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ias economias mundiais. Tais argumentos<br />

foram usados para reafirmar a tese de<br />

que o governo federal tem sido incapaz<br />

de formular um planejamento estratégico<br />

de longo prazo, capaz de permitir um<br />

crescimento sustentável para o País.<br />

Para o ex-ministro, a presidenta Dilma,<br />

refém de setores mais radicais do<br />

seu partido, não consegue se livrar de<br />

“ranços anticapitalistas”, que impedem<br />

seu governo de buscar na iniciativa privada<br />

as parcerias tão necessárias para<br />

tocar projetos de infraestrutura. Em sua<br />

opinião, esse é a principal saída para<br />

um processo de estagnação econômica<br />

que se desenha no horizonte de curto e<br />

médio prazos.<br />

Maílson da Nóbrega também acusou o<br />

governo Dilma Rousseff – que acaba de<br />

aprovar no Congresso o Plano Nacional<br />

de Educação (PNE), prevendo a aplicação,<br />

até 2020, de 10% do PIB na educação –<br />

de adotar a lógica da pirâmide invertida,<br />

no que diz respeito à Educação. “Estão<br />

investindo grande volume de recursos no<br />

topo, que é o ensino superior, esquecendo<br />

a base, que é o ensino fundamental”.<br />

Para o ex-ministro, gastando muito e sem<br />

critérios, o Brasil estaria condenado a ficar<br />

fora da nova ordem econômica baseada<br />

na sociedade do conhecimento, e<br />

relegado, por muito tempo, à periferia da<br />

economia mundial.<br />

Maílson da Nóbrega também reclamou<br />

do sistema tributário e fiscal, dos juros<br />

“absurdamente altos”, da legislação trabalhista<br />

anacrônica e levantou a bandeira<br />

da revisão da estrutura da previdência social.<br />

Quem ouviu os seus argumentos dificilmente<br />

o associou àquele homem que<br />

entre janeiro de 1988 e março de 1990,<br />

comandou os destinos econômicos do<br />

País, em um dos períodos mais difíceis da<br />

nossa história recente. Quarto e último<br />

ministro da Fazenda do Governo Sarney,<br />

Maílson foi o mentor do pacote de medidas<br />

batizado de Plano Verão, editado<br />

com o objetivo de sanear a economia e<br />

livrar o País da inflação galopante, que<br />

chegava a 1000% ao ano, corroendo a<br />

S Maílson da Nóbrega foi o mentor do Plano Verão, pacote de medidas econômicas editado no<br />

Governo Sarney para sanear a economia e livrar o Brasil da inflação galopante<br />

moeda e os salários de grande parte da<br />

população brasileira. Na sua essência,<br />

o Plano decretava o congelamento de<br />

preços e salários, instituindo o Cruzado<br />

Novo como nova moeda, em substituição<br />

ao Cruzado. Um dos compromissos do<br />

governo, àquela época, era a contenção<br />

dos gastos públicos. Mas o Plano Verão<br />

fracassou, a exemplo do que acontecera<br />

com os planos Cruzado e Cruzado II, que<br />

o antecederam, deixando o Brasil mergulhado<br />

num cenário de recessão econômica,<br />

especulação financeira e ameaça de<br />

hiperinflação.<br />

Ao se despedir da vida política do Brasil,<br />

o ex-ministro cria a empresa Tendências,<br />

passando a se dedicar à atividade de<br />

consultor, escrevendo colunas em jornais<br />

e revistas do País e publicando livros técnicos,<br />

de artigos e até mesmo uma autobiografia,<br />

intitulada Muito além do feijão<br />

com arroz.<br />

Maílson da Nóbrega conhece como<br />

poucos o que é ser pedra, depois de ter<br />

sido vidraça.<br />

<strong>Grandes</strong> construções – O Brasil vinha<br />

descrevendo uma rota de crescimento<br />

econômico expressivo, nos últimos<br />

anos, até que o fraco desempenho, no<br />

primeiro semestre deste ano – com<br />

incremento de apenas 0,5% no PiB –,<br />

ameaçou sua posição como sexta maior<br />

economia do mundo. Para muitos analistas,<br />

esse movimento, com constantes<br />

avanços e recuos, é resultado da falta<br />

de um projeto de nação de longo prazo,<br />

da falta de um planejamento consistente<br />

e de longo prazo, nos diversos<br />

setores. e sem esse planejamento seria<br />

impossível ingressar, de fato, no seleto<br />

clube dos países desenvolvidos. O senhor<br />

concorda com essa avaliação?<br />

Maílson da Nóbrega – Muita gente<br />

pensa assim, mas eu discordo da tese de<br />

que o Brasil precisa ter um projeto de nação<br />

de longo prazo. Esse pensamento é<br />

típico de um período autoritário da história<br />

do Brasil, em que o governo tinha uma<br />

grande capacidade de ditar os rumos do<br />

País de cima para baixo. Isso só acontece<br />

em países sob ditaduras fortes de direita<br />

ou, no outro extremo, em regimes comunistas.<br />

Em sociedades democráticas,<br />

como o Brasil, o que é necessário é ter<br />

rumo. O que se exige são projetos em<br />

determinados segmentos.<br />

"O Brasil precisa definir e manter um planejamentO estratégicO<br />

de lOngO prazO nO setOr de infraestrutura. e issO nãO é O mesmO<br />

que planejar O país, cOmO nO tempO dO prOjetO naciOnal de<br />

desenvOlvimentO dOs militares”.<br />

Novembro 2012 / 17

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