Artigo Consumidores Hiper-exigentes
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mcf*(penso)<br />
OBSERV<br />
ATÓRIO<br />
Outro dia, por mais uma vez, decidi que<br />
freqüentaria a uma academia. Como acabei de<br />
me mudar de casa, busquei no Google maps do<br />
meu celular por “Academia” e de imediato<br />
diversos pontinhos vermelhos me cercaram,<br />
mostrando diversas opções de academias,<br />
centros de dança, piscinas, quadras de tênis.<br />
Isso certamente não é novidade para ninguém,<br />
o mais interessante dessa história é que, nos<br />
dias que se passaram, toda minha experiência<br />
on-line havia sido moldada.<br />
Eram anúncios direcionados a ginástica,<br />
academias, suplementos, dietas, bem-estar, de<br />
anúncios no Youtube a cabeçalhos no meu<br />
e-mail do Gmail. Até mesmo alguns posts<br />
patrocinados de academias de ginásticas de<br />
Londres começaram a compartilhar espaço com<br />
meus amigos na minha página do facebook. O<br />
melhor de tudo é que todas eram perto da<br />
minha casa.<br />
Desenvolvido por:<br />
julho/agosto 2013<br />
Alfredo Orobio<br />
MCF*PENSO - Londres
julho/agosto 2013<br />
Em paralelo à minha busca por uma nova<br />
academia de Ginástica, fui fazer visita de<br />
campo em uma perfumaria de Luxo aqui de<br />
Londres, conhecida pelas suas diversas e<br />
tradicionais fragrâncias. Ao entrar em uma<br />
das lojas, fui abordado rapidamente pela<br />
atenciosa vendedora, que não hesitou em fazer<br />
a famosa pergunta: “Posso ajudá-lo?”. Eu não<br />
pensei duas vezes, optei por sair pela tangente<br />
no tradicional “só estou dando uma olhada!”.<br />
Depois de alguns minutos, fui novamente<br />
abordado pela mesma vendedora que, desta<br />
vez, me perguntou qual era meu estilo de<br />
perfume. Ora? E eu lá sei o que é estilo de<br />
perfume? Você que me diga que estilo sou eu!<br />
Não conseguiu me perceber ainda, mesmo<br />
depois de todo este tempo na sua loja?<br />
É com esse pensamento que apresento o tema<br />
do observatório deste mês: <strong>Consumidores</strong><br />
<strong>Hiper</strong>-Exigentes<br />
Imagine se, ao entrar na loja de perfumes, um<br />
dispositivo on-line reconhecesse minhas<br />
linhas faciais ou os códigos do adesivo NFC<br />
que está colado no meu celular e resgatasse<br />
todo o meu perfil, carregado nas nuvens, do<br />
mcf*(penso)<br />
Facebook, Gmail, compras posteriores. A<br />
vendedora saberia, em poucos segundos,<br />
minha idade, onde passei as ultimas férias,<br />
meu padrão de consumo, entre outras<br />
informações úteis que não poderiam ser<br />
conseguidas numa simples conversa.<br />
Certamente, possuindo e trabalhando estas<br />
informações de forma inteligente e estratégica,<br />
a venda seria facilitada e provavelmente<br />
perguntas óbvias seriam evitadas.<br />
Isso pode até lembrar o filme Minority Report<br />
ou algum outro de ficção científica, mas é mais<br />
real do que parece. Novas tecnologias já estão<br />
preparadas para personalizar a experiência do<br />
consumidor de forma radical. Estas novas<br />
ferramentas dão suporte para um novo tipo de<br />
consumidor que começa a ganhar espaço, o<br />
hiper-exigente.<br />
A americana Intel já possuí uma ferramenta<br />
chamada Intel Facial Recognition que é capaz<br />
de reconhecer padrões faciais e conectá-los<br />
com uma base de dados variável e, mais<br />
simples que isso, a maioria dos bancos<br />
europeus e norte-americanos já disponibilizam<br />
a tecnologia de compra por contato para seus<br />
clientes.
julho/agosto 2013<br />
mcf*(penso)<br />
a plataforma virtual do Google Glass<br />
O uso das informações de forma inteligente é a<br />
chave para acompanhar este movimento de<br />
mercado. As ferramentas de marketing digital<br />
on-demand aliam o uso da tecnologia de<br />
forma inteligente a fim de encontrar e<br />
organizar os padrões de consumo de<br />
determinado consumidor. O que está<br />
alimentando o marketing on-demand é a<br />
continuidade, a evolução simbiótica de<br />
tecnologia e as expectativas dos<br />
consumidores. Ao mesmo tempo, tecnologias<br />
de busca tornaram informações sobre o<br />
produto onipresentes, enquanto as mídias<br />
sociais incentivam os consumidores a<br />
compartilhar e comparar experiências.<br />
Mas tudo isso é apenas o começo de uma<br />
revolução de como vemos e trabalhamos a<br />
experiência de consumo nos diferentes<br />
ambientes. O futuro próximo verá ainda mais o<br />
crescimento de experiências de marketing<br />
maximizando a conectividade móvel. Os<br />
consumidores serão em breve capazes de<br />
pesquisar por imagem, voz e gesto; participar<br />
automaticamente com outras pessoas, tirando<br />
fotos ou fazendo transações e descobrir novas<br />
oportunidades com dispositivos de realidade<br />
aumentada, muitas destas, tecnologias já<br />
previstas no esperado Google glasses.
julho/agosto 2013<br />
Segundo o estudo realizado pela consultoria<br />
Mckinsey, com a multiplicação destes novos<br />
recursos, as exigências dos consumidores<br />
serão incrementadas em quatro áreas:<br />
1. Agora: Os consumidores querem interagir<br />
em qualquer lugar a qualquer momento.<br />
2. Posso: <strong>Consumidores</strong> vão querer fazer<br />
coisas realmente novas, como tipos diferentes<br />
de informações (a partir de contas com dados<br />
sobre atividade física) são implementados de<br />
forma mais eficaz de forma a criar valor para<br />
eles.<br />
3. Para mim: <strong>Consumidores</strong> esperam que<br />
todos os dados armazenados sobre eles sejam<br />
direcionados justamente para as suas<br />
necessidades ou usado para personalizar o<br />
que eles experimentam.<br />
4. Simplesmente: Eles esperam que todas as<br />
interações sejam fáceis<br />
Hoje ainda são poucas as empresas que<br />
podem se aventurar no uso deste tipo de<br />
ferramental, mas é sem dúvida um caminho<br />
sem muita escapatória para empresas que<br />
queiram sobreviver. As empresas precisam se<br />
familiarizar com este tipo de ferramenta, com<br />
o uso inteligente das informações coletadas. É<br />
o fim do CRM como conhecemos hoje.<br />
Ao longo dos próximos anos, estamos<br />
propensos a ver a experiência do consumidor<br />
radicalmente integrada em todo o ambiente<br />
físico e virtual das marcas. A maioria das<br />
tecnologias necessárias para tornar esse<br />
cenário acontecer já estão disponíveis. Será o<br />
fim da obviedade e a maximização dos<br />
facilitadores.<br />
Outro dia numa palestra que participei com um<br />
especialista em sistemas de pagamento por<br />
mcf*(penso)<br />
contato, foi proposto uma série de exercícios<br />
de reflexão sobre hábitos de compra e<br />
pagamentos, a conclusão imediata é que ainda<br />
possuímos uma mentalidade antiga e<br />
burocratizada de como lidamos com dinheiro e<br />
de como pagamos as coisas.<br />
Acredita-se que o imediatismo de aplicativos<br />
dos smartphones já faz o contato com o<br />
banco quase desnecessário para muitos<br />
consumidores jovens, que usam uma gama de<br />
serviços móveis para gerir as suas contas e<br />
raramente interagem com a marca<br />
fisicamente. No entanto, ter um banco inteiro<br />
em seu telefone pode ser apenas uma linha de<br />
base para as inúmeras Possibilidades das<br />
quais esta geração e as próximas estão se<br />
preparando.<br />
Podemos dividir este cenário em ondas. A<br />
maioria dos recursos digitais contido nesta<br />
primeira onda permitiu às pessoas uma nova<br />
interação com a marca, compras pela internet,<br />
compartilhamento de informações e<br />
experiências, serviços bancários, busca de<br />
informações.<br />
A segunda onda, que esta apenas se iniciando<br />
incita uma nova relação entre consumidor e<br />
marca. Tomemos o exemplo do aplicativo do<br />
banco australiano Commonwealth Bank, que<br />
promete modificar a experiência da busca pela<br />
casa perfeita. O aplicativo permite que o<br />
potencial comprador tire fotos das casas que<br />
gosta, com auxilio de um software de<br />
reconhecimento de imagem e baseado pela<br />
localização geográfica, o aplicativo identifica a<br />
casa e fornece uma lista com o preço do<br />
imóvel, taxas, impostos e outras informações<br />
úteis. O aplicativo em poucos segundos se<br />
conecta com os dados financeiros do<br />
comprador e avalia a possibilidade de crédito<br />
para compra.
julho/agosto 2013<br />
mcf*(penso)<br />
O aplicativo do Comonweath Bank da Austrália,<br />
que permite a análise de crédito imediata.<br />
Este tipo de interação com o smartphone corta<br />
o incômodo de procurar o corretor, enfrentar a<br />
avaliação de crédito e financiamento que<br />
atualmente podem levar semanas.<br />
Este tipo de aplicativo é apenas uma pequena<br />
mostra de novas experiências que marcas<br />
podem oferecer para seus consumidores,<br />
mostra como o ambiente digital está agora<br />
integrando diferentes fontes de informação, a<br />
baixo custo e em grande escala, para muitos<br />
novos domínios.<br />
O desafio para as empresas é a olhar para além<br />
de interfaces e interações que estão<br />
disponíveis hoje e planejar essa adaptação que<br />
vão exigir um novo modelo de pensar<br />
aspectos da embalagem, preço, entrega e<br />
produtos.<br />
No futuro, a demanda por experiências mais<br />
personalizadas será intensificada. Um toque<br />
de telefone, um clique ou uma simples busca<br />
por academias na sua região Irão permitir<br />
personalizar ofertas instantaneamente, usando<br />
informações captadas em "likes", viagens<br />
recentemente realizadas, a renda, o que os<br />
amigos estão fazendo ou gostam, e muito<br />
mais.<br />
A cada interação com o ambiente on-line, o<br />
consumidor estará criando novas pegadas de<br />
dados que complementam retratos digitais<br />
existentes.
julho/agosto 2013<br />
É por esse motivo que o Facebook representa<br />
um potencial de valor ainda não explorado e<br />
acabará por ser capaz de extrair a maior base<br />
de dados mundial de fotografias, ligando<br />
pessoas individuais para suas atividades.<br />
Mapeando e organizando os consumidores<br />
através de suas preferências.<br />
Os Smartphones já possuem dados ricos,<br />
armazenam todos os lugares que você já<br />
viajou ou freqüentou, com ele dentro do seu<br />
bolso. Este é apenas um começo, que<br />
levantarão muitas discussões sobre<br />
privacidade, segurança e a confiança geral. No<br />
mcf*(penso)<br />
entanto, os consumidores mostram<br />
consistente- mente um desejo de fornecer<br />
mais dados quando as empresas utilizam<br />
informações capturadas para o bem comum<br />
ou melhoria do atendimento. Empresas que<br />
souberem utilizar estas informações de forma<br />
ética e inteligente farão a diferença na gestão<br />
da experiência com o consumidor.<br />
A evolução das tecnologias deve tornar mais<br />
fácil o redesenho de muitas das ex- periências<br />
complexas de consumo . Os consumidores<br />
vão em breve fazer essas demandas de cada<br />
interação que eles têm com as empresas.
mcf*(penso)