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Animais tran

Animais tran Animais tran - Ciência Hoje

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ENGENHARIA GENÉTICA<br />

Sugestões<br />

para leitura<br />

ALBERTS, B., BRAY,<br />

D., LEWIS, J.,<br />

RAFF, M.,<br />

ROBERTS, K.,<br />

& WATSON, J.D.<br />

Molecular biology<br />

of the cell,<br />

New York, Garland<br />

Publishing, 1994.<br />

VEGA, M.A. Gene<br />

Targeting,<br />

Boca Raton,<br />

CRC Press, 1995.<br />

MAK, T.W.,<br />

PENNINGER, J.,<br />

RODER, J.,<br />

ROSSANT, J.,<br />

& SAUNDERS,<br />

M. The gene<br />

knockout<br />

factsbook,<br />

Londres,<br />

Academic Press,<br />

1998.<br />

HOUDEBINE, L.M.<br />

Transgenic<br />

animals:<br />

generation and<br />

use, Amsterdã,<br />

Harwood<br />

Academic<br />

Publishers, 1997.<br />

(INTERNET) http://<br />

www.biomednet.com/<br />

db/mkmd<br />

trário dos nocautes tradicionais, esses animais apresentam<br />

deficiência da proteína estudada só no<br />

tecido visado – único modo de investigar genes<br />

com funções diversas em tecidos diferentes.<br />

A recombinação homóloga pode ser usada para<br />

inativar totalmente um gene ou para eliminar ou<br />

substituir uma ou mais bases (processo<br />

chamado de knock in, em oposição a<br />

knock out). Nesse caso, são obtidas proteínas<br />

com alterações de função. A técnica<br />

também permite investigar a questão da<br />

redundância de proteínas, através da geração<br />

de linhagens independentes de camundongos<br />

nocautes para diferentes genes envolvidos<br />

em um mesmo processo biológico<br />

e do cruzamento de tais linhagens<br />

para obter animais com diferentes combinações<br />

de mutações.<br />

Os animais <strong>tran</strong>sgênicos e nocautes<br />

têm permitido avanços sem precedentes<br />

no conhecimento biológico, mas isso<br />

não é tudo. A lista de aplicações da nova tecnologia<br />

(figura 7) está em expansão, e os primeiros produtos<br />

dela derivados já alcançam o mercado.<br />

Na área médica, muitas doenças humanas decorrem<br />

da ausência de certas proteínas ou de mutações<br />

que alteram suas funções normais. Nos hemofílicos,<br />

por exemplo, mutações nos genes responsáveis<br />

pela produção de fatores da coagulação<br />

sangüínea criam o risco de hemorragias difíceis de<br />

estancar e às vezes fatais. Transfusões de sangue<br />

regulares repõem as proteínas ausentes, mas envolvem<br />

riscos como a <strong>tran</strong>smissão de doenças infecciosas<br />

(Aids, hepatite B, doença de Chagas e outras).<br />

Assim, apesar do esforço dos doadores, seria<br />

muito útil a produção segura, barata e em grande<br />

escala de fatores de coagulação.<br />

A introdução de um <strong>tran</strong>sgene humano em outro<br />

mamífero criaria uma ‘fábrica’ da proteína humana<br />

correspondente, idéia já testada com sucesso em<br />

camundongos. Hoje, vários grupos de pesquisa buscam<br />

criar vacas ou cabras <strong>tran</strong>sgênicas para fatores<br />

de coagulação humanos. Para isso, usam <strong>tran</strong>sgenes<br />

ligados a promotores que regulam a expressão dos<br />

genes das proteínas do leite, de onde o fator de<br />

coagulação poderá ser retirado. Em tese, essa estratégia<br />

permite produzir qualquer proteína de interesse<br />

médico, o que revolucionaria o controle de<br />

inúmeras doenças.<br />

Outra opção, aplicável a muitas doenças genéticas,<br />

é a substituição, em células do paciente, do<br />

gene mutante causador do problema por um gene<br />

funcional – a terapia gênica. Nesse caso, um <strong>tran</strong>sgene<br />

introduzido em tecidos específicos ou uma<br />

mutação knock in regulariza a expressão dos genes<br />

originalmente não-funcionais. Nos últimos anos,<br />

pacientes com várias doenças genéticas vêm sendo<br />

submetidos a esse tipo de terapia experimental.<br />

Também promissor é o <strong>tran</strong>splante de tecidos ou<br />

órgãos de uma espécie para outra (xeno<strong>tran</strong>splante).<br />

No caso do <strong>tran</strong>splante de coração, por exemplo,<br />

uma opção perseguida há décadas é o uso do órgão<br />

de um animal (o porco é a escolha mais adequada,<br />

pelas características físicas do coração). Mas é<br />

preciso superar a rejeição, processo em que o organismo<br />

do receptor reconhece e ataca proteínas das<br />

células do órgão <strong>tran</strong>splantado, diferentes das<br />

suas próprias. Criar porcos em cujos corações<br />

as proteínas responsáveis pela<br />

rejeição tenham<br />

sido substituídas<br />

por proteínas<br />

humanas<br />

seria<br />

uma<br />

alternativa.<br />

Os xeno<strong>tran</strong>splantes,<br />

usando órgãos<br />

de animais geneticamente modificados,<br />

talvez sejam possíveis em alguns anos.<br />

Na agroindústria, é conceitualmente possível<br />

desenvolver raças de animais que cresçam mais<br />

rápido ou tenham menor percentual de gordura (ou<br />

outro componente) na carne, no leite ou em ovos.<br />

Também se podem obter animais mais resistentes a<br />

doenças, reduzindo gastos com drogas e o risco de<br />

intoxicações causadas por elas. Os mesmos princípios,<br />

aplicados a vegetais, gerariam plantas resistentes<br />

a pragas ou mais bem adaptadas ao clima e<br />

solo de uma região. Tudo isso poderia aumentar a<br />

produtividade na agroindústria mundial, ajudando<br />

a combater o flagelo da fome.<br />

Como todo avanço tecnológico, a manipulação<br />

genética de seres vivos traz, ao lado dos benefícios,<br />

alguns riscos potenciais, nem sempre percebidos<br />

com facilidade. A riqueza de opções torna necessário<br />

analisar caso a caso o uso da nova tecnologia.<br />

Além disso, para seres sociais, as mudanças, sejam<br />

no comportamento ou no modo como garantem sua<br />

sobrevivência, estão sempre associadas a julgamentos<br />

éticos. Portanto, cabe a cada sociedade discutir<br />

o assunto e decidir racionalmente quais tipos<br />

de tecnologia são ou não aceitáveis para uso entre<br />

seus integrantes.<br />

O Brasil também precisa discutir a questão do<br />

uso de técnicas de manipulação genética, como<br />

vem ocorrendo há anos em vários outros países. É<br />

fundamental que o país não perca as oportunidades<br />

reais de melhorar suas condições de vida, nem<br />

aceite a imposição de decisões tomadas por outras<br />

sociedades, sem discutir sua adequação à realidade<br />

brasileira. n<br />

24 • CIÊNCIA HOJE • vol. 25 • nº 146

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