Capítulo 7 Filo Annelida Classe Polychaeta - Instituto de Biologia da ...
Capítulo 7 Filo Annelida Classe Polychaeta - Instituto de Biologia da ...
Capítulo 7 Filo Annelida Classe Polychaeta - Instituto de Biologia da ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
7.1. Introdução<br />
7.1.1. Caracterização e importância<br />
Os <strong>Anneli<strong>da</strong></strong> <strong>Polychaeta</strong> são um dos grupos <strong>de</strong> invertebrados<br />
mais abun<strong>da</strong>ntes e diversos em ambientes<br />
marinhos. Habitam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as regiões entremarés e estuarinas<br />
até as gran<strong>de</strong>s profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s fossas oceânicas<br />
(mais <strong>de</strong> 10.000 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>). São mais<br />
comuns no bentos, como são <strong>de</strong>nominados os organismos<br />
que vivem associados ao substrato dos oceanos,<br />
embora muitas <strong>de</strong> suas larvas e mesmo adultos<br />
<strong>de</strong> algumas famílias habitem a coluna <strong>de</strong> água on<strong>de</strong><br />
vivem ao sabor <strong>da</strong>s correntes no ambiente pelágico.<br />
Entre os animais que constituem o bentos, os <strong>Anneli<strong>da</strong></strong><br />
<strong>Polychaeta</strong> são um dos grupos mais importantes em<br />
biomassa, produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e número <strong>de</strong> espécies (Knox,<br />
1977), principalmente em áreas costeiras, como praias,<br />
estuários, manguezais, costões rochosos e recifes <strong>de</strong><br />
corais. É ain<strong>da</strong> um dos grupos dominantes, juntamente<br />
com moluscos e crustáceos, em ambientes <strong>da</strong> plataforma<br />
continental e <strong>de</strong> fundos oceânicos mais profundos<br />
(Grassle & Maciolek, 1992).<br />
Apesar <strong>de</strong> sua abundância e biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, os<br />
<strong>Polychaeta</strong> são pouco conhecidos pela população em<br />
geral, sendo em muitos casos <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> vermesmarinhos<br />
ou minhocas-do-mar. Essa <strong>de</strong>nominação<br />
popular reflete o conhecimento <strong>de</strong> que os <strong>Polychaeta</strong> são<br />
relacionados aos Oligochaeta, grupo este do qual fazem<br />
parte as populares minhocas. Estes últimos, entretanto,<br />
são mais abun<strong>da</strong>ntes em ambientes <strong>de</strong> água doce e<br />
terrestre. Ambos os grupos, juntamente com as também<br />
populares sanguessugas (Hirudinea), formam um grupo<br />
maior <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> <strong>Anneli<strong>da</strong></strong>. A <strong>de</strong>nominação do<br />
grupo se <strong>de</strong>ve à aparência anela<strong>da</strong> do corpo, embora no<br />
caso dos <strong>Anneli<strong>da</strong></strong> <strong>Polychaeta</strong> ocorra uma diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> corpo. Essa diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> formas está relaciona<strong>da</strong> à gran<strong>de</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
hábitos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>sse grupo, principalmente quando<br />
comparados aos seus aparentados Oligochaeta e<br />
Hirudinea, que apresentam um hábito <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> mais<br />
restrito, vivendo geralmente enterrados nos sedimentos<br />
<strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> lagos, represas ou rios.<br />
Os <strong>Polychaeta</strong> se diferenciam, grosso modo,<br />
dos <strong>de</strong>mais <strong>Anneli<strong>da</strong></strong> pela abundância <strong>de</strong> cer<strong>da</strong>s<br />
CAPÍTULO 7 – FILO ANNELIDA. CLASSE POLYCHAETA<br />
(<strong>Polychaeta</strong>, do grego: poly = muitas; quetas =<br />
cer<strong>da</strong>s), isto é, projeções semelhantes a espinhos<br />
que surgem <strong>da</strong> pare<strong>de</strong> do corpo, <strong>da</strong>ndo em muitos<br />
casos a aparência <strong>de</strong> uma taturana ou lagarta. Não<br />
por acaso, um dos <strong>Polychaeta</strong> mais abun<strong>da</strong>ntes em<br />
regiões litorais do Brasil, Eurythoe complanata, cujas<br />
cer<strong>da</strong>s urticantes costumam causar irritações e<br />
queimaduras na pele, é popularmente <strong>de</strong>nominado<br />
<strong>de</strong> taturana-do-mar. Os <strong>Polychaeta</strong> se diferenciam<br />
ain<strong>da</strong> dos <strong>de</strong>mais <strong>Anneli<strong>da</strong></strong> por apresentar, na gran<strong>de</strong><br />
maioria <strong>da</strong>s espécies, sexos separados, enquanto os<br />
<strong>de</strong>mais apresentam indivíduos com os dois sexos,<br />
sendo, portanto, hermafroditas. Outras diferenças<br />
são relaciona<strong>da</strong>s à presença nos <strong>Polychaeta</strong> <strong>de</strong> uma<br />
reprodução externa ao corpo do animal e à presença,<br />
na maioria <strong>da</strong>s formas marinhas <strong>de</strong> <strong>Polychaeta</strong>, <strong>de</strong><br />
uma larva. A presença <strong>de</strong> uma reprodução externa e<br />
<strong>de</strong> uma larva <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> livre permite a esses animais se<br />
distribuírem por amplas áreas oceânicas.<br />
Em relação aos <strong>de</strong>mais <strong>Anneli<strong>da</strong></strong>, os <strong>Polychaeta</strong><br />
apresentam, além <strong>de</strong> uma maior diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
formas e hábitos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, uma maior biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
A gran<strong>de</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> formas é acompanha<strong>da</strong><br />
também por uma gran<strong>de</strong> variação <strong>de</strong> tamanho do<br />
corpo. Embora a gran<strong>de</strong> maioria dos <strong>Polychaeta</strong><br />
seja <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> pequeno tamanho (ca. <strong>de</strong> 5 a 20<br />
mm), formas mais robustas também são conheci<strong>da</strong>s.<br />
Entre estas se <strong>de</strong>stacam, na costa brasileira, por sua<br />
distribuição costeira em praias arenosas, as espécies<br />
do complexo Diopatra cf. cuprea, com exemplares que<br />
po<strong>de</strong>m facilmente ultrapassar 50 cm <strong>de</strong> comprimento,<br />
Australonuphis casamiquelorum (cerca <strong>de</strong> 1 m) e Eunice<br />
sebastiani, com cerca <strong>de</strong> 1,5 a 2 m <strong>de</strong> comprimento e<br />
um diâmetro que po<strong>de</strong> atingir até 2 cm (Nonato, 1958).<br />
Eunice conglomerans, encontra<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> esponjas<br />
marinhas na região do Atol <strong>da</strong>s Rocas, também po<strong>de</strong><br />
ultrapassar facilmente 1,5 m <strong>de</strong> comprimento.<br />
Os <strong>Anneli<strong>da</strong></strong> <strong>Polychaeta</strong> são, do ponto <strong>de</strong> vista<br />
<strong>da</strong> história evolutiva dos oceanos, um grupo muito<br />
antigo, sua origem <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 500 milhões <strong>de</strong><br />
anos (Conway-Morris, 1979), no período geológico <strong>de</strong>nominado<br />
<strong>de</strong> Cambriano, antes mesmo dos oceanos<br />
apresentarem sua conformação atual. Esta história an-<br />
263