15-28 - Universidade de Coimbra
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Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Defeza e<br />
Propaganda <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />
Sessão ordinaria, em 16 <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Presentes : dr. Carlos d'Oliveira,<br />
dr. Rodrigo Araujo, Pedro Fian<strong>de</strong>ira,<br />
José Antonio dos Santos e Albino<br />
Caetano da Silva.<br />
Lida e approvada a acta antece<br />
<strong>de</strong>nte.<br />
— Leitura do expediente: Convite<br />
da Socieda<strong>de</strong> Thomson Houston<br />
Ibérica para assistir á inauguração<br />
da tração electrica em <strong>Coimbra</strong>.<br />
Resolveu-se agra<strong>de</strong>cer e dizer que,<br />
pela ausência <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> nessa<br />
occasião do presi<strong>de</strong>nte e vice presi<br />
<strong>de</strong>nte, não pou<strong>de</strong> a socieda<strong>de</strong> fazerse<br />
representar como era seu <strong>de</strong>sejo.<br />
— Officios da Associação <strong>de</strong> Soccorros<br />
Mutuos Monte Pio Conimbricense<br />
M irtins <strong>de</strong> Carvalho, da Associação<br />
<strong>de</strong> Soccorros Mutuos dos<br />
Artistas <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, da Camara<br />
Municipal <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, do <strong>Coimbra</strong><br />
Centro, da Cooperativa <strong>de</strong> Pão «A<br />
Conimbricense», da Junta <strong>de</strong> Paro<br />
chia da Sé Cathedral, do Grémio<br />
Littcrario e Recreativo, da Junta <strong>de</strong><br />
Parochia da Sé Velha, d i Associação<br />
Commercial, do Atheiuu Commercial,<br />
da Associação <strong>de</strong> Classe<br />
dos Officiaes <strong>de</strong> Barbeiro e Cabel<br />
leireiro, da Fe<strong>de</strong>ração das Associações<br />
Operarias, da Associação <strong>de</strong><br />
Classe dos Carpinteiros Civis e da<br />
Junta <strong>de</strong> Parochia <strong>de</strong> S. Bartholo<br />
meu dando parte da nomeação dos<br />
<strong>de</strong>legados que representarão essas<br />
colectivida<strong>de</strong>s na reunião que a Socida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Defeza e Propaganda <strong>de</strong><br />
<strong>Coimbra</strong> tenciona realisar para as<br />
ouvir sobre os interesses <strong>de</strong> Coim<br />
bra.<br />
Faltando ainda receber resposta a<br />
24 dos officios enviados a outras<br />
associações, no mesmo sentido, <strong>de</strong><br />
liberou-se solicitar <strong>de</strong> novo resposta<br />
<strong>de</strong>ssas entida<strong>de</strong>s.<br />
— Pelo sr. Albino Caetano da<br />
Silva foi dito que estava já em preparação<br />
o n.° 6 da <strong>Coimbra</strong> Pittoresca,<br />
o qual po<strong>de</strong>ria ser publicado<br />
muito brevemente.<br />
— Pelo thesoureiro foi apresentado<br />
o balancete relativo ao semestre<br />
findo em 3i <strong>de</strong> Dezembro, o qual<br />
accusa um saldo em caixa <strong>de</strong> réis<br />
53&68o.<br />
— Pelo vice-presi<strong>de</strong>nte foi communicado<br />
que elle e o sr. Antonio<br />
Augusto Gonçalves como presi<strong>de</strong>nte<br />
da socieda<strong>de</strong>, dr. Fernan<strong>de</strong>s Costa,<br />
se tinham avistado com os ex. m< "<br />
ministros da Justiça, Interior, Fomento<br />
e Estrangeiros, aos quaes entregaram<br />
a representação assignada<br />
pela direcção da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Defeza<br />
e Propaganda <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, Secção<br />
<strong>de</strong> Archeologia do Instituto e<br />
Escola Livre das Artes <strong>de</strong> Desenho,<br />
em que se pedia ao governo que fossem<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> )á confiados á guarda da<br />
Secção <strong>de</strong> Archeologia do Instituto<br />
<strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> os objectos <strong>de</strong> arte que<br />
se encontram dispensos pelos extin<br />
ctos conventos <strong>de</strong>sta região, emquanto<br />
não houvesse installação<br />
apropriada para a creação <strong>de</strong> um<br />
museu em <strong>Coimbra</strong>.<br />
Que os ex. m "' ministros a quem<br />
se dirigiram tinham manifestado opinião<br />
inteiramente favoravel á repre<br />
sentação, promettendo tratar immediatamente<br />
do assumpto em conselho<br />
<strong>de</strong> ministros, on<strong>de</strong> apoiariam o<br />
pedido feito na representação.<br />
Que com o ex. in0 ministro da Justiça<br />
tinha já ficado assente quaes os<br />
membros que constituiriam uma commissão<br />
encarregada <strong>de</strong> escolher os<br />
objectos que merecem figurar no<br />
futuro museu.<br />
Nada mais havendo a tratar foi<br />
encerrada a sessão.<br />
A representação enviada ao Governo,<br />
é a seguinte:<br />
Ao governo da Republica.<br />
1<br />
Ex. mo Sr.<br />
Na tarefa immensa da reorganisação<br />
da socieda<strong>de</strong> portugueza, que<br />
o governo da Republica se impõe,<br />
figura a restauração da Arte, que<br />
na civilisação actual, na evolução<br />
mental e na vida economica dos<br />
povos cultos <strong>de</strong>sempenha uma funcção<br />
prepon<strong>de</strong>rante.<br />
Em Portugal o abandono <strong>de</strong>ste<br />
complexo e difficil problema, sempre<br />
<strong>de</strong>scurado e incomprehendido,<br />
produziu as nefastas consequências<br />
que, sob multiformes aspectos, tem<br />
Causado e aggravado a nossa <strong>de</strong>pressão<br />
e a nossa ruina.<br />
isto é um logar commum, repeti-<br />
do milhares <strong>de</strong> vezes, mas que, nem<br />
assim, conseguiu impressionar as<br />
capacida<strong>de</strong>s dirigentes do velho regimen<br />
duma maneira efficaz.<br />
O esforço governativo para a educação<br />
do critério publico em matéria<br />
<strong>de</strong> arte foi <strong>de</strong> facto nullo, porque<br />
até o pouco, que apparece nos<br />
programmas officiaes das escolas, é<br />
simples e anodyna mystificação.<br />
A verda<strong>de</strong> é que falta tudo. E<br />
faltam principalmente escolas bem<br />
organisadas, museus e incentivos á<br />
estimação dos monumentos <strong>de</strong> arte,<br />
on<strong>de</strong> todas as classes sociaes encon<br />
trem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a eda<strong>de</strong> infantil, noções<br />
intuitivas, que a lição das bellas cousas<br />
<strong>de</strong>sperta, para a purificação do<br />
sentimento e elementos e suggestões<br />
úteis para a vitalida<strong>de</strong> da producção<br />
manufactora.<br />
A creação, pois, <strong>de</strong> museus regionaes<br />
ou provinciaes não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />
<strong>de</strong> ter cabimento, como um dos<br />
mais instantes e fecundos factores<br />
<strong>de</strong> progresso e aperfeiçoamento moral,<br />
no plano da educação geral e<br />
da regeneração e valorisação do trabalho<br />
na vida portugueza.<br />
Em <strong>Coimbra</strong> existe, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muitos<br />
annos, -— O Museu cie antiguida<strong>de</strong>s<br />
do Instituto, que -— não obstante<br />
parecer ignorado — é um núcleo<br />
importante Dara futuros <strong>de</strong>senvolvimentos;<br />
é um testemunho energico<br />
e eloquente <strong>de</strong> quanto po<strong>de</strong> a tena<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sinteressada e a convicção<br />
duma boa obra, embora <strong>de</strong>sajudada<br />
dos favores officiaes, talvez mesmo<br />
muitas vezes hostilisada pelos <strong>de</strong>speitos<br />
da burocracia formalista.<br />
Seria uma injustiça e um erro,<br />
que o governo da Republica engeitasse<br />
esse fructo do trabalho e <strong>de</strong>dicação<br />
<strong>de</strong> alguns poucos a<strong>de</strong>ptos,<br />
que pacientemente e sem alar<strong>de</strong>s,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> longe, accumularam esse mo<strong>de</strong>sto<br />
pecúlio <strong>de</strong> cousas valiosas e<br />
instructivas.<br />
O que é preciso, porém, é que<br />
esses museus a crear sejam installados<br />
em alojamentos apropriados e<br />
condignos.<br />
Ora esta difficulda<strong>de</strong>, em Coim<br />
bra, afigura-se que po<strong>de</strong>rá ser satisfactoriamente<br />
resolvida pelo apro<br />
veitamento <strong>de</strong> algum estabelecimento,<br />
que porventura o governo tenha<br />
em mente supprimir, ou pela modificação<br />
judiciosa do projecto <strong>de</strong> algum<br />
edifício em construcção.<br />
Nesta or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, seja-nos<br />
licito formular o nosso pedido, cujo<br />
alcance submettemos á illustrada pon<strong>de</strong>ração<br />
<strong>de</strong> v. ex. a , e que <strong>de</strong>certo<br />
não po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> merecer rápido<br />
<strong>de</strong>ferimento, como <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />
interesse social e <strong>de</strong> melhoramento<br />
inadiavel para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>.<br />
Nas casas occupadas pelas associações<br />
religiosas, ultimamente expulsas,<br />
ha objectos d'arte, que aqui<br />
<strong>de</strong>vem permanecer e que seria uma<br />
<strong>de</strong>fraudação e uma iniquida<strong>de</strong>, offensiva<br />
dos direitos e brios da cida<strong>de</strong>,<br />
se fossem augmentar as collecções<br />
doutras localida<strong>de</strong>s.<br />
Pedimos, portanto, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já,<br />
a titulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posito provisorio, sob<br />
as vistas e amparo do Govecno, sejam<br />
confiados á guarda e vigilância<br />
da Secção <strong>de</strong> Archeologia do Instituto<br />
<strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, a cuja provada so<br />
licitu<strong>de</strong> está entregue o Museu <strong>de</strong><br />
Antiguida<strong>de</strong>s, — publico, como <strong>de</strong>poimentos<br />
das phases históricas da<br />
nossa arte nacional.<br />
E justificamos a urgência <strong>de</strong>sta<br />
<strong>de</strong>liberação, sendo certo que. taes<br />
como se acham, esses objectos, mal<br />
guardados, sem fiscalisação permanente,<br />
e em péssimas condições <strong>de</strong><br />
conservação; sujeitos a infinitas e<br />
inevitáveis contingências e <strong>de</strong>sastres,<br />
facilmente serão <strong>de</strong>teriorados nas<br />
condições <strong>de</strong> accumulação e <strong>de</strong>samparo<br />
em que se encontram.<br />
Tal é, sr. Ministro, rapidamente<br />
exposto, o pedido, que em nome e<br />
no interesse <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> confiadamente<br />
dirigimos a V. Ex. a ; e que,<br />
estamos certos, será acolhido com<br />
complacência benevolente pelo Governo<br />
da Republica.<br />
Porque confiamos na justiça que<br />
nos assiste e na sympathia qu