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Reeducação Intestinal do Lesado Medular

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Educação<br />

em Saúde<br />

VOL. 14<br />

Manual de Orientação<br />

<strong>Reeducação</strong> <strong>Intestinal</strong><br />

<strong>do</strong> Lesa<strong>do</strong> <strong>Medular</strong>


Manual de Orientação<br />

<strong>Reeducação</strong> <strong>Intestinal</strong><br />

<strong>do</strong> Lesa<strong>do</strong> <strong>Medular</strong><br />

Marcia Fabris - Enfermeira de Reabilitação<br />

<strong>do</strong> Hospital de Clínicas de Porto Alegre.<br />

Maria da Graça Tarrago - Médica Fisiatra<br />

<strong>do</strong> Hospital de Clínicas de Porto Alegre.<br />

Melânia Maria Jansen - Enfermeira de<br />

Reabilitação <strong>do</strong> Hospital de Clínicas de Porto<br />

Alegre.


Sumário<br />

APRESENTAÇÃO 5<br />

O aparelho digestivo 7<br />

Como funciona o aparelho digestivo? 7<br />

O que acontece após a lesão medular? 8<br />

Ações <strong>do</strong> Programa de <strong>Reeducação</strong> <strong>Intestinal</strong> 9<br />

Observações importantes 11<br />

Alimentos ricos em fibras 12


Apresentação<br />

Elaboramos este material educacional frente à<br />

necessidade de crianças e adultos que sofreram<br />

lesão medular reorganizarem o funcionamento<br />

de seu intestino de maneira segura e eficaz.<br />

A regularização <strong>do</strong> intestino é indispensável à<br />

reabilitação <strong>do</strong> lesa<strong>do</strong> medular por facilitar o<br />

convívio social e evitar as complicações decorrentes<br />

de seu mau funcionamento.<br />

O Programa de <strong>Reeducação</strong> <strong>Intestinal</strong> constitui-se<br />

de ações que visam ao treinamento para<br />

o esvaziamento <strong>do</strong> intestino de forma reflexa.<br />

<strong>Reeducação</strong> intestinal não significa retomar a<br />

função intestinal como antes da lesão, mas encontrar<br />

a melhor recuperação possível. Para<br />

que se alcance esse objetivo com sucesso, é imprescindível<br />

que o paciente e cuida<strong>do</strong>r estejam<br />

conscientes das metas e tenham conhecimento<br />

de como funciona o programa, comprometen<strong>do</strong>-se<br />

com a execução das ações que levarão aos<br />

resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s.<br />

5


O aparelho digestivo<br />

O aparelho digestivo consiste em um longo tubo desde a boca até o<br />

ânus. Está composto pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestino<br />

delga<strong>do</strong>, intestino grosso, reto e ânus. Tem a função de permitir ao organismo<br />

o aproveitamento <strong>do</strong>s alimentos para assegurar, através <strong>do</strong><br />

processo da digestão, a manutenção da vida e a produção de energia<br />

para todas as funções e atividades <strong>do</strong> corpo.<br />

Como funciona o aparelho digestivo?<br />

Os alimentos tritura<strong>do</strong>s na boca passam para o esôfago, chegan<strong>do</strong> ao<br />

estômago, onde são transforma<strong>do</strong>s em uma substância semilíquida.<br />

Esta substância segue para o intestino delga<strong>do</strong>, onde é absorvida em<br />

grande parte. O que não for aproveita<strong>do</strong> segue para o intestino grosso,<br />

receben<strong>do</strong> o nome de bolo fecal. As ondas resultantes da movimentação<br />

<strong>do</strong> intestino grosso (chamadas de peristaltismo) levam esse bolo<br />

fecal para fora <strong>do</strong> corpo através <strong>do</strong> ânus. A passagem das fezes através<br />

7


<strong>do</strong>s intestinos se dá em direção horária, isto é, na direção <strong>do</strong>s ponteiros<br />

<strong>do</strong> relógio. Após fazermos uma refeição, acontece o reflexo gastro-cólico,<br />

que é o aumento da atividade <strong>do</strong> intestino, facilitan<strong>do</strong> a eliminação<br />

<strong>do</strong> bolo fecal.<br />

O que acontece após a lesão medular?<br />

Podem ocorrer duas situações diferentes:<br />

• Prisão de ventre (o mesmo que constipação): fezes endurecidas<br />

ou frequência da evacuação diminuída (menos de 3 vezes<br />

por semana).<br />

• Incontinência fecal: perda de fezes sem a pessoa sentir.<br />

O funcionamento <strong>do</strong> intestino de qualquer pessoa sofre influência de<br />

fatores físicos, psicológicos e <strong>do</strong>s hábitos de vida.<br />

No lesa<strong>do</strong> medular, devi<strong>do</strong> à interrupção <strong>do</strong>s nervos na medula espinhal,<br />

o cérebro não recebe as mensagens vindas <strong>do</strong> reto, o que impossibilita<br />

ao indivíduo perceber a vontade de evacuar mesmo na presença<br />

de fezes no reto, bem como da própria defecação.<br />

A incontinência fecal prejudica o convívio social, uma vez que, além<br />

de requerer o uso de fraldas, causa constrangimento pelo mau cheiro,<br />

8


oupas, cadeira e cama úmi<strong>do</strong>s ou sujos, além de gastos financeiros.<br />

Nos casos de constipação, as consequências são o desconforto ab<strong>do</strong>minal,<br />

aumento da espasticidade, dilatação intestinal, disreflexia autonômica<br />

(para pessoas com lesão acima de T6), entre outras.<br />

Espasticidade: braços e/ou pernas de difícil movimentação por estarem<br />

rígi<strong>do</strong>s.<br />

Disreflexia autonômica: mal-estar, febre, vermelhidão no tórax e rosto,<br />

decorrentes de fatores que causam desconforto, tais como bexiga<br />

cheia, constipação intestinal, frio ou calor excessivos. Se não desaparecerem<br />

os sintomas ao resolver-se a causa, o paciente deve ser<br />

leva<strong>do</strong> imediatamente a algum serviço de emergência.<br />

A grande maioria <strong>do</strong>s lesa<strong>do</strong>s medulares apresenta constipação e as<br />

queixas mais frequentes são: desconforto e distensão <strong>do</strong> abdômen, fezes<br />

endurecidas e ressecadas, intervalo entre as evacuações maior que<br />

4 dias.<br />

Embora a pessoa não seja mais consciente da necessidade de evacuar<br />

nem da própria defecação, a ação <strong>do</strong> intestino se dará de forma reflexa,<br />

ou seja, independentemente <strong>do</strong> controle <strong>do</strong> cérebro ou da vontade <strong>do</strong><br />

indivíduo. Quan<strong>do</strong> a lesão na medula é acima <strong>do</strong> nível T12, o esfincter<br />

externo está sempre contraí<strong>do</strong> (espástico), acarretan<strong>do</strong> a retenção das<br />

fezes. Abaixo desse nível, o esfincter é fláci<strong>do</strong>, ocasionan<strong>do</strong> a incontinência<br />

fecal.<br />

Ações <strong>do</strong> programa de reeducação intestinal<br />

• Escolher um horário <strong>do</strong> dia para a evacuação: como o desejo<br />

de evacuar está ausente, deve ser programa<strong>do</strong> um horário fixo<br />

em local apropria<strong>do</strong>. Preferentemente, o horário escolhi<strong>do</strong> deve<br />

ser após o café da manhã, para aproveitar o reflexo gastro-cólico<br />

9


eferi<strong>do</strong> anteriormente.<br />

• Posicionamento no vaso sanitário ou na cama: sempre que<br />

possível, deve ser usa<strong>do</strong> o vaso sanitário, pois favorece a saída<br />

das fezes pela força da gravidade e pela pressão <strong>do</strong> abdômen<br />

sobre as coxas ao <strong>do</strong>brar-se para a frente (se o equilíbrio permitir),<br />

além de ser mais higiênico, possibilitan<strong>do</strong> ao paciente “ser<br />

igual aos outros”. Na impossibilidade <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> vaso sanitário,<br />

posicionar o paciente deita<strong>do</strong> sobre seu la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>, favorecen<strong>do</strong><br />

a saída das fezes conforme o trajeto horário percorri<strong>do</strong><br />

pelas mesmas.<br />

• Dieta rica em fibras: a alimentação diária deve conter alimentos<br />

ricos em fibras (ver tabela anexa), para que as fezes sejam<br />

macias e bem formadas. As fibras são importantes para dar volume<br />

às fezes, por não serem absorvidas completamente no intestino.<br />

Evitar o uso de alimentos que provocam gases, pois podem<br />

causar distensão e desconforto ab<strong>do</strong>minal (repolho, batata-<strong>do</strong>ce,<br />

feijão, lentilha, leite integral, entre outros). Deverá restringir o<br />

uso de alimentos constipantes (queijos amarelos) e de gorduras,<br />

para evitar a diarreia e a obesidade. Observação: cada pessoa<br />

deverá identificar os alimentos que lhe provocam esses efeitos<br />

indesejáveis e substituí-los por outro <strong>do</strong> mesmo grupo.<br />

• Líqui<strong>do</strong>s: a ingestão de líqui<strong>do</strong>s - em torno de 2 litros por dia<br />

(para aqueles que não têm restrição) - facilita o deslocamento<br />

das fezes no aparelho digestivo.<br />

• Se houver indicação <strong>do</strong> uso de supositório: o paciente ou<br />

cuida<strong>do</strong>r deve colocar uma luva e, com o de<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r, empurrar<br />

o supositório o mais alto que puder. Se encontrar fezes<br />

no caminho, empurrar o supositório pelo la<strong>do</strong> das mesmas, para<br />

que ele fique em contato com a parede <strong>do</strong> reto e não por entre<br />

as fezes. Se no seu organismo a ação <strong>do</strong> supositório for rápida,<br />

coloque-o quan<strong>do</strong> já estiver senta<strong>do</strong>; se demorar mais de 15 minutos,<br />

coloque-o enquanto estiver deita<strong>do</strong>.<br />

10


• Massagem ab<strong>do</strong>minal da direita para a esquerda e de cima<br />

para baixo, senta<strong>do</strong>, facilitan<strong>do</strong> a passagem das fezes pelo intestino.<br />

• Estimulação retal: deve ser utilizada quan<strong>do</strong> indicada pelo<br />

médico ou enfermeira. Consiste na introdução <strong>do</strong> de<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> paciente ou <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>r, enluva<strong>do</strong> e lubrifica<strong>do</strong> (com<br />

vaselina líquida, óleo mineral ou água), além <strong>do</strong> esfincter anal<br />

(faixa tensa no final <strong>do</strong> intestino) e movimentação em círculos de<br />

maneira suave, por várias vezes em 1 minuto.<br />

• Se todas estas medidas não surtirem efeito em 45 minutos,<br />

finalizar a rotina intestinal por esse dia e repetir tu<strong>do</strong> no dia seguinte.<br />

Essas ações serão desenvolvidas de acor<strong>do</strong> com a conveniência e a rotina<br />

familiar de cada pessoa.<br />

Observações importantes<br />

• Trocas na alimentação regular e diminuição da ingestão de<br />

líqui<strong>do</strong>s podem modificar a rotina intestinal.<br />

• Certos medicamentos, tais como alguns analgésicos e antibióticos,<br />

podem interferir no funcionamento <strong>do</strong> intestino. Na<br />

ocorrência de constipação ou diarreia persistentes ao iniciar<br />

uma nova medicação, conversar com seu médico.<br />

• Atenção para os sinais de alerta da constipação no lesa<strong>do</strong> medular:<br />

<strong>do</strong>r de cabeça, suor frio, pequeno aumento de temperatura,<br />

arrepios, aumento <strong>do</strong>s espasmos (contrações) e distensão<br />

ab<strong>do</strong>minal.<br />

• A constipação persistente pode favorecer as infecções urinárias.<br />

Evitar ao máximo ficar sem evacuar por um perío<strong>do</strong> maior<br />

que 3 dias.<br />

11


• A presença de fezes endurecidas (empedradas) no reto permite<br />

apenas a passagem de restos líqui<strong>do</strong>s, que podem ser<br />

confundi<strong>do</strong>s com diarréia.<br />

• O uso de outras manobras para auxiliar a evacuação, ou o uso<br />

de medicamentos para este fim, deve ser individualiza<strong>do</strong> para<br />

cada paciente e orienta<strong>do</strong> por seu médico e enfermeira.<br />

• A flexibilidade e o bom senso são de grande ajuda no estabelecimento<br />

das rotinas <strong>do</strong> programa, deven<strong>do</strong> ser seguidas<br />

diariamente e iniciadas o mais ce<strong>do</strong> possível, com dedicação e<br />

perseverança.<br />

Alimentos ricos em fibras<br />

12


Assessoria de Comunicação Social HCPA - agosto/10 - PGS014 - 274475<br />

Rua Ramiro Barcelos, 2350<br />

Largo Eduar<strong>do</strong> Z. Faraco<br />

Porto Alegre/RS 90035-903<br />

Fone 51 3359 8000<br />

Fax 51 3359 8001<br />

www.hcpa.ufrgs.br

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