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ANÁLISE DISCURSIVA DA LITERATURA COMO DISPOSITIVO ...

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identificação com a FD 13 proposta pelo projeto político do governo. Assim como a frase ―A<br />

religião é ópio do povo‖, proferida por Karl Marx, em O capital, uma vez que esta frase<br />

ganhou conotações de grande heurística, servindo àqueles que, por motivos diversos, mesmo<br />

que não simpatizantes dos ensinamentos marxistas, utilizam-na para sustentar, por exemplo,<br />

um discurso ateu, alegando não comunhão com doutrinas religiosas. Ele foi argumentado por<br />

Marx dentro de um corpo de texto maior, que visava a explicar, sob diversas óticas, os<br />

motivos que tornariam uma religião elemento social de alienação. No entanto, é um enunciado<br />

que circulou em diversas esferas sociais para justificar questões que não pertencem, pelo<br />

menos em primeiro plano, a uma inscrição de discurso político.<br />

– ―O discurso é uma forma de ação‖. Notadamente esta é uma ideia que ganhou força<br />

depois da problemática dos atos de fala, desenvolvida por Austin e, em seguida, por Searle, no<br />

universo acadêmico da filosofia analítica da Escola de Oxford, a qual argumentava que as<br />

enunciações constituem-se de atos ilocutórios, isto é, que a interação por meio da linguagem<br />

entre falantes/ouvintes são constituídas dos atos de fala que redundam em ações, modificando<br />

a relação entre esses interlocutores. Dito de outro modo, quando se diz algo, diz-se com a<br />

intenção de mobilizar alguém a corresponder certa vontade impelida no ato de linguagem<br />

proferido; uma ação que se faz direta ou indiretamente.<br />

– ―O discurso é interativo‖. No tocante ao texto literário, é preciso avaliar mais de perto<br />

essa ideia de interação entre enunciadores e coenunciadores. Num diálogo face a face,<br />

marcadamente oral, fica bastante evidente a interação, na qual o turno enunciativo – em<br />

condições normais – estabelece um domínio em que cada parceiro domina seu próprio turno<br />

enunciativo. Entretanto, nem todo discurso liga-se a conversações, sobremaneira no caso<br />

literário. Sobre isso o linguista francês argumenta no seguinte sentido: ―Nesses casos, é<br />

possível ainda falar de interatividade? Uma maneira cômoda de manter apesar de tudo o<br />

princípio de que o discurso é fundamentalmente interativo seria considerar que o intercâmbio<br />

oral constitui o emprego ‗autêntico‘ do discurso, e que as outras formas de enunciação são<br />

usos de alguma maneira enfraquecidos‖ (MAINGUENEAU, 2006b, p. 41). Essa consideração<br />

citada de Maingueneau só foi feita para reconstruir aquilo que ele argumenta como pertinente<br />

13 FD aqui abrevia Formação Discursiva. Embora algumas vezes questionado (Cf. Dominique Maingueneau.<br />

Cenas da enunciação. Curitiba: Criar edições, 2006a), o conceito de formação discursiva tem grande alcance<br />

conceitual nos estudos da AD. Aqui o utilizamos como um dado para indicar um conjunto de informações<br />

semânticas em que os sujeitos se inscrevem numa determinada conjuntura, bem como em que seus<br />

posicionamentos enunciativos são ou não restringidos, devido ao quadro de interpretação e dizeres possíveis.<br />

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