O_professor_faz_a_diferenca_no_desempenho_escolar_dos_seus_alunos
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Revista Eletrónica de Educação e Psicologia<br />
A<strong>no</strong> 2, Volume 1, 2015, pp. 62-81<br />
ISSN 2183-3990<br />
edupsi.utad.pt<br />
O <strong>professor</strong> <strong>faz</strong> a diferença <strong>no</strong> <strong>desempenho</strong> <strong>escolar</strong><br />
<strong>dos</strong> <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s<br />
O que <strong>no</strong>s diz a investigação educativa<br />
Teacher makes a difference in students’ achievement<br />
What educational research tells us<br />
Helena Santos Silva1* /José Pinto Lopes**<br />
* Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal e CIIE- Centro de Investigação e<br />
Intervenção Educativas da Universidade do Porto; ** Universidade de Trás-os-Montes e Alto<br />
Douro e CIIE- Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Universidade do Porto<br />
RESUMO<br />
Várias dezenas de investigações cujo objetivo tem sido identificar os fatores mais suscetíveis<br />
de ajudar o alu<strong>no</strong> a aprender permitem contrariar a ideia bastante generalizada de que a<br />
qualidade <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es tem pouca ou nenhuma variação <strong>no</strong> rendimento <strong>escolar</strong> <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s<br />
e questionar um <strong>dos</strong> maiores mitos do ensi<strong>no</strong>: to<strong>dos</strong> os <strong>professor</strong>es são iguais. Desapoiando<br />
estas ideias, amplamente difundidas, este trabalho pretende, a partir da síntese da<br />
literatura, analisar o contributo da investigação educativa que permite afirmar que as<br />
características <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es e o que <strong>faz</strong>em na sala de aula é, sem margem para dúvidas, o<br />
principal fator extrínseco ao alu<strong>no</strong> que determina a sua aprendizagem e o seu sucesso.<br />
Analisa-se a influência do <strong>professor</strong> na aprendizagem <strong>dos</strong> <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s, as características que a<br />
1 A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Helena Santos Silva,<br />
Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro,<br />
Complexo Pedagógico, Quinta <strong>dos</strong> Pra<strong>dos</strong>, 5000-801 Vila Real, Portugal. E-mail:<br />
helsilva@utad.pt<br />
Submissão: 05.5.2014<br />
Aceitação: 25.11.2014<br />
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro<br />
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investigação educativa identifica com os <strong>professor</strong>es eficazes, bem como as características da<br />
formação considerada com maior impacto na aprendizagem profissional <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es.<br />
Palavras-chave: Professor eficaz, Desempenho <strong>escolar</strong>, Formação profissional.<br />
ABSTRACT<br />
Several dozen researches whose aim has been to identify the factors most likely to help the<br />
student learn allow to counter the widespread <strong>no</strong>tion that the quality of teachers has little or<br />
<strong>no</strong> variation in student achievement and to question one of the biggest myths of learning : all<br />
teachers are equal. Unsupporting these ideas, widely held, this paper aims, by synthesis of<br />
the literature, to analyze the contribution of educational research to suggest that the<br />
characteristics of the teachers and what they do in the classroom is, without doubt, the main<br />
extrinsic factor to the student which determines their learning and their success. The<br />
influence of the teacher on student learning, the characteristics that educational research<br />
identifies effective teachers, as well as the characteristics of training considered the greatest<br />
impact on teachers' professional learning are analyzed.<br />
Keywords: Effective teacher, Student achievement, Student, Professional development<br />
INTRODUÇÃO<br />
Um aspeto de amplo acordo em educação é que o <strong>professor</strong> importa muito. Alu<strong>no</strong>s de certos<br />
<strong>professor</strong>es <strong>faz</strong>em melhor e de uma maneira que tem reflexos a nível social e económico.<br />
Estu<strong>dos</strong> recentes (por exemplo, Hanushek & Wossmann, 2010) demonstram que os <strong>professor</strong>es<br />
são diferentes e que alu<strong>no</strong>s atribuí<strong>dos</strong> a <strong>professor</strong>es considera<strong>dos</strong> como eficazes têm um<br />
melhor <strong>desempenho</strong> <strong>escolar</strong>.<br />
As diferenças entre os <strong>professor</strong>es resultam das características que possuem, da forma como<br />
se concebem enquanto profissionais e das crenças que mantêm sobre o ensi<strong>no</strong> e a<br />
aprendizagem e que se materializam na forma como privilegiam que os <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s<br />
aprendam, na forma como os avaliam e na forma como com eles interagem. Por outras<br />
palavras: o que os <strong>professor</strong>es valorizam para a aprendizagem <strong>dos</strong> <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s e o clima de<br />
aprendizagem e apoio que incentivam e mantêm na sala de aula condicionam o <strong>desempenho</strong><br />
<strong>escolar</strong> <strong>dos</strong> <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s.<br />
Neste artigo pretende-se analisar a importância <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es na aprendizagem <strong>dos</strong> <strong>seus</strong><br />
alu<strong>no</strong>s, as características <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es eficazes, a forma como devem conceber-se<br />
enquanto profissionais e encarar o seu desenvolvimento profissional.<br />
A importância do <strong>professor</strong> na aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s<br />
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O <strong>professor</strong> é considerado o principal fator extrínseco ao alu<strong>no</strong> que determina a sua<br />
aprendizagem e o seu sucesso <strong>escolar</strong> (Hattie, 2003, 2009, 2012; The Learning Curve, 2012).<br />
Até mea<strong>dos</strong> da década de 60 do século XX, o ponto de vista dominante era que as escolas<br />
quase nunca <strong>faz</strong>iam diferença <strong>no</strong> rendimento <strong>escolar</strong> <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s. Defendia-se que essa<br />
diferença era largamente pré-determinada pelo estatuto socioeconómico, pelas condições<br />
familiares e capacidades inatas <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s. Contudo, a investigação tem refutado de uma<br />
forma muito poderosa este ponto de vista. Marza<strong>no</strong> (2003) fez uma síntese da investigação<br />
realizada <strong>no</strong>s últimos 35 a<strong>no</strong>s, sobre escolas eficazes, o que permitiu separar o efeito da<br />
escola do efeito individual do <strong>professor</strong> <strong>no</strong> rendimento <strong>escolar</strong> do alu<strong>no</strong>. As conclusões a que<br />
chegou permitem esclarecer, de uma forma clara, a importância que o <strong>professor</strong> tem <strong>no</strong><br />
rendimento <strong>escolar</strong> do alu<strong>no</strong>. Mesmo se as escolas onde trabalham são altamente ineficazes,<br />
os <strong>professor</strong>es podem <strong>faz</strong>er com que os <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s tenham ganhos muito eleva<strong>dos</strong> <strong>no</strong><br />
rendimento <strong>escolar</strong>. Este e outros estu<strong>dos</strong> conduzem o autor a afirmar: “Entre elementos<br />
como um currículo bem articulado e um ambiente agradável e organizado, o fator que<br />
sobressai como o fator singular mais influente numa escola eficaz é o que <strong>faz</strong> cada <strong>professor</strong><br />
dentro da escola” (Marza<strong>no</strong>, 2007, p. 1).<br />
Hattie (2003) analisou o efeito <strong>dos</strong> fatores alu<strong>no</strong>, lar, escola, diretor, colegas e <strong>professor</strong> e<br />
avaliou os respetivos contributos para o <strong>desempenho</strong> <strong>escolar</strong> do alu<strong>no</strong> (Fig. 1). A conclusão a<br />
que o autor chegou é que, <strong>dos</strong> fatores extrínsecos ao alu<strong>no</strong>, é o <strong>professor</strong>: as suas<br />
expectativas, conceção que tem de ensi<strong>no</strong> e a abertura que manifesta, isto é, em que medida<br />
acredita que os <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s o podem surpreender, <strong>no</strong> que respeita à aprendizagem, o fator de<br />
maior influência (30%). To<strong>dos</strong> os outros fatores têm, segundo o autor, uma influência entre 5<br />
e 10% <strong>no</strong> rendimento <strong>escolar</strong>.<br />
Figura 1 – O efeito do <strong>professor</strong> <strong>no</strong> rendimento <strong>escolar</strong> do alu<strong>no</strong> (Hattie, 2003)<br />
Muitos estu<strong>dos</strong> têm quantificado a influência do <strong>professor</strong> <strong>no</strong> rendimento do alu<strong>no</strong> a qual é<br />
“relativamente independente de qualquer outra coisa que ocorre na escola” (Marza<strong>no</strong>, 2007,<br />
p. 2). Assim, existe hoje um corpo consubstanciado de investigações (por exemplo, Hattie,<br />
1992 e 2009; Haycock, 1998; Marza<strong>no</strong>, 2003; Wang, Hearttel, & Walberg, 1993) que permitem<br />
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concluir que nem todas as práticas educativas são iguais e têm idênticas consequências na<br />
aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s e que o que os <strong>professor</strong>es <strong>faz</strong>em e dizem têm um impacto<br />
diferencial na aprendizagem (Hanushek, 2002; Taylor, Roehrig, Hensler, Con<strong>no</strong>r, &<br />
Schatschneider, 2010).<br />
Um estudo realizado por Jordan, Mendro e Weerasinghe (1997) sobre os efeitos de <strong>professor</strong>es<br />
de diferentes níveis de eficácia sobre o <strong>desempenho</strong> <strong>escolar</strong> <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s permitiu verificar que<br />
o efeito do <strong>professor</strong> persistiu ao longo de 3 a<strong>no</strong>s. Ou seja, que o <strong>desempenho</strong> <strong>escolar</strong><br />
subsequente <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s é limitado ou reforçado pelas experiências anteriores em salas de<br />
aula de <strong>professor</strong>es, respetivamente, pouco ou muito eficazes. Os ganhos obti<strong>dos</strong> com<br />
<strong>professor</strong>es eficazes foram manti<strong>dos</strong> e, por outro lado, o impacto negativo de um <strong>professor</strong><br />
pouco eficaz foi estatisticamente verificado <strong>no</strong>s 3 a<strong>no</strong>s seguintes, mesmo que os alu<strong>no</strong>s<br />
fossem ensina<strong>dos</strong> por um <strong>professor</strong> eficaz. Isto é, se os alu<strong>no</strong>s têm um <strong>professor</strong> de baixo<br />
<strong>desempenho</strong>, não superam os efeitos negativos da perda de aprendizagem, mesmo que <strong>no</strong> a<strong>no</strong><br />
seguinte tenham um <strong>professor</strong> eficiente. A boa <strong>no</strong>tícia é que o contrário também se verifica.<br />
Se os alu<strong>no</strong>s têm um <strong>professor</strong> de alto <strong>desempenho</strong> durante um a<strong>no</strong>, disfrutam da vantagem<br />
de ter tido um bom ensi<strong>no</strong> <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s seguintes. Estes resulta<strong>dos</strong> apontam assim, para efeitos<br />
muito maiores do que o esperado e que os <strong>professor</strong>es me<strong>no</strong>s eficazes têm uma influência de<br />
longo prazo sobre o <strong>desempenho</strong> <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s que não é totalmente corrigida até 3 a<strong>no</strong>s<br />
(Mendro, 1998). Deixam ainda claro que quando se trata da aprendizagem importa considerar<br />
não apenas a qualidade <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es mas também que a eficácia ou a falta dela tem<br />
reflexos na aprendizagem que os alu<strong>no</strong>s podem realizar <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s seguintes. Os resulta<strong>dos</strong><br />
destes estu<strong>dos</strong> documentam bem que, apesar de os <strong>professor</strong>es não poderem ser os únicos<br />
responsáveis pela aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s, dado esta ser internamente controlada, o fator<br />
mais importante que afeta a aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s é o <strong>professor</strong>. A aprendizagem é o<br />
resultado da interação entre <strong>professor</strong>es e alu<strong>no</strong>s e, como o papel <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es é otimizar<br />
as condições de aprendizagem, é neles que recai a maior responsabilidade de <strong>faz</strong>er a<br />
diferença na aprendizagem <strong>dos</strong> <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s.<br />
Para além <strong>dos</strong> aspetos referi<strong>dos</strong>, os resulta<strong>dos</strong> das investigações mostram ainda existir uma<br />
grande variação de eficácia entre os <strong>professor</strong>es. A implicação imediata deste facto é que<br />
mais pode ser feito para melhorar a qualidade da educação, melhorando a eficácia <strong>dos</strong><br />
<strong>professor</strong>es do que intervindo em qualquer outro fator, já que os <strong>professor</strong>es eficazes<br />
parecem sê-lo com alu<strong>no</strong>s de to<strong>dos</strong> os níveis de <strong>escolar</strong>idade, independentemente do nível de<br />
heterogeneidade das suas turmas.<br />
A conclusão parece clara: “nem to<strong>dos</strong> os <strong>professor</strong>es são eficazes, nem to<strong>dos</strong> os <strong>professor</strong>es<br />
são especialistas, e nem to<strong>dos</strong> os <strong>professor</strong>es têm efeitos poderosos sobre os alu<strong>no</strong>s” (Hattie,<br />
2009, p. 22). A maior fonte de variação do sistema de ensi<strong>no</strong> relaciona-se com os <strong>professor</strong>es<br />
e estes podem diferir em muitas características.<br />
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Sabe-se hoje também como a competência do <strong>professor</strong> se desenvolve e o que é um ensi<strong>no</strong> de<br />
qualidade e, como resultado, tem havido, desde a década de 80 do século XX, um grande<br />
enfoque a nível internacional na melhoria da qualidade <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es e do ensi<strong>no</strong>.<br />
Apesar desta mensagem inequívoca da investigação educativa, continua a ser bastante<br />
generalizada, quase um mito, a ideia de que to<strong>dos</strong> os <strong>professor</strong>es são iguais.<br />
Na perspetiva de Hattie (2012), esta convicção, aliada à resistência <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es a mudar a<br />
sua forma de estar e agir na sala de aula, contribui para que resistam à adoção de práticas<br />
que a investigação educativa permite identificar como mais eficazes na aprendizagem <strong>dos</strong><br />
alu<strong>no</strong>s e pode, inclusivamente, contribuir para desprofissionalizar o ensi<strong>no</strong>, já que pode<br />
conduzir ao entendimento de que qualquer pessoa pode ensinar.<br />
Características pessoais e profissionais <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es eficazes<br />
Vários estu<strong>dos</strong> têm comprovado que um conjunto de qualidades pessoais e profissionais estão<br />
associadas a níveis mais eleva<strong>dos</strong> de <strong>desempenho</strong> ou sucesso <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s. De acordo com<br />
Goodwin (2010), a investigação sugere que os bons <strong>professor</strong>es possuem alguns atributos<br />
quantificáveis: competência verbal e cognitiva, conhecimento adequado das áreas do<br />
conteúdo que ensinam e de como as ensinar.<br />
Segundo o autor, dado que os <strong>professor</strong>es passam grande parte do tempo em interação com os<br />
<strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s, não deve surpreender que as competências verbais e cognitivas estejam<br />
fortemente relacionadas com o seu sucesso na sala de aula. O autor <strong>faz</strong> referência a um<br />
estudo de Ferguson e Ladd (1996) que envolveu cerca de 30 mil alu<strong>no</strong>s e que permitiu<br />
concluir que estas características exerciam maior influência sobre o <strong>desempenho</strong> <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s<br />
do que a combinação de variáveis como o nível socioeconómico, o tamanho da turma e a<br />
experiência de ensi<strong>no</strong> do <strong>professor</strong>. No que respeita ao conhecimento das áreas de conteúdo<br />
que ensinam, refere a investigação de Rice (2003) que, tendo analisado centenas de estu<strong>dos</strong><br />
sobre a qualidade do <strong>professor</strong>, salienta que o conhecimento do conteúdo contribui apenas<br />
até um certo ponto para essa qualidade. Ou seja, possuir um conhecimento muito mais<br />
aprofundado e específico - grau de mestrado ou doutoramento -, relativamente ao conteúdo<br />
que é ensinado, a partir de um certo ponto parece não ter impacto na qualidade do ensi<strong>no</strong>.<br />
Esta conclusão foi possível pela análise de estu<strong>dos</strong> realiza<strong>dos</strong> desde a década de 70 do séc. XX<br />
<strong>no</strong>s quais, segundo o autor, não foi possível encontrar nenhum efeito <strong>no</strong> <strong>desempenho</strong> <strong>dos</strong><br />
alu<strong>no</strong>s, quando os <strong>professor</strong>es possuíam grau de mestre ou grau superior.<br />
A partir de um certo grau de domínio do conhecimento do conteúdo parece ser mais<br />
importante um conhecimento aprofundado sobre como ensinar esse conteúdo, isto é, o<br />
conhecimento pedagógico do conteúdo. Os alu<strong>no</strong>s <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es que possuíam um domínio<br />
forte do conteúdo pedagógico eram suscetíveis de ganhar, em termos de aprendizagem, o<br />
equivalente a um a<strong>no</strong> comparativamente aos alu<strong>no</strong>s <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es que tinham um fraco<br />
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conhecimento pedagógico do conteúdo (Baumert, Kunter, Blum, Brunner, Voss, Jordan et al,<br />
2010). No que respeita à experiência de ensi<strong>no</strong>, depois de cerca de 5 a<strong>no</strong>s, em média, esta<br />
parece oferecer pouca garantia de maior eficácia (Goodwin, 2010).<br />
O que determina a qualidade de um <strong>professor</strong> inclui atitudes e uma matriz de planeamento,<br />
organização, ensi<strong>no</strong> e avaliação das competências. Os <strong>professor</strong>es eficazes são capazes de<br />
estabelecer objetivos de ensi<strong>no</strong> para os <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s e, em seguida, recorrer ao seu<br />
conhecimento pedagógico para os ajudar a alcançar o sucesso. Ou seja, uma boa qualificação<br />
profissional é certamente um bom começo mas insuficiente, não é mais do que um bom ponto<br />
de partida para que o <strong>professor</strong> possa ser um <strong>professor</strong> eficaz (Tucker & Stronge, 2005).<br />
Ou seja, os <strong>professor</strong>es eficazes dominam em profundidade o conteúdo que lecionam e<br />
possuem simultaneamente a capacidade de o tornar relevante para os alu<strong>no</strong>s. Isto implica<br />
conceber o ensi<strong>no</strong> como muito mais do que a simples transmissão de conhecimentos, perceber<br />
a importância de privilegiar o “<strong>faz</strong>er para aprender” em vez de o “aprender a <strong>faz</strong>er”, como<br />
forma de motivar os alu<strong>no</strong>s para a aprendizagem, e dominar um repertório versátil e<br />
abrangente de estratégias de ensi<strong>no</strong>, que adequam ao conteúdo, aos objetivos de<br />
aprendizagem e aos alu<strong>no</strong>s a quem se destinam. O domínio destas competências confere-lhes<br />
ainda a capacidade de <strong>faz</strong>er conexões, mostrar a relevância do assunto, estimular o<br />
envolvimento <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s e incorporar a compreensão. Esta abordagem compreensiva do<br />
ensi<strong>no</strong> cada vez mais se torna relevante. As avaliações da próxima geração vão exigir que os<br />
alu<strong>no</strong>s mostrem a sua capacidade de aplicar o pensamento de ordem superior, isto é, de<br />
análise e de síntese ou pensamento crítico e reflexivo, não apenas a capacidade de recordar<br />
conhecimento (Fleischman, 2012).<br />
De acordo com Lopes e Silva (2010), os <strong>professor</strong>es eficazes - experientes e peritos -, são mais<br />
capazes de improvisar e alterar as estratégias que utilizam para responder às características<br />
contextuais da sala de aula e entendem, a um nível mais profundo, as razões do sucesso e do<br />
fracasso de cada alu<strong>no</strong>. A sua compreensão <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s é de tal ordem que são mais capazes<br />
de formular hipóteses adequadas sobre as causas de sucesso ou fracasso de cada um deles, de<br />
planificar atividades adequadas às suas necessidades de aprendizagem e antecipar as<br />
dificuldades que os alu<strong>no</strong>s poderão ter de enfrentar ao aprender <strong>no</strong>vos conceitos.<br />
Existe ainda um conjunto de características que a investigação identifica positivamente com a<br />
eficácia do <strong>professor</strong> mas que, contrariamente às anteriormente analisadas, não são<br />
mensuráveis (Goodwin, 2010). São elas: o efeito das expectativas, a crença de que to<strong>dos</strong> os<br />
alu<strong>no</strong>s podem aprender (Hattie, 2009); a crença do <strong>professor</strong> nas suas próprias competências<br />
(autoeficácia), que se relaciona positivamente com o <strong>desempenho</strong> <strong>escolar</strong> elevado <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s<br />
(Armor, Conroy-Oseguera, Cox, King, McDonnell, Pascal, Pauly, & Zellman, 1976) e a<br />
capacidade de interagir de forma empática e não diretiva com os alu<strong>no</strong>s (Cornelius- White,<br />
2007), fortemente correlacionada com eleva<strong>dos</strong> níveis de participação, motivação e<br />
realização ou <strong>desempenho</strong> <strong>escolar</strong>. O sentido de eficácia é uma das poucas características<br />
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individuais do <strong>professor</strong> que, com fiabilidade, prevê a prática docente e os resulta<strong>dos</strong><br />
académicos <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s (Ross, Cousins, & Gadalla, 1996; Tournaki, & Podell, 2005).<br />
A importância da interação empática e não diretiva do <strong>professor</strong> é referida num estudo de<br />
Zambon, Santos, Ebert, & Portal (2012) que envolveu alu<strong>no</strong>s da sexta série (7º a<strong>no</strong>) de uma<br />
instituição de ensi<strong>no</strong> pública do Estado do Pará. Os alu<strong>no</strong>s redigiram cartas aos <strong>professor</strong>es<br />
que fizeram a diferença nas suas vidas e salientaram, como características que lhes<br />
permitiam recordar os <strong>professor</strong>es como significativos e com impacto positivo na sua<br />
aprendizagem, a importância do diálogo e da afetividade nas relações interativas em sala de<br />
aula, bem como a grande atenção dada pelo <strong>professor</strong> a to<strong>dos</strong> os alu<strong>no</strong>s.<br />
Em suma, a capacidade verbal, o conhecimento do conteúdo, o conhecimento pedagógico do<br />
conteúdo, a capacidade de usar uma variedade de estratégias de ensi<strong>no</strong>, com competência e<br />
entusiasmo pelo assunto que lecionam, e altas expectativas sobre to<strong>dos</strong> os alu<strong>no</strong>s,<br />
caracterizaram os <strong>professor</strong>es eficazes. A certificação, sendo um indicador importante da<br />
qualidade de um <strong>professor</strong>, não o é da sua eficácia, bem como não o é o número de a<strong>no</strong>s de<br />
prática, dado que a eficácia de um <strong>professor</strong> é caracterizada por um conjunto muito mais<br />
complexo de características que superam ou ultrapassam a qualidade da certificação<br />
profissional e o tempo de experiência em sala de aula.<br />
Conceção do <strong>professor</strong> enquanto profissional<br />
As exigências que este perfil de competências determina implicam que o <strong>professor</strong> tenha uma<br />
conceção de si como um profissional em constante desenvolvimento e aprendizagem. Que se<br />
veja como um aprendiz ao longo da vida e conceba o seu sucesso estreitamente relacionado<br />
com o nível de sucesso conseguido pelos <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s.<br />
Aprender ao longo da vida exige do <strong>professor</strong> a capacidade de se tornar aprendiz do seu<br />
próprio ensi<strong>no</strong> envolvendo-se em prática deliberada (Ericsson, Kramp, & Tesch-Römer, 1993;<br />
Hattie, 2009). A prática deliberada possibilita-lhe a atividade reflexiva para e sobre o ensi<strong>no</strong><br />
(Schön, 1983) que o conduz a consciencializar o que está ou não a funcionar com os <strong>seus</strong><br />
alu<strong>no</strong>s, a prestar mais atenção às evidências contraditórias, a aumentar o interesse em<br />
descobrir quaisquer consequências intencionais e não intencionais do seu ensi<strong>no</strong>, a<br />
consciencializar os efeitos das i<strong>no</strong>vações introduzidas <strong>no</strong>s resulta<strong>dos</strong> finais e a capacidade de<br />
aprender com as suas intervenções.<br />
Os <strong>professor</strong>es aprendizes do seu próprio ensi<strong>no</strong> são os mais influentes na melhoria do<br />
<strong>desempenho</strong> <strong>escolar</strong> <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s. “Envolvem e motivam os alu<strong>no</strong>s para a aprendizagem do<br />
conteúdo e, fundamentalmente, comunicam-lhes paixão pela aprendizagem” (Lopes & Silva,<br />
2010, p. xv).<br />
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A atitude reflexiva para e sobre a prática (Jardili<strong>no</strong> & Barbosa, 2012; Schön, 1983), que deve<br />
caracterizar o <strong>professor</strong> aprendiz do seu próprio ensi<strong>no</strong>, deverá ser orientada pela questão:<br />
“A minha prática resulta de forma eficaz na aprendizagem <strong>dos</strong> meus alu<strong>no</strong>s?”<br />
A resposta a esta questão implica, em primeiro lugar, que os <strong>professor</strong>es realizem um<br />
autoquestionamento direcionado para avaliar o seu sucesso enquanto profissionais. Este<br />
processo reflexivo deve permitir obter resposta às questões: “Em que condições posso<br />
considerar que os meus alu<strong>no</strong>s atingiram sucesso na sua aprendizagem?”, “Quais são as suas<br />
principais dificuldades e os <strong>seus</strong> pontos fortes?”, “O que foi alcançado e o que ainda tem de o<br />
ser”? e “Que critérios, <strong>no</strong> que respeita ao rendimento <strong>escolar</strong> <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s, devo estabelecer se<br />
pretendo ser um <strong>professor</strong> eficaz?”. As respostas que obtêm a estas questões podem,<br />
eventualmente, <strong>faz</strong>er os <strong>professor</strong>es perceberem a necessidade de mudanças, inclusive na<br />
forma como se concebem enquanto profissionais. Como refere Hattie (2012), o <strong>professor</strong> deve<br />
essencialmente conceber-se como um avaliador do impacto que o seu ensi<strong>no</strong> tem na<br />
aprendizagem <strong>dos</strong> <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s, como um investigador capaz de avaliar o sucesso das suas<br />
práticas.<br />
Ponderar acerca do sucesso profissional é uma questão de vital importância se um <strong>professor</strong><br />
pretende avaliar o impacto da sua ação na aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s. Considerar como critério<br />
de sucesso uma magnitude de efeito superior a zero é assumir que qualquer rendimento<br />
<strong>escolar</strong> é válido, o que não é uma realidade. Nos estu<strong>dos</strong> sobre educação são considera<strong>dos</strong><br />
critérios de sucesso váli<strong>dos</strong> e <strong>professor</strong>es eficazes os que promovem diferenças <strong>no</strong> rendimento<br />
<strong>escolar</strong> de magnitude de efeito superior a 0.4 para cada alu<strong>no</strong>, isto é, um aumento de 15<br />
percentis <strong>no</strong> <strong>desempenho</strong> <strong>escolar</strong> (Hattie, 2009; Marza<strong>no</strong>, 2007).<br />
Os <strong>professor</strong>es cujas práticas permitem este aumento, ou aumentos superiores, <strong>faz</strong>em uma<br />
diferença significativa na aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s e <strong>faz</strong>em-na principalmente em situações<br />
em que os alu<strong>no</strong>s têm dificuldades ou problemas de aprendizagem. Isto porque os <strong>professor</strong>es<br />
realmente eficazes valorizam mais a aprendizagem do que o ensi<strong>no</strong> (Hattie, 2012) e<br />
acreditam que TODOS os <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s podem aprender (Nieto, 2005).<br />
Há muitos aspetos que asseguram uma boa aprendizagem, mas para que seja excelente exige<br />
um “ingrediente” especial: o envolvimento total de <strong>professor</strong>es e alu<strong>no</strong>s, que gere vontade <strong>no</strong><br />
<strong>professor</strong> e <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s de saber mais e de progredirem na sua aprendizagem.<br />
Contudo, a mensagem não é apenas i<strong>no</strong>var mas conseguir a diferença quando se i<strong>no</strong>va e a<br />
adoção de qualquer i<strong>no</strong>vação significa interromper o uso da prática familiar. Há assim, a<br />
necessidade de que o <strong>professor</strong> avalie o efeito que o seu ensi<strong>no</strong> está a ter <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s e encare<br />
o conhecimento disponibilizado pela investigação educativa como uma fonte de referência<br />
para as suas práticas. A investigação nunca será capaz de identificar as estratégias ou<br />
méto<strong>dos</strong> que funcionem em todas as salas de aula e com to<strong>dos</strong> os alu<strong>no</strong>s, mas é uma fonte<br />
credível de informação sobre as estratégias e méto<strong>dos</strong> que têm uma grande probabilidade de<br />
resultar. O melhor que a investigação pode <strong>faz</strong>er é informar o <strong>professor</strong> sobre os méto<strong>dos</strong>/<br />
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estratégias que têm alta probabilidade de funcionar bem em termos de resulta<strong>dos</strong> de<br />
aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s (Fleischman, 2012).<br />
Em suma, o <strong>professor</strong> enquanto profissional deve conceber-se como um investigador que<br />
reflete sobre os efeitos da sua prática <strong>no</strong>s resulta<strong>dos</strong> da aprendizagem <strong>dos</strong> <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s. Deve<br />
aprender continuamente a partir das respostas que obtém a questões como: “ Como posso<br />
saber se esta estratégia está a funcionar? “; “ Qual o mérito e valor deste método na<br />
aprendizagem <strong>dos</strong> meus alu<strong>no</strong>s? “ Partilho uma conceção comum de progresso <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s com<br />
os meus colegas?” (Hattie, 2012).<br />
Desenvolvimento profissional e eficácia do <strong>professor</strong><br />
Para variadíssimos autores, por exemplo, Hattie (2007), Marza<strong>no</strong> (2003) Danielson (2007), os<br />
<strong>professor</strong>es são a mais poderosa influência <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> e, por isso todo o sistema precisa de ser<br />
concebido para assegurar a formação de <strong>professor</strong>es eficazes. Contudo, resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> por<br />
vários autores, por exemplo Joslin (1980), Harrison (1980) e Wade (1985), a partir da análise<br />
de programas de formação de <strong>professor</strong>es, revelaram existir uma relação me<strong>no</strong>r do que seria<br />
de esperar entre a aprendizagem <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es, durante o desenvolvimento profissional, a<br />
sua prática e, consequentemente, a melhoria da aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s. Os resulta<strong>dos</strong><br />
obti<strong>dos</strong> por estes autores revelam que o desenvolvimento profissional tem elevadas<br />
probabilidades de alterar a aprendizagem do <strong>professor</strong> (82%), mas que os saberes adquiri<strong>dos</strong><br />
têm me<strong>no</strong>r efeito sobre o seu comportamento (73%) e ainda me<strong>no</strong>r influência, apesar de<br />
ainda bastante positiva (65%) na aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s. De acordo com Guskey e Yoon<br />
(2009), a síntese da investigação confirma a dificuldade em traduzir o desenvolvimento<br />
profissional em ganhos na aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s, o que conduz os autores a salientar a<br />
necessidade <strong>dos</strong> responsáveis pela planificação e implementação do desenvolvimento<br />
profissional avaliarem criticamente a formação que oferecem, a refletirem sobre o que<br />
realmente funciona. Esta constatação tem conduzido ao desenvolvimento de investigações<br />
sobre as características da formação que se revelam mais eficazes na alteração do<br />
conhecimento profissional <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es, com o objetivo de conseguir que os conhecimentos<br />
e competências por eles adquiri<strong>dos</strong> e/ou reconstruí<strong>dos</strong>, nessa formação, tenham uma maior<br />
repercussão na alteração das práticas me<strong>no</strong>s eficazes e na melhoria da aprendizagem <strong>dos</strong><br />
alu<strong>no</strong>s (Lopes & Silva, 2010).<br />
Caraterísticas que <strong>faz</strong>em a diferença<br />
A investigação sobre as características que asseguram eficácia profissional salienta, como<br />
aspetos determinantes, a importância de recrutar <strong>professor</strong>es talentosos, de dar estatuto à<br />
profissão - tratar os <strong>professor</strong>es como profissionais capazes de emitir juízos e não apenas<br />
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como técnicos -, e proporcionar-lhes formação, essencialmente formação contínua (The<br />
Learning Curve, 2012). Hanushek e Woessmann (2010) salientam a importância de associar<br />
responsabilidade e independência. Isto é, responsabilizar os <strong>professor</strong>es pelo cumprimento de<br />
metas desafiadoras e dar-lhes auto<strong>no</strong>mia para que as cumpram, bem como a importância de<br />
combinar padrões exigentes, baixa tolerância ao fracasso, <strong>no</strong> que respeita ao cumprimento<br />
desses padrões, e responsabilidade profissional <strong>no</strong> âmbito de um trabalho colaborativo.<br />
Segundo os autores nenhum destes aspetos isola<strong>dos</strong> é suficiente mas juntos, apoiam-se,<br />
reforçam-se mutuamente e orientam para um conjunto de estratégias que devem ser<br />
contempladas para assegurar a formação de bons profissionais.<br />
Também a investigação conduzida por Hattie (2009) mostra claramente a importância da<br />
seleção de <strong>professor</strong>es, para além do desenvolvimento de um ciclo contínuo de avaliação e<br />
apoio na formação. De acordo com o autor, a formação <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es deve valorizar não<br />
preferencialmente o conhecimento e a atualização sobre os melhores méto<strong>dos</strong> de ensi<strong>no</strong> mas<br />
o conhecimento sobre a forma como os alu<strong>no</strong>s aprendem, como se podem recolher evidências<br />
sobre a sua aprendizagem e sobre como estes podem aprender de forma diferente quando a<br />
tradicional não resulta. Ou seja, os <strong>professor</strong>es precisam de ser especialistas do ensi<strong>no</strong> e da<br />
aprendizagem, conhecer várias maneiras de ensinar e de aprender, para que se tornem<br />
especialistas em aprendizagem diferenciada para poderem ensinar os <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s a encontrar<br />
as formas mais eficazes de rentabilizar a aprendizagem e aumentar o sucesso educativo. Para<br />
isso os <strong>professor</strong>es necessitam de feedback, não apenas sobre o ato de ensinar mas também<br />
sobre os resulta<strong>dos</strong> do ensi<strong>no</strong>. Feedback formativo oportu<strong>no</strong> é vital para qualquer esforço de<br />
melhoria do <strong>desempenho</strong>. Envolve ajudar os <strong>professor</strong>es a aprender, a refletir e a melhorar a<br />
sua prática e sugere a necessidade de crescimento e desenvolvimento profissional contínuo<br />
(Tucker & Stronge, 2005). As exigências que derivam, quer da multiplicidade de papéis<br />
exigi<strong>dos</strong> ao <strong>professor</strong>, quer das dimensões que o seu desenvolvimento profissional abrange:<br />
desenvolvimento pedagógico; autoconhecimento e autocompreensão, desenvolvimento<br />
cognitivo, teórico, investigativo e de <strong>no</strong>vos papéis docentes (Marcelo, 1999) conduzem a que<br />
este se entenda como um processo contínuo de aprendizagem, mediante o qual, os<br />
<strong>professor</strong>es em interação devem aprender conhecimentos, competências, disposições e<br />
atitudes, num contexto concreto (Lopes & Silva, 2010).<br />
De acordo com Guskey e Yoon (2009), muitos investigadores defendem hoje que o<br />
desenvolvimento profissional do <strong>professor</strong> deve ser em contexto de trabalho e deve permitir<br />
construir conhecimento partilhado. Consideram que a forma mais eficaz de conduzir à<br />
melhoria é ter <strong>professor</strong>es em cada escola que se reúnam regularmente para explorar<br />
problemas comuns e procurar soluções baseadas na partilha coletiva de experiências e<br />
conhecimentos. Neste processo salientam, como determinante, o acompanhamento de peritos<br />
exter<strong>no</strong>s que apresentam <strong>no</strong>vas ideias aos <strong>professor</strong>es sobre as melhores práticas e os ajudam<br />
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a planificá-las e a implementá-las. Nenhum esforço de melhoria é bem sucedido na ausência<br />
de desenvolvimento profissional bem planificado e implementado.<br />
Todo este processo frequentemente implica que os <strong>professor</strong>es estejam abertos a <strong>faz</strong>er<br />
mudanças na sua prática e a considerá-las como uma etapa do seu desenvolvimento<br />
profissional.<br />
Contudo, os <strong>professor</strong>es resistem à mudança e essa resistência aumenta à medida que se<br />
tornam mais experientes. As suas teorias sobre como gerir a aprendizagem e envolver nela os<br />
alu<strong>no</strong>s, como ensinar determinado conteúdo, que tipo de ambiente de aprendizagem desejam<br />
nas suas turmas, os efeitos da família e <strong>dos</strong> fatores culturais na aprendizagem tornam-se para<br />
eles progressivamente mais convincentes e portanto, me<strong>no</strong>s sujeitas a reflexão sobre a sua<br />
verdadeira eficácia (Hattie, 2009).<br />
A confiança excessiva <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es nas suas atitudes e crenças torna-os pouco sensíveis a<br />
considerar os resulta<strong>dos</strong> da investigação que podem proporcionar-lhes formas alternativas e<br />
mais eficazes de atuação. Esta confiança excessiva e que, frequentemente, se consubstancia<br />
em afirmações como: “Deixem-me ensinar à minha maneira” pode ser explicada por processos<br />
psicológicos que levam os <strong>professor</strong>es a aceitar o que <strong>faz</strong>em como o melhor que há a <strong>faz</strong>er<br />
(Shermer, 1997). Na base desta atitude estão fatores como: necessidade de segurança,<br />
controlo e simplicidade; falta de procura de provas para demonstrar o que não está a<br />
funcionar; responsabilização exclusiva do alu<strong>no</strong> quando não aprende e do <strong>professor</strong> quando o<br />
alu<strong>no</strong> aprende. To<strong>dos</strong> estes fatores conduzem o <strong>professor</strong> a criar imunidade a <strong>no</strong>vas ideias ou<br />
formas diferentes de <strong>faz</strong>er as coisas e a aceitar que lhe podem permitir uma prática<br />
alternativa mais eficaz.<br />
A - Envolvimento <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es<br />
Pelos variadíssimos motivos apresenta<strong>dos</strong>, a formação concebida para apoiar o <strong>professor</strong> <strong>no</strong><br />
seu desenvolvimento profissional, como já referido, não deve ser entendida de uma forma<br />
tradicional, isto é, pontual e esporádica.<br />
De acordo com Timperley, Wilson, Barrar, & Fung (2007), a formação que assegura resulta<strong>dos</strong><br />
eficazes decorre durante perío<strong>dos</strong> de tempo alarga<strong>dos</strong> e caracteriza-se pelo envolvimento<br />
direto <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es em atividades que lhes possibilitam aprofundar os <strong>seus</strong> conhecimentos<br />
e desafiar o seu discurso e as suas conceções acerca da aprendizagem e os desafiavam a<br />
aprender como ensinar de forma eficaz.<br />
A necessidade de desenvolvimento profissional do <strong>professor</strong>, entendido como uma atividade<br />
deliberada e com objetivos explícitos de re<strong>no</strong>vação de ideias e de práticas, é hoje, mais do<br />
que nunca, considerada fundamental para a melhoria da qualidade do ensi<strong>no</strong> (Guskey &<br />
Huberman, 1995). Os <strong>professor</strong>es precisam de tempo e de um ambiente seguro para praticar e<br />
desenvolver as competências necessárias a um ensi<strong>no</strong> eficaz. Assim, a formação profissional,<br />
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para além de contínua, deve ser orientada para que o <strong>professor</strong> fique mais habilitado: (i) a<br />
maximizar o tempo de ensi<strong>no</strong> em sala de aula através de uma gestão e organização eficazes;<br />
(ii) a promover a aprendizagem, variando as estratégias de ensi<strong>no</strong> e as atividades em que<br />
envolve os alu<strong>no</strong>s, considerando a sua diversidade académica; (iii) a apresentar o conteúdo de<br />
uma forma significativa e que promova a compreensão; (iv) a acompanhar a aprendizagem<br />
<strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s através da utilização de avaliação formativa, fornecendo feedback em tempo útil e<br />
reensinando os alu<strong>no</strong>s que não atinjam a mestria; (v) a desenvolver expectativas elevadas<br />
sobre si e sobre to<strong>dos</strong> os <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s (Tucker & Stronge, 2005).<br />
O mais importante neste processo não é começar por grandes reestruturações e incentivar os<br />
<strong>professor</strong>es a tomarem mais e <strong>no</strong>vas medidas, mas conseguir que entre eles se estabeleçam<br />
altos níveis de colaboração e compromisso, para que avaliem de uma forma reflexiva o<br />
impacto que têm na aprendizagem <strong>dos</strong> <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s. Neste processo de formação reflexiva é<br />
determinante valorizar como ponto de partida as suas convicções e atitudes. Os <strong>professor</strong>es<br />
são propensos a rejeitar <strong>no</strong>vas ideias que conflituam com as suas ideias atuais a me<strong>no</strong>s que,<br />
como parte da aprendizagem profissional, os <strong>seus</strong> entendimentos sejam considera<strong>dos</strong>. Sem<br />
este envolvimento ou compromisso, os <strong>professor</strong>es vão provavelmente considerar as <strong>no</strong>vas<br />
estratégias como irrealistas e inadequadas para o contexto particular da sua prática<br />
pedagógica. Além disso, o sucesso não tem de ser definido em termos do domínio pelo<br />
<strong>professor</strong> de <strong>no</strong>vas estratégias, mas em termos do impacto que a mudança nas práticas tem<br />
<strong>no</strong>s resulta<strong>dos</strong> <strong>escolar</strong>es valoriza<strong>dos</strong> (Timperley, 2008). O sucesso passa por aprender e mudar<br />
a partir da avaliação do impacto que o ensi<strong>no</strong> praticado tem na aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s<br />
(Hattie, 2012).<br />
Para que o ensi<strong>no</strong> tenha impacto <strong>no</strong>s resulta<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s, os <strong>professor</strong>es precisam de ter<br />
competências sofisticadas de avaliação para que possam identificar: (i) o que os alu<strong>no</strong>s sabem<br />
e podem <strong>faz</strong>er em relação aos resulta<strong>dos</strong> <strong>escolar</strong>es valoriza<strong>dos</strong> e, além disso, (ii) o que<br />
precisam de aprender se pretendem ajudar os <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s a conseguir esses resulta<strong>dos</strong><br />
(Timperley, 2008).<br />
B - Importância da cooperação e investigação reflexivas<br />
Muitos precisarão de acompanhamento, de quem trabalhe com eles na sala de aula para<br />
incorporar muitos princípios identifica<strong>dos</strong> com a prática eficaz e para modelar práticas<br />
alternativas. Neste processo é fundamental o <strong>professor</strong> dedicar tempo para reflexão com os<br />
<strong>seus</strong> pares, a fim de melhorar o seu próprio repertório de competências (Fleischman, 2012).<br />
Isto porque o mais eficaz desenvolvimento profissional não vem da implementação de um<br />
determinado conjunto de melhores práticas mas, a partir da adaptação cuida<strong>dos</strong>a das práticas<br />
variadas ao conteúdo específico a ensinar e aos elementos do contexto (Guskey &Yoon, 2009).<br />
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Tudo passa por proporcionar condições para que os <strong>professor</strong>es, de uma forma colaborativa,<br />
investiguem, experimentem, analisem de forma reflexiva a sua prática e tomem decisões<br />
conjuntas sobre o que e como <strong>faz</strong>er para melhorar a aprendizagem <strong>dos</strong> <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s. Este<br />
trabalho colaborativo em equipa com vista ao desenvolvimento profissional deve desenvolverse<br />
<strong>no</strong> seio de Comunidades de Prática ou Comunidades de Aprendizagem (Dufour & Eaker,<br />
1998; Hord, 1997; Wenger, 1898).<br />
De acordo com Bolam, McMahon, Stoll, Thomas, Wallace, Greenwood, Hawkey, Ingram,<br />
Atkinson & Smith (2005), embora com a expressão se pretenda englobar diversos conceitos e<br />
práticas, uma Comunidade de Aprendizagem é sempre um grupo de pessoas motivadas por<br />
uma visão comum da aprendizagem e que se entreajudam para a concretizar. De acordo com<br />
os autores uma Comunidade de Aprendizagem:<br />
- baseia-se num esforço coletivo para melhorar a aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s;<br />
- encoraja e promove a aprendizagem de to<strong>dos</strong> os profissionais de uma escola;<br />
- desenvolve os <strong>seus</strong> conhecimentos através do questionamento;<br />
- analisa e utiliza os da<strong>dos</strong> recolhi<strong>dos</strong> para estimular a reflexão e as melhorias.<br />
Timperley (2008) define as Comunidades de Aprendizagem como espaços onde os <strong>professor</strong>es<br />
aprofundam os <strong>seus</strong> conhecimentos e desenvolvem as suas competências de ensi<strong>no</strong>. Para<br />
DuFour (2004) o modelo The professional learning community model flows from the<br />
assumption that the core mission of formal education is <strong>no</strong>t simply to ensure that students are<br />
taught but to ensure that they learn. de Comunidade de Aprendizagem parte do pressuposto<br />
de que a missão principal da educação formal não é simplesmente garantir que os alu<strong>no</strong>s são<br />
ensina<strong>dos</strong>, mas garantir que aprendam.<br />
O grande objetivo de uma Comunidade de Aprendizagem pode resumir-se em cinco palavras:<br />
melhorar o rendimento <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s. Esta simples mudança, do enfoque <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> para o<br />
enfoque na aprendizagem, tem profundas implicações para as escolas.<br />
A investigação tem demonstrado que a escola como lugar de aprendizagem oferece,<br />
comparativamente com cursos isola<strong>dos</strong> e pontuais de formação, mais oportunidades de<br />
fomentar desenvolvimento profissional capaz de ter um impacto mais positivo na prática <strong>dos</strong><br />
<strong>professor</strong>es e em provocar mudanças positivas em toda a escola. Os desafios exigi<strong>dos</strong> aos<br />
<strong>professor</strong>es são demasiado grandes para se encerrem nas suas salas e tentem enfrentá-los<br />
sozinhos, sendo necessário um esforço de colaboração coordenado para o desenvolvimento<br />
profissional com potencialidades de conduzir a essas mudanças.<br />
C - Potencialidades formativas das Comunidades de Aprendizagem ou<br />
Comunidades de Prática<br />
Teachers work in teams, engaging in an ongoing cycle of questions that promote deep team<br />
learnNas Comunidades de Aprendizagem ou Comunidades de Prática os <strong>professor</strong>es trabalham<br />
em colaboração para analisar e melhorar as suas práticas na sala de aula participando num<br />
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ciclo contínuo de formação que promove a aprendizagem profunda de to<strong>dos</strong> os<br />
intervenientes. DuFour (2004) salienta a necessidade de os participantes numa Comunidade<br />
de Aprendizagem se concentrarem em aprender em vez de em ensinar, em trabalhar<br />
colaborativamente e em tornarem-se responsáveis pelos resulta<strong>dos</strong> consegui<strong>dos</strong>, por forma a<br />
assegurar níveis mais eleva<strong>dos</strong> de <strong>desempenho</strong> <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s.<br />
Nas Comunidades de Aprendizagem os <strong>professor</strong>es têm, assim, oportunidades de se tornarem<br />
aprendizes do seu próprio ensi<strong>no</strong> e de se assumirem como profissionais reflexivos capazes de<br />
emitir opiniões fundamentadas sobre a sua prática; bem como de desenvolverem<br />
competências de auto regulação que lhes permitam interpretar as evidências do resultado do<br />
seu ensi<strong>no</strong> de forma a maximizar os resulta<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s, competências profissionais que,<br />
como anteriormente abordado, a investigação identifica com os <strong>professor</strong>es eficazes.<br />
A participação <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es em Comunidades de Aprendizagem deve torná-los capazes de<br />
responder a três perguntas cruciais: “Para onde estou a ir?”; “Como estou a <strong>faz</strong>er?” e “ Para<br />
onde ir a seguir?” (Timperley, 2008). De acordo com Hattie (2012), este processo deve<br />
permitir dar respostas a questões como: - “O que é preciso mudar?”; “O que manter?”; “Como<br />
envolver mais os alu<strong>no</strong>s para que possam aprender mais e melhor?”<br />
A melhoria sustentada <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s depende, assim, <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es<br />
desenvolverem competências de investigação autorreguladas sobre e para a prática<br />
profissional para que possam recolher provas pertinentes, usá-las para investigar a eficácia do<br />
seu ensi<strong>no</strong> e <strong>faz</strong>er ajustamentos contínuos em relação à sua prática. Ou seja, se envolvam em<br />
processos de investigação-ação colaborativa (Silva & Lopes, 2010).<br />
A investigação-ação é uma estratégia que os <strong>professor</strong>es usam para investigar um problema ou<br />
uma área de interesse específico do seu contexto profissional. Difere das decisões que tomam<br />
<strong>no</strong> seu dia-a-dia profissional porque lhes possibilita:<br />
refletir de uma forma sistemática;<br />
considerar várias possíveis opções de atuação como hipótese de resolução do problema;<br />
experimentar e avaliar essas hipóteses.<br />
Quando é desenvolvida em grupo nas Comunidades de Aprendizagem, a investigação-acção<br />
possibilita e encoraja os <strong>professor</strong>es a partilhar colaborativamente as suas experiências e a<br />
tomar colaborativamente medidas para ajudar a mudar e a resolver os problemas <strong>dos</strong> <strong>seus</strong><br />
alu<strong>no</strong>s e da escola.<br />
D - Importância do diretor da escola/ agrupamento de escolas nas<br />
Comunidades de Aprendizagem<br />
Neste processo colaborativo de aprendizagem profissional é fundamental a liderança das<br />
escolas, o papel <strong>dos</strong> diretores das escolas ou agrupamentos de escolas <strong>no</strong> incentivo e apoio à<br />
criação de Comunidades de Aprendizagem, onde, em cooperação com os <strong>seus</strong> <strong>professor</strong>es,<br />
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reflitam sobre os efeitos e/ou as consequências do que se passa na escola, falem sem<br />
constrangimentos sobre o ensi<strong>no</strong> e procurem formas de avaliar o impacto da qualidade deste<br />
na aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s (Fullan, 2003). Para Timperley et al. (2007) um desenvolvimento<br />
profissional eficaz exige que a direção das escolas apoie as oportunidades de aprendizagem<br />
<strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es, facilitando-lhes o acesso a conhecimentos específicos relevantes e<br />
fornecendo-lhes oportunidades para satis<strong>faz</strong>er o processo de aquisição de <strong>no</strong>vas informações.<br />
Para uma escola ser bem-sucedida, precisa de líderes que promovam um ambiente favorável à<br />
aprendizagem, incentivem a discussão, a disposição para assumir riscos e permitam pôr em<br />
questão o status quo em relação à aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s. O diretor da<br />
escola/agrupamento contribui muito para preparar e incentivar a formação e o<br />
desenvolvimento das Comunidades de Aprendizagem que visam melhorar a aprendizagem<br />
alu<strong>no</strong>s.<br />
Na maioria das estruturas organizativas educacionais, os diretores das escolas têm a<br />
responsabilidade pela promoção da aprendizagem profissional e de oportunidades de<br />
desenvolvimento para os <strong>professor</strong>es. De acordo com Eaker, Dufour & Dufour (2002) e Fullan<br />
(2003), os diretores devem assumir-se como líderes nesse processo, assumindo uma liderança<br />
pedagógica.<br />
A importância do diretor da escola <strong>no</strong> processo é também considerada por Timperley. Para a<br />
autora, um desenvolvimento profissional eficaz pode ocorrer fora do ambiente <strong>escolar</strong>, mas<br />
se for nesse contexto é importante que os líderes sejam e estejam ativamente envolvi<strong>dos</strong><br />
(Timperley, 2008). Nas escolas são necessários líderes da aprendizagem e é essencial que os<br />
diretores assumam esse papel. O processo deve ser visto como de apoio aos <strong>professor</strong>es,<br />
proporcionando-lhes condições para que tenham oportunidades de aprendizagem e<br />
desenvolvimento profissional permanente. Devem esforçar-se para facilitar, em toda a escola,<br />
um ambiente propício ao ensi<strong>no</strong> e à aprendizagem. Além disso, devem desenvolver e manter<br />
modelos de liderança apoia<strong>dos</strong> na distribuição de tarefas para apoiar a aprendizagem<br />
profissional (Silva & Lopes, 2010).<br />
Considerações finais<br />
Ao longo do texto, foi <strong>no</strong>ssa preocupação identificar e justificar a importância, embora<br />
necessariamente de uma forma sucinta, das características que a investigação identifica com<br />
os <strong>professor</strong>es eficazes, bem como as caraterísticas da formação profissional com<br />
potencialidades de assegurar um desenvolvimento profissional que permita ter impacto nas<br />
práticas <strong>dos</strong> <strong>professor</strong>es. Isto é, uma formação com grandes probabilidades de possibilitar aos<br />
<strong>professor</strong>es obterem sucesso na grande maioria das salas de aula e com uma grande maioria<br />
de alu<strong>no</strong>s.<br />
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A investigação confirma a dificuldade em traduzir o desenvolvimento profissional em ganhos<br />
<strong>no</strong> aproveitamento <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s, apesar da ligação entre ambos ser lógica e intuitiva. Torna-se,<br />
assim, determinante que os responsáveis pela planificação e implementação do<br />
desenvolvimento profissional avaliem criticamente a eficácia da formação que propõem e/ou<br />
asseguram de forma a atender às caraterísticas do desenvolvimento profissional que a<br />
investigação sobre a eficácia do mesmo identifica como mais capazes de ter impacto na<br />
aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s. Em jeito de síntese: a investigação aponta para que o<br />
desenvolvimento profissional eficaz decorra durante um tempo considerável, em contexto de<br />
trabalho, bem organizado, cuida<strong>dos</strong>amente estruturado, centrado <strong>no</strong> conteúdo a lecionar e,<br />
mais importante ainda, <strong>no</strong> conhecimento pedagógico desse mesmo conteúdo. Seja realizado<br />
em cooperação <strong>no</strong> seio de Comunidades de Aprendizagem onde se privilegie a dimensão<br />
reflexiva e investigativa sobre o impacto do ensi<strong>no</strong> praticado na aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s. De<br />
acordo com Timperley (2008), resulta<strong>dos</strong> de vários estu<strong>dos</strong> sugerem que a participação numa<br />
comunidade de aprendizagem profissional com os colegas é parte integrante da aprendizagem<br />
profissional que tem um impacto positivo sobre a aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s.<br />
Finalizamos este <strong>no</strong>sso percurso apresentando igualmente uma síntese das características <strong>dos</strong><br />
bons <strong>professor</strong>es que lhes possibilitam ter maior influência na aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s tal<br />
como as apresentam autores como por exemplo Hattie e Clinton (2008), Nieto (2005) e Smith,<br />
Baker, Hattie & Bond (2008). De acordo com os autores referi<strong>dos</strong>, os <strong>professor</strong>es eficazes: são<br />
adeptos da improvisação; testam hipóteses sobre os efeitos do seu ensi<strong>no</strong>; criam na sala de<br />
aula um clima positivo que estimula a aprendizagem e têm: uma profunda compreensão da<br />
matéria, propensão para resolver problemas de ensi<strong>no</strong>, respeito pelos <strong>seus</strong> alu<strong>no</strong>s, uma<br />
elevada sensação de controlo; eleva<strong>dos</strong> níveis de paixão pelo ensi<strong>no</strong> e pela aprendizagem.<br />
Além de tudo isto, uma compreensão mais profunda do seu ensi<strong>no</strong> e <strong>dos</strong> <strong>seus</strong> efeitos sobre a<br />
aprendizagem <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s e mais probabilidade de, de uma maneira sistemática e consistente,<br />
desafiar os alu<strong>no</strong>s a pensar, proporcionando-lhes regularmente exercícios varia<strong>dos</strong>,<br />
simultaneamente exigentes e cativantes.<br />
A todas estas características, atrevemo-<strong>no</strong>s a acrescentar: Reconheçam o esforço <strong>dos</strong> <strong>seus</strong><br />
alu<strong>no</strong>s para aprender e celebram os sucessos que vão sendo consegui<strong>dos</strong>.<br />
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