29.09.2015 Views

permeabilidade in situ e no laboratório de solos residuais - geomuseu

permeabilidade in situ e no laboratório de solos residuais - geomuseu

permeabilidade in situ e no laboratório de solos residuais - geomuseu

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PERMEABILIDADE IN SITU E NO LABORATÓRIO DE SOLOS RESIDUAIS<br />

GRANÍTICOS DA REGIÃO DE ÉVORA<br />

IN SITU AND LABORATORY PERMEABILITY OF RESIDUAL SOILS FROM<br />

GRANITIC ROCKS IN ÉVORA REGION<br />

Duarte, Isabel M.R. ∗ , Dep. Geociências, Univ. Évora, Portugal, iduarte@uevora.pt<br />

P<strong>in</strong>ho, António B. ∗ , Dep. Geociências, Univ. Évora, Portugal, ap<strong>in</strong>ho@uevora.pt<br />

Serafim, Hel<strong>de</strong>r A. M., hel<strong>de</strong>rserafim@hotmail.com<br />

RESUMO<br />

O presente trabalho preten<strong>de</strong> contribuir para o conhecimento do estudo da <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong><br />

<strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> <strong>de</strong> rochas graníticas. Para isso, foi realizado um estudo experimental em três<br />

<strong>solos</strong> provenientes da alteração <strong>de</strong> rochas graníticas que ocorrem em locais dist<strong>in</strong>tos da região<br />

<strong>de</strong> Évora (Escoural, Fiúza e Vila dos Fra<strong>de</strong>s), apresentando características físicas e<br />

m<strong>in</strong>eralógicas diferentes. Realizaram-se ensaios <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> <strong>in</strong> <strong>situ</strong>, utilizando o método<br />

Lefranc, e submeteram-se amostras colhidas <strong>no</strong>s perfis seleccionados a ensaios <strong>de</strong><br />

<strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> <strong>no</strong> laboratório, utilizando várias técnicas. Por fim, a partir dos dados obtidos,<br />

faz-se uma análise comparativa entre os diversos métodos para <strong>de</strong>term<strong>in</strong>ação do coeficiente <strong>de</strong><br />

<strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> (k), e tecem-se consi<strong>de</strong>rações acerca da sua a<strong>de</strong>quação e aplicabilida<strong>de</strong> dos<br />

mesmos aos <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> graníticos estudados ou outros com características semelhantes.<br />

ABSTRACT<br />

The present paper <strong>in</strong>tends to make a contribution to the study of the permeability of residual<br />

soils from granitic rocks. In this way, an experimental study was performed <strong>in</strong> three residual<br />

soils with dist<strong>in</strong>ct m<strong>in</strong>eralogical and physical characteristics, aris<strong>in</strong>g from the weather<strong>in</strong>g of<br />

granitic rocks <strong>in</strong> different sites, nearby Évora <strong>in</strong> Alentejo region (Escoural, Fiúza and Vila dos<br />

Fra<strong>de</strong>s). On the previously selected sites <strong>in</strong> <strong>situ</strong> permeability tests us<strong>in</strong>g Lefranc method were<br />

performed. This was followed by a laboratory test<strong>in</strong>g programme which <strong>in</strong>clu<strong>de</strong>d several<br />

techniques to characterize the permeability of the samples collected <strong>in</strong> the selected profiles.<br />

F<strong>in</strong>ally with the obta<strong>in</strong>ed data, a comparative analysis was done among the several methods for<br />

the <strong>de</strong>term<strong>in</strong>ation of the permeability coefficient (k), and some consi<strong>de</strong>rations are ma<strong>de</strong><br />

concern<strong>in</strong>g the suitability and applicability of these methods.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Na região <strong>de</strong> Évora ocorrem extensas áreas <strong>de</strong> <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> <strong>de</strong> rochas graníticas s.l. <strong>de</strong><br />

natureza are<strong>no</strong>-siltosa, <strong>de</strong> cor c<strong>in</strong>zenta a castanha-amarelada, com espessuras que po<strong>de</strong>m at<strong>in</strong>gir<br />

mais <strong>de</strong> 10 metros. Os <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> <strong>de</strong>stes granitói<strong>de</strong>s reflectem a heterogeneida<strong>de</strong> dos tipos<br />

litológicos que lhes <strong>de</strong>ram origem. A variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes <strong>solos</strong> <strong>de</strong> alteração manifesta-se na cor,<br />

na granularida<strong>de</strong> e na textura.<br />

∗ Centro <strong>de</strong> Investigação “M<strong>in</strong>erais Industriais e Argilas” da FCT, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro


Trata-se <strong>de</strong> <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> típicos <strong>de</strong> clima temperado e, como tal, as características<br />

m<strong>in</strong>eralógicas e estruturais herdadas das respectivas rochas <strong>de</strong> origem abundam <strong>no</strong>s perfis<br />

expostos. Entre elas, <strong>de</strong>staca-se a existência <strong>de</strong> m<strong>in</strong>erais remanescentes e <strong>de</strong> fracturas “relíquia”<br />

[1] [2].<br />

No seio <strong>de</strong>stes <strong>solos</strong>, encontram-se, por vezes, blocos <strong>de</strong> rocha <strong>de</strong> dimensões consi<strong>de</strong>ráveis (2<br />

ou 3 metros), <strong>de</strong> forma arredondada, <strong>de</strong>nunciando alteração diferencial, possivelmente<br />

potenciada pelo forte controle tectónico patente nas formações rochosas <strong>de</strong> origem. É <strong>no</strong>tório o<br />

forte controle estrutural nas características geotécnicas <strong>de</strong>stes <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong>, <strong>no</strong>meadamente <strong>no</strong><br />

que respeita à <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong>.<br />

A composição m<strong>in</strong>eralógica e textural, assim como a sua distribuição <strong>no</strong> espaço e evolução <strong>no</strong><br />

tempo são <strong>de</strong>term<strong>in</strong>antes <strong>no</strong> comportamento <strong>de</strong>stes materiais relativamente à <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong>.<br />

A microestrutura e a macroestrutura, são características que, nestes <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong>, <strong>de</strong>term<strong>in</strong>am<br />

o respectivo comportamento geomecânico [3][2]. A <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> é, sem dúvida, uma das<br />

proprieda<strong>de</strong>s que melhor reflecte a <strong>in</strong>fluência da microestrutura e da macroestrutura <strong>de</strong>stes<br />

materiais.<br />

2. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO E GEOGRÁFICO<br />

Os três <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> seleccionados resultam da alteração <strong>de</strong> rochas granitói<strong>de</strong>s da região <strong>de</strong><br />

Évora, cuja localização e formações geológicas correspon<strong>de</strong>ntes se <strong>de</strong>screvem em seguida, <strong>de</strong><br />

forma suc<strong>in</strong>ta.<br />

2.1 Solo residual do gra<strong>no</strong>diorito do Escoural<br />

O solo residual do gra<strong>no</strong>diorito do Escoural localiza-se na Herda<strong>de</strong> do Tojal, a 8 km do<br />

Escoural, e a 35 km <strong>de</strong> Évora, pela EM 535 <strong>no</strong> sentido S. Cristóvão – Escoural.<br />

O solo residual do Escoural é proveniente <strong>de</strong> um gra<strong>no</strong>diorito <strong>de</strong> grão médio, equigranular, <strong>de</strong><br />

cor c<strong>in</strong>zenta, pertencente ao Maciço eruptivo <strong>de</strong> Évora, que é constituído por plagioclase,<br />

micropertite, microcl<strong>in</strong>a, quartzo, biotite e horneblenda [4].<br />

O local <strong>de</strong> estudo <strong>in</strong>cidiu num talu<strong>de</strong> <strong>de</strong> escavação com cerca <strong>de</strong> 6 a 8 m <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong> solo<br />

residual, apresentando-se o material homogéneo relativamente à cor e à textura. Na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong><br />

campo verificou tratar-se <strong>de</strong> umas areia silto-argilosa, <strong>de</strong> grão médio, c<strong>in</strong>zenta acastanhada, rica<br />

em mica, macia, e com poucos grãos <strong>de</strong> quartzo, com porosida<strong>de</strong> elevada.<br />

2.2 Solo residual do gra<strong>no</strong>diorito da Fiúza<br />

A área em estudo é acessível por uma estrada secundária a 1,2 km da EN 114 (km 181,350), <strong>no</strong><br />

sentido <strong>de</strong> Montemor-o-Novo – Évora e pertence ao Concelho <strong>de</strong> Évora.<br />

O solo residual da Fiúza é orig<strong>in</strong>ário <strong>de</strong> um gra<strong>no</strong>diorito <strong>de</strong> grão médio a f<strong>in</strong>o, biotítico <strong>de</strong> cor<br />

c<strong>in</strong>zenta, pertencente ao Maciço eruptivo <strong>de</strong> Évora, um complexo hercínico, on<strong>de</strong> predom<strong>in</strong>am<br />

rochas granitói<strong>de</strong>s sem orientação preferencial dos seus componentes m<strong>in</strong>eralógicos. O<br />

gra<strong>no</strong>diorito, têm textura hipidiomórfica granular e, do ponto vista m<strong>in</strong>eralógico, é constituído<br />

sobretudo por quartzo, plagioclase, biotite, horneblenda e mais ou me<strong>no</strong>s feldspato potássico, e<br />

po<strong>de</strong> conter, subord<strong>in</strong>adamente, mirmequite, apatite, zircão e esfena, secundariamente ocorrem<br />

a sericite, clorite e epídoto, [5].


O perfil estudado apresentava cerca <strong>de</strong> 8 m <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong> solo residual, com alguma rocha<br />

alterada, e diaclases relíquia, na sua maioria, na direcção subhorizontal. O solo are<strong>no</strong>-siltoso, <strong>de</strong><br />

grão médio a f<strong>in</strong>o, <strong>de</strong> cor c<strong>in</strong>zenta clara, apresentava-se friável, fácil <strong>de</strong> colher, com porosida<strong>de</strong><br />

elevada e, aparentemente não plástico.<br />

2.3 Solo residual do granito <strong>de</strong> Vila dos Fra<strong>de</strong>s<br />

A área em estudo está localizada a 600 m da localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vila dos Fra<strong>de</strong>s, ao km 393,900 da<br />

EN 18, <strong>no</strong> sentido Vidigueira – Alvito.<br />

O solo residual <strong>de</strong> Vila dos Fra<strong>de</strong>s é proveniente <strong>de</strong> um granito <strong>de</strong> grão médio a grosseiro, <strong>de</strong><br />

cor rósea, que está <strong>in</strong>cluído <strong>no</strong> maciço ígneo da Vidigueira, que é um complexo tardi a póshercínico,<br />

constituído essencialmente, por quartzodioritos e gra<strong>no</strong>dioritos acompanhados, por<br />

granitos e gabros, [6] [4]. A composição m<strong>in</strong>eralógica mais frequente <strong>in</strong>clui an<strong>de</strong>s<strong>in</strong>a, feldspato<br />

alcal<strong>in</strong>o, quartzo e biotite, como m<strong>in</strong>erais pr<strong>in</strong>cipais [7] [2].<br />

O perfil estudado <strong>situ</strong>a-se numa saibreira com 8 m <strong>de</strong> altura e 100 m <strong>de</strong> comprimento,<br />

evi<strong>de</strong>nciando o material heterogeneida<strong>de</strong> na cor e textura. Salienta-se, também, a ocorrência <strong>de</strong><br />

fracturas relíquia, pr<strong>in</strong>cipalmente subverticais. O solo é constituído, essencialmente, por areia<br />

siltosa com seixo f<strong>in</strong>o, <strong>de</strong> cor variável entre o rosa e o castanho. Os m<strong>in</strong>erais <strong>de</strong> feldspato<br />

preservam, na sua maioria, a forma orig<strong>in</strong>al, encontrando-se bastante imbricados uns <strong>no</strong>s outros,<br />

pelo que se <strong>de</strong>duz tratar-se <strong>de</strong> um solo residual relativamente jovem.<br />

3. RESULTADOS DOS ESTUDOS REALIZADOS<br />

3.1 Caracterização física e geotécnica<br />

3.1.1 Dados <strong>de</strong> campo<br />

Os valores relativos às proprieda<strong>de</strong>s físicas <strong>in</strong> <strong>situ</strong>, tais como o teor em água <strong>no</strong> estado natural<br />

(w 0 ), o peso volúmico <strong>no</strong>s estados natural ( γ<br />

0<br />

) e seco ( γ<br />

d<br />

) e o índice <strong>de</strong> vazios ( e 0<br />

), dos três<br />

<strong>solos</strong> ensaiados, constam <strong>no</strong> Quadro 1.<br />

Quadro 1 – Proprieda<strong>de</strong>s físicas <strong>in</strong> <strong>situ</strong>.<br />

Solo w 0 γ<br />

0<br />

γ<br />

d<br />

e<br />

0<br />

residual (%)<br />

(kN/m 3 ) (kN/m 3 )<br />

Escoural 8,3 15,1 13,9 0,88<br />

Fiúza 3,6 15,8 15,2 0,73<br />

Vila dos<br />

Fra<strong>de</strong>s<br />

8,6 19,4 17,8 0,48<br />

Os valores obtidos para o peso volúmico seco ( γ<br />

d<br />

) dos <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> do Escoural e da Fiúza,<br />

são relativamente baixos, e <strong>de</strong>vem-se ao facto da microestrutura se encontrar bastante aberta,<br />

<strong>de</strong>vido à lixiviação <strong>de</strong> algumas partículas mais f<strong>in</strong>as, como se po<strong>de</strong> verificar pelos valores<br />

elevados do índice <strong>de</strong> vazios ( e 0<br />

) <strong>no</strong>s referidos <strong>solos</strong> (Quadro 1). Este facto, foi facilmente<br />

observável, <strong>no</strong> campo, durante a colheita <strong>de</strong> amostras para os ensaios laboratoriais. No solo<br />

residual <strong>de</strong> Vila dos Fra<strong>de</strong>s, os m<strong>in</strong>erais, <strong>de</strong> dimensão maior, encontravam-se mais imbricados


uns <strong>no</strong>s outros, don<strong>de</strong> resulta uma estrutura mais fechada, logo um valor para o índice <strong>de</strong> vazios<br />

substancialmente <strong>in</strong>ferior. Neste caso o solo ofereceu mais resistência durante a amostragem.<br />

3.1.2 Resultados <strong>de</strong> laboratório<br />

Com o objectivo <strong>de</strong> obter uma melhor caracterização dos <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong>, submeteram-se<br />

amostras <strong>de</strong> solo colhidas <strong>no</strong>s locais dos ensaios <strong>in</strong> <strong>situ</strong>, a vários ensaios, a partir dos quais foi<br />

possível a obtenção <strong>de</strong> vários parâmetros físicos e geotécnicos. Deste modo, <strong>no</strong> Quadro 2,<br />

apresentam-se os parâmetros granulométricos, para além do equivalente <strong>de</strong> areia (EA) e<br />

expansibilida<strong>de</strong> (Exp.). As características <strong>de</strong> consistência <strong>de</strong>stes <strong>solos</strong>, <strong>no</strong>meadamente os limites<br />

<strong>de</strong> consistência (w L , w P , w R ), Índice <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong> (I P ), Índice <strong>de</strong> consistência (I C ) e Activida<strong>de</strong><br />

(A t ) constam <strong>no</strong> Quadro 3, juntamente com a sua classificação geotécnica.<br />

Solo<br />

residual<br />

Quadro 2 − Características gerais dos <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong>.<br />

Argila Silte Areia Seixo C U C C EA<br />

(%) (%) (%) (%)<br />

(%)<br />

Escoural 11,1 25,3 61,7 1,9 158,3 15,8 14 19<br />

Fiúza 4,7 3,5 81,9 2,9 6,4 1,2 24 4<br />

Vila dos<br />

Fra<strong>de</strong>s<br />

7,0 5,5 54,8 32,7 45,7 5,4 22 14<br />

Exp.<br />

(%)<br />

Quadro 3 – Características <strong>de</strong> consistência e Classificações Geotécnicas dos <strong>solos</strong> ensaiados.<br />

Solo w L w P I P w R I C<br />

Classif. Classif.<br />

A<br />

residual (%) (%) (%) (%) (%)<br />

t<br />

Unificada AASHTO<br />

Escoural 48 25 23 17 1,7 2,01 SC A-7-6 (3)<br />

Fiúza 26 NP NP 26 - 0 SM A-2-4<br />

Vila dos<br />

Fra<strong>de</strong>s<br />

28 20 8 17 2,4 1,15 SC A-2-4<br />

Os <strong>solos</strong> apresentam uma composição granulométrica com franca predom<strong>in</strong>ância are<strong>no</strong>sa, e uma<br />

baixa percentagem <strong>de</strong> f<strong>in</strong>os (8-12 %) para os <strong>solos</strong> <strong>de</strong> Fiúza e Vila dos Fra<strong>de</strong>s, mas que é<br />

superior <strong>no</strong> caso do solo residual <strong>de</strong> Escoural (36 %), (Quadro 2). Como se po<strong>de</strong> verificar pela<br />

análise das curvas granulométricas (Figura 1), tratam-se <strong>de</strong> <strong>solos</strong> <strong>de</strong> granulometria extensa<br />

(C U >6), mas em que apenas o solo residual da Fiúza se apresenta bem graduado (1


Material passado (%)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Análise granulométrica<br />

0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100<br />

Dimensões (mm)<br />

Escoural<br />

Fiúza<br />

Vila dos<br />

Fra<strong>de</strong>s<br />

3.2 Permeabilida<strong>de</strong> “<strong>in</strong> <strong>situ</strong>”<br />

Figura 1 − Curvas granulométricas dos <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> estudados.<br />

Em cada um dos maciços seleccionados, (Escoural, Fiúza e Vila dos Fra<strong>de</strong>s), realizaram-se<br />

diversos ensaios <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> <strong>no</strong> campo, com utilização do método <strong>de</strong> Lefranc, em furos<br />

distanciados 4 metros entre si, e <strong>situ</strong>ados em locais que correspondiam ao mesmo perfil <strong>de</strong> solo<br />

residual. Salienta-se o facto <strong>de</strong> o nível freático nunca ter sido <strong>in</strong>terceptado, quer <strong>no</strong>s furos, quer<br />

<strong>no</strong>s ensaios penetrométricos que se realizaram nas imediações dos furos. No ensaio Lefranc, a<br />

<strong>in</strong>jecção <strong>de</strong> água <strong>no</strong> furo realizou-se a carga constante. Na proximida<strong>de</strong> do furo colocou-se um<br />

reservatório, que serviu para fornecer e medir a água consumida <strong>no</strong> furo. As leituras do volume<br />

<strong>de</strong> água consumida foram realizadas a <strong>in</strong>tervalos <strong>de</strong> tempo iguais <strong>de</strong> modo a permitir traçar a<br />

curva representativa do volume <strong>in</strong>jectado em função do tempo. Quando a curva at<strong>in</strong>giu um<br />

comportamento rectilíneo, obteve-se o caudal a partir da <strong>in</strong>cl<strong>in</strong>ação da recta. Registaram-se os<br />

valores e <strong>in</strong>terpretaram-se os mesmos ao longo do tempo para os três <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong>. O<br />

coeficiente <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> (k) obteve-se a partir da equação 1 [8]. Os valores f<strong>in</strong>ais obtidos a<br />

partir dos ensaios <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> <strong>in</strong> <strong>situ</strong>, são apresentados <strong>no</strong> Quadro 4.<br />

⎡<br />

2 ⎞<br />

⎢<br />

⎛ h ⎞ ⎟<br />

⎟<br />

k =<br />

QV 2<br />

1+<br />

⎜ ⎟<br />

⎢ h ⎛ ⎞<br />

⎜⎛<br />

h ⎞ ⎟ ⎝ r ⎠<br />

⎢ln<br />

+ + − + ⎟<br />

⎜ ⎟ 1<br />

1<br />

2<br />

2πh<br />

r<br />

⎢ ⎝⎝<br />

r ⎠<br />

h h<br />

⎠<br />

⎟<br />

⎢<br />

r r ⎟<br />

⎣<br />

⎠<br />

(1)<br />

em que:<br />

Q − caudal em<br />

3<br />

cm /<br />

s ;<br />

V − factor <strong>de</strong> correcção da viscosida<strong>de</strong> em função da temperatura;<br />

h − altura <strong>de</strong> água <strong>no</strong> furo em cm;<br />

r − raio do furo em cm;<br />

k − coeficiente <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> em cm/s.


Quadro 4 − Valores <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> “<strong>in</strong> <strong>situ</strong>” obtidos pelo método <strong>de</strong> Lefranc.<br />

Solo Residual<br />

Coeficiente <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> (m/s)<br />

Furo 1 Furo 2<br />

Escoural 1,62 × 10 −7<br />

8,75 × 10 −8<br />

Fiúza 1,30 × 10 −5<br />

6,35 × 10 −6<br />

Vila dos Fra<strong>de</strong>s 2,53 × 10 −6<br />

1,74 × 10 −6<br />

Os valores <strong>de</strong> coeficiente <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> (k) obtidos <strong>in</strong> <strong>situ</strong> com o ensaio tipo Lefranc estão<br />

consonantes com as características físicas <strong>in</strong> <strong>situ</strong>, <strong>no</strong>meadamente composição granulométrica e<br />

estrutura do solo. Pela observação dos valores obtidos (Quadro 4), verifica-se que o solo<br />

residual do Escoural, é o que apresenta me<strong>no</strong>res valores para o coeficiente <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong><br />

(k), o que se justifica pela sua composição granulométrica, com maior percentagem <strong>de</strong> f<strong>in</strong>os<br />

(Quadro 2 e Figura 1). Por outro lado, este solo é o que apresenta o maior índice <strong>de</strong> vazios <strong>in</strong><br />

<strong>situ</strong> (Quadro 1), facto que é <strong>in</strong>terpretado do segu<strong>in</strong>te modo: pela existência do cimento <strong>in</strong>terpartículas,<br />

formado a partir dos m<strong>in</strong>erais argilosos <strong>de</strong> neo-formação, que une os m<strong>in</strong>erais <strong>de</strong><br />

dimensões superiores, e que dificulta a passagem <strong>de</strong> água. Apesar da porosida<strong>de</strong> ser superior, os<br />

canais <strong>de</strong> comunicação entre vazios estão obstruídos por esse grau <strong>de</strong> cimentação.<br />

Os valores para o coeficiente <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> (k) obtidos <strong>in</strong> <strong>situ</strong> correspon<strong>de</strong>ntes ao solo<br />

residual do granito (Vila dos Fra<strong>de</strong>s) são mais homogéneos que os resultados obtidos para os<br />

<strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> dos gra<strong>no</strong>dioritos (Escoural e Fiúza), (Quadro 4), o que à partida <strong>in</strong>dica uma<br />

maior heterogeneida<strong>de</strong> na textura e estrutura dos respectivos maciços resultante <strong>de</strong> uma<br />

meteorização mais diferenciada da rocha mãe. Procurou-se que a localização dos ensaios fosse o<br />

mais afastada possível das <strong>de</strong>scont<strong>in</strong>uida<strong>de</strong>s “relíquia” evi<strong>de</strong>ntes <strong>no</strong>s perfis <strong>de</strong> <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong>,<br />

mas <strong>no</strong> caso do solo residual da Fiúza foi <strong>no</strong>tória a sua <strong>in</strong>fluência <strong>no</strong>s resultados.<br />

3.3 Permeabilida<strong>de</strong> <strong>no</strong> laboratório<br />

A partir <strong>de</strong> amostras colhidas <strong>no</strong>s locais on<strong>de</strong> se realizaram os ensaios <strong>de</strong> campo, efectuaram-se<br />

ensaios <strong>de</strong> laboratório, aplicando diferentes técnicas <strong>de</strong> ensaio e métodos <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong><br />

amostras, com vista à obtenção do coeficiente <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> (k), cujos resultados se<br />

apresentam <strong>no</strong> Quadro 5. Inicialmente, colheram-se amostras <strong>in</strong><strong>de</strong>formadas em blocos<br />

paraf<strong>in</strong>ados, mas durante a preparação dos provetes para ensaio, observou-se perturbação nas<br />

mesmas, não po<strong>de</strong>ndo ser consi<strong>de</strong>radas, por esse motivo, “amostras <strong>de</strong> classe <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> 1”,<br />

ou seja “não perturbadas” pelo EC7. Deste modo, utilizou-se um permeâmetro <strong>de</strong> carga variável<br />

[9] [10], para o ensaio <strong>de</strong> amostras remoldadas com o índice <strong>de</strong> vazios <strong>no</strong> estado natural ( e 0<br />

) e<br />

<strong>de</strong> amostras compactadas com o Proctor Normal e Proctor Modificado, e um permeâmetro <strong>de</strong><br />

carga constante [9] [10] [11] [2], em amostras remoldadas com o índice <strong>de</strong> vazios <strong>in</strong> <strong>situ</strong> ( e 0<br />

).<br />

Foi possível <strong>de</strong>term<strong>in</strong>ar o coeficiente <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong>, utilizando um permeâmetro <strong>de</strong> carga<br />

constante [2], a partir da equação (2):<br />

V × L<br />

k =<br />

A × h × t<br />

(2)<br />

em que:<br />

V − volume <strong>de</strong> água que atravessa o provete <strong>no</strong> <strong>in</strong>tervalo <strong>de</strong> tempo t;<br />

L − comprimento do provete;<br />

A – secção transversal do provete;<br />

h − diferença <strong>de</strong> carga hidráulica entre os extremos da amostra.


O coeficiente <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> (k), obtido através do permeâmetro <strong>de</strong> carga variável, é dado<br />

pela equação (3):<br />

a × L h1<br />

k = × ln( )<br />

A × t h<br />

2<br />

(3)<br />

em que:<br />

a − área da secção <strong>in</strong>terna do tubo vertical usado em cm 2 ;<br />

L − comprimento da amostra do solo em cm;<br />

A − área da secção da amostra em cm 2 ;<br />

t − tempo <strong>de</strong>corrido durante a <strong>de</strong>scida do nível (<strong>de</strong> h<br />

1<br />

para h<br />

2<br />

) em s;<br />

h<br />

1<br />

− altura da água <strong>no</strong> tubo vertical <strong>no</strong> <strong>in</strong>ício do ensaio em cm;<br />

h − altura da água <strong>no</strong> tubo vertical <strong>no</strong> fim do teste em cm.<br />

2<br />

Quadro 5 – Valores obtidos para k <strong>no</strong>s ensaios <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> em laboratório.<br />

Carga Variável<br />

Carga constante<br />

Amostras dos Compactação Compactação Remoldada com Remoldada com<br />

<strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> Normal Modificada ( e 0<br />

) <strong>in</strong> <strong>situ</strong> ( e 0<br />

) <strong>in</strong> <strong>situ</strong><br />

Escoural 4,5<br />

× 10 −9 m/s 3,1 × 10 −10 m/s<br />

9,3<br />

10<br />

−9<br />

× m/s 5,1<br />

× 10 −8 m/s<br />

Fiúza 1,4× 10 −6 m/s 5,1 × 10 −9 m/s 6,9× 10 −6 m/s 2,2× 10 −5 m/s<br />

Vila dos Fra<strong>de</strong>s 7,2× 10 −6 m/s<br />

−7<br />

9,2 × 10 m/s<br />

−6<br />

9,2 × 10 m/s 1,5× 10 −5 m/s<br />

Nos <strong>solos</strong> compactados, verifica-se que à medida que a compactação relativa aumenta, dim<strong>in</strong>ui<br />

a <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong>, o que se explica facilmente pela redução do índice <strong>de</strong> vazios. Este facto<br />

evi<strong>de</strong>ncia-se <strong>de</strong> uma forma mais acentuada <strong>no</strong> solo residual da Fiúza, o que provavelmente se<br />

justifica por se tratar <strong>de</strong> um solo bem graduado (Quadro 2), ao contrário dos outros.<br />

Por outro lado, os ensaios realizados em amostras remoldadas com o índice <strong>de</strong> vazios “<strong>in</strong> <strong>situ</strong>”<br />

( e<br />

0<br />

) apresentam um aumento consi<strong>de</strong>rável da <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong>, que se acentua <strong>no</strong> ensaio <strong>de</strong><br />

carga constante. Apenas <strong>no</strong> solo residual do Escoural, esse aumento não é tão evi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>vido,<br />

em gran<strong>de</strong> parte, à composição textural e m<strong>in</strong>eralógica do solo. Este solo é o que apresenta<br />

maior percentagem <strong>de</strong> f<strong>in</strong>os <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong> alta (Quadros 2 e 3). De facto, em todos os ensaios<br />

realizados, o solo residual do Escoural é aquele que apresenta me<strong>no</strong>r coeficiente <strong>de</strong><br />

<strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> em relação aos outros <strong>solos</strong>, o que está <strong>de</strong> acordo com a sua composição<br />

granulométrica.<br />

Analisando a<strong>in</strong>da o Quadro 5, verifica-se que há pouca diferença entre os valores obtidos para o<br />

coeficiente <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> entre o solo <strong>no</strong> estado remoldado e compactado com a<br />

compactação <strong>no</strong>rmal, don<strong>de</strong> se conclui que, neste tipo <strong>de</strong> <strong>solos</strong>, só uma energia <strong>de</strong> compactação<br />

superior (Proctor Modificado), é eficaz na redução do índice <strong>de</strong> vazios <strong>de</strong> forma a dim<strong>in</strong>uir<br />

significativamente a <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong>.<br />

Em quase todos os <strong>solos</strong>, houve uma tendência para o valor <strong>de</strong> coeficiente <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> (k)<br />

se manter, praticamente, constante ao longo do tempo, o que significa que não houve<br />

carreamento das partículas mais f<strong>in</strong>as <strong>de</strong> solo, nem colmatação dos vazios durante o ensaio.


3<br />

Segundo [12] as areias possuem valores <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> entre 10 − 7<br />

e 10 − m/s, e os siltes<br />

apresentam <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong>s compreendidas entre 10 −7<br />

9<br />

e 10 − m/s. Constata-se que os<br />

resultados dos ensaios realizados, <strong>no</strong>meadamente o ensaio <strong>de</strong> <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> a carga variável e<br />

ensaio <strong>de</strong> carga constante nas amostras da Fiúza e Vila dos Fra<strong>de</strong>s, apresentam valores<br />

característicos <strong>de</strong> areias. Exceptuam-se as amostras do solo do Escoural e a amostra compactada<br />

com o Proctor modificado do solo da Fiúza, que apresentam valores característicos <strong>de</strong> siltes<br />

(Quadro 5).<br />

4. CONCLUSÕES<br />

F<strong>in</strong>almente, faz-se uma <strong>in</strong>terpretação dos dados obtidos à luz dos conhecimentos previamente<br />

adquiridos <strong>no</strong> que respeita à composição m<strong>in</strong>eralógica e textural dos <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> estudados.<br />

Existem diversos tipos <strong>de</strong> ensaios para avaliar a <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong>, quer <strong>no</strong> campo, quer <strong>no</strong><br />

laboratório. Qualquer <strong>de</strong>les tem as suas vantagens, <strong>in</strong>convenientes e campo <strong>de</strong> aplicação. É<br />

geralmente reconhecido que, em regra, o valor da <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> é subestimado quando<br />

<strong>de</strong>term<strong>in</strong>ado em laboratório.<br />

A partir dos resultados obtidos, po<strong>de</strong>-se concluir que a <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>term<strong>in</strong>ada <strong>no</strong><br />

laboratório, utilizando várias técnicas <strong>de</strong> ensaio, é essencialmente condicionada pela<br />

composição granulométrica dos <strong>solos</strong>, composição m<strong>in</strong>eralógica da fracção f<strong>in</strong>a e grau <strong>de</strong><br />

compacida<strong>de</strong>.<br />

O método Lefranc é o ensaio mais utilizado para a <strong>de</strong>term<strong>in</strong>ação da <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> <strong>in</strong> <strong>situ</strong> em<br />

formações terrosas, ou seja, a maior ou me<strong>no</strong>r dificulda<strong>de</strong> que os <strong>solos</strong> <strong>de</strong>ssas formações, assim<br />

como as estruturas <strong>in</strong>erentes às mesmas, colocam a circulação da água.<br />

A <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>term<strong>in</strong>ada <strong>in</strong> <strong>situ</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> essencialmente da composição textural, on<strong>de</strong> se<br />

<strong>in</strong>clui a dimensão e forma das partículas, das características físicas <strong>in</strong> <strong>situ</strong>, tais como o índice <strong>de</strong><br />

vazios <strong>no</strong> estado natural e, pr<strong>in</strong>cipalmente, da estrutura do solo:<br />

• microestrutura, que tem a ver com as ligações <strong>in</strong>terparticulas ou cimentação entre grãos<br />

que po<strong>de</strong>m impedir a passagem <strong>de</strong> água entre poros; a existência <strong>de</strong> agregados <strong>de</strong><br />

partículas ou “clusters” <strong>de</strong> partículas, essencialmente argilosas, que funcionam como<br />

“grãos gran<strong>de</strong>s”; dimensão e forma dos microporos.<br />

• macroestrutura, ou seja, a existência <strong>de</strong> heterogeneida<strong>de</strong>s <strong>no</strong> solo, tais como presença<br />

<strong>de</strong> rocha sã ou parcialmente alterada, ou <strong>de</strong>scont<strong>in</strong>uida<strong>de</strong>s “relíquia”, herdadas da<br />

rocha-mãe, por on<strong>de</strong> a água po<strong>de</strong> circular mais rapidamente.<br />

Como o ensaio Lefranc permite <strong>de</strong>term<strong>in</strong>ar a <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> local, que po<strong>de</strong> ser diferente da<br />

<strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> geral, recomenda-se a realização <strong>de</strong> bastantes ensaios <strong>no</strong> maciço a <strong>in</strong>vestigar,<br />

porque são <strong>de</strong> custo e tempo <strong>de</strong> execução relativamente baixos, e po<strong>de</strong>m fornecer <strong>in</strong>dicações,<br />

sobre a estrutura e a heterogeneida<strong>de</strong> dos terre<strong>no</strong>s.<br />

Nos <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong>, recomenda-se, sempre que possível, a realização <strong>de</strong> ensaios <strong>in</strong> <strong>situ</strong>, porque<br />

são mais representativos da estrutura que estes <strong>solos</strong> apresentam <strong>no</strong> seu estado não perturbado.<br />

Por outro lado, a variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes valores po<strong>de</strong> ser gran<strong>de</strong>, tendo em conta que são <strong>solos</strong> que<br />

preservam gran<strong>de</strong> parte das características macro-estruturais da rocha-mãe, pr<strong>in</strong>cipalmente <strong>no</strong><br />

caso dos <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong> <strong>de</strong> clima temperado como é o caso dos <strong>solos</strong> estudados.


Os valores obtidos para a <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> <strong>in</strong> <strong>situ</strong> e <strong>no</strong> laboratório para estes <strong>solos</strong> são<br />

relativamente baixos, quando comparados com <strong>solos</strong> sedimentares com granulometrias<br />

semelhantes. Tal facto, <strong>de</strong>ve-se, por um lado, à angulosida<strong>de</strong> das partículas dos <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong><br />

e, por outro lado, à existência <strong>de</strong> ligações <strong>in</strong>terparticulas cimentíceas, quer herdadas da rochamãe<br />

ou formadas durante os processos <strong>de</strong> meteorização com o aparecimento <strong>de</strong> m<strong>in</strong>erais <strong>de</strong><br />

neoformaçao.<br />

Em suma, a <strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> é um parâmetro muito variável, pr<strong>in</strong>cipalmente <strong>no</strong>s <strong>solos</strong> <strong>residuais</strong><br />

com granulometria extensa e cujas partículas mais f<strong>in</strong>as se encontram, geralmente, agregadas <strong>no</strong><br />

seu estado natural. O mais correcto será sempre avaliar este parâmetro <strong>in</strong> <strong>situ</strong>, até porque a<br />

<strong>permeabilida<strong>de</strong></strong> nas <strong>de</strong>scont<strong>in</strong>uida<strong>de</strong>s não é tida em conta <strong>no</strong>s ensaios laboratoriais [1].<br />

REFERÊNCIAS<br />

[1] Duarte, I.M.R.; La<strong>de</strong>ira, F.L. & Gomes, C.F. (2000) – Características geológicogeotécnicas<br />

do solo residual do granito <strong>de</strong> Marvão (Portalegre). Actas do VII Congresso<br />

Nacional <strong>de</strong> Geotecnia, Porto. Vol. 1, pp. 151-160.<br />

[2] Duarte, I.M.R. (2002) – Solos <strong>residuais</strong> <strong>de</strong> rochas granitói<strong>de</strong>s a sul do Tejo.<br />

Características geológicas e geotécnicas. Tese <strong>de</strong> Doutoramento. Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Évora.<br />

373 p.<br />

[3] Blight, G.E. (1997) – Mechanics of Residual Soils. Blight, G. E., (editor). Technical<br />

Committee 25 on The Properties of Tropical and Residual Soils of the Int. Soc. for Soil<br />

Mech. and Found. Eng. Balkema, Rotterdam. 237 p.<br />

[4] Carvalhosa, A. B. & Zbyszewski, G. (1994) – Carta Geológica <strong>de</strong> Portugal à escala<br />

1/50000. Notícia explicativa da folha 35-D, Montemor-o-<strong>no</strong>vo. Serv. Geol. Portugal,<br />

Lisboa, 86 p.<br />

[5] Carvalhosa, A.B.; Carvalho, A.M.G.; Alves, C.A.M. & P<strong>in</strong>a, H.L. (1969) – Carta<br />

Geológica <strong>de</strong> Portugal à escala 1/50000. Notícia explicativa da folha 40-A, Évora. Serv.<br />

Geol. Portugal, Lisboa, 26 p.<br />

[6] Carvalhosa, A.B. & Zbyszewski, G. (1972) - Carta Geológica <strong>de</strong> Portugal à escala<br />

1/50000. Notícia explicativa da folha 40-C, Viana do Alentejo. Serv. Geol. Portugal,<br />

Lisboa, 24 p.<br />

[7] Carvalhosa, A.B.; Carvalho, A. M.G; (1970) – Carta Geológica <strong>de</strong> Portugal à escala<br />

1/50000. Notícia explicativa da folha 43-B, Moura. Serv. Geol. Portugal, Lisboa, 30 p.<br />

[8] Coelho, S. (1996) – Tec<strong>no</strong>logia <strong>de</strong> Fundações. Edições E.P.G.E., 1ª ed., Lisboa, pp 10.5 –<br />

10.10.<br />

[9] Head, K.H. (1994) – Manual of soil Laboratory test<strong>in</strong>g. Vol.2: Permeability, Shear<br />

Strength and Compressibility Tests. (2nd. Edition), J Wiley & Sons, NewYork, 440p.<br />

[10] Cernica, J.N. (1995) – Geotechnical Eng<strong>in</strong>eer<strong>in</strong>g: Soil Mechanics. J Wiley & Sons,<br />

NewYork, 453p.<br />

[11] M<strong>in</strong>eiro, A.J.C. (1978) – Escoamentos em meios porosos. Curso <strong>de</strong> Mecânica <strong>de</strong> Solos e<br />

Fundações. Universida<strong>de</strong> Nova <strong>de</strong> Lisboa. 73p.


[12] Cardoso, A.I.M & Matos Fernan<strong>de</strong>s, M. (1987) – Conceitos em Mecânica dos <strong>solos</strong>,<br />

Caracterização Mecânica dos <strong>solos</strong> e Impulsos <strong>de</strong> Terras. Curso <strong>de</strong> Extensão<br />

Universitária em Estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Talu<strong>de</strong>s. Modulo II. Aveiro.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!