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Obra Completa

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4 A R E V O L T A<br />

O. que dirá a historia lnfamia Democratica<br />

Talqualmente como o ultimo período<br />

do imperiato de Nero ficou ceiebrizado<br />

pela perseguição feroz movida<br />

contra os primeiros cristãos, assim o<br />

atual governo desta infortunada nação<br />

Acará marcado na historia, como tendo<br />

sido o periodo das maiores e mais<br />

acintosas perseguições movidas aos<br />

preconizadores dos modernos ideais.<br />

Quem, volvidos anos, percorrer as<br />

paginas da Historia, verá nelas referenciados<br />

os inqualificáveis atropelos<br />

á liberdade, ao direito das gentes,<br />

nesla época per prelados, contra o çroletariâío<br />

português.<br />

Ha-de constatar que a esta data os<br />

magnates e seus mui dignos serventuários<br />

mandavam encerrar nas cadeias<br />

do país todos aqueles que intentassem<br />

organizar a massa proletariana,<br />

todos os que anceiam reivindicar<br />

para si e para seus irmãos de sofrimento<br />

os direitos postergados pelas<br />

castas das tiranias.<br />

Ha-de verificar que nestes calamitosos<br />

tempos a liberdade de imprensa<br />

se restringia a escrever que a Republica,<br />

apesar de tudo, era, na efetividade,<br />

o Kanaan, o Eldorado, a Terra<br />

da Promissão apontado por tribunecos<br />

comicieiros á mullidão ingénua que os<br />

ouviu.<br />

Ha-de constatar que qu^m isto não<br />

dissesse era, inexoravelmente, amarrado<br />

ao pelourinho da ignominia.<br />

Ha-de lêr que por esta ocasião a liberdade<br />

de falar se resumia ao direito<br />

de ovacionar El-Czar Afonso; que<br />

quem tentasse èxpôr em publico as<br />

suas ideias sobre a obra desgovernativa<br />

tinha como certo um logar nas<br />

fúnebres bastilhas da democracia.<br />

Ha-dt) concluir que aesta óra a liberdade<br />

de reunião se limitava aos<br />

grupos de carbonarios que, de pistola<br />

e casse-tète em punho, perseguiam,<br />

agrediam, dilatavam e prendiam os<br />

que tinham a coragem de verberar as<br />

infamias dos imperantes, ou sequer<br />

disso fossem suspeitos.<br />

E então, quem lêr a Histori», tremendo<br />

de horror por tanto crime e<br />

alropêlo á liberdade, extático, pensará<br />

:<br />

— Para que serviram tam ferozes<br />

perseguições, tamanha opressão, tam<br />

grandes violências?!<br />

Assim pensamos nós.<br />

PINTO QUARTIN<br />

Consumou-se a infamia 1<br />

O governo expulsou de Portugal o<br />

nosso querido camarada Pinto Quartin,<br />

diretor do semanario Terra Livre.<br />

A pena tréme-nos porque a indignação<br />

tocou a méta.<br />

Não vale a pena protestar; registemos<br />

a violência para maior gloria<br />

da democratica republica Iuzitana 1<br />

Que Pinto Quartin, leve no amágo<br />

da sua alma de revoltado a nossa estima<br />

e a nossa solidariedade e que<br />

continue lá na região para que foi<br />

arremessado pelo gesto cabralino do<br />

governo, a propagar como propagou<br />

entre nós os dulcíssimos princípios<br />

da emancipação humana, tendo sempre<br />

a fé a acalentar-lhe o espirito de<br />

que um dia a justiça raiará sobre a<br />

terra aniquilando a tirania e os preconceitos<br />

das classes dominantes!<br />

Até lá lutemos e soframos como os<br />

antigos mártires que morriam sonhando<br />

por entre alvoradas de esperanças<br />

a realisação dos seus Ideaes 1<br />

Que fique aos tiranos a objeção da<br />

sua obra de inteleracia politica cara-<br />

|erisadana maior das mijuidades,<br />

Os cárceres estão cheios. Só no<br />

Limoeiro expiam o crime de pensar<br />

livremente cerca de cento e cincoenta<br />

trabalhadores, entre os quais ha bastantes<br />

nossos irmãos de ideias. Pelo<br />

Alemtejo fóra as múltiplas e sucessivas<br />

rusgas de sindicalistas, arrojaram<br />

ás cadeias muitos desses bondosos<br />

camponezes que só anceiam unificar<br />

os que trabalham e só pensam reivindicar<br />

seus postergados direitos.<br />

Os nossos jornais teem estado impedidos<br />

de se publicar, sujeitos apodas<br />

as'contingências, nesta impes!*<br />

travei e asfixiante atmosfera que pesa<br />

sobre o povo que trabalha, sobre os<br />

homens que pensam.<br />

Conservam-se arbitrariamente encerrados<br />

muitos sindicatos operários.<br />

Em Coruche, o desplante das autoridades<br />

chegou ao cometimento de inéditas<br />

e inominadas façanhas que teem<br />

por estalão aquele edital anunciando<br />

a venda em hasla publica dos bens da<br />

Cooperativa dos Trabalhadores Rurais.<br />

Emfim, resumindo, não ha liberdade<br />

de falar, eserever, reunir.<br />

Mas que ganharão com todas estas<br />

perseguições os que imperam sobre o<br />

povo ?<br />

Os seus cárceres, as suas leis os<br />

seus patíbulos, jamais conseguirão deter<br />

a grande obra de regenetação social<br />

; jamais conseguirão fazer calar as<br />

nossas vozes, nem deter o nosso braço,<br />

nem atrofiar a nossa mente. Se os<br />

perseguidores teem por seu lado a<br />

razão da força, nós temos por nossa<br />

parte a força da razão que um dia<br />

vencerá aquela.<br />

Cada um dos soldados que ladei un<br />

a bandeira da Razão valem mil dos<br />

que portam o estandarte da força. £'<br />

a Ideia, a ífozão que nos tífc sep a -<br />

res.<br />

Eis o motivo porque nós* a despeito<br />

de todas as perseguições, apesar de<br />

todos os despotismos, continuaremos<br />

sendo o que sempre fomos: ardorosos<br />

combatentes di Verdade e da Justiça.<br />

Com as violências chegarão talvez<br />

a dissolver toda a organização operaria,<br />

a suprimir os nossos periodicos,<br />

a tornar impossíveis as nossas reuniões,<br />

comícios ou conferencias. Mas quando<br />

nos julgardes completamente destroçados,<br />

havemos d« resurgir, potentes,<br />

qual fénix renascendo das próprias<br />

cinzas.<br />

â m w m i m m m<br />

As abelhas tinham {eito uma colmeia<br />

num oco-tie-puu e nela Unham juntado<br />

muito mel<br />

Eis que vem um urso e arromba a<br />

colmeia, As pie idas dos bichos furiosos<br />

não o impedmm, pois o [êlo o proUjia,<br />

e >ó se foi depois de ter lambido todo o<br />

mel.<br />

Algumas abelhie seguiram-no, cham

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