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Biblioteca Inclusiva

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Entre depoimentos e acessibilidades:percepções sobre<strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong>Cícero Carlos Oliveira da Silvabiblioteca inclusiva


UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFCCAMPUS CARIRICURSO DE BIBLIOTECONOMIAENTRE DEPOIMENTOS E ACESSIBILIDADES:PERCEPÇÕES SOBRE BIBLIOTECA INCLUSIVACÍCERO CARLOS OLIVEIRA DA SILVAJUAZEIRO DO NORTE - BRASIL2013


CÍCERO CARLOS OLIVEIRA DA SILVAENTRE DEPOIMENTOS E ACESSIBILIDADES:PERCEPÇÕES SOBRE BIBLIOTECA INCLUSIVAMonografia apresentada ao curso de graduação emBiblioteconomia da Universidade Federal do Ceará,Campus Cariri, como requisito parcial paraobtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.Orientadora: Prof. Me. Maria Cleide RodriguesBernardino.JUAZEIRO DO NORTE - BRASIL2013


Ficha CatalográficaS586bSilva, Cícero Carlos Oliveira da.<strong>Biblioteca</strong> inclusiva./ por Cícero Carlos Oliveira da Silva − 2013.51 p. il.Orientadora: Profª. Me. Maria Cleide Rodrigues BernardinoCópia de computador (printout)Monografia (Graduação) − Universidade Federal do Ceará,Curso de Biblioteconomia, Juazeiro do Norte, Brasil, 2013.1. <strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong>. 2. Inclusão. I. Bernardino, Maria CleideRodrigues (Orient.) II. Universidade Federal do Ceará- CampusCariri – Curso de Biblioteconomia. III. Título.CDD: 025


CÍCERO CARLOS OLIVEIRA DA SILVAENTRE DEPOIMENTOS E ACESSIBILIDADES:PERCEPÇÕES SOBRE BIBLIOTECA INCLUSIVAMonografia apresentada ao curso de graduação emBiblioteconomia da Universidade Federal do Ceará,Campus Cariri, como requisito parcial paraobtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.Aprovada em 25 de Fevereiro de 2013.BANCA EXAMINADORA:___________________________________________Prof. Me. Maria Cleide Rodrigues BernardinoUniversidade Federal do Ceará - UFC / Campus CaririOrientadora___________________________________________Prof. Me. Jonathas Luiz Carvalho SIlvaUniversidade Federal do Ceará - UFC / Campus CaririExaminador___________________________________________Prof. Me. Deise Santos do NascimentoUniversidade Federal do Ceará - UFC / Campus CaririExaminadorJUAZEIRO DO NORTE - BRASIL2013


AGRADECIMENTOSMuito obrigado a DEUS por ter permitido fazer esse curso, sem Ele nãoseria possível;Meu quero pai Sebastião Malaquias da Silva agradeço por tudo,saudades; agradeço a minha mãe Maria Oliveira da Silva e familiares;A UFC Cariri, através do Magnífico Reitor Prof. Dr. Jesualdo Farias, aoDiretor Prof. Dr. Ricardo Ness e professores (as) do Curso de Biblioteconomia,por terem sempre apoiado minha participação apresentando artigos emcongressos;A orientadora professora Maria Cleide Rodrigues Bernardino, umespecial obrigado, por ter respeitado a prosseguir com o tema e a bibliotecáriaDeise Tallarico Pupo por ter publicado no site do Laboratório de Acessibilidadeo resumo do meu estudo; ao professor Jonathas Carvalho e professora DeiseSantos por fazerem parte serem examinadores;Agradeço a professora Liana Pereira pelos convites para fazersensibilizações sobre inclusão para professores e alunos da UFC Cariri;Agradecimento carinhoso a ex-coordenadora Profª Ariluci Goes Elliott eaos amigos que me convidaram para fundarmos a Empresa Júnior do Cursode Biblioteconomia - AGIR: Alla Moanna e Samuel Alves e logo convidamosNaira Michele, Jorgivânia Lopes, Rosana Pereira, Felipe Ferreira e Isac José;Agradeço o apoio de Antonia Albeniza, Yarla Simão e Antônia Eugênia.Muchas gracias a <strong>Biblioteca</strong> Nacional do Chile, através das bibliotecáriasAna María Queiroz Castillo, que aprovou minha entrevista para participar deestágio e Erika Castillo Sáez que me incentivou a incluir ALFIN nos estudos econhecer mais sobre inclusão informacional e aos demais funcionários;Ao Ministério da Cultura, por ter aprovado proposta para viagem ao Chilee ao amigo Melinton Bustinza pela acolhida em seu apartamento em Santiagopara participar de estudos onde escrevi boa parte da monografia.


“Por isso vos digo que tudo o quepedirdes em oração, crede querecebestes, e será vosso”.(Marcos 11:24)


RESUMOA pesquisa reflete sobre o papel da <strong>Biblioteca</strong> na sociedade, suaspossibilidades organizacionais, sociais, pedagógicas e gerenciais a partir doconceito de <strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong>; identifica a origem do termo <strong>Biblioteca</strong><strong>Inclusiva</strong>; pensa sobre a <strong>Biblioteca</strong> e sua usabilidade para as pessoas comdeficiência; identifica as políticas públicas voltadas para a <strong>Biblioteca</strong> Acessível;contribui para reflexão sobre a <strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong> a partir do relatório dasvivências realizadas na UFC Cariri. Permeia no âmbito da ergonomia doambiente construído, do desenho universal, da acessibilidade atitudinal ealfabetização informacional, ampliando o estudo com resumos desensibilizações com uso de cadeira de rodas, vendas, bengalas aplicados naUFC. A pesquisa classifica-se como descritiva por tratar de um registro, análisee interpretação de documentos voltados para a <strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong>, teve umconjunto de procedimentos utilizados a partir da abordagem do métododedutivo, como análises através uma cadeia de raciocínio a respeito dainvestigação de uma <strong>Biblioteca</strong> para Todos. Como método de procedimentoserá comparativo, analisando o contexto presente, no passado e os estágios dedesenvolvimento da <strong>Biblioteca</strong>. Em relação à técnica de pesquisa, se fez dadocumentação indireta por meio de pesquisa bibliográfica e documentaçãodireta por meio de entrevista realizadas nas sensibilizações sobre a informaçãopara todos na UFC Cariri, dessa forma quantitativa e qualitativa. Finalizamos aescrita da pesquisa assinalando que a <strong>Biblioteca</strong> e sua usabilidade para aspessoas com deficiência não é uma prática cotidiana de discussão entre osprofissionais bibliotecários; as políticas públicas identificadas, inclusive normasde acessibilidade são executadas mediante ameaças de fiscalizações epenalidades, quando o ideal seria que todas as instalações prediais nascessemacessíveis, o que evitaria constrangimentos e adaptações posteriorescolaborando para o surgimento de bibliotecas mais humanas; reflexões eprovocações a respeito das bibliotecas e de seu papel de intermediadora naformação intelectual de “TODOS” os cidadãos foi o foco deste estudo.Palavras-chave: <strong>Biblioteca</strong> acessível. <strong>Biblioteca</strong> para todos. <strong>Biblioteca</strong>s epessoas com deficiência.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASABNTALFINCEDDCEJADIBAMAssociação Brasileira de Normas TécnicasAlfabetização InformacionalCentro Español de Documentación sobre DiscapacidadCentro de Educação para Jovens e AdultosDirección de <strong>Biblioteca</strong>s, Archivos e MuseosENEBD Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,Documentação e Ciência da InformaçãoIBGEIFLALIBRASLSCHNBROCROMSONUP.C.R.P.M.RPcDPETSEPRONETICUFCUNESCOUNICAMPUNIRIOInstituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaInternational Federation of Library AssociationsLíngua Brasileira de SinaisLíngua de Sinais ChilenaNorma BrasileiraReconhecimento Óptico de CaracteresOrganização Mundial de SaúdeOrganização das Nações UnidasPessoa em Cadeira de RodasPessoa com Mobilidade ReduzidaPessoa com DeficiênciaPrograma de Educação TutorialSimpósio de Engenharia de Produção da Região NordesteTecnologia da Informação e ComunicaçãoUniversidade Federal do CearáUnited Nations Educational, Scientific and Cultural OrganizationUniversidade Estadual de CampinasUniversidade do Rio de Janeiro


LISTA DE ILUSTRAÇÕESFigura 1 - Modelo Caricativo da deficiência e as ideias associadas....... 24Figura 2 - Modelo Médico da deficiência e as ideias associadas........... 25Figura 3 - Modelo Social e as ideias associadas.................................... 26Figura 4 - Terminais de Consulta............................................................ 31Figura 5 - Estantes em bibliotecas.......................................................... 32Figura 6 - Amplificador automático......................................................... 33Figura 7 - Leitor autônomo...................................................................... 33Figura 8 - Teclado com caracteres ampliados para usuários combaixa visão.............................................................................34Figura 9 - Continentes abrangidos pela pesquisa................................... 45


SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 131.1 PROBLEMA........................................................................................................ 131.2 OBJETIVOS....................................................................................................... 141.2.1 Objetivo Geral.................................................................................................. 141.2.2 Objetivos Específicos...................................................................................... 141.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 142 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 182.1 ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL - BIBLIOTECA PARATODOS..................................................................................................................... 272.1.1 O Que é <strong>Biblioteca</strong> – Legislação..................................................................... 282.1.2 <strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong>.......................................................................................... 302.1.3 Edifícios e Equipamentos................................................................................ 302.1.3 Ajuda Técnica e Apoio Pessoal....................................................................... 322.1.4 A Coleção........................................................................................................ 342.2 OS SERVIÇOS BIBLIOTECÁRIOS E A ALFABETIZAÇÃO DAINFORMAÇÃO......................................................................................................... 352.3 SENSIBILIZAÇÃO NA UFC CARIRI.................................................................. 362.4. PASANTÍA POR SANTIAGO DO CHILE.......................................................... 373 METODOLOGIA................................................................................................... 394 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................... 415 IN (com)CLUSÕES............................................................................................... 46REFERÊNCIAS........................................................................................................ 49


1 INTRODUÇÃO“Seria lícito escolhermos quais seres humanos iremos receber ouatender em nosso ambiente de trabalho?” (PUPO, 2009, p.53).Este trabalho tenciona refletir a cerca da essência do desempenho dabiblioteca adequado ao caráter para qual foi criada, ou seja, facilitar o acesso ainformação. Sem delimitar tipologias quanto à biblioteca, permeia discussõesde dimensões amplas no contexto da interatividade humana/ambiental,universal/individual de forma a corroborar com a inclusão a todos os cidadãos,independente de ter alguma limitação física aparente ou sensorial.Concatenando a ergonomia no ambiente construído aos bens intangíveise perpassando pelos serviços do bibliotecário com sensibilizações realizadasna Universidade Federal do Ceará / Campus Cariri.1.1 O PROBLEMAPercebemos no contexto social a preocupação de incluir as pessoascom deficiência nas atividades diversas, o que leva a refletir sobre váriosâmbitos, dentre eles a biblioteca que desempenha serviços à comunidade comcomponentes social, educativo e cultural.Há anos, a preocupação por integrar de efetiva todas as pessoas nasociedade tem conduzido diversos organismos a refletir sobre o papelque a biblioteca pública pode desempenhar no serviço a comunidade.O caráter coletivo das bibliotecas e seu forte componente social,educativo e cultural, as convertem em instituições chave paraconseguir que a integração de pessoas com deficiência e idosas sejauma realidade (CEDD, 2008 tradução do autor).O aspecto de coletividade, manifestado pela biblioteca, pressupõeimportante préstimo de seus serviços com qualidade para gerenciarinformação, no sentido de colaborar no desenvolvimento do usuário. Algunsrequisitos se fazem necessários: espaço e mobiliários apropriados paracadeirantes e pessoas com nanismo, pistas táteis, livros digitalizados e embraille para usuários cegos, recursos ópticos para pessoas com baixa visão,


13atendentes usuários de Libras para recepcionar surdos, espaços sem catracas,cadeiras adaptadas para pessoas obesas, grávidas e/ou idosas.Pupo (2006, p. 11) questiona o avanço tecnológico e denuncia umadiscrepância entre este e os avanços sociais:Há uma considerável discrepância entre a ideologia da pressa,inerente ao avanço tecnológico, e os tímidos avanços sociais. Essa éuma imperdoável lacuna que necessita ser preenchida por pessoasque acreditam na inclusão como ruptura dos paradigmas existentes,para não deixar ninguém de fora na construção de ambientesacessíveis.O fato relatado poderá ser um motivo inibidor de exclusão, visto que,pessoas que acreditam que a biblioteca deve ser para o maior número depessoas deveria ocupar essa lacuna.No decorrer da história da humanidade, as pessoas com deficiência nãotinham acesso à maioria das atividades sociais, dentre elas, a biblioteca, sejapor preconceito da comunidade, barreiras arquitetônicas ou carência demateriais especializados. De acordo com Schweitzer (2007) no Brasil,praticamente não existe uma reflexão mais aprofundada sobre o deverinstitucional de contribuir para a acessibilidade da informação às pessoas comdeficiência. É importante ressaltar que, segundo o censo de 2010 divulgadopelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são aproximadamente23,91% de brasileiros com algum tipo de deficiência o que incide 45,6 milhõesde pessoas.Tratamos aqui da biblioteca no sentido geral, não a biblioteca privada oupública, universitária ou escolar, especializada ou especial e sim a “instituiçãobiblioteca”. Neste sentido, nossa problemática encontra respaldo nos seguintesquestionamentos: Ela realmente inclui? O que é uma <strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong>? Elaexiste? A que se propõe? É possível ou utópica? Terá a biblioteca opapel de intermediadora na formação intelectual de todos os cidadãos? Ousimplesmente, esta deveria cumprir a missão para qual foi criada e atender umnúmero maior de pessoas com qualidade, onde a arquitetura não exclua seususuários, os móveis não transmitam desconforto, a comunicação não sefragmente pela falta de um intérprete de sinais ou um braillista? A biblioteca


14não deve ser um ambiente colaborativo para gerar exclusão e deficiência,contudo local acessível para todos.1.2 OBJETIVOS1.2.1 Objetivo GeralRefletir sobre o papel da biblioteca na sociedade, suas possibilidadesorganizacionais, sociais, pedagógicas e gerenciais a partir do conceitode biblioteca inclusiva.1.2.2 Objetivos EspecíficosIdentificar a origem do termo <strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong>;Refletir sobre a biblioteca e sua usabilidade para as pessoas comdeficiência;Identificar as políticas públicas voltadas para a biblioteca acessível;Contribuir para uma reflexão sobre a biblioteca inclusiva a partir dorelatório das vivências realizadas na UFC Cariri.1.3 JUSTIFICATIVAO processo de inclusão se baseia na igualdade entre todos, eliminandoas barreiras que dificultam o acesso à informação, independente da pessoa terou não uma deficiência. Segundo a Constituição Brasileira, no capítulo I dosdireitos e deveres individuais e coletivos, assegura a todos o direito de acessoà informação. Para Carneiro (2003, 153) “os princípios de inclusão são osprincípios de democracia”, onde todos possam desfrutar de seus direitos edeveres em condições de igualdade.O projeto com vivências inclusivas na UFC Cariri é uma iniciativapessoal e foi motivada pela necessidade de ampliar os conhecimentos sobreacessibilidade e inclusão, ao mesmo tempo em que atrelado a sensibilização


15havia ainda um processo de conscientização e educação da comunidadeacadêmica para receber as pessoas com deficiência com qualidade, uma vezque aos poucos elas estão chegando na universidade. Até o momento temosum cadeirante, uma pessoa com muleta, um usuário de próteses nas pernas euma deficiência visual subnormal.O projeto foi dividido em três partes: a deficiência visual; a deficiênciamotora reduzida; e a deficiência auditiva.A primeira parte, que trata da deficiência visual, teve a participação de40 pessoas convidadas para conhecer o Campus com os olhos vendados,usando bengala e outros recursos. A partir dessa vivência foram produzidosdois artigos: “Quero olhar o mundo com a coragem do cego”: o acesso àinformação sem o recurso visual na UFC Cariri com discentes do Curso deBiblioteconomia 1 que foi apresentado no XXXII Encontro Nacional deEstudantes de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação(ENEBD) na Universidade do Rio de Janeiro – UNIRIO, em 2009; eSensibilização na UFC Campus Cariri: refletindo sobre a acessibilidade eergonomia no ambiente construído, para as pessoas com deficiência visual, pormeio das técnicas de orientação e mobilidade 2 apresentado no SEPRONENordeste 2009 - Seminário de Engenharia de Produção, publicado no livro“Interatividade da Engenharia de Produção na busca de soluçõescompetitivas”.A segunda é referente à deficiência motora reduzida e esta intervençãochamada de “passeio sobre rodas”, constava de, como o nome diz, umpequeno passeio pelo Campus em uma cadeira de rodas. As pessoasvivenciavam por alguns minutos as informações, olhares, ações e reações doponto de vista de um cadeirante. A participação foi aberta a qualquer pessoaque quisesse contribuir para a sensibilização. O passeio começava e terminavana entrada da Universidade e o participante convidado deveria fazer todo otrajeto usando a cadeira de rodas, usar as rampas, ir ao banheiro, usar obebedouro, entrar na biblioteca universitária e outros ambientes. Esta etapa doprojeto contou com a presença e participação do Diretor do Campus Cariri,1 http://www.unirio.br/cch/eb/enebd/Poster/quero_olhar_o_mundo.pdf2 In: ALBERTO, M.; RODRIGUES, V. R.; PINHEIRO, F. A.; SILVA, L. B., PITOMBEIRA, A.. (Org.).Interatividade da Engenharia e Produção na busca de soluções competitivas. Fortaleza: Premius, 2009, v.p. 25-38.


16Prof. Dr. Ricardo Luiz Lang Ness, que solicitou um relatório da experiência paracompartilhar com a Secretaria de Acessibilidade da UFC em Fortaleza.A terceira etapa foi sobre deficiência auditiva. Devido a experiênciacomo professor substituto de Educação Especial no Centro de Educação paraJovens e Adultos, Juazeiro do Norte - CE, acompanhando estudantes comdeficiência visual houve o convite para ministrar vivência sobre educaçãoinclusiva na Universidade no II Encontro Pedagógico da UFC - Campus Cariri,em 2010 e para sensibilização sobre inclusão escolar para discentes do Cursode Filosofia da UFC - Campus Cariri, em 2011 e também pelo PET do Curso deMúsica no ano de 2012. Em janeiro de 2013 por ocasião de um estágio na<strong>Biblioteca</strong> Nacional do Chile, em Santiago, os estudos foram aprofundados cominvestigação sobre a forma como os chilenos trabalham a acessibilidade embibliotecas.Mediante essas experiências, foi percebida uma escassez de recursosdidáticos adaptados para alunos no período antes e pós-alfabetização e umanecessidade de investigar sobre o assunto. A partir dessa percepção foi deu-seinício ao Curso de Adaptação de Materiais Didáticos no Instituto BenjaminConstant, no Rio de Janeiro, com o intuito de aprofundar a temática e ofereceraos alunos, a possibilidade de ligar a teoria com a prática, por meio dosmateriais táteis e visuais, amenizando a lacuna existente.Quando nos referimos à acessibilidade, precisamos ter em mente quealgumas pessoas não enxergam outras não ouvem, outras têm dificuldade eminterpretar textos figurativos, outros não conseguem mexer o mouse. Jáimaginou se só fabricássemos um chuveiro quando alguém decidisse tomarbanho? Ou se deixássemos para construir uma escada quando precisássemosdela? Infelizmente ainda em algumas áreas do conhecimento ocorre isso.Neste sentido, percebe-se a importância da acessibilidade arquitetônica,comunicacional, atitudinal, metodológica, instrumental e programática paraassegurar o mínimo de qualidade de vida para as pessoas de um modo geral,com necessidades especiais ou não. A ideia de sociedade inclusiva teve inícioda organização de pessoas de todo o mundo. As próprias pessoas comdeficiência, da que aqui tratamos, juntamente com seus amigos e familiarestiveram uma importância ímpar com o objetivo de formar grupos na intenção depressionar a sociedade e cobrar seus direitos. Temos como exemplo durante a


17Constituição do ano de 1988, quando representantes de diversas associações,fundações e outras entidades voltadas para pessoas com deficiênciaparticiparam ativamente das discussões para formulação das leis brasileiras.As mudanças começam a se apresentar no contexto informacionaltelevisivo, na internet e em outras mídias de massa a partir do momento que osentraves ou barreiras são desfeitas.A sociedade <strong>Inclusiva</strong>, como se denomina, quer eliminar as barreirasentre os sistemas sociais e os que são excluídos. A acessibilidadecomunicacional é essencial para a construção do ensino e aprendizagem.O termo acessibilidade comunicacional é mencionado quando alinguagem verbal não alcança todas as pessoas, há uma barreira que impede oacesso da mensagem entre receptor e emissor. Pode ser percebida quandoalguém não sabe francês, língua de sinais ou sistema de escrita em braile, porexemplo. Partindo desse pressuposto, as pessoas com deficiência visual eauditiva são excluídas do contexto informacional quando a estratégiacomunicacional foi precocemente abortada. O recurso vem delinear caminhosinterventivos no amadurecimento cognitivo desde a estimulação precoce até afase adulta.A biblioteca é um espaço democrático e como tal deve contemplar tantoem sua arquitetura como serviços condições para atender a todos que delanecessitam. Assim, pensando em uma biblioteca menos excludente pretendesecom esta investigação promover a reflexão acerca da função da bibliotecaem uma sociedade inclusiva.Veremos a seguir a revisão de literatura, metodologia e resultados dapesquisa.


182 REVISÃO DE LITERATURAUma vez, que a biblioteca se enquadre num padrão acessível, de nadavalerá se não houver uma mudança de mentalidade dos gestores em relaçãoao funcionamento biblioteconômico das estruturas informacionais, comosuportes livros em diversos formatos, CDs, DVDs, computadores etc. Ainda hámuito por fazer. Neste sentido, de acordo com Costa, Silva e Nascimento(2010, p. 5),Na sociedade contemporânea o papel da biblioteca passa a ser devital importância na medida em que esta pode se tornar o grandecentro disseminador da informação, atuando principalmente paradiminuir a desigualdade existente na sociedade brasileira.Portanto, para atuar na sociedade da informação e do conhecimentodevemos trabalhar no sentido de entender o conceito e a amplitude dabiblioteca inclusiva. A biblioteca inclusiva deve partir do princípio que aspessoas com e sem deficiência devem tem uma vida normal e com qualidade.Todos utilizando ao mesmo tempo os serviços e os espaços da bibliotecapossibilitando que as pessoas possam desenvolver atividades da vida diáriacom autonomia. E essa autonomia para ser plena deve ser sem a presença debarreiras arquitetônicas (degraus, buracos), comunicacionais (não saber Librasao atender um surdo), atitudinais (preconceito), metodológicas (falta detécnicas adequadas), instrumentais (falta de reglete 3 para escrever braille, porexemplo) e programáticas (regulamentos inadequados que impedem oacesso).É importante que as bibliotecas cumpram com sua função social sepreocupando com a acessibilidade universal, no sentido de dar condição paraque as ferramentas e dispositivos atinjam todas as pessoas, com boascondições de segurança e comodidade para que sejam utilizadas de maneiramais natural possível. Bastaria aplicar as normas físicas estabelecidas pelaABNT NBR 9050 (ASSOCIAÇÃO..., 2004), que trata da acessibilidade paramelhorar significativamente o acesso às bibliotecas.3 Instrumento utiliza com ajuda de um punção (pontiagudo semelhante a um prego) paraproceder a escrita Sistema Braille em alto relevo, utilizado para comunicação entre pessoascom deficiência visual.


19Ribeiro e Leite (2001) apontam que para que as bibliotecas possamassumir a dimensão da inclusão elas devem apresentar uma série derequisitos: no âmbito organizacional, a biblioteca deve contar com parcerias deuma cooperação inter-institucional para o compartilhamento recursosinformativos e documentais; contar com recursos humanos técnicosespecializados; contar com equipamentos e serviços especializados eadaptados e com tecnologias específicas; espaços adequados para as pessoascom qualquer tipo de necessidade especial.De acordo com a NBR 9050 (ASSOCIAÇÃO..., 2004, p. 2) acessibilidadeé “possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para autilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário,equipamento urbano e elementos”. O termo teve seu uso no final da década de1940 para designar a condição de acesso das pessoas com deficiência está nosurgimento dos serviços de reabilitação física e profissional (SASSAKI, 2011).Segundo Sassaki (2011) acessibilidade acontece em seis contextos:arquitetônico, que diz respeito às barreiras físicas dos espaços e meios detransporte; comunicacional, uso de instrumentalização linguística, como línguade sinais e Braille e legibilidade textual e virtual; metodológico, diz respeito àadaptação dos métodos e técnicas de estudo e trabalho, intervenções sociais,culturais e artísticas, e educação familiar; instrumental, instrumentos, utensíliose ferramentas de estudo, trabalho, lazer e recreação; programático, políticaspúblicas, normas e regulamentos; atitudinal, diz respeito aos estigmas,estereótipos e discriminações de um modo geral.Já os estudos sobre acessibilidade em bibliotecas físicas ainda é poucoexplorado. A tendência é tratar mais sobre acessibilidade voltada para asbibliotecas virtuais. Nas universidades onde há cursos de Biblioteconomia, secomeça a discutir a temática, mas ainda de forma muito tímida. A disparidadede acesso entre quem tem deficiência e quem não tem persiste,desfavorecendo a chamada minoria, de desfrutar dos serviçosbiblioteconômicos. Isto permite situações embaraçosas que podem inibir muitosusuários de desenvolver-se intelectual e socialmente em função da exclusãoinformacional.Em 1975 a Organização das Nações Unidas (ONU), publicou aDeclaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, em que afirma que:


20As pessoas deficientes têm os mesmos direitos civis e políticos queoutros seres humanos; As pessoas deficientes têm direito a medidasque visem capacitá-las a tornarem-se tão autoconfiantes quantopossível; As pessoas deficientes têm direito à [...] educação,treinamento vocacional e reabilitação, assistência, aconselhamento,serviços de colocação e outros serviços que lhes possibilitem omáximo de desenvolvimento de sua capacidade e habilidades e queacelerem o processo de sua integração social; Aas pessoasdeficientes têm direito de ter suas necessidades especiais levadasem consideração em todos os estágios de planejamento econômico esocial" (DECLARAÇÃO..., 1975).De acordo com a ONU as necessidades e direitos das pessoas comdeficiência têm sido por aproximadamente três décadas uma prioridade e queem 2008 entrou em vigor o Protocolo Facultativo adotado em 2006 a partir dosesforços da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas comDeficiência 4 .Em se tratando de bibliotecas não há dúvida de que evoluiu ao longo dotempo. Tanto no que diz respeito aos conceitos, como aos serviços e atémesmo seu papel perante a sociedade. Dos antigos templos fechados àsportas abertas, do silêncio obrigatório às conversas discursivas, das fichasmanuais aos catálogos em linha. A evolução das bibliotecas acompanhou àstecnologias e a transição de conceitos no mundo. Infelizmente essa evoluçãoainda não encontrou eco na compreensão da amplitude e especificidade dousuário com necessidades especiais e para a construção de espaçosadequados a este público.que,Sobre a evolução do conceito de biblioteca Pupo (2009, p. 52) afirmaAssim como o conceito de deficiência mudou através dos tempos, oconceito de biblioteca também se transformou: de serviçosherméticos a serviço das elites, evoluiu para unidades de informaçãoabrangentes, atualmente conectadas ao mundo e focadas nasnecessidades por informação da parte de seus usuários.É pertinente afirmar que o aparecimento da informática ampliou aspossibilidades para que as pessoas com deficiência pudessem adentrar nomundo do qual a informação surge numa proporção gigantesca a cadasegundo. Os bibliotecários tiveram que se adaptar às tecnologias oriundas dainformática, todavia, a biblioteca física continuou presente no cotidiano daspessoas, principalmente dos estudantes de ensino fundamental e médio,4 VER: http://www.un.org/disabilities/default.asp?id=150


21através das bibliotecas públicas e escolares. Entretanto, sem evoluções tãovisíveis quando o assunto é as pessoas com deficiência, para isto basta levarum cadeirante a uma biblioteca que se verá a quantidade de barreirasexistentes.A IFLA/UNESCO em 1994 emitiu uma declaração a respeito dasbibliotecas públicas, onde fala sobre igualdade de acesso.Os serviços da biblioteca pública devem ser oferecidos com base naigualdade de acesso para todos, sem distinção de idade, raça, sexo,religião, nacionalidade, língua ou condição social. Serviços emateriais específicos devem ser postos à disposição dos utilizadoresque, por qualquer razão, não possam usar os serviços e os materiaiscorrentes, como por exemplo, minorias linguísticas, pessoasdeficientes, hospitalizadas ou reclusas (MANIFESTO..., 1994, p. 1).Esse manifesto pode ser um parâmetro para as bibliotecas de um modogeral, não simplesmente as bibliotecas públicas, uma vez em que garantir oacesso a todas as pessoas sem distinção, contempla todo e qualquer serhumano.Refletindo sobre como as nossas bibliotecas lidam com as pessoas comdeficiência, em paralelo com as que não a possuem, verificaremos pequenosdetalhes, como por exemplo, um degrau de 20 cm, o suficiente para limitar umvisitante em cadeira de rodas. Ou uma porta estreita e/ou mobiliário no padrãopara pessoas magras que são inibidores de entrada às pessoas obesas ou atémesmo uma mulher grávida.É preciso que os bibliotecários promovam areflexão dessas questões a fim de que se possa educar para a inclusão, tendoem vista que esta depende de todos que fazem a biblioteca. Assim, a partir dorepensar de seus valores e missão na sociedade, a biblioteca seráredimensionada e passará a atender plenamente a sua função. Partindo desseprincípio, afirmamos que a biblioteca, assim como toda e qualquer instituiçãoseja de serviços ou não, deve respeitar o direito de ir e vir. Nossa reflexão partedo princípio de nossa vulnerabilidade humana, uma vez em que a qualquermomento podemos ficar cegos, cadeirantes, surdos para sempre outemporariamente, independente de nossa vontade ou decisão.Dependendo do ambiente, se está adaptado ou não, irá dizer o nível dedificuldade que teremos, uma vez em que “[...] é o ambiente que gera exclusãoe de fato é o que gera deficiência.” (PÉREZ FERRÉS, 2006, p. 22). É ele que


22geralmente nos torna deficientes, por isso as barreiras eliminadas nos fazemiguais. De acordo com Pupo (2009) é impossível abarcar por meio da escritaum tratado completo a respeito das questões que se referenciam ao acesso àinformação a todas as pessoas, independente de suas capacidades, contudo,urge chegar aos profissionais que possuem a função de intermediar o acessode forma a facilitar o conhecimento.Acolher um número maior de usuários aparenta ser uma tarefacomplexa, possivelmente exija uma carga maior de comprometimento com opúblico diverso a que se pretende acolher na <strong>Biblioteca</strong>. Pérez Ferréz (2006, p.21) aborda a <strong>Biblioteca</strong> acessível da seguinte maneira:Uma <strong>Biblioteca</strong> acessível é um espaço que permite a presença eproveito de todos, e está preparada para acolher a maior variedadede público possível para as suas atividades, com instalaçõesadequadas às diferentes necessidades e em conformidade com asdiferenças físicas, antropométricas e sensoriais da população.A interação entre <strong>Biblioteca</strong> e usuário se deve concentrar no respeito eno acesso à informação. Esse direito não pode ser esquecido. Nada deveatrapalhar. O avanço no contexto inclusivo é lento, entretanto acontece.Unidos, pessoas com e sem deficiência, participando de debates, fóruns,mesas redondas, conversas informais, criação de projetos, blogs entre outraspossibilidades, disseminará a proposta da <strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong>, de modo queparticipação conjunta poderá diminuir a demora de seu nascimento.Por diversas razões, a maior parte das bibliotecas não acordou uminteresse particular para a formação de serviços para os surdos. Asurdez foi qualificada, merecidamente, de ‘deficiência invisível’,porque é difícil de identificar surdos pela simples observação, tem atendência de serem confundidos na massa (IFLA, 2000, p.10tradução nossa).No texto da IFLA, percebe-se a falta de interesse por parte dosdirigentes de bibliotecas em oferecer serviços para as pessoas surdas. NoBrasil não há muita literatura que trate do assunto com profundidade. Aspessoas surdas são muitas vezes despercebidas em função de não possuircaracterísticas físicas aparentes que a identifiquem.Alguns autores mencionam a biblioteca especial para uma clientelaespecífica, mas raro são os que falam do termo “<strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong>”. Usam-sedeficientes visuais, auditivos entre outros.


23As <strong>Biblioteca</strong>s especiais são as que, devido a peculiaridades de suaclientela ou de materiais com que lidam, ocupam categoria que asdiferencia das demais. Uma <strong>Biblioteca</strong> de estabelecimento carcerárioé considerada especial por causa da sua clientela e localização,embora seu acervo em nada a distinga de uma pequena <strong>Biblioteca</strong>pública. O mesmo se pode dizer a deficientes visuais. Não é muitogrande o número de <strong>Biblioteca</strong>s especiais (LEMOS, 2005, p. 110).Para Schweitzer (2007, p. 274) “no Brasil, praticamente inexiste umareflexão mais aprofundada sobre o dever institucional de contribuir para aacessibilidade da informação às pessoas portadoras de deficiência”. O termoportador caiu em desuso, hoje fala-se “pessoas com deficiência” ou a siglaPcD.<strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong> não é aquela biblioteca específica, por exemplo,para deficientes visuais com todo acervo disponível em Braille, massim aquela que atende toda a demanda da população de maneiraigualitária, onde seus usuários possam acessar e utilizar os serviçose acervos, conforme suas especificidades (CONEGLIAN; SILVA,2006 p. 7).<strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong> tendo como alvo um espaço onde exista atendimentopara um número maior de pessoas possíveis com suas especificidades,arquitetura que não exclua o usuário, móveis projetados segundo umaperspectiva de desenho universal independência de ter deficiência.A deficiência, de modo geral, abarca várias discussões, dentre elas,quem pode ser considerando deficiente. Há inúmeras formas de interpretação ecompreensão a respeito da terminologia que veio substituir palavras comoexcepcional e incapacitado. Tanto definir quem é deficiente, quanto mensurarum percentual mundial é muito relativo, geralmente partem do ponto de análiseda Organização Mundial de Saúde (OMS) que dita os pré-requisitos para talconstatação.Por exemplo, miopia é deficiência? Uma pessoa com um dedoartificial é considerada deficiente? Uma pessoa surda capaz de secomunicar eficientemente usando a linguagem de sinais é deficiente?Cada país coleta os seus dados sobre a deficiência com base no seuentendimento do que seja deficiência, o que varia muito de um paíspara outro (HANDICAP INTERNACIONAL, 200?).O fator cultural é um aspecto que deve ser levado em consideração.Cada país possui particularidades e padrões difíceis de unificação, apesar datentativa insistente de homogeneização da terminologia “deficiência”. Temos oBrasil com dimensões continentais, sua realidade diversa deveria seguir os


24ditames internacionais? Não seria interessante uma campanha parareavaliação dessas nomenclaturas e/ou rotulações com o intuito da criação deuma identidade brasileira onde a “bola da vez” seria a pessoa no todo e nãoenfocar a caracterização física ou sensorial como um defeito?Para compreendermos melhor o porquê dessa rotulação, vejamosalguns modelos que procuram explicar a deficiência de acordo com os estudosde Harris e Enfield (2003). O primeiro modelo é o caricativo, que vê as pessoascomo vítimas de sua incapacidade, não escutam, não enxergam, nãotrabalham. Há um déficit na pessoa que precisa de ajuda, de instituiçõesespeciais que a amparem. São diferentes.Figura 1 - Modelo Caricativo da deficiência e as ideias associadas.Rancoroso,perverso eagressivo...Triste, trágico,passivo...Precisa decuidadosValente,corajoso,inspirador...PROBLEMA=IndivíduoDeficienteNão anda,não fala, nãovê...DespertacompaixãoPrecisa decaridade,simpatia,serviços eescolasespeciais,assistênciasocial...Fonte: Feitosa (2010) a partir de Harris e Enfield (2003).O segundo modelo é o médico, há uma visão de pessoa com problemafísico e, portanto, precisa ser curada impelindo ao papel passivo de paciente.Neste modelo a pessoa sai do padrão de normalidade, aquela que precisa sermudada, excluindo a sociedade desse processo de mudança. Esse modelo ésemelhante ao caricativo, pois as pessoas precisam de serviços especiaiscomo sistema de transporte especial e assistência social. Em função disso,existem os professores de educação especial, ocupações especiais.


25Figura 2 - Modelo Médico da deficiência e as ideias associadasHospitaisInstituiçõese escolasespeciaisCasomédico,cura,cuidadosTransportesespeciaisPROBLEMA=IndivíduoDeficienteAssistentesocialProfissionaisde saúde,terapuetas eespecialistasEmpregoprotegidoFonte: Feitosa (2010) a partir de Harris e Enfield (2003).O terceiro é o modelo social que enxerga a pessoa com deficiênciacomo um resultado da forma como a sociedade está organizada. Os estudosde Harris e Enfield (2003) apontam que a sociedade, quando não se encontrabem organizada, as pessoas enfrentam discriminação e barreiras de atitudeexpressa em medo, ignorância e baixa expectativas de vida. Esse processo éresultante do meio da inacessibilidade física que afeta aspectos da vida como irà uma loja, ao templo religioso etc. O modelo social pode ser identificado emtrês tipos: a deficiência do tipo comportamental, que é expressada pelo medo,a ignorância e baixas expectativas que a sociedade possui perante as pessoascom deficiência; do tipo institucional, que é procedente de discriminações decaráter legal, como por exemplo, não poder casar e ter filhos; não poder sematricular na escola etc; e a deficiência ambiental, resultante dainacessibilidade física dos espaços que afeta a vida de um modo geral(FEITOSA, 2010).


26Figura 3 - Modelo Social e as ideias associadasPrédiosinacessíveisPobreza,dependênciaeconômicaDesempregoPROBLEMA=SociedadeExclusivaIsolamaneto,segregaçãoPassividadeServiçosinadequadosFonte: Feitosa (2010) a partir de Harris e Enfield (2003).O quarto modelo baseado em direitos assemelha-se ao modelo socialincidindo no cumprimento dos direitos humanos com oportunidades iguais e àparticipação no meio social. Por causa da negação dos direitos, pela própriasociedade, como à saúde, à escola entre outros, as políticas públicas buscam aeliminação das barreiras. A sociedade é a causadora da deficiência.Medeiros (2012, p. 6) conclui que “a forma como as sociedades encarame interpretam o problema da deficiência está relacionada com o debate emtorno dos diferentes modelos conceituais de deficiência”.Os quatro modelos apresentados são formas diferentes de classificar apessoa por apresentar algo que a diferencia da maioria. É importante refletirque para existir um diferente, consequentemente existirá um entendimento deigual, para as pessoas ou mesmo de um formato padronizador para o serhumano. Podemos afirmar que a igualdade e a diferença assim como adesigualdade e a exclusão,[...] são dois sistemas de pertença hierarquizada. No sistema dedesigualdade, a pertença dá-se pela integração subordinadaenquanto que no sistema de exclusão de pertença dá-se pelaexclusão. A desigualdade implica um sistema hierárquico deintegração social (SANTOS, 1999, p. 2).


27Um desses modelos apontados por Harris e Enfield (2003) ou mais deum, são usados rotineiramente em nossos discursos conscientes ou não, dapermanência do rótulo. Assim como um sistema de hierarquização de pertençaou não pertença, que rotula e exclui. Seria possível, portanto, pensar em umquinto modelo não classificatório, um modelo humanitário onde todos têmdeficiência para que a exclusão no ambiente escolar e fora dele não aconteça?Essa reviravolta exige, em nível institucional, a extinção dascategorizações e das oposições excludentes – iguais/diferentes,normais/deficientes – e em nível pessoal, que busquemos articulação,flexibilidade, interdependência entre as partes que se conflitavam nosnossos pensamentos, ações, sentimentos. Essas atitudes diferemmuito das que são típicas das escolas tradicionais em que aindaatuamos e em que fomos formados para ensinar. (MANTOAN, 2003,p. 5).Mantoan (2003) faz crítica à formação tradicional das escolas, onde hádois níveis que merecem atenção: institucional e pessoal. Os cursos deBiblioteconomia apresentam nas suas bases curriculares disciplinas técnicas epoucas disciplinas que contemplem o atendimento aos usuários diversos quepoderão ou não apresentar dificuldades de aprendizado, todavia ascategorizações acerca do ser humano ecoam no tempo.2.1 ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL (BIBLIOTECA PARATODOS)A preocupação com o desenho universal não é recente, objetiva comtraços e riscos a criação de ideias acessíveis a um maior número de pessoas.“A ideia insipiente de um Universal Design nasceu depois da RevoluçãoIndustrial, quando foi questionada a massificação dos processos produtivos,principalmente na área imobiliária” (CARLETTO; CAMBIAGHI, s. d., p.8 ). Aformação do conceito de conforto está ligada com ergonomia, que remete àaltura, idade, força e outras características. Em 1963, em Washington surge aBarrier Free Design, comissão que discutia desenhos de equipamentos,edifícios e áreas urbanas adequadas para serem usadas por pessoas comdeficiência. No Brasil na década de 1980 se debate sobre a conscientizaçãodos profissionais da área de construção. Em 1981 se declarou o Ano


28Internacional de Atenção às Pessoas com Deficiência, e nesse contexto dediscussões a nível mundial se fala sobre o Desenho Universal.A criação da primeira norma técnica brasileira relacionada àacessibilidade se deu em 1985, a NBR 9050/2004, de acessibilidade aedificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos à pessoa portadorade deficiência (ASSOCIAÇÂO..., 2004). Esta NBR foi revista em 1994 e 2004 eassim regulamentam-se todos os aspectos de acessibilidade no Brasil.O conceito da estrutura do Desenho Universal foi desenvolvido porprofissionais da área na Universidade de Carolina do Norte, nos EstadosUnidos. No ano de 1987 por Ron Mace, um arquiteto norte americano queusava cadeira de rodas e respirador artificial. Mace cria a terminologiaUniversal Design acreditando que a partir dai no surgiria uma percepção danecessidade de aproximar as coisas projetadas e produzidas às pessoas comdeficiência.[...] lei 14.675/08, de autoria da vereadora Mara Gabrilli, estátransformando o sonho das calçadas acessíveis em realidade. Apartir de 2008, a Prefeitura de São Paulo está reformando ascalçadas da cidade para que sejam usadas com conforto e segurançapor todos os seus cidadãos (CARLETTO; CAMBIAGHI, s. d., p. 21).No contexto biblioteconômico se faz essencial que todos os imóveis emóveis de instituições públicas e privadas ofereçam em seu designarquitetônico acesso aos usuários com independência e segurança. Imerso aoconvívio social das escolhas e não escolhas de ações do dia a dia, quando asestruturas são planejadas pensando em todos, leis poderiam serdesnecessárias.Uma sociedade justa e democrática há de permitir que todas aspessoas possam desenvolver-se em qualquer atividade da vida diáriacom autonomia, para que o resultado fundamental é de evitardesenhos que suponham obstáculos para uma parte de seusmembros. (ESPANHA, 2008, p. 13, tradução do autor).Este aspecto preliminar sobre desenho universal poderá servir parasituarmos como se encontram as bibliotecas no que concerne à acessibilidade,contudo a eliminação de barreiras arquitetônicas não significa acesso, seuconceito é amplo e diz respeito ao comportamento, aos aspectos físicos,sociais e culturais.


292.1.1 O Que é <strong>Biblioteca</strong> - LegislaçãoNem toda coleção de livro é uma biblioteca, do mesmo modo quenem toda biblioteca é apenas uma coleção de livros. Para haver umabiblioteca, no sentido de instituição social, é preciso que haja três prérequisitos:a intencionalidade política e social, o acervo e os meiospara sua permanente renovação, o imperativo de organização esistematização; uma comunidade de usuários, efetivos ou potenciais,com necessidades de informação conhecidas ou pressupostas, e, porúltimo, mas na menos importante, o local, o espaço físico onde sedará o encontro entre os usuários e os serviços da biblioteca.(LEMOS, 2005, p. 101).Nessa perspectiva social, a legislação brasileira, através da Lei nº12.244, de 24 de maio de 2010, é clara quanto à obrigatoriedade dasbibliotecas e do profissional bibliotecário:Art. 1 o As instituições de ensino públicas e privadas de todos ossistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termosdesta Lei. Art. 3 o Os sistemas de ensino do País deverãodesenvolver esforços progressivos para que a universalização dasbibliotecas escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja efetivadanum prazo máximo de dez anos, respeitada a profissão deBibliotecário [...] (BRASIL, 2010).A Federação Internacional das Associações de Bibliotecários - IFLA, em29 de março de 1999, chama atenção dos bibliotecários a se integrarem nessaluta pelo acesso, de modo que o torna um intermediador importante noprocesso de fazer possível levar a informação a todos para:[...] garantirem e facilitarem o acesso a todas as manifestações doconhecimento e da atividade intelectual; a adquirirem, preservarem etornarem acessíveis a mais ampla variedade de materiais que reflitama pluralidade e a diversidade da sociedade (FEDERAÇÃO..., 1999).Todavia o profissional Bibliotecário não é ainda devidamentereconhecido, “[...] o bibliotecário precisa agir de uma maneira mais autônoma etransformadora, pois este profissional tem sido considerado como sendo inútil,passivo, sem autonomia, subserviente, entre outros” (CARVALHO SILVA,2010, p. 78). Esta observação de Carvalho Silva (2010) é de grande relevância,pois, denuncia uma apatia histórica por parte dos bibliotecários deposicionarem-se politicamente na sociedade a fim de garantir que sua profissãoseja exercida com dignidade e respeito aos usuários. Um grande exemplodisso é a própria promulgação da Lei nº 12.244, que em seu texto, traz umprazo de dez anos para que entre efetivamente em vigor.


30A esse respeito foi realizado uma investigação com 38 jovens de 21países que tem como primeira língua o espanhol, escolhidos de formaaleatória, onde foi perguntado como eles percebiam o bibliotecário e o papel dabiblioteca, como resultado percebeu-se que,Muitos entrevistados frequentam bibliotecas, chegam a reconhecersua importância, mas não têm qualquer conhecimento sobre a áreade Biblioteconomia. Isso nos leva a pensar em uma séria reflexãosobre a identidade da Biblioteconomia, revendo desde os currículosdos cursos de nível superior até a prática profissional (SILVA, 2011,p. 8).Baptista (2006, p. 14) nos declara que “cada biblioteca é um caso àparte” e que os caminhos que construirão devem ser buscados com o fim deobter espaços mais acessíveis. Neste sentido, é importante refletir sobre abiblioteca que queremos. Uma biblioteca verdadeiramente para todos. Umabiblioteca inclusiva que contemple todas as ações seja arquitetônica ou deserviços que não exclua nenhum usuário.2.1.2 <strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong>Brasil, Chile e outros países possui legislação que estabelece normaspara a plena integração social das pessoas com deficiência. Entretanto nosperguntamos se as bibliotecas estão preparadas para recebê-los? Osbibliotecários estão preparados para atendê-los? Um processo não tão simples,mas obviamente em função das pressões legais evolui gradativamente. Aimpedância desse ingresso ao ambiente intelectual e de lazer posterga odesenvolvimento natural do cidadão. Na cartilha sobre ‘<strong>Biblioteca</strong> accesiblespara todos’ produzida pelo Ministério da Educação da Espanha há umarcabouço de possibilidades viáveis, não somente para pessoas comdeficiência, para pessoas da terceira idade etc.Escrever sobre uma biblioteca do uso universal pode resultar numaobviedade; no entanto na atualidade muitas pessoas seguem sempoder participar de seus serviços e de seus recursos em condiçõesde igualdade. Isso dá lugar a situações de exclusão respeito a bensimprescindíveis para o desenvolvimento social e pessoal dessesindivíduos, pois o livro e a leitura hão de estar ao alcance de todos enão deve existir nenhuma barreira para ele (ESPANHA, 2006, p. 14tradução do autor).


31A diversidade do público é um desafio para as Instituições, conformeCardoso (2012, p. 38), em função da perspectiva dos profissionaiscorresponderem às necessidades, dessa maneira com a pretensão de ser umambiente inclusivo. Ainda menciona que, os recursos aplicados naacessibilidade física são importantes, como de conteúdos e em sistemas deinformação e comunicação.2.1.3 Edifícios e EquipamentosA Associação Brasileira de Normas de Normas Técnicas (ABNT) possuia NBR 9050 que trata sobre acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços eequipamentos urbanos. A norma objetiva estabelecer critérios e parâmetrostécnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação eadaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos àscondições de acessibilidade. Visa proporcionar à maior quantidade possível depessoas, o que independe da idade, estatura ou limitação de mobilidade oupercepção, a utilização de forma autônoma e segura do ambiente, edificações,mobiliário, equipamentos urbanos e elementos.Neste documento há um espaço para tratar de <strong>Biblioteca</strong>s e Centros deLeitura:Nas bibliotecas e centros de leitura, os locais de pesquisa, fichários,salas para estudo e leitura, terminais de consulta, balcões deatendimento e áreas de convivência devem ser acessíveis. Pelomenos 5%, com no mínimo uma das mesas devem ser acessíveis[...]. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejamadaptáveis para acessibilidade. A distância entre estantes de livrosdeve ser de no mínimo 0,90 m de largura. Nos corredores entre asestantes, a cada 15 m, deve haver um espaço que permita a manobrada cadeira de rodas. Recomenda-se rotação de 180º(ASSOCIAÇÃO..., 2004, p. 88).Figura 4 - Terminais de ConsultaFonte: NBR 9050/2004 (ASSOCIAÇÃO..., 2004).


32Figura 5 - Estantes em bibliotecasFonte: NBR 9050/2004 (ASSOCIAÇÃO..., 2004)A norma orienta sobre a altura dos fichários que deve atender às faixasde alcance manual e parâmetros visuais e recomenda-se que as bibliotecaspossuam publicações em Braille, ou outros recursos audiovisuais. Ainda deacordo com a NBR 9050/2004, pelo menos 5% do total de terminais deconsulta por meio de computadores e acesso à internet devem ser acessíveis aP.C.R. e P.M.R. e que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis paraacessibilidade.2.1.4 Ajuda Técnica e Apoio PessoalMediante a necessidade de cada usuário, lhe será atribuído um recursoque responda ao seu anseio. Poderá ser um acesso físico, um atendimentoespecífico para uma pessoa com deficiência intelectual, um recurso de baseelevatória para alguém com nanismo. Os recurso em audiolivros, transcritos embraille são mais escassos, no entanto a biblioteca deve oferecer esses suportese isso independe se há no momento atual ou não usuários que necessitem. O


33ideal é disponibilizar os mesmos recursos que normalmente são oferecidos,com qualidade igual e em proporção de quantidades também iguais.[...] a biblioteca deve oferecer a qualquer usuário, também a aquelesque apresentam alguma deficiência, as mesmas possibilidades deescolha que seus concidadãos sem deficiência, podendo ler eentender qualquer documento que se encontre na biblioteca(ESPANHA, 206, p. 41, tradução do autor).As principais ajudas técnicas para pessoas com deficiência visual são osledores de tela para ler em voz alta quanto ao uso de computadores,dispositivo de Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR), líneas brailleconectadas ao computador, audiolivros ou livros falados, impressões embraille, ampliadores de caracteres para as pessoas com baixa visão, lupaseletrônicas e manuais, máquinas para fotocopiar ampliado, deve contar comguia intérprete para atendimento às pessoas surdo-cegas.Figura 6 – Amplificador automático.Fonte: http://www.tecnologia-assistiva.org.brFigura 7 – Leitor autônomo.Fonte: http://www.tecnologia-assistiva.org.br


34Para as pessoas com deficiência auditiva é imprescindível pessoas comdomínio a língua de sinais para o atendimento e acompanhamento, vídeos eDVDs com legendas e interpretação para língua de sinais, internet com bandalarga que possibilite o uso de webcam.Figura 8 – Teclado com caracteres ampliados para usuários com baixa visão.Fonte: http://www.tecnologia-assistiva.org.brPara pessoas com mobilidade reduzida será necessário que a bibliotecamantenha sempre em espaço visível uma cadeira de rodas, tecladosadaptados para que só pode usar o teclado, e demais tecnologias assistivaspossíveis.2.1.5 A ColeçãoA coleção das bibliotecas deve ser pensada no interesse dos usuários,independente de ter ou não alguma deficiência. É interessante que os temasvoltados para deficiência não sejam esquecidos. A coleção beneficiará a todose não pode ser discriminatória nesse sentido, contemplando o maior número deusuários.Os catálogos devem estar em suporte físico e em rede, disponíveis emformatos para leitura com o auxílio de ledores de tela, opções para contrastes.Os mobiliários onde o acervo será exposto não devem estar em locaismuito baixos ou em alturas inadequadas, a cadeira de rodas deve percorrerlivremente por todos os espaços da <strong>Biblioteca</strong>.


352.2 OS SERVIÇOS BIBLIOTECÁRIOS E ALFABETIZAÇÃO DA INFORMAÇÃOO primeiro contato com a biblioteca é feito pelo serviço de orientação aousuário a partir dele se fará o perfil de como ela trata o acesso. O documentodo Ministério da Educação da Espanha confere que, “desde a perspectiva deacessibilidade universal, o objetivo geral reside em que as pessoas possamincorporar com total naturalidade os serviços que oferece o sistema geral debibliotecas” (ESPANHA, 2006, p. 61, tradução do autor). A informaçãobibliográfica do serviço de referência se trata de serviço personalizado, éimportante ter conhecimento das alternativas que possibilitem uma informaçãode qualidade, para isso conhecer o usuário e sua limitação será primordial.O serviço de formação de usuário poderá fazer que com que eleaproveite da melhor maneira as atividades oferecidas pela biblioteca. Oempréstimo exigirá que os atendentes possam ter pleno conhecimento dalíngua de sinais usada pelos surdos. A parte cultural será um espaço deinclusão que muito beneficia porque trabalha várias áreas do conhecimento, sesubtende, servindo de formação complementar.O serviço apresentado por intermédio da internet é uma ação interativa epoderá servir de grande fonte de conhecimento, atentando para as normas deacessibilidade voltadas para a informática.Alfabetização em informação ou alfabetização informacional ousimplesmente ALFIN, muito discutida na América Latina, proporciona umcontato mais íntimo com seu usuário e tende a ser um serviço personalizado.De acordo com Saéz (2005, p. 8),A ALFIN, junto com o acesso a informação essencial e o uso eficazdas tecnologias da informação e a comunicação tem um papelprincipal na redução das desigualdades entre as pessoas e ospaíses, e na promoção da tolerância e copreensão mútua graças aouso da informação em contextos multiculturais e multilíngues.Outro aspecto da ALFIN, abordado por Saéz (2005, p.2) é sobre aimportância do componente dos programas de Educação para todos, podendocontribuir fundamentalmente à obtenção das metas das Nações Unidas deDesenvolvimento para o milênio. Menciona também os obstáculos a vencerpara a minimização das desigualdades entre as pessoas e países por


36intermédio do uso das tecnologias da informação, elas não estão limitadassomente à existência de uma infraestrutura de telecomunicaçãoeconomicamente acessível, há outros obstáculos, como o uso do idiomapróprio e da educação em geral e, especificamente, a cultura da informaçãoque requer maior atenção.A brasileira Campello (2009) desenvolve estudos refletindo sobre oletramento informacional e as práticas dos bibliotecários escolares que servepara qualquer biblioteca. De acordo com Campello (2009, p. 7) “[...]paralelamente, a classe bibliotecária percebe uma demanda de ajuda daspessoas para decifrar o universo informacional complexo, que caracteriza asociedade de informação”. Tanto ALFIN como letramento informacional,buscam o desenvolvimento do desempenho em usar a informação e que amesma resignifique tal empenho. Campello (2009, p. 7) diz que “Isso significaajudá-las a desenvolver habilidades de usar informações, tornando-as capazesde aprender de forma autônoma e ao longo da vida”. O conceito de letramentoinformacional surge como sustentação a essa prática educativa, faz-senecessário para os usuários em suas mais diversas necessidades.2.3 SENSIBILIZAÇÃO NA UFC CARIRIA partir do curso de Biblioteconomia e da ocasião de trabalhar muitasdisciplinas técnicas sem infelizmente, abordar o tema da acessibilidade parausuários com limitação e embasado por experiências anteriores no ambientede trabalho, foi estruturado um projeto de caráter científico, para sensibilizar acomunidade acadêmica. No princípio de apenas com os discentes do Curso deBiblioteconomia, entretanto, posteriormente o projeto ganhou dimensõesmaiores e passou a contar com a participação de outros cursos.Os três projetos trabalharam a informação do ponto de vista daspessoas com deficiência e de que maneira conseguiam ter acesso ao ambienteda biblioteca, ultrapassando barreiras, outras vezes não, enfrentando críticas,refletindo sobre as situações de constrangimento e impedimentosmomentâneos a que eram submetidas. A sensibilização foi realizada num totalde 90 pessoas que puderam perceber as informações a partir de situaçõesvivenciadas por pessoas com deficiência, umas sentadas em cadeira de rodas,


37outras usando vendas nos olhos, outras com redução auditiva por meio deprotetores auriculares e abafadores. As vivencias resultaram em apresentaçõese artigos em congressos e eventos nacionais.2.4 ‘PASANTÍA’ POR SANTIAGO DO CHILEEm função do estágio realizado no mês de janeiro de 2013 durante trêssemanas foram feitas análises pertinentes ao acesso em duas bibliotecaschilenas: a <strong>Biblioteca</strong> Pública de Santiago e a <strong>Biblioteca</strong> Nacional, com o intuitode analisar de que forma o tema da biblioteca inclusiva é percebido nestasinstituições.A <strong>Biblioteca</strong> Pública de Santiago faz parte da Direção de <strong>Biblioteca</strong>s,Arquivos e Museus (DIBAM) e é o seu grande projeto. O DIBAM é um órgãovinculado ao Ministério da Educação é encarregado da definição de políticaspúblicas para as bibliotecas, museus e arquivos no que diz respeito à cultura eo resguardo do patrimônio histórico. Foi criado para fornecer um serviço debiblioteca pública moderna e eficiente para a comunidade da regiãometropolitana.A biblioteca oferece cuidados e serviços inovadores: uma hora defuncionamento prolongado, estendido aos fins de semana, serviços dereferência digital, coleções audiovisuais, serviços de notícias, salas comcoleções, atividades para jovens, de referência, gerais e periódicos; salas comcomputadores equipados para a formação em tecnologias de informação ecomunicação (TIC) para o acesso de pessoas com deficiência a todos os seusserviços, salas de conferências, auditório multiuso, sala de exposições,programas permanentes de promoção da leitura e extensão.A partir de observação e de conversa informal com duas bibliotecáriasde referência, as mesmas mencionaram contar com 90 funcionários, dentreeles 20 bibliotecários. A instituição criou o setor ‘Servicios y acceso paradiscapacitados’, com livros no formato braille, entretanto, pela falta deatualização o acervo foi desaparecendo e hoje conta apenas com audiolivros.Não há atendimento através de Língua de Sinais Chilena (LSCH) para usuáriossurdos, o serviço é realizado por meio da escrita ou mímica. Quanto ao espaçopara cadeirantes, mulher grávida, idosos com dificuldades de mobilidade, éperfeitamente possível, cadeirantes circularem livremente entre as estantes. Há


38elevadores e rampas de acesso, inclusive atendimento para bebêsGuaguoteca 5 , o que caracteriza acesso informacional com estimulação precocepara crianças de colo. Certamente é uma biblioteca que caminha rumo aoconceito de biblioteca inclusiva.A <strong>Biblioteca</strong> Nacional do Chile é o principal centro bibliográfico do país,uma das primeiras instituições republicanas, que durante o século XIX formouo seu núcleo bibliográfico após a doação ou compra de suas primeirascoleções. Ao longo da história e na formação de suas coleções, reuniu umadas maiores coleções patrimoniais da América Latina. Tem uma seção para oatendimento para pessoas com deficiência visual chamada ‘Sala de Ciegos’,um espaço especial com informação bibliográfica em diferentes formatos,disquete, fita cassete e impressa em Braille. Nela são impressos e digitalizadosdocumentos a pedido dos usuários, que segundo a atendente, há poucaprocura, o que requer um redimensionamento do projeto. Em relação aoatendimento para surdos não difere da <strong>Biblioteca</strong> Pública de Santiago. Contacom ’Acceso Minusválidos’ espaço com rampa para cadeirantes ou pessoascom mobilidade reduzida, que os direciona ao elevador, situado ao ladoesquerdo da escadaria. Além disso, na sala Memória Chilena há computadorescom programa leitor de tela que permite que pessoas cegas naveguem epossam ouvir seu conteúdo.5 No Chile os bebês são chamados de guaguas.


393 METODOLOGIAA pesquisa cientifica objetiva fundamentalmente contribuir para aevolução do conhecimento humano. A metodologia é pois, a ciência que estudaos métodos utilizados no processo de conhecimento e deve sersistematicamente planejada e executada segundo critérios rigorosos deprocessamento. Demo (1985, p. 20) conclui que a “ciência busca capturar eanalisar a realidade, e é o método que faz com o pesquisador consiga atingirseus objetivos”.A presente pesquisa, portanto, classifica-se como descritiva por tratar deum registro, análise e interpretação de documentos voltados para a bibliotecainclusiva, terá um conjunto de procedimentos utilizados a partir da abordagemdo método dedutivo, como investigação através uma cadeia de raciocínio arespeito da investigação de uma biblioteca para todos. De acordo com Gil(1999) a pesquisa descritiva visa descrever as características de determinadapopulação ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveisobservadas. Neste sentido, a pesquisa descritiva poderá fornecer um amplodiagnóstico do problema observado.Para auxiliar a pesquisa descritiva o método de pensamento ouabordagem utilizado será o dedutivo que consiste na relação lógica entre aspreposições apresentadas (MARCONI; LAKATOS, 2010).O método de procedimento será comparativo, analisando o contextopresente, no passado e os estágios de desenvolvimento da biblioteca. Marconie Lakatos (2010) afirmam que o método comparativo consiste no confrontoentre elementos levando em consideração seus atributos. O métodocomparativo promove o exame dos dados a fim de obter diferenças esemelhanças que possam ser constatadas e as devidas entre as duas.Em relação à técnica de pesquisa, fará uso da documentação indiretapor meio de pesquisa bibliográfica e documentação direta e entrevistasrealizadas nas sensibilizações sobre a informação para todos na UFC Cariri eentrevista com profissionais de sete países, dessa forma a pesquisa secaracteriza como qualitativa.


40A entrevista foi realizada de forma aleatória com 16 pessoas de setepaíses para verificar as semelhanças e diferenças quanto ao conceito debiblioteca inclusiva e suas percepções sobre a temática e enviada por e-mail.Abrangeu países da América Latina e Europa, que são: Brasil, Chile, Colômbia,Nicarágua, Venezuela, Portugal e Inglaterra. Também foi baseado nasentrevistas realizadas nas sensibilizações na UFC Cariri que trouxeram asprimeiras impressões sobre a relevância da temática para a Biblioteconomia.Para Goode e Hatt (1969, p. 237) a entrevista “consiste nodesenvolvimento de precisão, focalização, fidedignidade e validade de um certoato social como a conservação”, sendo, portanto, o instrumento adequado paraanalisar as sobre biblioteca e acessibilidade. Neste sentido, a utilização doinstrumento de coleta de dados nos possibilitou adentrar na complexidade eambivalência do conceito de biblioteca inclusiva em diferentes realidades econtextos.Para auxiliar a realização da pesquisa recorremos a observaçãosistemática, que faz uso de instrumentos para a coleta de dados ou fenômenosobservados e ocorre em condições controladas, para responder a propósitospreestabelecido (MARCONI; LAKATOS, 2010).O modelo teórico para a análise dos dados vale-se de um delineamentoqualitativo da pesquisa social. Para Minayo et al (2007, p. 22) a pesquisaqualitativa,responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nasciências sociais, com um nível de realidade que não pode serquantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados,motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde aum espaço mais profundo das relações dos processos e dosfenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização devariáveis.Por fim, pretende-se que a pesquisa possa colaborar com a produção defuturos estudos investigativos voltados para a temática biblioteca inclusiva.


414 RESULTADOS E DISCUSSÕESMinayo (2007) observa que o ciclo da pesquisa científica compõe-se detrês fases: a exploratória, que consiste no levantamento bibliográfico ereferencial teórico; a pesquisa de campo, que consiste na coleta de dados eobservação dos fenômenos; e a análise e tratamento dos dados, fase dainterpretação dos dados coletados, compreensão das premissas e construçãode conceitos.Portanto, este capítulo traz a análise das entrevistas realizadas e asdiscussões levantadas a partir do problema e os objetivos da pesquisa. Asrespostas foram transcritas na íntegra e sem tradução para preservar suaautenticidade e as supressões indicam momentos de silêncio.As falas refletem as impressões dos entrevistados sobre a temática ecoloca em cheque as políticas públicas rumo a uma biblioteca verdadeiramenteinclusiva. Abaixo alguns depoimentos coletados que denunciam o totaldesconhecimento do tema e a fragilidade da legislação para uma bibliotecapara todos. A pergunta feita foi: O que é <strong>Biblioteca</strong> <strong>Inclusiva</strong> ou <strong>Biblioteca</strong> paraTodos?“Hasta ahora nunca había pensando en el término ni siquiera lo conocía, cuandollegaste tú y me comentaste el tema de tu tesis, fue la primera vez que lo escuché [...]inclusiva, que incluya a todos principalmente a los que tienen algunas limitaciones, meparece un modelo muy interesante de concretar porque cada vez que conversamos denuestros servicios para los usuarios no pensamos en las personas que tienenlimitaciones, solo hemos incluido algunos cambios en el edificio para las personas quetengas dificultades para caminar utilicen rampas, pero fue por un decreto de Gobiernoque señala que todos los edificios publicos deben tener accesos apropiados para todaslas personas, por eso agregamos las rampas [...] es más, casi todos los años, desde1978, hemos realizado la campaña de la Teletón y se conocen casos extraordinarios yse ha avanzado en la atención de las personas con limitaciones, pero después de esono hay nada más [...] recién, en las elecciones municipales del año pasado, se incluyouna plantilla braille y que pudiera acompañarlo alguien, si lo estimaba una personaciega [...] esto es el 2012 [...]. Creo que nos hemos avanzado mucho en incluir a todaslas personas en acceder a los servicios, solo pensamos en democratizar la informaciónpero para aquellos que se "supone" no tienen dificultades para acceder a la información[...] somos ignorantes en el tema [...] pero si lo comenzamos a comentar y a difundir,tendremos la posibilidad de hacer los cambios reales a los servicios para realmente seruna biblitoeca inclusiva [...]. Cuando ya tengas tu escrito, me lo podrías enviar paradifundirlo [...] si lo envías con una todo tuya mucho mejor [...] y así vamos aprendiendode nuevos modelos que podemos entregar a "todos" los usuários [...]. Espero que tesea útil el comentario, pero es una pregunta que no se me había hecho antes [...]”(Bibliotecária - Santiago, Chile).“Agora você me pegou hein [...] mais eu acho [...] que é uma biblioteca onde pessoastanto especiais [...] como cegas [...] ou surdas [...] possam participar de todo tipo de


42leitura [...]. Me equivoco? De nada [...] e como vc acha que eu vi o assunto? estoumuito longe do que é realmente?” (Missionária - São Paulo, Brasil).“Bueno para ser sincero no se mucho de ese tema pero bueno dame una referencia deque significa biblioteca inclusiva” (Estudante de Informática - Manágua, Nicarágua).“Nunca vi esse termo não, mas acho que tem a ver com acessibilidade, dá acesso atodos os portadores, incluir todos e todas a (plata)formas também” (Intérprete deLíngua Brasileira de Sinais - LIBRAS - Juazeiro do Norte, Brasil).Bom [...]. Não sei se posso contribuir muito com sua pesquisa, pois entendo pouco doassunto. Como seria essa biblioteca que atendesse tantos tipos diferentes de usuários?Tradicionalmente aprendemos a trabalhar com categorias de usuários: das bibliotecaspúblicas, escolares, universitárias [...]. Nessas últimas ainda tem os usuários de cadaárea [...]. Penso que as bibliotecas públicas são inclusivas por natureza [...] Mas atéagora, em geral, só sabemos que cada biblioteca deve trabalhar a inclusão dentro dasua especialidade, estando preparada para atender qualquer tipo de deficiência. Decerta forma isso tem sido fácil quando se trata de estrutura física: preparar banheiros,rampas, pisos etc. Porém em se tratando de pessoas para lidarem com deficientes aí éoutra história, principalmente no serviço público, que já tem problema crônico de faltadepessoal.Finalmente, acho que as bibliotecas da educação, como a que eu trabalho, porexemplo, devem se praparar para que cegueira, surdez, mudez, não sejam empecilhospara que as pessoas deficientes deixem de frequentar a escola ou universidade porcausa do problema [...]. Acredito que nem todas as pessoas vão querer frequentar auniversidade, mas as que quiserem e tiverem alguma deficiência devem ter o apoionecessário. Quanto a outros tipos de deficiências, creio que podem ser trabalhadas poroutros tipos de bibliotecas como as bibliotecas circulantes, que vão até as pessoas ouaté projetos de extensão como biblioterapia e outros que levam a leitura para apessoas hospitalizadas, em manicômios etc [...]. Depois me manda o trabalho, até paraeu poder compreender melhor o tema (Bibliotecária da Rede Federal, Juazeiro doNorte, Brasil).Percebemos nas falas que as políticas inclusivas obrigam que açõessejam tomadas em instituições públicas ou privadas, mas, além disso, não háuma preocupação em oferecer serviços especializados, independente se há ounão clientela, uma vez em que se o serviço for ofertado, pessoas interessadasirão procurá-lo posteriormente. O depoimento abaixo corrobora a visão debiblioteca inclusiva ser uma biblioteca para todos os públicos sejam quaisforem as suas condições físicas ou psíquicas.“[...] É uma biblioteca que rompe as barreiras de impossibilidades e abre possibilidadea todos, ou seja pessoa com ou sem necessidades especiais independente delas quaisforem” (Bibliotecária Faculdade Privada - Brasil)Os bibliotecários compreendem a importância de atender bem qualquerpessoa. Na prática sentem a necessidade de conhecer melhor seus usuários,mas as especificidades não estudadas e praticadas na graduação impedemde ultrapassar as barreiras comunicacionais, consequentemente anecessidade das especializações.


43“Hmm. una biblioteca que tenga todo tipo de libros, que no sea excluyente que tengadesde revistas cientificas hasta libros sobre magia negra, mazoneria y demás.(Estudante de Negócios Internacionais - Barranquilla, Colombia).Bem, dentro do Projeto de Inclusão que deve existir em todas as escolas, até porque élegalmente assegurado o direito ao acesso e permanência na escola para as pessoascom diferenças de aprendizagem, a ideia de inclusão, deve ser incorporada por todosos espaços escolares. Consequentemente, a <strong>Biblioteca</strong> inclusiva é um espaço escolarjá conquistado pelo aluno especial, deve contemplar recursos e formas de atendimentoque façam a diferença para eles, também. Ok? Penso assim, e já estou vendo adefasagem de nossa biblioteca. Não sei libras, os surdos quase não entram lá. Pensoque eles ficam constrangidos quando eles falam e eu peço para escreverem o quequerem. Eles falam daquele jeito, linguagem própria e se esforçam bastante para tanto.Aí, o atendimento fica abaixo do esperado por eles. É como se eles se sentissemdesvalorizados. O que você percebe? (Pedagoga que atende na <strong>Biblioteca</strong>, Juazeiro doNorte, Brasil).“Bem, eu diria resumidamente que seria uma biblioteca onde qualquer pessoa,independentemente de alguma limitação física ou mental, teria acesso à informaçãonela contida” (Web Designer - Coimbra, Portugal).É consenso em relacionar a terminologia biblioteca inclusiva às pessoascom deficiência, talvez em função de durante muito tempo se falar em inclusãode pessoas especiais. Outro fato é ligar a biblioteca inclusiva ao livro, nemsempre atentando que inúmeros suportes devem conter numa biblioteca.Cada usuário deseja satisfazer as suas vontades, para ele a bibliotecainclusiva é aquela que ‘sacia a sua fome’, mas nem sempre se dá conta que oincluir é para todos. Verificamos uma barreira muito forte, comum infelizmente,em quase todas as bibliotecas visitadas, a falta de atendentes que saibamlíngua de sinais para recepcionar e orientar os surdos nas pesquisas.Conforme os relatos transcritos, há uma luta do surdo em tentar se fazerentender.“Es muchos libros. Mucho tiempo no fui a biblioteca! Porque Google tiene todos.. Esmás fácil. Es encontrar a web de libro significado o fotos de todos. Me acuerdo queúltima día fui a biblioteca y yo escribía papel " quiero inscribir para pedir préstamo ofocotocopia de libro" yo soy estudiante" señora me pregunto cual colegio y curso estoy?Aveces yo hablo lento para señora entiende” (Surda – Curicó, Chile).“Yo opino [...] Es necesario ayuda con materiales para personas con discapacidad yademás a los demás aprender y conocer.” (Surda, Iquique, Chile).“Hola una biblioteca que tenga audiolibros” (Professora cega Santiago, Chile).Podemos dizer que é uma biblioteca que tenha acessibilidade em todos os contextos,livros em Braille, livro falado, livro em tinta ou negrito, banheiros. (Educador Físico depessoas com deficiência - Fortaleza, Brasil).


44“Cara, é um tema muito longo pra se explanar. Mas, no geral, é aquela que proporcioneao deficiente, todos os meios de que seja necessário pra que ele possa ter todo acessoà literatura seja falada ou escrita. (Educador cego - Volta Redonda, Brasil).Alguns entrevistados por serem pegos de surpresa com a pergunta ‘Nasua opinião o que é uma biblioteca inclusiva?’, e não terem parado para refletirsobre o assunto, não sabem o que dizer. A internalização de que todos têmdireitos à informação não processa de maneira concreta, e isso dá um certodesconforto pessoal, por não ter pensado nos que ainda estão distante domundo informacional propriamente dito.“Que da acesso a todos os que não tem condições de acessar determinados livros ouinformações“ (Web Designer - Londres, Inglaterra).“Hmmm entiendo pero sinceramente ahorita no tengo mucho tiemnpo que digamos(Estudante de Italiano - Maracaibo, Venezuela).O que fica bem claro, com os resultados das entrevistas apresentadas, éa falta de políticas públicas efetivas para a estruturação da melhoria de acessoàs bibliotecas. Por se só, as bibliotecas não conseguem garantir que oatendimento seja efetuado e oferecido qualitativamente a uma diversidade depessoas. Profissionais da área desenvolvem atividades em instituiçõesinternacionais e nacionais, públicas e privadas, sem ter ferramentas adequadaspara lidar com o público que não está enquadrado no ‘padrão de normalidade’.A biblioteca para todos, acessível ou inclusiva pressupõe um tratamentoequitativo onde as barreiras da comunicação, arquitetônicas e atitudinais sejameliminadas por completo. O que não se percebe e poderia mudar os quadrosalarmantes, é a presença de pessoas, por exemplo, com deficiênciatrabalhando nessas instituições, elas têm habilidades e competências paracontagiar e atrair público com as mesmas dificuldades.O processo de entendimento sobre a proposta de que todos possamusufruir num só ambiente das informações, não é comum, por isso acomplexidade de compreender à princípio a proposta de biblioteca inclusiva. Oimportante é a reflexão que os entrevistados fizeram, nem tudo foi exposto napesquisa por levar a outras discussões mais aprofundadas.


45Figura 9 – Continentes abrangidos pela pesquisa25Fonte: O autor.Além do Brasil tivemos a preocupação de saber como usuários debibliotecas em outros países da América do Sul como Chile, Colômbia,Nicarágua, Venezuela e da Europa, Inglaterra e Portugal de que forma vem oacesso informacional em bibliotecas e como está sendo implementado. De ummodo geral coletamos somente os dados considerados relevantes para apesquisa.


465 IN(con)CLUSÃOOs estudos não definem quando surge exatamente a discussão sobre abiblioteca inclusiva, contudo, no Brasil a pesquisadora, escritora e bibliotecáriaDeise Tallarico Pupo, desenvolve um projeto na UNICAMP intituladoLaboratório de Acessibilidade - Todos Nós -, desde final da década de 1990,que consiste em elaborar projetos de adequação e de modernização dosespaços destinados ao estudo e à pesquisa que atendam às necessidades depessoas com deficiência. Os resultados são relatados em artigos científicos,livros, cursos e palestras.Contar com uma bibliotecária à frente do projeto rendeu ao temabiblioteca inclusiva e acessível ou biblioteca para todos, um grande impulso.Contudo percebe-se que tanto a Organização das Nações Unidas (ONU) em1975, quanto a IFLA/UNESCO em 1994 tratam da legislação voltada para abiblioteca que atenda usuários com e sem deficiência ou alguma limitação,ambas as instituições de nível internacional.A reflexão sobre a biblioteca e sua usabilidade para as pessoas comdeficiência não é uma prática cotidiana de discussão entre os profissionaisbibliotecários. Tão pouco, trata-se dos usuários com limitação intelectual,obesos, idosos, ou bebês, geralmente, referem-se aos acervos para pessoascegas, num espaço específico e separado das demais coleções. Observamosque uma bibliotecária de uma instituição a nível nacional mencionou nuncahaver pensado no termo biblioteca inclusiva e não o conhecia, até serabordada para entrevista. Este é um fato de suma relevância, uma vez em quereflete o distanciamento com que tratamos os assuntos que não nos aproximapor meio da experiência direta. Ou seja, somente quando a deficiência atingealguém próximo ou a própria pessoa é que o assunto ganha uma dimensãomaior de nosso interesse. Felizmente, este pensar não é uma regra e existeminúmeras iniciativas para construir uma biblioteca verdadeiramente inclusiva.As políticas públicas identificadas, inclusive normas de acessibilidadesão executadas mediante ameaças de fiscalizações e penalidades, quando oideal seria que todas as instalações prediais nascessem acessíveis, o queevitaria constrangimentos e adaptações posteriores colaborando para osurgimento de bibliotecas mais humanas.


47A pesquisa abordou a temática da acessibilidade e do desenho universalpor ser uma peça importante no contexto da socialização da pessoa comdeficiência e do ambiente onde deveria acontecer o perfeito encontro com aergonomia. Todavia o desconhecimento das aplicabilidades na bibliotecadessas ferramentas exclui os pretensos interessados em adentrar nesseespaço ainda utópico, do ponto de vista da maioria das bibliotecas que setransformam em bibliotecas excludentes. Neste sentido lançamos oquestionamento: existe uma biblioteca para todos? Infelizmente, chegar à umaresposta não é uma tarefa fácil, uma vez em que envolve inúmeros aparatos eequipamentos públicos, legislação, vontade política e acima de tudo,conscientização e compreensão do conceito de biblioteca para todos oubiblioteca inclusiva.O apoio técnico e suas tecnologias assistivas facilitam o acesso aoconhecimento, em função disso, enfatizamos a relevância de criar políticasinternas que possibilitem à biblioteca dar suporte para aprendizageminformacional.A Alfabetização Informacional – ALFIN mediante o avanço da informáticaé uma forte aliada para o encaminhamento de uma biblioteca inclusiva. Emfunção disso, nossa reflexão recai sobre o profissional bibliotecário para quepossa identificar o real papel da biblioteca na sociedade e conheça ereconheça a sua importância como instituição e consequentemente comoprofissional em âmbito global para construir uma cultura de inclusão embibliotecas.Outro quesito que merece uma atenção especial, não por seu resultado,mas pela iniciativa, foi a vivência realizada na UFC Cariri com o propósito deprovocar por meio de sensibilização o conceito de biblioteca inclusiva. Foramtrês vivências abordando as deficiências auditiva, visual e motora reduzida,com a participação da comunidade acadêmica, que dentre os ambientesvisitados (sem um recurso de sentido), reconheceram a biblioteca daUniversidade de forma diferente.Atualmente o que acontece é o desrespeito no cumprimento dalegislação. O simples direito de ir e vir não se faz presente na nossaarquitetura. Os prédios ignoram a presença de acessibilidade em sua maiorparte, às vezes tem rampa, mas não tem banheiro adaptado. Outra tem


48banheiro e rampa, mas não possui elevador. O aspecto mercadológico tambémcontribui para a exclusão das pessoas com deficiência. Existe a lei de cotaspara inserção do mercado de trabalho, porém não há uma política educacionalque dê suporte na formação intelectual com acompanhamento e recursosadaptados. A sociedade <strong>Inclusiva</strong> não permite tais fatos. As diferençasculturais, sociais, econômicas não devem interferir no convívio em sociedade,pelo contrário, ele deve ser uma ferramenta de ligação para que todasaprendam mutuamente.Por fim, a oportunidade de estágio na cidade de Santiago do Chile pôdefazer reconhecer que a temática é pouco discutida numa dimensão geral e queas políticas públicas de acessibilidade para bibliotecas precisam ser colocadasem ação.Que esse texto possa servir de alerta para as pessoas que trabalhamem biblioteca e/ou instituições que recebem usuários com e sem deficiênciamelhorem suas práticas. A biblioteca nos pertence foi criada para nós e devecumprir seu papel de forma acessível. Reflexões e provocações a respeito dasbibliotecas e de seu papel de intermediadora na formaçãointelectual de “TODOS” os cidadãos foi o foco deste estudo.


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