BOLETIM FURB V1E1
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<strong>BOLETIM</strong> INFORMATIVO DE<br />
ECONOMIA<br />
V O L U M E 1 , E D I Ç Ã O 1<br />
T E R C E I R O T R I M E S T R E , 2 0 1 5<br />
Esta é a primeira edição do primeiro<br />
volume da nova publicação<br />
trimestral do curso de Ciências<br />
Econômicas da Universidade de<br />
Blumenau (<strong>FURB</strong>). O objetivo do<br />
boletim é fomentar o estudo e debate<br />
de economia dentro da nossa<br />
universidade.<br />
Além dos projetos já desenvolvidos<br />
e conhecidos do curso, o SIGAD<br />
(Sistema de Informações Gerenciais<br />
e de Apoio à Decisão) e o IVGP<br />
(Índice de Variação Geral de Preços<br />
de Blumenau), o curso teve a aprovação<br />
de um programa de extensão.<br />
Dentro desse programa estão sendo<br />
desenvolvidos três projetos de extensão<br />
que tem como foco as finanças,<br />
foco na formação dos(as) economistas<br />
da <strong>FURB</strong>. Todos esses<br />
projetos terão uma coluna fixa dentro<br />
desta publicação.<br />
Docentes, ex-discentes e discentes<br />
também contribuirão de forma<br />
contínua com artigos, bem como o<br />
Centro Acadêmico Livre de Economia<br />
de Blumenau (CALECOB).<br />
Por fim, pergunta-se: “Crise?<br />
Que Crise?” A palavra crise tem<br />
origem no grego krisis, uma decisão,<br />
que deriva de krinein, decidir<br />
ou julgar. Que os momentos de inflexão<br />
sirvam para decidirmos qual<br />
caminho devemos seguir, buscando<br />
sempre promover o debate sobre<br />
desenvolvimento econômico.<br />
O Boletim Informativo de Economia é produzido<br />
pelo curso de Ciências Econômicas<br />
da Fundação Universidade Regional de<br />
Blumenau (<strong>FURB</strong>).<br />
Todas as matérias deste boletim, com ou<br />
sem assinatura de autoria, não refletem,<br />
necessariamente, a posição das entidades<br />
envolvidas. A reprodução parcial ou total<br />
pode ser realizada com a fonte indicada.<br />
Conselho editorial: Professores do curso<br />
de Ciências Econômicas da <strong>FURB</strong>.<br />
Fundação Universidade Regional de Blumenau<br />
(<strong>FURB</strong>)<br />
Reitor: João Natel Pollonio Machado<br />
Vice-Reitor: Udo Schroeder<br />
Centro de Ciências Sociais Aplicadas<br />
Diretor: Valter Augusto Krauss<br />
Vice-Diretor: Leomar dos Santos<br />
Curso de Ciências Econômicas<br />
Coordenador: Sidney Silva<br />
Chefe de Departamento: Jamis Antonio<br />
Piazza<br />
CONTATO<br />
<strong>FURB</strong> - Campus 1 - Sala D-101<br />
(47) 3321-0485<br />
www.furb.br/cienciaseconomicas<br />
financas@furb.br
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V O L U M E 1 , E D I Ç Ã O 1<br />
O cenário econômico do<br />
Brasil tem sido objeto de várias<br />
projeções tanto de instituições<br />
nacionais (relatório Focus do<br />
Banco Central do Brasil), como<br />
de organismos internacionais<br />
(FMI e agências de classificação<br />
de risco). A preocupação com a<br />
economia brasileira se<br />
justifica por vários motivos.<br />
Primeiro, embora<br />
o Brasil seja ainda considerado<br />
como uma<br />
economia pequena, e<br />
com baixa influência na<br />
trajetória de cresci-<br />
“Para chamar a atenção do leitor, insira uma<br />
citação ou frase interessante do texto aqui.”<br />
mento mundial, o país<br />
constitui uma força<br />
econômica regional<br />
(América do Sul) com<br />
capacidade significativa<br />
para configurar os rumos<br />
do crescimento econômico<br />
da região. Segundo, o Brasil é<br />
um membro dos BRICS e das<br />
economias emergentes que cuja<br />
trajetória pode redirecionar<br />
os rumos das mudanças no âmbito<br />
dos países emergentes e<br />
em desenvolvimento, de modo<br />
geral. A vulnerabilidade externa<br />
da economia brasileira se<br />
manifesta a diferentes níveis.<br />
Primeiro, no nível externo, a<br />
balança de transações correntes<br />
do balanço de pagamentos<br />
Tal situação abre a perspectiva de<br />
uma pressão dupla sobre a<br />
economia brasileira: sobre a taxa de<br />
câmbio e a trajetória dos juros<br />
futuros. Ambos devem seguir<br />
registrando tendência de aumento<br />
de longo prazo.<br />
atingiu patamares bastante elevados,<br />
se aproximando de um<br />
déficit de mais de 4% com relação<br />
ao PIB. Tal nível do déficit é<br />
preocupante por, primeiro,<br />
aproximar-se dos níveis históricos<br />
quando o Brasil era considerado<br />
uma economia com elevado<br />
risco e classificado pelas<br />
agências internacionais como<br />
grau de especulação. Segundo,<br />
nos últimos anos, de acordo<br />
com as contas externas do país,<br />
os fluxos de Investimento Direto<br />
Externo se mostraram inferiores<br />
ao déficit nominal das<br />
transações correntes. Tal situação<br />
abre a perspectiva de uma<br />
pressão dupla sobre a economia<br />
brasileira: sobre a taxa de<br />
câmbio e a trajetória dos juros<br />
futuros. Ambos devem seguir<br />
registrando tendência de aumento<br />
de longo prazo. Isso, por<br />
sua vez, considerando o déficit<br />
crescente das contas fiscais,<br />
abre um espiral de aumento da<br />
dívida externa do país e trava<br />
as condições internas de crescimento<br />
econômico pelo viés do<br />
investimento da despesa<br />
agregada. Finalmente, a<br />
vulnerabilidade externa<br />
do Brasil deve se manifestar<br />
através de suas<br />
repercussões sobre as<br />
economias do Mercosul<br />
e da América do Sul, de<br />
modo geral. Brasil é um<br />
dos principais países de<br />
destino das exportações<br />
da Argentina, Uruguai e<br />
várias outras economias<br />
da região. A tendência<br />
crescente do déficit das contas<br />
externas abre uma perspectiva<br />
de desajustes cambiais, não alinhados<br />
com a trajetória de nossos<br />
parceiros regionais, o que<br />
poderá elevar a distorções do<br />
comércio regional e recuos<br />
substanciais na interação das<br />
economias da região. A vulnerabilidade<br />
poderá deixar de representar<br />
apenas a dimensão<br />
nacional, para se transformar<br />
num verdadeiro risco sistêmico<br />
regional.<br />
0,5%<br />
é o quanto crescerá a<br />
América Latina e o<br />
Caribe em 2015.<br />
22<br />
é o número de vezes que se multiplicou o<br />
número de comércio de mercadorias<br />
entre a China e a América Latina e Caribe<br />
no período 2000-2013<br />
16%<br />
decresceu o investimento direto<br />
externo para a América Latina e<br />
o Caribe em 2014.<br />
B O L E T I M I N F O R M A T I V O D E E C O N O M I A
T E R C E I R O T R I M E S T R E , 2 0 1 5 P Á G I N A 3<br />
Apesar de teoricamente<br />
existir uma relação entre Investimento<br />
Direto Externo<br />
(IDE) e crescimento econômico,<br />
evidências empíricas apresentam<br />
resultados mistos em relação<br />
à capacidade desses fluxos<br />
promoverem o desenvolvimento<br />
das economias. Estudos<br />
apontam a necessidade dos países<br />
hospedeiros estimularem<br />
capacidades absorvedoras, características<br />
essenciais que<br />
permitem uma nação beneficiar-se<br />
de crescimento econômico<br />
advindo do IDE. O desenvolvimento<br />
financeiro e institucional<br />
constituem importantes<br />
capacidades absorvedoras. A<br />
investigação dos mecanismos<br />
de absorção que atuam na<br />
América Latina constituiu a<br />
principal questão a ser respondida<br />
neste trabalho.<br />
Foram estabelecidas cinco<br />
hipóteses. As duas primeiras<br />
tratam do desenvolvimento<br />
financeiro e institucional como<br />
promotor do crescimento econômico.<br />
A terceira hipótese<br />
afirma: quanto maior o fluxo de<br />
IDE, maior o crescimento econômico.<br />
A quarta e quinta hipóteses<br />
tratam da interação entre<br />
desenvolvimento financeiro,<br />
institucional e IDE. Quanto<br />
maior o desenvolvimento financeiro<br />
e institucional, maior<br />
a capacidade de um país absorver<br />
os benefícios dos fluxos de<br />
IDE.<br />
Para verificar as hipóteses, o<br />
modelo econométrico desenvolvido<br />
foi dividido em cinco<br />
submodelos. Foram selecionados<br />
os oito países mais relevantes<br />
da América Latina: Argentina,<br />
Brasil, Chile, Colômbia,<br />
México, Peru, Uruguai e<br />
Venezuela. O período investigado<br />
compreende 1996 a 2012.<br />
A estimação dos submodelos<br />
utilizou-se do método painel<br />
de dados. Variáveis de desenvolvimento<br />
institucional mensuram:<br />
governança e escolaridade.<br />
Variáveis de desenvolvimento<br />
financeiro mensuram:<br />
mercado bancário e de capitais.<br />
Os resultados da estimação<br />
do primeiro submodelo são favoráveis<br />
ao desenvolvimento<br />
financeiro como promotor do<br />
crescimento econômico. Duas<br />
variáveis financeiras ligadas ao<br />
mercado de capitais foram significativas<br />
e apresentaram sinal<br />
positivo. A estimação do<br />
segundo modelo apresentou<br />
evidências favoráveis à segunda<br />
hipótese. Duas variáveis<br />
institucionais relacionadas à<br />
governança apresentaram significância<br />
e sinal positivo: controle<br />
da corrupção e estabilidade<br />
política. Uma variável institucional<br />
que mensura escolaridade<br />
foi significativa e positiva:<br />
média de anos de escolaridade<br />
da população acima de 25 anos.<br />
Os resultados apontam para<br />
uma melhora do crescimento<br />
econômico à medida que ocorre<br />
o desenvolvimento institucional.<br />
A estimação do terceiro submodelo<br />
apresentou evidências<br />
mistas em relação à hipótese do<br />
aumento do crescimento econômico<br />
com a entrada de IDE.<br />
As evidências sugerem que ao<br />
desconsiderar as capacidades<br />
absorvedoras, um país latinoamericano<br />
apresenta dificuldade<br />
em absorver os benefícios<br />
do IDE.<br />
A quarta hipótese relaciona<br />
desenvolvimento institucional,<br />
IDE e crescimento econômico.<br />
A estimação do quarto submodelo<br />
apresentou três variáveis<br />
institucionais que quando interagidas<br />
com IDE são significativas<br />
e positivas: controle da<br />
corrupção, estabilidade política<br />
e média de escolaridade. A estimação<br />
do último submodelo<br />
apresentou evidências favoráveis<br />
à hipótese que a interação<br />
entre IDE e desenvolvimento<br />
financeiro promove o crescimento<br />
econômico. Todas as variáveis<br />
do mercado de capitais<br />
e do setor bancário quando interagidas<br />
com IDE apresentaram<br />
significância e sinal positivo.<br />
Pode-se concluir que quando<br />
é desconsiderada as capacidades<br />
absorvedoras, o IDE perde<br />
significativamente a capacidade<br />
de promover o crescimento<br />
econômico na América<br />
Latina. A interação do IDE com<br />
as capacidades absorvedoras<br />
potencializa o potencial de<br />
crescimento econômico do<br />
IDE. Verificou-se também que<br />
o desenvolvimento financeiro e<br />
institucional promove o desenvolvimento<br />
econômico sem<br />
considerar o IDE. Dessa forma,<br />
os países latino-americanos<br />
devem promover o desenvolvimento<br />
financeiro e institucional,<br />
já que estimulam diretamente<br />
o crescimento econômico<br />
e indiretamente quando interagidos<br />
com o IDE.<br />
C I Ê N C I A S E C O N Ô M I C A S - U N I V E R S I D A D E D E B L U M E N A U ( F U R B )
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V O L U M E 1 , E D I Ç Ã O 1<br />
No edital nº 07/2014 da PROPEX (Pró-<br />
Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e<br />
Cultura), o Programa de Extensão Contribuindo<br />
na Gestão de Finanças (nº 680/2014) foi aprovado<br />
em caráter continuado no biênio 2015-2016.<br />
Este programa está vinculado ao Departamento<br />
de Economia, lotado no CCSA (Centro de Ciências<br />
Sociais Aplicadas). O Prof. Sidney Silva<br />
(sid_sil@furb.br) é o coordenador deste programa.<br />
Para o desenvolvimento deste programa estão<br />
sendo realizados três projetos de extensão,<br />
que são explicados na figura 1: Projeto de Extensão<br />
Cuidando do Meu Dinheiro, Projeto de Extensão<br />
Educação para Finanças e o Projeto de<br />
Extensão Soluções em Finanças para o Bom Empreendedor.<br />
“Para chamar a atenção do leitor, insira uma<br />
citação ou frase interessante do texto aqui.”<br />
Centralmente, o programa possibilitará que<br />
o conhecimento e a prática acadêmica venham<br />
contribuir para as boas práticas de finanças,<br />
aumentando a possibilidade de sucesso dos<br />
empreendimentos e a qualidade de vida das<br />
pessoas. Ao mesmo tempo, cinco áreas de conhecimento<br />
da <strong>FURB</strong> estarão interligadas durante<br />
a execução do programa: Ciências Econômicas,<br />
Administração, Ciências Contábeis, Direito<br />
(através do Núcleo de Práticas Jurídicas) e<br />
Educação. Tais contribuições serão, além da extensão,<br />
o convívio dos participantes com a realidade<br />
dos problemas enfrentados por pessoas<br />
e empresas, bem como o reflexo no ensino em<br />
sala de aulas nas áreas participantes.<br />
Discentes da <strong>FURB</strong> poderão participar voluntariamente<br />
dos projetos.<br />
Este projeto de extensão visa<br />
o atendimento de pessoas<br />
físicas comprometidas com<br />
dívidas em diversos patamares,<br />
ou seja, desde o comprometimento<br />
significativo da<br />
renda, até os casos de superendividamento<br />
e, por consequência,<br />
a situação de inadimplência.<br />
Trata-se de um<br />
serviço de atendimento que<br />
busca orientar as pessoas<br />
com vistas ao consumo consciente,<br />
o controle orçamentário,<br />
a educação financeira e a<br />
orientação jurídica com vistas<br />
a melhor saída para situações<br />
críticas e a melhoria da<br />
qualidade de vida.<br />
É um projeto que busca a formação<br />
sistematizada dos<br />
profissionais de educação em<br />
controle das finanças pessoais.<br />
Assim, a área de gestão<br />
de finanças pessoais atingirá,<br />
depois da formação de profissionais<br />
da educação, os<br />
alunos do ensino público, e<br />
permitirá a disseminação e a<br />
apropriação do conhecimento<br />
da área de finanças de um<br />
segmento da população que<br />
estará prestes a entrar no<br />
mercado de trabalho, obtendo<br />
renda e necessitando, desde<br />
cedo, aplicar os conhecimentos<br />
para controle orçamentário<br />
pessoal.<br />
Soluções em Finanças para o Bom<br />
Empreendedor é um projeto de extensão<br />
voltado para o atendimento<br />
de pequenos negócios<br />
(microempreendedores individuais e<br />
microempresas) e organizações sem<br />
fins lucrativos que estejam em situação<br />
crítica de endividamento, que<br />
compromete a sua continuidade/<br />
sobrevivência. Trata-se de um serviço<br />
de atendimento que visa orientar<br />
essas instituições sobre boas práticas<br />
em finanças, buscando contribuir<br />
para a sua sobrevivência e sucesso,<br />
que acaba por gerar uma dinâmica<br />
positiva de desenvolvimento econômico,<br />
melhorando a qualidade de<br />
vida dos cidadãos.<br />
B O L E T I M I N F O R M A T I V O D E E C O N O M I A
T E R C E I R O T R I M E S T R E , 2 0 1 5<br />
P Á G I N A 5<br />
Em tempos atuais de inflação<br />
alta, a poupança vem perdendo<br />
eficiência em seu principal<br />
objetivo, que é garantir aos<br />
detentores da caderneta ganhos<br />
reais de longo prazo. Nenhum<br />
tipo de investidor racional<br />
investiria seus recursos para<br />
resgatá-los em determinado<br />
tempo saindo mais pobre, pois<br />
o dinheiro futuro a esse tempo<br />
não compraria mais a mesma<br />
quantidade de bens e serviços<br />
que poderiam ser adquiridos<br />
na data inicial da aplicação. Essa<br />
é a lógica do investimento<br />
em poupança atualmente. Hoje,<br />
cerca de R$ 646,562 bilhões,<br />
segundo dados de junho/15 divulgados<br />
pelo Banco Central,<br />
são mantidos por milhares de<br />
brasileiros na caderneta, seja<br />
pela sua popularidade, seja pelo<br />
desconhecimento sobre formas<br />
alternativas com maior<br />
rentabilidade e também com<br />
menor risco que a própria poupança.<br />
Esses bilhões de reais<br />
podem ser definidos como um<br />
valor do que podemos chamar<br />
de desinformação sobre investimentos<br />
financeiros existente<br />
por grande parte da população<br />
brasileira. Uma excelente alternativa<br />
surgiu em 2002, quando<br />
o governo criou o chamado Tesouro<br />
Direto, que possibilita<br />
que os investidores apliquem<br />
os seus recursos diretamente<br />
em títulos públicos emitidos<br />
pelo governo, que, ao contrário<br />
da poupança, faz com que o<br />
próprio governo passe a ser o<br />
devedor dos recursos financeiros<br />
aplicados, e não a instituição<br />
financeira que mantém a<br />
poupança. Para adquirir esses<br />
títulos, pode-se comprar diretamente<br />
do site do Tesouro Direto<br />
(www.tesouro.fazenda.gov.br/<br />
tesouro-direto), ou através de<br />
uma das instituições financeiras<br />
cadastradas para intermediar<br />
esse tipo de investimento,<br />
disponíveis também no site. Ao<br />
invés de aplicar somente em<br />
um tipo de investimento, no<br />
Tesouro Direto pode-se comprar<br />
Tesouros Pré-fixado, Tesouros<br />
Selic ou Tesouros IPCA,<br />
por exemplo. Embora cada tipo<br />
de título possa ter rentabilidade<br />
diferenciada, de forma genérica,<br />
podemos simplificar a<br />
escolha por cada título apenas<br />
entendendo que a rentabilidade<br />
não deverá ser muito distante<br />
de um tipo de título para<br />
o outro no momento da compra,<br />
pois todos esses papeis<br />
têm taxas semelhantes e são<br />
emitidos pela mesma instituição,<br />
o próprio governo. Por<br />
tanto, não se pode diferenciar<br />
muito os juros em um tipo de<br />
título em detrimento de outro,<br />
pois o risco de não pagamento<br />
é basicamente o mesmo. Isso<br />
permite que se possa escolher<br />
qualquer um desses títulos para<br />
investir, sem grandes diferenças<br />
em termos de rentabilidade.<br />
E nesse caso, a referência<br />
para as taxas dos títulos públicos<br />
é a própria Selic, que está<br />
hoje em 14,25%a.a. Isso permite<br />
ao investidor ainda acompanhar<br />
a evolução dos juros básicos<br />
da economia, que são formados<br />
por taxas que tendem a<br />
ter ganhos superiores aos da<br />
inflação. Com apenas R$<br />
30,00, pode-se comprar uma<br />
fração de um título público, por<br />
exemplo. Os valores de compra<br />
desses títulos variam de acordo<br />
com o prazo e as taxas praticadas,<br />
mas um Tesouro Préfixado<br />
pode ser comprado integralmente<br />
por aproximadamente<br />
R$ 909, caso tenha vencimento<br />
de um ano e possua<br />
taxa de 10%a.a calculado através<br />
de juros simples. Como<br />
atualmente temos a nossa taxa<br />
básica de juros estabelecida em<br />
14,25%a.a, mesmo pagando a<br />
maior alíquota possível de imposto<br />
de renda sobre a essa<br />
aplicação, de 22,5%, ainda teríamos<br />
uma rentabilidade líquida<br />
de 11,04%a.a., ou cerca de<br />
0,92% ao mês. Se você for um<br />
investidor de poupança, lembre-se<br />
que a rentabilidade líquida<br />
de sua aplicação nunca<br />
será superior a 6%a.a mais a<br />
variação da Taxa Referencial<br />
(TR). Na prática, você sabe que<br />
nos últimos tempos, raramente<br />
vem conseguindo uma rentabilidade<br />
superior a 0,6% ao mês,<br />
além de possuir o risco de aplicar<br />
em uma instituição financeira<br />
que poderá não devolver<br />
o seu dinheiro, caso venha a<br />
falir. Assim sendo, na condição<br />
de investidor em poupança,<br />
você poderia ajudar o país a<br />
mudar as estatísticas, e reduzir<br />
esse valor da desinformação<br />
sobre investimentos financeiros<br />
no Brasil.<br />
C I Ê N C I A S E C O N Ô M I C A S - U N I V E R S I D A D E D E B L U M E N A U ( F U R B )
P Á G I N A 6 V O L U M E 1 , E D I Ç Ã O 1<br />
A Educação Financeira<br />
A Educação Financeira se<br />
tornou um tema em voga atualmente,<br />
apesar de sempre fazer<br />
parte do cotidiano das pessoas.<br />
Conhecimentos financeiros são<br />
fundamentais para se viver na<br />
sociedade capitalista em que<br />
vivemos. Sua relevância cresceu<br />
devido ao desenvolvimento<br />
dos mercados financeiros, a<br />
inclusão bancária, mudanças<br />
demográficas, econômicas e<br />
políticas (AEF-Brasil, 2015).<br />
Através “Para chamar a atenção de do leitor, uma insira pesquisa,<br />
citação ou frase interessante do texto aqui.”<br />
realizada em 2008, com o objetivo<br />
de avaliar o grau de educação<br />
financeira da população<br />
brasileira, abrangendo temas<br />
do cotidiano, foi identificado<br />
que o nível de educação financeira<br />
da população brasileira é<br />
baixo (AEF-Brasil, 2015). Outrossim<br />
Anton Siluanov argumenta<br />
que, por meio de pesquisas<br />
realizadas nos países do<br />
G20, a população não possui o<br />
conhecimento básico suficiente<br />
sobre os produtos financeiros e<br />
os riscos associados (OECD,<br />
2013). Neste sentido, John Tiner<br />
argumentou que as pessoas<br />
precisam ser capazes de gerir<br />
seus próprios recursos financeiros<br />
(FSA, 2006).<br />
Diante deste cenário, em<br />
2010 foi criado o ENEF, que visa<br />
a implementação de estratégias<br />
de educação financeira em<br />
todo o Brasil, sendo uma das<br />
ações a implementação da Educação<br />
Financeira para estudantes<br />
do Ensino Médio (AEF-<br />
Brasil, 2015). Através da ENEF<br />
foi dado início em 2010 a um<br />
projeto piloto de educação financeira<br />
nas escolas, no entanto<br />
como afirma Sciarretta<br />
(2010), o incentivo para educação<br />
financeira nas escolas é da<br />
OECD e já vem sendo desenvolvida<br />
no currículo escolar de<br />
mais de 60 países. Percebe-se<br />
então um início tardio destes<br />
esforços no Brasil.<br />
O problema do Endividamento<br />
Além dos esforços referentes<br />
a educação financeira, também<br />
em 2010 teve início a<br />
PEIC, que todos os meses aponta<br />
os resultados sobre o endividamento<br />
e a inadimplência das<br />
famílias brasileiras (CNC,<br />
2015).<br />
Ter dívidas não é o problema<br />
para o consumidor, afinal, em<br />
uma sociedade onde o consumo<br />
é essencial para o desenvolvimento<br />
da sociedade, ter dívidas<br />
é algo comum e saudável. O<br />
problema está quando não há<br />
controle sobre a quantidade de<br />
dívidas e este valor ultrapassa a<br />
renda mensal recebida. Esta<br />
situação, onde há um endividamento<br />
e o não cumprimento<br />
das suas dívidas, torna-se então<br />
uma situação de inadimplência.<br />
A inadimplência, além de<br />
prejudicar aquele que está devendo,<br />
também acaba por prejudicar<br />
o credor do dinheiro.<br />
Desta forma, apesar de a PEIC<br />
apresentar um total de endividados<br />
de 61,9% em julho de<br />
2015, as situações críticas estão<br />
nos 21,5% que já tem dívidas<br />
em atraso e ainda mais nos<br />
8,1% que não terão condições<br />
de pagar (CNC, 2015). Assim,<br />
entende-se que em alguns casos<br />
o problema deste endividamento<br />
excessivo e da inadimplência<br />
está na falta de controle<br />
financeiro e falta de educação<br />
financeira. Deve-se lembrar de<br />
que, no Brasil, até a instituição<br />
do Plano Real em 1994, realizar<br />
planejamento financeiro era<br />
algo difícil devido aos altos índices<br />
de inflação e instabilidade<br />
econômica do país.<br />
Pesquisa acerca da Educação<br />
Financeira<br />
Diante do novo cenário econômico<br />
brasileiro, vivenciado<br />
após o Plano Real, percebe-se a<br />
falta de educação financeira<br />
causada pela época anterior a<br />
ele. As famílias, por vezes, não<br />
estão preparadas para instruir<br />
os jovens acerca da educação<br />
financeira. Havia uma falta, no<br />
Brasil, do ensino sistemático da<br />
educação financeira para os jovens<br />
Apesar de um início tardio, a<br />
ENEF tende a suprir essa falta,<br />
além de incentivar outras<br />
ações, realizadas através de entidades<br />
públicas e privadas que<br />
vão ao encontro da melhoria da<br />
educação financeira da população<br />
brasileira.<br />
Buscando compreender melhor<br />
as causas do endividamento<br />
relacionadas a educação financeira,<br />
realizou-se uma pesquisa<br />
com estudantes do ensino<br />
médio de escolas de Blumenau-SC,<br />
com o seguinte objetivo:<br />
Analisar o conhecimento e<br />
B O L E T I M I N F O R M A T I V O D E E C O N O M I A
T E R C E I R O T R I M E S T R E , 2 0 1 5<br />
P Á G I N A 7<br />
o comportamento dos jovens<br />
quanto a suas finanças pessoais.<br />
Foram aplicados 412 questionários,<br />
em três escolas públicas<br />
(Estaduais ou Municipais)<br />
do município, para o 1º, 2º e 3º<br />
ano do ensino médio no período<br />
noturno. Os alunos do período<br />
noturno de escolas públicas<br />
foram intencionalmente<br />
escolhidos pois, em muitos casos,<br />
estão no ensino noturno<br />
para poderem trabalhar durante<br />
o período da manhã e tarde.<br />
Resultados da Pesquisa<br />
Os resultados desta pesquisa<br />
foram muito positivos, no sentido<br />
que se esperava que os jovens<br />
não realizassem controle<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
de suas despesas nem qualquer<br />
tipo de poupança. Porém os resultados<br />
demonstraram o contrário:<br />
85,93% dos jovens fazem<br />
controle dos gastos mensais<br />
e 71,65% poupam parte da<br />
renda.<br />
Além de outros resultados<br />
que contribuíram para analisar<br />
o comportamento e o conhecimento<br />
dos jovens, pode-se destacar<br />
a pouca utilização do cartão<br />
de crédito, apenas 25% deles<br />
já faz uso, e o grande número<br />
de jovens que já recebeu algum<br />
tipo de orientação de como<br />
cuidar das suas finanças,<br />
73,20%. Todavia, dos jovens<br />
que receberam orientação,<br />
quanto a cuidar das finanças,<br />
67,93% dessa orientação provém<br />
de familiares, o que não é<br />
ruim, porém não caracteriza<br />
uma instrução sistematizada.<br />
Por fim, pode-se concluir<br />
que o conhecimento e o comportamento<br />
dos jovens quanto<br />
as suas finanças pessoais é<br />
maior do que o esperado. Os<br />
jovens estão realizando poupança,<br />
não estão inadimplentes<br />
e possuem um certo controle<br />
dos seus gastos, fatores que<br />
contribuem para que sua vida<br />
financeira continue saudável.<br />
No entanto, entende-se a educação<br />
financeira, repassada de<br />
forma sistematizada necessária<br />
e importante para que os jovens,<br />
em sua vida adulta, se<br />
previnam de equívocos e situações<br />
que venham a comprometer<br />
sua saúde financeira.<br />
AEF-BRASIL. Plano Diretor ENEF. Disponível em: . Acesso em: 02 ago 2015.<br />
CNC. Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) - julho 2015. 2015. Disponível em:<br />
< http://www.cnc.org.br/central-doconhecimento/pesquisas/economia/pesquisa-nacional-de-endividamento-einadimplencia-do-c8><br />
Acesso em: 02 ago 2015.<br />
FSA. Financial Capability in the UK: Establishing a Baseline. 2006. Disponível em: . Acesso em: 02 de 2015.<br />
OECD. Advancing National Strategies for Financial Education. 2013. Disponível em: . Acesso em 02 ago 2015.<br />
SCIARRETTA, Toni. Brasil oficializa educação financeira. 2010. Disponível em:. Acesso em: 02 ago 2015.<br />
Seja para trabalhos acadêmicos<br />
ou por curiosidade individual<br />
de cada um, ter uma boa<br />
fonte de pesquisa é essencial.<br />
Por esse motivo, em 2006, foi<br />
criado o SIGAD, que é um projeto<br />
resultante de uma parceria<br />
entre a Universidade de Blumenau<br />
(<strong>FURB</strong>) e a Prefeitura<br />
Municipal de Blumenau. O SI-<br />
GAD tem como objetivo manter<br />
uma plataforma de pesquisa<br />
que seja dinâmica, atualizada,<br />
consistente e de qualidade.<br />
Os dados são adquiridos em<br />
fontes fidedignas, como, IBGE,<br />
Ministério de Trabalho e Emprego,<br />
Ministério da Saúde, entre<br />
outros.<br />
As informações disponibilizadas<br />
por esse sistema são importantes<br />
para todos, desde o<br />
cidadão blumenauense ao estudante<br />
universitário. Empresários<br />
e gestores do setor público<br />
também podem usar os dados<br />
para analisar os cenários social,<br />
politico e econômico da nossa<br />
cidade e região. Os dados são<br />
dispostos da seguinte maneira:<br />
história e geografia, demografia,<br />
infraestrutura, indicadores<br />
sociais, aspectos econômicos,<br />
emprego e renda, finanças municipais<br />
e turismo.<br />
O Prof. Nazareno Loffi Schmoeller<br />
é o coordenador das<br />
pesquisas (nazareno@furb.br<br />
ou sigad@furb.br).<br />
C I Ê N C I A S E C O N Ô M I C A S - U N I V E R S I D A D E D E B L U M E N A U ( F U R B )
P Á G I N A 8 V O L U M E 1 , E D I Ç Ã O 1<br />
A inadimplência e o endividamento<br />
são dados muito relevantes<br />
para a economia tanto<br />
em nível municipal, regional e<br />
nacional. Esses dados colaboram<br />
na tomada de decisões dos<br />
empresários, pois, permitem<br />
visualizar a saúde financeira do<br />
local analisado e também fazer<br />
projeções de consumo futuro. A<br />
Fecomércio (Federação do Comércio)<br />
e a CNC (Confederação<br />
Nacional do Comércio de Bens,<br />
Serviços e Turismo) realizam<br />
mensalmente uma pesquisa<br />
“Para chamar a atenção do leitor, insira uma<br />
chamada citação ou frase PEIC interessante do (Pesquisa texto aqui.” de Endividamento<br />
e Inadimplência<br />
do Consumidor), que levanta<br />
dados sobre o endividamento e<br />
a inadimplência dos cidadãos.<br />
A partir desses dados é elaborada<br />
uma análise comparativa<br />
entre Blumenau, Santa Catarina<br />
e Brasil.<br />
Historicamente, Santa Catarina<br />
tem se destacado positivamente<br />
em resultados de desenvolvimento<br />
econômico e social,<br />
e esse fato se repete também na<br />
pesquisa PEIC (ver quadro 1).<br />
Nessa comparação é possível<br />
perceber que, em relação ao<br />
Brasil, o estado de Santa Catarina<br />
tem desempenhos melhores,<br />
isto é, com porcentagens<br />
menores de endividamento e<br />
inadimplência. Nota-se também<br />
que a cidade de Blumenau<br />
apresenta indicadores ainda<br />
melhores, em relação ao estado<br />
de Santa Catarina e ao Brasil.<br />
O primeiro quesito comparado<br />
é o total de endividados. A<br />
palavra endividado, em sua definição,<br />
significa pessoa que<br />
adquiriu muitas dívidas, comprometendo<br />
significativo percentual<br />
da renda. Logo, chegase<br />
à conclusão que endividado é<br />
diferente de inadimplente. O<br />
segundo aspecto confrontado e<br />
analisado é a porcentagem da<br />
população que possui dívidas<br />
ou contas em atraso. Uma pessoa<br />
que possui dívidas ou contas<br />
em atraso se torna um inadimplente,<br />
que significa: pessoa<br />
que não cumpre com suas<br />
obrigações jurídicas dentro do<br />
prazo estipulado. O terceiro e<br />
último dado investigado é a<br />
parcela da população que já está<br />
inadimplente e não terá condições<br />
de quitar suas dívidas no<br />
próximo mês, sendo assim,<br />
permanecerá inadimplente nos<br />
períodos seguintes.<br />
A partir dos dados do quadro<br />
1, o total de endividados<br />
dentre a população do Brasil,<br />
desde janeiro de 2015, está acima<br />
de 57%, sendo que o patamar<br />
máximo ocorreu em maio,<br />
com 62,4%. Depois desse ponto<br />
máximo, essa porcentagem<br />
vem caindo, atingindo 61,9%<br />
no mês passado. Em Santa Catarina,<br />
o total de endividados<br />
não alcançou em nenhum momento<br />
os 60% da população em<br />
2015. Em janeiro e fevereiro<br />
tivemos as maiores taxas em<br />
Santa Catarina, ficando em torno<br />
dos 59% de endividados<br />
dentre a população, a partir<br />
disso houve oscilações e o total<br />
de endividados se estabilizou<br />
Critério<br />
Total de<br />
Endividados<br />
Dívidas ou contas<br />
em atraso<br />
Não terão<br />
condição de pagar<br />
Local<br />
Meses<br />
jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15<br />
Blumenau 48,4% 48,0% 49,5% 45,4% 46,4% 50,9% 49,0%<br />
Santa Catarina 59,2% 59,4% 57,5% 58,6% 57,5% 55,4% 52,9%<br />
Brasil 57,5% 57,8% 59,6% 61,6% 62,4% 62,0% 61,9%<br />
Blumenau 5,6% 9,0% 13,4% 12,4% 11,5% 13,3% 10,9%<br />
Santa Catarina 11,9% 13,9% 15,5% 16,9% 18,0% 19,3% 18,2%<br />
Brasil 17,8% 17,5% 17,9% 19,7% 21,1% 21,3% 21,5%<br />
Blumenau 3,6% 6,8% 9,6% 8,0% 6,1% 7,6% 4,4%<br />
Santa Catarina 7,3% 8,5% 8,7% 9,6% 9,6% 11,0% 10,1%<br />
Brasil 6,4% 6,4% 6,2% 6,9% 7,4% 7,9% 8,1%<br />
Fonte: Elaboração própria com dados retirados dos relatórios de janeiro a julho da Fecomércio-SC (Federação do<br />
Comércio de Santa Catarina), para a cidade de Blumenau e Santa Catarina, e, CNC (Confederação Nacional do<br />
Comércio de Bens, Serviços e Turismo), para o Brasil.<br />
B O L E T I M I N F O R M A T I V O D E E C O N O M I A
T E R C E I R O T R I M E S T R E , 2 0 1 5<br />
P Á G I N A 9<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
com sua menor taxa de 2015 no<br />
mês passado, julho, marcando<br />
52,9%. Já a cidade de Blumenau,<br />
obteve ao longo dos primeiros<br />
sete meses de 2015 índices<br />
abaixo dos 50% de endividados<br />
dentre os consumidores,<br />
ultrapassando os 50% apenas<br />
no mês de junho com uma<br />
taxa de 50,9%. O menor percentual<br />
em Blumenau se deu no<br />
mês de abril, 45,4% de endividados,<br />
após esse mês houve um<br />
crescimento dos indicadores,<br />
marcando 49% em julho.<br />
No Brasil, a parcela da população<br />
que possui dívidas ou<br />
contas em atraso , ou seja, está<br />
inadimplente, alcançou em julho<br />
um índice de 21,5% da população,<br />
esse índice vem crescendo<br />
desde janeiro deste ano,<br />
quando estava com taxa de<br />
17,8%. Já em Santa Catarina,<br />
em 2015, a inadimplência não<br />
atingiu em nenhum momento<br />
os 20%. Em julho, o total da população<br />
que possui dívidas ou<br />
contas em atraso atingiu 18,2%.<br />
A cidade de Blumenau após algumas<br />
oscilações durante o ano<br />
marcou 10,9% de inadimplência<br />
dentre os consumidores,<br />
um índice menos expressivo<br />
comparado á nível regional e<br />
nacional.<br />
O índice "Não terão condições<br />
de pagar" é um dado que<br />
gerou um contraste entre o<br />
Brasil e Santa Catarina, sendo o<br />
único índice que o estado superou<br />
o país em todos os meses.<br />
No Brasil, em julho, a porcentagem<br />
da população que não<br />
terá condições de pagar suas<br />
dívidas chegou a 8,1%, o dado<br />
mais alto desde janeiro de 2015.<br />
Em Santa Catarina, o índice<br />
mais elevado ocorreu no mês<br />
de junho, quando alcançou 11%.<br />
Após isso houve uma queda, e<br />
em julho, o indicador ficou em<br />
10,1%. Já em Blumenau, a parcela<br />
da população que não terá<br />
condição de pagar suas dívidas,<br />
variou bastante durante o ano,<br />
chegando a ultrapassar Santa<br />
Catarina e Brasil no mês de<br />
março com um índice de 9,6%,<br />
contra 8,7% do estado e 6,2%<br />
do país. A partir disso ocorreu<br />
uma queda gradual e se estabilizou<br />
com 4,4% no mês de julho,<br />
porcentagem que ficou<br />
bem abaixo dos indicadores de<br />
Santa Catarina e Brasil.<br />
Concluindo, Blumenau<br />
apresentou ao longo de 2015<br />
indicadores mais baixos no aspecto<br />
do endividamento e da<br />
inadimplência comparado a<br />
Santa Catarina e o Brasil. No<br />
indicador "Não terão condições<br />
de pagar", Blumenau supera<br />
Santa Catarina apenas uma<br />
vez, e o Brasil apenas três vezes,<br />
comprovando esse fato. No<br />
restante dos indicadores, a cidade<br />
de Blumenau tem grande<br />
vantagem, muitas vezes com<br />
dados abaixo de 50% em relação<br />
ao estado e ao país. Concluindo,<br />
essa pesquisa nos revela<br />
que os consumidores de Blumenau<br />
demonstram um controle<br />
mais efetivo de suas finanças<br />
e também tem uma<br />
maior cautela quanto o consumo.<br />
CNC. Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Disponível em: .<br />
Acesso em 05 ago 2015.<br />
FECOMÉRCIO. Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Disponível em: . Acesso em 04 ago 2015.<br />
O IVGP (Índice de Variação<br />
Geral de Preços) é realizado<br />
desde 1983 pelo Departamento<br />
de Economia da <strong>FURB</strong>. Esse índice,<br />
que é formulado mensalmente,<br />
consiste em analisar o<br />
comportamento dos preços da<br />
cidade de Blumenau. A partir<br />
do IVGP é possível realizar um<br />
acompanhamento mensal e periódico<br />
de 603 preços, captados<br />
em 31 locais, que estão alocados<br />
em 521 referências, agregados<br />
em 96 itens, que formam 25<br />
subgrupos. Esses subgrupos<br />
estão divididos em quatro<br />
grandes grupos: Alimentícios,<br />
Não-Alimentícios, Serviços e<br />
Diversos. Esse acompanhamento<br />
permite uma análise do<br />
"custo de vida" da cidade, isto é,<br />
o IVGP é um índice de inflação.<br />
Logo, ele possibilita uma análise<br />
de conjuntura econômica,<br />
gerando informações de muita<br />
utilidade tanto para o setor público<br />
quanto privado.<br />
O cálculo do índice é feito<br />
pelo Prof. Jamis Antonio Piazza<br />
(jamis@furb.br).<br />
C I Ê N C I A S E C O N Ô M I C A S - U N I V E R S I D A D E D E B L U M E N A U ( F U R B )
P Á G I N A 10<br />
V O L U M E 1 , E D I Ç Ã O 1<br />
O Centro Acadêmico Livre<br />
de Economia de Blumenau<br />
(CALECOB), em conformidade<br />
com a gestão atual, destina esse<br />
boletim para geração de informação<br />
e aproximação de seus<br />
acadêmicos e docentes. A intenção<br />
postergada é de informativos<br />
referentes ao CA-<br />
LECOB, <strong>FURB</strong> e economia em<br />
geral. A atual gestão tomou<br />
posse, efetivamente, no dia 26<br />
de junho de 2015. Buscando gerir<br />
com lealdade e admiração<br />
ao curso, com os objetivos de<br />
aprendizados extraclasses e<br />
buscando integração como<br />
itens chaves.<br />
Em relação ao aprendizado<br />
extraclasse: visto que em ciências<br />
econômicas a vontade de<br />
aprender fora da sala de aula é<br />
muito importante, destacamos<br />
esse ponto como um objetivo<br />
principal. Buscaremos conduzir<br />
palestras, cursos, eventos<br />
promovidos nos campus <strong>FURB</strong><br />
e também informaremos eventos<br />
que ocorrerão em Blumenau<br />
e região de importância ao<br />
acadêmico para seu aprendizado.<br />
Em relação à integração:<br />
uma das principais bandeiras<br />
levantadas pelo centro é a de<br />
integração acadêmica, com alunos,<br />
ex-alunos e docentes.<br />
Queremos criar uma conexão<br />
entre o ambiente acadêmico e<br />
profissional. Aproximar os<br />
acadêmicos do mercado de trabalho<br />
com a experiência de<br />
quem já passou pela graduação.<br />
Em relação a eventos: partindo<br />
do ponto que uma boa<br />
integração acadêmica fora da<br />
universidade cria laços que facilitam<br />
no convívio diário, buscamos<br />
dar diversas opções aos<br />
colegas de curso, como confraternizações<br />
e (Stammtisch Universitário).<br />
Em relação a práticas<br />
esportivas: mantemos um<br />
horário posterior ao término<br />
da aula (22 horas) para um descontraído<br />
futsal.<br />
Presidente<br />
Jonathan Henrique Tobias<br />
Vice-Presidente<br />
Joyci dos Santos<br />
Secretária Geral<br />
Tauany Luíza Pasold<br />
Segundo Secretário<br />
Henrique de Oliveira Maas<br />
Tesoureiro Geral<br />
Carlos Eduardo Pitz<br />
Segundo Tesoureiro<br />
Max Matheus Manske<br />
Diretor de Relações Públicas<br />
Aron Blasius<br />
Diretor de Eventos e Esportes<br />
Bruno Sedrez Theiss<br />
Diretor de Integração<br />
Sérgio Samuel dos Santos<br />
O cenário atual em que nos<br />
encontramos é delicado, a crise<br />
que tomou conta do nosso país<br />
está cada vez mais forte. Empresas<br />
falindo / fechando, consequentemente<br />
causando desemprego<br />
e fazendo que o poder<br />
aquisitivo das pessoas reduza.<br />
Dentro da universidade<br />
não está diferente, há muitos<br />
comentários e críticas a respeito<br />
de um boato sobre uma possível<br />
cobrança no estacionamento,<br />
porém o que muitos<br />
não enxergam é que o maior<br />
problema que a <strong>FURB</strong> enfrenta<br />
hoje é a falta de repasses do governo,<br />
que chegam a números<br />
exorbitantes e faz com que fique<br />
difícil de haver melhorias<br />
na nossa estrutura com uma<br />
falta tão grande no caixa da<br />
universidade.<br />
Nós economistas, na teoria,<br />
podemos prever um caminho<br />
para a solução, porém enquanto<br />
não temos o reconhecimento<br />
necessário para prover mudanças,<br />
devemos focar no objetivo<br />
que nos traz aqui, que é adquirir<br />
o conhecimento teórico para<br />
aplicarmos ao nosso dia a<br />
dia, seja no trabalho, nas horas<br />
de lazer ou em casa. Pois sem a<br />
prática, não conseguimos evoluir<br />
como pessoa e profissional,<br />
mas a teoria é a base para nos<br />
tornarmos os economistas que<br />
sonhamos e assim poder tentar<br />
ajudar a melhorar o cenário do<br />
país.<br />
Pensando nisso, tomei a<br />
frente da liderança do Centro<br />
Acadêmico, onde montamos<br />
uma equipe forte e determinada<br />
para gerir todo um grupo de<br />
estudantes interessados e poder<br />
motivar os que ainda não<br />
estão convencidos de que esse<br />
curso, com matérias complexas<br />
e determinantes, é o que querem<br />
para a vida.<br />
Nessa nova gestão do CA-<br />
LECOB, vamos buscar proporcionar<br />
alguns eventos, formais<br />
e informais, para vocês, futuros<br />
economistas poderem criar alianças,<br />
que podem se transformar<br />
em grandes laços profissionais<br />
e grandes amizades entre<br />
os acadêmicos e docentes.<br />
B O L E T I M I N F O R M A T I V O D E E C O N O M I A
T E R C E I R O T R I M E S T R E , 2 0 1 5 P Á G I N A 11<br />
Dificilmente, o atual comando<br />
da política econômica ouviria<br />
algo além do que se tem<br />
feito ouvir. Então, suponha-se<br />
que, de repente, o debate econômico<br />
pudesse ser mais arejado<br />
e honesto e, eventualmente,<br />
alcançar a autoridade que dá a<br />
direção à macroeconomia brasileira.<br />
Ainda assim, é de presumir<br />
que não houvesse um<br />
milímetro sequer de afastamento<br />
da linha seguida – por se<br />
considerá-la a única correta.<br />
Em tese, portanto, o problema<br />
estaria com o teimoso responsável<br />
pela atual política econômica<br />
em vigor.<br />
Todavia, a linha ora seguida<br />
é considerada a única correta<br />
também por algumas outras<br />
boas razões. Talvez, a primeira<br />
seja que a política macroeconômica<br />
em vigor é parte do contexto<br />
no qual se dá o próprio<br />
debate econômico. Isto é, a linha<br />
seguida parece refletir a<br />
desonestidade do debate econômico,<br />
fundado em verdades<br />
inquestionáveis. A rigor, não<br />
há nem interlocução nem discordâncias.<br />
Os discordantes<br />
sequer têm direito à palavra.<br />
Logo, há uma segunda razão,<br />
que diz respeito ao acesso à palavra,<br />
aos meios nos quais, concretamente,<br />
se trava dito debate.<br />
E isso remete ao sistema de<br />
desinformação – incluindo televisão,<br />
rádio, jornais, revistas<br />
e internet – que se constituiu<br />
no país. Dada a competência<br />
técnica e a capilaridade com<br />
que importantes redes desse<br />
sistema de desinformação se<br />
distribuem pelo território, é<br />
improvável que uma rádio ou<br />
outro veículo local, em cada um<br />
dos mais de cinco mil municípios<br />
brasileiros, deixe de repercutir<br />
a capa da revista semanal<br />
mais exposta ou o editorial do<br />
telejornal mais assistido. Esse<br />
sistema é que promove o debate<br />
desonesto, que difunde as<br />
verdades inquestionáveis, que<br />
desqualifica os discordantes da<br />
única linha correta. No entanto,<br />
para que se projete alguma<br />
luz sobre alguns aspectos do<br />
se eleva o nível geral de preços.<br />
Também é emblemática a<br />
justificativa para a receita da<br />
taxa de juros como único remédio<br />
para segurar os preços: a<br />
demanda aquecida. Ou seja, haveria<br />
que aumentar os juros<br />
para retirar moeda de circulação,<br />
dado que o seu excesso no<br />
mercado real tenha superaquecido<br />
a economia. Sério? Consta<br />
argumento falacioso do mainstream,<br />
que em 2014 o PIB tenha crescido<br />
é preciso poupar os lei-<br />
tores de outras razões pelas<br />
quais a linha seguida tem sido<br />
considerada a única correta –<br />
além das duas até aqui mencionadas.<br />
O caso da taxa de juros é emblemático.<br />
Sua elevação é justificada<br />
como único remédio a<br />
combater com eficácia a inflação<br />
considerada descontrolada.<br />
Creio ser difícil alguém provar<br />
que tenha havido inflação batendo<br />
em 7% nos últimos 10<br />
anos. Nem em 2014 nem em<br />
2013 nem em 2012 e assim até<br />
2006. Pode uma inflação abaixo<br />
de 7% a.a. ser considerada descontrolada?<br />
Certo: ao longo<br />
deste fatídico ano de 2015 ela<br />
não apenas chegou a 7% como<br />
já passou faz uns meses de 8% e<br />
não deve demorar a alcançar os<br />
9%. Mas, observe-se: quando a<br />
taxa de juros estava em 7,25%<br />
[outubro/2012], a inflação estava<br />
em 4,9%. Nada fez com que<br />
a inflação chegasse a 7% até<br />
fins de 2014. Mas, desde janeiro<br />
a miseráveis 0,1% e que<br />
em 2015 não tem havido recuperação;<br />
pelo contrário, deve<br />
haver mesmo queda pronunciada<br />
da produção do país quando<br />
se fechar o ano econômico.<br />
E assim como essas haveria<br />
que perquirir outras verdades<br />
inquestionáveis que têm sido<br />
difundidas à exaustão pelo sistema<br />
de desinformação. E também<br />
haveria que tirar da sombra<br />
outras tantas verdades inconvenientes,<br />
como os lucros<br />
recordes de R$ 5,7 bilhões auferidos<br />
pelo Itaú/Unibanco no<br />
primeiro trimestre de 2015 –<br />
parece que possíveis apenas<br />
num ambiente de juros, altos<br />
justificados por uma inflação<br />
que supostamente continua a<br />
subir descontrolada.<br />
É improvável, como já se<br />
disse no início, que a autoridade<br />
que dá a direção à macroeconomia<br />
se afastasse da linha<br />
correta se ouvisse um pouco<br />
mais de argumentos alternativos<br />
aos que predominam no<br />
de 2015 a taxa de juros sobe debate econômico brasileiro.<br />
assustadoramente, até bater Entretanto, talvez, fosse provável<br />
nos atuais 14,25% [julho/2015].<br />
A observação empírica indica que, com um maior equilí-<br />
brio nesse debate, o comando<br />
que a subida da taxa de juros da política macroeconômica<br />
não tem ajudado a derrubar a pudesse acabar nas mãos de<br />
inflação. Pelo contrário: quanto alguém mais comprometido<br />
mais é aumentada aquela, mais com os interesses da nação.<br />
C I Ê N C I A S E C O N Ô M I C A S - U N I V E R S I D A D E D E B L U M E N A U ( F U R B )