18.04.2013 Views

Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra MEMORIA ...

Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra MEMORIA ...

Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra MEMORIA ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Economia</strong><br />

<strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />

<strong>MEMORIA</strong> DEL SAQUEO<br />

<strong>de</strong> Fernando E. Solanas.<br />

2003<br />

24 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2006


Parte I<br />

Textos Diversos


- 4 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

A A A Argentina Argentina não não existe existe mais mais<br />

mais<br />

Um dos tópicos <strong>da</strong> literatura barroca é o <strong>de</strong> que já na<strong>da</strong> é o que era: o viajante procura Roma em Roma e<br />

tudo o que vê são ruínas. O gran<strong>de</strong> Francisco <strong>de</strong> Quevedo <strong>de</strong>duzia assim que “o que era inabalável<br />

<strong>de</strong>sapareceu, somente o efémero permanece e perdura”. As ruínas <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s assalta<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Argentina ⎯ os<br />

supermercados esvaziados, as viaturas incendia<strong>da</strong>s, as montras em estilhaços, os restos <strong>da</strong>s mo<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>s<br />

tendências ⎯ constituem o presente opressor; no passado, encontra-se relegado um país a que outrora todos<br />

estávamos <strong>de</strong> acordo em chamar Argentina.<br />

Nasci na Argentina mas, na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, só vivi aí <strong>de</strong>pois dos sete anos, quando a minha família aí se<br />

reinstalou, <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> que<strong>da</strong> <strong>de</strong> Péron. Daí parti e por bem em 1968, antes do início dos horrores <strong>da</strong> ditadura<br />

militar. Lembro-me <strong>de</strong>stes treze anos com espanto. Apesar <strong>da</strong> <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção económica contínua, apesar <strong>da</strong><br />

frequência dos golpes <strong>de</strong> Estado militares que faziam com que aparecessem nas ruas perto <strong>da</strong> minha escola<br />

tanques enormíssimos, apesar <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as indústrias nacionais, a Argentina era nessa altura um país<br />

extraordinário, <strong>de</strong> uma riqueza intelectual e <strong>de</strong> uma fecundi<strong>da</strong><strong>de</strong> enormes.<br />

Esta socie<strong>da</strong><strong>de</strong> possuía um estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> único, capaz <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>r (numa mesma i<strong>de</strong>ia) as gran<strong>de</strong>s questões<br />

metafísicas e as reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> política <strong>de</strong> base. Um humor particular impregnava to<strong>da</strong>s as relações sociais: uma<br />

ironia tingi<strong>da</strong> <strong>de</strong> melancolia, <strong>de</strong> geentileza e <strong>de</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os argentinos pareciam dotados <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

apreciar mesmo o mais pequeno presente que o acaso lhes trouxesse, como igualmente se ressentiam dos<br />

instantes <strong>de</strong> tristeza, mesmo que muito subtis. Tinham um sentido apaixonado <strong>da</strong> curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, com a vista<br />

apura<strong>da</strong> para a noção reveladora, tinham um respeito pelo pensamento inteligente, pelo acto generoso, pela<br />

observação esclareci<strong>da</strong>. Sabiam que estavam neste mundo e se sentiam orgulhosos <strong>de</strong>sta i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> (que<br />

Borges chamava “um acto <strong>de</strong> fé”). A partir <strong>de</strong> agora, tudo isto se per<strong>de</strong>u.<br />

O que é que se passou? No essencial, a Argentina <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> acreditar em si própria. Ca<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> é uma<br />

invenção, uma construção imaginária fun<strong>da</strong><strong>da</strong> sobre um acordo entre os indivíduos que <strong>de</strong>cidiram viver em<br />

conjunto segundo leis comuns. Estas leis constituem um sistema baseado na confiança; se se per<strong>de</strong> a fé no<br />

sistema, é a noção <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>saparece, tal como a água na água.<br />

O sistema americano <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> à Nação, a Marselhesa, a divisa brasileira “liber<strong>da</strong><strong>de</strong> ou morte”, a<br />

infamante “Deustchland uber Alles”, a “True North Strong and Free” canadiana são outras tantas incarnações<br />

rituais que dão uma voz, mesmo um sentido, às nossas crenças. Grava<strong>da</strong>s nas tábuas <strong>de</strong> Hamourabi, recita<strong>da</strong>s<br />

pelos antigos nos Orixás, esculpi<strong>da</strong>s por cima <strong>da</strong> porta do templo <strong>de</strong> Delfos ou impressas nos milhares <strong>de</strong><br />

registos dos tribunais do nosso tempo, estas convenções que regulam as nossas vi<strong>da</strong>s em comum parecem-se<br />

com o sonho do Rei Vermelho em Alice no País <strong>da</strong>s maravilhas; reforce-se esta i<strong>de</strong>ia se não a nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

ilumina<strong>da</strong> apagar-se-á, bang, como uma vela.<br />

Na peça <strong>de</strong> Robert Bolt Um homem para a eterni<strong>da</strong><strong>de</strong>, o genro <strong>de</strong> Thomas More <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que para atingir o<br />

Diabo, <strong>de</strong>struirá com muito prazer to<strong>da</strong>s as leis instituí<strong>da</strong>s na Inglaterra. E More, o legista, respon<strong>de</strong><br />

encolerizado “Como é que acreditas po<strong>de</strong>r permanecer <strong>de</strong> pé sob o vento que soprará? More não o po<strong>de</strong>ria<br />

saber, mas ele falava <strong>da</strong> minha Argentina, cujos ci<strong>da</strong>dãos honestos se esforçam por permanecer <strong>de</strong> pé num país<br />

cujas leis foram erradica<strong>da</strong>s, e sem saber por quanto conseguirão manter a cabeça levanta<strong>da</strong> na tormenta.<br />

Existe uma forma <strong>de</strong> pensamento que nós qualificámos (sem razão) <strong>de</strong> maquiavélica, a que leva a<br />

acreditar que tudo po<strong>de</strong> ser permitido com o fim <strong>de</strong> se enriquecer, mesmo infringir a lei. Os tiranos gregos, os<br />

césares romanos, os papas e imperadores tinham-na; ela <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou guerras, justificou atroci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, provocou<br />

sofrimentos in<strong>de</strong>scritíveis; no fim <strong>de</strong> contas, provocou sempre o afun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s nas quais estava<br />

enraiza<strong>da</strong>. Na Argentina, manifestou-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio <strong>da</strong> República com a morte do jovem revolucionário<br />

Mariano Moreno. Esta forma <strong>de</strong> pensamento tornou-se oficial <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX sob a tirania <strong>de</strong> Juan Manuel<br />

Rosas, aceitável no tempo <strong>da</strong>s oligarquias e dos gran<strong>de</strong>s proprietários <strong>de</strong> terras do princípio do século XX,<br />

popular sob Péron. Enfim, sob a ditadura militar, minou a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sob todos os ângulos, ignora<strong>da</strong> to<strong>da</strong> a<br />

legali<strong>da</strong><strong>de</strong>, fez <strong>da</strong> tortura e <strong>da</strong> morte os instrumentos quotidianos do governo, e infectou a linguagem e o<br />

pensamento.<br />

No final dos anos 80, esta forma <strong>de</strong> espírito tinha-se <strong>de</strong> tal forma enraizado que permitiu ao presi<strong>de</strong>nte<br />

Menem perdoar aos mais odiosos dos criminosos <strong>da</strong> Junta e permitiu-lhe justificar, <strong>de</strong> forma engenhosa, à


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

maior parte dos argentinos o comportamento crapuloso do seu próprio governo. Graças aos militares, na<br />

Argentina dos anos 90, era impossível empregar as palavras “honesti<strong>da</strong><strong>de</strong>”, “ver<strong>da</strong><strong>de</strong>” ou “<strong>de</strong>cência” sem os<br />

tingir <strong>de</strong> ironia.<br />

A tarefa do presi<strong>de</strong>nte De la Rua era <strong>de</strong>sespera<strong>da</strong>. Restabelecer o equilíbrio duma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que, na<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, já não existe, porque <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> acreditar na sua própria integri<strong>da</strong><strong>de</strong>, é um truque que nenhum mágico<br />

po<strong>de</strong>rá realizar. Tudo se passa como se os espectadores recusassem ligar-se ao artista por um contrato implícito<br />

<strong>de</strong> respeito e <strong>de</strong> suspensão <strong>de</strong> increduli<strong>da</strong><strong>de</strong>, como se tivessem <strong>de</strong>cidido não permanecerem sentados a vê-lo<br />

tirar um coelho do seu chapéu mas em vez disso <strong>de</strong> tentarem fugir com o coelho e com o chapéu, persuadidos<br />

<strong>de</strong> que se não o fazem, o mágico será o primeiro a arreca<strong>da</strong>r um e outro. Nestas condições, não po<strong>de</strong> haver<br />

nenhuma representação e o teatro po<strong>de</strong> pois muito bem fechar.<br />

O célebre tango Cambalacho tinha previsto tudo isto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1935: “não interessa a ninguém que tenhais<br />

nascidos honestos, diz a canção. E <strong>de</strong>pois: é tudo igual: aquele que trabalha<br />

Noite e dia como um boi,<br />

Aquele que vive dos outros,<br />

Aquele que mata, aquele que cura,<br />

Ou aquele que infringe a lei”.<br />

Durante o seu reinado, Péron orgulhava-se à vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, tal como o tio Scrooge, “an<strong>da</strong>r sobre os<br />

lingotes <strong>de</strong> ouro do Tesouro”. Depois <strong>da</strong> sua fuga, já não havia mais nenhum ouro para pisar e Péron figurará<br />

nas listas financeiras internacionais como um dos homens mais ricos do mundo. Depois <strong>de</strong> Péron, os roubos<br />

continuaram e até se intensificaram. O dinheiro emprestado à Argentina, por várias vezes pelo Fundo<br />

Monetário Internacional (esta incarnação mo<strong>de</strong>rna do pecado <strong>da</strong> usura) <strong>de</strong>saparece nos bolsos dos mesmos e<br />

célebres sabujos: ministros, homens <strong>de</strong> negócios, industriais, banqueiros, senadores. Os seus nomes são<br />

familiares a todos os argentinos. A recusa do FMI <strong>de</strong> emprestar mais era fun<strong>da</strong><strong>da</strong> na premissa evi<strong>de</strong>nte que ele<br />

seria <strong>de</strong> novo roubado (os vigaristas conhecem muito bem os hábitos uns dos outros).<br />

Mas o facto <strong>de</strong> que não haja na<strong>da</strong> mais a roubar não traz nenhuma consolação aos milhares <strong>de</strong> argentinos<br />

que morrem <strong>de</strong> fome. Morrer <strong>de</strong> fome ⎯ num país consi<strong>de</strong>rado ain<strong>da</strong> há algumas déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> “a pa<strong>da</strong>ria do<br />

mundo”!<br />

E agora? Que solução po<strong>de</strong> existir para um país em falência financeira e moral, com o mesmo lote <strong>de</strong><br />

políticos corrompidos a disputarem o que hoje não é mais do que ossos <strong>de</strong>scarnados, com uma arma<strong>da</strong><br />

mortífera na expectativa, sem sistema judicial, sem programa económico, sem activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s industriais dignas<br />

<strong>de</strong>ste nome? Que po<strong>de</strong> esperar a Argentina quando o presi<strong>de</strong>nte interino, originário <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> La Quebra<strong>da</strong>,<br />

que foi o primeiro a substituir De la Rua, terminou o seu discurso inaugural <strong>de</strong>dicando o seu breve man<strong>da</strong>to<br />

(até Março) “ao Cristo <strong>de</strong> La Quebra<strong>da</strong>”? Que po<strong>de</strong>m esperar os ci<strong>da</strong>dãos <strong>da</strong> Argentina quando o último <strong>da</strong><br />

meia dúzia <strong>de</strong> substitutos presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> algumas semanas tem registo judicial notável por escroqueria?<br />

Na epopeia nacional argentina, o gaúcho Martin Fierro, afim <strong>de</strong> escapar ao sistema injusto que o atraiçoou<br />

(levado para o serviço militar, <strong>de</strong>spojado <strong>da</strong>s suas terras e <strong>da</strong> sua família) <strong>de</strong>sertou e tornou-se o herói<br />

reconhecido do imaginário argentino. Mas para os argentinos <strong>de</strong> hoje, já nem lhes resta <strong>de</strong>sertar, não há<br />

nenhum lado para on<strong>de</strong> ir. O país imaginado pelos meus antepassados, o país extraordinário que me educou e<br />

fez <strong>de</strong> mim o que eu sou, este país já não existe no meio <strong>da</strong>s suas ruínas. A Argentina já não existe e os<br />

canalhas que a <strong>de</strong>struíram estes vivem ain<strong>da</strong>.<br />

Alberto Manguel, “L’ Argentine n’existe plus”, Le Mon<strong>de</strong>, Janeiro <strong>de</strong> 2002.<br />

Texto traduzido pelos docentes <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> Internacional: Professor Doutor Júlio Mota; Professora Doutora<br />

Margari<strong>da</strong> Antunes; Professor Doutor Luís Peres Lopes<br />

- 5 -


- 6 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Synopsis<br />

“Memo “Memoria “Memo ria <strong>de</strong>l Saqueo” Saqueo”<br />

Durant ces 25 <strong>de</strong>rnières années, <strong>de</strong> la dictature militaire à aujourd'hui, l'Argentine a subi l'un dês<br />

effondrements économiques et sociaux les plus brutaux qu'un pays ait pu connaître en temps <strong>de</strong> paix. Ce pays<br />

riche et sa population ont vécu <strong>da</strong>ns leur chair et <strong>de</strong> plein fouet l'ensemble <strong>de</strong>s traumatismes dénoncés par les<br />

altermondialistes: ultralibéralisme éhonté, spoliation <strong>de</strong>s biens <strong>de</strong> l'Etat, explosion <strong>de</strong> la <strong>de</strong>tte extérieure,<br />

corruption politico-financière massive... Tout cela avec l'ai<strong>de</strong> et la connivence <strong>de</strong> multinationales occi<strong>de</strong>ntales<br />

et sous le regard complice <strong>de</strong>s institutions internationales.<br />

Incarnée par <strong>de</strong>s hommes comme Carlos Menem, cette politique <strong>de</strong> la terre brûlée a abouti à ce que<br />

Fernando Solanas appelle «un véritable génoci<strong>de</strong> social», un cataclysme inouï fait <strong>de</strong> famine, <strong>de</strong> maladies et <strong>de</strong><br />

vies humaines sacrifiées.<br />

«Saccage» dénoue un à un les mécanismes qui ont conduit à cette catastrophe.<br />

Ce film est dédié à tous ceux qui résistent avec dignité et courage. Les chemins <strong>de</strong> la misère sont encore<br />

plus inacceptables lorsqu'ils sont prévisibles et qu'ils se passent en terre abon<strong>da</strong>nte...<br />

Lettre <strong>de</strong> Fernando Solanas aux spectateurs<br />

Des centaines <strong>de</strong> fois, on m'a <strong>de</strong>mandé: comment cela a-t-il pu être possible que <strong>da</strong>ns un pays si riche, la<br />

pauvreté et la faim atteignent une telle ampleur? Qu'est-il arrivé <strong>de</strong>s promesses <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnité, <strong>de</strong> travail et <strong>de</strong><br />

bien-être que prônaient les politiques, les chefs d'entreprise, les économistes visionnaires et leurs services <strong>de</strong><br />

communicateurs médiatiques, quand le pays n'a jamais connu ces aberrants taux <strong>de</strong> chômage et <strong>de</strong> dénuement?<br />

Comment peut-on comprendre l'aliénation du patrimoine public pour payer la <strong>de</strong>tte, quand l'en<strong>de</strong>ttement s'est<br />

multiplié plusieurs fois, en compromettant le futur pour plusieurs générations? Comment <strong>da</strong>ns une démocratie<br />

ont été possibles autant <strong>de</strong> dégra<strong>da</strong>tion <strong>de</strong>s institutions républicaines, autant <strong>de</strong> soumissions aux pouvoirs<br />

externes, autant d'impunité, <strong>de</strong> corruption et <strong>de</strong> perte <strong>de</strong> droits sociaux?<br />

Répondre aux questions posées par la catastrophe sociale ou revoir les chapitres honteux <strong>de</strong> l'histoire<br />

récente serait impossible <strong>da</strong>ns les marges limitées d'un film: il en faudrait beaucoup plus, avec <strong>de</strong>s enquêtes,<br />

<strong>de</strong>s débats et <strong>de</strong>s étu<strong>de</strong>s pour rendre compte <strong>de</strong> l'ampleur <strong>de</strong> cette catastrophe. Ce film est né pour faire vivre la<br />

mémoire contre l'oubli, reconstruire l'histoire d'une <strong>de</strong>s étapes les plus graves <strong>de</strong> l'Argentine, pour inciter à<br />

dénoncer les causes qui ont provoqué la mise à sac économique et le génoci<strong>de</strong> social. Saccage est aussi un<br />

cinéma libre et créatif réalisé pen<strong>da</strong>nt les mois incertains <strong>de</strong> 2002, quand il n'existait pas <strong>de</strong> certitu<strong>de</strong>s sur le<br />

futur politique du pays. Trente cinq ans après «L'Heure <strong>de</strong>s brasiers», j'ai voulu reprendre l'histoire à partir <strong>de</strong>s<br />

paroles et dês gestes <strong>de</strong> ses protagonistes et remettre les images <strong>da</strong>ns leur contexte. Des procédures et dês<br />

images qui avec leurs traits propres ont également touché d'autres pays frères.<br />

C'est une façon <strong>de</strong> contribuer à la tâche plurielle d'une refon<strong>da</strong>tion démocratique <strong>de</strong> l'Argentine et au débat<br />

qui se développe <strong>da</strong>ns le mon<strong>de</strong> face à la mondialisation déshumanisée avec la certitu<strong>de</strong> qu'un autre mon<strong>de</strong> est<br />

possible.<br />

Fernando E. Solanas<br />

Entretien avec Fernando Solanas<br />

N. Creutz : Ce sont les gran<strong>de</strong>s manifestations <strong>de</strong> fin 2001 qui ont déclenché chez vous l'envie <strong>de</strong> faire ce film ?<br />

F. Solanas : Oui. J'avais déjà l'envie <strong>de</strong> témoigner <strong>de</strong> tout ce qui est arrivé <strong>da</strong>ns les années 90, mais le moment est<br />

arrivé avec la chute du gouvernement <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> la Rúa, le 20 décembre. Un moment exceptionnel. Pen<strong>da</strong>nt un


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

mois entier, il y a eu <strong>de</strong>s manifestations spontanées après que les banques ont confisqué l'argent et fermé leurs<br />

portes au public. C'était une vraie guerre. À ce moment-là, je travaillais en Europe sur un film a<strong>da</strong>pté d'un roman <strong>de</strong><br />

Isabel Allen<strong>de</strong>, Aphrodite, une co-production entre l'Espagne, la Suisse et la France. J'avais simplement décidé <strong>de</strong><br />

rentrer à Buenos Aires pour passer les fêtes en famille. Mais je suis arrivé le 19 décembre et j'ai été tellement<br />

impressionné par ce qui se passait que je suis sorti le len<strong>de</strong>main <strong>da</strong>ns la rue avec ma caméra. Le film débute<br />

d'ailleurs sur ces images <strong>de</strong> désolation <strong>da</strong>ns la city, avec les gens qui fouillent les ordures au pied <strong>de</strong>s banques<br />

gratte-ciel. Ensuite, le mouvement a continué pen<strong>da</strong>nt tout l'été, et c'est pen<strong>da</strong>nt ce temps que j'ai conçu l'idée d'un<br />

film-fresque, qui irait voir <strong>da</strong>ns les cinq régions du pays. Pour finir, la moitié est composée <strong>de</strong> choses que j'ai<br />

tournées moi-même avec ma petite caméra DV, en sortant chaque fois qu'il se passait quelque chose d'intéressant.<br />

Ensuite, j'ai tourné encore sept semaines avec une steadycam et une équipe <strong>de</strong> cinq personnes. Il y a aussi 30<br />

minutes d'images d'archives.<br />

N. Creutz : Comment avez-vous obtenu les autorisations pour tourner <strong>da</strong>ns les lieux du pouvoir politique et<br />

économique, chez ceux que vous accusez?<br />

F. Solanas : Il n'existe aucun règlement qui puisse me l'interdire! Même pour la salle du trésor <strong>de</strong> la Banque<br />

centrale, où personne n'avait jamais tourné. Nous sommes en démocratie et toutes les libertés constitutionnelles sont<br />

respectées. Comme partout, il faut <strong>de</strong>man<strong>de</strong>r <strong>de</strong>s autorisations, qui peuvent prendre plus ou moins <strong>de</strong> temps. Il faut<br />

aussi dire que je suis un <strong>de</strong>s cinéastes les plus connus <strong>de</strong> mon pays et que j'avais l'appui <strong>de</strong> l'Institut national <strong>de</strong> la<br />

cinématographie. Seul le Haut Tribunal <strong>de</strong> justice m'a refusé, parce que j'avais été à la tête d'un mouvement qui<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong>it la démission <strong>de</strong> la Cour suprême... Mais quelqu'un <strong>de</strong> mon équipe a réussi à faire quelques images et j'ai<br />

bricolé cette séquence un peu grotesque à la manière <strong>de</strong> Murnau.<br />

N. Creutz : L'Argentine est allée <strong>de</strong> Charyb<strong>de</strong> en Scylla <strong>de</strong>puis la dictature. Mais pouvait-on imaginer qu'on en<br />

arriverait à un tel désastre?<br />

F. Solanas : Non, bien sûr, même si en tant que député, j'avais averti que cette manière <strong>de</strong> mener l'économie<br />

conduirait inévitablement à la catastrophe. Un exemple: avant Menem et Cavallo, son ministre <strong>de</strong> l'Economie, le<br />

peso naviguait entre 2 et 4 pesos pour un dollar. Ces gens-là ont invente la parité peso-dollar pour stopper l'inflation.<br />

Faux ! Plus personne ne pouvait produire <strong>de</strong> manière rentable en Argentine: il <strong>de</strong>venait meilleur marché d'importer<br />

et impossible d'exporter. Toute l'industrie s'est effondrée et le pays a connu une vague <strong>de</strong> chômage sans précé<strong>de</strong>nt.<br />

Les capitaux, eux, ont fui à l'étranger. Un café coûtait sou<strong>da</strong>in 2,5 dollars! Des amis français me disaient: «Mais<br />

enfin, on ne paie même pas ça sur les Champs Elysées!».<br />

N. Creutz : Comment a-t-on pu, au temps <strong>de</strong> Carlos Menem, parler <strong>de</strong> «miracle argentin»?<br />

F. Solanas : C'était possible parce que tous les moyens <strong>de</strong> communication, toutes les tribunes d'opinion reprenaient<br />

en choeur les louanges du modèle. Il fallait privatiser toutes les entreprises d'Etat, faire affluer <strong>de</strong>s capitaux<br />

étrangers qui stimuleraient la production. En fait, une fois l'argent <strong>de</strong>s privatisations volatilisé, le pays s'est enfoncé.<br />

N. Creutz : Comment se fait-il que Menem ait encore pu remporter le premier tour <strong>de</strong>s élections en avril <strong>de</strong>rnier?<br />

F. Solanas : Il a obtenu 24% <strong>de</strong>s voix parce que toute la bourgeoisie et les milieux d'affaires sont restés <strong>de</strong>rrière lui.<br />

Ceux-là n'ont jamais gagné autant d'argent que du temps où il était prési<strong>de</strong>nt ! Il y a aussi entre 5 et 10% <strong>de</strong> pauvres<br />

qui le suivent par ignorance, parce qu'ils ont bénéficié <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>aux distribués démagogiquement. Mais lorsque les<br />

trois autres candi<strong>da</strong>ts se sont ralliés <strong>de</strong>rrière Nestor Kirchner, Menem s'est retiré pour ne pas être ridiculisé au 2ème<br />

tour.<br />

N. Creutz : Le film se termine par la mention <strong>de</strong> l'élection <strong>de</strong> Kirchner. Que pensez-vous <strong>de</strong> son action jusqu'à<br />

présent?<br />

F. Solanas : C'est quelqu'un qui jouit d'un taux <strong>de</strong> popularité <strong>de</strong> 75% une année après son élection, ce qui ne s'était<br />

jamais vu. Il a fait <strong>de</strong>s choses très bien. Il a mené un processus <strong>de</strong> démocratisation <strong>de</strong>s institutions judiciaires, il a<br />

annulé les lois d'amnistie qui protégeaient les crimes <strong>de</strong> la dictature, il a réformé l'armée et limogé 40 hauts gradés,<br />

il a mené une politique d'alliance économique avec le Brésil, le Mercosur et l'Europe plutôt que les Etats-Unis. Et<br />

bien sûr, il a commencé à renégocier la <strong>de</strong>tte extérieure, avec une position intéressante qui dit en gros: «Je m'engage<br />

à payer ce que je peux, pas ce que vous me <strong>de</strong>man<strong>de</strong>z.» Mais il manque encore <strong>de</strong> vraies réformes économiques. Il<br />

faut dire qu'il a hérité d'un paquet terrifiant, d'un pays qui risquait <strong>de</strong> partir en hyperinflation et <strong>da</strong>ns le chaos. Au<br />

contraire, l'Argentine a connu l'an <strong>de</strong>rnier un taux <strong>de</strong> croissance <strong>de</strong> 8,5%, avec une inflation <strong>de</strong> 3,5%. 700 000 postes<br />

<strong>de</strong> travail ont pu être créés et le chômage est re<strong>de</strong>scendu <strong>de</strong> 23% à 16,5%...<br />

N. Creutz : Saccage tient à la fois du documentaire et du film d'auteur...<br />

F. Solanas : Avoir un projet, <strong>de</strong>s idées thématiques, n'est pas difficile. Ce qui l'est, c'est d'imaginer un film à partir<br />

<strong>de</strong> là. La clé <strong>de</strong> Saccage, c'est une structure qui rappelle celle d'un essai, avec un prologue, dix chapitres et un<br />

épilogue. A l'intérieur <strong>de</strong> chaque chapitre, il y a différentes séquences qui ont droit à leur traitement propre - un peu<br />

comme un patchwork. Mais il y a aussi un certain nombre d'éléments <strong>de</strong> style ou <strong>de</strong> langage qui donnent une unité<br />

formelle: les textes qui apparaissent régulièrement pour souligner ou fournir une information, la musique, que j'ai<br />

- 7 -


- 8 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

fait composer avant le montage et qui donne une ca<strong>de</strong>nce, ou ma narration… J'avais d'abord pense enregistrer le<br />

commentaire tout à la fin, avec <strong>de</strong>s voix professionnelles. Mais j'ai fini par comprendre que ma voix renforçait<br />

l'engagement du film.<br />

N. Creutz : Avez-vous hésité à inclure cette image terrible d'un enfant mourrant <strong>de</strong> malnutrition?<br />

F. Solanas : Pas du tout. On ne peut pas accuser mon film <strong>de</strong> misérabilisme ou dire qu'il joue sur la cor<strong>de</strong> sensible.<br />

J'ai vu <strong>de</strong>s choses bien pires, croyez-moi, et j'ai fini par couper tout ce qui était excessif. Mais il fallait absolument<br />

montrer cela. Ce plan ne dure que cinq secon<strong>de</strong>s! La vérité, c'est qu'une majorité <strong>de</strong>s gens est gênée et s'arrange pour<br />

ne pas voir la misère. Toute cette séquence a été tournée au Tucumán, à 1 200 Km au nord <strong>de</strong> Buenos Aires. Une<br />

province autrefois riche grâce à la canne à sucre, une industrie qui a beaucoup souffert <strong>de</strong> la concurrence<br />

internationale. Mais en fait, cette réalité se trouve <strong>da</strong>ns plusieurs provinces. Vous commencez à la rencontrer <strong>da</strong>ns<br />

les bidonvilles <strong>de</strong>s chefs-lieux. A Buenos Aires, vous pouvez encore avoir l'impression d'être <strong>da</strong>ns une ville <strong>de</strong> pays<br />

développé. Mais déjà <strong>da</strong>ns les banlieues, la violence a connu un essor terrifiant. Vous ne pouvez plus rentrer chez<br />

vous à pied à partir <strong>de</strong> 8 heures du soir.<br />

N. Creutz : Vous reprenez <strong>de</strong> nombreuses critiques au sujet <strong>de</strong> la <strong>de</strong>tte publique...<br />

F. Solanas : La logique du FMI est perverse: c'est une logique <strong>de</strong> banquier qui ne connaît que les chiffres et ne veut<br />

rien voir d'autre. Deman<strong>de</strong>r <strong>de</strong> rembourser à un taux <strong>de</strong> 4,5% alors que la croissance d'un pays est nulle comme au<br />

Brésil actuellement, c'est impossible. Ce pays compte 70 millions <strong>de</strong> gens qui ont faim! Comme l'Argentine a<br />

retrouvé la croissance, le FMI voudrait déjà qu'elle paie plus alors qu'il y a tout l'appareil <strong>de</strong> production à remettre<br />

en marche. La logique du FMI n'est simplement pas humaine. Pensez que <strong>da</strong>ns le mon<strong>de</strong> entier, 400 000 personnes<br />

meurent <strong>de</strong> faim chaque jour ! Aujourd'hui, même <strong>de</strong>s Prix Nobel d'économie comme Stiglitz, Krugman et Sach<br />

critiquent farouchement la politique du FMI!<br />

N. Creutz : Plus largement, c'est le processus <strong>de</strong> globalisation et tout le modèle économique néolibéral qui est en<br />

accusation ?<br />

F. Solanas : La thèse fon<strong>da</strong>mentale <strong>de</strong> mon film, c'est qu'il existe un type d'agression invisible, qui n'est pas la<br />

guerre ou la répression étatique mais une agression économique qui fait finalement beaucoup plus <strong>de</strong> morts et <strong>de</strong><br />

victimes - je veux parler <strong>de</strong> tous ces gens qui per<strong>de</strong>nt leur travail, qui vivent <strong>da</strong>ns la misère sans la moindre<br />

protection sociale, qui n'ont pas d'argent pour se faire soigner à l'hôpital. Il s'agit d'un crime <strong>de</strong> lèse-humanité qu'on<br />

a laissé se développer en temps <strong>de</strong> paix et <strong>de</strong> démocratie! Toutes ces victimes sont celles d'un modèle économique<br />

qui prône la recherche du plus grand profit, pas du bien-être ou du progrès social. Mon film ne prétend pas donner<br />

toutes les explications. Il faudra encore <strong>de</strong> longues enquêtes. Mais mon rêve serait qu'il donne l'inspiration pour<br />

d'autres films comparables <strong>da</strong>ns différents pays.<br />

N. Creutz : Vous avez tout <strong>de</strong> même conclu sur une note d'espoir...<br />

F. Solanas : Mais oui! Ce projet économique né durant la dictature, que Alsonsín, Menem et <strong>de</strong> la Rúa ont repris,<br />

personne n'a pu l'imposer sur la durée. Loin <strong>de</strong> multiplier la richesse comme promis, il n'a débouché que sur une<br />

vague <strong>de</strong> faillites sans précé<strong>de</strong>nt, un chômage massif et 58% <strong>de</strong> pauvres. Une catastrophe absolue qui a fini par<br />

provoquer un soulèvement populaire. Tout le mon<strong>de</strong> est sorti <strong>da</strong>ns la rue. Il y a eu 34 morts mais aucune répression<br />

ne pouvait arrêter un tel mouvement. Je pense qu'un pays peut se relever et qu'on peut récupérer une partie du<br />

patrimoine perdu <strong>da</strong>ns cês escroqueries par la voie judiciaire. En ce moment, je prépare déjà un autre film qui<br />

s'intitulera L'Argentine latente. Il brossera le tableau <strong>de</strong>s gens qui ont résisté, les piqueteros, les cantines <strong>da</strong>ns les<br />

quartiers populaires - toutes ces expériences <strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rité qui ont aussi existé. Ce sera un film beaucoup plus<br />

émouvant, j'espère, sur la possibilité <strong>de</strong> reconstruction du pays.<br />

Entretien réalisé par Norbert Creutz (Paru <strong>da</strong>ns le quotidien suisse Le Temps du 24 mars 2004)<br />

Argentina: Argentina: o o falhanço falhanço falhanço <strong>de</strong> <strong>de</strong> uma uma uma nação<br />

nação<br />

Se bem que pareça mais rica que os seus vizinhos com um PIB por habitante <strong>de</strong> 8.000 dólares (no<br />

Chile 4.600 e no Brasil 5.000) a Argentina vê o seu nível <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> recuar quase ano a ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há 20 anos,<br />

enquanto o do Chile aumentou e o do Brasil estagnou apesar <strong>da</strong> hiper-inflação dos anos 1990-1995.<br />

A ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego é estima<strong>da</strong> em 30%, a economia subterrânea em 40% e mais <strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

terço <strong>da</strong> população (13 milhões <strong>de</strong> pessoas) vive abaixo do limite <strong>de</strong> pobreza; os três quartos <strong>de</strong>stes<br />

<strong>de</strong>ser<strong>da</strong>dos são “os empobrecidos” <strong>de</strong>stes últimos vinte anos, principalmente os reformados.


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

A análise comparativa com, entre outros, o Chile é muito eluci<strong>da</strong>tiva quanto aos fun<strong>da</strong>mentos<br />

políticos e mesmo culturais <strong>da</strong> economia.<br />

De 1935 a 1940, graças às exportações agrícolas e industriais, este país podia ser classificado entre as<br />

primeiras <strong>de</strong>z potências económicas mundiais, e o peso era consi<strong>de</strong>rado como uma <strong>da</strong>s cinco gran<strong>de</strong>s<br />

moe<strong>da</strong>s. Pelos seus fornecimentos alimentares e mineiros, a Argentina aproveitou em pleno as<br />

hostili<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Foi este património que praticamente se <strong>de</strong>lapidou praticamente sem parar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então. Primeiramente<br />

por Péron, que, sem saber suscitar um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro <strong>de</strong>senvolvimento industrial que teria permitido financiar<br />

o seu “justicialismo”, incarnado principalmente pela sua mulher Evita, heroina dos <strong>de</strong>scamisados vai<br />

aumentar consi<strong>de</strong>ravelmente as <strong>de</strong>spesas sociais e proce<strong>de</strong>r a múltiplas nacionalizações, enquanto a base<br />

agrária <strong>da</strong> economia argentina encontrava no mercado mundial uma concorrência a que não estava<br />

habitua<strong>da</strong>.<br />

Um êxodo rural acelerado acompanha a continuação <strong>de</strong> uma imigração importante (cerca <strong>de</strong> 4 milhões<br />

<strong>de</strong> pessoas) aumentando uma procura insatisfeita <strong>de</strong> empregos industriais. Mas o “justicialismo” marcou<br />

as i<strong>de</strong>ias. Uma vez Péron <strong>de</strong>stituído (em 1955) os seus partidários continuaram a animar a vi<strong>da</strong> política e a<br />

inspirar certos movimentos terroristas; eles conseguem mesmo reinstalar Péron no po<strong>de</strong>r em 1973, até ao<br />

aparecimento <strong>da</strong> ditadura militar em 1976.<br />

Um movimento social idêntico existia no Chile, cuja estrutura económica permanecia to<strong>da</strong>via a <strong>de</strong> um<br />

país sub-<strong>de</strong>senvolvido e que conheceu taxas <strong>de</strong> crescimento eleva<strong>da</strong>s durante o após guerra. Mas a classe<br />

trabalhadora chilena, principalmente nas minas, era muito mais radical, tal como os movimentos <strong>de</strong><br />

extrema esquer<strong>da</strong>, o que atormentava a vi<strong>da</strong> política até à vitória <strong>de</strong> Allen<strong>de</strong> e a sua substituição por<br />

Pinochet.<br />

É aqui que os caminhos económicos dos dois países divergiram ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente. Completamente tão<br />

mortífera como a sua vizinha, a ditadura <strong>de</strong> Pinochet teve pelo menos o mérito, a partir <strong>de</strong> um comando<br />

único, <strong>de</strong> iniciar e <strong>de</strong> prosseguir uma cura <strong>de</strong> liberalismo, com os seus inconvenientes sociais maiores,<br />

mas também um certo sucesso económico, privatizações realiza<strong>da</strong>s, mas um controle dos movimentos <strong>de</strong><br />

capitais, um orçamento conduzido ao equilíbrio e um endivi<strong>da</strong>mento externo <strong>de</strong> 1.160 USD por habitante,<br />

em 1990. Enfim, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma fase <strong>de</strong> hiper-inflação entre 60 a 80% anual, a alta contínua dos preços foi<br />

reduzi<strong>da</strong> a aproxima<strong>da</strong>mente 10% no final <strong>da</strong> ditadura - em 1990.<br />

No fim <strong>de</strong> uma ditadura mais curta (1975-1983) e dividi<strong>da</strong> pela existência <strong>de</strong> facções rivais, a situação<br />

argentina era muito pior com – já – uma dívi<strong>da</strong> externa <strong>de</strong> 4.700 USD por habitante, um défice externo<br />

consi<strong>de</strong>rável e sobretudo uma hiper-inflação que atingia os 100% e até 150% em 1990. O dólar, que valia<br />

14 pesos em 1954, valia 400 milhões em 1990. Nas gran<strong>de</strong>s superfícies, os clientes esforçavam-se por<br />

correr mais rápido que o empregado que mu<strong>da</strong>va as etiquetas to<strong>da</strong>s as horas.<br />

É então que o governo tomou, em 1991, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> ligar o dólar e o peso, com uma pari<strong>da</strong><strong>de</strong> estrita<br />

<strong>de</strong> um por um, e <strong>da</strong>í a obrigação <strong>de</strong> dispor, para ca<strong>da</strong> emissão, do equivalente em dólares. Ao preço <strong>de</strong><br />

novos sacrifícios para o maior número <strong>de</strong> pessoas, a inflação foi venci<strong>da</strong>, mas o governo e sobretudo as<br />

províncias não conseguiram - e não conseguem ain<strong>da</strong> hoje - reduzir as suas <strong>de</strong>spesas nem os empregos<br />

públicos em gran<strong>de</strong> parte “ políticos “.<br />

Por este facto, o endivi<strong>da</strong>mento continuou a aumentar para se chegar agora à insolvabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pública,<br />

enquanto a manutenção <strong>da</strong> pari<strong>da</strong><strong>de</strong>, tendo em conta a alta do dólar relativamente a to<strong>da</strong>s as outras<br />

moe<strong>da</strong>s, limitou um pouco mais as exportações.<br />

Ao mesmo tempo, o Chile, ao preço <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>svalorização regular <strong>da</strong> sua moe<strong>da</strong> (10 a 20% ao ano)<br />

mas com uma inflação mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> conseguia manter um trajecto economicamente correcto!<br />

Por <strong>de</strong>trás <strong>da</strong>s políticas económicas divergentes, é necessário procurar os fun<strong>da</strong>mentos sociais e<br />

mesmo culturais diferentes. A burguesia argentina nunca assumiu o que é a sua própria função na<br />

existência <strong>de</strong> um país: aí poupar, aí investir, aí pagar os seus impostos. A evasão fiscal é na Argentina<br />

uma forma <strong>de</strong> segun<strong>da</strong> natureza: 25 mil milhões <strong>de</strong> dólares por ano. A corrupção fez, sob o<br />

reaparecimento justicialista <strong>de</strong> Carlos Menem, que acaba <strong>de</strong> sair <strong>da</strong> prisão e retoma sem vergonha a sua<br />

activi<strong>da</strong><strong>de</strong> política, passos <strong>de</strong> gigante. A poupança argentina é sistematicamente “exporta<strong>da</strong>”. O seu<br />

“stock externo” é estimado em 120 mil milhões <strong>de</strong> dólares, ou seja, dois terços <strong>da</strong> sua dívi<strong>da</strong> externa.<br />

- 9 -


- 10 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Uma moe<strong>da</strong>, sabe-se hoje muito bem, <strong>de</strong>ve-se apoiar no po<strong>de</strong>r político. O <strong>da</strong> Argentina não existe.<br />

Daí a ‘dolarização’ <strong>de</strong> facto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> quotidiana. Daí a emissão, pelas províncias, <strong>de</strong> patacones, títulos<br />

representativos <strong>de</strong> uma dívi<strong>da</strong> não autoriza<strong>da</strong>, contudo aceite por numerosos comerciantes e que o<br />

governo é bem obrigado a aceitar mais ou menos em pagamento dos impostos, logo vali<strong>da</strong>ndo-os.<br />

Do outro lado dos An<strong>de</strong>s, existe apesar <strong>de</strong> tudo uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira burguesia chilena, que sem ser um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> leal<strong>da</strong><strong>de</strong> fiscal, nem <strong>de</strong> se interdir <strong>de</strong> exportar os seus capitais, reage apesar <strong>de</strong> tudo no bom<br />

sentido às diversas incitações governamentais. Diz-se mesmo que os empresários tentaram, limitando os<br />

investimentos e os empregos, fazer cair a coligação <strong>de</strong> esquer<strong>da</strong> nas recentes eleições.<br />

Eles falharam mas todos os investidores estrangeiros po<strong>de</strong>m testemunhar que o patronato, apesar <strong>de</strong><br />

tudo, acompanhou correctamente a política económica do <strong>de</strong>mocrata- -cristão Eduardo Frei e <strong>de</strong>pois do<br />

socialista Lagos.<br />

Tudo se passa, no fundo, como se os argentinos, o mais frequentemente <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> emigrados<br />

espanhóis e italianos que permaneciam no porto <strong>de</strong> Bocca numerosos anos <strong>de</strong>pois do seu <strong>de</strong>sembarque,<br />

como se eles se aprontassem para regressar, não tivessem ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente criado uma nação, enquanto os<br />

chilenos, encurralados neste país longilíneo entre o Pacífico e os An<strong>de</strong>s, mais com as tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos<br />

alemães, tivessem ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente criado uma.<br />

Jean Matouk, “Argentina: o falhanço <strong>de</strong> uma nação”, Le Mon<strong>de</strong>, Janeiro <strong>de</strong> 2002.<br />

Texto traduzido pelos docentes <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> Internacional: Professor Doutor Júlio Mota; Professora Doutora<br />

Margari<strong>da</strong> Antunes; Professor Doutor Luís Peres Lopes<br />

Argentina: Argentina: um um ano ano <strong>de</strong> <strong>de</strong> solidão<br />

solidão<br />

Até quando é que os argentinos <strong>de</strong>vem expiar os seus pecados? No princípio <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2001, o Fundo<br />

Monetário Internacional cortava brutalmente os víveres em Buenos Aires, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando uma série <strong>de</strong> sobressaltos<br />

políticos, sociais e financeiros: a <strong>de</strong>missão do presi<strong>de</strong>nte Fernando <strong>de</strong> la Rua, e <strong>de</strong>pois dos seus dois efémeros<br />

sucessores, os motins violentos e mortais, a paralisia do sistema bancário, o divórcio com os investidores.<br />

Des<strong>de</strong> há um ano, que a Argentina se <strong>de</strong>bate, sozinha, na pior crise económica e financeira que ela alguma vez<br />

mais terá conhecido. Des<strong>de</strong> há um ano, os argentinos vivem entre a cólera e o <strong>de</strong>sespero. Cólera contra uma classe<br />

política corrompi<strong>da</strong>, dividi<strong>da</strong> por lutas internas, que eles rejeitam em bloco. “Que se vão todos”, gritam ao ritmo <strong>da</strong>s<br />

caçarolas, nestes concertos <strong>de</strong> caçarolas que se tornaram em to<strong>da</strong> a América Latina o símbolo do protesto.<br />

Desespero porque per<strong>de</strong>ram tudo: as suas economias, o seu trabalho, a sua saú<strong>de</strong>. Os mais ricos, como sempre, não<br />

sofreram muito, uma vez que estão bem ro<strong>da</strong>dos na evasão <strong>de</strong> capitais. A classe média bascolejou na precarie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Os mais sortudos vivem <strong>da</strong> troca <strong>da</strong>s suas competências: o médico que trata o sapateiro que lhe conserta os sapatos.<br />

O pa<strong>de</strong>iro troca o seu pão, o mecânico os seus conhecimentos em mecânica, o cabeleireiro a sua arte <strong>da</strong> tesoura...<br />

Aqueles que eram já pobres sobrevivem com muita dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em certos Estados do norte e <strong>de</strong> Leste, crianças<br />

morrem diariamente <strong>de</strong> má nutrição.<br />

Des<strong>de</strong> há um ano, o FMI mostra uma rigi<strong>de</strong>z inédita relativamente a este país outrora tão acarinhado antes <strong>de</strong><br />

ser abandonado à sua própria sorte. Como se punir a Argentina, o próprio Fundo eliminasse o seu próprio falhanço.<br />

Este <strong>de</strong>ve-se ao facto <strong>de</strong> ter apoiado durante muito tempo um homem cujas <strong>de</strong>rivas conduziam o país à ruína.<br />

Durante os anos Menem (1989-1999), a Argentina <strong>da</strong>va todos os sinais dum crescimento florescente. A comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

internacional, orgulhosa <strong>de</strong>ste aluno dotado para o liberalismo, mostrava a Argentina como um muito bom exemplo.<br />

Os estrangeiros faziam fila à sua porta para comprarem o que estava para ven<strong>da</strong>, isto é, tudo ou quase. Os<br />

argentinos, <strong>de</strong> natureza insatisfeitos, levavam um gran<strong>de</strong> nível <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> ...Tudo isto se evaporou com a crise asiática.<br />

Privados dos seus bibelots <strong>de</strong> família, aqueles a quem qualificavam “<strong>de</strong> Italianos que falam espanhol e se tomam<br />

por ingleses” <strong>de</strong>scobriram que não tinham mais nenhum cêntimo. Vocês cantam?<br />

Pois bem, então sofram agora. Des<strong>de</strong> o princípio, a sentença foi sem recurso: “as razões do mal estão na<br />

Argentina, e, se os argentinos não se juntam para se aju<strong>da</strong>rem a si-próprios, o FMI não o po<strong>de</strong> fazer no seu lugar”,<br />

<strong>de</strong>clarou, em Janeiro ao Le Mon<strong>de</strong> o director-geral do FMI, Horst Kohler.


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Esta atitu<strong>de</strong> integrista, quase protestante, não foi <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>smenti<strong>da</strong>. E, quando, apesar dos prognósticos, a crise<br />

começou a crescer e a mostrar os seus efeitos nos países vizinhos, o FMI encontrou os meios <strong>de</strong> controlar o<br />

contágio: 15 mil milhões <strong>de</strong> dólares para o Uruguai, 30 mil milhões para o Brasil. Mas sempre na<strong>da</strong> para a<br />

Argentina.<br />

Que esperam pois os gran<strong>de</strong>s senhores do dinheiro? Um milagre, sem dúvi<strong>da</strong>. Porque a situação política<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente na<strong>da</strong> mudou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há um ano, quando Kohler constatava que Fernando <strong>de</strong> la Rua “não era<br />

suficientemente forte para obrigar os po<strong>de</strong>res provinciais a obe<strong>de</strong>cerem-lhe”, que não existia no país “nenhuma<br />

coesão política” não somente entre os partidos mas também no interior <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les, e que “as diferenças entre<br />

eles na<strong>da</strong> tinham a ver com a procura <strong>de</strong> soluções alternativas mas sim com as lutas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r” para suce<strong>de</strong>r ao<br />

presi<strong>de</strong>nte cessante.<br />

Eduardo Duhal<strong>de</strong> está nesta situação hoje. Antigo governador <strong>de</strong> Buenos Aires, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixou as finanças em<br />

muito lamentável estado, foi levado ao po<strong>de</strong>r pelos seus pares para terminar o man<strong>da</strong>to do seu antecessor. Sem base<br />

política sóli<strong>da</strong>, mesmo no seio do seu partido, o Partido Justicialista, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há onze meses que navega à vista,<br />

situando-se alterna<strong>da</strong>mente contra as empresas, os bancos, as instituições financeiras e <strong>de</strong>ixando todo o mundo<br />

<strong>de</strong>scontente, tendo como pano <strong>de</strong> fundo a contestação crescente <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s populares.<br />

A sua autori<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre as províncias ain<strong>da</strong> não foi visível. Se 20 dos 24 governadores se dizem prontos, na<br />

semana passa<strong>da</strong>, a diminuírem em 60% o seu défice orçamental, a apoiarem a política económica do presi<strong>de</strong>nte e a<br />

fixarem em 27 <strong>de</strong> Abril a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> eleição presi<strong>de</strong>ncial, quatro dos restantes opuseram-se-lhe: estes são <strong>de</strong> facções<br />

peronistas opostas a Duhal<strong>de</strong>. Entre estes, Carlos Menem e Adolfo Saa, adversários do presi<strong>de</strong>nte e candi<strong>da</strong>tos,<br />

como por acaso, às primárias peronistas para a presidência.<br />

Intransigência do FMI<br />

O período pré-eleitoral está iniciado. Apesar dos apelos <strong>de</strong> mal estar <strong>da</strong> população, a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

internacional reclama uma ortodoxia financeira e garantias que o governo actual não é capaz <strong>de</strong> <strong>da</strong>r.<br />

Começam a levantar-se vozes contra a intransigência do FMI. Compreen<strong>de</strong>-se bem que a Argentina <strong>de</strong>va<br />

servir <strong>de</strong> exemplo à nova política <strong>da</strong> Administração Bush que tanto gritou contra os gran<strong>de</strong>s planos <strong>de</strong> aju<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

era Clinton. Compreen<strong>de</strong>-se igualmente bem que, não sendo, nem a Turquia, que os americanos protegem<br />

<strong>de</strong>vido à sua posição geopolítica, nem o Brasil on<strong>de</strong> os interesses americanos são numerosos e a quem, apesar<br />

<strong>de</strong> tudo, o apoio será <strong>da</strong>do à medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> docili<strong>da</strong><strong>de</strong> do Presi<strong>de</strong>nte Lula <strong>da</strong> Silva, Buenos Aires não tem gran<strong>de</strong><br />

coisa a esperar.<br />

A Argentina não reclama dinheiro, repete à sacie<strong>da</strong><strong>de</strong> Roberto Lavagna, ministro argentino <strong>da</strong> <strong>Economia</strong>,<br />

mas procura re-escalonar a sua dívi<strong>da</strong> externa junto dos organismos multilaterais e cujos montantes a pagar em<br />

2003 atingem 14 mil milhões <strong>de</strong> dólares. Para o governo, pagar as suas dívi<strong>da</strong>s significa a quadratura do<br />

círculo: o governo <strong>de</strong>cretou uma moratória relativamente aos credores privados, não po<strong>de</strong> esperar um<br />

financiamento dos bancos internacionais e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> única e simplesmente <strong>da</strong> boa vonta<strong>de</strong> <strong>da</strong>s instituições<br />

financeiras. Contudo, esta aju<strong>da</strong> tem-lhe sido até agora recusa<strong>da</strong>.<br />

A Europa, cujo peso no seio dos conselhos <strong>de</strong> administração é equivalente ao dos EUA e cujos interesses<br />

económicos são importantes na Argentina, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rá ela a causa <strong>da</strong> Argentina? Depois <strong>da</strong> sua viagem à<br />

Europa, o ministro argentino <strong>da</strong> <strong>Economia</strong>, Roberto Lavagna, não o po<strong>de</strong> jurar. Por falta <strong>de</strong> flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ou<br />

por falta <strong>de</strong> senso político, a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional <strong>de</strong>sempenha pois um jogo perigoso.<br />

Na Argentina, a exasperação <strong>da</strong> população corre o risco <strong>de</strong> terminar num caos, sob a forma <strong>de</strong> golpe <strong>de</strong><br />

Estado ou <strong>de</strong> um levantamento popular violento. Que po<strong>de</strong>rá, então, ultrapassar as fronteiras. Em to<strong>da</strong> a<br />

América Latina, um outro mo<strong>de</strong>lo está em vias <strong>de</strong> aparecer: a frente <strong>de</strong> recusa <strong>da</strong>s doutrinas liberais. Enquanto<br />

um certo número <strong>de</strong> governos sul-americanos põem em funcionamento programas <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> modo a<br />

estabilizar as suas finanças e convencerem as agências multilaterais a continuarem a ajudá-los, a população<br />

<strong>de</strong>stas regiões evi<strong>de</strong>ncia sinais <strong>de</strong> frustração face à estagnação económica contínua e parece ca<strong>da</strong> vez menos<br />

disposta a fazer sacrifícios.<br />

Parece ter chegado o momento <strong>de</strong> abandonar a contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> fazer um gesto em direcção à Argentina<br />

e ajudá-la a ir até às eleições. Nesse momento, os argentinos po<strong>de</strong>rão <strong>da</strong>r mostras <strong>da</strong> sua maturi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mocrática, retomar o seu <strong>de</strong>stino nas suas próprias mãos e renovar uma classe política que não <strong>de</strong>u ain<strong>da</strong> as<br />

suas provas.<br />

- 11 -


- 12 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Babette Stern, “Argentine: un an <strong>de</strong> solitu<strong>de</strong>”, Le Mon<strong>de</strong>, 19 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2002<br />

Texto traduzido pelos docentes <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> Internacional: Professor Doutor Júlio Mota; Professora Doutora<br />

Margari<strong>da</strong> Antunes; Professor Doutor Luís Peres Lopes<br />

O O hor horror hor ror económico económico argentino<br />

argentino<br />

Nestas últimas semanas, circulava em Buenos Aires uma pequena brinca<strong>de</strong>ira: chamava-se Louis XXXII<br />

ao antigo presi<strong>de</strong>nte Fernando <strong>de</strong> la Rua, uma vez que ele era duas vezes mais imbecil que Louis XVI. Um<br />

clima revolucionário banhava a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, a mais europeia <strong>da</strong> América Latina. Os argentinos, esgotados,<br />

manifestam a sua cólera e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma luta fratrici<strong>da</strong>, começam a atacar os seus principais inimigos: uma<br />

classe política indigna e um sistema financeiro imoral.<br />

A Argentina foi, num passado recente, mostra<strong>da</strong> como o aluno mais disciplinado do FMI. As políticas<br />

económicas as mais neoliberais foram aplica<strong>da</strong>s por todos os responsáveis políticos <strong>de</strong> centro-esquer<strong>da</strong>, <strong>de</strong><br />

direita e sobretudo <strong>de</strong> extrema-direita. É necessário não esquecer que Domingo Cavallo, o antigo ministro <strong>da</strong><br />

economia e principal responsável <strong>da</strong> crise actual, começou a sua carreira sob os auspícios do mais nefasto<br />

criminoso que a Argentina tinha até agora conhecido: o general golpista Jorge Vilela.<br />

Ca<strong>da</strong> golpe <strong>de</strong> Estado argentino foi soli<strong>da</strong>mente apoiado política e financeiramente pelas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos<br />

EUA (tanto republicanos como <strong>de</strong>mocratas). O próprio antigo primeiro-ministro, assim como todos os<br />

membros <strong>da</strong> sua equipa <strong>de</strong> economistas, frequentaram as mais prestigia<strong>da</strong>s universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Costa Leste dos<br />

EUA. A sua auto-confiança e a certeza absoluta <strong>de</strong> pertencerem a uma elite <strong>de</strong>tentora <strong>da</strong>s receitas económicas<br />

e políticas objectivamente boas cegou-os completamente. Dois dias <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> <strong>de</strong>missão do seu chefe todo<br />

po<strong>de</strong>roso, os “Cavallo boys” falavam <strong>da</strong>s manifestações violentas como pequenas revoltas isola<strong>da</strong>s,<br />

instrumentaliza<strong>da</strong>s pelos “zurditos” (como se chama pejorativamente às gentes <strong>de</strong> esquer<strong>da</strong> na Argentina) .<br />

Alguns anos antes, os mesmos i<strong>de</strong>ólogos do liberalismo selvagem tinham preparado a privatização <strong>da</strong>s<br />

empresas e dos serviços nacionais (do petróleo aos caminhos <strong>de</strong> ferro, passando pelo sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

educação). Ao lado do populista Carlos Menem, os mesmos i<strong>de</strong>ólogos vendiam-nos a Argentina como o<br />

exemplo <strong>da</strong> globalização, como a vanguar<strong>da</strong> do extremo Oci<strong>de</strong>nte.<br />

A Argentina foi certamente mal governa<strong>da</strong> durante déca<strong>da</strong>s, mas esta alternância entre fascistas e<br />

conservadores (populistas e monetaristas) teve sempre o apoio dos sectores mais po<strong>de</strong>rosos do Oci<strong>de</strong>nte. Os<br />

argentinos são evi<strong>de</strong>ntemente responsáveis <strong>da</strong> sua ausência <strong>de</strong> administração e <strong>da</strong> sua incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

organizarem politicamente. Contudo, isto não explica senão muito parcialmente a <strong>de</strong>rroca<strong>da</strong> actual. Mesmo<br />

com as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s as mais competentes e o povo o mais produtivo, a crise argentina teria igualmente<br />

acontecido. A matança <strong>de</strong> um dos mais prometedores países, a agonia <strong>de</strong> um dos povos mais dinâmicos é o<br />

resultado <strong>de</strong> uma política internacional, que se não é programa<strong>da</strong> é pelo menos suficientemente cínica para<br />

consi<strong>de</strong>rar o humano como a última <strong>da</strong>s preocupações.<br />

Estranha liber<strong>da</strong><strong>de</strong> esta <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar abandonados os povos os mais pobres protegendo sempre as nações as<br />

mais ricas: a Argentina já não po<strong>de</strong> exportar não por falta <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos seus produtos (que outrora eram<br />

cobiçados pelo mundo inteiro) mas por causa do proteccionismo dos EUA e <strong>da</strong> política agrícola comum <strong>da</strong><br />

União europeia. Tudo o que o FMI nos impediu <strong>de</strong> fazer economicamente no nosso país foi facilmente<br />

concedido aos EUA <strong>de</strong>pois do 11 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2001: protecção <strong>da</strong> indústria, subvenção <strong>da</strong> sua economia,<br />

controle dos movimentos financeiros, flutuação monetária, etc. A nossa liber<strong>da</strong><strong>de</strong>? Nós sofremos <strong>da</strong> que tem o<br />

lobo <strong>de</strong>ntro do galinheiro (argentino).<br />

Como não <strong>de</strong>nunciar com ardor os comentários <strong>de</strong> Bush quando ele trata a Argentina <strong>de</strong> vizinho amigo ou<br />

os adjectivos <strong>de</strong> Kenneth Rogoff, conselheiro económico do FMI, quando reenvia a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> crise<br />

aos argentinos. Neste contexto, apesar dos mortos nas ruas <strong>de</strong> Buenos Aires e dos hospitais sobrecarregados<br />

com as consultas psiquiátricas, os títulos subiram na bolsa.<br />

O horror económico atingiu na Argentina proporções que mesmo as análises as mais pessimistas teriam<br />

tido muita dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em prognosticar. Mesmo as pessoas mais pacíficas são hoje leva<strong>da</strong>s à violência num<br />

país em que a <strong>de</strong>sintegração social só agora é que começou.


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Daniel Borrillo, “L’horreur économique argentin”, Le Mon<strong>de</strong>, Dezembro <strong>de</strong> 2001.<br />

Texto traduzido pelos docentes <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> Internacional: Professor Doutor Júlio Mota; Professora Doutora<br />

Margari<strong>da</strong> Antunes; Professor Doutor Luís Peres Lopes<br />

Furnace Furnace Trouble: Trouble: Documenting Documenting Argentina’s Argentina’s Social Social Genoci<strong>de</strong><br />

Genoci<strong>de</strong><br />

by Jared Rapfogel<br />

It’s a sad inevitability that many people will approach Fernando Solanas’ Memoria <strong>de</strong>l Saqueo and Avi Lewis<br />

and Naomi Klein’s The Take, two documentaries concerning Argentina’s recent economic and social <strong>de</strong>vastation, as<br />

of only marginal interest to those without a particular curiosity about the state of Latin America. This is patently not<br />

the case, as suggested by an anonymous note han<strong>de</strong>d to Lewis and Klein while shooting the film which reads, “We<br />

are the mirror to look into, the mistake to avoid. Argentina is the waste that remains of a globalized country. We are<br />

where the rest of the world is going.” Arguing with overwhelming persuasiveness for this perspective, Memoria <strong>de</strong>l<br />

Saqueo (which showed earlier this year at the Berlinale and Tribeca) and The Take (which recently premiered at the<br />

Buenos Aires In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt Film Festival before screening at Hot Docs) are vitally important films, sharing not only<br />

their subject matter but also their political orientation, commitment, and courage.<br />

One of Argentina’s most respected filmmakers, Solanas is best-known for The Hour of the Furnaces (1968), the<br />

collectively ma<strong>de</strong>, four-hour long, radical documentary/manifesto. A sprawling, convulsive film, The Hour of the<br />

Furnaces is a call for violent revolution <strong>de</strong>signed to be used as a tool for education, information, and <strong>de</strong>bate<br />

(complete with titles signaling intervals for discussion). Cinematically, it is a varied catalogue of aesthetic<br />

approaches, encompassing interviews, cinema vérité footage, newsreels, sophisticated montage, and even<br />

minimalism (most famously, a still image, held for two-and-a-half minutes, of Che’s <strong>de</strong>ad face). Memoria <strong>de</strong>l<br />

Saqueo, unsurprisingly then, is comprehensive and broad in scope. Its subject is the political, social, and economic<br />

condition of Argentina—the dimensions of its ruination and how exactly the country came to such a pass.<br />

Memoria <strong>de</strong>l Saqueo is, cinematically speaking, a far less radical film than The Hour of the Furnaces. Though it<br />

superficially resembles any number of conventional documentaries, Solanas hasn’t sold out his ambition to create a<br />

new, revolutionary film language so much as he has resigned himself to the fate that has befallen his 60s<br />

experiments: he realizes that an Hour of the Furnaces to<strong>da</strong>y would face little chance of reaching anything like a<br />

wi<strong>de</strong> audience. The differences between The Hour of the Furnaces and Memoria <strong>de</strong>l Saqueo are, after all, much<br />

more than aesthetic. The earlier film, ma<strong>de</strong> at a time of revolutionary conviction and i<strong>de</strong>alism, conceived of itself<br />

not simply as a film, but as a film act, as a component of revolutionary action. The Hour of the Furnaces had a<br />

precise and concrete goal: to incite violent and political struggle.<br />

Not only did the revolution Solanas and his comra<strong>de</strong>s worked and hoped for fail to appear, but in the years<br />

following, the political and social situation in Argentina became far worse. A series of brutally repressive military<br />

juntas ruled the country during the 70s, culminating in the “dirty war,” only to be followed by a series of lea<strong>de</strong>rs,<br />

culminating with Carlos Menem, who, according to both Memoria <strong>de</strong>l Saqueo and The Take, betrayed their people<br />

by ruthlessly pursuing a policy of neo-liberal privatization. This resulted in the selling-off of a large part of the<br />

nation’s assets—the plun<strong>de</strong>r (“saqueo”) of the country by foreign banks and companies and by its own upper<br />

classes—and, eventually, the severe economic crisis of 2001. Memoria <strong>de</strong>l Saqueo, pe<strong>de</strong>strian as it appears, is no<br />

measured, “balanced” reportage: it is an accusation, a cry of indignation, though its analysis is always penetrating<br />

and persuasive. A member of the Argentine parliament from 1993 to 1997, and the victim of a shooting in response<br />

to his attempts to bring charges against Menem for selling off the state oil company, Solanas has not compromised<br />

or softened his fury at all. He has changed his approach, though; the relationship between film and action is much<br />

different now than it was 35 years ago. Memoria <strong>de</strong>l Saqueo is not a film-act; it is something more familiar to us<br />

to<strong>da</strong>y—a record, an account, of action.<br />

“Memoria <strong>de</strong>l Saqueo” starts and ends with footage of the momentous, spontaneous mass street protests which<br />

erupted across Buenos Aires in December 2001, after the country effectively <strong>de</strong>clared bankruptcy, causing the banks<br />

to shut down. Solanas was on the scene, and the footage he shot is almost unbearably powerful, as hundreds of<br />

thousands of people crowd the streets, throwing rocks, toppling barrica<strong>de</strong>s, and banging on pots and pans. There are<br />

images of violence, of protesters beaten, bloodied, and, in one instance, possibly killed. But just as often the images<br />

are charged with a remarkable joyfulness, the elation of people <strong>de</strong>monstrating their collective power after <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>s of<br />

suffering. Solanas captures the overwhelming spectacle of a people sud<strong>de</strong>nly realizing what they are capable of. But<br />

now Solanas is a witness rather than an instigator.<br />

- 13 -


- 14 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Even if this new situation reflects the failure of the goals and predictions of the earlier film, the tone of<br />

Memoria <strong>de</strong>l Saqueo is, nevertheless, one of optimism, hopefulness, and even triumph. Towards the end of The<br />

Hour of the Furnaces, the narrator rousingly <strong>de</strong>clares, “If 150,000 Marines…cannot <strong>de</strong>feat the heroic little<br />

Vietnamese people, how many Marines will it take to <strong>de</strong>feat more than two-thirds of humanity: the Chinese,<br />

Cubans, Koreans, Latin Americans, Arabs, African Americans, the Socialist world, and the progressive forces of the<br />

industrial countries? Imperialism is going to lose…As Mao said, it is a paper tiger.” While most of Memoria <strong>de</strong>l<br />

Saqueo is <strong>de</strong>voted to the countless ways imperialism has proven itself a nearly inexorable force, the foun<strong>da</strong>tion of<br />

the film is the December 2001 protests. Solanas sees in them a flaring up of the hopes which have lain dormant for<br />

so long, and evi<strong>de</strong>nce that the <strong>de</strong>feat of imperialism, though so greatly and tragically <strong>de</strong>layed, remains a possibility.<br />

Memoria <strong>de</strong>l Saqueo draws to a close with words complementing those from Solanas’ earlier film: “It may appear<br />

that the reality can’t be changed, that the plun<strong>de</strong>rers won the <strong>da</strong>y, and we are the losers. It’s closer to the opposite:<br />

neither the dictatorship, nor Menem, nor De La Rua brought their projects to fruition, and the wealth they gave away<br />

isn’t lost forever…It all led to the great December 2001 uprising—as on Oct. 17, 1945, and in Cordoba in 1969,<br />

Argentinean history was changed.”<br />

Solanas’ stubborn optimism is admirable, even if, after so many betrayals, it may seem a bit premature. The<br />

Take, though, a National Film Board production directed by Canadian political power couple Avi Lewis and Naomi<br />

Klein, provi<strong>de</strong>s small-scale but concrete evi<strong>de</strong>nce that this may be more than simply wishful thinking. The two films<br />

complement each other beautifully, the one with its broad scope and dramatic protest footage, the other sharply<br />

focused and concerned with a very different, less flashy, but more organized form of political action.<br />

The subject of The Take is the struggle of the former workers of Forja San Martin, a newly bankrupt Buenos<br />

Aires factory, to re-open and run the factory themselves. Lewis and Klein, who also inclu<strong>de</strong> material on previously<br />

successful, mutually supportive worker-owned and run factories, have ma<strong>de</strong> a <strong>de</strong>eply moving and informative film,<br />

a glimpse at the kind of grass-roots, incremental political work which movies rarely bother to portray. Early on in<br />

the film, Klein is accused by a hostile British talk show host of constantly criticizing neo-liberal policies without<br />

ever offering a viable alternative, to which Klein, in voiceover, responds, “He never let me finish a sentence but he<br />

had a good point: there’s only so much protesting can accomplish. At a certain point you have to talk about what<br />

you’re fighting for.” The Take is an honest attempt to do just that—to portray the practical steps which can be and<br />

are being taken in this particular corner of the world. Even if it’s unclear how powerful and wi<strong>de</strong>spread this<br />

movement is <strong>de</strong>stined to be, these factories have, at the very least, un<strong>de</strong>niably improved the lives of those workers<br />

directly involved with them.<br />

Though mo<strong>de</strong>st and small-scale, The Take succeeds in some ways where Memoria <strong>de</strong>l Saqueo falls short. The<br />

challenge presented to Klein by the television interviewer is one Solanas could be accused of shirking. It’s not<br />

simply that he fails to formulate a concrete plan of action, but that, for all his indignation at the suffering inflicted on<br />

the people of Argentina and his enthusiasm for their spontaneous rebellion, the people themselves largely remain an<br />

abstraction. In The Take, Lewis and Klein concentrate their attention not on “the masses” but on a specific<br />

community of workers and their families, and on their <strong>da</strong>y-to-<strong>da</strong>y efforts to obtain a small measure of agency.<br />

This is not just a matter of “human interest,” either. In focusing on these particular people, Lewis and Klein<br />

capture the complex, ambiguous, and sometimes troubling nature of human behaviour, qualities that elu<strong>de</strong> Solanas<br />

in his account of the big picture. Always passionate and uncompromising, Solanas is still apt to ignore certain<br />

uncomfortable truths in his eagerness to portray the situation as a case of clear-cut exploitation. When he asks,<br />

“How many Marines will it take to <strong>de</strong>feat more than two-thirds of humanity?” it’s hard not to think, “If only it were<br />

so simple.” In The Take, we see why it’s not: cheering throngs of Menem supporters; the information that Menem,<br />

running for a third term in 2003, quickly goes from last in the polls to first; and most disturbingly, the revelation that<br />

there is one man among the factory workers who is pro-Menem. As one woman, a staunch supporter of the<br />

opposition candi<strong>da</strong>te, Nestor Kirchner, says, “Sad, very sad. You can see that Argentines, from 1976 up to now,<br />

have erased their memories.” This kind of acknowledgment that the problem is much more complicated than we<br />

might like to think, that it runs <strong>de</strong>eper than conscious corruption at the top, is nowhere to be found in Memoria <strong>de</strong>l<br />

Saqueo. The problem is not simply the Marines, the politicians, or the bankers—it is the more subversive, invisible,<br />

and internalized forces of capitalism, which Menem and his like merely represent.<br />

Precisely because it more fully acknowledges these things, engaging more fully with the true nature of the<br />

problem, The Take is, finally, even a more hopeful and optimistic film. On the national level, Kirchner succeeds in<br />

<strong>de</strong>feating Menem. And locally, after a hard-fought and exhausting legal struggle, the Forja workers succeed in reopening<br />

the factory and running it as a cooperative. Having conveyed the emptiness and anxiety of the workers’<br />

lives in the absence of work, and the resulting <strong>de</strong>speration and fear which un<strong>de</strong>rlie their efforts to take back the<br />

factory, the film ends with a palpable feeling of joy, relief, and pri<strong>de</strong>. Lewis and Klein wisely resist the temptation<br />

to bur<strong>de</strong>n this particular success story with an unrealistic amount of optimism, though: their intention is not to<br />

celebrate, but to encourage other workers, in other factories, perhaps even in other countries similarly dominated


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

and oppressed by the forces of globalization, to follow the example of those at Forja San Martin. In this sense, The<br />

Take is close in spirit to The Hour of the Furnaces. Its purpose is to inspire further battles such as the one it<br />

portrays—not violent revolution but small-scale, incremental political progress, the kind that doesn’t make news,<br />

but does make real change.<br />

A A A la la la une<br />

une<br />

"Memoria <strong>de</strong>l saqueo"<br />

En octobre 1998, lors <strong>de</strong>s Assemblées annuelles <strong>de</strong>s institutions financières internationales, le directeur du FMI<br />

déclarait que "l'Argentine a une histoire à raconter au mon<strong>de</strong> : une histoire sur l'importance <strong>de</strong> la discipline fiscale,<br />

<strong>de</strong>s changements structurels, et une politique monétaire rigoureusement maintenue (1)." Depuis cette histoire, les<br />

Argentins n'ont fait que <strong>de</strong>s cauchemars. Fin juillet 2004, le Bureau indépen<strong>da</strong>nt d'évaluation (BIE) du FMI a remis<br />

son rapport sur le rôle <strong>de</strong> l'institution en Argentine <strong>de</strong> 1991 à 2001. Il apparaît que les actions du FMI ont aggravé<br />

une crise financière aux conséquences dramatiques sur le peuple argentin. Les principaux points du rapport sont les<br />

suivants:<br />

Première évi<strong>de</strong>nce: la surveillance du Fonds, avant que la crise ne s'emballe en 2000, a sévèrement failli.<br />

Parallèlement, le FMI a trop longuement soutenu un régime <strong>de</strong> change fixe (2) qui étouffait l'économie argentine. Si<br />

ce système a permis d'enrayer l'inflation et contribué à relancer l'économie rapi<strong>de</strong>ment, la contrepartie a été la<br />

soumission <strong>de</strong> la politique monétaire à une forte contrainte extérieure et l'en<strong>de</strong>ttement vertigineux du pays. Pour le<br />

BIE, l'Argentine avait besoin <strong>de</strong> "médicaments plus forts" (reformes fiscales, réforme <strong>de</strong> la sécurité sociale, du<br />

marché du travail, du système financier…) et le FMI aurait du s'assurer <strong>de</strong> leur pleine mise en œuvre.<br />

Ensuite, lors <strong>de</strong> la crise, le FMI n'aurait pas dû soutenir financièrement le pays, sachant pertinemment que ces<br />

plans n'aboutiraient pas. Ici, la principale critique faite au Fonds est que ses équipes n'aient pas prévu d'alternatives à<br />

leur plan si leurs premières prescriptions n'étaient pas efficaces.<br />

Plus loin, et <strong>de</strong> manière plus originale, le rapport épingle la circulation et la prise en compte <strong>de</strong>s informations<br />

entre le conseil d'administration, la direction et les multiples services du FMI. Pour les auteurs, cela soulève un<br />

problème plus large sur le fonctionnement du FMI où "les décisions importantes sont prises par les principaux<br />

actionnaires en <strong>de</strong>hors du Conseil d'administration et les représentants <strong>de</strong>s pays en développement ne peuvent que<br />

difficilement, voir jamais, modifier un projet présenté au Conseil d'administration par la direction pour soutenir un<br />

pays membre".<br />

Le travail du BIE, même s'il n'émet que <strong>de</strong>s recomman<strong>da</strong>tions, est plus critique que les précé<strong>de</strong>nts rapports du<br />

FMI sur le sujet (3). Et s'il participe indéniablement à l'évolution <strong>de</strong> l'institution vers plus <strong>de</strong> transparence et <strong>de</strong><br />

démocratie, il n'en reste pas moins qu'il ne va pas suffisamment loin <strong>da</strong>ns son analyse et ses conclusions. En effet, le<br />

rôle du FMI en Argentine pose <strong>de</strong>s questions qui vont au-<strong>de</strong>là <strong>de</strong> considérations sur les capacités <strong>de</strong> surveillance et<br />

le fonctionnement <strong>de</strong> l'institution : c'est son man<strong>da</strong>t même que cet épiso<strong>de</strong> tragique remet en cause. Le soutien sans<br />

condition à Carlos Menem (4), et la mise en place dès les premiers "plan <strong>de</strong> sauvetage" en 2000 <strong>de</strong> mesures visant à<br />

déréguler les secteurs qui avaient échappé à la politique ultra-libérale du gouvernement argentin (les "médicaments<br />

plus forts" ont finalement été administrés), démontrent son obstination à imposer un modèle unique basé sur une<br />

fonction minimale <strong>de</strong> l'Etat, la dérégulation <strong>de</strong>s marchés, les privatisations… Une vision du mon<strong>de</strong> qui apparaît bien<br />

dogmatique pour une institution à vocation universelle et qui aurait mérité que le rapport du BIE s'y intéresse<br />

sérieusement.<br />

Ce serait néanmoins une erreur <strong>de</strong> faire du FMI un "bouc émissaire". Un rapport <strong>de</strong> mission <strong>de</strong> la Fédération<br />

internationale <strong>de</strong>s droits <strong>de</strong> l'homme nous rappelle que la faillite <strong>de</strong> l'Argentine est "non seulement économique,<br />

mais également institutionnelle, sociale et politique" (6). Et comme le dénonce le cinéaste argentin Fernando<br />

Solanas <strong>da</strong>ns son <strong>de</strong>rnier documentaire "Mémoire d'un saccage" : la crise argentine est "un trajet ininterrompu <strong>de</strong><br />

vingt-cinq ans, qui débute par la dictature militaire <strong>de</strong> Vi<strong>de</strong>la en 1976, passe par <strong>de</strong>s démocraties néolibérales et se<br />

termine par la rébellion populaire <strong>de</strong> décembre 2001 et la chute du gouvernement <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> la Rúa. Le pays a<br />

été pillé. Au nom <strong>de</strong> la mondialisation et du libre-échange, les recettes socio-économiques <strong>de</strong>s organismes financiers<br />

internationaux ont abouti à un génoci<strong>de</strong> social et au pillage financier complet du pays." Il poursuit : " nos<br />

gouvernements, celui <strong>de</strong> Carlos Menem (1989-1999) ou celui <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> la Rúa (1999-2001), sont<br />

responsables, mais le Fonds monétaire international, la Banque mondiale et les pays qui y font la loi le sont tout<br />

autant ". On ne peut être plus clair.<br />

- 15 -


- 16 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

1 - Lire la déclaration du Directeur du FMI 2 - Loi <strong>de</strong> convertibilité instauré en 1991 établit une parité entre le dollar<br />

et le peso + politique monétaire stricte 3 - Voir notamment : "Lessons from the Crisis in Argentina", FMI, octobre 2003 4<br />

- Prési<strong>de</strong>nt Argentin <strong>de</strong> 1989 à 1999 5 - Voir : Yves Tavernier, Assemblée nationale, Commission <strong>de</strong>s finances : "Rapport<br />

d'information sur les activités et le contrôle du Fonds monétaire international et <strong>de</strong> la Banque mondiale", n°2801,<br />

décembre 2001 6 - "Argentine : un peuple sinistré, une politique criminelle, <strong>de</strong>s responsabilités plurielles", FIDH, 2003<br />

Sébastien Fourmy Agir<br />

PRESS CONFERENCE OF<br />

MICHEL CAMDESSUS,<br />

MANAGING DIRECTOR INTERNATIONAL MONETARY FUND<br />

October 1, 1998, 9:00 a.m.<br />

IMF Meeting Hall<br />

Washington, D.C.<br />

MR. ANJARIA: Good morning, ladies and gentlemen. Welcome to the press conference of the Managing Director of<br />

the International Monetary Fund, Mr. Michel Cam<strong>de</strong>ssus. The First Deputy Managing Director, Mr. Fischer, had an early<br />

appointment, and he will join us in a few minutes, I am sure. The press conference is un<strong>de</strong>r embargo until 15 minutes after<br />

the conclusion of the press conference. We have simultaneous interpretation. Now we would like to begin.<br />

MR. CAMDESSUS: To keep with tradition, I will start by giving you the agen<strong>da</strong> of the Interim Committee meeting<br />

next Sun<strong>da</strong>y, particularly as it gives you an i<strong>de</strong>a of what are the themes on which we will be working during this week.<br />

As usual, we will start by discussing the world economic outlook, on which yester<strong>da</strong>y you had a statement and comments<br />

by Mr. Mussa. We invite the Ministers to focus on the problems and challenges in the world economy and international<br />

capital markets and on the policy responses to the recent crisis. And, of course, I hope we will get gui<strong>da</strong>nce for action in<br />

the future.<br />

The second main item will be the discussion of what can be done to strengthen the architecture of the international<br />

monetary system. You know that work is advancing in this domain. But in all the issues I will list for you we need<br />

gui<strong>da</strong>nce from Governors to proceed. I hope that this meeting will be extremely fruitful in helping us to speed up the<br />

process of strengthening the architecture of the international monetary system.<br />

We have three main themes un<strong>de</strong>r this heading. First, the strengthening of the financial system itself and the or<strong>de</strong>rly<br />

liberalization of capital movements. Second, the strengthening of Fund surveillance and the functioning of the markets.<br />

Here you have all these topics you are very familiar with already--namely, transparency, establishment of international<br />

stan<strong>da</strong>rds, <strong>da</strong>ta availability, dissemination, and provision of <strong>da</strong>ta to the Fund, which in turn helps the Fund to be more<br />

effective in its own surveillance. A third topic of importance is the involvement of the private sector in forestalling and<br />

resolving financial crises. I believe that with these two discussions on WEO and strengthening the architecture you have<br />

truly the heart of the discussions to be expected.<br />

On other issues, due in particular to the lack of time, I will only report to the Interim Committee and try to obtain<br />

quickly a gui<strong>da</strong>nce of orientation, but I do not expect broad discussions. These issues on which I will report are the Fund's<br />

liquidity situation, the quota increase, the New Arrangements to Borrow, SDR amendments, and then ESAF and the HIPC<br />

initiative (their implementation, the financing, the lessons from recent evaluations and review) and the post-conflict<br />

assistance. Then we will report on our constant but intensified efforts with the World Bank to strengthen our collaboration<br />

and to a<strong>da</strong>pt it to our ongoing work. Then we will have a brief discussion on the new situation, institutionally speaking,<br />

created by the starting of the European Monetary Union. There are a few operational issues which will have to be<br />

addressed and for which it will be good for us to hear the reactions and suggestions of our members.<br />

You see, it is quite a heavy menu, but the situation certainly calls for that, and I must tell you that I look forward to<br />

these discussions and to the gui<strong>da</strong>nce that the membership will give us in continuing our work to bring the world to a<br />

safer pace of high-quality growth. I will not add anything more now. I would prefer to answer your questions.<br />

QUESTION: Presi<strong>de</strong>nt Menem is coming next week to speak to the IMF. The first question I would like to know<br />

is if this means that the IMF consi<strong>de</strong>rs Argentina a leading case. Second, if it is a leading case, how do you see the<br />

relationship with Brazil and, if Brazil has problems, the vulnerability of Argentina?<br />

MR. CAMDESSUS: Your information is correct. I can confirm that I have been informed of the intention of<br />

Presi<strong>de</strong>nt Menem to attend these Annual Meetings. I warmly welcome this <strong>de</strong>cision. I look forward to hearing from<br />

him in his address to the Annual Meetings about the recent experience of Argentina and Latin America and the<br />

lessons he draws for the very important issues these meetings will address. So we will hear from him.


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

It is true that in many respects the experience of Argentina in recent years has been exemplary, including in<br />

particular the adoption of the proper strategy at the beginning of the 1990s and the very courageous a<strong>da</strong>ptation of it<br />

when the tequila crisis put the overall subcontinent at risk of major turmoil. It is noteworthy that Argentina was<br />

probably the first in reacting by immediately strengthening its policy stance and, in particular, pushing ahead with<br />

banking sector reform, which of course turned out afterward to be one of the main elements of trouble in other parts<br />

of the world. Notable, too, are the efforts of Argentina since that time to continue its excellent compliance with the<br />

performance criteria un<strong>de</strong>r our arrangements and much progress in implementation of the structural reforms.<br />

So, clearly, Argentina has a story to tell the world: a story which is about the importance of fiscal discipline, of<br />

structural change, and of monetary policy rigorously maintained. Of course, in the case of Argentina, in the<br />

framework of its convertibility plan, the basic principle that you cannot solve problems by relaxation of monetary<br />

discipline has <strong>de</strong>monstrated its virtues.<br />

On the relations with Brazil as a problem or a blessing for Argentina, you have neighbors and it is good to have<br />

neighbors in good shape. During the last few years, the intensification of the tra<strong>de</strong> and financial relationship<br />

between Argentina and Brazil in the very successful framework of MERCOSUR has been a blessing for the two<br />

countries. Now, of course, the two countries together are exposed to the turbulences of the market. If one or the<br />

other were to have an acci<strong>de</strong>nt, the other would suffer. Possibly, Argentina could suffer more as there is a certain<br />

asymmetry in the size of the countries, but what I can tell you is that I am mindful of the efforts of Brazil to avoid<br />

the acci<strong>de</strong>nt, and so I am reassured about the prospects for Argentina.<br />

QUESTION: In light of the turbulence of the market, Mr. Cam<strong>de</strong>ssus, I won<strong>de</strong>r how do you see, first of all, the<br />

efforts of Venezuela to resist the pressure to <strong>de</strong>valuate its currency.<br />

Second, you are going to meet with the Ministers of Venezuela tomorrow. What is the purpose of this meeting?<br />

Third, I won<strong>de</strong>r if you are going to continue the conversations that you had with the countries, the emerging<br />

markets, of Latin America--the dialogue that you initiated last month.<br />

MR. CAMDESSUS: Let me start with the last question, which is straightforward. Of course we will continue our<br />

conversation with the Latin American countries. It is <strong>da</strong>ily bread for us to have conversations with all our members.<br />

What is particularly important in the case of Latin America is that we have established a framework of regional<br />

surveillance with them which has been extremely successful on this occasion as it has prompted the peer pressure<br />

among members pushing mutually to obtain a better individual and collective reaction to the crisis--a collective<br />

reaction which is particularly remarkable in as much as it has not at all been focused on trying to find external<br />

financing or establishing protections or artificial systems of monitoring the economies, but which has focused on<br />

how to speed up reforms and a<strong>da</strong>pt the monetary or fiscal stance to establish an economic stance in each country<br />

which could convince the markets to differentiate better and to see better the progress already accomplished by<br />

these countries to protect themselves against these kinds of turbulences.<br />

Now, I take question number two: what is the purpose of the meeting tomorrow with the Venezuelan authorities?<br />

I will meet I do not know how many <strong>de</strong>legations during the next eight <strong>da</strong>ys. With the Venezuelan <strong>de</strong>legation, there<br />

is something very special. In view of the continuous efforts of the government to associate enterprises, bankers, and<br />

labor unions in the <strong>de</strong>finition of its policies in or<strong>de</strong>r to create wi<strong>de</strong>r support and un<strong>de</strong>rstanding for these policies, the<br />

members of the government and the central bank will be accompanied by representatives of industry, of the bankers<br />

association, and of the labor unions. This will provi<strong>de</strong> us with an extremely interesting occasion for assessing the<br />

situation and trying to see what should be the further progress in a medium-term perspective.<br />

On the present situation of the Venezuelan economy, of course, Venezuela has suffered a major shock, with a<br />

sharp <strong>de</strong>cline in oil export prices, which are now more or less 35 percent below their level of last year, and that at a<br />

moment of political uncertainty in the run up to congressional and presi<strong>de</strong>ntial elections. This has been accompanied<br />

by pressures on the financial and exchange markets and, in<strong>de</strong>ed, a substantial increase in interest rates. Of course,<br />

we are concerned, and all the Latin American countries have expressed concern about the situation. But we are<br />

encouraged by the measures the authorities have taken. They have adjusted the budget, something very difficult to<br />

do in times of preparation for elections, by reducing expenditures further beyond initial spending cuts at the<br />

beginning of the year. At the same time, the central bank has allowed a further <strong>de</strong>preciation of the currency and has<br />

allowed interest rates to go up. All of that has allowed the country to resist well. The country has maintained an<br />

appreciable level of exchange reserves, and this, I think, affords the basis for continuing with all of the agen<strong>da</strong> for<br />

structural reform, which is still there. But I would not like to convey the impression that they have stopped the<br />

structural adjustment during these last difficult months. I particularly value the fact that they have been able to<br />

obtain by the parliament the vote of an oil stabilization fund and several other measures which should contribute to<br />

prepare for a better future.<br />

- 17 -


- 18 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Excertos Excertos <strong>da</strong> <strong>da</strong> entrevista entrevista entrevista <strong>de</strong> <strong>de</strong> Ernesto Ernesto Tenembaum Tenembaum a a Claudio Claudio Loser, Loser, Director Director do do FMI FMI para para a a América América<br />

Latina<br />

Latina<br />

(extraídos do livro Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI)<br />

O mo<strong>de</strong>lo que nós utilizámos na Argentina resulta <strong>de</strong> um consensus internacional.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

Para nós, o <strong>de</strong>semprego não constitui, enquanto tal, um problema... O <strong>de</strong>semprego era consi<strong>de</strong>rado um mal<br />

passageiro que se curaria sozinho.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

De facto, é exacto que não existe nenhuma preocupação social no Consensus <strong>de</strong> Washington. Hoje, isto está<br />

em vias <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r, mas estávamos convencidos há quinze anos <strong>da</strong> inutili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma tal preocupação.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

[A propósito <strong>da</strong> reforma do mercado trabalho:] esta medi<strong>da</strong> foi um dos pontos centrais <strong>da</strong>s reformas<br />

estruturais que exigia o FMI. Um ponto que era consi<strong>de</strong>rado como uma prova importante do caminho para a<br />

mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>, e era por isso que o FMI fez pressão sobre o governo para a adoptar. Esta reforma foi<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como uma vitória, mesmo se ela se transformou, em segui<strong>da</strong>, num escân<strong>da</strong>lo.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

[A propósito <strong>da</strong> reforma do mercado trabalho:] na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> dois mundos coexistiam. De um lado, o <strong>da</strong>s<br />

PMEs e, do outro, o <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s empresas que podiam eventualmente vir a investir na Argentina e que<br />

estavam obceca<strong>da</strong>s pela i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> violarem as leis sociais. A rigi<strong>de</strong>z do mercado <strong>de</strong> trabalho era contraprodutiva<br />

se se queria atraí-las.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

Pergunta <strong>de</strong> Ernesto Tenembaum: A terceira medi<strong>da</strong> do novo governo foi a baixa <strong>de</strong> 13% dos salários<br />

nominais.Fez alguma pressão para isso?<br />

Resposta <strong>de</strong> Claudio Loser: Foi uma i<strong>de</strong>ia que nós apoiámos. Tecnicamente a baixa <strong>de</strong> salários têm um<br />

sentido: ela constitui uma alternativa à <strong>de</strong>svalorização.<br />

Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

Eu sei muito bem que a partir <strong>da</strong> meta<strong>de</strong> do século passado os americanos viram limitar-se drasticamente a<br />

sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> em enviarem marines para estabilizarem os países. E muitas <strong>da</strong>s vezes eu senti que o FMI<br />

preenchia esse papel: por outras vias, com melhores intenções, mas preenchia este papel. Isto é tão velho como<br />

o nosso mundo e <strong>de</strong>ve estar na sua natureza que os mais fortes dominam os mais fracos.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

O FMI aplicou a atitu<strong>de</strong> dos três macacos face à Argentina: não ver na<strong>da</strong>, não escutar na<strong>da</strong>, não dizer na<strong>da</strong>.<br />

E o FMI não viu na<strong>da</strong>.<br />

Michael Mussa, citado por Ernesto Tenembaum, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

A Argentina, mais do que qualquer outro país em <strong>de</strong>senvolvimento acreditou nas promessas do<br />

neoliberalismo promovido pelos Estados Unidos.<br />

Paul Krugman, citado por Ernesto Tenembaum, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

Os funcionários do FMI proce<strong>de</strong>ram como os médicos <strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média que sangravam os seus doentes e<br />

continuavam a fazê-lo apesar do seu estado piorar – os funcionários prescreviam ain<strong>da</strong> e sempre austeri<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

até ao fim.<br />

Paul Krugman, citado por Ernesto Tenembaum, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

As pessoas que levaram a Argentina a optar por políticas <strong>de</strong>sastrosas estão a reescrever a história e a<br />

culpabilizarem as sua vítimas.<br />

Paul Krugman, citado por Ernesto Tenembaum, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

O que é que a Argentina ganhou em trinta anos <strong>de</strong> integração no mundo financeiro internacional? A<br />

resposta não é evi<strong>de</strong>nte. Estamos <strong>de</strong> acordo que esta escolha não lhe foi muito proveitosa. O que é que se quer<br />

dizer com esta frase? No <strong>de</strong>correr dos anos 70 foi feito um gran<strong>de</strong> assalto à Argentina.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

Eu aceito que o FMI muitas vezes não teve a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> política necessária para compreen<strong>de</strong>r o que se<br />

passava nos países em que intervinha.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

Aos nossos olhos, nós, os liberais, a flutuação do dólar foi sempre mais importante que a flutuação dos<br />

cadáveres no rio.<br />

Politólogo Mariano Grondona, citado por Ernesto Tenembaum, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

A Argentina era, na época, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como exemplo pelo menos pelos círculos financeiros<br />

internacionais. Era um caso concreto que o director-geral do FMI podia apresentar como um sucesso.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

O director-geral do FMI –como os círculos políticos e financeiros internacionais -escolheram legitimar<br />

Menem, ou serem legitimados por Menem, o que quer dizer a mesma coisa. Nesse momento preciso Menem<br />

era não somente o homem que conduzia a Argentina ao <strong>de</strong>sastre, mas era, além disso, um dos dirigentes mais<br />

corrompidos do mundo.<br />

Ernesto Tenembaum, Enemigos: confessions d’un homme clé du FM<br />

Nós tinhamos muito pouco a ver com o programa <strong>de</strong> privatizações <strong>de</strong> Menem. Eu sei que elas estavam sujas<br />

<strong>de</strong> corrupção e conduziram a situações <strong>de</strong> monopólio<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

No fundo no FMI <strong>da</strong>va-se muita atenção ao dogma e muito pouco à forma <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r. A partir do<br />

momento em que os critérios i<strong>de</strong>ológicos fossem respeitados mais ninguém se preocupava com aplicação<br />

concreta <strong>de</strong>ssas medi<strong>da</strong>s. Era um clima que reinava não só em Washington, mas também naqueles a que se<br />

chama economistas “neo-liberais”.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

No <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> história houve sempre gente corrompi<strong>da</strong>, movimentos precipitados e erros <strong>de</strong> julgamento<br />

foram cometidos. Mas estes acontecimentos não eram obrigatoriamente dramáticos. O que é dramático, pelo<br />

contrário, é talvez esta preserverança no erro <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s políticas e esta vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sespera<strong>da</strong> <strong>da</strong>s outras<br />

nações <strong>de</strong> não quererem <strong>de</strong>ixar um país afun<strong>da</strong>r-se no caos.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

29 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2004<br />

A Argentina começou a receber um tratamento totalmente distinto do que era aplicado aos outros países e a<br />

ela própria até então. A abor<strong>da</strong>gem lógica teria sido a <strong>de</strong> acompanhar a Argentina para que este país pu<strong>de</strong>sse<br />

pôr em prática reformas necessárias à normalização <strong>da</strong> situação. Mas o FMI <strong>de</strong>cidiu uma lista <strong>de</strong> reformas<br />

extremamente severas que a Argentina <strong>de</strong>veria aplicar mesmo antes <strong>da</strong>s negociações se reiniciarem.Mas a<br />

rigi<strong>de</strong>z era enorme.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

Eu creio que o presi<strong>de</strong>nte do FMI é um homem <strong>de</strong> religião e possui uma visão muito moral. Estava<br />

convencido que a Argentina <strong>de</strong>via fazer a sua mea culpa e sofrer pelos pecados que tinha cometido.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

- 19 -


- 20 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

4 e 5 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2004<br />

Pergunta <strong>de</strong> Ernesto Tenembaum: Ou me engano ou será que você saú<strong>da</strong> a segun<strong>da</strong> cessação do pagamento<br />

<strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> em Novembro <strong>de</strong> 2002?<br />

Resposta <strong>de</strong> Claudio Loser: É uma <strong>de</strong>cisão difícil, mas correcta. O governo tomou a <strong>de</strong>cisão a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>.Foi<br />

inteligente.<br />

Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

Pergunta <strong>de</strong> Ernesto Tenembaum: Concretamente, será que o axioma segundo o qual o não pagamento <strong>de</strong><br />

um país provoca o seu isolamento internacional <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> funcionar?<br />

Resposta <strong>de</strong> Claudio Loser: É muito complexo estabelecer axiomas. A cessação <strong>de</strong> pagamento <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> em<br />

Dezembro <strong>de</strong> 2001 foi uma tragédia. A <strong>de</strong> 2002 constituiu uma etapa no meio <strong>de</strong> uma negociação. Nenhuma<br />

pessoa séria po<strong>de</strong> sustentar que a Argentina não tenha o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os seus interesses numa negociação<br />

com o FMI.<br />

Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

Tomemos como hipótese a pior <strong>da</strong>s alternativas: o FMI é a máfia, ou a expressão <strong>da</strong> máfia encarna<strong>da</strong> pela<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional. A reacção e a estratégia a adoptar <strong>de</strong>vem ser mais inteligentes ain<strong>da</strong>. E esta política<br />

é <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos dirigentes locais, ninguém lha vai servir numa ban<strong>de</strong>ja.<br />

Claudio Loser, Enemigos: confessions d’un homme clé du FMI<br />

3 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2006<br />

A Argentina liquidou por antecipação a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua dívi<strong>da</strong> para com o FMI. Para o efeito o governo<br />

argentino teve que se endivi<strong>da</strong>r junto do sector privado.<br />

Texto traduzido pelos docentes <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> Internacional: Professor Doutor Júlio Mota; Professora Doutora<br />

Margari<strong>da</strong> Antunes; Professor Doutor Luís Peres Lopes


Parte II<br />

Argentina: Un Pueblo Herido


- 22 -<br />

Argentine Argentine :<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

un un peuple peuple sinistre, sinistre, une une politique politique criminelle, criminelle, <strong>de</strong>s <strong>de</strong>s responsabilités responsabilités plurielles<br />

La Fédération Internationale <strong>de</strong>s ligues <strong>de</strong>s Droits <strong>de</strong> l’Homme (FIDH) et Droits et Démocratie, ont<br />

effectué du 28 février au 11 mars 2002, une mission internationale d’enquête conjointe sur la situation <strong>de</strong>s<br />

droits <strong>de</strong> l’Homme en Argentine, ayant en particulier pour objet d’examiner les conséquences <strong>de</strong>s<br />

violations <strong>de</strong>s droits économiques et sociaux sur la jouissance <strong>de</strong>s droits civils et politiques, la FIDH<br />

n’ayant eu <strong>de</strong> cesse <strong>de</strong>puis 1934, <strong>de</strong> rappeler et d’affirmer l’indivisibilité <strong>de</strong> ces <strong>de</strong>ux catégories <strong>de</strong> droits.<br />

Cette mission a été réalisée à la <strong>de</strong>man<strong>de</strong> et avec la collaboration <strong>de</strong>s associations argentines membres <strong>de</strong><br />

la FIDH : le Comité d’Action Juridique (CAJ), la Ligue Argentine <strong>de</strong>s Droits <strong>de</strong> Homme (LADH) et le<br />

Centre d’Étu<strong>de</strong>s Légales et Sociales (CELS ). La mission était composée <strong>de</strong> : Yasmine Shamsie,<br />

spécialiste canadienne en économie politique et développement, Clau<strong>de</strong> Katz, secrétaire-général <strong>de</strong> la<br />

FIDH, Luis Guillermo Pérez Casas, membre du Groupe d’avocats, José Alvear Restrepo <strong>de</strong> Colombie et<br />

secrétaire général adjoint la FIDH et Pierre Salama, économiste français, professeur agrégé <strong>de</strong>s<br />

universités. En premier lieu, la mission souhaite souligner que <strong>de</strong>s <strong>de</strong>man<strong>de</strong>s formelles et officielles ont<br />

été adressées aux autorités gouvernementales, et ce en temps voulu. Cepen<strong>da</strong>nt, les seules autorités ayant<br />

répondu positivement furent : le vice-premier ministre Juan Pablo Cafiero et le secrétaire d’état au travail<br />

Carlos Toma<strong>da</strong>. En outre, la seule réponse reçue <strong>de</strong> la part du Secrétariat national aux droits <strong>de</strong> l’Homme,<br />

précisait que le Secrétaire ne serait pas <strong>de</strong> retour au pays avant le 15 mars, c’est-à-dire, après la<br />

conclusion <strong>de</strong> cette mission. La mission regrette cette situation, mais considère que les nombreuses<br />

rencontres avec les principaux acteurs <strong>de</strong> la société civile, qui jouent un rôle essentiel <strong>da</strong>ns la situation<br />

argentine, ont permis d’obtenir une photographie précise et très complète <strong>de</strong>s dimensions <strong>de</strong> la crise que<br />

vit ce pays. En Argentine, durant ces <strong>de</strong>rnières années, plus <strong>de</strong> 2.800 habitants ont été traduits <strong>de</strong>vant la<br />

justice pour avoir pris part à <strong>de</strong>s manifestations d’opposition à la politique économique <strong>de</strong> l’Etat,<br />

démontrant ainsi une criminalisation <strong>de</strong> la protestation sociale. C’est la raison pour laquelle, outre son<br />

activité <strong>da</strong>ns la ville <strong>de</strong> Buenos Aires, les membres <strong>de</strong> la mission se sont rendus <strong>da</strong>ns la province <strong>de</strong><br />

Neuquén, (à 1.200 kilomètres <strong>de</strong> la capitale), où on enregistre le taux le plus élevé quant à ce phénomène<br />

(500 accusés). La mission s’est entretenue avec les autorités judiciaires, les organisations locales <strong>de</strong> droits<br />

<strong>de</strong> l’Homme et <strong>de</strong> nombreuses victimes <strong>de</strong> cette politique <strong>de</strong> répression. De même, la mission s’est rendue<br />

<strong>da</strong>ns la ville <strong>de</strong> Plata ( à 60 kilomètres <strong>de</strong> la capitale), afin <strong>de</strong> s’entretenir avec le secrétaire aux Droits <strong>de</strong><br />

l’Homme <strong>de</strong> la province <strong>de</strong> Buenos Aires, ainsi qu’avec la prési<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> la cour d’appel, pour réclamer,<br />

notamment, la libération du dirigeant syndical Emilio Alí, con<strong>da</strong>mné à 5 ans et <strong>de</strong>mi <strong>de</strong> prison, pour avoir<br />

dirigé une manifestation <strong>de</strong> chômeurs, qui sollicitaient <strong>de</strong> la nourriture. Ultérieurement, la mission s’est<br />

rendue à la Prison <strong>de</strong> Gorina où elle a pu rencontrer Emilio Alí. La mission, considère que ces démarches<br />

auprès du Tribunal et <strong>de</strong>s autorités gouvernementales ont contribué à obtenir la libération d’Ali, peu après<br />

son départ d’Argentine. La sentence a ainsi reconnu - <strong>da</strong>ns sa partie essentielle - que les manifestations <strong>de</strong><br />

protestation sociale ne constituent aucunement une infraction. Durant ses entrevues avec les autorités<br />

judiciaires et politiques, la mission a rappelé la nécessité d’appliquer les traités internationaux ratifiés par<br />

l’Argentine, qui interdisent <strong>de</strong> criminaliser la protestation sociale. La mission a par ailleurs assisté à <strong>de</strong>s<br />

assemblées <strong>de</strong> quartiers (" barriales ") <strong>da</strong>ns la capitale et à <strong>de</strong>s assemblées <strong>de</strong> chômeurs <strong>da</strong>ns les faubourgs<br />

<strong>de</strong> Buenos Aires. La mission a réalisé plusieurs entretiens avec les autorités judiciaires qui mènent<br />

l’enquête sur les événements tragiques, survenus les 19 et 20 décembre 2001, qui ont abouti à la chute du<br />

gouvernement <strong>de</strong> l’ancien Prési<strong>de</strong>nt <strong>de</strong> la Rúa, confirmant la ten<strong>da</strong>nce à l’utilisation <strong>de</strong> la violence<br />

physique et <strong>de</strong> menaces menées par les groupes policiers ou para-politiques. La mission souhaite<br />

témoigner du haut <strong>de</strong>gré <strong>de</strong> collaboration et <strong>de</strong> participation démontrée par tous les secteurs et<br />

personnalités rencontrés en Argentine afin <strong>de</strong> permettre son bon accomplissement.


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

L'échec L'échec du du FMI, FMI, pompier pompier pyromane pyromane pour pour <strong>de</strong>s <strong>de</strong>s pays pays en en difficulté<br />

difficulté<br />

Article paru <strong>da</strong>ns l'édition du 14.08.02<br />

Les programmes imposés par le Fonds aux Etats en crise ont parfois aggravé la situation,<br />

jusqu'à provoquer un désastre. «Indonésie, Thaïlan<strong>de</strong>, Corée, Russie, Brésil et Argentine : six<br />

échecs en moins <strong>de</strong> six ans», dénonce l'ex-vice-prési<strong>de</strong>nt <strong>de</strong> la Banque mondiale, Joseph Stiglitz<br />

La politique du FMI n'est pas une panacée pour les économies en difficulté. L'Argentine, le Brésil<br />

et l'Uruguay viennent d'en faire la preuve. En argentine, la population, qui gère la misère au<br />

quotidien, rejette catégoriquement les mesures <strong>de</strong> rigueur du Fonds qui ont plongé le pays <strong>da</strong>ns un<br />

désastre économique et social; le respect <strong>de</strong> l'orthodoxie économique n'a pas évité la crise financière<br />

au brésil; quant à l' uruguay, son système bancaire a implosé. Rétrospectivement, l'Indonésie regrette<br />

<strong>de</strong> s'être résolue à accepter l'intervention <strong>de</strong> l'institution internationale avec la crise <strong>de</strong> 1998: les<br />

critiques se multiplient au sein <strong>de</strong> l'Assemblée consultative du peuple. Toutefois, par réalisme, la<br />

prési<strong>de</strong>nte Megawati Sukarnoputri veut conduire à son terme, fin 2003, l'actuel programme<br />

d'ajustement avec le Fonds.<br />

Quand neuf patients sur dix soignés par un même mé<strong>de</strong>cin meurent, il est clair que le mé<strong>de</strong>cin ne sait<br />

pas ce qu'il fait. Ainsi parle Joseph Stiglitz, Prix nobel 2001 d'économie. Dans son livre, La Gran<strong>de</strong><br />

Désillusion, l'ex-vice-prési<strong>de</strong>nt <strong>de</strong> la Banque mondiale, nouveau héraut <strong>de</strong>s pourfen<strong>de</strong>urs <strong>de</strong> la<br />

doctrine libérale que le FMI impose aux pays en difficulté, ne cesse <strong>de</strong> dénoncer les erreurs <strong>de</strong><br />

l'institution «<strong>da</strong>ns tous les domaines où elle est intervenue»: le développement, la gestion <strong>de</strong>s crises et<br />

la transition du communisme au capitalisme.<br />

A la lumière du tremblement <strong>de</strong> terre financier en Amérique latine, il est difficile <strong>de</strong> lui donner<br />

totalement tort. Trois pays du cône sud, l'Argentine, le Brésil et l'Uruguay, dont le Fonds a longtemps<br />

chanté les louanges, sont sur le point <strong>de</strong> jouer un remake <strong>de</strong> la crise <strong>de</strong> la <strong>de</strong>tte qui, partie d'Argentine<br />

en 1982, avait entraîné la défaillance successive du Brésil et du Pérou. Les politiques macroéconomiques<br />

menées sous la houlette <strong>de</strong>s institutions <strong>de</strong> Bretton Woods ont plongé l'Argentine <strong>da</strong>ns<br />

un désastre économique et social, même l'incurie <strong>de</strong> sa classe politique a sa part <strong>de</strong> responsabilité. Le<br />

programme signé avec l'Uruguay n'a pas évité l'implosion du système bancaire et l'effondrement du<br />

pays qui connaît sa quatrième année <strong>de</strong> récession. La stricte observance d'une orthodoxie économique<br />

n'a pas épargné au Brésil <strong>de</strong> graves turbulences financières. Dans le même temps, la pauvreté gagne<br />

du terrain. Elle touche 44 % <strong>de</strong> la population latino-américaine. En dix ans, le nombre <strong>de</strong> chômeurs a<br />

doublé.<br />

Il ne faut pas chercher loin pour trouver <strong>de</strong>s exemples <strong>de</strong>s mauvais dosages prescrits par le FMI.<br />

En 1997 et 1998, non seulement l'institution n'a pas su déceler les signes avant-coureurs d'une crise<br />

en Asie, mais, une fois la maladie déclarée, les potions administrées par les «bons docteurs» <strong>de</strong> la 19e<br />

Rue à Washington ont non seulement aggravé la situation mais ont fait basculer, en Thaïlan<strong>de</strong>, en<br />

Indonésie et en Corée, <strong>de</strong>s millions <strong>de</strong> personnes <strong>da</strong>ns le chômage et la pauvreté. Seule la Malaisie a<br />

résisté à la vague, grâce à son premier ministre, le Dr Mahattir, qui a refusé <strong>de</strong> se plier aux exigences<br />

du gen<strong>da</strong>rme du mon<strong>de</strong>. Sans pitié, Joe Stiglitz rappelle ce pieux bilan : « Indonésie, Thaïlan<strong>de</strong>,<br />

Corée, Russie, Brésil et Argentine : six échecs en moins <strong>de</strong> six ans, c'est beaucoup. »<br />

Critiqué pour avoir imposé aux pays en crise <strong>de</strong>s remè<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cheval, Michel Cam<strong>de</strong>ssus, qui a<br />

régné pen<strong>da</strong>nt treize ans (jusqu'en 2000) sur le FMI, a souvent répondu que, s'il existait d'autres<br />

solutions, il serait le premier à les adopter, mais qu'aucune, pour l'instant, n'avait fait ses preuves.<br />

Son successeur allemand, Horst Köhler, semble faire le même constat, et l'arrivée au pouvoir <strong>de</strong>s<br />

républicains aux Etats-Unis n'a fait que durcir les positions <strong>de</strong> l'administrateur américain, dont la voix<br />

est prépondérante au conseil du FMI.<br />

- 23 -


- 24 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Tout en coopérant plus étroitement avec la Banque mondiale pour mieux prendre en compte les<br />

conséquences sociales <strong>de</strong>s programmes d'austérité qu'il impose en contrepartie <strong>de</strong> ses prêts, le Fonds<br />

n'a pas vraiment pris ses distances avec le « consensus <strong>de</strong> Washington » et exige toujours la<br />

libéralisation <strong>de</strong>s marchés, la réduction <strong>de</strong>s déficits budgétaires, la diminution <strong>de</strong>s fonctionnaires, la<br />

vente <strong>de</strong>s entreprises publiques, l'assainissement <strong>de</strong>s secteurs bancaires... «sans calculer l'impact que<br />

ces mesures auront sur la pauvreté ou le chômage et en se concentrant sur les conséquences<br />

budgétaires ou les risques inflationniste », souligne M. Stiglitz.<br />

Fin 2001, <strong>da</strong>ns le droit fil du discours <strong>de</strong>s Républicains, qui voulaient rompre avec la pratique <strong>de</strong>s<br />

grands plans <strong>de</strong> sauvetage <strong>de</strong> la précé<strong>de</strong>nte administration, et cesser ce qu'ils considéraient comme un<br />

gaspillage <strong>de</strong> l'argent <strong>de</strong>s contribuables, le Fonds a coupé brutalement le robinet à l'Argentine. Ce<br />

faisant, il a mal évalué que la lente agonie <strong>de</strong> l'Argentine finirait par se répercuter sur ses pays<br />

voisins, en raison notamment <strong>de</strong>s liens commerciaux entre le Brésil et l'Uruguay au sein du Mercosur.<br />

Cette erreur <strong>de</strong> diagnostic l'a conduit, sous la presssion américaine, à opérer un virage à 180 <strong>de</strong>grés.<br />

S'il tient toujours la dragée haute à l'Argentine, c'est <strong>da</strong>ns l'urgence qu'il a octroyé 1,5 milliard <strong>de</strong><br />

dollars à Montevi<strong>de</strong>o (versé <strong>da</strong>ns un premier temps directement par le Trésor américain) et promis 30<br />

milliards <strong>de</strong> dollars au Brésil, permettant, au passage, aux investisseurs privés <strong>de</strong> sauver leur mise. Ce<br />

qui apporte <strong>de</strong> l'eau au moulin <strong>de</strong> Joe Stiglitz, qui soupçonne le FMI «<strong>de</strong> se soucier plus <strong>de</strong> l'intérêt<br />

<strong>de</strong>s marchés financiers que <strong>de</strong> la croissance <strong>de</strong>s pays qu'il ai<strong>de</strong>».<br />

Dominé par les Etats-Unis, son premier actionnaire avec 17 % <strong>de</strong>s droits <strong>de</strong> vote, équivalant à un<br />

droit <strong>de</strong> veto, le Fonds et ses 2000 fonctionnaires, formés pour la plupart <strong>da</strong>ns les universités<br />

américaines, continue d'être ballotté au gré <strong>de</strong>s intérêts économiques et politiques <strong>de</strong> la Maison<br />

Blanche. La Turquie, que la position géostratégique et, plus encore, la proximité d'une intervention<br />

militaire américaine en Irak ren<strong>de</strong>nt indispensable, est ainsi <strong>de</strong>venue le premier créditeur du FMI,<br />

malgré ses piètres performances économiques.<br />

Cette situation ne changera pas tant que l'Europe, dont trois pays (la France, l'Allemagne et la<br />

Gran<strong>de</strong>-Bretagne) détiennent, ensemble, plus <strong>de</strong> 15 % <strong>de</strong>s droits <strong>de</strong> vote, ainsi que les pays en<br />

développement, ne seront pas parvenus à s'affirmer comme <strong>de</strong>s contrepoids à l'hégémonie américaine.<br />

Babette Stern<br />

Misión Misión Internacional Internacional <strong>de</strong> <strong>de</strong> Investigación<br />

Investigación<br />

FIDH FIDH: FIDH Fe<strong>de</strong>ración Internacional <strong>de</strong> los <strong>de</strong>rechos humanos<br />

Argentina<br />

Argentina: Argentina : un un un pueblo pueblo herido<br />

herido<br />

Una política criminal, responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s múltiples<br />

I. Presentació<br />

Presentación Presentació n General General <strong>de</strong> <strong>de</strong> la la Misión<br />

Misión<br />

La Fe<strong>de</strong>ración Internacional <strong>de</strong> Derechos Humanos (FIDH) y Derechos y Democracia, organización canadiense,<br />

realizaron entre los días 1 <strong>de</strong> Febrero y 11 <strong>de</strong> Marzo <strong>de</strong> 2002, una misión internacional conjunta acerca <strong>de</strong> la situación <strong>de</strong><br />

los <strong>de</strong>rechos humanos en Argentina. Dicha misión se realiza en respuesta a la <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> las asociaciones argentinas<br />

miembro <strong>de</strong> la FIDH: el Comité <strong>de</strong> Acción Jurídica (CAJ), la Liga Argentina <strong>de</strong> Derechos Humanos (LADH) y el Centro<br />

<strong>de</strong> Estudios Legales y Sociales (CELS). Durante to<strong>da</strong> la misión se contó con la valiosa colaboración <strong>de</strong> estas<br />

organizaciones.<br />

La misión abordó la situación <strong>de</strong> los <strong>de</strong>rechos civiles y políticos, así como la <strong>de</strong> los <strong>de</strong>rechos económicos sociales y<br />

culturales. Debe señalarse que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1934, la FIDH há afirmado la indivisibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> ambos tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>rechos. Los<br />

encargados <strong>de</strong> la realización <strong>de</strong> dicha misión fueron:


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Yasmine Shamsie, especialista canadiense en economia política y <strong>de</strong>sarrollo, Clau<strong>de</strong> Katz, secretario-general <strong>de</strong> la<br />

FIDH, Luis Guillermo Pérez Casas, miembro <strong>de</strong>l Colectivo <strong>de</strong> Abogados José Alvear Restrepo <strong>de</strong> Colombia y secretario<br />

general adjunto <strong>de</strong> la FIDH y Pierre Salama, economista francés.<br />

En primer lugar, la misión <strong>de</strong>sea resaltar que se realizaron pedidos formales y oficiales en tiempo suficiente a las<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s gubernamentales, pero los únicos que respondieron afirmativamente fueron: el vice- jefe <strong>de</strong> gobierno Dr. Juan<br />

Pablo Cafiero y el secretario <strong>de</strong> trabajo Dr. Carlos Toma<strong>da</strong>. Des<strong>de</strong> la Secretaría Nacional <strong>de</strong> Derechos Humanos, se nos<br />

informó <strong>de</strong> que el secretario <strong>de</strong> la enti<strong>da</strong>d no regresaba al país antes <strong>de</strong>l 15 <strong>de</strong> marzo, es <strong>de</strong>cir, luego <strong>de</strong> la conclusión <strong>de</strong> la<br />

misma. La misión lamenta esta situación, pero también consi<strong>de</strong>ra que las numerosas citas con los actores principales <strong>de</strong> la<br />

socie<strong>da</strong>d, quienes disponen <strong>de</strong> un papel esencial en la reali<strong>da</strong>d Argentina, posibilitaron obtener una a<strong>de</strong>cua<strong>da</strong> y muy<br />

completa caracterización <strong>de</strong> las dimensiones <strong>de</strong> la crisis que vive este país.<br />

En Argentina, más <strong>de</strong> 2.800 habitantes han sido procesados en los últimos años, por participar en manifestaciones <strong>de</strong><br />

oposición a la política económica <strong>de</strong>l Estado, lo que es un claro ejemplo <strong>de</strong> criminalización <strong>de</strong> la protesta social. A<strong>de</strong>más<br />

<strong>de</strong> su activi<strong>da</strong>d en la ciu<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Buenos Aires, los miembros <strong>de</strong> la misión se trasla<strong>da</strong>ron a la provincia <strong>de</strong> Neuquén (1.200<br />

kilómetros <strong>de</strong> la capital), don<strong>de</strong> se registra la más alta tasa <strong>de</strong> criminalización (500 procesados), entrevistándose con las<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Judicial, los organismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>rechos humanos locales y numerosas víctimas <strong>de</strong> esta política <strong>de</strong><br />

persecución.<br />

Asimismo, la misión se trasladó a la ciu<strong>da</strong>d <strong>de</strong> La Plata ( 60 kilómetros <strong>de</strong> la capital), con el objeto <strong>de</strong> entrevistarse<br />

con el secretario <strong>de</strong> Derechos Humanos <strong>de</strong> la provincia <strong>de</strong> Buenos Aires, así como con la presi<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong>l Tribunal <strong>de</strong><br />

Casación, para reclamar en particular, la libertad <strong>de</strong>l dirigente social Emilio Alí, con<strong>de</strong>nado a 5 años y medio <strong>de</strong> prisión<br />

por haber encabezado un pedido <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong> un grupo <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupados. Posteriormente, la misión se trasladó a la<br />

Cárcel <strong>de</strong> Gorina don<strong>de</strong> se entrevistó con el Señor Alí.<br />

La misión consi<strong>de</strong>ra que estos trámites ante el Tribunal y las autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s gubernamentales han contribuido a la<br />

obtención, poco <strong>de</strong>spués <strong>de</strong> la sali<strong>da</strong> <strong>de</strong> la misión <strong>de</strong> Argentina, <strong>de</strong> la liberación <strong>de</strong> Alí, como resultado <strong>de</strong> una sentencia<br />

que há <strong>de</strong>terminado- en su parte esencial- que los reclamos socialesno constituyen <strong>de</strong>lito alguno. En to<strong>da</strong>s sus entrevistas<br />

con las autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s judiciales y políticas, la misión planteó la necesi<strong>da</strong>d <strong>de</strong> aplicar los tratados internacionales suscritos<br />

por Argentina, que prohíben criminalizar la protesta social. Como parte <strong>de</strong> su activi<strong>da</strong>d, la misión también asistió a<br />

asambleas barriales en la Capital y a asentamientos <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupados en los suburbios <strong>de</strong> Buenos Aires.<br />

A su vez, se realizaron diversas entrevistas con las autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s judiciales que investigan lo sucedido durante los<br />

acontecimientos trágicos <strong>de</strong> los días 19 y 20 <strong>de</strong> diciembre <strong>de</strong> 2001, que culminaron com la caí<strong>da</strong> <strong>de</strong>l gobierno <strong>de</strong>l ex<br />

presi<strong>de</strong>nte De la Rua. Tales acontecimientos pusieron <strong>de</strong> manifiesto las ten<strong>de</strong>ncias que indican la actuación <strong>de</strong> grupos<br />

estatales o paraestatales, con utilización <strong>de</strong> violencia física y amenazas.<br />

La misión quiere <strong>de</strong>jar constancia <strong>de</strong>l alto grado <strong>de</strong> colaboración y participación <strong>de</strong>mostrado por todos los sectores y<br />

personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s que encontró en Argentina y quienes manifestaron una importante conciencia <strong>de</strong>mocrática así como una<br />

gran predisposición para permitirsu buena realización.<br />

II. Contexto Contexto Contexto Histórico<br />

Histórico<br />

A. Argentina: Una historia <strong>de</strong> fortunas e infortunios.<br />

El nombre <strong>de</strong> Argentina no es gratuito ya que indica las pródigas riquezas <strong>de</strong> una nación que en un momento <strong>da</strong>do <strong>de</strong><br />

su historia, por su <strong>de</strong>sarrollo agrícola y urbanístico, soñó com ser una potencia mundial. Situa<strong>da</strong> en el Cono Sur <strong>de</strong><br />

América Latina, Argentina posee una extensión <strong>de</strong> 2.766.889 Km², es <strong>de</strong>cir casi seis veces el tamaño <strong>de</strong> Francia, sin el<br />

território antártico.<br />

La Argentina, como sus vecinos su<strong>da</strong>mericanos, intenta un proceso <strong>de</strong> liberación a principios <strong>de</strong>l siglo XIX, bajo la<br />

influencia <strong>de</strong> la in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> los Estados Unidos y <strong>de</strong> la Revolución Francesa. En 1810 el Virrey fue <strong>de</strong>puesto por el<br />

pueblo <strong>de</strong> Buenos Aires, pero la in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> las Provincias Uni<strong>da</strong>s <strong>de</strong> América <strong>de</strong>l Sur (que luego serán las<br />

Provincias Uni<strong>da</strong>s <strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> la Plata), se <strong>de</strong>clara el 9 <strong>de</strong> Júlio <strong>de</strong> 1816 cuando las tropas insurgentes, dirigi<strong>da</strong>s por José <strong>de</strong><br />

San Martín y Belgrano, <strong>de</strong>rrotan <strong>de</strong>finitivamente a las fuerzas <strong>de</strong>l Imperio español. Luego la naciente nación se hundirá en<br />

luchas fratrici<strong>da</strong>s entre parti<strong>da</strong>rios <strong>de</strong>l centralismo y <strong>de</strong>lfe<strong>de</strong>ralismo.<br />

En 1829, el General Juan Manuel Rosas, un rico caudillo, se impone como gobernador <strong>de</strong> la Provincia <strong>de</strong> Buenos<br />

Aires, extendiendo su autori<strong>da</strong>d a las Provincias Uni<strong>da</strong>s, que son bautiza<strong>da</strong>s como Confe<strong>de</strong>ración Argentina. Proclamando<br />

el fe<strong>de</strong>ralismo, Rosas impone un régimen dictatorial que mantendrá hasta 1852.<br />

Rosas organiza la colonización <strong>de</strong> los llanos <strong>de</strong>l sur <strong>de</strong> Buenos Aires, las ofensivas militares se convierten en<br />

procesos <strong>de</strong> exterminación <strong>de</strong> los pueblos indígenas y la tierra se concentra en pocas manos. Por ejemplo, en 1840, 293<br />

personas poseen una superficie tres veces más gran<strong>de</strong> que el tamaño <strong>de</strong> Bélgica. Los terratenientes dominan la<br />

administración, el parlamento y el Ejército. El terror fue un elemento esencial <strong>de</strong>l sistema político instaurado por Rosas,<br />

quien contó con el apoyo <strong>de</strong> la Iglesia Católica. Los fieles <strong>de</strong>l General Rosas se agrupaban en la Socie<strong>da</strong>d Popular<br />

- 25 -


- 26 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Restauradora, una organización política que disponía <strong>de</strong> un escuadrón paramilitar, " La Mazorca ", compuesto por policías<br />

y <strong>de</strong>lincuentes profesionales. Se calcula en 22.500 las personas pasa<strong>da</strong>s a cuchillo que incomo<strong>da</strong>ban al tirano. Finalmente<br />

fue <strong>de</strong>rrocado por el general Justo Urquiza, con el apoyo <strong>de</strong> los gran<strong>de</strong>s comerciantes <strong>de</strong> la ciu<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Buenos Aires y <strong>de</strong><br />

Inglaterra yBrasil.<br />

En 1853, se expi<strong>de</strong> la Constitución <strong>de</strong> la Nación Argentina, to<strong>da</strong>vía vigente, que eliminará <strong>de</strong>finitivamente la<br />

esclavitud y, establecerá un or<strong>de</strong>n republicano con el " objeto <strong>de</strong> constituir la unión nacional, afianzar la justicia,<br />

consoli<strong>da</strong>r la paz interior, promover el bienestar general, y asegurar los beneficios <strong>de</strong> la libertad, para nosotros, para<br />

nuestra posteri<strong>da</strong>d y, para todos los hombres <strong>de</strong>l mundo que quieran habitar en el suelo argentino… ".<br />

Los 1.7 millón <strong>de</strong> argentinos, censados en 1869, no eran suficientes para la <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> trabajo. Se exportaba maíz,<br />

trigo, lino, cuero y carne a los mercados europeos. Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s británicas abrieron bancos en Buenos Aires y ayu<strong>da</strong>ron a<br />

financiar la construcción <strong>de</strong> las líneas <strong>de</strong> ferrocarril. Argentina atrajo a numerosos inmigrantes europeos, ofreciéndoles los<br />

mismos <strong>de</strong>rechos que a sus ciu<strong>da</strong><strong>da</strong>nos. Entre 1870 y 1930, llegaron alre<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> 6 millones <strong>de</strong> inmigrantes, sobre todo<br />

italianos y españoles.<br />

Argentina alcanzó un crecimiento económico <strong>de</strong>l 5% durante 30 años. Los 34000 Km. <strong>de</strong> vías férreas le permitieron<br />

competir con los cereales norteamericanos. La población <strong>de</strong> Buenos Aires pasó <strong>de</strong> 180.000 habitantes en 1880 a<br />

1.575.000 en 1914, <strong>de</strong> los cuales la mitad eran inmigrantes.<br />

Sin embargo la riqueza no se traduce en progreso social, la propie<strong>da</strong>d <strong>de</strong> la tierra sigue concentrándose en pocas<br />

manos, 2000 terratenientes poseen 40 millones <strong>de</strong> hectáreas en la Patagonia, don<strong>de</strong> en nombre <strong>de</strong> la " civilización " contra<br />

la " barbarie " se exterminó a la casi totali<strong>da</strong>d <strong>de</strong> la población indígena <strong>de</strong> dicha región.<br />

En 1916, se realizaron las primeras elecciones con sufrágio universal, resultando ganador Hipólito Yrigoyen, lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

la Unión Cívica Radical, expresión <strong>de</strong> la clase media, sali<strong>da</strong> <strong>de</strong> la inmigración. En 1919 los obreros <strong>de</strong>l Puerto y <strong>de</strong> la<br />

metalurgia iniciaron una huelga para solicitar mejores condiciones laborales. Los estudiantes <strong>de</strong> Córdoba se rebelan contra<br />

el conservatismo clerical, el nepotismo en la <strong>de</strong>signación <strong>de</strong> las cátedras y exigen la mo<strong>de</strong>rnización <strong>de</strong> los programas <strong>de</strong><br />

estudio y la participación en la gestión <strong>de</strong> la Universi<strong>da</strong>d.<br />

Los conservadores vieron en la protesta social el germen <strong>de</strong>l comunismo <strong>de</strong> modo que constituyeron la Liga<br />

Patriótica, grupo paramilitar, que causó más <strong>de</strong> 200 muertos entre las comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s judías y rusas. Dicho grupo colaboraba<br />

igualmente con el Ejército en la represión <strong>de</strong> las huelgas.<br />

Yrigoyen fue elegido por segun<strong>da</strong> vez presi<strong>de</strong>nte en 1928, pero en 1930, un golpe <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> los militares aliados a<br />

los conservadores puso fin a su man<strong>da</strong>to. Se reduce drásticamente el trabajo en el campo y un millón <strong>de</strong> campesinos<br />

emigraron a las ciu<strong>da</strong><strong>de</strong>s atraídos por la oferta laboral <strong>de</strong> las nuevas industrias. La capital pasó <strong>de</strong> tener 1.6 millones <strong>de</strong><br />

habitantes en 1916 a tener 4.7 millones en 1947. Es en este contexto que Juan Domingo Perón organizará más tar<strong>de</strong> su<br />

base social: " los <strong>de</strong>scamisados ".<br />

En 1943, los militares propician otro golpe <strong>de</strong> Estado ante el temor <strong>de</strong> los conservadores <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r las elecciones. El<br />

coronel Juan Domingo Perón fue nombrado ministro <strong>de</strong> Asuntos Sociales. Pero, este último, tras favorecer la<br />

sindicalización <strong>de</strong> los obreros, fue rápi<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>stituido. Sin embargo, una manifestación gigantesca obliga al gobierno<br />

a nombrarlo <strong>de</strong> nuevo. En 1946 Perón fue elegido presi<strong>de</strong>nte con el 56% <strong>de</strong> los votos.<br />

Perón logró que se canalizaran los beneficios <strong>de</strong> las exportaciones para promover la industrialización y generalizar la<br />

instrucción pública. Nacionalizó las compañías <strong>de</strong> ferrocarriles, <strong>de</strong> aviación y <strong>de</strong> navegación y <strong>de</strong>sarrolló un mercado<br />

interno. Promovió una legislación social favorable a los trabajadores. Perón fue reelegido como presi<strong>de</strong>nte en nombre <strong>de</strong>l<br />

"Justicialismo" y así 135 <strong>de</strong> 149 parlamentarios eran peronistas. La Iglesia Católica y los conservadores logran que el<br />

Ejército organice nuevamente un golpe <strong>de</strong> Estado en 1955 tras el que Perón se refugia en España. El exiliado Perón se<br />

convierte en un mito, los militares seguirán <strong>da</strong>ndo golpes <strong>de</strong> Estado para evitar que los peronistas vuelvan al po<strong>de</strong>r. La<br />

inconformi<strong>da</strong>d social se convierte en insurrección popular; una gran parte <strong>de</strong> la juventud se inclina a la extrema izquier<strong>da</strong>,<br />

que iniciará la resistencia arma<strong>da</strong>.<br />

Perón, que regresó en 1973, <strong>de</strong>spués <strong>de</strong> haber expulsado al ala izquier<strong>da</strong> <strong>de</strong> su movimiento, fue elegido presi<strong>de</strong>nte<br />

con el 62% <strong>de</strong> los votos. Su nueva mujer Isabel, fue elegi<strong>da</strong> vicepresi<strong>de</strong>nta. Perón muere en 1974 en un país <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>do<br />

por la inflación, las presiones sociales y la insurgencia guerrillera. Isabel le suce<strong>de</strong>, pero los militares no están dispuestos<br />

a <strong>de</strong>jar el po<strong>de</strong>r en nombre <strong>de</strong> Isabel Perón, a pesar <strong>de</strong> que ésta consienta los métodos contrainsurgentes sin control legal.<br />

El Ejército había creado otro grupo paramilitar, la Triple A (Alianza Anticomunista Argentina), inspirado en la Doctrina<br />

<strong>de</strong> Seguri<strong>da</strong>d Nacional. Ofreciendo or<strong>de</strong>n, seguri<strong>da</strong>d, moralización, el fin <strong>de</strong> la corrupción y la mo<strong>de</strong>rnización económica.<br />

El 24 <strong>de</strong> marzo <strong>de</strong> 1976, los militares realizan otro golpe <strong>de</strong> Estado.<br />

La dictadura aplica una política ultraliberal, para atraer las inversiones extranjeras. Se liberan los precios, se<br />

establece una economía abierta, reduciendo drásticamente los aranceles y los salarios caen en su po<strong>de</strong>r adquisitivo. La<br />

participación <strong>de</strong> los asalariados al total <strong>de</strong> los ingresos <strong>de</strong>l país, pasa <strong>de</strong> 50 a 30% entre 1975 y 1978. Para asegurar la "<br />

paz social ", 30 mil argentinos son <strong>de</strong>tenidos-<strong>de</strong>saparecidos, torturados y ejecutados. El terrorismo <strong>de</strong> Estado se aplica<br />

com la anestesia <strong>de</strong>l fútbol: Argentina es campeona <strong>de</strong>l mundo en 1978. La oposición social y política fue elimina<strong>da</strong>,<br />

mientras se cometieron graves crímenes contra la humani<strong>da</strong>d en nombre <strong>de</strong> los valores <strong>de</strong> la cristian<strong>da</strong>d y el<br />

ultraliberalismo económico.<br />

La dictadura ca<strong>da</strong> vez más hundi<strong>da</strong> en los crímenes y en la corrupción, se toma las islas Malvinas el 31 <strong>de</strong> marzo <strong>de</strong><br />

1982, viejo reclamo contra el colonialismo inglés, y <strong>de</strong>spierta la efervescencia <strong>de</strong>l nacionalismo. El Ejército argentino se


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

rin<strong>de</strong> tras sólo 74 días <strong>de</strong> guerra. La <strong>de</strong>rrota y la humillación hacen que los militares convoquen a elecciones generales el<br />

30 <strong>de</strong> octubre <strong>de</strong> 1983, al final <strong>de</strong> las cuales fue elegido Raul Alfonsín.<br />

El retorno a la <strong>de</strong>mocracia y el olvido <strong>de</strong> la justicia: Una socie<strong>da</strong>d profun<strong>da</strong>mente heri<strong>da</strong> no pue<strong>de</strong> sanarse en el<br />

olvido y la impuni<strong>da</strong>d. Las <strong>de</strong>fensoras y <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong> <strong>de</strong>rechos humanos lo comprendieron muy bien, y especialmente las<br />

madres y las abuelas <strong>de</strong> la Plaza <strong>de</strong> Mayo, que llevan con ellas una inmensa esperanza y son un <strong>de</strong>chado en su capaci<strong>da</strong>d<br />

<strong>de</strong> resistencia civil y <strong>de</strong> movilización contra la barbarie. Los reclamos <strong>de</strong> ver<strong>da</strong>d, <strong>de</strong> reparación, <strong>de</strong> justicia, <strong>de</strong> restitución<br />

<strong>de</strong> los niños nacidos en cautiverio y en manos <strong>de</strong> los propios verdugos <strong>de</strong> sus padres, la exigencia <strong>de</strong> <strong>de</strong>puración <strong>de</strong> la<br />

función pública <strong>de</strong> todos aquellos que convivieron con el aparato <strong>de</strong> terror o fueron sus tentáculos estuvo y está al or<strong>de</strong>n<br />

<strong>de</strong>l día. Una <strong>de</strong>mocracia no se legitima tanto por el número <strong>de</strong> votos en una jorna<strong>da</strong> electoral, como por su capaci<strong>da</strong>d<br />

institucional <strong>de</strong> <strong>da</strong>r respuestas a<strong>de</strong>cua<strong>da</strong>s a las necesi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> la socie<strong>da</strong>d.<br />

Transigir con el crimen y con las peores formas <strong>de</strong>l crimen que son los que se cometen <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el po<strong>de</strong>r estatal, es<br />

hipotecar el futuro <strong>de</strong> un pueblo a las manifestaciones más perversas <strong>de</strong> la fuerza y <strong>de</strong> la arbitrarie<strong>da</strong>d.Alfonsín,<br />

inmediatamente <strong>de</strong>spués su elección, anula las disposiciones <strong>de</strong> los militares en el po<strong>de</strong>r, por medio <strong>de</strong> las cuales se<br />

autoamnistiaban, consi<strong>de</strong>rándolas moralmente inaceptables. Segui<strong>da</strong>mente, creó la CONADEP (Comisión Nacional para<br />

los Desparecidos) que concluyó que las Fuerzas Arma<strong>da</strong>s son responsables <strong>de</strong> graves violaciones <strong>de</strong> <strong>de</strong>rechos humanos <strong>de</strong><br />

forma organiza<strong>da</strong>, sirviéndose <strong>de</strong>l aparato <strong>de</strong>l Estado. Luego dispuso que todos los integrantes <strong>de</strong> las tres primeras juntas<br />

militares que gobernaron entre 1976 y 1982, fueran juzgados.<br />

Los enjuiciados no que<strong>da</strong>ron pasivos y los subordinados se insubordinaron, creando las crisis <strong>de</strong> los militares <strong>de</strong><br />

1986, para obligar al Gobierno <strong>de</strong> Alfonsín a evitar que se persiguiera judicialmente a los militares. La primera crisis dio<br />

como resultado la Ley <strong>de</strong> Punto Final (B.O.29/12/86), la crisis <strong>de</strong> "Semana Santa"(1987) y la Ley <strong>de</strong> Obediencia<strong>de</strong>bi<strong>da</strong><br />

(06/06/97).<br />

Raúl Alfonsín tampoco pudo concluir su man<strong>da</strong>to. Los graves problemas <strong>de</strong> la economía argentina le llevaron a<br />

dimitir y anticipar las elecciones, gana<strong>da</strong>s por Carlos Menen en nombre <strong>de</strong>l Justicialismo y con un discurso populista.<br />

Menen cerraría el círculo <strong>de</strong> la impuni<strong>da</strong>d mediante los <strong>de</strong>cretos <strong>de</strong> indulto 1002, 1003, 1004, 1005 <strong>de</strong> fecha 7 <strong>de</strong> octubre<br />

<strong>de</strong> 1989 y 2741, 2742, 2743, 2744, 2745, 2746 <strong>de</strong>l 30 <strong>de</strong> diciembre <strong>de</strong> 1990, para <strong>de</strong>jar en libertad a quienes fueron<br />

con<strong>de</strong>nados por graves violaciones a los <strong>de</strong>rechos humanos.<br />

Menen, <strong>de</strong> la mano <strong>de</strong> Domingo Cavallo, liqui<strong>da</strong>rá a su vez el Estado argentino y, aplicará en to<strong>da</strong>s sus dimensiones<br />

el mo<strong>de</strong>lo neoliberal. El dinero <strong>de</strong> las privatizaciones alimentará la corrupción y, el gasto social se utilizará en su primer<br />

gobierno, para reformar la Carta Política y garantizar su reelección.<br />

El <strong>de</strong>sastroso gobierno <strong>de</strong> Menen fue sancionado en las urnas y el partido Justicialista perdió las elecciones y el<br />

control <strong>de</strong>l Congreso ante la Alianza1 que llevaría a Fernando <strong>de</strong> la Rúa a la presi<strong>de</strong>ncia el 14 <strong>de</strong> octubre <strong>de</strong> 1999. El<br />

nuevo gobierno que se presentó como <strong>de</strong> centroizquier<strong>da</strong> muy pronto va a mostrar una línea <strong>de</strong> continui<strong>da</strong>d con los<br />

anteriores: implementación <strong>de</strong> las políticas fondomonetaristas <strong>de</strong> ajuste estructural y corrupción. La coalición se rompe<br />

rápi<strong>da</strong>mente con la renuncia <strong>de</strong>l vicepresi<strong>de</strong>nte Carlos Álvarez. Es así como, Domingo Cavallo, es nombrado nuevamente<br />

ministro <strong>de</strong> las finanzas públicas, pero la bancarrota <strong>de</strong>l Estado argentino ya estaba <strong>de</strong>creta<strong>da</strong>, y la crisis <strong>de</strong> los partidos y<br />

<strong>de</strong>l sistema político se profundizaba. La ley <strong>de</strong> déficit cero y el "corralito financiero" acelerarían la caí<strong>da</strong> <strong>de</strong>l gobierno.<br />

La Alianza gobernante perdió 5.405.022 votos en sólo dos años. En las elecciones parlamentarias <strong>de</strong>l 14 <strong>de</strong> octubre<br />

<strong>de</strong> 2001, el Justicialismo que estaba en la oposición obtuvo 1.119.587 votos menos que en 1999, pero volvieron a obtener<br />

la mayoría parlamentaria. En las mismas elecciones no votaron 3.652.872 personas, hubo 1.512.920 votos en blanco y<br />

2.358.291 votos nulos. El "Argentinazo" <strong>de</strong> diciembre <strong>de</strong> 2001, obligará a la dimisión <strong>de</strong>l gobierno <strong>de</strong> De La Rúa y el<br />

Justicialismo, volverá al gobierno no sin evi<strong>de</strong>nciar las luchas facciosas <strong>de</strong> sus filas.<br />

El viernes 21 <strong>de</strong> diciembre <strong>de</strong> 2001, la Asamblea Legislativa aceptó la renuncia <strong>de</strong> De La Rúa y expidió la ley<br />

20.972 <strong>de</strong> Acefalía en la presi<strong>de</strong>ncia. Según esta ley, el Congreso tenía 48 horas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> la aceptación <strong>de</strong> la renuncia <strong>de</strong> De<br />

La Rúa, para <strong>de</strong>signar su sucesor. Entre tanto se hizo cargo <strong>de</strong>l po<strong>de</strong>r ejecutivo, el presi<strong>de</strong>nte provisional <strong>de</strong>l Senado,<br />

Ramón Huerta, quien dictó tres <strong>de</strong>cretos <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Sitio, el 16,18 y 20 <strong>de</strong> 2001 para las provincias <strong>de</strong> Buenos Aires,<br />

Entre Rios y San Juan.<br />

El sábado 22 <strong>de</strong> diciembre <strong>de</strong> 2001, Adolfo Rodríguez Saá, gobernador <strong>de</strong> la provincia <strong>de</strong> San Luis, fue nombrado<br />

presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> la Nación. La Asamblea a su vez convocó a elecciones para el 3 <strong>de</strong> marzo <strong>de</strong> 2002, para que se eligiera al<br />

Presi<strong>de</strong>nte y al Vicepresi<strong>de</strong>nte, cambiando el régimen electoral vigente. Al asumir el man<strong>da</strong>to, Rodríguez Saá, manifestó<br />

que suspen<strong>de</strong>ría el pago <strong>de</strong> la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa, que no <strong>de</strong>valuaría la mone<strong>da</strong> y que se adoptaría <strong>de</strong> inmediato un plan <strong>de</strong><br />

emergencia alimenticia. Pero el que mantuviera el "corralito financiero" y nombrara en el gobierno a Carlos Grosso, un<br />

antiguo funcionario <strong>de</strong> Carlos Menen, acusado <strong>de</strong> serias irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s en su gestión, <strong>de</strong>sató <strong>de</strong> nuevo la ira popular.<br />

Perdiendo el apoyo <strong>de</strong> los principales jefes <strong>de</strong> su partido, presentó su renuncia el 30 <strong>de</strong> diciembre <strong>de</strong> 2001.<br />

Entre tanto se nombraba un nuevo titular en el ejecutivo, el Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> la Cámara <strong>de</strong> Diputados, Eduardo Camaño.<br />

El 1° <strong>de</strong> enero <strong>de</strong> 2002, la Asamblea Legislativa eligió como nuevo presi<strong>de</strong>nte a Eduardo Duhal<strong>de</strong>, con un man<strong>da</strong>to <strong>de</strong> 2<br />

años, hasta diciembre <strong>de</strong> 2003. El nuevo Gobierno surge <strong>de</strong> una coalición con la Unión Cívica Radical encabeza<strong>da</strong> por<br />

Raúl Alfonsín y una parte <strong>de</strong>l Frepaso li<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> por Aníbal Ibarra. Des<strong>de</strong> entonces la priori<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l nuevo gobierno há sido<br />

la <strong>de</strong> negociar con el Fondo Monetario Internacional e implementar las medi<strong>da</strong>s que este sugiera, la soberania Argentina<br />

que<strong>da</strong> sacrifica<strong>da</strong> a los intereses <strong>de</strong>l sistema financiero internacional.<br />

- 27 -


- 28 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

B. Origen y <strong>de</strong>sarollo <strong>de</strong>l malestar social: <strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa, corrupción e impuni<strong>da</strong>d<br />

La transición a la <strong>de</strong>mocracia en Argentina, se há <strong>de</strong>sarrollado con gobiernos que prometen bienestar social, justicia<br />

y liberta<strong>de</strong>s públicas y al momento <strong>de</strong> gobernar, hacen lo opuesto a lo prometido. La catástrofe Argentina es no solamente<br />

económica, sino también institucional, social y política. La política económica <strong>de</strong>sarrolla<strong>da</strong> por la dictadura no se<br />

abandonó sino que se acentuó. La política se puso al servicio <strong>de</strong> la corrupción y <strong>de</strong> una economía abiertamente<br />

especulativa. Entre tanto la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa no ha cesado <strong>de</strong> crecer, se multiplicó por 20 <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el golpe <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> 1976 a<br />

pesar <strong>de</strong> haber <strong>de</strong>sembolsado para cubrir su servicio en el mismo periodo, 200.000 millones <strong>de</strong> dólares, al tiempo que se<br />

ha producido una fuga <strong>de</strong> capitales que supera los 100.000 millones <strong>de</strong> dólares.<br />

Las irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s en torno a la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa:<br />

Eric Toussaint <strong>de</strong>scribe bien el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> este proceso " La política económica promovi<strong>da</strong> por Martínez <strong>de</strong> Hoz.<br />

Ministro <strong>de</strong> Economía <strong>de</strong> la dictadura, a partir <strong>de</strong>l 2 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1976 marca el inicio <strong>de</strong> un proceso <strong>de</strong> <strong>de</strong>strucción <strong>de</strong>l<br />

aparato productivo <strong>de</strong>l país, creando las condiciones para una economía especulativa que <strong>de</strong>vastó el país. La mayor parte<br />

<strong>de</strong> los préstamos otorgados a la dictadura argentina, provenían <strong>de</strong> bancos privados <strong>de</strong>l Norte. Estos contaban com el total<br />

acuerdo <strong>de</strong> las autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> los Estados Unidos (tanto <strong>de</strong> la Reserva Fe<strong>de</strong>ral como <strong>de</strong> la Administración<br />

norteamericana). Los "maestros" argentinos <strong>de</strong> la política <strong>de</strong> en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento eran el ministro <strong>de</strong> Economía Martínez <strong>de</strong><br />

Hoz y e Secretario <strong>de</strong> Estado para la Coordinación y la Programación Económica, Guillermo Walter Klein. Para obtener<br />

préstamos <strong>de</strong> los bancos privados, el gobierno exigia <strong>de</strong> las empresas públicas argentinas que se en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>ran com los<br />

banqueros privados internacionales. Las empresas públicas se convirtieron entonces en una palanca fun<strong>da</strong>mental para la<br />

<strong>de</strong>snacionalización <strong>de</strong>l Estado, a través <strong>de</strong> un en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento que entrañó el abandono <strong>de</strong> una gran parte <strong>de</strong> la soberanía<br />

nacional ".<br />

1. El caso <strong>de</strong> YPF<br />

La principal empresa pública argentina fue la petrolera YPF (Yacimientos Petrolíferos <strong>de</strong>l Fisco), la dictadura se<br />

encargó <strong>de</strong> crear las condiciones para su privatización: " En el momento <strong>de</strong>l golpe militar <strong>de</strong>l 24 <strong>de</strong> marzo <strong>de</strong> 1976, la<br />

<strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa <strong>de</strong> YPF se elevaba a 372 millones <strong>de</strong> dólares. Siete años mas tar<strong>de</strong>, al terminar la dictadura, esta <strong>de</strong>u<strong>da</strong> se<br />

elevaba a 6.000 millones <strong>de</strong> dólares. Su <strong>de</strong>u<strong>da</strong> se multiplico por 16 en siete años.<br />

Casi ningún monto <strong>de</strong> esa <strong>de</strong>u<strong>da</strong> en divisas extranjeras fue a parar a la caja <strong>de</strong> la empresa; que<strong>da</strong>ron en manos <strong>de</strong> la<br />

dictadura. Bajo la dictadura, la productivi<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l trabajador <strong>de</strong> YPF aumentó un 80%. El personal se redujo <strong>de</strong> 47.000 a<br />

34.000 trabajadores. La dictadura, para aumentar las entra<strong>da</strong>s a su caja, bajó a la mitad el dinero por comisiones que iba a<br />

YPF por la venta <strong>de</strong> combustibles. Es más, YPF fue obliga<strong>da</strong> a refinar el petróleo que extraía, en las multinacionales<br />

priva<strong>da</strong>s Shell y Esso, aunque podía, <strong>da</strong><strong>da</strong> su buena situación financiera al comienzo <strong>de</strong> la dictadura, dotarse <strong>de</strong> una<br />

capaci<strong>da</strong>d <strong>de</strong> refinación acor<strong>de</strong> a sus necesi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (complementando la <strong>de</strong> sus refinerías <strong>de</strong>: La Plata, Luján <strong>de</strong> Cuyo y<br />

Plaza Huincul). En junio <strong>de</strong> 1982, todo el activo <strong>de</strong> la socie<strong>da</strong>d estaba pren<strong>da</strong>do por las <strong>de</strong>u<strong>da</strong>s".<br />

Luego Menem confió al banco norteamericano Merril Lynch la evaluación <strong>de</strong>l valor <strong>de</strong> YPF, quien <strong>de</strong>libera<strong>da</strong>mente<br />

redujo en 30% las reservas petroleras disponibles tratando <strong>de</strong> subestimar el valor <strong>de</strong> YPF antes <strong>de</strong> su puesta a la venta. "<br />

Una vez que la privatización fue realiza<strong>da</strong>, la parte <strong>de</strong> las reservas oculta<strong>da</strong>s reapareció en las cuentas. Los operadores<br />

financieros que habían comprado a bajo precio las acciones <strong>de</strong> la empresa, pudieron obtener fabulosas ganancias gracias<br />

al aumento <strong>de</strong> la cotización en la bolsa <strong>de</strong> las acciones <strong>de</strong> YPF. Esta operación permite alabar i<strong>de</strong>ológicamente la<br />

superiori<strong>da</strong>d <strong>de</strong> lo privado sobre lo público". YPF fue vendi<strong>da</strong> a la multinacional petrolera española, Repsol, en 1999.<br />

2. La <strong>de</strong>nuncia <strong>de</strong> Alejandro Olmos sobre el en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento durante la dictadura<br />

El en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento fue justificado por los responsables económicos <strong>de</strong> la dictadura, como la forma <strong>de</strong> aumentar sus<br />

reservas en divisas extranjeras para sostener una política <strong>de</strong> apertura económica, pero las reservas no eran ni<br />

administra<strong>da</strong>s ni controla<strong>da</strong>s por el Banco Central. Los empréstitos que se obtenían con la banca internacional eran<br />

recolocados en los mismos bancos como <strong>de</strong>pósitos. En 1979, las reservas se elevaron a 10.138 millones <strong>de</strong> dólares y los<br />

<strong>de</strong>pósitos en los bancos exteriores a 8.410 millones <strong>de</strong> dólares. El mismo año la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa pasaba <strong>de</strong> 12.496 millones<br />

<strong>de</strong> dólares a 19.034 millones <strong>de</strong> dólares. Porsupuesto, el interés recibido por las sumas <strong>de</strong>posita<strong>da</strong>s era inferior al interés<br />

pagado por la <strong>de</strong>u<strong>da</strong>.<br />

El ciu<strong>da</strong><strong>da</strong>no Alejandro Olmos presentó una <strong>de</strong>nuncia penal en octubre <strong>de</strong> 1982 sobre las irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s en torno a<br />

la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa contraí<strong>da</strong> por la dictadura militar. El proceso y el fallo mismo, <strong>de</strong>l 13 <strong>de</strong> julio <strong>de</strong> 2000, pese a que no<br />

con<strong>de</strong>nó a nadie en virtud <strong>de</strong> la prescripción, reveló no solamente la magnitud <strong>de</strong> la corrupción, sino que acercó la acción<br />

judicial contra aquellos, que beneficiándose <strong>de</strong>l uso y abuso <strong>de</strong>l po<strong>de</strong>r público, han actuado en <strong>de</strong>smedro <strong>de</strong> los intereses y<br />

necesi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> la población y <strong>de</strong>l Estado argentino.<br />

El fallo <strong>de</strong> 195 páginas emitido por el juez Ballestero, confirma una serie <strong>de</strong> acusaciones extrema<strong>da</strong>mente<br />

importantes:


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

" Mientras la dictadura en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>ba al Tesoro Público y a las empresas públicas, ella misma permitía a los capitalistas<br />

argentinos colocar en el extranjero canti<strong>da</strong><strong>de</strong>s bien consi<strong>de</strong>rables <strong>de</strong> capital. Entre 1978 y 1981: más <strong>de</strong> 38.000 millones<br />

<strong>de</strong> dólares habrían salido <strong>de</strong> Argentina <strong>de</strong> manera "excesiva o injustifica<strong>da</strong>", ello estaba permitido fun<strong>da</strong>mentalmente por<br />

el hecho <strong>de</strong> que ca<strong>da</strong> resi<strong>de</strong>nte argentino podía comprar 20.000 dólares por día -que podían a continuación ser colocados<br />

en el extranjero”.<br />

En pocas palabras, el Estado se en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>ba mientras que los capitalistas <strong>de</strong>scapitalizaban alegremente al país.<br />

"Aproxima<strong>da</strong>mente el 90% <strong>de</strong> los recursos provenientes <strong>de</strong>l exterior vía en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento <strong>de</strong> empresas (priva<strong>da</strong>s y públicas)<br />

y <strong>de</strong>l gobierno fueron transferidos al exterior en operaciones financieras especulativas". Importantes sumas toma<strong>da</strong>s<br />

presta<strong>da</strong>s <strong>de</strong> bancos privados <strong>de</strong> los Estados Unidos y Europa occi<strong>de</strong>ntal, fueron a continuación <strong>de</strong>posita<strong>da</strong>s en esos<br />

mismos bancos.<br />

Concluye este histórico fallo judicial señalando que "la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa <strong>de</strong> la nación (...) ha resultado groseramente<br />

incrementa<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong>l año 1976 mediante la instrumentación <strong>de</strong> una política-económica vulgar y agraviante que puso<br />

<strong>de</strong> rodillas el país a través <strong>de</strong> los diversos métodos utilizados, que ya fueran explicados a lo largo <strong>de</strong> esta resolución, y que<br />

tendían, entre otras cosas, a beneficiar y sostener empresas y negocios privados -nacionales y extranjeros- en <strong>de</strong>smedro <strong>de</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s y empresas <strong>de</strong>l estado que, a través <strong>de</strong> una política dirigi<strong>da</strong>, se fueron empobreciendo día a día, todo lo cual,<br />

inclusive, se vio reflejado en los valores obtenidos al momento <strong>de</strong> iniciarse las privatizaciones <strong>de</strong> las mismas".<br />

Sirviendo al Estado, a la banca transnacional o a su propiointerés?<br />

Alejandro Olmos, entre otros, documentó la <strong>de</strong>nuncia penal contra el entonces Secretario <strong>de</strong> Estado para la<br />

Coordinación y la Programación Económica Guillermo Klein, quien ocupo esta función <strong>de</strong> 1976 a marzo <strong>de</strong> 1981.<br />

Mientras ejercía como funcionario público <strong>de</strong> la dictadura tenía una oficina priva<strong>da</strong> que representaba los intereses <strong>de</strong><br />

Scandinavian Enskil<strong>da</strong> Bank. En 1982, ocupa<strong>da</strong>s Las Malvinas y <strong>de</strong>clara<strong>da</strong> la guerra contra Inglaterra, fue <strong>de</strong>signado<br />

como apo<strong>de</strong>rado en Buenos Aires <strong>de</strong> la socie<strong>da</strong>d anónima británica Barclays Bank Limited, que era a<strong>de</strong>más uno <strong>de</strong> los<br />

principales acreedores privados <strong>de</strong> la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> pública y priva<strong>da</strong> argentina. Luego representaría los intereses <strong>de</strong> 22<br />

acreedores <strong>de</strong> labanca internacional.<br />

El "socialismo" que encanta al mundo financiero<br />

"El Banco Central argentino <strong>de</strong>claró que no tenía registro <strong>de</strong> la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa pública, lo que hizo que las<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s argentinas que sucedieron a la dictadura tuvieran que basarse en las <strong>de</strong>claraciones <strong>de</strong> los acreedores<br />

extranjeros y en los contratos firmados por los miembros <strong>de</strong> la dictadura, sin que éstos hayan pasado por el control <strong>de</strong>l<br />

Banco Central.<br />

A pesar <strong>de</strong> todo, <strong>de</strong>spués <strong>de</strong> la caí<strong>da</strong> <strong>de</strong> la dictadura, el nuevo régimen presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> Alfonsín <strong>de</strong>cidió asumir el<br />

conjunto <strong>de</strong> la <strong>de</strong>u<strong>da</strong>, tanto priva<strong>da</strong> como pública, contraí<strong>da</strong> durante la dictadura. Cuando los militares torturadores<br />

obtuvieron la impuni<strong>da</strong>d, los responsables económicos <strong>de</strong> la dictadura se beneficiaron <strong>de</strong> la misma clemencia. Más grave<br />

to<strong>da</strong>vía, la mayoría <strong>de</strong> los altos funcionarios <strong>de</strong> la economía y <strong>de</strong> las finanzas que<strong>da</strong>ron en el aparato <strong>de</strong>l Estado, algunos<br />

incluso fueron promocionados".<br />

El gobierno <strong>de</strong> Alfonsín contribuyó a la catástrofe <strong>de</strong> las finanzas públicas, <strong>de</strong>scargando en los contribuyentes 14.000<br />

millones <strong>de</strong> dólares <strong>de</strong> <strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa contraídos por empresas priva<strong>da</strong>s y entre ellas filiales argentinas <strong>de</strong> las<br />

multinacionales extranjeras.<br />

Sintéticamente, el contribuyente argentino paga la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> contraí<strong>da</strong> por las filiales <strong>de</strong> las multinacionales con sus<br />

casas matrices o con los banqueros internacionales. Se pue<strong>de</strong> sospechar que las multinacionales en cuestión hayan creado<br />

una <strong>de</strong>u<strong>da</strong> <strong>de</strong> sus filiales argentinas por un simple juego <strong>de</strong> contratos ". Los po<strong>de</strong>res públicos argentinos no tienen ningún<br />

medio <strong>de</strong> control.<br />

Privatizando para generar… riqueza ajena!<br />

La privatización <strong>de</strong> las empresas públicas argentinas se quiso justificar aduciendo el en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento <strong>de</strong> las mismas,<br />

vendiéndolas por <strong>de</strong>bajo <strong>de</strong> su precio real, se estima que ello representó una pérdi<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60.000 millones <strong>de</strong> dólares. De<br />

esta manera Menem tampoco contribuyó a mejorar las finanzas <strong>de</strong>l Estado pero sí aseguró su reelección.<br />

A<strong>de</strong>más <strong>de</strong>l YPF citado arriba, la empresa Aerolíneas Argentinas fue vendi<strong>da</strong> a la compañía aérea española Iberia:"<br />

Los Boeing 707 que eran parte <strong>de</strong> su flota fueron vendidos simbólicamente por un dólar (¡U$S 1,54 exactamente!).<br />

Algunos años <strong>de</strong>spués, siguen sirviendo en las líneas <strong>de</strong> la compañía privatiza<strong>da</strong>, pero Aerolíneas <strong>de</strong>be pagar un<br />

"leassing" para utilizarlas. Los <strong>de</strong>rechos <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> las rutas aéreas <strong>de</strong> la compañía, <strong>de</strong> un valor <strong>de</strong> 800 millones <strong>de</strong> dólares,<br />

han sidoestimados en 60 millones <strong>de</strong> dólares solamente.<br />

La empresa fue cedi<strong>da</strong> a Iberia por un monto líquido <strong>de</strong> US $ 130 millones <strong>de</strong> dólares, el resto lo constituyó<br />

anulaciones <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> la <strong>de</strong>u<strong>da</strong>. Iberia tomó créditos para comprar la empresa y la totali<strong>da</strong>d <strong>de</strong> <strong>de</strong>u<strong>da</strong> contraí<strong>da</strong> la<br />

transformó en <strong>de</strong>u<strong>da</strong> <strong>de</strong> la nueva enti<strong>da</strong>d Aerolíneas Argentinas que, <strong>de</strong> golpe, se encontró en<strong>de</strong>u<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el origen <strong>de</strong><br />

- 29 -


- 30 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

su operación. En el año 2001, Aerolíneas Argentinas, propie<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Iberia, estaba al bor<strong>de</strong> <strong>de</strong> la quiebra por culpa <strong>de</strong> sus<br />

nuevos propietarios.<br />

La privatización <strong>de</strong> Aerolíneas es un caso paradigmático. To<strong>da</strong>s las empresas privatiza<strong>da</strong>s fueron libera<strong>da</strong>s <strong>de</strong>l<br />

paquete <strong>de</strong> sus <strong>de</strong>u<strong>da</strong>s, que fueron asumi<strong>da</strong>s por el Estado ".<br />

A más corrupción, menos institucionali<strong>da</strong>d:<br />

La política neoliberal <strong>de</strong> las privatizaciones, <strong>de</strong> recorte <strong>de</strong>l gasto público, <strong>de</strong> apertura <strong>de</strong>l mercado, no podía <strong>de</strong>jarse<br />

<strong>de</strong> acompañar <strong>de</strong>l recorte <strong>de</strong> las garantías laborales y <strong>de</strong> los <strong>de</strong>rechos adquiridos <strong>de</strong> los trabajadores, los congresistas que<br />

tenían que reformar las leyes que establecieron dichas conquistas, por supuesto por petición <strong>de</strong>l FMI, se opusieron hasta<br />

que su espíritu soberano fue reducido por los pagos que ofreció el gobierno.<br />

El precio <strong>de</strong> la soberanía<br />

Fue vox populi que la nueva Ley <strong>de</strong> Trabajo, vota<strong>da</strong> en el año 2000, fue el resultado <strong>de</strong> pagos <strong>de</strong> entre 50 mil y 80<br />

mil dólares que entregó el gobierno <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> la Rúa a un buen número <strong>de</strong> parlamentarios para asegurar la mayoría<br />

requeri<strong>da</strong>.<br />

De la Rúa fu electo porque el pueblo argentino confió en las promesas electorales <strong>de</strong> que habría transparencia en el<br />

manejo <strong>de</strong> la cosa pública y <strong>de</strong> que se pondría fin a la corrupción. El escán<strong>da</strong>lo provocó la renuncia <strong>de</strong>l entonces<br />

vicepresi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> la Nación, Carlos Álvarez, la <strong>de</strong>sintegración <strong>de</strong> la Alianza gobernante y la <strong>de</strong>slegitimación <strong>de</strong>l nuevo<br />

man<strong>da</strong>tario. La causa penal se inició, pero no se profundizó en las responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s penales por " falta <strong>de</strong> mérito ", se<br />

atropelló una vez más la justicia para amparar a los po<strong>de</strong>rosos.<br />

El Lavado <strong>de</strong> Dinero<br />

La diputa<strong>da</strong> Elisa Carrió presidió una comisión legislativa <strong>de</strong> diez miembros (entre senadores y diputados) para<br />

investigar <strong>de</strong>nuncias sobre lavados <strong>de</strong> dinero que comprometían a personajes importantes <strong>de</strong> la vi<strong>da</strong> Argentina, entre ellos<br />

políticos, inversionistas, bancos extranjeros, etc. Sin embargo pese a que la " Comisión Carrió", como se la <strong>de</strong>nominó,<br />

hizo una investigación seria con fun<strong>da</strong>mento en documentos, facilitados muchos <strong>de</strong> ellos por autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s estadouni<strong>de</strong>nses<br />

y, a través <strong>de</strong> testimonios, no produjo tal comisión un solo dictamen sino tres. La ausencia <strong>de</strong> resultados judiciales<br />

oportunos ante estos hechos, <strong>de</strong>bilita el Estado <strong>de</strong> Derecho y la ciu<strong>da</strong><strong>da</strong>nía se siente una vez más burla<strong>da</strong>.<br />

Con miserias propias y guerras ajenas se incrementa el patrimonio… personal<br />

Sin embargo el caso <strong>de</strong> mayor trascen<strong>de</strong>ncia a la opinión pública internacional fue el <strong>de</strong> la venta <strong>de</strong> armas en el<br />

primer gobierno <strong>de</strong> Menen a Ecuador y Croacia. El propio expresi<strong>de</strong>nte fue <strong>de</strong>tenido y sindicado, junto con varios <strong>de</strong> sus<br />

colaboradores, incluyendo su ministro estrella Domingo Cavallo - quien está <strong>de</strong>tenido por cuenta <strong>de</strong> esta causa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> abril<br />

<strong>de</strong> 2002, por asociación ilícita para ven<strong>de</strong>r armas ilegalmente. Menem estuvo recluido varios meses en una quinta en las<br />

afueras <strong>de</strong> Buenos Aires, pero favorecido por fallo <strong>de</strong> la Corte Suprema salió en libertad en noviembre <strong>de</strong> 2001. De nuevo<br />

la población encuentra que su sistema <strong>de</strong> justicia es sinónimo <strong>de</strong> impuni<strong>da</strong>d para los privilegiados <strong>de</strong>l po<strong>de</strong>r.<br />

Administrando justicia o repartiendo impuni<strong>da</strong>d : vía crucis y crisis <strong>de</strong>l Estado <strong>de</strong> Derecho<br />

Los escraches, cortes <strong>de</strong> ruta y cacerolazos se han convertido en una forma <strong>de</strong> protesta y <strong>de</strong> justicia popular contra el<br />

régimen en su conjunto y contra los personajes que lo representan: militares, religiosos, políticos y magistrados, tanto a<br />

nivel nacional como en las provincias.<br />

Reiterado y simbólico ha sido el reclamo popular <strong>de</strong> que " Se vayan todos " y las protestas populares han incluido<br />

ca<strong>da</strong> vez com mayor fuerza la exigencia <strong>de</strong> renuncia <strong>de</strong> los magistrados que integran la Corte Suprema <strong>de</strong> Justicia. El<br />

po<strong>de</strong>r judicial en su máxima instancia goza <strong>de</strong>l repudio popular que i<strong>de</strong>ntifica a los más altos magistrados con la<br />

catástrofe económica, institucional y social <strong>de</strong> Argentina y con la impuni<strong>da</strong>d <strong>de</strong> la que se siguen beneficiando los<br />

principales responsables <strong>de</strong> la misma. Hay juicios políticos abiertos en el parlamento fe<strong>de</strong>ral contra todos los magistrados<br />

<strong>de</strong> la Corte Suprema <strong>de</strong> Justicia, las cámaras legislativas son las únicas que tienen la potestad, <strong>de</strong> acuerdo con la<br />

Constitución Nacional, <strong>de</strong> investigar y<br />

juzgarlos. Pero quienes han sido absueltos ayer,¿no retribuirán el favor?<br />

La falta <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong>l po<strong>de</strong>r judicial se pue<strong>de</strong> constatar en el hecho <strong>de</strong> que durante el gobierno <strong>de</strong> Menem, en<br />

1990, se elevó <strong>de</strong> 5 a 9 los miembros <strong>de</strong> la Corte Suprema, uno <strong>de</strong> los elegidos sería luego nombrado Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> la<br />

Corte, Julio Nazareno, quien fue socio <strong>de</strong> los hermanos Menem en el estudio jurídico que estos tenían en La Rioja, su<br />

provincia natal.<br />

Ante el crecimiento <strong>de</strong> la protesta social, ante el reiterado incumplimiento <strong>de</strong> las obligaciones <strong>de</strong>l Estado argentino<br />

<strong>de</strong> garantizar los <strong>de</strong>rechos económicos, sociales y culturales <strong>de</strong> la población, el propio Menem en comunicado público<br />

llamó a los jueces a criminalizar la protesta y a procesar a quienes en ella participaran.<br />

La justicia que no avanzó en casos <strong>de</strong> resonancia mundial como la voladura <strong>de</strong> la Embaja<strong>da</strong> <strong>de</strong> Israel y la Asociación<br />

Mutual Israelita Argentina (AMIA)-recor<strong>de</strong>mos que el 17 <strong>de</strong> marzo <strong>de</strong> 1992 se produjo un atentado terrorista contra la<br />

embaja<strong>da</strong> <strong>de</strong> Israel en Buenos Aires, que ocasionó la muerte <strong>de</strong> 28 personas y 253 heridos. El 18 <strong>de</strong> julio <strong>de</strong> 1994, el<br />

atentado contra Amia provocó la muerte <strong>de</strong> 85 personas-, los numerosos casos <strong>de</strong> los <strong>de</strong>nominados "Gatillo Fácil",


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

asimilables a ejecuciones extrajudiciales, las torturas a <strong>de</strong>tenidos, las amenazas a abogados, periodistas y militantes <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>rechos humanos; <strong>de</strong> repente se vuelve muy eficaz para <strong>de</strong>tener y procesar a dirigentes populares.<br />

*La parte <strong>de</strong>l contexto histórico ha sido fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> en los textos y gracias a la colaboración <strong>de</strong> Jorge<br />

Magasich y Claudio Guthmann.<br />

III III- III<br />

Un Un Desastre Desastre Desastre Economico Economico y y Social<br />

Social<br />

Introducción<br />

La recesión, que afecta al país <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997, alimenta <strong>de</strong>l mismo modo una <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong>d acentua<strong>da</strong> <strong>de</strong> recetas, un<br />

aumento <strong>de</strong>l paro y una <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ción sensible <strong>de</strong>l conjunto <strong>de</strong> servicios públicos (salud, infraestructura y enseñanza). La<br />

transformación <strong>de</strong> esta recesión en crisis política y económica abierta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> finales <strong>de</strong> diciembre <strong>de</strong> 2001 ha precipitado<br />

estas ten<strong>de</strong>ncias y ha provocado un "choque <strong>de</strong> pobreza". Estos acontecimientos han generado violaciones importantes <strong>de</strong><br />

los <strong>de</strong>rechos económicos, sociales y culturales.<br />

Responsabili<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l gobierno argentino<br />

La misión estudiará la responsabili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Argentina a la luz <strong>de</strong> sus obligaciones con arreglo al Pacto sobre los<br />

<strong>de</strong>rechos económicos, sociales y culturales (PIDESC), que Argentina há ratificado en 1986.<br />

El artículo 2.1 <strong>de</strong>l PIDESC expone la naturaleza <strong>de</strong> las obligaciones jurídicas generales asumi<strong>da</strong>s por los Estados<br />

parte <strong>de</strong>l Pacto. Le Comité <strong>de</strong> Naciones Uni<strong>da</strong>s sobre los <strong>de</strong>rechos económicos, sociales y culturales – órgano encargado<br />

<strong>de</strong>l seguimiento <strong>de</strong> dicho pacto - ha explicitado las gran<strong>de</strong>s líneas en la Observación general n°3.<br />

- Argentina tiene la obligación, con arreglo a este artículo <strong>de</strong> utilizar "el máximo <strong>de</strong> recursos disponibles" con el<br />

objeto <strong>de</strong> asegurar el pleno ejercicio <strong>de</strong> los <strong>de</strong>rechos reconocidos (salud, educación, vivien<strong>da</strong>, trabajo <strong>de</strong>cente....). Esto<br />

significa en particular que posee la obligación fun<strong>da</strong>mental mínima <strong>de</strong> asegurar la satisfacción <strong>de</strong> lo esencial <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uno<br />

<strong>de</strong> estos <strong>de</strong>rechos.<br />

El Comité precisa por otro lado que incluso cuando existe penuria <strong>de</strong> recursos en razón <strong>de</strong> los procesos <strong>de</strong> ajuste o <strong>de</strong><br />

recesión económica, los elementos vulnerables <strong>de</strong> la socie<strong>da</strong>d pue<strong>de</strong>n y <strong>de</strong>ben ser protegidos gracias a la implementación<br />

<strong>de</strong> programas específicos y relativamente poco costosos.<br />

- Argentina, por otro lado, <strong>de</strong>be contemplar la prohibición, com arreglo al principio <strong>de</strong> no retrogresión, <strong>de</strong> adoptar<br />

medi<strong>da</strong>s regresivas (en la legislación o en las orientaciones) que comprometerían los progresos realizados o las ventajas<br />

adquiri<strong>da</strong>s.<br />

Responsabili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> los otros actores <strong>de</strong> la crisis<br />

¿Como apreciar la naturaleza <strong>de</strong> la responsabili<strong>da</strong>d jurídica <strong>de</strong> Argentina sin consi<strong>de</strong>rar la evolución <strong>de</strong>l contexto<br />

económico y político mundial, profun<strong>da</strong>mente modificado por la globalización ?<br />

Como Hamish Jenkins resalta "el margen <strong>de</strong> maniobra <strong>de</strong> los Estados se reduce a favor <strong>de</strong> la globalización. En otros<br />

términos, las políticas nacionales tien<strong>de</strong>n a a<strong>da</strong>ptar las condiciones económicas y sociales interiores a un contexto mundial<br />

ca<strong>da</strong> vez más competitivo y no inversamente".<br />

Mientras que el PIDESC, adoptado en 1966; reposa sobre el principio que los Estados Parte disponen <strong>de</strong> un margen<br />

<strong>de</strong> maniobra político y económico suficiente para elaborar medi<strong>da</strong>s a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s a la situación nacional en vistas <strong>de</strong> proteger<br />

y <strong>de</strong> promover los <strong>de</strong>rechos que se consagran en el mismo, el Comité ha a<strong>da</strong>ptado su discurso, consi<strong>de</strong>rándose poco a<br />

poço convencido <strong>de</strong> la inci<strong>de</strong>ncia que tienen las políticas y las prácticas económicas internacionales sobre la aptitud <strong>de</strong> los<br />

Estados a honorar las obligaciones convencionales.<br />

Frente a las constataciones <strong>de</strong>scritas prece<strong>de</strong>ntemente, <strong>de</strong>be mencionarse la responsabili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> otros actores <strong>de</strong> la<br />

crisis, como el FMI o los gobiernos <strong>de</strong> los países que tienen un voto prepon<strong>de</strong>rante en dicha institución.<br />

A. ARGENTINA, ATRAPADA POR SU ULTRALIBERALISMO<br />

Este análisis <strong>de</strong> la evolución <strong>de</strong> la economía Argentina tiene como objeto esclarecer las causas <strong>de</strong> la profun<strong>da</strong> crisis<br />

en la que Argentina se encuentra sumi<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> hace cuatro años. Des<strong>de</strong> diciembre <strong>de</strong> 2001, la crisis se ha <strong>de</strong>sbocado. Três<br />

presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> la República han sucedido al Presi<strong>de</strong>nte De la Rúa y tres Ministros <strong>de</strong> Economía a Domingo Cavallo. Se<br />

han <strong>de</strong>finido varias medi<strong>da</strong>s económicas, la presión <strong>de</strong>l FMI es ca<strong>da</strong> vez más fuerte y la crisis económica se ahon<strong>da</strong>, con<br />

su comitiva <strong>de</strong> miseria creciente. Este informe no preten<strong>de</strong> emitir un dictamen, ni tan siquiera crítico, sobre las diferentes<br />

medi<strong>da</strong>s aplica<strong>da</strong>s para relanzar la activi<strong>da</strong>d económica, ahorrar los pocos dólares que que<strong>da</strong>n, reducir el gasto social y<br />

- 31 -


- 32 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

controlar la inflación - ciertas medi<strong>da</strong>s ya están supera<strong>da</strong>s por el <strong>de</strong>sarrollo caótico <strong>de</strong> la coyuntura -; tan sólo preten<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>limitar las responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> esta crisis profun<strong>da</strong>.<br />

En los años noventa, la recuperación <strong>de</strong>l crecimiento <strong>de</strong> las economías latinoamericanas es mo<strong>de</strong>sta en su conjunto, y<br />

las tasas <strong>de</strong> formación bruta <strong>de</strong> capital siguen siendo bajas. La mayoría <strong>de</strong> ellas conservan, incluso consoli<strong>da</strong>n en ciertos<br />

casos, los aspectos <strong>de</strong> la economía <strong>de</strong> rentas que les caracterizaban y que alimentan la profun<strong>da</strong> <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong>d <strong>de</strong> ingresos.<br />

El crecimiento procura pocos empleos en la industria, y viene acompañado <strong>de</strong> un aumento <strong>de</strong> los empleos informales.<br />

Debe <strong>de</strong>stacarse el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> la precarización <strong>de</strong> los empleos y <strong>de</strong>l trabajo a tiempo parcial.<br />

Escaso en empleos, el crecimiento también es "tacaño" en la distribución <strong>de</strong> sus frutos: los ingresos <strong>de</strong>l trabajo, salvo<br />

para las categorías más cualifica<strong>da</strong>s, aumentan más allá <strong>de</strong>l crecimiento <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d, y, junto con la progresión <strong>de</strong><br />

las activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s financieras y los ingresos <strong>de</strong>rivados, las <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s tien<strong>de</strong>n a acentuarse <strong>de</strong> nuevo.<br />

El crecimiento, escaso en empleos y el alza <strong>de</strong>l po<strong>de</strong>r adquisitivo <strong>de</strong> los ingresos <strong>de</strong> los trabajadores, no pue<strong>de</strong> aliviar<br />

<strong>de</strong> manera dura<strong>de</strong>ra y significativa la pobreza. Esta tiene como origen principal la baja cali<strong>da</strong>d <strong>de</strong> los empleos y la<br />

imposibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> conseguir empleos, incluso informales, <strong>de</strong> una duración suficiente. El crecimiento es específico: está<br />

sometido a una lógica financiera <strong>de</strong> la que ca<strong>da</strong> vez es más difícil escapar. Las crisis financieras <strong>de</strong> la segun<strong>da</strong> mitad <strong>de</strong><br />

los años noventa revelan la dinámica <strong>de</strong> esta "economía <strong>de</strong> casino", que tien<strong>de</strong> a instaurarse con la liberalización brutal <strong>de</strong>l<br />

conjunto <strong>de</strong> los mercados y la retira<strong>da</strong>, muchas veces brutal, <strong>de</strong>l Estado. La crisis acentúa la pobreza, y la recuperación<br />

económica, con un ritmo equivalente y una duración similar, no produce efectos compensatorios.<br />

Este conjunto <strong>de</strong> nuevas características es válido para las principales economías latinoamericanas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> la déca<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

los años noventa. Las turbulencias macroeconómicas tienen efectos múltiples sobre la pobreza. La pobreza aumenta<br />

fuertemente con la crisis y no tien<strong>de</strong>, cuando la recuperación económica se limita a uno o dos años, a disminuir. Incluso<br />

tien<strong>de</strong> a aumentar, y se necesita un periodo mayor <strong>de</strong> crecimiento sostenido para que esta ten<strong>de</strong>ncia pue<strong>da</strong> ser inverti<strong>da</strong>.<br />

La inestabili<strong>da</strong>d macroeconómica constituye la característica principal <strong>de</strong> los regímenes <strong>de</strong> acumulación<br />

predominantemente financieros establecidos para salir <strong>de</strong> la crisis inflacionista <strong>de</strong> los años ochenta. Esta inestabili<strong>da</strong>d<br />

acentúa la vulnerabili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> las capas más pobres <strong>de</strong> la población.<br />

Argentina se diferencia <strong>de</strong> las otras gran<strong>de</strong>s economias latinoamericanas por el conjunto <strong>de</strong> sus características:<br />

comportamiento "rentista" <strong>de</strong> los empresarios; <strong>de</strong>strucción <strong>de</strong> una parte <strong>de</strong>l aparato industrial ("<strong>de</strong>sverticalización") -<br />

en especial en las ramas <strong>de</strong> producción <strong>de</strong> bienes y productos intermediarios más o menos sofisticados -; especialización<br />

internacional que privilegia la exportación <strong>de</strong> productos primarios <strong>de</strong> origen energético o agrícola ("primarización <strong>de</strong> la<br />

economía") observa<strong>da</strong> sobre todo en Chile; mantenimiento <strong>de</strong> un nivel <strong>de</strong> pobreza elevado a pesar <strong>de</strong> la <strong>de</strong>saparición <strong>de</strong> la<br />

inflación y la reactivación <strong>de</strong> la activi<strong>da</strong>d económica; <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s especialmente pronuncia<strong>da</strong>s; progreso <strong>de</strong> los empleos<br />

informales en el empleo total; flexibilización y precarización crecientes <strong>de</strong> la fuerza <strong>de</strong> trabajo, utiliza<strong>da</strong> más<br />

frecuentemente que en el pasado a tiempo parcial; <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s crecientes entre el trabajo cualificado y el trabajo no<br />

cualificado, internacionalización pronuncia<strong>da</strong> <strong>de</strong> las activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s; aumento <strong>de</strong> la apertura económica al comercio<br />

internacional; globalización casi total <strong>de</strong> los flujos financieros y <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia financiera con respecto <strong>de</strong> los mercados<br />

financieros internacionales. To<strong>da</strong>s estas características tienen sin embargo en Argentina algunas peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s. La<br />

<strong>de</strong>sindustrialización es mayor, así como la primarización <strong>de</strong> la economía. El <strong>de</strong>sempleo y las activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s a tiempo parcial<br />

y precarias han crecido en mayor medi<strong>da</strong>, las rentas <strong>de</strong>l trabajo <strong>de</strong>l funcionariado y <strong>de</strong>l sector privado han bajado en<br />

términos absolutos, <strong>de</strong> manera que Argentina es el único país <strong>de</strong> Latinoamérica que ha conocido una evolución negativa y<br />

<strong>de</strong>sigual <strong>de</strong> los ingresos <strong>de</strong> los trabajadores no cualificados y cualificados (salvo el 5-10% <strong>de</strong> más cualificados) – los<br />

primeros han sufrido un <strong>de</strong>scenso mayor que los segundos (ver gráfico infra) -, el aumento <strong>de</strong> la pobreza no proviene solo<br />

<strong>de</strong>l <strong>de</strong>sempleo o <strong>de</strong>l sub empleo (tiempo parcial) sino también <strong>de</strong>l mal empleo (nuevas condiciones <strong>de</strong> contratación y por<br />

lo tanto nuevo "recorrido vital"), mientras que antes era la hiperinflación la que generaba la pobreza. Con el surgimiento<br />

<strong>de</strong> la inflación <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el abandono, en plena aplicación, <strong>de</strong>l plan <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong>d y las enormes <strong>de</strong>preciaciones <strong>de</strong> la<br />

mone<strong>da</strong> nacional, la mayor parte <strong>de</strong>l aumento <strong>de</strong> la pobreza es atribuible al alza <strong>de</strong> los precios <strong>de</strong> los bienes <strong>de</strong> primera<br />

necesi<strong>da</strong>d.<br />

La recesión que sufre el país <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997 genera a la vez la <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong>d acentua<strong>da</strong> <strong>de</strong> los ingresos; el aumento <strong>de</strong>l<br />

<strong>de</strong>sempleo; la <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ción evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>l conjunto <strong>de</strong> los servicios públicos (salud, infraestructura y educación); la<br />

transformación <strong>de</strong> los <strong>de</strong>pósitos en pesos en <strong>de</strong>pósitos en dólares13; el frenesi <strong>de</strong> "legalizar" todo su dinero en el exterior<br />

por parte <strong>de</strong> los agentes más afortunados y sobre todo <strong>de</strong> las empresas pesimistas en cuanto al <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> la crisis,<br />

atraí<strong>da</strong>s por los tipos <strong>de</strong> interés consiguientes y arbitrando a favor <strong>de</strong> las activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s financieras en contra <strong>de</strong> las<br />

productivas (en reali<strong>da</strong>d, este frenesí traduce un comportamiento antiguo <strong>de</strong> economía <strong>de</strong> renta que la recesión tan sólo ha<br />

acentuado); las transformaciones <strong>de</strong> cuentas en pesos en cuentas en dólares por parte <strong>de</strong> un sector - probablemente el más<br />

acomo<strong>da</strong>do – <strong>de</strong> la clase media; la sali<strong>da</strong> <strong>de</strong>spués <strong>de</strong> estos dólares hacia Uruguay y los Estados Unidos y, "el hombre tras<br />

su dinero", el êxodo masivo <strong>de</strong> argentinos acomo<strong>da</strong>dos hacia distintos países <strong>de</strong> Europa y sobre todo hacia los Estados<br />

Unidos, pero también una emigración <strong>de</strong> los trabajadores más mo<strong>de</strong>stos en busca <strong>de</strong> un trabajo y unos ingresos aceptables.<br />

La transformación <strong>de</strong> esta recesión en una crisis abierta, política y económica, a finales <strong>de</strong> diciembre <strong>de</strong> 2001<br />

precipitó estas ten<strong>de</strong>ncias y provocó un choque <strong>de</strong> pobreza.


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

EL CHOQUE DE POBREZA<br />

El número <strong>de</strong> pobres alcanzaba el número <strong>de</strong> 15.251 millones <strong>de</strong> personas, entre los que se encuentran 6.312 millones <strong>de</strong><br />

indigentes, en una población <strong>de</strong> 37 millones <strong>de</strong> personas en octubre <strong>de</strong> 200114. A finales <strong>de</strong>l mes <strong>de</strong> junio <strong>de</strong> 2002, el<br />

número <strong>de</strong> personas que vivían por <strong>de</strong>bajo <strong>de</strong>l índice <strong>de</strong> pobreza alcanzó los 20 millones <strong>de</strong> habitantes según el Instituto<br />

Nacional <strong>de</strong> Estadísticas y Censo. Teniendo en cuenta la importancia <strong>de</strong> dicha cifra, se calcula que en el mes <strong>de</strong> diciembre<br />

<strong>de</strong> 2002, el número <strong>de</strong> pobres alcanzaría los 23 millones <strong>de</strong> personas.<br />

DOS LEYES HIZO MODIFICAR EL FMI<br />

La ley <strong>de</strong> quiebras ha sido modifica<strong>da</strong> a pedido <strong>de</strong>l FMI, en dos aspectos sustanciales. Primero, retirando los artículos <strong>de</strong><br />

la ley anterior que permitían continuar funcionando a una empresa en estado <strong>de</strong> quiebra, con el objetivo <strong>de</strong> posibilitar que<br />

sus dueños pudieran intentar una recuperación económica <strong>de</strong> la misma. Esto afecta principalmente a los empresarios <strong>de</strong><br />

origen argentino, cuyas empresas podrán ser liqui<strong>da</strong><strong>da</strong>s en forma inmediata y absorbi<strong>da</strong>s por capitales <strong>de</strong> mayor<br />

envergadura.<br />

En un segundo aspecto, la ley anterior impedía en general, <strong>de</strong>spedir a los trabajadores empleados. Esta medi<strong>da</strong> protegía,<br />

en parte, el aumento <strong>de</strong> la alta <strong>de</strong>socupación actualmente existente. Esto también ha sido <strong>de</strong>rogado <strong>de</strong> la ley.<br />

Por otra parte, se modificó la llama<strong>da</strong> ley <strong>de</strong> "subversión económica". Esta ley contenía fuertes sanciones penales para los<br />

casos <strong>de</strong> empresarios, industriales o <strong>de</strong> la banca, que cometieran frau<strong>de</strong>s contra el Estado y los ciu<strong>da</strong><strong>da</strong>nos. El FMI había<br />

exigido, como condición para comenzar a discutir, una ayu<strong>da</strong> económica a Argentina, que la ley fuera modifica<strong>da</strong>,<br />

<strong>de</strong>jando sin efecto las sanciones penales para este tipo <strong>de</strong> casos. La propuesta <strong>de</strong>l gobierno fue quitar esas sanciones<br />

penales conteni<strong>da</strong>s en la ley, e incorporarlas -en forma suaviza<strong>da</strong> - al código penal.<br />

La modificación <strong>de</strong> esta ley, encontró algunas resistencias en el parlamento, <strong>de</strong>bido a la gran presión social contra esta<br />

medi<strong>da</strong>, que es interpreta<strong>da</strong> como un acto <strong>de</strong> impuni<strong>da</strong>d hacia <strong>de</strong>terminados grupos <strong>de</strong> banqueros, quienes hacia fines <strong>de</strong>l<br />

año pasado habrían realizado maniobras fraudulentas para retirar los <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> los bancos hacia el exterior,<br />

contribuyendo al vacío <strong>de</strong> los <strong>de</strong>pósitos bancarios actualmente existentes.<br />

La dificultad para salir <strong>de</strong> esta crisis es doble. No existe una sali<strong>da</strong> económica o técnica, <strong>de</strong> la crisis ya que la misma<br />

se há convertido en una crisis política y <strong>de</strong>be resolverse a este nivel. La sali<strong>da</strong> económica, pasando por el factor político<br />

reconstruido sobre las cenizas <strong>de</strong> los gobiernos anteriores y quizá sobre movilizaciones populares, es extrema<strong>da</strong>mente<br />

difícil. Las políticas económicas <strong>de</strong>l conjunto <strong>de</strong> las economías latinoamericanas han tenido y tienen una orientación<br />

liberal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el comienzo <strong>de</strong> los años noventa en general, pero Argentina se distingue <strong>de</strong> los <strong>de</strong>más países por per<strong>de</strong>r casi<br />

completamente la posibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> tener una política monetaria autónoma con la institucionalización <strong>de</strong>l plan <strong>de</strong><br />

convertibili<strong>da</strong>d - conocido en el exterior como "currency board" (ver cuadro <strong>de</strong> texto) - por parte <strong>de</strong> Cavallo en 1991 y por<br />

el abandono consiguiente <strong>de</strong> una política <strong>de</strong> cambio real.<br />

De esta manera, Argentina se convirtió en un ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ro laboratorio <strong>de</strong>l ultra liberalismo, laboratorio en el que las<br />

"cobayas" son los argentinos y los beneficiarios los que dirigen el laboratorio, es <strong>de</strong>cir un diez por ciento <strong>de</strong> la población<br />

aproxima<strong>da</strong>mente. Las "cobayas" se beneficiaron durante un tiempo <strong>de</strong> esta política y la apoyaron, pero <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el "efecto<br />

tequila" (el contagio <strong>de</strong> la crisis mexicana <strong>de</strong> la segun<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> los años noventa), esta política sólo les <strong>de</strong>para<br />

sufrimiento. En resumen, la fijación <strong>de</strong>l tipo <strong>de</strong> cambio real implica necesariamente una enorme flexibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> la mano<br />

<strong>de</strong> obra (salario, condiciones laborales), puesto que lo que no se pue<strong>de</strong> obtener en competitivi<strong>da</strong>d por médio <strong>de</strong> la<br />

manipulación <strong>de</strong> los tipos <strong>de</strong> cambio reales (<strong>de</strong>valuación) se pue<strong>de</strong> obtener por medio <strong>de</strong>l coste laboral.<br />

Cuando el nivel productivo es <strong>de</strong>masiado débil respecto a Estados Unidos y su crecimiento, aunque elevado, es<br />

insuficiente respecto a éste límite <strong>de</strong> la competitivi<strong>da</strong>d; es necesaria una flexibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l gasto público hacia abajo (el que<br />

ya se encuentra reducido a los mínimos) cuando las divisas no entran en el país en canti<strong>da</strong>d suficiente. Estos dos efectos<br />

se suman al <strong>de</strong>scenso <strong>de</strong>l PIB, en la medi<strong>da</strong> en que la economía sigue siendo, a pesar <strong>de</strong>l aumento <strong>de</strong> su apertura<br />

comercial, una economía relativamente cerra<strong>da</strong>. Es lo que explica que Argentina haya sufrido una recesión tan larga. En<br />

efecto, se trataba <strong>de</strong> un círculo vicioso: cuanto más duraba la recesión, más intentaban los políticos reducir los salarios (y<br />

también los escasos ingresos <strong>de</strong> los jubilados, responsabili<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l Estado a partir <strong>de</strong>l paso acelerado <strong>de</strong>l sistema <strong>de</strong><br />

repartición al <strong>de</strong> capitalización) y los gastos públicos. Estas medi<strong>da</strong>s condujeron a un empeoramiento <strong>de</strong> la recesión, que<br />

motivó la progresión <strong>de</strong> la sali<strong>da</strong> legal <strong>de</strong> capitales, un aumento <strong>de</strong> la miseria y una "rebelión" fiscal <strong>de</strong> una parte <strong>de</strong> la<br />

clase media y <strong>de</strong> las empresas, así como una disminución importante <strong>de</strong> los ingresos fiscales15. La especifici<strong>da</strong>d <strong>de</strong> la<br />

crisis argentina se explica en parte por la gran duración <strong>de</strong>l liberalismo impuesto por la dictadura <strong>de</strong> 1976, pero<br />

actualmente, <strong>de</strong>ben sobre todo consi<strong>de</strong>rarse el impacto <strong>de</strong> las particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sali<strong>da</strong> <strong>de</strong> la crisis inflacionista a través<br />

<strong>de</strong>l plan Cavallo <strong>de</strong> 1991. Las siguientes páginas intentarán analizar la especifici<strong>da</strong>d <strong>de</strong> esta crisis y la irresponsabili<strong>da</strong>d<br />

<strong>de</strong> los dirigentes <strong>de</strong> Argentina, centrando nuestro análisis en torno a ciertos puntos.<br />

Mostraremos que el plan <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong>d actuó como una trampa <strong>de</strong> la que ca<strong>da</strong> vez era más costoso socialmente<br />

salir: la flexibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l trabajo (con sus corolarios: precarización, trabajo a tiempo parcial, reducción <strong>de</strong> los salarios<br />

reales) se ha impuesto <strong>de</strong> manera casi caricatural; la economía se há internacionalizado fuertemente, sobre todo en el<br />

ámbito <strong>de</strong> los movimientos <strong>de</strong> capitales (inversiones extranjeras directas, inversiones <strong>de</strong> cartera); las sali<strong>da</strong>s <strong>de</strong> capitales<br />

se han multiplicado <strong>de</strong> manera aun más fácil porque el tipo <strong>de</strong> cambio real seguía valorizado y el comportamiento <strong>de</strong> los<br />

- 33 -


- 34 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

empresarios, típico <strong>de</strong> la economía <strong>de</strong> renta, se veia estimulado por arbitrajes a favor <strong>de</strong> las inversiones financieras, más<br />

que las inversiones productivas. Se estima que estas sali<strong>da</strong>s, comúnmente llama<strong>da</strong>s hui<strong>da</strong>s <strong>de</strong> capitales, ascien<strong>de</strong>n a<br />

106.356 millones <strong>de</strong> dólares a principios <strong>de</strong> 2002, según el In<strong>de</strong>c16, cifra que algunos consi<strong>de</strong>ran infravalora<strong>da</strong>17. Es<br />

interesante comparar dichas cifras con la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> pública, <strong>de</strong> 138.983 millones <strong>de</strong> dólares, a la que se pue<strong>de</strong> añadir la <strong>de</strong>u<strong>da</strong><br />

priva<strong>da</strong>, <strong>de</strong> 55.893 millones <strong>de</strong> dólares a finales <strong>de</strong>l tercer trimestre <strong>de</strong> 2001 (<strong>da</strong>tos <strong>de</strong> la BCRA).<br />

La crisis amplía los efectos <strong>de</strong>sastrosos <strong>de</strong> este plan sobre el trabajo y el <strong>de</strong>sempleo (en febrero <strong>de</strong> 2002 el <strong>de</strong>sempleo<br />

es <strong>de</strong> 18,3%, a lo que se pue<strong>de</strong> añadir el subempleo total, <strong>de</strong> 16,3% según el In<strong>de</strong>c), la subi<strong>da</strong> <strong>de</strong> precios se acelera y<br />

aparece un ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ro aumento <strong>de</strong> la pobreza. Es preciso operar una ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ra ruptura con la lógica liberal, lo que no<br />

parece ser la vía adopta<strong>da</strong> por el Gobierno, sometido a gran<strong>de</strong>s presiones por parte <strong>de</strong>l FMI. El Plan <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong>d<br />

funciona, una vez más, como una trampa y la <strong>de</strong>valuación en caliente y la instauración <strong>de</strong> un tipo <strong>de</strong> cambio libre no son<br />

en absoluto suficientes para salir <strong>de</strong> esta trampa. El estudio <strong>de</strong> las causas <strong>de</strong> la crisis permite compren<strong>de</strong>r por qué<br />

Argentina no pue<strong>de</strong> salir <strong>de</strong> esta trampa sin adoptar medi<strong>da</strong>s radicales, y pone en evi<strong>de</strong>ncia la responsabili<strong>da</strong>d criminal <strong>de</strong><br />

los que han dirigido la política económica <strong>de</strong> este país.<br />

1) El plan <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong>d: un coste social ca<strong>da</strong> día mayor y la dificultad creciente <strong>de</strong> escapar <strong>de</strong> la trampa <strong>de</strong> la<br />

convertibili<strong>da</strong>d<br />

La diferencia entre los niveles <strong>de</strong> productivi<strong>da</strong>d entre Argentina y Estados Unidos, tras aumentar en los años setenta<br />

y ochenta, disminuyó en los años noventa. Esta última evolución se <strong>de</strong>sarrolla al mismo tiempo que el crecimiento <strong>de</strong> la<br />

aceleración <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l trabajo en Estados Unidos.<br />

Cuadro 1: Evolución <strong>de</strong> la diferencia relativa <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l trabajo en la industria latinoamericana con<br />

respecto a la industria americana.<br />

Según Frenkel y Roza<strong>da</strong>1, el crecimiento <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d se <strong>de</strong>bía, entre 1990 y 1997, en un 47% al aumento <strong>de</strong><br />

la producción y a la utilización más intensiva <strong>de</strong> las capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> producción; en un 53% a los cambios tecnológicos y a<br />

las modificaciones en la organización laboral. La relación entre el crecimiento <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d y el grado <strong>de</strong> apertura<br />

<strong>de</strong>l país fue importante en la medi<strong>da</strong> en que la apertura fue reduci<strong>da</strong> y que ésta progresó poco, con lo cual la productivi<strong>da</strong>d<br />

habría aumentado más en las ramas menos abiertas. Las ramas que mejor habrían resistido a las importaciones serían, por<br />

lo tanto, aquellas en las que más aumentó la producción y por lo tanto la productivi<strong>da</strong>d. Sin embargo, el crecimiento <strong>de</strong> la<br />

productivi<strong>da</strong>d se <strong>de</strong>be a la apertura <strong>de</strong> la economía: para resistir a la brutal apertura a la competencia extranjera y a la<br />

supresión <strong>de</strong> numerosas subvenciones, estas empresas <strong>de</strong>bían tener a la vez un nível tecnológico y <strong>de</strong> salarios apropiado,<br />

<strong>de</strong> manera que fuesen relativamente competitivas, sino habrían <strong>de</strong>saparecido, como hemos visto en muchos casos. La<br />

erradicación <strong>de</strong> una parte importante <strong>de</strong> las industrias, y su reemplazo por importaciones, con un coste social muy<br />

elevado, ha tenido una gran importancia, sobre todo porque el tejido económico salió más o menos obsoleto <strong>de</strong> la crisis<br />

hiperinflacionista <strong>de</strong> los años ochenta y porque estaba sometido a una competencia creciente con la apertura brutal <strong>de</strong> las<br />

fronteras y la <strong>de</strong>saparición casi total <strong>de</strong> las subvenciones y <strong>de</strong> la política industrial. De esta manera, sólo las empresas que<br />

sufrieron menos durante la " déca<strong>da</strong> perdi<strong>da</strong>" - (la expresión es <strong>de</strong> la CEPAL19 y <strong>de</strong>signa este periodo <strong>de</strong> los años<br />

ochenta) - podían resistir, con la condición que utilizaran las últimas tecnologías y que sustituyeran la producción local <strong>de</strong><br />

bienes y productos intermediarios por bienes importados. Se pue<strong>de</strong> afirmar, por lo tanto, que indirectamente la creciente<br />

apertura estimuló el crecimiento <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d pero aumentando al mismo tiempo las presiones <strong>de</strong>l mercado y <strong>de</strong> los<br />

costes.<br />

El coste unitario <strong>de</strong>l trabajo, pertinente para el análisis <strong>de</strong> la competitivi<strong>da</strong>d-precio, toma en cuenta otras dos<br />

variables: la tasa <strong>de</strong> salarios y el tipo <strong>de</strong> cambio real. Con el éxito que tuvieron los planes <strong>de</strong> estabilización, el tipo <strong>de</strong><br />

cambio real se sobrevalora en la medi<strong>da</strong> en que el tipo <strong>de</strong> cambio nominal sigue fijo, como está previsto por el plan <strong>de</strong><br />

convertibili<strong>da</strong>d con la i<strong>de</strong>ntificación <strong>de</strong>l peso y el dólar. Esta apreciación <strong>de</strong> la mone<strong>da</strong> en términos reales proviene <strong>de</strong> la<br />

diferencia <strong>de</strong>creciente <strong>de</strong> la inflación <strong>de</strong> los Estados Unidos y <strong>de</strong> Argentina, es <strong>de</strong>cir <strong>de</strong>l paso <strong>de</strong> la hiperinflación a una<br />

inflación comparable con la <strong>de</strong> Estados Unidos. Mini<strong>de</strong>valuaciones en frío hubieran limitado, incluso anulado, esta<br />

apreciación, pero la instauración <strong>de</strong>l plan <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong>d las hizo imposibles. La experiencia argentina (1991-2001) es<br />

interesante porque evi<strong>de</strong>ncia los efectos negativos <strong>de</strong> la apreciación <strong>de</strong> la mone<strong>da</strong>: déficit comercial en el importante<br />

sector <strong>de</strong> la fabricación, <strong>de</strong>saparición <strong>de</strong> sectores completos <strong>de</strong> la industria nacional y re-primarización <strong>de</strong> la economía,<br />

flexibilización <strong>de</strong>l trabajo, evolución <strong>de</strong> la remuneración salarial <strong>de</strong> manera menor a la evolución <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l<br />

trabajo (como se pue<strong>de</strong> observar en especial en el sector público) informalización <strong>de</strong>l trabajo y por lo tanto pérdi<strong>da</strong> <strong>de</strong> los<br />

<strong>de</strong>rechos y las protecciones, criminalización <strong>de</strong> los conflictos sociales y ten<strong>de</strong>ncia a la atomización.


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

El plan <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong>d (1991)<br />

El plan <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong>d, establecido en 1991, es muy similar al sistema llamado <strong>de</strong>l currency board impuesto en el siglo<br />

pasado en ciertos países por Inglaterra, potencia colonial <strong>de</strong> la época. Este sistema existe en algunos pequeños países <strong>de</strong>l<br />

este y en Hong Kong. A diferencia <strong>de</strong> Hong Kong, en Argentina coexisten dos mone<strong>da</strong>s para el conjunto <strong>de</strong> las<br />

transacciones: el peso y el dólar. Este sistema impone una limitación fuerte a la emisión monetaria que <strong>de</strong>be limitarse<br />

estrictamente a la entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> divisas. La base monetaria (billetes y <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> los bancos en el banco central) <strong>de</strong>be<br />

disponer <strong>de</strong> dólares en contraparti<strong>da</strong>. En otras palabras, ca<strong>da</strong> peso creado <strong>de</strong>be tener su contraparti<strong>da</strong> en dólar y por lo<br />

tanto si la entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> dólares disminuye, también <strong>de</strong>bería disminuir la emisión <strong>de</strong> créditos ya se trate <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> origen<br />

público (<strong>de</strong>ficit presupuestario) o privado (créditos a empresas y particulares). El banco central <strong>de</strong>ja por lo tanto <strong>de</strong> ser el<br />

último prestamista y se niega a refinanciar créditos contraídos por los bancos cuando las entra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> dólares no son<br />

suficientes. Por lo tanto se pue<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que, aunque los bancos pue<strong>da</strong>n crear mone<strong>da</strong> como cualquier banco<br />

concediendo créditos, su refinanciación por el banco central <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> la entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> dólares, lo cual pue<strong>de</strong> frenar su<br />

voluntad <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r créditos a la economía cuando la entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> divisas no es suficiente, a menos que acepten tomar<br />

riesgos importantes. Los bancos tienen, por lo tanto, un problema <strong>de</strong> capital, y no pue<strong>de</strong>n hacer frente a las <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

liqui<strong>de</strong>z si no hay suficientes dólares nuevos y si los ahorradores pi<strong>de</strong>n la conversión <strong>de</strong> sus <strong>de</strong>pósitos en efectivo: los<br />

dólares virtuales (<strong>de</strong> un total aproximado <strong>de</strong> 15.000 millones en febrero <strong>de</strong> 2002) que las bancas crean a partir <strong>de</strong> los<br />

dólares <strong>de</strong>positados (multiplicador <strong>de</strong> crédito) no pue<strong>de</strong>n ser financiados y por lo tanto no pue<strong>de</strong>n existir si surge una<br />

necesi<strong>da</strong>d <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z. Esto explica, fun<strong>da</strong>mentalmente, que los bancos no pue<strong>da</strong>n convertir sus <strong>de</strong>pósitos en dólares<br />

efectivos. De manera general, esto es un gran obstáculo a las posibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> préstamos y presiona al gobierno hacia el<br />

"déficit cero" presupuestario, lo que precipita la recesión, la alarga y la transforma en una crisis abierta. Este problema ya<br />

había aparecido, con menor grave<strong>da</strong>d, en 1995, durante el efecto tequila: varios bancos tuvieron que ser recapitalizados,<br />

con la ayu<strong>da</strong> <strong>de</strong>l FMI, y muchos otros <strong>de</strong>saparecieron. La conversión creciente <strong>de</strong> los <strong>de</strong>pósitos en pesos a <strong>de</strong>pósitos en<br />

dólares, anticipación <strong>de</strong> la <strong>de</strong>sconfianza <strong>de</strong> que la política gubernamental pudiese superar las dificulta<strong>de</strong>s y restablecer el<br />

crecimiento, junto con la <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversión <strong>de</strong> estos <strong>de</strong>pósitos en efectivo, condujo al último gobierno <strong>de</strong> De la Rúa<br />

a imponer el corralito, y <strong>de</strong> esta manera a <strong>de</strong>struir la confianza en el sistema bancario.<br />

El estudio <strong>de</strong> Frenkel et alli, ya citado, analiza en <strong>de</strong>talle las evoluciones <strong>de</strong> los salarios, los precios, la productivi<strong>da</strong>d<br />

<strong>de</strong>l conjunto <strong>de</strong> la industria y rama por rama. El salario real para el conjunto <strong>de</strong> la industria en 1996 es superior en un 3%<br />

al <strong>de</strong> 1991 (año <strong>de</strong>l Plan <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong>d) y un 23% inferior al <strong>de</strong> 1990 y al <strong>de</strong> 1986-1990. EL índice <strong>de</strong> los precios en<br />

dólares constantes en 1996 es superior en un 1% al <strong>de</strong> 1991 y en un 14% al <strong>de</strong> 1986-1990. El salario real en dólar<br />

constante en 1996 es un 40% superior al <strong>de</strong> 1991, un 59% superior al <strong>de</strong> 1990 y un 65% superior al <strong>de</strong> 1986-1990 a causa<br />

<strong>de</strong> la apreciación en términos reales <strong>de</strong>l dólar com respecto al peso. La diferencia es consi<strong>de</strong>rable entre el salario real y el<br />

expresado en dólares constantes. Aunque la productivi<strong>da</strong>d haya aumentado, ésta no consigue compensar el alza <strong>de</strong> los<br />

salarios reales expresados en dólares constantes. El coste unitario <strong>de</strong>l trabajo en 1996 es superior en un 7% al <strong>de</strong> 1991, en<br />

un 5% al <strong>de</strong> 1986-1990 pero, expresado en dólares constantes, es superior en un 9% al <strong>de</strong> 1991 y en un 21% al <strong>de</strong> 1986-<br />

1990. La competitivi<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Argentina frente a Brasil cayó en picado cuando el real se <strong>de</strong>valuó fuertemente con respecto al<br />

dólar en 1999, mientras que el peso en términos reales seguía sobrevalorado.<br />

Las causas <strong>de</strong> la crisis según otros economistas<br />

Muchos economistas con los que la misión ha tenido la ocasión <strong>de</strong> entrevistarse consi<strong>de</strong>ran que hay una continui<strong>da</strong>d entre<br />

el golpe <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> 1976 y la situación actual. El régimen <strong>de</strong> acumulación a lo largo <strong>de</strong> este periodo posee una<br />

componente a dominante financiera y se encuentra caracterizado esencialmente por los efectos <strong>de</strong> las políticas<br />

ultraliberales estableci<strong>da</strong>s bajo la dictadura con Martínez <strong>de</strong> la Hoz: distribución <strong>de</strong>sigualitaria <strong>de</strong> los ingresos (provoca<strong>da</strong><br />

con Alfonsín por la hiperinflación, y con Ménem y De la Rúa por la atomización <strong>de</strong>l mundo <strong>de</strong>l trabajo: flexibilización<br />

<strong>de</strong>l trabajo, <strong>de</strong>smantelamiento <strong>de</strong> los <strong>de</strong>rechos sociales y criminalización <strong>de</strong> los conflictos sociales - punto señalado<br />

igualmente por los abogados laboralistas, ver infra); aumento <strong>de</strong>l <strong>de</strong>sempleo; progresión <strong>de</strong>l trabajo informal y precario<br />

y/o a tiempo parcial; aumento <strong>de</strong>scontrolado <strong>de</strong> la pobreza (15 millones en 2001 frente a 2 millones en 1930);<br />

<strong>de</strong>sindustrialización masiva (provoca<strong>da</strong> por el <strong>de</strong>smantelamiento <strong>de</strong> los <strong>de</strong>rechos arancelarios, el abandono <strong>de</strong> las políticas<br />

industriales y <strong>de</strong> las subvenciones a favor <strong>de</strong> ciertos sectores <strong>de</strong> la industria); preferencia evi<strong>de</strong>nte por las activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

financieras en <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong>l sector productivo, menos lucrativo; evasión <strong>de</strong>l capital hacia los mercados financieros<br />

extranjeros. La crisis actual ("la casa <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>") revela el agotamiento <strong>de</strong>l mo<strong>de</strong>lo (Lozano, entrevista con los<br />

economistas <strong>de</strong>l FRENAPO y con la dirección <strong>de</strong> ATE) y <strong>de</strong>muestra que tras el "genocidio" impune <strong>de</strong> los militares surge<br />

un "genocidio" económico, impune por el momento, que podría <strong>da</strong>r lugar a un juicio ante un "tribunal <strong>de</strong> crímenes<br />

económicos". La comparación con los casos mexicano y sobre todo brasileño plantea varios interrogantes: ¿Se trata <strong>de</strong><br />

una crisis específicamente argentina (uni<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l liberalismo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1976), o se trata <strong>de</strong> una crisis provoca<strong>da</strong> por la<br />

globalización financiera <strong>de</strong> los años noventa, com particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s argentinas relaciona<strong>da</strong>s con la "trampa <strong>de</strong> la<br />

convertibili<strong>da</strong>d"? Para los economistas <strong>de</strong>l FRENAPO, se trata <strong>de</strong> una crisis específicamente argentina, ya que Brasil<br />

cuenta con una clase <strong>de</strong> empresarios que no existe en Argentina, com un Estado no <strong>de</strong>smantelado y por lo tanto tiene<br />

medios <strong>de</strong> actuar contra los ciclos económicos. La comparación <strong>de</strong> la crisis brasileña <strong>de</strong> finales <strong>de</strong> la déca<strong>da</strong> anterior con<br />

- 35 -


- 36 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

la incapaci<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Argentina para salir <strong>de</strong> la recesión es edificante: Brasil llevó a cabo una política expansionista tras la<br />

<strong>de</strong>valuación lo que le permitió una reactivación tras un año <strong>de</strong> crisis.<br />

Para otros economistas (entrevista con los "economistas"), la crisis actual constituye un ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ro "colapso" que no pue<strong>de</strong><br />

superarse con un reajuste, a diferencia <strong>de</strong> lo que ha ocurrido en otros países <strong>de</strong> América Latina. Según este análisis, la<br />

<strong>de</strong>valuación "no sirvió para na<strong>da</strong>" salvo para aumentar el caos. En primer lugar porque la <strong>de</strong>strucción-<strong>de</strong>sestructuración<br />

<strong>de</strong>l tejido industrial era <strong>de</strong> tal magnitud que a un aumento <strong>de</strong> las exportaciones, favorecido lógicamente por una<br />

<strong>de</strong>valuación, se opone el aumento <strong>de</strong> los costes <strong>de</strong> las importaciones, sustituto <strong>de</strong> segmentos completos <strong>de</strong> la producción<br />

nacional, hoy <strong>de</strong>saparecidos (<strong>de</strong>sverticalización, reprimarización <strong>de</strong> la economía). Y en segundo lugar porque los<br />

mecanismos <strong>de</strong> subvenciones <strong>de</strong>saparecieron y, al contrario que en los países <strong>de</strong>sarrollados, los subsidios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempleo<br />

son escasos o inexistentes, y no permiten mantener un mínimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> efectiva, que amortiguaría la crisis. Otros<br />

factores también influyen: mala distribución <strong>de</strong> la riqueza que provoca que, en un país rico, exportador <strong>de</strong> productos<br />

alimentarios, pue<strong>da</strong> <strong>da</strong>rse el fenómeno <strong>de</strong>l hambre; política proteccionista <strong>de</strong> los Estados Unidos que, a pesar <strong>de</strong> su<br />

alegado liberalismo, obstaculiza con barreras cualitativas la entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> productos argentinos, <strong>de</strong>finiendo unilateralmente la<br />

cali<strong>da</strong>d necesaria <strong>de</strong> los productos; alto nivel <strong>de</strong> intereses extranjeros en la economía. Según algunos <strong>de</strong> estos<br />

economistas, la convertibili<strong>da</strong>d era necesaria para salir <strong>de</strong> la crisis hiperinflacionista y para permitir la entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> capital<br />

extranjero, pero no se "aplico correctamente". La sali<strong>da</strong> <strong>de</strong> la crisis, según estos expertos, pasa por una planificación como<br />

en una "economía <strong>de</strong> guerra", con la dificultad <strong>de</strong> contar con aparatos <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong>bilitados y corruptos. Otros<br />

economistas señalan la importancia <strong>de</strong> la fuga <strong>de</strong> capitales, sobre todo si se comparan con la FBCF, el estrangulamiento<br />

financiero provocado por la aplicación <strong>de</strong>l programa ultraliberal, la sobreexplotación <strong>de</strong> la fuerza <strong>de</strong> trabajo (el número <strong>de</strong><br />

trabajadores no aumentó y el progreso <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d correspondió al capital), e intenta medir el precio <strong>de</strong> la crisis:<br />

precio para las capas medias <strong>de</strong> la conversión <strong>de</strong> los dólares <strong>de</strong>l banco según el tipo <strong>de</strong> 1,4 pesos, mientras que el dólar<br />

vale ya mucho más, precio fiscal <strong>de</strong> esta conversión.<br />

El análisis económico <strong>de</strong> la crisis y <strong>de</strong> las relaciones con el FMI, hecho por los representantes <strong>de</strong>l partido justicialista es<br />

distinto. Según ellos, el análisis <strong>de</strong> las causas <strong>de</strong>l déficit fiscal <strong>de</strong>l FMI es erróneo: este déficit tiene un doble origen. Por<br />

un lado, una redistribución importante hacia las provincias y por otro, el Estado siguió financiando las jubilaciones<br />

mientras que ya no recibía más cotizaciones, puesto que el sistema <strong>de</strong> reparto para los jubilados se ha sustituido por el<br />

sistema <strong>de</strong> capitalización, y las cotizaciones se dirigen hacia los fondos <strong>de</strong> pensiones, que prestan al Estado con tipos <strong>de</strong><br />

interés <strong>de</strong>sorbitados. La sali<strong>da</strong> <strong>de</strong> la crisis <strong>de</strong>be ser "productiva", aunque sea difícil enten<strong>de</strong>r el alcance <strong>de</strong> este término, y<br />

los medios, las políticas previstas para hacer que Argentina sea <strong>de</strong> nuevo "productiva". Ante la mención <strong>de</strong> que este<br />

término había sido empleado por Ménem al principio <strong>de</strong> su man<strong>da</strong>to ("la revolución productiva") y que condujo a un<br />

refuerzo <strong>de</strong> la economía <strong>de</strong> renta, las respuestas <strong>de</strong>l partido justicialista y <strong>de</strong> un miembro <strong>de</strong>l gobierno, Cafiero, que no<br />

pertenece a este partido, fueron evasivas.<br />

Partido justicialista “construir un Estado fuerte, profundizar en Mercosur, aceptar el déficit fiscal" (¿hasta qué punto?),<br />

"efectuar retenciones al sector exportador", "contemplar el retorno a un sistema <strong>de</strong> reparto", ayu<strong>da</strong>r a corto plazo ("que<br />

jubilados pue<strong>da</strong>n comer")...<br />

Cafiero: "disminuir la brecha social con un aumento <strong>de</strong> los gastos sociales ", a diferencia <strong>de</strong> la Presi<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> Ménem, en<br />

que el peso <strong>de</strong>l Estado disminuyó en gran medi<strong>da</strong>, hasta estar casi "<strong>de</strong>struido; hay que reanu<strong>da</strong>r el diálogo con los sectores<br />

<strong>de</strong> la producción", conseguir que los "capitales refugiados en el extranjero vuelvan" y terminar con el Estado "bobo"<br />

(orientado hacia la clientela). El análisis <strong>de</strong>l UCR no está muy alejado <strong>de</strong> esta opinión e insiste en la necesi<strong>da</strong>d <strong>de</strong><br />

priorizar la cuestión social, <strong>de</strong> reconstruir el Estado, <strong>de</strong> reconstruir la confianza, más que optar por la "dolarización". La<br />

impresión <strong>de</strong> conjunto estos encuentros con los representantes <strong>de</strong> partido justicialista y <strong>de</strong>l partido radical es que el<br />

análisis <strong>de</strong> la crisis no está la altura <strong>de</strong> esta última, y que las propuestas plantea<strong>da</strong>s proce<strong>de</strong>n <strong>de</strong> un análisis insuficiente <strong>de</strong><br />

los orígenes profundos la crisis y <strong>de</strong> una falta <strong>de</strong> voluntad para acabar ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ramente con el sistema prece<strong>de</strong>nte, que<br />

ofrecía ciertamente ventajas para una parte <strong>de</strong> la población. De ello se <strong>de</strong>ducen los aspectos algo voluntaristas <strong>de</strong>l discurso<br />

mantenido y <strong>de</strong> las prácticas <strong>de</strong> conciliación con la postura especialmente rígi<strong>da</strong> <strong>de</strong>l FMI.<br />

De este estudio se <strong>de</strong>duce que los márgenes <strong>de</strong> maniobra para aumentar la competitivi<strong>da</strong>d se reducen con el Plan <strong>de</strong><br />

convertibili<strong>da</strong>d. La mejora <strong>de</strong> la competitivi<strong>da</strong>d pue<strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> la reducción <strong>de</strong> los salarios reales con el fin <strong>de</strong> reducir<br />

el salario real en dólar constante.<br />

La ten<strong>de</strong>ncia a la baja <strong>de</strong> los salarios y el aumento <strong>de</strong> las <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

La reducción <strong>de</strong> los salarios <strong>de</strong>l sector "abierto", es <strong>de</strong>cir sometido a la competencia internacional, empezó a mediados <strong>de</strong><br />

1998, mientras que la productivi<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l trabajo aumenta fuertemente a partir <strong>de</strong> mediados <strong>de</strong> 1999. De ello se <strong>de</strong>duce una<br />

baja evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>l coste unitario <strong>de</strong>l trabajo en pesos, que pasó <strong>de</strong> 92 (base: 100 en 1993) a 83 en 2001, es <strong>de</strong>cir una<br />

reducción <strong>de</strong> un poco menos <strong>de</strong>l 10% <strong>de</strong>s<strong>de</strong> la <strong>de</strong>valuación <strong>de</strong>l real, reducción sensible pero insuficiente para compensar<br />

la sobrevaloración en términos reales <strong>de</strong>l peso con respecto al dólar y los efectos <strong>de</strong> la <strong>de</strong>valuación <strong>de</strong>l real (fuente:<br />

Ministerio <strong>de</strong> Economía). Entre 1990 y 1995, las <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> los ingresos <strong>de</strong>l trabajo aumentaron en la mayoría <strong>de</strong>


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

las economías latinoamericanas, pero en Argentina las <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s aumentan con la baja <strong>de</strong> los salarios, a excepción <strong>de</strong><br />

los ingresos <strong>de</strong> los trabajadores más cualificados.<br />

El empleo se torna ca<strong>da</strong> vez más precario y el <strong>de</strong>sempleo y el trabajo a tiempo parcial aumentan. Mientras que en octubre<br />

<strong>de</strong> 1991 la tasa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempleo era <strong>de</strong>l 6%, en octubre <strong>de</strong> 2001 alcanzó el 18,3%, es <strong>de</strong>cir el nivel alcanzado durante la<br />

grave crisis <strong>de</strong> 1995 (18,4%). A estas cifras hay que añadir el subempleo que, en octubre <strong>de</strong> 2001, ascendia a 16,3%. El<br />

número <strong>de</strong> trabajadores con un empleo <strong>de</strong>scendió en un 8,4% entre octubre <strong>de</strong> 1999 y octubre <strong>de</strong> 2001, el número <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempleados aumentó en un 33,6% y el <strong>de</strong> los subocupados aumentó en un 14,8% en las mismas fechas. Los jóvenes<br />

acu<strong>de</strong>n menos frecuentemente que en el pasado a los centros educativos, y no tienen acceso al empleo. En mayo <strong>de</strong> 1998,<br />

el 14,7% <strong>de</strong> los jóvenes <strong>de</strong> 19 a 24 años no acudía a centros educativos y no trabajaba; esta cifra pasó a ser <strong>de</strong> un 19,5%<br />

en octubre <strong>de</strong> 2001 (fuente: EPH y In<strong>de</strong>c), y un 31,6% <strong>de</strong> este sector <strong>de</strong> e<strong>da</strong>d <strong>de</strong> la población estaba <strong>de</strong>sempleado.<br />

Esta política ya se practica con la entra<strong>da</strong> en vigor <strong>de</strong> la flexibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l trabajo y la precarización consecuente para<br />

muchos sectores <strong>de</strong> la socie<strong>da</strong>d <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1994-1995. Más allá <strong>de</strong>l agravamiento <strong>de</strong> la situación social, provoca un efecto<br />

evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> recesión20 y no es eficaz, puesto que la mayor parte <strong>de</strong>l alza <strong>de</strong>l coste salarial unitario en dólar constante tiene<br />

por causa la apreciación <strong>de</strong> la mone<strong>da</strong> nacional y porque la dispersión <strong>de</strong> los salarios y <strong>de</strong> los precios en dólar constante<br />

entre las ramas es menos eleva<strong>da</strong> que la <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d. Que<strong>da</strong>, por lo tanto, el crecimiento <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l<br />

trabajo. Ésta es ya eleva<strong>da</strong>, pero la diferencia <strong>de</strong> nivel con los países <strong>de</strong>sarrollados persiste y no pue<strong>de</strong> eliminarse<br />

rápi<strong>da</strong>mente, sobre todo con los débiles esfuerzos emprendidos en investigación para el <strong>de</strong>sarrollo.<br />

Este conjunto <strong>de</strong> <strong>da</strong>tos era previsible. No se trata <strong>de</strong> la consecuencia <strong>de</strong> acci<strong>de</strong>ntes contra los cuales no se pue<strong>de</strong><br />

luchar, como por ejemplo una crisis económica en los países vecinos, el <strong>de</strong>terioro <strong>de</strong> las condiciones <strong>de</strong> cambio o una<br />

crisis financiera como la que tuvo lugar en México en 1995 (efecto Tequila). Ciertamente, estos elementos influyen y<br />

existe algún tipo <strong>de</strong> contagio, pero estos efectos se producen sobre todo porque la economía ya se encuentra "enferma".<br />

Sin estos "acci<strong>de</strong>ntes", el <strong>de</strong>terioro <strong>de</strong> las condiciones <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> y laborales <strong>de</strong> la mayor parte <strong>de</strong> la población y el<br />

enriquecimiento <strong>de</strong> una minoría, sumado a la mejora provisional <strong>de</strong> la situación <strong>de</strong> una fracción <strong>de</strong> las capas medias <strong>de</strong> la<br />

socie<strong>da</strong>d, eran inevitables. Esta es la trampa <strong>de</strong>l plan <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong>d. La dinámica que dicho Plan impone no podía ser<br />

distinta. La competitivi<strong>da</strong>d <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, en efecto <strong>de</strong> las tres variables analiza<strong>da</strong>s: el nivel <strong>de</strong> productivi<strong>da</strong>d (débil con<br />

respecto al <strong>de</strong> los países <strong>de</strong>sarrollados), el nivel <strong>de</strong> los salarios y el tipo <strong>de</strong> cambio (que se valora en términos reales). Si la<br />

- 37 -


- 38 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

diferencia <strong>de</strong> salarios con los países <strong>de</strong>sarrollados no es "suficiente", y si el tipo <strong>de</strong> cambio aumenta, las únicas dos<br />

maneras <strong>de</strong> disminuir la diferencia <strong>de</strong> productivi<strong>da</strong>d son aumentar la productivi<strong>da</strong>d y disminuir las cargas salariales,<br />

incluso los salarios en término real. El aumento <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d, aún importante, no pue<strong>de</strong> conducir a nivelar la<br />

productivi<strong>da</strong>d en el sector industrial com la <strong>de</strong> los países <strong>de</strong>sarrollados en un plazo no muy largo, y aun con la condición<br />

<strong>de</strong> que la inversión sea consecuente (lo cual no ha ocurrido en absoluto), que<strong>da</strong> el problema <strong>de</strong> la disminución <strong>de</strong> la<br />

remuneración <strong>de</strong>l trabajo. Éste se inscribe en la propia lógica <strong>de</strong>l plan <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong>d.<br />

Es lo que explica fun<strong>da</strong>mentalmente la primarización <strong>de</strong> la economía: el sector industrial tien<strong>de</strong> a ser erradicado, las<br />

pequeñas y medianas empresas experimentan ca<strong>da</strong> vez más dificulta<strong>de</strong>s para resistir ante la competencia externa. Las<br />

exportaciones se concentran don<strong>de</strong> su precio se expresa directamente en dólares (materias primas <strong>de</strong> origen agrícola y<br />

minero, entre las cuales el petróleo) y don<strong>de</strong> la remuneración <strong>de</strong>l trabajo cuenta poco. La mecanización, el empleo <strong>de</strong><br />

técnicas transgénicas, para producir soja por ejemplo, tiene un éxito sin prece<strong>de</strong>ntes, al igual que la utilización masiva <strong>de</strong><br />

abonos químicos en la agricultura. El aumento <strong>de</strong> la productivi<strong>da</strong>d resultante <strong>de</strong>struye muchos empleos en la agricultura:<br />

una parte importante <strong>de</strong> los campesinos abandona el campo y se <strong>de</strong>splaza a las ciu<strong>da</strong><strong>de</strong>s, en especial a los suburbios. La<br />

industria agrícola también sufre los efectos <strong>de</strong> la competencia exterior y <strong>de</strong> las <strong>de</strong>valuaciones, y tien<strong>de</strong> a ser menos<br />

manufactura<strong>da</strong> que la brasileña, país competidor con Argentina. La concentración <strong>de</strong> las activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s en torno a activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

rentistas o para rentistas constituye un reflejo <strong>de</strong> la primarización <strong>de</strong> la economía (para una comparación con México, país<br />

exportador <strong>de</strong> petróleo y productos manufacturados).<br />

Fuentes: M.Mortimore, W.Peres (2001) [2001]: "La Competitivi<strong>da</strong>d empresarial en América Latina y el Caribe", Revista<br />

<strong>de</strong> la CEPAL, n° 74, agosto, y J.Katz, G.Stumpo (2001): [2001] : "Regímenes Competitivos Sectoriales, Productivi<strong>da</strong>d y<br />

Competitivi<strong>da</strong>d Internacional", Seminario CEPAL/BID: "Camino a la Competitivi<strong>da</strong>d: El Nivel Meso y<br />

Microeconomico", Santiago <strong>de</strong> Chile.<br />

A diferencia <strong>de</strong> lo observado en las otras economías<br />

semiindustrializa<strong>da</strong>s, la estructura <strong>de</strong> las exportaciones<br />

contiene menos productos manufacturados que<br />

anteriormente, y el peso <strong>de</strong> los productos primarios<br />

aumenta. El valor <strong>de</strong> las exportaciones se encuentra<br />

estrechamente vinculado a la evolución <strong>de</strong> los tipos <strong>de</strong><br />

cambio y a la dinámica <strong>de</strong> la <strong>de</strong>man<strong>da</strong> en los países<br />

<strong>de</strong>sarrollados. La presión sobre las importaciones se<br />

vuelve muy fuerte, a falta <strong>de</strong> producción interior<br />

competitiva para muchos productos, <strong>de</strong> tal manera que<br />

los saldos positivos <strong>de</strong> la balanza comercial son a la vez<br />

resultado <strong>de</strong> la dinâmica <strong>de</strong> estas exportaciones y <strong>de</strong> la<br />

<strong>de</strong> las importaciones. Por lo tanto se entien<strong>de</strong> que la<br />

recesión pue<strong>da</strong> <strong>de</strong>sempeñar un papel positivo sobre la<br />

aparición <strong>de</strong> un saldo <strong>de</strong> este tipo: es lo que ocurrió con<br />

la recesión <strong>de</strong> hace cuatro años. La crisis profun<strong>da</strong> y las<br />

fuertes <strong>de</strong>preciaciones <strong>de</strong> la mone<strong>da</strong> nacional <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

finales <strong>de</strong> 2001 han permitido la liberación <strong>de</strong><br />

exce<strong>de</strong>ntes comerciales <strong>de</strong> una cuantía aproxima<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

mil millones <strong>de</strong> dólares durante los primeros meses <strong>de</strong>


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

2002, gracias sobre todo a la caí<strong>da</strong> en picado <strong>de</strong> las importaciones.<br />

2) Las sali<strong>da</strong>s estructurales <strong>de</strong> capitales:<br />

La mayoría <strong>de</strong> las economías latino-americanas, y particularmente las <strong>de</strong> Brasil y México, están someti<strong>da</strong>s a una<br />

vulnerabili<strong>da</strong>d externa importante. Las turbulencias macroeconómicas <strong>de</strong> los años noventa muestran la incapaci<strong>da</strong>d <strong>de</strong><br />

armonizar las necesi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiación con las capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiación, a pesar y <strong>de</strong>bido a una<br />

internacionalización muy pronuncia<strong>da</strong> <strong>de</strong> sus economías, que se armonizan con dicha crisis mediante una fuerte<br />

manipulación <strong>de</strong> las tasas <strong>de</strong> interés al alza seguido muy a menudo <strong>de</strong> una <strong>de</strong>valuación en vivo. Estas crisis, tienen un<br />

coste social muy elevado (aumento <strong>de</strong> la pobreza, efecto <strong>de</strong> histéresis traduciendo una incapaci<strong>da</strong>d <strong>de</strong> reducir esta cuando<br />

el crecimiento reanu<strong>da</strong> durante un tiempo) y son en general <strong>de</strong> gran alcance y <strong>de</strong> corta duración.<br />

Este no es el caso <strong>de</strong> Argentina, excepto en 1996 y gracias a una mejora <strong>de</strong> los términos <strong>de</strong> cambio y a una coyuntura<br />

internacional favorable. Por eso se pue<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que el caso <strong>de</strong> Argentina confina a la caricatura: con el plan <strong>de</strong><br />

convertibili<strong>da</strong>d, el liberalismo se ha impuesto en sus aspectos más extremos. El abandono <strong>de</strong> las políticas <strong>de</strong> cambio y<br />

monetarias precipitaron la crisis y la hicieron durar, instalando la economía <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> un ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ro círculo vicioso,<br />

cuando las dificulta<strong>de</strong>s externas son <strong>de</strong>sfavorables.<br />

La apreciación <strong>de</strong> la mone<strong>da</strong> condujo a Argentina a reforzar los comportamientos rentistas <strong>de</strong> los empresarios. La<br />

tasa <strong>de</strong> formación bruta <strong>de</strong> capital sigue siendo ridículamente débil - sobretodo si no se tienen en cuenta las inversiones en<br />

la construcción - cuando se la compara con las economias emergentes asiáticas. Las sali<strong>da</strong>s <strong>de</strong> capital son muy<br />

importantes. Incluyen el pago <strong>de</strong> servicio <strong>de</strong> la <strong>de</strong>u<strong>da</strong>, común al conjunto <strong>de</strong> estos países, que se encuentra en fuerte<br />

crecimiento con el aumento vertiginoso <strong>de</strong>l riesgo país Argentina (más <strong>de</strong> 4000 puntos la víspera <strong>de</strong> la crisis), <strong>de</strong>l pago <strong>de</strong><br />

los <strong>de</strong>rechos, y sobretodo el pago <strong>de</strong> los divi<strong>de</strong>ndos y <strong>de</strong> la repatriación <strong>de</strong> una parte <strong>de</strong> los beneficios <strong>de</strong> las empresas<br />

transnacionales. La originali<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Argentina es que la necesi<strong>da</strong>d <strong>de</strong> financiación <strong>de</strong> las empresas priva<strong>da</strong>s (no<br />

financieras) está abajo <strong>de</strong> sus capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiación, <strong>de</strong> tal manera que el Estado tiene que aumentar sus<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiación, pidiendo prestado al extranjero para po<strong>de</strong>r financiar este boquete creciente. En las próximas<br />

líneas trataremos acerca <strong>de</strong> este aspecto.<br />

a. Unos beneficios consi<strong>de</strong>rables<br />

Los cuatro cuadros siguientes permiten compren<strong>de</strong>r la amplitud <strong>de</strong> la internacionalización en Argentina. La entra<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> capitales en tanto que inversiones extranjeras directas, tras las privatizaciones masivas y el efecto <strong>de</strong> atracción<br />

provocado por la creación <strong>de</strong>l Mercosur es importante. Sin embargo, la incapaci<strong>da</strong>d <strong>de</strong> la formación bruta <strong>de</strong> capital<br />

nacional para seguir la evolución y el ritmo <strong>de</strong> estas inversiones directas una vez efectua<strong>da</strong>s las primeras gran<strong>de</strong>s<br />

privatizaciones (4,8% en 1994 <strong>de</strong> la FBCF a 9,9% en 1996 y 9% en 1997) revela una ten<strong>de</strong>ncia rentista <strong>de</strong> los empresarios<br />

argentinos: los capitales extranjeros se substituyen en gran parte a los capitales nacionales. Los beneficios son<br />

consecuentes y la balanza <strong>de</strong> pagos sufre una evolución <strong>de</strong>sfavorable que sólo una recesión pue<strong>de</strong> frenar.<br />

Fuente : Cepal :Balance preliminar <strong>de</strong> las economías <strong>de</strong> América latina 2000 y FIDE. Los <strong>da</strong>tos para 2000 son<br />

previsiones. La cifra para 1999 respecto a Argentina podría p restarse a errores.<br />

Este súbito aumento <strong>de</strong>l IED resulta en gran parte <strong>de</strong> la compra por parte <strong>de</strong> una empresa española Repsol <strong>de</strong> la<br />

compañía petrolera, ver supra, ya privatiza<strong>da</strong> YPF y a la acción <strong>de</strong> los fondos <strong>de</strong> pensión americanos. Esta compra, que se<br />

realizó por compra-cambio <strong>de</strong> acciones en Nueva York y no dio lugar a entra<strong>da</strong>s netas <strong>de</strong> capitales, se tradujo por un<br />

importe equivalente, pero <strong>de</strong> signo negativo, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> la línea <strong>de</strong> inversiones en cartera.<br />

- 39 -


- 40 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Fuente : E.Basualdo, M.Schorr et C.Lozano : Las transferencias <strong>de</strong> recursos a la cúpula económica durante la<br />

administración Duhal<strong>de</strong>, el nuevo plano social <strong>de</strong>l gobierno, FRENAPO Marzo 2002* incluso una empresa <strong>de</strong>l Estado con<br />

77,3 millones <strong>de</strong> dólares <strong>de</strong> <strong>de</strong>u<strong>da</strong>s frente al sistema financiero interno<br />

**se trata <strong>de</strong> obligaciones negociables acumula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 1990 a 1997<br />

Las asociaciones caracterizan los consorcios, presentes sobretodo en los servicios públicos; los grupos económicos<br />

son conglomerados <strong>de</strong> origen local que tienen más <strong>de</strong> 6 empresas; los conglomerados se <strong>de</strong>finen <strong>de</strong>l mismo modo,<br />

excepto que la propie<strong>da</strong>d es extranjera; las empresas in<strong>de</strong>pendientes no tienen una estructura <strong>de</strong> conglomerado (controlan<br />

menos <strong>de</strong> 6 empresas); las empresas transnacionales, se parecen a las empresas in<strong>de</strong>pendientes pero con una propie<strong>da</strong>d<br />

extranjera.<br />

La distinción entre las <strong>de</strong>u<strong>da</strong>s ante el sistema financiero y las obligaciones negociables es muy importante. Las<br />

<strong>de</strong>u<strong>da</strong>s incluyen financiaciones locales (<strong>de</strong>u<strong>da</strong> interna) sobretodo en dólares y, la segun<strong>da</strong>, las financiaciones proce<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> mercados financieros exteriores (<strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa). Las primeras han sido "pesifica<strong>da</strong>s": la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> interna se convirtió en<br />

pesos con una tasa <strong>de</strong> cambio <strong>de</strong> 1 por 1,40, las segun<strong>da</strong>s no. De esto resulta una cobertura parcial <strong>de</strong>l riesgo <strong>de</strong> cambio<br />

por el Estado por las <strong>de</strong>u<strong>da</strong>s internas en la medi<strong>da</strong> que las tasas <strong>de</strong> cambio giran alre<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> 1 por 3.<br />

La <strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa, que no está "pesifica<strong>da</strong>" pesa sobre el balance <strong>de</strong> las empresas poco exportadoras y sirve <strong>de</strong><br />

argumento para negociar una alza <strong>de</strong> los precios para el gobierno: los precios expresados en dólares al cambio corriente<br />

bajaron en efecto consi<strong>de</strong>rablemente a medi<strong>da</strong> que la mone<strong>da</strong> nacional se <strong>de</strong>preciara, mientras que las <strong>de</strong>u<strong>da</strong>s externas en<br />

dólares requerían siempre más pesos para ser financia<strong>da</strong>s. Este es el caso <strong>de</strong> to<strong>da</strong> una serie <strong>de</strong> servicios públicos (agua,<br />

gas, teléfono), algunas empresas privatiza<strong>da</strong>s amenazando <strong>de</strong> parar, o, preparándose a hacerlo (France Telecom por<br />

ejemplo) sus cuentas ante el gran <strong>de</strong>ficit provocado por la crisis <strong>de</strong> cambio, déficits viniendo sin embargo <strong>de</strong>spués <strong>de</strong> años<br />

<strong>de</strong> exce<strong>de</strong>ntes récord.


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

a orientación exportadora <strong>de</strong> las empresas más gran<strong>de</strong>s les otorga una cierta ventaja ante el gobierno y<br />

especialmenteaquellas cuyos precios <strong>de</strong> venta se expresan directamente en dólares, como es el caso <strong>de</strong> las exportaciones<br />

<strong>de</strong> petróleo o <strong>de</strong> materias primas agrícolas o mineras. Estas pue<strong>de</strong>n " retener " la totali<strong>da</strong>d o parte <strong>de</strong> sus entra<strong>da</strong>s en<br />

divisas en los bancos extranjeros. Se sirven <strong>de</strong> esta amenaza para exigir a la vez alzas <strong>de</strong> sus precios en el mercado<br />

interior com el objetivo <strong>de</strong> alinearlos sobre los precios externos expresados en dólares, <strong>de</strong>stacando que son también<br />

gran<strong>de</strong>s importadoras <strong>de</strong> inputs - lo que es cierto en algunos sectores21 - <strong>de</strong> los que los precios aumentan en peso a<br />

medi<strong>da</strong> que la mone<strong>da</strong> se <strong>de</strong>precia, y <strong>de</strong> limitar los nuevos impuestos que preten<strong>de</strong> imponerles el gobierno con el fin <strong>de</strong><br />

financiar programas sociales, <strong>de</strong> contrapesar en parte la " rebelión " fiscal y mantener un cierto nivel <strong>de</strong> ingresos. La<br />

eficacia <strong>de</strong> su po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> " lobbying " está directamente vincula<strong>da</strong> a su posibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> llevar a cabo temporalmente - el<br />

factor tiempo <strong>de</strong>sempeña aquí un papel importante – su amenaza <strong>de</strong> retención en el extranjero <strong>de</strong> sus ingresos en divisas,<br />

impidiendo así que el gobierno disponga <strong>de</strong> las divisas necesarias para proce<strong>de</strong>r a las importaciones. Si las importaciones<br />

se redujeron en un 63% el pasado febrero, en comparación con el mes <strong>de</strong> febrero <strong>de</strong> 2001, ha sido a causa <strong>de</strong> la reducción<br />

drástica <strong>de</strong> la producción industrial. Un - 15,9% y un - 42,2% en el caso <strong>de</strong> la industria <strong>de</strong> la construcción, pero también<br />

porque las entra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> divisas no se efectúan al ritmo <strong>de</strong>seado mientras que paralelamente las exportaciones conocen un<br />

<strong>de</strong>sarrollo.<br />

Esto explica también que la balanza comercial logra un saldo positivo consi<strong>de</strong>rable <strong>de</strong>l or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> mil millones <strong>de</strong><br />

dólares al mes a inicios <strong>de</strong> 2002 (<strong>da</strong>tos <strong>de</strong> INDEC). Las entra<strong>da</strong>s a título <strong>de</strong> los ingresos <strong>de</strong> exportación <strong>de</strong>sempeñan un<br />

papel importante en la lógica <strong>de</strong> este mo<strong>de</strong>lo, lo que confiera un cierto peso a este po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> " lobby ". Recor<strong>de</strong>mos que la<br />

sali<strong>da</strong> <strong>de</strong> Argentina "<strong>de</strong>l efecto tequila" fue facilita<strong>da</strong> por los ingresos <strong>de</strong> exportación en gran aumento en 1996<br />

provocados por una mejora importante <strong>de</strong> los términos <strong>de</strong> cambio. Al contrario, "el contagio asiático " <strong>de</strong> 1998 tuvo<br />

efectos aún más elevados ya que los términos <strong>de</strong> cambio en ese momento se <strong>de</strong>terioraron.<br />

Entre 1993 y 2000, las 200 empresas más gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>l país ganaron 28,441 mil millones <strong>de</strong> dólares. El 57% <strong>de</strong> estos<br />

beneficios proce<strong>de</strong>n <strong>de</strong> las 26 compañías privatiza<strong>da</strong>s, el 26,3% vienen <strong>de</strong> 33 empresas vincula<strong>da</strong>s a empresas<br />

privatiza<strong>da</strong>s y el 16,3% restante <strong>de</strong> 141 otras empresas que no tenían ninguna relación con estas empresas (fuente:<br />

Flacso). Estos últimos cinco años, mientras que la <strong>de</strong>flación ha sido <strong>de</strong>l 4%, el alza <strong>de</strong> los precios <strong>de</strong> los servicios públicos<br />

fue <strong>de</strong>l 22%.<br />

Tal y como lo habíamos señalado, el caso <strong>de</strong> Argentina se aproxima a la caricatura. Según los trabajos <strong>de</strong> D.Azpiazu<br />

(2001), <strong>de</strong> 1992 a 2000 <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> dólar ganado por las 500 mayores empresas privatiza<strong>da</strong>s, 80 céntimos fueron expatriados.<br />

- 41 -


- 42 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

En 2000, más <strong>de</strong> 1600 millones <strong>de</strong> dólares fueron expatriados en forma <strong>de</strong> beneficios y divi<strong>de</strong>ndos y <strong>de</strong> 1992 a 2000,<br />

8900 millones <strong>de</strong> dólares fueron a las empresas matrices lo que significa un 55% <strong>de</strong> los ingresos <strong>de</strong> las privatizaciones.<br />

Cuando se consi<strong>de</strong>ra el conjunto <strong>de</strong> las repatriaciones netas <strong>de</strong> estos beneficios y divi<strong>de</strong>ndos, más allá pues <strong>de</strong> las 500<br />

mayores empresas privatiza<strong>da</strong>s, las cifras son las siguientes: 2066 y 2524 millones <strong>de</strong> dólares durante los años 1997 y<br />

1998 (+6,8%), a los que hay que añadir los intereses netos <strong>de</strong> la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> que pasan <strong>de</strong> 6166 a 7608 millones <strong>de</strong> dólares entre<br />

las mismas fechas y los servicios netos vinculados a la balanza comercial que pasan <strong>de</strong> 4178 millones <strong>de</strong> dólares a 4281.<br />

El total <strong>de</strong> estos déficits correspon<strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente a poco más <strong>de</strong> la mitad <strong>de</strong>l valor <strong>de</strong> las exportaciones. La<br />

reinversión <strong>de</strong> los beneficios por parte <strong>de</strong> los inversores extranjeros correspon<strong>de</strong> a un tercio, e incluso a un cuarto, <strong>de</strong> las<br />

sumas ubica<strong>da</strong>s en el extranjero en forma <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos y <strong>de</strong> beneficios repatriados. Las cifras brutas son elocuentes: en<br />

1997, 2842 millones <strong>de</strong> dólares y en 1998, 3353 millones <strong>de</strong> dólares fueron enviados al exterior mientras que la<br />

reinversión <strong>de</strong> las ganancias se elevó respectivamente a 815 y 697 millones <strong>de</strong> dólares durante esos años (Damill y alli,<br />

2000).<br />

Fuente: BCRA y FMI, el restablecimiento <strong>de</strong> la balanza <strong>de</strong> las cuentas corrientes a partir <strong>de</strong> 1998 hasta 2000 se explica<br />

por la recesión que comienza en ese momento y perdura hasta el abandon o precipitado <strong>de</strong>l plan <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong>d a<br />

finales <strong>de</strong> 2001. Esta recesión se tradujo en una contracción <strong>de</strong> las importaciones y en una estabilización <strong>de</strong> las ganancias<br />

y los divi<strong>de</strong>ndos repatriados en trmi nos absolutos.


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Fuente : BCRA, pesos constantes divididos por el tipo <strong>de</strong> cambio oficial medio anual, a partir <strong>de</strong>1993, incluidos los títulos<br />

y or<strong>de</strong>nes en manos <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes<br />

b.) El Estado ayu<strong>da</strong> a las empresas a financiar sus sali<strong>da</strong>s netas <strong>de</strong> capitales<br />

Los análisis <strong>de</strong> Damill et altri (2000)26 <strong>de</strong>stacan las nuevas contradicciones que vivió Argentina con el Plan <strong>de</strong><br />

convertibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> 1991 a 2001. No se trata aquí <strong>de</strong> centrar el estudio sobre el comportamiento <strong>de</strong> las empresas<br />

multinacionales y <strong>de</strong> las empresas privatiza<strong>da</strong>s, sino <strong>de</strong> ampliarlo al conjunto <strong>de</strong> los agentes, a partir <strong>de</strong> un análisis<br />

profundo <strong>de</strong>l comportamiento <strong>de</strong> los agentes públicos y privados.<br />

Des<strong>de</strong> hace varios años, y bajo la instigación <strong>de</strong>l FMI, la política económica tiene por objeto reducir sensiblemente el<br />

déficit presupuestario27, lo que significa- <strong>da</strong><strong>da</strong> la falta <strong>de</strong> inflación - <strong>de</strong>cretar una reducción <strong>de</strong> las remuneraciones en<br />

términos reales <strong>de</strong> los funcionarios, una reducción sensible <strong>de</strong> la contribución <strong>de</strong>l Estado al pago <strong>de</strong> las jubilaciones y un<br />

compromiso <strong>de</strong> los Estados <strong>de</strong> la fe<strong>de</strong>ración <strong>de</strong> congelar sus gastos públicos durante cinco años. Los efectos <strong>de</strong>presivos <strong>de</strong><br />

tal política, <strong>de</strong>smultiplicados por el hecho <strong>de</strong> que Argentina, a pesar <strong>de</strong> su apertura reciente, tiene aún una economía<br />

relativamente cerra<strong>da</strong>, a menudo se <strong>de</strong>stacaron, sin mencionar sus efectos antisociales en un momento en que la pobreza a<br />

la vez crece sensiblemente – sobretodo entre los jóvenes - y la salud y la enseñanza pública se <strong>de</strong>terioran sensiblemente.<br />

El déficit <strong>de</strong>l sector privado crece igualmente y también sus necesi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiación. Por lo tanto, son los<br />

empréstitos internacionales operados por el Estado los que permiten " cerrar " la diferencia entre la necesi<strong>da</strong>d <strong>de</strong><br />

financiación y la capaci<strong>da</strong>d <strong>de</strong> financiación <strong>de</strong>l sector privado, lo que en términos más abruptos significa que si no hubiera<br />

los <strong>de</strong>ficit públicos no habría financiación <strong>de</strong>l sector privado. Limitar uno es con<strong>de</strong>narse, si ninguna otra variable se<br />

modifica, a no po<strong>de</strong>r financiar el otro.<br />

El saldo acumulado gubernamental se acerca a un 50% <strong>de</strong>l total <strong>de</strong> los recursos obtenidos por el país en los períodos<br />

1992-1998 y 1997-1998, aún más que aquellos obtenidos por el sector privado no financiero, originarios <strong>de</strong> sali<strong>da</strong> masiva<br />

en forma <strong>de</strong> las rentas <strong>de</strong> la inversión y <strong>de</strong>l en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento privado. Sin embargo, un análisis más fino revela que los años<br />

- 43 -


- 44 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

en que el sector privado no financiero no consigue captar suficientes recursos <strong>de</strong>l exterior, es el en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento público<br />

quien compensa estas insuficiencias. Así sucedió en 1995 y 1996, años <strong>de</strong> crisis y <strong>de</strong> sali<strong>da</strong> <strong>de</strong> capitales en 1995.<br />

El saldo <strong>de</strong> la balanza <strong>de</strong> las cuentas corrientes (balanza comercial, balanza <strong>de</strong> servicios: intereses <strong>de</strong> la <strong>de</strong>u<strong>da</strong>,<br />

turismo, <strong>de</strong>rechos, divi<strong>de</strong>ndos pagados y transportes - seguros) es profun<strong>da</strong>mente negativo. Es interesante tener en cuenta<br />

que esta evolución es sobretodo atribuible al sector privado no financiero.<br />

Cuando se comparan estos dos cuadros por gran<strong>de</strong>s sectores (entra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> capital y sali<strong>da</strong>s <strong>de</strong>bi<strong>da</strong>s al saldo negativo<br />

<strong>de</strong> la balanza <strong>de</strong> las cuentas corrientes) se compren<strong>de</strong> que la acumulación <strong>de</strong> reservas y la posibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> emitir créditos,<br />

han sido sólo posibles por las capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>l Estado <strong>de</strong> en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>rse en el extranjero. La liberalización <strong>de</strong> la economía y el<br />

mantenimiento <strong>de</strong> una tasa <strong>de</strong> cambio fija, por un lado a llevado a buscar una flexibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l gasto público, <strong>de</strong> ese modo<br />

se entien<strong>de</strong> una reducción <strong>de</strong> estas cuando el crecimiento <strong>de</strong>bilita y que los déficit aumentan, y por otro lado promueven al<br />

<strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong>l déficit público a fin <strong>de</strong> obtener los recursos necesarios para cubrir los <strong>de</strong>ficits <strong>de</strong>l sector privado no<br />

financiero.<br />

Si el equilibrio fiscal se obtiene, el gobierno mantiene el nível <strong>de</strong> su en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento (el en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento privado<br />

continua aumentando). Como lo <strong>de</strong>staca Damill y alli, por un lado la amortización <strong>de</strong> la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> se compensará por entra<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> capitales <strong>de</strong> un importe equivalente y el saldo <strong>de</strong> su balanza capital será nulo; por otro lado, el gobierno <strong>de</strong>berá obtener<br />

recursos para asegurar el servicio <strong>de</strong> la <strong>de</strong>u<strong>da</strong>. Drenará entonces en las reservas si <strong>de</strong>ja <strong>de</strong> en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>rse, lo que (si ningún<br />

otro parámetro cambia) comprimirá fuertemente los créditos concedidos y constituirá un factor cuanto menos negativo<br />

para el crecimiento excepto si el sector privado no financiero pue<strong>de</strong> procurárselos gracias a las entra<strong>da</strong>s netas <strong>de</strong> capitales.<br />

Ahora bien este último necesita el gobierno y su en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento neto (<strong>de</strong> su déficit) como acabamos <strong>de</strong> constatarlo para<br />

obtener capitales que necesita.<br />

A<strong>de</strong>más, la mejora <strong>de</strong> los fun<strong>da</strong>mentos <strong>de</strong> la economía, y en particular, el equilibrio fiscal, podría en abstracto<br />

aumentar la credibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l gobierno ante las instituciones internacionales, reducir el "riesgo país", reducir las tasas <strong>de</strong><br />

interés y constituir una fuente <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> capitales, pêro el efecto recesivo provocado por esta política <strong>de</strong> contención<br />

<strong>de</strong> los gastos públicos y la incapaci<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l sector privado no financiero <strong>de</strong> hacer frente a sus sali<strong>da</strong>s <strong>de</strong> capital, haría que<br />

esta situación sea inextricable. En conclusión, se trata <strong>de</strong> una buena paradoja, el equilibrio fiscal entra en oposición con<br />

los intereses <strong>de</strong>l sector privado no financiero; el sector privado necesita los déficits <strong>de</strong>l Estado para obtener recursos en el<br />

extranjero <strong>de</strong> los que no pue<strong>de</strong> prescindir. Obviamente ese no sería el caso si este sector invirtiera sus beneficios,<br />

<strong>de</strong>sarrollara sus activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s productivas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a aumentar las exportaciones, en una palabra, si los empresarios fueran<br />

un poco menos rentistas.<br />

3) Reflexiones sobre ciertas medi<strong>da</strong>s<br />

Se trata aquí <strong>de</strong> presentar el conjunto <strong>de</strong> las medi<strong>da</strong>s adopta<strong>da</strong>s por los distintos ministros <strong>de</strong> finanzas <strong>de</strong>l Presi<strong>de</strong>nte<br />

Duhal<strong>de</strong> sino <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar los problemas que causaron algunas <strong>de</strong> ellas. Varias medi<strong>da</strong>s se adoptaron, <strong>de</strong> las que las<br />

principales son: la congelación <strong>de</strong> los <strong>de</strong>pósitos bancarios (" corralito "), el aumento <strong>de</strong> los impuestos <strong>de</strong> las socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

exportadoras, una disminución <strong>de</strong> los gastos públicos, la congelación provisional <strong>de</strong>l servicio <strong>de</strong> la <strong>de</strong>u<strong>da</strong> externa. Las


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

exigencias <strong>de</strong>l Fondo Monetario Internacional son: la reducción <strong>de</strong> los gastos públicos y en particular las <strong>de</strong> las provincias<br />

cuyo aumento <strong>de</strong> los gastos en parte se habían financiado por la emisión <strong>de</strong> mone<strong>da</strong>s paralelas no convertibles, la<br />

instauración <strong>de</strong> un mercado libre <strong>de</strong> los cambios y <strong>de</strong> leyes nuevas relativas a los fracasos (a las quiebras). El "corralito"<br />

es probablemente la medi<strong>da</strong> más polémica.<br />

Frente a la incapaci<strong>da</strong>d <strong>de</strong> los bancos <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a la solicitud <strong>de</strong> retiro <strong>de</strong> los <strong>de</strong>pósitos realizados en pesos y en<br />

dólares - o convertidos en dólares antes <strong>de</strong> diciembre <strong>de</strong> 2001- se impuso una congelación <strong>de</strong> los créditos . Dicha<br />

congelación <strong>de</strong> los <strong>de</strong>pósitos bancarios se acompañaba <strong>de</strong> una "pesificacion" <strong>de</strong> los créditos en dólares a la tasa <strong>de</strong> 1,4<br />

peso para un dólar , lo que representa un 40% <strong>de</strong> más . Al contrario, las <strong>de</strong>u<strong>da</strong>s se beneficiaron <strong>de</strong> una tasa <strong>de</strong> cambio<br />

antiguo ( un dólar igual un peso). Esta medi<strong>da</strong> que se encontraba reserva<strong>da</strong> a las pequeñas y medianas empresas y a los<br />

pequeños <strong>de</strong>udores, se amplió muy rápi<strong>da</strong>mente al conjunto <strong>de</strong> los pequeños y gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>udores. Dos comentarios: estas<br />

medi<strong>da</strong>s (créditos y <strong>de</strong>u<strong>da</strong>s) generan un coste para los bancos, que el gobierno pretendió reducir por medio <strong>de</strong> la emisión<br />

<strong>de</strong> ór<strong>de</strong>nes; en primer lugar, la "pesificacion" <strong>de</strong> los créditos era favorable a los ahorristas en la medi<strong>da</strong> en que la inflación<br />

no hubiera alcanzado el 40%, aunque fuera necesario <strong>de</strong>ducir el diferencial <strong>de</strong> tasa <strong>de</strong> interés que existía entre los<br />

<strong>de</strong>pósitos en dólares y en pesos, en pesos eran mas renumerados.<br />

Sin embargo esta "pesificacion " se acompañaba <strong>de</strong> una congelación <strong>de</strong> los créditos. Dicha congelación generó una<br />

profun<strong>da</strong> <strong>de</strong>sconfianza frente al sistema bancario y a los gobiernos. En este contexto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfianza, la <strong>de</strong>scongelación<br />

limita<strong>da</strong> <strong>de</strong> los créditos en pesos condujo a los ahorristas a convertirlos inmediatamente en dólares en el mercado libre. La<br />

oferta <strong>de</strong> dólares limita<strong>da</strong> a la vez por la voluntad durante un tiempo <strong>de</strong>l Gobierno <strong>de</strong> no poner una parte <strong>de</strong> sus reservas<br />

en este mercado y por la retención <strong>de</strong> los créditos en dólares en el extranjero por parte <strong>de</strong> los exportadores, ascien<strong>de</strong> el<br />

dólar a niveles extrema<strong>da</strong>mente elevados, sobrepasando algunos días los cuatro pesos para un dólar.<br />

El sistema bancario se abruma: por una parte, las perdi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>bido a la "pesificación" llama<strong>da</strong> asimétrica, por otra una<br />

fuerte crisis <strong>de</strong> confianza que se aña<strong>de</strong> a los efectos negativos <strong>de</strong> la recesión. Ahora bien no se pue<strong>de</strong> prever una sali<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

crisis sin una reestructuración <strong>de</strong> este sistema bancario. Las quiebras anunciados son numerosas y el sistema no pue<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sarrollarse a partir <strong>de</strong> un trueque que se substituiría a este sistema bancario.<br />

La subi<strong>da</strong> <strong>de</strong>l curso <strong>de</strong>l dólar constituye un potente motor a la subi<strong>da</strong> <strong>de</strong> los precios y refuerza los argumentos <strong>de</strong> los<br />

exportadores, cuyos precios están en dólares, <strong>de</strong> imponer precios en pesos correspondiendo a este nuevo curso <strong>de</strong>l dólar<br />

en el mercado interno, es <strong>de</strong>cir, a acelerar la subi<strong>da</strong> <strong>de</strong> los precios. El Gobierno a partir <strong>de</strong> este momento, y en la medi<strong>da</strong><br />

en que no ha podido imponer la repatriación <strong>de</strong> los créditos al extranjero <strong>de</strong> los exportadores y a fortiori <strong>de</strong> los ahorristas,<br />

esta acorralado: o no exige <strong>de</strong>masiado al sector exportador y este frena la subi<strong>da</strong> <strong>de</strong> sus precios y repatría una parte <strong>de</strong> los<br />

créditos, o exige <strong>de</strong>masiado a este sector con el fin <strong>de</strong> financiar una parte <strong>de</strong> su programa social y se produce una subi<strong>da</strong><br />

vertiginosa <strong>de</strong>l curso <strong>de</strong>l dólar. Una dificultad <strong>de</strong>l mismo tipo condujo al Gobierno a adoptar medi<strong>da</strong>s para limitar la fuerte<br />

evasión fiscal pidiendo a los bancos que secuestraran los impuestos al principio <strong>de</strong> la transacción, incluso en dólares<br />

cuando las empresas tienen activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> import - export.<br />

En paralelo a estas medi<strong>da</strong>s, los bonos Tesoro conocen un profundo <strong>de</strong>scuento puesto que el Gobierno no pue<strong>de</strong><br />

reembolsar su <strong>de</strong>u<strong>da</strong>. Por eso se ha conducido al Gobierno a autorizar a las empresas que poseían bonos a utilizarlos a su<br />

valor nominal (y no con el <strong>de</strong>scuento) a reembolsar los atrasados fiscales importantes. Resulta <strong>de</strong> una disminución <strong>de</strong>l<br />

en<strong>de</strong>u<strong>da</strong>miento <strong>de</strong>l Estado, un enriquecimiento relativo <strong>de</strong> las empresas en la medi<strong>da</strong> en que reembolsan la totali<strong>da</strong>d o<br />

parte <strong>de</strong> su <strong>de</strong>u<strong>da</strong> fiscal con bonos a su valor nominal pero realmente muy <strong>de</strong>spreciados. Se esperan nuevas medi<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a encontrar la confianza frente al sistema bancário instituyendo <strong>de</strong> nuevo un dolarización <strong>de</strong> nuevos bonos y<br />

abandonando pues la "pesificación", por lo menos en parte. El Gobierno argentino exhorta al FMI a un rápido acuerdo El<br />

gobierno argentino recordó al Fondo Monetario Internacional que necesita celeri<strong>da</strong>d para revertir la crisis económica, pero<br />

admitió que no ha habido nove<strong>da</strong><strong>de</strong>s en las negociaciones inicia<strong>da</strong>s recientemente.<br />

B. Los Derechos Económicos, Sociales y Culturales<br />

Según <strong>da</strong>tos empíricos, la persistencia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s materiales importantes, o la falta <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s<br />

gubernamentales para rectificar estas <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s, pue<strong>de</strong>n contribuir al <strong>de</strong>clive <strong>de</strong> la <strong>de</strong>mocracia.28 Entonces, los<br />

<strong>de</strong>rechos económicos y sociales no son importantes solo por si mismos, sino que también son esenciales para el<br />

sostenimiento <strong>de</strong> la <strong>de</strong>mocracia.<br />

El Pacto Internacional <strong>de</strong> Derechos Económicos, Sociales y Culturales (PIDESC), pieza fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong>l sistema <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>rechos humanos <strong>de</strong> Naciones Uni<strong>da</strong>s, fue aprobado por el gobierno <strong>de</strong> Argentina en 1986. Si bien Argentina dispone <strong>de</strong><br />

una serie <strong>de</strong> alternativas para <strong>da</strong>r cumplimiento a las obligaciones asumi<strong>da</strong>s en el Pacto, entre ellas el <strong>de</strong>recho a la salud<br />

(Art. 12), a la educación (Arts. 13 y 14) y a un nivel <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> a<strong>de</strong>cuado (Art. 11), el contexto internacional (mo<strong>de</strong>lo<br />

neoliberal <strong>de</strong> la economía <strong>de</strong> mercado) revela hasta que punto el gobierno ha visto reducirse su espacio <strong>de</strong> maniobra a raíz<br />

<strong>de</strong> las medi<strong>da</strong>s adopta<strong>da</strong>s por instituciones financieras internacionales. Los programas <strong>de</strong> ajuste estructural han exigido<br />

reducir el papel <strong>de</strong>l estado en ámbitos claves <strong>de</strong>l gasto social que guar<strong>da</strong>n estrecha relación con la capaci<strong>da</strong>d <strong>de</strong> cumplir<br />

con obligaciones relativas a los <strong>de</strong>rechos humanos. Dichos programas <strong>de</strong> ajuste ponen en peligro el gasto público<br />

<strong>de</strong>dicado a la educación, la salud y los servicios sociales colectivos. Los niveles salariales caen, y es frecuente la pérdi<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> puestos <strong>de</strong> trabajo, imponiendo una pesa<strong>da</strong> carga a los trabajadores y a sus familias y a otros grupos vulnerables, tales<br />

- 45 -


- 46 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

como las mujeres, los niños, los <strong>de</strong>sempleados, los parados, y los discapacitados.29 A<strong>de</strong>más se constata, que la salud, la<br />

educación, la alimentación, el agua potable, el transporte y la vivien<strong>da</strong> se consi<strong>de</strong>ran <strong>de</strong> manera creciente como cualquier<br />

otro bien <strong>de</strong> consumo comecializable. Efectivamente, se ve una creciente tendência a cosificar prácticamente todo y <strong>de</strong>jar<br />

<strong>de</strong> lado valores noeconómicos tales como la igual<strong>da</strong>d o la sustentabili<strong>da</strong>d.<br />

En la actuali<strong>da</strong>d existe amplio consenso en la socie<strong>da</strong>d Argentina en torno a que el sistema político es el principal<br />

responsable <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a las <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s básicas. Para la mayoría <strong>de</strong> la gente la <strong>de</strong>mocracia se traduce en primer lugar en<br />

la <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> ciertos <strong>de</strong>rechos como un ingreso razonable a partir <strong>de</strong> un trabajo estable, acceso a la educación para los<br />

hijos, y un servicio <strong>de</strong> salud a<strong>de</strong>cuado. En reali<strong>da</strong>d se valoran las liberta<strong>de</strong>s políticas en gran parte porque son capaces <strong>de</strong><br />

proveer otros <strong>de</strong>rechos. Una encuesta nacional que acaba <strong>de</strong> ser publica<strong>da</strong> por el PNUD sobre la percepción ciu<strong>da</strong><strong>da</strong>na <strong>de</strong><br />

la <strong>de</strong>mocracia, muestra que los argentinos "valoran casi <strong>de</strong>l mismo modo los <strong>de</strong>rechos civiles, sociales y políticos como<br />

sus principios constitutivos. Pero en el momento <strong>de</strong> jerarquizarlos, el acento se coloca sobre los <strong>de</strong>rechos sociales: salud,<br />

educación, vivien<strong>da</strong> y trabajo. De tal modo, 6 <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> 10 consi<strong>de</strong>ran que hay <strong>de</strong>mocracia cuando se garantiza el bienestar<br />

<strong>de</strong> la gente, atribuyéndole al voto y a la libertad <strong>de</strong> expresión un carácter secun<strong>da</strong>rio. Solo 3 <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> 10 consi<strong>de</strong>ra que hay<br />

<strong>de</strong>mocracia cuando se garantizan los <strong>de</strong>rechos políticos aunque mengüen los <strong>de</strong>rechos sociales." Importa resaltar también<br />

que, según el mismo informe, más <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> 10 argentinos sostienen que que<strong>da</strong>n muchas cosas por hacer para que la<br />

<strong>de</strong>mocracia tenga vigencia plena en Argentina y que<strong>da</strong> claro que esas cosas tienen un contenido preciso: la vigencia <strong>de</strong> los<br />

<strong>de</strong>rechos sociales, económicos y culturales.<br />

La pobreza<br />

La pobreza es, sin du<strong>da</strong>, el principal inhibidor <strong>de</strong> una mayor participación ciu<strong>da</strong><strong>da</strong>na porque para "aquellos que viven<br />

en pobreza siempre hay carencia en cuanto al acceso a la información, intercambio <strong>de</strong> i<strong>de</strong>as, planteamientos y<br />

participación. Des<strong>de</strong> esta perspectiva, la pobreza y la exclusión son incompatibles con la plena <strong>de</strong>mocracia".<br />

La creciente, y en muchos casos nueva pobreza en Argentina ha enar<strong>de</strong>cido a millones <strong>de</strong> argentinos que se han<br />

movilizado en distintas ciu<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>l país, reclamando alimentos, puestos <strong>de</strong> trabajo y el pago <strong>de</strong> salarios atrasados. Como<br />

se expresaba anteriormente, el país atraviesa por lo que se consi<strong>de</strong>ra la peor crisis económica <strong>de</strong> su historia<br />

contemporánea, con muy altos niveles <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempleo, aumento constante <strong>de</strong> la pobreza y <strong>de</strong> la marginali<strong>da</strong>d y caí<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

todos los índices <strong>de</strong> producción. Según el ultimo informe <strong>de</strong>l PNUD, en lo social, la crisis que vive el país se expresa en la<br />

imagen <strong>de</strong> una socie<strong>da</strong>d domina<strong>da</strong> por la exclusión <strong>de</strong> una creciente canti<strong>da</strong>d <strong>de</strong> argentinos. La imagen no es <strong>de</strong> una<br />

socie<strong>da</strong>d próspera <strong>de</strong> clases medias sino <strong>de</strong> una socie<strong>da</strong>d en proceso <strong>de</strong> empobrecimiento que genera mayores<br />

<strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s y polarización social. En enero <strong>de</strong> 2002, el Gobierno <strong>de</strong> Duhal<strong>de</strong> <strong>de</strong>cretó una emergencia alimentaria<br />

nacional hasta el fin <strong>de</strong>l año y creó un programa para paliar esta situación, en la órbita <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong> Desarrollo Social<br />

y Medio Ambiente.<br />

Tal y como ha sido señalado anteriormente en este informe, cerca <strong>de</strong> 20 millones <strong>de</strong> los 37 millones argentinos se<br />

encuentran sumidos en la pobreza. Las estadísticas <strong>de</strong> 2001 mostraron que ca<strong>da</strong> día durante este año 8800 nuevas<br />

personas se encontraban por <strong>de</strong>bajo <strong>de</strong> la línea <strong>de</strong> pobreza. Hoy en día la línea <strong>de</strong> pobreza y la línea <strong>de</strong> indigencia se<br />

encuentran en aumento consi<strong>de</strong>rable.<br />

Aunque no existen estudios gubernamentales que <strong>de</strong>n cuenta <strong>de</strong> la magnitud <strong>de</strong> la situación social <strong>de</strong> la infancia, la<br />

situación <strong>de</strong> precarie<strong>da</strong>d en la que viven diariamente más <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> los 37 millones <strong>de</strong> argentinos afecta <strong>de</strong> lleno a la niñez.<br />

Según cifras <strong>de</strong>l INDEC hay 7,078,000 niños y adolescentes pobres. El incremento constante en los últimos años <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>socupación es una <strong>de</strong> las causas fun<strong>da</strong>mentales <strong>de</strong>l crecimiento <strong>de</strong> la pobreza entre los niños. Si bien no se poseen <strong>da</strong>tos<br />

generales en el Gran Buenos Aires, la tasa <strong>de</strong> empleo para los jefes <strong>de</strong> hogar que no tenían hijos menores <strong>de</strong> 18 años pasó<br />

<strong>de</strong>l 43.8% al 51% en 1999 mientras que entre quienes tenían hijos esta tasa bajó <strong>de</strong>l 87.1% al 82.3% en el mismo período.<br />

Asimismo, la tasa <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupación aumentó en ambos casos, sin embargo, en mayor proporción entre quienes tenían hijos<br />

que entre quienes no tenían. Se pue<strong>de</strong> concluir que en la pasa<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> se ha registrado un <strong>de</strong>terioro en las condiciones <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>l conjunto <strong>de</strong> la población, la cual se expresó <strong>de</strong> modo más pronunciado entre los menores <strong>de</strong> 18 años.<br />

El <strong>de</strong>recho a la Educación<br />

La educación pública <strong>de</strong>sempeña un papel importante en la creación <strong>de</strong> una <strong>de</strong>mocracia. Ante todo, pue<strong>de</strong> tener una<br />

enorme influencia en el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> la ciu<strong>da</strong><strong>da</strong>nía y la participación, sobre todo porque enseña a los ciu<strong>da</strong><strong>da</strong>nos a<br />

participar activamente en las <strong>de</strong>cisiones <strong>de</strong>l gobierno que afectan sus vi<strong>da</strong>s. En la misma línea, la vicepresi<strong>de</strong>nta, sección<br />

América Latina, <strong>de</strong> la Internacional <strong>de</strong> la Educación afirma que "para reestructurar la manera en que la <strong>de</strong>mocracia se<br />

practica actualmente, los ciu<strong>da</strong><strong>da</strong>nos necesitan tener más acceso al diálogo que ejerce influencia en las <strong>de</strong>cisiones <strong>de</strong>l<br />

gobierno. Los ciu<strong>da</strong><strong>da</strong>nos que están acostumbrados a ejercer un pensamiento crítico y tienen la capaci<strong>da</strong>d <strong>de</strong> convencer y<br />

persuadir son los que más benefician <strong>de</strong> este proceso".<br />

El Artículo 13 <strong>de</strong>l Pacto Internacional <strong>de</strong> Derechos Económicos, Sociales y Culturales (PIDESC) garantiza<br />

ampliamente el <strong>de</strong>recho a la educación, hasta el punto <strong>de</strong> establecer que la enseñanza primaria <strong>de</strong>be ser obligatoria y<br />

gratuita; que la enseñanza secun<strong>da</strong>ria <strong>de</strong>be ser generaliza<strong>da</strong> y hacerse accesible a todos por cuantos medios sean posibles


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

y que se implantará progresivamente la enseñanza superior gratuita. En este sentido, el <strong>de</strong>recho a la educación significa<br />

que cualquier individuo tenga la posibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> recibir educación y tener la libertad para escoger esa educación. Más aún,<br />

el Pacto estipula claramente que los servicios educacionales "<strong>de</strong>ben mejorase continuamente". Las condiciones en<br />

Argentina <strong>de</strong>muestran que todo locontrario está ocurriendo.<br />

Des<strong>de</strong> hace muchos años, se estableció en Argentina un sistema <strong>de</strong> educación pública, gratuita, obligatoria y laica.<br />

Este sistema educativo históricamente se había <strong>de</strong>stacado por un alto grado <strong>de</strong> universali<strong>da</strong>d y <strong>de</strong> cobertura, sobre todo en<br />

las áreas urbanas.38 Sin embargo, a pesar <strong>de</strong> los logros alcanzados en materia <strong>de</strong> cobertura y <strong>de</strong> la continua expansión <strong>de</strong><br />

los niveles <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong>d por las nuevas generaciones, existen problemas que resultan <strong>de</strong>l actual proceso <strong>de</strong> exclusión<br />

social registrado en el país. La intensificación <strong>de</strong> la exclusión social a lo largo <strong>de</strong> la déca<strong>da</strong> pasa<strong>da</strong> ha provocado un<br />

incremento en las violaciones y <strong>de</strong>spreocupación hacia el <strong>de</strong>recho a la educación. Por ejemplo, a pesar <strong>de</strong> que el sistema<br />

muestra una ampliación en la cobertura, se pue<strong>de</strong>n consi<strong>de</strong>rar <strong>de</strong>ficitários sus resultados en términos <strong>de</strong> la cali<strong>da</strong>d <strong>de</strong> la<br />

educación. Los operativos nacionales <strong>de</strong> evaluación <strong>de</strong> la cali<strong>da</strong>d educativa muestran un déficit general en la adquisición<br />

<strong>de</strong> conocimientos <strong>de</strong> las niñas y los niños y evi<strong>de</strong>ncian una fuerte segmentación socio-educativa. Este déficit se<br />

profundiza en las zonas pobres don<strong>de</strong> la escuela se ve obliga<strong>da</strong> a cubrir las <strong>de</strong>ficiencias <strong>de</strong> otros organismos <strong>de</strong>l estado -<br />

salud y alimentación - postergando así su función específica.<br />

Los efectos <strong>de</strong> la crisis social y económica en la educación primaria y secun<strong>da</strong>ria, según el Director <strong>de</strong>l Instituto <strong>de</strong><br />

Investigación y Planificación Educativa <strong>de</strong> la UNESCO, son <strong>de</strong> todo tipo. El más obvio es que los maestros están en<br />

huelga lo que significa las pérdi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> días <strong>de</strong> clase y el estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoralización <strong>de</strong> los docentes. Por ejemplo, los<br />

conflictos docentes marcaron el inicio <strong>de</strong>l ciclo escolar este año en siete <strong>de</strong> las trece provincias.40 Los motivos <strong>de</strong> la<br />

protesta gremial no son los mismos en to<strong>da</strong>s las jurisdicciones. Pero el pago en bonos, retrasos saláriales <strong>de</strong> más <strong>de</strong> dos<br />

meses, recortes en los presupuestos educativos, y modificaciones en los regímenes laborales motivaron las huelgas <strong>de</strong><br />

maestros.<br />

Se pue<strong>de</strong> constatar que la cali<strong>da</strong>d y el nivel educativo están siendo, en la actuali<strong>da</strong>d, seriamente afectados como<br />

resultado <strong>de</strong> un menor número <strong>de</strong> horas <strong>de</strong> trabajo, un menor número <strong>de</strong> profesores y un empeoramiento en la formación<br />

<strong>de</strong> los mismos. Se observa falta <strong>de</strong> becas y <strong>de</strong> equipos y existen ca<strong>da</strong> vez más padres que no pue<strong>de</strong>n man<strong>da</strong>r a sus hijos a<br />

la escuela. Como consecuencia se ve una insuficiente escolarización <strong>de</strong> los niños, una alta proporción <strong>de</strong> abandono<br />

escolar, y una proporción <strong>de</strong> alfabetización en constante <strong>de</strong>clive. Las consecuencias "son serias y se vuelven ca<strong>da</strong> vez más<br />

graves", según el responsable <strong>de</strong> la UNESCO."<br />

Educación Inicial<br />

La etapa preescolar es consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> por los pe<strong>da</strong>gogos como <strong>de</strong> gran importancia para la realización <strong>de</strong> experiencias<br />

que permitan el abor<strong>da</strong>je <strong>de</strong> la lecto-escritura. Pero la cobertura <strong>de</strong>l sistema en estas e<strong>da</strong><strong>de</strong>s (4 y 5 años) es notablemente<br />

más baja que en el nivel primario, <strong>de</strong>bido a factores como el rechazo <strong>de</strong> los padres <strong>de</strong> vincular al niño al sistema educativo<br />

a e<strong>da</strong><strong>de</strong>s tempranas, o las limitaciones que presenta el sistema (que sólo ofrece el acceso a partir <strong>de</strong> los 5 años). Se<br />

observa también que la e<strong>da</strong>d y la condición <strong>de</strong> pobreza muestran que la cobertura no es equitativa. La proporción <strong>de</strong> niños<br />

pobres que asiste al jardín <strong>de</strong> infantes es <strong>de</strong> un 20% contra un 29% en el caso <strong>de</strong> los no pobres. Cuando se estudia los<br />

niveles <strong>de</strong> cobertura educativa según condición <strong>de</strong> satisfacción <strong>de</strong> las necesi<strong>da</strong><strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong>l hogar, se ve que las mayores<br />

diferencias porcentuales entre niños pobres y no pobres se observan en el Gran Rosario, el Gran Buenos Aires, Paraná, y<br />

el Gran Mendoza.<br />

Educación General Básica (EGB) y Polimo<strong>da</strong>l<br />

La <strong>de</strong>cisión <strong>de</strong>l gobierno bonaerense <strong>de</strong> eliminar las becas para estudiantes con problemas socioeconómicos <strong>de</strong>l<br />

polimo<strong>da</strong>l fue fuertemente critica<strong>da</strong>. Según los cálculos <strong>de</strong>l sindicato la SUTEBA, más <strong>de</strong> 150,000 alumnos <strong>de</strong> los<br />

distritos más pobres <strong>de</strong>l conurbano <strong>de</strong> Buenos Aires (Florencio Varela, La Matanza, Quilmes, Moreno, Merlo, San<br />

Martín, Almirante Brown, Berazategui, Berisso, Ensena<strong>da</strong> y Tigre) no se inscribieron al comenzar el año 2002 en el tercer<br />

ciclo <strong>de</strong> la EGB y el polimo<strong>da</strong>l. Por en<strong>de</strong>, 8,000 cargos <strong>de</strong> docentes estarían en peligro. Para la Dirección General <strong>de</strong><br />

Educación provincial la caí<strong>da</strong> es <strong>de</strong> un 6 por ciento en la inscripción para el primer año <strong>de</strong>l último nivel. Pero el sindicato<br />

advierte que este número "podría triplicarse, porque hay algunos que se inscriben y <strong>de</strong>spués no empiezan las clases".<br />

Con tantos padres <strong>de</strong>socupados no es sorpren<strong>de</strong>nte que la condición económica sea <strong>de</strong>terminante a la hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir<br />

si man<strong>da</strong>r o no man<strong>da</strong>r los niños a la escuela. A<strong>de</strong>más muchos estudiantes que viajan no pue<strong>de</strong>n sostener el costo <strong>de</strong>l<br />

boleto, <strong>de</strong>masiado alto para ingresos familiares que no son fuertes. Empiezan también a aparecer problemas <strong>de</strong><br />

alimentación por la falta <strong>de</strong> becas <strong>de</strong> comi<strong>da</strong>.<br />

La caí<strong>da</strong> <strong>de</strong>l número <strong>de</strong> alumnos ha provocado una serie <strong>de</strong> estrategias <strong>de</strong> captación y retención <strong>de</strong> alumnos por los<br />

colegios que no son las tradicionales. En el cono urbano, por ejemplo, las iniciativas son varia<strong>da</strong>s: un colegio promueve la<br />

conformación <strong>de</strong> una cooperativa escolar don<strong>de</strong> se elaboran mermela<strong>da</strong>s para ven<strong>de</strong>r en el barrio, otro sale con sus<br />

docentes hasta un hipermercado para repartir panfletos que promueven la inscripción a los cursos. A<strong>de</strong>más, durante la<br />

semana <strong>de</strong> compensatorios y <strong>de</strong> inscripción, los docentes recorren el barrio para charlar con los chicos y sus familias y<br />

para luego solucionar, juntos, los inconvenientes puntuales que pue<strong>de</strong>n ir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> no contar con dinero para comprar el<br />

cua<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> comunicaciones hasta directamente no tener zapatillas para asistir a clases.44 Se ve la cru<strong>de</strong>za <strong>de</strong> la situación<br />

en los comentarios <strong>de</strong> una profesora <strong>de</strong> Lengua y Literatura, en el oeste <strong>de</strong>l cono urbano. En la mayoría <strong>de</strong> los colegios,<br />

- 47 -


- 48 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

las condiciones <strong>de</strong> infraestructura son pésimas y generalmente faltan bancos para los niños. Lamentablemente este año va<br />

a haber bancos <strong>de</strong> sobra.<br />

En gran parte el proyecto <strong>de</strong>l Gobierno para reducir en 600 millones el presupuesto educativo recalentó el conflicto<br />

gremial en el país. Según el sindicato, en casos como Entre Ríos y Río Negro, hace tres meses o más que no se paga a los<br />

maestros. También se encuentra comprometi<strong>da</strong> la situación en Formosa, Jujuy y San Juan y Tucumán. A<strong>de</strong>más <strong>de</strong>l<br />

conflicto gremial, existen otros problemas en los colégios bonaerenses. Un informe elaborado por el diputado Horácio<br />

Piemonte revela que hay 500 establecimientos con sérios riesgos que impedirían el normal funcionamiento <strong>de</strong> los<br />

servicios educativos. Estos problemas afectarían a 300,000 chicos, según dicho autor. El informe aclara que <strong>de</strong> los 144<br />

millones <strong>de</strong> pesos que el Estado tenía previsto <strong>de</strong>stinar para infraestructura sólo se ejecutaron 6.9 millones el año pasado.<br />

Se constata a<strong>de</strong>más, que hay entre dos y seis meses <strong>de</strong> <strong>de</strong>u<strong>da</strong> con los proveedores y, si no se les paga, no van a reiniciar el<br />

suministro <strong>de</strong> alimentos.<br />

Finalmente, la agudización <strong>de</strong> la crisis socioeconómica en la escuela media repercute, según el secretario <strong>de</strong><br />

Educación porteño, en un agravamiento <strong>de</strong> los problemas <strong>de</strong> violencia y <strong>de</strong> convivencia. En la ciu<strong>da</strong>d la situación <strong>de</strong><br />

extrema pobreza se está agravando -- hay 300 mil personas en situación <strong>de</strong> extrema pobreza -- lo cual no es comparable<br />

con lo que suce<strong>de</strong> en el Gran Buenos Aires. Antes <strong>de</strong> la crisis, la escuela no tenía que ocuparse <strong>de</strong> la contención, <strong>de</strong> la<br />

prevención <strong>de</strong> la violencia y <strong>de</strong> las enferme<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Ahora losprofesores se tienen que ocupar <strong>de</strong> estos temas.<br />

Educación Superior universitaria y Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s:<br />

Debido a la fuerte resistencia <strong>de</strong> sus integrantes y <strong>de</strong> la comuni<strong>da</strong>d en general, la Universi<strong>da</strong>d ha sido uno <strong>de</strong> los<br />

ámbitos menos afectados por los sucesivos ajustes aplicados en los últimos años. Sin embargo, existen graves problemas.<br />

Los salarios en las universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas están congelados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el año 1992. La baja remuneración <strong>de</strong> los docentes<br />

es un factor importante <strong>de</strong> la política <strong>de</strong> reducción presupuestaria <strong>de</strong> la educación universitaria. En términos absolutos, el<br />

salario promedio <strong>de</strong> un docente argentino es <strong>de</strong> 6,165 dólares. En cambio, en Chile es <strong>de</strong> 10,600. La ten<strong>de</strong>ncia revela que<br />

si un docente recibía 100 pesos en 1980, esa cifra bajó a menos <strong>de</strong> la mitad para 1992. En el mismo período, el salario <strong>de</strong><br />

un docente chileno subió a 120 y el <strong>de</strong> un uruguayo a 125. En la actuali<strong>da</strong>d, el 80% <strong>de</strong> los docentes cobra menos <strong>de</strong> 150<br />

pesos; el 70% <strong>de</strong> los docentes está contratado, y se a<strong>de</strong>u<strong>da</strong>n pagos a los investigadores <strong>de</strong>l<br />

período 2001.<br />

La rebaja salarial, los <strong>de</strong>spidos, el arancelamiento y la creciente privatización son consi<strong>de</strong>rados por las autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

como sali<strong>da</strong>s potenciales <strong>de</strong> la crisis. Ya en la Universi<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Quilmes se están produciendo numerosos <strong>de</strong>spidos, y la<br />

Universi<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Buenos Aires ha sufrido un recorte <strong>de</strong> 40 millones pesos. La Secretaría <strong>de</strong> la Educación Superior insiste en<br />

que no hay planes <strong>de</strong> arancelar. Sin embargo, el titular <strong>de</strong> la Comisión <strong>de</strong> Presupuesto y Hacien<strong>da</strong> <strong>de</strong> la Cámara <strong>de</strong><br />

Diputados afirmó que "aquél que tiene capaci<strong>da</strong>d para pagar algo <strong>de</strong>bería hacerlo. Debe tomarse en cuenta, sin embargo,<br />

<strong>de</strong> un estudio realizado por la Secretaria <strong>de</strong> Políticas Universitarias a partir <strong>de</strong> la Encuesta Permanente <strong>de</strong> Hogares 1998<br />

<strong>de</strong>l INDEC que <strong>de</strong>smiente los mitos referidos a la condición social <strong>de</strong> los estudiantes. Según el informe, la mayoría <strong>de</strong> los<br />

estudiantes <strong>de</strong> las universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas proviene <strong>de</strong> los sectores con ingresos más bajos y medios.<br />

Si bien el proyecto <strong>de</strong> ley que el Gobierno presentó al Congreso volvió a <strong>de</strong>stinar a las universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas un<br />

monto anual <strong>de</strong> 1,800 millones <strong>de</strong> pesos, establecido el año pasado, las universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s van a recibir menos dinero. "En<br />

efecto, el proyecto incluye un recorte <strong>de</strong> 13% en los salarios y retiene una suma <strong>de</strong> 170 millones para redistribuir según<br />

criterios <strong>de</strong> eficiencia. Existen a<strong>de</strong>más serias du<strong>da</strong>s sobre la ejecución <strong>de</strong>l presupuesto, ya que el Estado mantiene <strong>de</strong>u<strong>da</strong>s<br />

pendientes <strong>de</strong> años anteriores. Por lo tanto, el presupuesto no es necesariamente una buena noticia. Así se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

una investigación realiza<strong>da</strong> por la Facultad <strong>de</strong> Ciencias Sociales <strong>de</strong> la Universi<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Buenos Aires. A partir <strong>de</strong><br />

estadísticas oficiales el estudio comparó la situación <strong>de</strong> la universi<strong>da</strong>d Argentina con la <strong>de</strong>l resto <strong>de</strong>l continente. Reveló<br />

que los fondos <strong>de</strong>stinados al financiamiento están ca<strong>da</strong> vez más lejos <strong>de</strong> los necesarios. El total que se <strong>de</strong>stina a la<br />

educación superior equivale sólo al 0,45 por ciento <strong>de</strong>l Producto Interior Bruto (281.900 millones.) Venezuela, Brasil,<br />

México y Chile <strong>de</strong>stinan porcentajes superiores al 1.5 por ciento <strong>de</strong>l PIB a sus universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Finalmente, uno <strong>de</strong> los aspectos más críticos <strong>de</strong> la educación superior que amenaza la educación pública es la<br />

<strong>de</strong>serción estudiantil. Un promedio entre el número <strong>de</strong> egresados y el <strong>de</strong> inscritos en el primer año en el sistema educativo<br />

superior <strong>de</strong>l país señala que por ca<strong>da</strong> alumno que se inscribe otros 35 que<strong>da</strong>n en el camino. En la educación priva<strong>da</strong>, el<br />

promedio mejora: por ca<strong>da</strong> 14 alumnos que ingresan, uno se gradúa.<br />

La educación <strong>de</strong> los niños con necesi<strong>da</strong><strong>de</strong>s especiales<br />

Como se ha señalado anteriormente, en Argentina, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fines <strong>de</strong>l siglo XIX, la educación primaria ha sido por ley<br />

obligatoria y gratuita. Sin embargo, si se toma en cuenta la situación <strong>de</strong> los niños y niñas con necesi<strong>da</strong><strong>de</strong>s especiales, el<br />

acceso a la educación formal no ha resultado tan universal.<br />

Aunque las escuelas regula<strong>da</strong>s por la Ley 5650 introdujeron el tema <strong>de</strong> los niños discapacitados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1949, en el<br />

caso <strong>de</strong> la provincia <strong>de</strong> Buenos Aires por ejemplo, los niños com discapaci<strong>da</strong>d mental no tienen <strong>de</strong>recho al acceso al<br />

currículo común, salvo los caracterizados como con retraso mental leve. Lamentablemente, el número <strong>de</strong> niños<br />

escolarizados no ofrece un <strong>da</strong>to confiable, ya que se consi<strong>de</strong>ra escolarizado un niño al que el equipo <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> recibir en la<br />

escuela durante una hora dos veces por semana. A<strong>de</strong>más <strong>de</strong> violar el <strong>de</strong>recho a la educación, estas situaciones prolonga<strong>da</strong>s<br />

durante años conllevan el <strong>de</strong>terioro <strong>de</strong> las familias. Como consecuencia, algunos niños con necesi<strong>da</strong><strong>de</strong>s complejas acu<strong>de</strong>n


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

a Centros <strong>de</strong> Día cuya misión no está centra<strong>da</strong> en <strong>da</strong>r educación sino en la asistencia social, y otros que<strong>da</strong>n en sus casas<br />

sin recibir prestaciones. Cabe señalar que "se han realizado experiencias piloto para la educación <strong>de</strong> niños com<br />

discapaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, que por la falta <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> capacitación, seguimiento, y evaluación que<strong>da</strong>ron como experiências<br />

infructuosas".<br />

Salud<br />

La crisis económica y social que afecta a Argentina ha tenido tremen<strong>da</strong>s repercusiones en el sector <strong>de</strong> la salud. Por<br />

ejemplo, la crisis económica tiene una <strong>de</strong> sus más violentas expresiones en "el completo vaciamiento <strong>de</strong>l sistema<br />

hospitalario". En la Ciu<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Buenos Aires, los hospitales públicos - según <strong>da</strong>tos <strong>de</strong> la Secretaria <strong>de</strong> Salud - están en el<br />

nivel 2 y 3. Es <strong>de</strong>cir, que sólo se atien<strong>de</strong>n urgencias, se cierran salas <strong>de</strong> internación, se suspen<strong>de</strong>n cirugías, pruebas<br />

diagnósticas o procedimientos programados. Esto, como resultado conjunto <strong>de</strong> la falta <strong>de</strong> medicamentos e insumos; <strong>de</strong><br />

personal profesional y técnico, <strong>de</strong> salas y equipamientos hospitalarios."<br />

La crisis <strong>de</strong> <strong>de</strong>sabastecimiento <strong>de</strong> insumos hospitalarios es muy grave. Quienes conocen la reali<strong>da</strong>d <strong>de</strong> los hospitales,<br />

sobre todo en la provincia <strong>de</strong> Buenos Aires, aseguran que las necesi<strong>da</strong><strong>de</strong>s son inmensas y requieren soluciones<br />

inmediatas. Entre los pacientes más afectados figuran los trasplantados y los que sufren insuficiencia renal, pues los<br />

tratamientos <strong>de</strong> diálisis han sido suspendidos por muchas obras sociales. Los diabéticos también temen por la escasez <strong>de</strong><br />

insulina.<br />

Ante la escasez <strong>de</strong> insumos como anestésicos, jeringas, son<strong>da</strong>s, agujas, guantes y hojas <strong>de</strong> bisturí, entre otros<br />

elementos indispensables para operar, los hospitales han aplazado cirugías programa<strong>da</strong>s no urgentes. La falta <strong>de</strong><br />

materiales <strong>de</strong> esterilización y el cierre <strong>de</strong> quirófanos sigue siendo una amenaza. En las farmacias <strong>de</strong> guardia y las<br />

farmacias hospitalarias no que<strong>da</strong>n reservas <strong>de</strong> antibióticos, corticoi<strong>de</strong>s y drogas imprescindibles para los tratamientos.<br />

A<strong>de</strong>más la situación es <strong>de</strong> tal grave<strong>da</strong>d que se estudia la posibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> almacenar material <strong>de</strong>sechable ya utilizado<br />

para esterilizarlo en caso <strong>de</strong> agotar los stocks. Lo irónico es que no se trata <strong>de</strong> un problema presupuestario ya que los<br />

proveedores no entregan insumos porque no los pue<strong>de</strong>n importar por falta <strong>de</strong> divisas o porque la oferta está retraí<strong>da</strong> por<br />

los vaivenes cambiarios. La imposibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> girar dólares al exterior aumenta ca<strong>da</strong> vez más el <strong>de</strong>sabastecimiento <strong>de</strong> los<br />

materiales importados necesarios para las operaciones.<br />

Por la falta <strong>de</strong> insumos críticos (importados) e incumplimientos en los pagos <strong>de</strong> honorarios médicos, sueldos, y<br />

<strong>de</strong>u<strong>da</strong>s <strong>de</strong> las obras sociales estatales y sindicales, el Colegio Argentino <strong>de</strong> Cirujanos Cardiovasculares <strong>de</strong>cidió suspen<strong>de</strong>r<br />

las intervenciones quirúrgicas por un día en marzo <strong>de</strong> 2002. No fue un paro, sino una protesta, porque en Argentina la<br />

cirugía cardiovascular está para<strong>da</strong> hace tiempo, según un titular <strong>de</strong>l Colegio. Las enferme<strong>da</strong><strong>de</strong>s cardiovasculares son la<br />

principal causa <strong>de</strong> muerte en el país "pero <strong>de</strong> las 200 operaciones que se <strong>de</strong>berían hacer por día, sólo se realiza un total <strong>de</strong><br />

500 por mes." Es más, los pacientes que necesitan ser operados pue<strong>de</strong>n estar más <strong>de</strong> seis meses en lista <strong>de</strong> espera. A los<br />

Cirujanos Cardiovasculares también les faltan materiales importados para sus operaciones (como, por ejemplo válvulas,<br />

prótesis arteriales y fijadores <strong>de</strong>l corazón). Según los médicos alguna vez esos materiales fueron fabricados en el país,<br />

pero las empresas que los producían <strong>de</strong>saparecieron.<br />

Otro eje <strong>de</strong> la emergencia es el estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición <strong>de</strong> los pacientes. Muchos pacientes argentinos ingresan com<br />

problemas <strong>de</strong> dieta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el último trimestre <strong>de</strong>l 2001. Después <strong>de</strong>l ajuste muchos proveedores se negaron a aceptar la<br />

mone<strong>da</strong>. El "corralito" y la incertidumbre en los cobros agudizaron el problema porque muchas empresas <strong>de</strong>jaron <strong>de</strong><br />

cumplir los contratos. To<strong>da</strong> esta discusión se expresó en dietas llama<strong>da</strong>s "menú <strong>de</strong> emergencia". Es <strong>de</strong>cir que en muchos<br />

hospitales se suspendió la ración al personal, y se entregaba un sándwich y una fruta. Pero si el problema viene pasando<br />

en todos los hospitales, los neuropsiquiátricos están en peor situación porque sus pacientes son marginales, no tienen<br />

contención familiar y no tienen como protegerse. Un estudio realizado por médicos bonaerenses en pacientes <strong>de</strong><br />

neuropsiquiátricos públicos reveló un cuadro <strong>de</strong>solador, montado en la crisis terminal <strong>de</strong>l sistema <strong>de</strong> salud.<br />

"Durante dos meses y medio, analizaron la evolución <strong>de</strong> 500 internados <strong>de</strong> 18 salas en el hospital Melchor Romero.<br />

La conclusión <strong>de</strong>l estudio fue aterradora: los enfermos habían bajado casi cuatro kilos <strong>de</strong> peso en promedio durante esse<br />

período y presentaban serios problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición <strong>de</strong>bido a los escasos valores proteicos <strong>de</strong> las raciones diarias.<br />

Según la gremial <strong>de</strong> médicos bonaerenses (CICOP), el cuadro crítico <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición se hace extensivo a otros hospitales<br />

bonaerenses". La preocupación <strong>de</strong> los médicos <strong>de</strong> CICOP ya no es el cuadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrición, sino lo que se prevé. El<br />

presupuesto <strong>de</strong>l año pasado para Salud fue <strong>de</strong> 950 millones <strong>de</strong> pesos y se habla que este año va a ser <strong>de</strong> 880.<br />

Otro aspecto esencial <strong>de</strong> la crisis <strong>de</strong>l sistema <strong>de</strong> hospitales públicos "pasa por la política sistemática <strong>de</strong> liqui<strong>da</strong>ción <strong>de</strong><br />

las condiciones laborales <strong>de</strong> sus trabajadores; es <strong>de</strong>cir, la miseria salarial y la superexplotación que conduce a que los<br />

profesionales y técnicos que hoy trabajan <strong>de</strong>ban multiplicar turnos y esfuerzos mientras que, por otra parte, miles <strong>de</strong><br />

técnicos y médicos permanezcan <strong>de</strong>socupados, o contratados en condiciones precarias." A<strong>de</strong>más los salários <strong>de</strong> los<br />

trabajadores <strong>de</strong> la salud ya han comenzado a ser pagados por fracciones, y en un futuro cercano, en bonos por parte <strong>de</strong>l<br />

gobierno <strong>de</strong> la Ciu<strong>da</strong>d <strong>de</strong> Buenos Aires.<br />

Finalmente cabe señalar que el 10 <strong>de</strong> enero <strong>de</strong> 2002, el presi<strong>de</strong>nte Eduardo Duhal<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidió lanzar el estado <strong>de</strong><br />

emergencia sanitaria a partir <strong>de</strong> la crisis por la falta <strong>de</strong> insulina. Declaró la emergencia sanitaria en el territorio <strong>de</strong> la<br />

ciu<strong>da</strong>d y suspendió la ley 24.572 <strong>de</strong> patentes medicinales. De esta manera, el gobierno podía importar directamente<br />

- 49 -


- 50 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

insumos y medicamentos a los países que los comercialicen a menor precio sin reconocer el pago <strong>de</strong> patentes a los<br />

laboratorios.<br />

A mediados <strong>de</strong> febrero, el ministro <strong>de</strong> Salud <strong>de</strong> la nación propuso al Po<strong>de</strong>r Ejecutivo <strong>de</strong>cretar la emergencia sanitária<br />

nacional, lo que fue firmado en marzo por el Presi<strong>de</strong>nte. Una <strong>de</strong> las políticas adopta<strong>da</strong> por el gobierno para afrontar la<br />

crisis tenía la intención <strong>de</strong> impedir los aumentos injustificados y el <strong>de</strong>sabastecimiento <strong>de</strong> medicamentos en el país.<br />

Después <strong>de</strong> negociaciones, el Gobierno y la industria farmacéutica dieron a conocer una canasta <strong>de</strong> medicamentos básicos<br />

que cubrirá tratamientos para el 80 por ciento <strong>de</strong> las enferme<strong>da</strong><strong>de</strong>s. (Se trata <strong>de</strong> casi 250 productos que volverán a<br />

ven<strong>de</strong>rse a los precios que regían en diciembre 2001, antes <strong>de</strong> los aumentos <strong>de</strong> los últimos <strong>de</strong> enero y febrero). Que<strong>da</strong>ron<br />

exclui<strong>da</strong>s las drogas oncológicas y las que se usan para el tratamiento <strong>de</strong>l SIDA, que son cubiertas por otros programas<br />

especiales <strong>de</strong>l Gobierno. En la canasta se incluyen solamente productos <strong>de</strong> venta bajo receta, no los <strong>de</strong> venta libre. En<br />

promedio, estos remédios habían aumentado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> enero un 15 por ciento.<br />

La situación <strong>de</strong> la infancia en Argentina<br />

La niñez es el sector social <strong>de</strong> la población más vulnerable. Hace doce años Argentina ratificó la Convención sobre<br />

los Derechos <strong>de</strong>l Niño. Este nuevo marco internacional supera la doctrina tradicional que <strong>de</strong>finía a los niños como objeto<br />

<strong>de</strong> protección, concibiendo a estos como sujeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>rechos. Cuatro años más tar<strong>de</strong>, en 1994, la Convención fue eleva<strong>da</strong> a<br />

rango constitucional. A pesar <strong>de</strong> estos avances, la situación social que atraviesa la infancia en Argentina es realmente<br />

grave y <strong>de</strong>lica<strong>da</strong>.<br />

El Trabajo Infantil<br />

Los procesos iniciados en la déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> los 90, basados en economías más abiertas y competitivas, con ajustes<br />

estructurales y reducción <strong>de</strong> gastos sociales son señalados como factores que han contribuido a mantener un alto<br />

porcentaje <strong>de</strong> trabajo infantil. La explotación laboral infantil implica separar a las niñas o niños <strong>de</strong> su condición como tal,<br />

para introducirlos precozmente en activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s generadoras <strong>de</strong> ingresos. Implica también alejarles <strong>de</strong> la educación y la<br />

recreación, e incluso exponiéndolos a riesgos.<br />

Un estudio realizado en tres escuelas estatales en el noroeste <strong>de</strong>l Conurbano Bonaerense, reveló que "las activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> atención <strong>de</strong>l hogar con cargas y responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s bien consi<strong>de</strong>rables alcanzan, entre los niños <strong>de</strong> ocho y nueve años,<br />

una difusión eleva<strong>da</strong> en los hogares pobres, y muy eleva<strong>da</strong> cuando se encuentran en situaciones acentua<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

vulnerabili<strong>da</strong>d".<br />

En el sector rural, las características y condiciones <strong>de</strong>l trabajo infantil son difíciles <strong>de</strong> evaluar. Los censos <strong>de</strong><br />

población no contemplan un registro <strong>de</strong> la población activa menor <strong>de</strong> 14 años, y los Censos Nacionales Agropecuarios<br />

ofrecen una visión cuantitativa poco <strong>de</strong>sagrega<strong>da</strong>, a<strong>de</strong>más <strong>de</strong> contar com más <strong>de</strong> una déca<strong>da</strong> sin <strong>da</strong>tos sobre la situación.<br />

En cualquier caso según el Secretario General <strong>de</strong> la Unión <strong>de</strong> Trabajadores Rurales y Estibadores (UATRE) se sabe que<br />

existen 250,000 niños trabajadores en Argentina que <strong>de</strong>ben ir a la escuela y no a trabajar. Es más, otro estudio muestra<br />

que a pesar <strong>de</strong> que el número absoluto <strong>de</strong> niños que trabajan en el sector agropecuario disminuyó entre censos, su<br />

porcentaje <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> la población económicamente activa <strong>de</strong>l sector, aumento en forma significativa. En el término <strong>de</strong> dos<br />

déca<strong>da</strong>s (1969-1988) pasó <strong>de</strong>l 2.7% al 4.2%. Los procesos <strong>de</strong> concentración, polarización y expulsión <strong>de</strong> la estructura<br />

agraria, probablemente hayan profundizado la disminución en números absolutos <strong>de</strong> la población economicamente activa<br />

<strong>de</strong>l sector y, siguiendo la ten<strong>de</strong>ncia observa<strong>da</strong> en déca<strong>da</strong>s previas y otras reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s latinoamericanas, haya crecido el<br />

número <strong>de</strong> niños que trabajan.62 Finalmente, se ve que en el campo, en muchos casos se encuentra la família completa<br />

trabajando porque es el único modo <strong>de</strong> reunir la canti<strong>da</strong>d mínima <strong>de</strong> dinero para po<strong>de</strong>r sobrevivir.<br />

Se constata una relación entre la <strong>de</strong>socupación y el aumento <strong>de</strong>l trabajo infantil. Los niños que se ven obligados a<br />

trabajar prematuramente ven limita<strong>da</strong>s sus posibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> formación y acceso al mercado laboral, en comparación com<br />

los que tienen probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> acce<strong>de</strong>r a un mayor nivel <strong>de</strong> educación. Los niños tienen <strong>de</strong>recho a no ser discriminados<br />

a la hora <strong>de</strong> recibir educación. Si bien, al igual que los otros <strong>de</strong>rechos económicos, sociales y culturales, el <strong>de</strong>recho a la<br />

educación se pue<strong>de</strong>n conseguir <strong>de</strong> manera progresiva, ca<strong>da</strong> uno <strong>de</strong> los Estados Partes <strong>de</strong>l Pacto Internacional <strong>de</strong> Derechos<br />

Económicos, Sociales y Culturales "se compromete a adoptar medi<strong>da</strong>s [...] hasta el máximo <strong>de</strong> los recursos <strong>de</strong> que<br />

disponga" para garantizar el <strong>de</strong>recho a la educación. Sin embargo, la prohibición <strong>de</strong> la discriminación en educación no es<br />

progresiva. Como señala el Comité <strong>de</strong> Derechos Económicos, Sociales y Culturales, la prohibición "no está supedita<strong>da</strong> ni<br />

a una implantación gradual ni a la disponibili<strong>da</strong>d <strong>de</strong> recursos; se aplica plena e inmediatamente a todos los aspectos <strong>de</strong> la<br />

educación y abarca todos los motivos <strong>de</strong> discriminación rechazados internacionalmente".<br />

Vivien<strong>da</strong><br />

La crisis económica y los programas <strong>de</strong> ajuste <strong>de</strong>l gasto gubernamental han afectado también la construcción <strong>de</strong><br />

vivien<strong>da</strong>s y <strong>de</strong> obras infraestructurales. De hecho, en la déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> los 80, se construyó menos que la déca<strong>da</strong> anterior, a<br />

pesar <strong>de</strong>l crecimiento <strong>de</strong> la población.<br />

Hace una déca<strong>da</strong> la inversión en construcciones cayó <strong>de</strong> un 13% <strong>de</strong>l PBI a un 8.2%, llevando al país a un <strong>de</strong>ficit<br />

habitacional <strong>de</strong> millones <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Mientras tanto la autoconstrucción informal substituyó en gran parte la construcción<br />

formal priva<strong>da</strong> y <strong>de</strong>l Estado. Subsídios nacionales para la vivien<strong>da</strong>, controles <strong>de</strong> alquileres y préstamos hipotecarios han


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

estado disminuyendo constantemente. Según un cierto número <strong>de</strong> estimaciones, un 28% <strong>de</strong> las vivien<strong>da</strong>s en Argentina son<br />

precarias, por hacinamiento sin agua potable y muchas veces sin tenencia legal <strong>de</strong>l terreno.<br />

Según un informe sobre la Cobertura <strong>de</strong> Servicios en la Provincia <strong>de</strong> Buenos Aires, en 1993, un 49% <strong>de</strong> la población<br />

urbana vivía con déficit <strong>de</strong> servicio <strong>de</strong> agua potable y el 70.6% <strong>de</strong> la población con déficit <strong>de</strong> servicios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagúe cloacal.<br />

En la población rural un 95% se encontraba en déficit <strong>de</strong> servicios <strong>de</strong> agua y en cuanto a <strong>de</strong>sagües cloacales,<br />

prácticamente el 100% está carente <strong>de</strong> servicios." Los últimos indicadores socioeconómicos <strong>de</strong>l PNUD señalan que la<br />

provincia <strong>de</strong>l Chaco es sin du<strong>da</strong> la más retrasa<strong>da</strong> a escala provincial: entre el 70% y el 90% <strong>de</strong> las familias presentan<br />

problemas <strong>de</strong> vivien<strong>da</strong> y entre el 63% y el 70% <strong>de</strong> los productores no tiene agua para consumo humano.<br />

La crisis socioeconómica que atraviesa el país hace que un número importante <strong>de</strong> familias se encuentre afecta<strong>da</strong>s por<br />

el <strong>de</strong>salojo forzoso. Los <strong>de</strong>salojos forzosos, es <strong>de</strong>cir, el traslado <strong>de</strong> personas, familias o comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sus hogares,<br />

tierras o vecin<strong>da</strong>rios contra su voluntad, atribuibles directamente o indirectamente al Estado, son las mayores injusticias<br />

que pue<strong>de</strong>n cometerse contra una persona, una familia, un hogar o una comuni<strong>da</strong>d. Lejos <strong>de</strong> solucionar los problemas <strong>de</strong><br />

vivien<strong>da</strong> o la crisis económica (las causas estructurales <strong>de</strong>l <strong>de</strong>splazamiento), los <strong>de</strong>salojos forzosos <strong>de</strong>struyeron lo que la<br />

gente consi<strong>de</strong>ra como su hogar. La socie<strong>da</strong>d y el gobierno necesitan hacer frente a las causas estructurales <strong>de</strong>l<br />

<strong>de</strong>splazamiento <strong>de</strong> personas y <strong>da</strong>r respuestas eficaces que brin<strong>de</strong>n asistencia y protección a los <strong>de</strong>splazados. La Liga<br />

Argentina por los Derechos <strong>de</strong>l Hombre esta trabajando sobre una canti<strong>da</strong>d importante <strong>de</strong> casos relacionados con el<br />

<strong>de</strong>recho <strong>de</strong> la vivien<strong>da</strong>.<br />

Le Le Le Le plan plan plan plan d’austerité d’aust d’aust d’austerité<br />

erité erité argentin argentin argentin argentin provoque provoque provoque provoque une une une une crise crise crise crise au au au au sein sein sein sein du du du du gouvernement<br />

gouvernement<br />

gouvernement<br />

gouvernement<br />

O plano <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> anunciado na sexta-feira, dia 16, pelo ministro <strong>da</strong> Argentina <strong>da</strong> <strong>Economia</strong> Ricardo Lopez<br />

Murphy suscitou vivas reacções negativas dos adversários políticos do Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> la Rua e ameaça fazer explodir a<br />

Aliança que o apoia na sequência <strong>da</strong> <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> três ministros.<br />

Imediatamente após o discurso <strong>de</strong> Loppez Murphy, o ministro do Desenvolvimento Social Marcos Makon, e o<br />

secretário <strong>da</strong> Presidência, Ricardo Mitre, <strong>de</strong>mitaram-se <strong>da</strong>s suas funções (...).<br />

A <strong>de</strong>missão <strong>de</strong>stes dois ministros segue-se à do ministro do Interior, Fre<strong>de</strong>rico Storani. Ela testemunha (...) o<br />

<strong>de</strong>sacordo profundo com as medi<strong>da</strong>s anuncia<strong>da</strong>s, em especial com aqueles que se referem aos cortes <strong>de</strong> várias centenas<br />

<strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> dólares no orçamento <strong>da</strong>s Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A secretária <strong>de</strong> Estado do Interior, Nil<strong>da</strong> Garré, anunciou<br />

igualmente que iria pedir a sua <strong>de</strong>missão, o que eleva para quatro o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>missões.<br />

Ricardo Lopez Murphy justificou igualmente o lançamento <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stinado a poupar 2 milhares<br />

<strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> dólares <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas públicas para respon<strong>de</strong>r aos compromissos assumidos pela Argentina face ao FMI.<br />

Este plano visa economias <strong>de</strong> 1.962 milhares <strong>de</strong> milhões em 2001 e <strong>de</strong> 2.485 milhares <strong>de</strong> milhões para 2002,<br />

<strong>de</strong>talha<strong>da</strong>mente. Estas medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vem ser precedi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> uma reforma do Estado permitindo novas reduções <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas<br />

<strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 3.5 milhares <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> dólares em 2003.<br />

Como previsto, Buenos Aires não porá em causa o seu regime monetário <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong><strong>de</strong> que consiste na pari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

1 peso = 1 dólar e que vem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1991 com um voto do Parlamento. Aliás, Lopes Murphy confirmou uma <strong>de</strong>rrapagem no<br />

primeiro trimestre <strong>de</strong> 739.7 milhões <strong>de</strong> dólares relativamente aos acordos concluídos com o FMI, aquando do crédito <strong>de</strong><br />

“blin<strong>da</strong>gem” <strong>de</strong> 39,7 mihares <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> dólares.<br />

Para o ano em curso, as medi<strong>da</strong>s adopta<strong>da</strong>s pelo ministro visam uma redução <strong>de</strong> 889 milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas públicas<br />

nacionais afectando principalmente o orçamento <strong>da</strong>s universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (361 milhões). Nesta sequência, o Estado vai proce<strong>de</strong>r<br />

a uma redução <strong>de</strong> 105 milhões <strong>de</strong> isenções fiscais e sobretudo a uma redução <strong>de</strong> aju<strong>da</strong> às províncias no valor <strong>de</strong> 968<br />

milhões. Em 2002, as economias espera<strong>da</strong>s são <strong>de</strong> 1.128 milhares <strong>de</strong> milhões nas <strong>de</strong>spesas públicas, dos quais 541<br />

milhões nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, 210 milhões nas isenções fiscais e <strong>de</strong> 1.147 milhares <strong>de</strong> milhões nas aju<strong>da</strong>s às províncias.<br />

Marti, Serge , Le plan d’austerité argentin provoque une crise au sein du gouvernement, Jornal Le<br />

Mon<strong>de</strong>, Paris (2001).<br />

Texto traduzido pelos docentes <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> Internacional: Professor Doutor Júlio Mota; Professora Doutora<br />

Margari<strong>da</strong> Antunes; Professor Doutor Luís Peres Lopes<br />

- 51 -


Parte III<br />

Excertos <strong>de</strong> Textos


- 54 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

DOSSIER ARGENTINA<br />

Excertos <strong>da</strong> audição <strong>de</strong> Carlos Quenan, Économiste à la Caisse <strong>de</strong>s dépôts et consignations, Professeur à<br />

l'Institut <strong>de</strong>s Hautes Étu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> l'Amérique Latine, no Haut Conseil <strong>de</strong> la coopération international, em 8<br />

<strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2001.<br />

O regime cambial <strong>da</strong> Argentina<br />

Na Argentina, a lei <strong>da</strong> convertibili<strong>da</strong><strong>de</strong> adopta<strong>da</strong> pelo Parlamento, em Março <strong>de</strong> 1991, estabelece uma<br />

relação “um peso igual a um dólar” e está grava<strong>da</strong> na Constituição e, por isso, só po<strong>de</strong> ser posta em questão<br />

por um voto do Congresso. A moe<strong>da</strong> <strong>de</strong> reserva é o dólar americano, <strong>de</strong>vido à orientação financeira e<br />

comercial do país e à propensão que os seus capitais têm em colocar-se nesta moe<strong>da</strong>.<br />

[A Argentina tem um sistema <strong>de</strong> estabilização cambial (currency board). Normalmente, este] assenta no<br />

seguinte princípio: a massa monetária em circulação é garanti<strong>da</strong> por um montante pelo menos igual em divisas,<br />

interdita-se a emissão <strong>de</strong> novas notas, a não ser que aumente paralelamente as suas reservas cambiais. O<br />

Conselho (responsável pelo sistema <strong>de</strong> estabilização cambial, frequentemente o banco central transformado)<br />

não po<strong>de</strong> recorrer à máquina <strong>de</strong> fazer notas quer seja para financiar um défice, para apoiar empresas à beira <strong>da</strong><br />

falência ou mesmo para funcionar como o credor <strong>de</strong> última instância <strong>de</strong> bancos impru<strong>de</strong>ntes. Adoptando um<br />

sistema <strong>de</strong> estabilização cambial, os governos renunciam assim a servirem-se <strong>da</strong> <strong>de</strong>svalorização e <strong>da</strong> inflação<br />

para <strong>de</strong>smonetizarem as suas dívi<strong>da</strong>s e procuram incutir confiança aos estrangeiros para financiarem o seu<br />

crescimento. O princípio fun<strong>da</strong>mental do sistema <strong>de</strong> estabilização cambial é <strong>de</strong> que a taxa <strong>de</strong> câmbio entre a<br />

divisa local e a divisa padrão ou referência não po<strong>de</strong> ser modifica<strong>da</strong>.<br />

O sistema <strong>de</strong> estabilização cambial argentino não é ortodoxo na medi<strong>da</strong> em que a lei <strong>da</strong> convertibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

não exige que a base monetária seja igual a 100% <strong>da</strong>s reservas cambiais. De facto, a taxa <strong>de</strong> cobertura <strong>da</strong> base<br />

monetária pelas reservas cambiais foi fixa<strong>da</strong> em 80%. Este quase sistema <strong>de</strong> estabilização cambial permite ao<br />

banco central argentino conservar no curto prazo o seu po<strong>de</strong>r discricionário <strong>de</strong> criação monetária. No caso <strong>de</strong><br />

crise, o banco central po<strong>de</strong> intervir como credor <strong>de</strong> última instância junto dos bancos em dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>. Se este<br />

tipo <strong>de</strong> intervenção oferece à Argentina uma margem <strong>de</strong> manobra em matéria <strong>de</strong> política monetária, ela reduz,<br />

em contraparti<strong>da</strong>, a credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> estabilização cambial em período <strong>de</strong> crise. A longo prazo, a<br />

base monetária e as reservas cambiais <strong>da</strong> Argentina evoluem simetricamente e fazem per<strong>de</strong>r qualquer<br />

característica discricionária à política monetária <strong>da</strong> Argentina.<br />

Na Argentina, país mal-amado pelos especuladores internacionais, este método <strong>de</strong>u as suas provas. De<br />

facto, enquanto o país sofria ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> hiper-inflação, no início dos anos 90 (1344%), a criação <strong>de</strong> um sistema<br />

<strong>de</strong> estabilização cambial, em 1991, inverteu imediatamente a tendência.<br />

Nestes últimos anos, as crises mexicana, brasileira e russa afectaram fortemente a economia argentina e<br />

abalaram a estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> adquiri<strong>da</strong> graças ao sistema <strong>de</strong> estabilização cambial. Do mesmo modo, em Novembro<br />

<strong>de</strong> 2000, a Argentina conheceu uma crise <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança dos investidores cuja origem era o medo <strong>de</strong> que a<br />

Argentina fosse incapaz <strong>de</strong> honrar os seus compromissos e que o peso se <strong>de</strong>sligasse do dólar. A Argentina,<br />

submeti<strong>da</strong> a um sistema <strong>de</strong> estabilização cambial <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1991, sofre hoje os efeitos nefastos <strong>da</strong> ligação do peso<br />

ao dólar, com a sobre-avaliação do dólar a traduzir-se por um aumento do valor do peso em 10%, nestes três<br />

últimos meses, relativamente à moe<strong>da</strong> do seu principal parceiro comercial, o Brasil. A subi<strong>da</strong> do dólar,<br />

tornando as exportações argentinas menos competitivas e aumentando o custo <strong>da</strong>s suas importações em<br />

petróleo, agravou a recessão económica que atinge a Argentina <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há dois anos.<br />

O receio <strong>de</strong> que a Argentina não venha a ser capaz <strong>de</strong> liqui<strong>da</strong>r os juros sobre a sua dívi<strong>da</strong> externa levou os<br />

mercados obrigacionistas internacionais ao boicote, com os investidores externos a liqui<strong>da</strong>r as suas obrigações<br />

argentinas a um ritmo acelerado e obrigando o governo a aumentar as suas taxas a 16% a fim <strong>de</strong> encontrar<br />

compradores no plano nacional. A <strong>de</strong>sconfiança dos investidores internacionais assim como a recessão<br />

económica relançaram o <strong>de</strong>bate sobre o regime cambial adoptado pela Argentina. Assim, imediatamente a<br />

seguir ao aparecimento <strong>da</strong> crise, a maior parte dos jornais viam duas soluções perfilarem-se em matéria <strong>de</strong><br />

política cambial a adoptar: a dolarização ou a flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> (ou seja, o <strong>de</strong>saparecimento <strong>da</strong> pari<strong>da</strong><strong>de</strong> fixa pesodólar).


O papel do FMI na situação argentina<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Des<strong>de</strong> o final <strong>de</strong> 1999, as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>cidiram reagir pondo em execução um programa <strong>de</strong> ajustamento no<br />

momento exacto em que o país se afun<strong>da</strong>va na recessão, aju<strong>da</strong>do por uma série <strong>de</strong> choques <strong>de</strong>sfavoráveis. O<br />

governo Menem põe em funcionamento a política dita “piloto automático”, segundo a qual a situação <strong>de</strong>ver-seia<br />

resolver por si mesma <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento em que a crise internacional fosse progressivamente <strong>de</strong>saparecendo<br />

e que os efeitos <strong>da</strong>s reestruturações realiza<strong>da</strong>s, principalmente no sector bancário, em 1995-1996, começassem<br />

a <strong>da</strong>r efeitos. Assiste-se então a uma forte diminuição dos <strong>de</strong>pósitos em pesos e a uma subi<strong>da</strong> dos <strong>de</strong>pósitos em<br />

dólares como no período <strong>de</strong> 1994-1995. Devido ao aproximar <strong>da</strong>s eleições, o governo é bastante laxista<br />

relativamente às <strong>de</strong>spesas orçamentais. Mas quando passaram as eleições, surge um problema <strong>de</strong><br />

governabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e o novo governo não controla completamente o Parlamento, é minoritário no Senado e uma<br />

parte <strong>da</strong>s províncias é governa<strong>da</strong> pela oposição.<br />

O governo aposta que, ao mostrar-se virtuoso em matéria <strong>de</strong> finanças públicas e com o controlo do défice,<br />

induza uma mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> percepção dos investidores. O governo pensa assim que o prémio <strong>de</strong> risco vai<br />

diminuir, as taxas <strong>de</strong> juro baixar e que o crescimento vai recomeçar. Esta perspectiva revela-se completamente<br />

erra<strong>da</strong>. Por um lado, porque o contexto internacional não é favorável em particular <strong>de</strong>vido às taxas <strong>de</strong> juro<br />

americanas que permanecem eleva<strong>da</strong>s e, por outro lado, porque a política <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> conduzi<strong>da</strong> para<br />

controlar as <strong>de</strong>spesas públicas se traduz em efeitos recessivos. Querendo provar as suas virtu<strong>de</strong>s aos mercados<br />

internacionais, as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s argentinas tiveram que rever os salários à baixa, <strong>da</strong>ndo um severo golpe no<br />

consumo. Esta atonia do crescimento alimentou o círculo vicioso ajustamento orçamental/recessão que se<br />

instalou entretanto, enquanto o problema <strong>da</strong> governabili<strong>da</strong><strong>de</strong> se foi acentuando, em especial, <strong>de</strong>pois <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>missão em Outubro <strong>de</strong> 2000 do vice-presi<strong>de</strong>nte. O acesso <strong>da</strong> Argentina aos financiamentos internacionais<br />

torna-se ca<strong>da</strong> vez mais difícil. Ao longo do último trimestre <strong>de</strong> 2000, a Argentina é quase excluí<strong>da</strong> do mercado<br />

financeiro internacional, o que teve como consequência o aumento do prémio <strong>de</strong> risco. Nesse momento, o<br />

governo argentino, em acordo com o FMI, põe em prática uma resposta preventiva para evitar uma crise ain<strong>da</strong><br />

maior. É a famosa “blin<strong>da</strong>gem”. Esta inclui o sector privado que é implicado assim no pagamento <strong>de</strong> uma parte<br />

<strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>.<br />

A resposta preventiva <strong>da</strong> “blin<strong>da</strong>gem”<br />

A “blin<strong>da</strong>gem” consiste num empréstimo <strong>de</strong> 40 mil milhões <strong>de</strong> dólares, vindo 13 directamente do FMI,<br />

<strong>de</strong>stinado a afastar a perspectiva <strong>de</strong> incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pagamento internacional a curto prazo. Esteve em vigor<br />

até Março <strong>de</strong> 2003. Mas o levantamento dos fundos do FMI e <strong>de</strong> outras instituições internacionais foi<br />

submetido ao cumprimento <strong>de</strong> critérios muito restritivos em matéria <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas orçamentais. O ministro <strong>da</strong>s<br />

Finanças <strong>de</strong> então teve que se <strong>de</strong>mitir porque não conseguiu que o país cumprisse os critérios do Fundo,<br />

critérios ain<strong>da</strong> mais difíceis <strong>de</strong> atingir <strong>da</strong><strong>da</strong> a política <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong>, que reforça o círculo vicioso ajustamento<br />

orçamental/recessão. O problema <strong>da</strong> condicionali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos financiamentos é então levantado e criticado como<br />

uma contradição <strong>da</strong>s políticas do FMI. Adicionalmente, o sector privado emprestou 20 milhares <strong>de</strong> milhões a<br />

taxa <strong>de</strong> juro eleva<strong>da</strong>s, o que fez ain<strong>da</strong> aumentar mais os prémios <strong>de</strong> risco.<br />

Texto traduzido pelos docentes <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> Internacional: Professor Doutor Júlio Mota; Professora Doutora<br />

Margari<strong>da</strong> Antunes; Professor Doutor Luís Peres Lopes<br />

- 55 -


- 56 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Excertos do estudo <strong>de</strong> Samia Kazi Aoul, A crise argentina 1998-2001: o papel <strong>da</strong>s instituições financeiras<br />

internacionais na elaboração dos planos <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> económica e impactos sociais <strong>de</strong>stes planos, Haute<br />

Conseil <strong>de</strong> la Coopération Internationale, França, Outubro <strong>de</strong> 2001.<br />

A Argentina é qualifica<strong>da</strong> <strong>de</strong> “aluno mo<strong>de</strong>lo” pelo FMI. Este país põem em prática e escrupulosamente,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> há vários anos, os programas <strong>de</strong> ajustamento estrutural (PAS) elaborados pelas instituições <strong>de</strong> Bretton<br />

Woods como contraparti<strong>da</strong> <strong>da</strong> atribuição <strong>de</strong> empréstimos que lhe permitam não entrar em incumprimento <strong>da</strong><br />

dívi<strong>da</strong>.<br />

Antes <strong>de</strong> especificarmos o papel <strong>de</strong>stas instituições na aplicação dos planos <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> que a Argentina<br />

aplicou nestes últimos anos, vejamos as razões que levaram estas instituições a elaborarem os planos <strong>de</strong><br />

ajustamento que foram transpostos para a quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos países em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Os países em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento foram confrontados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final dos anos sessenta com um<br />

consi<strong>de</strong>rável crescimento <strong>da</strong> sua dívi<strong>da</strong> pública. Este endivi<strong>da</strong>mento era o resultado <strong>de</strong> empréstimos<br />

consi<strong>de</strong>ráveis concedidos pelos países do Norte, Banco Mundial e bancos comerciais a taxas <strong>de</strong> juro<br />

geralmente negativas em termos reais. Estes empréstimos forneciam aos bancos comerciais a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reciclarem os seus petrodólares, financiando projectos <strong>de</strong> investimento consi<strong>de</strong>ráveis dos quais se esperava a<br />

sua rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, e com base quer na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a subi<strong>da</strong> dos preços <strong>da</strong>s matérias primas dos anos 70 iria<br />

continuar quer na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que um país nunca entra em falência. O final dos anos 70 e os primeiros anos do<br />

<strong>de</strong>cénio <strong>de</strong> 80 marcam, com a chega<strong>da</strong> <strong>de</strong> Teatcher e <strong>de</strong> Reagan, uma viragem na história <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> dos países<br />

em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Os dirigentes dos Estados Unidos e <strong>da</strong> Grã-Bretanha põem em prática políticas<br />

neoliberais e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m aumentar fortemente as taxas <strong>de</strong> juro. A subi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s taxas <strong>de</strong> juro, em simultâneo com a<br />

<strong>de</strong>sci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s cotações dos produtos exportados pelos países em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, colocam estes mesmos<br />

países, por consequência, numa crise <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento a partir <strong>de</strong> 1982. Esta crise colocou os países em vias<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento num impasse financeiro que os forçou a aceitar as políticas <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> e um novo<br />

paradigma <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento centrado à volta <strong>de</strong> três imperativos: flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, abertura <strong>da</strong> economia e<br />

redução do papel do Estado. Este paradigma tinha como objectivo acabar com os <strong>de</strong>sequilíbrios, levando a que<br />

as economias <strong>de</strong>stes países se ajustassem à economia mundial. Os programas <strong>de</strong> ajustamento estrutural,<br />

impostos aos países em vias <strong>de</strong>senvolvimento pelas instituições <strong>de</strong> Bretton Woods são a expressão bem<br />

conheci<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste paradigma.<br />

A filosofia do ajustamento estrutural, aplica<strong>da</strong> nos anos 80, sublinha o primado do equilíbrio monetário e<br />

resume-se a duas fases. A primeira tem como finali<strong>da</strong><strong>de</strong> equilibrar a situação financeira dos países, reduzindo<br />

os défices, e chama-se fase <strong>de</strong> estabilização. A segun<strong>da</strong> realiza-se ao longo do tempo. Esta supõe as reformas<br />

estruturais, exige a redução do papel do Estado, re<strong>de</strong>fine a inserção internacional e chama-se fase <strong>de</strong><br />

ajustamento estrutural.<br />

A fase <strong>de</strong> estabilização comporta três gran<strong>de</strong>s reformas: uma redução <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas governamentais, um<br />

controlo <strong>da</strong> massa monetária e do crédito assim como a <strong>de</strong>svalorização <strong>da</strong> moe<strong>da</strong> nacional. Estas reformas<br />

<strong>de</strong>vem permitir que se reabsorvam os défices internos e que melhore a balança <strong>de</strong> pagamentos.<br />

A fase <strong>de</strong> ajustamento estrutural retoma o conjunto <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> estabilização que ela completa com as<br />

reformas estruturais. Esta fase supõe uma liberalização dos mercados internos, uma privatização <strong>de</strong> certas<br />

empresas públicas e uma liberalização do comércio externo.<br />

De forma esquemática os programas <strong>de</strong> ajustamento estrutural tinham como objectivo a reabsorção dos<br />

<strong>de</strong>sequilíbrios <strong>da</strong>s balanças <strong>de</strong> pagamentos e a criação <strong>de</strong> um ambiente favorável à iniciativa priva<strong>da</strong>. As<br />

medi<strong>da</strong>s preconiza<strong>da</strong>s pelas instituições internacionais a fim <strong>de</strong> restaurar os mecanismos <strong>de</strong> mercado afastaram<br />

progressivamente o Estado com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> favorecer a inserção <strong>da</strong>s economias em vias <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento no mercado mundial. Somente o Estado foi mantido para corrigir os disfuncionamentos <strong>de</strong><br />

mercado e restabelecer a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> dos preços, essencial para a emergência <strong>de</strong> um mercado privado eficaz.<br />

Os PAS elaborados pelas instituições <strong>de</strong> Bretton Woods foram aplicados na Argentina com o mesmo<br />

objectivo que nos outros países em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. A própria Argentina era cita<strong>da</strong> como exemplo e<br />

pelo rigor com o qual se esforçava em respon<strong>de</strong>r aos seus compromissos para com o FMI e para com o Banco<br />

Mundial. A Argentina encetou mesmo, sob a recomen<strong>da</strong>ção do FMI, uma política monetária que lhe permitiu<br />

reabsorver a inflação, uma política orçamental restritiva, políticas <strong>de</strong> liberalização <strong>da</strong>s trocas, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sregulamentação e <strong>de</strong> privatização.<br />

Este programa sofre hoje com a recessão que atinge a Argentina e com a emergência <strong>de</strong> críticas contra os<br />

seus efeitos sociais nefastos.


A recessão e a intervenção do FMI<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Na Argentina, “a alta do dólar não somente encareceu o seu serviço <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> externa, mas incidiu<br />

duramente nas exportações do país, e exactamente no momento em que o Brasil, para quem exporta 30%,<br />

beneficia <strong>de</strong> uma competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> acresci<strong>da</strong> <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>svalorização do real; a sua factura energética aumentou<br />

na sequência <strong>da</strong> subi<strong>da</strong> dos preços do petróleo e a <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> dos produtos agrícolas privou-a <strong>de</strong> uma parte <strong>da</strong>s<br />

suas receitas.” Tudo isto fez temer, aos investidores internacionais, que a Argentina, mergulha<strong>da</strong> numa<br />

recessão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998, acabasse por entrar em incumprimento <strong>da</strong> sua dívi<strong>da</strong> externa e pusesse em causa o seu<br />

regime cambial. O Congresso americano e o FMI consi<strong>de</strong>raram então que a intervenção <strong>de</strong>ste último se<br />

tornava <strong>de</strong>sejável para tentar reabsorver a crise que a Argentina enfrentava e assim evitar os riscos <strong>de</strong> contágio.<br />

A intervenção do FMI era justifica<strong>da</strong>, segundo eles, com o facto <strong>de</strong> que este país sofria, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong><br />

2000, as consequências <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sequilíbrio temporário <strong>da</strong> sua balança <strong>de</strong> pagamentos e não as <strong>de</strong> uma má<br />

gestão. O FMI conce<strong>de</strong>u a sua aju<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> se ter entendido com o governo argentino sobre um programa<br />

económico cujo objectivo era crescer a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e assegurar um equilíbrio orçamental<br />

a médio prazo. Este programa <strong>de</strong>veria, segundo o presi<strong>de</strong>nte do FMI, “melhorar o clima <strong>de</strong> investimentos e,<br />

combinado com um reforço <strong>da</strong> confiança interna e externa, lançar as bases <strong>de</strong> um crescimento sustentado na<br />

Argentina”. A aju<strong>da</strong> financeira concedi<strong>da</strong> pelo FMI, <strong>de</strong> 13,7 milhares <strong>de</strong> milhões, seria adiciona<strong>da</strong> por novos<br />

compromissos <strong>de</strong> créditos a conce<strong>de</strong>r pelo Banco Mundial e pelo Banco Inter-Americano <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

(BID) nos dois anos posteriores <strong>de</strong> 5 milhares <strong>de</strong> milhões e por um empréstimo <strong>de</strong> um milhar <strong>de</strong> milhões pela<br />

Espanha. Os bancos privados e os fundos <strong>de</strong> pensões conce<strong>de</strong>ram, quanto a eles, 13 milhares <strong>de</strong> milhões<br />

através <strong>de</strong> um compromisso <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> títulos. Enfim, o ministério <strong>da</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> Argentina <strong>de</strong>veria<br />

libertar 7 milhares <strong>de</strong> milhões pelos <strong>de</strong>bts swaps.<br />

O governo argentino foi tributário <strong>de</strong>sta aju<strong>da</strong> para evitar que o país não se afun<strong>da</strong>sse. Este <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> estar à<br />

altura <strong>de</strong> intervir para colocar em funcionamento uma política <strong>de</strong> relançamento contra-cíclica, porque a “quase<br />

dolarização impe<strong>de</strong> o ajustamento pela variável taxa <strong>de</strong> câmbio” e “os seus compromissos face às instituições<br />

internacionais impe<strong>de</strong>m-no <strong>de</strong> recorrer a um qualquer acto mágico <strong>de</strong> natureza orçamental para relançar o<br />

consumo”.<br />

As soluções encara<strong>da</strong>s pelo governo para recuperar um pouco <strong>de</strong> margem <strong>de</strong> manobra orçamental foram “a<br />

privatização total do seu sistema <strong>de</strong> reformas e <strong>de</strong> uma parte <strong>da</strong> colecta <strong>de</strong> impostos e a <strong>de</strong>sregulação <strong>da</strong><br />

segurança social.” Duas medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> inspiração ultraliberal “sopra<strong>da</strong>s” pelo FMI” que o governo fez aprovar<br />

por <strong>de</strong>creto a fim <strong>de</strong> contornar o Congresso.<br />

Planos <strong>de</strong> Austeri<strong>da</strong><strong>de</strong>: reformas que alteram os direitos sociais e as consequências sociais <strong>de</strong>stas<br />

A Argentina aplicou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há vários anos, uma série <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s cujas consequências sociais se mostraram<br />

dramáticas para a população. As reformas em que se empenharam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Primavera <strong>de</strong> 2000 e reforça<strong>da</strong>s a<br />

partir <strong>da</strong> crise <strong>de</strong> Novembro sobre a recomen<strong>da</strong>ção do FMI fizeram temer um crescimento <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

<strong>da</strong> pobreza. De facto, quando se sabe que 13,2 milhões <strong>de</strong> argentinos (em 33,6 milhões) vivem abaixo do<br />

limiar <strong>da</strong> pobreza e que 3,1 milhões são indigentes não se po<strong>de</strong> fazer outra coisa que não seja temer os efeitos<br />

<strong>de</strong>stas reformas que reforçam a austeri<strong>da</strong><strong>de</strong>, o rigor e o ajustamento orçamental.<br />

As medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> que já evocámos receberam a aprovação do FMI e foram sau<strong>da</strong><strong>da</strong>s com a<br />

atribuição <strong>de</strong> um crédito stand by <strong>de</strong> 7,4 milhares <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> dólares na Primavera <strong>de</strong> 2000 e por uma<br />

“blin<strong>da</strong>gem” <strong>de</strong> 39,7 milhares <strong>de</strong> milhões dólares em Janeiro <strong>de</strong> 2001.<br />

Voltemos à análise dos planos <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> elaborados por Fernando <strong>de</strong> la Rua <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua chega<strong>da</strong> à<br />

frente do Estado a fim <strong>de</strong> melhor compreen<strong>de</strong>rmos as consequências sociais que estes planos acarretaram.<br />

Primeiramente, no final <strong>de</strong> 1999, o FMI tinha prometido ao novo governo um empréstimo <strong>de</strong> 10 milhares<br />

<strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> dólares para refinanciar as duas dívi<strong>da</strong>s e na condição <strong>de</strong> que este se comprometesse a pôr em<br />

prática um plano <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> orçamental. O FMI tinha então insistido para que este plano contivesse<br />

principalmente uma reforma do sistema <strong>de</strong> Segurança Social, uma profun<strong>da</strong> alteração nas leis que regem o<br />

mercado <strong>de</strong> trabalho, a fim <strong>de</strong> acentuar a flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> neste último, e uma forte austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> orçamental. O<br />

plano <strong>de</strong> ajustamento estrutural elaborado pelo governo <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> la Rua, na Primavera <strong>de</strong> 2000,<br />

compreendia subi<strong>da</strong>s dos impostos, cortes orçamentais assim como um certo número <strong>de</strong> reformas — <strong>da</strong><br />

legislação do trabalho, <strong>da</strong> Segurança Social, dos programas <strong>de</strong> assistência social, dos fundos <strong>de</strong> pensão, etc.<br />

- 57 -


- 58 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Em Novembro <strong>de</strong> 2000, na sequência <strong>da</strong> crise, o governo viu-se obrigado a reforçar o seu programa <strong>de</strong><br />

austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> a fim <strong>de</strong> a aju<strong>da</strong> do FMI ser concedi<strong>da</strong>. Em contraparti<strong>da</strong> do plano <strong>de</strong> salvamento, orquestrado<br />

pelas instituições <strong>de</strong> Bretton Woods, o FMI exigiu ain<strong>da</strong> mais austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> orçamental: uma moratória <strong>de</strong> 5<br />

anos sobre as <strong>de</strong>spesas públicas, a privatização completa do sistema <strong>de</strong> reformas com a supressão <strong>da</strong>s reformas<br />

públicas, a privatização do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública e a diminuição <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas orçamentais consagra<strong>da</strong>s ao<br />

ensino superior.<br />

1) A <strong>de</strong>sregulação do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública<br />

Relativamente à <strong>de</strong>sregulação do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública é conveniente precisar qual era o seu modo <strong>de</strong><br />

funcionamento antes <strong>da</strong>s reformas para melhor se perceber o impacte <strong>de</strong>stas.<br />

a) O sistema antes <strong>da</strong> reforma<br />

Depois <strong>da</strong> assinatura do <strong>de</strong>creto sobre a <strong>de</strong>sregulação do sistema <strong>de</strong> segurança saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ficitário, a parceria<br />

Estado e sindicatos, inicia<strong>da</strong> por Juan Péron cinquenta anos mais cedo, é <strong>de</strong>smantela<strong>da</strong> e com isto é também<br />

<strong>de</strong>smantelado o sistema <strong>de</strong> cobertura universal que assegurava aos assalariados um sistema <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> pública.<br />

O sistema era construído pelos assalariados em torno <strong>de</strong> instituições chama<strong>da</strong>s Obras Sociales (OS). Estas<br />

instituições eram dirigi<strong>da</strong>s, na sua maior parte, pelos sindicatos e funcionavam como seguradoras <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou,<br />

por outras palavras, pagavam os fornecimentos <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na base dos serviços prestados. As OS<br />

<strong>de</strong>veriam garantir no mínimo a prestação <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> base <strong>de</strong>finido pelo governo e que se<br />

chamava: “programa médico obrigatório”.<br />

Este sistema era financiado por contribuições patronais e salariais representando respectivamente 5 e 3% do<br />

salário. No quadro <strong>de</strong>ste sistema, 90% <strong>da</strong>s contribuições eram pagas às OS e as 10% restantes financiavam um<br />

organismo <strong>de</strong> supervisão e um mecanismo <strong>de</strong> redistribuição chamado “fundo <strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>”.<br />

b) A reforma efectiva <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2001<br />

Esta reforma supõe a abertura à concorrência dos organismos <strong>de</strong> gestão do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Com este novo<br />

sistema, os indivíduos po<strong>de</strong>m escolher o seu fornecedor <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> entre as Obras Sociales, as<br />

organizações sociais públicas e as priva<strong>da</strong>s. Todos os fornecedores <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem oferecer (a<br />

todos aqueles que se lhe dirijam) uma lista <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> base a um preço per capita baixo e são autorizados a<br />

fornecerem serviços adicionais para contribuições adicionais. A concorrência entre prestatários <strong>de</strong> seguros <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> é controla<strong>da</strong> por um novo organismo <strong>de</strong> supervisão: a Superintendência <strong>de</strong>l Seguro <strong>de</strong> Salud (SSS). O<br />

trabalhador é autorizado a mu<strong>da</strong>r <strong>de</strong> segurador (uma vez por ano). O fundo <strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> é encarregado, no<br />

quadro <strong>de</strong>ste novo sistema, <strong>de</strong> subvencionar automaticamente o fornecimento do pacote <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> base<br />

aos trabalhadores com os mais baixos salários.<br />

Este novo sistema foi muito bem acolhido pelo FMI na medi<strong>da</strong> em que, segundo esta instituição, a<br />

concorrência entre prestatários <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong>veria assegurar uma utilização mais eficiente <strong>da</strong>s contribuições<br />

salariais e patronais.<br />

A privatização do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> suscitar um certo número <strong>de</strong> questões sobre o montante do preço,<br />

sobre a dimensão dos financiamentos <strong>da</strong>s organizações públicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, na sequência dos diferentes cortes<br />

orçamentais, sobre o montante <strong>da</strong>s contribuições adicionais e sobre as consequências <strong>de</strong>sta privatização sobre<br />

as populações <strong>de</strong>sfavoreci<strong>da</strong>s. Po<strong>de</strong>, e com razão, questionar-se como é que esta reforma afectará os 15<br />

milhões <strong>de</strong> argentinos que não possuem cobertura social a não ser a dos tratamentos <strong>de</strong> urgência dispensados<br />

pelos hospitais públicos.<br />

No que se refere à reforma, parece que o governo argentino tinha pouca margem <strong>de</strong> manobra. De facto, “De<br />

la Rua himself un<strong>de</strong>r pressure to act. Apart from other consi<strong>de</strong>rations, the International Monetary Fund has<br />

ma<strong>de</strong> social security reform a condition of continued relief of Argentina’s international <strong>de</strong>bt”. (G. I. Rogers.<br />

"Argentina tries social security reforms", The Lancet, Londres, 9/12/00)<br />

2) A reforma do mercado <strong>de</strong> trabalho<br />

A reforma do mercado <strong>de</strong> trabalho, encoraja<strong>da</strong> pelo FMI, tem por objectivo a satisfação dos empregadores e<br />

não a <strong>de</strong> quem procura emprego. A política assumi<strong>da</strong> visa liberalizar o mercado <strong>de</strong> trabalho, ao aumentar a<br />

flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e ao reduzir as obrigações que inci<strong>de</strong>m sobre as empresas, como o menciona um<br />

relatório do Banco Mundial intitulado Memorandum of the presi<strong>de</strong>nt of the Internatinal Bank for


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Reconstruction and Development to the executive directors of a country assistance strategy of the World Bank<br />

group for the Argentine Republic, <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2000, “Restrictions on firing discourage firms from hiring<br />

additional workers”. O objectivo oficial <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> reforma consiste em promover o emprego, mas a<br />

eliminação sistemática <strong>da</strong>s obrigações regulamentares impostas aos empregadores a fim <strong>de</strong> reduzirem os seus<br />

custos associados ao factor trabalho correm o risco <strong>de</strong> aumentar a precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> do emprego, em vez <strong>de</strong><br />

aumentar o número <strong>de</strong> empregados. A liberalização do mercado <strong>de</strong> trabalho po<strong>de</strong>rá traduzir-se por um<br />

aumento dos <strong>de</strong>spedimentos ou por uma <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s remunerações que só amplificariam o mal estar no qual se<br />

encontra uma gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> população argentina. Po<strong>de</strong> interrogar-se sobre as hipóteses <strong>de</strong> um relançamento<br />

económico e do consumo quando uma parte crescente <strong>da</strong> população se encontra sem emprego e vive em<br />

condições miseráveis. Parece que as instituições financeiras internacionais procuram mais, com estas reformas,<br />

reabsorver os <strong>de</strong>sequilíbrios e satisfazer os investidores do que assegurarem condições <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>centes às<br />

populações. Como sublinha um documento do FMI <strong>da</strong>tado <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2000, “the structural reforms that<br />

have been put in place in 2000, especially the labor reform and the reform of the union-run health system, will<br />

help mo<strong>de</strong>rnize labor relations, enhance the scope for employment creation, and improve productivity and<br />

competitiveness in the economy… In particular, Directors consi<strong>de</strong>red that a firm adherence to the requirements<br />

of the fiscal responsibility law, with its atten<strong>da</strong>nt reduction in the public <strong>de</strong>bt-to-GDP ratio, would buttress<br />

confi<strong>de</strong>nce in international markets and ease financing conditions”. (FonteIMF. IMF Conclu<strong>de</strong>s Article IV<br />

Consultation with Argentina. Public Information Notice, 3/10/00)<br />

3) A reforma do sistema dos fundos <strong>de</strong> pensões<br />

Na América Latina, os países optaram maioritariamente por sistemas <strong>de</strong> capitalização a fim <strong>de</strong> reformarem<br />

os seus sistemas <strong>de</strong> reformas. Assim, o Peru, a Argentina, a Colômbia e o México <strong>de</strong>cidiram transferir a gestão<br />

dos seus fundos para organismos privados e não para a Segurança Social. Mas, com excepção do Chile,<br />

nenhum dos outros países abandonou completamente o sistema <strong>de</strong> reformas com base na repartição. Esta<br />

reforma iniciou-se na Argentina, no mês <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1994, com a criação <strong>de</strong> um sistema privado <strong>de</strong> fundos <strong>de</strong><br />

pensão. Este sistema veio parcialmente substituir o sistema <strong>de</strong> segurança nacional público — sistema <strong>de</strong><br />

retenção na fonte ou “pay as you go” — por um sistema misto, simultaneamente público e privado. O antigo<br />

sistema pressupunha o <strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> uma percentagem do rendimento que era em segui<strong>da</strong> redistribuído pelas<br />

pessoas actualmente na reforma. Este sistema <strong>de</strong> reformas por repartição foi complementado, em 1994, por um<br />

outro sistema, misto, no qual coexistem um sistema <strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> pensão público, gerido em repartição, e um<br />

sistema <strong>de</strong> reforma por capitalização, administrado por fundos <strong>de</strong> pensão privados ou públicos. A diferença<br />

essencial entre o antigo e o novo sistema <strong>de</strong> reformas consistia num aumento gradual <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> reforma (para<br />

os 65 anos no caso dos homens e 60 para as mulheres, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então até 2001). Quando o sistema foi<br />

estabelecido, os argentinos tiveram até ao mês <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1996 para transferirem os seus fundos entre os<br />

sistemas privado e público. Depois <strong>de</strong>sta <strong>da</strong>ta, os fundos, no sistema público, pu<strong>de</strong>ram continuar a ser<br />

transferidos para o privado, não acontecendo o mesmo aos fundos privados que já não se podiam <strong>de</strong>slocar para<br />

o sector público. Os indivíduos seriam autorizados a transferirem os seus fundos <strong>de</strong> um sistema privado <strong>de</strong><br />

pensões para outro duas vezes por ano.<br />

Vejamos agora com algum <strong>de</strong>talhe o sistema <strong>de</strong> reformas tal qual se estabeleceu em 1994, <strong>de</strong>pois com a<br />

reforma <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2000 e enfim com a alteração <strong>de</strong> Outono <strong>de</strong> 2000.<br />

a) O sistema <strong>de</strong> reformas introduzido com a reforma <strong>de</strong> 1994<br />

Este novo sistema criou uma concorrência entre dois novos regimes. Um é público e gerido por repartição,<br />

o outro é gerido por capitalização por fundos privados ou públicos.<br />

Este sistema tem três níveis, os dois primeiros são sistemas <strong>de</strong> retenção na fonte e o terceiro implica a<br />

escolha entre um sistema <strong>de</strong> pensões público ou privado.<br />

— Primeiro nível: a prestação universal <strong>de</strong> base (PBU)<br />

Esta prestação não é função do rendimento mas basea<strong>da</strong> nos anos <strong>de</strong> contribuição e eleva-se a 200 USD por<br />

mês para um indivíduo que tenha atingido a i<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima <strong>da</strong> reforma que tenha contribuído pelo menos 30<br />

anos.<br />

— Segundo nível: a prestação compensatória (PC)<br />

Esta está liga<strong>da</strong> ao rendimento auferido antes <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1994 e representa 1,5% do salário médio por mês<br />

durante os últimos <strong>de</strong>z anos e aplica-se por ca<strong>da</strong> ano <strong>de</strong> serviço até a um máximo <strong>de</strong> 35 anos.<br />

- 59 -


- 60 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

— Terceiro nível: escolha entre um plano <strong>de</strong> contribuição público e um sistema <strong>de</strong> reforma<br />

individual<br />

O Sistema <strong>de</strong> Pensão Público (PAP ou prestação anual <strong>de</strong> permanência) é baseado nos rendimentos e<br />

representa 0,85 do salário médio mensal durante os <strong>de</strong>z últimos anos e aplica-se por ca<strong>da</strong> ano <strong>de</strong> contribuição<br />

até a um máximo <strong>de</strong> 80 USD (em 1999) por ca<strong>da</strong> ano <strong>de</strong> contribuição.<br />

No Sistema <strong>de</strong> Pensão Privado, os segurados contribuem para uma conta poupança reforma individual<br />

geri<strong>da</strong> por um administrador <strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> pensão. Neste sistema, as prestações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do montante <strong>da</strong>s<br />

contribuições e dos ganhos <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong>stas, <strong>de</strong>duzidos os encargos administrativos <strong>de</strong> gestão.<br />

b) A reforma do sistema <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2000<br />

Esta reforma traduziu-se por uma <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> <strong>da</strong> PBU para 150 USD por mês para os homens <strong>de</strong> 65 anos e para<br />

125 USD para as mulheres que passam à reforma com 60 anos. Estas últimas po<strong>de</strong>m porém retar<strong>da</strong>r a sua<br />

passagem à reforma para os 65 anos a fim <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem aumentar a sua prestação até aos 150 USD por mês.<br />

Com esta reforma, a pensão para as pessoas <strong>de</strong> 70 anos e com mais <strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong> contribuições é suprimi<strong>da</strong><br />

e em seu lugar é cria<strong>da</strong> uma prestação <strong>de</strong> 80 USD por mês que po<strong>de</strong> ser concedi<strong>da</strong> a to<strong>da</strong> e qualquer pessoa <strong>de</strong><br />

70 anos ou mais, qualquer que tenha sido o seu passado contributivo.<br />

c) A nova proposta <strong>de</strong> reforma apresenta<strong>da</strong> no Outono <strong>de</strong> 2000<br />

O sistema <strong>de</strong> pensões foi sujeito a uma outra reforma em Novembro-Dezembro <strong>de</strong> 2000, na sequência <strong>da</strong><br />

crise financeira que o país sofreu e <strong>da</strong>s recomen<strong>da</strong>ções do FMI. O governo substituiu o projecto <strong>de</strong> lei<br />

submetido ao Congresso em Junho por um novo projecto <strong>de</strong> reforma.<br />

Este novo projecto propõe:<br />

1) substituir a PBU por uma prestação suplementar <strong>de</strong> escala variável para as novas pensões inferiores a<br />

600 USD por mês;<br />

2) introduzir uma prestação mínima <strong>de</strong> 100 USD por mês para todos os ci<strong>da</strong>dãos com mais <strong>de</strong> 78 anos<br />

que não tenham outras fontes <strong>de</strong> rendimento.<br />

3) introduzir incitações para que as mulheres retar<strong>de</strong>m a sua passagem à reforma aos 65 anos,<br />

aumentando progressivamente a i<strong>da</strong><strong>de</strong> com a qual são admissíveis para a prestação suplementar.<br />

4) eliminar a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> opção pelo Sistema Público <strong>de</strong> Pensão para os recém chegados ao mercado<br />

<strong>de</strong> trabalho.<br />

As consequências sociais <strong>de</strong>sta reforma foram imediatas e observa-se já um acréscimo <strong>da</strong> miséria <strong>da</strong>s<br />

mulheres e dos reformados que ca<strong>da</strong> vez mais se vêem a pedir nas ruas e <strong>de</strong>stes encontram-se muitos milhares<br />

com uma reforma entre 90 USD e 130 USD por mês.<br />

4) A reforma do sistema educativo<br />

O sistema educativo foi enormemente afectado pela sucessão <strong>de</strong> cortes orçamentais. O ensino público,<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro orgulho nacional e mo<strong>de</strong>lo outrora invejado pelos Estados Unidos, está quase em ruínas. Um<br />

professor com 20 anos <strong>de</strong> ensino ganha 350 euros por mês. O número <strong>de</strong> jovens que abandonam o sistema<br />

escolar antes do fim dos seus estudos é muito elevado: 30% <strong>de</strong>ixam a escola primária, 40% o secundário e<br />

51% o superior. Enfim, no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>stes 30 últimos anos mais <strong>de</strong> 509000 cientistas abandonaram o país.<br />

Tudo isto confirma que as diferentes reformas sociais aplica<strong>da</strong>s na Argentina <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> lei <strong>da</strong><br />

convertibili<strong>da</strong><strong>de</strong> até à lei <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> participaram no alargamento <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais e no<br />

<strong>de</strong>smantelamento <strong>de</strong> um edifício social que outrora rivalizava com os dos gran<strong>de</strong>s países industrializados,<br />

como a França. Se a França escolheu <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os direitos sociais adquiridos e os sistemas <strong>de</strong> repartição e<br />

soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> que fazem a sua originali<strong>da</strong><strong>de</strong> num mundo em que a <strong>de</strong>sregulação e a liberalização são o<br />

principal, outros países, como a Argentina, não tiveram essa escolha O edifício argentino que era outrora<br />

baseado na repartição sofreu pressões financeiras internas e externas. As instituições financeiras internacionais<br />

pensaram que este sistema iria para a ruína e que a <strong>de</strong>sregulação, a introdução do mercado e <strong>da</strong> concorrência<br />

entre fornecedores dos serviços sociais eram indispensáveis à pereni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> base solvável. Os<br />

cortes orçamentais, as privatizações apressa<strong>da</strong>s, as reformas dos sistemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong> protecção<br />

social afectaram profun<strong>da</strong>mente os argentinos. Estes já manifestaram, muitas vezes, ao longo <strong>de</strong>stes últimos


Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

dois anos, o seu <strong>de</strong>sacordo com a continuação <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> exigi<strong>da</strong>s pelas instituições<br />

financeiras internacionais.<br />

O montante <strong>de</strong> 39,7 milhares <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> dólares concedido, em Janeiro <strong>de</strong> 2001, à Argentina não parece<br />

ter permitido salvá-la, apenas permitiu retar<strong>da</strong>r a <strong>da</strong>ta forçando ain<strong>da</strong> mais este país às exigências económicas<br />

e financeiras <strong>da</strong>s instituições <strong>de</strong> Bretton Woods.<br />

Falhanço <strong>da</strong>s instituições financeiras internacionais na prevenção e gestão <strong>da</strong> crise<br />

A crise financeira que incidiu sobre a Argentina, em Novembro <strong>de</strong> 2000, mostrou o falhanço <strong>da</strong>s<br />

instituições financeiras internacionais [(IFI)] encarregues <strong>de</strong> evitar crises financeiras. De facto, o G20 e os seus<br />

membros, em particular o Banco Mundial e o FMI, não anteciparam suficientemente esta crise e encontraramse<br />

forçados a agir em situação <strong>de</strong> urgência, <strong>de</strong>sbloqueando um “pacote” cujo objectivo era evitar o pior, isto é,<br />

o não cumprimento <strong>da</strong>s dívi<strong>da</strong>s.<br />

As instituições <strong>de</strong> Bretton Woods não conseguiram anteriormente resolver os problemas que conduziram à<br />

crise <strong>de</strong> Novembro. As suas intervenções <strong>de</strong>ram-se na sequência <strong>da</strong> que<strong>da</strong> do mercado obrigacionista <strong>da</strong><br />

Argentina, enquanto a crise não era o resultado <strong>de</strong> um choque exógeno mas a consequência lógica ou espera<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> uma recessão que se tinha iniciado no primeiro trimestre <strong>de</strong> 1998. Sendo certo que esta intervenção permitiu<br />

à Argentina manter o seu regime cambial e <strong>de</strong> acalmar a médio prazo os seus investidores, é porém legítimo<br />

lamentar que não se tenha feito antes e <strong>de</strong> uma outra forma. De facto, a recessão argentina <strong>de</strong>u origem a<br />

intervenções sucessivas <strong>da</strong>s instituições <strong>de</strong> Bretton Woods sob a forma <strong>de</strong> créditos condicionados à aplicação<br />

<strong>de</strong> reformas <strong>de</strong> ajustamento estrutural. Ora, estas mesmas reformas, inicia<strong>da</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998, não permitiram pôr<br />

fim à recessão e tinham-se mesmo mostrado, para muitos, como a origem do crescimento do <strong>de</strong>semprego, <strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>da</strong> pobreza. Se é claro que as instituições <strong>de</strong> Bretton Woods não po<strong>de</strong>m ser acusa<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

imobilismo face à recessão <strong>de</strong>ste país, elas po<strong>de</strong>m, pelo contrário, serem critica<strong>da</strong>s pelo remédio que utilizaram<br />

para tentarem resolver os problemas económicos e financeiros <strong>da</strong> Argentina durante estes dois anos <strong>de</strong><br />

recessão e igualmente após a crise <strong>de</strong> Novembro.<br />

As instituições <strong>de</strong> Bretton Woods submeteram o seu “mega-empréstimo” ao compromisso formal do<br />

governo argentino em reforçar as políticas <strong>de</strong> ajustamento económico elabora<strong>da</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há alguns anos. Apesar<br />

<strong>da</strong>s consequências nefastas e <strong>da</strong> ineficácia em resolver os <strong>de</strong>sequilíbrios económicos do país, as IFI não<br />

repensaram o mo<strong>de</strong>lo que recomen<strong>da</strong>vam à Argentina. Des<strong>de</strong> a recessão <strong>de</strong> 1998, diferentes créditos foram<br />

concedidos à Argentina sob a reserva <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> reformas na Segurança Social, no mercado <strong>de</strong> trabalho e<br />

nos sistemas <strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> pensões, sem que na<strong>da</strong> disso tenha tido efeitos positivos sobre o crescimento. Pelo<br />

contrário, o crescimento não cessou <strong>de</strong> diminuir e as <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s não cessaram <strong>de</strong> crescer.<br />

Na sequência <strong>da</strong> crise financeira dos anos 80, o FMI forçou os países emergentes a liberalizarem as suas<br />

economias e a abrirem-se aos investidores internacionais que, na época, an<strong>da</strong>vam à procura <strong>de</strong> novos<br />

mercados. Mas não mediram até que ponto a globalização financeira era <strong>de</strong>sequilibrante. Sobretudo para os<br />

países emergentes submetidos a entra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> capitais muito voláteis com sistemas financeiros frágeis e com<br />

economias liberaliza<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma impru<strong>de</strong>nte. As instituições <strong>de</strong> Bretton Woods até agora ain<strong>da</strong> não<br />

integraram a vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> financeira dos países em <strong>de</strong>senvolvimento nem o facto <strong>de</strong> que o remédio padrão<br />

<strong>da</strong> cura <strong>de</strong> austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> em ca<strong>da</strong> crise ou as prevenir não era talvez a panaceia. A vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos países<br />

emergentes po<strong>de</strong>ria seriamente ser reduzi<strong>da</strong> pelos meios enunciados pelo G20 e que são :<br />

1. a adopção <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio apropriados;<br />

2. a gestão pru<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> externa;<br />

3. o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> participação do sector privado na prevenção e na resolução <strong>da</strong>s crises;<br />

4. a melhoria <strong>da</strong> regulamentação e <strong>da</strong> supervisão do sector financeiro;<br />

5. a aplicação <strong>de</strong> normas e códigos internacionais sobre questões como a transparência, a difusão <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos<br />

ou a estratégia.<br />

Contudo, como o evocam certos membros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil, esta vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria igualmente ser<br />

reduzi<strong>da</strong> por uma liberalização mais progressiva e melhor controla<strong>da</strong> <strong>da</strong>s economias emergentes. Esta opção<br />

parece ain<strong>da</strong> ser pouco encara<strong>da</strong> pelas instituições <strong>de</strong> Bretton Woods que procuram mais remediarem as<br />

consequências sociais dos planos <strong>de</strong> ajustamento estruturais e <strong>da</strong>s crises financeiras, colocando em prática<br />

meios <strong>de</strong> protecção social, do que repensarem o seu próprio mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

- 61 -


- 62 -<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Excertos do estudo <strong>de</strong> Pierre Salama, Argentina: Chronique d’une crise annoncée, Haute Conseil <strong>de</strong> la<br />

Coopération Internationale, França, Setembro <strong>de</strong> 2002.<br />

O plano <strong>de</strong> convertibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, posto em prática <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1991, parece-se muito com o sistema <strong>de</strong> estabilização<br />

cambial imposto no século passado em certos países pela Inglaterra, potência colonial <strong>da</strong> época. Este sistema<br />

existe nalguns pequenos países a Leste e em Hong Kong.<br />

Diferentemente <strong>de</strong> Hong Kong, na Argentina coexistem duas moe<strong>da</strong>s para o conjunto <strong>da</strong>s transacções: o<br />

peso e o dólar. Este sistema impõe uma restrição forte à emissão monetária: esta <strong>de</strong>ve ser estritamente limita<strong>da</strong><br />

à entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> divisas. A base monetária (notas e <strong>de</strong>pósitos dos bancos junto do banco central) <strong>de</strong>vem ter como<br />

contraparti<strong>da</strong> dólares. Por outras palavras, ca<strong>da</strong> peso criado <strong>de</strong>ve ter a sua contraparti<strong>da</strong> em dólar e,<br />

consequentemente, se a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> dólares se reduz, a emissão <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> origem pública (défice<br />

orçamental) ou privado (crédito às empresas e aos particulares) também se reduzirá.<br />

O banco central <strong>de</strong>ixa pois <strong>de</strong> ser o credor <strong>de</strong> última instância e recusa financiar (re<strong>de</strong>scontar) os créditos<br />

feitos pelos bancos quando não há entra<strong>da</strong> suficiente <strong>de</strong> dólares. Po<strong>de</strong> pois consi<strong>de</strong>rar-se que se os bancos<br />

po<strong>de</strong>m criar moe<strong>da</strong>, como o fazem todos os bancos ao conce<strong>de</strong>rem créditos, o seu refinanciamento junto do<br />

banco central <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> dólares, o que po<strong>de</strong> travar a sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> créditos à<br />

economia quando as entra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> divisas são insuficientes, salvo se assumirem riscos importantes.<br />

Os bancos têm pois estruturalmente um problema <strong>de</strong> capitalização. Não po<strong>de</strong>m fazer face à procura <strong>de</strong><br />

liqui<strong>de</strong>z se há insuficiência <strong>de</strong> dólares novos e se os aforradores pedirem a conversão dos seus <strong>de</strong>pósitos em<br />

notas. Os dólares virtuais (<strong>de</strong> um montante <strong>de</strong> 15 milhares <strong>de</strong> milhões em Fevereiro <strong>de</strong> 2002) que criaram a<br />

partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos em dólares (o multiplicador <strong>de</strong> crédito) não po<strong>de</strong>m pois ser financiados e traansformados<br />

em ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros dólares se há uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z. É isto que explica fun<strong>da</strong>mentalmente que os bancos<br />

não possam converter os seus <strong>de</strong>pósitos em dólares em dólares efectivos.<br />

De um modo geral, esta restrição vai incidir fortemente sobre as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> empréstimo e forçará o<br />

governo a procurar “um défice zero” com o seu orçamento, precipitando a recessão, fazendo-a durar e<br />

transformando-a em crise aberta...<br />

Texto traduzido pelos docentes <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> Internacional: Professor Doutor Júlio Mota; Professora Doutora<br />

Margari<strong>da</strong> Antunes; Professor Doutor Luís Peres Lopes


Parte I – Textos Diversos<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Economia</strong> <strong>da</strong> AAC<br />

Índice<br />

Índice<br />

A Argentina não existe mais Página 4<br />

“Memoria <strong>de</strong>l Saqueo”<br />

Synopsis<br />

Lettre <strong>de</strong> Fernando Solanas aux spectateurs Página 6<br />

Entretien avec Fernando Solanas Página 6<br />

Argentina: o falhanço <strong>de</strong> uma nação Página 8<br />

Argentina: um ano <strong>de</strong> solidão Página 10<br />

O horror económico argentino Página 12<br />

Furnace Trouble: Documenting Argentina’s Social Genoci<strong>de</strong> Página 13<br />

A la une Página 15<br />

Press Conference of Michel Cam<strong>de</strong>ssus Página 16<br />

Excertos <strong>da</strong> entrevista <strong>de</strong> Ernesto Tenembaum a Claudio Loser Página 18<br />

Parte II - “Argentina: un pueblo herido”<br />

Argentine: un peuple sinistre, une politique criminelle, <strong>de</strong>s responsabilités plurielles Página 22<br />

L'échec du FMI Página 23<br />

Misión Internacional <strong>de</strong> Investigación:<br />

I - Presentación General <strong>de</strong> la Misión Página 24<br />

II - Contexto Histórico Página 25<br />

III - Un Desastre Economico y Social Página 31<br />

Le plan d’austerité argentin provoque une crise au sein du gouvernement Página 51<br />

Parte III - Excertos <strong>de</strong> textos apresentados no Alto Comissariado <strong>da</strong> Cooperação<br />

Internacional<br />

Excertos <strong>da</strong> audição <strong>de</strong> Carlos Quenan Página 54<br />

Excertos do estudo <strong>de</strong> Samia Kazi Aoul Página 56<br />

Excertos do estudo <strong>de</strong> Pierre Salama Página 62<br />

- 63 -

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!