12.04.2013 Views

Capítulo 6 - Portal da História do Ceará

Capítulo 6 - Portal da História do Ceará

Capítulo 6 - Portal da História do Ceará

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

- Oh! mamãe! até você?. . . exclamou Florzinha numa explosão<br />

de soluços.<br />

- Vem cá, deixa-te de crlancices: digo que o povo tem direito<br />

de pensar assim, e não mente em relação ao Dr. Alípio, porque<br />

a ver<strong>da</strong>de é que ':'!le dá mo::;tras de gostar de ti, e teu pai não<br />

esconde o contentame'lto que isso lhe causa.<br />

- Mas eu não gosto dele! não quero ouvir falar nisso! bra<strong>do</strong>u<br />

Florzinha com exaltação, senhm<strong>do</strong>-se subitaneamente na rede. Se<br />

me aperrearem muito hei de acabar por tomar-lhe ódio e de não<br />

lhe aparecer mais nunca. FeliL;mente, vou breve para a fazen<strong>da</strong> de<br />

meu tio.<br />

Com o movimento ráoi<strong>do</strong> que ela fez, caiu o lençol, e o seu<br />

busto se pompeou na meia nuàez <strong>da</strong> camisa, muito branco e liso,<br />

finamente tornea<strong>do</strong>, deixrn<strong>do</strong> entrever sob a pala de ren<strong>da</strong> as duas<br />

pequenas protuberâncias <strong>do</strong>s seios mal sazona<strong>do</strong>s ain<strong>da</strong> pela puber<strong>da</strong>de.<br />

Os cabelos de um louro carrega<strong>do</strong>, quase castanhos, caíam-lhe<br />

<strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s forman<strong>do</strong> um resplen<strong>do</strong>r para a beleza terrena <strong>do</strong> rosto,<br />

onde os olhos úmi<strong>do</strong>s punham faiscações de revolta. Era tão formosa,<br />

assim, que D. Cla'.ldina esqueceu a réplica e ficou a contemplá-la<br />

num êxtase de vi<strong>da</strong>de materna.<br />

- Mulher! - gritou <strong>do</strong> seu quarto Asclepíades.<br />

Essa maneira de chamar a esposa usava-a Asclepíades nos momentos<br />

tempestuosos; quan<strong>do</strong> reinava a bonança, D. Claudina passava<br />

a ser - minha veiha - ou mais ternamente ain<strong>da</strong> - minha<br />

cabocla.<br />

A carícia conti<strong>da</strong>, a promessa cala<strong>da</strong> se exteriorizaram então irnsistivelmente.<br />

D. Clauriina sentou-se à beira <strong>da</strong> rede, abraçou a<br />

filha, beijou-lhe a testa e sussurrou-lhe ao ouvi<strong>do</strong>:<br />

- Dorme bem, minha filhinha, e fica sben<strong>do</strong> que a tua mãe<br />

$erá sempre por ti.<br />

Senta<strong>do</strong> na rede, de camisola, a cara embezerra<strong>da</strong>, a torcer o ca­<br />

•·anhaque entre o polegar e o índex, Asclepíades fumava nervosamente<br />

o seu cigarro. A mulher, silenciosa, ia-se despin<strong>do</strong>. Com­<br />

J:..reenden<strong>do</strong> afinal que era preciso provocar as explicações deseja<strong>da</strong>s,<br />

r.Ie iuquiriu numa meia voz colérica:<br />

- Sua filha está mesmo <strong>do</strong>ente?<br />

- Não, está muito enti<strong>da</strong> - e con: razão - de seu nome an<strong>da</strong>r<br />

por aí na boca <strong>do</strong> mund0.<br />

E a matrona narrou o aconteci<strong>do</strong>, acrescentan<strong>do</strong>:<br />

- Não sei ao certo se ela gosta dele ou não, porque, nervosa<br />

como está, não se pode mndá-la bem; mas acho que não faz bom<br />

cabelo an<strong>da</strong>r uma moça, qua&e uma menina ain<strong>da</strong>, à mercê <strong>da</strong>s<br />

más línguas. Você, como pai, veja o que deve fazer.<br />

70

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!