Exorcismos

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PAPI JUNIOR 91
tas a fig·lira ouriçada de um demônio estrebuchando.
E nesse ponto fêz o vigário um movimento falso de
saída: mas o mestre sapateiro agarrado às pregas longas
da batina fazia grunhidos dilacerantes na garganta . O
padre levantou-o, e, ameaçador, gritou-lhe com as aspere­
zas de um padrasto :
-Manuel! . .. S·ó te pode salvar a penitência! . . . E
decretou solenissimo, mas com inflexões peremptórias,
rr1uito rudes :
-De hoje por diante não olharás nem para um copo,
nem para uma garrafa, quer estejam cheios ou vazios . ..
-E secundou especiosamente:
- Nem mesmo para um barril embora o vejas trans-
bordando de água pura! . ..
Disse, e saiu com a pisada tnavórtica, de guerreiro
trucidante, escorando o corpo esgrouviado, de vareta de
espinJarda lazarina,, no seu bordão de canela de veado.
De modo que, no dia seguinte lá estava o padre José
!viatias outra vez na casa do mestre sapateiro, de hissope
em punho, alumiado pelo sacrossanto círio de Jerusalém,
a ler os exorcismos no seu breviário já sebento; e, oito dias,
fio a fio, lá ia êle com uma perseverança enaltecida, repe­
tir a mesma cerimônia banhado na fé evangélica de um
dever inadiável. N.o fim dêsse tempo já o Manuel andava
l)ela casa . As pernas se lhe haviam desinchado, e, a des­
peito de estar ainda enfraquecido, pelo semblante todavia
111e corriam as alegrias calmas dos que se sentem salvos de
11m perigo iminentíssimo . O vigário deu por findo os exor­
cisinos; o Iniracul.aso círio de Jerusalém voltou solenemen­
te ao gavetão da sacristia enquanto a Felismina afestoan­
do os lábios de júbilos ruflantes, andava emparvoecida do
milagre, porque o Manuel mandara quebrar o frasquinho
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