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Ano III - Número 03 - Julho/2015

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<strong>Ano</strong> <strong>III</strong> - <strong>Número</strong> <strong>03</strong> - <strong>Julho</strong>/<strong>2015</strong>


1Diretoria:Walter da Silva Jorge João (Presidente)Valmir de Santi (Vice-Presidente)José Vílmore Silva Lopes Júnior (Secretário-Geral)João Samuel de Morais Meira (Tesoureiro)Conselheiros Federais:Altamiro José dos Santos (BA)Amilson Álvares (TO)Ana Paula de Almeida Queiroz (RJ)Angela Cristina Rodrigues da Cunha Castro Lopes (MS)Carlos André Oeiras Sena (AP)Carlos Eduardo de Queiroz Lima (PE)Erlandson Uchôa Lacerda (RR)Fernando Luís Bacelar de Carvalho Lobato (MA)Forland Oliveira Silva (DF)Gedayas Medeiros Pedro (ES)João Samuel de Morais Meira (PB)José Gildo da Silva (AL)José Ricardo Arnaut Amadio (MT)José Vílmore Silva Lopes Júnior (PI)Josué Schostack (RS)Lenira da Silva Costa (RN)Lérida Maria dos Santos Vieira (RO)Lúcia de Fátima Sales Costa (CE)Luciano Martins Rena da Silva (MG)Marcelo Polacow Bisson (SP)Marcos Aurélio Ferreira da Silva (AM)Paulo Roberto Boff (SC)Rossana Santos Freitas Spiguel (AC)Sueza Abadia de Souza Oliveira (GO)Valmir de Santi (PR)Vanilda Oliveira Aguiar (SE)Walter da Silva Jorge João (PA)www.cff.org.br


2ExpedienteComissão de Saúde Pública do CFFLúcia SalesIsrael MurakamiLorena BaíaMárcia Regina Cardeal Gutierrez SaldanhaSilvana LeiteSílvio MachadoWilson HiroshiComissão para a seleção de“Experiências exitosas de farmacêuticos no SUS”Noêmia Liege BernardoWesley Magno FerreiraCoordenaçãoValmir de SantiRevisãoMaria Isabel LopesVeruska NarikawaLeilane AlvesClaudia SerafinEdiçãoMaria Isabel LopesVeruska NarikawaImpressão:Qualytá Gráfica e EditoraUMA PUBLICAÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIASHIS QI 15 - Lote L - Lago Sul CEP: 71.635-200 - Brasília/DFFone: (61) 3878-8700www.cff.org.brwww.facebook.com.br/conselhofederaldefarmacia


3SumárioMENSAGEM DOS DIRETORES................................. 04APRESENTAÇÃO.................................................. 06REGIÃO SULApucarana/PREducação permanente para qualificação efortalecimento da assistência farmacêutica noâmbito da 16ª Regional de Saúde - Apucarana(PR)............................................................... 07Campo Largo/PRImplantação de estratégias para uso seguro demedicamentos em um hospital público infantilno Estado do Paraná......................................... 12Curitiba/PRImplantação dos serviços de Farmácia Clínicana Atenção Básica em Curitiba........................... 18Boa Vista do Incra/RSImplementação da gestão farmacêuticae do Sistema de Descarte de Resíduos deMedicamentos, no município de Boa Vista doIncra (RS)....................................................... 24REGIÃO SUDESTEAlfenas/MGEstudos realizados por farmacêuticos levamà criação de Lei Municipal sobre Descarte deMedicamentos................................................. 30Divinópolis/MGImplantação de serviços clínicos farmacêuticosem uma unidade da Estratégia Saúde da Família:uma parceria entre universidade e Secretaria deSaúde............................................................. 36João Monlevade/MGPor uma vida melhor sem cigarro: aexperiência da equipe de Monlevade nocontrole do tabagismo.................................44Buritama/SPGestão de estoques e materiais hospitalaresna farmácia: relato de uma experiência deplanejamento.................................................. 49São Paulo/SPAssistência farmacêutica: aproximação entrefarmacêutico e paciente tornando-se realidade..... 55Rio de JaneiroImunização contra o Vírus Sincicial Respiratório:experiência do Estado do Rio de Janeiro nagarantia do acesso e uso racional do anticorpomonoclonal..................................................... 58Rio de Janeiro/RJGrupos educativos para pacientes diabéticosque utilizam insulina em uma unidade básica desaúde do município do Rio de Janeiro................. 66Lagoa Santa/MGReestruturação da assistência farmacêutica nomunicípio de Lagoa Santa (MG).......................... 71REGIÃO CENTRO-OESTEMato Grosso do SulDiagnóstico da assistência farmacêutica nosmunicípios de Mato Grosso do Sul para oplanejamento das ações de saúde....................... 78REGIÃO NORTEPalmas/TOFarmácia clínica aplicada à terapianutricional parenteral..................................85REGIÃO NORDESTEIpojuca/PEReestruturação da assistência farmacêutica domunicípio de Ipojuca (PE)................................. 88Joaquim Nabuco/PEA importância do farmacêutico municipal:implementação e organização da assistênciafarmacêutica na atenção primária à saúde........92Porto Seguro/BAEfetivação da gestão da assistência farmacêuticano município de Porto Seguro (BA).......................96Teresina/PIO impacto da atuação de farmacêuticosna gestão da assistência farmacêutica emTeresina (PI)............................................ 101Ubajara/CEA estruturação da assistência farmacêutica narede municipal de saúde...................................107Fortaleza/CEAtenção farmacêutica desenvolvida poralunos de Farmácia em unidade de saúde....... 111


4Mensagem dos DiretoresO perfil da farmácia e do farmacêutico, no Brasil,tem passado por profundas transformações, em especialnos últimos dois anos. Em 2013, o Conselho Federal deFarmácia (CFF) aprovou as resoluções nº 585, que regulamentadas atribuições clínicas do farmacêutico, enº 586, que regula a prescrição farmacêutica. As normativastornam oficiais serviços que grande parte dosfarmacêuticos já prestava à população. Em resumo, elasnormatizam os serviços, o cuidado e a atenção que ofarmacêutico pode prestar à sua comunidade.As mudanças não foram apenas internas, em relaçãoà regulamentação da profissão. No ano de 2014, foi sancionadaa Lei nº 13.021, que classifica a farmácia comounidade de prestação de assistência farmacêutica, assistênciaà saúde e orientação sanitária individual e coletiva.De acordo com esta Lei, as farmácias já não podem serapenas estabelecimentos comerciais e estão obrigadas aresgatar seu papel de estabelecimento de saúde.A Lei também reiterou a obrigatoriedade da assistênciafarmacêutica nas farmácias de qualquer naturezadurante todo o seu período de funcionamento, o que jáestava previsto na Lei nº 5.991/73. Mas foi além: elaressaltou a autoridade técnica do farmacêutico e o seupapel como cuidador do paciente.O farmacêutico deixou de ser apenas o profissionalque está do lado de dentro do balcão e agora tem previsãolegal para a oferta de uma série de serviços queenglobam a notificação dos efeitos colaterais, das reaçõesadversas e intoxicações; o acompanhamento farmacoterapêuticode pacientes e a atuação na educaçãoem saúde para a promoção do uso racional e seguro dosmedicamentos.Outra mudança importante está por vir. Tramita emregime de prioridade e caráter conclusivo, no CongressoNacional, o Projeto de Lei (PL) nº 4.135/12, que estabelececomo obrigatória, em farmácias, drogarias oudispensários de medicamentos do Sistema Único de Saúde(SUS), a assistência de farmacêuticos responsáveistécnicos habilitados e inscritos no respectivo conselhoregional de Farmácia.É importante, nesse momento de transformação, queos legisladores e, principalmente, os gestores públicostenham consciência da importância da atuação do farmacêutico,não só para a qualidade da assistência à saúdeda população como para a economia dos gastos públicos.Autores de uma revisão sistemática, publicada em2002, concluíram que pelo menos 28% de todas as visitasao pronto atendimento eram relacionadas a problemasda farmacoterapia. Entre 8,6% a 24,2% destasvisitas levavam a admissões hospitalares e 70% doseventos poderiam ser considerados evitáveis (PATEL;ZED, 2002).Assim, levando em conta dados do Departamentode Informática do SUS (Datasus), divulgados no caderno


5nº 1 da série Cuidados Farmacêuticos na Atenção Básica,sobre Serviços Farmacêuticos, publicado pelo Ministérioda Saúde, somente em 2013, podem ter ocorrido,no Brasil, entre 1,2 milhão e 3,2 milhões de internaçõesde urgência, associadas a problemas com medicamentos.Isto porque, naquele ano, foram registrados 48 milhõesde atendimentos de urgência e emergência e 11milhões de internações de urgência.Considerando o custo médio de R$ 1.135,26 porinternação no SUS, também divulgado na publicação,as hospitalizações relacionadas a medicamentos no Paísem 2013 teriam custado aos cofres públicos entre R$1,3 bilhão e R$ 3,6 bilhões. E se 70% dos problemasrelacionados a medicamentos são considerados evitáveis,a economia de recursos com essas hospitalizaçõespoderia ser de até R$ 2,5 bilhões ao ano.A presença do farmacêutico nas unidades de saúde,sejam públicas ou privadas, contribui para racionalizaro uso de medicamentos, padronizar condutas terapêuticas,facilitar o fluxo de informações entre a farmácia eo usuário e evitar perdas desnecessárias.Municípios como Blumenau (SC) já conseguiramdemonstrar que a economia gerada no setor édiretamente proporcional ao número de farmacêuticoslotados na rede. Em 2005, a cidade contava com doisfarmacêuticos e tinha um gasto anual de R$ 33 mil comsalários. O custo anual per capita com medicamentosera de R$ 12,71, o que totalizava R$ 3,4 milhões. Jáem 2007, com 11 farmacêuticos na rede municipal e umgasto de R$ 181,8 mil de salários, o custo per capita commedicamentos baixou para R$ 6,65, totalizando R$ 1,7milhão. Ou seja, a contratação de novos farmacêuticospela Secretaria Municipal de Saúde gerou uma economiade R$ 1,6 milhão para os cofres públicos.Dados levantados pela Comissão Parlamentardo CFF, com base em informações do Ministério daSaúde, apontam que 39% dos municípios brasileirosperdem medicamentos por problemas relacionados aoarmazenamento. O tempo médio de desabastecimento éde 84 dias nas unidades de saúde, 74 dias nas Centraisde Abastecimento Farmacêutico (CAFs) municipais e128 dias nas CAFs estaduais.O gerenciamento da logística de medicamentosabsorve 20% dos recursos financeiros da saúde. Tratasede um porcentual representativo, que mereceum olhar criterioso dos gestores. Segundo dadoscoletados a partir dos relatórios de fiscalizaçõesrealizadas pela Controladoria Geral da União (CGU),entre agosto de 2004 e julho de 2006, 90,3% dosmunicípios apresentaram problemas na gestão derecursos ou serviços de assistência farmacêutica. Em71% dos municípios foi constatada falta de controleou deficiência de estoque. Condições inadequadas dearmazenamento foram observadas em 39%; e a falta demedicamentos, detectada em 24%.Entre os diversos problemas que podem ser minimizadoscom a presença obrigatória do farmacêuticonas unidades de saúde pública pode ser citada,ainda, a judicialização da assistência farmacêutica.É o que demonstra a experiência do Rio Grande doSul que concentra mais da metade de todas as açõesjudiciais envolvendo medicamentos no Brasil. A partirda inserção de um farmacêutico nos quadros daDefensoria Pública, por meio de um termo de cooperaçãotécnica do órgão com o Conselho Regionalde Farmácia do Rio Grande do Sul (CRF-RS), o Estadoconseguiu uma redução de 15% no número destesprocessos.A ação é simples e objetiva. Antes que sejadada a entrada no processo, o profissional verificase o medicamento que o usuário deseja reivindicarjudicialmente já não está disponível na rede pública ese a forma genérica do medicamento prescrito já não édisponibilizada. Ele também informa aos médicos sobreos medicamentos genéricos disponíveis, estimulandoa prescrição mais viável para o sistema e mais efetivapara o usuário.Nas páginas a seguir, reunimos 20 experiênciasde farmacêuticos que, de forma positiva, estão contribuindopara transformar a saúde de sua localidadee mostrar que a sua atuação é peça fundamental naengrenagem que move a saúde brasileira. Queremosmostrar que farmacêutico na saúde pública não écusto, mas investimento!Walter da Silva Jorge João(Presidente)Valmir de Santi(Vice-Presidente)José Vílmore Silva Lopes Júnior(Secretário-Geral)João Samuel de Morais Meira(Tesoureiro)


6ApresentaçãoEsta publicação é uma estratégia do ConselhoFederal de Farmácia (CFF) para divulgar o impacto daestruturação da assistência farmacêutica no SistemaÚnico de Saúde (SUS), no âmbito da rede de atenção.Os cenários das experiências são Unidades Básicas deSaúde, Centros de Atenção Psicossocial, ambulatóriosde especialidades, Unidades de Pronto Atendimento(UPAs), hospitais, farmácias públicas, Gerência deAssistência Farmacêutica, entre outros.O processo de seleção e publicação dos relatosapresentados nesta 3ª edição foi coordenado pelovice-presidente do CFF, Dr. Valmir de Santi, e pelapresidente da Comissão de Saúde Pública Dra. LúciaSales. O grupo para análise e seleção dos trabalhosfoi constituído por farmacêuticos e professores comexpertise na área e teve o apoio da Assessoria Técnicado CFF, que auxiliou, também, na revisão dos textos.A revisão e a edição do material ficaram a cargoda equipe da Assessoria de Imprensa da instituição.Os relatos foram encaminhados ao Conselho pormeio de um formulário eletrônico, que ficou disponívelno site do CFF do último trimestre de 2014 aoprimeiro trimestre de <strong>2015</strong>. Farmacêuticos de todo oBrasil tiveram a oportunidade de enviar suas experiênciasde forma padronizada, descrevendo seu protagonismopara a transformação do SUS. O conteúdodos trabalhos é de responsabilidade dos autores.Foram enviados 49 relatos, entre os quais 20receberam aprovação para a publicação. A relevânciafoi o principal critério para a seleção. Os critériosde reprovação foram ausência de comprovação daefetividade do trabalho desenvolvido; serviços nãoimplantados; trabalhos desenvolvidos exclusivamentena rede privada; desconsideração do tema proposto eausência de dados.Parabéns aos autores que enviaram seus trabalhose, em especial, aos que fazem parte dalista dos selecionados. Seu interesse em trabalharpela consolidação do SUS, respeitando os princípiosconstitucionais da equidade, gratuidade euniversalidade, merece o reconhecimento de todaa sociedade.Grupo de TrabalhoCOORDENAÇÃOValmir de SantiCOMISSÃODE SAÚDE PÚBLICA DO CFFLúcia SalesMárcia Regina CardealGutierrez SaldanhaLorena BaíaSilvana LeiteSílvio Machado Wilson Hiroshi Israel MurakamiCOMISSÃO PARA A SELEÇÃO DE “EXPERIÊNCIASEXITOSAS DE FARMACÊUTICOS NO SUS”Noêmia Liege BernardoWesley Magno Ferreira


7Apucarana/PRMapa da Regional de SaúdeEducação permanentepara qualificação e fortalecimentoda assistência farmacêutica noâmbito da 16ª Regional deSaúde - Apucarana (PR)CARACTERIZAÇÃOA 16ª Regional de Saúde do Paraná, sediada nacidade de Apucarana, congrega 17 municípios localizadosna região centro-norte do Paraná. Com economiapredominantemente agrícola e industrial, tem,de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE/2010), 352 mil habitantes,dos quais 51% são do sexo feminino, e há predominânciada faixa etária entre 30 e 59 anos (40%).Perfil epidemiológicoA principal causa de mortes são as doenças doaparelho circulatório, seguida pelas neoplasias ecausas externas. Em relação às causas externas, destacam-seas mortes por acidentes de trânsito, relacionadasà malha de rodovias que permeiam a região.Em 2011, a principal causa de internação peloSistema Único de Saúde (SUS) foram as doenças doaparelho circulatório (23%). Estas internações tota-


8lizaram mais de R$ 30 milhões em despesas diretas.Ainda que o perfil demográfico tenha predominânciada população em idade economicamente ativa(10 a 65 anos), o perfil epidemiológico alinha-se àrealidade brasileira, evidenciando a necessidade dequalificação do atendimento à doenças crônicas e aoenvelhecimento saudável.Estruturação da rede de saúdeDados do Cadastro Nacional de Estabelecimentosde Saúde (Cnes) indicam a existência deaproximadamente 800 estabelecimentos de saúde.A Regional de Saúde organiza-se assistencialmentepor meio dos serviços municipais, responsáveispela atenção básica, vigilância em saúde e assistênciafarmacêutica; pelo Consórcio Intermunicipaldo Vale do Ivaí (Cisvir) para atendimentoespecializado; e pela rede hospitalar, com trêshospitais de abrangência regional de alta complexidadeassistencial, mais hospitais de pequenoporte nos diversos municípios. Apucarana é, ainda,sede regional do Serviço de Atendimento Móvelde Urgência (Samu), contando, também, comum Hemonúcleo.Compete à Regional de Saúde coordenar a organizaçãodos serviços assistenciais no âmbito daregião, fornecendo suporte técnico-administrativoaos municípios, além de apoio assistencial na área deassistência farmacêutica (AF), vigilância em saúde,auditoria, controle e regulação.Assistência farmacêuticaOs municípios da Regional de Saúde congregamuma rede de 17 farmácias públicas, além de unidadesde dispensação de medicamentos descentralizadas,conforme o porte do município. Apucarana dispõede uma farmácia e uma central de abastecimentofarmacêutico de caráter regional. Por ocasião destaexperiência, existia ao menos um farmacêutico pormunicípio. Vinte e seis farmacêuticos atuavam diretamentena AF local. Considerando apenas os valoresmínimos de custeio do componente básico da assistênciafarmacêutica estima-se um investimento anualsuperior a R$ 3 milhões em medicamentos, mais osrecursos do componente especializado, estratégico eprogramas de incentivo.RELATO DA EXPERIÊNCIAA presente iniciativa teve por objetivo principalqualificar a AF em âmbito regional, com focono fortalecimento das Redes de Atenção à Saúde.Como objetivos específicos, foram eleitos a avaliaçãoda situação de organização dos serviçosmunicipais, a educação permanente dos profissionais,o planejamento organizacional e inserção datemática nos instrumentos de gestão do SUS.


9METODOLOGIAPara a concretização da iniciativa proposta,foi organizado um programa de qualificação comum ano de duração, envolvendo ações de educaçãopermanente em saúde. O projeto foi apresentado eaprovado na Comissão Intergestores Regional, Secretariade Estado da Saúde e Escola de Saúde Públicado Paraná, o que garantiu sua viabilidade institucional.A participação no programa dividiu-se emdois níveis, um de caráter institucional (município)e outro para os profissionais que atuam na área,sendo ambos oficializados mediante aprovação noConselho Municipal de Saúde e assinatura de termode compromisso do gestor, que previa a liberação doprofissional, autorização para avaliação dos serviçose compromisso com a institucionalização dos apontamentosrealizados.Descrição da experiênciaO programa baseou-se na educação permanenteem saúde, avaliação e planejamento dos serviços paraconstruir serviços de excelência em AF como partedas Redes de Atenção à Saúde. Foram propostas trêsetapas, executadas em ordem cronológica: avaliaçãodos serviços (observação da realidade); educaçãopermanente (problematização e teorização); e planejamentoestratégico (proposição de intervençõespara alterar a situação vivenciada).A primeira etapa teve como objetivos o levantamentode necessidades e problemas vivenciados porcada município, fornecendo subsídios para as discussõesda segunda etapa e para as propostas a seremestabelecidas na terceira.Além disso, a avaliação inicial possibilitou omonitoramento dos resultados do programa, por meiode indicadores passíveis de aferição ao término doprocesso. Foi utilizado um formulário padronizado deavaliação que abrangeu aspectos organizacionais, estruturaise de funcionamento de cada uma das etapasdo ciclo gerencial da AF (seleção, programação, aquisição,armazenamento/distribuição e dispensação),bem como aspectos relacionados aos instrumentos degestão do município. Após aplicação do instrumento,a equipe gestora do programa elaborou um relatórioavaliativo que foi entregue ao secretário de saúdecom apontamentos para melhoria dos serviços.Na segunda etapa, os profissionais indicadospelo serviço municipal foram convocados para encontrosna sede da regional. Foram estruturados seis encontrospara teorização das etapas do ciclo logísticoda AF, discussão das situações caracterizadas comodificuldades/problemas na primeira etapa e discussãoteórica sobre possíveis soluções. Os encontrostiveram como proposta pedagógica o uso de metodologiasativas de ensino-aprendizado, com programaçãoe materiais de apoio disponibilizados na internet(para ler acesse migre.me/qP01w).Na terceira etapa, os participantes elaboraramos capítulos dos Planos Municipais de Saúdereferentes à AF. O método adotado foi o detutoria, no qual os profissionais foram distribuídosem três grupos, cada qual tutorado por umfarmacêutico da Regional de Saúde. Os trabalhosforam norteados pela publicação “Planejar é Preciso”,do Ministério da Saúde, e pelas discussões


10da segunda fase. Nesta etapa do programa, procurou-segarantir a sustentabilidade da propostade qualificação em médio e longo prazo. Comisso, buscou-se fechar o ciclo da problematização,garantindo a adequada intervenção sobreos problemas experimentados nos municípios,avaliados e discutidos ao longo do programa.Encontro para implementação do projetoDescrição dos impactos geradoscom esta experiênciaTodos os municípios da regional se inscreveram.O programa teve 29 participantes, entre farmacêuticos,auxiliares de farmácia e secretários de saúde. Olevantamento realizado na primeira etapa permitiutraçar uma linha de base para caracterização dos serviçose orientação de políticas setoriais, além dosdemais objetivos já detalhados.Os relatórios oriundos das avaliações representaramum importante marco para o início das negociaçõese a sensibilização dos gestores municipais, umavez que trouxeram recomendações para a melhoriaimediata dos serviços. Além disso, o levantamentopotencializou os processos de monitoramento do programaFarmácia do Paraná, da Secretaria de Estadoda Saúde, no eixo do Incentivo para Organização daAssistência Farmacêutica, e do Qualifar-SUS, do Ministérioda Saúde.Na segunda etapa, 90% dos participantes dosencontros obtiveram frequência superior a 80%.As discussões realizadas com base nos problemasidentificados mostraram-se produtivas, comobtenção de conceito ótimo/bom da maioria dosinscritos (96%). Na avaliação qualitativa, foi possívelidentificar a relevância, para os serviços, doprocesso de atualização técnica, da valorizaçãoda AF e da constituição de redes colaborativasentre os profissionais.A terceira etapa foi influenciada por elementospolíticos e institucionais – como eleições municipaise a realização de conferências de saúde–, que limitaram o alcance do objetivo. Todos osparticipantes contribuíram de alguma forma paraa elaboração/revisão dos instrumentos de gestão.Contudo, apenas 40% dos municípios viabilizarampropostas concretas de alteração dos instrumentos.Além do período eleitoral, também influenciouo resultado observado, o descompasso entreo calendário de elaboração dos planos de saúde,atualizados a cada quatro anos, e o período darealização do programa. Espera-se que a sensibilizaçãodos gerentes municipais possa influenciarna realização das conferências e na proposiçãodos novos planos municipais a partir do próximociclo gerencial (2016).Os custos para execução do programa correrampor conta da 16ª Regional de Saúde. De forma complementar,os municípios custearam o transporte dosparticipantes com recursos próprios ou advindos deprogramas de incentivo e custeio estadual ou federal.Próximos passos, desafios e necessidadesO desafio da qualificação e institucionalizaçãoda AF é permanente e demanda estratégiasque respeitem as peculiaridades de cada localidade.É certo, no entanto, que a minimização dasdificuldades estruturais e operacionais dependediretamente de sua formalização como instânciada gestão e da superação da condição cartorialdo sistema de planejamento e orçamento públicos.Um dos maiores desafios observados é aconscientização dos gestores sobre a importânciada destinação de recursos para custeio, estruturaçãoe oferta de serviços farmacêuticos. Em geral,as verbas se destinam à aquisição de medicamentos.Embora os programas de custeio e investimentocom repasse de recursos para os municípios tenhamsido ampliados, por ocasião desta experiência, nemtodos eram contemplados e os critérios para a aplicaçãodos recursos eram restritos.


11A continuidade da discussão é de fundamentalimportância e requer profissionais qualificados parasensibilizar e integrar os diversos atores envolvidosno processo de gestão do SUS.CONCLUSÃOAinda que envolvesse aspectos relacionadosà política e ao gerenciamento da AF, o programapossibilitou a sensibilização dos gestores municipaise permitiu o avanço no reconhecimentoda AF como política integrante do SUS. A sustentabilidadebuscada com os instrumentos degestão mostrou-se possível e necessária, sendoaltamente recomendada a execução, por parte dasSecretarias de Estado e do Ministério da Saúde,de estratégias de qualificação que combinem planejamento,educação permanente e qualificaçãoda gestão.REFERÊNCIASBRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência,Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamentode Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos.Planejar é preciso: uma proposta de método paraaplicação à assistência farmacêutica. Brasília: Editorado Ministério da Saúde, 2006.INSTITUIÇÃOSecretaria de Estado da Saúde do Paraná/16ª Regionalde Saúde/Apucarana-PRAUTORESFelipe Assan RemondiPatrícia Flores FermanFernanda Lemos StornCONTATOfelipe.assan@sesa.pr.gov.brscine16rs@gmail.com


12Campo Largo/PRIgreja de São Sebastião de RondinhaImplantação de estratégiaspara uso seguro de medicamentosem um hospital público infantilno Estado do ParanáCARACTERIZAÇÃOOs projetos citados neste relato foram realizadose implantados no Hospital Infantil Waldemar Monastier(HI), localizado no município de Campo Largo,na região metropolitana de Curitiba (PR). Com umapopulação de 112.377 habitantes, de acordo com oInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,2010), a cidade dispõe também de uma Unidade dePronto Atendimento (UPA), dois hospitais de grandeporte (público e privado), além de diversas unidadesde atenção básica.Inaugurado em dezembro de 2009, o HI é um estabelecimentopúblico estadual. Foi o primeiro hospitalda rede própria do Estado do Paraná a recebero certificado de Hospital Acreditado. A instituiçãoatende exclusivamente paciente do Sistema Único deSaúde (SUS). São crianças e adolescentes (0 a 17anos de idade), encaminhadas de todos os municí-


13pios do Estado do Paraná, que recebem assistêncianas áreas de média e alta complexidade. O hospitalconta com Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)pediátrica e neonatal, pronto-socorro e atendimentoambulatorial.Este trabalho foi desenvolvido pela equipedo Setor de Farmácia do HI, da qual fazem parte6 farmacêuticos, 12 assistentes de Farmácia e 6estagiários (acadêmicos de Farmácia). Os serviçosdesenvolvidos por este setor incluem farmácia clínica(conciliação medicamentosa), gestão de estoquesde medicamentos e materiais médico-hospitalares,controle de uso de antimicrobianos, diluiçãoe dispensação de germicidas e participaçãoem comissões.RELATO DA EXPERIÊNCIAEm instituições hospitalares é frequente a ocorrênciade eventos adversos relacionados aos medicamentos,mas que são passíveis de prevenção. Entreestes, inserem-se os erros relacionados à técnica depreparo e administração; diluição e rotulagem dos medicamentos;e as incompatibilidades medicamentosas.A administração de medicamentos intravenososem pacientes pediátricos é um processo complexo,devido às particularidades da terapêutica. Assim,quando a farmácia possui um sistema de distribuiçãode medicamentos (SDM) seguro e racional, ela contribuicom a redução de erros relacionados à terapiamedicamentosa.Problemas relacionados a identificação earmazenamento de medicamentosSabe-se que o SDM por dose unitária (SDMDU)é o ideal, mais seguro e econômico para ser utilizadoem hospitais, especialmente em pediatria, garantindoeficácia, racionalidade e segurança terapêutica(FREITAS, 2005; CASSIANI, GIMENEZ e MONZANI2009; ARAÚJO, 2010). Porém, o HI ainda não possuiSDMDU e, por isso utiliza o sistema de distribuiçãoindividualizado direto, com dispensação a cada turnode 12 horas, ficando a equipe de enfermagem responsávelpelo preparo e administração dos medicamentos.Estas duas últimas etapas são, potencialmente,as que apresentam grandes chances de erros demedicação. Por isso, com a finalidade de implementarações que ajudassem a minimizar os riscospotenciais, promovendo e garantindo a segurançana manipulação e administração de medicamentospela equipe de enfermagem, os farmacêuticosdo HI elaboraram duas estratégias para fornecerà equipe informações atualizadas, de forma simples,aplicada e prática, sobre a estabilidade ecompatibilidade de medicamentos.O processo de implantação destas duas estratégiaspara uso o seguro e racional de medicamentosestá apresentado a seguir:Primeira estratégia: guia e etiquetas deestabilidade de medicamentosComo não há SDMDU na farmácia, a elaboraçãode um guia interno e de etiquetas de estabilidadefoi uma das formas encontradas para superardesvantagens como perdas de medicamentos devidoà caducidade, ao uso inadequado, ao descartede medicamentos de múltiplas doses e que aindapossuem estabilidade ou, ainda, informar quaismedicamentos devem ser descartados imediatamenteapós o uso. Assim, os medicamentos sãoutilizados conforme seu período de estabilidade,desde que corretamente manipulados no setor,usando técnicas adequadas e assépticas.No guia (ver tabela na página seguinte),constam as estabilidades dos medicamentos endovenosos(orais e tópicos) padronizados na instituição,bem como possibilidades de reconstituiçãoe diluição, quando necessário. A coluna“estabilidade” do guia contém informações sobreo local e o período de armazenamento (uso imediato,refrigerado - RF ou temperatura ambiente -TA). O documento foi impresso e fixado nos setores,em pastas flexíveis suspensas, para consultarápida pela equipe de enfermagem.


14Guia de estabilidade de medicamentosRECONSTITUIÇÃOMEDICAMENTO(1ª DILUIÇÃO) DILUIÇÃOVIANome genérico/ClasseSECUNDÁRIAApresentação Diluente Volume Mantido emTerapêuticaACICLOVIR(Zovirax)AntiviralÁCIDO NALIDÍXICO(Wintomylon®)AntimicrobianoALBUMINA HUMANA(Grifols)Expansor do volumeplasmáticoAMICACINASULFATO(Novamin®)AntimicrobianoAminoglicosídeoAMOXICILINA(Amoxil®)AntimicrobianoAMOXICILINA •CLAVULANATO(Clavulin)Antimicrobiano250mg -FR/AMPpó estéril250mg/5mlsuspensão oral20% - 0,2g/mL10g/50mLArmazenar emgeladeira até aadministração***50mg/ml - AMP 2ml250mg/ml - AMP 2ml250mg/5mlsuspensão oral250mg - 62,5mg/5mLsuspensão oralFonte: Desenvolvido pelos Autores e SECOM-HI, 2014.EV Água estéril 10ml SF 0,9%VOEVProntopara usoProntopara usoSF 0,9%EVProntoSG 5%para usoIM –VOVOÁGUAFILTRADA OUFERVIDAÁGUAFILTRADA OUFERVIDA150ml –TA(não refrigerarpode precipitar)ESTABILIDADE*Apósreconstituição12hApós diluição– TA 30 dias –– TATAUso ImediatoDescartar após o usoCorrer em até4 horas apósabertoUso ImediatoDescartarapós o uso12h–24hTA 7 dias –RF 14 dias –75mL – RF 7 dias –Legenda: SF - Soro Fisiológico 0,9%; SG - Soro Glicosado 5%; IM - Intramuscular; EV - Endovenoso; VO - Via Oral. Cores padronizadas: azul (RF -refrigerado entre 2ºC e 8ºC); laranja (TA - temperatura ambiente entre 15ºC e 30ºC); rosa (sem estabilidade e de uso imediato)–As etiquetas com identificação da estabilidadedos medicamentos (ver ilustração abaixo) contêm adescrição do medicamento, dados do paciente, abertura,o período de estabilidade após aberto e local dearmazenamento. A farmácia dispensa os medicamentoscom as etiquetas, sendo estas preenchidas pelaequipe de enfermagem.Etiqueta de estabilidade de medicamentosPaciente:MEDICAMENTO: MicafunginaLeito:Via deAdm:Estabilidade: Horário:TA24hData:: /Diluição:Prontuário:VistoPaciente:MEDICAMENTO: Penicillina PotássicaLeito:Via deAdm:Estabilidade: Horário: Data:RF7 dias: /Diluição:Prontuário:VistoPaciente:Prontuário:USO IMEDIATOLeito:Estabilidade:USOIMEDIATODescarteDescartar após o uso!Via deAdm:Horário: Data:: /Diluição:VistoMeropenem com a respectiva etiqueta de identificaçãodo paciente/medicamento e estabilidadeFonte: Desenvolvido pelos Autores e SECOM-HI, 2014Legenda: cores padronizadas: azul (RF - refrigerado entre 2ºC e 8ºC);laranja (TA - temperatura ambiente entre 15ºC e 30ºC); rosa (semestabilidade e de uso imediato). Tam: 2,5x6,5cm


15Segunda estratégia: tabela de incompatibilidadee compatibilidade de medicamentos e soluçõesde uso endovenosoFoi desenvolvida uma tabela de incompatibilidadee compatibilidade (TIC) de medicamentos esoluções de uso endovenoso, distribuída a todos ossetores do hospital. A equipe de enfermagem foi devidamentetreinada para ler corretamente as informaçõese identificar as incompatibilidades e compatibilidades,evitando o uso simultâneo de algumasmedicações incompatíveis.Tabela de incompatibilidade e compatibilidade de medicamentos e soluções de uso endovenosoACICLOVIR SÓDICOÁCIDO ASCÓRBICOÁCIDO TRANEXÂMICOADENOSINAALFENTANILA, CLORIDRATOALPROSTADIL, ALFACICLODEXTRINAAMICACINA, SULFATOAMINOFILINAAMIODARONA, CLORIDRATOAMPICILINA SÓDICAAMPICILINA + SULBACTAMANFOTERICINA B, DESOXICOLATOATRACÚRIO, BESILATOATROPINA, SULFATOBENZILPENICILINA POTÁSSICABICARBONATO DE SÓDIOCEFAZOLINA SÓDICACEFEPIMA, CLORIDRATOCEFOTAXIMA SÓDICAACICLOVIR SÓDICO C C C C C C X CÁCIDO ASCÓRBICO C V C X XÁCIDO TRANEXÂMICOXADENOSINAALFENTANILA, CLORIDRATOCALPROSTADIL, ALFACICLODEXTRINACAMICACINA, SULFATO V C X X V C V V VAMINOFILINA X C X X C X XAMIODARONA, CLORIDRATO X X C C C C X VAMPICILINA SÓDICA V VAMPICILINA + SULBACTAMCANFOTERICINA B, DESOXICOLATO X V XATRACÚRIO, BESILATOVATROPINA, SULFATOVBENZILPENICILINA POTÁSSICA V CFonte: PRELHACOSKI, 2014 e SECOM-HI, 2014Legenda: C - Compatível; X - Incompatível; V - Compatibilidade variável;Branco - Não encontrado informações sobre compatibilidade ou incompatibilidadeDescrição dos impactos geradoscom esta experiênciaPara verificar os resultados da mudança da implantaçãodo guia e das etiquetas de estabilidade, 30profissionais da equipe de enfermagem (Enfermarias,UTIs e Pronto-Socorro) responderam questões sobrea aplicabilidade e utilidade dessas duas ferramentas(ver gráfico).


16Funcionários (%)10080604020087Aplicabilidade do guia e das etiquetas de estabilidade100 100 1009087 8777 77232013 13 131<strong>03</strong>0 0 01 2 3 4 5 6 7 8 9Questões sobre o guia e as etiquetasSim Não Às vezesLegenda: questões => 1) Consulta o guia; 2) Entende as informações descritas e informadas no guia; 3) Segue as recomendações do guia; 4)Reduziram as dúvidas após a implantação; 5) Dispensação do medicamento com a etiqueta facilitou a rotina; 6) Entende as informações da etiqueta;7) Segue recomendações da etiqueta; 8) Preenche todas as informações da etiqueta; 9) Visualizou etiquetas preenchidas incorretamenteObservou-se retorno positivo da equipe de enfermagem,sendo que a maioria relata consultar, entendere utilizar as recomendações do guia e das etiquetasde estabilidade. Todos os respondentes acreditamque a dispensação do medicamento com a etiquetafacilita a rotina diária nos setores assistenciais. Aequipe aprovou a iniciativa da farmácia em divulgar,de forma simples e rápida, a estabilidade dos medicamentos,dúvida de muitos técnicos e enfermeiros.Algumas sugestões relacionadas ao layout do guiae das etiquetas foram apresentadas, principalmentea necessidade de inclusão, no guia, de informaçõessobre como realizar a diluição do medicamento e apadronização do cálculo. Assim, detecta-se mais umaoportunidade de melhorias para garantir o uso segurodos medicamentos. A próxima etapa consistirá na reformulaçãoe conversão do “guia de estabilidade” paraum “guia de medicamentos em geral”, com informaçõesmais abrangentes, visto que a equipe assistencialdemonstrou adesão ao uso desta ferramenta.A TIC mostrou-se uma ferramenta igualmenteimportante. Dados obtidos em dois meses deanálises (n=130 prescrições médicas analisadas)mostraram que em 80% das prescrições havia incompatibilidadesentre os medicamentos (totalde 304 incompatibilidades), resultando em umamédia de 2,33 incompatibilidades por prescrição(PRELHACOSKI, 2014).A equipe de enfermagem (Enfermarias, UTIse Pronto-Socorro) também foi questionada sobrea aplicabilidade da TIC. Os resultados obtidos apartir da avaliação das respostas dos entrevistados(n=25 respondentes) indicam que a maioriaconsulta, entende e segue as recomendações databela e, após a implantação da TIC, reduziramsuas dúvidas sobre o tema (ver gráfico abaixo).Algumas modificações sugeridas no layout e maistreinamentos setoriais estão sendo realizados, afim de que essa ferramenta seja sempre consultadaantes do preparo de medicamentos parenterais.Funcionários (%)Aplicabilidade da tabela de incompatibilidade e compatibilidade10080608072 727240282428202012401 2 3 4 5PerguntasSim Não Às vezesLegenda: questões => 1) Consulta a tabela; 2) Consegue entender as informações da tabela;3) Segue as recomendações da tabela; 4) Reduziram as dúvidas após implantação da tabela88


17Os custos para implantação das ferramentas noHI foram relativos à impressão das etiquetas. Os materiaisnecessários para o desenvolvimento e impressãodo guia de estabilidade e da TIC foram fornecidospela própria instituição.Próximos passos, desafios e necessidadesApesar de as estratégias implantadas auxiliaremno uso seguro e racional de medicamentos e contribuírempara redução de erros de medicação e de custos,as dificuldades relatadas pela assistência quantoà aplicabilidade das ferramentas devem ser avaliadaspara promover melhorias, visando sempre o uso seguroe racional de medicamentos.A educação permanente em saúde é fundamental.Portanto, devem ser realizados treinamentossetoriais constantes da equipe assistencialsobre a manipulação e o manuseio corretosdos medicamentos e o período adequado de utilização,para evitar desperdícios; bem como verificaçãoda possibilidade de incompatibilidade desubstâncias, sempre que houver necessidade deuso concomitante.Os farmacêuticos precisam estar sempre engajadosno aprimoramento de estratégias de usoracional de medicamentos, em locais onde não sepode contar com grandes equipes (recursos humanosinsuficientes para realizar assistência diretaao paciente ou praticar ativamente os serviços defarmácia clínica), nem com os melhores e maiseconômicos SDM, realidade em alguns hospitaisno SUS. Porém, o aperfeiçoamento e o comprometimentocom a assistência farmacêutica garantemao farmacêutico um papel de destaque noque tange à gestão de custos e à segurança dopaciente.Em relação às estratégias implantadas no HI, observou-seuma boa receptividade por parte da equipede enfermagem, que entendeu a importância do guia,das etiquetas e da TIC em prevenir a ocorrência deerros de medicação. Isto comprova a importância dofarmacêutico estudando, produzindo e implementandoações que beneficiem a instituição e o paciente,contribuindo para uma terapia mais segura, efetivae racional.REFERÊNCIASARAÚJO S.A., SABATES A.L. Aspectos facilitadoresdo Sistema de Distribuição de Medicamentos porDose Unitária para a enfermagem. Scientia e Saúde,v.9, n.1, p.47-58, 2010.CASSIANI S.H., GIMENES F.R., MONZANI A.A. Ouso da tecnologia para a segurança do paciente. RevistaEletrônica de Enfermagem, v.11, n.2, p.413-417, 2009.FREITAS A.R. Vigilância sanitária na farmáciahospitalar: o sistema de distribuição de medicamentospor dose unitária (SDMDU) em foco. Monografiade Especialista em Vigilância Sanitária de Serviçosde Saúde. Rio de Janeiro, Escola Nacional de SaúdePública Sérgio Arouca/FIOCRUZ/MS, 2005: 88p.HI – Hospital Infantil Waldemar Monastier. Disponívelem: < http://www.hospitalinfantil.saude.pr.gov>. Acesso em: 20 abril <strong>2015</strong>.IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.Disponível em: < http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=410420 >. Acesso em: 20abril <strong>2015</strong>.PRELHACOSKI, D. Incompatibilidade medicamentosaem unidade de terapia intensiva pediátrica.2014. 21 f . Trabalho de Conclusão de Curso (TCC emFarmácia generalista). Curso de graduação em Farmáciageneralista, Centro Universitário Campos deAndrade, Curitiba, 2014.INSTITUIÇÃOHospital Infantil Waldemar Monastier (PR)AUTORESLarissa ComarellaDaniella Matsubara da SilvaEriéllen Francini BiniAna Paula BartolomeuCONTATOSlarissacomarella@sesa.pr.gov.brdaniellasilva@sesa.pr.gov.breriellenbini@sesa.pr.gov.branabartolomeu@sesa.pr.gov.br


18Curitiba/PRJardim Botânico de Curitiba (PR)Implantação dos serviçosde Farmácia Clínicana Atenção Básica em CuritibaCARACTERIZAÇÃOCuritiba é a capital do Paraná, um dos três estadosque compõem a região Sul do Brasil. Fundada nodia 29 de março de 1693, a cidade possui uma populaçãode 1.751.907 habitantes e está organizada em 75bairros. A região metropolitana de Curitiba é formadapor 26 municípios, com população de 3.168.980 habitantes.De acordo com o censo do Instituto Brasileirode Geografia Estatística (IBGE) de 2010, a populaçãode Curitiba é constituída por 53,8% de mulheres e47,7% de homens, sendo 489.472 indivíduos com menosde 20 anos (crianças e jovens), 1.064.346 adultos,entre 20 e 59 anos, e 198.089 idosos, com maisde 60 anos. Curitiba enfrenta o desafio de toda grandemetrópole: repensar a questão urbana sob o enfoquehumanista. Seu povo, que reuniu estrangeiros de todasas partes do mundo e brasileiros de todos os recantos,ensina, no dia a dia, a arte do encontro e daconvivência.


19Perfil epidemiológicoNo início de 2013, a cobertura de atenção básicano município de Curitiba era de 47,77%. Atualmente,está em 54,56%, o que representa um incrementode 6,79% em um ano, de acordo com orelatório da Secretaria Municipal de Saúde (SMS),divulgado no segundo quadrimestre de 2014. O municípioapresenta tendência de queda na mortalidadematerna e os dados de janeiro de <strong>2015</strong> apontamuma redução de 20% da mortalidade infantil, nosúltimos dois anos. Em relação ao perfil da mortalidade,houve redução relativa de mortes por doençasinfecciosas e o aumento daquelas decorrentesde doenças crônico-degenerativas. Desde 1996, asprincipais causas de óbito são as doenças do aparelhocirculatório e as neoplasias. Já a taxa de mortalidadepor doenças do aparelho respiratório diminuiuaté 2009 e, a partir daí, apresentou um ligeiroaumento. Por outro lado, a taxa de mortalidade pordoenças endócrinas aumentou, o que tem sido atribuídoao avanço do diabetes. Em 2012, a doença foiresponsável por 77,7% dos óbitos provocados pelogrupo das doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas.A taxa de mortalidade por causas externas(principalmente acidentes e violência) apresenta-secomo a terceira causa geral de mortes na cidade.A cobertura vacinal em Curitiba vem alcançando asmetas traçadas pelo Ministério da Saúde (90% pararotavírus e BCG e 95% para as demais vacinas). Dosagravos agudos confirmados, o mais frequente foi oatendimento antirrábico humano, seguido de varicelae acidente por animais peçonhentos.Estruturação da rede de saúdeCuritiba detém gestão plena do Sistema Únicode Saúde (SUS) e presta serviços em todos os níveisde complexidade. O município possui nove distritossanitários organizados em três macrorregiões.A rede está assim estruturada: 283 Unidades Básicasde Saúde (UBS), sendo 174 destinadas às 240Equipes de Saúde da Família (ESF); 8 Unidades dePronto Atendimento (UPA), 13 Centros de AtençãoPsicossocial (Caps), 7 Centros de Especialidades(CE), 3 Centros de Especialidades Odontológicas(CEO), 1 Centro de Orientação e Atendimento aoPortador de HIV (COA), 108 clínicas odontológicas,2 hospitais municipais, 1 laboratório municipal e67 Espaços Saúde. De maneira complementar, omunicípio contrata serviços de clínicas especializadas,hospitais, policlínicas e serviços de apoiodiagnóstico e terapêutico.Prefeitura Municipal de Curitiba (PR)Assistência farmacêuticaUnidade de Saúde de Curitiba (PR)O município possui 123 farmácias públicas econta com o apoio operacional da Coordenação deRecursos Materiais (CRM) e da Gerência de Materiaisde Consumo (GMC) para a aquisição e distribuição demedicamentos nos pontos de dispensação. A RelaçãoMunicipal de Medicamentos Essenciais (Remume)é denominada Farmácia Curitibana. No ano de 2014foram investidos R$ 27.763.149,77 na aquisição demedicamentos.De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde,são 127 farmacêuticos atuando em diversas unidadesde saúde como o Laboratório Municipal, a assistênciafarmacêutica (AF) e a Vigilância Sanitária. Desse total,31 estão inseridos nos Núcleos de Apoio à Saúdeda Família (Nasf). Todas as farmácias contam comsistema eletrônico para registro no prontuário, denominadoe-saúde, interligado à rede municipal, permitindoo monitoramento de pacientes, medicamentose insumos.


20Consulta Farmacêutica - Farmacêutica Marilia Chinasso ea paciente Maria de Lurdes Rodrigues ConstantinoRELATO DE EXPERIÊNCIAA implantação dos serviços de Farmácia Clínicaem Curitiba teve como objetivo geral o alcance daintegralidade do cuidado, com foco no paciente e nãoapenas no medicamento, integrando a AF às Redesde Atenção à Saúde (RAS), como ação e serviço. Oacesso aos medicamentos de modo ampliado e qualificado,assim como um cuidado contínuo, seguro,responsável e humanizado aos pacientes, foram, também,alvos a serem alcançados.Como objetivos específicos, a efetivação dafarmácia clínica visava desenvolver um modelo decuidado articulado com a equipe de saúde que promovesseo uso racional e a redução de riscos e dedesperdício de medicamentos. Também eram objetivoso aumento da adesão ao tratamento, o autocuidado eo alcance das metas terapêuticas; e a melhoria da qualidadede vida dos pacientes, por meio da identificaçãode problemas relacionados à farmacoterapia e darealização das respectivas intervenções farmacêuticas.METODOLOGIAEste trabalho refere-se à exposição do processode idealização, planejamento e implantação do serviçode farmácia clínica nas UBS de Curitiba. Inicialmente,foram ministradas capacitações técnicas aosfarmacêuticos, com ênfase em conteúdos voltados àfarmacoterapia, ao reconhecimento de doenças e deparâmetros de controle direcionados para a prática daconsulta farmacêutica.Como público-alvo, foram eleitos os pacientesque utilizavam cinco ou mais medicamentos e queapresentavam ao menos duas entre as seguintes características:dois ou mais problemas de saúde; dificuldadede adesão; necessidade de ir duas ou mais farmáciasdurante o mês; prescrições de medicamentospor dois ou mais médicos, no último ano, ou duas oumais internações hospitalares, nos últimos seis meses.O encaminhamento dos pacientes ficou acargo da equipe de saúde (médicos, enfermeiros,auxiliares de enfermagem, demais integrantes doNasf e agentes comunitários de saúde). Foi feita,também, busca ativa pelo farmacêutico. Basicamente,as consultas farmacêuticas compreenderamtrês etapas:1. Anamnese, abrangendo dados de identificação(paciente e UBS), histórico social (HS),histórico de doença atual (HDA), queixa principal(QP) e listagem de todos os medicamentosem uso pelo paciente;2. Identificação dos problemas relacionados aouso de medicamentos (PRM), isto é, problemasrelacionados à farmacoterapia;3. Adoção das intervenções farmacêuticas necessáriaspara auxiliar o paciente na correçãodos PRM.Como estratégias, o farmacêutico utilizou a verificaçãoin loco dos medicamentos, de prescrições médicase de exames laboratoriais, além da escuta ativado relato do usuário sobre sua saúde e tratamentosem curso. A avaliação de problemas relacionados àfarmacoterapia, assim como a identificação das intervenções,foi realizada por meio de um raciocínio clínicosistemático, com o propósito de ajudar o usuárioa atingir suas metas terapêuticas e a obter o máximobenefício do uso dos medicamentos.Para o melhor manejo dos problemas de saúdefoi estimulado o autocuidado, por meio da pactuaçãode atitudes, que permitisse mudanças do estilode vida, relacionadas à prática de atividade física, àdieta e aos hábitos sociais, assim como, uma maioradesão à farmacoterapia.Durante o acompanhamento farmacoterapêutico,o farmacêutico avaliou as mudanças no comportamentodo usuário, as alterações nas prescriçõesmédicas, melhorias nos resultados de exames laboratoriaise nos sintomas e estado funcional relatados.Como instrumento para o registro dos dados, foiutilizado um formulário padrão, impresso, no qual osPRM e as possíveis intervenções eram listadas, para


21que o farmacêutico assinalasse os encontrados. Apóso término da consulta, o farmacêutico transcrevia asinformações no prontuário eletrônico (e-saúde), utilizandoa Soap, ferramenta do Ministério da Saúdepara o método de registro clínico orientado a problemas(RCOP).comprometido com a qualificação das ações de saúde,fortalecendo a interdisciplinaridade no SUS.Descrição da experiênciaNo ano de 2013, os farmacêuticos atuantes nosNasf assumiram o desafio de estabelecer um modelode atenção ao usuário mais efetivo, eficiente e dequalidade, por meio da idealização de um projeto emparceria com o Ministério da Saúde – com o programaQualifar-SUS - e a Secretaria Municipal de Saúde deCuritiba. Esse novo modo de atuação se conformavacom o disposto na Portaria n°4.279, de 30 de dezembrode 2010, do Ministério da Saúde, que estabeleceas diretrizes para a organização das Redes de Atençãoà Saúde (RAS), no âmbito do SUS.A referida portaria destaca que a RAS se organizaa partir de um processo de gestão da clínica, associadoao uso de critérios de eficiência microeconômicana aplicação de recursos, mediante planejamento,gestão e financiamento intergovernamentais cooperativos,voltados para o desenvolvimento de soluçõesintegradas de política de saúde. O novo modelo deserviço requereu integração e ampliação dos pontosde atenção, inovando processos de trabalho com baseem evidências, numa ação coordenada e cooperativa,incorporando a prática da gestão clínica farmacêutica.Para atender à normativa, dois supervisores etrês apoiadores, contratados por meio do programaQualifar-SUS, treinaram os farmacêuticos em cursos,reuniões e seminários. O processo de capacitação foibaseado em metodologias participativas, centradasnos alunos, utilizando técnicas de “Problem-BasedLearning” (PBL), práticas supervisionadas e estudosde casos (ligados aos problemas de uso irracional demedicamentos).As consultas farmacêuticas foram iniciadas em02/04/2014, em 56 UBS. O serviço prestado resgatouo paciente como foco principal da prática profissional,numa concepção integral e holística. As atividadesrealizadas e o conhecimento adquirido promoveramum amadurecimento nos farmacêuticos, resgatandoa tão necessária interlocução com a equipe de saúde,em prol do paciente. Por outro lado, a equipe desaúde descobriu, no farmacêutico, um novo parceiro,Capacitação de farmacêuticos para realizaçãodas consultas farmacêuticasDescrição dos impactos geradoscom esta experiênciaNo período compreendido entre 02/04/14 e30/06/14, foram atendidos 566 usuários em 702 consultas.Entre os atendimentos, 80.6% foram iniciais e19,4% referentes a retorno. Nas consultas iniciais, osfarmacêuticos identificaram 3.145 problemas relacionadosà farmacoterapia, em 561 usuários, conformediscriminado no gráfico abaixo. O número médio deproblemas relacionados à farmacoterapia foi de 5,6por paciente.Figura 1 - Prevalência de categorias de problemas relacionados àfarmacoterapia entre os usuários atendidos no serviço de farmáciaclínica no município de Curitiba, entre abril e junho de 2014Para a resolução e prevenção dos problemasidentificados, foram realizadas 3.660 intervençõesfarmacêuticas, em 97,7% dos usuários (n=553). Asintervenções, conforme sua frequência, estão demonstradasno gráfico a seguir. Para cada paciente,foram necessárias em média 6,6 intervenções farmacêuticas.


22Figura 2 - Intervenções farmacêuticas realizadas aos usuáriosatendidos no serviço de farmácia clínica no município deCuritiba, no período de abril a junho de 2014No período analisado, os farmacêuticos efetuaram136 consultas de retorno. O curto período detempo avaliado neste recorte não permitiu a tabulaçãode dados referentes aos resultados terapêuticosdas intervenções realizadas na totalidade dos usuáriosatendidos (dados clínicos).Por outro lado, foi possível identificar mudançaspositivas no comportamento do subgrupode 118 usuários, os quais compareceram a no mínimoum atendimento de retorno, no período de90 dias.Dos 118 pacientes atendidos, 64,9% apresentarammudanças no comportamento e na adesão aotratamento, 62,3% realizaram os exames de monitoramentosolicitados, 44,5% passaram por consultamédica e 37,5% tiveram a farmacoterapia alteradapelos prescritores.Próximos passos, desafios e necessidadesApós a incorporação do serviço de farmácia clínicaem algumas unidades de saúde, inicialmentecomo um projeto, e depois como um serviço implantadona SMS de Curitiba, deparou-se com a certeza deque não seria possível ofertar o serviço apenas paraalguns usuários em detrimento de outros, igualmentenecessitados de atendimento.Os resultados demonstrados pelos indicadorestrazem à luz dados outrora desconhecidos e quemotivam e justificam a continuidade e ampliaçãodo serviço. Criou-se um grupo de trabalho paraelaborar o plano de ação contendo os próximospassos de execução, visando à consolidação doserviço de farmácia clínica e à identificação dasnecessidades emergentes, assim como os aprazamentospara sua efetivação. O plano foi baseadoem objetivos principais que se desdobram emações secundárias a serem executadas no decorrerde <strong>2015</strong>:1. Fortalecer o serviço de farmácia clínica eampliá-lo para 100% das UBS de Curitiba- sendo esse um dos maiores desafios enecessidade;2. Implantar e fortalecer os Comitês de Uso Racionalde Medicamentos (Curame), formadospor equipe multiprofissional, para discussãoe resolução dos problemas locais relacionadosa medicamentos;3. Implantar programas de estágios do curso deFarmácia nas UBS, UPAs e centros de especialidades;4. Incorporar pelo menos um medicamento fitoterápicoà Farmácia Curitibana;5. Promover ações sobre o uso racional de medicamentoscom a comunidade, integradas às áreasde promoção, atenção e vigilâncias da SMS;6. Estruturar a AF na SMS, buscando uma integraçãomaior entre atenção e a logística,de forma colaborativa, incluindo capacitaçõespermanentes às equipes de referênciade cada UBS, para qualificar o cuidado commedicamento.Estes objetivos deverão ser monitorados porequipe designada pela gestão, podendo ser revistos ealterados sempre que necessário.CONCLUSÃODiante dos resultados obtidos, fica claro que oserviço de farmácia clínica é relevante para a populaçãono controle de suas doenças e condições desaúde. Isto é particularmente verdadeiro quando ousuário é polimedicado.O fato de o paciente utilizar diversos medicamentos,pressupõe a necessidade de uma orientaçãoprofissional, evitando que os riscos decorrentes domau uso superem os benefícios propostos na prescrição.O número médio de 5,6 problemas de farmacoterapiapor consulta demonstra o quanto a farmáciaclínica pode contribuir para a melhoria da saúde, pormeio da correta intervenção.A implantação da farmácia clínica possibilitouvivenciar o verdadeiro trabalho em equipecom demais profissionais da saúde, além defornecer inúmeros dados concretos sobre o UsoRacional de Medicamentos no município. A partirdesses dados, é possível estabelecer indicadores e


23planejar estratégias de monitoramento e melhoriacontínua.No decorrer da implantação do serviço, muitasdificuldades foram superadas tais como a conciliaçãodas atividades de logística com o serviço de clínica; ainexperiência em raciocínio clínico e farmacológico;formulário da consulta muito extenso; falta de informações(no prontuário eletrônico), quando o pacienteera atendido pela rede conveniada; infraestruturalocal deficiente; dificuldade de acesso à internet; indisponibilidadede consultórios e desafio na captaçãode pacientes para o serviço.A reestruturação dos processos de trabalho, omatriciamento dos casos com as equipes multiprofissionais,e a necessidade de estudo para desenvolvimentode habilidades para a clínica são fundamentaisna implantação do cuidado efetivo aousuário. Apesar das dificuldades iniciais, as consultascontinuam a ser realizadas e os problemasdetectados são encaminhados para resolução, queresultaram no alto grau de satisfação do usuáriofrente ao novo serviço ofertado.Os resultados têm proporcionado aos farmacêuticosmaior realização profissional, além de maior valorizaçãopelos demais membros da equipe de saúde,frente à resolutividade, efetividade e melhor acompanhamentoaos pacientes. A disposição em superardesafios para obtenção dos dados e melhoria dosindicadores serve de alicerce e norte para as futurasações de AF no município.REFERÊNCIASBRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamentode Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos.Cuidado Farmacêutico na Atenção Básica. Cadernos1: Serviços Farmacêuticos na Atenção Básicaà Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 108p.BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamentode Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos.Cuidado Farmacêutico na Atenção Básica. Cadernos2: Capacitação para Implantação dos Serviçosde Clínica Farmacêutica. Brasília: Ministério da Saúde,2014. 308p.BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamentode Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos.Cuidado Farmacêutico na Atenção Básica. Cadernos3: Planejamento e Implantação de Serviços deCuidado Farmacêutico na Atenção Básica à Saúde:A experiência de Curitiba. Brasília: Ministério daSaúde, 2014. 120p.BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamentode Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos.Cuidado Farmacêutico na Atenção Básica.Cadernos 4: Resultados do Projeto de Implantaçãodo Cuidado Farmacêutico no Município de Curitiba.Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 100p.CURITIBA, Prefeitura Municipal de Curitiba.Secretaria Municipal de Saúde. Disponível em:www.saúde.curitiba.pr.gov.br/index.php/a-secretaria/historico-da-secretaria.Acesso em: 15out.2014.CURITIBA, Prefeitura Municipal de Curitiba. SecretariaMunicipal de Saúde. Relatório de gestão monitoramentoquadrimestral - 2º quadrimestre 2014Disponível em: www.saude.curitiba.pr.gov.br/images/SMS_Relat%C3%B3rio%20de%20Gest%C3%A3ol_2%-C2%BAQuad14_vers%C3%A3o%20final.pdf. Acessoem 23 jan <strong>2015</strong>.INSTITUIÇÃOSecretaria Municipal de Saúde de CuritibaAUTORASBeatriz Ribeiro Ditzel PatriotaGisele BalamMariana Rosa GomesMarilia ChinassoMarina Yoshie MiyamotoSilmara SimioneCONTATOfarmaciacj2@sms.curitiba.pr.gov.br


24Boa Vista do Incra/RSImagem aérea do municípioImplementação da gestãofarmacêutica e do Sistema deDescarte de Resíduos de Medicamentos,no município de Boa Vista do Incra (RS)CARACTERIZAÇÃOO município de Boa Vista do Incra está localizadona região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE/2014), possui uma população de2.549 habitantes, área territorial de 5<strong>03</strong>,471 de km²,densidade demográfica de 4,82 (hab/km²) e está a 385km da capital, Porto Alegre. A área, onde hoje estálocalizado o município, foi adquirida pelo Instituto Nacionalde Colonização e Reforma Agrária (Incra) que,na época, se chamava Instituto Brasileiro de ReformaAgrária (Ibra). A aquisição teve como objetivo oreassentamento de parte das famílias que tiveram suaspropriedades atingidas pela construção da Barragemdo Passo Real. Em 24 de março de 1996, foi realizadoum plebiscito, e 97% da população optou pela emancipação.Em 16 de abril deste ano, o município de BoaVista do Incra foi criado pela Lei nº 10.740.Estruturação da rede de saúdeDe acordo com o Ministério da Saúde, a mudançado perfil epidemiológico no Brasil, nos úl-


27caixas lacradas e recolhidas por empresa terceirizada,que é responsável pelo seu destino final, em locallicenciado e adequado. O recolhimento é feito a cadaseis meses ou conforme a demanda.A base utilizada para quantificar o volume derecursos gastos com esses procedimentos no períododo estudo foi a análise dos dados do sistema informatizadoda própria farmácia, quanto à saída de medicamentosvencidos, e dos dados contábeis, quantoao pagamento da empresa responsável pelo destinofinal dado a estes itens.Para determinar a quantidade de medicamentosdescartados pelo município, no período do estudo,foram utilizados dados quantitativos, por meio daanálise das planilhas de saídas de medicamentos vencidos,do software implantado na farmácia públicamunicipal.Foram utilizados dados quantitativos tambémpara analisar o gasto financeiro do município com odescarte dos medicamentos vencidos entre os anosde 2010 e 2014, por meio da verificação junto aosetor de contabilidade da Prefeitura Municipal deBoa Vista do Incra, dos dados contábeis referentesaos pagamentos realizados à empresa coletora dosresíduos do grupo B. (Relatório de Gestão Municipal– Saúde e Siapc do Tribunal de Contas do Estado doRio Grande do Sul- TCE/RS, 2010-2014).fim de padronizar as dispensações e conscientizarprofissionais da saúde e pacientes quanto ao descartecorreto dos medicamentos.O município possuía um contrato com uma empresaterceirizada responsável pela coleta e destinaçãofinal dos resíduos de saúde da UBS, mas antes daimplantação do Plano de Gerenciamento de ResíduosSólidos em Saúde (PGRSS) os medicamentos vencidos,pertencentes ao Grupo B, não eram segregados dosdemais resíduos de saúde. Assim, os dados referentesaos anos de 2010 e 2011 (tabela 1) não representamapenas os resíduos do Grupo B.Desta forma, na análise dos valores gastos a partirda implantação do plano de gerenciamento (2012a 2014) fica clara a diminuição nos valores gastoscom a coleta e destinação final dos resíduos referentesapenas aos medicamentos com prazo de validadeexpirado.Tabela 1. Gasto em R$, por ano, com adestinação final dos medicamentos<strong>Ano</strong> R$2010 60002011 20002012 34102013 10002014 840Total 13250Da mesma forma, quando se trata da quantidadede medicamentos vencidos por unidade (comprimidos,frascos, ampolas e pomadas), só é possível aanálise a partir do ano de 2012, como podemos observarna tabela 2.População atendida na UBSDescrição dos impactos geradoscom esta experiênciaCom o diagnóstico de desperdício, em julhode 2012, o farmacêutico responsável pela farmáciapública municipal coordenou a elaboração doPlano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos daUBS Felice Trenhago. O plano tinha como objetivos,além de dar a destinação correta aos itensvencidos, também implantar a Remume e um rígidocontrole de estoque na unidade, além de viabilizaruma maior interação entre os prescritores, aTabela 2. Unidades de medicamentos descartadas(comprimidos, frascos, ampolas e pomadas)<strong>Ano</strong>Unidade2012/1 53.9602012/2 47.0952013/1 26.7852013/2 51.4232014/1 46.7592014/2 9.549Total 235.571A tabela 2 mostra o grande desperdício demedicamentos durante os primeiros anos de im-


28plantação do PGRSS. Isso é explicado pelo fatode grande parte dos medicamentos possuírem emtorno de dois anos de prazo de validade. Portanto,mesmo depois da implantação de um rígidocontrole de estoque, da padronização da lista básicae da racionalização na compra dos medicamentos,os itens adquiridos anteriormente a esteprocesso e não utilizados são os responsáveis porestes números vultuosos. A redução do númerode itens vencidos para apenas 9.549, no segundosemestre de 2014, corrobora esta constatação eindica o sucesso, mesmo que em longo prazo, doplano de gerenciamento de resíduos sólidos implantado.Na análise do gasto financeiro do municípiocom o descarte dos medicamentos vencidos entreos anos de 2012 a 2014, é notório o impactocausado com a implantação do Plano de Gerenciamentona farmácia pública municipal, pois comoobservamos no gráfico 1, o valor de medicamentossendo descartados por expiração do prazode validade vem caindo semestre a semestre, deforma vertiginosa, e se compararmos o primeirosemestre de 2012 (antes do plano ser implementado)e o segundo semestre de 2014 (com o planode gestão já totalmente estruturado), temos umaredução de aproximadamente 90 % no desperdíciode dinheiro público com descarte de medicamentosvencidos no município.Gráfico 1: Gasto em R$ por semestre como descarte de medicamentos vencidosPara que possamos estimar o gasto total do municípiocom o descarte dos medicamentos vencidospor ano é necessário que se tenha o valor dos medicamentosvencidos naquele ano e os valores gastoscom a destinação final destes produtos, o resultadopode ser verificado no gráfico 2.Gráfico 2: Gasto total do municípiocom medicamentos vencidos (valor domedicamento + valor da coleta edestinação final) nos anos estudadosPara a confecção deste gráfico foram subtraídosos anos de 2010 e 2011. Nestes anos, só existem dadosreferentes aos gastos com o transporte e destinaçãofinal dos medicamentos vencidos, não havendoregistros do total de medicamentos e do respectivovalor dos itens que foram descartados.Os resultados positivos obtidos a partir da implantaçãodo PGRSS no município, como diminuiçãodo gasto com medicamentos vencidos, aumento donúmero de medicamentos ofertados à população edescarte correto dos medicamentos com prazo de validadeexpirado se devem em grande parte à contrataçãodo profissional farmacêutico, no ano de 2012. Assimcomo nesse estudo, muitos outros correlacionamos avanços/retrocessos na logística do medicamentocom a presença/ausência deste profissional tão importantepara a saúde pública.O Banco Mundial realizou um estudo sobre agovernança no SUS e afirmou, em seu relatório publicadoem 2007, que o gerenciamento da logísticade medicamentos absorve cerca de 20% dos recursosfinanceiros da saúde, podendo ser a causa principalde ineficiência e perda. O relatório também apontaque há deficiência na qualidade dos serviços, que éatribuída a problemas de gestão e à ineficiência nouso dos recursos. (VIEIRA, 2008). Neste trabalho foramauditados 597 municípios (10,7% dos municípiosbrasileiros). Desses, 90,3% apresentaram problemasna gestão de recursos ou serviços. Em 71% dos municípiosfoi constatada a falta de controle de estoqueou sua deficiência e em 39% condições inadequadasde armazenamento. Verificou-se falta de medicamentosem 24% dos municípios (VIEIRA, 2008).


29Próximos passos, desafios e necessidadesA situação do gerenciamento de resíduos e daAF no município de Boa Vista do Incra, quando daimplementação do plano de gerenciamento em 2012,guardadas as devidas proporções, apresentava problemase dificuldades semelhantes à realidade nacional,constatados nas referidas pesquisas.Dentre os principais problemas pode-se destacara falta do farmacêutico, compra exagerada e semcritérios de medicamentos, falta de observância deum prazo de validade mínimo das compras, falta deum controle rígido de estoque, medicamentos sendodescartados junto com outros resíduos de saúde einexistência de uma lista básica de medicamentos.Os objetivos da pesquisa, bem como do plano degerenciamento de resíduos sólidos foram alcançados,visto que os pontos críticos e responsáveis pela grandeperda de medicamentos por expiração do prazo devalidade foram atacados e solucionados. É possívelafirmar, ainda, que as principais ações que levaramao sucesso do plano de gerenciamento foram: a implantaçãode um rigoroso controle de estoque, com aexigência de um prazo de validade mínimo quando dacompra dos medicamentos; a compra de medicamentospara períodos menores de consumo (3 a 4 meses)e a definição de uma lista básica de medicamentosmunicipal, além da conscientização de profissionaise pacientes acerca da importância do correto gerenciamentoe descarte dos medicamentos.A implementação de uma logística adequadaproporcionou impactos positivos em termos de acessoe qualidade dos serviços prestados, refletindo-sena melhoria da eficiência e no controle de gastos públicos.Desse modo, indubitavelmente, uma gestãoeficiente é considerada estratégica para otimizar osescassos recursos destinados à saúde, além de contribuirpara a conservação ambiental.O principal desafio é ampliar a conscientizaçãoda população e dos profissionais da saúde quanto àimportância do descarte correto dos medicamentos.Além disso, é preciso aprimorar, ainda mais, o controledos estoques e das compras de medicamentosno município, para que, por meio de uma gestão eficiente,não se repitam as perdas sanitárias e financeirascom medicamentos no município.REFERÊNCIASANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Resolução RDC nº 306, de 07 dezembro de 2004.Dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamentode resíduos de serviços de saúde. Brasília:2004.YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos.Porto Alegre: Editora Bookman, 2001.SERAFIM, E.O.P. et al. Qualidade dos medicamentoscontendo dipirona encontrados nas residências deAraraquara e sua relação com a atenção farmacêutica.Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. V. 43, p.127-135. 2007.EICKHOFF, P.; HEINECK, I.; SEIXAS, L.J. Gerenciamentoe destinação final de medicamentos: umadiscussão sobre o problema. Revista Brasileira de Farmacologia.V. 90, p. 64-68. 2009.CUSSIOL, N.; LANGE, L .C.; FERREIRA, J. A. Resíduosde serviços de saúde. In: Couto, R. C.; PEDROSA,T. M. G.; NOGUEIRA, J. M. (Org). Infecção hospitalare outras complicações não-infecciosas da doença:epidemiologia, controle e tratamento. 3º ed. Rio deJaneiro: Editora Medsi, 20<strong>03</strong>.Relatório de Gestão Municipal - Secretaria deSaúde e Sistema de Informações de Auditoria e Prestaçãode Contas – SIAPC do Tribunal de Contas doEstado do Rio Grande do Sul - TCE/RS, Boa Vista doIncra – RS, 2010-2014.VIEIRA, F. S. Qualificação dos serviços farmacêuticosno Brasil: aspectos inconclusos da agendado Sistema Único de Saúde. Revista Panamericana deSalud Pública. V. 24, p. 91-100, 2008.INSTITUIÇÃOUnidade Básica de Saúde (UBS) Felice Trenhagode Boa Vista do IncraAUTORESDieisson MorganArmando Carlos AvanciniCONTATOd.morgan7@hotmail.com


30Alfenas/MGEstudos realizados porfarmacêuticoslevam à criação de Lei Municipalsobre Descarte de MedicamentosCARACTERIZAÇÃOOs projetos de pesquisa e extensão aqui relatadosforam desenvolvidos em Alfenas, cidade localizadano sul de Minas Gerais, situada a 345 km dedistância da capital, Belo Horizonte, e a 316 km deSão Paulo (SP). A cidade possui 73.774 habitantes.Em relação ao gênero, as mulheres compõem umaparcela um pouco maior, de aproximadamente 51,1%da população. Já a faixa etária com maior número dehabitantes para os dois gêneros é de 30 a 39 anos,totalizando 11.176 pessoas. A população idosa (≥ 60anos) corresponde a aproximadamente 12,4% dos habitantes.Alfenas é uma cidade predominantementeurbana, visto que apenas 6,2% dos habitantes encontram-sena zona rural (BRASIL, 2010).Perfil epidemiológicoA cidade de Alfenas possui Índice de DesenvolvimentoHumano (IDH) de 0,760, sendo o 7º maior daregião sul e sudoeste de Minas Gerais. Possui 850,446km² da área da unidade territorial e densidade demográficade 86,75 hab/km². O índice de alfabetização


31pode ser considerado alto, uma vez que 87,74% dapopulação sabe ler e escrever. O Coeficiente de Gini,que mede a desigualdade na distribuição de renda dapopulação por meio de uma escala de 0 a 1, é de 0,42e o município possui índice de pobreza de 19,81%(BRASIL, 2010). Mais de 90% das casas possuem redede abastecimento de água, rede de esgoto ou pluviale coleta de lixo, descartado no aterro sanitário (BRA-SIL, 2009a).Estruturação da rede de saúdeDesde 1998, Alfenas detém a Gestão Plena doSistema Municipal de Saúde, sendo considerada sedemacrorregional e polo assistencial. Segundo o CadastroNacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes), omunicípio possui treze equipes da Estratégia de Saúdeda Família (PSF) e seis Unidades Básicas de Saúde(UBS).Na atenção secundária, conta com oito ambulatóriosde especialidades, clínicas (entre as quais,fisioterapia e oftalmologia), um instituto de acupunturae massoterapia e um Centro de Atenção Psicossocial(Caps). Possui três hospitais, dois conveniadosao Sistema Único de Saúde (SUS). A cidade ofereceserviços de apoio diagnóstico e de tratamento demédia e alta complexidade, sendo referência tambémpara a população das cidades vizinhas (BRASIL,<strong>2015</strong>; RODRIGUES et al., 2009).Assistência farmacêuticaDe acordo com o Conselho Regional de Farmáciade Minas Gerais (CRF/MG), o Estado possui22.<strong>03</strong>1 farmacêuticos, dos quais, 98 estão nacidade de Alfenas, o que corresponde a um farmacêuticopor 792 habitantes (CRF/MG, <strong>2015</strong>a;<strong>2015</strong>b). Destes profissionais, nove estão na redepública. O município conta com cerca de 30 farmáciase drogarias privadas; 15 farmácias básicas,pertencentes à Prefeitura Municipal de Alfenas;uma Farmácia Popular do Brasil; uma farmácia demedicamentos excepcionais e uma farmácia comunitáriafilantrópica. Com relação às 15 farmáciasbásicas da Prefeitura Municipal de Alfenas, apenasuma farmácia possui dispensação de medicamentosbásicos e controlados; as demais dispensam apenasmedicamentos básicos e são assim distribuídas: 2nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 12 nas UnidadesBásicas de Saúde da Família (UBSFs).O município possui uma associação de farmacêuticos(CRF/MG, <strong>2015</strong>c) e dois cursos de Farmácia.Um deles funciona na Universidade Federal e o outro,em instituição particular. Na Universidade Federalde Alfenas (Unifal/MG) existe o Centro de Farmacovigilância,que realiza pesquisa, ensino e extensão,visando à segurança, à efetividade e à qualidade domedicamento e a segurança do paciente (SILVA etal., 2013).RELATO DA EXPERIÊNCIAA iniciativa visou disponibilizar, para a populaçãode Alfenas, um local apropriado nos estabelecimentosde saúde para a coleta dos medicamentos,além de verificar as atitudes desta população em relaçãoao descarte de medicamentos.METODOLOGIAA partir dos resultados obtidos no estudo“Atitudes de usuários de medicamentos do SistemaÚnico de Saúde, estudantes de Farmácia efarmacêuticos frente ao armazenamento e descartede medicamentos, de Silva et al. (2014)”, observou-sea necessidade da criação do projeto deextensão Análise de Descarte de Medicamentos nacidade Alfenas (MG).Além dos serviços de coleta e de descarte corretode medicamentos, oferecidos à população, este projetotratou-se de um estudo farmacoepidemiológico,do tipo observacional, transversal e descritivo. Apósimplantar os coletores de medicamentos em dois estabelecimentosprivados de saúde, da cidade de Alfenas,realizou-se a análise da atitude das pessoas e oimpacto gerado diante do descarte de medicamentosdurante o período de fevereiro de 2013 a março de2014.O público do estudo foi constituído por habitantesda cidade, que poderiam descartar os medicamentosnestes estabelecimentos de saúde. No entanto, aamostra foi de conveniência, uma vez que a práticado descarte foi estimulada por meio de folders distribuídosapenas nestes locais de coleta.Os recipientes foram confeccionados pelos própriosestabelecimentos, com layout a critério destes.Entretanto, os coletores foram padronizados utilizandoum adesivo com o título do projeto e o logotipoda Unifal/MG, informando a parceria entre a instituiçãopública e as farmácias privadas.


32Nos estabelecimentos em questão, foram disponibilizadosfolders que informavam à população o destinodos resíduos e conscientizavam sobre o descartecorreto dos medicamentos vencidos ou fora de uso.Os medicamentos recolhidos pelos estabelecimentosprivados foram encaminhados para a FarmáciaUniversitária da Unifal/MG, com periodicidademensal.Os acadêmicos, devidamente protegidos, analisavamos medicamentos e as informações legíveis,conforme a classe farmacológica, forma farmacêuticae prazo de validade. Vale ressaltar que nem todoscontinham as informações, pois alguns, por exemplo,eram comprimidos soltos ou blisters cortados.Após a análise, os medicamentos eram descaracterizadose as embalagens separadas. As embalagensde vidro e os aerossóis eram descartados separadamente;já os materiais perfurocortantes possuíamum coletor apropriado; e as embalagens secundárias,classificadas como materiais recicláveis, foram encaminhadasa outro projeto de reciclagem da universidade.Os medicamentos eram descartados conformeexigência da legislação vigente, utilizando o serviçode descarte de resíduos químicos da Unifal/MG.O projeto recebeu o Protocolo de Registro deAção de Extensão (PREAE) nº 1474, da Pró-Reitoriade Extensão da Unifal/MG, e foi incluído no programaCefal (SILVA et al., 2013) que foi submetido aoComitê de Ética em Pesquisa da Unifal-MG, tendo suaaprovação com o protocolo nº 075/2011.Descrição da experiênciaOs resíduos de medicamentos contaminam o soloe a água podendo causar desequilíbrios ambientais eintoxicações dos animais e dos humanos, tornando-seum problema de saúde pública (ARNOLD et al.,2013;CALDEIRA e PIVATO, 2010; UEDA et al., 2009). Estasituação pode ser causada pelo descarte inadequadode medicamentos, que ocorre tanto pela falta deinformação da população, quanto pelas carênciasde ações governamentais (FALQUETO e KLIGERMAN,2013; UEDA et al., 2009).Estes fatos subsidiaram a realização de um estudofarmacoepidemiológico, em 2012, na cidade deAlfenas (MG), para avaliar as atitudes dos usuáriosde medicamentos frente ao descarte (SILVA et al.,2014). Tal estudo evidenciou que 76,8% (272/354)dos usuários do SUS afirmaram que nunca tiveramorientação sobre o descarte correto de medicamentos(SILVA et al., 2014). Além disso, 76,8% (272/354)destes usuários descartavam os medicamentos nolixo residencial, na pia ou no vaso sanitário; já 5%(18/354) continuavam utilizando os medicamentosvencidos; e apenas 16,7% (59/354) descartavam osmedicamentos nas Unidades de Atenção Primáriaà Saúde ou estabelecimento privado (SILVA et al.,2014).Silva et al. (2014) constataram que farmácias edrogarias não eram uma opção de destino final dosmedicamentos pela população. Eles demonstraramque 24 das 28 farmácias e drogarias, que aceitaramparticipar do estudo, não recebiam a devolução demedicamentos por parte da população. Além disso,apenas uma farmácia possuía um serviço de coletaque incentivava seus clientes a descartarem corretamenteos medicamentos.Diante destes dados, o projeto de extensão demonstroupara os dois estabelecimentos de saúde quedisponibilizaram locais para o descarte de medicamentos,a necessidade do oferecimento permanentedeste serviço. Também foi levado em consideração ofato de que a prestação de novos serviços nos estabelecimentosde saúde tem a tendência de elevar ofluxo de clientes e, desta forma, aumentar a receitadas farmácias e drogarias (ITALIANI e WILTEMBURG,2006). Além do mais, um serviço adicional acrescentaum diferencial para estas drogarias em comparaçãoaos estabelecimentos concorrentes (ITALIANI e WIL-TEMBURG, 2006).Dessa forma, os dois locais propostos para a realizaçãodo projeto, apoiados na ideia da diferenciaçãodos serviços prestados, implantaram os coletoresa fim de aumentar o número de medicamentos descartadosde maneira correta e evitar a contaminaçãodo meio ambiente, promovendo também a segurançado paciente.Observada a falta de informação da populaçãosobre esse assunto, houve a criação de folder educativopara auxiliar na promoção rápida de conhecimentoe para esclarecer as dúvidas encontradas noestudo de SILVA et al. (2014).Diante destas intervenções, de implantação docoletor e distribuição dos folders, houve a coleta eanálise dos medicamentos descartados, a fim de conheceras atitudes dos usuários dos estabelecimentossobre como estava sendo utilizado o coletor de medicamentos.


33A equipe do projeto foi constituída por acadêmicosde diferentes períodos do curso de Farmácia, coordenadapor dois professores da Faculdade de CiênciasFarmacêuticas da Unifal/MG e contando com a colaboraçãodos gerentes e farmacêuticos dos estabelecimentosprivados. Os acadêmicos trabalharam de formavoluntária nas atividades da análise do descarte.Os estabelecimentos privados tiveram o custo docoletor de medicamento. Já o projeto de extensão daUnifal/MG teve o custo de transportar os medicamentosrecolhidos das empresas privadas até a universidade.O custo com o descarte, já estava inserido nasdespesas mensais da Farmácia Universitária, que nãoforam alteradas. A produção dos folders foi custeadapela Pró-Reitoria de Extensão da universidade.Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaDurante o período do estudo, feito entre fevereirode 2013 e março de 2014, foram coletados 1.268 medicamentosde lotes diferentes ou não identificados.Destes, 12,5% (158/1.268) estavam dentro do prazode validade e 40,6% (515/1.268) correspondiam amedicamentos de amostra grátis. A forma farmacêuticasólida predominou, com 72,8% (923/1268). Ascinco classes farmacológicas mais observadas foramanti-hipertensivos, antibióticos, analgésicos, anti--inflamatórios e antidiabéticos.Foram coletados aproximadamente 14 quilos demedicamentos e embalagens primárias, que foramencaminhados para incineração em empresa terceirizada,responsável pelos resíduos químicos da Unifal/MG. Já os materiais recicláveis, como as embalagenssecundárias e as bulas, não foram contabilizados.No estabelecimento A, o coletor de medicamentopossuía um espaço para o descarte de medicamentose outro para bulas e caixas. Além disso, no própriocoletor havia folders e um vídeo explicando a importânciada atitude do descarte correto. Este coletorencontrava-se na parte da frente do estabelecimentoe estava mais visível para os clientes.Já o estabelecimento B confeccionou um coletormais simples, com um adesivo para informar sobre olocal de descarte. Este coletor encontrava-se mais aofundo da drogaria, sendo menos visível para os clientes.Vale ressaltar que ambos coletores estavam trancados,impossibilitando a retirada dos medicamentosdescartados por pessoas não autorizadas.As diferenças de localização e de formato doscoletores influenciaram no volume de material coletadoem cada estabelecimento, bem como no tipo domaterial coletado. O estabelecimento A coletou 10quilos de medicamentos e o B, apenas 4 quilos.Vale resaltar também que a maior proximidade doestabelecimento A de consultórios médicos e odontológicos,resultou em um maior volume de descartede amostras grátis, sendo a maioria lacrada e muitasdelas dentro do prazo de validade. No entanto,foram descartados materiais odontológicos vencidos,muitas agulhas (algumas desencapadas), leite em pó,papel higiênico, algodão e outros.Por outro lado, a semelhança do coletor do estabelecimentoB com uma lixeira fez com que fossemdescartados, ali, resíduos de alimentos. Por esta situação,percebe-se que a população ainda necessitade informações que diferenciem o descarte de medicamentosdo descarte de lixo comum.A partir das evidências observadas por Silva etal. (2014), confirmadas por meio do funcionamentodeste novo serviço de coleta de medicamentos,uma alternativa satisfatória seria que medicamentosvencidos e embalagens primárias com resíduosdestes fossem devolvidas nas farmácias e drogarias.Segundo a RDC nº 44/09, esses estabelecimentospodem participar do serviço de coleta demedicamentos descartados pela comunidade, paragarantir a promoção da saúde pública e a preservaçãodo meio ambiente (BRASIL, 2009b).A seleção, a programação, a aquisição, o armazenamentoe a distribuição de medicamentos formamos pilares para os principais objetivos: o acesso e ouso racional de medicamentos (OPAS, 20<strong>03</strong>). O focodas ações está centrado no paciente. No entanto, devidoao uso abusivo de medicamentos ou à prescriçãoirracional, erros por parte do dispensador, apresentaçõesnão condizentes com o tempo do tratamentoe a impossibilidade de fracionamento destes, gerama “sobra” de medicamentos (EICKHOFF et al, 2009).Apesar da complexidade do ciclo da assistênciafarmacêutica (AF), são grandes as possibilidades demelhorias em todas as suas etapas, proporcionandoum bom padrão no suprimento de medicamentos essenciais(OPAS, 20<strong>03</strong>). Assim, para que o Ciclo deAF possa efetivar-se completamente, dever-se-ia implantaruma nova etapa, ou seja, o descarte, como objetivo de gerenciar os resíduos de serviços desaúde de todas as etapas anteriores para promover asegurança do paciente (figura 1).


34SeleçãoDescarteUtilização:Prescrição,Dispensaçãoe UsoDistribuiçãoGerenciamentoFinanciamentoRecursos HumanosSistema de InformaçõesControle e AvaliaçãoProgramaçãoAquisiçãoArmazenamentoFonte: Adaptado de OPAS, 20<strong>03</strong>Diante dos dados destes estudos, o poderpúblico municipal de Alfenas criou a Lei Municipalnº 4.489, de 14 de janeiro de 2014, queestabelece procedimentos para coleta e descartede medicamentos vencidos ou impróprios parao consumo nas farmácias e drogarias públicas eprivadas, inclusive de manipulação. De acordocom a lei, os estabelecimentos são obrigados aimplantar caixas coletoras para recebimento destesmedicamentos. Além disso, devem, também,apresentar informativos sobre o risco de descartede modo inapropriado (ALFENAS, 2014; ALFENASHOJE, 2014).Coletor de medicamento vencido ou em desusoPróximos passos, desafios e necessidades- Conscientização da população;- Monitoramento para verificar o cumprimentoda lei;- Demonstração da necessidade do programade coleta de medicamentos a serem descartadosàs autoridades de outros municípios;- Inserção da etapa do descarte de medicamentosno ciclo da AF.REFERÊNCIASSeparação dos materiais coletados para descarteSistema integrado para o descarte de medicamentosALFENAS. Câmara Municipal de Alfenas. Estadode Minas Gerais. Lei N. 4.489, de 14 de janeiro de2014. Estabelece procedimentos para o descarte e acoleta de medicamentos vencidos no Município de Alfenase dá outras providências.ALFENAS HOJE. Projeto regulamenta descarte demedicamentos vencidos. Disponível em: http://www.alfenashoje.com.br/arquivo/file/descarte-int.jpg.Acesso em: <strong>03</strong> dez. 2014.ARNOLD, K. E.; BOXALL, A. B. A.; BROWN, A. R.;CUTHBERT, R. J.; GAW, S.; HUTCHINSON, T. H.; JOB-LING, S.; MADDEN, J. C.; METCALFE, C. D.; NAIDOO, V.;SHORE, R. F.; SMITS, J. E.; TAGGART, M. A.; THOMP-SON, H. M. Assessing the exposure risk and impactsof pharmaceuticals in the environment on individualsand ecosystems. Biology Letters, v. 9, p.1-4, 2013.


35BRASIL. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística. Minas Gerais. Alfenas. InformaçõesEstatísticas 2010. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&cod-mun=310160&search=minas-gerais%7calfenas%-7cinfograficos:-informacoes-completas. Acesso em:<strong>03</strong> fev. <strong>2015</strong>.BRASIL. Ministério da Saúde. CNES. Cadastro Nacionalde Estabelecimentos de Saúde. Estabelecimentode Saúde do Município: Alfenas. <strong>2015</strong>. Disponívelem: http://cnes.datasus.gov.br/Lista_Es_Municipio.asp?VEstado=31&VCodMunicipio=310160&NomeEstado=MINAS%20GERAIS.Acesso em: <strong>03</strong> fev. <strong>2015</strong>.BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Cadernosde Informações de Saúde Minas Gerais. Alfenas.2009a. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/mg.htm. Acesso em: <strong>03</strong> fev. <strong>2015</strong>.BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada n.44, de 17 de agosto de 2009. Dispõe sobre BoasPráticas Farmacêuticas para o controle sanitário dofuncionamento, da dispensação e da comercializaçãode produtos e da prestação de serviços farmacêuticosem farmácias e drogarias e dá outrasprovidências. Diário Oficial da União. Brasília, 18de agosto de 2009b.CALDEIRA, D.; PIVATO, L. S. Descarte de medicamentosdomiciliares vencidos: o que a legislaçãopreconiza e o que fazer?. UNINGÁ Rev., v. 3, n. 4, p.40-49, 2010.CRFMG. Conselho Regional de Farmácia De MinasGerais. <strong>Número</strong> de farmacêuticos por GRS. Disponívelem: http://crfmg.org.br/novosite/institucional/estatisticas. Acesso em: <strong>03</strong> fev. <strong>2015</strong>a.CRFMG. Conselho Regional de Farmácia De MinasGerais. <strong>Número</strong> de farmacêuticos por GRS. Disponívelem: http://crfmg.org.br/novosite/institucional/estatisticas/farmaceuticos-por-grs. Acesso em: <strong>03</strong>fev. <strong>2015</strong>b.CRFMG. Conselho Regional de Farmácia De MinasGerais. Associações. Disponível em: http://crfmg.org.br/novosite/contatos/associacoes. Acesso em:<strong>03</strong> fev. <strong>2015</strong>c.EICKHOFF, P.; HEINECK, I.; SEIXAS, L. Gerenciamentoe destinação final de medicamentos: uma discussãosobre o problema. Rev Bras Farm., v. 90, n.1.p.64-68, 2009.FALQUETO, E.; KLIGERMAN, D. C. Diretrizes paraum Programa de Recolhimento de Medicamentos Vencidosno Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, v. 18, n.3, p. 883-892, 2013.ITALIANI, F.; WILTEMBURG, C. Marketing Farmacêutico.1. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006.cap. 1. 292 p.OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde/OrganizaçãoMundial da Saúde; Organizado por NellyMarin et al. Assistência farmacêutica para gerentesmunicipais. Rio de Janeiro: OPAS/OMS, 20<strong>03</strong>. 336 p.RODRIGUES, L. B. B.; GOYATÁ, S. L. T.; LOIOLA, C.F. Avaliação da implantação da referência e contrareferência de consultas especializadas no sistemamunicipal de saúde de Alfenas-MG. 2009. 106f.Dissertação (Mestrado em Saúde) - Universidade Josédo Rosário Vellano - UNIFENAS, Alfenas, 2009.SILVA, N. R.; ABJAUDE, S. A. R.; MARQUES, L. A.M.; RASCADO, R. R. Centro de Farmacovigilância daUNIFAL (CEFAL): Promoção da Segurança, Efetividadee Qualidade do Medicamento. Udesc em Ação, v. 7,p. 1-10, 2013.SILVA, N. R.; ABJAUDE, S. A. R.; RASCADO, R.R. Atitudes de usuários de medicamentos do sistemaúnico de saúde, estudantes de Farmácia e farmacêuticosfrente ao armazenamento e descarte de medicamentos.Revista de Ciências Farmacêuticas Básicae Aplicada, v. 35, p. 317-323, 2014.UEDA, J.; TAVERNARO, R.; MAROSTEGA, V. Impactoambiental do descarte de fármacos e estudo daconscientização da população a respeito do problema.Revista Ciências do Ambiente On-Line, v. 5, n.1, p.1-6, 2009.INSTITUIÇÃOUniversidade Federal de Alfenas - Unifal (MG)AUTORESSamir Antonio Rodrigues AbjaudeNicole Rodrigues da SilvaAna Carolina Campos AlbuquerqueFabrício Damasceno LeandroLuciene Alves Moreira MarquesRicardo Radighieri RascadoCONTATOsamirabjaude@hotmail.com


36Divinópolis/MGImplantação de serviçosclínicos farmacêuticosem uma unidade da Estratégia Saúdeda Família: uma parceria entreuniversidade e Secretaria de SaúdeCARACTERIZAÇÃODivinópolis localiza-se na região centro-oestede Minas Gerais, a 106 km da capital do Estado,Belo Horizonte. É a maior cidade da macrorregião desaúde oeste de Minas Gerais. Em 2010, contava comuma população de 213.016 habitantes, dos quais51,26% são do sexo feminino e 48,74%, masculino.A faixa etária de 0-19 anos representava 27,11% dapopulação, enquanto as pessoas de 20 a 59 anos somavam61,56%; e os maiores de 60 anos, 11,33%(IBGE, 2010). Para 2014, a população estimada erade 228.643 habitantes.A cidade destaca-se no cenário econômico mineirocom as atividades desenvolvidas pelo setor devestuário e siderúrgico/metalúrgico, além de possuirestratégico papel na logística da região. Também é


37reconhecida como cidade universitária, referênciapara os municípios vizinhos.Perfil epidemiológicoAssim como vem sendo observado nas regiões urbanasbrasileiras, em Divinópolis há um processo deenvelhecimento da população, caracterizado pelo aumentoda expectativa de vida, redução da fecundidade,queda da mortalidade infantil e declínio de doençasinfecciosas. Segundo o Plano Municipal de Saúdede Divinópolis (2009), os grupos de doenças que sãoas principais causas de mortalidade no município sãodoenças do aparelho circulatório, respiratório e endócrino/metabólico.Entre as internações por causassensíveis à atenção primária em 2008, ressaltam-se osproblemas de saúde mental (28,2%); a insuficiênciacardíaca (10,9%), a asma (8,3%), a angina (6,1%) ediabetes com complicações (4,1%), os quais envolvem,na maioria dos casos, uso de medicamentos paraseu controle (DIVINÓPOLIS, 2009).Estruturação da rede de saúdeDivinópolis é polo da macrorregião de saúdeoeste e sede de uma Gerência Regional de Saúde doEstado de Minas Gerais. Possui 47 estabelecimentospúblicos de saúde (IBGE, 2010), sendo 15 UnidadesBásicas de Saúde (UBS); 15 equipes de EstratégiaSaúde da Família (ESF); 9 farmácias; 3 serviços auxiliaresde diagnóstico e terapia; 1 policlínica; 1 pronto-socorro;1 Centro de Atenção Psicossocial (Caps<strong>III</strong>); 1 residência terapêutica e 1 unidade de vigilânciaem saúde. Outros estabelecimentos privados/filantrópicosintegram o Sistema Único de Saúde (SUS)de forma complementar, entre eles três hospitais e16 serviços especializados. A cidade conta com umtotal de 311 leitos credenciados ao SUS, sendo 83leitos cirúrgicos, 116 clínicos, 90 psiquiátricos, 22em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – (DIVINÓPO-LIS, 2009).Assistência farmacêuticaO sistema municipal de saúde de Divinópolisconta com nove farmácias para dispensação de medicamentos,sendo uma farmácia central, seis farmáciasem unidades de atenção primária à saúde, uma farmáciano serviço de saúde mental, uma farmácia noserviço de assistência especializada. Treze farmacêuticosatuam no ciclo da assistência farmacêutica (AF)(seleção, programação, aquisição, armazenamento,distribuição, dispensação de medicamentos), comfoco principal em atividades técnico-gerenciais paragarantir aos usuários do SUS o acesso e orientaçõesquanto ao o uso racional de medicamentos (BRASIL,2009). O município conta ainda com uma farmácia daGerência Regional da Secretaria de Estado da Saúdeque realiza a dispensação dos medicamentos do componenteespecializado da AF.RELATO DA EXPERIÊNCIAO objetivo geral desta experiência foi implantarserviços clínicos farmacêuticos em uma unidade deatenção primária à saúde e avaliar seus resultadosclínicos. O trabalho desenvolvido teve como objetivosespecíficos:• Estabelecer critérios para seleção e encaminhamentode pacientes;• Desenvolver material para documentação dosatendimentos aos pacientes;• Definir critérios para avaliação da farmacoterapiadas condições crônicas mais prevalentes;• Desenvolver materiais de apoio para a práticaclínica;• Promover atividades de educação em saúde eeducação permanente;• Avaliar os resultados clínicos dos serviçosfarmacêuticos implantados.METODOLOGIAO Serviço de Gerenciamento da Terapia Medicamentosa(GTM) baseou-se no modelo de prática docuidado farmacêutico (CIPOLLE, STRAND, MORLEY,2004; WIEDENMAYER, 2006; BRASIL, 2014). Neste, oprofissional avalia e identifica as necessidades farmacoterapêuticasdo usuário, elabora planos de cuidadoe avalia os resultados alcançados.Seleção de pacientes - O encaminhamentode pacientes foi realizado pela equipe de saúde,tendo como critérios o alto número de medicamentosem uso pelo paciente, dúvidas quantoao acesso e utilização dos medicamentos, dificuldadespara controlar problema de saúde e/ouqueixas relacionadas a reações adversas a medica-


38mentos. Ocorreu também atendimento a demandaespontânea de pacientes com este perfil.Registro dos atendimentos - Foram desenvolvidosinstrumentos específicos para registro dosatendimentos, seguindo os modelos propostos porCipolle, Strand e Morley (2004), Pereira et al (2005)e Ramalho de Oliveira (2011). Também foram feitosregistros nos prontuários de uso comum pela equipeda ESF.Suporte para a avaliação da farmacoterapia- Foram criados Guias para a Prática do CuidadoFarmacêutico aos pacientes com diabetes, hipertensãoarterial sistêmica, dislipidemia e outros problemascomuns na atenção primária. Estes guias serviram desuporte para a definição de parâmetros de efetividade ede segurança da farmacoterapia e foram desenvolvidossegundo os critérios da saúde baseada em evidências.Materiais de apoio - Foram editados materiaiscomo cartilha informativa sobre GTM, formuláriode encaminhamento de pacientes, impressopara guiar o paciente quanto ao horário de administraçãodos medicamentos, instrumento para registrode produtividade do serviço, entre outros.Educação em saúde - Para possibilitar o desenvolvimentode capacidades individuais e coletivas, oaumento da autonomia dos pacientes e o maior conhecimentode sua condição de saúde, adotaram-seestratégias de educação em saúde. Utilizou-se comoreferencial teórico a pedagogia problematizadora, afim de desenvolver, nos sujeitos, a capacidade deanalisar de forma crítica a sua realidade e proporações conjuntas para resolver problemas e modificarsituações (SANTOS, 2006).Foram criados dois grupos de pacientes com diabetes.Nos encontros de educação em saúde, cada pacientetinha a oportunidade de compartilhar angústias,medos, dúvidas e conhecimentos. As reuniõespossibilitavam, ainda, maior acesso ao conhecimentosobre sua condição de saúde e importância do cuidadocom a saúde, os riscos e consequências de umtratamento inadequado e vantagens de um bom tratamentopara diminuir as complicações do diabetes.Educação permanente - Foram oferecidaspara os agentes comunitários de saúde (ACS) oficinasque tratavam dos problemas relacionados aoacesso e ao uso de medicamentos da comunidadeassistida. As oficinas foram planejadas seguindomaterial e metodologia propostos pelo Ministérioda Saúde (2006).Avaliação de resultados clínicos do serviçode GTM - Foi realizado estudo retrospectivo, utilizando-seos prontuários dos pacientes atendidos.Para tanto, foi elaborado instrumento de coletade dados que contemplava informações geraissobre o atendimento, dados sócio-demográficos,clínicos e farmacoterapêuticos. A pesquisa foiaprovada por Comitê de Ética em Pesquisa comSeres Humanos, da Universidade Federal de SãoJoão Del-Rei.Descrição da experiênciaA Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) domunicípio de Divinópolis (MG) tem estreita relaçãocom os cursos da área da saúde do CampusCentro-Oeste da Universidade Federal de São JoãoDel-Rei (UFSJ). A integração universidade-serviçode saúde-comunidade é uma realidade desdea implantação deste campus no município. Como intuito de permitir que estudantes de Farmáciacomeçassem a ter contato com a realidade encontradaem seu cotidiano e compreendessem aresponsabilidade social que a profissão lhes traz,a UFSJ desenvolveu, no ano de 2010, o projeto deextensão “Problemas com o uso de medicamentosna Estratégia Saúde da Família”.O objetivo desse projeto foi conhecer os problemasenfrentados por pacientes e profissionaisde uma equipe da ESF quanto ao uso de medicamentose, a partir deste conhecimento, proporações no nível individual e coletivo para prevenire resolver tais problemas, aumentando a participaçãoda comunidade acadêmica junto à comunidadeexterna.A equipe do projeto deparou-se com problemasque se relacionavam ao acesso e ao armazenamentodos medicamentos, a dificuldades dos usuários emseguir os esquemas terapêuticos e à falta de adesãoao tratamento medicamentoso. Entre as ações desenvolvidasem 2010 estão: oficinas para ACS; palestraspara a comunidade da área de abrangência da unidade;encaminhamento de casos para os profissionaisda equipe de saúde; e desenvolvimento de cartilhacom informações sobre cuidados no armazenamentoe na administração de medicamentos para os usuários.Porém, a equipe do projeto de extensãoidentificou casos clínicos complexos em relação


39à farmacoterapia que exigiam conhecimentos ehabilidades profissionais que extrapolavam o limitede atuação dos profissionais da equipe deESF presentes até aquele momento. Assim, percebeu-sea necessidade de um farmacêutico clínicopara identificar, resolver e prevenir os ProblemasRelacionados ao Uso de Medicamentos (PRM) enfrentadospelos usuários.Em resposta a essa realidade, a UFSJ e aSemusa iniciaram uma parceria para a implantaçãode um serviço de GTM na atenção primária àsaúde. A Semusa disponibilizou um farmacêuticopara realizar atendimentos individuais e participarde ações de saúde coletiva naquela unidadeda ESF. A equipe da UFSJ (docente e estudantesbolsistas), em contrapartida, colaborou pormeio de programas de extensão com a gestãodo serviço, auxiliando na organização do fluxode atendimento dos pacientes, dos mecanismosde referência e contra-referência e dos critériosde encaminhamento ao serviço de GTM. Realizoutambém atendimentos clínicos conjuntos e complementaresaos do farmacêutico e participou dasatividades de educação em saúde.Intervenções realizadasPara implantação e oferecimento do serviçode GTM foram realizadas reuniões com a equipede saúde para apresentação da prática clínica dofarmacêutico e pactuações para a integração doserviço de GTM às rotinas da unidade de saúde.O farmacêutico do serviço de saúde dedicou-se àsatividades clínicas durante sua carga horária detrabalho semanal de 20h, desde setembro de 2010.Estudantes e docente da UFSJ estiveram na unidadede saúde por dois turnos semanais durante oano de 2011, realizando atendimentos conjuntos ecomplementares àqueles prestados pelo farmacêutico.Além de atendimentos na unidade de saúde,também foram feitas visitas domiciliares.Semanalmente, foram realizadas reuniões clínicasentre estudantes, docente e farmacêutico paradiscussão de casos e estudo de protocolos clínicos.Também foram realizadas reuniões com a equipe desaúde, para discutir assuntos referentes à gestão,tais como, estratégias de melhoria de acesso a medicamentos,protocolos clínicos, casos clínicos específicose sobre a experiência da implantação do serviçode GTM na ESF.Equipe de Saúde da Família e farmacêuticos clínicos apósreunião de avaliação e planejamento da implantaçãodo serviço de GTM na unidade de saúdeA equipe do projeto de extensão, em conjuntocom o farmacêutico do serviço de saúde, realizouatividades educativas com grupos de pacientes queconvivem com diabetes. Foram realizadas reuniõesquinzenais em que se trabalharam os seguintes temas:sinais e sintomas do diabetes descontrolado etratamento inadequado (hiperglicemia e hipoglicemia);cuidados com os medicamentos para diabetes;orientação sobre a alimentação adequada; o que é equal origem do desenvolvimento da doença; e umaúltima reunião com revisão de todo conhecimentodesenvolvido nas anteriores.Atividade com grupo de pacientes conduzida porestudante extensionista vinculada ao serviço de GTMEm reuniões com a equipe de ESF e nas atividadesde educação em saúde percebeu-se uma demandapreocupante de pacientes que convivem com DMII,sem controle da doença, os quais foram priorizadospara os encaminhamentos ao serviço de GTM. Alémdisso, detectou-se um grande número de idosos em


40uso de benzodiazepínicos, estabelecendo-se parceriaentre o médico da ESF e a equipe do GTM para reduziresse problema.No campo da educação permanente, os ACS daunidade de saúde e de outras equipes de ESF domesmo território sanitário foram envolvidos na realizaçãode oficinas sobre acesso e uso racional demedicamentos. Houve grande interação dos ACS nasdiscussões, com apresentação de dúvidas e relatosde caso, além do levantamento de novos temas relacionadosa medicamentos para serem discutidos nosencontros subsequentes. Foram desenvolvidos materiaisde consulta para os ACS com temas referentes aoconteúdo das oficinas, para uso no seu cotidiano detrabalho. As oficinas foram conduzidas pelas estudantescom o apoio do farmacêutico do serviço de saúdeou da docente coordenadora do projeto.2010, até fevereiro de 2012. Foram realizados 220atendimentos (x=3,7; DP=2,5), tanto na unidade desaúde quanto no domicílio dos usuários, quando necessário,pelo serviço de GTM, com no mínimo umatendimento e no máximo 11 por paciente. Um totalde 11 pacientes (18,7%) compareceu somente no primeiroatendimento, ou seja, compareceram apenasna avaliação inicial. A idade média dos participantesfoi de 58,3 (Tabela 01), no entanto ela variou de setea 65 anos. Foram descritos 60 problemas de saúdediferentes e os participantes apresentaram até oitoproblemas de saúde.Tabela 1: Características dos participantes doserviço de GTM, Divinópolis – MG. 2010-2012CaracterísticasIdade (anos) (média /DP) 58,3/18,0Sexo - Feminino (n/%)37/60,7Masculino (n/%)Problemas de saúde registrado (∑/HAS* (n/%)DM II ** (n/%)/ DP)24/39,3221/3,6/1,852/85,244/72,1Dislipidemia (n/%)37/60,6Medicamentos utilizados (∑/ / DP) (370/6,2/2,9)* Hipertensão Arterial Sistêmica** Diabetes tipo IIOficina educativa para agentes comunitários de saúdepromovida pela equipe do serviço de GTM.Os custos envolvidos nesta experiência envolvema disponibilização de farmacêutico pela Semusa/Divinópolis(profissional efetivo, 20h/semanais),as bolsas de extensão universitária concedidas pelaUFSJ às três estudantes de Farmácia. A participaçãoda docente como extensionista e pesquisadoraé parte de suas atribuições como docente na UFSJ,não acarretando custos adicionais. A outra pesquisadoraenvolvida participou voluntariamente, comoco-orientadora das estudantes que realizaram as pesquisaspara avaliação de resultados do serviço implantado.Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaAo todo, 61 pacientes foram acompanhados desdea implantação do serviço de GTM, em setembro deEm relação aos medicamentos, os 61 pacientesutilizaram 72 medicamentos diferentes, com no mínimo2 medicamentos por paciente e no máximo 15.Dentre os medicamentos mais usados, a sinvastatinafoi a mais frequente (representando 11,9% dosmedicamentos prescritos), sendo utilizada para tratardislipidemia em 37 pacientes (61,7%), seguidapela metformina, utilizada no tratamento de DMIIem 34 pacientes (56,7%) e representando 11% dosmedicamentos prescritos. Foram identificados 173PRM sendo aqueles relacionados à efetividade (31%)e indicação (29%) os mais frequentes. O problemade saúde que mais esteve associado a PRM foi a HAS(n=71; 42%). Para resolver os PRM identificados foramimplementadas 167 intervenções, destacando-seintervenções para resolver o PRM 4 (n=39) e o PRM1 (n=37).A evolução clínica dos pacientes foi avaliadasegundo Ramalho de Oliveira, Brummel eMiller (2010), considerando-se evolução positivaas situações classificadas como “resolvido”,


41“estável”, “melhora” e “melhora parcial” e comoevolução negativa as situações “sem melhora”,“piora” e “fracasso”. Para cada problema de saúdeforam estabelecidos parâmetros de efetividade esegurança, avaliados a cada consulta a fim deguiar a conduta clínica do farmacêutico e verificara evolução do paciente. Desse modo, ao finaldo acompanhamento, dos 48 registros completos,42 deles foram considerados com situação clínicapositiva (Gráfico 01), três deles foram consideradoscomo “sem melhora” e três como “piora”.Os números de registros completos apontam parauma barreira encontrada no serviço relacionada àqualidade de registro de algumas situações clínicas,por vezes ausente na avaliação inicial ou noúltimo atendimento, o que prejudicou algumasanálises, apontando para um número significativode registros não avaliados. Esta limitação doestudo aponta para a necessidade de maior atençãodos farmacêuticos ao documentar sua práticaclínica.Gráfico 1 - Situação clínica dos pacientes aofinal do acompanhamento pelo serviços de GTM.Divinópolis - MG. 2010-2012Foi realizada análise dos objetivos terapêuticosespecíficos para pacientes com diabetes(n=43). Considerando-se os registros que foramrealizados adequadamente, os pacientes com diabetesacompanhados tiveram melhora ou estabilizaçãoclínica comparando-se a avaliação inicialcom o último atendimento (Gráfico 02). Porém,cabe salientar que na avaliação inicial, 9,3%(n=4) dos pacientes que realizaram o exame deHbA1c apresentavam valor


42Próximos passos, desafios e necessidadesFinalizado o processo de implantação do serviço,objetivo do projeto de extensão, a universidadedeixou de atuar no local, passando apenas a acompanharnotícias do serviço. A experiência do projetode extensão influenciou mudanças na graduação emFarmácia da instituição, como melhorias na organizaçãode um dos estágios que ocorrem na atençãoprimária à saúde.A exemplo de outros locais e regiões, o serviçopúblico conta com desafios. Assim, apesar dos esforçosda equipe de GTM, o farmacêutico disponibilizadopela Semusa para realizar o atendimento clínicoprecisou mudar seu local de atendimento, devido abarreiras enfrentadas após mudanças na equipe desaúde. Hoje o serviço é disponibilizado em outra unidadee o setor de AF do município luta para a criaçãodo cargo de farmacêutico clínico e aumento da cargahorária do farmacêutico atual para 40 horas semanais,o que possibilitaria a expansão dos serviços clínicosfarmacêuticos para mais pacientes.Espera-se que os resultados desta experiênciacontribuam para o planejamento, implantação e consolidaçãode cenários de prática clínica do farmacêuticono SUS e estimulem parcerias promissoras entreuniversidades e serviços de saúde.CONCLUSÃOA experiência descrita demonstra o sucesso doprocesso de implantação e oferecimento do serviçode GTM na ESF, com mérito para a parceria entre aUFSJ e a Semusa. A integração do farmacêutico àequipe da ESF e à comunidade, institucionalizandoo serviço implantado, abre perspectiva para a continuidadede oferta do mesmo, independente da participaçãoda universidade por meio de atividades deextensão.O desenvolvimento das atividades de atendimentoclínico individual, de gestão da prática, de educaçãoem saúde e de educação permanente beneficioudiretamente usuários e profissionais. Além disto, propiciouàs estudantes o desenvolvimento de conhecimentos,habilidades e atitudes para a prática clínicanuma perspectiva ampliada, além de proporcionar avivência do trabalho em equipe na ESF.Por fim, a interface entre extensão e pesquisaviabilizou a geração de conhecimentos sobre a prática,podendo subsidiar gestores do SUS no planejamento,execução e avaliação da assistência à saúde.A integração universidade-serviço de saúde trouxebenefícios para o ensino, que pode se direcionar paraatender as necessidades da sociedade, e para o serviçode saúde, que pode buscar qualificação e atualizaçãojunto à universidade.REFERÊNCIASBRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria deCiência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Otrabalho dos agentes comunitários de saúde napromoção do uso correto de medicamentos. 2.ed. rev. Brasília: Editora do Ministério da Saúde,2006.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria deCiência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamentode Assistência Farmacêutica e InsumosEstratégicos. Diretrizes para estruturaçãode farmácias no âmbito do Sistema Único deSaúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.CIPOLLE, R. J.; STRAND, L. M.; MORLEY, P.C. Pharmaceutical Care Practice: The Clinician’sGuide. 2nd ed. New York: McGraw-Hill, 2004.BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Consultapública 02/2014. Serviços farmacêuticos:Contextualização e arcabouço conceitual. Disponívelem www.cff.org.br. Acessado em 16 de abrilde <strong>2015</strong>.DIVINÓPOLIS. Secretaria Municipal de Saúde.Plano Municipal de Saúde 2009/2012. Aprovadopelo CMS em reunião ordinária realizada em29/10/2009.IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.Censo demográfico 2010. Disponívelem: http://www.cidades.ibge.gov.br. Acessado em25 de janeiro de <strong>2015</strong>.PEREIRA, M.L. et al. Atenção Farmacêutica:implantação passo-a-passo. Belo Horizonte: Gráficae Editora O Lutador, 2005. v. 1. 104p.RAMALHO DE OLIVEIRA, D; BRUMMEL, A. R.;MILLER, D. B. Medication Therapy Management:10Years of Experience in a Large Integrated HealthCare System. Journal of Managed Care Pharmacy,v.16, n.3, 2010.RAMALHO DE OLIVEIRA, D. Atenção Farmacêutica:da filosofia ao gerenciamento da tera-


43pia medicamentosa. 1. ed. Sao Paulo: RCN EditoraLtda, 2011. v. 1. 328p.SANTOS, A. S. Educação em saúde: reflexão eaplicabilidade em atenção primária à saúde. BrazJ Nurs, v. 5, n. 2, 2006.WIEDENMAYER, K. et al. Developing pharmacypractice. A focus on patient care. Geneva:World Health Organization/International PharmaceuticalFederation, 2006.INSTITUIÇÃOSecretaria Municipal de Saúde (Semusa)do município de Divinópolis (MG)AUTORESBeatriz Leal MeirelesElisa Brandão GrossiPatrícia Jorge GonçalvesAlbano Rubens do Valle VeronaThais Bueno EnesDanielle Maria de Souza Sério dos SantosSimone de Araújo Medina MendonçaCONTATOsimoneamm@gmail.com


44João Monlevade/MGMatriz São José Operário/João MonlevadePor uma vida melhorsem cigarro:a experiência da equipe deMonlevade no controle do tabagismoCARACTERIZAÇÃOJoão Monlevade é um município brasileiro situadono interior do Estado de Minas Gerais. Pertenceà microrregião de Itabira e mesorregião metropolitanade Belo Horizonte, localizando-se a leste da capitaldo estado, distando desta cerca de 110 km. Ocupauma área de 99,158 km². Segundo dados do Censo2010 (IBGE), a população monlevadense, naqueleano, foi de 73.610 habitantes, o que equivale a umadensidade demográfica de 752,89 hab/km².No que se refere à variável gênero, a populaçãomasculina do município totaliza 35.549 (47,62%) enquantoa população feminina corresponde a 39.106habitantes (52,38%); dessa forma a distribuição porsexo no município segue a mesma tendência verificadano Estado de Minas Gerais e no Brasil, onde o


45sexo feminino apresenta uma discreta superioridadenumérica (52,38%; 50,80% e 50,82% respectivamente)em relação ao masculino.Perfil epidemiológicoAnalisando os óbitos por Grupo CID-10, emJoão Monlevade, no período de 2000 a 2011, observamosque as neoplasias malignas apresentam--se como o primeiro grupo de causas de morte,destacando-se as neoplasias malignas dos órgãosdo aparelho digestivo. As doenças cerebrovascularesaparecem como a segunda causa de óbito nomesmo período, seguidas pelas doenças isquêmicasdo coração, diabetes e acidentes. Dos óbitosocorridos por acidentes, 63,05% representam acidentesde transporte. De acordo com os dados demortalidade por sexo e faixa etária disponíveisno sistema do Datasus, identificamos que o percentualde mortalidade no sexo masculino é 12%maior em relação ao sexo feminino. Observamostambém que o aumento da mortalidade está diretamenteproporcional à faixa etária. Salientamosainda que a mortalidade por causas externas épredominante no sexo masculino, correspondendoa 83,80% do total destes, sendo a prevalência nafaixa etária de 15 a 34 anos.Estruturação da rede de saúdeO Sistema Municipal de Saúde de João Monlevadeapresenta capacidade instalada para arealização de serviços primário, secundário eterciário. Integra a rede regionalizada e hierarquizadado Sistema Único de Saúde (SUS), sendoreferência no âmbito microrregional. A gestão dosistema, em âmbito local é de responsabilidadedo secretário municipal de saúde. João Monlevadepossui oito Unidades Básicas de Saúde (UBS),e uma policlínica. Em cada UBS existe pelo menosuma equipe de Estratégia de Saúde da Família(ESF), totalizando 13 equipes. A policlínica ofertatambém o serviço de atenção básica, possuindoduas equipes de ESF. O atendimento odontológicoé ofertado em 4 unidades de saúde (CRESB, Policlínica,UBS Laranjeiras e UBS Novo Cruzeiro)sendo que apenas a UBS Laranjeiras possui equipeda ESF. O município possui o Serviço de SaúdeMental e o Programa DST/Aids, sendo referênciapara demais municípios da região.Assistência farmacêuticaNa rede municipal de saúde, existem cinco farmáciasregulamentadas e inscritas no Conselho Regionalde Farmácia de Minas Gerais (CRF/MG). O Serviçode Assistência Farmacêutica conta com uma equipede seis farmacêuticos que são responsáveis pelasseguintes farmácias municipais: Central de AbastecimentoFarmacêutico e Serviço de Saude Mental deJoão Monlevade (Sesamo), Pronto Atendimento, Serviçode Fitoterapia, Centro de Saúde Novo Cruzeiro,Centro de Saúde Monlevade Centro e vigilância sanitária.Em <strong>2015</strong>, a Secretaria Municipal de Saúde estarárealizando o projeto de unificação das farmáciasmunicipais com o objetivo de melhorar o controle deestoque por meio de sistema informatizado, trazendogrande benefício no atendimento da população. OServiço de Assistência Farmacêutica realiza as atividadesde seleção, programação, aquisição, armazenamento,distribuição e dispensação de medicamentosdos programas: Diabetes, DST/Aids, Hanseníase eTuberculose, Excepcionais e Tabagismo. A relação demedicamentos do município de João Monlevade temcomo referência a Relação Nacional de MedicamentosEssenciais (Rename) e a Relação Estadual de Medicamentospara o Programa Farmácia de Minas.RELATO DA EXPERIÊNCIAEsta experiência teve como objetivo implantar oPrograma de Controle do Tabagismo no município deJoão Monlevade. Para isso, foi idealizado o ambientelivre do tabaco nas Unidades de Saúde, com o focona capacitação de profissionais da saúde para abordageme tratamento do fumante na rede do SUS e nacessação do tabagismo na população atendida peloprograma.METODOLOGIAEsse programa visa a redução do número defumantes no município e consequente morbimortalidadepor doenças relacionadas ao tabaco. Foramutilizadas estratégias com medidas educativas, demobilização de políticas e de iniciativas legislativase econômicas. As ações para promover a cessaçãodo tabagismo que integram o Programa Nacional deControle do Tabagismo, do Ministério da Saúde, têmcomo objetivo motivar fumantes a deixarem de fumare aumentar o acesso dos mesmos aos métodos eficazespara tratamento da dependência da nicotina.


46Descrição da experiênciaA interação do farmacêutico com outrosprofissionais da saúdeAtualmente, o tabagismo é reconhecido comouma doença epidêmica resultante da dependênciade nicotina. Foi classificado pela OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) no grupo dos transtornosmentais e de comportamento decorrentes douso de substâncias psicoativas. Para reverter essasituação, o Ministério da Saúde assumiu, por intermédiodo Instituto Nacional do Câncer (INCA),o papel de organizar o Programa Nacional de Controledo Tabagismo (PNCT). Para tal, uma de suasprincipais metas dentro do PNCT é implantar oPrograma de Controle de Tabagismo nas Unidadesde Saúde em todo o país.Pesquisas mostram que apesar da maioria dosfumantes desejarem parar de fumar, apenas 3% conseguemparar, definitivamente, a cada ano. Destes,85% deixam de fumar sem um apoio formal, o queaponta o grande potencial que a abordagem rotineirado fumante pelos profissionais de saúde pode oferecerpara reduzir a prevalência dos fumantes (Cinciprini,1997).O aumento da procura por apoio para deixar defumar tem impulsionado o interesse de profissionaispara atender tal demanda. Sendo importante destacaro papel do farmacêutico nesta interação com outrosprofissionais da saúde. O seu estreito contato com opaciente permite aconselhar sobre os riscos do tabagismoà saúde, motivar os pacientes a entraremno programa de tratamento do tabagismo pelo SUS,oferecendo apoio por meio de acompanhamento farmacoterapêutico.O apoio do farmacêutico tem papeldefinido no processo de cessão do tabagismo, como objetivo de minimizar os sintomas da síndrome daabstinência permitindo também orientar as mudançasde comportamento que o fumante deve incorporarno seu dia a dia sem o cigarro.Em João Monlevade, o programa foi implantadoem 2011, mas não de forma contínua. Em2013, o programa de tabagismo, sendo coordenadopor uma farmacêutica e por uma enfermeira(membros da Comissão Executiva), foi reativado eimplantado, efetivamente, no município de JoãoMonlevade, com o objetivo de promover a cessaçãodo tabagismo na população atendida peloprograma.Etapas de implantação do ProgramaEm maio de 2013, foi definida pela Secretária Municipalde Saúde que a Comissão Executiva coordenadorado programa de tabagismo no município de JoãoMonlevade seria composta pelos seguintes profissionaisde saúde: uma farmacêutica e uma enfermeira.Em junho de 2013, os membros da Comissão Executivaelaboraram um plano de ação para a implantaçãodo programa no município com as seguintesações:- Criação do ambiente livre de tabaco nas unidadesde saúde,- Realização de uma palestra para usuários eprofissionais de saúde para o lançamento doprograma,- Implantação de um grupo piloto de tratamentocom 15 participantes na Unidade Centrode Saúde Industrial.A administração municipal lançou o Programa deControle do Tabagismo no dia 29 de agosto de 2013,com uma palestra sobre o tabagismo, ministrada pormédica pneumologista. O projeto piloto do Programado Tabagismo no Centro de Saúde Industrial foiapresentado durante a palestra para cerca de 100participantes convidados: usuários do SUS, médicos,enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitáriosde saúde (ACS) das equipes de Estratégiade Saúde da Família (ESF) do município.O tratamento do fumante tem como eixo fundamentala abordagem cognitivo-comportamentalcom a finalidade de informá-lo sobre os riscos defumar e benefícios de parar de fumar, motivá-lo adeixar de fumar e apoiá-lo no processo de cessação,fornecendo orientações para que possa lidarcom a síndrome da abstinência, com a dependênciapsicológica e os condicionamentos associados aohábito de fumar.A metodologia utilizada pelo Ministério da Saúdedefine que o grupo selecionado deve ser acompanhadopor um ano, sendo um atendimento por semanano 1º mês; um atendimento a cada 15 dias no 2ºmês e, do 3º ao 12º mês, um atendimento mensal. Osencontros foram realizados com o material de apoiode abordagem Cognitivo Comportamental: Parandode Fumar sem Mistérios (Sessões nº 1, 2, 3 e 4), doMinistério da Saúde, e com o apoio medicamentoso:adesivo transdérmico de nicotina 7mg, 14mg e 21mge Bupropiona 150mg.


47Palestra realizada no Dia Nacional de Combate ao Fumo, em 2013Grupo de tratamento/2014Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaCom o apoio de médicos e enfermeiras daESF, foram implantados cinco grupos de tratamentodo tabagismo, entre agosto e dezembrode 2014, sendo dois compostos de funcionáriosda Secretaria Municipal de Saúde, um na UnidadeCentro de Saúde Monlevade Centro e dois naUnidade de Saúde Novo Cruzeiro. O farmacêuticorealiza a prestação de contas trimestralmente aoMinistério da Saúde através do envio de planilhascom informações do tratamento do tabagismo, dadistribuição do manual do participante e da distribuiçãodos medicamentos.Desde a implantação do programa, em 2013, 86pacientes foram acompanhados e participaram dassessões de tratamento nas unidades de ESF: Centrode Saúde Industrial, Centro de Saúde Monlevade Centroe Centro de Saúde Novo Cruzeiro. A parceria doprofissional farmacêutico com médicos e enfermeirasdas Unidades de Saúde foi extremamente importantepara o sucesso do projeto.No documento consolidado dos atendimentos realizadosno período de julho a setembro de 2014, 51usuários pararam de fumar, o que equivale ao um percentualde 59,3% de cessação do tabagismo, nos cincogrupos participantes. O impacto gerado com estaexperiência foi extremamente positivo ao afirmar aimportância da atuação do farmacêutico nos progra-


48mas de saúde do SUS, a importância da interação eparceria dos profissionais de saúde, na satisfação dousuário em alcançar o objetivo e, principalmente, nasatisfação dos profissionais envolvidos em trabalharna promoção da saúde.Próximos passos, desafios e necessidadesO tabagismo é reconhecido como uma doençaepidêmica resultante da dependência de nicotina,portanto enfrentamos vários problemas comoa falta de capacitação para aprimorar os conhecimentosnesta área, desabastecimento de medicamentos,rotatividade de profissionais capacitados.O grande desafio será ampliar o projeto àtodas as unidades de Estratégia de Saúde da Famíliaofertando o tratamento a um maior númerode usuários.CONCLUSÃOSegundo dados do Ministério da Saúde, o tabagismoé considerado pela Organização Mundial daSaúde (OMS) a principal causa de morte evitável nomundo. Assim, a Prefeitura de João Monlevade consideraimportante trabalhar com o combate ao tabagismopara prevenir problemas de saúde ou óbito dapopulação.A efetividade do tratamento do tabagismo dependedo envolvimento de diversos profissionais.Neste projeto o farmacêutico atuou auxiliando diretamenteno tratamento do paciente, no apoio daabordagem cognitivo-comportamental promovendo acessação do tabagismo. Para os integrantes do grupo,o trabalho ofereceu troca de experiências, maiorvínculo entre os profissionais da saúde, oportunidadede aprendizagem sobre o tabagismo e principalmenteo engrandecimento pessoal ao ver os usuários alçandoo objetivo de parar de fumar.REFERÊNCIASPlano Municipal de Saúde de João Monlevade2013/2017.Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer- INCA Coordenação de Prevenção e Vigilância(COMPREV) Abordagem e Tratamento do Fumante -Consenso 2001. Rio de Janeiro: INCA, 2001.Guia do cuidado farmacêutico: uma estratégiapara promover o uso racional de medicamentos e afarmacovigilancia no SUS/Secretaria de Estado deSaúde de Minas Gerais, Superintendência de AssistênciaFarmacêutica - Belo Horizonte: SES-MG, 2010.112p.INSTITUIÇÃOSecretaria Municipal de Saúde de João MonlevadeAUTORAClaudinéia Mara Alvarenga FaustinoCONTATOclaudineiaalvarenga@yahoo.com.br


49Buritama/SPVista área da cidade de Buritama/SPGestão de estoquese materiais hospitalaresna farmácia: relato de umaexperiência de planejamentoCARACTERIZAÇÃOBuritama fica a 542 km da capital de São Pauloe possui uma área de 326.638 km². Com populaçãode 15.632 habitantes, a densidade demográfica é de47,2 hab/km². O clima do município é subtropical. Aeconomia se baseia na indústria de álcool, na agropecuáriae no turismo. As principais atrações são oParque Turístico João Simão Garcia e seus ranchos deveraneio e condomínios à margem do Rio Tietê, e oBarco Odisséia, com capacidade para 500 pessoas,três pisos, restaurante, boate e área livre. Os clubesnáuticos agregam valor ao porto (terminal turístico),com tradição de grandes festas e torneios de pesca noreservatório da Usina Hidrelétrica Nova Avanhandava.Perfil epidemiológicoDe acordo com o Mapa de Saúde do Municípiode Buritama, as doenças mais frequentes na popu-


50lação são: pneumonias bacterianas; infecção do tratorenal e trato urinário; gastrenterites infecciosase suas complicações; insuficiência cardíaca, anginae doenças cerebrovasculares; doenças pulmonares;diabetes; infecção da pele e tecidos subcutâneos; easma (SES/SEADE/SIH-SUS/TABNET, 2010). Nas notificaçõesde agravo encontramos a dengue, seguidapor mordedura de animais (atendimento anti-rábico),acidente por animais peçonhentos e violência interpessoal/autoprovocada.As principais causas de mortalidade são: doençasdo aparelho circulatório; neoplasias (tumores);sintomas, sinais e achados anormais em exames clínicose laboratoriais; doenças do aparelho respiratório;doenças do aparelho digestivo (SES/SEADE/SIH-SUS/TABNET, 2011).Estruturação da rede de saúdeA rede municipal de saúde de Buritama (SP) contacom duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) – UBSII Nicola Lavechia e UBS <strong>III</strong> Jaime Pinto Cunha -, àsquais estão vinculadas três equipes de Saúde da Família(ESF), com 25 agentes comunitários. As equipesgarantem atendimento a 4.825 famílias, abrangendo13.968 pessoas. O atendimento especializado éassegurado por três centros prestadores: Centro deReabilitação Ana Ferreira de Jesus, que realiza atendimentosde fisioterapia, acupuntura e fonoaudiologia;Centro de Especialidades de Odontológicas (CEO)e o Centro Oftalmológico Instituto de Olhos, referênciapara 44 cidades da região de Araçatuba, comuma média de 6.300 procedimentos oftalmológicos/mês, entre estes cirurgias, consultas e tratamento deglaucoma. O município dispõe de um Centro de AtençãoPsicossocial (Caps I), que realiza, em média, 379atendimentos/mês.Único hospital da cidade, a Santa Casa de Misericórdiatem 40 leitos, 32 ativos, e atende 130 consultasem pronto atendimento/dia, totalizando no mês 3.900consultas. No hospital são realizados, em média, pormês, 110 internações; 80 testes ergométricos; 110 ultrassonografias;70 eletrocardiogramas; 600 radiografias;2 mil exames laboratoriais e 60 endoscopias.O Núcleo de Apoio a Saúde da Família (Nasf),além de desenvolver atividades conjuntas com a ESF,também desenvolve atividades com o Programa Academiada Saúde, criado em 2011 pelo Ministério daSaúde, para contribuir com a promoção da saúde pormeio do incentivo à prática de atividades físicas. Umpolo para orientação da população, com infraestrutura,equipamentos e quadro de pessoal qualificadoestá em construção.No município, 85% dos habitantes dependemda assistência do Sistema Único de Saúde (SUS). Os15% restantes são usuários da rede de saúde privada/suplementar. O quadro de recursos humanos da redemunicipal de saúde está assim estruturado:Nível SuperiorMédicos - 13Enfermeiros - 10Cirurgiões-dentistas - 12Fonoaudiólogas - 2Psicólogas - 4Fisioterapeutas - 8Veterinário - 1Nutricionista - 1Farmacêuticos - 5Assistentes sociais - 2Terapeutas ocupacionais - 2Nível médioAuxiliares de Enfermagem 12Técnico de Enfermagem - 1Agentes comunitários de saúde - 25Auxiliares de Consultório Dentário - 8Nível FundamentalRecepcionistas - 9Agentes administrativos - 6Motoristas - 12Auxiliares de serviços gerais - 10Auxiliares de Farmácia - 2Vigilantes - 18Referência/contrarreferência - 5Assistência farmacêuticaO município de Buritama conta com três unidadesde dispensação: uma na UBS II Nicola Lavechia,para assistência farmacêutica básica; outra, na UnidadeBásica de Saúde (UBS) <strong>III</strong> Jaime Pinto Cunha,que realiza a assistência farmacêutica para o componentebásico, estratégico e medicamentos de controleespecial, listados na Portaria 344/98, da Secretariade Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (SVS/MS); e a terceira, a Unidade de Assistência Farmacêuticade Alto Custo, para atendimento de protocolosdo componente especializado. Ao mês, são atendidos


515.560 pacientes, e aviadas, 4.390 receitas. Os atendimentosresultam em 268.800 unidades dispensadas.São cinco farmacêuticos em atuação na redemunicipal de saúde: três na atenção básica, um nosetor de Divisão de Vigilâncias e outro no ComponenteEspecializado da Assistência Farmacêutica.A assistência farmacêutica (AF) é responsável pelaprogramação, seleção, aquisição, armazenamento edistribuição de todos os medicamentos.Os farmacêuticos atuam, também, na assistênciaaos pacientes inscritos nos programas para hipertensose diabéticos. A Relação Municipal de MedicamentosEssenciais (Remume) inclui aproximadamente300 medicamentos.No período em que foi desenvolvida esta experiência,de outubro de 2010 a dezembro de 2012, a SantaCasa contava com apenas um farmacêutico. O profissionalatuava, ao mesmo tempo, na gestão e na assistência– incluindo o pronto-socorro –, além de participarde comissões e dos programas de educação continuada.RELATO DA EXPERIÊNCIAEsta experiência foi realizada para demonstrar aimportância do conhecimento das informações relativasao controle do estoque de materiais hospitalarespara melhoria da gestão de custos, com ênfase nagestão da AF como uma das estratégias de organizaçãodo setor. O cenário é a farmácia de um hospitalfilantrópico de pequeno porte, no interior de SãoPaulo.Além disso, foi possível identificar a sistemáticaadotada para a seleção e a padronização de medicamentos;os critérios adotados para a programação ea aquisição de medicamentos; as práticas de estocagemdos medicamentos; a sistemática adotada paraa distribuição intra-hospitalar dos medicamentos e aparticipação do profissional farmacêutico nos serviçose atividades relacionadas à AF hospitalar.METODOLOGIADe acordo com as competências da instituiçãohospitalar, entre os serviços técnicos, a farmácia hospitalarrepresenta uma das principais áreas, devidoao seu comprometimento com a redução dos custose racionalização da terapia, aperfeiçoando o controledas despesas e contribuindo para a qualidade dos insumosutilizados (Gonçalves, 1988).A metodologia utilizada foi um estudo qualitativosituacional da farmácia do hospital no períodode outubro de 2010 a dezembro de 2012, visandoàs necessárias adaptações para a reestruturação doserviço. Para isso, foram realizados os seguintes procedimentos:• Observação do sistema vigente pela farmacêutica,auxiliares do setor e gestores dasdemais equipes de apoio;• Identificação dos entraves e problemas noprocesso organizacional;• Utilização da experiência da autora comoservidora pública municipal em gestão da AFe participação efetiva das pessoas que atuavamno local do estudo, a Santa Casa deMisericórdia, em especial no serviço de farmácia,para a coleta de dados;• Leitura bibliográfica de artigos escritos emperiódicos e publicações especializadas, livros,e das bases legais;• Coleta e análise dos dados;• Definição de providências para a reestruturaçãoda farmácia do hospital;• Execução das medidas propostas, juntamentecom a Diretoria Administrativa.Descrição da experiênciaNo final de 2010, com o propósito de reorganizaro controle de estoque de sua farmácia, a Santa Casade Buritama contratou um farmacêutico. A medidateve, ainda, como objetivos implantar um processoeficiente e integrado ao sistema contábil e financeirodo hospital, além de melhorar a atenção à saúde dopaciente internado.Assim, com a ajuda dos diversos profissionaisque ali desempenhavam seus papéis, o farmacêuticoiniciou a coleta de dados referentes ao ciclo da AFe o levantamento de normas e rotinas estabelecidasno Setor de Farmácia. As mudanças necessárias paraa organização do serviço foram implementadas comgrande repercussão em todas as áreas e setores dohospital.No quadro 1 está descrito o diagnóstico situacional,as atividades do ciclo da AF, com o diagnósticodo sistema vigente no Setor de Farmácia, e asprovidências urgentes para reestruturação da farmáciado hospital.


52Atividades da AF, diagnóstico situacional e providênciasAtividades do ciclo da AF Diagnóstico situacional Providências1. Horário funcionamento dafarmáciaAberta de segunda a sexta-feira. Fechada aos sábados, domingose feriados.Aberta todos os dias (segunda a sexta das 7h às 19h e sábados, domingose feriados das 7h às 13h)2. Licenças de funcionamento Sem Alvará Sanitário. Regularização de toda a documentação pertinente.3. Visões do medicamento Bem consumo x insumo básico. Palestras e treinamentos aos funcionários.4. Sistemas de compras Sem critérios definidos e claros.- Compra mensal: suporte online (Sistema Eletrônico Bionexo, integradoao Sistema MV 2000);- Seleção de fornecedores.5. Seleção Padronização desatualizada e sem critérios.Atualização do Manual de Padronização de acordo com a Relação Nacionalde Medicamentos (Rename) e divulgação entre todos os profissionais,em especial a classe médica.6. Programação7. Aquisição8. Armazenamento9. Estrutura física10. Controles de estoque- Sistema de informação deficiente;- Não observa variação sazonal;- Vários sub-estoques;- Produtos com prazo de validade vencida.- Produtos sem garantia;- Desabastecimento por falta de aquisição;- Especificações inadequadas nas compras;- Modalidade de compra inadequada.- Produtos corrosivos com soluções parenterais de grande volume;- Sem área de recebimento de produtos e estoques em vários locais;- Conservação e segurança dos produtos de maneira imprópria;- Entrega dos produtos sem rastreabilidade;- Inexistência de inventário de estoque mensal ou anual.- Ausência de persianas na janela (proteção do sol);- Luminosidade insuficiente na área de dispensação;- Computador com deficiência de recursos;- Geladeira sem controle de temperatura;- Bins (gaveteiros) insuficientes para guarda dos produtos.- Desorganizado;- Distribuição sem monitoramento; ausência de informações propíciasà coleta de dados atualizados sobre a posição físico-financeirados estoques, a reposição das quantidades recebidas e distribuídas,o consumo e a demanda de cada produto, os estoques máximos emínimos, o ponto de reposição, as quantidades adquiridas e outrasinformações necessárias;- Material e/ou medicamento à disposição do serviço de Enfermagemsem qualquer controle.- Implantação do Sistema de Gerenciamento MV 2000;- Sem sub-estoques e controle por quotas;- Ordem de compra com uso do sistema e comprador;- Rastreamento do produto por lote e validade.- Especificações técnicas e administrativas bem definidas no editalde compra;- Programação: estoque com segurança (45 dias);- Aquisição pelo menor custo, mas primando pela qualidade.- Área adequada para cada produto;- Adequação da infraestrutura do local para conter todos os parâmetrosdo ciclo da AF (área de receber, armazenar, dispensar, de estocar, demedicamentos de controle especial, de fracionamento, de produtoscom validade a vencer, etc.);- Critérios para a saída e rastreabilidade dos produtos por lote e validade:o primeiro produto que vence é o primeiro que sai;- Inventário a cada seis meses.- Janela com proteção de tela para insetos e sol;- Melhor funcionabilidade de bins e nova disposição das estantes eprateleiras, para aproveitar luminosidade artificial existente no local;- Climatização no ambiente, com uso de ar condicionado, e controle detemperatura ambiente e umidade local;- Atualização de computadores e sistemas;- Termômetro para controle de temperatura na geladeira (máxima, mínimae de momento).- Controle de entrada e saída de materiais e medicamentos para gerarinformações no banco de dados;- Materiais e produtos da farmácia com acesso somente para funcionáriosdo Setor de Farmácia;11. Informatização e controle12. Distribuição13. Prescrição/dispensação- Verificação do prazo de validade e garantia da movimentação prioritáriado produto com data de vencimento mais próxima;- Sistema de baixa no estoque com falhas;- Entradas de notas sem saída dos produtos;- Material e/ou medicamento sem nº de lote, validade e marca;- Sem uso do custo médio. Mantém último preço de compra.- Reposição nos setores (centro-cirúrgico, pronto-socorro, posto deenfermagem, sala de emergência, centro oftalmológico) sem normatécnica da reposição diária e/ou semanal, ocasionando excessos efaltas de vários produtos;- Armários com livre acesso aos funcionários.- Prescrição por nome comercial, incompleta ou ilegível e de medicamentosfora da padronização;- Visitas médicas sem horário padronizado;- Falta de orientação adequada aos pacientes sobre os tratamentos;- Falta de rastreabilidade de Reações Adversas aos Medicamentos(RAMs);- Conflito entre o sistema de dispensação por dose unitária e coletiva,gerando outros conflitos, como farmácia fechada;- Dispensação de uma ou mais prescrições de pacientes devido o médicojá deixar prescrito para outro dia com provável alta hospitalar(novamente a questão: estornos, tempo de funcionário);- Principais erros na dispensação: interpretação errada da prescrição;letra ilegível; retirada do medicamento errado do estoque; dose errada;rotulagem/embalagem inadequada; nome de paciente errado.- Ótimo suporte técnico pelos profissionais da tecnologia de informática;- Implantação do código de barras;- Inexistência de baixa acumulada;- Curva ABC;- Lote e validade;- Custo médio (três meses).- Distribuição nos setores por solicitação de cotas e de acordo cominstrução normativa vigente;- Inexistência de falta ou excesso de produtos.- Prescrição pela denominação genérica: nome de princípio ativo;- Prescrição de padronizados, caso contrário apresentar justificativas;- Quanto ao horário padrão de visita médica ainda não foi mudado;- Visita ao paciente com orientação, mas ainda sem regulamentação;- Rastreabilidade de reações adversas a medicamentos ainda não foipossível;- Utilização de dose individualizada por paciente para 24 horas;- Prescrição para dia posterior diminuiu em 90%, mas ainda há ummédico que faz;- Retirada do medicamento errado do estoque, dose errada, rotulageme embalagem inadequada não ocorre mais devido ser realizado porprofissionais do serviço de farmácia;- Etiqueta informatizada com nome de paciente e localização de convênioe quarto, data, médico, etc.;- Ilegibilidade da letra ainda permanece.


53Atividades do ciclo da AF Diagnóstico situacional Providências14. Escriturações do Livro ControleEspecial15. Outros- Medicamentos prescritos sem notificações de receita de controleinterno;- Livro de registro incompleto, sem assinatura do responsável técnico;- Várias saídas por perdas;- Escrituração atrasada;- Armário sem chave para medicamentos de controle especial (Portarianº 344/98 e atualizações).- Tabela do Brasíndice desatualizada;- Relatórios gerenciais inconstantes com a realidade.- Norma interna para prescrição de medicamentos de acordo com alegislação da Portaria nº 344/98;- Escrituração diária;- Raras perdas (evidenciadas apenas por acidentes);- Armário com chave para o armazenamento de psicotrópicos.- Atualização da tabela do Brasíndice;- Emissão de vários relatórios gerenciais com dados fidedignos.Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaTratando-se de um relato de experiência comparticipação efetiva dos profissionais que atuavamno serviço e da Diretoria Administrativa, foi possíveltomar a decisão de realizar a reestruturação do Setorde Farmácia da Santa Casa, tornando esta experiênciaexitosa e bem sucedida. As mudanças realizadasimpactaram os resultados dos processos de tal formaque relatórios emitidos por auditoria contábil foramaprovados em pareceres sem ressalvas. Fato este, quenão ocorria nos últimos anos.Causou grande impacto, entre os gestores, ademonstração da comparação dos custos das perdasde produtos (material médico/hospitalar e medicamentos)por mau armazenamento e/ou vencimentodo prazo de validade antes e após a implantação doprograma e serviços, assim como a melhoria dos serviçosestruturais e de produção da farmácia.1400012000100001000080006000400020000GRÁFICO COMPARATIVO/PERDASOut/2010 a Out/2011 e Nov/2011 a Dez/201223 34Materialhospitalar294 141MedicamentoR$ 12.973,21317 175Total itens Total em R$2010/2011 2011/2012R$ 3.075,24Figura 1 - Apresenta o comparativo/perdas, no período descrito, emrelação à quantidade de material hospitalar, medicamentos, o total deitens (material e medicamento) e o valor avaliado em reaisIMPACTOPerdas por mau armazenamentoe prazo de validade2010/2011 – em torno de R$ 13.000,00 2011/2012 – em torno de R$ 3.000,00Implantação do Sistema MVintegrado à Plataforma Bionexo(compras)Manual de procedimentos ediretrizesSistema de informação ausenteSeleção de medicamentos e padronizaçãodesatualizada e sem critériosVariação da economia, em torno de 30% (+- R$10.000,00)Elaboração de normas técnicas e POPs; revisão do manual de padronização em sintoniacom Rename e Remune.Doações 2010 = R$ 526,712011 = R$ 7.287,33;2012 = R$ 6.545,14Educação continuada/treinamentosProgramação e AquisiçãoArmazenamento e distribuiçãoAusentesAusentes ou sem critérios definidosInfraestrutura inadequadaPalestras: Gestão do Medicamento, Feira Hospitalar, Semana Racine, divulgação dapadronização aos profissionais médicos e equipes gestoras, etcCurva ABC; custo médio; definição adequada no edital de compras das especificaçõestécnicas e administrativas; estoque com segurança; aquisição pelo menor custo, masprimando pela qualidade dos produtos; sub-estoques reduzidos e com reposição pelosistema de cotas; controle de entrada e saída de materiais e medicamentos somentepor funcionários do Setor de Farmácia.Áreas adequadas para cada produto do ciclo; infraestrutura foi adaptada; critérios paraa saída e rastreabilidade dos produtos por lote e validade: o primeiro produto quevence é o primeiro que sai; inventário a cada seis meses; prescrição pela denominaçãogenérica (nome de princípio ativo) da relação de padronizados; dose individualizadapor paciente para 24 horas.


54Próximos passos, desafios e necessidades• Reordenar e aprimorar as ações conforme asreais necessidades da população e da entidade;• Capacitar os colaboradores;• Promover a troca de experiências e aprimorara tecnologia da informação com implantaçãode sistemas de informação;• Executar as ações pactuadas entre gestores eprestadores de serviço de saúde (acompanhamento/monitoramento);questões organizacionais,políticas e financeiras ainda esperampor soluções.CONCLUSÃOA reestruturação do Setor de Farmácia da SantaCasa de Buritama causou grande impacto na culturaorganizacional da entidade. Por meio das atividadesde gerenciamento e gestão da AF, as ações estratégicasmelhoraram a gestão de custos e o conhecimentode informações, de normas e diretrizes do serviço,contribuindo também para que outras ações igualmenteimportantes fossem efetivas no atendimentoao paciente e consequentemente refletissem nohospital como um todo. As medidas adotadas aindaevidenciaram a importância da participação do farmacêuticono ambiente hospitalar.REFERÊNCIASBRASIL. Decreto nº 20.377 de 08 de setembro de1931. Diário Oficial da União de 31/12/1931.CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº.418, de 29 de setembro de 2004, do CFF. Diário Oficialda União, 17/11/2004 - Seção 1, Págs. 307/309e Republicada no DOU 09/05/2005 - Seção 1, Págs.190/191 por incorreção.BRASIL. Lei Nº 5.991 de 17 de dezembro de 1973.Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 dez. 1973.BRASIL. Decreto nº 74.170, de 10 de Junho de1974 - Regulamenta a Lei n.º 5.991, de 17 de dezembrode 1973. Diário Oficial da União - Seção 1- 11/6/1974, Página 6630.BRASIL. Lei nº 6.360, de 23 de Setembro de1976. Diário Oficial da União - Seção 1 - 24/9/1976,Página 12647.BRASIL. Decreto nº 85.878 de 07 de Abril de1981. Diário Oficial da União - Seção 1 - 9/4/1981,Página 6631.CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº160, de 23 de Abril de 1982, do CFF.CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resoluçãonº 208, de 19 de Junho de 1990, do CFF. D.O.U. de26/06/1990 - Seção 1, pág. 12311. Revogada pelaResolução nº 300, de 30 de Janeiro de 1997, do CFF.Revogada pela Resolução nº 492, de 26 de novembrode 2008, do CFF.BRASIL. Agência Nacional da Vigilância Sanitária.Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998. DiárioOficial da Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF,19 maio 1998.BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM nº.3.916, 30 out. 1998. Diário Oficial da União, PoderExecutivo, Brasília, DF, 10 novembro 1998.BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução CNS nº.338, de 06 de maio de 2004. Diário Oficial da União,Poder Executivo, Brasília, DF, 20 maio 2004.BRASIL. Portaria GM nº 1044 de 1º de junho de2004. Disponível em: Acessado em 05/05/2013.CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resoluçãonº 437, de 28 de <strong>Julho</strong> de 2005, do CFF. D.O.U. de02/08/2005 - Seção 1, Pág. 41.CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº449, de 24 de Outubro de 2006, do CFF. D.O.U. de27/10/2006 - Seção 1, Pág. 157.CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº492, de 26 de novembro de 2008, do CFF. Disponívelem: Acessado em 05/05/2013.SECRETÁRIA SAÚDE ESTADO SÃO PAULO. ResoluçãoSecretaria de Saúde São Paulo (SS/SP) nº 126, de13 de Agosto de 2009.MINISTÉRIO DA SAÚDE. Hospitais Filantrópicosno SUS e Hospitais de Pequeno Porte. Nota Informativanº. 2010. Brasília, 11 de novembro de 2010.Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento deAtenção Especializada. Coordenação Geral de AtençãoHospitalar.BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.283,de 30 de dezembro de 2010. Diário Oficial da RepublicaFederativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília,DF, 31 dez. 2010. Seção 1, p.12.236.MARIN, N; LUIZA, V. L.; CASTRO, C. G. S. O.; SANTOS,S. M. Assistência Farmacêutica para Gerentes Municipais.Rio de Janeiro: OPA/OMS, 20<strong>03</strong>.AUTORESGislaine Murakami RodriguesProfª. Drª. Selma Patti SpinelliSebastião Angelo CintraINSTITUIÇÃOSanta Casa de Misericórdia São FranciscoCONTATOScomunicacao@santacasaburitama.com.brgisakami@hotmail.com


55São Paulo/SPMunicípio de São PauloAssistência farmacêutica:aproximação entre farmacêutico epaciente tornando-se realidadeCARACTERIZAÇÃOLocalizado na Região Sudeste do Brasil, o Estadode São Paulo, tem como capital a cidade maispopulosa do Brasil. Com área de aproximadamente1.521 km 2 , a cidade de São Paulo tem uma populaçãoestimada de 12 milhões de habitantes, segundo dadosdo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), de 2014.Assistência farmacêuticaA garantia do acesso da população a medicamentostem sido um dos grandes desafios do poderpúblico brasileiro, sendo parte integrante e essencialde uma adequada política assistencial. O Estado deSão Paulo possui unidades de farmácia do ComponenteEspecializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf),que têm por objetivo a distribuição de medicamentosque são destinados ao tratamento de doenças consideradasde alta complexidade. São medicamentoscom elevado valor unitário ou que se tornam excessivamentecaros e muitas vezes inacessíveis pela cronicidadedo tratamento. Essa política alcança diferentesclasses sociais.A Associação Paulista para o Desenvolvimentoda Medicina (SPDM), atualmente, gerencia cinco unidadesde farmácia do Ceaf, sendo três no município


56de São Paulo, uma no município de Guarulhos e umana cidade de Campinas. A gestão nas unidades defarmácia do Ceaf foi iniciada em novembro de 2005,com o Ambulatório Médico de Especialidades MariaZélia.Em 2013, foi criada a Comissão Geral de AtençãoFarmacêutica formada por representantes de cadauma das cinco unidades de farmácia, entre eles coordenadorese farmacêuticos. Posteriormente, esta comissãofoi subdividida em comissões locais de cadaunidade de farmácia, com a participação ativa daequipe de farmacêuticos e auxiliares de farmácia.Os objetivos propostos para a comissão incluema orientação dos pacientes sobre o uso racional dosmedicamentos, a conscientização de pacientes e cuidadoressobre a conservação e armazenamento corretodos medicamentos e a divulgação de informaçõessobre as patologias.A partir da definição dos objetivos da comissão,foram criadas as estratégias de abordagem, com afinalidade de promover o acesso dos pacientes àsorientações e informações. Entre estas estratégiasestão os Encontros de Atenção à Saúde, que contamcom a participação de profissionais da área da saúde,integrantes das comissões locais e pacientes cadastradosnas unidades de farmácia.RELATO DA EXPERIÊNCIAEsta experiência relata os resultados obtidos narealização de três Encontros de Atenção à Saúde, quetiveram como temas: hepatite, asma e Doença PulmonarObstrutiva Crônica (DPOC) e glaucoma.O objetivo da estratégia é proporcionar um espaçode orientação aos pacientes, sensibilizando-ose conscientizando-os sobre determinadas patologias,incentivando o tratamento medicamentoso por meioda utilização dos medicamentos fornecidos pelas Farmáciasde Medicamentos Especializados (FMEs). Osencontros têm, ainda, o propósito de promover a trocade experiência entre os pacientes que apresentama mesma patologia ou estão sendo submetidos aomesmo tratamento.METODOLOGIAPara a definição do tema do primeiro encontro,que foi hepatite, a Comissão Geral de Atenção Farmacêuticalevou em conta o número expressivo depacientes atendidos nas FMEs com esta patologia. Osdemais encontros seguiram este mesmo critério outiveram seus temas escolhidos em atendimento àssugestões dos participantes.Para a divulgação dos encontros foram desenvolvidoscartazes e folders. Os cartazes foram colocadosno quadro de avisos das unidades de farmácia eos folders, entregues aos pacientes no momento doatendimento presencial.Especialistas e profissionais com envolvimentosignificativo no tema abordado ministraram as palestrascomo convidados. Em cada evento, o palestranteabordou o assunto proposto de forma didática e, nofinal, foi disponibilizado tempo para o esclarecimentode dúvidas e a exposição de experiências dos participantessobre seus tratamentos.Para cada encontro foi realizada uma pesquisade opinião para avaliação do tema abordado, do localde realização do evento e sua estrutura física, domaterial utilizado na apresentação, do conhecimentodo instrutor, do tempo e do horário do encontro. Noquestionário havia um campo para o usuário escreveras suas dúvidas e sugestões de melhorias e de outrostemas de seu interesse. Todas as dúvidas foramencaminhadas para os palestrantes e respondidas aopaciente, uma a uma, por e-mail.O formulário da pesquisa de opinião foi entreguejuntamente com o material de apoio – um folderinformativo e um bloco de anotações –, durante arecepção dos pacientes. Um membro da Comissão deAtenção Farmacêutica apresentou o questionário aospresentes, solicitando que todos a preenchessem eentregassem ao final do evento.Descrição da ExperiênciaOs Encontros de Atenção à Saúde surgiram pelanecessidade de informar e contribuir com mais conhecimentopara os pacientes sobre as patologias abordadas.Para o primeiro encontro – Conhecendo a hepatite–, somente foram disponibilizadas vagas parapacientes em tratamento de hepatite e/ou cuidadores.Percebendo o interesse de outros usuários emparticipar das palestras, realizaram-se novos encontrossem restrição de público-alvo. Todas as palestrasforam oferecidas, sem custo, aos interessados.O principal desafio encontrado foi a sensibilizaçãodos pacientes com relação à importância da suaparticipação no evento.


57Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaOs eventos contaram com a participação demais de 200 pessoas, dentre cuidadores e pacientes.Em todos os encontros, os pacientes foramparticipativos, interagindo e compartilhando experiências.Eles relataram a importância dos eventos para oesclarecimento de dúvidas em relação à patologia eaos medicamentos utilizados.Os resultados obtidos na pesquisa de opiniãoserão levados em consideração para realizaçãodos próximos encontros. Os itens “regular” e“ruim”, que somaram mais de 5%, foram avaliadose, quando possível, medidas foram adotadas.Todos os quesitos avaliados somam mais de 90%para “excelente” e “bom”.Próximos passos, desafios e necessidadesA meta para os próximos encontros é ampliar aabordagem, tratando não somente as patologias referentesaos medicamentos contemplados pelas unidadesde farmácia do Componente Especializado daAssistência Farmacêutica (AF), seguindo as sugestõesdos próprios pacientes participantes.Além da abordagem dos pacientes, propõe--se realizar encontros semelhantes voltados aoscolaboradores das unidades de farmácia, a fim deaprimorar o conhecimento da equipe de trabalhosobre as patologias e medicamentos, enriquecendoas informações prestadas aos pacientes no momentodo atendimento.CONCLUSÃOVerificou-se a carência de informação da maioriados participantes em relação à sua patologia, aos medicamentosque utilizam e às ações que podem ser realizadaspara melhorar a qualidade de vida e a eficáciaterapêutica dos medicamentos utilizados.As Comissões Locais de Atenção Farmacêuticaencontram-se atuantes, orientando os pacientes sobrea administração correta dos medicamentos, evitandodesperdício de fármacos e auxiliando na manutençãoda adesão do paciente à terapia.Podemos concluir que os Encontros de Atençãoà Saúde proporcionam um canal de comunicaçãodos pacientes com os estabelecimentos desaúde, minimizando suas dúvidas e favorecendo ouso racional de medicamentos; além disso, contribuemna atuação do Farmacêutico, que passa aexercer papel fundamental na adesão do pacienteao tratamento.A experiência foi muito valiosa, tanto para osprofissionais das unidades, quanto para os pacientes.Pudemos perceber que muitos pacientes, no diaa dia, não se sentem à vontade para questionar sobresua patologia ou sobre o método de aplicação deseus medicamentos, o que pode dificultar ou retardara melhora de seu quadro clínico. Porém, durante osencontros, eles mostram-se interessados e comunicativos.INSTITUIÇÃOFarmácia do Componente Especializado daAssistência Farmacêutica (Ceaf) de São PauloAUTORESDaniele Pinho BiagioCinthia Cardoso GuimarãesRomany Natalie Dias SilvaTaiz Jacob TuascaAndré Meiji KajiwaraCONTATOdaniele.biagio@ceaf.spdm.org.br


58Rio de JaneiroVista do Pão de Açúcar, município do Rio de Janeiro (RJ)Imunização contra o VírusSincicial Respiratório:experiência do Estado do Rio de Janeirona garantia do acesso e uso racionaldo anticorpo monoclonalCARACTERIZAÇÃOO Rio de Janeiro ocupa uma área territorial deaproximadamente 43.780 km². Com cerca de 16milhões de habitantes, distribuídos em 92 municípios,concentra 8,4% da população brasileira, sendoo Estado com maior densidade demográfica do País,segundo dados de 2010, do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE). Do total de residentes,46% possuem entre 20 e 49 anos. Entre as principaisetnias, 47% da população se declaram brancos, 39%pardos e 12% negros.Em 2012, o Estado possuía um Produto InternoBruto (PIB) de R$ 504 bilhões, representando a segundamaior economia do País (IBGE). A maior partede suas atividades, 62,1%, se baseia na prestação


59de serviços em áreas como telecomunicações, tecnologiada informação, turismo, e comércio. Cercade 40% do PIB vem da indústria, destacando-se ametalúrgica, siderúrgica, gás-química, petroquímica,naval, cimenteira, salineira, alimentícia, têxtil e deextração mineral.Perfil epidemiológicoO Plano Estadual de Saúde do Rio de Janeiro(PES-RJ) para 2012/<strong>2015</strong> apresenta um panoramadas doenças e agravos transmissíveis e não transmissíveis,além de causas externas mais prevalentesno Estado.No Rio de Janeiro, a magnitude de algumasdoenças transmissíveis, do ponto de vista da morbidade,ainda representa um desafio: é o caso daAids, da tuberculose, da hanseníase, da sífilis (emgestante e congênita), além do recrudescimentoperiódico da dengue, com a ocorrência de epidemias.Neste contexto, a tuberculose merece destaqueespecial. O Estado é o que, historicamente, apresentaa maior taxa de incidência no País, o que tem sidoexplicado, em parte, pela concentração da maioria dapopulação residente em áreas urbanas e com elevadadensidade demográfica.Em relação às doenças não transmissíveis eeventos externos, as principais causas de mortesregistradas entre os homens foram as doenças doaparelho circulatório (27,5%), seguidas pelas causasexternas de mortalidade (15,7%) e pelas neoplasias(14,4%). Entre as mulheres destacaram-se as doençasdo aparelho circulatório (30,5%), além das neoplasias(16,1%) e doenças do aparelho respiratório(12,1%).Estruturação da rede de saúdeA rede de unidades sob gestão estadual é constituídapor 29 Unidades de Pronto Atendimento(UPAs); 33 hospitais (gerais e especializados), destacando-seos institutos do Cérebro, de Cardiologia ede Diabetes e Endocrinologia; Central de Transplante,Laboratório Oficial e Laboratório Central de Saúde Pública(Lacen).Conforme o Cadastro Nacional de Estabelecimentosde Saúde (Cnes), o Estado do Rio Janeiro possuitambém: 10 unidades universitárias (hospitais,institutos e policlínicas), 14 hospitais federais, alémde várias unidades pertencentes às Forças Armadas eForças Militares Auxiliares. Ainda conforme o Cnes, apopulação tem disponíveis várias unidades de saúdemunicipais.Assistência farmacêuticaA Superintendência de Assistência Farmacêuticae Insumos Estratégicos (Safie), da Secretaria Estadualde Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ) possui,em sua estrutura, quatro coordenações responsáveispor acompanhar, supervisionar e executar as açõesrelativas à assistência farmacêutica (AF) no Estado:Coordenação de Gestão, Coordenação do ComponenteEspecializado, Coordenação de Logística e Qualidadede Medicamentos e Coordenação de Qualificação deServiços Farmacêuticos. Além disso, está inserida noorganograma da Safie, a Farmácia Estadual de MedicamentosEspeciais (Riofarmes), onde é realizadoo processo de cadastro e dispensação dos medicamentosespecializados. À Safie estão vinculados 174profissionais, sendo 67 farmacêuticos, 94 servidoresadministrativos e 13 assistentes sociais.Particularmente, quanto à gestão dos medicamentosdo Componente Especializado da AssistênciaFarmacêutica, a SES conta com o apoio de 26 polosmunicipais, distribuídos pelas 9 regiões de saúde doEstado e 10 centros de referência (hospitais especializados),localizados em sua maioria na região metropolitana.No planejamento e condução do Programa Estadualde Profilaxia contra o Vírus Sincicial Respiratório(VSR) estão envolvidos cerca de 30 farmacêuticosvinculados à Safie, a alguns polos municipaisdo Componente Especializado e às UPAs cadastradas.RELATO DA EXPERIÊNCIAO objetivo geral do Programa de Imunizaçãocontra o VSR é garantir o acesso e uso racional doanticorpo monoclonal. Desta forma, a iniciativa doEstado do Rio de Janeiro na gestão completa do programa,a partir do seguimento farmacoterapêutico,desde o cadastramento dos pacientes até a aplicaçãodo anticorpo, buscou promover esta racionalidade. Adisponibilidade do medicamento em uma unidade desaúde habilitada, com profissionais capacitados, eo acompanhamento das aplicações por meio de um


60sistema informatizado se mostraram fundamentais nagarantia da segurança do paciente.METODOLOGIAO Sistema Informatizado de Gerenciamento deMedicamentos Especializados (Sigme), desenvolvidopela SES/RJ para gerenciamento dos medicamentosdo Componente Especializado, foi adaptado para gestãodo Programa de Imunização contra o VSR, comquatro funcionalidades: cadastramento, análise técnica,dispensação e controle de estoque.O cadastro no programa é feito anualmente, ese inicia na 2ª quinzena do mês de março, quandodevem ser apresentados documentos de identificaçãoda criança e dos seus responsáveis e umformulário específico denominado Laudo VSR. Estelaudo deve ser preenchido pelo médico, e devemser informados todos os dados relacionados à indicaçãopara imunização, principalmente idade, idadegestacional, presença de morbidades e terapiasde suporte utilizadas.A partir do cadastro é gerado um banco de dadossócio-epidemiológicos, entre os quais se destacam:idade, sexo, peso, tipo de parto, idade gestacional nonascimento, presença de comorbidades, município deorigem, e tipo de atendimento (público ou privado).Na análise técnica, uma equipe de farmacêuticosconfronta os dados informados no cadastro com oscritérios estipulados na norma técnica. Os pacientesselecionados são agendados para aplicação em umadas unidades credenciadas no programa, de acordocom a localização de sua residência.O sistema possui um módulo que permite o controlede estoque do medicamento nas unidades. Pormeio dele, a Safie pode calcular a quantidade de frascosa ser enviada semanalmente às unidades, sempreconsiderando o número de pacientes agendados e oestoque remanescente em cada uma.O período de maior prevalência do VSR vai demaio a setembro e, como a primeira dose deve ser administradaum mês antes do aumento na incidência,a aplicação do medicamento ocorre entre os mesesde abril a agosto, com intervalos de 30 dias entre asdoses. O número total de doses por criança dependedo mês de início das aplicações, variando de 1 a 5doses. Não foram aplicadas doses fora do período desazonalidade do vírus.Na unidade, a cada aplicação, a criança é pesada.Os dados de peso são inseridos no sistema, queautomaticamente calcula a dose a ser administradaem ml (considerando a posologia recomendada de Palivizumabe,que é 15 mg/kg de peso corporal, por viaintramuscular). O sistema realiza agendamentos mensaispara as aplicações subsequentes. A cada imunizaçãoé necessária à apresentação de uma prescriçãomédica atualizada.No caso de pacientes internados que não podemcomparecer à unidade para fazer a aplicação, o medicamentoé disponibilizado por meio da Riofarmes,sendo entregue, ao responsável, para administraçãono respectivo hospital. No momento da dispensação,são exigidos, além de receita contendo peso atual dacriança, o laudo médico informando a data inicial dainternação, a unidade hospitalar onde ela está internada,o número de prontuário e a previsão de alta.Fachada da Unidade de Referência e interior da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Rio de Janeiro - RJ


61Descrição da experiênciaInfecções agudas das vias aéreas inferioressão caracterizadas por processos inflamatóriosagudos, infecciosos ou não, que acometem alvéolos,bronquíolos, brônquios e espaço intersticial.Essas doenças estão relacionadas a altos índicesde morbidade e mortalidade infantil no mundotodo. O VSR é o agente etiológico mais frequentementeidentificado em afecções que acometem otrato respiratório inferior em lactentes e criançasmenores de 2 anos de idade.Ele atinge o trato respiratório por meio do contatoíntimo de pessoas infectadas ou de superfíciesou objetos contaminados. O vírus penetra no corpohumano pelas membranas dos olhos, do nariz e daboca ou pela inalação de gotículas derivadas de tosseou espirro.O vírus está associado aos surtos de doença respiratóriaaguda que surgem todo ano no inverno e noinício da primavera. Em bebês e em crianças pequenas,pode ser responsável por até 75% das bronquiolitese 40% das pneumonias durante o período desazonalidade. Em adultos, o VSR se manifesta comouma gripe comum.O risco de desenvolvimento de doença gravepelo vírus é alto em lactentes com menos deseis meses de idade (principalmente prematuros),crianças com doença pulmonar crônica da prematuridadee cardiopatas, necessitando de internaçãopor desconforto respiratório agudo em 10% a 15%dos casos. Essa população torna-se mais suscetívelà infecção pelo vírus por apresentar os seguintesfatores de risco: bronquíolos de menor diâmetro;sistema imunológico menos desenvolvido; recebimentode menor quantidade de anticorpos transplacentários,acrescidos da baixa reserva energética;frequente desmame precoce; anemia; infecçõesde repetição e uso de corticóides.No hemisfério Sul, o período de sazonalidadedo VSR normalmente começa em maio e dura atésetembro. No Brasil, há distintos relatos referentesà sazonalidade das infecções pelo VSR em váriosestados, evidenciando diferenças no padrão de circulaçãodo vírus nas principais regiões do País.O medicamento Palivizumabe diminui a incidênciade infecções respiratórias causadas peloVSR em crianças. Trata-se de um anticorpo monoclonalIgG1 humanizado, direcionado para umepítopo no sítio antigênico A da proteína de fusãodo VSR.O Estado do Rio de Janeiro foi um dos pioneirosno país na distribuição do anticorpo para bebês. Omedicamento começou a ser distribuído na rede estadualem 2009, em atendimento à publicação de umaLei Estadual 5272/2008.Em 2011, foi elaborada a primeira nota técnicasobre o tema, a qual foi aprovada pela Resolução nº1560/2011, da SES/RJ, que oficializa o Programa Estadualde Profilaxia contra o VSR.Considerando os riscos sanitários envolvidosna aplicação do anticorpo, uma vez que se tratade um medicamento termolábil, de administraçãodose-dependente, e ainda levando-se emconta seu alto custo, a partir de 2010, a SES/RJiniciou o compartilhamento de doses. Tal processofoi possibilitado pela aplicação simultânea domedicamento em vários pacientes, por meio deagendamento prévio em dias e unidades de saúdeespecíficos.Neste contexto, a SES/RJ optou por realizar aimunização em Unidades de Pronto Atendimento(UPAs), uma vez que estas possuem estrutura eambiência adequadas para condução do programa:farmácia com capacidade para armazenar adequadamenteo medicamento; equipe multidisciplinar(médicos pediatras, farmacêuticos e enfermeiros);ambiente refrigerado e recepção com acolhimento.Em 2013, o Ministério da Saúde (MS) publicou aPortaria nº 522/2013, aprovando o protocolo de usodo Palivizumabe em âmbito nacional. A partir destapublicação, o MS iniciou a aquisição do medicamentopara todo o País.Em 2014, os frascos enviados pelo MS supriramcerca de 60% da demanda do ano, ainda sendo necessárioque a SES/RJ arcasse com o financiamentodos 40% restantes.A Safie foi responsável pela definição dosparâmetros que regem o funcionamento do programa.Na gestão estadual, a atuação dos farmacêuticosse destaca pela sua habilidade ímpar nacondução do planejamento estratégico, por meiode articulação com diversos atores: áreas técnicasde Saúde da Criança da SES/RJ e do MS;Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF/MS), profissionais da saúde e administradores das


62unidades de aplicação, gestores municipais, médicosprescritores, pais e/ou responsáveis pelascrianças, equipe de Tecnologia da Informação (TI)da SES/RJ e consultores técnicos do laboratórioprodutor do medicamento.Os farmacêuticos atuaram, ainda, na elaboraçãoda norma técnica estadual com base em documentosde avaliação de tecnologia e legislações vigentes; nocadastramento dos recém-nascidos, orientando os responsáveispelas crianças; na dispensação de frascosaos pais dos pacientes internados; na orientação sobreo programa, via telefone, aos prescritores, demais profissionaisda saúde e pais/responsáveis de pacientes.Os farmacêuticos da Safie também realizaram agestão logística na provisão do anticorpo, envolvendoas seguintes etapas: aquisição pela SES/RJ (definiçãode especificação, programação, formulação deprocesso de compra e emissão de parecer técnico);programação do quantitativo de aquisição, centralizadapelo MS; e na garantia do correto armazenamentoe distribuição do medicamento.A Safie também possui a atribuição de capacitartodos os profissionais envolvidos no programa, das esferasestadual e municipal e das unidades integrantes.O farmacêutico tem uma atuação importante na organizaçãodesses eventos, por apresentar alta capacidadede articular e integrar os diferentes atores nabusca pela eficiência do programa. Os treinamentos foramrealizados em três abordagens: de TI (para uso dosistema informatizado); teórica (sobre imunização emgeral e regras de funcionamento do programa); e prática(técnicas de preparo e aplicação do medicamento).Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaNas unidades de imunização, a atribuição dosprofissionais foi assim dividida: o pediatra fez a avaliaçãoclínica da criança; a enfermagem fez o acolhimento,pesou e administrou o medicamento; o farmacêuticofoi responsável pela garantia da qualidadedo medicamento, pelo correto armazenamento, pelocontrole de estoque e pela orientação da equipe edos pais, com informações sobre o anticorpo. Todosforam responsáveis pelo monitoramento de eventuaisefeitos adversos nas crianças, no período de observação(cerca de até 30 minutos após a imunização).Em 2014, no Estado do Rio de Janeiro, o Palivizumabefoi aplicado em doses mensais no período deabril a agosto. A imunização foi realizada no HospitalEstadual da Mulher e em 12 UPAs. As 13 unidades doprograma estão distribuídas da seguinte forma: 9 naregião metropolitana, sendo 5 delas localizadas na capitale 4 em regiões do interior do Estado (Médio Paraíba,Serrana, Baixada Litorânea e Norte Fluminense).Ainda em 2014, foram imunizadas 1.567 criançasde até 2 anos, sendo que 53% delas tinham, noinício do programa, menos de 6 meses de vida (gráfico1). Aproximadamente 51% dos bebês eram do sexofeminino (gráfico 2). A maior parte dos recém-natos(74%) residia na região metropolitana do Estado.Gráfico 1: Crianças imunizadas - Distribuição por faixa etáriaGráfico 2 - Crianças imunizadas - Distribuição por sexoEm relação ao tipo de atendimento médico, 56%dessas crianças foram oriundas do SUS - (gráfico 3)Gráfico 3 - Crianças imunizadas - Distribuição por origemA maioria das crianças (76%) nasceu de parto cesáreo(gráfico 4).


No primeiro ano do programa, em 2009, 267bebês receberam o medicamento. Comparandoeste dado com o número de crianças atendidasem 2014, 1.567, houve um crescimento de 490%(tabela 2). O investimento do tesouro estadual,no período de 2009 a 2013, foi de mais de R$ 60milhões. Em 2014, o financiamento foi partilhadona proporção de R$ 5,3 milhões para SES e R$ 7,4milhões para o MS.Tabela 2: Crianças imunizadas - Série histórica63Gráfico 4 - Crianças imunizadas - Distribuição por tipo de partoCerca de 30% das crianças apresentavam doençapulmonar crônica da prematuridade, para as quais utilizavamalgum tipo de terapia complementar, seja suplementaçãooxigênio ou terapias medicamentosas combroncodilatadores e corticóides. Aproximadamente 15%possuíam alguma cardiopatia congênita associada.No período de vigência do programa, de abril aagosto, aproximadamente 70% dos pacientes receberamtrês ou mais aplicações (tabela 1).Tabela 1: Crianças imunizadas - Distribuiçãopelo número doses recebidasNº de doses Nº deaplicadas pacientes%1 228 142 259 163 423 274 275 185 382 25Total 1567 100<strong>Ano</strong>N° de criançasatendidas2009 2672010 6132011 8492012 1.2022013 1.3762014 1.567Em 2014 foram utilizados 5.304 frascos do medicamento,correspondendo a cerca de R$ 12,7 milhões.Sem o compartilhamento, o consumo teriasido de 7.561 frascos, equivalente a cerca de R$ 18,1milhões. Desta forma, estimamos que as ações estaduaistenham permitido uma economia de R$ 5,4milhões, ou, de outro modo, o custo com o programapoderia ter sido 42% superior ao de fato executado(tabela 3).Tabela 3: Economia de recursos gerada pelo compartilhamento de dosesC/ compartilhamentode doses (real)S/ compartilhamentode doses (hipotético)Economia geradaVolume (mL) 5.304 7.561 2.257Custo R$ 12.730.176,00 R$ 18.146.400,00 R$ 5.416.224,00Além dos resultados acima, é importante registrara percepção da população sobre o programa. Deacordo com relatos dos profissionais envolvidos noprocesso, desde a prescrição, passando pelo cadastroaté a aplicação do medicamento, o sentimento dospais/responsáveis é de estarem sendo bem orientados,bem atendidos e acolhidos. O reconhecimentopela qualidade do atendimento indica acerto na conduçãodesta imunização, validando, de certo modo,as estratégias adotadas pela SES/RJ na gestão doprograma.


64Próximos passos, desafios e necessidadesConsiderando o crescente aumento no número decrianças cadastradas e visando à ampliação do acessoao medicamento, a SES/RJ está em constante planejamentopara criação de novos polos de aplicação,na capital e no interior no Estado. Esta ampliaçãoexige um grande esforço de negociação com gestoresestaduais e municipais, para a capacitação de profissionaise a reorganização da logística de distribuiçãodo anticorpo.Além disso, periodicamente, são necessáriasadaptações e correções no sistema informatizadoutilizado, para torná-lo cada vez mais eficiente nagestão do programa.É importante destacar que a gestão estadualestá iniciando uma experiência de compartilhamentode doses também em hospitais, principalmente naquelesque possuem um maior número de criançasprematuras internadas.Espera-se que, nos próximos anos, este programade imunização possa contribuir, de formamais efetiva, na assistência qualificada aos usuários,estando mais bem integrado às demais açõesde atenção básica desenvolvidas no município,destacando-se aquelas desenvolvidas na rede cegonha,referentes à gestação, parto e puerpério.Neste sentido, é importante a contribuição doprograma no acompanhamento do crescimento edesenvolvimento da criança de 0 a 24 meses deidade, dando suporte às orientações sobre todosos cuidados necessários ao bebê, como promoçãoe incentivo ao aleitamento materno, seguimentodo calendário de vacinas, entre outros.CONCLUSÃOA capacidade técnica e gerencial evidenciada nacondução no programa foi uma excelente oportunidadede valorização e visibilidade do farmacêutico noâmbito da gestão estadual. Sua habilidade na liderança;na mobilização de atores diversos; na gestãotécnica e logística; e no atendimento ao paciente,trouxe o reconhecimento do papel fundamental desteprofissional em intervenções relevantes, no cenárioda saúde pública.A aplicação do anticorpo em uma unidade desaúde com equipe técnica capacitada e multidisciplinar(farmacêutico, profissional de enfermageme médico pediatra) é fundamental para garantira segurança do paciente. Aliado a isso, ofato de haver agendamento de dia e hora paraaplicação, ambiência favorável das unidades desaúde (climatizadas, com acolhimento no atendimentoe ausência de filas) asseguram confortoe comodidade às crianças prematuras e seus respectivospais.O sistema de informação mostrou ser uminstrumento fundamental para o planejamentoe controle do programa. O sistema foi eficaz nagestão de todos os processos, desde o cadastramentodo paciente, passando pela análise técnicada solicitação, até as etapas de agendamento dasaplicações, cálculo e registros das doses, além docontrole de estoque do anticorpo. Desta forma,foi garantido o cumprimento das diretrizes clínicasestabelecidas e o consequente uso racional domedicamento.Adicionalmente, quanto à racionalização dosgastos públicos, por se tratar de medicamento de altocusto, o compartilhamento da aplicação trouxe grandeeconomia de recursos para o erário, sem a perdade sua segurança e eficácia.Na busca pela eficiência na gestão dos recursospúblicos aliada à qualidade no atendimento aos usuáriosdo SUS, a experiência na gestão do programade prevenção contra infecção pelo VSR ilustra os esforçosda SES/RJ no aprimoramento da execução daspolíticas públicas de saúde.REFERÊNCIASRIO DE JANEIRO. Lei Estadual nº 5272, de 25de junho de 2008. Dispõe sobre o fornecimento doanticorpo para infecções do trato respiratório inferiorpelo vírus sincicial respiratório e dá outras providências.RIO DE JANEIRO. Resolução SESDEC nº 1560, de01 de abril de 2011. Aprova a norma técnica estadualde utilização do anticorpo monoclonal para profilaxiado vírus sincicial respiratório – palivizumabe, no âmbitodo Estado do Rio de Janeiro.Relatório BRATS - Brasileiro de Avaliação deTecnologias em Saúde. <strong>Ano</strong> VI nº 15,| Junho de2011. Uso profilático do palivizumabe em criançascom alto risco para doença por vírus sincicialrespiratório.


65RIO DE JANEIRO. Secretaria de Saúde. Plano Estadualde Saúde - PES 2012-<strong>2015</strong>. Janeiro/2012.MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Ciência,Tecnologia e Insumos Estratégicos. <strong>Julho</strong> de 2012.Relatório de Recomendação da Comissão Nacional deIncorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC nº 16.Palivizumabe para a prevenção da infecção pelo vírussincicial respiratório.BRASIL. Portaria GM/MS nº 522, de 13 demaio de 2013. Aprova o protocolo de uso do Palivizumabe.INSTITUIÇÃOSecretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro(SES/RJ)/Subsecretaria de Assistênciaà Saúde/Superintendência de Assistência Farmacêuticae Insumos Estratégicos/Coordenaçãode GestãoAUTORESSuzete Henrique da SilvaAnderson Lourenço da SilvaLuana Santana DamascenoRafaela Tavares PeixotoRaquel Bernardo Santos OliveiraFernanda Victorina BarrosTiago Rodrigues de MatosAdriana Blanco AnteloAndressa Pereira dos SantosValéria Ferreira da Silva LúcioCONTATOSsuzete.henrique@saude.rj.gov.brgestao.farmacia@saude.rj.gov.br


66Rio de Janeiro/RJFOTO / Crédito: Royal RioGrupos educativos parapacientes diabéticos queutilizam insulina em uma unidade básicade saúde do município do Rio de JaneiroCARACTERIZAÇÃOA cidade do Rio de Janeiro é a maior rotado turismo internacional no Brasil, na AméricaLatina e em todo o hemisfério Sul. Também é acidade mais visitada pelos brasileiros e a maisconhecida no exterior.Com uma população estimada em 6,4 milhõespara 2013, segundo o Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE), o Rio de Janeiro é umacidade com fortes contrastes econômicos e sociais.Cerca de 22% dos moradores, quase 1,5 milhão depessoas, vivem em favelas sobre os morros, onde ascondições de moradia, saúde, educação e segurançasão extremamente precárias.Estruturação da rede de saúdeA rede de saúde pública local (da área programática3.2, onde foi realizada esta experiência)é composta por dez Centros Médicos de Saúde(CMS), que incluem atendimentos especializados


67(nível secundário); uma Unidade de Pronto Atendimento(UPA); um hospital com atendimento gerale dez Clínicas da Família, que garantem umacobertura de 45,84% da população. Os demais habitantes,que não residem na área de abrangênciada Estratégia de Saúde da Família (ESF), são atendidospelos CMS.Desde 2009, a cidade conta com o programaSaúde Presente, que oferece um sistema integradoe personalizado de assistência, atendendo regiõesaté então prejudicadas na gestão de saúde.O cidadão tem uma equipe de saúde multidisciplinarque o acompanha, oferecendo orientaçõessobre promoção da saúde e prevenção de doençase realizando o diagnóstico precoce de enfermidades.Com o programa, a expectativa é melhorarindicadores de mortalidade materno-infantil e dequalidade de vida da população, além de reduzircustos hospitalares, com a prática da medicinapreventiva, diminuindo internações, consultas eexames.Implantado pela Secretaria Municipal de Saúde(SMS), o sistema integrado de atendimento écomposto por 80 Clínicas da Família, entre outrasunidades distribuídas em toda a capital (tabela1). Nesse sentido, as clínicas representam ummarco na reformulação da Atenção Primária. Desdeo início do programa, houve a ampliação dacobertura da Estratégia de Saúde da Família, de3,5% da população do município, em janeiro de2009, para 47,<strong>03</strong>%, em abril de <strong>2015</strong>.Tabela 1: Relação de unidades de saúde noMunicípio do Rio de JaneiroUnidades de SaúdeQuantidadeClínicas da Família 80CMS 148Policlínica 85CAPS 29UPA 42Hospital 280Clínica da Família Bibi VogelO nome da unidade onde se desenvolveu estaexperiência é uma homenagem a Sylvia Dulce Klener,conhecida como Bibi Vogel. Atriz, modelo ecantora, ela nasceu no Rio de janeiro, em 1942, emilitava em defesa dos direitos das mulheres e decausas humanitárias. Em 1979, Bibi engajou-seno movimento feminista, iniciando sua atuaçãoem defesa da amamentação e do direito da mulherde escolher amamentar ou não o seu bebê.Em 1980, junto com outras feministas fundou ogrupo de mães Amigas do Peito. Bibi morreu naArgentina, em abril de 2004.Inaugurada pelo governo municipal, em 29de novembro de 2011, a clínica tem seis equipesda ESF e duas equipes de saúde bucal. É a quartaunidade dos complexos do Alemão e de Penha,garantindo 100% de cobertura para a região.Assistência farmacêuticaTodas as unidades de saúde possuem farmáciacom área exclusiva para armazenamento demedicamentos e a dispensação é realizada exclusivamentepor farmacêutico e ocorre medianteapresentação de prescrição. A farmácia é mantidaaberta durante todo o horário de funcionamentoda unidade. A dispensação de medicamentos é realizadaexclusivamente por farmacêutico.Todos os medicamentos dispensados nasunidades primárias de saúde estão relacionadosna Relação Municipal de Medicamentos (Remume),entre eles, os utilizados para o tratamentode asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica(DPOC), hipertensão e diabetes. Todas as farmáciaspossuem refrigeradores para o acondicionamentode insulina e todos os pacientes em uso deinsulina recebem insumos (glicosímetros, fitas,seringas, lancetador e lancetas para aplicação deinsulina e monitoramento domiciliar) e medicamentoscontrolados pela Agência Nacional de VigilânciaSanitária (Anvisa), por meio da Portarianº 344/98 e suas atualizações.RELATO DA EXPERIÊNCIAOs grupos educativos para pacientes diabéticosinsulinodependentes foram criados pelo Setorde Farmácia com o objetivo de educar e prepararportadores e familiares para terem autonomia noautocuidado, monitorar o controle da glicemiacapilar, prevenir complicações e gerenciar o cuidadonos diferentes níveis de complexidade. Alémde buscar a melhoria de qualidade de vida dos


68pacientes, os grupos também foram criados como propósito de possibilitar o direcionamento daqualidade do atendimento aos usuários de insulinada unidade.A Clínica de Saúde da Família Bibi Vogel tem,atualmente, 22.431 pacientes cadastrados, quesão atendidos por seis equipes da ESF. Desses pacientes,758 (3,38%) possuem diagnóstico ativode diabetes, sendo que 2<strong>03</strong> (26,78%) usam insulina(tabela 2).Tabela 2: Comparação entre total depacientes cadastrados, pacientes diabéticose pacientes que utilizam insulinaPacientescadastradosPacientesdiabéticosPacientesque utilizaminsulina22.431 758 2<strong>03</strong>O embrião desta experiência surgiu logo quea clínica foi inaugurada. Os pacientes diabéticosinsulinodependentes começaram a chegar de outrasunidades de saúde (de nível secundário e atéterciário), onde era feita a dispensação de medicamentose insumos. A descentralização paraas Clínicas da Família visava ao atendimento dospacientes, em locais mais próximos de suas residências.No início, havia apenas um cadastro comumpara todos os usuários atendidos na clínica. Percebendoa necessidade de acompanhar mais deperto esse grupo, o Setor de Farmácia decidiucriar um cadastro específico, que permitisse avaliar,de forma mais objetiva, o comportamentodos pacientes. Eles recebiam os medicamentos einsumos a cada 30 dias, e, para o sucesso do tratamento,tinham de retornar à unidade de saúdedentro do prazo programado.A partir da instituição do novo modelo decadastramento, em 2013, foi possível realizar umcontrole mais rigoroso da dispensação. Esse controlepermitiu constatar que menos de 50% dospacientes retornavam dentro do prazo previsto eque muitos, ao retornar, buscavam apenas as fitaspara verificação de glicemia, desrespeitandoas orientações sobre as condições de validade e autilização das insulinas (tabela 3).Tabela 3: Taxa de adesão ao tratamento depacientes em utilização insulina no ano de 2013Mês/<strong>Ano</strong>PacientescadastradosPacientes queretornaramem 30 diasTaxa deadesão(%)Janeiro/2013 63 32 50,80%Fevereiro/2013 76 29 38,15%Março/2013 84 31 36,90%Abril/2013 90 40 44,44%Maio/2013 101 40 39,60%Junho/2013 101 64 63,36%<strong>Julho</strong>/2013 106 71 70,29%Agosto/2013 118 64 54,23%Setembro/2013 156 50 32,05%Outubro/2013 162 68 41,97%Novembro/2013 166 62 37,34%Dezembro/2013 172 72 41,86%Média - - 45,92%Durante o atendimento, muitos relatavam nãoutilizar a insulina diariamente. Para justificar o usoinadequado, os pacientes alegavam vários motivos,entre os quais, não considerar necessário (pois a glicemiaestava controlada) e depender de alguém parafazer a aplicação. Devido ao grande número de pacientesnesta situação, e à baixa adesão, o Setor deFarmácia resolveu, então, montar grupos educativosdivididos por equipes da ESF.Os primeiros grupos educativos para pacientesdiabéticos que utilizam insulina na Clínica de Saúdeda Família Bibi Vogel foram montados em janeirode 2014. Desde então, durante as reuniões mensais,os pacientes são estimulados a falarem sobre o tratamento,principalmente sobre o autocuidado, e adescreverem seus hábitos diários. Eles também participamde palestras e assistem vídeos educativos edemonstrações sobre a utilização correta da insulina,protagonizadas por membros do próprio grupo.


69Grupo educativo para pacientes diabéticosCom os grupos, as informações são disseminadaspara um número maior de pessoas, ao mesmotempo. Mas os farmacêuticos também estãodisponíveis para a orientação individualizada,tanto na unidade como por meio das visitas domiciliares(VDs).Farmacêutico orienta paciente na farmácia daClínica de Saúde da Família Bibi VogelEssa modalidade de atendimento permite percebera real necessidade do paciente e criar umvínculo de confiança com o mesmo. As VDs sãoadotadas para os casos mais críticos e funcionamtão bem que, hoje, a orientação dos farmacêuticosé requisitada pelo próprio paciente, pelosseus familiares e mesmo por outros membros daequipe da ESF, como enfermeiros e agentes comunitáriosde saúde (ACS).Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaCom um acompanhamento mais próximo do paciente,por meio dos grupos, houve uma maior adesãodos usuários de insulina. A média de pacientes queretornavam à unidade para buscar o medicamento eos insumos passou de 45,92% em 2013, para 71,59%em 2014, chegando atingir 90,64% no mês de outubrodeste ano (tabela 4).Além disso, toda a equipe da ESF passou a estarinteirada de como o paciente está realizando o tratamentoproposto, sobretudo no que diz respeito aocontrole do diabetes, com a utilização de insulina.Os ACS tornaram-se aptos a identificar problemas e apassarem informações básicas sobre armazenamento,validade e utilização de insulina. Na Clínica de Saúdeda Família Bibi Vogel, a consulta farmacêutica éuma realidade para pacientes diabéticos que utilizaminsulina, tornando o farmacêutico um profissional indispensávelna assistência integral ao paciente.Tabela 4: Taxa de adesão ao tratamento depacientes em utilização da insulina no ano de 2014Mês/<strong>Ano</strong>PacientescadastradosPacientes queretornaram em30 diasTaxa deadesãoJaneiro/2014 182 86 47,25%Fevereiro/2014 193 109 56,47%Março/2014 198 129 65,15%Abril/2014 201 162 80,59%Maio/2014 201 170 84,57%Junho/2014 2<strong>03</strong> 168 82,75%<strong>Julho</strong>/2014 2<strong>03</strong> 152 74,87%Agosto/2014 2<strong>03</strong> 148 72,90%Setembro/2014 2<strong>03</strong> 163 80,29%Outubro/2014 2<strong>03</strong> 184 90,64%Novembro/2014 2<strong>03</strong> 137 67,48%Dezembro/2014 2<strong>03</strong> 114 56,15%Média - - 71,59%Próximos passos, desafios e necessidadesPara o Setor de Farmácia, os próximos passossão: criar uma agenda junto a todas as equipes daESF, para a realização dos grupos educativos parapacientes diabéticos; identificar pacientes com habilidadespara que sejam multiplicadores e disseminadoresde seus conhecimentos; elaborar cartilhaseducativas com as principais dúvidas dos pacientesdos grupos e informações gerais sobre diabetes paradistribuição na unidade de saúde.A intervenção farmacêutica e a orientação nomomento da dispensação dos medicamentos e in-


70sumos e, sobretudo, o acompanhamento durantea utilização da insulina, são fundamentais para ocuidado ao paciente e para o sucesso na obtençãode resultados satisfatórios com a terapêuticaproposta. É necessário que todas as unidadesprimárias de saúde apresentem um plano de usoracional de medicamentos em conformidade comas diretrizes preconizadas pelos órgãos nacionaisde saúde.REFERÊNCIASSecretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil. Superintendênciade Atenção Primária. Guia de ReferênciaRápida. Carteira de Serviços: Relação de serviçosprestados na Atenção Primária à Saúde/SecretariaMunicipal de Saúde e Defesa Civil. Superintendênciade Atenção Primária. – Rio de Janeiro: SMSDC, 2011.128p – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde)Inclui Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde.Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil.Superintendência de Atenção Primária. Guia de ReferênciaRápida. Diabetes Mellitus. Versão: PROFISSIO-NAIS. SMS - RJ/SUBPAV/SAP. 1º Edição, 2013.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atençãoà Saúde. Departamento de Atenção Básica. DiabetesMellitus/Ministério da Saúde, Secretaria deAtenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica.– Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 64 p. il. – (Cadernosde Atenção Básica, n. 16) (Série A. Normas eManuais Técnicos) ISBN 85-334-1183-9 1. DiabetesMellitus. 2. Dieta para Diabéticos. 3. Glicemia. I. Título.II. Série.Brasil. Ministério da Saúde. PORTARIA, nº2.583DE 10 DE OUTUBRO DE 2007. Define elenco de medicamentose insumos disponibilizados pelo SistemaÚnico de Saúde, nos termos da Lei no 11.347, de2006, aos usuários portadores de diabetes mellitus.INSTITUIÇÃOClínica de Saúde da Família Bibi Vogel – Rio deJaneiro (RJ)AUTORLuiz Claudio Simões de MedeirosCONTATOluizclaudiosimoes@hotmail.com


71Lagoa Santa/MGImagem aérea do Município de Lagoa SantaReestruturação daassistência farmacêuticano município de Lagoa Santa (MG)CARACTERIZAÇÃOLagoa Santa é um município mineiro, localizadoa 35 km da capital, Belo Horizonte. A cidade possui231,9 km² de área e 52.520 habitantes, dos quais, 51%são mulheres e 49% são homens. Os idosos representam10,3% da população de Lagoa Santa (IBGE/2012).O município apresenta, desde 2000, um aumento noProduto Interno Bruto (PIB), seguindo a tendência docrescimento nacional (gráfico 1). O setor de serviçosteve maior participação (62,4%) na economia do municípiono período de 2000 a 2011 (gráfico 2).Gráfico 1: Comparação do PIB per capita do municípiode Lagoa Santa com PIB nacional de 2000 a 2011Fonte: IBGE (2011); DATASUS (2011)


72Gráfico 2: Participação dos setores da economiano PIB do município de Lagoa Santa, noperíodo de 2000 a 2011Fonte: IBGE (2011); DATASUS (2011)Perfil epidemiológicoLagoa Santa faz parte da Região de Saúde deVespasiano, que, além desses dois municípios, é compostapor Confins, Matozinhos, Pedro Leopoldo, Santanado Riacho e São José da Lapa.Dados do Censo Demográfico de 2010, do IBGE,demonstram que, dentro de sua região, Lagoa Santaapresenta a menor taxa de analfabetismo (4,6%); oquarto maior PIB per capita (R$ 16.116,68); a maiorrenda média domiciliar per capita (R$ 1.064,73); omaior Índice de Desenvolvimento Humano (0,777);porém, a pior desigualdade social, com índice de Gini0,5874.Historicamente, segundo Atlas Brasil 2013, LagoaSanta vem reduzindo sua taxa de mortalidade, de27 por mil nascidos vivos, em 2000, para 13,2 por milnascidos vivos, em 2010.Estruturação da rede de saúdeO município está dividido em quatro regiões.Além do atendimento básico, elas também oferecemassistência especializada em ortopedia,cirurgia geral, cardiologia, endocrinologia, entreoutras.A rede de saúde está estruturada da seguinteforma: 17 Unidades Básicas de Saúde (UBS); 2 UnidadesBásicas de Saúde da Família (UBSF); 2 equipesdo Serviço de Assistência Domiciliar (SAD); 3 Centrosde Atenção Psicossocial (Caps), sendo um Capstipo I, um Caps Álcool e Drogas (Caps AD) e um CapsInfantil (Caps-i); 1 centro de reabilitação motora; 1laboratório de análises clínicas; 1 ambulatório de especialidades(Policlínica Oeste); 1 Centro de EspecialidadesOdontológicas (CEO) e 1 unidade de ProntoAtendimento Municipal (PAM).Assistência farmacêuticaA assistência farmacêutica (AF) municipal écomposta uma Central de Abastecimento Farmacêutico(CAF) e por sete farmácias, incluindo umafarmácia do Pronto Atendimento Municipal (PAM).O quadro de funcionários é composto por dez profissionais,o que corresponde a um farmacêuticopor seis mil habitantes, organizando-se da seguinteforma: dois farmacêuticos coordenadores,quatro farmacêuticos da área administrativa, umfarmacêutico no Serviço de Atendimento Domiciliário(SAD) e três farmacêuticos clínicos. A AFatende cerca de 500 pacientes por dia.O farmacêutico atua nas unidades onde existefarmácia, como responsável técnico, e também emunidades onde não existe, atuando em colaboraçãocom a equipe de saúde, no atendimento ao paciente– serviço clínico. Além disso, os farmacêuticos participamde grupos operativos e de outros programascomo os de tuberculose/hanseníase e de tabagismo.A Relação Municipal de Medicamentos Essenciais(Remume) é elaborada e atualizada poruma comissão técnica multidisciplinar, presididapor farmacêuticos. Esta lista conta com medicamentosbásicos (que contemplam a maioria dasdoenças) e medicamentos estratégicos para quadrosespecíficos como toxoplasmose, hanseníase,tuberculose, entre outros.O município não possui pontos de entrega demedicamento de alto custo, porém a equipe da AFauxilia os pacientes quanto à documentação para solicitarmedicamentos de alto custo junto ao Estado.Anualmente, são gastos cerca de R$ 800 mil com acompra de medicamentos e insumos.RELATO DA EXPERIÊNCIAEsta experiência demonstra o processo dereestruturação da AF no município de Lagoa Santa(MG). As ações foram iniciadas no sentido de promovero acesso do usuário ao medicamento e suautilização na forma mais indicada, efetiva, segurae conveniente possível no âmbito municipal.METODOLOGIAPara a construção de um serviço de AF com focoe prioridade no usuário, a gestão foi reestruturada.Optou-se pela gestão compartilhada, em que os far-


73macêuticos têm autonomia e participam ativamentedas decisões que guiam o serviço. Para isto, sãorealizadas reuniões quinzenais, nas quais a equipediscute o cenário de atuação, levanta os problemasenfrentados e, de forma colaborativa, encontra soluçõese alternativas para resolvê-los.O projeto de reestruturação para reformular aAF foi desenvolvido pelos coordenadores em parceriacom a equipe. Como ferramenta, foi utilizado oguia PROJECT MANAGEMENT BASE OF KNOWLEDMENT(PMBOK). O guia é um instrumento de auxílio ao gerenciamentode projetos, que possibilita a definiçãode processos integrados para a execução.Com o intuito de compreender as necessidadesdo usuário e atuar de forma mais efetiva junto à farmacoterapiado paciente, foi inserido o serviço clínicofarmacêutico na rede municipal de saúde. Hepler eStrand (1990) propõem a AF como resposta à demanda(silenciosa) da sociedade, que requer alguém que seresponsabilize por seus problemas relacionados ao usode medicamentos (HEPLER, C. D., STRAND, 1990).A AF é um modelo de prática que possui um métodode trabalho que permite ao farmacêutico intervirna farmacoterapia do paciente de forma responsável,por meio da padronização de sua prática clínica,e respeitosa, por meio de intervenções centradas nosindivíduos e baseadas em um processo racional detomada de decisões.Segundo Ramalho de Oliveira (2011), no cenárioda Farmácia, em que não há filosofia de prática, a AFpassa a ser considerada a filosofia que orienta todasas práticas desse profissional, não sendo limitada aapenas um serviço. Nesse contexto, a autora denominaGerenciamento da Terapia Medicamentosa (GTM) oserviço clínico que é oferecido no cotidiano do profissional,apresentando os mesmos componentes fundamentaise as mesmas características da prática da AF.Este serviço utiliza o método de trabalho PHAR-MACOTERAPY WORKUP (PW), que nos permite padronizara atuação clínica e realizar intervenções baseadasem um processo racional de tomada de decisões(RAMALHO-DE OLIVEIRA, 2011). Dessa forma, possibilitauma prática profissional em que o farmacêutico,em cooperação com o paciente e com outrosprofissionais da saúde, melhore os resultados da terapiamedicamentosa do paciente pela prevenção,identificação e resolução de Problemas Relacionadosao Uso de Medicamento (PRMs). Define-se PRM comoum evento indesejado da farmacoterapia, vivido pelopaciente e que interfere, real ou potencialmente, noresultado esperado da mesma (FREITAS; RAMALHO DEOLIVEIRA OLIVEIRA; PERINI, 2006).Para garantir a qualidade técnica ao trabalho, foirealizada uma parceria com a Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG), por meio do Centro de Estudosem Atenção Farmacêutica (Ceaf). Esta parceria foifundamental para guiar os profissionais no exercíciode uma prática ainda insipiente no cenário da AF.Descrição da experiênciaNo primeiro semestre de 2013 havia apenas trêsfarmacêuticos atuando no município. Para a reestruturaçãofoi realizada a seleção de novos farmacêuticos,já para os cargos específicos: administrativo eclínico.Foi realizada a alteração do método de coordenaçãodo serviço, para a gestão compartilhada, seguidoda realização de um diagnóstico da situaçãoencontrada atual da AF. Utilizando o guia PMBOK foielaborado o planejamento; definidas as ações a seremexecutadas; e elaborados o cronograma para a conclusãodas atividades e o plano de controle e monitoramentodestas ações.Não havia registros ou padrões a serem seguidos.Este diagnóstico levou a equipe a elaborar vários ProcedimentosOperacionais Padrão (POPs) e fluxos deserviços.Durante a gestão foi inaugurado o Pronto AtendimentoMunicipal (PAM). A AF municipal foi responsávelpela elaboração da lista de medicamentos,implantação da farmácia nesta unidade, treinamentoda equipe e inserção do farmacêutico RT no serviço.Ciclo da assistência farmacêuticaSeleção - A etapa de seleção já era realizadapor uma comissão multidisciplinar responsável pelaelaboração da Remume. Membros da nova equipe deAF passaram a integrar esta equipe participando deforma ativa na elaboração desta lista.Programação, aquisição, armazenamento edistribuição - As atividades de programação, aquisição,armazenamento e logística de distribuição paraas farmácias eram realizadas por um profissionalde nível médio com a colaboração do farmacêuticoem situações eventuais. Para solucionar oproblema, foi criada a Central de Abastecimento


74Farmacêutico (CAF). Um farmacêutico foi nomeadoresponsável técnico (RT). Além disso, todosos farmacêuticos foram treinados nas atividadesde compra e licitação, a fim de garantir agilidadenos processos burocráticos e manutenção permanentedo estoque mínimo. Assim, todas as etapasde programação, aquisição, armazenamento e distribuiçãoforam reorganizadas.Dispensação e acesso - Respeitando a demandada população, foi criada uma nova farmáciapara atendimento direto, no bairro Joana D’arc, comum farmacêutico à disposição. Além disso, todosos atendentes foram treinados e os farmacêuticos,orientados a estarem mais próximos e disponíveis aousuário.Atendimento farmacêutico: definição de funçõesno serviço - Segundo Mendes (2011), as questõeslogísticas, fundamentais para a garantia daacessibilidade aos medicamentos, não devem ser sobrevalorizadascomo única e exclusiva atribuição dosfarmacêuticos, em uma visão equivocada que instituio medicamento como objeto da AF. Uma propostaconsequente de AF desloca o seu objeto do medicamento,colocando, como seu sujeito, as pessoasusuárias do sistema de atenção à saúde (MENDES,2011). Assim, a prioridade foi facilitar o contato dofarmacêutico com o usuário.Neste contexto, o serviço foi organizado demodo a designar farmacêuticos responsáveis técnicospara as seis farmácias municipais, além da CAF e dafarmácia do PAM. Os farmacêuticos clínicos passarama ser responsáveis pelo atendimento clínico aos pacientes.Aos farmacêuticos da área administrativa couberamas responsabilidades de zelar pelo estoquede medicamentos, pela qualidade do atendimentonas unidades, pela orientação sobre aquisição eutilização dos medicamentos e insumos, além departicipar de grupos operativos e realizar orientaçãodos pacientes diabéticos sobre a aquisição e autilização do glicosímetro. Assim, os farmacêuticosforam inseridos nos grupos anti-tabagismo e hiperdia,em consultas compartilhadas com o médiconos programas de tuberculose e hanseníase; nascomissões técnicas de protocolo e de farmacoterapia;e em eventos públicos da Secretaria Municipalde Saúde (SMS).A fim de ampliar a atuação do farmacêutico, foiimplantado o serviço de Gerenciamento da TerapiaMedicamentosa (GTM), que permitiu que a atuaçãodos profissionais não se restringisse ao provimentodo medicamento ou de orientações sobre seu uso,mas, sim, que atuassem ativamente na escolha dafarmacoterapia respeitando as individualidades dosusuários e garantindo que os medicamentos por elesutilizados fossem os mais indicados, efetivos, segurose convenientes. Neste contexto, coube aos farmacêuticosrealizar atendimentos clínicos e visitasdomiciliares, tendo como instrumento o serviço deGTM, a fim de promover a adesão ao tratamento; oacompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes;o uso racional de medicamentos; a orientação sobreriscos relacionados à prática da automedicação; aparticipação de discussão de casos clínicos com asequipes multiprofissionais e a atenção contra os errosde medicação.A todos os farmacêuticos couberam atividadescomuns de atuação como profissional da saúde, tendosempre o paciente como foco e prioridade do serviço;a orientação de usuários e profissionais da rede sobrefluxos e protocolos da AF; a participação em gruposoperativos e em reuniões técnicas realizadas na gestãoda AF, contribuindo de forma construtiva.Serviço clínico - Gerenciamento daTerapia Medicamentosa (GTM)A abordagem foi determinada de acordo como perfil de usuário, visando, principalmente, pacientesidosos, não alfabetizados, acamados/debilitadose seus respectivos cuidadores, em usode medicamentos do programa de tuberculose,hanseníase, hipertensão, diabetes, doenças respiratórias(Programa Respira Lagoa), planejamentofamiliar, entre outros que necessitassem de atendimentoespecializado.Implantação - Cada farmacêutico ficou responsávelpor duas UBS e deram início às atividades decapacitação da equipe, com o objetivo de explicar aproposta do serviço e estabelecer vínculo com estesprofissionais.Captação dos pacientes - A captação dos pacientesfoi realizada tanto pelas farmacêuticas, quantopelos demais profissionais da saúde. Desde o AgenteComunitário de Saúde (ACS) até o médico, todosestavam aptos a identificar pacientes com problemasem sua farmacoterapia e encaminhá-los ao serviço deGTM. Outra forma de captação de pacientes foi a par-


75ticipação nos grupos operativos e o encaminhamentodos farmacêuticos administrativos.Atendimento aos usuários - Com os pacientesselecionados, iniciaram-se as consultas agendadas naunidade. Após a primeira consulta, que dura cerca deuma hora, os casos eram discutidos com o médico.O plano de cuidado era elaborado durante a avaliaçãoda medicação, seguindo os critérios de indicação,efetividade, segurança e adesão. A escolha da farmacoterapiado paciente era realizada de forma conjuntae interdisciplinar. Todos os pacientes atendidos eramreagendados para o retorno com o farmacêutico ouencaminhados para outro profissional da saúde quandonecessário. Este processo era mantido até quetodos os Problemas Relacionados ao Uso de Medicamento(PRM) daquele paciente estivessem resolvidos.Prescrição de exames de monitoramento clínico- Foi autorizada a prescrição de exames demonitoramento pelo farmacêutico clínico. Isso foium ganho muito importante para o serviço, pois diminuiuo tempo de espera do paciente para a resoluçãode seus PRMs, além de melhorar a qualidade doacompanhamento.Descrição impactos gerados com esta experiênciaQuando os gestores assumiram, não havia registrosda participação dos farmacêuticos. Atualmentesão realizadas reuniões quinzenais com todos os profissionais,que são incentivados à formação técnica.Em 2014, somando as horas de todos os farmacêuticos,a equipe acumulou cerca de 630 horas de participaçãoem cursos e/ou eventos. Isto reflete na qualidadee motivação da equipe na execução do trabalho.Organização do serviçoPara a organização do serviço foram elaboradosvários documentos (tabela 1). Estes visam à realizaçãode um serviço padronizado e de qualidade a todosos usuários.Tabela 1 - Lista de documentos criadospara a organização da assistênciafarmacêutica municipal de Lagoa SantaDocumentoProcedimentos operacionais padrão totais• Fluxos de medicamentos estratégicos• Farmacovigilância• Medicamentos de alto custo• Assistência farmacêutica no PAM• CAF (programação, aquisição, armazenamento e distribuição)• Serviço clínico GTM• Dispensação de medicamentos• Controle e escrituração de psicotrópicos e antibióticos• Modelo para produção de POPQuantidadeelaborada31922155421Formulários de atendimento 5Fluxos de serviço 3PGRSS 1Atuação farmacêutica junto à comunidadeEquipe técnica da assistência farmacêuticaNo início da gestão, em 2013, o serviço tinhapoucos farmacêuticos, coordenados por profissionalde outra área. O quadro de farmacêuticos foi ampliadoem 300%, de três para nove profissionais. Além disso,a AF obteve uma grande conquista: a contratação defarmacêuticos exclusivos para o serviço clínico. Estamedida permitiu oferecer um serviço de qualidade emais eficiente. Este resultado só foi possível devido àparceria e colaboração dos demais farmacêuticos que,por consentimento da equipe, dividiram as funções(administrativo e clínico).Notas técnicas 4Documento de apresentação do projeto ao CRF-MG 1Regimento interno da assistência farmacêutica 1Total de documentos 46Processos licitatórios e aquisiçãode medicamentosA gestão da Secretaria Municipal de Saúdecompreende a importância tanto da disponibilizaçãodo medicamento à população, quanto daqualidade da assistência oferecida ao usuário.Deste modo, é crescente o gasto com aquisiçãode medicamentos. Este investimento tem porobjetivo atender às necessidades da população


76tanto na quantidade de itens disponíveis, quanto nadiversidade e abrangência destes itens. A utilizaçãodos recursos para a compra de medicamentos está sobreconstante avaliação da equipe de farmacêuticos,a fim de garantir a compra de itens de qualidade queatendam à maioria dos usuários do SUS. Portanto,não se trata de um simples aumento de gastos, massim de um aumento na oferta de medicamentos comqualidade à população (gráfico 3).Gráfico 3: Comparação de gastos commedicamentos – gestão 2012 e gestãoatual (2013 e 2014)Quando o trabalho foi iniciado, um processo licitatórioestava em andamento. A compra de váriositens inclusos neste processo não ocorreu devido aproblemas nas especificações dos medicamentos. Aorganização do serviço permitiu uma redução gradualdo número destas ocorrências (medicamentos frustradose/ou desertos nas licitações), tornando o serviçomais eficiente e garantindo o acesso do medicamentoao usuário (gráfico 4).Gráfico 4: Porcentagem de medicamentos frustradose/ou desertos em licitações da Atenção Básicaoperativos aproximou os profissionais dos pacientes edos demais profissionais da saúde (Gráfico 5).Gráfico 5: Pacientes atendidos em grupose consultas compartilhadasAlém do atendimento ao paciente, foram realizadascampanhas de conscientização sobre uso corretode medicamentos e de informação sobre os locais pararetirar medicamentos e receber orientação farmacêutica.Nestes eventos foram realizadas medição de pressãoarterial e glicemia capilar, com encaminhamentodos pacientes para as UBS quando necessário.A inserção do serviço clínico permitiu, ao farmacêutico,atuar de forma mais efetiva influindo naprescrição e na utilização da farmacoterapia dos pacientes.Além disso, nas unidades onde o serviço deGTM foi realizado, a equipe de saúde manteve-se maisaberta à atuação do farmacêutico.O serviço clínico foi inserido em quatro unidadesde saúde no município, abrangendo duas regionais desaúde. Em 2014 foram atendidos 180 pacientes no serviçoclínico com a elaboração de plano de cuidado eacompanhamento destes pacientes até a resolução detodos os PRM. Entre consultas e retornos o serviço clínicosomou 313 atendimentos em 2014. Além do benefícioao paciente, este trabalho permitiu conhecer operfil de PRM do município de Lagoa Santa (Gráfico 6).Gráfico 6: Porcentagem de PRM encontradosnos pacientes atendidos pelo serviço clínico GTMFarmacêutico mais próximo do pacienteEm 2013 não foram encontrados registros departicipação do farmacêutico em grupos operativos,de realização de serviço clínico ou de consultas compartilhadascom médicos e outros profissionais. Em2014 foi implantado o serviço de consultas compartilhadascom médicos e outros profissionais da saúde.Além disso, a participação do farmacêutico em gruposPróximos passos, desafios e necessidadesO objetivo é manter as conquistas e a qualidadedo serviço oferecido, ampliando o seu alcance e o númerode atendimentos realizados pelos farmacêuticos


77clínicos e administrativos. Para isso, será necessária acontratação de mais dois farmacêuticos clínicos, paraatuar nas duas regionais descobertas pelo serviço. Outrodesafio é priorizar a formação técnica dos servidoresadministrativos, para que estes possam realizar aentrega dos medicamentos com qualidade sob a supervisãodo farmacêutico. Assim, este poderá, assim,priorizar seu trabalho de atendimento individualizadoaos pacientes que mais precisam. Para garantir aqualidade do serviço oferecido, a formação continuadados farmacêuticos deve ser priorizada e incentivada.CONCLUSÃOEm um ano e meio, o maior beneficiado foi ousuário. Ele é foco do trabalho desenvolvido e ocentro dos esforços da equipe, que se sente recompensadaao ver um paciente diabético alcançando ocontrole glicêmico, ou um paciente hipertenso alcançandoníveis pressóricos ideais. Oferecer o medicamentoaos pacientes e garantir a utilização corretadeste recurso, é o retorno principal do trabalho.Além disso, a oferta de um trabalho de qualidadecontribui para reforçar a boa imagem do farmacêuticojunto aos demais profissionais da saúde.Foi o trabalho de qualidade dos farmacêuticos quepermitiu que a Comissão Multidisciplinar de Protocolosconcordasse em autorizar o farmacêutico clínicoa solicitar exames.A estruturação de um serviço de AF é umtrabalho árduo, um grande desafio. Entretanto,quando feito em equipe, torna-se um estímuloaos profissionais que sonham com a conquista demais valorização profissional e espaço dentro doserviço de saúde. Este trabalho foi construído esonhado por todos os farmacêuticos envolvidos.Cada um, com seus valores e conhecimento, colaboroupara mudar os rumos do serviço e caminharna direção da excelência.Os bons resultados foram possíveis graças à valorizaçãoe ao estímulo dos gestores municipais. Acolaboração da gestão foi condição essencial para osucesso.A parceria técnica do Centro de Estudos emAtenção Farmacêutica (Ceaf), da Faculdade de Farmáciada Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),foi importante para garantir a qualidade do serviçooferecido. Além disso, a parceria e apoio do ConselhoRegional de Farmácia de Minas Gerais (CRF/MG)foram indispensáveis para a execução dos objetivospropostos.REFERÊNCIASIBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística| PIB por município de 2009 a 2011;IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística| VAB por setor de atividade em 2011.Ministério da Saúde - DATASUS | Dados dos municípios;Ministério da Saúde - DATASUS | PIB por municípiode 2000 a 2008;Ministério da Saúde - DATASUS | Dados da população.Ministério da Saúde - DATASUS | VAB por municípioe setor de atividade de 2000 a 2010;FREITAS, E. L. DE; OLIVEIRA, D. R.; PERINI, E.Atenção Farmacêutica - Teoria e Prática : um DiálogoPossível ? Acta Farm. Bonaerense v. 25, n. 3, p.447–453, 2006.HERPLER, C. D., STRAND, L. M. Opportunitiesand responsibilities in pharmaceutical care. AmericanJournal of Hospital Pharmacy, v. 47, p. 11, 1990.MENDES, E. V. As Redes De Atenção À Saúde. Brasília:Organização Pan-Americana da Saúde, 549 p.,2011.RAMALHO-DE OLIVEIRA, D. Atenção Farmacêutica:da filosofia ao gerenciamento da terapia medicamentosa.São Paulo: RCN Editora LTDA, 2011.INSTITUIÇÃOFarmácia Municipal de Lagoa Santa (MG)AUTORESGrazielli Cristina Batista de OliveiraAdson José MoreiraMichelle Bonifácio BittencourtSamuel Almeida Sousa RodriguesTâmara Cristina SouzaFabiano Moreira da SilvaFlávia Malta SalesMaria Cláudia de OliveiraVanessa Andrade BertoliniIvan Pereira da SilvaCONTATOfarmacialagoasanta@gmail.com


78Mato Grosso do SulCampo Grande (MS)Diagnóstico da assistênciafarmacêutica nos municípiosde Mato Grosso do Sul para oplanejamento das ações de saúdeCARACTERIZAÇÃOO Estado de Mato Grosso do Sul localiza-se ao sulda Região Centro-Oeste. Sua área é de 357.145,532km² com uma população de 2.619.657 (IBGE, 2014).São 79 municípios (11 no Pantanal). Apenas 4possuem mais de 100 mil habitantes; 69 possuemmenos de 50 mil habitantes e 6 têm menos de 5mil habitantes. Doze municípios estão na fronteiracom a Bolívia (1) e o Paraguai (11), sendo 6 delescom fronteira seca e 2 separados por rios (1 componte), portanto com acesso fácil entre os países(SES, 2011).A população de Mato Grosso do Sul é jovem, masé crescente a parcela de habitantes com mais de 60anos. Há um equilíbrio entre o número de homens emulheres.


79O Estado é, ainda, o segundo do Brasil em númerode habitantes ameríndios, de nove etnias diferentes,presentes em 29 municípios. Sua economia estábaseada na produção rural (animal, vegetal, extrativavegetal e indústria rural), indústria, extração mineral,turismo e prestação de serviços.Perfil epidemiológicoNo Estado de Mato Grosso do Sul, tanto a taxade mortalidade infantil quanto o coeficiente de mortalidadematerna vem reduzindo a cada ano. Outroindicador de mortalidade que tem evoluído positivamenteé a Razão de Swaroop Uemura, que reflete amelhor condição de vida e saúde da população. Em2012, 73% dos óbitos ocorreram na faixa etária acimade 50 anos de idade.De acordo com dados do Sistema de Informaçõesde Mortalidade (SIM), no ano de 2012, ocorreram14.435 óbitos no Estado. As doenças do aparelhocirculatório lideram o ranking de causas, com 29,7%das mortes. Em seguida, vieram os óbitos por neoplasias(15,7%); causas externas de morbidade e mortalidade(15,2%); doenças do aparelho respiratório(10,7%); doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas(7,0%) e outras causas (21,7%), segundo dadosda Secretaria de Estado de Saúde (SES), de 2012.De acordo com dados do Sistema de InformaçõesHospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS),de janeiro a novembro de 2014, ocorreram 146.704internações no Mato Grosso do Sul. Considerando operfil da morbidade hospitalar, temos, nesta ordem,gravidez, parto e puerpério com maior porcentagem(21,8%). Em seguida vêm doenças do aparelho respiratório(12,5%); lesões, envenenamento e algumasoutras consequências de causas externas (12,3%);doenças do aparelho digestivo (9,8%), doenças doaparelho circulatório (8,2%) e outras causas (35,4%)– dados da SES, 2014.especializadas/ambulatórios de especialidades; 365Serviços de Apoio Diagnóstico e Terapêutica (SADT)isolados; 18 unidades móveis terrestres; 41 unidadesmóveis de nível pré-hospitalar – urgência/emergência;19 farmácias; 20 unidades de vigilância emsaúde; 6 cooperativas; 2 hospitais/dia – isolados; 41centrais de regulação de serviços de saúde; 1 laboratóriocentral de saúde pública (Lacen); 77 secretariasde saúde; 14 centros de atenção de hemoterapia eou hematológica; 29 Centros de Atenção Psicossocial(Caps); 9 centros de atenção à saúde da família; 60unidades de atenção a saúde indígena e 35 outrasunidades (Cnes, <strong>2015</strong>).Farmácia funcionando junto com a recepção, mostrando inadequaçãodo setor farmacêutico no local, pois não há um ambiente específicopara armazenar os medicamentosOficina realizada durante as visitas ao município, para efetuar odiagnósticoEstruturação da rede de saúdeConforme o Cadastro Nacional de Estabelecimentosde Saúde (Cnes), o Estado de Mato Grosso doSul possui 4.064 de unidades de saúde cadastradas,sendo 48 postos de saúde; 563 centros de saúde/unidades básicas; 139 policlínicas; 100 hospitais gerais;13 hospitais especializados; 8 unidades mistas;6 prontos-socorros gerais; 3 prontos-socorros especializados;2.057 consultórios isolados; 390 clínicasEm uma das farmácias, a dispensação era realizadapor uma janela quebrada


80Assistência farmacêuticaA Coordenadoria Estadual da Assistência Farmacêuticafoi implantada informalmente na Secretariade Estado de Saúde (SES) de Mato Grossodo Sul (MS) no ano de 2006. Mas, somente pormeio do Decreto nº 12.375, de 18 de julho de2007, foi inserida no organograma da instituição(SES, 2007).No ano de 2011, após 29 anos de sua construção,a Logística de Medicamentos da SES/MS passoupor uma grande reforma para modernização da suaestrutura física e organizacional. Em 2014, foi criadaa Coordenadoria-Geral de Assistência Farmacêutica(CGAF), por meio do Decreto nº 14.012, de 22 dejulho de 2014 (SES, 2014).A missão da CGAF consiste em ampliar o acessoda população sul mato-grossense aos medicamentosdistribuídos pelo SUS, por meio da descentralização edo fortalecimento da gestão da assistência farmacêutica(AF) no Estado. Hoje, a CGAF é responsável porações relativas aos componentes Especializado, Estratégicoe Básico, sendo que para cada componente,há atribuições específicas.Com o intuito de elaborar um planejamento deações para aprimorar a gestão e intervir nos problemasrelacionados aos serviços ofertados à populaçãono âmbito da AF no Estado, foi caracterizada a estruturafísica, organizacional e o número de profissionaisdos municípios de Mato Grosso do Sul, por meiode diagnóstico.RELATO DA EXPERIÊNCIAEsta experiência ocorreu no período entre outubrode 2010 e fevereiro de 2011, quando a SES/MS montou algumas equipes matriciais – compostaspor profissionais de diversas áreas, entre os quais ofarmacêutico –, com objetivo de fazer um diagnósticosituacional in loco nas microrregiões de saúdede Campo Grande, Dourados, Corumbá, Três Lagoas,Ponta Porã, Paranaíba, Coxim, Jardim, Aquidauana,Naviraí e Nova Andradina.Na elaboração desse diagnóstico deveriam serconsiderados pelas equipes os aspectos demográficos,epidemiológicos e socioeconômicos; condiçõesde morbimortalidade; instrumentos de gestão (planejamento,financiamento, educação permanente, regulação)e controle social; capacidade da rede instaladaem saúde e condições sanitárias e a estrutura física eorganizacional da AF.Além dos 11 municípios sede das microrregiõesde saúde visitadas no período acima, a SES formououtras equipes matriciais para ampliar o diagnósticonos outros 67 municípios do Estado. Porém, comohouve aumento no número de municípios, não foipossível disponibilizar um farmacêutico para comporcada uma delas. Na tentativa de facilitar e padronizaro trabalho destas equipes matriciais da SES durante acoleta de dados nos municípios, a CGAF elaborou umformulário para ser preenchido, contendo questõessobre os pontos mais importantes a serem observadosem relação às atividades que envolvem a AF nosmunicípios.Cada um dos representantes dos 67 municípiospreencheu um formulário, que foram respondidos pelosfarmacêuticos coordenadores municipais da AFou pelos farmacêuticos responsáveis técnicos pelasfarmácias das secretarias municipais de saúde. Umadas funções das equipes matriciais era acompanhar eorientar sobre o preenchimento, em caso de dúvida.Em alguns municípios o diagnóstico ficou incompletoporque deixaram algumas questões do formuláriosem resposta. Em outros, o diagnóstico nãofoi possível porque o formulário retornou em branco.Os resultados obtidos formaram a base do banco dedados.O Pacto pela Saúde 2006, instituído pelo Ministérioda Saúde, por meio da Portaria nº 399, de22 de fevereiro de 2006, foi celebrado com 100%dos municípios de Mato Grosso do Sul, em abrilde 2007.O objetivo do Ministério da Saúde com estainiciativa era buscar meios para superar as dificuldadesdo SUS por meio de um compromisso públicodos gestores do sistema. Este compromisso seriaanualmente revisado e teria como base os princípiosconstitucionais e a ênfase nas necessidades de saúdeda população, implicando no exercício simultâneo dedefinição de prioridades articuladas e integradas emtrês componentes: Pacto pela Vida, Pacto em Defesado SUS e Pacto de Gestão do SUS.O Pacto em Defesa do SUS objetivava o engajamentona luta por mais recursos na saúde; o Pactopela Vida visava o alcance de indicadores de saúde eo Pacto de Gestão tinha como objetivo a geração deagenda para desenvolvimento dos eixos estruturantes(BRASIL, 2006).


81Essa agenda conjunta, definida entre os anos de2007 e 2010, estabelecia diretrizes para a gestão dosistema nos aspectos da descentralização; regionalização;financiamento; planejamento; ProgramaçãoPactuada e Integrada (PPI); regulação; participaçãosocial e gestão do trabalho e da educação na saúde.Com o diagnóstico realizado de 2010 a 2011, foiestabelecido o Plano Diretor de Regionalização (PDR),validado pelos municípios e apresentado ao ConselhoEstadual de Saúde (CES) de Mato Grosso do Sul.As regiões foram novamente visitadas paraa construção do Plano Diretor de Atenção à Saúde(PDA), conforme o seguinte cronograma: de fevereiroa outubro de 2011, Dourados; de outubro de 2011 afevereiro de 2012, Três Lagoas; e de março a junho de2012, Campo Grande.O PDA foi formatado objetivando o fortalecimentoda Atenção Básica, a inserção dos Hospitaisnas redes de atenção, a atuação integrada,o fortalecimento do controle social e da gestãoregional.Os eixos foram debatidos com a participação dosgestores, técnicos e conselheiros, e as oficinas deencerramento se davam nas Comissões IntergestoresRegionais (CIRs), com a pactuação das propostas.Durante o período em que o PDA de Douradosestava sendo debatido, foi publicado o Decreto nº7.508, de junho de 2011, que regulamentou da Lei nº8.080, determinando que as Comissões IntergestoresBipartite (CIBs) Regionais passassem a se chamarComissões Intergestores Regionais (CIRs) - BRASIL,2011.Entre os resultados obtidos com o PDA, podemoscitar a revisão dos conceitos e da operação do sistemade referência e contra-referência; o aprimoramentoda regulação municipal – micro e macrorregional; ea definição da diretriz “Fortalecimento Regional”, quevisa direcionar investimentos para projetos regionais.Esses diagnósticos qualificaram as regiões e omapa da saúde mostrou deficiências de habilitação ede informação. Assim, tais trabalhos possibilitaram acelebração do Contrato Organizativo de Ação Pública(Coap), no ano 2012, sendo o Mato Grosso do Sul osegundo Estado do Brasil a assinar.Houve unicidade no processo de planejamento,e as ações estruturantes dos PDAs se transformaramnas Diretrizes do Plano Estadual de Saúde (PES)2012/<strong>2015</strong>, cujos objetivos passaram a ser responsabilidadeestadual no Coap, articuladas com as DiretrizesNacionais.O Coap é um instrumento jurídico que dispõesobre os compromissos pactuados em cada regiãode saúde. Este instrumento de programação retrataa situação atual e as intervenções necessárias parauma situação futura, constituindo-se também em uminstrumento de alocação de recursos das três esferasde governo.A meta da AF, inserida no Coap de Mato Grossodo Sul, foi implantar o Sistema Nacional deGestão da Assistência Farmacêutica (Hórus), em100% dos municípios da região - Macrorregiõesde Saúde. O indicador foi o “percentual de municípioscom o sistema Hórus implantado”. A metae o indicador fazem parte da Diretriz 8 - Garantiada AF no âmbito do SUS, cujo objetivo é ampliara implantação do sistema Hórus como estratégiade qualificação da gestão da AF no SUS.À CGAF cabe apoiar as oficinas de capacitaçãodo Hórus, e acompanhar a implantação do sistemanos municípios do Estado, monitorando e avaliandoo cumprimento da meta estabelecida no Coap, tendocomo prazo final para implantação o ano de <strong>2015</strong>.No PES 2012-<strong>2015</strong>, as metas da AF inseridas foram:promover o apoio aos municípios na AF básica,garantindo o acesso aos medicamentos e mantendorepasses (com base na população do ano em curso);garantir o acesso aos medicamentos estratégicos; asseguraro acesso a 100% dos medicamentos especializados,conforme as normas nacionais; manter a Casada Saúde em funcionamento; e capacitar as equipesdos 9 Núcleos Regionais de Saúde do Estado (NRS) emunicipais (79 municípios) em AF.Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaDe acordo com o relatório elaborado a partir dodiagnóstico, foram encontradas 231 farmácias públicasno Mato Grosso do Sul e apenas 180 profissionaisfarmacêuticos prestando serviço na AF, vinculados àsSMS dos municípios. A proporção de farmácias pormunicípio foi de 3,7 e a de farmacêuticos por farmáciafoi de 0,8.Acreditamos que o número de farmácias públicasnos municípios de Mato Grosso do Sul apuradoneste estudo é inferior ao real, pois muitosentendiam que dispensários de medicamentos não


82eram farmácias e não consideraram os mesmos nomomento de responder ao questionário. Mas o númeroapurado foi bem superior a quantidade defarmácias cadastradas no Cnes nos 79 municípiosdo Estado: apenas 19 (Cnes, <strong>2015</strong>).Neste diagnóstico, foi observada uma aglomeraçãode farmacêuticos nos municípios maiores e escasseznos menores. Mais da metade dos municípiospossui apenas um farmacêutico na rede toda.Para estabelecer o quantitativo ideal de farmacêuticospor município foram utilizadas as sugestõeslevantadas pela literatura referente à área, que prevêa organização da AF nos municípios por faixa populacional.Ao analisar o número de farmacêuticos vinculadosà AF/SUS nos municípios (180), considerando aliteratura estudada – que aponta o número ideal defarmacêuticos levando em conta o número de habitantese o nível de complexidade dos serviços ofertados–, observa-se que a quantidade de profissionaisfarmacêuticos é insuficiente. O ideal, de acordo comestes parâmetros, seria 293.Foi verificado que 71% dos municípios apresentama quantidade de farmacêuticos recomendadapela literatura e entre os 29% que não seguemas recomendações, estão as maiores localidades:Campo Grande (Nível 3), Dourados (nível3), Três Lagoas (Nível 3), Corumbá (Nível 3) ePonta Porã (Nível 2).Foi verificado que 64,5% dos municípios respondentesnão possuem o profissional farmacêutico lotadoem nenhuma equipe da Estratégia Saúde da Família(ESF). E, entre os 35,5% dos municípios que relatarampossuir, apenas 18% estão em todas as ESFs. Observou-seque 54% dos municípios do Estado possuemapenas um farmacêutico na rede toda e que 62% dosmunicípios possuem apenas uma farmácia do SUS paradispensação dos medicamentos da Atenção Básica.Observando a tabela 1 e o gráfico 1, constatamosque 15% dos municípios não dispõem de computadorespara o gerenciamento de estoque em todasas farmácias dos municípios. No gráfico 2 podemosvisualizar que 26% dos municípios não dispõem desoftware para controle de estoque da(s) farmácia(s)da rede. Dos 74% municípios que relataram possuir,alguns consideraram como software planilha de Excel,e outros utilizavam softwares que não atendem aPortaria nº 271, de 27 de fevereiro de 2013, que instituiua Base Nacional de Dados de ações e serviçosda AF e regulamentou o conjunto de dados, fluxo ecronograma de envio referente ao Componente Básicoda Assistência Farmacêutica no âmbito do SUS. Areferida portaria estabelece que todos os municípiosdeverão informatizar suas farmácias a fim de transmitiras informações sobre a movimentação de medicamentosda AF Básica, seja por meio do sistema Hórus,seja pelo sistema Web Service (BRASIL, 2013).Tabela 1: Quantidade de municípios que possui (em)computador(es), em Mato Grosso do Sul, 2013MacroNº munic. queresponderamTodasfarmáciasNº%munic.AlgumasfarmáciasNº%munic.NenhumafarmáciaNº%munic.Total 60 51 85 8 13,3 1 1,7Fonte: Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul, 2013Gráfico 1 - Quantidade de municípios que possui(em)computador(es), Mato Grosso do Sul, 2013% de municípios comcomputadores em todasfarmácias% de municípios comcomputadores em algumasfarmácias% de municípios comcomputadores em nenhumafarmáciaFonte: Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul, 2013Gráfico 2 - Porcentagem de municípios de MSque possuem sistema informatizado paragerenciamento de estoque na(s) farmácia(s)da rede municipal de saúde, 201326%74%% de municípios que pos suemsistema in for matizado para gerenciamento de estoque% de municípios que pos suemsistema in for matizado para gerenciamento de estoqueFonte: Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul, 2013.*Alguns municípios consideraram como software planilha de Excel, osistema Hórus e outros softwares


83O Hórus é um software desenvolvido e disponibilizadogratuitamente pelo Ministério da Saúde aosestados e municípios para garantir o acesso e promovero uso racional de medicamentos no SUS.O controle de entrada e saída de medicamentosé importante para proporcionar subsídios que permitamdeterminar as necessidades de aquisição, garantira regularidade do abastecimento e eliminar perdase desperdícios.Ressalta-se que sem informação e sem organização,não há gerenciamento. Consequentemente,é difícil desenvolver estratégias, implementarações, intervenções ou ocorrer melhoria deserviço com satisfação da equipe e dos usuários.Os resultados encontrados neste diagnóstico corroborarama escolha da meta da AF inserida no Coap deMato Grosso do Sul.Acreditamos que esta experiência entre aCGAF, SES e SMS foi exitosa porque o número demunicípios com o sistema Hórus implantado aumentou.No início de 2012, apenas 5 municípiosutilizavam o sistema. No início de <strong>2015</strong>, já eram28 (gráfico 3). Vale ressaltar que, para implantaro sistema Hórus, é necessário cumprir 5 fases.Hoje, além dos 28 municípios que já implantaram,há muitos outros que avançaram nas fasesde implantação, faltando apenas concretizar autilização.90807060504<strong>03</strong>020100Gráfico 3 - <strong>Número</strong> de municípios queimplantaram o sistema Hórus, conforme metaanual do Coap, Mato Grosso do Sul, <strong>2015</strong>241512012 2013META COAP2628111 1Implantaram sistema Hórus7928<strong>2015</strong> TOTALFonte: Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul, <strong>2015</strong>Próximos passos, desafios e necessidadesCom este estudo foi possível evidenciar a necessidadede melhoria na estrutura física e organizacionale de ampliação do número de profissionaisfarmacêuticos da AF nos municípios de Mato Grossodo Sul. O desafio para a CGAF é aprimorar o processode trabalho de forma que atenda bem os usuários demedicamento do SUS.Na elaboração dos instrumentos de planejamentoda SES (PES 2012-<strong>2015</strong> e Coap) buscou-sea inserção de metas considerando a factibilidade, adisponibilidade dos recursos necessários, dos fatorescondicionantes políticos e econômicos, cabendo aCGAF acompanhar, monitorar e avaliar o cumprimentodestas. Porém, ainda não foi possível resolver todosos problemas apontados no diagnóstico, ficando umalacuna a ser resolvida no futuro com inserção de novasmetas.CONCLUSÃOEsta experiência propiciou um olhar crítico sobrea realidade da saúde no Mato Grosso do Sul, sendo,portanto um marco histórico e um caminho para melhorara saúde pública no Estado. Foram observadasdeficiências na estrutura da AF na maioria dos municípios,evidenciando-se que ainda há muito a sefazer, principalmente na inserção do profissional farmacêuticonas ESF, na informatização das farmácias,dimensão da farmácia e regularização documental.REFERÊNCIASBRASIL. Lei Federal nº 8080/90. Dispõe sobreas condições para a promoção, proteção e recuperaçãoda saúde, a organização e o funcionamentodos serviços correspondentes e dá outras providencias.1990.BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº399 de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o Pacto pelaSaúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as DiretrizesOperacionais do referido Pacto. 2006.BRASIL. Ministério da Saúde. Decreto nº.7.508, de junho de 2011. Regulamenta a Lei no8.080, de 19 de setembro de 1990, para disporsobre a organização do Sistema Único de Saúde- SUS, o planejamento da saúde, a assistência àsaúde e a articulação interfederativa, e dá outrasprovidências. 2011.


84BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 271, de27 de fevereiro de 2013. Instituiu a Base Nacionalde Dados de ações e serviços da AF e regulamentao conjunto de dados, fluxo e cronograma de envioreferente ao Componente Básico da AF no âmbito doSistema Único de Saúde (SUS). 2013.CNES, <strong>2015</strong>. Consulta a tipos de estabelecimentos.Disponível em: http://cnes.datasus.gov.br/Mod_Ind_Unidade.asp?VEstado=50. Acesso em05/02/<strong>2015</strong>.IBGE, 2014. Estimativas da população residenteno Brasil e unidades da federação com data dereferência em 1º de julho de 2014. Disponível em:ftp://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2014/estimativa_dou_2014.pdf. Acessoem 05/02/<strong>2015</strong>.SES, 2007. Decreto nº 12.375 de 18/07/07, D.O.nº 7.012, de 19/07/07 da SES/MS que estabelece aestrutura básica da Secretaria de Estado de Saúde, edá outras providências. Disponível em: http://ww1.imprensaoficial.ms.gov.br/pdf/DO7012_19_07_2007.pdf. Acesso em 05/02/<strong>2015</strong>.SES, 2011. Plano Estadual de Saúde 2012 –<strong>2015</strong>. Disponível em: http://www.saude.ms.gov.br/controle/ShowFile.php?id=135233. Acesso em05/02/<strong>2015</strong>.SES, 2012. Sistema Informações sobre Mortalidade- SIM. Disponível em: ftp://balcao.saude.ms.gov.br/horde/idb/2012/A/sheet011.htm. Acessoem 05/02/<strong>2015</strong>.SES, 2014a. Sistema Informação Hospitalar - SIH.Disponível em: ftp://balcao.saude.ms.gov.br/horde/idb/2012/D/sheet001.htm. Acesso em 05/02/<strong>2015</strong>.SES, 2014b. Decreto nº14.012 de 22/07/14,D. O. nº 8.721, de 23/07/14 que estabelece a estruturabásica da Secretaria de Estado de Saúde, edá outras providências. Disponível em: http://ww1.imprensaoficial.ms.gov.br/pdf/DO8721_23_07_2014.pdf. Acesso em 05/02/<strong>2015</strong>.INSTITUIÇÃOCoordenadoria Estadual da Assistência Farmacêutica/Secretariade Estado de Saúde/MatoGrosso do SulAUTORESMárcia Regina Cardeal Gutierrez SaldanhaMaria de Lourdes OshiroAngela Cristina Cunha Castro LopesCONTATOmarciagutsal@hotmail.comoshiroml@gmail.comaccvargas@hotmail.com


85Palmas/TOVista noturna de Palmas. Imagem: Governo do TocantinsFarmácia clínica aplicadaà terapia nutricional parenteralCARACTERIZAÇÃOInaugurada em 20 de maio de 1989 e instaladaem 1º de janeiro de 1990, a cidade está cravada nocerrado, no coração do Brasil. Palmas é propícia aodesenvolvimento do turismo de negócios e eventos eao ecoturismo. Localizada a 805 km de Brasília (DF) éúltima cidade brasileira planejada do século 20. Possuiuma arquitetura arrojada, com avenidas largas,dotadas de completo trabalho paisagístico e divisãourbanística caracterizada por grandes quadras comerciaise residenciais. Possui 2.219 km² e população de265.409 habitantes, segundo estimativa do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2014).Nos últimos anos, o desenvolvimento econômicopelo qual tem passado o município de Palmas,de certa forma, tem contribuído para a atração deum contingente populacional proveniente de diversaspartes do país. Esta corrente migratória se deve à expectativagerada com o surgimento de oportunidadesde negócios e empregos em função da implantaçãodo Estado e da capital.Estruturação da rede de saúdePalmas conta com vários serviços de saúde,sendo 83 estabelecimentos de saúde privadose 90 estabelecimentos do Sistema Único deSaúde (SUS/IBGE, 2010). Sob a responsabilidadedo município estão os serviços de atençãobásica, consultas, e atendimentos de pequenae média complexidade. Os serviços de alta complexidadesão de responsabilidade do Estado.Na esfera administrativa estadual, o município


86conta com três hospitais de referência: HospitalGeral de Palmas, Hospital Infantil Público de Palmase Hospital e Maternidade Dona Regina.A porta de entrada do sistema são as UnidadesBásicas de Saúde da Família (UBSF), onde atuam médicos,farmacêuticos, enfermeiros, técnicos em enfermageme equipes de saúde bucal, por meio do ProgramaSaúde da Família. Em Palmas existem 33 UBSFsinstaladas no perímetro urbano e oito postos deatendimento na zona rural. Todas elas servem de referênciapara as equipes de agentes comunitários desaúde da família, que executam ações preventivasrealizando visitas domiciliares.A rede possui quatro policlínicas e também oCentro de Consultas Especializadas de Palmas (Cecep),com médicos especialistas em diversas áreas, queatendem às demandas encaminhadas pelas UBSFs eprocessadas pela central de regulação. Além disso,existem também clínicas credenciadas pelo municípiopara o atendimento suplementar aos usuários do SUSque demandam exames e consultas não disponíveisna rede pública.Ainda na área de especialidades, o municípioconta com o Centro de Atendimento Psicossocial(Caps) e Caps II (Álcool e Drogas); com o Núcleo deAtendimento Henfil (para DST e Aids), com o Centrode Saúde Sexual e Reprodutivo e Centro de EspecialidadesOdontológicas (CEO).Assistência farmacêuticaA assistência farmacêutica (AF) de Palmas estáestruturada em 11 farmácias regionalizadas, entreelas, uma Farmácia Popular do Brasil, que trabalhamcom corretas normas de armazenamento, procedimentose condutas de dispensação de medicamentos,garantindo a permanência de farmacêutico em todohorário de funcionamento para orientar os usuáriosdo SUS quanto à administração dos medicamentos.As farmácias disponibilizam mais de 200 medicamentosda Relação de Municipal de Medicamentos Essenciais(Remume).Atualmente, a Farmácia do Hospital e MaternidadeDona Regina conta com oito farmacêuticos queprestam seus serviços em plantões de 6 horas (matutinoe vespertino) e 12 horas (noturno) de modo quetenha farmacêutico presente nas 24 horas de funcionamentodo hospital. Dos oito profissionais, cincosão concursados.Hospital e Maternidade Dona ReginaO Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR)é público de gestão estadual, referência no Estadodo Tocantins em atendimentos de demanda espontâneae referenciada de alta e média complexidade. Aunidade possui 110 leitos, sendo 29 para obstetríciacirúrgica; 20 para obstetrícia clínica; 20 para UTIneonatal; 15 para unidade de cuidados intermediáriosneonatal convencional; 6 de unidade de cuidadosintermediários neonatal canguru; 17 de ginecologiae 3 leitos de emergência. O estabelecimento dispõe,ainda, de uma farmácia.É uma unidade de assistência e centro de referênciade alta complexidade em terapia nutricional,no âmbito do SUS, garantindo aos recém-nascidos emrisco nutricional ou desnutridos, uma adequada assistêncianutricional, por intermédio de equipes multiprofissionais,utilizando-se de métodos e técnicasespecíficas.Hospital e Maternidade Dona Regina. Imagem: governo do TocantinsRELATO DA EXPERIÊNCIADe acordo com a Portaria Ministerial nº 272,de 1998, a manipulação de nutrição parenteralé atividade exclusiva do farmacêutico. A partirdessa publicação oficial e da obrigatoriedade daformação de Equipes Multiprofissionais de TerapiaNutricional, nas quais o farmacêutico é componenteimprescindível, as equipes de saúde começarama contar com este profissional. Atualmente,a Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional(EMTN) do Hospital e Maternidade Dona Reginarealiza reuniões mensais, nas quais são tratadostodos os problemas e propostas da Terapia Nutricional,desde a seleção, compra e administraçãodos insumos. A presença do farmacêutico temsido imprescindível.


87A Farmácia Clínica Aplicada à Terapia NutricionalParenteral, na unidade, teve suas atividades iniciadasem 1º de fevereiro de 2009, desde então, ecom a presença do farmacêutico na EMTN, buscou-semontar um trabalho para a execução, supervisão e aavaliação permanente em todas as etapas da TerapiaNutricional Parenteral (TNP) e para assegurar condiçõesadequadas da nutrição parenteral visando obteros benefícios máximos e evitar riscos.O farmacêutico qualifica os fornecedores e asseguraque a entrega dos produtos seja acompanhadade certificado de análise emitido pelo fabricante, eainda é responsável por identificar incompatibilidades,instabilidades entre os medicamentos prescritose a nutrição parenteral administrada no paciente. Éresponsabilidade do farmacêutico a realização de relatóriosdas atividades da Farmácia Clinica Aplicada aNutrição Parenteral.Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaA maior preocupação da equipe de saúde do Hospitale Maternidade Dona Regina estava associada àlogística. A empresa que, atualmente, fornece a nutriçãoparenteral total manipulada está localizada noEstado de Goiás e a garantia de sua qualidade poderiaser comprometida pela distância e condições de armazenamentodurante o transporte.Com a criação da EMTN e a presença constantede um farmacêutico, fica garantida a verificaçãodessas condições. Além disso, o farmacêutico é imprescindível,desde a aquisição e o transporte até aadministração aos recém-nascidos.Com a presença do farmacêutico, todas as bolsasde nutrição parenteral total (NPT) manipuladaspara os recém-nascidos do Hospital e MaternidadeDona Regina passaram a ser inspecionadas antes dadispensação. Hoje, o farmacêutico também atua diretamentena educação dos profissionais envolvidosno suporte nutricional para garantir a competênciatécnica da equipe. Ele também atua na análise dasprescrições, o que tem possibilitado a discussão comos outros integrantes da equipe, sobre o tratamentodispensado ao paciente.Os pacientes hospitalizados, que sofrem de desnutrição,tiveram um ganho na qualidade da sua terapianutricional com o trabalho farmacêutico. Hojea atuação desse profissional, na EMTN, no Hospitale Maternidade Dona Regina, é um dos pilares para odesenvolvimento de um suporte nutricional adequadoe individualizado, que busca sempre diminuir problemasde incompatibilidades farmacológicas, promovendoassim uma melhora da saúde do paciente quefaz uso de terapia nutricional.Próximos passos, desafios e necessidadesO principal objetivo é garantir a constante capacitaçãodos farmacêuticos que fazem parte daEMTN. A confiança foi fundamental na mehoria dasrelações entre o farmacêutico e os demais profissionaisda saúde, na conduta de orientação técnica. Ofarmacêutico revelou a sua importância, ao analisarprescrições de nutrição parenteral de pacientes e discutirsobre possíveis inadequações da prescrição. Sóa formação constante garante ao profissional o conhecimentopara cuidar da saúde da população.INSTITUIÇÃOHospital e Maternidade DonaRegina Siqueira CamposAUTORESGlécia Regina ValentimLuciana de Fátima LimaMaristela Andrade de SouzaCONTATOmaristelaas@hotmail.com


88Ipojuca/PEReestruturaçãoda assistência farmacêuticado município de Ipojuca (PE)CARACTERIZAÇÃOLocalizado no litoral sul pernambucano, distante44 km da capital Recife, o município de Ipojucarecebeu esse nome por estar inserido nos domíniosda bacia hidrográfica do rio Ipojuca. Sua extensãolitorânea é de 32,18 km e compreende praias mundialmenteconhecidas, como Porto de Galinhas e Maracaípe.Possui uma população de 87.926 habitantes(IBGE/2013) e seu Produto Interno Bruto (PIB) é deR$ 9,5 bilhões, correspondendo ao 2º maior PIB dePernambuco e o 10º do Nordeste, evidenciando-seas atividades de comércio e da indústria de transformação,concentradas no estaleiro Atlântico Sul e nosetor de serviços.Estruturação da rede de saúdeIpojuca está inserido na 1º Regional de Saúdede Pernambuco. Possui, atualmente, em suaestrutura de saúde, 38 unidades cadastradas: 5policlínicas de especialidades, 1 Centro de AtençãoPsicossocial (Caps II), um Centro de Espe-


89cialidades Odontológicas (CEO), 1 Central deAbastecimento Farmacêutico (CAF), 1 Centro deReabilitação, 1 Centro de Atenção à Saúde do Homem(Cash), 1 centro de diagnóstico próprio, comserviço de endoscopia e ultrassom, 1 Serviço deAtendimento Especializado (SAE/CTA), 1 Serviçode Atendimento Móvel de Urgência (Samu) regionale 15 Unidades básicas de Saúde (UBS).Assistência farmacêuticaA assistência farmacêutica de Ipojuca estáinserida na Diretoria Geral de Atenção à Saúde,ligada diretamente à Secretaria de Saúde. Atualmente,11 farmacêuticos atuam no Sistema Únicode Saúde (SUS) do município: um na Gerênciade Assistência Farmacêutica e os demais, na CAF,nas policlínicas, nos serviços de pronto atendimento,no Caps, no SAE e na Vigilância SanitáriaMunicipal.RELATO DA EXPERIÊNCIAEm 2013, foi iniciada uma ação para garantiro acesso da população aos medicamentos e demaisinsumos, por meio do uso racional. Para isso, serianecessário ampliar o número de farmacêuticos e reestruturaros serviços da AF no município.METODOLOGIAO primeiro passo foi realizar um diagnóstico situacional,organizando visitas técnicas com o preenchimentode checklist. Estes dados serviram como basepara a elaboração de um planejamento com o objetivode sensibilizar os gestores municipais da necessidadee importância de se realizar a requalificação ereestruturação dos serviços, visando garantir o acessoda população aos medicamentos e demais insumos.Descrição da experiênciaA partir do diagnóstico realizado foi observado ocenário descrito abaixo:• A equipe de farmacêuticos se resumia a quatroprofissionais do quadro efetivo municipal,distribuídos na Gerência de Assistência Farmacêutica,na CAF, e nas policlínicas. Inúmerosserviços estavam sem a cobertura farmacêutico.• A estrutura física da CAF era incompatível coma necessidade de abastecimento e capacidadelogística. Não era utilizado um sistema informatizadoe não havia um veículo exclusivopara a entrega de medicamentos, o que afetavaa programação e distribuição dos mesmos.• As unidades dispensadoras trabalhavam emforma de ilha, sem comunicação e padronizaçãode rotinas de controle e dispensação demedicamentos e insumos. Além disso, foramconstatadas diversas inadequações estruturais,como má localização, pisos e paredesinapropriados, presença de infiltrações, ausênciade climatização e falta de armários,estantes, mesas e cadeiras.• Ausência de Relação Municipal de MedicamentosEssenciais (Remume).• Ausência de Comissão de Farmácia e Terapêutica.A partir desse levantamento, iniciou-se o processode sensibilização dos gestores por meio dereuniões com a secretária de Saúde e as diretoriasde Atenção à Saúde e Atenção Primária. As reuniõesobjetivaram atrair recursos e capital humano com capacidadede gestão e estimular mudanças no cenárioencontrado inicialmente, principalmente quanto aoquadro insuficiente de farmacêuticos.A gestão municipal reconheceu a importância doSetor de Farmácia e incluiu, em suas metas prioritárias,várias atividades que ajudaram a solucionar osproblemas encontrados.O processo de requalificação da AF municipalainda está em andamento, mas já apresenta resultadosexitosos que demonstram como este serviço énecessário ao funcionamento da rede de atenção àsaúde.Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaHouve a contratação de mais farmacêuticos, quepassaram a integrar a rede de atenção à saúde e vigilânciasanitária. Esses profissionais foram distribuídosterritorialmente e prestam apoio técnico às UnidadesBásicas de Saúde (UBSs), sendo responsáveispela implantação da AF e por sua gestão.A CAF passou a contar com o Sistema Nacionalde Gestão da Assistência Farmacêutica (sistema Hórus),que facilita a programação e a gestão do estoquede medicamentos.


90A estrutura física e instalações das farmáciasdas unidades de saúde passaram por readequação.Desde o início da atual gestão foramreestruturadas sete unidades que, agora, contamcom as condições ambientais apropriadas à limpezae com espaço físico dimensionado às suasatividades, mobiliário adequado e ambiente climatizado.Treinamento para a implantação do HórusANTESEstrutura física da policlínica Severina Teles, uma das unidades beneficiadasDEPOISTambém foram adquiridos dois carros exclusivospara a AF, que são utilizados na entrega demedicamentos e na realização de visitas para oapoio técnico às unidades de saúde. Por último,foi instituída uma Comissão de Farmácia e Terapêutica,responsável pela revisão do elenco municipalde medicamentos e confecção de protocolosde acesso.Outros resultados do trabalho• Reconhecimento do papel do farmacêuticopela gestão municipal e pelas equipes multiprofissionaisdas unidades de saúde;• Realização de ações com a comunidade arespeito do uso racional de medicamentos,insulinoterapia e manejo do diabetes e da hipertensãoarterial;• Requalificação da estrutura física e instalaçõesde algumas farmácias de unidades desaúde;• Reorganização dos serviços farmacêuticos;• Otimização da logística de distribuição demedicamentos para as unidades de saúde;• Melhoria na satisfação dos pacientesquanto aos serviços de farmácia do município;• Treinamento de auxiliares de farmáciaquanto às boas práticas de armazenamento,dispensação e controle de medicamentos;• Implantação do programa Remédio em Casa,com capacidade para atendimento a 5.000usuários;• Implantação de uma farmácia para fornecimentode Medicamentos do Componente Especializado,em parceria com a AF estadual;• Recebimento de 14 computadores do ProgramaQualisus, para estruturação da redepara ampliação da utilização do sistemaHórus.


91Próximos passos, desafios e necessidades• Ampliação da utilização do sistema Hóruspara, pelo menos, 40% das unidades de saúdeque dispensam medicamentos;• Requalificação da estrutura física e instalaçõesdas farmácias das unidades de saúdeainda não contempladas;• Construção de uma nova CAF, seguindo os padrõesestabelecidos para as boas práticas dearmazenamento e distribuição.CONCLUSÃOHoje, com a AF mais próxima da população edas equipes de saúde, está evidenciada a importânciado profissional na assistência à saúde dos usuáriose na supervisão das atividades da farmácia, com afinalidade de garantir à população o acesso aos medicamentose à informação.REFERÊNCIASBRASIL. Portaria MS/GM Nº. 2048 de 3 de setembrode 2009. Aprova o Regulamento do SistemaÚnico de Saúde (SUS). Diário Oficial da União 2009;4 de set.BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 3.916,de 30 de outubro de 1998. Aprova a Política Nacionalde Medicamentos Diário Oficial [da Republica Federativado Brasil], Brasília, DF, n. 215E, nov. 1998.Seção 1, p. 18-20.BRASIL. Conselho Federal De Farmácia. ResoluçãoNº 568, de 6 de dezembro de 2012, que regulamentao exercício profissional nos serviços deatendimento pré-hospitalar, na farmácia hospitalare em outros serviços de saúde, de natureza públicaou privada. Diário Oficial [da Republica Federativado Brasil], Brasília, DF, n. 215E, 07 de dezembro de2012, Seção 1, p. 353.INSTITUIÇÃOSecretaria Municipal de Saúde de Ipojuca (PE)AUTORESMaurilúcio Apolinário FilhoLecílio Soares da Silva JuniorViviane Martins de ArrudaMoema Gonçalves Estelita MarquesCONTATOSapolinarioltda@gmail.comipojuca.assistfarmac@gmail.com


92Joaquim Nabuco/PEEntrada do Município de Joaquim Nabuco (PE)A importância dofarmacêutico municipal:implementação e organização daassistência farmacêutica naatenção primária à saúdeCARACTERIZAÇÃOO município de Joaquim Nabuco está localizadona mesorregião da mata sul pernambucana.Possui uma área de 122 km² e três povoados: UsinaPumaty, Arruado e Baixada da Areia. Com populaçãoestimada de 16.498 habitantes, em 2014,pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), encontra-se a 123 km de Recife, a capitaldo Estado. A atividade econômica predominante éa agroindústria açucareira.Estruturação da rede de saúdeA rede municipal é composta por seis UnidadesBásicas de Saúde da Família (UBSFs), uma por equipe;uma unidade de saúde mista caracterizada comomaternidade, que realiza também pequenos procedi-


93mentos de enfermagem, consultas ambulatoriais eatendimentos de urgência; um Núcleo de Saúde daFamília tipo 1 (Nasf); e uma Central de AbastecimentoFarmacêutico (CAF/Farmácia Central). A assistênciafarmacêutica (AF) conta com uma farmacêutica eum auxiliar de farmácia.METODOLOGIAA Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF)encontra-se instalada em uma área anexa à maternidadee desenvolve todo o ciclo logístico específicoda AF. Os fármacos listados na Relação Municipal deMedicamentos Essenciais (Remume) são distribuídose dispensados para as Unidades Básicas de Saúde(UBS), maternidade e diretamente aos usuários doSistema Único de Saúde (SUS).O objetivo deste trabalho foi a implementaçãodos serviços farmacêuticos. A AF municipal foi efetivamenteavaliada e teve, evidenciadas, as reaisnecessidades para a melhoria e qualificação de seusprocessos. A partir deste diagnóstico, as atividadesforam reorganizadas, buscando uma maior resolutividade,de forma a garantir o acesso dos usuáriosdo SUS aos medicamentos básicos, com qualidade erespeitando as condições necessárias à obtenção daeficácia esperada.RELATO DA EXPERIÊNCIAEm 2013, após a identificação dos problemas,iniciou-se a criação de um Planejamento EstratégicoSituacional (PES). Foram definidas as ações e traçadasmetas a serem executadas, respeitando prioridadesestabelecidas a partir das dificuldades existentese considerando fatores como: os custos municipais,a viabilidade de resolução e as exigências para solucionar.Foram norteadas questões prioritárias, a seremreferenciadas neste contexto operacional, dentreestas:• Sensibilizar os gestores municipais da importânciada estruturação física da AF, comqualidade, viabilizando assim, a garantiada eficácia e segurança dos fármacos dispensados;• Reorganizar o ciclo logístico da AF, identificandoos fatores que determinam o abastecimentoineficiente e/ou ausência dos medicamentosbásicos municipais ofertados;• Reorganizar a estrutura física existente naCAF, estabelecendo adequações para as melhoriasnecessárias à realização do ciclo daAF de forma integral e correta;• Garantir a integração intersetorial e o trabalhoem equipe multiprofissional, com inserçãodo farmacêutico, nas ações da atençãobásica.Nesta etapa, foi feito um levantamento criteriosoda estrutura física da CAF/Farmácia Central, comutilização de instrumentos avaliativos (planilhas,tabelas e gráficos). Também foram levantados os fatoresque influenciavam na qualidade dos fármacos:os medicamentos e insumos eram armazenados emcondições inadequadas, permanecendo expostos àumidade e à poeira, o que poderia explicar as recorrentesperdas de estoques por alterações em suacomposição. É importante considerar, também, opossível comprometimento da qualidade dos itensdispensados.Os relatórios descritivos expuseram as falhas noarmazenamento e apontaram os prejuízos decorrentesdas mesmas, o que sensibilizou profissionais dasaúde e os gestores municipais, gerando um comprometimentocom a busca de melhorias para a AF.Os fluxos foram reorganizados e a implantaçãodos Procedimentos Operacionais Padrão (POPs), realizada.As normativas foram divulgadas em reuniõescom os profissionais da saúde, nas quais eram apresentadase discutidas. Sua importância para o sucessodas atividades foi destacada. Após a implantação,verificava-se o reestabelecimento dos fluxos, poisos horários, pedidos e cronogramas a serem seguidosestavam previamente definidos. A sistemática detrabalho fortalecia as relações intersetoriais e dosprofissionais da atenção primária à saúde com a CAF.Por outro lado, as ações voltadas para reorganizaçãodo ciclo logístico farmacêutico se concretizavam.As avaliações demonstravam o desabastecimentofrequente dos estoques, decorrente da inexistênciade uma padronização dos medicamentos básicos. Eraurgente a reposição para a normalização das dispensações.O município dispunha apenas de uma lista demedicamentos. Era evidente a necessidade da definiçãode critérios para a elaboração da Relação Municipaldos Medicamentos Essenciais (Remume). Foiconsiderado o perfil epidemiológico da populaçãonabuquense. Com a padronização, as necessidades


94começaram a ser normalizadas, possibilitando a recuperaçãoda confiabilidade na AF municipal, que seencontrava desacreditada.Nesta fase, de reorganização do ciclo logístico,foram identificados grupos de usuários insulinodependentese portadores de glaucoma que, mensalmente,recebiam seus medicamentos na farmáciacentral. Um monitoramento mais rigoroso permitiuobservar a existência de outros usuários desses medicamentosque não estavam inseridos no cadastroexistente.Assim, foi elaborado um cadastro único, e instituídaa Carteirinha Municipal da Assistência Farmacêutica.O cadastro contemplava dados pessoais(número do documento de identidade, cadastro depessoa física e comprovante de endereço), número docartão SUS e avaliação médica atualizada.Os pacientes foram distribuídos entre os seguintesprogramas:• Programa do Paciente Insulinodependente• Programa do Paciente Acamado• Programa do Paciente Hipertenso e/ou Diabético• Programa do Paciente de Saúde Mental• Programa do Paciente Asmático• Programa do Paciente com GlaucomaReunião com integrantes do Programa do Paciente InsulinodependenteDescrição dos impactos geradoscom esta experiênciaA reorganização da AF, a oficialização da Remumee implantação da Carteirinha de Saúde dos Programasda Assistência Farmacêutica Municipal de JoaquimNabuco (PE) permitiram o controle mais rigoroso naaquisição de medicamentos e a regularização da reposiçãodos estoques para a dispensação aos usuários,melhorando a qualidade da assistência à saúde.Hoje, os usuários de medicamentos que dependemda assistência pública estão cadastrados erecebem seus medicamentos com qualidade e regularidade.Essas ações viabilizaram uma economia deaproximadamente R$ 50 mil, que pode ser constatadapor meio de comparação das notas fiscais de aquisiçãode medicamentos básicos do último trimestre de2014 e primeiro trimestre do ano de <strong>2015</strong>.Balanço trimestral dos gastos com a AFCarteirinha de Saúde dos programas da AFA sistematização da AF em programas por categoriade pacientes viabilizou um planejamentologístico da aquisição dos medicamentos básicosessenciais para o município. Permitiu, também, oplanejamento e a execução de ações proativas paramelhoria dos cuidados aos pacientes do SUS. Umadas estratégias adotadas foi a realização de encontrosperiódicos com os usuários para orientaçãoem saúde e troca de informações, o que contribuiupara fortalecer o vínculo entre o farmacêuticos eos pacientes.Pacientes cadastrados na AFoutubro/<strong>2015</strong> a março/<strong>2015</strong>


95Perfil dos pacientes cadastrados pelo Programa SaúdeMental da Assistência Farmacêutica MunicipalCARACTERÍSTICASRELEVANTESIDADES PREVALENTESDADOS LEVANTADOS PERÍODOOUTUBRO/2014 A MARÇO/<strong>2015</strong>IDADES ENTRE 31 A 50 ANOS:328 indivíduosGÊNERO MASCULINO: 322FEMININO: 537TOTAL: 859LOCALIZAÇÃO ZONA URBANA: 726PRINCIPAIS MEDICAÇÕESCONTROLADAS DISPENSADASZONA RURAL: 133CLONAZEPAM 2 MGCOMPRIMIDOS: 224DIAZEPAM 10 MGCOMPRIMIDOS: 180AMITRIPTILINA 25 MGCOMPRIMIDOS: 129FLUOXETINA 20 MGCOMPRIMIDOS: 109Próximos passos, desafios e necessidadesFaz-se necessário ampliar as ações em educaçãoem saúde e promover o fortalecimento dos programasda AF. A comunidade mostra-se carente decuidados de saúde e ainda é verificada a prática daautomedicação. Conscientizar a população sobre orisco do uso aleatório de medicamentos e sensibilizá-lasobre a importância dos hábitos saudáveisde vida são os grandes desafios para a equipe. Ofortalecimento das parcerias em saúde e o trabalhoem equipe multidisciplinar são fundamentais paramudar esta realidade.CONCLUSÃOA reorganização da AF em Joaquim Nabuco érealidade. Todas as questões que influenciavam negativamenteo andamento do ciclo logístico AF nomunicípio foram minimizadas e/ou resolvidas. Asações possibilitaram a sensibilização dos gestoreslocais em relação aos problemas e resultaram, também,em adequações e melhorias na infraestruturada AF.A reorganização do ciclo logístico, a partir doslevantamentos de usuários do SUS por programas, ainstituição da carteirinha e a Relação Municipal dosMedicamentos Essenciais (Remume) nortearam positivamenteos serviços farmacêuticos na atenção primariaà saúde, com a garantia de enriquecimentosnas atividades desenvolvidas entre os vínculos multiprofissionais.Nesta sintonia, novos desafios são visualizados,inquietações surgem e metas são traçadas com objetivoúnico de garantir o acesso ao medicamentode forma segura e com qualidade, para aqueles queprecisam e fazem uso deste.INSTITUIÇÃOSecretaria Municipal de Saúde deJoaquim Nabuco (PE)AUTORALuana Pires Holanda TeixeiraCONTATOluluholanda@hotmail.com


96Porto Seguro/BAPorto Seguro (BA)Efetivação da gestão daassistência farmacêuticano município de Porto Seguro (BA)CARACTERIZAÇÃOSituada na região do extremo sul da Bahia, PortoSeguro foi fundada em 1534. Localiza-se na regiãoque foi, oficialmente, a primeira a ser descoberta pelosnavegadores portugueses no atual território brasileiro.Praticamente a totalidade de suas construções é tombadapelo Instituto do Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional (Iphan), não sendo permitida a construçãode prédios altos na cidade (com mais de dois andares).A população estimada do município, em 2013,era de 41.006 habitantes, segundo Instituto Brasileirode Geografia e Estatística (IBGE).Cortado pelo Rio Buranhém, o município é, hoje,considerado um dos mais importantes pontos turísticosdo Brasil, recebendo visitantes de todos os lugaresdo País e de vários pontos do mundo. Para acolhertantos turistas, conta com aproximadamente 45 milleitos, entre hotéis e pousadas. Além do turismo, háoutras atividades econômicas na região, como a extraçãomineral, a agricultura e a pecuária.Perfil epidemiológicoEntre os anos de 2009 e 2012, observou-se umaredução no número total de nascimentos na microrre-


97gião. Segundo dados do Sistema de Informações sobreNascidos Vivos/Datasus (Sinasc) esta redução, em2012, representou 231 nascimentos a menos, se comparadocom o ano de 2009. Do total de nascidos vivosentre 2009 e 2012, Porto Seguro concentra 38,57%.O perfil das causas de mortes em Porto Segurotem mudado de forma importante nas últimas décadas.A transição epidemiológica e demográfica vemocorrendo de forma acelerada. O envelhecimentoda população e a redução das causas de mortes pordoenças infecciosas e parasitárias, além do crescimentoacelerado das mortes por causas externas epor doenças do aparelho circulatório vêm delineandoum novo cenário para atuação da saúde pública.1 responsável pelos Caps Álcool e Drogas (AD) e Infânciae Adolescência (IA); 4 atuam nas equipes dosNasf, 1 responsável pela rede de urgência e emergênciae 1 lotado na Vigilância Epidemiológica.Estruturação da rede de saúdeA Secretaria Municipal de Saúde tem como missãoplanejar e executar as ações de saúde em PortoSeguro, visando à efetivação do Sistema Único deSaúde (SUS), com a garantia dos princípios da universalidade,equidade e integralidade da atenção àsaúde e o compromisso com a defesa da vida.A Atenção Básica dispõe de 35 equipes da EstratégiaSaúde da Família (ESF); 4 Núcleos de Apoioà Saúde da Família (Nasf); e 2 Academias da Saúde.Para os atendimentos de média e alta complexidade,possui 1 Unidade de Pronto Atendimento (UPA); 1hospital municipal; 2 prontos-socorros; 1 Serviço deAtendimento Móvel de Urgência (Samu); 3 Centros deAtenção Psicossocial (Caps); 1 Centro de Fisioterapia;1 Farmácia Popular; 1 Centro de Especialidade Odontológica(CEO) e 1 Serviço Assistência Especializada/Centro Testagem Aconselhamento (SAE/CTA).Assistência farmacêuticaA assistência farmacêutica (AF) é responsávelpela distribuição de medicamentos em toda a redemunicipal, da Atenção Básica a Alta Complexidade,atendendo às Unidades Básicas de Saúde (UBSs), oHospital Municipal, os Prontos Atendimentos Trancosoe Arraial, a UPA, o Samu, o SAE e os Caps. Alémdestes, a Secretaria Municipal de Saúde fornece medicamentosdo Componente Básico para a SecretariaEspecial de Saúde Indígena (Sesai).O município conta com 13 farmacêuticos, sendo1 superintendente da AF, 2 na Farmácia Popular, 1responsável pelo Componente Especializado, 1 responsávelpelo SAE/CTA, 1 responsável pelo Caps II,Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF)RELATO DA EXPERIÊNCIAO objetivo geral dessa experiência é demonstraros avanços da gestão da AF no município dePorto Seguro, nos últimos dois anos, por meio daimplantação de um modelo organizacional paraestruturação da rede de serviços da assistênciafarmacêutica. Os objetivos específicos foramreestruturar as instalações físicas da Central deAbastecimento Farmacêutico (CAF), respeitandoas boas práticas de armazenamento; implantarum sistema informatizado na CAF que permitissea distribuição, por meio de lote e validade do produto,além da emissão de relatórios; reestruturaros programas da assistência farmacêutica paramelhor atender aos usuários; organizar as farmáciasdas UBSs com a aquisição de equipamentos emobiliário; promover a educação continuada dosprofissionais da AF, melhorando a qualidade dosserviços farmacêuticos prestados.METODOLOGIAA metodologia utilizada para esse relato de experiênciaserá por meio da exposição da situaçãoencontrada na AF do município de Porto Seguro emjaneiro de 2013. Descreveremos sobre as condiçõesde armazenamento da Central de Abastecimento Farmacêuticoe a disparidade com as boas práticas de


98armazenamento. A logística de funcionamento dosprogramas da AF que deveriam estar sob a gerênciade um farmacêutico também faz parte do relato. Paraisso, serão apresentadas algumas fotos com as melhorias,identificando o antes e depois, e análise sobrea importância do farmacêutico na gestão dos medicamentos.Descrição da experiênciaEm janeiro de 2013, a Central de AbastecimentoFarmacêutico (CAF) funcionava num prédio localizadonum bairro de acesso ruim, o que prejudicava orecebimento dos medicamentos, bem como a distribuiçãopara as unidades de saúde, e o horário de funcionamentoera das 8h às 15h.A CAF possuía uma estrutura física precária,com paredes sem reboco, encanação de água expostae saída de esgoto sem ralos. Antes da CAF,ali funcionava um laboratório. Ao ser transferido,o serviço deixou para trás alguns equipamentoscomo destilador de água de parede, sem utilidadepara as novas funções do prédio.O teto apresentava rachaduras e, quando chovia,os medicamentos molhavam. Não havia prateleirassuficientes para o acondicionamento dos medicamentos,que eram acomodados nas bancadas do antigolaboratório.O prédio dispunha de cinco aparelhos de arcondicionado, no entanto, apenas dois estavam funcionando.Os medicamentos eram armazenados emcontato com a parede, fora da ordem. As formas farmacêuticasestavam misturadas e havia medicamentossujeitos a controle especial junto com os demais.A CAF não tinha Alvará Sanitário.O controle de estoque era feito por um programaque apresentava algumas incoerências,pois o Setor de Almoxarifado tinha acesso aositens da CAF, podendo movimentá-los (entrada esaída). Isso impossibilitava o controle real dosmedicamentos.ANTESDEPOISSobre a logística de funcionamento• O abastecimento das Unidades de Saúdeera feito semanalmente, por meio deuma planilha de solicitação, na qual nãoeram demonstradas entrada e saída dosmedicamentos na unidade, não permitindo avisualização do consumo em cada período.• A CAF e o almoxarifado dispunham de umúnico veículo.• Havia atendimento para dispensação de medicamentoscontrolados apenas dois dias dasemana na farmácia da policlínica e um diana Unidade de Saúde Mercado do Povo.• Os medicamentos estratégicos de responsabilidadeda AF estavam sob o gerenciamento daVigilância Epidemiológica.• O medicamento talidomida era dispensadoem receituário comum e o livro de registro,preenchido a lápis.


99• Os métodos contraceptivos eram solicitadospelos atendentes de farmácia, juntamentecom os demais medicamentos, sem qualquerrelatório de pacientes cadastrados.• As insulinas NPH e regular, bem como os insumospara diabéticos, eram solicitados pelosatendentes de farmácia das unidades desaúde, que faziam a dispensação destes itenssem qualquer relatório de usuários.• A vitamina A, do programa Alimentação eNutrição, estava sob o gerenciamento daAtenção Básica.• Não foi encontrado qualquer registro de consumomensal, nem tampouco relação dos medicamentosda CAF e demais setores por estaatendidos, como o Hospital Municipal de PortoSeguro, a UPA, os Prontos Atendimentos Arraiale Trancoso, o Samu, o Caps II, AD e IA e SAE.• As farmácias das unidades de saúde acondicionavamos medicamentos a serem dispensadosaos pacientes em caixas de papelão ou bandejasplásticas desproporcionais às prateleiras.Intervenções realizadasInicialmente, os medicamentos organizados porordem alfabética e forma farmacêutica. Foram definidosespaços para comprimidos e cápsulas, líquidos,cremes e pomadas, injetáveis e controlados.Em março de 2013, foi implantado o Sistema deGerenciamento da Assistência Farmacêutica (sistemaHórus), disponibilizado pelo Ministério da Saúde, deforma gratuita. Foi realizado um treinamento com osatendentes de farmácia para definir novo fluxo de solicitaçãode medicamentos e orientar com relação aoatendimento aos pacientes.Sobre a logística de funcionamento, algumasalterações permitiram o melhor controle dos medicamentose aprimoramento dos serviços da AF.• O abastecimento das unidades de saúdepassou a ser quinzenal, por meio de umanova planilha de solicitação, na qual sãodemonstrados o estoque anterior, a entrada,a saída, o estoque atual e a solicitação.• Atualmente a CAF dispõe de um veículo exclusivo.• O atendimento para dispensação dos medicamentoscontrolados na policlínica passoua ser realizado de segunda à sexta, das 8h às16h, com farmacêutico presente em tempointegral. O atendimento, antes realizado naUnidade do Mercado do Povo, foi suspensotendo em vista o novo horário de funcionamentode dispensação na policlínica etambém pelo aumento da demanda para afarmacêutica do Nasf, que era responsávelpela dispensação. A dispensação também érealizada uma vez por semana nos ProntosAtendimentos de Trancoso e Arraial Bairro.• O gerenciamento dos medicamentos estratégicospassou a ser de responsabilidadeda AF. Foi definido, com a Vigilância Epidemiológica,o fluxo para o atendimento dasunidades de saúde.• Foi cadastrada uma médica de referência paratuberculose e hanseníase, que solicitou à 8ªDiretoria Regional da Bahia, o talonário dereceituário específico para talidomida.• Foi estabelecido, junto com a Atenção Básica,um fluxo para dispensação dos métodoscontraceptivos, insulinas NPH e regular,e demais insumos para diabéticos. A equipede enfermagem preenche o relatório com onúmero de pacientes cadastrados nos programas,informa o estoque existente e faz asolicitação. Estes dados são enviados à coordenaçãode cada programa. As coordenaçõesencaminham os relatórios à CAF.• A dispensação da vitamina A, do programaAlimentação e Nutrição, passou a ser gerenciadapela AF. O medicamento é distribuídoàs unidades de saúde por meio de relatórioenviado pela coordenação do programa.• Hoje, cada unidade de saúde conta com umfarmacêutico responsável técnico, elenco demedicamentos pactuado e consumo mensalpré-definido.• A Secretaria Municipal de Saúde adquiriu caixasplásticas organizadoras para todas as farmáciasdas unidades de saúde, e 10 unidadesjá foram reestruturadas.Em dezembro de 2013, foram inauguradas asnovas instalações da Central de AbastecimentoFarmacêutico. O espaço é amplo, com estruturafísica adequada, climatizada e localização adequadaao recebimento e distribuição de medicamentos.


100ANTESDEPOISEstrutura física e organizacional antes e depois do processo de intervenção da gestão FarmacêuticaDescrição dos impactos geradoscom esta experiênciaAs adequações proporcionaram os resultados esperados.Hoje, o município dispõe de uma rede deserviços farmacêuticos estruturada, com Manual daAssistência Farmacêutica e farmacêuticos atuantesno SUS. O atendimento às unidades de saúde se tornoumais eficiente, sendo possível o monitoramentodo controle de estoque por meio da planilha de solicitação.Outro grande impacto que pode ser percebidofoi a redução de perdas de medicamentos, pois coma aferição do consumo mensal é possível fazer umplanejamento correto das aquisições de medicamentospara suprir as necessidades das unidades de saúde.A implantação do sistema Hórus permite rastreara distribuição de medicamentos por meio dos lotes,sendo possível o recolhimento dos mesmos em casode suspensão por parte da Anvisa.A nova estrutura física da CAF facilitou a distribuiçãodos medicamentos devido à sua localizaçãoestratégica, além de oferecer condições adequadas dearmazenamento. Hoje, a unidade tem Alvará Sanitário,o que comprova sua adequação às normativas vigentes.Próximos passos, desafios e necessidadesAinda há muito a avançar e o próximo passo éa implantação do sistema Hórus nas farmácias dasunidades de saúde. Assim será possível garantir umcontrole de estoque mais efetivo e uma dispensaçãointeligente, em que o paciente não precisará se deslocaraté várias unidades para retirar seus medicamentos.A medida ainda resultará na racionalizaçãodos gastos com medicamentos.Um passo importante será garantir a presença dofarmacêutico nas unidades de saúde, a fim de que opaciente tenha uma assistência de qualidade e sejadevidamente orientado sobre o uso racional do medicamento.REFERÊNCIAS Acessoem 04 de fevereiro de <strong>2015</strong>.PORTO SEGURO: Secretaria Municipal de Saúde.Plano Municipal de Saúde de Porto Seguro 2014-2017.Porto Seguro, <strong>2015</strong>. p. 16 a 152.INSTITUIÇÃOSecretaria Municipal de Saúde de Porto Seguro - BAAUTORESIbis Silva CarvalhoEdna de Souza Alves SantosCONTATOaf_portoseguro@hotmail.com


101Teresina/PIPonte Estaiada Mestre Isidoro França, sobre o Rio Poti, Teresina (PI)O impacto da atuaçãode farmacêuticos na gestão daassistência farmacêutica em Teresina (PI)CARACTERIZAÇÃOTeresina, capital do Piauí, localiza-se na regiãoconhecida como meio norte do Estado, numa área entreos rios Poti e Parnaíba, situando-se a 350 km dolitoral. Segundo dados de 2010 do Instituto Brasileirode Geografia e Estatística (IBGE), apresenta uma populaçãode 814.230 habitantes, sendo a maioria compostapor mulheres (53,25%). O índice de habitantesalfabetizados é de 83,64%. Com área de 1.391.981km 2 e densidade demográfica de 584,94 hab/km², acapital apresentou um Índice de Desenvolvimento HumanoMunicipal (IDHM) - 2010, de 0,751.Destacando-se no quesito de prestação de serviços,a capital possui uma rede de ensino avançada.Também atrai milhares de pessoas que buscam tratamentosde saúde, pois é um centro de referênciaregional.Perfil epidemiológicoA realidade da população de Teresina não difereda realidade da população das demais capitais brasileiras.A capital apresenta um perfil de saúde-doençasimilar ao verificado atualmente no Brasil. Uma parcelasignificativa é acometida por doenças crônicas, entreelas hipertensão e diabetes. Segundo dados de 2013,do Ministério da Saúde, o índice médio de hipertensosfoi de 7,3%, sendo a média nacional de 9,5%, isto considerandoapenas famílias cadastradas no Sistema de


102Informação da Atenção Básica (Siab). Para diabetes,considerando o mesmo cenário da análise anterior, aporcentagem foi de 1,7% e a nacional de 2,3%.Dados da Secretaria de Planejamento de Teresinae do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM),do Ministério da Saúde mostram que as doenças queacometem o aparelho circulatório são responsáveispelo maior número de óbitos (6.834 casos), acompanhadosdas causas externas (3.010 óbitos).Estruturação da rede de saúdeDesde a reforma administrativa, em 2013, o SUSem Teresina operacionaliza-se em torno da FundaçãoMunicipal de Saúde (FMS) e Fundação Hospitalar deTeresina (FHT), ambas coordenadas pela SecretariaMunicipal de Saúde (SMS).A FMS é responsável pela Atenção Básica do município,que conta com uma cobertura aproximada de95% pela Estratégia de Saúde da Família (ESF). São258 equipes, 3 Núcleos de Apoio à Saúde da Família(Nasf) e 90 Unidades Básicas de Saúde (UBS) distribuídasem 3 regiões de saúde, sendo 19 delas na zonarural. A FMS conta, ainda, com seis Caps, sendo quatroCaps II; um Caps Álcool e Drogas (AD II) e um Caps <strong>III</strong>.A rede assistencial da FHT é composta pelo Serviçode Atendimento Móvel de Urgência (Samu), por10 hospitais de pequeno e médio porte, sendo que,4 destes, ofertam serviços de maternidade; e peloHospital de Urgência de Teresina (HUT) que é o maiorhospital público do Piauí, uma referência com seusquase 300 leitos para a população local e todo oPiauí, além de outros estados.Assistência farmacêuticaA assistência farmacêutica (AF) em Teresina organiza-senas gerências de AF das duas fundaçõesde saúde. Ambas possuem Centrais de AbastecimentoFarmacêutico (CAF) independentes e, além destasduas, o HUT possui CAF e gerência de farmácia própria,devido às características peculiares do hospital.Desde 2013, farmacêuticos assumiram a gestãoda AF nas duas fundações. Cabe ressaltar que,da equipe de 25 farmacêuticos atuantes na AF emTeresina, cinco já são especialistas em gestão da AF,pós-graduados por meio do programa do Ministérioda Saúde, e outros cinco estão em processo de conclusãoda mesma especialização.Cada Diretoria Regional de Saúde da FMS contacom um farmacêutico realizando a supervisão dasUBS. Além disso, a fundação conta com um farmacêuticosupervisor dos Caps, uma gerente farmacêutica,uma farmacêutica responsável técnica pela CAF e umfarmacêutico supervisor das ações da AF, além do secretárioda Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT).A FHT conta com uma equipe de 13 farmacêuticosno HUT. Na gestão, a FHT conta com um gerentefarmacêutico da AF da rede hospitalar, um farmacêuticono Núcleo de Planejamento, um farmacêuticogerente do HUT e um farmacêutico na CAF.Em 2014, o gasto per capita anual com medicamentosda Atenção Básica e de uso hospitalar foi deaproximadamente R$ 21,48.RELATO DA EXPERIÊNCIAEsta experiência foi realizada com os seguintesobjetivos:• Levantar os principais impactos relacionadosà atuação do farmacêutico na gestão da AFde Teresina (PI).• Analisar qualitativamente e quantitativamenteo elenco de medicamentos padronizadosem Teresina (PI) após a inserção dofarmacêutico na gestão da AF.• Comparar as atividades realizadas e planejadaspela gestão da AF em Teresina (PI), antese depois da inserção do farmacêutico diretamentenas atividades de gestão.• Analisar o impacto financeiro da padronizaçãode medicamentos na Atenção Básica.• Destacar a importância de ações educativasna propagação dos conhecimentos pertinentesà AF.METODOLOGIAO primeiro passo para a organização da AF em Teresina(PI) foi a inserção do farmacêutico diretamente nagestão. A partir daí, foi realizado um diagnóstico situacionale identificadas as possíveis intervenções a seremexecutadas em curto e longo prazo. Dessa forma, nesseestudo foram descritas as principais ações realizadas eplanejadas no período de 2013 a 2014. Além disso, foirealizada a análise comparativa do panorama dos serviçosde AF antes e depois da inserção do farmacêutico.


1<strong>03</strong>Descrição da experiênciaApós a inserção dos farmacêuticos na gestão daAF, significativos avanços nas ações pertinentes aessa área puderam ser observados. As atividades ecompetências da AF tornaram-se visíveis à gestão,aos outros profissionais da saúde e à população, queem determinadas atividades contavam com o auxíliodireto do farmacêutico.O quadro a seguir mostra a realidade encontradano diagnóstico situacional, as intervenções realizadase os principais resultados obtidos.Diagnóstico situacional Intervenções realizadas Resultados obtidos1. Ausência de revisão periódica doelenco de medicamentos (última revisãoem 2009).2. Necessidade de melhorias estruturaise logísticas nas CAFs da FMSe FHT.3. Assistência farmacêutica presentenos instrumentos formais de planejamento– Plano Plurianual (PPA); ProgramaçãoAnual de Saúde (PAS); e Leide Diretrizes Orçamentárias (LDO) –,sem relatar a real necessidade dentrodo sistema.4. Necessidade de qualificação dasações da AF em todos os níveis deatenção à saúde da rede.1.1 Constatação da necessidade de criação daComissão de Farmácia e Terapêutica (CFT).1.2 Adequação da padronização de medicamentosde acordo com a Relação Nacional deMedicamentos Essenciais (Rename) vigente.1.3 Participação de farmacêuticos na análise erevisão do elenco de medicamentos e insumos,à medida que as renovações de licitações fossemacontecendo.1.4 Minimização da defasagem de padronizaçãodos hospitais de pequeno e médio porteem relação ao HUT.2.1 Ressaltar formalmente junto às instânciassuperiores a importância de estruturação dasCAFs, a partir da visão dos farmacêuticos, adequando-seàs legislações vigentes.2.2 Apresentar a possibilidade de utilizaçãode recursos oriundos da Portaria Ministerial1.555/2013, de financiamento da AF Básica,para estruturação física.3.1 Inclusão de ações e metas específicas envolvendotodas as etapas do ciclo da assistênciafarmacêutica na PAS e PPA.3.2 Definição de dotação orçamentária exclusivapara medicamentos no PPA.4.1 Treinamento de servidores envolvidos diretamentena AF da Atenção Básica, realizadapelos farmacêuticos da FMS.4.2 Elaboração e distribuição de guia deboas práticas em farmácia para todos os estabelecimentosde saúde da Atenção Básica.4.3 Elaboração de um guia farmacoterapêuticopara os hospitais de pequeno e médio porteda FHT;4.4 Elaboração de nota técnica e treinamentoin loco em todas UBS a respeito do acesso ainsumos para diabetes.- Publicação da portaria de criação e nomeaçãodos integrantes da CFT da FMS.- Publicação da portaria de Relação de MedicamentosMunicipais Essenciais (Remume),realizada e atualizada periodicamente pela CFT.- Utilização do elenco de medicamentos daFHT, revisado e padronizado, em toda a redehospitalar.- Promoção do acesso seguro e uso racionaldos medicamentos.- Aprovação da reforma das CAFs municipaiscom dotação orçamentária específica, com reformada CAF-FMS já iniciada.- Aquisição de veículo de pequeno porte, adicionalà frota de caminhões aprovada paramelhoria da logística de distribuição.- Aquisição de equipamentos como estrados,estantes etc.- Procedimentos Operacionais Padrão (POP)elaborados e implementados nas CAFs.- Reconhecimento da AF como eixo estruturantedos serviços de saúde.- Planejamento e avalição sistemática dasações da AF.- Monitoramento dos recursos financeiros aplicadosna aquisição de medicamentos.- Disponibilização de instrumentos e recursossobre a padronização de medicamentos, propiciandosubsídios para os profissionais da saúdeda rede quanto às classes de medicamentosdisponíveis e futuras revisões de elenco.- Regulamentação no atendimento aos pacientesdiabéticos insulinodependentes quantoà distribuição dos insumos para diabetes,conforme a Portaria MS 2583/2007, por meiode nota técnica da Gerência de AF da FMS.


104Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaOs resultados e impactos gerados pela inserçãodo farmacêutico na gestão da AF podem serobservados na rotina dos serviços nos quais jáexiste um reconhecimento da AF como eixo estruturanteda rede assistencial e não apenas nafunção de abastecimento. Os principais impactossão exemplificados abaixo:• Com a criação da Comissão de Farmácia e Terapêutica(CFT), da FMS, foi possível a padronizaçãodos medicamentos da Atenção Básicapor meio da publicação da Remume. Assim,adequou-se o elenco de medicamentos paramelhor suprir às necessidades da população,evidenciado pela diminuição das solicitaçõesde medicamentos de forma administrativa,bem como por demandas judiciais.• A otimização da aplicação de recursos financeiros,principalmente ao priorizar a aquisiçãode medicamentos constantes na Renamee financiáveis de modo tripartite na AtençãoBásica, possibilitou a redução dos custos emaproximadamente 19% em relação ao ano anterior(gráfico 1);• Ampliação em 80% no elenco de medicamentos(gráfico 2) e em 48,8% da lista de materiaismédico-hospitalares disponibilizadospara os hospitais de pequeno e médio porteda FHT, aumentando a resolutividade dosmesmos;• A partir da elaboração e distribuição de manuaisde boas práticas em farmácia e a elaboraçãode POPs para serem executados nasCAFs, possibilitou-se uma padronização dosserviços, a resolução de dúvidas frequentese a possibilidade de aprendizado e realizaçãodos serviços por funcionários novos, em ocasiãode mudanças no quadro de servidores;• Fornecimento de subsídios para a prescrição,armazenamento e distribuição de medicamentospadronizados por meio da elaboraçãode um guia farmacoterapêutico para oshospitais de pequeno e médio porte da FHT(figura 1), contendo a classificação dos medicamentospor Grupo Anatômico, Químico eTerapêutico (ATC), tabela de diluição e estabilidade,lista de medicamentos de alta vigilância,dentre outras, a fim de racionalizar autilização dos medicamentos;• O treinamento dos servidores envolvidos diretamentena Atenção Básica (figura 2) favoreceua promoção de um atendimento maishumanizado à população e possibilitou a prevençãode problemas corriqueiros relacionadosàs atividades de rotina das farmácias dasUnidades Básicas de Saúde, dando maior segurançae conhecimento aos servidores sobreas atividades de saúde por eles realizadas.• Otimização do planejamento financeiro eoperacional da AF por meio da definição dedotação orçamentária específica para a aquisiçãode medicamentos;• Monitoramento dos recursos destinados àaquisição de medicamentos da Atenção Básica,conforme Portaria nº 1.555/2013 e repassefinanceiro da Secretaria Estadual de Saúde(SES);• Inserção do farmacêutico nos processos deaquisição de medicamentos e materiais, desdea elaboração de editais, análise das amostrasdos itens, análise de documentações epesquisa no Banco de Preços em Saúde (BPS)e na Câmara de Regulação do Mercado de medicamentos(Cmed), até a formulação de parecerestécnicos para orientação da Comissãode Licitação.Gráfico 01: Redução dos custos financeiros em aproximadamente19% na aquisição de medicamentos da Atenção Básica a partir daintervenção do farmacêutico na gestão da assistência farmacêuticaGráfico 02: Acréscimo do número de itens de medicamentos padronizadospara hospitais de pequeno e médio porte a partir da intervençãodo farmacêutico na gestão da assistência farmacêutica


105Resultado esperadoCom a aprovação das reformas das Centraisde Abastecimento Farmacêutico da FMS e FHT serápossível realizar adequações nos procedimentos derecebimento, armazenamento e distribuição dos medicamentos,proporcionando um melhor controle deestoque e garantindo que os medicamentos mantenhamas suas características de qualidade até quesejam oferecidos ao usuário.• Manter a Remume atualizada periodicamente,por meio da CFT, conforme as necessidadesda população.• Inserção do profissional na equipe do Nasf,integrando-o às outras áreas de saúde quecompõem a equipe, como também com a população,promovendo o uso seguro e racionalde medicamentos.Próximos passos, desafios e necessidadesA partir da estruturação básica da AF (estruturafísica das CAFs e logística de padronização, financiamento,abastecimento e distribuição de medicamentos),vários outros desafios e necessidades seapresentam. Muitos obstáculos ainda precisam serenfrentados, apesar dos inúmeros avanços observadosnesta área na capital do Piauí. A seguir destacam-seos próximos desafios a serem enfrentados:• Promover a estruturação dos pontos de dispensaçãode medicamentos, fornecendo-lhesos meios necessários para o recebimento, armazenamentoe dispensação adequados dosinsumos, garantindo assim maior segurançae a qualidade necessária para a população;• Integração dos pedidos de abastecimento dasunidades de saúde consumidoras às CAFs pormeio de sistema informatizado, promovendoum melhor controle de estoque e criação deum banco de dados mais eficiente.• Inserção de farmacêuticos em pontos chavede dispensação de medicamentos comonos Caps e nos hospitais de pequeno e médioporte que ainda não contam com o profissional;• Educação permanente e contínua de todos osprofissionais envolvidos com a AF municipal;• Criação da Comissão de Farmácia e Terapêuticada FHT.Figura 1: Treinamento sobre boas práticas em Farmácia aos servidoresdas farmácias das Unidades de Atenção Básica da FMSFigura 2: Capa do Guia Farmacoterapêutico dos medicamentos padronizadospara os hospitais de pequeno e médio porte da FundaçãoHospitalar de Teresina


106CONCLUSÃOOs resultados observados por meio deste relato deexperiência mostram o potencial do farmacêuticona gestão da AF. A combinação dos conhecimentostécnicos e habilidades gerenciais desse profissionalpossibilitaram avanços principalmenterelacionados à seleção e uso racional de medicamentos,otimização dos recursos aplicados, capacitaçãode recursos humanos e estruturação físicae logística.Dessa forma, desde que o farmacêutico gestoratue de forma integrada aos outros setores dasaúde, a inserção deste profissional, diretamenteem cargos de gestão da AF, impacta positivamentena melhoria dos serviços ao usuário do SUS,sua atuação amplia os olhares dos outros gestorespara as questões técnicas inerentes ao ciclo da AFaliadas ao entendimento desta área como componenteimprescindível do planejamento e execuçãodos serviços de saúde.INSTITUIÇÃOSecretaria Municipal de Saúde de TeresinaAUTORESRafael Portela Fontenele(Farmacêutico gerente de assistência farmacêutica - FHT)Juliana Lima Nascimento(Farmacêutica gerente de assistência farmacêutica - FMS)Handerson Rodrigues Silva Lima(Farmacêutico responsável técnico da CAF-FMS)Tairo Janilson Cesar de Oliveira(Farmacêutico do Núcleo de Planejamento da Assistência Farmacêutica- FHT)Clarissa Castelo Branco Ribeiro(Farmacêutica da CAF-FMS)CONTATOSrafaelpfontenele@gmail.comsms.gabinete@hotmail.com


107Ubajara/CEIgreja São José, Ubajara (CE)A estruturação daassistência farmacêutica narede municipal de saúdeCARACTERIZAÇÃOO município de Ubajara está situado na regiãonorte do Estado do Ceará, pertencente à 13ª Regiãode Saúde, que faz parte da 2ª macrorregião. Possui32.147 habitantes e 421,04 km² de área, segundo dadosdo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), de 2011.Perfil epidemiológicoSegundo dados do Sistema de Informação sobreMortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, as trêsprincipais causas de óbitos em Ubajara são as doençasdo aparelho circulatório, as neoplasias e as causasexternas.


108Estruturação da rede de saúdeO município possui 17 Unidades Básicas de Saúde(UBS), sendo 16 vinculadas a equipes da EstratégiaSaúde da Família (ESF). Ubajara também possuium Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), umCentro de Atenção Psicossocial (Caps) e um hospitalmunicipal com capacidade inferior a 30 leitos.Nas unidades de saúde públicas trabalham 04médicos cubanos, do Programa Mais Médicos; 08 médicosdo Programa de Valorização da Atenção Básica(Provab); dois médicos contratados e dois médicosconcursados.A rede municipal conta, ainda, com dois farmacêuticosconcursados, sendo um no LaboratórioMunicipal de Análises Clínicas e o outro nagestão da assistência farmacêutica (AF) municipal.A rede pública municipal de saúde possui 17farmácias básicas, sendo 4 na zona urbana e 13na zona rural. O município possui 7 farmácias privadas,sendo duas credenciadas ao programa Aquitem Farmácia Popular.RELATO DA EXPERIÊNCIAOs objetivos desta experiência foram estruturara AF local, qualificar os recursos humanos, implantarum sistema informatizado, promover o uso racionalde medicamentos e o reconhecimento do farmacêuticono município de Ubajara (CE).METODOLOGIAA experiência descrita nesse relato tem comofoco o trabalho que a gestão da AF e o farmacêuticodesenvolvem na rede pública de saúde do município.Descrição da experiênciaInicialmente, o farmacêutico era contratado e aAF era subordinada à Coordenadoria da Atenção Primáriaà Saúde. Em 2008, houve a inserção do farmacêuticopor concurso público que, no ano seguinte,foi nomeado como coordenador da AF. Até então, osregistros de entradas e saídas referentes à distribuiçãode medicamentos às farmácias das UBS e de dispensaçõesdos medicamentos do Componente Especializadoeram realizados manualmente, pois não havia computadores,impressoras e sistema informatizado. Osequipamentos e mobiliários eram precários, inadequadosaos serviços da AF e em quantidades insuficientes.Buscando orientar as ações da gestão da AF, o farmacêuticose articulou com a comunidade, com as entidadese com os trabalhadores da saúde, e participou,ativamente, das oficinas de construção do Plano deSaúde do município para a gestão 2010-2013 e 2014-2017 e da Conferência Municipal de Saúde de 2011.Este profissional também contribuiu na elaboraçãoda Programação Anual de Saúde (PAS) e no RelatórioAnual de Gestão (RAG) e, no biênio 2009-2010, atuoucomo conselheiro, no Conselho Municipal de Saúde.Para qualificar os recursos humanos foram realizadosquatro cursos com carga horária de 40 horascada, em 2009. Custeados com recursos próprios, essescursos foram direcionados aos trabalhadores dasfarmácias das unidades de saúde. Em 2010, foramdois cursos para os agentes comunitários de saúde(ACS), ministrados por uma equipe multidisciplinarformada por farmacêutico, fonoaudiólogo, educadorfísico, nutricionista, fisioterapeuta e psicólogo. Noano seguinte, foi realizado um curso com carga horáriade 8 horas para os profissionais prescritores (médicos,enfermeiros e odontólogos).Os cursos para os ACSs e para os prescritores foramrealizados utilizando parte dos 15% do recurso municipal/estadualda assistência farmacêutica Básica, sendoeste recurso estabelecido por meio de portaria ministeriale resolução da Comissão Intergestores Bipartite(CIB) estadual. Foram abordados os seguintes temas:componentes da AF; a padronização de medicamentosno Sistema Único de Saúde (SUS) e a Relação Nacionalde Medicamentos (Rename); o Formulário TerapêuticoNacional (FTN); os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas(PCDT); o financiamento da AF e as baseslegais e regras básicas da prescrição.Ainda em 2010, o farmacêutico do municípioconcluiu a especialização em Gestão da AssistênciaFarmacêutica e, em 2013, a especialização em Gestãoem Economia da Saúde, sendo ambos os cursos promovidospelo Ministério da Saúde e Escola de SaúdePública do Ceará.Assim, em 2011, foi implantado o Sistema Nacionalde Gestão da AF (Hórus) - na Central de AbastecimentoFarmacêutico. Inicialmente, o sistema foioperado pelo Componente Básico/Estratégico. Em2013, começou a ser operacionalizado o cadastro, arenovação, a adequação e a dispensação de medicamentosdo Componente Especializado pelo sistemaHórus e a dispensação na Farmácia Central, que estavavinculada ao almoxarifado e à dispensação demedicamentos de Componente Básico/Estratégico.


109Sala de aula do Curso Básico de Assistência FarmacêuticaPara a estruturação da AF foram utilizados 15% dasoma dos valores dos recursos financeiros estaduais emunicipais do Componente Básico. A verba foi investidana adequação de espaço físico das farmácias (pintura,portas, forro, entre outros), aquisição de equipamentose mobiliário (mesa para computador, mesa auxiliar,computadores, impressoras, data-show, notebook, estantesde aço, escada, armários de aço com chave erefrigeradores) e na realização de atividades vinculadasà educação continuada voltada à qualificação dos recursoshumanos (cursos citados anteriormente).Posteriormente, o município foi contempladocom recursos financeiros do Programa Nacional deQualificação da AF (Qualifar-SUS), com R$ 76.400,00.Desse total, R$ 22.400,00 foi destinado à aquisição deequipamentos e mobiliários, e o restante, para contrataçãode serviços farmacêuticos – custeio de diárias egratificação ao coordenador da AF.Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaA gestão da assistência farmacêutica de Ubajararecebeu um prêmio, em 2009, “pelo reconhecimentodo trabalho realizado na AF municipal contribuindopara a melhoria da Saúde Pública do Estado do Ceará”,na I Oficina de Programação da Atenção Secundáriada AF do Ceará, em Meruoca (CE).Modelo de certificadoEncontro com os prescritores sobre a padronização de medicamentosEm 2012, Ubajara foi um dos 7 municípios areceberem nota ótima (selo ouro) no Projeto de Avaliaçãoda Assistência Farmacêutica Básica no Estado do Ceará,realizado pela Coordenadoria da AF do Estado do Ceará.Foram avaliados 183 municípios, entre maio e dezembrode 2012. Na avaliação foi utilizado o modelo unificadoAvedis Donabedian, baseado em três componentes docuidado em saúde – estrutura, processo e resultado.Foram pactuados 33 indicadores (ver lista abaixo).Os municípios que garantiram a classificação Ótimaobtiveram entre 130 e 145 pontos. Os piores avaliadosnão ultrapassaram 43 pontos. O município de Ubajararecebeu 130 pontos. O município de Maracanaú ficouem primeiro lugar (ver tabela abaixo).INDICADOR PONTUAÇÃO PESO RESPOSTAPONTUAÇÃOFINALRelação dos indicadores de estrutura1. Presença da assistência farmacêutica no organograma da Secretaria Municipal de Saúde 3 3 SIM 92. Existência de Plano Municipal de AF de 2009 a 2013 3 3 SIM 93. Inclusão da AF no Plano Municipal de Saúde 3 3 SIM 95. Presença de farmacêutico com qualificação em AF 3 3 SIM 96. Carga horária semanal dedicada às atividades de AF (exclusiva) 3 3 40h 9Continua na próxima página >>>


110INDICADOR PONTUAÇÃO PESO RESPOSTAPONTUAÇÃOFINALRelação dos indicadores de estrutura8. Existência de Relação Municipal de Medicamentos Essenciais além da lista pactuada na CIB 3 3 NÃO 09. Existência de mecanismo de divulgação aos prescritores da lista 3 3 SIM 910. Existência de uma Comissão de Farmácia e Terapêutica atuante 1 1 NÃO 011. Existência de Formulário Terapêutico 1 1 SIM 112. Existência de Protocolos Clínicos 1 1 SIM 113. Percentual de adequação às Boas Práticas de Armazenamento 3 3 93% 914. Existência de alvará de funcionamento atualizado emitido pela VISA do município 1 1 SIM 115. Existência de Procedimentos Operacionais Padrões (POPs) atualizados das atividades realizadas 3 2 SIM 616. Existência de registros de treinamento para os almoxarifes 2 2 NÃO 0Subtotal 83Relação dos indicadores de processo17. Existência de controle de estoque informatizado (Hórus) 3 3 SIM 918. Existência de registros de movimentação dos estoques 3 3 SIM 919. Existência de controle de dispensação por paciente que permita identificar as quantidades recebidas 2 2 NÃO 020. Percentual de adequação às Boas Práticas de Dispensação 3 2 80% 621. Existência de registros de queixas técnicas de desvios de qualidade de medicamentos 2 1 NÃO 022. Existência de prestação de contas do recurso destinado a organização dos serviços (estadual e municipal) 3 3 SIM 923. Existência de Relatório de Gestão 1 2 SIM 2Subtotal 35Relação dos Indicadores de Resultado24. Percentual de disponibilidade de medicamentos na CAF municipal da lista pactuada 3 3 71% 625. Percentual de disponibilidade dos medicamentos na maior unidade dispensadora do município 3 3 71% 6Subtotal 12Total 130Fonte: Projeto de Avaliação da Assistência Farmacêutica Básica no Estado do Ceará - Coordenadoria da AF do Estado do CearáPróximos passos, desafios e necessidadesAtualmente, estamos em fase de implantaçãodo sistema Hórus em quatro UBS situadas na zonaurbana do município para monitoramento e análisede informações da logística da AF. O desafio para aconcretização das ações e serviços é a obtenção defuncionários exclusivos para as farmácias de cadaUBS e a inserção do farmacêutico de acordo com onúmero de habitantes (per capita) ou pela quantidadede equipes de ESF. Com isso, seria possível melhoraro acesso e a adesão ao tratamento aos usuários,além de evitar as perdas de recursos financeiros porvalidade expirada. E para que o trabalho da gestão daassistência farmacêutica prossiga, é imprescindívela continuidade do repasse dos recursos estadual edo Qualifar-SUS (federal) e reformulação da PolíticaNacional da Assistência Farmacêutica (Pnaf) discriminandoos recursos humanos necessários para osserviços da AF no município.CONCLUSÃODiante do relato conclui-se que para a estruturaçãoe organização do trabalho da AF na rede públicamunicipal é necessário além da sensibilização do gestor,o incentivo financeiro, um sistema informatizado,qualificação dos recursos humanos e o reconhecimentodo trabalho da equipe da AF e do farmacêuticono SUS.INSTITUIÇÃOSecretaria de Saúde de Ubajara-CEAUTORESKamyla de Arruda PedrosaMaria Alessandra Carvalho AlbuquerqueGrijalva Parente da CostaCONTATOdollymila@yahoo.com.br


111Fortaleza/CEPraia de Iracema, Fortaleza (CE)Atenção farmacêuticadesenvolvida por alunos deFarmácia em unidade de saúdeCARACTERIZAÇÃOFortaleza, capital do Ceará, está situada naRegião Nordeste do país e apresenta extensão territorialde aproximadamente 315 km². Sua populaçãoera de 8.452.381 habitantes em 2010, segundoo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). O comércio diversificado é o maior geradorde riquezas da economia de Fortaleza. A produçãode calçados, produtos têxteis, couro, peles e alimentos,notadamente derivados do trigo, além daextração de minerais, são os segmentos mais fortesda indústria no município.Perfil epidemiológicoA população, idosa em sua maioria, é acometidapor diabetes e hipertensão, comorbidades que vêmcrescendo entre a população. Pesquisa do Ministérioda Saúde (Vigitel), realizada em 2013, aponta que21,3% dos fortalezenses são hipertensos. Entre estes,23,7% são do sexo feminino e 18,5%, do sexo masculino.Ainda segundo o estudo, 7,5% da população dacapital sofrem de diabetes.Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade(SIM), do Ministério da Saúde, disponíveis no


112banco de dados do Departamento de Informática doSistema Único de Saúde (Datasus), apontam que amortalidade geral vem crescendo em Fortaleza. Em2008 foram registrados 12.513 óbitos entre a populaçãoresidente. O número aumentou para 15.281 em2013, sendo apontadas como principais causas demorte as causas externas (3.335 óbitos), doenças doaparelho circulatório (3.124) e neoplasias (2.513).A taxa de mortalidade infantil para menores de umano – que estima o risco de morte dos nascidos vivosdurante o seu primeiro ano de vida – foi de 11,9 pormil nascidos vivos em 2010.Estruturação da rede de saúdeFortaleza é a cidade brasileira com o quinto pioratendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entreos 29 maiores municípios brasileiros, segundo dadosde 2011 do Índice de Desempenho do SUS (IDSUS),do Ministério da Saúde. O estudo, publicado a cadatrês anos, tem objetivo de verificar o desempenhodos serviços oferecidos pelo SUS nos municípios. Dezero a dez, a capital cearense obteve nota 5,18, ficandoabaixo da média nacional, que foi 5,4. Acimade Fortaleza, também com os piores índices, vieramBrasília (5,09), Maceió (5,04), Belém (4,57) e Rio deJaneiro (4,33).A rede municipal de saúde estrutura-se emsete regionais de saúde, às quais estão vinculadas91 Unidades Básicas de Saúde (UBS), 3 Unidades dePronto Atendimento (UPAs), 1 Centro de Atenção àSaúde do Homem (Cash), 3 Centros de EspecialidadesOdontológicas (CEOs), residências terapêuticas ondesão atendidos 30 pacientes egressos de hospitaispsiquiátricos e 14 Centros de Atenção Psicossocial(Caps). Entre os Caps, 6 são destinados ao atendimentode pacientes dependentes de álcool e drogas;6 ao atendimento geral e 2 ao atendimento infantile de adolescentes. A prevenção de doenças mentaisé feita por meio de duas Ocas de Saúde Comunitária,unidades de saúde que podem ser acessadas por meiodos Caps ou por demanda espontânea.A rede hospitalar do município conta com 1.206leitos assim distribuídos: Instituto José Frota (453),Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns Neumann(184), Hospital Distrital Nossa Senhora da Conceição(98), Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana-Gonzaguinha de Messejana (97), Hospital DistritalGonzaga Mota da Barra do Ceará-Gonzaguinhada Barra (79), Hospital Distrital Edmilson Barrosde Oliveira-Frotinha de Messejana (74), HospitalDistrital Evandro Ayres de Moura-Frotinha de AntonioBezerra (69), Hospital Distrital Maria José Barrosode Oliveira-Frotinha de Parangaba (64), HospitalDistrital Gonzaga Mota do José Walter-Gonzaguinhado José Walter (58) e Centro de Assistência a CriançaLúcia de Fátima (30).Assistência farmacêuticaAssistência farmacêutica (AF) trata de um conjuntode ações voltadas à promoção, proteção e recuperaçãoda saúde, tanto individual como coletiva,tendo o medicamento como insumo essencial e visandoo acesso e ao seu uso racional. Este conjuntoenvolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produçãode medicamentos e insumos, bem como a sua seleção,programação, aquisição, distribuição, dispensação,garantia da qualidade dos produtos e serviços,acompanhamento e avaliação de sua utilização, naperspectiva da obtenção de resultados concretos e damelhoria da qualidade de vida da população (Resoluçãonº 338/2004 – CNS).Em 2007, o Estado do Ceará criou a Coordenadoriade Assistência Farmacêutica (Coasf), para abrangero conjunto de ações da AF. Órgão de execução programáticada Secretaria de Saúde do Estado, a Coordenadoriaconta, em sua estrutura, com três núcleos:Núcleo de Medicamentos de Caráter Excepcional (Numex),Núcleo de Fitoterápicos (Nufito) e Núcleo deMedicamentos Essenciais e Estratégicos (Numes). Nacapital, Fortaleza, a AF é coordenada pela Célula deAssistência Farmacêutica (Celaf), vinculada à Coordenadoriade Políticas e Organização das Redes deAtenção à Saúde (Copas).RELATO DA EXPERIÊNCIAEsta experiência tem como foco o desenvolvimentoda atenção farmacêutica a pacientes do Núcleode Atenção Médico-Integrada (Nami), da Universidadede Fortaleza (Unifor). Criado em 1978, o Namié referência para o Norte e Nordeste em serviços desaúde da atenção secundária e, em alguns casos, atéde alta complexidade. Instalado em uma estrutura de14 mil metros quadrados, desde 2004, realiza maisde 300 mil procedimentos por ano, beneficiando emtorno de 25 mil pacientes.O trabalho aqui relatado teve início para divulgaro serviço de atenção farmacêutica (intitulada pe-


113los atores da experiência de AtenFar) e acompanharpacientes na pós-consulta para orientá-los de formaclara com relação à terapia adequada. Foi realizadapor alunos do estágio em Atenção Farmacêutica.METODOLOGIAA pesquisa seguiu o modelo de estudo transversal,prospectivo, observacional e descritivo, tendosido realizada no Núcleo de Atenção Médico-Integrada(Nami), durante o período de agosto a novembrode 2014. O público-alvo da pesquisa foi compostopor 20 pacientes. A prática da atenção farmacêuticafoi realizada de acordo com o método Dáder de seguimentofarmacoterapêutico (TERCER CONSENSO DEGRANADA, 2007).Este método baseia-se na obtenção da históriafarmacoterapêutica do paciente, isto é, os problemasde saúde que ele apresenta e os medicamentos queutiliza, e na avaliação de seu estado de situação emuma data determinada, a fim de identificar e resolveros possíveis Problemas Relacionados aos Medicamentos(PRM) apresentados pelo paciente. Após essaidentificação, realizam-se as intervenções farmacêuticaspara resolver os PRMs e, posteriormente, avaliaros resultados obtidos. Para caracterizar a adesão dopaciente ao tratamento prescrito, utilizou-se o testede Morisky (MORISKY, GREEN, LEVINE, 1986) que écomposto por quatro perguntas, que objetivam avaliaro comportamento do paciente em relação ao usohabitual do medicamento.O paciente é classificado no grupo de alto graude adesão quando as respostas a todas as perguntassão negativas. Porém, quando pelo menos uma dasrespostas é afirmativa, o paciente é classificado nogrupo de baixo grau de adesão (SEWITCH, 20<strong>03</strong>). Estaavaliação permite discriminar se o comportamento debaixo grau de adesão é do tipo intencional ou nãointencional, sendo possível também caracterizar pacientesportadores de ambos os tipos de comportamentode baixa adesão.Os pacientes eram abordados após as consultasmédicas ou ao receberem seus medicamentos e seremesclarecidos sobre a AtenFar e a sua importânciapara o sucesso do tratamento. O acompanhamentofoi realizado em pelo menos três consultas, com basenos macrocomponentes da prática profissional para oexercício da AtenFar: educação em saúde (promoçãodo uso racional de medicamentos); orientação farmacêutica;dispensação de medicamentos; atendimentofarmacêutico; acompanhamento farmacoterapêutico;e registro sistemático das atividades (Consenso Brasileirode Atenção Farmacêutica, 2002).Descrição da experiênciaNa primeira consulta farmacêutica era feita aanamnese, sendo preenchida uma ficha de acompanhamentofarmacoterapêutico, e realizada uma breveorientação sobre os medicamentos em uso pelopaciente, e demais esclarecimentos que se fizessemnecessários. Em seguida, era agendada a consulta deretorno para a continuidade da AtenFar.Ao paciente, era solicitado que trouxesse todosos medicamentos que fizesse uso, inclusive medianteautomedicação, assim como resultados de exames.Na oportunidade, era avaliado o grau de compreensãoe adesão terapêutica. A análise dos medicamentospermitia identificar interações medicamentosase problemas relacionados ao medicamento. Quandonecessário, eram realizadas intervenções que foramacompanhadas nas consultas subsequentes.Descrição dos impactos geradoscom esta experiênciaO emprego do método Dáder no serviço de AFprestado aos usuários do Nami por parte dos alunosdurante esses quatro meses permitiu perceber a nãoadesão e a existência de dificuldades e dúvidas comrelação aos respectivos tratamentos. Apesar de setratar de doenças crônicas, houve a identificação deproblemas de necessidade e de eficácia relacionadosa medicamentos, além de interações decorrentes doaprazamento inadequado.O esclarecimento e aconselhamento dos pacientessobre a doença e seu tratamento possibilitou influenciarna mudança de hábitos e na adesão terapêutica.Por se tratar de um serviço interdisciplinar foipossível encaminhar o paciente a outro profissional,quando necessário. No período do estudo foram atendidos20 pacientes e observou-se uma boa aceitaçãodo serviço, pois 90% dos pacientes atendidos compareceramàs consultas subsequentes. O monitoramentopermitiu intervenções que resultaram em uma melhorasignificativa no estado geral dos pacientes.Para o relato desta experiência, foram selecionadostrês casos dentre os pacientes que receberam aAtenFar, descritos nas páginas a seguir.


114• L.F.M, 56 anos - hipertensa, asmática e comgastrite, a paciente faz uso de losartana 50mg, anlodipino 5 mg, hidroclorotiazida 25mg, Clenil® HFA 250 mcg, salbutamol spray,carbonato de cálcio 500 mg + vitamina D 200UI e omeprazol 20 mg. Faz caminhada, masnão segue nenhuma dieta; afirmou gostar dealimentos condimentados e com açúcar. Naprimeira consulta, realizou-se a aferição donível pressórico sendo observado que se encontravaelevado: 150 x 90 mmHg.A paciente foi então aconselhada a restringirsal e condimentos das refeições, substituir oaçúcar por adoçante e continuar com a práticada caminhada. Além disso, também recebeuorientação quanto à forma mais apropriadade usar seus medicamentos: ao levantar (às 6h), antes do café da manhã, tomar o omeprazol20 mg e, em seguida, a hidroclorotiazida25 mg; após o café da manhã, losartana 50mg e anlodipino 5 mg; 30 minutos depois,tomar o carbonato de cálcio + vitamina D. Ooutro comprimido de losartana 50 mg, à noite,após o jantar. O Clenil® HFA 250 mcg e osalbutamol spray, nas crises: 2 jatos 2 vezesao dia.Apesar das recomendações terem sido seguidas,nas consultas subsequentes a pacientecontinuou apresentando pressão alta: 160 x90 mmHg e 150 x 100 mmHg. Ela foi encaminhadaao médico para a solicitação darealização de exames laboratoriais, de modoa identificar algum problema de saúde nãotratado e a necessidade de mudança na terapia.Observou-se o problema de efetividadeao se verificar o nível pressórico elevado:150 x 90 mmHg, apesar do uso de terapiafarmacológica (PRM3 - o paciente apresentaum problema de saúde por uma inefetividadenão quantitativa da farmacoterapia). Naintervenção farmacêutica, buscou-se conscientizara paciente sobre a necessidade documprimento de dieta hipossódica e da adesãoterapêutica. A pressão arterial passou aser monitorada com regularidade, tendo sidoevidenciada a manutenção da hipertensão, oque sugeria a existência de problema de saúdenão tratado, em face do cumprimento dasrecomendações farmacêuticas. A paciente foiencaminhada ao médico para a realização deexames adicionais e análise mais criteriosada terapia medicamentosa.• J.A.V, 40 anos – este paciente tem históricofamiliar de diabetes e hipertensão e apresentaquadro clínico de diabetes, hipertensão ehiperlipidemia mista. Afirma que não ingerebebida alcoólica e não é fumante. Faz usode fenofibrato 200 mg, metformina 500 mg,losartana 50 mg, anlodipino 5 mg, Indapen®SR 1,5 mg, Antensina® 0,2 mg, atenolol 25mg, sinvastatina 20 mg, fluoxetina 20 mge Amplictil® 25 mg. Durante a atenção farmacêuticaverificou-se os níveis pressóricose glicêmicos (glicemia capilar). Na primeiraconsulta, a pressão arterial do paciente estavatão elevada que não pôde ser medida pormeio do aparelho automático de verificação.O índice glicêmico foi de 238 mg/dL. Ao serquestionado sobre a adesão, relatou que algumasvezes não fazia uso dos medicamentospor esquecimento ou confusão em relação àposologia.Para facilitar a compreensão da farmacoterapiae minimizar o risco de confusão organizou-seum quadro com os horários de administraçãodos medicamentos de acordo coma prescrição médica. Na segunda e terceiraconsultas, observou-se pressão arterial de130 x 80 mmHg e 140 x 90 mmHg, e níveisglicêmicos de 144 mg/dL e 296 mg/dL,respectivamente. Foi reforçada nas consultasa importância do seguimento de uma dietaadequada e o uso correto dos medicamentos,diariamente, para que houvesse sucesso naterapia e normalização dos seus níveis glicêmicos,a exemplo dos níveis pressóricos.Confirmou-se o problema de necessidade decorrenteda não adesão intencional (PRM 1- o paciente apresenta um problema de saúdepor não utilizar a farmacoterapia que necessita).O paciente recebeu orientação sobre oshorários mais apropriados de administraçãodos medicamentos, de acordo com a prescriçãomédica, evitando interações. Para facilitaro uso adequado da terapia medicamentosapelo paciente foi elaborado um planoterapêutico na forma de quadro ilustrativo.Nas consultas subsequentes houve reforço daorientação sobre a importância do seguimen-


115to de dieta e do uso correto da medicação, demodo a garantir sucesso na terapia e normalizaçãodos seus níveis pressóricos e glicêmicos.• S.M.O, 48 anos - paciente com histórico dehipotireoidismo, cirurgia de câncer de mama,anemia e depressão. Níveis pressóricos e glicêmicosnormais. Faz uso de Puran® T4 112mg, ácido fólico 2 mg, Neutrofer® 300 mg,Centrum select®, fluoxetina 20 mg, Rivotril®2,5 mg/mL, Zoladex® 3,6 mg, Citoneurim®5000 UI, Amato® 50mg, Dolamin® Flex125mg/5mg, carbonato de cálcio 500 mg +vitamina D 200 UI.A orientação farmacêutica foi tomar 1 comprimidode Puran® T4 112 mg antes do caféda manhã; 2 comprimidos de fluoxetina 20mg 30 minutos depois do café da manhã; 1comprimido de Amato® 50 mg 30 minutosdepois da fluoxetina 20 mg e 1 comprimido30 minutos depois do jantar; 1 comprimidode Dolamin® Flex 125mg/5mg 30 minutosdepois do comprimido de Amato® 50 mg tomadopela manhã, 1 comprimido 30 minutosdepois do almoço e 1 comprimido 30 minutosdepois do comprimido de Amato® 50 mgtomado à noite; 1 comprimido de Centrumselect® entre o café e o almoço; 1 comprimidode Neutrofer® 300 mg 30 minutos antesdo almoço; 1 comprimido de carbonatode cálcio 500 mg + vitamina D 200 UI 30minutos depois do almoço; e 15 gotas de Rivotril®2,5 mg/mL à noite antes de dormir.O ácido fólico 2 mg deveria ser tomado umavez por semana; Zoladex® 3,6 mg uma vezpor mês e o Citoneurim® 5000 UI de dois emdois meses.A paciente havia passado por uma mastectomiae era bastante consciente sobre a importânciado uso de seus medicamentos, e porcausa de sua situação estava com depressão.Na oportunidade, valorizou-se a parte emocional,com a escuta atenta de seus relatose preocupações. Observou-se que a pacientenão aderia à terapia adequadamente, oque comprometia a eficácia. Neste sentido,ressaltou-se a importância do cumprimentodo esquema posológico, sendo montado umplano terapêutico, visando à aderência, paraque ela pudesse ter uma melhor qualidade devida. A paciente foi encaminhada para atendimentopsicológico. Não foi detectado nenhumPRM. Foi trabalhada mais intensamentea parte emocional, a escuta e a orientaçãofarmacêutica.Próximos passos, desafios e necessidadesA prática da atenção farmacêutica é de fundamentalimportância para a adequada terapêuticado paciente. O farmacêutico está apto a orientarsobre o medicamento e, assim, auxiliar na pós--consulta médica, esclarecendo possíveis dúvidasdo paciente. A partir dos serviços prestados poralunos do estágio em atenção farmacêutica aospacientes do Núcleo de Atenção Médico-Integrada(Nami), percebeu-se que a inserção do profissionalem formação no cenário de prática é extremamenteimportante.O trabalho permitiu uma melhor percepção darealidade dos pacientes no âmbito do SUS; o empregode técnicas de habilidade de comunicação com opaciente e demais profissionais da saúde; e a capacitaçãopara elaboração de plano terapêutico e intervenção,visando à melhoria na qualidade de vida dousuário, na promoção e na assistência à saúde. Paraque a atenção farmacêutica seja efetivada, fazem--se necessários farmacêuticos aptos a desenvolverseu papel e também a inserção destes profissionaisda saúde nas políticas públicas e nas equipes interdisciplinaresem todos os âmbitos de atendimento ecomplexidade.Semana de Farmácia na Universidade de Fortaleza – divulgação docurso de graduação e da atenção farmacêutica


116REFERÊNCIASSimulação de consulta farmacêutica realizada no Nami, por Ana KellyBarros Peixoto, Lucilene Vasconcelos Silva e Hanna Alves CardosoCONCLUSÃOConclui-se que a AtenFar realizada Núcleo deAtenção Médico-Integrada (Nami) foi bem aceita pelospacientes atendidos, mediante a aferição dos índicesde retorno às consultas subsequentes, o que permitiu aidentificação e a resolução de Problemas Relacionadosao Uso de Medicamentosos (PRMs) e interação interdisciplinarcom os demais profissionais da saúde. Percebeu-semelhora significativa de parâmetros fisiológicosem face da adesão terapêutica e, em consequência,da qualidade de vida dos pacientes. Acredita-se que oresultado deste trabalho foi positivo tanto para o tratamentodos pacientes como para enriquecimento doaprendizado dos acadêmicos de farmácia.CONSENSO BRASILEIRO DE ATENÇÃO FARMACÊU-TICA - PROPOSTA. Atenção Farmacêutica no Brasil:“Trilhando Caminhos”. Brasília: Organização Pan-Americanada Saúde, 2002. 24p.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=ce. Acessado em: 28abr <strong>2015</strong>.COMITÉ DE CONSENSO. Tercer Consenso de Granadasobre problemas relacionados con los medicamentos(PRM) y resultados negativos asociados a lamedicación (RNM).Ars Pharm. 2007; 48(1):5-17.MORISKY DE, GREEN LW, LEVINE DM. Concurrentand predective validity of self-reported measure ofmedication adherence. Med. Care, 1986; v. 24, p. 67-74.SEWITCH MJ, ABRAHAMOWICZ M, BURKUN A,BITTON A, WILD GE, COHEN A, et al. Patient nonadherenceto medication in inflammatory Boweldisease. Am. J. Gastroenterol. 20<strong>03</strong>; v. 98, n. 7, p.1535-1544.INSTITUIÇÃONúcleo de Atenção Médica IntegradaAUTORESAna Kelly Barros PeixotoHanna Alves CardosoLucilene Vasconcelos SilvaArlandia Cristina Lima Nobre de MoraisVânia Cordeiro de MatosCONTATOanakelly_peixoto@hotmail.com


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