DADOS ECOLÓGICOS DE GORGÓNIAS (OCTOCORALLIA ... - CPAS
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UNIVERSIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> LISBOA<br />
FACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> CIÊNCIAS<br />
<strong>DE</strong>PARTAMENTO <strong>DE</strong> BIOLOGIA ANIMAL<br />
<strong>DADOS</strong> <strong>ECOLÓGICOS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GORGÓNIAS</strong> (<strong>OCTOCORALLIA</strong>:<br />
ALCYONACEA) – CONTRIBUTO PARA A CONSERVAÇÃO E GESTÃO<br />
<strong>DE</strong> ACTIVIDA<strong>DE</strong>S SUBAQUÁTICAS NO PARQUE MARINHO<br />
PROFESSOR LUIZ SALDANHA (PORTUGAL)<br />
Sandra Cláudia Matias Rodrigues<br />
MESTRADO EM ECOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL<br />
2008
UNIVERSIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> LISBOA<br />
FACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> CIÊNCIAS<br />
<strong>DE</strong>PARTAMENTO <strong>DE</strong> BIOLOGIA ANIMAL<br />
<strong>DADOS</strong> <strong>ECOLÓGICOS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GORGÓNIAS</strong> (<strong>OCTOCORALLIA</strong>:<br />
ALCYONACEA) – CONTRIBUTO PARA A CONSERVAÇÃO E GESTÃO<br />
<strong>DE</strong> ACTIVIDA<strong>DE</strong>S SUBAQUÁTICAS NO PARQUE MARINHO<br />
PROFESSOR LUIZ SALDANHA (PORTUGAL)<br />
Orientadores:<br />
Prof. Doutor Emanuel Gonçalves (UIEE-ISPA)<br />
Prof. Doutor Henrique Cabral (DBA-FCUL)<br />
Sandra Cláudia Matias Rodrigues<br />
MESTRADO EM ECOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL<br />
2008
UNIVERSIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> LISBOA<br />
FACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> CIÊNCIAS<br />
<strong>DE</strong>PARTAMENTO <strong>DE</strong> BIOLOGIA ANIMAL<br />
<strong>DADOS</strong> <strong>ECOLÓGICOS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GORGÓNIAS</strong> (<strong>OCTOCORALLIA</strong>:<br />
ALCYONACEA) – CONTRIBUTO PARA A CONSERVAÇÃO E GESTÃO<br />
<strong>DE</strong> ACTIVIDA<strong>DE</strong>S SUBAQUÁTICAS NO PARQUE MARINHO<br />
PROFESSOR LUIZ SALDANHA (PORTUGAL)<br />
Sandra Cláudia Matias Rodrigues<br />
MESTRADO EM ECOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL<br />
2008
Resumo<br />
O Parque Marinho Professor Luiz Saldanha (PMLS) constitui a única Área de Protecção<br />
Marinha em Portugal com estatuto de Parque e com um Plano de Ordenamento implementado.<br />
Em termos ecológicos, representa um local de grande interesse por apresentar uma<br />
diversidade marinha invulgarmente elevada. No entanto, à medida que o interesse dos<br />
mergulhadores em explorar o mundo subaquático aumenta, os impactos desta actividade sobre<br />
os ecossistemas marinhos aumentam igualmente. As comunidades de gorgónias são<br />
consideradas como bons indicadores de degradação causada pelos mergulhadores, por serem<br />
organismos frágeis a estas actividades e pela sua falta de valor comercial. Adquirir dados de<br />
base sobre estas comunidades é muito valioso no sentido de que é possível determinar o<br />
impacto na comunidade bentónica, permitindo definir estratégias de preservação direccionadas<br />
a este tipo organismos. Neste sentido, o principal objectivo deste trabalho é a caracterização e<br />
avaliação da população de gorgónias do PMLS, contribuindo para a melhoria da gestão das<br />
actividades subaquáticas no Parque. Pretende-se fornecer aos gestores do Parque dados<br />
científicos sobre o actual estado da comunidade de gorgónias (com base na determinação de<br />
densidades, da estrutura populacional e da caracterização do estado ecológico), bem como<br />
determinar a eficácia das medidas actuais do Plano de Ordenamento, no que se refere à<br />
protecção destes organismos. Embora os dados não tenham sido satisfatórios relativamente à<br />
determinação da eficácia da AMP para a conservação das gorgónias, provavelmente devido ao<br />
curto espaço de tempo decorrido entre a implementação do Plano de Ordenamento e a<br />
realização deste estudo, constituem uma importante abordagem à comunidade de gorgónias e<br />
referência base do estado ecológico da população. Os dados revelam, no entanto, a existência<br />
de locais com populações de gorgónias bastante perturbadas e alertam para a necessidade de<br />
colocação de bóias de amarração dos operadores de mergulho nos locais com maior<br />
frequência de mergulhadores no sentido de diminuir o impacto desta actividade sobre estes<br />
organismos.<br />
Palavras-chave: Gorgónias; Octocorallia; Alcyonacea; estado ecológico; mergulho; Parque<br />
Marinho.
Abstract<br />
The Marine Protected Area “Professor Luiz Saldanha” (PMLS) consists of the only Portuguese<br />
MPA proclaimed as a Marine Park and with an operational management plan. In ecological<br />
terms, it represents an area of high interest because of its unusually high marine biodiversity.<br />
However, as the interest of divers in exploring the underwater world increases, so does their<br />
impact on sensitive marine organisms and communities. The gorgonian communities are<br />
considered as good indicators of benthic ecosystem’s degradation caused by divers, because of<br />
their fragility to these activities and its lack of commercial value. Acquiring baseline scientific<br />
data of these communities is highly valuable, because it is possible to determine impacts on the<br />
benthic community, permitting to define conservation strategies directed at these organisms.<br />
Therefore, the main goal of this work is to characterize and evaluate the gorgonian population of<br />
the PMLS and contribute to the improvement of the Park´s underwater activities management.<br />
The purpose is to supply the Park managers with scientific data about the actual condition of the<br />
gorgonian community (based on densities, population structure, and characterization of its<br />
ecological status), as well as to determine the efficiency of the actual measures of the<br />
Management Plan, in terms of gorgonian conservation. Although, the data collected did not<br />
provide satisfactory results in order to determine the efficiency of the MPA in terms of gorgonian<br />
conservation, they provide valuable baseline information on the populations ecological<br />
conditions. However, the data reveals diving spots with highly stressed gorgonian populations,<br />
thus alerting to the need for the implementation of anchoring buoys for diving operators in most<br />
dived spots in order to decrease the impacts of this activity.<br />
Key-words: Gorgonian; Octocorallia; Alcyonacea; ecological state; scuba diving, Marine Park.
Agradecimentos<br />
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Centro Português de Actividades Subaquáticas<br />
(<strong>CPAS</strong>) e todos os seus membros por me acolherem na sua instituição e pelo apoio prestado.<br />
Agradeço em especial à Margarida Farrajota, Presidente do <strong>CPAS</strong>, e ao Carlos Ricardo.<br />
Agradeço também ao Jorge Forte-Faria por ter disponibilizado todo o material subaquático<br />
sempre que necessário; e ao Paulo Vilarinho, pela contribuição no meu progresso como<br />
mergulhadora.<br />
Agradeço particularmente à equipa do Departamento de Ecologia Marinha, especialmente à<br />
Cristina Lebre: excelente orientadora, amiga e profissional, sem a qual este projecto não teria o<br />
suporte financeiro de que necessitou. Agradeço igualmente ao coordenador do Departamento,<br />
Henrique Lebre, por me ter cativado em tornar-me voluntária do Departamento, por todos os<br />
conselhos dados e que por toda a sua dedicação ao Departamento, tornando-o num óptimo<br />
local de trabalho, que eu tive oportunidade de experimentar.<br />
Agradeço aos mergulhadores, membros voluntários do Departamento e igualmente amigos,<br />
pelo acompanhamento nas minhas imersões em busca de gorgónias: ao Luís Goes, pela<br />
constante boa disposição durante os mergulhos e paciência demonstrada nas suas explicações<br />
informáticas; ao Miguel Miranda, pela dedicação das suas fotografias subaquáticas às<br />
gorgónias (especialmente quando havia um outro animal bem mais interessante de fotografar<br />
ao lado); ao Edgar Ferreira, Eduardo Guerreiro, Filipe Caldeira e Jorge Leonel.<br />
Aos ex-colegas e amigos da equipa do ISPA: Gustavo Franco, Henrique Folhas e Bárbara<br />
Costa, agradeço a companhia nos mergulhos, a constante boa disposição e ajuda.<br />
Agradeço ao Vasco Ferreira, colega de trabalho e amigo, pelo crescente interesse nas<br />
gorgónias, pela contribuição fotográfica e pelo contribuindo com comentários relevantes, na<br />
revisão deste trabalho.<br />
Pelas contribuições fotográficas no meu trabalho, agradeço aos fotógrafos: João Pedro Silva,<br />
também pelo material fotográfico e toda a paciência nos conselhos e dicas fotográficas a quem<br />
de fotografia pouco percebia; ao Carlos Paz e Pedro Amaral que gentilmente forneceram as<br />
suas fotografias.<br />
Agradeço aos centros de mergulho que prontamente aderiram a este projecto: ao Anthia Diving<br />
Center (Jori), Arrábida sub (Tómanel) e Odisseia azul (Armando Esteves, Joana Raimundo e<br />
Miguel Carvalho) agradeço por terem facilitado a realização do projecto, contribuindo de certo<br />
modo com um apoio financeiro sob forma de aplicação de preços especiais durante o<br />
desenvolvimento do trabalho de campo; ao Bestdive (Carlos Cruz); e ao Deepdive (Tó Zé),<br />
também pelo empréstimo do seu inconfundível fato seco, preciosamente indispensável durante<br />
a campanha de amostragem nos dias frios de inverno.
Agradeço também a todos os mergulhadores com que tive contacto e que demonstraram<br />
interesse no meu projecto e que certamente irão olhar para as gorgónias de uma forma<br />
diferente.<br />
Agradeço ao Miguel Henriques (ICNB) por ter facultado bibliografia importante para a<br />
realização deste projecto e também pela atenção prestada para a obtenção das devidas<br />
licenças para a realização do projecto.<br />
Agradeço ao Doutor Álvaro Altuna Prados, especialista em gorgónias do Atlântico, pelo seu<br />
interesse no projecto, prontidão das suas respostas e importantes comentários e sugestões.<br />
Agradeço aos Professores Doutores Emanuel Gonçalves e Henrique Cabral e respectivas<br />
instituições pelo apoio académico e disponibilidade prestada sempre que necessário.<br />
Agradeço aos meus amigos: Ana Rita Vieira, Joana Capela, Tânia Rei, Filipe Vilas-Boas,<br />
Mariana Campos, Luís Pacheco, Tiago Guerra, Francisco Pina, Pedro Pereira, Carina Silva,<br />
por me desafiarem para os importantes momentos de descontracção que são as noitadas de<br />
fim-de-semana e por todos os incentivos e apoio que me deram.<br />
Agradeço a toda a minha família, especialmente aos meus pais, que apesar do seu olhar<br />
crítico, sempre me apoiaram e até contribuíram nalgumas saídas de mar; ao meu irmão mais<br />
novo pela sua boa disposição e paciência; ao meu irmão mais velho, que apesar de distante<br />
me forneceu críticas e pontos de vista interessantes; e aos meus tios, avós e primos, que<br />
embora nem soubessem o que eram gorgónias, sempre se preocuparam pelo decorrer deste<br />
mestrado e com o meu bem-estar.<br />
Agradeço aos pais e irmã do meu namorado pela sua preocupação e apoio constante, e<br />
também pelos contributos financeiros para os mergulhos do projecto.<br />
Agradeço, por fim, ao Vitório Fidalgo, namorado, melhor amigo e buddy inseparável de<br />
mergulho, pelas incontáveis horas dedicadas a este trabalho; pela prontidão em contornar os<br />
obstáculos que se foram impondo à realização deste projecto; por não se ter queixado (e ter<br />
aturar as minhas) de todos os fins-de-semana “perdidos” em trabalho, e por sempre ter<br />
acreditado no sucesso deste projecto mesmo nas alturas mais frustrantes …
Ao Vitório Fidalgo,<br />
porque sem ele este trabalho teria<br />
sido impossível
Índice de conteúdos<br />
1. Introdução ................................................................................................................................ 1<br />
1. 1. Gorgónias ......................................................................................................................... 1<br />
1. 1. 1. Biologia e ecologia ................................................................................................... 1<br />
1. 1. 2. Classificação e sistemática ...................................................................................... 6<br />
1. 1. 3. Corais preciosos e importância histórica das gorgónias em Portugal ...................... 7<br />
1. 1. 4. Importância ecológica e conservação ...................................................................... 8<br />
1. 2. Áreas Marinhas Protegidas .............................................................................................. 9<br />
1. 3. Parque Marinho Professor Luiz Saldanha ...................................................................... 11<br />
1. 3. 1. Enquadramento legal ............................................................................................. 11<br />
1. 3. 2. Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida ......................................... 12<br />
1. 4. Objectivos ....................................................................................................................... 13<br />
2. Metodologia ............................................................................................................................ 14<br />
2. 1. Zona de estudo .............................................................................................................. 14<br />
2. 1. 1. Localização............................................................................................................. 14<br />
2. 1. 2. Descrição da zona .................................................................................................. 14<br />
2. 2. Amostragem e tratamento de dados .............................................................................. 17<br />
2. 2. 1. Caracterização do turismo subaquático ................................................................. 17<br />
2. 2. 2. Caracterização das populações de gorgónias ....................................................... 18<br />
2. 3. Eficácia da AMP para a protecção das gorgónias ......................................................... 23<br />
3. Resultados ............................................................................................................................. 24<br />
3. 1. Caracterização do turismo subaquático ......................................................................... 24<br />
3. 2. Caracterização das populações ..................................................................................... 27<br />
3. 2. 1. Espécies ................................................................................................................. 27<br />
3. 2. 2. Distribuição ............................................................................................................. 40<br />
3. 2. 3. Densidades............................................................................................................. 40<br />
3. 2. 4. Estrutura populacional ............................................................................................ 41<br />
3. 2. 5. Cobertura por epibiontes ........................................................................................ 43<br />
3. 2. 6. Relações entre espécies e a profundidade, altura máxima e profundidade, e<br />
influência do tipo de exposição da colónia ......................................................................... 46<br />
3. 3. Eficácia da AMP para a protecção das gorgónias ......................................................... 50<br />
4. Discussão ............................................................................................................................... 51<br />
4. 1. Caracterização do turismo subaquático ......................................................................... 51<br />
4. 2. Caracterização das populações ..................................................................................... 52<br />
4. 2. 1. Espécies ................................................................................................................. 52<br />
i
4. 2. 2. Distribuição ............................................................................................................. 53<br />
4. 2. 3. Densidades............................................................................................................. 54<br />
4. 2. 4. Estrutura populacional ............................................................................................ 55<br />
4. 2. 5. Cobertura por epibiontes ........................................................................................ 55<br />
4. 2. 6. Relações entre espécies e a profundidade, altura máxima e profundidade, e<br />
influência do tipo de exposição da colónia ......................................................................... 55<br />
4. 3. Eficácia da AMP para a protecção das gorgónias ......................................................... 56<br />
Considerações finais .............................................................................................................. 56<br />
5. Bibliografia .............................................................................................................................. 57<br />
Anexos<br />
Anexo 1. Descrição dos locais de amostragem ................................................................ A1<br />
Anexo 2. Tabelas e gráficos acessórios .......................................................................... A10<br />
Índice de Figuras<br />
Fig. 1. Representação esquematizada de um pólipo autozoóides e sifonozoóides. ................... 2<br />
Fig. 2. Microfotografias dos tecidos de Eunicella verrucosa mostrando a diferença entre um<br />
espécimen saudável (A) e com necrose (B) ................................................................................ 5<br />
Fig. 3. Esquema de dois sistemas taxonómicos diferentes da Subclasse Octocorallia .............. 7<br />
Fig. 4. Azulejos existentes no Palácio dos Marqueses de Fronteira (Lisboa) ilustrando a captura<br />
do coral por mergulhadores. ........................................................................................................ 8<br />
Fig. 5. Mapa de localização da área de estudo – Parque Marinho Professor Luiz Saldanha. .. 14<br />
Fig. 6. Divisão do Parque Marinho Professor Luiz Saldanha por sectores tendo em conta o tipo<br />
de habitats (adaptado de Gonçalves, et al. (2002)). .................................................................. 16<br />
Fig. 7. Distribuição espacial da temperatura média mensal do ar na região de Lisboa e<br />
península de Setúbal de Abril a Dezembro de 2007. ................................................................. 17<br />
Fig. 8. Localização das estações de amostragem no Parque Marinho Professor Luiz Saldanha.<br />
As linhas brancas identificam o respectivo zonamento. ............................................................. 20<br />
Fig. 9. Mapa de localização dos pontos de mergulho do Parque Marinho Professor Luiz<br />
Saldanha com referência à percentagem de frequência de mergulhadores. ............................. 25<br />
Fig. 10. Carga diária de mergulhadores: número de dias por classes de número de<br />
mergulhadores por dia nos locais mais frequentados ................................................................ 26<br />
Fig. 11. Sazonalidade do mergulho: número de mergulhadores por mês. ................................ 27<br />
Fig. 12. Leptogorgia lusitanica ................................................................................................... 28<br />
Fig. 13. Leptogorgia sarmentosa ............................................................................................... 30<br />
ii
Fig. 14. Mapa de localização de ocorrência de Leptogorgia sarmentosa segundo a base de<br />
dados GBIF. ............................................................................................................................... 31<br />
Fig. 15. Eunicella verrucosa. ...................................................................................................... 32<br />
Fig. 16. Mapa de localização de ocorrência de Eunicella verrucosa segundo a base de dados<br />
GBIF. .......................................................................................................................................... 33<br />
Fig. 17. Eunicella gazella. .......................................................................................................... 34<br />
Fig. 18. Mapa de localização de ocorrência de Eunicella gazella segundo a base de dados<br />
GBIF. .......................................................................................................................................... 35<br />
Fig. 19. Eunicella labiata. ........................................................................................................... 36<br />
Fig. 20. Mapa de localização de ocorrência de Eunicella labiata segundo a base de dados<br />
GBIF. .......................................................................................................................................... 37<br />
Fig. 21. Paramuricea clavata. .................................................................................................... 38<br />
Fig. 22. Mapa de localização de ocorrência de Paramuricea clavata segundo a base de dados<br />
GBIF. .......................................................................................................................................... 39<br />
Fig. 23. Proporção de espécies por local. .................................................................................. 40<br />
Fig. 25. Densidade média e erro padrão de gorgónias por local e respectivo erro padrão.. ..... 41<br />
Fig. 25. Valor máximo, mínimo, média e erro padrão da Altura máxima das colónias por local e<br />
espécie ....................................................................................................................................... 41<br />
Fig. 26. Estrutura populacional das gorgónias em termos de classes de Altura máxima das<br />
colónias por local ........................................................................................................................ 42<br />
Fig. 27. Caracterização da comunidade epífita das gorgónias .................................................. 43<br />
Fig. 28. Caracterização da comunidade de epibiontes das gorgónias. ..................................... 44<br />
Fig. 29. Percentagem da População Coberta por Epibiontes (PPCE) por local e espécie ........ 44<br />
Fig. 30. Média (□) e erro padrão (˫) da Percentagem da Colónia Coberta por Epibiontes (PCCE)<br />
por local e espécie. .................................................................................................................... 45<br />
Fig. 31. Histograma das classes de Percentagem da Colónia Coberta por Epibiontes (PCCE)<br />
por local. ..................................................................................................................................... 46<br />
Fig. 32. Valores máximos, mínimos, média e erro padrão (Er.Pad.) da Profundidade por<br />
espécie ....................................................................................................................................... 46<br />
Fig. 33. Frequência relativa de espécies por classe de profundidade ....................................... 47<br />
Fig. 34. Média (□) e erro padrão (˫) da Percentagem da Colónia Cobertura por Epibiontes<br />
(PCCE) por tipo de exposição da colónia .................................................................................. 48<br />
Fig. 34. Análise de Componentes Principais das variáveis: Profundidade (Prof.), Altura (Alt.),<br />
tipo de Exposição (Exp.) e Percentagem da Colónia Coberta por Epibiontes (PCCE), agrupadas<br />
de acordo com a espécie. .......................................................................................................... 49<br />
Fig. 36. Localização no PMLS da estação de amostragem “Arcanzil Fora” ................................ 1<br />
Fig. 37. Localização no PMLS da estação de amostragem “Pedra da Milú”. .............................. 2<br />
Fig. 38. Localização no PMLS da zona da estação de amostragem “Baleeira”. ......................... 3<br />
iii
Fig. 39. Localização no PMLS da zona da estação de amostragem “Pedra das Ancoras” ......... 4<br />
Fig. 40. Localização no PMLS da zona da estação de amostragem “Pedra do Meio. ................ 5<br />
Fig. 41. Localização no PMLS da zona da estação de amostragem “Baía da Armação”. ........... 7<br />
Fig. 42. Localização no PMLS da zona da estação de amostragem “Calhau do Risco”. ............ 8<br />
Fig. 43. Leque de locais explorados no Parque Marinho Luiz Saldanha, por cada operador de<br />
mergulho .................................................................................................................................... 10<br />
Fig. 44. Análise multivariada da frequência de mergulhadores com as variáveis que<br />
caracterizam cada local: resguardo (resg), proximidade ao local de saída dos operadores<br />
(prox), interesse do fundo (inter) e atractividade única (atrac). .................................................. 10<br />
Índice de Tabelas<br />
Tabela 1. Descrição dos factores e escala utilizados para caracterização dos locais de<br />
mergulho do PMLS. .................................................................................................................... 18<br />
Tabela 2. Número de transectos (réplicas) por estação de amostragem (Est.) considerados no<br />
tratamento de dados deste trabalho ........................................................................................... 19<br />
Tabela 3. Temperatura média mensal da água registada nos dias e locais de amostragem. ... 11<br />
Tabela 4. Número de mergulhadores (Nº Merg) nos locais de mergulho do PMLS .................. 11<br />
Tabela 5. Densidade média (D.med) de gorgónias por local e respectivo erro padrão (Er.Pad.).<br />
................................................................................................................................................... 11<br />
iv
Preâmbulo<br />
O presente projecto nasceu no seio do Departamento de Ecologia Marinha do <strong>CPAS</strong>, em parte,<br />
como resultado da continuação de um projecto iniciado em 2002, por membros anteriores<br />
deste departamento: o Projecto Gorgónias. As gorgónias, apesar de tão conhecidas por todos<br />
aqueles que mergulham (são uma constante em quase todos os mergulhos) ainda apresentam<br />
graves lacunas de informação a nível científico, o que cativou a atenção dos membros deste<br />
Departamento.<br />
O local de estudo – o Parque Marinho Professor Luiz Saldanha, apresenta uma combinação de<br />
factores que o tornam um local propício à prática de mergulho e, também à realização de<br />
estudos científicos, e este estudo em particular: proximidade geográfica à capital e<br />
características abrigadas a que a maior parte da zona está sujeita. Deste conjunto de<br />
características resulta uma zona naturalmente exposta a maiores pressões antropogénicas,<br />
sendo palco de intensa actividade no meio marinho. O mergulho recreativo, com escafandro<br />
autónomo pode ocorrer praticamente ao longo de todo o ano, tornando-se esta zona, num dos<br />
locais de eleição para um grande número de centros e escolas de mergulho. Para fins<br />
científicos, esta zona é também preferencial pelo facto de ser uma área de protecção marinha,<br />
mas também por permitir um período de trabalho de campo alargado a todos os meses do ano,<br />
facilitando o plano de amostragem.<br />
O elevado número de centros e escolas de mergulho, foi uma condição necessária à realização<br />
deste projecto, uma vez que os meios náuticos utilizados para a realização das campanhas de<br />
amostragem foram, na maior parte das vezes, as embarcações dos centros. Esta forma de<br />
amostragem (a única possível face às condições logísticas e económicas disponíveis) apesar<br />
de ter algumas desvantagens, como por exemplo: nem sempre ser possível ir ao local<br />
pretendido na altura planeada e o período de amostragem ficar sujeito aos fins-de-semana. Por<br />
outro lado, apresenta algumas valias como o contacto directo com a comunidade de<br />
mergulhadores o que permitiu fazer sensibilização directamente junto destes actores, alertando<br />
para importância destes organismos e da sua fragilidade.<br />
O projecto contou com o apoio financeiro do <strong>CPAS</strong>, o apoio logístico do Departamento de<br />
Ecologia Marinha do <strong>CPAS</strong> e o apoio académico por parte do Professor Doutor Henrique<br />
Cabral (DBA-FCUL) e foi integrado nas linhas de acção da UIEE-ISPA através do Professor<br />
Doutor Emanuel Gonçalves (UIEE-ISPA). Igualmente importante para o sucesso deste projecto<br />
foi também o apoio por parte dos centros de mergulho Anthia Diving Center, Portinho divers e<br />
Odisseia azul, sob forma de aplicação de preços especiais nas saídas de mergulho do projecto.
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
1. Introdução<br />
1. 1. Gorgónias<br />
1. 1. 1. Biologia e ecologia<br />
A designação de gorgónia é associada a um conjunto de organismos marinhos pertencentes ao<br />
Filo Cnidaria, Classe Anthozoa e Subclasse Octocorallia. O indivíduo do grupo Octocorallia é<br />
designado de pólipo e é invariavelmente colonial. Geralmente são pequenos e estruturalmente<br />
uniformes e simples, quando em comparação com pólipos da outra Subclasse da Classe<br />
Anthozoa: Hexacorallia (Manuel, 1988).<br />
Pólipos, células e tecidos<br />
Os pólipos na colónia estão ligados por um tecido designado cenênquima, que consiste numa<br />
camada de material gelatinoso (mesogleia) contido entre a epiderme do pólipo e a<br />
gastroderme. O cenênquima contém fibras, células amebóides (amebócitos) e células<br />
esclerobásticas, juntamente com espículas calcárias. Encontra-se perfurado por uma rede de<br />
tubos gastrodérmicos estreitos (solenia) que interligam as cavidades gastrodérmicas dos<br />
pólipos (Barnes, 1980; Fabricius & Alderslade, 2001). Os amebócitos segregam material<br />
esquelético que suporta a colónia e, no caso específico das gorgónias, o esqueleto interno é<br />
composto por uma substancia orgânica designada gorgonina (proteínas e<br />
mucopolissacarídeos) (Barnes, 1980).<br />
A epiderme do pólipo contém numerosas células produtoras de muco, células sensoriais,<br />
microvilli e várias células urticantes. Sendo as gorgónias pertencentes ao Filo Cnidaria,<br />
possuem um conjunto de células urticantes, designadas cnidócitos, encontradas em menor<br />
número que nos restantes organismos deste grupo. Estas células possuem a particularidade de<br />
reagir a estímulos externos, físicos ou químicos, libertando uma pequena cápsula, designada<br />
de nematocisto (ou cnida), que solta um filamento que irá entrar em contacto com o agente<br />
estimulador e efectuar a libertação de compostos orgânicos com a capacidade de paralisar a<br />
presa ou repelir o agente agressor (Fabricius & Alderslade, 2001).<br />
Os pólipos dos octocorais são formados por duas partes principais (Fig. 1): o antocódio, que<br />
consiste na parte superior do corpo que contém a boca e os tentáculos e que tem capacidade<br />
de se contrair completamente e estender; e a antostela, que consiste na parte inferior do pólipo<br />
e que contém todo o canal gastrodérmico. Nalgumas espécies, a parte superior da antostela<br />
estende-se acima da camada superficial da colónia, no interior de uma protuberância<br />
designada de cálice (Fabricius & Alderslade, 2001).<br />
1
Sandra C. M. Rodrigues<br />
As gorggónias<br />
sãoo<br />
animais diploblásticcos<br />
e<br />
podem ser monoomórficas<br />
( (um só tippo<br />
de<br />
pólipo) ou dimórficcas,<br />
apresenntando<br />
doiss<br />
tipos<br />
de pólippos:<br />
os autoozoóides<br />
e os sifonozooóides<br />
(Pérez- Farfante, 1972).<br />
Os aautozoóidess<br />
são<br />
pólipos de aparênncia<br />
comumm,<br />
enquantoo<br />
que<br />
os sifonnozoóides<br />
são póliposs<br />
especializzados<br />
na repprodução.<br />
A sua aparência<br />
exxterior<br />
difere nno<br />
tamanhoo,<br />
sendo eestes<br />
pólipoos<br />
de<br />
dimensõões<br />
inferioores<br />
aos pprimeiros<br />
e em<br />
menor nnúmero<br />
(Faabricius<br />
& Alderslade,<br />
22001).<br />
Forma das colóniias<br />
e coloraação<br />
AAutozoóide<br />
Fig.<br />
1. Represeentação<br />
esquuematizada<br />
de e um pólipo<br />
Emboraa<br />
a forrma<br />
dos pólipos seja au utozoóides e sifonozoóidess<br />
(modificado de Hyman,<br />
19 940). Legendda:<br />
(1) farinnge;<br />
(2) sifo onoglifo; (3)<br />
extremaamente<br />
coonstante<br />
em todoss<br />
os<br />
octocoraais,<br />
a formma<br />
e tamannho<br />
das coolónias<br />
mesentério;<br />
(4) músculo retrractor<br />
do sept to; (5) fibras<br />
tra ansversais ddo<br />
mesentérrio;<br />
(6) epid derme; (7)<br />
mesogleia;<br />
(8) solenia; (9) mmesentério<br />
as ssulcal; (10)<br />
pode vvariar<br />
granddemente<br />
dde<br />
espécie para<br />
espéciee<br />
e entre espécies, em funçãoo<br />
das<br />
ga astroderme;<br />
mesentério.<br />
(11) gónadaas;<br />
(12) filamentos<br />
do<br />
condiçõões<br />
ambientais,<br />
como por exempplo<br />
a lumin nosidade e hidrodinammismo.<br />
As formas f dass<br />
colóniass<br />
estão divididas<br />
por ccategorias,<br />
em que as mais comuuns<br />
são: arbborescente,<br />
em forma--<br />
de-leque,<br />
não-ramificada<br />
e forma-de-chiccote<br />
(zonas s terminais mmais<br />
finas qque<br />
o ramo)<br />
(Fabriciuss<br />
& Aldersslade,<br />
20011).<br />
A coloraação<br />
das ggorgónias<br />
ddepende<br />
dee<br />
diversos factores, f coomo<br />
os piggmentos<br />
existentes<br />
naa<br />
espéciee,<br />
pigmentoos<br />
das algaas<br />
simbióticcas<br />
intracelu ulares e piggmentos<br />
prresentes<br />
ta ambém nass<br />
espículaas<br />
que formmam<br />
o esquueleto<br />
da goorgónia.<br />
No o entanto, aas<br />
caracteríísticas<br />
do lo ocal podemm<br />
influencciar<br />
os dois últimos facttores<br />
(Bayeer,<br />
1961).<br />
Nutriçãão<br />
e crescimmento<br />
Algumaas<br />
gorgóniass,<br />
tal como os corais, contêm zooxantelas<br />
( (algas simbbiontes<br />
que pertencemm<br />
ao gruppo<br />
dos dinoflagelados)<br />
de modo a compleme entarem as suas neceessidades<br />
energéticas.<br />
e .<br />
Estas eencontram-sse<br />
embebiddas<br />
em céélulas<br />
gastr rodérmicas ou em vaacúolos<br />
membranososs<br />
dentro dda<br />
cavidadee<br />
gastrovasscular<br />
e libeertam<br />
os aç çúcares produzidos<br />
fottossinteticam<br />
mente paraa<br />
os pólippos<br />
e absoorvem<br />
nutrieentes<br />
e dióóxido<br />
de ca arbono do mesmo (Faabricius<br />
& Alderslade,<br />
A ,<br />
2001). EExistem,<br />
noo<br />
entanto, aalgumas<br />
esspécies<br />
de gorgónias g qque<br />
não contém<br />
zooxa antelas noss<br />
seus teecidos<br />
(dessignados<br />
dde<br />
octocoraais<br />
assimbi ióticos) e que asseguram<br />
todas<br />
as suass<br />
necessiidades<br />
eneergéticas<br />
apenas<br />
atraavés<br />
de nu utrição porr<br />
meios heeterotróficos<br />
s (Mistri &<br />
Antostela Antocódio<br />
1. Introduçãoo<br />
Sifo onozoóide<br />
2
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
Ceccherelli, 1994). Devido à baixa quantidade de nematocistos (Mariscal & Bigger, 1977) e<br />
reduzida habilidade de captura (Kinzie, 1970; Lasker, 1981), consequência de possuírem<br />
pólipos pequenos e simples (Mariscal & Bigger, 1977; Schmidt & Moraw, 1982), as gorgónias<br />
actuam como filtradores de partículas em suspensão (Coffroth, 1984; Fabricius & Alderslade,<br />
2001), filtrando pequenas partículas da água (< 20 micrómetros), tais como células de<br />
fitoplâncton, microzooplâncton e outros cilíados de baixa mobilidade e ainda bacterioplâncton<br />
(Fabricius et al., 1995a; Fabricius et al., 1995b; Ribes et al., 1998; Fabricius & Dommisse,<br />
2000). Por outro lado, a epiderme dos pólipos está densamente coberta com células ciliadas<br />
(Mariscal & Bigger, 1977), o que indica uma dieta baseada também na absorção de matéria<br />
orgânica dissolvida (Schlichter, 1982).<br />
Em termos de valores nutricionais mais específicos e do contributo das diversas fontes de<br />
alimento para a dieta dos octocorais, um estudo realizado no Mediterrâneo utilizando câmaras<br />
incubadoras in situ (campânulas hemisféricas de plexiglas transparente para os UV) revelou<br />
que o octocoral assimbiótico Leptogorgia sarmentosa se alimenta maioritariamente de<br />
zooplâncton (61%), POC (Particulate Organic Carbon) detrítico (30 %), carbono vivo
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
uma relação entre o crescimento dos corais moles e a ocorrência de upwelling de nutrientes,<br />
em que estes crescem mais em áreas expostas a upwelling do que em áreas não afectadas<br />
por este fenómeno (Reed, 1983; Sebens, 1984).<br />
Reprodução<br />
As gorgónias reproduzem-se tanto de forma sexuada, como assexuadamente. Esta dualidade<br />
reprodutora fornece-lhes flexibilidade de desenvolver uma grande variedade de estratégias<br />
ecológicas (Jackson, 1977). A reprodução assexuada começa por ser um processo utilizado<br />
por todas as gorgónias para poderem incrementar o número de pólipos e crescerem em<br />
tamanho. Existem também várias estratégias deste tipo de reprodução, utilizadas por estes<br />
organismos: através de um canal de ligação mãe-filha; fragmentação da colónia e gemulação.<br />
Relativamente à reprodução sexuada, podem ocorrer três estratégias de reprodução: libertação<br />
de gâmetas femininos e masculinos em eventos sincronizados, desenvolvimento larvar no<br />
interior do pólipo fêmea, e desenvolvimento larvar na superfície da colónia mãe (Benayahu,<br />
1991; Coma et al., 1995). A maior parte dos octocorais apresentam as estruturas reprodutivas<br />
em colónias macho e fêmea separadas. Este tipo de reprodução é designado de gonocórica<br />
(Fabricius & Alderslade, 2001). No entanto, no caso de P. clavata, embora a maior parte da<br />
população seja gonocórica, existem casos de hermafrodismo, em que a mesma colónia<br />
apresenta pólipos macho e fêmea (Coma et al., 1995).<br />
Segundo Coma et al. (1995), em gorgónias tropicais, a estratégia de reprodução tende para ser<br />
externa, enquanto que nas regiões temperadas, as espécies tendem a optar por fertilização<br />
interna, como forma de adaptação a ambientes mais agressivos (Giese et al., 1987).<br />
Predação<br />
Para sua defesa as gorgónias produzem compostos orgânicos tóxicos que levam a que<br />
possíveis predadores se afastem. No entanto, existem animais capazes de suportar esse tipo<br />
de toxinas, como é o caso de algumas espécies de moluscos gastrópodes (p.e. Neosimnia<br />
spelta; Russo & Carrada, 2006), nudibrânquios (p.e. Tritonia nilsodhneri; obs. pess.), peixes (p.<br />
e. Chaetodon capistratus; Lasker, 1985) e poliquetas (p. e. Hermodice carunculata; Mistri &<br />
Ceccherelli, 1994).<br />
Estrutura populacional<br />
Estudos demográficos têm sido uma ferramenta valiosa para determinar o estado das<br />
populações de octocorais (p. e. Grigg, 1977; Weinbauer & Velimirov, 1996). A distribuição da<br />
idade/tamanhos reflecte os efeitos combinados da mortalidade, recrutamento, crescimento e<br />
4
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
outros processos que afectam a população, reflectindo a história de vida da população,<br />
especialmente no caso de organismos sésseis de grande longevidade tais como as gorgónias.<br />
Neste sentido, uma grande falta de indivíduos mais velhos/maiores é um indicador de elevada<br />
mortalidade e estes factores manifestam-se como um desvio da estrutura da idade/tamanhos<br />
no sentido das colónias mais jovens (Santangelo et al., 1993).<br />
Epibiontes<br />
Uma vez danificadas, as gorgónias têm que lidar com os organismos epibiontes que competem<br />
por espaço vital com os pólipos das colónias. Estes organismos atacam zonas com necrose<br />
(zonas sem cenênquima) da colónia e colonizam-nas. A presença de uma camada grossa de<br />
algas é especialmente prejudicial por comprometer a relação entre os pólipos das colónias com<br />
a coluna de água, afectando o suplemento normal de alimento (Giuliani et al., 2005).<br />
Segundo Hall-Spencer et al. (2007), o cenênquima normal de uma colónia saudável do Género<br />
Eunicella, apresenta uma camada superficial fina de espículas do tipo “baloon-clubs” muito<br />
compactadas, formando um forte revestimento sobreposto a uma zona com grandes<br />
concentrações de amebócitos. Por baixo encontra-se uma camada grossa de mesogleia e<br />
amebócitos suportada por espículas do tipo “spindle” (Fig. 2. A). Por outro lado, numa zona da<br />
colónia que apresente necrose, o cenênquima encontra-se fragilizado e desestruturado, com as<br />
espículas do tipo “baloon-clubs” pouco compactadas ou ausentes e com os amebócitos<br />
granulares contidos numa camada reduzida de mesogleia (Fig. 2. B). A redução da mesogleia<br />
provoca uma diminuição do espaço entre espículas do tipo “spindle” dando um aspecto negro à<br />
medida que o eixo esquelético preto de gorgonina se vai tornando visível através da fina<br />
camada de cenênquima.<br />
Fig. 2. Microfotografias dos tecidos de Eunicella verrucosa mostrando a diferença entre um espécimen saudável (A)<br />
e com necrose (B). Legenda: (a) amebócitos granulares; (m) mesogleia; (g) gorgonina do esqueleto interno (eixo);<br />
(vb) espaços deixados por espículas do tipo “ballon-clubs” descalcificadas; (vn) espaços deixados por espículas do<br />
tipo “spindle”. Barras de escala = 50 μm (Hall-Spencer et al., 2007).<br />
5
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
1. 1. 2. Classificação e sistemática<br />
Apesar da sua aparência vegetal, as gorgónias estão entre os organismos mais evoluídos do<br />
Filo Cnidaria (Coelenterata). Os que integram este Filo agrupam-se de acordo com as suas<br />
características morfológicas e desenvolvimento evolutivo nas Classes Hydrozoa, Scyphozoa e<br />
Anthozoa. A Classe Anthozoa (anthos = flor + zoon = animal) é a maior classe do Filo Cnidaria<br />
(Wallace et al., 1989) e divide-se em duas subclasses: Hexacorallia (Zoantharia), na qual se<br />
agrupam os antozoários com pólipos providos de tentáculos simples em número de 6 ou<br />
múltiplos deste, e Octocorallia (Alcyonaria) onde se encontram os celenterados com pólipos de<br />
8 tentáculos ocos e com pínulas (séries de extensões em forma de dedo em cada lado dos<br />
tentáculos) (Fabricius & Alderslade, 2001) (ver Fig. 15. b).<br />
Corais moles e leques-do-mar são nomes comuns para espécies de animais agrupados sob o<br />
nome científico Alcyonacea. Uma grande causa de confusão associada à designação destes<br />
organismos reside no facto do termo “coral mole” adoptar significados diferentes consoante<br />
diferentes locais do mundo. O uso mais comum deste termo refere-se unicamente aos<br />
organismos de Octocorallia que não possuem um esqueleto massivo ou eixo interno, mas<br />
muitas vezes também inclui os leques-do-mar, sendo ocasionalmente usado para referir todo o<br />
grupo Octocorallia (Fabricius & Alderslade, 2001). O termo leque-do-mar, por sua vez, é<br />
normalmente utilizado como alternativo de gorgónia, que são os octocorais, exceptuando as<br />
penas-do-mar, que emergem do substrato com o suporte de um eixo interno. No entanto, há<br />
quem considere leques-do-mar apenas as colónias com morfologia em forma de leque, em<br />
contraste com a forma arbustiva. Outra grande causa de confusão relacionada com os corais<br />
moles e gorgónias deve-se à classificação antiga ainda hoje utilizada por alguns taxonomistas.<br />
Há cerca de 20 anos atrás, os diferentes tipos de octocorais mencionados foram colocados em<br />
grupos diferentes, mas com o progresso de estudos sobre a sua morfologia e crescimento, os<br />
grupos foram fundidos e classificados dentro de um único grupo – a Ordem Alcyonacea,<br />
proposta por Bayer (1981) (Fig. 3. a). Este tipo de classificação tem sido adoptado pela maior<br />
parte dos taxonomistas actuais (seguido pelo Integrated Taxonomic Information System - ITIS)<br />
e tem permitido incluir na ordem Alcyonacea todas as formas intermediárias que não permitiam<br />
criar limites concretos entre os grupos definidos na classificação anterior. No entanto, a Ordem<br />
Alcyonacea ainda contém descontinuidades entre os seus grupos, e, portanto, muitos estão<br />
ainda sujeitos a reagrupamentos constantes e a diferentes níveis de classificação, tornando<br />
inconsistente a divisão da ordem Alcyonacea em subordens. Actualmente, existe apenas um<br />
consenso geral em relação a duas subordens: Holaxonia e Calcaxonia (Fabricius & Alderslade,<br />
2001).<br />
6
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
a)<br />
(…)<br />
Subclasse Octocorallia (ou Alcyonaria)<br />
Ordem Helioporacea (corais azuis)<br />
Ordem Pennatulacea (penas-do-mar)<br />
Ordem Alcyonacea (corais moles e leques-do-mar)<br />
Subordem Holaxonia<br />
Subordem Calcaxonia<br />
(…)<br />
Subclasse Hexacorallia (ou Zoantharia)<br />
Ordem Actiniaria (anémonas-do-mar)<br />
Ordem Scleractinia (corais duros)<br />
(…)<br />
Subclasse Ceriantipatharia<br />
Ordem Antipatharia (corais negros)<br />
(…)<br />
Fig. 3. Esquema de dois sistemas taxonómicos diferentes da Subclasse Octocorallia: a) sistema de classificação<br />
dos octocorais seguida pela maior parte dos taxonomistas e também a seguida neste trabalho (adaptado de<br />
Fabricius & Alderslade (2001)); b) detalhe do antigo sistema taxonómico que o diferencia do mais actual: a ordem<br />
Alcyonacea em a) é resultado da fusão da ordem Alcyonacea com a ordem Gorgonacea em b). Este sistema é<br />
considerado por Fabricius & Alderslade (2001) como desactualizado, embora ainda seja utilizado por alguns<br />
Apesar dos esforços efectuados em resolver confusões sobre a classificação destes<br />
organismos, as relações evolutivas entre taxa permanecem largamente desconhecidas, pelo<br />
que o arranjo dos géneros dentro das famílias deve-se à semelhança entre caracteres.<br />
1. 1. 3. Corais preciosos e importância histórica das gorgónias em Portugal<br />
Os chamados corais preciosos constituem um grupo de organismos que pertencem<br />
maioritariamente a 3 grupos de antozoários: Alcyonacea, Zoanthidae e Anthipatharia<br />
(respectivamente das Subclasses Octocorallia, Hexacorallia e Ceriantipatharia). Os mais<br />
valiosos pertencem ao género Corallium (Alcyonacea), como por exemplo, o coral vermelho<br />
(Corallium rubrum). São valiosos como matéria-prima usada para bijutaria e como objectos de<br />
arte, desde os tempos do paleolítico. Como exemplos podem referir-se as contas de coral<br />
vermelho perfuradas descobertas na Alemanha juntamente com restos humanos e outros<br />
artefactos, datados do Período Aurignaciano, cerca de 25,000 anos a. C. (Tescione, 1965).<br />
Segundo Lopes (1841), houve tempos em que o coral foi objecto de consideração na costa do<br />
Algarve. A pesca deste recurso era praticada muito antes da sua exploração nas Ilhas de Cabo<br />
b)<br />
(…)<br />
Ordem Gorgonacea (leques-do-mar)<br />
Subordem Holaxonia<br />
Subordem Calcaxonia<br />
(…)<br />
Ordem Alcyonacea (corais moles)<br />
(…)<br />
7
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
Verde, tendo, no entanto, caído no esquecimento após meados do século XIX (Zibrowius et al.,<br />
1984), e permanecido conhecido como uma espécie tipicamente mediterrânica (Rocha, 1910).<br />
É nos trabalhos de História e da Economia que existem indicações sobre a pesca de C. rubrum<br />
em Portugal, entre os séculos XIV e XVIII, aproximadamente (Zibrowius et al., 1984). Rocha<br />
(1910) afirma que a pesca do coral foi introduzida nos mares Portugueses em 1443, com a<br />
autorização do Infante D.<br />
Pedro a dois espanhóis<br />
de Marselha residentes<br />
em Lisboa. Na carta de<br />
privilégio que lhes foi<br />
concedida, vem a<br />
declaração de que eles<br />
eram “os verdadeiros<br />
inauguradores desta<br />
empresa, inteiramente Fig. 4. Azulejos existentes no Palácio dos Marqueses de Fronteira (Lisboa)<br />
ilustrando a captura do coral por mergulhadores. Fotografia de capa do Boletim do<br />
nova entre nós” (Rocha,<br />
<strong>CPAS</strong> (n.º 8 de 1964) onde foi publicado um artigo sobre a possível prática de<br />
1910). As indicações de actividades de pesca de coral em Portugal.<br />
pesca de coral prosseguem na história de Portugal, através de documentos de concessão de<br />
licenças de pesca, recomendações e cartas de privilégios (ver Rocha, 1910). Outro tipo de<br />
documentação que realça a importância deste tipo de actividade em Portugal é a existência de<br />
azulejos no Palácio dos Marqueses de Fronteira, em Lisboa, ilustrando a captura do coral por<br />
mergulhadores (Fig. 4).<br />
O desaparecimento do coral vermelho da plataforma continental algarvia está provavelmente<br />
relacionado com o incremento de pesca com arrasto bentónico a partir do século XVIII<br />
(Marques, 1987).<br />
A exploração actual de coral vermelho foi, no entanto, proposta ao governo português pelo<br />
menos duas vezes: em 1983, um grupo de mergulhadores italianos pediu autorização de<br />
exploração que foi recusada pelo Instituto Nacional de Investigação e Pescas (INIP) (ver<br />
Zibrowius et al., 1984); e também em 1980 pelo <strong>CPAS</strong> – Centro Português de Actividades<br />
Subaquáticas, não tendo sido obtido resposta por parte da entidade reguladora das actividades<br />
de pesca da altura (Farrajota, com. pess.).<br />
1. 1. 4. Importância ecológica e conservação<br />
As gorgónias são elementos característicos e conspícuos em muitas comunidades bentónicas<br />
de ecossistemas tropicais, temperados e polares (p. e. Kinzie, 1973; Coma et al., 1995; Arntz et<br />
al., 1999). Podem formar zonas de elevada densidade e apresentam um papel ecológico<br />
importante (Ribes et al., 2003), por aumentarem a complexidade estrutural do habitat<br />
8
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
bentónico, contribuindo fortemente para o aumento de biodiversidade (Dayton et al., 1974;<br />
Jones et al., 1994), tal como acontece nos recifes de corais tropicais (Roberts et al., 2006).<br />
Ocupam um papel importante no processo de transferência de energia entre os ambientes<br />
pelágicos e bênticos (Kimmerer et al., 1994; Riisgård et al., 1998; Arntz et al., 1999), servindo<br />
de habitat e refúgio a muitas espécies (Wendt et al., 1985).<br />
Ameaças actuais às comunidades de corais incluem pesca por arrasto (Hall-Spencer et al.,<br />
2002), alterações na química dos oceanos devido às alterações climáticas (Guinotte et al.,<br />
2006), doenças provocadas por agentes patogénicos (Hall-Spencer et al., 2007) e impactos<br />
relacionados com o mergulho e actividades náuticas (Davis, 1977).<br />
Do ponto de vista da biomedicina, assumem uma crescente relevância conservacionista, uma<br />
vez que têm sido encontradas muitas substâncias bioactivas nas gorgónias, devido à natureza<br />
tóxica dos compostos segregados, com função de causar efeitos nefastos nos seus<br />
predadores. Diversas aplicações farmacológicas de grande utilidade para a medicina e<br />
veterinária têm sido descobertas em laboratório de vários países, como por exemplo:<br />
aplicações anti-inflamatórias (ex. extractos de Leptogorgia sarmentosa; Herencia et al., 1998),<br />
antivirais (p. e. Eunicella cavolini; Cimino et al., 1984), antibacterianas e anti-tumorais.<br />
É de esperar, então, que danos físicos causados a estes organismos tenham vindo a tornar-se<br />
um aspecto preocupante na gestão dos espaços marinhos e uma prioridade na gestão dos<br />
parques marinhos, tal como estudos em várias partes do mundo o demonstram (ver Kellerher,<br />
1981; Tilman, 1987; Rouphael & Inglis, 1997; Jameson et al., 1999; Tartalos & Austin, 2001;<br />
Milazzo et al., 2002; Zakai & Chadwick-Furman, 2002; Coma et al., 2004; Lloret et al., 2006).<br />
Em comparação com estudos no mediterrâneo e em recifes tropicais, os estudos em costas<br />
rochosas temperadas têm progredido a um passo muito menor, devido grandemente ao<br />
ambiente mais agressivo destas zonas e mais estudos a estas latitudes são necessários. Isto<br />
aplica-se especialmente a estudos de longo termo, em que tais informações são fundamentais<br />
para determinar flutuações em habitats que sejam facilmente afectados tanto pelos efeitos das<br />
alterações climáticas, como pelos efeitos de actividades antropogénicas que possam originar<br />
degradação dos habitats.<br />
1. 2. Áreas Marinhas Protegidas<br />
A importância de proteger e conservar a Natureza e a biodiversidade tem sido reconhecida aos<br />
mais elevados níveis, sendo hoje em dia um assunto de relevo na agenda Europeia e do<br />
Mundo. Parar a perda da biodiversidade e assegurar o desenvolvimento sustentável são<br />
objectivos referidos em eventos e estratégias importantes como a Cimeira Mundial para o<br />
Desenvolvimento Sustentável (World Summit on Sustainable Development - WSSD)<br />
(Joanesburgo, 2002), a Convenção sobre a Diversidade Biológica (Convention on Biological<br />
Diversity - CBD) (1992) e a Estratégia para o Desenvolvimento Sustentável (Sustainable<br />
9
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
Development Strategy - SDS), aprovada no Conselho Europeu de Gotemburgo (Göteburg<br />
European Council) em 2001.<br />
Em termos dos ideais de conservação e protecção dos ambientes marinhos, nos últimos 20<br />
anos ocorreu uma mudança no sentido da conservação dos espaços (p. e. reservas marinhas),<br />
quando, inicialmente, os esforços no sentido de proteger os ambientes marinhos eram focados<br />
na conservação das espécies (p. e. pescarias, baleias, etc). As reservas marinhas têm vindo a<br />
ser largamente utilizadas como ferramentas de gestão, direccionadas para atingir objectivos<br />
tanto a nível da protecção da biodiversidade como das pescarias (Halpern, 2003).<br />
As Áreas Marinhas Protegidas (AMP) podem incluir diferentes conceitos, desde o multiuso,<br />
onde diferentes actividades são geridas de forma integrada, ao uso dedicado (p. e. para prática<br />
de mergulho ou propósitos arqueológicos), e ao conceito de “no-take” e/ou “no-go”, onde não<br />
existem actividades extractivas e/ou onde não é permitida a presença humana (Reservas<br />
Marinhas). Este último conceito é importante no sentido em que ao proibir a pesca em áreas<br />
particulares irá eliminar-se a mortalidade directa causada pela pesca e impedir a destruição de<br />
habitats causada pelas artes de pesca (Collie et al., 2000). O estabelecimento de AMP é um<br />
dos poucos mecanismos actualmente disponíveis que permite a recuperação de habitats e a<br />
manutenção de ecossistemas marinhos saudáveis.<br />
Muitas AMP constituem áreas de grande atracção turística, em particular, para o turismo<br />
subaquático (Dixon et al., 1993; Fenton et al., 1998). À medida que o interesse dos<br />
mergulhadores em explorar o mundo subaquático aumenta, os impactos desta actividade sobre<br />
os ecossistemas marinhos aumentam igualmente e os efeitos potenciais têm que ser avaliados<br />
sob moldes científicos (Lloret et al., 2006) no sentido de permitir uma gestão adequada e,<br />
consequentemente, a conservação do ecossistema.<br />
As comunidades de gorgónias são consideradas como bons indicadores de degradação<br />
causada pelos mergulhadores, por serem organismos frágeis e pela sua falta de valor<br />
comercial (Sala et al., 1996). Lloret et al., (2006) propõem que o primeiro passo para a gestão<br />
de actividades subaquáticas deve ser a caracterização de comunidade bentónicas que<br />
suportam a actividade e avaliar a sua vulnerabilidade. A identificação e avaliação das<br />
comunidades de gorgónias, juntamente com a delimitação dos seus limites, permite propor<br />
medidas para o controlo do potencial impacto da actividade de mergulho e também para a<br />
avaliação destas medidas, reduzindo a degradação da comunidade bentónica, beneficiando o<br />
turismo subaquático e permitindo um uso mais sustentado dos recursos (Lloret et al., 2006).<br />
Os barcos de recreio e turismo e os próprios mergulhadores podem provocar danos<br />
consideráveis nos fundos marinhos através do fundear das embarcações (Davis, 1977) e do<br />
contacto físico com os organismos (Jameson et al., 1999; Tartalos & Austin, 2001), que além<br />
de tornarem o local menos atractivo, poderão por em risco a integridade do ecossistema.<br />
Segundo Coma, et al., (2004), valores elevados de actividades recreativas de mergulho podem<br />
10
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
aumentar até 3 vezes a mortalidade natural das espécies de gorgónias. Os autores alertam,<br />
também, para o facto de que um pequeno aumento na taxa de mortalidade das colónias<br />
maiores podem produzir um efeito insustentável a longo termo na população, caso mantido<br />
durante um longo período de tempo.<br />
1. 3. Parque Marinho Professor Luiz Saldanha<br />
O Parque Marinho Professor Luiz Saldanha (PMLS) está integrado no Parque Natural da<br />
Arrábida (PNA) e constitui a única área de protecção marinha em Portugal com estatuto de<br />
Parque e com um Plano de Ordenamento implementado. Em termos ecológicos representa um<br />
local de grande interesse por apresentar uma diversidade marinha invulgarmente elevada, o<br />
que está relacionado com características físicas e oceanográficas particulares da zona. Por<br />
outro lado, este local é alvo de uma grande pressão antropogénica por se localizar perto de<br />
duas grandes zonas metropolitanas, Setúbal (contígua ao PMLS) e Lisboa (cerca de 50 km),<br />
sendo palco de um grande número de actividades de natureza náutica e económica. A nível da<br />
actividade de mergulho com escafandro autónomo, o PMLS é explorado por várias escolas e<br />
centros de mergulho (pelo menos 12) resultando num turismo subaquático activo e ao longo de<br />
todos os meses do ano.<br />
A publicação científica mais importante sobre a zona é talvez o de Saldanha (1974), pela sua<br />
abrangência a diversos grupos de espécies sendo o único que envolve a comunidade de<br />
gorgónias. Actualmente decorre no PMLS um projecto de conservação, o Projecto BIOMARES<br />
(LIFE06/NAT/P/000192), financiado pelo programa LIFE/Natureza da Comissão Europeia, que<br />
tem como objectivos principais estudos de apoio à gestão, como por exemplo: estudos de<br />
caracterização (ex. frota pesqueira do PMLS; batimetria e granulometria do fundo) e de<br />
monitorização dos efeitos das medidas implementadas pelo Plano de Ordenamento do Parque;<br />
e acções de gestão directas no terreno, como a recuperação das pradarias de ervas marinhas,<br />
um habitat que outrora existia na zona do Portinho da Arrábida, e a instalação de amarrações<br />
especiais para embarcações de recreio. Apesar dos estudos que actualmente decorrem no<br />
PMLS, é necessário prover os gestores desta AMP com dados científicos sobre outros<br />
organismos, tais como as gorgónias, sobre as quais continua a existir uma grande lacuna de<br />
informação científica sobre a distribuição, ecologia e impactos antropogénicos sobre as<br />
populações de gorgónias, não só no PMLS, como a nível Nacional e Europeu.<br />
1. 3. 1. Enquadramento legal<br />
O PNA foi criado em 1976, pelo Decreto-Lei n.º 622/76, de 28 de Julho, e é gerido pelo Instituto<br />
da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). Foi reclassificado pelo Decreto<br />
Regulamentar n.º 23/98, de 14 de Outubro, através do qual foram estabelecidos novos limites<br />
11
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
e, com objectivo abranger a área marinha, foi criado o Parque Marinho Professor Luiz<br />
Saldanha. Em 2003 foi novamente reclassificado através do Decreto Regulamentar n.º<br />
11/2003, que adequou os seus limites às novas realidades, permanecendo deste modo até à<br />
actualidade. Em 2005 foi aprovado o regulamento do Plano de Ordenamento do Parque<br />
Natural da Arrábida (POPNA), através da Resolução de Conselho de Ministros n.º 141/2005, de<br />
23 de Agosto. Além do reconhecimento nacional de Área Protegida, este parque faz também<br />
parte da rede Europeia de conservação, estando incluído na lista de sítios da Rede Natura<br />
2000 – Sítio Arrábida-Espichel (PTCON00010), aprovada na Resolução do Conselho de<br />
Ministros n.º 142/97.<br />
1. 3. 2. Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida<br />
Um conjunto de actividades foram condicionadas ou interditas na área marinha de intervenção<br />
do POPNA. Destacam-se, entre as actividades interditas, a pesca submarina e a circulação de<br />
motas de água (excepto nas áreas de acesso ao Porto de Sesimbra); e entre as actividades<br />
condicionadas: a pesca comercial (que está sujeita a um regime transitório por questões de<br />
adaptação sócio-económica, entrando apenas em pleno vigor em 2009), a pesca lúdica e as<br />
actividades recreativas organizadas, como por ex. o mergulho. De acordo com este Plano de<br />
Ordenamento, as actividades condicionadas estão sujeitas a um zonamento que integra áreas<br />
com diferentes níveis de protecção (Fig. 5. b) e de uso, definidos de acordo com a importância<br />
dos valores biofísicos presentes e respectiva sensibilidade ecológica. Deste modo, o Parque<br />
apresenta o seguinte zonamento:<br />
• Protecção Total (PT): na zona central do Parque, entre os cabos Lagosteiros e Ponta de S.<br />
Pedro, na base da Serra do Risco, encontra-se a única área de PT (aproximadamente 4<br />
km 2 ). Nesta área não é permitida a presença humana, excepto por razões de investigação<br />
científica, monitorização ambiental e a passagem inofensiva de embarcações a uma<br />
distância superior a um quarto de milha da costa. Esta zona compreende espaços onde<br />
predominam sistemas, valores naturais e paisagísticos de reconhecido valor e interesse,<br />
com elevado grau de naturalidade e elevada sensibilidade ecológica.<br />
• Protecção Parcial (PP): de cada lado da área de Protecção Total, dispostos de forma<br />
contígua, encontram-se duas áreas de PP (PP2 e PP3), compreendidas entre a praia de<br />
Alpertuche e a ribeira da Meia Velha; e duas outras áreas nos extremos dos limites do<br />
Parque: na zona do Cabo Espichel (PP1), entre a ponta dos Bobaleiros e a praia dos<br />
Lagosteiros, e na zona do Portinho da Arrábida (PP4), comprometendo as baías da praia<br />
do Portinho da Arrábida e a Figueirinha (área total de PP de aproximadamente 21 km 2 ).<br />
Estas zonas compreendem espaços que contêm valores naturais e paisagísticos cujo<br />
significado e importância se assumem como relevantes ou excepcionais, com sensibilidade<br />
elevada ou moderada. Nesta área está interdita a fundeação de embarcações a menos de<br />
12
Sandra C. M. Rodrigues 1. Introdução<br />
um quarto de milha de costa; a pesca lúdica e a pesca comercial, com excepção da pesca<br />
com armadilhas de gaiola e da pesca à linha com toneira, a distâncias não inferiores a 200<br />
m da costa.<br />
• Protecção Complementar (PC): na restante área do Parque encontram-se as áreas de PC<br />
(com excepção das áreas sob jurisdição do Porto de Sesimbra e Setúbal, que são<br />
consideradas áreas não abrangidas por regime de protecção). Estas zonas<br />
complementares integram áreas de enquadramento, transição ou amortecimento de<br />
impactos, necessárias à protecção das áreas com regimes de protecção superiores e que<br />
têm como objectivo a compatibilização das actividades humanas com a conservação. Aqui,<br />
são permitidas as actividades de pesca comercial a embarcações com menos de 7m.<br />
1. 4. Objectivos<br />
O principal objectivo deste trabalho é a caracterização e avaliação da população de gorgónias<br />
do Parque Marinho Professor Luiz Saldanha, como contributo para a melhoria da gestão das<br />
actividades subaquáticas no Parque. Pretende-se fornecer aos gestores do Parque dados<br />
científicos sobre o actual estado da comunidade de gorgónias, baseados em dados de<br />
densidades, estrutura populacional e estado ecológico e aconselhar, com base em dados sobre<br />
organismos sensíveis às actividades de mergulho e bons indicadores da pressão sobre o<br />
ecossistema, sobre o ajuste das actuais medidas de gestão do Plano de Ordenamento do<br />
Parque Natural da Arrábida (POPNA) e propor novas medidas (por ex. localização de bóias de<br />
amarração das embarcações de recreio).<br />
Neste sentido, pretendeu-se responder às seguintes questões:<br />
Qual a dimensão do turismo subaquático, em termos de número de mergulhadores por ano que<br />
frequentam o Parque?<br />
Quais são os locais de mergulho preferenciais e qual a frequência de mergulhadores?<br />
Que locais apresentam uma população de gorgónias com mais sinais de impactos?<br />
Que espécies de gorgónias indicam maiores sinais de impactos antropogénicos?<br />
As medidas de gestão actuais estão a ser eficientes para a protecção da comunidade de<br />
gorgónias?<br />
13
a)<br />
Sandra C. M. Rodrigues 2. Metodologia<br />
2. Metodologia<br />
2. 1. Zona de estudo<br />
2. 1. 1. Localização<br />
A zona de estudo corresponde à área do Parque Marinho Professor Luiz Saldanha (PMLS)<br />
(Fig. 5. b) e encontra-se localizada a Sul da Península de Setúbal (Fig. 5. a). O Parque Marinho<br />
engloba uma área de 53 km 2 , e compreende cerca de 25 km desde a Praia da Foz a norte do<br />
Cabo Espichel (38º 27’ N, 09º 12’ O) até à Figueirinha (38º 29’ N, 08º 57’ O) (Gonçalves et al.,<br />
2002b).<br />
b)<br />
Fig. 5. Mapa de localização da área de estudo – Parque Marinho Professor Luiz Saldanha: a) localização do<br />
Parque Natural da Arrábida, do qual o Parque Marinho faz parte; b) limites do Parque Natural da Arrábida e<br />
identificação das respectivas áreas de protecção (adaptado do site oficial do ICNB: www.icnb.pt).<br />
2. 1. 2. Descrição da zona<br />
A zona do Parque Marinho Professor Luiz Saldanha apresenta características muito<br />
particulares, que contribuem para uma biodiversidade invulgarmente elevada: está localizada<br />
perto do (1) limite norte de um sistema principal de upwelling do Atlântico Norte (Wooster et al.,<br />
14
Sandra C. M. Rodrigues 2. Metodologia<br />
1976) e do (2) Estuário do Sado; (3) apresenta uma grande diversidade de habitats e (4) possui<br />
uma orientação geográfica, maioritariamente virada a Sul, cuja cadeia montanhosa da Arrábida<br />
abriga a maior parte da área do Parque dos ventos predominantes de Norte e Nordeste<br />
(Gonçalves et al., 2002b).<br />
O estuário do Sado apresenta um caudal médio anual entre 5 m 3 .s -1 (Brogueira et al., 1994) a<br />
19 m 3 .s -1 (Gonçalves et al., 2002a), o que são valores relativamente baixos, comparativamente,<br />
por exemplo, ao estuário do Tejo que apresenta um caudal de 350 m 3 .s -1 . No entanto, a<br />
proximidade do estuário do Sado à zona de estudo é suficiente para conferir uma forte<br />
influência nas correntes de maré locais e na composição química da água (Brogueira et al.,<br />
1994). Por exemplo, o ratio de Carbono e Azoto Orgânico Particulado (POC/PON) varia entre 4<br />
– 8 na zona costeira envolvente, mas durante inverno a zona adjacente ao Sado pode atingir<br />
um ratio de 15 – 20, principalmente devido ao aumento do POC (Gonçalves et al., 2002a).<br />
O PMLS está também sujeito à influência de 2 emissários activos da ETAR da vila de Sesimbra<br />
localizados na zona da Praia da Califórnia: um principal (38º 25,745’ N 009º 06,978’ W) e um<br />
secundário (38º 25,780’ N 009º 06,941’ W) (Fig. 40, Anexo 1). De acordo com dados fornecidos<br />
pela SIMARSUL, empresa concessionária do sistema multimunicipal de saneamento de Águas<br />
Residuais da Península de Setúbal, em 2006 a ETAR de Sesimbra apresentou um caudal total<br />
de 1 077 247 m 3 , um caudal médio mensal de 89 771 m 3 e um caudal médio diário de 2 950,7<br />
m 3 . Relativamente a resultados de análises realizadas a amostras os sólidos em suspensão<br />
totais (SST) apresentam um valor médio de 8,2 ± 4,98 mg/L (n=14).<br />
O declive da costa é muito acentuado (Gonçalves et al., 2002b), chegando as suas arribas a<br />
atingir a cota de 380 m (Saldanha, 1974). As rochas que a constituem são, quase na totalidade,<br />
de natureza calcária, excepto nalguns locais onde existem filões de rocha eruptiva (Saldanha,<br />
1974).<br />
A zona intertidal inclui maioritariamente arribas rochosas, pequenas praias e várias áreas<br />
cobertas por rochedos (Gonçalves et al., 2002b). A profundidade e a extensão das zonas<br />
rochosas vão diminuindo no sentido Cabo Espichel – Arrábida, desaparecendo quase por<br />
completo na região do portinho da Arrábida (Saldanha, 1974).<br />
No trabalho de Gonçalves, et al. (2002b) sobre o uso de peixes de recifes temperados para<br />
estabelecer prioridades no estabelecimento de uma área marinha protegida, a avaliação dos<br />
habitas e microhabitats encontrados na área de estudo, em conjunto com o nível de exposição<br />
da costa, permitiram a divisão da zona do Parque em três sectores principais (Fig. 6):<br />
15
Sandra C. M. Rodrigues 2. Metodologia<br />
Fig. 6. Divisão do Parque Marinho Professor Luiz Saldanha por sectores tendo em conta o tipo de habitats<br />
(adaptado de Gonçalves, et al. (2002)).<br />
Sector 1<br />
Caracterizado por uma extensa linha de costa vertical com arribas calcárias altas (até 400<br />
m) e inclinadas. A desintegração destas arribas forma um habitat subtidal heterogéneo e<br />
caracterizado pela presença de blocos de rochas de tamanhos variados. Neste sector, o<br />
habitat rochoso ocorre numa faixa estreita a profundidades relativamente superficiais (até 20<br />
metros) e é contornado por fundos arenosos que podem chegar aos 100 metros de<br />
profundidade nos limites do Parque.<br />
Sector 2<br />
O tipo de substrato principal é a “rocha-mãe” que constitui uma continuação natural das<br />
formações rochosas encontradas na zona terrestre. Esta zona é muito menos diversificada<br />
do que a anterior, apresentando menos microhabitats.<br />
Sector 3<br />
Esta zona encontra-se dividida em duas secções. Na secção mais a Este, o substrato<br />
rochoso vertical atinge profundidades médias (10-15 m) e os fundos de rocha-mãe podem<br />
ocorrer aos 30-40 m. Na secção mais exposta a Oeste, o habitat de rocha-mãe é muito<br />
homogéneo e estende-se com declive suave até várias centenas de metros da costa,<br />
atingindo uma profundidade de cerca de 30 metros.<br />
Segundo os autores Antunes & Caetano (2005), no Estudo Ambiental do Plano de Pormenor<br />
da Mata de Sesimbra Sul, o clima desta região apresenta uma forte influência mediterrânica e é<br />
16
Sandra C. M. Rodrigues 2. Metodologia<br />
classificado como sub-húmido e mesotérmico, de acordo com o sistema de classificação<br />
climática de Thornthwaite. Em termos do valor médio da temperatura do ar para a região de<br />
Setúbal durante 2007 (Fig. 7), é possível distinguir um período mais quente de Junho a<br />
Outubro, e um mais frio de Novembro a Maio, de acordo com dados obtidos através do Instituto<br />
de Meteorologia (IM, www.meteo.pt).<br />
Abril Maio Junho Julho Agosto<br />
Setembro Outubro Novembro Dezembro<br />
Fig. 7. Distribuição espacial da temperatura média mensal do ar na região de Lisboa e península de Setúbal de<br />
Abril a Dezembro de 2007 (adaptado do site do Instituto de Meteorologia; www.meteo.pt).<br />
2. 2. Amostragem e tratamento de dados<br />
2. 2. 1. Caracterização do turismo subaquático<br />
De modo a permitir a caracterização do turismo subaquático na área de estudo, foi<br />
estabelecido contacto com 5 centros de mergulho primários (utilizam embarcação própria para<br />
deslocar os mergulhadores) e 2 centros secundários (ou seja, que deslocam os mergulhadores<br />
por meio do aluguer de lugares na embarcação de outras entidades de mergulho primárias),<br />
com actividade na área do PMLS. A actividade destes centros foi registada entre meados de<br />
Maio e finais de Dezembro de 2007 tendo sido determinado o número de mergulhadores por<br />
dia e por mês e os locais de mergulho frequentados.<br />
Embora a caracterização seja apenas parcial, por não abranger todos os centros e escolas de<br />
mergulho que operam no PMLS e por não se estender pelo período de um ano, foi efectuada<br />
uma estimativa dos dados de modo a obter uma caracterização anual. A estimativa do total de<br />
mergulhadores por ano foi efectuada em duas partes. Primeira: os restantes operadores de<br />
mergulho foram consultados e uma extrapolação foi efectuada tendo em conta os dados<br />
fornecidos sobre o número de saídas de mergulho que cada operador faz por mês e o número<br />
médio de mergulhadores por saída. Segunda: o número de mergulhadores dos meses não<br />
abrangidos pelo período de amostragem (Janeiro, Fevereiro, Março e Abril) foi estimado<br />
utilizando a média do valor dos meses posteriores, não incluindo, no entanto, os meses<br />
considerados de época alta.<br />
17
Sandra C. M. Rodrigues 2. Metodologia<br />
A temperatura da água foi registada nos dias de amostragem de campo (registo através do<br />
computador de mergulho), uma vez que o factor temperatura é importante para a interpretação<br />
da sazonalidade do turismo subaquático.<br />
Os locais de mergulho foram cartografados e caracterizados consoante vários factores:<br />
proximidade, resguardo, atractividade única e complexidade do fundo. Na tabela seguinte<br />
(Tabela 1) estão apresentados os factores de caracterização e a forma como é atribuída a<br />
escala consoante o factor:<br />
Tabela 1. Descrição dos factores e escala utilizados para caracterização dos locais<br />
de mergulho do PMLS.<br />
Factor Descrição Escala<br />
Proximidade<br />
Resguardo<br />
Atractividade<br />
única<br />
Complexidade<br />
do fundo<br />
Proximidade do local ao ponto de saída<br />
dos operadores de mergulho<br />
Reflecte o grau de exposição do local às<br />
condições físicas (corrente, vento,<br />
ondas)<br />
Presença/ausência de características<br />
singulares que proporcionem um<br />
mergulho diferente de todos os<br />
restantes (ex. naufrágio; grutas)<br />
Prende‐se com as características mais ou<br />
menos complexas do fundo e com a<br />
qualidade da paisagem que a topologia<br />
fornece<br />
Foi efectuada uma análise de componentes principais (PCA) com as variáveis proximidade,<br />
resguardo, atractividade única e complexidade do fundo, agrupando os dados por classes de<br />
número de mergulhadores (10%) de forma a evidenciar como estas<br />
variáveis influenciam o número de mergulhadores nos locais.<br />
O turismo subaquático foi caracterizado identificando-se: a frequência do local por<br />
mergulhadores de modo a permitir determinar os locais preferenciais de mergulho; a frequência<br />
diária de cada local para permitir determinar a carga de mergulhadores que cada local recebe<br />
por dia e a frequência mensal de mergulhadores de modo a evidenciar a sazonalidade deste<br />
tipo de actividade.<br />
2. 2. 2. Caracterização das populações de gorgónias<br />
1. até 3 milhas marítimas<br />
2. 3 ‐ 6 milhas marítimas<br />
3. > 6 milhas marítimas<br />
0 . Totalmente exposto<br />
1. Enseada protegida a SW<br />
2. Numa baía<br />
0. Sem<br />
1. Com<br />
0. Fundo simples<br />
1. Fundo complexo e/ou com<br />
paisagem subaquática<br />
atractiva<br />
Inicialmente foi efectuado um levantamento dos locais preferenciais de mergulho, junto das<br />
escolas e centros de mergulho com actividade na zona de estudo. Entre Abril e Junho de 2007,<br />
decorreu um período de amostragem preliminar, tendo sido efectuados mergulhos nos locais<br />
18
Sandra C. M. Rodrigues 2. Metodologia<br />
mencionados, com o objectivo de averiguar a abundância de gorgónias que justificasse uma<br />
amostragem, bem como o ajuste e aperfeiçoamento das técnicas e métodos a utilizar.<br />
O período de amostragem decorreu essencialmente entre os meses de Agosto a Dezembro de<br />
2007. A técnica de amostragem consistiu na colocação de transectos com um máximo de 50<br />
metros, orientados de forma perpendicular à linha de costa, nos locais previamente<br />
determinados para o estudo. Esta determinação teve em conta o nível de protecção (Total,<br />
Parcial e Complementar), a quantidade de gorgónias observadas, a profundidade, o tipo de<br />
substrato e o número de mergulhadores. Deste modo, foram amostrados 9 locais que se<br />
distribuem desde o Cabo Espichel até à zona do Portinho da Arrábida (Fig. 8), perfazendo um<br />
total de 39 mergulhos, 10 horas e 50 minutos de tempo total de fundo e 30 transectos não<br />
ultrapassando os 30 metros de profundidade (Tabela 2). Foi efectuada uma descrição de cada<br />
estação de amostragem (Anexo 1) tendo em conta as características do fundo e, a nível de<br />
dados de mergulho, o tipo de segurança e tipo de qualificações que deveriam ser exigidas aos<br />
mergulhadores (consoante a profundidade, a sensibilidade dos organismos existentes no fundo<br />
e a existência frequente de correntes fortes).<br />
Tabela 2. Número de transectos (réplicas) por estação de amostragem (Est.)<br />
considerados no tratamento de dados deste trabalho. São apresentados também o<br />
número total de colónias amostradas (N) por estação de amostragem, bem como o<br />
total de metros de transecto rochoso amostrado (m), profundidade média (P.med.),<br />
mínima (P.min.), máxima (P.max.) e a sua variação (Var.). Legenda: AF – Arcanzil<br />
Fora; PM – Pedra da Milú; BL – Baleeira; PA – Pedra das Ancoras; PMe – Pedra do<br />
Meio; JG – Jardim das Gorgónias; BA – Baía da Armação; CR – Calhau do Risco; 3M<br />
– Três Marias.<br />
Est. Réplicas N m P. med. P. min. P. max Var.<br />
1 AF 2 38 22,2 23,5 21,8 24,7 2,9<br />
2 PM 3 65 26,3 22,6 21,4 23,6 2,2<br />
3 BL 3 111 108 12,8 10,6 14,8 4,2<br />
4 PA 4 105 148 15,0 13,4 16,9 3,5<br />
5 PMe 3 203 90 9,8 8,8 11,2 2,4<br />
6 JG 3 130 160 11,3 4,9 17,4 12,5<br />
7 BA 1 42 27 8,6 6,8 10,0 3,2<br />
8 CR 3 68 106 7,9 4,2 9,4 5,2<br />
9 3M 4 108 125 7,4 4,6 10,5 5,8<br />
Total 26 870 812,5<br />
Os transectos foram estabelecidos utilizando uma fita métrica de 50 metros, localizados com<br />
auxílio de uma bóia (neste caso foi utilizada a bóia de patamar) lançada no final do transecto e<br />
georreferenciados com GPS. A profundidade foi registada com auxílio de um profundímetro a<br />
cada 10 metros, de modo a fornecer um perfil de profundidade do transecto. Foram amostradas<br />
todas as colónias de gorgónias que estavam ao alcance de 0,5 metros de cada lado da fita<br />
métrica (segundo método descrito por Lloret et al., 2006), correspondendo ao total de 870<br />
colónias de gorgónias amostradas.<br />
19
Sandra C. M. Rodrigues 2. Metodologia<br />
PC2<br />
Fig. 8. Localização das estações de amostragem no Parque Marinho Professor Luiz<br />
Saldanha. As linhas brancas identificam o respectivo zonamento. Legenda: PC –<br />
zona de Protecção Complementar (zona incolor); PP – zona de Protecção Parcial<br />
(zona esbranquiçada); PT – zona de Protecção Total (zona avermelhada) (limites<br />
editados de acordo com o definido no Decreto Regulamentar n.º 11/2003; imagem<br />
editada e retirada de ©2007 Google Earth).<br />
PC1<br />
PP3<br />
PT<br />
Coordenadas<br />
Sigla<br />
Nome<br />
N.<br />
38° 24' 20.80" N<br />
09° 11' 41.20" O<br />
PP2<br />
AF<br />
Arcanzil (Fora)<br />
1.<br />
38° 24' 26.00" N<br />
09° 11' 31.30" O<br />
PM<br />
Pedra da Milú<br />
2.<br />
38° 24' 49.30" N<br />
09° 11' 18.50" O<br />
BL<br />
Baleeira<br />
3.<br />
PC2<br />
38° 25' 00.60" N<br />
09° 10' 53.80" O<br />
PA<br />
Pedra das<br />
Âncoras<br />
4.<br />
PP1<br />
38° 26' 18.10" N<br />
09° 06' 02.20" O<br />
PMe<br />
Pedra do Meio<br />
5.<br />
38° 26' 03.40" N<br />
09° 03' 48.30" O<br />
JG<br />
Jardim das<br />
Gorgónias<br />
6.<br />
38° 26' 08.40" N<br />
09° 03' 48.20" O<br />
BA<br />
Baía de<br />
Armação<br />
7.<br />
38° 27' 06.70" N<br />
09° 01' 07.50" O<br />
CR<br />
Calhau do Risco<br />
8.<br />
38° 27' 34.21" N<br />
08° 59' 57.48" O<br />
3M<br />
Três Marias<br />
9.<br />
20
Sandra C. M. Rodrigues 2. Metodologia<br />
2. 2. 2. 1. Identificação dos espécimes<br />
Nos mergulhos efectuados na fase de pré amostragem foi constatada a existência de espécies<br />
não referidas na bibliografia consultada pelos meios mais usuais. No sentido de proceder<br />
identificação das espécies existentes, foram tiradas fotografias subaquáticas das colónias e<br />
capturados fragmentos do ramos que foram conservados em álcool 70% ou deixadas secar à<br />
sombra (segundo Saldanha, 1995).<br />
Os fragmentos recolhidos de colónias foram observados à lupa (pólipos) e microscópio<br />
(espículas), após dissolução do tegumento do fragmento numa gota de hipoclorito de sódio<br />
(segundo método descrito por Saldanha, 1994). Características consideradas diagnosticantes<br />
foram registadas fotograficamente através de uma máquina fotográfica acoplada ao<br />
microscópio (Olympus C-2020 acoplada a microscópio Olympus BX50).<br />
As fotografias das colónias não identificadas foram enviadas a um especialista em gorgónias<br />
do Atlântico, o Doutor Altuna Prados (INSUB, Museu de Okendo, Espanha), juntamente com<br />
fotografias tiradas in situ da mesma colónia.<br />
As espécies foram identificadas com sucesso à excepção de Paramuricea clavata (considerada<br />
neste trabalho como tal devido às garantias por parte do Doutor Altura Prados). Restando<br />
ainda algumas dúvidas quanto à sua correcta classificação, foi estabelecido contacto com a<br />
Doutora Coma (CEAB-CSIC) não tendo sido, no entanto, obtida resposta.<br />
As fotografias de várias características das espécies, juntamente com uma descrição<br />
compilada das características identificativas foram apresentadas de forma a ser possível a<br />
identificação das espécies de gorgónias de baixa profundidade do PMLS. Neste sentido, são<br />
apresentadas (1) fotografias in situ das colónias com pólipos estendidos e recolhidos, uma vez<br />
que, para algumas espécies, o aspecto da colónia nestas duas situações varia<br />
consideravelmente podendo ser causa de alguma dúvida; (2) exemplares das diferentes cores<br />
que as espécies podem apresentar; e (3) fotografias obtidas através da observação<br />
microscópica das espículas. Uma vez que a classificação destes organismos se revelou difícil e<br />
muitas vezes divergente entre autores, o estatuto do registo actual e a validade do estatuto<br />
taxonómico foram determinados segundo as bases de dados online World Register of Marine<br />
Species (WoRMS; www.marinespecies.org) e Integrated Taxonomic Information System (ITIS;<br />
www.itis.gov). A distribuição das espécies foi actualizada, sob forma de compilação de<br />
bibliografia e consulta na base de dados online Global Biodiversity Information Facility (GBIF;<br />
www.gbif.org).<br />
2. 2. 2. 2. Distribuição, densidade e estrutura populacional<br />
Com os objectivos de determinar a distribuição, densidades e estrutura populacional das<br />
espécies, foram registadas para cada colónia, um conjunto de dados como: espécie,<br />
21
Sandra C. M. Rodrigues 2. Metodologia<br />
profundidade, cor e altura máxima (desde o disco basal da gorgónia ao ponto mais alto da<br />
ramificação).<br />
A proporção de espécies e a densidade média de gorgónias por local foi determinada, de modo<br />
a permitir a caracterização dos efectivos de cada local. Uma vez que o tamanho amostral de<br />
algumas espécies é muito reduzido, no caso de Paramuricea clavata (n=1) e Eunicella labiata<br />
(n=8), não foram efectuadas análises a estas espécies, tendo apenas aparecido na<br />
caracterização específica relativamente a cada local. A densidade foi calculada para cada<br />
transecto de acordo com o número total de colónias contadas para o total de metros<br />
correspondentes a substrato rochoso. Foram apresentadas as densidades médias de cada<br />
local, efectuando uma média aos transectos (réplicas).<br />
Foi determinada a estrutura populacional de cada local com objectivo de evidenciar o estado da<br />
população e os locais mais favoráveis para o recrutamento.<br />
2. 2. 2. 3. Cobertura por epibiontes<br />
O estado ecológico da comunidade de gorgónias foi caracterizado pela percentagem de<br />
epibiontes. Foram, assim, registados: a Percentagem da Colónia Coberta por Epibiontes<br />
(PCCE – indica a percentagem de colónias de uma população que apresentam ou não<br />
epibiontes) e o tipo de epibiontes (algas, alcionários, briozoários, anémonas, etc). Sempre que<br />
possível, foi efectuado um registo fotográfico (Sony P200 com caixa estanque Ikelite) das<br />
colónias do transecto, associado a uma régua disposta no mesmo plano da colónia, de modo<br />
ser possível analisar a escala. Para determinar se o estado ecológico de cada colónia poderia<br />
estar relacionado com o tipo de exposição a que está sujeita relativamente à zona envolvente,<br />
foi determinado o nível de exposição de acordo com a posição da colónia relativamente ao<br />
meio envolvente (escala de 1 a 4, em ordem crescente de exposição): 1 – numa cavidade ou<br />
gruta; 2 – entre rochas de dimensões superiores à altura da colónia; 3 – numa parede com<br />
declive acentuado (ângulo de inclinação superior a 40%); 4 – numa zona plana (método<br />
adaptado de Garrabou et al., 1998).<br />
A comunidade epífita foi caracterizada tendo em conta as espécies mais comuns e a sua<br />
percentagem de observação na população.<br />
Foi determinado para cada local e espécie a PPCE e, conjuntamente com a análise da média<br />
da PCCE de cada espécie, foi evidenciado quais as espécies e locais que evidenciam maior<br />
perturbação. Foi realizado um teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste de Dunn, no sentido de<br />
determinar diferenças a nível de PCCE entre espécies.<br />
22
Sandra C. M. Rodrigues 2. Metodologia<br />
2. 2. 2. 4. Relações entre espécies e a profundidade, altura máxima e<br />
profundidade, e influência do tipo de exposição da colónia<br />
Os registos de profundidade foram calibrados para o Zero Hidrográfico e, no sentido de<br />
entender como os factores ambientais, como a profundidade e o tipo de exposição da colónia,<br />
afectam as variáveis estudadas, foi efectuada uma análise de componentes principais (PCA)<br />
aos dados. Foi também analisada a abundância relativa de espécies por classes de<br />
profundidade de modo a permitir determinar relações entre as espécies e a profundidade. Foi<br />
aplicado um teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste de Dunn para determinar diferenças<br />
entre espécies a nível da profundidade.<br />
No sentido de determinar se o tipo de exposição da colónia afecta a percentagem de<br />
epibiontes, nomeadamente a PCCE, foi efectuada uma correlação não paramétrica de<br />
Spearman entre a PCCE e o tipo de exposição das colónias.<br />
2. 3. Eficácia da AMP para a protecção das gorgónias<br />
Dada a natureza dos dados, foi utilizada uma abordagem não paramétrica recorrendo ao teste<br />
de Kruskal-Wallis, seguida do teste de comparação múltipla de Dunn, para comparar a PCCE<br />
(Percentagem da Colónia Coberta por Epibiontes) e Altura máxima nas diferentes zonas de<br />
protecção do PMLS. Será de esperar que as zonas com diferentes estatutos, revelem<br />
diferenças a nível da PCCE.<br />
23
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
3. Resultados<br />
3. 1. Caracterização do turismo subaquático<br />
a) Número de mergulhadores<br />
Durante 8 meses de registo da actividade de 5 centros primários de mergulho (abrangendo<br />
também 2 secundários), os resultados indicam que foram realizados na zona Espichel/Arrábida<br />
pelo menos 3470 mergulhos, distribuídos por 38 locais de mergulhos. Deste 38 locais, 32 estão<br />
dentro dos limites do PMLS e encontram-se apresentados no mapa da Fig. 9. As<br />
características dos pontos indicam o nível de frequência do local por mergulhadores e os<br />
valores exactos podem ser consultados na Tabela 4 do Anexo 2<br />
Os locais com maiores percentagens de mergulhadores são o Jardim das Gorgónias, Baía de<br />
Armação e Baleeira, apresentando valores superiores a 10%. Com valores intermédios (5-10%)<br />
estão os locais Pedra do Leão, River Gurara (Proa e Popa) e Paredes do Cabo. Os restantes<br />
locais apresentam percentagens consideradas reduzidas (0-5%).<br />
O cruzamento de informação recolhida junto dos operadores de mergulho, permitiu estimar que<br />
os dados recolhidos representam cerca de 40% do total de actividade no PMLS. Deste modo,<br />
estima-se que o mergulho no PMLS envolva mais de 11 200 mergulhadores por ano. Neste<br />
sentido, alguns locais poderão ter os seus valores de frequência de mergulhadores<br />
subestimado, especialmente aqueles que apresentam um maior número de operadores/local<br />
(Fig. 43, Anexo 2), como é o caso do River Gurara, Baleeira, Jardim das Gorgónias e Baía da<br />
Armação.<br />
.<br />
24
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
PP4<br />
31.<br />
Percentagem de<br />
PC3<br />
30.<br />
número de<br />
29.<br />
mergulhadores:<br />
PP3<br />
PC1<br />
< 1 %<br />
1-5 %<br />
PT<br />
5-10 %<br />
27. 28.<br />
23.<br />
26.<br />
25.<br />
22.<br />
19. 20. 21.<br />
17. 18.<br />
Nome<br />
N.<br />
Nome<br />
16.<br />
N.<br />
Nome<br />
N.<br />
1.<br />
PP2<br />
24.<br />
21. Batelão<br />
11. Arcanzil<br />
Lagosteiros<br />
1.<br />
15.<br />
22. Pés de Galo / Molho<br />
Pedra do Meio / Pedra<br />
23.<br />
do Forte<br />
12. Pedra da Milu<br />
Bico do Cabo / Ponta<br />
do Cabo<br />
2.<br />
14.<br />
13.<br />
2.<br />
3.<br />
13. Baleeira<br />
Gruta da Bifa<br />
3.<br />
11.<br />
PC2<br />
4. 5. 6. 7. 8.<br />
9.<br />
24. Penedos<br />
14. Pedra das Ancoras<br />
River Gurara - Popa<br />
4.<br />
12.<br />
10.<br />
25. Pedra do Leão<br />
26. Jardim das Gorgónias<br />
Marca das Três<br />
15.<br />
Milhas<br />
16. Pedra do Inferno<br />
River Gurara - Proa<br />
5.<br />
PP1<br />
Paredes do Cabo<br />
6.<br />
27. Baía da Armação<br />
17. Pedra da Mijona<br />
Segredos<br />
7.<br />
Ponta de S. Pedro<br />
28.<br />
Gruta do<br />
18. Tamboril/Boca do<br />
Tamboril<br />
Mesas<br />
8.<br />
Fig. 9. Mapa de localização dos pontos de mergulho do Parque Marinho Professor Luiz Saldanha com<br />
referência à percentagem de frequência de mergulhadores (de acordo com tamanho e cor dos<br />
pontos). As linhas delimitam a área do parque e respectivo zonamento. Legenda do zonamento: PC<br />
– zona de Protecção Complementar; PP – zona de Protecção Parcial; PT – zona de Protecção Total<br />
(limites editados de acordo com o definido no Decreto Regulamentar n.º 11/2003; imagem editada e<br />
retirada de ©2008 Google Earth).<br />
29. Bico do Agulhão<br />
30. Pedrinhas<br />
19. Baía dos Porcos<br />
20. Ribeira do Cavalo<br />
9. Ponta da Passagem<br />
10. Arcanzil Fora<br />
31.<br />
Três Marias / Três<br />
Irmãs<br />
25
Nº dias<br />
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
b) Carga diária de mergulhadores<br />
RPp RPr AF PM BL PA PMe PL JG BA 3M<br />
Cabo Espichel<br />
(Oeste)<br />
Locais<br />
Portinho da Arrábida<br />
(Este)<br />
Classes de<br />
nº Merg./dia:<br />
Fig. 10. Carga diária de mergulhadores: número de dias por classes de número de mergulhadores por dia nos<br />
locais mais frequentados (n = 2269). Legenda dos locais: RPp – River Popa; RPr – River Proa; AF – Arcanzil;<br />
PM – Pedra da Milú; BL – Baleeira; PA – Pedra das Âncoras; PMe – Pedra do Meio; PL – Pedra do Leão; JG –<br />
Jardim das Gorgónias; BA – Baía de Armação; 3M – Três Marias. Apenas estão apresentados os locais em que<br />
pelos menos uma das classes apresenta mais de 2 dias. Dados correspondentes a 7 centros de mergulho (5<br />
primários e 2 secundários) recolhidos entre Maio e Dezembro de 2007.<br />
>40<br />
40-30<br />
30-20<br />
20-10<br />
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
c) Sazonalidade<br />
Nº mergulhadores<br />
700<br />
600<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
0<br />
Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />
Mês<br />
Fig. 11. Sazonalidade do mergulho: número de mergulhadores por mês (n =<br />
3289). Dados correspondentes a 7 centros de mergulho (5 primários e 2<br />
secundários) recolhidos entre Maio e Dezembro de 2007.<br />
Relativamente à sazonalidade do mergulho (Fig. 11), podemos verificar que a “época alta” do<br />
mergulho corresponde maioritariamente aos meses da época balnear (excepto Junho),<br />
estendendo-se até Novembro. Registou-se para este mês mais de 600 mergulhadores e<br />
apresenta também, juntamente com Outubro, registos de temperatura média da água mais<br />
quentes (17 ºC) (Tabela 3, Anexo 2).<br />
3. 2. Caracterização das populações<br />
3. 2. 1. Espécies<br />
Nas estações de amostragem seleccionadas foram identificadas um total de 6 espécies de<br />
gorgónias, pertencentes a 2 famílias diferentes:<br />
Filo Cnidaria Hatschek, 1888<br />
Classe Anthozoa Ehrenberg, 1834<br />
Subclasse Octocorallia Haeckel, 1886<br />
Ordem Alcyonacea Lamouroux, 1816<br />
Subordem Holaxonia Studer, 1887<br />
Família Gorgoniidae Lamouroux, 1812<br />
Género Leptogorgia Milne Edwards & Haime, 1857<br />
27
a)<br />
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Leptogorgia lusitanica Stiasny, 1937<br />
Leptogorgia sarmentosa (Esper, 1791)<br />
Género Eunicella<br />
Eunicella verrucosa (Pallas, 1766)<br />
Eunicella gazella Studer, 1901<br />
Eunicella labiata Thomson, 1927<br />
Família Plexauridae Gray, 1859<br />
Género Paramuricea Kölliker, 1865<br />
3. 2. 2. 1. Leptogorgia lusitanica<br />
Paramuricea clavata (Risso, 1826)<br />
Fig. 12. Leptogorgia lusitanica. Fotografias subaquáticas: a) colónia com cálices dos pólipos amarelos (Pedra da<br />
Oliveira, 8m); b) colónia com cálices dos pólipos brancos (Pedra do Meio, 10m); c) aproximação aos pólipos<br />
estendidos; d) aproximação aos pólipos recolhidos. Fotografias de espículas (Baleeira, 11 m): e) aspecto geral; f),<br />
g) e h) espículas tuberculadas do cenênquima; i) e j) espículas do antocódio (barra de escala = 2 μm).<br />
b)<br />
c) d)<br />
e) f) g) h) i) j)<br />
28
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Leptogorgia lusitanica Stiasny, 1937<br />
Identificação:<br />
Ramificação: uniforme, quase sem tronco; quase sempre num único plano; ramos<br />
achatados; ramos terminais cilíndricos e mais finos que os ramos principais (Stiasny,<br />
1937b; Grasshoff, 1988).<br />
Cor: violeta com pólipos amarelos (Stiasny, 1937b; Grasshoff, 1988).<br />
Registo e validade taxonómica: não consta das bases de dados ITIS e WoRMS<br />
Sinónimos: Lophogorgia lusitanica; Pterogorgia petechizans(?)<br />
Distribuição: Ibero-marroquina (Grasshoff, 1988)<br />
Pterogorgia petechizans (Pallas, 1766)<br />
Identificação:<br />
Ramificação: colónia arborescente; muito espalmada com ramos principais<br />
comprimidos; ramos terminais finos (Nobre, 1931)<br />
Cor: vinosa com zona dos pólipos amarelo vivo (Nobre, 1931)<br />
Registo e validade taxonómica: Nomem dubium (WoRMS); não consta da base de dados<br />
ITIS<br />
Distribuição: Costa de Setúbal, Canárias, África (Nobre, 1931)<br />
29
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
a)<br />
b)<br />
3. 2. 1. 2. Leptogorgia sarmentosa<br />
d) e) f) g) h)<br />
Fig. 13. Leptogorgia sarmentosa. Fotografias subaquáticas: a) colónia roxa com pólipos recolhidos<br />
(Baleeira, 11 m); b) colónia branca (Arcanzil, 22m); c) aproximação a colónia roxa com pólipos estendidos.<br />
Fotografias das espículas: d) aspecto geral; e) e f) espícula tuberculada do cenênquima; g) e h) espículas<br />
do antocódio (barra de escala = 2 μm).<br />
Leptogorgia sarmentosa (Esper, 1791)<br />
Identificação:<br />
Ramificação: lateral; usualmente num plano, ramos estendem-se em todas as direcções;<br />
ramagem terminal mais fina; ramos achatados (Grasshoff, 1988).<br />
c)<br />
30
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Cor: vermelho terracota, raramente amarelo (Grasshoff, 1988); vermelho cor de tijolo,<br />
amarelo claro (Vafidis, 2008)<br />
Registo e validade taxonómica: aceite (WoRMS); não consta da base de dados ITIS<br />
Sinónimos: Leptogorgia ceratophyta (ver Riedl, 1986; Ribes et al., 2003); Lophogorgia<br />
lusitanica (ver Grasshoff, 1992; Saldanha, 1995, pp. 74); Lophorgorgia ceratophyta,<br />
Leptogorgia gonzagai (Grasshoff, 1992)<br />
Distribuição: Mediterrâneo (Tunísia, Marrocos) (Fig. 14; GBIF); Costa Atlântica da Europa e<br />
África do Sul, Costa Atlântica da América e Antilhas, Costa Pacífica da América (Bayer,<br />
1961; Grasshoff, 1992; Breedy & Guzman, 2005).<br />
Habitat: circalitoral; em zonas de pedregulhos assentes em zonas arenosas (Vafidis, 2008)<br />
10 – 300 m (Weinberg, 1976)<br />
Contagem/célula<br />
sombreada<br />
1 - 9<br />
10 - 99<br />
100 - 999<br />
1000 - 9999<br />
10000 - 99999<br />
100000+<br />
Fig. 14. Mapa de localização de ocorrência de Leptogorgia sarmentosa segundo a base de dados GBIF.<br />
Leptogorgia ceratophyta (Lamarck)<br />
Identificação:<br />
Ramificação: colónia arborescente; muito ramosa; espalmada; ramos principais mais ou<br />
menos cilíndricos (Nobre, 1931).<br />
Cor: vermelha (Nobre, 1931).<br />
Registo e validade taxonómica: não consta da base de dados ITIS e WoRMS<br />
Distribuição: Costa do Porto, Povoa de Varzim, Peniche, Setúbal, Algarve (Nobre, 1931)<br />
31
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
a)<br />
3. 2. 1. 3. Eunicella verrucosa<br />
Fig. 15. Eunicella verrucosa. Fotografias subquáticas: a) colónia de cor branca com pólipos recolhidos; b) colónia de<br />
cor salmão; c) aproximação aos pólipos estendidos onde é possível observar os tentáculos pinulados típicos dos<br />
octocorais; d) aproximação ao ramo de uma colónia de cor salmão com os pólipos recolhidos, onde é possível observar<br />
os cálices salientes que fornecem a esta espécie um aspecto “verrugoso”. Fotografias de espículas: e) f) g) (barra de<br />
escala = 2 μm).<br />
Eunicella verrucosa (Pallas, 1766)<br />
Identificação:<br />
Ramificação: profusa e irregular, maioritariamente num plano, em forma-de-leque. Podem<br />
ocorrer algumas formas arbustivas (Carpine & Grasshoff, 1975)<br />
Cálices dos pólipos: protuberantes, lobados: com 8 lobas (Carpine & Grasshoff, 1975)<br />
Cor: branco, amarelado, salmão (Carpine & Grasshoff, 1975)<br />
Registo e validade taxonómica: aceite (WoRMS); não consta da base de dados ITIS<br />
Estatuto: vulnerável (IUCN, 2006; www.iucnredlist.org)<br />
b)<br />
c) d)<br />
32
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Distribuição: Mediterrâneo (Itália, Grécia), Reino Unido, França, Portugal, Costa Africana<br />
(Fig. 16; GBIF)<br />
Habitat: 10 - 200 m (Carpine & Grasshoff, 1975)<br />
Contagem/célula<br />
sombreada<br />
1 - 9<br />
10 - 99<br />
100 - 999<br />
1000 - 9999<br />
10000 - 99999<br />
100000+<br />
Fig. 16. Mapa de localização de ocorrência de Eunicella verrucosa segundo a base de dados GBIF.<br />
33
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
a)<br />
d)<br />
3. 2. 1. 4. Eunicella gazella<br />
Fig. 17. Eunicella gazella. Fotografias subaquáticas (Três Marias, 12 m): a) colónia com pólipos<br />
recolhidos; b) aproximação aos ramos com os pólipos recolhidos; c) aproximação ao ramo com pólipos<br />
estendidos; d) colónia com pólipos estendidos (Arcanzil, 23m). Fotografias de espículas (Jardim das<br />
Gorgónias, 11 m): e) aspecto geral; f) espícula do tipo “balloon-clubs”; g) espícula do tipo “spindle” (barra<br />
de escala = 2 μm).<br />
Eunicella gazella Studer, 1878<br />
Identificação:<br />
e)<br />
f)<br />
Ramificação: muito irregular e em todas as direcções; diâmetro dos ramos uniforme.<br />
b)<br />
c)<br />
g)<br />
34
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Cálices dos pólipos: baixos<br />
Cor: colónia de cor branca, pólipos acastanhados<br />
Registo e validade taxonómica: aceite (WoRMS); não consta da base de dados ITIS<br />
Distribuição: Africana (Sahara Oeste, Libéria, Ghana) (Fig. 18; GBIF)<br />
Contagem/célula<br />
sombreada<br />
1 - 9<br />
10 - 99<br />
100 - 999<br />
1000 - 9999<br />
10000 - 99999<br />
100000+<br />
Fig. 18. Mapa de localização de ocorrência de Eunicella gazella segundo a base de dados GBIF.<br />
35
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
3. 2. 1. 5. Eunicella labiata<br />
a) b)<br />
Fig. 19. Eunicella labiata. Fotografias subaquáticas: a) colónia com pólipos recolhidos (Jardim das<br />
gorgónias, 14 m); b) aproximação aos ramos, onde é possível observar a cor escurecida do cenênquima,<br />
típica desta espécie; c) aproximação aos pólipos recolhidos, onde é possível observar a abertura do cálice<br />
com forma “labiada”. Fotografias de espículas: d) aspecto geral do conjunto de espículas; e) espícula do<br />
tipo “balloon-club”; f) espícula do tipo “spindle” (escala da barra = 2 μm).<br />
Eunicella labiata Thomson, 1927<br />
Identificação:<br />
Ramificação: abundante, num só plano, ramos com diâmetro uniforme (Altuna Prados,<br />
1992)<br />
Cálices dos pólipos: salientes (Altuna Prados, 1992)<br />
Cor: cálices de cor branca, cenênquima de cor negra (Altuna Prados, 1992)<br />
Registo e validade taxonómica: aceite (WoRMS); não consta da base de dados ITIS<br />
c)<br />
36
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Distribuição: Málaga (Altuna Prados, 1992); Africana (Sahara Oeste, Senegal, Ghana) (Fig.<br />
20; GBIF)<br />
Contagem/célula<br />
sombreada<br />
1 - 9<br />
10 - 99<br />
100 - 999<br />
1000 - 9999<br />
10000 - 99999<br />
100000+<br />
Fig. 20. Mapa de localização de ocorrência de Eunicella labiata segundo a base de dados GBIF.<br />
37
Sandra C. M. Rodrigues<br />
a)<br />
e)<br />
3. 2. 1. 6.<br />
Paramuriicea<br />
clavatta<br />
Fig. 221.<br />
Paramuriccea<br />
clavata. FFotografias<br />
subbaquáticas:<br />
a) ) colónia amaarela<br />
com pólipos<br />
recolhidos<br />
(Arcanzil, 22<br />
m); bb)<br />
colónia amaarela<br />
com pólipos<br />
estendidoos<br />
(Pedra da Milú, M 25 m); c)<br />
aproximaçãoo<br />
aos pólipos estendidos; dd)<br />
aproxximação<br />
aos ramos com oos<br />
pólipos reccolhidos.<br />
Fotog grafias de espículas:<br />
e) esspícula<br />
do op pérculo; f) e gg)<br />
espíccula<br />
do cenênqquima;<br />
h) aprooximação<br />
às pprotuberâncias<br />
s de uma espícula<br />
do cenênnquima.<br />
Paramuuricea<br />
clavaata<br />
(Risso, 11826)<br />
Identificação:<br />
f)<br />
Ramificação:<br />
: rígida, numm<br />
só plano ou com apa arência arbuustiva<br />
(Cammpbell,<br />
1992 2)<br />
Cálices<br />
dos ppólipos:<br />
proovidos<br />
de esspículas<br />
sal lientes que protegem o pólipo (Rie edl, 1986)<br />
Póólipos:<br />
muitto<br />
condensaados<br />
na zonna<br />
apical do o ramo (Rieedl,<br />
1986)<br />
g)<br />
c)<br />
b)<br />
c)<br />
h)<br />
d)<br />
d)<br />
3. Resultadoss<br />
388
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Cor: vermelho ou violeta, por vezes amarela nas pontas (Riedl, 1986; Campbell, 1992)<br />
Características ecológicas relevantes: espécie ciáfila (Mistri & Ceccherelli, 1994)<br />
Registo e validade taxonómica: válida (ITIS); aceite (WoRMS)<br />
Sinónimos: Clematissa chamaeleon (ITIS); Paramuricea chamaleon (Riedl, 1986;<br />
Campbell, 1992)<br />
Habitat: 10 - 100 m (Campbell, 1992)<br />
Distribuição: estritamente Mediterrânica (Coma et al., 1994) (Fig. 22; GBIF)<br />
Contagem/célula<br />
sombreada<br />
1 - 9<br />
10 - 99<br />
100 - 999<br />
1000 - 9999<br />
10000 - 99999<br />
100000+<br />
Fig. 22. Mapa de localização de ocorrência de Paramuricea clavata segundo a base de dados GBIF.<br />
39
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Frequência relativa (%)<br />
3. 2. 2. Distribuição<br />
Distribuição geográfica das espécies<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
AN PM BL PA PMe JG BA CR 3M<br />
Cabo Espichel<br />
(Oeste)<br />
Fig. 23. Proporção de espécies por local. Legenda: locais (Oeste-Este): AN – Arcanzil Norte; PM –<br />
Pedra da Milú; BL – Baleeira; PA – Pedra das Âncoras; PMe – Pedra do Meio; JG – Jardim das<br />
Gorgónias; CR – Calhau do Risco; 3M – Três Marias. Espécies: lsar – Leptogorgia sarmentosa; llus –<br />
Leptogorgia lusitanica; ev – Eunicella verrucosa; eg – Eunicella gazella; el – Eunicella labiata; pa –<br />
Paramuricea clavata. (nAN=38; nPM=65; nBL=111; nPA=99; nPMe=201; nJG=127; nBA=42; nCR=68;<br />
n3M=108).<br />
L. lusitanica (llus) é predominante nos locais mais a Este (Fig. 23), enquanto que E. verrucosa<br />
(ev) passar a ocupar uma posição predominante de frequência relativa nos locais a Oeste do<br />
PMLS (Arcanzil e Pedra da Milú). Também é nesta zona que se verifica uma maior frequência<br />
relativa de E. labiata (el), enquanto que E. gazella (eg) e L. sarmentosa (lsar) são normalmente<br />
menos representadas. Relativamente a P. clavata (pa), embora tenha sido apenas registada no<br />
Arcanzil (AN), esta espécie foi também observada em mergulhos preliminares na Pedra da Milú<br />
(PM), estando assim apenas representada nos locais mais próximos do Cabo Espichel.<br />
3. 2. 3. Densidades<br />
Portinho da Arrábida<br />
(Este)<br />
Os locais Arcanzil (AN), Pedra da Milú (PM), Pedra do Meio (PMe) e Baía da Armação (BA)<br />
apresentam densidades médias superiores a 1,5 colónias m -2 (Fig. 24). As maiores densidades<br />
foram registadas, no entanto, na Pedra do Meio e Pedra da Milú, embora este último local<br />
apresente também um erro padrão relativamente maior. Por outro lado, o Jardim das<br />
Gorgónias (JG) e a Pedra das Ancoras (PA) apresentam a densidade média mais baixa (0,7<br />
colónias m -2 ) (Tabela 5, Anexo 2).<br />
llus<br />
lsar<br />
ev<br />
eg<br />
el<br />
pa<br />
40
Altura max. (cm)<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Densidade média (colónias m -2 )<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
3. 2. 4. Estrutura populacional<br />
AN PM BL PA PMe JG BA CR 3M<br />
AN PM BL PA PMe JG BA CR 3M<br />
Local<br />
E. gazella (eg) é uma espécie relativamente mais pequena que as restantes espécies, uma vez<br />
que apresenta valores médios e máximos mais baixos (Fig. 25). E. verrucosa, pelo contrário, é<br />
a espécie com a altura média das colónias mais elevada. Os locais Arcanzil (AN) e Pedra da<br />
Local<br />
Fig. 24. Densidade média ( ) e erro padrão (˫) de gorgónias por local e respectivo<br />
erro padrão. Legenda dos locais: AN – Arcanzil Norte; PM – Pedra da Milú; BL –<br />
Baleeira; PA – Pedra das Âncoras; PMe – Pedra do Meio; JG – Jardim das<br />
Gorgónias; CR – Calhau do Risco; 3M – Três Marias (nAN=2; nPM=3; nBL=3; nPA=4;<br />
nPMe=3; nJG=4; nBA=1; nCR=3; n3M=4).<br />
Mean<br />
Mean±SE<br />
Min-Max<br />
llus lsar ev eg<br />
Espécie<br />
Fig. 25. Valor máximo, mínimo, média e erro padrão da Altura máxima das colónias por local e espécie.<br />
Legenda: Locais: AN – Arcanzil; PM – Pedra da Milú; BL – Baleeira; PA – Pedra das Ancoras; PMe –<br />
Pedra do Meio; JG – Jardim das Gorgónias; BA – Baía da Armação; CR – Calhau do Risco; 3M – Três<br />
Marias. Espécies: llus – Leptogorgia lusitanica; lsar – Leptogorgia sarmentosa; ev – Eunicella verrucosa;<br />
eg – Eunicella gazella.<br />
Média Mean<br />
Média Mean±SE ± Er.Pad.<br />
Min-Max<br />
41
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Milú (PM) apresentam os valores médios de alturas máximas mais elevados, enquanto que os<br />
valores mais baixos correspondem à população da Pedra do Meio (PMe) e da Baleeira (BL).<br />
Percentagem observações (%)<br />
Percentagem observações (%)<br />
Percentagem observações (%)<br />
45<br />
40<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
45<br />
40<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
45<br />
40<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
AN PM BL<br />
Local<br />
PA PMe JG<br />
Local<br />
BA CR 3M<br />
Local<br />
Fig. 26. Estrutura populacional das gorgónias em termos de classes de Altura máxima das<br />
colónias por local. Legenda dos locais: AN – Arcanzil Norte; PM – Pedra da Milú; BL –<br />
Baleeira; PA – Pedra das Âncoras; PMe – Pedra do Meio; JG – Jardim das Gorgónias; CR<br />
– Calhau do Risco; 3M – Três Marias (nAN=33; nPM=64; nBL=109; nPA=83; nPMe=191;<br />
nJG=85; nBA=42; nCR=77; n3M=58).<br />
]0,5]<br />
]5,10]<br />
]10,15]<br />
]15,20]<br />
]20,25]<br />
]25,30]<br />
]30,35]<br />
]35,40]<br />
]40,45]<br />
]45,50]<br />
]50,55]<br />
Classe de Alturas<br />
máx. (cm):<br />
]0,5]<br />
]5,10]<br />
]10,15]<br />
]15,20]<br />
]20,25]<br />
]25,30]<br />
]30,35]<br />
]35,40]<br />
]40,45]<br />
]45,50]<br />
]50,55]<br />
]0,5]<br />
]5,10]<br />
]10,15]<br />
]15,20]<br />
]20,25]<br />
]25,30]<br />
]30,35]<br />
]35,40]<br />
]40,45]<br />
]45,50]<br />
]50,55]<br />
42
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
No Arcanzil, Pedra da Milú e Jardim das Gorgónias não foram registadas a classe 0-5 cm (Fig.<br />
26) Por outro lado, a Baleeira, Pedra do Meio e Calhau do Risco apresentam percentagens de<br />
observação muito elevadas nas classes mais pequenas, nomeadamente nas classes 0-10.<br />
a)<br />
3. 2. 5. Cobertura por epibiontes<br />
a) Caracterização da comunidade epífita<br />
c) d)<br />
e)<br />
Fig. 27. Caracterização da comunidade epífita das gorgónias. Legenda: a) Pentapora foliacea; b) Alga envolvente; c)<br />
Clavelina lepadiformis; d) Alcyonium coralloides; e) exemplo de colónia com PCCE de 100%: é possível observar<br />
uma comunidade epífita muito diversa: Corynactis viridis, Aplidium punctum, além das pequenas algas e briozoário já<br />
referidos.<br />
43
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Percentagem da população (%)<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
Alc.; 20%<br />
Ant.; 3%<br />
A.Env.; 3%<br />
O.; 1%<br />
B.; 8%<br />
AN PM BL PA PMe JG BA CR 3M<br />
Local<br />
Alg; 65%<br />
Foram observados vários tipos de organismos que utilizam as gorgónias como suporte.<br />
Numa única gorgónia podem co-habitar diversos organismos como se pode observar na Fig.<br />
27, alínea e. Os organismos dominantes são as algas pequenas não identificadas (65%),<br />
seguido do alcionário incrustante Alcyonium coralloides. Foram também registados o<br />
antozoário Corynactis viridis, o briozoário Pentapora foliacea, o tunicado Aplidium punctum,<br />
a ascídia Clavelina lepadiformis, e um tipo de “alga envolvente” não identificada que<br />
correspondem aos restantes 15% da comunidade epífita.<br />
b) Percentagem da População Coberta por Epibiontes (PPCE)<br />
Sem epibiontes<br />
Com epibiontes<br />
Fig. 28. Caracterização da comunidade de epibiontes<br />
das gorgónias. Legenda: Alg. – Algas pequenas; Alc. –<br />
Alcionários (Alcyonium coralloides); A.Env. – Algas<br />
envolventes; Ant. – Antozoários (Corynactis viridis); B. –<br />
Briozoários (Pentapora foliacea); O. – Outros (n = 96).<br />
llus lsar ev eg<br />
Espécie<br />
Fig. 29. Percentagem da População Coberta por Epibiontes (PPCE) por local e espécie. Legenda: Locais: AN –<br />
Arcanzil Norte; PM – Pedra da Milú; BL – Baleeira; PA – Pedra das Âncoras; PMe – Pedra do Meio; JG – Jardim<br />
das Gorgónias; CR – Calhau do Risco; 3M – Três Marias. Espécies: llus – Leptogorgia lusitanica; lsar –<br />
Leptogorgia sarmentosa; ev – Eunicella verrucosa; eg – Eunicella gazella (nAN=38; nPM=65; nBL=111; nPA=99;<br />
nPMe=201; nJG=127; nBA=42; nCR=68; n3M=108) (nllus=467; nlsar= 109; nev= 205; neg= 41).<br />
44
PCCE (%)<br />
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
A Percentagem da População Coberta por Epibiontes (PPCE) é bastante diferente quando se<br />
compara as espécies do Género Leptogorgia (llus, lsar) com Eunicella (ev, eg) (Fig. 29). A<br />
população das espécies do Género Leptogorgia apresentam percentagens inferiores a 30%,<br />
enquanto o grupo Eunicella apresenta percentagens próximas de 50% ou superiores. O teste<br />
de Kruskal-Wallis indicou que as diferenças da PPCE observadas no gráfico da Fig. 29 entre as<br />
espécies é estatisticamente significativa (H=72,75; p40%) (Fig. 31).<br />
Leptogorgia sarmentosa é a espécie menos afectada por epibiontes, enquanto que a que<br />
evidencia maiores perturbações é E. gazella.<br />
45
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Frequência relativa (%)<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
0 20-40 >40<br />
Classes de PCCE (%)<br />
Fig. 31. Histograma das classes de Percentagem da Colónia Coberta por Epibiontes<br />
(PCCE) por local. Legenda dos locais: AN – Arcanzil Norte; PM – Pedra da Milú; BL –<br />
Baleeira; PA – Pedra das Âncoras; PMe – Pedra do Meio; JG – Jardim das Gorgónias;<br />
CR – Calhau do Risco; 3M – Três Marias (nAN=38; nPM=65; nBL=111; nPA=99; nPMe=201;<br />
nJG=101; nBA=42; nCR=68; n3M=108).<br />
3. 2. 6. Relações entre espécies e a profundidade, altura máxima e profundidade, e<br />
influência do tipo de exposição da colónia<br />
a) Espécies e Profundidade<br />
Profundidade (m)<br />
26<br />
22<br />
18<br />
14<br />
10<br />
6<br />
2<br />
llus lsar ev eg<br />
Espécie<br />
Média Mean<br />
Média Mean±SE ± Er.Pad.<br />
Min-Max<br />
Fig. 32. Valores máximos, mínimos, média e erro padrão<br />
(Er.Pad.) da Profundidade por espécie. Legenda das espécies:<br />
lsar – Leptogorgia sarmentosa; llus – Leptogorgia lusitanica; ev<br />
– Eunicella verrucosa; eg – Eunicella gazella (nllus=467; nlsar=<br />
109; nev= 205; neg= 41).<br />
AN<br />
PM<br />
BL<br />
PA<br />
PMe<br />
JG<br />
BA<br />
CR<br />
3M<br />
46
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
semelhantes de máximos e mínimos de profundidade: foram encontradas as quatro espécies<br />
de gorgónias entre os 4/5 metros e 24/25 metros de profundidade mínima e máxima,<br />
respectivamente. No entanto, as espécies do género Eunicella (ev; eg) apresentam<br />
profundidades médias maiores, enquanto que as do género Leptogorgia (lsar; llus) ocorrem a<br />
uma profundidade média mais baixa. Dentro do grupo Eunicella salienta-se E. verrucosa com<br />
uma profundidade média maior. No entanto, o teste de Dunn efectuado à posteriori do teste<br />
não paramétrico de Kruskal-Wallis de comparação múltipla (H=28,25; p0,05) a nível da profundidade<br />
relativamente às outras espécies.<br />
L. lusitanica é a predominante a profundidades menores (Fig. 33), enquanto que E. verrucosa<br />
predomina em profundidades maiores (20-26 m). Embora não existam registos na classe 18-20<br />
metros, foram, no entanto, observadas colónias nos mergulhos preliminares, mas dispostas de<br />
uma forma isolada e distantes umas das outras, apresentando densidades muito baixas.<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
Frequência relativa (%) No gráfico da Fig. 32 pode-se observar que as quatro espécies apresentam valores muito<br />
10<br />
0<br />
]4,6] ]6,8] ]8,10] ]10,12] ]12,14] ]14,16] ]16,18] ]18,20] ]20,22] ]22,24] ]24,26]<br />
Classe de Prof undidade (m)<br />
Fig. 33. Frequência relativa de espécies por classe de profundidade. Espécies: llus – Leptogorgia<br />
lusitanica; lsar – Leptogorgia sarmentosa; ev – Eunicella verrucosa; eg – Eunicella gazella.<br />
b) Altura das colónias e Profundidade<br />
Os resultados do teste de correlação não paramétrico de Spearman entre a Altura máxima das<br />
colónias e a Profundidade indicam a existência de uma correlação positiva entre estas duas<br />
variáveis em todas as espécies. Esta correlação é, no entanto, apenas significativa (p
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
c) Percentagem da Colónia Coberta por Epibiontes (PCCE) e tipo de exposição<br />
PCCE (%) PCCE (%)<br />
PCCE (%)<br />
PCCE (%)<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
llus lsar<br />
ev<br />
1 2 3 4<br />
Tipo de exposição<br />
1 2 3 4<br />
Tipo de exposição<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
1 2 3 4<br />
Tipo de exposição<br />
1 2 3 4<br />
Tipo de exposição<br />
Fig. 34. Média (□) e erro padrão (˫) da Percentagem da Colónia Cobertura por Epibiontes (PCCE) por<br />
tipo de exposição da colónia. Legenda: Tipo de exposição: 1 – numa cavidade ou gruta; 2 – entre<br />
rochas de dimensões superiores à altura da colónia; 3 – numa parede com declive acentuado (ângulo<br />
de inclinação superior a 40%); 4 – numa zona plana. Espécies: llus – Leptogorgia lusitanica; lsar –<br />
Leptogorgia sarmentosa; ev – Eunicella verrucosa; eg – Eunicella gazella (nllus=445; nlsar=109; nev=206;<br />
neg=41).<br />
Os gráficos da Fig. 34 indicam que, em geral, existe uma tendência da média da PCCE<br />
aumentar com o aumento da exposição, embora não muito evidente. O teste de correlação não<br />
paramétrico de Spearman não indicou uma correlação significativa (p
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
Factor 2: 26,97%<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
-1<br />
-2<br />
-3<br />
-4<br />
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3<br />
Factor 1 Factor 2<br />
Prof. -0,825 -0,157<br />
Alt. -0,818 0,237<br />
Exp. 0,043 -0,783<br />
PCCE -0,157 -0,620<br />
Factor 1: 34,41%<br />
1,0<br />
0,5<br />
0,0<br />
-0,5<br />
-1,0<br />
Alt<br />
ProfZH<br />
%Epib<br />
Exp<br />
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0<br />
Fig. 35. Análise de Componentes Principais das variáveis: Profundidade (Prof.), Altura<br />
(Alt.), tipo de Exposição (Exp.) e Percentagem da Colónia Coberta por Epibiontes<br />
(PCCE), agrupadas de acordo com a espécie. Legenda de espécies: llus – Leptogorgia<br />
lusitanica; lsar – Leptogorgia sarmentosa; ev – Eunicella verrucosa; eg – Eunicella<br />
gazella; pa – Paramuricea clavata; n/id – não identificados (100% PCCE) (nllus=445;<br />
nlsar=109; nev=206; neg=41).<br />
No gráfico da Fig. 35 podemos observar que a nuvem de pontos relativos a L. lusitanica e L.<br />
sarmentosa se aglomeram na zona do gráfico correspondente a zonas menos expostas, com<br />
menor PCCE e também menos profundas. E. verrucosa apresenta uma distribuição mais<br />
homogénea relativamente à profundidade. Nas zonas mais profundas, existem<br />
maioritariamente os pontos de E. verrucosa e alguns de L. lusitanica. Os pontos identificados<br />
como “n/id” encontram-se na zona correspondente à maior exposição. Estes pontos são todas<br />
as colónias com 100% de cobertura por epibiontes, que não permitiram a identificação no<br />
campo.<br />
llus<br />
lsar<br />
ev<br />
eg<br />
pa<br />
n/id<br />
49
Sandra C. M. Rodrigues 3. Resultados<br />
3. 3. Eficácia da AMP para a protecção das gorgónias<br />
O teste não paramétrico de Kruskal-Wallis de comparação múltipla da variável PCCE e Altura<br />
máxima da colónia indica que existem diferenças significativas entre zonas com diferentes<br />
níveis de protecção (H=83,64; p
Sandra C. M. Rodrigues 4. Discussão<br />
4. Discussão<br />
4. 1. Caracterização do turismo subaquático<br />
Sesimbra é considerada por muitos como a capital do mergulho de Portugal continental.<br />
Estimou-se que o PMLS recebe cerca de 11 200 mergulhadores ano -1 , o que sustenta, em<br />
parte, esta afirmação. Na reserva marinha de Cabo de Palos-Islas Hormigas (Costa Espanhola<br />
Mediterrânica), antes de 2002, mergulhavam por ano cerca de 16 000 mergulhadores, numa<br />
área de cerca de 11 087 m 2 (Lloret et al., 2006), apenas mais 30% que no PMLS. A<br />
sazonalidade verificada é típica deste tipo de actividade no sentido de que apresenta uma<br />
maior actividade durante os meses de verão. Também na reserva de Cabo de Palos, ocorre<br />
uma maior intensidade nos meses de Verão. No entanto, as maiores intensidade registam-se<br />
de Junho a Setembro (Lloret et al., 2006), enquanto que no PMLS, a época alta é de Julho a<br />
Novembro.<br />
O PMLS apresenta um grande número de locais de mergulho (pelo menos 32 locais dentro do<br />
Parque) que se distribuem ao longo de todo a sua área. O leque de locais de cada centro de<br />
mergulho (Fig. 43, Anexo 2) é, em geral, ligeiramente diferente entre centros o que resulta na<br />
dispersão dos mergulhadores, reduzindo as percentagens de mergulhadores por local. Os<br />
locais com as maiores percentagens de mergulhadores são aqueles que são “partilhados” por<br />
um grande número de entidades em resultado da sobreposição dos seus leques de locais de<br />
actuação. Valores elevados dos factores “atractividade única”, “resguardado” e “proximidade”<br />
ao local de saída dos operadores de mergulho são características que tornam um local num<br />
dos mais procurados. Assim, entre os locais com maior percentagem de mergulhadores está o<br />
River Gurara (atractividade única: mergulho em naufrágio), a Baleeira (resguardado: encontrase<br />
numa baía), o Jardim das Gorgónias e a Baía de Armação (partilham factores elevados de<br />
proximidade e resguardado). No caso particular do Jardim das Gorgónias, embora este não se<br />
encontre resguardado fisicamente pela baía, os operadores têm a possibilidade de se<br />
abrigarem nesta após terem deixado os mergulhadores no local. Por outro lado, do ponto de<br />
vista dos mergulhadores, este local atinge uma profundidade razoável (máx. 20 m) de modo a<br />
proporcionar aos mergulhadores condições relativamente calmas mesmo em dias de mar mais<br />
agitado.<br />
O Jardim das Gorgónias e a Baía de Armação além de estarem entre os locais mais<br />
frequentados são também os que atingiram uma carga diária de mergulhadores mais elevada<br />
(atingindo nalguns dias uma carga diária de 40 mergulhadores), o que está, mais uma vez,<br />
relacionado o facto de partilharem valores elevados em duas condições importantes (resguardo<br />
e proximidade). Esta carga diária anormal de mergulhadores foi registada apenas em 2 dias, o<br />
que poderá coincidir com dias em que as condições do mar não são as mais favoráveis à<br />
prática do mergulho. Estes locais são mais uma vez os procurados pelos centros, porque são<br />
51
Sandra C. M. Rodrigues 4. Discussão<br />
os únicos que implicam uma viagem mais curta (e por isso, mais tolerável) e em que as<br />
características abrigadas (no caso da Baía da Armação) e a profundidade (no caso do Jardim<br />
das Gorgónias) proporcionam um mergulho confortável.<br />
4. 2. Caracterização das populações<br />
4. 2. 1. Espécies<br />
Foram identificadas 6 espécies de gorgónias no PMLS. Em termos de diversidade específica, o<br />
número de espécies encontradas é o mesmo que para a costa do Golfo de Biscaia (ver Altuna<br />
Prados, 1991) e em certas zonas do Mediterrâneo, mais concretamente ao longa da costa da<br />
Catalunha (Gili et al., 1989). É, no entanto, ligeiramente superior que a diversidade específica<br />
encontrada em Málaga (Altuna Prados, 1992). As espécies encontradas na área de estudo<br />
estão na maioria documentadas em bibliografia. No entanto as espécies “novas” são espécies<br />
que existem nas zonas envolventes e que mais uma vez, seguiram o padrão de influência de<br />
águas Africanas e Mediterrânicas. A presença do canhão submarino de Setúbal perto da região<br />
de estudo poderá ser um factor contribuinte para esta influência, uma vez que as<br />
características termohalinas da água na região do canhão indicam a presença de águas<br />
Mediterrânicas. Eunicella verrucosa, Eunicella gazella, Leptogorgia lusitanica e Leptogorgia<br />
sarmentosa são espécies cuja distribuição já está documentada na nossa costa (Stiasny,<br />
1937b; Grasshoff, 1992; Campbell, 1994; Saldanha, 1995). No caso particular de E. gazella,<br />
apesar de exemplares recolhidos em Peniche, Sesimbra, Sagres e Tavira; alguns por<br />
investigadores portugueses (ver Grasshoff, 1992), a sua documentação não consta na<br />
literatura portuguesa.<br />
Relativamente a L. lusitanica, existe uma particularidade que deve ser aqui discutida: esta<br />
designação é considerada como sinónimo de L. sarmentosa, embora neste estudo tenha sido<br />
considerada como uma espécie distinta, segundo consideram Grasshoff (1988) e Altuna<br />
Prados (1992). De acordo com Grasshoff (1988), as espécies Leptogorgia são, possivelmente,<br />
as únicas cuja coloração adquire um papel importante na taxonomia. Uma vez que não foram<br />
encontrados estudos genéticos que confirmem que as duas designações se referem na<br />
realidade à mesma espécie, optou-se por seguir Grasshoff (1988) e considerar espécies<br />
distintas.<br />
No caso da ocorrência de E. labiata e P. clavata esta poderá corresponder ao primeiro registo<br />
destas espécies para águas Portuguesas, alterando os limites setentrionais de distribuição. E.<br />
labiata é uma espécie bem conhecida nas costas ocidentais Africanas (Altuna Prados, 1992) e<br />
que foi descrita pela primeira vez em 1927 por Thomson. Esteve ausente da literatura sobre o<br />
grupo durante mais de 50 anos, após os trabalhos de Stiasny (1937a; 1938), até 1992 com a<br />
publicação do trabalho de revisão de Grasshoff sobre as gorgónias litorais da Europa e África<br />
(Altuna Prados, 1992). Em 1992 foi registada, pela primeira vez, a sua presença fora das<br />
52
Sandra C. M. Rodrigues 4. Discussão<br />
costas Africanas, chegando às Europeias, mais concretamente a Málaga (Altuna Prados,<br />
1992). A identificação desta espécie na zona de estudo coloca a distribuição desta espécie em<br />
latitudes superiores às conhecidas.<br />
Por sua vez, Paramuricea clavata é uma espécie típica do Mediterrâneo (Coma et al., 1995) e<br />
até considerada endémica por alguns autores (Altuna Prados, 1992; Oceana, 2006; Oceana,<br />
2007) ou estritamente Mediterrânica (Mistri & Ceccherelli, 1994). Deste modo, a sua<br />
identificação na área de estudo poderá ser alvo de alguma contestação, uma vez que segundo<br />
Carpine & Grasshoff (1975) e Grasshoff (1977), referências a esta espécie fora do<br />
Mediterrâneo, correspondem a outras espécies. Adicionalmente, Altuna Prados (1991) ao<br />
identificar a presença de Paramuricea grayi na costa Basca considerou que veio apoiar a<br />
hipótese de associar estas referências duvidosas como sendo P. grayi. Numa primeira análise<br />
à distribuição desta espécie, muito característica do golfo Ibero-Marroquino e da costa<br />
ocidental de África (Altuna Prados, 1991), a presença desta espécie na zona de estudo é muito<br />
provável, uma vez que existem dados da sua presença na costa sul de Portugal (Marques,<br />
1987) sendo o limite superior de distribuição até agora conhecido, na costa Basca (Altuna<br />
Prados, 1991). No entanto, Altuna Prados, após observação das fotografias enviadas das<br />
espículas e da colónia, considerou improvável tratar-se da P. grayi, embora não tenha<br />
confirmado com certeza que fosse P. clavata. No entanto, a recente identificação desta espécie<br />
nos montes submarinos do Gorringe (Oceana, 2006) apoia de certa forma a possibilidade de<br />
esta espécie ser realmente P. clavata. Adicionalmente, segundo o relatório da mesma<br />
Organização Não Governamental, Oceana (2007), é mencionado que esta espécie poderá<br />
também existir nas Berlengas, embora não tenha sido identificado nenhum registo de<br />
amostragem efectuada ou referência. Embora não tenha sido encontrado nenhum registo em<br />
bibliografia científica, esta espécie consta do guia fotográfico de espécies de animais marinhos<br />
das Berlengas, uma obra recentemente publicada (Rodrigues et al., 2008). Os biólogos<br />
responsáveis pela identificação da espécie foram contactados, no sentido de determinar como<br />
foi efectuada a identificação, tendo sido informado que foi nomeadamente através da<br />
comparação fotográfica com guias fotográficos do Mediterrâneo (Nuno Rodrigues, com. pess.),<br />
continuando sem existir nenhuma confirmação científica da verdadeira identidade desta<br />
espécie na nossa costa.<br />
4. 2. 2. Distribuição<br />
Alguns autores sugerem a existência de um zonamento batimétrico das espécies, no sentido E.<br />
verrucosa - L. lusitanica - E. gazella (Aguirrezabalaga et al., 1987). No entanto, na área de<br />
estudo, as espécies dos grupos Eunicella e Leptogorgia ocorrem em todos os pontos de<br />
amostragem e coexistem às mesmas profundidades (sensivelmente, entre os 4 e 24 metros).<br />
Uma particularidade relativamente à profundidade mínima em que foram encontradas<br />
gorgónias é que foram registadas profundidades mínimas em geral muito baixas. É o caso<br />
53
Sandra C. M. Rodrigues 4. Discussão<br />
particular de L. sarmentosa, que foi registada a 4,2 metros de profundidade mínima mas cujos<br />
valores mais baixos encontrados em bibliografia são de 10 metros de profundidade no<br />
Mediterrâneo (ver Ribes et al., 2003). No caso das restantes espécies, os registos<br />
bibliográficos são de 6 metros para E. verrucosa no SW de Inglaterra (ver Hall-Spencer et al.,<br />
2007), 5 metros para E. labiata na costa de Málaga (ver Grasshoff, 1992), enquanto que a<br />
profundidade mínima registada na área de estudo foi de 4,2 m para E. gazella e de 4,6 m para<br />
as restantes espécies, com excepção de P. clavata. Estes valores poderão ser explicados face<br />
ao tipo de habitat em que estas colónias foram encontradas: a zona em que foram registados<br />
estes valores correspondem aos pontos de amostragem mais a Este da área de amostragem,<br />
onde o fundo é caracterizado pela presença de pedregulhos soltos que fornecem uma grande<br />
complexidade ao habitat por meio de buracos de diversos tamanhos que se criam entre as<br />
pedras. Outros factores que igualmente poderão contribuir para a existência de espécies a<br />
cotas tão baixas poderá estar relacionado com as características usualmente calmas da zona<br />
de estudo e ao carácter turvo das nossas águas que as protegem de radiações solares<br />
excessivas.<br />
Em termos de frequência relativa de espécies, verificou-se diferenças entre os diversos locais<br />
amostrados, sugerindo a existência de um zonamento geográfico. Este zonamento poderá<br />
estar relacionado com o tipo de habitat característico de cada zona do PMLS. L. sarmentosa,<br />
por exemplo, é uma espécie típica do circalitoral mediterrânico, normalmente encontrada em<br />
zonas de pedregulhos sobre fundos arenosos (Vafidis, 2008), daí ser mais abundante na zona<br />
Este do PMLS, onde ocorre o habitat descrito. Por outro lado, P. clavata é uma espécie de<br />
zonas rochosas e ciáfila (Gili et al., 1989; Mistri & Ceccherelli, 1994), sendo conhecida por<br />
caracterizar a comunidade bentónica de zonas mais fundas do Mediterrâneo Noroeste (Cocito<br />
et al., 2002) e preferir baixas radiações e correntes intensas (Riedl, 1966; Weinberg, 1978).<br />
Estes factos podem ajudar a explicar a distribuição desta espécie limitada aos pontos de<br />
amostragem da zona do Cabo Espichel. O Arcanzil e Pedra da Milú são caracterizados por um<br />
fundo rochoso e onde as radiações solares são limitadas por filtração na coluna de água devido<br />
à profundidade a que se encontram (cerca de 25 m).<br />
4. 2. 3. Densidades<br />
As densidades registadas no PMLS são semelhantes a valores registados no Mediterrâneo<br />
para a L. sarmentosa (Rossi et al., 2004). No entanto, em certas zonas, a densidade de<br />
gorgónias, nomeadamente, P. clavata, é de 19,4 (± 9,20 desvio padrão) no Sul de Itália,<br />
podendo atingir mais de 55 colónias m -2 (Weinberg, 1979). No entanto, estes valores de<br />
densidade poderão estar subavaliados, uma vez que o método de amostragem utilizado não foi<br />
o mais adequado para este tipo de análise. Segundo Rossi et al. (2004) o método mais<br />
adequado é o dos quadrats, no entanto, o método dos transecto já foi também utilizado por<br />
Lasker & Coffroth (1983).<br />
54
Sandra C. M. Rodrigues 4. Discussão<br />
4. 2. 4. Estrutura populacional<br />
A estrutura populacional é importante no sentido que permite determinar a compatibilidade e<br />
estabilidade de determinado habitat (Weinbauer & Velimirov, 1996). Segundo este autores,<br />
locais compatíveis, ou seja, locais apropriados para as gorgónias são caracterizado por uma<br />
grande abundância de colónias jovens. Neste sentido, as locais mais favoráveis ao<br />
recrutamento são o Calhau do Risco (situado na Reserva Total) e Pedra do Meio, uma vez que<br />
apresentam grande quantidade de recrutas (classe dos 0-5 cm). Por outro lado, um ambiente<br />
estável, é caracterizado pela variabilidade entre as classes populacionais. A estrutura<br />
populacional da Pedra do Meio apresenta-se muito regular sugerindo a presença de um<br />
ambiente estável, com um recrutamento constante ao longo do tempo. Na realidade, este local<br />
encontra-se localizado no corredor de saída de embarcações do Porto de Sesimbra, pelo que<br />
não é afectado pela pesca. A Pedra do Meio é também um local com baixa frequência de<br />
mergulhadores. Factores que tornam este local, um ambiente estável para o crescimento da<br />
comunidade de gorgónias. Por outro lado, o Jardim das Gorgónias, Pedra do Meio e Arcanzil<br />
não demonstraram recrutamento e apresentam discrepâncias acentuadas entre classes,<br />
revelando um ambiente pouco estável e apropriado.<br />
4. 2. 5. Cobertura por epibiontes<br />
A cobertura por epibiontes foi estudada na costa Sudoeste da Inglaterra, no entanto, as causas<br />
foram associadas à elevação da temperatura da água que faz aumentar a susceptibilidade de<br />
um agente se tornar patogénico. No entanto, segundo Hall-Spencer et al. (2007), as espécies<br />
ficam mais vulneráveis a agentes patogénicos e ao ataque de organismos epibiontes quando<br />
sujeitas a factores de stress. Embora seja difícil determinar as causas da perturbação nestes<br />
organismos (pesca, mergulho, etc), os dados revelam uma população perturbada em locais<br />
com frequência elevada de mergulhadores. No estudo referido anteriormente, 60% da<br />
população revela mais que 10% de cobertura das suas colónias. O Jardim das Gorgónias<br />
apresenta igualmente, cerca de 60% da população com epibiontes, mas cada colónia<br />
apresenta, em média, 40 % de cobertura.<br />
4. 2. 6. Relações entre espécies e a profundidade, altura máxima e profundidade, e<br />
influência do tipo de exposição da colónia<br />
Eunicella verrucosa revelou maior influência com a profundidade. Nas outras espécies, não é<br />
tão notória esta influência, especialmente nas espécies do Género Leptogorgia. Estes<br />
resultados poderão ter a ver com a própria estrutura da gorgónia, uma vez que E. verrucosa é<br />
mais rígida, não sendo capaz de suportar o elevado hidrodinamismo típico das zonas mais<br />
superficiais. Em contraste, as espécies do Género Leptogorgia apresentam uma estrutura com<br />
maior flexibilidade, sendo mais tolerante face ao aumento do hidrodinamismo.<br />
55
Sandra C. M. Rodrigues 4. Discussão<br />
E. gazella é uma espécie de tamanho reduzido, comparativamente com as outras espécies<br />
encontradas. O facto de esta espécie não apresentar uma correlação da altura das colónias<br />
com a profundidade, pode ser explicado por esta condição, uma vez que o seu reduzido<br />
tamanho e ramificação pouco intensa diminuem o atrito relativamente ao fluxo da corrente.<br />
4. 3. Eficácia da AMP para a protecção das gorgónias<br />
Os dados obtidos, não demonstraram resultados muito concretos relativamente à eficácia da<br />
AMP para a protecção das gorgónias. No entanto, os resultados revelam a existência de uma<br />
zona muito perturbada (PP2) com diferenças significativas relativamente às restantes zonas de<br />
protecção a nível da PCCE.<br />
Considerações finais<br />
Embora o espaço temporal entre a entrada em vigor das medidas do POPNA e a<br />
caracterização efectuada neste trabalho não tenha, provavelmente, sido suficiente para revelar<br />
a eficácia da AMP para a conservação das gorgónias, os dados obtidos constituem uma<br />
importante abordagem à comunidade de gorgónias do PMLS e referência base do estado<br />
ecológico da população. Os dados revelam, no entanto, a existência de locais com populações<br />
de gorgónias bastante perturbadas, alertando para a necessidade de colocação de bóias de<br />
amarração dos operadores de mergulho nos locais com maior frequência de mergulhadores no<br />
sentido de diminuir o impacto desta actividade sobre estes organismos. O Jardim das<br />
Gorgónias é o local, cujos dados revelam maior perturbação a nível da população de<br />
gorgónias, devendo ser um aspecto a consideração na próxima revisão do POPNA.<br />
Além da necessidade da continuação deste estudo, como forma de determinar flutuações nas<br />
populações de gorgónias, seria também importante fornecer aos gestores do PMLS dados<br />
sobre o impacto da pesca e do mergulho nestes organismos, em que se poderiam aproveitar a<br />
oportunidade da colocação de bóias de amarração para operadores de mergulho para efectuar<br />
um estudo apoiado num modelo Before-After/Control-Impact (BACI).<br />
Quantificar a importância das gorgónias é ainda uma lacuna na literatura científica e por isso,<br />
estudos no sentido de melhor compreender qual a contribuição das gorgónias para o aumento<br />
da biodiversidade bentónica do Parque revestem-se também de grande revelância.<br />
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64
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
Anexos<br />
Anexo 1. Descrição dos locais de amostragem<br />
1. Arcanzil<br />
a)<br />
Fig. 36. a) Localização no PMLS da estação<br />
de amostragem “Arcanzil Fora”. As linhas<br />
delimitam a área do parque e respectivo<br />
zonamento (limites editados de acordo com<br />
o definido no Decreto Regulamentar n.º<br />
11/2003; imagem editada e retirada de<br />
©2008 Google Earth); b) Fotografia<br />
subaquática do biótopo do “Arcanzil Fora”.<br />
Localização:<br />
Latitude: 38° 24' 21.20" N<br />
Longitude: 009° 11' 42.03" W<br />
Regime de protecção:<br />
Protecção Parcial<br />
Distância ao local mais próximo de saída das embarcações (Porto de Sesimbra):<br />
5,1 milhas marítimas<br />
Profundidade: 18 - 32 metros<br />
b)<br />
Descrição do local: O local é caracterizado por uma zona rochosa de grandes<br />
dimensões que aflora à superfície: Pedra do Arcanzil. O fundo é totalmente rochoso e<br />
com relevo bastante complexo, como se pode observar na Fig. 36. b).<br />
Segurança: Este local permite dois tipos de mergulhos: iniciados, local mais perto da<br />
costa e da pedra do Arcanzil e com profundidade de 18 metros e um outro mais<br />
afastado de costa (26 aos 32 metros) ficando exposto a fortes correntes, aconselhada<br />
apenas para mergulhadores mais experientes.<br />
A1
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
2. Pedra da Milú<br />
Fig. 37. Localização no PMLS da estação de amostragem “Pedra da Milú”. As linhas delimitam a área do<br />
parque e respectivo zonamento (limites editados de acordo com o definido no Decreto Regulamentar n.º<br />
11/2003; imagem editada e retirada de ©2008 Google Earth).<br />
Localização:<br />
Latitude: 38° 24' 23.69" N<br />
Longitude: 009° 11' 30.91" W<br />
Regime de protecção:<br />
Protecção Parcial<br />
Distância ao local mais próximo de saída das embarcações (Porto de Sesimbra):<br />
5,0 milhas marítimas<br />
Profundidade: 26 - 30 metros<br />
Descrição do local: No fundo encontramos uma laje de pedra de grandes dimensões<br />
com baixo-relevo e complexidade.<br />
Segurança: Trata-se de um local de mergulho pouco frequentado já que apenas um<br />
centro de mergulho possui as suas coordenadas geográficas. O mergulho neste local<br />
exige bastante do mergulhador já que para além de ser um mergulho profundo é<br />
também uma zona bastante exposta as correntes.<br />
A2
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
3. Baleeira<br />
a)<br />
Fig. 38. a) Localização no PMLS da zona da<br />
estação de amostragem “Baleeira”. As linhas<br />
delimitam a área do parque e respectivo<br />
zonamento (limites editados de acordo com<br />
o definido no Decreto Regulamentar n.º<br />
11/2003; imagem editada e retirada de<br />
©2008 Google Earth); b) Aproximação à<br />
zona da estação de amostragem onde se<br />
pode observar os contornos da zona<br />
rochosa: o ponto vermelho indica a sua<br />
localização.<br />
Localização:<br />
Latitude: 38° 24' 49.07" N<br />
Longitude: 009° 11' 15.60" W<br />
Regime de protecção:<br />
Protecção Parcial<br />
Distância ao local mais próximo de saída de embarcações (Porto de Sesimbra):<br />
4,7 milhas marítimas<br />
Profundidade: 11 - 14 metros<br />
b)<br />
Descrição do local: O fundo é constituído por uma zona rochosa e relativamente plana<br />
e sem grande complexidade que à medida que afunda começa a assorear até<br />
desaparecer por completo por volta dos 13 metros.<br />
Segurança: Mergulho de grau de dificuldade baixo e acessível a todos os níveis de<br />
mergulho.<br />
A3
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
4. Pedra das Âncoras<br />
a)<br />
Fig. 39. a) Localização no PMLS da zona da<br />
estação de amostragem “Pedra das<br />
Ancoras”. As linhas delimitam a área do<br />
parque e respectivo zonamento (limites<br />
editados de acordo com o definido no<br />
Decreto Regulamentar n.º 11/2003; imagem<br />
editada e retirada de ©2008 Google<br />
Earth); b) Aproximação à zona da estação<br />
de amostragem onde se pode observar os<br />
contornos da zona rochosa: o ponto<br />
vermelho indica a sua localização.<br />
Localização:<br />
Latitude: 38° 25' 1.26" N<br />
Longitude: 009° 10' 53.44" W<br />
Regime de protecção:<br />
Protecção Parcial<br />
Distância ao local mais próximo de saída das embarcações (Porto de Sesimbra):<br />
4,3 milhas marítimas<br />
Profundidade: 11 - 14 metros<br />
b)<br />
Descrição do local: O fundo é constituído por vários afloramentos rochosos que<br />
formam bandas que se dispõem paralelamente em relação à costa (Fig. 39. b). Uma<br />
particularidade deste local é a existência de um conjunto de três âncoras orientadas a<br />
Sul.<br />
Segurança: Este mergulho é acessível a todo o tipo de mergulhadores, não exigindo<br />
quaisquer cuidados especiais.<br />
A4
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
5. Pedra do Meio<br />
a)<br />
Fig. 40. a) Localização no PMLS da zona da<br />
estação de amostragem “Pedra do Meio”. As<br />
linhas delimitam a área do parque e<br />
respectivo zonamento (limites editados de<br />
acordo com o definido no Decreto<br />
Regulamentar n.º 11/2003; imagem editada<br />
e retirada de ©2008 Google Earth); b)<br />
Aproximação à zona da estação de<br />
amostragem, onde o ponto vermelho indica a<br />
sua localização. Estão também indicados a<br />
azul a localização dos emissários da ETAR<br />
de Sesimbra (de acordo com dados obtidos<br />
através da SIMARSUL; www.simarsul.pt).<br />
Localização:<br />
Latitude: 38° 26' 17.53" N<br />
Longitude: 009° 06' 04.03" W<br />
Regime de protecção:<br />
Protecção Complementar<br />
Distância ao local mais próximo de saída das embarcações (Porto de Sesimbra):<br />
0,7 milhas marítimas<br />
Profundidade: 11 - 14 metros<br />
b)<br />
Descrição do local: O fundo é constituído por duas lajes rochosas e planas, sem<br />
complexidade estrutural que cobre uma área de certa de 100 metros de comprimento<br />
por 60 metros de largura. No meio das duas lajes segue o emissário ligado à ETAR se<br />
Sesimbra (Fig. 40).<br />
Segurança: Este mergulho é um mergulho de grau de dificuldade baixo e acessível a<br />
todos os níveis de mergulho.<br />
A5
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
6. Jardim das Gorgónias<br />
Localização:<br />
Latitude: 38° 26' 04.95" N<br />
Longitude: 009° 03' 47.16" W<br />
Regime de protecção: Protecção Parcial<br />
Distância ao local mais próximo de saída das embarcações (Porto de Sesimbra):<br />
2,5 milhas marítimas<br />
Profundidade: 6 - 20 metros<br />
Descrição do local: O fundo é caracterizado por um filão de rocha que aflora da areia e<br />
se prolonga até aos vinte metros. O relevo do filão aumenta com a profundidade<br />
alcançando cerca de quatro metros de altura entre os 15 e os 16 metros.<br />
Segurança: Este local de mergulho destina-se a mergulhadores avançados, já que o<br />
fundo apresenta uma elevada densidade de gorgónias exigindo que os mergulhadores<br />
dominem bem as técnicas básicas de flutuabilidade. Para além disso este local<br />
encontra-se um pouco desprotegido na zona mais afastada da costa o que o deixa o<br />
mergulhador exposto às fortes correntes geradas pelas mudanças de maré.<br />
A6
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
7. Baia da Armação<br />
a)<br />
Fig. 41. a) Localização no PMLS da zona da<br />
estação de amostragem “Baía da Armação”.<br />
As linhas delimitam a área do parque e<br />
respectivo zonamento (limites editados de<br />
acordo com o definido no Decreto<br />
Regulamentar n.º 11/2003; imagem editada<br />
e retirada de ©2008 Google Earth); b)<br />
Aproximação à zona da estação de<br />
amostragem onde se pode observar os<br />
contornos da zona rochosa: o ponto<br />
vermelho indica a sua localização.<br />
Localização:<br />
Latitude: 38° 26' 22.14" N<br />
Longitude: 009° 03' 41.49" W<br />
Regime de protecção:<br />
Protecção Parcial<br />
Distância ao local mais próximo de saída das embarcações (Porto de Sesimbra):<br />
2,7 milhas marítimas<br />
Profundidade: 4 - 11 metros<br />
b)<br />
Descrição do local: O fundo é constituído por um conjunto de blocos de dimensões<br />
consideráveis, amontoados aleatoriamente. O facto do local de mergulho se localizar ao<br />
longo da costa no interior da baía, confere a este local um carácter mais calmo e sereno<br />
para mergulhadores pouco experientes ou em dias de condições menos favoráveis para<br />
a prática de mergulho. Assim, trata-se de um local muito acessível a todos os tipos de<br />
mergulhadores e de grande beleza já que os blocos formam pequenos e grandes<br />
buracos que albergam uma diversidade grande de espécies.<br />
A7
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
8. Calhau do Risco<br />
a)<br />
Fig. 42. a) Localização no PMLS da zona da<br />
estação de amostragem “Calhau do Risco”.<br />
As linhas delimitam a área do parque e<br />
respectivo zonamento (limites editados de<br />
acordo com o definido no Decreto<br />
Regulamentar n.º 11/2003; imagem editada<br />
e retirada de ©2008 Google Earth); b)<br />
Aproximação à zona da estação de<br />
amostragem onde se pode observar os<br />
contornos da zona rochosa: o ponto<br />
vermelho indica a sua localização.<br />
Localização:<br />
Latitude: 38° 27' 03.61" N<br />
Longitude: 009° 01' 07.24" W<br />
Regime de protecção:<br />
Protecção Total<br />
Distância ao local mais próximo de saída das embarcações (Portinho da<br />
Arrábida): 2,4 milhas marítimas<br />
Profundidade: 9 - 12 metros<br />
b)<br />
Descrição do local: No fundo encontramos blocos soltos que formam diferentes tipos<br />
de buracos de várias dimensões, que proporcionam o aparecimento de uma diversidade<br />
de fauna subaquática bastante elevada. O ponto de maior interesse é um bloco de<br />
grandes dimensões que vem desde a superfície até aos 9 metros de profundidade e<br />
que forma um túnel de tamanho reduzido na sua base<br />
A8
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
9. Três Marias<br />
Localização:<br />
Latitude: 38° 27' 26.65" N<br />
Longitude: 009° 00' 07.61" W<br />
Regime de protecção:<br />
Protecção Total<br />
Distância ao local mais próximo de saída das embarcações (Portinho da<br />
Arrábida): 1,4 milhas marítimas<br />
Profundidade: 11 - 14 metros<br />
Descrição do local: O fundo é constituído por areia e blocos de rocha que se<br />
amontoam junto à costa e que vão diminuindo as suas dimensões à medida que<br />
avançamos para maiores profundidades. A partir dos 13 metros o fundo rochoso<br />
termina, tornando-se predominantemente areia.<br />
A9
Factor 2: 28,96%<br />
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
-1<br />
-2<br />
Anexo 2. Tabelas e gráficos acessórios<br />
Operador<br />
Lg<br />
BiC<br />
GB<br />
RPp<br />
RPr<br />
PC<br />
Sg<br />
Ms<br />
PP<br />
AF<br />
PM<br />
BL<br />
PA<br />
M3Mi<br />
PI<br />
PMj<br />
BT<br />
BP<br />
RC<br />
Bat<br />
PG<br />
PMe<br />
Pen<br />
PL<br />
JG<br />
BA<br />
PtSP<br />
BAg<br />
Ped<br />
3M<br />
8*<br />
7*<br />
6*<br />
5*<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
2<br />
Lg<br />
BiC<br />
GB<br />
RPp<br />
RPr<br />
PC<br />
Sg<br />
Ms<br />
PP<br />
AF<br />
PM<br />
BL<br />
PA<br />
M3Mi<br />
PI<br />
PMj<br />
BT<br />
BP<br />
RC<br />
Bat<br />
PG<br />
PMe<br />
Pen<br />
PL<br />
JG<br />
BA<br />
PtSP<br />
BAg<br />
Ped<br />
3M<br />
Local<br />
Fig. 43. Leque de locais explorados no Parque Marinho Luiz Saldanha, por cada operador<br />
de mergulho (operadores marcados com * indicam que os dados foram obtidos através de<br />
inquéritos realizados). Os locais encontram-se apresentados segundo a orientação Oeste-<br />
Este. Legenda: Lg – Lagosteiros; BiC – Bico do Cabo / Ponta do Cabo; GB – Gruta da Bifa;<br />
RPp – River Gurara (Popa); RPr – River Gurara (Proa); PC – Paredes do Cabo; Sg –<br />
Segredos; Ms – Mesas; PP – Ponta da Passagem; AF – Arcanzil Fora; PM - Pedra da Milú;<br />
BL – Baleeira; PA – Pedra das Ancoras; M3Mi – Marca das 3 Milhas; PI – Pedra do Inferno;<br />
PMj – Pedra da Mijona; BT – Boca do Tamboril/Gruta do Tamboril; BP – Baía dos Porcos;<br />
RC – Ribeira do Cavalo; Bat – Batelão; PG – Pés de Galo; PMe – Pedra do Meio; Pen –<br />
Penedos; PL – Pedra do Leão; JG – Jardim das Gorgónias; BA – Baía da Armação; PtSP –<br />
Ponta de São Pedro; BAg – Bico do Agulhão; Ped – Pedrinhas; 3M – Três Irmãs.<br />
1<br />
4<br />
1<br />
4<br />
24<br />
1<br />
1<br />
13<br />
1<br />
1<br />
2<br />
2<br />
2 21<br />
12<br />
123<br />
2<br />
-3<br />
-1,0<br />
-3 -2 -1 0 1 2 3 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0<br />
Factor 1: 39,37%<br />
Fig. 44. Análise multivariada da frequência de mergulhadores com as variáveis que caracterizam cada local: resguardo<br />
(resg), proximidade ao local de saída dos operadores (prox), interesse do fundo (inter) e atractividade única (atrac).<br />
Legenda da frequência relativa de mergulhadores: 1) 10%.<br />
3<br />
2<br />
1,0<br />
0,5<br />
0,0<br />
-0,5<br />
resg<br />
prox<br />
atrac<br />
inter<br />
A10
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
Tabela 3. Temperatura média mensal da água<br />
registada nos dias e locais de amostragem. Legenda:<br />
T.med – Temperatura média da água (ºC); Desv.Pad.<br />
– desvio padrão; N – tamanho da amostra.<br />
Mês T.med Desv.Pad. N<br />
Abril 13,9 0,2 2<br />
Maio 14,2 0,7 2<br />
Junho 14,0 0,0 1<br />
Julho 14,2 1,4 2<br />
Agosto 15,4 0,4 4<br />
Setembro 17,0 1,4 3<br />
Outubro 17,0 0,9 8<br />
Novembro 17,0 0,4 7<br />
Tabela 4. Número de mergulhadores (Nº Merg) nos locais de<br />
mergulho do PMLS e percentagem correspondente (%).<br />
N. Local Sigla Nº Merg %<br />
1 Arcanzil Fora AF 40 1,2<br />
2 Baía de Armação BA 438 13,6<br />
3 Baía dos Porcos BP 28 0,9<br />
4 Baixas do Cabo BC 18 0,6<br />
5 Baleeira BL 364 11,3<br />
6 Batelão Bat 12 0,4<br />
7 Bico do Agulhão BAg 69 2,1<br />
8 Bico do Cabo/Ponta do Cabo BiC 12 0,4<br />
9 Boca do Tamboril BT 20 0,6<br />
10 Gruta da Bifa GB 10 0,3<br />
11 Jardim das Gorgónias JG 508 15,7<br />
12 Lagosteiros Lg 59 1,8<br />
13 Marca das 3 Milhas M3Mi 11 0,3<br />
14 Meia Velha MV 12 0,4<br />
15 Mesas Ms 33 1,0<br />
16 Paredes do Cabo PC 206 6,4<br />
17 Pedra da Mijona PMj 8 0,2<br />
18 Pedra da Milú PM 68 2,1<br />
19 Pedra das Ancoras PA 86 2,7<br />
20 Pedra do Inferno PI 9 0,3<br />
21 Pedra do Leão PL 305 9,4<br />
22 Pedra do Meio PMe 97 3,0<br />
23 Pedrinhas Ped 23 0,7<br />
24 Penedos Pen 28 0,9<br />
25 Pés de Galo PG 58 1,8<br />
26 Ponta da Passagem PP 72 2,2<br />
27 Ponta de S.Pedro PtSP 20 0,6<br />
28 Ribeira do Cavalo RC 22 0,7<br />
29 River Gurara - Popa RPp 199 6,2<br />
30 River Gurara - Proa RPr 264 8,2<br />
31 Segredos Sg 22 0,7<br />
32 Três Marias/Três Irmãs 3M 107 3,3<br />
não determinado nd 61 -<br />
Total (s/ nd) 3228 100,0<br />
Total (c/ nd) 3289 -<br />
A11
Sandra C. M. Rodrigues Anexos<br />
Tabela 5. Densidade média (D.med)<br />
de gorgónias por local e respectivo<br />
erro padrão (Er.Pad,). N – tamanho<br />
amostral (nº de réplicas/transectos).<br />
Local D. med Er.Pad. N<br />
AN 1,6 0,47 2<br />
PM 2,4 0,87 3<br />
BL 1,0 0,15 3<br />
PA 0,7 0,11 4<br />
PMe 2,3 0,19 3<br />
JG 0,7 0,57 4<br />
BA 1,6 ‐ 1<br />
CR 0,8 0,17 3<br />
3M 0,9 0,22 4<br />
A12
Índice remissivo<br />
amebócitos .......................................................................................................................... 1, 5<br />
Anthozoa ................................................................................................................................. 1<br />
antocodia ................................................................................................................................. 1<br />
antostelo .................................................................................................................................. 1<br />
Áreas Marinhas Protegidas<br />
definição .......................................................................................................................... 10<br />
assimbiótico ......................................................................................................................... 2, 3<br />
autozooides ............................................................................................................................. 2<br />
cálice ....................................................................................................................................... 1<br />
canal gastrodérmico ................................................................................................................ 1<br />
Clematissa chamaeleon ........................................................................................................ 39<br />
cnida ........................................................................................................................................ 1<br />
Cnidaria ................................................................................................................................... 1<br />
cnidócitos ................................................................................................................................. 1<br />
conênquima ......................................................................................................................... 1, 5<br />
coral vermelho ..................................................................................................................... 7, 8<br />
dimórficas ................................................................................................................................ 2<br />
diploblástico ............................................................................................................................. 2<br />
epibiontes .................................................................................................................... 5, 22, 45<br />
espículas.......................................................................................................................... 1, 2, 5<br />
espículas, tipo de<br />
baloon-clubs ................................................................................................................... 5<br />
spindle ............................................................................................................................ 5<br />
esqueleto interno ..................................................................................................................... 1<br />
Estrutura populacional ............................................................................................................. 4<br />
Eunicella gazella .......................................................................... 28, 34, 40, 41, 52, 53, 54, 56<br />
Eunicella labiata .................................................................................................. 28, 36, 52, 54<br />
Eunicella verrucosa ............................................................... 28, 32, 41, 47, 49, 52, 53, 54, 55<br />
gastroderme............................................................................................................................. 1<br />
gorgónia, definição .................................................................................................................. 1<br />
gorgonina ............................................................................................................................. 1, 5<br />
Hexacorallia ............................................................................................................................. 1<br />
Leptogorgia ceratophyta ........................................................................................................ 31<br />
Leptogorgia lusitanica .............................................................................. 28, 29, 40, 49, 52, 53<br />
Leptogorgia sarmentosa ...................................................................... 3, 28, 30, 40, 49, 52, 54<br />
Lophogorgia lusitanica ..................................................................................................... 29, 31
mesogleia ............................................................................................................................ 1, 5<br />
necrose .................................................................................................................................... 5<br />
nematocisto ............................................................................................................................. 1<br />
octocorais .................................................................................................................... 1, 3, 4, 6<br />
octocoral, ocotocorais .............................................................................................................. 2<br />
octocoral, octocorais ............................................................................................................ 2, 3<br />
Octocorallia .............................................................................................................................. 1<br />
Paramuricea clavata ............................................................................ 3, 28, 38, 40, 52, 53, 54<br />
Paramuricea grayi .................................................................................................................. 53<br />
PCCE (Percentagem da Colónia Coberta por Epibiontes) .............................................. 22, 48<br />
pólipo ............................................................................................................. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 29<br />
Pterogorgia petechizans ........................................................................................................ 29<br />
sifonozooides ........................................................................................................................... 2<br />
solenia ..................................................................................................................................... 1<br />
zooxantelas.............................................................................................................................. 2