doença.ð Rumores <strong>de</strong> óbitos <strong>de</strong> recém nascidos até 28 dias <strong>de</strong> vida, cuja suspeita for“mal <strong>de</strong> sete dias”, <strong>de</strong>vem ser investigados para comprovar ou <strong>de</strong>scartarcasos <strong>de</strong> tétano neonatal.Estes procedimentos <strong>de</strong>vem ser feitos, mediante entrevista com a mãe do recémnascido, familiares, responsáveis que assistiram a família, etc. Os dados colhidos,<strong>de</strong>verão ser registrados na ficha <strong>de</strong> investigação para análise.ð Busca ativa <strong>de</strong> casos- Após a i<strong>de</strong>ntificação do local <strong>de</strong> ocorrência do caso, iniciar imediatamentea busca ativa <strong>de</strong> outros casos, casa a casa e em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,cartório, registros <strong>de</strong> cemitérios, vizinhos, lí<strong>de</strong>res comunitários,benze<strong>de</strong>iras, parteiras, farmácias, igrejas, agentes comunitários, serviçosocial da prefeitura, etc. Deve-se investigar os óbitos com clínica suspeitada doença, ocorridos na comunida<strong>de</strong>.4.5.3. Análise <strong>de</strong> dados: a qualida<strong>de</strong> da investigação é fundamental para a análisedos dados, permitindo uma avaliação e i<strong>de</strong>ntificação das ações que necessitam serUNASA 803


T ÉTANONEONATALimplantadas ou implementadas, a magnitu<strong>de</strong> do problema para ser levada aoconhecimento dos gestores e da própria comunida<strong>de</strong>. Serve também para nortearas medidas <strong>de</strong> controle e indicar as ações <strong>de</strong> prevenção que <strong>de</strong>verão ser realizadasna área.4.5.4. Encerramento <strong>de</strong> casos: as fichas <strong>de</strong> investigação epi<strong>de</strong>miológica, somadasàs investigações através da visita domiciliar (preferencialmente com informanteenvolvido no contexto <strong>de</strong> cada caso), entrevista com profissional que assistiu aocaso, dados colhidos, e análise do prontuário do recém nascido, <strong>de</strong>vem ser analisados,visando concluir o diagnóstico final.4.5.5. Relatório final: após análise dos dados <strong>de</strong> investigação, <strong>de</strong>verão sersumarizados em um relatório, com as principais conclusões e encaminhamento.• Conclusõesð A ocorrência do caso foi <strong>de</strong>corrente da falta <strong>de</strong> conhecimento da mulher emrealizar um pré natal com qualida<strong>de</strong>;ð Desconhecimento, por parte da mulher, <strong>de</strong> que existe uma vacina eficaz egratuíta nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;ð Desconhecimento da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prevenção, através <strong>de</strong> um esquema<strong>de</strong> vacinação a<strong>de</strong>quado;ð Desconhecimento da importância do parto asséptico;ð Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sem vacina ou salas <strong>de</strong> vacina sem funcionamento;ð Ocorrência <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s perdidas <strong>de</strong> vacinação, quando do comparecimento<strong>de</strong> mulheres ao serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, por qualquer motivo e a ca<strong>de</strong>rneta<strong>de</strong> vacinação não é atualizada.• Encaminhamentosð Profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mobilizados/sensibilizados quanto à orientação dasMIFs, para a importância da vacina e <strong>de</strong> manter o esquema em dia;ð Importância <strong>de</strong> manter as parteiras atuantes capacitadas, e integrá-las aosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como parceiras, com supervisão freqüente, para manter aqualida<strong>de</strong> do serviço;ð Reforço a importância das parcerias com todos que trabalham com a saú<strong>de</strong>da mulher e da criança, Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ginecologia e Obstetrícia, Infectologia;Atenção Básica; Órgãos Internacionais; ONGs; Saú<strong>de</strong> Indígena; Educaçãoem Saú<strong>de</strong>; todos os profissionais da área da saú<strong>de</strong>, comunida<strong>de</strong> em geral,etc.ð Divulgação na mídia sobre a importância e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prevenção;ð Organização do trabalho em parcerias com as unida<strong>de</strong>s assistenciais;ð Sensibilização dos gestores e comunida<strong>de</strong> em geral;ð Implementar todas as ações em parceria, on<strong>de</strong> houve a falha para aocorrência do caso.As ações <strong>de</strong> todas as áreas envolvidas, <strong>de</strong>verão ser implementadas e somadas afim <strong>de</strong> atingir a meta proposta, eliminação da doença, consi<strong>de</strong>rando-se que estameta tem todas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sucesso.804 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA PREVENÇÃO5.1. VACINAÇÃOA principal forma <strong>de</strong> prevenção do tétano neonatal, é a vacinação <strong>de</strong> todas as mulheresem ida<strong>de</strong> fértil, com pelo menos duas doses das vacinas DTP, dT, TT ou DT. Quandoo esquema for feito durante o período <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>verá ser iniciado em qualquermomento, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da ida<strong>de</strong> gestacional. Vale lembrar que, quando o esquemafor iniciado tardiamente, a 2ª dose da vacina <strong>de</strong>verá ser administrada até 20 dias antesda Data Provável do Parto (DPP), para que haja tempo suficiente na formação <strong>de</strong>anticorpos que possibilite a imunização passiva do feto. A 3ª dose <strong>de</strong>verá ser agendadaapós o parto, por ocasião da revisão do parto, ou quando a mãe acompanhar o recémnascido para receber o esquema básico <strong>de</strong> vacinação.O esquema completo tem durabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10 anos e reforço a cada <strong>de</strong>z anos,exceto em casos <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z; se a mulher tiver recebido a última dose há mais <strong>de</strong>5 anos, ela tem indicação <strong>de</strong> antecipar seu reforço (aumenta a produção <strong>de</strong>anticorpos e dá maior proteção para o feto), ou em casos <strong>de</strong> ferimentos suspeitospara tétano.Quanto à dose e volume, aplica-se 0,5ml por via intramuscular profunda (po<strong>de</strong> variarconforme o laboratório produtor), 3 doses, com intervalo <strong>de</strong> 60 dias entre uma dosee outra, ou mínimo <strong>de</strong> 30 dias. O intervalo i<strong>de</strong>al da 2ª e 3ª doses é <strong>de</strong> 180 dias (seismeses). A vacina é conservada entre +2°C e +8°C (mais informações sobre avacina, vi<strong>de</strong> Manual <strong>de</strong> Procedimentos para Vacinação do Programa Nacional <strong>de</strong>Imunização).A eficácia da vacina po<strong>de</strong>rá atingir 99%, segundo a OMS, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do número<strong>de</strong> doses recebidas em condições normais, tanto da vacina e esquema vacinal i<strong>de</strong>al,quanto da resposta imunológica do indivíduo. A duração da proteção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá donúmero <strong>de</strong> doses recebidas.Os efeitos adversos po<strong>de</strong>m surgir sob a forma <strong>de</strong> dor local, heperemia, e<strong>de</strong>ma eenduração, febrícula com sensação <strong>de</strong> mal estar <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> variável e passageira.5.2. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA Educação em Saú<strong>de</strong> é uma prática social, que tem como objetivo promover aformação e/ou mudança <strong>de</strong> hábito e atitu<strong>de</strong>s. Estimula a luta por melhoria da qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida, da conquista à saú<strong>de</strong>, da responsabilida<strong>de</strong> comunitária, da aquisição,apreensão, socialização <strong>de</strong> conhecimentos e a opção por um estilo <strong>de</strong> vida saudável.Preconiza a utilização <strong>de</strong> métodos pedagógicos participativos (criativida<strong>de</strong>,problematização e criticida<strong>de</strong>) e diálogo, respeitando as especificida<strong>de</strong>s locais,universo cultural da comunida<strong>de</strong> e suas formas <strong>de</strong> organização.As ações <strong>de</strong> Educação em Saú<strong>de</strong>, junto à comunida<strong>de</strong>, são <strong>de</strong> fundamentalimportância para a prevenção do tétano neonatal, principalmente nas ações <strong>de</strong>parceria entre: <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica, Programa <strong>de</strong> Vacinação (com o esquemaem dia da população <strong>de</strong> risco, valorização e a importância da manutenção do cartão<strong>de</strong> vacina), Assistência à Saú<strong>de</strong> da Mulher e da Criança, Atenção Básica, ÁreaAssistencial à Saú<strong>de</strong>, Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Infectologia,Conselhos <strong>de</strong> <strong>Enfermagem</strong>, etc.UNASA 805


T ÉTANONEONATALProcessos <strong>de</strong> educação continuada, atualização e/ou aperfeiçoamento, <strong>de</strong>vem serestimulados, no sentido <strong>de</strong> melhorar a prática das ações dos profissionais da área<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação.5.3. AÇÕES DE COMUNICAÇÃOÉ <strong>de</strong> fundamental importância a parceria, ou relação integrada, com os diversosmeios <strong>de</strong> comunicação, principalmente quanto à a<strong>de</strong>quação da linguagem <strong>de</strong> fácilcompreensão da população. A forma <strong>de</strong> divulgar a doença, sua prevenção e anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar o tratamento, o mais rápido possível, orientando quanto aosserviços que assistem este tipo <strong>de</strong> doente. Deve ser i<strong>de</strong>ntificado o momento oportuno<strong>de</strong> divulgar a ocorrência <strong>de</strong> um caso, para sensibilizar a comunida<strong>de</strong>, quanto ànecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prevenir a doença e simultaneamente a adoção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong>controle.A forma <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>quada, consi<strong>de</strong>rando-se populações <strong>de</strong> difícilacesso, baixa escolarida<strong>de</strong> ou sem nenhum grau <strong>de</strong> instrução. Deve-se atentar parao respeito cultural e até religioso, o horário <strong>de</strong> divulgação merece todo o cuidado,<strong>de</strong>vendo-se pensar na a<strong>de</strong>quação do momento que a população dispõe para ouvir ouver notícias.5.4. ESTRATÉGIA DO PLANO DE ELIMINAÇÃO DO TÉTANO NEONATAL5.4.1.Recomendações para vacinação• Vacinar 100% das MIFs nas áreas <strong>de</strong> risco, mínimo <strong>de</strong> 2 doses;• Vacinar todas as MIFs mediante a ocorrência <strong>de</strong> caso;• Vacinar 100% das grávidas, mínimo <strong>de</strong> 2 doses, atentar para a 2ª dose que<strong>de</strong>verá ser aplicada até 20 dias antes da data provável do parto.5.4.2. I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco para tétano neonatal• Todo recém nascido <strong>de</strong> grávida que não apresentar o esquema mínimo <strong>de</strong> vacinacontra tétano.• Todo parto que ocorrer em condições sépticas.• Todo recém nascido, principalmente <strong>de</strong> mães analfabetas, que não realizarampré natal, e que não receberam nenhuma dose da vacina contra tétano, nemorientação <strong>de</strong> como cuidar do coto umbilical.• Todo recém nascido <strong>de</strong> partos hospitalares com alta precoce, cujas mães nãoforam sensibilizadas para os cuidados a<strong>de</strong>quados com o coto umbilical.• Todo recém nascido em cujo coto ou ferida umbilical foram utilizadas substânciasalternativas, não recomendadas por profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.5.4.3. Busca ativa <strong>de</strong> casos: periodicamente, <strong>de</strong>ve-se realizar a busca ativa,particularmente naquelas áreas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> risco e silenciosas, on<strong>de</strong> a notificaçãoé inconsistente e irregular, ou que tem notificado zero caso a partir <strong>de</strong> 1989. Ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> busca ativa <strong>de</strong>vem incluir revisão <strong>de</strong> prontuários <strong>de</strong> hospitais e clínicas, registros<strong>de</strong> igrejas, cemitérios e cartórios, conversas com pediatras, ginecologistas, obstetras,enfermeiros, parteiras e lí<strong>de</strong>res comunitários. Naquelas áreas, on<strong>de</strong> não há atençãomédica ou quando há “rumores” <strong>de</strong> morte neonatal compatível com tétano, po<strong>de</strong> serealizar inquéritos “casa a casa”.806 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA5.4.4. Conduta frente a um caso• Encaminhar a mãe do caso para imunização;• Informar aos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e lí<strong>de</strong>res comunitários da ocorrência docaso, e envolvê-los na vigilância e prevenção permanente da doença;• Levantamento <strong>de</strong> cobertura vacinal e, se for baixa, promover vacinação emmulheres em ida<strong>de</strong> fértil (MIF) esquema completo;• Cadastramento e treinamento <strong>de</strong> parteiras;• Fazer busca ativa <strong>de</strong> casos;• Expor a existência do caso às autorida<strong>de</strong>s, no sentido <strong>de</strong> melhorar a assistênciaà saú<strong>de</strong> da mulher e da criança;• Investigar todos os óbitos ocorridos <strong>de</strong> recém-nascidos menores <strong>de</strong> 28 dias <strong>de</strong>vida.5.4.5. I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> risco (municípios): o Plano <strong>de</strong> Eliminação doTétano Neonatal trabalha com a classificação <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> municípios, visandodirecionar as ações <strong>de</strong> controle.• Município <strong>de</strong> risco para TNN: é todo aquele que apresentou caso(s) <strong>de</strong> TNN,em pelo menos 1 (um) dos últimos 5 (cinco) anos, e/ou aquele que apresentoucaso(s) <strong>de</strong> TNN, em pelo menos 2 (dois) dos últimos 5 (cinco) anos e apresentaICS* < 0,36.• Município <strong>de</strong> alto risco para TNN: é todo aquele que apresentou casos <strong>de</strong> TNN,em pelo menos 3 (três) dos últimos 5 (cinco) anos, ou aquele que apresentoucasos <strong>de</strong> TNN, em pelo menos 2 (dois) dos últimos 5 (cinco) anos, e apresentaICS * igual ou maior que 0.36.• Município silencioso: aquele que <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> notificar casos nos últimos 5 anos, ouaquele que nunca notificou casos (este critério po<strong>de</strong> ou não ser associado aoICS e cobertura vacinal contra tétano em Mulheres em Ida<strong>de</strong> Fértil (MIF)).Nesse tipo <strong>de</strong> município, <strong>de</strong>verá ser realizada a busca ativa <strong>de</strong> caso.A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> municípios como <strong>de</strong> risco é realizada, consi<strong>de</strong>rando-se a ocorrência<strong>de</strong> casos em um período <strong>de</strong> 5 anos, associado a um indicador social - Índice <strong>de</strong>Condições <strong>de</strong> Sobrevivência (ICS) e cobertura vacinal contra tétano em Mulheresem Ida<strong>de</strong> Fértil (MIF).• Índice <strong>de</strong> Condições <strong>de</strong> Sobrevivência (ICS): este índice retrata as condições<strong>de</strong> sobrevivência das crianças até 6 anos, nos municípios brasileiros em 1991,expressos em variáveis que melhor captam ou mais se correlacionam com essascondições. Estas variáveis são expressas em percentuais <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 0 a 6anos:ð com responsável por domicílio com renda até 1 (um) salário mínimo;ð com responsável por domicílio homem com menos <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> estudo;ð com responsável por domicílio mulher com menos <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> estudo;ð em domicílio com abastecimento <strong>de</strong> água e saneamento básico ina<strong>de</strong>quados.ICS: foi calculado com a média das variáveis supracitadas, e normalizadas numaescala entre 0 (zero) e 1 (um), para os valores mínimos e máximos <strong>de</strong> cada variável.UNASA 807


T ÉTANONEONATALNa sua interpretação, po<strong>de</strong>-se afirmar que, quando o ICS se aproxima do valor 1,piores são as condições <strong>de</strong> sobrevivência, melhorando quando este valor se aproxima<strong>de</strong> zero. Assim, com base no ICS, os municípios brasileiros po<strong>de</strong>m ser hierarquizadosem 3 (três) grupos:ð ICS entre 1.00 e 0.50 - ICS precário ou baixo;ð ICS entre 0.49 e 0.30 - ICS intermédio;ð ICS entre 0.29 e 0.00 - ICS bom ou altoNota: O ICS igual a 0.36 representa a Mediana Nacional.* Censo Demográfico 1991: Municípios Brasileiros - Crianças e suas Condições <strong>de</strong>Sobrevivência808 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICACLASSIICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS, QUANTO AO RISCO PARA TÉTANO NEONATALPeríodo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finiçãoÚltimos 5 anosMunicípio <strong>de</strong> alto riscoMunicípio <strong>de</strong> riscoMunicípio silencioso• Caso em dois anos doperíodo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finiçãoassociado ao ICS>0,36• Caso em três ou maisanos do período <strong>de</strong><strong>de</strong>finição• Caso em um dos anosdo período <strong>de</strong><strong>de</strong>finição• Caso em dois anos doperíodo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finiçãoassociado ao ICS98% Município com ICS 0,36ExcluirDeixa <strong>de</strong> ser silenciosoExcluirNão é silenciosoBusca ativaRetrospectiva igual aoperíodo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finiçãoDetecção <strong>de</strong> casoAusência <strong>de</strong> casoReclassificar omunicípio, <strong>de</strong> acordocom o número <strong>de</strong>casos encontradoReclassificar omunicípio, <strong>de</strong> acordocom o número <strong>de</strong>casos encontradoUNASA 809


TRACOMACID 10: A71


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICATRACOMA1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOÉ uma afecção inflamatória ocular, uma ceratoconjuntivite crônica recidivante que,em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> infecções repetidas, produz cicatrizes, na conjuntiva palpebralsuperior, po<strong>de</strong>ndo levar à formação <strong>de</strong> entrópio (pálpebra com a margem viradapara <strong>de</strong>ntro do olho), e triquíase (cílios em posição <strong>de</strong>feituosa nas bordas da pálpebra,tocando o globo ocular). O atrito po<strong>de</strong>rá ocasionar alterações da córnea, provocandograus variados <strong>de</strong> opacificação, que po<strong>de</strong>m evoluir para a redução da acuida<strong>de</strong>visual, até à cegueira. A Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> estima a existência <strong>de</strong> 150milhões <strong>de</strong> pessoas com tracoma no mundo, das quais, aproximadamente, 6 milhõesestão cegas.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOBactéria Gram negativa, a Chlamydia trachomatis, dos sorotipos A, B, Ba e C.1.3. RESERVATÓRIOO homem, com infecção ativa na conjuntiva ou outras mucosas. Crianças, com até10 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com infecção ativa, são o principal reservatório do agente etiológico,nas populações on<strong>de</strong> o tracoma é endêmico.1.4. VETORESAlguns insetos, como a mosca doméstica (Musca domestica), e/ou a lambe-olhos(Hippelates sp.), po<strong>de</strong>m atuar como vetores mecânicos.1.5. MODO DE TRANSMISSÃOA principal forma <strong>de</strong> transmissão é a direta, <strong>de</strong> pessoa a pessoa, ou indireta, através<strong>de</strong> objetos contaminados (toalhas, lenços, fronhas). As moscas po<strong>de</strong>m contribuirpara a disseminação da doença, por transmissão mecânica. A transmissão só épossível na presença <strong>de</strong> lesões ativas.1.6. PERÍODO DE INCUBAÇÃODe cinco a doze dias, após contato direto ou indireto.1.7. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEA transmissão ocorre enquanto houver lesões ativas nas conjuntivas, o que po<strong>de</strong>durar anos.UNASA 813


T R A C O M A1.8. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA suscetibilida<strong>de</strong> é universal, sendo as crianças as mais susceptíveis, inclusive àsreinfecções. Embora a Clamídia seja <strong>de</strong> baixa infectivida<strong>de</strong>, é ampla a sua distribuiçãono mundo. Não se observa imunida<strong>de</strong> natural ou adquirida à infecção pela Chlamydiatrachomatis.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASO tracoma inicia-se, sob a forma <strong>de</strong> uma conjuntivite folicular, com hipertrofia papilare infiltrado inflamatório difuso, que se esten<strong>de</strong> por toda a conjuntiva, especialmentena conjuntiva tarsal superior. Nos casos mais brandos, os folículos po<strong>de</strong>m regredirespontaneamente. Nos casos mais severos, eles crescem, evoluindo para necrose,com formação <strong>de</strong> pequenos pontos cicatriciais na conjuntiva. Após repetidasreinfecções, um número, cada vez maior, <strong>de</strong> pontos cicatriciais se forma, levando àformação <strong>de</strong> cicatrizes mais extensas. Essas cicatrizes po<strong>de</strong>m tracionar,principalmente, a pálpebra superior, levando à sua distorção, o entrópio, fazendocom que os cílios invertidos toquem no globo ocular. Esta alteração po<strong>de</strong> provocarulcerações corneanas, com conseqüente opacificação, que po<strong>de</strong> levar a grausvariados <strong>de</strong> diminuição da acuida<strong>de</strong> visual e cegueira.A sintomatologia associada ao tracoma inflamatório inclui lacrimejamento, sensação<strong>de</strong> corpo estranho, fotofobia discreta e prurido. Uma gran<strong>de</strong> proporção <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>tracoma, principalmente entre as crianças mais jovens, é assintomática.Os doentes que apresentam entrópio, triquíase, e aqueles com ulcerações corneanas,referem dor constante e intensa fotofobia. Infecções bacterianas secundárias po<strong>de</strong>mestar associadas ao quadro, contribuindo para a disseminação da doença.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALO diagnóstico diferencial do tracoma <strong>de</strong>ve ser realizado com as outras conjuntivitesfoliculares, como foliculoses, conjuntivite folicular tóxica, e conjuntivites folicularesagudas e crônicas <strong>de</strong> qualquer etiologia (ex.: herpes simples, a<strong>de</strong>novírus, moluscocontagioso, conjuntivite <strong>de</strong> inclusão do adulto).2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALO diagnóstico do tracoma é essencialmente clínico e, geralmente, realizado por meio<strong>de</strong> exame ocular externo, utilizando lupa binocular <strong>de</strong> 2,5 vezes <strong>de</strong> aumento.O diagnóstico laboratorial do tracoma <strong>de</strong>ve ser utilizado, para a constatação dacirculação do agente etiológico na comunida<strong>de</strong>, e não para a confirmação <strong>de</strong> cadacaso, individualmente.A técnica laboratorial padrão, para o diagnóstico das infecções por Chlamydiatrachomatis, é a cultura. A Clamídia é um microorganismo, <strong>de</strong> vida obrigatoriamenteintracelular, portanto só cresce em cultura <strong>de</strong> células. Por tratar-se <strong>de</strong> umprocedimento complexo e caro, não está disponível, para uso na rotina, das ações <strong>de</strong>vigilância epi<strong>de</strong>miológica do tracoma.814 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAA partir da segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 80, vem sendo utilizada uma outra técnicapara o diagnóstico laboratorial das infecções por Chlamydia trachomatis: aimunofluorescência direta, com anticorpos monoclonais. Consiste na observação,ao microscópio, <strong>de</strong> campo escuro, <strong>de</strong> lâminas contendo raspado <strong>de</strong> células daconjuntiva tarsal superior, coradas com anticorpos monoclonais anti-Chlamydiatrachomatis fluorescentes. Trata-se <strong>de</strong> uma técnica mais simples, e disponível noslaboratórios da re<strong>de</strong> pública. Apesar <strong>de</strong> sua alta especificida<strong>de</strong>, sua sensibilida<strong>de</strong> ébaixa para o tracoma, sendo, portanto, mais a<strong>de</strong>quada para o estabelecimento <strong>de</strong>focos endêmicos.2.4. TRATAMENTOO objetivo do tratamento é a cura da infecção, e a conseqüente interrupção daca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão da doença.As condutas, a seguir relacionadas, são recomendadas pela Organização Mundial<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS), e utilizadas no Brasil.• Tratamento tópico:ð Tetraciclina a 1%: pomada oftálmica usada duas vezes ao dia, durante seissemanas.ð Sulfa: colírio usado quatro vezes ao dia, durante seis semanas, na ausência<strong>de</strong> tetraciclina ou por hipersensibilida<strong>de</strong> à mesma.• Tratamento sistêmico: tratamento seletivo, com antibiótico sistêmico via oral:indicado para pacientes com tracoma intenso (TI), ou casos <strong>de</strong> tracoma folicular(TF), e/ou tracoma intenso (TF/TI), que não respondam bem ao medicamentotópico. Deve ser usado, com critério e acompanhamento médico, <strong>de</strong>vido àspossíveis reações adversas.ð Eritromicina: 250mg quatro vezes ao dia, durante três semanas (50mg/kg <strong>de</strong>peso ao dia).ð Tetraciclina: 250mg quatro vezes ao dia, durante três semanas (somentepara maiores <strong>de</strong> 10 anos).ð Doxaciclina: 100mg/dia duas vezes ao dia, durante três semanas (somentepara maiores <strong>de</strong> 10 anos).ð Sulfa: dois tabletes ao dia, durante três semanas.ð Azitromicina: 20mg/kg <strong>de</strong> peso, em dose única oral. Este medicamento vemsendo testado com bons resultados, em termos <strong>de</strong> efetivida<strong>de</strong> para otratamento.Todos os casos, <strong>de</strong> entrópio palpebral e triquíase tracomatosa (TT), <strong>de</strong>vem serencaminhados para avaliação e cirurgia corretiva das pálpebras. Todos os casos <strong>de</strong>opacida<strong>de</strong> corneana (CO), <strong>de</strong>vem ser encaminhados a um serviço <strong>de</strong> referênciaoftalmológica e medida a sua acuida<strong>de</strong> visual.Em áreas on<strong>de</strong> a proporção <strong>de</strong> crianças com tracoma folicular (TF) for maior ouigual a 20%, e/ou a proporção <strong>de</strong> tracoma intenso (TI) for maior ou igual a 5%,recomenda-se o tratamento em massa <strong>de</strong> toda a população, utilizando-se a tetraciclina1% tópica.UNASA 815


T R A C O M AESTRATÉGIA DE TRATAMENTO, INDICADA SEGUNDO A PROPORÇÃO DE CRIANÇAS (DE 1 A 10ANOS), COM TRACOMA INLAMATÓRIO NA COMUNIDADE A SER TRABALHADA.PROPORÇÃO DE CRIANÇAS COM TRACOMATRATAMENTO TÓPICO COM TETRACICLINA> 20% <strong>de</strong> Tracoma Folicular (TF) ou> 5% <strong>de</strong> Tracoma Intenso (TI)Em massa5% a 20% <strong>de</strong> Tracoma Folicular (TF)Individual, familiar ou em massa*< 5% <strong>de</strong> Tracoma Folicular (TF)Individual* Se a proporção <strong>de</strong> crianças, com tracoma inflamatório (TF e/ou TI), estiver mais próxima dos 5%, optar pelo tratamentoindividual. Quando esta proporção aproximar-se dos 20%, optar pelo tratamento em massa.Além do tratamento medicamentoso, são fundamentais as medidas <strong>de</strong> promoção dahigiene pessoal e familiar, tais como a limpeza do rosto, o <strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>quado do lixo,disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água e saneamento.• Controle do tratamento: todos os casos <strong>de</strong> tracoma inflamatório (TF ou TI)<strong>de</strong>vem ser examinados, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 3 meses do início do tratamento, e ser revistos,a cada três meses, para o controle da cura, por um período total <strong>de</strong> 9 meses.• Critérios <strong>de</strong> alta:ð A alta clínica será dada após 3 meses do início do tratamento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que nãoexistam mais sinais <strong>de</strong> tracoma inflamatório ativo (TF ou TI), ou seja, folículos,e<strong>de</strong>ma, hiperemia da conjuntiva, mesmo havendo cicatrizes (TS).ð A alta curado sem cicatrizes será dada após o terceiro retorno,aproximadamente nove meses após o início do tratamento, sem que tenhahavido reinfecção, e na ausência <strong>de</strong> cicatrizes tracomatosas na conjuntiva.ð A alta curado com cicatrizes será dada após o terceiro retorno,aproximadamente nove meses após o início do tratamento, quando não houvermais manifestação <strong>de</strong> tracoma ativo (TF e/ou TI), não tendo havido reinfecção,porém com a presença <strong>de</strong> cicatrizes <strong>de</strong> tracoma na conjuntiva.ð O critério para encerramento <strong>de</strong> caso é o da alta curado sem cicatrizes,<strong>de</strong>vendo então o paciente sair do sistema <strong>de</strong> controle. No caso <strong>de</strong> alta curadocom cicatrizes, <strong>de</strong>verá ser feito controle anual, sem que o indivíduo sejaretirado do registro <strong>de</strong> controle, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar precocemente possíveisalterações palpebrais (entrópio e/ou triquíase). Em caso <strong>de</strong> entrópio e/outriquíase, o paciente <strong>de</strong>ve ser encaminhado para correção cirúrgica.Após um ano do diagnóstico confirmado <strong>de</strong> tracoma, nova busca ativa <strong>de</strong>ve serrealizada, em toda a comunida<strong>de</strong>, garantindo uma cobertura e a<strong>de</strong>são a<strong>de</strong>quadas aotratamento, iniciando-se novo registro dos pacientes diagnosticados.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSO tracoma não existia entre as populações nativas do Continente Americano. Adoença foi trazida pela colonização e imigração européias. Relata-se que teria sidointroduzido no Brasil, a partir do século XVIII, no Nor<strong>de</strong>ste, com a <strong>de</strong>portação dos816 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAciganos, estabelecendo-se o “foco do Cariri” e, a partir da segunda meta<strong>de</strong> do séculoXIX, os “focos <strong>de</strong> São Paulo e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul”, que teriam se iniciado com aintensificação da imigração européia para esses dois estados.Com a expansão da fronteira agrícola para o Oeste, o tracoma disseminou-se etornou-se endêmico, em praticamente todo o Brasil, sendo encontrado hoje em todoo território nacional, on<strong>de</strong> são <strong>de</strong>senvolvidas ações <strong>de</strong> busca ativa <strong>de</strong> casos. Apesarda dimminnuição acentuada na prevalência do tracoma o país, a doença continuua aexisti, acometendo as populações mais caentes e dasasistidas, inclusive na periferiadas gran<strong>de</strong>s metrópolis.4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOS• Controlar a ocorrência <strong>de</strong> tracoma, mediante a realização regular <strong>de</strong> busca ativa<strong>de</strong> casos e visita domiciliar dos contatos.• Acompanhar os focos da doença, para verificar a tendência <strong>de</strong> expansão dainfecção.• Realizar diagnóstico e tratar os casos com infecção ativa adotando medidas <strong>de</strong>controle pertinentes.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoIndíviduos que apresentam história <strong>de</strong> “conjuntivite prolongada”, ou referemsintomatologia ocular <strong>de</strong> longa duração (ardor, prurido, sensação <strong>de</strong> corpo estranho,fotofobia, lacrimejamento e secreção ocular), especialmente na faixa etária <strong>de</strong> 1 a10 anos.Os comunicantes <strong>de</strong> casos confirmados <strong>de</strong> tracoma também <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados casossuspeitos.Caso ConfirmadoConsi<strong>de</strong>ra-se caso confirmado <strong>de</strong> tracoma qualquer indivíduo que, por meio <strong>de</strong> exameocular externo, apresentar um ou mais dos seguintes sinais:• Inflamação Tracomatosa Folicular (TF): quando se verifica a presença <strong>de</strong>no mínimo 0,5mm <strong>de</strong> diâmetro na conjuntiva.• Inflamação Tracomatosa Intensa (TI): quando se verifica espessameto daconjuntiva tarsal superior com ais <strong>de</strong> 50% dos vasos tarsais profundos não sendovisualizados.• Cicatrização Conjuntival Tracomatosa (TS): presença <strong>de</strong> cicatrizes, com aconjuntiva tarsal superior com aparência esbranquiçada, fibrosa com bordasretas, angulares ou estreladas.UNASA 817


T R A C O M A• Triquíase Tracomatosa (TT): quando pelo menos um dos cílios atrita o globoocular ou há evidência <strong>de</strong> recente remoção <strong>de</strong> cílios, associados à presença <strong>de</strong>cicatrizes na conjuntiva tarsal superior (TS) negativas <strong>de</strong> tracoma.• Opacificação Corneana (CO): caracteriza-se pela sua nítida visualização sobrea pupila com intensida<strong>de</strong> suficiente para obscurecer pelo menos uma parte damargem pupilar.A confirmação do caso é essencialmente clínica, através da verificação dos sinaischave,ao exame ocular externo. O caso inicial confirmado <strong>de</strong>ve ser tomado comocaso índice, a partir do qual serão <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas medidas <strong>de</strong> investigaçãoepi<strong>de</strong>miológica, para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> casos a ele associados. Só após a investigaçãoepi<strong>de</strong>miológica, com a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> outros casos, é que se terá a confirmação clínicoepi<strong>de</strong>miológica<strong>de</strong>finitiva do caso índice, pois não existem casos isolados <strong>de</strong> tracoma.Mesmo que o caso índice tenha confirmação laboratorial <strong>de</strong> C. trachomatis, se nãohouver caso associado a ele, o seu diagnóstico é <strong>de</strong> conjuntivite <strong>de</strong> inclusão. Aexceção é feita, aos casos <strong>de</strong> tracoma cicatricial (TS), que indicariam uma infecçãono passado, ou cicatrizes tracomatosas associadas a formas inflamatórias (TF e/ouTI) que indicariam que o caso índice tem a doença há muito tempo.Caso DescartadoConsi<strong>de</strong>ra-se caso <strong>de</strong>scartado <strong>de</strong> tracoma qualquer indivíduo que, por meio <strong>de</strong> exameocular externo, não apresentar sinais clínicos <strong>de</strong> tracoma.4.3. NOTIICAÇÃOO tracoma não é uma doença <strong>de</strong> notificação compulsória nacional, sendo <strong>de</strong>notificação obrigatória em algumas unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas.No entanto, é uma doença sob vigilância epi<strong>de</strong>miológica, portanto é recomendávelque sejam feitos registros sistemáticos dos casos <strong>de</strong>tectados e tratados, <strong>de</strong> forma aproporcionar informações sobre a situação epi<strong>de</strong>miológica do agravo na região,permitindo avaliar a sua evolução e o impacto das ações <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>senvolvidas.4.4. MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Qualida<strong>de</strong> da assistência: verificar se os casos estão sendo atendidos,com profissionais capacitados para realizar o diagnóstico clínico, e se estão sendoseguidas as recomendações quanto ao diagnóstico, tratamento e controle.4.4.2. Confirmação diagnóstica: quando houver indicação <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> material,para diagnóstico laboratorial, <strong>de</strong>verá ser colhido raspado conjuntival da pálpebrasuperior, <strong>de</strong> acordo com as orientações do Anexo 1. O material colhido <strong>de</strong>ve serexaminado pelo método <strong>de</strong> imunofluorescência direta com anticorpos monoclonais.4.4.3. Investigação: a investigação epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong>ve dirigir-se, prioritariamente,às instituições educacionais e/ou assistenciais, e domicílios dos casos que constituemlocais on<strong>de</strong> existem maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão da doença.Des<strong>de</strong> que haja a confirmação da existência <strong>de</strong> um, ou vários casos na comunida<strong>de</strong>(escola, creche, bairro, povoado, etc.), <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas medidas, visandoà <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> casos a ele associados.818 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAA investigação epi<strong>de</strong>miológica dos casos é importante, não só para elucidar a situaçãoepi<strong>de</strong>miológica do caso índice, mas, também, para fornecer subsídios para oconhecimento do quadro epi<strong>de</strong>miológico da doença no país, possibilitando o <strong>de</strong>senho<strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> intervenção mais amplas e a<strong>de</strong>quadas às realida<strong>de</strong>s regionais.• Investigação em instituições educacionais: a busca ativa em escolas ecreches, <strong>de</strong>ve ser sistemática nos locais on<strong>de</strong> haja suspeita da ocorrência <strong>de</strong>casos <strong>de</strong> tracoma. Deve ser ressaltada a importância das medidas <strong>de</strong> educaçãoem saú<strong>de</strong>, envolvendo pais, professores, funcionários e crianças, para o sucessodas medidas <strong>de</strong> controle do tracoma.Por tratar-se <strong>de</strong> uma doença crônica e endêmica, não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolamentodos casos. Os indivíduos com tracoma <strong>de</strong>vem receber tratamento e continuar afreqüentar a instituição, pois a doença está ocorrendo no local on<strong>de</strong> as pessoas jáforam expostas ao agente etiológico e o contágio, se houve, já ocorreu. E,certamente, haverá casos no período <strong>de</strong> incubação, sem sinais e sintomas, quenão serão <strong>de</strong>tectados na visita inicial. Daí a importância do trabalho permanentenessas instituições.• Investigação domiciliar: <strong>de</strong>ve ser realizada, para todos os casos novos <strong>de</strong>tracoma inflamatório, <strong>de</strong> forma a i<strong>de</strong>ntificar casos associados ao caso índice.• Investigação na comunida<strong>de</strong>: o sistema <strong>de</strong> informações po<strong>de</strong>rá revelar grupospopulacionais com maior concentração <strong>de</strong> casos. Deve-se realizar inquéritosepi<strong>de</strong>miológicos populacionais, visando conhecer melhor a situação naslocalida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas.4.5. ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: a partir da busca ativa <strong>de</strong> casos realizados emescolas e emlocais com suspeita <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> tracoma, os dados <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificaçãodos casos diagnosticados <strong>de</strong>vem ser preenchidos todos os itens <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificaçãoemm formulário padrão do Ministério da Saú<strong>de</strong> (Ficha <strong>de</strong> Acompanhamento eControle dos Casos). Deve ser realizada busca <strong>de</strong> casos domiciliares doscomunnicantes dos casos índices verificados.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos• Para orientar o diagnóstico e tratamento e <strong>de</strong>mais medidas <strong>de</strong> prevenção.• Para caracterizar a existência do foco: o tracoma é uma situação clínicoepi<strong>de</strong>miológica,na qual o agente etiológico encontra-se amplamente disseminadona população, <strong>de</strong> forma a propiciar a contínua reinfecção da conjuntiva.É incomum a existência <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> tracoma isolados. A constatação <strong>de</strong> um casoisolado na comunida<strong>de</strong>, requer investigação epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> seus comu-nicantes.Caso não se i<strong>de</strong>ntifique relação com os comunicantes, provavelmente é um casoimportado, que contraiu a doença em outro local.A constatação, <strong>de</strong> uma criança com diagnóstico <strong>de</strong> conjuntivite por C. trachomatis,<strong>de</strong>ve ser acompanhada pela investigação epi<strong>de</strong>miológica dos seus comunicantes.Em áreas on<strong>de</strong> não existe registro da ocorrência, ao ser <strong>de</strong>tectado um caso novo <strong>de</strong>tracoma ativo (TF e/ou TI) em uma comunida<strong>de</strong>, escola, creche, povoado ou áreasperiféricas das metrópoles, recomenda-se que seja colhido raspado conjuntival daUNASA 819


T R A C O M Apálpebra superior <strong>de</strong> alguns indivíduos, do mesmo local, que apresentem sinais <strong>de</strong>tracoma, para a confirmação do foco. O material colhido <strong>de</strong>ve ser examinado, pelométodo <strong>de</strong> imunofluorescência direta com anticorpos monoclonais (Anexo 1). Se oresultado do exame <strong>de</strong> uma das lâminas for positivo, fica estabelecido o foco. Apartir da caracterização do foco, <strong>de</strong>ve-se proce<strong>de</strong>r as ações <strong>de</strong> vigilânciaepi<strong>de</strong>miológica e controle do agravo.4.6. ANÁLISE DE DADOSA análise dos dados obtidos, através da investigação, <strong>de</strong>ve permitir a avaliação damagnitu<strong>de</strong> do problema, da distribuição e ocorrência do agravo, do conhecimentodas populações sob risco, que <strong>de</strong>vem ser incluídas nas medidas <strong>de</strong> controle, comobjetivos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação das medidas adotadas e da priorização das ações <strong>de</strong>prevenção e controle, que <strong>de</strong>vem ser mantidas na área.Deverá ser estabelecido um fluxo <strong>de</strong> informações, por meio <strong>de</strong> formuláriosespecíficos, que <strong>de</strong>verão ser coletados, consolidados e analisados em nível municipal,<strong>de</strong>vendo ser transmitidos para o nível estadual que, por sua vez, <strong>de</strong>verá analisar asituação epi<strong>de</strong>miológica no estado e repassar as informações para o nível fe<strong>de</strong>ral.Este fluxo <strong>de</strong>verá ser feito por meio <strong>de</strong> relatórios, cuja periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá serestabelecida pelas condições regionais, e regulamentada pelo Ministério da Saú<strong>de</strong>.Devem conter o número <strong>de</strong> pessoas examinadas, o número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>tectados <strong>de</strong>tracoma, sua distribuição por ida<strong>de</strong>, sexo e forma clínica.Propõe-se a realização <strong>de</strong> fluxo trimestral, do município para o estado, e semestraldo estado para o nível fe<strong>de</strong>ral.Os municípios <strong>de</strong>vem realizar avaliações das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vigilância epi<strong>de</strong>miológicae controle do tracoma, com as seguintes sugestões <strong>de</strong> acompanhamento:• Número <strong>de</strong> instituições (escolas, creches, etc.) e on<strong>de</strong> foi feita busca ativa;• Número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> tracoma inflamatório que recebeu visitar domiciliar paraexame <strong>de</strong> comunicantes;• Prevalência <strong>de</strong> tracoma no município, por faixa etária, forma clínica e porlocalida<strong>de</strong> (bairros);• Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> tracoma por instituições;• Taxa <strong>de</strong> tracoma por formas clínicas;• Ações educativas <strong>de</strong>senvolvidas.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. MEDIDAS DE CONTROLE• Medidas relativas à fonte <strong>de</strong> infecçãoð Tratamento individual: todo caso <strong>de</strong> tracoma inflamatório (TF e/ou TI), <strong>de</strong>veser tratado, com os esquemas <strong>de</strong> tratamento segundo orientações já <strong>de</strong>scritas.ð Tratamento em massa: havendo indicação epi<strong>de</strong>miológica, indicadaanteriormente, o tratamento em massa <strong>de</strong>verá ser adotado.820 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAð Busca ativa: a busca ativa <strong>de</strong> novos casos <strong>de</strong>verá ser procedida, visandotratamento e conscientização da população.• Medidas referentes às vias <strong>de</strong> transmissão: as áreas endêmicas do tracoma,em sua maioria, apresentam precárias condições <strong>de</strong> saneamento e higiene, sendoestes fatores <strong>de</strong>terminantes, na manutenção <strong>de</strong> elevados níveis endêmicos. Assim,a melhoria sanitária domiciliar, o <strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>quado do lixo e o acesso aoabastecimento <strong>de</strong> água, representam importantes ações no controle da doença.5.2. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEO <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações educativas em saú<strong>de</strong> tem importante impacto notrabalho <strong>de</strong> prevenção e controle da doença, mobilizando a comunida<strong>de</strong>, para criarrecursos e participar ativamente do processo.Recomenda-se:• planejar as ações educativas, antes do início do projeto: organizando a equipe <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, com profissionais aptos, não só a <strong>de</strong>tectar e tratar casos <strong>de</strong> tracoma, mastambém a assumir a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão do conhecimento, envolvendoprofessores e toda a comunida<strong>de</strong>;• contar, com material <strong>de</strong> apoio suficiente, para o <strong>de</strong>senvolvimento das açõeseducativas, organizando junto com o grupo envolvido: dramatizações, histórias,criação <strong>de</strong> cartazes e folhetos;• buscar apoio dos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, como meio <strong>de</strong> divulgação eprevenção da doença, como reforço para as práticas propostas.A ação educativa constitui importante estratégia para o controle do tracoma, on<strong>de</strong>se <strong>de</strong>ve buscar a conscientização da população sobre a necessida<strong>de</strong> e adoção <strong>de</strong>hábitos <strong>de</strong> higiene como a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lavar regularmente o rosto das crianças,além <strong>de</strong> enfatizar a importância do uso individual <strong>de</strong> objetos pessoais como toalhas,fronhas, lençóis, entre outros.A abordagem da população, quanto aos aspectos relacionados à higiene, <strong>de</strong>verá sertratada com cuidado, para não ocorrer entendimento errôneo quanto à transmissãoda doença, ou discriminação do paciente quanto a maus hábitos <strong>de</strong> higiene.Ainda em relação ao tratamento, compete à equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> orientar o uso corretoda medicação, observação dos prazos do tratamento, e do comparecimento aosretornos <strong>de</strong> avaliação clínica, para garantir a efetivida<strong>de</strong> do tratamento.UNASA 821


T R A C O M AANEXO 1 - NORMAS PARA PROCEDIMENTOS LABORATORIASPROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE MATERIAL PARA EXAME LABORATORIALPara a realização <strong>de</strong> exame laboratorial pela técnica <strong>de</strong> imunofluorescência diretacom anticorpos monoclonais <strong>de</strong>ve-se colher raspado da conjuntiva tarsal superiordos indivíduos.• Material necessárioð Livro <strong>de</strong> registro dos indivíduos a serem submetidos à coleta.ð Kits <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> exames - lâminas apropriadas e swabs.ð Frasco com metanol.ð Lápis e caneta para i<strong>de</strong>ntificação.ð Isopor com gelo reciclável.ð Saco <strong>de</strong> lixo.ð Gaze.ð Solução salina isotônica.• Orientações para a coletað Anotar, com lápis, na lâmina, o nome do indivíduo <strong>de</strong> quem foi feita a coletae a data.ð Anotar o mesmo nome no livro apropriado.ð Remover com gaze lágrimas e secreções; se necessário limpar com sorofisiológico. A gaze <strong>de</strong>ve ser jogada no lixo apropriado, após o uso.ð Everter a pálpebra superior.ð Para assegurar a a<strong>de</strong>quada coleta, <strong>de</strong>ve-se esfregar o swab firmementesobre a placa tarsal superior do canto externo para o interno e vice-versa(por <strong>de</strong>z vezes) rolando o swab.ð Colocar o swab sobre a meta<strong>de</strong> inferior do círculo da lâmina rolando-o numadireção.ð Levantar o swab em relação à lâmina sem mudar sua posição na mão; girara lâmina 180 o . Rolar o swab na mesma direção anterior, usando agora ameta<strong>de</strong> restante do círculo.ð Atentar para que toda a superfície do swab tenha estado em contato com ocírculo.ð Esperar secar o raspado por cinco minutos e, então, fixar a lâmina com duasgotas do metanol. Usar como suporte superfícies que não sejam danificadaspelo metanol.ð Após a lâmina estar seca, colocá-la na caixa <strong>de</strong> lâminas, que, por sua vez,<strong>de</strong>ve ser acondicionada no isopor com gelo. As caixas com as lâminas <strong>de</strong>vemser guardadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um freezer a uma temperatura <strong>de</strong> 20 o C nofinal <strong>de</strong> cada dia <strong>de</strong> trabalho.ð Retirar do local todo o material utilizado, jogando o material contaminado nolixo que <strong>de</strong>ve ser levado a local apropriado.822 UNASA


TUBERCULOSECID 10: A15 - A19


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICATUBERCULOSE1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOA tuberculose é um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> prioritário no Brasil, já que, juntamente comoutros 21 países em <strong>de</strong>senvolvimento, alberga 80% dos casos mundiais da doença.Estima-se que, cerca <strong>de</strong> um terço da população mundial, está infectada com oMycobacterium tuberculosis, estando sob risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a enfermida<strong>de</strong>.Em torno <strong>de</strong> oito milhões <strong>de</strong> casos novos e quase 3 milhões <strong>de</strong> mortes por tuberculose,ocorrem anualmente. Nos países <strong>de</strong>senvolvidos é mais freqüente entre as pessoasidosas, nas minorias étnicas e imigrantes estrangeiros. Nos países em<strong>de</strong>senvolvimento, estima-se que ocorram 95% dos casos e 98% das mortes causadaspela doença, ou seja, mais <strong>de</strong> 2,8 milhões <strong>de</strong> mortes por tuberculose e 7,5 milhões <strong>de</strong>casos novos, atingindo a todos os grupos etários, com maior predomínio nos indivíduoseconomicamente ativos (15-54 anos) da socieda<strong>de</strong>. Os homens adoecem duas vezesmais do que as mulheres.No Brasil, estima-se que, do total da população, mais <strong>de</strong> 50 milhões <strong>de</strong> pessoasestão infectados pelo M. tuberculosis, com aproximadamente 100 mil casos novospor ano. O número <strong>de</strong> mortes pela doença, em nosso meio, é <strong>de</strong> 5 a 6 mil, anualmente.Com o surgimento, em 1981, da Síndrome <strong>de</strong> Imuno<strong>de</strong>ficiência Adquirida (SIDA/Aids), vem-se observando, tanto em países <strong>de</strong>senvolvidos como nos países em<strong>de</strong>senvolvimento, um crescente número <strong>de</strong> casos notificados <strong>de</strong> tuberculose, empessoas infectadas pelo vírus da imuno<strong>de</strong>ficiência humana (HIV). A associação(HIV/TB) constitui, nos dias atuais, um sério problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, po<strong>de</strong>ndolevar ao aumento da morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> pela TB, em muitos países.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOMycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo <strong>de</strong> Koch (BK). Ocomplexo Mycobacterium tuberculosis é constituído <strong>de</strong> várias espécies: M.tuberculosis, M. bovis, M. africanum e M. microti. Outras espécies <strong>de</strong>micobactérias po<strong>de</strong>m produzir quadro clínico semelhante à tuberculose, sendonecessárias para o diagnóstico diferencial a cultura e a i<strong>de</strong>ntificação das mesmas,pelos laboratórios <strong>de</strong> referência.1.3. RESERVATÓRIOO reservatório principal é o homem. Em algumas regiões, o gado bovino doente.Em raras ocasiões, os primatas, aves e outros mamíferos. Em geral, a fonte <strong>de</strong>infecção é o indivíduo com a forma pulmonar da doença, que elimina bacilos para oexterior (bacilífero). Calcula-se que, durante um ano, numa comunida<strong>de</strong>, um indivíduobacilífero po<strong>de</strong>rá infectar, em média, <strong>de</strong> 10 a 15 pessoas.UNASA 825


T U B E R C U L O S ENão existem estimativas da proporção <strong>de</strong> pacientes com tuberculose causada peloM. Bovis, no entanto é importante que o sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> esteja atento àpossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>ste agente.Em alguns locais, ele assume o papel <strong>de</strong> principal agente etiológico causador dadoença, apresentando-se <strong>de</strong> forma idêntica ao M. Tuberculosis, mas com maiorincidência da forma ganglionar e outras extrapulmonares. Sua ocorrência é maisfreqüente em comunida<strong>de</strong>s que consomem leite e produtos <strong>de</strong>rivados (nãopasteurizados ou fervidos), <strong>de</strong> rebanho bovino infectado, e em pacientes ruraise profissionais (veterinários, or<strong>de</strong>nhadores, funcionários <strong>de</strong> matadouros, entreoutros). Uma vez confirmada a contaminação humana, os Serviços Sanitários<strong>de</strong>vem ser informados, para atuar na imediata i<strong>de</strong>ntificação das fontes <strong>de</strong>infecção, e tomada das medidas <strong>de</strong> controle a<strong>de</strong>quadas, prevenindo assim aocorrência <strong>de</strong> novos casos.1.4. MODO DE TRANSMISSÃOA tuberculose é transmitida <strong>de</strong> pessoa a pessoa, principalmente, através do ar. Afala, o espirro e, principalmente, a tosse <strong>de</strong> um doente <strong>de</strong> tuberculosepulmonar bacilífera lança no ar gotículas, <strong>de</strong> tamanhos variados, contendono seu interior o bacilo. As gotículas mais pesadas <strong>de</strong>positam-se rapidamente nosolo, enquanto que as mais leves po<strong>de</strong>m permanecer em suspensão por diversashoras. Somente os núcleos secos das gotículas (Núcleo <strong>de</strong> Wells), com diâmetro <strong>de</strong>até 5µ e com 1 a 2 bacilos em suspensão, po<strong>de</strong>m atingir os bronquíolos e alvéolos, eaí iniciar a multiplicação. As gotículas médias são, na sua maioria, retidas pela mucosado trato respiratório superior, e removidas dos brônquios, através do mecanismomuco-ciliar. Os bacilos assim removidos são <strong>de</strong>glutidos, inativados pelo suco gástrico,e eliminados nas fezes. Os bacilos que se <strong>de</strong>positam nas roupas, lençóis, copos eoutros objetos dificilmente se dispersarão em aerossóis e, por isso, não <strong>de</strong>sempenhampapel importante na transmissão da doença.1.5. PERÍODO DE INCUBAÇÃOApós a infecção pelo M. tuberculosis, transcorrem, em média, 4 a 12 semanaspara a <strong>de</strong>tecção das lesões primárias. A maioria dos novos casos <strong>de</strong> doença pulmonarocorre em torno <strong>de</strong> 12 meses após a infecção inicial. A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o indivíduovir a ser infectado, e <strong>de</strong> que essa infecção evolua para a doença, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> múltiplascausas, <strong>de</strong>stacando-se, <strong>de</strong>ntre estas, as condições sócio-econômicas e algumaascodições médicas (diabetes mellitus, silicose, uso prolongado <strong>de</strong> corcosterói<strong>de</strong>s ououtros imunossupressores, neoplasias, uso <strong>de</strong> drogas e infecção HIV). A evoluçãodo quadro clínico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do indivíduo estar sendo infectado pela primeira vez(primo-infecção), ou reinfectado (reinfecção exógena). A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adoecernuma primo-infecção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da virulência do bacilo, da fonte infectante e dascaracterísticas genéticas dos indivíduos infectados. Em novo contato, após umainfecção natural ou induzida pela BCG, a resistência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da respostaimunológica.1.6. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEA transmissão é plena enquanto o doente estiver eliminando bacilos, e não tiveriniciado o tratamento. Com o esquema terapêutico recomendado, a transmissão é826 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAreduzida, gradativamente, a níveis insignificantes, ao fim <strong>de</strong> poucos dias ou semanas.As crianças, com tuberculose pulmonar, geralmente não são infectantes.1.7. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEA infecção pelo bacilo da tuberculose po<strong>de</strong> ocorrer em qualquer ida<strong>de</strong>, mas noBrasil geralmente acontece na infância. Nem todas as pessoas expostas ao baciloda tuberculose se tornam infectadas. A infecção tuberculosa, sem doença, significaque os bacilos estão presentes no organismo, mas o sistema imune está mantendoossob controle. Entre os infectados, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adoecer aumenta, na presença<strong>de</strong> infecção pelo vírus da imuno<strong>de</strong>ficiência humana (HIV), e outras formas <strong>de</strong>imuno<strong>de</strong>pressão, na presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição, silicose, diabetes e em usuários <strong>de</strong>drogas endovenosas. As reativações <strong>de</strong> infecções antigas e latentes explicam gran<strong>de</strong>parte dos casos <strong>de</strong> doença em idosos. A imunida<strong>de</strong> natural po<strong>de</strong> ser explicada pordiferenças fisiológicas que existem nas várias espécies. No entanto, não existemdiferenças fisiológicas que expliquem os diversos graus <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong>, aparentementenatural, que são observados em uma mesma espécie animal. A maior ou menorimunida<strong>de</strong> natural, parece estar relacionada com a maior ou menor velocida<strong>de</strong>, comque o hospe<strong>de</strong>iro é capaz <strong>de</strong> adquirir imunida<strong>de</strong>. Assim, não haveria propriamenteuma imunida<strong>de</strong> “natural”, mas uma imunida<strong>de</strong> adquirida mais rápida e eficaz e,portanto, capaz <strong>de</strong> propiciar o controle da infecção, numa fase precoce. Essacompetência imunológica é controlada geneticamente, embora fatores, como a<strong>de</strong>snutrição, possam suprimi-la. Na imunida<strong>de</strong> adquirida, a resposta imunológicahumoral não tem importância, já que a imunida<strong>de</strong> para tuberculose é,fundamentalmente, mediada pelo sistema imunológico celular, timo-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,através da interação entre linfócitos T ativados e macrófagos.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICAS• Período <strong>de</strong> infecção: um indivíduo que receba uma carga infecciosa <strong>de</strong> bacilosda tuberculose, pela primeira vez (primo-infecção), e que 1 a 2 bacilos alcancemo pulmão, vencendo as <strong>de</strong>fesas da árvore respiratória, localizando-se nos alvéolosda periferia pulmonar, apresentará uma reação inflamatória e exudativa <strong>de</strong> tipoinespecífica. Aproximadamente, em 15 dias, os bacilos po<strong>de</strong>m multiplicar-selivremente, porque ainda não existe imunida<strong>de</strong> adquirida. Nesse período, os bacilospo<strong>de</strong>m alcançar número superior a 10 5 e, partindo da lesão pulmonar, atingir avia linfo-hematogênica, comprometendo os linfonodos e órgãos dos diversossistemas e aparelhos, principalmente o fígado, o baço, a medula óssea, os rins eo sistema nervoso. Essa disseminação é consi<strong>de</strong>rada “benigna”, <strong>de</strong> poucos bacilos,que ficarão latentes, ou serão <strong>de</strong>struídos pela ação da imunida<strong>de</strong> que se instalará.No início da 2 a ou 3 a semana, o organismo normal, reconhecendo a presença <strong>de</strong>elemento estranho, é capaz <strong>de</strong> mobilizar seu sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa imunológicoespecífico, acontecendo a luta hospe<strong>de</strong>iro-invasor, visando a <strong>de</strong>struição ouinativação do agente agressor. Passa a haver, então, no pulmão, no local dainoculação inicial, um foco pequeno, arredondado, <strong>de</strong> 1 a 2 mm, esbranquiçado,<strong>de</strong> consistência amolecida e constituído, principalmente, por material caseoso.Esse foco é circundado por afluxo celular <strong>de</strong> linfócitos, células epiteliói<strong>de</strong>s(macrófagos ativados e modificados) e macrófagos (foco primário), localizadoprincipalmente no terço médio, compreen<strong>de</strong>ndo a parte inferior do lobo superior,lobo médio e, particularmente, o ápice do lobo inferior. Normalmente, esse nóduloUNASA 827


T U B E R C U L O S Eé único, e com as dimensões mencionadas, mas há relatos da existência <strong>de</strong>múltiplos focos primários e <strong>de</strong> focos <strong>de</strong> maiores dimensões. À associação dofoco primário aos gânglios satélites da sua região, dá-se o nome <strong>de</strong> ComplexoPrimário <strong>de</strong> Ranke. O foco pulmonar regressivo, que po<strong>de</strong> ser visto nasradiografias, chama-se foco <strong>de</strong> Gohn. Cerca <strong>de</strong> 90% da população infectadaconsegue bloquear o avanço do processo, a partir da formação do complexoprimário <strong>de</strong> Ranke, permanecendo apenas como infectados.A tuberculose primária, que ocorre durante uma primo-infecção, po<strong>de</strong> evoluirtanto a partir do foco pulmonar, quanto do foco ganglionar ou, então, em conseqüênciada disseminação hematogênica. Isso acontece em 5% dos primo-infectados.A tuberculose pós-primária ocorre no organismo que tem sua imunida<strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvida, tanto pela infecção natural quanto pelo BCG. Dos primo-infectados,5% adoecerão tardiamente, em conseqüência do recru<strong>de</strong>scimento <strong>de</strong> algumfoco já existente no seu organismo (reativação endógena). Também po<strong>de</strong>ocorrer a reinfecção exógena, ou seja, o paciente adoecer por receber novacarga bacilar do exterior. O quadro clínico não apresenta nenhum sinal ou sintomacaracterístico. Observa-se, normalmente, comprometimento do estado geral,febre baixa vespertina com sudorese, inapetência e emagrecimento. Quando adoença atinge os pulmões, o indivíduo po<strong>de</strong> apresentar dor torácica e tosseprodutiva, acompanhada ou não <strong>de</strong> escarros hemoptóicos. A tosse produtiva é osintoma mais freqüente da forma pulmonar. Nas crianças também é comum ocomprometimento ganglionar mediastínico e cervical (forma primária), que secaracteriza por lesões bipolares: parênquima e gânglios. Nos pacientes adultos,maiores <strong>de</strong> 15 anos, a tuberculose atinge os pulmões em cerca <strong>de</strong> 90% doscasos. Nos menores <strong>de</strong> 15 anos, este percentual é <strong>de</strong> 75%. Po<strong>de</strong>ndo, entretanto,se localizar em outras partes do organismo: rins, ossos e meninges, <strong>de</strong>ntre outras,em função das quais se expressará clinicamente. Uma das formas mais gravesé a tuberculose miliar, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> disseminação hematogênica comacometimento sistêmico, quadro tóxico infeccioso importante e gran<strong>de</strong> risco <strong>de</strong>meningite. Os pulmões se apresentam difusamente ocupados por pequenaslesões. Os <strong>de</strong>mais órgãos também po<strong>de</strong>m ser acometidos por lesões idênticas.Na criança e adolescente, com suspeita <strong>de</strong> tuberculose, as manifestaçõesclínicas po<strong>de</strong>m ser variadas. A maioria dos casos apresenta febre, habitualmentemo<strong>de</strong>rada, persistente por mais <strong>de</strong> 15 dias, e freqüentemente vespertina. Sãocomuns irritabilida<strong>de</strong>, tosse, perda <strong>de</strong> peso, sudorese noturna, às vezes profusa.Muitas vezes, a suspeita <strong>de</strong> tuberculose é feita em casos <strong>de</strong> pneumonia <strong>de</strong>evolução lenta, que não vem apresentando melhora com o uso <strong>de</strong>antimicrobianos para bactérias comuns. Em crianças e adolescentes, hápredomínio da localização pulmonar, sobre as formas <strong>de</strong> tuberculoseextrapulmonares. A suspeita <strong>de</strong>ve ser realizada na presença <strong>de</strong> linfa<strong>de</strong>nopatiacervical ou axilar, após excluir a<strong>de</strong>nite infecciosa aguda, com evi<strong>de</strong>ntessinais flogísticos. Na presença <strong>de</strong> reação forte ao PPD, está indicado otratamento. Os achados radiográficos mais sugestivos <strong>de</strong> tuberculose, nessafaixa etária, são: a<strong>de</strong>nomegalias hilares e/ou paratraqueais (gânglios mediastínicosaumentados <strong>de</strong> volume); pneumonias com qualquer aspecto radiológico (<strong>de</strong>evolução lenta, às vezes associadas a a<strong>de</strong>nomegalias mediastínicas, ou quecavitam durante a evolução) e o infiltrado nodular difuso (padrão miliar). Devesesempre investigar se houve contato prolongado com adulto doente <strong>de</strong>tuberculose pulmonar bacilífera, ou com história <strong>de</strong> tosse por três semanas oumais. Os casos suspeitos <strong>de</strong> tuberculose em crianças e adolescentes<strong>de</strong>vem ser encaminhados para a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> referência, para investigação828 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAe confirmação do diagnóstico. Após <strong>de</strong>finição do diagnóstico e estabelecidoo tratamento, a criança <strong>de</strong>verá voltar para acompanha-mento na Unida<strong>de</strong> Básica<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.• Remissão: apesar <strong>de</strong> ocorrer a cura espontânea, em alguns casos, a remissãodos sintomas e a respectiva cura do paciente só ocorrem após o tratamentoapropriado.Devido à remissão dos sintomas, alguns pacientes abandonam o tratamento noinício. O agente então persiste no organismo, que fica exposto a recidivas e amultiresistência a drogas.As principais complicações: <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da extensão das lesões pulmonares,várias seqüelas po<strong>de</strong>m permanecer, apesar da cura bacteriológica, resultantesda <strong>de</strong>struição do parênquima pulmonar e da arquitetura brônquica. As maisimportantes, clinicamente, são:ð distúrbio ventilatório obstrutivo e/ou restritivo;ð infecções respiratórias <strong>de</strong> repetição;ð formação <strong>de</strong> bronquiectasias;ð hemoptise;ð atelectasias; eð empiemas.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALPneumonias, micoses pulmonares (paracoccidioidomicose, histoplasmose), sarcoidosee carcinoma brônquico, <strong>de</strong>ntre outras enfermida<strong>de</strong>s.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL• É fundamentado, nos seguintes métodos:ð bacterioscópico: baciloscopia e cultura;ð radiológico;ð Outros: prova tuberculínica; anátomo-patológico (histológico e citológico);sorológico; bioquímico; biologia molecular.• Exames bacteriológicosð A baciloscopia direta do escarro é o método prioritário, porque permite<strong>de</strong>scobrir a fonte mais importante <strong>de</strong> infecção, que é o doente bacilífero.Executado corretamente, permite <strong>de</strong>tectar <strong>de</strong> 70-80% dos casos <strong>de</strong>tuberculose pulmonar em uma comunida<strong>de</strong>. Por ser um método simples eseguro, <strong>de</strong>ve ser realizado por todos os laboratórios. A baciloscopia direta<strong>de</strong>verá ser indicada para todos os sintomáticos respiratórios (indivíduocom tosse e expectoração por três semanas e mais). Deverá ser dada ênfase,para realização <strong>de</strong>ste exame, em pacientes que apresentem alteraçõespulmonares na radiografia <strong>de</strong> tórax e nos contatos <strong>de</strong> tuberculose pulmonarbacilíferos. Também é utilizada para acompanhar, mensalmente, a evoluçãobacteriológica do paciente pulmonar, inicialmente positivo, durante otratamento. Recomenda-se, para o diagnóstico, a coleta <strong>de</strong> duas amostras<strong>de</strong> escarro: uma por ocasião da primeira consulta, e a segunda na manhã dodia seguinte, ao <strong>de</strong>spertar.UNASA 829


T U B E R C U L O S Eð Cultura: é indicada para suspeitos <strong>de</strong> tuberculose pulmonar negativos aoexame direto do escarro, e para o diagnóstico <strong>de</strong> formas extrapulmonares,como meníngea, renal, pleural, óssea e ganglionar, e também para odiagnóstico <strong>de</strong> tuberculose em pacientes HIV Positivo. Também está indicadaa solicitação <strong>de</strong>sse exame, nos casos <strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong> resistência bacterianaàs drogas, acompanhado do teste <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>. Nos casos <strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong>infecção por micobacterias não-tuberculosas, notadamente nos doentes HIVpositivos, ou com aids, além <strong>de</strong> cultura, <strong>de</strong>verá ser realizada a tipificação dobacilo.• Exame radiológico: é auxiliar no diagnóstico da tuberculose, justificando-sesua utilização, se possível, nos casos suspeitos. É sempre indispensável realizaro exame radiológico, para um diagnóstico correto. Este exame permite ai<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> pessoas portadoras <strong>de</strong> imagens sugestivas <strong>de</strong> tuberculose, ou<strong>de</strong> outras patologias. O exame radiológico, em pacientes com baciloscopiapositiva, tem, como função principal, a exclusão <strong>de</strong> outra doença pulmonarassociada, que necessite <strong>de</strong> tratamento concomitante, além <strong>de</strong> permitir avaliaçãoda evolução radiológica dos pacientes, sobretudo daqueles que não respon<strong>de</strong>ramà quimioterapia.Os resultados das radiografias <strong>de</strong> tórax <strong>de</strong>verão obe<strong>de</strong>cer à seguinteclassificação:ð Normal: não apresentam imagens patológicas nos campos pleuropulmonares;ð Seqüela: apresentam imagens sugestivas <strong>de</strong> lesões cicatriciais;ð Suspeito: apresentam imagens sugestivas <strong>de</strong> tuberculose;ð Outras doenças: apresentam imagens sugestivas <strong>de</strong> pneumopatias nãotuberculosas(infecções bacterianas, micoses, abcessos ou neoplasias).A abreugrafia indiscriminada, em pessoas aparentemente sadias, não está indicada por terbaixo rendimento, inclusive por expor a população à radiação <strong>de</strong>snecessariamente.• Prova tuberculínica: indicada, como método auxiliar, no diagnóstico datuberculose, em pessoas não vacinadas com BCG, a prova tuberculínica quandoreatora, isoladamente, indica apenas a presença <strong>de</strong> infecção, e não é suficientepara o diagnóstico da tuberculose doença.No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT23, aplicado por via intradérmica, noterço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose <strong>de</strong> 0,1ml, equivalentea 2UT (unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tuberculina). Quando conservada em temperatura entre4ºC e 8°C, a tuberculina mantém-se ativa por seis meses. Não <strong>de</strong>ve, entretanto,ser congelada, nem exposta à luz solar direta.A técnica <strong>de</strong> aplicação (a mais utilizada é a técnica <strong>de</strong> mantoux), e o materialutilizado, são padronizados pela Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS), e têmespecificações semelhantes às usadas para a vacinação BCG. A injeção dolíquido faz aparecer uma pequena área <strong>de</strong> limites precisos, pálida e <strong>de</strong> aspectopontilhado, como casca <strong>de</strong> laranja.830 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAA leitura da prova tuberculínica é realizada <strong>de</strong> 72 a 96 horas após a aplicação,medindo-se com régua milimetrada o maior diâmetro transverso da área <strong>de</strong>endurecimento palpável.Mensuração da área <strong>de</strong> endurecimento: O resultado, registrado em milímetros,classifica-se como:ð 0 a 4mm - não reator: indivíduo não infectado pelo M. tuberculosis, oucom contato recente(


T U B E R C U L O S EObservação: o Exame Sorológico Anti-HIV <strong>de</strong>ve ser oferecido a todo doente comdiagnóstico <strong>de</strong> tuberculose confirmado. O profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve conversar com odoente, sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> associação das duas infecções, e dos benefícios dodiagnóstico precoce e tratamento da infecção pelo HIV. O doente <strong>de</strong>ve assinar o termo <strong>de</strong>consentimento, para realização do exame. Caso o exame seja positivo, o doente <strong>de</strong>ve serencaminhado para uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Referência para AIDS, mais próxima <strong>de</strong> sua residência,capacitada a tratar das duas infecções.2.4. TRATAMENTOA tuberculose é uma doença grave, porém curável, em praticamente 100% doscasos novos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os princípios da quimioterapia sejam seguidos.O tratamento dos bacilíferos é a ativida<strong>de</strong> prioritária <strong>de</strong> controle da tuberculose,uma vez que permite anular rapidamente as maiores fontes <strong>de</strong> infecção. Poucosdias após o início da quimioterapia correta, os bacilos da tuberculose praticamenteper<strong>de</strong>m seu po<strong>de</strong>r infectante. Assim, os doentes “pulmonares positivos” não precisam,nem <strong>de</strong>vem, ser segregados do convívio familiar e da comunida<strong>de</strong>. A associaçãomedicamentosa a<strong>de</strong>quada, doses corretas, uso por tempo suficiente, com supervisãoda tomada dos medicamentos, são os meios para evitar a persistência bacteriana, eo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> resistência às drogas, assegurando assim a cura do paciente.O tratamento da tuberculose <strong>de</strong>ve ser feito em regime ambulatorial, supervisionado, noserviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais próximo, na residência ou no trabalho do doente.Antes <strong>de</strong> iniciar a quimioterapia, é necessário orientar o paciente quanto ao tratamento.Para isso, <strong>de</strong>ve-se explicar, em uma entrevista inicial e em linguagem acessível, ascaracterísticas da doença e o esquema <strong>de</strong> tratamento que será seguido - drogas,duração, benefícios do uso regular da medicação, conseqüências advindas doabandono do tratamento, e possíveis efeitos adversos dos medicamentos.Principal estratégia do novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atenção ao paciente com tuberculose, o DOTS,Estratégia <strong>de</strong> Tratamento Diretamente Observado, é fator essencial para sepromover o real e efetivo controle da tuberculose. A estratégia DOTS visa o aumentoda a<strong>de</strong>são dos pacientes, maior <strong>de</strong>scoberta das fontes <strong>de</strong> infecção (pacientespulmonares bacilíferos), e o aumento da cura, reduzindo-se o risco <strong>de</strong> transmissão dadoença na comunida<strong>de</strong>. Tem como elemento central o Tratamento Supervisionado.Os cinco elementos da estratégia DOTS• Compromisso político com a implementação e sustentabilida<strong>de</strong> do programa <strong>de</strong> controleda tuberculose.• Detecção <strong>de</strong> casos, por meio <strong>de</strong> baciloscopia <strong>de</strong> escarro, entre sintomáticos respiratóriosda <strong>de</strong>manda dos serviços gerais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.• Tratamento padronizado, <strong>de</strong> curta duração, diretamente observado e monitorado quantoà sua evolução, para todos os casos com baciloscopia <strong>de</strong> escarro positiva.• Provisão regular <strong>de</strong> medicamentos tuberculostáticos.• Sistema <strong>de</strong> informação que permita avaliar a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> casos, o resultado dotratamento <strong>de</strong> casos individuais e o <strong>de</strong>sempenho do programa.832 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAO tratamento supervisionado <strong>de</strong>ve ser priorizado para todos os casos <strong>de</strong> tuberculosebacilífera. A supervisão da ingestão dos medicamentos <strong>de</strong>ve ser realizada em local<strong>de</strong> escolha do paciente (unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, residência). Po<strong>de</strong>ndo ser administradapor um trabalhador <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (Agente Comunitário <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, membro da equipe doPSF ou da UBS), ou por um familiar <strong>de</strong>vidamente orientado para essa ativida<strong>de</strong>.Tratamento supervisionado• Instituir tratamento supervisionado para todos os casos com baciloscopia positiva.• Aceitar tratamento auto-administrado para pacientes com baciloscopia negativa.• Realizar baciloscopias <strong>de</strong> controle.• Realizar consultas <strong>de</strong> acompanhamento.• Realizar visita domiciliar.Atenção especial <strong>de</strong>ve ser dada para os doentes, nas seguintes situações: etilistas;casos <strong>de</strong> retratamento após abandono; mendigos; presidiários; doentes institucionalizados(asilos, manicômios). Compete aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> prover os meiosnecessários para garantir que todo indivíduo com diagnóstico <strong>de</strong> tuberculose possa,sem atraso, ser a<strong>de</strong>quadamente tratado.A hospitalização só está indicada nas seguintes situações: meningite tuberculosa;indicações cirúrgicas em <strong>de</strong>corrência da doença; complicações graves; intolerânciamedicamentosa incontrolável em ambulatório; intercorrências clínicas e/ou cirúrgicasgraves; estado geral que não permita tratamento em ambulatório; em casos sociais,como ausência <strong>de</strong> residência fixa, ou grupos especiais, com maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>abandono, especialmente se for caso <strong>de</strong> retratamento ou <strong>de</strong> falência. O período <strong>de</strong>internação <strong>de</strong>ve ser reduzido ao mínimo necessário, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do resultadodo exame bacteriológico.As drogas usadas, nos esquemas padronizados, são as seguintes:• Isoniazida - H• Rifampicina - R• Pirazinamida - Z• Estreptomicina - S• Etambutol - E• Etionamida - EtEm crianças menores <strong>de</strong> cinco anos, que apresentem dificulda<strong>de</strong> para ingerir oscomprimidos, recomenda-se o uso das drogas, na forma <strong>de</strong> xarope ou suspensão.UNASA 833


T U B E R C U L O S EEsquema Básico (Esquema I) - 2RHZ/4RHCASOS NOVOS* DE TODAS AS ORMAS DE TUBERCULOSE PULMONAR E EXTRAPULMONAR **PESO DO DOENTEASES DOTRATAMENTODROGASATÉ 20KGMAIS DE 20KG EATÉ 35 KGMAIS DE 35KG EATÉ 45 KGMAIS DE 45 KGMG/KG/DIA MG/DIA MG/DIA MG/DIA1 a fase(2 meses - RHZ)RHZ1010353002001.0004503001.5006004002.0002 a fase(4 meses - RH)RH1010300200450300600400* Sem tratamento anterior, tratamento por menos <strong>de</strong> 30 dias, ou tratamento anterior há mais <strong>de</strong> 5 anos.** Exceto Meningite.Siglas: Rifampicina = R; Isoniazida = H; Pirazinamida = ZObservações:a) As drogas <strong>de</strong>verão ser administradas preferencialmente em jejum, em uma única tomada, ou, em caso <strong>de</strong> intolerância digestiva,junto com uma refeição.b) Em casos individualizados, cuja evolução clínica inicial não tenha sido satisfatória, ou ainda nos casos <strong>de</strong> TB extrapulmonar, coma orientação <strong>de</strong> especialistas, o tempo <strong>de</strong> tratamento po<strong>de</strong>rá ser prolongado, na sua 2.ª fase, por mais três meses (2RHZ/7RH).c) Os casos <strong>de</strong> tuberculose, associados ao HIV, <strong>de</strong>vem ser encaminhados para unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> referência, em seu município ou emmunicípios vizinhos, para serem tratados para os dois agravos (TB/HIV).Esquema Básico + Etambutol (Esquema IR) - 2RHZE/4RHECASOS DE RECIDIVA APÓS CURA* OU RETORNO APÓS ABANDONO DO ESQUEMA IPESO DO DOENTEASES DOTRATAMENTODROGASATÉ 20KGMAIS DE 20KG EATÉ 35 KGMAIS DE 35KG EATÉ 45 KGMAIS DE 45 KGMG/KG/DIA MG/DIA MG/DIA MG/DIA1 a fase(2 meses - RHZE)RHZE101035253002001.0006004503001.5008006004002.0001.2002 a fase(4 meses - RHE)RHE1010253002006004503008006004001.200* Casos <strong>de</strong> recidiva após cura com o esquema básico; consi<strong>de</strong>ra-se retratamento a prescrição <strong>de</strong> um esquema <strong>de</strong>drogas para o doente já tratado por mais <strong>de</strong> 30 dias, que venha a necessitar <strong>de</strong> nova terapia por recidiva apóscura,retorno após abandono, ou falência do esquema I ou esquema IR (esquema básico+etambutol).Siglas: Rifampicina = R; Isoniazida = H; Pirazinamida = Z; Etambutol = EObservações:a) Levar em consi<strong>de</strong>ração as indicações <strong>de</strong> retratamento, discutidas anteriormente.b) Os casos <strong>de</strong> recidiva <strong>de</strong> esquemas alternativos, por toxicida<strong>de</strong> ao esquema I, <strong>de</strong>vem ser avaliados em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> referência, paraprescrição <strong>de</strong> esquema individualizado.c) O paciente que apresentar alteração da visão <strong>de</strong>verá ser encaminhado para uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> referência, com o objetivo <strong>de</strong> avaliaro uso do etambutol.834 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAEsquema para Tuberculose Meningoencefálica (Esquema II) - 2RHZ/7RHESQUEMA PARA TUBERCULOSE MENINGOENCEÁLICAPESO DO DOENTEASES DOTRATAMENTODROGASATÉ 20KGMAIS DE 20KG EATÉ 35 KGMAIS DE 35KG EATÉ 45 KGMAIS DE 45 KGMG/KG/DIA MG/DIA MG/DIA MG/DIA1 a fase(2 meses - RHZ)RHZ1010353002001.0004503001.5006004002.0002 a fase(7 meses - RH)RH1010300200450300600400Siglas: Rifampicina = R; Isoniazida = H; Pirazinamida = ZObservações:a) Nos casos <strong>de</strong> concomitância entre tuberculose meningoencefálica e qualquer outra localização, usar o esquema II.b) A internação é mandatória, sempre que se suspeitar do diagnóstico <strong>de</strong> tuberculose meningoencefálica.c) Nos casos <strong>de</strong> tuberculose meningoencefálica, em qualquer ida<strong>de</strong>, recomenda-se o uso <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong>s (prednisona, <strong>de</strong>xametasonaou outros), por um período <strong>de</strong> 1 a 4 meses, no início do tratamento.d) Na criança, a prednisona é administrada na dose <strong>de</strong> 1 a 2 mg/kg <strong>de</strong> peso corporal, até a dose máxima <strong>de</strong> 30 mg/dia. No caso <strong>de</strong>se utilizar outro corticosterói<strong>de</strong>, aplicar a tabela <strong>de</strong> equivalência entre eles.e) A fisioterapia na tuberculose meningoencefálica <strong>de</strong>verá ser iniciada o mais cedo possível.Esquema para falência (Esquema III) - 3SZEEt/9EEtCASOS DE ALÊNCIA DE TRATAMENTO DO ESQUEMA I E ESQUEMA IR (ESQUEMA I REORÇADO)PESO DO DOENTEASES DOTRATAMENTODROGASATÉ 20KGMAIS DE 20KG EATÉ 35 KGMAIS DE 35KG EATÉ 45 KGMAIS DE 45 KGMG/KG/DIA DOSE TOTAL/DIA DOSE TOTAL/DIA DOSE TOTAL/DIA1 a fase(3 meses - SzEEt)SZEEt203525125001.0006002501.0001.5008005001.0002.0001.2007502 a fase(9 meses - EEt)EEt25126002508005001.200750Siglas: Estreptomicina = S; Pirazinamida = Z; Etambutol = E; Etionamida = EtObservações:a) Os casos <strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong> falência, aos esquemas I ou IR, <strong>de</strong>vem ser encaminhados à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> referência para avaliação.b) A estreptomicina <strong>de</strong>ve ser usada por via intramuscular (IM). Em situações especiais, po<strong>de</strong> ser aplicada por via endovenosa (EV),diluída a 50 ou 100 ml <strong>de</strong> soro fisiológico, correndo por um mínimo <strong>de</strong> 1/2 hora.c) Em casos especiais, com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong> droga injetável, ou para facilitar seu uso supervisionado na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,o regime <strong>de</strong> uso da estreptomicina po<strong>de</strong> ser alterado para aplicações <strong>de</strong> 2.ª a 6.ª feira, por dois meses, e duas vezes semanais, pormais 4 meses.d) Em pessoas maiores <strong>de</strong> 60 anos, a estreptomicina <strong>de</strong>ve ser administrada na dose <strong>de</strong> 500 mg/dia.e) Havendo alteração visual durante o tratamento, o paciente <strong>de</strong>verá ser encaminhado para um serviço <strong>de</strong> referência, com oobjetivo <strong>de</strong> avaliar o uso do Etambutol.f) É importante que o paciente tratado com o Esquema III, realize seu tratamento <strong>de</strong> forma supervisionada.UNASA 835


T U B E R C U L O S EO paciente <strong>de</strong>verá ser encaminhado, para tratamento, em uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> referência<strong>de</strong> tuberculose, quando houver antece<strong>de</strong>ntes ou evidências clínicas <strong>de</strong> hepatopatiaaguda (hepatite), ou crônica (cirrose, hepatopatia alcoólica); o paciente doente <strong>de</strong>aids ou soro positivo para o HIV; houver antece<strong>de</strong>ntes ou evidências clínicas <strong>de</strong>nefropatias (insuficiência renal crônica, pacientes em regime <strong>de</strong> diálise).Em todos os esquemas, a medicação é <strong>de</strong> uso diário, e <strong>de</strong>verá ser administrada, <strong>de</strong>preferência, em uma única tomada em jejum ou, em caso <strong>de</strong> intolerância digestiva,junto com uma refeição.Atenção especial <strong>de</strong>ve ser dada ao tratamento dos grupos consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> altorisco <strong>de</strong> intoxicação, como pessoas com mais <strong>de</strong> 60 anos, em mau estado geral ealcoolistas.A rifampicina interfere na ação dos contraceptivos orais, <strong>de</strong>vendo as mulheres, emuso <strong>de</strong>sse medicamento, receber orientação para utilizar outros métodosanticoncepcionais.O esquema I (básico) e o esquema básico + etambutol (indicado para os casos <strong>de</strong>retratamento), po<strong>de</strong>m ser usados pelas gestantes em qualquer período da gestação,em dose plena.O esquema III <strong>de</strong>ve ser realizado em unida<strong>de</strong>s mais complexas. Sempre que possível,<strong>de</strong>ve-se realizar o teste <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> às drogas, no início do tratamento, para<strong>de</strong>finir claramente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong>sse esquema, ou sua modificação.• Tratamento da tuberculose multidrogarresistente (TBMDR): o teste <strong>de</strong>sensibilida<strong>de</strong> às drogas não é rotineiro no País. Quando realizado, e apresentarresistência a apenas um dos medicamentos em uso, com o paciente apresentandoboa evolução clínica e laboratorial, o regime não <strong>de</strong>ve ser alterado. A associaçãomedicamentosa <strong>de</strong> três drogas é proposta, entre outras razões, justamente paracontemplar essa possibilida<strong>de</strong>.Os pacientes que não se curam após tratamento, com os esquemas padronizadospela Área Técnica <strong>de</strong> Pneumologia Sanitária - ATPS/DAB/MS, portadores <strong>de</strong>bacilos resistentes a mais <strong>de</strong> duas drogas, <strong>de</strong>ntre as quais a rifampicina e aisoniazida, constituem um grupo <strong>de</strong> doentes classificados no Consenso Brasileiro<strong>de</strong> Tuberculose, <strong>de</strong> 1997, como portadores <strong>de</strong> tuberculose multidrogarresistente(TBMDR). A este grupo, são agregados os pacientes que apresentam resistênciaprimária a rifampicina, isoniazida e a outras drogas utilizadas, geralmente aestreptomicina e/ou etambutol.Estes pacientes e seus familiares serão atendidos por equipe multiprofissionalespecializada, em centros <strong>de</strong> referência que cumpram as normas <strong>de</strong> biossegurança,e estejam cre<strong>de</strong>nciados pelas coor<strong>de</strong>nadorias municipais e estaduais <strong>de</strong>tuberculose.• Reações adversas ao uso <strong>de</strong> drogas antituberculose: a maioria dos pacientessubmetidos ao tratamento <strong>de</strong> tuberculose, consegue completar o temporecomendado, sem sentir qualquer efeito colateral relevante. Os fatoresrelacionados às reações são diversos. Todavia, os maiores <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong>ssasreações se referem à dose, horários <strong>de</strong> administração da medicação, ida<strong>de</strong> dodoente, seu estado nutricional, alcoolismo, condições da função hepática e renale co-infecção pelo HIV.836 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAA conduta a<strong>de</strong>quada está apresentada, <strong>de</strong> forma esquemática, nos quadros abaixo,conforme a classificação: efeitos menores e efeitos maiores. Os efeitosmenores ocorrem entre 5% a 20% dos casos, e são assim classificados, porquenão implicam em modificação imediata do esquema padronizado; os efeitosmaiores são aqueles que implicam interrupção, ou alteração do tratamento esão menos freqüentes, ocorrendo em torno <strong>de</strong> 2%, po<strong>de</strong>ndo chegar a 8% emserviços especializados.EEITOS MENORESEEITOIrritação gástrica (náusea, vômito)Epigastralgia e dor abdominalArtralgia ou artriteNeuropatia periférica (queimação dasextremida<strong>de</strong>s)Cefaléia e mudança <strong>de</strong> comportamento(euforia, insônia, ansieda<strong>de</strong> e sonolência)DROGARifampicinaIsoniazidaPirazinamidaPirazinamidaIsoniazidaIsoniazidaEtambutolIsoniazidaCONDUTAReformular os horários <strong>de</strong> administração damedicação e avaliar a função hepáticaMedicar com ácido acetilsalicílicoMedicar com piridoxina (vit. B6)OrientarSuor e urina cor <strong>de</strong> laranja Rifampicina OrientarPrurido cutâneoHiperuricemia (com ou sem sintomas)FebreIsoniazidaRifampicinaPirazinamidaEtambutolRifampicinaIsoniazidaMedicar com anti-histamínicoOrientação dietética (dieta hipopurínica)OrientarEEITOS MAIORESEEITODROGACONDUTAExantemasEstreptomicinaRifampicinaSuspen<strong>de</strong>r o tratamento.Reintroduzir o tratamento droga a droga apósresolução.Substituir o esquema nos casos graves oureinci<strong>de</strong>ntes.Hipoacusia Estreptomicina Suspen<strong>de</strong>r a droga e substituí-la pela melhoropção.Vertigem e nistagmo Estreptomicina Suspen<strong>de</strong>r a droga e substituí-la pela melhoropção.Psicose, crise convulsiva, encefalopatia tóxica e coma Isoniazida Substituir por estreptomicina + etambutol.Neurite óticaHepatotoxicida<strong>de</strong> (vômitos, hepatite,alteração das provas <strong>de</strong> função hepática)Trombocitopenia, leucopenia, eosinofilia,anemia hemolítica, agranulocitose, vasculiteNefrite intersticialRabdomiólise com mioglobinúria e insuficiênciarenalEtambutolIsoniazidaTodas as drogasRifampicinaIsoniazidaRifampicina principalmenteintermitentePirazinamidaSubstituir.Suspen<strong>de</strong>r o tratamentotemporariamente até resolução.Depen<strong>de</strong>ndo da gravida<strong>de</strong>, suspen<strong>de</strong>r otratamento e reavaliar o esquema <strong>de</strong>tratamento.Suspen<strong>de</strong>r o tratamento.Suspen<strong>de</strong>r o tratamento.UNASA 837


T U B E R C U L O S E3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA tuberculose não apresenta variações cíclicas ou sazonais, <strong>de</strong> importância prática.A prevalência observada é maior em áreas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> concentração populacional, eprecárias condições sócio-econômicas e sanitárias. A distribuição da doença émundial, com tendência <strong>de</strong>crescente da morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> nos países<strong>de</strong>senvolvidos. Nas áreas com elevada prevalência <strong>de</strong> infecção pelo HIV, vemocorrendo estabilização, ou aumento do número <strong>de</strong> casos e óbitos por tuberculose.Estão mais sujeitos à doença, indivíduos que convivam (contatos) com doentebacilífero, <strong>de</strong>terminados grupos com redução da imunida<strong>de</strong>, como os silicóticos, epessoas que estejam em uso <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong>s, ou infectados pelo HIV.No Brasil, no ano <strong>de</strong> 1999, foram notificados 78.870 casos novos <strong>de</strong> tuberculose(coeficiente <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> 48,11 por 100 mil habitantes), dos quais 41.619 foramformas pulmonares bacilíferas (coeficiente <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> 25,39 por 100 milhabitantes) e 12.178 extrapulmonares (coeficiente <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> 7,43 por 100 milhabitantes). Dadas as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sócio-econômicas existentes, observa-se umavariação <strong>de</strong>ssa taxa em diferentes regiões. Para o mesmo ano <strong>de</strong> 1999, a taxa <strong>de</strong>incidência por todas as formas, variou <strong>de</strong> 82,7 e 78,5 por 100 mil habitantes ( noAmazonas e Rio <strong>de</strong> Janeiro, respectivamente) a 21,30 por 100 mil habitantes (Goiás).Antes do advento da mo<strong>de</strong>rna quimioterapia, a mortalida<strong>de</strong> era o indicador utilizado,tanto para avaliar a tendência da en<strong>de</strong>mia, como para fazer estimativas <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong>- a prevalência era o dobro da incidência, que por sua vez era o dobro da mortalida<strong>de</strong>.Na era quimioterápica, essas equivalências romperam-se, hoje representando amortalida<strong>de</strong> muito mais o <strong>de</strong>sempenho do programa, uma vez que praticamentetodos teriam chance <strong>de</strong> se curar, diante <strong>de</strong> um diagnóstico precoce e tratamentocorretamente administrado. A análise da mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar a distribuiçãogeográfica, os grupos etários e a associação com o HIV.4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICAO propósito do Programa <strong>de</strong> Controle da Tuberculose é reduzir a transmissão dobacilo da tuberculose na população, através das ações <strong>de</strong> diagnóstico precoce etratamento a<strong>de</strong>quado dos casos.4.1. OBJETIVOSO principal objetivo da vigilância epi<strong>de</strong>miológica é i<strong>de</strong>ntificar as possíveis fontes <strong>de</strong>infecção. Deve ser feita investigação epi<strong>de</strong>miológica, entre os contatos <strong>de</strong> todocaso novo <strong>de</strong> tuberculose e, prioritariamente, nos contactantes que convivam comdoentes bacilíferos, <strong>de</strong>vido ao maior risco <strong>de</strong> infecção e adoecimento que esse grupoapresenta. No caso <strong>de</strong> uma criança doente, a provável fonte <strong>de</strong> infecção será oadulto que com ela convive. No caso <strong>de</strong>stes não comparecerem à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>para exame, após uma semana <strong>de</strong> aprazamento, recomenda-se que seja feita visitadomiciliar.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeito• Todo indivíduo com sintomatologia clínica sugestiva <strong>de</strong> tuberculose pulmonar:tosse com expectoração por três ou mais semanas, febre, perda <strong>de</strong> peso, eapetite, ou suspeito ao exame radiológico.838 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Paciente com imagem compatível com tuberculose.Confirmado• Critério clínico laboratorial: tuberculose pulmonar bacilífera: paciente comduas baciloscopias diretas positivas, ou uma baciloscopia direta positiva, e culturapositiva ou uma baciloscopia direta positiva e imagem radiológica sugestiva <strong>de</strong>tuberculose.Tuberculose pulmonar escarro negativo (BK -), é o paciente com duasbaciloscopias negativas, com imagem radiológica sugestiva, e achados clínicosou outros exames complementares, que permitam ao médico efetuar umdiagnóstico <strong>de</strong> tuberculose.Tuberculose extrapulmonar, paciente com evidências clínicas, achadoslaboratoriais, inclusive histopatológicos compatíveis com tuberculoseextrapulmonar ativa, em que o médico toma a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> tratar com esquemaespecífico; ou paciente com, pelo menos, uma cultura positiva para M.tuberculosis, <strong>de</strong> material proveniente <strong>de</strong> uma localização extrapulmonar.• Critério clínico epi<strong>de</strong>miológico: o raciocínio diagnóstico <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolverse,a partir do exame clínico, dos dados epi<strong>de</strong>miológicos e da interpretação dosresultados dos exames solicitados. Apesar <strong>de</strong> indispensável, em situações emque o diagnóstico laboratorial não po<strong>de</strong> ser realizado, o clínico po<strong>de</strong> confirmar ocaso pelo critério clínico epi<strong>de</strong>miológico, principalmente, quando <strong>de</strong> história <strong>de</strong>contato com doentes <strong>de</strong> tuberculose, fator <strong>de</strong> importância primordial para asuspeição diagnóstica.DescartadoCasos suspeitos que, apesar <strong>de</strong> sintomatologia compatível, apresentaram resultadosnegativos nos exames laboratoriais. Principalmente, quando se confirma outrapatologia, na busca <strong>de</strong> diagnóstico diferencial.4.3. NOTIICAÇÃOA Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> que <strong>de</strong>scobre e inicia o tratamento dos casos novos, é aresponsável pela notificação compulsória dos mesmos. Outras fontes <strong>de</strong> notificaçãosão os hospitais, os laboratórios e outros serviços <strong>de</strong> assistência médica,governamental e particular.A base do sistema <strong>de</strong> informação da tuberculose é o prontuário do doente, a partirdo qual são colhidos os dados necessários para o preenchimento da Ficha Individual<strong>de</strong> Investigação do Sistema <strong>de</strong> Informações <strong>de</strong> Agravos <strong>de</strong> Notificação - SINAN.As unida<strong>de</strong>s assistenciais enviarão às Secretarias Estaduais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, através dosníveis intermediários (municípios e regionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, entre outros), os dados <strong>de</strong><strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> casos e do resultado do tratamento, que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> consolidados,serão enviados ao nível central nacional. Devem ser notificados todos os casos,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do tipo <strong>de</strong> entrada:• Caso novo ou sem tratamento anterior: são os pacientes que nunca sesubmeteram à quimioterapia antituberculosa, fizeram-no por menos <strong>de</strong> 30dias, ou há mais <strong>de</strong> cinco anos. Verificar insistentemente com o paciente eseus familiares, se não houve tratamento antituberculoso prévio, superior a30 dias.UNASA 839


T U B E R C U L O S E• Retratamento: prescrição <strong>de</strong> um esquema <strong>de</strong> drogas, para o doente já tratadopor mais <strong>de</strong> 30 dias, que venha a necessitar <strong>de</strong> nova terapia por recidiva apóscura (RC), retorno após abandono (RA), ou por falência do esquema básico .• Abandono: o doente que, após iniciado o tratamento para tuberculose, <strong>de</strong>ixou<strong>de</strong> comparecer à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> por mais <strong>de</strong> 30 dias consecutivos, após adata aprazada para seu retorno.• Recidiva: o doente com tuberculose em ativida<strong>de</strong>, que já se tratou anteriormente,e recebeu alta por cura, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a data da cura e a data do diagnóstico <strong>de</strong>recidiva não ultrapassem cinco anos. Se esse intervalo exce<strong>de</strong>r cinco anos, o casoé consi<strong>de</strong>rado como “caso novo”, e o tratamento preconizado é o esquema básico.• Falencia: a persistência da positivida<strong>de</strong> do escarro ao final do 4º ou 5º meses <strong>de</strong>tratamento, tendo havido ou não negativação anterior do exame. São aquelesdoentes que, no início do tratamento, são fortemente positivos (++ ou +++), emantêm essa situação até o 4.º mês, ou aqueles com positivida<strong>de</strong> inicial seguida<strong>de</strong> negativação, e nova positivida<strong>de</strong> por dois meses consecutivos, a partir do 4.ºmês <strong>de</strong> tratamento com comprovação através <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> escarro. O aparecimento<strong>de</strong> poucos bacilos no exame direto do escarro, na altura do 5º ou 6ºmeses, isoladamente, não significa, necessariamente, falência do esquema, emespecial se acompanhado <strong>de</strong> melhora clínico-radiológica. Nesse caso, o pacienteserá seguido com exames bacteriológicos.• Transferência: refere-se àquele paciente que comparece à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,para dar continuida<strong>de</strong> ao tratamento iniciado em outra unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>que não tenha havido interrupção do uso da medicação, por mais <strong>de</strong> 30 dias.Neste último caso, o tipo <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong>ve ser “Reingresso após abandono”.4.4. MEDIDAS A SEREM ADOTADASConduta frente a um caso suspeito <strong>de</strong> tuberculose pulmonar:• I<strong>de</strong>ntificação e confirmação do caso;• Baciloscopia direta do escarro no momento da consulta, e solicitação <strong>de</strong> outraamostra a ser colhida no dia seguinte;• Raio X <strong>de</strong> tórax, e realização <strong>de</strong> prova tuberculínica, nos casos negativos àbaciloscopia;• Cultura do escarro nos casos negativos à baciloscopia.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: diversas informações referentes ao paciente,ao lugar, ao caso e ao tempo são fornecidas durante o preenchimento da ficha <strong>de</strong>notificação. Através <strong>de</strong>stas informações, po<strong>de</strong>-se avaliar a situação e tendência dadoença:• Referentes ao lugar: unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (ou outra fonte notificadora), logradouro,bairro, distrito, zona (urbana ou rural), município <strong>de</strong> notificação e residência,Unida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>rada e País.• Referentes ao paciente: nome, sexo, ida<strong>de</strong>, escolarida<strong>de</strong>, etnia (no caso <strong>de</strong>população indígena), critério diagnóstico, raça/cor, número do cartão SUS, nomeda mãe, telefone, ocupação.• Referentes ao tempo: data notificação, data diagnóstica, data nascimento,data <strong>de</strong> início do tratamento atual.840 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Referentes ao caso: número do prontuário, tipo <strong>de</strong> entrada, raio x (tórax),teste tuberculínico, forma clínica, agravos associados, baciloscopia <strong>de</strong> escarro,baciloscopia <strong>de</strong> outro material, cultura <strong>de</strong> escarro, cultura <strong>de</strong> outro material,Teste HIV (soropositivida<strong>de</strong>), histopatologia, drogas (esquema terapêuticoutilizado), tratamento supervisionado, doença relacionada ao trabalho.4.5.2. Coleta e análise <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos: os dados <strong>de</strong>verãoser registrados, consolidados e analisados pela unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e pelos níveismunicipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral, do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. A análise dos dados permite atomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões nos diferentes níveis. A distribuição esperada dos casos, porgrupos etários e formas clínicas, po<strong>de</strong> ser observada na Figura 1. Aumento importante<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada forma <strong>de</strong>ve ser investigado, junto à fonte notificadora, paraavaliar-se a qualida<strong>de</strong> do diagnóstico. A alteração do perfil epi<strong>de</strong>miológico esperado,precisa ser analisada quanto à possível variação da história natural da doença. Asunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que têm ações <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> diagnóstico e tratamento, <strong>de</strong>veminscrever o paciente no “Livro <strong>de</strong> Registro e Controle <strong>de</strong> Tratamento dos Casos <strong>de</strong>Tuberculose”, para possibilitar a análise por coortes da distribuição dos casos porgrupo etário, forma clínica, qualida<strong>de</strong> diagnóstica e resultado do tratamento. Osregistros <strong>de</strong> óbitos por tuberculose, também <strong>de</strong>vem ser motivo <strong>de</strong> análise,comparando-se esses registros com os <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong>.DISTRIBUIÇÃO DA TUBERCULOSE NO BRASIL, SEGUNDO IDADE E ORMAS CLÍNICAS70%Baciloscopia positiva90%ormaspulmonares85%Maiores <strong>de</strong>15 anos30%Sem confirmaçãobaciloscópica10%ormas extrapulmonaresDoentes20%Baciloscopia positiva75%ormaspulmonares80%Sem confirmaçãobaciloscópica15%Menores <strong>de</strong>15 anos25%ormas extrapulmonares4.5.3. Acompanhamento do caso: por ser uma enfermida<strong>de</strong> <strong>de</strong> características crônicas, a evoluçãodo caso <strong>de</strong> tuberculose <strong>de</strong>ve ser acompanhada, e registrada em notificação, para que o caso possa serencerrado, <strong>de</strong> acordo com os seguintes critérios:• Alta por cura - pulmonares inicialmente positivos: a alta por cura será dada quando, ao completaro tratamento, o paciente apresentar duas baciloscopias negativas: uma na fase <strong>de</strong> acompanhamento,e outra no final do tratamento (cura).UNASA 841


T U B E R C U L O S E• Alta por completar o tratamento: a alta será dada com base em critériosclínicos e radiológicos, quando: o paciente não tiver realizado o exame <strong>de</strong> escarropor ausência <strong>de</strong> expectoração, e tiver alta com base em dados clínicos e examescomplementares; casos <strong>de</strong> tuberculose pulmonar inicialmente negativos; casos<strong>de</strong> tuberculose extrapulmonar.• Alta por abandono <strong>de</strong> tratamento: será dada ao doente que <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong>comparecer à unida<strong>de</strong> por mais <strong>de</strong> 30 dias consecutivos, após a data prevista paraseu retorno. Nos casos <strong>de</strong> tratamento supervisionado, o prazo <strong>de</strong> 30 dias conta apartir da última tomada da droga. A visita domiciliar, realizada pela equipe <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, tem como um dos objetivos evitar que o doente abandone o tratamento.• Alta por mudança <strong>de</strong> diagnóstico: será dada quando for constatado erro nodiagnóstico.• Alta por óbito: será dada por ocasião do conhecimento da morte do paciente,durante o tratamento e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da causa.• Alta por falência: será dada quando houver persistência da positivida<strong>de</strong> doescarro ao final do 4º ou 5º meses <strong>de</strong> tratamento. Os doentes que, no início dotratamento, são fortemente positivos (+ + ou + + +) e mantêm essa situação atéo 4.º mês, ou os que apresentam positivida<strong>de</strong> inicial seguida <strong>de</strong> negativação enova positivida<strong>de</strong> por dois meses consecutivos, a partir do 4.º mês <strong>de</strong> tratamento,são classificados como caso <strong>de</strong> falência. O aparecimento <strong>de</strong> poucos bacilos noexame direto do escarro, na altura do 5º ou 6º meses do tratamento, isoladamente,não significa, necessariamente, a falência do tratamento. O paciente <strong>de</strong>verá seracompanhado com exames bacteriológicos para melhor <strong>de</strong>finição.Observação: Quando o caso for encerrado por falência, e o paciente iniciarnovo tratamento, <strong>de</strong>verá ser registrado como caso <strong>de</strong> retratamento no livro <strong>de</strong>Registro e Controle <strong>de</strong> Tratamento dos Casos <strong>de</strong> Tuberculose.• Alta por transferência: será dada, quando o doente for transferido para outroserviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. A transferência <strong>de</strong>ve ser processada, através <strong>de</strong> documento,que informará sobre o diagnóstico e o tratamento realizado até aquele momento.Deve-se buscar a confirmação <strong>de</strong> que o paciente compareceu à unida<strong>de</strong>, para aqual foi transferido, e o resultado do tratamento, no momento da avaliação dacoorte. Só serão consi<strong>de</strong>rados transferidos aqueles pacientes cujo resultado dotratamento for <strong>de</strong>sconhecido.4.5.4. Controle pós-cura: a maioria dos casos curados não necessita <strong>de</strong> controlepós-tratamento, <strong>de</strong>vendo-se orientar o paciente a retornar à unida<strong>de</strong>, apenas sesurgirem sintomas semelhantes aos do início da doença.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTOA procura <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> tuberculose <strong>de</strong>ve ser, prioritariamente, efetuada nossintomáticos respiratórios (indivíduos com tosse e expectoração por três ou maissemanas), que <strong>de</strong>verão submeter-se à rotina prevista para o diagnóstico <strong>de</strong>tuberculose. Os suspeitos assintomáticos <strong>de</strong>verão realizar radiografia <strong>de</strong> tórax,quando houver disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse recurso.A anulação das fontes <strong>de</strong> infecção, através do tratamento correto dos doentes, é umdos aspectos mais importantes no controle da tuberculose. Deve-se avaliar842 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAmensalmente o doente e a evolução do tratamento, realizando-se, nos casos novospulmonares com baciloscopia positiva (BK +), o controle bacteriológico, <strong>de</strong>preferência mensal e, obrigatoriamente, ao término do segundo, quarto e sexto meses<strong>de</strong> tratamento.Quando houver indicação <strong>de</strong> internação <strong>de</strong> pacientes com tuberculose, <strong>de</strong>ve-seprocurar adotar medidas <strong>de</strong> isolamento respiratório, especialmente tratando-se <strong>de</strong>pacientes bacilíferos e crônicos com multidroga resistente. Deve-se internar o doenteem hospitais que tenham po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> resolução, para os motivos que <strong>de</strong>terminaram asua internação, não sendo obrigatório que sejam hospitais especializados empneumologia.O Controle <strong>de</strong> Contactantes é indicado prioritariamente, para os contatos queconvivam com doentes bacilíferos, especialmente os intradomiciliares, porapresentarem maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adoecimento, e nos adultos que convivam comdoentes menores <strong>de</strong> 5 anos, para i<strong>de</strong>ntificação da possível fonte <strong>de</strong> infecção. Aseguir, providências a serem tomadas com relação aos contactantes, <strong>de</strong> acordo como resultado dos exames:AVALIAÇÃO DOS CONTATOS DOMICILIARES DE CASOS DE TUBERCULOSE PULMONAR COMBACILOSCOPIA POSITIVAAdultosAssintomáticos(I)SintomáticosOrientaçãoExames <strong>de</strong>escarroPositivoNegativoTratamentoOrientação/encaminhamentoCrianças até15 anosNãovacinadasVacinadasNão reatorPPDReatorAssintomáticosSintomáticos(II)BCGRaio X tóraxOrientaçãoRaio X <strong>de</strong>tóraxSugestivo <strong>de</strong> TB+ sintomasclínicosNormal e semsintomas clínicosSugestivo <strong>de</strong> TB+ sintomasclínicosNormal e semsintomas clínicosTratamentoQuimioprofilaxiaTratamento(I) No serviço que dispuser do aparelho <strong>de</strong> raios X, o exame <strong>de</strong>verá ser realizado.(II) Quando houver presença <strong>de</strong> escarro, realizar baciloscopia para diagnóstico <strong>de</strong> tuberculose.TratamentoMedicaçãosintomáticaAcompanhamentoUNASA 843


T U B E R C U L O S E5.2. IMUNIZAÇÃOA vacina BCG, sigla <strong>de</strong>corrente da expressão Bacilo <strong>de</strong> Calmette-Guérin, é preparadaa partir <strong>de</strong> uma cepa <strong>de</strong>rivada do Mycobacterium bovis, atenuada por sucessivaspassagens através meio <strong>de</strong> cultura. A vacina BCG confere po<strong>de</strong>r protetor às formasgraves <strong>de</strong> tuberculose, <strong>de</strong>correntes da primoinfecção. No Brasil, é prioritariamenteindicada para as crianças <strong>de</strong> 0 a 4 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, sendo obrigatória para menores <strong>de</strong>um ano, como dispõe a Portaria n.º 452, <strong>de</strong> 6/12/76, do Ministério da Saú<strong>de</strong>.Recomenda-se a revacinação com BCG, nas crianças com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10 anos, po<strong>de</strong>ndoesta dose ser antecipada para os seis anos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ter ou não cicatrizvacinal. Não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> revacinação, caso a primeira vacinação por BCGtenha ocorrido aos seis anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ou mais. Recomenda-se o adiamento daaplicação da vacina, nos seguintes casos: peso ao nascer inferior a 2 Kg; reações<strong>de</strong>rmatológicas na área <strong>de</strong> aplicação; doenças graves; uso <strong>de</strong> drogasimunossupressoras. Há contra-indicação absoluta para aplicar a vacina BCG, nosportadores <strong>de</strong> imuno<strong>de</strong>ficiências congênitas ou adquiridas.Os recém-nascidos e crianças soropositivas para HIV, ou filhos <strong>de</strong> mães com aids,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não apresentem os sintomas da doença, <strong>de</strong>verão ser vacinados. Pacientesadultos sintomáticos ou assintomáticos, não <strong>de</strong>verão ser vacinados, se apresentaremcontagem <strong>de</strong> linfócitos T (CD4+) abaixo <strong>de</strong> 200 células/mm 3 .5.3. QUIMIOPROILAXIAA quimioprofilaxia da tuberculose consiste na administração <strong>de</strong> Isoniazida em pessoasinfectadas pelo bacilo (quimioprofilaxia secundária), ou não (quimioprofilaxia primária),na dosagem <strong>de</strong> 10mg/Kg/dia (até 300mg), diariamente, por um período <strong>de</strong> 6 meses.Está recomendada nas seguintes situações:• Contactantes <strong>de</strong> bacilífero, menores <strong>de</strong> 15 anos, não vacinados com BCG,reatores à prova tuberculínica, 10mm ou mais, com exame radiológico normal, esem sintomatologia clínica compatível com tuberculose. Na eventualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>contágio recente, a sensibilida<strong>de</strong> à tuberculina po<strong>de</strong> não estar exteriorizada, sendonegativa a resposta. Deve-se portanto, neste caso, repetir a prova em 40 a 60dias.Se a resposta for positiva, indica-se a quimioprofilaxia; se negativa, vacina-secom BCG.• Recém-nascidos coabitantes <strong>de</strong> foco bacilífero. Nesse caso, administra-se aquimioprofilaxia por três meses e, após esse período, faz-se a prova tuberculínicana criança. Se ela for reatora, mantém-se a Isoniazida até completar 6 meses;se não for reatora, suspen<strong>de</strong>-se a droga e aplica-se a vacina BCG.• Indivíduos com viragem tuberculínica recente (até 12 meses), isto é, que tiveramum aumento na resposta tuberculínica <strong>de</strong>, no mínimo, 10 mm.• População indígena. Neste grupo, a quimioprofilaxia está indicada em todo ocontato <strong>de</strong> tuberculose bacilífera, reator forte ao PPD, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da ida<strong>de</strong> edo estado vacinal, após avaliação e afastada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tuberculosedoença,através <strong>de</strong> baciloscopia e do exame radiológico.• Imuno<strong>de</strong>primidos por uso <strong>de</strong> drogas, ou por doenças imuno<strong>de</strong>pressoras, e contatosintradomiciliares <strong>de</strong> tuberculosos, sob criteriosa <strong>de</strong>cisão médica.844 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA• Reatores fortes à tuberculina, sem sinais <strong>de</strong> tuberculose ativa, mas com condiçõesclinicas associadas a alto risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvê-la, como: alcoolismo, diabetesinsulino<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, silicose, nefropatias graves, sarcoidose, linfomas, pacientescom o uso prolongado <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong>s em dose <strong>de</strong> imunosupressão, pacientessubmetidos a quimioterapia antineoplasica, paciente submetido a tratamento comimunosupressores, portadores <strong>de</strong> imagens radiológicas compatíveis comtuberculose ativa, sem história <strong>de</strong> quimioterapia prévia. Estes casos <strong>de</strong>verão serencaminhados a uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> referência para a tuberculose.• Coinfectados HIV e M. tuberculosis. Este grupo <strong>de</strong>ve ser submetido à provatuberculinica, sendo <strong>de</strong> 5mm em vez <strong>de</strong> 10mm, o limite da reação ao PPD, paraconsi<strong>de</strong>rar-se uma pessoa infectada pelo M. tuberculosis.Quimioprofilaxia para tuberculose em pacientes HIV+: Será aplicada, segundo asindicações do quadro abaixo.(1) (2)INDICAÇÕES Indivíduosem sinais, ou sintomas sugestivos <strong>de</strong> tuberculose:A. Com radiografia <strong>de</strong> tórax normal e: 1) reação ao PPD maior ou igual a 5mm (3) ; 2) contatosintradomiciliares ou institucionais <strong>de</strong> tuberculose bacilífera, ou 3) PPD não reator ou comenduração entre 0-4 mm, com registro documental <strong>de</strong> ter sido reator ao teste tuberculínico e nãosubmetido a tratamento ou quimioprofilaxia na ocasião.B. Com radiografia <strong>de</strong> tórax anormal: presença <strong>de</strong> cicatriz radiológica <strong>de</strong> TB sem tratamentoanterior (afastada possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> TB ativa, através <strong>de</strong> exames <strong>de</strong> escarro e radiografiasanteriores), in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do resultado do teste tuberculínico (PPD).ESQUEMA (4)Isoniazida, VO, 5 - 10 mg/kg/dia (dose máxima: 300 mg/dia) por seis meses consecutivos.(1) O teste tuberculínico (PPD) <strong>de</strong>ve ser sempre realizado na avaliação inicial do paciente HIV+,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do seu estado clínico ou laboratorial (contagem <strong>de</strong> células CD4+ e carga viral),<strong>de</strong>vendo ser repetido anualmente nos indivíduos não reatores. Nos pacientes não reatores, e em uso<strong>de</strong> terapia anti-retroviral, recomenda-se fazer o teste a cada seis meses no primeiro ano <strong>de</strong> tratamento,<strong>de</strong>vido à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> restauração da resposta tuberculínica.(2) A quimioprofilaxia com isoniazida (H) reduz o risco <strong>de</strong> adoecimento, a partir da reativação endógenado bacilo, mas não protege contra exposição exógena após a sua suspensão. Portanto, em situações<strong>de</strong> possível re-exposição ao bacilo da tuberculose, o paciente <strong>de</strong>verá ser reavaliado quanto à necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> prolongamento da quimioprofilaxia (caso esteja em uso <strong>de</strong> isoniazida), ou <strong>de</strong> instauração <strong>de</strong> novaquimioprofilaxia (caso esta já tenha sido suspensa).(3) Pacientes com imuno<strong>de</strong>ficiência mo<strong>de</strong>rada/grave e reação ao PPD >10 mm, sugere-se investigarcuidadosamente tuberculose ativa (pulmonar ou extrapulmonar), antes <strong>de</strong> se iniciar a quimioprofilaxia.(4) Indivíduos HIV+, contatos <strong>de</strong> pacientes bacilíferos com tuberculose isoniazida - resistente documentada,<strong>de</strong>verão ser encaminhados a uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> referência, para realizar quimioprofilaxia com rifampicina.Observações:• Não se recomenda a quimioprofilaxia nos HIV positivos, não reatores àtuberculina, com ou sem evidências <strong>de</strong> imuno<strong>de</strong>ficiência avançada. Deve-serepetir a prova tuberculinica a cada seis meses.• Em pacientes com raios-X normal, reatores à tuberculina, <strong>de</strong>ve-se investigaroutras patologias ligadas à infecção pelo HIV, antes <strong>de</strong> iniciar a quimioprofilaxia,<strong>de</strong>vido à concomitância <strong>de</strong> agentes oportunistas/manifestações atípicas <strong>de</strong>tuberculose mas freqüentes nessas coortes.• Nos indivíduos com HIV positivos e tuberculino-positivos com Raio X normal,sem sinais e sem sintomas <strong>de</strong> tuberculose, <strong>de</strong>vem-se <strong>de</strong>stacar (investigar) oscontatos institucionais (casas <strong>de</strong> apoio, presídios, abrigos, asilos, etc).UNASA 845


T U B E R C U L O S E• Recomenda-se suspen<strong>de</strong>r imediatamente a quimioprofilaxia, no surgimento <strong>de</strong>qualquer sinal <strong>de</strong> tuberculose ativa, monitorá-la nos casos <strong>de</strong> hepatotoxida<strong>de</strong>, eadministrá-la com cautela nos alcoólicos.5.4. CONTROLE DE INECÇÃO EM UNIDADES DE SAÚDEUm efetivo programa <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> infecção da tuberculose, qualqer que seja aunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, se inicia com a <strong>de</strong>tecção precoce, isolamento e tratamento <strong>de</strong>pessoas com tuberculose infectante (principalmente pacientes bacilíferos).Atenção especial <strong>de</strong>ve ser dada àqueles que apresentam alguma forma <strong>de</strong> drogaresistência.Pessoas com tuberculose extrapulmonar são usualmente não infectantes, no entantoa doença po<strong>de</strong> ser transmitida por contato com tecidos contendo o bacilo.Pacientes imuno<strong>de</strong>primidos e principalmente com HIV positivo são os queapresentam maior susceptibilida<strong>de</strong> e por isso medidas mais severas <strong>de</strong>vem sertomadas para o controle da infecção.O controle <strong>de</strong> infecção <strong>de</strong>ve ser realizado com ênfase em três aspectos:• diminuição do risco <strong>de</strong> exposição dos pacientes à pessoas com tuberculoseinfectante;• controle da expansão e redução da concentração <strong>de</strong> partículas infectantes emsuspensão (por exemplo: sistemas <strong>de</strong> ventilação, salas <strong>de</strong> isolamento <strong>de</strong> pacientescom maior risco <strong>de</strong> infecção);• uso <strong>de</strong> proteção respiratória individual (máscaras) em áreas com maior risco <strong>de</strong>exposição ao M. tuberculosis.5.5. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEAlém das medidas <strong>de</strong>scritas acima, é necessário esclarecer à comunida<strong>de</strong>, quantoaos aspectos importantes da doença, sua transmissão, prevenção e tratamento. O<strong>de</strong>sconhecimento leva à discriminação do doente, no âmbito familiar e profissional.O afastamento compulsório do trabalho contribui para o agravamento do sofrimentodo paciente.846 UNASA


TULAREMIACID 10: A21


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICATULAREMIA1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOÉ uma enfermida<strong>de</strong> infecciosa aguda, <strong>de</strong>scrita em animais pela primeira vez em1910, cujo relato da primeira infecção humana foi em 1914. É uma doença <strong>de</strong>gravida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada, po<strong>de</strong>ndo se manifestar, quer como doença localizada, quercomo doença sistêmica. Sua importância está relacionada à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seuagente ser utilizado como arma biológica.1.2. AGENTE ETIOLÓGICOBactéria Gram-negativa, <strong>de</strong>nominada Francisella tularensis. Descreve-se duascepas com virulências diferentes: cepa Jellison A, <strong>de</strong>scrita somente na América doNorte, mais patogênica para o homem, e a cepa Jellison B, <strong>de</strong> distribuição maisampla, <strong>de</strong>scrita na Ásia, Europa e América do Norte. Contudo, é menos patogênicapara o homem.1.3. RESERVATÓRIOMamíferos silvestres.1.4. VETORESCarrapatos do gênero Dermacentor, que incluem o carrapato da ma<strong>de</strong>ira,Dermacentor an<strong>de</strong>rsoni, carrapato do cachorro, D. variabilis, carrapato texanoD. amblyomma americanum e, com menor freqüência, a mosca do veado, Chrysopsdiscalis e, na Suécia, o mosquito Ae<strong>de</strong>s cirineus. Além disso, outros artrópodostambém têm sido associados à transmissão, tais como: pulgas, piolhos, mosquitos emoscas.1.5. MODO DE TRANSMISSÃOAtravés da picada dos vetores, e também por inoculação da pele, do saco conjuntivalou da mucosa orofaríngea com água contaminada, sangue ou tecidos, ao manipularo corpo <strong>de</strong> animais infectados e abertos (<strong>de</strong>spelar, e viscerar ou praticar necropsia);ao inalar ou ingerir carne mal cozida <strong>de</strong> animais hospe<strong>de</strong>iros infectados; ingestão <strong>de</strong>água contaminada; ao inalar poeira <strong>de</strong> terra, grão ou ferro contaminados. Em rarasocasiões, por mor<strong>de</strong>duras <strong>de</strong> animais, cuja boca esteja contaminada por ingerir algumanimal infectado e também por ou através da pela pele, couro ou garras.Infecções aci<strong>de</strong>ntais em laboratórios são comuns, e com freqüência se apresentamsob a forma <strong>de</strong> pneumonia ou tularemia tifóidica.UNASA 849


T U L A R E M I A1.6. PERÍODO DE INCUBAÇÃOVaria <strong>de</strong> 1 a 14 dias, sendo o mais comum entre 3 e 5 dias. Esta variação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>da virulência da cepa infectante e da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bactéria inoculada.1.7. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADENão se transmite <strong>de</strong> pessoa para pessoa. Caso não seja introduzida a antibioticoterapia,o agente infeccioso po<strong>de</strong> estar presente no sangue durante as primeiras duas semanas<strong>de</strong> doença, e nas lesões, durante um mês ou mais. As moscas são infectantes durante14 dias, e os carrapatos durante toda a sua vida (cerca <strong>de</strong> dois anos). A carne <strong>de</strong>coelho, conservada em congelador à temperatura <strong>de</strong> -15°C, tem permanecidoinfectante por mais <strong>de</strong> três anos.1.8. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADENão há diferença <strong>de</strong> sexo, raça ou ida<strong>de</strong>, em relação à suscetibilida<strong>de</strong> à moléstia.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASAs manifestações clínicas variam <strong>de</strong> acordo com a via <strong>de</strong> introdução e a virulênciado agente patógeno. Com maior freqüência, assume a forma <strong>de</strong> uma úlcera indolorno local <strong>de</strong> penetração do microorganismo, acompanhada <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> volumedos gânglios linfáticos regionais (tipo ulceroganglionar). Po<strong>de</strong> suce<strong>de</strong>r que não apareçaa úlcera primária, mas apenas um ou mais gânglios linfáticos aumentados e dolorososque po<strong>de</strong>m supurar (tipo ganglionar). A ingestão do microorganismo pela água oualimentos contaminados, po<strong>de</strong> causar uma faringite dolorosa (com ou sem úlceras),dor abdominal, diarréia e vômitos (tipo orofaríngeo). A inalação do material infectantepo<strong>de</strong> seguir-se a um ataque pneumônico, ou a uma síndrome septicêmica, a qual,sem tratamento, tem uma taxa <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 30 a 60% (tipo tifóidico). Osmicroorganismos, que circulam na corrente sangüínea, po<strong>de</strong>m localizar-se no pulmãoe nos espaços pleurais (tipo pleuropulmonar). A infecção po<strong>de</strong> ser introduzida,também, pelo saco conjuntival, e, quando isto ocorre, gera uma conjuntivite purulentadolorosa e linfa<strong>de</strong>nite regional (tipo oculoganglionar). A pneumonia é umacomplicação que po<strong>de</strong> aparecer em qualquer forma clínica, e impõe pronto diagnósticoe tratamento específico imediatos, para evitar o óbito.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALDeve ser feito com peste, e muitas outras infecções causadas por estafilococos eestreptococos, como a linforreticulose benigna (febre do arranhão do gato) eesporotricose.2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIALO diagnóstico mais comum é feito mediante dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos,entretanto, po<strong>de</strong>-se confirmar através do aumento <strong>de</strong> anticorpos séricos específicosque aparecem na segunda semana da doença. Po<strong>de</strong> haver reações cruzadas comBrucella. O diagnóstico rápido se faz através <strong>de</strong> estudo do exsudato da úlcera, do850 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAmaterial da aspiração <strong>de</strong> gânglios linfáticos e outras amostras clínicas, por meio da prova <strong>de</strong> anticorposfluorescentes. A biopsia diagnóstica <strong>de</strong> gânglios linfáticos, com infecção aguda, será realizada somentequando o paciente encontrar-se sob a proteção <strong>de</strong> tratamento específico com antibióticos, pois a coleta<strong>de</strong> material, geralmente, induz a bacteremia. As bactérias patógenas são i<strong>de</strong>ntificadas através <strong>de</strong> cultivoem meios especiais, ou por inoculação <strong>de</strong> animais, em laboratório, com material das lesões, sangue ecatarro. Deve-se tomar cuidados especiais, para evitar a transmissão em laboratório <strong>de</strong> microorganismosmuito virulentos por meio <strong>de</strong> aerossóis, razão pela qual a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>ve ser realizada somente emlaboratórios especializados. Em quase todos os casos, o diagnóstico é feito por técnicas sorológicas.2.4. TRATAMENTOEstreptomicina ou gentamicina, durante 7 a 14 dias, são os medicamentos <strong>de</strong> preferência. As tetraciclinase o claranfenicol são bacteriostáticos e eficientes, mas são <strong>de</strong> segunda escolha (período não menor doque 14 dias), por apresentarem mais casos <strong>de</strong> recaídas do que os anteriores. A aspiração, a incisão e adrenagem ou coleta <strong>de</strong> material <strong>de</strong> biopsia <strong>de</strong> gânglio linfático inflamado, po<strong>de</strong>m disseminar a infecção enestes casos, é necessário, como referido, usar a proteção à base <strong>de</strong> antibióticos.3. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA3.1. OBJETIVOS• Diagnóstico e tratamento precoce dos casos, para evitar complicações e óbitos.• I<strong>de</strong>ntificação da fonte <strong>de</strong> infecção, para adoção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controle e <strong>de</strong>sinfecção concorrente.3.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoPaciente, com evidência ou história <strong>de</strong> exposição a vetor, tecidos <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iros mamíferos da Francisellatularensis, ou exposição <strong>de</strong> água potencialmente contaminada, associado a uma das seguintesmanifestações clinicas:• úlcera cutânea com linfa<strong>de</strong>nopatia regional (Ulceroglandular)• linfa<strong>de</strong>nopatia regional (Glandular)• conjuntivite com linfa<strong>de</strong>nopatia preauricular (Oculoglandular)• estomatite ou faringite ou tonsilite e linfa<strong>de</strong>nopatia cervical (Orofaríngea)• dor abdominal intestinal, vômito e diarréia (Intestinal)• doença pleuropulmonar primária (Pneumônica)• doença febril sem sinais e sintomas localizados prévios (Tifói<strong>de</strong>a)ð Critério diagnóstico presuntivo (laboratorial)- Caso suspeito, que apresente títulos elevados <strong>de</strong> anticorpos séricos do antígeno F. tularensis(sem mudança documentada <strong>de</strong> quatro vezes ou mais), em um paciente com nenhuma história<strong>de</strong> vacinação contra a tularemia, ou- Caso suspeito, com <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> F. tularensis, em espécime clinica, através <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong>imunofluorescência.UNASA 851


T U L A R E M I AConfirmado laboratorialmente• Isolamento <strong>de</strong> F. tularensis em espécimes clínicas, ou• Títulos <strong>de</strong> anticorpos séricos quatro vezes ou mais elevados para o antígeno F.tularensis.Classificação <strong>de</strong> caso• Provável: um caso clinicamente compatível, com resultados laboratoriaisindicativos <strong>de</strong> infecção presuntiva.• Confirmado: um caso clinicamente compatível, com resultados laboratoriaisconfirmatórios. Clínico-Laboratorial: isolamento e/ou sorologia e/ou histopatologia.3.3. NOTIICAÇÃOA ocorrência <strong>de</strong> casos suspeitos <strong>de</strong>sta doença requer imediata notificação einvestigação, por se tratar <strong>de</strong> doença grave e sob vigilância. Mesmo casos isoladosimpõem a adoção imediata <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controle, visto se tratar <strong>de</strong> evento inusitado.Por ser uma doença passível <strong>de</strong> uso in<strong>de</strong>vido como arma biológica, todo casosuspeito <strong>de</strong>ve ser prontamente comunicado por telefone, fax ou e-mail às autorida<strong>de</strong>ssanitárias superiores.3.4. INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICAImediatamente após a notificação da existência <strong>de</strong> caso suspeito, <strong>de</strong> um ou maiscasos da doença, <strong>de</strong>ve-se iniciar a investigação para esclarecimento diagnóstico, epermitir que as medidas <strong>de</strong> controle possam ser adotadas em tempo oportuno.Preencher todos os campos da Ficha <strong>de</strong> Notificação do SINAN, relativos aos dadosgerais, notificação individual e residência.Não se dispõe <strong>de</strong> Ficha Epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong>Investigação para este agravo no SINAN, <strong>de</strong>vendo-se elaborar uma específica paraeste fim, contendo campos que coletem os dados das principais características clínicase epi<strong>de</strong>miológicas da doença (ver roteiro <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> casos e epi<strong>de</strong>mias, noCapítulo 2 <strong>de</strong>ste Guia).4. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLENa antiga União Soviética, aplicava-se extensivamente por via intradérmica, atravésdo método <strong>de</strong> escarificação, as vacinas preparadas com microorganismos vivosatenuados, mas nos Estados Unidos o seu uso é limitado aos grupos expostos aorisco ocupacional. Para o pessoal <strong>de</strong> laboratório, que trabalha com o microorganismo,está disponível uma vacina viva atenuada, <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> uma cepa não virulenta viva.A eficácia e efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste imunobiológico ainda estão sob estudos e sua futuradisponibilização ainda não está <strong>de</strong>terminada.Quando um paciente é diagnosticado, o isolamento, precaução com as secreções esangue, <strong>de</strong>sinfecção concorrente, são medidas que <strong>de</strong>vem ser adotadas.852 UNASA


VARÍOLACID 10: B03


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAVARÍOLA1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS1.1. DESCRIÇÃOA varíola é uma doença viral, exclusiva <strong>de</strong> humanos. Encontra-se erradicada nomundo, tendo o último caso sido registrado em 26 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1977, na Somália.Contudo, apresenta-se como uma potencial ameaça contra todos os países,principalmente pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso em atos terroristas.É consi<strong>de</strong>rada a mais séria <strong>de</strong> todas as doenças infecciosas, matando <strong>de</strong> 25% a30% das pessoas infectadas que não estavam imunizadas. Em 1980, após ainterrupção da circulação <strong>de</strong>ste vírus, a vacinação foi interrompida, exceto emtrabalhadores <strong>de</strong> laboratório que manipulavam o agente em pesquisas. Oficialmente,apenas dois laboratórios conservam estoques do vírus, um nos Estados Unidos daAmérica e outro na Rússia. Entretanto, após o atentado <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2001,cogitou-se da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que outros estoques estejam conservados em locais<strong>de</strong>sconhecidos.1.2. SINONÍMIABexiga, alastrim.1.3. AGENTE ETIOLÓGICOVírus DNA, do gênero Orthopoxvirus, da subfamilia Chordopoxvirinae da famíliaPoxviridae. É um dos vírus mais resistentes, em particular, aos agentes físicos.1.4. RESERVATÓRIONão há reservatório animal, e os seres humanos não são portadores. Desta forma,presume-se que o vírus tenha emergido <strong>de</strong> um reservatório animal, no passado,após o primeiro assentamento <strong>de</strong> agricultores, cerca <strong>de</strong> 10.000 anos A.C., quandoos aglomerados populacionais tornaram-se gran<strong>de</strong>s o suficiente para manter atransmissão <strong>de</strong> pessoa a pessoa.1.5. MODO DE TRANSMISSÃODe pessoa a pessoa, através <strong>de</strong> gotículas <strong>de</strong> saliva e aerossóis.1.6. PERÍODO DE INCUBAÇÃODe 10 a 14 dias (variando <strong>de</strong> 7 a 19 dias), após a exposição.UNASA 855


V A R Í O L A1.7. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADEEm média <strong>de</strong> 3 semanas, que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento em que aparecem as primeiraslesões até o <strong>de</strong>sprendimento <strong>de</strong> todas as crostas. A fase <strong>de</strong> maior contaminação éo período anterior às erupções, por meio <strong>de</strong> gotículas <strong>de</strong> aerossóis que levam o vírusàs lesões orofaringeas.1.8. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADEAspectos como ida<strong>de</strong>, sexo, raça e clima não evitam nem favorecem a transmissãoda varíola.2. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS2.1. MANIESTAÇÕES CLÍNICASPaciente com doença sistêmica, que apresenta pródromos com duração média <strong>de</strong> 2a 4 dias, que se inicia com sintomas inespecíficos, tais como: febre alta, mal estarintenso, cefaléia, dores musculares, náuseas e prostração, po<strong>de</strong>ndo apresentar doresabdominais intensas e <strong>de</strong>lírio. A doença progri<strong>de</strong> com o aparecimento <strong>de</strong> lesõescutâneas (mácula, pápula, vesícula, pústula e formação <strong>de</strong> crostas) em surto único,<strong>de</strong> duração média entre 1 e 2 dias, distribuição centrífuga, atingindo mais face emembros. Observa-se o mesmo estágio evolutivo das lesões, em uma <strong>de</strong>terminadaárea.2.2. DIAGNÓSTICO DIERENCIALO principal diagnóstico diferencial é com a varicela, sendo quase impossível distinguílas,clinicamente, nos primeiros 2 a 3 dias <strong>de</strong> aparecimento das máculas.VARÍOLAAlastrim - BexigaInício entre 7 e 17 dias, após contato com doente <strong>de</strong> varíola.. O paciente apresenta febre e mal-estar, 2 a 4 dias antes <strong>de</strong>aparecerem as lesões.As lesões duram <strong>de</strong> 1 a 2 dias. Não aparecem lesões novas,após este período.As lesões são mais numerosas na face, braços e pernas,inclusive nas palmas das mãos e plantas dos pés.Em um mesmo segmento do corpo, as lesões encontram-seem um mesmo estágio <strong>de</strong> evolução. (Ex.: não são observadascrostas e vesículas, ao mesmo tempo).As crostas se formam <strong>de</strong> 10 a 14 dias, após o início daerupção, e caem entre o 14° ao 28° dia após o início daslesões.VARICELACataporaInício <strong>de</strong> 14 a 21 dias, após contato com doente <strong>de</strong> varicela.O paciente não apresenta sintomas, até o aparecimento daslesões.As lesões aparecem em diversas fases, durante vários dias, atéuma semana.As lesões são mais numerosas no tronco, sendo raras naspalmas das mãos ou planta dos pés.As lesões apresentam estágios diferentes <strong>de</strong> evolução, em ummesmo segmento do corpo. Máculas, vesículas, pústulas ecrostas po<strong>de</strong>m ser encontradas simultaneamente.As crostas se formam <strong>de</strong> 4 a 7 dias, após o início da erupção, ecaem <strong>de</strong>ntro dos 14 dias, após o aparecimento das lesões.• Outros diagnósticos diferenciais: impetigo, eczema infectado, sífilis secundária,escabiose, picadas <strong>de</strong> insetos, erupções medicamentosas, eritema multiforme.Quando se apresenta sob a forma hemorrágica, a varíola po<strong>de</strong> ser confundidacom a leucemia aguda, meningococcemia e púrpura trombocitopênica idiopática.856 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA2.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL• Exame direto <strong>de</strong> material <strong>de</strong> lesões da pele ou mucosas.ð Microscopia clássica <strong>de</strong> esfregaços corados especificamente pelo violeta<strong>de</strong>-metilaou pela prata;ð Imunofluorescência direta ou indireta.• Exame <strong>de</strong> antígeno virótico presente nas lesões da pele ou no soro:ð Precipitação em gel-ágar;ð Fixação <strong>de</strong> complemento.• Isolamento e i<strong>de</strong>ntificação do vírus variólico.2.4. TRATAMENTONão há tratamento específico para varíola. A terapia é <strong>de</strong> suporte, mantendo-se obalanço hidroeletrolítico, e cuidados <strong>de</strong> enfermagem. A antibioticoterapia é indicada,para o tratamento <strong>de</strong> infecções bacterianas secundárias, que são freqüentes.3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOSA varíola foi uma doença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> impacto na saú<strong>de</strong> pública mundial. Em 1967, 33países ainda eram consi<strong>de</strong>rados endêmicos, com cerca <strong>de</strong> 10-15 milhões <strong>de</strong> casosnotificados por ano. Como a mortalida<strong>de</strong> média atingia a casa dos 30% em pessoasnão vacinadas, cerca <strong>de</strong> 3 milhões <strong>de</strong> mortes ocorriam a cada ano.Estudos <strong>de</strong>monstraram que, no hemisfério norte, a varíola era mais freqüente noinverno e na primavera, estações coinci<strong>de</strong>ntes, no hemisfério sul, com o verão eoutono, on<strong>de</strong> parecia também aumentar a incidência da varíola, quando esta eraendêmica.A introdução da varíola, no território brasileiro, ocorreu com os primeiroscolonizadores e escravos no século XVI, e a primeira epi<strong>de</strong>mia registrada data <strong>de</strong>1563, na Ilha <strong>de</strong> Itaparica na Bahia, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se disseminou para o resto do país.No ano <strong>de</strong> 1804, foi introduzida a vacina jeneriana no país, dando-se início àscampanhas <strong>de</strong> combate à virose. Em 1962, o Ministério da Saú<strong>de</strong> criou a “CampanhaNacional Contra a Varíola”, com resultados inexpressivos, e a média anual <strong>de</strong>casos superior mantinha-se elevada, em torno <strong>de</strong> 3 mil, sendo mais atingida a faixaetária <strong>de</strong> menores <strong>de</strong> 15 anos (80% dos casos).Em agosto <strong>de</strong> 1966 foi instituída a Campanha <strong>de</strong> Erradicação da Varíola, e sódurante a fase <strong>de</strong> ataque, encerrada em 16 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1971, cerca <strong>de</strong> 88% dapopulação brasileira já havia sido vacinada.A notificação mensal <strong>de</strong> casos diminuiu, e a vigilância ativa da doença permitiureduzir a ocorrência <strong>de</strong> casos e notificação, o que aumentava a efetivida<strong>de</strong> dosbloqueios vacinais.Em 1971, com o prosseguimento dos trabalhos <strong>de</strong> vacinação, foi-se interrompendoa transmissão no país, registrando-se apenas 19 casos <strong>de</strong> varíola em todo o territóriobrasileiro, todos no estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro. A última notificação da doença foi emabril daquele ano, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então não há registro <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> varíola no Brasil.UNASA 857


V A R Í O L AAtualmente, consi<strong>de</strong>ra-se importante estar preparado para respon<strong>de</strong>r a um possívelataque com o vírus da varíola, como arma biológica, por se saber que este agente érelativamente estável, <strong>de</strong> fácil disseminação (aerossolização), <strong>de</strong> alta transmissibilida<strong>de</strong>.4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA4.1. OBJETIVOSManter erradicada a varíola, mediante a <strong>de</strong>tecção precoce <strong>de</strong> casos suspeitos eadoção das medidas <strong>de</strong> controle pertinentes.4.2. DEINIÇÃO DE CASOSuspeitoTodos os pacientes, provenientes <strong>de</strong> países ou regiões, com suspeita <strong>de</strong> disseminaçãoaci<strong>de</strong>ntal ou intencional do vírus da varíola, apresentando sinais clínicos inespecíficos,e que até 4 dias do início dos sintomas apresente lesões cutâneas.Confirmado• Critério clínico laboratorial: todo caso suspeito, que apresente isolamento dovírus da varíola.• Critério clínico epi<strong>de</strong>miológico: todo caso suspeito <strong>de</strong> varíola, proveniente<strong>de</strong> países ou regiões em que outros casos tenham sido confirmados laboratorialmente,ou casos que tenham relato <strong>de</strong> manifestação clínica característica <strong>de</strong>varíola, e que tenham evoluído para óbito.DescartadoCaso suspeito, com diagnóstico laboratorial negativo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se comprove queas amostras foram coletadas e transportadas a<strong>de</strong>quadamente; ou, caso suspeito,com diagnóstico confirmado <strong>de</strong> outra doença.4.3. NOTIICAÇÃOA ocorrência <strong>de</strong> casos suspeitos <strong>de</strong> varíola requer imediata notificação e investigação,por se tratar <strong>de</strong> doença grave. Um caso po<strong>de</strong> significar a existência <strong>de</strong> um surto, oque impõe a adoção imediata <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controle. Por ser uma doença <strong>de</strong>notificação compulsória internacional, todo caso suspeito <strong>de</strong>ve ser prontamentecomunicado por telefone, fax ou e-mail às autorida<strong>de</strong>s sanitárias superiores.4.4. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS4.4.1. Assistência médica ao paciente: hospitalização imediata dos pacientes,em hospitais <strong>de</strong> referência para isolamento e tratamento, tendo-se o cuidado <strong>de</strong>verificar se todos os profissionais foram imunizados previamente (interrogar sobrehistória vacinal, e inspecionar a marca da vacina “pega”).858 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4.4.2. Qualida<strong>de</strong> da assistência: verificar se os casos estão sendo atendidos, emUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Referência, para prestar atendimento a<strong>de</strong>quado e oportuno.4.4.3. Proteção individual para evitar circulação viral: todos os profissionaisdo hospital <strong>de</strong> referência <strong>de</strong>verão estar previamente imunizados. Utilizar equipamento<strong>de</strong> proteção padrão e máscara tipo N-95. Roupas íntimas e <strong>de</strong> cama <strong>de</strong>verão seracondicionadas em sacos para transporte <strong>de</strong> material biológico e, posteriormente,autoclavados e incinerados. O local <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>scontaminado, <strong>de</strong> acordo comnormas do programa <strong>de</strong> infecção hospitalar.4.4.4. Proteção da população: logo que se tenha conhecimento da suspeita <strong>de</strong>caso(s) <strong>de</strong> varíola, <strong>de</strong>ve-se organizar um bloqueio vacinal, nas áreas on<strong>de</strong> o pacienteesteve no período <strong>de</strong> viremia, privilegiando as populações expostas ao risco <strong>de</strong>transmissão, não sendo necessário aguardar resultados <strong>de</strong> exames laboratoriais,para confirmação dos casos suspeitos.Ações <strong>de</strong> esclarecimento à população, utilizando-se <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>massa, além <strong>de</strong> visitas domiciliares e palestras nas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem serorganizadas. Conhecimentos sobre o ciclo <strong>de</strong> transmissão da doença, gravida<strong>de</strong> eesclarecimentos da situação <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>vem ser veiculados.4.4.5. Investigação: imediatamente após a notificação <strong>de</strong> um ou mais casos <strong>de</strong>varíola, <strong>de</strong>ve-se iniciar a investigação epi<strong>de</strong>miológica, para permitir que as medidas<strong>de</strong> controle possam ser adotadas em tempo oportuno.É imprescindível que os profissionais que irão participar das investigações tenham sidovacinados previamente, antes <strong>de</strong> se <strong>de</strong>slocarem para a provável área <strong>de</strong> transmissão.4.5. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA4.5.1. I<strong>de</strong>ntificação do paciente: <strong>de</strong>verão ser preenchidos todos os itens da Ficha<strong>de</strong> Notificação do SINAN, relativos aos dados gerais, notificação individual e dados<strong>de</strong> residência.Não se dispõe <strong>de</strong> Ficha Epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> Investigação no SINAN, <strong>de</strong>vendo-seelaborar uma específica para este fim, que contenha campos que coletem os dadosdas principais características clínicas e epi<strong>de</strong>miológicas da doença.4.5.2. Coleta <strong>de</strong> dados clínicos e epi<strong>de</strong>miológicos: por se tratar <strong>de</strong> doençaerradicada, com pouca probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência, a história epi<strong>de</strong>miológica éimportantíssima, para fundamentar a suspeita diagnóstica <strong>de</strong> varíola. Assim, torna-seda maior importância entrevistar o médico que aten<strong>de</strong>u o paciente; se existe algumaevidência nacional ou internacional <strong>de</strong> transmissão intencional, ou se for o caso se opaciente é proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> alguma região do mundo <strong>de</strong> reativação <strong>de</strong> “foco da doença”.Como, em geral, quando se suspeita <strong>de</strong> varíola os doentes são hospitalizados, <strong>de</strong>veseconsultar o prontuário, além da entrevista ao médico assistente, visando completaras informações clínicas e epi<strong>de</strong>miológicas sobre o paciente. Essas informaçõesservirão para <strong>de</strong>finir se o quadro apresentado é compatível com a doença. Cuidarpara que a i<strong>de</strong>ntificação e o en<strong>de</strong>reço do paciente sejam preservados.UNASA 859


V A R Í O L ASugere-se que se faça uma cópia da anamnese, exame físico e da evolução dodoente, com vistas ao enriquecimento das análises, e também para que possamservir como instrumento <strong>de</strong> aprendizagem dos profissionais do nível local.Acompanhar a evolução dos pacientes e os resultados dos exames laboratoriaisespecíficos.• Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> transmissãoð Investigar minuciosamente- Procedência e <strong>de</strong>slocamentos do caso, <strong>de</strong> familiares e/ou <strong>de</strong> amigos(consi<strong>de</strong>rar todos aqueles que antece<strong>de</strong>ram aos dias do início dossintomas, inclusive os <strong>de</strong> curta duração), para caracterizar se houvepermanência em local <strong>de</strong> provável circulação viral.- Notícias <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> varicela naquele período, para se estabelecer odiagnóstico diferencial, bem como averiguar esta ocorrência em anosanteriores.Estes procedimentos <strong>de</strong>vem ser feitos, mediante entrevista com o paciente,familiares ou responsáveis, bem como com pessoas chaves da comunida<strong>de</strong>.Tais dados, que serão anotados na ficha <strong>de</strong> investigação e folhas anexas,permitirão i<strong>de</strong>ntificar o provável local <strong>de</strong> transmissão do vírus.Por se tratar <strong>de</strong> doença com alto po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> disseminação, caso tenha fundamentoa suspeita diagnóstica, cabe verificar rápida e imediatamente a história dos<strong>de</strong>slocamentos, <strong>de</strong> todos os casos suspeitos. Deste modo, <strong>de</strong>finir-se-á com maiorgrau <strong>de</strong> certeza o(s) local(is) provável (eis) <strong>de</strong> infecção, como também a abrangênciada circulação do vírus. Importante observar que, mesmo permanências<strong>de</strong> poucas horas com pacientes com suspeita <strong>de</strong> varíola, ou mesmo locais comfômites <strong>de</strong> doentes, po<strong>de</strong>m resultar em infecção.Lembrar que a i<strong>de</strong>ntificação da área, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u a transmissão, é <strong>de</strong> fundamentalimportância, para nortear a continuida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> investigação e a extensão dasmedidas <strong>de</strong> controle imediatas.• Para <strong>de</strong>terminação da extensão da área <strong>de</strong> transmissãoð Busca ativa <strong>de</strong> casos humanos- Após a i<strong>de</strong>ntificação do possível local <strong>de</strong> transmissão, iniciar imediatamentebusca ativa <strong>de</strong> outros casos humanos, casa a casa, e em unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Além daqueles com sinais e sintomas evi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> varíola/varicela, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar os óbitos com quadro sugestivo da doença,ocorridos nos dias anteriores na comunida<strong>de</strong>, e os oligosintomáticos,inclusive todos os indivíduos da área que apresentarem febre (vigilância<strong>de</strong> casos exantemáticos), com ou sem outras manifestações clínicas,pois os resultados dos exames laboratoriais irão esclarecer o diagnóstico.- Tanto em área urbana como rural, o procedimento é o mesmo e a<strong>de</strong>limitação da busca baseia-se nos resultados da busca ativa e históriaepi<strong>de</strong>miológica dos primeiros casos.860 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICA4.5.3. Coleta e remessa <strong>de</strong> material para exames• Logo após a suspeita clínica <strong>de</strong> varíola, coletar material <strong>de</strong> todos os casos (óbitos,formas graves ou oligosintomáticas), <strong>de</strong> acordo com as normas técnicas (Anexo1), observando-se criteriosamente todas as recomendações.• É da responsabilida<strong>de</strong> dos profissionais da vigilância epi<strong>de</strong>miológica e/ou doslaboratórios centrais, ou <strong>de</strong> referência, viabilizar, orientar ou mesmo proce<strong>de</strong>r aestas coletas.Caso haja uma forte suspeita clínica e vínculo epi<strong>de</strong>miológico claramente estabelecido,não se <strong>de</strong>ve aguardar os resultados dos exames, para o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento das medidas <strong>de</strong>controle e outras ativida<strong>de</strong>s da investigação, embora eles sejam imprescindíveis paraconfirmar e nortear o encerramento dos casos.Atentar para a interpretação dos resultados <strong>de</strong> sorologias, consi<strong>de</strong>rando as datas <strong>de</strong> coletae dias <strong>de</strong> aparecimento dos sintomas, necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostras pareadas, se não fordosagem <strong>de</strong> IgM, e o estado vacinal do paciente que po<strong>de</strong> levar a resultados falso-positivos.4.5.4. Análise <strong>de</strong> dados: a análise dos dados da investigação <strong>de</strong>ve permitir aavaliação da magnitu<strong>de</strong> do problema, da a<strong>de</strong>quação das medidas adotadas, logo <strong>de</strong>início, visando impedir a propagação da doença, e indicar se as ações <strong>de</strong> prevençãoe alerta às autorida<strong>de</strong>s e comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser mantidas a curto e médio prazos.Des<strong>de</strong> o início do processo, o investigador <strong>de</strong>ve analisar os dados coletados, paraalimentar o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investigação e das ações <strong>de</strong>controle. Esta análise, como referido anteriormente, <strong>de</strong>ve ser orientada parai<strong>de</strong>ntificação da procedência do vírus, se este permanece circulando, ou se foiexportado para outras áreas por meio <strong>de</strong> migração ou fluxo turístico; dimensionamentoda real magnitu<strong>de</strong> do episódio (incidência e letalida<strong>de</strong>); extensão da área on<strong>de</strong> ovírus circulou; se outras áreas estão sob risco <strong>de</strong> introdução do vírus; etc.Para isso, o profissional <strong>de</strong>ve interpretar, passo a passo, os dados coletados, <strong>de</strong>modo a <strong>de</strong>finir: a extensão do bloqueio vacinal, as ativida<strong>de</strong>s para dar continuida<strong>de</strong>à investigação em cada momento, e a ampliação, redução ou interrupção das medidasadotadas, <strong>de</strong> acordo com a evolução do evento e da investigação.A consolidação dos dados, consi<strong>de</strong>rando as características <strong>de</strong> pessoa, tempo eprincipalmente <strong>de</strong> área geográfica, permitirá uma caracterização <strong>de</strong>talhada doepisódio.4.5.5. Encerramento <strong>de</strong> caso: os dados <strong>de</strong> cada caso <strong>de</strong>vem ser analisados,visando <strong>de</strong>finir qual o critério utilizado para o diagnóstico, consi<strong>de</strong>rando as seguintesalternativas:• Confirmado por critério clínico laboratorial: isolamento viral, sorologia ehistopatologia.• Confirmado por critério clínico epi<strong>de</strong>miológico: verificar se existe vínculoepi<strong>de</strong>miológico, entre o caso suspeito e outros casos confirmados <strong>de</strong> varíola.• Óbitos: também serão consi<strong>de</strong>rados confirmados os óbitos <strong>de</strong> paciente comvínculo epi<strong>de</strong>miológico e manifestações clínicas <strong>de</strong> varíola.UNASA 861


V A R Í O L A• Caso <strong>de</strong>scartado: caso notificado, cujos resultados <strong>de</strong> exames laboratoriaisa<strong>de</strong>quadamente coletados e transportados foram negativos, ou tiveram comodiagnóstico outra doença.Observar se todos os dados necessários ao encerramento dos casos e do evento(epi<strong>de</strong>mia ou caso(s) isolado(s)), foram coletados durante a investigação, <strong>de</strong>vendoestar criteriosamente registrados e analisados.4.5.6. Relatório final: os dados da investigação <strong>de</strong>verão ser sumarizados, em umrelatório com as principais conclusões.5. INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE5.1. IMUNIZAÇÃO• Recomendações para vacinaçãoð Estratégia primária- A vacinação dos contatos <strong>de</strong>ve ser baseada na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> umcaso <strong>de</strong> varíola, e na vacinação das pessoas que tiveram contato comum caso <strong>de</strong> varíola, ou muito provavelmente tiveram este contato, poisessas pessoas são as que têm gran<strong>de</strong> chance <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a doença.Se contatos forem vacinados, em até 4 dias, após o contato com o caso<strong>de</strong> varíola, estes po<strong>de</strong>rão estar protegidos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a doença, oupo<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver uma doença menos severa. À medida que atransmissão da varíola se dá, usualmente, através do contato íntimo,exceto em circunstâncias especiais, as pessoas que têm contato íntimodomiciliar com um doente são as que têm maior risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver adoença, e, por isso, a vacinação <strong>de</strong>las <strong>de</strong>ve ser priorizada.Indivíduos que, muito provavelmente, entraram em contato com umcontato assintomático <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> varíola (membros do mesmodomicílio), também <strong>de</strong>vem ser vacinados para prevenir a infecção <strong>de</strong>stesindivíduos, pois po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver a doença mais tar<strong>de</strong>. Soma-se aisso, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolamento dos indivíduos contagiosos (aquelesque apresentam exantema) para prevenir o contato com os não vacinados,ou indivíduos suscetíveis, durante o período <strong>de</strong> infecciosida<strong>de</strong> (do iníciodo rash até que todas as crostas tenham caído), limitando a posterioroportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão da doença. A vigilância intensiva dos outroscontatos e dos casos potenciais na área, ajudará a i<strong>de</strong>ntificar outrosgrupos para a vacinação focal e o isolamento.As estratégias <strong>de</strong> vacinação contra a varíola, em um surto, <strong>de</strong>vem estar baseadasem:• I<strong>de</strong>ntificação rápida e o isolamento dos casos <strong>de</strong> varíola;• I<strong>de</strong>ntificação e vacinação dos seus contatos íntimos;• Monitoramento dos contatos vacinados, e isolamento daqueles que <strong>de</strong>senvolveremfebre;• Vacinação dos membros do domicílio que não tiverem contra indicação paravacinação, a fim <strong>de</strong> protegê-los, se o contato <strong>de</strong>senvolver varíola. Os membrosdo domicílio <strong>de</strong> um contato que não po<strong>de</strong>m ser vacinados, <strong>de</strong>vido a contra862 UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAindicações, <strong>de</strong>vem ficar fora da casa para evitar o contato até o final do período<strong>de</strong> incubação (18 dias) ou 14 dias após a vacinação do contato.• Vacinar os trabalhadores da assistência e da saú<strong>de</strong> pública (médicos, enfermeiros,etc.) que estarão envolvidos diretamente na avaliação, tratamento, transporteou outras entrevistas com casos potenciais <strong>de</strong> varíola.• Vacinar outros recursos humanos, <strong>de</strong> respostas que têm uma probabilida<strong>de</strong>razoável <strong>de</strong> ter contato com pacientes <strong>de</strong> varíola, ou materiais infecciosos (ex.:pessoal militar, emergência, grupos especiais <strong>de</strong> secretarias <strong>de</strong> segurança pública,entre outros).Deve ser fornecida uma ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> vacinação a todos os vacinados, na hora davacinação. Este cartão servirá para registrar os procedimentos <strong>de</strong> seguimento davacinação, ou seja, a confirmação <strong>de</strong> que a vacina foi recebida e o reconhecimentodas reações locais.Se os recursos humanos permitirem, a vacinação <strong>de</strong>ve ser confirmada e registradapelo pessoal <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, sete dias após a vacinação. Se os recursos humanos nãopermitirem seguimento direto para a confirmação da vacina recebida, os vacinados<strong>de</strong>vem ser instruídos a entrar em contato com os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> foi realizadaa vacinação, para informar que existe uma cicatriz no local da vacina, e que estatem alguma semelhança com a apresentada na ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> vacinação.• Estratégia suplementar: po<strong>de</strong> ser instituída ainda uma ampla campanha <strong>de</strong>vacinação em nível nacional, com o objetivo <strong>de</strong> aumentar a imunida<strong>de</strong>populacional para a varíola. Esta ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> correr em paralelo, com a buscaativa e vacinação dos contatos, e <strong>de</strong>ve seguir as seguintes condições:ð O número inicial <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> varíola, ou locais i<strong>de</strong>ntificados <strong>de</strong> surtos <strong>de</strong>varíola é consi<strong>de</strong>rado muito gran<strong>de</strong>, para permitir a busca ativa dos contatose realizar a vacinação, e para ser a única estratégia efetiva <strong>de</strong> contenção <strong>de</strong>um surto.ð Os casos novos não apresentam <strong>de</strong>clínio, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> duas ou mais gerações,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o caso i<strong>de</strong>ntificado inicialmente.ð As medidas <strong>de</strong> controle iniciais não apresentam <strong>de</strong>clínio, no número <strong>de</strong> casosnovos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> aproximadamente 30% dos estoques <strong>de</strong> vacina terem sidoutilizados.UNASA 863


GLOSSÁRIO


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAGLOSSÁRIOEste glossário foi elaborado com o objetivo <strong>de</strong> esclarecer a terminologia usada nesteGuia <strong>de</strong> <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica. Vale salientar que, embora alguns dos termosaqui incluídos possam ser encontrados com significados diferentes, as <strong>de</strong>finiçõesapresentadas são as mais freqüentemente aplicadas no contexto da vigilância econtrole <strong>de</strong> doenças transmissíveis.ABATE: marca comercial do inseticida organofosforado Temefós.AGENTE: entida<strong>de</strong> biológica, física ou química capaz <strong>de</strong> causar doença.AGENTE INFECCIOSO: agente biológico, capaz <strong>de</strong> produzir infecção ou doençainfecciosa.ALADO: fase adulta do vetor, presença <strong>de</strong> asas.ANATOXINA (toxói<strong>de</strong>): toxina tratada pelo formol ou outras substâncias, queper<strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> toxigênica, mas conserva sua imunogenicida<strong>de</strong>. Os toxói<strong>de</strong>ssão usados para induzir imunida<strong>de</strong> ativa e específica contra doenças.ANTICORPO: globulina encontrada em fluidos teciduais e no soro, produzida emresposta ao estímulo <strong>de</strong> antígenos específicos, sendo capaz <strong>de</strong> se combinar com osmesmos, neutralizando-os ou <strong>de</strong>struindo-os.ANTICORPO MONOCLONAL: anticorpo produzido pela progênie <strong>de</strong> uma únicacélula e que por isso é extremamente puro, preciso e homogêneo.ANTIGENICIDADE: capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um agente, ou <strong>de</strong> fração do mesmo, estimulara formação <strong>de</strong> anticorpos.ANTÍGENO: porção ou produto <strong>de</strong> um agente biológico, capaz <strong>de</strong> estimular aformação <strong>de</strong> anticorpos específicos.ANTISSEPSIA: conjunto <strong>de</strong> medidas empregadas para impedir a proliferaçãomicrobiana.ANTITOXINA: anticorpos protetores que inativam proteínas solúveis tóxicas <strong>de</strong>bactérias.ANTRÓPICO: tudo que po<strong>de</strong> ser atribuído à ativida<strong>de</strong> humana.ANTROPONOSE: infecção cuja transmissão se restringe aos seres humanos.ANTROPOZOONOSE: infecção transmitida ao homem, por reservatório animal.ARBOVIROSES: viroses transmitidas, <strong>de</strong> um hospe<strong>de</strong>iro para outro, por meio <strong>de</strong>um ou mais tipos <strong>de</strong> artrópo<strong>de</strong>s.ÁREA ENDÊMICA: aqui consi<strong>de</strong>rada como área reconhecidamente <strong>de</strong> transmissãopara esquistossomose, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> extensão, contínua, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um município.ÁREA DE FOCO: área <strong>de</strong> transmissão para esquistossomose, porém <strong>de</strong> localizaçãobem <strong>de</strong>finida, limitada a uma localida<strong>de</strong> ou pequeno número <strong>de</strong>sta, em um município.UNASA 867


G L O S S Á R I OÁREA INDENE VULNERÁVEL: área reconhecidamente sem transmissão paraesquistossomose, mas cujas condições ambientais (presença <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>irosintermediários nas condições hídricas), associadas a precárias condições sócioeconômicase <strong>de</strong> saneamento, na presença <strong>de</strong> migrantes portadores daesquistossomose, oriundos <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> transmissão, tornam a área sob risco.ASCITE: acúmulo <strong>de</strong> líquido seroso na cavida<strong>de</strong> peritonial, causado pelo aumentoda pressão venosa ou queda da albumina no plasma. O exame revela aumentoindolor do abdome, macicez líquida que muda com a postura. É responsável pelotermo “barriga d’água” para a esquistossomose.ASSEPSIA: conjunto <strong>de</strong> medidas utilizadas para impedir a penetração <strong>de</strong>microorganismos (contaminação), em local que não os contenha.ASSOCIAÇÃO MEDICAMENTOSA: administração simultânea <strong>de</strong> dois ou maismedicamentos, seja em preparação separada, seja em uma mesma preparação.BACTERIÓFAGO: vírus que lisa a bactéria. Vírus capaz <strong>de</strong> infectar e <strong>de</strong>struirbactérias. São freqüentemente usados como vetores pela engenharia genética.BIOCENOSE: comunida<strong>de</strong> resultante da associação <strong>de</strong> populações confinadasem <strong>de</strong>terminados ambientes, no interior <strong>de</strong> um ecossistema.BIOGEOCENOSE (ecossistema): sistema dinâmico que inclui todas as interaçõesentre o ambiente e as populações ali existentes.BIOSFERA: conjunto <strong>de</strong> todos os ecossistemas.BIOTA: reunião <strong>de</strong> várias comunida<strong>de</strong>s.CAPACIDADE VETORIAL: proprieda<strong>de</strong> do vetor, mensurada por meio <strong>de</strong>parâmetros como abundância, sobrevivência e grau <strong>de</strong> domiciliação. É relacionadaà transmissão do agente infeccioso em condições naturais.CARACTERES EPIDEMIOLÓGICOS: modos <strong>de</strong> ocorrência natural dasdoenças em uma comunida<strong>de</strong>, em função da estrutura epi<strong>de</strong>miológica da mesma.CARÁTER ANTIGÊNICO: combinação química dos componentes antigênicos<strong>de</strong> um agente, cuja combinação e componentes são únicos, para cada espécie oucepa do agente, sendo responsável pela especificida<strong>de</strong> da imunida<strong>de</strong> resultante dainfecção.CASO: pessoa ou animal infectado ou doente, apresentando características clínicas,laboratoriais e/ou epi<strong>de</strong>miológicas específicas.CASO AUTÓCTONE: caso contraído pelo enfermo na zona <strong>de</strong> sua residência.CASO CONFIRMADO: pessoa <strong>de</strong> quem foi isolado e i<strong>de</strong>ntificado o agenteetiólogico, ou <strong>de</strong> quem foram obtidas outras evidências epi<strong>de</strong>miológicas, e/oulaboratoriais da presença do agente etiológico, como por exemplo, a conversãosorológica em amostras <strong>de</strong> sangue colhidas nas fases aguda e <strong>de</strong> convalescência.Esse indivíduo po<strong>de</strong> ou não apresentar a síndrome indicativa da doença causadapelo agente. A confirmação do caso está sempre condicionada à observação doscritérios estabelecidos pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> caso, que, por sua vez, está relacionada aoobjetivo do programa <strong>de</strong> controle da doença e/ou do sistema <strong>de</strong> vigilância.CASO ESPORÁDICO: caso que, segundo informações disponíveis, não seapresenta epi<strong>de</strong>miologicamente relacionado a outros já conhecidos.868UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICACASO ÍNDICE: primeiro, entre vários casos, <strong>de</strong> natureza similar e epi<strong>de</strong>miologicamenterelacionados. O caso índice é muitas vezes i<strong>de</strong>ntificado como fonte <strong>de</strong>contaminação ou infecção.CASO IMPORTADO: caso contraído fora da zona on<strong>de</strong> se fez o diagnóstico. Oemprego <strong>de</strong>ssa expressão dá a idéia <strong>de</strong> que é possível situar, com certeza, a origemda infecção numa zona conhecida.CASO INDUZIDO: caso <strong>de</strong> malária que po<strong>de</strong> ser atribuído a uma transfusão <strong>de</strong>sangue, ou a outra forma <strong>de</strong> inoculação parenteral, porém não à transmissão naturalpelo mosquito. A inoculação po<strong>de</strong> ser aci<strong>de</strong>ntal ou <strong>de</strong>liberada e, neste caso, po<strong>de</strong> terobjetivos terapêuticos ou <strong>de</strong> pesquisa.CASO INTRODUZIDO: na terminologia comum, esse nome é dado aos casossintomáticos diretos, quando se po<strong>de</strong> provar que os mesmos constituem o primeiroelo da transmissão local após um caso importado conhecido.CASO PRESUNTIVO: pessoa com síndrome clínica compatível com a doença,porém sem confirmação laboratorial do agente etiológico. A classificação comocaso presuntivo, está condicionada à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> caso.CASO SUSPEITO: pessoa cuja história clínica, sintomas e possível exposição auma fonte <strong>de</strong> infecção, sugerem que possa estar ou vir a <strong>de</strong>senvolver alguma doençainfecciosa.CEPA: população <strong>de</strong> uma mesma espécie, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> um único antepassadoou que tenha espécie <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> um único antepassado, ou que tenha a mesmaorigem, conservada mediante uma série <strong>de</strong> passagens por hospe<strong>de</strong>iros ou subculturasa<strong>de</strong>quadas. As cepas <strong>de</strong> comportamento semelhante chamam-se “homólogas” e <strong>de</strong>comportamento diferente “heterólogas”. Antigamente, empregava-se o termo “cepa”<strong>de</strong> maneira imprecisa, para aludir a um grupo <strong>de</strong> organismos estreitamenterelacionados entre si, e que perpetuavam suas características em gerações sucessivas.Ver também CULTURA ISOLADA.CERCÁRIA: forma do Schistossoma mansoni, infectante para o homem(hospe<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>finitivo).CIRCULAÇÃO COLATERAL: circulação que se instala em órgãos, ou parte<strong>de</strong>le, através <strong>de</strong> anastomose (comunicação) dos vasos, quando o suprimentosangüíneo original está obstruído ou abolido.CLONE: população <strong>de</strong> organismos geneticamente idênticos, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> umaúnica célula por reprodução assexuada. Nos parasitas da malária obtém-se o clone,em geral, a partir <strong>de</strong> formas eritrocíticas, por meio <strong>de</strong> uma técnica <strong>de</strong> diluição ecultura in vitro.COORTE: Grupo <strong>de</strong> indivíduos que têm um atributo em comum. Designa tambémum tipo <strong>de</strong> estudo epi<strong>de</strong>miológico.COLONIZAÇÃO: propagação <strong>de</strong> um microorganismo, na superfície ou noorganismo <strong>de</strong> um hospe<strong>de</strong>iro, sem causar agressão celular. Um hospe<strong>de</strong>irocolonizador po<strong>de</strong> atuar como fonte <strong>de</strong> infecção.CONGÊNERE: na terminologia química, qualquer substância <strong>de</strong> um grupo químico,cujos componentes sejam <strong>de</strong>rivados da mesma substância-mãe, por exemplo, as 4-aminoquinaleínas são congêneres uma das outras.UNASA 869


G L O S S Á R I OCONTÁGIO: sinônimo <strong>de</strong> transmissão direta.CONTAMINAÇÃO: ato ou momento em que, uma pessoa ou um objeto, se converteem veículo mecânico <strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado agente patogênico.CONTATO: pessoa ou animal que teve contato com pessoa ou animal infectado,ou com ambiente contaminado, criando a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adquirir o agente etiológico.CONTATO EFICIENTE: contato entre um suscetível e uma fonte primária <strong>de</strong>infecção, em que o agente etiológico é realmente transferido <strong>de</strong>ssa para o primeiro.CONTROLE: quando aplicado a doenças transmissíveis e alguns não transmissíveis,significa operações ou programas <strong>de</strong>senvolvidos, com o objetivo <strong>de</strong> reduzir suaincidência e/ou prevalência em níveis muito baixos.COPROSCOPIA: diagnóstico realizado através do exame parasitológico <strong>de</strong> fezes.COR-PULMONALE: comprometimento cardíaco que <strong>de</strong>corre do efeito <strong>de</strong>hipertensão pulmonar sobre o ventrículo direito.CULTURA ISOLADA: amostra <strong>de</strong> parasitas não necessariamente homogêneos,sob a perspectiva genética, obtidos <strong>de</strong> um hospe<strong>de</strong>iro natural e conservados emlaboratório, mediante passagens por outros hospe<strong>de</strong>iros, ou mediante a cultura invitro. Dá-se preferência a esse termo, em lugar <strong>de</strong> “cepa”, <strong>de</strong> uso freqüente, masum tanto impreciso. Ver também CLONE, LINHAGEM E CEPA.CURA RADICAL: eliminação completa <strong>de</strong> parasitas que se encontram noorganismo, <strong>de</strong> tal maneira que fique excluída qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recidivas.DENSIDADE LARVÁRIA: quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> larvas para <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong>nominador(recipiente, concha, área, imóvel).DENOMINAÇÕES INTERNACIONAIS COMUNS (DIC): nomes comuns<strong>de</strong> medicamentos, aceitos pela Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, e incluídos na listaoficial rubricada por esse organismo.DESINFECÇÃO: <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> agentes infecciosos que se encontram fora docorpo, por meio <strong>de</strong> exposição direta a agentes químicos ou físicos.DESINFECÇÃO CONCORRENTE: é a aplicação <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong>sinfetantes omais rápido possível, após a expulsão <strong>de</strong> material infeccioso do organismo <strong>de</strong> umapessoa infectada, ou <strong>de</strong>pois que a mesma tenha se contaminado com referido material.Reduz ao mínimo o contato <strong>de</strong> outros indivíduos com esse material ou objetos.DESINFECÇÃO TERMINAL: <strong>de</strong>sinfecção feita no local em que esteve umcaso clínico ou portador, ocorrendo, portanto, <strong>de</strong>pois que a fonte primária <strong>de</strong> infecção<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> existir (por morte ou por ter se curado), ou <strong>de</strong>pois que ela abandonou olocal. A <strong>de</strong>sinfecção terminal, aplicada raramente, é indicada no caso <strong>de</strong> doençastransmitidas por contato indireto.DESINFESTAÇÃO: <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> metazoários, especialmente artrópo<strong>de</strong>s eroedores, com finalida<strong>de</strong>s profiláticas.DISPONIBILIDADE BIOLÓGICA: velocida<strong>de</strong> e grau <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> ummedicamento, a partir <strong>de</strong> um preparado farmacêutico, <strong>de</strong>terminados por sua curva<strong>de</strong> concentração/tempo na circulação geral, ou por sua excreção na urina.DISSEMINAÇÃO POR FONTE COMUM: disseminação do agente <strong>de</strong> umadoença, a partir da exposição <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado número <strong>de</strong> pessoas, num certo870UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAespaço <strong>de</strong> tempo, a um veículo que é comun. Exemplo: água, alimentos, ar, seringascontaminadas.DIMORFISMO: proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir em duas diferentes formas estruturais.DOENÇA TRANSMISSÍVEL (doença infecciosa): doença causada por umagente infeccioso específico, ou pela toxina por ele produzida, por meio datransmissão <strong>de</strong>sse agente, ou <strong>de</strong> seu produto, tóxico a partir <strong>de</strong> uma pessoa ouanimal infectado, ou ainda, <strong>de</strong> um reservatório para um hospe<strong>de</strong>iro suscetível, sejadireta ou indiretamente intermediado por vetor ou ambiente.DOENÇAS QUARENTENÁRIAS: doenças <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong>, emgeral graves, que requerem notificação internacional imediata à Organização Mundial<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, isolamento rigoroso <strong>de</strong> casos clínicos e quarentena dos comunicantes,além <strong>de</strong> outras medidas <strong>de</strong> profilaxia, com o intuito <strong>de</strong> evitar a sua introdução emregiões até então in<strong>de</strong>nes. Entre as doenças quarentenárias, encontram-se a cólera,febre amarela e tifo exantemático.DOSE DE REFORÇO: quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> antígeno que se administra, com o fim <strong>de</strong>manter ou reavivar a resistência conferida pela imunização.ECOLOGIA: estudo das relações entre seres vivos e seu ambiente. “Ecologiahumana” diz respeito ao estudo <strong>de</strong> grupos humanos, face à influência <strong>de</strong> fatores doambiente, incluindo muitas vezes fatores sociais e do comportamento.ECOSSISTEMA: é o conjunto contituído pela biota e o ambiente não vivo queinteragem em <strong>de</strong>terminada região.EFEITOS DELETÉRIOS DOS MEDICAMENTOS: que inclui todos os efeitosnão <strong>de</strong>sejados que se apresentam nos seres humanos, como resultado da administração<strong>de</strong> um medicamento. Segundo Rasenhein (1958), em geral po<strong>de</strong>-se classificar essesefeitos em: a) efeitos tóxicos: introduzidos por doses excessivas, quer seja por únicadose gran<strong>de</strong> ou pela acumulação <strong>de</strong> várias doses do medicamento; b) efeitoscolaterais: terapeuticamente inconvenientes, mas conseqüência inevitável damedicação (por exemplo, náuseas e vômitos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ingerir cloroquina em jejum, ouqueda <strong>de</strong> pressão, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma injeção endovenosa <strong>de</strong> quinina); c) efeitossecundários: surgem indiretamente como resultado da ação <strong>de</strong> um medicamento(por exemplo, a monilíase em pacientes submetidos a um tratamento prolongado coma tetraciclina); d) intolerância: diminuição do limite <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> à ação fisiológicanormal <strong>de</strong> um medicamento (por exemplo, enjôo, sur<strong>de</strong>z, visão embaraçada que algunspacientes sofrem ao receberem uma dose normal <strong>de</strong> quinina); e) idiossincrasia:reação qualitativamente anormal <strong>de</strong> um medicamento (por exemplo, a hemólise queocorre em alguns pacientes <strong>de</strong>pois da administração <strong>de</strong> primaquina); f)hipersensibilida<strong>de</strong> por reação alérgica: resposta imunológica anormal <strong>de</strong>pois dasensibilização provocada por um medicamento (por exemplo, a alergia à penicilina).ELIMINAÇÃO: vi<strong>de</strong> ERRADICAÇÃO.ENDEMIA: é a presença contínua <strong>de</strong> uma enfermida<strong>de</strong>, ou <strong>de</strong> um agente infeccioso,em uma zona geográfica <strong>de</strong>terminada; po<strong>de</strong> também expressar a prevalência usual<strong>de</strong> uma doença particular numa zona geográfica. O termo hiperen<strong>de</strong>mia significa atransmissão intensa e persistente, atingindo todas as faixas etárias, e holoen<strong>de</strong>mia,um nível elevado <strong>de</strong> infecção, que começa a partir <strong>de</strong> uma ida<strong>de</strong> precoce, e afeta amaior parte da população jovem como, por exemplo, a malária em algumas regiõesdo globo.UNASA 871


G L O S S Á R I OENDOTOXINA: toxina encontrada no interior da célula bacteriana, mas não emfiltrados livres <strong>de</strong> células <strong>de</strong> bactéria. As endotoxinas são liberadas pela bactériaquando sua célula se rompe.ENZOOTIA: presença constante, ou prevalência usual da doença ou agenteinfeccioso, na população animal <strong>de</strong> uma dada área geográfica.EPIDEMIA: é a manifestação, em uma coletivida<strong>de</strong> ou região, <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong>casos <strong>de</strong> alguma enfermida<strong>de</strong> que exce<strong>de</strong> claramente a incidência prevista. O número<strong>de</strong> casos, que indica a existência <strong>de</strong> uma epi<strong>de</strong>mia, varia com o agente infeccioso, otamanho e as características da população exposta, sua experiência prévia ou falta<strong>de</strong> exposição à enfermida<strong>de</strong> e o local e a época do ano em que ocorre. Por<strong>de</strong>corrência, a epi<strong>de</strong>mia guarda relação com a freqüência comum da enfermida<strong>de</strong>na mesma região, na população especificada e na mesma estação do ano. Oaparecimento <strong>de</strong> um único caso <strong>de</strong> doença transmissível, que durante um lapso <strong>de</strong>tempo prolongado não havia afetado uma população, ou que inva<strong>de</strong> pela primeiravez uma região, requer notificação imediata e uma completa investigação <strong>de</strong> campo;dois casos <strong>de</strong>ssa doença, associados no tempo ou no espaço, po<strong>de</strong>m ser evidênciasuficiente <strong>de</strong> uma epi<strong>de</strong>mia.EPIDEMIA POR FONTE COMUM (Epi<strong>de</strong>mia Maciça ou Epi<strong>de</strong>mia porVeículo Comum): epi<strong>de</strong>mia em que aparecem muitos casos clínicos, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umintervalo igual ao período <strong>de</strong> incubação clínica da doença, o que sugere a exposiçãosimultânea (ou quase simultânea) <strong>de</strong> muitas pessoas ao agente etiológico. O exemplotípico é o das epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> origem hídrica.EPIDEMIA PROGRESSIVA (Epi<strong>de</strong>mia por Fonte Propagada): epi<strong>de</strong>mia naqual as infecções são transmitidas <strong>de</strong> pessoa a pessoa ou <strong>de</strong> animal, <strong>de</strong> modo que oscasos i<strong>de</strong>ntificados não po<strong>de</strong>m ser atribuídos a agentes transmitidos a partir <strong>de</strong> umaúnica fonte.EPIGASTRALGIA: dor na região do epigástrio (abdome), que correspon<strong>de</strong> àlocalização do estômago.EPIZOOTIA: ocorrência <strong>de</strong> casos, <strong>de</strong> natureza similar, em população animal <strong>de</strong>uma área geográfica particular, que se apresenta claramente em excesso, em relaçãoà incidência normal.EQUIVALÊNCIA TERAPÊUTICA: característica <strong>de</strong> diferentes produtosfarmacêuticos que, quando administrados em um mesmo regime, apresentamresultados com o mesmo grau <strong>de</strong> eficácia e/ou toxicida<strong>de</strong>.ERRADICAÇÃO: cessação <strong>de</strong> toda a transmissão da infecção, pela extinçãoartificial da espécie do agente em questão. A erradicação pressupõe a ausênciacompleta <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> reintrodução da doença, <strong>de</strong> forma a permitir a suspensão <strong>de</strong>toda e qualquer medida <strong>de</strong> prevenção ou controle. A erradicação regional oueliminação é a cessação da transmissão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada infecção, em ampla regiãogeográfica ou jurisdição política.ESPLENOMEGALIA: aumento do volume do baço.ESTRUTURA EPIDEMIOLÓGICA: conjunto <strong>de</strong> fatores relativos ao agenteetiológico, hospe<strong>de</strong>iro e meio ambiente, que influi sobre a ocorrência natural <strong>de</strong> umadoença em uma comunida<strong>de</strong>.872UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAEXOTOXINA: toxina produzida por uma bactéria, e por ela liberada, no meio <strong>de</strong>cultura ou no hospe<strong>de</strong>iro, conseqüentemente encontrada em filtrados livres <strong>de</strong> célulae em culturas <strong>de</strong> bactéria intacta.FAGÓCITO: é uma célula que engloba e <strong>de</strong>strói partículas estranhas oumicroorganismos, por digestão.FAGOTIPAGEM: caracterização <strong>de</strong> uma bactéria, pela i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> suasuscetibilida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>terminados bacteriófagos. É uma técnica <strong>de</strong> caracterização <strong>de</strong>uma cepa.FALÊNCIA: persistência da positivida<strong>de</strong> do escarro ao final do tratamento. Osdoentes que, no início do tratamento, são fortemente positivos (++ ou +++) e mantêmessa situação até o 4º mês, são também classificados como caso <strong>de</strong> falência.FARMACODINÂMICA: estudo da variação individual e coletiva, isto é, étnica,relacionada com fatores genéticos, da absorção e metabolismo dos medicamentos eda resposta do organismo aos mesmos.FARMACOTÉCNICA: ramo da ciência que estuda a absorção, distribuição,metabolismo e excreção dos medicamentos.FEBRE HEMOGLOBINÚRICA: síndrome caracterizada por hemóliseintravascular aguda e hemoglobinúrica, muitas vezes acompanhada <strong>de</strong> insuficiênciarenal. A febre é uma das características do processo que está relacionado à infecçãopor Plasmodium falciparum.FENÔMENO DE INTERFERÊNCIA: estado <strong>de</strong> resistência temporária ainfecções por vírus. Esta resistência é induzida por uma infecção viral existente e éatribuída em parte ao interferon.FIBROSE HEPÁTICA: crescimento do tecido conjuntivo em nível hepático,<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> lesões ocasionadas pela presença <strong>de</strong> ovos, ou outros antígenos doSchistosoma, na vascularização do fígado. É a lesão hepática característica daforma crônica da esquistossomose.FITONOSE: infecção transmissível ao homem, cujo agente tem vegetais comoreservatórios.FOCO NATURAL: um pequeno território, compreen<strong>de</strong>ndo uma ou váriaspaisagens, on<strong>de</strong> a circulação do agente causal estabeleceu-se numa biogecenose,por um tempo in<strong>de</strong>finidamente longo, sem sua importação <strong>de</strong> outra região. O foconatural é uma entida<strong>de</strong> natural, seus limites po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>marcados em um mapa.FOCO ARTIFICIAL: doença transmissível que se instala em condiçõespropiciadas pela ativida<strong>de</strong> antrópica.FÔMITES: objetos <strong>de</strong> uso pessoal do caso clínico ou portador, que po<strong>de</strong>m estarcontaminados e transmitir agentes infecciosos, e cujo controle é feito por meio da<strong>de</strong>sinfecção.FONTE DE INFECÇÃO: pessoa, animal, objeto ou substância a partir do qual oagente é transmitido para o hospe<strong>de</strong>iro.FONTE PRIMÁRIA DE INFECÇÃO (Reservatório): homem ou animal e,raramente, o solo ou vegetais, responsável pela sobrevivência <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminadaespécie <strong>de</strong> agente etiológico na natureza. No caso dos parasitas heteroxenos, oUNASA 873


G L O S S Á R I Ohospe<strong>de</strong>iro mais evoluído (que geralmente é também o hospe<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>finitivo) é<strong>de</strong>nominado fonte primária <strong>de</strong> infecção; e o hospe<strong>de</strong>iro menos evoluído (em geralhospe<strong>de</strong>iro intermediário) é chamado <strong>de</strong> vetor biológico.FONTE SECUNDÁRIA DE INFECÇÃO: ser animado ou inanimado quetransporta um <strong>de</strong>terminado agente etiológico, não sendo o principal responsável pelasobrevivência <strong>de</strong>sse como espécie. Esta expressão é substituída com vantagempelo termo “veículo”.FREQÜÊNCIA (Ocorrência): é um termo genérico, utilizado em epi<strong>de</strong>miologiapara <strong>de</strong>screver a freqüência <strong>de</strong> uma doença, ou <strong>de</strong> outro atributo, ou eventoi<strong>de</strong>ntificado na população, sem fazer distinção entre incidência ou prevalência.FUMIGAÇÃO: aplicação <strong>de</strong> substâncias gasosas, capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir a vida animal,especialmente insetos e roedores.GAMETÓFARO: refere-se ao indivíduo que é portador das formas sexuadas doparasita (gametas).GOTÍCULAS DE FLÜGGE: secreções oronasais <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100 micras <strong>de</strong>diâmetro, que transmitem agentes infecciosos <strong>de</strong> maneira direta mediata.HEMATÊMESE: vômito no sangue.HEPATOMEGALIA: aumento <strong>de</strong> volume do fígado.HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA: <strong>de</strong>scrição que inclui as característicasdas funções <strong>de</strong> infecção, distribuição da doença segundo os atributos das pessoas,tempo e espaço, distribuição e características ecológicas do(s) reservatório(s) doagente; mecanismos <strong>de</strong> transmissão e efeitos da doença sobre o homem.HOLOMETABÓLICO: animais que apresentam metamorfose completa (Ex: ovo,larva, pulpa, adulto).HOSPEDEIRO: organismo simples ou complexo, incluindo o homem, que é capaz<strong>de</strong> ser infectado por um agente específico.HOSPEDEIRO DEFINITIVO: é o que apresenta o parasita em fase <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong>ou em fase <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> sexual.HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: é o que apresenta o parasita em fase larváriaou assexuada.IMUNIDADE: resistência, usualmente associada à presença <strong>de</strong> anticorpos, quetêm o efeito <strong>de</strong> inibir microorganismos específicos, ou suas toxinas, responsáveispor doenças infecciosas particulares.IMUNIDADE ATIVA: imunida<strong>de</strong> adquirida naturalmente pela infecção, com ousem manifestações clínicas, ou artificialmente pela inoculação <strong>de</strong> frações ou produtos<strong>de</strong> agentes infecciosos, ou do próprio agente morto, modificado ou <strong>de</strong> uma formavariante.IMUNIDADE DE REBANHO: resistência <strong>de</strong> um grupo ou população à introduçãoe disseminação <strong>de</strong> um agente infeccioso. Essa resistência é baseada na elevadaproporção <strong>de</strong> indivíduos imunes, entre os membros <strong>de</strong>sse grupo ou população, e nauniforme distribuição <strong>de</strong>sses indivíduos imunes.IMUNIDADE PASSIVA: imunida<strong>de</strong> adquirida naturalmente da mãe, ouartificialmente pela inoculação <strong>de</strong> anticorpos protetores específicos (soro imune <strong>de</strong>convalescentes ou imunoglobulina sérica). A imunida<strong>de</strong> passiva é pouco duradoura.874UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAIMUNODEFICIÊNCIA: ausência <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> para produzir anticorpos emresposta a um antígeno.IMUNOGLOBULINA: solução estéril <strong>de</strong> globulinas que contêm aquelesanticorpos normalmente presentes no sangue do adulto.IMUNOPROFILAXIA: prevenção da doença através da imunida<strong>de</strong> conferidapela administração <strong>de</strong> vacinas ou soros a uma pessoa ou animal.INCIDÊNCIA: número <strong>de</strong> casos novos <strong>de</strong> uma doença, ocorridos em uma populaçãoparticular, durante um período específico <strong>de</strong> tempo.ÍNDICE DE BRETEAU: número <strong>de</strong> recipientes, habitados por formas imaturas<strong>de</strong> mosquitos, em relação ao número <strong>de</strong> casas examinadas para o encontro <strong>de</strong>criadouros.INFECÇÃO: penetração, alojamento e, em geral, multiplicação <strong>de</strong> um agenteetiológico animado no organismo <strong>de</strong> um hospe<strong>de</strong>iro, produzindo-lhe danos, com ousem aparecimento <strong>de</strong> sintomas clinicamente reconhecíveis. Em essência, a infecçãoé uma competição vital entre um agente etiológico animado (parasita “sensu latu”)e um hospe<strong>de</strong>iro; é, portanto, uma luta pela sobrevivência entre dois seres vivos,que visam a manutenção <strong>de</strong> sua espécie.INFECÇÃO APARENTE (Doença): infecção que se <strong>de</strong>senvolve acompanhada<strong>de</strong> sinais e sintomas clínicos.INFECÇÃO HOSPITALAR: infecção que se <strong>de</strong>senvolve em um pacientehospitalizado, ou atendido em outro serviço <strong>de</strong> assistência, que não pa<strong>de</strong>cia nemestava incubando a doença, no momento da hospitalização. Po<strong>de</strong> manifestar-se,também, como efeito residual <strong>de</strong> uma infecção adquirida durante hospitalizaçãoanterior, ou ainda manifestar-se somente após a alta hospitalar. Abrange igualmenteas infecções adquiridas no ambiente hospitalar, acometendo visitantes ou sua própriaequipe.INFECÇÃO INAPARENTE: infecção que cursa na ausência <strong>de</strong> sinais e sintomasclínicos perceptíveis.INFECTANTE: aquele que po<strong>de</strong> causar uma infecção; aplica-se, geralmente, aoparasita (por exemplo, o gametócito, o esporozoíto).INFECTIVIDADE: capacida<strong>de</strong> do agente etiológico se alojar e multiplicar-se nocorpo do hospe<strong>de</strong>iro.INFESTAÇÃO: enten<strong>de</strong>-se por infestação <strong>de</strong> pessoas ou animais o alojamento,<strong>de</strong>senvolvimento e reprodução <strong>de</strong> artrópo<strong>de</strong>s na superfície do corpo ou nas roupas.Os objetos ou locais infestados são os que albergam, ou servem <strong>de</strong> alojamento, aanimais, especialmente artrópo<strong>de</strong>s e roedores.INFLAMAÇÃO: resposta normal do tecido à agressão celular por material estranho,caracteriza-se pela dilatação <strong>de</strong> capilares e mobilização <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas celulares(leucócitos e fagócitos).INQUÉRITO EPIDEMIOLÓGICO: levantamento epi<strong>de</strong>miológico feito por meio<strong>de</strong> coleta ocasional <strong>de</strong> dados, quase sempre por amostragem, e que fornece dadossobre a prevalência <strong>de</strong> casos clínicos ou portadores, em uma <strong>de</strong>terminadacomunida<strong>de</strong>.UNASA 875


G L O S S Á R I OINTERAÇÃO FARMACOLÓGICA: alteração do efeito farmacológico <strong>de</strong> ummedicamento administrado simultaneamente com outro.INTERFERON: proteína <strong>de</strong> baixo peso molecular, produzida por células infectadaspor vírus. O interferon tem a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> bloquear as células sadias da infecçãoviral, suprimindo a multiplicação viral nas células já infectadas; o interferon é ativocontra um amplo espectro <strong>de</strong> vírus.INVASIBILIDADE: capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um microorganismo <strong>de</strong> entrar no corpo e <strong>de</strong>se disseminar através dos tecidos. Essa disseminação no microorganismo po<strong>de</strong> ounão resultar em infecção ou doença.INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE CAMPO (classicamenteconhecida por Investigação Epi<strong>de</strong>miológica): estudos efetuados a partir <strong>de</strong>casos clínicos, ou <strong>de</strong> portadores, para a i<strong>de</strong>ntificação das fontes <strong>de</strong> infecção e dosmodos <strong>de</strong> transmissão do agente. Po<strong>de</strong> ser realizada em face <strong>de</strong> casos esporádicosou surtos.ISOLAMENTO: segregação <strong>de</strong> um caso clínico do convívio das outras pessoas,durante o período <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> evitar que os suscetíveis sejaminfectados. Em certos casos, o isolamento po<strong>de</strong> ser domiciliar ou hospitalar; emgeral, é preferível esse último, por ser mais eficiente.ISOMETRIA: fenômeno presente nos compostos químicos <strong>de</strong> idêntica fórmulamolecular, mas <strong>de</strong> estrutura molecular diferente. As substâncias, que compartilhamessas características, chamam-se isômeros. Nos <strong>de</strong>rivados do núcleo benzênico, aisomeria geométrica e a isomeria ótica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da distribuição espacial das quatroligações do átomo <strong>de</strong> carbono.JANELA IMUNOLÓGICA: intervalo entre o início da infecção e a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos, através <strong>de</strong> técnicas laboratoriais.LATÊNCIA: período, na evolução clínica <strong>de</strong> uma doença parasitária, no qual ossintomas <strong>de</strong>saparecem, apesar <strong>de</strong> estar o hospe<strong>de</strong>iro ainda infectado, e <strong>de</strong> já tersofrido o ataque primário, ou uma ou várias recaídas. Terminologia utilizada comfreqüência em relação à malária.LARVITRAMPAS: recipiente com água, on<strong>de</strong> se observam as larvas dosmosquitos após a eclosão.LINHAGEM: população <strong>de</strong> parasitas, submetida a <strong>de</strong>terminadas passagens nolaboratório, em geral <strong>de</strong> uma seleção especial (seja natural ou experimental), <strong>de</strong>acordo com uma característica específica (por exemplo, farmacorresistência). Vertambém cepa.MALACOLOGIA: é o estudo do caramujo.MIRACÍDIO: forma do Schistosoma mansoni, infectante para o caramujo.MONITORAMENTO ENTOMOLÓGICO: acompanhar, analisar e avaliar acondição entomológica <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada área.MONITORIZAÇÃO: abrange, segundo John M. Last, três campos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>:a) Elaboração e análise <strong>de</strong> mensurações rotineiras, visando <strong>de</strong>tectar mudanças noambiente ou no estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong>. Não <strong>de</strong>ve ser confundida comvigilância. Para alguns estudiosos, monitorização implica em intervenção à luz dasmensurações observadas; b) Contínua mensuração do <strong>de</strong>sempenho do serviço <strong>de</strong>876UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAsaú<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, ou do grau com que os pacientes concordamcom ou a<strong>de</strong>rem às suas recomendações; c) Na ótica da administração, a contínuasupervisão da implementação <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> com o objetivo <strong>de</strong> assegurar que aliberação dos recursos, os esquemas <strong>de</strong> trabalho, os objetivos a serem atingidos eas outras ações necessárias, estejam sendo processados <strong>de</strong> acordo com o planejado.NICHO OU FOCO NATURAL: quando o agente patogênico, o vetor específicoe o animal hospe<strong>de</strong>iro existirem sob condições naturais, durante muitas gerações,num tempo in<strong>de</strong>finido, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da existência do homem.NÚCLEO DE WELLS: secreções oronasais <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 100 micra <strong>de</strong> diâmetro,que transmitem agentes infecciosos, <strong>de</strong> maneira indireta por meio do ar, on<strong>de</strong> flutuamdurante intervalo <strong>de</strong> tempo mais ou menos longo.OPORTUNISTA: organismo que, vivendo normalmente como comensal ou <strong>de</strong>vida livre, passa a atuar como parasita, geralmente em <strong>de</strong>corrência da redução daresistência natural do hospe<strong>de</strong>iro.ORGANOFOSFORADO: grupo <strong>de</strong> produtos químicos utilizados como inseticida.OVIPOSIÇÃO: ato do inseto fêmea por ovos.OVITRAMPAS: recipiente on<strong>de</strong> fêmeas <strong>de</strong> mosquitos, fazem oviposição sobre asuperfície do mesmo, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> observar os ovos.OVOS VIÁVEIS: ovos que contém o miracídio capaz <strong>de</strong> viver.PANDEMIA: epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> uma doença que afeta pessoas em muitos países econtinentes.PARASITA: organismo, geralmente microorganismo, cuja existência se dá à expensa<strong>de</strong> um hospe<strong>de</strong>iro. O parasita não é obrigatoriamente nocivo ao seu hospe<strong>de</strong>iro.Existem parasitas obrigatórios e facultativos; os primeiros sobrevivem somente naforma parasitária e os últimos po<strong>de</strong>m ter uma existência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.PARASITAS HETEROXENOS: parasitas que necessitam <strong>de</strong> dois tipos diferentes<strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iros, para a sua completa evolução: o hospe<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>finitivo e ointermediário.PARASITAS MONOXENOS: parasitas que necessitam <strong>de</strong> um só hospe<strong>de</strong>iro,para a sua evolução completa.PASTEURIZAÇÃO: <strong>de</strong>sinfecção do leite, feita pelo aquecimento a 63-65°C,durante 30 minutos (ou a 73-75°C, durante 15 minutos), baixando a temperaturaimediatamente para 20 a 50°C.PATOGENICIDADE: capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um agente biológico causar doença em umhospe<strong>de</strong>iro suscetível.PATÓGENO: agente biológico capaz <strong>de</strong> causar doenças.PERÍODO DE INCUBAÇÃO: intervalo entre a exposição efetiva do hospe<strong>de</strong>irosuscetível a um agente biológico e o início dos sinais e sintomas clínicos da doençanesse hospe<strong>de</strong>iro.PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: intervalo <strong>de</strong> tempo, durante o qualuma pessoa ou animal infectado elimina um agente biológico para o meio ambiente,ou para o organismo <strong>de</strong> um vetor hematófago, possível, portanto, a sua transmissãoa outro hospe<strong>de</strong>iro.UNASA 877


G L O S S Á R I OPERÍODO DE LATÊNCIA: intervalo entre a exposição a agentes patológicos eo início dos sinais e sintomas da doença.PERÍODO PRODRÔMICO: é o lapso <strong>de</strong> tempo, entre os primeiros sintomas dadoença e o início dos sinais ou sintomas, com base nos quais o diagnóstico po<strong>de</strong> serestabelecido.PESCA LARVA: coador confeccionado em tecido filó, usado para retirar larva dos<strong>de</strong>pósitos.PIRETRÍODE: grupo <strong>de</strong> produtos químicos utilizado como inseticida.PODER IMUNOGÊNICO (Imunogenicida<strong>de</strong>): capacida<strong>de</strong> do agente biológicoestimular a resposta imune no hospe<strong>de</strong>iro; conforme as características <strong>de</strong>sse agente,a imunida<strong>de</strong> obtida po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> curta ou longa duração e <strong>de</strong> grau elevado ou baixo.PORTADOR: pessoa ou animal que não apresenta sintomas clinicamentereconhecíveis <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada doença transmissível ao ser examinado, masque está albergando o agente etiológico respectivo. Em Saú<strong>de</strong> Pública, têm maisimportância os portadores que os casos clínicos, porque, muito freqüentemente, ainfecção passa <strong>de</strong>spercebida nos primeiros. Os que apresentam realmenteimportância são os portadores eficientes, <strong>de</strong> modo que, na prática, o termo “portador”se refere quase sempre aos portadores eficientes.PORTADOR ATIVO: portador que teve sintomas, mas que, em <strong>de</strong>terminadomomento, não os apresenta.PORTADOR ATIVO CONVALESCENTE: portador durante e após aconvalescença. É comum esse tipo <strong>de</strong> portador na febre tifói<strong>de</strong> e na difteria.PORTADOR ATIVO CRÔNICO: pessoa ou animal que continua a albergar oagente etiológico, muito tempo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter tido a doença. O momento em que oportador ativo convalescente passa a crônico é estabelecido arbitrariamente paracada doença. No caso da febre tifói<strong>de</strong>, por exemplo, o portador é consi<strong>de</strong>rado comoativo crônico quando alberga a Salmonella typhi por mais <strong>de</strong> um ano após terestado doente.PORTADOR ATIVO INCUBADO OU PRECOCE: portador durante o período<strong>de</strong> incubação clínica <strong>de</strong> uma doença.PORTADOR EFICIENTE: portador que elimina o agente etiológico para o meioexterior ou para o organismo <strong>de</strong> um vetor hematófago, ou que possibilita a infecção<strong>de</strong> novos hospe<strong>de</strong>iros. Essa eliminação po<strong>de</strong> ser feita <strong>de</strong> maneira contínua ou <strong>de</strong>modo intermitente.PORTADOR INEFICIENTE: portador que não elimina o agente etiológico parao meio exterior, não representando, portanto, um perigo para a comunida<strong>de</strong> no sentido<strong>de</strong> disseminar esse microorganismo.PORTADOR PASSIVO (portador aparentemente são): portador que nuncaapresentou sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada doença transmissível, não os está apresentandoe não os apresentará no futuro; somente po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scoberto por meio <strong>de</strong> examesa<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> laboratório.PORTADOR PASSIVO CRÔNICO: portador passivo que alberga um agenteetiológico por um longo período <strong>de</strong> tempo.878UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAPORTADOR PASSIVO TEMPORÁRIO: portador passivo que alberga umagente etiológico durante pouco tempo; a distinção entre o portador passivo crônicoe o temporário é estabelecida arbitrariamente para cada agente etiológico.POSTULADOS DE EVANS: a expansão do conhecimento biomédico levou àrevisão dos Postulados <strong>de</strong> Koch. Alfred Evans elaborou, em 1976, os seguintespostulados, com base naqueles postulados por Koch:• A prevalência da doença <strong>de</strong>ve ser significativamente mais alta entre os expostosà causa suspeita, do que entre os controles não expostos.• A exposição à causa suspeita <strong>de</strong>ve ser mais freqüente entre os atingidos peladoença do que o grupo <strong>de</strong> controle que não a apresenta, mantendo-se constanteos <strong>de</strong>mais fatores <strong>de</strong> risco.• A incidência da doença <strong>de</strong>ve ser significantemente mais elevada entre osexpostos à causa suspeita, do que entre aqueles não expostos. Tal fato <strong>de</strong>ve ser<strong>de</strong>monstrado em estudos prospectivos.• A exposição ao agente causal suspeito <strong>de</strong>ve ser seguida <strong>de</strong> doença, enquantoque a distribuição do período <strong>de</strong> incubação <strong>de</strong>ve apresentar uma curva normal.• Um espectro da resposta do hospe<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>ve seguir a exposição ao provávelagente, num gradiente biológico que vai do benigno ao grave.• Uma resposta mensurável do hospe<strong>de</strong>iro, até então inexistente, tem altaprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparecer após a exposição ao provável agente, ou aumentarem magnitu<strong>de</strong> se presente anteriormente. Esse padrão <strong>de</strong> resposta <strong>de</strong>ve ocorrerinfreqüentemente em pessoas pouco expostas.• A reprodução experimental da doença <strong>de</strong>ve ocorrer mais freqüentemente emanimais ou no homem a<strong>de</strong>quadamente exposta à provável causa do que naquelesnão expostos. Essa exposição po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>liberada em voluntários; experimentalmenteinduzida em laboratório; ou po<strong>de</strong> representar um parâmetro da exposiçãonatural.• A eliminação ou modificação da causa provável <strong>de</strong>ve diminuir a incidência dadoença.• A prevenção ou modificação da resposta do hospe<strong>de</strong>iro, face a exposição àcausa provável, <strong>de</strong>ve diminuir a incidência ou eliminar a doença.• Todas as associações ou achados <strong>de</strong>vem apresentar consistência com osconhecimentos no campo da biologia e da epi<strong>de</strong>miologia.POSTULADOS DE KOCH: originalmente formulados por Henle e adaptadospor Robert Koch, em 1877. Koch afirmava que quatro postulados <strong>de</strong>veriam serpreviamente observados, para que se pu<strong>de</strong>sse aceitar uma relação causal entre umparticular microorganismo ou parasita e uma doença, a saber:• O agente biológico <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>monstrado em todos os casos da doença, pormeio <strong>de</strong> seu isolamento em cultura pura;• O agente biológico não <strong>de</strong>ve ser encontrado em outras doenças;• Uma vez isolado, o agente <strong>de</strong>ve ser capaz <strong>de</strong> reproduzir a doença em animais<strong>de</strong> experimento;• O agente biológico <strong>de</strong>ve ser recuperado da doença experimentalmente produzida.UNASA 879


G L O S S Á R I OPREVALÊNCIA: número <strong>de</strong> casos clínicos ou <strong>de</strong> portadores existentes em um<strong>de</strong>terminado momento, em uma comunida<strong>de</strong>, dando uma idéia estática da ocorrênciado fenômeno. Po<strong>de</strong> ser expressa em números absolutos ou em coeficientes.PRÓDROMOS: sintomas indicativos do início <strong>de</strong> uma doença.PROFILAXIA: conjunto <strong>de</strong> medidas que têm por finalida<strong>de</strong> prevenir ou atenuar asdoenças, suas complicações e conseqüências. Quando a profilaxia está baseada noemprego <strong>de</strong> medicamentos, trata-se da quimioprofilaxia.PUÇA DE FILÓ: instrumento na forma <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> coador, utilizado para a captura<strong>de</strong> mosquito adulto.QUARENTENA: isolamento <strong>de</strong> indivíduos ou animais sadios pelo período máximo<strong>de</strong> incubação da doença, contado a partir da data do último contato com um casoclínico ou portador, ou da data em que esse comunicante sadio abandonou o localem que se encontrava a fonte <strong>de</strong> infecção. Na prática, a quarentena é aplicada nocaso das doenças quarentenárias.QUIMIOPROFILAXIA: administração <strong>de</strong> uma droga, incluindo antibióticos, paraprevenir uma infecção ou a progressão <strong>de</strong> uma infecção com manifestações dadoença.QUIMIOTERAPIA: uso <strong>de</strong> uma droga com o objetivo <strong>de</strong> tratar uma doençaclinicamente reconhecível ou <strong>de</strong> eliminar seu progresso.RECAÍDA: reaparecimento ou recru<strong>de</strong>scimento dos sintomas <strong>de</strong> uma doença, antesdo doente apresentar-se completamente curado. No caso da malária, recaída significanova aparição <strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong>pois do ataque primário.RECIDIVA: reaparecimento do processo mórbido após sua cura aparente. Nocaso da malária, recidiva significa recaída na infecção malárica entre a 8ª e a 24ªsemanas posteriores ao ataque primário. Na tuberculose, significa o aparecimento<strong>de</strong> positivida<strong>de</strong> no escarro, em 2 exames sucessivos, após a cura.RECORRENTE: estado patológico que evolui através <strong>de</strong> recaídas sucessivas. Nocaso da malária, recorrência significa recaída na infecção malárica <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 24semanas posteriores ao ataque primário.RECRUDESCÊNCIA: exacerbação das manifestações clínicas ou anatômicas<strong>de</strong> um processo mórbido. No caso da malária, recru<strong>de</strong>scência é a recaída na infecçãomalárica nas primeiras 8 semanas posteriores ao ataque primário.REPASTO: ato do inseto alimentar-se diretamente do animal.RESERVATÓRIO DE AGENTES INFECCIOSOS (Fonte Primária <strong>de</strong>Infecção): qualquer ser humano, animal, artrópodo, planta, solo, matéria ou umacombinação <strong>de</strong>les, no qual normalmente vive e se multiplica um agente infeccioso,<strong>de</strong>la <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> para sua sobrevivência, reproduzindo-se <strong>de</strong> maneira que po<strong>de</strong> sertransmitido a um hospe<strong>de</strong>iro suscetível.RESISTÊNCIA: conjunto <strong>de</strong> mecanismos específicos e inespecíficos do organismoque serve <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa contra a invasão ou multiplicação <strong>de</strong> agentes infecciosos, oucontra os efeitos nocivos <strong>de</strong> seus produtos tóxicos. Os mecanismos específicosconstituem a imunida<strong>de</strong> e os inespecíficos, a resistência inerente ou natural.RESISTÊNCIA INERENTE (Resistência Natural): é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistira uma enfermida<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> anticorpos ou da resposta específica dos tecidos.880UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAGeralmente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das características anatômicas ou fisiológicas do hospe<strong>de</strong>iro,po<strong>de</strong>ndo ser genética ou adquirida, permanente ou temporária.SANEAMENTO DOMICILIAR: conjunto <strong>de</strong> ações que visa à melhoria doabastecimento d’água, esgotamento sanitário, manejo e <strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>quado dos resíduossólidos no domicílio.SEPTICEMIA: presença <strong>de</strong> microorganismo patogênico, ou <strong>de</strong> suas toxinas, nosangue ou em outros tecidos.SINAL: evidência objetiva <strong>de</strong> doença.SÍNDROME: conjunto <strong>de</strong> sintomas e sinais que tipificam uma <strong>de</strong>terminada doença.SINERGISMO: ação combinada <strong>de</strong> dois ou mais medicamentos que produzem umefeito biológico, cujo resultado po<strong>de</strong> ser simplesmente a soma dos efeitos <strong>de</strong> cadacomposto ou um efeito total superior a essa soma. Quando um medicamento aumentaa ação <strong>de</strong> outro, diz-se que existe potencialização. Esse termo é muitas vezesutilizado <strong>de</strong> forma pouco precisa para <strong>de</strong>screver o fenômeno <strong>de</strong> sinergismo, quandodois compostos atuam sobre diferentes locais receptores do agente patogênico. Ocaso oposto representa-se pelo antagonismo, fenômeno pelo qual as ações conjuntas<strong>de</strong> dois ou mais compostos resultam em uma diminuição do efeito farmacológico.SINTOMA: evidência subjetiva <strong>de</strong> doença.SOROEPIDEMIOLOGIA: estudo epi<strong>de</strong>miológico ou ativida<strong>de</strong> baseada nai<strong>de</strong>ntificação, com base em testes sorológicos, <strong>de</strong> mudanças nos níveis <strong>de</strong> anticorposespecíficos <strong>de</strong> uma população. Esse método permite, não só a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> casosclínicos, mas também os estados <strong>de</strong> portador e as infecções latentes ou sub-clínicas.SOROTIPO: caracterização <strong>de</strong> um microorganismo pela i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> seusantígenos.SURTO EPIDÊMICO: ocorrência <strong>de</strong> dois ou mais casos epi<strong>de</strong>miologicamenterelacionados.SUSCETÍVEL: qualquer pessoa ou animal que supostamente não possui resistênciasuficiente contra um <strong>de</strong>terminado agente patogênico, que o proteja da enfermida<strong>de</strong>caso venha a entrar em contato com o agente.TAXA DE ATAQUE: é uma taxa <strong>de</strong> incidência acumulada, usada freqüentementepara grupos particulares, observados por períodos limitados <strong>de</strong> tempo, e em condiçõesespeciais, como em uma epi<strong>de</strong>mia. As taxas <strong>de</strong> ataque são usualmente expressasem porcentagem.TAXA DE ATAQUE SECUNDÁRIO: é uma medida <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong> casosnovos <strong>de</strong> uma doença, entre contatos próximos <strong>de</strong> casos conhecidos, ocorrendo<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> incubação aceito, após exposição ao caso índice. Essa taxaé freqüentemente calculada para contatos domiciliares.TAXA (OU COEFICIENTE) DE LETALIDADE: é a medida <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong>óbitos por <strong>de</strong>terminada causa, entre membros <strong>de</strong> uma população atingida pela doença.TAXA DE MORBIDADE: medida <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong> doença em uma população.Existem dois grupos importantes <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong>: as <strong>de</strong> incidência e as <strong>de</strong>prevalência.UNASA 881


G L O S S Á R I OTAXA (OU COEFICIENTE) DE MORTALIDADE: é a medida <strong>de</strong> freqüência<strong>de</strong> óbitos em uma <strong>de</strong>terminada população, durante um intervalo <strong>de</strong> tempo específico.Ao serem incluídos os óbitos por todas as causas, tem-se a taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>geral. Caso se inclua somente óbitos por <strong>de</strong>terminada causa, tem-se a taxa <strong>de</strong>mortalida<strong>de</strong> específica.TAXA (OU COEFICIENTE) DE NATALIDADE: é a medida <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong>nascimentos, em uma <strong>de</strong>terminada população, durante um período <strong>de</strong> tempoespecificado.TEMEFÓS: inseticida organofosforado, a<strong>de</strong>quadamente formulado para manterlarvas em recipientes com água, potável ou nãoTEMPO DE SUPRESSÃO: tempo que transcorre, entre a primeira porção tomada<strong>de</strong> um medicamento até o <strong>de</strong>saparecimento da parasitemia observável.TENDÊNCIA SECULAR: comportamento da incidência <strong>de</strong> uma doença, em umlongo intervalo <strong>de</strong> tempo, geralmente anos ou décadas.TOXINA: proteínas ou substâncias protéicas conjugadas, letais para certosorganismos. As toxinas são produzidas por algumas plantas superiores, por<strong>de</strong>terminados animais e por bactérias patogênicas. O alto peso molecular e aantigenicida<strong>de</strong> das toxinas diferenciam-nas <strong>de</strong> alguns venenos químicos e alcalói<strong>de</strong>s<strong>de</strong> origem vegetal.TRANSMISSÃO: transferência <strong>de</strong> um agente etiológico animado, <strong>de</strong> uma fonteprimária <strong>de</strong> infecção para um novo hospe<strong>de</strong>iro. A transmissão po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>forma direta ou indireta.TRANSMISSÃO DIRETA (contágio): transferência do agente etiológico, sem ainterferência <strong>de</strong> veículos.TRANSMISSÃO DIRETA IMEDIATA: transmissão direta, em que há um contatofísico entre a fonte primária <strong>de</strong> infecção e o novo hospe<strong>de</strong>iro.TRANSMISSÃO DIRETA MEDIATA: transmissão direta, em que não há contatofísico entre a fonte primária <strong>de</strong> infecção e o novo hospe<strong>de</strong>iro; a transmissão se fazpor meio das secreções oronasais (gotículas <strong>de</strong> Flügge).TRANSMISSÃO INDIRETA: transferência do agente etiológico, por meio <strong>de</strong>veículos animados ou inanimados. A fim <strong>de</strong> que a transmissão indireta possa ocorrer,torna-se essencial que: a) os germes sejam capazes <strong>de</strong> sobreviver fora do organismo,durante um certo tempo; b) haja veículo que os leve <strong>de</strong> um lugar a outro.TRATAMENTO ANTI-RECIDIVANTE: tratamento <strong>de</strong>stinado a prevenir asrecidivas, particularmente as que inci<strong>de</strong>m a longo prazo. Sinônimo <strong>de</strong> tratamentoradical.TRATAMENTO PROFILÁTICO: tratamento <strong>de</strong> um caso clínico ou <strong>de</strong> umportador, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir o período <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong>.TUBITO: pequeno tubo usado para acondicionamento <strong>de</strong> larvas, na remessa aolaboratório.VACINA: preparação contendo microorganismos vivos ou mortos ou suas frações,possuidora <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s antigênicas. As empregadas para induzir, em um indivíduoa imunida<strong>de</strong> ativa e específica contra um microorganismo.882UNASA


G UIADEVIGILÂNCIAEPIDEMIOLÓGICAVEÍCULO: ser animado ou inanimado que transporta um agente etiológico. Nãosão consi<strong>de</strong>radas, como veículos, as secreções e excreções da fonte primária <strong>de</strong>infecção, que são, na realida<strong>de</strong>, um substrato no qual os microorganismos sãoeliminados.VEÍCULO ANIMADO (Vetor): um artrópo<strong>de</strong> que transfere um agente infecciosoda fonte <strong>de</strong> infecção para um hospe<strong>de</strong>iro suscetível.VEÍCULO INANIMADO: ser inanimado que transporta um agente etiológico.Os veículos inanimados são: água, ar, alimentos, solo e fômites.VETOR BIOLÓGICO: vetor no qual se passa, obrigatoriamente, uma fase do<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado agente etiológico. Erradicando-se o vetor biológico,<strong>de</strong>saparece a doença que transmite.VETOR MECÂNICO: vetor aci<strong>de</strong>ntal que constitui somente uma das modalida<strong>de</strong>sda transmissão <strong>de</strong> um agente etiológico. Sua erradicação retira apenas um doscomponentes da transmissão da doença.VIGILÂNCIA DE DOENÇA: é o levantamento contínuo <strong>de</strong> todos os aspectosrelacionados com a manifestação e propagação <strong>de</strong> uma doença, que sejamimportantes para o seu controle eficaz. Inclui a coleta e avaliação sistemática <strong>de</strong> :• dados <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong>;• dados especiais <strong>de</strong> investigações <strong>de</strong> campo sobre epi<strong>de</strong>mias e casos individuais;• dados relativos a isolamento e notificação <strong>de</strong> agentes infecciosos em laboratório;• dados relativos à disponibilida<strong>de</strong>, uso e efeitos adversos <strong>de</strong> vacinas, toxói<strong>de</strong>s,imunoglobulinas, inseticidas e outras substâncias empregadas no controle <strong>de</strong>doenças; e• dados sobre níveis <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> em certos grupos da população.Todos esses dados <strong>de</strong>vem ser reunidos, analisados e apresentados na forma <strong>de</strong>informes, que serão distribuídos a todas as pessoas que colaboraram na sua obtenção,e a outras que necessitem conhecer os resultados das ativida<strong>de</strong>s da vigilância, parafins <strong>de</strong> prevenção e controle <strong>de</strong> agravos relevantes à Saú<strong>de</strong> Pública. Essesprocedimentos se aplicam a todos os níveis dos serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Publica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> olocal até o internacional.VIGILÂNCIA DE PESSOA: é a observação médica rigorosa, ou outro tipo <strong>de</strong>supervisão <strong>de</strong> contatos <strong>de</strong> pacientes com doença infecciosa, para permitir ai<strong>de</strong>ntificação rápida da infecção ou doença, porém sem restringir sua liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>movimentos.VIGILÂNCIA SANITÁRIA: observação dos comunicantes durante o períodomáximo <strong>de</strong> incubação da doença, a partir da data do último contato com um casoclínico ou portador, ou da data em que o comunicante abandonou o local em que seencontrava a fonte primária <strong>de</strong> infecção. Não implica na restrição da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>movimentos.VIRULÊNCIA: grau <strong>de</strong> patogenicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um agente infeccioso.ZOOANTROPONOSE: infecção transmitida aos animais, a partir <strong>de</strong> reservatóriohumano.ZOONOSES: infecção ou doença infecciosa transmissível, sob condições naturais,<strong>de</strong> homens a animais e vice-versa.UNASA 883


G L O S S Á R I O884UNASA


REERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS


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EditoresMaria da Glória Teixeira - Instituto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva/UFBAJarbas Barbosa da Silva Junior - CENEPI/FUNASA/MSMaria da Conceição Nascimento Costa - Instituto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva/UFBAGerson Oliveira Penna - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília/BSBSusan Martins Pereira - Instituto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva/UFBAEduardo Hage Carmo - CENEPI/FUNASA/MSProjeto Gráfico: diagramação e arte finalEdite Damásio da Silva - CENEPI/FUNASAColaboração na diagramaçãoMarcos Antonio Silva <strong>de</strong> Almeida - CENEPI/FUNASANormalização BibliográficaRaquel Machado SantosRevisão <strong>de</strong> TextoAlberico Carvalho BouzónCapaFabiano Camilo e SilvaAgra<strong>de</strong>cimentosOs editores do Guia <strong>de</strong> <strong>Vigilância</strong> Epi<strong>de</strong>miológica agra<strong>de</strong>cem às Assessoras do CENEPI: Regina Nascimento,Elza Helena Krawiec, Ai<strong>de</strong> <strong>de</strong> Souza Campagna; aos funcionários do Projeto VIGISUS; às equipes doNúcleo <strong>de</strong> Editoração e Mídias Eletrônicas/CODEC/ASCOM e Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Museu e Biblioteca/COMUB/ASCOM, pelo esforço empreendido na elaboração <strong>de</strong>sta publicação.Autores da 5 a EdiçãoA<strong>de</strong>mir <strong>de</strong> Albuquerque Gomes - SPS/MSA<strong>de</strong>rbal Henry Strugo Arruda - CENEPI/FUNASAAdriana Bacelar F. Gomes - SPS/MSAfonso Infurna Júnior - ANVISA/MSAlessandra Araújo Siqueira - CENEPI/FUNASAAlzira Almeida - C.P. Aggeu Magalhães/FIOCRUZ/PEAkemi Suzuki - IAL/SPAna Cristina da Rocha Simplício - CENEPI/FUNASAAna Lúcia Ribeiro Vasconcelos - SPS/MSAna Maria Jonhson <strong>de</strong> Assis - CENEPI/FUNASAAna Nilce Silveira Maia - CENEPI/FUNASAAugusto César Penalva - UNICAMP/SPCarla Maria Alan S. Domingues - CENEPI/FUNASACarmen <strong>de</strong> Barros Correia Dhalia - SPS/MSCarmem Lucia Muricy - CENEPI/FUNASACélia Rodrigues Gonçalves - IAL/SPDario Sampaio PintoDenise Arakaki - SPS/MSDenise Maria Moraes - FUNASADraurio Barreira - SPS/MSEduardo Campos <strong>de</strong> Oliveira - SPS/MSEduardo Hage Carmo - CENEPI/FUNASAEduardo Pacheco Caldas - SES/RSEliete Chuff Souto - SES/RJEloy Yanes Martin - LIFAL/AL


Elisabeth David dos Santos - CENEPI/FUNASAEmanuel Carvalho Martins - CENEPI/FUNASAEstela Maria Ramos do Nascimento - SES/BAFabiano Geraldo Pimenta Júnior - CENEPI/FUNASAFelicida<strong>de</strong> dos Anjos Carvalho Cavalcante - CENEPI/FUNASAFernando Ribeiro <strong>de</strong> Barros - CENEPI/FUNASAFrancisco Anilton Alves Araujo - CENEPI/FUNASAFrancisco das Chagas Oliveira Luz - CENEPI/FUNASAGabriela Ferraz Murakami - SPS/MSGabriel Oselka - SES/SPGeorge S. Dimech - SPS/MSGerson Fernando Men<strong>de</strong>s Pereira - SPS/MSGerson Oliveira Penna - Núcleo <strong>de</strong> Medicina Tropical - UNB/BSBGiselle Hentzy Morais - CENEPI/FUNASAGiselda Katz - CVE/SES/SPGreice Ma<strong>de</strong>leine Ikeda do Carmo - CENEPI/FUNASAIvaní Bisordi Ferreira - IAL/SPIvanize Cunha - SPS/MSIvone Perez <strong>de</strong> Castro - SES/DFJanduhy Pereira dos Santos - CENEPI/FUNASAJarbas Barbosa da Silva Júnior - CENEPI/FUNASAJoão Batista Furtado Vieira - CENEPI/FUNASAJoão Batista Risi - OPAS/DFJoão Bosco Siqueira - CENEPI/FUNASAJoão Carlos RepkaJosé Tavares-Neto - UFBALigia Maria Cantarino da CostaLúcia Helena Berto - CENEPI/FUNASALúcia Maria Monteiro - CENEPI/FUNASALúcia Maria Say<strong>de</strong> <strong>de</strong> Azevedo Tavares - CENEPI/FUNASALuciana Maria Gomes BrondiLuciane DaufenbachLuiza Terezinha Madia <strong>de</strong> Souza - IAL/SPLuís Eloy Pereira - IAL/SPLuiz Ta<strong>de</strong>u Moraes Figueredo - USP/Ribeirão PretoMarcelo Yoshito Wada - CENEPI/FUNASAMárcia Lopes <strong>de</strong> Carvalho - CENEPI/FUNASAMárcio Vinhaes - CENEPI/FUNASAMarcos Vinícius da Silva - Instituto Emílio Ribas/SPMaria A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Millington - CENEPI/FUNASAMaria Alice Fernan<strong>de</strong>s Cadilhe - CENEPI/FUNASAMaria Aparecida Honório Tolentino - CENEPI/FUNASAMaria Berna<strong>de</strong>te Rocha Moreira - SPS/MSMaria Carolina C. Q. Pereira - CENEPI/FUNASAMaria da Conceição Nascimento Costa - Instituto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva/UFBAMaria da Glória Teixeira - Instituto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva/UFBAMaria Glória Vicente - CENEPI/FUNASAMaria da Paz Luna Pereira - CENEPI/FUNASAMaria <strong>de</strong> Fatima Costa Lopes - CENEPI/FUNASAMaria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Nobre Simões Arsky - CENEPI/FUNASAMaria José Rodrigues <strong>de</strong> Menezes - CENEPI/FUNASAMaria Lucília Nandi Benatto - CENEPI/FUNASAMaria Salete Parise - CENEPI/FUNASAMarisa <strong>de</strong> Azevedo Marques - USP-Ribeirão Preto/SPMário Cesar Althoff - CENEPI/FUNASA


Mario Roberto Castellani - CENEPI/FUNASAMarilda Mendonça Siqueira - FIOCRUZ/RJMarly Galdino <strong>de</strong> Almeida - CENEPI/FUNASAMauro da Rosa Elkhoury - CENEPI/FUNASAMegumi Ishikawa - CENEPI/FUNASAMiguel Aiub Hijjar - CENEPI/FUNASANei<strong>de</strong> Tumie Takaoka - Instituto Pasteur-SES/SPNélio Batista <strong>de</strong> Moraes - SES/CENeuma Terezinha Rosseto Hidalgo - SES/SPPaulo Neves Baptista Filho - UPEPedro Fernando Vasconcelos - IEC/FUNASA/PAPedro Sadi Monteiro - CENEPI/FUNASARejane Maria <strong>de</strong> Souza Alves - CENEPI/FUNASARenato Pereira <strong>de</strong> Souza - IAL/SPRicardo Kerti Mangabeira Albernaz - CENEPI/FUNASARoberto <strong>de</strong> Melo Dusi - CENEPI/FUNASARômulo Henrique da Cruz - CENEPI/FUNASARonaldo Santos do Amaral - CENEPI/FUNASARosa Aires Borba PintoRosa Castália França Ribeiro Soares - CENEPI/FUNASARosália Maia - SPS/MSRosana Aquino - UFBA/BARoseli Ferreira Dias - SES/SCRosely Cerqueira Oliveira - CENEPI/FUNASARozidaile dos Santos Santana - SPS/MSRui Moreira Braz - CENEPI/FUNASARuth Glatt - CENEPI/FUNASASandra Solange Leite Campos - SES/CESara Jany Me<strong>de</strong>iros da Silva - CENEPI/FUNASASilvana Ta<strong>de</strong>u Casagran<strong>de</strong> - IAL/SPSirlene <strong>de</strong> Fátima Pereira - CENEPI/FUNASASusan Martins Pereira - Instituto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva - UFBASusie Andries Nogueira - UFRJTatiana Miranda Lanzieri - CENEPI/FUNASATereza Cristina Segatto - CENEPI/FUNASATibério César <strong>de</strong> Morais Dantas - CENEPI/FUNASATochie Massuda - CENEPI/FUNASAVera Lúcia Gattás - CENEPI/FUNASAWagner Augusto da Costa - Instituto Pasteur-SES/SPWan<strong>de</strong>rson Kleber <strong>de</strong> Oliveira - CENEPI/FUNASAWaneska Alexandra Alves - CENEPI/FUNASAWellington da Silva Men<strong>de</strong>s - UFMAWildo Navegantes <strong>de</strong> Araújo - CENEPI/FUNASAZirley Maria <strong>de</strong> Matos Silva - CENEPI/FUNASAZourai<strong>de</strong> Guerra Antunes Costa - CENEPI/FUNASAColaboradoresA<strong>de</strong>rbal VieiraAfonso Infurna Júnior - ANVISA/MSAloisio Falqueto - UFES/ESAna Afonso Sardinha - IAL/SPAna Antunes Fonseca <strong>de</strong> Lucena - SMS/Recife/PEAna Beatriz Rosito Barata MacedoAna Rosa dos Santos - FUNASAAndré Villela Lomar - Instituto Emílio Ribas/SPÂngela Maria Farias Memória - SES/CE


Angela Werneck - CRPHF/RJAntonio Carlos Toledo - SPS/MSCarlos Catão Prates Loiola - OPAS/BrasilCarlos Henrique Nery Costa - UFPI/PICarmo Elias <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Melles - IAL/SPCícera Borges Machado Moura - SES/CEClara Yoshida - FIOCRUZ/RJClau<strong>de</strong>te Iris Kmetchz - SES/RSCláudio Marcus Silveira - OPAS/DFDália dos Prazeres Rodrigues - FIOCRUZDanielle Ban<strong>de</strong>ira Costa <strong>de</strong> Souza - CENEPI/FUNASADarcita Buerger Rovaris - LACEN/SCDécio Diament - Instituto Emílio Ribas/SPDemócrito <strong>de</strong> Barros Miranda Filho - UF/PEDiana <strong>de</strong> Fátima Alves Pinto - SES/PBDilma Scala Gelli - IAL/SPDirce Correa <strong>de</strong> Oliveira - SES/AMEdson Elias da Silva - FIOCRUZEi<strong>de</strong> Dias Camargo Vidal - IAL/SPEliete Caló Romero - IAL/SPEliseu Waldman - USP/SPErnesto Hofer - FIOCRUZ/RJErnesto Isaac Montenegro Renoiner - CENEPI/FUNASAEveraldo Resen<strong>de</strong> Silva - FUNASAExpedito <strong>de</strong> Albuquerque Luna/Santa Casa <strong>de</strong> São Paulo/SPFernando <strong>de</strong> Araújo PedrosaFernando Ferreira Carneiro - CGVAM/FUNASAFlávia Helena Ciccone - SES/SPFrancisca Sueli da Silva Lima - SES/DFFrancisco das Chagas Luz - CENEPI/FUNASAFrancisco José Dutra Souto - Hosp. Univ. Júlio Muller/UFMT/MTGilma Montenegro Padilha Holanda - Hospital Infantil Albert Sabin/CEHeloíza Machado <strong>de</strong> Souza - SPS/MSHilda Guimarães <strong>de</strong> Freitas - SES/MSHisako Gondo Higashi - Instituto Butantã/SPIsaias da Silva Pereira - CGVAM/FUNASAIvanete Kotait - Instituto Pasteur/SPJackson Maurício Lopes Costa - FIOCRUZ/BAJaime Brito <strong>de</strong> Azevedo - FUNASA/PEJosé Alfredo Guimarães - CENEPIJosé Carlos FerreiraJosé Cássio <strong>de</strong> Morais - CVE/SES/SPKinue Irino - IAL/SPKleber Giovani Luz - UFRN/RNLubélia Sá Freire da Silva - FUNASALuís Jacintho da Silva - SUCEN/SES/SPLuiz Fernando Ramos Ferreira - CENEPI/FUNASAManoel do Carmo Pereira Soares - IEC/PAMarcelo Felga <strong>de</strong> Carvalho - MSMarcelo Pinheiro Chaves - CENEPI/FUNASAMarcelo Yoshito Wada - CENEPI/FUNASAMarcia Regina Buzzar - CVE/SPMárcia Mesquita Silva - CENEPI/FUNASAMárcia Vieira Leite Nascimento - FUNASA/CENEPIMarcos Aurélio <strong>de</strong> Souza - CENEPI/FUNASA


Margarida Alves Freire - SPS/MSMaria Ângela Wan<strong>de</strong>rley Rocha - UF/PEMaria Celina Mo<strong>de</strong>sto Coelho - CENEPI/FUNASAMaria Cristina Brandileone - IAL/SPMaria das Graças Soares dos Santos - SMS/SPMaria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Souza Maia - FUNASAMaria do Carmo Tiemenetsky - IAL/SPMaria José Rodrigues <strong>de</strong> Menezes - CENEPIMaria Luíza Carrieri - Instituto Pasteur/SPMaria Luiza <strong>de</strong> SantanaMaria Luíza Lopes - IEC/PAMaria Mazarello Franco VilaçaMaria Tereza da Costa Oliveira - SES/MGMaria Vilma Bonifácio <strong>de</strong> Almeida - DESAI/FUNASAMarília Bulhões - SMS-Niterói/RJMarília Ferraro Rocha - CENEPI/FUNASAMario Francisco França Flores - SPS/MSMario Martinez - OPAS/DFMarta Helena Paica Dantas - CGVAM/FUNASAMartha Maria Pereira - FIOCRUZ/RJMaurício Rollo Filho - SES/DFMiriam dos Anjos Santos - CCZ/DFMoacir Gerolomo - FUNASAMônica PradoNara Gertru<strong>de</strong>s Diniz Oliveira Melo - SMS/Recife/PENei<strong>de</strong> Ortêncio Garcia - CCZ/SPNeuza Guets - CENEPI/FUNASANeusa Sosti Perini - SES/DFNolan Ribeiro Bezerra - CGVAM/FUNASANorma Helem Medina SES/SPOswaldo Monteiro <strong>de</strong> Barros/SES/SPPedro Luiz Tauil - UNB/BSBRebecca Prevots - OPAS/DFRegilma Alves <strong>de</strong> Oliveira - SES/RJRegina Fernan<strong>de</strong>s Flauzino - Fund. Mun. Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Niteroi/UFF/RJReynaldo Dietze - UFES/ESRita <strong>de</strong> Cássia Barata Barradas - Santa Casa <strong>de</strong> São Paulo/SPRita <strong>de</strong> Cassia Saldanha Lucena - Hospital Universitário Edgard Santos/BARogério Silveira Berlink - SES/SCRomeo Rodrigues Fialho - CENEPI/FUNASARonaldo Trevisan - SES/PRRosália Maia - SPS/MSRosana Aquino - UFBA/BARosana Moura Gentil - SES/SPRosane Maria Magalhães Martins Will - FUNASA/BARoseli La Corte dos Santos - CENEPI/FUNASASabina Léa Davidson Gotlieb - USP/SPSâmia Abdul Samad - CENEPI/FUNASASandra GrisiSandra Regina da SilvaSandra Solange Leite Campos - SES/CESilvano Silvério da CostaSinésio Talhari - UFAM/AMTeresinha Souza <strong>de</strong> Oliveira Paiva


Vera Lúcia Simonsem - IAL/SPVicente Luiz Vaz da CostaVilma Ramos Feitosa - FUNASAWalquiria Gonçalves dos Santos TelesWalter TavaresWyller Mello - IEC/FUNASA/PAYolanda Bravim - SES/RJZéa Constante Lina LainsonColaboradores da 3 a e 4 a EdiçãoAcácia Rodrigues LucenaA<strong>de</strong>mir <strong>de</strong> Albuquerque GomesA<strong>de</strong>rbal Henry StrugoAfonso Infurna JúniorAfrânio Gomes Pinto JúniorAgostinho Cruz MarquesAlbino José <strong>de</strong> Souza FilhoAlexandre Franca RicciardiAlessandro da SilvaAlfredo BenattoAlmério <strong>de</strong> Castro GomesAluizio F. FalquetoAna Maria Johnson <strong>de</strong> AssisAna Rosa dos SantosAndré FalcãoAndréa Maria SilveiraAndréa SerenoÂngela Maria Silveira CoimbraÂngelo Zanaga TrapeAnilda CysneAntonia Lins F. CarlosAntonio Carlos Rodopiano <strong>de</strong> OliveiraAntônio Carlos SilveiraAntônio <strong>de</strong> Deus FilhoAntônio Ribeiro FrancoAntonio Rufino NetoAristi<strong>de</strong>s Barbosa JúniorBárbara Cristina M. SouzaBernardus GanterCarla Magda Allan DominguesCarlos Alberto ViegasCarlos Aparício ClementeCarlos José Mangabeira da SilvaCarlos Nunes TietboehlCarmem DháliaCarmo Elias Andra<strong>de</strong> MellesCelso dos AnjosCláudio do Amaral JúniorCláudio Lúcio Brasil da CunhaDarci Pinheiro <strong>de</strong> OliveiraDarcy <strong>de</strong> Valadares Rodrigues VenturaDea Mara Carvalho ArrudaDelsuc Evangelista FilhoDenise MoraisDiogo Pupo Nogueira


Disney Fabíola Antezana Urqui<strong>de</strong>Dorivalda Pereira TeotonioEdinaldo dos SantosEdmar Cabral da SilvaEdmundo JuarezEdson Batista LasmarEduardo AlgrantiEduardo BravoEduardo Campos <strong>de</strong> OliveiraEdwin Antonio Solorzano CastilloElaine CascardoEliete dos Santos DibEliseu WaldmanElizabeth AlbuquerqueElizabeth DavidElza Dias TostaEricson BagatinEronita Carvalho MarianoEstela Maria BoniniEster A<strong>guia</strong>rEunice Carlos <strong>de</strong> BritoEucli<strong>de</strong>s Ayres CastilhoExpedito José <strong>de</strong> Albuquerque LunaFábio GomesFábio MoherdauiFelicida<strong>de</strong> dos Anjos CavalcanteFernanda GiannasiFí<strong>de</strong>s Sbar<strong>de</strong>llotoFlávia Tavares Silva EliasFlávio Pereira NunesFrancisco Anilton Alves AraújoFrancisco das Chagas LuzFrancisco Eduardo FerreiraGeorge Kengi IshihataGerson Fernando PereiraGerson Oliveira PennaGertru<strong>de</strong>s Clei<strong>de</strong> Men<strong>de</strong>s RochaGilberta BensabathGiovanini Evelin CoelhoGisélia Burigo Guimarães RubioGlauco Correa LeibovichHelen FreitasHelenice Alves Teixeira GonçalvesHeleno Rodrigues Corrêa FilhoHélio <strong>de</strong> OliveiraHeloisa Helena Ramos FonsecaHermano Albuquerque <strong>de</strong> CastroHilda Guimarães <strong>de</strong> FreitasIma Aparecida BragaIsabel StéfanoIsabélia Márcia <strong>de</strong> SouzaIvanize <strong>de</strong> Holanda CunhaIzildinha Pedreira BarrosJacinta <strong>de</strong> Fátima SilvaJacira Azevedo CancioJackson Maurício Lopes Costa


Jairo AlbuquerqueJandira Maciel da SilvaJeffrey ShawJoão Batista Risi JuniorJoão Batista VieiraJoão José PereiraJoão Luiz CardosoJoaquim Gonçalves ValenteJosé Carlos <strong>de</strong> SouzaJosé Carlos FerreiraJosé Cássio <strong>de</strong> MoraesJosé do Vale Pinheiro FeitosaJosué LarguardiaJuljan Dieter CzapskiJurema Malcher FonsecaKátia Maria <strong>de</strong> Azevedo Cal<strong>de</strong>iras PiresKeyla Belizia Feldman MarzochiLair Guerra <strong>de</strong> Macedo RodriguesLaurenice Pereira LimaLenita <strong>de</strong> Souza FerreiraLenita NicolettiLetícia da Costa NobreLúcia Maria Branco Freitas MaiaLúcio Flávio Castro NasserLucíola Santos RabelloLuis Antônio LouresLuís Jacintho da SilvaLuiz Carlos Corrêa AlvesLuiz Cláudio MeirellesLuiz Elias Bauchid <strong>de</strong> CamargoLuiz Sérgio MamariLuíza <strong>de</strong> Paiva SilvaLuiza Merce<strong>de</strong>s da Costa e Silva ValdfarbMarcelo SantalúciaMárcia Alcântara HolandaMárcio da Costa VinhaesMarco Antonio <strong>de</strong> Ávila VitóriaMargarida Maria Paes Alves FreireMaria Aparecida TurciMaria Carolina Coelho Quixadá PereiraMaria Cláudia CamargoMaria Cristina PedreiraMaria da Conceição Cavalcante MagalhãesMaria da Glória TeixeiraMaria da Paz Luna PereiraMaria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Martins ValadaresMaria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Nobre Simões ArskyMaria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Sousa MaiaMaria do Socorro LucenaMaria Fernanda Sar<strong>de</strong>lla AlvimMaria Lei<strong>de</strong> Wand-Del-Rey <strong>de</strong> OliveiraMaria Letícia NeryMaria Lucília Nandi BenattoMaria Luiza <strong>de</strong> SantanaMaria Regina Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> OliveiraMaria Rebeca Otero Gomes


Maria Sandra Moura da SilvaMarília Mattos BulhõesMário Francisco França FloresMaristela dos R. Luz AlvesMarlene CarvalhoMarta AntunesMaurício Gomes PereiraMauro Célio <strong>de</strong> Almeida MarzochiMauro <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> KhouriMegumi IshikawaMegumi SadahiroMiguel Aiub HijjarMoacyr GerolomoNilce HaidaObaida Ale FreirePaulo Eduardo Gue<strong>de</strong>s SelleraPaulo Hiroshi KanoPaulo TavaresPedro José <strong>de</strong> Novaes ChequerPedro Sadi MonteiroRaimunda Nonato Ribeiro SampaioRegina Maria Siqueira Pollastrini SterseRegina Coeli Pimenta <strong>de</strong> MelloRegina Maria Siqueira P. SterneRejane Maria <strong>de</strong> Souza AlvesRené Men<strong>de</strong>sRicardo MartinsRicardo Arraes <strong>de</strong> Alencar XimenesRilza Beatriz Gayoso <strong>de</strong> Azeredo CoutinhoRoberto Men Fernan<strong>de</strong>sRoberto Soares DiasRomeo Rodrigues FialhoRonaldo Santos AmaralRosa Maria AraújoRosana AquinoRosane WillRui Moreira BrázRuth GlattSabina GotliebSandra Regina da SilvaSara Jane M. da SilvaSérgio <strong>de</strong> FigueredoSílvio VasconcellosSusan PereiraSusie Andrews NogueiraTânia Maria CavalcanteTatiana Marques PortelaTereza Maria Piccinini FeitosaTibério César <strong>de</strong> Moraes DantasTochie MassudaVal<strong>de</strong>nir Ban<strong>de</strong>ira SoaresValéria Góes Ferreira PinheiroVera Lúcia Andra<strong>de</strong> MartinsVera Lúcia GattasVera Luiza da Costa e SilvaVilma Ramos Feitosa


Zourai<strong>de</strong> Guerra Antunes Costa

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