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As 100 melhores histórias da mitologia(pdf) - MiniWeb Educação

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apressa<strong>da</strong>.<br />

— Béroe, sur<strong>da</strong>! — gritou Sêmele, apoia<strong>da</strong> aos cotovelos. Uma velha cria<strong>da</strong> entrou<br />

— Desculpe, minha ama...<br />

— Béroe, esta noite foi ver<strong>da</strong>deiramente divina... — disse a jovem, sorrindo. "Então é<br />

tudo ver<strong>da</strong>de!", pensou Juno, pois era a esposa divina de Júpiter quem estava ali, metamorfosea<strong>da</strong><br />

na velha cria<strong>da</strong> de Sêmele.<br />

— Vamos, ajude-me a me vestir — disse a jovem, erguendo-se.<br />

— Desculpe, ama, me intrometer em tais assuntos — disse Juno disfarça<strong>da</strong> -, mas está<br />

certa, ver<strong>da</strong>deiramente, de que este homem que priva de seu leito to<strong>da</strong>s as noites seja mesmo<br />

Júpiter, o deus supremo?<br />

— Que diz, Béroe? — exclamou Sêmele, enrubescendo. — Um homem, ele? Sua tonta,<br />

nenhum mortal poderia amar uma mulher como este divino ser! Homem algum teria o seu toque<br />

misterioso, nem beijo algum teria a volúpia que ele, Júpiter, põe em seus divinos lábios...<br />

Sim, Juno sabia perfeitamente de tudo isso. "Mas as carícias que ele lhe dá nunca serão<br />

mais do que o mero produto de um instante, estando sempre conspurca<strong>da</strong>s pelo susto e pelo<br />

medo de um terrível castigo", pensava Juno, tentando vingar-se mentalmente <strong>da</strong> adversária.<br />

Entretanto, desconfiava em seu íntimo, mesmo sem <strong>da</strong>r-se conta claramente disto, de que<br />

justamente ali poderia estar uma parcela do encanto e <strong>da</strong>s delícias que ela, esposa legítima, jamais<br />

poderia desfrutar.<br />

— Mas existem tantos homens, bem, digamos... — disse a falsa Béroe, fingindo escolher<br />

o termo certo -... tão hábeis, minha ama, que às vezes nós mulheres, frágeis e tolas que somos,<br />

deixamos nos enganar com humilhante facili<strong>da</strong>de...<br />

— Não diga tolices, Béroe — disse Sêmele, entregando as vestes à velha e lhe <strong>da</strong>ndo as<br />

costas nuas. — Vamos, vista-me.<br />

— Eu mesma, minha ama — prosseguiu Béroe, sem <strong>da</strong>r atenção às reprimen<strong>da</strong>s -,<br />

quantas vezes fui ludibria<strong>da</strong> por homens que me pareceram deuses.<br />

deus? Rá!<br />

— Você?! — exclamou Sêmele, com um riso escarninho. — Você, Béroe, ama<strong>da</strong> por um<br />

Sêmele, contorcendo-se de riso, impedia que a ama lhe cobrisse o corpo, e embora Juno<br />

soubesse que o deboche não fora feito a ela, ain<strong>da</strong> assim sentiu-se toma<strong>da</strong> pelo rancor — tal o<br />

poder que uma afronta, mesmo feita por engano, pode ter sobre a vai<strong>da</strong>de feminina. Enquanto<br />

escutava o riso, sem poder concluir sua tarefa, Juno percebeu nas costas <strong>da</strong> jovem as marcas<br />

inequívocas que o amor deixara em sua — sim, ela tinha de admitir — nudez perfeita. Juno tinha<br />

diante de si o mapa exato do país <strong>da</strong> traição: ca<strong>da</strong> mancha arroxea<strong>da</strong> que Juno encontrava sobre

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