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as oportunidades que identificar.<br />
Preste atenção no que diz Barney<br />
Harford, CEO da Orbitz – um<br />
dos negócios que mais tem eliminado<br />
postos de trabalho na área<br />
do conhecimento. Harford ainda<br />
contrata pessoas para executar<br />
tarefas, mas procura profissionais<br />
“T-shaped” (Modelo T). A<br />
Orbitiz precisa de “pessoas que<br />
mergulham na sua área especifica<br />
de atuação, pensam de maneira<br />
ampla e são curiosas sobre a organização<br />
de modo geral e como<br />
se encaixam nela”, diz. Um ótimo<br />
conselho para qualquer trabalhador<br />
da área do conhecimento que<br />
pretende se aprimorar: comece<br />
a pensar mais sistematicamente.<br />
Procure confiar nas máquinas<br />
para fazer o trabalho intelectual<br />
preliminar, sem ignorar como<br />
esse processo é feito. Harford tem<br />
feito isso aplicando a “aprendizagem<br />
automática” à geração de algoritmos<br />
que unem clientes com<br />
as experiências que desejam.<br />
Um passo singular.<br />
Essa pode ser uma opção para<br />
apenas uma pequena minoria da<br />
força de trabalho (sem esquecer<br />
que grande parte das atividades<br />
que exigem esforço mental<br />
é igualmente valiosa e também<br />
não é passível de codificação). A<br />
abordagem exige usar forças intelectuais<br />
que não estão apenas<br />
relacionadas com a cognição racional,<br />
mas tem a ver com que o<br />
psicólogo Howard Gardner chama<br />
de “inteligências múltiplas”.<br />
Podemos focar nas inteligências<br />
inter ou intrapessoal – melhor<br />
desenvoltura com os colegas de<br />
trabalho e maior clareza com os<br />
próprios objetivos, interesses e<br />
pontos fortes.<br />
O lendário treinador de puros-sangues<br />
D. Wayne Lukas não<br />
compreende claramente como<br />
consegue o potencial de um animal<br />
de apenas um ano. Ele apenas<br />
sabe. O admirado designer<br />
da Apple, Jonathan Ive não baixa<br />
suas ideias de uma máquina. O<br />
comediante Ricky Gervais causa<br />
gargalhadas no público ao criar<br />
situações que jamais sonhariam.<br />
Será que todos utilizam computadores<br />
no dia a dia do trabalho?<br />
Sem dúvida. Mas aproveitam o<br />
talento para descobrir seus pontos<br />
fortes e passar o máximo de<br />
tempo possível sando essas habilidades<br />
a seu favor. Máquinas<br />
podem executar inúmeras tarefas<br />
auxiliares que, de outra forma,<br />
tomariam muito tempo desses<br />
profissionais e atrapalhariam o<br />
que fazem de melhor.<br />
Não queremos criar a impressão<br />
de que essa estratégia é<br />
apropriada apenas para artistas.<br />
Advogados seniores, por exemplo,<br />
embora versados da lei, raramente<br />
conhecem todos os mínimos<br />
detalhes da empresa em que<br />
atuam. Costumam dedicar grande<br />
parte da sua energia em ganhar<br />
novos trabalhos (em geral,<br />
o principal motivo de promoção)<br />
e atuando como conselheiros de<br />
clientes. Contar com máquinas<br />
que digerem documentos legais<br />
e sugerem estratégias de ação e<br />
argumentos pode liberar tempo<br />
para esses profissionais investirem<br />
no que melhor sabem fazer.<br />
Se essa é sua estratégia, você<br />
precisa se concentrar nos seus<br />
pontos fortes que não permitem<br />
ser codificados. Primeiramente,<br />
é preciso descobri-los e, em seguida,<br />
trabalhar com afinco para<br />
aprimorá-los. Durante o processo,<br />
você deve identificar outros<br />
mestres da área e trabalhar com<br />
eles, seja com colaborador ou<br />
aprendiz. Talvez tenha de aprimorar<br />
outros tipos de inteligência<br />
além do QI, que décadas de<br />
estudo formal podem ter desvalorizado.<br />
Essas habilidades também<br />
podem ser desenvolvidas,<br />
da mesma forma que o talento<br />
para cálculo, por exemplo.<br />
Um passo de manobra.<br />
Em 1967, depois de acompanhar<br />
as primeiras tentativas de<br />
automação do trabalho na área<br />
do conhecimento, Peter Drucker<br />
declarou a respeito do computador:<br />
“É um total idiota”. A coisa<br />
mudou de lá para cá, mas a lógica<br />
rígida da máquina ocasionalmente<br />
chega a decisões nada<br />
geniais.<br />
Talvez você tenha visto uma<br />
história de 2014 no New York Times<br />
sobre um homem que tinha<br />
acabado de mudar de emprego<br />
e solicitado refinanciamento da<br />
hipoteca. Mesmo tendo sido funcionário<br />
público por oito anos e<br />
trabalhando como professor por<br />
20, teve o empréstimo recusado.<br />
O sistema automatizado que avaliou<br />
seu pedido reconheceu que<br />
os pagamentos previstos cabiam<br />
da renda, mas era inteligente o<br />
suficiente para considerar um<br />
marcador de risco: sua nova carreira<br />
envolvia grandes variações e<br />
incertezas em relação aos ganhos.<br />
Ou talvez a máquina não fosse<br />
tão genial assim. O homem<br />
era Ben Bernanke, ex-presidente<br />
da U.S. Federal Reserve, e tinha<br />
acabado de assinar um contrato<br />
de um livro por mais de US$ 1<br />
milhão, além de ser convidado<br />
para uma temporada lucrativa<br />
de palestras. Este é um excelente<br />
exemplo da importância do fator<br />
humano. Quando um computador<br />
sugere uma decisão, sempre<br />
precisamos de uma pessoa para<br />
intervir e filtrar os resultados.<br />
Quem usa essa estratégia<br />
sabe como monitorar e modificar<br />
o trabalho das máquinas.<br />
Impostos, cada vez mais, podem<br />
ser calculados automaticamente,<br />
mas contadores astutos conferem<br />
os erros que programas informatizados<br />
– e usuários humanos<br />
– podem cometer. A compra de<br />
anúncios em marketing digital é<br />
quase completamente automatizada<br />
hoje em dia, mas apenas<br />
pessoas conseguem identificar<br />
(e compreender a lógica por trás<br />
disso) aquisições programadas<br />
que podem na verdade prejudicar<br />
a marca.<br />
Você perguntaria: quem está<br />
aprimorando quem (ou o que)<br />
nessa situação? Essa é uma boa<br />
hora para enfatizar que o suporte<br />
é mutuo num ambiente de expansão.<br />
Devemos garantir que o<br />
CAPA<br />
<strong>GENTE</strong> Santa Paula | 19