morfologia flexional e movimento do verbo em português - GELNE
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Revista <strong>do</strong> Gelne, Piauí, v.11, n.2, 2009<br />
Dinamarquês: At Johan ofte spiser tomater. (overrasker de fleste)<br />
Faroês: At Jón oft boroar tómata. (k<strong>em</strong>ur flestum á óvart)<br />
“Aquele João freqüent<strong>em</strong>ente come tomates.”<br />
a‟. Inglês: *That John eats often tomatoes. (surprises most people)<br />
Dinamarquês: *At Johan spiser ofte tomater. (overrasker de fleste)<br />
Faroês: *At Jón etur ofta tómatir. (k<strong>em</strong>ur óvart á tey flestu)<br />
“Aquele João come freqüent<strong>em</strong>ente tomates.”<br />
Em suma, com base nas assimetrias acima apresentadas entre línguas com <strong>movimento</strong><br />
de Vº-para-Iº e aquelas que não o possu<strong>em</strong>, chegamos à conclusão de que o PB e o PE estão<br />
incluí<strong>do</strong>s no primeiro grupo de línguas <strong>em</strong> virtude de ter<strong>em</strong> <strong>morfologia</strong> <strong>flexional</strong> rica, uma<br />
conseqüência de a <strong>morfologia</strong> de pessoa estar presente <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os t<strong>em</strong>pos verbais.<br />
A seguir, vejamos os ex<strong>em</strong>plos (22) e (23):<br />
(22)a. O Pedro provavelmente viu a Maria.<br />
b. Os meninos to<strong>do</strong>s viram a Maria.<br />
(23)a. O Pedro viu provavelmente a Maria.<br />
b. Os meninos viram to<strong>do</strong>s a Maria.<br />
Poderíamos pensar, à primeira vista, que a possibilidade de o advérbio e o quantifica<strong>do</strong>r<br />
flutuante ora ocupar<strong>em</strong> a posição pré-verbal (cf. (22)), ora a posição pós-verbal (cf. (23)) seria<br />
evidência de que o <strong>movimento</strong> de Vº-para-Iº na gramática <strong>do</strong> PB e <strong>do</strong> PE é opcional. No entanto,<br />
Costa e Galves (2002) apresentam argumentos convincentes à não-opcionalidade:<br />
a) posição de advérbios como b<strong>em</strong> e atentamente só são legitima<strong>do</strong>s <strong>em</strong> posição pósverbal:<br />
(24)a. *O Pedro b<strong>em</strong>/ atentamente leu o livro.<br />
a‟. O Pedro leu b<strong>em</strong>/ atentamente o livro.<br />
b) posição <strong>do</strong> <strong>verbo</strong> entre <strong>do</strong>is advérbios (cf. (15c)), ou entre um quantifica<strong>do</strong>r<br />
flutuante e um advérbio (cf. (15a) e (15b)):<br />
(25)a. Os meninos to<strong>do</strong>s beijam frequent<strong>em</strong>ente a Maria. (OKPE ??PB)<br />
b. Os meninos frequent<strong>em</strong>ente beijam to<strong>do</strong>s a Maria. (OKPE *PB)<br />
c. Os meninos ont<strong>em</strong> leram b<strong>em</strong> o livro (OKPE OKPB)<br />
c) posição distinta para advérbios que são ambíguos entre uma leitura de mo<strong>do</strong> e uma<br />
leitura orientada para o sujeito:<br />
(26)a. O Pedro atentamente leu o livro. (Orienta<strong>do</strong> para o sujeito/ *Mo<strong>do</strong>)<br />
b. O Pedro leu atentamente o livro. (*Orienta<strong>do</strong> para o sujeito/ Mo<strong>do</strong>)<br />
Portanto, face às evidências apresentadas de (24) a (26), somos leva<strong>do</strong>s a assumir com<br />
Costa e Galves (2002) que o <strong>movimento</strong> <strong>do</strong> <strong>verbo</strong> é obrigatório na gramática <strong>do</strong> PB e <strong>do</strong> PE.<br />
Assumin<strong>do</strong> a cisão da categoria funcional IP <strong>em</strong> AgrP e TP, a questão que se ergue é saber para<br />
que núcleo <strong>flexional</strong> o <strong>verbo</strong> se move nessas línguas: se para Agrº, à s<strong>em</strong>elhança <strong>do</strong> francês, ou<br />
para Tº. Conforme será discuti<strong>do</strong> na próxima seção, apresentar<strong>em</strong>os evidências, a partir da<br />
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