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Monitoramento e controle microbiológico - SBCC

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Microbiologia<br />

10<br />

<strong>Monitoramento</strong> e<br />

<strong>controle</strong> <strong>microbiológico</strong><br />

omonitoramento e o <strong>controle</strong> mi-<br />

crobiológico em salas limpas e<br />

demais áreas críticas do processo<br />

de produção de medicamentos<br />

fazem parte da rotina de garantia da<br />

qualidade nas indústrias farmacêuticas<br />

de todo o mundo. O objetivo é medir e<br />

avaliar sistematicamente a quantidade<br />

de micro-organismos vivos presentes<br />

nesses ambientes e orientar medidas<br />

preventivas e corretivas para eliminar<br />

possíveis focos de contaminação.<br />

“Embora saibamos que a maior parte<br />

dos contaminantes seja proveniente<br />

de matérias-primas, o <strong>controle</strong> ambiental<br />

é uma importante variável do<br />

processo e merece atenção”, destaca<br />

a farmacêutica Déa de Aguirra, da<br />

Yugue Assessores, especializada em<br />

consultoria e treinamento.<br />

As técnicas comumente empregadas<br />

para medir a carga microbiana<br />

envolvem:<br />

a) Coleta por meio de amostradores<br />

de ar (amostragem ativa): utiliza<br />

equipamentos como os de impactação,<br />

indispensável para controlar a qualidade dos<br />

ambientes de fabricação e manipulação de<br />

produtos farmacêuticos (e de outros segmentos),<br />

o monitoramento <strong>microbiológico</strong> de salas limpas<br />

está em discussão internacional. No brasil, os<br />

critérios de contagem microbiana e as medidas<br />

de <strong>controle</strong> estão previstos em resolução técnica<br />

estabelecida pela aNViSa<br />

centrífuga e impinger, entre outros.<br />

b) Sedimentação (amostragem<br />

passiva): coleta realizada por exposição<br />

de placas de Petri contendo uma<br />

formulação padrão de meio de cultura<br />

suplementado com ágar (técnica de<br />

sedimentação).<br />

c) Técnica de contato: amostragem<br />

realizada diretamente sobre a superfície<br />

do local desejado, principalmente<br />

nos pontos críticos, utilizando pequenas<br />

placas contendo meios de cultura<br />

sólidos apropriados, também conhecidas<br />

como Placas RODAC – Replicated<br />

Organisms Detection and Counting.<br />

d) Coletas com hastes flexíveis<br />

com pontas de algodão produzidas<br />

para esta finalidade (swabs). O material<br />

é semeado diretamente – ou após<br />

submetê-lo a suspensão e/ou diluição<br />

– em placas de Petri ou caldos-<br />

-padrão.<br />

A análise dos resultados obtidos a<br />

partir dessas técnicas serve de parâmetro<br />

básico para avaliar se a carga<br />

microbiana total se mantém dentro dos<br />

Marcelo couto<br />

limites estabelecidos pelas orientações<br />

normativas.<br />

A detecção da carga microbiana<br />

presente no ambiente é fundamental<br />

para a manutenção de um plano de<br />

<strong>controle</strong> eficiente, elaboração dos<br />

documentos e acompanhamento do<br />

histórico de contaminação. Estas informações<br />

são essenciais para a obediência<br />

às Boas Práticas de Produção<br />

(BPF), como a adoção de medidas<br />

preventivas e corretivas relacionadas<br />

aos procedimentos operacionais, validação<br />

dos processos de limpeza e<br />

sanitização das instalações e treinamento<br />

do pessoal.<br />

Os profissionais responsáveis pelo<br />

monitoramento e <strong>controle</strong> <strong>microbiológico</strong>,<br />

no entanto, esbarram em uma série<br />

de desafios cotidianos, a começar pelo<br />

manejo dos métodos e equipamentos<br />

existentes para realizar as medições.<br />

Uma situação: diferentes equipamentos<br />

e métodos adotados nos testes<br />

podem apresentar resultados diversos<br />

para amostras realizadas ao mesmo


tempo, em função das limitações téc-<br />

nicas. Algumas vezes não é possível<br />

sequer relacionar o resultado dos chamados<br />

métodos rápidos (alternativos)<br />

com os obtidos pelo método convencional,<br />

no qual os micro-organismos<br />

são desenvolvidos em meio de cultura.<br />

Pelo método convencional, que<br />

utiliza meios de cultura e requer tempo<br />

de incubação (em geral de cinco dias),<br />

o resultado não reflete o momento atual<br />

e sim aquele em que a amostra foi<br />

colhida. “O monitoramento neste caso<br />

ajuda a compor um histórico e avaliar<br />

se o ambiente está em tendência de<br />

melhora, de piora ou de estabilização<br />

dos resultados. Na prática, o que se<br />

faz é obter a situação do passado e<br />

extrapolá-la para o presente, mas isso<br />

implica em considerável grau de incerteza”,<br />

aponta a consultora.<br />

O desenvolvimento dos métodos<br />

rápidos em microbiologia (também<br />

conhecidos pela sigla em inglês RMM)<br />

é uma tentativa de se obter um “retrato”<br />

do ambiente a partir de resultados<br />

imediatos e mais precisos, tornando<br />

o <strong>controle</strong> mais efetivo. Em geral, o<br />

princípio adotado nestes casos não é<br />

baseado na capacidade de os micro-<br />

-organismos crescerem em um meio<br />

de cultura, mas sim na análise da atividade<br />

ou do conteúdo das células, demonstrando<br />

dessa maneira resultados<br />

em termos de unidades viáveis e não<br />

unidades formadoras de colônias.<br />

“Embora os métodos rápidos estejam<br />

conquistando cada vez mais aceitação,<br />

ainda há certa resistência dos<br />

microbiologistas, em função do domínio<br />

das práticas tradicionais, de algumas<br />

limitações dos próprios métodos e<br />

da falta de reconhecimento mais amplo<br />

deles pelos órgãos reguladores, mas a<br />

tendências é que a tecnologia ganhe<br />

espaço”, comenta Ana Lucia Gonella,<br />

mestre em microbiologia e doutoranda<br />

em biotecnologia pela Unicamp – Universidade<br />

de Campinas.<br />

limites de aceitação<br />

Um dos maiores desafios, no entanto,<br />

é a dificuldade de se estabelecer<br />

limites de aceitação microbiana para os<br />

diferentes tipos de ambientes de produção.<br />

“Também devemos considerar que<br />

a identificação dos micro-organismos<br />

é tão importante quanto os limites de<br />

aceitação deles. Por exemplo, na área<br />

de produtos injetáveis, submetidos<br />

11


Microbiologia<br />

12<br />

a esterilização terminal, não é segu-<br />

ra a presença de micro-organismos<br />

gram-negativos ou termorresistentes,<br />

enquanto na manufatura de produtos<br />

com filtração esterilizante devemos nos<br />

preocupar com a presença de bactérias<br />

com tamanho ≤ 0,2µm”, destaca a<br />

microbiologista Ana Lucia. Os debates<br />

são ainda mais intensos em relação<br />

aos limites para áreas controladas de<br />

produtos não-estéreis.<br />

O IEST – Instituto de Ciências<br />

Ambientais e Tecnologia, sediado nos<br />

Estados Unidos, desenvolveu uma recomendação<br />

sobre “Micro-organismos<br />

em Salas Limpas”, a IEST-RP-CC023,<br />

que é uma das importantes referências<br />

sobre o assunto. O documento, que<br />

aborda áreas estéreis e não-estéreis,<br />

fornece diretrizes para o <strong>controle</strong> e a<br />

medição da contaminação no ar e nas<br />

superfícies, descrevendo procedimentos<br />

e técnicas para alcançar o nível<br />

de <strong>controle</strong> microbiano desejado. Ele<br />

apresenta ainda uma introdução aos<br />

métodos aceitos para <strong>controle</strong> e monitoramento<br />

e os recursos disponíveis<br />

para a realização dessa atividade, além<br />

de orientações sobre desinfetantes,<br />

seu espectro de letalidade e técnicas<br />

de aplicação.<br />

“No Brasil, a <strong>SBCC</strong> também deu<br />

uma valiosa contribuição para o tema<br />

ao publicar a recomendação normativa<br />

RN-007-05, adaptada à realidade nacional”,<br />

lembra Jean-Pierre Herlin, diretor<br />

da Análise Engenharia e Consultoria,<br />

um dos membros do comitê técnico<br />

responsável pelo desenvolvimento da<br />

RN. Publicado em 2005, como resultado<br />

das atividades de um grupo de<br />

especialistas, o documento, intitulado<br />

“Metodologia e Limites Microbiológicos<br />

em Áreas Limpas” continua em vigor e<br />

é uma importante referência para os<br />

interessados nessa questão.<br />

No ano passado, a ANVISA – Agência<br />

Nacional de Vigilância Sanitária<br />

publicou a sua resolução RDC 17/2010,<br />

em substituição à RDC 210, que dispõe<br />

sobre as Boas Práticas de Fabricação<br />

de Medicamentos e na qual estão<br />

previstos, entre diversos critérios, os<br />

parâmetros de monitoramento e <strong>controle</strong><br />

<strong>microbiológico</strong>. “Os critérios de<br />

contagem microbiana e os limites de<br />

contaminação microbiológica apresentados<br />

foram baseados nas referências<br />

da Organização Mundial da Saúde e<br />

na regulamentação dos medicamentos<br />

adotada na diretiva europeia, a GMP<br />

EU”, comenta Andréa Muggiati de<br />

Abreu, gerente de Garantia da Qualidade<br />

do Instituto de Tecnologia do Paraná<br />

- TECPAR. Ela reforça que essas<br />

orientações, ao serem incorporadas na<br />

resolução brasileira, tornaram-se compulsórias<br />

no País.<br />

A RDC 17, assim como já previa<br />

a RDC 210, determina que as áreas<br />

de produção onde estiverem sendo<br />

processados produtos suscetíveis a<br />

contaminação por micro-organismos<br />

sejam monitoradas periodicamente,<br />

considerando as diferentes classes das<br />

áreas limpas. “Entre outros aspectos,<br />

o documento estabelece que, quando<br />

forem realizadas operações assépti-<br />

GRaU<br />

Da<br />

sala<br />

cas, o monitoramento seja frequente e<br />

se utilize métodos apropriados, entre<br />

os quais estão incluídos aqueles que<br />

envolvem placas de sedimentação,<br />

amostragens volumétrica de ar e de<br />

superfícies”, destaca a representante<br />

do TECPAR. As áreas, obviamente,<br />

não devem ser contaminadas pelos<br />

métodos de amostragem e os resultados<br />

de monitoramento devem ser revisados<br />

para fins de liberação do produto<br />

terminado. Além disso, a resolução diz<br />

que as superfícies e o pessoal deve ser<br />

monitorados após operações críticas.<br />

Ainda de acordo com a resolução<br />

da ANVISA, as indústrias devem estabelecer<br />

limites de alerta e de ação para<br />

a detecção de contaminação microbiológica,<br />

e para o monitoramento de<br />

tendência da qualidade do ar nas suas<br />

instalações. Os limites neste caso, expressos<br />

em unidades formadoras de<br />

colônia (UFC), são os que constam na<br />

tabela abaixo, adotados em consonância<br />

com o citado padrão europeu.<br />

Os limites adotados levam em consideração<br />

o grau de limpeza da sala.<br />

Para aquelas classificadas como “A”,<br />

onde estão localizadas zonas de alto<br />

risco operacional e são realizados envases<br />

e conexões assépticas, o limite<br />

de UFC por metro cúbico nas amostras<br />

Classificação RDC 17 e GMP UE<br />

limites recomendados de contaminação microbiológica<br />

(valores médios)<br />

amostra de ar<br />

UFC/m 3<br />

Placa de<br />

sedimentação<br />

Ø90mm UFC/4h<br />

Placa de<br />

contato Ø55mm<br />

UFC/placa<br />

amostra de<br />

luva (5 dedos)<br />

UFC/luva<br />

a


de ar deve ser menor que 1; em am-<br />

bientes com grau “B”, que circundam<br />

às de grau “A”, para preparações e envases<br />

assépticos, esse número pode<br />

chegar a 10; e nas áreas limpas onde<br />

são realizadas etapas menos críticas<br />

da fabricação de produtos estéreis os<br />

limites podem atingir 100 UFC/m3 (grau<br />

C) e 200 UFC/m3 (grau D). Padrões<br />

também são estabelecidos para amostragens<br />

de superfícies por meio das<br />

análises de placas de sedimentação<br />

para um período de quatro horas, de<br />

placa de contato, além de amostras de<br />

luva dos trabalhadores envolvidos.<br />

O FDA, órgão norte-americano responsável<br />

pela regulação de alimentos<br />

e medicamentos, também adota limites<br />

de contaminação microbiológica para<br />

as diferentes classes de áreas limpas,<br />

conforme demonstra a tabela ao lado.<br />

Clean area<br />

Classification<br />

(0.5 µm<br />

particles/ft 3 )<br />

Classificação cGMP - FDa<br />

IsO<br />

Designation<br />

b<br />

≥ 0.5 µm<br />

particles/m 3<br />

Microbiological<br />

active air<br />

action levelsc (cfu/m 3 )<br />

Microbiological<br />

settling Plates<br />

action levels c,d<br />

(diam. 90mm;<br />

cfu/4hours)<br />

100 5 3,520 1 e 1 e<br />

1000 6 35,200 7 3<br />

10,000 7 352,000 10 5<br />

100,000 8 3,520,000 100 50<br />

Critical area<br />

supporting clean area<br />

Produto e embalagem<br />

estéreis expostos<br />

Área imediatamente<br />

adjacente à linha de<br />

processo asséptico<br />

IsO Classe 5 para<br />

partículas ≥ 0,5 µm<br />

IsO Classe 7 em<br />

operação ou Classe 6<br />

ou Classe 5<br />

less critical activities IsO Classe 8<br />

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Microbiologia<br />

14<br />

Os números integram as orientações<br />

de Boas Práticas de Fabricação do<br />

órgão, o cGMP (current Good Manufacturing<br />

Practices), e são igualmente<br />

levados em conta pelas indústrias<br />

farmacêuticas de todo o mundo, seja<br />

em observância aos padrões e procedimentos<br />

corporativos adotados pelas<br />

suas matrizes ou para que estejam credenciadas<br />

a exportar e comercializar<br />

seus produtos nos Estados Unidos.<br />

Novos conceitos<br />

e discussões<br />

Na sua mais recente edição, a<br />

USP – United States Pharmacopeia<br />

acrescentou novos elementos para<br />

a discussão da contagem microbiana<br />

e do <strong>controle</strong> de contaminações<br />

microbiológicas. Autoridade oficial<br />

não-governamental que define padrões<br />

para medicamentos e outros<br />

produtos para a saúde, a USP tem as<br />

suas orientações acompanhadas de<br />

perto. Na versão 2011 (USP 34) do<br />

documento são recomendados novos<br />

critérios, que levam em conta a taxa de<br />

incidência de contaminações. O limite<br />

tolerável é de 0,1%. Isso significa que a<br />

cada 1.000 contagens realizadas seria<br />

permitida apenas a ocorrência de uma<br />

placa com até 15 unidades formadoras<br />

de colônia (UFC).<br />

“O problema é que essa contagem<br />

leva um tempo considerável para ser<br />

obtida. Se uma indústria estabelecer,<br />

por exemplo, que vai colher um<br />

amostra por dia em determinada área<br />

ou zona controlada, levará quase três<br />

anos para completar 1.000 placas. Evidentemente,<br />

esse tempo diminui à medida<br />

que mais amostras sejam colhidas<br />

em um mesmo dia, mas ainda assim<br />

demanda longo período de avaliação”,<br />

Expectativa é de que a<br />

norma iSo 14698, que<br />

está sendo revisada,<br />

passe a oferecer<br />

limites de aceitação<br />

baseados em consenso<br />

internacional<br />

considera Silvia Eguchi, diretora de<br />

Microbiologia da Dosage Pesquisas<br />

Laboratoriais e coordenadora do GT 2<br />

da <strong>SBCC</strong>, grupo de trabalho criado no<br />

âmbito do ABNT CB-46 para tratar de<br />

questões ligadas à biocontaminação<br />

em áreas limpas.<br />

Um dos caminhos para se chegar<br />

a padrões mundiais deve ser a revisão<br />

da norma ISO 14698 – Partes 1 e 2,<br />

publicada em 2003 com a finalidade<br />

de oferecer princípios e metodologia<br />

básica para avaliar e controlar a biocontaminação.<br />

O documento original,<br />

porém, não foi muito adotado, pela<br />

falta de parâmetros objetivos para a<br />

realização de contagens e o estabelecimento<br />

de limites <strong>microbiológico</strong>s<br />

para as diferentes classes de áreas.<br />

“Muitos profissionais consideram essa<br />

norma um ‘guia’, por apresentar orientações<br />

gerais, mas sem fixar critérios<br />

de níveis de biocontaminação, obtidos<br />

por dados do histórico do <strong>controle</strong> <strong>microbiológico</strong>”,<br />

comenta Silvia Eguchi,<br />

que é a delegada brasileira no grupo<br />

de trabalho da ISO encarregado de<br />

discutir a norma. “Do jeito que está, ela<br />

não é exatamente uma norma e, por<br />

isso, especialistas de diversos países<br />

foram convocados para a sua reformulação”,<br />

acrescenta. O processo de<br />

revisão, iniciado há quatro anos, deve<br />

consumir pelo menos mais três, mas a<br />

expectativa é que, ao final, os especialistas<br />

cheguem a números e critérios<br />

globalmente aceitos.<br />

O estabelecimento de padrões internacionais<br />

por meio da norma ISO<br />

esbarra não apenas na dificuldade técnica<br />

de se estabelecer números exatos<br />

– nem sempre facilmente aplicáveis na<br />

área de microbiologia –, mas também<br />

na resistência regional: adotar critérios<br />

mais rígidos que os atuais implica em<br />

rever procedimentos e realizar investimentos<br />

para se adaptar. Representantes<br />

de alguns países participantes das<br />

discussões temem que a introdução<br />

de números na norma se sobreponha<br />

a regulamentações, legislação e guias<br />

locais seguidos atualmente.<br />

Apesar disso, a expectativa é de<br />

que as discussões continuem avançando<br />

e, nos próximos anos, os critérios<br />

estabelecidos sejam mais claros e<br />

harmonizados em todo o mundo. Para<br />

isso, o que se busca é estabelecer<br />

padrões mínimos, aplicáveis de forma<br />

prática e objetiva em todos os países<br />

afiliados à ISO, o que representa uma<br />

evolução do ponto de vista técnico e<br />

também operacional e mercadológico<br />

para uma indústria cuja produção se<br />

dá em escala mundial e com atuação<br />

em mercados globalizados.<br />

A busca pelo aperfeiçoamento das<br />

técnicas de contagem microbiana e a<br />

definição de números consensuais,<br />

que balizem os limites aceitáveis nos<br />

diferentes ambientes classificados,<br />

são os principais desafios vivenciados<br />

pelos profissionais que atuam na<br />

indústria farmacêutica – e também em<br />

outros segmentos como os de alimentos<br />

e de cosméticos – com o objetivo<br />

de desenvolver práticas cada vez<br />

melhores de produção, com adequado<br />

<strong>controle</strong> <strong>microbiológico</strong> e segurança<br />

dos seus produtos.


A especialista em microbiologia<br />

Silvia Eguchi, coordenadora do GT<br />

2 da <strong>SBCC</strong> mantido pelo comitê<br />

ABNT CB-46 para tratar de questões<br />

ligadas à biocontaminação<br />

em áreas limpas defende o estabelecimento<br />

de critérios internacionais<br />

e o aperfeiçoamento dos<br />

métodos de mensuração e <strong>controle</strong><br />

microbiano nos ambientes<br />

críticos classificados. Ela comenta<br />

a questão dos números:<br />

Como os limites aceitáveis são<br />

definidos?<br />

São convenções estabelecidas<br />

pelos pesquisadores do assunto e<br />

profissionais que militam na área,<br />

Questão dos números<br />

a partir de estudos e das experiências<br />

práticas. Como se trata de critérios<br />

estabelecidos pelo homem,<br />

os limites fixados estão sujeitos a<br />

questionamentos decorrentes do<br />

avanço científico e do próprio desenvolvimento<br />

de análises estatísticas<br />

aplicadas à microbiologia. Por<br />

isso, é natural que sejam continuamente<br />

discutidos, de acordo com o<br />

avanço técnico-científico.<br />

Mas é importante ter números?<br />

Sim, em termos. Eles são mais<br />

importantes em áreas limpas,<br />

onde a contaminação microbiana<br />

é muito baixa. Buscamos um<br />

indicador numérico, baseado em<br />

C M Y CM MY CY CMY K<br />

Foto: Glaucia Motta<br />

estatísticas e critérios científicos, a<br />

ser tomado como referência. Seja<br />

ele qual for, é importante que seja<br />

acordado por especialistas dos<br />

diversos países e tenhamos parâmetros<br />

claramente estabelecidos.<br />

Caminhamos nesta direção e estou<br />

confiante de que a revisão da<br />

norma ISO 14698 será um avanço<br />

para harmonizar padrões.

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