mortas_da_perestroika_v2-0
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as <strong>mortas</strong> <strong>da</strong> <strong>perestroika</strong> capítulo 8 – o que aconteceu comigo<br />
perÍodo de reclusão.<br />
Sabe quando o vilão perde para o mocinho, desaparece por um tempo<br />
e, depois, ele volta muito mais poderoso? Aqueles trailers que dizem:<br />
He’s back!<br />
Pois eu queria fazer meio isso. Sair de circuito por um tempo e fortalecer<br />
a minha pasta. Para, quando voltasse a apresentá-la nas agências,<br />
tivesse um material mais maduro.<br />
Sentei a bun<strong>da</strong> na cadeira e, ao longo de dois meses, montei a melhor<br />
pasta que eu poderia produzir dentro <strong>da</strong>s minhas limitações. Eu<br />
praticamente <strong>da</strong>va expediente, só que em casa. Trabalhava to<strong>da</strong>s as<br />
tardes religiosamente. (À noite, eu saía com meus amigos. De manhã,<br />
curava a ressaca. Ninguém é de ferro.)<br />
Foi um dos períodos mais produtivos, talvez o mais produtivo, do meu<br />
início de vi<strong>da</strong> profissional. Eu era uma máquina. Ou melhor: uma maquininha,<br />
já que tinha um critério muito ingênuo na época.<br />
Produzia anúncios em série, praticamente um por dia. Fazia tudo. A<br />
direção de arte, a re<strong>da</strong>ção. Se tinha que tirar fotos, eu mesmo tirava.<br />
Se tinha que tratar imagem, lá ia eu. Viram por que é tão importante<br />
saber se virar sozinho?<br />
Em determinado momento, achei que estava bem servido. Eu tinha<br />
algo como 30 peças. Gravei tudo num Zip Drive – se você não sabe o<br />
que é isso, não se preocupe: você nunca vai precisar saber – e mandei<br />
imprimir na facul<strong>da</strong>de.<br />
Mas eu olhei para a minha pasta e achei que estava meio careta. Então,<br />
juntei todo o meu material autoral e coloquei junto. Crônicas, poesias,<br />
letras de música, ilustrações, charges. Na época, não sabia se ia<br />
<strong>da</strong>r certo. Hoje eu sei que pesou bastante a meu favor.<br />
Para aju<strong>da</strong>r, tive sucesso em três premiações universitárias, que confirmaram<br />
que o trabalho produzido nesse período de reclusão tinha algum<br />
valor. Numa delas, ganhei uma viagem para Porto Seguro. O que<br />
só facilitou as coisas: eu ia para a Bahia, tirava umas pequenas férias<br />
dentro <strong>da</strong>s minhas férias e, na volta, procurava um emprego.<br />
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