Memórias Edição n.º 376 <strong>do</strong> “Povo Livre”, de 30 de Setembro de 1981. Manchete: “Francisco Balsemão no III Congresso Regional <strong>do</strong> PSD d<strong>os</strong> Açores - Autonomia é o motor <strong>do</strong> desenvolvimento d<strong>os</strong> Açores”. J<strong>os</strong>é Silva Marques era o director <strong>do</strong> órgão oficial <strong>do</strong> PPD/PSD. 18
Opinião A nova agenda das exportações Jaime Quesa<strong>do</strong> (*) Portugal vai acelerar a sua Agenda das Exportações. Num tempo de crise, a p<strong>os</strong>ta nas exportações é central e mais <strong>do</strong> que nunca importa ap<strong>os</strong>tar num Novo Modelo de Competitividade e Crescimento. Esta crise de crescimento que se vive actualmente vem sen<strong>do</strong> atribuída a um fenómeno externo, conjuntural. Isto <strong>não</strong> é assim, em grande medida: a <strong>não</strong> convergência para a média de rendimento per capita da UE dura há cerca de uma década e, por isso, em paralelo àquele fenómeno macroeconómico há um problema estrutural em Portugal. Por isso, impõe-se, mais <strong>do</strong> que nunca, uma Nova Estratégia Económica centrada num novo modelo <strong>com</strong>petitivo liga<strong>do</strong> ao efeito acelera<strong>do</strong>r das Exportações. Impõe-se, neste senti<strong>do</strong>, corrigir o rumo e a p<strong>os</strong>ição d<strong>os</strong> protagonistas <strong>do</strong> processo de desenvolvimento <strong>do</strong> País, em ordem a obter um modelo mais assertivo e mais eficaz. As variáveis para esse processo, <strong>com</strong> base em dad<strong>os</strong> <strong>do</strong> Fórum Económico Mundial e para o caso Português, são: a) aumentar as exportações no PIB, mas fazê-lo porque se trabalha para clientes mais exigentes. Aban<strong>do</strong>nar a captação de clientes baseada nas vantagens de preço baixo e procurar <strong>os</strong> clientes mais sofisticad<strong>os</strong> – pagam mais pelo valor acrescenta<strong>do</strong> e ainda n<strong>os</strong> desafiam a modernizar e a aumentar <strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> padrões de exigência a vári<strong>os</strong> níveis. Isto reforçará factores de <strong>com</strong>petitividade basead<strong>os</strong> em recurs<strong>os</strong> e capacidades únic<strong>os</strong>, flexíveis e vali<strong>os</strong><strong>os</strong>, por op<strong>os</strong>ição a<strong>os</strong> model<strong>os</strong> mecânic<strong>os</strong>, lineares, basead<strong>os</strong> na minimização de cust<strong>os</strong>; b) ap<strong>os</strong>tar na dinamização de indústrias de bens transaccionáveis de média e alta intensidade tecnológica, procuran<strong>do</strong> envolvê-las <strong>com</strong> <strong>os</strong> grandes investiment<strong>os</strong> de IDE. Isto reforçará o capital empreende<strong>do</strong>r, normalmente em micro e médias empresas/project<strong>os</strong>, e contribuirá para a fixação de conhecimento, ganh<strong>os</strong> económic<strong>os</strong> e aument<strong>os</strong> n<strong>os</strong> centr<strong>os</strong> de decisão Portugueses; c) ap<strong>os</strong>tar na educação superior e na formação. Mas isto <strong>não</strong> significa elevar o número de diplomad<strong>os</strong> por si. Significa promover o grau de utilidade da educação/formação para as empresas. Actualmente assiste-se à emigração de talent<strong>os</strong> ou ao sub-emprego de licenciad<strong>os</strong>, por falta desta relação entre centr<strong>os</strong> de formação e empresas. A solução <strong>não</strong> é um “super-plano” que aponte as áreas prioritárias – isto é ineficaz. É antes introduzir concorrência e liberdade de opção entre as escolas, universidades e centr<strong>os</strong> de formação, para além d<strong>os</strong> investiment<strong>os</strong> em estrutura e nas pessoas dessas instituições. Rapidamente <strong>os</strong> benefíci<strong>os</strong> da internalização de mecanism<strong>os</strong> de merca<strong>do</strong> serão transp<strong>os</strong>t<strong>os</strong> para outras áreas de welfare; Em conclusão, é p<strong>os</strong>sível atingir <strong>os</strong> objectiv<strong>os</strong> individuais e colectiv<strong>os</strong> que ambicionam<strong>os</strong>. O que já <strong>não</strong> é p<strong>os</strong>sível é manter o modelo actual. No entanto é bom saber que parte da solução <strong>está</strong> nas mã<strong>os</strong> d<strong>os</strong> Portugueses e que é p<strong>os</strong>sível monitorar <strong>os</strong> progress<strong>os</strong> <strong>do</strong> País olhan<strong>do</strong> para alavancas muito simples, identificadas acima. Com certeza que há um debate ideológico implícito mas podem<strong>os</strong>, seguin<strong>do</strong> Schumpeter, ser pragmátic<strong>os</strong> e reconhecer honesta e desapaixonadamente qual o modelo que n<strong>os</strong> traz, ou <strong>não</strong>, mais benefíci<strong>os</strong>. (*) Administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Instituto Francisco Sá Carneiro Em marcha… Luís Camp<strong>os</strong> Ferreira (*) O que fazer <strong>com</strong> esta liderança?”, perguntar-se-á hoje António J<strong>os</strong>é Seguro, ao mesmo tempo que António C<strong>os</strong>ta se deve questionar “o que fazer <strong>com</strong> esta op<strong>os</strong>ição interna?”. A mesma resp<strong>os</strong>ta serve para <strong>os</strong> <strong>do</strong>is: <strong>não</strong> há nada a fazer. Ou melhor, há. É esperar por melhores dias. O problema é que melhores dias para o PS <strong>não</strong> auguram dias melhores para o país. O plano já <strong>está</strong> em marcha dentro das h<strong>os</strong>tes socialistas para preparar o grande regresso. Aquele cujo nome <strong>não</strong> podia ser pronuncia<strong>do</strong>, agora já pode <strong>com</strong>eçar a aparecer. Com prudência, em pequenas d<strong>os</strong>es, para <strong>não</strong> assustar. Começa a aparecer <strong>com</strong>o visita lá em casa, depois já é um tio afasta<strong>do</strong>, e finalmente apresentam-no <strong>com</strong>o o pai desapareci<strong>do</strong>. Como ficam Seguro e C<strong>os</strong>ta no meio disto tu<strong>do</strong> eu <strong>não</strong> sei. Tentan<strong>do</strong> segurar a liderança, entre <strong>os</strong> apoiantes de Seguro já se fala na p<strong>os</strong>sibilidade de alterar as regras <strong>do</strong> jogo socialista para que p<strong>os</strong>sa haver eleições directas para primeiro-ministro (o que <strong>não</strong> deixaria de ser uma espécie de seguro de vida). Entre <strong>os</strong> apoiantes de C<strong>os</strong>ta, por agora ainda <strong>não</strong> se fala. Depois <strong>do</strong> que aconteceu, balbucia-se apenas. (*) Deputa<strong>do</strong> PSD, Presidente da Comissão de Economia e Obras Públicas 19