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GENTE_ED26_HSP

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as oportunidades que identificar.<br />

Preste atenção no que diz Barney<br />

Harford, CEO da Orbitz – um<br />

dos negócios que mais tem eliminado<br />

postos de trabalho na área<br />

do conhecimento. Harford ainda<br />

contrata pessoas para executar<br />

tarefas, mas procura profissionais<br />

“T-shaped” (Modelo T). A<br />

Orbitiz precisa de “pessoas que<br />

mergulham na sua área especifica<br />

de atuação, pensam de maneira<br />

ampla e são curiosas sobre a organização<br />

de modo geral e como<br />

se encaixam nela”, diz. Um ótimo<br />

conselho para qualquer trabalhador<br />

da área do conhecimento que<br />

pretende se aprimorar: comece<br />

a pensar mais sistematicamente.<br />

Procure confiar nas máquinas<br />

para fazer o trabalho intelectual<br />

preliminar, sem ignorar como<br />

esse processo é feito. Harford tem<br />

feito isso aplicando a “aprendizagem<br />

automática” à geração de algoritmos<br />

que unem clientes com<br />

as experiências que desejam.<br />

Um passo singular.<br />

Essa pode ser uma opção para<br />

apenas uma pequena minoria da<br />

força de trabalho (sem esquecer<br />

que grande parte das atividades<br />

que exigem esforço mental<br />

é igualmente valiosa e também<br />

não é passível de codificação). A<br />

abordagem exige usar forças intelectuais<br />

que não estão apenas<br />

relacionadas com a cognição racional,<br />

mas tem a ver com que o<br />

psicólogo Howard Gardner chama<br />

de “inteligências múltiplas”.<br />

Podemos focar nas inteligências<br />

inter ou intrapessoal – melhor<br />

desenvoltura com os colegas de<br />

trabalho e maior clareza com os<br />

próprios objetivos, interesses e<br />

pontos fortes.<br />

O lendário treinador de puros-sangues<br />

D. Wayne Lukas não<br />

compreende claramente como<br />

consegue o potencial de um animal<br />

de apenas um ano. Ele apenas<br />

sabe. O admirado designer<br />

da Apple, Jonathan Ive não baixa<br />

suas ideias de uma máquina. O<br />

comediante Ricky Gervais causa<br />

gargalhadas no público ao criar<br />

situações que jamais sonhariam.<br />

Será que todos utilizam computadores<br />

no dia a dia do trabalho?<br />

Sem dúvida. Mas aproveitam o<br />

talento para descobrir seus pontos<br />

fortes e passar o máximo de<br />

tempo possível sando essas habilidades<br />

a seu favor. Máquinas<br />

podem executar inúmeras tarefas<br />

auxiliares que, de outra forma,<br />

tomariam muito tempo desses<br />

profissionais e atrapalhariam o<br />

que fazem de melhor.<br />

Não queremos criar a impressão<br />

de que essa estratégia é<br />

apropriada apenas para artistas.<br />

Advogados seniores, por exemplo,<br />

embora versados da lei, raramente<br />

conhecem todos os mínimos<br />

detalhes da empresa em que<br />

atuam. Costumam dedicar grande<br />

parte da sua energia em ganhar<br />

novos trabalhos (em geral,<br />

o principal motivo de promoção)<br />

e atuando como conselheiros de<br />

clientes. Contar com máquinas<br />

que digerem documentos legais<br />

e sugerem estratégias de ação e<br />

argumentos pode liberar tempo<br />

para esses profissionais investirem<br />

no que melhor sabem fazer.<br />

Se essa é sua estratégia, você<br />

precisa se concentrar nos seus<br />

pontos fortes que não permitem<br />

ser codificados. Primeiramente,<br />

é preciso descobri-los e, em seguida,<br />

trabalhar com afinco para<br />

aprimorá-los. Durante o processo,<br />

você deve identificar outros<br />

mestres da área e trabalhar com<br />

eles, seja com colaborador ou<br />

aprendiz. Talvez tenha de aprimorar<br />

outros tipos de inteligência<br />

além do QI, que décadas de<br />

estudo formal podem ter desvalorizado.<br />

Essas habilidades também<br />

podem ser desenvolvidas,<br />

da mesma forma que o talento<br />

para cálculo, por exemplo.<br />

Um passo de manobra.<br />

Em 1967, depois de acompanhar<br />

as primeiras tentativas de<br />

automação do trabalho na área<br />

do conhecimento, Peter Drucker<br />

declarou a respeito do computador:<br />

“É um total idiota”. A coisa<br />

mudou de lá para cá, mas a lógica<br />

rígida da máquina ocasionalmente<br />

chega a decisões nada<br />

geniais.<br />

Talvez você tenha visto uma<br />

história de 2014 no New York Times<br />

sobre um homem que tinha<br />

acabado de mudar de emprego<br />

e solicitado refinanciamento da<br />

hipoteca. Mesmo tendo sido funcionário<br />

público por oito anos e<br />

trabalhando como professor por<br />

20, teve o empréstimo recusado.<br />

O sistema automatizado que avaliou<br />

seu pedido reconheceu que<br />

os pagamentos previstos cabiam<br />

da renda, mas era inteligente o<br />

suficiente para considerar um<br />

marcador de risco: sua nova carreira<br />

envolvia grandes variações e<br />

incertezas em relação aos ganhos.<br />

Ou talvez a máquina não fosse<br />

tão genial assim. O homem<br />

era Ben Bernanke, ex-presidente<br />

da U.S. Federal Reserve, e tinha<br />

acabado de assinar um contrato<br />

de um livro por mais de US$ 1<br />

milhão, além de ser convidado<br />

para uma temporada lucrativa<br />

de palestras. Este é um excelente<br />

exemplo da importância do fator<br />

humano. Quando um computador<br />

sugere uma decisão, sempre<br />

precisamos de uma pessoa para<br />

intervir e filtrar os resultados.<br />

Quem usa essa estratégia<br />

sabe como monitorar e modificar<br />

o trabalho das máquinas.<br />

Impostos, cada vez mais, podem<br />

ser calculados automaticamente,<br />

mas contadores astutos conferem<br />

os erros que programas informatizados<br />

– e usuários humanos<br />

– podem cometer. A compra de<br />

anúncios em marketing digital é<br />

quase completamente automatizada<br />

hoje em dia, mas apenas<br />

pessoas conseguem identificar<br />

(e compreender a lógica por trás<br />

disso) aquisições programadas<br />

que podem na verdade prejudicar<br />

a marca.<br />

Você perguntaria: quem está<br />

aprimorando quem (ou o que)<br />

nessa situação? Essa é uma boa<br />

hora para enfatizar que o suporte<br />

é mutuo num ambiente de expansão.<br />

Devemos garantir que o<br />

CAPA<br />

<strong>GENTE</strong> Santa Paula | 19

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