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que só sossegava nas aulas<br />
de educação artística, onde seu<br />
talento para o desenho e a<br />
pintura se mostrava.<br />
A infância foi complicada.<br />
Filho do ex-jogador de futebol do<br />
Palmeiras, Carmo Ricciardelli,<br />
um descendente de italianos com<br />
temperamento forte, e da dona de<br />
casa Luzia Gil, filha de espanhóis,<br />
e irmã do apresentador Raul<br />
Gil, Marquito e seus dois irmãos<br />
presenciavam brigas violentas do<br />
casal. As dificuldades financeiras<br />
somadas ao gênio explosivo<br />
do pai eram as principais razões<br />
dos conflitos. “Meu pai era muito<br />
nervoso”, comenta o artista.<br />
Para ajudar no orçamento, o<br />
menino, então com 7 anos, fazia<br />
transporte, com carrinho de<br />
rolimã, das compras das donas<br />
de casa nas feiras livres da Zona<br />
Norte de São Paulo, onde morava.<br />
“Comíamos pão duro com massa<br />
de tomate. A gente pedia as coisas<br />
para o meu pai e ele ficava nervoso.<br />
Por isso quando a borracha<br />
acabava eu usava miolo de pão<br />
para apagar a lição”, recorda ele.<br />
Aos 13 anos, com os dentes<br />
inteiramente encavalados, Marquito<br />
ganhou dinheiro de seu tio,<br />
Raul Gil, para um tratamento<br />
dentário. Mas ele tinha muito<br />
medo do motor usado nos aparelhos<br />
odontológicos, por isso não<br />
tratou os dentes, simplesmente<br />
mandou arrancar tudo, ficou<br />
banguela e guardou o restante do<br />
dinheiro. “Todos ficaram bravos<br />
comigo. Depois, mandei fazer<br />
uma dentadura.”<br />
Marquito só fazia o que queria.<br />
Ainda adolescente resolveu<br />
ganhar dinheiro com seu dom de<br />
desenhar e pintar. Acordava cedo,<br />
seguia para a Praça da República,<br />
região central da capital paulista,<br />
para produzir retratos à lápis. À<br />
noite, oferecia seus desenhos nos<br />
bares. Nesse período, seu tio pagou<br />
um curso de desenho para ele<br />
na renomada Escola Panamericana<br />
de Artes. Ele aceitou o dinheiro,<br />
porém não fez a matrícula. “Meu<br />
tio ficou muito zangado comigo.<br />
Mas eu não queria estudar o que<br />
eu já sabia”, explica.<br />
O jovem começou a fazer pequenas<br />
participações nos programas<br />
de auditório de Raul Gil. Foi<br />
quando disse ao apresentador que<br />
queria mesmo ser artista e trabalhar<br />
na TV. O tio levou Marquito,<br />
com 17 anos, para conhecer Rony<br />
Cócegas, grande humorista conhecido<br />
por personagens como o “Lindeza”,<br />
que usava o famoso bordão<br />
“calma cocada”, no programa “A<br />
Praça é Nossa”. “O Roni estava<br />
fazendo show, eu observava as<br />
mímicas dele e acabei aprimorando.<br />
Sou de criar, pego uma música<br />
e estrago para ficar engraçada”,<br />
conta o humorista.<br />
O comediante é casado, tem<br />
três filhas adultas e três netos e<br />
se define como uma mistura de<br />
Dercy Gonçalves com Costinha.<br />
Sem meias palavras e bastante<br />
espontâneo, ele recebeu a Revista<br />
Avivamento Urgente<br />
para falar de sua trajetória, de<br />
seu atual momento e dos planos<br />
para o futuro. Confira.<br />
AU - Como você<br />
começou na TV?<br />
Comecei em um programa<br />
que meu tio apresentava na TV<br />
Tupi. Eu ficava dentro de um<br />
robô de latão que interagia com<br />
ele no palco. Daí, eu aprendi a<br />
fazer as mímicas, fiquei fazendo<br />
isso no programa dele. Depois,<br />
participei dos concursos de calouros<br />
do Barros de Alencar e eu<br />
sempre levava o primeiro lugar.<br />
Daí, fui trabalhar com o Barros,<br />
fiquei 7 anos lá. Na sequência,<br />
fui fazer o Programa do Bolinha,<br />
em paralelo com o programa do<br />
meu tio. O cachê do Bolinha não<br />
era alto, mas eu viajava muito<br />
com ele em shows. E conheci<br />
muitos artistas em começo de<br />
carreira, como o Bruno e Marroni,<br />
o Zezé e o Luciano.<br />
AU - Além do trabalho<br />
na TV, você se apresentava<br />
onde mais?<br />
No começo da carreira eu fazia<br />
turnê em circo e também trabalhei<br />
em boate. Passei por várias<br />
boates paulistas, nelas eu fazia<br />
números cômicos, mais picantes.<br />
Avivamento Urgente<br />
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