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Alex Massaki Yasuda POLÍMEROS SUPERABSORVENTES FATEC

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<strong>POLÍMEROS</strong> <strong>SUPERABSORVENTES</strong><br />

<strong>Alex</strong> <strong>Massaki</strong> <strong>Yasuda</strong> PO092241<br />

Polímeros<br />

Sorocaba<br />

2012


<strong>Alex</strong> <strong>Massaki</strong> <strong>Yasuda</strong><br />

<strong>POLÍMEROS</strong> <strong>SUPERABSORVENTES</strong><br />

Orientador: Prof. Dr. Haroldo Lhou Hasegawa<br />

Trabalho de Conclusão de Curso -<br />

TCC apresentada à Faculdade de<br />

Tecnologia de Sorocaba, como<br />

parte dos requisitos para obtenção<br />

do grau do curso de Polímeros.<br />

Sorocaba<br />

2012


Dedico este trabalho de conclusão da graduação<br />

aos meus pais Kiyoshi <strong>Yasuda</strong> e Aparecida<br />

<strong>Yasuda</strong>, aos meus irmãos Edson e Marcio e<br />

amigos que de muitas formas me incentivaram e<br />

ajudaram para que fosse possível a concretização<br />

deste trabalho.<br />

iii


AGRADECIMENTOS<br />

Agradeço a todas as pessoas do meu convívio que acreditaram, incentivaram e<br />

contribuíram, mesmo que indiretamente, para a conclusão deste curso.<br />

Aos meus pais Kiyoshi <strong>Yasuda</strong> e Aparecida <strong>Yasuda</strong> e minhas filhas, pelo amor<br />

incondicional e pela paciência. Por terem feito o possível e o impossível para me oferecerem a<br />

oportunidade de estudar, acreditando e respeitando minhas decisões e nunca deixando que as<br />

dificuldades acabassem com os meus sonhos, serei imensamente grato.<br />

Aos meus irmãos Edson e Marcio, que me incentivaram, sendo além de irmãos amigos,<br />

a correr atrás dos meus objetivos, muito obrigado.<br />

possível.<br />

A Elizabeth Bezerra por incentivar e ajudar para que a formação acadêmica fosse<br />

Aos meus chefes Hideki Higo e Toyoko Higo, pela paciência, incentivo, por<br />

compreender a importância dessa conquista e aceitar a minha ausência quando necessário.<br />

Aos amigos Ricardo, Willians, Sinval e Evandro, pela amizade e por ajudar nas<br />

dificuldades ao longo do tempo acadêmico.<br />

Ao meu orientador Prof. Dr. Haroldo Lhou Hasegawa, pelo empenho, paciência e<br />

credibilidade, muito obrigado.<br />

iv


SUMÁRIO<br />

RESUMO ............................................................................................................................ vi<br />

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ vii<br />

LISTA DE TABELAS....................................................................................................... viii<br />

ABREVIATURAS E SÍMBOLOS...................................................................................... ix<br />

1 - OBJETIVO DO TRABALHO ........................................................................................ 1<br />

2 - METODOLOGIA UTILIZADA .................................................................................... 1<br />

3 - INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1<br />

4 – REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 1<br />

4.1. POLIMEROS .................................................................................................................. 1<br />

4.2. POLIMERO SUPERABSORVENTE (PSA) ................................................................... 3<br />

4.2.1. Histórico...................................................................................................................... 4<br />

4.2.2. Definição ..................................................................................................................... 4<br />

5 - MATÉRIA PRIMA (HIDROGEL) ................................................................................ 5<br />

5.1. BIO<strong>POLÍMEROS</strong>................................................................................................... 6<br />

6 - FÓRMULAS PARA DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE ABSORÇÃO E<br />

EXPANSÃO VOLUMÉTRICA .......................................................................................... 7<br />

7 – PROPRIEDADES .......................................................................................................... 7<br />

7.1 INFLUÊNCIA DOS TEORES DE SAIS MINERAIS .................................................... 10<br />

7.2. INFLUÊNCIA DO TEOR DE PH NA ABSORÇÃO ..................................................... 11<br />

7.3. INFLUÊNCIA DA POROSIDADE ............................................................................... 11<br />

7.4. INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO LIGAÇÃO CRUZADA .................................. 12<br />

8 – APLICAÇÕES ............................................................................................................. 14<br />

8.1 – HIGIENE PESSOAL .................................................................................................. 14<br />

8.2 – AGRICULTURA ........................................................................................................ 15<br />

8.2.1 – Combate a Desertificação ....................................................................................... 17<br />

8.3. MEDICINA .................................................................................................................. 18<br />

8.3.1. As lentes de contato gelatinosas de Silicone-hidrogel .............................................. 19<br />

8.3.2. Dispositivo para Liberação de Fármaco .................................................................. 19<br />

8.4. BRINQUEDOS ............................................................................................................. 20<br />

9 – CONCLUSÃO .............................................................................................................. 21<br />

10 – REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 22<br />

11 – APÊNDICE................................................................................................................. 24


RESUMO<br />

Os Polimeros Superabsorventes são redes poliméricas hidrofílicas tridimensionais que<br />

apresentam um aumento de volume na presença de água. A expansão volumétrica é devido à<br />

absorção de desse líquido através de sua porosidade, retendo-o dentro de sua estrutura,<br />

formada por ligações cruzadas entre as cadeias principais do polímero. Essas redes<br />

poliméricas podem absorver de 10% até centenas de vezes de peso de água em comparação ao<br />

seu peso quando seco. Portanto, estes polímeros são designados habitualmente por<br />

superabsorventes ou hidroabsorventes. Grande interesse sobre estes materiais tem surgido nos<br />

últimos anos, numa perspectiva de aproveitamento da elevada capacidade de absorção,<br />

dirigida a diversas aplicações tecnológicas. Entre estas aplicações destacam-se como<br />

exemplos, curativos, absorventes femininos, fraldas descartáveis, lentes de contato, entre<br />

outras. Entre as mais recentes e promissoras áreas de aplicação, encontra-se também a<br />

melhora na capacidade de retenção de água pelo solo para o reflorestamento ou para a<br />

agricultura.<br />

Palavras chaves: Polímero, Hidrogel, Superabsorvente.<br />

vi


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1 – Exemplo do processo de síntese de um polímero ................................................... 3<br />

Figura 2 – Exemplo de Polimeros Superabsorventes comercial (Poliacrilato de Sódio).. ......... 3<br />

Figura 3 – Estruturas da Poliacrilamida e do Poliacrilato de Sódio, onde: “C” representa<br />

átomos de Carbono; “H” átomos de Hidrogênio; “O” átomos de Oxigênio; “N” átomos de<br />

Nitrogênio e “Na” átomos de Sódio........................................................................................ 5<br />

Figura 4 – Reação do processo de polimerização por adição da acrilamida. ............................ 6<br />

Figura 5 – Exemplo de copolimero reticulado de Acrilamida e Acrilato de Potássio(a). Rede<br />

tridimensional retendo H2O dentro da estrutura (b). ................................................................ 8<br />

Figura 6 – Comparação dimensional (centímetros) entre o hidrogel seco (a) e hidratado (b) ... 8<br />

Figura 7 – Fases de absorção das esferas de hidrogel comercial (PAS) ................................... 9<br />

Figura 8 - Micrografias das amostras de SAPC (a), SAPBP1 (b), SAPBP2 (c), SAPBP3 (d) 12<br />

Figura 9 - Vários tipos de estrutura dos hidrogéis. A) Formato de rede ideal. B) Rede com<br />

junções multifuncionais. (C) Emaranhado ou entrelaçamento físico. D) Funcionalidade não<br />

reagida. E) Rede em forma de ‘looping’. .............................................................................. 13<br />

Figura 10 - Variação da capacidade de absorção de água com as concentrações do agente<br />

formador de ligações cruzadas ............................................................................................ 14<br />

Figura 11 – Amostras de Poliacrilato de Sódio antes e depois de hidratado ......................... 15<br />

Figura 12 – Absorção da água pelo superabsorvente no solo. .............................................. 16<br />

Figura 13 – Fases do funcionamento do superabsorvente no solo. ....................................... 17<br />

Figura 14 – Recuperação do solo em áreas desertas. ............................................................ 18<br />

Figura 15 – Lentes de contato de Silicone-Hidrogel contendo diferentes imagens embutida. 19<br />

Figura 16 – Adesivo transdérmico utilizado para liberação de fármaco. ............................... 20<br />

Figura 17 – Brinquedos a base de hidrogel de diversos formatos e cores. . ........................... 20<br />

vii


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 - Aumento de massa do Poliacrilato de Sódio após contato de 50 minutos com<br />

diferentes amostras de água e soluções. ............................................................................... 10<br />

Tabela 2 – Capacidade de absorção do PSA para soluções aquosas de diferentes teores de pH.<br />

........................................................................................................................................... 11<br />

viii


D – Diâmetro<br />

L – Comprimento<br />

g – Grama<br />

PA – Poliacrilamida<br />

PAS – Poliacrilato de Sódio<br />

Pc – Amostra hidratada<br />

PNIPA – Poli (N-isopropil acrilamida)<br />

Ps – Amostra seca<br />

pH – Teor de Acidez e alcalinidade<br />

PSA – Polímero Superabsorvente<br />

PVP – Poli-vinil Pirrolidona<br />

ABREVIATURAS E SÍMBOLOS<br />

ix


1 - OBJETIVO DO TRABALHO<br />

Este trabalho teve como objetivo pesquisar a influência dos sais minerais e outras<br />

impurezas na água no coeficiente de absorção do PSA, o histórico e tipos de Polímeros<br />

Superabsorventes presentes, hoje em nosso dia a dia, abordando suas propriedades mecânicas,<br />

estruturais e descrevendo as principais aplicações tecnológicas promissoras.<br />

2 - METODOLOGIA UTILIZADA<br />

O trabalho teve como base a pesquisa bibliográfica em referências como, por exemplo,<br />

artigos científicos, livros técnicos, teses e dissertações sobre o tema, e páginas eletrônicas de<br />

empresas com especializadas na produção de polimeros superabsorventes.<br />

3 - INTRODUÇÃO<br />

Os polímeros, também comumente chamados de plásticos, têm sido empregados em<br />

diversas áreas como: automobilismo, medicina, aeronáutica, etc. Dentre os tipos de materiais<br />

poliméricos, existem os polímeros superabsorventes (PSA) que são materiais hidrofílicos, ou<br />

seja, são capazes de absorver grandes quantidades de água ou soluções aquosas devido à<br />

capacidade que o polímero superabsorvente tem de se expandir.<br />

Este trabalho realiza uma pesquisa sobre os polimeros superabsorventes desde o seu<br />

descobrimento até os dias atuais, abordando as suas propriedades mecânicas, as influências<br />

que levam o hidrogel a absorver e reter soluções aquosas. Além de fomentar em que áreas<br />

estão sendo utilizadas, de quais maneiras são aplicados e quais os polimeros superabsorventes<br />

são usados em cada campo tecnológico.<br />

4 – REFERENCIAL TEÓRICO<br />

Neste capítulo teve como objetivo abordar as principais teorias envolvendo a história e<br />

as características físico-químicas dos polímeros superabsorventes, utilizando-se de um estudo<br />

bibliométrico realizado em livros, revistas científicas e artigos retirados de páginas da internet.<br />

4.1. POLIMEROS<br />

A palavra polímero vem da junção das palavras gregas poli (muitas) e mero (partes),<br />

ou seja, “um polímero” é uma macromolécula formada por milhares de unidades de repetição<br />

denominadas meros, ligados por ligação covalente. Para a síntese de um polímero, é<br />

necessário que pequenas moléculas (monômeros) se liguem entre si para formar uma longa<br />

cadeia polimérica. Assim, cada monômero deve ser capaz de se combinar com outros dois<br />

1


monômeros, no mínimo, para ocorrer a reação de polimerização. Na pratica, “polímero” se<br />

refere ao material formado por essas macromoléculas (CANEVAROLO, 2002).<br />

Existe no mercado uma grande quantidade de tipos de polímeros, derivados de<br />

diferentes compostos químicos, que pode variar do nafta derivado do petróleo até materiais<br />

sintetizados por organismos vivos. Devido a esta natureza, cada polímero é mais indicado<br />

para uma ou mais aplicações dependendo de suas propriedades físicas, mecânicas, elétricas,<br />

óticas, etc.<br />

Os tipos de polímeros mais consumidos atualmente são os Polietilenos (PE),<br />

Polipropilenos (PP), Poliestirenos (PS), Poliesters e Poliuretanos (PU); que devido a sua<br />

grande produção e utilização e são chamados de polímeros commodities. Outras classes de<br />

polímeros, como os Poliacrilatos, Policarbonatos e Fluorpolímeros tem tido uso crescente no<br />

mercado. Por final, os polimeros são classificados como termoplásticos, termorrígidos e<br />

fibras.<br />

Os termoplásticos, podem ser definidos como Polímero que amolece e pode fluir<br />

quando aquecido. Quando resfriado ele endurece e mantém a forma que lhe é imposta. O<br />

aquecimento e o resfriamento podem ser repetidos muitas vezes (reciclado).<br />

Por outro lado, os termofixos, são polímeros que amolece uma vez com o aquecimento<br />

e sofre o processo de cura no qual se tem uma transformação química irreversível, com a<br />

formação de ligações cruzadas e tornando-se rígido. Neste processo, o material não pode mais<br />

alterar o seu estado físico, não amolece mais, tornando-o infusível e insolúvel<br />

(CANEVAROLO, 2002).<br />

Vale comentar que o termoplástico quando orientado com a direção principal das<br />

cadeias poliméricas posicionadas paralelas ao sentido longitudinal (eixo maior) pode ser<br />

classificado também como fibras. Estas, ainda, satisfazem uma condição geométrica onde o<br />

comprimento (L) é, no mínimo, cem vezes maior que o diâmetro (D) (L/D > 100)<br />

(CANEVAROLO, 2002).<br />

Por final é importante salientar que vários outros polímeros são fabricados em menor<br />

escala por terem uma aplicação muito específica ou devido ao seu custo ainda ser alto, sendo<br />

desta forma chamados de plásticos de engenharia. A Figura 1 apresenta um processo<br />

industrial (cadeia petroquímica) de produção da matéria prima dos polimeros.<br />

2


Figura 1 - Exemplo do processo de síntese de um polímero.<br />

Fonte: Adaptado de Becker (2012)<br />

4.2. POLIMERO SUPERABSORVENTE (PSA)<br />

Os polímeros superabsorventes (PSA) que são materiais hidrofílicos (NASSER, 2007),<br />

ou seja, são capazes de absorver grandes quantidades de água ou soluções aquosas devido a<br />

capacidade que o polímero superabsorvente tem de se expandir. A Figura 2 ilustra um<br />

exemplo de polímero superabsorvente comercial (Poliacrilato de Sódio), usualmente utilizado<br />

na hidratação de plantas.<br />

Figura 2 – Exemplo de Polímero Superabsorvente comercial (Poliacrilato de Sódio).<br />

Fonte: Elaboração Própria<br />

3


Os polímeros superabsorventes também são identificados com as seguintes<br />

nomenclaturas: hidrogel, polímeros hidroredentores e hidropolimeros (AZEVEDO, 2002).<br />

4.2.1. Histórico<br />

Os pioneiros na síntese e trabalho com os hidrogéis neutros foram a dupla de cientistas<br />

Otto Wichterle e Drahoslav Lim em 1960. Eles sintetizaram pela primeira vez o hidrogel Poli-<br />

Metacrilato de Hidroxietila junto com o Diacrilato de Etileno, e também foram responsáveis<br />

pelo desenvolvendo os primeiros biomateriais, os quais tiveram como primeira aplicação as<br />

lentes de contato (SILVA, 2007).<br />

Antes da realização deste trabalho, na década de 70, diversos tipos de polímeros<br />

superabsorventes foram sintetizados para as mais diversas aplicações com ênfase em produtos<br />

para cuidados com a saúde e higiene (AZEVEDO, 2002). Já no início da década de 80, devido<br />

ao aumento das preocupações com o meio ambiente, observava-se já um esforço crescente na<br />

pesquisa de aplicações possíveis destes materiais em novas tecnologias como, por exemplo,<br />

aplicações dos polimeros superabsorventes no tratamento de água, de solo, entre outras<br />

(ROSA, [20-?]).<br />

4.2.2. Definição<br />

Os polímeros superabsorventes constituem uma classe de polímeros que possui grande<br />

afinidade pela água, e estão presentes hoje no mercado diversos tipos desses hidropolimeros.<br />

Os hidrogéis são redes poliméricas hidrofílicas tridimensionais, que apresentam um aumento<br />

de volume na presença de água. Essas redes poliméricas podem absorver de 10 por cento até<br />

centenas de vezes o seu peso quando seco (SILVA, 2007).<br />

A sua principal característica, o grau de absorção também pode ser modificado pela<br />

variação do método de síntese, variação da proporção dos monômeros constituintes, teor do<br />

agente de ligação cruzada e porosidade. Alguns autores definem de forma resumida os PSA<br />

como, por exemplo, Nasser et al (2007, 01) define que:<br />

“Compostos hidrofílicos capazes de absorver e reter em sua estrutura grande<br />

quantidade de água e de permanecer insolúveis. Sua insolubilidade é garantida por<br />

sua estrutura em rede tridimensional, sustentada por ligações cruzadas<br />

intermoleculares.”<br />

4


como:<br />

Já para Chen et al (1985, p. 197-216), um polímero superabsorvente pode ser definido<br />

“Um material que absorve espontaneamente quantidades de fluidos<br />

significativamente maiores do que podem absorver os feltros de fibras ou outros<br />

materiais convencionalmente absorventes.”<br />

Portanto os materiais ou polímero superabsorventes podem ser classificados como um<br />

material polimérico com alta capacidade de absorção de soluções aquosas e expansão<br />

volumétrica.<br />

5 - MATÉRIA PRIMA (HIDROGEL)<br />

Os polímeros superabsorventes mais utilizados no dia a dia são a Poliacrilamida (PA),<br />

que absorve água por meio da formação de pontes de hidrogênio e o Poliacrilato de Sódio<br />

(PAS), apresentado na Figura 3. Neste último, o mecanismo de absorção é, primariamente,<br />

por osmose. A pressão osmótica faz com que o Poliacrilato de Sódio absorva água para<br />

equilibrar a concentração de íons sódio dentro e fora do polímero (MARCONATO, 2002).<br />

Figura 3 – Estruturas da Poliacrilamida e do Poliacrilato de Sódio, onde: “C” representa átomos de<br />

Carbono; “H” átomos de Hidrogênio; “O” átomos de Oxigênio; “N” átomos de Nitrogênio e “Na” átomos de<br />

Sódio<br />

Fonte: Adaptado de Marconato (2002)<br />

5


Além do Poliacrilato de Sódio existem outros tipos de polímeros hidrofílicos que<br />

absorvem água por osmose, sendo que pode ser destacado o Poliacrilato de Potássio e o Poli-<br />

vinil Pirrolidona (PVP).<br />

Os polímeros superabsorventes têm sido habitualmente produzidos pela polimerização<br />

de Ácido Acrílico, Ésteres Acrílicos, Acrilamida e outros monômeros insaturados (ROSA,<br />

[20-?]).<br />

No caso da poliacrilamida, esta é obtida através de uma reação de polimerização de<br />

adição. A polimerização por adição ocorre em três etapas, sendo estas dependentes umas das<br />

outras. Estas etapas são: iniciação, em que são geradas espécies reativas; propagação, em que<br />

há uma adição seqüencial do monômero e terminação, em que o principio reativo é<br />

desativada.<br />

A poliacrilamida pode ser obtida pela polimerização da acrilamida de acordo com a<br />

seguinte imagem representada na Figura 4.<br />

Figura 4 - Reação do processo de polimerização por adição da acrilamida.<br />

Fonte: Adaptado de Mendonça (2012)<br />

Na primeira etapa da polimerização é necessária a existência de um ativador que irá<br />

produzir um iniciador que será o centro ativo. O iniciador reativo irá ligar-se ao monômero de<br />

maneira a quebrar a ligação dupla e a torná-lo também reativo. Resultando assim, radicais<br />

livres que podem formar ligações com outros monômeros (MENDONÇA, 2012).<br />

5.1. BIO<strong>POLÍMEROS</strong><br />

Biopolímeros são materiais fabricados a partir de Fontes Renováveis (milho, cana-de-<br />

açúcar, celulose, quitina, soro de leite, etc.) que têm importância estratégica para o futuro,<br />

principalmente quando utilizam energia renovável em todo seu ciclo de vida.<br />

Devido a questões ambientais, esforços crescentes têm sido empregados no<br />

desenvolvimento de polímeros superabsorventes com características semelhantes, porém à<br />

base de biopolímeros (NASSER, 2007).<br />

6


Numerosos polímeros biodegradáveis estão sendo disponibilizados na biomedicina e<br />

tem sido estudado e utilizado para diversas aplicações medicinais e farmacêuticas, como<br />

aplicações na liberação controlada de fármacos.<br />

A quitosana é um dos polímeros naturais mais utilizados na preparação de hidrogéis<br />

que são capazes de absorver grandes quantidades de água ou fluidos biológicos, constituídos<br />

por 2-acetoamido-2-desoxi-D-glicopiranose e 2-amino-2-desoxi-D-glicopiranose ligadas por<br />

ligações β(1-4). É um biopolímero superabsorvente natural de cadeia linear, derivado da<br />

quitina, a qual constitui as carapaças de crustáceos, exoesqueletos de mosquitos e paredes<br />

celulares de fungos (MOTTA, 2011); muito utilizado como substituinte da pele humana em<br />

pacientes que sofreram queimaduras.<br />

6 - FÓRMULAS PARA DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE ABSORÇÃO E<br />

EXPANSÃO VOLUMÉTRICA<br />

O cálculo de absorção de um hidrogel em porcentagem é feito pesando-se a amostra<br />

seca (Ps) e depois a mesma amostra hidratada (Pc) com a solução, observando a diferença<br />

percentual do peso das duas. Este cálculo expressa o valor que a água é retida no material,<br />

onde é o peso extra que o material adquire quando expandido, tal cálculo pode ser realizado<br />

conforme mostra a Relação 1 (SILVA, 2007).<br />

Água (%) = Pc - Ps x 100 (1)<br />

Ps<br />

Outro cálculo importante, apresentado na Relação 2, é a variação de volume, onde<br />

podemos verificar em porcentagem o quanto o hidrogel expandiu.<br />

Volume expandido (%) = Volume expandido – Volume seco x 100 (2)<br />

7 – PROPRIEDADES<br />

Volume Seco<br />

A expansão volumétrica dos hidrogéis é devido à absorção de soluções aquosas<br />

através de sua superfície porosa, encapsulando-o dentro de sua estrutura, conforme pode ser<br />

observado na Figura 5, pode ser formada por ligações cruzadas entre as cadeias principais.<br />

7


Figura 5 – Exemplo de Copolímero reticulado de Acrilamida e Acrilato de Potássio(a). Rede<br />

tridimensional retendo H2O dentro da estrutura (b).<br />

a) b)<br />

Quando imersos em um ambiente com água, os polimeros superabsorventes expandem<br />

até o seu volume de equilíbrio, conforme pode ser observado na Figura 5, e não se dissolvem<br />

devido as suas propriedades. Em geral, apresentam estabilidade mecânica, podendo resistir a<br />

repetidos ciclos de absorção-dessorção (ROSA [20-?]).<br />

Uma comparação dimensional entre o hidrogel PAS quando seco (Figura 6a) e o<br />

hidrogel hidratado (Figura 6b), utilizando o auxilio de uma régua milimétrica. Foi verificado<br />

que o material quando seco possuía um diâmetro de aproximadamente 4 milímetros e após<br />

hidratado teve o seu diâmetro aumentado em torno de 25 milímetros.<br />

Figura 6 – Comparação dimensional (centímetros) entre o hidrogel seco (a) e hidratado (b).<br />

a) b)<br />

Fonte: Elaboração Própria<br />

8


A Figura 7 ilustra imagens das etapas de expansão volumétrica de um polímero<br />

hidrofílico comercial (PAS).<br />

Figura 7 – Fases de absorção das esferas de hidrogel comercial (PAS).<br />

a) b)<br />

c) d)<br />

Fonte: Elaboração Própria<br />

Quando as primeiras moléculas de água começam a entrar na matriz do hidrogel, elas<br />

vão hidratar primeiro grupos hidrofílicos e polares (Figura 7b). A conseqüência dessa<br />

primeira etapa é que o hidrogel começa a se expandir. Dessa forma, os grupos apolares ficam<br />

expostos, interagindo também com as moléculas de água (Figura 7c). Após essas duas<br />

ligações, uma outra parcela de água (chamada de água livre, pois não participa de ligação) irá<br />

entrar na estrutura do gel levado pelo efeito da força osmótica (Figura 7d) (SILVA, 2007).<br />

Este último efeito, por sua vez, é contraposto pela força das ligações cruzadas do<br />

material que tem um comportamento elástico. Desta maneira, o hidrogel encontra o seu ponto<br />

de equilíbrio na expansão. A chamada água livre preenche o espaço entre as cadeias<br />

poliméricas e os poros do hidrogel que ainda estavam vazios. Neste ponto, se o hidrogel pode<br />

se degradar se a expansão prosseguir, suas ligações tanto das cadeias quanto cruzadas se<br />

dissolverão ou desintegrarão (SILVA, 2007).<br />

Nas Figura 7 observa-se os polimeros superabsorventes (comercialmente chamados de<br />

“cristais de água”) em um recipiente sem água (Figura 7a), depois de 15 minutos submerso na<br />

9


água (Figura 7b), após 1 hora submersa na água (Figura 7c) e cristais já hidratados e<br />

estabilizados (Figura 7d).<br />

7.1 INFLUÊNCIA DOS TEORES DE SAIS MINERAIS<br />

A Tabela 1 revela a capacidade de absorção do superabsorvente Poliacrilato de Sódio,<br />

podendo aumentar com o tempo de contato maior com a água. É interessante observar que a<br />

presença de eletrólitos na água reduz a capacidade absorvente do Poliacrilato de Sódio<br />

(MARCONATO, 2002). Isto ocorre porque o mecanismo de absorção dá-se por osmose. Esse<br />

fenômeno pode ser mais bem visualizado utilizando um pouco do hidrogel de PAS com água<br />

e adicionando sobre ele Cloreto de Sódio sólido (sal de cozinha). A adição de sal faz com que<br />

ocorra uma liberação de solvente (água), quase que instantaneamente, no sentido de que a<br />

concentração de íons sódio seja equilibrada dentro e fora do polímero (MARCONATO,<br />

2002).<br />

Tabela 1 - Aumento de massa do Poliacrilato de Sódio após contato de 50 minutos com diferentes amostras de<br />

água e soluções.<br />

Amostra<br />

Massa de Poliacrilato<br />

de Sódio / g<br />

Massa de Poalicrilato<br />

de Sódio hidratado / g<br />

Massa de água<br />

absorvida / g<br />

Água destilada 0,25 35,25 35<br />

Água mineral 0,25 29,98 29,73<br />

Água de torneira 0,25 21,51 21,26<br />

Solução (NaCl 1%) 0,25 4,77 4,52<br />

Solução (NaCl 10%) 0,25 3,08 2,83<br />

Fonte: Adaptado de Marconato (2002)<br />

A capacidade absorvente do Poliacrilato de Sódio é dependente do teor de sais<br />

dissolvidos na água utilizada no processo. Portanto, é possível que resultados diferentes<br />

daqueles apresentados na Tabela 1 sejam obtidos para os diferentes tipos de água mineral<br />

existentes em nosso mercado. O mesmo pode ocorrer com a água tratada disponível a<br />

população, que tem a sua composição química alterada de uma localidade para outra.<br />

No caso da água mineral, recomenda-se a leitura do rótulo na embalagem, para uma<br />

avaliação da composição química (teor de sais dissolvidos) e das características físico<br />

químicas, como o pH (MARCONATO, 2002).<br />

10


7.2. INFLUÊNCIA DO TEOR DE pH NA ABSORÇÃO<br />

Santos (2006) e colaboradores estudaram a aplicação de PSAs como<br />

impermeabilizante em construção civil, onde chegaram à conclusão de que quando o PSAs<br />

em contato com meios ácidos ou básicos a sua expansão volumétrica decresce de forma<br />

acentuada se comparada com a absorção em água destilada, mas que mantêm as suas<br />

propriedades básicas como polímero.<br />

A Tabela 2 contém dados experimentais de absorção para a determinação da expansão<br />

volumétrica do superabsorvente (PAS), quando em contato com água destilada e meios ácidos<br />

e básicos.<br />

Tabela 2 – Capacidade de absorção do PSA para soluções aquosas de diferentes teores de pH.<br />

Solução Absorção<br />

Experimento 1 Água Destilada 38 ml<br />

Experimento 2 Solução com pH = 4 14 ml<br />

Experimento 3 Solução com pH = 7 16 ml<br />

Experimento 4 Solução com pH = 9 17 ml<br />

Fonte: Adaptado de Santos (2006)<br />

Pode-se observar na Tabela 2 que o Experimento 1 obteve uma absorção maior que os<br />

outros experimentos, isso ocorreu devido à ausência de acidez contida na água. Os demais<br />

experimentos obtiveram sua capacidade de absorção reduzida, devido à acidez da solução.<br />

7.3. INFLUÊNCIA DA POROSIDADE<br />

Uma variável muito importante para a absorção de líquidos é o tamanho dos poros do<br />

hidrogel. A existência de poros pode ser vinculada à separação de fase durante a síntese, ou<br />

eles podem já existir dentro da rede como falha ou descontinuidade (SILVA, 2007).<br />

A pesquisa realizada por Nasser e colaboradores comparando polímeros sintéticos<br />

comerciais e biopolímeros sintetizados, revelou entre outras evidências, a relação direta da<br />

porosidade do material sobre o grau de expansão.<br />

As amostras de PAS secas e sob a forma de pó foram colocadas sob fita de prata<br />

metálica e em seguida cobertas com uma fina camada de ouro em pó. As análises foram<br />

realizadas em microscópio eletrônico de varredura JSM 5610LV (NASSER, 2007).<br />

11


A análise das micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura revelou<br />

que o grau de expansão está intimamente relacionado à porosidade do material (Figura 8). A<br />

rede do SAPC (Figura 8a) apresenta uma porosidade significativamente superior à dos<br />

SAPBPs (Fig.8b-d). Esta diferença fica ainda mais nítida quando o superabsorvente comercial<br />

é comparado ao SAPBP1, o qual apresenta uma estrutura mais compacta e densa mesmo em<br />

relação ao SAPBP2 e SAPBP3, e que levou à menor capacidade de expansão (14±2 g/g).<br />

Foi observado que para os materiais com maior capacidade de expansão, a existência<br />

de partículas porosas era maior (NASSER, 2007).<br />

Figura 8 - Micrografias das amostras de SAPC (a), SAPBP1 (b), SAPBP2 (c) e SAPBP3 (d).<br />

Fonte: Adaptado de Azevedo (2002)<br />

A porosidade dos PAS deve ser suficiente para proporcionar um elevado grau de<br />

expansão associado a propriedades mecânicas adequadas a garantir a integridade do material<br />

depois de expandido (NASSER, 2007).<br />

7.4. INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO LIGAÇÃO CRUZADA<br />

Existem vários métodos para a formação de ligações cruzadas, como radiação e por<br />

reações químicas. As radiações podem ser do tipo raios gama, raios-x e ou ultravioleta.<br />

Quando as ligações cruzadas são preparadas quimicamente, é necessário o uso de pelo menos<br />

um elemento que apresente uma multifuncionalidade química, e seja geralmente de baixa<br />

12


massa molar. Para ligar duas cadeias maiores do hidrogel o elemento que realiza a ligação<br />

cruzada se liga aos grupos funcionais dessas cadeias, formando uma estrutura de rede<br />

(SILVA, 2007). A Figura 9 ilustra os vários tipos de estruturas (rede) dos hidrogéis.<br />

Figura 9 - Vários tipos de estrutura dos hidrogéis. A) Formato de rede ideal. B) Rede com junções<br />

multifuncionais. (C) Emaranhado ou entrelaçamento físico. D) Funcionalidade não reagida. E) Rede em forma<br />

de ‘looping’.<br />

Fonte: Adaptado de Silva (2007)<br />

No mesmo trabalho referido anteriormente, Nasser e colaboradores encontraram<br />

influências das concentrações de ligação cruzada sobre o grau de inchamento.<br />

Os SAPs obtidos com quantidades variadas de agente de ligação cruzada foram<br />

avaliados quanto ao grau de expansão. Foi verificado que, no intervalo de concentração<br />

usado, inicialmente, o aumento na concentração do agente de ligações cruzadas levava ao<br />

aumento na capacidade de absorção do SAP (Figura 10). O máximo em absorção de água foi<br />

obtido para a reação realizada com 0,012 mol/L (SAPBP2) do agente de ligações cruzadas.<br />

13


Figura 10 - Variação da capacidade de absorção de água com as concentrações do agente formador de<br />

ligações cruzadas.<br />

Fonte: Adaptado de Nasser (2007)<br />

Com concentrações mais elevadas do agente formador de ligações cruzadas, a<br />

capacidade de expansão sofreu um decréscimo, provavelmente devido ao elevado grau de<br />

reticulação. Este tipo de curva foi igualmente observado em estudos anteriores sobre a<br />

influência da concentração do agente de ligações cruzadas na capacidade de expansão.<br />

Algumas modificações nas condições reacionais, feitas no processo de obtenção do SAPBP2,<br />

levaram a um produto com uma maior capacidade de expansão (SAPBP3, 167±5 g/g). O<br />

SAPC apresentou uma capacidade de expansão de 397±3 g/g quando avaliado pelo mesmo<br />

método (NASSER, 2007).<br />

8 – APLICAÇÕES<br />

Nos últimos anos, várias aplicações de polímeros superabsorventes têm-se revelado de<br />

particular interesse. Uma parte significativa do atual mercado tem sido relacionada com<br />

produtos de cuidados higiênicos, perspectivando-se a utilização numa gama variada de outras<br />

aplicações, tais como na agricultura e medicina (ROSA [20-?]).<br />

8.1 – HIGIENE PESSOAL<br />

A maior parte dos PSAs utilizados hoje no mercado são destinados a produtos de<br />

higiene pessoal como fraldas descartáveis e absorventes femininos. A Poliacrilamida foi<br />

testada como componente de absorventes e fraldas descartáveis, mas foi abandonada devido<br />

ao excessivo aumento de massa e volume (MARCONATO, 2002).<br />

14


Tal abandono só ocorreu por causa da Poliacrilamida ser muito menos sensível ao<br />

efeito das impurezas da água do que o Poliacrilato de Sódio, pois essencialmente forma<br />

pontes de hidrogênio com a água, facilitando a absorção e o intumescimento. A Figura 11<br />

apresenta aspectos do polímero superabsorvente seco e hidratado após contato com a água,<br />

mostrando a função do polímero na fralda descartável (MARCONATO, 2002).<br />

Figura 11 – Amostras de Poliacrilato de Sódio antes e depois de hidratado.<br />

Fonte: Adaptado de Marconato (2002)<br />

O Poliacrilato de Sódio foi introduzido em fraldas descartáveis no início da década de<br />

80, tendo revolucionado esse mercado, pois, além de permitir uma redução na massa média<br />

das fraldas em torno de 50%, aumentou muito sua qualidade absorvente (MARCONATO,<br />

2002).<br />

Cerca de 90% de todos os materiais superabsorventes são usados em produtos<br />

descartáveis, como fraldas e absorventes femininos (NASSER, 2007).<br />

8.2 – AGRICULTURA<br />

A utilização dos superabsorventes no solo é uma tentativa de contribuir para a<br />

melhoria de eficiência do uso da água e, consequentemente, aumentar ou viabilizar a<br />

produção agrícola ou reflorestamento em algumas regiões (REZENDE, 2000).<br />

O hidrogel é utilizado na agricultura, horticultura, paisagismo e reflorestamento;<br />

oferecendo grandes vantagens para o produtor. Entre elas redução nos custos, oferecendo uma<br />

produção final, mais barata e ecologicamente correta (REZENDE, 2000). A Figura 12 ilustra<br />

como a inserção de hidrogel no solo pode auxiliar na contenção de água próximo às raízes de<br />

uma planta.<br />

15


Figura 12 – Absorção da água pelo superabsorvente no solo.<br />

Fonte: http://gelhidroretentor.blogspot.com.br/ (2012)<br />

Na década de 80, os hidroabsorventes foram desenvolvidos em diferentes centros de<br />

pesquisa para atender a diversas finalidades. Começaram a ser utilizados na agricultura como<br />

condicionadores de solo devido a capacidade apresentada de absorver e reter água<br />

(REZENDE, 2000).<br />

Pesquisadores e agricultores que utilizaram esse polímero (PAS) obtiveram sucesso e<br />

confirmam a sua viabilidade para o uso na agricultura (REZENDE, 2000). Quando utilizado<br />

em cultivos no solo, absorve a água da chuva e ou da irrigação e age como uma reserva para<br />

as plantas, liberando umidade de acordo com a necessidade do cultivo. O gel ajuda a diminuir<br />

o estresse hídrico, os efeitos da estiagem e a mortalidade das plantas. O resultado é o rápido<br />

estabelecimento da cultura e redução de custos com replantio e irrigação.<br />

As partículas de superabsorvente são dispersas no solo, ao nível que são incorporadas<br />

as sementes (Figura 13 a), retendo parte da chuva ou da rega (Figura 13 b). O superabsorvente<br />

cede gradualmente a planta à água retida, re-hidratando-se eventualmente cada vez que ocorre<br />

pluviosidade ou rega (Figura 13 c). Esgotada a água disponível, as partículas, que entretanto<br />

“encolheram”, retornam a forma original e deixam cavidades que contribuem para um melhor<br />

arejamento do solo (Figura 13 d) e o processo é reversível perante novo fornecimento de água,<br />

onde o polímero volta a reter parte da água filtrada (Figura 13 e).<br />

16


Figura 13 – Fases do funcionamento do superabsorvente no solo.<br />

Fonte: Adaptado de ROSA<br />

As vantagens oferecidas pelo superabsorvente para o melhoramento do solo são<br />

(http://gelhidroretentor.blogspot.com.br/, 2012):<br />

• Redução de perdas de mudas;<br />

• Aumento de produtividade;<br />

• Redução da mão de obra de replante;<br />

• Aumento a retenção de água no solo;<br />

• Redução custos com irrigação;<br />

• Ação por até 5 anos no solo;<br />

• Melhora na aeração e diminuição da compactação do solo.<br />

8.2.1 – Combate a Desertificação<br />

A desertificação constitui um dos mais graves problemas ambientais do mundo, com<br />

graves implicações sociais e econômicas, e que depende de factores naturais e humanos. Os<br />

fenômenos que conduzem a desertificação são alterações dos microclimas locais, tais como a<br />

degradação da cobertura vegetal ou o mau uso do solo (NUNO).<br />

Na Figura 14 é ilustrado uma foto de região com resultados da aplicação do polímero<br />

hidrofilico que contribuiu para o combate à desertificação, permitindo assim a recuperação do<br />

solo e a reflorestação em regiões do Sul de Portugal.<br />

17


Figura 14 – Recuperação do solo em áreas desertas.<br />

Fonte: Adaptado de NUNO<br />

Portanto o interesse fundamental do uso de superabsorventes em áreas desertificadas<br />

se concentra numa melhor gestão da água, esta ação revela-se indispensável ao processo<br />

produtivo em situações onde a escassez de água seja o fator limitante.<br />

8.3. MEDICINA<br />

Atualmente, pesquisas vêm sendo realizadas como os polímeros no campo da<br />

biomedicina. Esses biomateriais podem ser empregados separadamente e/ou combinados com<br />

outras substâncias, principalmente as de origem natural.<br />

Existem hoje diversos de hidrogeis utilizados neste campo, como por exemplo:<br />

PNIPA [poli (N-isopropil acrilamida)] – utilizada em liberação de fármaco e<br />

engenharia de tecidos (SILVA, 2007);<br />

PVP [poli (1-vinil-2-pirrolidona)], liberação de fármaco (ROGERO, 2006);<br />

Poli (metacrilato de 2-hidroxietilo) utilizado em revestimento de materiais cirúrgicos,<br />

tais como cateteres, “by-passes”, cânulas, membranas de rins artificiais (ROSA [20-?]);<br />

Poli (metacrilato de glicerilo) em lentes de contacto flexíveis (ROSA [20-?]).<br />

Com seu alto poder de absorção, cada vez mais o hidrogel tem sido aplicado em<br />

diversas áreas medicinais e farmacológicas, tais como curativos, sistemas de liberação de<br />

fármacos, nas aplicações de resinas dentarias, implantes, aplicações oftalmológicas, sistemas<br />

que respondem a determinados estímulos e órgãos híbridos para transplante, sendo a pele<br />

artificial o principal exemplo deste uso (ROGERO, 2006).<br />

18


A seguir comentaremos um pouco de dois casos utilizados na medicina e que estão<br />

presentes em nosso cotidiano, as lentes de contato de Silicone-hidrogel e dispositivo para<br />

liberação de fármaco.<br />

8.3.1. As lentes de contato gelatinosas de Silicone-hidrogel<br />

Introduzidas comercialmente no mercado global no final da década de 90, as lentes de<br />

contato de Silicone-hidrogel representaram um importante marco na ciência dos materiais<br />

para este tipo de dispositivo médico (CORREA, 2010). Um exemplo de lentes de contato<br />

encontrado hoje no mercado é ilustrado na Figura 15.<br />

Figura 15 – Lentes de contato de Silicone-Hidrogel contendo diferentes imagens embutida.<br />

Fonte: Adaptado de Bandeira (2010)<br />

Os principais e mais recentes desafios para o desenvolvimento de novas tecnologias<br />

estão relacionados a uma melhora significativa da visão e do conforto do paciente, ao mesmo<br />

tempo em que uma melhor biocompatibilidade e um menor impacto do material sobre a<br />

fisiologia da córnea sejam obtidos (CORREA, 2010). Os materiais à base de hidrogel<br />

disponíveis até aquele momento do final do século passado, a adequada disponibilidade de<br />

oxigênio para a córnea sempre surgia como um importante desafio. Não menos importantes,<br />

sintomas como desconforto e ressecamento ao final do dia permaneciam como questões ainda<br />

não resolvidas (CORREA, 2010).<br />

8.3.2. Dispositivo para Liberação de Fármaco<br />

Sistema de liberação de fármacos é definido como a forma ou o mecanismo pelo qual<br />

a droga (remédio) é liberada no organismo, após sua administração (COSTA, 2009). O<br />

desenvolvimento de formas diferenciadas de transporte do medicamento no organismo é<br />

19


essencial para que os efeitos desejados sejam atingidos em sua plenitude, reduzindo o risco de<br />

intoxicações e diminuindo o tempo do tratamento.<br />

Atualmente há uma procura por formas diferenciadas e mais efetivas de liberação, de<br />

forma que a droga possa atingir seu local de ação, na proporção e tempo desejado. E é um<br />

foco de expectativas para desenvolvimentos de novos tratamentos de medicamentos e<br />

aprimoramento dos existentes.<br />

Em forma de curativo (Adesivo transdérmico) a droga é liberada de forma lenta e<br />

gradual, levando horas até mesmo dias para a liberação total do fármaco. A Figura 16 ilustra<br />

um exemplo de liberação controlada na pele, onde a mistura encontrada contém 92% de água<br />

contendo a droga, os outros 8% são formados por material plástico.<br />

8.4. BRINQUEDOS<br />

Figura 16 – Adesivo transdérmico utilizado para liberação de fármaco.<br />

Fonte: Adaptado de Geraque (2009)<br />

Devido a sua capacidade de absorção de água, de ser inodoro e atóxico, e ser possível<br />

de ser conformado em diversos formatos e ter cores atrativas, os hidrogeis têm ganho mercado<br />

na indústria de brinquedos. Um exemplo de brinquedo de hidrogel é apresentada na Figura 17<br />

onde está ilustrado o seu formato original (pequeno) e depois de hidratado (grande).<br />

Basicamente a atração do brinquedo é observar que, após algumas horas o objeto cresce<br />

quando é submerso na água.<br />

Figura 17 – Brinquedos a base de hidrogel de diversos formatos e cores.<br />

Fonte: Elaboração Própria<br />

20


9 – CONCLUSÃO<br />

Foi verificado que quanto maior o teor de sais minerais ou outras substâncias e maior a<br />

acidez encontrados na água, menor será o seu coeficiente de absorção. Onde a água destilada<br />

obteve uma maior absorção pelo PSA por estar isento de impurezas (substância pura).<br />

A análise das micrografias obtidas revelou que o grau de expansão volumétrica do<br />

polímero superabsorvente está intimamente relacionado à porosidade, onde a elevação da sua<br />

estrutura mais compacta e densa diminui relativamente a sua absorção de uma solução<br />

aquosa.<br />

O Poliacrilato de Sódio foi o melhor hidrogel que atende as necessidades para a<br />

utilização em produtos de higiene pessoal e na diminução do estresse hídrico que a estiagem<br />

causa no solo.<br />

O uso dos SAP’s e outros tipos de hidrogéis não se restringem somente à aplicação<br />

simples como os itens descartáveis, como fraldas. Mas com o avanço de novas tecnologias e<br />

atuais pesquisas científicas, novos mercados estão surgindo para a classe dos polimeros<br />

hidrogéis.<br />

Por possuírem alta resistência aos ataques microbiológicos, as pesquisas têm mostrado<br />

que é possível utilizar os biopolímeros atribuindo características semelhantes aos SAP’s<br />

comerciais existentes. O uso dos SAP’s biopolímeros pode minimizar bastante os efeitos que<br />

os SAP’s comuns causam ao meio ambiente, se degradando mais rapidamente.<br />

21


10 – REFERÊNCIAS<br />

AZEVEDO, T. S. F. et al. Níveis de polímero superabsorvente, freqüências de irrigação e<br />

crescimento de mudas de café. 2002. Disponível em:<br />

. Acesso em: 08 fev. 2012.<br />

BANDEIRA, G. Olha que maneiro!. Lentes de contato para Copa 2010. Disponível em: <<br />

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Acesso em: 03 de abr. 2012.<br />

BECKER, D. Introdução aos materiais poliméricos. Disponível em:<br />

. Acesso em: 23 fev. 2012.<br />

CANEVAROLO, S. V. Ciências dos Polimeros. 1º Edição. Editora Líber, São Paulo, Brasil.<br />

(2002).<br />

CORREA, J. A. W. et al. As lentes de contato gelatinosas de silicone-hidrogel e suas<br />

gerações: fronteiras entre a relevância clínica e mensagens de marketing. Moreira Jr<br />

Editora/RBM Revista Brasileira de Medicina. 2010. Disponível em:<br />

. Acesso em: 07 fev.<br />

2012, 20:20.<br />

COSTA, R. J. Sistema de Liberação de Fármacos. Portal da Educação. 2009. Disponível<br />

em: .<br />

Acesso em: 15 de mar. 2012.<br />

GERAQUE, E. Curativo "high-tech" trata leishmaniose. Folha de São Paulo. 2009.<br />

Disponível em: . Acesso<br />

em: 16 de mar. 2012.<br />

Hidro Gel. Gel hidroretentor. Disponível em: .<br />

Acesso em: 02 de abr. 2012.<br />

MARCONATO, J. C.; FRANCHETTI, S. M. M. Polimeros Superabsorventes e as Fraldas<br />

Descartáveis. Um material alternativo para o ensino de polimeros. 2002. Disponível em:<br />

. Acesso em: 03 Mar. 2012, 20:51.<br />

MENDONÇA, B.; PEIXOTO, C. Trabalho nº1 Poliacrilamidas. 2012. Tese – Instituto<br />

Politécnico de Bragança. São Paulo. 2012. Disponível em:<br />

. Acesso em: 25 mai. 2012.<br />

22


MOTTA, C. Preparação e caracterização de Hidrogeis superabsorventes de Quitosana e<br />

Poliacrilonitrila para retenção de água. 2011 Seminário/IC. SIC/UFSC. Disponível em: <<br />

http://formulario.pibic.ufsc.br/pub/verResumo/29437>. Acesso m: 21 de mar. 2012.<br />

NASSER, R.O. et al. Correlação entre a capacidade de inchamento e as características<br />

estruturais de Polímeros Superabsorventes. In: 9º CONGRESSO BRASILEIRO DE<br />

POLIMEROS. Anais. 2007. Disponível em:<br />

. Acesso em: 06 fev. 2012,<br />

15:35.<br />

NUNO, A. C. Utilização de polímero superabsorventes no combate a desertificação.<br />

NaturLink. Disponível em:<br />

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Acesso em: 13 mar. 2012.<br />

REZENDE, L. S. Efeito de incorporação de polímero hidroabsorvente na retenção de<br />

água de dois solos. 2000. 85 f. Tese – Universidade Federal de Viçosa. Minas Gerais. 2000.<br />

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Acesso em: 12 mar. 2012.<br />

ROGERO, S. O. et al. Matriz de hidrogel de Poli-Vinil Pirrolidona (PVP) e<br />

Polietilinoglicos (PEG) para dispositivo de liberação de fármaco. 17º CBECIMat -<br />

Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais. 2006. Foz do Iguaçu. PR, Brasil.<br />

Disponível em: . Acesso em: 07 fev. 2012, 20:40.<br />

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SANTOS, K. P. et al. Aplicação de polímero superabsorvente como impermeabilizante<br />

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Músculos Artificiais e Atuadores. 2007. 148 p. Tese (Pós-graduação em Engenharia<br />

Metalúrgica e de Minas), Universidade de Minas Gerais, Minas Gerais. 2007. Disponível em:<br />

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TRENTO, R. Polimeros Superabsorventes e as Fraldas Descartáveis. Engenharia Química<br />

– SOCIESC. Bacharelado em engenharia química. Instituto Superior Tupy. Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 14 de mar. 2012.<br />

23


11 – APÊNDICE<br />

FÁRMACO - Designa qualquer composto químico que seja utilizada com fim medicinal. A<br />

palavra fármaco designa todas as substâncias utilizadas em Farmácia e com ação<br />

farmacológica, ou com interesse médico.<br />

HIDROFÍLICO - Que absorve água e outros líquidos.<br />

HIGROSCOPIA - É a propriedade que certos materiais possuem de absorver água.<br />

HIGROSCOPICO - Que tem tendência em absorver água, como por exemplo: esponja,<br />

papel, tecidos, madeira etc.<br />

OSMOSE - É um processo físico em que a água se movimenta entre dois meios com<br />

concentrações diferentes de soluto, separados por uma membrana semipermeável (permite<br />

somente a passagem das moléculas de água). Neste processo, a água passa de um meio<br />

hipotônico (menor concentração de soluto) para um hipertônico (maior concentração de<br />

soluto). O processo se finaliza quando os dois meios ficam com a mesma concentração de<br />

soluto (isotônico).<br />

POROSIDADE – Em geologia, porosidade é a característica de uma rocha poder armazenar<br />

fluidos em seus espaços interiores, chamados poros. São a existencia de espaços (poros) entre<br />

as partículas que formam qualquer tipo de matéria. Esses espaços podem ser maiores ou<br />

menores, tornando a matéria mais ou menos densa.<br />

QUITINA – A quitina é um polímero (polímeronatural) de cadeia longa derivado da glicose<br />

encontrado em muitos lugares do mundo natural. Quitina é o principal componente das<br />

paredes celulares de fungos; exoesqueletos de artrópodes como crustáceos (caranguejo,<br />

camarão, lagosta) e insetos (formigas, abelhas, borboletas); e partes de moluscos.<br />

TRANSDÉRMICO - Que passa através da pele (pop). Penso transdérmico é um adesivo<br />

impregnados com um fármaco, que é absorvido lentamente através da pele.<br />

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