III Congreso Ib%C3%A9rico del Lobo
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ORAL - 20<br />
<strong>III</strong> <strong>Congreso</strong> Ibérico <strong>del</strong> <strong>Lobo</strong> Resúmenes<br />
O custo da necrofagia: estratégias de uso do território por uma<br />
alcateia a sul do rio Douro em Portugal<br />
S. Roque, I. Palmegiani, F. Petrucci-Fonseca & F. Álvares<br />
O uso do espaço por parte dos lobos residentes é condicionado pela disponibilidade<br />
de zonas de refúgio e reprodução e, principalmente, pelas estratégias de<br />
obtenção de alimento. Este estudo pretende descrever os movimentos e a dinâmica<br />
espácio-temporal de utilização do território numa alcateia da população<br />
lupina a sul do rio Douro (Portugal), caracterizada por uma elevada estabilidade<br />
reprodutora e dependência trófica de cadáveres (alcateia de Leomil). Para tal, são<br />
analisadas as localizações de um lobo macho subadulto, seguido por telemetria<br />
GPS entre Fevereiro de 2010 e Março de 2011, que se encontrava integrado<br />
nesta alcateia, e por isso, considerado representativo dos movimentos de todo o<br />
grupo. A área vital (MPC100% = 322 km 2 ) é dominada por matos alternados<br />
com zonas agrícolas (47%), com uma acentuada presença humana (29,2 habitantes/km<br />
2 e 0,47 km de estradas/km 2 ) e reduzida densidade pecuária (8,5 animais/km<br />
2 ). Com base nas localizações GPS, recolhidas em intervalos de 2h05m,<br />
foram determinadas distâncias lineares e áreas ocupadas (MCP100%) por dia<br />
e mês e definidos conjuntos de localizações próximas (“clusters”), classificados<br />
como estando associados a refúgio ou alimento. Os resultados do lobo marcado<br />
evidenciaram que: percorreu diariamente o território de forma extensa, com movimentos<br />
lineares médios de 11,8 km/dia ± 6,6 km e áreas ocupadas médias de 9<br />
km 2 /dia; utilizou diariamente áreas diferentes (9% ± 6% de sobreposição em dias<br />
consecutivos); mas reutilizou determinadas áreas com regularidade (34% ± 14%<br />
de sobreposição em meses consecutivos); esteve presente no local de reprodução<br />
20% dos dias correspondentes à época de reprodução (Abril a Setembro); utilizou<br />
nove clusters de alimento e seis de refúgio; e, utilizou regularmente ao longo<br />
do período de estudo somente seis locais de depósito de cadáveres (> 20 visitas/<br />
depósito, máximo 132 visitas/depósito), associados principalmente a explorações<br />
pecuárias de aves, coelhos e suínos. Os resultados reforçam uma elevada dependência<br />
à necrofagia e revelam uma estratégia de utilização do território de modo a<br />
aumentar as hipóteses de sucesso na procura de uma fonte de alimento localizada<br />
e imprevisível, como os cadáveres. São discutidas as implicações na conservação<br />
desta importante alcateia ao nível de: disponibilidade de presas, requisitos energéticos<br />
mínimos e pertinência de assegurar alimentação suplementar.<br />
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