D - SUTIL, MARCELO SALDANHA.pdf - Universidade Federal do ...
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no clássico, deriva<strong>do</strong>s da matriz greco-romana (ibid, p.179). Como grande<br />
exemplo dessa deliberada escolha de estilos e funções, tem-se na Ringstrasse, em<br />
Viena, o perfeito modelos.<br />
Se anteriormente, nas cidade, considerava-se que os monumentos<br />
tinham como objetivo sugerir, inspirar e comover, no ecletismo lhes coube o<br />
papel de representar. Importava mais que cada edifício fosse logo reconheci<strong>do</strong><br />
como o museu, a ópera, o banco e o palácio de governo de uma capital<br />
(BRENNA, 1987:57). Evidente que cada cópia, cada réplica de um monumento<br />
antigo, distava e se diferenciava <strong>do</strong> modelo original, principalmente pelo<br />
crescente progresso nas técnicas. A utilização de produtos industrializa<strong>do</strong>s<br />
(tijolos e revestimentos) e de novos materiais (ferro e vidro) também contribuiu<br />
para a formação da linguagem eclética. Daí a assertiva de ter si<strong>do</strong> o ecletismo um<br />
estilo próprio <strong>do</strong> século XIX, e não um simples pastiche.<br />
A cidade realizada pela cultura eclética foi uma cidade de contradições<br />
- mas exatamente por causa delas, muito rica e interessante. O modelo de<br />
urbanismo europeu, posteriormente a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelos técnicos brasileiros, havia<br />
estabeleci<strong>do</strong> uma hierarquia precisa das estruturas urbanas, uma hierarquia<br />
naturalmente econômica e de classes sociais. Uma proposta que, teoricamente,<br />
deveria respeitar uma graduação de emergência volumétrica e de qualidades<br />
formais inversamente proporcional à quantidade: da morada comum à grandiosa<br />
construção monumental. Mas o meio urbano eclético não se ateve a essas regras.<br />
A simplificação progressiva, <strong>do</strong>s centros e bairros burgueses para a periferia, não<br />
funcionou. A burguesia não evitou de colocar na fachada de suas próprias<br />
residências as mesmas ordens arquitetônicas destinadas aos edifícios públicos e,<br />
8 Ringstrasse era uma ampla esplanada disponível para o desenvolvimento moderno, em<br />
Viena; o que acabou sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> pelos liberais. Estes, desde sua ascensão ao poder começaram a<br />
remodelar a cidade, e o centro dessa transformação tornou-se a Ringstrasse. Ao longo <strong>do</strong> percurso da<br />
avenida estabeleceram-se em lugares estratégicos os símbolos <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio burguês: Parlamento,<br />
Prefeitura, Teatro Municipal, <strong>Universidade</strong> e vastos edifícios residenciais para a burguesia onde, para se<br />
invocar as origens, um momento importante, ou para impor a imagem pretendida, escolheram-se seus<br />
estilos. Assim, o Teatro Municipal, por exemplo, foi ergui<strong>do</strong> na tradição barroca (comemoran<strong>do</strong> a época<br />
em que pela primeira vez uniu o clérigo, o cortesão e o plebeu), como a <strong>Universidade</strong> coube o estilo<br />
renascentista (celebran<strong>do</strong> a cultura racional moderna e o ressurgimento <strong>do</strong> ensino secular após a longa<br />
escuridão medieval). (SCHORSKE. 1990:54/58)<br />
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