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Diário Mindelact Liberdade Nº01

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E D I Ç Ã O N O . 1

N O V E M B R O 2 0 2 3

LIBERDADE

MINDELACT


Edição Liberdade e

A 29ª edição do Mindelact comemora-se sob o signo da liberdade - a matriz política, social

e psicológica sem a qual a própria arte é deplorável espantalho de si própria. Celebrar a

liberdade é assinalar o quão preciosa, frágil e fugidia é este valor. Qual brasa acesa cuja

luz se extingue lenta e continuamente, ante a branda sombra de fúteis distrações, de

podres confortos, de seguranças cobardes. Porque a arte possui o condão de ser chaminé

dos fogos que ardem em cada época e lugar, ela se configura no mais patognomônico

indício do quão livre ou cobarde somos ou estamos. “Livre” ou “cobarde” porque, talvez,

como diria Nina Simone, Liberdade é, sobretudo, ausência do medo. Celebremos, pois, a

liberdade, não porque nada tememos - só não teme quem nada tem a perder - mas porque

ela é demasiado preciosa para não nos atrevermos. A liberdade não é afinal o estado da

ausência de medo, mas o topo do declive, onde ele se faz euforia. Na euforia da arte, alma

e afeto, atrevamos!

Feliz MIndelact 2023


CERIMÓNIA DE ABERTURA


“A Arte é também um

lugar de resistência”

MCIC, Abraão Vicente


liberdade

PALCO 2

P#5BOCHIZAMI

Fotografia de @Queila Fernandes

.


Logo à entrada na sala e palco alternativos,

o mote para este espetáculo singular… uma

banda sonora percussiva repetitiva, a servir

de base para imagens em loop de velórios e

capítulos anteriores do projeto n@ lut@.

Destaque para as peculiares ‘descobertas

desenterradas’ no quintal da casa da

Sam’s… no início do que seria este projeto

colaborativo de longa duração (dois anos)

dedicado à produtora e ativista cultural,

saudosa Samira Pereira.

É suposto as pessoas, na hora da sua

morte eminente, visionarem a vida toda

na sua passagem pela terra. Neste

espetáculo é-nos dada a possibilidade

de ‘rever’ a vida dos que com ela

contracenaram, representados pela

mentora do projeto, Flávia Gusmão. O

amor e a saudade recriam os momentos

e as memórias dos que ficaram e

tiveram que vivenciar a perda.

#5BOCHIZAMI é o velório final… ou o que

deveria ser o enterro - depois das fases

várias do luto - pela perda da grande amiga

e companheira…

Por Fonseca Soares

#5BOCHIZAMI

Flávia Gusmão


A construção do cenário e a narração das memórias

convidam o espetador a uma viagem espiritual e sensorial,

mergulhando-nos no mundo cultural cabo-verdiano, desde

a música, aos hábitos e costumes, pelos quais a Samira deu

a sua vida… isto tudo numa linguagem quase

cinematográfica num universo de cores vivas, com rituais

populares, ‘suportados’ por uma sui géneris mas adequada

banda sonora e musical. Recriando momentos e memórias

em fragmentos duma vida vivida em comum que chegou

ao fim… ‘numa tentativa última de celebração no vazio’.

Afinal, o espetáculo d’abertura do Mindelact 2023,

#5BOCHIZAMI, é uma pausa forçada, provocada pelo luto…

depois da passagem pela tristeza, pela dor, pela raiva, pela

negociação_aceitação… num mergulho algo surrealista

pelas memórias individuais e coletivas, onde se destacam

as atividades culturais…


Uma encenação bem conseguida, onde as atrizes,

plantas, cornetas (bem presentes na vida da

homenageada) a sonorização, entravam e saíam sob

rodas, contribuindo para um espectro surreal.

#5Bochizami enquadra-se perfeitamente na

homenagem á mulher por esta 29ª edição do

Mindelact, pela força marcante nesta peça quase

totalmente feita por elas…


OBRIGAD@!


F I C H A T É C N I C A

Fonseca Soares

Articulista convidado

Queila Fernandes

fotografia

Caplan Neves

Coordenação, edição e paginação

Mindelact 2022

Festival Internacional de Teatro do Mindelo


A R T E | A L M A | A F E T O

N O V E M B R O 2 0 2 3

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